IMPLEMENTAÇÃO DE UM MODELO EM ELEMENTOS...

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IMPLEMENTAÇÃO DE UM MODELO EM ELEMENTOS FINITOS PARA A AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO GEOMECÂNICO NA ESTABILIDADE DE POÇOS DE PETRÓLEO Flávio Emmanuel de Souza Teixeira Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil. Orientador: José Luis Drummond Alves Rio de Janeiro Março de 2011

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IMPLEMENTAÇÃO DE UM MODELO EM ELEMENTOS FINITOS PARA A

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO GEOMECÂNICO NA ESTABILIDADE DE

POÇOS DE PETRÓLEO

Flávio Emmanuel de Souza Teixeira

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Engenharia

Civil, COPPE, da Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos necessários

à obtenção do título de Mestre em Engenharia

Civil.

Orientador: José Luis Drummond Alves

Rio de Janeiro

Março de 2011

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Teixeira, Flávio Emmanuel de Souza

Implementação de um Modelo em Elementos Finitos

para a Avaliação do Comportamento Geomecânico na

Estabilidade de Poços de Petróleo/ Flávio Emmanuel de

Souza Teixeira. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2011.

XI, 120 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: José Luis Drummond Alves

Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa

de Engenharia Civil, 2011.

Referencias Bibliográficas: p. 114-120.

1. Elementos Finitos. 2. Lagrangeana Total. 3.

Estabilidade de Poço. I. Alves, Jose Luis Drummond. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE,

Programa de Engenharia Civil. III. Titulo.

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“Do or Do Not, there is no try”.

Master Yoda

Aos meus pais,

Jorge Luiz de Souza Teixeira e Maura Magda Teixeira

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Agradecimentos

Agradeço, primeiramente, ao Grande Arquiteto do Universo, por me dar o

privilégio e a oportunidade de aprendizado aqui no plano terrestre.

Agradeço, com muito amor, aos meus pais, por não terem medido esforços

para a realização de mais essa conquista e sempre estarem do meu lado não importa

a circunstância. Amo vocês!

Agradeço aos meus irmãos, por estarem sempre ao meu lado tanto nos

momentos bons quanto nos momentos ruins.

Agradeço e ofereço principalmente esse trabalho à memória do meu grande

amigo Maico, o Sgt. Pincel, que por vários anos nos deu o privilégio de dar boas

gargalhadas com sua presença e suas brincadeiras.

Agradeço aos Prof.: José Alves pela confiança investida em mim no trabalho.

Aos amigos do LAMCE, principalmente Zé Ricardo, e amigos da Promec, em

especial Gazoni e Nestor. Pessoas que me ajudaram muito na caminhada com quem

tive o privilégio de trabalhar e aprender.

À equipe de corrida "Tartarugas do Asfalto", por proporcionar momentos de

saúde e bem estar com grandes amigos.

Ao Edu, pelas dicas em Engenharia de Petróleo e "brejas" nos fins de semana.

Agradeço todo pessoal do Barramed, em especial à Rogéria, Elaine e Flávio,

por me ajudarem a renovar minha fé e nunca desistir.

À Bruninha por sempre ter uma palavra de motivação e pela ajuda nos

momentos difíceis.

A família Castro Alves, em especial à Mamuska, pela acolhida aqui no Rio de

Janeiro.

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À Renata pelo aprendizado.

À Cínthia pelo carinho e apoio.

Aos amigos da Escola de Minas aqui no Rio, principalmente ao Neném e

Fiotte.

Aos meus eternos amigos da república Verdes Mares em Ouro Preto, lugar que

eu posso contar pra sempre.

Ao Rodrigo e ao Heric por oferecerem a estrutura necessária para que eu me

estabelecesse no Rio de Janeiro no começo dessa investida.

Agradeço à ANP que pelo PRH-02 concedeu o subsídio necessário para que o

trabalho fosse realizado.

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Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

IMPLEMENTAÇÃO DE UM MODELO EM ELEMENTOS FINITOS PARA A

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO GEOMECÂNICO NA ESTABILIDADE DE

POÇOS DE PETRÓLEO

Flávio Emmanuel de Souza Teixeira

Março/2011

Orientador: José Luis Drummond Alves

Programa: Engenharia Civil

Este trabalho tem como objetivo contribuir na análise de estabilidade de poços

de petróleo localizados em formações carbonáticas. As rochas constituintes dessa

formação estão sujeitas a pressões de confinamento, o que pode resultar na

ocorrência de fenômenos como compressão e colapso de poros. Esses tipos de

fenômenos justificam os esforços no sentido de oferecer uma modelagem mais precisa

do comportamento da rocha. O modelo de elementos finitos considerado inclui, além

da não linearidade física do material, a não linearidade geométrica, representada pela

cinemática de deslocamentos finitos, utilizando uma formulação lagrangeana total. Em

outras palavras, o código é capaz de oferecer uma resposta não linear de

deslocamentos dependendo das condições de contorno aplicadas.

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Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

IMPLEMENTATION OF A FINITE ELEMENT MODEL TO EVALUATE THE

GEOMECHANIC BEHAVIOR IN WELLBORE STABILITY

Flávio Emmanuel de Souza Teixeira

March/2011

Advisor: José Luis Drummond Alves

Department: Civil Engineering

This work aims to contribute to the stability analysis of oil wells located in

carbonate formations. The constituents of this rock formation are subject to confining

pressures, which can result in the occurrence of phenomena such as compression and

pore collapse. These kinds of phenomena justify the efforts to provide a more accurate

modeling of the behavior of rock. The finite element model considered includes,

besides the plasticity of material, the geometric nonlinearity, represented by the

kinematics of finite displacements, using a Total Lagrangian formulation. In other

words, the code implemented is able to offer a non-linear response of displacement

depending on the boundary conditions applied.

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Índice

CAPÍTULO 1 .................................................................................................................... 1

Introdução ..................................................................................................................................... 1

1.1. Motivação ....................................................................................................................... 1

1.2. Objetivo .......................................................................................................................... 4

1.3. Revisão Bibliográfica: ..................................................................................................... 5

1.4. Organização do Texto: ................................................................................................. 11

CAPÍTULO 2 .................................................................................................................. 12

A Perfuração de Poços de Petróleo .......................................................................................... 12

2.1. Introdução .................................................................................................................... 12

2.2. Histórico da atividade de perfuração de poços............................................................. 13

2.3. Princípios básicos ........................................................................................................ 14

2.4. Estabilidade estrutural do poço .................................................................................... 17

2.4.1. O estado de tensões inicial..................................................................................... 19

2.4.2. Tensão Efetiva ........................................................................................................ 20

2.4.3. Modos de falha e colapso ....................................................................................... 21

2.4.4. O fluido de perfuração ............................................................................................ 23

2.4.5. A janela operacional de perfuração ........................................................................ 24

2.5. Principais problemas associados à perfuração ............................................................ 26

2.6. O projeto de poços direcionais ..................................................................................... 38

2.6.1. Aspectos da perfuração direcional ......................................................................... 39

CAPÍTULO 3 .................................................................................................................. 43

Fundamentos da Mecânica do Contínuo .................................................................................. 43

3.1. Introdução .................................................................................................................... 43

3.2. Cinemática dos corpos deformáveis ............................................................................ 44

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3.2.1. Medidas de Deformação......................................................................................... 45

3.3. Equilíbrio ...................................................................................................................... 47

3.3.1. Medidas de Tensão ................................................................................................ 48

3.3.2. Equações de Equilíbrio para a formulação Lagrangeana Total ............................. 50

3.4. Elementos da Teoria de Plasticidade ........................................................................... 53

3.4.1. Introdução ............................................................................................................... 53

3.4.2. Princípios Básicos .................................................................................................. 55

3.4.3. Endurecimento ....................................................................................................... 57

3.4.4. Critério de Escoamento de Mohr-Coulomb............................................................. 59

3.4.5. Cap - Model ............................................................................................................ 63

CAPÍTULO 4 .................................................................................................................. 68

Aproximação por Elementos Finitos ........................................................................................ 68

4.1. Introdução .................................................................................................................... 68

4.2. Contextualização .......................................................................................................... 69

4.2.1. Aproximação por elementos finitos ......................................................................... 70

4.3. Método de Solução ...................................................................................................... 76

4.3.1. Processo Incremental Iterativo ............................................................................... 76

4.4. O programa PoroNL ..................................................................................................... 79

4.4.1. Características do programa PoroNL ..................................................................... 79

4.4.2. Metodologia utilizada pelo programa PoroNL ......................................................... 79

CAPÍTULO 5 .................................................................................................................. 82

Experimentos Numéricos .......................................................................................................... 82

5.1. Introdução .................................................................................................................... 82

5.2. Verificação do Modelo .................................................................................................. 83

5.2.1. Viga em Balanço .................................................................................................... 83

5.3. Estabilidade de Poços .................................................................................................. 87

5.3.1. Modelo de um poço vertical perfurado em um maciço ........................................... 87

5.3.2. Modelo que apresenta dois poços verticais perfurados em um maciço ................ 97

5.3.3. Modelo que representa a seção direcional de um poço ....................................... 104

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CAPÍTULO 6 ................................................................................................................ 110

Conclusões e Recomendações ............................................................................................... 110

6.1. Resumo ...................................................................................................................... 110

6.2. Conclusões................................................................................................................. 111

6.3. Trabalhos Futuros ...................................................................................................... 112

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Capítulo 1

Introdução

O cenário atual é favorável. Após uma crise que afetou o mundo todo em

proporções diferentes, o Brasil sai como um vitorioso, e entra agora em uma nova fase

de crescimento, que pode ser percebido em vários setores, entre eles, o energético,

principalmente no que se diz respeito a óleo e gás.

1.1. Motivação

O crescimento do país foi impulsionado por vários fatores e pode-se destacar

um em particular: a descoberta de jazidas com estimativas gigantescas de óleo e gás

natural em uma região que foi denominada “pré-sal”.

A região do pré-sal ainda está em fase de avaliação, mas alguns números já

foram divulgados. A reserva é composta por vários blocos onde os principais até agora

são Tupi, Carioca e Júpiter.

O presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, declarou

em um discurso durante o Rio Oil & Gas 2010 que o Brasil tem quatro grandes

desafios no setor de petróleo, gás natural e biocombustíveis. Dentre os quatro, o

diretor ressalta os desafios do pré-sal. Segundo Haroldo, a intenção do governo é

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transformar o Brasil num grande exportador de derivados de petróleo, como óleo

diesel e gasolina.

Algumas notas divulgadas à imprensa no ano de 2010 pela mesma agência,

informam sobre reservatórios onde já estão sendo feitas perfurações e testes. Um

deles, denominado Franco, tem estimativa de apresentar volumes recuperáveis da

ordem de 4,5 bilhões de barris de petróleo. Outro reservatório, denominado Libra, tem

estimativa mais provável de conter 7,9 bilhões de barris de óleo recuperável.

A agência ainda informa em uma de suas notas que a produção de gás no

Brasil bateu recorde em setembro de 2010, com 63,9 milhos de metros cúbicos / dia.

Segundo Barros (2007), a oferta mundial de energia primária distribuída por

fonte energética tem o petróleo em primeiro lugar, com 34,3% de participação. Ainda,

o consumo distribuído pelas fontes de energia primária apresenta petróleo e derivados

com a maior fatia: 42.3%. Finalizando, o petróleo deverá permanecer como principal

fonte de energia mundial até que haja restrição da oferta.

Tendo em vista que o Brasil recentemente descobriu campos gigantes de

petróleo e esse tipo de energia ocupa primeiro lugar na demanda mundial, justificam-

se os investimentos no sentido de explorar os recursos localizados na camada pré-sal.

O pré-sal tem essa denominação por se tratar de uma camada de rochas que

foi depositada antes da camada de sal. Essa camada de reservatório está localizada

a cerca de 7000 metros de profundidade, e é recoberta por uma camada de sal,

seguido por uma camada denominada pós-sal, além da lâmina d´água.

O tipo de rocha que compõe o reservatório pré-sal é a carbonática. Esse tipo

de rocha pode apresentar composições altamente heterogêneas, devido à sua história

de formação, estando sujeita a problemas como desmoronamento, poro colapso,

dentre outros. Além de o reservatório apresentar particularidades quanto ao seu

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comportamento estrutural, é importante destacar que ele se encontra abaixo da

camada de sal.

Entre pontos favoráveis e desfavoráveis do sal, destaca-se, principalmente, o

fato de, por ser uma camada muito espessa, formou-se uma trapa muito eficiente,

fazendo com que o óleo fique aprisionado no reservatório pré-sal. Em contrapartida, o

sal pode apresentar um comportamento estrutural instável, o que resulta no aumento

dos riscos na perfuração.

Aliado ao risco de se perfurar no pré-sal, os custos das sondas são muito

elevados. Essa é uma das principais justificativas da utilização de poços com

geometria complexa. Dessa maneira, pode-se ter vários poços perfurados em várias

direções, partindo de uma única posição da sonda. A Figura 1.1 apresenta esse tipo

de perfuração.

Figura 1.1 – Poço multi-lateral

Fonte: Guevara (2006)

Perfurar em ambientes instáveis como o sal, heterogêneos como as formações

carbonáticas, e em direções não convencionais, requer um grande investimento em

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tecnologia. Antigamente, os cálculos para se fazer uma perfuração desse tipo

demandavam tempo e os modelos eram mais simples. Nos dias de hoje, com o

avanço computacional, é possível gerar modelos mais complexos, buscando sempre o

máximo grau de semelhança com a realidade.

A partir da década de 50, um método muito particular começou a ser

desenvolvido para o cálculo de problemas estruturais. Com o passar do tempo, esse

método foi sendo aprimorado, e hoje resolve, além de problemas estruturais,

problemas relacionados a fluidos, fluxo de calor, etc. Esse método é chamado de

Método dos Elementos Finitos.

Através desse método, é possível realizar uma simulação computacional e

consiste basicamente em dividir o seu domínio em várias partes menores

denominadas elementos. O conjunto desses elementos forma uma malha e cada

elemento pode ter geometria e número de nós diferentes. Um sistema massa-mola

pode ser a interpretação física mais simples de uma situação a ser estudada por esse

método. No entanto, para uma aproximação mais condizente com a realidade,

modelos mais complexos devem ser desenvolvidos.

1.2. Objetivo

Este trabalho tem como objetivo implementar o efeito de grandes

deslocamentos, também conhecido como efeito não-linear geométrico, em um código

de elementos finitos que simula o comportamento de rochas na estabilidade estrutural

de poços de petróleo. Pretende-se, dessa maneira, avançar mais um passo no desafio

de simular materiais heterogêneos como rochas carbonáticas, ou que apresentem

fluência, como o sal.

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1.3. Revisão Bibliográfica:

Temas como comportamento geomecânico de rochas e perfuração de poços

de petróleo possuem uma bibliografia vasta. No entanto, o presente trabalho tem como

primeira referência o estudo desenvolvido por Costa (1984), onde o autor aplica

elementos finitos no projeto e análise de escavações destinadas á mineração

subterrânea. Em seu trabalho, o autor tem como principal incentivo a oportunidade de

comparar resultados de simulação com os obtidos por medição de campo, além da

aplicação prática desses resultados no controle de estabilidade e dimensionamento de

estruturas. Ainda, o autor em suas conclusões afirma que a associação de métodos

numéricos à instrumentação de campo revela-se como uma ferramenta de elevado

valor para a melhor compreensão acerca do comportamento de estruturas.

Seguindo essa linha de pesquisa, Polillo (1987) apresenta um procedimento

para a análise da estabilidade das paredes e fraturamento hidráulico de poços de

petróleo que atravessem a formação produtora transversal ou longitudinalmente. Para

tal, o autor utiliza um programa de computador baseado no método dos elementos

finitos para análise elasto-plástica de escavações subterrâneas. A formulação engloba

análise linear e não linear física associada a leis constitutivas elasto-plásticas. O autor

apresenta vários exemplos comparativos, um estudo paramétrico em poços verticais e

um exemplo de aplicação em poço horizontal. Por fim, o autor afirma que o método

dos elementos finitos pode ser utilizado para estimar tensões em sub-superfície,

prever pressão de quebra em um fraturamento e dimensionar fluidos de perfuração, e

recomenda como prosseguimento de sua pesquisa a implementação de elementos

tridimensionais de modo que se possa efetuar um estudo em poços inclinados em

relação às camadas do reservatório.

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Coelho (2001) apresenta uma revisão dos modelos de ruptura mais utilizados

nos materiais geomecânicos encontrados em reservatórios de petróleo. Além disso,

implementa um modelo elastoplástico capaz de simular o fenômeno de colapso de

poros observado em rochas porosas e inconsolidadas, freqüentemente encontradas

em reservatórios de águas profundas. Ao final de seu trabalho, a autora conclui que

modelos convencionais de ruptura por cisalhamento não são capazes de representar a

ocorrência de colapso por compressão, o que pode comprometer o projeto e a

perfuração de poços em formações com comportamento dúctil submetidas a altas

tensões de confinamento.

Tisser (2004) apresenta uma implementação de um modelo constitutivo que

visa modelar o fenômeno de poro colapso em rochas porosas e inconsolidadas. O

modelo, tipo cap, consiste em um cone que representa a superfície de ruptura por

cisalhamento, cuja forma no plano desviatório é definida pelo modelo de Mohr-

Coulomb, associado a uma curva suave e continua à superfície de ruptura que define

a ruptura por poro-colapso. Ao final, o autor conclui que o algoritmo desenvolvido se

mostrou eficiente na avaliação do estado de tensões em poços.

Guevara (2006) apresenta em seu trabalho aspectos importantes da

implementação computacional de um modelo constitutivo elastoplástico capaz de

tratar o problema de colapso de poros em meios porosos. Para tal, utiliza uma

superfície de escoamento com fechamento cap que limita a evolução da pressão

hidrostática. O modelo implementado pelo autor considera a não linearidade física do

material e um regime de deslocamentos e deformações infinitesimais. Por fim, o autor

conclui que a formulação tridimensional possibilita a solução de uma gama maior de

problemas da mecânica computacional e um melhor entendimento dos resultados

através da visualização 3D.

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Ahmed (2009) apresenta um estudo que avalia o risco de estabilidade do poço

durante a perfuração, pesos de lama recomendáveis na perfuração de poços

horizontais e sugere azimutes preferenciais de perfuração, os quais apresentam

resultados melhores de estabilidade de poço. Para tal, o autor utiliza elementos finitos

3D para analisar a sensibilidade da estabilidade do poço associadas a variações no

peso de lama. Por fim, é recomendado um peso de lama que minimiza o problema de

estabilidade para poços horizontais. Além disso, o autor conclui que para o estado de

tensões in-situ considerado no modelo, os poços horizontais perfurados paralelamente

à mínima tensão horizontal in-situ são mais estáveis durante a perfuração e produção

do que os poços perfurados na direção da máxima tensão horizontal in-situ.

Villarroel et. al. (2004) apresenta um estudo paramétrico para identificar a

influência da orientação do eixo do poço em relação às tensões in-situ. Através de um

simulador computacional, a autora realiza várias análises e, por último, apresenta as

diversas janelas de estabilidade obtidas. Por fim, a autora conclui que a simples

orientação do eixo do poço em relação às tensões in situ modifica os resultados,

principalmente em relação aos colapsos.

Silva et. al. (2001) apresenta um estudo que correlaciona o estado de tensões

in situ em um campo de petróleo com a estabilidade do poço. Para tal, utiliza como

parâmetros para determinação de tensões in-situ informações de breakout, valores de

peso de lama, dados de poro pressão e testes de leak-off, propriedades mecânicas

das rochas e direção dos poços. O autor conclui que a anisiotropia das tensões

horizontais pode ser crucial para o projeto de poços direcionais.

Gil et. al. (2002) propõe um modelo tridimensional baseado no método dos

elementos finitos, que considera comportamento elástico e elasto-plástico de

materiais. O modelo representa poços perfurados em reservatórios rasos, médios e

profundos. São apresentadas diferentes análises, com resultados de campos de

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tensão diferentes para materiais diferentes. Dentre as conclusões do autor, as

principais são que a inclinação do poço é um parâmetro relevante em sua estabilidade

e em grandes profundidades, o caráter da análise (elástica ou elasto-plástica) exerce

influência na concentração de tensões.

Muller (2009) tem como objetivo em seu trabalho avaliar os limites da janela de

operação associados com a probabilidade de falha, levando em consideração a

variabilidade de propriedades hidráulicas e mecânicas, e a simples variabilidade de

tensões in-situ e poro pressões iniciais. A análise é realizada em um programa de

elementos finitos que contempla o efeito de acoplamento fluido mecânico e

comportamento elasto-plástico da rocha. O modelo numérico é constituído de

elementos isoparamétricos de 4 nós, e contém 4800 elementos e 4960 nós. O autor

conclui que a análise estocástica fornece uma janela operacional mais estreita quando

comparada à determinística, além de apresentar risco de falha menor.

Muller (2008) apresenta também um trabalho onde propõe um procedimento de

análise numérica fluido mecânica acoplada, utilizando elementos finitos, para

determinação automática dos limites inferior e superior de pressões nas paredes dos

poços de petróleo, que garantam, segundo hipóteses e critérios de falha pré-

estabelecidos, a estabilidade dos mesmos.

Yamamoto et. al. (2006) propõe um método numérico que pode ser usado para

a otimização de peso de lama e estabelecimento do projeto de perfuração. Para tal,

utiliza um modelo tridimensional poroelástico e verifica que o problema de estabilidade

é agravado à medida que a inclinação do poço aumenta.

Morita (2004) apresenta um estudo de estabilidade baseado na orientação do

poço. O autor explicita que antes do colapso do poço, há aparecimento de efeitos não

lineares na rocha; quanto menor o valor de concentração de tensões em uma certa

região, menos suscetível a falha ela é e; o poço atinge estabilidade após vários

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breakouts induzidos. Por fim, conclui que a orientação do poço não afeta a

estabilidade significativamente quando a direção do mesmo varia entre a direção da

menor e da intermediária tensão in-situ.

Fung et. al. (1999) analisa cenários de perfuração horizontal em formações

inconsolidadas através de um modelo elasto-plástico baseado em elementos finitos. O

código é capaz de considerar tensões de confinamento extremamente baixas em

formações inconsolidadas. O critério de escoamento utilizado é o de Ducker-Prager.

Gonçalves et. al. (1996) apresenta uma análise de estabilidade em calcários na

Bacia de Santos objetivando identificar a causa de alargamento nos poços perfurados.

Para tal, utiliza um modelo elasto-plástico baseado em elementos finitos e um critério

de escoamento de Mohr-Coulomb sem o cap de fechamento. O autor realiza análise

utilizando elementos finitos isoparamétricos de 8 nós e conclui que o alargamento do

poço ocorre em virtude da falha por cisalhamento.

Mohiuddin et. al. (2009) apresenta um estudo que tem como objetivo identificar

as causas de instabilidade encontradas em um campo offshore localizado na Arábia

Saudita. Trata-se de um reservatório composto por arenitos com argila intercalada a

uma profundidade de 6000 pés. O programa computacional utilizado para a análise

considera comportamento elástico linear da rocha e critério de falha de Mohr Coulomb.

O modelo prevê os limites inferior e superior de peso de lama que evitam a falha por

compressão e tensão, respectivamente. Ainda, o autor apresenta uma aproximação

que combina análises estatísticas e modelos constitutivos para identificar as causas de

instabilidade e prever os limites de segurança de peso de lama.

Ferreira et. al. (1997) propõe uma análise integrada de estabilidade de poço

através de aquisição de dados e simulação computacional. Dados de campo e

laboratório são utilizados para determinação de tensões in-situ e propriedades de

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rocha. O simulador é baseado em elementos finitos e considera em suas análises o

estado plano de deformação.

O presente trabalho propõe-se a dar continuidade ao trabalho de Guevara

(2006) com a implementação de uma formulação que considere deslocamentos finitos

na estrutura a ser analisada. Acredita-se que com esse avanço no código

computacional, estruturas com comportamento particular como carbonatos e sal

poderão ser melhor analisadas através de métodos numéricos.

Dentre a bibliografia utilizada para a implementação do modelo, destacam-se

os autores Zienckwicz (2006) e Bathe (2006), principalmente no que se diz respeito à

base matemática para a implementação da formulação lagrangeana total. Crisfield

(1997) também contribui significativamente nesse aspecto, quando afirma que a

formulação lagrangeana total é válida mesmo com uma relação constitutiva elástica

linear.

Taylor (2000) apresenta uma formulação mista de deformação para o

tratamento de problemas não lineares.

Palazotto (1995) em seu trabalho apresenta verificações numéricas para um

modelo de viga que considera deslocamentos finitos. No entanto, a base para a

verificação do modelo implementado é dada por Bathe (1978), onde a formulação

lagrangeana total é implementada em um modelo tridimensional em elementos de

viga. O autor apresenta a formulação matemática do modelo e ressalta a importância

de se utilizar elementos tridimensionais para a análise de não linearidades em

estruturas.

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11

1.4. Organização do Texto:

Após este capítulo de introdução, serão descritas os principais problemas

relacionados à perfuração de poços, o problema do furo, bem como alguns aspectos

básicos de estabilidade de poço e perfuração direcional.

No capítulo três são apresentados os fundamentos da mecânica do contínuo

para a formulação lagrangeana total, além de princípios básicos de plasticidade.

Também são apresentados alguns critérios de ruptura, com destaque para o do Mohr

Coloumb, utilizado no presente trabalho. Por fim, é apresentado o cap utilizado na

superfície de escoamento para o tratamento de poro colapso.

No capítulo quatro, onde se insere o maior esforço do trabalho, é apresentada

a aproximação por elementos finitos implementada, bem como o método de solução

utilizado e o programa PoroNL.

No capítulo cinco são descritos alguns exemplos com o objetivo de validar a

implementação desenvolvida e observar se há ocorrência do efeito não linear

geométrico na estabilidade de poços de petróleo.

Finalmente, no capítulo seis, são apresentadas as conclusões e as

recomendações para trabalhos futuros relacionadas ao tema abordado neste trabalho

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12

Capítulo 2

A Perfuração de Poços de

Petróleo

2.1. Introdução

Neste Capítulo serão apresentados os principais aspectos da perfuração de

poços. Primeiramente é apresentado um breve histórico e são descritos de forma

sucinta os princípios básicos da perfuração. Logo após, são abordados alguns tópicos

relacionados à estabilidade estrutural do poço, como o estado de tensão inicial,

conceito de tensão efetiva, modos de falha e colapso, fluido de perfuração e janela

operacional. Em seguida, serão descritos os principais problemas que podem ocorrer

durante a perfuração. Por fim, uma abordagem geral do projeto de um poço direcional

será apresentada.

A indústria de petróleo como um todo pode ser dividida em dois grandes

grupos denominados downstream e upstream. A Figura 2.1 representa as subdivisões

desses grupos:

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13

Figura 2.1 – Segmentos da Indústria do Petróleo

O objetivo aqui não é descrever cada grupo detalhadamente, mas sim,

explicitar que, embora haja essa divisão em dois grandes grupos, a maior parte dos

investimentos e dos riscos está concentrada no grupo upstream (Schiffer, 2008), onde

está localizada a atividade de perfuração. Esta atividade está presente tanto em

processos de exploração quanto em processos de produção de hidrocarbonetos.

2.2. Histórico da atividade de perfuração de poços

A perfuração de poços é uma atividade antiga. Segundo Ribeiro (2000), essa

técnica começou a ser utilizada pelos chineses, no período de 1122 a 250 a.c. como

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um sistema que se baseava no princípio da alavanca. Esse sistema utilizava força

motriz humana, que só foi substituída por força motriz a vapor no ano de 1829, nos

EUA.

O mesmo autor cita a primeira iniciativa para produção de petróleo com fins

comerciais: o poço perfurado pelo Coronel Drake, em 1859, próximo a Tutsville,

Pensilvânia. Utilizando sistema de cabos, o poço atingiu uma profundidade de

aproximadamente 70 pés e foram gastos 78 dias para se alcançar os 70 pés de

profundidade.

Após o poço perfurado pelo Coronel Drake, considerado um marco na história

do petróleo, o sistema de perfuração evoluiu, sendo que o primeiro mecanismo rotativo

foi desenvolvido na França, em 1863. Logo mais, o sistema foi aprimorado nos EUA,

utilizando-se a circulação de um fluido durante a operação no ano de 1901, e

posteriormente, em 1920, uma fonte de energia pela sonda que utilizava motor de

combustão interna (Ribeiro 2000).

Atualmente, a perfuração utiliza como base um sistema de rotação, mas com

vários avanços tecnológicos. O sistema básico de perfuração de poços de petróleo

será apresentado a seguir.

2.3. Princípios básicos

A atividade de perfuração pode ser realizada tanto em terra, onshore, ou em

alto mar, offshore. Atualmente, esta atividade é feita por meio de sondas. A Figura 2.2

apresenta uma visão geral de uma sonda:

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Figura 2.2 – Visão geral de uma sonda rotativa Fonte: How Stuff Works (2011)

Uma sonda de perfuração é composta por vários sistemas que podem ser

descritos, resumidamente, da seguinte maneira:

- sistema de sustentação de cargas: composto por torre, subestruturas e

estaleiros, é praticamente responsável pela base da perfuração. Pode se dizer que

compreende o esqueleto da sonda.

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- sistema de geração e transmissão de energia: é responsável por gerar a

energia necessária para o acionamento dos equipamentos da sonda. Pode ser

composto por motores geradores a diesel ou elétricos.

- sistema de movimentação de cargas: composto por elevador, gancho, cabo

de perfuração, catarina, guincho e bloco de coroamento. É responsável por

movimentar as colunas de perfuração, revestimento, além de outros equipamentos.

- sistema de rotação: responsável pela rotação da coluna de perfuração, esse

sistema tem como itens básicos o kelly, a cabeça de perfuração ou swivel e a mesa

rotativa. Dependendo do tipo de sistema, podem ser usados outros equipamentos para

executar a rotação da coluna, como o top drive e o motor de fundo.

- sistema de circulação: é composto por equipamentos que permitem a

circulação e o tratamento do fluido de perfuração

- sistema de segurança: é constituído pelos principais sistemas de segurança

do poço. Dentre eles, o de maior importância é o Blowout Preventer,ou BOP, que

consiste em um conjunto de válvulas capaz de fechar o poço em caso de emergência

- sistema de monitoração: são equipamentos que medem vários parâmetros ao

longo da atividade, como por exemplo, manômetros, indicadores de torque,

tacômetros, etc. Servem como itens de controle e verificação para que se atinja a

máxima eficiência e economia.

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A integração dos sistemas descritos tem como objetivo perfurar com a máxima

eficiência, reduzindo custos e riscos. Tal integração é conseqüência de uma série de

atividades e procedimentos realizados durante a perfuração, como descida de

colunas, montagem de equipamentos, dentre outras. Não será explicitado nesse

trabalho um detalhamento dessas atividades e procedimentos. No entanto, a descrição

das mesmas pode ser encontrada em Thomas, (2004) e Janh et al (2003).

2.4. Estabilidade estrutural do poço

De acordo com Santarelli (1997), problemas de estabilidade de poço são

responsáveis por cerca de 10 a 15 % dos custos de perfuração. O mesmo autor

enfatiza que, o fato de o custo da perfuração representar uma importante porcentagem

no desenvolvimento de um campo, faz com que a atenção dada aos problemas de

estabilidade seja classificada como uma questão de alta prioridade por várias

operadoras e prestadoras de serviço.

Costa (1984) propôs uma aplicação computacional para analisar a mecânica

das rochas em escavações. Seguindo essa linha, Polillo (1986) realizou uma análise

elasto-plástica, onde foi possível observar indícios de desmoronamento da parede

através da verificação da área plastificada ao redor do poço. Coelho (2001)

apresentou uma revisão dos principais modelos de ruptura utilizados em rochas

encontradas em reservatórios de petróleo, além de uma implementação elasto-plástica

capaz de simular o fenômeno de colapso de poros. Tisser (2004) implementou um

modelo composto por uma superfície de ruptura clássica associada com um cap

suave, além de eliminar as descontinuidades na interseção dessa superfície. Guevara

(2006) aperfeiçoou o modelo utilizado no trabalho de Tisser para três dimensões.

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Para avaliar a estabilidade do poço, o trabalho de Guevara (2006) levou em

consideração o efeito do furo como ponto de partida. Antes de explicitar tal efeito, é

importante esclarecer o conceito de tensão in situ. Diversos trabalhos científicos

apontam o estado de tensões in situ como parâmetro importante para o estudo da

estabilidade do poço, dentre eles, Morita et. al. (1989), Otessen et. al. (1991), e Zhou

et. al. (1996).

O estado de tensões in situ de um maciço estático equivale às tensões

atuantes naquele maciço que o mantém em equilíbrio. Este equilíbrio pode ser

perturbado pela natureza, devido à ação de esforços tectônicos ou pela ação do

homem, através da perfuração de um poço, por exemplo.

A Figura 2.3a representa um maciço rochoso em equilíbrio. Quando o maciço

é perfurado, o efeito desse furo é simulado introduzindo-se forças de superfície

(tractions) na parede do poço (Figura 2.3b). O espaço vazio provocado pelo furo

apresenta um campo de tensões nulas no interior do poço (Figura 2.3c), e altas

tensões em sua parede, o que pode gerar problemas de estabilidade e

desmoronamento.

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Figura 2.3 – Simulação do efeito da perfuração Fonte: Tisser (2004)

A tentativa de restabelecer o estado de tensões inicial é feita com um fluido de

perfuração que será explicado na seção 2.4.3. Antes, é preciso introduzir os conceitos

de estado de tensão inicial e poro pressões.

2.4.1. O estado de tensões inicial

O estado de tensões inicial pode ser estimado dividindo-se as tensões no

maciço em duas componente, uma horizontal e uma vertical.

A tensão vertical tem como causa o peso das camadas superiores, e é dada

pela equação:

z

zv dzzg0

(2.1)

onde:

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v é a tensão vertical

z é o perfil de densidades das camadas acima do ponto considerado

g é a aceleração da gravidade

Z é a profundidade em consideração.

O coeficiente de sobrecarga (overburden) 0gr é definido pela relação:

Zgrv 0 (2.2)

De acordo com Polillo (1987), para a teoria linear elástica, na ausência de

tectonismo e considerando que somente ocorreu compactação, as tensões horizontais

são iguais, e podem ser dadas pela relação:

vhhv

vh

121 (2.3)

onde 1h e 2h correspondem às duas tensões horizontais e v corresponde ao

coeficiente de Poisson.

2.4.2. Tensão Efetiva

Segundo Terzaghi (1943), as tensões compressivas em um maciço rochoso

saturado por um fluido consistem em duas partes distintas: uma parte refere-se ao

efeito do fluido dentro do maciço e a outra se deve à diferença entre as tensões totais

e os efeitos de influência do fluido. Dessa forma, pode-se dizer que um maciço

rochoso é composto por um esqueleto sólido que apresenta espaços vazios, ou poros.

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Esses poros podem ou não apresentar algum tipo de fluido em seu interior. Tal fluido

exerce uma pressão no esqueleto sólido da rocha, denominada pressão de poros pP .

Devido a essa pressão, deve-se definir dois estados de tensões distintos na rocha: o

total e o efetivo (Tisser, 2004).

A tensão total pode ser definida como uma relação entre uma força aplicada e

a área onde ela atua. A tensão efetiva é definida como a tensão total menos a pressão

de poros, ou pressão de fluido pP . É a tensão efetiva que atua diretamente no

esqueleto sólido da rocha.

A relação entre a tensão total e a tensão efetiva, segundo Terzaghi (1943), é

dada por:

IPptotalefetiva (2.4)

A perturbação do equilíbrio do maciço rochoso pode causar uma diferença nas

pressões de poros, tendo como conseqüência direta uma modificação na tensão

efetiva. Se, por exemplo, a pressão de poros diminuir muito, o aumento da tensão

efetiva pode levar a rocha a romper, gerando o que se denomina poro-colapso.

2.4.3. Modos de falha e colapso

Quando submetida a um carregamento, a rocha pode se romper devido a dois

esforços distintos: tração ou compressão. Cada tipo de esforço gera tipos de falha

específicas. Quando uma rocha está submetida a esforços de tração, pode ocorrer

uma falha denominada fratura. Quando uma rocha está submetida a esforços de

compressão, pode ocorrer uma falha denominada ruptura. O conceito de ruptura e

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fratura pode ser similar, se diferenciando aqui pela sua origem, uma por tração, outra

por compressão.

A diferença de tensões entre fluido de perfuração e a parede do poço pode

gerar um tipo de ruptura conhecido como falha por colapso. Essa ruptura tem sua

origem na ação de esforços compressivos que causam falha por cisalhamento.

As principais conseqüências no poço devido à falha por cisalhamento são a

redução ou o aumento do seu diâmetro. A redução do diâmetro ocorre geralmente em

formações dúcteis ou em estruturas que apresentem fluência, como o sal por exemplo.

Devido a esse tipo de comportamento, a estabilidade do poço é agravada já que a

broca geralmente tem que fazer vários repasses numa mesma área, aumentando o

risco de aprisionamento da coluna. O aumento do diâmetro do poço geralmente ocorre

em rochas frágeis e também por erosão mecânica ou hidráulica ou mecânica de

rochas pouco consolidadas. Na maioria dos casos tem como conseqüência o

desmoronamento total ou parcial da parede do poço e pode ocasionar, em casos mais

severos, prisão da coluna de perfuração devido aos cascalhos desmoronados.

Rocha et. al. (2007) apresenta os principais mecanismos que geram as falhas

por colapso inferior e superior reproduzindo o comportamento das tensões ao redor do

poço com a variação do peso de fluido. O mesmo autor define uma estimativa para o

gradiente de colapso, apresentando os seguintes pontos a serem seguidos:

Conhecimento das rochas a serem perfuradas e suas propriedades com a

finalidade de estabelecer os limites de resistência

Estabelecimento do estado de tensões atuantes ao redor do poço, que no caso

deste trabalho, será definido através de uma simulação computacional

utilizando elementos finitos.

Comparação do estado de tensão ao redor do poço com os limites de

resistência, para a determinação da pressão que leve ao seu colapso

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2.4.4. O fluido de perfuração

Como dito anteriormente, o equilíbrio do poço é perturbado devido ao furo

realizado durante a perfuração. Na tentativa de restabelecê-lo, um fluído específico é

injetado no poço por dentro da coluna de perfuração. A Figura 2.4 apresenta de forma

simplificada o caminho percorrido pela lama durante a atividade de perfuração.

Figura 2.4 – Caminho percorrido pela lama durante a perfuração Adaptado de SEED (2011)

O fluido de perfuração tem várias funções como carreamento de cascalhos,

refrigeração da broca, etc. Dentre elas, destaca-se nesse trabalho a manutenção do

equilíbrio de tensões ao redor do poço, ou seja, o fluido é introduzido na tentativa de

restabelecer o estado de tensões inicial. Como os poços de petróleo apresentam

diferentes aspectos de composição de rochas e tensão ao longo da profundidade, a

fluido também deve se adequar a esses aspectos. É devido a esse fato que o poço é

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perfurado em vários estágios, sendo esses definidos pela janela operacional da

perfuração.

2.4.5. A janela operacional de perfuração

De acordo com Rocha (2007), a janela operacional determina a variação

permitida para a pressão exercida pelo fluido de perfuração dentro do poço, de forma

a manter a integridade deste. Ela é definida baseada no conhecimento dos critérios de

ruptura da rocha e tensões in situ atuantes ao redor do poço. Esses aspectos

permitem definir um limite inferior e superior baseado em quatro tipos de pressão que,

caso sejam atingidas dentro do poço, poderão levar à falha do mesmo.

As pressões de fratura superior e inferior são definidas, respectivamente, pelos

valores de pressão no interior do poço igual ou maior e igual ou menor pelo qual

ocorrerá a falha da rocha por tração.

As pressões de colapso superior e inferior são definidas, respectivamente,

pelos valores de pressão no interior do poço igual ou maior e igual ou menor pelo qual

ocorrerá a falha da rocha por cisalhamento.

A cada valor de pressão associa-se um gradiente que, expresso em termos de

fluido equivalente, determina valor limite que a densidade do fluido deve assumir de

modo a evitar a falha da rocha.

O gradiente de fratura superior determina o limite superior de valores de

densidade que o fluido de perfuração pode assumir sem que haja falha da rocha por

tração.

O gradiente de fratura inferior determina o limite inferior de valores de

densidade que o fluido de perfuração pode assumir sem que haja falha da rocha por

tração.

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O gradiente de colapso superior determina o limite superior de valores de

densidade que o fluido de perfuração pode assumir sem que haja falha da rocha por

cisalhamento

O gradiente de colapso inferior determina o limite inferior de valores de

densidade que o fluido de perfuração pode assumir sem que haja falha da rocha por

cisalhamento.

A Figura 2.5 apresenta uma janela operacional com os gradientes limitando a

densidade do fluido de perfuração.

Figura 2.5 – Janela operacional de perfuração

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Desta maneira, observa-se que a região corresponde à janela operacional de

perfuração. Esta área se encontra entre os maiores valores entre o gradiente de

pressão de poros (GPP) e o gradiente de colapso (Gcol) e os menores valores entre o

gradiente de fratura (Gfr) e o gradiente de sobrecarga (Gov). O valor de densidade do

fluido de perfuração não deve ultrapassar esses limites, e quando essa densidade

chega próxima do limite, o poço é revestido e em seguida é iniciada uma nova fase da

perfuração.

2.5. Principais problemas associados à perfuração

A perfuração de poços de petróleo é uma operação bastante complexa e está

sujeito à ocorrência de uma série de anormalidades. A descrição dos principais

problemas geomecânicos que podem ocorrer durante a perfuração de um poço

apresentada a seguir é baseada, principalmente nos trabalhos de Tavares (2006) e

Rabelo (2008).

a) Breakout

De acordo com Lee (2004), os breakouts são zonas de falha na rocha

resultantes de altos esforços compressivos. O mesmo autor explicita o mecanismo de

falha para diferentes tipos de rocha, demonstrando a direção mais comum de

ocorrência da falha. A Figura 2.6 apresenta uma vista de superfície de um poço onde

ocorre o fenômeno de breakout.

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Figura 2.6 - Breakout

Lee (2004) conclui em seu trabalho que a dimensão do breakout pode ser um

indicador da magnitude das tensões a que a rocha esteve submetida.

b) Alargamento do poço

O alargamento pode ser definido como um aumento indesejável do diâmetro do

poço. Esse aumento tem como causas principais pressão hidráulica excessiva, devido

ao fluido de perfuração, ação mecânica da coluna, devido a vibrações, e erosão da

formação, devido ao regime de fluxo turbulento.

A tentativa de se estabilizar o estado de tensões utilizando um peso de fluido

excessivo pode provocar uma fratura no poço, resultando em um fluxo indesejado de

fluido de perfuração para dentro da formação.

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Figura 2.7 - Poço com problema de alargamento Fonte: Oilfield Review (1999)

c) Batentes

Batentes são variações freqüentes e bruscas ao longo do poço. Ocorrem,

principalmente, em formações duras ou quando há intercalação entre formações duras

e moles. A ocorrência de batentes cria uma passagem irregular no poço, podendo

avariar equipamento e dificultar as atividades da perfuração.

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Figura 2.8 - Poço com presença de batentes Fonte: Oilfield Review (1999)

d) Chavetas

O atrito da coluna em trechos com inclinação muito elevada pode criar sulcos

com o diâmetro do tubo em uma das paredes do poço, denominados chavetas. Como

esses sulcos têm o diâmetro do tubo de perfuração, a incidência desses sulcos pode

causar dificuldades na passagem de ferramentas durante a movimentação da coluna,

além da mesma poder ficar presa.

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Figura 2.9 - Formação de chavetas na parede do poço Fonte: Oilfield Review (1999)

e) Desmoronamento do poço

O desmoronamento do poço é caracterizado pelo desprendimento de partes ou

blocos de rocha que constituem a parede do poço. Esse tipo de problema é mais

comum em formações com baixa coesão ou muito fraturadas. Uma das principais

causas desse tipo de problema está relacionada à uma pressão hidrostática

insuficiente no interior do poço, comprometendo a sustentação. A conseqüência

primordial é o colapso da parede, seguido de invasão do material colapsado para

dentro do poço. Além de baixa pressão hidrostática, fatores como a ação mecânica da

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coluna sobre a parede, vazão de bombeio excessiva e dissolução de camadas ou

domos salinos podem provocar o desmoronamento do poço.

Figura 2.10 – Desmoronamento do poço Fonte: Oilfield Review (1999)

f) Enceramento da broca

Durante a perfuração, os cascalhos argilosos podem aderir à superfície da

broca de forma a não poderem ser removidos pelo fluido de perfuração. Dessa forma,

a broca pode ficar totalmente coberta por esses cascalhos, impedindo o contato com a

formação. Uma queda brusca na taxa de penetração pode ser um indício de que a

broca esteja encerada.

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g) Entupimento de jatos

O entupimento de jatos é provocado pela entrada de detritos nos orifícios de

jateamento, principalmente quando a circulação está parada. Como resultado do

entupimento, pode ocorrer uma redução na força hidráulica de impacto disponível,

devido a uma perda de carga na broca.

h) Fechamento do poço

O fechamento do poço é caracterizado por uma obstrução parcial ou total do

diâmetro do poço. Existem duas causas principais que culminam nesse tipo de

problema: o inchamento de argilas por hidratação, e a movimentação de formações

que apresentam fluência, como é o caso do sal.

Figura 2.11 - Fechamento do poço por inchamento de argilas e fluência da

formação. Fonte: Oilfield Review (1999)

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i) Kick

O kick é caracterizado por um fluxo repentino de fluido da formação no sentido

do poço. Esse fluxo repentino pode ter como causa uma pressão hidrostática

insuficiente para manter o equilíbrio hidrostático dentro do poço. Além disso, outro

causa provável de kick ocorre quando a broca penetra por zonas de alta pressão.

Caso o kick não seja estancado, ele pode ficar incontrolável, transformando-se num

blow-out.

Figura 2.12 - Poço com problema de kick Fonte: Oilfield Review (1999)

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j) Má limpeza do poço

Esse tipo de problema ocorre quando os detritos de cascalho não são

devidamente carreados, podendo se acumular no espaço anular. Dentre as principais

causas, pode-se citar uma velocidade inferior à velocidade mínima para carreamento

de cascalhos, ou ainda, problemas de desmoronamento e alargamento de poço. O

acúmulo de cascalhos pode também, ser resultado de uma alta taxa de penetração,

onde a quantidade de cascalhos produzidos é superior à quantidade de cascalhos

removidos. Essa acumulação de sedimentos é muito danosa, podendo causar packer

hidráulico e prisão da coluna de perfuração. O problema é agravado se considerarmos

poços perfurados em direções não convencionais. No caso de poços horizontais, por

exemplo, a limpeza do poço é dificultada devido à distribuição irregular desses

sedimentos.

Figura 2.13 - Má limpeza do poço Fonte: Oilfield Review (1999)

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k) Packer hidráulico

O packer hidráulico é caracterizado por uma obstrução no anular, espaço

localizado entre o poço e a coluna de perfuração. Essa obstrução pode ocorrer devido

ao desmoronamento do poço ou má limpeza de sedimentos. Tem como conseqüência

um súbito aumento na pressão de bombeio, e se não for rapidamente remediado,

pode culminar com a prisão da coluna de perfuração.

Figura 2.14 - Packer Hidráulico Fonte: Oilfield Review (1999)

l) Perda de circulação

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A perda de circulação tem como causa principal o influxo de fluidos no sentido

do poço para a formação. Esse fluxo ocorre sob duas condições principais: quando a

rocha possui fraturas e horizontes de alta permeabilidade, quando a pressão exercida

na parede do poço é superior à pressão de poros, ou ainda, quando a pressão na

parede do poço é excessiva, podendo abrir fraturas.

Outro ponto importante a destacar é o fato de que a perda da circulação,

geralmente vem acompanhada de uma perda de pressão hidrostática, deixando assim

as formações superiores do poço mais suscetíveis a desmoronamentos.

m) Prisão diferencial

Uma excessiva pressão diferencial entre o peso de fluido e a pressão da

formação pode criar um mecanismo de sucção que prende a coluna de perfuração. As

chances de esse problema ocorrer aumentam se a coluna está parada, ou se está

perfurando um poço horizontal, onde o contato da coluna com a formação é maior.

Enquanto presa, a coluna perde movimentos axiais e radiais, mas continua capaz de

circular fluido. A intensidade dessa sucção é proporcional ao diferencial de pressão

criado entre a lama e a formação. Manter a coluna sempre em movimento é uma

prática comum para evitar a ocorrência desse problema. Outra alternativa é a

utilização de comandos espiralados para reduzir a superfície de contato entre a coluna

e a formação, criando espaços para que as pressões sejam balanceadas e para que

os sólidos possam fluir.

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37

Figura 2.15 - Prisão por diferencial de pressão

Fonte: Tavares (2006)

n) Quebra do BHA (vibração da coluna)

A vibração da coluna de perfuração é causa principal de quebra do BHA

(Bottom Hole Assembly). O BHA é definido como a configuração de ferramentas

utilizada na extremidade da coluna de perfuração. Essa vibração pode ocorrer no

sentido axial (bit bouncing) ou no sentido lateral (whirling). Essa vibrações provocam

taxas de rotação irregulares e choques do BHA contra as paredes do poço, agravando

a estabilidade e causando avarias no equipamento.

o) Washout

O washout é caracterizado por um pequeno vazamento no sistema, provocado

por um furo na coluna de perfuração. A conseqüência desse furo é uma redução

progressiva na pressão de bombeio, à medida que o diâmetro do furo aumenta. Esse

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38

vazamento pode inclusive corroer o local onde o fluido passa da coluna para a

formação, danificando o equipamento.

Os problemas descritos anteriormente apresentam uma visão geral de como o

processo de perfuração pode-se complicar (Rabelo 2008). É importante notar que a

maioria deles são conseqüências de aspectos ligados às características da formação,

como permeabilidade e porosidade e, principalmente, ao estado de tensões associado

a uma situação específica.

Conhecidos os principais problemas de perfuração, o próximo item apresenta

alguns aspectos da perfuração direcional, bom como geometrias principais de poço.

2.6. O projeto de poços direcionais

A perfuração direcional cresceu muito nos últimos 50 anos. De acordo com

Rocha et. al., propor uma perfuração direcional nos anos 60 era algo que exigia muita

ousadia, pois não havia estudos nem equipamentos necessários para garantir o

sucesso da operação. Atualmente, Com novas técnicas e equipamentos, a perfuração

direcional atingiu altos patamares na proporção de poços perfurados.

Dentre as principais vantagens desse tipo de operação, destacam-se:

diminuição do impacto ambiental, visto que há uma menor área

degradada;

redução de custos, principalmente em ambientes offshore, onde os

custos de aluguel de sonda são altíssimos e, com a utilização dessa

técnica, pode-se ter uma sonda com vários poços perfurados

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aumento da produtividade, pois o poço horizontal em um reservatório

aumenta a área de contato, aumentando a produção.

Esses são apenas alguns motivos que justificam o fato de a engenharia de

perfuração ter sido um dos campos da indústria do petróleo que mais evoluiu nos

últimos anos.

2.6.1. Aspectos da perfuração direcional

De acordo com Couto (2009), uma perfuração tem início após ter sido feito um

estudo baseado no mapeamento da área a ser explorada. Dados sísmicos são

interpretados formando um mapa estratigráfico, que fornece os possíveis locais onde

se encontram os hidrocarbonetos e as camadas geológicas de rochas. Tendo como

referência esse mapa, são definidos o objetivo, que é o ponto no espaço que o poço

deve atingir, e o alvo, que é uma área ao redor do objetivo definida por um raio de

tolerância.

Após definidas a duas extremidades do poço (sonda e alvo), é iniciado o

planejamento direcional, que é realizado com base em duas etapas restritivas: A

primeira, leva em conta a proposição de diferentes trajetórias economicamente viáveis

e a segunda inclui os efeitos da geologia no projeto.

Outro fator importante a ser analisado é a montagem das ferramentas de

perfuração. A direção do poço deve respeitar o ângulo máximo a que uma ferramenta

pode estar sujeita, para que não haja problemas de engaste e travamento.

Segundo Bourgoyne et. al.(1991), a trajetória do poço pode ser classificada em

quatro configurações diferentes, como apresentado na Figura 2.16:

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40

Figura 2.16 - Diferentes tipos de trajetórias de poços direcionais Fonte: Bourgoyne (1991)

Antes de descrever cada tipo de trajetória, alguns conceitos devem ser

abordados, como:

B.U.R. (Build Up Rate): é a taxa de ganho de inclinação na trajetória do poço.

Seção tangente ou slant: é a seção do poço onde a inclinação é mantida até

atingir o objetivo ou até uma nova seção de ganho ou perda de ângulo.

KOP (Kickoff point): é definido como o começo do ganho de ângulo na seção

Drop Off: é o trecho do poço que apresenta uma inclinação negativa.

Observando a figura 4.4, define-se como trajetórias:

A - Build and Hold: apresenta ganho de BUR com apenas um KOP e depois

uma seção slant até atingir o alvo

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B - Build, Hold and Drop: apresenta, após a seção slant um BUR negativo, até

atingir o alvo. O alvo, nesse tipo de trajetória, é atingido ainda com um ganho ou perda

de inclinação. É conhecida como Tipo "S" modificada.

C - Configuração também conhecida como Tipo "S", atinge o alvo em uma

direção vertical.

D - Continuous Build: Apresenta uma seção de BUR constante até a chegada

ao alvo.

Os exemplos de poços perfurados apresentados até agora apresentam apenas

duas variáveis, por estarem sendo tratados em um plano: profundidade e afastamento.

A profundidade pode ser classificada como vertical e medida. A vertical é definida

como a distância vertical da mesa rotativa até um ponto do poço e a medida é a

distância percorrida pela broca para atingir a profundidade desejada. O afastamento é

definido como a distância horizontal entre a cabeça do poço e o objetivo. A Figura

2.17 apresenta esses conceitos:

Figura 2.17 - Profundidade Vertical, Profundidade Média e Afastamento

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Além de profundidade e afastamento, quando se considera um projeto

tridimensional de perfuração direcional, o poço não segue o mesmo plano. Nesse

caso, há uma mudança no azimute, que é o ângulo que a direção do poço toma com

relação à direção norte.

O projeto básico do poço passa pelas definições apresentadas nessa sessão.

Um detalhamento maior do projeto de poço pode ser encontrado em Rocha et. al.

(2007).

Este capítulo apresentou alguns princípios básicos da perfuração, problemas

que podem ocorrer durante esse processo e aspectos do projeto de poço. O próximo

capítulo apresenta os princípios de mecânica do contínuno que serviram de base para

a implementação computacional realizada durante o trabalho.

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43

Capítulo 3

Fundamentos da Mecânica do

Contínuo

3.1. Introdução

A mecânica de um meio contínuo é um ramo da mecânica relacionado às

tensões em sólidos, líquidos e gases e a deformação ou fluxo nesses elementos

(Malvern,1969).

O presente capítulo apresenta os princípios básicos necessários ao

entendimento da mecânica do contínuo não linear. Primeiramente é apresentada a

cinemática dos corpos deformáveis, onde se insere a contribuição desse trabalho, que

é a implementação da formulação lagrangeana total. Em seguida, são descritos o

equilíbrio e medidas de tensão relacionadas a materiais elásticos. Logo após, são

introduzidos alguns fundamentos da plasticidade computacional, bem como

elastoplasticidade em materiais. Então, um breve histórico sobre critérios de

escoamento é apresentando, com ênfase ao utilizado no presente trabalho, que é o de

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Mohr-Coloumb. Por fim, é apresentada a superfície de escoamento tridimensional

denominada cap model.

3.2. Cinemática dos corpos deformáveis

Segundo Bonet (1997), a cinemática é definida como o estudo do movimento e

da deformação, sem referência a uma causa. A descrição desse movimento é definida

como lagrangeana quando acompanha o caminho de uma partícula material em um

corpo ao longo do tempo. Dependendo do referencial, a descrição pode ser definida

como lagrangeana total ou atualizada. O presente trabalho utiliza a descrição

lagrangeana total, o que significa que todas as medidas e transformações no corpo

têm como referência a configuração inicial do mesmo.

A Figura 3.1 demonstra o movimento de um corpo deformável no espaço.

Figura 3.1 - Movimento de um corpo deformável no espaço Adaptado de Bonet (1997)

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45

Tal corpo é formado por várias partículas, rotuladas por X, que têm suas

posições de referência representadas pelo vetor X , tendo como referencial uma base

cartesiana representada por IE , e posições iniciais no instante 0t . De uma forma

geral, as posições correntes desse corpo em um dado instante de tempo t , são

representadas pelo vetor de posições x em uma base cartesiana Ie . Admitindo-se

que as bases IE e Ie são coincidentes, o movimento pode ser matematicamente

descrito através do mapeamento entre as posições de referência e corrente do

corpo como:

),( tXx (3.1)

Ainda, a equação 3.1 define a trajetória de uma partícula X qualquer do corpo

em função do tempo t .

Pode-se dizer que, o deslocamento da partícula de acordo com o mapeamento

expresso acima, é dado por

XtXtXU ),(),( (3.2)

onde U representa a diferença de posições da partícula entre a configuração corrente

e a configuração de referência.

3.2.1. Medidas de Deformação

De acordo com Petrinic (2005), deformações, sejam elas plásticas ou elásticas,

podem variar sua magnitude em problemas de engenharia. O autor cita exemplos de

problemas em que a deformação é infinitesimal, e problemas em que a deformação

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final do corpo atinge até três vezes a magnitude necessária para alcançar seu

escoamento. De acordo com Zienkiewicz (2006), uma medida básica de deformação é

dada pelo gradiente de deformação com relação a X , de modo que:

X

F (3.3)

sujeita à condição de que:

0det FJ (3.4)

Onde J representa o operador jacobiano de transformação e a satisfação da

condição 3.4 garante que a função que define o mapeamento da partícula seja

inversível.

O gradiente definido pela equação 3.3 é uma medida direta que mapeia um

elemento diferencial representado por uma linha, por exemplo, um vetor, da

configuração de referência para a configuração corrente. Simplificando, de acordo

com Petrinic (2005), o gradiente de deformação fornece uma descrição completa da

deformação em um corpo, o que inclui alongamentos e movimentos de corpo rígido.

Definido o gradiente de deformação, faz-se necessário utilizar um tensor que

seja adequado para expressar as deformações no corpo em uma formulação

lagrangeana total.

Para definir o tensor deformação de Green, utiliza-se o tensor deformação

direito de Cauchy-Green, que em função do gradiente de deformação, é definido da

seguinte maneira:

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FFC T (3.5)

Utilizando-se a relação 3.5, o tensor deformação de Green é definido como:

IFFICE T

2

1

2

1 (3.6)

O gradiente de deformação também pode ser escrito em função dos

deslocamentos, de modo que:

IX

U

X

XU

XF

)( (3.7)

Substituindo a equação 3.7 no tensor deformação de Green, tem-se:

JKIKIJJIIJ UUUUE ,,,,2

1 (3.8)

Logo, em se tratando da formulação lagrangeana total, utiliza-se o tensor de

Green como medida de deformação.

3.3. Equilíbrio

Segundo Malvern (1969), de maneira geral, o princípio da conservação da

quantidade de movimento pode ser descrito da seguinte maneira: considerando um

grupo finito de partículas, a taxa de mudança da quantidade de movimento total desse

grupo é igual à soma vetorial de todos os esforços externos atuando nas partículas

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desse grupo, desde que as forças internas sejam regidas pela terceira lei de Newton

de ação e reação. No caso especial do equilíbrio estático, a aceleração no corpo é

igual a zero.

3.3.1. Medidas de Tensão

A Figura 3.2 apresenta um corpo na configuração corrente (deformada):

Figura 3.2 - Vetor tensão t na configuração deformada Fonte: Bonet (1997)

O conceito de vetor tensão t

pode ser explicitado da seguinte maneira:

Considera-se um ponto p

em um elemento de área a com normal n . Se a

resultante de forças agindo sobre essa área é delta p , o vetor tensão t

correspondente à normal n no ponto p pode ser definido como:

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49

a

p

ant

0

lim)(

onde a relação entre t e n deve ser tal que satisfaça a terceira lei de Newton, que é

expressa como:

)()( ntnt

Bonet (1997) define o tensor de Cauchy , através da relação entre a normal

n e vetor tensão t, da seguinte maneira:

nnt )( (3.9)

Quando um corpo arbitrário apresenta-se em sua configuração deformada,

utiliza-se como medida o tensor de tensões de Cauchy, representado por ij . Como o

presente trabalho utiliza a formulação lagrangeana total, todas as transformações e

medidas do corpo são realizadas com relação à configuração de referência, ou

indeformada. Dessa maneira, utiliza-se o segundo tensor de Piolla-Kirchoff,

representado por ijS .

Ambos os tensores possuem nove componentes. Devido à simetria desses

tensores, os mesmos podem ser descritos por seis componentes. A representação do

2º tensor de tensões de Piolla-Kirchoff pode ser dada como:

T

SSSSSSS 312312332211 ,,,,, (3.10)

A dedução desses tensores pode ser encontrada em Malvern (1969) e Bonet

(1997).

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50

A correlação entre o tensor de Cauchy e o 2º tensor de Piolla-Kirchkoff pode

ser feita da seguinte maneira:

TFSFJ 1 (3.11)

onde J representa o operador jacobiano de transformação e F o gradiente de

deformação.

3.3.2. Equações de Equilíbrio para a formulação Lagrangeana Total

Embora as equações de equilíbrio possam ser encontradas em várias

referências, citando aqui Bathe (1996), Zienkiewicz (2000) e Crisfield (1997), não é

objetivo fazer uma comparação entre elas. Apesar de todas terem sido consultadas,

optou-se por apresentar aqui a explicitada por Zienkiewicz (2000). Isto devido ao fato

deste autor ser uma das principais referências bibliográficas do trabalho e de a

aproximação por elementos finitos durante o trabalho ter sido desenvolvida baseada

no mesmo autor.

Segundo Bonet (1997), materiais que apresentam comportamento constitutivo

apenas como função do seu estado de deformação são considerados elásticos. Em

outras palavras, o material elástico pode ser definido de acordo com uma função de

energia de deformação. Dessa maneira, o equilíbrio de um corpo na configuração de

referência pode ser descrito através da minimização de um funcional, dado por:

extIJ dVEW )( (3.12)

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onde )( IJEW representa a função de energia de deformação por unidade de volume

armazenada no sistema.

O segundo tensor de Piola-Kirchhoff pode ser calculado da seguinte maneira:

IJ

IJE

WS (3.13)

Utilizando-se de uma relação constitutiva elástica linear, e considerando o

material isotrópico, a relação entre o segundo tensor de Piolla-Kichhoff e tensor

deformação de Green pode ser dada por:

KLIJKLIJ EDS (3.14)

onde IJKLD é o tensor constitutivo elástico linear.

Apesar da relação 3.12 não ser adequada para tratar deformações finitas, de

acordo com Crisfield (1997), a mesma pode ser usada para deformações infinitesimais

e deslocamentos finitos.

Para que um corpo esteja em equilíbrio, deve-se minimizar a energia potencial

do sistema. Essa minimização é alcançada quando a variação da energia do sistema,

apresentada pela equação 3.12, é igual a zero, de acordo com a seguinte relação:

0extWdV (3.15)

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onde representa a variação da energia total do sistema, W a variação da

energia interna armazenada do sistema e ext a variação da energia externa do

sistema.

A energia externa do sistema pode ser entendida como o potencial relacionado

ao trabalho externo realizado, sendo representado por:

t

II

m

IIext dSTUdVbU )(

0 (3.16)

onde IU representa uma variação de deslocamento na configuração de referência, o

primeiro termo do lado direito da equação representa os esforços no volume, e o

segundo termo da direita representa um esforço T , aplicado a um contorno t .

De acordo com Zienkiewicz (2000), se a equação da variação da energia é

satisfeita para um deslocamento virtual arbitrário IU, então a mesma equação é

satisfeita no balanço da quantidade de movimento em cada ponto do corpo, inclusive

no contorno.

Por fim, Zienkiewicz (2000) apresenta a equação variacional da formulação

lagrangeana total como:

0, )(

0

t

dSTNSFudVbSFu IiIIIJiJi

m

IiIIIJiJi (3.17)

onde a primeira integral representa os esforços no volume e a segunda integral os

esforços no contorno t . Uma descrição detalhada da origem das equações de

equilíbrio e potencial pode ser encontrada em Simo (1997) e Bonet (1997).

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3.4. Elementos da Teoria de Plasticidade

3.4.1. Introdução

De acordo com Hill (1950), o estudo científico da plasticidade teve início com o

trabalho de Tresca, em 1864. No entanto, o trabalho de Tresca se relacionava ao

escoamento de metais, sendo que antes de 1864, outros critérios foram propostos

para diferentes materiais. Em 1773 Coulomb propôs um critério de escoamento para

sólidos, que é a base do critério utilizado nesse trabalho. De acordo com Bazant

(2002), o regime plástico é caracterizado por deformações permanentes no corpo.

Souza Neto (2008) apresenta o aspecto fenomenológico da plasticidade de acordo

com a Figura 3.3:

Figura 3.3 - Experimento uniaxial de tensão em metais dúcteis Fonte: Souza Neto (2008)

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54

A Figura 3.3 apresenta uma curva tensão x deformação gerada por um teste

de tensão uniaxial realizado com uma barra de metal, onde a tensão axial é plotada

em relação à deformação axial . A barra é submetida a um carregamento que evolui

uniformemente na direção axial, gerando tensão axial que vai de 0 a um valor prescrito

0 . Então, a barra é descarregada e carregada novamente até o valor prescrito 1 . A

curva segue o caminho O0Y0Z0O1Y1Z1. Descrevendo cada trecho, observa-se o

comportamento elástico no trecho O0Y0, ou seja, se o carregamento cessar enquanto

nesse trecho, a barra volta à sua configuração inicial. Entre o segmento Y0Z0, observa-

se uma mudança na inclinação da curva, e se após o ponto Z0 o carregamento cessar,

a barra volta para uma configuração O1, diferente da configuração O0. Isso significa

que deformações permanentes ocorreram em sua estrutura, ou seja, houve

plastificação. Esse estado deformado é representado por p . Se o carregamento é

aplicado novamente, a estrutura parte de seu estado deformado O1 até uma fase

elástica limitada por Y1 e, após esse ponto, mais deformações permanentes irão

ocorrer no material.

Através desse tipo de experimento, pode-se observar a existência de um

domínio elástico, representado pelos segmentos O0Y0 e O1Y1. Após a fase elástica, a

curva passa pelos pontos Y0 e Y1, definidos como limite de escoamento. A partir desse

ponto, o material estará submetido a deformações plásticas.

A intenção deste trabalho não é apresentar uma teoria detalhada do fenômeno

da plasticidade, mas sim, princípios importantes para que seja possível o

entendimento do contexto da plasticidade no trabalho. Outro ponto importante a

ressaltar é que a plasticidade é tratada em regime de pequenas deformações. Uma

descrição detalhada desse fenômeno pode ser encontrada em Hill (1950), Souza Neto

(2008) e Hughes(1997).

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3.4.2. Princípios Básicos

Os princípios básicos da teoria de plasticidade podem ser apresentados da

seguinte maneira:

a) Princípio da aditividade:

Este princípio estabelece a validade da aditividade das deformações, ou seja, o

incremento de deformação total pode ser decomposto em uma parcela elástica e uma

plástica.

pe (3.18)

onde corresponde ao incremento de deformação total, e é a parcela elástica e p

é a parcela plástica.

b) Relação Tensão –Deformação

A relação Tensão-Deformação é dada pela relação:

pD : (3.19)

onde é o incremento de tensão e D é o tensor constitutivo elástico linear.

c) Critério de escoamento

Sendo E o espaço de tensões admissível, defini-se:

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0fSE (3.20)

onde

f representa uma função conhecida como condição de escoamento e

S o espaço de tensores de segunda ordem. Ao final de cada incremento, as tensões

devem estar dentro do limite definido pelo critério de escoamento. Esse limite define

uma superfície de escoamento, como mostra a Figura 3.4:

Figura 3.4 - Espaço de tensões admissível

d) Lei de Fluxo

Os incrementos de deformação são definidos a partir de um potencial plástico,

dado por:

Qp (3.21)

onde 0 é denominado fluxo plástico e Q é o potencial plástico.

e) Condições de Kunh-Tucker ou de complementaridade:

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57

Tem-se f como condição de escoamento e como fluxo plástico, pode-se

dizer que:

00

0.

f

f

(3.22)

ou seja, se há fluxo plástico ( 0 ), o campo de tensões permanece na superfície de

escoamento ( 0f ). De outra forma, se o campo de tensões se encontra dentro do

limite de escoamento ( 0f ), não há fluxo plástico ( 0 ).

f) Condição de consistência (persistência):

Dadas as condições de Kunh-Tucker, pode-se afirmar que:

0. f (3.23)

3.4.3. Endurecimento

A plasticidade perfeita é definida como um estado onde a tensão de

escoamento não depende de maneira alguma do grau de plastificação. Porém, na

natureza esse estado não existe, sendo que após um material atingir um escoamento

inicial, o nível de deformação é dependente da deformação plástica, caracterizando o

que se chama de endurecimento (Hinton, 1980).

O endurecimento pode ocorrer em diferentes estados. A Figura 3.5 apresenta

a plasticidade perfeita.

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58

Figura 3.5 - Plasticidade perfeita

A Figura 3.6, apresenta uma expansão uniforme da curva do escoamento

original, sem translação, representando um endurecimento isotrópico.

Figura 3.6 - Endurecimento Isotrópico

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59

A Figura 3.7 apresenta uma superfície de escoamento que preserva sua forma

e orientação, mas translada no espaço, caracterizando o endurecimento cinemático.

Figura 3.7 - Endurecimento cinemático

3.4.4. Critério de Escoamento de Mohr-Coulomb

Dependendo do tipo de material que se queira analisar, é necessário definir

um critério de escoamento condizente com o comportamento do mesmo. Nesse

contexto, os materiais apresentam regiões dúcteis e frágeis. De acordo com Hantschel

(2009), materiais frágeis se rompem logo que sua máxima tensão admissível é

atingida, ou seja, apresentam uma pequena região dúctil. Já materiais dúcteis

apresentam uma região dúctil maior antes de se romperem.

A Figura 3.8 apresenta a curva tensão x deformação de um ensaio uniaxial de

compressão um material qualquer, destacando as regiões plástica e elástica.

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60

Figura 3.8 - Ensaio uniaxial (adaptado de Risnes,2008)

A Figura 3.9 apresenta um gráfico que ilustra a diferença entre materiais

dúcteis e frágeis, correlacionando tensão ( ) e deformação ( ).

Figura 3.9 - Curva Tensão x Deformação ( x ) para materiais dúcteis e frágeis

(adaptado de Rocha, 2007)

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61

O comportamento do material também pode variar dependendo do nível de

tensões confinantes que atuam sobre ele. Esse comportamento é ilustrado pela

Figura 3.10.

Figura 3.10 - Comportamento do material com o aumento da tensão confinante (adaptado de Risnes, 2008)

Em se tratando da magnitude do esforço a que um material é submetido, este

poderá atingir o seu limite de escoamento e começar a plastificar. Através de ensaios

em laboratório, são definidos para cada material, um critério que represente esse

limite. Para o aço, por exemplo, os critérios mais utilizados são Von Mises e Tresca.

No caso de rochas, um dos critérios mais utilizados é o de Mohr-Coulomb. A principal

característica desse critério é o fato de ele ser dependente da pressão hidrostática,

parâmetro importante na análise de rochas (Souza Neto, 2008). Tal critério se baseia

nos círculos de Mohr que descrevem diferentes estados de tensões, utilizando as

tensões principais mínima e máxima.

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62

De acordo com Goodman (1989), os parâmetros que definem o círculo de Mohr

são a coesão, representada por S0, o ângulo de atrito, definido por , e a diferença

entre as tensões mínima e máxima. A curva que define a ruptura tem angulação

definida por e corta o eixo y no valor do parâmetro de coesão, S0. Pode-se dizer que

houve ruptura quando a diferença entres as tensões principais máxima e mínima gera

um círculo que toca a curva que define o critério de ruptura. Qualquer círculo que

esteja abaixo dessa curva define uma região elástica, e acima dessa curva, um estado

de tensões inadmissível. A Figura 3.11 apresenta vários círculos de Mohr que tocam a

curva limite, indicando a ruptura.

Figura 3.11 - Círculos de Mohr para diferentes estados de tensão (adaptado de Rocha, 2007)

Dependendo do material, essa curva pode ser visualizada como uma reta, que

tem equação definida como:

tan0S (3.24)

Onde define a tensão cisalhante e a tensão principal.

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63

3.4.5. Cap - Model

O critério de Mohr Coloumb pode ser representado tridimensionalmente

através de uma superfície no espaço de tensões principais, como mostra a Figura

3.12.

Figura 3.12 - Superfície de Mohr Coloumb representada no espaço de tensões principais - Fonte: Risnes (2008)

Através da Figura 3.12, pode-se perceber que a superfície de escoamento

aumenta infinitamente ao longo do eixo hidrostático. Dessa maneira, essa mesma

superfície pode representar estados de tensão equivocados na análise. Isso se deve

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64

ao fato de que, para rochas por exemplo, pode ocorrer um fenômeno denominado

poro colapso.

De acordo com Risnes (2008), o poro colapso é um modo de falha

normalmente observado em materiais altamente porosos, onde o esqueleto formado

pelos grãos possui espaços vazios. Quando o material é comprimido, os grãos podem

se romper e se rearranjar nos espaços dos poros, resultando em material compactado.

Para poder representar esse fenômeno na superfície de escoamento, Guevara

(2006) implementou em seu trabalho uma superfície de escoamento tridimensional

baseada no critério de Mohr Coulomb, que é limitada por uma superfície denominada

Cap Model. Dessa maneira, é possível impor um limite aos estados de tensão no

material, não permitindo que eles evoluam infinitamente ao longo do eixo hidrostático.

Qualquer estado de tensão que esteja na superfície indica que o material entrou em

regime plástico. Estados de tensão fora desse limite são inadmissíveis. Estados de

tensão dentro desse limite, mas que não se encontram na superfície indicam regime

elástico.

Baseando-se nos trabalhos de Rubin (1991), Schwer e Murray (1994) e Arão

(2004), Guevara (2006) apresenta em seu trabalho as equações que delimitam a

superfície de escoamento como:

),()()(),,( 11

22

221 kIFIFrJkJIf cf (3.25)

sendo as funções fF e cF definidas, respectivamente, por

111)( IeIF

I

f (3.26)

e

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65

,

)()(

)(1

,1

),(2

2

11

kLkX

kLIkIFc)(

)(

1

1

kLI

kLI (3.27)

onde , , são parâmetros de ajuste do cisalhamento, X(k) e L(k) são os

valores que definem os limites do arco de elipse que define o cap. 1I , 2J e 3J são,

respectivamente, o primeiro, o segundo e o terceiro invariante de tensões. O limite de

escoamento com o cap no plano é representado pela Figura 3.13:

Figura 3.13- Limite de escoamento com cap representado no plano

Seja o ângulo que se relaciona ao ângulo de Lode pela relação

2

2

3

3

3 3,2

27ˆ3sinˆ3cos JJ

J e

e

(3.28)

)(r é a função que define a forma da interseção da superfície de ruptura com

o plano octaédrico, dada por:

)sin()1(3)cos()1(

3)(

22

2

QQ

Qr (3.29)

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66

sendo que:

sin3

sin32Q (3.30)

Desta forma, o limite de escoamento utilizado nesse trabalho constitui-se de

uma superfície de ruptura por cisalhamento de Mohr-Coulomb associada a um cap

elíptico, que no plano octaédrico possui a mesma forma que a superfície de Mohr-

Coulomb. A Figura 3.14 apresenta essa superfície de escoamento:

Figura 3.14- Superfície de escoamento delimitada pelo Cap - Model

O capítulo 3 apresentou os princípios de mecânica do contínuo que serão

utilizados para a implementação do programa de elementos finitos PoroNL. Foram

demonstradas a cinemática de corpos deformáveis, equilíbrio, além de princípios

básicos de plasticidade, critérios de escoamento e superfície de escoamento. Todos

esses elementos constituem a base matemática para o que será demonstrado no

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67

capítulo 4, que é a aproximação da formulação lagrangeana total pelo método dos

elementos finitos. O capítulo 4 ainda descreve o método de solução utilizado.

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68

Capítulo 4

Aproximação por Elementos

Finitos

4.1. Introdução

Em se tratando da aproximação por elementos finitos, o presente trabalho pode

ser contextualizado como uma extensão do código desenvolvido até o momento por

Guevara (2006). A principal diferença se dá no cálculo dos deslocamentos durante a

fase elástica. No trabalho de Guevara (2006), são considerados deslocamentos

infinitesimais. Já no presente trabalho, deslocamentos finitos são considerados, ou

seja, o código implementado tem a capacidade de oferecer uma resposta não linear de

deslocamentos, dependendo das condições de contorno e carregamento. Como o

presente trabalho utiliza uma formulação lagrangeana total, também foi necessária a

implementação de um método de solução diferente do utilizado por Guevara (2006).

Este capítulo apresenta a aproximação por elementos finitos da formulação

lagrangeana total, o método de solução implementado e o programa PoroNL.

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69

4.2. Contextualização

Guevara (2006) considera a não-linearidade física e deslocamentos

infinitesimais. Para tal, utiliza como método de solução o Newton Raphson Modificado.

A opção pela utilização desde método é feita considerando que, em deslocamentos

infinitesimais, a matriz de rigidez é calculada e armazenada apenas uma vez.

Como o desenvolvimento do trabalho foi feito baseado no código de Guevara

(2006), um dos primeiros problemas foi encontrar um método de solução adequado ao

tratamento de deslocamentos finitos. No código de Guevara (2006), a rigidez tangente

é calculada apenas uma vez, por se tratar um código que considera comportamento

linear na fase elástica. Em se tratando de deslocamentos finitos na formulação

lagrangeana total, não é possível utilizar a mesma rigidez tangente a cada iteração.

Logo, optou-se pelo uso do método Newton Raphson Full, que será explicado mais

adiante. Dessa forma, a cada iteração na rotina de solução do programa, uma nova

rigidez tangente é calculada.

Outro problema crucial que teve que ser resolvido foi o desenvolvimento

computacional da formulação apresentada pela bibliografia. Para a verificação da

formulação implementada, utilizou-se o software ADINA para comparar os resultados

obtidos. Dessa forma, descobriu-se que, para que os resultados coincidissem, uma

pequena modificação deveria ser feita no cálculo da variação da deformação, de

acordo com a bibliografia apresentada por Zienkiewicz (2000). Provavelmente pode ter

ocorrido um erro de impressão, e a variação da deformação corrigida será

apresentada adiante.

Além disso, após identificado esse detalhe, foi executado um trabalho de

comparação entre a formulação apresentada por Zienkiewicz (2000), Bathe (1996) e

Crisfield (1991). Outras referências como Ogden (1984), Petrinic (2005) e Bonet

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70

(1997) também foram analisadas no sentido de analisar a formulação proposta por

Zienkiewicz (2000) e fazer as correções necessárias no código computacional.

Dessa forma, o presente capítulo apresenta a aproximação por elementos

finitos para a formulação lagrangeana total apresentada por Zienkiewicz (2000), já com

a equação correspondente à variação da deformação corrigida. É apresentado

também o método Newton Raphson Full, apresentado pelo mesmo autor e por Heath

(1997).

4.2.1. Aproximação por elementos finitos

De acordo com Owen (1977), no método dos elementos finitos o contínuo é

dividido em um número finito de partes denominados elementos. Esse elementos são

conectados entre si ao longo de suas periferias por um número finito de nós,

conhecidos como pontos nodais.

Em se tratando de problemas estruturais, a incógnita que se quer conhecer é o

deslocamento, ou seja, deseja-se saber qual será o valor do deslocamento em cada

nó. Dessa maneira, o campo de deslocamentos em cada elemento pode ser

aproximado pelo somatório:

ii uNu ~ (4.1)

onde, na forma isoparamétrica, ,, representam as coordenadas naturais

em três dimensões e N representa a função de forma, ou função de interpolação,

associada a um nó .

Owen (1977) afirma que as deformações podem ser calculadas através da

relação:

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71

uBE (4.2)

onde B representa uma matriz de transformação, ou operador diferencial, que

geralmente é composta pelas derivadas das funções de forma. De forma análoga,

para a formulação lagrangeana total, Zienkiewicz (2000) apresenta a relação (4.2)

como:

uBBE nll ~)2

1( (4.3)

onde o operador diferencial B é substituído por uma parcela linear lB e uma

parcela não linear nlB .

A parcela linear lB é representada por:

1,3,

2,3,

1,2,

3,

2,

1,

0

0

0

00

00

00

NN

NN

NN

N

N

N

B l (4.4)

e a parcela não linear nlB é representada por:

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72

3,1,31,3,33,1,21,3,23,1,11,3,1

2,3,33,2,32,3,23,2,22,3,13,2,1

1,2,32,1,31,2,22,1,21,2,12,1,1

3,3,33,3,23,3,1

2,2,32,2,22,2,1

1,1,31,1,21,1,1

NuNuNuNuNuNu

NuNuNuNuNuNu

NuNuNuNuNuNu

NuNuNu

NuNuNu

NuNuNu

B nl (4.5)

sendo que as derivadas do campo de deslocamento na configuração de

referência podem ser escritas na forma

iIIi uNu ~,, (4.6)

onde Iiu , representa as derivadas de deslocamentos u, v e w nas direções x, y

e z.

Finalmente, de forma completa, a variação do tensor de Green apresentado no

capítulo 3, pode ser calculada matricialmente como:

3

2

1

3,311,1,13,211,233,1,11,13

2,3,33,322,233,2,22,133,12

1,322,311,2,22,211,122,1,1

3,3,33,233,13

2,322,2,22,12

1,311,211,1,1

~

~

~

2

1)

2

11(

2

1

2

1)

2

11(

2

1

)2

11(

2

1

2

1)

2

11(

2

1

2

12

1

2

1)

2

11(

2

1

2

1)

2

11(

)2

11(

2

1

2

12

1)

2

11(

2

12

1

2

1)

2

11(

u

u

u

NuNuNuNuNuNu

NuNuNuNuNuNu

NuNuNuNuNuNu

NuNuNu

NuNuNu

NuNuNu

E

(4.7)

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73

Obs.: Na referência Zienkiewicz (2000), equação acima aparece de maneira

que os termos não lineares não são multiplicados por 2

1. Após a implementação e a

verificação do programa, foi possível perceber que a forma correta de expressar o

tensor de variação de deformação é a apresentada na relação 4.7.

Calculada a deformação, o segundo tensor de tensões de Piolla-Kirchoff pode

ser relacionado com o tensor deformação de Green da seguinte forma:

KLIJKLIJ EDS (4.8)

onde D representa o já citado tensor constitutivo elástico linear.

A equação variacional da formulação lagrangeana total pode ser escrita para a

aproximação por elementos finitos da seguinte forma:

0)ˆ()~( fSdVBu TT (4.9)

onde B̂ representa o operador diferencial não linear, que é resultado da soma:

nll BBB̂ (4.10)

e as forças externas são determinadas por ext como:

t

m dSTNdVbNf )(

0 (4.11)

onde )(mb e T representam a forma matricial dos vetores de forças no volume e no

contorno, respectivamente.

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74

A rigidez tangente é calculada pela soma de três termos de acordo com a

seguinte relação:

LGMT KKKK (4.12)

O primeiro termo, MK , corresponde à rigidez material, que é calculada pela

equação:

dBDBK T

Mˆˆ (4.13)

onde B̂ já representa o operador não linear como apresentado na relação 4.10,

e D é a matriz constitutiva elástico-linear.Como se trata de uma análise não-linear, a

cada iteração a rigidez material é atualizada.

O termo geométrico, GK , é implementado devido ao aparecimento de rigidez

geométrica, conseqüência de estados de tensão anteriores na estrutura. Como se

trata de uma análise não linear, a cada iteração tem-se um novo estado de tensão na

estrutura. O termo GK, que também é atualizado a cada iteração, é definido como:

IGKG (4.14)

onde I é a matriz identidade e G o termo geométrico definido como:

dNSNG JIJIa ,, (4.15)

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75

O termo LK representa a rigidez tangente relativa a mudança de carregamento

durante a deformação. O termo LK é desconsiderado na análise, pois assume-se que

não há mudança no carregamento durante a deformação.

Durante o ciclo iterativo, a atualização da força interna é feita utilizando o

operador não linear B̂ e o segundo tensor de Piola Kirchoff S , de modo que:

SdBfi Tˆ (4.16)

Por fim, como todos os cálculos são efetuados com relação à configuração de

referência, inclusive o de tensões, após a convergência, é necessário que se obtenha

uma resposta condizente com a configuração deformada. Para tal, medida de tensão

de Piola Kirchoff é transformada para Cauchy, de acordo com a relação 3.11,

apresentada no capítulo 3, de modo que:

TFSFJ 1 (4.17)

Essa operação permite que ao fim da análise, apesar de todos os cálculos

terem sido feitos com relação à configuração indeformada, a medida final de tensão é

transformada para um valor referente à configuração deformada.

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76

4.3. Método de Solução

4.3.1. Processo Incremental Iterativo

O equilíbrio do sistema pode ser avaliado através da equação de equilíbrio:

0)( FuP (4.18)

onde P(u) representa as forças internas resistentes e F as forças externas.

Analogamente, pode-se escrever que o equilíbrio como minimização de um

resíduo 1 , de modo que:

0)()( iii FuPu (4.19)

Para que essa relação seja satisfeita, a aplicação de um método iterativo

adequado faz-se necessária. Pelo método Newton Raphson, a relação 4.19 pode ser

aproximada como:

01

1

1

1

i

n

i

n

i

n

i

n daa

aa (4.20)

Onde as iterações i começam a ser contadas a partir de

nn aa1

1 (4.21)

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77

sendo que na é a solução convergida do passo anterior. A matriz de rigidez

correspondente à direção tangente é dada por:

aa

PKT (4.22)

A correção iterativa é dada por:

i

n

i

n

i

T daK 1 (4.23)

Reescrevendo a equação 4.23, temos:

i

n

i

T

i

n Kda 1

1 (4.24)

Uma série de aproximações sucessivas resulta em

i

nn

i

n

i

n

i

n aadaaa 11

1

1 (4.25)

onde

i

k

k

n

i

n daa1

(4.26)

A Figura 4.1 apresenta uma ilustração do método Newton Raphson.

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Figura 4.1 - Método Newton Raphson Fonte: Zienckiewicz (2000)

A convergência do método é avaliada com base na tolerância estabelecida

para às normas relativas, de modo que:

uk

m

k

tolu

u

1 (4.27)

representa a norma relativa dos deslocamentos, e:

f

m

k

mtol

F

1

(4.28)

representa a norma relativa dos resíduos. Os termos k e m, representam,

respectivamente, o contador de iterações e o incremento de carga.

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79

4.4. O programa PoroNL

4.4.1. Características do programa PoroNL

O programa PoroNL foi desenvolvido no Lamce (Laboratório de Métodos

Computacionais em Engenharia) e atualmente ele é resultado da contribuição de

vários trabalhos, podendo citar entre os mais recentes, os de Coelho (2001), Tisser

(2004), Guevara (2006) e Vilella (2010).

Trata-se de um programa que utiliza o método dos elementos finitos para

análise de estabilidade em maciços rochosos durante a atividade de perfuração,

considerando não linearidade física, representada pela plasticidade, e não linearidade

geométrica, implementada a partir do presente trabalho.

4.4.2. Metodologia utilizada pelo programa PoroNL

Uma análise em elementos finitos pode ser dividida em 3 partes, sendo elas:

pré-processamento, solução e pós processamento.

O pré processamento compreende a etapa de geração do modelo, onde é

definida a geometria do modelo, a malha é gerada e são aplicadas as condições de

contorno. Para o presente trabalho, utilizou-se o pré processador do software

comercial Ansys, Inc. (2009).

A etapa que compreende a solução é realizada pelo programa PoroNL. Nessa

etapa é que a formulação de elementos finitos é aplicada e o problema não linear é

resolvido.

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80

Após o pré processamento, é gerado um arquivo .dat que contém informações

do modelo. O programa PoroNL lê esse arquivo que contém os dados que podem ser

classificados da seguinte forma:

- dados de controle da análise, como número de elementos, número de nós,

número de materiais utilizados e número de elementos sobre pressão,

- coordenadas dos nós e condições de contorno referentes aos graus de

liberdade de cada nó,

- conectividade dos elementos,

- parâmetros do material, que são definidos como módulo de elasticidade,

coeficiente de Poisson, ângulo de atrito e coesão,

- parâmetros do cap, utilizados para definir a superfície de escoamento,

- parâmetros de carregamento, como tensões in situ, pressão estática do

reservatório e peso de fluido de perfuração,

- parâmetros de tolerância para o método interativo.

Além disso, é importante ressaltar que o programa utiliza modelos

tridimensionais e considera plasticidade perfeita (sem endurecimento) e fluxo plástico

associativo.

O elemento utilizado para as análises é um tetraedro linear composto por 4 nós

e 3 graus de liberdade de translação por nó.

O programa PoroNL lê todas as informações do arquivo .dat gerado pelo pré

processador e inicia a solução do modelo. Ao final da solução, o programa PoroNL

gera arquivos que serão utilizados para a visualização dos resultados.

O pós processamento compreende a etapa de visualização de resultados. Para

o presente trabalho, utilizou-se o pós processador Ensight (2011), da CEI. Através

deste programa, é possível visualizar os resultados obtidos, como tensões,

deformações e campo de deslocamentos ao longo do domínio.

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O capítulo 4 apresentou a aproximação por elementos finitos da formulação

lagrangeana total. Foi explicitado como tal aproximação é feita partindo-se da

interpolações das funções de forma do elemento e seus deslocamentos nodais. Além

disso, foi apresentado o método de solução utilizado. Logo após, foi feita uma

descrição do programa PoroNL. O capítulo 5 tem por objetivo apresentar a validação

do código implementado e os experimentos numéricos realizados.

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Capítulo 5

Experimentos Numéricos

5.1. Introdução

O presente capítulo tem por objetivo apresentar os experimentos numéricos

realizados durante o trabalho e é dividido em duas partes. A primeira parte se propõe

a verificar o modelo implementado com a literatura. Para tal, apresenta-se o exemplo

de uma viga em balanço. Verificado o modelo, a segunda parte se propõe a observar a

magnitude do efeito não linear geométrico em casos idealizados de perfuração de

poços. Para isso, são apresentados três exemplos:

Poço vertical perfurado em um maciço

Dois poços verticais perfurados em um maciço

Seção direcional de um poço

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83

5.2. Verificação do Modelo

5.2.1. Viga em Balanço

O modelo da viga em balanço tem como objetivo verificar a implementação

Lagrangeana Total, comparando os resultados obtidos pelo programa PoroNL com os

resultados apresentados por Bathe (1979).

O modelo apresenta meia simetria no plano XZ e carga concentrada em uma

de suas extremidades. O material analisado apresenta coeficiente de Poisson nulo e

possui módulo de elasticidade E = 8,274 MPa. A Figura 5.1 apresenta a geometria da

viga, condições de contorno e carregamento:

Figura 5.1 - Geometria, condições de contorno e carregamento

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84

O modelo de análise emprega uma malha de elementos tetraedros com 22.044

nós e 90.000 elementos. Como o objetivo é observar o efeito não linear na fase

elástica, nenhum critério de escoamento é aplicado. O carregamento é dividido em 10

incrementos com a finalidade de se observar os valores de deslocamento ao longo da

aplicação da carga.

A Figura 5.2 apresenta em detalhe a malha gerada em uma das extremidades

da viga.

Figura 5.2 - Viga modelada com detalhe da malha gerada em uma de suas extremidades

A Figura 5.3 apresenta o resultado obtido com o programa PoroNL, e os

resultados obtidos pelo trabalho de Bathe (1979). Esse gráfico é o mesmo

apresentado no trabalho utilizado como referência e a curva em vermelho apresenta a

solução obtida com o programa PoroNL.

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85

Figura 5.3 - Comparação de resultado PoroNL e Bathe

Através da Figura 5.3, observa-se como a solução apresentada pelo programa

PoroNL se aproxima da solução da literatura. A pequena diferença entre as curvas

pode estar relacionada ao tipo de elemento e refinamento de malha utilizados em cada

análise.

Ainda com a finalidade de verificar o código implementado, o mesmo exemplo

é executado no software comercial ADINA R & D Inc. (2008) e comparado com os

resultados do programa PoroNL. São realizadas quatro análises, todas considerando

regime elástico, da seguinte forma:

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- duas análises no programa ADINA R & D Inc. (2008), uma considerando o

efeito não linear geométrico e a outra sem considerar tal efeito.

- duas análises no programa PoroNL, uma considerando o efeito não linear

geométrico e a outra sem considerar tal efeito.

Os resultados são apresentados na Figura 5.4:

Figura 5.4 - Comparação de resultados ADINA x PoroNL

Na Figura 5.4 é possível perceber o efeito da não linearidade geométrica

através da inclinação da curva PoroNL (NLG ativada) e ADINA R & D Inc. (2008) (NLG

ativada). Além disso, nota-se a que a curva gerada pelos resultados do programa

PoroNL concorda com a curva gerada pelo software comercial ADINA R & D Inc.

(2008).

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5.3. Estabilidade de Poços

Esta seção do trabalho apresenta os resultados obtidos e comentados para os

modelos de estabilidade na perfuração de poços de petróleo. É importante ressaltar o

fato de que as análises apresentadas aqui são idealizadas, ou seja, apesar de os

dados de material e geometria dos modelos terem sido obtidos de outros trabalhos, a

falta de dados reais é um limitador preponderante no presente estudo.

5.3.1. Modelo de um poço vertical perfurado em um maciço

O modelo do poço vertical perfurado em um maciço tem como objetivo fazer

uma comparação entre os resultados obtidos pelo programa PoroNL e um modelo que

utilize a teoria linear. Para esta análise, utilizou-se como referência o trabalho de

Villela (2010), que teve como base o trabalho de Polillo (1987).

O modelo compreende uma malha composta por 31.500 elementos tetraedros

e 10.812 nós. A malha corresponde a um setor circular de 90º, que representa um

quarto do poço e o nível de refinamento da mesma é maior na região próxima ao poço.

Foram aplicadas condições de simetria no contorno, para que o mesmo

correspondesse ao modelo de um poço vertical circular com raio de 0,1 m perfurado

em um bloco de rocha cujo domínio estende-se como uma coroa circular ao redor do

poço com raio externo superior a 50 vezes a dimensão do raio do poço. Deste modo,

procura-se evitar a influência das condições de contorno na análise de tensões do

poço.

O carregamento de pressão é aplicado na parede do poço e distribuído como

carga nodal equivalente.

A Figura 5.5 apresenta a malha gerada para o modelo

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Figura 5.5 - Malha de elementos finitos gerada pelo software Ansys

O material utilizado para ambas as análises foi o Calcário 6 que Polillo (1987)

utiliza em sua dissertação, sendo seus valores definidos de acordo com a tabela 5.1:

Tabela 5.1 - Parâmetros de Resistência para a Simulação

Material E (MPa) Poisson Coesão (MPa) Ângulo Atrito

Calcário 49320 0,29 6,72 42º

Os dados de entrada de tensões in situ e pressão estática do maciço e peso de

fluido de perfuração estão de acordo com os valores apresentados por Polillo (1987)

em seu trabalho e são apresentados na tabela 5.2:

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Tabela 5.2 - Parâmetros de Carregamento para a Simulação

Tensões Horizontais Tensão Vertical Pressão Estática Peso de Fluido

14,83 MPa 36,31 MPa 31,56 MPa 32,94 MPa

Foram realizadas 3 análises definidas da seguinte maneira:

- Análise 1: compara os resultados do programa PoroNL com os de Villela

(2010), que utiliza a teoria linear de deslocamentos.

- Análise 2: considera um peso de fluido de perfuração inferior ao da análise 1.

- Análise 3: considera a variação do cap sobre o eixo hidrostático.

Espera-se, através destas análises observar a relevância do efeito não linear

geométrico.

Análise 1- Comparação dos resultados do programa PoroNL com um modelo

linear:

Foram realizadas duas análises utilizando a mesma geometria, condições de

contorno e carregamento, porém, a diferença entre elas é a consideração do efeito

não linear geométrico.

A comparação foi realizada observando-se os valores de deslocamento e

tensões ao longo da faixa que se estende da parede do poço até o limite do maciço.

Para tal, utilizou-se a ferramenta line toll do software Ensight, que permite obter os

valores de uma variável ao longo de uma linha específica.

O Gráfico 5.1 apresenta a comparação entre os valores de deslocamentos

obtidos para o modelo linear em confronto com os deslocamentos obtidos pelo

PoroNL.

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Gráfico 5.1 - Comparação entre os valores de deslocamento radial obtidos pelo modelo linear e pelo PoroNL

Através do Gráfico 5.1 é possível observar que os valores de deslocamento

são coincidentes entre o modelo linear e o PoroNL.

O Gráfico 5.2 apresenta uma comparação entre os valores de tensão radial

entre o modelo linear e o PoroNL.

Gráfico 5.2 - Comparação entre os valores de tensão radial obtidos pelo modelo linear e pelo PoroNL

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Através do Gráfico 5.2, observa-se que os valores de tensão radial para

ambas as análises é coincidente. Observa-se também o valor de tensão igual a zero

no interior do poço devido ao efeito do furo. Nota-se que os valores de tensão radial

são menores na vizinhança do poço e aumentam na media em que o raio aumenta.

Observou-se também que o poço não apresentou nenhum índice de plastificação.

Dessa maneira, o efeito não linear geométrico é desprezível para esta análise.

Análise 2 - Peso de fluido de perfuração reduzido:

O que se pretende observar no próximo exemplo é o comportamento do poço

utilizando um peso de fluido reduzido.

Visto que com os valores de carregamento utilizados na análise 1 o poço não

apresentou nenhum índice de plastificação, uma redução no valor de peso de fluido

poderia induzir plastificação na parede do poço. Utiliza-se um valor arbitrário de peso

de fluido, igual a 32 Mpa, apenas com o objetivo de induzir plastificação e observar,

através da mesma, se há evidência de algum efeito não linear geométrico.

Apesar da diminuição do peso de fluido ter provocado plastificação, em ambas

as análises não houve diferença significativa nos valores de deslocamento. A região

plastificada engloba 600 elementos em ambas as análises.

Os gráficos a seguir apresentam uma comparação entre o modelo linear e o

PoroNL para valores de deslocamento e tensões radiais. É possível observar que em

ambos os gráficos os valores tanto de deslocamento quanto para tensões radiais são

coincidentes para ambos os modelos.

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O Gráfico 5.3 apresenta uma comparação entre os valores de deslocamento

radial obtidos pelo modelo linear e pelo PoroNL

Gráfico 5.3 - Comparação entre os valores de deslocamento radial obtidos pelo modelo linear e pelo PoroNL

O Gráfico 5.4 apresenta uma comparação entre os valores de tensão radial

para o modelo linear e o PoroNL.

Gráfico 5.4 - Comparação entre os valores de deslocamento radial obtidos pelo modelo linear e pelo PoroNL

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Os resultados apresentados a seguir correspondem ao modelo que considera a

não linearidade geométrica.

A Figura 5.6 apresenta o campo de deslocamentos na vizinhança do poço.

Figura 5.6 - Campo de deslocamentos na vizinhança do poço

De acordo com a Figura 5.6, pode-se observar que a magnitude dos

deslocamentos é maior na vizinhança do poço, representada pela área em vermelho,

do que nas outras áreas do maciço.

A Figura 5.7 apresenta a zona de plastificação na vizinhança do poço.

Figura 5.7 - Zona de Plastificação na vizinhança do poço

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O maciço é representado pela área em azul e a área vermelha representa os

elementos plastificados. Observa-se, através desta figura, uma plastificação uniforme

localizada na vizinhança do poço

A Figura 5.8 apresenta a superfície de escoamento da análise considerada.

Figura 5.8 - Representação da superfície de escoamento em azul e os estados de tensões principais em vermelho

Observa-se que não há plastificação devido ao poro colapso. De acordo com

os resultados apresentados, observa-se que não há evidência de efeito não linear

geométrico para a análise com os parâmetros considerados.

Análise 3 - Variação do cap sobre o eixo hidrostático:

O próximo teste refere-se à sensibilidade do modelo à variação do parâmetro

X0, que determina o vértice do cap sobre o eixo hidrostático da superfície de

escoamento. Uma diminuição desse parâmetro aproxima o cap da origem do eixo

hidrostático, tornando o modelo mais suscetível ao colapso de poros. Também foram

realizadas duas análises, "com" e "sem" a consideração do efeito não linear

geométrico.

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O Gráfico 5.5 apresenta uma comparação entre os valores de deslocamento

radial obtidos pelo modelo linear e o PoroNL.

Gráfico 5.5 - Comparação entre os valores de deslocamento radial obtidos pelo modelo linear e pelo PoroNL

O Gráfico 5.6 apresenta uma comparação entre os valores de tensão radial

para o modelo linear e o PoroNL.

Gráfico 5.6 - Comparação entre os valores de deslocamento radial obtidos pelo modelo linear e pelo PoroNL

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É possível observar que os valores de deslocamento radial e tensão radial são

coincidentes para ambas as análises.

Apesar de uma redução drástica no parâmetro X0 ter provocado uma zona de

plastificação na parede do poço, a diferença entre as duas análises tanto para o

número de elementos plastificados quanto para valores de deslocamento não é

significativa.

Enquanto a análise 2 não apresenta plastificação devido ao poro colapso, a

análise com o parâmetro X0 reduzido apresenta pontos de tensão localizados na

região do cap. A Figura 5.9 apresenta a superfície de escoamento da análise

considerada.

Figura 5.9 - Representação da superfície de escoamento em azul e os estados de tensões principais em vermelho

Ambas as análises apresentaram 9453 elementos plastificados e a Figura 5.9

corresponde ao resultado obtido pelo PoroNL. É possível observar a superfície de

escoamento sob vários ângulos e perceber que os estados de tensão estão

localizados na região do cap.

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5.3.2. Modelo que apresenta dois poços verticais perfurados em um

maciço

O modelo que apresenta dois poços perfurados em um maciço tem por objetivo

observar a ocorrência do efeito não linear geométrico. Para tal, foi idealizado um bloco

que corresponde a um maciço com duas cavidades, representando dois poços

perfurados. O maciço tem por dimensões 10 metros de comprimento, por 5 metros de

largura e 1 metro de altura. Foram aplicadas condições de contorno de simetria em

todas as faces externas do maciço. Os poços estão localizados na região central do

maciço, têm raio igual a 0,2 m e estão um do outro por uma distância igual a 0,1 m.

A malha é composta por 8498 nós e 42359 elementos, e possui maior

refinamento na vizinhança dos poços. O carregamento de pressão é aplicado na

parede do poço e distribuído como carga nodal equivalente. Apenas um dos poços é

submetido ao carregamento, totalizando 2400 faces triangulares pressurizadas.

A Figura 5.10 apresenta a geometria e a malha do maciço em amarelo e o

detalho dos poços perfurados, em laranja.

Figura 5.10 - Geometria do maciço, poços perfurados e malha de elementos finitos gerada para o modelo.

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Os parâmetros de material são apresentados na tabela 5.3:

Tabela 5.3 - Parâmetros de Resistência para a Simulação

Material E (Mpa) Poisson Coesão (Mpa) Ângulo Atrito

Calcarenito 2.068,43 0,18 8,50 42º

Os valores de tensão in situ são definidos de acordo com a tabela 5.4:

Tabela 5.4 - Valores de Tensões in situ para a Simulação

Tensões Horizontais Tensão Vertical

21,13 MPa 32,11 MPa

Foram realizadas duas análises, definidas da seguinte maneira:

- Análise 1 : considera os dois poços apenas sobre o efeito de tensões in situ.

- Análise 2: considera o peso de fluido de perfuração em apenas um dos

poços.

Análise 1 -Os dois poços perfurados apenas sobre o efeito de tensões in situ:

O primeiro teste realizado considera os dois poços apenas sobre o efeito das

tensões in situ. Observou-se que, sem a consideração do efeito não linear geométrico,

ocorre plastificação em 809 elementos, e com a consideração do efeito não linear

geométrico, ocorre plastificação em 768 elementos.

Também foi observado que a magnitude dos deslocamentos é maior na análise

que considera a não linearidade geométrica.

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No entanto, essa diferença não é considerada significante, e é justificada pelo

fato do programa PoroNL utilizar uma formulação não linear no código.

Análise 2 - Consideração de fluido de perfuração em apenas um dos furos:

Utilizando-se do mesmo modelo, o objetivo agora é testar a sensibilidade do

mesmo quando submetido à pressão estática e peso de fluido. Testes com diferentes

valores destas variáveis foram realizados. Observou-se que, para valores muito altos

de pressão estática e peso de fluido, o programa não converge. Isso pode estar

relacionado ao fato de a estrutura formada pelo espaçamento entre os dois poços ser

muito estreita. Dessa forma, o nível de plastificação e deformação é tão alto que pode

estar ocorrendo travamento volumétrico do elemento tetraedro.

Logo, os resultados apresentados aqui correspondem ao teste que considera

peso de fluido (Pw) igual a 5 MPa e pressão estática do reservatório (Pe) igual a 1

MPa. Os valores de tensões in situ são os mesmo utilizados pela análise 1. O peso de

fluido é aplicado apenas no poço situado à esquerda do maciço.

Percebe-se que, apesar da consideração da pressão estática contribuir para a

instabilidade do poço, a aplicação de um peso de fluido sobre a parede favorece uma

queda significativa na quantidade de elementos plastificados.

Para a análise sem a consideração do efeito não linear geométrico, observou-

se a plastificação de 468 elementos, enquanto que, na análise que considera o efeito

não linear geométrico, houve plastificação de 452 elementos.

A Figura 5.11 apresenta a vista de topo da zona de plastificação na região do

maciço onde se encontram os poços e, em detalhe, a zona de plastificação no interior

dos mesmos:

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(a) - NLG (desativada) (b) NLG (ativada)

Figura 5.11 - Zona de plastificação na vizinhança dos poços para ambas análises

A área em azul corresponde ao maciço rochoso e a área em vermelho

corresponde aos elementos plastificados.

A Figura 5.12 apresenta em perspectiva, e de forma mais detalhada, a

plastificação que é observada em ambos os poços, para a análise considerando o

efeito não linear geométrico. A partir da ferramenta "Failed Elements" do programa

Ensight, pode-se representar apenas os elementos do maciço que não sofreram

plastificação.

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101

Figura 5.12 - Detalhe na vizinhança dos poços com elementos plastificados removidos

A área em laranja representa o maciço com detalhe nos poços para a área

onde os elementos plastificados foram removidos. É observado como o peso de fluido

contribui para a estabilidade estrutural no poço da esquerda. Em contrapartida, o poço

da direita estando nu, apresenta uma área plastificada muito maior. A Figura 5.12

também explicita a idéia de como, em teoria, se apresentaria a estrutura da parede do

poço. Embora não significativos, os valores de deslocamentos apresentados também

foram maiores na análise que conta com o efeito não linear geométrico.

A Figura 5.13 apresenta a vista de topo de um comparativo entre a

configuração indeformada e a configuração deformada dos poços.

Figura 5.13 - Comparativo entre a configuração indeformada e a configuração deformada dos poços aumentada em 20 vezes

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A área em laranja representa o maciço original. A área em azul representa o

deslocamento do maciço aumentado em 20 vezes e a área em vermelho apresenta os

elementos plastificados. Além de observar um maior nível de plastificação no poço da

direita, observa-se também que os deslocamentos também são maiores neste poço.

Através da ferramenta line toll do programa Ensight, é possível observar a

magnitude dos deslocamentos apenas na região central do maciço, onde está

localizada a coluna que separa os dois poços. A Figura 5.14 apresenta a vista de

topo da região do poço onde foi traçada a linha e medidos os deslocamentos:

Figura 5.14 - Detalhe da ferramenta linetool na região central do maciço

O Gráfico 5.7 apresenta a comparação entre os valores de deslocamento para

essa faixa entre o modelo linear e o PoroNL.

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Gráfico 5.7 - Comparação entre os valores de deslocamento na regial central do maciço obtidos pelo modelo linear e pelo PoroNL

Apesar de não significativa, é possível perceber a partir do Gráfico 5.7 uma

pequena diferença entre o modelo linear e o PoroNL.

A Figura 5.15 apresenta a superfície de escoamento em azul, com os pontos

de tensão em vermelho, para a análise que considera o efeito não linear geométrico.

Figura 5.15 - Representação da superfície de escoamento em azul e os estados de tensões principais em vermelho

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Através da Figura 5.15, observa-se que os pontos de tensão se encontram

próximos à origem do eixo hidrostático. Tal fato revela que não houve plastificação

devido ao poro colapso.

5.3.3. Modelo que representa a seção direcional de um poço

Para a próxima análise, utilizou-se o modelo tridimensional apresentado no

trabalho de Vilella (2010). Trata-se de um poço cuja zona de análise encontra-se no

reservatório de Quissamã.

O objetivo desta análise é observar a ocorrência do efeito não linear

geométrico, em comparação ao modelo linear.

O modelo geométrico tridimensional gerado contém 64.905 elementos

tetraedros e 12.625 nós. O poço encontra-se a uma profundidade medida de 2760 m

com inclinação de 78.96º. A profundidade vertical considerada é de 2485m. O poço,

considerado cilíndrico, possui raio de 0.187m. Foram aplicadas condições de contorno

de simetria, sendo considerada apenas uma metade do poço.

Os parâmetros utilizados para definir o material são apresentados na tabela

5.5:

Tabela 5.5 - Parâmetros de Resistência para a Simulação

Material E (Mpa) Poisson Coesão (Mpa) Ângulo Atrito

Calcarenito 2.068,43 0,18 8,50 42º

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105

A Figura 5.16 apresenta a seção transversal do modelo.

Figura 5.16 - Malha tridimensional com simetria em relação ao eixo Z

A área em verde apresenta o maciço e a área em vermelho a seção inclinada

do poço. No trabalho de Vilela (2010), são consideradas situação de reservatório

depletado e pressurizado. No presente trabalho, foram realizados vários testes a fim

de observar a sensibilidade do modelo ao efeito não linear geométrico.

Os parâmetros de carregamentos são apresentados na tabela 5.6.

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Tabela 5.6 - Parâmetros de Carregamento para a Simulação

Tensões Horizontais Tensão Vertical Pressão Estática Peso de Fluido

21,13 MPa 37,57 MPa 17,65 MPa 17,65 MPa

Pretende-se observar a ocorrência do efeito não linear geométrico quando se

trata de uma seção inclinada de um poço perfurado.

Foram realizadas duas análises, sendo que a diferença entre as mesmas é a

consideração do efeito não linear geométrico. Os resultados apresentados

correspondem à análise que considera tal efeito.

A Figura 5.17 apresenta a plastificação dos elementos na área aproximada do

maciço onde se encontra o poço:

Figura 5.17 - Zona de plastificação na vizinhança do poço

A área em azul representa o maciço rochoso e a área em vermelho, os

elementos plastificados. Através da Figura 5.17, observa-se que a zona de

plastificação é maior nas regiões superior e inferior do furo.

Através da ferramenta "Failed Elements" do programa Ensight, pode-se

observar como o maciço se apresentaria, desprezando os elementos plastificados. A

Figura 5.18 apresenta este cenário. A área em azul representa o maciço e os espaços

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vazios representam os elementos plastificados. Através da Figura 5.18 também é

possível visualizar um possível cenário de como se apresentaria a vizinhança do poço

após a plastificação.

Figura 5.18 - Detalhe na plastificação do poço com os elementos plastificados removidos

No que se refere aos deslocamentos, observou-se uma diferença pouco

significativa entre as duas análises. Porém, o valor de deslocamentos para a análise

que considera o efeito não linear geométrico é menor.

A Figura 5.19 apresenta a magnitude dos deslocamentos no maciço para a

análise que considera o efeito não linear geométrico.

Figura 5.19 - Magnitude do campo de deslocamento na vizinhança do poço

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Observa-se pela figura Figura 5.19 que a magnitude dos deslocamentos é

maior nas regiões superior e inferior do poço, representada pela área vermelha.

A Figura 5.20 apresenta uma comparação entre o maciço indeformado e o

deslocamento apresentado no poço, aumentado em 5 vezes.

Figura 5.20 - Comparativo entre a configuração indeformada e a configuração deformada do poço aumentada em 5 vezes

A área em laranja apresenta o maciço indeformado e a área em amarelo o

maciço deformado. É possível observar um esmagamento do poço localizado nas

regiões superior e inferior.

A Figura 5.21 apresenta a superfície de escoamento limitada pelo cap para a

análise considerando-se o efeito não linear geométrico:

Figura 5.21 - Representação da superfície de escoamento em azul e os estados de tensões principais em vermelho

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Apesar da análise ter apresentado um alto nível de plastificação, é possível

observar através da figura Figura 5.21 que não ocorreu plastificação devido ao poro

colapso.

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110

Capítulo 6

Conclusões e Recomendações

6.1. Resumo

O presente trabalho apresentou a implementação de uma formulação em um

código de elementos finitos que contempla deslocamentos finitos. Logo, pode-se

considerar, através dessa implementação, a ocorrência do efeito não linear geométrico

em estruturas.

A formulação implementada é continuação do trabalho desenvolvido por

Guevara (2006), que já considerava geometrias tridimensionais e não linearidade

física.

O programa PoroNL utiliza elementos tetraedros com funções de interpolação

lineares. Cada tetraedro é composto por 4 nós e cada nó apresenta 3 graus de

liberdade.

O programa utiliza como processo iterativo o método Newton Raphson Full,

que atualiza a matriz de rigidez a cada iteração.

Para o tratamento da não linearidade geométrica, foi implementada a

formulação proposta por Zienkiewicz (2000). O comportamento não linear geométrico

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111

basicamente se resume a uma resposta não linear de deslocamentos devido às

condições de contorno estabelecidas.

Para o tratamento da não linearidade física, representada pela plasticidade,

utiliza-se uma superfície de escoamento baseada no critério de Mohr Coulomb,

limitada por um cap suave, já implementada no trabalho de Guevara (2006)

O código é verificado e validado através da comparação de resultados com um

trabalho encontrado na literatura desenvolvido por Bathe (1979). O exemplo utilizado é

o de uma viga em balanço. Verificado o código, ele é então testado em situações

idealizadas de estabilidade de poços de petróleo e os resultados são comentados.

6.2. Conclusões

Através dos resultados obtidos, pode-se perceber que não foram encontradas

diferenças significativas nos valores de deslocamentos e elementos plastificados entre

as análises que utilizam a teoria linear e as análises que consideram o efeito não

linear geométrico.

Os exemplos de poço vertical consideram um módulo de elasticidade maior do

que o utilizado nas análises subsequentes. Observou-se que, apesar de não

significativa, a diferença entre os deslocamentos é maior quando se utiliza um módulo

de elasticidade menor. Pode ser um indício de que, quanto menor o módulo de

elasticidade, maior a suscetibilidade do modelo ao efeito não linear geométrico.

Ressalta-se que, apesar da formulação compreender grandes deslocamentos,

a relação entre deformação e tensão é feita através de um tensor constitutivo elástico

linear, sendo tal tensor um fator limitante na representação do comportamento do

material.

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Mesmo não havendo diferença significativa entre as análises, o presente

trabalho é um passo no objetivo de modelar materiais que apresentam

comportamentos mais complexos como o sal e as rochas carbonáticas, além de ser

uma contribuição no estudo de localização de deformações das mesmas.

6.3. Trabalhos Futuros

Este trabalho pretende ser um passo no estudo do comportamento das rochas

em uma perfuração de poço de petróleo. Apesar de não se ter observado uma

relevância significativa do efeito não linear geométrico, o código implementado é de

fundamental importância para o desenvolvimento futuro de programas que levem em

conta relações constitutivas mais avançadas e o fenômeno de localização de

deformação em rochas.

Recomenda-se para trabalhos futuros a verificação do código para estabilidade

de poços de petróleo através de dados reais de poço.

Além de relações constitutivas mais avançadas, recomenda-se também

implementar uma formulação que evite o efeito de travamento volumétrico do

elemento, visto que ele apresenta função de interpolação de baixa ordem.

A implementação do programa em um código que considere paralelismo é

recomendada, com o propósito de se considerar modelos maiores ou seções de

modelos com alto grau de refinamento da malha.

O código implementado no programa PoroNL também é um passo no caminho

da implementação de localização de deformação em rochas.

Visto que há um grande potencial exploratório nas novas reservas de óleo

descobertas no Brasil e os desafios são uma constante nesse meio, códigos

computacionais complexos que simulem diferentes cenários de estabilidade de poço

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podem diminuir os riscos associados à atividade de perfuração e ser de grande valia

no auxilio de tomada de decisão do engenheiro.

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