Implementação do Sistema de Controle, Intertravamento...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL Implementação do Sistema de Controle, Intertravamento, Operação e Supervisão da Plataforma de Re-bombeio Autônoma Petrobras PRA-1 Monografia submetida à Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a aprovação da disciplina: DAS 5511 Projeto de Fim de Curso Eduardo Valim Florianópolis, Outubro de 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA

CATARINA CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

Implementação do Sistema de Controle,

Intertravamento, Operação e Supervisão da Plataforma de Re-bombeio Autônoma Petrobras

PRA-1

Monografia submetida à Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a aprovação da disciplina:

DAS 5511 Projeto de Fim de Curso

Eduardo Valim

Florianópolis, Outubro de 2006

Agradecimentos Agradeço a Deus, companheiro fiel, sempre iluminando o belo caminho que percorri para chegar até aqui. Agradeço à minha família, meu alicerce. Força para superar os momentos difíceis, e os primeiros a festejarem as alegrias! Agradeço aos amigos, muitos já bem longe, que fizeram parte da minha história, e que continuarão, com maior ou menor freqüência, escrevendo alguns capítulos dela. Agradeço aos ótimos mestres que tive, que, por amarem o que fazem, me ensinaram a aprender. E também aos poucos péssimos mestres que tive, que, na exteriorização de suas frustrações, me ensinarem a abstrair e ignorar o que não me acrescenta, e mais ainda, a lutar pelos meus sonhos, pelo que me torne realizado. Agradeço à Chemtech pela oportunidade concedida. E não poderia deixar de agradecer especialmente ao Agustinho, Denise, Felipe, Luiz Antônio, Luiza e Gustavo, que dedicaram parte do seu precioso tempo para fornecerem sua importante contribuição para este trabalho. Agradeço ainda o apoio financeiro da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), por meio do Programa de Recursos Humanos da ANP para o Setor do Petróleo e Gás PRH-34 ANP/MCT.

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Implementação do Sistema de Controle, Intertravamento, Operação e Supervisão da Plataforma de Re-bombeio

Autônoma Petrobras PRA-1

Eduardo Valim

Esta monografia foi julgada no contexto da disciplina DAS 5511: Projeto de Fim de Curso

e aprovada na sua forma final pelo Curso de Engenharia de Controle e Automação

Banca Examinadora:

Eng. Felipe Pereira Orientador da Empresa

Prof. Agustinho Plucenio Orientador do Curso

Prof. Augusto Humberto Bruciapaglia Responsável pela disciplina

Prof. Max Hering de Queiroz, Avaliador

Rafael Gonçalves d’Ávila da Silva, Debatedor

Rodolfo César Costa Flesch, Debatedor

ii

Resumo

Este trabalho apresenta as etapas da Implementação do Sistema de

Controle, Intertravamento, Operação e Supervisão - CIS e ECOS - da Plataforma de

Re-bombeio Autônoma Petrobras PRA-1. A Plataforma está sendo construída em

regime de EPCI, e a Chemtech foi a empresa contratada para a implementação

destes sistemas, a qual delegou uma equipe de projeto destinada a empregar uma

metodologia de desenvolvimento das atividades que aqui será apresentada,

explicitando a interface com as outras empresas envolvidas, a documentação com

os dados de entrada para o desenvolvimento das atividades, e a maneira como

estes dados são tratados. Após uma descrição geral da Plataforma, com os

processos envolvidos e suas características, é apresentada a área de

Instrumentação e Automação, que fundamenta a posterior descrição do CIS e

ECOS. São apresentadas algumas atividades desenvolvidas nas etapas de

implementação do software, testes integrados, FAT e comissionamento, finalizando

com uma avaliação destas atividades.

iii

Abstract

This work presents the steps for the Implementation of the Control,

Interlocking, Operation and Supervision System – CIS and ECOS – of the Petrobras

PRA-1 Autonomous Pumping Platform. PRA-1 is being constructed in an turnkey

ECPI contract, and the company elected to the implementation of this systems was

Chemtech, who delegated a project team to develop the activities based in a

methodology that will be presented in this work, showing the interfaces with other

involved companies, the documentation with input data for the project, and the way

these data are treated. After a general description of the Platform, with the

processes and their characteristics, it will be shown the Automation and

Instrumentation area, which introduces de full description of CIS and ECOS. Some

examples of developed activities in the software implementation, integrated tests,

FAT and commissioning phases are presented, ending with an evaluation of these

activities.

iv

Sumário

Agradecimentos................................................................................................. i

Resumo ............................................................................................................ ii

Abstract ........................................................................................................... iii

Sumário ........................................................................................................... iv

Simbologia...................................................................................................... vii

Capítulo 1 – Introdução ....................................................................................8

1.1 Objetivos e Justificativa.........................................................................13

1.2 Organização do Estudo ........................................................................14

1.3 Considerações ......................................................................................15

Capítulo 2 – Metodologia Empregada no Projeto...........................................16

2.1 Dados de Entrada .................................................................................16

2.1.1 Diagramas de Tubulação e Instrumentação – P&IDs (Piping and

Instrumentation Diagrams).................................................................................18

2.1.2 Lista de Entradas e Saídas (I/O) ....................................................18

2.1.3 Diagramas de Causa e Efeito ........................................................19

2.1.4 Diagramas Lógicos.........................................................................20

2.1.5 Folhas de Dados dos Instrumentos (Data Sheets).........................20

2.2 Metodologia ..........................................................................................21

2.2.1 Análise de documentos e verificação de consistência ...................21

2.2.2 Projeto do Software........................................................................21

2.2.3 Implementação do Software...........................................................22

2.2.4 Testes Integrados...........................................................................22

2.2.5 FAT – Factory Acceptance Test .....................................................24

2.2.6 Comissionamento...........................................................................24

v

Capítulo 3 – Descrição Geral da Plataforma ..................................................24

3.1 Topsides ...............................................................................................28

3.2 Jaqueta .................................................................................................29

3.3 Descrição Técnica dos Topsides ..........................................................30

3.3.1 Processo ........................................................................................30

3.3.1.1 Sistema de Bombeio de Petróleo Bruto...................................30

3.3.1.2 Filosofia de Controle do Sistema de Bombeio de Petróleo Bruto

.......................................................................................................................35

3.3.1.3 Gás Combustível .....................................................................38

3.3.1.4 Injeção Química de Gás ..........................................................39

3.3.1.5 Sistema de Vent ......................................................................39

3.3.1.6 Utilidades .................................................................................39

3.3.2 Instrumentação e Automação ........................................................44

3.3.2.1 RTUs (Remote Terminal Units, ou Unidades Terminais

Remotas) ........................................................................................................44

3.3.2.2 Circuito Fechado de TV (CFTV) ..............................................44

3.3.2.3 Painéis de Relés Inteligentes...................................................45

3.3.2.4 Painéis Locais dos Pacotes.....................................................45

3.3.2.5 AFDS – Sistema Endereçável de Detecção de Fogo

(Addressable Fire Detection System) .............................................................45

3.3.2.6 Sistema de Medição de Petróleo Bruto – COMS.....................45

3.3.2.7 Sistema de Medição de Vazão de Gás – GFMS .....................45

3.3.2.8 Equipamentos HART – Transmissores Inteligentes e

Posicionadores de Válvulas de Controle ........................................................46

3.3.2.9 Painéis de Controle dos Turbogeradores ................................46

3.3.2.10 Sistema de Detecção de Vazamentos...................................46

3.3.2.11 ENV - Environmental System ................................................46

vi

Capítulo 4 – O Projeto CIS/ECOS..................................................................47

4.1 A empresa.............................................................................................47

4.2 Organização do Projeto CIS/ECOS ......................................................48

4.3 Descrição do CIS/ECOS.......................................................................50

Capítulo 5 – Resultados .................................................................................54

5.1 Implementação .....................................................................................54

5.1.1 Tratamento de entradas .................................................................54

5.1.2 Típicos............................................................................................56

5.1.3 Desenho e Configuração das Telas ..............................................58

5.1.4 Calculation......................................................................................61

5.2 Testes Integrados .................................................................................62

5.3 FAT – Factory Acceptance Test ...........................................................64

5.4 Comissionamento .................................................................................65

Capítulo 6 – Análise dos Resultados e Conclusões .......................................67

Bibliografia:.....................................................................................................69

vii

Lista de Abreviaturas e Siglas

A&CA Arquitetura de Controle e Automação

AI Entrada Analógica (Analog Input)

AO Saída Analógica (Analog Output)

CFTV Circuito Fechado de TV

CIS Sistema de Controle e Intertravamento (Control and Interlocking System)

DI Entrada Digital (Digital Input)

DO Saída Digital (Digital Output)

ECOS Estação Central de Operação e Supervisão

MC&E Matrizes de Causa e Efeito

P&IDs Diagramas de Tubulação e Instrumentação (Piping and Instrumentation Diagrams)

PAS Sistema de Automação de Pacotes (Package Automation System)

PLC Computador Lógico Programável (Programmable Logic Computer)

RTUs Unidades Terminais Remotas (Remote Terminal Units)

tag Número de identificação de um instrumento ou equipamento de campo

Tpb Tonelada de porte bruto (DWT – deadweight tons).

VAC Ventiladores e Condicionadores de Ar

8

Capítulo 1 – Introdução

Um presente a todo vapor e um futuro promissor. A indústria de petróleo

no Brasil acaba de estabelecer um marco: o país torna-se auto-suficiente em

petróleo. Apesar de ainda depender da importação de alguns de seus

derivados – por questões relativas ao tipo de petróleo predominante em suas

bacias sedimentares –, com esta conquista o Brasil torna-se menos vulnerável

ao mercado externo, e melhor protegido contra crises como as de 1973 e

1979.

Considerada a maior reserva petrolífera da Plataforma Continental

Brasileira, a Bacia de Campos atualmente possui em operação mais de 400

poços de petróleo e gás, mais de 30 plataformas de produção e 3.900

quilômetros de dutos submarinos. A Petrobras(1), líder nacional no segmento

de exploração de petróleo e gás natural, conquistou, em décadas de grandes

investimentos em tecnologia, posição de liderança mundial na exploração de

petróleo em águas profundas.

O avanço da exploração para águas cada vez mais profundas vem

resultando em um constante aumento da produção de petróleo na Bacia de

Campos. Entretanto este avanço é um dos fatores que contribui para um

crescente custo de extração – como pode ser observado na figura abaixo – e

todo esforço é válido no sentido de diminuir o impacto deste aumento no preço

final do petróleo.

Além das condições de extração, também os custos com transporte

representam uma parte importante do preço final do petróleo, já que para levá-

lo das plataformas de extração marítimas para o continente são utilizados

navios petroleiros, em sua maioria contratados de empresas terceirizadas.

Somado a isso, há que se considerar como agravante o perigo ambiental que

1 www.petrobras.com.br

9

operações de carga, descarga e deslocamento dos petroleiros envolvem, com

uma quantidade considerável de casos de derramamento de petróleo

registrados.

*fonte: Petrobras

Figura 1: Dados recentes da evolução do custo de extração do petróleo no Brasil nos últimos trimestres

Com um tráfego cada vez mais intenso de navios na Bacia de Campos,

e seus custos e riscos envolvidos, pensou-se uma forma que ao mesmo tempo

diminuísse os custos com este transporte, e ainda atenuasse o risco ambiental

envolvido em nestas operações. Assim nasceu o projeto da Plataforma de Re-

bombeio Autônoma Petrobras PRA-1.

Diferentemente de uma plataforma de extração, a PRA-1 apenas

bombeará petróleo vindo de outras plataformas, substituindo os navios que

atualmente desempenham a tarefa de transportar estes produtos desde cada

plataforma de extração até o continente.

Com a sua operação, o petróleo vindo de cinco das principais

plataformas de extração da Bacia de Campos será transportado diretamente

para a PRA-1 através de oleodutos. Na concepção inicial do projeto, o petróleo

seria re-bombeado para o continente através de um oleoduto de maior

capacidade. Entretanto, um desentendimento [6] – ocorrido no período de

licitação para a construção da plataforma – entre a estatal e o governo do

estado do Rio de Janeiro forçou uma alteração no projeto inicial. A Petrobras

decidiu construir apenas a PRA-1, de onde o petróleo seguirá por navios até o

continente.

10

A PRA-1 é uma plataforma fixa que será instalada a 115 km da costa

fluminense em profundidade de 105 metros. Ao final de sua construção terá

demandado investimentos de R$1,34 bilhão, com conteúdo nacional de 70% e

geração de 2.500 empregos diretos no Brasil.

Figura 2: Localização da PRA-1.

A PRA-1 é integrante do Plano Diretor de Escoamento e Tratamento do

Óleo da Bacia de Campos – PDET, da Petrobras, cujo objetivo é viabilizar o

escoamento da produção de petróleo proveniente das plataformas P-52, P-55

e RO-4 (Campo de Roncador), P-51 (Campo de Marlim Sul) e P-53 (Campo de

Marlim Leste), todas localizadas em profundidades superiores a mil metros, na

Bacia de Campos, no Rio de Janeiro.

Pela PRA-1 – que quando entrar em operação será a maior plataforma

de bombeio do mundo – passará mais de um terço da produção nacional de,

sendo re-bombeados aproximados 800 mil barris de petróleo por dia [7], o que

confere ao projeto uma grande importância, bem como demanda da plataforma

uma alta disponibilidade.

Na execução de empreendimentos públicos e de muitos

empreendimentos privados, tornou-se cada vez mais comum a contratação de

empresas de consultoria de engenharia para o gerenciamento integral da

implantação do empreendimento, anteriormente a cargo dos quadros técnicos

11

e administrativos do proprietário. A gerenciadora, nesse caso, utiliza seus

quadros de profissionais para todas as atividades, cabendo ao proprietário o

poder decisório em cada evento, com base nos informes gerenciais que lhes

submete a empresa gerenciadora. [8]

Atualmente são freqüentes novas modalidades de contratação “turn-

key”, tomando como objeto o que se tem denominado “pacotes”: a partir de

estudos e projetos conceituais, com termos de referência e especificações

detalhadas, o proprietário contrata o empreendimento com uma única

organização capaz de desenvolver os projetos executivos, fornecer os

materiais e equipamentos, executar as obras e montagens, pôr em marcha o

empreendimento executado, preparar pessoal para a operação e outras

possíveis tarefas que podem incluir a sua própria operação e manutenção.

As organizações capazes de atender a esse tipo de demanda (EPCI(2))

são geralmente consórcios formados por empresas de consultoria de

engenharia (estudos, projetos, gerenciamento), de construções, fornecedores

de equipamentos e outros bens e serviços. Alguns desses parceiros muitas

vezes são subcontratados, não participando do consórcio.

A PRA-1 for construída em regime de EPCI “turn-key”, e o consórcio

vencedor da licitação para a construção da PRA-1 foi o MPV, formado pelas

empresas Odebrecht(3) e Ultratec(4), as quais subdividiram o projeto em áreas

menores, contratando empresas especializadas de cada área.

Para as áreas de Elétrica, Instrumentação e Automação a empresa

contratada foi a Siemens(5). Dentre os sistemas que compõem a área de

Automação estão o Sistema de Controle e Intertravamento (CIS – Control and

Interlocking System) e a Estação Central de Operação e Supervisão (ECOS), e

2 Do inglês Engineering, Procurement and Construction and Installation – Engenharia,

Suprimento e Construção e Instalação.

3www.odebrecht.com.br

4 www.utc.com.br

5 www.siemens.com

12

para a implementação destes sistemas, a Siemens contratou a Chemtech(6),

empresa onde foi realizado o Projeto de Fim de Curso no qual está inserida a

elaboração desta monografia.

Em instalações offshore, segurança, performance e confiabilidade são

fatores chave para assegurar o melhor retorno possível dos grandes

investimentos. Os sistemas de segurança e automação devem proteger vidas

humanas, o meio-ambiente e as instalações, e obviamente prover um controle

eficiente do processo. A habilidade dos sistemas de automação e segurança

de integrar diversos subsistemas em um ambiente homogêneo é de vital

importância para a instalação, operação diária e manutenção da planta. [3]

A competitividade e produtividade de uma instalação depende

diretamente do seu grau de automação. Daí a necessidade da concepção de

um completo Sistema de Controle, Intertravamento, Operação e Supervisão.

Na implementação do CIS e ECOS de uma plataforma como a PRA-1,

são contempladas as áreas de Controle, Automação e Informática do curso de

Engenharia de Controle e Automação Industrial. Dentre disciplinas diretamente

envolvidas estão: “Processos em Engenharia”, “Informática Industrial”,

“Metodologias para o Desenvolvimento de Sistemas” e “Redes de

Computadores para Automação Industrial”.

Outras disciplinas estão indiretamente evolvidas, como “Sinais e

Sistemas Lineares”, “Sistemas Realimentados”, “Acionamentos Elétricos para

Controle e Automação”, “Eletricidade Industrial”, “Medição de Grandezas

Mecânicas”, “Acionamentos Hidráulicos e Pneumáticos para Automação” e

“Instrumentação em Controle”.

Por fim, por se tratar de um projeto na área de petróleo e gás,

disciplinas de especialização oferecidas pelo PRH-34(7), confirmaram sua

6 www.chemtech.com.br

7 Programa de Formação de Recursos Humanos para a Indústria de Petróleo e Gás,

viabilizado pela Agência Nacional do Petróleo, e oferecido conjuntamente pelos Departamentos

de Engenharia de Controle e Automação Industrial e de Engenharia Química e Alimentos da

Universidade Federal de Santa Catarina.

13

grande importância, destacando-se “Fundamentos da Engenharia de Petróleo”,

“Tópicos Especiais em Informática Industrial”, “Análise e Controle de

Processos da Indústria de Petróleo e Gás” e “Instrumentação Aplicada à

Indústria de Petróleo e Gás”.

1.1 Objetivos e Justificativa

Questões relativas ao sigilo industrial que um projeto como este envolve,

com fortes restrições à divulgação de informações e detalhes técnicos,

limitariam a qualidade de um trabalho que buscasse apresentar uma

abordagem essencialmente técnica, já que exemplos de soluções

implementadas e detalhes específicos dos sistemas não poderiam constar

neste trabalho.

Desta forma, pensou-se como alternativa encarar o Projeto(8) sob um

ponto de vista gerencial, onde se pudesse acompanhar a evolução das suas

várias etapas, desde o recebimento da documentação inicial para a

implementação do sistema em questão, até o comissionamento do sistema no

campo.

Da decisão por esta abordagem surgiu um novo dilema: como encaixar

as atividades desempenhadas nesse contexto? A solução encontrada foi

apresentar, sim, o projeto sob um ponto de vista gerencial, porém enfatizando

os seus aspectos técnicos, convergindo da apresentação da Plataforma como

um todo para o seu CIS e ECOS e finalmente dando um enfoque especial às

fases em que houve a participação ativa do autor, abordando as suas

atividades desenvolvidas nas respectivas fases.

A opção por uma abordagem gerencial do Projeto foi motivada

principalmente pela possibilidade de se apresentar, sob um ponto de vista

diferente do essencialmente técnico, as peculiaridades de um projeto envolvido

em uma obra da complexidade e do porte da PRA-1.

8 A partir deste momento, quando apresentado com inicial em maiúscula, Projeto estará

fazendo referência à “Implementação do Sistema de Controle, Intertravamento, Operação e

Supervisão da PRA-1”

14

A construção da PRA-1 é um projeto pioneiro no país, que contribui para

o desenvolvimento de novos métodos e novas tecnologias, que servirão de

referência e incentivo a futuros empreendimentos.

Trata-se de um projeto que beneficia o país, pois além de contar com

conteúdo nacional de 70%, a maior parte das suas etapas do projeto foi

realizada em território nacional, contribuindo para a criação de novos

empregos, além da reforma e reativação de um canteiro de obras no estado da

Bahia, no distrito de São Roque do Paraguaçu, município de Maragogipe, que

estava ocioso havia mais de 10 anos.

A indústria naval é intensiva em mão-de-obra, e suas atividades

absorvem mão-de-obra não só na construção, que é algo sazonal, mas,

sobretudo, em trabalhos de manutenção e reparos, que são atividades

permanentes.

Obras como esta beneficiam seus principais envolvidos direta e

indiretamente (“stakeholders”), que são todos os habitantes das regiões

afetadas, independentemente de sua origem social ou posses financeiras. Os

royalties provenientes do petróleo, uma vez bem administrados, permitem

ganhos tanto a curto prazo, trazendo benefícios ao convívio diário da

população, como a médio prazo, através de obras com bom respaldo popular e

alicerces sólidos, o que a longo prazo se perpetua, mesmo após a onda de

prosperidade oriunda dos fundos originários da extração do petróleo, um

recurso finito.

1.2 Organização do Estudo

No Capítulo 1 é apresentado o contexto em que está inserida a

Implementação do Sistema de Controle, Intertravamento, Operação e

Supervisão da PRA-1, seguido do objetivo e justificativa desta monografia.

O Capítulo 2 trata da metodologia empregada no Projeto executado pela

Chemtech, explicitando a interface com as outras empresas envolvidas, a

documentação com os dados de entrada para o desenvolvimento das

atividades, e a maneira como estes dados são tratados.

15

Uma descrição geral da Plataforma é apresentada no 2.2.5, iniciando

pelos processos envolvidos e suas características, e convergindo para a área

de Instrumentação e Automação, que faz a ligação com o capítulo seguinte

(Capítulo 4), onde é detalhado o Projeto CIS/ECOS desenvolvido pela

Chemtech.

O Capítulo 5 apresenta os resultados da aplicação da metodologia

(apresentada no Capítulo 2) na implementação do software dos sistemas

(apresentados no Capítulo 4), com ênfase nas etapas em que houve

participação do autor desta monografia.

O Capítulo 6 encerra este trabalho com uma análise e conclusão a

respeito das atividades desenvolvidas.

1.3 Considerações

Alguns termos técnicos presentes neste documento não foram

traduzidos, isto se devendo ao fato de serem comuns ao meio industrial, ou

porque a sua tradução não faria sentido. Quando pertinente, sua tradução e/ou

explicação constará em nota de rodapé na página correspondente.

16

Capítulo 2 – Metodologia Empregada no Projeto

Neste capítulo é apresentada a metodologia empregada no

desenvolvimento do projeto do CIS e ECOS.

2.1 Dados de Entrada

Os principais métodos de entrada de dados para implementação do

projeto do CIS e ECOS da PRA-1 são apresentados abaixo:

• Documentação de Projeto

o Especificação Técnica Geral da Plataforma: descreve os

requisitos para os trabalhos a serem realizados durante o

detalhamento, construção, edificação e instalação da

Plataforma

o Especificações Técnicas pertinentes aos subsistemas

envolvidos

o Especificações Técnicas de padrões e metodologias a serem

adotados no projeto

• Documentação de Engenharia

o Diagramas de Tubulação e Instrumentação – P&IDs (Piping

and Instrumentation Diagrams)

o Listas de Entradas e Saídas (I/O Lists)

o Diagramas Lógicos

o Matrizes de Causa & Efeito

o Outros documentos complementares

• Reuniões com representantes da Petrobras: cliente

o Equipe de Engenharia

o Equipe de Operação

17

o Equipe de Suporte Técnico

• Reuniões com representantes do MPV: consórcio responsável pela

construção da plataforma, formado pelas empresas Odebrecht e

Ultratec

• Reuniões com representantes da Siemens: empresa contratada pelo

Consórcio para a implementação dos sistemas EIT (Electrical,

Intrumentation and Telecomunications), englobando as áreas de

Elétrica, Instrumentação e Telecomunicações.

• Reuniões com representantes dos “pacoteiros”: empresas

contratadas para o projeto e implementação de “pacotes”: sistemas

dedicados, presentes em diversas áreas da Plataforma, com

finalidades específicas, e interpretados pelo sistema de controle

como “caixas pretas” receptoras de dados do campo e transmissoras

destes dados tratados para o CIS.

• Reunião com representantes da Bureau Veritas (BV), empresa

certificadora da plataforma e seus subsistemas.

A documentação de projeto terá por finalidade complementar a

interpretação da documentação de engenharia, norteando a implementação do

sistema e definindo regras e padrões a serem adotados.

É basicamente através da documentação de engenharia que a

implementação do CIS e ECOS tomará forma.

As reuniões com membros representantes das empresas citadas no

tópico anterior servirão para solucionar problemas de inconsistências entre

documentos, discutir mudanças de escopo, sanar dúvidas a respeito de

detalhes eventualmente não esclarecidos pela documentação de engenharia,

além de oficializar a passagem para uma nova etapa do projeto, o que será

detalhado no item 2.2.

Nas seções a seguir são apresentados maiores detalhes sobre a

documentação de engenharia, com o conteúdo mínimo que deve estar

presente em cada tipo de documento.

18

2.1.1 Diagramas de Tubulação e Instrumentação – P&IDs (Piping and

Instrumentation Diagrams)

P&IDs são a base de toda a engenharia de detalhamento. São

desenhos esquemáticos que mostram o arranjo funcional de todos os sistemas

e equipamentos de processo e utilidades, contendo informações sobre todos

os equipamentos, tubulações, controle de processo, instrumentação e inter-

relações entre estes elementos.

A filosofia de shutdown e intertravamento de todos os equipamentos

deverão ser claramente representadas em Diagramas de Tubulação e

Instrumentação. Nestes diagramas estão indicadas informações de operação

como set points de controladores, alarmes de nível e sinais de intertravamento.

Quando necessário, para um entendimento claro do processo, outros set

points de instrumentos poderão também estar indicados.

Fonte: Control Engineering

Figura 3: Exemplo de P&ID.

2.1.2 Lista de Entradas e Saídas (I/O)

Consistem de um índice de entradas e saídas, organizadas por número

de identificação (a partir deste ponto, referenciado como tag number, ou

19

simplesmente tag), e contendo todas as informações pertinentes a estes, tais

como a descrição do serviço, equipamento ou linha onde está instalado, P&ID

onde está indicado e subsistema do CIS a que está vinculado.

2.1.3 Diagramas de Causa e Efeito

Estes diagramas são fornecidos na forma de Matrizes de Causa e

Efeito, mostrando os elementos primários, como sinais vindos de instrumentos

de campo, na coluna das “Causas”, e os elementos finais, como comandos de

equipamentos e alarmes, na linha dos “Efeitos”, todos devidamente

identificados. Todos os sinais de intertravamento, inclusive interfaces com

outros sistemas da Plataforma, são incluídos nestes diagramas.

Abaixo um exemplo de matriz de causa e efeito:

Figura 4: Exemplo de Matriz de Causa e Efeito.

No exemplo acima, o efeito “Output 1” será ativado caso qualquer uma

das causas “Input 1", “Input 4" ou “Input 5" sejam acionadas. Já o efeito

“Output 5” será ativado caso seja acionada a causa “Input 4”, ou então

simultaneamente as causas “Input 6” e “Input 7”.

20

2.1.4 Diagramas Lógicos

São fornecidos diagramas com todas as lógicas de controle e

intertravamento da Plataforma, utilizando-se da simbologia definida no padrão

ISA S5.2.

Todas as lógicas representadas nas Matrizes de Causa e Efeito deverão

estar contempladas pelos Diagramas Lógicos, e vice-versa.

Abaixo um exemplo de diagrama lógico:

Figura 5: Exemplo de Diagrama Lógico.

2.1.5 Folhas de Dados dos Instrumentos (Data Sheets)

Para todos os instrumentos devem ser fornecidas folhas de dados

contendo todas as informações técnicas dos instrumentos, como identificação,

serviço, opções de operação, dados de performance, modelo, tipo e fabricante.

Deverão ser fornecidas em um dos formatos seguintes por ordem de

preferência:

• Formulários ISA, de acordo com o padrão ISA S.20;

21

• Formulários próprios dos fabricantes/fornecedores, para casos em

que formulários ISA não estiverem disponíveis.

2.2 Metodologia

O tratamento dos dados de entrada pode ser observado na Figura 6,

onde estão representadas as etapas que definem o ciclo de vida do projeto.

Esta metodologia é descrita nos tópicos a seguir, e será complementada

através de exemplos no Capítulo 5 – Resultados.

2.2.1 Análise de documentos e verificação de consistência

Esta fase inicia-se com o recebimento da documentação de projeto e

engenharia do Consórcio.

Conforme apresentado no item 2.1, existem informações redundantes

em diversos tipos de documentos, faz-se necessária uma análise de

consistência entre eles, por exemplo: todas as lógicas representadas nas

Matrizes de Causa e Efeito devem estar contempladas nos Diagramas Lógicos,

todos os pontos presentes dos Diagramas Lógicos, Matrizes e P&IDs devem

constar na lista de I/O, etc.

Após ter-se um conjunto consistente de documentos, a próxima etapa

pode ser iniciada.

2.2.2 Projeto do Software

Depois de recebida a autorização do Consórcio, é iniciado o projeto do

software baseado na documentação de projeto e de engenharia.

Como produtos são gerados uma descrição técnica do sistema e uma

documentação com protótipos de telas.

22

2.2.3 Implementação do Software

A etapa de Implementação pode ser definida como a fase em que

ocorre a tradução de uma complexa documentação de engenharia em uma

linguagem de fácil manutenção e operação.

De forma mais clara, é nesta fase que P&IDs, Diagramas Lógicos,

Matrizes de Causa e Efeito e todos os outros documentos de engenharia

tomam forma de códigos de PLCs e telas de estações supervisórias. Uma

linguagem prática para a futura equipe de manutenção do sistema, e intuitiva

para os operadores da plataforma.

Ao final da etapa de implementação, tem-se a primeira versão do

software, bem como o Procedimento de FAT – Factory Acceptance Test.

2.2.4 Testes Integrados

Esta etapa inicia-se assim que concluído o desenvolvimento do

software, e tem por finalidade a validação da implementação realizada, para

posterior apresentação do sistema ao cliente. O sistema é testado em sua

totalidade, com o propósito de eliminar todos os possíveis erros, de maneira

que a aprovação do software pelo cliente, na próxima etapa, seja alcançada

tão breve quanto possível.

De maneira geral, os testes devem verificar:

• a correta configuração dos softwares;

• a performance do sistema;

• a configuração de entradas e saídas internamente nos softwares;

• a funcionalidade dos sistemas de acordo com a documentação

pertinente;

• a interface homem-máquina.

Ao fim desta etapa, considera-se o software como operacional, pronto

para o FAT. Paralelamente aos testes é elaborada a documentação de

comissionamento, para avaliação pelo cliente.

23

Implementaçãodo Software

TestesIntegrados

FAT

Projetodo Software

Comissionamento

Evento inicial: Recebimento da documentaçãode engenharia do Consórcio (P&IDs, DiagramasLógicos, Matrizes de C&E, etc.)

Checkpoint 01

Análise dedocumentos e verificação

de consistência

Produto: Conjunto consistente de documentosEvento inicial: Autorização do Consórcio parainiciar o projeto baseado na documentação

Checkpoint 02

Produtos: Descrição técnica e documentação comprotótipos de telasEvento inicial: Documentação aprovada pelo cliente

Checkpoint 03

Produtos: Primeira versão do software e Procedimentode FATEvento inicial: término do desenvolvimento do software

Checkpoint 04

Produtos: Sistema emfuncionamento; documentaçãode comissionamentoEvento inicial: Procedimentode FAT aprovado pelo cliente

Checkpoint 05

Produto: Sistema aprovado (FAT)Evento inicial: Aceitação do FAT, aprovação da documentação decomissionamento e autorização docliente para iniciar os trabalhos on-shore

Checkpoint 07

Produto: Sistema Aprovado (SAT)

Checkpoint 08

Figura 6: Representação da evolução do projeto.

24

2.2.5 FAT – Factory Acceptance Test

O FAT, ou Teste de Aceitação de Fábrica, tem por objetivo a validação do

software pelo cliente, demonstrando que o sistema fornecido é funcional e

operacional, iniciando pelos testes das funções elementares, e evoluindo para

operações mais complexas. O FAT visa demonstrar a correta operação do software

de acordo com as especificações e requerimentos previamente acordados.

Os pontos não são testados em sua totalidade, porém são de livre escolha do

cliente.

Após a aceitação do FAT, dá-se início às atividades de comissionamento.

2.2.6 Comissionamento

Após a aprovação da documentação de comissionamento e autorização do

cliente para iniciar os trabalhos on-shore, inicia-se a etapa de comissionamento.

O Comissionamento, é realizado em campo, e segue praticamente todos os

procedimentos dos Testes Integrados e do FAT, entretanto todos os pontos que

anteriormente eram simulados (forçados) na memória do PLC, agora são

efetivamente ligados aos sinais de campo reais.

Ao final desta etapa, também chamada de SAT (Site Acceptance Test) tem-

se o sistema aprovado e apto para o funcionamento.

25

Capítulo 3 – Descrição Geral da Plataforma

A plataforma fixa PRA-1 consiste de uma Jaqueta e dos Topsides(9).

Os Topsides constituem uma estrutura integrada que consiste dos cinco

Módulos seguintes:

Módulos 01 e 02 – Bombas de Petróleo Bruto, incluindo todo um sistema de

dutos, lançadores e recebedores de pig(10) e estações de medição.

Módulo 03 – Utilidades, incluindo vários sistemas de utilidades, salas de

eletricidade, geração auxiliar e de emergência, bombas de incêndio, oficinas,

armazéns, salas de CO2, sistema de ventilação e sala de equipamentos de

segurança.

Módulo 04 – Módulo de Geração, constituído de três conjuntos de

turbogeradores e uma Sala de Controle Local.

Módulo 05 – Acomodações e Heliponto, compreendendo hospedagens para

90 pessoas, uma Sala de Controle Central, uma Sala de Baterias, uma Sala de VAC

(Ventiladores e Condicionadores de Ar), um Heliponto e uma Torre de

Comunicações.

Os Topsides da PRA-1 estão sendo construídos em regime de EPIC

(engenharia, aquisição, instalação e comissionamento), inédito no Brasil. Em São

Roque do Paraguaçu, na Bahia, o consórcio Odebrecht/Ultratec está construindo os

Módulos 01, 02, 03 e 05. A jaqueta foi construída pela Techint Pontal do Sul, no

Paraná, e a Rolls-Royce construiu o Módulo 04, no Rio de Janeiro. [7]

Na Figura 7 pode-se observar a vista geral da plataforma e uma

representação dos Módulos.

9 Parte da plataforma que fica acima do nível do mar.

10 Pig instrumentado: sistema utilizado na inspeção de oleodutos e gasodutos para avaliar o

estado das tubulações.

26

A PRA-1 será instalada na Bacia de Campos, litoral do estado do Rio de

Janeiro, Brasil, em lâmina d’água de 106 metros, há 115 km da costa. A Plataforma

foi projetada para operar por 30 anos.

Fonte: Odebrecht

Figura 7: Vista geral da plataforma à esquerda, e representação dos Módulos à direita.

Os oleodutos provenientes das cinco Unidades de Produção que alimentarão

a PRA-1 com petróleo bruto, o FSO(11) que pode tanto receber petróleo bruto da

PRA-1 quanto alimentá-la, o gasoduto que irá transportar gás natural para a

Unidade de Geração da Plataforma e as Monobóias, que irão receber a maior parte

do petróleo bruto exportado pela PRA-1, estão representados na Figura 8.

Com uma capacidade de bombeio de 130.600 m3 de petróleo por dia, a PRA-

1, conjuntamente com o FSO associado a ela, será capaz de operar como um

terminal de petróleo bruto offshore, com o FSO podendo receber petróleo bruto de

11 Floating Storage and Offloading, ou Unidade Flutuante de Armazenamento e Transferência

de petróleo, construída a partir de um navio.[11]

27

um VLCC(12) e armazená-lo. O petróleo bruto importado armazenado pelo FSO, com

características compatíveis com a capacidade de bombeio da PRA-1, será

finalmente bombeado para as Monobóias via PRA-1.

Figura 8: Esquema simplificado do fluxo do petróleo

Um total de 14 risers(13) rígidos de importação/exportação, de diferentes

diâmetros, serão apoiados na Jaqueta e conectados aos Topsides da PRA-1. O

petróleo bruto recebido será exportado para as Monobóias, ou alternativamente para

o FSO.

O FSO será instalado em uma lâmina d’água de aproximadamente 95

metros, e será capaz de receber até 630 mil barris de petróleo por dia, com uma

capacidade total de armazenamento de aproximados 2.200 mil barris. Tanto o FSO

12 Very Large Crude Carrier: navio-tanque para transporte de petróleo com capacidade

superior a 180 mil Tbp. [11]

13 Porção vertical de uma linha de escoamento para transporte de petróleo ou gás

natural. [11]

Plataformas de Extração

PRA-1 FSO

Monobóia 2

Monobóia 1

Petróleo Bruto

Gás Natural

28

quanto os petroleiros que serão abastecidos pelas Monobóias serão de propriedade

de empresas terceirizadas, e por estas operados.

As características principais da PRA-1 são apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1: Os números da PRA-1.

Expectativa de operação 30 anos

Capacidade de bombeio de petróleo 130.600 m3/dia

Quantidade de risers 14

Capacidade dos dormitórios 90 pessoas

Lâmina d’água 106 m

Comprimento total 49 m

Largura total 52 m

Altura da Jaqueta 113,5 m

Dimensões dos Módulos (C x L x A) em metros:

Módulo 01 29,7 x 25,2 x 17

Módulo 02 29,7 x 25,2 x 17

Módulo 03 52 x 23,8 x 17

Módulo 04 36 x 31,8 x 28

Módulo 05 35 x 21 x 15,6

3.1 Topsides

Conforme apresentado, o projeto da PRA-1 foi dividido em Topsides e

Jaqueta. Os Topsides foram projetados para acomodar os dois Módulos de Bombeio

(01 e 02), o Módulo de Utilidades (03), o Módulo de Geração (04) e o Módulo de

Acomodações (05), conforme mostrado na Figura 7.

29

O Módulo de Geração, no topo dos Módulos de Bombeio 01 e 02, abriga três

conjuntos de turbogeradores do tipo sem escovas, bi-combustíveis (gás e diesel),

com uma potência de 31.250 kVA (25.000 kW) cada. A tensão de saída é de 13,8

kV, 3 fases e 60 Hz. Este módulo possui uma sala de controle local.

O Módulo de Acomodações, localizado no topo do Módulo de Utilidades,

consiste de uma estrutura de quatro andares, sustentando a Torre de

Comunicações e o Heliponto. Os Módulos de Acomodações e Utilidades são

divididos por Decks (andares), conforme descrito a seguir:

• Módulo de Utilidades:

o Cellar Deck, localizado a uma elevação de 9.400mm

o Deck 1, a uma elevação de 15.000mm, e o Mezanino, a uma

elevação de 18.800mm, para as salas de VAC;

o Deck 2 a uma elevação de 21.500mm / 20.000mm;

o Deck 3 24.500mm / 27.000mm;

o Top Deck a uma elevação de 32.000mm

• Módulo de Acomodações

o Acomodações Nível 1

o Mezanino das Acomodações

o Acomodações Nível 2

o Acomodações Nível 3

o Heliponto

Cada Deck é ainda dividido em zonas, totalizando mais de 130 zonas entre

os Decks.

3.2 Jaqueta

A Jaqueta é uma estrutura tubular de 113,5 metros, com quatro pernas

fixadas no fundo do mar por 14 estacas auxiliares, e 8 vigas no topo, para suportar

os Módulos.

30

3.3 Descrição Técnica dos Topsides

O objetivo desta seção é descrever áreas da Plataforma que se encaixam no

escopo de “Processo” e “Instrumentação e Automação”. Outras áreas, como a

arquitetura e infra-estrutura mecânica e elétrica dos módulos, tubulação,

telecomunicações, ventilação e condicionamento de ar, dentre outros, não serão

detalhados, sendo eventualmente abordados quando necessários para

complementar a descrição das áreas de processo, instrumentação e automação.

3.3.1 Processo

As instalações da PRA-1 compreendem os seguintes sistemas principais, a

serem detalhados nas seções a seguir:

• Sistema de Bombeio de Petróleo Bruto (Sistemas de Recebimento e

Exportação)

• Sistema de Gás Combustível

• Sistema de Injeção Química de Gás

• Sistema de Vent

• Sistema de Utilidades

3.3.1.1 Sistema de Bombeio de Petróleo Bruto

O Sistema de Bombeio de Petróleo Bruto da PRA-1 é capaz de bombear uma

mistura do petróleo bruto vindo de diferentes plataformas de produção. As

características do petróleo proveniente de cada unidade de produção que abastece

a PRA-1 são apresentados nas tabelas abaixo:

Tabela 2: Característica do petróleo bruto dos campos Marlim Sul e Marlim Leste

Campos Marlim Sul e Marlim Leste P-51 P-53

31

API (º) (14) 19 19

H2S (mg/l) (UOP-163) 0 0

CO2 (% molar) 0 0

Enxofre (% m/m) (D-4294) 0,68 0,68

Enxofre mercaptídico (mg/kg) (UOP-163) 22 9

Nitrogênio Básico (% mg/kg) (UOP-269) 0,173 0,15

Nitrogênio (% mg/kg) (UOP-384) 0,54 0,45

Acidez (% mg KOH/g) (D-664) 3,01 1,59

BSW (%) (15) < 1% < 1%

Salinidade (mg NaCl/l) < 570 < 570

Viscosidade (cP) 20 ºC 97 a 164 370 a 461

Viscosidade (cP) 40 ºC 33 a 52 106 a 128

Temperatura na entrada PRA-1 (ºC) 21 19

Tabela 3: Característica do petróleo bruto do campo Roncador

Campo Roncador P-55 / RO-4 P-52

API (º) 18,05 28,9

H2S (mg/l) (UOP-163) 0 0

CO2 (% molar) 0 0

Enxofre (% m/m) (D-4294) 0,76 0,55

Enxofre mercaptídico (mg/kg) (UOP-163) 21 9,5

14 Função matemática da densidade do óleo em condições específicas de temperatura e

pressão, definida pelo American Petroleum Institute. Em geral, maiores índices são considerados

melhores.

15 Saturação de água em volume (Bulk Saturation Water).

32

Nitrogênio Básico (% mg/kg) (UOP-269) 0,12 0,104

Nitrogênio (% mg/kg) (UOP-384) 0,36 0,28

Acidez (% mg KOH/g) (D-664) 1,36 0,1

BSW (%) < 1% < 1%

Salinidade (mg NaCl/l) < 570 < 570

Viscosidade (cP) 20 ºC 243 a 499 40,3

Viscosidade (cP) 40 ºC 64,7 a 127 13,4 @ 50ºC

Temperatura na entrada PRA-1 (ºC) 20 22

As características esperadas da mistura de petróleo bruto são apresentadas

a seguir:

Tabela 4: Característica mistura esperada resultante do petróleo bruto proveniente dos campos Marlim Sul, Marlim Leste e Roncador

Mistura esperada resultante dos campos Marlim Sul, Marlim Leste e Roncador

PRA-1

API (º) 21

H2S (mg/l) (UOP-163) <1

CO2 (% molar) 0

Enxofre (% m/m) (D-4294) 0,67

Enxofre mercaptídico (mg/kg) (UOP-163) 15,2

Nitrogênio Básico (% mg/kg) (UOP-269) 0,13

Nitrogênio (% mg/kg) (UOP-384) 0,40

Acidez (% mg KOH/g) (D-664) 1,16

BSW (%) < 1%

Salinidade (mg NaCl/l) < 570

Viscosidade (cP) 20 ºC 220

Viscosidade (cP) 40 ºC 66

Temperatura de exportação (ºC) 20

33

A viscosidade da mistura de petróleo bruto pode variar, visto que se deve

levar em conta que a vazão de petróleo fornecida por qualquer das plataformas

pode variar de 0 a 100% da capacidade planejada. Assim, a PRA-1 será capaz de

operar recebendo e bombeando petróleo bruto simultaneamente de todas as

unidades de produção, bem como de uma única unidade de produção, ou ainda

qualquer possível combinação das 5 unidades.

O petróleo bruto que abastece a PRA-1 será bombeado para as Monobóias

e/ou para o FSO.

O petróleo bruto importado armazenado no FSO, com características

compatíveis com a capacidade de bombeio da PRA-1, será bombeado para As

Monobóias via PRA-1.

O Sistema de Bombeio de Petróleo Bruto compreende os seguintes itens:

• Recebedores de pig associados às linhas de abastecimento da PRA-1;

• Recebedores de pig associados às linhas de exportação;

• Sistema de Medição de Petróleo Bruto para as linhas de importação;

• Sistema de Medição de Petróleo Bruto para a linha de exportação para o

FSO;

• Sistema de Medição de Petróleo Bruto para as linhas de exportação para

as Monobóias;

• Manifold de Sucção do FSO e Manifold de Sucção de Exportação;

• Manifold de Descarga do FSO e Manifold Intermediário de Exportação;

• Manifold de Descarga de Exportação;

• Bombas Booster de Petróleo Bruto, cada uma equipada com um sistema

de variação de velocidade;

• Bombas de Exportação de Petróleo Bruto, cada uma equipada com um

sistema de variação de velocidade.

A PRA-1, juntamente com o FSO, possui uma capacidade de bombeio de

130.000 m3/d, conforme a tabela abaixo:

Tabela 5: Capacidade de Bombeio da PRA-1

34

Destino do Petróleo Capacidade de Bombeio

Vazão de exportação para as Monobóias

102.000 m3/d (@15,6ºC e 101,3 kPa abs)

Vazão de exportação para o FSO 28.600 m3/d (@15,6ºC e 101,3 kPa abs)

O petróleo bruto que alimenta a PRA-1 é bombeado até as Monobóias

através de Bombas Booster e de Bombas de Exportação operando em série, ou

através das Bombas Booster, realizando um bypass(16) das Bombas de Exportação.

Para exportar petróleo da PRA-1 para o FSO, as Bombas Booster são suficientes.

Será possível a transferência de petróleo bruto realizando um bypass tanto das

Bombas Booster quanto das Bombas de Exportação caso a pressão do petróleo

bruto que abastece a PRA-1 seja adequada para abastecer tanto o FSO quanto uma

ou ambas as Monobóias.

Os cinco oleodutos que chegam à plataforma são conectados a dois

manifolds(17), denominados:

• Manifold de Sucção da FSO;

• Manifold de Sucção Booster.

Serão também instalados dois manifolds independentes na descarga das

Bombas Booster, denominados:

• Manifold de Descarga da FSO;

• Manifold de Intermediário de Exportação.

A instalação das Bombas Booster, com seus manifolds independentes de

sucção e descarga, permite a transferência simultânea de petróleo bruto de uma

unidade de produção específica para o FSO e de uma mistura de petróleo das

unidades de produção para uma ou ambas as Monobóias.

16 Desvio

17 Conjunto de dutos com diversas válvulas que permitem diversas combinações entre as

entradas e saídas

35

O Manifold de Exportação pode também receber petróleo bruto através do

oleoduto do FSO, tornando possível a exportação para as Monobóias.

3.3.1.2 Filosofia de Controle do Sistema de Bombeio de Petróleo Bruto

3.3.1.2.1 Startup (Arranque)

Durante o startup, a transferência do petróleo é realizada efetuando-se o

bypass tanto das Bombas Booster quanto das Bombas de Exportação. O bypass

deve permanecer enquanto a pressão do petróleo bruto for adequada para

abastecer o FSO e/ou as Monobóias.

A decisão pelo startup das Bombas Booster deve partir do operador, de

acordo com a vazão de exportação do petróleo e requisitos de pressão.

Operação das Bombas Booster:

Em condições normais de operação, uma das Bombas Booster abastecerá o

FSO, enviando o petróleo de uma fonte específica.

A vazão da bomba será definida com base na Curva de Produção do FSO e

será ajustada por um sistema de controle de velocidade variável.

Três outras bombas serão capazes de operar transferindo petróleo para as

Monobóias, seja bombeando diretamente, ou ainda em série com as Bombas de

Exportação.

O número de Bombas Booster em operação para a exportação de petróleo

para as Monobóias – uma única bomba, duas bombas em paralelo, ou mesmo as

três bombas em paralelo – será uma função da vazão de exportação de petróleo e

da pressão necessária baseada na Curva de Produção de cada Monobóia, havendo

também o ajuste através de um sistema de controle de velocidade variável.

Também a opção pela operação das Bombas Booster em série com as

Bombas de Exportação dependerá da vazão de exportação de petróleo e da

pressão necessária baseada na Curva de Produção.

Uma quinta bomba permanecerá em condição de stand-by, e uma sexta será

armazenada no depósito.

36

Cada Bomba Booster possuirá uma estação individual de controle de fluxo

mínimo, capaz de garantir um fluxo mínimo necessário para operação contínua,

evitando danos à bomba.

Operação das Bombas de Exportação:

Três bombas operarão em paralelo transferindo petróleo para as Monobóias,

e uma permanecerá em condição de stand-by.

A vazão de cada bomba será uma função da vazão de exportação de

petróleo e da pressão necessária baseada na Curva de Produção das Monobóias,

havendo também o ajuste através de um sistema de controle de velocidade variável.

Cada Bomba de Exportação também possuirá uma estação individual de

controle de fluxo mínimo, capaz de garantir um fluxo mínimo necessário para

operação contínua, evitando danos à bomba.

3.3.1.2.2 Exportação para as Monobóias – Filosofia de Controle e Operação

Para esta condição de operação é necessária a atuação de dois sistemas de

controle distintos:

• Controle da velocidade das bombas;

• Malhas das válvulas de controle de pressão, instaladas no Manifold de

Sucção de Exportação, Manifold Intermediário de Exportação e Manifold

de Descarga de Exportação.

O primeiro irá modular a vazão da Bomba Booster de acordo com a pressão

do Manifold de Sucção de Exportação, sendo que a cada bomba será imposta a

mesma rotação.

Para as Bombas de Exportação, a vazão será modulada de acordo com a

pressão no Manifold Intermediário de Exportação. A rotação das bombas aumentará

caso a pressão aumente, e vice-versa.

O set-point do controle de pressão será uma função:

• da rotação das bombas;

37

• da pressão de descarga das bombas (pressão no Manifold Intermediário

de Exportação para o caso de apenas as Bombas Booster estarem

operando, ou a pressão no Manifold Intermediário de Exportação e

também no Manifold de Descarga de Exportação quando tanto as Bombas

Booster quanto as Bombas de Exportação estiverem operando);

• da Curva de Exportação da PRA-1 para as Monobóias.

Existe uma malha de controle de recirculação para as Bombas Booster, de

maneira a evitar a cavitação em caso de pressão baixa na sucção das bombas. Esta

vazão de recirculação deve ser maior que o fluxo mínimo individual considerando a

operação de uma única bomba e a operação das três bombas em paralelo. A

descarga desta estação de controle de recirculação é interconectada ao Manifold de

Sucção de Exportação.

Há também outra válvula de controle de pressão, instalada no Manifold

Intermediário de Exportação, que permite o desvio de parte do fluxo de petróleo

para o FSO na ocorrência de problemas que gerem alta pressão no Manifold

Intermediário de Exportação.

Os Manifolds de Sucção (o do FSO e o de Exportação) são interconectados,

e em caso de alta pressão em um deles, uma válvula de controle abrirá de maneira

a minimizar os efeitos da alta pressão, evitando a interrupção do fluxo de entrada de

petróleo na PRA-1.

3.3.1.2.3 Exportação para o FSO – Filosofia de Controle e Operação

Para esta condição de operação é necessária a atuação de dois sistemas de

controle distintos:

• Controle da velocidade das bombas;

• Malhas das válvulas de controle de pressão, instaladas no Manifold de

Sucção do FSO e nas linhas individuais de descarga do FSO.

O primeiro irá modular a vazão da Bomba Booster de acordo com a pressão

de entrada do petróleo no Manifold de Sucção do FSO, sendo imposta a cada

bomba a mesma rotação.

O set-point do controle de pressão será uma função:

38

• da rotação das bombas;

• da pressão de descarga das bombas no Manifold de Descarga do FSO;

• da Curva de Exportação da PRA-1 para o FSO.

Há uma malha de controle de recirculação para o sistema de exportação do

FSO, de maneira a evitar a cavitação das Bombas Booster em caso de pressão

baixa na sucção destas. Esta vazão de recirculação deve ser maior que o fluxo

mínimo individual considerando a operação de uma ou mais bombas. A descarga

desta estação de controle de recirculação é interconectada ao Manifold de Sucção

do FSO.

O petróleo encaminhado para o FSO passa através de um Sistema de

Medição de Petróleo Bruto para o Oleoduto de Exportação para o FSO. Este

sistema de medição será responsável pela medição de hidrocarboneto líquido,

emulsão de água em óleo e densidade.

Todas as válvulas de controle de pressão do sistema de exportação para o

FSO serão instaladas a montante do Oleoduto de Exportação para o FSO.

Quando a PRA-1 estiver recebendo petróleo pelo oleoduto do FSO para

exportação para as Monobóias, este petróleo também passará pelo Sistema de

Medição de Petróleo Bruto.

3.3.1.3 Gás Combustível

O Módulo de Geração conta com turbogeradores bi-combustíveis (gás e

diesel), com uma potência de 31.250 kVA (25.000 kW) cada.

O sistema de Gás Combustível é projetado para prover 20,417 m3/h (a 20 ºC

e 101.3 kPa abs) de gás combustível a alta pressão (4,501 kPa abs).

O gás combustível será obtido do PLAEM18 Roncador, e então conduzido

para o sistema de Gás Combustível, sendo que qualquer excesso de gás será

levado novamente até o PLAEM – Roncador através de um gasoduto.

18 Pipeline Almost End Manifold, ou Manifold Próximo ao Final do Oleoduto.

39

O gás é inicialmente aquecido, e em seguida resfriado. Qualquer condensado

é removido e reinjetado no gasoduto através de uma bomba de condensado. O gás

resfriado e adequado às condições dos turbogeradores abastecerá o Sistema de

Gás Combustível dos Turbogeradores.

3.3.1.4 Injeção Química de Gás

A PRA-1 é equipada com um Sistema de Injeção Química de Gás, utilizado

para melhorar as condições de operação dos equipamentos, dutos, oleodutos e

gasodutos.

Este sistema consiste de tanques de armazenamento e bombas para os

produtos químicos: inibidor de corrosão e inibidor de hidratos.

3.3.1.5 Sistema de Vent

A PRA-1 será equipada com dois Sistemas Atmosféricos de Vent.

Um sistema é dedicado a coletar e expelir de forma segura gases liberados

pelas válvulas de pressão de segurança, válvulas de alívio térmico, vents puntuais,

entre outros. O outro sistema é dedicado aos Vasos de Slop.

A posição da saída de gás é definida de forma a evitar misturas inflamáveis

ar-gás sobre os equipamentos, e adicionalmente garantir um máximo de 20% para o

L.E.L.19 em qualquer posição a menos de 2 metros do ponto mais alto dos

equipamentos. Adicionalmente, as linhas de vent são providas de dispositivos de

contenção de chama.

3.3.1.6 Utilidades

Os principais equipamentos e subsistemas que compõem o sistema de

Utilidades são:

19 Low Explosive Limit, ou Limite Inferior de Explosão, caracterizado pela menor concentração

que permita a ignição da mistura

40

3.3.1.6.1 Sistema de Elevação de Água do Mar

Um Sistema de Elevação de Água do Mar fornece água para o Sistema de

Refrigeração a Água, Sistema de Água Potável e Sistema de Esgoto.

3.3.1.6.2 Sistema de Refrigeração a Água

Um circuito fechado de água doce fornece água de refrigeração para as

Bombas Booster e Bombas de Exportação, Unidade de Compressão de Ar,

Turbogeradores, Unidades Hidráulicas, Bombas de Condensado de Gás

Combustível, Sistemas de VAC e Gerador Auxiliar.

Este sistema possui três bombas de água de refrigeração, dois trocadores de

calor e dois tanques de expansão de água de refrigeração.

3.3.1.6.3 Sistema de Água Potável e Água Doce

Pode ser obtida água doce através de conexões externas localizadas nas

estações de abastecimento e/ou através de Unidades de Produção de Água Doce,

sendo armazenadas em tanques de água doce. A água doce é então bombeada

para tanques de distribuição de água doce, de onde a água é distribuída por

gravidade para os consumidores principais ou para a Unidade de Esterilização por

Ultravioleta.

O tratamento da água doce será através de Cloração e Esterilização por

Ultravioleta, produzindo assim água potável.

A água potável é também distribuída por gravidade para os seguintes

consumidores principais:

• Estações de Utilidades;

• Tanques de expansão de água de refrigeração;

• Oficina;

• Acomodações;

• Lavanderia;

• Áreas de mergulho;

41

• Hospital;

• Banheiros públicos;

• Laboratório.

É fornecida água aquecida para as Acomodações, através de aquecedores

específicos operando em circuito fechado.

3.3.1.6.4 Sistema de Compressão de Ar

O Sistema de Compressão de Ar consiste do Sistema de Ar de

Serviço/Instrumentação e do Sistema de Ar de Partida.

O Sistema de Ar de Serviço/Instrumentação fornece ar comprimido para as

saídas de ar de serviço, instrumentos e controles. O ar deve ser limpo, seco e livre

de óleo. Este sistema compreende duas Unidades de Compressão equipadas com

secadores de ar.

O Sistema de Ar de Partida inclui duas Unidades de Compressão, uma

movida a eletricidade, e outra a diesel.

A tubulação de ar comprimido é inclinada, para evitar retenção de

condensado, o qual é automaticamente removido através de traps instalados na

tubulação.

As seções principais da tubulação possuem válvulas de bloqueio para permitir

um bloqueio parcial do sistema, para fins de manutenção.

3.3.1.6.5 Sistema de Óleo Diesel

Um Sistema de Óleo Diesel tem a finalidade de suprir os seguintes

consumidores principais:

• Turbogeradores;

• Gerador auxiliar;

• Gerador de emergência;

• Bombas de Incêndio;

• Oficinas mecânicas;

42

• Compressor de ar de start-up;

• Guindastes.

As linhas de suprimento de diesel para os Turbogeradores são pressurizadas

por duas bombas controladas com base no nível dos tanques de diesel, podendo

ainda ser acionadas ou desligadas manualmente.

Existem conexões nos lados norte e sul da Plataforma, as quais permitem

receber óleo diesel de navios de abastecimento. O diesel é filtrado e medido antes

de ser enviado para os tanques de armazenamento. De lá, passa por um dos dois

purificadores centrífugos, e então é enviado para os tanques de distribuição de

diesel, de onde estará disponível para o consumo.

3.3.1.6.6 Sistema de Esgoto

Um Sistema de Esgoto coleta os rejeitos de toda a tripulação e funciona em

conjunto com uma Unidade de Tratamento de Esgoto do tipo eletro-catatalítica.

Todo o Sistema opera automaticamente.

3.3.1.6.7 Sistema de Limpeza com Água Doce a Alta Pressão

Um Sistema de Água Doce a Alta Pressão para serviços de limpeza industrial

é disponibilizado para os motores, equipamentos em geral, e sistemas de utilidades,

através de uma rede de distribuição equipada com conectores rápidos para

mangueiras de alta pressão e válvulas de bloqueio a cada saída.

3.3.1.6.8 Sistema de Drenagem

Sistema de Drenagem Aberta

O sistema de drenagem aberta consiste de um grupo de coletores e

tubulação para áreas não classificadas e outro grupo para áreas classificadas.

Todos os coletores levam ao mesmo dreno, o qual contem uma câmara de óleo de

onde o fluido é bombeado para o Vaso de Slop. A água separada é liberada para o

mar, após o monitoramento do conteúdo de óleo, com uma quantidade máxima de

óleo de 20ppm.

43

Um coletor de hidrocarbonetos independente é conectado ao Tanque de

Dreno Aberto de Hidrocarbonetos, sendo os hidrocarbonetos também bombeados

para o Vaso de Slop.

Um coletor de diesel independente coleta toda a drenagem do Sistema de

Óleo Diesel, bem como qualquer derramamento de diesel.

O header principal de dreno aberto de diesel está interconectado ao Tanque

de Dreno Aberto de Diesel, que também coleta qualquer transbordo ou vazamento

no manuseio dos equipamentos a diesel.

O transbordo deste tanque e dos drenos fechados é direcionado para a

câmara de óleo do Tanque de Dreno Aberto. A drenagem de diesel contida no

Tanque de Dreno Aberto de Diesel é bombeada para o Vaso de Slop.

Sistema de Drenagem Fechada

Cada equipamento de processo que manuseia hidrocarbonetos líquidos é

capaz de ser esvaziado quando necessário através de uma rede de drenagem

fechada, e os hidrocarbonetos são direcionados para o Vaso de Slop. O fluido do

Vaso de Slop é bombeado para o Manifold de Sucção das Bombas Booster de

Petróleo Bruto.

3.3.1.6.9 Estações de Utilidades

Estão dispostas nos Módulos da PRA-1 25 Estações de Utilidades:

• Módulo 01: 8 estações;

• Módulo 02: 9 estações

• Módulo 03: 8 estações;

Cada Estação de Utilidade possui os seguintes fluidos de serviço:

• Linha de Água de Limpeza a Alta Pressão com válvulas e conectores

rápidos;

• Linha de Água Doce com válvulas e conectores rápidos;

• Linha de Ar de Serviço com válvulas e conectores rápidos.

44

3.3.2 Instrumentação e Automação

A Arquitetura de Controle e Automação (AC&A) é baseada em um Sistema

Integrado de Operação e Supervisão (ECOS – Estação Central de Operação e

Supervisão), e consiste de um campo de instrumentos e sistemas de automação e

controle integrados por canais de comunicação digital redundantes, via redes de

comunicação ópticas e elétricas.

Os sistemas de AC&A relevantes para as funções de controle,

intertravamento e aquisição de dados são:

• ECOS: Estação Central de Operação e Supervisão;

• CIS: Sistema de Controle e Intertravamento (Control and Interlocking

System);

• PAS: Sistema de Automação de Pacotes (Package Automation System).

Nos tópicos a seguir são apresentados os principais subsistemas que

compõem a Arquitetura de Controle e Automação da PRA-1:

3.3.2.1 RTUs (Remote Terminal Units, ou Unidades Terminais Remotas)

As RTUs da plataforma são as unidades remotas do Sistema de Controle e

Intertravamento, instaladas pelos módulos da Plataforma, contendo os cartões de

Entrada/Saída (I/O), interconectando os equipamentos e instrumentos de campo ao

CIS. As RTUs serão conectadas via cabos ópticos blindados ao painel do CIS,

instalado no módulo de Acomodações (Sala de Controle Central).

3.3.2.2 Circuito Fechado de TV (CFTV)

Existem na Plataforma um CFTV que é interconectado à Sala de Controle

Central via fibra óptica blindada. A distribuição das Câmeras de CFTV é baseada

nas recomendações de um estudo de HAZOP(20).

20 HAZOP: Hazard and Operability Study, metodologia comum em indústrias químicas e

instalações offshore, empregada para realização de estudo de segurança e operabilidade.

45

3.3.2.3 Painéis de Relés Inteligentes

Três painéis de relés inteligentes reúnem dados dos principais motores,

geradores e painéis da Plataforma. Os dados disponibilizados pelos relés são

reunidos por PLCs concentradores, instalados nos próprios painéis, que serão

interligados ao CIS.

3.3.2.4 Painéis Locais dos Pacotes

Todos os painéis dos Pacotes (sistemas dedicados) são interconectados à

ECOS (Sala de Controle Central), via fibra óptica blindada, e também possuem

pontos conectados aos cartões de I/O das RTUs do CIS.

3.3.2.5 AFDS – Sistema Endereçável de Detecção de Fogo (Addressable Fire

Detection System)

Todos os detectores de fogo da Plataforma são interconectados ao Sistema

Endereçável de Detecção de Fogo, um painel instalado na Sala de Controle Central

e dedicado exclusivamente a reunir todas as informações dos detectores e

disponibilizá-las ao CIS.

3.3.2.6 Sistema de Medição de Petróleo Bruto – COMS

O Sistema de Medição de Petróleo Bruto, ou COMS (Crude Oil Metering

System) é um sistema dedicado para cálculo e correção de vazão, composto por

dois computadores de vazão, disponibilizando estas informações ao CIS.

3.3.2.7 Sistema de Medição de Vazão de Gás – GFMS

O Sistema de Medição de Vazão de Gás, ou GFMS (Gas Flow Metering

System), como o COMS, é também um sistema dedicado para cálculo e correção de

vazão, composto por dois computadores de vazão que disponibilizam estas

informações ao CIS.

46

3.3.2.8 Equipamentos HART – Transmissores Inteligentes e Posicionadores de

Válvulas de Controle

A Sala de Controle Central é equipada com um Microcomputador de

Manutenção, que troca informações de diagnóstico e manutenção com os

equipamentos compatíveis com a tecnologia HART(21).

3.3.2.9 Painéis de Controle dos Turbogeradores

Juntamente com o Módulo de Geração serão fornecidas duas estações de

supervisão, a serem instaladas na Sala de Controle Central, interconectadas via

fibra óptica blindada ao Painel de Controle Local dos Turbogeradores.

3.3.2.10 Sistema de Detecção de Vazamentos

A Plataforma dispõe de um sistema de Detecção de Vazamentos, que recebe

informações de medições de vazão, pressão e temperatura das extremidades de

todos os dutos.

O sistema realiza a simulação dinâmica em tempo real do escoamento e

compara as medições com os valores simulados de modo que quando esses

valores têm uma diferença estatisticamente alta é feita a detecção de um

vazamento.

3.3.2.11 ENV - Environmental System

Diversos sensores ambientais são instalados e interconectados (ponto a

ponto) ao rack de ENV, localizado na Sala de Controle Central, que é acessado

diretamente pela ECOS.

21 O protocolo de comunicação HART® é mundialmente reconhecido como um padrão da

indústria para comunicação de instrumentos de campo inteligentes 4-20mA, microprocessados. O uso

dessa tecnologia vem crescendo rapidamente e hoje virtualmente todos os maiores fabricantes de

instrumentação mundiais oferecem produtos dotados de comunicação HART®. O protocolo HART®

permite a sobreposição do sinal de comunicação digital aos sinais analógicos de 4-20mA, sem

interferência, na mesma fiação. [5]

47

Capítulo 4 – O Projeto CIS/ECOS

Neste capítulo será apresentada a empresa responsável pela implementação

do CIS e ECOS da PRA-1, e a maneira como o projeto foi organizado e conduzido.

Posteriormente será apresentada a arquitetura do CIS e ECOS, e suas interfaces

com outros sistemas.

4.1 A empresa

Fundada no Rio de Janeiro em 1989 por três engenheiros químicos formados

pelo IME (Instituto Militar de Engenharia), a Chemtech é uma empresa especializada

em serviços e em soluções de TI para indústrias de processo (petróleo e gás,

petroquímica e química, metais e mineração, papel e celulose, alimentos e bebidas).

Em março de 2001, a empresa passou a fazer parte do grupo Siemens e hoje está

inserida na divisão IP (Industrial Plants) do grupo I&S (Industrial Solutions and

Services). A partir deste acordo, a Chemtech começou a interagir com outras

divisões da Siemens, oferecendo aos clientes soluções ainda mais completas e

sofisticadas.

A Chemtech tem sede no Rio de Janeiro e escritórios em São Paulo, Belo

Horizonte, Salvador, Porto Alegre e Houston (EUA).

Entre os clientes estão a Petrobras, Ambev, Nestlé, Monsanto, ExxonMobil,

Saudi Aramco, Shell e ChevronTexaco. Trabalha ainda com as 10 maiores

empresas químicas e petroquímicas do Brasil, com as 5 maiores papeleiras, as 4

maiores mineradoras, 3 das 5 maiores siderúrgicas e 4 das 6 maiores indústrias de

produtos para consumidores, de acordo com ranking da revista Exame.

Em 2006, foi eleita a 3ª melhor empresa para se trabalhar no Brasil, uma das

30 melhores para as mulheres e uma das três melhores no quesito camaradagem

pelo Great Place to Work Institute e pela Revista Época. Classificou-se também,

pelo terceiro ano consecutivo, entre as 150 melhores pelo Guia Exame – Você S/A,

que ainda elegeu a Chemtech como a 3ª melhor empresa em tecnologia.

48

4.2 Organização do Projeto CIS/ECOS

A Chemtech organiza a execução de seus projetos alocando equipes

dedicadas para cada projeto, com o suporte de equipes de apoio que atendem a

vários projetos, como é representado na Figura 9.

Figura 9: Organograma das equipes envolvidas no projeto

As equipes de projeto são formadas pelo Gerente de Projetos, Líder de

Projetos e engenheiros. Nos casos em que não há restrição do Cliente quanto à

participação de estagiários no projeto, estes também são incorporados à equipe

permanente.

O Gerente de Projetos é o maior responsável pelo projeto. Focado na

qualidade, prazo e custos, tem por atribuições realizar o contato com o cliente,

definir os custos do projeto, além de encarregar-se de questões como faturamento,

Gerente de Projetos

Líder de Projetos

Engenheiro Engenheiro Engenheiro ...

Estagiário Estagiário

Consultores Cadistas Equipe de TI

...

Equipe de Projeto:

Equipe de Apoio:

49

renegociações em casos de adições contratuais ou mudanças de escopo, gestão de

pessoas, dentre outros.

O Líder de Projetos é o responsável técnico pelo projeto. É quem elabora e

acompanha o cronograma de tarefas executadas por toda a equipe. Por estar em

contato direto com as tarefas executadas por cada membro da equipe, é atento às

necessidades de recursos materiais e humanos.

O volume de atividades costuma variar durante a execução de um projeto, o

que faz com que o tamanho da equipe principal varie, com a incorporação de novos

membros em períodos de maior demanda, ou a realocação de membros em outros

projetos em períodos de menor demanda.

Os engenheiros são os responsáveis pela realização das atividades técnicas

do projeto. Participam ativamente das fases de análises de documentação, projeto

do software, implementação e testes.

Os estagiários são alunos de graduação em engenharia que, em fase de

conclusão de seus cursos, são orientados pelo líder e pelos engenheiros, de forma a

preparar-se para assumir futuramente responsabilidades de engenheiros.

Engenheiros e estagiários participam de treinamentos em ferramentas a

necessárias ao projeto, que no caso do projeto do CIS e ECOS foram os softwares

de programação do sistema supervisório e do sistema de controle.

A Equipe de Projeto conta com o suporte de Equipes de Apoio, formadas por

consultores, cadistas(22) e uma Equipe de TI (Tecnologia da Informação). As equipes

de apoio geralmente prestam assistência a vários projetos paralelamente, e por este

motivo não fazem parte das Equipes de Projeto. Os consultores são profissionais

com vasta experiência em determinada área de atuação, e fornecem o suporte a

questões técnicas mais críticas dos projetos. As atividades que requerem as

habilidades dos cadistas geralmente são sazonais, como foi no projeto do CIS e

ECOS o desenho das telas do sistema supervisório, que se concentraram na fase

de projeto e implementação do software, e demandaram posteriores atividades

22 Com origem na sigla CAD (Computer Aided Design, ou desenho auxiliado por computador),

cadistas elaboram desenhos de arquitetura e engenharia utilizando softwares específicos para

desenho técnico.

50

puntuais. Da mesma forma, todo o funcionamento das redes informatizadas,

servidores e todos os outros recursos computacionais é gerenciado pela equipe de

TI.

4.3 Descrição do CIS/ECOS

Figura 10: Visão simplificada da Arquitetura de Controle e Automação (AC&A) da PRA-1

O CIS e ECOS compõem uma arquitetura complexa de Controle e

Automação, com redundância de PLCs, de Estações de Operação e Supervisão, de

meios físicos (cabos Ethernet, Profibus, fibras ópticas, etc.) e de outros

equipamentos envolvidos (Switches, conversores, etc.). Os meios físicos

redundantes, em especial, por estarem mais expostos às intempéries do campo,

percorrem caminhos distintos, evitando que ambos os tramos sejam afetados por

um problema que venha a ocorrer de maneira localizada, como o corte acidental de

um cabo de comunicação. Um esquema representativo desta arquitetura pode ser

visto na .

ECOS

CIS PRO

CIS ESD

Switch Switch

Clientes 3/4/5

Clientes 6/7/8

Servidor 1

Servidor 2

Switch

Switch

CIS F&G

CIS ELE

• •

• •

• • •

• • •

RTUs PAS AFDS Conc.

Ethernet TCP/IP

Profibus

DECNET

Contato Seco

• •

51

A ECOS é composta por oito Estações de Operação e Supervisão (Figura

11), sendo duas servidoras – uma principal e uma secundária – e seis clientes. As

Estações comunicam-se entre si através do protocolo DECNET sobre uma rede

Ethernet redundante, contendo dois switches, sendo que em cada um está

conectada um Estação servidora e três clientes. Os switches são ainda ligados

diretamente entre si. Desta forma todas as estações clientes podem estabelecer

comunicação com ambas as servidoras, e em caso de falha de um dos switches,

metade da rede permanece operando normalmente. Em caso de uma falha como

esta, a operabilidade de toda a plataforma é mantida, uma vez que todas as

Estações, sejam elas clientes ou servidoras, possuem as mesmas funcionalidades

de operação e supervisão, o que permite o acesso a todo o sistema.

Figura 11: Gabinete de uma Estação de Operação e Supervisão. À direita, o detalhe das

duas placas de rede, para Ethernet-TCP/IP e DECNET.

O CIS é composto por quatro principais subsistemas, cada um composto por

um par redundante de PLCs (Figura 12):

• Subsistema de Processo – PRO

• Subsistema de Emergência e Shutdown – ESD

• Subsistema de Fogo & Gás / Ventiladores & Ar Condicionado – F&G

• Subsistema de Elétrica – ELE

Em cada subsistema, os PLCs mestre e escravo comunicam-se entre si

através de um protocolo proprietário via fibra óptica, realizando a sincronização dos

dados de memória.

Já os subsistemas comunicam-se entre si através do protocolo Profibus via

RS-485. A rede Profibus é redundante, e cada um dos 8 PLCs conecta-se a ambas.

52

Da mesma forma, as unidades remotas (RTUs) comunicam-se com os PLCs

dos subsistemas via Profibus, também em uma rede redundante. Porém, como as

RTUs estão localizadas em painéis espalhados pelos módulos, e conseqüentemente

distantes dos painéis onde estão instalados os PLCs, esta conexão é viabilizada

convertendo o meio físico de RS-485 para fibra óptica, através de OLMs – Optical

Link Modules.

Figura 12: Bancada para implementação e testes: quatro PLCs (à esquerda), um de cada

subsistema do CIS, conectados entre si via Profibus, porém ainda sem as CPUs redundantes. À direita, duas CPUs conectadas entre si via fibra óptica para os primeiros

testes de redundância.

O painel de AFDS (Sistema Endereçável de Detecção de Fogo), ao qual

estão conectados via Profibus todos os detectores de fogo da Plataforma, conecta-

se ao Subsistema de Fogo & Gás via Profibus.

A ECOS, através de uma segunda placa de rede, se comunica por TCP/IP

com o CIS em de uma rede Ethernet redundante, sendo esta interligação feita

através de dois switches. Cada Estação servidora conecta-se a um dos switches, e

todos os Subsistemas do CIS conectam-se a ambos os switches – um dos PLCs

conecta-se a um dos switches, e o outro PLC, ao outro switch.

Os painéis dos sistemas dedicados, componentes do PAS, trocam

informações tanto com o CIS quanto com a ECOS. Comunicam-se com o CIS

através de conexões diretas com os cartões de I/O das RTUs dos subsistemas de

ESD e ELE, e comunicam-se com a ECOS via Ethernet-TCP/IP.

Há ainda três painéis de relés inteligentes que possuem em cada um PLC

concentrador, que reúne os disponibilizados pelos relés dos respectivos painéis, e

transfere via Profibus ao Subsistema de Elétrica, sendo esta rede também

53

redundante, e a conexão realizada convertendo o RS-485 para fibra óptica através

de OLMs.

Como citado na Descrição Geral da Plataforma, a Sala de Controle Central é

equipada com um Microcomputador de Manutenção, que troca informações de

diagnóstico e manutenção com os equipamentos compatíveis com a tecnologia

HART. Para os casos em que estes equipamentos estejam conectados aos cartões

de I/O dos RTUs do CIS da Plataforma, existem conversores HART/Modbus no

interior dos painéis, que possibilitam a transferência destas informações via fibra

óptica blindada até o Microcomputador de Manutenção.

54

Capítulo 5 – Resultados

Este capítulo tem como objetivo apresentar os resultados da aplicação da

metodologia apresentada no Capítulo 2 na implementação do software dos sistemas

apresentados no Capítulo 4.

As etapas iniciais de Verificação de Consistência de Documentação e de

Projeto do Software não serão abordadas nos resultados, pois nelas não houve

participação do autor, que foi integrado à equipe do Projeto CIS/ECOS já na sua

etapa de Implementação.

5.1 Implementação

Conforme apresentado no item 2.2.3, é nesta etapa que ocorre a tradução de

uma complexa documentação de engenharia – P&IDs, Diagramas Lógicos, Matrizes

de Causa e Efeito - em uma linguagem de fácil manutenção e operação – códigos

de PLCs e telas de estações supervisórias.

A seguir são apresentados exemplos de implementações realizadas no CIS e

na ECOS. Devido a restrições de sigilo industrial, estes exemplos não são expostos

com a intenção de detalhar a sua implementação, mas sim de passar uma idéia

geral sobre algumas atividades envolvidas nesta etapa, através de uma abordagem

superficial.

5.1.1 Tratamento de entradas

Para que um sinal de campo seja corretamente interpretado pelo CIS e

devidamente apresentado na ECOS, todos os sinais de entrada recebem um

tratamento.

Citando como exemplo uma entrada digital (vide Figura 13), inicialmente o

sinal necessita ser polarizado, ou seja, deve ser verificada a necessidade de inverter

o sinal digital vindo do campo.

55

Em seguida, deverá passar por um filtro de primeira ordem, ou mesmo um

temporizador, para evitar que possíveis interferências na comunicação que gerem

falsos pulsos ativem a lógica associada ao sinal.

Após estes passos, a Entrada Polarizada e Filtrada já estará apta a ser

enviada à ECOS.

Se o operador optar por ignorar o sinal vindo de campo, ele poderá ativar o

bypass da entrada, e esta Entrada Após Bypass prevalecerá sobre a Entrada

Polarizada e Filtrada.

Há ainda casos em que será necessário o reconhecimento, pelo operador, da

ocorrência de um pulso na entrada em questão. A Entrada Polarizada e Filtrada

poderá retornar à condição inicial, entretanto a Entrada Memorizada permanecerá

ativa enquanto não houver o reconhecimento na ECOS.

Figura 13: Esquema simplificado do tratamento de entradas digitais pelo CIS.

Polarização

Entrada Digital

(Campo)

Filtro

Lógica de Bypass Bypass (ECOS)

Lógica de Alarme Reconhecimento

(ECOS)

Entrada após Bypass

Entrada Polarizada e Filtrada

Entrada Memorizada

56

Da mesma forma, também as entradas analógicas e quaisquer outras, como

entradas de pulso, recebem um tratamento particular pelo CIS.

Como contribuição para esta atividade, foi realizado um estudo completo

sobre determinado cartão de entradas por pulso, onde se identificou suas

particularidades e se implementou a sua lógica de tratamento das entradas por

pulso, para a leitura de instrumentos de campo que, dotados de geradores de

pulsos, realizam medições contínuas de vazão.

5.1.2 Típicos

A idéia de típicos, ou blocos padrão, surge para eliminar a repetição

desnecessária de trechos de programa, a partir do momento em que se tem na

Plataforma vários equipamentos e sistemas com características semelhantes.

Por exemplo, há uma grande variedade de válvulas de bloqueio instaladas

por todo o campo. Entretanto, pode-se agrupá-las em três grandes grupos: válvulas

fail-open, fail-close e fail-let, que se diferenciam basicamente pela maneira como os

solenóides se comportam em caso de falha na válvula. As fail-open acionam o

solenóide para abrir a válvula, as fail-close para fechar, e as fail-let mantém-se no

estado em que se encontram, abertas ou fechadas. Exceto por esta diferença, todas

possuem chaves de fim de curso, entram em falha sob as mesmas condições,

podem ser comandadas tanto pelo operador quanto pelo resultado de uma lógica

interna ao CIS, etc.

Assim, o software STEP 7, utilizado para a programação dos PLCs Siemens,

possibilita que sejam aproveitadas as características semelhantes dos

equipamentos, e sejam criados blocos padrão, que se comportarão como caixas

pretas, as quais serão diferenciadas umas das outras pela configuração das

entradas e saídas particulares de cada equipamento.

Para se ter uma idéia, praticamente todas as lógicas de funcionamento dos

equipamentos são implementadas através de típicos, dentre válvulas de controle,

válvulas de bloqueio, detectores de gás, detectores de fogo, controladores, motores,

ventiladores, compressores, exaustores, entre outros, além de muitas outras

aplicações.

57

Para ilustrar o caso dos típicos, pode-se continuar o raciocínio apresentado

no item anterior, quando se falava do tratamento de entradas digitais. Não é

necessário que se programe toda a lógica para cada DI, uma vez que dispõe-se da

possibilidade de criar um bloco padrão para o tratamento de DIs. A Figura 14

exemplifica este caso.

Entradas CIS Saídas

Cam

po

EC

OS

Inte

rno

Bloco Típico

Inte

rno

EC

OS

Cam

po

Figura 14: Esquema simplificado do bloco padrão (típico) do tratamento de entradas

digitais pelo CIS.

Como contribuição para esta atividade, pode-se citar a realização de um

estudo completo sobre determinado detector de chama, partindo do contato inicial

com o fornecedor internacional, para esclarecimento de detalhes técnicos não

disponíveis nas folhas de dados. Foi desenvolvido um típico baseado em todas as

possibilidades de recebimento de sinais do detector, considerando tolerâncias de

medição, possíveis interferências, erros de calibração, valores fora de escala,

tratamento de falhas, entre outros.

Bloco

Típico de Entrada Digital

Entrada Digital

Comando de Bypass

Reconhecimento

Parâmetros de Filtro

Entrada após Bypass

Entrada Polarizada e Filtrada

Entrada Memorizada

58

5.1.3 Desenho e Configuração das Telas

Na Figura 15 pode-se observar um organograma simplificado das chamadas

de telas do Sistema de Operação e Supervisão. Partindo-se da Tela Inicial pode-se

chegar direta ou indiretamente a qualquer outra tela do sistema.

As principais telas que estão diretamente ligadas à Tela Inicial são as das

Vistas Gerais, de Telas de Processo, Telas de Utilidades e Telas de Elétrica.

Figura 15: Organograma simplificado das chamadas de telas do Sistema de Operação e Supervisão. As telas estão intencionalmente reduzidas, por questões de sigilo de projeto.

As principais telas de Vistas Gerais são:

...

Decks

Vistas Gerais

Zonas

Bombas

Controladores

Válvulas

Matriz C&E

Telas de Processo

Telas de Utilidades

Telas de Elétrica

Tela Inicial

59

• Estado Geral da Plataforma: indica o estado de os níveis de shutdown da

plataforma, e o estado de detectores, botoeiras de disparo e outras

possíveis causas de shutdown. É através desta tela que o sistema de

shutdown pode ser rearmado, após a normalização de uma ocorrência

que tenha disparado o shutdown.

• Vista Geral de Segurança: onde podem ser visualizados os estados

individuais de cada Deck. Caso um alarme seja acionado, o respectivo

Deck estará alarmado.

• Dados de Meio Ambiente: mostra os dados obtidos do Sistema de ENV.

• Vista Geral de Detectores de Fogo e Gás: apresenta o estado de todos os

detectores da Plataforma (se em falha, alarmado, em alarme reconhecido,

ou normalizado)

• Vista Geral de VAC: apresenta o estado de todos os ventiladores,

exaustores e condicionadores de ar.

• Telas de diagnóstico do CIS: apresenta o estado de cada equipamento do

CIS: PLCs, RTUs, cartões de comunicação, cartões de I/O, etc.

• Vista Geral de Processo: apresenta o estado das Bombas Booster e de

Exportação, e os principais equipamentos da Unidade de Injeção Química

de Gás, Distribuição de Gás Combustível, Sistema de Vent, Vaso de Slop

e Drenagem.

Nas Telas de Processos estão telas detalhadas de sistemas como a Unidade

de Injeção Química de Gás, Pré-aquecimento, Tratamento e Distribuição de Gás

Combustível, Sistema de Vent, Vaso de Slop, Drenagem, Lançadores e

Recebedores de Pig, Coleta de Óleo e Sistema de Medição de Petróleo Bruto.

Nas Telas de Utilidades estão telas detalhadas de sistemas como a Captação

de Água do Mar, Sistema de Água Doce e Água Potável, Água de Refrigeração e

Recebimento e Estocagem e Distribuição de Diesel.

Nas telas de Elétrica estão informações dos Geradores, e dos Painéis de

Distribuição de Energia, com informações das respectivas cargas e estado dos

barramentos de energia e transformadores.

60

Através da Vista Geral de Segurança é possível acessar as telas individuais

dos Decks, onde se pode visualizar o estado geral de cada zona situada no deck

selecionado.

Selecionando uma das zonas será aberta uma nova tela, onde estarão

representados todos os instrumentos e equipamentos nela instalados, como

válvulas, detectores de fogo, detectores de gás, ventiladores, exaustores,

condicionadores de ar, entre outros.

Através da tela da zona é possível acessar a Matriz de Causa e Efeito

respectiva, onde, além de estarem representadas as lógicas de controle e

intertravamento da zona, estão os comandos de bypass de instrumentos e

equipamentos, e também os comandos de override(23) das lógicas.

Diversas outras telas auxiliares são abertas ao se selecionar determinados

objetos como a Tela de Válvula, com comandos de abrir a válvula selecionada,

fechar, alternar entre modo manual/automático, e a Tela de Controlador, onde é

possível alterar parâmetros do controlador selecionado, visualizar gráficos da ação

de controle e variável controlada.

Tal qual na implementação do software do CIS tem-se os típicos, na

implementação do software da ECOS também existe um reaproveitamento de

objetos, e mesmo de telas (como é o caso da estrutura das telas de Matrizes de

Causa e Efeito), o que facilita modificações de parâmetros em massa.

É importante citar ainda a Tela de Alarmes, onde pode-se visualizar todos os

tags em condições anormais, com respectivas descrições. É através desta tela que

e o operador pode enviar o reconhecimento de determinado evento de alarme.

Além da Tela de Alarmes, em todas as telas é possível visualizar e

reconhecer os dois alarmes de maior prioridade do momento.

Como exemplos de atividades desenvolvidas estão o desenho de telas em si,

a configuração das ações dos objetos das telas (comandos de operação), a

configuração das dinâmicas dos objetos (animações dos objetos conforme

23 Sobrescrita

61

determinados dados de entrada), a definição das bases de dados e a configuração

de alarmes.

5.1.4 Calculation

Diferentemente das outras lógicas, o processamento das animações de telas

de supervisório se dá nas Estações de Supervisão e Operação, e não nos PLCs.

Utilizando como exemplo a hierarquia de telas apresentadas no tópico

anterior, tem-se uma “Zona A” da Plataforma, na qual estão instalados 3 detectores

de fogo e 2 detectores de gás.

Caso qualquer um destes detectores seja ativado, um alarme deverá ser

acionado, e a “Zona A”, na tela do “Deck A”, deverá passar para o estado de alarme,

por exemplo, passará a piscar em vermelho.

Desta forma, no caso de qualquer zona do “Deck A” estar alarmada, o “Deck

A”, na tela da Vista Geral de Segurança da Plataforma, deverá piscar, bem como o

botão correspondente ao “Deck A” na Tela Inicial.

Todas essas lógicas condicionais envolvidas são implementadas em um

subsistema do VXL denominado Calculation, que, dotado de bases de dados

externas (formadas pelos pontos provenientes de varredura cíclica da memória dos

PLCs ou dos Pacotes) e internas (formadas por pontos auxiliares, criados

exclusivamente para utilização pela ECOS e inexistentes nos PLCs), permite que

seja efetuados localmente o processamento dessas lógicas.

Este mecanismo possui como vantagem evitar um tráfego extra de

informações entre o CIS e ECOS, já que o resultado destas lógicas não interfere nas

funções de controle e intertravamento da Plataforma, sendo desnecessário o

processamento pelo CIS, podendo ser realizado internamente nas Estações da

ECOS. Entretanto, como desvantagem, gera a descentralização e despadronização

da lógica, adicionando obstáculos à implementação e às operações de manutenção.

Esta atividade é caracterizada por ser extremamente trabalhosa e repetitiva, e

desprovida de interfaces com outros sistemas, não existindo uma maneira de, por

exemplo, importar dados de arquivos de texto, ou planilhas eletrônicas. O único

62

método disponível de entrada de dados é através do teclado e mouse, inexistindo

até mesmo a já tradicional funcionalidade de “copiar-colar”.

Como contribuição para esta atividade foi desenvolvido um sistema

automático para o preenchimento das Folhas de Calculation. Através da criação de

um script de manipulação de eventos de teclado e mouse, tornou-se possível que,

através de uma preparação prévia dos dados disponíveis em planilhas eletrônicas,

fosse reproduzida automaticamente a operação de entrada de dados no sistema.

Assim, literalmente o script opera simulando todos os movimentos e

digitações do desenvolvedor. Desta forma, foi possível que uma Folha de

Calculation, que em média leva 3 minutos para ser preenchida por um

desenvolvedor treinado, fosse completada em cerca de 10 segundos, sem

interferência humana, e eliminando possíveis falhas humanas.

O método foi posteriormente aprimorado, de forma que várias Folhas

pudessem ser incluídas seqüencialmente, e inclusive Folhas existentes pudessem

ser editadas. Desta forma, tornou-se é possível que um trabalho que levaria

semanas fosse executado em poucas horas, bastando a preparação inicial dos

dados em planilhas eletrônicas.

5.2 Testes Integrados

Como apresentado no item 2.2.4, a etapa de Testes Integrados tem por

finalidade a validação da implementação realizada, para posterior apresentação do

sistema ao cliente. O sistema é testado em sua totalidade, com o propósito de

eliminar todos os possíveis erros.

Os Testes Integrados iniciaram-se por testes de comunicação, de modo a

verificar que a interconexão entre todos os componentes do sistema estava

operando corretamente. O propósito destes testes era assegurar que as

informações necessárias estavam sendo trocadas entre os PLCs e a ECOS,

verificando se cada PLC estava enviando dados para a ECOS e recebendo dados

dela, checando a redundância, performance, etc.

63

Após aprovados os testes de comunicação, iniciaram-se os testes de

software, onde a configuração e funcionalidades implementadas foram confrontadas

com as especificações de projeto.

Os testes de software foram inicialmente divididos em testes de loops simples

e testes de loops complexos.

Os testes de loops simples, também chamados de Testes Ponto-a-Ponto,

foram realizados ativando-se os sinais de entrada na memória do PLC através da

ECOS, e no caso de sinais provenientes do campo, forçando-se os pontos na

memória do PLC através de um PC conectado a ele executando o software Siemens

STEP 7. Durante a simulação dos sinais, eram confrontados os status do ponto

correspondente nas telas da ECOS e no STEP 7. Estes testes foram executados

para todas as AIs, AOs, DIs e DOs.

Os testes de loops complexos dividiram-se em Testes de Lógica e Testes de

Matrizes. Foram testadas a execução das lógicas associadas às Matrizes de Causa

e Efeito, Diagramas Lógicos e todos os outros documentos relacionados.

Além de terem sido divididos por tipos, todos os testes foram ainda

separados por áreas da Plataforma, de maneira a facilitar a organização e progresso

das atividades.

De acordo com as peculiaridades de cada sistema, equipamento ou

instrumento, procedimentos específicos de testes de loops complexos foram

elaborados. Assim, foram definidos procedimentos gerais de Testes de Lógica, e

também específicos para válvulas, controladores PID, motores, dampers, detectores

de gás, detectores de fumaça, detectores de chama, botoeiras de incêndio, sistema

de disparo de CO2, entre outros.

Além dos testes citados, foram realizados ainda Testes de Navegação para

verificar se os objetos das telas configurados para funções de mudança de tela

executam sua função esperada.

Por fim, foram também realizados Testes de Integração com Sistemas

Terceirizados, que são todos os sistemas que se comunicam com quaisquer dos

Subsistemas do CIS. Da mesma forma que os Testes Ponto-a-Ponto, foram

realizados forçando-se sinais de entrada na memória do PLC, através da ECOS, e

64

de saída, através de um PC executando o software Siemens STEP 7 e conectado

ao PLC.

5.3 FAT – Factory Acceptance Test

O FAT segue os mesmos procedimentos dos Testes Integrados,

compreendendo as mesmas atividades já expostas na seção anterior. Além do

cliente, também faz parte do FAT a empresa certificadora da Plataforma.

O FAT foi executado após o término dos Testes Integrados, e os pontos,

lógicas e telas a testadas em cada área foram de livre escolha do cliente.

Para a aprovação de cada área a ser testada, foram adotados rígidos critérios

de avaliação. Partindo-se do princípio que todos os pontos já foram previamente

testados, foram adotados os seguintes critérios:

• Nenhum erro encontrado => 10% dos pontos seriam testados

• 1 erro encontrado => 30% dos pontos seriam testados

• 2 erros encontrados => 100% dos pontos seriam testados

Uma cautelosa organização se fez necessária, uma vez que em um

cronograma de duas semanas precisava-se aprovar um sistema que levou meses

para ser testado por completo.

Todas as falhas detectadas foram registradas em Folhas de Registro do FAT.

Para os casos de falhas detectadas durante o FAT, poderiam ser adotados

dois encaminhamentos. Para as falhas prontamente corrigidas, uma descrição da

falha era inserida nas Folhas de Registro do FAT, juntamente com a sua causa e a

solução adotada. Para os casos em que a ação corretiva requeria um tempo maior

para ser implementada, a falha seria solucionada nas semanas subseqüentes ao

FAT, previamente reservadas para tal finalidade. Todas as falhas destes casos

integravam, além das Folhas de Registro do FAT, uma chamada Punch List, que

continha todas as pendências identificadas no FAT, e que não haviam sido

solucionadas em tempo hábil para serem retestadas ainda durante o FAT.

Além disso, outras modificações foram ser requisitadas pelo cliente, e

também seguiram as mesmas condições citadas anteriormente.

65

Depois de implementadas as soluções para os itens da Punch List, o sistema

estava pronto para o SAT (Site Acceptance Test), também chamado de

Comissionamento.

Na Figura 16, fotos da bancada sendo desmontada no escritório da

Chemtech no Rio de Janeiro, para ser levada ao canteiro de São Roque do

Paraguaçu, para a etapa de Comissionamento:

Figura 16: Bancada sendo desmontada no escritório da Chemtech no Rio de Janeiro, após

o término do FAT.

5.4 Comissionamento

Conforme citado no item 2.2.6, o Comissionamento é realizado em campo, e

os pontos que anteriormente eram simulados (forçados) na memória do PLC, agora

são efetivamente ligados aos sinais de campo reais. O Comissionamento é a etapa

final antes da partida do conjunto.

A primeira e importante diferença entre o Comissionamento e as fases

anteriores é que, uma vez em campo, uma falha no sistema pode acarretar sérias

conseqüências, pois os testes apresentam riscos maiores, e vidas estão envolvidas.

Além disso, as atividades passam a ser planejadas considerando a

interferência de outros serviços que estão sendo executados no canteiro, o que faz

necessário um planejamento ainda mais acurado das atividades e tomadas de

decisões ágeis.

Esta etapa encontra-se em andamento, ainda em fase inicial.

Durante o Comissionamento, o Sistema de Controle, Intertravamento,

Operação e Supervisão será testado em sua totalidade. As atividades de

66

comissionamento iniciam-se on-shore, e vão se encerrar off-shore, após a

instalação do Módulo de Geração, já na Bacia de Campos, que permitirá os testes

de equipamentos como as Bombas Booster e de Exportação, além de quaisquer

outros sistemas que dependam das instalações definitivas da PRA-1.

Após o comissionamento de todas as áreas, o CIS e ECOS estarão enfim

prontos para entrar em operação.

67

Capítulo 6 – Análise dos Resultados e Conclusões

A metodologia apresentada para o desenvolvimento das atividades de

implementação do Projeto em questão, quando aplicada à prática, mostra que

muitas outras questões necessitam ser consideradas.

Apesar de a etapa de verificação de consistência de documentação ocorrer

logo no início do projeto, ela acaba se estendendo pelas fases posteriores.

Isto ocorre por diversos motivos, sendo os principais: muitos documentos de

engenharia nascem em momentos diferentes, são feitos por empresas diferentes, e

costumam sofrer diversas revisões.

É comum durante o decorrer do Projeto, especialmente na fase de

implementação do software, surgirem problemas que não haviam sido considerados

pelas equipes que elaboraram o projeto e a documentação de engenharia. Nesses

casos, surgem pendências externas ao escopo da equipe de implementação. Cabe

a ela relatar as inconsistências às empresas responsáveis pela elaboração dos

documentos, e, caso de confirmada a inconsistência, aguardar uma nova revisão da

documentação.

A cada nova revisão de documentos recebida, é gerada uma considerável

quantidade de retrabalho. Freqüentemente, lógicas e pontos são eliminados,

substituídos ou adicionados. E é muito importante que a maneira como o software

foi projetado seja flexível o suficiente para permitir a sua expansão.

Na etapa de Testes Integrados, muitas atividades ocorrem em paralelo,

necessitando de um bom planejamento para a divisão de tarefas, onde são

consideradas não somente a divisão dos testes por áreas da Plataforma e tipos de

subsistemas a serem testados, mas também a superposição ou não dos

procedimentos de testes elaborados, de forma que testes executados paralelamente

não tenham seus resultados comprometidos.

A criação de uma Equipe de Projeto mostra-se uma solução bastante

eficiente para o desenvolvimento das atividades, permitindo que os integrantes

tenham uma visão global do projeto, participando da sua evolução – o que não

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ocorreria de forma tão natural caso o projeto fosse assumido por diferentes

departamentos de uma empresa. Uma equipe que acompanhe o projeto em todo o

seu ciclo de vida tem reforçado o comprometimento dos integrantes com o

resultado.

O ambiente multidisciplinar característico do trabalho em equipe possibilita

uma benéfica troca de conhecimentos e experiências e favorece o crescimento

individual e coletivo.

As responsabilidades assumidas pelos diferentes níveis hierárquicos da

equipe se unem em torno de um objetivo: um produto final de qualidade, entregue

no prazo e dentro dos custos previstos.

Sendo este o primeiro projeto da Chemtech como “empresa integradora”(24)

de um projeto offshore completo, os resultados alcançados até agora foram

extremamente positivos, com a aquisição de um importante know-how, e a

confirmação da sua competência técnica perante seus clientes.

Pessoalmente, as atividades desempenhadas neste Projeto de Fim de Curso

possibilitaram um importante desenvolvimento profissional, através da introdução ao

mercado de trabalho, com aplicação, ampliação e aquisição de conhecimentos

técnicos; aquisição de experiência em novas áreas de atuação, novos métodos de

trabalho e de organização; ampliação da rede de contatos profissionais e pessoais;

vivência de mercado e do mundo corporativo.

O desafio inicial de ser incorporado a um projeto de tamanha complexidade,

que já completava um ano (enquanto boa parte dos projetos possuem um ciclo de

vida de 3 a 6 meses) e se encontrava em fase de implementação de intermediária

para final, foi superado graças à excelente infra-estrutura proporcionada pela

empresa, à dedicação e atenção dos companheiros de trabalho, e à liberdade

concedida para contribuições com novas idéias, em uma rica troca de

conhecimentos e experiências.

24 Denominação popular na indústria offshore para a empresa que implementa o CIS e ECOS

da plataforma

69

Bibliografia:

[1] “Plano Diretor de Escoamento e Tratamento de Óleo da Bacia de Campos

(PDET)”, Rio de Janeiro, 2005, Palestra, Petrobras.

[2] “Completely Integrated Solutions for the Oil and Gas Industry”, 2004,

SIEMENS AG.

[3] “SISOG ICOS Integrated Control and Safety System - Technical description”,

2004, SIEMENS AG.

[4] “A preparação de uma obra inédita”, 2005, Odebrecht Online.

[5] HELSON, R. “Os Benefícios do Protocolo de Comunicação HART® em

Sistemas de Instrumentação Inteligentes”, EUA, 2006.

[6] DAMÉ, L.; Jungblut C. e VALDEREZ C. “Rosinha Estraga a Festa”, 2004,

Notícia Jornal O Globo, Clipping Ministério do Planejamento.

[7] “Plataforma possibilitará auto-suficiência ao país”, 2004, Revista Bahia

Invest.

[8] VIAN, A. “As novas modalidades de contratações na execução de

empreendimentos – EPC/Turn-key”, 2006, ABCE Consultoria.

[9] Website www.siemens.com/oil-gas, 2006, SIEMENS AG.

[10] “Glossário”, 2003, Website Petrobras – Relações com o Investidor

[11] “Glossário”, 2006, Website Transpetro