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II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte Sistemas intensivos de produção de carne bovina com uso de suplementos múltiplos Eduardo Henrique Bevitori Kling de Moraes 1 , Kamila Andreatta Kling de Moraes 2 , André Soares de Oliveira 3 , Alvair Hoffmann 4 , Tiago Adriano Simioni 4 , Cláudio Jonasson Mousquer 5 , Diego Cordeiro de Paula 4 , Leandro Munhoz Socreppa 5 , Leonardo Antônio Botini 4 , Marcell Patachi Alonso 6 1 Zootecnia/ICAA/UFMT/Campus de Sinop, Bolsista do CNPq, Pesquisador do INCT/CNPq - Ciência Animal [email protected] 2 Zootecnia/ICAA/UFMT/Campus de Sinop 3 Zootecnia/ICAA/UFMT/Campus de Sinop, Pesquisador do INCT/CNPq - Ciência Animal 4 Mestrado em Zootecnia/ICAA/UFMT/Campus de Sinop 5 Mestrado em Ciência Animal/FAMEVZ/UFMT/Campus de Cuiabá 6 Zootecnia/UNEMAT/Campus de Pontes e Lacerda-MT 1) Introdução Nos últimos anos a pecuária brasileira tem passado por notável progresso tecnológico, o que resultou em aumento na produtividade, na rentabilidade e na competitividade das cadeias produtivas no mercado nacional e internacional. Como prova disso, as exportações de carne bovina do Brasil somaram US$ 5,77 bilhões em 2012, alta de 6,8% em relação ao resultado de 2008, que era até então a maior exportação registrada, de US$ 5,4 bilhões. Em relação a 2011, o crescimento foi de 7,3% ante a receita de US$ 5,375 bilhões registrada em 2011 (ABIEC, 2013). Os sistemas de produção de carne bovina no Brasil são comumente baseados nas áreas de pastagens fornecendo aproximadamente 99,0% da dieta (energia e nutrientes) para os rebanhos bovinos (Paulino et al., 2008). Assim, em razão do menor custo de energia digestível dos pastos em relação às outras fontes, potencializar a ingestão e eficiência de utilização dos mesmos representa a base para garantir a sustentabilidade econômica da produção de bovinos (Oliveira et al., 2012). A produção de carne a pasto segue a sazonalidade da produção das forrageiras com uma característica marcante na curva de crescimento dos animais, com períodos de ganho de peso satisfatório durante a estação chuvosa e dificuldades em ganhar ou mesmo manter o PC durante a estação seca do ano. Assim sendo, a flutuação na oferta e/ou na qualidade de forragem para os animais mantidos a pasto são fatores limitantes, refletindo-se na produção animal, levando a menores índices zootécnicos.

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II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

Sistemas intensivos de produção de carne bovina com uso de suplementos múltiplos

Eduardo Henrique Bevitori Kling de Moraes

1, Kamila Andreatta Kling de Moraes

2, André Soares

de Oliveira3, Alvair Hoffmann

4, Tiago Adriano Simioni

4, Cláudio Jonasson Mousquer

5, Diego

Cordeiro de Paula4, Leandro Munhoz Socreppa

5, Leonardo Antônio Botini

4, Marcell Patachi

Alonso6

1Zootecnia/ICAA/UFMT/Campus de Sinop, Bolsista do CNPq, Pesquisador do INCT/CNPq -

Ciência Animal [email protected] 2Zootecnia/ICAA/UFMT/Campus de Sinop

3Zootecnia/ICAA/UFMT/Campus de Sinop, Pesquisador do INCT/CNPq - Ciência Animal

4Mestrado em Zootecnia/ICAA/UFMT/Campus de Sinop

5Mestrado em Ciência Animal/FAMEVZ/UFMT/Campus de Cuiabá

6Zootecnia/UNEMAT/Campus de Pontes e Lacerda-MT

1) Introdução

Nos últimos anos a pecuária brasileira tem passado por notável

progresso tecnológico, o que resultou em aumento na produtividade, na

rentabilidade e na competitividade das cadeias produtivas no mercado nacional

e internacional. Como prova disso, as exportações de carne bovina do Brasil

somaram US$ 5,77 bilhões em 2012, alta de 6,8% em relação ao resultado de

2008, que era até então a maior exportação registrada, de US$ 5,4 bilhões. Em

relação a 2011, o crescimento foi de 7,3% ante a receita de US$ 5,375 bilhões

registrada em 2011 (ABIEC, 2013).

Os sistemas de produção de carne bovina no Brasil são comumente

baseados nas áreas de pastagens fornecendo aproximadamente 99,0% da

dieta (energia e nutrientes) para os rebanhos bovinos (Paulino et al., 2008).

Assim, em razão do menor custo de energia digestível dos pastos em relação

às outras fontes, potencializar a ingestão e eficiência de utilização dos mesmos

representa a base para garantir a sustentabilidade econômica da produção de

bovinos (Oliveira et al., 2012).

A produção de carne a pasto segue a sazonalidade da produção das

forrageiras com uma característica marcante na curva de crescimento dos

animais, com períodos de ganho de peso satisfatório durante a estação

chuvosa e dificuldades em ganhar ou mesmo manter o PC durante a estação

seca do ano. Assim sendo, a flutuação na oferta e/ou na qualidade de forragem

para os animais mantidos a pasto são fatores limitantes, refletindo-se na

produção animal, levando a menores índices zootécnicos.

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A pecuária de corte brasileira deve ser compreendida a partir de uma

perspectiva complexa, que envolve fatores diferentes dentro do sistema de

produção (animal, fatores climáticos, ambiente, suplementos, etc.), assumindo

uma grande complexidade na geração do produto final, uma vez que a sua

quantidade, qualidade e eficiência econômica e ambiental serão afetadas por

diferentes interações (Moretti et al., 2013). Em adição, tem sido pressionada a

intensificar para alcançar maior produtividade com a necessidade de reduzir a

idade ao abate, de aumentar os índices reprodutivos e aumentar a produção

por área o que implica na necessidade de maior uso de alimentos

concentrados e de pastagens bem manejadas ao longo do ano.

A intensificação tem sido confundida como sendo resultado apenas do

uso generoso de insumos e investimentos em máquinas e equipamentos, o que

nem sempre resulta nos benefícios idealizados, gerando frustrações e

descrença no uso de tecnologia.

Na realidade, intensificar significa obter o maior rendimento possível por

unidade de recurso produtivo disponível, independente dos quantitativos

adicionados e dos métodos de pastejos adotados. Portanto, o processo de

intensificação está muito mais relacionado com o nível de adoção e

abrangência dos conhecimentos aplicados no gerenciamento do sistema de

produção do que com o nível de investimento financeiro ou de utilização de

recursos externos (Carvalho, 2005; Silva e Nascimento Júnior, 2006), fato que

exige atenção de técnicos e produtores para a exploração racional e

sustentável do ecossistema pastagem.

Nesse contexto, a adoção de técnicas que proporcione melhoria na

eficiência do pastejo se insere perfeitamente no conceito de intensificação do

sistema de produção e ao mesmo tempo não acarreta em dispêndio de

insumos agrícolas ou mesmo no aumento da mão-de-obra contratada, mas

apresentam reflexos positivos na produtividade e na lucratividade da

propriedade rural.

A intensificação da produção é o caminho central para a sustentabilidade

a fim de aumentar a oferta de alimentos, mas não é uma regra única. A

viabilidade econômica, sim, é um pré-requisito para alcançar a

sustentabilidade. Se a intensificação sozinha fosse uma receita de sucesso

garantido, o problema estaria resolvido, pois já há algum tempo já são

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existentes diversas técnicas para elevar a produtividade da pecuária de corte

(Lampert, 2010).

Dentre estas, destaca-se a técnica de suplementação concentrada

aplicada à nutrição de bovinos de corte criados em regime de pastejo que,

segundo Valadares Filho et al. (2002), foi uma das grandes aplicações do

conhecimento de nutrição de ruminantes no Brasil. Segundo Paulino et al.

(2004) a nutrição é o parâmetro de manejo que mais altera a idade do animal

ao abate ou à primeira cria, dessa forma, a precocidade ou taxa com que o

animal aproxima-se do seu peso adulto é muito sensível às alterações

nutricionais.

A alimentação deve ser planejada e conduzida de maneira otimizada,

pois representa o principal fator de ambiente que afeta o crescimento corporal,

a idade ao primeiro parto e os custos da criação animal (Oliveira et al., 2012).

A suplementação múltipla com nutrientes limitantes, aliada às práticas de

manejo do pastejo, consiste em opção interessante e permite melhores

desempenhos propiciando a intensificação com efeitos positivos quanto à

intensificação do sistema de produção de carne a pasto. Ganhos como:

redução do ciclo de produção, melhoria do desempenho reprodutivo de fêmeas

(Pilau & Lobato, 2009), aumento na taxa de lotação das pastagens (Correia,

2006), produção de carne de qualidade (Cavali, 2010) e redução na emissão

de gás metano ruminal/unidade de produto animal (Fontes et al., 2012;

Berchielli et al., 2012) podem ocorrer com o fornecimento da suplementação

concentrada.

Assim, considerando que a intensificação da pecuária de corte com

redução do ciclo de produção é meta primordial na busca da eficiência e

lucratividade, objetiva-se apresentar os benefícios da suplementação múltipla

aplicada no sistema pasto/suplemento.

2) A suplementação múltipla e a intensificação da produtividade

Conforme já é sabido, em consequência de regime alimentar tradicional,

os animais alternam períodos de perda de peso durante a estação seca e

períodos de “recuperação” do ganho de peso durante a estação chuvosa.

Assim esta sazonalidade da produção forrageira entre as estações (águas e

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secas) consequentemente conduz à sazonalidade da produção animal, caso a

criação seja conduzida em regime extensivo.

Portanto, as pastagens raramente estão em estado de equilíbrio na

relação entre suprimento e demanda, em função da sazonalidade quantitativa e

qualitativa inerente ao sistema pastagem. No tocante às alternativas de reverter

a sazonalidade quantitativa das pastagens sugere-se a leitura das

recomendações de manejo do pastejo apresentadas por (Zanine et al., 2011) e

não serão discutidas nesta revisão.

Assim partindo do pré-suposto da não falta de massa de forragem pelo

correto manejo do pastejo, inclusive no período da seca (pasto diferido),

verifica-se ainda que o pasto exclusivo não permite desempenhos favoráveis

quando se procura a intensificação do sistema de produção (Tabela 1).

Tabela 1 – Disponibilidade de matéria seca e teor de proteína bruta médios de pastos tropicais

(brachiaria e panicum) e ganho médio diário em função da estação do ano

Item1

Pasto

Seca Águas

Disponibilidade de matéria seca (T/ha) 5,30 ± 2,41 7,30 ± 4,45

Teor de proteína bruta (% MS) 5,80 ± 1,70 10,10 ± 1,80

Ganho médio diário (Kg/dia) 0,194 ± 0,173 0,709 ± 0,189

1Média de 45 experimentos;

2Referente ao desempenho médio de animais consumindo apenas

suplemento mineral

Desta forma, o ajuste nutricional entre a curva de oferta de pasto e a

demanda dos animais é uma necessidade para se alcançar maior eficiência

dos sistemas de produção de carne bovina. Onde e quando não existe a

possibilidade de produção contínua, ao longo do ano, só em pastagens, o uso

de sistemas de alimentação combinando pastagens e suplementos alimentares

adicionais são requeridos, para viabilizar o ajuste nutricional necessário.

Em sistemas de criação que busca a intensificação (pecuária de ciclo

curto), nos quais se visa redução da idade ao abate, torna-se essencial o uso

de tecnologias que permitam aos animais a otimização do desempenho, em

todas as fases do ciclo produtivo, inclusive durante a fase de aleitamento.

A suplementação múltipla em creep-feeding é uma alternativa capaz de

aumentar o ganho médio diário e o peso à desmama de bezerros Nelore,

aumentando também o peso de suas mães ao final da estação de monta

(Nogueira et al., 2006).

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Lopes (2012) avaliou suplementos múltiplos formulados com níveis

crescentes de proteína bruta para bezerros lactentes e verificou que a

suplementação mineral propiciou menor desempenho e peso à desmama

quando comparado com os animais que receberam suplementos múltiplos

(Tabela 2).

Tabela 2 - Desempenho (GMD – kg/dia) e peso corporal final (PCF – kg) em função da proteína bruta nos suplementos múltiplos (fornecido - 0,800 kg/dia)

Item Mineral Nível de proteína bruta (%) CV

(%)

Valor de P1

8 19 30 41 Cont

L

Q

GMD2 0,727 0,820 0,926 0,889 0,886 10,6 <0,001 0,017 0,055

PCF3 222,0 235,6 250,6 245,5 245,1 5,5 <0,001 0,015 0,053

1Cont = suplemento mineral x suplementos múltiplos; L e Q= efeitos de ordem linear e

quadrática referentes ao nível de PB nos suplementos múltiplos; 2ŷ=221,5 + 2,33PB – 0,04PB

2

(R2=0,716);

3ŷ=0,728 + 0,014PB – 0,0002PB

2 (R

2=0,924). Adaptado de Lopes (2012)

Este resposta confirma a importância da suplementação múltipla para

bezerros lactentes com o objetivo de se complementar a ingestão de nutrientes

e atributos nutricionais e otimizar o desempenho produtivo destes animais,

proporcionando maiores pesos à desmama (Lopes, 2012).

Assim, verifica-se que a suplementação de bezerros lactentes é

importante quando se almeja a intensificação do sistema de produção a pasto

com animais abatidos com idade inferior a 24 meses.

Paulino et al. (2010) utilizaram informações das curvas de lactação de

vacas nelores lactantes e da composição do leite observadas por Fonseca

(2009) e de acordo com as exigências nutricionais obtidas para os bezerros na

fase pré-desmama verificaram o momento que o leite não é mais capaz de

suprir, exclusivamente, os nutrientes demandados para o crescimento do

bezerro (Tabela 3).

Conforme apresentado por Paulino et al. (2010) evidencia-se que a partir

da 9ª semana de vida (63 dias vida do bezerro) o leite já não consegue

fornecer toda a energia necessária para que o bezerro ganhe em torno de 800

g/dia (Tabela 3). Por outro lado, a proteína torna-se limitante a partir da 15ª

semana (105 dias de vida do bezerro) o que seria em torno de 105 a 135 dias

antes da desmama. Portanto, para que bezerros Nelore consigam atingir peso

à desmama por volta dos 200 kg, torna-se necessário suplementá-los, via

creep-feeding, a partir do segundo mês de vida.

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Tabela 3 - Produção de leite de vacas Nelore, disponibilidade de EM e PM via leite, exigências

de EM e PM totais para mantença e ganho de peso de bezerros Nelore lactentes e necessidade de leite para atender às exigências de EM dos bezerros, de acordo com a semana de lactação e peso dos animais

SL1 Peso bezerro

2 EMLeite

3 PMLeite

4 EMt

5 PMt

6 NL

7

1ª 35,60 4,63 160,71 2,91 154,87 3,98

2ª 41,20 4,85 168,06 3,25 156,79 4,45

3ª 46,80 5,01 173,63 3,58 158,65 4,89

4ª 52,40 5,12 177,72 3,90 160,49 5,32

5ª 58,00 5,21 180,59 4,20 162,29 5,75

6ª 63,60 5,26 182,46 4,50 164,09 6,16

7ª 69,20 5,29 183,54 4,80 165,87 6,56

8ª 74,80 5,30 183,97 5,09 167,66 6,95

9ª 80,40 5,30 183,88 5,37 169,44 7,34

10ª 86,00 5,29 183,39 5,65 171,23 7,72

15ª 114,00 5,12 177,65 6,98 180,34 8,09

1Semana de lactação;

2kg: considerado peso ao nascimento de 30 kg e GMD de

0,8kg/dia;3Quantidade de energia metabolizável disponibilizada ao bezerro via leite (Mcal/dia);

4Quantidade de proteína metabolizável disponibilizada ao bezerro via leite (g/dia);

5Exigências

totais de energia metabolizável do bezerro; 6Exigências totais de proteína metabolizável do

bezerro; 7Necessidade de leite (kg/dia) para atender as exigências totais de EM do bezerro.

Adaptado de Paulino et al. (2010)

De fato, Zamperlini (2008) verificou que a suplementação de bezerros

lactentes a partir do segundo mês de vida incrementou o ganho de peso e

consequentemente o peso à desmama (Tabela 4).

Tabela 4 - Desempenho (GMD – kg/dia) e peso corporal final (PCF – kg) em função da idade do bezerro ao início do fornecimento de suplemento múltiplo

Item Mineral Idade do bezerro (dias)

1

Valor de P CV(%) 30 60 90

GMD 0,707b 0,795

ab 0,893

a 0,811

ab 0,0020 12,4

PCF 194,72b 210,66

ab 228,25

a 213,46

ab 0,0020 8,4

1Idade do bezerro ao início do fornecimento do suplemento múltiplo (30% PB e consumo médio

de 175g/dia). Adaptado de Zamperlini (2008)

Ítavo et al. (2007) também recomendaram o uso da suplementação

exclusiva de bezerros para incremento do PC ao desmame e da relação peso

do bezerro:peso da vaca e ainda, segundo Mesquita et al. (2004), animais

provenientes de sistema de creep-feeding apresentam melhor desempenho

produtivo no pós-desmame, durante a fase de recria, no período da seca.

A terminação de novilhos com idade inferior a 24 meses exige um

planejamento nutricional mais preciso e a suplementação deve ser

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estabelecida após a desmama até o abate. As metas de ganhos de peso na

primeira seca do animal são maiores, ou seja, no período pós-desmama. Nesta

estratégia, o objetivo é a terminação dos animais no inicio da próxima seca,

eliminado a segunda seca da vida do animal. (Reis et al., 2011).

Para a terminação de animais com idade inferior a 24 meses as metas

de desempenho na primeira seca do animal são maiores, ou seja, no período

pós-desmama (Reis et al., 2011). Ganhos adicionais obtidos nesta fase podem

viabilizar o abate desses animais antes da segunda seca o que, além de levar

a um giro mais rápido do capital, facilita o manejo na fazenda. Segundo

Paulino et al., (2001) quando o objetivo do fornecimento de suplementos

múltiplos é abater machos aos 20 meses de idade este deve propiciar aos

animais ganhos entre 0,500 e 0,600kg/dia.

Neste sentido, Moraes et al. (2006) avaliaram suplementos múltiplos

(20%PB – 2,0 kg/animal/dia) para animais em recria durante o período da seca

(Tabela 5). Os suplementos fornecidos aos animais propiciaram resultados

favoráveis (ganhos de peso entre 0,530 e 0,620 kg/dia), admitindo-se que,

quando se objetiva a produção de novilhos precoces em pastagem, deve-se

manter a curva de crescimento desses animais em níveis ascendentes e de

forma contínua.

Tabela 5 – Pesos (kg) corporal inicial (PC inicial) e final (PC final) em jejum, ganho médio diário

(GMD – kg/dia) e total (GT) para os diferentes suplementos

Item

Suplementos

GS/FT1 GS/FA

2 CA/FT

3 CA/FA

4 CV (%)

PC inicial 264,6 269,0 263,2 266,8 -

PC final 318,2 317,2 319,6 323,6 9,0

GMD5 0,589 0,530 0,620 0,606 21,2

GPT5 53,6 48,2 56,4 56,8 20,1

1/GS/FT - Grão de soja e farelo de trigo;

2/GS/FA – Grão de soja e farelo de arroz;

3/CA/FT -

Caroço de algodão e farelo de trigo; 4/CA/FA - Caroço de algodão e farelo de arroz;

5/Efeito

relativo à fonte protéica, fonte energética e sua interação não significativo pelo teste F (P>0,05)

Na Figura 1 pode-se observar o desempenho de bovinos em função do

nível de suplementação no período da seca (26 experimentos e 117

observações). Assim como observado por Dórea (2010) e Oliveira et al.,

(2012), verificou-se resposta quadrática ao nível de suplemento consumido

com ganho máximo estimado de 0,760 kg/dia com consumo de 5,13 kg de

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suplemento múltiplo. No trabalho de Dórea (2010) o ganho máximo estimado

foi de 0,690 kg/dia para um consumo de 1,34 kg/dia. Oliveira et al. (2012)

observou ganho máximo estimado em 0,784 kg/dia com o consumo de

4,98 kg/dia de suplemento.

Figura 1 - Resposta em ganho de peso (kg/dia) de bovinos em pastejo em função do consumo de suplemento (kg/dia) no período da seca

Em outro estudo meta-analítico, Tambara (2011), avaliou cinco classes

de nível de suplementação (%PC) para bovinos no período da seca: zero

(suplementação mineral); 01 a 0,4%; 0,5 a 0;8; 0,9 a 1,2 e 1,3 a 1,6. Foi

observado maior desempenho dos animais que receberam suplementação

concentrada sobre a suplementação mineral independente dos intervalos de

consumo de suplemento. O maior desempenho foi encontrado para o consumo

de suplemento concentrado entre 1,3 a 1,6%PC (1,224 kg/dia), não havendo

diferenças entre os níveis 0,5 a 0,8 (0,777 kg/dia) e 0,9 a 1,2 (0,895 kg/dia).

O maior desempenho em resposta à suplementação múltipla reflete à

correção das deficiências nutricionais do pasto no período da seca. Neste

período, os carboidratos estruturais (B2 e C) são responsáveis pelo alto teor de

carboidratos totais presentes no pasto, correspondendo a aproximadamente

80% de sua composição (Moraes et al., 2006a).

No entanto, deve-se ressaltar que a o sucesso da suplementação

múltipla no período da seca é dependente da prática do diferimento do pasto

para propicie oferta de massa de forragem com adequada relação folha:colmo

que permitiria uma boa oferta de matéria seca potencialmente digestível aos

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animais. Tambara (2011) encontrou mesmo desempenho quando a relação

folha:colmo do pasto foi de 0,61:1 a 1,2:1 (0,646 kg/dia) e quando esta relação

foi maior que 1,2:1 (0,666 kg/dia), sendo o menor desempenho encontrado

quando esta relação foi menor que 0,61:1 (0,394 kg/dia). No tocante à oferta de

pasto, Silva et al. (2009) concluíram que a oferta de 10,0 a 12,0% do PC/dia de

matéria seca e 6,0% do PC/dia de matéria seca potencialmente digestível.

Com a chegada do período chuvoso, ocorre o aparecimento de novos

perfilhos e gradativamente verifica-se aumento da oferta quantitativa e

qualitativa de forragem e quando feito o manejo de pastejo de forma correta

verifica-se ganho médios de 0,709 kg/dia (Tabela 1) sendo este valor dentro do

intervalo de 600 a 800g/dia reportado por Euclides (2004).

No entanto, quando o objetivo é o abate de animais no final do período

chuvoso subseqüente é necessário manter um plano nutricional crescente e

para isso o fornecimento de suplementos nesta época deve ser mantido, de

acordo com a qualidade e quantidade da forragem (Reis et al., 2011).

Segundo Reis et al. (2011) só não haverá resposta a suplementação

múltipla, quando a massa de forragem for alta, com baixo teor de fibra e alto

conteúdo de proteína, que nas condições brasileiras em pastagens com

gramíneas tropicais dificilmente é encontrado. Desta forma, a suplementação

no período chuvoso pode ser uma tecnologia que permite aumentar o

desempenho de animais, reduzindo ainda mais a idade de abate.

Assim, a suplementação múltipla nesta época do ano pode proporcionar

ganhos adicionais entre 150 a 250g/dia em relação aos animais que recebem

apenas suplementação mineral, quando fornecida na proporção de 0,5 %PC,

possibilitando redução na idade de abate e redução no ciclo de produção

(Paulino et al., 2002). Segundo Zervoudakis et al. (2011) estes ganhos

adicionais são essenciais para terminação dos animais e liberação dos pastos

antes da próxima desmama proporcionando alguns dias de diferimento para

recuperação dos mesmos.

Segundo Reis et al. (2011) o manejo correto das pastagens aliado a

suplementação múltipla estratégica pode ensejar ganhos superiores a 1,0

kg/dia e a terminação durante o período das águas torna-se vantajoso pela

menor necessidade de suplementação para atingir altos desempenhos.

Com este objetivo Moraes et al. (2006b) verificaram que a

suplementação múltipla energética-protéica (16%PB) e proteico-energética

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(24% PB) propiciaram aos animais ganhos acima de 1,0 kg/dia, sendo o maior

desempenho observado nos animais que receberam suplementos de natureza

proteico-energética (Tabela 6).

Tabela 6 - Peso corporal inicial em jejum (PCinicial - kg) e final em jejum (PCfinal - kg), ganho médio diário (GMD – kg/dia) para os diferentes níveis de proteína

Níveis de proteína Valor P1

Item MM 8,0 16,0 24,0 C vs. S L Q CV (%)

PCinicial 336,5 342,2 340,2 340,7 - - - 4,81

PCfinal2 413,4 411,6 421,6 430,5 0,1666 0,0127 0,9208 2,14

GMD3 1,065 0,992 1,142 1,261 0,2580 0,0109 0,8817 10,82

1/ C vs. S – controle (MM) vs. suplementos, L e Q = efeitos linear e quadrático para níveis de

proteína bruta nos suplementos, respectivamente; 2/ Y 402,33 + 1,1825NP (r

2 = 0,9988);

3/ Y 0,08733 + 0,0163NP

(r

2 = 0,9976)

Paulino et al. (2002) ao fornecerem 0,500 kg (0,16% PC) de suplemento

múltiplos para terminação de animais no período das águas também

encontraram ganhos de 1,0 kg/dia. No entanto, não foi constatada diferença em

relação aos animais que receberam apenas suplementação mineral (0,870

kg/dia) reflexo do manejo adequado do pastejo durante o período experimental.

De forma geral, os resultados disponíveis na literatura com estudo de

suplementação múltipla nas águas são muitos contraditórios. Segundo Reis et

al. (2012) várias questões ainda não foram totalmente compreendidas devido

ao fato de não possuírem entendimento completo dos fatores que interagem,

tais como, teor de proteína no suplemento, exigências de N pelos micro-

organismos ruminais, forma física do suplemento e características de nutrientes

a ser utilizado, amido ou fibra altamente digestível, e os efeitos sobre a

utilização dos componentes fibrosos da forragem.

Na Figura 2 pode-se observar o desempenho de bovinos em função do

nível de suplementação no período das águas (21 experimentos e 84

observações). Não foi observada diferença entre o desempenho de animais

que receberam suplementos múltiplos e os que receberam apenas suplemento

mineral com valor médio de (0,890 kg/dia).

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Figura 2 - Resposta em ganho de peso (kg/dia) de bovinos em pastejo em função do consumo de suplemento (kg/dia) no período das águas

Em outra compilação de dados, Zervoudakis et al. (2011) verificaram

que as médias encontradas para os ganhos de peso dos animais que

receberam suplemento mineral foram inferiores aos que consumiram

suplemento múltiplos e evidencia a necessidade de fornecer nutrientes

limitantes ou deficientes nas forragens na época das águas.

Dórea (2010) verificaram aumento linear do ganho de peso em função

dos níveis crescentes de suplementação e afirmou que a baixa resposta de

desempenho (0,180kg/dia com consumo de suplemento múltiplo de 1,0% PC)

se deve ao ganho de peso (0,801 kg/dia) dos animais suplementado apenas

com mistura mineral.

Tambara (2011) encontraram ganho de peso médio para a

suplementação mineral (0,777 kg/dia) inferior à quaisquer níveis de

suplementação múltipla, não havendo diferenças entre os níveis 0,5 a 0,8%PC

(1,006 kg/dia); 0,9 a 1,2%PC (1,095 kg/dia) e 1,3 a 1,6%PC (1,207kg/dia),

sendo os dois últimos intervalos superiores à suplementação de 0,1 a 0,4%PC

(0,907 kg/dia). Resposta quadrática ao nível de suplementação foi observada

por Oliveira et al. (2012) (Figura 3). Neste estudo estimou-se ganho de peso

de 0,630kg/dia para animais suplementados apenas com mistura mineral. O

ganho de peso máximo estimado em 1,04 kg/dia com o consumo de 4,67

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kg/dia de suplemento. Entretanto, o consumo estimado que maximiza o ganho

de peso extrapolou o consumo máximo de suplementos do banco de dados

(2,7 kg/dia), que segundo Oliveira et al. (2012), indica necessidade de cautela

no uso do valor estimado e necessidade de delinear experimentos com maiores

níveis de suplementos.

Figura 3 - Metanálise da resposta à suplementação com suplementos múltiplos no período no período das águas para bovinos em pastejo. (Oliveira et al., 2012)

Fernandes (2009) trabalhando com animais deste o nascimento ao

abate verificaram que durante a fase de baixa disponibilidade forrageira, os

animais que receberam suplementos múltiplos mantiveram crescimento

positivo da carcaça, apesar de em taxas menores que as das outras fases. Os

animais que receberam somente suplemento mineral apresentaram pequena

mobilização de carcaça no início do período seco e uma discreta recuperação

deste peso mobilizado na fase de transição para a estação chuvosa, quando a

disponibilidade forrageira começa a aumentar de novo (Figura 4).

.

II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

Figura 4 - Curvas de crescimento projetadas para a carcaça, músculo e gordura subcutânea dos animais que receberam suplementados múltiplos (T1, T2 e T3) e suplemento mineral (Contr). Adaptado de Fernandes (2009)

Carcaça

Músculos

Gordura subcutânea

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Este comportamento, incluindo baixa mobilização da carcaça e rápida

recuperação do peso perdido, é compatível com restrição alimentar mediana,

seguida de re-alimentação (Wright & Russell, 1991; Lawrence & Fowler, 2002).

No trabalho de Fernandes (2009) foi constatada a consequência deste

comportamento, onde a carcaça dos animais que receberam suplemento

mineral chegou ao final deste período de seis meses do mesmo tamanho que o

iniciou e na terceira fase do experimento, durante a realimentação, apesar de

não se observar diferenças significativas, a taxa de crescimento da carcaça dos

animais que receberam suplementação mineral foi menor que a dos animais

que consumiram suplementos múltiplos.

Enquanto os animais suplementados conseguiram manter uma taxa de

crescimento positiva dos componentes musculares e da gordura subcutânea,

aqueles que recebiam apenas suplementação mineral praticamente

paralisaram o crescimento ou apresentaram uma pequena mobilização destes.

No período das águas, suplementos múltiplos quando fornecidos

estrategicamente, proporcionam ganhos de peso adicionais em relação aos

que recebem apenas suplementação mineral, que mesmo em menores

magnitudes, contribuem para a rentabilidade no sistema, uma vez que estes

animais podem ser abatidos precocemente e liberam áreas de pastagens que

podem ser utilizadas por outras categoriais animais ou mesmo sendo vedadas

para serem utilizadas no período da seca (Zervoudakis et al., 2011).

Independente da variabilidade da resposta à suplementação consumida

entre os estudos verifica-se a possibilidade de traçar metas para o

desempenho dos bovinos nos períodos da seca e das águas com o uso de

suplementos múltiplos, para intensificar o sistema de produção com abate dos

animais com menos de 24 meses de idade. Porém recomendam-se mais

estudos para consolidar o conhecimento dos efeitos da suplementação múltipla

sobre o desempenho dos animais, especialmente, no período das águas.

5) A suplementação múltipla e a viabilidade econômica

A necessidade de analisar a viabilidade econômica do uso dos

suplementos múltiplos é extremamente importante, pois, por meio dela, pode-

II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

se conhecer com detalhes e a utilizar, de maneira inteligente e econômica, os

fatores de produção.

A partir daí localiza os pontos de estrangulamento, para depois

concentrar esforços gerenciais e tecnológicos, para obter sucesso na sua

atividade e atingir os seus objetivos de maximização de lucros ou minimização

de custos (Lopes et al., 2007).

Enquanto a viabilidade técnica da suplementação de animais em pastejo

é algo tido como praticamente consolidado, questionamentos quanto a sua

viabilidade econômica existem desde longa data, muito embora comparações

econômicas entre os sistemas intensivos e extensivos de pecuária tenham

apontado para resultados superiores para os primeiros (Figueiredo et al.,

2007).

Neste sentido, Figueiredo et. al (2007) avaliou a resposta produtiva e

econômica de quatro estratégias de suplementação (abate aos 18; 24; 30 e 40

meses de idade) durante o ciclo produtivo de bovinos de corte, recriados e

terminados em pastagens tropicais, como alternativa de redução da idade ao

abate (Tabela 7).

Foi verificada que a margem líquida (ML) foi positiva para os sistemas de

abate aos 18 e 30 meses, demonstrando estabilidade e possibilidade de

expansão do empreendimento, enquanto que o sistema de 24 e 40 meses

apresentou ML negativa.

O pior desempenho econômico verificado quando aos animais foram

abatidos aos 24 meses em relação aos abatidos aos abatidos com 18 e 30

mesmes pode ser explicado pelos fatores que alteram a eficiência alimentar

dos bovinos, e pela lei dos rendimentos marginais decrescentes presentes em

sistemas biológicos (Mitscherlich, 1904 citado por Raij, 1991) e descrita pela

teoria microeconômica (Varian, 2003).

II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

Tabela 7 – Indicadores zootécnicos e de tamanho utilizados para estruturação dos modelos que caracterizam o rebanho das estratégias de suplementação na produção de bovinos de corte

Indicadores Zootécnicos e de Tamanho Estratégia de suplementação

18 meses 24 meses 30 meses 40 meses

1 - Idade inicial (meses) 8 8 8 8

2 - Peso médio inicial dos machos (kg) 200 200 200 200

3 - Peso médio ao abate (kg) 450 450 450 450

4 - Peso médio (kg) (2+3/2) 325 325 325 325

5 - Peso médio (UA*/cab) (4/3) 0,72 0,72 0,72 0,72

6 - Idade ao abate (meses) 18 24 30 40

7 - Ciclo de produção (meses) (6-1) 10 16 22 32

8 - Área de pastagem 1.000 1.000 1.000 1.000

9 - Taxa de lotação (UA/ha) 1,0 1,0 1,0 1,0

10 - Número de animais no rebanho ((8x9)/4) 1.385 1.385 1.385 1.385

Resultados

11 - Ganho médio diário no ano (kg/dia)** 0,76 0,48 0,35 0,23

12 - Número de ciclos por ano (12 meses/7) 1,20 0,75 0,55 0,38

13 - Compra anual de bezerros (10x12) 1662 1038 755 519

14 - Venda anual de cabeças (boi gordo) (13) 1662 1038 755 519

15 - Produção de carne (kg/ha/ano) 384 240 175 118

16 - Quantidade de @ vendida no ano*** 24.923 15.577 11.329 7.788

Lucro

Anual (R$/ano) 32.904,03 -180.706,22 -89.615,14 -171.321,31

Por Cabeça/ano (R$/cabeça/ano) 23,76 -130,08 -64,72 -123,73

Por Arroba Vendida (R$/@ vendida) 1,32 -11,56 -7,91 -22,00

Por Área (R$/ha/ano) 32,90 -180,11 -89,62 -171,32

Taxa de retorno do capital

% no período 5,48 -1,60 1,16 -1,67

*Unidade Animal (U.A.) = 450 kg de peso vivo. **Ganho médio diário no ano (kg/dia) = ((3-2)/30,42/1000); ***Arroba de peso corporal (@) - 30kg). Adaptado de Figueiredo et al. (2007)

No que diz respeito à eficiência alimentar, o fornecimento de

suplementos múltiplos na fase de terminação na estratégia de abate aos 24

meses, torna o sistema menos eficiente biológica e economicamente do que os

sistemas que fornecem ao longo das fases de crescimento animal.

Os incrementos na eficiência alimentar decrescem com a maturidade,

caracterizando resposta não linear, que pode ser explicada pelo crescente

direcionamento do alimento (ou energia) para o tecido adiposo. Embora a

deposição de proteína seja menos eficiente energeticamente (Mcal/Mcal) que a

deposição de gordura, em relação ao peso de tecido depositado (kg

II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

músculo/Mcal ingerida) torna-se superior, uma vez que, para cada unidade de

ganho de proteína cerca de três unidades de água são depositadas em

associação, contra uma de gordura (Lanna, 1997).

Neste sentido, pressupondo-se que a pecuária de corte é gerida sob os

princípios da eficiência econômica, seu objetivo é, portanto a maximização de

lucros. Isto ocorre quando, sob a lei dos rendimentos decrescentes, o valor do

produto marginal de cada insumo utilizado na atividade é igual ao preço deste

insumo e quando a receita marginal de cada produto é igual ao seu preço no

mercado, isto para dado nível tecnológico e considerando que a atividade é

tomadora de preços de insumos e produtos (Figueiredo et al., 2007).

Os rendimentos marginais (acréscimo de produto / acréscimo de fator de

produção) seguem comportamento decrescente curvilíneo ou linear a

quantidade do fator de produção. A quantidade ótima de fator de produção a

ser empregado será aquela em que sua respectiva taxa de rendimento

marginal se iguale a razão preço do fator de produção/preço do produto

(Px/Py). Quantidade acima ou abaixo deste ponto indica irracionalidade no uso

do recurso produtivo (Hoffman et al., 1987). Sob estes prismas afirma-se que o

maior nível de suplementação usado para a estratégia de abate aos 24 meses

em relação às estratégias de abate aos 18 e 30 foi outro fator que

comprometeu o desempenho econômico, possivelmente por adotar uma

quantidade de suplemento cujo rendimento marginal foi superior a razão Px/Py

(Figueiredo et al., 2007).

De forma geral as recomendações de nutrientes suplementares para

bovinos se baseiam principalmente em métodos de cálculos da exigência

nutricional dos animais e da contribuição de nutrientes da forragem basal.

Informações acerca da eficiência biológica e econômica do uso de

suplementos no que se referem os conceitos básicos de Função de produção,

Fator de produção, Resposta produtiva do suplemento (RP); Resposta

produtiva marginal do suplemento (RPMa) e os princípios da teoria de análise

marginal podem ser encontrados em Oliveira et al. (2009) e Oliveira et al.

(2012).

As equações de resposta produtiva marginal (RPMa) e consumo ótimo

de suplementos (CSótimo) para a suplementação no período da seca estão

descritas na Tabela 8. Com base na equação descrita na Tabela 8, foi

observado comportamento quadrático no ganho de peso corporal (GPC) com a

II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

suplementação, com GPC máximo estimado em 0,784 kg/dia com o consumo

de 4,98 kg/dia de suplemento. A RPMa decresce linearmente com o consumo

de suplemento. A suplementação justifica-se somente se a relação do preço kg

do suplemento (Px)/preço do kg de peso corporal (Py) for menor que 0,2418,

com o consumo ótimo estimado a partir da relação Px/Py (Tabela 8).

Tabela 8 – Equações de predição do ganho de peso corporal (GPC), da resposta produtiva marginal do suplemento (RPMa) e do consumo ótimo de suplemento (CSótimo) de diversas estratégias de suplementação para bovinos em crescimento sob pastejo

Período Equações de predição

GPC (kg/d) RPMa (kg/kg) CSótimo (kg/d)

Seca 0,1826 + 0,2418 x CS -

0,0243*CS2

0,2418 – 0,0486*CS ((0,2418 – (Px/Py)) /

0,0486

CS = consumo de suplemento (kg de matéria natural/dia); Px = preço do suplemento (R$/kg de matéria natural); Py = preço do animal (R$/kg de PC corporal); RPMa = incremento no GPC por kg de suplemento adicionado; CSótimo = consumo de suplemento que maximiza o saldo econômico com a suplementação. Adaptado de Oliveira et al.(2012)

Exemplo:

Indicadores Situação A Situação B

Preço do suplemento (R$/kg) 0,511 0,41

3

Preço do peso corporal do animal (R$/kg) 2,962 2,96

4

Consumo de suplemento ótimo (kg/d) 1,42 2,14

Ganho de peso corporal estimado no CSótimo (kg/d) 0,480 0,590

1Composição (%): Mistura mineral (8,0), Uréia (5,0), Farelo de soja (26,18) e Milho (60,82); 2R$ 88,4/@ (Cuiabá 12/06/2013), 3Composição (%): Mistura mineral (8,0), Uréia (1,0), Resíduo de soja (83,40) e Milho (7,52); 4R$ 88,4/@ (Cuiabá 12/06/2013)

6) A suplementação múltipla e a qualidade da carcaça/carne

De modo geral, cada vez mais se tem verificado uma maior exigência

quanto à qualidade da carne produzida, independente do sistema de

terminação (pasto ou confinamento).

Estes dois sistemas não devem ser comparados em função dos ganhos

de peso, pois se caracterizam distintamente pelo uso de alimentos e manejos

adotados. No entanto, pode-se destacar que a atualização ou ajustes nos

diversos sistemas existentes, sejam fundamentais para que se atenda às

exigências do mercado (Arrigoni et al., 2012). Ainda, segundo os mesmos

autores, torna-se obrigação que os sistemas produtivos se enquadrem para

II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

aumentarem a produtividade e para tal objetivo, o aumento da eficiência

alimentar e consequentemente a qualidade da carne deve ser maior.

Na intensificação da produção de carne a pasto, dentre as

características economicamente importantes, destacam-se o peso de venda às

idades alvos (18 a 20 meses), peso de carcaça e maciez de carne para animais

de abate. Segundo Arrigoni et al. (2012), em todo caso, deve ser considerada

com maior atenção a opinião e a figura do consumidor.

Neste sentido Abicht (2009) verificaram que os consumidores visam,

principalmente, aspectos como a maciez, cor e a quantidade de gordura

(Figura 5)

Figura 5 - Atributos considerados pelos consumidores na escolha da carne bovina. Adaptado de Abicht (2009)

Aspectos qualitativos da carne de animais criados a pasto estão

relacionados também às ligações cruzadas entre as fibras de colágeno (Bailey,

1985), que se tornam mais estruturadas e numerosas à medida que o animal

envelhece ou em razão de maior atividade física a que o músculo é submetido

(Ramos e Gomide, 2007). Neste sentido, uma das principais estratégias para

garantias de carnes macias é a redução na idade de abate.

A qualidade da carne de novilhos precoces a pasto relaciona-se ainda às

gorduras depositadas, principalmente a subcutânea, diretamente atreladas às

características organolépticas como sabor e suculência da carne (Lawrie, 1979;

Judge et al., 1989) e, as características nutricionais como o perfil nutracêutico

II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

dos ácidos graxos (Wood et al., 2008) e indiretamente a maciez, principal

atributo de palatabilidade pelo consumidor (Brondani et al., 2006).

Neste sentido, Cavali (2010) avaliaram as características quantitativas

da carcaça e qualidade do músculo Longissimus dorsi de novilhos nelore

superprecoces (19 meses) criados a pasto em diferentes idades e estratégias

de suplementação (Figura 6).

Figura 6 - Delineamento experimental em função das estratégias de alimentação e fases de produção. Cavali (2010)

Na fase de amamentação, em que os bezerros foram mantidos com

suas mães e suplementados em sistema de creep feeding, as estratégias T1,

T2 e T3, fornecidas à base de 1,2 kg por dia, foram constituídas, pelos níveis

10, 20 e 30% de PB no suplemento. Nas fases das recrias (período seco e

transição seca-águas) variou-se os níveis de nitrogênio não protéico (NNP) nos

suplementos, substituindo-se o farelo de soja (diminuição de seus níveis de

adição) por uréia (0, 4 e 8%) na composição do suplemento, mantendo o teor

de PB em 34% nos 1,5 kg de suplemento fornecidos ao dia. Na fase de

terminação, variaram-se novamente os níveis de NNP com níveis de

substituição por uréia de 0, 3 e 6% nos suplementos, de forma a se obter 27%

de PB nos 2,0 Kg de suplemento, fornecidos diariamente.

II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

As estratégias de suplementação múltipla foram eficientes em aumentar

a área de olho de lombo, o que sugere maior rendimento de carcaça e cortes

nobres, além de promover maior espessura de gordura subcutânea,

comparado aos animais que receberam mistura mineral.

Quanto à qualidade da carne dos animais, Cavali (2010) concluíram

novilhos superprecoces terminados em pasto caracterizaram-se por apresentar

carnes vermelhas e menos exsudativas. A idade ao abate de tourinhos

suplementados em pasto tem influência sobre as características de qualidade

como tipo de fibras musculares e índice de fragmentação miofibrilar. Contudo,

não influencia a força de cisalhamento, sendo possível caracterizar a carne

como macia (Tabela 9). Segundo Felício (1999), o limite para a carne de

animais zebuínos nas condições tropicais ser considerada macia é abaixo de

5,0 kgf de força de cisalhamento.

Tabela 9 - Freqüências relativas (quanto ao metabolismo, morfologia e contração) dos tipos de fibras musculares, índice de fragmentação miofibrilar (IFM), força de cisalhamento e gordura intramuscular (GIM) do músculo L. dorsi de novilhos criados a pasto e equações de regressão ajustadas em função da idade (D)

Características Fases de Produção (idades) CV

(%) Cria Recria I Recria II Terminação

Fibra muscular tipo I (%) 19,32 20,12 20,30 18,25 19,3

Fibra muscular tipo IIB (%)1 45,84 49,09 47,80 62,70 50,7

Fibras vermelhas (%)2,3

51,09 50,90 52,19 38,30 45,3

Fibras brancas (%)4,5

45,84 49,09 47,80 62,70 50,7

Fibra de contração lenta (%)6 19,32 20,12 20,30 18,25 19,3

Fibra de contração rápida (%)7 80,68 79,87 79,28 82,25 43,8

IFM (%)8 49,33 47,48 52,53 46,16 14,3

Força de cisalhamento (kgf) 4,78 4,29 4,56 4,46 35,4

GIM (%)9 0,71 0,63 0,58 0,84 27,5

1Y = 31,59808 + 0,04923D (R

2 = 98,66);

2Dada pela soma das freqüências de I + IIA;

3Y =

33,48688 + 0,04082D - 0,000055D2 (R

2 = 95,82);

4Tipo IIB;

5Y = 31,59808 + 0,04923D (R

2 =

98,66); 6Tipo I;

7Dada pela soma das freqüências de IIA + IIB;

8Y = 31,79351 + 0,11080D -

0,0001237D2 (R

2 = 77,64);

9Y = 1,76723 - 0,00615D + 0,0000079D (R

2 =97,07). Adaptado de

Cavali (2010)

A idade e os sistemas de alimentação modificam o perfil de ácidos

graxos da gordura intramuscular, podendo ser utilizada como ferramenta a

nichos específicos de mercado.

A terminação de novilhos superprecoces a pasto favoreceu a deposição

de ácidos graxos monoinsaturados e reduziu a deposição dos poliinsaturados,

mantendo constantes os ácidos graxos saturados. Quanto à suplementação

protéica verificou-se que esta aumentou a deposição dos ácidos graxos

II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

poliinsaturados e a relação ômega 6/ômega-3, reduziu a deposição de ácidos

graxos monoinsaturados e EPA e não influenciou nos teores dos ácidos graxos

saturados (Tabela 10).

Tabela 10 - Teores dos ácidos graxos presentes na gordura intramuscular do Longissimus dorsi

de novilhos suplementados a pasto e equações de regressão ajustadas às médias, em função da idade de abate (D) e da estratégia de suplementação, em g/100g de ácidos graxos identificados.

Ácidos Graxos (%) Fases de produção (Idades

Cria Recria I Recria II Terminação

Saturados (AGS)1 32,14 33,49 30,02 32,51

Monoinsaturados (AGM)2 38,79 37,47 38,49 43,63

Poliinsaturados (AGP)3 26,88 25,30 28,67 21,16

n-34,5

7,45 5,45 5,71 4,67

n-66,7

19,02 19,61 22,72 16,27

n-6:n-38 2,62 3,66 4,14 3,63

Ácidos Graxos (%) Estratégias de suplementação

Controle T1 T2 T3

Saturados (AGS) 31,20 32,10 32,42 32,44

Monoinsaturados (AGM) 42,04A 39,19

B 38,06

B 39,08

B

Poliinsaturados (AGP) 23,08B 26,02

A 26,98

A 25,94

A

n-34 6,66

A 5,35

B 5,67

B 5,61

B

n-66 16,12

B 20,39

A 21,06

A 20,05

A

n-6:n-3 2,55B 3,89

A 3,82

A 3,84

A

1Não significativo;

2Y= 33,90827+0,01557D (R

2=96,0);

3Y=10,62574+0,09476D-0,00013D

2

(R2=95,3);

4Σ(18:1 cis-15, 18:2 trans-11 cis-15, 18:3 n-3, 20:5, 22:5, 22:6);

5Y=23,01783–

0,00970D (R2=95,9);

6Σ(18:1 cis-12, 18:1 trans-12, 18:2 cis-9 cis- 12, 18:2 trans-10 cis-12, 18:3

n-6, 20:3, 20:4); 7Y=-1,06044+0,11484D-0,00014D

2 (R

2=91,1); 8 Y=-2x0,000028+0,02274D-

2,00298D2 (R

2=80,4). Adaptada de Cavali (2010)

A carne de novilhos precoces suplementados a pasto pode ser

considerada de alta qualidade quanto ao perfil de ácidos graxos da gordura

intramuscular, constituindo um alimento saudável segundo os novos padrões

dietéticos (Cavali, 2010).

7) A suplementação múltipla e a sustentabilidade ambiental

Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as

necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as

necessidades das futuras gerações. Desta forma, a intensificação da

produtividade pode ser considerada a melhor saída para contornar problemas

ambientais atualmente relacionados à pecuária de corte, como: o

desmatamento, para formação de novas pastagens; a degradação do solo,

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resultante do baixo investimento na manutenção de pastagens; e emissão de

gases efeito estufa pelo rebanho bovino (Carvalho et al., 2010).

A sustentabilidade da pecuária bovina é tema recorrente nas discussões

sobre o agronegócio brasileiro. Se, de um lado, a atividade é emissora de

gases do efeito estufa e uma das principais ligadas ao desmatamento florestal,

de outro, várias iniciativas têm sido implementadas para promover sua

produtividade e reduzir seus impactos ambientais.

Apesar de grande emissora, a pecuária mostra ter um grande potencial

de seqüestro de carbono, através de pastagens bem manejadas. O

investimento em pastagem aumenta a produtividade animal (e

conseqüentemente a rentabilidade da atividade), inibe aberturas de novas

áreas, elimina o risco da erosão e compactação do solo, além reduzir a

quantidade de gases do efeito estufa (GEE) emitidos por quilo de carne

produzida pelo aumento do sequestro de carbono (Zen et al., 2008).

A bovinocultura fundamentada nos princípios da sustentabilidade, que

presume a produção de bovinos com elevada eficiência e alta competitividade,

associada à conservação dos recursos naturais, dentro dos limites genéticos e

garantidas condições sanitárias e de manejo adequadas, é o produto do

suprimento (oferta), consumo, valor nutritivo (concentrações de energia e

nutrientes, digestibilidade) e metabolismo, ou seja, é o reflexo do consumo e

eficiência de utilização de nutrientes e energia metabolizáveis (Paulino et al.,

2012).

Nos últimos anos, o aumento da capacidade de suporte das pastagens

propiciado pela adoção crescente de tecnologias na pecuária brasileira,

especialmente o uso de forrageiras melhoradas e técnicas de manejo de

pastagens, permitiu que o crescimento do rebanho fosse maior do que a

expansão das áreas de pastagens. Segundo Valentim e Andrade (2009), este

aumento possibilitou evitar, entre os anos de 1975 e 2006, a incorporação de

213,1 milhões de hectares para a produção pecuária, principalmente nas

regiões Centro-Oeste e Norte, que contribuíram com 54% e 29% deste

resultado, respectivamente (Figura 7).

II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

Figura 7 - Desmatamento evitado no Brasil e nos estados da Amazônia Legal entre 1975 e 2006, em função do aumento de produtividade na pecuária (calculado com base no aumento das taxas de lotação das pastagens no período). Adaptado de Valentin e Andrade (2009)

Em adição, segundo Martha Jr. et al. (2012) no período 1996-2006, a

área de desmatamento evitado foi de 41,45; 73,24 e 143,17 milhões de

hectares, respectivamente, para as regiões Centro-oeste e Norte e para o

Brasil, sendo resultado de ganhos de produtividade na produção de carne

bovina.

Especificamente para o Estado de Mato Grosso, o desmatamento

evitado foi de 16,8 milhões de hectares quando se toma como base os dados

de 2002 para nível tecnológico e 2010 para pastagem e abates (Imea, 2011).

Assim percebe-se que o rebanho cresceu muito mais que a área de pastagem

e segundo a Imea (2011) é possível concluir que houve aumento na

produtividade, tanto que no ano de 2010 a taxa de lotação atingiu o maior valor

da série histórica, com 1,01 UA/ha.

A taxa de lotação das pastagens pode ser utilizada como um indicador

de eficiência da atividade pecuária, embora em alguns casos possa também

estar associado a situações de superlotação que, geralmente, acarretam a

degradação das pastagens e do solo, a redução da produtividade e a perda de

rentabilidade da atividade.

Neste contexto, verifica-se que o valor médio de 1,01 UA/ha para o

estado de Mato Grosso é insustentável e dão margem suficiente para

aperfeiçoamento do sistema de produção. Carvalho et al., (2010) em estudo

avaliando o potencial da produtividade e rentabilidade da pecuária de corte do

II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

Mato Grosso, apontaram que é possível dobrar a produção aumentando a taxa

de lotação em pasto para 1,6 UA/h, com um rebanho apresentando índices

zootécnicos ideais. Porém, o investimento desembolsado na reforma de

pastagem só compensa se a intensificação da taxa de lotação desse mesmo

rebanho for acima de 2,0 UA/ha (o que deverá aumentar a produtividade e

rentabilidade em 2,5 vezes). Com 2,5 UA/ha, a produção poderá triplicar,

tornando a rentabilidade do setor quatro vezes maior.

Há várias técnicas disponíveis para aumentar a taxa de lotação dos

pastos e tornar a produção de carne bovina cada vez mais sustentável. Como

no Brasil a pecuária de corte está baseada em pastagens, profissionais e

pecuaristas devem procurar tecnologias que promovem o uso mais intensivo

das áreas de pastagem e, por consequência, possibilitam ganhos de eficiência

nos sistemas produtivos, além de pouparem terra para a produção

agropecuária.

Dentre estas podem ser citadas: adubação de pastagens; diferimento

das pastagens, fornecimento de suplementos múltiplos; sistemas de integração

pecuária-floresta; sistemas de integração lavoura-pecuária; sistemas de

integração lavoura-pecuária-floresta; e, as relativas ao manejo do animal como

forma de buscar pela intensificação com uma pecuária de ciclo curto.

No tocante à suplementação múltipla, Reis et al. (2009) destacaram sua

importância não somente quanto a propiciar maior desempenho animal, mas

também, quanto à possibilidade de auxiliar no processo sustentabilidade dos

pastos.

A suplementação também afeta a taxa de lotação, que decresce

linearmente com acréscimo na altura de pastejo, independente da

suplementação utilizada. No entanto, a lotação deve ser sempre superior nos

pastos em que os animais recebem concentrado em relação aos

suplementados com sal mineral (Reis et al., 2009).

Segundo Paulino et al. (2004), a suplementação da forragem oriunda

das pastagens, por meio da suplementação da dieta de bovinos em pastejo, é

uma das principais estratégias para a intensificação dos sistemas produtivos.

Essa tecnologia permite corrigir dietas desequilibradas, aumentar a eficiência

de conversão da forragem, aumentar o ganho de peso dos animais, encurtar os

ciclos reprodutivos, de crescimento e engorda dos bovinos e aumentar a

capacidade de suporte das pastagens nos sistemas produtivos, incrementando

II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

a eficiência de utilização da forragem e elevando o nível de produção por

unidade de superfície (kg/ha/ano).

Neste contexto, Correia (2006) verificou aumento linear da taxa de

lotação e do desempenho de novilhos em pastagem de capim-marandu com

doses crescentes de suplemento concentrado, 0,0, 0,3, 0,6 e 0,9 % do PC/dia

(Tabela 11).

Tabela 11 - Taxa de lotação (UA/ha), ganho médio diário (kg/dia) e ganho por área (@/ha) de bovinos de corte em de pastagem de capim-marandu, em função do nível de suplementação

Variável Nível de suplementação (%PC)

Intercepto* Coeficiente

angular* 0,0 0,3 0,6 0,9

Taxa de lotação 4,50 5,33 5,58 6,12 4,62 1,70 Peso corporal final 287,8 301,1 308,6 320,3 288,50 35,11 Ganho médio diário 0,595 0,673 0,810 0,968 0,583 0,408 Ganho por área 16,34 22,78 25,86 33,82 16,36 18,48

* Efeito linear (P<0,01) pelo teste t-Student. Adaptado de Corrêa (2006)

O efeito positivo da suplementação com concentrado no aumento das

taxas de lotação também pode ser visualizado na Figura 8. Dórea (2010)

revisou oito pesquisas e verificou que em todos os trabalhos houve aumento da

taxa de lotação e da produção de carne por área, o que evidencia o potencial

da suplementação com concentrado como ferramenta para aumentar a

produtividade de sistemas de produção em pastagens.

Figura 8 - Efeito da suplementação na taxa de lotação(UA/ha). Santos et al. (2012)

II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

Assim verifica-se que o aumento nas taxas de lotação e a adequação

das exigências dos bovinos em sistemas de pastagem, proporcionado através

da suplementação, condicionam melhores taxas de ganho de peso, levando ao

aumento na produtividade total do sistema, expresso por @ produzidos por

hectare ao longo de um determinado período.

Segundo Reis et al. (2009) ao se promover o ajuste na taxa de lotação, a

estrutura do pasto parece não ser afetada pela suplementação da dieta dos

animais com concentrado (Roman et al., 2008; Pompeu et al., 2008).

Entretanto, há alguns indícios que o maior número de animais na mesma área,

devido a suplementação com concentrado possa aumentar o perfilhamento de

pastos de capim-marandu manejado sobre lotação continua em diferentes

alturas de pastejo (Figura 9).

Figura 9 - Taxa de aparecimento (TAP) e mortalidade (TMO) de perfilhos em pastos de capim-marandu mantido em diferentes alturas do dossel forrageiro, pastejado por animais suplementados com sal mineral (SAL) ou suplemento protéico energético (SP) durante o período das águas. Adaptado de Azenha et al. (2009)

Assim, segundo Reis et al. (2009), a taxa de lotação deve ser sempre

superior nos pastos em que os animais recebem concentrado em relação aos

suplementados com sal mineral. Dessa forma, pode-se manter 9,5% a mais de

animais na mesma área, o que equivale a um animal de aproximadamente 200

kg a mais por hectare. Com a utilização da suplementação da dieta de animais

em pastejo é possível aumentar a capacidade suporte dos pastos, refletindo

em maior produtividade por área.

O primeiro passo na tentativa de diminuir a participação da bovinocultura

no aquecimento da temperatura global deve ser o aumento da produtividade,

II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

por meio do fornecimento de alimentos de melhor qualidade (Valentin e

Andrade, 2009). A intensificação da produtividade também é considerada a

melhor saída para contornar problemas ambientais atualmente relacionados à

pecuária de corte, como: o desmatamento, para formação de novas pastagens;

a degradação do solo, resultante do baixo investimento na manutenção de

pastagens; e emissão de GEE pelo rebanho bovino (Carvalho et al., 2010).

Segundo Paulino et al. (2011), considerando que a taxa de lotação

média no Brasil está em 1,1 bovinos para cada hectare, verifica-se que os

bovinos emitem 56 kg de metano e 54 kg de gás carbônico por ano. Por outro

lado, as pastagens sustentam a pecuária nacional e sequestram o carbono.

As estimativas apontam que as pastagens brasileiras sequestram cerca

de 920 kg/ha/ano. Porém, quando bem manejadas as pastagens podem

sequestrar até 2 kg/ha/ano. Baseado nessa informação, o saldo da pecuária

seria positivo e de 810 kg/ha de carbono sequestrado por ano. Considerando a

eficiência de pastejo, os conteúdos de carbono na matéria seca e o estoque de

carbono no solo, grosseiramente eleva-se na ordem de 1,2 a 2,1 toneladas de

carbono sequestrado por unidade animal acrescentada na lotação por aérea

(Paulino et al., 2011).

Os valores padrões de produção de metano por um bovino adulto

pastejando em condições normais, podem variar de 40 a 70 kg/animal/ano, o

que equivale a 0,92 a 1,61t/animal/ano de CO2 equivalente (Paulino et al.,

2011). No entanto, a expectativa de fixação de CO2 proveniente da atmosfera

pelas plantas forrageiras são bem maiores, considerando o potencial de

produção de matéria seca das plantas de clima tropical. Pedreira & Primavesi

(2008) fizeram uma simulação do balanço dos gases gerados em um sistema

de produção de bovinos em pastejo pode ser visualizada na Tabela 12.

Segundo Berchielli et al. (2012) o passo inicial, na tentativa de reduzir a

participação da bovinocultura na mudança climática global, deve ser via

aumento da produtividade, através do fornecimento de alimentos de melhor

qualidade, o que, segundo Zen et al. (2008), poderia diminuir 10% da emissão

de metano por quilo de carne produzida. O fornecimento de alimentos

concentrados além de elevarem a produção de propionato, com impacto direto

sobre a emissão de CH4 possibilitam o abate precoce dos animais, o que reduz

as emissões de CH4 totais, durante a vida do animal, e por kg de carne

produzida.

II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

Tabela 12 - Emissão de metano (CH4) e de CO2 por bovino adulto consumindo forragem e sal mineral e sequestro de CO2 em pasto bem manejado de braquiaria

Bovino adulto

Emissão de CH4 60,5 kg/ano1 Equivalente CO2 60,5 x 23 = 1.391

Emissão de CO2 54,0 kg/ano + 54

Total Eq. CO2 = 1.445

Pastagens

Sequestro de CO2 60.000 kg/ha/ano2 Considerando 1,10 cab/ha = 54545

Balanço = 53.100

1Considerando um bovino adulto consumindo exclusivamente forragem e sal mineral.

2Considerando a produção anual de matéria seca de forragem de 30 t/ha. (considerando um

pasto bem manejado (parte aérea mais raiz). A braquiaria em solo pobre produz de 2 a 5 t/ha/ano de MS de parte aérea). Adaptado de Pedreira & Primavesi (2008)

Chizzotti et al. (2011) realizaram uma simulação do efeito da

intensificação do ganho de peso com redução da idade de abate e também do

efeito da melhoria da eficiência alimentar sobre o impacto ambiental da

atividade pecuária, principalmente no que diz respeito à excreção de CH4

entérico (Tabela 13).

As simulações foram realizadas para vários sistemas de produção,

considerando diferentes cenários para abate de animais aos 44, 30, 26, 20 ou

14 meses de idade. Segundo Chizzotti et al. (2011) é importante salientar que

devido à escassez de dados referentes à emissão de equivalente CO2 pelos

principais insumos utilizados na pecuária, não foram considerados os custos

energéticos da produção de insumos, que são custos importantes quando da

utilização de sistemas altamente intensivos.

Tabela 13 - Efeito da idade de abate sobre a emissão de metano por bovinos de corte

Item Idade ao abate (meses)

44 30 26 20 14

Peso ao nascimento 28 28 28 28 28

Peso ao abate (kg) 16,7 16,7 16,7 16,5 15,7

GMDnasc. ao abate (kg) 0,385 0,523 0,606 0,778 0,957

Emissão total CH4 (kg) 154,7 118,5 106,4 72,7 50,1

Redução abate aos 44m (%) -23,4% -31,2% -53,0% -67,6%

Redução abate aos 30m (%)

-10,2% -38,7% -57,7%

Redução abate aos 26m (%)

-31,7% -53,0%

Fonte: Chizzotti et al. (2012)

II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

No caso do abate aos 20 meses a emissão de CH4 foi reduzida em 53%.

Entretanto, segundo os autores, a emissão de GEE oriundo dos alimentos e do

transporte e fornecimento desses não foram considerados, o que certamente

deve diminuir o potencial de mitigação dos sistemas mais intensivos.

Assim, verifica-se a possibilidade de redução dos GEE, através do

processo de intensificação da produção de carne via sistema

pasto/suplemento, com redução da idade ao abate para de 48 meses para 18 a

20 meses.

Fontes et al. (2012) avaliaram o impacto da suplementação múltiplaa

(60% milho + 30% farelo de trigo + 10% farelo de soja), fornecida

individualmente, na base de 6 g de suplemento /kg de PC, na emissão de CH4

de novilhos, durante a recria, em pastagem de capim-mombaça (Tabela 14).

Tabela 14 - Consumo de concentrado, consumo forragem, consumo total de MS (concentrado + forragem), consumo diário de EB, produção diária de CH4, produção de CH4 por Kg de MS ingerida, perda de energia no CH4 e porcentagem de perda da energia bruta ingerida na forma de CH4, de bovinos de corte recebendo ou não suplementos múltiplos

Variável Suplemento

Pr>F Múltiplo Mineral

Consumo de forragem (kg/dia) 3,84 ± 0,15 3,95 ± 0,16 0,6368

Consumo de concentrado (kg/dia) 1,63 ± 0,05 0,07 ± 0,05 <0,0001

Consumo total de MS (kg/dia) 5,47 ± 0,16 4,02 ± 0,17 <0,0001

Consumo de energia bruta (EB) (Mcal/Kg) 24,57 ± 0,82 17,46 ± 0,82 <0,0001

Produção diária de CH4 (g/dia) 116,8 ± 4,70 112,74 ± 4,59 0,5437

Produção de CH4/Kg de MS ingerida (g/kg) 21,51 ± 1,51 29,76 ± 1,48 0,0010

Perda de energia na forma de CH4 (Mcal/dia) 1,55 ± 0,08 1,45 ± 0,08 0,3770

Perda de energia/CH4 (% da EB ingerida) 6,36 ± 0,61 8,59 ± 0,61 0,0184

Adaptado de Fontes et al. (2012)

Não houve diferença entre animais que receberam suplementação

múltipla e os que receberam apenas suplemento mineral quanto à perda diária

de energia na forma de CH4. Entretanto, quando a perda de energia foi

expressa como porcentagem da EB ingerida, os animais que receberam

suplementos proteico-energéticos tiveram menor perda. Assim, verifica-se que

a suplementação com concentrado age de forma efetiva na mitigação da

emissão de metano, reduzindo a proporção da energia perdida na forma de

CH4.

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Simulações realizadas por Barioni et al. (2007) mostraram que, se a

eficiência produtiva continuar aumentando às mesmas taxas dos últimos 15

anos, é provável que em 2025 a produção pecuária brasileira seja 25%

superior, com os níveis de emissão de GEE apenas 3,0% maiores, com uma

redução de 18% na relação kg CH4/kg de carne produzida.

Nos sistemas de produção de bovinos em pastagens, o nível de

consumo, qualidade da forragem disponível e a digestibilidade da massa

ingerida são fatores determinantes para a produção de CH4 entérico pelos

animais e variam conforme a espécie forrageira, o sistema de manejo adotado

e a estação do ano (Cottle et al., 2011).

Técnicas nutricionais como o uso de ionóforos, glicerol, tanino,

saponinas, óleos, gorduras, vacinas, anticorpos policlonais, técnicas de manejo

de pastagens, melhoramento genético e sistemas eficientes de produção têm

sido utilizados para manipular o rúmen e reduzir a emissão do gás (Mohammed

et al., 2004).

Ao se considerar a importância dos ruminantes para economia mundial,

é essencial estabelecer, sustentavelmente, formas de aumento da

produtividade que procurem reduzir a emissão de CH4, a qual tem sido pauta

dos sistemas de comunicação (Berchielli et al., 2012).

8) Considerações finais

O ciclo de produção de carne bovina a pasto pode ser intensificado

(reduzido) com o uso de suplementos múltiplos que, além de propiciar maior

ganho de peso por animal e por área, reduz a produção de gás metano por

quilo de carne produzida.

A redução da idade de abate de bovinos de corte pelo fornecimento de

suplementos múltiplos produz uma carne macia e de alta qualidade no que se

refere ao perfil de ácidos graxos da gordura intramuscular, constituindo um

alimento saudável.

O abate de bovinos entre 18 e 20 meses é uma alternativa

economicamente viável, no entanto, as recomendações do nível ótimo de

suplementos múltiplos devem basear-se nos pressupostos da teoria de

resposta marginal, sob o risco de uso não racional de nutrientes.

II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

A resposta produtiva marginal, o preço do suplemento e o preço do

produto animal, por sua vez, são as variáveis chaves que definem a quantidade

ótima de suplementos.

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