Igualdade Para Os Animais, Especismo e Sofrimento Animal Sob a Perspectiva Utilitarista Singeriana

7/21/2019 Igualdade Para Os Animais, Especismo e Sofrimento Animal Sob a Perspectiva Utilitarista Singeriana

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IGUALDADE PARA OS ANIMAIS: ESPECISMO E

SOFRIMENTO ANIMAL SOB A PERSPECTIVA

UTILITARISTA SINGERIANA

Felipe Adriano Saraiva Lustosa Bezerra1

RESUMO

O filósofo australiano Peter Singer construiu uma fama não muito admirável

em virtude de sua abordagem em temas polêmicos como aborto e eutanásia ! posi"ão de

Singer # basicamente utilitarista$ ou se%a$ sendo bem simplista$ ele pauta seus atos na busca

pelas conse&'ências menos sofr(veis e mais pra)erosas$ o &ue e*plica muito de sua produ"ão

! obra de Singer no &ue tangente ao tema +direito dos animais, está &uase toda condensada

nas obras Ética Prática e Libertação Animal $ nas &uais ele e*p-e o seu caráter defensor dos

animais frente . id#ia geral &ue prega a superioridade /umana$ &ue ele denomina especismo

Para embasar suas proposi"-es$ Singer fa) um apan/ado sobre o &ue$ para ele$ coloca no

mesmo patamar seres /umanos e não0/umanos$ sem es&uecer de elencar uma lista das principais atrocidades cometidas contra esses ltimos

P!2!3R!S045!3E6 Singer7 Especismo7 8tica Prática7 Utilitarismo7 E*periências com

animais

1 9:;RO<U=>O

Preliminarmente$ # preciso esclarecer o pensamento do australiano Peter

Singer de uma maneira geral antes de abortar temas mais espec(ficos dentro do universo #tico

trabal/ado pelo autor Peter Singer$ ou +<r Morte,$ para alguns$ # considerado por

determinados ativistas pol(ticos a +pessoa mais perigosa do universo,$ tudo isso em fun"ão de

posi"ão e*tremada do cientista em rela"ão aos temas mais polêmicos do meio bio#tico Singer

não fa) &uestão de negar &ue considera a vida /umana tão &uão$ ou menos importante &ue a

vida de &ual&uer outro animal &ue /abita o planeta +4omparar$ e em alguns casos$ e&uiparar a vida /umana . vida de animais # %ustamente o &ue fa) esse livro, ?S9:@ER$ 1AAB$ pCD$ # o

1 !cadêmico do segundo per(odo do curso de <ireito da Universidade Federal do Piau(



&ue c/ega a declarar Singer ainda no prefácio de sua obra mais famosa$ Ética Prática ?1AGA

! não menos polêmica declara"ão a cerca da +inutilidade, de algumas vidas tamb#m # um dos

alvos preferidos dos cr(ticos de sua postura Singer afirmou$ em uma entrevista$ &ue +o ato de

matar um bebê deficiente não e&uivale$ moralmente$ ao ato de matar uma pessoa, 9sso

por&ue$ para o pensador$ a vida de alguns seres deficientes$ tanto fisicamente$ &uanto

moralmente$ por ele tomados como e*emplo$ não valem o sofrimento causado$ . própria

crian"a e aos pais ! morte indolor$ para ele$ # uma solu"ão mais prática

Sempre avesso aos eufemismos$ Peter Singer$ no in(cio de sua carreira como

escritor$ embora menos radical e ultra%ante$ %á era bem direto na defesa de seus argumentos

:um dos primeiros ensaios por ele publicados$ Fome, Riqueza e oralidade ?1AG1 eledefende &ue seria moralmente imperativo &ue cada pessoa no mundo doasse seus rendimentos

at# &ue toda a pobre)a do mundo fosse sanada$ ou at# &ue o sacrif(cio próprio fosse

comparável ao sacrif(cio dos menos abastados

;odo o pensamento de Singer # pautado em seu enga%amento filosófico$ e #

e*tremamente necessário compreender a doutrina &ue rege o pensamento do autor antes de

esmiu"ar o trabal/o do mesmo Peter Singer pertence . escola utilitarista$ de HeremI Jent/ame Ho/n Stuart Mill$ ambos ingleses$ &ue dei*aram trabal/os entre os s#culos K3999 e K9K O

utilitarismo de Jent/am$ na essência do pensamento$ # bem definido pelo %urista brasileiro

Huare) Freitas$ em obra acerca da filosofia do direito6

! primeira lei de nature)a$ para Jent/am$ consistiria em buscar o pra)er e evitar ador$ sendo necessário para alcan"ar tal escopo &ue a felicidade pessoal fossealcan"ada pela felicidade al/eia ? ! solu"ão para encontrar a coopera"ão entreos /omens$ ele a aponta na identifica"ão de interesses$ fact(vel atrav#s da atividade

legislativa do governo ?JE:;5!M apud JRL45$ CCN$ pC1

O pensamento de Mill$ em ! "tilitarismo$ vem ao encontro da id#ia

supracitada6

! utilidade ou o princ(pio da maior felicidade$ como fundamento da moral$ sustenta&ue as a"-es são certas na medida em &ue elas tendem a promover a felicidade eerradas &uando tendem a produ)ir o contrário da felicidade Por felicidade entende0se pra)er e ausência de dor$ por infelicidade$ dor e priva"ão do pra)er ?M922 apudJRL45$ CCN$ pC



<e maneira mais rasteira$ o utilitarismo # uma corrente &ue defende &ue a

#tica$ a ciência &ue permite distinguir o Jem do Mal$ assenta0se na premissa de &ue uma a"ão

# boa se provoca felicidade e má se causa sofrimento O utilitarismo &ue Singer utili)a # um

pouco diferente$ consiste num +utilitarismo de preferências,$ &ue e*ige &ue o su%eito moral$

ao reali)ar uma a"ão$ analise todos os interesses em &uestão e adote um curso de a"ão &ue$

e*aminadas todas as poss(veis alternativas$ resulte nas mel/ores conse&'ências para todos

a&ueles &ue serão atingidos por seus desdobramentos$ direta ou indiretamente

! partir desse con/ecimento básico$ não fica dif(cil entender o pensamento

de Singer em rela"ão a alguns temas O utilitarismo prático e aplicado do autor # utili)ado por

ele próprio$ em seus livros$ pra embasar suas id#ias 8 fre&'ente em suas obras$ referências ao pensamento filosófico por ele adotado Ora$ se a id#ia utilitarista # produ)ir a maior virtude$

evitando o sofrimento$ Peter Singer # bem coerente em di)er$ pragmaticamente$ &ue a

elimina"ão de uma vida sofr(vel # um bem a ser alme%ado Sendo tão e*tremista &uanto o

próprio Singer$ e ao mesmo tempo tão /edonista &uanto Jent/am$ /á uma certa lógica no

pensamento utilitarista$ e por&ue não di)er$ no utilitarismo anti0sofrimento das obras de

Singer 4eifar uma vida &ue +não vale a pena,$ nas próprias palavras do cientista$ causando

uma morte indolor a um bebê$ utili)ando ainda o mesmo e*emplo da e*plana"ão do primeirocap(tulo$ nada mais # &ue uma forma$ ainda repugnantemente rude e cruel$ # verdade$ de

evitar um sofrimento futuro maior Para al#m dessa primeira &uestão$ o princ(pio da igual

considera"ão dos interesses semel/antes$ derivado do utilitarismo de preferências$ firma0se

tamb#m como ponto importante dos trabal/os de Singer Uma das caracter(sticas

fundamentais presentes nessa doutrina # a preocupa"ão em não desenvolver uma #tica

tendenciosa$ isto #$ independente de cor$ classe social$ n(vel de inteligência ou esp#cie$ um

dos alicerces de toda a produ"ão singeriana$ como será mais bem e*plicitado mais a frenteainda nesse trabal/o

Singer fa) &uestão de alertar seus leitores a respeito de sua afei"ão utilitarista

na maioria de suas obras$ +estou inclinado a adotar uma posi"ão utilitarista e$ at# certo ponto$

este livro pode ser encarado como uma tentativa de mostrar como um utilitarista consistente

abordaria diversos problemas controversos, ?S9:@ER$ 1AAB$ p1N Essa visão singeriana$

como fica bem claro$ # fundamental para entender toda a arg'i"ão do autor no livro de

desta&ue dessa produ"ão$ Ética Prática$ mais especificamente o cap(tulo CB da referida obra$

cu%o t(tulo # +9gualdade para os animais,



O ESPE49SMO

4arla Forte Molento$ pes&uisadora da Universidade Federal do Paraná$ em

recente artigo sobre a &uestão$ conseguiu sinteti)ar bem o conceito de especismo$ e ainda

fa)er um breve apan/ado /istórico relevante a cerca da origem do termo6

Especismo # um conceito segundo o &ual # %ustificável dar preferência a indiv(duossimplesmente com base no fato de &ue eles se%am membros da esp#cie #omo sapiens O termo foi cun/ando por Ric/ard RIder$ em um panfleto sobree*perimentos cient(ficos$ /á cerca de DC anos$ e desde então vem sendoamplamente citado na literatura especiali)ada ?MO2E:;O$ pC1

Peter Singer foi um dos grandes responsáveis por difundir a id#ia deespecismo$ ao redor do mundo !o ser utili)ado em suas obras$ o tema gan/ou ampla

repercussão e passou a figurar fre&'entemente em discuss-es #ticas Para Singer$ a maioria

das pessoas são especistas por nature)a$ logo$ tendem a priori)ar sua própria esp#cie em

fun"ão das demais$ assim como o fa)em com a fam(lia Singer$ por#m$ di) &ue #$ de certa

forma$ contraditório pensar assim$ uma ve) &ue se o argumento # válido para o ciclo mais

estreito ?fam(lia$ e tamb#m o &uerem assim para o mais amplo ?esp#cie$ deveria valer para o

intermediário ?ra"a7 contudo$ aceitar &ue o racismo # algo aceitável # eticamente ine*e&'(velEssa contrassenso # tido por Singer como uma prova definitiva da ilegitimidade do culto .

esp#cie /umana$ manifesta"ão clássica do especismo

O filósofo classifica como especismo toda forma de subsun"ão dos demais

animais por parte do /omem6 desde a cultura &ue prega &ue animais são alimentos .s

e*periências em laboratórios$ ou ainda do com#rcio de animais dom#sticos$ aos espetáculos

nos &uais o animal # o ator principal$ como ocorre nas touradas ! maioria dos ativistas pró0animais$ /o%e em dia$ di)em0se anti0especistas

! mesma professora Molento$ &ue fabricou o conceito de especismo

utili)ado nessa produ"ão$ responde em seus trabal/os$ uma &uestão comum .&ueles &ue se

familiari)am com a id#ia de especismo6 então seres /umanos e animais são iguais Para ela$

ao re%eitar o especismo$ não se pretende propor um conceito simplista &ue torne semel/antes

animais e seres /umanos ! re%ei"ão do especismo$ então$ não significa &ue os animais ten/am

os mesmos direitos &ue os /omens$ a proposta # &ue todos os seres vivos ten/am seus

interesses respeitados Essa &uestão tênue &ue di) respeito . igualdade entre /omens e animais



ainda será trabal/ada de maneira mais aprofundada$ inclusive com a inser"ão da /ipótese de

Singer acerca desse tópico

B ! 4!P!49<!<E <E SOFRER

;alve) c/egue o dia em &ue a restante cria"ão animal ven/a a ad&uirir os direitos de&ue só puderam ser privados pela mão da tirania Os franceses %á descobriram &ue onegro da pele não # ra)ão para um ser /umano ser abandonado sem rem#dio aoscapric/os de um torcionário 8 poss(vel &ue um dia se recon/e"a &ue o nmero de

pernas$ a vilosidade da pele ou a termina"ão do sacrum são ra)-es igualmenteinsuficientes para abandonar um ser sens(vel ao mesmo destino ?JE:;5!M apudS9:@ER$ 1AAB$ pDB

:ovamente$ Peter Singer recorre aos ensinamentos de Jent/am para pautar

suas teorias Jent/am$ assim como Singer$ era ferren/o defensor dos direitos dos animais$ e

alguns dos argumentos por ele utili)ados se confundem com o le&ue de con%ecturas &ue

Singer desenvolveu para embasar seus pensamentos mais recentemente ! princ(pio$ como

bons utilitaristas &ue o são$ ambos utili)am a dor e o pra)er como pontos centrais de uma

teoria &ue prega a apro*ima"ão entre animais /umanos e não0/umanos

Singer comenta$ logo ao in(cio de sua conte*tuali)a"ão$ &ue considera em patamares semel/antes a&ueles &ue cometeram abusos escravagistas no passado e os &ue

molestam$ ou e*plora"ão animais não0/umanos /o%e Esse # um ponto importante da teoria de

Singer no &ue tange a esse aspecto Essa compara"ão$ &ue ele fa) sem pudor$ demonstra$ %á no

mago de sua proposta$ um interesse de e&uiparar Q embora esse não se%a o termo correto$

como ficará e*pl(cito mais a frente Q seres /umanos e animais$ na acep"ão cotidiana dos

termos$ &ue passará a ser utili)ada nessa produ"ão Ora$ o &ue Singer não fa) &uestão de

esconder # &ue não considera$ de maneira alguma$ a ra"a /umana superior .s demais do reinoanimal$ isto #$ para Singer$ a ditadura /umana sobre os demais animais # completamente

infundada e abusiva

Ele ainda comenta$ &ue tão absurdo &uanto desferir um golpe contra um

/omem de meia0idade &ue passa pela rua$ # o ato de apedre%ar um rato$ por e*emplo

Se um ser sofre$ não pode /aver %ustifica"ão moral para despre)ar esse sofrimento

ou para recusar considerá0lo de forma igual ao sofrimento de &ual&uer outro serMas o inverso # tamb#m verdadeiro Se um ser não for capa) de sofrer$ ou sentir

pra)er$ não /á nada a ter em conta ?S9:@ER$ 1AAC$ p1BD



:esse trec/o de Libertação Animal $ Singer demonstra$ de fato$ o &ue vem a

ser o cerne de sua produ"ão acerca desse tema Singer busca$ com esse argumento$ igualar

/umanos e animais pela caracter(stica singular$ e nica do sofrimento O &ue ele afirma$

categoricamente$ # &ue somente um ob%eto inanimado pode realmente se diferenciar de um ser

/umano$ por&ue$ certamente$ uma pedra não irá sentir nada &uando c/utada . rua Um

cac/orro$ ou um gato$ por sua ve)$ vai sentir Q guardadas as devidas propor"-es Q o mesmo

&ue um ser /umano na mesma situa"ão

Embora tente não entrar na temática$ Singer acaba se perdendo dentro da

vastidão do +valor da vida, ! princ(pio$ ele recua um pouco na acide) de suas propostas aoafirmar &ue +&uando consideramos o valor da vida$ %á não podemos di)er com tanta confian"a

&ue uma vida # uma vida e &ue # igualmente valiosa &uer se trate de uma vida /umana$ &uer

se trate da vida de outro animal, ?S9:@ER$ 1AAB$ pD Em outras palavras$ Singer considera

&ue$ malgrado todos os animais$ /umanos ou não$ serem iguais &uanto . capacidade de sofrer

e sentir pra)er$ não se pode di)er o mesmo &uanto ao valor de suas vidas$ uma ve) &ue nem

todos os animais Q somente os /umanos$ na verdade Q possuem autonomia$ tampouco

autoconsciência Singer considera$ assim$ &ue um ser detentor dessas caracter(sticas$ emlin/agem de importncia vital$ pode ser considerado superior aos demais &ue não as têm6 a

vida de um ser /umano valeria mais &ue a de &ual&uer outro animal$ partindo desse princ(pio7

entretanto$ como não poderia dei*ar de ser$ Singer polemi)a ao afirmar &ue assim como os

animais$ os bebês$ e os mentalmente deficientes$ tamb#m não possuem pensamento abstrato$

capacidade plane%ar o futuro ou atos de comunica"ão comple*os e$ portanto$ a importncia de

suas vidas pode$ e deve$ para ele$ ser e&uiparada . importncia de &ual&uer outro animal não0

/umano Esse # %ustamente o ponto &ue Singer vai defender em grande parte da obra Ética Prática$ em tópicos como eutanásia$ aborto e at# mesmo no &ue concerne aos direitos

envolvidos em e*periências com animais

D ESPE49SMO E SOFR9ME:;O !:9M!2 EM PERSPE4;93!S PR;94!S

D1 !:9M!9S P!R! !29ME:;!=>O



! argumenta"ão de Singer no &ue concerne a esse ponto de manifesta"ão do

especismo # bem fundada e mostra seguran"a Singer$ # bom &ue se dei*e claro bem a

princ(pio$ # vegetariano e contrário a &ual&uer tipo de consumo de carne por parte de

/umanos

O uso de animais na alimenta"ão # provavelmente a mais antiga e a mais difundidaforma de utili)a"ão dos animais :um certo sentido$ trata0se tamb#m da forma mais

básica e utili)a"ão dos animais ?S9:@ER$ 1AAB$ p DG

Singer$ como fica e*pl(cito no te*to$ lamenta a liga"ão intr(nseca &ue e*iste

entre a figura animal e a nutri"ão Escusos os animais dom#sticos$ a grande totalidade dos

animais do planeta são criados com fins aliment(cios Singer apenas reitera esse fato aoafirmar &ue na sociedade contempornea o principal contato entre /umanos e não0/umanos #

. /ora das refei"-es Ora$ perguntaria um analisador da filosofia singeriana$ mas sendo a id#ia

principal do especismo igualar /omens e animais$ como conceber &ue os primeiros não

utili)em esses ltimos como meio alimentar$ se entre si$ os próprios animais sustentam0se

alimentando de seres de outras esp#cies Singer foi atento tamb#m a esse ponto e previu &ue

seria &uestionado &uando a isso Para rebater a cr(tica$ Singer apoderou0se de estáticas

biológicas Há restou provado$ &ue em condi"-es normais$ apenas 1CT da &uantidade de

nutrientes ingerido por um determinado animal # repassado ao seu consumidor Ou se%a$ ACT

da energia alimentar # perdida no processo metabólico do animal ;endo em mente &ue uma

dieta /umana$ como %á foi insistentemente comprovado pela ciência$ a base somente de

cereais primários # rica o suficiente e completa$ nutricionalmente falando$ o &ue não ocorre

para a maioria dos demais animais$ &ue assim$ são obrigados a se alimentar de carne$ # ilógico

desperdi"ar tanta energia para obter$ de forma secundária$ nutrientes 4omo base no e*posto$

Singer afirma &ue o consumo de carne animal não # %ustificável nem pela perspectiva de

aumentar a &uantidade de alimentos dispon(veis$ uma ve) &ue são utili)ados campos &ue

poderiam estar sendo mais bem utili)ados na agricultura$ e nem por motivos de sade$ logo$

tal consumo não passa de um lu*o$ totalmente sup#rfluo e dispensável Em outras palavras$

Singer alo%a seu comentário sobre o fato de considerar e*tremamente desnecessário e at#

mesmo torpe a matan"a de animais para consumo /umano por parte da sociedade industrial

atual ;anto o # assim$ &ue ele não se op-e a pessoas &ue necessitam matar animais para

sobreviver$ como # o caso dos es&uimós$ &ue são geograficamente impedidos de produ)ir seu

próprio alimento$ e necessitam por &uest-es maiores da carne de outros animais



! situa"ão agrava0se$ do ponto de vista de Singer$ &uando toma0se o fato das

condi"-es bem precárias a &ue são submetidos os animais no processo de engorda ou

desenvolvimento ! maioria do gado bovino norte0americano$ ele di)$ prov#m de man%edouras

super0lotadas e os ovos são postos por galin/as &ue não tem se&uer a liberdade de abrir as

asas <iante de tudo isso$ # &ue Singer coloca0se como vegano$ adepto do veganismo$ corrente

&ue prop-e a erradica"ão do consumo de carne de procedência animal !inda para ele$ mesmo

&ue e*ista um modo de cultivar animais para consumo &ue derrubasse todos os argumentos

por ele elencados$ esse modo seria economicamente inviável

D EKPER9:49!S 4OM !:9M!9S

Esse # um dos pontos mais tênues de todo o pensamento singeriano O

filósofo tece cr(ticas ferren/as contra a utili)a"ão de animais em e*periências e afirma ainda

&ue$ se um animal pode ser usado para tais feitos$ certamente um deficiente mental tamb#m o

pode$ e ainda com maiores c/ances de sucesso 4omo era de se esperar$ o pblico$ de uma

maneira geral$ não foi afeito a esses tópicos da obra de Singer$ dado &ue a id#ia geral de &ue

e*periências com animais # algo salutar e ben#fico ainda perdura Uma prova disso # a

premia"ão :obel6 em CCG$ os vencedores Q os americanos Mario 4apecc/i e Oliver Smit/iese o britnico Martin H Evans Q utili)aram ratos de laboratório geneticamente modificados e

provocaram0l/es doen"as /umanas$ para estudar os resultados

2ogo no in(cio de sua e*posi"ão$ Singer outra ve) ataca a contradi"ão social

&uanto . considera"ão da inferioridade /umana +!s e*periências nos levam a descobertas

sobre a /umanidade7 se assim #$ o cientista tem de concordar &ue animais e /umanos são

semel/antes, ?S9:@ER$ 1AAB$ pDA 3e%a bem$ # bem coeso o &ue fala Singer nesse pontoUma ve) &ue animais podem ser utili)ados como cobaias nos mais diversos e*perimentos

/umanos$ presume0se &ue esses animais$ considerados a( inferiores$ são idênticos$ em alguns

ponto$ . esp#cie tida pela maioria como superior O &ue Singer$ então$ não entende # o por&uê

de continuar0se com tais e*periências$ mesmo com essa considera"ão óbvia

! maior parte dos cientistas$ a partir do &uestionamento de Singer$ afirmam

ser necessário reali)ar os e*perimentos$ uma ve) &ue$ teoricamente$ eles aliviam maissofrimento do &ue provocam$ %á &ue podem curar mil/ares de pessoas$ ou animais$ com as



descobertas oriundas do estudo no laboratório Singer$ primeiramente$ embasa sua resposta

dentro desse mesmo ponto :ovamente$ ele afirma &ue$ outra ve) em decorrência da completa

indiferen"a do /omem &uanto ao sofrimento animal$ as condi"-es da maioria dos

e*perimentos reali)ados são repugnantes 8 o &ue SIlvia Estrella vem corroborar em um

trabal/o sobre o tema6 +O problema # &ue cerca de VCT desses testes # feita sem anestesia$ ou

usando uma vida$ &uando /á alternativas para se reali)á0los sem animais, ?ES;RE22!$ CCG$

pC1 Singer vem provar ainda &ue um grande nmero dos testes reali)ados com animais são

completamente desligados do foco central desse estilo de produ"ão cient(fica

! organi)a"ão não governamental $%e #umane Societ&$ dos Estados Unidos$calcula &ue são usados como cobaias por ano de GC a 1CC mil/-es de bic/os &ue

morrem$ BCT sacrificados pela indstria de cosm#ticos, ?ES;RE22!$ CCG$ pC1

Em seu livro Libertação Animal $ Peter Singer cita alguns e*emplos desse

desvio Em um deles$ ele polemi)a ao citar o governo norte0americano e o acusar o mesmo de

estar testando$ em macacos$ as conse&'ências de um ata&ue nuclear

!inda mais controverso$ # o argumento final de Singer &uanto . problemática

da necessidade ou não dos e*perimentos com animais Para Singer$ como %á foi citado antes

a&ui nesse trabal/o$ animais$ como cac/orros$ ou ratos$ estão no mesmo n(vel de inteligência

de alguns seres /umanos dotados de deficiência ! pergunta de Singer para os pes&uisadores #

simples6 +seriam os cientistas capa)es de reali)ar as suas e*periências em seres /umanos

órfãos com profundas e irrevers(veis les-es cerebrais se essa fosse a nica forma de salvar

mil/ares de pessoas, ?S9:@ER$ 1AAB$ pNC Singer finali)a afirmando &ue$ caso esses

cientistas não se%am capa)es de dar continuidade a seus e*perimentos utili)ando seres

/umanos no lugar de animais indefesos$ resta provado &ue a utili)a"ão de animais nos testes

nada mais # &ue uma forma covarde de discrimina"ão unicamente baseada na esp#cie

N 4O:42US>O

! produ"ão de Peter Singer$ percebe0se$ ao fim dessa elucida"ão$ #$ de certa

maneira$ coerente Os argumentos citados pelo filósofo$ não /á como negar$ são bem

estruturados Suas posi"-es e*tremadas$ entretanto$ embora o /abilitem para estar no cume da

discussão bio#tica atual$ o afastam do pblico leigo em geral e at# mesmo da comunidade

cient(fica$ o &ue fa) com &ue suas obras$ em &ue pese a e*trema relevncia$ dei*em de ser



citadas em muitos trabal/os sobre o tema ! posi"ão firmada de Singer em rela"ão . defesa

dos animais$ em um tempo de deturpa"ão dos valores #ticos$ # louvável$ segundo as palavras

de seus seguidores$ ativistas radicais$ em sua maioria 4onclui0se$ &ue$ malgrado os

devaneios$ o embasamento do autor # convincente &uanto a esse aspecto em sua produ"ão$ de

forma tal a persuadir inclusive o autor desta pe"a a ol/ar com mais afinco a &uestão dos

direitos dos animais$ salvaguardada$ # claro$ certa dose de conservadorismo

REFER:49!S

1 JRL45$ Fabio Ética utilitarista de ere!" Be#t$a!% Wmbito Hur(dico :ov CCN

<ispon(vel em X/ttp6YYZZZambito0%uridicocombrYsiteYinde*p/pn[lin\]revista [artigos[

leitura^artigo[id]1NN_ !cesso em6 CN nov C11

ES;RE22!$ SIlvia C&!& 'u#ci&#a & us& de a#i!ais e! la(&rat)ri&s% 5oZStuff`or\s

:ov CCG <ispon(vel em6 X/ttp6YYciencia/sZuolcombrYanimais0em0laboratorio/tm_

!cesso em CN nov C11

B ESP:<O2!$ 4amila O *al&r da *ida d&s a#i!ais #a c&#ce+,-& .tica de Peter Si#/er%!P!S4S <ispon(vel em6 X/ttp6YYZZZapascsorgbrYacademicos1p/p_ !cesso em6 CN nov

C11

D @R!E9J$ 4arlos O Dr% M&rte da Fil&s&'ia% 2ivros 3e%a On0line <ispon(vel em6

X/ttp6YYve%aabrilcombrYDCGCYp[1C/tml_ !cesso em CN novembro C11

N 2!FO22E;;E$ 5ug/7 S5!:S$ :iall T$e Ori/i# &' S+eciesis!% 1AA <ispon(vel em6X/ttp6YYZZZ/ug/lafollettecomYpapersYoriginofspeciesismpdf _ !cesso em6 CN nov C11

2!!;OS$ Eva7 M!R4O:9$ Marina Met&d&l&/ia d& Tra(al$& Cie#t0'ic&% G ed São

Paulo6 !tlas$ CCV

MO2E:;O$ 4arla A i#1usti,a d& es+ecis!&% Páginas 9niciais 1 <ispon(vel em6

X/ttp6YYZZZlabeaufprbrYpublicacoesYpublicacoes/tml_ !cesso em6 CN nov C11

http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=155

http://ciencia.hsw.uol.com.br/animais-em-laboratorio.htm

http://veja.abril.com.br/240702/p_106.html

http://www.hughlafollette.com/papers/origin.of.speciesism.pdf

http://www.labea.ufpr.br/publicacoes/publicacoes.html

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G S9:@ER$ Peter Ética Pr2tica% ;rad Manuel Hoa&uim 3ieira 2isboa6 ;ipografia 2ugo$

1AAB

V S9:@ER$ Peter Li(erta,-& A#i!al% São Paulo6 2ugano$ 1AAC

Igualdade Para Os Animais, Especismo e Sofrimento Animal Sob a Perspectiva Utilitarista Singeriana

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