IMPACTO DAS MICROFINANCAS NA REDUCAO DA POBREZA
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3
Introdução
As microfinanças concretizam uma possibilidade de criação de riqueza, e mais valias na
economia nacional, na produtividade e no emprego. A criação de um projecto de Microcrédito dá
resposta a uma dificuldade estrutural de natureza social, política, cultural e a aversão ao risco.
Infelizmente, ainda existe em Moçambique, uma noção de que as pessoas que começam
pequenos negócios não são merecedoras de tanta admiração como as que seguem carreiras
continuadas, no sector público ou no sector privado. Este preconceito só se conseguirá
ultrapassar com um acentuado esforço de educação e continuidade ao longo das gerações.
Neste caso, o sucesso de microfinanças está intimamente ligada a uma política de gestão
adequada, que começa com a elaboração de estratégias, e análise entre oportunidade e desafios,
para poder atingir os objectivos traçados. Hoje mais do que nunca os serviços micro financeiros
devem ter uma gestão de excelência, para poderem acompanhar e integrar na economia moderna
no mundo globalizado.
4
Objectivos
Objectivo geral
Analisar o papel das microfinanças para o desenvolvimento sócio económico do país.
Objectivos específicos
Identificar a base de sobrevivência das micro finanças;
Avaliar o contributo do micro finanças para o desenvolvimento das PME’s;
Analisar a extensão dos serviços micro financeiros quanto as associações.
Justificativas
A ideia de analisar o papel das ofertas de serviços micro financeiros em Moçambique deve-se em
parte a importância que a intermediação financeira pode ter no crescimento e desenvolvimento
económico do país. Na verdade o número de micro finanças em Moçambique preocupa a
sociedade, uma vez que a maioria deles estão centradas nas principais cidades, dificultando o
crédito a população que habita nas zonas rurais, onde constitui o principal pólo de
desenvolvimento.
Neste trabalho o desafio das instituições micro financeiras quanto ao seu papel, consiste em
promover serviços financeiros adequados as iniciativas locais, a partir de reforços de sistemas
financeiros e seus bens e serviços em cobertura nacional de modo a aumentar a poupança e que
as pequenas cidades tenham um número satisfatório das micro finanças assim como o crédito.
Problematização
O papel das microfinanças tem sido debate nos espaços económicos, pois o desenvolvimento das
zonas rurais necessita de serviços financeiros que sejam convenientes, flexíveis e acessíveis.
Promovendo acesso dos serviços financeiros as associações e as PME’s.
5
Constatou-se que, nos últimos tempos o surgimento das micro finanças tem sido uma medida de
grande importância para reduzir a pobreza que assola todo o país, neste âmbito surge a seguinte
questão:
Em que medida a oferta de serviços micro financeiros contribuem para o melhoramento da vida
da população?
Hipótese
As microfinanças contribuem para o melhoramento da vida da população nas zonas
rurais.
Os serviços micro financeiros têm sido uma das melhores formas de expansão do acesso
ao crédito para muitas PME’s e associações.
Os investimentos micro financeiros garantem uma boa medida para redução da pobreza
em Moçambique.
Metodologia
Para elaboração deste trabalho foi feito uma revisão bibliográfica para responder ao problema
levantado, foi usado o método indutivo, que é um método responsável pela generalização, isto é,
partimos de algo particular para uma questão mais ampla, mais geral. Para Lakatos e Marconi
(2007:86), Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares,
suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes
examinadas.
Portanto, o objectivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais
amplo do que o das premissas nas quais me baseie. A entrevista foi forma qualitativa e
quantitativa o que possibilitou maior a aproximação no campo de investigação
6
Enquadramento teórico
Origem da Microfinança e Microcrédito
Existe uma série de actividades com uma lógica de funcionamento semelhante ao microcrédito,
embora tenham a ver com outro tipo de serviços financeiros, pertencendo, assim, à esfera
microfinança, tal como o microcrédito. Interessa, assim, esclarecer os conceitos de microcrédito
e de microfinança, de modo a evitar a confusão entre os conceitos.
Microfinanças entende-se como a concessão de um conjunto de serviços financeiros de pequena
escala a famílias pobres que podem assumir a forma de pequenas poupanças, créditos, seguros,
transferências e de capital de risco. O microfinança, num sentido lato, pressupõe a atribuição de
serviços como: a concessão de microcrédito ou de pequenos empréstimos (podendo ser mesmo
de taxa zero ou com baixas taxas de juro); a constituição das relações informais entre credores e
investidores; a concessão de garantias (de grupo ou de poupança obrigatória); a promoção de
pequenas poupanças com taxas de juro atractivas; a constituição de micro seguros, como
mecanismo de salvaguarda para as famílias mais pobres; a concessão de financiamentos de força
de trabalho ou em géneros a iniciativas produtivas; entre e outras.
Microcrédito, entende-se exclusivamente a concessão de empréstimos, de pequeno montante,
que se destinam a promoção do aumento de rendimentos, à criação de emprego e ao alívio da
pobreza dos seus beneficiários, bem como o financiamento do arranque ou da expansão de
microempresas ou simplesmente de pequenas actividade de geradoras de rendimento. Apesar de
microcrédito não criar imediatamente um potencial económico, este é um meio para atingir, pois
os serviços de crédito proporcionam-lhes a utilização de capital antecipado para o consumo ou
para investimento em actividades produtivas, impelindo os beneficiários a utilizar o seu potencial
humano em actividades mais lucrativas, que promovem geração de rendimentos.
O conceito de Microcrédito nasceu no Bangladesh, nos finais dos anos 70, com o Professor de
Economia Rural, Muhammad Yunus e o Grameen Bank (Índia), “O Banco das ideias” que tinha
como premissa básica, a criação de um sistema bancário baseado no mutualismo, na confiança,
participação e criatividade, concedendo empréstimos de baixo valor a pequenos empreendedores
7
informais e micro-empresas sem acesso ao sistema de crédito tradicional, principalmente, por
não oferecerem garantias reais.
O Microcrédito, muitas vezes é utilizado para designar instrumentos diversos como o crédito
agrícola ou rural, o crédito cooperativo, o crédito ao consumo, crédito e empréstimos
associativos ou mutualistas. Segundo Muhammad Yunus e o Grameen Bank, existem varias
classificações e categorias de Micro-Crédito, cujas características são:
Promover o crédito como um direito do Homem;
Conceder crédito dirigido aos pobres, especialmente mulheres, tendo por missão ajudar
as famílias pobres a ultrapassar o limiar da pobreza;
Basear-se na confiança e não em garantias reais ou contratos judicialmente accionáveis;
Créditos concedidos para a criação de auto-emprego através de actividades geradoras de
rendimentos, bem como à habitação para os pobres, por oposição ao crédito ao consumo;
Desafiar os bancos convencionais que rejeitam os pobres por não os considerar dignos de
um crédito, o Grameen rejeita a sua metodologia e criou a sua própria metodologia;
Providenciar serviços ao domicílio baseado no princípio de que o banco deve ir ao
encontro dos indivíduos;
Os bancos hoje em dia, já começam a admitir que o microcrédito é viável, desde que as
capacidades da pessoa em causa sejam acima da média, tenha um excelente projecto de negócio
e um eficaz acompanhamento durante os primeiros períodos do negócio, podendo a curto prazo
ter sucesso e gerar rendimentos que permitam pagar os empréstimos contraídos. O Microcrédito
deve ser encarado como instrumento e ferramenta do combate à exclusão social e como factor
impulsionador de desenvolvimento.
O Microcrédito é particularmente destinado a quem não possui garantias que possam servir de
colateral ao empréstimo envolvido. Cabe à Sociedade civil, Bancos, Governos e Organizações
Não Governamentais mentalizarem- -se de que um projecto de Microcrédito não é uma iniciativa
de solidariedade, mas sim um projecto que aposta no espírito empreendedor e de inovação das
pessoas economicamente excluídas no âmbito de uma estratégia de responsabilidade social.
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Vantagens do microcredito
Area social Politicas empreendedoras
Promove a iniciativa comercial Cria novas empresas
Promove a diminuição da taxa de
desemprego e exclusão social
Cria novos Negócios
Promove uma boa imagem dos bancos Cria novos empregos
Promove a formação qualificante dos
beneficiários
Cria a sustentabilidade e prosperidade
das populações desfavorecidas
Promove estratégias e medidas alternativas
para as pessoas desempregadas,
inactivas e reformadas
Cria a competitividade e crescimento
da economia local e nacional
Impacto do Microcrédito em Moçambique
O Microcrédito tem desempenhado um papel activo no combate a redução do índice de
incidência da pobreza, neste momento o impacto é mais notório nas zonas rurais, onde a taxa
passou de 70,5%, para 54,6%10, esta redução reflecte-se no melhoramento das condições de vida
da população, sobretudo na provisão dos serviços sociais básicos. Actualmente, 70,5% dos
agregados familiares tem um mercado ao alcance em menos de uma hora de caminhada. Em
Moçambique observa-se o crescimento do movimento de cidadãos das zonas rurais para a
cidade, e o aumento dos níveis de desemprego e pobreza. O Governo moçambicano tem
efectuado um esforço acrescido, no sentido de criar mecanismos de promoção de emprego
através de acções de formação Profissional e de desenvolvimento de pequenos projectos de
geração de rendimentos. A implementação de estratégias da Comercialização Agrícola tem
permitido a identificação dos problemas rurais e o plano de soluções multisectoriais que vão
desde a reabilitação de vias de acesso, à recolha e compilação de informações sobre mercados,
preços dos produtos agrícolas e a sua disseminação em línguas locais com o uso das rádios
comunitárias.
Microfinanças em Moçambique
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Em Moçambique as microfinanças surgem quando particularmente após os acordos de paz em
1992. Apesar do sucesso das experiências do Grammen Bank (Bangladesh), Banco Sol (Bolívia)
e Rakiat na Indonésia, os empreendedores em Moçambique pouco acreditavam no
desenvolvimento desta actividade no país. Consequentemente, quando a World Relief anunciou
em 1993 que iria começar uma operação de pequenos bancos nas vilas com intenção de atingir o
mais pobre dos pobres, os investidores encararam a ideia com muito cepticismo (De Vletter,
1999:2).
Nesta fase, as microfinanças eram uma variável pouco valorizada associada à transição das
Organizações não governamentais dos programas de emergência para programas de
desenvolvimento que tipicamente abrangiam um número integrado de componentes, tais como
treinamento para negócios, crédito (habitualmente subsidiado), treinamento de habilidades e
extensão agrícola.
O conceito de Microfinança nasce em 1995, tendo como intervenientes principais a AJM
actualmente Secretaria da Cooperação Internacional (SCI) e a Cooperação Suíça para pesquisa
das formas tradicionais de crédito e de poupança em Moçambique, tendo como missão primária,
o apoio ao lançamento de um projecto-piloto de Micro-Crédito para futuros micro-empresário,
tendo como sector alvo a Educação e Saúde, consoante os resultados e eficácia das actividades
realizadas, passaria-se para uma Instituição vocacionada ao sector da Micro-Finanças.
A 13 de Outubro, é promulgado o Decreto do Conselho de Ministro nº 53/98 que autoriza a
abertura da primeira Instituição de Micro-Finanças em Moçambique (Tchuma), tendo como
capital social 70.000.000,00mt (Setenta Milhões de Meticais) e como accionistas institucionais o
Fundo de Desenvolvimento Comunitário (FDC) e a SCI. Actualmente, o Novo Banco é a maior
Instituição de Microfinanças a operar em Moçambique, mais especificamente na área do
Microcrédito. O Novo Banco detém cerca de 19% do total dos clientes das Micro-Finanças e
46% do total da respectiva carteira de crédito. Seguem-se o SOCREMO e TCHUMA que
completam a lista das instituições de Microfinanças operando numa base comercial.
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Em Moçambique, o sector de Microfinanças é ainda muito deficitário, em 2008 apenas contava
com 55000 clientes e uma carteira de 15,4 milhões de USD4. Moçambique é um país em fraco
desenvolvimento; isto deve-se ao facto de Moçambique possuir um sistema financeiro pouco
desenvolvido, um défice de crescimento e graves disparidades sectoriais e espaciais entre
Maputo e o resto do país. A conjuntura financeira está marcada por uma redução da
desvalorização do metical e por uma progressiva meticalização da economia. No que diz respeito
a créditos bancários, as taxas de juros praticadas pelos bancos são bastantes elevadas e situam-se
na ordem dos 31%, criando na maior parte das vezes o sentimento de exclusão social por parte
das famílias e pessoas que não possuíam garantias financeiras e patrimoniais para recorrerem o
credito tradicional.
O sector bancário formal caracteriza-se por uma forte concentração de quatro bancos (BIM,
Banco Austral, BCI, Standard Bank) que concentram 93% do activo. No sector informal as
famílias tem optado pela prática do (xitique)5, em detrimento do depósitos nos Bancos.
Em Moçambique, como em qualquer outro país em vias de desenvolvimento, as mulheres são
alvos fáceis da exclusão social, uma vez que ainda existem alguns preconceitos no seio das
sociedades africanas. Mas em Moçambique, cabe ao sector da Microfinanças ajudar a contornar
a situação conforme ilustra o gráfico acima.
A elevada taxa de mulheres, pode ser um indicativo que as Instituições de Microfinanças estão
abranger as camadas mais pobres e desfavorecidas de Moçambique, ao mesmo tempo que está a
ter um impacto na melhoria das condições de vida dos agregados familiares, em particular dos
agregados chefiados por mulheres.
São motivos para esta maior canalização de microcrédito para as pessoas de sexo feminino, o
seguinte:
Por razões genéticas e sociais, as mulheres têm menos oportunidades de emprego no
sector formal e em face disso, elas dedicam-se, para além, de actividade domésticas a
outras de rendimento mas de pequena escala (auto-emprego).
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A maior parte delas desenvolvem as suas actividades dentro do sector informal, e
sobretudo, a actividade comercial, que por sinal é a que apresenta as maiores taxas de
giro do capital.
As mulheres apresentam uma menor taxa de delinquência, comparativamente aos homens
cujas as taxas de reembolsos são muito baixas.
As mulheres a quem está a ser atribuída a igualdade de acesso ao sistema de financiamento do
Microcrédito, não só tem provado que são pessoas idóneas e cumpridoras nos reembolsos, como
excelente micro-empresárias. Em consequência, elevaram o seu estatuto, diminuíram a
dependência em relação aos seus maridos, investiram nas suas casas e reforçaram a nutrição dos
seus filhos. A maior parte destas mulheres são comerciantes informais, pequeno micro-
empresárias do sector industrial e de algumas organizações ligadas ao sector de prestação de
serviços.
Enquadramento legal da Microfinança e Microcrédito em Moçambique
O enquadramento legal das Micro-Finanças em Moçambique pode ser caracterizado de duas
maneiras distintas: Micro-Finanças autorizadas a captar depósitos e Micro-Finanças autorizado
apenas a conceder crédito.
Quanto às Micro-Finanças autorizadas a captar depósitos, ou seja a realização de operações
bancárias restritas, nos termos definidos pela lei 9/2004 (lei das Instituições de Crédito e
Sociedades Financeiras) de momento ainda não carece de uma legislação específica (em
preparação).
Em relação às Microfinanças autorizado apenas a conceder crédito hoje estão regulamentadas
pelo Decreto nº47/98 de 22 de Setembro e pelo aviso 1/GGBM/99, que fixa fundos mínimos a
afectar no exercício das Microfinanças. Foi estabelecido no Decreto nº 47/98 um montante de 50
Milhões para Entidades autorizadas a desenvolver actividade de Micro-Finanças, o montante dos
créditos não pode exceder ao valor declarado ao BM, alocado à sua actividade, devendo aplicar
taxas de juros livres. Micro-Finanças em Moçambique é caracterizado como actividade que
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consiste na prestação de serviços financeiros essencialmente em operações de reduzida e média
dimensão.
Em Moçambique, os operadores de Microfinanças ou Instituições de Microfinanças (IMF),
caracterizam-se por serem Entidades Singulares ou Colectivas que se dedicam, com carácter
habitual e profissional à actividade de Microfinanças.
Principais actividades das Microfinanças
Segundo Ledgerwood, as actividades de microfinanças normalmente envolvem:
Emprestimos pequenos, tipicamente para capital de trabalho (fundo de maneio);
Avaliação informal dos mutuários e de investimentos;
Substituição de garantias de credito tais como grupos solidários ou poupanças
obrigatórias;
Permite a repetição e aumento de emprestimos, baseado na performance dos reembolsos;
Facilidade de credito e monitoramento;
Produtos de poupanças assegurados.
Razões de crescimento das Microfinanças
Segundo Ledgerwood, as microfinanças estão a crescer por diversas razoes:
A promessa de alcançar o pobre, as actividades de Microfinanças podem apoiar a geração
de renda a camada de baixa renda;
A promessa de sustentabilidade financeira, a actividade de microfinanças pode ajudar a
auto-suficiência financeira;
O potêncial para construir em sistemas tradicionais, as actividades de Microfinanças as
vezes imitam os sistemas tradicionais (como poupança giratoria e associação de credito).
Reconhecimento da necessidade de expandir o sistema financeiro existente;
Podem aplicar o sistema financiero existente, como cooperativas de credito e poupanças,
bancos comerciais e instituições públicas, através da expansão dos seus nichos de
actuação;
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A disponibilidade de bons produtos financeiros como resultado de experiências e
inovações.
Clientes das Microfinanças
Os clientes tipicos de Microfinanças são pessoas de baixa renda, que não tem acesso as
instituições formais tradicionais, pessoas que trabalham por conta propria, residem nas zonas
rurais e suburbanas, vendedores de rua, pequenos agricultores, cabelereiros, empresarios de
barracas, etc. Estas pessoas fazem parte do sector informal.
Apesar da maioria da populacao residir nas zonas rurais e baixo da linha da pobreza absoluta, a
oferta de serviços microfinanças centra-se geralmente nass zonas urbanas e peri-urbanas
agravando ainda mais a deficiencia na concessao de credito da populacao mais pobre. Esta
deficiencia em credito pode ser suprida em parte atraves de mecanismos informais tasi como:
Stick: é praticado em todo país, mas o número de pessoas vária de região para região. É
comum nos centros urbanos, especialmente entre trabalhadores assalariados, mas é
também praticado por vendedores de mercado. O Stick facilita a acumulação de fundos
para a aquisição de um bem específico.
Crédito em espécie: Trata-se de uma modalidade de crédito praticado nas zonas rurais
urbanas, que no lugar de comprarem dinheiro compram o proprio bem. Um exemplo
desse tipo de credito é o credito em animais, em que um criador empresta a um outro, um
ou dois para efeitos de reprodução e o devedor obriga-se a restituir, para além dos
animais emprestados, um número determinado de crías.
Impacto das Actividades Microfinanceira
Analise do impacto das microfinaças serve para avaliar os resultados obtidos e envolve
considerações sobre os custos, e a maneira como estes serão utilizados. Neste caso os impactos
das actividades microfinanceiras podem ser agrupados em três categorias, que são:
1. Economica
Expansão de negocios;
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Aumento do rendimento num subsector de economia informal;
Acumulação agregada de riqueza por parte das familiass e comunidades
2. Socio-politicos e culturais
Mudanças ao nivel educacional e nutricional das crianças;
Redistribuição do poder ao nivel das familias ( por exemplo, aumentando o poder de
decisão economicas por parte das mulheres);
Contribui para a monetarização da economia nas regiões rurais.
3. Pessoal e psicologiacos
Aquisição de maior poder na familia como resultado de serviços financeiros;
Abertura de novos horizontes, no caso em que o investimento é feito atraves de fundos
obtidos (emprestimos, donativos, etc).
LETSHEGO
Letshego é um termo em Setswana, que significa apoio; instrumento tradicional (tripé), usado
para apoiar panelas quando se cozinha ou aquece água em cima do lume.
Do mesmo modo, o Banco Letshego dá apoio a clientes para vários objectivos – Pessoas de
pouca renda, pobres, consumo geral, educação, reabilitação de casas, artigos domésticos etc,
melhorando assim o padrão de vida dos seus clientes. Letshego identificou um nicho no
mercado, onde, os Bancos Comerciais não estavam a dar solução ideal. Implantou-se como
Instituição de microfinanceira com enfoque especial para todos os agentes e funcionários
públicos, que são os seus clientes alvos.
O Grupo Letshego nasceu em Botswana em 1998 como a primeira instituição formal de
microfinanças e, está sedeado actualmente em Botswana. Dada a inovação dos produtos e a
competência na prestação de serviços aos seus clientes, o Grupo Letshego expandiu os seus
negócios para outros países da região, tendo nos últimos anos se integrado nos mercados
financeiros da Tanzânia, Maputo, Swazilândia, Uganda, Zâmbia e Namíbia e Nampula.
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Os capitais do Grupo Letshego estão listados na Bolsa de Valores do Botswana como uma das
empresas de referência, sendo considerada a principal empresa de crédito ao consumo. O Grupo
Letshego tem actualmente mais de 2.300 accionistas. Entre os accionistas de referência incluem-
se organizações internacionais, como a IFC (membro do Grupo Banco Mundial) e a FMO.
Até ao final de Dezembro de 2010, o Grupo Letshego registou uma capitalização de mercado de
mais de 515 milhões de Dólares Americanos. O Grupo Letshego tem conseguido manter o seu
recorde na gestão da dívida de forma impressionante, contendo as suas insuficiências em níveis
abaixo de 2%. A estabilidade política e as boas perspectivas macroeconómicas do país, bem
como as reformas estruturais em curso, apresentam-se como atractivos para o investimento
privado no sector financeiro em Moçambique. O Banco Letshego Moçambique foi inaugurado
em 11 de Fevereiro de 2011 e abriu as suas portas no dia 14 de Fevereiro de 2011.
Produtos e Serviços
Crédimola
Sonhe com a certeza de realizar
Com o Crédimola você tem um empréstimo fácil e seguro com valores flexíveis, sem precisar de
abrir uma nova conta bancária, fazer depósitos ou dar bens de garantia.
Requisitos para acesso ao crédito, se for funcionário.
Nomeação definitiva como funcionário público ou com mais de dois anos de trabalho;
Formulário da solicitação de empréstimo;
Declaração de serviço da sua instituição;
BI;
NUIT’
Últimos dois (2) recibos de salário;
Extracto bancário dos últimos dois (2) meses.
Requisitos para acesso ao crédito, se for pessoas de pouca renda.
Identificação completa;
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Nuit;
Plano de actividade comercial que quer realizar;
Atestado de residência acompanhada pelo recibo de água ou de luz.
Escolhe o seu crédito
Mínimo: 3.000,00 MT
Máximo: 500.000,00 MT
De 6 a 60 meses.
Objectivos da Letshego
A Letshego definiu como principais objectivos os seguintes:
Contribuir no esforço global em que o país está empenhado que visa a normalização e
melhoria das condições de vida e do aumento dos níveis de produção e autosuficiência
alimentar da população rural;
Identificar, promover e financiar projectos de iniciativa e execução local;
Prestar assistência financeira aos programas de aprovisionamento de factores de produção
e de produtos de incentivo ao incremento da comercialização agrícola, bem como aos
programas que tenham uma perspectiva social, económico e ecológico com impacto a
longo prazo;
Captar financiamento dentro e fora do país para a execução de projectos locais.
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Conclusão
Ao chegar ao fim deste trabalho, é de notar que em moçambique estes programas não tem sido
muito efectivos, porque não atingem as camadas mais necessitadas e é claro que os clientes
destas instituições não são os extremamente pobres e ou pobres. Moçambique precisa de apostar
mais na formação, informação e capacidade de financiamento e por outro lado existe um excesso
de burocracia na criação e gestão corrente de microempresas.
Em Moçambique, existem ainda algumas barreiras e problemas no sector do microcrédito:
Poucas Instituições de Microfinanças formalizadas;
As Instituições de Microfinanças sem orientação comercial e contabilidade organizada
têm menos assistência técnica, e são menos contemplada que as restantes;
As Instituições de Microfinanças estão longe de terem inteira sustentabilidade
institucional;
Défice de política de investimento em formação de recursos humanos, com medidas de
reciclagem e cursos avançados em determinados segmentos;
Dificuldade na criação de capacidade local em Microfinanças para captar o grande fluxo
de dinheiro nas zonas rurais e sectores informais, bem como aumento do raio de acção no
combate à pobreza e exclusão social;
A legislação moçambicana não tem um papel mais activo e positivo sobre o mercado, na
criação de condições legais para que os riscos sejam menores, e a sua expansão pelas
áreas rurais esteja mais facilitada;
Nas zonas rurais, existe um défice muito elevado de estruturas e serviços financeiros.
Em síntese os problemas das Instituições financeiras rurais podem ser agrupados nas seguintes
categorias:
Problemas financeiros (adequação de recursos ao seu volume e preços);
Problemas de base legal e técnicos;
Falta de recursos humanos com as competências específicas nestas matérias;
Existência de um défice na capacidade de liderança e gestão dos recursos à Postos à
disposição
18
Inexistência de estudo estatístico do mercado a investir e clientes alvo;
Pouca diversidade institucional.
Recomendações
Mais e melhores instituições financeiras e de Microcrédito;
Melhor capacidade institucional pública e privada;
Maior volume global de negócios e de clientes;
Melhor qualidade e diversidade dos produtos e serviços financeiros disponibilizados quer
pela banca comercial quer pelas Microfinanças;
Maior eficiência e sustentabilidade das instituições de Microfinanças, para tal devem
realizar um esforço nas áreas da formação e informação (metodologias e técnicas
racionais).
Para um pais como Moçambique, os bancos deveriam utilizar critérios metodologias fidedignas
específicas, com a avaliação dos riscos baseada em:
Estudos técnicos dos fluxos de caixa do negócio do empreendedor;
Avaliação socioeconómica que inclui uma avaliação do contexto social e familiar do
empreendedor;
Uma análise a vontade ou prospecção a pagar;
Deveria existir na estrutura das instituições de crédito um agente de crédito que faça a
promoção e análise do risco e outro que fosse responsável pela recuperação do crédito.
19
Bibliografia
1. Caetano, A; Neves, J; Ferreira, C. M. J.(2001) Manual de Psicossociologia das
Organizações. Amadora, McGraw - Hill.
2. Dauto, B. U.(2000) Constituição da República de Moçambique. Maputo.
3. Matlaba, E. H. Z. (2002) Análise da gestão de recursos humanos nas Forças Armadas de
Moçambique – no contexto da organização que aprende. Maputo, 198 p-Instituto
Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa.
4. www.bancomoc.mz
5. www.microfinmoz.gov.moz .
20
Anexos
Encontro-me no âmbito da licenciatura em Gestão de Empresas, na Escola Superior de
Contabilidade e Gestão, (UP – NAMPULA), a preparar um trabalho sobre Microfinanças, para
as Jornadas Cientificas que irão decorrer no mês de Setembro. Como tal irei utilizar como caso
prático a LETSHEGO (Instituição Microfinanceira) sendo que irei necessitar da vossa
colaboração para enriquecer o meu trabalho.
O questionário está dividido em três partes:
Características da função;
Dados demográficos sobre si e o seu trabalho;
Questões sobre os serviços micro financeiros.
Parte 1 - Características da função
Nas seguintes questões descreva algumas características do seu trabalho. Para cada uma delas,
indique qual a sua opinião.
Concordo Não Concordo
1 A minha função permite-me tomar as minhas próprias
decisões sobre como organizar o meu trabalho
X
2 O meu trabalho implica resolver problemas que não
têm uma solução óbvia
X
3 As tarefas desempenhadas na minha função têm um
grande impacto nas pessoas fora.
X
4 O meu trabalho permite-me planear como fazer as
minhas tarefas
X
O trabalho feito teve como o estudo de caso na Letshego – Nampula. Onde entrevistei alguns
beneficiários dos serviços micro financeiros, residentes aqui na cidade de Nampula.
João Sulati – 45anos (camponês)
Castro Balão – 53anos (Funcionário-Pemba Cidade)
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Maria Arcanjo Wassati – 37anos (Camponesa) – 860034760
Sualehe Mário – 27anos (Empreendedor) – 820590220
Sitoi Nfalume – 28anos (Sapateiro) - 861602240
Sumail Cossa Manjate – 36anos (Artesão) – 865502120
Ancha Fabião Mussa – 35anos (Empreendedora) – 846458829
Faruqui Sola – 25anos (Vendedor Ambulante) - 861616861
Questões feitas sobre microfinanças
EU - O que é microfinancas?
ENTREVISTADOS – Segundo os entrevistados disseram que são ferramentas que ajudam no
fortalecimento e estruturação de pequenas actividades produtivas.
EU - Quem são os clientes de microfinanças?
ENTREVISTADOS – Segundo eles, as actividades que geram renda. Como por exemplo:
Processo de alimentos e pequeno comércio. Na verdade o micro empreendedor pode ser
sapateiro, prestador de serviço, artesao, vendedor ambulante entre outras funções.
EU - Como o modelo de microfinanças pode ajudar pessoas de baixa renda?
ENTREVISTADOS - As experiências mostram que microfinanças pode ajudar os mais
necessitados através do aumento da sua renda, da criação de um negócio viavel, e a reduzir a sua
vulnerabilidade aos choques externos.
EU - Quando é que microfinanças não é um instrumento adequado?
ENTREVISTADOS - Cada vez mais microfinanças se refere a um leque de serviços
microfinanceiros-poupança, emprestimos,seguros, transferência de dinheiro do exterior e outros
produtos.
EU - Porque as IMF cobram taxas de juros tão elevadas para a classe C,D e E?
22
ENTREVISTADOS – Para eles, acreditam que prover serviços financeiros as pessoas pobres é
bastante caro, especialmente em relação ao tamanho da transação em questão. Esse é um dos
motivos mais importantes por quais os bancos não trabalham com pequenos emprestimos.
EU - O que é uma instituição microfinanceira?
ENTREVISTADOS – Segundo eles, é uma organização que oferece serviços finanaceiros
principalmente a pessoas de baixo poder aquisitivo. Amaior parte das IME’s são organizações
não governamentais comprometidas que dao assistência a população carente.
EU - Qual é o papel do governo em apoiar microfinanças?
ENTREVISTADOS - Até pouco tempo atrás, muitos governos achavam que era sua
responsabilidade gerar financiamentos de desenvolvimento, incluindo programas de crédito para
os desprovidos de recursos. Porém nem todos os governos possuem essa iniciativa, podendo
gerar conflitos internos quando necessário um governo apoiar microfinanças.
EU - Quais são os requisitos necessários para ter o acesso a este crédito?
ENTREVISTADOS, Segundo eles:
Identificação completa;
Nuit;
Plano de actividade comercial que quer realizar;
Atestado de residência acompanhada pelo recibo de água ou de luz.