IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO RECICLAGEM DE ÓLEOS E … · 3 Atualmente, as tecnologias mais...

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1 IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO RECICLAGEM DE ÓLEOS E GORDURAS USADOS EM FRITURAS ATRAVÉS DA FABRICAÇÃO DE SABÃO” NA UTFPR Sara Maria Nezi (IC) Curso de Licenciatura em Química, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, [email protected] Débora Figueiredo Uhdre (IC) - Curso de Licenciatura em Química, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, [email protected] Adriano Lopes Romero (OR) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, [email protected] RESUMO: Quando o óleo de cozinha usado é descartado inadequadamente no meio ambiente provoca danos diversos aos ecossistemas aquáticos, além de provocar impermeabilização do solo e obstrução das galerias de esgoto ocasionando enchentes que geram transtornos que atingem toda a sociedade. Neste contexto, o Grupo de Pesquisa em Ensino de Química da Universidade Tecnológica Federal do Paraná iniciou um projeto de “Reciclagem de óleos e gorduras usados na produção de frituras através da fabricação de sabão” que visa: i) o levantamento de dados a respeito do uso e descarte do óleo de cozinha pelos moradores de Campo Mourão; ii) a elaboração de receitas para a fabricação de sabão e que atenda a demanda e as exigências da população que possivelmente irá utilizar o produto; iii) a elaboração de materiais didáticos para alunos de escolas públicas do Núcleo Regional de Educação de Campo Mourão; iv) conscientização de alunos do ensino médios sobre a reciclagem de óleos e gorduras para a fabricação de sabão. Alguns resultados parciais do projeto são apresentados neste artigo. Palavras-chave: Óleo de cozinha. Reciclagem. Fabricação de sabão.

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    IMPLEMENTAO DO PROJETO RECICLAGEM DE LEOS E GORDURAS

    USADOS EM FRITURAS ATRAVS DA FABRICAO DE SABO NA UTFPR

    Sara Maria Nezi (IC) Curso de Licenciatura em Qumica, Universidade Tecnolgica

    Federal do Paran, [email protected]

    Dbora Figueiredo Uhdre (IC) - Curso de Licenciatura em Qumica, Universidade

    Tecnolgica Federal do Paran, [email protected]

    Adriano Lopes Romero (OR) - Universidade Tecnolgica Federal do Paran,

    [email protected]

    RESUMO: Quando o leo de cozinha usado descartado inadequadamente no meio

    ambiente provoca danos diversos aos ecossistemas aquticos, alm de provocar

    impermeabilizao do solo e obstruo das galerias de esgoto ocasionando enchentes

    que geram transtornos que atingem toda a sociedade. Neste contexto, o Grupo de

    Pesquisa em Ensino de Qumica da Universidade Tecnolgica Federal do Paran

    iniciou um projeto de Reciclagem de leos e gorduras usados na produo de frituras

    atravs da fabricao de sabo que visa: i) o levantamento de dados a respeito do

    uso e descarte do leo de cozinha pelos moradores de Campo Mouro; ii) a

    elaborao de receitas para a fabricao de sabo e que atenda a demanda e as

    exigncias da populao que possivelmente ir utilizar o produto; iii) a elaborao de

    materiais didticos para alunos de escolas pblicas do Ncleo Regional de Educao

    de Campo Mouro; iv) conscientizao de alunos do ensino mdios sobre a

    reciclagem de leos e gorduras para a fabricao de sabo. Alguns resultados parciais

    do projeto so apresentados neste artigo.

    Palavras-chave: leo de cozinha. Reciclagem. Fabricao de sabo.

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    1 INTRODUO

    Durante as ltimas dcadas os problemas de contaminao do meio ambiente

    tm tomado propores cada vez maiores. Entre os diversos contaminantes

    encontrados est o leo de cozinha, que descartado inadequadamente no meio

    ambiente provoca danos diversos aos ecossistemas aquticos, alm de provocar

    impermeabilizao do solo e obstruo das galerias de esgoto ocasionando enchentes

    nos grandes centros, gerando transtornos que atingem toda a sociedade (NOGUEIRA

    & BEBER, 2009; LIMA, 2011).

    Segundo a Associao Brasileira das Indstrias de leos Vegetais (ABIOVE,

    2011) e projees do agronegcio brasileiro feitas pelo Ministrio da Agricultura

    estima-se uma produo de leo de cozinha em 2012 de 7.162 mil toneladas (BRASIL,

    2011). Do total utilizado no Brasil, apenas 2,5% reprocessado e reinserido na cadeia

    produtiva. Existem quatro destinos usuais para os leos e gorduras usados: esgotos,

    solo, corpos hdricos e aterros sanitrios. Todos eles, at mesmo a forma mais

    controlada que o aterro sanitrio, so indevidos em graus e fatores diferentes,

    trazendo prejuzos para os assentamentos humanos, os cidados que neles vivem, as

    formas de governo que os controlam e o meio ambiente que os suporta.

    Pelo fato do leo de cozinha usado ser insolvel e menos denso que a gua,

    dificulta a troca de gases entre a gua e a atmosfera, causando danos a vida aqutica,

    e tambm, ao ser colocado nas redes coletoras de esgoto, provoca a reteno de

    slidos, entupimentos e problemas de drenagem. Em uma Estao de Tratamento de

    Esgotos (ETE), por exemplo, o tratamento dos efluentes contaminados com leo de

    cozinha chega a ser 45% mais cara. O leo de cozinha usado no pode ser disposto

    para a coleta pblica, pois no so resduos slidos, e, por isso, sua destinao no

    de responsabilidade das prefeituras. Porm de responsabilidade das prefeituras

    preservar o meio ambiente de seus respectivos municpios. Alguns municpios j

    instituram leis municipais especificas regularizando o destino correto do leo de

    cozinha, haja vista, que o mesmo um resduo altamente poluente e necessita de um

    tratamento especial.

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    Atualmente, as tecnologias mais utilizadas para reciclagem de leo vegetal

    usado em frituras so: a saponificao, a produo de biodiesel e a constituio de

    rao animal. Uma pequena parcela tambm destinada a utilizao como matria

    prima para a fabricao de tintas e massa de vidraceiro.

    A cidade Campo Mouro pertence bacia hidrogrfica do hidrogrfica do Rio

    Iva, sendo seu rio mais importante o rio Mouro, que atravessa o Municpio de sul a

    norte. Outros rios que atravessam a cidade so: rio km 119, rio do Campo e rio

    Andorinha (WIKIPDIA, 2011). Devido falta de informao da populao e dos

    empresrios, o resduo do leo de cozinha gerado acaba sendo despejado em rios ou

    riachos, causando a sua contaminao, ou nas pias e vasos sanitrios, indo parar nos

    sistemas de esgoto e causando o entupimento dos canos, encarecendo os processos

    das Estaes de Tratamento de Efluentes. A cidade de Campo Mouro sendo

    abastecidas diretamente por guas do rio Campo Mouro esto sujeitas aos vrios

    danos que o descarte inadequado do leo pode provocar, pois atravs da rede de

    esgotos, esse leo tem como destino o prprio rio.

    Neste contexto, o Grupo de Pesquisa em Ensino de Qumica da Universidade

    Tecnolgica Federal do Paran iniciou um projeto de Reciclagem de leos e gorduras

    usados na produo de frituras atravs da fabricao de sabo que visa: i) o

    levantamento de dados a respeito do uso e descarte do leo de cozinha pelos

    moradores de Campo Mouro; ii) a elaborao de receitas para a fabricao de sabo

    e que atenda a demanda e as exigncias da populao que possivelmente ir utilizar o

    produto; iii) a elaborao de materiais didticos para alunos de escolas pblicas do

    Ncleo Regional de Educao de Campo Mouro; iv) conscientizao de alunos do

    ensino mdios sobre a reciclagem de leos e gorduras para a fabricao de sabo.

    1.1 EDUCAO AMBIENTAL

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    A educao ambiental amplamente discutida nos dias de hoje e definida de

    muitas maneiras por especialistas da rea. Atravs da educao ambiental so

    criados valores referentes ao homem, o meio ambiente e a interao entre eles,

    buscando a preservao ambiental para a atual e para as futuras geraes. Atravs do

    oferecimento de oficinas de fabricao de sabo com leo de cozinha usado nas

    escolas, o presente projeto visa promover a conscientizao de crianas e

    adolescentes sobre a importncia de exercer a cidadania frente s necessidades

    sociais.

    Visando a implantao de uma poltica de gerenciamento de resduos no

    Municpio de Campo Mouro PR, aliado a aplicao de conhecimentos cientficos e

    o envolvimento de alunos do curso de Licenciatura em Qumica da Universidade

    Tecnolgica Federal do Paran cmpus Campo Mouro vem desenvolvendo o

    projeto de reutilizao de leo de cozinha para a fabricao de sabo. O projeto est

    baseado em quatro etapas, sendo a primeira de coleta de dados nos diversos bairros

    de Campo Mouro, para levantamento de dados a respeito do uso e descarte do leo

    de cozinha pelos moradores. A segunda contempla a elaborao de receitas para a

    fabricao de sabo e que atenda a demanda e as exigncias da populao que

    possivelmente ir utilizar o produto. A terceira etapa visa elaborao de materiais

    didticos para alunos de escolas pblicas do Ncleo Regional de Educao de Campo

    Mouro. A quarta etapa visa conscientizao de alunos do ensino mdios sobre a

    reciclagem de leos e gorduras para a fabricao de sabo atravs da realizao de

    oficinas tericos-experimentais na prpria escola.

    A metodologia proposta neste projeto parte da premissa que muito mais fcil,

    econmica e tecnicamente, coletar o leo de cozinha usado diretamente na fonte

    geradora e trat-lo por um processo simples de reciclagem do que esperar que este

    atinja o ecossistema aqutico e demande tratamentos in loco de seus impactos.

    A implementao do projeto "Reciclagem de leos e gorduras usados na

    produo de frituras atravs da fabricao de sabo", assim como as demais aes

    desenvolvidas pelo Grupo de Pesquisa em Ensino de Qumica da UTFPR conta a

    colaborao do Ncleo de Educao (NRE) de Campo Mouro. O NRE de Campo

    Mouro compreende as cidades de Altamira do Paran, Araruna, Barbosa Ferraz,

    Campina da Lagoa, Campo Mouro, Corumbata do Sul, Engenheiro Beltro, Farol,

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    Fnix, Iretama, Luiziana, Mambor, Nova Cantu, Peabiru, Quinta do Sol e Roncador

    (Imagem 01). Em nmeros, este ncleo possui, apenas no ensino mdio, 41 escolas,

    69 professores de qumica e cerca de 16.000 alunos. A maioria destes professores

    vem participando dos projetos desenvolvidos na UTFPR e se comprometem em

    colaborar com a conscientizao dos alunos para a coleta de leo de cozinha usado.

    Imagem 01 Cidades de atuao do Grupo de Pesquisa em Ensino de Qumica. Em

    vermelho a cidade de Campo Mouro e em amarelo as demais cidades jurisdicionadas

    ao NRE de Campo Mouro.

    1.2 A QUMICA DO SABO

    Os leos e gorduras que utilizamos em nossa alimentao fazem parte de um

    grupo de substncias existentes na natureza (em metabolismos vegetais e animais),

    os quais so denominados de triacilglicerdeos. Quimicamente, os triacilglicerdeos

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    so definidos como steres de cidos graxos e glicerol, que por possurem cadeias

    carbnicas grandes so insolveis em gua (BORSATO et al., 2004).

    Uma vez que os leos e gorduras so steres eles sofrem reao de hidrlise

    bsica ou cida. A hidrlise cida de triacilglicerdeos produz glicerol e cidos graxos

    constituintes, j a hidrlise bsica produzir o glicerol e os sais de cidos graxos.

    Esses sais (carboxilato de sdio ou de potssio) so o que chamamos de sabo, e

    esta reao denominada de saponificao (Imagem 01).

    Imagem 01 - Reao de converso de triacilgliceris em sabo.

    Ao contrrio do que se pensa o sabo por si s no limpa coisa alguma,

    aparente contradio entendida quando se sabe que o sabo um agente umectante

    que diminui a tenso superficial da gua, permitindo maior contato dos corpos com o

    lquido, que realmente limpa, assim o sabo pode se misturar com leo, gordura e

    gua ao mesmo tempo. Isso ajuda a limpar a sujeira (AZEVEDO et al., 2011). A

    extremidade carboxlica (-COO-) de um nion sabo (polar) proporciona sua

    solubilidade em gua (tambm polar), sendo chamado fragmento hidroflico. A longa

    cadeia hidrocarbnica (apolar) do sabo proporciona sua absoro e mistura em leo

    e chamada de fragmento hidrofbico. Quando um sabo agitado com gua, forma-

    se um sistema coloidal contendo agregados denominados micelas. Numa micela, as

    cadeias de carbono (fragmentos hidrofbicos) ficam voltadas para o centro e as partes

    com carga (fragmentos hidroflicos) ficam em contato com a gua (Imagem 02).

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    Imagem 02 (a) Molculas de sabo na interface ar-gua; (b) Micela formada por

    molculas de sabo.

    A forma de organizao nas micelas possibilita que os sabes dispersem

    glbulos de leo em gua. Quando uma gota de leo atingida pelo sabo, a cadeia

    hidrocarbnica do sabo penetra nos globos oleosos, e as extremidades polares ficam

    na gua, o que arrasta a gota de gordura envolta por sabo e gua em forma de

    micela (NETO & PINO, 2011).

    Quando esfregamos uma roupa suja com sabo, estamos quebrando a sujeira

    em pedacinhos bem pequenos, que ficam dentro das micelas formadas pelo sabo.

    Os pedacinhos de sujeira entram nas micelas porque as gorduras se misturam na

    parte de dentro das micelas, junto com a parte da molcula do sabo que apolar,

    porque as gorduras so, tambm, formadas por cadeias de carbono sem carga

    (apolar).

    2 RESULTADOS E DISCUSSO

    Segundo pesquisa realizada em sites e com alunos do ensino mdio de

    escolas pblicas, observou-se que raramente os leos e gorduras usadas em frituras

    so utilizados para fabricao de sabo. At algumas dcadas atrs, o processo de

    elaborao de sabo caseiro era bastante conhecido no nosso meio, mas com o

    advento do sabo em p, com a migrao do pessoal da zona rural para as grandes

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    cidades e o ritmo de vida atual, o processo caiu em desuso e esquecimento.

    Atualmente, raro encontrar mesmo no meio rural quem ainda se dedique a fabricar

    sabo artesanalmente.

    O projeto teve incio com a realizao de um levantamento, com alunos do

    ensino mdio da UTFPR, sobre a forma de descarte de leo de cozinha usado nas

    residncias dos alunos. A maioria dos alunos respondeu que o leo de cozinha usado

    era jogado diretamente na pia. Alguns alunos responderam que estocam o leo de

    cozinha usado e depois doam para algum que fabricam sabo. Uma pesquisa mais

    ampla ser realizada, nas escolas estaduais da cidade de Campo Mouro, para

    verificar o destino do leo de cozinha usado nas residncias dos alunos.

    Na seqncia, foi realizado um levantamento sobre receitas de sabo caseiro

    na comunidade em geral e em sites na internet. Observou-se que existem vrias

    receitas, que ensinam como fabricar sabo em pedra a partir do leo de cozinha

    usado, na internet e panfletos de campanha de educao ambiental. Algumas receitas

    foram selecionadas e os testes preliminares destas receitas esto sendo realizadas

    por alunos do curso de Licenciatura em Qumica da UTFPR participantes do Grupo de

    Pesquisa em Ensino de Qumica. As receitas selecionadas para teste foram aquelas

    que apresentaram os ingredientes mais citados em todas as formulaes, isto , sebo,

    leo, soda, lcool, gua e glicerina. As receitas base de sebo foram testadas e

    modificadas para a substituio parcial ou total do sebo por leo vegetal reciclado.

    Foram testadas receitas preparadas base de sebo (gordura animal) misturado com

    leo usado, somente com leo, com e sem adio de lcool, com ou sem adio de

    glicerina, com e sem adio de essncias.

    Entrevistas com pessoas que ainda produzem sabo artesanalmente esto

    sendo feitas para melhor identificao do ponto de saponificao e tempo de cura

    para obteno de um produto de boa qualidade. Etapas prvias de filtrao e lavagem

    do leo com gua se fizeram necessrias para obteno de um sabo de melhor

    qualidade, e resultaram em um produto mais claro e que apresenta um menor tempo

    de secagem.

    Aps a cura e secagem do sabo algumas anlises (Seo 2.1) so realizadas

    para determinar a qualidade do sabo: (a) teste para determinao do pH, o qual foi

    medido com tiras de papel indicador universal de pH aps o processo de fabricao e

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    aps o tempo de cura e secagem; (b) teste de formao de espuma (BITTENCOURT

    FILHA et al., 1999), embora no seja importante para a remoo da sujidade, por ser

    um fator desejvel pelo consumidor, foi tambm avaliada.

    O teste utilizado para a determinao da quantidade de espuma formado pelo

    sabo baseado em uma reao muito utilizada em laboratrio, onde feito reagir

    bicarbonato de sdio (NaHCO3) e cido actico (CH3COOH, presente no vinagre)

    (Reao a seguir).

    CH3COOH(l) + NaHCO3(aq) CH3COONa(aq) + CO2(g) + H2O(l)

    Essa reao acontece de forma espontnea e dura apenas alguns poucos

    segundo, em torno de 15 a 20 segundos para as quantidades utilizadas de reagentes.

    Para 10 mL de soluo aquosa de bicarbonato de sdio 5% e a mesma quantidade de

    vinagre, as bolhas geradas correspondem a mais ou menos 30 a 40 mL de volume.

    Quando houve a adio da soluo do sabo ao vinagre, este fez com que a produo

    de gs carbnico pela reao de bicarbonato de sdio e vinagre acontecesse de forma

    mais branda e a espuma que agora iria se formar foi espuma proveniente do sabo.

    Aps a adio da soluo (0,5 g para 10 mL de gua), observou-se que a

    reao tinha a durao em mdia de 10 segundos com o maior teor de espuma,

    chegando a 10 mL e persistia com um volume menor de espuma abaixo dos 3 mL por

    at 50 segundos, em mdia.

    Como em muitos sabes so adicionadas substncias promotoras da formao

    de espuma, um dado sabo pode ter boa capacidade de formao de espuma e,

    mesmo assim, ter baixa detergncia. Por isso, a simples determinao da capacidade

    de formao de espuma de um sabo somente um indicador aproximado de sua

    qualidade (BITTENCOURT FILHA et al., 1999).

    A seguir so apresentados fotos do painel e de materiais e informaes, sobre

    fabricao de sabo utilizando leo de cozinha usado, utilizados durante

    conscientizao da comunidade no evento Dia da famlia na Escola na Escola

    Municipal Mrio de Miranda Quintana no dia 03/09/2011 (Imagem 03).

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    Imagem 03 Fotos do painel e de receitas de sabo apresentados no evento Dia da

    famlia na Escola.

    2.1 ELABORAO DE RECEITAS PARA FABRICAO DE SABO

    Receita 1

    Ingredientes: 2 litros de leo usado, 2 litros de lcool, 2 litros de gua, 500

    gramas de NaOH (soda custica).

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    Modo de fazer: Coloque todos os ingredientes num balde e mexa com uma

    colher de pau, por aproximadamente 45 minutos, at obter uma massa cor de creme e

    consistente (no vai ao fogo). Durante o processo, vai soltar um lquido. Quando isso

    acontecer, mexa mais devagar para no espirrar. Quando der o ponto jogue o lquido

    fora. Coloque o sabo em uma forma e deixe secar durante 8 dias. Guarde em lugar

    seco, longe de alimentos e do alcance de crianas. Observao: quanto mais tempo

    demorar em usar mais claro o sabo vai ficando

    Receita 2

    Ingredientes: 1 litro de leo usado, 2 litros de lcool, 2 quilos de sebo, 2 litros

    de gua, 500 gramas de NaOH (soda custica).

    Modo de fazer: Dissolver a soda custica em 500 mL de gua (utilizar balde

    plstico). Derreter o sebo e adicion-lo lentamente na soluo de soda custica,

    agitando sem parar a partir deste ponto. Adicionar lentamente o leo, mexendo

    sempre. Adicionar o lcool e a gua em filete. Se houver formao de grumos: parar

    de adicionar lcool e continuar com a gua (homogeneizar vigorosamente). Continuar

    at adicionar todo lcool e a gua. Coloque o sabo em uma forma e deixe secar.

    Avaliao da quantidade de espuma formada pelo sabo

    Parte 1. Adicionou-se, em uma proveta de 100 mL, 10 mL de gua e 10 mL de

    vinagre e agitou-se o sistema. Adicionou-se de uma vez, 10 mL da soluo de

    bicarbonato de sdio 5%. Observou-se a formao da espuma, verificou-se o tempo

    de durao e a altura que a espuma atingiu na proveta.

    Parte 2. Prepararam-se solues das amostras de sabes, dissolvendo 0,5 g

    de sabo em 10 mL de gua. Dissolveram-se os sabes lentamente, com o auxlio de

    um basto de vidro. Terminada a dissoluo, esperou-se que toda a espuma inicial

    tivesse sido desfeita. Na seqncia, adicionou-se 10 mL de gua e 10 mL de vinagre

    proveta de 100 mL. Transferiu-se a soluo de sabo para a proveta e agitou-se

    lentamente. Nessa etapa, provvel que haja alguma formao de espuma, j que a

    gua utilizada possui gases dissolvidos e, alm disso, com uma agitao rpida

    dissolvem-se mais gases (do ar) na gua. Deixou-se em repouso at que no

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    houvesse mais desenvolvimento de bolhas. Adicionou-se, de uma s vez, 10 mL de

    soluo de bicarbonato de sdio 5%, agitou-se levemente o sistema e observou-se a

    formao da espuma. Anotou-se o volume de espuma formado e seu tempo de

    durao.

    4 CONSIDERAES FINAIS

    O projeto Reciclagem de leos e gorduras usados na produo de frituras

    atravs da fabricao de sabo encontra-se em andamento. Aps pesquisa com

    alunos do ensino mdio da UTFPR verificou-se que o leo de cozinha ainda vem

    sendo descartado inadequadamente em grande parte das residncias de Campo

    Mouro. Vrias receitas para fabricao de sabo a partir de leos e gorduras usadas

    vm sendo testadas pelos acadmicos do curso de Licenciatura em Qumica da

    UTFPR. A partir destas informaes, o Grupo de Pesquisa em Ensino de Qumica

    iniciar nas prximas semanas a elaborao de materiais didticos para alunos de

    escolas pblicas do NRE de Campo Mouro e a conscientizao de alunos do ensino

    mdios sobre a reciclagem de leos e gorduras para a fabricao de sabo.

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