Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada...

127
JOÃO PEDRO BRAGA TEIXEIRA IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL À LUZ DA PRODUÇÃO LIMPA: O CASO DA HJ BAHIA Monografia apresentada à Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia para obtenção do título de Especialista em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo. Orientador: Profª Drª Márcia Mara de Oliveira Marinho Salvador 2006

Transcript of Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada...

Page 1: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

JOÃO PEDRO BRAGA TEIXEIRA

IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL À LUZ DA PRODUÇÃO LIMPA:

O CASO DA HJ BAHIA

Monografia apresentada à Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia para obtenção do título de Especialista em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo.

Orientador: Profª Drª Márcia Mara de Oliveira Marinho

Salvador

2006

Page 2: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Domingos Duarte Teixeira e Alzenir Braga Teixeira, meus ídolos,

pela orientação e amor incondicional, em todas as fases da minha vida, e pelo

esforço incansável para garantir meu sucesso profissional e como ser humano.

Aos meus irmãos, Claudia, Domingos, Duílio, Rodrigo, Auzenia e Daiane, pelos

incentivos, união e amizade acima de tudo.

A minha namorada, Gabriela, e a sua mãe, Maria Neide, pelo companheirismo e

apóio em todos os momentos.

A professora Márcia Marinho, pela sua atenção, acompanhamento e compreensão

prestados em cada fase desta pesquisa.

A Rede de Tecnologias Limpas e Minimização de Resíduos da UFBA - TECLIM, e

aos seus professores e funcionários, pela infra-estrutura que subsidiou a elaboração

deste trabalho.

A HJ BAHIA LTDA, pela aceitação de realização das pesquisas, e, especialmente,

ao seu diretor Abraão Bahia, pela confiança depositada.

A CARAIBA METAIS, pela disponibilidade de acesso aos seus estabelecimentos,

sem a qual seria impossível a realização do estudo de caso.

A cada pessoa que, a sua maneira, contribuiu com esta pesquisa.

Page 3: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

RESUMO

Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo

aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência dos

mercados e consumidores que passaram a exigir produtos e processos

ambientalmente corretos, vem disseminando nas empresas a urgência com relação

à necessidade de implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). No

entanto, embora existam esforços direcionados neste sentido, muitas empresas não

aproveitam a oportunidade para incluir, no bojo da implantação do referido sistema,

tecnologias ambientais modernas e proativas, como as de Produção Limpa (PL),

capazes de otimizar a utilização dos recursos disponíveis e prevenir a poluição e a

geração de resíduos, em vez do tratá-los. Além disso, as pequenas e micro

empresas prestadoras de serviços industriais enfrentam sérias dificuldades para se

adequarem aos procedimentos ambientais vigentes nos estabelecimentos de

grandes empresas que já possuem um SGA ou que está em fase de implementação.

Esta pesquisa justifica-se assim pela necessidade crescente de implementação de

SGAs, não apenas para obter a certificação ambiental desejada, mas também para

adotar princípios e práticas de PL em todas as fases do processo. Além disso, este

trabalho busca incentivar as pequenas e micro empresas do ramo de prestação de

serviços a também implementarem seu próprio SGA.

Desta forma, baseando-se numa ampla revisão bibliográfica e em pesquisas de

campo, é proposta neste trabalho uma metodologia para implementação de um SGA

em pequenas e micro empresas, contemplando os princípios da Produção Limpa

integrados aos requisitos da ISO 14001. Finalmente, é avaliada a aplicabilidade da

proposta em uma pequena empresa prestadora de serviços de manutenção

industrial.

Palavras-chave: Sistema de Gestão Ambiental, Produção Limpa, Pequenas e Micro

Empresas Prestadoras de Serviços.

Page 4: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................07 LISTA DE TABELAS ...............................................................................................08 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ..................................................................09 1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................11 1.1 O Caso em Estudo ........................................................................................16 1.2 Objetivos e Delimitações ...............................................................................17 1.3 Justificativas ..................................................................................................18 1.4 Métodos e Estrutura da Pesquisa..................................................................19 2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS .......................................................................21 2.1 Histórico dos Sistemas de Gestão Ambiental ................................................21 2.2 A Série ISO 14000.........................................................................................22 2.3 A Norma NBR ISO 14001..............................................................................24 2.4 Requisitos para Implementar um SGA...........................................................25 2.4.1 Política Ambiental ..........................................................................................26 2.4.2 Planejamento.................................................................................................26 2.4.3 Implementação e Operação...........................................................................28 2.4.4 Verificação e Ação Corretiva .........................................................................30 2.4.5 Análise Crítica pela Administração ................................................................32 2.5 Benefícios da Certificação Ambiental ............................................................32 2.6 O Conceito da Produção Limpa.....................................................................34 2.7 Princípios e Instrumentos da Produção Limpa ..............................................36 2.8 Produção Limpa X Fim de Tubo ....................................................................40 2.9 Implantando a Produção Limpa .....................................................................44 2.10 A Realidade das Pequenas e Micro Empresas..............................................47 3 PROPOSTA DE METODOLOGIA DE IMPLEMENTAÇÃO DE UM SGA À LUZ DA PRODUÇÃO LIMPA....................................................................51 3.1 Avaliação Ambiental Inicial ............................................................................53 3.2 Aspectos e Impactos Ambientais...................................................................56 3.2.1 Identificação dos Aspectos e Impactos..........................................................57 3.2.2 Avaliação da Significância dos Impactos.......................................................58 3.2.3 Fluxogramas e Lay outs.................................................................................60 3.2.4 Análise Quali-quantitativa de Resíduos .........................................................60 3.2.5 Controles Operacionais e Planos de Emergência .........................................61 3.3 Requisitos Legais e Regulamentares ............................................................65 3.4 Política Ambiental ..........................................................................................65 3.5 Objetivos, Metas e Programas.......................................................................67 3.5.1 Redução de Impactos Ambientais Negativos ................................................68 3.5.2 Realização de Treinamentos e Conscientização ...........................................69 3.5.3 Meios de Comunicação e Controle de Documentos......................................69 3.6 Medição e Monitoramento .............................................................................71 3.7 Ações Corretivas e Preventivas.....................................................................71

Page 5: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

3.8 Auditorias Internas.........................................................................................72 3.9 Análise Crítica do SGA ..................................................................................73 3.10 Síntese Diferencial da Proposta ....................................................................74 4 ESTUDO DE CASO ......................................................................................78 4.1 A HJ Bahia.....................................................................................................79 4.2 Avaliação Ambiental Inicial da HJ Bahia........................................................80 4.2.1 Sistemas de Gestão Existentes .....................................................................83 4.2.2 Políticas e Práticas Existentes.......................................................................84 4.2.3 Aspectos Ambientais .....................................................................................88 4.2.4 Requisitos Legais ..........................................................................................91 4.3 Aspectos e Impactos Ambientais da HJ Bahia ..............................................91 4.4 Requisitos Legais e Regulamentares da HJ Bahia........................................93 4.5 Política Ambiental da HJ Bahia......................................................................97 4.6 Programa de Gestão Ambiental da HJ Bahia ................................................98 5 CONCLUSÕES ...........................................................................................101 REFERÊNCIAS......................................................................................................106 ANEXO 1 – LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA DIAGNÓSTICO AMBIENTAL INICIAL ..............................................................................................111 ANEXO 2 – MATRIZ DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS DA HJ BAHIA ................................................................................................125 ANEXO 3 – PROGRAMA DE GESTÃO AMBIENTAL DA HJ BAHIA COM PRODUÇÃO LIMPA ..........................................................................126

Page 6: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Técnicas para Redução da Poluição ....................................................... 42

Figura 2 – Alternativas de PL para Minimização de Resíduos ................................. 62

Figura 3 – Exemplo de Política Ambiental com Compromissos de PL .................... 66

Figura 4 – Dados Gerais da HJ Bahia ...................................................................... 81

Figura 5 – Organograma da HJ Bahia ...................................................................... 82

Page 7: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Componentes do Ecotime ...................................................................... 54

Tabela 2 – Aspectos e Impactos Ambientais ........................................................... 57

Tabela 3 – Avaliação da Significância dos Impactos Ambientais ............................. 59

Tabela 4 – Análise Quali-quantitativa de Resíduos .................................................. 60

Tabela 5 – Controles Operacionais e Planos de Emergência .................................. 62

Tabela 6 – Programa de Gestão Ambiental ............................................................. 67

Tabela 7 – Diferenciais da Proposta de Implementação de SGA com PL ............... 74

Page 8: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABETRE – Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACV – Análise de Ciclo de Vida

BSI – British Standards Institute

CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável

CEMPRE – Compromisso Empresarial para a Reciclagem

CNTL – Centro Nacional de Tecnologias Limpas

CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente

EIA – Estudo de Impacto Ambiental

EMAS – Eco-Management and Auditing Scheme

FIEB – Federação das Indústrias do Estado da Bahia

FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

HJ BAHIA – Hidrojato Bahia Locação de Mão de Obra Ltda.

ISO – International Organization for Standardization

NBR – Norma Brasileira

NRPL – Núcleo Regional de Produção Mais Limpa

OHSAS – Occupational Health and Safety Assessment Series

OMC – Organização Mundial do Comércio

ONG – Organização Não Governamental

Page 9: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

ONU – Organização das Nações Unidas

PGA – Programa de Gestão Ambiental

PL – Produção Limpa

P+L – Produção Mais Limpa

PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

RIMA – Relatório de Impacto Ambiental

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SGA – Sistema de Gestão Ambiental

SGQ – Sistema de Gestão da Qualidade

TECLIM – Rede de Tecnologias Limpas e Minimização de Resíduos na Indústria

TL – Tecnologia Limpa

UE – União Européia

UNILIVRE – Universidade Livre do Meio Ambiente

UNEP – United Nations Environmental Program

Page 10: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

11

1 INTRODUÇÃO

A expansão dos diversos setores de produção, o crescimento econômico e o

desenvolvimento tecnológico ocorridos nas últimas décadas proporcionaram muitos

benefícios à sociedade como um todo. Porém, unidos ao rápido crescimento

populacional e ao comportamento inadequado de consumo, resultaram em

conseqüências indesejadas. A poluição ambiental associada a estes fatos gerou a

formação de um passivo com difíceis problemas a serem resolvidos. A grande

quantidade de resíduos que foi e continua sendo depositada no meio ambiente

alertou de vez o mundo para o risco iminente que corremos e às incertezas futuras.

Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos

(ABETRE), a indústria brasileira terá de investir cerca de cinco bilhões de reais para

tratar parte do passivo ambiental existente, um valor que aumenta meio bilhão a

cada ano. Atualmente, o Brasil gera 2,9 milhões de toneladas de resíduos industriais

perigosos por ano e somente 28% desse total têm destino conhecido. A maior parte

dos rejeitos é depositada em lixões a céu aberto, o que acaba provocando

contaminações no solo e lençol freático. O Ministério da Saúde identificou nada

menos do que 15 mil locais afetados no país pela poluição química. A estimativa é

de que sete milhões de pessoas estão expostas ao perigo (www.abetre.com.br.

Acesso em: 3 nov. 2003).

Aliados aos problemas da degradação ambiental, estão os atuais fatores associados

às regulamentações governamentais, além das vigilâncias e pressões por parte de

Organizações não Governamentais – ONGs. A falta de uma política ambiental pró-

ativa pode levar as empresas a terem altos custos no tratamento de seus resíduos,

em conformidade com as exigências legais de cada setor, e às vezes muitos

prejuízos com processos de remediação ou recuperação do meio ambiente. Isto

acontece nos casos em que ocorre a disposição incorreta sem o devido tratamento.

Atualmente, a sociedade de uma forma geral também tem contribuído para

pressionar o mundo empresarial quanto às preocupações ambientais. Está surgindo

um perfil de consumo onde coloca o conceito de qualidade além da simples

Page 11: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

12

adequação ao uso e ao preço. Isso se constata quando deixam de comprar produtos

que de uma forma direta ou indireta contribuam para a degradação ambiental do

planeta.

Por outro lado, as pressões de ordem econômica mundial estão aumentando ainda

mais a competitividade do mercado. Acordos internacionais, boicotes às

importações, certificações de produtos e processos, e os chamados “selos verdes”

são algumas das exigências e barreiras, tarifárias ou não, que o cenário atual impõe

para a sobrevivência empresarial. Podemos citar, como exemplo, o bloqueio da

importação de gasolina do Brasil feito pelos Estados Unidos, em 1996, alegando

razões ambientais, sendo o caso levado a julgamento na OMC; boicotes impetrados

pela Alemanha e Inglaterra a produtos brasileiros em vista das queimadas na

Amazônia; e outros produtos, como o camarão, também já foi boicotado devido à

maneira como eram pescados (www.unilivre.org.br. Acesso em: 17 nov. 2003).

Assim, a acelerada degradação do meio ambiente, o aumento da atividade

regulamentadora, a crescente consciência dos consumidores que passaram a exigir

produtos que não agridam ao meio ambiente e a nova ordem econômica supracitada

são algumas das razões para que se venha crescendo nas empresas a urgência

com relação à necessidade de implementação de sistemas de gestão ambiental.

A problemática ambiental, então como fator de preocupação do mundo empresarial,

pode ser dividida em três fases:

• A fase negra – quando a degradação ambiental era considerada uma etapa

necessária para garantir o conforto do homem, e o pensamento ecológico era

visto como radicalismo ou exibicionismo;

• A fase reativa – busca da redução dos impactos ambientais e adequação à

legislação para evitar ou reduzir as penalidades afins, cujo pensamento ainda

persiste em muitas organizações hoje em dia;

• A fase pró-ativa – ainda muito recente, que posiciona o meio ambiente como

estratégia do negócio e fator de sucesso na gestão empresarial.

Page 12: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

13

Assim, como o fator ambiental é uma realidade que não pode deixar de ser

considerada, ou melhor, deve-se levar em conta obrigatoriamente, algumas

empresas já estão incorporando-o ao seu processo produtivo. Elas estão conciliando

práticas saudáveis com lucratividade, reduzindo custos, reforçando o marketing da

empresa com relação à sua postura ambientalmente correta, e ganhando confiança

do mercado. Desta forma, a questão ambiental deixou de ser encarada como um

ônus para a indústria e hoje é fator de competitividade, favorecendo a inserção das

empresas no mercado globalizado (ASSOCIAÇÃO..., 2003).

Neste cenário, surge então uma metodologia gerencial capaz de ajudar as

organizações a diferenciar os seus negócios de forma ambientalmente responsável.

As normas internacionais da série ISO 14000 vêm oferecendo para as organizações

o atendimento à crescente demanda da sociedade e do mercado com os aspectos

relacionados à poluição e ao uso de recursos naturais. A implantação de um Sistema

de Gestão Ambiental (SGA) traz para a empresa, além da certificação perante a

norma ISO 14001, a melhoria da imagem junto aos diversos setores sociais e a

garantia de um programa contínuo de aprimoramento do desempenho ambiental e

organizacional, com conseqüente racionalização dos custos, agregando valores aos

negócios da empresa (ASSOCIAÇÃO..., 1996b).

Porém, embora as empresas estejam direcionando esforços para implementação de

SGA’s, não aproveitam a oportunidade para avaliar amplamente as situações

existentes e incluir, no bojo da implantação do sistema, a adoção de tecnologias

ambientais, que permitiriam uma melhor utilização de seus recursos produtivos e um

controle ambiental mais eficaz das suas atividades (FERNANDEZ, DUARTE e

SOBRAL, 1998).

Kiperstok (2001) pesquisou a aplicação da equação mestra que calcula o impacto

ambiental, no intuito de analisar se as atuais atitudes de controle da poluição são

suficientes para reverter ou se quer reduzir a velocidade com que se dá o processo

de degradação do meio ambiente. Nesta pesquisa, o impacto ambiental global foi

calculado e projetado que, em 50 anos, considerando que a população se duplique e

que o consumo ou renda per cápita cresça cinco vezes, haverá um crescimento do

Page 13: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

14

impacto ambiental global de até 10 vezes. Esta projeção, também chamada de Fator

10, sugere uma mudança na forma de consumo e avanços tecnológicos que

permitam reduzir o impacto ambiental por unidade de produto de 10 vezes, para pelo

menos manter os níveis atuais do impacto global.

Independente da precisão das projeções, o Fator 10 coloca para o setor produtivo

um grande desafio para a metade deste século: estancar o processo de degradação

ambiental provocado pelo crescimento populacional e econômico. No entanto, as

práticas tradicionais de proteção ambiental, que se baseiam apenas no tratamento e

disposição de resíduos, não geram expectativas para vislumbrar qualquer redução

ou reversão do impacto ambiental global (KIPERSTOK, 2001).

Assim, as limitações de proteção ambiental oferecidas pelas denominadas técnicas

de “fim de tubo” (prática que admite o resíduo como um fato inevitável e a certeza da

necessidade do tratamento), aliados aos custos agregados à produção, têm mudado

o pensamento empresarial. A nova idéia é direcionar a solução dos problemas para

sua fonte, ou seja, privilegiar as medidas de prevenção da poluição e minimização

ou eliminação da geração de resíduos (ATIYEL, 2001).

A filosofia da Produção “Limpa” (PL) surge então com estas características,

proporcionando às indústrias maior redução de custos e aumento da lucratividade,

adotando não só medidas de controle na fonte, mas também a busca por uma maior

eco-eficiência ou produtividade no uso dos recursos naturais (KIPERSTOK e outros,

2002). Neste caso, analisa o ciclo completo de produtos ou processos, onde,

segundo Atiyel (2001), identifica articulações ao longo da cadeia produtiva e entre os

diversos setores da produção, agregando novos graus de liberdade ao desafio de

minimizar os resíduos gerados, maximizando os ganhos econômicos.

No entanto, apesar do avanço das tecnologias ambientais, onde se observam

atualmente algumas organizações obtendo ganhos reais com os benefícios da

implementação da Produção Limpa, ainda persiste em muitas a postura reativa.

Grande parte das indústrias ainda se limita a cumprir a legislação, adotando as

técnicas de fim de tubo, com o único propósito de evitar as penalidades

Page 14: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

15

regulamentadoras. Por outro lado, algumas empresas vêm implementando um SGA

apenas no intuito de obter a desejada certificação ambiental perante a ISO 14001.

Quando se analisa o setor de terceirização de serviços na indústria, observa-se que

a situação é ainda mais preocupante. Além do desconhecimento dos benefícios

gerados com a adoção das práticas de Produção Limpa, não há sinais de

mobilização para a obtenção de uma certificação ambiental nas pequenas empresas

prestadoras de serviços. Esta deficiência, porém, diminui um pouco nos casos de

contratos em que a indústria ou empresa contratante já é certificada, atendendo um

dos requisitos da ISO 14001, que prega a comunicação e o fomento de mecanismos

para que fornecedores e prestadores de serviços adequem-se ao SGA presente ou

passem também a certificarem-se (ASSOCIAÇÃO..., 1996a).

Segundo uma pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas

Empresas (SEBRAE), as pequenas e micro empresas prestadoras de serviços

apresentam sérias dificuldades para se adequarem às legislações regulamentadoras

nas plantas de seus clientes, influenciando negativamente no funcionamento do

SGA local. Já no caso das médias e grandes, apenas 17% adota a certificação

ambiental, porém, esta é uma tendência real para toda esta classe de empresas. Por

isso, atendendo as demandas do mercado, criou-se a expectativa da divulgação de

um cadastro de pequenas empresas prestadoras de serviços com um sistema de

gestão ambiental implantado (SERVIÇO..., 2004d).

Numa outra pesquisa, Ribeiro (2001) investigou os mecanismos aplicados pelas

grandes empresas da indústria química e petroquímica da Bahia, certificadas na ISO

14001, para induzir seus micro e pequenos fornecedores e prestadores de serviços

a adotarem procedimentos ambientais nas operações dentro dos seus

estabelecimentos. Nesta pesquisa, não foi verificada, nas pequenas e micro

empresas, qualquer iniciativa visando minimizar os impactos ambientais nas plantas

de seus clientes e nem qualquer conhecimento sobre Produção Limpa.

Page 15: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

16

1.1 O Caso em Estudo

No contexto da prestação de serviços de manutenção, surgiu, em 2001, a HJ BAHIA

LTDA, uma empresa baiana de porte pequeno, especializada em limpeza industrial,

que mantém contratos de gerenciamento global de manutenção com industrias de

variados tamanhos e ramos de atividade. Entre estes, estão as industrias química e

petroquímica, a de papel e celulose, a siderúrgica, a mecânica, a alimentícia, a naval

e a de construção civil (HIDROJATO..., 2005).

A HJ Bahia dispõe de um dossiê, onde contém informações sobre os vários serviços

de manutenção oferecidos, entre os quais, podemos citar os seguintes: serviços com

utilização de equipamentos de hidrojato, alta pressão, auto vácuo e pigs; corte a frio;

teste hidrostático; limpeza química manual e mecânica; movimentação de recheios e

aspiração de resíduos industriais.

A HJ Bahia mantém sua sede administrativa e unidade operacional no município de

Dias D’Ávila, no estado da Bahia, com mão de obra e equipamentos que podem ser

deslocados até as plantas de seus clientes para a prestação do serviço contratado,

ou ainda receber equipamentos terceiros em suas instalações para a devida

manutenção. A maioria dos contratos da HJ trata da realização de serviços nas

plantas dos contratantes.

Analisando a postura em relação ao meio ambiente, na HJ Bahia, assim como na

maioria das pequenas e micro-empresas prestadoras de serviços de manutenção

industrial, também não se verifica qualquer sistema de gestão implantado, apesar da

necessidade de apresentar um PPRA (Programa de Prevenção de Riscos

Ambientais) por contrato firmado. Além disso, a empresa engrossa a lista das que

desconhecem os princípios de utilização da Produção Limpa, que poderiam ser

aplicados aos seus processos, produtos ou serviços. Entretanto, a HJ compreende

claramente as novas demandas e, ciente das suas deficiências, está empenhada a

mudar seu quadro atual.

Page 16: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

17

1.2 Objetivos e Delimitações

Esta monografia tem como objetivo geral propor uma metodologia para

implementação de um SGA em pequenas e micro-empresas, contemplando os

requisitos da ISO 14001 e os princípios da Produção Limpa, e avaliar a sua

aplicabilidade em uma pequena empresa prestadora de serviços de manutenção

industrial.

Como objetivos específicos, este trabalho pretende:

• Pesquisar na literatura as características envolvidas no processo de

implementação de um SGA, segundo os requisitos da NBR ISO 14001 e as

técnicas de apóio da NBR ISO 14004, e as referências que abordam os conceitos

de Produção Limpa, seus princípios e técnicas e as formas de implantação na

gestão de empresas;

• Investigar oportunidades de introduzir PL durante toda a fase de implementação

do SGA, visando otimizar os processos para a utilização racional dos recursos e

prevenção da poluição, priorizando o controle nas fontes geradoras;

• Propor uma metodologia de implementação de um SGA, para pequenas e micro-

empresas prestadoras de serviços, inserindo os princípios e técnicas da

Produção Limpa em todas as etapas do processo;

• Avaliar a aplicabilidade da metodologia proposta em numa pequena empresa que

presta serviços de manutenção industrial.

Esta pesquisa foi realizada nas duas unidades da HJ Bahia, a administrativa e o

almoxarifado, e também no estabelecimento de um de seus clientes, já que a HJ é

uma empresa prestadora de serviço. Vale ressaltar que a aplicação da proposta

desta pesquisa (capítulo 4) limita-se até a conclusão da etapa de planejamento do

SGA. As etapas posteriores ficam com sugestão para continuidades das pesquisas.

Page 17: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

18

1.3 Justificativas

Este trabalho justifica-se pelas abordagens já feitas em sua introdução, as quais

serão resumidas nos itens a seguir. Vale ressaltar que estas justificativas também

servem de hipóteses e direcionam a linha da pesquisa para nosso objetivo principal

que é estudar a inserção dos princípios da Produção Limpa nas etapas de

implementação de um SGA. São elas:

• A acelerada degradação do meio ambiente, gerando as preocupações globais

para com os riscos iminentes e futuros;

• O aumento da atividade regulamentadora, com legislações cada vez mais

rigorosas, e os custos gerados pelas penalidades afins;

• As pressões recentes da sociedade quanto à imagem das empresas e à

exigência de qualidade de produtos e processos ambientalmente corretos;

• O cenário econômico atual que privilegia o crescimento e a sobrevivência das

empresas com certificados ambientais, e condena as atividades das que ainda

não tem certificação;

• A falta de conhecimento da filosofia da Produção Limpa que ainda existe em

muitas empresas e a postura reativa de outras para visualizar os benefícios com

a adoção destas práticas;

• As perdas de oportunidades que ainda existe em não introduzir a Produção

Limpa no bojo das implantações de SGA’s, pois, na maioria das vezes, busca-se

unicamente conseguir a certificação ambiental e o mínimo requerido pela ISO

14001;

• O mercado promissor que desponta para pequenas e micro empresas

prestadoras de serviços de manutenção que tenham certificado ambiental e as

perspectivas reais de ganhos para setor.

Page 18: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

19

1.4 Métodos e Estrutura da Pesquisa

Este trabalho é baseado em revisões bibliográficas e pesquisas de campo,

necessários para contemplar a integração de um SGA com a abordagem da

Produção Limpa e propor uma metodologia única de implementação. Também é

feito um estudo de caso, onde é escolhida uma empresa cuja realidade se aplica ao

nosso objetivo, para ser avaliada a aplicabilidade da metodologia proposta.

A revisão bibliográfica foi realizada através de consulta às normas internacionais da

série ISO 14000 e suas inter-relações, e às diversas fontes acadêmicas, como livros,

teses, dissertações, monografias, artigos, papers, etc. Além destas fontes, foram

feitos também acessos à internet (a rede mundial de computadores) para consultar

algumas home pages ou páginas de interesse. Vale ressaltar que toda a legislação

ambiental e os requisitos legais pertinentes também foram consultados.

Para orientar a construção da metodologia de implementação do SGA com base na

Produção Limpa, foram utilizados recursos obtidos das seguintes fontes: consultas à

literatura ou revisão bibliográfica, entrevistas realizadas com profissionais do setor

de consultoria ambiental, consultas feitas a órgãos que fazem certificações, e a

experiência acumulada do pesquisador em implementações de sistemas de gestão

ambiental.

Quanto à estrutura deste trabalho, ele está dividido em cinco capítulos, incluindo

este primeiro que abordou na sua introdução as questões ambientais atuais e sua

evolução, apresentou os objetivos e as delimitações, expôs as justificativas e

descreve os métodos e estrutura da pesquisa. Este primeiro capítulo teve como

objetivo principal a sensibilização do leitor quanto às necessidades emergências da

esfera empresarial: a implementação de sistemas de gestão ambiental e adoção de

práticas de Produção Limpa.

O capítulo 2 apresenta os fundamentos teóricos ou revisão bibliográfica, onde é feita

uma pesquisa do histórico dos sistemas de gestão ambiental e do surgimento da

série ISO 14000, relacionando os principais requisitos da ISO 14001 para se

Page 19: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

20

implementar um SGA e as vantagens advindas da certificação ambiental. Nesta

oportunidade, também são abordados o conceito da Produção Limpa, seus

princípios e instrumentos, as formas de implantação e as diferenças em relação às

práticas tradicionais de proteção ambiental. No final, é feita uma abordagem em

relação a atual situação das pequenas e micro empresas prestadoras de serviços na

indústria.

O capítulo 3 utiliza os fundamentos teóricos do capitulo 2 como base para construir

uma metodologia de fácil implementação de um SGA, com os princípios da

Produção Limpa inseridos, onde identificam-se as melhores oportunidades de

aplicação em todas as etapas. Para isso, são desenvolvidos questionários e

relatórios específicos, adaptados ao nosso objetivo de integrar as duas culturas e

para a realidade das pequenas e micro empresas prestadoras de serviços

industriais.

No capítulo 4, é realizado o estudo de caso da empresa escolhida. Neste estudo, é

avaliada a aplicabilidade da metodologia sugerida (capítulo 3) na HJ Bahia, que está

em processo de preparação inicial para implementar seu SGA. Nesta etapa,

estudou-se a aderência da proposta, colhendo informações das atividades da

empresa tanto nas suas unidades próprias quanto na planta de um de seus clientes

com o qual está mantendo contrato de manutenção e já tem um SGA implementado.

Finalmente, no capítulo 5, são feitas as conclusões e recomendações, apontando os

resultados finais obtidos do estudo de caso, as dificuldades encontradas, as

oportunidades de melhoria e sugestões para continuidade das pesquisas.

Page 20: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

21

2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS

2.1 Histórico dos Sistemas de Gestão Ambiental

Os anos 60, influenciados pela poluição do meio ambiente em muitos paises

industrializados, foram considerados como a década da conscientização. Já na

década de 70, após a Conferência de Estocolmo em 1972, foram formados os

primeiros órgãos ambientais e estabelecidas as primeiras legislações, ficando

conhecida como a década da regulamentação e do controle ambiental.

A década de 80 foi marcada pela preocupação global com a conservação do meio

ambiente: em 1987, foi firmado o protocolo de Montreal, e, no relatório da Comissão

de Desenvolvimento e Meio Ambiente das Nações Unidas (Brundtland Comission),

chamado de “Nosso Futuro em Comum”, foi introduzido o conceito de

desenvolvimento sustentável1, incitando algumas indústrias a desenvolverem

sistemas de gestão ambiental mais eficientes (SERVIÇO..., 2004c).

Em 1992, 179 paises reuniram-se no Brasil para a Conferência das Nações Unidas

sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento Sustentável, ficando conhecida como

ECO 92 ou RIO 92. Este encontro mostrou que a questão ambiental ultrapassava os

limites das ações isoladas para se constituir numa preocupação de todos. Isto se

demonstra no relatório então aprovado, conhecido como Agenda 21:

Defrontamo-nos com (...) a deteriorização contínua dos ecossistemas de que depende nosso bem-estar. Não obstante, caso se integrem as preocupações relativas a meio ambiente e desenvolvimento e a elas se dedique mais atenção, será possível satisfazer as necessidades básicas, elevar o nível da vida de todos, obter ecossistemas mais bem protegidos e gerenciados e construir um futuro mais próspero e seguro. São metas que nação alguma pode atingir sozinha; juntos, porém, podemos – numa associação mundial em prol do desenvolvimento sustentável. (ASSEMBLÉIA..., 1992, Preâmbulo, item 1.1).

_________________________ 1 Segundo o Relatório Brundtland, Desenvolvimento Sustentável “é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades”. (COMISSÃO..., 1991).

Page 21: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

22

A partir de então, com o aumento das normas e legislações, as empresas

começaram a adotar sistemas de gestão ambiental para não perderem sua

competitividade no mercado, surgindo em vários países diferenciados modelos.

Adaptando a auditoria contida nos Sistemas de Gestão de Qualidade (SGQ) ao

sistema de gestão ambiental, surgiram, em 1992, as normas britânicas BSI 7750

(British Standards Institute – Especificação para Sistemas de Gestão Ambiental), as

quais serviram de base para a publicação, em 1996, de um sistema mundial de

normas ambientais: a série ISO 14000. Vale acrescentar que, em 1995, o Conselho

da União Européia (EU) adotou um sistema de auditoria e gestão ambiental,

conhecido como EMAS (Eco-Management and Auditing Scheme) (SERVIÇO...,

2004c).

Depois da ISO 14000, foram então disseminados novos conceitos como Certificação

Ambiental, Atuação Responsável e Gestão Ambiental, modificando a postura reativa

que marcava, até recentemente, a relação entre o mundo empresarial de um lado e

os órgãos fiscalizadores e as ONG’s do outro (MAIMON, 1999).

2.2 A Série ISO 14000

A ISO (International Organization for Standardization), ou Organização Internacional

para Normalização é uma organização não governamental, fundada em 1947, com

sede em Genebra, na Suíça, e está presente em mais de 120 países. A entidade

que atua no Brasil como representante da ISO é a ABNT (Associação Brasileira de

Normas Técnicas), criada em 1940 e constituída de 28 Comitês por área de

atividade (ASSOCIAÇÃO..., 2005).

Depois da experiência com a elaboração das normas da série ISO 9000 (SGQ) e

influenciada pela decisão de alguns países em criar suas próprias normas de gestão

e certificação ambiental, a ISO estabeleceu em 1996 um conjunto de normas

internacionais sobre gestão ambiental para possibilitar às empresas a certificação

dos seus produtos e serviços. Essa nova série recebeu a designação de ISO 14000.

Page 22: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

23

Comparando com a ISO 9000, verifica-se que a ISO 14000 é mais abrangente, pois

além de prever a certificação das instalações das empresas e suas linhas de

produção, no sentido de cumprirem os requisitos de qualidade da produção, também

possibilita a certificação dos próprios produtos que satisfaçam os padrões de

qualidade ambiental (VALLE, 1996).

As principais normas da série ISO 14000 são:

• NBR ISO 14001: Sistemas de Gestão Ambiental, especificação e diretrizes para

uso;

• NBR ISO14004: Sistemas de Gestão Ambiental, diretrizes gerais sobre

princípios, sistemas e técnicas de apoio;

• NBR ISO 14010: Diretrizes para Auditoria Ambiental, princípios gerais;

• NBR ISO 14011: Procedimentos de Auditoria Ambiental, auditoria de sistemas;

• NBR ISO 14012: Critérios de qualificação para auditores ambientais;

• NBR ISO 14020 a 14024: Rótulos e declarações ambientais;

• NBR ISO 14031: Avaliação de desempenho ambiental, diretrizes;

• NBR ISO 14040 a 14043: Avaliação do ciclo de vida;

Os documentos desta série podem ser aplicados a qualquer tipo de organização e

se diferenciam apenas pelo contexto da aplicação. As normas de gestão, auditoria e

avaliação de desempenho ambiental são adotadas pelas empresas no campo

organizacional como um todo. Já as normas de rotulagem ambiental e avaliação do

ciclo de vida são aplicadas especificamente a produtos e serviços.

Neste trabalho de pesquisa, são citadas algumas normas apenas como referência,

porém não é feito o detalhamento de todas. Como a pesquisa é realizada fazendo o

acompanhamento das etapas de implementação de um SGA, nosso foco se resume

nas diretrizes e requisitos da ISO 14001 e nas técnicas de apoio da ISO14004.

Page 23: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

24

2.3 A Norma ISO 14001

A Norma NBR ISO 14001 especifica os requisitos para a implementação de um

sistema de gestão ambiental, que forneçam às organizações os elementos efetivos

que possam ser integrados com outros requisitos gerenciais, para auxiliar no alcance

dos alvos ambientais e econômicos.

Está claro na sua introdução que a Norma foi escrita para ser aplicável a todos os

tipos e tamanhos de organização e para se ajustar às diferentes condições

geográficas, culturais e sociais. Ela habilita uma organização a estabelecer e avaliar

a efetividade de procedimentos para definir uma política ambiental e os objetivos a

atingir suas conformidades. O propósito geral da norma é apoiar a proteção ao meio

ambiente e a prevenção da poluição em equilíbrio com as necessidades sócio-

econômicas (ASSOCIAÇÃO..., 1996a).

A ISO 14001 também declara ser aplicável a qualquer organização que deseja:

• Implementar, manter e melhorar o sistema de gestão ambiental;

• Certificar-se de estar em conformidade com sua política ambiental declarada;

• Demonstrar esta conformidade a outros;

• Solicitar certificação do sistema de gestão ambiental, por uma organização externa;

• Assumir o compromisso e fazer declaração de conformidade com a norma.

(ASSOCIAÇÃO..., 1996a, p.2).

Assim, qualquer organização que deseja obter a certificação ambiental de suas

atividades, produtos e serviços, deve primeiro implementar um SGA e depois

requerer auditoria externa de certificação a uma outra entidade credenciada para tal.

As informações contidas na introdução e no escopo da ISO 14001 trazem apenas

orientações relativas a seus propósitos e aplicabilidade. Os requisitos para

implementar um SGA são vistos a seguir, onde verificamos, item por item, as

oportunidades de compatibilização com a Produção Limpa.

Page 24: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

25

2.4 Requisitos para Implementar um SGA

Para implementar um Sistema de Gestão Ambiental, a empresa precisa atender a

alguns requisitos necessários exigidos pela ISO 14001. Estes requisitos seguem um

esquema cíclico do tipo PDCA (Plan/Do/Check/Act), ou seja, planejar, executar,

avaliar e agir. Assim, começa com o estabelecimento de uma política e um

planejamento, passa pela implementação e operação do SGA, e depois são feitas as

verificações e ações corretivas. No final, é feita uma análise crítica de todo o ciclo e

os devidos ajustes (SERVIÇO..., 2004a).

Segundo o SEBRAE, o modelo de SGA considera que, para sua implementação, a

organização siga cinco princípios básicos, que abrangem os 18 requisitos da NBR

ISO 14001:

• Princípio 1 – Comprometimento e Política: a direção da organização deve definir sua Política Ambiental e comprometer-se com ela;

• Princípio 2 – Planejamento: a organização deve elaborar um plano para cumprir sua Política Ambiental;

• Princípio 3 – Implementação e Operação: a organização deve desenvolver a capacitação e o apóio necessário para uma efetiva implementação da sua Política Ambiental, seus objetivos e suas metas ambientais;

• Princípio 4 – Medição e Avaliação: a organização deve monitorar e avaliar sistematicamente o seu desempenho ambiental, que pode ser através das auditorias internas; e

• Princípio 4 – Revisão pela Direção: a organização deve ter sistematizado a avaliação crítica e o aperfeiçoamento contínuo de seu Sistema de Gestão Ambiental.

(SERVIÇO..., 2004a, p.68).

Importante salientar que o objetivo desta Norma, ao especificar os requisitos, é

orientar as organizações na formulação de suas próprias políticas e objetivos,

considerando os requisitos legais, aspectos e impactos ambientais pertinentes às

suas atividades, produtos e serviços.

Nos itens subseqüentes (2.4.1 a 2.4.5), é apresentado um resumo dos requisitos

que devem ser contemplados na implementação de um SGA, segundo a ISO 14001.

Após a apresentação de cada requisito, são feitos também alguns comentários

pertinentes.

Page 25: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

26

2.4.1 Política Ambiental

Na definição da política ambiental, a Alta Administração da organização deve

assegurar que:

a) Seja apropriada à sua natureza e aos impactos ambientais de suas atividades,

produtos ou serviços;

b) Inclua compromisso com a melhoria contínua e a prevenção de poluição;

c) Inclua compromisso com o atendimento da legislação ambiental e outros

requisitos;

d) Forneça estrutura para o estabelecimento e análise dos objetivos e metas

ambientais;

e) Seja documentada, implementada, mantida e comunicada a todos os seus

funcionários e aos terceiros;

f) Esteja disponível ao público.

Estas exigências citadas pela Norma representam o mínimo necessário a ser

contemplado no texto da Política Ambiental. Por isso, nesta fase, já começamos a

observar oportunidades de inserir princípios de Produção Limpa no SGA. Ou seja,

além do mínimo exigido, podem ser acrescentados outros compromissos voltados

para utilização de PL (detalhamento feito na seção 3.4).

2.4.2 Planejamento

Segundo a ISO 14001, os requisitos abordados na fase de planejamento do SGA

são os seguintes:

a) Aspectos Ambientais – Identificar e documentar os aspectos ambientais de suas

atividades, produtos e serviços, levando em consideração os desenvolvimentos

novos ou planejados, que possam ter impactos ambientais significativos e que

estejam considerados no estabelecimento de seus objetivos;

Page 26: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

27

b) Obrigações Legais e Outros Requisitos – Identificar, ter acesso e definir

procedimentos de atualização das obrigações legais e outros requisitos, os quais

sejam diretamente aplicáveis aos seus aspectos ambientais e de que maneira se

aplicam;

c) Objetivos, Metas e Programas Ambientais – Estabelecer e manter objetivos e

metas ambientais, todos documentados para cada função e nível relevante dentro

da organização, considerando as obrigações legais e os aspectos ambientais

significativos, e consistentes com a política ambiental. Depois, deve estabelecer e

manter um Programa de Gestão Ambiental para atingir os objetivos e metas,

incluindo a definição de responsabilidades para cada função, os meios e o

cronograma.

Como vimos na seção 2.4.1, a ISO 14001 prescreve que a Política Ambiental seja

apropriada a natureza, aos impactos ambientais das suas atividades, produtos ou

serviços da organização, e inclua compromisso com o atendimento da legislação

ambiental e outros requisitos. Por isso, a ISO 14004 prevê a necessidade de

realização de uma Avaliação Ambiental Inicial, abordando preliminarmente as etapas

a e b do planejamento da ISO 14001, antes do estabelecimento da Política

(ASSOCIAÇÃO..., 1996b).

O SBRAE, no seu Curso Básico de Gestão Ambiental, também prevê a realização

de uma Avaliação Ambiental Inicial antes Identificação dos aspectos e impactos

ambientais, da política e da definição dos objetivos ambientais (SERVIÇO..., 2004c).

Para Cláudio e Epelbaum (1998), muitos problemas têm sido observados na adoção

de estratégias equivocadas em implantações de SGAs, podendo comprometer e

abortar todo o processo pelo descrédito interno que se estabelece. Uma delas é a

leitura linear do requisito 4.2 da ISO 14001 que pode levar a precipitação em

estabelecer e divulgar, intempestivamente e com alarde desproporcional, a Política

Ambiental. Segundo os autores, o momento recomendável para se iniciar a

discussão da Política ambiental e definir os primeiros objetivos e metas ambientais é

após a conclusão da avaliação ambiental inicial (CLÁUDIO e EPELBAUM, 1998).

Page 27: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

28

Assim, conclui-se ser coerente e mais viável, até a fase de planejamento do SGA,

obedecer a seguinte sequência:

• Realização de uma Avaliação Ambiental Inicial para definir a posição atual da

empresa em relação ao meio ambiente;

• Identificação e avaliação dos aspectos e impactos ambientais significativos;

• Levantamento dos aspectos legais e outros requisitos;

• Estabelecimento da Política Ambiental;

• Definição dos objetivos e metas ambientais, coerente com os compromissos da

Política, e estabelecimento de programas necessários ao alcance dos mesmos.

Além destas observações, consideramos esta etapa de planejamento a principal

oportunidade de inserir práticas e princípios de PL, já que formam a base para a

etapa de implementação do SGA, cuja função é executar o que a Política e os

programas ambientais estabeleceram.

2.4.3 Implementação e Operação

Nesta fase, acontece a implementação propriamente dita do SGA, onde, para operar

o sistema, os seguintes requisitos devem ser contemplados:

a) Estrutura e Responsabilidades – A organização deve assegurar a disponibilidade

de recursos e uma estrutura organizacional, onde as funções, responsabilidades e

atribuições estejam definidas, documentadas e comunicadas. Devem ser nomeados

representantes específicos da gerência para assegurar que os requisitos sejam

mantidos e reportar o desempenho do SGA para a Alta Administração realizar a

análise crítica e as melhorias.

b) Competência, Treinamento e Conscientização – A organização deve assegurar

que todo o pessoal, cujo trabalho esteja associado a um aspecto ambiental ou possa

gerar um impacto ambiental significativo, deva receber treinamento apropriado.

Page 28: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

29

Todos devem estar conscientes da importância da conformidade com a política e

com os requisitos do SGA, dos aspectos e impactos ambientais de suas atividades e

dos benefícios com a melhoria do desempenho pessoal, de suas funções e

responsabilidades, e das conseqüências potenciais do descumprimento dos

procedimentos operacionais especificados.

c) Comunicação – A organização deve estabelecer e manter procedimentos para a

comunicação interna entre os vários níveis e funções da organização, dados de

recebimento, documentação, e resposta a comunicações relevantes das partes

externas interessadas. Deve-se também desenvolver processos de comunicação

externa sobre seus aspectos ambientais significativos e registrar sua decisão.

d) Documentação – A organização deve definir e documentar o escopo de seu SGA

e manter informação descrevendo os elementos chave e suas inter-relações. Deve-

se também fornecer orientação para a toda documentação relacionada e registros

necessários para a gestão eficaz dos processos.

e) Controle de Documentos – A organização deve estabelecer e manter um controle

de todos os documentos exigidos pela norma, legíveis, datados, prontamente e

facilmente identificáveis, mantidos de forma ordenada e arquivados por um período

especificado. Além disso, deve assegurar que versões estejam disponíveis em todos

os locais onde se realizam operações essenciais e que os obsoletos sejam

removidos dos locais de emissão ou uso, sendo identificados quando forem retidos

por motivos legais ou para preservação.

f) Controle Operacional – A organização deve identificar aquelas operações e

atividades que estejam associadas com os aspectos ambientais significativos. Deve-

se planejar estas atividades através de procedimentos documentados para controlar

situações onde sua ausência possa acarretar desvios em relação à política

ambiental e aos objetivos e metas. Deve também estipular critérios de operação nos

procedimentos relacionados a bens e serviços utilizados pela organização,

comunicando aos fornecedores e contratados.

Page 29: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

30

g) Preparação e Atendimento a Emergências – A organização deve estabelecer e

manter procedimentos para responder às situações de urgência e acidentes reais e

prevenir ou reduz os impactos ambientais negativos associados. Deve ser analisada

e revisada sua preparação para estas situações e procedimentos para reação,

particularmente após a ocorrência de acidentes, ou quando exeqüível.

Estas etapas de operação do sistema visam garantir as condições e os recursos

para que a Política e os programas ambientais (definidos no planejamento) saiam do

papel e a implementação do SGA realmente aconteça (SERVIÇO..., 2004a). Nesta

fase, também são observadas algumas oportunidades de Produção Limpa

(discutidas na seção 3.5), porém a maioria delas é influenciada pelo que já foi

estabelecido na Política e programas ambientais. Por isso, ratificamos a

necessidade de inserção dos princípios de PL desde a fase de planejamento, já que

esta é considerada a “espinha dorsal” do sistema.

2.4.4 Verificação e Ação Corretiva

Para monitorar e avaliar o SGA e corrigir desvios dos processos de implementação,

a organização precisa atender os requisitos seguintes:

a) Monitoramento e Medição – A organização deve estabelecer e manter

procedimentos documentados para monitorar e medir as carcterísticas-chave de

suas operações e atividades que têm impactos ambientais significativos. Isto deve

incluir o registro da informação para acompanhar o desempenho, controles

operacionais relevantes, conformidade com os objetivos e metas, e o arquivamento

destes registros. Os equipamentos de monitoramento devem ser mantidos aferidos e

calibrados. Deve-se também avaliar periodicamente o cumprimento das legislações

e regulamentos ambientais pertinentes.

b) Avaliação da Conformidade - A organização deve estabelecer e manter

procedimentos para avaliar periodicamente também o atendimento a outros

requisitos e registrar a avaliação do atendimento à legislação pertinente.

Page 30: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

31

c) Não-conformidade e Ação Corretiva e Preventiva – A organização deve definir

responsabilidades para tratar e investigar não-conformidades, agir no sentido de

mitigar ou minimizar quaisquer impactos causados, através de uma ação corretiva

ou preventiva. Quaisquer ações tomadas para eliminar as causas de não-

conformidades devem ser em grau apropriado à magnitude dos problemas e

proporcionais aos impactos ambientais encontrados. Toda ação corretiva e

preventiva executada deve ser registrada e quaisquer alterações nos procedimentos

documentados, resultantes destas ações, devem ser implementadas e registradas.

d) Controle de Registros – A organização deve identificar, manter e dispor os

registros ambientais para demonstrar a conformidade aos requisitos da norma. Estes

devem incluir registros de treinamento e resultados de auditorias e análises críticas.

Devem ser legíveis, identificáveis e rastreáveis à atividade, produto ou serviço

envolvido. Devem ser armazenados e mantidos de forma tal que sejam recuperáveis

e estejam protegidos contra danificação, deterioração ou perda. Os prazos de

arquivamento devem ser estabelecidos e registrados.

e) Auditoria Interna – A organização deve estabelecer programas de auditorias

periódicas do SGA para determinar se o sistema está ou não conforme o planejado,

e se tem sido ou não devidamente implementado e mantido. O programa de

auditoria deve ser baseado na importância para o meio ambiente da atividade

considerada e nos resultados de auditorias anteriores. Para isso, deve incluir o

escopo, a freqüência e as metodologias de auditoria, bem como as

responsabilidades e requisitos para a sua condução e relatórios de resultados.

Segundo o SEBRAE (SERVIÇO..., 2004a, p.16), estas etapas “são fundamentais

para o bom desenvolvimento do SGA, pois evitam surpresas e distanciamentos dos

objetivos e metas, mantendo uma constante monitoração dos resultados parciais

alcançados”. É importante observar que esta fase também oferece oportunidades de

inserção de princípios de PL, principalmente nas ações corretivas e preventivas e na

realização das auditorias (detalhamento feito nas seções 3.6 a 3.8).

Page 31: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

32

2.4.5 Análise Crítica pela Administração

A Alta Administração deve, a intervalos por ela determinados, analisar criticamente o

sistema de gestão ambiental, para assegurar sua conformidade, adequação e

efetividade. Este processo deve assegurar que sejam coletadas e documentadas

informações como: comunicações de partes interessadas, análise do desempenho

ambiental, reclamações, novos requisitos legais aplicáveis e recomendações para

melhoria. A Análise Crítica, a partir dos resultados das auditorias, deve apontar as

possíveis necessidades de mudanças na Política Ambiental, nos objetivos ou outros

elementos do sistema.

Os requisitos da ISO 14001, de uma maneira geral, definem um roteiro a ser seguido

para implementar um SGA, e, em momento nenhum, restringe a compatibilização

com outras práticas de gestão ou de apóio. Assim, desde já, observamos algumas

possibilidades de inserção de PL, coerentes com a sequência de requisitos sugerida

pela Norma, as quais, após a revisão bibliográfica sobre Produção Limpa feita nas

seções 2.6 a 2.9, são amplamente abordadas no capítulo 3.

2.5 Benefícios da Certificação Ambiental

Depois da implementação de um SGA, a organização deve solicitar uma auditoria

externa, credenciada pela ABNT, para obter a certificação ambiental. A certificação

gera benefícios para as diversas partes interessadas2, entre os quais podemos citar:

• Benefícios para exportadores

A certificação tem padrão internacional e possui acordos de reconhecimento entre os

paises, evitando assim a necessidade de nova certificação pelo país de destino e

eliminado as barreiras técnicas ao comércio;

________________________ 2 Segundo a ISO 14001, parte interessada é o “individuo ou grupo relacionado ou afetado pelo desempenho ambiental de uma organização”. (ASSOCIAÇÃO..., 1996a, p.5).

Page 32: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

33

• Benefícios para fabricantes

Garante a implantação eficaz dos sistemas de controle e garantia da qualidade nas

empresas, diminuindo a perda de produtos e os custo da produção. A certificação

também aumenta a satisfação do cliente e facilita a venda de produtos e a

introdução destes em novos mercados, já que são comprovadamente projetados e

fabricados de acordo com as expectativas do mercado consumidor;

• Benefícios para consumidores

O produto certificado dá maior confiança e é um meio eficaz através do qual o

consumidor pode identificar os produtos que são controlados e testados conforme as

normas nacionais e internacionais. A certificação assegura uma relação favorável

entre qualidade e preço, proporciona a garantia de troca e consertos e permite a

comparação de ofertas. E ainda, se a marca é conhecida e procurada, se evita a

competição desleal, impedindo a importação e consumo de produtos de má

qualidade;

• Benefícios para governos

A certificação é um instrumento que governos podem utilizar para desenvolver uma

infra-estrutura técnica adequada que auxilie o desenvolvimento tecnológico,

melhorando o nível de qualidade dos produtos industriais nacionais. Ela evita

também o estabelecimento de controles obrigatórios desnecessários e, por outro

lado, pode auxiliar o desenvolvimento de políticas de proteção ao consumidor.

• Benefícios para empresas em geral

As organizações certificadas elevam o patamar de sua imagem, em reposta às

crescentes pressões ambientais, obtendo vários benefícios relacionados com as

exigências atuais de: instituições financeiras e governos (maiores facilidades de

crédito e incentivos); companhias de seguro (planos mais atrativos); acionistas

(maior valorização dos negócios da empresa); mercado (menos barreiras

comerciais); clientes (maior confiança e credibilidade); funcionários, ONGs e da

Page 33: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

34

comunidade em geral (maior conscientização, conforto e tranqüilidade) (SERVIÇO...,

2004c).

Além dos benefícios proporcionados às muitas partes interessadas, observa-se

atualmente um crescimento dos requisitos legais, onde seu cumprimento é

obrigatório, independente de as empresas terem ou não um SGA. Por isso, a

certificação resulta em ganhos financeiros reais (redução de custos), já que evita

multas ambientais, além de maior transparência e confiança junto aos órgãos

fiscalizadores (SERVIÇO..., 2004c). Vale acrescentar que outras reduções de custo

podem ser obtidas, após a certificação, com a otimização dos processos, redução do

uso de recursos materiais, redução dos riscos de acidentes e seus encargos.

Todos os benefícios, relativos à redução de custos, gerados pela certificação

ambiental, podem ser multiplicados caso a empresa adote, no bojo da

implementação do SGA, tecnologias ambientais modernas e proativas, como as

práticas de Produção Limpa. Estas visam otimizar os processos para prevenir a

poluição, buscando prioritariamente eliminar ou reduzir os resíduos na fonte de

geração, em vez de preocupar-se com seu tratamento e com os custos para

adequar-se à legislação. Além disso, a filosofia da Produção Limpa, por levar em

consideração a escassez dos recursos naturais, prevê a utilização racional de

matérias primas, diminuindo gastos com aquisições e renovações.

É apresentada, nas seções subseqüentes, uma discussão dos conceitos de

Produção Limpa, no intuito de servir de base para a metodologia proposta no

capitulo 3, onde é feita a integração dos princípios de PL aos requisitos de

implementação do SGA, previsto pela ISO 14001.

2.6 O Conceito da Produção Limpa

A filosofia da Produção Limpa (PL) foi proposta nos anos 80 pela Greenpeace, ONG

internacional especializada em proteção ambiental, em resposta ao aumento

acelerado do impacto ambiental global e à crescente exaustão dos recursos

Page 34: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

35

naturais. Surgiram também neste período outros conceitos que abordam o mesmo

tema e possuem práticas semelhantes, entre eles a Produção Mais Limpa (P+L).

Segundo o UNEP (United Nations Environment Program) ou Programa das Nações

Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Produção mais Limpa (Cleaner Production)

significa a aplicação contínua de uma estratégia ambiental integrada e preventiva,

aplicada a processos, produtos e serviços, para aumentar a eficiência no uso das

matérias primas e reduzir os riscos ambientais e para o homem. A P+L propõe a

conservação dos recursos naturais, a eliminação gradativa de matérias primas

tóxicas e redução da quantidade e toxidade das emissões e resíduos (UNITED...,

1997).

Já os processos de Produção Limpa (Clean Production), para o Greenpeace,

utilizam apenas matéria prima renovável, além de conservarem energia, água e solo.

Também não é recomendado nestes processos o uso de compostos químicos

perigosos, evitando assim a geração de resíduos tóxicos (GREENPEACE, 2003).

Observamos então algumas diferenças entre PL e P+L: a PL é mais rígida quando

considera em seus processos somente matéria prima renovável e proíbe a utilização

de substâncias perigosas, enquanto a P+L propõe a eliminação gradativa destas

matérias primas tóxicas. Estas pequenas diferenças, porém, não são significativas

comparadas com o objetivo geral, comum entre as duas culturas, de abordar

técnicas e práticas capazes de reduzir ou eliminar impactos ambientais negativos e

conservar os recursos naturais. Por isso, nesta pesquisa, não são feitas distinções

técnicas nem é dado valor à rigidez das diferentes terminologias.

Apesar de a expressão Produção mais Limpa (P+L) ser mais adequada para traduzir

melhor a realidade, já que ainda não existem processos nem técnicas totalmente

“limpos”, é utilizado nesta pesquisa apenas o termo Produção Limpa (PL) para

resumir o conjunto de procedimentos no sentido de prevenir a poluição, reduzir na

fonte a emissão de resíduos e utilizar com eficiência os recursos disponíveis.

Page 35: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

36

Os novos modelos de gestão, propostos pela Produção Limpa, com o objetivo de

contribuir para a competitividade sustentável das empresas, baseiam-se

fundamentalmente no princípio da prevenção da poluição. A idéia é substituir as

práticas fim de tubo (que atuam apenas no tratamento ou disposição de resíduos),

derrubando o velho paradigma de que resíduos são subprodutos inevitáveis da

produção e inerentes a todo o processo produtivo (ATIYEL, 2001).

Segundo Atiyel (2001), o objetivo da Produção Limpa é atender as necessidades de

produtos e processos de forma sustentável, isto é, usando com eficiência materiais e

energia renováveis, não-nocivos, conservando ao mesmo tempo a biodiversidade,

adotando prioritariamente a postura racional do uso, de forma que as necessidades

sejam reduzidas e satisfeitas.

A seguir, é apresentada a revisão da literatura referente aos princípios e

instrumentos da Produção Limpa. O objetivo desta abordagem é construir um

referencial teórico para ser usado como oportunidades de PL na construção da

metodologia proposta no capitulo 3.

2.7 Princípios e Instrumentos da Produção Limpa

• Princípio da precaução

Segundo Furtado (2000), este princípio prevê que o ônus da prova fique a cargo do

agente poluidor. Este deve demonstrar que seus produtos ou atividades não

causarão danos ambientais, isentando a comunidade desta responsabilidade. Esta

análise deve ser feita considerando tanto a avaliação quantitativa quanto a

qualitativa para a tomada de decisões. Por isso, deve envolver profissionais dos

diversos setores científicos e sociais.

Este princípio foi introduzido na Alemanha, na década de 70, considerando que a

sociedade devia ser prevenida dos danos ambientais, através de um planejamento

empresarial, cuidadoso e preventivo, para bloquear as atividades potencialmente

Page 36: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

37

prejudiciais. Assim, o princípio da precaução também sugere das organizações

ações preventivas nos casos em que sua atividade é considerada uma ameaça ao

meio ambiente e ao homem, mesmo que não haja provas científicas (TICKNER e

RAFFENSPERGER, 1998).

• Princípio da prevenção

Sugere que se priorize as ações no início do processo de produtivo, no sentido de

evitar a geração de resíduos na fonte, em vez dar o devido tratamento no seu final.

Desta forma, a prevenção da poluição substitui o seu controle (FURTADO, 2000).

Em 1992, uma pesquisa da Universidade Erasmus, na Holanda, revelou que

aproximadamente 70% dos resíduos e emissões atuais dos processos industriais

podem ser evitados na origem, pela utilização de procedimentos e tecnologias

tecnicamente perfeitos e economicamente lucrativos, já disponíveis.

(UNIVERSIDADE..., 2003).

• Princípio do controle democrático

Determina que os agentes do processo produtivo disponibilizem informações sobre

suas emissões, permitindo o acesso da comunidade a seus registros de poluição,

uso de substâncias tóxicas e seus planos de redução, e até dados da composição

de seus produtos. Desta forma, assegura-se que todas as partes interessadas

estejam envolvidas nas tomadas de decisões (FURTADO, 2000).

• Sistemas de emissão zero

Segundo a Rede Paranaense de Projetos em Desenvolvimento Sustentável

(www.tecpar.br/zeri/index.htm), estes sistemas representam uma mudança em

nosso conceito de indústria, abandonando os modelos lineares, onde os resíduos

eram considerados a norma, para sistemas integrados nos quais tudo tem seu uso.

Prenuncia o inicio de uma nova revolução industrial, na qual a indústria imita os

ciclos sustentáveis da natureza e a humanidade: em vez de esperar que a terra

produza mais, aprende a fazer mais com os recursos que a terra produz.

Page 37: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

38

A Emissão Zero vislumbra todos os insumos industriais sendo aproveitados nos

produtos finais ou convertidos em insumos de valor agregado para outras indústrias

ou processos. Desta maneira os processos produtivos irão se organizar

espacialmente em conjuntos, de modo que os resíduos de cada processo sejam

completamente correspondidos pelos insumos de outros processos, e assim, o todo

integrado não produz resíduos de nenhum tipo. (REDE..., 2004).

• Substituição de materiais

Também conhecido como mudança do produto, propõe a eliminação do uso de

substâncias tóxicas e a redução do uso de elementos escassos, substituindo-os por

matérias-primas alternativas com funções semelhantes, recicláveis ou renováveis

(KIPERSTOK, 2001). Na implantação de um programa de Produção Limpa, esta é a

ação prioritária na tomada de decisões quando o objetivo é a redução da geração de

resíduos na fonte.

• Desmaterialização

A desmaterialização é uma estratégia de redução de resíduos, cuja técnica é

baseada na diminuição do peso de embalagens ou materiais secundários

associados aos produtos, ou que têm uma função menos nobre exigível para um fim.

• Funcionalidade econômica

Princípio que leva em consideração as funções econômicas e versatilidades

ambientais dos produtos e processos, no sentido de prolongar a vida útil,

considerando a durabilidade dos materiais, o uso de componentes que podem ser

substituídos com facilidade e upgrades que encorajem o uso por longo prazo

(KIPERSTOK, 2001).

• Biomimetismo

Estratégia da indústria que imita os ciclos sustentáveis da natureza, baseando-se no

o fato de que nela não ocorrem processos de produção abertos, e sim processos de

Page 38: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

39

transformações cíclicos. Nestes ciclos de transformação, a natureza fornece

numerosos exemplos de como ciclos fechados eliminam resíduos e toxicidade. O

Biomimetismo é um dos principais elementos usados para se atingir os objetivos dos

Sistemas de Emissão Zero (REDE..., 2004).

• Ganhos econômicos associados a ganho ambientais

Num programa de Produção Limpa, é fundamental fazer uma análise quali-

quantitativa dos benefícios ambientais obtidos, associando aos ganhos econômicos.

Podem ser medidos, por exemplo: percentuais de redução de resíduos sólidos,

emissões atmosféricas ou efluentes líquidos; percentuais de redução de custos com

tratamento de resíduos, percentuais de redução do consumo de energia elétrica,

água e outras matérias primas.

• Aberturas de informações

Segundo Kiperstok (2001), os modelos de gestão, à luz da Produção Limpa,

pressupõem a transparência e abertura das informações pelas empresas e

organizações, num estímulo a pratica de benchmarking e a publicação de relatórios.

Desta forma, procura-se contribuir para a elevação dos padrões ambientais,

integrando os objetivos econômicos e sociais ao processo de produção, aumentando

a força de competitividade de todas as empresas interessadas e comprometidas.

• Análise de Ciclo de Vida (ACV)

Segundo Shen (1995), a ACV é um instrumento de gestão que avalia o ciclo de vida

completo de um produto, processo ou atividade, desde a extração e processamento

de matérias-primas, fabricação, transporte e distribuição, uso e reuso, manutenção e

reciclagem, até a disposição final. Em cada fase, são identificadas oportunidades de

mudanças que levem a melhorias ambientais.

Também conhecida como avaliação “do berço ao túmulo”, a ACV é usada como uma

nova estratégia em contrapartida à crescente exaustão dos recursos naturais e ao

aumento dos impactos ambientais. Esta avaliação objetiva avaliar os encargos

Page 39: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

40

ambientais associados com um produto, processo ou atividade, baseando-se na

identificação e quantificação de energia, de materiais usados e de resíduos gerados,

avaliando os impactos das emissões ao meio ambiente (SHEN, 1995).

Importante salientar que a abordagem da ISO sobre Análise de Ciclo de Vida está

disponível nas normas NBR ISO 14040 a 14043.

• Ecodesign

Também chamado de desenho ecológico, é o processo de desenvolver ou projetar

um produto ou processo com formatos e funções ecológicas, de maneira que este

seja menos danoso ao meio ambiente. Pode ser considerado como a parte da ACV

que objetiva a melhoria do produto (KIPERSTOK, 2001).

As vantagens significativas advindas da adoção de princípios e técnicas de

Produção Limpa aumentaram as expectativas de mudanças para os setores

produtivos atuais. As fortes tendências de uso de PL são hoje uma realidade para

organizações que almejam elevar sua competitividade. No entanto, o sistema Fim de

Tubo ainda persiste em muitos processos e empresas. Para esclarecer este

paradigma, são apresentadas na próxima seção as principais características e

diferenças entre Produção Limpa e Fim de Tubo, abordando suas técnicas usadas

no trato ambiental.

2.8 Produção Limpa X Fim de Tubo

Os avanços das tecnologias, impulsionados pelas pressões do mercado, da

sociedade e da legislação ambiental, têm difundido o aperfeiçoamento de técnicas

cada vez mais avançadas no controle da poluição. Muitas empresas, porém,

continuam mantendo a cultura tradicional de Fim de Tubo, cujo foco se baseia no

simples tratamento dos resíduos, já que os admitem como produtos inevitáveis,

apenas no intuito de evitar as penalidades regulamentadoras afins. Assim, estas

técnicas tradicionais, pelas suas características, rotulam o fator ambiental como um

Page 40: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

41

inimigo do processo produtivo, pois ele acaba gerando custos para o tratamento dos

resíduos e adequação à legislação de combate a poluição.

Com o advento das tecnologias limpas (Produção Limpa), que previne a poluição

fazendo o controle nas fontes geradoras, foi quebrado o paradigma industrial quanto

à necessidade de tratamento de resíduos e custos ambientais. Esta nova cultura

utiliza o fator ambiental não mais como um ônus à produção e sim como

investimento para o sucesso empresarial, já que reduz seus custos, melhora sua

imagem como um todo e aumenta sua competitividade no mercado (SERVIÇO...,

2004c).

A Produção Limpa, além de levar em consideração a atual escassez das matérias

primas e o grau do impacto ambiental global, classifica o resíduo como uma despesa

para o processo produtivo que é gerada e pode ser evitada. Assim, além de agir de

forma racional e buscar uma melhor eficiência no uso dos recursos disponíveis, a PL

atua no sentido primordial de evitar a geração de resíduos ou reutilizar os

inevitáveis. Desta forma, minimizam-se os custos com aquisição de matéria prima e

os provenientes do tratamento e disposição de resíduos.

A Figura 1 representa a regra mestra de ações para prevenção e controle da

poluição e aponta as diferenças principais entre as culturas de Produção Limpa e

Fim de Tubo. Observa-se que as técnicas são divididas basicamente em duas

frentes: prevenção e controle. As de prevenção adotam medidas de redução na

fonte e reciclagem interna; já as de controle atuam no tratamento e disposição dos

resíduos.

Analisando a seqüência de ações englobadas nas técnicas de prevenção (Produção

Limpa), observa-se que antes de tudo são implementadas medidas no intuito de

resolver o problema na fonte, como:

• Modificações no produto (ecodesign);

• Modificações nos processos (equipamentos, condições operacionais, maior

automação e adoção de novas tecnologias);

Page 41: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

42

• Modificações nos insumos (substituição de materiais ou uso de alternativos,

redução ou eliminação de substâncias tóxicas);

• Boas práticas operacionais ou good housekeeping (melhoria de procedimentos,

de manuseio de materiais, de práticas de gestão, informações ambientais e

utilização racional de energia e materiais).

Figura 1 – Técnicas para Redução da Poluição – Fonte: La Grega et al (1994).

PREVENÇÃO CONTROLE

REDUÇÃO NA FONTE

MO DIFICAÇÕ ES NO PRO DUTO Otimização da função Minimização de materiais Mudança na composição Subst. produto

CO NTRO LE NA FO NTE

MO DIFICAÇÕ ES NO S

PRO CESSO S

Mudança de equipamentos Automação Mudança nas condições operacionais

MUDANÇASNO S

INSUMO SSubstituição de materiais Redução ou supressão de produtos tóxicos Combustíveis alternativos

BOAS PRÁTICAS OPERACIONAIS

Melhoria de procedimentosPrevenção de perdasSegregação correntes resíduosMelhoria no manuseio materiaisMelhores práticas manutençãoInformação ambientalLogística e gestãoFormação dos trabalhadoresUtilização racional de energia

RECICLAGEM INTERNA E EXTERNA

REGENERAÇÃO E REUSO

Retorno ao processooriginal Substituição de matéria prima em outro processo

RECUPERAÇÃOProcessamentopara recuperaçãode material e/ouenergia

TRATAMENTO DE RESÍDUOS

SEPARAÇÃO E CONCENTRAÇÃO

BOLSA DE RESÍDUOS

RECUPERAÇÃO DE MATERIAIS E

ENERGIA

INCINERAÇÃO

DISPOSIÇÃOFINAL

PRODUÇÃO LIMPA FIM DE TUBO

TÉCNICAS PARA REDUÇÃO DA POLUIÇÃO

Page 42: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

43

Numa segunda etapa, quando não é possível evitar os resíduos, tenta-se

estabelecer o reuso, reutilização ou regeneração (também chamados de reciclagem

interna). Nestes sistemas, os produtos podem ser reintegrados ao processo de

produção original ou em outro processo, através da recuperação parcial de uma

substância residual ou da substituição de um produto afim.

Quando a prática do reuso não é totalmente possível, procede-se então a

reciclagem externa ou recuperação de matéria e energia fora do processo produtivo.

Na ótica da Produção Limpa, esta prática é a menos reconhecida, já que admite a

geração de resíduos para depois realizar seu manuseio, não contribuindo de forma

integrada ao processo para minimização do mesmo.

As ações que compõem as técnicas de controle, chamadas de Fim de Tubo, são as

responsáveis pelos processos de tratamento, separação, acondicionamento,

recuperação, incineração e disposição final dos resíduos. Nesta pesquisa, não

abordaremos esta parte de proteção ambiental, pois diverge do nosso objetivo que é

de propor a prevenção da poluição, através dos instrumentos da Produção Limpa.

Pelas características ultrapassadas de gestão e pela divergência para com as atuais

expectativas do mercado econômico e da sociedade, a prática do sistema Fim de

Tubo tende a diminuir gradativamente. Já a adoção das técnicas de Produção Limpa

tem gerado vantagens econômicas significativas para o setor produtivo, já que é

direcionada para a não geração de resíduos (reduzindo custos de tratamento) e

racionalização do uso dos recursos (reduzindo custos de aquisição de matéria

prima). Consequentemente, a PL pode evitar custos com penalidades ambientais,

acidentes, fiscalizações e gerenciamentos; sem contar com os benefícios sociais

que podem ser galgados.

Para ilustrar como a Produção Limpa tem contribuído para a gestão empresarial,

Fernandez, Duarte e Sobral (1998) pesquisaram um trabalho apresentado na

Conferência de Redução de Resíduos, realizada na Finlândia em 1998, onde foram

avaliados 500 estudos de caso de indústrias que obtiveram sucesso nos seus

programas de redução de resíduos através de modificação de processo. Este estudo

Page 43: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

44

evidenciou algumas ações de PL, entre as quais podemos citar: substituição de

processos químicos por mecânicos; substituição de processos de lavagem de

simples passagem por contra corrente; substituição de produtos tóxicos de pintura

por outros à base de água; substituição de compostos halogenados por não

halogenados; instalação de tecnologias avançadas para separação e reuso de

efluentes, como troca de íons, ultrafiltração, osmose reversa e eletrodiálise.

Assim, foi observado que as modificações para Produção Limpa reduziram, de 70 a

100%, as emissões de ar, água e resíduos sólidos. Já o período de retorno dos

investimentos variou de um mês a três anos. Mostrou-se também que as

modificações, além de reduzirem os impactos ambientais, possibilitaram a redução

de custos com matérias primas, energia e gerenciamento de resíduos, e a melhoria

da imagem pública da empresa. Percebeu-se também uma redução dos riscos

ambientais e à saúde do trabalhador (FERNANDEZ, DUARTE e SOBRAL, 1998).

Depois de conhecermos as técnicas e os tantos benefícios da Produção Limpa, o

momento então é de entender como implanta-la na gestão de uma organização. A

seguir, são apresentadas algumas referências de como este processo pode ser feito.

2.9 Implantando a Produção Limpa

Segundo orientação do Greenpeace (GREENPEACE, 2003), a abordagem da

Produção Limpa para a gestão de qualquer empresa envolve oito etapas:

1º. Identificação da substância perigosa a ser gradualmente eliminada com base no

Princípio Precautório;

2º. Execução de análises química e de fluxo de material;

3º. Estabelecimento e implementação de um cronograma para a eliminação gradual

da substância nociva do processo de produção, bem como de correspondente

tecnologia de gerenciamento de resíduos;

Page 44: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

45

4º. Implementação de processos de produção limpa para produtos existentes e

pesquisa de novos;

5º. Treinamento e fornecimento de apoio técnico e financeiro;

6º. Divulgação de informações para o público e garantia de sua participação na

tomada de decisões (Princípio da Abertura de Informações);

7º. Viabilização da eliminação gradativa da substância poluente através de

incentivos normativos e financeiros;

8º. Viabilização da transição para a Produção Limpa com planejamento social,

envolvendo trabalhadores e comunidades afetados (Princípio do Controle

Democrático).

Outra referência para implantar PL encontra-se no Manual 04 – Relatório de

Implantação do Programa de Produção Mais Limpa – que foi elaborado pelo Centro

Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL), com base na metodologia do UNEP ou

PNUMA (CENTRO..., 2000).

Este relatório será uma das principais referências para se introduzir, passo a passo,

as técnicas da Produção Limpa nas fases de implementação de um SGA, devido a

sua praticidade e similaridade aos requisitos da ISO 14001, além de possuir

excelentes modelos de relatórios e planilhas de apóio. Em linhas gerais, este manual

orienta que o programa de PL deve ser implementado na seguinte seqüência:

a) Realização de processo de sensibilização dos funcionários através da

apresentação das vantagens de implantar a Produção Limpa na empresa;

b) Elaboração de diagnóstico ambiental, apresentando os principais problemas da

empresa;

c) Disponibilização dos dados gerais da empresa, além do organograma funcional e

definição dos componentes do eco-time.

Page 45: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

46

d) Construção de um diagrama de bloco do fluxo do processo produtivo, analisando

todas as entradas e saídas de matéria-prima, produtos e resíduos;

e) Identificação dos lay outs das instalações e dos principais processos produtivos

da empresa.

f) Identificação das fontes geradoras de resíduos que podem ser tratadas como

oportunidades de Produção Limpa;

g) Levantamento quali-quantitativo dos resíduos para identificação e classificação;

h) Identificação das técnicas aplicáveis e das barreiras que se apresentam à

implantação destas;

i) Definição de indicadores de processos e produtos para avaliar o desempenho

ambiental da empresa. Estes indicadores devem ser criados com base nas metas

de redução a serem atingidas;

j) Estruturação de um plano de monitoramento para facilitar a implementação de

ações corretivas;

k) Realização de estudo de viabilidade econômica das alternativas de técnicas de

Produção Limpa, que é feito visando balizar o processo de decisão.

É importante observar que as duas referências, Greenpeace e CNTL, abordam

seqüências de implantação de um programa de Produção Limpa para se aplicar a

qualquer empresa, independente do seu tamanho, ramo de atividade ou de sistemas

de gestão existentes. Além disso, estas referências em nenhum momento exigem

que a empresa já tenha certificação ambiental ou não. Por isso, verificamos ser

possível implementar um SGA, seguindo as etapas requeridas pela ISO 14001, e

compatibilizando com as recomendações de PL citadas.

Vale ressaltar que a proposta metodológica para implementar um SGA neste

trabalho é voltada para as pequenas e micro empresas prestadoras de serviço.

Page 46: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

47

Assim, no intuito de compreender melhor suas dificuldades, são apresentadas na

seção seguinte algumas pesquisas sobre a situação atual destas organizações.

2.10 A Realidade das Pequenas e Micro Empresas

O setor de terceirização de serviços na indústria revela grandes preocupações com

relação ao seu posicionamento ambiental, principalmente no caso das pequenas e

micro empresas. Além da falta de desconhecimento dos benefícios gerados com a

implantação da Produção Limpa, não se observam sinais de mobilização para a

implantação de um SGA próprio. Esta deficiência diminui nos casos de contratos em

que a indústria ou empresa contratante tem um SGA implantado (RIBEIRO, 2001).

Segundo uma pesquisa do SEBRAE, as pequenas e micro empresas prestadoras de

serviços apresentam sérias dificuldades para se adequarem às legislações

regulamentadoras nas plantas de seus clientes, influenciando negativamente no

funcionamento do SGA local. Por isso, foi disseminada a expectativa da divulgação

de um cadastro destas empresas com um sistema de gestão ambiental implantado

(SERVIÇO..., 2004d).

Numa outra pesquisa, Ribeiro (2001) investigou os mecanismos aplicados pelas

grandes empresas da indústria química e petroquímica da Bahia, certificadas na ISO

14001, para induzir seus micro e pequenos fornecedores e prestadores de serviços

a adotarem procedimentos ambientais nas operações dentro dos seus

estabelecimentos. Percebeu-se esta tendência através do tratamento dispensado

para que seus colaboradores diretos auxiliem na implementação do SGA, tanto por

mecanismos de exigências contratuais como pela inclusão das subcontratadas nos

eventos de capacitação, auditorias e outros requisitos da ISO 14001. No entanto,

verificou-se que os gestores da área de meio ambiente detêm um conhecimento

superficial sobre os programas ofertados para o fomento daqueles mecanismos.

Vale salientar que, apesar de observadas algumas práticas de indução de

procedimentos ambientais incentivadas pelas grandes empresas, não foram

Page 47: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

48

verificadas, por parte dos pequenos e micro prestadores de serviços, iniciativas

relativas à minimização dos impactos ambientais significativos que produzem nas

plantas de seus clientes (RIBEIRO, 2001).

Para critério de classificação, segundo o SEBRAE, Micro empresa (ME) é aquela

que contém até 19 empregados na indústria e até 09 empregados no comércio ou

prestação de serviço. Já as Pequenas Empresas (PE) contêm de 20 a 99

empregados na indústria e de 10 a 49 empregados no comércio ou serviço.

As deficiências relativas ao trato ambiental, verificadas no setor de prestação de

serviços na indústria, são confrontadas, no entanto, com algumas iniciativas

propostas por organismos destinados a auxiliar este setor. O SEBRAE disponibiliza,

além de cursos, palestras e outros sistemas de apóio às pequenas e micro

empresas, algumas apostilas direcionadas para implementação de Sistemas de

Gestão Ambiental, que podem ser consultadas nas seguintes referências:

• SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS –

SEBRAE. Metodologia Sebrae para Implementação de Gestão Ambiental em Micro e

Pequenas Empresas. Brasília: Sebrae, 2004. 113p.

• SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS –

SEBRAE. Experiências Sebrae em Implementação de Gestão Ambiental em Micro e

Pequenas Empresas. Brasília: Sebrae, 2004. 76p.

• SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS –

SEBRAE. Curso Básico de Gestão Ambiental. Brasília: Sebrae, 2004. 111p.

Outros programas institucionais para implantação de gestão ambiental nas

pequenas e micro empresas também foram criados e estão amplamente disponíveis.

Entre eles, destaca-se o Núcleo Regional de Produção Mais Limpa da Bahia

(NRPL), conveniado com o sistema SEBRAE, com Conselho Empresarial Brasileiro

para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e com CNTL do Serviço Nacional de

Aprendizagem Industrial (SENAI) do Rio Grande do Sul. A parceria na Bahia foi

firmada ente a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), o SENAI e o

Page 48: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

49

SEBRAE baianos e a Rede de Tecnologias Limpas e Minimização de Resíduos na

Indústria (TECLIM) da Universidade Federal da Bahia (FEDERAÇÃO..., 2005).

Com o NRPL, a Bahia foi o primeiro estado a sediar uma unidade destinada a

sensibilizar as pequenas empresas para o uso racional dos recursos naturais e a

adoção de tecnologias não poluidoras. A partir da inauguração do primeiro núcleo

regional, o SEBRAE iniciou a instalação de outros em Belo Horizonte, Cuiabá e

Florianópolis, visando formar uma rede nacional destes núcleos, inspirada no

modelo do CNTL, implantado no Rio Grande do Sul, em 1995 (RIBEIRO, 2001).

Podemos concluir nesta seção que realmente as pequenas e micro empresas do

setor de prestação de serviços estão aquém dos atuais objetivos ambientais da

indústria. Apesar de existirem algumas iniciativas de grandes empresas no intuito de

disseminar a responsabilidade ambiental nos seus estabelecimentos, não se

observam sinais de mobilização das terceirizadas para se adequarem às práticas

locais vigentes, quanto mais implantar um SGA próprio. Além disso, não se verifica

qualquer iniciativa para minimizar os impactos ambientais decorrentes de suas

atividades nas plantas de seus clientes. Tudo isso acaba influenciando

negativamente no funcionamento do SGA local.

Apesar das deficiências citadas, acompanhadas do desconhecimento de práticas de

Produção Limpa, observamos, no entanto, o crescimento de programas de fomento

para implementar sistemas de gestão ambiental e tecnologias limpas, apoiados por

órgãos ambientais competentes. Isso gera uma expectativa de que os pequenos

prestadores de serviço consigam enxergar os ganhos relativos à adoção de práticas

ambientais saudáveis, necessárias para a sobrevivência no mercado. Por isso, mais

uma vez, justifica-se a necessidade de pesquisar sobre os métodos de

implementação de SGAs e as tecnologias ambientais que possibilitem a otimização

dos processos e a certificação das atividades, produtos e serviços.

Vale lembrar que o objetivo principal deste trabalho é propor uma metodologia de

fácil implementação de um SGA, influenciado pelos princípios da Produção Limpa.

Portanto, a bibliográfica levantada neste capítulo foi essencial para a construção de

Page 49: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

50

um referencial teórico, o qual será utilizado em toda a sequência da pesquisa. A

idéia é identificar as oportunidades de PL em todas as etapas do SGA, seguindo os

requisitos da ISO 14001. No capítulo seguinte, é apresentada a metodologia

proposta.

Page 50: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

51

3 PROPOSTA DE METODOLOGIA DE IMPLEMENTAÇÃO DE UM SGA À LUZ DA PRODUÇÃO LIMPA

Apesar das atuais exigências com relação ao meio ambiente e da disseminação das

tecnologias limpas, muitas indústrias que já têm ou estão em fase de implementação

de um SGA ainda ignoram a adoção das práticas de Produção Limpa, deixando de

otimizar seus processos. Além disso, estas mesmas indústrias enfrentam sérios

problemas com as atividades terceirizadas para adequarem-se aos procedimentos

ambientais adotados em suas plantas.

Nas fases de implementação de um SGA, na maioria das vezes, muitas

organizações têm buscado unicamente conseguir a tão desejada certificação

ambiental e procedem atendendo ao mínimo requerido pela ISO 14001. Assim,

seguem o texto à risca, adotando simples planos de gerenciamento de resíduos

como principal medida para atender à legislação. Verifica-se então que a cultura de

Fim de Tubo ainda persiste neste processo, o que leva a diversas perdas de

oportunidades em não se introduzir as práticas de Produção Limpa no bojo das

implantações dos SGA’s.

Outros problemas são os poucos mecanismos de indução que as industrias aplicam

para fomentar a certificação de serviços terceirizados. Estes são alguns dos motivos

pelos quais o setor de prestação de serviços de manutenção, principalmente as

pequenas e micro empresas, apresenta-se bastante carente de certificações e

praticamente ignorante a sistemas de gestão ambiental. Esta deficiência é muito

prejudicial aos programas de implementação de SGA das contratantes e atrapalham

o bom funcionamento de um já existente.

Temos então dois problemas: a continuidade do sistema Fim de Tubo em muitas

implementações de SGA e o despreparo generalizado das pequenas e micro-

empresas de prestação de serviços para contribuir com o SGA de seus clientes.

Esta problemática, apesar de reduzir a competitividade no mercado e condenar o

futuro destas organizações, gera, no entanto, várias oportunidades de sucesso para

Page 51: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

52

o setor, que podem ser galgadas depois de uma importante decisão: implementar

também o seu SGA, já influenciado pelos princípios da Produção Limpa.

Na sua introdução, a Norma ISO 14001 esclarece que:

(...) a adoção e a implementação de uma gama de técnicas de gestão ambiental de uma maneira sistemática pode contribuir para ótimos resultados das partes interessadas. Entretanto, a adoção desta norma de especificação não garante, por si própria, ótimos resultados ambientais. A fim de se atingir os objetivos ambientais, o sistema de gestão ambiental deve encorajar as organizações a considerar a implementação das melhores tecnologias disponíveis quando apropriadas e onde economicamente viáveis. Além disso, o custo x benefício de tal tecnologia deve ser levado em conta. (ASSOCIAÇÃO..., 1996a).

Observa-se então o reconhecimento da Norma que suas especificações e diretrizes

não garantem sozinhas o cumprimento dos objetivos ambientais. Por isso, encoraja

as empresas a buscarem as melhores tecnologias disponíveis no mercado e que

sejam economicamente viáveis. Desta forma, é perfeitamente exeqüível a

implementação de um SGA, seguindo os passos da ISO 14001 e compatibilizando

com a abordagem da Produção Limpa, de uma maneira complementar e

otimizadora.

Este capítulo visa propor uma metodologia de fácil implementação de um SGA com

a cultura da Produção Limpa integrada, especialmente aplicado à realidade das

pequenas e micro-empresas prestadoras de serviços de manutenção industrial.

Assim, nesta fase da pesquisa são avaliadas as características que norteiam a

implementação de um SGA, seguindo os requisitos da ISO 14001 e as técnicas de

apóio da ISO 14004, para identificar em cada etapa as oportunidades de introduzir

práticas de Produção Limpa e, finalmente, estabelecer uma metodologia única de

implementação.

Faz-se necessário comentar sobre os fatores que diferenciam este modelo em

relação aos demais que abordam o mesmo tema, defendidos por outros autores: ele

é voltado para pequenas e micro-empresas prestadoras de serviços de manutenção

industrial, um setor ainda incipiente em relação a SGA; ele segue os requisitos da

ISO 14001, porém com idéias complementares e formulários especiais; e ainda, ele

Page 52: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

53

sugere a introdução de práticas de Produção Limpa em todas as fases do SGA, em

concordância com a Norma.

Nos itens subseqüentes apresentamos cada etapa da implementação do SGA. Vale

ressaltar que esta metodologia propõe diretrizes e requisitos a serem seguidos cuja

aplicação pode variar conforme a realidade da empresa. É necessário então uma

pré-análise das características da organização, antes de qualquer medida de

execução, para que se tenha de fato a noção do que aplicável ou não e,

conseqüentemente, a eficácia na implementação do seu SGA.

3.1 Avaliação Ambiental Inicial

Este primeiro passo permite definir o posicionamento atual da organização em

relação ao meio ambiente. É a preparação inicial para a implantação de um SGA,

com objetivo de levantar a situação em todas as áreas, em relação aos principais

requisitos da ISO 14001, as facilidades e dificuldades existentes para a implantação.

Esta etapa também proporciona às empresas identificar oportunidades de conhecer

melhor como suas atividades influenciam o meio ambiente, onde estão gerando os

prejuízos conseqüentes e como obter o sucesso das mudanças vindouras. Por

esses motivos, recomenda-se o envolvimento de todos os setores da organização,

de forma que todos os funcionários fiquem cientes de suas responsabilidades, da

dimensão do impacto ambiental que sua atividade gera ou pode gerar e dos ganhos

relativos à implementação do SGA.

Entretanto, antes da avaliação propriamente dita e baseado no Manual 04 do CNTL

(CENTRO..., 2000), recomenda-se que a organização estabeleça e mantenha

disponíveis algumas informações básicas, através dos seguintes documentos:

• Dados da empresa – este documento deve conter, entre outras coisas: a razão

social, nome fantasia, endereço, localização geográfica, telefones e fax, CNPJ,

inscrição estadual, ramo de atividade, classificação do tamanho, principais produtos

Page 53: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

54

ou serviços, número de funcionários próprios e terceirizados, regime de trabalho,

certificações, licenças ambientais, faturamento anual e contratos mantidos;

• Organograma da empresa – descrição do sistema organizacional da empresa,

evidenciando diretores, gerentes, supervisores e os demais funcionários;

• Componentes do Ecotime – definição de um grupo de trabalho com funcionários

capacitados para coordenar os trabalhos em todas as fases de implementação e na

manutenção do SGA. Para isto, pode ser usada uma planilha simples, com pode ser

visto na Tabela 1, identificando o nome do colaborador, sua função no SGA, seu

cargo na empresa e sua formação.

Nome Função no SGA Cargo na empresa Formação

Tabela 1 – Componentes do Ecotime. Fonte: Adaptada do Manual 04 do CNTL

(CENTRO..., 2000).

Segundo a Norma ISO 14004, para realizar a avaliação inicial, a empresa pode

utilizar questionários, entrevistas, listas de verificação, inspeções e medições diretas,

avaliação dos registros e práticas de benchmarking. Além disso, esta avaliação

pode abranger:

• Os requisitos legais e regulamentares para setor;

• Os aspectos ambientais que geram ou possam gerar impactos ambientais

significativos;

• O desempenho em relação a critérios internos e externos, códigos, princípios e

diretrizes;

• As práticas e procedimentos de gestão ambiental já existentes na empresa;

• As políticas existentes em relação a aquisições e contratações;

• As informações de incidentes anteriores, envolvendo não-conformidades;

Page 54: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

55

• As oportunidades de vantagens competitivas;

• Os pontos de vista da partes interessadas;

• As funções ou atividades de outros sistemas na empresa que possam influenciar

o SGA.

No modelo desta pesquisa, propomos realizar a Avaliação Inicial através da

aplicação do que chamamos de Lista de Verificação para Diagnóstico Ambiental

Inicial (ANEXO 1). Esta lista foi construída contendo todas questões que se desejam

avaliar inicialmente conforme ao que prescreve a ISO 14001 e a ISO 14004,

adaptadas pelas referências bibliográficas e aos princípios da Produção Limpa, no

intuito introduzir-los já no início da implementação do SGA.

Vale salientar que esta lista também pode ser aplicada a qualquer tipo de empresa,

na fase da Avaliação Ambiental Inicial, porém contém questões específicas às

pequenas e micro empresas do ramo de prestação de serviços na indústria. Assim,

quando for realizada, é necessário apenas desconsiderar as questões que não se

aplicam ao caso em questão.

Para aplicar a Lista de Verificação, é necessário definir as pessoas que serão

entrevistadas e um cronograma para aplicação. Depois este programa precisa ser

divulgado em todas as áreas da empresa. Recomendamos que para as micro-

empresas todos os funcionários sejam entrevistados e orientados quanto à

realização dos trabalhos.

Definidas as pessoas que serão entrevistadas, o Ecotime deve realizar uma reunião

de apresentação com estas pessoas para informar acerca dos processos da

Avaliação Inicial, da metodologia, dos itens que serão verificados e do contexto

global do projeto. Busca-se também nesta primeira reunião, iniciar o envolvimento de

todos, colher sugestões, tirar dúvidas e desmistificar o programa, evitando

comentários paralelos e receios.

Após aplicação da Lista de Verificação nas entrevistas, o Ecotime deve analisar os

dados obtidos e incluir suas conclusões e recomendações. Depois deverá ser

Page 55: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

56

realizada uma nova reunião com os entrevistados para validação dos resultados.

Nesta última reunião, deverão ser apresentadas as conclusões preliminares do

Ecotime, no intuito de possam ser acrescentadas novas sugestões do grupo e de

obter o consenso e aprovação de todos.

Finalmente, deve ser elaborado e registrado um relatório final da Avaliação

Ambiental Inicial, o qual será ponto de partida para a identificação dos aspectos e

impactos associados, e para a definição da Política, objetivos e metas ambientais.

3.2 Aspectos e Impactos Ambientais

Segundo a ISO 14004, “um aspecto ambiental se refere a um elemento da atividade,

produto ou serviço da organização que pode ter um impacto benéfico ou adverso ao

meio ambiente”; já “um impacto ambiental se refere à alteração que ocorre no meio

ambiente como resultado do aspecto”. Além disso, aspectos ambientais significativos

são aqueles que têm impactos ambientais significativos.

A Norma ainda prescreve que o conhecimento dos aspectos e impactos ambientais

seja a base da definição da política ambiental, objetivos e metas, devendo identificar

a exposição legal, regulamentar e comercial que podem afetar a organização,

inclusive os impactos sobre a saúde e segurança (ASSOCIAÇÃO..., 1996b).

Nesta pesquisa, esta etapa é considerada como uma das mais importantes a e que

mais oferece oportunidades de avaliar a inserção de Produção Limpa na

implementação de um SGA. Por isso, além do que requer a ISO 14001 para esta

etapa, acrescentamos novas sugestões e recomendações compatíveis com nosso

objetivo, como, por exemplo, uma proposta de avaliação dos impactos ambientais e

a definição de controles operacionais com técnicas de Produção Limpa para os

aspectos que geram impactos significativos.

Page 56: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

57

Desta forma, baseando-se na ISO 14004 e na literatura referente à Produção Limpa,

recomendamos realizar este processo em cinco etapas, como estão descritas nos

itens subseqüentes.

3.2.1 Identificação dos Aspectos e Impactos

A partir dos dados da Avaliação Ambiental Inicial, o Ecotime deve listar mais

detalhadamente todas as atividades da organização envolvidas nos processos

operacionais, administrativo, de manutenção interna e externa, almoxarifados,

transportes, etc. Depois, recomenda-se listar o maior número possível de aspectos

ambientais associados a cada atividade selecionada.

De posse dos aspectos, com o auxílio de dados da literatura e das experiências de

campo, o Ecotime deve listar em seguida o maior número possível de impactos

ambientais, reais e potencias, positivos e negativos, associados a cada aspecto

identificado. Para consolidação dos dados, pode ser usada uma planilha simples,

como é mostrado na Tabela 2:

Atividades Aspectos ambientais Impactos ambientais

Tabela 2 – Aspectos e Impactos Ambientais. Fonte: Adaptada da ISO 14004

(ASSOCIAÇÃO..., 1996b).

Um importante princípio da Produção Limpa pode ser levado em consideração nesta

etapa: o do Controle Democrático (vide seção 2.7), o qual determina que a empresa

disponibilize informações sobre suas emissões, permitindo o acesso da comunidade

a seus registros de poluição, para assegurar às partes interessadas o envolvimento

nas tomadas de decisões.

Desta forma, recomendamos que o Ecotime estabeleça um diálogo com a

comunidade e outras partes interessadas, no sentido de externalizar este trabalho e

levantar dados consensuais sobre seus impactos ambientais e formas de mitigação.

Page 57: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

58

Assim, a participação de todos nestas decisões, além de contribuir para a definição

de planos de redução dos impactos significativos, pode melhorar a imagem da

organização de uma forma geral, reduzindo reclamações e eliminando processos

judiciais.

3.2.2 Avaliação da Significância dos Impactos

Esta etapa visa definir um método de avaliar a importância dos impactos ambientais.

Esta deverá levar em consideração o atendimento à legislação, as dificuldades e os

custos para alteração do impacto, as preocupações das partes interessadas e a

imagem pública da empresa.

Para auxiliar nesta avaliação, levantamos relatos de experiências de empresas do

ramo de prestação de serviços industriais e fizemos adaptações aos métodos

disponíveis nas seguintes referências: Kiperstok (2001), Lacerda e Marinho (1991),

Machado (1991), Moreira (1991), Rohde (1989), Sebrae (2004a) e Sebrae (2004c).

Métodos como Listagens de Controle, Delphi, Ad Hoc e Matrizes de Interação, foram

alguns dos consultados, devido as suas características de quantificar impactos

ambientais, as quais buscamos implementar.

Verificamos que a utilização na íntegra dos modelos matemáticos citados pode ser

uma tarefa complexa para os componentes do Ecotime e necessite da contratação

de uma consultoria especializada. Porém, considerando um nível baixo de

complexidade para o caso das pequenas e micro-empresas, propomos uma

avaliação mais simples, como pode ser visto na Tabela 3, onde todos os impactos já

identificados são avaliados e quantificados, considerando apenas as seguintes

características:

• Quantidade: valor numérico resultado do somatório simples dos impactos ao

meio físico (solo, ar e águas), biótico e antrópico;

• Situação: valor numérico que quantifica a descrição do tipo de atividade. Se for

normal é igual a 1, anormal é igual a 2, e se for de risco é igual a 3;

Page 58: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

59

• Legislação aplicável: valor numérico que quantifica a relação com a legislação

ambiental. Se não for aplicável é igual a 1, e se for aplicável é igual a 2;

• Oportunidade de PL: valor numérico que quantifica a possibilidade de uso de

Produção Limpa para mitigar o impacto. Se não houver oportunidade de

aplicação é igual a 1, e se houver é igual a 2;

• Severidade: valor numérico que quantifica a gravidade do impacto no meio

ambiente. Se for alta é igual a 3, média é igual a 2 e baixa é igual a 1;

• Freqüência: números de vezes por período considerado que o impacto ocorre ou

pode ocorrer. Se for alta é igual a 3, média é igual a 2 e baixa é igual a 1;

• Valor do Impacto (VI): valor numérico resultado da multiplicação simples dos

itens anteriores;

• Significância: resultado que depende do Valor do Impacto. Deve ser atribuído um

valor X para VI que define o limite da classificação do impacto, ou seja, será

significativo se VI for maior ou igual a X e não significativo se VI for menor que X.

Este valor deve ser definido baseado na experiência dos componentes do

Ecotime, nos relatos de campo, na analogia à literatura e na situação específica

de cada empresa.

IMPACTOS AMBIENTAIS Meio físico

solo ar águaMeio

bióticoMeio

antrópico Avaliação do impacto

ASPECTOS AMBIENTAIS

QU

AN

TID

AD

E

SITU

ÃO

LEG

ISLA

ÇÃ

O

APL

ICÁ

VEL

OPO

RTU

NID

AD

E D

E PL

SEVE

RID

AD

E

FREQ

UÊN

CIA

VALO

R IM

PAC

TO

SIG

NIF

ICÂ

NC

IA

Tabela 3 – Avaliação da Significância dos Impactos Ambientais

Page 59: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

60

3.2.3 Fluxogramas e Lay outs

Para auxiliar a aplicação de qualquer técnica de redução de impactos ambientais, é

necessário que a organização organize e mantenha disponíveis fluxogramas

descrevendo em forma de diagrama de blocos todas as etapas do processo

produtivo ou serviços realizados, evidenciando entradas e saídas. Recomenda-se

também providenciar o lay out das instalações (CENTRO..., 2000).

No caso de empresas prestadoras de serviços, estes documentos devem descrever

tanto suas próprias instalações quanto às de seus clientes, e todos os locais onde

suas atividades possam influenciar o meio ambiente.

3.2.4 Análise Quali-quantitativa de Resíduos

Esta etapa visa realizar um balanço material de todos os produtos utilizados pela

empresa, para auxiliar na aplicação das medidas mitigadoras de impactos

ambientais e seus controles operacionais. Todos os produtos devem ser

identificados, classificados e quantificados, tanto na entrada dos processos quanto

nas saídas. O Manual 04 do CNTL disponibiliza uma planilha para ajudar neste

trabalho, como ilustra a Tabela 4:

Entradas Saídas

Matérias-primas, insumos e auxiliares

Água Energia Processos ou etapas Efluentes

líquidos Resíduos sólidos

Emissões atmosféricas

1 2 3 4 5 6 7

Tabela 4 – Análise Quali-quantitativa de Resíduos. Fonte: Manual 04 do CNTL

(CENTRO..., 2000).

Page 60: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

61

3.2.5 Controles Operacionais e Planos de Emergência

Segundo o Manual de Impactos Ambientais do Banco do Nordeste, para cada

aspecto que gere impacto ambiental significativo devem ser adotadas medidas para

controla-lo, de forma a reduzir os impactos associados. Assim, devem ser definidos

métodos de gerenciamento e práticas operacionais, no intuito de regularizar as

atividades para que não haja impactos ambientais ou que se reduza as suas

ocorrências (BANCO..., 1999).

Segundo a ISO 14001, a operação de um SGA é realizada por meio do

estabelecimento de controles operacionais e planos de emergência para as

situações e atividades que geram ou podem gerar impactos ambientais

significativos, assegurando que os objetivos e metas ambientais da empresa sejam

alcançados.

Os controles operacionais devem revisar e melhorar os procedimentos já existentes

ou desenvolver novos procedimentos, estipulando critérios de operação, para

assegurar que as atividades sejam executadas sob condições especificadas e que

não haja desvios em relação à política, objetivos e metas ambientais, a serem

estabelecidos. Já os planos de emergência devem assegurar o atendimento

apropriado a incidentes ou acidentes ambientais, ou ainda situações potenciais

(ASSOCIAÇÃO..., 1996b).

Segundo a ISO 14004, num plano de emergência devem conter:

a) Nome dos responsáveis em situações de emergência;

b) Informações sobre serviços de emergência, como o corpo de bombeiros;

c) Meios de comunicação interna e externa;

d) Ações a serem adotadas para os diferentes tipos de emergência;

e) Dados de materiais perigosos, seus potenciais impactos e as medidas em caso

de acidente;

f) Planos de treinamento e simulações de situações de emergência.

Page 61: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

62

Uma planilha, como ilustra a Tabela 5, pode ser usada para listar os controles

operacionais e planos de emergência para os aspectos já identificados como

geradores de impactos ambientais significativos.

Aspectos que geram impactos ambientais significativos

Valor do Impacto (VI)

Controles operacionais e planos de emergência

Tabela 5 – Controles Operacionais e Planos de Emergência

Esta etapa apresenta a principal oportunidade de introduzir as técnicas da Produção

Limpa no SGA para atuar sobre os aspectos ambientais e prevenir ou minimizar

seus impactos. Algumas alternativas de PL estão disponíveis no Manual 04 do CNTL

(CENTRO..., 2000), como pode ser vista na Figura 2.

Ordem de prioridade Alternativas de PL para minimização de resíduos

Modificação de tecnologia

Modificação no processo, inclusão ou exclusão de etapas/sistemas

Ajustes de lay out de processo

Proc

esso

e

tecn

olog

ia

Automação de processos

Otimização de parâmetros operacionais

Padronização de procedimentos

Melhoria do sistema de compras

Hou

seke

epin

g

Melhoria no sistema de informações

Substituição de matéria-prima ou de fornecedor

Melhoria no preparo da matéria-prima

Substituição de embalagens

Insu

mos

e

prod

utos

Modificação no produto

Logística associada a subprodutos e resíduos

Reuso e reciclagem interna 2º

Reu

so e

re

cicl

agem

Reuso e reciclagem externa

Figura 2 – Alternativas de PL para Minimização de Resíduos. Fonte: Adaptada do

Manual 04 do CNTL (CENTRO..., 2000).

Page 62: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

63

As técnicas de PL para minimização de resíduos da Figura 2 devem ser usadas pelo

Ecotime como referência para orientar o estabelecimento dos controles operacionais

e planos de emergência relacionados aos aspectos que geram impactos ambientais

significativos. Elas também seguem uma ordem de prioridade quanto ao seu uso.

Assim, primordialmente devem ser avaliadas e implementadas as alternativas que

sugerem o controle nas fontes geradoras e depois as que utilizam o reuso ou

reciclagem.

Entre as alternativas de PL de controle na fonte, estão a boas práticas operacionais

ou housekeeping. Estas medidas devem ser analisadas caso a caso e dependem

muito das condições operacionais e dos aspectos ambientais da empresa. Por isso,

as melhores oportunidades de implementa-las serão evidentes depois uma

otimização na sua estrutura organizacional e operacional e da identificação dos

aspectos que geram impactos ambientais significativos. Para isso, devem ser

utilizadas, como auxílio, a Avaliação Ambiental Inicial, feita na seção 3.2, e a

identificação e avaliação da significância dos impactos (seções 3.2.1 e 3.2.2).

Para implementar os controles que sugerem modificações de tecnologia ou nos

processos, a empresa precisa disponibilizar informações, gerais e específicas, das

tecnologias disponíveis e de todos os seus processos, administrativos e

operacionais. Para empresas prestadoras de serviços, estas informações devem

incluir também os estabelecimentos dos seus clientes onde realizam suas atividades

contratadas. Para auxiliar nesta tarefa, devem ser utilizados os dados dos

fluxogramas e lay outs levantados na seção 3.2.3.

As técnicas que tratam das mudanças nos insumos e produtos incluem: substituição

de matéria prima ou de fornecedor, melhoria no preparo dos insumos, substituição

de embalagens e modificações no produto. Estas alternativas, que também adotam

o controle nas fontes geradoras dos resíduos, necessitam de um levantamento

amplo de todos os produtos da empresa, onde eles precisam ser identificados,

classificados e quantificados, tanto na entrada dos processos quanto nas saídas. A

análise quali-quantitativa, feita na seção 3.2.4, constitui uma ótima ferramenta para

realizar tal levantamento.

Page 63: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

64

Quando as alternativas de PL de controle na fonte supracitadas não são totalmente

possíveis, a definição dos controles operacionais para os aspectos ambientais deve

basear-se nas medidas de reuso ou reciclagem. Assim, deve ser avaliada a

possibilidade de otimizar a logística associada a subprodutos e resíduos, com vistas

a reutiliza-los no mesmo ou em outro processo interno à empresa, ou fora dela. Os

fluxogramas e lay outs da seção 3.2.3 também podem ser utilizados.

Caso não seja possível o reuso de resíduos ou subprodutos, a empresa deve optar

pela reciclagem, interna ou externa a seus estabelecimentos. Os controles baseados

nestas técnicas são os menos reconhecidos pela Produção Limpa, pois eles

admitem a emissão de resíduos para depois realizar seu tratamento, podendo gerar

custos à produção com gastos de energia, mão de obra e sistemas de tratamento.

Por isso, a reciclagem é considerada a última das opções para se definir um controle

operacional à luz da PL.

Finalmente, para atender à legislação ambiental e aos requisitos da ISO 14001, não

restando mais alternativas de PL, a empresa deve definir seus controles baseados

nas técnicas tradicionais de tratamento de resíduos. Estas práticas, chamadas de

Fim de Tubo, também seguem uma ordem de ações. Primeiro é necessário fazer a

separação e classificação dos resíduos para depois avaliar seu destino.

Dependendo do tipo de resíduo e da análise econômica que envolve seu manuseio,

este pode ser enviado para tratamento, vendido numa bolsa de resíduos3,

recuperado, incinerado ou disposto no meio ambiente.

A realização completa das cinco etapas que acabamos de ver é extremamente

importante e necessária, pois, nas seções posteriores, serão estabelecidos a

Política, os objetivos e metas ambientais e um programa geral para execução do

SGA, os quais dependem fundamentalmente dos aspectos e impactos. As figuras e

tabelas que foram ilustradas servirão como ferramentas para o planejamento e

execução das ações do programa de gestão ambiental que será estabelecido.

_________________________ 3 Bolsa de resíduos é um mercado de produtos residuais oriundos dos setores produtivos, criado por iniciativa da FIESP, onde há mecanismos de divulgação de compra e venda, com ofertas veiculadas pela Internet e mensalmente no próprio jornal da instituição. (http://www.fiesp.com.br).

Page 64: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

65

3.3 Requisitos Legais e Regulamentares

Nesta etapa, a empresa de deve levantar todos os requisitos legais, leis e

regulamentos aplicáveis às suas atividades, produtos ou serviço. Segundo a ISO

14004, esta documentação deve ser de fácil identificação, sempre acompanhada e

atualizada e comunicada a todos os funcionários.

A princípio, esta lista deve conter as licenças de operação, leis específicas a

produtos utilizados e ao seu ramo de atividade, leis ambientais gerais, autorizações,

permissões, etc (ASSOCIAÇÃO..., 1996b). Para as empresas prestadoras de

serviços, é necessário também o conhecimento das leis que regulamentam as

atividades de suas contratantes.

Nesta etapa, pelas suas características, não é são acrescentadas propostas quanto

a itens de Produção Limpa. O cumprimento de requisitos legais e regulamentares é

o mínimo exigido pela ISO 14001 que uma empresa pode fazer em relação ao seu

desempenho ambiental.

Por isso, esta é uma etapa necessária, mas não suficiente para atingir nossos

objetivos, cuja intenção não é propor apenas gerenciamentos de resíduos para

atender à legislação, e sim estudar a aplicação de medidas de prevenção da

poluição e racionalização do uso de materiais, previstas pela Produção Limpa.

3.4 Política Ambiental

Segundo a ISO 14004, uma política ambiental estabelece um senso geral de

orientação e fixa os princípios de ação para uma organização. É ela quem determina

o objetivo fundamental em nível global de responsabilidade e desempenho

ambiental, com referência ao qual todas as ações serão julgadas.

Assim, seguindo os requisitos da ISO 14001, recomenda-se a formulação de uma

política ambiental com as seguintes características: que seja apropriada à natureza

da empresa, aos aspectos e impactos ambientais de suas atividades; que seja

Page 65: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

66

comprometida com a melhoria contínua, com a prevenção da poluição e com o

atendimento à legislação; e que oriente a fixação dos objetivos e metas ambientais.

Esta política deve ser documentada e comunicada a todos os funcionários, próprios

e terceiros, e estar disponível ao público (ASSOCIAÇÃO..., 1996a).

Além de atender aos requisitos da ISO 14001, também devem ser incluídos no texto

da Política compromissos com a utilização dos princípios da Produção Limpa. Assim,

algumas expressões como “minimizar ou eliminar os impactos ambientais

negativos”, “prevenir da poluição“ e “conservar os recursos naturais” não podem

faltar na redação da Política Ambiental de uma empresa. Vale recomendar para as

empresas prestadoras de serviços que assumam compromisso também com as

plantas de seus clientes.

A Figura 3 apresenta um exemplo geral de como adotar uma Política Ambiental

focada nos princípios de Produção Limpa. Obviamente que cada empresa deva ter

uma política diferente, apropriada à sua natureza, e, por isso, apresente outros

compromissos mais específicos, além dos citados no modelo da Figura 3. Porém,

recomendamos considerar o mínimo de PL que consta neste exemplo em questão.

Implementar um programa de gestão, com procedimentos definidos para avaliação do seu desempenho ambiental, através do estabelecimento de objetivos e metas, visando à prevenção da poluição, à conservação dos recursos naturais, à saúde e segurança de todos. Atualizar e aperfeiçoar continuamente suas atividades, adotando procedimentos e técnicas de controle nas fontes geradoras de poluição, no intuito de eliminar ou minimizar os impactos ambientais adversos significativos, internos e externos às plantas de seus clientes. Treinar e conscientizar todos os funcionários, para desempenharem suas atividades de maneira eficaz e responsável, face ao meio ambiente e às tecnologias ambientais baseadas na Produção Limpa. Estabelecer e manter controle de documentos e meios de comunicação do seu comportamento ambiental para todos os seus funcionários e o público em geral, antecipando e transparecendo as informações sobre seus processos e produtos, e permitindo o acesso da comunidade para auxiliar nas tomadas de decisão.

Figura 3 – Exemplo de Política Ambiental com Compromissos de PL

Page 66: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

67

3.5 Objetivos, Metas e Programas

Baseando-se na Política Ambiental estabelecida, devem ser definidos os objetivos

ambientais para todos os setores da empresa, de forma a atender os compromissos

da Política. Depois, devem ser estabelecidas metas mensuráveis para o atingimento

de cada objetivo e seus respectivos indicadores de desempenho ambiental.

Cada compromisso da Política pode ter mais de um objetivo, e este pode desdobrar-

se em variadas metas. Para cada meta da empresa devem ser definidas ações no

intuito de atingi-las, o responsável pela ação e o prazo de conclusão. A consolidação

destes dados pode ser feita em uma única planilha, a qual chamamos de Programa

de Gestão Ambiental ou PGA, mostrada na Tabela 6.

Compromissos da Política Ambiental

Objetivos ambientais

Metas ambientais

Indicadores de desempenho Ações Responsável Prazo Status

Tabela 6 – Programa de Gestão Ambiental

De forma dinâmica, o PGA executa e vai atualizando a Política Ambiental através de

revisões regulares e periódicas. Entretanto, a depender do tamanho da organização,

sua elaboração e implementação podem ser tarefas muito difíceis, requerendo às

vezes contratação de consultoria externa. Porém, para as pequenas e micro-

empresas, é possível que apenas os componentes do Ecotime consigam tal feito.

O PGA é o agente executor da Política Ambiental e precisa englobar todos os seus

compromissos. Além disso, pode ser usado como ferramenta global do SGA para

implementar e monitorar todos os programas requeridos pela ISO 14001.

Nas seções subseqüentes, de 3.5.1 a 3.5.3, orientamos a construção do PGA, onde

cada uma deve ser relacionada como um dos compromissos indispensáveis ao texto

da Política Ambiental (vide exemplo da Figura 3), e, por isso, devem constar na

primeira coluna da Tabela 6. Então, a seguir mostramos como transformar cada

Page 67: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

68

compromisso assumido pela Política em seus respectivos objetivos, metas e

indicadores ambientais, além da definição das ações necessárias à execução do

PGA.

3.5.1 Redução de Impactos Ambientais Negativos

Os compromissos da Política Ambiental que defendem a prevenção da poluição,

minimizando ou eliminando impactos ambientais negativos, são os que mais se

distribuem em objetivos variados, metas e ações. Por isso, recomenda-se a

utilização do roteiro proposto na seção 3.2 desta proposta metodológica.

Inicialmente, é necessário que cada aspecto ambiental identificado como gerador de

impacto negativo significativo (etapas 3.2.1 e 3.2.2) tenha um ou mais objetivos no

PGA associados a ele, com suas respectivas metas de redução. Para cada meta,

deve ser definido um indicador de desempenho ambiental que possa ser medido e

acompanhado.

Vale ressaltar que a ordem de prioridade para atuação sobre os aspectos segue o

valor de seu impacto (VI) (vide Tabelas 3 e 5). Então, os aspectos com os mais altos

VIs devem encabeçar a lista, tanto na primeira coluna da Tabela 5 quanto na coluna

dos objetivos do PGA (Tabela 6). Ou seja, primeiramente serão atacados os

impactos ambientais mais significativos até chegar a vez dos não significativos. Para

cada meta são estabelecidas ações, as quais podem ser planejadas e executadas

conforme os controles operacionais e planos de emergência, definidos na seção

3.2.5, com auxilio da Tabela 5 e baseados nas técnicas de PL da Figura 2.

Nesta fase, além dos aspectos relacionados à geração de resíduos, devem constar

também outros como qualidade, segurança e saúde. Por isso, recomenda-se que o

Ecotime envolva os responsáveis pelos outros programas, no sentido de construir

um PGA com formato de um sistema de gestão integrado4.

_________________________ 4 Sistema de Gestão Integrado ou SGI é uma forma de gerenciamento global, onde sua equipe de coordenação é responsável por todos os programas de gestão da empresa: Meio Ambiente (ISO 14001), Qualidade (ISO 9001) e Segurança e Saúde Ocupacional (OHSAS 18001).

Page 68: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

69

3.5.2 Realização de Treinamentos e Conscientização

Um dos compromissos que devem constar na Política Ambiental é o de formar,

treinar e motivar todos os funcionários em relação aos objetivos ambientais e a

outros sistemas de gestão. Por isso, este item também deve ser um dos objetivos do

PGA, com a meta de promover a conscientização e a capacitação apropriada para

realizar as ações previstas no programa.

Recomendamos também que seja estabelecido um cronograma de treinamentos,

contendo o seu público alvo e abordando os seguintes temas:

a) Visão geral do programa – este treinamento visa promover conscientização sobre

a importância estratégica da Certificação Ambiental para a empresa e as motivações

para implementar o SGA, com o propósito de obter o comprometimento de todos e

harmonização com a Política Ambiental.

b) Aspectos legais e regulamentares – programa para educar e promover

conscientização sobre as questões ambientais em geral, as leis e os regulamentos

inerentes ao setor, no intuito de assegurar o comprometimento de todos, o

cumprimento das metas e a responsabilidade individual.

c) ISO 14000 e Produção Limpa – importante treinamento visando educar sobre os

requisitos de um SGA e as etapas necessárias para implementação, o contexto da

Produção Limpa, as vantagens, as técnicas, e as principais diferenças em relação ao

sistema Fim de Tubo.

d) Aperfeiçoamento de habilidades – treinamento direcionado a todo os funcionários

que têm responsabilidades no PGA, para prover a capacitação necessária para

executar as ações do programa, revisando e melhorando todos os processos nos

quais estão envolvidos.

3.5.3 Meios de Comunicação e Controle de Documentos

Outro compromisso que deve estar previsto na Política Ambiental é de estabelecer e

manter um controle de documentos e procedimentos de comunicação interna entre

Page 69: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

70

os vários níveis da organização, além das partes interessadas externas, para

informar sobre seu comportamento ambiental. Assim, este compromisso requer a

definição de objetivos e metas pertinentes no PGA.

Segundo a ISO 14004, estes meios de comunicação devem definir e documentar o

escopo de seu SGA e manter informação descrevendo seus elementos chave e suas

inter-relações. Devem ainda informar sobre sua estrutura organizacional,

desempenho do seu SGA, aspectos ambientais significativos, política ambiental,

objetivos e metas, e os requisitos legais. Além disso, deve-se também fornecer

orientação para a toda documentação relacionada.

Com o objetivo de atender também aos princípios da Produção Limpa,

recomendamos que os meios de comunicação sejam estruturados para cumprir com

os seguintes requisitos:

• Antecipação de informações para as partes interessadas sobre seus produtos e

atividades, assumindo o ônus de provar e demonstrar que eles não causam danos

ao meio ambiente (Princípio da Precaução);

• Permissão de acesso da comunidade a seus registros de poluição e emissão de

resíduos, de maneira a obter a participação de todos na tomada de decisões

(Princípio do Controle Democrático);

• Disponibilização de informações transparentes e abertas ao público em geral,

com estímulos à prática de benchmarking e publicações de relatórios ambientais, no

intuito de aumentar sua competitividade (Principio da Abertura de Informações).

No controle dos documentos, deve ser assegurado que eles sejam: facilmente

localizados e mantidos de forma ordenada; periodicamente analisados e revisados

quando necessário; legíveis, com datas de criação e revisão; expostos em todos os

locais de operações; e retirados dos locais de emissão e uso quando obsoletos

(ASSOCIAÇÃO..., 1996a).

Page 70: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

71

3.6 Medição e Monitoramento

Esta etapa da metodologia constitui a avaliação do desempenho ambiental da

empresa. Logo, é necessário que sejam definidos procedimentos para medir e

monitorar os indicadores de desempenho do PGA, em conformidade com a política,

objetivos e metas estabelecidos, incluindo a avaliação periódica do cumprimento da

legislação e regulamentos ambientais pertinentes (ASSOCIAÇÃO..., 1996b).

Recomenda-se estabelecer procedimentos de análises divididos por área de

operação, identificando as que tiverem êxito e as que ainda precisam de ações

corretivas. Recomenda-se ainda especificar a periodicidade das medições e garantir

o controle e a calibração dos equipamentos de medição.

A análise quali-quantitativa de resíduos (vide seção 3.2.4) é uma boa ferramenta

para auxiliar na medição dos percentuais de redução de resíduos. Ela pode ajudar

na verificação de desempenho das metas que visam prevenir a poluição ou reduzir

os impactos ambientais significativos.

3.7 Ações Corretivas e Preventivas

A partir da avaliação do desempenho ambiental feita na etapa anterior, devem ser

investigadas as não-conformidades e implementadas medidas no sentido de mitigar

ou minimizar os impactos causados. Devem ser adotadas ações corretivas e

preventivas para eliminar as causas de não-conformidades, reais ou potenciais. A

organização deve implementar e registrar quaisquer alterações nos procedimentos

resultantes das ações tomadas (ASSOCIAÇÃO..., 1996b).

Recomenda-se que as ações corretivas e preventivas também sejam direcionadas

para a solução dos problemas na fonte, ou seja, influenciadas pelos princípios da

Produção Limpa, no sentido de corrigir procedimentos existentes ou implementar

novos. Podem ser utilizadas, nesta etapa, as mesmas técnicas sugeridas na seção

Page 71: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

72

3.2.5, como as modificações de tecnologia, nos processos, insumos e nos produtos,

a adoção de housekeeping, reuso e reciclagem.

3.8 Auditorias Internas

Esta etapa é destinada a realização das auditorias periódicas, para determinar se

SGA está conforme o planejado ou se está sendo devidamente implementado e

mantido. A freqüência das auditorias depende da operação a ser auditada, dos seus

aspectos e impactos ambientais identificados, e dos resultados de auditorias

anteriores. Porém, é necessário que a empresa defina um cronograma anual de

auditorias internas.

Recomenda-se assegurar que os auditores, próprios ou terceiros, tenham sido

adequadamente treinados e que sejam imparciais. Normalmente, os auditores

devem atender aos requisitos da ISO 14010 (diretrizes para auditoria ambiental e

princípios gerais), cuja Norma recomenda que eles tenham experiência profissional

apropriada e contribua para o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos.

No caso das pequenas e micro-empresas, os próprios componentes do Ecotime

podem realizar as auditorias, desde que estejam capacitados para tal. É

recomendado que eles tenham experiência nos seguintes itens: ciências e

tecnologias ambientais; aspectos técnicos de instalações e equipamentos; requisitos

legais e legislação ambiental; em sistema de gestão ambiental e outros sistemas de

gestão; e em normas e técnicas de auditoria (ASSOCIAÇÃO..., 1996b).

Recomendamos ainda que os auditores do SGA recebam um treinamento específico

sobre os princípios e técnicas da Produção Limpa, ou que se especializem em

programas de pós-graduação afins. Neste sentido, além de contribuírem

positivamente para uma boa implementação do SGA, ajudarão a internalizar e

disseminar os conceitos de PL.

Page 72: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

73

3.9 Análise Crítica do SGA

Periodicamente, o SGA deve ser analisado criticamente, para assegurar sua

contínua conformidade, adequação e efetividade. Este processo deve ser feito com

base nas auditorias e deve apontar as possíveis necessidades de mudanças na

política, nos objetivos e outros elementos do sistema, sempre com o propósito de

identificar oportunidades de melhoria.

Segundo a ISO 14004, nesta análise deverá conter:

a) Análise dos objetivos, metas e desempenho ambiental;

b) Resultado das auditorias;

c) Avaliação da Política Ambiental em relação a mudanças na legislação;

d) Avaliação da Política Ambiental em relação às mudanças nas expectativas e

requisitos da partes interessadas;

e) Avaliação da Política Ambiental em relação a alterações de produtos ou

atividades da empresa;

f) Avaliação da Política Ambiental em relação a avanços científicos e tecnológicos;

g) Avaliação da Política Ambiental em relação a experiências adquiridas de

incidentes ambientais;

h) Avaliação da Política Ambiental em relação a preferências do mercado;

i) Avaliação da Política Ambiental em relação a relatos e comunicação.

No processo de melhoria contínua, serão sempre avaliadas a adequação da Política

Ambiental em relação aos itens citados acima e suas possíveis necessidades de

alteração, através da eficácia das ações corretivas e preventivas.

Finalmente, com o objetivo de avaliar a eficácia deste modelo de implementação de

SGA com Produção Limpa, recomendamos também uma análise criteriosa dos

Page 73: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

74

princípios de PL que foram integrados em cada etapa. Nesta análise, deverão ser

avaliadas suas adequações e conformidades com o sistema e necessidades de

mudanças na política, objetivos e metas ambientais, visando a melhoria contínua.

3.10 Síntese Diferencial da Proposta

Na Tabela 7 a seguir, é apresentada uma síntese dos incrementos de PL constantes

na metodologia de implementação de SGA que propomos. Nesta tabela, é

comparada a equivalência dos itens requeridos pela ISO 14001 tradicional com os

da nossa proposta, que chamamos agora de ISO 14001 com PL, onde, em cada

etapa, são descritos os incrementos de PL.

Vale ressaltar que, além da ordem cronológica, foram alteradas as denominações de

alguns itens da ISO 14001 tradicional (versão 2004) para a sua versão com PL. Isto

foi feito para obedecer a sequência que propõem a metodologia e não perder a

integração de idéias que foram sendo alocadas no decorrer da pesquisa.

Não obstante às mudanças da ISO 14001 de uma versão para outra, esta

metodologia que propomos assegura que todos os requisitos da versão tradicional

são atendidos. É necessário apenas observar a equivalência dos itens e onde eles

são contemplados.

ISO 14001 Tradicional

ISO 14001 com PL Incrementos de PL

4.1 Política Ambiental

3.4 Política Ambiental

Inserção de compromissos de PL na redação da política, como:

• Controle na fonte;

• Treinamentos de PL;

• Princípio da Precaução;

• Controle democrático;

• Abertura de informações.

Page 74: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

75

4.2 Planejamento

3.1 Avaliação Ambiental inicial

• Proposta de formação do Ecotime;

• Proposta de uma Lista de Verificação para o diagnóstico ambiental inicial com questões de PL;

• Proposta de elaboração de um relatório final desta avaliação com recomendações de PL.

3.2 Aspectos e Impactos Ambientais

Subdividido nos itens 3.2.1 a 3.2.5

3.2.1 Identificação dos Aspectos e Impactos

Proposta de diálogo com a comunidade para auxilio nas tomadas de decisões (Princípio do Controle Democrático)

3.2.2 Avaliação da Significância dos Impactos

Proposta de um modelo de avaliação acrescido de um item identificador de oportunidade de PL.

3.2.3 Fluxogramas e Lay outs

Proposta de utilização de gráficos de processos para identificar melhor as oportunidades de PL.

3.2.4 Análise Quali-quantitativa de Resíduos

Ferramenta analítica que pode ser utilizada para também identificar as oportunidades de PL.

4.2.1 Aspectos Ambientais

3.2.5 Controles Operacionais e Planos de Emergência

Proposta de utilização de técnicas de PL, como:

• Modificações de tecnologia e nos processos;

• Boas práticas operacionais (housekeeping);

• Mudança nos insumos e produtos;

• Reuso e reciclagem, internos e externos.

4.2.2 Obrigações legais e Outros Requisitos

3.3 Requisitos Legais e Regulamentares

Sem acréscimos

Page 75: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

76

4.2.3 Objetivos, Metas e Programas

4.3 Implementação e Operação

4.3.1 Estrutura e Responsabilidade

3.5 Objetivos, Metas e Programas

Subdividido nos itens 3.5.1 a 3.5.3

3.5.1 Redução de Impactos Ambientais Negativos

Orientação sobre a utilização das oportunidades de PL, do item 3.2, para alcançar as metas da Política Ambiental de redução dos impactos negativos.

4.3.2 Competência, Treinamento e Conscientização

3.5.2 Realização de Treinamentos e Conscientização

Proposta de treinamentos sobre os princípios e técnicas de PL, atendendo aos compromissos da Política Ambiental.

4.3.3 Comunicação

4.3.4 Documentação

4.3.5 Controle de Documentos

3.5.3 Meios de Comunicação e Controle de Documentos

Proposta de aplicação de princípios de PL, como o da Precaução, Controle Democrático e Abertura de Informações, atendendo aos compromissos da Política Ambiental.

4.3.6 Controle Operacional

4.3.7 Atendimento a Emergências

Contemplados no item 3.2.5

4.4 Verificação e Ação Corretiva

Subdividido nos itens 3.6 a 3.8

4.4.1 Monitoramento e Medição

4.4.2 Avaliação da Conformidade

3.6 Medição e Monitoramento

Proposta de utilização de técnicas de PL como a análise quali-quantitativa de resíduos, adaptada do CNTL.

4.4.3 Não-conformidades e Ação Corretiva e Preventiva

4.4.4 Controle de Registros

3.7 Ações Corretivas e Preventivas

Proposta de implementação de ações utilizando as técnicas de PL, como modificações de tecnologia, processos, insumos e produtos, housekeeping, reuso e reciclagem.

Page 76: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

77

4.4.5 Auditoria Interna

3.8 Auditorias Internas

Proposta de realização de treinamentos de PL ou especialização em Tecnologias Ambientais para os auditores

4.5 Análise Crítica pela Administração

3.9 Análise Crítica do SGA

Inclui a análise da eficácia da metodologia, especificamente com relação aos incrementos de PL.

Tabela 7 – Diferenciais da Proposta de Implementação de SGA com PL

A tabela acima mostra a equivalência da metodologia proposta com os requisitos da

ISO 14001, com as respectivas oportunidades de PL acrescentadas às etapas de

implementação do SGA. Vale lembrar que esta proposta foi baseada na bibliografia

de referência abordada no capitulo 2, no intuito de casar a ISO 14001 com a

Produção Limpa e avaliar sua aplicabilidade. Assim, no capitulo seguinte, é feito o

estudo de caso desta pesquisa, ou seja, será estudada a implementação do SGA

com PL, seguindo a metodologia proposta neste capitulo, em uma pequena empresa

prestadora de serviços.

Page 77: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

78

4 ESTUDO DE CASO

Neste capítulo, estudaremos a aplicabilidade da metodologia proposta no capítulo

anterior numa pequena empresa prestadora de serviços de manutenção industriais e

que está em processo inicial de implementação de um SGA. Para tanto, a Alta

Administração da empresa foi convencida da proposta e das suas vantagens,

concordando em seguir todas as recomendações que sugerimos.

Vale lembrar que o metodologia descrita no capitulo 3 é uma proposta de roteiro

para implementação de SGA, com os princípios e técnicas da PL inseridos e

adaptados às etapas. Por isso, além de motivar o setor de prestação de serviços a

conseguirem sua certificação e contribuírem com SGA de seus clientes, esta

pesquisa também servirá de experiência para futuros trabalhos que desejam avaliar

a aplicabilidade da Produção Limpa na gestão de empresas.

No próximo item deste capitulo é feita uma descrição mais detalhada da empresa em

estudo e, nos itens subseqüentes, descrevemos os resultados obtidos da pesquisa,

aplicando a metodologia proposta. Estes itens têm a mesma seqüência e

denominação dos itens da metodologia, diferindo apenas a nomenclatura do item 3.5

(vide Tabela 7), o qual, em vez de “Objetivos, metas e programas”, passa a ser

chamado de Programa de Gestão Ambiental.

Em virtude dos prazos previstos para encerramento das pesquisas, nossas

observações abrangeram até a fase do estabelecimento dos objetivos, metas e

programas ambientais, ou seja, até a construção do PGA da empresa em estudo.

Por isso, as etapas de Medição e Monitoramento, Ações Corretivas e Preventivas,

Auditorias Internas e Análise Crítica do SGA não foram contempladas neste estudo

de caso.

Fica então, nossa sugestão para continuidade das pesquisas com objetivos

semelhantes: avaliar o processo completo de implementação de um SGA, para se

medir, no fechamento do ciclo, a eficácia das ações de Produção Limpa adotadas.

Page 78: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

79

4.1 A HJ Bahia

O caso em estudo é a HJ Bahia Ltda, uma empresa de porte pequeno que possui 40

funcionários diretos, entre fixos e temporários. Ela presta serviços de limpeza técnica

industrial, respondendo por aproximadamente 6% do mercado baiano neste setor, e

mantém contratos de manutenção com industrias de variados tamanhos. A HJ atua

nos segmentos de química e petroquímica, papel e celulose, siderúrgica, mecânica,

alimentícia e naval.

A HJ Bahia mantém sua sede administrativa e almoxarifado no município de Dias

D’Ávila, estado da Bahia, onde pode receber equipamentos de clientes para a

devida manutenção. No entanto, em quase 100% dos casos, a HJ é convidada a

deslocar sua mão de obra e máquinas até as plantas de seus clientes para a

prestação do serviço contratado.

Entre os serviços realizados pela HJ Bahia, destacam-se os seguintes:

• Serviços com a utilização de equipamentos de hidrojato, alta pressão, auto vácuo

e passagem de pigs. Entre eles estão: desobstrução de tubulações, limpeza de

trocadores de calores, de caldeiras, de tanques, de coletores de esgoto,

drenagens pluviais e efluentes industriais;

• Serviços de corte a frio, onde utilizam alta tecnologia de hidrojato para corte de

chapas metálicas, com água e materiais abrasivos propelidos a pressões acima

de 20.000 psi;

• Serviços de teste hidrostático, que consistem na utilização de bombas, torres de

pressurização e bloqueadores, para detectar e corrigir trechos da rede que

possam estar apresentando vazamentos através de juntas e/ou pequenos furos.

• Limpeza química manual e mecânica, que consiste no desengraxamento,

decapagem e passivação de caldeiras, reatores, trocadores de calor, tubulações,

torres, fornos, tanques e demais equipamentos industriais, no sentido de reduzir

a taxa de corrosão nas superfícies tratadas;

Page 79: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

80

• Movimentação de recheios e aspiração de resíduos industriais.

Vale lembrar que a HJ Bahia, por ser uma empresa de prestação de serviços, realiza

a maioria das suas atividades operacionais em estabelecimentos terceiros. Assim,

há a necessidade, na construção do seu PGA, de realizar observações nos

estabelecimentos de terceiros, pois existem algumas questões que fogem da sua

margem de atuação e que precisam estar especificados quais os procedimentos a

serem adotados nestes casos.

Por isso, para realizar este estudo, foi necessário escolhermos o estabelecimento de

um dos clientes da HJ, que, inclusive, já tem um SGA implementado e está apenas

aguardando a certificação ambiental. Tomamos a planta deste cliente como padrão

para basearmos nossas observações, enquanto a HJ presta seus serviços neste

local. Esta escolha, no entanto, não influencia de forma significante no PGA final que

foi estabelecido para a HJ Bahia, pois as ações que foram definidas são

generalizadas e padronizadas para adaptar-se à realidade de qualquer contratante

de seus serviços.

O detalhamento do PGA é feito na seção 4.6. Antes, porém, as etapas que o

precedem precisam ser contempladas. Por isso, vamos agora seguir o roteiro da

metodologia proposta nesta pesquisa, abordando primeiramente a Avaliação

Ambiental Inicial da empresa em questão, apontando os resultados deste

levantamento, as observações e recomendações.

4.2 Avaliação Ambiental Inicial da HJ Bahia

Nesta etapa, seguimos as recomendações da seção 3.1 – Avaliação Ambiental

Inicial, com o objetivo de levantar a situação em todas as áreas, em relação aos

principais requisitos da ISO 14001, às facilidades e dificuldades existentes para a

implementação do SGA.

Page 80: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

81

Esta etapa foi importante para ajudar a empresa a conhecer melhor como suas

atividades influenciam o meio ambiente, onde geram os prejuízos e onde podem

obter lucros afins. Para isso, todos os funcionários foram envolvidos, de forma que

todos os setores da organização fossem contemplados e ficassem cientes de suas

responsabilidades e da dimensão dos impactos ambientais que suas atividades

geram ou podem gerar.

Assim, conforme orientações da metodologia proposta, primeiramente foram

organizadas e disponibilizadas algumas informações básicas contendo os dados da

estrutura da organização, como pode ser vista na Figura 4:

Razão social: HJ. Hidrojato Bahia Locação de Mão de Obra Ltda. Nome fantasia: HJ Bahia Endereço: R. Raimundo Tabireza, 47, s. 101, Dias D’Ávila, Bahia, CEP: 42850-000. Localização geográfica: Região do recôncavo baiano, 70 km ao norte de Salvador. Telefone/Fax: (71) 3648-2710 / 3625-9789 CNPJ: 04.682.700/0001-64 Inscrição Estadual: 64531004 Ramo de atividade: Prestação de serviço de manutenção industrial Serviços: Limpeza técnica com hidrojato, alta pressão, auto vácuo e passagem de pigs; corte a frio; teste hidrostático; limpeza química; movimentação de recheios e aspiração de resíduos industriais. Nº de funcionários: 40 diretos (30 fixos e 10 temporários) Regime de trabalho: Regime de 40 horas semanais, porém com folgas especiais para as atividades operacionais. Certificações e licenças: Alvará de funcionamento Faturamento anual: Por volta de R$ 1.100.000,00 brutos Contratos mantidos: Com empresas dos segmentos de química e petroquímica, papel e celulose, siderúrgica, mecânica, alimentícia e naval. Responsável Técnico: João Pedro Braga Teixeira – CREA 36819.

Figura 4 – Dados Gerais da HJ Bahia

Page 81: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

82

Depois do estabelecimento dos dados gerais da organização, passou-se a definir o

seu organograma geral, de maneira que pudessem ser evidenciados todos os

cargos e seus respectivos patamares. A Figura 5 apresenta o resultado desta fase.

Figura 5 – Organograma da HJ Bahia

Outra recomendação da metodologia é a formação de um Ecotime, ou seja, a

definição de um grupo com funcionários capacitados para coordenar os trabalhos em

todas as fases de implementação e na manutenção do SGA. Desta forma, usando a

Tabela 1 da metodologia, definimos o seguinte Ecotime da HJ Bahia:

Nome Função no SGA Cargo na empresa Formação

João Pedro Coordenador Responsável técnico Engenheiro químico

Abraão Bahia Alta administração Sócio e diretor Técnico em manutenção

Abel Félix Auxiliar de operação Supervisor de operação Técnico em segurança

Maria Claudia Auxiliar de apóio Auxiliar administrativo Téc. em administração

Diretor

Responsável técnico

Auxiliar aministrativo Auxiliar de finançasSupervisores de Operação

Operadores

Jatistas

Auxiliares de operação

Page 82: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

83

Dando prosseguimento à Avaliação Ambiental Inicial, o Ecotime realizou uma

reunião de apresentação com todos os funcionários da empresa, onde aconteceram

palestras informativas sobre os trabalhos a serem realizados e orientações diversas,

no sentido de eliminar as dúvidas e os receios quanto à realização do programa. Em

seguida, foi divulgado um cronograma de entrevistas, constando o nome de todos os

funcionários e as respectivas datas de realização.

As entrevistas foram realizadas com base na Lista de Verificação para Diagnóstico

Ambiental Inicial (ANEXO 1), as quais foram posteriormente avaliadas pelo Ecotime.

Foi então realizada uma outra reunião para validação dos resultados, onde o

coordenador do Ecotime apresentou seu parecer preliminar. Nesta oportunidade,

foram acrescentadas sugestões e recomendações, obtendo-se o consenso e

aprovação de todos.

Depois da última reunião do Ecotime com os entrevistados, concretizou-se um

relatório final da Avaliação Ambiental Inicial, o qual apresenta seu conteúdo

separado por objetivos de avaliação, como: sistemas de gestão existentes, políticas

e aspectos ambientais das atividades. Os resultados serão descritos nas seções

seguintes.

4.2.1 Sistemas de Gestão Existentes

Na realização de suas atividades de contratada de serviços, é exigido que a

empresa estabeleça e mantenha alguns programas contratuais. Por isso, há apenas

dois programas totalmente divulgados:

a) PCMSO (Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional); destinado

especificamente à empresa contratante dos serviços;

b) PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), destinado

especificamente à empresa contratante dos serviços.

Há, porém, na empresa, intenções em estabelecer um programa de treinamentos

básicos que aborde integralmente os requisitos de qualidade, segurança, saúde e

Page 83: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

84

meio ambiente. Alguns treinamentos de segurança, inclusive, já foram realizados,

como o de Primeiros Socorros, Combate a Incêndios e Equipamentos de Proteção

Individual e Coletivo (EPIs e EPCs). Estão previstos para o início de 2006 outros

treinamentos, como: o de Ergonomia, o de Proteção Respiratória, o de Conservação

Auditiva e o de Meio Ambiente.

Assim, observamos que a empresa, apesar de possuir alguns programas de

exigência contratual e outros de treinamentos básicos de segurança, ainda não

implementou nenhum sistema de gestão passível de certificação, como o de

Segurança e Saúde Ocupacional (OHSAS 18001), o de Gestão da Qualidade (ISO

9001) ou o de Gestão Ambiental (ISO 14001).

4.2.2 Políticas e Práticas Existentes

a) Políticas e conhecimentos

Apesar da existência de alguns programas supracitados, observamos que não há

qualquer política relativa ao meio ambiente. Alguns entrevistados têm conhecimento

da existência da ISO 14001 para a certificação ambiental, mas desconhecem seu

conteúdo. E, quanto aos princípios de Produção Limpa, todos os entrevistados

admitiram nunca ter ouvido falar.

Também não foi observado qualquer relação ou contato da empresa com algum

órgão ambiental competente.

b) Procedimentos de contratação

Existem definidos na empresa alguns procedimentos relativos à contratação de

novos funcionários, onde se exige que todo candidato deva atender aos seguintes

requisitos:

- Ensino fundamental como escolaridade mínima;

- Seja avaliado numa entrevista com o supervisor;

- Apresente comprovante de escolaridade;

Page 84: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

85

- Apresente comprovante de qualificação profissional registrada na Carteira

de Trabalho ou larga experiência na função;

- Antecedentes criminais; e

- Atestado de saúde ocupacional de acordo com o PCMSO.

Além dos requisitos básicos supracitados quanto à contratação, são feitas também

algumas exigências aos colaboradores por função a desenvolver, segundo um plano

de cargos. Para os funcionários da operação, por exemplo, a política é a seguinte:

- Auxiliar de Operação: Será admitido tendo como requisito a escolaridade

mínima definida e experiência anterior no trabalho com hidrojato;

- Jatista: Auxiliar de operação com no mínimo de um ano de experiência,

tendo sido reconhecido de modo formal (comunicação escrita) ou informal

(Informações do grupo de supervisão);

- Operador: jatista com no mínimo dois anos de experiência, portando

conhecimentos básicos de bombas alternativas, de motores a diesel e

elétricos, de mecânica e painéis de controle;

- Supervisor: Operador com no mínimo três anos de experiência, capacidade

de liderança, conhecimentos e habilidade técnicas na resolução de

problemas.

c) Treinamento e capacitação

Observamos que a empresa, geralmente, realiza alguns treinamentos. Entre eles,

foram identificados os seguintes:

- Treinamento básico de segurança na área onde realizará suas atividades;

- Treinamento dos procedimentos de trabalho (aplicados à atividade);

- PPRAs contratuais;

- PCMSOs contratuais;

- Programa de ergonomia (em fase de implementação);

Page 85: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

86

- Programa de proteção respiratória (em fase de implementação);

- Programa de proteção auditiva (em fase de implementação);

- Treinamento de combate a incêndio;

- Treinamento de primeiros socorros; e

- Meio ambiente (em fase de implementação).

Apesar da existência de alguns programas de treinamentos básicos de segurança,

verificamos a necessidade de implementação de outros, principalmente voltados ao

meio ambiente, e também carece o fornecimento de recursos para capacitação dos

funcionários. Já para alcançar o mínimo requerido pela ISO 14001 e os objetivos

que propõe a Produção Limpa, são necessários incrementos de treinamentos

específicos, para que se tenha o mínimo de capacitação e conscientização antes da

execução de uma tarefa. (vide seção 3.5.2)

d) Preocupação com a imagem

Observamos que, apesar das deficiências supracitadas, a empresa apresenta uma

preocupação visível da sua imagem para com seus clientes, funcionários e a

sociedade.

e) Controle de documentos e comunicação

Quanto aos sistemas de documentação e comunicação, a empresa não possui um

programa definido para atender as exigências da ISO 14001. Além de não haver um

controle efetivo de documentos, a empresa carece do estabelecimento e

padronização de meios para se relacionar com seus funcionários, clientes e

sociedade, conforme sugere a seção 3.5.3 da metodologia proposta.

f) Controles operacionais

Observando os controles operacionais vigentes na empresa, constatamos que não

existem práticas nem procedimentos específicos para prevenir ou minimizar os

impactos ambientais passíveis de geração das suas atividades.

Page 86: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

87

g) Planos de emergência

Quanto aos planos para atender situações de emergência, observou-se que a

empresa mantém um procedimento definido apenas para a prevenção de acidentes

do trabalho. É feita a chamada ART (Análise de Risco do Trabalho), que é uma

ferramenta aplicável a todos os serviços a serem executados pelos funcionários da

HJ dentro das plantas de seus clientes. A ART traz uma descrição detalhada e

sistemática das etapas que compõem uma tarefa. Ela identifica os riscos de

acidentes, reais e potenciais, que possam ter lesões imediatas ou doenças

ocupacionais, estabelecendo condições seguras para a sua execução.

Em qualquer acidente a vítima é imediatamente encaminhada ao serviço de saúde

das contratantes para receber os primeiros socorros. Se o acidente for por inalação

de vapores, queimaduras químicas ou envolva os olhos, o serviço médico da

contratante avalia se é necessário encaminhar o acidentado para suas clínicas

conveniadas. Após estas ocorrências, o supervisor da HJ, os integrantes da CIPA

(Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) e o supervisor da contratante são

imediatamente comunicados, para posterior investigação.

Realizada a investigação dos acidentes ou incidentes, é emitindo um relatório

chamado de CAT – Controle de Acidentes do Trabalho. O CAT é um registro de

ocorrências, onde os relatórios precisam conter no mínimo os seguintes itens: o

nome do acidentado; a natureza do acidente/incidente; uma descrição sumária da

ocorrência; data e hora; indicação de lesão; procedimentos adotados; investigação

do acidente, reunindo envolvidos e testemunhas, para adoção de medidas

corretivas; e a lista de ações corretivas adotadas.

Embora haja na empresa um plano para acidentes do trabalho, observa-se a

necessidade da definição de planos de emergência específicos para acidentes ou

incidentes ambientais, conforme requer a ISO 14001, que possam acontecer

decorrentes de suas atividades.

Page 87: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

88

4.2.3 Aspectos Ambientais

a) Produtos e serviços

Neste item, concluímos que a empresa não possui uma lista com todos os produtos

que utiliza em suas unidades administrativas e operacionais. Entretanto, boa parte

dos entrevistados informou que utiliza alguns produtos como: cal (hidróxido de

cálcio), barrilhas (hidróxido de sódio), águas de lavagem, desengraxantes, líquidos

para decapagem e inibidores. Na tabela a seguir, resumimos os aspectos

relacionados ao manuseio destes produtos.

Atividades Aspectos ambientais

Hidrojato Consumo de água de lavagem

Teste hidrostático Consumo de água de lavagem

Consumo de produtos químicos Limpeza química

Consumo de água de lavagem

Administrativa Consumo de materiais de escritório

Apesar de muitos entrevistados terem ciência das características dos produtos

utilizados, eles informaram que não existem procedimentos definidos para manuseio

nem transporte de substâncias perigosas. Além disso, no almoxarifado da empresa,

verificou-se que os produtos não estão devidamente classificados nem identificados.

Por outro lado, suas máquinas e equipamentos passam por uma manutenção

periódica, porém sem definição de um cronograma.

b) Riscos à segurança

Os aspectos ambientais, que foram levantados nas entrevistas, relacionados aos

riscos à segurança dos operadores, provenientes das atividades da empresas em

suas unidades próprias e nos estabelecimentos terceiros, podem ser resumidos no

quadro seguinte:

Page 88: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

89

Atividades Aspectos ambientais

Hidrojato Possível acidente mecânico

Teste hidrostático Possível acidente mecânico

Limpeza química Possível intoxicação química

Movimentação de recheios Possível acidente mecânico

Possível acidente mecânico Aspiração

Possível intoxicação química

Transporte de equipamentos Possível acidente nas estradas

Possível acidente mecânico Almoxarifado

Possível intoxicação química

Os critérios de segurança já foram discutidos em itens anteriores. Porém, vale

ressaltar que este levantamento servirá de base para a definição dos impactos

significativos e seus respectivos controles operacionais.

c) Emissões atmosféricas

As emissões atmosféricas levantadas foram: o gás carbônico gerado das bombas

dos motores dos carros, ruídos gerados pelos equipamentos e materiais particulados

desprendidos nas atividades de hidrojato. O quadro abaixo resumo seus aspectos:

Atividades Aspectos ambientais

Emissão de ruídos

Emissão de gases das bombas

Hidrojato

Emissão de material particulado

Emissão de ruídos Teste hidrostático

Emissão de gases das bombas

Page 89: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

90

Emissão de ruídos Aspiração

Emissão de gases das bombas

Transporte de equipamentos Emissão de gases dos carros

Apesar da ciência dos aspectos ambientais atmosféricos das suas atividades, a

empresa não possui qualquer procedimento de controle para prevenir os impactos

associados. Nenhum entrevistado comentou sobre alternativas para se reduzir a

quantidade de gases gerados, ruídos ou materiais particulados. Também não houve

qualquer menção sobre processos de tratamento destes aspectos ambientais.

d) Efluentes líquidos e resíduos sólidos

Aspectos ambientais como geração de efluentes líquidos e resíduos sólidos são

inerentes a praticamente todas as atividades da empresa, conforme mostra a tabela

seguinte:

Atividades Aspectos ambientais

Descarte de resíduos sólidos Hidrojato

Descarte de efluentes líquidos

Teste hidrostático Descarte de efluentes líquidos

Descarte de resíduos sólidos Limpeza química

Descarte de efluentes líquidos

Descarte de resíduos sólidos Aspiração

Descarte de efluentes líquidos

Administrativa Descarte de resíduos sólidos

Descarte de resíduos sólidos Almoxarifado

Descarte de efluentes líquidos

Page 90: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

91

Este levantamento mostra uma descrição macro dos aspectos ambientais que as

atividades da empresa geram ou pode gerar. Nesta oportunidade, observamos

também que a HJ Bahia não possui praticas ou procedimentos que visem redução

da geração dos resíduos e também desconhece alternativas para redução nas

plantas de seus clientes.

Os entrevistados apenas comentaram que, por operar suas atividades principais nas

plantas terceiras, ficam submetidos às regras e procedimentos globais da própria

contratante de seus serviços. Então os resíduos gerados pelas suas atividades são

dispostos no próprio local, ficando a cargo da contratante o tratamento adequado

posterior.

4.2.4 Requisitos Legais

Nesta parte da avaliação inicial, verificamos que a empresa não possui uma relação

contendo a legislação ambiental ou aspectos legais pertinente às suas atividades,

produtos ou serviços. Apesar disso, não foram relatados nas entrevistas casos de

acidentes ou incidentes ambientais, e nem penalidades por descumprimento das leis

ambientais.

Vale ressaltar que a empresa, por suas características, não possui licença de

operação (LO) emitida por um órgão ambiental competente.

4.3 Aspectos e Impactos Ambientais da HJ Bahia

Através dos dados do Relatório Final da Avaliação Ambiental Inicial e das

orientações no item 3.2 do modelo proposto, foram listadas todas atividades da

empresa, tanto administrativas quanto operacionais, e relacionados seus aspectos

que geram ou podem gerar impactos ambientais. Depois foi classificada a

significância dos impactos ambientais. O resultado final deste levantamento pode ser

visto no ANEXO 2 – Matriz de Aspectos e Impactos Ambientais da HJ Bahia.

Page 91: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

92

Considerando a experiência em implementação de sistemas de gestão do

coordenador do Ecotime, dos relatos de campo e dos dados da literatura, os

impactos ambientais, na matriz do ANEXO 2, foram classificados como significativos

caso seu valor VI fosse maior ou igual a 90, e não significativos para VI menor que

90.

Depois foram relacionados os controles operacionais e planos de emergência para

cada aspecto que gera um ou mais impactos ambientais negativos significativos,

como podemos ver na tabela abaixo:

Aspectos que geram impactos

ambientais significativos

VI Controles operacionais e planos de emergência

Adequar equipamentos e/ou processos de operação para emitir a menor quantidade de material possível.

Emissão de material particulado

270

Realizar treinamentos periódicos de EPIs e monitorar em especial o uso de óculos de proteção. Adequar equipamentos e/ou processos de operação para gerar a menor quantidade de resíduos possível. Separar e classificar os resíduos segundo a norma ABNT NBR 10004 e verificar alternativas de reutilização. Checar com a Contratante as formas de tratamento dos resíduos que não podem ser aproveitados e adequar-se.

Descarte de resíduos sólidos

252

Monitorar, junto a Contratante, a disposição final dos resíduos não tratados. Adequar equipamentos e/ou processos de operação para gerar a menor quantidade de efluentes possível. Verificar alternativas de reutilização dos efluentes no mesmo processo que os gerou. Checar com a Contratante os meios de reutilização dos efluentes em outro processo dentro da sua planta. Checar com a Contratante as formas de tratamento de efluentes que não podem ser aproveitados e adequar-se.

Descarte de efluentes líquidos

252

Monitorar, junto a Contratante, a disposição final de efluentes não tratados, conforme a Resolução CONAMA 020/86. Realizar treinamentos periódicos das operações e informar sobre os riscos dos produtos químicos utilizadosRealizar treinamentos periódicos de EPIs e monitorar em especial o uso luvas e óculos de proteção.

Possível intoxicação química

216

Estabelecer plano de emergência específico.

Page 92: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

93

Realizar revisões e treinamentos periódicos das operações quanto às suas exigências de segurança. Realizar treinamentos periódicos de EPIs e monitorar em especial o uso de capacetes e óculos de proteção. Emitir relatórios periódicos quanto a acidentes ou descumprimento de procedimentos.

Possível acidente mecânico

162

Estabelecer plano de emergência específico. Realizar treinamentos periódicos com motoristas em relação às exigências de segurança no trânsito. Realizar manutenção periódica dos transportes.

Possível acidente nas estradas

144

Estabelecer plano de emergência específico. Realizar medições periódicas do nível de ruídos e, se for o caso, adequar equipamentos conforme a legislação. Realizar treinamentos periódicos de EPIs e monitorar em especial o uso de protetor auricular.

Emissão de ruídos 144

Fazer enclausuramento das bombas e proteção acústica nas instalações dos equipamentos e áreas afetadas. Adequar equipamentos e/ou processos de operação para se usar a menor quantidade de água de possível.

Consumo de água de lavagem

90

Instalar medidores de vazão nos equipamentos e monitorar constantemente o consumo de água.

Esta tabela representa uma orientação macro para a definição das medidas

mitigadoras dos aspectos que geram impactos ambientais significativos. O

detalhamento dos controles operacionais e planos de emergências deve ser feito na

oportunidade de execução do PGA (seção 4.6), quando serão estabelecidas as

ações necessárias para o alcance das metas e objetivos ambientais, onde cada

ação pode requerer o estabelecimento de planos específicos.

4.4 Requisitos Legais e Regulamentares da HJ Bahia

Nos quadro abaixo, relacionamos alguns dos requisitos legais, leis e regulamentos

aplicáveis às atividades, produtos ou serviços da empresa. A descrição de cada lei

está relacionada com seu objetivo de aplicação, por isso estão separadas em

grupos.

Page 93: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

94

Objetivo de aplicação Legislação pertinente

Constituição Federal de 1988, Artigo 225 - Dispõe sobre o Meio Ambiente e a exigência de Estudo de Impacto Ambiental para o licenciamento das atividades; Lei Federal 6.938 de 31/08/81, seu Decreto 99.274 de 06/06/90 e suas Alterações na Lei 10.165 de 27/12/00 - Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e define a Avaliação de Impactos Ambientais como um dos seus instrumentos;

Constituição Estadual da Bahia de 1989, Artigo 214 - Dispõe sobre o Meio Ambiente e a exigência de Estudo de Impacto Ambiental para o licenciamento das atividades; Lei Estadual 7.799 de 07/02/01 e seu Decreto 7.967 de 2001 - Institui a Política Estadual de Administração dos Recursos Ambientais e também define a Avaliação de Impacto Ambiental como um dos seus instrumentos; Resolução CONAMA nº 001 de 23/01/86 – Estabelece os critérios e diretrizes da Avaliação de Impacto Ambiental junto ao licenciamento, a apresentação do Estudo de Impactos Ambientais (EIA) e Relatório de Impactos Ambientais (RIMA); Resolução CONAMA nº 009 de 03/12/87 - Trata da audiência pública para divulgação dos resultados do EIA e RIMA;

Licenciamento Ambiental

Resolução CONAMA nº 237 de 19/12/97 - Revisa os procedimentos e critérios utilizados no Licenciamento Ambiental. Decreto-Lei 1.413 de14/08/75 e seu Decreto 76.389 de 03/10/75 - Dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente provocada por atividades industriais; Política Nacional dos Resíduos Sólidos, de 14/05/02. Elaborada pelo CONAMA; Resolução CONAMA nº 006 de 15/06/88 - Dispõe sobre a geração de resíduos perigosos nas atividades industriais; Resolução CONAMA nº 313, de 29/10/02 - Dispõe sobre o Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais; Resolução CONAMA nº 020 de 18/06/86 – Estabelece a classificação das águas doces, salobras e salinas, e os padrões de emissão para efluentes líquidos;

Gestão de resíduos

Resolução CONAMA nº 005 de 15/06/89 - Institui o Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar, o PRONAR, e dá outras providências;

Page 94: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

95

Resolução CONAMA nº 003 de 28/06/90 – Estabelece padrões de qualidade do ar e amplia o número de poluentes atmosféricos passíveis de monitoramento e controle; Resolução CONAMA nº 008 de 06/12/90 – Estabelece limites máximos de emissão de poluentes do ar em nível nacional; As normas da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas: NBR 10004/87 - Resíduos Sólidos: Classificação; NBR 10005/87 - Lixiviação de Resíduos: Procedimento; NBR 10006/87 – Solubilização de Resíduos: Procedimento; NBR 10007/87 - Amostragem de Resíduos: Procedimento; NBR 12235/87 - Armazenamento de Resíduos Sólidos Perigosos; NBR 7500 - Transporte de Produtos Perigosos; NBR 7501/83 - Transporte de Cargas Perigosas; NBR 11174/89 - Armazenamento de Resíduos das Classes II (não inertes) e III (inertes); NBR 13221/94 - Transporte de Resíduos: Procedimento; NBR 13463/95 - Coleta de Resíduos Sólidos: Classificação;

Crimes Ambientais

Lei Federal 9.605 de 12/02/98 e seu Decreto 3.179 de 21/09/99 - Dispõe sobre as sansões penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

Unidades de Conservação

Lei Federal 9.985 de 18/07/00 - Regulamenta o artigo 225, parágrafo 1º, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) e estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação.

Uso de energia Lei Federal 10.295 de 17/10/01 e seu Decreto 4.059 de 17/10/01 - Dispõe sobre a Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia e dá outras providências.

Proteção à fauna

Lei Federal 5.197 de 03/01/67 e suas alterações na Lei 7.653 de 12/02/88 - Dispõe sobre a proteção à fauna, e dá outras providências. Lei Federal 4.771 de 15/09/65 e sua Medida Provisória 2.166-67 de 2001 - Institui o Código Florestal Nacional;

Proteção à flora

Lei Estadual 6.569 de 17/01/94 - Institui a Política Florestal do Estado da Bahia.

Proteção às águas

Decreto Federal 24.643 de 10/07/34 - Código das Águas;

Page 95: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

96

Lei Federal 5.793 de 15/10/80 e seu Decreto 14.250 de 05/06/81 - Estabelece padrões, critérios e diretrizes para a emissão de sons e ruídos, em decorrência de atividades industriais, comerciais e de prestação de serviços, obedecendo ao interesse da saúde, da segurança e do sossego público.

Resolução CONAMA nº 001 de 08/03/90 - Dispõe sobre a emissão de ruídos em decorrência de quaisquer atividades industriais e outras; Resolução CONAMA nº 002 de 08/03/90 - Institui o Programa Silêncio; As normas da ABNT: NBR 10151 - Avaliação de ruídos em áreas habitadas; NBR 10152 - Níveis de ruído para conforto acústico; As Normas Regulamentadoras: NR 4 - Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT); NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA); NR 6 - Equipamento de Proteção Individual (EPI); NR 7 - Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO); NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA); NR 11 - Transporte, Movimentação, Armazenamento e Manuseio de Materiais; NR 12 - Máquinas e Equipamentos; NR 17 - Ergonomia;

Segurança e Saúde Ocupacional

NR 23 – Proteção Contra Incêndios.

Conforme descreveu a metodologia na seção 3.3, esta etapa do SGA é a exigência

mínima para cumprir o que requer a ISO 14001 e deve constar na Política Ambiental.

Por isso, é considerada uma tarefa obrigatória, mas não suficiente quando se busca

a utilização de tecnologias avançadas de proteção ambiental ou princípios de

Produção Limpa.

Dando prosseguimento à implementação do SGA, depois de identificados os

aspectos e impactos ambientais e os requisitos legais pertinentes à empresa, o

próximo passo é estabelecer a Política Ambiental coerente com essas realidades.

Page 96: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

97

4.5 Política Ambiental da HJ Bahia

No quadro abaixo é sugerida a redação da Política Ambiental da HJ Bahia. Ela foi

baseada nos aspectos e impactos ambientais e requisitos legais pertinentes à

empresa, levantados nas seções anteriores, conforme as recomendações da seção

3.4 da metodologia proposta.

Implementar e manter um programa de gestão ambiental, com procedimentos

definidos para avaliação do seu desempenho, através do estabelecimento de

objetivos e metas ambientais, visando à prevenção da poluição, à conservação dos

recursos naturais, à saúde e segurança de todos.

Atualizar e aperfeiçoar continuamente suas atividades de prestação de serviços de

manutenção industrial, adotando procedimentos e técnicas de controle nas fontes

geradoras de resíduos, no intuito de eliminar ou minimizar os impactos ambientais

adversos significativos internos e nas plantas de seus clientes.

Cumprir a legislação ambiental, as regulamentações e demais requisitos legais

pertinentes às suas atividades, produtos e serviços.

Formar, treinar, conscientizar e motivar todos os funcionários, para desempenharem

suas atividades de maneira eficaz e responsável, face ao meio ambiente e às

tecnologias ambientais baseadas na Produção Limpa.

Estabelecer e manter controle de documentos e meios de comunicação do seu

comportamento ambiental para todos os seus funcionários e o público em geral,

antecipando e transparecendo as informações sobre seus processos e produtos, e

permitindo o acesso da comunidade para auxiliar nas tomadas de decisão.

É importante lembrar que cada parágrafo da Política corresponde a um compromisso

macro da empresa. Assim, conforme recomenda a metodologia, cada um destes

compromissos deve ser contemplado no Programa de Gestão Ambiental, com seus

respectivos objetivos e metas, e com as ações necessárias ao alcance dos mesmos.

O PGA da HJ Bahia é abordado na seção seguinte.

Page 97: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

98

4.6 Programa de Gestão Ambiental da HJ Bahia

Pelas características de suas atividades, que são exercidas nos estabelecimentos de

seus clientes, o PGA da HJ Bahia é influenciado em grande parte pela estrutura

operacional dos contratantes dos seus serviços. Assim, as ações do PGA da HJ

poderão ser de sua responsabilidade ou estar contempladas nos programas e

procedimentos locais, que podem variar conforme a empresa cliente.

Por estes motivos, buscou-se neste estudo construir um PGA padronizado para a

empresa, com o estabelecimento de ações genéricas, coerentes com sua política,

objetivos e metas ambientais, aplicáveis a qualquer empresa contratante de seus

serviços. Assim, algumas ações que fogem do seu controle direto foram orientadas a

checar, acompanhar ou desenvolver, junto a contratante, soluções conjuntas para

estancar ou minimizar os impactos ambientais. Desta maneira, o Programa de

Gestão Ambiental da HJ Bahia foi construído e pode ser visto no ANEXO 3.

Para avaliar a aplicação do PGA e a implementação das suas ações, foi escolhido

inicialmente um cliente com o qual a HJ está mantendo contrato de manutenção.

Este cliente é uma Indústria de beneficiamento de cobre, já tem um SGA

implementado e está em processo de certificação. Esta escolha, porém, serviu

apenas para planejar uma idéia das ações, pois, devido aos prazos para conclusão

desta monografia, os trabalhos limitaram-se à construção do PGA, não abordando

sua execução. Desta forma, não foi verificada a eficácia dos desdobramentos das

ações, já que não foram definidos os respectivos planos que as tornariam possíveis.

Assim, seguindo as orientações da seção 3.5 da metodologia, foram contemplados

no PGA todos os compromissos da Política Ambiental, associando a cada um deles

os respectivos objetivos, metas, indicadores de desempenho ambiental e as ações

macro de resolução. Vale ressaltar que as ações foram baseadas nos controles

operacionais dos impactos ambientais significativos, definidos na seção 4.3, e na

experiência do autor em SGA e em gerenciamento de empresas.

Page 98: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

99

Algumas iniciativas de PL podem ser observadas no PGA do ANEXO 3, na

oportunidade em que foram definidas as metas ambientais. Como exemplo,

podemos citar as metas que visam a redução da geração ou reutilização de resíduos

sólidos e efluentes líquidos, a redução do consumo de água de lavagem e o fomento

de treinamentos envolvendo os conceitos de PL. Outras metas também foram

definidas para mitigar os impactos significativos associados à segurança e saúde

ocupacional, como a eliminação de acidentes e intoxicações químicas, a redução do

nível de ruídos e da emissão de material particulado.

Além das metas para atender os compromissos da Política de minimizar ou eliminar

impactos ambientais negativos significativos, também foram definidas outras metas

relativas ao cumprimento da legislação ambiental, realização de treinamentos e a

definição dos meios de comunicação e do controle de documentos. Estas últimas

visam atender aos requisitos da ISO 14001, por isso são obrigatórias em qualquer

PGA e devem seguir as orientações da metodologia proposta nesta pesquisa.

Quanto aos desdobramentos das ações, observa-se que há algumas no PGA que

necessitam de uma análise mais detalhada do processo da empresa em que a HJ

está atuando, a qual é essencial para se traçar um plano específico de execução

para cada uma delas. As ações referentes à minimização ou eliminação de resíduos

em geral são as mais dependentes da natureza dos estabelecimentos em que se

processam as atividades. Por exemplo, aquelas que sugerem adequação de

equipamentos ou processos para reduzir a geração e verificação de alternativas de

reutilização necessitam de um tempo maior de observações, medições e análises,

necessários para enxergar oportunidades de PL que poderiam ser usadas para cada

caso, conforme sugere a Figura 2 da metodologia.

As ações que atendem aos requisitos de segurança também requerem maiores

observações dos processos, principalmente aquelas que precisam da instalação de

medidores para emissão de relatórios, da adequação de equipamentos e do

estabelecimento de planos de emergência específicos.

Page 99: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

100

Para todas as ações, foram definidos os responsáveis diretos e os prazos de

conclusão. Algumas delas, pelas suas características, como o monitoramento das

atividades, emissão de relatórios periódicos e realização de treinamentos, depois de

implementadas, se tornarão padrões de rotina.

Para medir o alcance de cada meta, foram definidos os indicadores de desempenho

ambiental, cujas unidades são coerentes com a meta associada. Mais uma vez, para

registrar estes indicadores e realizar as ações corretivas, precisaria fechar um ciclo

de observações do PGA, onde o alcance das metas seria medido mês a mês ou por

operação realizada. Desta forma, a empresa poderia estabelecer um cronograma de

atingimento das metas, realizando reuniões periódicas com os responsáveis pelas

ações do PGA e avaliando as medidas adotadas e as dificuldades encontradas.

Finalmente, observa-se que a construção de um PGA para uma pequena empresa

prestadora de serviços, apesar do seu porte, pode se tornar uma tarefa complexa,

caso os integrantes do SGA limitem suas observações para apenas um cliente,

precisando depois de modificações constantes quando suas atividades se

processarem em outra realidade. Por isso, é necessário que o PGA de empresas

prestadoras de serviço tenha caráter generalizado para ser aplicável a qualquer

cliente, de qualquer porte. Desta forma, o detalhamento das ações só será

necessário no transcorrer dos serviços contratados.

Page 100: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

101

5 CONCLUSÕES

Esta monografia foi desenvolvida tendo tem como objetivo propor uma metodologia

para implementação de um Sistema de Gestão Ambiental direcionado às pequenas

e micro empresas, contemplando os requisitos da ISO 14001 e os princípios da

Produção Limpa, e também avaliar a sua aplicabilidade em uma pequena empresa

prestadora de serviços de manutenção industrial.

Os fatos inicialmente levantados, que ratificaram as preocupações globais com a

acelerada degradação ambiental, as pressões recentes da sociedade e do mercado

que passaram a exigir produtos e processos ambientalmente corretos e o aumento

da atividade regulamentadora e seus custos gerados pelas penalidades afins,

justificam os objetivos desta pesquisa que visam estudar implementação de

sistemas de gestão ambiental.

Por outro lado, a constatação da falta de conhecimento de técnicas avançadas e

proativas de proteção ambiental, que ainda persiste em muitas empresas, e as

perdas de oportunidades associadas em não se introduzir tais práticas nos SGAs,

justificam a abordagem deste trabalho em relação a Produção Limpa, a qual objetiva

compatibiliza-la com os requisitos da ISO 14001.

Já o direcionamento desta monografia para a realidade das pequenas e micro

empresas prestadoras de serviços é justificada pela comprovação de que estas

enfrentam muitas dificuldades para se adequarem às normas ambientais vigentes

nas plantas de seus clientes, contribuindo negativamente para SGA local, e também

pelo mercado promissor que desponta às empresas de pequeno porte que têm

certificado ambiental.

Por todos estes fatores, considera-se viável e positivo a ampliação dos estudos

referentes a Sistemas de Gestão Ambiental e Produção Limpa, principalmente

abordando a realidade das pequenas e micro empresas do setor de prestação de

serviços.

Page 101: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

102

Para atingir os objetivos desta monografia, realizou-se uma revisão ampla da

literatura que aborda as características envolvidas nos processos de implementação

de SGAs, segundo as Normas ISO 14001 e ISO 14004, as quais formaram a base

para construção da metodologia proposta nesta pesquisa. Verificou-se, no entanto,

que os requisitos necessários à obtenção do certificado ambiental sugerem o

cumprimento de um mínimo de recomendações e que estas Normas admitem não

garantir sozinhas o sucesso do desempenho ambiental. Por isso, constatou-se a

necessidade de complementar os requisitos da ISO 14001 com técnicas avançadas

de proteção ambiental, que, nesta pesquisa, é a Produção Limpa.

Numa segunda parte da revisão bibliográfica, buscou-se reunir informações

suficientes dos conceitos de Produção Limpa, abordando seus princípios,

instrumentos e técnicas, e as referências de implantação na gestão de empresas,

para subsidiar a construção da proposta metodológica. Foram discutidas também as

principais diferenças que separam a Produção Limpa do sistema Fim de Tubo, além

de alguns exemplos de sucesso na aplicação das técnicas de PL.

Em outra análise da literatura, foi pesquisada a atual realidade do setor das

pequenas e micro empresas prestadoras de serviços. Apesar de observado a

existência de programas de fomento para implementar SGA, apoiados por órgãos

ambientais competentes e direcionados às empresas deste setor, concluiu-se que

estas estão muito deficientes em relação aos atuais objetivos da indústria. Verificou-

se também algumas iniciativas de grandes empresas para fomentar a postura

ambiental nos seus estabelecimentos, porém, por parte das pequenas terceirizadas,

não foram observadas tendências para se adequarem às práticas locais, nem

qualquer iniciativa para minimizar os impactos ambientais decorrentes de suas

atividades nas plantas de seus clientes.

A metodologia de implementação de SGA à luz da Produção Limpa foi então

proposta procurando investigar as oportunidades de introduzir PL durante todas as

fases de implementação, com a atenção voltada para o caso dos micros e pequenos

prestadores de serviços.

Page 102: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

103

Na etapa de planejamento do SGA, verificou-se a necessidade de definição de nova

ordem para o SGA. Como a Política Ambiental requer da empresa ciência da sua

estrutura e natureza, observou-se ser coerente realizar antes do estabelecimento da

Política uma avaliação ambiental inicial, seguida da identificação dos aspectos e

impactos ambientais e dos requisitos legais pertinentes. Além disso, a metodologia

foi estruturada com uma sequência própria, tendo alguns de seus itens diferentes

denominações da versão original da ISO 14001, porém contemplando todos os seus

requisitos.

Observou-se, na metodologia, que as etapas que mais absorveram os conceitos e

práticas de PL foram as iniciais, que abrangem a fase de planejamento, já que estas

são consideradas a base do SGA. A seguir, estão resumidos principais os itens de

PL que foram adicionados ao SGA:

• Na Avaliação Ambiental Inicial, foi proposta uma Lista de Verificação para o

diagnóstico ambiental inicial com questões de PL;

• Na identificação dos aspectos e impactos ambientais, foi proposto um diálogo

com a comunidade, obedecendo ao princípio do Controle Democrático. Foi proposta

também nesta fase um modelo de avaliação da significância dos impactos, além de

controles operacionais utilizando técnicas de PL, como modificações de tecnologia e

nos processos, boas práticas operacionais (housekeeping), mudança nos insumos e

produtos, reuso e reciclagem, internos e externos;

• Na Política Ambiental, foi proposta na sua redação a inserção de compromissos

de PL, como controle na fonte, treinamentos de PL, princípio da Precaução, Controle

Democrático e Abertura de informações.

É importante observar que a metodologia que foi proposta neste trabalho pode ser

aplicada a qualquer tipo de empresa, de qualquer tamanho ou ramo de atividade.

Porém, há orientações específicas para o caso das pequenas e micro que prestam

serviços, podendo, no entanto, ser desconsideradas caso não se apliquem.

Page 103: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

104

No estudo de caso, avaliou-se a aplicabilidade da proposta desta pesquisa numa

pequena empresa que presta serviços de manutenção industrial. As primeiras

etapas tiveram boa aderência, sendo executadas, com facilidade, as fases de

avaliação ambiental inicial, identificação dos aspectos e impactos ambientais

significativos e definição da Política Ambiental.

A etapa do estudo que abordou a construção do Programa de Gestão Ambiental da

empresa apresentou algumas dificuldades no estabelecimento das ações

necessárias ao atingimento das metas. Devido às características do ramo de

prestação de serviços, verificou-se que algumas ações dependem especificamente

do estabelecimento do cliente onde se processam as atividades. Por isso, apesar de

ter sido escolhido um cliente para basear as observações, não foi necessário

especificar as técnicas de PL que seriam utilizadas em cada ação, pois assim o PGA

não seria padronizado e necessitaria de modificações constantes.

Por esses motivos, o PGA da empresa em estudo tomou um formato amplo e

generalizado, contendo objetivos e metas de PL para atender a Política Ambiental,

porém com algumas orientações macro de ação, sem detalhamento. Como o

objetivo foi construir um PGA padrão e aplicável a qualquer tipo de empresas,

obviamente não seria possível prevê soluções específicas a todos os clientes. Por

isso, concluiu-se que o desdobramento destas ações só poderia ser feito na

oportunidade de execução da atividade, senda assim possível definir qual a

alternativa de PL a ser usada.

Vale ressaltar que, devido às limitações deste trabalho, não foi possível pesquisar a

execução do PGA. Ou seja, as etapas de implementação, verificação e análise do

SGA não foram abordadas. Observa-se então que seria necessária a realização de

novas pesquisas, no intuito de avaliar a aplicação desta metodologia durante todo o

ciclo do SGA, e com um número maior de empresas cliente, para realizar as devidas

correções e verificar as oportunidades de melhoria.

A proposta apresentada neste trabalho ainda requer, para a sua validação, a

apreciação de outros especialistas na área ambiental e também ser testada por

Page 104: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

105

outras pequenas empresas interessadas em implementar seu SGA. Além disso,

considera-se que os estudos sobre Gestão Ambiental e Produção Limpa

representam uma linha de pesquisa que ainda precisa ser aprofundada. Por isso,

são apresentadas a seguir sugestões para continuidade dos estudos:

• Realizar observações, aplicando esta proposta, em um número maior de

empresas cliente, abordando todas as etapas da implementação até fechar o ciclo

do SGA e avaliando as possibilidades de melhoria;

• Aplicar esta metodologia em uma quantidade maior de pequenas e micro

empresas, variando ou mantendo fixo o cliente para análise;

• Ampliar a discussão para implementações de sistemas de gestão integrados,

incluindo a influência da Produção Limpa;

• Ampliar os estudos de fomento de mecanismos para que as pequenas e micro

empresas atentem para urgência de implementação de SGA;

• Estudar mecanismos de motivação para que as grandes empresas incluam em

seu SGA os pequenas e micro prestadores de serviços.

Finalmente, espera-se que esta monografia tenha contribuído para ampliar os

estudos referentes a Sistemas de Gestão Ambiental, assim como as discussões

sobre Produção Limpa, e que tenha ajudado o setor dos pequenos e micro

prestadores de serviços a galgar patamares de sucesso e de sobrevivência

empresarial.

Page 105: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

106

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR ISO 14001: Sistemas de Gestão Ambiental – Especificação e Diretrizes para Uso. Rio de

janeiro, 2004.

____. NBR ISO 14001: Sistemas de Gestão Ambiental – Especificação e Diretrizes para Uso. Rio de janeiro, 1996a.

____. NBR ISO 14004: Sistemas de Gestão Ambiental – Diretrizes Gerais sobre Princípios, Sistemas e Técnicas de Apoio. Rio de Janeiro, 1996b.

____. Disponível em: <http://www.abnt.org.br>. Acesso em: 3 jun. 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS –

ABETRE. Disponível em: <http://www.abetre.com.br>. Acesso em: 3 nov. 2003.

ASSEMBLÉIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS. Agenda 21 Global. In: Conferência

das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. ECO

92. Rio de Janeiro, 1992.

ATIYEL, Said Oliveira. Gestão de Resíduos Sólidos: o caso das lâmpadas

fluorescentes. 2001. 111 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Escola de

Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001.

BANCO DO NORDESTE. Manual de Impactos Ambientais: orientações básicas

sobre aspectos ambientais de atividades produtivas. Fortaleza, 1999. 297p.

CARDOSO, Lígia Maria França. Indicadores de Produção Limpa: uma proposta

para análise de relatórios ambientais de empresas. 2004. 155p. Dissertação

(Mestrado em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo produtivo) –

Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2004.

Page 106: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

107

CENTRO NACIONAL DE TECNOLOGIAS LIMPAS – CNTL. Manual 04 – Relatório de Implantação do Programa de Produção mais Limpa. Rio Grande do Sul:

CNTL, 2000.

CLAUDIO, Jair Rosa; EPELBAUM, Michel. Como Ter um Sistema de Gerenciamento. 1998.

COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso Futuro Comum. 2.ed. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1991.

COMPROMISSO EMPRESARIAL PARA A RECICLAGEM – CEMPRE. Disponível

em: <http://www.cempre.org.br> Acesso em: 4 nov. 2003.

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS INDÚSTRIAS – CNI. Informativo de 20 de

outubro de 2003. Ano XI, Nº19, 2003.

FANG, L; BAPTISTA, M.V.S; BARDECKI, M. Sistemas de Gestão Ambiental. Brasília: SENAI, 2001. 240p.

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA – FIEB. Disponível em:

<http://www.fieb.org.br>. Acesso em: 8 mar. 2005.

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO – FIESP.

Disponível em: <http://www.fiesp.com.br>. Acesso em: 5 nov. 2004.

FERNANDEZ, F.A.S; DUARTE, M.A; SOBRAL, M.C. Metodologia para Implementação de Sistema de Gerenciamento Ambiental com Ênfase na Utilização de Tecnologias Limpas. 1998. 43f. Monografia (Especialização em

Gerenciamento e Tecnologias Ambientais na Indústria) – Escola Politécnica,

Universidade Federal da Bahia, Salvador, 1998.

FURTADO, João S. Administrando a Ecoeficiência. Novembro, 2000. Disponível

em: <http://www.teclim.ufba.br/jsfurtado>. Acesso em: 02 nov. 2005

Page 107: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

108

GREENPEACE. Disponível em: <http://www.greenpeace.org.br> Acesso em: 15 out.

2003.

HIDROJATO BAHIA LOCAÇÃO DE MÃO DE OBRA LTDA – HJ BAHIA. Dossiê HJ Bahia Ltda. Dias D’Ávila, 2005. 10p.

INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. Disponível em:

<http://www.iso.ch>. Acesso em: 5 ago. 2005.

KIPERSTOK, A. et al. Prevenção da poluição. 1 st ed. Vol. 1. SENAI. Brasília,

2002.

____. Módulo de Prevenção de Poluição. Curso de Especialização em

Gerenciamento e Tecnologias Ambientais na Indústria. Parceria UFBA e

SENAI/CETIND, 2001. 258p.

____; MARINHO, M; ANDRADE, J.C. Inserção dos Princípios de Produção mais Limpa na Política de Meio Ambiente. Discussion Paper (mineo).

LACERDA NETA, Z.F; MARINHO, M.M.O. Avaliação de Impacto Ambiental – uma abordagem introdutória. Apostila elaborada para o curso de extensão em

Avaliação de Impacto Ambiental, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia.

Salvador, 1991.

LA GREGA, M.D; BUCKINGHAM, P.L; EVANS, J.C. The Environmental Resources Management Group: Hazardous waste management. 1st ed. McGraw-

Hill, Singapore, 1994. 1146p.

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Legislação de Impactos Ambientais e Licenciamento no Brasil. Apostila elaborada para o curso de extensão em

Avaliação de Impacto Ambiental, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia.

Salvador, 1991.

MAIMON, Dália. ISO 14001 – Passo a Passo da Implantação nas Pequenas e Médias Empresas. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora Ltda., 1999.

Page 108: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

109

MOREIRA, Iara Verocai Dias. Origem e Síntese dos Principais Métodos de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA). Apostila elaborada para o curso de

extensão em Avaliação de Impacto Ambiental, Escola Politécnica, Universidade

Federal da Bahia. Salvador, 1991.

REDE PARANAENSE DE PROJETOS EM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.

Disponível em: <http://www.tecpar.br/zeri/index.htm>. Acesso em: 3 nov. 2004.

RIBEIRO, Isabel de Cássia Santos. Interdependência Ecológica e ISO 14001: mecanismos de indução de micro pequenos fornecedores e prestadores de serviços

pelas grandes empresas da indústria química e petroquímica da Bahia. 2001. 79f.

Monografia (Especialização em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais na

Indústria) – Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2001.

ROHDE, Geraldo Mario. Estudos de Impactos Ambientais. Porto Alegre:

CIENTEC. 1989. 42p. (Boletim técnico, 4).

SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS –

SEBRAE. Metodologia Sebrae para Implementação de Gestão Ambiental em Micro e Pequenas Empresas. Brasília: Sebrae, 2004a. 113p.

____. Experiências Sebrae em Implementação de Gestão Ambiental em Micro e Pequenas Empresas. Brasília: Sebrae, 2004b. 76p.

____. Curso Básico de Gestão Ambiental. Brasília: Sebrae, 2004c. 111p.

____. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br >. Acesso em: 25 out. 2004d.

SHEN, T.T. Industrial Pollution Prevention. 1st ed. Berlin: Springer, 1995. 371p.

TICKNER, J.A.; RAFFENSPERGER, C. The Precautionary Principle: a framework

for sustainable business decision – making. Environmental Police. V.9, n.4, 1998.

UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAM – UNEP. Eco-Efficiency and Cleaner Production – Charting the Course for Sustainability. Paris: UNEP, 1997.

Page 109: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

110

UNIVERSIDADE LIVRE DO MEIO AMBIENTE – UNILIVRE. Disponível em:

<http://www.unilivre.org.br/centro/textos/Forum/prodlim.htm>. Acesso em: 17 nov.

2003.

VALLE, C.E. Como se Preparar Para as Normas ISO 14000 – Qualidade Ambiental: o desafio de ser competitivo protegendo o meio ambiente. São Paulo:

Pioneira Administração e Negócios & ABIMAQ/SINDIMAQ, 1996.

Page 110: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

111

ANEXO 1

LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA DIAGNÓSTICO AMBIENTAL INICIAL

SISTEMAS DE GESTÃO EXISTENTES

1. A empresa possui um Programa de Segurança definido?

( ) Sim. Qual? ___________________________________________________

( ) Não

( ) Não, mas está em fase de implementação

2. A empresa possui um Programa de Saúde Ocupacional?

( ) Sim. Qual? ___________________________________________________

( ) Não

( ) Não, mas está em fase de implementação

3. A empresa possui um Programa de Qualidade?

( ) Sim. Qual? ___________________________________________________

( ) Não

( ) Não, mas está em fase de implementação

4. A empresa tem Certificação ISO 14001?

( ) Sim

( ) Não

5. A empresa possui um Sistema de Gestão Ambiental (SGA)?

( ) Sim, porém ainda não certificado pela ISO 14001

( ) Não

( ) Não, mas está em fase de implementação

Page 111: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

112

6. Caso não haja um SGA, a empresa possui algum programa ambiental?

( ) Sim. Qual e para quê? __________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

POLÍTICAS E PRÁTICAS EXISTENTES

7. A empresa possui uma Política Ambiental definida?

( ) Sim. Qual? ___________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

8. A empresa possui alguma política coorporativa?

( ) Sim. Qual? ___________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

9. A empresa tem conhecimento das normas da série ISO 14000?

( ) Sim

( ) Não

10. A empresa tem conhecimento dos princípios de Produção Limpa?

( ) Sim

( ) Não

Page 112: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

113

11. A empresa tem interação com algum Órgão Ambiental?

( ) Sim. Quais e para quê? _________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

12. A empresa possui procedimentos relativos a contratações?

( ) Sim. Qual? ___________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

13. A empresa possui programas de treinamento e capacitação?

( ) Sim. Quais e em que tempos são realizados? _______________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

14. A empresa se preocupa com sua imagem?

( ) Sim. Em relação à sociedade

( ) Sim. Em relação a seus clientes

( ) Sim. Em relação a seus funcionários

( ) Não

15. A empresa possui um sistema de comunicação definido entre seus funcionários,

clientes e com a sociedade?

( ) Sim. Como é feito? ____________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

Page 113: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

114

16. A empresa possui um sistema de documentação e um controle efetivo dos

mesmos, registrado e disponível?

( ) Sim. Como é feito? ____________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

17. A empresa possui controles operacionais definidos?

( ) Sim. Como é feito? ____________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

18. A empresa possui um plano para atender situações de emergência?

( ) Sim. Como é feito? ____________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

ASPECTOS AMBIENTAIS

PRODUTOS E SERVIÇOS

19. A empresa possui uma lista com todos os produtos que utiliza em suas unidades

administrativas e operacionais?

( ) Sim. Citar?_______ ____________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

Page 114: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

115

20. A empresa possui um almoxarifado com todos os produtos devidamente

classificados e identificados?

( ) Sim. Citar:

Produtos Classificação

( ) Não

21. A empresa possui um sistema de manutenção periódica de suas máquinas e

equipamentos?

( ) Sim. Qual o período? ___________________________________________

( ) Não

22. A empresa possui procedimentos definidos para manuseio de substância

perigosas ou radioativas?

( ) Sim. Como é feito? ____________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

( ) Não é feito manuseio destas substâncias

Page 115: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

116

23. A empresa possui procedimentos para transporte de substâncias perigosas?

( ) Sim. Qual? ___________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

24. A empresa possui uma lista descrevendo todas as suas atividades, tanto

administrativa quanto operacional, e contendo os resíduos que elas geram ou

podem gerar?

( ) Sim. Citar:

Atividades Resíduos

( ) Não

Page 116: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

117

RISCOS À SEGURANÇA

25. A empresa tem conhecimento dos aspectos ambientais relacionados à segurança

que suas atividades geram ou podem gerar?

( ) Sim. Citar:

Atividades Aspectos ambientais

( ) Não

( ) Não há riscos

EMISSÕES ATMOSFÉRICAS

26. A empresa tem conhecimento dos aspectos ambientais que suas atividades

geram ou podem gerar na atmosfera?

( ) Sim. Citar:

Atividades Aspectos ambientais

( ) Não

( ) Não há poluição do ar

Page 117: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

118

27. A empresa possui algum controle nas suas fontes que geram poluição do ar?

( ) Sim. Como é feito? ____________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

28. Existem alternativas claras, em suas unidades e nas plantas de seus clientes, de

reduzir a quantidade de gases gerados?

( ) Sim. Quais? __________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

( ) Não se aplica

29. A empresa possui um programa de monitoramento de ruídos?

( ) Sim

( ) Não

30. Existem alternativas claras, em suas unidades e nas plantas de seus clientes, de

reduzir o nível de ruídos?

( ) Sim. Quais? __________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

( ) Não se aplica

Page 118: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

119

31. Existem alternativas claras, nas plantas de seus clientes, de redução da emissão

de materiais particulados?

( ) Sim. Quais? __________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

( ) Não se aplica

32. Existe algum processo de tratamento dos aspectos ambientais que geram

poluição do ar?

( ) Sim. Quais? __________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

EFLUENTES LÍQUIDOS

33. A empresa tem conhecimento dos aspectos ambientais relacionados aos

efluentes líquidos que suas atividades geram ou podem gerar?

( ) Sim. Citar:

Atividades Aspectos ambientais

( ) Não

( ) Não há efluentes líquidos

Page 119: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

120

34. A empresa possui procedimentos ou práticas para reduzir o consumo de

produtos líquidos?

( ) Sim. Quais? __________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

35. A empresa possui procedimentos para redução da geração de efluentes líquidos

inerentes às suas atividades?

( ) Sim. Quais? __________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

36. Existem alternativas, nas suas unidades ou nas plantas de seus clientes, de

redução da geração de efluentes líquidos inerentes às suas atividades?

( ) Sim. Quais? __________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

37. Nas plantas de seus clientes existem sistemas de tratamento dos efluentes

líquidos?

( ) Sim. Como é feito? ____________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

Page 120: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

121

38. Nas plantas de seus clientes existem sistemas de reciclagem dos efluentes

líquidos?

( ) Sim. Como é feito? ____________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

39. Caso haja, como é feito o descarte dos efluentes líquidos?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

RESÍDUOS SÓLIDOS

40. A empresa tem conhecimento dos aspectos ambientais relacionados aos

resíduos sólidos que suas atividades geram ou podem gerar?

( ) Sim. Citar:

Atividades Aspectos ambientais

( ) Não

( ) Não há resíduos sólidos

Page 121: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

122

41. A empresa possui um Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos?

( ) Sim

( ) Não

42. A empresa possui procedimentos para redução de consumo de produtos sólidos?

( ) Sim. Quais? __________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

43. A empresa possui procedimentos para redução da geração de resíduos sólidos?

( ) Sim. Quais? __________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

44. Existem alternativas, nas suas unidades ou nas plantas de seus clientes, para

reduzir a geração de resíduos sólidos inerentes às suas atividades?

( ) Sim. Quais? __________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

45. Nas plantas de seus clientes existem sistemas de tratamento dos resíduos

sólidos?

( ) Sim. Como é feito? ____________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

Page 122: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

123

46. Nas plantas de seus clientes existem sistemas de reciclagem dos resíduos

sólidos?

( ) Sim. Como é feito? ____________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

47. Nas plantas de seus clientes existem sistemas de armazenamento de resíduos

sólidos?

( ) Sim. Como é feito? ____________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

48. Caso haja, como é feito o descarte dos resíduos sólidos?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

REQUISITOS LEGAIS

49. A empresa possui uma relação contendo todos os requisitos legais e

regulamentares, relacionados ao meio ambiente, e pertinentes às suas

atividades, produtos ou serviços da empresa?

( ) Sim

( ) Sim. Mas não está disponível a todos

( ) Sim. Mas não é atualizado com freqüência

( ) Não

Page 123: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

124

50. A empresa possui informações de incidentes anteriores, envolvendo não-

conformidades com a legislação ambiental?

( ) Sim. Citar: ___________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

51. A empresa já recebeu alguma penalidade por descumprimento dos requisitos

legais ou reclamação de clientes e da comunidade?

( ) Sim. Citar: ___________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

( ) Não

52. A empresa possui Licença de Operação (LO) emitida por um Órgão Ambiental

competente?

( ) Sim

( ) Não

( ) Não se aplica

Page 124: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

125

ANEXO 2

MATRIZ DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS DA HJ BAHIA

IMPACTOS AMBIENTAIS Meio físico

solo Ar águaMeio

bióticoMeio

antrópico Avaliação do impacto

MACRO ATIVIDADES ASPECTOS AMBIENTAIS

Alte

ra p

ropr

ied.

físi

cas

Con

tam

inaç

ão q

uím

ica

Esca

ssez

de

jazi

das

min

erai

s Po

luiç

ão d

o ar

Po

luiç

ão s

onor

a Po

lui á

guas

sup

erfic

iais

Po

lui á

guas

sub

terr

ânea

s Es

cass

ez d

e ág

ua

Inte

rfer

ênci

a na

faun

a

Inte

rfer

ênci

a na

flor

a

Alte

ra s

aúde

de

oper

ador

es

Ris

cos

à se

gura

nça

Dan

os a

out

ros

equi

pam

ento

s A

umen

ta c

usto

s de

ope

raçã

o Q

UA

NTI

DA

DE

SITU

ÃO

LE

GIS

LAÇ

ÃO

APL

ICÁ

VEL

OPO

RTU

NID

AD

E D

E PL

SE

VER

IDA

DE

FREQ

UÊN

CIA

VALO

R IM

PAC

TO -V

I

SIG

NIF

ICÂ

NC

IA

Consumo de água de lavagem x x x x x 5 1 1 2 3 3 90 SIGPossível acidente mecânico x x x 3 3 2 1 3 3 162 SIGEmissão de ruídos x x x x 4 2 2 1 3 3 144 SIGEmissão de gases das bombas x x 2 2 1 1 2 3 24 NSEmissão de material particulado x x x x x 5 3 2 1 3 3 270 SIGDescarte de resíduos sólidos x x x x x x x 7 1 2 2 3 3 252 SIG

Hidrojato

Descarte de efluentes líquidos x x x x x x x 7 1 2 2 3 3 252 SIGConsumo de água de lavagem x x x x x 5 1 1 2 3 3 90 SIGPossível acidente mecânico x x x 3 3 2 1 3 3 162 SIGEmissão de ruídos x x x x 4 2 2 1 3 3 144 SIGEmissão de gases das bombas x x 2 2 1 1 2 3 24 NS

Teste hidrostático

Descarte de efluentes líquidos x x x x x x 6 1 2 2 3 3 216 SIGConsumo de produtos químicos x x 2 1 1 2 3 3 36 NSConsumo de água de lavagem x x x x x 5 1 1 2 3 3 90 SIGPossível intoxicação química x x x x 4 3 2 1 3 3 216 SIGDescarte de resíduos sólidos x x x x x x x 7 1 2 2 3 3 252 SIG

Limpeza química

Descarte de efluentes líquidos x x x x x x x 7 1 2 2 3 3 252 SIGMov. recheios Possível acidente mecânico x x x x 4 2 2 1 3 2 96 SIG

Possível acidente mecânico x x x 3 3 2 1 3 3 162 SIGPossível intoxicação química x x x x 4 3 2 1 3 3 216 SIGEmissão de ruídos x x x x 4 2 2 1 3 3 144 SIGEmissão de gases das bombas x x 2 2 1 1 2 3 24 NSDescarte de resíduos sólidos x x x x x x x 7 1 2 2 3 3 252 SIG

Aspiração

Descarte de efluentes líquidos x x x x x x x 7 1 2 2 3 3 252 SIGConsumo de materiais escritório x x 2 1 1 2 2 3 24 NSAdministrativa Descarte de resíduos sólidos x x x x x x 6 1 1 1 3 3 54 NSPossível acidente nas estradas x x x x 4 2 2 1 3 3 144 SIGTransporte de

equipamentos Emissão de gases dos carros x 1 1 1 1 3 3 9 NSPossível acidente mecânico x x 2 3 2 1 3 3 108 SIGPossível intoxicação química x x x 3 3 2 1 3 3 162 SIGDescarte de resíduos sólidos x x x x x x x 7 1 2 2 3 3 252 SIG

Almoxarifado

Descarte de efluentes líquidos x x x x x x x 7 1 2 2 3 3 252 SIG LEGENDA: Quantidade: somatório dos impactos ambientais; Situação: tipo de atividade (normal=1, anormal=2 ou de risco=3); Legislação aplicável: sim=1 ou não=2; Oportunidade de PL: sim=1 ou não=2; Severidade: gravidade do impacto (alta=3, média=2 ou baixa=1); Freqüência: alta=3, média=2 ou baixa=1; Valor do Impacto (VI): multiplicação dos itens anteriores; Significância: SIG (significativo) se VI>=90 e NSIG (não significativo) se VI<90

Page 125: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

126

ANEXO 3

PROGRAMA DE GESTÃO AMBIENTAL DA HJ BAHIA COM PL

Compromissos da Política Ambiental

Objetivos ambientais

Metas ambientais

Indicadores de

desempenho Ações Responsável Prazo Status

Instalar medidores de geração de particulados

Abraão 31/3/06

Monitorar e emitir relatórios de geração de particulados

Abel A partir de 31/3/06

Reduzir a emissão de materiais particulados

Reduzir 10% da geração em relação aos níveis atuais

Quantidade de materiais particulados gerados por operação

Adequar equipamentos ou processos para reduzir a geração

Abraão 31/3/06

Instalar medidores de geração de resíduos

Abraão 31/3/06

Monitorar e emitir relatórios de geração de resíduos sólidos

Abel A partir de 31/3/06

Reduzir 10% da geração em relação aos níveis atuais

Quantidade de resíduos geradospor operação

Adequar equipamentos ou processos para reduzir a geração

Abraão 31/3/06

Separar e classificar os resíduos e verificar com a Contratante alternativas de reutilização

Abel A partir de 31/3/06

Eliminar a geração ou minimizar o descarte de resíduos sólidos

Reutilizar 100% dos resíduos possíveis de reuso

Percentual de resíduos reutilizados por operação

Monitorar e emitir relatórios de reutilização de resíduos

Abel A partir 31/3/06

Instalar medidores de efluentes

Abraão 31/3/06

Monitorar e emitir relatórios de geração de efluentes líquidos

Abel A partir de 31/3/06

Reduzir 10% da geração em relação aos níveis atuais

Quantidade de efluentes gerados por operação

Adequar equipamentos ou processos para reduzir a geração

Abraão 31/3/06

Verificar alternativas de reutilização dos efluentes no mesmo ou outro processo

Abel A partir de 31/3/06

Eliminar a geração ou minimizar o descarte de efluentes líquidos

Reutilizar 100% dos efluentes possíveis de reuso

Percentual de efluentes reutilizados por operação Monitorar e emitir relatórios

de reutilização de efluentes Abel A partir

31/3/06

Realizar treinamentos periódicos das operações com produtos químicos

Abel A partir de 01/3/06

Realizar treinamentos periódicos de EPI e monitorar o uso

Abel A partir de 01/3/06

Estabelecer plano de emergência específico

Abel 1/3/06

Disponibilizar, em todos locais, informações dos riscos dos produtos dos planos de emergência.

Claudia 1/3/06

Minimizar ou eliminar impactos ambientais negativos significativos

Eliminar ou reduzir as possibilidades de intoxicação química

Atingir e manter a marca de ZERO acidentes químicos

Número de acidentes químicos por mês

Emitir relatórios mensais de acidentes ou incidentes químicos

Abel A partir de 31/3/06

Page 126: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

127

Realizar revisões e treinamentos periódicos das operações quanto às suas exigências de segurança

Abel A partir de 01/3/06

Realizar treinamentos periódicos de EPI e monitorar o uso

Abel A partir de 01/3/06

Estabelecer plano de emergência específico

Abel 1/3/06

Disponibilizar em todos locais de operação orientações de segurança e do plano de emergência

Claudia 1/3/06

Eliminar ou reduzir as possibilidades de acidentes mecânicos

Atingir e manter a marca de ZERO acidentes mecânicos

Número de acidentes mecânicos por mês

Emitir relatórios mensais de acidentes ou incidentes mecânicos

Abel A partir de 01/3/06

Realizar treinamentos periódicos com motoristas em relação às suas exigências de segurança no trânsito

Abel A partir de 01/3/06

Realizar manutenção periódica dos transportes

Abel A partir de 01/3/06

Estabelecer plano de emergência específico

Abel 1/3/06

Eliminar ou reduzir as possibilidades de acidentes de trânsito

Atingir e manter a marca de ZERO acidentes de trânsito

Número de acidentes de trânsito por mês

Emitir relatório mensal de acidentes ou incidentes de trânsito

Abel A partir de 01/3/06

Instalar medidores de ruídos Abraão 31/3/06 Realizar medições do nível de ruídos e emitir relatórios periódicos

Abel A partir de 31/3/06

Adequar equipamentos conforme a legislação

Abraão 31/3/06

Enclausurar bombas e fazer proteção acústica das áreas afetadas

Abel A partir de 31/3/06

Reduzir a emissão de ruídos e os danos associados

Reduzir 10% da geração em relação aos níveis atuais

Nº de dB por hora de exposição por operação

Realizar treinamentos periódicos de EPI e monitorar o uso

Abel A partir de 01/3/06

Instalar medidores de vazão nos equipamentos

Abraão 31/3/06

Monitorar o uso de água e emitir relatórios periódicos de consumo

Abel A partir de 31/3/06

Reduzir o consumo de água de lavagem

Reduzir 10% do consumo em relação aos níveis atuais

Quantidade de água de lavagem consumida por operação

Adequar equipamentos ou processos para reduzir o consumo de água

Abraão 31/3/06

Levantar todos os requisitos legais pertinentes

João Pedro 31/12/05 OK

Disponibilizar em todos locais de atuação uma lista dos requisitos legais

Claudia 31/3/06

Realizar treinamento de legislação ambiental com todos os funcionários

João Pedro 1/3/06

Cumprir a legislação ambiental e os requisitos legais pertinentes

Garantir o total cumprimento da legislação

Alcançar ZERO desvios em relação a legislação

Número de desvios por mês

Monitorar o cumprimento e emitir relatórios de desvios

Abel A partir de 01/3/06

Page 127: Implementação de um Sistema de Gestão … Um conjunto de fatores, formado pela acelerada degradação ambiental, pelo aumento das penalidades regulamentares e pela crescente consciência

128

Realizar treinamento de capacitação com os responsáveis pelas ações deste Programa

João Pedro 28/2/06

Realizar treinamento com todos os funcionários sobre as questões ambientais atuais, Gestão Ambiental e Produção Limpa.

João Pedro 31/3/06

Formar, treinar, conscientizar e motivar todos os funcionários.

Garantir o treinamento e motivação de todos os funcionários

Treinar 100% dos funcionários

Percentual de funcionários treinados

Monitorar a execução dos treinamentos e emitir relatórios de pessoal treinado

Claudia A partir de 31/3/06

Definir e comunicar o desempenho ambiental às partes interessadas

Atingir a completa implementação dos meios de comunicação

Percentual de conclusão da implementação

Estabelecer um padrão de comunicação interna e externa à empresa

Claudia 31/3/06

Estabelecer um controle de documentos padrão

Claudia 31/3/06

Estabelecer e manter um controle de documentos e os meios de comunicação do comportamento ambiental

Definir procedimentos para o controle de documentos

Atingir a completa implementação do controle de documentos

Percentual de conclusão da implementação Disponibilizar de forma

visível em todos os locais de operação toda documentação do SGA

Claudia 31/3/06