II Autoria Fotos: Carlos Coutinho | DASA | DRAPN...Agricultura e do Mar, o Regulamento (CE) Nº...

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VOZ DO CAMPO | AGROCIÊNCIA | JULHO 2015 Frutificação A frutificação ocorre nos cladódios de 1 a 2 anos e mais raramente sobre os de 3 ou dos do ano, aspeto a ter em conta na poda de A Cultura da Figueira-da-Índia no Alentejo *Técnico Superior -Gabinete de Planeamento e Gestão Ambiental Câmara Municipal de Estremoz - [email protected] **Professora Adjunta da Escola Superior Agrária de Beja Instituto Politécnico de Beja - [email protected] Generalidades sobre a cultura Caracterização A figueira-da-índia (Opuntia ficus-indica (L.) Miller) é um “arbusto” com ramos suculentos, caracteriza-se pelos seus caules planos, cladódios ou palmas, cobertos de pequenos agrupamentos de pelos rijos (gloquídeos). O crescimento e desenvolvimento do cladódio efetuam-se em cerca de 90 dias. As folhas só se encontram nos cladódios tenros, sendo unicamente visíveis quando muito jovens. São caducas e a sua vida dura pouco mais do que um mês (Alves, 2011; Fole, 2014). A figueira-da-índia (Opuntia ficus-indica (L.) Mill) é originária da América, mais propriamente do México. Foi introduzida na Europa por Cristóvão Colombo e difundiu-se posteriormente pela região Mediterrânica (Polunin et al., 1978). Até então, era tratada como uma planta marginal, de bordadura, usada para limitar propriedades. Atualmente é considerada pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), como uma planta introduzida (Dec.- lei nº 565/99). Começa a integrar a fileira económica da fruticultura no nosso país, principalmente a sul do Tejo, onde já aparece como planta cultivada (Fole, 2014). Segundo o Gabinete de Planeamento e Politicas do Ministério da Agricultura e do Mar, o Regulamento (CE) Nº 1166/2008, considera o figo-da-índia como um fruto a integrar no grupo de frutos de culturas permanentes em “frutos frescos e bagas” (Fole, 2014). Começa a ter interesse no Alentejo, podendo ser mais uma cultura alternativa às tradicionalmente praticadas na região. Embora seja uma cultura pouco exigente em água, pode atingir maiores produtividades e frutos de melhor qualidade quando regada. A sua classificação científica é a seguinte (FAO, 2001): pertence à família das Cacteacea, subfamília das Opuntioideae, género Opuntia e espécie Opuntia ficus-indica (L.) Mill. CONTINUA NAS PÁGINAS SEGUINTES »» frutificação. O fruto é uma pseudo-baga carnuda unilocular e pode apresentar diferentes cores da epiderme e da polpa, esta pode ser verde, laranja ou púrpura (Alves, 2011; Fole, 2014). Exigências climáticas Relativamente às suas exigências climáticas, é uma espécie que está especialmente adaptada a zonas quentes, áridas e semiáridas, suportando as mais extremas condições de secura estival. Adapta- se bem a temperaturas médias máximas de 20ºC a 30ºC e pode resistir a temperaturas extremas até 50ºC. Necessita de temperaturas de 25 a 32ºC e mínimas de 6ºC para uma boa maturação dos frutos Períodos longos com temperaturas inferiores a 3º C são prejudiciais e temperaturas abaixo dos -4ºC podem produzir danos na planta (Moreno, 2000). Solo Adapta-se a qualquer tipo de solo, com exceção dos argilosos e húmidos, preferindo os calcários, pedregosos, francos e arenosos, com pH entre 6,4 e 8,5. Pode desenvolver-se em solos com calcário ativo superior a 22 % (Moreno, 2000). Instalação da cultura Para a instalação da cultura, deve realizar-se a limpeza e o nivelamento do terreno e seguidamente uma mobilização, com profundidade de 60-80 cm com subsolador ou riper. No entanto, a OFI não é exigente na preparação do solo, se estivermos na presença de um solo bem drenado (Inglese, 2001). Propagação A propagação é vegetativa, usando cladódios de 2 ou 3 anos de idade. A plantação deve realizar-se nos finais da primavera, podendo ir até ao mês de maio-junho, usando palmas colhidas 2 a 4 semanas antes, e colocadas em ambiente semi-sombreado para as feridas cicatrizarem. Pode-se utilizar o oxicloreto de cobre como desinfetante dos cladódios (Alves, 2011; Moreno, 2000; Fole, 2014). Plantação A plantação pode ser efetuada utilizando apenas um cladódio simples, de acordo com três modelos: a colocação do cladódio na cova na vertical, inclinado com um ângulo de 30º ou prostrado sobre o solo. O método mais usado é o da colocação na vertical, Floração Floresce do início de maio a fim de julho, de forma escalonada, existindo a prefloração, a floração e a pós-floração. As flores, com cores de amarelo a vermelho, são hermafroditas e solitárias e encontram-se no bordo superior dos cladódios (Alves, 2011; Fole, 2014). Francisco José Avó Fole* Mariana Augusta Regato** III

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Frutificação

A frutificação ocorre nos cladódios de 1 a 2 anos e m

ais raramente

sobre os de 3 ou dos do ano, aspeto a ter em conta na poda de

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figueira-da-índia (Opuntia

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dica (L.) M

iller) é um “arbusto”

com ram

os suculentos, caracteriza-se pelos seus caules planos,cladódios ou palm

as, cobertos de pequenos agrupamentos de pelos

rijos (gloquídeos). O crescim

ento e desenvolvimento do cladódio

efetuam-se em

cerca de 90 dias. As folhas só se encontram

noscladódios tenros, sendo unicam

ente visíveis quando muito jovens.

São caducas e a sua vida dura pouco mais do que um

mês (A

lves,2011; Fole, 2014).

A figueira-da-índia (O

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(L.) Mill) é originária da

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érica, mais propriam

ente do México. Foi introduzida na Europa

por Cristóvão C

olombo e difundiu-se posteriorm

ente pela regiãoM

editerrânica (Polunin et al., 1978).A

té então, era tratada como um

a planta marginal, de bordadura,

usada para limitar propriedades.

Atualm

ente é considerada pelo Instituto de Conservação da

Natureza e das Florestas (IC

NF), com

o uma planta introduzida (D

ec.-lei nº 565/99). C

omeça a integrar a fileira económ

ica da fruticulturano nosso país, principalm

ente a sul do Tejo, onde já aparece como

planta cultivada (Fole, 2014).Segundo o G

abinete de Planeamento e Politicas do M

inistério daA

gricultura e do Mar, o Regulam

ento (CE) N

º 1166/2008, considerao figo-da-índia com

o um fruto a integrar no grupo de frutos de

culturas permanentes em

“frutos frescos e bagas” (Fole, 2014).C

omeça a ter interesse no A

lentejo, podendo ser mais um

a culturaalternativa às tradicionalm

ente praticadas na região.Em

bora seja uma cultura pouco exigente em

água, pode atingirm

aiores produtividades e frutos de melhor qualidade quando regada.

A sua classificação científica é a seguinte (FAO

, 2001): pertence àfam

ília das Cacte

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a, subfamília das O

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ideae, género O

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e espécie Opuntia

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frutificação. O fruto é um

a pseudo-baga carnuda unilocular e podeapresentar diferentes cores da epiderm

e e da polpa, esta pode serverde, laranja ou púrpura (A

lves, 2011; Fole, 2014).

Exigê

ncias clim

áticasRelativam

ente às suas exigências climáticas, é um

a espécie queestá especialm

ente adaptada a zonas quentes, áridas e semiáridas,

suportando as mais extrem

as condições de secura estival. Adapta-

se bem a tem

peraturas médias m

áximas de 20ºC

a 30ºC e pode

resistir a temperaturas extrem

as até 50ºC. N

ecessita de temperaturas

de 25 a 32ºC e m

ínimas de 6ºC

para uma boa m

aturação dos frutosPeríodos longos com

temperaturas inferiores a 3º C

são prejudiciaise tem

peraturas abaixo dos -4ºC podem

produzir danos na planta(M

oreno, 2000).

Solo

Adapta-se a qualquer tipo de solo, com

exceção dos argilosos ehúm

idos, preferindo os calcários, pedregosos, francos e arenosos,com

pH entre 6,4 e 8,5. Pode desenvolver-se em

solos com calcário

ativo superior a 22 % (M

oreno, 2000).

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Para a instalação da cultura, deve realizar-se a limpeza e o

nivelamento do terreno e seguidam

ente uma m

obilização, comprofundidade de 60-80 cm

com subsolador ou riper. N

o entanto, aO

FI não é exigente na preparação do solo, se estivermos na presença

de um solo bem

drenado (Inglese, 2001).

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propagação é vegetativa, usando cladódios de 2 ou 3 anos deidade. A plantação deve realizar-se nos finais da prim

avera, podendoir até ao m

ês de maio-junho, usando palm

as colhidas 2 a 4 semanas

antes, e colocadas em am

biente semi-som

breado para as feridascicatrizarem

. Pode-se utilizar o oxicloreto de cobre como desinfetante

dos cladódios (Alves, 2011; M

oreno, 2000; Fole, 2014).

Plan

taçãoA

plantação pode ser efetuada utilizando apenas um cladódio

simples, de acordo com

três modelos: a colocação do cladódio na

cova na vertical, inclinado com um

ângulo de 30º ou prostradosobre o solo. O

método m

ais usado é o da colocação na vertical,

Floração

Floresce do início de maio a fim

de julho, de forma escalonada,

existindo a prefloração, a floração e a pós-floração. As flores, com

cores de amarelo a verm

elho, são hermafroditas e solitárias e

encontram-se no bordo superior dos cladódios (A

lves, 2011; Fole,2014).

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A bactéria Pse

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iae (Psa), é causadora

de uma grave doença em

plantas do género Actin

idae, relativam

enteà qual não existem

métodos curativos.

Na U

nião Europeia a doença foi observada pela primeira vez na

zona central de Itália, em 1992, onde perm

aneceu esporádica ecom

uma baixa incidência durante 15 anos, m

as em 2007/2008

começaram

a observar-se perdas económicas consideráveis e um

adispersão acelerada associada a um

a nova estirpe mais agressiva.

Entre 2010 e 2011 surgiram os prim

eiros focos em França, Espanha

e Portugal.A

tualmente é reconhecido com

o área livre da doença todo oterritório nacional com

exceção do Entre-Douro e M

inho e dosseguintes concelhos da Beira Litoral: A

lbergaria-a-Velha, Águeda,

Anadia, A

veiro, Murtosa, Estarreja, Ílhavo, O

liveira do Bairro, Ovar,

Vagos, Cantanhede, M

ealhada, Mira, M

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da Foz, Soure, Pombal e Leiria.

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oença

Os prim

eiros sintomas da doença causada por Psa aparecem

noinício da Prim

avera com a evolução da atividade vegetativa do

hospedeiro, Actin

idea spp. N

o nosso país, os sintomas m

aiscaracterísticos são constituídos por pequenas m

anchas acastanhadasnas folhas por vezes circundadas por halos de cor clara. A

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mconsequente aborto floral e perda de produção. O

s frutos jávingados podem

sofrer deformações e perder parte do seu valor

comercial. N

os ramos e no tronco observam

-se cancros (dondepode surgir exsudado bacteriano de cor averm

elhada - ferruginoso)que podem

evoluir conduzindo à morte dos ram

os ou de toda aplanta.

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a a limitar a introdução e a

dispersão da doença e, sempre que possível, erradicar os focos

detetados, estão estabelecidas no Plano de Ação N

acional para oC

ontrolo da Psa, revisto e adaptado em 2013 tendo em

conta asm

edidas de emergência destinadas a prevenir a dispersão da bactéria

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idas:

No caso de sintom

as nítidos (exsudado ferruginoso), as plantasinfetadas com

sintomas no tronco devem

ser arrancadas e destruídasou serem

sujeitas ao atarraque do tronco, até um m

etro do pontoabaixo de infeção, desde que não sejam

visíveis sintomas de infeção

nos feixes, devendo, essas plantas serem objecto de adequado

controlo visual quanto à sua evolução sintomatológica.

As plantas com

sintomas apenas nos ram

os, devem ser podadas,

pelo menos 70 cm

abaixo do ponto de infeção, ou até não seobservarem

sintomas de infeção nos feixes.

As plantas com

sintomas apenas nas folhas devem

ser marcadas e

alvo de poda criteriosa após a colheita e todo o pomar sujeito a

desinfeção cuidada utilizando os produtos cúpricos autorizados.Todas as feridas resultantes das podas sanitárias devem

serdesinfetadas e seladas com

produtos apropriados.

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ente

:proceder à desinfeção cuidada das tesouras de poda e restanteequipam

ento agrícola (ex: rodado dos tratores e alfaias agrícolas);todos os detritos vegetais, incluindo ram

os e folhas resultantesdas podas, devem

ser destruídos, se viável, no próprio pomar;

não deve ser levado qualquer material vegetal para fora do pom

arpara além

dos frutos previamente lim

pos de folhas e ramos.

Relativamente ao m

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iro, de acordo com

alegislação

em vigo

r, a circulação do

mesm

o deve ser feita

acompanhada de passaporte fitossanitário que atesta o cum

primento

das exigências estabelecidas na legislação e no Plano de Ação e que

inclui inspeções oficiais, colheita de amostras e análises laboratoriais

nas alturas apropriadas tanto às plantas finais como às plantas-m

ãedonde proveem

, bem com

o à zona circundante.

III

Autoria Fotos: Carlos Coutinho | DASA | DRAPN

no território comunitário estabelecidas pela D

ecisão n.º 2012/756/U

E da Com

issão publicada a 7 de dezembro.

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Com

o já foi referido, a cultura da figueira-da-índia começa a ter

interesse no Alentejo, havendo já algum

as explorações instaladas.Fez-se o acom

panhamento e caracterização de cinco destas novas

explorações, quatro no Alto A

lentejo e uma no Baixo A

lentejo. Foraminstaladas em

2012, 2013 e 2014, nos meses de m

arço a julho. As

áreas são as seguintes: duas explorações com 5 hectares, duas

explorações com 1 hectare e um

a exploração com 3 hectares.

As explorações encontram

-se instaladas em solos franco-arenosos

bem drenados e em

solos argilosos.Q

uatro das explorações estão conduzidas em M

odo de ProduçãoBiológico e um

a em M

odo de Produção Integrada.O

procedimento para a instalação da cultura foi diferente para

cada uma das explorações:

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Apenas num

a das explorações, os cladódios foram pulverizados

com um

a calda à base de cobre antes da plantação.O

s cladódios utilizados na plantação foram obtidos em

taludes esebes da região em

4 das explorações e uma delas adquiri-os na

Empresa C

actácea de Sesimbra.

O sistem

a de plantação utilizado foi o seguinte: colocação de umcladódio por cova em

três das explorações, dois cladódios juntos,num

a exploração e quatro cladódios juntos numa outra.

Duas explorações utilizaram

cladódios para a produção de frutosde polpa verm

elha ou púrpura, uma para a produção de frutos de

polpa verde e laranja, uma outra para a produção de frutos de polpa

púrpura e laranja e uma últim

a para a produção de massa verde para

forragem.

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destacando-se os seguintes para a produção de fruto: 5 x 2 m; 4 x 3

m; 5 x 3 m

e 6 x 4,5 m e os de 5 x 1 m

e 5 x 0,5 m para a produção

de massa verde.

O controlo de infestantes é realizado através de roçador ou sacha

manual na linha e destroçador na entrelinha.U

tilizaram rega m

anual no início da plantação e nalguns casos

rega manual m

ensal. Em duas explorações pretendem

colocar regagota-a-gota.

Em relação a pragas e doenças, apenas foram

mencionados danos

causados por coelhos e javalis em duas explorações.

O destino da produção é o seguinte:

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raçã

o.

enterrando-se 1/2 ou 1/3 da palma, com

a parte plana virada paraa entrelinha. A

s linhas devem ter a orientação N

-S.Podem

utilizar-se 2, 3 ou 4 cladódios simples por cova ou usar-se

cladódios múltiplos (com

duas ou mais palm

as). Neste últim

o caso,deve ser enterrada a m

aior parte da base, para que a planta fiqueestável (Fole, 2014).

Se solo se encontrar muito seco, depois da plantação, deve-se

proceder a uma rega de m

odo a proporcionar aos cladódiosm

elhores condições de enraizamento (Fole, 2014).

Os com

passos a utilizar são muito variados e dependem

doobjetivo da plantação: produção de fruto (4 x 4m

; 4 x 2,5 m e 3 x 2

m) ou produção de verdura (1,5 x 0,4; 1,25 x 0,4; 1 x 0,25) (M

oreno,2000).

Po

da

De form

a resumida, pode-se dizer que a planta necessita de um

apoda de form

ação, realizada nos primeiros dois a três anos, após a

plantação, até à entrada em produção. D

evem ser elim

inados oscladódios que se desenvolvam

de forma descendente, na horizontal

ou na base da planta. Esta não deverá ter uma altura superior a 2 m

e uma largura de 1,5 a 2 m

, para facilitar a colheita (Moreno, 2000).

A poda de m

anutenção/produção tem com

o objetivo melhorar a

exposição do maior núm

ero possível de cladódios à luz solar. Não

se deve manter m

ais do que dois cladódios filhos num cladódio m

ãee os cladódios de dois anos que já tenham

produzido devem ser

eliminados.

A m

elhor época de poda será a primavera ou a seguir à colheita,

desde o final do verão até ao outono, com tem

peraturas altas acima

dos 15ºC no outono.

O potencial produtivo da O

puntia

ficus-in

dica

(L.) Mill reduz-se

depois de 25 a 30 anos de plantada. O seu rejuvenescim

ento podeser provocado através da supressão de ram

os de 3-4 anos de idade.Tam

bém se podem

executar podas drásticas em plantas fracas,

cortando até onde se encontrem cladódios lenhificados. D

ois a trêsanos depois, ocorre nova frutificação (FAO

, 2001 citado em Fole,

2014).D

eve ter-se em consideração que o desenvolvim

ento e o calibredo fruto dependem

do número de frutos por cladódio, principalm

entese este for superior a 6-8 frutos. Se cada cladódio tiver m

ais do que10 frutos, estes não terão um

a maturação regular, o que faz com

que se reduza a eficiência e oportunidade da colheita. Com

6 frutospor cladódio pode atingir-se um

peso médio do fruto de 120 g.

O período de desenvolvim

ento do fruto (PDF), decorre entre 70 a

150 dias. Quando a coloração da epiderm

e for metade da coloração

que o fruto terá na maturação, o teor de Sólidos Solúveis Totais

(SST) chega a valores de 12 a 15%, e é nesta fase que os frutos têm

melhor qualidade para consum

o em fresco e arm

azenagem. A

maturação não é sim

ultânea em term

os de cladódios, podendo durarde 20 a 40 dias ou m

ais, isto porque não são uniformes, as fases do

ciclo vegetativo em que se dá o abrolham

ento e floração nestaespécie.

Colh

eita

A colheita deve ser efetuada de m

anhã cedo quando os gloquídeos

estão húmidos e presos ao fruto. O

local do corte deve incluir uma

pequena parte do cladódio para evitar uma perda rápida do peso do

fruto, e para uma m

elhor conservação durante a armazenagem

.

Pós-co

lheita

Na pós-colheita a operação m

ais importante consiste na rem

oçãodos gloquídeos, que pode ser realizada de form

a manual ou

mecânica. Para o acondicionam

ento do fruto, a melhor form

a seráatravés de caixas de cartão (FAO

, 2001).

Pub.

As explo

rações fo

ram visitadas em

20

13

e ainda não se

encontravam em

produção.Verificou-se que todos os agricultores consideram

que a figueira-da-índia é um

a cultura promissora e que poderá vir a ter bastante

sucesso no futuro.A

maior parte das explorações, ou já pratica ou pretende praticar

o Modo de Produção Biológico

O destino da produção é essencialm

ente a comercialização do

fruto para fresco e também

, nalguns casos para transformação.

Apenas uma exploração produz cladódios para a alim

entação animal,

sem no entanto, excluir a hipótese de com

ercializar também

o fruto.A

penas uma exploração recorreu à com

pra dos cladódios, tendoas restantes utilizado plantas espontâneas para retirar as palm

aspara posterior plantação.

As preferências dos produtores foram

para os frutos de epiderme

e polpa verm

elha ou púrpura, tam

bém o

s preferidos pelo

sconsum

idores, devido ao seu maior poder com

o antioxidantes.

No que diz respeito à instalação da cultura, verificou-se que não

houve grande preocupação relativamente à preparação do solo,

utilizaram-se com

passos muito variados e de acordo com

aspossibilidades de m

ecanização com as m

áquinas já existentes nasexplorações, de form

a a reduzir os custos de investimento na cultura.

A fertilização de fundo foi feita essencialm

ente à base de estrume

na cova, que foi aberta com enxada ou broca acoplada ao trator,

procedendo-se à plantação, enterrando parte do cladódio e utilizandodiferentes sistem

as, desde apenas um cladódio por cova, até dois,

três ou quatro na zona de plantação.O

método m

ais usado para a manutenção do solo consiste na

utilização de um destroçador na entrelinha e o de um

roçador nalinha.

Todos os agricultores manifestaram

a intenção de utilizar a regagota-a-gota nos pom

ares.

Co

nclu

sões

Caraterização

de n

ovas

explo

rações d

e figueira-d

a-índia

no A

lentejo

IV