III Seminário Legislativo Águas de Minas Gerais Desafios ... · Não se deve reduzir os problemas...
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III Seminário Legislativo Águas de Minas Gerais
Desafios da Crise Hídrica e a Construção de Sustentabilidade
Consultor: Francisco Lobato [email protected]: Francisco Lobato [email protected]
Desafios da Crise Hídrica e a Construção de Sustentabilidade
Introdução
Em relação à Crise Hídrica, tem havido um maior destaque para o caso da
Região Metropolitana de São Paulo (Alto Tiete) versus Rio de Janeiro, também
com conflitos internos a SP, com a bacia do PCJ, ...
... todavia, cabe lembrar de outros inúmeros problemas graves!
na bacia do Rio São Francisco e no Semiárido brasileiro;
etc...
Também com crises em vários outros países, como na bacia do Rio Colorado (EUA) e um recente destaque para o hidro transporte
no Canal do Panamá!
Além da crise na bacia do Rio São Marcos (GO e MG) e da Região Metropolitana de Belo Horizonte!
Surgem importantes dúvidas a respeito:
? = A atual crise hídrica será temporária, tal como já ocorreu em alguns
tempos do passado ?
? = Ou seguirá presente, tendo em vista possíveis mudanças climáticas?
Como possíveis frentes de resposta para equacionar tais problemas hídricos, cabe registrar as seguintes iniciativas da
ANA, voltadas a mais sustentabilidade:
Plano Nacional de Adaptação a
Mudanças Climáticas;
Estudos convencionados com a OCDE; e,
Propostas para Aperfeiçoar o Instrumento da
Outorga para Direitos de Uso da Água.
Plano Nacional de Adaptação a Mudanças Climáticas
Tendo várias frentes de trabalhos, no caso de estudos sobre recursos hídricos,
foram definidos 05 Eixos:
Eixo I = Cenários de Mudanças Climáticas (Francisco de Assis Souza Filho);
Eixo II = Dados e Informações (Carlos Eduardo Tucci);
Eixo III = Instrumentos de Gestão (Rubem La Laina Porto);
Eixo IV = Governança de Recursos Hídricos (Francisco Lobato); e,
Eixo V = Relação com Setores Usuários das Águas (Paulo Roberto Haddad).
Eixo IV – Governança de Recursos Hídricos (Francisco Lobato):
Plano Nacional de Adaptação a Mudanças Climáticas
Relatório 01:
Identificação dos Principais Problemas e Desafios para o SINGREH
Relatório 02:
Abordagens e Propostas de Estratégias e de Adequações Institucionais e Legais do SINGREH, para uma Governança
e Governabilidade voltadas a uma
Gestão Integrada dos Recursos Hídricos (GIRH)
Relatório 03:
Coordenação Regulatória e Certos Detalhes Relacionados aos Setores Usuários das Águas
Relatório 01: Identificação dos Principais Problemas e Desafios para o SINGREH
Conceitos e Procedimentos Metodológicos
Planejamento Institucional Estratégico
Estruturas institucionais não devem ser um fim em si mesmo, ou seja,
devem ser respostas para a gestão de problemas em pauta.
Metodologia APEX – Estudos da União Européia
Arenas = Onde são tomadas decisões efetivas sobre as Políticas Públicas e a Governança para a gestão de recursos hídricos?
Atores = No caso de sistemas de gestão de recursos hídricos há a devida identificação e a efetiva presença dos principais atores estratégicos, relacionados com as tipologias de problemas a serem equacionados?
Na sequência, foram abordados os diferentes perfis regionais do Brasil, considerando:
o conjunto das regiões sul, sudeste e centro-oeste;
o semiárido brasileiro; e,
a região amazônica.
Para estas regiões, houve análises sobre o atual estado de arte da gestão de recursos hídricos, com a indicação dos principais
problemas e fragilidades.
Relatório 01: Identificação dos Principais Problemas e Desafios para o SINGREH
Tendo em vista a dimensão e os diferentes perfis regionais do Brasil, devemos seguir com um modelo SINGREH unificado?
Como resposta, já consta na Lei Nacional nº 9.433/1997 a devida
“adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas,
sociais e culturais das diversas regiões do País”.
A problemática ambiental e de recursos hídricos é suscitada quando se pensa nas relações entre a sociedade e seu respectivo espaço geográfico, gerando
um binômio – tensão da sustentabilidade – entre os padrões de apropriação e alocação dos recursos naturais
versus a capacidade de suporte do território.
A Contextualização e Transversalidade da Temática dos A Contextualização e Transversalidade da Temática dos Recursos HídricosRecursos Hídricos
Variáveis Supervenientes
Variáveis Intervenientes
A água como um dos fatores para ordenamento do território, com o devido uso e ocupação do solo mais sustentável.
Respeito à natureza complexa e diversa dos problemas próprios a cada unidade territorial de bacia ou região hidrográfica.
Não se deve reduzir os problemas hídricos meramente a aspectos particulares, vendo a gestão das águas como um “setor” isolado.
A GIRH deve perseguir, ainda que sob o formato de diretrizes
que a conformem, a compatibilidade possível com a natureza
plena dos problemas, em cada bacia ou região hidrográfica, até
o limite de abrigar a complexidade de ações integradas
público-privadas de desenvolvimento regional, tornadas
peculiares pelas emergências das questões relativas ao recurso
água, exigindo, por essa razão, instrumentos e sistemáticas de
gestão também peculiares a cada região-problema.
Dentre os Conceitos em pauta, cabe reconhecer a complexidade do tema
Gestão Gestão IntegradaIntegrada de Recursos Hídricos - de Recursos Hídricos - GIRHGIRH,
que, em muitos casos, permanece ...
...apenas como retórica !...apenas como retórica !
Bases Conceituais para uma GIRH
padrões de consumo de água e da emissão de
efluentes XX
capacidade de suporte do território
Por vezes, não se trata de meras licenças ambientais Por vezes, não se trata de meras licenças ambientais concedidas, limitadas a padrões de emissão. concedidas, limitadas a padrões de emissão.
(por exemplo, permitir apenas 10% das emissões geradas)(por exemplo, permitir apenas 10% das emissões geradas)
Ou seja, o somatório de padrões de emissão ou de Ou seja, o somatório de padrões de emissão ou de consumo pode superar a consumo pode superar a
capacidade de suporte do território.capacidade de suporte do território.
Como uma resposta, dentre outros conceitos, recomenda-se que...
uma GIRH deve ter como base a sobreposição de
Diferentes Leituras Territoriais
Além dos questionamentos já dispostos, cabe perguntar sobre...
...qual a escala de bacia hidrográfica que devemos ...qual a escala de bacia hidrográfica que devemos abordar?abordar?
Conceito InovadorConceito Inovador
Geometria Variável
A sobreposição de diferentes leituras espaciais, A sobreposição de diferentes leituras espaciais, identificando áreas territoriais homogêneos. identificando áreas territoriais homogêneos.
MAPA MAPA dedeUnidades Territoriais Unidades Territoriais
Estratégicas de Gestão Estratégicas de Gestão = UTEG= UTEGss
Procedimentos Metodológicos para a Aplicação do Conceito da Procedimentos Metodológicos para a Aplicação do Conceito da
“Geometria Variável”“Geometria Variável”
= Identificar Problem-Sheds, com as tipologias de problemastipologias de problemas homogêneoshomogêneos,
em cada UTEG.UTEG.
PERSPECTIVAS ESPACIAIS DE
ANÁLISE
BASE FÍSICA ATIVIDADESORGANIZAÇÃO DA
SOCIEDADE
NATURAL CONSTRUÍDA PRODUÇÃO CONSUMO FORMAL INFORMAL
Inserção Macrorregional
Bacias e Regiões
Hidrográficas
Divisas entre os Estados da
Federação
Sub-regiões
Abordagem de UTEGs e de
áreas-problema.
Matriz para o Ordenamento de Escalas Espaciais e Matriz para o Ordenamento de Escalas Espaciais e Variáveis a AnalisarVariáveis a Analisar
Relatório 02: Propostas para Avanços e Adequações do SINGREH e de Alguns dos SEGREHs
Elementos Norteadores
(base no GEO Brasil – Recursos Hídricos e noPlano Nacional de Recursos Hídricos)
a atual situação dos recursos hídricos e dos principais problemas presentes e previstos, com as distintas abordagens regionais e suas respectivas diretrizes;
assumir um viés preventivo ou de atenuação de impactos socioeconômicos, ambientais e de possíveis mudanças climáticas;
a importância de compreender a lógica da atuação dos diversos setores usuários, que devem incorporar, em seus processos de produção ou de oferta de serviços, os custos das externalidades hídricas negativas;
isto implica em cobrar pelo uso da água e definir metas de ações regulatórias mais substantivas;
Elementos Norteadores
um aprimoramento da devida articulação e dinâmica entre as instâncias que compõem o SINGREH;
portanto, o SINGREH deve ser visto em seu conjunto, ou seja, como um Sistema, e não apenas mediante suas instâncias isoladas – no mais das vezes, com ênfase para comitês de bacias;
a gestão em bacias com menores dimensões tem se apresentado com maior consistência, no mais das vezes, devido à sua maior proximidade com os problemas relevantes, a serem enfrentados;
como consequência, aplicar o princípio da subsidiariedade, ou seja, soluções locais que resolvam problemas, sem afetar terceiros – a montante ou a jusante –, podem e devem ser priorizadas;
mais apoio para a organização dos SEGREHs e de seus correspondentes órgãos gestores de recursos hídricos.
Portanto, entra em destaque o Pacto das Águas, como uma importante iniciativa da ANA.
Relatório 02: Propostas para Avanços e Adequações do SINGREH e de Alguns dos SEGREHs
Propostas Formuladas
redefinir uma estratégia institucional, com mais ênfase em abordagens locais de problem-sheds;
aplicação do princípio da subsidiariedade, além de leituras territoriais estratégicas - UTEGs;
devem ser considerados modelos com perfis mais próprios de gestão para a Amazônia, o Semiárido brasileiro e o conjunto do Sul, Sudeste e do Centro-Oeste;
no caso da região Amazônica, verificar a possibilidade de um Sistema Regional de Gestão, pautado por um órgão regulador conjunto;
para o Semiárido: (a) o gerenciamento das disponibilidades (açudes, reservatórios, canais e adutoras); e, (b) o gerenciamento da demanda (ordenamento espacial das inúmeras comunidades rurais dispersas);
Propostas Formuladas
para o conjunto do Sul, Sudeste e do Centro-Oeste, incentivar tecnologias mais sustentáveis, tendo a referência do Programa Produtor de Águas (ANA);
quanto as atuais fronteiras de expansão do agronegócio planejar antecipado um ordenamento consistente da ocupação do território;
para aglomerações urbanas, empreender Programas de Saneamento Ambiental Urbano (PROSAMs), que devem chegar a modelos de gestão próprios a áreas-problema;
os PROSAMs devem conter eventuais reassentamentos de moradores localizados em áreas de risco – no mais das vezes, em favelas com ocupações desconformes;
proteção de certas áreas ambientais, notadamente no caso de mananciais identificados como relevantes; e,
redução de perdas e desperdícios, avanços nos atuais níveis de coleta e tratamento de esgotos e possível reuso das águas.
Propostas Formuladas
uma inserção bem mais substantiva dos municípios nas estratégias de gestão dos recursos hídricos, vez que muitas das variáveis decisivas encontram-se sob sua competência (uso e ocupação do solo, posturas urbanas de obras e edificações, titularidade de serviços de saneamento, drenagem e disposição de resíduos sólidos);
ampliar as alternativas para o perfil institucional de agências de bacias hidrográficas, no presente, estabelecidas como “entidades delegatárias”;
recomenda-se que sejam mais flexibilizadas as alternativas para que outras instituições possam atuar executivamente na gestão de recursos hídricos, tanto para certas funções e encargos de agências de bacias, quanto para empreendimentos previstos pelos planos de bacias, os quais, em sua maioria, seguem estagnados em prateleiras.
Programa Urbano para a Captação de Águas de Chuva
O volume anual de água captado em apenas 100 telhados da cidade de Campina Grande / PB (com 875 mm/ano) foi no entorno de 230 mil m3, volume este
equivalente a 2,0% do consumo total da população da cidade.
Eixo IV – Governança de Recursos Hídricos (Francisco Lobato):
Plano Nacional de Adaptação a Mudanças Climáticas
Relatório 03:
Coordenação Regulatória e Certos Detalhes Relacionados aos Setores Usuários das Águas
Sublinha-se a necessidade de uma atuação mais coordenada sobre dois campos regulatórios importantes:
(a)aquele mais amplo e transversal, que abrange a temática ambiental e dos recursos hídricos; e,
(b)dos setores usuários, que apresentam seus aspectos operacionais mais específicos.
Entende-se que, entre ambos, deve necessariamente ocorrer uma
Coordenação Regulatória.
Estudos da OCDE (convênio com a ANA)
Diálogo Político sobre a Governança das Águas no
Brasil
Estrutura Geral :
Cap. 01 – Governança das Águas: O Estado de Fluxo(diagnóstico com avaliações sobre o estágio atual e a indicação de
referências de outros países)
Cap. 02 – Avanços do Pacto Nacional de Gestão das Águas (abordagem sobre o início do Pacto e suas perspectivas)
Cap. 03 – Alocação de Águas como um Instrumento da
Política de Recursos Hídricos(recomendações sobre novos critérios e indicação de referências)
Aperfeiçoamentos do Instrumento da Outorga para
Direitos de Uso de Recursos Hídricos em Situações de
Indisponibilidade de Água em Corpos Hídricos com
Utilização Intensiva e/ou Disponibilidade Hídrica Esgotada
Relatório 01: Experiências Internacionais Identificadas
como Referências ao Brasil
(Pacto do Rio Colorado (EUA), Austrália, Pacto de Águas do Chile e DQA da União Européia – Alemanha, França, Espanha e Holanda)
Relatório 02: Avaliação das Experiências Internacionais
(Para o caso do Brasil, em termos de suas aplicabilidades técnica,
institucional, econômico-financeira e jurídica-legal e com suas
respectivas vantagens e desvantagens)
Aperfeiçoamentos do Instrumento da Outorga para
Direitos de Uso de Recursos Hídricos em Situações de
Indisponibilidade de Água em Corpos Hídricos com
Utilização Intensiva e/ou Disponibilidade Hídrica Esgotada
Relatório 03: Propostas para Aperfeiçoamentos do Instrumento
da Outorga para Direitos de Uso da Água no Brasil, com Ênfase
em Dois Estudos de Caso(i) Reservatórios do semiárido brasileiro, representados pelo Açude do
Boqueirão, localizado no centro-interior da Paraíba, voltado ao abastecimento de água da Região Metropolitana de Campina Grande e com muitas demandas para
irrigação de pequeno e médio porte.
(ii) Bacia hidrográfica considerada como crítica, tal como na do Rio São Marcos, fronteira entre MG e GO, com seguidas crises e conflitos entre usinas
hidroelétricas e perímetros de irrigação, de médio e grande porte, localizada mais a montante.
Relatório 03: Propostas para Aperfeiçoamentos do Instrumento
da Outorga para Direitos de Uso da Água no Brasil
Proposta 01 = Celebrar Pacto das Águas entre Estados do Brasil que
Compartilhem Bacias Hidrográficas Críticas
Proposta 02 = Planejamento Antecipado para Uso e Ocupação do
Território, Considerando os Respectivos Contextos Regionais
Proposta 03 = Identificar e Traçar Unidades Territoriais Estratégicas
de Gestão (UTEGs), Definindo seus Critérios Próprios Necessários
Proposta 04 = Avançar em Termos do Planejamento e Gestão de
Recursos Hídricos, com Mais Transversalidade e Abordagens
Estratégicas
Relatório 03: Propostas para Aperfeiçoamentos do Instrumento
da Outorga para Direitos de Uso da Água no Brasil
Proposta 05 = Planejamento de Infraestruturas Hídricas para
Acumulação de Água e Regularização de Vazões a Jusante
Proposta 06 = Avançar em Termos do Monitoramento e da
Fiscalização Sobre as Disponibilidades e Todos os Usos da Água
Proposta 07 = Aplicar Instrumentos Econômicos de Gestão que
Incentivem Mais Eficiência no Uso da Água
Proposta 08 = Incentivar e Dispor Formas para Negociações entre os
Próprios Usuários de Recursos Hídricos
Relatório 03: Propostas para Aperfeiçoamentos do Instrumento
da Outorga para Direitos de Uso da Água no Brasil
Proposta 09 = Assegurar Informações Sobre o Comportamento e
Negociações entre Usuários, com Possíveis Intervenções em Bacias
Críticas, Especialmente sobre Usuários que Não Respeitem as Regras
Definidas por Outorgas, chegando a Advertências e Penalidades
Proposta 10 = Considerando as Variações Pluvio e Fluviométricas
Mensais e Sazonais e os Diferentes Graus de Risco entre Usuários,
Adotar mais Flexibilidade nas Vazões de Referência a Serem
Outorgadas
Proposta 11 = Identificar, Considerar e Gerenciar as Relações e
Dinâmicas entre Águas Superficiais e Subterrâneas
Pergunta Final
A estrutura atual (arranjos institucionais e ações de gestão de recursos hídricos em curso) é suficiente para dar respostas aos atuais efeitos da criticidade hídrica?
De pronto, pode-se afirmar que não!
Mesmo com os avanços obtidos pelo SINGREH, além de certos SEGREHs, entende-se que houve uma certa estagnação, por consequência, com preocupações voltadas à identificação de formas e estratégias para que a gestão das águas no Brasil volte a seguir adiante, tanto no âmbito geral do país, quanto em vários dos estados, notadamente nos casos sem avanços.
Mais do que isto, também cabe sublinhar a necessidade de que, nos passos à frente, sejam mais abordados distintos perfis regionais e questões relacionadas com áreas-problema, em muitos casos, devido às mudanças climáticas.
Enfim, cabe concluir que
para problemas complexos...
... sempre há soluções simples...
... ... e erradas !e erradas !
Muito Obrigado !
Consultor: Francisco José Lobato da Costa [email protected]: Francisco José Lobato da Costa [email protected]