Igreja Primitiva - Anotações - Franklin

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Igreja Primitiva – Franklin Ferreira Depois da morte de Jesus, os discípulos estão acuados. No livro de Atos, já notamos uma expansão. No final do livro, Paulo está preso pregando. Nem a prisão do império pode deter o evangelho. Império romano – ao redor do mediterrâneo – envolvendo muitos países que conhecemos hoje. Mais de 65 milhões de habitantes. Cem anos depois de Pentecostes, em torno de 2,5 % eram cristãos. Cristianismo não era considerada oficial e sim marginal. Crescimento espantoso do cristianismo. Ambiente religioso, com religiosidade pagã. Cristianismo não adora Cesar. Por isso, revolucionária, pois coloca em cheque as estruturas do Imperio romano. Minoria influente. À margem, mas alcançando a casa de Cesar. Ver romance “Quo Vadis”. Séc III – 5 e 10% da população já é cristã. Alguns anos depois da morte de Constantino, cerca de 56% é identificada como cristã. Em um período curto, toda estrutura do império romano é colocada de pernas para o ar em razão do cristianismo. Por que cresceu com tanta velocidade? Quais ferramentas humanas que Deus usou? Antes, consideremos o ambiente hostil: 1. O próprio império, que perseguiu o cristianismo. Atos e Apocalipse mostram isso. Perseguições eram localizadas, dependendo de denúncia – vizinhos denunciavam como ateus. Fé ateísta porque não prestavam culto à religião do império. No final do período do novo testamento quase todos os apóstolos estavam mortos. Antes da ascensão de Constantino, Diocleciano e Valerio queriam desmantelar o cristianismo em todo o império. Não era mais perseguição pontual. O alvo não era mais criar mártires, mas quebrar a igreja. Muitos bispos negavam a Cristo pela severidade da perseguição. Houve polêmica por causa disso na África. Donatismo – entendiam que não poderiam retornar aos seus cargos por terem negado a Cristo. Destruição das bibliotecas cristãs e desmoralização. Tertuliano diz que o império estava perseguindo os melhores cidadãos. Ser bom cidadão não é proteção contra perseguição do Estado. Apologética dessa época não era um embate intelectual no nível filosófico, mas do nível moral dos

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Anotações da aula do professor Franklin Ferreira sobre Patristica.

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Igreja Primitiva – Franklin Ferreira

Depois da morte de Jesus, os discípulos estão acuados.

No livro de Atos, já notamos uma expansão. No final do livro, Paulo está preso pregando. Nem a prisão do império pode deter o evangelho.

Império romano – ao redor do mediterrâneo – envolvendo muitos países que conhecemos hoje. Mais de 65 milhões de habitantes. Cem anos depois de Pentecostes, em torno de 2,5 % eram cristãos. Cristianismo não era considerada oficial e sim marginal.

Crescimento espantoso do cristianismo. Ambiente religioso, com religiosidade pagã. Cristianismo não adora Cesar. Por isso, revolucionária, pois coloca em cheque as estruturas do Imperio romano. Minoria influente. À margem, mas alcançando a casa de Cesar. Ver romance “Quo Vadis”.

Séc III – 5 e 10% da população já é cristã. Alguns anos depois da morte de Constantino, cerca de 56% é identificada como cristã. Em um período curto, toda estrutura do império romano é colocada de pernas para o ar em razão do cristianismo. Por que cresceu com tanta velocidade? Quais ferramentas humanas que Deus usou? Antes, consideremos o ambiente hostil: 1. O próprio império, que perseguiu o cristianismo. Atos e Apocalipse mostram isso. Perseguições eram localizadas, dependendo de denúncia – vizinhos denunciavam como ateus. Fé ateísta porque não prestavam culto à religião do império. No final do período do novo testamento quase todos os apóstolos estavam mortos.

Antes da ascensão de Constantino, Diocleciano e Valerio queriam desmantelar o cristianismo em todo o império. Não era mais perseguição pontual. O alvo não era mais criar mártires, mas quebrar a igreja. Muitos bispos negavam a Cristo pela severidade da perseguição. Houve polêmica por causa disso na África. Donatismo – entendiam que não poderiam retornar aos seus cargos por terem negado a Cristo. Destruição das bibliotecas cristãs e desmoralização. Tertuliano diz que o império estava perseguindo os melhores cidadãos. Ser bom cidadão não é proteção contra perseguição do Estado. Apologética dessa época não era um embate intelectual no nível filosófico, mas do nível moral dos cristãos, a sua qualidade de vida. Eram ótimos maridos e ótimos filhos. Essa era a apologética da época.

N.T.Wright – Romanos 1 se referia aos homens da casa de Cesar. Crítica sutil, velada, à própria estrutura de poder do Império Romano.

A igreja cresce em um contexto de heresias e de cismas. I Jo 4 é curioso dizer que se não crer que Jesus vem em carne esse é anticristo. Negam que Jesus veio em carne. Tensões na igreja. Jesus não partilha da nossa natureza. Aquilo que não é assumido não pode ser redimido. Por isso se negar a encarnação de Jesus, não pode crer na redenção. Doscetismo nascente. Significa parecer ter. Jesus tinha uma aparência de homem.

Gnosticismo – Gnose, ou conhecimento oculto. Pano de fundo de I Co e de Cl. Crença dualista. Matéria e espírito. Desvalorizavam tudo o que era criação. Evangelho de Tomé era gnóstico. I Co era uma igreja que busca dons, mas tolera incesto. Valoriza o que é espiritual, mas tolera o pecado. Para eles o que importa é a relação com Deus. Corpo é um empecilho. Essa mesma

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igreja é a que tem dificuldade com a ressurreição corporal de Jesus. Alegavam que a ressurreição era mais espiritual. Gnosticismo ainda não estava presente. Eram apenas ecos. Moral gnóstica era libertária. Em Colossenses, Paulo confronta um ensino parecido de I Co que valoriza seres intermediários e uma espiritualidade forte. Alguns setores gnósticos negavam qualquer tipo de prazer ao corpo para se aproximarem de Deus. Negação da suficiência e da encarnação de Cristo e consequentemente da ressurreição. I Co 15 é um dos maiores capítulos da Bíblia. Gnoticismo é um movimento sincrético. Utiliza a palavra cristã, mas o seu conteúdo foi esvaziado. Salvação tinha conotação de encontro com a divindade, de imersão. Significado pinçado do neoplatonismo, neopaganismo.

Marcionismo – Há sugestão de gnosticismo, mas era um movimento mais cismático. Divisão entre Antigo e Novo Testamento. Não considerada AT como Palavra de Deus. Edição do cânon. Novo Testamento era a revelação do Deus do amor, do Deus da graça. A mensagem dele tinha um valor genuíno, pois ressaltava a graça de Deus. Doutrina da graça – na igreja primitiva era ambígua. Não é a heresia marcionita que obriga a igreja a selecionar Canon. Ele edita Canon sobre um Canon. Significa vara de medir. Conjunto de livros que determinavam fé da comunidade cristã.

Montanista – Montano se apresentava como profeta. Andava com duas mulheres que se diziam profetizas. Alegavam estarem vivendo a era do Espírito Santo. Havia tido a era do Pai, do Filho e agora do Espírito. Não tinha crítica contra o Canon, mas contra os bispos. Nessa era superior poderia desprezar a hierarquia da igreja. Alguns colocavam o Espírito Santo contra a Bíblia. Movimento de cisma e não herético. Valorizava a santidade. Tinham seriedade na prática da vida.

Tensão com a perseguição e com os falsos ensinos.

Ferramentas que ajudaram a igreja a crescer:

1. Homens dedicados a igreja – pais da igreja. Escreveram muito material para nutrir a igreja. Precisava de três qualificações – ortodoxo, santo e seus escritos deveriam ser caracterizado pela antiguidade, ou provado pelo tempo. 3 grupos:

1.1. Preocupação pastoral – Clemente, Policarpo, Didaque, Epistola de Barnabé – homens de quilate igual aos apóstolos. Geração imediatamente posterior. Temas: necessidade de comunhão na igreja, cuidado mútuo dentro da comunidade cristã (um deles cita que se um pai de família era preso para martírio, um jovem ou adolescente cristão trocaria de lugar para que retornasse para casa para cuidar dos seus. Junto com a ceia era recolhido mantimento para auxiliar. Os crentes mais abastados compartilhavam.), cuidado com as facções e heresias (escreviam sobre como discernir um falso ensino. Didaquê apontava o que era um falso profeta), fidelidade em meio às perseguições. Uma vez sendo capturado, permaneçam fiéis. Didaquê: santificação, os dois caminhos de Mateus (estreito e largo), não há tensão sobre batismo (dependendo do ambiente a pessoa poderia levar de um ano a três anos para ser batizada. Vinda de um ambiente judaico, de conhecimento das Escrituras, levaria menos tempo de catequese do que um

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pagão), enfatiza também o jejum como um tempo de quebrantamento, confissão de pecado.

1.2. Pais apologéticos – Justino (filosofia se torna estrutura do evangelho), Irineu (filosofia subordinada a fé cristã), Tertuliano (rejeição completa à filosofia) – defesa intelectual. Perseguições dos judeus, do império e as heresias. Cristianismo poderia ser usado racionalmente. Justino – cristianismo é a filosofia verdadeira (martirizado sob Marco Aurélio. A primeira ordem de culto é encontrado nos escritos de Justino). Coloca a filosofia acima da própria fé cristã. Irineu de Lyon – sabemos pouco sobre ele. Estudou com Policarpo. Conheceu o apostolo João. Destruiu o Gnosticismo. Contra as Heresias. Leu tudo sobre o gnosticismo. Mostra as incoerências dessa heresia. Depois monta a primeira teologia da história da igreja. Entendia que a filosofia deveria ser subordinada a fé cristã. João dialoga com os gregos, ao levar cativa a categoria da lógica a Cristo. Tertuliano – brilhante. Muito curioso. Legalista, rigorista, abandonou o casamento. Trindade, livre arbítrio, remissão, justificação, se tornaram comum por causa dele. Desprezava filosofia. O primeiro modelo e o terceiro modelo se tornam dominantes. Há teologia sistemática que procura explicar tudo e despreza o mistério. Há aqueles que desprezam.O modelo de Irineu se tornou esquecido hoje.

2. Corpo doutrinário distinto.