Pré-detalhamento das arquiteturas de automação de unidades...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL Pré-detalhamento das arquiteturas de automação de unidades de processo de um complexo petroquímico Monografia submetida à Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a aprovação da disciplina: DAS 5511 Projeto de Fim de Curso Cleiton Moya de Almeida Florianópolis, Setembro de 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

Pré-detalhamento das arquiteturas de automação de unidades de processo

de um complexo petroquímico

Monografia submetida à Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a aprovação da disciplina:

DAS 5511 Projeto de Fim de Curso

Cleiton Moya de Almeida

Florianópolis, Setembro de 2009

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Pré-detalhamento das arquiteturas deautomação de unidades de processo

de um complexo petroquímico

Monografia submetida à Universidade Federal de Santa Catarina

como requisito para a aprovação na disciplina:

DAS 5511: Projeto de Fim de Curso

Cleiton Moya de Almeida

Florianópolis, setembro de 2009

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Pré-detalhamento das arquiteturas de automação deunidades de processo de um complexo petroquímico

Cleiton Moya de Almeida

Esta monografia foi julgada no contexto da disciplinaDAS 5511: Projeto de Fim de Curso

e aprovada na sua forma final peloCurso de Engenharia de Controle e Automação

Banca Examinadora:

Thiago de Freitas Santos, Eng.Orientador da empresa

Agustinho Plucenio, Msc.Orientador do curso

Prof. Augusto Humberto BruciapagliaResponsável pela disciplina

Avaliador

Aluno 1, Debatedor

Aluno 2, Debatedor

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Agradecimentos

Agradeço em primeiro lugar à minha família o apoio incondicional recebido du-

rante estes cinco anos de graduação.

Agradeço à Universidade Federal de Santa Catarina a execelente formação re-

cebida. Em especial, agradeço aos professores do Departamento de Automação e

Sistemas os ensinamentos não só de controle e automação, mas de vida.

Aos professores do PRH-34 agradeço a formação nos dois anos de trabalho

no grupo. Ao Prof. Agustinho, orientador deste trabalho e de outros nestes dois anos

como bolsista da ANP, agradeço os ensinamentos, o apoio, os conselhos e a amizade.

Agradeço à Chemtech a oportunidade de realizar meu projeto de fim de curso

numa excelente empresa e em um projeto de relevante importância à nação. Aos

colegas "chemtecheanos"da equipe de instrumentação do complexo, agradeço os en-

sinamentos, a amizade e a descontração no dia-a-dia de trabalho. Ao Eng. Thiago

de Freitas Santos, agradeço a amizade e a excelente orientação recebida durante o

trabalho.

Não poderia deixar de agrader aos amigos da turma 042 e “agregados” a parce-

ria nestes 5 anos graduação em estudos, tabalhos, congressos, viagens, churrascos

e festas.

Por fim, agradeço à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocobustí-

veis e à Fianciadora de Estudos FINEP o auxílio recebido na forma do Programa de

Recursos Humanos PRH-34.

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O último grau da sofisticação é a simplicidade.

Leonardo da Vinci

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Resumo

Neste trabalho são desenvolvidas arquiteturas de automação das unidades deprocesso de um complexo petroquímico, no contexto de um projeto de pré-detalhamento(FEED). Entende-se como “arquitetura de automação” a especificação dos equipa-mentos e sistemas de automação necessários para a execução das tarefas de controlee gerenciamento do complexo, bem como a integração entre estes sistemas.

Inicialmente faz-se um estudo dos principais sistemas de automação e requisi-tos especificados no projeto conceitual e básico. Desenvolve-se então uma arquiteturaconceitual para uma unidade de processo genérica. A partir desta arquitetura conecei-tual e dos requisitos, desenvolvem-se as arquiteturas de automação dos equipamen-tos e sistemas gerais e das unidades específicas. Como resultado, apresentam-se ediscutem-se os documentos elaborados e as melhorias que o trabalho proporcionouao projeto de FEED do complexo.

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Abstract

This work presents the design of automation architectures for process units ofa petrochemichal complex. The work was developed in a Front End Engineering De-sign (FEED). The term automation architecture refers to equipments and automationssystems for control and management of the petrochemical complex, as well as thecommunications among these systems.

Firstly a study of automation systems is presented and the design requerimentsfor the petrochemical complex are analyzed. Them a conceptual architecture is develo-ped and used to design the predetailed automation architectures of the process units.Finally the generated documents in this work are discussed and improvements in theFEED design of the petrochemical complex are showed.

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Sumário

Glossário

Lista de Figuras

1 Introdução 14

1.1 Objetivos do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

1.2 Justificativa e contextualização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

1.3 A Chemtech . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

1.4 Projeto FEED do complexo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

1.4.1 Fases de um projeto industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

1.4.2 Projeto FEED . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

1.5 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

1.6 Cronograma de atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

1.7 Organização do documento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

1.8 Considerações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

2 Automação de procesos 24

2.1 Hierarquia de automação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

2.2 Sistemas de automação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

2.2.1 Sistema digital de controle distribuído . . . . . . . . . . . . . . . 26

2.2.2 Sistema instrumentado de segurança . . . . . . . . . . . . . . . 27

2.2.3 Gerenciamento de ativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

2.2.4 Sequenciamento de eventos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

2.2.4.1 Arquiteturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

2.3 Automação de grandes máquinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

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2.3.1 Sistema de óleo de lubrificação e de comando . . . . . . . . . . 33

2.3.2 Sistema de monitoramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

2.3.3 Sistema de controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

2.3.4 Sistema de intertravamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

2.4 Redes industriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

2.4.1 Classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

2.4.1.1 Redes de sensores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

2.4.1.2 Redes de campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

2.4.1.3 Redes de controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

2.4.2 Modelo OSI/ISO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

2.4.3 Tecnologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

2.4.3.1 HART . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

2.4.3.2 Foundation Fieldbus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

2.4.3.3 Profibus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

2.4.3.4 Ethernet/TCP-IP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

2.4.3.5 Modbus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

2.4.3.6 OPC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

3 Desenvolvimento 45

3.1 Arquitetura geral do complexo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

3.2 Levantamento de requisitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

3.3 Arquitetura conceitual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

3.4 Pré-Detalhamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

3.4.1 Sistema digital de controle distribuído . . . . . . . . . . . . . . . 51

3.4.1.1 Comunicação com servidores no CIC . . . . . . . . . . 53

3.4.1.2 Comunicação com o PES e CLPs de pacotes . . . . . 53

3.4.1.3 Comunicação com o CCM-CDC . . . . . . . . . . . . . 53

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3.4.2 Sistema instrumentado de segurança . . . . . . . . . . . . . . . 53

3.4.2.1 Comunicação com servidores no CIC . . . . . . . . . . 54

3.4.2.2 Comunicação com o SDCD . . . . . . . . . . . . . . . . 54

3.4.2.3 Comunicação com pacotes . . . . . . . . . . . . . . . . 54

3.4.2.4 Comunicação com o CCM-CDC . . . . . . . . . . . . . 56

3.4.2.5 Comunicação com o AMS . . . . . . . . . . . . . . . . 56

3.4.2.6 Comunicação com o sistema SOE . . . . . . . . . . . . 56

3.4.3 Sistema de fogo e gás . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

3.4.3.1 Sistema de fogo e gás do processo . . . . . . . . . . . 57

3.4.3.2 Sistema de fogo e gás da CCL . . . . . . . . . . . . . . 59

3.4.4 Sistema de gerenciamento de ativos . . . . . . . . . . . . . . . . 60

3.4.5 Sistema de sequenciamento de eventos . . . . . . . . . . . . . . 62

3.4.6 Rede de manutenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

3.4.7 Analisadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

3.4.7.1 Analisadores de processo . . . . . . . . . . . . . . . . 64

3.4.7.2 Sistema de monitoramento de emissões . . . . . . . . 67

3.4.8 Fornos a chama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

3.4.8.1 Comunicação com outros sistemas . . . . . . . . . . . 69

3.4.9 Máquinas de grande porte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

3.4.9.1 Arquitetura genérica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

3.4.10 Automação e proteção do sistema elétrico . . . . . . . . . . . . . 73

3.4.10.1 Acionamento de motores . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

3.5 Arquitetura geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

3.5.1 Comunicações não protocoladas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

3.5.2 Comunicações em rede . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

3.6 Arquiteturas especificas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

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3.6.1 Turboexpansor acionando um gerador elétrico . . . . . . . . . . 82

3.6.1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

3.6.1.2 Instrumentação e controle . . . . . . . . . . . . . . . . 82

3.6.1.3 Arquitetura de automação . . . . . . . . . . . . . . . . 84

4 Resultados 87

4.1 Documentos de arquiteturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

4.1.1 Metodologia de elaboração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

4.2 Melhorias no projeto FEED . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

5 Conclusões e perspectivas 91

5.1 Perspectivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92

Referências 93

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Glossário

AMDAS Analyzer Maintenance and Data Acquisition SystemAMS Asset Management SystemANSI American National Standards InstituteAPC Advanced Process ControlASM Analyzer System ManagerCAD Computer Aided DesignCCL casa de controle localCCM centro de controle de motoresCDC centro de distribuição de cargasCEMS Continuous Emission Monitoring SystemCLP controlador de lógica programávelCIC centro integrado de controleEIA Electronic Industries AllianceEPC Engineering, Procurement and ConstructionE/S entrada/saídaERP Enterprise Resource PlanningESD Emergency Shutdown SystemFCC Fluidic Catalytic CrackingFEED Front End Engineering DesignFF Foundation FieldbusF&G Sistema de fogo e gásF&GBA Fire and Gas Building AutomationFMS Factory Message SpecificationHVAC Heating, Ventilation and Air CoditioningIED Inteligent Electronic DeviceIEEE Institute of Electrical and Electronics EngineersIHM interface homem-máquinaISA The Instrumentation, Systems, and Automation SocietyISO International Organization for StandardsMES Manufacturing Execution SystemLAN Local Area NetworkLCP Local Control PanelLIMS Laboratory Information Management SystemLP Local PanelOPC-DA Data Access OPC SpecificationOPC-A&E Alarms & Events OPC SpecificationOPC-UA Unified Architecture OPC SpecificationOSI Open Systems InterconnectionPASE proteção e automação do sistema elétricoPES Programmable Electronic SystemP&ID Process and Instrumentation DiagramPIMS Plant Information Management SystemRCP Remote Control Panel

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RMN rede de manutençãoRTO Real Time OptimizationRTPM Real Time Performance ManagementSDCD sistema digital de controle distribuídoSIF Safety Instrumented FunctionSIL Safety Integrity LevelSIS sistema instrumentado de segurançaSOE Sequence of EventsVSD Variable Speed Driver

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Lista de Figuras

1.1 Áreas de atuação da Chemtech . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

1.2 Cronograma de atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

2.1 Hierarquia de automação de uma refinaria . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

2.2 Arquitetura conceitual de um SIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

2.3 Sistema SOE externo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

2.4 Sistema SOE integrado ao SDCD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

2.5 Conexão tradicional de sensores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

2.6 Rede de sensores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

2.7 Modelo de referência OSI/ISO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

2.8 Topologia da rede FF H1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

2.9 Estrutura do protocolo Modbus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

3.1 Arquitetura do complexo petroquímico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

3.2 Arquitetura conceitual de uma unidade de processo . . . . . . . . . . . 49

3.3 Simbologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

3.4 Arquitetura do SDCD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

3.5 Arquitetura do SIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

3.6 Arquitetura do sistema de F&G . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

3.7 Arquitetura do sistema de F&GBA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

3.8 Arquitetura do AMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

3.9 Arquitetura do sistema SOE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

3.10 Arquitetura da rede RMN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

3.11 Analisadores - arquitetura 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

3.12 Analisadores - arquitetura 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

3.13 Analisadores - arquitetura 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

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3.14 Arquitetura do CEMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

3.15 Arquitetura de um forno a chama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

3.16 Arquitetura de uma máquina rotativa genérica . . . . . . . . . . . . . . . 72

3.17 Arquitetura do PASE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

3.18 Arquitetura de uma unidade genérica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

3.19 Comunicações não-protocoladas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

3.20 Comunicações em rede . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

3.21 Turboexpansor em uma unidade de FCC . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

3.22 Diagrama P&ID simplificado do turboexpansor . . . . . . . . . . . . . . 83

3.23 Arquitetura dos turboexpansores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

4.1 Documento de arquitetura de automação . . . . . . . . . . . . . . . . . 88

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Capítulo 1: Introdução

O início da produção de petróleo na jazida Tupi, no pólo do pré-sal, no dia 1o de

maio de 2009, representou um marco na história do Brasil e da indústria petrolífera do

mundo. Com a capacidade de produção do pré-sal, o país entra para o seleto grupo

dos países com grandes reservas petróleo e com capacidade de exportação desta

fonte de energia.

Entretanto, se por um lado o Brasil já é auto-suficiente na produção de petróleo

desde 2006 (ou seja, produz-se mais óleo do que a quantidade total importada), o

mesmo não se pode dizer em relação à produção de derivados de petróleo com maior

valor agregado, tais como gasolina, propeno e eteno. Isso se deve ao fato que a

capacidade de refino atualmente instalada no país não é capaz de atender a demanda

interna. A última refinaria construída no Brasil foi a Revap (Refinaria Henrique Lage),

inaugurada em 1980.

Após um período de mais de 20 anos sem grandes investimentos no setor pe-

troquímico, o governo brasileiro anunciou em 2008 a construção (por parte da Pe-

trobras) de 4 novas refinarias no país. Estas novas unidades processarão petróleo

pesado da Bacia de Campos e do Pré-Sal, garantindo não só a auto-suficiência em

derivados como também a exportação destes produtos.

Dentre todas as atividades industriais, o refino de petróleo está entre as que

possuem maior grau de automação. A evolução das técnicas de controle de pro-

cessos, acompanhada do desenvolvimento da tecnologia da informação, permite que

atualmente todo o processo de produção de uma refinaria seja executado de maneira

automática, através de sistemas de controle digitais e de sistemas de informação para

o gerenciamento da produção. Aos operadores, cabe a supervisão do processo e a

manutenção do sistema.

Diante deste cenário, o projeto dos sistemas de automação de uma refinaria

constitui-se em uma complexa atividade que exige trabalhos em diferentes níveis, ba-

seados em diretrizes, normas, padrões industriais e tecnologias disponíveis. Além

disso, devido ao grande período sem investimentos em novas refinarias e em siste-

mas de automação modernos para as já existentes, o Brasil possui atualmente uma

escassez de tecnologias e engenheiros treinados para estas tarefas.

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1.1: Objetivos do trabalho

Este trabalho tem por objetivo elaborar o projeto pré-detalhado das arquiteturas

de automação de 27 unidades de processo de um complexo petroquímico as quais a

empresa Chemtech ficou responsável pelo projeto de pré-detalhamento (FEED - Front

End Engineering Design).

Entende-se como “arquitetura de automação” a especificação dos equipamen-

tos e sistemas de automação necessários para a execução das tarefas de controle

e gerenciamento do complexo, bem como a integração destes sistemas. O termo

“pré-detalhamento”, por sua vez, refere-se à etapa de FEED do projeto do complexo,

no qual está contextualizado o trabalho. Por último, entende-se como “unidades de

processo” as unidades principais do complexo, responsáveis pelo refino do petróleo.

Além destas unidades principais, um complexo petroquímico também possui unidades

de utilidades e facilidades, tais como de transporte de materiais e geração de energia

elétrica. O resultado final esperado para o trabalho é a elaboração de documentos de

arquiteturas de automação para as unidades de processo do complexo petroquímico.

Definiu-se em reunião com o cliente que o objetivo de um documento de ar-

quitetura de automação é pré-detalhar os principais equipamentos, instrumentos e

sistemas de automação presentes na unidade e localizados no campo ou na casa

de controle local (CCL), bem como a interface destes com o centro de controle inte-

grado (CIC). O detalhamento da arquitetura do CIC, por sua vez, será feito na etapa

de projeto detalhado, e não nesta etapa de pré-detalhamento.

Durante a etapa de FEED, os documentos de arquitetura serão utilizados como

referência para a elaboração de listas de entradas e saídas (E/S) do SDCD (sistema

digital de controle distribuído) e do PES (Programmable Electronic System) e listas

de portas de comunicação. Além disso, os documentos serão utilizados na fase de

detalhamento para apresentar uma visão geral de automação das unidades.

Em relação às etapas do projeto FEED do complexo, o documento de arquite-

tura de automação faz parte da etapa de complementação do projeto básico (explicado

na seção 1.4).

15

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1.2: Justificativa e contextualização

O projeto do complexo petroquímico permitirá ao Brasil reduzir importações de

petroquímicos como nafta e gerar produtos de segunda geração para o mercado in-

terno e externo. Além disso, o projeto de um complexo petroquímico fomenta a enge-

nharia nacional e permite a geração de milhares de emprego direta e indiretamente.

O trabalho está diretamente relacionado ao curso de graduação em Engenharia

de Controle e Automação da UFSC. A disciplina de Processos em Engenharia (DAS-

5151) forneceu a base para o entendimento dos principais processos e equipamentos

presentes em uma refinaria. A disciplina de Instrumentação em Controle (DAS-5151)

forneceu princípios de instrumentação industrial. A disciplina de Informática Industrial

I (DAS-5305) permitiu o entendimento de sistemas de automação como CLPs, senso-

res e atuadores inteligentes. A disciplina de Redes de Computadores para Automação

Industrial (DAS-5314) permitiu uma visão dos princípios utilizados em comunicação de

sistemas controle e automação, bem como das principais tecnologias de rede dispo-

níveis.

O projeto também se insere no contexto do Programa de Recursos Humanos

PRH-34/ANP/MCT, que tem como objetivo a formação de engenheiros para atuar na

área de automação, controle e instrumentação para o setor de petróleo e gás natural.

As disciplinas de especialização cursadas durante o programa contribuíram direta-

mente para a realização deste trabalho, sobretudo a disciplina de Automação Aplicada

à Indústria do P&G (DAS-5921), que permitiu, dentre outras coisas, a familiarização

com tecnologias como Foundation Fieldbus. Também deve-se destacar que o trabalho

desenvolvido durante o estágio no programa (Projeto de uma Unidade para Pesquisa

de Medição e Controle de Escoamento Multifásico [1]) e como estágio do curso de

Automação (DAS-5501) permitiu o estudo de tópicos de instrumentação e automação

aplicados ao projeto de uma unidade de processo.

1.3: A Chemtech

Fundada em 1989 por três engenheiros químicos recém formados pelo Instituto

Militar de Engenharia (IME), no Rio de Janeiro, a Chemtech (das iniciais de Chemical

Engineering e Information Technology ) é uma empresa de consultoria e prestação de

serviços em engenharia básica, tecnologia da informação, controle e automação. A

figura 1.1 mostra um esquemático com as áreas de atuação da Chemtech.16

Page 19: Pré-detalhamento das arquiteturas de automação de unidades ...wbezerra.com.br/prh34/site/trabahos_finais/graduacao/Cleiton M. de... · Com a capacidade de produção do pré-sal,

Os primeiros projetos da Chemtech visavam o desenvolvimento de engenharia

básica e simulação para a indústria de processos. O PETROX - simulador de processo

desenvolvido para a Petrobras e ainda hoje utilizado por esta empresa - é um exemplo

de projeto pioneiro que teve grande sucesso e abriu caminho para a Chemtech ampliar

seus clientes e área de atuação.

Em 1999, a Chemtech adquiriu a empresa EGS (Engineering Sciences) e pas-

sou a contar com maior experiência nas áreas de MES e PIMS. Isso possibilitou o

desenvolvimento de novos projetos como o MES da Companhia Siderúrgica Nacional

(CSN).

Em março de 2001, a empresa foi escolhida pela Siemens para ser a respon-

sável pela área de tecnologia da informação para plantas de processo nos países do

Mercosul e no México, e passou a fazer parte da divisão I&P (Industry and Plants)

do grupo I&S (Industrial Solutions and Services). Em 2008, com a reestruturação do

grupo Siemens, a empresa passou para a divisão Oil & Gas do setor Energy.

Atualmente, a Chemtech possui cerca de 1200 funcionários e escritórios no Rio

de Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Manaus, Porto Alegre, Vitória e em

Houston, nos Estados Unidos da América. A empresa é líder brasileira no forneci-

mento de soluções de otimização para as indústrias de processos e atua em diversos

países, como Alemanha, Estados Unidos, Rússia, Japão, Cingapura, Tailândia, Arábia

Saudita, França, África do Sul, Canadá e Espanha. Entre os principais clientes da

Chemtech, destacam-se Petrobras, Vale, CSN, Braskem, ExxonMobil, Saudi Aramco

e Shell, entre outras.

Em 2009, a Chemtech foi eleita empresa mais inovadora do Brasil pela Fun-

dação Getúlio Vargas e pelo Great Places to Work Institut (GPWI). Foi eleita ainda

a segunda melhor empresa para se trabalhar no Brasil em uma pesquisa feita pelo

GPWI e pela revista Época, tendo conquistado o primeiro lugar nos dois anos anterio-

res. Desde 2004, figura na lista das melhores empresas, de acordo com pesquisas de

clima organizacional.

1.4: Projeto FEED do complexo

Este trabalho está inserido no contexto do projeto de pré-detalhamento (FEED)

de um complexo petroquímico. Nas seções abaixo serão introduzidas as principais

fases de um empreendimento industrial, o conceito e os objetivos de um projeto FEED.

17

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Figura 1.1: Áreas de atuação da Chemtech

Para uma discussão geral sobre projetos de empreendimento industrial e uma

discussão aprofundada sobre anteprojeto, sugere-se o trabalho de Casarotto [7]. Uma

metodologia específica para projetos de automação de processos é discutida no livro

[13]. Lucci, Concer e Santana [9] apresentam uma visão geral e a importância da

etapa de FEED do ponto de vista do projeto de instrumentação.

1.4.1: Fases de um projeto industrial

O projeto de um empreendimento industrial é geralmente dividido em 3 etapas

principais:

1. Projeto conceitual;

2. Projeto básico;

3. Projeto detalhado.

O projeto conceitual visa definir os objetivos do projeto e as possibilidades de

soluções para atingir estes objetivos. Como exemplo, pode-se definir que o objetivo

de uma planta é produzir uma certa quantidade de propeno por dia. Para atingir este

objetivo, podem existir diversas tecnologias disponíveis. No projeto conceitual, estas

alternativas são levantadas e analisadas. No final desta fase, tem-se uma estimativa

inicial de custos do projeto.

O projeto básico visa selecionar uma alternativa dentre as várias propostas no

projeto conceitual e então realizar um projeto inicial considerando esta tecnologia.

Nesta fase, são definidos as características principais dos processos, equipamentos,18

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sistemas e construções, sem no entanto detalhar estas caracetrísticas. No final do

projeto básico, obtém-se uma estimativa de custos mais precisa que a realizada no

projeto conceitual.

Por último, o projeto de detalhamento visa especificar todas as características

do projeto, possibilitando a construção, compra de materiais, equipamentos e a mon-

tagem. Como exemplo, uma vez especificadas as características dos equipamentos,

um determinado fornecedor é selecionado.

Em alguns projetos, a etapa de detalhamento é feita pela mesma empresa res-

ponsável pela construção da unidade. Neste caso, a etapa é denominada EPC (Engi-

neering, Procurement and Construction). Este é o caso do projeto deste trabalho.

1.4.2: Projeto FEED

O projeto de pré-detalhamento (FEED - Front End Engineering Design) é uma

etapa intermediária e híbrida entre o projeto básico e o detalhado que tem como obje-

tivo principal antecipar algumas etapas de forma a possibilitar uma melhor estimativa

de custos do projeto. Além disso, o FEED antecipa o projeto e compra de equipa-

mentos críticos ao processo que, devido ao seu tamanho e complexidade, poderiam

atrasar o início de operação de uma unidade. Por exemplo, o processo de compra de

um compressor de grande porte específico para uma unidade de processo (incluindo

licitação, especificação, construção e transporte) pode demorar até 3 anos. O projeto

de detalhamento de uma refinaria, por sua vez, pode ser realizado num período de 2

ou 3 anos também. Por isso, se o compressor for especificado e comprado somente

na etapa do projeto detalhado, corre-se o risco de atrasar o início de operação do

empreendimento.

O projeto FEED pode ser divido em três etapas:

1. Análise de consistência do projeto básico;

2. Complementação do projeto básico;

3. Projeto FEED.

Na etapa análise de consistência, as informações dos documentos do projeto

básico são verificadas se estão coerentes com os critérios técnicos do projeto e con-

sistentes entre si. Como exemplo, confrontam-se informações de folhas de dados de19

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instrumentos e equipamentos com diagramas de processo e instrumentação (P&ID -

Process and Instrumentation Diagram).

A etapa de complementação do projeto básico consiste em detalhar algumas

informações a fim de permitir a execução da etapa de FEED. O nível de detalhamento

não deve ser tal qual no projeto detalhado, mas deve ser suficiente para que os quan-

titativos possam ser estimados com a precisão requerida. Além disso, a complemen-

tação do projeto básico possui a finalidade de auxiliar a etapa de detalhamento. Como

exemplos de documentos de instrumentação gerados nesta etapa, têm-se diagramas

P&IDs, matrizes de causa e efeito e memoriais descritivos.

Por último, a etapa de FEED propriamente dita consiste em levantar o quantita-

tivo de materiais, equipamentos, cabos, instrumentos, etc., possibilitando assim uma

melhor estimativa de custos do projeto. Como exemplo de documentos gerados nesta

etapa em um projeto de instrumentação e automação têm-se: plantas de locação de

instrumentos, listas de instrumentos, listas de E/S de CLPs, listas de portas de comu-

nicação, listas de cabos, etc.

1.5: Metodologia

Para a elaboração das arquiteturas de automação das unidades, foram definidas

7 etapas:

1. Estudo da arquitetura de automação geral do complexo;

2. Estudo de sistemas de automação de processos;

3. Esboço de uma arquitetura conceitual;

4. Levantamento e análise de requisitos;

5. Pré-detalhamento das arquiteturas de sistemas e equipamentos;

6. Elaboração da arquitetura de uma unidade genérica;

7. Elaboração das arquiteturas específicas de cada unidade.

Na primeira etapa, realizou-se um estudo sobre a arquitetura de automação

geral do complexo petroquímico, definida durante o projeto básico. O estudo abran-

geu o levantamento de documentos de critérios de projeto, memoriais descritivos e20

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desenhos. Através dele foram definidos os principais sistemas e equipamentos de

automação presentes numa unidade de processo.

Em paralelo à etapa 1, realizou-se também um estudo sobre os sistemas sob

a óptica de suas arquiteturas. O estudo foi baseado em artigos, livros, catálogos e

também em cursos e palestras realizadas durante o período do trabalho. Dentre os

cursos, destacam-se os de interpretação de fluxogramas de engenharia e o curso de

AutoCAD básico. Dentre as palestas, destacam-se temas como sistemas digitais de

controle distribuído e sistemas integrados de fogo e gás.

Uma vez levantados os principais equipamentos e sistemas de automação do

complexo petroquímico, elaborou-se na etapa 3 uma arquitetura conceitual para uma

unidade de processo genérica. Esta arquitetura serviu como base para a definição

das arquitetura pré-detalhadas.

Após a definição da arquitetura conceitual, a etapa 4 consistiu no levantamento

de requisitos dos sistemas obtidos a partir da documentação estudada na etapa 1.

Estes requisitos, juntamente com a arquitetura conceitual e com o estudo dos siste-

mas, permitiram a realização do pré-detalhamento das arquiteturas de automação das

unidades.

Completado o pré-detalhamento dos sistemas, elaborou-se na etapa 5 uma ar-

quitetura de automação para uma unidade de processo genérica. Esta arquitetura foi

utilizada como base para a elaboração das arquiteturas específicas.

A sétima e última etapa consiste na elaboração da arquitetura específica para

cada unidade. Como exemplo de arquitetura específica, apresenta-se pré-detalhamento

do sistema de automação de um turboexpansor.

1.6: Cronograma de atividades

O trabalho relacionado ao desenvolvimento das arquiteturas de automação foi

iniciado em abril de 2009 e está previsto para finalizar em outubro do mesmo ano. O

digrama de Gantt da figura 1.2 mostra o cronograma de atividades.

Um ponto importante de ser comentado é que o prazo estipulado para a emis-

são dos documentos de arquiteturas das primeiras unidades fez com que no início do

trabalho todas etapas fossem executadas em paralelo. Por isso, demorou-se um pe-

ríodo maior que o desejado para que o desenvolvimento de uma arquitetura genérica

21

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Figura 1.2: Cronograma de atividades

chegasse ao nível desejado de maturidade.

1.7: Organização do documento

Esta monografia foi elaborada de forma a apresentar o trabalho seguindo as

etapas da metodologia proposta.

O capítulo 2 apresenta um estudo sobre os principais equipamentos e siste-

mas de automação presentes em um complexo petroquímico. Descreve-se os sis-

tema digital de controle distribuído - SDCD (seção 2.2.1), o sistema instrumentado

de segurança - SIS (seção 2.2.2), sistema de gerenciamento de ativos - AMS (seção

2.2.3) e sistema de sequenciamento de eventos - SOE (seção 2.2.4). Discutem-se

as principais tecnologias de rede utilizadas no complexo petroquímico (seção 2.4).

Apresenta-se ainda conceitos de automação de máquinas de grande porte (e.g. com-

pressores) (seção 2.3). Os conceitos apresentados neste capítulo fornecem a base

para a realização do pré-detalhamento.

No capítulo 3 desenvolve-se a etapa de pré-detalhamento propriamente dita.

Inicialmente, apresenta-se uma arquitetura geral do complexo petroquímico (seção

3.1). Em seguida, apresentam-se os principais requisitos e critérios para o projeto

de automação das unidades de processo (seção 3.2). Elabora-se então uma arqui-

tetura pré-detalhada para uma unidade genérica (3.5). Por último, como exemplo de

arquitetura específica elaborada, apresenta-se a arquitetura de automação de um tur-

boexpansor acionando um gerador (seção 3.6).

No capítulo 4 são apresentados e discutidos os resultados, em termos de docu-22

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mentos gerados e melhorias proporcionadas ao projeto FEED do complexo.

Por fim, no capítulo 5 são apresentadas as conclusões e perspectivas do traba-

lho.

1.8: Considerações

Buscou-se utilizar ao longo deste trabalho termos e siglas em português para

os sistemas de automação, como por exemplo SDCD (sistema digital de controle dis-

tribuído) ao invés de DCS (Distributted Control System). Entretanto, verificou-se que

não existem na literatura siglas difundidas em português para alguns sistemas, como

por exemplo para o sistema de gerenciamento de ativos (AMS - Asset Management

System). Neste caso, preferiu-se manter a sigla em inglês.

23

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Capítulo 2: Automação de procesos

Neste capítulo são apresentados os principais sistemas de automação utiliza-

dos no complexo petroquímico. Não pretende-se discutir a fundo todos os sistemas,

mas sim apresentar uma visão geral daqueles que são fundamentais em automação

de processos contínuos.

Inicialmente, apresenta-se na seção 2.1 um modelo de hierarquia de automação

em uma refinaria. Em seguida, apresentam-se na seção 2.2 os principais sistemas de

automação encontrados em uma unidade de processo de uma refinaria ou complexo

petroquímico. Discute-se também, na seção 2.3, conceitos de automação de máqui-

nas de grande porte. Por último, a fim de permitir a integração dos diferentes sistemas

pertencentes aos diferentes níveis da hierarquia de automação, apresenta-se na se-

ção 2.4 as redes de comunicação industriais.

2.1: Hierarquia de automação

Se por um lado os processos de manufatura beneficiam-se de modelos e ter-

minologias padrões, tal como o a norma ISA-95.00.01/2000 [8], não se encontra na

literatura um modelo padronizado semelhante para a área de automação de proces-

sos.

A fim de permitir uma visão geral da arquitetura e hierarquia de automação de

uma refinaria, elaborou-se uma arquitetura conceitual, mostrada na figura 2.1. Nesta

arquitetura, os sistemas foram dispostos em níveis segundo uma hierarquia de con-

trole e gerenciamento do processo.

No nível inferior encontram-se os instrumentos de campo, tais como válvulas,

transmissores, painéis, etc. Estes instrumentos são conectados a controladores atra-

vés de redes de campos (e.g. Foundation Fieldbus ou Profibus). Cada unidade da

refinaria pode possuir um ou mais controladores, e em geral módulos de um sistema

digital de controle distribuído (SDCD).

Num segundo nível, os controladores comunicam-se entre si através de uma

rede de controle. Esta rede é utilizada também para a interface com os sistemas de

automação.

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Figura 2.1: Hierarquia de automação de uma refinaria

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O terceiro nível é constituído por sistemas automação e informação tais como

sistema de controle avançado (APC - Advanced Process Control), sistema de oti-

mização do processo, (RTO - Real Time Optimizer ), MES (Manufacturing Execution

System), LIMS (Laboratory Information Management System), PIMS (Plant Informa-

tion Management System), sistema de sequenciamento de eventos (SOE - Sequence

of Events System) e sistema de gerenciamento de ativos (AMS - Asset Management

System).

Em um quarto nível encontram-se sistemas corporativos responsáveis pelo ge-

renciamento da produção, tais como o ERP (Enterprise Resource Planning) e o RTPM

(Real Time Performance Management).

Por último, em um quinto nível, encontram-se sistemas de informação como

páginas e portais web, acessíveis através de redes Intranet, Extranet ou ou através

da Internet.

2.2: Sistemas de automação

Nesta seção apresentam-se os principais sistemas de automação utilizados em

uma unidade de processo de uma refinaria: sistema digital de controle distribuído

(SDCD), sistema instrumentado de segurança (SIS), sistema de gerenciamento de

ativos (AMS) e sistema de sequenciamento de eventos (SOE). As principais caracte-

rísticas e arquiteturas gerais destes sistemas são discutidas de forma a possibilitar o

pré-detalhamento no capítulo 3.

2.2.1: Sistema digital de controle distribuído

O sistema digital de controle distribuído (SDCD) pode ser definido como uma

combinação de hardware (instrumentos de campo, painéis, servidores e estações de

operação), redes (topologia, protocolos e conversores) e aplicativos (para supervisão,

aquisição e controle).

As principais funções de um SDCD são a aquisição de dados, controle do pro-

cesso e supervisão. Além disso, sistemas modernos incluem as seguintes funcionali-

dades:

• Estratégias de controle avançado e otimização;

26

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• Gerenciamento de alarmes;

• Gerenciamento de ativos;

• Sequenciamento de eventos;

Na figura 2.1 podem-se observar, numa arquitetura conceitual, módulos de

controle, estação de engenharia e alguns sistemas de automação presentes em um

SDCD.

Os instrumentos de campo são conectados ao SDCD através caixas de junções,

painéis de rearranjo e cartões de E/S. As caixas de junções, localizadas no campo,

reúnem uma porção de pares de cabos de instrumentos e os juntam em um único

multicabo. Na CCL, estes multicabos são levados até o painel de rearranjo onde cada

par é então conectado na respectiva porta do cartão. No caso de instrumentos em

rede, um único par de fio correspondente a cada seção da rede é ligado ao cartão do

SDCD, sem a necessidade de um painel de rearranjo.

Os sistemas computacionais são armazenados em gabinetes verticais que in-

cluem fontes de alimentação, painéis de distribuição e módulos. Os módulos de con-

trole são dispositivos microprocessados no qual possuem as funções de controle em-

barcadas.

As estações de engenharia são utilizadas para configuração, manutenção, ope-

ração e supervisão do processo. Localizam-se geralmente em salas de controle.

2.2.2: Sistema instrumentado de segurança

Sistemas instrumentados de segurança (SIS), ou sistemas de desligamentos de

emergência (ESD - Emergency Shutdown System) são uma classe de sistemas res-

ponsáveis pela segurança operacional de unidades e equipamentos industriais. Eles

causam a parada de emergência ou impedem a operação insegura sempre que as

condições de processo ultrapassam os limites preestabelecidos como seguros, ou que

se estabeleçam condições operacionais perigosas [2]. O objetivo final é evitar aciden-

tes, tais como incêndios, explosões e descarga de produtos perigosos ou poluentes à

atmosfera.

A norma IEC 61511 define o SIS como:

Implementação de uma ou mais funções de segurança (SIF – Safety Instrumented

27

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Figura 2.2: Arquitetura conceitual de um SIS - Adaptado de [6]

Functions). Um SIS é composto por combinação de sensores, executores de lógica e

atuadores.

Um exemplo simples de SIF é: Se o nível no vaso A exceder um determinado

valor, então feche a válvula de controle. Um sistema instrumentado de segurança pode

consistir em diversas SIFs, e uma SIF pode consistir em um único ou múltiplos grupos

de sensores e atuadores. Além disso, um mesmo grupo de sensores e atuadores

podem fazer parte de mais de uma SIF [6].

A figura 2.2 mostra os componentes de um sistema SIS independente que provê

a função SIF descrita anteriormente. Nesta figura, é possível identificar os principais

elementos de um SIS: sensores, executor de lógica e atuadores. O executor de lógica

consiste em um CLP com certificação para um determinado nível de integridade de

segurança (SIL - Safety Integrity Level), e é comumente chamado de PES (Program-

mable Electronic System).

2.2.3: Gerenciamento de ativos

Os modernos sistemas de diagnóstico e manutenção, conhecidos como siste-

mas de gerenciamento de ativos (AMS – Assset Management System), trabalham co-

nectados à rede de instrumentos, monitorando continuamente suas condições e seus

auto-diagnósticos. Eles estão preparados para notificar o técnico sobre qualquer pos-

sibilidade de falha nos instrumentos da planta ou quando a manutenção programada

é necessária [10].

O sistema de gerenciamento de ativos permite a realização de diagnóstico re-

moto de instrumentos da planta através de uma interface de software. É possível, por

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exemplo, identificar instrumentos com problemas sem a necessidade de retirá-los da

planta e levá-los a uma sala de manutenção. É possível ainda realizar ajustes no ins-

trumento diretamente a partir da interface remota, sem a necessidade de se deslocar

até o campo.

O AMS permite ainda o gerenciamento de manutenções preventivas e prediti-

vas. Na manutenção preventiva, os equipamentos são checados e testados segundo

um planejamento periódico, onde o intervalo de tempo entre as manutenções é defi-

nido pelo fabricante ou pela equipe de manutenção. Quando existe a necessidade da

manutenção preventiva, o sistema notifica o usuário na tela de alarmes de manuten-

ções pendentes e/ou através de notificações via email. Já na manutenção preditiva, o

sistema monitora continuamente parâmetros de instrumentos os quais permitem iden-

tificar até quando o dispositivo pode operar em um nível seguro, sem ocorrência de

falhas. Este tipo de manutenção permite a operação contínua do instrumento pelo

maior tempo possível antes dele sofrer manutenção ou substituição.

O acesso às informações do instrumento para análise e configuração pode ser

feito de diferentes formas.

Os modernos sistemas de SDCD em geral possuem aplicativos próprios para o

gerenciamento de ativos. Entretanto, pode acontecer destes sistemas não possuírem

todas as funcionalidades e características desejadas. Neste caso, uma solução é

utilizar um aplicativo de AMS externo ao SDCD e realizar o acesso/escrita de dados

nos instrumentos através do protocolo OPC (seção 2.4.3.6).

Os modernos CLPs (controladores de lógica progamável) possuem cartões de

entrada 4− 20 mA + HART capazes de filtrar as informação HART do sinal analógico

e disponibilizá-la numa porta de saída. Desta forma, é possível conectar as saídas do

CLP a um multiplexador HART e acessá-las a partir de uma estação de engenharia.

Caso o CLP não ofereça saída HART, pode-se utilizar um dispositivo externo (interme-

diário entre o instrumento e o CLP) para filtrar o sinal HART e multiplexá-lo.

O gerenciamento de ativos pode também ser feito através de um computador de

mão capaz de ler e escrever informações HART, que pode ser conectado diretamente

ao instrumento sem interromper seu funcionamento.

Em todos os casos, o gerenciamento de ativos só pode de ser feito com “ins-

trumentos inteligentes”, ou seja, instrumentos com poder de microprocessamento. As

informações são enviadas e recebidas através de um protocolo de comunicação digi-

tal, tal como HART, Foundation Fieldbus ou Profibus.29

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2.2.4: Sequenciamento de eventos

Um dos principais problemas encontrados na indústria de processos é deter-

minar a causa inicial de um eventual desligamento de emergência automático do sis-

tema. Isso porque numa situação como esta diversos alarmes e intertravamentos são

gerados num período de tempo muito curto, de forma que a resolução de estampagem

de tempo do CLP ou controlador muitas vezes não permite determinar com precisão

qual evento ocorreu primeiro. A situação se agrava quando os alarmes e intertra-

vamentos são gerados em sistemas distintos, com relógios não sincronizados. Por

outro lado, é de extrema importância saber a causa de um desligamento de emergên-

cia afim de evitar uma nova ocorrência deste desligamento ou mesmo evitar eventos

catastróficos.

O sistema de sequenciamento de eventos (SOE - Sequence of Events System

ou SOR - Sequence of Events Recorder ) possui como objetivo o registro de intertrava-

mentos e alarmes que ocorreram no processo de forma a permitir uma análise destes

em casos de desligamentos de emergência.

2.2.4.1: Arquiteturas

Existem basicamente três arquiteturas de sistemas SOE:

• Sistema dedicado;

• Sistema integrado ao controlador (SDCD, PES, CLP);

• Sistema híbrido.

Os sistemas dedicados, cuja arquitetura é mostrada na figura 2.3, são constituí-

dos de processadores, módulos de entrada, aplicativos e impressoras a fim de permitir

a tarefa de sequenciamento de eventos. As saídas de intertravamento de instrumentos

e controladores são duplicadas (geralmente por duplicadores de estado sólido, para

não introduzir atrasos) e então conectadas à entrada do sistema externo.

Embora na arquitetura da figura 2.3 o sistema foi representado como um único

equipamento, a arquitetura de um sistema SOE dedicado pode ser distribuída, de

forma a exisitr módulos para captura de eventos de cada subsistema e um módulo

principal para ordenação e sincronização.

30

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Figura 2.3: Sistema SOE externo - adaptado de [11]

Figura 2.4: Sistema SOE integrado ao SDCD - adaptado de [11]

31

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Atualmente, diversos CLPs e a maioria dos SDCDs já possuem funções de SOE

incorporadas no equipamento, como mostrado na figura 2.4. No caso de CLPs, uma

solução adotada é utilizar um microprocessador exclusivo para monitorar as portas

do CLP e executar a função de sequenciamento, independentemente do processador

de lógica. As informações do sequenciamento podem ser disponibilizadas a outros

sistemas a partir de comunicação em rede. No caso de SDCDs, além dos processa-

dores dedicados nos cartões de entrada, é comum os sistemas apresentarem também

aplicativos especializados para o SOE.

Por último, pode-se ter um sistema híbrido no qual cada controlador executa o

registro de todos os eventos relacionados a ele (como por exemplo CLPs com fun-

ções de SOE) e repassa então este registro a um sistema superior, responsável por

armazenar, ordenar e exibir estes eventos.

A arquitetura híbrida é muitas vezes mais vantajosa financeiramente em rela-

ção à arquitetura totalmente dedicada. Entretanto, a sincronização entre os diversos

controladores torna-se um problema; nestes casos, uma solução de sincronização, tal

como sincronização por GPS (Global Positioning System), deve ser adotada.

2.3: Automação de grandes máquinas

Nesta seção apresenta-se uma discussão sobre automação de máquinas. Os

conceitos apresentados serão utilizados posteriormente na seção 3.4.9 a fim de per-

mitir o desenvolvimento das arquiteturas de automação das máquinas encontradas no

complexo petroquímico.

Utilizou-se como referência o trabalho de Campos e Filho [3]. Embora este

artigo foque em arquiteturas de automação para compressores dinâmicos (centrífugos

ou axiais), grande parte dos conceitos apresentados e características das arquiteturas

propostas são comuns a outras máquinas de grande porte, tais como compressores

volumétricos (alternativos e rotativos), sopradores, bombas e turbinas.

Campos e Filho [3] dividem a arquitetura de automação de uma máquina de

grande porte em 4 sistemas:

• Sistema de óleo de lubrificação e de comando;

• Sistema de monitoramento operacional;

32

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• Sistema de controle;

• Sistema de intertravamento.

2.3.1: Sistema de óleo de lubrificação e de comando

O objetivo do sistema de óleo de lubrificação e de comado é garantir a circula-

ção do óleo de lubrificação, pois sua falta pode danificar seriamente todo o conjunto

rotativo. O sistema também é responsável pelo comando de atuadores hidráulicos.

2.3.2: Sistema de monitoramento

O objetivo do sistema de monitoramento operacional, conforme o nome sugere,

é monitorar as principais variáveis de operação da máquina, as quais podem fornecer

um diagnóstico desta. Como exemplo de variáveis, tem-se a temperatura dos mancais

de rolamento e os níveis de vibração axial e radial.

As informação podem ser coletadas e monitoradas por um dispositivo dedicado

(solução mais utilizada e recomendada para grandes máquinas) ou então pelo próprio

CLP de controle e intertravamento do equipamento. Em todos os casos, a medição das

variáveis de interesse deve ser feita a partir de sensores exclusivos, independentes do

sistema de controle. Além disso, no caso de um sistema de monitoramento dedicado,

este deve se comunicar com o CLP da máquina enviando informações de alarmes e

informações de estado das variáveis.

Os sistemas de monitoramento dedicados podem ser classificados em duas ca-

tegorias: monitoramento contínuo (figura 2.5) e monitoramento por varredura (figura

2.6). Nos sistemas de monitoramento contínuo, os sensores são conectados ao dis-

positivo de monitoramento de forma direta, ponto-a-ponto, formando uma topologia

em estrela. Estes sistemas destinam-se a máquinas críticas cujas variáveis devem

ser monitoradas em curtos espaços de tempo. Já nos sistemas de monitoramento

por varredura, os sensores são conectados ao dispositivo através de um barramento,

utilizando uma rede de sensores. Conforme discutido na seção 2.4.1.1, as redes de

sensores possuem a vantagem de reduzir custos na ligação. Entretanto, o uso de

uma rede pode fazer com que o dispositivo demore alguns segundos ou minutos para

fazer a leitura (ou “varrer”) todos os instrumentos ligados ao barramento. Este tipo de

sistema é utilizado em máquinas não críticas.

33

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2.3.3: Sistema de controle

Os sistemas de controle existentes em uma máquina rotativa de grande porte

são: o controle de capacidade e o controle antisurge.

O controle de capacidade é responsável por adequar a vazão correspondente à

demanda instantânea do processo. Geralmente, este controle é feito a partir do SDCD,

o qual envia um sinal correspondente à referência (setpoint)para o controle de rotação

da máquina.

O controle antisurge tem por objetivo evitar que a máquina entre em uma condi-

ção de instabilidade dinâmica denominada de surge, que é uma ameaça à integridade

física do equipamento [4]. Este fenômeno é mais comum de acontecer nos compres-

sores dinâmicos, podendo também acontecer em bombas centrífugas e axiais e em

sopradores; porém, nestes equipamentos a ocorrência é menos frequente e os danos

menos severos. O controle antisurge pode ser implementado tanto em um controlador

independente quanto no CLP de intertravamento do compressor.

Informações mais detalhadas sobre o controle de capacidade e controle anti-

surge podem ser encontradas nos trabalhos de Campos e Teixeira [4] e Campos e

Filho [3].

2.3.4: Sistema de intertravamento

O sistema de intertravamento é responsável pelas ações automáticas (paradas

de emergência, por exemplo) quando a integridade física do equipamento estiver em

risco. Essas situações de risco são identificadas e tratadas como funções de segu-

rança (SIFs). O sistema é implementado em um CLP, e deve-se comunicar tanto com

o PES da unidade (para enviar e receber sinais de intertravamentos) quanto com o

SDCD (para sinais de status e alarmes).

No caso de máquinas com turbinas, além do sistema de intertravamento, deve

haver um sistema de detecção de sobrevelocidade com sensores. Recomenda-se que

este sistema seja um dispositivo eletrônico independente do dispositivo de intertrava-

mento.

34

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2.4: Redes industriais

Nestas seção apresentam-se as tecnologias de rede de automação que fo-

ram especificadas no projeto do complexo petroquímico. Inicialmente, apresenta-se

uma classificação das redes industriais quanto à sua aplicação. Comenta-se breve-

mente o modelo de referência OSI/ISO, de forma a embasar a discussão. Por último,

apresentam-se as tecnologias utilizadas no complexo.

Procurou-se neste trabalho apresentar e discutir as redes industriais sob o ponto

de vista do usuário, e não do desenvolvedor. Desta forma, enfatizaram-se aspectos

de funcionalidade, aplicabilidade e características operacionais, discutindo o protocolo

apenas quando relevante ao usuário.

Uma discussão mais aprofundada sobre as tecnologias de redes industriais sob

o ponto de vista do usuário pode ser encontrada no trabalho de Caro [5]. Por outro

lado, uma discussão mais aprofundada sobre os protocolos e princípios das tecnolo-

gias é apresentada por Stemmer em [12].

2.4.1: Classificação

Caro [5] classifica as redes para automação industrial, quanto à finalidade, em

três categorias:

1. Redes de sensores (sensor networks);

2. Redes de campo (fieldbus networks);

3. Redes de controle (control networks).

2.4.1.1: Redes de sensores

As redes de sensores constituem o nível mais baixo da hierarquia de automa-

ção, e são projetadas com o objetivo de reduzir a fiação necessária para ligar o sensor

ao controlador (CLP ou SDCD). As figuras 2.5 e 2.6 mostram, respectivamente, a co-

nexão tradicional de sensores/atuadores e a solução utilizando uma rede. Pode-se

observar que, no caso em que o controlador está em um local distante do sensor, a

economia de cabos pode ser bastante significativa.

35

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Figura 2.5: Conexão tradicional de sensores

Figura 2.6: Rede de sensores

O princípio de funcionamento das redes de sensores é o mesmo para todas as

tecnologias disponíveis: o estado do equipamento é detectado e convertido em 0 ou 1

em um registro. O registro é então transmitido pela rede a um dispositivo de varredura,

geralmente um CLP ou computador.

2.4.1.2: Redes de campo

O termo “rede de campo”, ou fieldbus, é usado para designar toda rede em

plantas de manufatura ou processos na qual há “inteligência” programável e distribuída

nos nodos, ou seja, o instrumento possui um microprocessador. O processador em

campo pode ser utilizado para realizar funções de processamento de sinais ou até

mesmo de controle.

O fato que distingue uma rede de sensores de uma rede de campo é que, no

caso daquelas, a informação do sensor é diretamente transmitida à rede, sem nenhum

tipo de processamento da informação. Já numa rede de campo, realiza-se processa-

mento de informações no sensor antes da transmissão para a rede, como por exemplo

uma mudança de escala da variável.

Como exemplo de redes de campo, citam-se as tecnologias Foundation Field-

bus e Profibus-PA.

36

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Figura 2.7: Modelo de referência OSI/ISO

2.4.1.3: Redes de controle

As redes de controle (control networks) possuem como objetivo interligar con-

troladores (e.g. CLP ou SDCD) e permitir a comunicação destes com sistemas de

informação.

Em comparação com as redes de campo, as redes de controle possuem ge-

ralmente um tráfego maior de informações, e por causa disso mensagens maiores e

velocidade mais alta. Em alguns casos, é necessário que a rede tenha requisitos de

tempo real a fim de permitir a troca de dados críticos entre controladores.

Como exemplo de tecnologias de redes de controle, tem-se o Profibus-DP e o

Modbus. Atualmente, a tendência é que as redes de controle utilizem como base a

tecnologia Ethernet/TCP-IP devido ao seu baixo custo e capacidade de integração.

Um exemplo é a tecnologia Modbus-TCP.

2.4.2: Modelo OSI/ISO

O modelo de referência OSI (Open Systems Interconnection), descrito pela

norma ISO/IEC 7498-1:1994, é uma tentativa de padronizar as funcionalidades da

comunicação entre computadores. O modelo, ilustrado na figura 2.7, é divido em sete

camadas: física (1), enlace (2), rede (3), transporte (4), sessão (5), presentação (6) e

aplicação (7).

37

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A camada de aplicação implementa um conjunto de protocolos bastante diver-

sificado e orientado a aplicações bem definidas. Como exemplo, tem-se o protocolo

HTTP (Hypertext Transfer Protocol), utilizado na web.

A camada de apresentação oferece algumas funções frequentemente neces-

sárias na comunicação (por exemplo compactação de dados), de modo a poupar o

usuário deste trabalho.

A camada de sessão é responsável pelo estabelecimento de sessões de diálogo

para os usuários da rede. Um exemplo de serviço é efetuar a gestão do diálogo, ou

seja, definir, por exemplo, se o diálogo vai ser efetuado em modo uni ou bidirecional.

A camada de transporte representa uma interface entre as camadas orientadas

à comunicação (1, 2 e 3) e as camadas orientadas à aplicação (5, 6, e 7). Ela recebe

os dados enviados da camada de sessão e deve decompô-los, se for o caso, em uni-

dades de dados menores (datagramas) e garantir que todas as partes da mensagem

vão ser transmitidas corretamente à outra extremidade.

A camada de enlace de dados provê o encapsulamento dos dados e a trans-

missão livre de erros para a camada de rede. Ela efetua esta função através da de-

composição das mensagens em unidades menores de dados denominadas quadros

(frames).

A camada física é responsável pela transferência de bits em um circuito de

comunicação. De maneira geral, sua função é garantir que cada bit enviado de um

lado será recebido do outro lado sem ter alterado o seu valor.

2.4.3: Tecnologias

Nesta seção apresentam-se as principais tecnologias de comunicação digital

utilizadas no complexo petroquímico: HART, Foundation Fieldbus, Profibus, Ethernet

/ TCP-IP, Modbus e OPC. Conforme dito anteriormente, a discussão foi baseada nas

características de aplicação de cada tecnologia, do ponto de vista do usuário de auto-

mação.

2.4.3.1: HART

A tecnologia HART (Highway Adressable Remote Transducer ) foi criada para

permitir a comunicação digital entre instrumentos de campos e controladores ou com-

38

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putadores, porém mantendo a transmissão da variável no padrão 4−20mA. Os dados

digitais são transmitidos através da modulação de um sinal de corrente de pequena

intensidade junto com o sinal primário 4 − 20 mA. A velocidade da comunicação é

limitada a 1200 bits/s.

Os dispositivos HART podem ser ligados em módulos de entrada somente ana-

lógicos, e neste caso o conteúdo digital do sinal é descartado, ou então ligado em

módulos capazes de ler informações HART. Atualmente, a maioria dos CLPs e SDCD

possuem cartões de entrada 4− 20 mA com capacidade HART.

O protocolo HART é frequentemente utilizado para realizar tarefas de geren-

ciamento de ativos. Pode-se, por exemplo, realizar o ajuste de zero e span através

da interface do SDCD ou através de um computador de mão. Além disso, pode-se

monitorar remotamente variáveis operacionais como a temperatura do invólucro do

instrumento.

Uma versão de barramento da tecnologia HART também é especificada pela

Hart Foundation, permitindo a comunicação totalmente digital (sem utilizar o sinal 4−20mA). Entretanto, este versão não é amplamente utilizada devido à baixa velocidade

de transmissão (1, 2 kbits/s).

Uma tendência futura é o uso do protocolo HART em redes sem fio (wireless).

Esta tecnologia vem sendo desenvolvida pela HART Foundation e as perspectivas de

aplicações são grandes.

2.4.3.2: Foundation Fieldbus

A tecnologia Foundation Fieldbus (FF) foi criada para suprir a necessidade de

uma rede de comunicação digital a fim de ser utilizada em controle de processos. Ini-

cialmente, pretendia substituir as transmissões de sinais em 4 − 20 mA. A tecnologia

deveria também utilizar os mesmos tipos de fios que os instrumentos convencionais,

ser capaz de suprir potência elétrica aos dispositivos e poder cumprir com requisitos

de segurança intrínseca. A norma ANSI/ISA-50.02 serviu de base para a implemen-

tação do protocolo pela Fieldbus Foundation. Mais tarde, a tecnologia foi incorporada

na norma internacional IEC 61158.

A Filedbus Foundation especificou dois níveis de rede FF: o FF H1 e o FF HSE.

O nível H1 (abreviatura de Hunk 1) é utilizado para interligar instrumentos inte-

ligentes em rede utilizando um barramento (segmento H1). Neste nível, a rede opera39

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Figura 2.8: Topologia da rede FF H1

na velocidade de 31, 25kbps. Esta velocidade baixa é necessária para que os requi-

sitos de rejeição de ruído, entrega de potência e segurança intrínseca possam ser

implementados.

A topologia da rede FF H1, ilustrada na figura 2.8, é chamada de “tronco e

ramal” (trunk and spur ). Nesta topologia, todos os dispositivos de um segmento H1

são interconectados em caixa de junção, localizada no campo. Desta caixa de junção

sai um multicabo que é ligado a um cartão de entrada FF do controlador (host).

A principal característica da rede FF H1 é a capacidade de implementar as

malhas de controle diretamente nos instrumentos em campo, permitindo uma real dis-

tribuição do controle. Como exemplo, num controle em cascata de nível, o controlador

de vazão (escravo) é usualmente implementado no transmissor da válvula; o contro-

lador de nível (mestre), por sua vez, é implementado no transmissor de nível. Nesta

configuração, o transmissor de nível envia a referência de vazão diretamente à válvula

de controle, e esta envia o valor da variável de processo diretamente ao transmissor

de nível. Convém salientar que esta característica de implementar malhas de controle

nos próprios transmissores só é possibilitada atualmente pela tecnologia Foundation

Fieldbus.

O FF HSE (High Speed Ethernet) foi especificado para permitir a comunicação

entre diferentes segmentos H1, e utiliza a Ethernet como camada física e de enlace.

Maiores informações sobre o FF HSE e sobre FF em geral podem ser encontradas em

[5].

40

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2.4.3.3: Profibus

O Profibus (Process Field Bus) foi desenvolvido na Alemanha, inicialmente pela

Siemens em conjunto com a Bosch e Klockner-Moeller, em 1987, a fim de permitir a

comunicação de CLPs com outros dispositivos de fábrica. O protocolo começou como

uma especificação de trocas de mensagens que ficou conhecida como Profibus FMS

(Factory Message Specification). O FMS, por sua vez, é um subconjunto da norma

ISO 9509, MMS (Manufacturing Message Specification), eliminando os comandos que

não são necessários para a comunicação entre CLPs.

Apesar do Profibus ter sido desenvolvido com o objetivo de ser um padrão para

a comunicação entre CLPs e sistemas como IHMs, o antigo protocolo Profibus FMS

mostrou-se ser muito lento para suportar atualizações das interfaces homem-máquina

(IHM). Quando conexões com terminais remotos de CLPs ou multiplexadores remotos

tornaram-se uma necessidade, o protocolo Profibus-DP (Device Protocol) foi criado

para resolver ambos os problemas.

O Profibus-DP opera sobre um par-trançado blindado utilizando o protocolo

EIA/TIA-485. A velocidade pode variar de acordo com o cabo, mas é especificada

entre 9600 bit/s e 12 Mbit/s. O acesso a informações é feito a partir do protocolo

mestre-escravo, que permite sincronismo e torna a rede determinista. Uma vez que

existe somente um mestre na rede em todo instante de tempo, a comunicação é half-

duplex 1. Devido a suas características de determinismo e alta velocidade, o Profibus-

DP pode ser utilizado tanto como rede de controle quanto rede de campo, embora

esta última categoria aplique-se apenas para instrumentos de automação discreta.

O Profibus-PA (Process Automation) foi criado para ser utilizado em controle de

processos. O protocolo utiliza a mesma estrutura de mensagens do Profibus-DP e é

implementando utilizando as mesmas especificações da camada física do Foundation

Fieldbus H1. Normalmente, os instrumentos são conectados em uma caixa de junção

que os acoplam na rede Profibus-DP. Entretanto, existem SDCDs e CLPs com cartões

de entrada diretamente Profibus-PA.

Um substituto natural do Profibus é a tecnologia PROFInet, que utiliza um mo-

delo de objetos baseados em XML (Extensible Markup Language) e Ethernet com

TCP-IP [5].1Uma explicação sobre termos como half-duplex é feita em [12]

41

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2.4.3.4: Ethernet/TCP-IP

A Ethernet é uma tecnologia de rede local (LAN - local area network ) definida

pela norma IEC/ISO 8802-3 (idêntica à norma IEEE 802.3), especificando somente a

camada física e a camada de enlace de dados do modelo de referência OSI.

Atualmente, a Ethernet é utilizada em diversas tecnologias abertas e mesmo

em redes proprietárias. Como exemplo, cita-se o Modbus-TCP, apresentado na seção

2.4.3.5. A vantagem de se utilizar o padrão Ethernet é o reduzido custo dos compo-

nentes, visto que a tecnologia é amplamente difundida para troca de informações nos

ambientes comerciais e residenciais.

A idéia fundamental da Ethernet é utilizar um meio de acesso (“ether”) compar-

tilhado entre os diversos nodos da rede, utilizando um protocolo de controle de acesso

ao meio denominado CSMA/CD (Carrier Sense Multiple Access / Colision Detection),

especificado pela norma IEC/ISO 8802-3. Por não garantir determinismo, este pro-

tocolo é uma das principais objeções para o uso da Ethernet em redes de controle e

principalmente em redes de campo.

Atualmente, uma modalidade de Ethernet denominada Ethernet comutada vêm

sendo cada vez mais utilizada. O uso de swtiches (comutadores) no lugar de hubs

(concentradores) permite descartar o protocolo CSMA/CD e assim, em princípio, eli-

minar o não-determinismo da rede. Desta forma, diversos trabalhos têm sido desen-

volvidos para permitir aplicações deterministas em redes Ethernet comutadas.

O TCP (Transport Control Protocol) é um protocolo que pode ser enquadrado

na camada 4 do modelo de OSI e tem por função estabelecer uma conexão “confiável”

para a camada de aplicação. O protocolo IP (Internet Protocol), por sua vez, enquadra-

se na camada 3 do modelo OSI e permite a interconexão de redes locais. Embora em

princípio os procolos TCP e IP possam ser utilizados com outras tecnologias de enlace

de dados, eles são em geral utilizados em conjunto com a Ethernet.

2.4.3.5: Modbus

O Modbus é o protocolo de comunicação a nível de rede de controle mais di-

fundido no meio industrial [5]. Ele foi desenvolvido inicialmente pela empresa Modicon

para estabelecer um protocolo mestre-escravo para comunicação de seus CLPs com

computadores.

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Figura 2.9: Estrutura do protocolo Modbus

O protocolo define um conjunto de comandos e um formato de mensagens que

permitem a transferência de registros de CLPs ou outros dispositivos de controle para

um segundo dispositivo. Assim, o conjunto de comandos por ser visto como um proto-

colo da camada 7 do modelo OSI. Diversas camadas físicas tem sido utilizadas para

implementar o Modbus, conforme mostra a figura 2.9.

O Modbus foi originalmente desenvolvido para operar sobre uma linha serial as-

síncrona descrita pela norma ANSI/EIA/TIA-232F, utilizando assim a topologia ponto-

a-ponto. Posteriormente, passou-se a utilizar o padrão ANSI/EIA/TIA-485. O padrão

485 utiliza uma linha diferencial balanceada, possibilitando distâncias maiores e me-

lhor imunidade ao ruído. Além disso, o padrão 485 permite utilizar um barramento

para conectar vários equipamentos.

Existem dois modos de operação do Modbus sobre uma linha serial: Modbus

ASCII e Modbus RTU. No primeiro modo, a mensagem (dígitos hexadecimais) é co-

dificada em caracteres ASCII (ISO-14962-1997). No modo RTU (também conhecido

como modo binário), o a mensagem é convertida diretamente para o formato binário,

tendo a mensagem a metade do tamanho em bytes daquela convertida em ASCII. Por

ser mais rápido, o Modbus RTU é frequentemente mais utilizado.

Em 1998, foi desenvolvido o protocolo Modbus-TCP. Esta especificação foi ori-

ginalmente publicada na página web da Modicon/Schneider, entretanto foi posteri-

ormente transferida para a associação independente Modbus.org. A principal vanta-

gem do Modbus-TCP perante as outras especificações consiste no reduzido custo dos

componentes Ethernet, além de permitir que dispositivos de controle sejam facilmente

integrados e acessados a partir de redes locais ou através da Internet.

43

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2.4.3.6: OPC

O OPC é uma série de especificações padrões utilizadas para comunicação

entre sistemas de automação industrial.

A primeira especificação, originalmente chamada simplesmente de OPC e agora

chamada de Data Access Specification, resultou da cooperação entre fornecedores de

equipamentos de automação com a Microsoft. A especificação definiu um conjunto de

objetos, interfaces e métodos para utilização em aplicações de controle de processos

e automação da manufatura a fim de facilitar a interoperabilidade dos sistemas. Este

padrão foi originalmente baseado nas tecnologias OLE COM e DCOM da Microsoft.

Os servidores OPC provêem métodos para que aplicativos possam acessar

dados de um dispositivo de controle, tal como CLP ou SDCD. Uma vez que um servidor

OPC é escrito para um determinado equipamento, ele pode ser utilizado por qualquer

aplicativo capaz de agir como cliente OPC. Os servidores OPC utilizam a tecnologia

COM para comunicar com os clientes, permitindo a troca de informações do processo

em tempo-real.

A especificação original (OPC-DA) padronizou a aquisição de dados de pro-

cesso. A partir dela, percebeu-se que a comunicação de outros tipos de dados po-

deriam também ser padronizados. Atualmente, além do OPC-DA, diversas especifi-

cações estão em andamento ou já foram completadas, dentre elas: OPC Alarms &

Events, OPC Batch, OPC Historical Data Access, OPC Security e OPC Commands.

Uma das principais desvantagens das especificações OPC é dependência da

tecnologia COM da Microsoft. A fim de resolver este problema, uma especificação

denominada OPC Unified Architecture vem sendo desenvolvida e testada. Esta espe-

cificação pode ser implementada utilizando Java, Microsoft .NET ou C, eliminando a

necessidade do uso da plataforma Windows.

44

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Capítulo 3: Desenvolvimento

Neste capítulo é apresentado o desenvolvimento das arquiteturas de automação

das unidades de processo do complexo petroquímico.

Inicialmente, descreve-se a arquitetura geral do complexo petroquímico (seção

3.1). Em seguida, apresentam-se os principais requisitos e critérios para o projeto

de automação das unidades de processo (seção 3.2). Elabora-se então uma arqui-

tetura pré-detalhada para uma unidade genérica (3.5). Por último, como exemplo de

arquitetura específica elaborada, apresenta-se a arquitetura de automação de um tur-

boexpansor acionando um gerador (seção 3.6).

3.1: Arquitetura geral do complexo

O complexo petroquímico pode ser divido em um conjunto de 3 tipos de unida-

des:

• Unidades de processo;

• Utilidades;

• Facilidades.

As unidades de processo possuem como finalidade produzir matéria-prima pe-

troquímica como propeno, eteno, benzeno e butadieno e também produtos de segunda

geração, tais como como polipropileno, polietileno, etileno glicol, estireno, PTA e PET.

As unidades de utilidades auxiliam a operação das unidades de processo. Exomo

exemplo de utilidades, têm-se as unidade des tratamento de água e condensado, uni-

dades de combustíveis, unidade de ar comprimido de serviço, unidade de geração de

energia elétrica, subestações de distribuição, dentre outras.

As facilidades são: parque de armazenamento de matéria-prima, produtos inter-

mediários e finais, instalações administrativas, de manutenção e operação, instalações

de recebimento e expedição de produtos e instalações de infraestrutura.

A operação de todo o complexo petroquímico é feita a partir de um centro inte-

grado de controle (CIC). Este centro recebe e envia informações para as unidades do45

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Figura 3.1: Arquitetura do complexo petroquímico

complexo que possuem sistemas de controle e automação.

Os sistemas de constrole das unidades consistem basicamente em sensores

e atuadores localizados no campo e de controladores localizados em uma casa de

controle local (CCL). Cada unidade de processo possui sua CCL, enquanto que o

controle de unidades de facilidades e utilidades é feito em salas de controle geral-

mente compartilhadas. A figura 3.1 mostra um esquema da arquitetura do complexo

petroquímico.

Conforme discutido na seção 1.1, neste trabalho será dada ênfase aos equipa-

mentos e sistemas localizados no campo e nas CCLs das unidades de processo. O

detalhamento dos sistemas do CIC será feito na etapa de detalhamento do projeto. A

unidades de utilidades e facilidades não fazem parte do escopo do trabalho.

3.2: Levantamento de requisitos

Os requisitos de automação do complexo petroquímico foram levantados a partir

de documentos de especificações técnicas do projeto, que foram elaborados durante

a etapa conceitual.

O levantamento de requisitos permitiu, além da base para o desenvolvimento

das arquiteturas, uma análise de consistência dos documentos do projeto. Requisitos

46

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levantados como inconsistentes ou dúbios foram discutidos em reuniões com o cliente.

Os requisitos levantados para cada sistema particular (por exemplo requisitos

do SDCD) serão apresentados na seção de pré-detalhamento destes sistemas. Nesta

seção, serão apresentados os requisitos dos sistemas de “pacote”.

Entende-se como “pacote” o conjunto de instrumentos, equipamentos e siste-

mas fornecidos por empresas terceiras, as quais são responsáveis pela instalação,

configuração e integração do equipamento à unidade. Um exemplo de pacote são os

compressores, os quais devem ser fornecidos pelo fabricante juntamente com seus os

sistemas auxiliares (lubrificação, controle, intertravamento, supervisão).

Denomina-se RCP (Remote Control Panel) um gabinete, localizado numa CCL,

que contém dispositivos para controle e supervisão (e.g. CLP) de um determinado

equipamento. Se este gabinete localizar-se no campo, próximo ao equipamento, o

gabinete recebe a denominação de LCP (Local Control Panel). Um painel com função

apenas de comando e supervisão, sem possuir CLP ou outro dispositivo de controle,

é denominado LP (Local Panel).

Os requisitos de automação levantados para os pacotes são os seguintes:

1. Para fim de padronização, todos instrumento devem ser do tipo 4 − 20 mA ou

0− 24V dc.

2. Todos os instrumentos analógicos 4− 20 mA devem ser compatíveis com o pro-

tocolo HART e devem ser conectados à rede de gerenciamento de ativos (AMS);

3. A operação e supervisão do pacote deve ser feita, em condições normais, atra-

vés do SDCD. Assim, os sinais necessários para operação e supervisão do pa-

cote devem estar disponíveis no SDCD, incluindo sinais de status e alarmes;

4. Sinais de alarme e status devem ser transmitidos via comunicação serial utili-

zando preferencialmente o protocolo Modbus-TCP;

5. A comunicação entre LCPs ou LPs e SDCD deve ser feita utilizando fibra óptica

para o caso de sinais de monitoramento;

6. Intertravamentos e sinais de controle devem ser transmitidos entre o RCP ou

LCP ao PES (explicado na seção 2.2.2) utilizando comunicação não protocolada

(hardwired);

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7. Os CLPs de pacote, controladores e outros equipamentos configuráveis devem

possuir uma porta Ethernet para manutenção remota;

8. Comandos de partida, parada e parada de emergência (trip) de motores elétri-

cos devem ser enviados diretamente para o CCM utilizando comunicação não

protocolada(hardwired).

Um item que vale a pena ser comentado é sobre o requisito de transmissão de

sinais de supervisão utilizando o protocolo Modbus-TCP. Embora este protocolo tenha

sido definido há mais de 10 anos, muitos sistemas ainda oferecem suporte somente

ao Modbus padrão (RTU sobre EIA/TIA-485). Este é o caso por exemplo, de alguns

controladores de velocidade de turbinas. Nestes casos, a opção é ou utilizar o pro-

tocolo padrão ou utilizar um conversor de protocolos (gateway ) a fim de convertê-lo

para Modbus-TCP. Neste projeto, adotou-se a primeira opção, visto que o uso de um

conversor acrescenta custos e aumenta a probabilidade de falhas.

3.3: Arquitetura conceitual

Com base nos requisitos levantados e em documentos do projeto conceitual,

elaborou-se, para as unidades de processo do complexo, uma arquitetura de automa-

ção conceitual, mostrada na figura 3.2. Esta arquitetura tem por objetivo apresentar

uma visão geral de automação das unidades e servir de base para a elaboração da

arquitetura pré-detalhada.

Na figura 3.2, são mostradas três partes do complexo: o campo, a casa de

controle local (CCL), e o centro integrado de controle (CIC). Na CCL encontram-se os

principais equipamentos de controle da unidade:

• SDCD (sistema digital de controle distribuído);

• PES (Programmable Electronic System);

• PES de F&G;

• PES de fornos a chama (se existentes).

Os equipamentos de controle comunicam-se com elementos sensores e atua-

dores no campo, que podem ser analógicos, digitais ou do tipo Foundation Fieldbus.

48

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Figura 3.2: Arquitetura conceitual de uma unidade de processo

49

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Para os elementos analógicos e digitais, utilizam-se painéis de rearranjo para a cone-

xão com os cartões de E/S dos controladores, a fim de permitir melhor organização

da fiação.

Mostra-se também, na CCL, um painel de controle remoto (RCP) de um equi-

pamento típico. Neste painel localiza-se o CLP responsável pelo controle e intertrava-

mento do equipamento e dos sistemas auxiliares. Geralmente o os sensores, atuado-

res , CLPs e sistemas de controle de equipamentos são fornecidos em conjunto pelo

fabricante do equipamento, constituindo um “pacote”, conforme explicado na seção

3.2.

Também está presente CCL redes para os sistemas gerenciamento de informa-

ções, a saber:

• Rede de manutenção (RMN);

• Sistema de gerenciamento de ativos (AMS);

• Sistema de sequenciamento de eventos (SOE).

Representou-se também na arquitetura conceitual uma sala para os equipa-

mentos elétricos. Nesta sala encontram-se o centro de distribuição de cargas (CDC),

o centro de controle de motores (CCM) e conversores de freqüência (VSD – Variable

Speed Drivers).

A comunicação entre os sistemas e equipamentos ocorre em dois níveis: em

nível de troca de informações de status e alarmes (representado no nível superior do

diagrama) e em nível de intertravamentos (representados por ligações entre os painéis

de rearranjo).

Na arquitetura conceitual representaram-se apenas as principais comunicações

entre os sistemas, sem detalhar a topologia e os protocolos. O detalhamento das

arquiteturas é feito na seção seguinte.

3.4: Pré-Detalhamento

Nesta seção apresentam-se as arquiteturas de automação desenvolvidas para

os seguintes sistemas: sistema digital de controle distribuído (SDCD), sistema ins-

trumentado de segurança (SIS), sistema de fogo e gás (FeG e FeGBA), sistema de

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Figura 3.3: Simbologia

gerenciamento de ativos (AMS), sistema de sequenciamento de eventos (SOE), rede

de manutenção (RMN), analisadores, fornos a chama e sistemas de automação de

máquinas de grande porte. Estes sistemas são o presentes na maioria das unidades

de processo.

A simbologia adotada para representar os tipos de comunicações entre os sis-

temas é mostrada na figura 3.3.

3.4.1: Sistema digital de controle distribuído

Conforme definido na seção 2.2.1, o sistema digital de controle distribuído (SDCD)

é o conjunto de hardware e software integrados com o objetivo de implementar estra-

tégias de controle e gerenciamento de informações.

A figura 3.4 mostra a arquitetura pré-detalhada desenvolvida para o SDCD das

unidades de processo do complexo petroquímico.

Em cada CCL, o SDCD é constituído por controladores e cartões de entrada

e saída analógicos, digitais e FF localizados em um gabinete. Conforme requisito de

projeto, os instrumentos analógicos e digitais digitais devem ser ligados em painéis

de rearranjo, e estes por sua vez são ligados nos cartões de E/S de controladores

do SDCD. O uso de painéis de rearranjo permite uma melhor organização da fiação e

evita a realização de manuseios diretos nos cartões de E/S.

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Figura 3.4: Arquitetura do SDCD

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3.4.1.1: Comunicação com servidores no CIC

O SDCD comunica-se com servidores no CIC (centro integrado de controle)

através de uma rede utilizando os protocolos Ethernet/TCP-IP nas camadas inferio-

res (1 a 4) do modelo OSI e protocolo próprio do sistema (proprietário ou não) nas

camadas superiores. Esta rede interliga os controladores de todas as unidades do

complexo a sistemas localizados no CIC, como por exemplo ao sistema de controle

avançado e às estações de operação do SDCD. Como se trata de comunicação crí-

tica, evolvendo dados de controle, esta rede foi especificada como sendo redundante

e com rotas diferentes até o CIC. Utiliza-se fibra óptica para a extensão da rede da

CCL ao CIC, devido à distância entre os locais.

Especificou-se também uma estação de engenharia na CCL conectada ao SDCD

por meio da rede descrita acima. Esta estação tem por finalidade a configuração e ma-

nutenção do SDCD e de seus instrumentos.

3.4.1.2: Comunicação com o PES e CLPs de pacotes

O SDCD recebe informações de status e alarme do PES da unidade e de CLPs

de pacote através de comunicação Modbus-TCP. Por outro lado, sinais de partida,

parada e parada de emergência (trip) de equipamentos são enviados através de sinais

0− 24 V cc.

3.4.1.3: Comunicação com o CCM-CDC

No caso de motores elétricos, o comando de partida e parada é enviado ao

centro de controle de motores (CCM) ou ao centro de distribuição de cargas (CDC),

explicados na seção 3.4.10, através de comunicação utilizando o protocolo Profibus-

DP. Informações de status dos motores são recebidas do mesmo modo. Por outro lado,

comandos de desligamento de emergência são enviados ao CCM ou CDC através de

sinais 120 V ca. Na seção 3.4.10, as comunicações dos sistemas com CCM e CDC

são mais detalhadas.

3.4.2: Sistema instrumentado de segurança

Conforme apresentado na seção 2.2.2, o sistema instrumentado de segurança

(SIS) possui como função impedir que o processo e equipamentos operem em faixas53

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que possam causar riscos à segurança das pessoas ou ao meio-ambiente.

Definiu-se para a arquitetura do sistema instrumentado de segurança um exe-

cutor de lógica (PES) independente do SDCD. Como requisito de projeto, este PES

deve possuir certificação TÜV SIL3. 1

Ainda como requisito, todos os instrumentos relacionados ao SIS devem comu-

nicar-se com o PES através de comunicação não protocolada (hardwired), não sendo

permitido a via rede.

A figura 3.5 mostra a arquitetura pré-detalhada desenvolvida para o SIS.

3.4.2.1: Comunicação com servidores no CIC

O SIS possuirá no centro integrado de controle (CIC) servidores (hospendando

sistemas de automação) e estações de engenharia para operação e manutenção. O

PES comunica-se com estes sistemas através de uma rede Ethernet com rotas re-

dundantes e com fibra óptica como meio. Além disso, no CIC existirá um painel com

botoeiras de emergência, interliado a um módulo do SIS também localizado no CIC.

A comunicação entre este módulo do SIS (localizado no CIC) e o PES (localizado na

CCL) é feito através de uma rede Ethernet redundante, com rotas diferentes e com

certificação TÜV SIL3.

3.4.2.2: Comunicação com o SDCD

De acordo com requisito de projeto, os sinais de intertravamentos enviados do

SDCD ao PES não podem ser transmitidos utilizando comunicação serial digital; deve-

se utilizar sinais 4−20 mA (analógicos) ou 0−24 V cc (digitais). Entretanto, informações

de status e alarmes podem ser enviadas através de uma rede de controle redundante

utilizando protocolo Modbus-TCP.

3.4.2.3: Comunicação com pacotes

Os pacotes devem enviar e receber sinais de parada de emergência (trip) atra-

vés de sinais 0− 24 V cc, não sendo permitida comunicação serial digital.

1SIL significa nível de integridade de segurança (Safety Integrity Level) [2]. TÜV são organizaçõesde origem alemã que certificam protudos e serviços; um exemplo é a TÜV Rheinland.

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Figura 3.5: Arquitetura do SIS

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3.4.2.4: Comunicação com o CCM-CDC

Em situações de riscos onde se faz necessário o desligamento de compresso-

res, bombas ou outros equipamentos com motores elétricos, bem como todo o sistema

de alimentação da unidade, a informação de parada destes sistemas elétricos deve ser

comandada pelo PES através de sinais digitais 0− 120 V ca;

3.4.2.5: Comunicação com o AMS

Os instrumentos analógicos 4 − 20 mA + HART são conectados ao sistema de

gerenciamento de ativos (AMS - Asset Management System) através de um multiple-

xador HART. Este multiplexador filtra as informações HART dos sinais e as multiple-

xam em um par-trançado utilizando o protocolo EIA/TIA-485. O sinal multiplexado é

então encapsulado em um quadro Ethernet e enviado ao switch AMS da CCL, o qual

está conectado ao sistema AMS no CIC.

3.4.2.6: Comunicação com o sistema SOE

Conforme discutido na seção 2.2.4, os atuais CLPs, SDCDs e PES possuem

nos próprios cartões de entrada um microprocessador dedicado para realizar a varre-

dura e registro dos eventos, e então transmiti-los a uma estação utilizando protocolo

OPC. Na arquitetura mostrada na figura 3.5, a comunicação do PES com o sistema

SOE dá-se através de uma rede local Ethernet na CCL, que por sua vez está ligada

ao CIC por meio de fibra óptica.

Para garantir a sincronização dos eventos do SIS com o dos outros sistemas,

o PES deve ser conectado a um sistema externo para sincronização de relógio. Na

arquitetura pré-detalhada, o sistema de sincronização não foi representado, porém a

informação da necessidade deste sistema foi registrada através de uma nota.

3.4.3: Sistema de fogo e gás

O sistema de detecção de fogo monitora, através de sensores de chama e de

fumaça, focos de incêndio no campo e na CCL. Caso seja detectado a presença de

fogo, um sistema constituído de válvulas de dilúvio 2 é disparado, alertas visuais e2Válvulas que pulverizam água no processo em caso de incêndio.

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sonoros são emitidos no campo e no CIC e intertravamentos de emergência são ini-

ciados pelo PES da unidade. Semelhantemente, caso seja detectado fogo na CCL,

alarmes locais e no CIC são gerados, intertravamentos de emergência processo são

disparados pelo PES da unidade e intertravamentos são iniciados a fim de garantir a

integridade do processo.

O sistema de detecção de gás tem por objetivo detectar vazamentos logo no

início da ocorrência, possibilitando assim a tomada de ações rápidas, tais como isola-

mento da área, desligamento de equipamentos, minimização ou parada do vazamento.

O sistema também pode ainda ser utilizado para investigações pós-incidentes

ou acidentes. No caso de vazamento de gás tóxico, pode-se estimar a concentração

do gás contaminante presente na área e, partir desta informação, determinar os níveis

máximos de exposição humana à área ou auxiliar em ações médicas e ambientais.

No caso de vazamento de gás combustível o qual resultou uma explosão, o sistema

de detecção pode auxiliar a determinar o momento exato da da ocorrência do evento.

Subdividiu-se o sistema de F&G da unidade em dois sistemas: um para a de-

tecção de fogo e gás no processo, cuja arquitetura é mostrada na figura 3.6, e outro

para detecção de fogo e gás na CCL, cuja arquitetura é mostrada na figura 3.7.

3.4.3.1: Sistema de fogo e gás do processo

Os detectores de F&G (figura 3.6) são instrumentos convencionais (4 − 20 mA

e 0− 24 V cc) ligados ao PES de F&G através de sinais analógicos 4 20 mA ou digitais

0 − 24 V cc. Caso os instrumentos analógicos tenham capacidade de comunicação

digital HART, estes devem são ligados à rede de gerenciamento de ativos (conforme

representado na figura). Além dos transmissores, é conectado ao PES de F&G do

processo válvulas de dilúvio e dispositivos de alarmes audiovisuais.

Na ocorrência de detecção de fogo ou gás, o PES de F&G envia alarmes ao

SDCD via comunicação ponto-a-ponto redundante utilizando o protocolo Modbus-TCP.

Caso os alarmes sejam causadores de intertravamentos de processo, a informação

deve ser transmitida ao PES da unidade através de sinais digitais 0− 24 V cc.

Como o sistema de F&G é gera alarmes e intertravamentos, o mesmo deve

possuir cartões com capacidade de sequenciamento de eventos e deve ser conectado

à rede SOE da unidade.

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Figura 3.6: Arquitetura do sistema de F&G

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Figura 3.7: Arquitetura do sistema de F&GBA

3.4.3.2: Sistema de fogo e gás da CCL

O sistema de fogo e gás da CCL (figura 3.7), denominado F&GBA (Fire and Gas

Buiding Automation), é composto por instrumentos convencionais (4 20 mA +HART e

0−24 V cc) conectados a um PES. Os instrumentos analógicos compatíveis com HART

são conectados à rede de gerenciamento de ativos.

Caso seja detectado a presença de gás no sistema de ventilação ou condicio-

namento de ar da CCL (HVAC – Heating,Ventilation and Air Conditioning), o F&GBA

deve enviar alarmes a este sistema para que intertravamentos sejam realizados. Estas

informações são transmitidas através de sinais digitais 0 − 24V cc. Semelhantemente,

sinais que geram intertravamentos de processo devem ser enviados ao PES da uni-

dade também através de sinais digitais.

Em relação à comunicação com o SDCD, alarmes são enviados a este sistema

através de comunicação redundante via Modbus-TCP. Além disso, como o sistema

F&GBA gera alarmes e intertravamentos, este deve possuir cartões com capacidade

de sequenciamento de eventos e deve ser conectado à rede SOE da unidade.

Por último, o F&GBA comunica-se com uma painel principal de controle de F&G

localizado no CIC, que tem como objetivo monitorar todas as subestações do com-

plexo.

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3.4.4: Sistema de gerenciamento de ativos

O sistema de gerenciamento de ativos (AMS - Asset Management System),

apresentado na seção 2.2.3, possui como objetivo monitorar continuamente os instru-

mentos da planta, permitindo a realização de diagnósticos, configurações e manuten-

ções .

A figura 3.8 mostra a arquitetura desenvolvida para o sistema de gerenciamento

de ativos da CCL.

Para cada pacote com instrumentos analógicos, especificou-se que o acesso às

funções de gerenciamento por meio de um filtro e multiplexador HART independente

do CLP ou controlador. Isto porque não se sabe nesta etapa de projeto se o modelo

do CLP/controlador possuirá cartões com saída HART.

O multiplexador possui um microprocessador capaz de filtrar as informações

HART do sinal 4− 20 mA e multiplexar as informações em uma linha de comunicação

serial padrão EIA-485. Estas informações, por sua vez, passam por um conversor

EIA-485/Ethernet, que encapsula as informações em um datagrama TCP e as tornam

disponíveis para acesso via uma rede Ethernet TCP/IP.

Especificou-se para cada CCL uma rede local para o gerenciamento de ativos.

Esta rede, por sua vez, está interligada à rede de gerenciamento de ativos do CIC

através de comunicação via fibra ótica (devido à distância entre a CCL e o CIC), com

redundância e rotas diferentes.

No caso do SDCD, conforme comentado na seção 2.2.3 os sistemas modernos

já possuem integrado um sistema próprio de gerenciamento de ativos. Assim, não

é necessário o uso de um dispositivo independente com filtro e multiplexador HART;

as informações são acessadas pelo aplicativo AMS (localizado em servidores no CIC)

diretamente do SDCD através do protocolo OPC-UA ou OPC-DA.

Além do ser possível realizar o gerenciamento de ativos a partir do CIC, pode-

se configurar e diagnosticar instrumentos conectados ao SDCD e ao PES a partir de

estações de engenharia localizadas na CCL. Estas estações, mostradas nas figuras

3.4 e 3.5, foram especificadas para a configuração dos referidos sistemas.

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Figura 3.8: Arquitetura do AMS

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3.4.5: Sistema de sequenciamento de eventos

O sistema de sequenciamento de eventos, apresentado na seção 2.2.4, possui

como objetivo capturar e gravar sequencias de eventos que podem ocasionar o des-

ligamento de emergência de um sistema ou processo, ajudando no diagnóstico das

causas e consequências do desligamento.

O sistema SOE do complexo é constituído por servidores no CIC capazes de co-

letar dados de todos os sistemas que geram alarmes e intertravamentos e disponibilizá-

los a um aplicativo de análise. Os sistemas que geram alarmes e intertravamentos

são: SDCD, PES, F&G, F&GBA, sistemas de monitoramento de máquinas, CLPs de

pacotes e controladores dedicados.

A arquitetura desenvolvida para o sistema SOE é mostrada na figura 3.9. Os

dados são coletados no campo ou na CCL através de um sistema integrado ao con-

trolador ou através de um sistema externo e enviados aos servidores no CIC através

do protocolo OPC-UA ou OPC-A&E. Para isso, especificou-se na CCL uma rede local

Ethernet interligando todos os dispositivos da unidade através um switch principal, e

este por sua vez conectado aos servidores do CIC através de fibra óptica. Além disso,

especificou-se um switch local para cada pacote, reunindo dados de todos os CLPs e

controladores do equipamento e enviando-os ao switch da unidade.

3.4.6: Rede de manutenção

A fim de facilitar a configuração dos CLPs e controladores que não possuem

uma estação de engenharia própria, especificou-se uma rede local de manutenção

(RMN), mostrada na figura 3.10. Esta rede interliga dispositivos através de um switch

e permite que um computador portátil seja usado para realizar configuração ou manu-

tenção.

3.4.7: Analisadores

Analisadores são instrumentos utilizados para a medição de variáveis não ele-

mentares do processo, tais como a composição de uma mistura, pH, condutividade,

densidade e viscosidade. Estes instrumentos podem ter função meramente supervi-

sória ou podem ser utilizados em malhas de controle e em otimização [2].

Os analisadores podem ser classificados quanto à localização em dois tipos:

62

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Figura 3.9: Arquitetura do sistema SOE

Figura 3.10: Arquitetura da rede RMN

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analisadores in situ, nos quais os sensores operam diretamente no processo, e os

extrativos, nos quais a amostra é retirada por meio de uma sonda, condicionada e

levada até o instrumento. A possibilidade de instalação in situ limita-se a a alguns

poucos casos, sendo usual nos analisadores de pH, condutividade e nos analisadores

de combustão.

A instalação in situ tem menor custo e proporciona melhor tempo de resposta e

fidelidade. Em muitos casos, porém, a natureza dos sensores e fatores como pressão,

temperatura, corrosão, umidade e sujeira impossibilitam a montagem do sensor no

processo, exigindo o pré-tratamento ou condicionamento da amostra. Neste caso, é

comum localizar o analisador em um “abrigo” (shelter ) ou em uma “casa” (analiser

house).

O sistema de condicionamento de amostras é constituído por diversos compo-

nentes, tais como válvulas, transmissores, bombas, aquecedores e resfriadores. O

controle destes sistemas pode ser feito tanto pelo próprio analisador quanto por um

CLP externo.

3.4.7.1: Analisadores de processo

Independentemente da finalidade do analisador (se é utilizado para controle ou

supervisão), o instrumento deve enviar ao SDCD informações de interesse do pro-

cesso, a fim de permitir o controle ou a simples supervisão de parâmetros.

O envio de dados de controle ao SDCD é feito através de sinais analógicos

4 − 20 mA ou (preferencialmente) através do protocolo Foundation Fieldbus. Já os

dados de supervisão podem ser enviados ao SDCD através de sinais 4−20 mA (menos

comum) ou protocolos de comunicação como Modbus-RTU, Modbus-TCP ou OPC-DA.

Além disso, todos os analisadores devem estar conectados a um sistema de

aquisição de dados e manutenção (AMDAS – Analyzer Maintenance and Data Ac-

quisition System) localizado no CIC. Este sistema provê ferramentas para facilitar a

configuração, manutenção dos instrumentos e validação dos dados adquiridos.

O AMDAS é constituído por um servidor no CIC onde se encontra um aplica-

tivo para tratamento de dados e manutenção. Este servidor pode obter dados de

supervisão tanto diretamente do analisador (se este possuir um servidor OPC) quanto

indiretamente através do servidor OPC do SDCD.

Com base nos requisitos apresentados, elaboraram-se 3 arquiteturas diferentes64

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Figura 3.11: Analisadores - arquitetura 1

para os analisadores, mostradas nas figuras 3.11 a 3.13, respectivamente.

Na primeira arquitetura (figura 3.11), o analisador em questão é utilizado para

controle de processos. Ele envia as variáveis de análise para o SDCD através de

sinais 4 − 20 mA ou através do protocolo FF. Além disso, o analisador comunica-se

com o sistema AMDAS através de uma rede Ethernet e protocolo OPC-DA (tendo o

analisador um servidor OPC).

Na segunda arquitetura (figura 3.12), o analisador também é utilizado para con-

trole e envia variáveis de processo ao SDCD da mesma maneira que na arquitetura 1

(via sinais 4 − 20 mA ou FF). Porém, o analisador não possui um servidor OPC para

disponibilizar informações ao AMDAS. Desta forma, utiliza-se um CLP (sistema inter-

mediário) para fazer a aquisição destes dados - via protocolo Modbus-RTU, Modbus-

TCP, HART ou mesmo via sinais 4− 20 mA - e disponibilizá-los ao AMDAS através de

OPC-DA.

Por último, na terceira arquitetura (figura 3.13), tem-se um cenário com ana-

lisadores de multicomponentes que não são utilizado para controle e por isso não

suportam FF (como por exemplo cromatógrafos). Neste caso, enviam-se os dados

de interesse ao SDCD via OPC-DA. O AMDA consegue então acessá-los através do

65

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Figura 3.12: Analisadores - arquitetura 2

Figura 3.13: Analisadores - arquitetura 3

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servidor OPC do SDCD.

3.4.7.2: Sistema de monitoramento de emissões

O sistema de monitoramento contínuo de emissões – CEMS (Continuous Emis-

sion Monitoring System) possui como finalidade monitorar gases tóxicos originados

em fornos, queimadores e caldeiras e que são emitidos na atmosfera. O CEMS é

constituído por analisadores e por um sistema de condicionamento de amostras.

O condicionamento de amostras é feito por um CLP independente localizado na

casa de analisadores. Este sistema de gerenciamento é denominado ASM (Analyzer

System Manager ).

A figura 3.14 mostra a arquitetura para o CEMS. Observa-se a presença dos

analisadores in situ e analisadores localizados na casa comunicando-se com o CLP

de ASM através do protocolo Modbus-TCP. O ASM, por sua vez, envia dados ao SDCD

também via Modbus-TCP. Estes dados podem ser acessados pelo AMDAS através de

um servidor OPC.

Na arquitetura proposta, representaram-se apenas os analisadores e o ASM,

sendo omitidos os instrumentos e equipamentos pertencentes ao sistema de condici-

onamento de amostras.

3.4.8: Fornos a chama

O forno industrial é um dos principais equipamentos de fornecimento de calor

para as diversas correntes de uma planta industrial. Sua função, em alguns processos,

vai além da complementação de calor para fins de condicionamento da temperatura

da carga que alimenta as torres de fracionamento ou os reatores; viabiliza também

processos de craqueamento térmico, atuando, por exemplo, como os próprios reatores

em unidades de coqueamento retardado, unidades de geração de hidrogênio e de

produção de eteno [4].

Os fornos industriais podem ser divididos em duas categorias quanto à fonte de

calor: fornos a chama e fornos elétricos.

A figura 3.15 mostra a arquitetura de automação pré-detalhada de um forno a

chama.

Para a implementação das funções de segurança, especificou-se de um PES67

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Figura 3.14: Arquitetura do CEMS

dedicado para forno, independente do PES da unidade. Isso porque, além de ser

um equipamento crítico, o forno é o equipamento que mais possui instrumentos. O

controle do forno (temperatura de saída do produto, vazões de cada passe, pressão

interna, pressão dos queimadores, dentre outros), por sua vez, é executado no SDCD.

Os instrumentos destinados ao controle são do tipo Foundation Fieldbus, en-

quanto que instrumentos relacionados ao sistema instrumentado de segurança são

do tipo 4− 20mA + HART (analógicos) ou 0− 24 V cc (digitais).

Especificou-se ainda que cada forno deve possuir um painel local com IHM.

Através deste painel, o operador executa comandos de abertura e fechamento de

válvulas de óleo, desligamento manual do forno e executa o comando de permissão

para partida do equipamento. Informações como status de purga, status de testes de

vazamento são mostrados na IHM.

Todos os comandos do LP devem ser enviados ao PES do forno através de de

comunicação não protocolada (hardwired). Por outro lado, a comunicação entre a IHM

e o PES do forno é feita via protocolo Modbus-TCP.

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3.4.8.1: Comunicação com outros sistemas

Mensagens de status e alarmes são enviados do PES do forno ao SDCD atra-

vés de comunicação redundante via protocolo Modbus-TCP. Os sinais de parada de

emergência são enviados do SDCD ao PES da unidade através de comunicação não

protocolada.

Como o PES do forno gera alarmes e intertravamentos, ele deve ser conectado

ao sistema de sequenciamento de eventos (SOE), sendo a comunicação realizada

através de uma porta Ethernet e através do protocolo OPC-UA ou OPC-E&A.

Os instrumentos 4 − 20 mA + HART, utilizados para execução de lógicas de

intertravamento, são conectados ao sistema de gerenciamento de ativos (AMS).

Observa-se que o PES do forno está conectado a duas redes distintas do SIS:

uma rede interligada à sala de automação - conectada a uma estação de engenharia

- e outra interligada à sala de servidores de E/S. Estas duas redes fazem parte do

sistema instrumentado de segurança (SIS) e são explicadas na seção 3.4.2.

3.4.9: Máquinas de grande porte

Nesta seção discutem-se as arquiteturas de automação desenvolvidas para as

principais máquinas de grande porte presentes nas unidades de processo do com-

plexo petroquímico. Para a elaboração destas arquiteturas, utilizou-se como base os

conceitos apresentados na seção 2.3, além dos critérios de automação e instrumen-

tação do projeto.

Ao invés de apresentar a arquitetura epecífica de cada equipamento, será apre-

sentada uma arquitetura de uma máquina genérica. Esta arquitetura contempla os

requisitos e as comunicações com outros sistemas do complexo, e foi utilizada como

base para o desenvolvimento de arquiteturas de máquinas específicas.

3.4.9.1: Arquitetura genérica

A figura 3.16 mostra a arquitetura genérica desenvolvida para máquinas de

grande porte. Esta arquitetura contempla os 4 principais sistemas das grandes máqui-

nas, apresentados na seção 2.3:

• subsistema de óleo de lubrificação e comando;69

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Figura 3.15: Arquitetura de um forno a chama

70

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• subsistema de intertravamento;

• subsistema de controle de velocidade /capacidade (se aplicável);

• subsistema de monitoramento.

O sistema de óleo e lubrificação é constituído por instrumentos transmissores

e válvulas 4 − 20 mA + HART e instrumentos digitais 0 − 24 V cc. Na arquitetura,

representou-se estes instrumentos de forma genérica, como entradas e saídas (E/S)

analógicas e discretas para o CLP da máquina.

O sistema de intertravamento é constituído por um CLP e instrumentos (também

enquadrados nas E/S genéricas). Os sinais de desligamento de emergência são envi-

ados ou recebidos do PES por meio de comunicação não protocolada (hardwired). Já

os sinais de alarmes e status são enviados ao SDCD via comunicação Modbus-TCP.

A detecção de sobrevelocidade é feita por um equipamento separado. No caso

deste sistema detectar velocidade excessiva da máquina, um sinal 0− 24 V cc de des-

ligamento de emergência é enviado ao CLP e ao PES, a fim de que estes possam

realizar os devidos intertravamentos de segurança.

O controle de velocidade ou capacidade da máquina pode ser feito tanto por

um controlador dedicando quanto pelo próprio CLP da máquina. Nesta fase de pré-

detalhamento, considerou-se que o controle de velocidade ou capacidade é feito por

um controlador dedicado, que envia e recebe sinais analógicos de sensores e atuado-

res na planta e comunica-se com o CLP do pacote e demais sistemas da unidade.

Este controlador recebe a referência (setpoint) de velocidade do SDCD, através

de um sinal 4 − 20 mA, lê variáveis do processo e realiza atuação; a variável de

processo é realimentada ao SDCD também via sinal 4− 20 mA. Além disso, há troca

sinais de status e alarmes com o CLP da máquina e diretamente com o SDCD através

do protocolo Modbus-TCP.

Conforme discutido na seção 2.3, existem basicamente dois tipos de sistemas

de monitoramento: monitoramento contínuo (figura 2.5) ou por varredura (figura 2.6).

O tipo de sistema a ser utilizado depende da criticidade da máquina e de característi-

cas mecânicas tais como o tipo de mancal de rolamento.

O CLP de intertravamento e o sistema de sobrevelocidade comunicam-se com

a rede SOE através de uma porta Ethernet. Os instrumentos analógicos, bem como o

sistema de monitoramento, devem estar conectados com a rede de gerenciamento de71

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Figura 3.16: Arquitetura de uma máquina rotativa genérica

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ativos (AMS) através de um multiplexador HART e de umconversor EIA-485/Ethernet.

Além disso, o CLP e controladores são ligados a uma rede Ethernet para fins de

manutenção remota (seção 3.4.6).

3.4.10: Automação e proteção do sistema elétrico

O PASE (proteção e automação do sistema elétrico) possui como objetivo mo-

nitorar variáveis do sistema elétrico e integrá-lo com o sistema de controle e intertra-

vamento do processo.

O PASE é formando basicamente por duas redes de gerenciamento de informa-

ções: uma que interliga os dispositivos elétricos ao SDCD e outra que coleta dados

de dispositivos elétricos inteligentes (IEDs - Intelligent Electronic Device). A gerência

da rede elétrica possui os seguintes objetivos:

• Prover, de forma confiável a atualizada, dados de status dos principais sistemas

elétricos e de geração;

• Identificar problemas elétricos antes que falhas ocorram;

• Permitir a realização de auditorias automatizadas da qualidade da sistema elé-

trico, através de relatórios que determinam de forma precisa causas de falhas e

possíveis medidas preventivas.

A figura 3.17 mostra a arquitetura desenvolvida para o PASE. Nela observam-se

os principais equipamentos do sistema elétrico.

O RUPS (Redundant Uninterruptable Power Supply ) é o sistema responsável

pela alimentação contínua da unidade, possuindo associado a ele um banco de bate-

rias.

Os CCMs (centro de controle de motores) são painéis elétricos de baixa tensão

(480 V ) responsáveis pela alimentação de motores com potência até 55 kW , conver-

sores de frequência com saída nominal de corrente até de 100 A e RUPSs de potência

até 75 kV A.

O CDC de baixa tensão (480 V ) é responsável por alimentar os CCMs de 480 V ,

motores com potência acima de 55 kW até 110 kW e conversores de frequência com

corrente nominal acima de 100 A até 400 A.

73

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Figura 3.17: Arquitetura do PASE

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O CDC de tensão 4, 16 kV alimenta motores com potência acima 110 kW até

2000 kW e conversores de frequência com potência acima de 330 kW e até 4000 kW .

Tanto o CCM quanto o CDC são possuem gavetas denominadas IEDs (Inteligent

Electronic Devices). Estas gavetas são dispositivos microprocessados que permitem o

fechamento e abertura do circuito de alimentação de forma remota; permitem também

o monitoramento de variáveis de estado, tais como tensão, corrente, potência ativa,

dentre outras.

Todos os conversores de frequência (VSD - Variable Speed Driver ) são agru-

pados em painéis localizados na subestação, evitando-se a presença destes equipa-

mentos no campo.

Na arquitetura desenvolvida, representaram-se os sistemas elétricos com a fi-

nalidade de mostrar sua interface com o sistema de controle e automação da unidade;

detalhas das conexões elétricas e do sistema elétrico não foram mostrados. De ma-

neira apenas ilustrativa, ligaram-se os motores de compressores e bombas de grande

porte no CDC, sem no entanto realizar antes um levantamento da potência e tensão

destes equipamentos.

3.4.10.1: Acionamento de motores

Os motores elétricos das unidades de processo podem ser partidos, de ma-

neira geral, de duas formas: (i) no campo, através um botão de partida conectado

diretamente ao CDC, CCM ou VSD ou (ii) remotamente a partir da interface do SDCD.

Como requisito de projeto, todos os motores devem ser capazes de serem partidos via

SDCD.

O comando de partida e parada é enviado do SDCD ao CCM, CDC ou VSD

através de uma rede Profibus-DP. Esta rede também é responsável por transmitir o

estado (ligado ou desligado) do motor. No caso de motores de velocidade variável, a

referência (setpoint) de velocidade é enviado do SDCD ao VSD através de um sinal

4− 20 mA. Da mesma forma, o sinal de realimentação é enviado do VSD ao SDCD.

Equipamentos de grande porte, como compressores, devem ser partidos so-

mente a partir do SDCD. Entretanto, para que a partida remota possa ser realizada,

é necessário que um operador vá até o local do equipamento, verifique suas condi-

ções e então efetue um comando de “permissão para partida”. Este comando é feito

através de um botão físico localizado em um painel local, próximo ao equipamento. A

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permissão é comunicada então ao CLP do equipamento através de um sinal 0−24 V cc

e ao SDCD através de comunicação digital em rede.

Após a permissão de partida, o comando é inicialmente enviado do SDCD ao

CLP do equipamento através de um sinal 0 − 24 V cc. Estando o equipamento em

condições de operar, o CLP envia então o comando ao CDC ou CCM através de um

sinal 120 V ca, tensão especificada para o comando das gavetas dos painéis elétricos.

A parada de emergência (trip) de motores elétricos é feita através de um sinal

120 V ca enviado pelo CLP do equipamento à gaveta ou então enviado diretamente

pelo PES unidade, caso o equipamento não possua CLP dedicado. É importante

observar que uma parada de emergência pode se originar de três locais: do LP do

equipamento, da interface SDCD, de uma lógica do CLP ou ainda de uma lógica do

PES da unidade.

3.5: Arquitetura geral

Após desenvolver a arquitetura dos sistemas que estão presentes em todas as

unidades, elaborou-se então a arquitetura de unidade de processo genérico, contem-

plando a comunicação entre todos os sistemas. Nesta arquitetura genérica não foram

representados sistemas particulares, como por exemplo o painel remoto (RCP) de

compressores.

A arquitetura desenvolvida, mostrada na figura 3.18, é dividade em três partes:

campo, CCL e CIC. No campo encontram-se os instrumentos e equipamentos da uni-

dade, tais como válvulas, transmissores, compressores, bombas e fornos. Na CCL

encontram-se os equipamentos de automação da unidade (SDCD, PES, RCPs, etc).

O CIC é representado apenas para mostrar as interfaces dos sistemas presentes na

CCL.

Organizou-se de forma separada as comunicações de intertravamentos e co-

municações de alarmes e status. As comunicações de intertravamento, realizadas

através de sinais físicos (hardwired) e entre painéis de rearranjo do SDCD, PES e

PES de fornos, foram representados em um nível inferior. Já as comunicações de

status e alarmes, feitas através de comunicação em rede, foram representados em

um nível superior do desenho. Esta separação entre os tipos de sinais permite uma

melhor organização e entendimento da arquitetura.

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Figura 3.18: Arquitetura de automação de uma unidade de processo genérica

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3.5.1: Comunicações não protocoladas

A figura 3.19 mostra as principais comunicações de intertravamentos entre os

sistemas de uma unidade de processo. Na figura, representaram-se os sinais com a

direção da comunicação e com o tipo do sinal (4 20 mA, 0 − 24V cc ou 0 − 120V ca).

Sinais com a mesma direção e mesmo tipo foram agrupados para simplificar a repre-

sentação.

Conforme discutido na seção 3.4.10, o SDCD é o responsável pela partida e

parada em condições normais de todos os equipamentos da unidade. Quando o equi-

pamento possui um CLP para controle e intertravamento, o sinal de partida e parada

do equipamento é enviado através de uma comunicação física digital.

O SDCD possui em seus sinópticos chaves para a parada de emergência dos

equipamentos (fornos, compressores, turbinas). Quando uma chave desta é acionada,

um sinal de parada de emergência é enviado ao PES e este por sua vez envia o

comando de parada ao equipamento.

Numa situação de emergência, além de parar o equipamento solicitado, o PES

deve realizar outros intertravamentos necessários para manter a segurança do pro-

cesso. Além disso, o PES monitora também o processo e pode realizar paradas de

emergência de equipamentos sem a intervenção do SDCD.

Numa situação de presença de fogo ou vazamento de gás, os sistemas de F&G

e F&GBA enviam ao PES sinais que causam desligamentos de emergência, conforme

explicado na seção 3.4.3.

3.5.2: Comunicações em rede

A figura 3.20 mostra um esquemático das comunicações seriais presentes na

arquitetura geral pré-detalhada. O protocolo da comunicação não foi representado.

É importante ressaltar que, embora a rigor todas as comunicações Ethernet são em

geral bidirecionais, representou-se no diagrama o sentido do fluxo da informação final,

do ponto de vista da aplicação.

A troca de status e alarmes entre os principais controladores da unidade -

SDCD, PES, sistema de F&G e F&GBA – é feita através de switches Ethernet re-

dundantes e interligados. Optou-se por utilizar um switch ao invés de ligações ponto-

a-ponto a fim de reduzir o número de portas Ethernet necessárias em cada sistema.

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Figura 3.19: Comunicações não-protocoladas

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Entretanto, foi solicitado pelo Cliente que a ligação entre o SDCD e os pacotes, in-

cluindo os fornos a chama, fossem mantidas ponto-a-ponto.

O protocolo utilizado para a troca de status e alarmes foi o Modbus-TCP (2.4.3.5).

Atualmente, o Modbus é o protocolo mais utilizado para integração de dispositivos de

automação. Além disso, o Modbus-TCP permite, além do baixo custo da rede Ether-

net, maior facilidade de integração com as redes locais.

O switch RMN interliga os principais CLP de sistemas a uma rede de manuten-

ção, permitindo que a partir deste switch os dispositivos sejam acessados e configu-

rados através de uma estação de engenharia (veja seção 3.4.6).

O swtich do sistema AMS conecta os instrumentos analógicos com capacidade

HART dos RCPs, do PES da unidade e do PES do forno, conforme explicado na seção

3.4.4.

O switch SOE conecta todos os sistemas que geram alarmes ou intertravamen-

tos ao sistema de sequenciamento de eventos, conforme explicado na seção 3.4.5.

3.6: Arquiteturas especificas

Após a elaboração de arquiteturas dos sistemas que são geralmente presen-

tes em todas as unidades de processo (SDCD, SIS, AMS, SOE, RMN, F&G, F&GBA,

analisadores), detalharam-se então os sistemas e equipamentos específicos para uni-

dades particulares.

Como exemplo de arquitetura específica desenvolvida, será apresentada a ar-

quitetura de automação de um conjunto turboexpansor-gerador presente na unidade

de craqueamento catalítico em leito fluidizado (FCC – Fluidic Catalytic Cracking) do

complexo petroquímico.

Para a elaboração desta arquitetura, fez-se um estudo sobre o sistema de con-

trole de um turboexpansor-compressor e materiais do projeto básico. Além disso,

alguns integrantes da equipe realizaram uma visita técnica a uma unidade de FCC a

fim de esclarecer dúvidas.

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Figura 3.20: Comunicações em rede

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Figura 3.21: Turboexpansor em uma unidade de FCC - Extraído de [4]

3.6.1: Turboexpansor acionando um gerador elétrico

3.6.1.1: Introdução

Na unidade de craqueamento catalítico em leito fluidizado, uma carga de hidro-

carbonetos pesados é convertido em produtos mais leves e nobres, como a gasolina e

o GLP, em um reator pela ação de um catalisador fluidizado aquecido. Um subproduto

da reação é o coque que se deposita no catalisador. Este catalisador é enviado para

um regenerador, onde o coque é queimado de forma controlada com ar comprimido.

Os gases de combustão deste regenerador tem uma grande vazão, alta temperatura

e uma pressão manométrica em torno de 2, 5 kgf/cm2. Atualmente, coloca-se um

turboexpansor para realizar trabalho e movimentar um gerador de energia elétrica an-

tes de enviar os gases de combustão para uma caldeira [4]. A figura 3.21 mostra um

turboexpansor de uma unidade de FCC.

3.6.1.2: Instrumentação e controle

O diagrama de processo e instrumentação (P&ID) da figura 3.22 mostra um

esquema de controle simplificado do turboexpansor acionando um gerador elétrico

da unidade de FCC. Representou-se nesta figura o regenerador de catalisador, o se-

parador (que separa restos do catalisador) e as válvulas principais utilizadas para o

controle do conjunto turboexpansor-gerador.

Quando o turboexpansor está em operação, controla-se o diferencial de pressão

através da manipulação em split-range de 3 válvulas principais: válvula de admissão

82

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Figura 3.22: Diagrama P&ID simplificado do turboexpansor

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de gases no turboexpansor (PDV-001), válvula de grande bypass (PDV-002), e válvula

de trim bypass (PDV-002).

Em condições normais de operação, e em regime permanente, o controle de

pressão é feito somente pela válvula de admissão do turboexpansor (PDV-001). Caso

ocorra uma perturbação muito grande, como por exemplo a parada da máquina, a

pressão passa a ser controlada a partir da válvula de grande bypass (PDV-002). A

válvula de trim-bypass só é utilizada durante a partida da máquina. Uma característica

necessária para estas válvulas é a rápida atuação (resposta máxima em torno de

1s), pois se ocorre uma quebra do acoplamento turboexpansor-gerador, a rotação do

turboexpansor é acelerada de forma brusca.

A válvula de admissão (PDV-001) e a válvula de trim bypass (PDV-002) são

controladas a partir de um CLP dedicado para o para o turboexpansor, que por sua vez

recebe a referência de setpoint de pressão do SDCD. Já a válvula de grande bypass

pode ser controlada tanto pelo CLP quando pelo SDCD. Esta última forma de operação

ocorre em caso de falha do CLP, por exemplo, e pode se acionada automaticamente

ou manualmente através de uma chave lógica implementada na interface do SDCD.

Por se tratar de um chaveamento crítico, esta operação de troca de controle

entre SDCD e CLP é coordenada pelo PES da unidade, que compara o sinal dos dois

sistemas e define qual deles será enviado à válvula.

No caso do complexo petroquímico deste trabalho, foram especificadas, além

das válvulas de grande bypass e trim bypass, uma válvula de tamanho menor (PDV-

003) (small bypass) atuando em split range com válvula de grande bypass.

Além destas 3 válvulas principais, fazem parte do pacote do turboexpansor vál-

vulas de isolamento (HV-001 e XV-002) e uma válvula de parada de emergência (XV-

001).

3.6.1.3: Arquitetura de automação

A figura 3.23 mostra a arquitetura de automação pré-detalhada para os 2 tur-

boexpansores (idênticos e com a mesma função) da unidade de FCC do complexo pe-

troquímico deste trabalho. Definiu-se que todo o sistema de automação do turboexpansor-

gerador, bem como os painéis de controle do gerador, ficariam localizados em uma

casa de controle localizada no campo.

A arquitetura de automação do turboexpansor foi definida com base na arquite-84

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Figura 3.23: Arquitetura dos turboexpansores

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tura de máquina genérica apresentada na seção 3.4.9 e com base na documentação

do projeto. O sistema consiste em um CLP, painel de controle localizado na sala e

no campo, um subsistema de sobrevelocidade e um subsistema de monitoramento.

O CLP é responsável por acionar as válvulas principais do turboexpansor e também

por controlar os sistemas auxiliares. Além disso, especificou-se um painel de controle

próprio para o gerador, contendo informações sobre a geração de energia. As co-

municações entre estes sistemas (painéis, CLP, sistema de sobrevelocidade, sistema

de monitoramento) e suas interfaces com sistemas da unidade (SDCD, AMS, SOE,

RMN) foram especificadas seguindo a arquitetura genérica de máquina apresentada

na seção 3.4.9, figura 3.16.

Na arquitetura, observa-se que o CLP do turboexpansor recebe a referência

(setpoint) de pressão do SDCD. A partir de medidores de pressão, o CLP calcula então

a referência setpoint de posição da válvula de admissão e o envia para a unidade de

controle desta válvula. Todas as válvulas de controle do turboexpansor são do tipo

eletro-hidráulica, e possuem uma unidade de acionamento e controle própria, com

CLP, painel de operação e IHM.

As válvulas grande e pequeno bypass são comandadas, conforme discutido

anteriormente, pelo PES da unidade, o qual seleciona o sinal do CLP ou do SDCD.

Por isso, é necessário que o CLP do turboexpansor envie o sinal de referência setpoint

destas válvulas ao PES da unidade. Além disso, como pode ocorrer do controle ter

que ser assumido pelo SDCD, para que não ocorra uma mudança abrupta ao chavear

os sistemas, é necessário que o SDCD receba continuamente o valor de referência

setpoint destas válvulas, calculado pelo CLP.

Para que o turboexpansor possa ser partido, é necessário que as válvulas de

isolamento (comandadas somente a partir de seu painel local) estejam totalmente

abertas. Esta informação de posição é disponibilizada pelo CLP das válvulas de iso-

lamento ao CLP do turboexpansor através de um sinal 4 − 20 mA. Além disso, estas

válvulas só podem ser operadas se o turboexpansor estiver parado. Por isso, um sinal

de 0− 24 V cc de status de operação é enviado a elas pelo CLP do turboexpansor.

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Capítulo 4: Resultados

Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados do trabalho. Discutem-

se os documentos de arquiteturas elaborados para as unidade de processo e as me-

lhorias que o trabalho trouxe ao projeto FEED do complexo petroquímico.

4.1: Documentos de arquiteturas

O objetivo final deste trabalho visava a elaboração de documentos de arquite-

turas de automação para unidades de proceso do complexo petroquímico. Ao todo,

foram elaborados documentos para 27 unidades de processo, cujos projetos FEED

são de responsabilidade da Chemtech.

A figura 4.1 mostra a visão geral e o nível de detalhamento de um documento

gerado para uma unidade de processo do complexo petroquímico.

Os documentos de arquitetura foram elaborados utilizando-se um aplicativo

CAD (Computer Aided Engineering). A partir do estudo da complexidade das uni-

dades, definiu-se que os documentos seriam feitos em folhas de tamanho A1 ou A0,

dependendo da unidade.

O ciclo de vida de um documento possui três fases: elaboração, verificação

e aprovação. A fase de elaboração, como o nome sugere, consiste na criação do

documento. A fase de verificação tem por objetivo fazer uma análise minuciosa do do-

cumento, tanto em termo técnicos quanto em termos de apresentação do documento;

esta etapa é feita geralmente por um engenheiro com maior experiência. Por último,

a etapa de aprovação possui como objetivo analisar o documento de forma geral (e

não minuciosamente), levando-se em consideração critérios do projeto como um todo;

esta etapa é realizada por uma pessoa com grande experiência técnica e experiência

no projeto.

Por tratar-se de um projeto de grande porte e com milhares de documentos

produzidos, a gerência da documentação é feita com o auxílio de um aplicativo de

gerenciamento eletrônico de documentos (GED). Este aplicativo é responsável pelo

armazenamento do documento, controle de versões, fluxos de trabalho, dentre outros.

Com estas informações, além de melhor organizar o projeto, é possível gerar infor-

87

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Figura 4.1: Documento de arquitetura de automação

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mações úteis para a gerência, como por exemplo quais documentos demandam mais

tempo de elaboração.

4.1.1: Metodologia de elaboração

A fim de desenvolver o trabalho, definiu-se uma metodologia para a elaboração

dos documentos de arquitetura de automação. Inicialmente, fez-se uma pesquisa das

simbologias de equipamentos e sinais geralmente usados em projetos de automação,

tendo como referência outros projetos desenvolvidos pela Chemtech. Criou-se en-

tão uma biblioteca CAD com esta simbologia, constituída por representação de CLPs,

controladores, switches, entre outros. Esta biblioteca permitiu a padronização da re-

presentações utilizadas durante o projeto.

A partir do desenvolvimento da arquitetura de uma unidade de processo ge-

nérica, apresentada na seção 3.5, criou-se um modelo de documento padrão. Este

modelo foi utilizado como base para a elaboração das arquiteturas das unidades, per-

mitindo assim uma padronização dos documentos.

Uma vez criado o modelo genérico de documento, já contendo a arquitetura pré-

detalhada dos principais equipamentos, o procedimento definido para a elaboração de

um documento de arquitetura pode ser resumido nos seguintes passos:

1. Levantamento dos equipamentos principais da unidade e identificação dos sis-

temas de automação. Para esta etapa, criou-se uma planilha padrão para ser

utilizada em cada unidade;

2. Estudo e pré-detalhamento dos equipamentos e sistemas de automação espe-

cíficos da unidade em questão. Nesta etapa, documentos sobre o equipamento

são analisados, bibliografias levantadas e dúvidas discutidas com consultores

e/ou com o cliente;

3. Levantamento de outras informações pertinentes à unidade e necessárias à ela-

boração do documento, como por exemplo qual subestação elétrica alimentará

os equipamentos;

4. Elaboração, verificação e aprovação do documento.

A fim de documentar, padronizar e auxiliar o procedimento de elaboração e ve-

rificação de arquiteturas de automação, criou-se um manual de execução contendo89

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informações técnicas para a elaboração destes documentos. Este manual foi criado

para que que novos engenheiros que começassem a trabalhar com arquiteturas de

automação pudessem entender os objetivos do documento e a metodologia de exe-

cução, além de apresentar os conceitos técnicos fundamentais. Além disso, o manual

estabeleceu uma metodologia que pode ser utilizada em projetos futuros.

4.2: Melhorias no projeto FEED

O projeto de arquiteturas de automação para as unidades de processo possibi-

litou diversas melhorias no projeto FEED do complexo.

Na disciplina de instrumentação, as arquiteturas foram utilizadas como refe-

rência para a elaboração de listas de entradas e saídas (E/S) e listas de portas de

comunicação do SDCD e PES. Além disso, o estudo em um nível mais aprofundado

dos sistemas de automação das unidade contribuiu para a melhoria das atividades de

análise de consistência.

O trabalho permitiu também a identificação de inconsistências nas folhas de

dados de equipamentos elaboradas pela disciplina de máquinas, sobretudo nos dados

relativos à instrumentação e automação.

Por fim, o trabalho permitiu uma maior integração ente as disciplinas de instru-

mentação, mecânica/máquinas e elétrica. Para o projeto de pré-detalhamento dos

sistemas de automação, foi necessário diversas vezes o esclarecimento e troca de

informações sobre os equipamentos elétricos e mecânicos com as respectivas disci-

plinas. O projeto do sistema do turboexpansor-gerador, por exemplo, no tocante às

interfaces do sistema de automação com o sistema de geração, foi feito em conjunto

com a disciplina de elétrica.

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Capítulo 5: Conclusões e perspectivas

Este trabalho apresentou o pré-detalhamento das arquiteturas de automação

das unidades de processo de um complexo petroquímico. Inicialmente, realizou-se

um estudo sobre os principais sistemas de controle e automação atualmente utiliza-

dos em uma refinaria. Desenvolveu-se então o trabalho através do levantamento dos

requisitos, elaboração de uma arquitetura conceitual, pré-detalhamento das arquitetu-

ras de equipamentos gerais e pré-detalhamento das arquiteturas específicas.

Como resultado do trabalho, foram elaborados documentos para 27 unidades de

processo do complexo petroquímico. Além disso, foi desenvolvida e documentada uma

metodologia para elaboração destes tipos de documentos, a qual pode ser utilizada

em projetos futuros da empresa.

Em relação ao projeto de FEED do complexo petroquímico, pôde-se perceber

a importância de um projeto de pré-detalhamento em um empreendimento de grande

porte. Além do objetivo principal de possibilitar uma melhor estimativa de custos do

empreendimento, permitindo a análise de sua viabilidade e um parâmetro de custo na

hora de contratar uma empresa de EPC, o projeto de FEED permite antecipar diversos

problemas da etapa de detalhamento que poderiam prolongar o início da operação das

unidades, como por exemplo a especificação e encomenda de máquinas críticas.

Constatou-se que uma dificuldade no projeto FEED é determinar o grau de de-

talhamento necessário nesta etapa. Se por um lado quanto mais detalhado o projeto

melhor a acuracidade dos quantitativos, por outro lado o projeto de FEED tem por

objetivo ser uma etapa rápida e com baixo custo em relação às outras.

Também pôde-se vivenciar todas as dificuldades encontradas em um projeto de

grande porte. O projeto de FEED do complexo possuía em torno de 400 funcioná-

rios, divididos em 20 disciplinas; a disciplina de instrumentação (onde realizou-se o

trabalho) contava com cerca de 40 funcionários. Questões como bom planejamento

de trabalho, treinamento constante, ferramentas adequadas, entrosamento, motivação

da equipe e diversidade desta (em formação e experiência) são fatores fundamentais

para o sucesso de um projeto deste porte.

Outrossim, comprovou-se a importância da documentação em um projeto de

engenharia. Percebeu-se que grande parte do tempo utilizado no projeto é gasto

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apenas para entender um documento.

Finalmente, comprovou-se na prática que um projeto na área de automação é

bastante multidisciplinar e integrador. Durante a realização deste trabalho, foi neces-

sário o contato com temas de processos, segurança, mecânica, elétrica, comunicação

e qualidade de projetos. Além disso, constatou-se que cada vez mais a automação

está presente em todas as áreas. Como exemplo, se antes bastavam engenheiros

mecânicos para projetar ou especificar um compressor, bastavam engenheiros ele-

tricistas para projetar um sistema elétrico, ou ainda bastavam engenheiros químicos

para projetar um processo químico, atualmente o grau de controle e automação pre-

sente nestes três tipos de sistemas citados (dentre outros) justifica a participação de

um engenheiro de controle e automação em todas etapas de projeto e especificação.

5.1: Perspectivas

Espera-se que as arquiteturas desenvolvidas neste trabalho possam ser usadas

com sucesso para o projeto detalhado dos sistemas de automação do complexo pe-

troquímico. O projeto de detalhamento do complexo será feito juntamente com a etapa

de compra de materiais e construção, segundo a metodologia EPC (seção 1.4.1).

Por outro lado, são grandes as perspectivas de crescimento do setor petroquí-

mico no Brasil. Conforme dito na introdução, o projeto de novas refinarias está pre-

visto. Espera-se que este trabalho possa auxiliar projetos futuros da empresa e tam-

bém contribuir para a divulgação, no meio acadêmico e industrial, de conceitos e tec-

nologias de controle e automação utilizados na área de refino de petróleo.

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