IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE CONTROLE … · Figura 2.6 (a) e (b): Circuito para obtenção dos...

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CENTRO DE TECNOLOGIA E URBANISMO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE CONTROLE ANALÓGICO COM MOVIMENTO EM DOIS EIXOS APLICADO EM PAINÉIS SOLARES Julio Cesar Guimarães Londrina – Paraná 2012

Transcript of IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE CONTROLE … · Figura 2.6 (a) e (b): Circuito para obtenção dos...

  • CENTRO DE TECNOLOGIA E URBANISMO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELTRICA

    IMPLEMENTAO DE UM SISTEMA DE

    CONTROLE ANALGICO COM MOVIMENTO EM DOIS EIXOS APLICADO

    EM PAINIS SOLARES

    Julio Cesar Guimares

    Londrina Paran 2012

  • CENTRO DE TECNOLOGIA E URBANISMO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELTRICA

    IMPLEMENTAO DE UM SISTEMA DE CONTROLE ANALGICO COM

    MOVIMENTO EM DOIS EIXOS APLICADO EM PAINIS SOLARES

    Candidato: Julio Cesar Guimares

    Orientador:

    Prof. Dr. Carlos Henrique Gonalves Treviso

    Dissertao de Mestrado apresentada ao

    Programa de Ps-Graduao em Engenharia

    Eltrica da Universidade Estadual de

    Londrina como parte dos requisitos para a

    obteno do Ttulo de Mestre em Engenharia

    Eltrica.

    rea de concentrao: Sistemas Eletrnicos

    Especialidade: Eletrnica de Potncia

    Londrina Paran 2012

  • Catalogao elaborada pela Diviso de Processos Tcnicos da Biblioteca Central da Universidade Estadual de Londrina.

    Dados Internacionais de Catalogao-na-Publicao (CIP)

    G963i Guimares, Julio Cesar. Implementao de um sistema de controle analgico com movimento em dois eixos aplicado em painis solares / Julio Cesar Guimares. Londrina, 2012. 96 f. : il.

    Orientador: Carlos Henrique Gonalves Treviso. Dissertao (Mestrado em Engenharia Eltrica)

    Universidade Estadual de Londrina, Centro de Tecnologia e Urbanismo, Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica, 2012.

    Inclui bibliografia e anexos.

    1. Sistemas eletrnicos analgicos Teses. 2. Eletrnica de potncia Teses. 3. Painel solar Teses. 3. Gerao de energia fotovoltaica Teses. 5. Engenharia eltrica Teses. I. Treviso, Carlos Henrique Gonalves. II. Universidade Estadual de Londrina. Centro de Tecnologia e Urbanismo. Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica. III. Ttulo.

    CDU 621.472

  • Julio Cesar Guimares

    Implementao de um Sistema de Controle Analgico com Movimento em Dois Eixos Aplicado em Painis

    Solares

    Dissertao de Mestrado apresentada ao

    Programa de Ps-Graduao em Engenharia

    Eltrica da Universidade Estadual de

    Londrina como parte dos requisitos para a

    obteno do Ttulo de Mestre em Engenharia

    Eltrica.

    Comisso Examinadora

    ________________________________________ Prof. Dr. Carlos Henrique Gonalves Treviso

    UEL - Depto. de Engenharia Eltrica Orientador

    ________________________________________

    Prof. Dr. Luiz Carlos Gomes de Freitas UFU Universidade Federal de Uberlndia

    ________________________________________

    Prof. Dr. Aziz Elias Demian Jnior UEL - Depto. de Engenharia Eltrica

    05 de julho de 2012

  • Dedico este trabalho aos meus pais.

  • Agradecimentos

    Agradeo a Deus, que me deu fora e vontade para superar todos os obstculos

    encontrados no caminho at chegar a este momento.

    Aos meus pais e aos meus irmos pelo apoio que sempre me dedicaram durante

    o desenvolvimento deste trabalho.

    Ao meu orientador, Prof. Dr. Carlos Henrique Gonalves Treviso, por participar

    diretamente na minha formao cientfica, pela amizade, empenho e competncia que

    me deram muitos ensinamentos.

    Aos tcnicos do Departamento de Engenharia Eltrica, que propiciaram e infra-

    estrutura necessria para realizao deste trabalho.

    Aos colegas de mestrado pelo companheirismo e saudvel convivncia.

    A todos que por ventura no foram mencionados, mas que de forma direta ou

    indireta colaboraram com este trabalho.

  • Resumo

    A gerao de energia eltrica utilizando sistemas fotovoltaicos solares uma tendncia

    para melhorar e eficincia energtica. Seguindo esta tendncia, este trabalho mostra o

    projeto de um sistema eletrnico analgico para posicionamento de painis solares em

    dois eixos. O sistema proposto apto para operar por uma lgica de controle por

    modulao da largura de pulso (PWM) para inversores em ponte completa, acoplados a

    dois motores, que mantm o sistema fotovoltaico posicionado perpendicularmente ao

    Sol durante todo o perodo ensolarado, aumentando o aproveitamento da energia

    incidente. A fim de ilustrar o princpio de operao deste sistema, um estudo detalhado,

    incluindo simulaes e resultados experimentais, mostrado nos captulos deste

    trabalho. A validade deste sistema garantida pelos resultados obtidos.

    Palavras-chave: painel solar, circuito de controle, energia fotovoltaica, converso de

    energia.

  • Abstract

    Electrical energy generation using solar photovoltaic systems is a trend to increase the

    energy efficiency. Following this trend, this work presents a project of an analog

    electronic system to drive a sun-tracking device to position solar photovoltaic panel.

    The system proposed is able to operate with a pulse-width-modulation (PWM) circuit

    control to full bridge inverters that are connected with two motors that will keep the

    photovoltaic system oriented directly to the sun during all sunny period. In order to

    illustrate the operational principle of this system, a detailed study, including simulation

    and experimental results is carried out. The validity of this system is guaranteed by the

    obtained results.

    Key-words: solar panel, sun tracker, photovoltaic energy, energy conversion.

  • Sumrio Lista de Figuras v

    Lista de Tabelas vii

    Lista de Abreviaturas viii

    Introduo 16

    1 Converso de Energia Luminosa em Energia Eltrica 22

    1.1 Introduo..............................................................................................................22

    1.2 Clulas Fotovoltaicas.............................................................................................23

    1.2.1 Silcio Cristalino (c-Si).................................................................................23

    1.2.2 Silcio Amorfo Hidrogenado (a-Si)..............................................................24

    1.2.3 Telureto de Cadmio (CdTe)..........................................................................24

    1.2.4 Disseleneto de Cobre e ndio (CuInSe2).......................................................25

    1.3 Mdulos Fotovoltaicos..........................................................................................25

    1.3.1 Caractersticas Eltricas dos Mdulos Fotovoltaicos...................................25

    1.4 Sistemas Fotovoltaicos para Gerao de Energia Eltrica....................................31

    1.4.1 Sistemas Isolados..........................................................................................31

    1.4.2 Sistemas Hbridos.........................................................................................32

    1.4.3 Sistemas Interligados Rede........................................................................33

    1.5 Orientao do Mdulo Fotovoltaico......................................................................33

    1.6 Consideraes Finais.............................................................................................35

    2 Sistema de Controle Analgico 36

    2.1 Introduo..............................................................................................................36

    2.2 Diagrama de Blocos...............................................................................................36

    2.2.1 Sensores LDR (light dependent resistor).....................................................38

    2.2.2 Sinal PWM (pulse width modulation)......................................................39

    2.3 Funcionamento do Circuito de Controle dos Eixos...............................................40

    2.4 Conversor Flyback.................................................................................................45

  • 2.5 Consideraes Finais.............................................................................................45

    3 Circuito de Potncia para Acionamento dos Motores 46

    3.1 Introduo.............................................................................................................46

    3.2 Inversor Monofsico..............................................................................................46

    3.2.1 Funcionamento do Inversor..........................................................................46

    3.3 Semicondutores.....................................................................................................48

    3.4 Snnubers................................................................................................................49

    3.5 Funcionamento do Inversor com Filtro de Sada...................................................50

    3.6 O Motor de Corrente Contnua..............................................................................52

    3.6.1 Estrutura........................................................................................................52

    3.6.2 Funcionamento do Motor CC.......................................................................53

    3.6.3 Controle de Velocidade................................................................................54

    3.7 Testes Realizados..................................................................................................56

    3.7.1 Tenso na Carga com Sinal de Razo Cclica de 50%.................................56

    3.7.2 Tenso na Carga com Sinal de Razo Cclica de 75%.................................58

    3.8 Consideraes Finais.............................................................................................59

    4 Estrutura Mecnica 60

    4.1 Introduo..............................................................................................................60

    4.2 Projeto da Estrutura Mecnica...............................................................................60

    4.3 Consideraes Finais.............................................................................................63

    5 Procedimentos de Projeto 64

    5.1 Dimensionamento do Inversor para Acionamento dos Motores...........................64

    5.1.1 Dimensionamento do Indutor........................................................................60

    5.2 Dimensionamento dos Circuitos para Isolamento dos Pulsos (Drives).................66

    5.3 Dimensionamento do Conversor Flyback.............................................................73

    5.4 Consideraes Finais.............................................................................................77

    6 Simulaes, Coleta de Dados e Resultados 78

    6.1 Introduo..............................................................................................................78

    6.2 Configurao do Sistema Fotovoltaico..................................................................78

    6.2.1 Caractersticas do Mdulo Fotovoltaico.......................................................78

  • 6.2.2 Controlador de Carga....................................................................................79

    6.2.3 Interface de Comunicao............................................................................80

    6.3 Operao do Sistema.............................................................................................81

    6.4 Resultados Obtidos................................................................................................81

    6.5 Consideraes Finais.............................................................................................82

    7 Concluso e Trabalhos Futuros 84

    Referncias 86

    Anexo A Circuito de controle de posio 89

    Anexo B Circuito limitador de luminosidade 90

    Anexo C Circuitos auxiliares 91

    Anexo D Circuito para isolamento dos pulsos (drives) 92

    Anexo E Circuito das fontes independentes para isolao dos pulsos 93

    Anexo F Circuito de controle do conversor flyback 94

    Anexo G Circuito do conversor flyback 95

    Anexo H Artigo relacionado ao trabalho publicado em congresso 96

  • Lista de Figuras

    Figura 1: Matriz energtica primria (a), matriz energtica de eletricidade (b).

    Figura 2: Atlas solarimtrico da Alemanha (a), atlas solarimtrico do Brasil (b).

    Figura 1.1: Efeito fotovoltaico.

    Figura 1.2: Painis solares fotovoltaicos de c-Si de vrias potncias comercialmente

    disponveis. [Fonte: SIEMENS Solar Industries].

    Figura 1.3: Conexo de clulas fotovoltaicas em paralelo.

    Figura 1.4: Conexo de clulas fotovoltaicas em srie.

    Figura 1.5: Ligaes possveis para um diodo bypass entre clulas.

    Figura 1.6: Diodo de bloqueio.

    Figura 1.7: Curva dos parmetros de potncia mxima. Fonte: ISOFOTON fabricante

    de mdulos fotovoltaicos.

    Figura 1.8: Variao do MPPT com a radiao solar incidente (a) e com a carga (b).

    Figura 1.9: Curva caracterstica corrente x tenso do mdulo fotovoltaico em funo da

    radiao solar incidente. [Fonte: ISOFOTON fabricante de mdulos fotovoltaicos].

    Figura 1.10: Curva caracterstica corrente x tenso do mdulo fotovoltaico em funo

    da temperatura. [Fonte: ISOFOTON fabricante de mdulos fotovoltaicos].

    Figura 1.11: Curva caracterstica potncia x tenso do mdulo fotovoltaico em funo

    da radiao solar incidente. [Fonte: ISOFOTON fabricante de mdulos fotovoltaicos].

    Figura 1.12: Curva caracterstica potncia x tenso do mdulo fotovoltaico em funo

    da temperatura. [Fonte: ISOFOTON fabricante de mdulos fotovoltaicos].

    Figura 1.13: Configurao tpica de um sistema fotovoltaico.

    Figura 1.14: Sistema fotovoltaico isolado.

    Figura 1.15: Topologia tpica de um sistema hbrido.

    Figura 1.16: Topologia de sistema fotovoltaico interligado rede.

    Figura 2.1: Diagrama de blocos do circuito de controle.

    Figura 2.2: Comportamento de sada do comparador PWM.

    Figura 2.3: Sensores LDRs separados pelo anteparo.

    Figura 2.4: Sensores LDRs instalados sobre a superfcie do mdulo fotovoltaico.

    Figura 2.5: Sinal PWM comparado com a onda triangular e os pulsos resultantes nas

    chaves do inversor monofsico.

    Figura 2.6 (a) e (b): Circuito para obteno dos pulsos para controle do inversor.

  • Figura 2.7: Circuito limitador de luminosidade.

    Figura 2.8: Pulsos complementares gerados pelo circuito de controle.

    Figura 2.9: Forma de onda resultante dos pulsos complementares.

    Figura 2.10: Montagem do circuito de controle junto estrutura mecnica.

    Figura 3.1: Esquema elementar do inversor.

    Figura 3.2: Formas de onda e tenso para o inversor.

    Figura 3.3: Circuito do inversor monofsico em ponte completa.

    Figura 3.4: Snubber dissipativo convencional para um transistor.

    Figura 3.5: Formas de onda de tenso e corrente na sada do inversor.

    Figura 3.6: Inversor com filtro LC.

    Figura 3.7: Filtro LC utilizado no inversor.

    Figura 3.8: Filtros equivalentes (a) e (b) possuem as mesmas caractersticas de

    funcionamento.

    Figura 3.9: Funcionamento de um motor CC.

    Figura 3.10: Esquema equivalente do motor CC.

    Figura 3.11: Motor CC utilizado no projeto.

    Figura 3.12: Tenso na carga com sinal de entrada de 12,5 kHz e D = 50%.

    Figura 3.13: Tenso na carga com sinal de entrada de 25 kHz e D = 50%.

    Figura 3.14: Tenso na carga com sinal de entrada de 12,5 kHz e D = 75%.

    Figura 3.15: Tenso na carga com sinal de entrada de 25 kHz e D = 75%.

    Figura 4.1: Estrutura de madeira para ensaios em laboratrio.

    Figura 4.2: Esquema de acoplamento da rosca sem fim no motor e na cremalheira.

    Figura 4.3: Estrutura para posicionamento do painel solar.

    Figura 4.4: Estrutura para posicionamento do painel solar com espelhos concentradores.

    Figura 4.5: acoplamento do motor para controlar a inclinao.

    Figura 4.6: acoplamento do motor para controlar o giro.

    Figura 5.1: Circuito do drive para isolao dos pulsos.

    Figura 5.2: Formas de onda na sada do opto acoplador e nos gates dos semicondutores

    do inversor.

    Figura 5.3: Transformador do drive isolador de pulsos.

    Figura 5.4: Curva de histerese de um ncleo de ferrite.

    Figura 5.5: Circuito das fontes independentes.

    Figura 5.6: Trajeto percorrido pela corrente durante a magnetizao do ncleo.

    Figura 5.7 (a) Conversor Flyback, (b) Circuito Ton, (c) Circuito Toff.

  • Figura 6.1: Controlador de carga Phocos.

    Figura 6.2: Configurao do sistema fotovoltaico.

  • Lista de Tabelas Tabela 5.1: Tamanhos de ncleos EE.

    Tabela 6.1: Resultados obtidos nas coletas de dados realizadas.

  • Lista de Abreviaturas

    AC Alternate Current

    a-Si:H Silcio Amorfo Hidrogenado

    CA Corrente alternada

    CC Corrente contnua

    CMOS Complementary Metal Oxide Semiconductor

    CO Monxido de carbono

    CO2 Dixido de carbono

    c-Si Silcio Cristalino

    DC Direct Current

    dB/dec Decibel por dcada

    Hz Hertz

    mH mili Henri

    mT mili Tesla

    H micro Henri

    kWh Kilo Watt hora

    LDR Light Dependent Resistor

    mm milmetro

    MOSFET Metal Oxide Semiconductor Field Effect Transistor

    PROINFA Programa de Incentivo s Fontes Alternativas de Energia Eltrica

    PWM Pulse Width Modulation

    MPPT Maximum Power Point Tracking

    Wp Watt pico

    Ohm

  • 16

    Introduo

    O aumento do consumo de energia decorrente de fatores como o progresso

    tecnolgico e o avano no desenvolvimento humano (caracterizado por parmetros

    scio-econmicos) so apontados como os fatores mais importantes na acelerao das

    alteraes climticas e ambientais observadas e descritas pela comunidade cientfica. O

    crescimento do consumo de energia mais que triplicou aps a Revoluo Industrial e

    estudos recentes mostram uma tendncia de crescimento de demanda de energtica em

    conseqncia da recuperao econmica nos pases em desenvolvimento. A tendncia

    de crescimento atual indica que, na segunda dcada deste sculo, o consumo de energia

    nos pases desenvolvidos seja ultrapassado pelo consumo nos pases em

    desenvolvimento em virtude da melhoria dos parmetros scio-econmicos nesses

    pases [1]. Fatores como o aumento da demanda energtica em conjunto com a

    possibilidade de reduo da oferta de combustveis convencionais, aliados crescente

    preocupao com a preservao do meio ambiente, esto impulsionando a comunidade

    cientfica a pesquisar e desenvolver fontes alternativas de energia menos poluentes,

    renovveis e que produzam menor impacto ambiental.

    A matriz brasileira de oferta de energia primria, mostrada na figura 1a,

    demonstra que a queima de combustveis fsseis responde por grande parte da demanda

    de energia no setor de transporte e atende a cerca de 40% da energia utilizada no setor

    agropecurio o que resulta em uma grande contribuio para emisso de gases do efeito

    estufa (CO2, CO, etc.) no Brasil.

    Figura 1: matriz energtica primria (a), matriz energtica de eletricidade (b).

  • 17

    Programas de incentivo para adoo da queima de biomassa (etanol e biodiesel)

    esto em implantao no pas [2] e espera-se que em um futuro prximo, a biomassa

    contribua significativamente nestes setores, reduzindo a contribuio brasileira para a

    emisso global de gases de efeito estufa.

    Atualmente, a energia hidrulica a principal fonte de energia para a gerao de

    eletricidade, conforme mostra a matriz de produo de eletricidade, ilustrada na figura

    1b. Apesar de considerada uma fonte renovvel e limpa, as usinas hidroeltricas

    produzem um impacto ambiental ainda no adequadamente avaliado, devido ao

    alagamento de grandes reas [3]. Alm disso, as principais bacias hidrogrficas

    brasileiras com capacidade de gerao hidroeltrica de alta densidade energtica j esto

    praticamente esgotadas nos principais centros consumidores do pas.

    A energia nuclear citada como ume fonte limpa de energia eltrica por no

    provocar e emisso de gases para a atmosfera. Sob o ponto de vista do

    desenvolvimento, uma alternativa para cobrir o dficit de energia, diversificar as

    fontes de energia nacionais e viabilizar o programa nuclear brasileiro. O pas conta com

    a sexta maior reserva de urnio do mundo e apenas 25% do territrio nacional foram

    mapeados. Contudo, a energia nuclear no tem sido bem aceita pela sociedade civil em

    razo do questionamento sobre os riscos associados ao problema do armazenamento dos

    rejeitos radioativos gerados.

    Dentre as fontes renovveis de energia eltrica, a energia elica a que vem

    recebendo maior volume de investimentos por conta do Programa de Incentivo s

    Fontes Alternativas de Energia Eltrica (PROINFA http://www.mme.gov.br/),

    coordenado pelo Ministrio de Minas e Energia. A capacitao tecnolgica da indstria

    nacional e o custo decrescente da eletricidade de origem elica, quando associados ao

    enorme potencial elico nacional (143,5 GW) [4], indicam que essa forma de gerao

    poder ocupar, em mdio prazo, um importante papel no pas, principalmente atuando

    como fonte descentralizada e complementar de energia acoplada rede eltrica. No

    entanto, boa parte do territrio brasileiro, incluindo praticamente toda a regio

    amaznica e central do Brasil, no apresenta condio de vento adequada para gerao

    de eletricidade.

    Pelo fato de estar localizado na sua maior parte na regio tropical, o Brasil

    possui grande potencial para aproveitamento da energia solar durante todo ano [5, 6]. A

    utilizao da energia solar traz benefcios em longo prazo para o pas, viabilizando o

    desenvolvimento de regies remotas onde o custo da eletrificao pela rede

  • 18

    convencional demasiadamente alto com relao ao retorno financeiro do investimento,

    regulando a oferta de energia em perodos de estiagem, diminuindo a dependncia do

    mercado de petrleo e reduzindo a emisso de gases poluentes atmosfera como

    estabelece a Conferncia de Kyoto [7]. Existem muitas possibilidades em mdio e em

    longo prazo para aproveitamento dessa forma de energia renovvel, que vai desde

    pequenos sistemas fotovoltaicos a at grandes centrais que empregam energia solar

    concentrada, ou a sistemas de produo de hidrognio para utilizao em clulas de

    combustvel para a produo de trabalho com emisso zero de CO2. No entanto, hoje em

    dia essa energia ainda tem uma participao incipiente na matriz energtica brasileira.

    Apenas a energia solar trmica para aquecimento de gua tem despertado interesse no

    mercado nacional.

    Atualmente, um dos pases que possui um timo programa de incentivo e

    tambm tecnologias para aproveitamento de energia solar a Alemanha [8]. O

    programa alemo de incentivo s energias renovveis baseado na obrigatoriedade de

    compra pela operadora de rede de toda a energia gerada pelas fontes renovveis,

    pagando ao gerador uma tarifa prmio que distinta para cada tecnologia. Os recursos

    captados por meio de um pequeno acrscimo na tarifa de todos os consumidores so

    depositados em um fundo, utilizado para reembolsar (na forma de tarifa prmio) os

    consumidores que tenham instalado os sistemas fotovoltaicos. Neste caso, o incentivo

    pago gradualmente, como um prmio por kWh ao longo de vrios anos, permitindo que

    os consumidores recuperem seu investimento.

    Comparando os valores da mdia anual da radiao solar global incidente no

    plano horizontal da Alemanha com o Brasil, mostrados na figura 2, possvel verificar

    que mesmo a regio da Alemanha mais favorecida, em termos de radiao solar,

    apresenta aproximadamente 1,4 vezes menos radiao do que a regio brasileira menos

    ensolarada.

    O Brasil possui excelentes nveis de radiao solar, pois est localizado em uma

    faixa de latitude na qual a incidncia de radiao solar muito superior verificada no

    restante do mundo. Essa caracterstica coloca o pas em vantagem com relao aos

    pases industrializados no que tange utilizao da energia solar fotovoltaica [9].

    Algumas regulamentaes recentes da ANEEL Agncia Nacional de Energia

    Eltrica incentivam a utilizao de energia fotovoltaica como alternativa para gerao

    de energia, estimulando a micro e mini gerao distribuda no Brasil. Em 17 de abril de

  • 19

    2012 foi aprovada uma Resoluo Normativa que permite os consumidores gerar

    energia com sistemas convencionais, elicos e/ou fotovoltaicos.

    (a) (b) Figura 2: atlas solarimtrico da Alemanha (a), atlas solarimtrico do Brasil (b).

    Neste sentido, no municpio de Tau, Estado do Cear, foi implantado o projeto

    da Central Geradora Solar Fotovoltaica Tau [10], cujo projeto de iniciativa privada

    em parceria com o Governo do Estado do Cear. A central utilizar a radiao solar

    disponvel na localidade para a gerao de energia com capacidade instalada total de 50

    MW por meio da utilizao de painis fotovoltaicos, sendo 5 MW correspondentes

    primeira etapa de instalao e os 45 MW restantes correspondentes segunda etapa.

    Cada painel fotovoltaico tem potncia de 140 W a 230 W e a ligao entre eles resultar

    em 45 MW.

    Observa-se que em pases tropicais como o Brasil, a utilizao da energia solar

    vivel em praticamente todo o territrio, em locais distantes dos centros de produo

    energtica, sendo que sua utilizao contribui para a reduo da demanda energtica

    nestes e, conseqentemente, da perda de energia que ocorreria no sistema de

    transmisso [11].

    Atualmente, o custo de sistemas fotovoltaicos para gerao de energia eltrica

    o principal fator que define a opo por outras fontes geradoras. Um sistema

    fotovoltaico no produz lixo txico, no polui o meio ambiente e no envolve impacto

    ambiental ou social. Assim, a justificativa para o desenvolvimento deste trabalho a

    grande expectativa pela reduo do custo de fabricao das clulas solares, projetado

    para algo abaixo dos US$ 0,40/Watt contra os atuais US$ 4,00/Watt [12].

    KWh/m2/ano

  • 20

    Neste contexto, observa-se um aumento do interesse em pesquisas por

    tecnologias fotovoltaicas, graas aos novos incentivos governamentais para o

    desenvolvimento da gerao de energia utilizando esta fonte renovvel.

    O presente trabalho tem por objetivo desenvolver e implementar um sistema de

    controle analgico com movimento em dois eixos aplicado em painis fotovoltaicos,

    apresentando resultados obtidos por meio de simulaes em laboratrio do circuito de

    controle e do sistema completo de gerao fotovoltaica de energia eltrica.

    Os objetivos gerais deste trabalho so:

    1 - analisar a viabilidade da utilizao de sistemas de converso de energia

    luminosa em energia eltrica, para instalaes de pequeno porte;

    2 desenvolver um sistema fotovoltaico em laboratrio para realizao de

    simulaes e obteno de resultados para avaliao da eficincia energtica do mesmo.

    Os objetivos especficos so:

    1 desenvolver um sistema de controle de posio para um painel solar, por

    meio da utilizao de uma lgica de controle PWM para inversor em ponte H, acoplado

    a dois motores para posicionamento em dois eixos, permitindo que o painel permanea

    posicionado perpendicularmente ao Sol;

    2 analisar a viabilidade tcnica do sistema considerando a facilidade de

    manuteno, utilizao de componentes e sistemas disponveis no mercado nacional;

    3 avaliar a eficincia energtica do sistema para aplicaes em instalaes de

    pequeno porte.

    Para alcanar estes objetivos, este trabalho est dividido da seguinte forma:

    Captulo 1: so apresentadas as tecnologias para converso da luz em energia

    eltrica, caractersticas das clulas fotovoltaicas, dos sistemas e parmetros para

    implantao de sistemas fotovoltaicos.

    Captulo 2: demonstrado o sistema de controle adotado com suas

    caractersticas.

    Captulo 3: apresenta-se o desenvolvimento dos circuitos de controle de potncia

    utilizados para acionamento dos motores.

    Captulo 4: neste captulo demonstra-se o desenvolvimento da estrutura

    mecnica utilizada para posicionamento do painel solar.

    Captulo 5: aborda os critrios e procedimentos de projetos adotados.

    Captulo 6: so apresentadas as simulaes realizadas e os resultados obtidos.

  • 21

    Captulo 7: concluso e trabalhos futuros.

    Referncias.

    Anexo A Circuito de controle de posio.

    Anexo B Circuito limitador de luminosidade.

    Anexo C Circuitos auxiliares.

    Anexo D Circuitos para isolamento dos pulsos (drives).

    Anexo E Circuito das fontes independentes para isolao dos pulsos.

    Anexo F Circuito de controle do conversor flyback.

    Anexo G Circuito do conversor flyback.

    Anexo H Artigo relacionado ao trabalho publicado em congresso.

  • 22

    Captulo 1

    Converso de Energia Luminosa em Energia Eltrica 1.1 Introduo A energia solar fotovoltaica a energia da converso direta da luz em

    eletricidade, denominado de efeito fotovoltaico. O efeito fotovoltaico, ilustrado na

    figura 1.1, o aparecimento de uma diferena de potencial nos extremos de uma

    estrutura de um material semicondutor, produzida pela absoro da luz [11].

    (a) (b)

    Figura 1.1: Efeito fotovoltaico.

    Os materiais semicondutores utilizados para fabricao da clula fotovoltaica, o

    tipo de conexo e o nmero de clulas associadas so os fatores que influenciam na

    obteno da potncia que um mdulo ou painel fotovoltaico pode gerar.

    Neste captulo sero apresentadas as topologias dos sistemas fotovoltaicos de

    gerao de energia eltrica, as caractersticas dos mdulos fotovoltaicos, os tipos de

    clulas fotovoltaicas e critrios de projetos de sistemas fotovoltaicos.

  • 23

    1.2 Clulas Fotovoltaicas

    Os maiores empecilhos na utilizao de clulas fotovoltaicas so seu alto custo

    e baixo rendimento. A tecnologia atual de fabricao necessita de muita energia para

    que seja obtido material em estado muito puro, exigido na confeco das clulas, e no

    final obtm-se painis com aproximadamente 15% de rendimento apenas. Para um

    painel com 25 anos de vida til, considerando o desgaste e manuteno do sistema, o

    kilowatt/hora custa, em mdia, R$1,50 reais, contra os R$0,40 o kilowatt/hora da

    energia produzida pelas usinas [13]. Projees esperam que apenas em 2013 o preo da

    energia fotovoltaica se iguale ao da energia convencional, mas somente nas regies

    brasileiras com maior incidncia solar [14]. Por este motivo, necessrio buscar

    alternativas para tornar vivel a utilizao de clulas solares.

    Dentre os diversos semicondutores utilizados para a produo de clulas solares

    fotovoltaicas, destacam-se por ordem decrescente de maturidade e utilizao: o silcio

    cristalino (c-Si); o silcio amorfo hidrogenado (a-Si:H) ou simplesmente a-Si; o telureto

    de cdmio CdTe e os compostos relacionados ao disseleneto de cobre e ndio CuInSe2

    ou CIS e ao disseleneto de cobre, glio e ndio CuInGaSe2 ou CIGS. Neste ltimo

    grupo, aparecem elementos que so altamente txicos (Cd, Se, Te) ou muito raros (Ga,

    Te, Se, In, Cd), ou ambos, o que se mostrou inicialmente um obstculo considervel ao

    uso mais intensivo destas tecnologias. O silcio o segundo elemento mais abundante

    na superfcie do planeta (mais de 25% da costa terrestre silcio [15] e cem vezes

    menos txico que os outros elementos citados [16].

    1.2.1 Silcio Cristalino (c-Si)

    A mais tradicional das tecnologias fotovoltaicas e a que ainda hoje apresenta

    maior escala de produo a nvel comercial, o c-Si consolidou-se no mercado

    fotovoltaico internacional por sua extrema robustez e confiabilidade. O custo de

    produo destes painis solares , no entanto, elevado, razo pela qual esta tecnologia

    no considerada por muitos analistas como sria competidora com as formas

    convencionais de gerao de energia em larga escala. No entanto, o c-Si segue sendo o

    lder dentre as tecnologias fotovoltaicas para aplicaes terrestres em qualquer escala.

    A figura 1.2 mostra mdulos fotovoltaicos de c-SI.

  • 24

    Figura 1.2: Painis solares fotovoltaicos de c-Si de vrias potncias comercialmente

    disponveis. [Fonte: SIEMENS Solar Industries]

    O recorde de eficincia para clulas de c-Si, testadas em laboratrio,

    atualmente de 24,7% [18], muito prximo do mximo rendimento terico. Os melhores

    painis disponveis no mercado, porm, tm eficincia em torno de 15%, pois as

    diferenas entre e eficincia da melhor clula de laboratrio e painis comerciais

    incluem perdas de interconexo entre clulas no painel, rea ativa do painel e

    rendimento do processo produtivo.

    1.2.2 Silcio Amorfo Hidrogenado (a-Si)

    No incio dos anos 80 o a-Si era visto como a nica tecnologia fotovoltaica

    comercialmente vivel em filmes finos (pelculas delgadas). Tendo primeiramente sido

    empregado em clulas solares, em meados da dcada de 70, imediatamente despontou

    como tecnologia ideal para aplicao em calculadoras, relgios e outros produtos onde

    o consumo eltrico baixo. Por apresentar uma resposta espectral mais voltada para o

    azul, tais clulas se mostraram extremamente eficientes sob iluminao artificial,

    principalmente sob lmpadas fluorescentes.

    1.2.3 Telureto de Cadmio (CdTe)

    O mais recente competidor de c-Si e a-Si no mercado fotovoltaico para gerao

    de potncia o CdTe, tambm na forma de filmes finos. Para aplicaes em

    calculadoras este material j vem sendo usado h quase uma dcada, mas nas chamadas

    aplicaes terrestres, somente na ltima dcada que comearam a ser comercializados

    painis solares de grandes reas (o maior disponvel atualmente tem uma rea

    aproximada de 0,67m2).

  • 25

    Os custos de produo do CdTe so relativamente baixos para produo em

    grande escala e esta tecnologia tende a despontar como um competidor no mercado

    fotovoltaico para gerao de energia eltrica. A relativamente baixa abundncia dos

    elementos envolvidos e sua toxicidade so aspectos que tm de ser levados em conta,

    principalmente se esta tecnologia atingir quantidades significativas de produo.

    O recorde de eficincia de clulas individuais de pequenas reas foi, em

    laboratrio, ao redor de 16%, sendo que painis solares encontrados no mercado

    internacional apresentam eficincia entre 7 e 9% [18].

    1.2.4 Disseleneto de Cobre e ndio (CuInSe2)

    Outro competidor no mercado fotovoltaico, so os compostos baseados no

    disseleneto de cobre e ndio (CuInSe2 ou CIS) e disseleneto de cobre, glio e ndio

    (CuInGaSe2 ou CIGS), principalmente por seu potencial de atingir eficincias

    relativamente elevadas e custos de produo relativamente baixos [19].

    Clulas de CIS de pequenas reas produzidas em laboratrio apresentam no

    momento eficincias em torno de 18%. Painis de grande rea (aproximadamente 1m2)

    j se encontrem disponveis no mercado com eficincia entre 9 e 10%.

    1.3 Mdulos Fotovoltaicos

    Devido baixa tenso e corrente de sada em uma clula fotovoltaica, agrupam-

    se vrias clulas formando um mdulo. O arranjo das clulas nos mdulos pode ser feito

    conectando-se em srie ou em paralelo.

    Ao conectar as clulas em paralelo, conforme mostrado na figura 1.3, somam-se

    as correntes de cada mdulo e a tenso exatamente a tenso de sada da clula. A

    corrente produzida pelo efeito fotovoltaico contnua. Pelas caractersticas tpicas das

    clulas (corrente mxima de aproximadamente 3A e tenso muito baixa, em torno de

    0,7V) este arranjo no utilizado, salvo em condies especiais, como por exemplo, em

    pequenas aplicaes como dispositivos eletrnicos (relgios, calculadoras, etc.).

  • 26

    Figura 1.3: Conexo de clulas fotovoltaicas em paralelo.

    A conexo mais comum de clulas fotovoltaicas em srie, pois nesta

    configurao soma-se a tenso de cada clula chegando a um valor final de 12 V ou

    mais (depende das caractersticas do mdulo) e a corrente permanece com o mesmo

    valor, evitando que sejam utilizados condutores com elevadas bitolas, como mostra a

    figura 1.4, possibilitando a carga de acumuladores (baterias) que tambm operam nesta

    tenso.

    Figura 1.4: Conexo de clulas fotovoltaicas em srie.

    Quando uma clula fotovoltaica dentro de um mdulo, por algum motivo, estiver

    encoberta, a potncia de sada do mdulo reduzir consideravelmente e, pelo fato de

    estar ligada em srie, comprometer o funcionamento das demais clulas no mdulo.

    Para que toda a corrente de um mdulo no seja limitada por uma clula de pior

    desempenho (no caso de estar encoberta), utiliza-se um diodo para criar um circuito

    alternativo, denominado bypass. Este diodo serve como um caminho alternativo para a

    corrente e limita a dissipao de calor na clula defeituosa. Geralmente o uso do diodo

    bypass feito em agrupamentos de clulas, o que reduz custos em relao a

    configurao de se conectar um diodo em cada clula, conforme mostrado na figura 1.5.

  • 27

    Figura 1.5: Ligaes possveis para um diodo bypass entre clulas.

    Um problema que pode ocorrer a circulao de uma corrente negativa pelas

    clulas fotovoltaicas, ou seja, ao invs de gerar corrente, o mdulo passa a receber

    muito mais do que produz. Esta corrente pode causar queda na eficincia das clulas e,

    em alguns casos, a clula pode ser desconectada de arranjo causando a perda total do

    fluxo de potncia do mdulo. Para evitar isto, utiliza-se um diodo de bloqueio, mostrado

    na figura 1.6, impedindo assim, correntes reversas que podem ocorrer, caso o mdulo

    seja conectado diretamente a um acumulador ou bateria.

    Figura 1.6: Diodo de bloqueio.

    1.3.1 Caractersticas Eltricas dos Mdulos Fotovoltaicos

    A caracterstica de tenso e corrente de sada dos painis depende da irradiao

    solar e da temperatura da clula fotovoltaica e estas variaes causam flutuaes no

    ponto de mxima potncia (MPPT Maximum Power Point Tracking), conforme

    mostra a figura 1.7. A figura 1.8 (a) e (b) mostra a variao do ponto de mxima

    potncia com a radiao solar e a carga.

  • 28

    Figura 1.7: Curva dos parmetros de potncia mxima. [Fonte: ISOFOTON fabricante de

    mdulos fotovoltaicos]

    (a) (b)

    Figura 1.8: Variao do MPPT com a radiao solar incidente (a) e com a carga (b).

    Conversores estticos controlados so alocados entre geradores fotovoltaicos e

    cargas, com a finalidade de manter o sistema trabalhando no ponto de mxima potncia.

    Visando maximizar a potncia fornecida pelo painel fotovoltaico so utilizados circuitos

    de controle MPPT, os quais possuem como base principal de funcionamento a busca de

    mxima potncia.

    Devido complexidade desse controle, atualmente vrios estudos so

    desenvolvidos no ramo da eletrnica com o objetivo de propor novas configuraes de

    controle do MPPT. Mais informaes esto disponveis em [17].

    MPPT

    Tenso (V)

    Cor

    rent

    e (A

    )

  • 29

    Alm deste parmetro, h outras caractersticas eltricas que melhor definem a

    funcionalidade do mdulo. As principais caractersticas eltricas de um mdulo

    fotovoltaico so:

    Tenso de circuito aberto (Voc);

    Corrente de curto-circuito (Isc);

    Tenso de potncia mxima (Vmp);

    Corrente de potncia mxima (Imp);

    Potncia em Wp (Watt pico).

    A unidade de potncia Watt pico (Wp), especfica da tecnologia solar

    fotovoltaica, significa que cada Wp instalado dever transferir 1 W de potncia quando

    o mdulo fotovoltaico for submetido s condies normalizadas, que so: radiao solar

    incidente de 1 kW/m2 e temperatura das clulas fotovoltaicas de 25 C. Os fabricantes

    de mdulos fotovoltaicos especificam a eficincia destes para vrios valores de radiao

    solar incidente, uma vez que as condies climticas causam variaes da radiao

    incidente e, tambm, para vrias temperaturas de trabalho.

    Para o correto dimensionamento de um sistema de fotovoltaico, devem ser

    consideradas as seguintes curvas caractersticas do painel solar:

    curvas corrente-tenso (I x V) em funo da radiao solar incidente, (figura 1.9)

    e da temperatura, (figura 1.10);

    curvas potncia-tenso (P x V) em funo da radiao solar incidente, (figura

    1.11), e da temperatura, (figura 1.12).

    Figura 1.9: Curva caracterstica corrente x tenso do mdulo fotovoltaico em funo da radiao solar

    incidente. [Fonte: ISOFOTON fabricante de mdulos fotovoltaicos]

    Cor

    rent

    e (A

    )

    Tenso (V)

  • 30

    Figura 1.10: Curva caracterstica corrente x tenso do mdulo fotovoltaico em funo da temperatura.

    [Fonte: ISOFOTON fabricante de mdulos fotovoltaicos]

    Figura 1.11: Curva caracterstica potncia x tenso do mdulo fotovoltaico em funo da radiao solar

    incidente. [Fonte: ISOFOTON fabricante de mdulos fotovoltaicos]

    Figura 1.12: Curva caracterstica potncia x tenso do mdulo fotovoltaico em funo da temperatura.

    [Fonte: ISOFOTON fabricante de mdulos fotovoltaicos]

    Tenso (V)

    Cor

    rent

    e (A

    ) P

    otn

    cia

    (W)

    Tenso (V)

    Pot

    nci

    a (W

    )

    Tenso (V)

  • 31

    1.4 - Sistemas Fotovoltaicos para Gerao de Energia Eltrica

    Os sistemas fotovoltaicos podem ser classificados em trs categorias distintas:

    sistemas isolados, hbridos e conectados a rede. Os sistemas obedecem a uma

    configurao bsica onde o sistema dever ter uma unidade de controle de potncia e

    tambm uma unidade de armazenamento [11], conforme mostrado na figura 1.13.

    Figura 1.13: Configurao tpica de um sistema fotovoltaico.

    1.4.1 Sistemas Isolados

    Os sistemas isolados, em geral, so utilizados em locais remotos, como

    instalaes rurais. Pode alimentar cargas em CC, quando o painel fotovoltaico alimenta

    diretamente a carga, neste caso toda a energia gerada consumida instantaneamente,

    sem armazenamento, como por exemplo, a alimentao de bombas dgua. Quando o

    sistema utiliza armazenamento de energia, este feito por meio de um banco de

    baterias, neste caso utiliza-se um controlador de carga que tem a funo de no permitir

    que haja danos nas baterias causados por sobrecarga ou descarga profunda. Alm de

    proteger as baterias o controlador tambm monitora o consumo de energia das cargas,

    evitando que o painel fotovoltaico fique sujeito a condies de sobrecargas.

    Geralmente, em sistemas fotovoltaicos isolados utiliza-se a configurao

    mostrada na figura 1.14, pois freqente o uso de cargas CA, por isso torna-se

    indispensvel o uso de inversores CC-CA e controladores de carga. Mais informaes

    disponveis em [28].

  • 32

    Figura 1.14 Sistema fotovoltaico isolado.

    1.4.2 Sistemas Hbridos

    So sistemas que, desconectados da rede convencional, apresentam vrias fontes

    de gerao de energia, como por exemplo: turbinas elicas, gerao a diesel, mdulos

    fotovoltaicos entre outras, conforme mostra a figura 1.15. A utilizao de vrias formas

    de energia eltrica torna-se complexo na necessidade de otimizar o controle da

    transferncia da energia gerada. necessrio um controle de todas as fontes para que

    haja mxima eficincia na transferncia da energia para a carga.

    Figura 1.15: Topologia tpica de um sistema hbrido.

    Geralmente, os sistemas hbridos so empregados para sistemas de mdio a

    grande porte vindo a atender um nmero maior de usurios. Por trabalhar com cargas de

    corrente contnua, o sistema hbrido tambm apresenta um inversor. Devido grande

  • 33

    complexidade de arranjos e multiplicidade de opes, a forma de otimizar o sistema

    torna-se um estudo particular para cada caso.

    1.4.3 Sistemas Interligados Rede

    Estes sistemas utilizam vrios painis fotovoltaicos e no armazenam energia,

    pois toda a gerao entregue diretamente na rede. Este sistema representa uma fonte

    complementar ao sistema eltrico de grande porte ao qual est conectado. Todo o

    arranjo conectado em inversores, conforme mostrado na figura 1.16, que logo em

    seguida, so conectados diretamente na rede. Os inversores devem satisfazer s

    exigncias de qualidade e segurana para que a rede no seja afetada.

    Figura 1.16: Topologia de sistema fotovoltaico interligado rede.

    Atualmente, muitos estudos so desenvolvidos para avaliar a paridade do

    sistema fotovoltaico com a rede, pois isto envolve custos operacionais e questes

    regionais que influenciam no susto final da energia gerada por estes sistemas. Mais

    informaes esto disponveis em [8].

    1.5 Orientao do Mdulo Fotovoltaico

    Uma maneira de aumentar o rendimento das clulas fotovoltaicas posicionar o

    mdulo fotovoltaico adequadamente para obter mxima incidncia de raios solares.

    Com movimentao do painel sobre o eixo horizontal, possvel obter entre 15% e

    20% a mais de energia durante o ano dependendo do local, se comparado ao

    posicionamento convencional (painel esttico com a mesma inclinao da latitude do

    local) [20]. Anlises econmicas mostram que o custo do seguidor de sol de eixo

  • 34

    simples de R$0,25 o kilowatt/hora gerado, valor bem abaixo do custo da energia

    obtida pelos painis fotovoltaicos estticos. Ao comparar dois painis solares idnticos,

    sendo um mvel e outro esttico, o rendimento aumentou de 8,84% para 10,89%, ou

    seja, um acrscimo de 20% [20].

    Com a finalidade de beneficiar-se da mxima captao de energia ao longo do

    ano, duas condies devem ser observadas [21]. A primeira considera que, para uma

    operao adequada, os mdulos devem estar orientados para o Equador. Para

    instalaes localizadas no territrio brasileiro (Hemisfrio Sul), os mdulos

    fotovoltaicos estticos devem estar orientados em direo ao Norte Verdadeiro. Porm,

    esta regra pode no ser vlida caso o clima local varie muito durante um dia tpico, por

    exemplo, se ocorre neblina durante a manh e a maioria da insolao ocorre tarde, ou

    caso se deseje privilegiar a gerao em alguma hora especfica do dia.

    Na maioria das regies o Norte Verdadeiro no coincide com o Norte

    Magntico (indicado pela bssola). A diferena entre o Norte Verdadeiro e o Norte

    Magntico denominada de Declinao Magntica do Lugar. A verificao da direo

    Norte-Sul por meio de uma bssola est sujeita a grandes desvios. Este fato pode ser

    percebido colocando-se um pequeno m prximo a uma bssola, que sofrer uma

    alterao na indicao da direo. Deve-se consultar um mapa de declinao magntica

    para achar a correo angular, que dever ser aplicada leitura da bssola e tambm,

    evitando objetos metlicos, fontes de campo magntico, etc.

    A segunda condio a ser observada refere-se ao ngulo de inclinao dos

    arranjos fotovoltaicos. Em geral, a inclinao deve ser igual latitude do local onde o

    sistema ser instalado, mas nunca inferior a 10, para favorecer a auto-limpeza dos

    mdulos. Vale lembrar ainda que, em locais com muita poeira, necessrio limpar

    periodicamente a superfcie do mdulo, uma vez que a sujeira afeta a captao de luz,

    reduzindo seu desempenho. No entanto, deve-se cuidar para no danificar o vidro ou

    qualquer outro material de cobertura do mdulo.

    O ngulo de inclinao que maximiza a gerao de energia varia com a poca

    do ano e com a latitude do local onde o sistema ser instalado. Para maximizar a

    energia gerada ao longo do ano, a inclinao do arranjo fotovoltaico deve estar dentro

    de 10 no entorno da latitude do local. Por exemplo, um sistema posicionado, ao longo

  • 35

    de todo ano, em uma latitude de 35 pode ter um ngulo de inclinao de 25 a 45, sem

    uma reduo significativa no seu desempenho anual. Dependendo da aplicao e das

    condies climticas ao longo do ano, podem ser utilizadas outras inclinaes que

    privilegiem a gerao em pocas especficas.

    O planeta Terra, durante o movimento angular ao redor do Sol, descreve em

    trajetria elptica um plano que inclinado de, aproximadamente, 23,5 com relao ao

    plano equatorial. A posio angular do Sol, ao meio dia solar, em relao ao plano do

    Equador, denominada de Declinao Solar (d). Este ngulo varia com o dia do ano,

    dentro dos seguintes limites:

    -23,5 d 23,5

    A soma de declinao solar com a latitude local determina a trajetria do

    movimento aparente do Sol para um determinado dia em uma dada localidade na Terra.

    O correto posicionamento de um painel fotovoltaico um fator fundamental para

    obter o mximo possvel de radiao luminosa incidente, garantindo alta eficincia do

    sistema. Atualmente, h tecnologias computacionais (software) que permitem a anlise

    preliminar do local onde se pretende implantar um sistema de gerao fotovoltaico. Um

    software utilizado o PVsyst (http://www.pvsyst.com), o qual elabora relatrios com

    informaes sobre as variveis (radiao solar, orientao adequada, etc.) a serem

    consideradas no dimensionamento de um sistema fotovoltaico.

    1.6 Consideraes Finais

    Para o dimensionamento de sistemas fotovoltaicos devem ser observados

    aspectos como: integrao com o local a ser instalado (edificaes ou locais remotos

    como campos, reas abertas, etc.), resistncia a altas temperaturas, custo e

    caractersticas eltricas dos painis, previso do consumo das cargas e dimensionamento

    do banco de baterias. Mais informaes esto disponveis em [27] e [28].

    Um sistema fotovoltaico rastreador apresenta um ganho de 15% a 20% na

    gerao de energia, em relao a um sistema fixo, pelo fato de estar posicionado sempre

    perpendicularmente ao Sol, o que permite aproveitar ao mximo a radiao solar

    incidente [11] e [20].

  • 36

    Captulo 2

    Sistema de Controle Analgico

    2.1 Introduo

    O sistema para controle constitudo por um circuito para gerao de sinal

    PWM para movimentao do painel fotovoltaico, utilizando dois motores CC de12V. A

    localizao da fonte luminosa realizada por meio de um circuito eletrnico que, ao

    detectar a posio do Sol por meio de sensores LDRs (light dependent resistor),

    fornece aos semicondutores do inversor os pulsos de disparo.

    Este captulo apresenta o desenvolvimento do circuito de controle, assim como o

    funcionamento do mesmo, a importncia dos sensores LDRs utilizados e a gerao do

    sinal PWM adotado neste projeto.

    2.2Diagrama de Blocos

    O circuito de controle, cujo diagrama de blocos est mostrado na figura 2.1,

    possui sensores LDRs, componente cuja resistncia muda linearmente conforme varia a

    incidncia de luz sobre o mesmo [26]. Estes sensores esto posicionados sobre o painel

    fotovoltaico.

    De posse das tenses sobre os sensores, estas so comparadas em um

    amplificador diferencial (subtrator). Com este circuito obtm-se na sada uma tenso

    igual diferena entre os sinais aplicados, multiplicada por um ganho, situao

    suficiente para saber o quo diferente est a incidncia de luz nos sensores: quanto mais

    prximo da tenso offset, mais direcionado perpendicularmente fonte de luz est o

    painel, pois a intensidade luminosa nos dois sensores deve ser muito prxima ou igual.

    Quanto maior esta diferena, acima ou abaixo da tenso de offset, mais a direita ou a

    esquerda est a fonte de luz, pois um dos sensores est mais iluminado que o outro.

    Aps o estgio diferencial, o sinal passa ainda por um circuito integrador para suavizar

    as variaes na tenso de sada do amplificador diferencial.

    Os pulsos de chaveamento so obtidos aps a modulao por largura de pulso

    (comparador PWM).

  • prov

    caso,

    na sa

    onda

    sada

    triang

    sinal

    Utilizand

    eniente do a

    , uma ond

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    a triangular

    Consider

    a alta duran

    gular, e sa

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    F

    Figura 2.1

    do um amp

    amplificado

    da triangula

    mparador, um

    est mostra

    rando a ond

    nte a parte

    da baixa ca

    ntar, para co

    Figura 2.2: C

    : Diagrama

    plificador o

    or diferencia

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    m sinal com

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    da triangular

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    o (figura 2.

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    a tenso CC

    o. O circuito

    do amplific

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    o para gera

    ador, o sina

    que a tens

    adas, obtm

    or.

    M

    37

    o CC,

    neste

    assim,

    o da

    al tem

    o da

    m-se o

  • 38

    Alm dos estgios da lgica para obteno dos pulsos, h tambm outros

    circuitos que completam a lgica de controle, que so:

    - regulador de tenso, para gerar a tenso offset dos sinais utilizados (mostrado

    no Anexo C);

    - gerador de onda triangular, para utilizar no comparador PWM; duas fontes

    independentes, para isolar duas das chaves do inversor;

    - circuito de isolamento dos pulsos (drive de isolamento), para interface entre o

    circuito de controle e o inversor;

    - circuito limitador de luminosidade, para manter o sistema de posicionamento

    parado enquanto no houver luz suficiente para posicionar adequadamente o painel;

    - conversor flyback para fornecer uma tenso contnua e estvel de 15 V aos

    circuitos.

    Estes circuitos so teis para contornar algumas necessidades da lgica de

    controle e o funcionamento destes ser explicado no decorrer do trabalho.

    2.2.1 Sensores LDR (light dependent resistor)

    Como o intuito posicionar o mdulo perpendicularmente em relao ao Sol, os

    pulsos do inversor devem ser obtidos baseados na distribuio da incidncia de luz no

    painel solar. A obteno de informao sobre a irradiao de luz no ambiente feita por

    meio de sensores LDRs, posicionados prximos superfcie da placa solar.

    Utilizando os sensores configurados em um divisor de tenso, so obtidos

    valores de tenso relacionados linearmente potncia do estmulo luminoso.

    Figura 2.3: Sensores LDRs separados pelo anteparo.

    O diferencial obtido pela diferena da intensidade luz incidente, por meio de

    um anteparo entre os sensores (figura 2.3). A diferena entre os sinais obtidos aplicada

    ao circuito de controle, conforme citado anteriormente.

  • 39

    Foram utilizados dois conjuntos sensores, conforme mostrado na figura 2.4,

    instalados sobre a superfcie do mdulo fotovoltaico: o primeiro para controlar o giro e

    o segundo para controlar a inclinao. Cada conjunto de sensores composto por quatro

    LDRs (dois LDRs conectados em paralelo em cada lado do anteparo), pois assim

    obteve-se uma taxa de variao suave da resistncia com a variao da intensidade

    luminosa, promovendo uma equalizao dos valores reais apresentados pelos LDRs, o

    que resultou em maior equilbrio dos valores, evitando deslocamentos rpidos que

    causariam solavancos na estrutura durante o posicionamento do sistema.

    Figura 2.4: Sensores LDRs instalados sobre a superfcie do mdulo fotovoltaico.

    Os sensores foram instalados em suportes posicionados acima do painel solar,

    com proteo para no haver incidncia de luz proveniente dos espelhos refletores.

    2.2.2 Sinal PWM (pulse width modulation)

    Para gerar o sinal PWM realizada a comparao entre o sinal do integrador do

    circuito de controle (figura 2.5), e uma onda triangular de 25 kHz de freqncia.

    Quando o sinal do integrador possuir um valor maior que o da onda triangular, o

    controle ativa as chaves mpares do inversor e se o sinal possuir valor menor que a onda

    triangular, as chaves pares so ativadas, conforme mostrado na figura 4.5.

  • 40

    Figura 2.5: Sinal PWM comparado com a onda triangular e os pulsos resultantes nas chaves do inversor monofsico.

    2.3 Funcionamento do Circuito de Controle dos Eixos

    A lgica de controle consiste em comparar as informaes obtidas pelos dois

    conjuntos de sensores LDRs e depois utilizar o sinal diferencial em um comparador

    PWM. Os sinais passam primeiramente pelo amplificador diferenciador compreendido

    pelos componentes R5, R6, R7, R8 e U1C, conforme figura 2.6 a e b, cujo sinal de sada

    a diferena das tenses aplicadas nas entradas, multiplicada por um ganho. Como a

    alimentao negativa de todos os amplificadores operacionais est aterrada,

    adicionado 7,5 V de offset. Se no houvesse o offset positivo, a tenso de sada seria

    sempre 0 V quando a tenso aplicada entrada inversora (V-) fosse maior que a tenso

    na entrada no-inversora (V+). Com a adio dos 7,5 V, obtm-se na sada do

    diferenciador tenso entre 0 V e 7,5 V para V-> V+.

    Por meio da anlise do circuito pela lei de corrente de Kirchhoff, a tenso de

    sada do diferenciador dada por:

    KR

    VK

    R

    VVsensor

    sensordif

    171

    5,71

    7

    11101

    2 (2.1)

  • 41

    Este valor de tenso aplicado ao integrador, composto pelo capacitor C1 e

    U1D. Os 7,5 V de tenso na entrada positiva agem como offset, resultando na sada do

    integrador 7,5V quando as duas entradas apresentarem valores iguais. Este estgio faz

    com que a tenso aumente ou diminua lentamente quando os sensores apresentarem

    valores de resistncias diferentes um do outro.

    O estgio final da lgica de controle para obteno dos pulsos o comparador

    PWM. At este ponto, os valores de tenso obtidos pelos sensores foram comparados

    entre si e depois integrados, mantendo 7,5 VDC de offset. Agora, o sinal comparado

    com uma onda triangular, tambm com 7,5 VDC de offset, freqncia de 25 kHz para

    gerao dos pulsos para disparo das chaves do inversor. Com esta comparao entre

    uma tenso contnua e outra oscilando, possvel obter sinal com o ciclo ativo desejado.

    Durante um perodo de onda triangular, enquanto a tenso aplicada entrada no-

    inversora maior que a aplicada na inversora, o pulso de sada alto, caso contrrio a

    sada baixa. Como o valor da tenso contnua proveniente do estgio diferencial,

    ento est diretamente relacionada diferena das tenses obtidas nos divisores de

    tenso dos sensores.

    Assim, na sada do comparador PWM temos pulsos com ciclo ativo relacionado

    diferena de tenso nos sensores. O circuito de controle implementado para controlar

    os movimentos do sistema nos dois eixos est mostrado no Anexo A.

    Figura 2.6 (a): Circuito para obteno dos pulsos para controle do inversor.

  • 42

    Figura 2.6 (b): Circuito para obteno dos pulsos para controle do inversor.

    Foi necessrio considerar a condio de operao com baixa luminosidade, isto

    , quando anoitecer ou quando o cu estiver parcial ou totalmente nublado. Assim, nesta

    condio o circuito de controle pra de gerar sinais de pulso para os inversores. Isto foi

    feito por meio do circuito limitador de luminosidade mostrado na figura 2.7. Este

    circuito recebe o sinal de tenso dos sensores LDRs e compara os mesmos com uma

    tenso de offset, ajustada em um valor especfico. Quando houver baixa incidncia de

    luz, a sada Enable1, que est conectada ao circuito de controle juntamente com a

    sada de pulsos em uma porta AND, estar em 0 (zero), fazendo com que no haja

    pulsos na sada do circuito de controle. O circuito implementado est mostrado no

    Anexo B.

  • 43

    Figura 2.7: Circuito limitador de luminosidade. O circuito de controle apresentou na sada das portas AND U3A e U3B (figura

    2.6 b) as formas de onda apresentadas na figura 2.8, na qual observa-se que em

    momento algum ocorre simultaneamente nvel lgico alto, o que danificaria os

    semicondutores.

    Figura 2.8: Pulsos complementares gerados pelo circuito de controle. A figura 2.9 mostra o sinal resultante da soma das duas formas de onda.

    Observa-se a existncia de um intervalo de tempo sem pulso alto, resultado do tempo de

  • 44

    carga do capacitor do circuito RC (figura 2.6 b) presente em uma das entradas da porta

    AND, garantindo que os quatro MOSFETs no conduzam simultaneamente.

    Figura 2.9: Forma de onda resultante dos pulsos complementares.

    Aps a realizao de testes do circuito de controle em laboratrio, o mesmo foi

    montado em placa de circuito impresso e instalado em um painel junto estrutura

    mecnica, conforme mostra a figura 2.10 a, b e c.

    (a) (b) (c) Figura 2.10: Montagem do circuito de controle junto estrutura mecnica.

  • 45

    2.4 Conversor Flyback

    Todo o sistema de controle, que constitudo pelo circuito de controle

    analgico, inversor e drives isoladores de pulsos, precisa ser alimentado pela energia

    gerada pelo mdulo fotovoltaico. Para isto, foi implementado um conversor flyback

    modo contnuo, operando com controle em malha fechada (mostrado no Anexo F), com

    tenso estvel de sada de 15 V, considerando que a tenso de entrada pode variar de 24

    V a 30 V (variao apresentada na sada do painel fotovoltaico).

    Para a implementao do conversor, considerou-se a condio de baixa radiao

    solar, que ocorre com cu nublado ou noite, pois nestas situaes no h fornecimento

    de energia suficiente para o conversor alimentar o sistema de controle. Para solucionar

    isto, utilizou-se uma bateria auxiliar, conectada sada do conversor, que tambm

    alimenta o sistema de controle.

    No momento em que houver radiao solar adequada, o conversor flyback volta

    a alimentar todo o sistema de controle e tambm recarrega a bateria. O circuito do

    conversor implementado est mostrado no Anexo G.

    2.5 Consideraes Finais

    O circuito de controle proposto inicialmente apresentou uma taxa de variao

    dos pulsos de sada, para os inversores, demasiadamente rpida, dificultando e

    estabilizao do sistema na posio perpendicular ao Sol. Quando isso ocorria, os

    motores para posicionamento movimentavam-se para um lado ou outro, sem parar no

    ponto correto. Isto foi solucionado alterando os valores dos resistores e do capacitor do

    amplificador diferencial para obter um ganho melhor, permitindo que a ao integral

    apresentasse uma taxa de variao suave, para o correto posicionamento do painel.

    Inicialmente foi utilizado um conjunto de sensores LDRs, constitudo por um

    LDR em cada lado do anteparo, porm verificou-se que a taxa de variao da resistncia

    com a variao da luminosidade era demasiadamente elevada, o que causava solavancos

    durante o posicionamento do mdulo. Isto foi solucionado adicionando mais um LDR,

    conectado em paralelo, em cada lado do anteparo, para obter uma taxa de variao

    suave da resistncia dos mesmos, resultando em movimentos lentos durante o

    posicionamento do mdulo. Durante o perodo ensolarado, verificou-se que os LDRs

    apresentam mudanas na taxa de variao da resistncia, devido influncia da

    temperatura, porm isto no afetou o rastreamento do Sol pelo circuito de controle.

  • 46

    Captulo 3

    Circuito de Potncia para Acionamento dos Motores

    3.1 Introduo

    O posicionamento do mdulo fotovoltaico perpendicular ao Sol, realizado por

    meio do controle de dois motores: um para girar e outro para inclinar o painel. Cada

    motor controlado por um inversor monofsico em ponte-completa (full bridge) [23]

    que fornece uma tenso positiva ou negativa, conforme o controle feito pelo sinal

    PWM para chaveamento dos semicondutores. O inversor monofsico, alimentado por

    um conversor flyback com tenso estvel de sada de 15 V.

    O funcionamento do inversor empregado no projeto com suas principais formas

    de onda, assim como a operao dos motores utilizados so mostrados neste captulo.

    3.2 Inversor Monofsico

    Com o intuito de controlar o sentido de rotao e velocidade do motor utilizou-

    se um inversor (conversor CC-CA). Os inversores tm a funo de transformar uma

    tenso contnua e estvel, fornecida pelo conversor flyback, em uma tenso positiva ou

    negativa para os motores. Os nveis de tenso ou de corrente podem ser fixos ou

    variveis, assim como sua freqncia de operao [22]. Atualmente, existem dois tipos

    de inversores, classificados de acordo com: nmero de fases, forma de utilizao de

    semicondutores de potncia, comutao e formas de ondas de sada [23].

    3.2.1 Funcionamento do Inversor

    Com a utilizao de quatro semicondutores MOSFETs nos dois braos do

    inversor, o funcionamento consiste em disparos cruzados dos semicondutores, isto ,

    M1 conduzindo com M3 e M2 com M4, conforme o esquema elementar mostrado na

    figura 3.1.

  • 47

    Figura 3.1: Esquema elementar do inversor.

    A seguir so mostradas as etapas dos disparos, enquanto que a figura 3.2 mostra

    os pulsos em todas as chaves e a forma de onda na sada para uma carga puramente

    resistiva.

    Figura 3.2: Formas de onda e tenso para o inversor.

    Como visto na figura 3.2, quando os semicondutores mpares (M1 e M3)

    conduzem, a tenso de sada do inversor ser positiva e quando os semicondutores pares

    (M2 e M4) estiverem conduzindo a sada ser negativa.

    Etapa 1: T0< t < T1

  • 48

    Neste momento M1 conduz junto com M3 e a tenso da fonte DC aplicada na

    carga.

    Etapa 2: T1< t < T2

    Para evitar a conduo simultnea de M1 com M4 (ou M2 com M3) resultando

    em um curto-circuito, todos os semicondutores esto em corte, no havendo

    tenso aplicada na carga.

    Etapa 3: T2< t < T3

    Neste momento M2 conduz com M4 e a tenso da fonte DC aplicada na carga

    com polaridade invertida.

    Etapa 4: T3< t < T4

    Para evitar a conduo simultnea de M1 com M4 (ou M2 com M3) resultando

    em um curto-circuito, ocorre um intervalo de tempo (tempo morto) no qual os

    transistores permanecem em corte, no havendo tenso aplicada na carga, como ocorre

    igualmente na etapa 2. O circuito do inversor monofsico utilizado neste trabalho, com

    os MOSFETs, mostrado na figura 3.3.

    Figura 3.3: Circuito do inversor monofsico em ponte completa.

    3.3 Semicondutores

    Considerou-se para escolha dos transistores utilizados a tenso aplicada nos

    mesmos, bem como as correntes: mdia, eficaz e de pico, que circularo nestes. Os

    semicondutores esto sujeitos a tenso de entrada do inversor, que 15 V.

  • 49

    Para determinar a corrente eficaz e a mdia considerou-se uma carga puramente

    resistiva. Como a razo cclica pode atingir 100% devido s caractersticas de controle

    [24], para o caso mais crtico a corrente mdia possui valor igual ao da corrente eficaz.

    Para suportar estas condies operacionais deste trabalho, foi selecionado um

    transistor MOSFET modelo IRF-540, cujos parmetros (obtidos do datashet) so os

    seguintes:

    Tenso drain-source - VDS = 100 V;

    Tenso drain-gate VDRG = 100 V;

    Corrente de dreno contnua (25C) - ID = 22 A;

    Corrente de dreno contnua (100C) ID = 15 A;

    Corrente de dreno pulsada (na regio segura de operao) IDM = 88 A;

    3.4 Snubbers

    Durante o processo de chaveamento do conversor, podem surgir oscilaes de

    alta freqncia nos transistores e tambm nos diodos de potncia devido s indutncias

    intrnsecas existentes nas trilhas e componentes e tambm s capacitncias dos

    semicondutores, com elevadas derivadas de tenso e corrente.

    Um modo de evitar tais problemas inserir um snubber, podendo este estar em

    srie ou em paralelo com o componente a ser protegido. Isso mantm o MOSFET em

    uma rea de operao segura. O snubber pode ser passivo (utilizam resistores,

    capacitores, indutores e diodos) ou ativo (incluem transistores e outros elementos ativos,

    sendo usualmente mais complexos que os passivos). Tambm podem ser classificados

    como dissipativos (a energia armazenada no snubber pode ser dissipada em um resistor)

    ou regenerativos (caso a energia armazenada seja transferida para a entrada e/ou para a

    sada).

    Os snubbers so pequenos circuitos inseridos em circuitos estticos de potncia,

    cuja funo controlar os efeitos produzidos pelas reatncias intrnsecas do circuito e

    podem amortecer oscilaes, controlar a taxa de variao de tenso e/ou corrente e

    ainda, grampear sobretenses. Com o projeto adequado do snubber, os semicondutores

    apresentam menor dissipao de potncia mdia, picos menores de tenso, corrente e

    potncia dissipada. Isto resulta em maior confiabilidade, maior eficincia, menor peso,

    menor volume e menos interferncia eletromagntica. Suas caractersticas so

    maximizadas quando sua posio na placa de circuito impresso for o mais prximo

  • 50

    possvel do semicondutor a ser protegido [24]. A figura 3.4 mostra o esquema para

    snubber tipo dissipativo, utilizado neste projeto com um diodo ultra-rpido modelo UF-

    4004.

    Figura 3.4: Snubber dissipativo convencional para um transistor.

    3.5 Funcionamento do Inversor com Filtro de Sada

    A implementao de um filtro deve-se ao fato do circuito de controle operar em

    alta freqncia e no momento em que o painel estiver posicionado com ngulo de 90

    com o Sol, o controle fornecer um sinal para as chaves com razo cclica de 50% e

    freqncia de 25 kHz (adotado neste trabalho) e a tenso antes do filtro LC ficar

    alternando nessa freqncia com a forma de onda mostrada na figura 3.5.

    Figura 3.5: Formas de onda de tenso e corrente na sada do inversor.

  • 51

    Tornou-se necessrio implementar um filtro LC que eliminasse as variaes em

    altas freqncias e passasse para a carga somente o valor mdio dos pulsos enviados

    pelo circuito de controle. O filtro implementado do tipo passa-baixa com freqncia

    de corte de 120 Hz. A equao 3.1 permite de dimensionamento dos componentes do

    filtro LC.

    (3.1)

    O esquema do circuito com o filtro passa-baixa mostrado na figura 3.6 e o

    esquema completo est mostrado na figura 3.3.

    Figura 3.6: Inversor com filtro LC.

    O circuito equivalente para entrada AC foi utilizado para determinar a

    freqncia de corte do filtro, a figura 3.7 mostra a simplificao de um filtro LC

    anlogo ao utilizado neste projeto.

    Figura 3.7: Filtro LC utilizado no inversor.

  • 52

    (a) (b)

    Figura 3.8: Filtros equivalentes (a) e (b) possuem as mesmas caractersticas de

    funcionamento.

    A partir da simplificao apresentada na figura 3.8 obtm-se a equao 3.2 para

    o filtro LC do inversor. Considerando um indutor LX com baixa reatncia indutiva (para

    que haja baixa perda no indutor), uma freqncia de corte de 120 Hz, que resulta em

    uma atenuao de 3 dB nesta freqncia, um valor de indutncia de 880 H, que

    apresenta baixa impedncia (XL = 0,664 ) para a freqncia de corte, pode-se

    determinar o valor do capacitor por meio da equao 3.2, que de 1000 F.

    (3.2)

    Assim, o filtro LC apresenta, para freqncias maiores que a freqncia de corte,

    uma atenuao de 40 dB/dec.

    3.6 O Motor de Corrente Contnua

    3.6.1 Estrutura

    O motor de corrente contnua de duas estruturas magnticas:

    Estator (enrolamento de campo ou im permanente);

    Rotor (enrolamento de armadura).

  • 53

    O estator composto por uma estrutura ferromagntica com plos salientes aos

    quais so enroladas as bobinas que formam o campo. O rotor um eletrom constitudo

    de um ncleo de ferro com enrolamentos na superfcie que so alimentados por um

    sistema mecnico de comutao. Este sistema formado por um comutador e por

    escovas fixas, que exercem presso sobre o comutador e que so ligadas aos terminais

    de alimentao. O propsito do comutador inverter a corrente na fase de rotao

    apropriada de forma que o conjugado desenvolvido seja sempre na mesma direo.

    Os enrolamentos do rotor compreendem bobinas de n espiras. Ambos os lados

    de cada enrolamento so inseridos em ranhuras com espaamento igual ao de dois plos

    do estator de modo que, quando os condutores de um lado esto sob o plo norte, os

    condutores do outro lado esto sob o plo sul. As bobinas so conectadas em srie por

    meio das lminas do comutador, com o final da ltima conectado ao incio da primeira.

    3.6.2 Funcionamento do Motor CC

    Um desenho esquemtico de um motor CC mostrado na figura 3.9, onde o

    estator representado por meio de ims permanentes e o rotor representado por uma

    bobina de fio de cobre por onde circula uma corrente eltrica. Uma vez que as correntes

    eltricas produzem campos magnticos, essa bobina se comporta como um im

    permanente, com os plos resultantes norte e sul.

    Figura 3.9: Funcionamento de um motor CC.

  • 54

    Iniciando a descrio pela situao ilustrada em (a), a bobina est posicionada

    horizontalmente, como plos opostos se atraem, a bobina experimenta um torque que

    age no sentido de girar no sentido anti-horrio. A bobina sofre acelerao angular e

    continua seu giro para esquerda, conforme ilustrado em (b).

    O torque continua at que os plos da bobina alcancem os plos opostos dos

    ims fixos (estator). Nesta situao (c), a bobina girou 90, no h torque algum, uma

    vez que a direo da fora eletromagntica passa pelo centro da rotao. Assim, o rotor

    est em equilbrio, ou seja, a fora e o torque resultantes so nulos. Este o instante

    adequado para inverter o sentido da corrente na bobina. Agora, os plos de mesmo

    nome esto muito prximos e a fora de repulso intensa. Devido inrcia do rotor e

    como a bobina j apresenta um momento angular para a esquerda, esta continua

    girando para a esquerda no sentido anti-horrio e o novo torque, agora propiciado por

    foras de repulso, como em (d), colabora para e manuteno e acelerao do

    movimento de rotao.

    Estas atraes e repulses bem coordenadas que fazem o rotor girar. A

    inverso do sentido de corrente, denominada de comutao, no momento oportuno,

    indispensvel para a manuteno dos torques favorveis, os quais garantem o

    funcionamento dos motores.

    3.6.3 Controle de Velocidade

    O controle de velocidade de um motor de corrente contnua se d por meio do

    controle da tenso aplicada em sua armadura. O modelo eltrico do motor de corrente

    contnua, disposto na figura 3.10, mostra as caractersticas eltricas do mesmo.

    Figura 3.10: Esquema equivalente do motor CC.

  • 55

    Utilizando a lei de Kirchoff:

    Ua = Ra Ia L Ia + E (2.3)

    Onde:

    Ua = tenso da armadura (V);

    Ra = resistncia da armadura ( );

    Ia = corrente da armadura (A);

    E = fora eletromotriz induzida (V).

    Considerando que a resistncia da armadura muito pequena e a corrente

    constante, possvel simplificar a equao para:

    Ua = E (2.4)

    Pela lei da induo de Faraday, sabe-se que a fora eletromotriz proporcional

    rotao a ao fluxo magntico.

    E = K1 n (2.5)

    Onde:

    K1 = constante que depende da construo do motor;

    = fluxo magntico no entreferro;

    n = velocidade de rotao do motor;

    Combinando as equaes acima:

    N = Ua K1

    Portanto, a velocidade de rotao proporcional tenso aplicada na armadura e

    inversamente proporcional ao fluxo no entreferro.

    O controle de velocidade, at a velocidade nominal, feito por meio da variao

    do valor da tenso da armadura do motor, mantendo-se o fluxo constante. Velocidades

    superiores nominal podem ser obtidas pela diminuio da intensidade do fluxo,

    mantendo-se a tenso da armadura constante. Para diminuio deste fluxo necessria a

    diminuio da corrente de campo, controle este que foge do escopo deste trabalho. A

    velocidade nominal do motor definida por meio da corrente de armadura nominal,

    pelos aspectos trmicos do dimensionamento do motor e da tenso da resistncia da

    armadura.

    Quando o torque requerido pela carga for constante, o motor demanda uma

    corrente de armadura praticamente constante e somente durante aceleraes geradas

    pelo aumento do valor da tenso que a corrente eleva-se transitoriamente para acelerar

    a mquina, retornando aps isso ao valor inicial.

  • 56

    Sendo assim, em regime, o motor CC opera com corrente de armadura

    praticamente constante e o valor desta corrente determinado pela carga aplicada no

    eixo. Assim, no modo de variao de rotao por meio da variao da tenso da

    armadura, at a rotao nominal, o motor tem a disponibilidade de acionar a carga

    exercendo um torque constante em qualquer valor de rotao de regime estabelecida.

    Observa-se que uma grande vantagem do motor CC o alto torque que apresenta

    quando opera com baixas rotaes e tambm, torque constante at o valor de rotao

    nominal.

    Neste projeto utilizou-se um motor de corrente contnua de 12 W, usado em

    limpador pra-brisa de veculos. Esse tipo de motor possui um redutor no eixo, que

    diminui a velocidade angular a aumenta o torque. O motor utilizado, mostrado na figura

    3.11, possui valores de indutncia e resistncia de 1,054 mH e 16,19 ,

    respectivamente.

    Figura 3.11: Motor CC utilizado no projeto.

    3.7 Testes Realizados

    Aps a montagem do circuito de controle (para gerao de pulsos PWM) e do

    inversor, conectado ao motor, os testes foram realizados por meio da obteno da forma

    de onda de sada do inversor. Foram obtidos sinais de razo cclica (D) igual a 50%

    (carga em equilbrio) e de 75%. O intuito destes testes foi verificar se a operao do

    sistema ocorria conforme os parmetros de projeto.

    3.7.1 Tenso na Carga com Sinal de Razo Cclica de 50%

    A figura 3.12 mostra a tenso no motor com sinal de entrada de 12,5 kHz e razo

    cclica 50% e a figura 3.13 mostra a tenso no motor com sinal de entrada de 25 kHz e

    razo cclica 50%.

  • 57

    Figura 3.12: Tenso na carga com sinal de entrada de 12,5 kHz e D = 50%.

    Figura 3.13: Tenso na carga com sinal de entrada de 25 kHz e D = 50%

    Observa-se, por meio dos grficos, uma diminuio da tenso com o aumento da

    freqncia de operao e que, quando o circuito opera acima da freqncia de corte do

    filtro, a tenso mdia no motor de valor prximo a zero, mostrando que o motor

    permanece parado nesta condio.

  • 58

    3.7.2 Tenso na Carga com Sinal de Razo Cclica de 75%

    A figura 3.14 mostra a tenso no motor com sinal de entrada de 12,5 kHz e razo

    cclica 75% e a figura 3.15 mostra a tenso no motor com sinal de entrada de 25 kHz e

    razo cclica 75%.

    Figura 3.14: Tenso na carga com sinal de entrada de 12,5 kHz e D = 75%.

    Figura 3.15: Tenso na carga com sinal de entrada de 25 kHz e D = 75%.

    Verificou-se, por meio dos grficos que quando ocorria variao da razo cclica

    surgiram tenses com valores em mdulo prximos a 5 V de pico, ou seja, quando o

  • 59

    circuito de controle fornecer sinais com razes cclicas diferentes de 50% (quando o

    motor est parado) surgir uma tenso na sada do inversor, fazendo com que o motor

    tenha potncia suficiente para movimentar o painel fotovoltaico para a posio

    adequada.

    3.8 Consideraes Finais

    Verificou-se, por meio dos testes realizados, que o circuito de acionamento dos

    motores funcionou satisfatoriamente, fornecendo tenso suficiente para os motores,

    conforme as caractersticas previstas em projeto, sendo que no houve a necessidade de

    adaptaes ou mudanas no modelo proposto inicialmente.

    Observou-se que os motores utilizados promovem uma movimentao lenta e

    suave do sistema mecnico, posicionando do mdulo fotovoltaico de acordo com o

    deslocamento do Sol ao longo do dia. Apresentam alta durabilidade e resistncia, pois

    ficaram expostos ao calor e umidade durante a realizao dos testes sem apresentar

    falhas.

  • 60

    Captulo 4

    Estrutura Mecnica

    4.1 Introduo

    Este captulo apresenta o desenvolvimento da estrutura mecnica utilizada para o

    posicionamento do painel solar. A estrutura foi desenvolvida de forma emprica, de

    modo a obter os resultados esperados para validar o projeto proposto, sendo que

    inicialmente foi implementada em um eixo e posteriormente em dois eixos.

    O movimento em dois eixos do painel solar, conforme proposto neste trabalho,

    realizado por meio de uma estrutura composta por dois motores CC, utilizados em

    sistemas automotivos para limpador de pra-brisas, devido ao fato de serem robustos

    (apresentam alta durabilidade, resistncia ao calor e umidade), de baixo custo e de fcil

    manuteno.

    4.2 Projeto da Estrutura Mecnica

    Inicialmente, foi montada uma estrutura de madeira, conforme mostra a figura

    4.1, que permitia movimentao em apenas um eixo para ensaios em laboratrio. O

    suporte foi confeccionado em madeira devido facilidade em se encontrar este material

    e tambm sua fcil manipulao. No suporte foi fixada uma guia com dentes para

    acoplamento na cremalheira, que por sua vez foi acoplada ao eixo mvel.

    Figura 4.1: Estrutura de madeira para ensaios em laboratrio.

    A rosca sem fim foi instalada diretamente no eixo do motor, conforme mostra a

    figura 4.2, para proporcionar um travamento do sistema quando o motor estiver parado.

  • 61

    Caso isso no ocorresse, o peso da placa faria com que o motor retornasse ao

    ponto de equilbrio e assim, o sistema de controle teria que fornecer potncia

    constantemente para manter o painel fotovoltaico na posio adequada.

    Figura 4.2: Esquema de acoplamento da rosca sem fim no motor e na cremalheira.

    O motor foi instalado o mais prximo possvel do suporte a fim de reduzir o

    tamanho do conjunto e facilitar o encaixe.

    A estrutura montada para posicionar o painel solar de acordo com o escopo deste

    trabalho mostrada na figura 4.3.

    Figura 4.3: Estrutura para posicionamento do painel solar.

    Possui movimentao em dois eixos, permitindo que ocorra por meio do circuito

    de controle, a inclinao e o giro simultaneamente. Desta forma obtido o correto

    posicionamento do painel fotovoltaico.

    Como o intuito deste trabalho aproveitar o mximo possvel de energia

    luminosa, foram instalados na estrutura espelhos concentradores posicionados a 45 de

  • 62

    inclinao em relao ao eixo normal do painel, com o objetivo de aumentar a

    intensidade luminosa incidente, conforme mostra figura 4.4. Isso promoveu maior

    incidncia de luz sobre o painel fotovoltaico, aumentando a eficincia durante a

    captao e gerao de energia, pois assim h maior radiao solar sobre as clulas

    fotovoltaicas, no havendo perdas ou reduo considervel da potncia gerada, mesmo

    em condies de baixa luminosidade (cu parcialmente nublado).

    Figura 4.4: Estrutura para posicionamento do painel solar com espelhos concentradores.

    Os espelhos foram fixados na estrutura por meio de parafusos e tirantes com

    rosca sem fim, de tal forma que a distribuio das tenses e esforos ocorresse sem

    causar aumento indesejado de carga nos eixos dos motores. Foram fixados de modo que

    no ocorresse incidncia de luz sobre os sensores detectores de luz solar, evitando assim

    eventuais erros de posicionamento do painel.

    O controle da inclinao da estrutura feito pelo sistema de acoplamento,

    mostrado na figura 4.5 (a) e (b), e o controle do giro, pelo sistema de acoplamento

    mostrado na figura 4.6 (a) e (b).

    Os motores utilizados para movimentao nos dois eixos so de corrente