IMPLEMENTAÇÃO DAS RECOMENDAÇÕES E DECISÕES DO SIDH
Transcript of IMPLEMENTAÇÃO DAS RECOMENDAÇÕES E DECISÕES DO SIDH
Oscar Vilhena Vieira (coordenador) Luciana de Oliveira RamosRubens Glezer Adriane Sanctis de Brito Guilherme Klafke
Rafael Giovanelli e Mariacutelia Lessa
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES EDECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO
DE DIREITOS HUMANOS NO BRASILINSTITUCIONALIZACcedilAtildeO E POLIacuteTICA
Oscar Vilhena Vieira (coordenador) Luciana de Oliveira RamosRubens Glezer Adriane Sanctis de Brito Guilherme Klafke
Rafael Giovanelli e Mariacutelia Lessa
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES EDECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO
DE DIREITOS HUMANOS NO BRASILINSTITUCIONALIZACcedilAtildeO E POLIacuteTICA
A SEacuteRIE PESQUISA DIREITO GV TEM COMO OBJETIVO PUBLICAR PESQUISAS E TEXTOS DEBATIDOS NA
ESCOLA DE DIREITO DE SAtildeO PAULO DA FUNDACcedilAtildeO GETULIO VARGAS SOB A FORMA DE LIVROS A SELECcedilAtildeO
DOS TEXTOS Eacute DE RESPONSABILIDADE DA COORDENADORIA DE PUBLICACcedilOtildeES
ESTA OBRA PODE SER UTILIZADA DE FORMA LIVRE O DOWNLOAD A COacutePIA O COMPARTILHAMENTO
A IMPRESSAtildeO E A CITACcedilAtildeO SAtildeO PERMITIDOS PARA FINS NAtildeO COMERCIAIS
EDITOR
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ASSISTENTE EDITORIAL
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Implementaccedilatildeo das recomendaccedilotildees e decisotildees do sistema interamericano de direitos humanos no Brasil institucionalizaccedilatildeo e poliacutetica Oscar Vilhena Vieira [coordenador] -- 1 ed -- Satildeo Paulo Direito GV 2013 -- (Seacuterie pesquisa direito GV)
Vaacuterios autoresBibliografiaISBN 978-85-64678-08-8
1 Direitos humanos 2 Direitos humanos (Direito internacional) 3 Sistema Interamericano de DireitosHumanos I Vieira Oscar Vilhena II Seacuterie
13-10257 CDU-3427(100)(81)
Iacutendices para cataacutelogo sistemaacutetico1 Brasil Sistema Interamericano de direito humanos Direito internacional3427(100)(81)
SUMAacuteRIO
PREFAacuteCIO 5
SOBRE OS AUTORES 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
1METODOLOGIA 9
2O BRASIL NO SIDH 15
3O CAMINHO DAS DECISOtildeES CONTRA O ESTADO BRASILEIRO 17
31 PODER EXECUTIVO FEDERAL ATORES E COMPETEcircNCIA 19
32 O QUADRO DINAcircMICO APRENDIZADO E CONFLITO ENTRE INSTITUICcedilOtildeES 20
321 PRIMEIRO PERIacuteODO CASOS DAMIAtildeO XIMENES LOPESE GILSON NOGUEIRA DE CARVALHO 20
322 SEGUNDO PERIacuteODO CASOS ESCHER E OUTROS E GARIBALDI 22
323 TERCEIRO PERIacuteODO CASOS JULIA GOMES LUND E BELO MONTE 22
33 PAGAR AS VIacuteTIMAS UM DESENVOLVIMENTO Agrave PARTE 23
34 PROGRAMA ldquoJUSTICcedilA PLENArdquo IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS MEDIDAS DE GARANTIA E ACESSO Agrave JUSTICcedilA 25
4TEMAS SUJEITOS E CONJUNTURA
COMO EM CADA CASO A IMPLEMENTACcedilAtildeO FOI FAVORECIDA OU DIFICULTADA 26
41 QUANDO JAacute HAacute AGENDA DE POLIacuteTICA PUacuteBLICA DO ESTADO BRASILEIRO 27
42 QUANDO O ESTADO BRASILEIRO PROMOVE E APOIA O ATO QUE GERA A VIOLACcedilAtildeO 36
43 QUANDO HAacute CASO DE VIOLACcedilAtildeO EM AcircMBITO LOCAL 43
44 QUANDO A CAUSA Eacute APROPRIADA PELOS ATORES ENVOLVIDOS NO CASO CONCRETO 49
CONCLUSAtildeO BALANCcedilO DE RESULTADOS E PARAcircMETROS DE IMPLEMENTACcedilAtildeO 52
APEcircNDICE CASOS QUE ENVOLVEM O BRASIL NO SIDH 54
I MEDIDAS CAUTELARES OUTORGADAS PELA COMISSAtildeO INTERAMERICANADE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 32 (ENTRE 1995 E 2012) 54
II RELATOacuteRIOS DE MEacuteRITO PUBLICADOS PELA COMISSAtildeO INTERAMERICANADE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 17 (ENTRE 1995 E 2012) 62
III SOLUCcedilOtildeES AMISTOSAS CELEBRADAS PELO BRASIL NA COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 2 (ENTRE 1995 E 2012) 67
IV MEDIDAS PROVISIONAIS OUTORGADAS PELA CORTE INTERAMERICANADE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012) 68
V CASOS CONTENCIOSOS NA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOSTOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012) 70
NOTAS 72
REFEREcircNCIAS 88
PREFAacuteCIO
O Sistema Interamericano de Direitos Humanos estabelecido ori-ginalmente no contexto da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanose depois expandido pela adoccedilatildeo da Convenccedilatildeo Americana deDireitos Humanos de 1966 tem cumprido natildeo sem ambiguidadesum papel relevante na ampliaccedilatildeo da proteccedilatildeo dos direitos huma-nos no continente Durante a vaga autoritaacuteria dos anos 1970 aComissatildeo Interamericana realizou com grande coragem visitas eproduziu relatoacuterios constrangedores para as ditaduras argentina echilena Com a redemocratizaccedilatildeo do continente o papel do Sis-tema passou por uma transformaccedilatildeo A adesatildeo paulatina dos paiacutesesagrave Convenccedilatildeo de San Joseacute e a seus protocolos comeccedilou a gerar umarelaccedilatildeo promissora entre os sistemas constitucionais e o sistemaregional de proteccedilatildeo aos direitos humanos A fragilidade institu-cional da Comissatildeo e da Corte somada agrave ambiguidade poliacutetica demuitos dos Estados membros em relaccedilatildeo aos direitos humanosvem nos uacuteltimos anos colocando em risco a integridade e a rele-vacircncia do Sistema Interamericano na proteccedilatildeo e na promoccedilatildeo dedireitos no continente Neste sentido uma pesquisa que busca ana-lisar o enraizamento do sistema regional de direitos humanos eacutemais do que oportuna
Este trabalho eacute fruto de uma pesquisa de dois anos desenvol-vida a partir de um projeto internacional e colaborativo voltadoao mapeamento da implementaccedilatildeo das medidas e decisotildees do Sis-tema Interamericano de Direitos Humanos na Ameacuterica do Sul Oestudo brasileiro foi realizado pela equipe da DIREITO GVDesde o iniacutecio colocou-se o desafio de encontrar paracircmetros con-
sistentes para aferir a qualidade da implementaccedilatildeo das medidas edecisotildees do Sistema Interamericano que natildeo fossem simplesmentedependentes das perspectivas da Comissatildeo e da Corte Interamerica-na de Direitos Humanos a esse respeito Para evitar a adoccedilatildeo deparacircmetros aleatoacuterios a equipe de pesquisa voltou seus esforccedilos paracoletar os dados empiacutericos e normativos no acircmbito domeacutestico como intuito de desenvolver uma meacutetrica adequada agrave compreensatildeo dofenocircmeno agrave luz da realidade brasileira Foi possiacutevel rapidamente perceber entretanto que natildeo existem
padrotildees firmemente estabelecidos para a implementaccedilatildeo das decisotildees
e que tambeacutem natildeo foram produzidos estudos ou informaccedilotildees puacutebli-cas sistematizadas que esclarecessem quais oacutergatildeos satildeo responsaacuteveispela implementaccedilatildeo das medidas e decisotildees do Sistema Interameri-cano no Brasil O que a equipe de pesquisa detectou desde o primeiromomento eacute que nossa estrutura institucional passou e passa por trans-formaccedilotildees a cada novo caso sendo desafiador e pioneiro o mero atode sistematizar informaccedilotildees relevantes a esse respeitoCom isso a pesquisa que foi pensada com o objetivo de respon-
der qual ldquoo grau de implementaccedilatildeo das medidas e decisotildees do SistemaInteramericanordquo se transformou em uma investigaccedilatildeo mais baacutesica arespeito de ldquocomo foram implementadas as medidas e decisotildeesrdquo Foinecessaacuterio mitigar as expectativas de um diagnoacutestico preciso a res-peito da implementaccedilatildeo de tais medidas no Brasil bem como as detraccedilar um mapeamento perfeito e totalizante a respeito dos mecanis-mos de implementaccedilatildeo Ficou claro ao longo do trabalho que muitaenergia e tempo deveriam ser gastos para desenvolver um meacutetodoadequado de pesquisa e aperfeiccediloaacute-lo a partir de problemas e equiacute-vocos surgidos durante a investigaccedilatildeo Pesquisas preliminares como esta natildeo nos permitem saltar para
conclusotildees rotundas De qualquer forma autorizam aos observado-res mais atentos levantarem hipoacuteteses que mobilizaratildeo outras linhasde investigaccedilatildeo Neste sentido qual seria a razatildeo pela qual o sistemapoliacutetico brasileiro natildeo foi capaz de conceber um mecanismo soacutelido eeficiente para a implementaccedilatildeo das decisotildees do Sistema Intera-mericana de Direitos Humanos Haacute aqui apenas incompetecircnciaadministrativa ou o Estado brasileiro por intermeacutedio de suas institui-ccedilotildees mais permanentes como o Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exterioresresiste a criar mecanismos mais contundentes de implementaccedilatildeo dedecisotildees da jurisdiccedilatildeo internacional Em que medida a dimensatildeo fede-rativa do Estado brasileiro tem sido o maior obstaacuteculo para ummecanismo de implementaccedilatildeo mais eficiente E qual seria o papel dasociedade civil na fiscalizaccedilatildeo da efetividade desses mecanismos
Oscar Vilhena Vieira
SOBRE OS AUTORES
ADRIANE SANCTIS DE BRITOPESQUISADORA DO NUacuteCLEO DE DIREITO GLOBAL E DESENVOLVIMENTO DA DIREITO GV MESTRANDA EM DIREITOINTERNACIONAL PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP) COM GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA MESMA INSTITUICcedilAtildeO
GUILHERME FORMA KLAFKEPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE METODOLOGIA DE ENSINO DA DIREITO GV PROFESSOR DA SOCIEDADE BRASILEIRA DEDIREITO PUacuteBLICO (SBDP) MESTRANDO EM DIREITO CONSTITUCIONAL PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP)COM GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA MESMA INSTITUICcedilAtildeO
LUCIANA DE OLIVEIRA RAMOSPESQUISADORA DO NUacuteCLEO DE JUSTICcedilA E CONSTITUICcedilAtildeO DA DIREITO GV PROFESSORA DO GVLAW PROFESSORA DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP) DOUTORANDA EM DIREITO CONSTITUCIONAL PELA UNIVERSIDADEDE SAtildeO PAULO (FD-USP) MESTRE EM CIEcircNCIA POLIacuteTICA PELA FFLCH-USP GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA PUC-SP
MARIacuteLIA ROLEMBERG LESSAGRADUANDA EM DIREITO PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP) EX-ALUNA DA ESCOLA DE FORMACcedilAtildeO DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP)
OSCAR VILHENA VIEIRADIRETOR DA ESCOLA DE DIREITO DE SAtildeO PAULO DA FUNDACcedilAtildeO GETULIO VARGAS (DIREITO GV) POacuteS-DOUTOR PELOCENTRE FOR BRAZILIAN STUDIES (ST ANTOINES COLLEGE OXFORD UNIVERSITY) DOUTOR E MESTRE EM CIEcircNCIAPOLIacuteTICA PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FFLCH-USP) MESTRE EM DIREITO PELA UNIVERSIDADE DECOLUMBIA GRADUADO EM DIREITO PELA PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DE SAtildeO PAULO (PUC-SP)
RAFAEL GANDUR GIOVANELLIPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE METODOLOGIA DE ENSINO DA DIREITO GV MESTRANDO EM DIREITO E DESENVOLVIMENTOPELA DIREITO GV GRADUANDO EM FILOSOFIA PELA FFLCH-USP GRADUADO EM DIREITO PELA PUC-SP
RUBENS EDUARDO GLEZERPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE JUSTICcedilA E CONSTITUICcedilAtildeO DA DIREITO GV PROFESSOR DO GVLAW PROFESSOR DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP) SECRETAacuteRIO-GERAL DA REDE DE INICIATIVAS LATINO-AMERICANASEM DIREITO E DEMOCRACIA (ILADD) DOUTORANDO EM FILOSOFIA E TEORIA GERAL DO DIREITO PELA FD-USP MESTREEM DIREITO E DESENVOLVIMENTO PELA DIREITO GV VISITING STUDENT NA NEW YORK UNIVERSITY BACHAREL EMDIREITO PELA PUC-SP
INTRODUCcedilAtildeOEsta obra eacute o resultado de uma pesquisa empiacuterica voltada a ofere-cer paracircmetros a respeito do grau de implementaccedilatildeo das decisotildeese recomendaccedilotildees da Corte e da Comissatildeo Interamericana de Direi-tos Humanos pelo BrasilA anaacutelise de implementaccedilatildeo partiu do exame da adoccedilatildeo de
medidas estatais em seus diferentes niacuteveis federativos voltadas acumprir recomendaccedilotildees ou condenaccedilotildees especiacuteficas realizadaspelo Sistema Interamericano de Direitos Humanos (SIDH)2 Con-tudo as conclusotildees obtidas natildeo se restringiram agraves avaliaccedilotildeesrealizadas pelos oacutergatildeos oficiais envolvidos seja na instacircncia inter-nacional (pelos instrumentos de acompanhamento do SIDH) sejana esfera nacional (por pronunciamentos governamentais) Essaavaliaccedilatildeo substantiva se funda em um esforccedilo interpretativo daequipe de pesquisa realizada a partir dos elementos coletadosdocumentalmente e em entrevistas com atores relevantes envol-vidos nas situaccedilotildees investigadas A expressatildeo ldquoimplementaccedilatildeordquo eacute empregada aqui inicialmente
com o mesmo significado de adimplemento de medidas relacio-nado aos esforccedilos feitos para que as determinaccedilotildees da Corte ouda Comissatildeo Interamericana sejam consideradas cumpridas peloscriteacuterios do proacuteprio Sistema Interamericano Apoacutes uma anaacutelisepautada nesses criteacuterios verificou-se a necessidade de abordar aimplementaccedilatildeo de forma mais aprofundada capaz de detectar asnuances dos impactos das recomendaccedilotildeesAs usuais anaacutelises de cumprimento centradas na tipologia de
recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees natildeo nos pareceram suficientes paraexaminar a implementaccedilatildeo no Brasil razatildeo pela qual analisamosoutros fatores tais como (a) se a violaccedilatildeo resulta de uma poliacutetica
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS NO BRASILINSTITUCIONALIZACcedilAtildeO E POLIacuteTICA1
Oscar Vilhena Vieira (coordenador) Luciana Ramos e Rubens Glezer (pesquisadoresmestres) Adriane Sanctis de Brito Guilherme Klafke e Rafael Giovanelli (pesquisadoresgraduados) e Mariacutelia Lessa (pesquisadora graduanda)
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conduzida pelo governo ou ao contraacuterio se decorre de falhas naatuaccedilatildeo do poder puacuteblico ou de accedilotildees de particulares (b) se as con-denaccedilotildees e recomendaccedilotildees dialogam com uma agenda poliacuteticapreexistente no paiacutes bem como (c) se determinadas condenaccedilotildeesem certos contextos natildeo permitem a extrapolaccedilatildeo do caso indivi-dual para um plano coletivoPor meio dessa nova abordagem concluiacutemos que a ausecircncia de
mecanismos formais e especiacuteficos voltados agrave observacircncia de reco-mendaccedilotildees e decisotildees do SIDH no Brasil torna o seu cumprimentoalgo que se opera em uma esfera eminentemente poliacutetica depen-dente de fatores contingentes e imprevisiacuteveisPara alcanccedilar essas conclusotildees a apresentaccedilatildeo dos resultados
estaacute estruturada da seguinte maneira primeiramente se explicitaraacutea metodologia de pesquisa utilizada para em seguida (1) forneceruma visatildeo geral a respeito da inserccedilatildeo do Brasil no SIDH e doscasos que envolvem o paiacutes aprofundando aqueles selecionados paraesta obra (2) mapear os mecanismos criados para implementaras recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees do SIDH e (3) analisar decisotildeesselecionadas a partir de criteacuterios considerados relevantes para iden-tificar facilidades e dificuldades na implementaccedilatildeo das deliberaccedilotildeesdo SIDH Ao final eacute realizada uma conclusatildeo sinteacutetica e articula-dora dos resultados
1 METODOLOGIA A presente obra eacute dedicada agrave anaacutelise da implementaccedilatildeo das deli-beraccedilotildees do SIDH relativas ao Brasil paiacutes vinculado interna eexternamente agrave Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanosdesde 19923 e submetido agrave jurisdiccedilatildeo contenciosa obrigatoacuteria daCorte Interamericana desde 19984
Para tanto foi utilizado o meacutetodo de estudo de caso fundado sobreanaacutelise documental levantamento de reportagens em miacutedia e entre-vistas a agentes puacuteblicos e membros da sociedade civil organizada Com base no exame de todos os casos que envolvem o Brasil
na Corte IDH e na CIDH (vide Apecircndice) foram selecionados comoobjeto de anaacutelise (i) todas as condenaccedilotildees em casos contenciososperante a Corte IDH em razatildeo da sua importacircncia e dos seus efei-tos claramente vinculantes ao paiacutes (ii) todas as soluccedilotildees amistosas
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que envolvem o Brasil em razatildeo da disposiccedilatildeo do proacuteprio Estadoem remediar a violaccedilatildeo de direitos bem como (iii) as recomenda-ccedilotildees da CIDH com alto impacto e repercussatildeo no paiacutes Considerando-se tais categorias chegou-se a um conjunto de
oito casos Os contenciosos satildeo quatro
1 Caso Damiatildeo Ximenes Lopes vs Brasil trata-se de homiciacutedio comsinais de tortura de Damiatildeo Ximenes Lopes portador de defi-ciecircncia mental que havia sido internado em 1ordm de outubro de1999 na casa de repouso dos Guararapes na cidade de SobralCearaacute falecendo trecircs dias depois A cliacutenica era de propriedadede familiar de poliacutetico tradicional da regiatildeo A accedilatildeo penal foiajuizada em 2000 mas o Judiciaacuterio brasileiro soacute se pronuncioucom decisatildeo final em 2013 A accedilatildeo civil indenizatoacuteria ajuizadapelos familiares de Damiatildeo Ximenes Lopes estaacute atualmentearquivada A CIDH apresentou o caso agrave Corte Interamericanacontra o Estado brasileiro em 1ordm de outubro de 2004 A Cortedeclarou violaccedilatildeo dos direitos agrave vida e agrave integridade pessoal deDamiatildeo Ximenes Lopes e dos demais portadores de deficiecircn-cia que sofriam com as condiccedilotildees precaacuterias da casa de repousoagrave integridade pessoal dos familiares das viacutetimas pela perda deum ente da famiacutelia assim como aos direitos agraves garantias judi-ciais e agrave proteccedilatildeo judicial diante da demora injustificada doprocesso criminal e das falhas nas investigaccedilotildees O Brasil foicondenado dentre outras medidas a concluir o processo judi-cial com eventual responsabilizaccedilatildeo dos envolvidos na demoraa indenizar os familiares e a continuar a desenvolver um pro-grama de formaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para todas as pessoasvinculadas ao atendimento de sauacutede mental em especial sobreos princiacutepios que devem reger o trato das pessoas portadorasde deficiecircncia mental conforme os padrotildees internacionaissobre a mateacuteria e aqueles dispostos na decisatildeo
2 Caso Escher e outros vs Brasil trata-se de denuacutencia sobre umaseacuterie de interceptaccedilotildees telefocircnicas contra duas associaccedilotildeesligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra(MST) em Querecircncia do Norte Paranaacute feitas de maneira irre-gular pela poliacutecia e pelo Judiciaacuterio As informaccedilotildees resultantes
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dessa operaccedilatildeo foram divulgadas agrave imprensa e posteriormentepara o puacuteblico Segundo os peticionaacuterios isso teria maculado aimagem das viacutetimas e do movimento social A denuacutencia foiapresentada agrave Comissatildeo em dezembro de 2000 levada agrave CorteInteramericana em dezembro de 2007 e julgada pela Corte emjulho de 2009 A decisatildeo envolveu as seguintes condenaccedilotildeescontra o Brasil obrigaccedilatildeo de publicar as sentenccedilas e de inde-nizar as viacutetimas aleacutem da obrigaccedilatildeo de investigar adequadamenteos fatos e punir os responsaacuteveis pelas violaccedilotildees dos direitos agraveprivacidade agrave honra e agrave liberdade de associaccedilatildeo
3 Caso Garibaldi vs Brasil trata-se do homiciacutedio de Seacutetimo Gari-baldi integrante do MST tambeacutem em Querecircncia do Nortecometido por homens encapuzados que atacaram uma ocupaccedilatildeoem uma fazenda da regiatildeo A denuacutencia foi apresentada em maiode 2003 submetida agrave Corte Interamericana de Direitos Huma-nos em marccedilo de 2007 e julgada pela Corte em setembro de2009 Envolveu as seguintes condenaccedilotildees contra o Brasil obri-gaccedilatildeo de publicar as sentenccedilas de indenizar as famiacutelias dasviacutetimas e de investigar adequadamente os fatos aleacutem de puniros responsaacuteveis pelas violaccedilotildees de direitos humanos agrave vida e agraveproteccedilatildeo judicial
4 Caso Julia Gomes Lund e outros vs Brasil (caso ldquoGuerrilha doAraguaiardquo) trata-se de denuacutencia sobre a responsabilidade doEstado brasileiro pela detenccedilatildeo ilegal e arbitraacuteria tortura edesaparecimento forccedilado de pelo menos 70 membros do movi-mento conhecido como ldquoGuerrilha do Araguaiardquo entre os anosde 1972 e 1975 e da consequente falta de investigaccedilatildeo dessesatos ndash o que se relaciona com a ediccedilatildeo da Lei federal n 6683de 28 de agosto de 1979 (ldquoLei da Anistiardquo) e com o sigilo per-manente sobre documentos a respeito dessa operaccedilatildeo estatalA denuacutencia foi apresentada agrave Comissatildeo em 1995 e a peticcedilatildeofoi submetida pela CIDH agrave Corte em 2009 Em 24 de novem-bro de 2010 a Corte IDH condenou o Brasil pela falta deinvestigaccedilatildeo dos crimes cometidos por militares durante aldquoGuerrilha do Araguaiardquo Determinou ao Estado brasileiro aconduccedilatildeo eficaz da investigaccedilatildeo penal a fim de esclarecer os
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fatos ocorridos no caso definir as correspondentes responsabi-lidades penais e aplicar as sanccedilotildees cabiacuteveis Determinou aindaque o Estado continuasse as iniciativas de busca sistematizaccedilatildeoe publicaccedilatildeo de toda informaccedilatildeo sobre a ldquoGuerrilha do Ara-guaiardquo bem como das violaccedilotildees de direitos humanos ocorridasdurante o regime militar Aleacutem disso estabeleceu a necessidadeda criaccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade autocircnoma independen-te e capaz de garantir o direito agrave verdade sobre o ocorrido
Ademais satildeo duas soluccedilotildees amistosas
5 Caso Joseacute Pereira (trabalho escravo) trata-se de denuacutencia deviolaccedilatildeo dos direitos de Joseacute Pereira e outros trabalhadores queforam retidos e forccedilados a trabalhar sem remuneraccedilatildeo e emcondiccedilotildees ilegais na fazenda ldquoEspiacuterito Santordquo no estado doParaacute Na fazenda foram encontradas mais de 60 pessoas emcondiccedilotildees anaacutelogas agrave escravidatildeo5 As investigaccedilotildees contudodemoraram cerca de oito anos para serem finalizadas e o jul-gamento dos responsaacuteveis natildeo foi concluiacutedo ateacute o momentoO processo encontra-se atualmente suspenso A denuacutencia foiapresentada em 22 de fevereiro de 1994 a Comissatildeo aprovourelatoacuterio de admissibilidade e meacuterito em 1995 e houve a cele-braccedilatildeo de soluccedilatildeo amistosa entre as viacutetimas e o Estadobrasileiro em outubro de 2003 As medidas centrais no casodestinavam-se aos poderes Legislativo e Executivo recomen-dando-lhes que realizassem tanto mudanccedilas legislativas quepropiciassem um cenaacuterio favoraacutevel ao combate ao trabalheescravo como poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave prevenccedilatildeo fiscali-zaccedilatildeo e ao combate do trabalho escravo aleacutem de campanhasde sensibilizaccedilatildeo
6 Caso Meninos emasculados do Maranhatildeo trata-se de denuacutencia emrazatildeo de 42 mortes ocorridas entre 1989 e 2003 em Altamirano estado do Paraacute e Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo que envolve crian-ccedilas pertencentes a famiacutelias de baixa renda As viacutetimas tambeacutemsofriam mutilaccedilotildees genitais donde derivou o nome do caso Ape-nas em 2003 12 anos apoacutes o primeiro homiciacutedio foi designadauma forccedila-tarefa para investigar os fatos A indignaccedilatildeo com a natildeo
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investigaccedilatildeo dos fatos e com a sistemaacutetica violaccedilatildeo dos direitosda populaccedilatildeo infantojuvenil do Maranhatildeo levou a denuacutenciaperante a Comissatildeo em 2001 Apoacutes uma seacuterie de reuniotildees de tra-balho procedimentos para uma soluccedilatildeo amistosa iniciaram-se emmarccedilo de 2004 O acordo foi celebrado em dezembro de 2005As medidas acordadas visavam aleacutem da reparaccedilatildeo das famiacutelias dasviacutetimas e do julgamento dos responsaacuteveis agrave formulaccedilatildeo e agraveimplementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave proteccedilatildeo dacrianccedila e do adolescente pelo Estado brasileiro
Finalmente foram escolhidos dois casos de recomendaccedilotildeespela CIDH
7 Caso Maria da Penha vs Brasil trata-se de violecircncia domeacutesticacontra a mulher sofrida por Maria da Penha Maia Fernandespraticada por seu ex-marido que a deixou parapleacutegica com umtiro de arma de fogo Os fatos se deram em 1983 mas 15 anosdepois o processo criminal ainda natildeo havia sido concluiacutedo e oacusado estava na iminecircncia de ser beneficiado com a prescri-ccedilatildeo dos crimes A denuacutencia foi apresentada em 1998 agrave ComissatildeoEm relatoacuterio de 4 de abril de 2001 a CIDH admitiu a peticcedilatildeoe considerou ter ocorrido violaccedilatildeo aos direitos de proteccedilatildeo judi-cial e integridade Recomendou ao Brasil que promovessedentre outras coisas a conclusatildeo do processo judicial com even-tual responsabilizaccedilatildeo dos envolvidos na demora a indenizaccedilatildeoda viacutetima e a realizaccedilatildeo de poliacuteticas pelo Executivo e peloLegislativo que combatessem a discriminaccedilatildeo contra a mulherespecialmente no tema de violecircncia domeacutestica mediante a cria-ccedilatildeo de uma legislaccedilatildeo especiacutefica
8 Caso Comunidades Indiacutegenas da Bacia do rio Xingu vs Brasil (casoBelo Monte) tratou da construccedilatildeo da Usina Hidreleacutetrica deBelo Monte que afetaria dezenas de povos indiacutegenas na regiatildeoda Volta Grande do Xingu no centro-norte do Brasil Embo-ra o plano para o complexo hidreleacutetrico jaacute existisse desde adeacutecada de 1970 ganhou forccedila na deacutecada de 2000 Diversas ten-tativas do Ministeacuterio Puacuteblico Federal para suspender as obraspor meio de accedilotildees cautelares natildeo evitaram que o processo de
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licenciamento prosseguisse Segundo as entidades peticionaacuteriasno SIDH houve violaccedilatildeo aos direitos agrave vida agrave integridade pes-soal agrave informaccedilatildeo e agrave participaccedilatildeo poliacutetica dos povos indiacutegenasafetados pelo megaempreendimento Em razatildeo disso em 1ordm deabril de 2011 a CIDH outorgou uma medida cautelar para queo Estado brasileiro suspendesse o processo de licenciamento daobra impedisse qualquer obra anterior agrave consulta das popula-ccedilotildees indiacutegenas e adotasse medidas destinadas a garantir a vidae a integridade pessoal dos envolvidos Houve reaccedilatildeo negati-va do governo brasileiro de um lado e apoio da sociedade civilorganizada agrave medida cautelar do outro Posteriormente aCIDH alterou sua decisatildeo para exigir do Brasil a adoccedilatildeo demedidas que garantissem o direito agrave vida e agrave integridade dosindiacutegenas que impedissem problemas de sauacutede nas comunida-des e que finalizassem com rapidez a demarcaccedilatildeo das terrasancestrais daqueles povos
Tendo em vista a escassez de pesquisas acadecircmicas empiacutericas noBrasil sobre este objeto as anaacutelises foram baseadas primordialmen-te nos discursos dos atores envolvidos nos processos perante aCIDH e a Corte Interamericana Entre os entrevistados estatildeo inte-grantes de oacutergatildeos do Estado responsaacuteveis pela implementaccedilatildeo taiscomo o Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores (MRE) a Secretaria deDireitos Humanos (SDH) a Advocacia-Geral da Uniatildeo (AGU)bem como membros de entidades de proteccedilatildeo de direitos huma-nos que levaram as demandas agrave Comissatildeo Interamericana ou queparticiparam de alguma forma perante a Corte IDH Os entrevistados foram selecionados por estarem envolvidos
diretamente nos casos ou por representarem instituiccedilotildees envolvidascom as temaacuteticas e com o processo de judicializaccedilatildeo do conflito dis-cutido perante o Sistema Interamericano Os uacuteltimos foram em suamaior parte aqueles indicados por sua proacutepria instituiccedilatildeo Optamospor resguardar a identidade de todos No total foram realizadas 15 entrevistas ao longo de um semes-
tre que seguiram um roteiro semiestruturado especiacutefico para cadaum dos casos partindo de trecircs eixos centrais
(1) o contexto poliacutetico no qual se insere o caso
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(2) as funccedilotildees institucionais da respectiva entidade na implementa-ccedilatildeo do caso e
(3) os obstaacuteculos enfrentados no processo de implementaccedilatildeo
A despeito da relevacircncia das entrevistas o objeto do estudo natildeose resume a uma coleccedilatildeo de percepccedilotildees Sua funccedilatildeo foi a de obterinformaccedilotildees relevantes a respeito de fatos e interaccedilotildees incapazes deserem obtidas por meio da anaacutelise documental e de miacutedia
2 O BRASIL NO SIDHComparado a outros paiacuteses da regiatildeo como Colocircmbia Meacutexico Perue Argentina o Brasil tem uma presenccedila menor de incidecircncia entreos casos do SIDH Segundo as uacuteltimas estatiacutesticas da Comissatildeo Inte-ramericana de Direitos Humanos enquanto foram encaminhadasquase 100 denuacutencias contra o Brasil no ano de 2012 esse nuacutemerochegou a quase 400 contra a Colocircmbia 450 contra o Meacutexico 200contra o Peru e cerca de 180 contra Argentina6
Segundo levantamento feito a partir do site da Comissatildeosomente 17 relatoacuterios de meacuterito com recomendaccedilotildees contra o Bra-sil foram publicados e apenas duas soluccedilotildees amistosas celebradasentre 1996 e 20127 Aleacutem disso houve 30 medidas cautelares e 66decisotildees de admissibilidade Completa o quadro a existecircncia deuma visita in loco no paiacutes cujo informe foi publicado em 1997 ea supervisatildeo em 1999Os casos que envolvem o Estado brasileiro no acircmbito da Corte
Interamericana de Direitos Humanos tambeacutem satildeo poucos Ao todoforam 5 casos contenciosos e outras 5 medidas provisionais entre1996 e 2012 Apenas para comparaccedilatildeo a Argentina possui 13 casoscontenciosos e 4 medidas provisionais a Colocircmbia 13 casos con-tenciosos e 15 medidas provisionais o Meacutexico 7 casos contenciosose 10 medidas provisionais e o Peru 26 casos contenciosos e 13medidas provisionais segundo dados do site da Corte8
Em relaccedilatildeo agraves violaccedilotildees de direitos humanos mais indicadasnos casos que envolvem o Brasil nos relatoacuterios de meacuterito peran-te a CIDH foram recorrentes violaccedilotildees aos arts 4 (direito agrave vida)5 (direito agrave integridade fiacutesica) 8 (direito agrave proteccedilatildeo judicial) e 25
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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(direito agrave garantia judicial) da Convenccedilatildeo Interamericana sobreDireitos Humanos Nos casos contenciosos perante a Corte IDHverificou-se o mesmo padratildeo Em relaccedilatildeo agraves medidas cautelares naComissatildeo levando-se em consideraccedilatildeo que apenas violaccedilotildees espe-ciacuteficas suscitam o cabimento de medidas cautelares (direito agrave vidae agrave integridade por exemplo) esses direitos foram os mais invo-cados nesse acircmbito Por fim sobre as medidas provisionais quasetodas tiveram por fundamento o direito agrave vida e agrave integridade depresos bem como o dever de proteccedilatildeo pelo EstadoNo conjunto os temas satildeo variados No acircmbito dos relatoacuterios
de meacuterito da CIDH conflito fundiaacuterio (5 casos) e violecircncia poli-cial (10 casos) satildeo os mais presentes mas puderam ser identificadostambeacutem casos de tortura investigaccedilatildeo de assassinato discrimina-ccedilatildeo racial liberdade de expressatildeo e violecircncia domeacutestica No acircmbitodas medidas cautelares o perfil se altera para privilegiar temas rela-tivos ao sistema carceraacuterio (10 casos) ameaccedila a povos indiacutegenas (3casos) e proteccedilatildeo a ativistas de direitos humanos testemunhas ououtras pessoas (17 casos) No tocante aos casos contenciosos daCorte IDH houve um sobre conflito fundiaacuterio um sobre investi-gaccedilatildeo de assassinato um sobre tortura um sobre anistia e um sobreviolaccedilatildeo agrave intimidade (interceptaccedilotildees telefocircnicas) Finalmente emrelaccedilatildeo agraves medidas provisionais foram quatro sobre sistema carce-raacuterio e uma sobre anistiaNo que diz respeito agrave natureza das medidas presentes nas reco-
mendaccedilotildees ou nas condenaccedilotildees verifica-se uma distribuiccedilatildeo bastanteequilibrada entre decisotildees com medidas de indenizaccedilatildeo (17 relatoacute-rios de meacuterito e 4 casos contenciosos) de satisfaccedilatildeo (17 relatoacuteriosde meacuterito e 4 casos contenciosos) e garantias de natildeo repeticcedilatildeo (15relatoacuterios de meacuterito e 2 casos contenciosos)9 Dada a natureza pecu-liar das medidas cautelares e das medidas provisionais elas natildeoentraram no cocircmputo apresentadoNo tocante agrave supervisatildeo de cumprimento pela Comissatildeo com
referecircncia agraves soluccedilotildees amistosas e aos relatoacuterios de meacuterito publi-cados entre 2000 e 2011 a Comissatildeo apresentou a supervisatildeo dasdecisotildees anteriores uma totalmente cumprida10 oito parcialmentecumpridas11 e quatro pendentes de cumprimento12-13 Natildeo foi publi-cado o estado de cumprimento de seis relatoacuterios de meacuterito de 1998e 2000 mas haacute notiacutecia de que pelo menos um teve recomendaccedilotildees
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cumpridas14 Tambeacutem haacute uma seacuterie de outros casos que emboratenham sido cumpridos natildeo tiveram seus relatoacuterios publicados eportanto natildeo entraram nessa consideraccedilatildeo15 Por fim natildeo haacute um rela-toacuterio consistente sobre o cumprimento das medidas cautelares (videApecircndice)No acircmbito da Corte IDH dos cinco casos contenciosos um natildeo
gerou condenaccedilotildees (caso Nogueira de Carvalho e outro vs Brasil) umfoi considerado totalmente cumprido (caso Escher e outros vs Brasil)dois foram considerados parcialmente cumpridos (casos Damiatildeo Xime-nes Lopes vs Brasil e Garibaldi vs Brasil) e um ainda natildeo possuimanifestaccedilatildeo da Corte acerca do cumprimento (caso Julia Gomes Lunde outros vs Brasil ndash caso ldquoGuerrilha do Araguaiardquo) Das cinco medidasprovisionais por sua vez trecircs foram arquivadas por cumprimento(caso Penitenciaacuteria Urso Branco caso Penitenciaacuteria de Araraquara e casoComplexo do Tatuapeacute da Febem) uma foi considerada parcialmente cum-prida (caso Unidade de Internaccedilatildeo Socioeducativa) e outra foi rejeitadapela Corte (caso Julia Gomes Lund)Como pode ser visto o pequeno nuacutemero de casos do Brasil no
SIDH natildeo permite traccedilar conclusotildees preacutevias sobre os tipos maisrecorrentes (quais as viacutetimas tiacutepicas quais satildeo as violaccedilotildees e comosatildeo enquadradas nas normas da convenccedilatildeo etc) tampouco sobre ograu de implementaccedilatildeo normalmente atingido pelo paiacutes Por issoainda que haja estudos que apontem para uma relaccedilatildeo entre tipos demedidas e um maior ou menor grau de implementaccedilatildeo16 natildeo seriapossiacutevel tirar conclusotildees dessa natureza no contexto brasileiro Con-tudo a anaacutelise qualitativa que seraacute explorada a seguir apontou paraalguns fatores que podem estar relacionados agrave maior ou menorimplementaccedilatildeo das medidas seratildeo enfocados a apropriaccedilatildeo da deci-satildeo pelos segmentos envolvidos a definiccedilatildeo da agenda puacuteblica etambeacutem as repercussotildees das condenaccedilotildees ou recomendaccedilotildees
3 O CAMINHO DAS DECISOtildeES CONTRA O ESTADO BRASILEIRONo Brasil natildeo haacute regulaccedilatildeo formal abrangente da implementa-ccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeo e de condenaccedilatildeo oriundas doSIDH Nenhum dos projetos legislativos voltados a uma organi-zaccedilatildeo miacutenima de implementaccedilatildeo chegou a ser aprovado17
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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Recentemente contudo o III Programa Nacional de DireitosHumanos trouxe um objetivo estrateacutegico especiacutefico relacionado aotema sob o nome ldquoMonitoramento dos compromissos internacionaisassumidos pelo Estado brasileiro em mateacuteria de Direitos HumanosrdquoNele se destacam as seguintes accedilotildees
a) Elaborar relatoacuterio anual sobre a situaccedilatildeo dos DireitosHumanos no Brasil em diaacutelogo participativo com asociedade civilResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores[] e) Definir e institucionalizar fluxo de informaccedilotildees comresponsaacuteveis em cada oacutergatildeo do Governo Federal referentesaos relatoacuterios da Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos e agraves decisotildees da Corte Interamericana deDireitos HumanosResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exterioresf) Criar banco de dados puacuteblico sobre todas asrecomendaccedilotildees dos sistemas ONU e OEA feitas ao Brasilcontendo as medidas adotadas pelos diversos oacutergatildeospuacuteblicos para seu cumprimentoResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores
Esse programa foi instituiacutedo em dezembro de 2009 com altera-ccedilotildees em 201018 e fixa um roteiro de atuaccedilatildeo para o Poder Puacuteblicoem mateacuteria de direitos humanos Estaacute declarada nesse instrumentoa disposiccedilatildeo de institucionalizarem-se os procedimentos paraimplementaccedilatildeo das medidas impostas ao paiacutes pelo Sistema Intera-mericano consubstanciada em objetivos que devem ser perseguidospelo governo brasileiroPor conta da falta de uma predefiniccedilatildeo institucional e normati-
va especiacutefica sobre quais oacutergatildeos deveriam lidar com os casos contrao Brasil no SIDH uma divisatildeo de tarefas foi feita ao longo dotempo em sua maioria pelos proacuteprios oacutergatildeos os quais pelo con-junto de suas funccedilotildees preacutevias se viram responsaacuteveis por algum tipo
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de envolvimento O Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores a Secretariade Direitos Humanos e a Advocacia-Geral da Uniatildeo se destacaramformando o grupo que tomou para si as defesas brasileiras e a imple-mentaccedilatildeo das medidas de recomendaccedilatildeo e condenaccedilatildeoParalelamente o pagamento de indenizaccedilotildees por parte do Estado
brasileiro teve um desenvolvimento especiacutefico e sua concretizaccedilatildeo foiestruturada a partir de rubricas (categorias) especiacuteficas no Orccedilamen-to da Uniatildeo Trata-se de uma questatildeo que foi institucionalizada paraatender reparaccedilotildees oriundas de decisotildees tomadas pelo SIDH
31 PODER EXECUTIVO FEDERAL ATORES E COMPETEcircNCIA
Conforme jaacute mencionado anteriormente o grupo principal deoacutergatildeos que tomou para si as defesas brasileiras e a implementa-ccedilatildeo das medidas de recomendaccedilatildeo e condenaccedilatildeo eacute composto deMinisteacuterio das Relaccedilotildees Exteriores (MRE) Secretaria de Direi-tos Humanos (SDH) e Advocacia-Geral da Uniatildeo (AGU) O MREeacute um oacutergatildeo poliacutetico de auxiacutelio ao Presidente da Repuacuteblica cujasaacutereas de competecircncia abrangem atividades de poliacutetica internacio-nal e relaccedilotildees internacionais19 Eacute a Divisatildeo de Direitos Humanosdo MRE que faz a intermediaccedilatildeo das comunicaccedilotildees com o SIDHem todas as fases de um casoA SDH oacutergatildeo responsaacutevel por poliacuteticas de implementaccedilatildeo dos
direitos humanos20 fazia parte da estrutura do Ministeacuterio da Justiccedilaateacute 199921 ano em que passou a se reportar diretamente agrave Presidecircn-cia da Repuacuteblica Geralmente a notiacutecia de denuacutencia eacute recebida peloMRE e repassada para a SDH cuja Assessoria Internacional busca acomunicaccedilatildeo com os atores envolvidos no caso concreto Por fim a AGU eacute a instituiccedilatildeo responsaacutevel pelo assessoramento
juriacutedico ao Poder Executivo tanto de forma consultiva quanto con-tenciosa22 Ela costuma auxiliar a SDH e o MRE tanto na defesabrasileira quanto na implementaccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeoe de condenaccedilatildeo Esses trabalhos satildeo concentrados no seu Depar-tamento Internacional Atualmente a instituiccedilatildeo eacute sempre notificadapara atuar nas fases preliminares dos casos no SIDHSe o caso jaacute avanccedilou para o relatoacuterio com recomendaccedilotildees eacute a SDH
que organiza internamente o conteuacutedo da defesa do Estado satildeo fei-tas tentativas de contato com o ente federado no qual ocorreu a
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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violaccedilatildeo com o objetivo de fomentar um processo de soluccedilatildeo amis-tosa Se o caso vai para a Corte Interamericana o Itamaraty (oacutergatildeodiplomaacutetico) a SDH e a AGU atuam de forma conjunta como umnuacutecleo de defesa eventualmente com a participaccedilatildeo de outros oacutergatildeosrelevantes a depender de cada caso
32 O QUADRO DINAcircMICO APRENDIZADO E CONFLITO ENTRE INSTITUICcedilOtildeES
Ao longo da experiecircncia brasileira com os casos do SIDH houveum processo de modificaccedilatildeo nas atribuiccedilotildees inicialmente realizadaspor cada oacutergatildeo em parte por um processo de aprendizado institu-cional mas tambeacutem como resultado de disputas poliacuteticas ligadas aomodo pelo qual o Brasil se apresenta perante o SIDHEacute possiacutevel identificar trecircs grandes periacuteodos de dinacircmica entre as
instituiccedilotildees O primeiro diz respeito aos dois primeiros casos doBrasil perante a Corte IDH (casos Damiatildeo Ximenes Lopes e GilsonNogueira de Carvalho ambos de 2006) o segundo acompanha as con-denaccedilotildees dos casos Escher e Garibaldi (ambos de 2009) enquanto oterceiro periacuteodo equivale agraves deliberaccedilotildees da Corte entre os casosJulia Gomes Lund (2010) e Belo Monte (2012)
321 PRIMEIRO PERIacuteODO CASOS DAMIAtildeO XIMENES LOPES E GILSON NOGUEIRA DE CARVALHONo caso Damiatildeo Ximenes Lopes foram dados os primeiros passosquanto aos procedimentos gerais a serem adotados diante de accedilotildeescontra o paiacutes na Corte Interamericana visto que se tratou da pri-meira condenaccedilatildeo brasileira na Corte IDH Nele a defesa perantea Corte foi feita por membros da AGU indicados especificamentecomo agentes do Estado Isso se repetiria no caso Gilson Nogueirade Carvalho decidido posteriormente A elaboraccedilatildeo da defesa brasileira por membros da AGU repre-
sentou agrave eacutepoca uma quebra da praacutetica que prevalecia quanto agravedivisatildeo informal de funccedilotildees entre MRE SDH e AGU para atua-ccedilatildeo no SIDH que ocorria apenas perante a Comissatildeo Ateacute entatildeoa SDH agia em conjunto com o MRE em especial na fase deproduccedilatildeo do relatoacuterio de meacuterito da Comissatildeo buscando fomen-tar soluccedilotildees amistosas e prestando informaccedilotildees em prol da defesado Estado
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Desde o ano 2000 a AGU jaacute tinha em sua estrutura interna umaaacuterea internacional Assim em 2004 o caso Damiatildeo Ximenes Lopeschegou agrave divisatildeo internacional do oacutergatildeo que passou a atuar comvisitas agrave cidade onde ocorreram os fatos e contato direto com osatores do Poder Judiciaacuterio Justamente por ter atuado desde o iniacute-cio como representante do Estado no caso a AGU assumiu um papelcentral na fase de implementaccedilatildeo das medidas de condenaccedilatildeo23
Outro ponto que se relaciona com a experiecircncia de ter sido oprimeiro caso brasileiro de condenaccedilatildeo eacute o das medidas de paga-mento de indenizaccedilatildeo agraves viacutetimas No caso Damiatildeo Ximenes Lopesa condenaccedilatildeo do Brasil ao pagamento de indenizaccedilotildees fez neces-saacuteria a articulaccedilatildeo entre os oacutergatildeos internos para decisatildeo de comose daria a praacutetica dessa implementaccedilatildeo24
Verificou-se no tocante agrave implementaccedilatildeo das decisotildees da CorteInteramericana que a Secretaria de Direitos Humanos buscava con-vencer os oacutergatildeos estaduais relacionados ao caso sobre a necessidadede modificaccedilotildees nas poliacuteticas ligadas ao tema da violaccedilatildeo Contudoquando a medida se relacionava agraves atividades da Justiccedila brasileirahavia dificuldades nesse esforccedilo de convencimento Isso foi cons-tatado no caso Damiatildeo Ximenes Lopes que tinha em seu cerne aquestatildeo de funcionamento das instituiccedilotildees judiciaacuterias e exigia aatuaccedilatildeo preponderante dos oacutergatildeos judiciais para a sua implementa-ccedilatildeo Assim iniciou-se a praacutetica de a AGU atuar mais diretamentejunto ao Judiciaacuterio por sua facilidade de articulaccedilatildeo com atoresdesse Poder25 Na eacutepoca foram feitas diversas visitas de apuraccedilatildeodo oacutergatildeo junto agrave SDH e conversas com os juiacutezes responsaacuteveis paratentativas de apuraccedilatildeo dos motivos da demora Ainda que tenha havido tais tentativas os tracircmites das accedilotildees
continuaram lentos em grande parte por causa da ineficaacutecia daabordagem poliacutetica habitual de convencimento com os atores doJudiciaacuterio Seraacute visto em espaccedilo proacuteprio que esse problema foi miti-gado posteriormente em razatildeo do papel de um programa de umquarto ator o Conselho Nacional de Justiccedila (CNJ) oacutergatildeo criadoem 2004 e responsaacutevel por ser a mais alta instacircncia administrativado Poder Judiciaacuterio brasileiro (toacutepico 34 infra)Em siacutentese durante o primeiro caso de condenaccedilatildeo do Brasil na
Corte Interamericana de Diretos Humanos houve um rearranjo depapeacuteis para a apresentaccedilatildeo das manifestaccedilotildees brasileiras no SIDH
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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A AGU assumiu um papel central na defesa juriacutedica do caso levan-do um de seus integrantes para a defesa brasileira no Tribunal ASecretaria passou a ter papel de apoio organizacional com relaccedilatildeoaos atores envolvidos no caso e agraves informaccedilotildees relevantes O MREpor sua vez conservou sua posiccedilatildeo de mediador das manifestaccedilotildeespara fora da Corte Segundo relatos das entrevistas havia um relati-vo concerto dos trecircs oacutergatildeos com relaccedilatildeo a como deveriam atuar emcada uma de suas funccedilotildees Isso se repetiria no caso Gilson Nogueirade Carvalho ndash em que o Estado foi absolvido por falta de provas
322 SEGUNDO PERIacuteODO CASOS ESCHER E OUTROS E GARIBALDIEm um segundo momento da dinacircmica institucional a defesa brasi-leira na Corte passou a ser feita pelo Embaixador do Brasil na CostaRica Essa troca teria relaccedilatildeo com o tom marcado pelo Brasil em suasdefesas se antes as manifestaccedilotildees da SDH eram mais inseridas nodiscurso de proteccedilatildeo das viacutetimas no acircmbito da AGU as defesasganhavam um caraacuteter mais teacutecnico marcado por argumentos juriacutedi-cos A passagem para uma maior atuaccedilatildeo do MRE mudaria o vieacutes dedefesa para a esfera poliacutetica Assim a nova divisatildeo funcional informal ndash fruto das dinacircmicas
dos proacuteprios oacutergatildeos entre si ndash passou a estabelecer que a AGU atua-ria principalmente na defesa brasileira na fase de admissibilidadeEnquanto o MRE cuidaria do restante das manifestaccedilotildees brasileirasa Secretaria ficou responsaacutevel principalmente pela (i) coordenaccedilatildeocom atores internos para recolhimento de informaccedilotildees uacuteteis agraves mani-festaccedilotildees brasileiras e (ii) busca de diaacutelogo entre os oacutergatildeos e viacutetimaspara tentar soluccedilotildees amistosas e implementaccedilotildees de medidas de reco-mendaccedilatildeo ou condenaccedilatildeo Essa divisatildeo natildeo era impermeaacutevel cadaum dos oacutergatildeos teria a possibilidade de influenciar ou informar a ati-vidade do outro Havia contudo uma visiacutevel prevalecircncia de cada umdos oacutergatildeos nas funccedilotildees indicadas
323 TERCEIRO PERIacuteODO CASOS JULIA GOMES LUND E BELO MONTENo caso Julia Gomes Lund ocorreu uma polarizaccedilatildeo entre as posi-ccedilotildees assumidas internamente pela AGU e pela SDH A Secretariaposicionou-se a favor das viacutetimas enquanto a AGU defendeu a Lei
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de Anistia brasileira perante o STF Ante a essa situaccedilatildeo o MREpassou a concentrar todas as manifestaccedilotildees brasileiras no caso emconcerto com a Casa Civil Situaccedilatildeo similar ocorreu no caso BeloMonte cujas manifestaccedilotildees foram concentradas pelo MRE e pelaCasa Civil por conta da sensibilidade poliacutetica do caso para a poliacute-tica federalDiante dessas consideraccedilotildees percebe-se que ao longo dos anos
houve certo processo de aprendizado institucional sobre como lidarcom o sistema interamericano com tentativas de adaptaccedilatildeo contiacutenuaNo entanto fica evidente que a proacutepria interaccedilatildeo entre os principaisoacutergatildeos envolvidos se baseia em seus interesses poliacuteticos e em suascapacidades de manobra Isso se evidencia ainda mais com a suces-satildeo de casos mediante a maior concentraccedilatildeo da defesa brasileira nasmatildeos do MRE e a colocaccedilatildeo da AGU e da SDH em posiccedilotildees novas
33 PAGAR AS VIacuteTIMAS UM DESENVOLVIMENTO Agrave PARTE
Desde 2004 o Estado brasileiro possui uma parte do orccedilamento fede-ral destinada especificamente ao pagamento de indenizaccedilotildees queresultam do reconhecimento da violaccedilatildeo de tratados internacionaisde direitos humanos Trata-se da dotaccedilatildeo denominada ldquoPagamentode indenizaccedilatildeo a viacutetimas de violaccedilatildeo das obrigaccedilotildees contraiacutedas pelauniatildeo por meio da adesatildeo a tratados internacionaisrdquo26
Em 1993 governo e sociedade civil haviam se mobilizado paradefinir uma agenda nacional para a Conferecircncia Mundial de Direi-tos Humanos Em 1996 como resultado desses esforccedilos e daDeclaraccedilatildeo e Programa de Accedilatildeo de Viena (adotada na Conferecircncia)foi criado o Programa Nacional de Direitos Humanos no Brasilsegundo o qual os direitos humanos deveriam ser tratados comoobjeto de poliacutetica puacuteblica27 Na sua vertente orccedilamentaacuteria a articu-laccedilatildeo das diversas propostas de accedilotildees governamentais refletiu-se noprograma ldquoPromoccedilatildeo e garantia dos direitos humanosrdquo entre 1996e 1999 e no seu aprimoramento por meio do programa ldquoDireitosHumanos Direitos de Todosrdquo (DHDT) vinculado ao Ministeacuterio daJusticcedila e presente nos orccedilamentos brasileiros a partir de 1999Em 2002 apoacutes revisatildeo do plano original criou-se o 2ordm Progra-
ma Nacional de Direitos Humanos no Brasil28 Em sua introduccedilatildeoressaltou-se que
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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A criaccedilatildeo da Secretaria de Estado dos Direitos Humanosno acircmbito do Ministeacuterio da Justiccedila possibilitou oengajamento efetivo do Governo Federal em accedilotildees voltadaspara a proteccedilatildeo e promoccedilatildeo de direitos humanos As metasdo PNDH foram em sua maioria sendo incorporadas aosinstrumentos de planejamento e orccedilamento do GovernoFederal convertendo-se em programas e accedilotildees especiacuteficascom recursos financeiros assegurados nas LeisOrccedilamentaacuterias Anuais conforme determina o PlanoPlurianual (PPA)
O Anexo II do documento trouxe a ampliaccedilatildeo de uma seacuterie deprogramas governamentais que jaacute estavam previstos nos orccedilamen-tos dos anos anteriores em razatildeo do DHDT Contudo nenhumaaccedilatildeo foi prevista para os objetivos estrateacutegicos relativos agrave diretrizldquoInserccedilatildeo nos sistemas internacionais de proteccedilatildeordquo tais como a ado-ccedilatildeo de medidas para cumprimento dos compromissos assumidos emtratados internacionais o fortalecimento da cooperaccedilatildeo com o sis-tema regional de proteccedilatildeo e a promoccedilatildeo de soluccedilotildees amistosas noacircmbito da Comissatildeo Interamericana de Direitos HumanosPor ocasiatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria para os anos de 2004
a 200729 reconheceu-se no plano gerencial do programa DHDTa necessidade de que houvesse uma previsatildeo expliacutecita para as inde-nizaccedilotildees agraves viacutetimas de violaccedilotildees de direitos humanos Estrateacutegiasde sustentabilidade para o programa foram indicadas tendo emvista a relaccedilatildeo com outros atores Uma das relaccedilotildees indicadas foia influecircncia da Comissatildeo da Corte Interamericana de DireitosHumanos e da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos para a desti-naccedilatildeo dos recursos ao pagamento dessas indenizaccedilotildees30
Os oacutergatildeos federais verificaram essa carecircncia apoacutes se esforccedilarempara cumprir a primeira soluccedilatildeo amistosa envolvendo o Brasil (casoJoseacute Pereira) que em se tratando de mateacuteria de competecircncia daUniatildeo (combate a trabalho escravo) retirava o dever de indenizarda esfera estadual31 Percebeu-se que o pagamento de indenizaccedilatildeopor meio de lei era mais trabalhoso e demorado Por isso a fixa-ccedilatildeo de uma parte do orccedilamento federal destinada exclusivamentea essas indenizaccedilotildees possibilitaria agrave Presidecircncia pagaacute-las por meiode um simples decreto presidencial
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Nesse contexto a Lei Orccedilamentaacuteria Anual brasileira de 2004previu pela primeira vez uma accedilatildeo intitulada ldquoPagamento de inde-nizaccedilatildeo a viacutetimas de violaccedilatildeo das obrigaccedilotildees contraiacutedas pela Uniatildeopor meio da adesatildeo a tratados internacionais de proteccedilatildeo dos direi-tos humanosrdquo subordinada ao programa DHDT32 A descriccedilatildeo dessaaccedilatildeo governamental reproduziu em grande medida o que jaacute fica-ra estabelecido nos objetivos estrateacutegicos do 2ordm Programa Nacionalde Direitos Humanos33
Estabeleceu-se assim uma ampla finalidade para a dotaccedilatildeo con-sistente no pagamento de indenizaccedilotildees natildeo apenas no acircmbito dosistema regional de proteccedilatildeo dos direitos humanos (OEA) comotambeacutem no acircmbito do sistema global (ONU) Atribuiu-se essa tare-fa ao Gabinete da Secretaria Especial de Direitos HumanosEm consequecircncia dessa inovaccedilatildeo entre 2004 e 2013 anualmen-
te a lei orccedilamentaacuteria passou a destinar um valor para que a SDHpudesse pagar as despesas com indenizaccedilotildees arbitradas tanto naONU como no SIDH por violaccedilotildees de tratados de direitos huma-nos em vigor para o Brasil
34 PROGRAMA ldquoJUSTICcedilA PLENArdquo IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS MEDIDAS DE GARANTIA E ACESSO Agrave JUSTICcedilAEacute importante destacar tambeacutem a criaccedilatildeo do programa ldquoJusticcedilaPlenardquo pelo CNJ34 como um passo importante em prol da imple-mentaccedilatildeo das medidas relacionadas ao acesso agrave justiccedila35 Ainda quenatildeo oficialmente vinculado agrave implementaccedilatildeo das decisotildees do SIDHna praacutetica o programa apresentou-se como uma boa possibilidadede monitoramento das accedilotildees judiciais que suscitaram os casos leva-dos ao sistema interamericano O programa ldquoJusticcedila Plenardquo surgiu em 2010 com o objetivo de
monitorar e aumentar a transparecircncia de ldquocasos de grande reper-cussatildeo socialrdquo Aqueles indicados pelas entidades participantes satildeoobjeto de relatoacuterios puacuteblicos que buscam apurar o andamento pro-cessual e possiacuteveis demoras injustificadas O programa tem o pontopositivo de trazer agrave visibilidade puacuteblica casos que do contraacuterio fica-riam limitados aos acircmbitos locais e por isso mais sensiacuteveis agravesdisputas de poder e agrave corrupccedilatildeo36
Entre as instituiccedilotildees participantes do programa do CNJ estaacute aSDH que passou a solicitar o acompanhamento das accedilotildees que em
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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razatildeo do seu tracircmite demorado levaram ou poderiam levar a san-ccedilotildees pela Comissatildeo ou pela Corte IDH37 Ainda que houvesse jaacutecolaboraccedilatildeo entre o CNJ e a SDH anteriormente este oacutergatildeo pas-sou a contar com o programa como fator importante no diaacutelogocom o Poder Judiciaacuterio atenuando em parte o problema aponta-do anteriormente de dificuldade de convencimento dos atoresnecessaacuterios para a implementaccedilatildeo das medidas Verificou-se que a accedilatildeo civil e a accedilatildeo penal no caso Damiatildeo
Ximenes Lopes as accedilotildees no caso Escher e outros e as accedilotildees no casoGaribaldi por exemplo foram indicadas pela SDH para o pro-grama Atualmente qualquer pessoa pode verificar no sistema doprograma ldquoJusticcedila Plenardquo disponiacutevel na internet as informaccedilotildeesprestadas pelos Tribunais de Justiccedila do Cearaacute e do Paranaacute sobreos casos
4 TEMAS SUJEITOS E CONJUNTURA COMO EM CADA CASO A IMPLEMENTACcedilAtildeO FOI FAVORECIDA OU DIFICULTADA Como jaacute destacado no toacutepico 3 a estrutura de implementaccedilatildeo bra-sileira natildeo eacute fixada institucionalmente e os oacutergatildeos que cuidam delana praacutetica precisam a cada caso desenvolver um esforccedilo poliacutetico decooperaccedilatildeo com os oacutergatildeos locais diretamente relacionados agrave imple-mentaccedilatildeo das medidas especiacuteficas a cada uma das violaccedilotildees excetonos caso de pagamento de indenizaccedilotildees impostas pela Corte ou emtemas de competecircncia exclusivamente federal Assim a implemen-taccedilatildeo se torna dependente da vontade poliacutetica dos atores engajadosem posiccedilotildees relevantes nos oacutergatildeos centrais do Governo Federalencarregados da situaccedilatildeo (MRE SDH e AGU) bem como dos ato-res que ocupam cargos relevantes para uma concretizaccedilatildeo direta dasdecisotildees do SIDH como os membros legisladores promotorespuacuteblicos juiacutezes ou membros dos governos estaduais Neste toacutepico desenvolvemos as anaacutelises da implementaccedilatildeo das
recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees oriundas do SIDH levando em conta(i) a existecircncia de uma agenda poliacutetica puacuteblica em andamento aotempo da decisatildeo (ii) a dependecircncia de poderes autocircnomos comogovernos locais Ministeacuterio Puacuteblico e Judiciaacuterio (iii) violaccedilotildees quedecorrem de agendas poliacuteticas do Estado e (iv) dificuldades em dar
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impacto coletivo a decisotildees altamente individualizadas proferidaspela Corte ou pela Comissatildeo
41 QUANDO JAacute HAacute AGENDA DE POLIacuteTICA
PUacuteBLICA DO ESTADO BRASILEIRO
Alguns dos casos estudados trazem indiacutecios de que a existecircncia deagenda de poliacutetica puacuteblica estabelecida previamente agrave recomenda-ccedilatildeo ou condenaccedilatildeo do SIDH em qualquer dos niacuteveis federativosfacilitara sua implementaccedilatildeo O primeiro litiacutegio brasileiro na Corte Interamericana o caso
Damiatildeo Ximenes Lopes ilustra essa reflexatildeo Desde o momento do pro-cessamento do caso na Corte IDH ficou claro na defesa do Estadobrasileiro que havia uma poliacutetica de reforma do sistema psiquiaacutetricojaacute em andamento no momento em que aconteceu a morte da viacutetimaEacute mencionado nos depoimentos que o fechamento da Casa deRepouso dos Guararapes onde havia falecido Damiatildeo Ximenes foium marco que impulsionou essa reforma38
A Conferecircncia Nacional da Sauacutede Mental ocorrida em 1992 eacuteapontada como um dos marcos de reorientaccedilatildeo do tratamento psi-quiaacutetrico no Brasil39 A Lei federal n 102162001 pretendia trazeravanccedilos inaugurando a reforma psiquiaacutetrica no paiacutes Luiz OdoricoMonteiro de Andrade afirmou em seu depoimento que
A partir do dia 1ordm de janeiro de 1997 comeccedilaram uma seacuterie dereestruturaccedilotildees administrativas no acircmbito do Municiacutepio paraajustar as poliacuteticas do Sistema Uacutenico de Sauacutede em varias aacutereasNo final de 1998 jaacute havia um Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial(CAPS) que brinda atendimento ambulatorial e atenccedilatildeo diaacuteriaa pacientes com deficiecircncias mentais Esse sistema evoluiu e hoje jaacute existe o tratamento de pacientes com deficiecircnciasmentais agudas na aacuterea de sauacutede mental em hospital geralExiste tambeacutem um CAPS para transtornos na aacuterea geral e um para pessoas com problemas na aacuterea de alcoolismo edrogadiccedilatildeo Recentemente inaugurou-se um CAPS com onome do senhor Damiatildeo Ximenes Lopes para homenageaacute-lo40
Esse processo de mudanccedila nas poliacuteticas tambeacutem aparece nodepoimento de Pedro Gabriel Godinho Delgado entatildeo Coordenador
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Nacional do Programa de Sauacutede Mental do Ministeacuterio da SauacutedeSegundo Godinho ateacute entatildeo haviam sido tomadas vaacuterias medidas parafortalecer as redes extra-hospitalares Assim ainda que seja possiacutevel questionar o grau de efetividade
das poliacuteticas federais legisladas jaacute havia agrave eacutepoca da condenaccedilatildeo bra-sileira uma movimentaccedilatildeo a favor do sistema de tratamento mentalAteacute por isso parece ter sido empregada a expressatildeo ldquocontinuar adesenvolverrdquo no ponto de condenaccedilatildeo relacionado agrave implementaccedilatildeode medidas de melhoria do sistema psiquiaacutetrico Em seus relatoacuteriosde cumprimento de sentenccedila ateacute 2010 a Corte apontou para a neces-sidade do cumprimento desse ponto de sua condenaccedilatildeoHaacute indicaccedilotildees de que o descredenciamento da Casa de Repou-
so Guararapes em 2000 ocorreu por conta da repercussatildeo local damorte de Damiatildeo Ximenes Lopes41 Tambeacutem se desencadeou umprocesso mais acelerado de reforma no sistema psiquiaacutetrico da cida-de por conta da postura proativa de alguns gestores municipais42
A proacutepria condenaccedilatildeo do Brasil no Sistema Interamericano con-tudo teria contribuiacutedo mais ao aumento da publicidade do caso doque para reaccedilotildees diretas de implementaccedilatildeo Como na cidade jaacutehavia um processo de reforma do tratamento psiquiaacutetrico que veioa se mostrar bem-sucedido a condenaccedilatildeo do Brasil na Corte teriaservido mais para um reforccedilo do discurso mais amplo proacute-reformapsiquiaacutetrica do que para a efetiva implementaccedilatildeo da sentenccedila A condenaccedilatildeo tendo sido a primeira do Brasil no SIDH eacute um
marco no discurso da agenda antimanicomial utilizado natildeo soacutepela sociedade civil mas tambeacutem pelo Estado como incentivo dereforma em outras localidades Isso era especialmente importan-te no paiacutes jaacute que as mudanccedilas no sistema de sauacutede dependiammuito da vontade dos poderes locais43 que seriam mais facilmen-te convencidos de um possiacutevel perigo agrave imagem dos dirigentesna hipoacutetese de haver caso semelhante em sua regiatildeo44
Algo semelhante ocorreu no primeiro caso brasileiro de solu-ccedilatildeo amistosa o caso Joseacute Pereira Um fator importante do caso foia realizaccedilatildeo de uma visita in loco pela CIDH durante o periacuteodo emque o caso tramitava Essa visita ocorrida em novembro de 1995teve como um de seus objetos as denuacutencias de trabalho forccediladoespecialmente na regiatildeo sul do Paraacute local das violaccedilotildees que jaacutehaviam sido denunciadas na Comissatildeo De acordo com o relatoacuterio
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produzido apoacutes a visita a Comissatildeo constatou que agravequela eacutepocao Estado brasileiro jaacute havia desenvolvido uma seacuterie de poliacuteticasadministrativas legislativas e policiais voltadas ao combate e repres-satildeo do trabalho em condiccedilotildees anaacutelogas a de escravo45 Entretantoa CIDH recomendou o empenho e comprometimento do governovisando aprofundar e consolidar tais poliacuteticasUma vez alcanccedilado o acordo de soluccedilatildeo amistosa a CIDH pas-
sou a realizar o monitoramento de seu cumprimento em seusrelatoacuterios anuais Segundo o Relatoacuterio Anual de 2012 o acordoencontra-se apenas parcialmente cumpridoPrimeiramente observa-se que as medidas de reconhecimen-
to de responsabilidade e reparaccedilatildeo pecuniaacuteria foram cumpridas depronto A medida de julgamento dos responsaacuteveis permanece emaberto pois o processo se encontra suspenso Entretanto em rela-ccedilatildeo ao caso Joseacute Pereira as observaccedilotildees dos relatoacuterios anuais daCorte enfatizam as medidas legislativas e de fiscalizaccedilatildeo A partir de uma anaacutelise das poliacuteticas puacuteblicas elaboradas pelo
governo brasileiro e de seu esforccedilo para combater o trabalho for-ccedilado nota-se uma possiacutevel influecircncia do caso Joseacute Pereira Comoconsta em estudo da OIT46 antes do caso a entidade jaacute realizavaacompanhamento da situaccedilatildeo do trabalho escravo no paiacutes Segun-do seu estudo depois de 1995 houve uma mudanccedila expressiva noposicionamento do governo se em 1992 na Conferecircncia Inter-nacional do Trabalho o paiacutes negava a existecircncia de trabalhoescravo em 1995 passou a reconhecer oficialmente a existecircnciadessa praacutetica Em 27 de junho de 1995 por meio do Decreto Presidencial n
1538 foi criado o Grupo Executivo de Repressatildeo ao Trabalho For-ccedilado (Gertraf) com a finalidade de coordenar e implementar asprovidecircncias necessaacuterias agrave repressatildeo ao trabalho forccedilado No mesmoano foi criado o Grupo Especial de Fiscalizaccedilatildeo Moacutevel (GMF)composto de equipes de agentes treinados para realizar accedilotildees de fis-calizaccedilatildeo Posteriormente em marccedilo de 2003 foi estabelecido oPlano Nacional para Erradicaccedilatildeo do Trabalho Escravo Pouco depoisem julho foi criada a Comissatildeo Nacional de Erradicaccedilatildeo do Traba-lho Escravo (Conatrae) para acompanhar o cumprimento do planoCom tais iniciativas houve nesse periacuteodo um significativo aumen-to na qualidade dos trabalhos de combate ao trabalho escravo
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Aumentaram os nuacutemeros de operaccedilatildeo de resgate de trabalhadoresde denuacutencias e de trabalhadores resgatadosAo mesmo tempo em que se realizava esse esforccedilo intensivo em
relaccedilatildeo agraves poliacuteticas administrativas houve tambeacutem uma importantemudanccedila legislativa em dezembro de 2003 alterou-se o art 149 doCoacutedigo Penal brasileiro47 Com isso o crime de ldquoreduccedilatildeo agrave condi-ccedilatildeo anaacuteloga agrave de escravordquo tornou-se mais preciso e algumas causasde aumento da pena foram inseridas na codificaccedilatildeo penal brasileira Como fruto dessa intensificaccedilatildeo de poliacuteticas o Ministeacuterio do Tra-
balho e do Emprego tambeacutem se mostrou proativo Em outubro de2004 criou por meio da Portaria n 540 uma lista de nomes deempresas e pessoas autuadas por trabalho escravo Ao entrar na ldquolistasujardquo a pessoa perde o direito a financiamentos puacuteblicos e priva-dos Aleacutem disso houve grande mobilizaccedilatildeo do setor empresarialsendo que mais de 200 grupos formaram um pacto de natildeo realiza-ccedilatildeo de negoacutecios com nomes da lista Mais recentemente em 2008 foi criado o Segundo Plano Nacio-
nal para Erradicaccedilatildeo do Trabalho Escravo que tem tambeacutem comoenfoque a reinserccedilatildeo dos trabalhadores e a prevenccedilatildeo do trabalhoescravo Em 2012 foi aprovada na Cacircmara dos Deputados a possi-bilidade de expropriaccedilatildeo de terras em estabelecimentos onde forconstatada exploraccedilatildeo de matildeo de obra escrava48
Esta trajetoacuteria da implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadasao combate ao trabalho escravo no Brasil eacute representativa do saltoqualitativo da repressatildeo ao trabalho escravo em comparaccedilatildeo agrave daeacutepoca em que ocorreu o caso Mesmo que natildeo seja possiacutevel esta-belecer uma relaccedilatildeo direta de causalidade entre o caso Joseacute Pereirae as poliacuteticas puacuteblicas posteriores tal caso foi citado pelos atoresinteressados como um exemplo para reforccedilar a necessidade de com-bater o problema com mais intensidade49
O caso Maria da Penha tambeacutem encontrou no paiacutes um contex-to de implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas jaacute existentes afinal oBrasil jaacute havia sido reconhecido pela proacutepria Comissatildeo Interame-ricana de Direitos Humanos como um paiacutes que estava na vanguardada resoluccedilatildeo do problema de tratamento discriminatoacuterio contra asmulheres a partir da deacutecada de 1980 Destacaram-se por exemploa criaccedilatildeo do Conselho Estadual sobre a Condiccedilatildeo da Mulher emSatildeo Paulo (1983) a criaccedilatildeo do Conselho Nacional dos Direitos da
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Mulher subordinado ao Ministeacuterio da Justiccedila da Presidecircncia (1985)a incorporaccedilatildeo do combate a esse tipo de violecircncia na ConstituiccedilatildeoBrasileira de 198850 e a criaccedilatildeo das delegacias da mulher de abrigospara mulheres e do ldquoPrograma nacional para prevenir e combater aviolecircncia sexual e domeacutesticardquo (1996)51
Contudo embora a Comissatildeo tenha salientado avanccedilos significa-tivos no tema tambeacutem alertou para as dificuldades tais como acobertura insuficiente dos programas e a impunidade dos agressoresque eram denunciados Em 1999 a entidade analisou o cumprimen-to das recomendaccedilotildees feitas no relatoacuterio anterior e pouco disse sobreos avanccedilos na questatildeo das discriminaccedilotildees contra as mulheres52 Pos-teriormente ao apresentar suas recomendaccedilotildees no caso Maria daPenha considerou os avanccedilos insuficientes para afastar uma conde-naccedilatildeo do paiacutes pelo tratamento discriminatoacuterio das mulheresSob a perspectiva da Comissatildeo entatildeo as recomendaccedilotildees serviram
para tentar suprir as deficiecircncias nas poliacuteticas puacuteblicas brasileiras eafirmar a legislaccedilatildeo internacional sobre o tema das mulheres espe-cialmente a Convenccedilatildeo para prevenir punir e erradicar a violecircnciacontra as mulheres (Convenccedilatildeo de Beleacutem do Paraacute) Essa intenccedilatildeofoi evidenciada por meio de sucessivos relatoacuterios anuais especial-mente entre 2008 e 2011 nos quais a entidade reconheceu osavanccedilos obtidos pelo paiacutes mas destacou a necessidade de desenvol-vimento das poliacuteticas para que se desse integral cumprimento aoponto resolutivo53
Sob a perspectiva dos peticionaacuterios houve ainda outra preocu-paccedilatildeo A articulaccedilatildeo entre os movimentos feministas brasileiros e oCEJIL foi essencial para levar ao SIDH um pleito bastante especiacutefi-co a reforma na legislaccedilatildeo de enfrentamento da violecircncia domeacutesticabrasileira em razatildeo da sua incompatibilidade com a Convenccedilatildeo deBeleacutem do Paraacute54
Em 2002 jaacute era visiacutevel a mobilizaccedilatildeo das organizaccedilotildees natildeogovernamentais para que fosse editada uma lei especiacutefica para com-bater a violecircncia domeacutestica contra as mulheres sendo constituiacutedoinclusive um consoacutercio dessas ONGs55 Para as organizaccedilotildees osproblemas eram principalmente o tratamento da violecircncia domeacutes-tica como crime menos ofensivo e a impunidade dos agressoresque processados natildeo podiam ser presos e recebiam puniccedilotildees muitobrandas como pagamento de cestas baacutesicas agrave viacutetima56 O pleito
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direcionava-se contra a lei que vigorava naquele momento (Leifederal n 909995) que por incidir sobre a violecircncia domeacutesti-ca (art 69 paraacutegrafo uacutenico) aplicava-lhe uma seacuterie de soluccedilotildeesalternativas tais como pagamento de indenizaccedilatildeo suspensatildeo doprocesso e imposiccedilatildeo de penas alternativasO impacto da decisatildeo contudo natildeo foi o esperado em um pri-
meiro momento Houve a necessidade de gerar uma estrateacutegia detrabalho com linhas definidas (a) ministrar o timing na negocia-ccedilatildeo com o Estado e (b) fortalecer a decisatildeo do caso com difusatildeoe reforccedilo de articulaccedilotildees com os novos atores do movimento dasmulheres (natildeo participantes do litiacutegio) a abertura do caso paraos conselhos de advocacia regionais e aumento da empatia como caso57
As entidades encontraram um interlocutor proeminente nogoverno quando ainda em 2003 o oacutergatildeo responsaacutevel pelas poliacuteti-cas puacuteblicas em favor das mulheres no niacutevel federal (ConselhoNacional dos Direitos da Mulher) desvinculou-se do Ministeacuterio daJusticcedila e ganhou status de ministeacuterio criando-se a Secretaria espe-cial de poliacuteticas para mulheres Haacute indicaccedilotildees de que a elevaccedilatildeo dopatamar do oacutergatildeo ao niacutevel ministerial foi um importante avanccedilo paraque ele pudesse articular mais facilmente as poliacuteticas de gecircnero comoutros ministeacuterios e outros Poderes58
Em 2004 foi instituiacutedo o ldquoGrupo de Trabalho Interministerialpara elaborar proposta de medida legislativa e outros instrumen-tos para coibir a violecircncia domeacutestica contra a mulherrdquo por meiodo Decreto federal n 50302004 coordenado exatamente pelaSecretaria (art 2ordm I a) O consoacutercio de ONGs apresentou noacircmbito do Grupo sua proacutepria proposta legislativa jaacute bastanteamadurecida pelas discussotildees anteriores59
Novamente poreacutem os resultados natildeo foram os esperados NaExposiccedilatildeo de Motivos do Projeto de Lei n 45552004 a Secretaacuteriade Poliacuteticas para Mulheres Nilceacutea Freire salientou a participaccedilatildeo doconsoacutercio feminista os instrumentos internacionais para a proteccedilatildeodas mulheres e no que importa a este trabalho as recomendaccedilotildeesno caso Maria da Penha60 No entanto o principal pleito dos movi-mentos feministas natildeo foi atendido e o projeto natildeo contemplou umprocedimento especiacutefico para punir a violecircncia domeacutestica contraas mulheres
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As ONGs entatildeo negociaram apoio da Relatora do projeto emuma das comissotildees da Cacircmara dos Deputados Deputada JandiraFeghali para que o tema fosse amplamente debatido Apoacutes muitasaudiecircncias no paiacutes inteiro a deputada apresentou novo projeto queacolhia integralmente aquilo que as ONGs haviam apresentado em200361 Os parlamentares concluiacuteram o processo legislativo coma ediccedilatildeo da Lei federal n 113402006 que foi aprovada com inte-gral aceitaccedilatildeo pela Secretaria de Poliacuteticas para as Mulheres O fatode essa lei ser conhecida como ldquoLei Maria da Penhardquo evoca natildeoapenas a decisatildeo da CIDH como tambeacutem todo o histoacuterico do casoenvolvendo a senhora Maria da Penha62
Ainda que natildeo seja possiacutevel a relaccedilatildeo de causalidade direta natildeohaacute como negar que a partir do caso poliacuteticas mais efetivas passa-ram a ser implementadas como a criaccedilatildeo de delegacias abrigospara mulheres e planos nacionais a articulaccedilatildeo da Secretaria comos Conselhos Estaduais principalmente a partir de 2006 a submis-satildeo do relatoacuterio brasileiro ao Comitecirc Cedaw da ONU em 2003bem como finalmente as proacuteprias recomendaccedilotildees da OEA63
Assim o caso Maria da Penha inseriu-se no contexto brasileirode duas maneiras De um lado somou-se agraves poliacuteticas puacuteblicas jaacute exis-tentes impulsionando a adoccedilatildeo de novos programas de outro foiuma manifestaccedilatildeo importante a favor do pleito dos movimentosfeministas brasileiros por uma legislaccedilatildeo especiacutefica para o tema Por fim no caso Julia Gomes Lund algumas determinaccedilotildees da
Corte IDH tambeacutem jaacute estavam em pauta no cenaacuterio nacional Den-tre elas estatildeo as relacionadas agrave exigecircncia de medidas que garantamo direito agrave memoacuteria e agrave verdade com vistas a investigar o passadode modo a descobrir sua verdade e conseguir o reconhecimentooficial de seus acontecimentos64
De fato o Estado brasileiro embora tenha sido o protagonistadas violaccedilotildees de Direitos Humanos ocorridas durante o periacuteodode vigecircncia do regime de 1964 tem adotado algumas accedilotildees parazelar pelo direito agrave memoacuteria e agrave verdade Entre elas vale citar porexemplo a aprovaccedilatildeo da Lei federal n 9140 de 4 de dezembrode 1995 que reconheceu a responsabilidade do Estado brasileiropela morte de opositores ao regime de 1964 Essa Lei criou umaComissatildeo Especial que posteriormente foi denominada ComissatildeoEspecial sobre Mortos e Desaparecidos Poliacuteticos65 com atribuiccedilotildees
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que vatildeo desde o reconhecimento de pessoas desaparecidas ateacute odeferimento de pedidos de indenizaccedilatildeo das famiacutelias das viacutetimas ea reuniatildeo de esforccedilos para a localizaccedilatildeo dos corpos de pessoasdesaparecidas no caso de existecircncia de indiacutecios quanto ao local emque possam estar depositadosAleacutem disso foi criada uma Comissatildeo Interministerial com a
finalidade de obter informaccedilotildees que levassem agrave localizaccedilatildeo dosrestos mortais de participantes da ldquoGuerrilha do Araguaiardquo Areferida Comissatildeo foi instituiacuteda pela Uniatildeo por meio do Decre-to Presidencial n 4850 de 2 de outubro de 2003 e encerrou assuas atividades com relatoacuterio final divulgado em marccedilo de 2007Com o mesmo intuito em abril de 2009 foi criado pelo Minis-teacuterio da Defesa um Grupo de Trabalho para realizaccedilatildeo de buscasde restos mortais na regiatildeo do Araguaia Diferentemente daComissatildeo Interministerial de 2003 representantes dos familiaresde mortos e desaparecidos poliacuteticos acompanharam e orientaramos trabalhos de buscas mas a accedilatildeo foi infrutiacutefera pois natildeo foramencontrados restos mortais na regiatildeoAinda com o objetivo de divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees a respeito
da ldquoGuerrilha do Araguaiardquo foi lanccedilado em maio de 2009 o arqui-vo Memoacuterias Reveladas sob a responsabilidade da Casa Civil Essearquivo conecta digitalmente o acervo recolhido ao Arquivo Nacio-nal com vaacuterios outros arquivos federais sobre a repressatildeo poliacuteticae com arquivos estaduais de 15 unidades da federaccedilatildeo resultandoem mais de 5 milhotildees de paacuteginas de documentos66
Dentre as accedilotildees destinadas a garantir o direito agrave memoacuteria e agraveverdade e promover a reconciliaccedilatildeo nacional destaca-se a insta-laccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade responsaacutevel por examinar eesclarecer as violaccedilotildees de direitos humanos ocorridas entre 1946e 1988 no BrasilA Comissatildeo Nacional da Verdade (CNV) foi criada pela Lei fede-
ral n 12528 de 18 de novembro de 2011 O fato de esta lei tersido promulgada depois da sentenccedila da Corte IDH natildeo significanecessariamente que a resoluccedilatildeo do caso no SIDH foi determinan-te para a implementaccedilatildeo da CNV O processo de constituiccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade teve
iniacutecio em 2002 quando da elaboraccedilatildeo da segunda versatildeo do Pro-grama Nacional de Direitos Humanos (PNDH-2) No programa
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foram apresentados os objetivos as diretrizes e as accedilotildees do Esta-do para lidar com a temaacutetica dos direitos humanos e a criaccedilatildeoda Comissatildeo Nacional da Verdade jaacute era uma demanda existentenaquela eacutepoca67
Apoacutes avanccedilos na definiccedilatildeo da estrutura de funcionamento daComissatildeo da Verdade uma das diretrizes da terceira versatildeo doPNDH (PNDH-3) lanccedilada em 2010 foi a criaccedilatildeo de uma CNV Oprimeiro objetivo estrateacutegico definido no eixo intitulado ldquodireitoagrave memoacuteria e agrave verdaderdquo determinou que o Estado devesse promo-ver a apuraccedilatildeo e o esclarecimento puacuteblico das violaccedilotildees de DireitosHumanos praticadas no contexto da repressatildeo poliacutetica ocorridano Brasil a partir de 194668 a fim de efetivar o direito agrave memoacute-ria e agrave verdade histoacuterica e promover a reconciliaccedilatildeo nacional Paraa consecuccedilatildeo deste objetivo o PNDH-3 designou um Grupo deTrabalho composto de representantes da Casa Civil do Ministeacute-rio da Justiccedila do Ministeacuterio da Defesa e da Secretaria Especial dosDireitos Humanos da Presidecircncia da Repuacuteblica para elaborar ateacuteabril de 2010 projeto de lei que instituiacutesse a Comissatildeo Nacionalda Verdade69
O PNDH-3 jaacute estabelecia algumas possiacuteveis atribuiccedilotildees da CNVtais como a promoccedilatildeo com base em seus informes da reconstru-ccedilatildeo da histoacuteria dos casos de violaccedilatildeo de direitos humanos bemcomo a assistecircncia agraves viacutetimas de tais violaccedilotildees a promoccedilatildeo dosmeios e recursos necessaacuterios para a localizaccedilatildeo e identificaccedilatildeo decorpos e restos mortais de desaparecidos poliacuteticos a identificaccedilatildeoe publicizaccedilatildeo das estruturas utilizadas para a praacutetica de violaccedilotildeesde direitos humanos suas ramificaccedilotildees nos diversos aparelhos deEstado e em outras instacircncias da sociedade entre outrasNota-se portanto que as discussotildees acerca da criaccedilatildeo de uma
Comissatildeo da Verdade jaacute estavam avanccediladas e bem estruturadas noiniacutecio do ano de 2010 10 meses antes da publicaccedilatildeo da sentenccedilada Corte IDH ndash o que mostra a existecircncia de uma agenda estatalque jaacute estava preocupada com a instalaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo comoa atual CNVCorrobora esse argumento o comentaacuterio de um dos integran-
tes desse Grupo de Trabalho e atual membro da CNV que revelouque em nenhuma das reuniotildees do Grupo foi feita menccedilatildeo agrave sen-tenccedila da Corte IDH Tal afirmaccedilatildeo mostra entatildeo que a sentenccedila
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da Corte IDH natildeo impactou a constituiccedilatildeo da CNV no Brasil tendoem vista jaacute existir uma agenda estatal voltada para a criaccedilatildeo dessaComissatildeo a qual jaacute estaacute em plena atividade70
Assim diante do fato de que accedilotildees de estabelecimento de umaComissatildeo da Verdade tiveram iniacutecio antes de novembro de 2010data da sentenccedila da Corte IDH restou-lhe apenas reconhecer evalorizar a importacircncia da iniciativa do Estado Brasileiro em criara CNV destinada a contribuir para ldquoa construccedilatildeo e preservaccedilatildeo damemoacuteria histoacuterica o esclarecimento de fatos e a determinaccedilatildeo deresponsabilidades institucionais sociais e poliacuteticas em determina-dos periacuteodos histoacutericos de uma sociedaderdquo71
Entretanto a principal reivindicaccedilatildeo do SIDH ao Brasil eacute rejei-tada com veemecircncia pelo Estado a revogaccedilatildeo da Lei de AnistiaTrata-se de situaccedilatildeo em que a violaccedilatildeo decorre de uma poliacuteticade Estado defendida na esfera das razotildees puacuteblicas conforme indi-cado no proacuteximo toacutepico
42 QUANDO O ESTADO BRASILEIRO PROMOVE
E APOIA O ATO QUE GERA A VIOLACcedilAtildeO
Uma situaccedilatildeo bastante peculiar e que merece uma anaacutelise distin-ta eacute aquela na qual a violaccedilatildeo condenada pelo SIDH consiste emuma poliacutetica endossada publicamente pelo Estado No caso JuliaGomes Lund a manutenccedilatildeo da Lei de Anistia de constitucionali-dade confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ampara-seem um discurso de reconciliaccedilatildeo nacional e superaccedilatildeo do periacuteo-do ditatorial No caso Belo Monte a criaccedilatildeo de usinas hidreleacutetricasem terras indiacutegenas na regiatildeo amazocircnica integra projetos do Esta-do Brasileiro a partir da deacutecada de 1970 No caso Julia Gomes Lund o Brasil foi responsabilizado pela
manutenccedilatildeo de uma Lei de Anistia que impede a investigaccedilatildeo e acondenaccedilatildeo de agentes que realizaram crimes contra a humanida-de durante o periacuteodo da ditadura militar O governo contudodefende ateacute hoje a validade dessa norma aprovada durante o fimdo periacuteodo ditatorial A Lei federal n 6683 de 28 de agosto de 1979 (ldquoLei de Anistiardquo)
concedia anistia ampla e irrestrita a todos aqueles que cometeramdurante o periacuteodo de 2 de setembro de 1961 a 15 de agosto de1979 crimes natildeo soacute poliacuteticos mas tambeacutem de qualquer natureza
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considerados conexos aos crimes poliacuteticos (inclusive o de torturae assassinato de opositores do regime governamental vigente naque-le momento)A constitucionalidade desta lei foi questionada no STF pela
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) requerendo que a lei fosserevisada uma vez que ela excluiacutea a possibilidade de investigar e puniros responsaacuteveis pelos crimes cometidos durante o regime militar Oobjetivo da accedilatildeo portanto era assegurar que o dever do Estado deinvestigar e punir os responsaacuteveis pelas violaccedilotildees de Direitos Huma-nos fosse cumprido de modo a evitar a impunidade e prevenir aocorrecircncia de novas violaccedilotildees O STF no entanto julgou a accedilatildeoimprocedente e com isso declarou vaacutelida a Lei da Anistia do modocomo foi editada em 1979 Por sete votos a dois os ministros deci-diram que o perdatildeo foi parte de um acordo feito pela sociedade naeacutepoca e valeu tambeacutem para os agentes estatais responsaacuteveis por assas-sinatos sequestros e torturas contra opositores da ditadura militar(1964-1985) Desse modo a anistia aos torturadores foi mais uma vezreiterada por um dos poderes do Estado neste caso o JudiciaacuterioEssa situaccedilatildeo juriacutedica portanto afeta a concretizaccedilatildeo de alguns
pontos resolutivos da sentenccedila da Corte IDH em especial aqueleque estabelece que ldquoO Estado deve conduzir eficazmente perantea jurisdiccedilatildeo ordinaacuteria a investigaccedilatildeo penal dos fatos do presentecaso a fim de esclarececirc-los determinar as correspondentes respon-sabilidades penais e aplicar efetivamente as sanccedilotildees e consequecircnciasque a lei preveja []rdquoTodavia o Ministeacuterio Puacuteblico Federal tem adotado posiciona-
mento de que natildeo haacute real conflito entre a ADPF 153 e a sentenccedilade Julia Gomes Lund com base no argumento de que as decisotildeespodem ser compatibilizadas a partir da necessidade de realizaccedilatildeo deduplo controle das normas de direitos humanos o de constitucio-nalidade no acircmbito interno e o de convencionalidade no acircmbitointernacional Diante disso o MPF afirma que no caso da Anistia alei natildeo passou em um dos testes (de convencionalidade) devendoassim ser rejeitada como causa de exclusatildeo de punibilidadeDe toda forma as dificuldades da implementaccedilatildeo da sentenccedila
pelo Estado persistem Diante desses obstaacuteculos o MPF tomou a ini-ciativa de assumir o papel de realizador de um dos componentes dajusticcedila de transiccedilatildeo abrindo-se um novo canal de concretizaccedilatildeo da
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justiccedila de transiccedilatildeo no Brasil Isso se deu por meio dos esforccedilosempreendidos para realizar a persecuccedilatildeo penal contra as violaccedilotildeesaos direitos humanos cometidas por agentes do Estado no periacuteododa ditadura A atuaccedilatildeo do MPF contra os crimes ocorridos nessaeacutepoca estaacute detalhada no relatoacuterio divulgado pela 2ordf Cacircmara deCoordenaccedilatildeo e Revisatildeo do MPF72 De acordo com esse relatoacuterio oMPF instaurou 170 investigaccedilotildees criminais dirigidas agrave apuraccedilatildeo doscrimes de sequestro homiciacutedio e ocultaccedilatildeo de cadaacutever Aleacutem dissoforam ajuizadas quatro accedilotildees penais para puniccedilatildeo dos responsaacuteveisNo que diz respeito agrave implementaccedilatildeo da sentenccedila da Corte
IDH no caso Julia Gomes Lund afirma-se no relatoacuterio que
o GTJT entende que as accedilotildees penais e as investigaccedilotildeesinstauradas datildeo parcial cumprimento agrave obrigaccedilatildeo estabelecidano ponto resolutivo 9 da sentenccedila do caso Gomes Lundconsistente no dever do Estado brasileiro de promover a persecuccedilatildeo penal das graves violaccedilotildees a DH cometidasdurante o regime militar O GTJT tambeacutem entende que ainstauraccedilatildeo de investigaccedilotildees formais eacute um dever do Estadobrasileiro para com as viacutetimas dessas violaccedilotildees e a seusfamiliares os quais reivindicam haacute quatro deacutecadasprovidecircncias do Estado em relaccedilatildeo agrave apuraccedilatildeo do queocorreu com seus proacuteximos73
No caso Belo Monte pode-se identificar possiacuteveis violaccedilotildees a direi-tos humanos cometidas pelo proacuteprio Estado dessa vez dentro de suaagenda de desenvolvimento Trata-se de um caso bastante complexoe polecircmico uma vez que provocou e continua provocando episoacutediosde embate entre os povos indiacutegenas afetados pela construccedilatildeo da hidre-leacutetrica de Belo Monte e as autoridades estataisA tensatildeo entre os indiacutegenas e o governo iniciou-se na deacutecada
de 1970 com o primeiro estudo sobre o potencial hidreleacutetrico dorio Xingu encomendado ao Consoacutercio Nacional de EngenheirosConsultores SA pela Eletronorte Em 1979 o Consoacutercio concluiuo estudo afirmando que o ldquoaproveitamento oacutetimordquo daquela baciahidrograacutefica dependia de um conjunto de seis barragens das quaiscinco situadas no rio Xingu e uma no Rio Irir i Dentre outrasconsequecircncias o Complexo Hidreleacutetrico do Xingu atingiria 40
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povos indiacutegenas desde a Terra Indiacutegena (TI) Paquiccedilamba na VoltaGrande do Xingu (Estado do Paraacute) ateacute o Parque Indiacutegena do Xinguno estado do Mato Grosso74
Durante a deacutecada de 1980 foram realizados os estudos de viabili-dade do Complexo (de) Altamira ndash projeto que envolvia a construccedilatildeodas mega-hidreleacutetricas Kararaocirc e Babaquara Somadas as represasdessas usinas alagariam uma aacuterea de 7000 km2 aproximadamenteDentre outras consequecircncias ao menos seis TIs seriam completa-mente alagadas (Koatinemo Araweteacute do Ipixuna Kararaocirc AraraArara da Volta Grande do Xingu Trincheira-Bacajaacute) e a TI Paqui-ccedilamba seria ilhada75 Em marccedilo de 1988 o Departamento Nacionalde Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) aprovou o Relatoacuterio final dosestudos de inventaacuterio 76 e a Eletronorte anunciou o projeto77
Nesse mesmo ano poreacutem irrompeu um forte movimento con-traacuterio ao Complexo (de) Altamira Indiacutegenas intelectuais e ativistasinternacionalizaram o conflito ao promoverem audiecircncias comONGs e com o Banco Mundial aleacutem disso o ldquoI Encontro dos PovosIndiacutegenas do Xingurdquo deu forte repercussatildeo ao caso78 Como con-sequecircncia o Banco Mundial retirou o financiamento previsto79 eo custo poliacutetico-social da obra tornou-se demasiado para a recen-te democracia brasileira O projeto do Complexo de Altamira foientatildeo arquivado
Poreacutem na deacutecada de 1990 surge o projeto do Aproveitamen-to Hidreleacutetr ico Belo Monte uma versatildeo reformulada do projetoanterior
Uma seacuterie de irregularidades na conduccedilatildeo do projeto motivouo Ministeacuterio Puacuteblico Federal do Paraacute (MPF) a mover uma accedilatildeo civilpuacuteblica (ACP 20013900005867-6 5850-7320014013900)80
contra a Eletronorte (empresa responsaacutevel pelo empreendimento)Ao final de 2002 o STF confirmou a decisatildeo liminar de primeirainstacircncia que suspendia o processo de licenciamento da obra81
Aleacutem de reconhecer irregularidades na licitaccedilatildeo e no licenciamen-to do Aproveitamento Hidreleacutetrico Belo Monte o STF confirmoua necessidade da autorizaccedilatildeo do Congresso Nacional precedida daoitiva dos povos indiacutegenas afetados para que o empreendimentopudesse ser executado82
Em 2005 poreacutem o projeto eacute relanccedilado Para resolver os proble-mas reconhecidos anos antes pelo STF o licenciamento ambiental
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da obra passa a ser feito pelo Ibama83 Aleacutem disso o deputado fede-ral Fernando Ferro (do mesmo partido do governo federal)84
apresenta ao Congresso Nacional uma proposta de autorizaccedilatildeo parao Poder Executivo implantar o Aproveitamento Hidreleacutetrico BeloMonte85 Em tempo recorde a proposta foi aprovada e publicada naforma do Decreto Legislativo n 788200586
Ainda em 2005 o MPF em conjunto com a sociedade civil impe-trou accedilatildeo direta de inconstitucionalidade contra tal DecretoLegislativo (DL) com fundamento na falta de consulta agraves comuni-dades indiacutegenas Com base em um argumento processual o STF natildeoconheceu a accedilatildeo87
Em 2006 o MPF propocircs uma nova accedilatildeo civil puacuteblica cujo obje-tivo era ldquoobstar o processo de licenciamento no Ibamardquo e anular oDL88 Essa accedilatildeo gerou cinco decisotildees em primeiro grau em um pri-meiro momento o licenciamento foi paralisado e o DL foi declaradoinvaacutelido depois de algumas inversotildees de entendimento em duasinstacircncias em 2007 o STF liberou o licenciamento e declarou avalidade do DL (essa decisatildeo seraacute explorada mais adiante)89
Entre 2007 e 2010 o MPF promoveu seis accedilotildees (quatro accedilotildees civispuacuteblicas e duas accedilotildees de improbidade)90 referentes a irregularidadesno processo de licenciamento do Aproveitamento Hidreleacutetrico BeloMonte Mesmo assim no dia 1ordm de fevereiro de 2010 o Ibama con-cedeu a licenccedila preacutevia para a construccedilatildeo do empreendimento Apesar de natildeo cumprida boa parte das condicionantes constan-
tes da licenccedila preacutevia em 26 de janeiro de 2011 o Ibama concedelicenccedila parcial de instalaccedilatildeo com a qual o Consoacutercio Norte Energiaestaria habilitado para a construccedilatildeo do canteiro de obras de BeloMonte No dia seguinte o MPF propotildee ainda uma nova accedilatildeo civilpuacuteblica para suspender a licenccedila sem sucesso91
Entatildeo em 1ordm de abril de 2011 a CIDH outorgou medida cau-telar em favor dos povos indiacutegenas da Volta Grande do Xinguem resultado de provocaccedilatildeo por um grande nuacutemero de membrosda sociedade civil organizada no ano anterior A Comissatildeo soli-citou ao Governo Brasileiro a suspensatildeo imediata do processode licenciamento de Belo Monte e o impedimento da realiza-ccedilatildeo da obra ateacute que fossem satisfeitas trecircs condiccedilotildees os povosindiacutegenas deveriam ser consultados sobre o empreendimento ospovos indiacutegenas deveriam ter acesso ao EIARIMA antes de dita
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consulta preacutevia e medidas de proteccedilatildeo aos povos indiacutegenasdeveriam ser adotadasPosteriormente com base nas informaccedilotildees enviadas pelo Estado
brasileiro e pelos peticionaacuterios a CIDH modificou o teor da medi-da e solicitou (i) a adoccedilatildeo de medidas para a proteccedilatildeo da sauacutede e dacultura dos povos indiacutegenas isolados e a elaboraccedilatildeo e implementa-ccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo dos efeitos da construccedilatildeo do AproveitamentoHidreleacutetrico Belo Monte (ii) a adoccedilatildeo de medidas de proteccedilatildeo agravesauacutede das comunidades indiacutegenas do Xingu que incluiacutessem (a) oPrograma Integrado de Sauacutede Indiacutegena e (b) a implementaccedilatildeo dosprogramas requeridos pela Funai (PT 2109)92 (iii) a demarcaccedilatildeo dasterras ancestrais dos povos indiacutegenas da regiatildeo e proteccedilatildeo destas con-tra invasotildees e ocupaccedilotildees por natildeo indiacutegenas A solicitaccedilatildeo anterior deldquoconsulta preacuteviardquo por sua vez foi transformada em discussatildeo de meacuteri-to transcendendo o acircmbito da MC 38210A medida cautelar foi recebida de maneira diversa por trecircs ato-
res diferentes A primeira manifestaccedilatildeo do Brasil em relaccedilatildeo agrave medidacautelar ocorreu no dia 5 de abril de 2011 em nota puacuteblica divul-gada pelo Itamaraty que expressava perplexidade em relaccedilatildeo ao teordas solicitaccedilotildees da CIDH consideradas precipitadas e injustificadas93
Reforccedilando essa posiccedilatildeo no dia 1ordm de junho o Ibama concedeu alicenccedila definitiva94Aleacutem disso em 27 de outubro de 2011 o Gover-no brasileiro deixou de comparecer agrave audiecircncia marcada pela CIDHpara discussatildeo da medida cautelar95 Em janeiro de 2012 iniciaram-se as obras do Aproveitamento Hidreleacutetrico Belo Monte96
Em relaccedilatildeo aos movimentos sociais entre os meses de maio eoutubro de 2011 foram feitas manifestaccedilotildees puacuteblicas em apoio agravemedida cautelar que foram noticiadas amplamente nas miacutediassociais A Comissatildeo de Direitos Humanos da Cacircmara Federal aPlataforma Brasileira de Direitos Humanos Econocircmicos SociaisCulturais e Ambientais (Plataforma Dhesca) a Anistia Internacio-nal organizaccedilotildees latino-americanas e cerca de 90 organizaccedilotildeesnacionais e internacionais expressaram apoio agraves recomendaccedilotildees daCIDH e condenaram a postura assumida pelo Estado brasileiroFinalmente em relaccedilatildeo ao MPF a medida cautelar outorgada
pela Comissatildeo pareceu respaldar a posiccedilatildeo dos membros da ins-tituiccedilatildeo contra possiacuteveis irregularidades Ainda que natildeo tenha sidoutilizada a medida em si como um fator inibidor da construccedilatildeo
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da usina accedilotildees posteriores promovidas pelo oacutergatildeo sugerem quea medida proporcionou um novo argumento juriacutedico para a atua-ccedilatildeo dos procuradores federais97
Para uma compreensatildeo mais profunda do impacto dessa medidacautelar eacute preciso considerar a dimensatildeo poliacutetica do Aproveitamen-to Hidreleacutetrico Belo Monte De certo modo eacute possiacutevel dizer que adecisatildeo do STF de 2007 revelou o espaccedilo ocupado pelo projetoBelo Monte no conjunto de interesses do Estado brasileiro Isso por-que segundo a Ministra Relatora Ellen Gracie agrave eacutepoca Presidentedaquele Tribunal Belo Monte seria parte essencial da poliacutetica ener-geacutetica nacional e estaria inserida no cronograma governamental deplanejamento estrateacutegico do setor eleacutetrico a sua inviabilizaccedilatildeo por-tanto comprometeria dito planejamento 98
O atual interesse do Estado brasileiro no potencial hidreleacutetricoda Amazocircnia tem raiacutezes histoacutericas e funccedilatildeo estrateacutegica Em meadosda deacutecada 1980 o ldquoPlano Nacional de Energia Eleacutetrica 19872010rdquo99
jaacute afirmava ldquoo aproveitamento do rio Xingu se constituiraacute possi-velmente no maior projeto nacional no final deste seacuteculo e comeccedilodo proacuteximordquo De acordo com esse Plano 175 usinas hidreleacutetricasdeveriam ser construiacutedas ateacute o ano de 2010 no Brasil ndash 40 na Ama-zocircnia Legal100
Posteriormente o Plano Nacional de Energia 2030 elaborado em2007 constatou que a maior parte da energia eleacutetrica produzida noBrasil eacute proveniente de usinas hidreleacutetricas em 2005 a energiahidreleacutetrica equivalia a 75 da ldquopotecircncia instaladardquo e gerou 93 daenergia requerida pelo Sistema Interligado Nacional A bacia doAmazonas por sua vez eacute considerada o maior potencial hidreleacutetri-co brasileiro101
Talvez por isso a construccedilatildeo de Belo Monte passou a ser con-siderada a principal obra do Programa de Aceleraccedilatildeo do Crescimento(PAC)102 lanccedilado em 2007 pelo Governo Federal De acordo como ex-Ministro do Meio Ambiente Carlos Minc Belo Monte era ldquoamaior obra do PAC a mais polecircmica e a terceira hidreleacutetrica domundordquo103 Na lista das 10 obras mais importantes do Programade Aceleraccedilatildeo do Crescimento 2 (PAC 2) figuram trecircs usinas hidre-leacutetricas todas situadas na regiatildeo Norte do paiacutes104 e Belo Monteeacute ldquoo principal projeto energeacutetico [] e uma das grandes priori-dades do programardquo105
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Em uma perspectiva poliacutetica o intervalo desde as primeirasmovimentaccedilotildees de criaccedilatildeo do projeto ateacute hoje (1975-2013) foi umperiacuteodo de intensas transformaccedilotildees Aleacutem da transiccedilatildeo do regimemilitar para o regime constitucional-democraacutetico o Brasil teve seiseleiccedilotildees presidenciais diretas106 oito Presidentes da Repuacuteblica107 evivenciou o processo de impeachment do Presidente Fernando Col-lor (1992)108 Apesar disso o interesse estatal de exploraccedilatildeo dopotencial energeacutetico do rio Xingu permaneceu inalterado O que os fatos indicam eacute que o projeto de construccedilatildeo do Apro-
veitamento Hidreleacutetrico Belo Monte natildeo eacute fruto da vontade de umgoverno ou de um governante especiacutefico apenas mas que tal pro-jeto eacute antes resultado de um interesse de Estado ndash um interesseque se poderia considerar suprapartidaacuterio enraizado e imbricadonas mais profundas concepccedilotildees sobre desenvolvimento do paiacutes Por essa perspectiva o conflito de Belo Monte ganha uma
dimensatildeo poliacutetica complexa Isso porque a ameaccedila ldquoagrave vida e agrave inte-gridade pessoal dos membrosrdquo109 das Comunidades Indiacutegenas daBacia do rio Xingu decorrente da possiacutevel construccedilatildeo de BeloMonte eacute resultado de uma poliacutetica estatal histoacuterica e bem defini-da de desenvolvimento estrateacutegico de um setor ldquoestruturante dopaiacutesrdquo o setor energeacutetico Em siacutentese os casos apresentados permitem a conclusatildeo de que
o adimplemento das medidas do SIDH eacute mais dificultoso quandoa violaccedilatildeo em questatildeo decorre de uma poliacutetica puacuteblica do EstadoContudo as medidas nestes casos ainda assim podem ser apropria-das por atores estatais e pela sociedade civil organizada
43 QUANDO HAacute CASO DE VIOLACcedilAtildeO EM AcircMBITO LOCAL
Um terceiro fator que influencia a implementaccedilatildeo eacute a natureza fede-ral do Estado brasileiro Haacute violaccedilotildees que envolvem apenascompetecircncias federais Nessas situaccedilotildees natildeo se confere tanta impor-tacircncia agrave estrutura federativa do Brasil exceto se as poliacuteticas nacionaisdependerem de Estados e Municiacutepios No entanto haacute outros casos emque as competecircncias envolvidas para o cumprimento das medidasdeterminadas no SIDH pertencem tambeacutem ou exclusivamente a Esta-dos ou Municiacutepios No decorrer dos processos perante a Comissatildeo Interamericana
o Governo Federal normalmente representado pela SDH procura
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compartilhar responsabilidades com o Estado federado tentandoenvolvecirc-lo ao maacuteximo na tentativa de soluccedilatildeo amistosa ou naimplementaccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeo Isso eacute valorizado prin-cipalmente pelo efeito pedagoacutegico desse envolvimento jaacute que a maiorparte das violaccedilotildees se daacute em acircmbito local110A situaccedilatildeo eacute diferente sea condenaccedilatildeo for pela Corte Interamericana visto que o governo fede-ral torna-se responsaacutevel internacionalmente pela implementaccedilatildeo dasmedidas Essa dinacircmica precisa ser reconhecida como um fator rele-vante na implementaccedilatildeo das medidas impostas pelo SIDH Como jaacute visto por natildeo haver mecanismo de execuccedilatildeo direta das
decisotildees ou recomendaccedilotildees do Sistema Interamericano a implemen-taccedilatildeo ocorre eminentemente por razotildees poliacuteticas Natildeo soacute ao chegaremao Brasil pelos oacutergatildeos federais que normalmente lidam com os casosem todas as suas fases (MRE SDH e AGU) mas tambeacutem pelos entesfederados Durante boa parte das atuaccedilotildees da SDH quando ficou agravefrente da organizaccedilatildeo de implementaccedilotildees de recomendaccedilotildees oumedidas de condenaccedilatildeo seu trabalho foi convencer os oacutergatildeos locaisenvolvidos de que a implementaccedilatildeo deveria ser feita111
Se de um lado haacute dificuldades em se lidar com outras entidadesfederativas que natildeo satildeo obrigadas por quaisquer mecanismos a cola-borar com a implementaccedilatildeo por outro as recomendaccedilotildees daComissatildeo ou as condenaccedilotildees da Corte agregam peso ao esforccedilo deconvencimento da SDH sobre os representantes do ente federado Apresenccedila desse elemento externo de um terceiro cuja funccedilatildeo eacute exclu-sivamente defender direitos humanos muitas vezes eacute positiva jaacute quea oposiccedilatildeo poliacutetica que eventualmente haacute em relaccedilatildeo ao governo fede-ral pode se dissolverO fator do ocircnus poliacutetico da violaccedilatildeo para o poder local eacute essen-
cial para possibilitar soluccedilotildees amistosas O orccedilamento vinculado aopagamento das indenizaccedilotildees coordenadas pela SDH soacute eacute mobiliza-do para pagamento quando haacute casos jaacute julgados pela Corte Assimcom exceccedilatildeo do caso Joseacute Pereira jaacute visto112 em soluccedilotildees amistosaseacute sempre o Estado federado que deve se responsabilizar por talpagamento Tambeacutem eacute o Estado federado que internamente se res-ponsabiliza pelo cumprimento dos outros pontos acordados Como visto anteriormente a preexistecircncia de agenda federal
e local de combate ao trabalho escravo pode ter sido causa deminimizaccedilatildeo dos custos da soluccedilatildeo amistosa do caso Joseacute Pereira
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Jaacute na segunda soluccedilatildeo amistosa brasileira o caso Meninos emascula-dos do Maranhatildeo parece ter sido alcanccedilada por conta de um conjuntode fatores de pressatildeo poliacutetica em que a miacutedia parece ter ocupadolugar de destaque O proacuteprio nome do caso ldquoMeninos emasculadosdo Maranhatildeordquo foi o utilizado pela miacutedia brasileira para se referira uma seacuterie de homiciacutedios e mutilaccedilotildees genitais de meninos entre4 e 15 anos ao mesmo tempo em que ocorriam os trabalhos paraos acordos da soluccedilatildeo amistosa na CIDH foi crescente o debateacerca do caso no Brasil Primeiramente foi notaacutevel o iniacutecio de uma preocupaccedilatildeo nas
vaacuterias instacircncias governamentais sobre o tema Em 2003 foi inicia-da uma investigaccedilatildeo pelo Poder Legislativo sobre as situaccedilotildees deviolecircncia e redes de exploraccedilatildeo sexual de crianccedilas e adolescentes noBrasil Os casos dos meninos emasculados tanto do Maranhatildeo comode Altamira foram utilizados no relatoacuterio apresentado em 2004113
tendo como encaminhamento o envio de documentaccedilatildeo ao Minis-teacuterio Puacuteblico Estadual para agilizaccedilatildeo das investigaccedilotildees Tambeacutem em2003 a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadatildeo em seu rela-toacuterio de atividades menciona ter participado de reuniatildeo com asfamiacutelias dos meninos emasculados de audiecircncia puacuteblica sobre o casode reuniatildeo na Superintendecircncia da Poliacutecia Federal com os policiaisencarregados da investigaccedilatildeo e de reuniatildeo com os integrantes doCentro de Defesa dos Direitos da Crianccedila e do Adolescente PadreMarcos Passerini Apoacutes firmada a soluccedilatildeo amistosa a CIDH realizou acompanha-
mento da implementaccedilatildeo das medidas acordadas Em seus relatoacuteriosanuais a Comissatildeo demonstrou especial preocupaccedilatildeo com o cum-primento das medidas de natildeo repeticcedilatildeo que representavam para ooacutergatildeo o maior desafio Em 2008 as medidas foram consideradastotalmente cumpridas pelo Estado brasileiro Apoacutes a celebraccedilatildeo da soluccedilatildeo amistosa houve aparente interes-
se do Governo do Estado do Maranhatildeo em cumprir as medidas114
Em 2007 o entatildeo governador do Maranhatildeo Jackson Lago criou aComissatildeo Estadual de Acompanhamento e Execuccedilatildeo do Acordo deSoluccedilatildeo Amistosa do Caso dos Meninos Emasculados composta dasSecretarias de Estado dos Direitos Humanos Sauacutede EducaccedilatildeoDesenvolvimento Social Seguranccedila Cidadatilde Defensoria Puacuteblica eAssessoria Especial do Governador115
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Em abril de 2006 as famiacutelias das viacutetimas comeccedilaram a receber apensatildeo mensal do Governo maranhense e foram incluiacutedas nos pro-gramas de Habitaccedilatildeo do Governo Federal Apoacutes um ano em maiode 2007 a Comissatildeo Estadual visitou as famiacutelias para verificar o cum-primento das medidas e as suas condiccedilotildees de moradia Houve umaseacuterie de reclamaccedilotildees das famiacutelias em relaccedilatildeo agrave estrutura das casasEm consequecircncia a Comissatildeo se reuniu com a Secretaria de Estadode Desenvolvimento das Cidades para discutir melhorias Posteriormente em setembro de 2011 apoacutes encontro com um
grupo de matildees dos meninos a presidente da Comissatildeo de DireitosHumanos e das Minorias da Cacircmara dos Deputados116 deputada Eli-ziane Gama alegou que as medidas da soluccedilatildeo amistosa natildeo estavamsendo inteiramente cumpridas117 Segundo a deputada ao longo dos5 anos as casas previstas no documento foram construiacutedas mas natildeoforam repassadas legalmente para as famiacutelias a pensatildeo estabelecidaestava sem reajuste e as famiacutelias natildeo estatildeo sendo inseridas em pro-gramas de assistecircncia social do GovernoApesar da inclusatildeo em 2005 do municiacutepio de Satildeo Luiacutes no Progra-
ma de Accedilotildees Integradas e Referenciais de Enfrentamento agrave ViolecircnciaSexual contra Crianccedilas e Adolescentes no Territoacuterio Brasileiro(PAIR) e da criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Luta contra a ViolecircnciaSexual contra a Crianccedila e o Adolescente bem como o Sistema Inte-rinstitucional de Accedilotildees Antidrogas (SIAD) parece que natildeo houveefetiva melhoria do atendimento nas delegacias especializadas emviolecircncia contra a crianccedila e o adolescente Segundo relatoacuterio da 1ordfPromotoria do Controle Externo da Atividade Policial a Delegaciade Proteccedilatildeo agrave Crianccedila e ao Adolescente (DPCA) foi considerada apior das especializadas na capital maranhense118
Quanto a casos julgados na Corte Interamericana destacam-senovamente os casos Garibaldi e Escher e outros A questatildeo federalaparece nos dois casos como um obstaacuteculo agrave implementaccedilatildeo dasdecisotildees principalmente enquanto as denuacutencias permaneceram noacircmbito da Comissatildeo Isso porque a Assessoria Internacional da SDHteria tido problemas em acessar os atores locais por conta de faltade cooperaccedilatildeo dos poderes locais119 A uacutenica voz a favor da imple-mentaccedilatildeo dentro do Estado do Paranaacute foi o Ministeacuterio Puacuteblico120
No caso Escher e outros na peticcedilatildeo submetida agrave Corte a Comis-satildeo explicou que a Secretaria de Direitos Humanos da Presidecircncia
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(acircmbito federal) natildeo concretizou as negociaccedilotildees com o governo doEstado do Paranaacute (acircmbito estadual) para efetivar as reparaccedilotildees nosprazos concedidos121 Em nota de 21 de setembro de 2007 porexemplo o governo brasileiro sustentou que trabalhava junto aoEstado do Paranaacute para que fosse indicado um interlocutor especiacuteficopara dar seguimento ao trabalho de implementar as recomendaccedilotildeessalientando que o esforccedilo de convencimento junto aos entes esta-duais era ldquoum trabalho permanente e que por vezes demanda maiortempo de maturaccedilatildeordquo122
Dois fatores mitigaram esses problemas de implementaccedilatildeo Em pri-meiro lugar no tocante agrave obrigaccedilatildeo de investigar destacou-se apostura do Ministeacuterio Puacuteblico do Estado do Paranaacute123 que trabalhouem contato com a SDH para realizar as investigaccedilotildees Em segundolugar especificamente no tocante agrave obrigaccedilatildeo de publicar a senten-ccedila e indenizar as viacutetimas destacou-se a mudanccedila das responsabilidadesocasionada pelas condenaccedilotildees no acircmbito da Corte InteramericanaNo caso Garibaldi ao tomar ciecircncia que algumas testemunhas que
natildeo foram ouvidas no inqueacuterito policial estavam prestando depoi-mento perante a Corte um membro do Ministeacuterio Puacuteblico fez arequisiccedilatildeo de desarquivamento do inqueacuterito em abril de 2009 e emjulho de 2011 ofereceu denuacutencia contra um dos suspeitos do assas-sinato de Seacutetimo Garibaldi O TJPR no entanto determinou o fimda accedilatildeo penal a despeito de ter reconhecido explicitamente que oreferido desarquivamento atendia agrave decisatildeo da Corte Interamerica-na de Direitos Humanos A accedilatildeo encontra-se atualmente no STJ Emvirtude disso a Corte deixou em aberto o ponto na sua resoluccedilatildeo deSupervisatildeo de Cumprimento de Sentenccedila de 2012Em Escher e outros o Ministeacuterio Puacuteblico tambeacutem verificou a pos-
sibilidade de investigar e punir os responsaacuteveis pela interceptaccedilatildeoe divulgaccedilatildeo das conversas telefocircnicas Entretanto por conta daprescriccedilatildeo dos crimes concluiu pela inviabilidade da abertura deinqueacuterito criminal apenas para se elucidar o fato sem que isso resul-tasse em efetiva puniccedilatildeo124 Nesse ponto a Corte Interamericanarepetiu entendimento no qual a prescriccedilatildeo poderia ser um obstaacute-culo legiacutetimo ao cumprimento em casos de violaccedilatildeo de direitoshumanos menos graves e reconheceu que ldquofoi determinado que seinvestigasse penalmente determinadas condutas e fossem estabele-cidas as consequecircncias que a Lei previsse o qual natildeo descartava a
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possibilidade de que a accedilatildeo penal a respeito dos fatos a serem inves-tigados estivesse prescritardquo125
Finalmente em relaccedilatildeo ao segundo ponto se medidas de provi-decircncia domeacutestica para os casos avanccedilaram enquanto estiveram naComissatildeo a condenaccedilatildeo do Brasil pela Corte alterou a maneira comoas reparaccedilotildees deveriam ser feitas jaacute que tais obrigaccedilotildees passaram aser primariamente da Uniatildeo Nesse sentido a SDH pocircde atuar commaior intensidade Isso se refletiu tanto na obrigaccedilatildeo de indenizarcumprida sob a rubrica orccedilamentaacuteria do proacuteprio oacutergatildeo126 como naobrigaccedilatildeo de publicar a sentenccedila feita dentre outros no proacuteprio siteda Secretaria127Ambos os cumprimentos se deram dentro do prazoassinalado na sentenccedila128
Um paralelo entre os dois casos apresentados e o caso Maria daPenha pode ser feito sob o prisma da questatildeo federal Nesse senti-do ressalta-se que Maria da Penha vs Brasil foi um caso decididono acircmbito da Comissatildeo em que se fixaram obrigaccedilotildees semelhan-tes de investigaccedilatildeo e indenizaccedilatildeo ao Estado brasileiro Por setratarem de recomendaccedilotildees caberia ao governo e ao Judiciaacuterio doEstado do Cearaacute onde ocorreu a violaccedilatildeo de direitos conduzirema implementaccedilatildeo das medidasNo entanto o Estado do Cearaacute permaneceu inerte durante vaacuterios
anos apoacutes a condenaccedilatildeo sem que a Uniatildeo tambeacutem tomasse qual-quer atitude em relaccedilatildeo a essa inatividade129 Durante seis anos asreparaccedilotildees materiais natildeo puderam ser obtidas porque dependiam daassunccedilatildeo de compromisso pelo Estado do Cearaacute130 Somente em2006 com a mudanccedila de governo negociaccedilotildees foram iniciadas entreos atores envolvidos131 Essas conversas resultaram no compromis-so assumido e concretizado pelo Estado de indenizar materialmenteMaria da Penha Maia Fernandes132
A mesma dificuldade se verificou no cumprimento da obriga-ccedilatildeo de investigar os responsaacuteveis pela demora no processo criminalEm 2007 as peticionaacuterias assinalaram que o Estado natildeo havia con-seguido elucidar nem atribuir as responsabilidades em virtude dasdificuldades oferecidas pelo Tribunal estadual133 Em 2008 entatildeoo caso foi submetido ao CNJ134 Desde entatildeo a apuraccedilatildeo dos res-ponsaacuteveis pela demora ocorre em niacutevel federalNo entanto o caso Maria da Penha tambeacutem nos conduz agrave con-
clusatildeo de que a questatildeo federal embora importante para a ldquomarcha
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da implementaccedilatildeordquo das decisotildees do Sistema Interamericano natildeo eacuteo uacutenico fator de influecircncia Em primeiro lugar isso resta evidencia-do pelo fato de que a Comissatildeo ainda natildeo considerou integralmentecumpridas obrigaccedilotildees impostas para a Federaccedilatildeo como um todoMuito embora as poliacuteticas puacuteblicas dependam da adesatildeo dos Esta-dos-membros a proacutepria Comissatildeo ainda natildeo considerou satisfeitasas obrigaccedilotildees de tratamento contra a discriminaccedilatildeo das mulheres emmateacuteria de violecircncia domeacutestica135 Haacute relatos de que esses Estadosfederais tecircm problemas de descumprimento com questotildees que natildeosatildeo de competecircncia federal mas a explicaccedilatildeo que natildeo podem cum-prir por conta do federalismo tambeacutem surge em questotildees que natildeodependem da estrutura federal136
Em segundo lugar a proacutepria Comissatildeo reconheceu que os pri-meiros avanccedilos na mateacuteria de direitos humanos ocorreram com ainstalaccedilatildeo do Conselho Estadual sobre a Condiccedilatildeo da Mulher emSatildeo Paulo em 1983 Natildeo eacute descabido entatildeo considerar que o fede-ralismo tambeacutem pode abrir a oportunidade de que os proacutepriosEstados sejam responsaacuteveis por importantes avanccedilos em mateacuteria deproteccedilatildeo de direitos humanos antes mesmo que poliacuteticas semelhan-tes sejam estabelecidas em niacutevel federal
44 QUANDO A CAUSA Eacute APROPRIADA PELOS
ATORES ENVOLVIDOS NO CASO CONCRETO
Um uacuteltimo aspecto analisado na presente obra diz respeito agrave espe-cificidade de alguns relatoacuterios ou algumas condenaccedilotildees que emcertos contextos natildeo permitem a extrapolaccedilatildeo do caso individualpara uma situaccedilatildeo coletivaEacute usual que o SIDH seja criticado ao tomar medidas amplas e
geneacutericas como ldquodar continuidaderdquo a determinada poliacutetica puacuteblicae por outro lado louvado ao tomar medidas mais concretas A basedessa criacutetica estaacute ligada a uma determinada concepccedilatildeo de eficiecircn-cia das medidas Diraacute um defensor do argumento que medidas maismodestas por serem objetivas permitem um maior grau de cobran-ccedila e de verificaccedilatildeo da implementaccedilatildeo Esse argumento contudoconta apenas parte da histoacuteriaDe fato quanto mais individualizada e concreta a medida maior
a chance de sua implementaccedilatildeo contudo menor eacute a chance de seuimpacto No Brasil as instituiccedilotildees tiveram sucesso em demonstrar
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
49 sumaacuterio
que conseguem se mobilizar de forma a lidar com a questatildeo indi-vidualizada em seu ponto especiacutefico sem qualquer atuaccedilatildeo emniacuteveis estruturais como ocorreu e ocorre nos casos Escher e outrose Garibaldi No entanto em um caso como Belo Monte no qual natildeohouve qualquer cooperaccedilatildeo do Governo brasileiro atores institu-cionais (como o MPF) e a sociedade civil organizada puderam sevaler da recomendaccedilatildeo da CIDH para pressionar os oacutergatildeos poliacuteti-cos nacionais
Tanto o caso Escher e outros como o caso Garibaldi tratam de vio-laccedilotildees decorrentes dos graves e persistentes conflitos agraacuterios no paiacutesConforme reconhecido pela Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos ldquoa concentraccedilatildeo de terra no Brasil eacute uma das maiores domundordquo de modo que ldquoaproximadamente 1 da populaccedilatildeo deteacutem46 de todas as terrasrdquo dentre as quais haacute um enorme percentual deterras improdutivas Trata-se enfim de ldquoum modelo econocircmico quefavoreceu a grande propriedade privada frente agraves necessidades dostrabalhadores ruraisrdquo137 Todavia em ambos os casos o contexto socialamplo natildeo foi atacado pelas medidas impostas pelo SIDH
No caso Escher e outros o grampo telefocircnico e sua divulgaccedilatildeoilegal geraram especialmente reparaccedilotildees indenizatoacuterias para as viacuteti-mas sendo que a Corte Interamericana reconheceu seu integraladimplemento enquanto no caso Garibaldi as principais condena-ccedilotildees foram de natureza indenizatoacuteria e de retomada da investigaccedilatildeocriminal dos responsaacuteveis pelo assassinato de Seacutetimo Garibaldisendo que a Corte IDH ainda manteacutem o acompanhamento do pro-cesso judicial penal de responsabilizaccedilatildeo pelo assassinato Natildeohouve repercussatildeo para aleacutem dessa esfera
Essas observaccedilotildees surgiram em entrevista com membro doMinisteacuterio Puacuteblico do Estado do Paranaacute na qual ficou clara a orien-taccedilatildeo de resolver rapidamente e de forma qualificada a investigaccedilatildeocriminal relativa ao caso Seacutetimo Garibaldi em parte por convicccedilatildeopessoal dos promotores envolvidos e em parte para diminuir o des-gaste da imagem da instituiccedilatildeo decorrente da divulgaccedilatildeo dos fatosna miacutedia De todo modo nem o Ministeacuterio Puacuteblico e muito menoso Governo do Paranaacute realizaram accedilotildees de enfoque estrutural ou pre-ventivo para as graves violaccedilotildees decorrentes de conflitos fundiaacuterios
A natureza de decisotildees altamente individualizadas favoreceum cenaacuterio em que haacute poucos incentivos para que as instituiccedilotildees
PESQUISA DIREITO GV
50 sumaacuterio
envolvidas assumam o ocircnus poliacutetico de tomar medidas mais amplase ao mesmo tempo a decisatildeo do SIDH natildeo serve como instrumen-to para buscar medidas estruturais aos atores relevantes interessados Nos dois casos as questotildees de fundo foram abandonadas O gover-
no natildeo se sentiu pressionado a investigar ou prestar esclarecimentosobre as investigaccedilotildees relacionadas a associaccedilotildees ligadas ao Movimen-to dos Sem-Terra (MST) apoacutes o caso Escher e outros Tampouco houvepressatildeo para investigaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de contas em relaccedilatildeo ao siste-ma de reforma agraacuteria aos abusos cometidos por particulares queretomam para si terras que foram invadidas nem agrave impunidade dosatores poliacuteticos e judiciaacuterios que criminalizam movimentos sociaisApenas para exemplificar uma questatildeo de fundo sobre agentes
puacuteblicos que atuavam contra os movimentos sociais em ambos oscasos um dos pedidos rejeitados pela Corte Interamericana foio de ordenar a revogaccedilatildeo do tiacutetulo de cidadatilde honoraacuteria do Estadodo Paranaacute da juiacuteza Elizabeth Kather obtido em 2007 Conformeapontado no livro A era da indeterminaccedilatildeo138 a juiacuteza protagonizouescacircndalos midiaacuteticos em razatildeo da estreita relaccedilatildeo com a elitefazendeira local Mesmo um ano apoacutes a condenaccedilatildeo da Corte Inte-ramericana em dezembro de 2010 a juiacuteza Kather recebeu o tiacutetulode cidadatilde honoraacuteria do Municiacutepio de Loanda139
A Corte IDH deu pouca importacircncia agrave questatildeo do tiacutetulo hono-raacuterio da juiacuteza Kather Entretanto em um contexto como o brasileirocondenaccedilotildees simboacutelicas podem abrir portas para a extrapolaccedilatildeo dedemandas individualizadas para um niacutevel mais geral principalmen-te quando satildeo apropriadas por vaacuterios segmentos sociais No contextode implementaccedilatildeo poliacutetica as medidas do SIDH podem auxiliar ato-res mobilizados tal como ocorreu no caso Belo MonteConforme apresentado no toacutepico 42 a construccedilatildeo da Usina
Hidreleacutetrica Belo Monte a despeito da forte reaccedilatildeo negativa doGoverno brasileiro agrave medida cautelar do SIDH foi apropriadapelos agentes poliacuteticos envolvidos no caso (MPF e movimentossociais) e transformada em um instrumento poliacutetico e juriacutedico deenfrentamento Quanto aos movimentos sociais sugere-se a medi-da possibilitou a reafirmaccedilatildeo da criacutetica ao projeto Belo Monte eabriu novos espaccedilos puacuteblicos acerca do temaAssim avaliar a implementaccedilatildeo das medidas do SIDH que enfo-
cam apenas a conduta do Estado esconde os impactos que elas
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
51 sumaacuterio
podem ter fora do ambiente estatal Assim enquanto alguns casosnatildeo geram repercussatildeo mas satildeo implementados outros repercutemna sociedade e podem ateacute mesmo gerar uma conscientizaccedilatildeo maiorsobre determinada violaccedilatildeo de direitos humanos mesmo que a pos-tura estatal leve ao natildeo cumprimento da medida
CONCLUSAtildeO BALANCcedilO DE RESULTADOS E PARAcircMETROS DE IMPLEMENTACcedilAtildeONo Brasil natildeo haacute mecanismos institucionais especiacuteficos de implemen-taccedilatildeo de recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees do SIDH O adimplementointerno das medidas determinadas neste acircmbito decorre em sua maiorparte de decisotildees eminentemente poliacuteticas visto que depende da dis-posiccedilatildeo e da capacidade dos atores relevantes a cada novo evento Com isso a cada nova condenaccedilatildeo ou recomendaccedilatildeo a SDH e o
MRE precisam se engajar em negociaccedilotildees com as instituiccedilotildees e ato-res envolvidos muitas vezes em esferas estaduais No contextofederativo a ausecircncia de mecanismos coercitivos torna o cumprimen-to das decisotildees ainda mais imprevisiacutevel e a cada novo caso sujeitoao capital poliacutetico dos envolvidos ao seu interesse nas causas emquestatildeo e especialmente agrave qualidade das relaccedilotildees entre governosfederal e estadual Dessa forma o adimplemento no Brasil eacute permea-do de grande flexibilidade e potencial de experimentalismo uma vezque na maior parte dos casos haacute um alto custo poliacutetico envolvido nasnegociaccedilotildees de implementaccedilatildeoPara fazer suas anaacutelises e criacuteticas este trabalho partiu do termo
ldquoimplementaccedilatildeordquo no sentido usual do SIDH de adimplemento dasmedidas de condenaccedilatildeo recomendaccedilatildeo ou acordo Contudo a anaacute-lise qualitativa mostrou que esse tipo de avaliaccedilatildeo fica distante demedir o real impacto das decisotildees do SIDH no Brasil Dada a escassez de literatura nacional a este respeito foi reali-
zado um mapeamento dos efetivos mecanismos existentes no Brasilpara dar cumprimento agraves recomendaccedilotildees e decisotildees oriundas doSIDH no Brasil do que foi possiacutevel identificar o delicado equiliacute-brio das relaccedilotildees institucionais em niacutevel federal (MRE SDH eAGU) bem como das relaccedilotildees entre entes federativos Como con-sequecircncia foi apurado que o cumprimento eacute apenas uma dimensatildeodo adimplemento das medidas do SIDH
PESQUISA DIREITO GV
52 sumaacuterio
Foi possiacutevel identificar diversos fatores que interferem na coo-peraccedilatildeo de atores relevantes bem como na avaliaccedilatildeo de quandoocorre efetivamente o cumprimento Nesse sentido os principaisfatores identificados como possiacuteveis facilitadores da implementaccedilatildeodas medidas determinadas no acircmbito do sistema regional de prote-ccedilatildeo dos direitos humanos satildeo (i) a existecircncia de uma agenda poliacuteticapreacutevia em acircmbito local ou nacional em relaccedilatildeo ao tema da viola-ccedilatildeo (ii) decisotildees com fundamentaccedilatildeo de qualidade e generalidadesuficiente para permitir a sua apropriaccedilatildeo por atores estatais ou dasociedade civil organizada engajados em temas afetos agrave violaccedilatildeo e(iii) uma boa relaccedilatildeo entre Uniatildeo e Estados naqueles casos em quea implementaccedilatildeo natildeo depende de medidas unicamente federais Haacute portanto dois pontos de vista em questatildeo O primeiro deles
eacute o da Comissatildeo e da Corte Interamericana pelo qual eacute necessaacuterioe relevante que os Estados recebam uma chancela de adimplentesou inadimplentes perante o SIDH especialmente como forma depressatildeo poliacutetica O segundo ponto de vista eacute o de anaacutelise do impac-to das decisotildees e recomendaccedilotildees do SIDH que natildeo se confundecom a avaliaccedilatildeo de ldquocumprimentordquo ou ldquodescumprimentordquo feita pelaCorte e Comissatildeo nem se exaure nela Em um contexto de imple-mentaccedilatildeo eminentemente poliacutetica das decisotildees e recomendaccedilotildees doSIDH a implementaccedilatildeo depende em grande parte da presenccedila dosfatores de impacto detectados
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
53 sumaacuterio
APEcircNDICE CASOS QUE ENVOLVEM O BRASIL NO SIDH
I MEDIDAS CAUTELARES OUTORGADAS PELA
COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 32 (ENTRE 1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
54 sumaacuterio
CASO
MC 19911 ldquoP
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(2011)
MC 38210 ldquoU
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ENTO
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SEM INFORMACcedilAtildeO
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IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
55 sumaacuterio
MC 35102 ldquoR
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(2010)
MC 22409 ldquoA
DOLESC
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RIVADOS DE
LIBERDADE NA UNIDADE DE IN
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SOCIOEDUCATIVA
(UNIS)rdquo (2009)
MC 23608 ldquoP
ESSOAS PRIVADAS DE LIB
ERDADE
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CIAacuteRIA POLINTER
-NEVESrdquo (2009)
ldquoCASO ADOLESC
ENTES N
A CADEIA PUacuteBLICA DE
GUARUJAacuterdquo (2007)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS RECEBIDAS POR
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MIacuteNIO MESM
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CAUTELA
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DENUacuteNCIA SOBRE CASOS DE MORTE E TO
RTURA
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IacuteRITO SANTO
DENUacuteNCIAS SO
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DENUacuteNCIA SOBRE SU
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A A INDIVIacuteD
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SISTEMA CARCERAacuteRIO
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MEDIDAS CAUTELA
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SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
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PESQUISA DIREITO GV
56 sumaacuterio
ldquoCASO CENTRO DE DEFESA
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ldquoCASO MARIA APARECIDA DENADAIrdquo (2006)
MC 13006 ldquoP
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ldquoCASO RAPOSA SER
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DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
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DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
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TAMBEacuteM CASO JOAQUIM DENADAI)
DENUacuteNCIA SOBRE MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
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2007 142SEM
INFORMACcedilAtildeO 143
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
57 sumaacuterio
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DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
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DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
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UMPRIMENTO (LEVA
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PESQUISA DIREITO GV
58 sumaacuterio
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DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
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IacuteRITO
SANTO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
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PROacutePRIA
POLIacuteCIA
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
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DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
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PROPRIEDADE E Agrave
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A A INDIVIacuteD
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MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS LIacuteD
ERES E PA
RA
INVESTIG
AR OS FATO
S DENUNCIADOS
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO (VIacuteTIM
A ASSA
SSINADA EM
2009)
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
59 sumaacuterio
ldquoCASO ELM
A SORAIA SOUZA NOVAISrdquo (2002)
ldquoCASO DOS PROMOTORES E D
OS DETEN
TOS DA
PRISAtildeO
PUacuteBLICA DE SO
ROCABArdquo (2000)
ldquoCASO BENEDITO MARIANOrdquo (2000)
ldquoCASO CATH
ERINE HALVEYrdquo (2000)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
MAtildeE DE VIacuteTIM
A DE VIO
LEcircNCIA POLICIAL
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDA POR TESTEM
UNHAS
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR INVESTIG
ADOR DE VIO
LEcircNCIA
POLICIAL
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
DE DIREITO
S HUMANOS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (INVESTIG
ADOR)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA VIacuteTIM
A
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A E A
CAPAC
IDADE DE
PRESTA
R TESTEM
UNHO SEM
TEMER
REPRESAacute
LIAS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO INVESTIG
ADOR E SEU
S
FAMILIA
RES
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA ATIVISTA
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
PESQUISA DIREITO GV
60 sumaacuterio
ldquoCASO JOAQUIM MARCELO
DENADAIrdquo (1999)
ldquoCASO LUZIA CANUTOrdquo (1998)
ldquo2ordm CASO PADRE RICARDO REZEN
DErdquo (1998)
CASO 12002 ldquoM
ARIA EMILIA
DE MARCHI E
OUTROSrdquo (1998)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA CONTRAacuteRIO A GRUPO DE EXTER
MIacuteNIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS E C
ASOS DE
HOMICIacuteDIO SOFRIDOS POR FAMILIA
RES D
E
LIacuteDER DE MOVIM
ENTO SOCIAL ASSA
SSINADO EM
CONTEXTO
DE CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA DE DIREITO
S HUMANOS EM
CONTEXTO
DE DISPUTA FUNDIAacuteRIA
DENUacuteNCIA SOBRE AS MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
O
LOCAL EM
QUE AS VIacuteTIM
AS ESTAVA
M PRESA
S
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
GARANTIA JUDICIAL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA VIacuteTIM
A
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA TESTEM
UNHA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS DETEN
TOS
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO (VIacuteTIM
A ASSA
SSINADA EM
2002)
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
61 sumaacuterio
ldquo1ordm CASO PADRE RICARDO REZEN
DE E O
UTROSrdquo
(19951996)
ldquoCASO DO ADVOGADO OSMAR BARCELO
S DO
NASCIMENTOrdquo (1996)
ldquoCASO DOS MENORES IN
TERNOS DO INSTITU
TO
PADRE SEVER
INO DA ESC
OLA JOAtildeO LUIS A
LVES
E DA ESC
OLA SANTOS DUMONTrdquo (1996)
ldquoCASO AMEACcedil
ADOS PELO
S lsquoMENINOS DE OUROrsquordquo
(1996)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTAS DE DIREITO
S HUMANOS EM
CONTEXTO
DE DISPUTA FUNDIAacuteRIA NO PARAacute
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ADVOGADO ATIVISTA
DE DIREITO
S HUMANOS NO
ESPIacuteRITO SANTO
DENUacuteNCIA SOBRE AS MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
O
CENTRO DE DETEN
CcedilAtildeO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
S CONTRAacuteRIOS A GRUPO
DE EXTER
MIacuteNIO
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS DETEN
TOS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
II RELATOacuteRIOS DE MEacuteRITO PUBLICADOS PELA COMISSAtildeO
INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 17 (ENTRE
1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
62 sumaacuterio
CASO
PETICcedil
AtildeO 12308 ldquoM
ANOEL LEA
L DE O
LIVEIRArdquo
(INFORMES N
3710 E N 7206)
CASO 12440 ldquoW
ALLAC
E DE A
LMEID
Ardquo
(INFORMES N
3408 E N 2609)
CASO 12310 ldquoSEB
ASTIAtildeO
CAMARGO FILH
Ordquo
(INFORMES N
3308 E Ndeg 2509)
RESU
MO
DO
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DE
JORNALISTA
APOacuteS P
UBLIC
ACcedilAtildeO DE ESC
AcircNDALO
DE C
ORRUPCcedilAtildeO NO JO
RNAL D
E QUE ER
A
EDITO
R
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DA VIacuteTIM
A EM
RAZAtildeO
DE A
BUSO EM
OPERACcedilAtildeO POLIC
IAL
INCLUSIVE C
OM INDIacuteCIOS D
E DISC
RIMINACcedilAtildeO
RACIAL
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DE M
EMBRO
DO MOVIM
ENTO DOS TR
ABALHADORES R
URAIS
SEM TER
RA NO PA
RANAacute SEM
INVESTIG
ACcedilAtildeO E
INDEN
IZACcedilAtildeO
DIR
EITOS VIO
LAD
OS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave LIB
ERDADE D
E EXPRESSAtildeO
E
PEN
SAMEN
TO AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE Agrave
IGUALDADE
AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO
JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
TEMA
ATENTADO CONTRA JO
RNALISTA
VIO
LEcircNCIA POLIC
IAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
MED
IDA
S IND
ICAD
AS
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS A
UTORES
DO CRIME D
OS R
ESPONSAacuteVEIS P
ELA DEM
ORA
NAS IN
VESTIGACcedilOtildeES R
EPARACcedilAtildeO DOS
FAMILIA
RES A
DOCcedilAtildeO DE U
MA POLIacuteTIC
A GLOBAL
DE P
ROTECcedil
AtildeO DOS JO
RNALISTA
S
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO COMPLETA
DOS FATO
S REPA
RACcedilAtildeO DOS FA
MILIA
RES D
A
VIacuteTIMA E A
DOCcedilAtildeO DE P
OLIacuteTIC
A CONTRA A
DISC
RIMINACcedilAtildeO RACIAL EM
OPERACcedilOtildeES
POLIC
IAIS
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO COMPLETA
DOS FATO
S REPA
RACcedilAtildeO DOS FA
MILIA
RES D
A
VIacuteTIMA E A
DOCcedilAtildeO DE P
OLIacuteTIC
A CONTRA A
VIOLEcircN
CIA RURAL
NATU
REZA
DA
S MED
IDA
SMEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
CU
MP
RIM
ENTO
(EM 2012)
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
63 sumaacuterio
CASO 12019 ldquoA
NTOcircNIO FER
REIRA BRAGArdquo
(INFORMES N
8407 E N 3508)
CASO 12001 ldquoSIM
ONE ANDREacute DINIZrdquo (IN
FORMES
N 8304 E N
6606)
CASO 11634 ldquoJA
ILTON NERI DA FONSEC
Ardquo
(INFORMES N
2303 E N 3304)
CASO 11556 ldquoM
ASSAC
RE DE CORUMBIARArdquo
(INFORMES N
2203 E N 3204)
DENUacuteNCIA SOBRE DETEN
CcedilAtildeO ILEG
ALMENTE
FEITA PELA
POLIacuteCIA CIVIL IN
CLUSIVE C
OM
TORTURA DA VIacuteTIM
A
DENUacuteNCIA SOBRE DISCRIMINACcedilAtildeO RACIAL
SOFRIDA POR EMPREGADA DOMEacuteSTIC
A QUE NAtildeO
FOI CONTRATA
DA POR SER
NEGRA
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
MENOR POR FORCcedilAS POLICIAIS EM
FAVELA DO
RIO DE JA
NEIRO
DENUacuteNCIA SOBRE MORTES D
E
TRABALHADORES R
URAIS EM
ACcedilAtildeO DA POLIacuteCIA
PARA REINTEG
RACcedilAtildeO DE POSSE D
E TERRENO
DIREITO
Agrave INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A Agrave LIB
ERDADE
PESSO
AL Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL O
BRIGACcedilAtildeO DE PREVEN
IR
E PUNIR TODO ATO
DE TO
RTURA COMETID
O
DIREITO
Agrave IGUALDADE Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
E Agrave PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
LIBERDADE Agrave
PROTECcedil
AtildeO DA INFAcircNCIA AgraveS
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
DISCRIMINACcedilAtildeO RACIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS FATO
S
RESP
ONSABILIZACcedil
AtildeO PELA
DEMORA EM
ELUCIDAR O CASO INDENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A E
CAPAC
ITACcedilAtildeO DOS POLICIAIS C
IVIS
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A
MODIFIC
ACcedilAtildeO DA LEG
ISLACcedilAtildeO CONTRA O
RACISM
O INVESTIG
ACcedilAtildeO DOS FATO
S PROMOVER
MEDIDAS ADMINISTR
ATIVAS CONTRA O RACISM
O
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS A
LTERACcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DA
POLIacuteCIA MILITA
R PARA INVESTIG
ACcedilAtildeO DE
CRIMES C
OMETID
OS POR MEMBROS DA
PROacutePRIA CORPORACcedilAtildeO E TR
ANSFER
EcircNCIA
PARA A POLIacuteCIA CIVIL
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS A
LTERACcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DA
POLIacuteCIA MILITA
R PARA INVESTIG
ACcedilAtildeO DE
CRIMES C
OMETID
OS POR MEMBROS DA
PROacutePRIA CORPORACcedilAtildeO E TR
ANSFER
EcircNCIA
PARA A POLIacuteCIA CIVIL
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
PENDENTE D
E CUMPRIMENTO
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
PESQUISA DIREITO GV
64 sumaacuterio
CASO 10301 ldquoPA
RQUE SAtildeO
LUCASrdquo (IN
FORMES N
1696 E N 4003)
CASO 11517 ldquoD
INIZ B
ENTO DA SILVArdquo
(INFORMES N
11101 E N 2302)
CASOS 11286 E O
UTROS ldquoA
LUIacuteSIO
CAVA
LCANTE
E OUTROSrdquo (IN
FORMES N
7400 E N 5501)
CASO 12051 ldquoM
ARIA DA PENHArdquo (IN
FORMES N
10500 E N 5401)
DENUacuteNCIA SOBRE TO
RTURA DE PRESO
S NO
DISTR
ITO POLICIAL PA
RQUE SAtildeO
LUCAS EM
SAtildeO
PAULO
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
MEMBRO DO MOVIM
ENTO DOS TR
ABALHADORES
RURAIS SEM
TERRA POR FORCcedilAS POLICIAIS
DENUacuteNCIA SOBRE DIVER
SOS CASOS DE
ASSA
SSINATO
DE JO
VENS POR FORCcedilAS
POLICIAIS
DENUacuteNCIA SOBRE CASO DE VIO
LEcircNCIA
DOMEacuteSTIC
A COM DEMORA E N
EGLIGEcircNCIA NO
PROCESSA
MENTO DA ACcedilAtildeO CRIMINAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO DA HONRA
E DA DIGNIDADE Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
LIBERDADE A
UM JULGAMENTO JUSTO
AgraveS
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
E DIREITO
DE PETICcedil
AtildeO
DIREITO
Agrave PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL Agrave
S GARANTIAS
JUDICIAIS Agrave
IGUALDADE
SISTEMA CARCERAacuteRIO
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA DOMEacuteSTIC
A DISCRIMINACcedilAtildeO
DE GEcircNERO
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DAS VIacuteTIM
AS
TRANSFER
EcircNCIA DA COMPETEcircN
CIA DE
JULGAMENTO DE DELITO
S COMETID
OS POR
POLICIAIS M
ILITARES C
ONTRA CIVIS PA
RA A
JUSTICcedil
A COMUM PUNICcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS E
DESATIVACcedil
AtildeO DAS ldquoC
ELAS DE ISO
LAMENTOrdquo
MEDIDAS PA
RA INVESTIG
ACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS PA
RA INDENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES E PA
RA EVITA
R A REPETICcedil
AtildeO DE
FATOS SEM
ELHANTES EM
CONFLITO
S
FUNDIAacuteRIOS
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS E D
OS RESP
ONSAacuteVEIS P
ELA DEMORA
NOS PROCESSO
S INDENIZACcedil
AtildeO DE VIacuteTIM
AS OU
FAMILIA
RES A
BOLICcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DOS
TRIBUNAIS M
ILITARES PA
RA JULGAR CRIMES
COMETID
OS POR POLICIAIS C
ONTRA CIVIS
ADOCcedilAtildeO DE CONTROLE EXTER
NO E IN
TERNO
SOBRE A POLIacuteCIA MILITA
R DO RIO DE JA
NEIRO
DENTRE OUTRAS FIN
ALIZACcedil
AtildeO DO PROCESSO
CRIMINAL IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS
PELA
DEMORA INDENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A E
ADOCcedilAtildeO DE REFO
RMAS LEG
ISLATIVAS E
ADMINISTR
ATIVAS PA
RA COMBATER
A
DISCRIMINACcedilAtildeO DE GEcircNERO E A
VIOLEcircN
CIA
DOMEacuteSTIC
A CONTRA MULHERES
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
65 sumaacuterio
CASO 11291 ldquoC
ARANDIRUrdquo (IN
FORMES N
12099
E N 3400)
CASO 11599 ldquoM
ARCOS AUREacuteLIO
DE OLIVEIR
Ardquo
(INFORMES N
2399 E N 1000)
CASO 11598 ldquoA
LONSO EUGEcircNIO DA SILVArdquo
(INFORMES N
2299 E N 0900)
CASO 11516 ldquoO
VELAacuteRIO TAMESrdquo (IN
FORMES N
8098 E N 6099)
DENUacuteNCIA SOBRE O MASSAC
RE PROMOVIDO
POR FORCcedilAS POLICIAIS AO
INVADIREM O
PRESIacuteD
IO DO CARANDIRU PARA DEBELA
R UMA
REBELIAtildeO
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
CRIANCcedilA DE RUA POR POLICIAL CIVIL
DENUacuteNCIA SOBRE HOMICIacuteDIO DE MENOR POR
POLICIAL MILITA
R DURANTE D
ETENCcedilAtildeO POR
SUPOSTO
ASSA
LTO
DENUacuteNCIA SOBRE DETEN
CcedilAtildeO ARBITRAacuteRIA DA
VIacuteTIMA QUE FO
I MORTA DEPOIS D
E TORTURADA
POR AGENTES D
E SEGURANCcedilA
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave JUSTICcedil
A Agrave PROTECcedil
AtildeO CONTRA
DETEN
CcedilOtildeES A
RBITRAacuteRIAS Agrave
PROTECcedil
AtildeO
JUDICIAL E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
SISTEMA CARCERAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
VIOLEcircN
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PESQUISA DIREITO GV
66 sumaacuterio
CASO 11405 ldquoN
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FORMES N
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CASO 11287 ldquoJO
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SEM INFORMACcedilAtildeO 144
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
67 sumaacuterio
CASO
CASO
S 12426 E 12427 ldquoMEN
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CASO
11289 ldquoJOSEacute P
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NA COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 2 (ENTRE 1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
68 sumaacuterio
CASO
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INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012)
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
69 sumaacuterio
ldquoCASO DO COMPLEXO
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70 sumaacuterio
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V CASOS CONTENCIOSOS NA CORTE INTERAMERICANA
DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012)
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
71 sumaacuterio
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CUMPRIMENTO PARCIAL
NOTAS
A pesquisa que deu origem a esta obra coordenada pelo Professor1
Javier Couso da Universidad Diego Portales (Chile) integrou um projetointernacional de natureza comparativa que envolveu diversos paiacuteses latino-americanos Estados Unidos e Itaacutelia com vistas a uma publicaccedilatildeo conjuntaem liacutengua espanhola No Brasil a pesquisa foi desenvolvida pelos seguintespesquisadores Prof Oscar Vilhena Vieira (coordenador) Luciana Ramos eRubens Glezer (pesquisadores mestres) Adriane Sanctis de Brito GuilhermeKlafke e Rafael Giovanelli (pesquisadores graduados) e Mariacutelia Lessa(pesquisadora graduanda) Os autores do artigo agradecem a Faacutebia FCarvalho Veccediloso pelos comentaacuterios e contribuiccedilotildees ao texto final e ao Lucas Felipe W Padilha pelo auxiacutelio na pesquisa inicial Os autores se responsabilizam integralmente pelos eventuais equiacutevocos cometidos
Ao longo deste artigo far-se-aacute referecircncia agrave Corte Interamericana2
de Direitos Humanos tambeacutem como ldquoCorte Interamericanardquo e ldquoCorteIDHrdquo No mesmo sentido far-se-aacute referecircncia agrave Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos como ldquoComissatildeo Interamericanardquo ou ldquoCIDHrdquo
A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos foi ratificada pelo3
Brasil em 25 de setembro de 1992 Em 6 de novembro de 1992 o Decreton 678 promulgou internamente a Convenccedilatildeo estabelecendo em seu art 1ordmque ldquoa Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de Satildeo Joseacute da Costa Rica) celebrada em Satildeo Joseacute da Costa Rica em 22 de novembrode 1969 apensa por coacutepia ao presente decreto deveraacute ser cumprida tatildeointeiramente como nela se conteacutemrdquo
O reconhecimento da jurisdiccedilatildeo contenciosa da Corte Interamericana4
de Direitos Humanos ocorreu seis anos mais tarde externamente em 10 dedezembro de 1998 com a aprovaccedilatildeo interna do Decreto Legislativo n 89 de3 de dezembro de 1998 O art 1ordm do decreto dispocircs ldquoEacute aprovada a solicitaccedilatildeode reconhecimento da competecircncia obrigatoacuteria da Corte Interamericana deDireitos Humanos em todos os casos relativos agrave interpretaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeoda Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos para fatos ocorridos a partirdo reconhecimento de acordo com o previsto no paraacutegrafo primeiro doart 62 daquele instrumento internacionalrdquo
Cf Leonardo Sakamoto Zeacute Pereira um sobrevivente 2 de junho de5
2004 Disponiacutevel em lthttpreporterbrasilorgbr200406ze-pereira-um-sobreviventegt Acesso em 22 abr 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual6
de 2012 capiacutetulo 3-B
PESQUISA DIREITO GV
72 sumaacuterio
Natildeo haacute dados suficientes nos relatoacuterios para indicar a quantidade7
de decisotildees com recomendaccedilotildees que por terem sido cumpridas no prazonatildeo tiveram seus relatoacuterios publicados pela Comissatildeo
Pesquisa realizada na seccedilatildeo de busca de jurisprudecircncia da proacutepria8
Corte Disponiacutevel em ltwwwcorteidhorcrindexphpjurisprudenciagtAcesso em 11 maio 2013
Utilizamos as categorias de ldquoindenizaccedilatildeordquo ldquosatisfaccedilatildeordquo e ldquogarantias9
de natildeo repeticcedilatildeordquo tal como apresentadas na Resoluccedilatildeo da Assembleia Geralda ONU n 60147 de 16 de dezembro de 2005 paraacutegrafos 18 a 23
Informe n 4306 (Meninos emasculados do Maranhatildeo)10
Informes n 5401 (Maria da Penha) n 5501 (Aluiacutesio Cavalcante11
e outros) n 2302 (Diniz Bento da Silva) n 4003 (Parque Satildeo Lucas)n 9503 (Joseacute Pereira) n 3204 (Corumbiara) n 3304 (Jailton Neri daFonseca) e n 6606 (Simone Andreacute Diniz)
Informes n 3508 (Antonio Ferreira Braga) n 2509 (Sebastiatildeo12
Camargo Filho) n 2609 (Wallace de Almeida) e n 3710 (Manoel Lealde Oliveira)
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual13
de 2012 capiacutetulo 3 item D
Vide Informe n 2498 (Joatildeo Canuto) Cf Comissatildeo Interamericana14
de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafo 45
Veja-se por exemplo o Caso 11793 (Jorge Antonio Carelli)15
mencionado no Relatoacuterio Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafo 46
Cf David C Baluarte and Christian M De Vos From Judgment to16
Justice Implementing International and Regional Human RightsDecisions Open Society Foundations 2010 Disponiacutevel em ltwwwsorosorginitiativesjusticefocusinternational_justicearticles_publicationspublicationsfrom-judment-to-justice20101122gt Acesso em 27 de junho de 2013
O primeiro foi o Projeto de Lei n 32142000 do Deputado17
Marcos Rolim PTRS apresentado em 13 de junho de 2000 que conformesua ementa dispunha sobre os efeitos juriacutedicos das decisotildees da ComissatildeoInteramericana de Direitos Humanos e da Corte Interamericana de DireitosHumanos e dava outras providecircncias Ele continha apenas quatro artigos e
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
73 sumaacuterio
tratava basicamente das decisotildees de caraacuteter indenizatoacuterio das decisotildees daComissatildeo e da Corte atribuindo-lhes efeito de tiacutetulo executivo judicialdireto contra a Uniatildeo Segundo o deputado o projeto procurava suprir adeficiecircncia de legislaccedilatildeo nacional sobre o tema e possibilitar agrave Uniatildeo pagaras indenizaccedilotildees sem prejuiacutezo de reaver o valor posteriormente doresponsaacutevel pela violaccedilatildeo de direitos humanos (cf Projeto de Lei n 3214de 2000 Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados 17 de junho de 2000)
A primeira comissatildeo que tratou do projeto considerou inconstitucional a execuccedilatildeo de uma decisatildeo sem que fosse homologada pelo oacutergatildeo brasileirocompetente (atualmente o Superior Tribunal de Justiccedila) e tambeacutem rejeitoua inclusatildeo das decisotildees da Comissatildeo uma vez que ela natildeo teria caraacuteterjurisdicional O projeto entatildeo foi alterado nesses aspectos restringindo a aplicaccedilatildeo da lei agraves decisotildees da Corte e mantendo a necessidade dehomologaccedilatildeo Ele sofreu criacuteticas pela sua pequena abrangecircncia natildeodispondo sobre as frequentes obrigaccedilotildees de fazer e natildeo fazer (cf MinisteacuterioPuacuteblico Federal Nota teacutecnica ao Projeto de Lei n 46672004 Brasiacutelia2010 p 1) Ao fim foi arquivado sem ter sido votado nem mesmo pelaCacircmara em razatildeo de procedimentos internos da Casa
O segundo foi o Projeto de Lei n 46672004 do Deputado JoseacuteEduardo Cardozo PTSP apresentado em 15 de dezembro de 2004 queconforme sua ementa dispunha sobre os efeitos juriacutedicos das decisotildees dosOrganismos Internacionais de Proteccedilatildeo aos Direitos Humanos e dava outrasprovidecircncias Em sua justificativa o deputado praticamente reiterou ospontos afirmados no projeto anterior salientando que ldquoapesar da ratificaccedilatildeoas decisotildees dessas instacircncias natildeo estatildeo sendo respeitadas pelo Brasil O PoderExecutivo manifesta interesse no cumprimento das decisotildees dos organismosde proteccedilatildeo seja no acircmbito regional ou global poreacutem alega a inexistecircnciade legislaccedilatildeo ordinaacuteria nacional destinada a disciplinar a mateacuteriardquo
Esse projeto ainda tramita no Congresso Nacional onde permanecedesde 2011 no Senado Federal sem movimentaccedilatildeo Natildeo obstante alguns deseus pontos ainda satildeo criticados principalmente por natildeo cobrir todas asdiferentes hipoacuteteses de condenaccedilotildees internacionais como relatoacuterios opiniotildeesconsultivas recomendaccedilotildees etc e por natildeo afastar alguns oacutebices internos parao imediato cumprimento das obrigaccedilotildees inclusive a demora na tramitaccedilatildeodos procedimentos (cf ibidem p 7-10) De qualquer forma salienta-se aoportunidade de que o Brasil conte com a primeira lei nacional deimplementaccedilatildeo das decisotildees internacionais (cf ibidem p 11)
Cf Decreto Presidencial n 7037 de 21 de dezembro de 200918
com alteraccedilotildees pelo Decreto Presidencial n 7177 de 12 de maio de 2010
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site do proacuteprio19
Ministeacuterio Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbro-ministerioconheca-o-ministerioviewgt Acesso em 27 jun 2013
PESQUISA DIREITO GV
74 sumaacuterio
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site da proacutepria20
Secretaria Disponiacutevel em lthttpportalsdhgovbrclientessedhsedhsobregt Acesso em 27 jun 2013
Na eacutepoca era denominada ldquoSecretaria Nacional dos Direitos21
Humanosrdquo Depois foi nomeada ldquoSecretaria do Estado dos DireitosHumanosrdquo Mais informaccedilotildees sobre o histoacuterico da Secretaria podem serencontradas no site da Secretaria Disponiacutevel em lthttpportalsdhgovbrclientessedhsedhsobregt Acesso em 27 jun 2013
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site do proacuteprio22
oacutergatildeo Disponiacutevel em ltwwwagugovbrsistemassiteTemplateTextoaspxidConteudo=200643ampordenacao=1ampid_site=10742gtAcesso em 27 jun 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional23
da SDH
Informaccedilatildeo concedida por membro do Departamento24
Internacional da AGU
Informaccedilotildees concedidas por membro do Departamento Internacional25
da AGU e por ex-membro da Assessoria Internacional da SDH
A dotaccedilatildeo contou em 2013 com o valor de R$ 35000000 Cf26
BRASIL Lei Federal n 12798 de 4 de abril de 2013 (Lei OrccedilamentaacuteriaAnual de 2013) volume IV p 603
Cf I Plano Nacional de Direitos Humanos p 7 anexo ao27
Decreto Presidencial n 1904 de 13 de maio de 1996
Cf Anexo ao Decreto Presidencial n 4229 de 13 de maio de 200228
Cf BRASIL Lei federal n 10933 de 11 de agosto de 200429
Plano Plurianual 20042007
Cf BRASIL Ministeacuterio da Justiccedila Plano Gerencial do Programa30
ldquoDireitos Humanos Direitos de Todosrdquo p 3-4 Disponiacutevel emltwwwmjgovbrsedhctspddhPlanGer_DHDTdocgt Acesso em 31maio 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional31
da SDH
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
75 sumaacuterio
De maneira sinteacutetica pode-se conceituar ldquoprogramardquo como ldquoo32
instrumento de organizaccedilatildeo da atuaccedilatildeo governamental que articula umconjunto de accedilotildees que concorrem para a concretizaccedilatildeo de um objetivocomum preestabelecido mensurado por indicadores instituiacutedos no planovisando agrave soluccedilatildeo de um problema ou o atendimento de determinadanecessidade ou demanda da sociedaderdquo enquanto ldquoaccedilotildeesrdquo satildeo ldquooperaccedilotildeesdas quais resultam produtos (bens ou serviccedilos) que contribuem paraatender ao objetivo de um programardquo (BRASIL Ministeacuterio do PlanejamentoOrccedilamento e Gestatildeo Secretaria do Orccedilamento Federal Manual teacutecnico deorccedilamento versatildeo 2011 Brasiacutelia 2010 p 39 e 42) A partir de 2012 houveuma pequena alteraccedilatildeo nos conceitos de modo a atender melhor oplanejamento governamental mas essa mudanccedila natildeo seraacute explicada aqui pornatildeo ser objeto deste artigo
Descriccedilatildeo constante nos objetivos estrateacutegicos 487 a 489 do33
programa nos seguintes termos ldquoComo resultado da implementaccedilatildeo doPrograma Nacional de Direitos Humanos ndash PNDH o Brasil ampliou suaparticipaccedilatildeo nos sistemas global (da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas ndashONU) e regional (da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos ndash OEA) depromoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos humanos Em particular a cooperaccedilatildeocom os oacutergatildeos de supervisatildeo da OEA tem ensejado a busca de soluccedilotildeesamistosas para casos de violaccedilatildeo em exame pela Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos abrindo a possibilidade de concessatildeo de reparaccedilotildeese indenizaccedilotildees agraves viacutetimas dessas violaccedilotildees ou a seus familiares bem comoa adoccedilatildeo de medidas administrativas e legislativas para prevenir aocorrecircncia de novas violaccedilotildeesrdquo (cf BRASIL Decreto Presidencial n4229 de 13 de maio de 2002 anexo)
Criado pela Emenda Constitucional n 45 de 30 de dezembro 34
de 2004 o Conselho Nacional de Justiccedila eacute um oacutergatildeo de caraacuteter nacionalpertencente ao Poder Judiciaacuterio responsaacutevel por exercer as funccedilotildees decontrole administrativo e financeiro de toda a Justiccedila brasileira Eletambeacutem tem a competecircncia constitucionalmente estabelecida de fiscalizaros juiacutezes tendo poderes disciplinares e correcionais para isso (art 103-Bsect 4ordm III e V) O Conselho elabora estudos sobre o aparato judiciaacuteriobrasileiro e fixa diretrizes e resoluccedilotildees que devem ser observadas portodos os tribunais do paiacutes Suas decisotildees e resoluccedilotildees soacute podem sercontroladas pelo Supremo Tribunal Federal o que o torna a instacircnciaadministrativa mais importante do Judiciaacuterio brasileiro
Informaccedilotildees gerais podem ser encontradas no site do proacuteprio35
programa Disponiacutevel em ltwwwcnjjusbrprogramas-de-a-a-zeficiencia-modernizacao-e-transparenciajustica-plenagt Acesso em 27 jun 2013
PESQUISA DIREITO GV
76 sumaacuterio
Informaccedilatildeo concedida por membro de ONG peticionaacuteria no caso36
Damiatildeo Ximenes Lopes
No relatoacuterio referente agraves atividades do ldquoJusticcedila Plenardquo ateacute 2012 37
a SDH figura como o terceiro oacutergatildeo participante a incluir mais processosno programa sendo que todas as suas 16 inclusotildees se referiam a casos quetramitam ou tramitaram no sistema interamericano Ao todo o programacontava com 80 casos em andamento em 18 de maio de 2012 (cf BRASILConselho Nacional de Justiccedila Relatoacuterio do Programa Justiccedila Plena BrasiacuteliaConselho Nacional de Justiccedila p 9 Disponiacutevel em ltwwwcnjjusbrimagesprogramasjustica-plenarelatorio_justicaplenapdfgt Acesso em 27 jun 2013)
Depoimentos em provas documentais de Luiacutes Fernando Farah de38
Toacutefoli e Domingos Saacutevio do Nascimento Alves
Depoimentos em provas documentais de Braz Geraldo Peixoto39
familiar de usuaacuterio do sistema de sauacutede mental eleito representante defamiliares perante a Comissatildeo Nacional de Reforma Psiquiaacutetrica doMinisteacuterio da Sauacutede e perante a Comissatildeo Estadual da Secretaria deSauacutede do Estado de Satildeo Paulo
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Damiatildeo40
Ximenes Lopes versus Brasil Sentenccedila de 04 de julho de 2006 (meacuteritoreparaccedilotildees e custas) 2006 p 16
Cf QUINDEREacute Paulo H D e JORGE Maria Salete B41
(Des)construccedilatildeo do modelo assistencial em sauacutede mental na composiccedilatildeo das praacuteticas e dos serviccedilos Sauacutede Soc Satildeo Paulo v 19 n 3 2010 p 569-83
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria42
Internacional da SDH e por membro de ONG peticionaacuteria no casoDamiatildeo Ximenes Lopes
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no43
caso Damiatildeo Ximenes Lopes
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria44
Internacional da SDH
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio sobre a45
situaccedilatildeo dos direitos humanos no Brasil 1997 Disponiacutevel em ltwwwcidhorgcountryrepBrasesp97indicehtmgt Acesso em 29 abr 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
77 sumaacuterio
Cf COSTA Patriacutecia Trindade Maranhatildeo Combatendo o trabalho escravo46
contemporacircneo o exemplo do Brasil Disponiacutevel em ltwwwoitbrasilorgbrsitesdefaultfilestopicforced_labourdocestudo_de_ caso_86pdfgt Acessoem 21 abr 2013
Lei federal n 10803200347
Mudanccedila feita pela PEC n 4382001 que altera a redaccedilatildeo do48
artigo 243 da Constituiccedilatildeo
Cf CAMARGO Beatriz Governo cumpre parte do acordo com 49
OEA sobre trabalho escravo 25 de maio de 2006 Disponiacutevel emltwwwtrabalhoescravoorgbrnoticia6gt Acesso em 27 abr 2013
Art 226 sect 8ordm50
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio sobre 51
a situaccedilatildeo dos direitos humanos no Brasil 1997 Disponiacutevel em ltwwwcidhorgcountryrepBrasesp97indicehtmgt Acesso em 29 abr 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio52
Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafos 55 a 60
Para ver todos os pontos Comissatildeo Interamericana de Direitos53
Humanos Relatoacuterio Anual de 2011 paraacutegrafos 104 e seguintes
Informaccedilotildees concedidas por membro da Rede peticionaacuteria no54
caso Maria da Penha
Cf Leila Linhares Barsted e Rosane Reis Laviane Proposta de Lei55
de Violecircncia Domeacutestica contra as Mulheres Carta da Cepia ano VII n 10dez 2002 Disponiacutevel em ltwwwcepiaorgbrdoccartadacepia10pdfgtAcesso em 22 abr 2013
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia e ONG56
peticionaacuteria no caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no57
caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por funcionaacuteria da Secretaria Especial de58
Poliacuteticas para as Mulheres
PESQUISA DIREITO GV
78 sumaacuterio
Para um histoacuterico da participaccedilatildeo desse consoacutercio veja-se o site59
da organizaccedilatildeo CFEMEA Disponiacutevel em ltwwwcfemeaorgbrindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2680ampItemid=154gtAcesso em 23 abr 2013
Cf BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Mensagem Presidencial 60
n 78204 de 16 de novembro de 2004 paraacutegrafo 10
Veja-se o parecer da Comissatildeo de Seguridade Social e Famiacutelia de 2361
de agosto de 2005 Disponiacutevel em ltwwwcamaragovbrproposicoesWebfichadetramitacaoidProposicao=272058gt Acesso em 1ordm maio 2013
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia e ONGs62
peticionaacuterias no caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia63
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Julia Gomes64
Lund e outros (ldquoGuerrilha do Araguaiardquo) vs Brasil sentenccedila de 24 de novembrode 2010 (exceccedilotildees preliminares meacuterito reparaccedilotildees e custas) 2010 p 107
De acordo com o art 6ordm do Decreto n 6980 de 13 de outubro65
de 2009
Para mais informaccedilotildees ver ltwwwmemoriasreveladasarquivonacional66
govbrgt Acesso em 27 jun 2013
Informaccedilatildeo concedida por membro da Comissatildeo Nacional da Verdade67
O periacuteodo fixado pelo art 8ordm dos Atos das Disposiccedilotildees68
Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo eacute de 18 de setembro de 1946ateacute a data da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo
PNDH-3 instituiacutedo pelo Decreto n 7037 de 21 de dezembro 69
de 2009 e atualizado pelo Decreto n 7177 de 12 de maio de 2010 (cf BRASIL Secretaria de Direitos Humanos da Presidecircncia daRepuacuteblica Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) BrasiacuteliaSDHPR 2010 p 173-175 Disponiacutevel em lthttpportalmjgovbrsedhpndh3pndh3pdfgt Acesso em 27 jun 2013)
Os relatoacuterios de suas atividades e as respectivas conclusotildees70
podem ser encontrados no site da proacutepria Comissatildeo Nacional da VerdadeDisponiacutevel em ltwwwcnvgovbrgt Acesso em 27 jun 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
79 sumaacuterio
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Julia Gomes71
Lund e outros (Guerrilha do Araguaia) vs Brasil sentenccedila de 24 de novembrode 2010 cit p 107
Cf BRASIL Ministeacuterio Puacuteblico Federal Crimes da Ditadura72
Relatoacuterio preliminar de atos de persecuccedilatildeo penal desenvolvidos pelo MPFacerca de graves violaccedilotildees de direitos humanos cometidas por agentes doEstado durante a ditadura Brasiacutelia Ministeacuterio Puacuteblico Federal 2013Disponiacutevel em lthttpnoticiaspgrmpfgovbrnoticiasnoticias-do-sitecopy_of_pdfsRelatorio_Crimes20_Ditatura_completopdfgt Acessoem 29 maio 2013
Cf ibidem p 1773
Cf A O Sevaacute Filho Tenotatilde-motilde ndash Alertas sobre as consequecircncias74
dos projetos hidreleacutetricos no rio Xingu IRN 2005 p 11 55 67 255
Cf ibidem p 42-46 6575
Relatoacuterio disponiacutevel em ltwwwaneelgovbrareacfmidArea=671gt76
Acesso em 30 mar 2013
Cf A O Sevaacute Filho Tenotatilde-m cit p 4277
Cf ibidem p 11 4978
Decisatildeo disponiacutevel em ltwwwsteptoecomassetsattachments79
4398pdfgt Acesso em 31 mar 2013
Accedilatildeo Civil Puacuteblica de n 5850-7320014013900 cujo80
acompanhamento processual encontra-se disponiacutevel emltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada 20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm abr 2013
Pet 2604PA Relator(a) Min Presidente julgamento81
26102002 decisatildeo proferida pelo(a) Min Marco Aureacutelio publicaccedilatildeo DJ12112002 p 47 Disponiacutevel em lthttpstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=282822belo+monte222929+E+S2EPRES2Eampbase=basePresidenciagt Acesso em 1ordm mar 2013
Nos termos do art 231 sect 3ordm da CF8882
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo monte de violecircncias Disponiacutevel em83
PESQUISA DIREITO GV
80 sumaacuterio
lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 1ordm mar 2013
Deputado Federal Fernando Ferro do Partido dos Trabalhadores84
Disponiacutevel em lthttpfernandoferrocombrindexphpoption=85
com_contentampview=articleampid=188projeto-de-decreto-legislativo-de-2005ampcatid=49atuacao-parlamentarampItemid=57gt Acesso em 1ordm mar 2013
DL n 7882005 Disponiacutevel em lthttplegissenadogovbrsicon86
indexjspgt (ver item nautilus) Acesso em 1ordm mar 2013
ADI 3573DF Relator(a) Min Carlos Britto Relator(a) p Acoacuterdatildeo87
Min Eros Grau julgamento 01122005 Oacutergatildeo Julgador Tribunal PlenoPublicaccedilatildeo DJ 19122006 p 35 Ement v 02261-04 p 844 STF Disponiacutevelem ltwwwstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=28decreto+legislativo+788+de+2005+inconstitucionalidade29ampbase=baseAcordaosampurl=httptinyurlcombuauo4agt Acesso em 2 mar 2013
ACP 20063903000711-8 709-8820064013903 Disponiacutevel em88
ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo Monte de Violecircncias89
Disponiacutevel em lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 2 mar 2013
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo Monte de Violecircncias90
Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt e lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 1ordm mar 2013
Cf Folha de S Paulo Disponiacutevel em ltwww1folhauolcombr91
mercado866367-ibama-libera-licenca-para-iniciar-canteiro-de-obras-de-belo-monteshtmlgt cf Movimento Xingu Vivo para Sempre Disponiacutevel emltwwwxinguvivoorgbr20110616peticao-para-cidh-entenda-o-casogtcf Ministeacuterio Puacuteblico Federal Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Documento disponiacutevel em ltwwwsocioambientalorgbanco_imagens92
pdfsParecer_tecnicopdfgt Acesso em 7 maio 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
81 sumaacuterio
Cf Itamaraty Nota 142 Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbr93
sala-de-imprensanotas-a-imprensasolicitacao-da-comissao-interamericana-de-direitos-humanos-cidh-da-oeasearchterm=belogtAcesso em 8 maio 2013
Licenccedila de Instalaccedilatildeo n 795201194
Disponiacutevel em lthttpglobalorgbrprogramasbelo-monte-apos-95
boicotar-audiencia-brasil-e-cobrado-na-cidhoeagt Acesso em 5 maio 2013
Cf Movimento Xingu Vivo Para Sempre Disponiacutevel em96
ltwwwxinguvivoorgbr20120116belo-monte-inicia-primeiro-barramento-do-xingu-2gt Acesso em 5 maio 2013
Cf Movimento Xingu Vivo Para Sempre Disponiacutevel em97
ltwwwxinguvivoorgbr20120724mpf-pede-anulacao-da-licenca-de-belo-montegt e ltwwwxinguvivoorgbrwpcontentuploads201207Belo_Monte_cautelar_Condicionantespdfgt Acesso em 9 maio2013 cf Ministeacuterio Puacuteblico Federal Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 9 maio 2013
STF SL 125PA Relator(a) Min Presidente julgamento98
16032007 decisatildeo proferida pelo(a) Min Ellen Gracie Publicaccedilatildeo DJ29032007 p 36 Disponiacutevel em lthttpstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=282822belo+monte222929+E+S2EPRES2Eampbase=basePresidenciagt Acesso em 1ordm mar 2013
Disponiacutevel em ltwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1980-99
1989anexoand96652-88pdfgt Acesso em 28 mar 2013
Cf Instituto Socioambeintal Cronologia Disponiacutevel em100
ltwwwsocioambientalorgespbmhistaspgt Acesso em 28 mar 2013
Cf BRASIL Plano 2030 p 13 56 59 73 e 97 Disponiacutevel em101
ltwwwmmegovbrmmegaleriasarquivospublicacoespne_20303_GeracaoHidreletricapdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Segundo o Governo Federal ldquoCriado em 2007 no segundo102
mandato do presidente Lula (2007-2010) o Programa de Aceleraccedilatildeo doCrescimento ndash PAC promoveu a retomada do planejamento e execuccedilatildeode grandes obras de infraestrutura social urbana logiacutestica e energeacutetica dopaiacutes contribuindo para o seu desenvolvimento acelerado e sustentaacutevel
PESQUISA DIREITO GV
82 sumaacuterio
Pensado como um plano estrateacutegico de resgate do planejamento e de retomada dos investimentos em setores estruturantes do paiacutes o PACcontribuiu de maneira decisiva para o aumento da oferta de empregos e na geraccedilatildeo de renda e elevou o investimento puacuteblico e privado em obrasfundamentaisrdquo Disponiacutevel em lthttpdadosgovbrdatasetobras-do-pac-programa-de-aceleracao-do-crescimentogt Acesso em em 8 mar 2013
Cf Estado de Satildeo Paulo Disponiacutevel em ltwwwestadaocombr103
noticiaseconomiaminc-belo-monte-e-maior-e-mais-polemica-obra-do-pac5048630htmgt Acesso em 8 mar 2013
Satildeo elas Usina Hidreleacutetrica de Jirau (RO) seacutetima mais104
importante Usina Hidreleacutetrica de Santo Antocircnio (RO) quinta maisimportante e Usina Hidreleacutetrica Belo Monte (PA) quarta mais importanteDisponiacutevel em ltwwwpacgovbrif1e1c8abgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Governo Federal PAC Disponiacutevel em ltwwwpacgovbri105
f1e1c8abgt Acesso em 8 mar 2013
1989 1994 1998 2002 2006 2010 Cf Tribunal Superior106
Eleitoral Eleiccedilotildees Disponiacutevel em ltwwwtsejusbreleicoeseleitos-1945-1990cronologia-das-eleicoesgt Acesso em 9 maio 2012
Dilma Rousseff (2011) Luis Inaacutecio Lula da Silva (2003-2011)107
Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) Itamar Augusto CautieroFranco (1992-1995) Fernando Afonso Collor de Mello (1990-1992) JoseacuteSarney (1985-1990) Joatildeo Baptista de Oliveira Figueiredo (1979-1985) eErnesto Geisel (1974-1979) Cf Governo Federal Galeria de PresidentesDisponiacutevel em ltwww2planaltogovbrpresidenciagaleria-de-presidentesgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Governo Federal Ex-Presidentes Disponiacutevel em ltwwwbiblioteca108
presidenciagovbrex-presidentesfernando-collorgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Medida109
Cautelar 38210 Disponiacutevel em ltwwwoasorgescidhdecisionescautelaresasptab1gt Acesso em 8 mar 2013
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria Internacional110
da Secretaria de Direitos Humanos
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional111
da Secretaria de Direitos Humanos
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
83 sumaacuterio
Houve a promulgaccedilatildeo da Lei Federal n 10706 de 30 de julho de112
2003 para autorizar o pagamento de indenizaccedilatildeo no valor de R$ 5200000a Joseacute Pereira
O relatoacuterio estaacute disponiacutevel em ltwww2senadogovbrbdsfitem113
id84599gt Acesso em 21 abr 2013
De acordo com informaccedilotildees concedidas por ex-membro da114
Assessoria Internacional da SDH no caso dos Meninos do Maranhatildeo houvegrande proatividade por parte do estado maranhense Em sua opiniatildeo acelebraccedilatildeo do acordo de soluccedilatildeo amistosa obteve sucesso em grande parteem razatildeo da vontade poliacutetica do estado
A Comissatildeo foi criada por meio do Decreto do Governo 115
do Maranhatildeo n 23037 de 20 de abril de 2007 Disponiacutevel emltwwwcgemagovbrdocumentophpIdp=1791gt Acesso em 24 fev 2013
A Comissatildeo de Direitos Humanos e das Minorias eacute uma das comissotildees116
permanentes da Cacircmara dos Deputados do Brasil cuja finalidade consiste emanalisar propostas legislativas e outros assuntos referentes agrave temaacutetica
Disponiacutevel em lthttpblogjornalpequenocombrricardosantos117
20110930acordo-com-familias-dos-E2809Cmeninos-emasculadosE2809D-nao-esta-sendo-cumprido-denuncia-eliziane-gamagt Acesso em 24 fev 2013
Notiacutecia disponiacutevel em lthttpg1globocommamaranhao118
noticia201302promotoria-aponta-irregularidades-em-quase-todas-delegacias-de-sao-luishtmlgt Acesso em 24 fev 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional119
da SDH
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional120
da SDH
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Demanda perante121
a Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso Arley Joseacute Escher e outros(interceptaccedilatildeo de linhas telefocircnicas de organizaccedilotildees sociais) (Caso 12353) contra aRepuacuteblica Federativa do Brasil de 20 de dezembro de 2007 paraacutegrafo 32
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Escher e122
outros vs Brasil Exceccedilotildees Preliminares Meacuterito Reparaccedilotildees e Custas Sentenccedila
PESQUISA DIREITO GV
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de 6 de julho de 2009 seacuterie C n 200 paraacutegrafo 216
Oacutergatildeo responsaacutevel por fiscalizar as investigaccedilotildees criminais e123
ajuizar as accedilotildees penais naquele Estado
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Escher e124
outros vs Brasil Resoluccedilatildeo de Supervisatildeo de Cumprimento de Sentenccedilade 19 de junho de 2012 paraacutegrafo 13
Cf ibidem paraacutegrafos 17 a 21 Nesse sentido eacute valiosa a125
comparaccedilatildeo com o caso Julia Gomes Lund e outros vs Brasil
Veja-se no caso Garibaldi vs Brasil o pagamento de US$ 179 mil126
para a viuacuteva e os filhos da viacutetima autorizado por meio do Decretofederal n 7307 de 22 de setembro de 2010 publicado no DOU23092010 e no caso Escher e outros vs Brasil o pagamento de US$ 22mil para cada uma das viacutetimas autorizado por meio do Decreto federaln 7158 de 20 de abril de 2010 publicado no DOU 22042010
Em Garibaldi vs Brasil no ano de 2010 o Governo Federal127
publicou a sentenccedila nos termos determinados em jornais de grandecirculaccedilatildeo e em website do governo Em Escher e outros v Brasil o Estadobrasileiro informou que publicou a sentenccedila em jornais estaduais degrande circulaccedilatildeo entre julho e setembro de 2010 e tambeacutem no site daSDH da Presidecircncia e nos sites paranaenses da Procuradoria-Geral deJusticcedila do Tribunal de Justiccedila do Paranaacute e do Governo do Estado
Ressaltamos poreacutem que natildeo encontramos algumas publicaccedilotildees Essa128
preocupaccedilatildeo com o periacuteodo de disponibilizaccedilatildeo nos meios eletrocircnicos foiexternada pelo Juiz Roberto Figueiredo Caldas em voto concorrente agravesentenccedila no caso Escher e outros vs Brasil de 6 de julho de 2009 paraacutegrafo 46
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no129
caso Maria da Penha
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio130
Anual de 2003 paraacutegrafo 81 Relatoacuterio Anual de 2004 paraacutegrafo 71Relatoacuterio Anual de 2006 paraacutegrafo 88
Conforme apresentado no acircmbito da Comissatildeo ldquola retoma de131
estas negociaciones se refuerza con la presencia de un nuevo actorrepresentante del Gobierno del Estado de Cearaacute denotaacutendose en lasmismas una intencioacuten comuacuten de buscar caminos que guiacuteen al
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
85 sumaacuterio
cumplimiento de las recomendaciones efectuadas pese a las divergenciassuscitadas en la reunioacutenrdquo (cf Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos Relatoacuterio Anual de 2006 paraacutegrafo 83)
Lei Estadual n 14800 de 9 de abril de 2008132
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio133
Anual de 2007 paraacutegrafo 97
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio134
Anual de 2008 paraacutegrafo 102
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio135
Anual de 2011 paraacutegrafos 241 e 242
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no136
caso Maria da Penha
Relatoacuterio de Admissibilidade e Meacuterito n 1307 seccedilotildees 33-36137
OLIVEIRA Francisco de RIZEK Cibele S A era da138
indeterminaccedilatildeo Satildeo Paulo Boitempo Editorial 2007 p 169-70
Lei Municipal n 11102 de 14 de dezembro de 2010139
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo n140
47807 Caso das pessoas privadas de liberdade na Cadeia Puacuteblica do GuarujaacuteRelatoacuterio de Admissibilidade n 4108 de 23 de julho de 2008 paraacutegrafo59 Atualmente a peticcedilatildeo que tramita paralelamente estaacute em fase dejulgamento de meacuterito
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo141
12003 Relatoacuterio n 2311 Decisatildeo de Arquivo de 23 de marccedilo de 2011paraacutegrafo 10
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo n142
1113-06 Caso das pessoas privadas de liberdade nas celas da 76ordf Delegacia dePoliacutecia de Niteroacutei Relatoacuterio de Admissibilidade n 3607 de 17 de julho de2007 paraacutegrafo 79
Acreditamos que a medida cautelar tenha sido completamente143
cumprida A desocupaccedilatildeo da aacuterea e o fim dos conflitos ocorreram apoacutesdecisatildeo do Supremo Tribunal Federal que definiu a retirada dos natildeo
PESQUISA DIREITO GV
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indiacutegenas do local Cf Supremo Tribunal Federal Pleno Pet 3388RRRel Min Ayres Britto j 19032009
Uacuteltimo informe da Comissatildeo referente ao caso apresentou 144
o cumprimento de algumas recomendaccedilotildees mas natildeo foi possiacutevel saber se atualmente o cumprimento permanece parcial ou jaacute foi integralmenterealizado
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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REFEREcircNCIAS
CHAYES Abram CHAYES Antonia Handler ldquoOn compliancerdquoInternational Organization v 47 n 2 p 175-205 Spring 1993DALLARI Pedro B A Constituiccedilatildeo e tratados internacionais Satildeo PauloSaraiva 2003DUXBURY Neil The nature and authority of precedent CambridgeCambridge University Press 2008GALINDO George Rodrigo Bandeira Tratados internacionais de direitoshumanos e Constituiccedilatildeo brasileira Belo Horizonte Del Rey 2002MAGALHAtildeES Joseacute Carlos de O Supremo Tribunal Federal e o direitointernacional uma anaacutelise criacutetica Porto Alegre Livraria do Advogado 2000MALLINDER Louise Perspectivas transnacionais sobre anistias In Aanistia na era da responsabilizaccedilatildeo o Brasil em perspectiva internacionale comparada Brasiacutelia Ministeacuterio da Justiccedila Comissatildeo de Anistia eOxford Oxford University Latin American Centre 2011NINO Carlos Santiago Eacutetica y derechos humanos un ensayo defundamentacioacuten 2 ed Buenos Aires Astrea 2005PAULSON Colter Compliance with Final Judgments of the InternationalCourt of Justice since 1987 The American Journal of International Law v98 n 3 p 434-61 2004PIOVESAN Flaacutevia Direitos humanos e o direito constitucional internacional11 ed Satildeo Paulo Saraiva 2010______ Direitos humanos e justiccedila internacional Satildeo Paulo Saraiva 2007______ Censuraacutevel reaccedilatildeo do Brasil Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbrsala-de-imprensaselecao-diaria-de-noticiasmidias-nacionaisbrasilo-globo20110519censuravel- reacao-do-bras i l -ar t igo- f lav ia-piovesanprint-notagt Acesso em 14 fev 2012RAMOS Andreacute de Carvalho Processo internacional de direitos humanosanaacutelise dos sistemas de apuraccedilatildeo de violaccedilotildees de direitos humanos eimplementaccedilatildeo das decisotildees do Brasil Rio de Janeiro Renovar 2002_______ Direitos humanos em juiacutezo Satildeo Paulo Max Lemonad 2001SABADELL Ana Luacutecia e DIMOULIS Dimitri Tribunal PenalInternacional e Direitos Fundamentais problemas de constitucionalidadeCadernos de Direito Unimep v 3 n 5 p 241-59 2003_______ Crimes da ditadura militar a ADPF 153 e a Corte Interamericana deDireitos Humanos In GOMES Luiz Flaacutevio MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira(Org) Crimes da Ditadura Militar Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2011_______ O diaacutelogo das Cortes O Supremo Tribunal Federal e a CorteInteramericana de Direitos Humanos In AMARAL JUNIOR Albertodo e JUBILUT Liliana Lyra (Orgs) O STF e o Direito Internacional dosDireitos Humanos Satildeo Paulo Quartier Latin 2009 v 1SICILIANO Andreacute Luiz O caso de Belo Monte na Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos anaacutelise em dois niacuteveis 2011 Disponiacutevel em
PESQUISA DIREITO GV
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ltwwwslidesharenetalsicilianoartigobelo-monte-na-cidhgt Acesso em 14fev 2012SILVA Virgiacutelio Afonso da Integraccedilatildeo e diaacutelogo constitucional naAmeacuterica do Sul In BOGDANDY Armin von PIOVESAN Flaacutevia eANTONIAZZI Mariela Morales (Orgs) Direitos humanos democracia eintegraccedilatildeo juriacutedica na Ameacuterica do Sul Rio de Janeiro Lumen Juris 2010SOUSA JUacuteNIOR Wilson Cabral de REID John Anaacutelise de riscossocioeconocircmicos e ambientais do Complexo Hidreleacutetrico de BeloMonte V Encontro Nacional da ANPPAS 2010SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Extradiccedilatildeo (Publicaccedilatildeo temaacutetica)Disponiacutevel em ltwwwstfjusbrportalcmsverTextoaspservico=publicacaoPublicacaoTematicagt Acesso em 14 fev 2012TRINDADE Antocircnio Augusto Canccedilado Tratado de direito internacionaldos direitos humanos 2 ed Porto Alegre Sergio Antonio Fabris Editor2003 v 3VECcedilOSO Fabia Fernandes Carvalho AMARAL JUacuteNIOR Alberto doThe Inter-American System as New Grossraum Assessing the case Lawof the Inter-american Court of Human Rights European Society ofInternational Law Conference Paper Series Conference Paper n 32011VENTURA Deisy A interpretaccedilatildeo judicial da Lei de Anistia brasileira eo Direito Internacional A Anistia na Era da Responsabilizaccedilatildeo o Brasil emperspectiva internacional e comparada Brasiacutelia Ministeacuterio da JusticcedilaComissatildeo de Anistia e Oxford Oxford University Latin AmericanCentre 2011VIEIRA Oscar Vilhena (Coord) Direitos humanos Estado de Direito econstruccedilatildeo da paz Satildeo Paulo Quartier Latin 2005
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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Oscar Vilhena Vieira (coordenador) Luciana de Oliveira RamosRubens Glezer Adriane Sanctis de Brito Guilherme Klafke
Rafael Giovanelli e Mariacutelia Lessa
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES EDECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO
DE DIREITOS HUMANOS NO BRASILINSTITUCIONALIZACcedilAtildeO E POLIacuteTICA
A SEacuteRIE PESQUISA DIREITO GV TEM COMO OBJETIVO PUBLICAR PESQUISAS E TEXTOS DEBATIDOS NA
ESCOLA DE DIREITO DE SAtildeO PAULO DA FUNDACcedilAtildeO GETULIO VARGAS SOB A FORMA DE LIVROS A SELECcedilAtildeO
DOS TEXTOS Eacute DE RESPONSABILIDADE DA COORDENADORIA DE PUBLICACcedilOtildeES
ESTA OBRA PODE SER UTILIZADA DE FORMA LIVRE O DOWNLOAD A COacutePIA O COMPARTILHAMENTO
A IMPRESSAtildeO E A CITACcedilAtildeO SAtildeO PERMITIDOS PARA FINS NAtildeO COMERCIAIS
EDITOR
JOSEacute RODRIGO RODRIGUEZ
ASSISTENTE EDITORIAL
BRUNO BORTOLI BRIGATTO
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Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP)(Cacircmara Brasileira do Livro SP Brasil)
Implementaccedilatildeo das recomendaccedilotildees e decisotildees do sistema interamericano de direitos humanos no Brasil institucionalizaccedilatildeo e poliacutetica Oscar Vilhena Vieira [coordenador] -- 1 ed -- Satildeo Paulo Direito GV 2013 -- (Seacuterie pesquisa direito GV)
Vaacuterios autoresBibliografiaISBN 978-85-64678-08-8
1 Direitos humanos 2 Direitos humanos (Direito internacional) 3 Sistema Interamericano de DireitosHumanos I Vieira Oscar Vilhena II Seacuterie
13-10257 CDU-3427(100)(81)
Iacutendices para cataacutelogo sistemaacutetico1 Brasil Sistema Interamericano de direito humanos Direito internacional3427(100)(81)
SUMAacuteRIO
PREFAacuteCIO 5
SOBRE OS AUTORES 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
1METODOLOGIA 9
2O BRASIL NO SIDH 15
3O CAMINHO DAS DECISOtildeES CONTRA O ESTADO BRASILEIRO 17
31 PODER EXECUTIVO FEDERAL ATORES E COMPETEcircNCIA 19
32 O QUADRO DINAcircMICO APRENDIZADO E CONFLITO ENTRE INSTITUICcedilOtildeES 20
321 PRIMEIRO PERIacuteODO CASOS DAMIAtildeO XIMENES LOPESE GILSON NOGUEIRA DE CARVALHO 20
322 SEGUNDO PERIacuteODO CASOS ESCHER E OUTROS E GARIBALDI 22
323 TERCEIRO PERIacuteODO CASOS JULIA GOMES LUND E BELO MONTE 22
33 PAGAR AS VIacuteTIMAS UM DESENVOLVIMENTO Agrave PARTE 23
34 PROGRAMA ldquoJUSTICcedilA PLENArdquo IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS MEDIDAS DE GARANTIA E ACESSO Agrave JUSTICcedilA 25
4TEMAS SUJEITOS E CONJUNTURA
COMO EM CADA CASO A IMPLEMENTACcedilAtildeO FOI FAVORECIDA OU DIFICULTADA 26
41 QUANDO JAacute HAacute AGENDA DE POLIacuteTICA PUacuteBLICA DO ESTADO BRASILEIRO 27
42 QUANDO O ESTADO BRASILEIRO PROMOVE E APOIA O ATO QUE GERA A VIOLACcedilAtildeO 36
43 QUANDO HAacute CASO DE VIOLACcedilAtildeO EM AcircMBITO LOCAL 43
44 QUANDO A CAUSA Eacute APROPRIADA PELOS ATORES ENVOLVIDOS NO CASO CONCRETO 49
CONCLUSAtildeO BALANCcedilO DE RESULTADOS E PARAcircMETROS DE IMPLEMENTACcedilAtildeO 52
APEcircNDICE CASOS QUE ENVOLVEM O BRASIL NO SIDH 54
I MEDIDAS CAUTELARES OUTORGADAS PELA COMISSAtildeO INTERAMERICANADE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 32 (ENTRE 1995 E 2012) 54
II RELATOacuteRIOS DE MEacuteRITO PUBLICADOS PELA COMISSAtildeO INTERAMERICANADE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 17 (ENTRE 1995 E 2012) 62
III SOLUCcedilOtildeES AMISTOSAS CELEBRADAS PELO BRASIL NA COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 2 (ENTRE 1995 E 2012) 67
IV MEDIDAS PROVISIONAIS OUTORGADAS PELA CORTE INTERAMERICANADE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012) 68
V CASOS CONTENCIOSOS NA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOSTOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012) 70
NOTAS 72
REFEREcircNCIAS 88
PREFAacuteCIO
O Sistema Interamericano de Direitos Humanos estabelecido ori-ginalmente no contexto da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanose depois expandido pela adoccedilatildeo da Convenccedilatildeo Americana deDireitos Humanos de 1966 tem cumprido natildeo sem ambiguidadesum papel relevante na ampliaccedilatildeo da proteccedilatildeo dos direitos huma-nos no continente Durante a vaga autoritaacuteria dos anos 1970 aComissatildeo Interamericana realizou com grande coragem visitas eproduziu relatoacuterios constrangedores para as ditaduras argentina echilena Com a redemocratizaccedilatildeo do continente o papel do Sis-tema passou por uma transformaccedilatildeo A adesatildeo paulatina dos paiacutesesagrave Convenccedilatildeo de San Joseacute e a seus protocolos comeccedilou a gerar umarelaccedilatildeo promissora entre os sistemas constitucionais e o sistemaregional de proteccedilatildeo aos direitos humanos A fragilidade institu-cional da Comissatildeo e da Corte somada agrave ambiguidade poliacutetica demuitos dos Estados membros em relaccedilatildeo aos direitos humanosvem nos uacuteltimos anos colocando em risco a integridade e a rele-vacircncia do Sistema Interamericano na proteccedilatildeo e na promoccedilatildeo dedireitos no continente Neste sentido uma pesquisa que busca ana-lisar o enraizamento do sistema regional de direitos humanos eacutemais do que oportuna
Este trabalho eacute fruto de uma pesquisa de dois anos desenvol-vida a partir de um projeto internacional e colaborativo voltadoao mapeamento da implementaccedilatildeo das medidas e decisotildees do Sis-tema Interamericano de Direitos Humanos na Ameacuterica do Sul Oestudo brasileiro foi realizado pela equipe da DIREITO GVDesde o iniacutecio colocou-se o desafio de encontrar paracircmetros con-
sistentes para aferir a qualidade da implementaccedilatildeo das medidas edecisotildees do Sistema Interamericano que natildeo fossem simplesmentedependentes das perspectivas da Comissatildeo e da Corte Interamerica-na de Direitos Humanos a esse respeito Para evitar a adoccedilatildeo deparacircmetros aleatoacuterios a equipe de pesquisa voltou seus esforccedilos paracoletar os dados empiacutericos e normativos no acircmbito domeacutestico como intuito de desenvolver uma meacutetrica adequada agrave compreensatildeo dofenocircmeno agrave luz da realidade brasileira Foi possiacutevel rapidamente perceber entretanto que natildeo existem
padrotildees firmemente estabelecidos para a implementaccedilatildeo das decisotildees
e que tambeacutem natildeo foram produzidos estudos ou informaccedilotildees puacutebli-cas sistematizadas que esclarecessem quais oacutergatildeos satildeo responsaacuteveispela implementaccedilatildeo das medidas e decisotildees do Sistema Interameri-cano no Brasil O que a equipe de pesquisa detectou desde o primeiromomento eacute que nossa estrutura institucional passou e passa por trans-formaccedilotildees a cada novo caso sendo desafiador e pioneiro o mero atode sistematizar informaccedilotildees relevantes a esse respeitoCom isso a pesquisa que foi pensada com o objetivo de respon-
der qual ldquoo grau de implementaccedilatildeo das medidas e decisotildees do SistemaInteramericanordquo se transformou em uma investigaccedilatildeo mais baacutesica arespeito de ldquocomo foram implementadas as medidas e decisotildeesrdquo Foinecessaacuterio mitigar as expectativas de um diagnoacutestico preciso a res-peito da implementaccedilatildeo de tais medidas no Brasil bem como as detraccedilar um mapeamento perfeito e totalizante a respeito dos mecanis-mos de implementaccedilatildeo Ficou claro ao longo do trabalho que muitaenergia e tempo deveriam ser gastos para desenvolver um meacutetodoadequado de pesquisa e aperfeiccediloaacute-lo a partir de problemas e equiacute-vocos surgidos durante a investigaccedilatildeo Pesquisas preliminares como esta natildeo nos permitem saltar para
conclusotildees rotundas De qualquer forma autorizam aos observado-res mais atentos levantarem hipoacuteteses que mobilizaratildeo outras linhasde investigaccedilatildeo Neste sentido qual seria a razatildeo pela qual o sistemapoliacutetico brasileiro natildeo foi capaz de conceber um mecanismo soacutelido eeficiente para a implementaccedilatildeo das decisotildees do Sistema Intera-mericana de Direitos Humanos Haacute aqui apenas incompetecircnciaadministrativa ou o Estado brasileiro por intermeacutedio de suas institui-ccedilotildees mais permanentes como o Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exterioresresiste a criar mecanismos mais contundentes de implementaccedilatildeo dedecisotildees da jurisdiccedilatildeo internacional Em que medida a dimensatildeo fede-rativa do Estado brasileiro tem sido o maior obstaacuteculo para ummecanismo de implementaccedilatildeo mais eficiente E qual seria o papel dasociedade civil na fiscalizaccedilatildeo da efetividade desses mecanismos
Oscar Vilhena Vieira
SOBRE OS AUTORES
ADRIANE SANCTIS DE BRITOPESQUISADORA DO NUacuteCLEO DE DIREITO GLOBAL E DESENVOLVIMENTO DA DIREITO GV MESTRANDA EM DIREITOINTERNACIONAL PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP) COM GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA MESMA INSTITUICcedilAtildeO
GUILHERME FORMA KLAFKEPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE METODOLOGIA DE ENSINO DA DIREITO GV PROFESSOR DA SOCIEDADE BRASILEIRA DEDIREITO PUacuteBLICO (SBDP) MESTRANDO EM DIREITO CONSTITUCIONAL PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP)COM GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA MESMA INSTITUICcedilAtildeO
LUCIANA DE OLIVEIRA RAMOSPESQUISADORA DO NUacuteCLEO DE JUSTICcedilA E CONSTITUICcedilAtildeO DA DIREITO GV PROFESSORA DO GVLAW PROFESSORA DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP) DOUTORANDA EM DIREITO CONSTITUCIONAL PELA UNIVERSIDADEDE SAtildeO PAULO (FD-USP) MESTRE EM CIEcircNCIA POLIacuteTICA PELA FFLCH-USP GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA PUC-SP
MARIacuteLIA ROLEMBERG LESSAGRADUANDA EM DIREITO PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP) EX-ALUNA DA ESCOLA DE FORMACcedilAtildeO DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP)
OSCAR VILHENA VIEIRADIRETOR DA ESCOLA DE DIREITO DE SAtildeO PAULO DA FUNDACcedilAtildeO GETULIO VARGAS (DIREITO GV) POacuteS-DOUTOR PELOCENTRE FOR BRAZILIAN STUDIES (ST ANTOINES COLLEGE OXFORD UNIVERSITY) DOUTOR E MESTRE EM CIEcircNCIAPOLIacuteTICA PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FFLCH-USP) MESTRE EM DIREITO PELA UNIVERSIDADE DECOLUMBIA GRADUADO EM DIREITO PELA PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DE SAtildeO PAULO (PUC-SP)
RAFAEL GANDUR GIOVANELLIPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE METODOLOGIA DE ENSINO DA DIREITO GV MESTRANDO EM DIREITO E DESENVOLVIMENTOPELA DIREITO GV GRADUANDO EM FILOSOFIA PELA FFLCH-USP GRADUADO EM DIREITO PELA PUC-SP
RUBENS EDUARDO GLEZERPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE JUSTICcedilA E CONSTITUICcedilAtildeO DA DIREITO GV PROFESSOR DO GVLAW PROFESSOR DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP) SECRETAacuteRIO-GERAL DA REDE DE INICIATIVAS LATINO-AMERICANASEM DIREITO E DEMOCRACIA (ILADD) DOUTORANDO EM FILOSOFIA E TEORIA GERAL DO DIREITO PELA FD-USP MESTREEM DIREITO E DESENVOLVIMENTO PELA DIREITO GV VISITING STUDENT NA NEW YORK UNIVERSITY BACHAREL EMDIREITO PELA PUC-SP
INTRODUCcedilAtildeOEsta obra eacute o resultado de uma pesquisa empiacuterica voltada a ofere-cer paracircmetros a respeito do grau de implementaccedilatildeo das decisotildeese recomendaccedilotildees da Corte e da Comissatildeo Interamericana de Direi-tos Humanos pelo BrasilA anaacutelise de implementaccedilatildeo partiu do exame da adoccedilatildeo de
medidas estatais em seus diferentes niacuteveis federativos voltadas acumprir recomendaccedilotildees ou condenaccedilotildees especiacuteficas realizadaspelo Sistema Interamericano de Direitos Humanos (SIDH)2 Con-tudo as conclusotildees obtidas natildeo se restringiram agraves avaliaccedilotildeesrealizadas pelos oacutergatildeos oficiais envolvidos seja na instacircncia inter-nacional (pelos instrumentos de acompanhamento do SIDH) sejana esfera nacional (por pronunciamentos governamentais) Essaavaliaccedilatildeo substantiva se funda em um esforccedilo interpretativo daequipe de pesquisa realizada a partir dos elementos coletadosdocumentalmente e em entrevistas com atores relevantes envol-vidos nas situaccedilotildees investigadas A expressatildeo ldquoimplementaccedilatildeordquo eacute empregada aqui inicialmente
com o mesmo significado de adimplemento de medidas relacio-nado aos esforccedilos feitos para que as determinaccedilotildees da Corte ouda Comissatildeo Interamericana sejam consideradas cumpridas peloscriteacuterios do proacuteprio Sistema Interamericano Apoacutes uma anaacutelisepautada nesses criteacuterios verificou-se a necessidade de abordar aimplementaccedilatildeo de forma mais aprofundada capaz de detectar asnuances dos impactos das recomendaccedilotildeesAs usuais anaacutelises de cumprimento centradas na tipologia de
recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees natildeo nos pareceram suficientes paraexaminar a implementaccedilatildeo no Brasil razatildeo pela qual analisamosoutros fatores tais como (a) se a violaccedilatildeo resulta de uma poliacutetica
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS NO BRASILINSTITUCIONALIZACcedilAtildeO E POLIacuteTICA1
Oscar Vilhena Vieira (coordenador) Luciana Ramos e Rubens Glezer (pesquisadoresmestres) Adriane Sanctis de Brito Guilherme Klafke e Rafael Giovanelli (pesquisadoresgraduados) e Mariacutelia Lessa (pesquisadora graduanda)
8 sumaacuterio
conduzida pelo governo ou ao contraacuterio se decorre de falhas naatuaccedilatildeo do poder puacuteblico ou de accedilotildees de particulares (b) se as con-denaccedilotildees e recomendaccedilotildees dialogam com uma agenda poliacuteticapreexistente no paiacutes bem como (c) se determinadas condenaccedilotildeesem certos contextos natildeo permitem a extrapolaccedilatildeo do caso indivi-dual para um plano coletivoPor meio dessa nova abordagem concluiacutemos que a ausecircncia de
mecanismos formais e especiacuteficos voltados agrave observacircncia de reco-mendaccedilotildees e decisotildees do SIDH no Brasil torna o seu cumprimentoalgo que se opera em uma esfera eminentemente poliacutetica depen-dente de fatores contingentes e imprevisiacuteveisPara alcanccedilar essas conclusotildees a apresentaccedilatildeo dos resultados
estaacute estruturada da seguinte maneira primeiramente se explicitaraacutea metodologia de pesquisa utilizada para em seguida (1) forneceruma visatildeo geral a respeito da inserccedilatildeo do Brasil no SIDH e doscasos que envolvem o paiacutes aprofundando aqueles selecionados paraesta obra (2) mapear os mecanismos criados para implementaras recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees do SIDH e (3) analisar decisotildeesselecionadas a partir de criteacuterios considerados relevantes para iden-tificar facilidades e dificuldades na implementaccedilatildeo das deliberaccedilotildeesdo SIDH Ao final eacute realizada uma conclusatildeo sinteacutetica e articula-dora dos resultados
1 METODOLOGIA A presente obra eacute dedicada agrave anaacutelise da implementaccedilatildeo das deli-beraccedilotildees do SIDH relativas ao Brasil paiacutes vinculado interna eexternamente agrave Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanosdesde 19923 e submetido agrave jurisdiccedilatildeo contenciosa obrigatoacuteria daCorte Interamericana desde 19984
Para tanto foi utilizado o meacutetodo de estudo de caso fundado sobreanaacutelise documental levantamento de reportagens em miacutedia e entre-vistas a agentes puacuteblicos e membros da sociedade civil organizada Com base no exame de todos os casos que envolvem o Brasil
na Corte IDH e na CIDH (vide Apecircndice) foram selecionados comoobjeto de anaacutelise (i) todas as condenaccedilotildees em casos contenciososperante a Corte IDH em razatildeo da sua importacircncia e dos seus efei-tos claramente vinculantes ao paiacutes (ii) todas as soluccedilotildees amistosas
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
9 sumaacuterio
que envolvem o Brasil em razatildeo da disposiccedilatildeo do proacuteprio Estadoem remediar a violaccedilatildeo de direitos bem como (iii) as recomenda-ccedilotildees da CIDH com alto impacto e repercussatildeo no paiacutes Considerando-se tais categorias chegou-se a um conjunto de
oito casos Os contenciosos satildeo quatro
1 Caso Damiatildeo Ximenes Lopes vs Brasil trata-se de homiciacutedio comsinais de tortura de Damiatildeo Ximenes Lopes portador de defi-ciecircncia mental que havia sido internado em 1ordm de outubro de1999 na casa de repouso dos Guararapes na cidade de SobralCearaacute falecendo trecircs dias depois A cliacutenica era de propriedadede familiar de poliacutetico tradicional da regiatildeo A accedilatildeo penal foiajuizada em 2000 mas o Judiciaacuterio brasileiro soacute se pronuncioucom decisatildeo final em 2013 A accedilatildeo civil indenizatoacuteria ajuizadapelos familiares de Damiatildeo Ximenes Lopes estaacute atualmentearquivada A CIDH apresentou o caso agrave Corte Interamericanacontra o Estado brasileiro em 1ordm de outubro de 2004 A Cortedeclarou violaccedilatildeo dos direitos agrave vida e agrave integridade pessoal deDamiatildeo Ximenes Lopes e dos demais portadores de deficiecircn-cia que sofriam com as condiccedilotildees precaacuterias da casa de repousoagrave integridade pessoal dos familiares das viacutetimas pela perda deum ente da famiacutelia assim como aos direitos agraves garantias judi-ciais e agrave proteccedilatildeo judicial diante da demora injustificada doprocesso criminal e das falhas nas investigaccedilotildees O Brasil foicondenado dentre outras medidas a concluir o processo judi-cial com eventual responsabilizaccedilatildeo dos envolvidos na demoraa indenizar os familiares e a continuar a desenvolver um pro-grama de formaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para todas as pessoasvinculadas ao atendimento de sauacutede mental em especial sobreos princiacutepios que devem reger o trato das pessoas portadorasde deficiecircncia mental conforme os padrotildees internacionaissobre a mateacuteria e aqueles dispostos na decisatildeo
2 Caso Escher e outros vs Brasil trata-se de denuacutencia sobre umaseacuterie de interceptaccedilotildees telefocircnicas contra duas associaccedilotildeesligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra(MST) em Querecircncia do Norte Paranaacute feitas de maneira irre-gular pela poliacutecia e pelo Judiciaacuterio As informaccedilotildees resultantes
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dessa operaccedilatildeo foram divulgadas agrave imprensa e posteriormentepara o puacuteblico Segundo os peticionaacuterios isso teria maculado aimagem das viacutetimas e do movimento social A denuacutencia foiapresentada agrave Comissatildeo em dezembro de 2000 levada agrave CorteInteramericana em dezembro de 2007 e julgada pela Corte emjulho de 2009 A decisatildeo envolveu as seguintes condenaccedilotildeescontra o Brasil obrigaccedilatildeo de publicar as sentenccedilas e de inde-nizar as viacutetimas aleacutem da obrigaccedilatildeo de investigar adequadamenteos fatos e punir os responsaacuteveis pelas violaccedilotildees dos direitos agraveprivacidade agrave honra e agrave liberdade de associaccedilatildeo
3 Caso Garibaldi vs Brasil trata-se do homiciacutedio de Seacutetimo Gari-baldi integrante do MST tambeacutem em Querecircncia do Nortecometido por homens encapuzados que atacaram uma ocupaccedilatildeoem uma fazenda da regiatildeo A denuacutencia foi apresentada em maiode 2003 submetida agrave Corte Interamericana de Direitos Huma-nos em marccedilo de 2007 e julgada pela Corte em setembro de2009 Envolveu as seguintes condenaccedilotildees contra o Brasil obri-gaccedilatildeo de publicar as sentenccedilas de indenizar as famiacutelias dasviacutetimas e de investigar adequadamente os fatos aleacutem de puniros responsaacuteveis pelas violaccedilotildees de direitos humanos agrave vida e agraveproteccedilatildeo judicial
4 Caso Julia Gomes Lund e outros vs Brasil (caso ldquoGuerrilha doAraguaiardquo) trata-se de denuacutencia sobre a responsabilidade doEstado brasileiro pela detenccedilatildeo ilegal e arbitraacuteria tortura edesaparecimento forccedilado de pelo menos 70 membros do movi-mento conhecido como ldquoGuerrilha do Araguaiardquo entre os anosde 1972 e 1975 e da consequente falta de investigaccedilatildeo dessesatos ndash o que se relaciona com a ediccedilatildeo da Lei federal n 6683de 28 de agosto de 1979 (ldquoLei da Anistiardquo) e com o sigilo per-manente sobre documentos a respeito dessa operaccedilatildeo estatalA denuacutencia foi apresentada agrave Comissatildeo em 1995 e a peticcedilatildeofoi submetida pela CIDH agrave Corte em 2009 Em 24 de novem-bro de 2010 a Corte IDH condenou o Brasil pela falta deinvestigaccedilatildeo dos crimes cometidos por militares durante aldquoGuerrilha do Araguaiardquo Determinou ao Estado brasileiro aconduccedilatildeo eficaz da investigaccedilatildeo penal a fim de esclarecer os
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fatos ocorridos no caso definir as correspondentes responsabi-lidades penais e aplicar as sanccedilotildees cabiacuteveis Determinou aindaque o Estado continuasse as iniciativas de busca sistematizaccedilatildeoe publicaccedilatildeo de toda informaccedilatildeo sobre a ldquoGuerrilha do Ara-guaiardquo bem como das violaccedilotildees de direitos humanos ocorridasdurante o regime militar Aleacutem disso estabeleceu a necessidadeda criaccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade autocircnoma independen-te e capaz de garantir o direito agrave verdade sobre o ocorrido
Ademais satildeo duas soluccedilotildees amistosas
5 Caso Joseacute Pereira (trabalho escravo) trata-se de denuacutencia deviolaccedilatildeo dos direitos de Joseacute Pereira e outros trabalhadores queforam retidos e forccedilados a trabalhar sem remuneraccedilatildeo e emcondiccedilotildees ilegais na fazenda ldquoEspiacuterito Santordquo no estado doParaacute Na fazenda foram encontradas mais de 60 pessoas emcondiccedilotildees anaacutelogas agrave escravidatildeo5 As investigaccedilotildees contudodemoraram cerca de oito anos para serem finalizadas e o jul-gamento dos responsaacuteveis natildeo foi concluiacutedo ateacute o momentoO processo encontra-se atualmente suspenso A denuacutencia foiapresentada em 22 de fevereiro de 1994 a Comissatildeo aprovourelatoacuterio de admissibilidade e meacuterito em 1995 e houve a cele-braccedilatildeo de soluccedilatildeo amistosa entre as viacutetimas e o Estadobrasileiro em outubro de 2003 As medidas centrais no casodestinavam-se aos poderes Legislativo e Executivo recomen-dando-lhes que realizassem tanto mudanccedilas legislativas quepropiciassem um cenaacuterio favoraacutevel ao combate ao trabalheescravo como poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave prevenccedilatildeo fiscali-zaccedilatildeo e ao combate do trabalho escravo aleacutem de campanhasde sensibilizaccedilatildeo
6 Caso Meninos emasculados do Maranhatildeo trata-se de denuacutencia emrazatildeo de 42 mortes ocorridas entre 1989 e 2003 em Altamirano estado do Paraacute e Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo que envolve crian-ccedilas pertencentes a famiacutelias de baixa renda As viacutetimas tambeacutemsofriam mutilaccedilotildees genitais donde derivou o nome do caso Ape-nas em 2003 12 anos apoacutes o primeiro homiciacutedio foi designadauma forccedila-tarefa para investigar os fatos A indignaccedilatildeo com a natildeo
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investigaccedilatildeo dos fatos e com a sistemaacutetica violaccedilatildeo dos direitosda populaccedilatildeo infantojuvenil do Maranhatildeo levou a denuacutenciaperante a Comissatildeo em 2001 Apoacutes uma seacuterie de reuniotildees de tra-balho procedimentos para uma soluccedilatildeo amistosa iniciaram-se emmarccedilo de 2004 O acordo foi celebrado em dezembro de 2005As medidas acordadas visavam aleacutem da reparaccedilatildeo das famiacutelias dasviacutetimas e do julgamento dos responsaacuteveis agrave formulaccedilatildeo e agraveimplementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave proteccedilatildeo dacrianccedila e do adolescente pelo Estado brasileiro
Finalmente foram escolhidos dois casos de recomendaccedilotildeespela CIDH
7 Caso Maria da Penha vs Brasil trata-se de violecircncia domeacutesticacontra a mulher sofrida por Maria da Penha Maia Fernandespraticada por seu ex-marido que a deixou parapleacutegica com umtiro de arma de fogo Os fatos se deram em 1983 mas 15 anosdepois o processo criminal ainda natildeo havia sido concluiacutedo e oacusado estava na iminecircncia de ser beneficiado com a prescri-ccedilatildeo dos crimes A denuacutencia foi apresentada em 1998 agrave ComissatildeoEm relatoacuterio de 4 de abril de 2001 a CIDH admitiu a peticcedilatildeoe considerou ter ocorrido violaccedilatildeo aos direitos de proteccedilatildeo judi-cial e integridade Recomendou ao Brasil que promovessedentre outras coisas a conclusatildeo do processo judicial com even-tual responsabilizaccedilatildeo dos envolvidos na demora a indenizaccedilatildeoda viacutetima e a realizaccedilatildeo de poliacuteticas pelo Executivo e peloLegislativo que combatessem a discriminaccedilatildeo contra a mulherespecialmente no tema de violecircncia domeacutestica mediante a cria-ccedilatildeo de uma legislaccedilatildeo especiacutefica
8 Caso Comunidades Indiacutegenas da Bacia do rio Xingu vs Brasil (casoBelo Monte) tratou da construccedilatildeo da Usina Hidreleacutetrica deBelo Monte que afetaria dezenas de povos indiacutegenas na regiatildeoda Volta Grande do Xingu no centro-norte do Brasil Embo-ra o plano para o complexo hidreleacutetrico jaacute existisse desde adeacutecada de 1970 ganhou forccedila na deacutecada de 2000 Diversas ten-tativas do Ministeacuterio Puacuteblico Federal para suspender as obraspor meio de accedilotildees cautelares natildeo evitaram que o processo de
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licenciamento prosseguisse Segundo as entidades peticionaacuteriasno SIDH houve violaccedilatildeo aos direitos agrave vida agrave integridade pes-soal agrave informaccedilatildeo e agrave participaccedilatildeo poliacutetica dos povos indiacutegenasafetados pelo megaempreendimento Em razatildeo disso em 1ordm deabril de 2011 a CIDH outorgou uma medida cautelar para queo Estado brasileiro suspendesse o processo de licenciamento daobra impedisse qualquer obra anterior agrave consulta das popula-ccedilotildees indiacutegenas e adotasse medidas destinadas a garantir a vidae a integridade pessoal dos envolvidos Houve reaccedilatildeo negati-va do governo brasileiro de um lado e apoio da sociedade civilorganizada agrave medida cautelar do outro Posteriormente aCIDH alterou sua decisatildeo para exigir do Brasil a adoccedilatildeo demedidas que garantissem o direito agrave vida e agrave integridade dosindiacutegenas que impedissem problemas de sauacutede nas comunida-des e que finalizassem com rapidez a demarcaccedilatildeo das terrasancestrais daqueles povos
Tendo em vista a escassez de pesquisas acadecircmicas empiacutericas noBrasil sobre este objeto as anaacutelises foram baseadas primordialmen-te nos discursos dos atores envolvidos nos processos perante aCIDH e a Corte Interamericana Entre os entrevistados estatildeo inte-grantes de oacutergatildeos do Estado responsaacuteveis pela implementaccedilatildeo taiscomo o Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores (MRE) a Secretaria deDireitos Humanos (SDH) a Advocacia-Geral da Uniatildeo (AGU)bem como membros de entidades de proteccedilatildeo de direitos huma-nos que levaram as demandas agrave Comissatildeo Interamericana ou queparticiparam de alguma forma perante a Corte IDH Os entrevistados foram selecionados por estarem envolvidos
diretamente nos casos ou por representarem instituiccedilotildees envolvidascom as temaacuteticas e com o processo de judicializaccedilatildeo do conflito dis-cutido perante o Sistema Interamericano Os uacuteltimos foram em suamaior parte aqueles indicados por sua proacutepria instituiccedilatildeo Optamospor resguardar a identidade de todos No total foram realizadas 15 entrevistas ao longo de um semes-
tre que seguiram um roteiro semiestruturado especiacutefico para cadaum dos casos partindo de trecircs eixos centrais
(1) o contexto poliacutetico no qual se insere o caso
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(2) as funccedilotildees institucionais da respectiva entidade na implementa-ccedilatildeo do caso e
(3) os obstaacuteculos enfrentados no processo de implementaccedilatildeo
A despeito da relevacircncia das entrevistas o objeto do estudo natildeose resume a uma coleccedilatildeo de percepccedilotildees Sua funccedilatildeo foi a de obterinformaccedilotildees relevantes a respeito de fatos e interaccedilotildees incapazes deserem obtidas por meio da anaacutelise documental e de miacutedia
2 O BRASIL NO SIDHComparado a outros paiacuteses da regiatildeo como Colocircmbia Meacutexico Perue Argentina o Brasil tem uma presenccedila menor de incidecircncia entreos casos do SIDH Segundo as uacuteltimas estatiacutesticas da Comissatildeo Inte-ramericana de Direitos Humanos enquanto foram encaminhadasquase 100 denuacutencias contra o Brasil no ano de 2012 esse nuacutemerochegou a quase 400 contra a Colocircmbia 450 contra o Meacutexico 200contra o Peru e cerca de 180 contra Argentina6
Segundo levantamento feito a partir do site da Comissatildeosomente 17 relatoacuterios de meacuterito com recomendaccedilotildees contra o Bra-sil foram publicados e apenas duas soluccedilotildees amistosas celebradasentre 1996 e 20127 Aleacutem disso houve 30 medidas cautelares e 66decisotildees de admissibilidade Completa o quadro a existecircncia deuma visita in loco no paiacutes cujo informe foi publicado em 1997 ea supervisatildeo em 1999Os casos que envolvem o Estado brasileiro no acircmbito da Corte
Interamericana de Direitos Humanos tambeacutem satildeo poucos Ao todoforam 5 casos contenciosos e outras 5 medidas provisionais entre1996 e 2012 Apenas para comparaccedilatildeo a Argentina possui 13 casoscontenciosos e 4 medidas provisionais a Colocircmbia 13 casos con-tenciosos e 15 medidas provisionais o Meacutexico 7 casos contenciosose 10 medidas provisionais e o Peru 26 casos contenciosos e 13medidas provisionais segundo dados do site da Corte8
Em relaccedilatildeo agraves violaccedilotildees de direitos humanos mais indicadasnos casos que envolvem o Brasil nos relatoacuterios de meacuterito peran-te a CIDH foram recorrentes violaccedilotildees aos arts 4 (direito agrave vida)5 (direito agrave integridade fiacutesica) 8 (direito agrave proteccedilatildeo judicial) e 25
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(direito agrave garantia judicial) da Convenccedilatildeo Interamericana sobreDireitos Humanos Nos casos contenciosos perante a Corte IDHverificou-se o mesmo padratildeo Em relaccedilatildeo agraves medidas cautelares naComissatildeo levando-se em consideraccedilatildeo que apenas violaccedilotildees espe-ciacuteficas suscitam o cabimento de medidas cautelares (direito agrave vidae agrave integridade por exemplo) esses direitos foram os mais invo-cados nesse acircmbito Por fim sobre as medidas provisionais quasetodas tiveram por fundamento o direito agrave vida e agrave integridade depresos bem como o dever de proteccedilatildeo pelo EstadoNo conjunto os temas satildeo variados No acircmbito dos relatoacuterios
de meacuterito da CIDH conflito fundiaacuterio (5 casos) e violecircncia poli-cial (10 casos) satildeo os mais presentes mas puderam ser identificadostambeacutem casos de tortura investigaccedilatildeo de assassinato discrimina-ccedilatildeo racial liberdade de expressatildeo e violecircncia domeacutestica No acircmbitodas medidas cautelares o perfil se altera para privilegiar temas rela-tivos ao sistema carceraacuterio (10 casos) ameaccedila a povos indiacutegenas (3casos) e proteccedilatildeo a ativistas de direitos humanos testemunhas ououtras pessoas (17 casos) No tocante aos casos contenciosos daCorte IDH houve um sobre conflito fundiaacuterio um sobre investi-gaccedilatildeo de assassinato um sobre tortura um sobre anistia e um sobreviolaccedilatildeo agrave intimidade (interceptaccedilotildees telefocircnicas) Finalmente emrelaccedilatildeo agraves medidas provisionais foram quatro sobre sistema carce-raacuterio e uma sobre anistiaNo que diz respeito agrave natureza das medidas presentes nas reco-
mendaccedilotildees ou nas condenaccedilotildees verifica-se uma distribuiccedilatildeo bastanteequilibrada entre decisotildees com medidas de indenizaccedilatildeo (17 relatoacute-rios de meacuterito e 4 casos contenciosos) de satisfaccedilatildeo (17 relatoacuteriosde meacuterito e 4 casos contenciosos) e garantias de natildeo repeticcedilatildeo (15relatoacuterios de meacuterito e 2 casos contenciosos)9 Dada a natureza pecu-liar das medidas cautelares e das medidas provisionais elas natildeoentraram no cocircmputo apresentadoNo tocante agrave supervisatildeo de cumprimento pela Comissatildeo com
referecircncia agraves soluccedilotildees amistosas e aos relatoacuterios de meacuterito publi-cados entre 2000 e 2011 a Comissatildeo apresentou a supervisatildeo dasdecisotildees anteriores uma totalmente cumprida10 oito parcialmentecumpridas11 e quatro pendentes de cumprimento12-13 Natildeo foi publi-cado o estado de cumprimento de seis relatoacuterios de meacuterito de 1998e 2000 mas haacute notiacutecia de que pelo menos um teve recomendaccedilotildees
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cumpridas14 Tambeacutem haacute uma seacuterie de outros casos que emboratenham sido cumpridos natildeo tiveram seus relatoacuterios publicados eportanto natildeo entraram nessa consideraccedilatildeo15 Por fim natildeo haacute um rela-toacuterio consistente sobre o cumprimento das medidas cautelares (videApecircndice)No acircmbito da Corte IDH dos cinco casos contenciosos um natildeo
gerou condenaccedilotildees (caso Nogueira de Carvalho e outro vs Brasil) umfoi considerado totalmente cumprido (caso Escher e outros vs Brasil)dois foram considerados parcialmente cumpridos (casos Damiatildeo Xime-nes Lopes vs Brasil e Garibaldi vs Brasil) e um ainda natildeo possuimanifestaccedilatildeo da Corte acerca do cumprimento (caso Julia Gomes Lunde outros vs Brasil ndash caso ldquoGuerrilha do Araguaiardquo) Das cinco medidasprovisionais por sua vez trecircs foram arquivadas por cumprimento(caso Penitenciaacuteria Urso Branco caso Penitenciaacuteria de Araraquara e casoComplexo do Tatuapeacute da Febem) uma foi considerada parcialmente cum-prida (caso Unidade de Internaccedilatildeo Socioeducativa) e outra foi rejeitadapela Corte (caso Julia Gomes Lund)Como pode ser visto o pequeno nuacutemero de casos do Brasil no
SIDH natildeo permite traccedilar conclusotildees preacutevias sobre os tipos maisrecorrentes (quais as viacutetimas tiacutepicas quais satildeo as violaccedilotildees e comosatildeo enquadradas nas normas da convenccedilatildeo etc) tampouco sobre ograu de implementaccedilatildeo normalmente atingido pelo paiacutes Por issoainda que haja estudos que apontem para uma relaccedilatildeo entre tipos demedidas e um maior ou menor grau de implementaccedilatildeo16 natildeo seriapossiacutevel tirar conclusotildees dessa natureza no contexto brasileiro Con-tudo a anaacutelise qualitativa que seraacute explorada a seguir apontou paraalguns fatores que podem estar relacionados agrave maior ou menorimplementaccedilatildeo das medidas seratildeo enfocados a apropriaccedilatildeo da deci-satildeo pelos segmentos envolvidos a definiccedilatildeo da agenda puacuteblica etambeacutem as repercussotildees das condenaccedilotildees ou recomendaccedilotildees
3 O CAMINHO DAS DECISOtildeES CONTRA O ESTADO BRASILEIRONo Brasil natildeo haacute regulaccedilatildeo formal abrangente da implementa-ccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeo e de condenaccedilatildeo oriundas doSIDH Nenhum dos projetos legislativos voltados a uma organi-zaccedilatildeo miacutenima de implementaccedilatildeo chegou a ser aprovado17
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Recentemente contudo o III Programa Nacional de DireitosHumanos trouxe um objetivo estrateacutegico especiacutefico relacionado aotema sob o nome ldquoMonitoramento dos compromissos internacionaisassumidos pelo Estado brasileiro em mateacuteria de Direitos HumanosrdquoNele se destacam as seguintes accedilotildees
a) Elaborar relatoacuterio anual sobre a situaccedilatildeo dos DireitosHumanos no Brasil em diaacutelogo participativo com asociedade civilResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores[] e) Definir e institucionalizar fluxo de informaccedilotildees comresponsaacuteveis em cada oacutergatildeo do Governo Federal referentesaos relatoacuterios da Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos e agraves decisotildees da Corte Interamericana deDireitos HumanosResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exterioresf) Criar banco de dados puacuteblico sobre todas asrecomendaccedilotildees dos sistemas ONU e OEA feitas ao Brasilcontendo as medidas adotadas pelos diversos oacutergatildeospuacuteblicos para seu cumprimentoResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores
Esse programa foi instituiacutedo em dezembro de 2009 com altera-ccedilotildees em 201018 e fixa um roteiro de atuaccedilatildeo para o Poder Puacuteblicoem mateacuteria de direitos humanos Estaacute declarada nesse instrumentoa disposiccedilatildeo de institucionalizarem-se os procedimentos paraimplementaccedilatildeo das medidas impostas ao paiacutes pelo Sistema Intera-mericano consubstanciada em objetivos que devem ser perseguidospelo governo brasileiroPor conta da falta de uma predefiniccedilatildeo institucional e normati-
va especiacutefica sobre quais oacutergatildeos deveriam lidar com os casos contrao Brasil no SIDH uma divisatildeo de tarefas foi feita ao longo dotempo em sua maioria pelos proacuteprios oacutergatildeos os quais pelo con-junto de suas funccedilotildees preacutevias se viram responsaacuteveis por algum tipo
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de envolvimento O Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores a Secretariade Direitos Humanos e a Advocacia-Geral da Uniatildeo se destacaramformando o grupo que tomou para si as defesas brasileiras e a imple-mentaccedilatildeo das medidas de recomendaccedilatildeo e condenaccedilatildeoParalelamente o pagamento de indenizaccedilotildees por parte do Estado
brasileiro teve um desenvolvimento especiacutefico e sua concretizaccedilatildeo foiestruturada a partir de rubricas (categorias) especiacuteficas no Orccedilamen-to da Uniatildeo Trata-se de uma questatildeo que foi institucionalizada paraatender reparaccedilotildees oriundas de decisotildees tomadas pelo SIDH
31 PODER EXECUTIVO FEDERAL ATORES E COMPETEcircNCIA
Conforme jaacute mencionado anteriormente o grupo principal deoacutergatildeos que tomou para si as defesas brasileiras e a implementa-ccedilatildeo das medidas de recomendaccedilatildeo e condenaccedilatildeo eacute composto deMinisteacuterio das Relaccedilotildees Exteriores (MRE) Secretaria de Direi-tos Humanos (SDH) e Advocacia-Geral da Uniatildeo (AGU) O MREeacute um oacutergatildeo poliacutetico de auxiacutelio ao Presidente da Repuacuteblica cujasaacutereas de competecircncia abrangem atividades de poliacutetica internacio-nal e relaccedilotildees internacionais19 Eacute a Divisatildeo de Direitos Humanosdo MRE que faz a intermediaccedilatildeo das comunicaccedilotildees com o SIDHem todas as fases de um casoA SDH oacutergatildeo responsaacutevel por poliacuteticas de implementaccedilatildeo dos
direitos humanos20 fazia parte da estrutura do Ministeacuterio da Justiccedilaateacute 199921 ano em que passou a se reportar diretamente agrave Presidecircn-cia da Repuacuteblica Geralmente a notiacutecia de denuacutencia eacute recebida peloMRE e repassada para a SDH cuja Assessoria Internacional busca acomunicaccedilatildeo com os atores envolvidos no caso concreto Por fim a AGU eacute a instituiccedilatildeo responsaacutevel pelo assessoramento
juriacutedico ao Poder Executivo tanto de forma consultiva quanto con-tenciosa22 Ela costuma auxiliar a SDH e o MRE tanto na defesabrasileira quanto na implementaccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeoe de condenaccedilatildeo Esses trabalhos satildeo concentrados no seu Depar-tamento Internacional Atualmente a instituiccedilatildeo eacute sempre notificadapara atuar nas fases preliminares dos casos no SIDHSe o caso jaacute avanccedilou para o relatoacuterio com recomendaccedilotildees eacute a SDH
que organiza internamente o conteuacutedo da defesa do Estado satildeo fei-tas tentativas de contato com o ente federado no qual ocorreu a
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violaccedilatildeo com o objetivo de fomentar um processo de soluccedilatildeo amis-tosa Se o caso vai para a Corte Interamericana o Itamaraty (oacutergatildeodiplomaacutetico) a SDH e a AGU atuam de forma conjunta como umnuacutecleo de defesa eventualmente com a participaccedilatildeo de outros oacutergatildeosrelevantes a depender de cada caso
32 O QUADRO DINAcircMICO APRENDIZADO E CONFLITO ENTRE INSTITUICcedilOtildeES
Ao longo da experiecircncia brasileira com os casos do SIDH houveum processo de modificaccedilatildeo nas atribuiccedilotildees inicialmente realizadaspor cada oacutergatildeo em parte por um processo de aprendizado institu-cional mas tambeacutem como resultado de disputas poliacuteticas ligadas aomodo pelo qual o Brasil se apresenta perante o SIDHEacute possiacutevel identificar trecircs grandes periacuteodos de dinacircmica entre as
instituiccedilotildees O primeiro diz respeito aos dois primeiros casos doBrasil perante a Corte IDH (casos Damiatildeo Ximenes Lopes e GilsonNogueira de Carvalho ambos de 2006) o segundo acompanha as con-denaccedilotildees dos casos Escher e Garibaldi (ambos de 2009) enquanto oterceiro periacuteodo equivale agraves deliberaccedilotildees da Corte entre os casosJulia Gomes Lund (2010) e Belo Monte (2012)
321 PRIMEIRO PERIacuteODO CASOS DAMIAtildeO XIMENES LOPES E GILSON NOGUEIRA DE CARVALHONo caso Damiatildeo Ximenes Lopes foram dados os primeiros passosquanto aos procedimentos gerais a serem adotados diante de accedilotildeescontra o paiacutes na Corte Interamericana visto que se tratou da pri-meira condenaccedilatildeo brasileira na Corte IDH Nele a defesa perantea Corte foi feita por membros da AGU indicados especificamentecomo agentes do Estado Isso se repetiria no caso Gilson Nogueirade Carvalho decidido posteriormente A elaboraccedilatildeo da defesa brasileira por membros da AGU repre-
sentou agrave eacutepoca uma quebra da praacutetica que prevalecia quanto agravedivisatildeo informal de funccedilotildees entre MRE SDH e AGU para atua-ccedilatildeo no SIDH que ocorria apenas perante a Comissatildeo Ateacute entatildeoa SDH agia em conjunto com o MRE em especial na fase deproduccedilatildeo do relatoacuterio de meacuterito da Comissatildeo buscando fomen-tar soluccedilotildees amistosas e prestando informaccedilotildees em prol da defesado Estado
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Desde o ano 2000 a AGU jaacute tinha em sua estrutura interna umaaacuterea internacional Assim em 2004 o caso Damiatildeo Ximenes Lopeschegou agrave divisatildeo internacional do oacutergatildeo que passou a atuar comvisitas agrave cidade onde ocorreram os fatos e contato direto com osatores do Poder Judiciaacuterio Justamente por ter atuado desde o iniacute-cio como representante do Estado no caso a AGU assumiu um papelcentral na fase de implementaccedilatildeo das medidas de condenaccedilatildeo23
Outro ponto que se relaciona com a experiecircncia de ter sido oprimeiro caso brasileiro de condenaccedilatildeo eacute o das medidas de paga-mento de indenizaccedilatildeo agraves viacutetimas No caso Damiatildeo Ximenes Lopesa condenaccedilatildeo do Brasil ao pagamento de indenizaccedilotildees fez neces-saacuteria a articulaccedilatildeo entre os oacutergatildeos internos para decisatildeo de comose daria a praacutetica dessa implementaccedilatildeo24
Verificou-se no tocante agrave implementaccedilatildeo das decisotildees da CorteInteramericana que a Secretaria de Direitos Humanos buscava con-vencer os oacutergatildeos estaduais relacionados ao caso sobre a necessidadede modificaccedilotildees nas poliacuteticas ligadas ao tema da violaccedilatildeo Contudoquando a medida se relacionava agraves atividades da Justiccedila brasileirahavia dificuldades nesse esforccedilo de convencimento Isso foi cons-tatado no caso Damiatildeo Ximenes Lopes que tinha em seu cerne aquestatildeo de funcionamento das instituiccedilotildees judiciaacuterias e exigia aatuaccedilatildeo preponderante dos oacutergatildeos judiciais para a sua implementa-ccedilatildeo Assim iniciou-se a praacutetica de a AGU atuar mais diretamentejunto ao Judiciaacuterio por sua facilidade de articulaccedilatildeo com atoresdesse Poder25 Na eacutepoca foram feitas diversas visitas de apuraccedilatildeodo oacutergatildeo junto agrave SDH e conversas com os juiacutezes responsaacuteveis paratentativas de apuraccedilatildeo dos motivos da demora Ainda que tenha havido tais tentativas os tracircmites das accedilotildees
continuaram lentos em grande parte por causa da ineficaacutecia daabordagem poliacutetica habitual de convencimento com os atores doJudiciaacuterio Seraacute visto em espaccedilo proacuteprio que esse problema foi miti-gado posteriormente em razatildeo do papel de um programa de umquarto ator o Conselho Nacional de Justiccedila (CNJ) oacutergatildeo criadoem 2004 e responsaacutevel por ser a mais alta instacircncia administrativado Poder Judiciaacuterio brasileiro (toacutepico 34 infra)Em siacutentese durante o primeiro caso de condenaccedilatildeo do Brasil na
Corte Interamericana de Diretos Humanos houve um rearranjo depapeacuteis para a apresentaccedilatildeo das manifestaccedilotildees brasileiras no SIDH
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A AGU assumiu um papel central na defesa juriacutedica do caso levan-do um de seus integrantes para a defesa brasileira no Tribunal ASecretaria passou a ter papel de apoio organizacional com relaccedilatildeoaos atores envolvidos no caso e agraves informaccedilotildees relevantes O MREpor sua vez conservou sua posiccedilatildeo de mediador das manifestaccedilotildeespara fora da Corte Segundo relatos das entrevistas havia um relati-vo concerto dos trecircs oacutergatildeos com relaccedilatildeo a como deveriam atuar emcada uma de suas funccedilotildees Isso se repetiria no caso Gilson Nogueirade Carvalho ndash em que o Estado foi absolvido por falta de provas
322 SEGUNDO PERIacuteODO CASOS ESCHER E OUTROS E GARIBALDIEm um segundo momento da dinacircmica institucional a defesa brasi-leira na Corte passou a ser feita pelo Embaixador do Brasil na CostaRica Essa troca teria relaccedilatildeo com o tom marcado pelo Brasil em suasdefesas se antes as manifestaccedilotildees da SDH eram mais inseridas nodiscurso de proteccedilatildeo das viacutetimas no acircmbito da AGU as defesasganhavam um caraacuteter mais teacutecnico marcado por argumentos juriacutedi-cos A passagem para uma maior atuaccedilatildeo do MRE mudaria o vieacutes dedefesa para a esfera poliacutetica Assim a nova divisatildeo funcional informal ndash fruto das dinacircmicas
dos proacuteprios oacutergatildeos entre si ndash passou a estabelecer que a AGU atua-ria principalmente na defesa brasileira na fase de admissibilidadeEnquanto o MRE cuidaria do restante das manifestaccedilotildees brasileirasa Secretaria ficou responsaacutevel principalmente pela (i) coordenaccedilatildeocom atores internos para recolhimento de informaccedilotildees uacuteteis agraves mani-festaccedilotildees brasileiras e (ii) busca de diaacutelogo entre os oacutergatildeos e viacutetimaspara tentar soluccedilotildees amistosas e implementaccedilotildees de medidas de reco-mendaccedilatildeo ou condenaccedilatildeo Essa divisatildeo natildeo era impermeaacutevel cadaum dos oacutergatildeos teria a possibilidade de influenciar ou informar a ati-vidade do outro Havia contudo uma visiacutevel prevalecircncia de cada umdos oacutergatildeos nas funccedilotildees indicadas
323 TERCEIRO PERIacuteODO CASOS JULIA GOMES LUND E BELO MONTENo caso Julia Gomes Lund ocorreu uma polarizaccedilatildeo entre as posi-ccedilotildees assumidas internamente pela AGU e pela SDH A Secretariaposicionou-se a favor das viacutetimas enquanto a AGU defendeu a Lei
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de Anistia brasileira perante o STF Ante a essa situaccedilatildeo o MREpassou a concentrar todas as manifestaccedilotildees brasileiras no caso emconcerto com a Casa Civil Situaccedilatildeo similar ocorreu no caso BeloMonte cujas manifestaccedilotildees foram concentradas pelo MRE e pelaCasa Civil por conta da sensibilidade poliacutetica do caso para a poliacute-tica federalDiante dessas consideraccedilotildees percebe-se que ao longo dos anos
houve certo processo de aprendizado institucional sobre como lidarcom o sistema interamericano com tentativas de adaptaccedilatildeo contiacutenuaNo entanto fica evidente que a proacutepria interaccedilatildeo entre os principaisoacutergatildeos envolvidos se baseia em seus interesses poliacuteticos e em suascapacidades de manobra Isso se evidencia ainda mais com a suces-satildeo de casos mediante a maior concentraccedilatildeo da defesa brasileira nasmatildeos do MRE e a colocaccedilatildeo da AGU e da SDH em posiccedilotildees novas
33 PAGAR AS VIacuteTIMAS UM DESENVOLVIMENTO Agrave PARTE
Desde 2004 o Estado brasileiro possui uma parte do orccedilamento fede-ral destinada especificamente ao pagamento de indenizaccedilotildees queresultam do reconhecimento da violaccedilatildeo de tratados internacionaisde direitos humanos Trata-se da dotaccedilatildeo denominada ldquoPagamentode indenizaccedilatildeo a viacutetimas de violaccedilatildeo das obrigaccedilotildees contraiacutedas pelauniatildeo por meio da adesatildeo a tratados internacionaisrdquo26
Em 1993 governo e sociedade civil haviam se mobilizado paradefinir uma agenda nacional para a Conferecircncia Mundial de Direi-tos Humanos Em 1996 como resultado desses esforccedilos e daDeclaraccedilatildeo e Programa de Accedilatildeo de Viena (adotada na Conferecircncia)foi criado o Programa Nacional de Direitos Humanos no Brasilsegundo o qual os direitos humanos deveriam ser tratados comoobjeto de poliacutetica puacuteblica27 Na sua vertente orccedilamentaacuteria a articu-laccedilatildeo das diversas propostas de accedilotildees governamentais refletiu-se noprograma ldquoPromoccedilatildeo e garantia dos direitos humanosrdquo entre 1996e 1999 e no seu aprimoramento por meio do programa ldquoDireitosHumanos Direitos de Todosrdquo (DHDT) vinculado ao Ministeacuterio daJusticcedila e presente nos orccedilamentos brasileiros a partir de 1999Em 2002 apoacutes revisatildeo do plano original criou-se o 2ordm Progra-
ma Nacional de Direitos Humanos no Brasil28 Em sua introduccedilatildeoressaltou-se que
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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A criaccedilatildeo da Secretaria de Estado dos Direitos Humanosno acircmbito do Ministeacuterio da Justiccedila possibilitou oengajamento efetivo do Governo Federal em accedilotildees voltadaspara a proteccedilatildeo e promoccedilatildeo de direitos humanos As metasdo PNDH foram em sua maioria sendo incorporadas aosinstrumentos de planejamento e orccedilamento do GovernoFederal convertendo-se em programas e accedilotildees especiacuteficascom recursos financeiros assegurados nas LeisOrccedilamentaacuterias Anuais conforme determina o PlanoPlurianual (PPA)
O Anexo II do documento trouxe a ampliaccedilatildeo de uma seacuterie deprogramas governamentais que jaacute estavam previstos nos orccedilamen-tos dos anos anteriores em razatildeo do DHDT Contudo nenhumaaccedilatildeo foi prevista para os objetivos estrateacutegicos relativos agrave diretrizldquoInserccedilatildeo nos sistemas internacionais de proteccedilatildeordquo tais como a ado-ccedilatildeo de medidas para cumprimento dos compromissos assumidos emtratados internacionais o fortalecimento da cooperaccedilatildeo com o sis-tema regional de proteccedilatildeo e a promoccedilatildeo de soluccedilotildees amistosas noacircmbito da Comissatildeo Interamericana de Direitos HumanosPor ocasiatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria para os anos de 2004
a 200729 reconheceu-se no plano gerencial do programa DHDTa necessidade de que houvesse uma previsatildeo expliacutecita para as inde-nizaccedilotildees agraves viacutetimas de violaccedilotildees de direitos humanos Estrateacutegiasde sustentabilidade para o programa foram indicadas tendo emvista a relaccedilatildeo com outros atores Uma das relaccedilotildees indicadas foia influecircncia da Comissatildeo da Corte Interamericana de DireitosHumanos e da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos para a desti-naccedilatildeo dos recursos ao pagamento dessas indenizaccedilotildees30
Os oacutergatildeos federais verificaram essa carecircncia apoacutes se esforccedilarempara cumprir a primeira soluccedilatildeo amistosa envolvendo o Brasil (casoJoseacute Pereira) que em se tratando de mateacuteria de competecircncia daUniatildeo (combate a trabalho escravo) retirava o dever de indenizarda esfera estadual31 Percebeu-se que o pagamento de indenizaccedilatildeopor meio de lei era mais trabalhoso e demorado Por isso a fixa-ccedilatildeo de uma parte do orccedilamento federal destinada exclusivamentea essas indenizaccedilotildees possibilitaria agrave Presidecircncia pagaacute-las por meiode um simples decreto presidencial
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Nesse contexto a Lei Orccedilamentaacuteria Anual brasileira de 2004previu pela primeira vez uma accedilatildeo intitulada ldquoPagamento de inde-nizaccedilatildeo a viacutetimas de violaccedilatildeo das obrigaccedilotildees contraiacutedas pela Uniatildeopor meio da adesatildeo a tratados internacionais de proteccedilatildeo dos direi-tos humanosrdquo subordinada ao programa DHDT32 A descriccedilatildeo dessaaccedilatildeo governamental reproduziu em grande medida o que jaacute fica-ra estabelecido nos objetivos estrateacutegicos do 2ordm Programa Nacionalde Direitos Humanos33
Estabeleceu-se assim uma ampla finalidade para a dotaccedilatildeo con-sistente no pagamento de indenizaccedilotildees natildeo apenas no acircmbito dosistema regional de proteccedilatildeo dos direitos humanos (OEA) comotambeacutem no acircmbito do sistema global (ONU) Atribuiu-se essa tare-fa ao Gabinete da Secretaria Especial de Direitos HumanosEm consequecircncia dessa inovaccedilatildeo entre 2004 e 2013 anualmen-
te a lei orccedilamentaacuteria passou a destinar um valor para que a SDHpudesse pagar as despesas com indenizaccedilotildees arbitradas tanto naONU como no SIDH por violaccedilotildees de tratados de direitos huma-nos em vigor para o Brasil
34 PROGRAMA ldquoJUSTICcedilA PLENArdquo IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS MEDIDAS DE GARANTIA E ACESSO Agrave JUSTICcedilAEacute importante destacar tambeacutem a criaccedilatildeo do programa ldquoJusticcedilaPlenardquo pelo CNJ34 como um passo importante em prol da imple-mentaccedilatildeo das medidas relacionadas ao acesso agrave justiccedila35 Ainda quenatildeo oficialmente vinculado agrave implementaccedilatildeo das decisotildees do SIDHna praacutetica o programa apresentou-se como uma boa possibilidadede monitoramento das accedilotildees judiciais que suscitaram os casos leva-dos ao sistema interamericano O programa ldquoJusticcedila Plenardquo surgiu em 2010 com o objetivo de
monitorar e aumentar a transparecircncia de ldquocasos de grande reper-cussatildeo socialrdquo Aqueles indicados pelas entidades participantes satildeoobjeto de relatoacuterios puacuteblicos que buscam apurar o andamento pro-cessual e possiacuteveis demoras injustificadas O programa tem o pontopositivo de trazer agrave visibilidade puacuteblica casos que do contraacuterio fica-riam limitados aos acircmbitos locais e por isso mais sensiacuteveis agravesdisputas de poder e agrave corrupccedilatildeo36
Entre as instituiccedilotildees participantes do programa do CNJ estaacute aSDH que passou a solicitar o acompanhamento das accedilotildees que em
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razatildeo do seu tracircmite demorado levaram ou poderiam levar a san-ccedilotildees pela Comissatildeo ou pela Corte IDH37 Ainda que houvesse jaacutecolaboraccedilatildeo entre o CNJ e a SDH anteriormente este oacutergatildeo pas-sou a contar com o programa como fator importante no diaacutelogocom o Poder Judiciaacuterio atenuando em parte o problema aponta-do anteriormente de dificuldade de convencimento dos atoresnecessaacuterios para a implementaccedilatildeo das medidas Verificou-se que a accedilatildeo civil e a accedilatildeo penal no caso Damiatildeo
Ximenes Lopes as accedilotildees no caso Escher e outros e as accedilotildees no casoGaribaldi por exemplo foram indicadas pela SDH para o pro-grama Atualmente qualquer pessoa pode verificar no sistema doprograma ldquoJusticcedila Plenardquo disponiacutevel na internet as informaccedilotildeesprestadas pelos Tribunais de Justiccedila do Cearaacute e do Paranaacute sobreos casos
4 TEMAS SUJEITOS E CONJUNTURA COMO EM CADA CASO A IMPLEMENTACcedilAtildeO FOI FAVORECIDA OU DIFICULTADA Como jaacute destacado no toacutepico 3 a estrutura de implementaccedilatildeo bra-sileira natildeo eacute fixada institucionalmente e os oacutergatildeos que cuidam delana praacutetica precisam a cada caso desenvolver um esforccedilo poliacutetico decooperaccedilatildeo com os oacutergatildeos locais diretamente relacionados agrave imple-mentaccedilatildeo das medidas especiacuteficas a cada uma das violaccedilotildees excetonos caso de pagamento de indenizaccedilotildees impostas pela Corte ou emtemas de competecircncia exclusivamente federal Assim a implemen-taccedilatildeo se torna dependente da vontade poliacutetica dos atores engajadosem posiccedilotildees relevantes nos oacutergatildeos centrais do Governo Federalencarregados da situaccedilatildeo (MRE SDH e AGU) bem como dos ato-res que ocupam cargos relevantes para uma concretizaccedilatildeo direta dasdecisotildees do SIDH como os membros legisladores promotorespuacuteblicos juiacutezes ou membros dos governos estaduais Neste toacutepico desenvolvemos as anaacutelises da implementaccedilatildeo das
recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees oriundas do SIDH levando em conta(i) a existecircncia de uma agenda poliacutetica puacuteblica em andamento aotempo da decisatildeo (ii) a dependecircncia de poderes autocircnomos comogovernos locais Ministeacuterio Puacuteblico e Judiciaacuterio (iii) violaccedilotildees quedecorrem de agendas poliacuteticas do Estado e (iv) dificuldades em dar
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impacto coletivo a decisotildees altamente individualizadas proferidaspela Corte ou pela Comissatildeo
41 QUANDO JAacute HAacute AGENDA DE POLIacuteTICA
PUacuteBLICA DO ESTADO BRASILEIRO
Alguns dos casos estudados trazem indiacutecios de que a existecircncia deagenda de poliacutetica puacuteblica estabelecida previamente agrave recomenda-ccedilatildeo ou condenaccedilatildeo do SIDH em qualquer dos niacuteveis federativosfacilitara sua implementaccedilatildeo O primeiro litiacutegio brasileiro na Corte Interamericana o caso
Damiatildeo Ximenes Lopes ilustra essa reflexatildeo Desde o momento do pro-cessamento do caso na Corte IDH ficou claro na defesa do Estadobrasileiro que havia uma poliacutetica de reforma do sistema psiquiaacutetricojaacute em andamento no momento em que aconteceu a morte da viacutetimaEacute mencionado nos depoimentos que o fechamento da Casa deRepouso dos Guararapes onde havia falecido Damiatildeo Ximenes foium marco que impulsionou essa reforma38
A Conferecircncia Nacional da Sauacutede Mental ocorrida em 1992 eacuteapontada como um dos marcos de reorientaccedilatildeo do tratamento psi-quiaacutetrico no Brasil39 A Lei federal n 102162001 pretendia trazeravanccedilos inaugurando a reforma psiquiaacutetrica no paiacutes Luiz OdoricoMonteiro de Andrade afirmou em seu depoimento que
A partir do dia 1ordm de janeiro de 1997 comeccedilaram uma seacuterie dereestruturaccedilotildees administrativas no acircmbito do Municiacutepio paraajustar as poliacuteticas do Sistema Uacutenico de Sauacutede em varias aacutereasNo final de 1998 jaacute havia um Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial(CAPS) que brinda atendimento ambulatorial e atenccedilatildeo diaacuteriaa pacientes com deficiecircncias mentais Esse sistema evoluiu e hoje jaacute existe o tratamento de pacientes com deficiecircnciasmentais agudas na aacuterea de sauacutede mental em hospital geralExiste tambeacutem um CAPS para transtornos na aacuterea geral e um para pessoas com problemas na aacuterea de alcoolismo edrogadiccedilatildeo Recentemente inaugurou-se um CAPS com onome do senhor Damiatildeo Ximenes Lopes para homenageaacute-lo40
Esse processo de mudanccedila nas poliacuteticas tambeacutem aparece nodepoimento de Pedro Gabriel Godinho Delgado entatildeo Coordenador
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Nacional do Programa de Sauacutede Mental do Ministeacuterio da SauacutedeSegundo Godinho ateacute entatildeo haviam sido tomadas vaacuterias medidas parafortalecer as redes extra-hospitalares Assim ainda que seja possiacutevel questionar o grau de efetividade
das poliacuteticas federais legisladas jaacute havia agrave eacutepoca da condenaccedilatildeo bra-sileira uma movimentaccedilatildeo a favor do sistema de tratamento mentalAteacute por isso parece ter sido empregada a expressatildeo ldquocontinuar adesenvolverrdquo no ponto de condenaccedilatildeo relacionado agrave implementaccedilatildeode medidas de melhoria do sistema psiquiaacutetrico Em seus relatoacuteriosde cumprimento de sentenccedila ateacute 2010 a Corte apontou para a neces-sidade do cumprimento desse ponto de sua condenaccedilatildeoHaacute indicaccedilotildees de que o descredenciamento da Casa de Repou-
so Guararapes em 2000 ocorreu por conta da repercussatildeo local damorte de Damiatildeo Ximenes Lopes41 Tambeacutem se desencadeou umprocesso mais acelerado de reforma no sistema psiquiaacutetrico da cida-de por conta da postura proativa de alguns gestores municipais42
A proacutepria condenaccedilatildeo do Brasil no Sistema Interamericano con-tudo teria contribuiacutedo mais ao aumento da publicidade do caso doque para reaccedilotildees diretas de implementaccedilatildeo Como na cidade jaacutehavia um processo de reforma do tratamento psiquiaacutetrico que veioa se mostrar bem-sucedido a condenaccedilatildeo do Brasil na Corte teriaservido mais para um reforccedilo do discurso mais amplo proacute-reformapsiquiaacutetrica do que para a efetiva implementaccedilatildeo da sentenccedila A condenaccedilatildeo tendo sido a primeira do Brasil no SIDH eacute um
marco no discurso da agenda antimanicomial utilizado natildeo soacutepela sociedade civil mas tambeacutem pelo Estado como incentivo dereforma em outras localidades Isso era especialmente importan-te no paiacutes jaacute que as mudanccedilas no sistema de sauacutede dependiammuito da vontade dos poderes locais43 que seriam mais facilmen-te convencidos de um possiacutevel perigo agrave imagem dos dirigentesna hipoacutetese de haver caso semelhante em sua regiatildeo44
Algo semelhante ocorreu no primeiro caso brasileiro de solu-ccedilatildeo amistosa o caso Joseacute Pereira Um fator importante do caso foia realizaccedilatildeo de uma visita in loco pela CIDH durante o periacuteodo emque o caso tramitava Essa visita ocorrida em novembro de 1995teve como um de seus objetos as denuacutencias de trabalho forccediladoespecialmente na regiatildeo sul do Paraacute local das violaccedilotildees que jaacutehaviam sido denunciadas na Comissatildeo De acordo com o relatoacuterio
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produzido apoacutes a visita a Comissatildeo constatou que agravequela eacutepocao Estado brasileiro jaacute havia desenvolvido uma seacuterie de poliacuteticasadministrativas legislativas e policiais voltadas ao combate e repres-satildeo do trabalho em condiccedilotildees anaacutelogas a de escravo45 Entretantoa CIDH recomendou o empenho e comprometimento do governovisando aprofundar e consolidar tais poliacuteticasUma vez alcanccedilado o acordo de soluccedilatildeo amistosa a CIDH pas-
sou a realizar o monitoramento de seu cumprimento em seusrelatoacuterios anuais Segundo o Relatoacuterio Anual de 2012 o acordoencontra-se apenas parcialmente cumpridoPrimeiramente observa-se que as medidas de reconhecimen-
to de responsabilidade e reparaccedilatildeo pecuniaacuteria foram cumpridas depronto A medida de julgamento dos responsaacuteveis permanece emaberto pois o processo se encontra suspenso Entretanto em rela-ccedilatildeo ao caso Joseacute Pereira as observaccedilotildees dos relatoacuterios anuais daCorte enfatizam as medidas legislativas e de fiscalizaccedilatildeo A partir de uma anaacutelise das poliacuteticas puacuteblicas elaboradas pelo
governo brasileiro e de seu esforccedilo para combater o trabalho for-ccedilado nota-se uma possiacutevel influecircncia do caso Joseacute Pereira Comoconsta em estudo da OIT46 antes do caso a entidade jaacute realizavaacompanhamento da situaccedilatildeo do trabalho escravo no paiacutes Segun-do seu estudo depois de 1995 houve uma mudanccedila expressiva noposicionamento do governo se em 1992 na Conferecircncia Inter-nacional do Trabalho o paiacutes negava a existecircncia de trabalhoescravo em 1995 passou a reconhecer oficialmente a existecircnciadessa praacutetica Em 27 de junho de 1995 por meio do Decreto Presidencial n
1538 foi criado o Grupo Executivo de Repressatildeo ao Trabalho For-ccedilado (Gertraf) com a finalidade de coordenar e implementar asprovidecircncias necessaacuterias agrave repressatildeo ao trabalho forccedilado No mesmoano foi criado o Grupo Especial de Fiscalizaccedilatildeo Moacutevel (GMF)composto de equipes de agentes treinados para realizar accedilotildees de fis-calizaccedilatildeo Posteriormente em marccedilo de 2003 foi estabelecido oPlano Nacional para Erradicaccedilatildeo do Trabalho Escravo Pouco depoisem julho foi criada a Comissatildeo Nacional de Erradicaccedilatildeo do Traba-lho Escravo (Conatrae) para acompanhar o cumprimento do planoCom tais iniciativas houve nesse periacuteodo um significativo aumen-to na qualidade dos trabalhos de combate ao trabalho escravo
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Aumentaram os nuacutemeros de operaccedilatildeo de resgate de trabalhadoresde denuacutencias e de trabalhadores resgatadosAo mesmo tempo em que se realizava esse esforccedilo intensivo em
relaccedilatildeo agraves poliacuteticas administrativas houve tambeacutem uma importantemudanccedila legislativa em dezembro de 2003 alterou-se o art 149 doCoacutedigo Penal brasileiro47 Com isso o crime de ldquoreduccedilatildeo agrave condi-ccedilatildeo anaacuteloga agrave de escravordquo tornou-se mais preciso e algumas causasde aumento da pena foram inseridas na codificaccedilatildeo penal brasileira Como fruto dessa intensificaccedilatildeo de poliacuteticas o Ministeacuterio do Tra-
balho e do Emprego tambeacutem se mostrou proativo Em outubro de2004 criou por meio da Portaria n 540 uma lista de nomes deempresas e pessoas autuadas por trabalho escravo Ao entrar na ldquolistasujardquo a pessoa perde o direito a financiamentos puacuteblicos e priva-dos Aleacutem disso houve grande mobilizaccedilatildeo do setor empresarialsendo que mais de 200 grupos formaram um pacto de natildeo realiza-ccedilatildeo de negoacutecios com nomes da lista Mais recentemente em 2008 foi criado o Segundo Plano Nacio-
nal para Erradicaccedilatildeo do Trabalho Escravo que tem tambeacutem comoenfoque a reinserccedilatildeo dos trabalhadores e a prevenccedilatildeo do trabalhoescravo Em 2012 foi aprovada na Cacircmara dos Deputados a possi-bilidade de expropriaccedilatildeo de terras em estabelecimentos onde forconstatada exploraccedilatildeo de matildeo de obra escrava48
Esta trajetoacuteria da implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadasao combate ao trabalho escravo no Brasil eacute representativa do saltoqualitativo da repressatildeo ao trabalho escravo em comparaccedilatildeo agrave daeacutepoca em que ocorreu o caso Mesmo que natildeo seja possiacutevel esta-belecer uma relaccedilatildeo direta de causalidade entre o caso Joseacute Pereirae as poliacuteticas puacuteblicas posteriores tal caso foi citado pelos atoresinteressados como um exemplo para reforccedilar a necessidade de com-bater o problema com mais intensidade49
O caso Maria da Penha tambeacutem encontrou no paiacutes um contex-to de implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas jaacute existentes afinal oBrasil jaacute havia sido reconhecido pela proacutepria Comissatildeo Interame-ricana de Direitos Humanos como um paiacutes que estava na vanguardada resoluccedilatildeo do problema de tratamento discriminatoacuterio contra asmulheres a partir da deacutecada de 1980 Destacaram-se por exemploa criaccedilatildeo do Conselho Estadual sobre a Condiccedilatildeo da Mulher emSatildeo Paulo (1983) a criaccedilatildeo do Conselho Nacional dos Direitos da
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Mulher subordinado ao Ministeacuterio da Justiccedila da Presidecircncia (1985)a incorporaccedilatildeo do combate a esse tipo de violecircncia na ConstituiccedilatildeoBrasileira de 198850 e a criaccedilatildeo das delegacias da mulher de abrigospara mulheres e do ldquoPrograma nacional para prevenir e combater aviolecircncia sexual e domeacutesticardquo (1996)51
Contudo embora a Comissatildeo tenha salientado avanccedilos significa-tivos no tema tambeacutem alertou para as dificuldades tais como acobertura insuficiente dos programas e a impunidade dos agressoresque eram denunciados Em 1999 a entidade analisou o cumprimen-to das recomendaccedilotildees feitas no relatoacuterio anterior e pouco disse sobreos avanccedilos na questatildeo das discriminaccedilotildees contra as mulheres52 Pos-teriormente ao apresentar suas recomendaccedilotildees no caso Maria daPenha considerou os avanccedilos insuficientes para afastar uma conde-naccedilatildeo do paiacutes pelo tratamento discriminatoacuterio das mulheresSob a perspectiva da Comissatildeo entatildeo as recomendaccedilotildees serviram
para tentar suprir as deficiecircncias nas poliacuteticas puacuteblicas brasileiras eafirmar a legislaccedilatildeo internacional sobre o tema das mulheres espe-cialmente a Convenccedilatildeo para prevenir punir e erradicar a violecircnciacontra as mulheres (Convenccedilatildeo de Beleacutem do Paraacute) Essa intenccedilatildeofoi evidenciada por meio de sucessivos relatoacuterios anuais especial-mente entre 2008 e 2011 nos quais a entidade reconheceu osavanccedilos obtidos pelo paiacutes mas destacou a necessidade de desenvol-vimento das poliacuteticas para que se desse integral cumprimento aoponto resolutivo53
Sob a perspectiva dos peticionaacuterios houve ainda outra preocu-paccedilatildeo A articulaccedilatildeo entre os movimentos feministas brasileiros e oCEJIL foi essencial para levar ao SIDH um pleito bastante especiacutefi-co a reforma na legislaccedilatildeo de enfrentamento da violecircncia domeacutesticabrasileira em razatildeo da sua incompatibilidade com a Convenccedilatildeo deBeleacutem do Paraacute54
Em 2002 jaacute era visiacutevel a mobilizaccedilatildeo das organizaccedilotildees natildeogovernamentais para que fosse editada uma lei especiacutefica para com-bater a violecircncia domeacutestica contra as mulheres sendo constituiacutedoinclusive um consoacutercio dessas ONGs55 Para as organizaccedilotildees osproblemas eram principalmente o tratamento da violecircncia domeacutes-tica como crime menos ofensivo e a impunidade dos agressoresque processados natildeo podiam ser presos e recebiam puniccedilotildees muitobrandas como pagamento de cestas baacutesicas agrave viacutetima56 O pleito
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direcionava-se contra a lei que vigorava naquele momento (Leifederal n 909995) que por incidir sobre a violecircncia domeacutesti-ca (art 69 paraacutegrafo uacutenico) aplicava-lhe uma seacuterie de soluccedilotildeesalternativas tais como pagamento de indenizaccedilatildeo suspensatildeo doprocesso e imposiccedilatildeo de penas alternativasO impacto da decisatildeo contudo natildeo foi o esperado em um pri-
meiro momento Houve a necessidade de gerar uma estrateacutegia detrabalho com linhas definidas (a) ministrar o timing na negocia-ccedilatildeo com o Estado e (b) fortalecer a decisatildeo do caso com difusatildeoe reforccedilo de articulaccedilotildees com os novos atores do movimento dasmulheres (natildeo participantes do litiacutegio) a abertura do caso paraos conselhos de advocacia regionais e aumento da empatia como caso57
As entidades encontraram um interlocutor proeminente nogoverno quando ainda em 2003 o oacutergatildeo responsaacutevel pelas poliacuteti-cas puacuteblicas em favor das mulheres no niacutevel federal (ConselhoNacional dos Direitos da Mulher) desvinculou-se do Ministeacuterio daJusticcedila e ganhou status de ministeacuterio criando-se a Secretaria espe-cial de poliacuteticas para mulheres Haacute indicaccedilotildees de que a elevaccedilatildeo dopatamar do oacutergatildeo ao niacutevel ministerial foi um importante avanccedilo paraque ele pudesse articular mais facilmente as poliacuteticas de gecircnero comoutros ministeacuterios e outros Poderes58
Em 2004 foi instituiacutedo o ldquoGrupo de Trabalho Interministerialpara elaborar proposta de medida legislativa e outros instrumen-tos para coibir a violecircncia domeacutestica contra a mulherrdquo por meiodo Decreto federal n 50302004 coordenado exatamente pelaSecretaria (art 2ordm I a) O consoacutercio de ONGs apresentou noacircmbito do Grupo sua proacutepria proposta legislativa jaacute bastanteamadurecida pelas discussotildees anteriores59
Novamente poreacutem os resultados natildeo foram os esperados NaExposiccedilatildeo de Motivos do Projeto de Lei n 45552004 a Secretaacuteriade Poliacuteticas para Mulheres Nilceacutea Freire salientou a participaccedilatildeo doconsoacutercio feminista os instrumentos internacionais para a proteccedilatildeodas mulheres e no que importa a este trabalho as recomendaccedilotildeesno caso Maria da Penha60 No entanto o principal pleito dos movi-mentos feministas natildeo foi atendido e o projeto natildeo contemplou umprocedimento especiacutefico para punir a violecircncia domeacutestica contraas mulheres
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As ONGs entatildeo negociaram apoio da Relatora do projeto emuma das comissotildees da Cacircmara dos Deputados Deputada JandiraFeghali para que o tema fosse amplamente debatido Apoacutes muitasaudiecircncias no paiacutes inteiro a deputada apresentou novo projeto queacolhia integralmente aquilo que as ONGs haviam apresentado em200361 Os parlamentares concluiacuteram o processo legislativo coma ediccedilatildeo da Lei federal n 113402006 que foi aprovada com inte-gral aceitaccedilatildeo pela Secretaria de Poliacuteticas para as Mulheres O fatode essa lei ser conhecida como ldquoLei Maria da Penhardquo evoca natildeoapenas a decisatildeo da CIDH como tambeacutem todo o histoacuterico do casoenvolvendo a senhora Maria da Penha62
Ainda que natildeo seja possiacutevel a relaccedilatildeo de causalidade direta natildeohaacute como negar que a partir do caso poliacuteticas mais efetivas passa-ram a ser implementadas como a criaccedilatildeo de delegacias abrigospara mulheres e planos nacionais a articulaccedilatildeo da Secretaria comos Conselhos Estaduais principalmente a partir de 2006 a submis-satildeo do relatoacuterio brasileiro ao Comitecirc Cedaw da ONU em 2003bem como finalmente as proacuteprias recomendaccedilotildees da OEA63
Assim o caso Maria da Penha inseriu-se no contexto brasileirode duas maneiras De um lado somou-se agraves poliacuteticas puacuteblicas jaacute exis-tentes impulsionando a adoccedilatildeo de novos programas de outro foiuma manifestaccedilatildeo importante a favor do pleito dos movimentosfeministas brasileiros por uma legislaccedilatildeo especiacutefica para o tema Por fim no caso Julia Gomes Lund algumas determinaccedilotildees da
Corte IDH tambeacutem jaacute estavam em pauta no cenaacuterio nacional Den-tre elas estatildeo as relacionadas agrave exigecircncia de medidas que garantamo direito agrave memoacuteria e agrave verdade com vistas a investigar o passadode modo a descobrir sua verdade e conseguir o reconhecimentooficial de seus acontecimentos64
De fato o Estado brasileiro embora tenha sido o protagonistadas violaccedilotildees de Direitos Humanos ocorridas durante o periacuteodode vigecircncia do regime de 1964 tem adotado algumas accedilotildees parazelar pelo direito agrave memoacuteria e agrave verdade Entre elas vale citar porexemplo a aprovaccedilatildeo da Lei federal n 9140 de 4 de dezembrode 1995 que reconheceu a responsabilidade do Estado brasileiropela morte de opositores ao regime de 1964 Essa Lei criou umaComissatildeo Especial que posteriormente foi denominada ComissatildeoEspecial sobre Mortos e Desaparecidos Poliacuteticos65 com atribuiccedilotildees
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que vatildeo desde o reconhecimento de pessoas desaparecidas ateacute odeferimento de pedidos de indenizaccedilatildeo das famiacutelias das viacutetimas ea reuniatildeo de esforccedilos para a localizaccedilatildeo dos corpos de pessoasdesaparecidas no caso de existecircncia de indiacutecios quanto ao local emque possam estar depositadosAleacutem disso foi criada uma Comissatildeo Interministerial com a
finalidade de obter informaccedilotildees que levassem agrave localizaccedilatildeo dosrestos mortais de participantes da ldquoGuerrilha do Araguaiardquo Areferida Comissatildeo foi instituiacuteda pela Uniatildeo por meio do Decre-to Presidencial n 4850 de 2 de outubro de 2003 e encerrou assuas atividades com relatoacuterio final divulgado em marccedilo de 2007Com o mesmo intuito em abril de 2009 foi criado pelo Minis-teacuterio da Defesa um Grupo de Trabalho para realizaccedilatildeo de buscasde restos mortais na regiatildeo do Araguaia Diferentemente daComissatildeo Interministerial de 2003 representantes dos familiaresde mortos e desaparecidos poliacuteticos acompanharam e orientaramos trabalhos de buscas mas a accedilatildeo foi infrutiacutefera pois natildeo foramencontrados restos mortais na regiatildeoAinda com o objetivo de divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees a respeito
da ldquoGuerrilha do Araguaiardquo foi lanccedilado em maio de 2009 o arqui-vo Memoacuterias Reveladas sob a responsabilidade da Casa Civil Essearquivo conecta digitalmente o acervo recolhido ao Arquivo Nacio-nal com vaacuterios outros arquivos federais sobre a repressatildeo poliacuteticae com arquivos estaduais de 15 unidades da federaccedilatildeo resultandoem mais de 5 milhotildees de paacuteginas de documentos66
Dentre as accedilotildees destinadas a garantir o direito agrave memoacuteria e agraveverdade e promover a reconciliaccedilatildeo nacional destaca-se a insta-laccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade responsaacutevel por examinar eesclarecer as violaccedilotildees de direitos humanos ocorridas entre 1946e 1988 no BrasilA Comissatildeo Nacional da Verdade (CNV) foi criada pela Lei fede-
ral n 12528 de 18 de novembro de 2011 O fato de esta lei tersido promulgada depois da sentenccedila da Corte IDH natildeo significanecessariamente que a resoluccedilatildeo do caso no SIDH foi determinan-te para a implementaccedilatildeo da CNV O processo de constituiccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade teve
iniacutecio em 2002 quando da elaboraccedilatildeo da segunda versatildeo do Pro-grama Nacional de Direitos Humanos (PNDH-2) No programa
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foram apresentados os objetivos as diretrizes e as accedilotildees do Esta-do para lidar com a temaacutetica dos direitos humanos e a criaccedilatildeoda Comissatildeo Nacional da Verdade jaacute era uma demanda existentenaquela eacutepoca67
Apoacutes avanccedilos na definiccedilatildeo da estrutura de funcionamento daComissatildeo da Verdade uma das diretrizes da terceira versatildeo doPNDH (PNDH-3) lanccedilada em 2010 foi a criaccedilatildeo de uma CNV Oprimeiro objetivo estrateacutegico definido no eixo intitulado ldquodireitoagrave memoacuteria e agrave verdaderdquo determinou que o Estado devesse promo-ver a apuraccedilatildeo e o esclarecimento puacuteblico das violaccedilotildees de DireitosHumanos praticadas no contexto da repressatildeo poliacutetica ocorridano Brasil a partir de 194668 a fim de efetivar o direito agrave memoacute-ria e agrave verdade histoacuterica e promover a reconciliaccedilatildeo nacional Paraa consecuccedilatildeo deste objetivo o PNDH-3 designou um Grupo deTrabalho composto de representantes da Casa Civil do Ministeacute-rio da Justiccedila do Ministeacuterio da Defesa e da Secretaria Especial dosDireitos Humanos da Presidecircncia da Repuacuteblica para elaborar ateacuteabril de 2010 projeto de lei que instituiacutesse a Comissatildeo Nacionalda Verdade69
O PNDH-3 jaacute estabelecia algumas possiacuteveis atribuiccedilotildees da CNVtais como a promoccedilatildeo com base em seus informes da reconstru-ccedilatildeo da histoacuteria dos casos de violaccedilatildeo de direitos humanos bemcomo a assistecircncia agraves viacutetimas de tais violaccedilotildees a promoccedilatildeo dosmeios e recursos necessaacuterios para a localizaccedilatildeo e identificaccedilatildeo decorpos e restos mortais de desaparecidos poliacuteticos a identificaccedilatildeoe publicizaccedilatildeo das estruturas utilizadas para a praacutetica de violaccedilotildeesde direitos humanos suas ramificaccedilotildees nos diversos aparelhos deEstado e em outras instacircncias da sociedade entre outrasNota-se portanto que as discussotildees acerca da criaccedilatildeo de uma
Comissatildeo da Verdade jaacute estavam avanccediladas e bem estruturadas noiniacutecio do ano de 2010 10 meses antes da publicaccedilatildeo da sentenccedilada Corte IDH ndash o que mostra a existecircncia de uma agenda estatalque jaacute estava preocupada com a instalaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo comoa atual CNVCorrobora esse argumento o comentaacuterio de um dos integran-
tes desse Grupo de Trabalho e atual membro da CNV que revelouque em nenhuma das reuniotildees do Grupo foi feita menccedilatildeo agrave sen-tenccedila da Corte IDH Tal afirmaccedilatildeo mostra entatildeo que a sentenccedila
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da Corte IDH natildeo impactou a constituiccedilatildeo da CNV no Brasil tendoem vista jaacute existir uma agenda estatal voltada para a criaccedilatildeo dessaComissatildeo a qual jaacute estaacute em plena atividade70
Assim diante do fato de que accedilotildees de estabelecimento de umaComissatildeo da Verdade tiveram iniacutecio antes de novembro de 2010data da sentenccedila da Corte IDH restou-lhe apenas reconhecer evalorizar a importacircncia da iniciativa do Estado Brasileiro em criara CNV destinada a contribuir para ldquoa construccedilatildeo e preservaccedilatildeo damemoacuteria histoacuterica o esclarecimento de fatos e a determinaccedilatildeo deresponsabilidades institucionais sociais e poliacuteticas em determina-dos periacuteodos histoacutericos de uma sociedaderdquo71
Entretanto a principal reivindicaccedilatildeo do SIDH ao Brasil eacute rejei-tada com veemecircncia pelo Estado a revogaccedilatildeo da Lei de AnistiaTrata-se de situaccedilatildeo em que a violaccedilatildeo decorre de uma poliacuteticade Estado defendida na esfera das razotildees puacuteblicas conforme indi-cado no proacuteximo toacutepico
42 QUANDO O ESTADO BRASILEIRO PROMOVE
E APOIA O ATO QUE GERA A VIOLACcedilAtildeO
Uma situaccedilatildeo bastante peculiar e que merece uma anaacutelise distin-ta eacute aquela na qual a violaccedilatildeo condenada pelo SIDH consiste emuma poliacutetica endossada publicamente pelo Estado No caso JuliaGomes Lund a manutenccedilatildeo da Lei de Anistia de constitucionali-dade confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ampara-seem um discurso de reconciliaccedilatildeo nacional e superaccedilatildeo do periacuteo-do ditatorial No caso Belo Monte a criaccedilatildeo de usinas hidreleacutetricasem terras indiacutegenas na regiatildeo amazocircnica integra projetos do Esta-do Brasileiro a partir da deacutecada de 1970 No caso Julia Gomes Lund o Brasil foi responsabilizado pela
manutenccedilatildeo de uma Lei de Anistia que impede a investigaccedilatildeo e acondenaccedilatildeo de agentes que realizaram crimes contra a humanida-de durante o periacuteodo da ditadura militar O governo contudodefende ateacute hoje a validade dessa norma aprovada durante o fimdo periacuteodo ditatorial A Lei federal n 6683 de 28 de agosto de 1979 (ldquoLei de Anistiardquo)
concedia anistia ampla e irrestrita a todos aqueles que cometeramdurante o periacuteodo de 2 de setembro de 1961 a 15 de agosto de1979 crimes natildeo soacute poliacuteticos mas tambeacutem de qualquer natureza
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considerados conexos aos crimes poliacuteticos (inclusive o de torturae assassinato de opositores do regime governamental vigente naque-le momento)A constitucionalidade desta lei foi questionada no STF pela
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) requerendo que a lei fosserevisada uma vez que ela excluiacutea a possibilidade de investigar e puniros responsaacuteveis pelos crimes cometidos durante o regime militar Oobjetivo da accedilatildeo portanto era assegurar que o dever do Estado deinvestigar e punir os responsaacuteveis pelas violaccedilotildees de Direitos Huma-nos fosse cumprido de modo a evitar a impunidade e prevenir aocorrecircncia de novas violaccedilotildees O STF no entanto julgou a accedilatildeoimprocedente e com isso declarou vaacutelida a Lei da Anistia do modocomo foi editada em 1979 Por sete votos a dois os ministros deci-diram que o perdatildeo foi parte de um acordo feito pela sociedade naeacutepoca e valeu tambeacutem para os agentes estatais responsaacuteveis por assas-sinatos sequestros e torturas contra opositores da ditadura militar(1964-1985) Desse modo a anistia aos torturadores foi mais uma vezreiterada por um dos poderes do Estado neste caso o JudiciaacuterioEssa situaccedilatildeo juriacutedica portanto afeta a concretizaccedilatildeo de alguns
pontos resolutivos da sentenccedila da Corte IDH em especial aqueleque estabelece que ldquoO Estado deve conduzir eficazmente perantea jurisdiccedilatildeo ordinaacuteria a investigaccedilatildeo penal dos fatos do presentecaso a fim de esclarececirc-los determinar as correspondentes respon-sabilidades penais e aplicar efetivamente as sanccedilotildees e consequecircnciasque a lei preveja []rdquoTodavia o Ministeacuterio Puacuteblico Federal tem adotado posiciona-
mento de que natildeo haacute real conflito entre a ADPF 153 e a sentenccedilade Julia Gomes Lund com base no argumento de que as decisotildeespodem ser compatibilizadas a partir da necessidade de realizaccedilatildeo deduplo controle das normas de direitos humanos o de constitucio-nalidade no acircmbito interno e o de convencionalidade no acircmbitointernacional Diante disso o MPF afirma que no caso da Anistia alei natildeo passou em um dos testes (de convencionalidade) devendoassim ser rejeitada como causa de exclusatildeo de punibilidadeDe toda forma as dificuldades da implementaccedilatildeo da sentenccedila
pelo Estado persistem Diante desses obstaacuteculos o MPF tomou a ini-ciativa de assumir o papel de realizador de um dos componentes dajusticcedila de transiccedilatildeo abrindo-se um novo canal de concretizaccedilatildeo da
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justiccedila de transiccedilatildeo no Brasil Isso se deu por meio dos esforccedilosempreendidos para realizar a persecuccedilatildeo penal contra as violaccedilotildeesaos direitos humanos cometidas por agentes do Estado no periacuteododa ditadura A atuaccedilatildeo do MPF contra os crimes ocorridos nessaeacutepoca estaacute detalhada no relatoacuterio divulgado pela 2ordf Cacircmara deCoordenaccedilatildeo e Revisatildeo do MPF72 De acordo com esse relatoacuterio oMPF instaurou 170 investigaccedilotildees criminais dirigidas agrave apuraccedilatildeo doscrimes de sequestro homiciacutedio e ocultaccedilatildeo de cadaacutever Aleacutem dissoforam ajuizadas quatro accedilotildees penais para puniccedilatildeo dos responsaacuteveisNo que diz respeito agrave implementaccedilatildeo da sentenccedila da Corte
IDH no caso Julia Gomes Lund afirma-se no relatoacuterio que
o GTJT entende que as accedilotildees penais e as investigaccedilotildeesinstauradas datildeo parcial cumprimento agrave obrigaccedilatildeo estabelecidano ponto resolutivo 9 da sentenccedila do caso Gomes Lundconsistente no dever do Estado brasileiro de promover a persecuccedilatildeo penal das graves violaccedilotildees a DH cometidasdurante o regime militar O GTJT tambeacutem entende que ainstauraccedilatildeo de investigaccedilotildees formais eacute um dever do Estadobrasileiro para com as viacutetimas dessas violaccedilotildees e a seusfamiliares os quais reivindicam haacute quatro deacutecadasprovidecircncias do Estado em relaccedilatildeo agrave apuraccedilatildeo do queocorreu com seus proacuteximos73
No caso Belo Monte pode-se identificar possiacuteveis violaccedilotildees a direi-tos humanos cometidas pelo proacuteprio Estado dessa vez dentro de suaagenda de desenvolvimento Trata-se de um caso bastante complexoe polecircmico uma vez que provocou e continua provocando episoacutediosde embate entre os povos indiacutegenas afetados pela construccedilatildeo da hidre-leacutetrica de Belo Monte e as autoridades estataisA tensatildeo entre os indiacutegenas e o governo iniciou-se na deacutecada
de 1970 com o primeiro estudo sobre o potencial hidreleacutetrico dorio Xingu encomendado ao Consoacutercio Nacional de EngenheirosConsultores SA pela Eletronorte Em 1979 o Consoacutercio concluiuo estudo afirmando que o ldquoaproveitamento oacutetimordquo daquela baciahidrograacutefica dependia de um conjunto de seis barragens das quaiscinco situadas no rio Xingu e uma no Rio Irir i Dentre outrasconsequecircncias o Complexo Hidreleacutetrico do Xingu atingiria 40
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povos indiacutegenas desde a Terra Indiacutegena (TI) Paquiccedilamba na VoltaGrande do Xingu (Estado do Paraacute) ateacute o Parque Indiacutegena do Xinguno estado do Mato Grosso74
Durante a deacutecada de 1980 foram realizados os estudos de viabili-dade do Complexo (de) Altamira ndash projeto que envolvia a construccedilatildeodas mega-hidreleacutetricas Kararaocirc e Babaquara Somadas as represasdessas usinas alagariam uma aacuterea de 7000 km2 aproximadamenteDentre outras consequecircncias ao menos seis TIs seriam completa-mente alagadas (Koatinemo Araweteacute do Ipixuna Kararaocirc AraraArara da Volta Grande do Xingu Trincheira-Bacajaacute) e a TI Paqui-ccedilamba seria ilhada75 Em marccedilo de 1988 o Departamento Nacionalde Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) aprovou o Relatoacuterio final dosestudos de inventaacuterio 76 e a Eletronorte anunciou o projeto77
Nesse mesmo ano poreacutem irrompeu um forte movimento con-traacuterio ao Complexo (de) Altamira Indiacutegenas intelectuais e ativistasinternacionalizaram o conflito ao promoverem audiecircncias comONGs e com o Banco Mundial aleacutem disso o ldquoI Encontro dos PovosIndiacutegenas do Xingurdquo deu forte repercussatildeo ao caso78 Como con-sequecircncia o Banco Mundial retirou o financiamento previsto79 eo custo poliacutetico-social da obra tornou-se demasiado para a recen-te democracia brasileira O projeto do Complexo de Altamira foientatildeo arquivado
Poreacutem na deacutecada de 1990 surge o projeto do Aproveitamen-to Hidreleacutetr ico Belo Monte uma versatildeo reformulada do projetoanterior
Uma seacuterie de irregularidades na conduccedilatildeo do projeto motivouo Ministeacuterio Puacuteblico Federal do Paraacute (MPF) a mover uma accedilatildeo civilpuacuteblica (ACP 20013900005867-6 5850-7320014013900)80
contra a Eletronorte (empresa responsaacutevel pelo empreendimento)Ao final de 2002 o STF confirmou a decisatildeo liminar de primeirainstacircncia que suspendia o processo de licenciamento da obra81
Aleacutem de reconhecer irregularidades na licitaccedilatildeo e no licenciamen-to do Aproveitamento Hidreleacutetrico Belo Monte o STF confirmoua necessidade da autorizaccedilatildeo do Congresso Nacional precedida daoitiva dos povos indiacutegenas afetados para que o empreendimentopudesse ser executado82
Em 2005 poreacutem o projeto eacute relanccedilado Para resolver os proble-mas reconhecidos anos antes pelo STF o licenciamento ambiental
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da obra passa a ser feito pelo Ibama83 Aleacutem disso o deputado fede-ral Fernando Ferro (do mesmo partido do governo federal)84
apresenta ao Congresso Nacional uma proposta de autorizaccedilatildeo parao Poder Executivo implantar o Aproveitamento Hidreleacutetrico BeloMonte85 Em tempo recorde a proposta foi aprovada e publicada naforma do Decreto Legislativo n 788200586
Ainda em 2005 o MPF em conjunto com a sociedade civil impe-trou accedilatildeo direta de inconstitucionalidade contra tal DecretoLegislativo (DL) com fundamento na falta de consulta agraves comuni-dades indiacutegenas Com base em um argumento processual o STF natildeoconheceu a accedilatildeo87
Em 2006 o MPF propocircs uma nova accedilatildeo civil puacuteblica cujo obje-tivo era ldquoobstar o processo de licenciamento no Ibamardquo e anular oDL88 Essa accedilatildeo gerou cinco decisotildees em primeiro grau em um pri-meiro momento o licenciamento foi paralisado e o DL foi declaradoinvaacutelido depois de algumas inversotildees de entendimento em duasinstacircncias em 2007 o STF liberou o licenciamento e declarou avalidade do DL (essa decisatildeo seraacute explorada mais adiante)89
Entre 2007 e 2010 o MPF promoveu seis accedilotildees (quatro accedilotildees civispuacuteblicas e duas accedilotildees de improbidade)90 referentes a irregularidadesno processo de licenciamento do Aproveitamento Hidreleacutetrico BeloMonte Mesmo assim no dia 1ordm de fevereiro de 2010 o Ibama con-cedeu a licenccedila preacutevia para a construccedilatildeo do empreendimento Apesar de natildeo cumprida boa parte das condicionantes constan-
tes da licenccedila preacutevia em 26 de janeiro de 2011 o Ibama concedelicenccedila parcial de instalaccedilatildeo com a qual o Consoacutercio Norte Energiaestaria habilitado para a construccedilatildeo do canteiro de obras de BeloMonte No dia seguinte o MPF propotildee ainda uma nova accedilatildeo civilpuacuteblica para suspender a licenccedila sem sucesso91
Entatildeo em 1ordm de abril de 2011 a CIDH outorgou medida cau-telar em favor dos povos indiacutegenas da Volta Grande do Xinguem resultado de provocaccedilatildeo por um grande nuacutemero de membrosda sociedade civil organizada no ano anterior A Comissatildeo soli-citou ao Governo Brasileiro a suspensatildeo imediata do processode licenciamento de Belo Monte e o impedimento da realiza-ccedilatildeo da obra ateacute que fossem satisfeitas trecircs condiccedilotildees os povosindiacutegenas deveriam ser consultados sobre o empreendimento ospovos indiacutegenas deveriam ter acesso ao EIARIMA antes de dita
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consulta preacutevia e medidas de proteccedilatildeo aos povos indiacutegenasdeveriam ser adotadasPosteriormente com base nas informaccedilotildees enviadas pelo Estado
brasileiro e pelos peticionaacuterios a CIDH modificou o teor da medi-da e solicitou (i) a adoccedilatildeo de medidas para a proteccedilatildeo da sauacutede e dacultura dos povos indiacutegenas isolados e a elaboraccedilatildeo e implementa-ccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo dos efeitos da construccedilatildeo do AproveitamentoHidreleacutetrico Belo Monte (ii) a adoccedilatildeo de medidas de proteccedilatildeo agravesauacutede das comunidades indiacutegenas do Xingu que incluiacutessem (a) oPrograma Integrado de Sauacutede Indiacutegena e (b) a implementaccedilatildeo dosprogramas requeridos pela Funai (PT 2109)92 (iii) a demarcaccedilatildeo dasterras ancestrais dos povos indiacutegenas da regiatildeo e proteccedilatildeo destas con-tra invasotildees e ocupaccedilotildees por natildeo indiacutegenas A solicitaccedilatildeo anterior deldquoconsulta preacuteviardquo por sua vez foi transformada em discussatildeo de meacuteri-to transcendendo o acircmbito da MC 38210A medida cautelar foi recebida de maneira diversa por trecircs ato-
res diferentes A primeira manifestaccedilatildeo do Brasil em relaccedilatildeo agrave medidacautelar ocorreu no dia 5 de abril de 2011 em nota puacuteblica divul-gada pelo Itamaraty que expressava perplexidade em relaccedilatildeo ao teordas solicitaccedilotildees da CIDH consideradas precipitadas e injustificadas93
Reforccedilando essa posiccedilatildeo no dia 1ordm de junho o Ibama concedeu alicenccedila definitiva94Aleacutem disso em 27 de outubro de 2011 o Gover-no brasileiro deixou de comparecer agrave audiecircncia marcada pela CIDHpara discussatildeo da medida cautelar95 Em janeiro de 2012 iniciaram-se as obras do Aproveitamento Hidreleacutetrico Belo Monte96
Em relaccedilatildeo aos movimentos sociais entre os meses de maio eoutubro de 2011 foram feitas manifestaccedilotildees puacuteblicas em apoio agravemedida cautelar que foram noticiadas amplamente nas miacutediassociais A Comissatildeo de Direitos Humanos da Cacircmara Federal aPlataforma Brasileira de Direitos Humanos Econocircmicos SociaisCulturais e Ambientais (Plataforma Dhesca) a Anistia Internacio-nal organizaccedilotildees latino-americanas e cerca de 90 organizaccedilotildeesnacionais e internacionais expressaram apoio agraves recomendaccedilotildees daCIDH e condenaram a postura assumida pelo Estado brasileiroFinalmente em relaccedilatildeo ao MPF a medida cautelar outorgada
pela Comissatildeo pareceu respaldar a posiccedilatildeo dos membros da ins-tituiccedilatildeo contra possiacuteveis irregularidades Ainda que natildeo tenha sidoutilizada a medida em si como um fator inibidor da construccedilatildeo
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da usina accedilotildees posteriores promovidas pelo oacutergatildeo sugerem quea medida proporcionou um novo argumento juriacutedico para a atua-ccedilatildeo dos procuradores federais97
Para uma compreensatildeo mais profunda do impacto dessa medidacautelar eacute preciso considerar a dimensatildeo poliacutetica do Aproveitamen-to Hidreleacutetrico Belo Monte De certo modo eacute possiacutevel dizer que adecisatildeo do STF de 2007 revelou o espaccedilo ocupado pelo projetoBelo Monte no conjunto de interesses do Estado brasileiro Isso por-que segundo a Ministra Relatora Ellen Gracie agrave eacutepoca Presidentedaquele Tribunal Belo Monte seria parte essencial da poliacutetica ener-geacutetica nacional e estaria inserida no cronograma governamental deplanejamento estrateacutegico do setor eleacutetrico a sua inviabilizaccedilatildeo por-tanto comprometeria dito planejamento 98
O atual interesse do Estado brasileiro no potencial hidreleacutetricoda Amazocircnia tem raiacutezes histoacutericas e funccedilatildeo estrateacutegica Em meadosda deacutecada 1980 o ldquoPlano Nacional de Energia Eleacutetrica 19872010rdquo99
jaacute afirmava ldquoo aproveitamento do rio Xingu se constituiraacute possi-velmente no maior projeto nacional no final deste seacuteculo e comeccedilodo proacuteximordquo De acordo com esse Plano 175 usinas hidreleacutetricasdeveriam ser construiacutedas ateacute o ano de 2010 no Brasil ndash 40 na Ama-zocircnia Legal100
Posteriormente o Plano Nacional de Energia 2030 elaborado em2007 constatou que a maior parte da energia eleacutetrica produzida noBrasil eacute proveniente de usinas hidreleacutetricas em 2005 a energiahidreleacutetrica equivalia a 75 da ldquopotecircncia instaladardquo e gerou 93 daenergia requerida pelo Sistema Interligado Nacional A bacia doAmazonas por sua vez eacute considerada o maior potencial hidreleacutetri-co brasileiro101
Talvez por isso a construccedilatildeo de Belo Monte passou a ser con-siderada a principal obra do Programa de Aceleraccedilatildeo do Crescimento(PAC)102 lanccedilado em 2007 pelo Governo Federal De acordo como ex-Ministro do Meio Ambiente Carlos Minc Belo Monte era ldquoamaior obra do PAC a mais polecircmica e a terceira hidreleacutetrica domundordquo103 Na lista das 10 obras mais importantes do Programade Aceleraccedilatildeo do Crescimento 2 (PAC 2) figuram trecircs usinas hidre-leacutetricas todas situadas na regiatildeo Norte do paiacutes104 e Belo Monteeacute ldquoo principal projeto energeacutetico [] e uma das grandes priori-dades do programardquo105
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Em uma perspectiva poliacutetica o intervalo desde as primeirasmovimentaccedilotildees de criaccedilatildeo do projeto ateacute hoje (1975-2013) foi umperiacuteodo de intensas transformaccedilotildees Aleacutem da transiccedilatildeo do regimemilitar para o regime constitucional-democraacutetico o Brasil teve seiseleiccedilotildees presidenciais diretas106 oito Presidentes da Repuacuteblica107 evivenciou o processo de impeachment do Presidente Fernando Col-lor (1992)108 Apesar disso o interesse estatal de exploraccedilatildeo dopotencial energeacutetico do rio Xingu permaneceu inalterado O que os fatos indicam eacute que o projeto de construccedilatildeo do Apro-
veitamento Hidreleacutetrico Belo Monte natildeo eacute fruto da vontade de umgoverno ou de um governante especiacutefico apenas mas que tal pro-jeto eacute antes resultado de um interesse de Estado ndash um interesseque se poderia considerar suprapartidaacuterio enraizado e imbricadonas mais profundas concepccedilotildees sobre desenvolvimento do paiacutes Por essa perspectiva o conflito de Belo Monte ganha uma
dimensatildeo poliacutetica complexa Isso porque a ameaccedila ldquoagrave vida e agrave inte-gridade pessoal dos membrosrdquo109 das Comunidades Indiacutegenas daBacia do rio Xingu decorrente da possiacutevel construccedilatildeo de BeloMonte eacute resultado de uma poliacutetica estatal histoacuterica e bem defini-da de desenvolvimento estrateacutegico de um setor ldquoestruturante dopaiacutesrdquo o setor energeacutetico Em siacutentese os casos apresentados permitem a conclusatildeo de que
o adimplemento das medidas do SIDH eacute mais dificultoso quandoa violaccedilatildeo em questatildeo decorre de uma poliacutetica puacuteblica do EstadoContudo as medidas nestes casos ainda assim podem ser apropria-das por atores estatais e pela sociedade civil organizada
43 QUANDO HAacute CASO DE VIOLACcedilAtildeO EM AcircMBITO LOCAL
Um terceiro fator que influencia a implementaccedilatildeo eacute a natureza fede-ral do Estado brasileiro Haacute violaccedilotildees que envolvem apenascompetecircncias federais Nessas situaccedilotildees natildeo se confere tanta impor-tacircncia agrave estrutura federativa do Brasil exceto se as poliacuteticas nacionaisdependerem de Estados e Municiacutepios No entanto haacute outros casos emque as competecircncias envolvidas para o cumprimento das medidasdeterminadas no SIDH pertencem tambeacutem ou exclusivamente a Esta-dos ou Municiacutepios No decorrer dos processos perante a Comissatildeo Interamericana
o Governo Federal normalmente representado pela SDH procura
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compartilhar responsabilidades com o Estado federado tentandoenvolvecirc-lo ao maacuteximo na tentativa de soluccedilatildeo amistosa ou naimplementaccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeo Isso eacute valorizado prin-cipalmente pelo efeito pedagoacutegico desse envolvimento jaacute que a maiorparte das violaccedilotildees se daacute em acircmbito local110A situaccedilatildeo eacute diferente sea condenaccedilatildeo for pela Corte Interamericana visto que o governo fede-ral torna-se responsaacutevel internacionalmente pela implementaccedilatildeo dasmedidas Essa dinacircmica precisa ser reconhecida como um fator rele-vante na implementaccedilatildeo das medidas impostas pelo SIDH Como jaacute visto por natildeo haver mecanismo de execuccedilatildeo direta das
decisotildees ou recomendaccedilotildees do Sistema Interamericano a implemen-taccedilatildeo ocorre eminentemente por razotildees poliacuteticas Natildeo soacute ao chegaremao Brasil pelos oacutergatildeos federais que normalmente lidam com os casosem todas as suas fases (MRE SDH e AGU) mas tambeacutem pelos entesfederados Durante boa parte das atuaccedilotildees da SDH quando ficou agravefrente da organizaccedilatildeo de implementaccedilotildees de recomendaccedilotildees oumedidas de condenaccedilatildeo seu trabalho foi convencer os oacutergatildeos locaisenvolvidos de que a implementaccedilatildeo deveria ser feita111
Se de um lado haacute dificuldades em se lidar com outras entidadesfederativas que natildeo satildeo obrigadas por quaisquer mecanismos a cola-borar com a implementaccedilatildeo por outro as recomendaccedilotildees daComissatildeo ou as condenaccedilotildees da Corte agregam peso ao esforccedilo deconvencimento da SDH sobre os representantes do ente federado Apresenccedila desse elemento externo de um terceiro cuja funccedilatildeo eacute exclu-sivamente defender direitos humanos muitas vezes eacute positiva jaacute quea oposiccedilatildeo poliacutetica que eventualmente haacute em relaccedilatildeo ao governo fede-ral pode se dissolverO fator do ocircnus poliacutetico da violaccedilatildeo para o poder local eacute essen-
cial para possibilitar soluccedilotildees amistosas O orccedilamento vinculado aopagamento das indenizaccedilotildees coordenadas pela SDH soacute eacute mobiliza-do para pagamento quando haacute casos jaacute julgados pela Corte Assimcom exceccedilatildeo do caso Joseacute Pereira jaacute visto112 em soluccedilotildees amistosaseacute sempre o Estado federado que deve se responsabilizar por talpagamento Tambeacutem eacute o Estado federado que internamente se res-ponsabiliza pelo cumprimento dos outros pontos acordados Como visto anteriormente a preexistecircncia de agenda federal
e local de combate ao trabalho escravo pode ter sido causa deminimizaccedilatildeo dos custos da soluccedilatildeo amistosa do caso Joseacute Pereira
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Jaacute na segunda soluccedilatildeo amistosa brasileira o caso Meninos emascula-dos do Maranhatildeo parece ter sido alcanccedilada por conta de um conjuntode fatores de pressatildeo poliacutetica em que a miacutedia parece ter ocupadolugar de destaque O proacuteprio nome do caso ldquoMeninos emasculadosdo Maranhatildeordquo foi o utilizado pela miacutedia brasileira para se referira uma seacuterie de homiciacutedios e mutilaccedilotildees genitais de meninos entre4 e 15 anos ao mesmo tempo em que ocorriam os trabalhos paraos acordos da soluccedilatildeo amistosa na CIDH foi crescente o debateacerca do caso no Brasil Primeiramente foi notaacutevel o iniacutecio de uma preocupaccedilatildeo nas
vaacuterias instacircncias governamentais sobre o tema Em 2003 foi inicia-da uma investigaccedilatildeo pelo Poder Legislativo sobre as situaccedilotildees deviolecircncia e redes de exploraccedilatildeo sexual de crianccedilas e adolescentes noBrasil Os casos dos meninos emasculados tanto do Maranhatildeo comode Altamira foram utilizados no relatoacuterio apresentado em 2004113
tendo como encaminhamento o envio de documentaccedilatildeo ao Minis-teacuterio Puacuteblico Estadual para agilizaccedilatildeo das investigaccedilotildees Tambeacutem em2003 a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadatildeo em seu rela-toacuterio de atividades menciona ter participado de reuniatildeo com asfamiacutelias dos meninos emasculados de audiecircncia puacuteblica sobre o casode reuniatildeo na Superintendecircncia da Poliacutecia Federal com os policiaisencarregados da investigaccedilatildeo e de reuniatildeo com os integrantes doCentro de Defesa dos Direitos da Crianccedila e do Adolescente PadreMarcos Passerini Apoacutes firmada a soluccedilatildeo amistosa a CIDH realizou acompanha-
mento da implementaccedilatildeo das medidas acordadas Em seus relatoacuteriosanuais a Comissatildeo demonstrou especial preocupaccedilatildeo com o cum-primento das medidas de natildeo repeticcedilatildeo que representavam para ooacutergatildeo o maior desafio Em 2008 as medidas foram consideradastotalmente cumpridas pelo Estado brasileiro Apoacutes a celebraccedilatildeo da soluccedilatildeo amistosa houve aparente interes-
se do Governo do Estado do Maranhatildeo em cumprir as medidas114
Em 2007 o entatildeo governador do Maranhatildeo Jackson Lago criou aComissatildeo Estadual de Acompanhamento e Execuccedilatildeo do Acordo deSoluccedilatildeo Amistosa do Caso dos Meninos Emasculados composta dasSecretarias de Estado dos Direitos Humanos Sauacutede EducaccedilatildeoDesenvolvimento Social Seguranccedila Cidadatilde Defensoria Puacuteblica eAssessoria Especial do Governador115
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
45 sumaacuterio
Em abril de 2006 as famiacutelias das viacutetimas comeccedilaram a receber apensatildeo mensal do Governo maranhense e foram incluiacutedas nos pro-gramas de Habitaccedilatildeo do Governo Federal Apoacutes um ano em maiode 2007 a Comissatildeo Estadual visitou as famiacutelias para verificar o cum-primento das medidas e as suas condiccedilotildees de moradia Houve umaseacuterie de reclamaccedilotildees das famiacutelias em relaccedilatildeo agrave estrutura das casasEm consequecircncia a Comissatildeo se reuniu com a Secretaria de Estadode Desenvolvimento das Cidades para discutir melhorias Posteriormente em setembro de 2011 apoacutes encontro com um
grupo de matildees dos meninos a presidente da Comissatildeo de DireitosHumanos e das Minorias da Cacircmara dos Deputados116 deputada Eli-ziane Gama alegou que as medidas da soluccedilatildeo amistosa natildeo estavamsendo inteiramente cumpridas117 Segundo a deputada ao longo dos5 anos as casas previstas no documento foram construiacutedas mas natildeoforam repassadas legalmente para as famiacutelias a pensatildeo estabelecidaestava sem reajuste e as famiacutelias natildeo estatildeo sendo inseridas em pro-gramas de assistecircncia social do GovernoApesar da inclusatildeo em 2005 do municiacutepio de Satildeo Luiacutes no Progra-
ma de Accedilotildees Integradas e Referenciais de Enfrentamento agrave ViolecircnciaSexual contra Crianccedilas e Adolescentes no Territoacuterio Brasileiro(PAIR) e da criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Luta contra a ViolecircnciaSexual contra a Crianccedila e o Adolescente bem como o Sistema Inte-rinstitucional de Accedilotildees Antidrogas (SIAD) parece que natildeo houveefetiva melhoria do atendimento nas delegacias especializadas emviolecircncia contra a crianccedila e o adolescente Segundo relatoacuterio da 1ordfPromotoria do Controle Externo da Atividade Policial a Delegaciade Proteccedilatildeo agrave Crianccedila e ao Adolescente (DPCA) foi considerada apior das especializadas na capital maranhense118
Quanto a casos julgados na Corte Interamericana destacam-senovamente os casos Garibaldi e Escher e outros A questatildeo federalaparece nos dois casos como um obstaacuteculo agrave implementaccedilatildeo dasdecisotildees principalmente enquanto as denuacutencias permaneceram noacircmbito da Comissatildeo Isso porque a Assessoria Internacional da SDHteria tido problemas em acessar os atores locais por conta de faltade cooperaccedilatildeo dos poderes locais119 A uacutenica voz a favor da imple-mentaccedilatildeo dentro do Estado do Paranaacute foi o Ministeacuterio Puacuteblico120
No caso Escher e outros na peticcedilatildeo submetida agrave Corte a Comis-satildeo explicou que a Secretaria de Direitos Humanos da Presidecircncia
PESQUISA DIREITO GV
46 sumaacuterio
(acircmbito federal) natildeo concretizou as negociaccedilotildees com o governo doEstado do Paranaacute (acircmbito estadual) para efetivar as reparaccedilotildees nosprazos concedidos121 Em nota de 21 de setembro de 2007 porexemplo o governo brasileiro sustentou que trabalhava junto aoEstado do Paranaacute para que fosse indicado um interlocutor especiacuteficopara dar seguimento ao trabalho de implementar as recomendaccedilotildeessalientando que o esforccedilo de convencimento junto aos entes esta-duais era ldquoum trabalho permanente e que por vezes demanda maiortempo de maturaccedilatildeordquo122
Dois fatores mitigaram esses problemas de implementaccedilatildeo Em pri-meiro lugar no tocante agrave obrigaccedilatildeo de investigar destacou-se apostura do Ministeacuterio Puacuteblico do Estado do Paranaacute123 que trabalhouem contato com a SDH para realizar as investigaccedilotildees Em segundolugar especificamente no tocante agrave obrigaccedilatildeo de publicar a senten-ccedila e indenizar as viacutetimas destacou-se a mudanccedila das responsabilidadesocasionada pelas condenaccedilotildees no acircmbito da Corte InteramericanaNo caso Garibaldi ao tomar ciecircncia que algumas testemunhas que
natildeo foram ouvidas no inqueacuterito policial estavam prestando depoi-mento perante a Corte um membro do Ministeacuterio Puacuteblico fez arequisiccedilatildeo de desarquivamento do inqueacuterito em abril de 2009 e emjulho de 2011 ofereceu denuacutencia contra um dos suspeitos do assas-sinato de Seacutetimo Garibaldi O TJPR no entanto determinou o fimda accedilatildeo penal a despeito de ter reconhecido explicitamente que oreferido desarquivamento atendia agrave decisatildeo da Corte Interamerica-na de Direitos Humanos A accedilatildeo encontra-se atualmente no STJ Emvirtude disso a Corte deixou em aberto o ponto na sua resoluccedilatildeo deSupervisatildeo de Cumprimento de Sentenccedila de 2012Em Escher e outros o Ministeacuterio Puacuteblico tambeacutem verificou a pos-
sibilidade de investigar e punir os responsaacuteveis pela interceptaccedilatildeoe divulgaccedilatildeo das conversas telefocircnicas Entretanto por conta daprescriccedilatildeo dos crimes concluiu pela inviabilidade da abertura deinqueacuterito criminal apenas para se elucidar o fato sem que isso resul-tasse em efetiva puniccedilatildeo124 Nesse ponto a Corte Interamericanarepetiu entendimento no qual a prescriccedilatildeo poderia ser um obstaacute-culo legiacutetimo ao cumprimento em casos de violaccedilatildeo de direitoshumanos menos graves e reconheceu que ldquofoi determinado que seinvestigasse penalmente determinadas condutas e fossem estabele-cidas as consequecircncias que a Lei previsse o qual natildeo descartava a
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
47 sumaacuterio
possibilidade de que a accedilatildeo penal a respeito dos fatos a serem inves-tigados estivesse prescritardquo125
Finalmente em relaccedilatildeo ao segundo ponto se medidas de provi-decircncia domeacutestica para os casos avanccedilaram enquanto estiveram naComissatildeo a condenaccedilatildeo do Brasil pela Corte alterou a maneira comoas reparaccedilotildees deveriam ser feitas jaacute que tais obrigaccedilotildees passaram aser primariamente da Uniatildeo Nesse sentido a SDH pocircde atuar commaior intensidade Isso se refletiu tanto na obrigaccedilatildeo de indenizarcumprida sob a rubrica orccedilamentaacuteria do proacuteprio oacutergatildeo126 como naobrigaccedilatildeo de publicar a sentenccedila feita dentre outros no proacuteprio siteda Secretaria127Ambos os cumprimentos se deram dentro do prazoassinalado na sentenccedila128
Um paralelo entre os dois casos apresentados e o caso Maria daPenha pode ser feito sob o prisma da questatildeo federal Nesse senti-do ressalta-se que Maria da Penha vs Brasil foi um caso decididono acircmbito da Comissatildeo em que se fixaram obrigaccedilotildees semelhan-tes de investigaccedilatildeo e indenizaccedilatildeo ao Estado brasileiro Por setratarem de recomendaccedilotildees caberia ao governo e ao Judiciaacuterio doEstado do Cearaacute onde ocorreu a violaccedilatildeo de direitos conduzirema implementaccedilatildeo das medidasNo entanto o Estado do Cearaacute permaneceu inerte durante vaacuterios
anos apoacutes a condenaccedilatildeo sem que a Uniatildeo tambeacutem tomasse qual-quer atitude em relaccedilatildeo a essa inatividade129 Durante seis anos asreparaccedilotildees materiais natildeo puderam ser obtidas porque dependiam daassunccedilatildeo de compromisso pelo Estado do Cearaacute130 Somente em2006 com a mudanccedila de governo negociaccedilotildees foram iniciadas entreos atores envolvidos131 Essas conversas resultaram no compromis-so assumido e concretizado pelo Estado de indenizar materialmenteMaria da Penha Maia Fernandes132
A mesma dificuldade se verificou no cumprimento da obriga-ccedilatildeo de investigar os responsaacuteveis pela demora no processo criminalEm 2007 as peticionaacuterias assinalaram que o Estado natildeo havia con-seguido elucidar nem atribuir as responsabilidades em virtude dasdificuldades oferecidas pelo Tribunal estadual133 Em 2008 entatildeoo caso foi submetido ao CNJ134 Desde entatildeo a apuraccedilatildeo dos res-ponsaacuteveis pela demora ocorre em niacutevel federalNo entanto o caso Maria da Penha tambeacutem nos conduz agrave con-
clusatildeo de que a questatildeo federal embora importante para a ldquomarcha
PESQUISA DIREITO GV
48 sumaacuterio
da implementaccedilatildeordquo das decisotildees do Sistema Interamericano natildeo eacuteo uacutenico fator de influecircncia Em primeiro lugar isso resta evidencia-do pelo fato de que a Comissatildeo ainda natildeo considerou integralmentecumpridas obrigaccedilotildees impostas para a Federaccedilatildeo como um todoMuito embora as poliacuteticas puacuteblicas dependam da adesatildeo dos Esta-dos-membros a proacutepria Comissatildeo ainda natildeo considerou satisfeitasas obrigaccedilotildees de tratamento contra a discriminaccedilatildeo das mulheres emmateacuteria de violecircncia domeacutestica135 Haacute relatos de que esses Estadosfederais tecircm problemas de descumprimento com questotildees que natildeosatildeo de competecircncia federal mas a explicaccedilatildeo que natildeo podem cum-prir por conta do federalismo tambeacutem surge em questotildees que natildeodependem da estrutura federal136
Em segundo lugar a proacutepria Comissatildeo reconheceu que os pri-meiros avanccedilos na mateacuteria de direitos humanos ocorreram com ainstalaccedilatildeo do Conselho Estadual sobre a Condiccedilatildeo da Mulher emSatildeo Paulo em 1983 Natildeo eacute descabido entatildeo considerar que o fede-ralismo tambeacutem pode abrir a oportunidade de que os proacutepriosEstados sejam responsaacuteveis por importantes avanccedilos em mateacuteria deproteccedilatildeo de direitos humanos antes mesmo que poliacuteticas semelhan-tes sejam estabelecidas em niacutevel federal
44 QUANDO A CAUSA Eacute APROPRIADA PELOS
ATORES ENVOLVIDOS NO CASO CONCRETO
Um uacuteltimo aspecto analisado na presente obra diz respeito agrave espe-cificidade de alguns relatoacuterios ou algumas condenaccedilotildees que emcertos contextos natildeo permitem a extrapolaccedilatildeo do caso individualpara uma situaccedilatildeo coletivaEacute usual que o SIDH seja criticado ao tomar medidas amplas e
geneacutericas como ldquodar continuidaderdquo a determinada poliacutetica puacuteblicae por outro lado louvado ao tomar medidas mais concretas A basedessa criacutetica estaacute ligada a uma determinada concepccedilatildeo de eficiecircn-cia das medidas Diraacute um defensor do argumento que medidas maismodestas por serem objetivas permitem um maior grau de cobran-ccedila e de verificaccedilatildeo da implementaccedilatildeo Esse argumento contudoconta apenas parte da histoacuteriaDe fato quanto mais individualizada e concreta a medida maior
a chance de sua implementaccedilatildeo contudo menor eacute a chance de seuimpacto No Brasil as instituiccedilotildees tiveram sucesso em demonstrar
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
49 sumaacuterio
que conseguem se mobilizar de forma a lidar com a questatildeo indi-vidualizada em seu ponto especiacutefico sem qualquer atuaccedilatildeo emniacuteveis estruturais como ocorreu e ocorre nos casos Escher e outrose Garibaldi No entanto em um caso como Belo Monte no qual natildeohouve qualquer cooperaccedilatildeo do Governo brasileiro atores institu-cionais (como o MPF) e a sociedade civil organizada puderam sevaler da recomendaccedilatildeo da CIDH para pressionar os oacutergatildeos poliacuteti-cos nacionais
Tanto o caso Escher e outros como o caso Garibaldi tratam de vio-laccedilotildees decorrentes dos graves e persistentes conflitos agraacuterios no paiacutesConforme reconhecido pela Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos ldquoa concentraccedilatildeo de terra no Brasil eacute uma das maiores domundordquo de modo que ldquoaproximadamente 1 da populaccedilatildeo deteacutem46 de todas as terrasrdquo dentre as quais haacute um enorme percentual deterras improdutivas Trata-se enfim de ldquoum modelo econocircmico quefavoreceu a grande propriedade privada frente agraves necessidades dostrabalhadores ruraisrdquo137 Todavia em ambos os casos o contexto socialamplo natildeo foi atacado pelas medidas impostas pelo SIDH
No caso Escher e outros o grampo telefocircnico e sua divulgaccedilatildeoilegal geraram especialmente reparaccedilotildees indenizatoacuterias para as viacuteti-mas sendo que a Corte Interamericana reconheceu seu integraladimplemento enquanto no caso Garibaldi as principais condena-ccedilotildees foram de natureza indenizatoacuteria e de retomada da investigaccedilatildeocriminal dos responsaacuteveis pelo assassinato de Seacutetimo Garibaldisendo que a Corte IDH ainda manteacutem o acompanhamento do pro-cesso judicial penal de responsabilizaccedilatildeo pelo assassinato Natildeohouve repercussatildeo para aleacutem dessa esfera
Essas observaccedilotildees surgiram em entrevista com membro doMinisteacuterio Puacuteblico do Estado do Paranaacute na qual ficou clara a orien-taccedilatildeo de resolver rapidamente e de forma qualificada a investigaccedilatildeocriminal relativa ao caso Seacutetimo Garibaldi em parte por convicccedilatildeopessoal dos promotores envolvidos e em parte para diminuir o des-gaste da imagem da instituiccedilatildeo decorrente da divulgaccedilatildeo dos fatosna miacutedia De todo modo nem o Ministeacuterio Puacuteblico e muito menoso Governo do Paranaacute realizaram accedilotildees de enfoque estrutural ou pre-ventivo para as graves violaccedilotildees decorrentes de conflitos fundiaacuterios
A natureza de decisotildees altamente individualizadas favoreceum cenaacuterio em que haacute poucos incentivos para que as instituiccedilotildees
PESQUISA DIREITO GV
50 sumaacuterio
envolvidas assumam o ocircnus poliacutetico de tomar medidas mais amplase ao mesmo tempo a decisatildeo do SIDH natildeo serve como instrumen-to para buscar medidas estruturais aos atores relevantes interessados Nos dois casos as questotildees de fundo foram abandonadas O gover-
no natildeo se sentiu pressionado a investigar ou prestar esclarecimentosobre as investigaccedilotildees relacionadas a associaccedilotildees ligadas ao Movimen-to dos Sem-Terra (MST) apoacutes o caso Escher e outros Tampouco houvepressatildeo para investigaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de contas em relaccedilatildeo ao siste-ma de reforma agraacuteria aos abusos cometidos por particulares queretomam para si terras que foram invadidas nem agrave impunidade dosatores poliacuteticos e judiciaacuterios que criminalizam movimentos sociaisApenas para exemplificar uma questatildeo de fundo sobre agentes
puacuteblicos que atuavam contra os movimentos sociais em ambos oscasos um dos pedidos rejeitados pela Corte Interamericana foio de ordenar a revogaccedilatildeo do tiacutetulo de cidadatilde honoraacuteria do Estadodo Paranaacute da juiacuteza Elizabeth Kather obtido em 2007 Conformeapontado no livro A era da indeterminaccedilatildeo138 a juiacuteza protagonizouescacircndalos midiaacuteticos em razatildeo da estreita relaccedilatildeo com a elitefazendeira local Mesmo um ano apoacutes a condenaccedilatildeo da Corte Inte-ramericana em dezembro de 2010 a juiacuteza Kather recebeu o tiacutetulode cidadatilde honoraacuteria do Municiacutepio de Loanda139
A Corte IDH deu pouca importacircncia agrave questatildeo do tiacutetulo hono-raacuterio da juiacuteza Kather Entretanto em um contexto como o brasileirocondenaccedilotildees simboacutelicas podem abrir portas para a extrapolaccedilatildeo dedemandas individualizadas para um niacutevel mais geral principalmen-te quando satildeo apropriadas por vaacuterios segmentos sociais No contextode implementaccedilatildeo poliacutetica as medidas do SIDH podem auxiliar ato-res mobilizados tal como ocorreu no caso Belo MonteConforme apresentado no toacutepico 42 a construccedilatildeo da Usina
Hidreleacutetrica Belo Monte a despeito da forte reaccedilatildeo negativa doGoverno brasileiro agrave medida cautelar do SIDH foi apropriadapelos agentes poliacuteticos envolvidos no caso (MPF e movimentossociais) e transformada em um instrumento poliacutetico e juriacutedico deenfrentamento Quanto aos movimentos sociais sugere-se a medi-da possibilitou a reafirmaccedilatildeo da criacutetica ao projeto Belo Monte eabriu novos espaccedilos puacuteblicos acerca do temaAssim avaliar a implementaccedilatildeo das medidas do SIDH que enfo-
cam apenas a conduta do Estado esconde os impactos que elas
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
51 sumaacuterio
podem ter fora do ambiente estatal Assim enquanto alguns casosnatildeo geram repercussatildeo mas satildeo implementados outros repercutemna sociedade e podem ateacute mesmo gerar uma conscientizaccedilatildeo maiorsobre determinada violaccedilatildeo de direitos humanos mesmo que a pos-tura estatal leve ao natildeo cumprimento da medida
CONCLUSAtildeO BALANCcedilO DE RESULTADOS E PARAcircMETROS DE IMPLEMENTACcedilAtildeONo Brasil natildeo haacute mecanismos institucionais especiacuteficos de implemen-taccedilatildeo de recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees do SIDH O adimplementointerno das medidas determinadas neste acircmbito decorre em sua maiorparte de decisotildees eminentemente poliacuteticas visto que depende da dis-posiccedilatildeo e da capacidade dos atores relevantes a cada novo evento Com isso a cada nova condenaccedilatildeo ou recomendaccedilatildeo a SDH e o
MRE precisam se engajar em negociaccedilotildees com as instituiccedilotildees e ato-res envolvidos muitas vezes em esferas estaduais No contextofederativo a ausecircncia de mecanismos coercitivos torna o cumprimen-to das decisotildees ainda mais imprevisiacutevel e a cada novo caso sujeitoao capital poliacutetico dos envolvidos ao seu interesse nas causas emquestatildeo e especialmente agrave qualidade das relaccedilotildees entre governosfederal e estadual Dessa forma o adimplemento no Brasil eacute permea-do de grande flexibilidade e potencial de experimentalismo uma vezque na maior parte dos casos haacute um alto custo poliacutetico envolvido nasnegociaccedilotildees de implementaccedilatildeoPara fazer suas anaacutelises e criacuteticas este trabalho partiu do termo
ldquoimplementaccedilatildeordquo no sentido usual do SIDH de adimplemento dasmedidas de condenaccedilatildeo recomendaccedilatildeo ou acordo Contudo a anaacute-lise qualitativa mostrou que esse tipo de avaliaccedilatildeo fica distante demedir o real impacto das decisotildees do SIDH no Brasil Dada a escassez de literatura nacional a este respeito foi reali-
zado um mapeamento dos efetivos mecanismos existentes no Brasilpara dar cumprimento agraves recomendaccedilotildees e decisotildees oriundas doSIDH no Brasil do que foi possiacutevel identificar o delicado equiliacute-brio das relaccedilotildees institucionais em niacutevel federal (MRE SDH eAGU) bem como das relaccedilotildees entre entes federativos Como con-sequecircncia foi apurado que o cumprimento eacute apenas uma dimensatildeodo adimplemento das medidas do SIDH
PESQUISA DIREITO GV
52 sumaacuterio
Foi possiacutevel identificar diversos fatores que interferem na coo-peraccedilatildeo de atores relevantes bem como na avaliaccedilatildeo de quandoocorre efetivamente o cumprimento Nesse sentido os principaisfatores identificados como possiacuteveis facilitadores da implementaccedilatildeodas medidas determinadas no acircmbito do sistema regional de prote-ccedilatildeo dos direitos humanos satildeo (i) a existecircncia de uma agenda poliacuteticapreacutevia em acircmbito local ou nacional em relaccedilatildeo ao tema da viola-ccedilatildeo (ii) decisotildees com fundamentaccedilatildeo de qualidade e generalidadesuficiente para permitir a sua apropriaccedilatildeo por atores estatais ou dasociedade civil organizada engajados em temas afetos agrave violaccedilatildeo e(iii) uma boa relaccedilatildeo entre Uniatildeo e Estados naqueles casos em quea implementaccedilatildeo natildeo depende de medidas unicamente federais Haacute portanto dois pontos de vista em questatildeo O primeiro deles
eacute o da Comissatildeo e da Corte Interamericana pelo qual eacute necessaacuterioe relevante que os Estados recebam uma chancela de adimplentesou inadimplentes perante o SIDH especialmente como forma depressatildeo poliacutetica O segundo ponto de vista eacute o de anaacutelise do impac-to das decisotildees e recomendaccedilotildees do SIDH que natildeo se confundecom a avaliaccedilatildeo de ldquocumprimentordquo ou ldquodescumprimentordquo feita pelaCorte e Comissatildeo nem se exaure nela Em um contexto de imple-mentaccedilatildeo eminentemente poliacutetica das decisotildees e recomendaccedilotildees doSIDH a implementaccedilatildeo depende em grande parte da presenccedila dosfatores de impacto detectados
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
53 sumaacuterio
APEcircNDICE CASOS QUE ENVOLVEM O BRASIL NO SIDH
I MEDIDAS CAUTELARES OUTORGADAS PELA
COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 32 (ENTRE 1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
54 sumaacuterio
CASO
MC 19911 ldquoP
ESSOAS D
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(2011)
MC 38210 ldquoU
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ESSOAS P
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Agrave VID
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AtildeO JU
DICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE
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A
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE
PESSO
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COMUNIDADES IN
DIacuteGENAS
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MEDIDAS C
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CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
CU
MP
RIM
ENTO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
55 sumaacuterio
MC 35102 ldquoR
OSEM
ARY SO
UTO MAIOR E O
UTROSrdquo
(2010)
MC 22409 ldquoA
DOLESC
ENTES P
RIVADOS DE
LIBERDADE NA UNIDADE DE IN
TERNACcedilAtildeO
SOCIOEDUCATIVA
(UNIS)rdquo (2009)
MC 23608 ldquoP
ESSOAS PRIVADAS DE LIB
ERDADE
NA PENITEN
CIAacuteRIA POLINTER
-NEVESrdquo (2009)
ldquoCASO ADOLESC
ENTES N
A CADEIA PUacuteBLICA DE
GUARUJAacuterdquo (2007)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS RECEBIDAS POR
FAMILIA
RES D
E VIacuteTIMA DE ASSA
SSINATO
POR
GRUPO DE EXTER
MIacuteNIO MESM
O APOacuteS MEDIDA
CAUTELA
R DA CIDH EM 2002
DENUacuteNCIA SOBRE CASOS DE MORTE E TO
RTURA
DE ADOLESC
ENTES D
ETIDOS NA UNIS D
E
CARIACICA ESP
IacuteRITO SANTO
DENUacuteNCIAS SO
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PERPOPULACcedil
AtildeO E M
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NITAacuteRIAS NO PRESIacuteD
IO
DENUacuteNCIA SOBRE SU
PERPOPULACcedil
AtildeO E
DETEN
CcedilAtildeO IRREGULAR DE ADOLESC
ENTES EM
CADEIA PUacuteBLICA
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
SAUacuteDE
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
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PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
E ADOLESC
ENTES
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
SISTEMA CARCERAacuteRIO
SISTEMA CARCERAacuteRIO
SISTEMA CARCERAacuteRIO
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
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RIDADE FIacuteSIC
A DOS FA
MILIA
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MEDIDAS PA
RA IMPEDIR A MORTE E A
TORTURA
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STIFICARAM A ADOCcedilAtildeO DA CAUTELA
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AtildeO E PA
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MEDIDAS CAUTELA
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MEDIDAS CAUTELA
RES (P
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CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL 140
PESQUISA DIREITO GV
56 sumaacuterio
ldquoCASO CENTRO DE DEFESA
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CRIANCcedilA E D
O ADOLESC
ENTE D
O DISTR
ITO
FEDERALrdquo (2006)
ldquoCASO MARIA APARECIDA DENADAIrdquo (2006)
MC 13006 ldquoP
ESSOAS DETID
AS NA 76ordf
DELEG
ACIA DE POLIacuteCIArdquo (2006)
ldquoCASO RAPOSA SER
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DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
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UE
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ADOLESC
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DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
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UNHA DE ASSA
SSINATO
CONTRA ATIVISTA
DE DIREITO
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DENUacuteNCIA SOBRE MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
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TORTURA DE DETEN
TOS
DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
IE DE ATO
S
VIOLEN
TOS COMETID
OS POR NAtildeO INDIacuteGENAS AgraveS
COMUNIDADES IN
DIacuteGENAS DA REGIAtildeO
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
E ADOLESC
ENTES
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE Agrave
LIBERDADE
DE RELIG
IAtildeO AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROPRIEDADE Agrave
LIVRE CIRCULACcedil
AtildeO Agrave
IGUALDADE E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
SISTEMA CARCERAacuteRIO
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
SISTEMA CARCERAacuteRIO
COMUNIDADES IN
DIacuteGENAS
DENTRE OUTRAS M
EDIDAS PA
RA REDUZIR A
SUPERPOPULACcedil
AtildeO PA
RA SEPA
RAR OS
DETEN
TOS E PA
RA AUMENTAR A SEG
URANCcedilA
MEDIDAS DE PROTECcedil
AtildeO Agrave TESTEM
UNHA
DENTRE OUTRAS M
EDIDAS PA
RA REDUZIR A
SUPERPOPULACcedil
AtildeO PROPORCIONAR
ATENDIMENTO MEacuteDICO E IN
VESTIGAR OS FATO
S
QUE LEVA
RAM Agrave DENUacuteNCIA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A A
INTEG
RIDADE PESSO
AL E A
CIRCULACcedil
AtildeO DAS
COMUNIDADES IN
DIacuteGENAS E PA
RA INVESTIG
AR
OS FATO
S QUE LEVA
RAM Agrave DENUacuteNCIA
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
EXTINTA A PEDIDO DA BENEFIC
IAacuteRIA 141
CUMPRIMENTO PARCIAL ATEacute FEVER
EIRO DE
2007 142SEM
INFORMACcedilAtildeO 143
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
57 sumaacuterio
MC 85204 ldquoC
RIANCcedilAS PRIVADAS DE LIB
ERDADE
NA FUNDACcedilAtildeO ESTA
DUAL DO BEM-ESTA
R DO
MENOR (FEB
EM) DO TATU
APEacuterdquo (2004)
ldquoCASO JORGE CUSTO
DIO ROSANGELA
APARECIDA SARAIVA FER
REIRA E A
LESSANDRA
RODRIGUEZ C
ELESTINOrdquo (2003)
ldquoCASO MARIA APARECIDA GOMES D
A SILVA
E
SUA FAMIacuteLIA
E EDSON AZAMBUJArdquo (2003)
ldquoCASO DOS IN
TERNOS DO CAacuteRCERE DE URSO
BRANCOrdquo (2002)
DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
IE DE VIO
LEcircNCIAS
COMETID
AS CONTRA OS MENORES IN
TERNOS
DA CASA DE DETEN
CcedilAtildeO E C
ASOS DE MORTES E
REBELIOtilde
ES
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
S DE DIREITO
S
HUMANOS NO PARANAacute
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE E
SEQUESTR
O SOFRIDOS POR ATIVISTA
S DE
DIREITO
S HUMANOS
DENUacuteNCIA SOBRE SU
PERPOPULACcedil
AtildeO
CARCERAacuteRIA CONFLITO
S INTER
NOS EN
TRE
DETEN
TOS E FA
LTA DE CONDICcedilOtildeES N
O
PRESIacuteD
IO
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
SAUacuteDE
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
SISTEMA CARCERAacuteRIO
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
DENTRE OUTRAS M
EDIDAS PA
RA GARANTIR A
VIDA E A
INTEG
RIDADE DOS MENORES PA
RA
INVESTIG
AR OS FU
NCIONAacuteRIOS E PA
RA MANTER
A SUPERVISAtildeO
DAS CONDICcedilOtildeES D
E DETEN
CcedilAtildeO
DO LOCAL
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
DENTRE OUTRAS M
EDIDAS PA
RA IMPEDIR
NOVOS HOMICIacuteDIOS NO PRESIacuteD
IO E PA
RA
INVESTIG
AR OS FATO
S OCORRIDOS
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
DESC
UMPRIMENTO (LEVA
DA Agrave CORTE ID
H)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
DESC
UMPRIMENTO (LEVA
DA Agrave CORTE ID
H)
PESQUISA DIREITO GV
58 sumaacuterio
ldquoCASO IRINY NICOLAU CORRES LO
PESrdquo (2002)
ldquoCASO RONY CLAY C
HAVES R
UBENS LEO
NCIO
PEREIRA MARCOS MASSA
RI E G
ILMAR LEITE
SIQUIERA (PROTECcedil
AtildeO DE TESTEM
UNHAS DA
OPERACcedilAtildeO CASTELIN
HO)rdquo (2002)
MC 35102 ldquoC
ASO MANOEL B
EZERRA ROSEM
ARY
SOUTO E LU
IZ DA SILVArdquo (2002)
ldquoCASO DO POVO INDIacuteGENA XUCURUrdquo (2002)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA DE DIREITO
S HUMANOS NO ESP
IacuteRITO
SANTO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
INFORMANTES A
PROVEITA
DOS EM
OPERACcedilAtildeO
POLICIAL PERPETR
ADAS PELA
PROacutePRIA
POLIacuteCIA
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
TESTEMUNHAS E IN
VESTIGADORES D
E GRUPO
DE EXTER
MIacuteNIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
LIacuteDERES D
E COMUNIDADE IN
DIacuteGENA
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROPRIEDADE E Agrave
GARANTIA JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
COMUNIDADES IN
DIacuteGENAS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DAS TESTEM
UNHAS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DAS TESTEM
UNHAS E D
OS
INVESTIG
ADORES
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS LIacuteD
ERES E PA
RA
INVESTIG
AR OS FATO
S DENUNCIADOS
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO (VIacuteTIM
A ASSA
SSINADA EM
2009)
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
59 sumaacuterio
ldquoCASO ELM
A SORAIA SOUZA NOVAISrdquo (2002)
ldquoCASO DOS PROMOTORES E D
OS DETEN
TOS DA
PRISAtildeO
PUacuteBLICA DE SO
ROCABArdquo (2000)
ldquoCASO BENEDITO MARIANOrdquo (2000)
ldquoCASO CATH
ERINE HALVEYrdquo (2000)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
MAtildeE DE VIacuteTIM
A DE VIO
LEcircNCIA POLICIAL
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDA POR TESTEM
UNHAS
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR INVESTIG
ADOR DE VIO
LEcircNCIA
POLICIAL
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
DE DIREITO
S HUMANOS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (INVESTIG
ADOR)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA VIacuteTIM
A
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A E A
CAPAC
IDADE DE
PRESTA
R TESTEM
UNHO SEM
TEMER
REPRESAacute
LIAS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO INVESTIG
ADOR E SEU
S
FAMILIA
RES
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA ATIVISTA
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
PESQUISA DIREITO GV
60 sumaacuterio
ldquoCASO JOAQUIM MARCELO
DENADAIrdquo (1999)
ldquoCASO LUZIA CANUTOrdquo (1998)
ldquo2ordm CASO PADRE RICARDO REZEN
DErdquo (1998)
CASO 12002 ldquoM
ARIA EMILIA
DE MARCHI E
OUTROSrdquo (1998)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA CONTRAacuteRIO A GRUPO DE EXTER
MIacuteNIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS E C
ASOS DE
HOMICIacuteDIO SOFRIDOS POR FAMILIA
RES D
E
LIacuteDER DE MOVIM
ENTO SOCIAL ASSA
SSINADO EM
CONTEXTO
DE CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA DE DIREITO
S HUMANOS EM
CONTEXTO
DE DISPUTA FUNDIAacuteRIA
DENUacuteNCIA SOBRE AS MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
O
LOCAL EM
QUE AS VIacuteTIM
AS ESTAVA
M PRESA
S
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
GARANTIA JUDICIAL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA VIacuteTIM
A
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA TESTEM
UNHA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS DETEN
TOS
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO (VIacuteTIM
A ASSA
SSINADA EM
2002)
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
61 sumaacuterio
ldquo1ordm CASO PADRE RICARDO REZEN
DE E O
UTROSrdquo
(19951996)
ldquoCASO DO ADVOGADO OSMAR BARCELO
S DO
NASCIMENTOrdquo (1996)
ldquoCASO DOS MENORES IN
TERNOS DO INSTITU
TO
PADRE SEVER
INO DA ESC
OLA JOAtildeO LUIS A
LVES
E DA ESC
OLA SANTOS DUMONTrdquo (1996)
ldquoCASO AMEACcedil
ADOS PELO
S lsquoMENINOS DE OUROrsquordquo
(1996)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTAS DE DIREITO
S HUMANOS EM
CONTEXTO
DE DISPUTA FUNDIAacuteRIA NO PARAacute
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ADVOGADO ATIVISTA
DE DIREITO
S HUMANOS NO
ESPIacuteRITO SANTO
DENUacuteNCIA SOBRE AS MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
O
CENTRO DE DETEN
CcedilAtildeO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
S CONTRAacuteRIOS A GRUPO
DE EXTER
MIacuteNIO
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS DETEN
TOS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
II RELATOacuteRIOS DE MEacuteRITO PUBLICADOS PELA COMISSAtildeO
INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 17 (ENTRE
1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
62 sumaacuterio
CASO
PETICcedil
AtildeO 12308 ldquoM
ANOEL LEA
L DE O
LIVEIRArdquo
(INFORMES N
3710 E N 7206)
CASO 12440 ldquoW
ALLAC
E DE A
LMEID
Ardquo
(INFORMES N
3408 E N 2609)
CASO 12310 ldquoSEB
ASTIAtildeO
CAMARGO FILH
Ordquo
(INFORMES N
3308 E Ndeg 2509)
RESU
MO
DO
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DE
JORNALISTA
APOacuteS P
UBLIC
ACcedilAtildeO DE ESC
AcircNDALO
DE C
ORRUPCcedilAtildeO NO JO
RNAL D
E QUE ER
A
EDITO
R
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DA VIacuteTIM
A EM
RAZAtildeO
DE A
BUSO EM
OPERACcedilAtildeO POLIC
IAL
INCLUSIVE C
OM INDIacuteCIOS D
E DISC
RIMINACcedilAtildeO
RACIAL
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DE M
EMBRO
DO MOVIM
ENTO DOS TR
ABALHADORES R
URAIS
SEM TER
RA NO PA
RANAacute SEM
INVESTIG
ACcedilAtildeO E
INDEN
IZACcedilAtildeO
DIR
EITOS VIO
LAD
OS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave LIB
ERDADE D
E EXPRESSAtildeO
E
PEN
SAMEN
TO AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE Agrave
IGUALDADE
AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO
JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
TEMA
ATENTADO CONTRA JO
RNALISTA
VIO
LEcircNCIA POLIC
IAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
MED
IDA
S IND
ICAD
AS
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS A
UTORES
DO CRIME D
OS R
ESPONSAacuteVEIS P
ELA DEM
ORA
NAS IN
VESTIGACcedilOtildeES R
EPARACcedilAtildeO DOS
FAMILIA
RES A
DOCcedilAtildeO DE U
MA POLIacuteTIC
A GLOBAL
DE P
ROTECcedil
AtildeO DOS JO
RNALISTA
S
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO COMPLETA
DOS FATO
S REPA
RACcedilAtildeO DOS FA
MILIA
RES D
A
VIacuteTIMA E A
DOCcedilAtildeO DE P
OLIacuteTIC
A CONTRA A
DISC
RIMINACcedilAtildeO RACIAL EM
OPERACcedilOtildeES
POLIC
IAIS
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO COMPLETA
DOS FATO
S REPA
RACcedilAtildeO DOS FA
MILIA
RES D
A
VIacuteTIMA E A
DOCcedilAtildeO DE P
OLIacuteTIC
A CONTRA A
VIOLEcircN
CIA RURAL
NATU
REZA
DA
S MED
IDA
SMEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
CU
MP
RIM
ENTO
(EM 2012)
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
63 sumaacuterio
CASO 12019 ldquoA
NTOcircNIO FER
REIRA BRAGArdquo
(INFORMES N
8407 E N 3508)
CASO 12001 ldquoSIM
ONE ANDREacute DINIZrdquo (IN
FORMES
N 8304 E N
6606)
CASO 11634 ldquoJA
ILTON NERI DA FONSEC
Ardquo
(INFORMES N
2303 E N 3304)
CASO 11556 ldquoM
ASSAC
RE DE CORUMBIARArdquo
(INFORMES N
2203 E N 3204)
DENUacuteNCIA SOBRE DETEN
CcedilAtildeO ILEG
ALMENTE
FEITA PELA
POLIacuteCIA CIVIL IN
CLUSIVE C
OM
TORTURA DA VIacuteTIM
A
DENUacuteNCIA SOBRE DISCRIMINACcedilAtildeO RACIAL
SOFRIDA POR EMPREGADA DOMEacuteSTIC
A QUE NAtildeO
FOI CONTRATA
DA POR SER
NEGRA
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
MENOR POR FORCcedilAS POLICIAIS EM
FAVELA DO
RIO DE JA
NEIRO
DENUacuteNCIA SOBRE MORTES D
E
TRABALHADORES R
URAIS EM
ACcedilAtildeO DA POLIacuteCIA
PARA REINTEG
RACcedilAtildeO DE POSSE D
E TERRENO
DIREITO
Agrave INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A Agrave LIB
ERDADE
PESSO
AL Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL O
BRIGACcedilAtildeO DE PREVEN
IR
E PUNIR TODO ATO
DE TO
RTURA COMETID
O
DIREITO
Agrave IGUALDADE Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
E Agrave PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
LIBERDADE Agrave
PROTECcedil
AtildeO DA INFAcircNCIA AgraveS
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
DISCRIMINACcedilAtildeO RACIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS FATO
S
RESP
ONSABILIZACcedil
AtildeO PELA
DEMORA EM
ELUCIDAR O CASO INDENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A E
CAPAC
ITACcedilAtildeO DOS POLICIAIS C
IVIS
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A
MODIFIC
ACcedilAtildeO DA LEG
ISLACcedilAtildeO CONTRA O
RACISM
O INVESTIG
ACcedilAtildeO DOS FATO
S PROMOVER
MEDIDAS ADMINISTR
ATIVAS CONTRA O RACISM
O
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS A
LTERACcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DA
POLIacuteCIA MILITA
R PARA INVESTIG
ACcedilAtildeO DE
CRIMES C
OMETID
OS POR MEMBROS DA
PROacutePRIA CORPORACcedilAtildeO E TR
ANSFER
EcircNCIA
PARA A POLIacuteCIA CIVIL
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS A
LTERACcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DA
POLIacuteCIA MILITA
R PARA INVESTIG
ACcedilAtildeO DE
CRIMES C
OMETID
OS POR MEMBROS DA
PROacutePRIA CORPORACcedilAtildeO E TR
ANSFER
EcircNCIA
PARA A POLIacuteCIA CIVIL
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
PENDENTE D
E CUMPRIMENTO
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
PESQUISA DIREITO GV
64 sumaacuterio
CASO 10301 ldquoPA
RQUE SAtildeO
LUCASrdquo (IN
FORMES N
1696 E N 4003)
CASO 11517 ldquoD
INIZ B
ENTO DA SILVArdquo
(INFORMES N
11101 E N 2302)
CASOS 11286 E O
UTROS ldquoA
LUIacuteSIO
CAVA
LCANTE
E OUTROSrdquo (IN
FORMES N
7400 E N 5501)
CASO 12051 ldquoM
ARIA DA PENHArdquo (IN
FORMES N
10500 E N 5401)
DENUacuteNCIA SOBRE TO
RTURA DE PRESO
S NO
DISTR
ITO POLICIAL PA
RQUE SAtildeO
LUCAS EM
SAtildeO
PAULO
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
MEMBRO DO MOVIM
ENTO DOS TR
ABALHADORES
RURAIS SEM
TERRA POR FORCcedilAS POLICIAIS
DENUacuteNCIA SOBRE DIVER
SOS CASOS DE
ASSA
SSINATO
DE JO
VENS POR FORCcedilAS
POLICIAIS
DENUacuteNCIA SOBRE CASO DE VIO
LEcircNCIA
DOMEacuteSTIC
A COM DEMORA E N
EGLIGEcircNCIA NO
PROCESSA
MENTO DA ACcedilAtildeO CRIMINAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO DA HONRA
E DA DIGNIDADE Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
LIBERDADE A
UM JULGAMENTO JUSTO
AgraveS
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
E DIREITO
DE PETICcedil
AtildeO
DIREITO
Agrave PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL Agrave
S GARANTIAS
JUDICIAIS Agrave
IGUALDADE
SISTEMA CARCERAacuteRIO
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA DOMEacuteSTIC
A DISCRIMINACcedilAtildeO
DE GEcircNERO
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DAS VIacuteTIM
AS
TRANSFER
EcircNCIA DA COMPETEcircN
CIA DE
JULGAMENTO DE DELITO
S COMETID
OS POR
POLICIAIS M
ILITARES C
ONTRA CIVIS PA
RA A
JUSTICcedil
A COMUM PUNICcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS E
DESATIVACcedil
AtildeO DAS ldquoC
ELAS DE ISO
LAMENTOrdquo
MEDIDAS PA
RA INVESTIG
ACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS PA
RA INDENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES E PA
RA EVITA
R A REPETICcedil
AtildeO DE
FATOS SEM
ELHANTES EM
CONFLITO
S
FUNDIAacuteRIOS
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS E D
OS RESP
ONSAacuteVEIS P
ELA DEMORA
NOS PROCESSO
S INDENIZACcedil
AtildeO DE VIacuteTIM
AS OU
FAMILIA
RES A
BOLICcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DOS
TRIBUNAIS M
ILITARES PA
RA JULGAR CRIMES
COMETID
OS POR POLICIAIS C
ONTRA CIVIS
ADOCcedilAtildeO DE CONTROLE EXTER
NO E IN
TERNO
SOBRE A POLIacuteCIA MILITA
R DO RIO DE JA
NEIRO
DENTRE OUTRAS FIN
ALIZACcedil
AtildeO DO PROCESSO
CRIMINAL IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS
PELA
DEMORA INDENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A E
ADOCcedilAtildeO DE REFO
RMAS LEG
ISLATIVAS E
ADMINISTR
ATIVAS PA
RA COMBATER
A
DISCRIMINACcedilAtildeO DE GEcircNERO E A
VIOLEcircN
CIA
DOMEacuteSTIC
A CONTRA MULHERES
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
65 sumaacuterio
CASO 11291 ldquoC
ARANDIRUrdquo (IN
FORMES N
12099
E N 3400)
CASO 11599 ldquoM
ARCOS AUREacuteLIO
DE OLIVEIR
Ardquo
(INFORMES N
2399 E N 1000)
CASO 11598 ldquoA
LONSO EUGEcircNIO DA SILVArdquo
(INFORMES N
2299 E N 0900)
CASO 11516 ldquoO
VELAacuteRIO TAMESrdquo (IN
FORMES N
8098 E N 6099)
DENUacuteNCIA SOBRE O MASSAC
RE PROMOVIDO
POR FORCcedilAS POLICIAIS AO
INVADIREM O
PRESIacuteD
IO DO CARANDIRU PARA DEBELA
R UMA
REBELIAtildeO
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
CRIANCcedilA DE RUA POR POLICIAL CIVIL
DENUacuteNCIA SOBRE HOMICIacuteDIO DE MENOR POR
POLICIAL MILITA
R DURANTE D
ETENCcedilAtildeO POR
SUPOSTO
ASSA
LTO
DENUacuteNCIA SOBRE DETEN
CcedilAtildeO ARBITRAacuteRIA DA
VIacuteTIMA QUE FO
I MORTA DEPOIS D
E TORTURADA
POR AGENTES D
E SEGURANCcedilA
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave JUSTICcedil
A Agrave PROTECcedil
AtildeO CONTRA
DETEN
CcedilOtildeES A
RBITRAacuteRIAS Agrave
PROTECcedil
AtildeO
JUDICIAL E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
SISTEMA CARCERAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS FATO
S E
PUNICcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS IN
DENIZACcedil
AtildeO
DAS VIacuteTIM
AS OU FAMILIA
RES E
DESEN
VOLVIM
ENTO DE POLIacuteTIC
AS PA
RA
DIMINUIR A SUPERPOPULACcedil
AtildeO NOS PRESIacuteD
IOS
AUMENTAR A SEG
URANCcedilA E TR
EINAR AS
FORCcedilAS DE SEG
URANCcedilA DENTRE OUTROS
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO
DOS RESP
ONSAacuteVEIS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES E C
OMBATE AO
PROBLEM
A DOS
ldquoMENINOS DE RUArdquo N
O RIO DE JA
NEIRO EM
CONSONAcircNCIA COM AS OBRIGACcedilOtildeES
INTER
NACIONAIS
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DO
RESP
ONSAacuteVEL E IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS P
ELO CRIME E P
ELA DEMORA NA
PUNICcedilAtildeO INDENIZACcedil
AtildeO DOS FA
MILIA
RES
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S E DE IN
DENIZACcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S E DE IN
DENIZACcedil
AtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
PESQUISA DIREITO GV
66 sumaacuterio
CASO 11405 ldquoN
EWTON COUTINHO MENDES E
OUTROSrdquo (IN
FORMES N
7998 E N 5999)
CASO 11287 ldquoJO
AtildeO CANUTO DE OLIVEIR
Ardquo
(INFORME N 2498)
DENUacuteNCIA SOBRE MORTES E A
MEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR DEFEN
SORES D
E DIREITO
S
HUMANOS E P
ESSOAS LIG
ADAS Agrave OCUPACcedil
AtildeO DE
TERRAS EM
RAZAtildeO
DE GRUPO DE EXTER
MIacuteNIO
FORMADO POR PROPRIETAacute
RIOS
DENUacuteNCIA SOBRE A FALTA DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E
PUNICcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS P
ELO HOMICIacuteDIO DE
LIacuteDER DE TR
ABALHADORES R
URAIS N
O PARAacute
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave LIB
ERDADE Agrave
SEGURANCcedilA E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
JUSTICcedil
A AgraveS GARANTIAS
JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS D
E PREVEN
CcedilAtildeO DE NOVOS
CONFLITO
S NA AacuteREA E D
E INDENIZACcedil
AtildeO DAS
VIacuteTIMAS OU FAMILIA
RES
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS P
ELO CRIME IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES E P
REVEN
CcedilAtildeO DE NOVOS CONFLITO
S
NA AacuteREA
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO 144
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
67 sumaacuterio
CASO
CASO
S 12426 E 12427 ldquoMEN
INOS EM
ASC
ULA
DOS D
O MARANHAtildeO
rdquo
(INFO
RME N
4306)
CASO
11289 ldquoJOSEacute P
EREIR
Ardquo (INFO
RME N
9503)
RESU
MO
DO
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO E C
ASTR
ACcedilAtildeO
DE D
IVERSO
S MEN
INOS
NO PA
RAacute E N
O MARANHAtildeO
COM DEM
ORA NAS IN
VESTIGACcedil
OtildeES
DEN
UacuteNCIA SO
BRE R
EDUCcedilAtildeO
DE TR
ABALH
ADORES A
CONDICcedilOtildeES A
NAacuteLO
GAS
Agrave ESC
RAVID
AtildeO E D
E DEM
ORA NA TO
MADA DE P
ROVID
EcircNCIAS
DIR
EITOS VIO
LAD
OS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave PROTECcedil
AtildeO DA FA
MIacuteLIA
AO JU
LGAMEN
TO JU
STO Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL Agrave
S GARANTIA
S JUDICIAIS E D
IREITO
S DAS
CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave IN
TEGRIDADE P
ESSOAL Agrave
LIBER
DADE AO
TRABALH
O E A
UMA JU
STA REM
UNER
ACcedilAtildeO
AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO
JUDICIAL
TEMA
INVESTIG
ACcedilAtildeO
CRIMINAL
ESCRAVID
AtildeO
MED
IDA
S IND
ICAD
AS
DEN
TRE O
UTR
AS R
EPARACcedil
AtildeO SIM
BOacuteLIC
A E M
ATERIAL D
AS VIacuteTIM
AS O
U
DE SEU
S FAMILIA
RES IM
PLEM
ENTACcedil
AtildeO DE P
ROGRAMAS PA
RA
COMBATER
A VIO
LEcircNCIA CONTR
A CRIANCcedilAS E A
DOLESC
ENTES B
EM
COMO OUTR
OS P
ROGRAMAS A
DMINISTR
ATIVOS M
ONITO
RAMEN
TO DA
SITUACcedil
AtildeO POR MEIO
DE C
OMISSAtildeO
DEN
TRE O
UTR
AS P
UNICcedilAtildeO
DOS R
ESPONSAacuteVEIS IN
DEN
IZACcedilAtildeO
DA VIacuteTIM
A
ALTER
ACcedilAtildeO
DA LEG
ISLACcedilAtildeO
SOBRE TR
ABALH
O ESC
RAVO
E DOS
MEC
ANISM
OS D
E COMBATE E FISC
ALIZACcedil
AtildeO
NATU
REZA
DA
S MED
IDA
SMED
IDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO
E DE N
AtildeO REP
ETICcedilAtildeO
MED
IDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO
E DE N
AtildeO REP
ETICcedilAtildeO
CU
MP
RIM
ENTO
(EM 2012)
CUMPRIMEN
TO IN
TEGRAL
CUMPRIMEN
TO PA
RCIAL
III SOLUCcedilOtildeES AMISTOSAS CELEBRADAS PELO BRASIL
NA COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 2 (ENTRE 1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
68 sumaacuterio
CASO
ldquoCASO
DA UNIDADE D
E INTER
NACcedil
AtildeO
SOCIOED
UCATIVArdquo (2011)
ldquoCASO
JULIA
GOMES LU
ND E O
UTROSrdquo (2009)
ldquoCASO
DOS D
ETENTOS D
A PEN
ITENCIAacuteRIA DE
ARARAQ
UARArdquo (2006)
RESU
MO
DO
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE C
ASO
S DE M
ORTE E TO
RTU
RA
DE A
DOLESC
ENTES D
ETIDOS N
A UNIS D
E
CARIAC
ICA ESP
IacuteRITO
SANTO (V M
EDIDA
CAUTELA
R DA CIDH)
DEN
UacuteNCIA SO
BRE O
DESA
PAREC
IMEN
TO
FORCcedilADO DE M
ILITANTES Q
UE PA
RTIC
IPARAM
DA ldquoG
UER
RILH
A DO ARAG
UAIArdquo C
OMBATEN
DO O
REG
IME D
ITATORIAL B
RASILEIR
O E FA
LTA DE
INVESTIG
ACcedilAtildeO
SOBRE O
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
GRANDE C
ONCEN
TRACcedil
AtildeO
DE P
RESO
S NO CEN
TRO DE D
ETENCcedilAtildeO
COM
CONSEQ
UEN
TE TRANSM
ISSAtildeO DE D
OEN
CcedilAS E
CONFLITO
S INTER
NOS
DIR
EITOS VIO
LAD
OS
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE P
ESSOAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave IN
TEGRIDADE P
ESSOAL Agrave
LIBER
DADE AO
TRABALH
O E A
UMA JU
STA
REM
UNER
ACcedilAtildeO
AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE P
ESSOAL
TEMA
SISTEMA CARCER
AacuteRIO
LEI DE A
NISTIA
SISTEM
A CARCER
AacuteRIO
MED
IDA
S IND
ICAD
AS
MED
IDAS PA
RA GARANTIR
A SEG
URANCcedilA A VID
A
E A IN
TEGRIDADE FIacuteSIC
A DE TO
DOS O
S
MEN
ORES E D
AS P
ESSOAS Q
UE SE
ENCONTRAREM
NO ESTA
BELEC
IMEN
TO EM
DISC
USSAtildeO
CONJUNTA COM OS
REP
RESEN
TANTES D
OS B
ENEFIC
IAacuteRIOS E
ADEQ
UACcedil
AtildeO AgraveS N
ORMAS IN
TERNAC
IONAIS
SOBRE O
TEMA
O PED
IDO DE M
EDIDAS P
ROVISIO
NAIS FO
I
REJEITA
DO
MED
IDAS PA
RA GARANTIR
A VID
A E A
INTEG
RIDADE D
OS D
ETENTOS PA
RA GARANTIR
O AC
ESSO Agrave SA
UacuteDE PA
RA ALOCAR
ADEQ
UADAMEN
TE OS P
RESO
S E PARA
INVESTIG
AR E P
UNIR OS R
ESPONSAacuteVEIS P
OR
VIOLACcedil
OtildeES D
E DIREITO
S HUMANOS
NATU
REZA
DA
S MED
IDA
SMED
IDAS C
AUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO
E
CORRECcedil
AtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
mdashmdashmdashmdashmdashmdash
MED
IDAS C
AUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO
E
CORRECcedil
AtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
CU
MP
RIM
ENTO
(EM 2012)
CUMPRIMEN
TO PA
RCIAL
mdashmdashmdashmdashmdashmdash
CUMPRIMEN
TO IN
TEGRAL
IV MEDIDAS PROVISIONAIS OUTORGADAS PELA CORTE
INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012)
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
69 sumaacuterio
ldquoCASO DO COMPLEXO
TATUAPEacute DA FEB
EMrdquo (2005)
ldquoCASO DOS IN
TERNOS DO CAacuteRCERE DE URSO
BRANCOrdquo (2002)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS EN
TRE IN
TERNOS
BRIGAS PA
NCADARIAS A
LEGACAO
DE TO
RTURAS
E MOTINS QUE SE SO
MARAM Agrave MORTE D
E QUATR
O
BENEFIC
IAacuteRIOS DE MEDIDAS CAUTELA
RES D
A
COMISSAtildeO
DE 2004 FA
LTA DE SEG
URANCcedilA E D
E
HIGIENE (V M
EDIDA CAUTELA
R DA CIDH)
DENUacuteNCIA SOBRE SU
PERPOPULACcedil
AtildeO
CARCERAacuteRIA CONFLITO
S INTER
NOS EN
TRE
DETEN
TOS E H
OMICIacuteDIOS (V M
EDIDA CAUTELA
R DA
CIDH)
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E
DIREITO
DAS CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave VID
A INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
SISTEMA CARCERAacuteRIO
SISTEMA CARCERAacuteRIO
MEDIDAS NECESSAR
IAS PA
RA PROTEG
ER A VID
A E
INTEG
RIDADE PESSO
AL DE TO
DAS AS CRIANCcedilAS E
ADOLESC
ENTES R
ESIDENTES N
O COMPLEXO
DO
TATUAPE DA FEB
EM
DENTRE OUTRAS M
EDIDAS PA
RA IMPEDIR NOVOS
HOMICIacuteDIOS NO PRESIacuteD
IO PERMITIR
O ACESSO
DAS AUTORIDADES IN
VESTIGAR OS FATO
S
OCORRIDOS A
DEQUAR O PRESIacuteD
IO AgraveS NORMAS
INTER
NACIONAIS SO
BRE O TEM
A E
SUPERVISIO
NAR O CUMPRIMENTO DA DECISAtildeO
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E C
ORRECcedilAtildeO
DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E C
ORRECcedilAtildeO
DAS VIO
LACcedilOtildeES)
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
PESQUISA DIREITO GV
70 sumaacuterio
CASO
ldquoCASO JU
LIA GOMES LU
ND E O
UTROS VS
BRASILrdquo (2010)
ldquoCASO GARIBALDI VSB
RASILrdquo (2009)
ldquoCASO ESC
HER E O
UTROS VSB
RASILrdquo (2009)
RESU
MO
DO
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE O
DESA
PARECIMEN
TO
FORCcedilADO DE M
ILITANTES Q
UE PA
RTIC
IPARAM
DA ldquoG
UERRILH
A DO ARAGUAIArdquo C
OMBATEN
DO O
REGIME D
ITATORIAL B
RASILEIR
O E FA
LTA DE
INVESTIG
ACcedilAtildeO SO
BRE O
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DE M
EMBRO
DO MOVIM
ENTO DOS TR
ABALHADORES R
URAIS
SEM TER
RA (M
ST) E DE FA
LTA DE
INVESTIG
ACcedilOtildeES
DEN
UacuteNCIA SO
BRE G
RAMPOS TELEFOcirc
NICOS
FEITOS IR
REGULARMEN
TE PELA
POLIacuteC
IA E
AUTORIZA
DOS P
ELO JU
DICIAacuteRIO COM
POSTER
IOR DIVU
LGACcedilAtildeO DAS G
RAVACcedil
OtildeES E
DANO Agrave IM
AGEM
DAS VIacuteTIM
AS
DIR
EITOS VIO
LAD
OS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE P
ESSOAL Agrave
LIBERDADE AO
TRABALHO E A
UMA JU
STA
REM
UNERACcedilAtildeO AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
DIREITO
Agrave PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL E Agrave
S GARANTIA
S
JUDICIAIS
DIREITO
Agrave VID
A PRIVA
DA Agrave HONRA E Agrave
REPUTACcedil
AtildeO Agrave LIB
ERDADE D
E ASSO
CIACcedil
AtildeO AgraveS
GARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
TEMA
LEI DE A
NISTIA
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
PRIVAC
IDADE C
ONFLITO
FUNDIAacuteRIO
MED
IDA
S IND
ICAD
AS
DEN
TRE O
UTRAS R
ECONHECIMEN
TO DA
RESP
ONSABILID
ADE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO
DOS R
ESPONSAacuteVEIS D
ETERMINACcedilAtildeO DO
PARADEIR
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V CASOS CONTENCIOSOS NA CORTE INTERAMERICANA
DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012)
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
71 sumaacuterio
ldquoCASO GILSO
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ldquoCASO DAMIAtildeO XIM
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CUMPRIMENTO PARCIAL
NOTAS
A pesquisa que deu origem a esta obra coordenada pelo Professor1
Javier Couso da Universidad Diego Portales (Chile) integrou um projetointernacional de natureza comparativa que envolveu diversos paiacuteses latino-americanos Estados Unidos e Itaacutelia com vistas a uma publicaccedilatildeo conjuntaem liacutengua espanhola No Brasil a pesquisa foi desenvolvida pelos seguintespesquisadores Prof Oscar Vilhena Vieira (coordenador) Luciana Ramos eRubens Glezer (pesquisadores mestres) Adriane Sanctis de Brito GuilhermeKlafke e Rafael Giovanelli (pesquisadores graduados) e Mariacutelia Lessa(pesquisadora graduanda) Os autores do artigo agradecem a Faacutebia FCarvalho Veccediloso pelos comentaacuterios e contribuiccedilotildees ao texto final e ao Lucas Felipe W Padilha pelo auxiacutelio na pesquisa inicial Os autores se responsabilizam integralmente pelos eventuais equiacutevocos cometidos
Ao longo deste artigo far-se-aacute referecircncia agrave Corte Interamericana2
de Direitos Humanos tambeacutem como ldquoCorte Interamericanardquo e ldquoCorteIDHrdquo No mesmo sentido far-se-aacute referecircncia agrave Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos como ldquoComissatildeo Interamericanardquo ou ldquoCIDHrdquo
A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos foi ratificada pelo3
Brasil em 25 de setembro de 1992 Em 6 de novembro de 1992 o Decreton 678 promulgou internamente a Convenccedilatildeo estabelecendo em seu art 1ordmque ldquoa Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de Satildeo Joseacute da Costa Rica) celebrada em Satildeo Joseacute da Costa Rica em 22 de novembrode 1969 apensa por coacutepia ao presente decreto deveraacute ser cumprida tatildeointeiramente como nela se conteacutemrdquo
O reconhecimento da jurisdiccedilatildeo contenciosa da Corte Interamericana4
de Direitos Humanos ocorreu seis anos mais tarde externamente em 10 dedezembro de 1998 com a aprovaccedilatildeo interna do Decreto Legislativo n 89 de3 de dezembro de 1998 O art 1ordm do decreto dispocircs ldquoEacute aprovada a solicitaccedilatildeode reconhecimento da competecircncia obrigatoacuteria da Corte Interamericana deDireitos Humanos em todos os casos relativos agrave interpretaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeoda Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos para fatos ocorridos a partirdo reconhecimento de acordo com o previsto no paraacutegrafo primeiro doart 62 daquele instrumento internacionalrdquo
Cf Leonardo Sakamoto Zeacute Pereira um sobrevivente 2 de junho de5
2004 Disponiacutevel em lthttpreporterbrasilorgbr200406ze-pereira-um-sobreviventegt Acesso em 22 abr 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual6
de 2012 capiacutetulo 3-B
PESQUISA DIREITO GV
72 sumaacuterio
Natildeo haacute dados suficientes nos relatoacuterios para indicar a quantidade7
de decisotildees com recomendaccedilotildees que por terem sido cumpridas no prazonatildeo tiveram seus relatoacuterios publicados pela Comissatildeo
Pesquisa realizada na seccedilatildeo de busca de jurisprudecircncia da proacutepria8
Corte Disponiacutevel em ltwwwcorteidhorcrindexphpjurisprudenciagtAcesso em 11 maio 2013
Utilizamos as categorias de ldquoindenizaccedilatildeordquo ldquosatisfaccedilatildeordquo e ldquogarantias9
de natildeo repeticcedilatildeordquo tal como apresentadas na Resoluccedilatildeo da Assembleia Geralda ONU n 60147 de 16 de dezembro de 2005 paraacutegrafos 18 a 23
Informe n 4306 (Meninos emasculados do Maranhatildeo)10
Informes n 5401 (Maria da Penha) n 5501 (Aluiacutesio Cavalcante11
e outros) n 2302 (Diniz Bento da Silva) n 4003 (Parque Satildeo Lucas)n 9503 (Joseacute Pereira) n 3204 (Corumbiara) n 3304 (Jailton Neri daFonseca) e n 6606 (Simone Andreacute Diniz)
Informes n 3508 (Antonio Ferreira Braga) n 2509 (Sebastiatildeo12
Camargo Filho) n 2609 (Wallace de Almeida) e n 3710 (Manoel Lealde Oliveira)
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual13
de 2012 capiacutetulo 3 item D
Vide Informe n 2498 (Joatildeo Canuto) Cf Comissatildeo Interamericana14
de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafo 45
Veja-se por exemplo o Caso 11793 (Jorge Antonio Carelli)15
mencionado no Relatoacuterio Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafo 46
Cf David C Baluarte and Christian M De Vos From Judgment to16
Justice Implementing International and Regional Human RightsDecisions Open Society Foundations 2010 Disponiacutevel em ltwwwsorosorginitiativesjusticefocusinternational_justicearticles_publicationspublicationsfrom-judment-to-justice20101122gt Acesso em 27 de junho de 2013
O primeiro foi o Projeto de Lei n 32142000 do Deputado17
Marcos Rolim PTRS apresentado em 13 de junho de 2000 que conformesua ementa dispunha sobre os efeitos juriacutedicos das decisotildees da ComissatildeoInteramericana de Direitos Humanos e da Corte Interamericana de DireitosHumanos e dava outras providecircncias Ele continha apenas quatro artigos e
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
73 sumaacuterio
tratava basicamente das decisotildees de caraacuteter indenizatoacuterio das decisotildees daComissatildeo e da Corte atribuindo-lhes efeito de tiacutetulo executivo judicialdireto contra a Uniatildeo Segundo o deputado o projeto procurava suprir adeficiecircncia de legislaccedilatildeo nacional sobre o tema e possibilitar agrave Uniatildeo pagaras indenizaccedilotildees sem prejuiacutezo de reaver o valor posteriormente doresponsaacutevel pela violaccedilatildeo de direitos humanos (cf Projeto de Lei n 3214de 2000 Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados 17 de junho de 2000)
A primeira comissatildeo que tratou do projeto considerou inconstitucional a execuccedilatildeo de uma decisatildeo sem que fosse homologada pelo oacutergatildeo brasileirocompetente (atualmente o Superior Tribunal de Justiccedila) e tambeacutem rejeitoua inclusatildeo das decisotildees da Comissatildeo uma vez que ela natildeo teria caraacuteterjurisdicional O projeto entatildeo foi alterado nesses aspectos restringindo a aplicaccedilatildeo da lei agraves decisotildees da Corte e mantendo a necessidade dehomologaccedilatildeo Ele sofreu criacuteticas pela sua pequena abrangecircncia natildeodispondo sobre as frequentes obrigaccedilotildees de fazer e natildeo fazer (cf MinisteacuterioPuacuteblico Federal Nota teacutecnica ao Projeto de Lei n 46672004 Brasiacutelia2010 p 1) Ao fim foi arquivado sem ter sido votado nem mesmo pelaCacircmara em razatildeo de procedimentos internos da Casa
O segundo foi o Projeto de Lei n 46672004 do Deputado JoseacuteEduardo Cardozo PTSP apresentado em 15 de dezembro de 2004 queconforme sua ementa dispunha sobre os efeitos juriacutedicos das decisotildees dosOrganismos Internacionais de Proteccedilatildeo aos Direitos Humanos e dava outrasprovidecircncias Em sua justificativa o deputado praticamente reiterou ospontos afirmados no projeto anterior salientando que ldquoapesar da ratificaccedilatildeoas decisotildees dessas instacircncias natildeo estatildeo sendo respeitadas pelo Brasil O PoderExecutivo manifesta interesse no cumprimento das decisotildees dos organismosde proteccedilatildeo seja no acircmbito regional ou global poreacutem alega a inexistecircnciade legislaccedilatildeo ordinaacuteria nacional destinada a disciplinar a mateacuteriardquo
Esse projeto ainda tramita no Congresso Nacional onde permanecedesde 2011 no Senado Federal sem movimentaccedilatildeo Natildeo obstante alguns deseus pontos ainda satildeo criticados principalmente por natildeo cobrir todas asdiferentes hipoacuteteses de condenaccedilotildees internacionais como relatoacuterios opiniotildeesconsultivas recomendaccedilotildees etc e por natildeo afastar alguns oacutebices internos parao imediato cumprimento das obrigaccedilotildees inclusive a demora na tramitaccedilatildeodos procedimentos (cf ibidem p 7-10) De qualquer forma salienta-se aoportunidade de que o Brasil conte com a primeira lei nacional deimplementaccedilatildeo das decisotildees internacionais (cf ibidem p 11)
Cf Decreto Presidencial n 7037 de 21 de dezembro de 200918
com alteraccedilotildees pelo Decreto Presidencial n 7177 de 12 de maio de 2010
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site do proacuteprio19
Ministeacuterio Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbro-ministerioconheca-o-ministerioviewgt Acesso em 27 jun 2013
PESQUISA DIREITO GV
74 sumaacuterio
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site da proacutepria20
Secretaria Disponiacutevel em lthttpportalsdhgovbrclientessedhsedhsobregt Acesso em 27 jun 2013
Na eacutepoca era denominada ldquoSecretaria Nacional dos Direitos21
Humanosrdquo Depois foi nomeada ldquoSecretaria do Estado dos DireitosHumanosrdquo Mais informaccedilotildees sobre o histoacuterico da Secretaria podem serencontradas no site da Secretaria Disponiacutevel em lthttpportalsdhgovbrclientessedhsedhsobregt Acesso em 27 jun 2013
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site do proacuteprio22
oacutergatildeo Disponiacutevel em ltwwwagugovbrsistemassiteTemplateTextoaspxidConteudo=200643ampordenacao=1ampid_site=10742gtAcesso em 27 jun 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional23
da SDH
Informaccedilatildeo concedida por membro do Departamento24
Internacional da AGU
Informaccedilotildees concedidas por membro do Departamento Internacional25
da AGU e por ex-membro da Assessoria Internacional da SDH
A dotaccedilatildeo contou em 2013 com o valor de R$ 35000000 Cf26
BRASIL Lei Federal n 12798 de 4 de abril de 2013 (Lei OrccedilamentaacuteriaAnual de 2013) volume IV p 603
Cf I Plano Nacional de Direitos Humanos p 7 anexo ao27
Decreto Presidencial n 1904 de 13 de maio de 1996
Cf Anexo ao Decreto Presidencial n 4229 de 13 de maio de 200228
Cf BRASIL Lei federal n 10933 de 11 de agosto de 200429
Plano Plurianual 20042007
Cf BRASIL Ministeacuterio da Justiccedila Plano Gerencial do Programa30
ldquoDireitos Humanos Direitos de Todosrdquo p 3-4 Disponiacutevel emltwwwmjgovbrsedhctspddhPlanGer_DHDTdocgt Acesso em 31maio 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional31
da SDH
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
75 sumaacuterio
De maneira sinteacutetica pode-se conceituar ldquoprogramardquo como ldquoo32
instrumento de organizaccedilatildeo da atuaccedilatildeo governamental que articula umconjunto de accedilotildees que concorrem para a concretizaccedilatildeo de um objetivocomum preestabelecido mensurado por indicadores instituiacutedos no planovisando agrave soluccedilatildeo de um problema ou o atendimento de determinadanecessidade ou demanda da sociedaderdquo enquanto ldquoaccedilotildeesrdquo satildeo ldquooperaccedilotildeesdas quais resultam produtos (bens ou serviccedilos) que contribuem paraatender ao objetivo de um programardquo (BRASIL Ministeacuterio do PlanejamentoOrccedilamento e Gestatildeo Secretaria do Orccedilamento Federal Manual teacutecnico deorccedilamento versatildeo 2011 Brasiacutelia 2010 p 39 e 42) A partir de 2012 houveuma pequena alteraccedilatildeo nos conceitos de modo a atender melhor oplanejamento governamental mas essa mudanccedila natildeo seraacute explicada aqui pornatildeo ser objeto deste artigo
Descriccedilatildeo constante nos objetivos estrateacutegicos 487 a 489 do33
programa nos seguintes termos ldquoComo resultado da implementaccedilatildeo doPrograma Nacional de Direitos Humanos ndash PNDH o Brasil ampliou suaparticipaccedilatildeo nos sistemas global (da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas ndashONU) e regional (da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos ndash OEA) depromoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos humanos Em particular a cooperaccedilatildeocom os oacutergatildeos de supervisatildeo da OEA tem ensejado a busca de soluccedilotildeesamistosas para casos de violaccedilatildeo em exame pela Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos abrindo a possibilidade de concessatildeo de reparaccedilotildeese indenizaccedilotildees agraves viacutetimas dessas violaccedilotildees ou a seus familiares bem comoa adoccedilatildeo de medidas administrativas e legislativas para prevenir aocorrecircncia de novas violaccedilotildeesrdquo (cf BRASIL Decreto Presidencial n4229 de 13 de maio de 2002 anexo)
Criado pela Emenda Constitucional n 45 de 30 de dezembro 34
de 2004 o Conselho Nacional de Justiccedila eacute um oacutergatildeo de caraacuteter nacionalpertencente ao Poder Judiciaacuterio responsaacutevel por exercer as funccedilotildees decontrole administrativo e financeiro de toda a Justiccedila brasileira Eletambeacutem tem a competecircncia constitucionalmente estabelecida de fiscalizaros juiacutezes tendo poderes disciplinares e correcionais para isso (art 103-Bsect 4ordm III e V) O Conselho elabora estudos sobre o aparato judiciaacuteriobrasileiro e fixa diretrizes e resoluccedilotildees que devem ser observadas portodos os tribunais do paiacutes Suas decisotildees e resoluccedilotildees soacute podem sercontroladas pelo Supremo Tribunal Federal o que o torna a instacircnciaadministrativa mais importante do Judiciaacuterio brasileiro
Informaccedilotildees gerais podem ser encontradas no site do proacuteprio35
programa Disponiacutevel em ltwwwcnjjusbrprogramas-de-a-a-zeficiencia-modernizacao-e-transparenciajustica-plenagt Acesso em 27 jun 2013
PESQUISA DIREITO GV
76 sumaacuterio
Informaccedilatildeo concedida por membro de ONG peticionaacuteria no caso36
Damiatildeo Ximenes Lopes
No relatoacuterio referente agraves atividades do ldquoJusticcedila Plenardquo ateacute 2012 37
a SDH figura como o terceiro oacutergatildeo participante a incluir mais processosno programa sendo que todas as suas 16 inclusotildees se referiam a casos quetramitam ou tramitaram no sistema interamericano Ao todo o programacontava com 80 casos em andamento em 18 de maio de 2012 (cf BRASILConselho Nacional de Justiccedila Relatoacuterio do Programa Justiccedila Plena BrasiacuteliaConselho Nacional de Justiccedila p 9 Disponiacutevel em ltwwwcnjjusbrimagesprogramasjustica-plenarelatorio_justicaplenapdfgt Acesso em 27 jun 2013)
Depoimentos em provas documentais de Luiacutes Fernando Farah de38
Toacutefoli e Domingos Saacutevio do Nascimento Alves
Depoimentos em provas documentais de Braz Geraldo Peixoto39
familiar de usuaacuterio do sistema de sauacutede mental eleito representante defamiliares perante a Comissatildeo Nacional de Reforma Psiquiaacutetrica doMinisteacuterio da Sauacutede e perante a Comissatildeo Estadual da Secretaria deSauacutede do Estado de Satildeo Paulo
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Damiatildeo40
Ximenes Lopes versus Brasil Sentenccedila de 04 de julho de 2006 (meacuteritoreparaccedilotildees e custas) 2006 p 16
Cf QUINDEREacute Paulo H D e JORGE Maria Salete B41
(Des)construccedilatildeo do modelo assistencial em sauacutede mental na composiccedilatildeo das praacuteticas e dos serviccedilos Sauacutede Soc Satildeo Paulo v 19 n 3 2010 p 569-83
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria42
Internacional da SDH e por membro de ONG peticionaacuteria no casoDamiatildeo Ximenes Lopes
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no43
caso Damiatildeo Ximenes Lopes
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria44
Internacional da SDH
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio sobre a45
situaccedilatildeo dos direitos humanos no Brasil 1997 Disponiacutevel em ltwwwcidhorgcountryrepBrasesp97indicehtmgt Acesso em 29 abr 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
77 sumaacuterio
Cf COSTA Patriacutecia Trindade Maranhatildeo Combatendo o trabalho escravo46
contemporacircneo o exemplo do Brasil Disponiacutevel em ltwwwoitbrasilorgbrsitesdefaultfilestopicforced_labourdocestudo_de_ caso_86pdfgt Acessoem 21 abr 2013
Lei federal n 10803200347
Mudanccedila feita pela PEC n 4382001 que altera a redaccedilatildeo do48
artigo 243 da Constituiccedilatildeo
Cf CAMARGO Beatriz Governo cumpre parte do acordo com 49
OEA sobre trabalho escravo 25 de maio de 2006 Disponiacutevel emltwwwtrabalhoescravoorgbrnoticia6gt Acesso em 27 abr 2013
Art 226 sect 8ordm50
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio sobre 51
a situaccedilatildeo dos direitos humanos no Brasil 1997 Disponiacutevel em ltwwwcidhorgcountryrepBrasesp97indicehtmgt Acesso em 29 abr 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio52
Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafos 55 a 60
Para ver todos os pontos Comissatildeo Interamericana de Direitos53
Humanos Relatoacuterio Anual de 2011 paraacutegrafos 104 e seguintes
Informaccedilotildees concedidas por membro da Rede peticionaacuteria no54
caso Maria da Penha
Cf Leila Linhares Barsted e Rosane Reis Laviane Proposta de Lei55
de Violecircncia Domeacutestica contra as Mulheres Carta da Cepia ano VII n 10dez 2002 Disponiacutevel em ltwwwcepiaorgbrdoccartadacepia10pdfgtAcesso em 22 abr 2013
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia e ONG56
peticionaacuteria no caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no57
caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por funcionaacuteria da Secretaria Especial de58
Poliacuteticas para as Mulheres
PESQUISA DIREITO GV
78 sumaacuterio
Para um histoacuterico da participaccedilatildeo desse consoacutercio veja-se o site59
da organizaccedilatildeo CFEMEA Disponiacutevel em ltwwwcfemeaorgbrindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2680ampItemid=154gtAcesso em 23 abr 2013
Cf BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Mensagem Presidencial 60
n 78204 de 16 de novembro de 2004 paraacutegrafo 10
Veja-se o parecer da Comissatildeo de Seguridade Social e Famiacutelia de 2361
de agosto de 2005 Disponiacutevel em ltwwwcamaragovbrproposicoesWebfichadetramitacaoidProposicao=272058gt Acesso em 1ordm maio 2013
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia e ONGs62
peticionaacuterias no caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia63
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Julia Gomes64
Lund e outros (ldquoGuerrilha do Araguaiardquo) vs Brasil sentenccedila de 24 de novembrode 2010 (exceccedilotildees preliminares meacuterito reparaccedilotildees e custas) 2010 p 107
De acordo com o art 6ordm do Decreto n 6980 de 13 de outubro65
de 2009
Para mais informaccedilotildees ver ltwwwmemoriasreveladasarquivonacional66
govbrgt Acesso em 27 jun 2013
Informaccedilatildeo concedida por membro da Comissatildeo Nacional da Verdade67
O periacuteodo fixado pelo art 8ordm dos Atos das Disposiccedilotildees68
Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo eacute de 18 de setembro de 1946ateacute a data da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo
PNDH-3 instituiacutedo pelo Decreto n 7037 de 21 de dezembro 69
de 2009 e atualizado pelo Decreto n 7177 de 12 de maio de 2010 (cf BRASIL Secretaria de Direitos Humanos da Presidecircncia daRepuacuteblica Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) BrasiacuteliaSDHPR 2010 p 173-175 Disponiacutevel em lthttpportalmjgovbrsedhpndh3pndh3pdfgt Acesso em 27 jun 2013)
Os relatoacuterios de suas atividades e as respectivas conclusotildees70
podem ser encontrados no site da proacutepria Comissatildeo Nacional da VerdadeDisponiacutevel em ltwwwcnvgovbrgt Acesso em 27 jun 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
79 sumaacuterio
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Julia Gomes71
Lund e outros (Guerrilha do Araguaia) vs Brasil sentenccedila de 24 de novembrode 2010 cit p 107
Cf BRASIL Ministeacuterio Puacuteblico Federal Crimes da Ditadura72
Relatoacuterio preliminar de atos de persecuccedilatildeo penal desenvolvidos pelo MPFacerca de graves violaccedilotildees de direitos humanos cometidas por agentes doEstado durante a ditadura Brasiacutelia Ministeacuterio Puacuteblico Federal 2013Disponiacutevel em lthttpnoticiaspgrmpfgovbrnoticiasnoticias-do-sitecopy_of_pdfsRelatorio_Crimes20_Ditatura_completopdfgt Acessoem 29 maio 2013
Cf ibidem p 1773
Cf A O Sevaacute Filho Tenotatilde-motilde ndash Alertas sobre as consequecircncias74
dos projetos hidreleacutetricos no rio Xingu IRN 2005 p 11 55 67 255
Cf ibidem p 42-46 6575
Relatoacuterio disponiacutevel em ltwwwaneelgovbrareacfmidArea=671gt76
Acesso em 30 mar 2013
Cf A O Sevaacute Filho Tenotatilde-m cit p 4277
Cf ibidem p 11 4978
Decisatildeo disponiacutevel em ltwwwsteptoecomassetsattachments79
4398pdfgt Acesso em 31 mar 2013
Accedilatildeo Civil Puacuteblica de n 5850-7320014013900 cujo80
acompanhamento processual encontra-se disponiacutevel emltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada 20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm abr 2013
Pet 2604PA Relator(a) Min Presidente julgamento81
26102002 decisatildeo proferida pelo(a) Min Marco Aureacutelio publicaccedilatildeo DJ12112002 p 47 Disponiacutevel em lthttpstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=282822belo+monte222929+E+S2EPRES2Eampbase=basePresidenciagt Acesso em 1ordm mar 2013
Nos termos do art 231 sect 3ordm da CF8882
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo monte de violecircncias Disponiacutevel em83
PESQUISA DIREITO GV
80 sumaacuterio
lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 1ordm mar 2013
Deputado Federal Fernando Ferro do Partido dos Trabalhadores84
Disponiacutevel em lthttpfernandoferrocombrindexphpoption=85
com_contentampview=articleampid=188projeto-de-decreto-legislativo-de-2005ampcatid=49atuacao-parlamentarampItemid=57gt Acesso em 1ordm mar 2013
DL n 7882005 Disponiacutevel em lthttplegissenadogovbrsicon86
indexjspgt (ver item nautilus) Acesso em 1ordm mar 2013
ADI 3573DF Relator(a) Min Carlos Britto Relator(a) p Acoacuterdatildeo87
Min Eros Grau julgamento 01122005 Oacutergatildeo Julgador Tribunal PlenoPublicaccedilatildeo DJ 19122006 p 35 Ement v 02261-04 p 844 STF Disponiacutevelem ltwwwstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=28decreto+legislativo+788+de+2005+inconstitucionalidade29ampbase=baseAcordaosampurl=httptinyurlcombuauo4agt Acesso em 2 mar 2013
ACP 20063903000711-8 709-8820064013903 Disponiacutevel em88
ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo Monte de Violecircncias89
Disponiacutevel em lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 2 mar 2013
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo Monte de Violecircncias90
Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt e lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 1ordm mar 2013
Cf Folha de S Paulo Disponiacutevel em ltwww1folhauolcombr91
mercado866367-ibama-libera-licenca-para-iniciar-canteiro-de-obras-de-belo-monteshtmlgt cf Movimento Xingu Vivo para Sempre Disponiacutevel emltwwwxinguvivoorgbr20110616peticao-para-cidh-entenda-o-casogtcf Ministeacuterio Puacuteblico Federal Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Documento disponiacutevel em ltwwwsocioambientalorgbanco_imagens92
pdfsParecer_tecnicopdfgt Acesso em 7 maio 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
81 sumaacuterio
Cf Itamaraty Nota 142 Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbr93
sala-de-imprensanotas-a-imprensasolicitacao-da-comissao-interamericana-de-direitos-humanos-cidh-da-oeasearchterm=belogtAcesso em 8 maio 2013
Licenccedila de Instalaccedilatildeo n 795201194
Disponiacutevel em lthttpglobalorgbrprogramasbelo-monte-apos-95
boicotar-audiencia-brasil-e-cobrado-na-cidhoeagt Acesso em 5 maio 2013
Cf Movimento Xingu Vivo Para Sempre Disponiacutevel em96
ltwwwxinguvivoorgbr20120116belo-monte-inicia-primeiro-barramento-do-xingu-2gt Acesso em 5 maio 2013
Cf Movimento Xingu Vivo Para Sempre Disponiacutevel em97
ltwwwxinguvivoorgbr20120724mpf-pede-anulacao-da-licenca-de-belo-montegt e ltwwwxinguvivoorgbrwpcontentuploads201207Belo_Monte_cautelar_Condicionantespdfgt Acesso em 9 maio2013 cf Ministeacuterio Puacuteblico Federal Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 9 maio 2013
STF SL 125PA Relator(a) Min Presidente julgamento98
16032007 decisatildeo proferida pelo(a) Min Ellen Gracie Publicaccedilatildeo DJ29032007 p 36 Disponiacutevel em lthttpstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=282822belo+monte222929+E+S2EPRES2Eampbase=basePresidenciagt Acesso em 1ordm mar 2013
Disponiacutevel em ltwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1980-99
1989anexoand96652-88pdfgt Acesso em 28 mar 2013
Cf Instituto Socioambeintal Cronologia Disponiacutevel em100
ltwwwsocioambientalorgespbmhistaspgt Acesso em 28 mar 2013
Cf BRASIL Plano 2030 p 13 56 59 73 e 97 Disponiacutevel em101
ltwwwmmegovbrmmegaleriasarquivospublicacoespne_20303_GeracaoHidreletricapdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Segundo o Governo Federal ldquoCriado em 2007 no segundo102
mandato do presidente Lula (2007-2010) o Programa de Aceleraccedilatildeo doCrescimento ndash PAC promoveu a retomada do planejamento e execuccedilatildeode grandes obras de infraestrutura social urbana logiacutestica e energeacutetica dopaiacutes contribuindo para o seu desenvolvimento acelerado e sustentaacutevel
PESQUISA DIREITO GV
82 sumaacuterio
Pensado como um plano estrateacutegico de resgate do planejamento e de retomada dos investimentos em setores estruturantes do paiacutes o PACcontribuiu de maneira decisiva para o aumento da oferta de empregos e na geraccedilatildeo de renda e elevou o investimento puacuteblico e privado em obrasfundamentaisrdquo Disponiacutevel em lthttpdadosgovbrdatasetobras-do-pac-programa-de-aceleracao-do-crescimentogt Acesso em em 8 mar 2013
Cf Estado de Satildeo Paulo Disponiacutevel em ltwwwestadaocombr103
noticiaseconomiaminc-belo-monte-e-maior-e-mais-polemica-obra-do-pac5048630htmgt Acesso em 8 mar 2013
Satildeo elas Usina Hidreleacutetrica de Jirau (RO) seacutetima mais104
importante Usina Hidreleacutetrica de Santo Antocircnio (RO) quinta maisimportante e Usina Hidreleacutetrica Belo Monte (PA) quarta mais importanteDisponiacutevel em ltwwwpacgovbrif1e1c8abgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Governo Federal PAC Disponiacutevel em ltwwwpacgovbri105
f1e1c8abgt Acesso em 8 mar 2013
1989 1994 1998 2002 2006 2010 Cf Tribunal Superior106
Eleitoral Eleiccedilotildees Disponiacutevel em ltwwwtsejusbreleicoeseleitos-1945-1990cronologia-das-eleicoesgt Acesso em 9 maio 2012
Dilma Rousseff (2011) Luis Inaacutecio Lula da Silva (2003-2011)107
Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) Itamar Augusto CautieroFranco (1992-1995) Fernando Afonso Collor de Mello (1990-1992) JoseacuteSarney (1985-1990) Joatildeo Baptista de Oliveira Figueiredo (1979-1985) eErnesto Geisel (1974-1979) Cf Governo Federal Galeria de PresidentesDisponiacutevel em ltwww2planaltogovbrpresidenciagaleria-de-presidentesgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Governo Federal Ex-Presidentes Disponiacutevel em ltwwwbiblioteca108
presidenciagovbrex-presidentesfernando-collorgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Medida109
Cautelar 38210 Disponiacutevel em ltwwwoasorgescidhdecisionescautelaresasptab1gt Acesso em 8 mar 2013
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria Internacional110
da Secretaria de Direitos Humanos
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional111
da Secretaria de Direitos Humanos
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
83 sumaacuterio
Houve a promulgaccedilatildeo da Lei Federal n 10706 de 30 de julho de112
2003 para autorizar o pagamento de indenizaccedilatildeo no valor de R$ 5200000a Joseacute Pereira
O relatoacuterio estaacute disponiacutevel em ltwww2senadogovbrbdsfitem113
id84599gt Acesso em 21 abr 2013
De acordo com informaccedilotildees concedidas por ex-membro da114
Assessoria Internacional da SDH no caso dos Meninos do Maranhatildeo houvegrande proatividade por parte do estado maranhense Em sua opiniatildeo acelebraccedilatildeo do acordo de soluccedilatildeo amistosa obteve sucesso em grande parteem razatildeo da vontade poliacutetica do estado
A Comissatildeo foi criada por meio do Decreto do Governo 115
do Maranhatildeo n 23037 de 20 de abril de 2007 Disponiacutevel emltwwwcgemagovbrdocumentophpIdp=1791gt Acesso em 24 fev 2013
A Comissatildeo de Direitos Humanos e das Minorias eacute uma das comissotildees116
permanentes da Cacircmara dos Deputados do Brasil cuja finalidade consiste emanalisar propostas legislativas e outros assuntos referentes agrave temaacutetica
Disponiacutevel em lthttpblogjornalpequenocombrricardosantos117
20110930acordo-com-familias-dos-E2809Cmeninos-emasculadosE2809D-nao-esta-sendo-cumprido-denuncia-eliziane-gamagt Acesso em 24 fev 2013
Notiacutecia disponiacutevel em lthttpg1globocommamaranhao118
noticia201302promotoria-aponta-irregularidades-em-quase-todas-delegacias-de-sao-luishtmlgt Acesso em 24 fev 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional119
da SDH
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional120
da SDH
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Demanda perante121
a Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso Arley Joseacute Escher e outros(interceptaccedilatildeo de linhas telefocircnicas de organizaccedilotildees sociais) (Caso 12353) contra aRepuacuteblica Federativa do Brasil de 20 de dezembro de 2007 paraacutegrafo 32
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Escher e122
outros vs Brasil Exceccedilotildees Preliminares Meacuterito Reparaccedilotildees e Custas Sentenccedila
PESQUISA DIREITO GV
84 sumaacuterio
de 6 de julho de 2009 seacuterie C n 200 paraacutegrafo 216
Oacutergatildeo responsaacutevel por fiscalizar as investigaccedilotildees criminais e123
ajuizar as accedilotildees penais naquele Estado
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Escher e124
outros vs Brasil Resoluccedilatildeo de Supervisatildeo de Cumprimento de Sentenccedilade 19 de junho de 2012 paraacutegrafo 13
Cf ibidem paraacutegrafos 17 a 21 Nesse sentido eacute valiosa a125
comparaccedilatildeo com o caso Julia Gomes Lund e outros vs Brasil
Veja-se no caso Garibaldi vs Brasil o pagamento de US$ 179 mil126
para a viuacuteva e os filhos da viacutetima autorizado por meio do Decretofederal n 7307 de 22 de setembro de 2010 publicado no DOU23092010 e no caso Escher e outros vs Brasil o pagamento de US$ 22mil para cada uma das viacutetimas autorizado por meio do Decreto federaln 7158 de 20 de abril de 2010 publicado no DOU 22042010
Em Garibaldi vs Brasil no ano de 2010 o Governo Federal127
publicou a sentenccedila nos termos determinados em jornais de grandecirculaccedilatildeo e em website do governo Em Escher e outros v Brasil o Estadobrasileiro informou que publicou a sentenccedila em jornais estaduais degrande circulaccedilatildeo entre julho e setembro de 2010 e tambeacutem no site daSDH da Presidecircncia e nos sites paranaenses da Procuradoria-Geral deJusticcedila do Tribunal de Justiccedila do Paranaacute e do Governo do Estado
Ressaltamos poreacutem que natildeo encontramos algumas publicaccedilotildees Essa128
preocupaccedilatildeo com o periacuteodo de disponibilizaccedilatildeo nos meios eletrocircnicos foiexternada pelo Juiz Roberto Figueiredo Caldas em voto concorrente agravesentenccedila no caso Escher e outros vs Brasil de 6 de julho de 2009 paraacutegrafo 46
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no129
caso Maria da Penha
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio130
Anual de 2003 paraacutegrafo 81 Relatoacuterio Anual de 2004 paraacutegrafo 71Relatoacuterio Anual de 2006 paraacutegrafo 88
Conforme apresentado no acircmbito da Comissatildeo ldquola retoma de131
estas negociaciones se refuerza con la presencia de un nuevo actorrepresentante del Gobierno del Estado de Cearaacute denotaacutendose en lasmismas una intencioacuten comuacuten de buscar caminos que guiacuteen al
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
85 sumaacuterio
cumplimiento de las recomendaciones efectuadas pese a las divergenciassuscitadas en la reunioacutenrdquo (cf Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos Relatoacuterio Anual de 2006 paraacutegrafo 83)
Lei Estadual n 14800 de 9 de abril de 2008132
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio133
Anual de 2007 paraacutegrafo 97
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio134
Anual de 2008 paraacutegrafo 102
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio135
Anual de 2011 paraacutegrafos 241 e 242
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no136
caso Maria da Penha
Relatoacuterio de Admissibilidade e Meacuterito n 1307 seccedilotildees 33-36137
OLIVEIRA Francisco de RIZEK Cibele S A era da138
indeterminaccedilatildeo Satildeo Paulo Boitempo Editorial 2007 p 169-70
Lei Municipal n 11102 de 14 de dezembro de 2010139
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo n140
47807 Caso das pessoas privadas de liberdade na Cadeia Puacuteblica do GuarujaacuteRelatoacuterio de Admissibilidade n 4108 de 23 de julho de 2008 paraacutegrafo59 Atualmente a peticcedilatildeo que tramita paralelamente estaacute em fase dejulgamento de meacuterito
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo141
12003 Relatoacuterio n 2311 Decisatildeo de Arquivo de 23 de marccedilo de 2011paraacutegrafo 10
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo n142
1113-06 Caso das pessoas privadas de liberdade nas celas da 76ordf Delegacia dePoliacutecia de Niteroacutei Relatoacuterio de Admissibilidade n 3607 de 17 de julho de2007 paraacutegrafo 79
Acreditamos que a medida cautelar tenha sido completamente143
cumprida A desocupaccedilatildeo da aacuterea e o fim dos conflitos ocorreram apoacutesdecisatildeo do Supremo Tribunal Federal que definiu a retirada dos natildeo
PESQUISA DIREITO GV
86 sumaacuterio
indiacutegenas do local Cf Supremo Tribunal Federal Pleno Pet 3388RRRel Min Ayres Britto j 19032009
Uacuteltimo informe da Comissatildeo referente ao caso apresentou 144
o cumprimento de algumas recomendaccedilotildees mas natildeo foi possiacutevel saber se atualmente o cumprimento permanece parcial ou jaacute foi integralmenterealizado
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
87 sumaacuterio
REFEREcircNCIAS
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PESQUISA DIREITO GV
88 sumaacuterio
ltwwwslidesharenetalsicilianoartigobelo-monte-na-cidhgt Acesso em 14fev 2012SILVA Virgiacutelio Afonso da Integraccedilatildeo e diaacutelogo constitucional naAmeacuterica do Sul In BOGDANDY Armin von PIOVESAN Flaacutevia eANTONIAZZI Mariela Morales (Orgs) Direitos humanos democracia eintegraccedilatildeo juriacutedica na Ameacuterica do Sul Rio de Janeiro Lumen Juris 2010SOUSA JUacuteNIOR Wilson Cabral de REID John Anaacutelise de riscossocioeconocircmicos e ambientais do Complexo Hidreleacutetrico de BeloMonte V Encontro Nacional da ANPPAS 2010SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Extradiccedilatildeo (Publicaccedilatildeo temaacutetica)Disponiacutevel em ltwwwstfjusbrportalcmsverTextoaspservico=publicacaoPublicacaoTematicagt Acesso em 14 fev 2012TRINDADE Antocircnio Augusto Canccedilado Tratado de direito internacionaldos direitos humanos 2 ed Porto Alegre Sergio Antonio Fabris Editor2003 v 3VECcedilOSO Fabia Fernandes Carvalho AMARAL JUacuteNIOR Alberto doThe Inter-American System as New Grossraum Assessing the case Lawof the Inter-american Court of Human Rights European Society ofInternational Law Conference Paper Series Conference Paper n 32011VENTURA Deisy A interpretaccedilatildeo judicial da Lei de Anistia brasileira eo Direito Internacional A Anistia na Era da Responsabilizaccedilatildeo o Brasil emperspectiva internacional e comparada Brasiacutelia Ministeacuterio da JusticcedilaComissatildeo de Anistia e Oxford Oxford University Latin AmericanCentre 2011VIEIRA Oscar Vilhena (Coord) Direitos humanos Estado de Direito econstruccedilatildeo da paz Satildeo Paulo Quartier Latin 2005
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
89 sumaacuterio
A SEacuteRIE PESQUISA DIREITO GV TEM COMO OBJETIVO PUBLICAR PESQUISAS E TEXTOS DEBATIDOS NA
ESCOLA DE DIREITO DE SAtildeO PAULO DA FUNDACcedilAtildeO GETULIO VARGAS SOB A FORMA DE LIVROS A SELECcedilAtildeO
DOS TEXTOS Eacute DE RESPONSABILIDADE DA COORDENADORIA DE PUBLICACcedilOtildeES
ESTA OBRA PODE SER UTILIZADA DE FORMA LIVRE O DOWNLOAD A COacutePIA O COMPARTILHAMENTO
A IMPRESSAtildeO E A CITACcedilAtildeO SAtildeO PERMITIDOS PARA FINS NAtildeO COMERCIAIS
EDITOR
JOSEacute RODRIGO RODRIGUEZ
ASSISTENTE EDITORIAL
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Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP)(Cacircmara Brasileira do Livro SP Brasil)
Implementaccedilatildeo das recomendaccedilotildees e decisotildees do sistema interamericano de direitos humanos no Brasil institucionalizaccedilatildeo e poliacutetica Oscar Vilhena Vieira [coordenador] -- 1 ed -- Satildeo Paulo Direito GV 2013 -- (Seacuterie pesquisa direito GV)
Vaacuterios autoresBibliografiaISBN 978-85-64678-08-8
1 Direitos humanos 2 Direitos humanos (Direito internacional) 3 Sistema Interamericano de DireitosHumanos I Vieira Oscar Vilhena II Seacuterie
13-10257 CDU-3427(100)(81)
Iacutendices para cataacutelogo sistemaacutetico1 Brasil Sistema Interamericano de direito humanos Direito internacional3427(100)(81)
SUMAacuteRIO
PREFAacuteCIO 5
SOBRE OS AUTORES 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
1METODOLOGIA 9
2O BRASIL NO SIDH 15
3O CAMINHO DAS DECISOtildeES CONTRA O ESTADO BRASILEIRO 17
31 PODER EXECUTIVO FEDERAL ATORES E COMPETEcircNCIA 19
32 O QUADRO DINAcircMICO APRENDIZADO E CONFLITO ENTRE INSTITUICcedilOtildeES 20
321 PRIMEIRO PERIacuteODO CASOS DAMIAtildeO XIMENES LOPESE GILSON NOGUEIRA DE CARVALHO 20
322 SEGUNDO PERIacuteODO CASOS ESCHER E OUTROS E GARIBALDI 22
323 TERCEIRO PERIacuteODO CASOS JULIA GOMES LUND E BELO MONTE 22
33 PAGAR AS VIacuteTIMAS UM DESENVOLVIMENTO Agrave PARTE 23
34 PROGRAMA ldquoJUSTICcedilA PLENArdquo IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS MEDIDAS DE GARANTIA E ACESSO Agrave JUSTICcedilA 25
4TEMAS SUJEITOS E CONJUNTURA
COMO EM CADA CASO A IMPLEMENTACcedilAtildeO FOI FAVORECIDA OU DIFICULTADA 26
41 QUANDO JAacute HAacute AGENDA DE POLIacuteTICA PUacuteBLICA DO ESTADO BRASILEIRO 27
42 QUANDO O ESTADO BRASILEIRO PROMOVE E APOIA O ATO QUE GERA A VIOLACcedilAtildeO 36
43 QUANDO HAacute CASO DE VIOLACcedilAtildeO EM AcircMBITO LOCAL 43
44 QUANDO A CAUSA Eacute APROPRIADA PELOS ATORES ENVOLVIDOS NO CASO CONCRETO 49
CONCLUSAtildeO BALANCcedilO DE RESULTADOS E PARAcircMETROS DE IMPLEMENTACcedilAtildeO 52
APEcircNDICE CASOS QUE ENVOLVEM O BRASIL NO SIDH 54
I MEDIDAS CAUTELARES OUTORGADAS PELA COMISSAtildeO INTERAMERICANADE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 32 (ENTRE 1995 E 2012) 54
II RELATOacuteRIOS DE MEacuteRITO PUBLICADOS PELA COMISSAtildeO INTERAMERICANADE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 17 (ENTRE 1995 E 2012) 62
III SOLUCcedilOtildeES AMISTOSAS CELEBRADAS PELO BRASIL NA COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 2 (ENTRE 1995 E 2012) 67
IV MEDIDAS PROVISIONAIS OUTORGADAS PELA CORTE INTERAMERICANADE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012) 68
V CASOS CONTENCIOSOS NA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOSTOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012) 70
NOTAS 72
REFEREcircNCIAS 88
PREFAacuteCIO
O Sistema Interamericano de Direitos Humanos estabelecido ori-ginalmente no contexto da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanose depois expandido pela adoccedilatildeo da Convenccedilatildeo Americana deDireitos Humanos de 1966 tem cumprido natildeo sem ambiguidadesum papel relevante na ampliaccedilatildeo da proteccedilatildeo dos direitos huma-nos no continente Durante a vaga autoritaacuteria dos anos 1970 aComissatildeo Interamericana realizou com grande coragem visitas eproduziu relatoacuterios constrangedores para as ditaduras argentina echilena Com a redemocratizaccedilatildeo do continente o papel do Sis-tema passou por uma transformaccedilatildeo A adesatildeo paulatina dos paiacutesesagrave Convenccedilatildeo de San Joseacute e a seus protocolos comeccedilou a gerar umarelaccedilatildeo promissora entre os sistemas constitucionais e o sistemaregional de proteccedilatildeo aos direitos humanos A fragilidade institu-cional da Comissatildeo e da Corte somada agrave ambiguidade poliacutetica demuitos dos Estados membros em relaccedilatildeo aos direitos humanosvem nos uacuteltimos anos colocando em risco a integridade e a rele-vacircncia do Sistema Interamericano na proteccedilatildeo e na promoccedilatildeo dedireitos no continente Neste sentido uma pesquisa que busca ana-lisar o enraizamento do sistema regional de direitos humanos eacutemais do que oportuna
Este trabalho eacute fruto de uma pesquisa de dois anos desenvol-vida a partir de um projeto internacional e colaborativo voltadoao mapeamento da implementaccedilatildeo das medidas e decisotildees do Sis-tema Interamericano de Direitos Humanos na Ameacuterica do Sul Oestudo brasileiro foi realizado pela equipe da DIREITO GVDesde o iniacutecio colocou-se o desafio de encontrar paracircmetros con-
sistentes para aferir a qualidade da implementaccedilatildeo das medidas edecisotildees do Sistema Interamericano que natildeo fossem simplesmentedependentes das perspectivas da Comissatildeo e da Corte Interamerica-na de Direitos Humanos a esse respeito Para evitar a adoccedilatildeo deparacircmetros aleatoacuterios a equipe de pesquisa voltou seus esforccedilos paracoletar os dados empiacutericos e normativos no acircmbito domeacutestico como intuito de desenvolver uma meacutetrica adequada agrave compreensatildeo dofenocircmeno agrave luz da realidade brasileira Foi possiacutevel rapidamente perceber entretanto que natildeo existem
padrotildees firmemente estabelecidos para a implementaccedilatildeo das decisotildees
e que tambeacutem natildeo foram produzidos estudos ou informaccedilotildees puacutebli-cas sistematizadas que esclarecessem quais oacutergatildeos satildeo responsaacuteveispela implementaccedilatildeo das medidas e decisotildees do Sistema Interameri-cano no Brasil O que a equipe de pesquisa detectou desde o primeiromomento eacute que nossa estrutura institucional passou e passa por trans-formaccedilotildees a cada novo caso sendo desafiador e pioneiro o mero atode sistematizar informaccedilotildees relevantes a esse respeitoCom isso a pesquisa que foi pensada com o objetivo de respon-
der qual ldquoo grau de implementaccedilatildeo das medidas e decisotildees do SistemaInteramericanordquo se transformou em uma investigaccedilatildeo mais baacutesica arespeito de ldquocomo foram implementadas as medidas e decisotildeesrdquo Foinecessaacuterio mitigar as expectativas de um diagnoacutestico preciso a res-peito da implementaccedilatildeo de tais medidas no Brasil bem como as detraccedilar um mapeamento perfeito e totalizante a respeito dos mecanis-mos de implementaccedilatildeo Ficou claro ao longo do trabalho que muitaenergia e tempo deveriam ser gastos para desenvolver um meacutetodoadequado de pesquisa e aperfeiccediloaacute-lo a partir de problemas e equiacute-vocos surgidos durante a investigaccedilatildeo Pesquisas preliminares como esta natildeo nos permitem saltar para
conclusotildees rotundas De qualquer forma autorizam aos observado-res mais atentos levantarem hipoacuteteses que mobilizaratildeo outras linhasde investigaccedilatildeo Neste sentido qual seria a razatildeo pela qual o sistemapoliacutetico brasileiro natildeo foi capaz de conceber um mecanismo soacutelido eeficiente para a implementaccedilatildeo das decisotildees do Sistema Intera-mericana de Direitos Humanos Haacute aqui apenas incompetecircnciaadministrativa ou o Estado brasileiro por intermeacutedio de suas institui-ccedilotildees mais permanentes como o Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exterioresresiste a criar mecanismos mais contundentes de implementaccedilatildeo dedecisotildees da jurisdiccedilatildeo internacional Em que medida a dimensatildeo fede-rativa do Estado brasileiro tem sido o maior obstaacuteculo para ummecanismo de implementaccedilatildeo mais eficiente E qual seria o papel dasociedade civil na fiscalizaccedilatildeo da efetividade desses mecanismos
Oscar Vilhena Vieira
SOBRE OS AUTORES
ADRIANE SANCTIS DE BRITOPESQUISADORA DO NUacuteCLEO DE DIREITO GLOBAL E DESENVOLVIMENTO DA DIREITO GV MESTRANDA EM DIREITOINTERNACIONAL PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP) COM GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA MESMA INSTITUICcedilAtildeO
GUILHERME FORMA KLAFKEPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE METODOLOGIA DE ENSINO DA DIREITO GV PROFESSOR DA SOCIEDADE BRASILEIRA DEDIREITO PUacuteBLICO (SBDP) MESTRANDO EM DIREITO CONSTITUCIONAL PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP)COM GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA MESMA INSTITUICcedilAtildeO
LUCIANA DE OLIVEIRA RAMOSPESQUISADORA DO NUacuteCLEO DE JUSTICcedilA E CONSTITUICcedilAtildeO DA DIREITO GV PROFESSORA DO GVLAW PROFESSORA DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP) DOUTORANDA EM DIREITO CONSTITUCIONAL PELA UNIVERSIDADEDE SAtildeO PAULO (FD-USP) MESTRE EM CIEcircNCIA POLIacuteTICA PELA FFLCH-USP GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA PUC-SP
MARIacuteLIA ROLEMBERG LESSAGRADUANDA EM DIREITO PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP) EX-ALUNA DA ESCOLA DE FORMACcedilAtildeO DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP)
OSCAR VILHENA VIEIRADIRETOR DA ESCOLA DE DIREITO DE SAtildeO PAULO DA FUNDACcedilAtildeO GETULIO VARGAS (DIREITO GV) POacuteS-DOUTOR PELOCENTRE FOR BRAZILIAN STUDIES (ST ANTOINES COLLEGE OXFORD UNIVERSITY) DOUTOR E MESTRE EM CIEcircNCIAPOLIacuteTICA PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FFLCH-USP) MESTRE EM DIREITO PELA UNIVERSIDADE DECOLUMBIA GRADUADO EM DIREITO PELA PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DE SAtildeO PAULO (PUC-SP)
RAFAEL GANDUR GIOVANELLIPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE METODOLOGIA DE ENSINO DA DIREITO GV MESTRANDO EM DIREITO E DESENVOLVIMENTOPELA DIREITO GV GRADUANDO EM FILOSOFIA PELA FFLCH-USP GRADUADO EM DIREITO PELA PUC-SP
RUBENS EDUARDO GLEZERPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE JUSTICcedilA E CONSTITUICcedilAtildeO DA DIREITO GV PROFESSOR DO GVLAW PROFESSOR DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP) SECRETAacuteRIO-GERAL DA REDE DE INICIATIVAS LATINO-AMERICANASEM DIREITO E DEMOCRACIA (ILADD) DOUTORANDO EM FILOSOFIA E TEORIA GERAL DO DIREITO PELA FD-USP MESTREEM DIREITO E DESENVOLVIMENTO PELA DIREITO GV VISITING STUDENT NA NEW YORK UNIVERSITY BACHAREL EMDIREITO PELA PUC-SP
INTRODUCcedilAtildeOEsta obra eacute o resultado de uma pesquisa empiacuterica voltada a ofere-cer paracircmetros a respeito do grau de implementaccedilatildeo das decisotildeese recomendaccedilotildees da Corte e da Comissatildeo Interamericana de Direi-tos Humanos pelo BrasilA anaacutelise de implementaccedilatildeo partiu do exame da adoccedilatildeo de
medidas estatais em seus diferentes niacuteveis federativos voltadas acumprir recomendaccedilotildees ou condenaccedilotildees especiacuteficas realizadaspelo Sistema Interamericano de Direitos Humanos (SIDH)2 Con-tudo as conclusotildees obtidas natildeo se restringiram agraves avaliaccedilotildeesrealizadas pelos oacutergatildeos oficiais envolvidos seja na instacircncia inter-nacional (pelos instrumentos de acompanhamento do SIDH) sejana esfera nacional (por pronunciamentos governamentais) Essaavaliaccedilatildeo substantiva se funda em um esforccedilo interpretativo daequipe de pesquisa realizada a partir dos elementos coletadosdocumentalmente e em entrevistas com atores relevantes envol-vidos nas situaccedilotildees investigadas A expressatildeo ldquoimplementaccedilatildeordquo eacute empregada aqui inicialmente
com o mesmo significado de adimplemento de medidas relacio-nado aos esforccedilos feitos para que as determinaccedilotildees da Corte ouda Comissatildeo Interamericana sejam consideradas cumpridas peloscriteacuterios do proacuteprio Sistema Interamericano Apoacutes uma anaacutelisepautada nesses criteacuterios verificou-se a necessidade de abordar aimplementaccedilatildeo de forma mais aprofundada capaz de detectar asnuances dos impactos das recomendaccedilotildeesAs usuais anaacutelises de cumprimento centradas na tipologia de
recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees natildeo nos pareceram suficientes paraexaminar a implementaccedilatildeo no Brasil razatildeo pela qual analisamosoutros fatores tais como (a) se a violaccedilatildeo resulta de uma poliacutetica
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS NO BRASILINSTITUCIONALIZACcedilAtildeO E POLIacuteTICA1
Oscar Vilhena Vieira (coordenador) Luciana Ramos e Rubens Glezer (pesquisadoresmestres) Adriane Sanctis de Brito Guilherme Klafke e Rafael Giovanelli (pesquisadoresgraduados) e Mariacutelia Lessa (pesquisadora graduanda)
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conduzida pelo governo ou ao contraacuterio se decorre de falhas naatuaccedilatildeo do poder puacuteblico ou de accedilotildees de particulares (b) se as con-denaccedilotildees e recomendaccedilotildees dialogam com uma agenda poliacuteticapreexistente no paiacutes bem como (c) se determinadas condenaccedilotildeesem certos contextos natildeo permitem a extrapolaccedilatildeo do caso indivi-dual para um plano coletivoPor meio dessa nova abordagem concluiacutemos que a ausecircncia de
mecanismos formais e especiacuteficos voltados agrave observacircncia de reco-mendaccedilotildees e decisotildees do SIDH no Brasil torna o seu cumprimentoalgo que se opera em uma esfera eminentemente poliacutetica depen-dente de fatores contingentes e imprevisiacuteveisPara alcanccedilar essas conclusotildees a apresentaccedilatildeo dos resultados
estaacute estruturada da seguinte maneira primeiramente se explicitaraacutea metodologia de pesquisa utilizada para em seguida (1) forneceruma visatildeo geral a respeito da inserccedilatildeo do Brasil no SIDH e doscasos que envolvem o paiacutes aprofundando aqueles selecionados paraesta obra (2) mapear os mecanismos criados para implementaras recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees do SIDH e (3) analisar decisotildeesselecionadas a partir de criteacuterios considerados relevantes para iden-tificar facilidades e dificuldades na implementaccedilatildeo das deliberaccedilotildeesdo SIDH Ao final eacute realizada uma conclusatildeo sinteacutetica e articula-dora dos resultados
1 METODOLOGIA A presente obra eacute dedicada agrave anaacutelise da implementaccedilatildeo das deli-beraccedilotildees do SIDH relativas ao Brasil paiacutes vinculado interna eexternamente agrave Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanosdesde 19923 e submetido agrave jurisdiccedilatildeo contenciosa obrigatoacuteria daCorte Interamericana desde 19984
Para tanto foi utilizado o meacutetodo de estudo de caso fundado sobreanaacutelise documental levantamento de reportagens em miacutedia e entre-vistas a agentes puacuteblicos e membros da sociedade civil organizada Com base no exame de todos os casos que envolvem o Brasil
na Corte IDH e na CIDH (vide Apecircndice) foram selecionados comoobjeto de anaacutelise (i) todas as condenaccedilotildees em casos contenciososperante a Corte IDH em razatildeo da sua importacircncia e dos seus efei-tos claramente vinculantes ao paiacutes (ii) todas as soluccedilotildees amistosas
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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que envolvem o Brasil em razatildeo da disposiccedilatildeo do proacuteprio Estadoem remediar a violaccedilatildeo de direitos bem como (iii) as recomenda-ccedilotildees da CIDH com alto impacto e repercussatildeo no paiacutes Considerando-se tais categorias chegou-se a um conjunto de
oito casos Os contenciosos satildeo quatro
1 Caso Damiatildeo Ximenes Lopes vs Brasil trata-se de homiciacutedio comsinais de tortura de Damiatildeo Ximenes Lopes portador de defi-ciecircncia mental que havia sido internado em 1ordm de outubro de1999 na casa de repouso dos Guararapes na cidade de SobralCearaacute falecendo trecircs dias depois A cliacutenica era de propriedadede familiar de poliacutetico tradicional da regiatildeo A accedilatildeo penal foiajuizada em 2000 mas o Judiciaacuterio brasileiro soacute se pronuncioucom decisatildeo final em 2013 A accedilatildeo civil indenizatoacuteria ajuizadapelos familiares de Damiatildeo Ximenes Lopes estaacute atualmentearquivada A CIDH apresentou o caso agrave Corte Interamericanacontra o Estado brasileiro em 1ordm de outubro de 2004 A Cortedeclarou violaccedilatildeo dos direitos agrave vida e agrave integridade pessoal deDamiatildeo Ximenes Lopes e dos demais portadores de deficiecircn-cia que sofriam com as condiccedilotildees precaacuterias da casa de repousoagrave integridade pessoal dos familiares das viacutetimas pela perda deum ente da famiacutelia assim como aos direitos agraves garantias judi-ciais e agrave proteccedilatildeo judicial diante da demora injustificada doprocesso criminal e das falhas nas investigaccedilotildees O Brasil foicondenado dentre outras medidas a concluir o processo judi-cial com eventual responsabilizaccedilatildeo dos envolvidos na demoraa indenizar os familiares e a continuar a desenvolver um pro-grama de formaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para todas as pessoasvinculadas ao atendimento de sauacutede mental em especial sobreos princiacutepios que devem reger o trato das pessoas portadorasde deficiecircncia mental conforme os padrotildees internacionaissobre a mateacuteria e aqueles dispostos na decisatildeo
2 Caso Escher e outros vs Brasil trata-se de denuacutencia sobre umaseacuterie de interceptaccedilotildees telefocircnicas contra duas associaccedilotildeesligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra(MST) em Querecircncia do Norte Paranaacute feitas de maneira irre-gular pela poliacutecia e pelo Judiciaacuterio As informaccedilotildees resultantes
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dessa operaccedilatildeo foram divulgadas agrave imprensa e posteriormentepara o puacuteblico Segundo os peticionaacuterios isso teria maculado aimagem das viacutetimas e do movimento social A denuacutencia foiapresentada agrave Comissatildeo em dezembro de 2000 levada agrave CorteInteramericana em dezembro de 2007 e julgada pela Corte emjulho de 2009 A decisatildeo envolveu as seguintes condenaccedilotildeescontra o Brasil obrigaccedilatildeo de publicar as sentenccedilas e de inde-nizar as viacutetimas aleacutem da obrigaccedilatildeo de investigar adequadamenteos fatos e punir os responsaacuteveis pelas violaccedilotildees dos direitos agraveprivacidade agrave honra e agrave liberdade de associaccedilatildeo
3 Caso Garibaldi vs Brasil trata-se do homiciacutedio de Seacutetimo Gari-baldi integrante do MST tambeacutem em Querecircncia do Nortecometido por homens encapuzados que atacaram uma ocupaccedilatildeoem uma fazenda da regiatildeo A denuacutencia foi apresentada em maiode 2003 submetida agrave Corte Interamericana de Direitos Huma-nos em marccedilo de 2007 e julgada pela Corte em setembro de2009 Envolveu as seguintes condenaccedilotildees contra o Brasil obri-gaccedilatildeo de publicar as sentenccedilas de indenizar as famiacutelias dasviacutetimas e de investigar adequadamente os fatos aleacutem de puniros responsaacuteveis pelas violaccedilotildees de direitos humanos agrave vida e agraveproteccedilatildeo judicial
4 Caso Julia Gomes Lund e outros vs Brasil (caso ldquoGuerrilha doAraguaiardquo) trata-se de denuacutencia sobre a responsabilidade doEstado brasileiro pela detenccedilatildeo ilegal e arbitraacuteria tortura edesaparecimento forccedilado de pelo menos 70 membros do movi-mento conhecido como ldquoGuerrilha do Araguaiardquo entre os anosde 1972 e 1975 e da consequente falta de investigaccedilatildeo dessesatos ndash o que se relaciona com a ediccedilatildeo da Lei federal n 6683de 28 de agosto de 1979 (ldquoLei da Anistiardquo) e com o sigilo per-manente sobre documentos a respeito dessa operaccedilatildeo estatalA denuacutencia foi apresentada agrave Comissatildeo em 1995 e a peticcedilatildeofoi submetida pela CIDH agrave Corte em 2009 Em 24 de novem-bro de 2010 a Corte IDH condenou o Brasil pela falta deinvestigaccedilatildeo dos crimes cometidos por militares durante aldquoGuerrilha do Araguaiardquo Determinou ao Estado brasileiro aconduccedilatildeo eficaz da investigaccedilatildeo penal a fim de esclarecer os
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fatos ocorridos no caso definir as correspondentes responsabi-lidades penais e aplicar as sanccedilotildees cabiacuteveis Determinou aindaque o Estado continuasse as iniciativas de busca sistematizaccedilatildeoe publicaccedilatildeo de toda informaccedilatildeo sobre a ldquoGuerrilha do Ara-guaiardquo bem como das violaccedilotildees de direitos humanos ocorridasdurante o regime militar Aleacutem disso estabeleceu a necessidadeda criaccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade autocircnoma independen-te e capaz de garantir o direito agrave verdade sobre o ocorrido
Ademais satildeo duas soluccedilotildees amistosas
5 Caso Joseacute Pereira (trabalho escravo) trata-se de denuacutencia deviolaccedilatildeo dos direitos de Joseacute Pereira e outros trabalhadores queforam retidos e forccedilados a trabalhar sem remuneraccedilatildeo e emcondiccedilotildees ilegais na fazenda ldquoEspiacuterito Santordquo no estado doParaacute Na fazenda foram encontradas mais de 60 pessoas emcondiccedilotildees anaacutelogas agrave escravidatildeo5 As investigaccedilotildees contudodemoraram cerca de oito anos para serem finalizadas e o jul-gamento dos responsaacuteveis natildeo foi concluiacutedo ateacute o momentoO processo encontra-se atualmente suspenso A denuacutencia foiapresentada em 22 de fevereiro de 1994 a Comissatildeo aprovourelatoacuterio de admissibilidade e meacuterito em 1995 e houve a cele-braccedilatildeo de soluccedilatildeo amistosa entre as viacutetimas e o Estadobrasileiro em outubro de 2003 As medidas centrais no casodestinavam-se aos poderes Legislativo e Executivo recomen-dando-lhes que realizassem tanto mudanccedilas legislativas quepropiciassem um cenaacuterio favoraacutevel ao combate ao trabalheescravo como poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave prevenccedilatildeo fiscali-zaccedilatildeo e ao combate do trabalho escravo aleacutem de campanhasde sensibilizaccedilatildeo
6 Caso Meninos emasculados do Maranhatildeo trata-se de denuacutencia emrazatildeo de 42 mortes ocorridas entre 1989 e 2003 em Altamirano estado do Paraacute e Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo que envolve crian-ccedilas pertencentes a famiacutelias de baixa renda As viacutetimas tambeacutemsofriam mutilaccedilotildees genitais donde derivou o nome do caso Ape-nas em 2003 12 anos apoacutes o primeiro homiciacutedio foi designadauma forccedila-tarefa para investigar os fatos A indignaccedilatildeo com a natildeo
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investigaccedilatildeo dos fatos e com a sistemaacutetica violaccedilatildeo dos direitosda populaccedilatildeo infantojuvenil do Maranhatildeo levou a denuacutenciaperante a Comissatildeo em 2001 Apoacutes uma seacuterie de reuniotildees de tra-balho procedimentos para uma soluccedilatildeo amistosa iniciaram-se emmarccedilo de 2004 O acordo foi celebrado em dezembro de 2005As medidas acordadas visavam aleacutem da reparaccedilatildeo das famiacutelias dasviacutetimas e do julgamento dos responsaacuteveis agrave formulaccedilatildeo e agraveimplementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave proteccedilatildeo dacrianccedila e do adolescente pelo Estado brasileiro
Finalmente foram escolhidos dois casos de recomendaccedilotildeespela CIDH
7 Caso Maria da Penha vs Brasil trata-se de violecircncia domeacutesticacontra a mulher sofrida por Maria da Penha Maia Fernandespraticada por seu ex-marido que a deixou parapleacutegica com umtiro de arma de fogo Os fatos se deram em 1983 mas 15 anosdepois o processo criminal ainda natildeo havia sido concluiacutedo e oacusado estava na iminecircncia de ser beneficiado com a prescri-ccedilatildeo dos crimes A denuacutencia foi apresentada em 1998 agrave ComissatildeoEm relatoacuterio de 4 de abril de 2001 a CIDH admitiu a peticcedilatildeoe considerou ter ocorrido violaccedilatildeo aos direitos de proteccedilatildeo judi-cial e integridade Recomendou ao Brasil que promovessedentre outras coisas a conclusatildeo do processo judicial com even-tual responsabilizaccedilatildeo dos envolvidos na demora a indenizaccedilatildeoda viacutetima e a realizaccedilatildeo de poliacuteticas pelo Executivo e peloLegislativo que combatessem a discriminaccedilatildeo contra a mulherespecialmente no tema de violecircncia domeacutestica mediante a cria-ccedilatildeo de uma legislaccedilatildeo especiacutefica
8 Caso Comunidades Indiacutegenas da Bacia do rio Xingu vs Brasil (casoBelo Monte) tratou da construccedilatildeo da Usina Hidreleacutetrica deBelo Monte que afetaria dezenas de povos indiacutegenas na regiatildeoda Volta Grande do Xingu no centro-norte do Brasil Embo-ra o plano para o complexo hidreleacutetrico jaacute existisse desde adeacutecada de 1970 ganhou forccedila na deacutecada de 2000 Diversas ten-tativas do Ministeacuterio Puacuteblico Federal para suspender as obraspor meio de accedilotildees cautelares natildeo evitaram que o processo de
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licenciamento prosseguisse Segundo as entidades peticionaacuteriasno SIDH houve violaccedilatildeo aos direitos agrave vida agrave integridade pes-soal agrave informaccedilatildeo e agrave participaccedilatildeo poliacutetica dos povos indiacutegenasafetados pelo megaempreendimento Em razatildeo disso em 1ordm deabril de 2011 a CIDH outorgou uma medida cautelar para queo Estado brasileiro suspendesse o processo de licenciamento daobra impedisse qualquer obra anterior agrave consulta das popula-ccedilotildees indiacutegenas e adotasse medidas destinadas a garantir a vidae a integridade pessoal dos envolvidos Houve reaccedilatildeo negati-va do governo brasileiro de um lado e apoio da sociedade civilorganizada agrave medida cautelar do outro Posteriormente aCIDH alterou sua decisatildeo para exigir do Brasil a adoccedilatildeo demedidas que garantissem o direito agrave vida e agrave integridade dosindiacutegenas que impedissem problemas de sauacutede nas comunida-des e que finalizassem com rapidez a demarcaccedilatildeo das terrasancestrais daqueles povos
Tendo em vista a escassez de pesquisas acadecircmicas empiacutericas noBrasil sobre este objeto as anaacutelises foram baseadas primordialmen-te nos discursos dos atores envolvidos nos processos perante aCIDH e a Corte Interamericana Entre os entrevistados estatildeo inte-grantes de oacutergatildeos do Estado responsaacuteveis pela implementaccedilatildeo taiscomo o Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores (MRE) a Secretaria deDireitos Humanos (SDH) a Advocacia-Geral da Uniatildeo (AGU)bem como membros de entidades de proteccedilatildeo de direitos huma-nos que levaram as demandas agrave Comissatildeo Interamericana ou queparticiparam de alguma forma perante a Corte IDH Os entrevistados foram selecionados por estarem envolvidos
diretamente nos casos ou por representarem instituiccedilotildees envolvidascom as temaacuteticas e com o processo de judicializaccedilatildeo do conflito dis-cutido perante o Sistema Interamericano Os uacuteltimos foram em suamaior parte aqueles indicados por sua proacutepria instituiccedilatildeo Optamospor resguardar a identidade de todos No total foram realizadas 15 entrevistas ao longo de um semes-
tre que seguiram um roteiro semiestruturado especiacutefico para cadaum dos casos partindo de trecircs eixos centrais
(1) o contexto poliacutetico no qual se insere o caso
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(2) as funccedilotildees institucionais da respectiva entidade na implementa-ccedilatildeo do caso e
(3) os obstaacuteculos enfrentados no processo de implementaccedilatildeo
A despeito da relevacircncia das entrevistas o objeto do estudo natildeose resume a uma coleccedilatildeo de percepccedilotildees Sua funccedilatildeo foi a de obterinformaccedilotildees relevantes a respeito de fatos e interaccedilotildees incapazes deserem obtidas por meio da anaacutelise documental e de miacutedia
2 O BRASIL NO SIDHComparado a outros paiacuteses da regiatildeo como Colocircmbia Meacutexico Perue Argentina o Brasil tem uma presenccedila menor de incidecircncia entreos casos do SIDH Segundo as uacuteltimas estatiacutesticas da Comissatildeo Inte-ramericana de Direitos Humanos enquanto foram encaminhadasquase 100 denuacutencias contra o Brasil no ano de 2012 esse nuacutemerochegou a quase 400 contra a Colocircmbia 450 contra o Meacutexico 200contra o Peru e cerca de 180 contra Argentina6
Segundo levantamento feito a partir do site da Comissatildeosomente 17 relatoacuterios de meacuterito com recomendaccedilotildees contra o Bra-sil foram publicados e apenas duas soluccedilotildees amistosas celebradasentre 1996 e 20127 Aleacutem disso houve 30 medidas cautelares e 66decisotildees de admissibilidade Completa o quadro a existecircncia deuma visita in loco no paiacutes cujo informe foi publicado em 1997 ea supervisatildeo em 1999Os casos que envolvem o Estado brasileiro no acircmbito da Corte
Interamericana de Direitos Humanos tambeacutem satildeo poucos Ao todoforam 5 casos contenciosos e outras 5 medidas provisionais entre1996 e 2012 Apenas para comparaccedilatildeo a Argentina possui 13 casoscontenciosos e 4 medidas provisionais a Colocircmbia 13 casos con-tenciosos e 15 medidas provisionais o Meacutexico 7 casos contenciosose 10 medidas provisionais e o Peru 26 casos contenciosos e 13medidas provisionais segundo dados do site da Corte8
Em relaccedilatildeo agraves violaccedilotildees de direitos humanos mais indicadasnos casos que envolvem o Brasil nos relatoacuterios de meacuterito peran-te a CIDH foram recorrentes violaccedilotildees aos arts 4 (direito agrave vida)5 (direito agrave integridade fiacutesica) 8 (direito agrave proteccedilatildeo judicial) e 25
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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(direito agrave garantia judicial) da Convenccedilatildeo Interamericana sobreDireitos Humanos Nos casos contenciosos perante a Corte IDHverificou-se o mesmo padratildeo Em relaccedilatildeo agraves medidas cautelares naComissatildeo levando-se em consideraccedilatildeo que apenas violaccedilotildees espe-ciacuteficas suscitam o cabimento de medidas cautelares (direito agrave vidae agrave integridade por exemplo) esses direitos foram os mais invo-cados nesse acircmbito Por fim sobre as medidas provisionais quasetodas tiveram por fundamento o direito agrave vida e agrave integridade depresos bem como o dever de proteccedilatildeo pelo EstadoNo conjunto os temas satildeo variados No acircmbito dos relatoacuterios
de meacuterito da CIDH conflito fundiaacuterio (5 casos) e violecircncia poli-cial (10 casos) satildeo os mais presentes mas puderam ser identificadostambeacutem casos de tortura investigaccedilatildeo de assassinato discrimina-ccedilatildeo racial liberdade de expressatildeo e violecircncia domeacutestica No acircmbitodas medidas cautelares o perfil se altera para privilegiar temas rela-tivos ao sistema carceraacuterio (10 casos) ameaccedila a povos indiacutegenas (3casos) e proteccedilatildeo a ativistas de direitos humanos testemunhas ououtras pessoas (17 casos) No tocante aos casos contenciosos daCorte IDH houve um sobre conflito fundiaacuterio um sobre investi-gaccedilatildeo de assassinato um sobre tortura um sobre anistia e um sobreviolaccedilatildeo agrave intimidade (interceptaccedilotildees telefocircnicas) Finalmente emrelaccedilatildeo agraves medidas provisionais foram quatro sobre sistema carce-raacuterio e uma sobre anistiaNo que diz respeito agrave natureza das medidas presentes nas reco-
mendaccedilotildees ou nas condenaccedilotildees verifica-se uma distribuiccedilatildeo bastanteequilibrada entre decisotildees com medidas de indenizaccedilatildeo (17 relatoacute-rios de meacuterito e 4 casos contenciosos) de satisfaccedilatildeo (17 relatoacuteriosde meacuterito e 4 casos contenciosos) e garantias de natildeo repeticcedilatildeo (15relatoacuterios de meacuterito e 2 casos contenciosos)9 Dada a natureza pecu-liar das medidas cautelares e das medidas provisionais elas natildeoentraram no cocircmputo apresentadoNo tocante agrave supervisatildeo de cumprimento pela Comissatildeo com
referecircncia agraves soluccedilotildees amistosas e aos relatoacuterios de meacuterito publi-cados entre 2000 e 2011 a Comissatildeo apresentou a supervisatildeo dasdecisotildees anteriores uma totalmente cumprida10 oito parcialmentecumpridas11 e quatro pendentes de cumprimento12-13 Natildeo foi publi-cado o estado de cumprimento de seis relatoacuterios de meacuterito de 1998e 2000 mas haacute notiacutecia de que pelo menos um teve recomendaccedilotildees
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cumpridas14 Tambeacutem haacute uma seacuterie de outros casos que emboratenham sido cumpridos natildeo tiveram seus relatoacuterios publicados eportanto natildeo entraram nessa consideraccedilatildeo15 Por fim natildeo haacute um rela-toacuterio consistente sobre o cumprimento das medidas cautelares (videApecircndice)No acircmbito da Corte IDH dos cinco casos contenciosos um natildeo
gerou condenaccedilotildees (caso Nogueira de Carvalho e outro vs Brasil) umfoi considerado totalmente cumprido (caso Escher e outros vs Brasil)dois foram considerados parcialmente cumpridos (casos Damiatildeo Xime-nes Lopes vs Brasil e Garibaldi vs Brasil) e um ainda natildeo possuimanifestaccedilatildeo da Corte acerca do cumprimento (caso Julia Gomes Lunde outros vs Brasil ndash caso ldquoGuerrilha do Araguaiardquo) Das cinco medidasprovisionais por sua vez trecircs foram arquivadas por cumprimento(caso Penitenciaacuteria Urso Branco caso Penitenciaacuteria de Araraquara e casoComplexo do Tatuapeacute da Febem) uma foi considerada parcialmente cum-prida (caso Unidade de Internaccedilatildeo Socioeducativa) e outra foi rejeitadapela Corte (caso Julia Gomes Lund)Como pode ser visto o pequeno nuacutemero de casos do Brasil no
SIDH natildeo permite traccedilar conclusotildees preacutevias sobre os tipos maisrecorrentes (quais as viacutetimas tiacutepicas quais satildeo as violaccedilotildees e comosatildeo enquadradas nas normas da convenccedilatildeo etc) tampouco sobre ograu de implementaccedilatildeo normalmente atingido pelo paiacutes Por issoainda que haja estudos que apontem para uma relaccedilatildeo entre tipos demedidas e um maior ou menor grau de implementaccedilatildeo16 natildeo seriapossiacutevel tirar conclusotildees dessa natureza no contexto brasileiro Con-tudo a anaacutelise qualitativa que seraacute explorada a seguir apontou paraalguns fatores que podem estar relacionados agrave maior ou menorimplementaccedilatildeo das medidas seratildeo enfocados a apropriaccedilatildeo da deci-satildeo pelos segmentos envolvidos a definiccedilatildeo da agenda puacuteblica etambeacutem as repercussotildees das condenaccedilotildees ou recomendaccedilotildees
3 O CAMINHO DAS DECISOtildeES CONTRA O ESTADO BRASILEIRONo Brasil natildeo haacute regulaccedilatildeo formal abrangente da implementa-ccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeo e de condenaccedilatildeo oriundas doSIDH Nenhum dos projetos legislativos voltados a uma organi-zaccedilatildeo miacutenima de implementaccedilatildeo chegou a ser aprovado17
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Recentemente contudo o III Programa Nacional de DireitosHumanos trouxe um objetivo estrateacutegico especiacutefico relacionado aotema sob o nome ldquoMonitoramento dos compromissos internacionaisassumidos pelo Estado brasileiro em mateacuteria de Direitos HumanosrdquoNele se destacam as seguintes accedilotildees
a) Elaborar relatoacuterio anual sobre a situaccedilatildeo dos DireitosHumanos no Brasil em diaacutelogo participativo com asociedade civilResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores[] e) Definir e institucionalizar fluxo de informaccedilotildees comresponsaacuteveis em cada oacutergatildeo do Governo Federal referentesaos relatoacuterios da Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos e agraves decisotildees da Corte Interamericana deDireitos HumanosResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exterioresf) Criar banco de dados puacuteblico sobre todas asrecomendaccedilotildees dos sistemas ONU e OEA feitas ao Brasilcontendo as medidas adotadas pelos diversos oacutergatildeospuacuteblicos para seu cumprimentoResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores
Esse programa foi instituiacutedo em dezembro de 2009 com altera-ccedilotildees em 201018 e fixa um roteiro de atuaccedilatildeo para o Poder Puacuteblicoem mateacuteria de direitos humanos Estaacute declarada nesse instrumentoa disposiccedilatildeo de institucionalizarem-se os procedimentos paraimplementaccedilatildeo das medidas impostas ao paiacutes pelo Sistema Intera-mericano consubstanciada em objetivos que devem ser perseguidospelo governo brasileiroPor conta da falta de uma predefiniccedilatildeo institucional e normati-
va especiacutefica sobre quais oacutergatildeos deveriam lidar com os casos contrao Brasil no SIDH uma divisatildeo de tarefas foi feita ao longo dotempo em sua maioria pelos proacuteprios oacutergatildeos os quais pelo con-junto de suas funccedilotildees preacutevias se viram responsaacuteveis por algum tipo
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de envolvimento O Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores a Secretariade Direitos Humanos e a Advocacia-Geral da Uniatildeo se destacaramformando o grupo que tomou para si as defesas brasileiras e a imple-mentaccedilatildeo das medidas de recomendaccedilatildeo e condenaccedilatildeoParalelamente o pagamento de indenizaccedilotildees por parte do Estado
brasileiro teve um desenvolvimento especiacutefico e sua concretizaccedilatildeo foiestruturada a partir de rubricas (categorias) especiacuteficas no Orccedilamen-to da Uniatildeo Trata-se de uma questatildeo que foi institucionalizada paraatender reparaccedilotildees oriundas de decisotildees tomadas pelo SIDH
31 PODER EXECUTIVO FEDERAL ATORES E COMPETEcircNCIA
Conforme jaacute mencionado anteriormente o grupo principal deoacutergatildeos que tomou para si as defesas brasileiras e a implementa-ccedilatildeo das medidas de recomendaccedilatildeo e condenaccedilatildeo eacute composto deMinisteacuterio das Relaccedilotildees Exteriores (MRE) Secretaria de Direi-tos Humanos (SDH) e Advocacia-Geral da Uniatildeo (AGU) O MREeacute um oacutergatildeo poliacutetico de auxiacutelio ao Presidente da Repuacuteblica cujasaacutereas de competecircncia abrangem atividades de poliacutetica internacio-nal e relaccedilotildees internacionais19 Eacute a Divisatildeo de Direitos Humanosdo MRE que faz a intermediaccedilatildeo das comunicaccedilotildees com o SIDHem todas as fases de um casoA SDH oacutergatildeo responsaacutevel por poliacuteticas de implementaccedilatildeo dos
direitos humanos20 fazia parte da estrutura do Ministeacuterio da Justiccedilaateacute 199921 ano em que passou a se reportar diretamente agrave Presidecircn-cia da Repuacuteblica Geralmente a notiacutecia de denuacutencia eacute recebida peloMRE e repassada para a SDH cuja Assessoria Internacional busca acomunicaccedilatildeo com os atores envolvidos no caso concreto Por fim a AGU eacute a instituiccedilatildeo responsaacutevel pelo assessoramento
juriacutedico ao Poder Executivo tanto de forma consultiva quanto con-tenciosa22 Ela costuma auxiliar a SDH e o MRE tanto na defesabrasileira quanto na implementaccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeoe de condenaccedilatildeo Esses trabalhos satildeo concentrados no seu Depar-tamento Internacional Atualmente a instituiccedilatildeo eacute sempre notificadapara atuar nas fases preliminares dos casos no SIDHSe o caso jaacute avanccedilou para o relatoacuterio com recomendaccedilotildees eacute a SDH
que organiza internamente o conteuacutedo da defesa do Estado satildeo fei-tas tentativas de contato com o ente federado no qual ocorreu a
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violaccedilatildeo com o objetivo de fomentar um processo de soluccedilatildeo amis-tosa Se o caso vai para a Corte Interamericana o Itamaraty (oacutergatildeodiplomaacutetico) a SDH e a AGU atuam de forma conjunta como umnuacutecleo de defesa eventualmente com a participaccedilatildeo de outros oacutergatildeosrelevantes a depender de cada caso
32 O QUADRO DINAcircMICO APRENDIZADO E CONFLITO ENTRE INSTITUICcedilOtildeES
Ao longo da experiecircncia brasileira com os casos do SIDH houveum processo de modificaccedilatildeo nas atribuiccedilotildees inicialmente realizadaspor cada oacutergatildeo em parte por um processo de aprendizado institu-cional mas tambeacutem como resultado de disputas poliacuteticas ligadas aomodo pelo qual o Brasil se apresenta perante o SIDHEacute possiacutevel identificar trecircs grandes periacuteodos de dinacircmica entre as
instituiccedilotildees O primeiro diz respeito aos dois primeiros casos doBrasil perante a Corte IDH (casos Damiatildeo Ximenes Lopes e GilsonNogueira de Carvalho ambos de 2006) o segundo acompanha as con-denaccedilotildees dos casos Escher e Garibaldi (ambos de 2009) enquanto oterceiro periacuteodo equivale agraves deliberaccedilotildees da Corte entre os casosJulia Gomes Lund (2010) e Belo Monte (2012)
321 PRIMEIRO PERIacuteODO CASOS DAMIAtildeO XIMENES LOPES E GILSON NOGUEIRA DE CARVALHONo caso Damiatildeo Ximenes Lopes foram dados os primeiros passosquanto aos procedimentos gerais a serem adotados diante de accedilotildeescontra o paiacutes na Corte Interamericana visto que se tratou da pri-meira condenaccedilatildeo brasileira na Corte IDH Nele a defesa perantea Corte foi feita por membros da AGU indicados especificamentecomo agentes do Estado Isso se repetiria no caso Gilson Nogueirade Carvalho decidido posteriormente A elaboraccedilatildeo da defesa brasileira por membros da AGU repre-
sentou agrave eacutepoca uma quebra da praacutetica que prevalecia quanto agravedivisatildeo informal de funccedilotildees entre MRE SDH e AGU para atua-ccedilatildeo no SIDH que ocorria apenas perante a Comissatildeo Ateacute entatildeoa SDH agia em conjunto com o MRE em especial na fase deproduccedilatildeo do relatoacuterio de meacuterito da Comissatildeo buscando fomen-tar soluccedilotildees amistosas e prestando informaccedilotildees em prol da defesado Estado
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Desde o ano 2000 a AGU jaacute tinha em sua estrutura interna umaaacuterea internacional Assim em 2004 o caso Damiatildeo Ximenes Lopeschegou agrave divisatildeo internacional do oacutergatildeo que passou a atuar comvisitas agrave cidade onde ocorreram os fatos e contato direto com osatores do Poder Judiciaacuterio Justamente por ter atuado desde o iniacute-cio como representante do Estado no caso a AGU assumiu um papelcentral na fase de implementaccedilatildeo das medidas de condenaccedilatildeo23
Outro ponto que se relaciona com a experiecircncia de ter sido oprimeiro caso brasileiro de condenaccedilatildeo eacute o das medidas de paga-mento de indenizaccedilatildeo agraves viacutetimas No caso Damiatildeo Ximenes Lopesa condenaccedilatildeo do Brasil ao pagamento de indenizaccedilotildees fez neces-saacuteria a articulaccedilatildeo entre os oacutergatildeos internos para decisatildeo de comose daria a praacutetica dessa implementaccedilatildeo24
Verificou-se no tocante agrave implementaccedilatildeo das decisotildees da CorteInteramericana que a Secretaria de Direitos Humanos buscava con-vencer os oacutergatildeos estaduais relacionados ao caso sobre a necessidadede modificaccedilotildees nas poliacuteticas ligadas ao tema da violaccedilatildeo Contudoquando a medida se relacionava agraves atividades da Justiccedila brasileirahavia dificuldades nesse esforccedilo de convencimento Isso foi cons-tatado no caso Damiatildeo Ximenes Lopes que tinha em seu cerne aquestatildeo de funcionamento das instituiccedilotildees judiciaacuterias e exigia aatuaccedilatildeo preponderante dos oacutergatildeos judiciais para a sua implementa-ccedilatildeo Assim iniciou-se a praacutetica de a AGU atuar mais diretamentejunto ao Judiciaacuterio por sua facilidade de articulaccedilatildeo com atoresdesse Poder25 Na eacutepoca foram feitas diversas visitas de apuraccedilatildeodo oacutergatildeo junto agrave SDH e conversas com os juiacutezes responsaacuteveis paratentativas de apuraccedilatildeo dos motivos da demora Ainda que tenha havido tais tentativas os tracircmites das accedilotildees
continuaram lentos em grande parte por causa da ineficaacutecia daabordagem poliacutetica habitual de convencimento com os atores doJudiciaacuterio Seraacute visto em espaccedilo proacuteprio que esse problema foi miti-gado posteriormente em razatildeo do papel de um programa de umquarto ator o Conselho Nacional de Justiccedila (CNJ) oacutergatildeo criadoem 2004 e responsaacutevel por ser a mais alta instacircncia administrativado Poder Judiciaacuterio brasileiro (toacutepico 34 infra)Em siacutentese durante o primeiro caso de condenaccedilatildeo do Brasil na
Corte Interamericana de Diretos Humanos houve um rearranjo depapeacuteis para a apresentaccedilatildeo das manifestaccedilotildees brasileiras no SIDH
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A AGU assumiu um papel central na defesa juriacutedica do caso levan-do um de seus integrantes para a defesa brasileira no Tribunal ASecretaria passou a ter papel de apoio organizacional com relaccedilatildeoaos atores envolvidos no caso e agraves informaccedilotildees relevantes O MREpor sua vez conservou sua posiccedilatildeo de mediador das manifestaccedilotildeespara fora da Corte Segundo relatos das entrevistas havia um relati-vo concerto dos trecircs oacutergatildeos com relaccedilatildeo a como deveriam atuar emcada uma de suas funccedilotildees Isso se repetiria no caso Gilson Nogueirade Carvalho ndash em que o Estado foi absolvido por falta de provas
322 SEGUNDO PERIacuteODO CASOS ESCHER E OUTROS E GARIBALDIEm um segundo momento da dinacircmica institucional a defesa brasi-leira na Corte passou a ser feita pelo Embaixador do Brasil na CostaRica Essa troca teria relaccedilatildeo com o tom marcado pelo Brasil em suasdefesas se antes as manifestaccedilotildees da SDH eram mais inseridas nodiscurso de proteccedilatildeo das viacutetimas no acircmbito da AGU as defesasganhavam um caraacuteter mais teacutecnico marcado por argumentos juriacutedi-cos A passagem para uma maior atuaccedilatildeo do MRE mudaria o vieacutes dedefesa para a esfera poliacutetica Assim a nova divisatildeo funcional informal ndash fruto das dinacircmicas
dos proacuteprios oacutergatildeos entre si ndash passou a estabelecer que a AGU atua-ria principalmente na defesa brasileira na fase de admissibilidadeEnquanto o MRE cuidaria do restante das manifestaccedilotildees brasileirasa Secretaria ficou responsaacutevel principalmente pela (i) coordenaccedilatildeocom atores internos para recolhimento de informaccedilotildees uacuteteis agraves mani-festaccedilotildees brasileiras e (ii) busca de diaacutelogo entre os oacutergatildeos e viacutetimaspara tentar soluccedilotildees amistosas e implementaccedilotildees de medidas de reco-mendaccedilatildeo ou condenaccedilatildeo Essa divisatildeo natildeo era impermeaacutevel cadaum dos oacutergatildeos teria a possibilidade de influenciar ou informar a ati-vidade do outro Havia contudo uma visiacutevel prevalecircncia de cada umdos oacutergatildeos nas funccedilotildees indicadas
323 TERCEIRO PERIacuteODO CASOS JULIA GOMES LUND E BELO MONTENo caso Julia Gomes Lund ocorreu uma polarizaccedilatildeo entre as posi-ccedilotildees assumidas internamente pela AGU e pela SDH A Secretariaposicionou-se a favor das viacutetimas enquanto a AGU defendeu a Lei
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de Anistia brasileira perante o STF Ante a essa situaccedilatildeo o MREpassou a concentrar todas as manifestaccedilotildees brasileiras no caso emconcerto com a Casa Civil Situaccedilatildeo similar ocorreu no caso BeloMonte cujas manifestaccedilotildees foram concentradas pelo MRE e pelaCasa Civil por conta da sensibilidade poliacutetica do caso para a poliacute-tica federalDiante dessas consideraccedilotildees percebe-se que ao longo dos anos
houve certo processo de aprendizado institucional sobre como lidarcom o sistema interamericano com tentativas de adaptaccedilatildeo contiacutenuaNo entanto fica evidente que a proacutepria interaccedilatildeo entre os principaisoacutergatildeos envolvidos se baseia em seus interesses poliacuteticos e em suascapacidades de manobra Isso se evidencia ainda mais com a suces-satildeo de casos mediante a maior concentraccedilatildeo da defesa brasileira nasmatildeos do MRE e a colocaccedilatildeo da AGU e da SDH em posiccedilotildees novas
33 PAGAR AS VIacuteTIMAS UM DESENVOLVIMENTO Agrave PARTE
Desde 2004 o Estado brasileiro possui uma parte do orccedilamento fede-ral destinada especificamente ao pagamento de indenizaccedilotildees queresultam do reconhecimento da violaccedilatildeo de tratados internacionaisde direitos humanos Trata-se da dotaccedilatildeo denominada ldquoPagamentode indenizaccedilatildeo a viacutetimas de violaccedilatildeo das obrigaccedilotildees contraiacutedas pelauniatildeo por meio da adesatildeo a tratados internacionaisrdquo26
Em 1993 governo e sociedade civil haviam se mobilizado paradefinir uma agenda nacional para a Conferecircncia Mundial de Direi-tos Humanos Em 1996 como resultado desses esforccedilos e daDeclaraccedilatildeo e Programa de Accedilatildeo de Viena (adotada na Conferecircncia)foi criado o Programa Nacional de Direitos Humanos no Brasilsegundo o qual os direitos humanos deveriam ser tratados comoobjeto de poliacutetica puacuteblica27 Na sua vertente orccedilamentaacuteria a articu-laccedilatildeo das diversas propostas de accedilotildees governamentais refletiu-se noprograma ldquoPromoccedilatildeo e garantia dos direitos humanosrdquo entre 1996e 1999 e no seu aprimoramento por meio do programa ldquoDireitosHumanos Direitos de Todosrdquo (DHDT) vinculado ao Ministeacuterio daJusticcedila e presente nos orccedilamentos brasileiros a partir de 1999Em 2002 apoacutes revisatildeo do plano original criou-se o 2ordm Progra-
ma Nacional de Direitos Humanos no Brasil28 Em sua introduccedilatildeoressaltou-se que
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A criaccedilatildeo da Secretaria de Estado dos Direitos Humanosno acircmbito do Ministeacuterio da Justiccedila possibilitou oengajamento efetivo do Governo Federal em accedilotildees voltadaspara a proteccedilatildeo e promoccedilatildeo de direitos humanos As metasdo PNDH foram em sua maioria sendo incorporadas aosinstrumentos de planejamento e orccedilamento do GovernoFederal convertendo-se em programas e accedilotildees especiacuteficascom recursos financeiros assegurados nas LeisOrccedilamentaacuterias Anuais conforme determina o PlanoPlurianual (PPA)
O Anexo II do documento trouxe a ampliaccedilatildeo de uma seacuterie deprogramas governamentais que jaacute estavam previstos nos orccedilamen-tos dos anos anteriores em razatildeo do DHDT Contudo nenhumaaccedilatildeo foi prevista para os objetivos estrateacutegicos relativos agrave diretrizldquoInserccedilatildeo nos sistemas internacionais de proteccedilatildeordquo tais como a ado-ccedilatildeo de medidas para cumprimento dos compromissos assumidos emtratados internacionais o fortalecimento da cooperaccedilatildeo com o sis-tema regional de proteccedilatildeo e a promoccedilatildeo de soluccedilotildees amistosas noacircmbito da Comissatildeo Interamericana de Direitos HumanosPor ocasiatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria para os anos de 2004
a 200729 reconheceu-se no plano gerencial do programa DHDTa necessidade de que houvesse uma previsatildeo expliacutecita para as inde-nizaccedilotildees agraves viacutetimas de violaccedilotildees de direitos humanos Estrateacutegiasde sustentabilidade para o programa foram indicadas tendo emvista a relaccedilatildeo com outros atores Uma das relaccedilotildees indicadas foia influecircncia da Comissatildeo da Corte Interamericana de DireitosHumanos e da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos para a desti-naccedilatildeo dos recursos ao pagamento dessas indenizaccedilotildees30
Os oacutergatildeos federais verificaram essa carecircncia apoacutes se esforccedilarempara cumprir a primeira soluccedilatildeo amistosa envolvendo o Brasil (casoJoseacute Pereira) que em se tratando de mateacuteria de competecircncia daUniatildeo (combate a trabalho escravo) retirava o dever de indenizarda esfera estadual31 Percebeu-se que o pagamento de indenizaccedilatildeopor meio de lei era mais trabalhoso e demorado Por isso a fixa-ccedilatildeo de uma parte do orccedilamento federal destinada exclusivamentea essas indenizaccedilotildees possibilitaria agrave Presidecircncia pagaacute-las por meiode um simples decreto presidencial
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Nesse contexto a Lei Orccedilamentaacuteria Anual brasileira de 2004previu pela primeira vez uma accedilatildeo intitulada ldquoPagamento de inde-nizaccedilatildeo a viacutetimas de violaccedilatildeo das obrigaccedilotildees contraiacutedas pela Uniatildeopor meio da adesatildeo a tratados internacionais de proteccedilatildeo dos direi-tos humanosrdquo subordinada ao programa DHDT32 A descriccedilatildeo dessaaccedilatildeo governamental reproduziu em grande medida o que jaacute fica-ra estabelecido nos objetivos estrateacutegicos do 2ordm Programa Nacionalde Direitos Humanos33
Estabeleceu-se assim uma ampla finalidade para a dotaccedilatildeo con-sistente no pagamento de indenizaccedilotildees natildeo apenas no acircmbito dosistema regional de proteccedilatildeo dos direitos humanos (OEA) comotambeacutem no acircmbito do sistema global (ONU) Atribuiu-se essa tare-fa ao Gabinete da Secretaria Especial de Direitos HumanosEm consequecircncia dessa inovaccedilatildeo entre 2004 e 2013 anualmen-
te a lei orccedilamentaacuteria passou a destinar um valor para que a SDHpudesse pagar as despesas com indenizaccedilotildees arbitradas tanto naONU como no SIDH por violaccedilotildees de tratados de direitos huma-nos em vigor para o Brasil
34 PROGRAMA ldquoJUSTICcedilA PLENArdquo IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS MEDIDAS DE GARANTIA E ACESSO Agrave JUSTICcedilAEacute importante destacar tambeacutem a criaccedilatildeo do programa ldquoJusticcedilaPlenardquo pelo CNJ34 como um passo importante em prol da imple-mentaccedilatildeo das medidas relacionadas ao acesso agrave justiccedila35 Ainda quenatildeo oficialmente vinculado agrave implementaccedilatildeo das decisotildees do SIDHna praacutetica o programa apresentou-se como uma boa possibilidadede monitoramento das accedilotildees judiciais que suscitaram os casos leva-dos ao sistema interamericano O programa ldquoJusticcedila Plenardquo surgiu em 2010 com o objetivo de
monitorar e aumentar a transparecircncia de ldquocasos de grande reper-cussatildeo socialrdquo Aqueles indicados pelas entidades participantes satildeoobjeto de relatoacuterios puacuteblicos que buscam apurar o andamento pro-cessual e possiacuteveis demoras injustificadas O programa tem o pontopositivo de trazer agrave visibilidade puacuteblica casos que do contraacuterio fica-riam limitados aos acircmbitos locais e por isso mais sensiacuteveis agravesdisputas de poder e agrave corrupccedilatildeo36
Entre as instituiccedilotildees participantes do programa do CNJ estaacute aSDH que passou a solicitar o acompanhamento das accedilotildees que em
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razatildeo do seu tracircmite demorado levaram ou poderiam levar a san-ccedilotildees pela Comissatildeo ou pela Corte IDH37 Ainda que houvesse jaacutecolaboraccedilatildeo entre o CNJ e a SDH anteriormente este oacutergatildeo pas-sou a contar com o programa como fator importante no diaacutelogocom o Poder Judiciaacuterio atenuando em parte o problema aponta-do anteriormente de dificuldade de convencimento dos atoresnecessaacuterios para a implementaccedilatildeo das medidas Verificou-se que a accedilatildeo civil e a accedilatildeo penal no caso Damiatildeo
Ximenes Lopes as accedilotildees no caso Escher e outros e as accedilotildees no casoGaribaldi por exemplo foram indicadas pela SDH para o pro-grama Atualmente qualquer pessoa pode verificar no sistema doprograma ldquoJusticcedila Plenardquo disponiacutevel na internet as informaccedilotildeesprestadas pelos Tribunais de Justiccedila do Cearaacute e do Paranaacute sobreos casos
4 TEMAS SUJEITOS E CONJUNTURA COMO EM CADA CASO A IMPLEMENTACcedilAtildeO FOI FAVORECIDA OU DIFICULTADA Como jaacute destacado no toacutepico 3 a estrutura de implementaccedilatildeo bra-sileira natildeo eacute fixada institucionalmente e os oacutergatildeos que cuidam delana praacutetica precisam a cada caso desenvolver um esforccedilo poliacutetico decooperaccedilatildeo com os oacutergatildeos locais diretamente relacionados agrave imple-mentaccedilatildeo das medidas especiacuteficas a cada uma das violaccedilotildees excetonos caso de pagamento de indenizaccedilotildees impostas pela Corte ou emtemas de competecircncia exclusivamente federal Assim a implemen-taccedilatildeo se torna dependente da vontade poliacutetica dos atores engajadosem posiccedilotildees relevantes nos oacutergatildeos centrais do Governo Federalencarregados da situaccedilatildeo (MRE SDH e AGU) bem como dos ato-res que ocupam cargos relevantes para uma concretizaccedilatildeo direta dasdecisotildees do SIDH como os membros legisladores promotorespuacuteblicos juiacutezes ou membros dos governos estaduais Neste toacutepico desenvolvemos as anaacutelises da implementaccedilatildeo das
recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees oriundas do SIDH levando em conta(i) a existecircncia de uma agenda poliacutetica puacuteblica em andamento aotempo da decisatildeo (ii) a dependecircncia de poderes autocircnomos comogovernos locais Ministeacuterio Puacuteblico e Judiciaacuterio (iii) violaccedilotildees quedecorrem de agendas poliacuteticas do Estado e (iv) dificuldades em dar
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impacto coletivo a decisotildees altamente individualizadas proferidaspela Corte ou pela Comissatildeo
41 QUANDO JAacute HAacute AGENDA DE POLIacuteTICA
PUacuteBLICA DO ESTADO BRASILEIRO
Alguns dos casos estudados trazem indiacutecios de que a existecircncia deagenda de poliacutetica puacuteblica estabelecida previamente agrave recomenda-ccedilatildeo ou condenaccedilatildeo do SIDH em qualquer dos niacuteveis federativosfacilitara sua implementaccedilatildeo O primeiro litiacutegio brasileiro na Corte Interamericana o caso
Damiatildeo Ximenes Lopes ilustra essa reflexatildeo Desde o momento do pro-cessamento do caso na Corte IDH ficou claro na defesa do Estadobrasileiro que havia uma poliacutetica de reforma do sistema psiquiaacutetricojaacute em andamento no momento em que aconteceu a morte da viacutetimaEacute mencionado nos depoimentos que o fechamento da Casa deRepouso dos Guararapes onde havia falecido Damiatildeo Ximenes foium marco que impulsionou essa reforma38
A Conferecircncia Nacional da Sauacutede Mental ocorrida em 1992 eacuteapontada como um dos marcos de reorientaccedilatildeo do tratamento psi-quiaacutetrico no Brasil39 A Lei federal n 102162001 pretendia trazeravanccedilos inaugurando a reforma psiquiaacutetrica no paiacutes Luiz OdoricoMonteiro de Andrade afirmou em seu depoimento que
A partir do dia 1ordm de janeiro de 1997 comeccedilaram uma seacuterie dereestruturaccedilotildees administrativas no acircmbito do Municiacutepio paraajustar as poliacuteticas do Sistema Uacutenico de Sauacutede em varias aacutereasNo final de 1998 jaacute havia um Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial(CAPS) que brinda atendimento ambulatorial e atenccedilatildeo diaacuteriaa pacientes com deficiecircncias mentais Esse sistema evoluiu e hoje jaacute existe o tratamento de pacientes com deficiecircnciasmentais agudas na aacuterea de sauacutede mental em hospital geralExiste tambeacutem um CAPS para transtornos na aacuterea geral e um para pessoas com problemas na aacuterea de alcoolismo edrogadiccedilatildeo Recentemente inaugurou-se um CAPS com onome do senhor Damiatildeo Ximenes Lopes para homenageaacute-lo40
Esse processo de mudanccedila nas poliacuteticas tambeacutem aparece nodepoimento de Pedro Gabriel Godinho Delgado entatildeo Coordenador
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Nacional do Programa de Sauacutede Mental do Ministeacuterio da SauacutedeSegundo Godinho ateacute entatildeo haviam sido tomadas vaacuterias medidas parafortalecer as redes extra-hospitalares Assim ainda que seja possiacutevel questionar o grau de efetividade
das poliacuteticas federais legisladas jaacute havia agrave eacutepoca da condenaccedilatildeo bra-sileira uma movimentaccedilatildeo a favor do sistema de tratamento mentalAteacute por isso parece ter sido empregada a expressatildeo ldquocontinuar adesenvolverrdquo no ponto de condenaccedilatildeo relacionado agrave implementaccedilatildeode medidas de melhoria do sistema psiquiaacutetrico Em seus relatoacuteriosde cumprimento de sentenccedila ateacute 2010 a Corte apontou para a neces-sidade do cumprimento desse ponto de sua condenaccedilatildeoHaacute indicaccedilotildees de que o descredenciamento da Casa de Repou-
so Guararapes em 2000 ocorreu por conta da repercussatildeo local damorte de Damiatildeo Ximenes Lopes41 Tambeacutem se desencadeou umprocesso mais acelerado de reforma no sistema psiquiaacutetrico da cida-de por conta da postura proativa de alguns gestores municipais42
A proacutepria condenaccedilatildeo do Brasil no Sistema Interamericano con-tudo teria contribuiacutedo mais ao aumento da publicidade do caso doque para reaccedilotildees diretas de implementaccedilatildeo Como na cidade jaacutehavia um processo de reforma do tratamento psiquiaacutetrico que veioa se mostrar bem-sucedido a condenaccedilatildeo do Brasil na Corte teriaservido mais para um reforccedilo do discurso mais amplo proacute-reformapsiquiaacutetrica do que para a efetiva implementaccedilatildeo da sentenccedila A condenaccedilatildeo tendo sido a primeira do Brasil no SIDH eacute um
marco no discurso da agenda antimanicomial utilizado natildeo soacutepela sociedade civil mas tambeacutem pelo Estado como incentivo dereforma em outras localidades Isso era especialmente importan-te no paiacutes jaacute que as mudanccedilas no sistema de sauacutede dependiammuito da vontade dos poderes locais43 que seriam mais facilmen-te convencidos de um possiacutevel perigo agrave imagem dos dirigentesna hipoacutetese de haver caso semelhante em sua regiatildeo44
Algo semelhante ocorreu no primeiro caso brasileiro de solu-ccedilatildeo amistosa o caso Joseacute Pereira Um fator importante do caso foia realizaccedilatildeo de uma visita in loco pela CIDH durante o periacuteodo emque o caso tramitava Essa visita ocorrida em novembro de 1995teve como um de seus objetos as denuacutencias de trabalho forccediladoespecialmente na regiatildeo sul do Paraacute local das violaccedilotildees que jaacutehaviam sido denunciadas na Comissatildeo De acordo com o relatoacuterio
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produzido apoacutes a visita a Comissatildeo constatou que agravequela eacutepocao Estado brasileiro jaacute havia desenvolvido uma seacuterie de poliacuteticasadministrativas legislativas e policiais voltadas ao combate e repres-satildeo do trabalho em condiccedilotildees anaacutelogas a de escravo45 Entretantoa CIDH recomendou o empenho e comprometimento do governovisando aprofundar e consolidar tais poliacuteticasUma vez alcanccedilado o acordo de soluccedilatildeo amistosa a CIDH pas-
sou a realizar o monitoramento de seu cumprimento em seusrelatoacuterios anuais Segundo o Relatoacuterio Anual de 2012 o acordoencontra-se apenas parcialmente cumpridoPrimeiramente observa-se que as medidas de reconhecimen-
to de responsabilidade e reparaccedilatildeo pecuniaacuteria foram cumpridas depronto A medida de julgamento dos responsaacuteveis permanece emaberto pois o processo se encontra suspenso Entretanto em rela-ccedilatildeo ao caso Joseacute Pereira as observaccedilotildees dos relatoacuterios anuais daCorte enfatizam as medidas legislativas e de fiscalizaccedilatildeo A partir de uma anaacutelise das poliacuteticas puacuteblicas elaboradas pelo
governo brasileiro e de seu esforccedilo para combater o trabalho for-ccedilado nota-se uma possiacutevel influecircncia do caso Joseacute Pereira Comoconsta em estudo da OIT46 antes do caso a entidade jaacute realizavaacompanhamento da situaccedilatildeo do trabalho escravo no paiacutes Segun-do seu estudo depois de 1995 houve uma mudanccedila expressiva noposicionamento do governo se em 1992 na Conferecircncia Inter-nacional do Trabalho o paiacutes negava a existecircncia de trabalhoescravo em 1995 passou a reconhecer oficialmente a existecircnciadessa praacutetica Em 27 de junho de 1995 por meio do Decreto Presidencial n
1538 foi criado o Grupo Executivo de Repressatildeo ao Trabalho For-ccedilado (Gertraf) com a finalidade de coordenar e implementar asprovidecircncias necessaacuterias agrave repressatildeo ao trabalho forccedilado No mesmoano foi criado o Grupo Especial de Fiscalizaccedilatildeo Moacutevel (GMF)composto de equipes de agentes treinados para realizar accedilotildees de fis-calizaccedilatildeo Posteriormente em marccedilo de 2003 foi estabelecido oPlano Nacional para Erradicaccedilatildeo do Trabalho Escravo Pouco depoisem julho foi criada a Comissatildeo Nacional de Erradicaccedilatildeo do Traba-lho Escravo (Conatrae) para acompanhar o cumprimento do planoCom tais iniciativas houve nesse periacuteodo um significativo aumen-to na qualidade dos trabalhos de combate ao trabalho escravo
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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Aumentaram os nuacutemeros de operaccedilatildeo de resgate de trabalhadoresde denuacutencias e de trabalhadores resgatadosAo mesmo tempo em que se realizava esse esforccedilo intensivo em
relaccedilatildeo agraves poliacuteticas administrativas houve tambeacutem uma importantemudanccedila legislativa em dezembro de 2003 alterou-se o art 149 doCoacutedigo Penal brasileiro47 Com isso o crime de ldquoreduccedilatildeo agrave condi-ccedilatildeo anaacuteloga agrave de escravordquo tornou-se mais preciso e algumas causasde aumento da pena foram inseridas na codificaccedilatildeo penal brasileira Como fruto dessa intensificaccedilatildeo de poliacuteticas o Ministeacuterio do Tra-
balho e do Emprego tambeacutem se mostrou proativo Em outubro de2004 criou por meio da Portaria n 540 uma lista de nomes deempresas e pessoas autuadas por trabalho escravo Ao entrar na ldquolistasujardquo a pessoa perde o direito a financiamentos puacuteblicos e priva-dos Aleacutem disso houve grande mobilizaccedilatildeo do setor empresarialsendo que mais de 200 grupos formaram um pacto de natildeo realiza-ccedilatildeo de negoacutecios com nomes da lista Mais recentemente em 2008 foi criado o Segundo Plano Nacio-
nal para Erradicaccedilatildeo do Trabalho Escravo que tem tambeacutem comoenfoque a reinserccedilatildeo dos trabalhadores e a prevenccedilatildeo do trabalhoescravo Em 2012 foi aprovada na Cacircmara dos Deputados a possi-bilidade de expropriaccedilatildeo de terras em estabelecimentos onde forconstatada exploraccedilatildeo de matildeo de obra escrava48
Esta trajetoacuteria da implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadasao combate ao trabalho escravo no Brasil eacute representativa do saltoqualitativo da repressatildeo ao trabalho escravo em comparaccedilatildeo agrave daeacutepoca em que ocorreu o caso Mesmo que natildeo seja possiacutevel esta-belecer uma relaccedilatildeo direta de causalidade entre o caso Joseacute Pereirae as poliacuteticas puacuteblicas posteriores tal caso foi citado pelos atoresinteressados como um exemplo para reforccedilar a necessidade de com-bater o problema com mais intensidade49
O caso Maria da Penha tambeacutem encontrou no paiacutes um contex-to de implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas jaacute existentes afinal oBrasil jaacute havia sido reconhecido pela proacutepria Comissatildeo Interame-ricana de Direitos Humanos como um paiacutes que estava na vanguardada resoluccedilatildeo do problema de tratamento discriminatoacuterio contra asmulheres a partir da deacutecada de 1980 Destacaram-se por exemploa criaccedilatildeo do Conselho Estadual sobre a Condiccedilatildeo da Mulher emSatildeo Paulo (1983) a criaccedilatildeo do Conselho Nacional dos Direitos da
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Mulher subordinado ao Ministeacuterio da Justiccedila da Presidecircncia (1985)a incorporaccedilatildeo do combate a esse tipo de violecircncia na ConstituiccedilatildeoBrasileira de 198850 e a criaccedilatildeo das delegacias da mulher de abrigospara mulheres e do ldquoPrograma nacional para prevenir e combater aviolecircncia sexual e domeacutesticardquo (1996)51
Contudo embora a Comissatildeo tenha salientado avanccedilos significa-tivos no tema tambeacutem alertou para as dificuldades tais como acobertura insuficiente dos programas e a impunidade dos agressoresque eram denunciados Em 1999 a entidade analisou o cumprimen-to das recomendaccedilotildees feitas no relatoacuterio anterior e pouco disse sobreos avanccedilos na questatildeo das discriminaccedilotildees contra as mulheres52 Pos-teriormente ao apresentar suas recomendaccedilotildees no caso Maria daPenha considerou os avanccedilos insuficientes para afastar uma conde-naccedilatildeo do paiacutes pelo tratamento discriminatoacuterio das mulheresSob a perspectiva da Comissatildeo entatildeo as recomendaccedilotildees serviram
para tentar suprir as deficiecircncias nas poliacuteticas puacuteblicas brasileiras eafirmar a legislaccedilatildeo internacional sobre o tema das mulheres espe-cialmente a Convenccedilatildeo para prevenir punir e erradicar a violecircnciacontra as mulheres (Convenccedilatildeo de Beleacutem do Paraacute) Essa intenccedilatildeofoi evidenciada por meio de sucessivos relatoacuterios anuais especial-mente entre 2008 e 2011 nos quais a entidade reconheceu osavanccedilos obtidos pelo paiacutes mas destacou a necessidade de desenvol-vimento das poliacuteticas para que se desse integral cumprimento aoponto resolutivo53
Sob a perspectiva dos peticionaacuterios houve ainda outra preocu-paccedilatildeo A articulaccedilatildeo entre os movimentos feministas brasileiros e oCEJIL foi essencial para levar ao SIDH um pleito bastante especiacutefi-co a reforma na legislaccedilatildeo de enfrentamento da violecircncia domeacutesticabrasileira em razatildeo da sua incompatibilidade com a Convenccedilatildeo deBeleacutem do Paraacute54
Em 2002 jaacute era visiacutevel a mobilizaccedilatildeo das organizaccedilotildees natildeogovernamentais para que fosse editada uma lei especiacutefica para com-bater a violecircncia domeacutestica contra as mulheres sendo constituiacutedoinclusive um consoacutercio dessas ONGs55 Para as organizaccedilotildees osproblemas eram principalmente o tratamento da violecircncia domeacutes-tica como crime menos ofensivo e a impunidade dos agressoresque processados natildeo podiam ser presos e recebiam puniccedilotildees muitobrandas como pagamento de cestas baacutesicas agrave viacutetima56 O pleito
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direcionava-se contra a lei que vigorava naquele momento (Leifederal n 909995) que por incidir sobre a violecircncia domeacutesti-ca (art 69 paraacutegrafo uacutenico) aplicava-lhe uma seacuterie de soluccedilotildeesalternativas tais como pagamento de indenizaccedilatildeo suspensatildeo doprocesso e imposiccedilatildeo de penas alternativasO impacto da decisatildeo contudo natildeo foi o esperado em um pri-
meiro momento Houve a necessidade de gerar uma estrateacutegia detrabalho com linhas definidas (a) ministrar o timing na negocia-ccedilatildeo com o Estado e (b) fortalecer a decisatildeo do caso com difusatildeoe reforccedilo de articulaccedilotildees com os novos atores do movimento dasmulheres (natildeo participantes do litiacutegio) a abertura do caso paraos conselhos de advocacia regionais e aumento da empatia como caso57
As entidades encontraram um interlocutor proeminente nogoverno quando ainda em 2003 o oacutergatildeo responsaacutevel pelas poliacuteti-cas puacuteblicas em favor das mulheres no niacutevel federal (ConselhoNacional dos Direitos da Mulher) desvinculou-se do Ministeacuterio daJusticcedila e ganhou status de ministeacuterio criando-se a Secretaria espe-cial de poliacuteticas para mulheres Haacute indicaccedilotildees de que a elevaccedilatildeo dopatamar do oacutergatildeo ao niacutevel ministerial foi um importante avanccedilo paraque ele pudesse articular mais facilmente as poliacuteticas de gecircnero comoutros ministeacuterios e outros Poderes58
Em 2004 foi instituiacutedo o ldquoGrupo de Trabalho Interministerialpara elaborar proposta de medida legislativa e outros instrumen-tos para coibir a violecircncia domeacutestica contra a mulherrdquo por meiodo Decreto federal n 50302004 coordenado exatamente pelaSecretaria (art 2ordm I a) O consoacutercio de ONGs apresentou noacircmbito do Grupo sua proacutepria proposta legislativa jaacute bastanteamadurecida pelas discussotildees anteriores59
Novamente poreacutem os resultados natildeo foram os esperados NaExposiccedilatildeo de Motivos do Projeto de Lei n 45552004 a Secretaacuteriade Poliacuteticas para Mulheres Nilceacutea Freire salientou a participaccedilatildeo doconsoacutercio feminista os instrumentos internacionais para a proteccedilatildeodas mulheres e no que importa a este trabalho as recomendaccedilotildeesno caso Maria da Penha60 No entanto o principal pleito dos movi-mentos feministas natildeo foi atendido e o projeto natildeo contemplou umprocedimento especiacutefico para punir a violecircncia domeacutestica contraas mulheres
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As ONGs entatildeo negociaram apoio da Relatora do projeto emuma das comissotildees da Cacircmara dos Deputados Deputada JandiraFeghali para que o tema fosse amplamente debatido Apoacutes muitasaudiecircncias no paiacutes inteiro a deputada apresentou novo projeto queacolhia integralmente aquilo que as ONGs haviam apresentado em200361 Os parlamentares concluiacuteram o processo legislativo coma ediccedilatildeo da Lei federal n 113402006 que foi aprovada com inte-gral aceitaccedilatildeo pela Secretaria de Poliacuteticas para as Mulheres O fatode essa lei ser conhecida como ldquoLei Maria da Penhardquo evoca natildeoapenas a decisatildeo da CIDH como tambeacutem todo o histoacuterico do casoenvolvendo a senhora Maria da Penha62
Ainda que natildeo seja possiacutevel a relaccedilatildeo de causalidade direta natildeohaacute como negar que a partir do caso poliacuteticas mais efetivas passa-ram a ser implementadas como a criaccedilatildeo de delegacias abrigospara mulheres e planos nacionais a articulaccedilatildeo da Secretaria comos Conselhos Estaduais principalmente a partir de 2006 a submis-satildeo do relatoacuterio brasileiro ao Comitecirc Cedaw da ONU em 2003bem como finalmente as proacuteprias recomendaccedilotildees da OEA63
Assim o caso Maria da Penha inseriu-se no contexto brasileirode duas maneiras De um lado somou-se agraves poliacuteticas puacuteblicas jaacute exis-tentes impulsionando a adoccedilatildeo de novos programas de outro foiuma manifestaccedilatildeo importante a favor do pleito dos movimentosfeministas brasileiros por uma legislaccedilatildeo especiacutefica para o tema Por fim no caso Julia Gomes Lund algumas determinaccedilotildees da
Corte IDH tambeacutem jaacute estavam em pauta no cenaacuterio nacional Den-tre elas estatildeo as relacionadas agrave exigecircncia de medidas que garantamo direito agrave memoacuteria e agrave verdade com vistas a investigar o passadode modo a descobrir sua verdade e conseguir o reconhecimentooficial de seus acontecimentos64
De fato o Estado brasileiro embora tenha sido o protagonistadas violaccedilotildees de Direitos Humanos ocorridas durante o periacuteodode vigecircncia do regime de 1964 tem adotado algumas accedilotildees parazelar pelo direito agrave memoacuteria e agrave verdade Entre elas vale citar porexemplo a aprovaccedilatildeo da Lei federal n 9140 de 4 de dezembrode 1995 que reconheceu a responsabilidade do Estado brasileiropela morte de opositores ao regime de 1964 Essa Lei criou umaComissatildeo Especial que posteriormente foi denominada ComissatildeoEspecial sobre Mortos e Desaparecidos Poliacuteticos65 com atribuiccedilotildees
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que vatildeo desde o reconhecimento de pessoas desaparecidas ateacute odeferimento de pedidos de indenizaccedilatildeo das famiacutelias das viacutetimas ea reuniatildeo de esforccedilos para a localizaccedilatildeo dos corpos de pessoasdesaparecidas no caso de existecircncia de indiacutecios quanto ao local emque possam estar depositadosAleacutem disso foi criada uma Comissatildeo Interministerial com a
finalidade de obter informaccedilotildees que levassem agrave localizaccedilatildeo dosrestos mortais de participantes da ldquoGuerrilha do Araguaiardquo Areferida Comissatildeo foi instituiacuteda pela Uniatildeo por meio do Decre-to Presidencial n 4850 de 2 de outubro de 2003 e encerrou assuas atividades com relatoacuterio final divulgado em marccedilo de 2007Com o mesmo intuito em abril de 2009 foi criado pelo Minis-teacuterio da Defesa um Grupo de Trabalho para realizaccedilatildeo de buscasde restos mortais na regiatildeo do Araguaia Diferentemente daComissatildeo Interministerial de 2003 representantes dos familiaresde mortos e desaparecidos poliacuteticos acompanharam e orientaramos trabalhos de buscas mas a accedilatildeo foi infrutiacutefera pois natildeo foramencontrados restos mortais na regiatildeoAinda com o objetivo de divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees a respeito
da ldquoGuerrilha do Araguaiardquo foi lanccedilado em maio de 2009 o arqui-vo Memoacuterias Reveladas sob a responsabilidade da Casa Civil Essearquivo conecta digitalmente o acervo recolhido ao Arquivo Nacio-nal com vaacuterios outros arquivos federais sobre a repressatildeo poliacuteticae com arquivos estaduais de 15 unidades da federaccedilatildeo resultandoem mais de 5 milhotildees de paacuteginas de documentos66
Dentre as accedilotildees destinadas a garantir o direito agrave memoacuteria e agraveverdade e promover a reconciliaccedilatildeo nacional destaca-se a insta-laccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade responsaacutevel por examinar eesclarecer as violaccedilotildees de direitos humanos ocorridas entre 1946e 1988 no BrasilA Comissatildeo Nacional da Verdade (CNV) foi criada pela Lei fede-
ral n 12528 de 18 de novembro de 2011 O fato de esta lei tersido promulgada depois da sentenccedila da Corte IDH natildeo significanecessariamente que a resoluccedilatildeo do caso no SIDH foi determinan-te para a implementaccedilatildeo da CNV O processo de constituiccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade teve
iniacutecio em 2002 quando da elaboraccedilatildeo da segunda versatildeo do Pro-grama Nacional de Direitos Humanos (PNDH-2) No programa
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foram apresentados os objetivos as diretrizes e as accedilotildees do Esta-do para lidar com a temaacutetica dos direitos humanos e a criaccedilatildeoda Comissatildeo Nacional da Verdade jaacute era uma demanda existentenaquela eacutepoca67
Apoacutes avanccedilos na definiccedilatildeo da estrutura de funcionamento daComissatildeo da Verdade uma das diretrizes da terceira versatildeo doPNDH (PNDH-3) lanccedilada em 2010 foi a criaccedilatildeo de uma CNV Oprimeiro objetivo estrateacutegico definido no eixo intitulado ldquodireitoagrave memoacuteria e agrave verdaderdquo determinou que o Estado devesse promo-ver a apuraccedilatildeo e o esclarecimento puacuteblico das violaccedilotildees de DireitosHumanos praticadas no contexto da repressatildeo poliacutetica ocorridano Brasil a partir de 194668 a fim de efetivar o direito agrave memoacute-ria e agrave verdade histoacuterica e promover a reconciliaccedilatildeo nacional Paraa consecuccedilatildeo deste objetivo o PNDH-3 designou um Grupo deTrabalho composto de representantes da Casa Civil do Ministeacute-rio da Justiccedila do Ministeacuterio da Defesa e da Secretaria Especial dosDireitos Humanos da Presidecircncia da Repuacuteblica para elaborar ateacuteabril de 2010 projeto de lei que instituiacutesse a Comissatildeo Nacionalda Verdade69
O PNDH-3 jaacute estabelecia algumas possiacuteveis atribuiccedilotildees da CNVtais como a promoccedilatildeo com base em seus informes da reconstru-ccedilatildeo da histoacuteria dos casos de violaccedilatildeo de direitos humanos bemcomo a assistecircncia agraves viacutetimas de tais violaccedilotildees a promoccedilatildeo dosmeios e recursos necessaacuterios para a localizaccedilatildeo e identificaccedilatildeo decorpos e restos mortais de desaparecidos poliacuteticos a identificaccedilatildeoe publicizaccedilatildeo das estruturas utilizadas para a praacutetica de violaccedilotildeesde direitos humanos suas ramificaccedilotildees nos diversos aparelhos deEstado e em outras instacircncias da sociedade entre outrasNota-se portanto que as discussotildees acerca da criaccedilatildeo de uma
Comissatildeo da Verdade jaacute estavam avanccediladas e bem estruturadas noiniacutecio do ano de 2010 10 meses antes da publicaccedilatildeo da sentenccedilada Corte IDH ndash o que mostra a existecircncia de uma agenda estatalque jaacute estava preocupada com a instalaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo comoa atual CNVCorrobora esse argumento o comentaacuterio de um dos integran-
tes desse Grupo de Trabalho e atual membro da CNV que revelouque em nenhuma das reuniotildees do Grupo foi feita menccedilatildeo agrave sen-tenccedila da Corte IDH Tal afirmaccedilatildeo mostra entatildeo que a sentenccedila
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da Corte IDH natildeo impactou a constituiccedilatildeo da CNV no Brasil tendoem vista jaacute existir uma agenda estatal voltada para a criaccedilatildeo dessaComissatildeo a qual jaacute estaacute em plena atividade70
Assim diante do fato de que accedilotildees de estabelecimento de umaComissatildeo da Verdade tiveram iniacutecio antes de novembro de 2010data da sentenccedila da Corte IDH restou-lhe apenas reconhecer evalorizar a importacircncia da iniciativa do Estado Brasileiro em criara CNV destinada a contribuir para ldquoa construccedilatildeo e preservaccedilatildeo damemoacuteria histoacuterica o esclarecimento de fatos e a determinaccedilatildeo deresponsabilidades institucionais sociais e poliacuteticas em determina-dos periacuteodos histoacutericos de uma sociedaderdquo71
Entretanto a principal reivindicaccedilatildeo do SIDH ao Brasil eacute rejei-tada com veemecircncia pelo Estado a revogaccedilatildeo da Lei de AnistiaTrata-se de situaccedilatildeo em que a violaccedilatildeo decorre de uma poliacuteticade Estado defendida na esfera das razotildees puacuteblicas conforme indi-cado no proacuteximo toacutepico
42 QUANDO O ESTADO BRASILEIRO PROMOVE
E APOIA O ATO QUE GERA A VIOLACcedilAtildeO
Uma situaccedilatildeo bastante peculiar e que merece uma anaacutelise distin-ta eacute aquela na qual a violaccedilatildeo condenada pelo SIDH consiste emuma poliacutetica endossada publicamente pelo Estado No caso JuliaGomes Lund a manutenccedilatildeo da Lei de Anistia de constitucionali-dade confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ampara-seem um discurso de reconciliaccedilatildeo nacional e superaccedilatildeo do periacuteo-do ditatorial No caso Belo Monte a criaccedilatildeo de usinas hidreleacutetricasem terras indiacutegenas na regiatildeo amazocircnica integra projetos do Esta-do Brasileiro a partir da deacutecada de 1970 No caso Julia Gomes Lund o Brasil foi responsabilizado pela
manutenccedilatildeo de uma Lei de Anistia que impede a investigaccedilatildeo e acondenaccedilatildeo de agentes que realizaram crimes contra a humanida-de durante o periacuteodo da ditadura militar O governo contudodefende ateacute hoje a validade dessa norma aprovada durante o fimdo periacuteodo ditatorial A Lei federal n 6683 de 28 de agosto de 1979 (ldquoLei de Anistiardquo)
concedia anistia ampla e irrestrita a todos aqueles que cometeramdurante o periacuteodo de 2 de setembro de 1961 a 15 de agosto de1979 crimes natildeo soacute poliacuteticos mas tambeacutem de qualquer natureza
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considerados conexos aos crimes poliacuteticos (inclusive o de torturae assassinato de opositores do regime governamental vigente naque-le momento)A constitucionalidade desta lei foi questionada no STF pela
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) requerendo que a lei fosserevisada uma vez que ela excluiacutea a possibilidade de investigar e puniros responsaacuteveis pelos crimes cometidos durante o regime militar Oobjetivo da accedilatildeo portanto era assegurar que o dever do Estado deinvestigar e punir os responsaacuteveis pelas violaccedilotildees de Direitos Huma-nos fosse cumprido de modo a evitar a impunidade e prevenir aocorrecircncia de novas violaccedilotildees O STF no entanto julgou a accedilatildeoimprocedente e com isso declarou vaacutelida a Lei da Anistia do modocomo foi editada em 1979 Por sete votos a dois os ministros deci-diram que o perdatildeo foi parte de um acordo feito pela sociedade naeacutepoca e valeu tambeacutem para os agentes estatais responsaacuteveis por assas-sinatos sequestros e torturas contra opositores da ditadura militar(1964-1985) Desse modo a anistia aos torturadores foi mais uma vezreiterada por um dos poderes do Estado neste caso o JudiciaacuterioEssa situaccedilatildeo juriacutedica portanto afeta a concretizaccedilatildeo de alguns
pontos resolutivos da sentenccedila da Corte IDH em especial aqueleque estabelece que ldquoO Estado deve conduzir eficazmente perantea jurisdiccedilatildeo ordinaacuteria a investigaccedilatildeo penal dos fatos do presentecaso a fim de esclarececirc-los determinar as correspondentes respon-sabilidades penais e aplicar efetivamente as sanccedilotildees e consequecircnciasque a lei preveja []rdquoTodavia o Ministeacuterio Puacuteblico Federal tem adotado posiciona-
mento de que natildeo haacute real conflito entre a ADPF 153 e a sentenccedilade Julia Gomes Lund com base no argumento de que as decisotildeespodem ser compatibilizadas a partir da necessidade de realizaccedilatildeo deduplo controle das normas de direitos humanos o de constitucio-nalidade no acircmbito interno e o de convencionalidade no acircmbitointernacional Diante disso o MPF afirma que no caso da Anistia alei natildeo passou em um dos testes (de convencionalidade) devendoassim ser rejeitada como causa de exclusatildeo de punibilidadeDe toda forma as dificuldades da implementaccedilatildeo da sentenccedila
pelo Estado persistem Diante desses obstaacuteculos o MPF tomou a ini-ciativa de assumir o papel de realizador de um dos componentes dajusticcedila de transiccedilatildeo abrindo-se um novo canal de concretizaccedilatildeo da
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justiccedila de transiccedilatildeo no Brasil Isso se deu por meio dos esforccedilosempreendidos para realizar a persecuccedilatildeo penal contra as violaccedilotildeesaos direitos humanos cometidas por agentes do Estado no periacuteododa ditadura A atuaccedilatildeo do MPF contra os crimes ocorridos nessaeacutepoca estaacute detalhada no relatoacuterio divulgado pela 2ordf Cacircmara deCoordenaccedilatildeo e Revisatildeo do MPF72 De acordo com esse relatoacuterio oMPF instaurou 170 investigaccedilotildees criminais dirigidas agrave apuraccedilatildeo doscrimes de sequestro homiciacutedio e ocultaccedilatildeo de cadaacutever Aleacutem dissoforam ajuizadas quatro accedilotildees penais para puniccedilatildeo dos responsaacuteveisNo que diz respeito agrave implementaccedilatildeo da sentenccedila da Corte
IDH no caso Julia Gomes Lund afirma-se no relatoacuterio que
o GTJT entende que as accedilotildees penais e as investigaccedilotildeesinstauradas datildeo parcial cumprimento agrave obrigaccedilatildeo estabelecidano ponto resolutivo 9 da sentenccedila do caso Gomes Lundconsistente no dever do Estado brasileiro de promover a persecuccedilatildeo penal das graves violaccedilotildees a DH cometidasdurante o regime militar O GTJT tambeacutem entende que ainstauraccedilatildeo de investigaccedilotildees formais eacute um dever do Estadobrasileiro para com as viacutetimas dessas violaccedilotildees e a seusfamiliares os quais reivindicam haacute quatro deacutecadasprovidecircncias do Estado em relaccedilatildeo agrave apuraccedilatildeo do queocorreu com seus proacuteximos73
No caso Belo Monte pode-se identificar possiacuteveis violaccedilotildees a direi-tos humanos cometidas pelo proacuteprio Estado dessa vez dentro de suaagenda de desenvolvimento Trata-se de um caso bastante complexoe polecircmico uma vez que provocou e continua provocando episoacutediosde embate entre os povos indiacutegenas afetados pela construccedilatildeo da hidre-leacutetrica de Belo Monte e as autoridades estataisA tensatildeo entre os indiacutegenas e o governo iniciou-se na deacutecada
de 1970 com o primeiro estudo sobre o potencial hidreleacutetrico dorio Xingu encomendado ao Consoacutercio Nacional de EngenheirosConsultores SA pela Eletronorte Em 1979 o Consoacutercio concluiuo estudo afirmando que o ldquoaproveitamento oacutetimordquo daquela baciahidrograacutefica dependia de um conjunto de seis barragens das quaiscinco situadas no rio Xingu e uma no Rio Irir i Dentre outrasconsequecircncias o Complexo Hidreleacutetrico do Xingu atingiria 40
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povos indiacutegenas desde a Terra Indiacutegena (TI) Paquiccedilamba na VoltaGrande do Xingu (Estado do Paraacute) ateacute o Parque Indiacutegena do Xinguno estado do Mato Grosso74
Durante a deacutecada de 1980 foram realizados os estudos de viabili-dade do Complexo (de) Altamira ndash projeto que envolvia a construccedilatildeodas mega-hidreleacutetricas Kararaocirc e Babaquara Somadas as represasdessas usinas alagariam uma aacuterea de 7000 km2 aproximadamenteDentre outras consequecircncias ao menos seis TIs seriam completa-mente alagadas (Koatinemo Araweteacute do Ipixuna Kararaocirc AraraArara da Volta Grande do Xingu Trincheira-Bacajaacute) e a TI Paqui-ccedilamba seria ilhada75 Em marccedilo de 1988 o Departamento Nacionalde Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) aprovou o Relatoacuterio final dosestudos de inventaacuterio 76 e a Eletronorte anunciou o projeto77
Nesse mesmo ano poreacutem irrompeu um forte movimento con-traacuterio ao Complexo (de) Altamira Indiacutegenas intelectuais e ativistasinternacionalizaram o conflito ao promoverem audiecircncias comONGs e com o Banco Mundial aleacutem disso o ldquoI Encontro dos PovosIndiacutegenas do Xingurdquo deu forte repercussatildeo ao caso78 Como con-sequecircncia o Banco Mundial retirou o financiamento previsto79 eo custo poliacutetico-social da obra tornou-se demasiado para a recen-te democracia brasileira O projeto do Complexo de Altamira foientatildeo arquivado
Poreacutem na deacutecada de 1990 surge o projeto do Aproveitamen-to Hidreleacutetr ico Belo Monte uma versatildeo reformulada do projetoanterior
Uma seacuterie de irregularidades na conduccedilatildeo do projeto motivouo Ministeacuterio Puacuteblico Federal do Paraacute (MPF) a mover uma accedilatildeo civilpuacuteblica (ACP 20013900005867-6 5850-7320014013900)80
contra a Eletronorte (empresa responsaacutevel pelo empreendimento)Ao final de 2002 o STF confirmou a decisatildeo liminar de primeirainstacircncia que suspendia o processo de licenciamento da obra81
Aleacutem de reconhecer irregularidades na licitaccedilatildeo e no licenciamen-to do Aproveitamento Hidreleacutetrico Belo Monte o STF confirmoua necessidade da autorizaccedilatildeo do Congresso Nacional precedida daoitiva dos povos indiacutegenas afetados para que o empreendimentopudesse ser executado82
Em 2005 poreacutem o projeto eacute relanccedilado Para resolver os proble-mas reconhecidos anos antes pelo STF o licenciamento ambiental
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da obra passa a ser feito pelo Ibama83 Aleacutem disso o deputado fede-ral Fernando Ferro (do mesmo partido do governo federal)84
apresenta ao Congresso Nacional uma proposta de autorizaccedilatildeo parao Poder Executivo implantar o Aproveitamento Hidreleacutetrico BeloMonte85 Em tempo recorde a proposta foi aprovada e publicada naforma do Decreto Legislativo n 788200586
Ainda em 2005 o MPF em conjunto com a sociedade civil impe-trou accedilatildeo direta de inconstitucionalidade contra tal DecretoLegislativo (DL) com fundamento na falta de consulta agraves comuni-dades indiacutegenas Com base em um argumento processual o STF natildeoconheceu a accedilatildeo87
Em 2006 o MPF propocircs uma nova accedilatildeo civil puacuteblica cujo obje-tivo era ldquoobstar o processo de licenciamento no Ibamardquo e anular oDL88 Essa accedilatildeo gerou cinco decisotildees em primeiro grau em um pri-meiro momento o licenciamento foi paralisado e o DL foi declaradoinvaacutelido depois de algumas inversotildees de entendimento em duasinstacircncias em 2007 o STF liberou o licenciamento e declarou avalidade do DL (essa decisatildeo seraacute explorada mais adiante)89
Entre 2007 e 2010 o MPF promoveu seis accedilotildees (quatro accedilotildees civispuacuteblicas e duas accedilotildees de improbidade)90 referentes a irregularidadesno processo de licenciamento do Aproveitamento Hidreleacutetrico BeloMonte Mesmo assim no dia 1ordm de fevereiro de 2010 o Ibama con-cedeu a licenccedila preacutevia para a construccedilatildeo do empreendimento Apesar de natildeo cumprida boa parte das condicionantes constan-
tes da licenccedila preacutevia em 26 de janeiro de 2011 o Ibama concedelicenccedila parcial de instalaccedilatildeo com a qual o Consoacutercio Norte Energiaestaria habilitado para a construccedilatildeo do canteiro de obras de BeloMonte No dia seguinte o MPF propotildee ainda uma nova accedilatildeo civilpuacuteblica para suspender a licenccedila sem sucesso91
Entatildeo em 1ordm de abril de 2011 a CIDH outorgou medida cau-telar em favor dos povos indiacutegenas da Volta Grande do Xinguem resultado de provocaccedilatildeo por um grande nuacutemero de membrosda sociedade civil organizada no ano anterior A Comissatildeo soli-citou ao Governo Brasileiro a suspensatildeo imediata do processode licenciamento de Belo Monte e o impedimento da realiza-ccedilatildeo da obra ateacute que fossem satisfeitas trecircs condiccedilotildees os povosindiacutegenas deveriam ser consultados sobre o empreendimento ospovos indiacutegenas deveriam ter acesso ao EIARIMA antes de dita
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consulta preacutevia e medidas de proteccedilatildeo aos povos indiacutegenasdeveriam ser adotadasPosteriormente com base nas informaccedilotildees enviadas pelo Estado
brasileiro e pelos peticionaacuterios a CIDH modificou o teor da medi-da e solicitou (i) a adoccedilatildeo de medidas para a proteccedilatildeo da sauacutede e dacultura dos povos indiacutegenas isolados e a elaboraccedilatildeo e implementa-ccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo dos efeitos da construccedilatildeo do AproveitamentoHidreleacutetrico Belo Monte (ii) a adoccedilatildeo de medidas de proteccedilatildeo agravesauacutede das comunidades indiacutegenas do Xingu que incluiacutessem (a) oPrograma Integrado de Sauacutede Indiacutegena e (b) a implementaccedilatildeo dosprogramas requeridos pela Funai (PT 2109)92 (iii) a demarcaccedilatildeo dasterras ancestrais dos povos indiacutegenas da regiatildeo e proteccedilatildeo destas con-tra invasotildees e ocupaccedilotildees por natildeo indiacutegenas A solicitaccedilatildeo anterior deldquoconsulta preacuteviardquo por sua vez foi transformada em discussatildeo de meacuteri-to transcendendo o acircmbito da MC 38210A medida cautelar foi recebida de maneira diversa por trecircs ato-
res diferentes A primeira manifestaccedilatildeo do Brasil em relaccedilatildeo agrave medidacautelar ocorreu no dia 5 de abril de 2011 em nota puacuteblica divul-gada pelo Itamaraty que expressava perplexidade em relaccedilatildeo ao teordas solicitaccedilotildees da CIDH consideradas precipitadas e injustificadas93
Reforccedilando essa posiccedilatildeo no dia 1ordm de junho o Ibama concedeu alicenccedila definitiva94Aleacutem disso em 27 de outubro de 2011 o Gover-no brasileiro deixou de comparecer agrave audiecircncia marcada pela CIDHpara discussatildeo da medida cautelar95 Em janeiro de 2012 iniciaram-se as obras do Aproveitamento Hidreleacutetrico Belo Monte96
Em relaccedilatildeo aos movimentos sociais entre os meses de maio eoutubro de 2011 foram feitas manifestaccedilotildees puacuteblicas em apoio agravemedida cautelar que foram noticiadas amplamente nas miacutediassociais A Comissatildeo de Direitos Humanos da Cacircmara Federal aPlataforma Brasileira de Direitos Humanos Econocircmicos SociaisCulturais e Ambientais (Plataforma Dhesca) a Anistia Internacio-nal organizaccedilotildees latino-americanas e cerca de 90 organizaccedilotildeesnacionais e internacionais expressaram apoio agraves recomendaccedilotildees daCIDH e condenaram a postura assumida pelo Estado brasileiroFinalmente em relaccedilatildeo ao MPF a medida cautelar outorgada
pela Comissatildeo pareceu respaldar a posiccedilatildeo dos membros da ins-tituiccedilatildeo contra possiacuteveis irregularidades Ainda que natildeo tenha sidoutilizada a medida em si como um fator inibidor da construccedilatildeo
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da usina accedilotildees posteriores promovidas pelo oacutergatildeo sugerem quea medida proporcionou um novo argumento juriacutedico para a atua-ccedilatildeo dos procuradores federais97
Para uma compreensatildeo mais profunda do impacto dessa medidacautelar eacute preciso considerar a dimensatildeo poliacutetica do Aproveitamen-to Hidreleacutetrico Belo Monte De certo modo eacute possiacutevel dizer que adecisatildeo do STF de 2007 revelou o espaccedilo ocupado pelo projetoBelo Monte no conjunto de interesses do Estado brasileiro Isso por-que segundo a Ministra Relatora Ellen Gracie agrave eacutepoca Presidentedaquele Tribunal Belo Monte seria parte essencial da poliacutetica ener-geacutetica nacional e estaria inserida no cronograma governamental deplanejamento estrateacutegico do setor eleacutetrico a sua inviabilizaccedilatildeo por-tanto comprometeria dito planejamento 98
O atual interesse do Estado brasileiro no potencial hidreleacutetricoda Amazocircnia tem raiacutezes histoacutericas e funccedilatildeo estrateacutegica Em meadosda deacutecada 1980 o ldquoPlano Nacional de Energia Eleacutetrica 19872010rdquo99
jaacute afirmava ldquoo aproveitamento do rio Xingu se constituiraacute possi-velmente no maior projeto nacional no final deste seacuteculo e comeccedilodo proacuteximordquo De acordo com esse Plano 175 usinas hidreleacutetricasdeveriam ser construiacutedas ateacute o ano de 2010 no Brasil ndash 40 na Ama-zocircnia Legal100
Posteriormente o Plano Nacional de Energia 2030 elaborado em2007 constatou que a maior parte da energia eleacutetrica produzida noBrasil eacute proveniente de usinas hidreleacutetricas em 2005 a energiahidreleacutetrica equivalia a 75 da ldquopotecircncia instaladardquo e gerou 93 daenergia requerida pelo Sistema Interligado Nacional A bacia doAmazonas por sua vez eacute considerada o maior potencial hidreleacutetri-co brasileiro101
Talvez por isso a construccedilatildeo de Belo Monte passou a ser con-siderada a principal obra do Programa de Aceleraccedilatildeo do Crescimento(PAC)102 lanccedilado em 2007 pelo Governo Federal De acordo como ex-Ministro do Meio Ambiente Carlos Minc Belo Monte era ldquoamaior obra do PAC a mais polecircmica e a terceira hidreleacutetrica domundordquo103 Na lista das 10 obras mais importantes do Programade Aceleraccedilatildeo do Crescimento 2 (PAC 2) figuram trecircs usinas hidre-leacutetricas todas situadas na regiatildeo Norte do paiacutes104 e Belo Monteeacute ldquoo principal projeto energeacutetico [] e uma das grandes priori-dades do programardquo105
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Em uma perspectiva poliacutetica o intervalo desde as primeirasmovimentaccedilotildees de criaccedilatildeo do projeto ateacute hoje (1975-2013) foi umperiacuteodo de intensas transformaccedilotildees Aleacutem da transiccedilatildeo do regimemilitar para o regime constitucional-democraacutetico o Brasil teve seiseleiccedilotildees presidenciais diretas106 oito Presidentes da Repuacuteblica107 evivenciou o processo de impeachment do Presidente Fernando Col-lor (1992)108 Apesar disso o interesse estatal de exploraccedilatildeo dopotencial energeacutetico do rio Xingu permaneceu inalterado O que os fatos indicam eacute que o projeto de construccedilatildeo do Apro-
veitamento Hidreleacutetrico Belo Monte natildeo eacute fruto da vontade de umgoverno ou de um governante especiacutefico apenas mas que tal pro-jeto eacute antes resultado de um interesse de Estado ndash um interesseque se poderia considerar suprapartidaacuterio enraizado e imbricadonas mais profundas concepccedilotildees sobre desenvolvimento do paiacutes Por essa perspectiva o conflito de Belo Monte ganha uma
dimensatildeo poliacutetica complexa Isso porque a ameaccedila ldquoagrave vida e agrave inte-gridade pessoal dos membrosrdquo109 das Comunidades Indiacutegenas daBacia do rio Xingu decorrente da possiacutevel construccedilatildeo de BeloMonte eacute resultado de uma poliacutetica estatal histoacuterica e bem defini-da de desenvolvimento estrateacutegico de um setor ldquoestruturante dopaiacutesrdquo o setor energeacutetico Em siacutentese os casos apresentados permitem a conclusatildeo de que
o adimplemento das medidas do SIDH eacute mais dificultoso quandoa violaccedilatildeo em questatildeo decorre de uma poliacutetica puacuteblica do EstadoContudo as medidas nestes casos ainda assim podem ser apropria-das por atores estatais e pela sociedade civil organizada
43 QUANDO HAacute CASO DE VIOLACcedilAtildeO EM AcircMBITO LOCAL
Um terceiro fator que influencia a implementaccedilatildeo eacute a natureza fede-ral do Estado brasileiro Haacute violaccedilotildees que envolvem apenascompetecircncias federais Nessas situaccedilotildees natildeo se confere tanta impor-tacircncia agrave estrutura federativa do Brasil exceto se as poliacuteticas nacionaisdependerem de Estados e Municiacutepios No entanto haacute outros casos emque as competecircncias envolvidas para o cumprimento das medidasdeterminadas no SIDH pertencem tambeacutem ou exclusivamente a Esta-dos ou Municiacutepios No decorrer dos processos perante a Comissatildeo Interamericana
o Governo Federal normalmente representado pela SDH procura
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compartilhar responsabilidades com o Estado federado tentandoenvolvecirc-lo ao maacuteximo na tentativa de soluccedilatildeo amistosa ou naimplementaccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeo Isso eacute valorizado prin-cipalmente pelo efeito pedagoacutegico desse envolvimento jaacute que a maiorparte das violaccedilotildees se daacute em acircmbito local110A situaccedilatildeo eacute diferente sea condenaccedilatildeo for pela Corte Interamericana visto que o governo fede-ral torna-se responsaacutevel internacionalmente pela implementaccedilatildeo dasmedidas Essa dinacircmica precisa ser reconhecida como um fator rele-vante na implementaccedilatildeo das medidas impostas pelo SIDH Como jaacute visto por natildeo haver mecanismo de execuccedilatildeo direta das
decisotildees ou recomendaccedilotildees do Sistema Interamericano a implemen-taccedilatildeo ocorre eminentemente por razotildees poliacuteticas Natildeo soacute ao chegaremao Brasil pelos oacutergatildeos federais que normalmente lidam com os casosem todas as suas fases (MRE SDH e AGU) mas tambeacutem pelos entesfederados Durante boa parte das atuaccedilotildees da SDH quando ficou agravefrente da organizaccedilatildeo de implementaccedilotildees de recomendaccedilotildees oumedidas de condenaccedilatildeo seu trabalho foi convencer os oacutergatildeos locaisenvolvidos de que a implementaccedilatildeo deveria ser feita111
Se de um lado haacute dificuldades em se lidar com outras entidadesfederativas que natildeo satildeo obrigadas por quaisquer mecanismos a cola-borar com a implementaccedilatildeo por outro as recomendaccedilotildees daComissatildeo ou as condenaccedilotildees da Corte agregam peso ao esforccedilo deconvencimento da SDH sobre os representantes do ente federado Apresenccedila desse elemento externo de um terceiro cuja funccedilatildeo eacute exclu-sivamente defender direitos humanos muitas vezes eacute positiva jaacute quea oposiccedilatildeo poliacutetica que eventualmente haacute em relaccedilatildeo ao governo fede-ral pode se dissolverO fator do ocircnus poliacutetico da violaccedilatildeo para o poder local eacute essen-
cial para possibilitar soluccedilotildees amistosas O orccedilamento vinculado aopagamento das indenizaccedilotildees coordenadas pela SDH soacute eacute mobiliza-do para pagamento quando haacute casos jaacute julgados pela Corte Assimcom exceccedilatildeo do caso Joseacute Pereira jaacute visto112 em soluccedilotildees amistosaseacute sempre o Estado federado que deve se responsabilizar por talpagamento Tambeacutem eacute o Estado federado que internamente se res-ponsabiliza pelo cumprimento dos outros pontos acordados Como visto anteriormente a preexistecircncia de agenda federal
e local de combate ao trabalho escravo pode ter sido causa deminimizaccedilatildeo dos custos da soluccedilatildeo amistosa do caso Joseacute Pereira
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Jaacute na segunda soluccedilatildeo amistosa brasileira o caso Meninos emascula-dos do Maranhatildeo parece ter sido alcanccedilada por conta de um conjuntode fatores de pressatildeo poliacutetica em que a miacutedia parece ter ocupadolugar de destaque O proacuteprio nome do caso ldquoMeninos emasculadosdo Maranhatildeordquo foi o utilizado pela miacutedia brasileira para se referira uma seacuterie de homiciacutedios e mutilaccedilotildees genitais de meninos entre4 e 15 anos ao mesmo tempo em que ocorriam os trabalhos paraos acordos da soluccedilatildeo amistosa na CIDH foi crescente o debateacerca do caso no Brasil Primeiramente foi notaacutevel o iniacutecio de uma preocupaccedilatildeo nas
vaacuterias instacircncias governamentais sobre o tema Em 2003 foi inicia-da uma investigaccedilatildeo pelo Poder Legislativo sobre as situaccedilotildees deviolecircncia e redes de exploraccedilatildeo sexual de crianccedilas e adolescentes noBrasil Os casos dos meninos emasculados tanto do Maranhatildeo comode Altamira foram utilizados no relatoacuterio apresentado em 2004113
tendo como encaminhamento o envio de documentaccedilatildeo ao Minis-teacuterio Puacuteblico Estadual para agilizaccedilatildeo das investigaccedilotildees Tambeacutem em2003 a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadatildeo em seu rela-toacuterio de atividades menciona ter participado de reuniatildeo com asfamiacutelias dos meninos emasculados de audiecircncia puacuteblica sobre o casode reuniatildeo na Superintendecircncia da Poliacutecia Federal com os policiaisencarregados da investigaccedilatildeo e de reuniatildeo com os integrantes doCentro de Defesa dos Direitos da Crianccedila e do Adolescente PadreMarcos Passerini Apoacutes firmada a soluccedilatildeo amistosa a CIDH realizou acompanha-
mento da implementaccedilatildeo das medidas acordadas Em seus relatoacuteriosanuais a Comissatildeo demonstrou especial preocupaccedilatildeo com o cum-primento das medidas de natildeo repeticcedilatildeo que representavam para ooacutergatildeo o maior desafio Em 2008 as medidas foram consideradastotalmente cumpridas pelo Estado brasileiro Apoacutes a celebraccedilatildeo da soluccedilatildeo amistosa houve aparente interes-
se do Governo do Estado do Maranhatildeo em cumprir as medidas114
Em 2007 o entatildeo governador do Maranhatildeo Jackson Lago criou aComissatildeo Estadual de Acompanhamento e Execuccedilatildeo do Acordo deSoluccedilatildeo Amistosa do Caso dos Meninos Emasculados composta dasSecretarias de Estado dos Direitos Humanos Sauacutede EducaccedilatildeoDesenvolvimento Social Seguranccedila Cidadatilde Defensoria Puacuteblica eAssessoria Especial do Governador115
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Em abril de 2006 as famiacutelias das viacutetimas comeccedilaram a receber apensatildeo mensal do Governo maranhense e foram incluiacutedas nos pro-gramas de Habitaccedilatildeo do Governo Federal Apoacutes um ano em maiode 2007 a Comissatildeo Estadual visitou as famiacutelias para verificar o cum-primento das medidas e as suas condiccedilotildees de moradia Houve umaseacuterie de reclamaccedilotildees das famiacutelias em relaccedilatildeo agrave estrutura das casasEm consequecircncia a Comissatildeo se reuniu com a Secretaria de Estadode Desenvolvimento das Cidades para discutir melhorias Posteriormente em setembro de 2011 apoacutes encontro com um
grupo de matildees dos meninos a presidente da Comissatildeo de DireitosHumanos e das Minorias da Cacircmara dos Deputados116 deputada Eli-ziane Gama alegou que as medidas da soluccedilatildeo amistosa natildeo estavamsendo inteiramente cumpridas117 Segundo a deputada ao longo dos5 anos as casas previstas no documento foram construiacutedas mas natildeoforam repassadas legalmente para as famiacutelias a pensatildeo estabelecidaestava sem reajuste e as famiacutelias natildeo estatildeo sendo inseridas em pro-gramas de assistecircncia social do GovernoApesar da inclusatildeo em 2005 do municiacutepio de Satildeo Luiacutes no Progra-
ma de Accedilotildees Integradas e Referenciais de Enfrentamento agrave ViolecircnciaSexual contra Crianccedilas e Adolescentes no Territoacuterio Brasileiro(PAIR) e da criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Luta contra a ViolecircnciaSexual contra a Crianccedila e o Adolescente bem como o Sistema Inte-rinstitucional de Accedilotildees Antidrogas (SIAD) parece que natildeo houveefetiva melhoria do atendimento nas delegacias especializadas emviolecircncia contra a crianccedila e o adolescente Segundo relatoacuterio da 1ordfPromotoria do Controle Externo da Atividade Policial a Delegaciade Proteccedilatildeo agrave Crianccedila e ao Adolescente (DPCA) foi considerada apior das especializadas na capital maranhense118
Quanto a casos julgados na Corte Interamericana destacam-senovamente os casos Garibaldi e Escher e outros A questatildeo federalaparece nos dois casos como um obstaacuteculo agrave implementaccedilatildeo dasdecisotildees principalmente enquanto as denuacutencias permaneceram noacircmbito da Comissatildeo Isso porque a Assessoria Internacional da SDHteria tido problemas em acessar os atores locais por conta de faltade cooperaccedilatildeo dos poderes locais119 A uacutenica voz a favor da imple-mentaccedilatildeo dentro do Estado do Paranaacute foi o Ministeacuterio Puacuteblico120
No caso Escher e outros na peticcedilatildeo submetida agrave Corte a Comis-satildeo explicou que a Secretaria de Direitos Humanos da Presidecircncia
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(acircmbito federal) natildeo concretizou as negociaccedilotildees com o governo doEstado do Paranaacute (acircmbito estadual) para efetivar as reparaccedilotildees nosprazos concedidos121 Em nota de 21 de setembro de 2007 porexemplo o governo brasileiro sustentou que trabalhava junto aoEstado do Paranaacute para que fosse indicado um interlocutor especiacuteficopara dar seguimento ao trabalho de implementar as recomendaccedilotildeessalientando que o esforccedilo de convencimento junto aos entes esta-duais era ldquoum trabalho permanente e que por vezes demanda maiortempo de maturaccedilatildeordquo122
Dois fatores mitigaram esses problemas de implementaccedilatildeo Em pri-meiro lugar no tocante agrave obrigaccedilatildeo de investigar destacou-se apostura do Ministeacuterio Puacuteblico do Estado do Paranaacute123 que trabalhouem contato com a SDH para realizar as investigaccedilotildees Em segundolugar especificamente no tocante agrave obrigaccedilatildeo de publicar a senten-ccedila e indenizar as viacutetimas destacou-se a mudanccedila das responsabilidadesocasionada pelas condenaccedilotildees no acircmbito da Corte InteramericanaNo caso Garibaldi ao tomar ciecircncia que algumas testemunhas que
natildeo foram ouvidas no inqueacuterito policial estavam prestando depoi-mento perante a Corte um membro do Ministeacuterio Puacuteblico fez arequisiccedilatildeo de desarquivamento do inqueacuterito em abril de 2009 e emjulho de 2011 ofereceu denuacutencia contra um dos suspeitos do assas-sinato de Seacutetimo Garibaldi O TJPR no entanto determinou o fimda accedilatildeo penal a despeito de ter reconhecido explicitamente que oreferido desarquivamento atendia agrave decisatildeo da Corte Interamerica-na de Direitos Humanos A accedilatildeo encontra-se atualmente no STJ Emvirtude disso a Corte deixou em aberto o ponto na sua resoluccedilatildeo deSupervisatildeo de Cumprimento de Sentenccedila de 2012Em Escher e outros o Ministeacuterio Puacuteblico tambeacutem verificou a pos-
sibilidade de investigar e punir os responsaacuteveis pela interceptaccedilatildeoe divulgaccedilatildeo das conversas telefocircnicas Entretanto por conta daprescriccedilatildeo dos crimes concluiu pela inviabilidade da abertura deinqueacuterito criminal apenas para se elucidar o fato sem que isso resul-tasse em efetiva puniccedilatildeo124 Nesse ponto a Corte Interamericanarepetiu entendimento no qual a prescriccedilatildeo poderia ser um obstaacute-culo legiacutetimo ao cumprimento em casos de violaccedilatildeo de direitoshumanos menos graves e reconheceu que ldquofoi determinado que seinvestigasse penalmente determinadas condutas e fossem estabele-cidas as consequecircncias que a Lei previsse o qual natildeo descartava a
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possibilidade de que a accedilatildeo penal a respeito dos fatos a serem inves-tigados estivesse prescritardquo125
Finalmente em relaccedilatildeo ao segundo ponto se medidas de provi-decircncia domeacutestica para os casos avanccedilaram enquanto estiveram naComissatildeo a condenaccedilatildeo do Brasil pela Corte alterou a maneira comoas reparaccedilotildees deveriam ser feitas jaacute que tais obrigaccedilotildees passaram aser primariamente da Uniatildeo Nesse sentido a SDH pocircde atuar commaior intensidade Isso se refletiu tanto na obrigaccedilatildeo de indenizarcumprida sob a rubrica orccedilamentaacuteria do proacuteprio oacutergatildeo126 como naobrigaccedilatildeo de publicar a sentenccedila feita dentre outros no proacuteprio siteda Secretaria127Ambos os cumprimentos se deram dentro do prazoassinalado na sentenccedila128
Um paralelo entre os dois casos apresentados e o caso Maria daPenha pode ser feito sob o prisma da questatildeo federal Nesse senti-do ressalta-se que Maria da Penha vs Brasil foi um caso decididono acircmbito da Comissatildeo em que se fixaram obrigaccedilotildees semelhan-tes de investigaccedilatildeo e indenizaccedilatildeo ao Estado brasileiro Por setratarem de recomendaccedilotildees caberia ao governo e ao Judiciaacuterio doEstado do Cearaacute onde ocorreu a violaccedilatildeo de direitos conduzirema implementaccedilatildeo das medidasNo entanto o Estado do Cearaacute permaneceu inerte durante vaacuterios
anos apoacutes a condenaccedilatildeo sem que a Uniatildeo tambeacutem tomasse qual-quer atitude em relaccedilatildeo a essa inatividade129 Durante seis anos asreparaccedilotildees materiais natildeo puderam ser obtidas porque dependiam daassunccedilatildeo de compromisso pelo Estado do Cearaacute130 Somente em2006 com a mudanccedila de governo negociaccedilotildees foram iniciadas entreos atores envolvidos131 Essas conversas resultaram no compromis-so assumido e concretizado pelo Estado de indenizar materialmenteMaria da Penha Maia Fernandes132
A mesma dificuldade se verificou no cumprimento da obriga-ccedilatildeo de investigar os responsaacuteveis pela demora no processo criminalEm 2007 as peticionaacuterias assinalaram que o Estado natildeo havia con-seguido elucidar nem atribuir as responsabilidades em virtude dasdificuldades oferecidas pelo Tribunal estadual133 Em 2008 entatildeoo caso foi submetido ao CNJ134 Desde entatildeo a apuraccedilatildeo dos res-ponsaacuteveis pela demora ocorre em niacutevel federalNo entanto o caso Maria da Penha tambeacutem nos conduz agrave con-
clusatildeo de que a questatildeo federal embora importante para a ldquomarcha
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da implementaccedilatildeordquo das decisotildees do Sistema Interamericano natildeo eacuteo uacutenico fator de influecircncia Em primeiro lugar isso resta evidencia-do pelo fato de que a Comissatildeo ainda natildeo considerou integralmentecumpridas obrigaccedilotildees impostas para a Federaccedilatildeo como um todoMuito embora as poliacuteticas puacuteblicas dependam da adesatildeo dos Esta-dos-membros a proacutepria Comissatildeo ainda natildeo considerou satisfeitasas obrigaccedilotildees de tratamento contra a discriminaccedilatildeo das mulheres emmateacuteria de violecircncia domeacutestica135 Haacute relatos de que esses Estadosfederais tecircm problemas de descumprimento com questotildees que natildeosatildeo de competecircncia federal mas a explicaccedilatildeo que natildeo podem cum-prir por conta do federalismo tambeacutem surge em questotildees que natildeodependem da estrutura federal136
Em segundo lugar a proacutepria Comissatildeo reconheceu que os pri-meiros avanccedilos na mateacuteria de direitos humanos ocorreram com ainstalaccedilatildeo do Conselho Estadual sobre a Condiccedilatildeo da Mulher emSatildeo Paulo em 1983 Natildeo eacute descabido entatildeo considerar que o fede-ralismo tambeacutem pode abrir a oportunidade de que os proacutepriosEstados sejam responsaacuteveis por importantes avanccedilos em mateacuteria deproteccedilatildeo de direitos humanos antes mesmo que poliacuteticas semelhan-tes sejam estabelecidas em niacutevel federal
44 QUANDO A CAUSA Eacute APROPRIADA PELOS
ATORES ENVOLVIDOS NO CASO CONCRETO
Um uacuteltimo aspecto analisado na presente obra diz respeito agrave espe-cificidade de alguns relatoacuterios ou algumas condenaccedilotildees que emcertos contextos natildeo permitem a extrapolaccedilatildeo do caso individualpara uma situaccedilatildeo coletivaEacute usual que o SIDH seja criticado ao tomar medidas amplas e
geneacutericas como ldquodar continuidaderdquo a determinada poliacutetica puacuteblicae por outro lado louvado ao tomar medidas mais concretas A basedessa criacutetica estaacute ligada a uma determinada concepccedilatildeo de eficiecircn-cia das medidas Diraacute um defensor do argumento que medidas maismodestas por serem objetivas permitem um maior grau de cobran-ccedila e de verificaccedilatildeo da implementaccedilatildeo Esse argumento contudoconta apenas parte da histoacuteriaDe fato quanto mais individualizada e concreta a medida maior
a chance de sua implementaccedilatildeo contudo menor eacute a chance de seuimpacto No Brasil as instituiccedilotildees tiveram sucesso em demonstrar
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que conseguem se mobilizar de forma a lidar com a questatildeo indi-vidualizada em seu ponto especiacutefico sem qualquer atuaccedilatildeo emniacuteveis estruturais como ocorreu e ocorre nos casos Escher e outrose Garibaldi No entanto em um caso como Belo Monte no qual natildeohouve qualquer cooperaccedilatildeo do Governo brasileiro atores institu-cionais (como o MPF) e a sociedade civil organizada puderam sevaler da recomendaccedilatildeo da CIDH para pressionar os oacutergatildeos poliacuteti-cos nacionais
Tanto o caso Escher e outros como o caso Garibaldi tratam de vio-laccedilotildees decorrentes dos graves e persistentes conflitos agraacuterios no paiacutesConforme reconhecido pela Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos ldquoa concentraccedilatildeo de terra no Brasil eacute uma das maiores domundordquo de modo que ldquoaproximadamente 1 da populaccedilatildeo deteacutem46 de todas as terrasrdquo dentre as quais haacute um enorme percentual deterras improdutivas Trata-se enfim de ldquoum modelo econocircmico quefavoreceu a grande propriedade privada frente agraves necessidades dostrabalhadores ruraisrdquo137 Todavia em ambos os casos o contexto socialamplo natildeo foi atacado pelas medidas impostas pelo SIDH
No caso Escher e outros o grampo telefocircnico e sua divulgaccedilatildeoilegal geraram especialmente reparaccedilotildees indenizatoacuterias para as viacuteti-mas sendo que a Corte Interamericana reconheceu seu integraladimplemento enquanto no caso Garibaldi as principais condena-ccedilotildees foram de natureza indenizatoacuteria e de retomada da investigaccedilatildeocriminal dos responsaacuteveis pelo assassinato de Seacutetimo Garibaldisendo que a Corte IDH ainda manteacutem o acompanhamento do pro-cesso judicial penal de responsabilizaccedilatildeo pelo assassinato Natildeohouve repercussatildeo para aleacutem dessa esfera
Essas observaccedilotildees surgiram em entrevista com membro doMinisteacuterio Puacuteblico do Estado do Paranaacute na qual ficou clara a orien-taccedilatildeo de resolver rapidamente e de forma qualificada a investigaccedilatildeocriminal relativa ao caso Seacutetimo Garibaldi em parte por convicccedilatildeopessoal dos promotores envolvidos e em parte para diminuir o des-gaste da imagem da instituiccedilatildeo decorrente da divulgaccedilatildeo dos fatosna miacutedia De todo modo nem o Ministeacuterio Puacuteblico e muito menoso Governo do Paranaacute realizaram accedilotildees de enfoque estrutural ou pre-ventivo para as graves violaccedilotildees decorrentes de conflitos fundiaacuterios
A natureza de decisotildees altamente individualizadas favoreceum cenaacuterio em que haacute poucos incentivos para que as instituiccedilotildees
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envolvidas assumam o ocircnus poliacutetico de tomar medidas mais amplase ao mesmo tempo a decisatildeo do SIDH natildeo serve como instrumen-to para buscar medidas estruturais aos atores relevantes interessados Nos dois casos as questotildees de fundo foram abandonadas O gover-
no natildeo se sentiu pressionado a investigar ou prestar esclarecimentosobre as investigaccedilotildees relacionadas a associaccedilotildees ligadas ao Movimen-to dos Sem-Terra (MST) apoacutes o caso Escher e outros Tampouco houvepressatildeo para investigaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de contas em relaccedilatildeo ao siste-ma de reforma agraacuteria aos abusos cometidos por particulares queretomam para si terras que foram invadidas nem agrave impunidade dosatores poliacuteticos e judiciaacuterios que criminalizam movimentos sociaisApenas para exemplificar uma questatildeo de fundo sobre agentes
puacuteblicos que atuavam contra os movimentos sociais em ambos oscasos um dos pedidos rejeitados pela Corte Interamericana foio de ordenar a revogaccedilatildeo do tiacutetulo de cidadatilde honoraacuteria do Estadodo Paranaacute da juiacuteza Elizabeth Kather obtido em 2007 Conformeapontado no livro A era da indeterminaccedilatildeo138 a juiacuteza protagonizouescacircndalos midiaacuteticos em razatildeo da estreita relaccedilatildeo com a elitefazendeira local Mesmo um ano apoacutes a condenaccedilatildeo da Corte Inte-ramericana em dezembro de 2010 a juiacuteza Kather recebeu o tiacutetulode cidadatilde honoraacuteria do Municiacutepio de Loanda139
A Corte IDH deu pouca importacircncia agrave questatildeo do tiacutetulo hono-raacuterio da juiacuteza Kather Entretanto em um contexto como o brasileirocondenaccedilotildees simboacutelicas podem abrir portas para a extrapolaccedilatildeo dedemandas individualizadas para um niacutevel mais geral principalmen-te quando satildeo apropriadas por vaacuterios segmentos sociais No contextode implementaccedilatildeo poliacutetica as medidas do SIDH podem auxiliar ato-res mobilizados tal como ocorreu no caso Belo MonteConforme apresentado no toacutepico 42 a construccedilatildeo da Usina
Hidreleacutetrica Belo Monte a despeito da forte reaccedilatildeo negativa doGoverno brasileiro agrave medida cautelar do SIDH foi apropriadapelos agentes poliacuteticos envolvidos no caso (MPF e movimentossociais) e transformada em um instrumento poliacutetico e juriacutedico deenfrentamento Quanto aos movimentos sociais sugere-se a medi-da possibilitou a reafirmaccedilatildeo da criacutetica ao projeto Belo Monte eabriu novos espaccedilos puacuteblicos acerca do temaAssim avaliar a implementaccedilatildeo das medidas do SIDH que enfo-
cam apenas a conduta do Estado esconde os impactos que elas
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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podem ter fora do ambiente estatal Assim enquanto alguns casosnatildeo geram repercussatildeo mas satildeo implementados outros repercutemna sociedade e podem ateacute mesmo gerar uma conscientizaccedilatildeo maiorsobre determinada violaccedilatildeo de direitos humanos mesmo que a pos-tura estatal leve ao natildeo cumprimento da medida
CONCLUSAtildeO BALANCcedilO DE RESULTADOS E PARAcircMETROS DE IMPLEMENTACcedilAtildeONo Brasil natildeo haacute mecanismos institucionais especiacuteficos de implemen-taccedilatildeo de recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees do SIDH O adimplementointerno das medidas determinadas neste acircmbito decorre em sua maiorparte de decisotildees eminentemente poliacuteticas visto que depende da dis-posiccedilatildeo e da capacidade dos atores relevantes a cada novo evento Com isso a cada nova condenaccedilatildeo ou recomendaccedilatildeo a SDH e o
MRE precisam se engajar em negociaccedilotildees com as instituiccedilotildees e ato-res envolvidos muitas vezes em esferas estaduais No contextofederativo a ausecircncia de mecanismos coercitivos torna o cumprimen-to das decisotildees ainda mais imprevisiacutevel e a cada novo caso sujeitoao capital poliacutetico dos envolvidos ao seu interesse nas causas emquestatildeo e especialmente agrave qualidade das relaccedilotildees entre governosfederal e estadual Dessa forma o adimplemento no Brasil eacute permea-do de grande flexibilidade e potencial de experimentalismo uma vezque na maior parte dos casos haacute um alto custo poliacutetico envolvido nasnegociaccedilotildees de implementaccedilatildeoPara fazer suas anaacutelises e criacuteticas este trabalho partiu do termo
ldquoimplementaccedilatildeordquo no sentido usual do SIDH de adimplemento dasmedidas de condenaccedilatildeo recomendaccedilatildeo ou acordo Contudo a anaacute-lise qualitativa mostrou que esse tipo de avaliaccedilatildeo fica distante demedir o real impacto das decisotildees do SIDH no Brasil Dada a escassez de literatura nacional a este respeito foi reali-
zado um mapeamento dos efetivos mecanismos existentes no Brasilpara dar cumprimento agraves recomendaccedilotildees e decisotildees oriundas doSIDH no Brasil do que foi possiacutevel identificar o delicado equiliacute-brio das relaccedilotildees institucionais em niacutevel federal (MRE SDH eAGU) bem como das relaccedilotildees entre entes federativos Como con-sequecircncia foi apurado que o cumprimento eacute apenas uma dimensatildeodo adimplemento das medidas do SIDH
PESQUISA DIREITO GV
52 sumaacuterio
Foi possiacutevel identificar diversos fatores que interferem na coo-peraccedilatildeo de atores relevantes bem como na avaliaccedilatildeo de quandoocorre efetivamente o cumprimento Nesse sentido os principaisfatores identificados como possiacuteveis facilitadores da implementaccedilatildeodas medidas determinadas no acircmbito do sistema regional de prote-ccedilatildeo dos direitos humanos satildeo (i) a existecircncia de uma agenda poliacuteticapreacutevia em acircmbito local ou nacional em relaccedilatildeo ao tema da viola-ccedilatildeo (ii) decisotildees com fundamentaccedilatildeo de qualidade e generalidadesuficiente para permitir a sua apropriaccedilatildeo por atores estatais ou dasociedade civil organizada engajados em temas afetos agrave violaccedilatildeo e(iii) uma boa relaccedilatildeo entre Uniatildeo e Estados naqueles casos em quea implementaccedilatildeo natildeo depende de medidas unicamente federais Haacute portanto dois pontos de vista em questatildeo O primeiro deles
eacute o da Comissatildeo e da Corte Interamericana pelo qual eacute necessaacuterioe relevante que os Estados recebam uma chancela de adimplentesou inadimplentes perante o SIDH especialmente como forma depressatildeo poliacutetica O segundo ponto de vista eacute o de anaacutelise do impac-to das decisotildees e recomendaccedilotildees do SIDH que natildeo se confundecom a avaliaccedilatildeo de ldquocumprimentordquo ou ldquodescumprimentordquo feita pelaCorte e Comissatildeo nem se exaure nela Em um contexto de imple-mentaccedilatildeo eminentemente poliacutetica das decisotildees e recomendaccedilotildees doSIDH a implementaccedilatildeo depende em grande parte da presenccedila dosfatores de impacto detectados
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
53 sumaacuterio
APEcircNDICE CASOS QUE ENVOLVEM O BRASIL NO SIDH
I MEDIDAS CAUTELARES OUTORGADAS PELA
COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 32 (ENTRE 1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
54 sumaacuterio
CASO
MC 19911 ldquoP
ESSOAS D
E LIBERDADE N
A
PRISAtildeO
PROFESSO
R ANIacuteBAL B
RUNOrdquo
(2011)
MC 38210 ldquoU
SINA HIDRELEacuteTR
ICA DE
BELO
MONTErdquo (2011)
MC 11410 ldquoP
ESSOAS P
RIVA
DAS D
E
LIBERDADE N
O DEPA
RTAMENTO DE
POLIacuteC
IA JU
DICIAacuteRIA (DPJ) D
E VILA
VELHArdquo (2010)
RESU
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DO
S FATOS
DENUacuteNCIA SO
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DENUacuteNCIA SO
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AtildeO
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OLIacuteC
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CONDICcedilOtildeES SA
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RIAS N
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A MORTErdquo
DIR
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DIREITO
Agrave VID
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RIDADE
PESSO
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PROTECcedil
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DICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE
PESSO
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INFORMACcedilAtildeO E Agrave
PARTIC
IPACcedilAtildeO POLIacuteTIC
A
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE
PESSO
AL Agrave
SAUacuteDE
TEMA
SISTEMA CARCERAacuteRIO
COMUNIDADES IN
DIacuteGENAS
SISTEMA CARCERAacuteRIO
MED
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INDIacuteGENAS E A
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RIDADE E A
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S
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SMEDIDAS C
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CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS C
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CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS C
AUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
CU
MP
RIM
ENTO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
55 sumaacuterio
MC 35102 ldquoR
OSEM
ARY SO
UTO MAIOR E O
UTROSrdquo
(2010)
MC 22409 ldquoA
DOLESC
ENTES P
RIVADOS DE
LIBERDADE NA UNIDADE DE IN
TERNACcedilAtildeO
SOCIOEDUCATIVA
(UNIS)rdquo (2009)
MC 23608 ldquoP
ESSOAS PRIVADAS DE LIB
ERDADE
NA PENITEN
CIAacuteRIA POLINTER
-NEVESrdquo (2009)
ldquoCASO ADOLESC
ENTES N
A CADEIA PUacuteBLICA DE
GUARUJAacuterdquo (2007)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS RECEBIDAS POR
FAMILIA
RES D
E VIacuteTIMA DE ASSA
SSINATO
POR
GRUPO DE EXTER
MIacuteNIO MESM
O APOacuteS MEDIDA
CAUTELA
R DA CIDH EM 2002
DENUacuteNCIA SOBRE CASOS DE MORTE E TO
RTURA
DE ADOLESC
ENTES D
ETIDOS NA UNIS D
E
CARIACICA ESP
IacuteRITO SANTO
DENUacuteNCIAS SO
BRE SU
PERPOPULACcedil
AtildeO E M
AacuteS
CONDICcedilOtildeES SA
NITAacuteRIAS NO PRESIacuteD
IO
DENUacuteNCIA SOBRE SU
PERPOPULACcedil
AtildeO E
DETEN
CcedilAtildeO IRREGULAR DE ADOLESC
ENTES EM
CADEIA PUacuteBLICA
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
SAUacuteDE
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
E ADOLESC
ENTES
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
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SISTEMA CARCERAacuteRIO
SISTEMA CARCERAacuteRIO
SISTEMA CARCERAacuteRIO
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RIDADE FIacuteSIC
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RES
MEDIDAS PA
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DOS DETEN
TOS E PA
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S
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STIFICARAM A ADOCcedilAtildeO DA CAUTELA
R
MEDIDAS PA
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A SA
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RIDADE PESSO
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REDUZIR A SUPERPOPULACcedil
AtildeO E PA
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DENTRE OUTRAS M
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RA UM CENTRO PROacutePRIO
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CONDICcedilOtildeES PA
RA TODOS OS PRESO
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MEDIDAS CAUTELA
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CcedilAtildeO DAS
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OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
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CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL 140
PESQUISA DIREITO GV
56 sumaacuterio
ldquoCASO CENTRO DE DEFESA
DOS DIREITO
S DA
CRIANCcedilA E D
O ADOLESC
ENTE D
O DISTR
ITO
FEDERALrdquo (2006)
ldquoCASO MARIA APARECIDA DENADAIrdquo (2006)
MC 13006 ldquoP
ESSOAS DETID
AS NA 76ordf
DELEG
ACIA DE POLIacuteCIArdquo (2006)
ldquoCASO RAPOSA SER
RA DO SOLrdquo (2004)
DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
IE DE MORTES Q
UE
ENVOLVEM
ADOLESC
ENTES D
ETIDOS NO CAJE
DO DISTR
ITO FED
ERAL
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR TESTEM
UNHA DE ASSA
SSINATO
CONTRA ATIVISTA
DE DIREITO
S HUMANOS (V
TAMBEacuteM CASO JOAQUIM DENADAI)
DENUacuteNCIA SOBRE MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
A
DELEG
ACIA SU
PERPOPULACcedil
AtildeO E M
ORTE E
TORTURA DE DETEN
TOS
DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
IE DE ATO
S
VIOLEN
TOS COMETID
OS POR NAtildeO INDIacuteGENAS AgraveS
COMUNIDADES IN
DIacuteGENAS DA REGIAtildeO
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
E ADOLESC
ENTES
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE Agrave
LIBERDADE
DE RELIG
IAtildeO AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROPRIEDADE Agrave
LIVRE CIRCULACcedil
AtildeO Agrave
IGUALDADE E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
SISTEMA CARCERAacuteRIO
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
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SISTEMA CARCERAacuteRIO
COMUNIDADES IN
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SUPERPOPULACcedil
AtildeO PA
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TOS E PA
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AtildeO Agrave TESTEM
UNHA
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EDIDAS PA
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SUPERPOPULACcedil
AtildeO PROPORCIONAR
ATENDIMENTO MEacuteDICO E IN
VESTIGAR OS FATO
S
QUE LEVA
RAM Agrave DENUacuteNCIA
MEDIDAS PA
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A A
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RIDADE PESSO
AL E A
CIRCULACcedil
AtildeO DAS
COMUNIDADES IN
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RA INVESTIG
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S QUE LEVA
RAM Agrave DENUacuteNCIA
MEDIDAS CAUTELA
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LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
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CcedilAtildeO DAS
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OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
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CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
EXTINTA A PEDIDO DA BENEFIC
IAacuteRIA 141
CUMPRIMENTO PARCIAL ATEacute FEVER
EIRO DE
2007 142SEM
INFORMACcedilAtildeO 143
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
57 sumaacuterio
MC 85204 ldquoC
RIANCcedilAS PRIVADAS DE LIB
ERDADE
NA FUNDACcedilAtildeO ESTA
DUAL DO BEM-ESTA
R DO
MENOR (FEB
EM) DO TATU
APEacuterdquo (2004)
ldquoCASO JORGE CUSTO
DIO ROSANGELA
APARECIDA SARAIVA FER
REIRA E A
LESSANDRA
RODRIGUEZ C
ELESTINOrdquo (2003)
ldquoCASO MARIA APARECIDA GOMES D
A SILVA
E
SUA FAMIacuteLIA
E EDSON AZAMBUJArdquo (2003)
ldquoCASO DOS IN
TERNOS DO CAacuteRCERE DE URSO
BRANCOrdquo (2002)
DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
IE DE VIO
LEcircNCIAS
COMETID
AS CONTRA OS MENORES IN
TERNOS
DA CASA DE DETEN
CcedilAtildeO E C
ASOS DE MORTES E
REBELIOtilde
ES
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
S DE DIREITO
S
HUMANOS NO PARANAacute
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE E
SEQUESTR
O SOFRIDOS POR ATIVISTA
S DE
DIREITO
S HUMANOS
DENUacuteNCIA SOBRE SU
PERPOPULACcedil
AtildeO
CARCERAacuteRIA CONFLITO
S INTER
NOS EN
TRE
DETEN
TOS E FA
LTA DE CONDICcedilOtildeES N
O
PRESIacuteD
IO
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
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DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
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RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
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RIDADE PESSO
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DIREITO
Agrave VID
A INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
SISTEMA CARCERAacuteRIO
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
DENTRE OUTRAS M
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CcedilAtildeO
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A E A
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S
DENTRE OUTRAS M
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NOVOS HOMICIacuteDIOS NO PRESIacuteD
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MEDIDAS CAUTELA
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REVEN
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MEDIDAS CAUTELA
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CcedilAtildeO DAS
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CcedilAtildeO DAS
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OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
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REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
DESC
UMPRIMENTO (LEVA
DA Agrave CORTE ID
H)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
DESC
UMPRIMENTO (LEVA
DA Agrave CORTE ID
H)
PESQUISA DIREITO GV
58 sumaacuterio
ldquoCASO IRINY NICOLAU CORRES LO
PESrdquo (2002)
ldquoCASO RONY CLAY C
HAVES R
UBENS LEO
NCIO
PEREIRA MARCOS MASSA
RI E G
ILMAR LEITE
SIQUIERA (PROTECcedil
AtildeO DE TESTEM
UNHAS DA
OPERACcedilAtildeO CASTELIN
HO)rdquo (2002)
MC 35102 ldquoC
ASO MANOEL B
EZERRA ROSEM
ARY
SOUTO E LU
IZ DA SILVArdquo (2002)
ldquoCASO DO POVO INDIacuteGENA XUCURUrdquo (2002)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA DE DIREITO
S HUMANOS NO ESP
IacuteRITO
SANTO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
INFORMANTES A
PROVEITA
DOS EM
OPERACcedilAtildeO
POLICIAL PERPETR
ADAS PELA
PROacutePRIA
POLIacuteCIA
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
TESTEMUNHAS E IN
VESTIGADORES D
E GRUPO
DE EXTER
MIacuteNIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
LIacuteDERES D
E COMUNIDADE IN
DIacuteGENA
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROPRIEDADE E Agrave
GARANTIA JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
COMUNIDADES IN
DIacuteGENAS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DAS TESTEM
UNHAS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DAS TESTEM
UNHAS E D
OS
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MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS LIacuteD
ERES E PA
RA
INVESTIG
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S DENUNCIADOS
MEDIDAS CAUTELA
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REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO (VIacuteTIM
A ASSA
SSINADA EM
2009)
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
59 sumaacuterio
ldquoCASO ELM
A SORAIA SOUZA NOVAISrdquo (2002)
ldquoCASO DOS PROMOTORES E D
OS DETEN
TOS DA
PRISAtildeO
PUacuteBLICA DE SO
ROCABArdquo (2000)
ldquoCASO BENEDITO MARIANOrdquo (2000)
ldquoCASO CATH
ERINE HALVEYrdquo (2000)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
MAtildeE DE VIacuteTIM
A DE VIO
LEcircNCIA POLICIAL
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDA POR TESTEM
UNHAS
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR INVESTIG
ADOR DE VIO
LEcircNCIA
POLICIAL
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
DE DIREITO
S HUMANOS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (INVESTIG
ADOR)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA VIacuteTIM
A
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A E A
CAPAC
IDADE DE
PRESTA
R TESTEM
UNHO SEM
TEMER
REPRESAacute
LIAS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO INVESTIG
ADOR E SEU
S
FAMILIA
RES
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA ATIVISTA
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
PESQUISA DIREITO GV
60 sumaacuterio
ldquoCASO JOAQUIM MARCELO
DENADAIrdquo (1999)
ldquoCASO LUZIA CANUTOrdquo (1998)
ldquo2ordm CASO PADRE RICARDO REZEN
DErdquo (1998)
CASO 12002 ldquoM
ARIA EMILIA
DE MARCHI E
OUTROSrdquo (1998)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA CONTRAacuteRIO A GRUPO DE EXTER
MIacuteNIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS E C
ASOS DE
HOMICIacuteDIO SOFRIDOS POR FAMILIA
RES D
E
LIacuteDER DE MOVIM
ENTO SOCIAL ASSA
SSINADO EM
CONTEXTO
DE CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA DE DIREITO
S HUMANOS EM
CONTEXTO
DE DISPUTA FUNDIAacuteRIA
DENUacuteNCIA SOBRE AS MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
O
LOCAL EM
QUE AS VIacuteTIM
AS ESTAVA
M PRESA
S
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
GARANTIA JUDICIAL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA VIacuteTIM
A
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA TESTEM
UNHA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS DETEN
TOS
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO (VIacuteTIM
A ASSA
SSINADA EM
2002)
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
61 sumaacuterio
ldquo1ordm CASO PADRE RICARDO REZEN
DE E O
UTROSrdquo
(19951996)
ldquoCASO DO ADVOGADO OSMAR BARCELO
S DO
NASCIMENTOrdquo (1996)
ldquoCASO DOS MENORES IN
TERNOS DO INSTITU
TO
PADRE SEVER
INO DA ESC
OLA JOAtildeO LUIS A
LVES
E DA ESC
OLA SANTOS DUMONTrdquo (1996)
ldquoCASO AMEACcedil
ADOS PELO
S lsquoMENINOS DE OUROrsquordquo
(1996)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTAS DE DIREITO
S HUMANOS EM
CONTEXTO
DE DISPUTA FUNDIAacuteRIA NO PARAacute
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ADVOGADO ATIVISTA
DE DIREITO
S HUMANOS NO
ESPIacuteRITO SANTO
DENUacuteNCIA SOBRE AS MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
O
CENTRO DE DETEN
CcedilAtildeO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
S CONTRAacuteRIOS A GRUPO
DE EXTER
MIacuteNIO
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS DETEN
TOS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
II RELATOacuteRIOS DE MEacuteRITO PUBLICADOS PELA COMISSAtildeO
INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 17 (ENTRE
1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
62 sumaacuterio
CASO
PETICcedil
AtildeO 12308 ldquoM
ANOEL LEA
L DE O
LIVEIRArdquo
(INFORMES N
3710 E N 7206)
CASO 12440 ldquoW
ALLAC
E DE A
LMEID
Ardquo
(INFORMES N
3408 E N 2609)
CASO 12310 ldquoSEB
ASTIAtildeO
CAMARGO FILH
Ordquo
(INFORMES N
3308 E Ndeg 2509)
RESU
MO
DO
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DE
JORNALISTA
APOacuteS P
UBLIC
ACcedilAtildeO DE ESC
AcircNDALO
DE C
ORRUPCcedilAtildeO NO JO
RNAL D
E QUE ER
A
EDITO
R
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DA VIacuteTIM
A EM
RAZAtildeO
DE A
BUSO EM
OPERACcedilAtildeO POLIC
IAL
INCLUSIVE C
OM INDIacuteCIOS D
E DISC
RIMINACcedilAtildeO
RACIAL
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DE M
EMBRO
DO MOVIM
ENTO DOS TR
ABALHADORES R
URAIS
SEM TER
RA NO PA
RANAacute SEM
INVESTIG
ACcedilAtildeO E
INDEN
IZACcedilAtildeO
DIR
EITOS VIO
LAD
OS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave LIB
ERDADE D
E EXPRESSAtildeO
E
PEN
SAMEN
TO AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE Agrave
IGUALDADE
AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO
JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
TEMA
ATENTADO CONTRA JO
RNALISTA
VIO
LEcircNCIA POLIC
IAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
MED
IDA
S IND
ICAD
AS
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS A
UTORES
DO CRIME D
OS R
ESPONSAacuteVEIS P
ELA DEM
ORA
NAS IN
VESTIGACcedilOtildeES R
EPARACcedilAtildeO DOS
FAMILIA
RES A
DOCcedilAtildeO DE U
MA POLIacuteTIC
A GLOBAL
DE P
ROTECcedil
AtildeO DOS JO
RNALISTA
S
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO COMPLETA
DOS FATO
S REPA
RACcedilAtildeO DOS FA
MILIA
RES D
A
VIacuteTIMA E A
DOCcedilAtildeO DE P
OLIacuteTIC
A CONTRA A
DISC
RIMINACcedilAtildeO RACIAL EM
OPERACcedilOtildeES
POLIC
IAIS
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO COMPLETA
DOS FATO
S REPA
RACcedilAtildeO DOS FA
MILIA
RES D
A
VIacuteTIMA E A
DOCcedilAtildeO DE P
OLIacuteTIC
A CONTRA A
VIOLEcircN
CIA RURAL
NATU
REZA
DA
S MED
IDA
SMEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
CU
MP
RIM
ENTO
(EM 2012)
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
63 sumaacuterio
CASO 12019 ldquoA
NTOcircNIO FER
REIRA BRAGArdquo
(INFORMES N
8407 E N 3508)
CASO 12001 ldquoSIM
ONE ANDREacute DINIZrdquo (IN
FORMES
N 8304 E N
6606)
CASO 11634 ldquoJA
ILTON NERI DA FONSEC
Ardquo
(INFORMES N
2303 E N 3304)
CASO 11556 ldquoM
ASSAC
RE DE CORUMBIARArdquo
(INFORMES N
2203 E N 3204)
DENUacuteNCIA SOBRE DETEN
CcedilAtildeO ILEG
ALMENTE
FEITA PELA
POLIacuteCIA CIVIL IN
CLUSIVE C
OM
TORTURA DA VIacuteTIM
A
DENUacuteNCIA SOBRE DISCRIMINACcedilAtildeO RACIAL
SOFRIDA POR EMPREGADA DOMEacuteSTIC
A QUE NAtildeO
FOI CONTRATA
DA POR SER
NEGRA
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
MENOR POR FORCcedilAS POLICIAIS EM
FAVELA DO
RIO DE JA
NEIRO
DENUacuteNCIA SOBRE MORTES D
E
TRABALHADORES R
URAIS EM
ACcedilAtildeO DA POLIacuteCIA
PARA REINTEG
RACcedilAtildeO DE POSSE D
E TERRENO
DIREITO
Agrave INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A Agrave LIB
ERDADE
PESSO
AL Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL O
BRIGACcedilAtildeO DE PREVEN
IR
E PUNIR TODO ATO
DE TO
RTURA COMETID
O
DIREITO
Agrave IGUALDADE Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
E Agrave PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
LIBERDADE Agrave
PROTECcedil
AtildeO DA INFAcircNCIA AgraveS
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
DISCRIMINACcedilAtildeO RACIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS FATO
S
RESP
ONSABILIZACcedil
AtildeO PELA
DEMORA EM
ELUCIDAR O CASO INDENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A E
CAPAC
ITACcedilAtildeO DOS POLICIAIS C
IVIS
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A
MODIFIC
ACcedilAtildeO DA LEG
ISLACcedilAtildeO CONTRA O
RACISM
O INVESTIG
ACcedilAtildeO DOS FATO
S PROMOVER
MEDIDAS ADMINISTR
ATIVAS CONTRA O RACISM
O
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS A
LTERACcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DA
POLIacuteCIA MILITA
R PARA INVESTIG
ACcedilAtildeO DE
CRIMES C
OMETID
OS POR MEMBROS DA
PROacutePRIA CORPORACcedilAtildeO E TR
ANSFER
EcircNCIA
PARA A POLIacuteCIA CIVIL
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS A
LTERACcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DA
POLIacuteCIA MILITA
R PARA INVESTIG
ACcedilAtildeO DE
CRIMES C
OMETID
OS POR MEMBROS DA
PROacutePRIA CORPORACcedilAtildeO E TR
ANSFER
EcircNCIA
PARA A POLIacuteCIA CIVIL
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
PENDENTE D
E CUMPRIMENTO
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
PESQUISA DIREITO GV
64 sumaacuterio
CASO 10301 ldquoPA
RQUE SAtildeO
LUCASrdquo (IN
FORMES N
1696 E N 4003)
CASO 11517 ldquoD
INIZ B
ENTO DA SILVArdquo
(INFORMES N
11101 E N 2302)
CASOS 11286 E O
UTROS ldquoA
LUIacuteSIO
CAVA
LCANTE
E OUTROSrdquo (IN
FORMES N
7400 E N 5501)
CASO 12051 ldquoM
ARIA DA PENHArdquo (IN
FORMES N
10500 E N 5401)
DENUacuteNCIA SOBRE TO
RTURA DE PRESO
S NO
DISTR
ITO POLICIAL PA
RQUE SAtildeO
LUCAS EM
SAtildeO
PAULO
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
MEMBRO DO MOVIM
ENTO DOS TR
ABALHADORES
RURAIS SEM
TERRA POR FORCcedilAS POLICIAIS
DENUacuteNCIA SOBRE DIVER
SOS CASOS DE
ASSA
SSINATO
DE JO
VENS POR FORCcedilAS
POLICIAIS
DENUacuteNCIA SOBRE CASO DE VIO
LEcircNCIA
DOMEacuteSTIC
A COM DEMORA E N
EGLIGEcircNCIA NO
PROCESSA
MENTO DA ACcedilAtildeO CRIMINAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO DA HONRA
E DA DIGNIDADE Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
LIBERDADE A
UM JULGAMENTO JUSTO
AgraveS
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
E DIREITO
DE PETICcedil
AtildeO
DIREITO
Agrave PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL Agrave
S GARANTIAS
JUDICIAIS Agrave
IGUALDADE
SISTEMA CARCERAacuteRIO
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA DOMEacuteSTIC
A DISCRIMINACcedilAtildeO
DE GEcircNERO
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DAS VIacuteTIM
AS
TRANSFER
EcircNCIA DA COMPETEcircN
CIA DE
JULGAMENTO DE DELITO
S COMETID
OS POR
POLICIAIS M
ILITARES C
ONTRA CIVIS PA
RA A
JUSTICcedil
A COMUM PUNICcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS E
DESATIVACcedil
AtildeO DAS ldquoC
ELAS DE ISO
LAMENTOrdquo
MEDIDAS PA
RA INVESTIG
ACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS PA
RA INDENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES E PA
RA EVITA
R A REPETICcedil
AtildeO DE
FATOS SEM
ELHANTES EM
CONFLITO
S
FUNDIAacuteRIOS
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS E D
OS RESP
ONSAacuteVEIS P
ELA DEMORA
NOS PROCESSO
S INDENIZACcedil
AtildeO DE VIacuteTIM
AS OU
FAMILIA
RES A
BOLICcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DOS
TRIBUNAIS M
ILITARES PA
RA JULGAR CRIMES
COMETID
OS POR POLICIAIS C
ONTRA CIVIS
ADOCcedilAtildeO DE CONTROLE EXTER
NO E IN
TERNO
SOBRE A POLIacuteCIA MILITA
R DO RIO DE JA
NEIRO
DENTRE OUTRAS FIN
ALIZACcedil
AtildeO DO PROCESSO
CRIMINAL IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS
PELA
DEMORA INDENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A E
ADOCcedilAtildeO DE REFO
RMAS LEG
ISLATIVAS E
ADMINISTR
ATIVAS PA
RA COMBATER
A
DISCRIMINACcedilAtildeO DE GEcircNERO E A
VIOLEcircN
CIA
DOMEacuteSTIC
A CONTRA MULHERES
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
65 sumaacuterio
CASO 11291 ldquoC
ARANDIRUrdquo (IN
FORMES N
12099
E N 3400)
CASO 11599 ldquoM
ARCOS AUREacuteLIO
DE OLIVEIR
Ardquo
(INFORMES N
2399 E N 1000)
CASO 11598 ldquoA
LONSO EUGEcircNIO DA SILVArdquo
(INFORMES N
2299 E N 0900)
CASO 11516 ldquoO
VELAacuteRIO TAMESrdquo (IN
FORMES N
8098 E N 6099)
DENUacuteNCIA SOBRE O MASSAC
RE PROMOVIDO
POR FORCcedilAS POLICIAIS AO
INVADIREM O
PRESIacuteD
IO DO CARANDIRU PARA DEBELA
R UMA
REBELIAtildeO
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
CRIANCcedilA DE RUA POR POLICIAL CIVIL
DENUacuteNCIA SOBRE HOMICIacuteDIO DE MENOR POR
POLICIAL MILITA
R DURANTE D
ETENCcedilAtildeO POR
SUPOSTO
ASSA
LTO
DENUacuteNCIA SOBRE DETEN
CcedilAtildeO ARBITRAacuteRIA DA
VIacuteTIMA QUE FO
I MORTA DEPOIS D
E TORTURADA
POR AGENTES D
E SEGURANCcedilA
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave JUSTICcedil
A Agrave PROTECcedil
AtildeO CONTRA
DETEN
CcedilOtildeES A
RBITRAacuteRIAS Agrave
PROTECcedil
AtildeO
JUDICIAL E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
SISTEMA CARCERAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS FATO
S E
PUNICcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS IN
DENIZACcedil
AtildeO
DAS VIacuteTIM
AS OU FAMILIA
RES E
DESEN
VOLVIM
ENTO DE POLIacuteTIC
AS PA
RA
DIMINUIR A SUPERPOPULACcedil
AtildeO NOS PRESIacuteD
IOS
AUMENTAR A SEG
URANCcedilA E TR
EINAR AS
FORCcedilAS DE SEG
URANCcedilA DENTRE OUTROS
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO
DOS RESP
ONSAacuteVEIS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES E C
OMBATE AO
PROBLEM
A DOS
ldquoMENINOS DE RUArdquo N
O RIO DE JA
NEIRO EM
CONSONAcircNCIA COM AS OBRIGACcedilOtildeES
INTER
NACIONAIS
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DO
RESP
ONSAacuteVEL E IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS P
ELO CRIME E P
ELA DEMORA NA
PUNICcedilAtildeO INDENIZACcedil
AtildeO DOS FA
MILIA
RES
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S E DE IN
DENIZACcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S E DE IN
DENIZACcedil
AtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
PESQUISA DIREITO GV
66 sumaacuterio
CASO 11405 ldquoN
EWTON COUTINHO MENDES E
OUTROSrdquo (IN
FORMES N
7998 E N 5999)
CASO 11287 ldquoJO
AtildeO CANUTO DE OLIVEIR
Ardquo
(INFORME N 2498)
DENUacuteNCIA SOBRE MORTES E A
MEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR DEFEN
SORES D
E DIREITO
S
HUMANOS E P
ESSOAS LIG
ADAS Agrave OCUPACcedil
AtildeO DE
TERRAS EM
RAZAtildeO
DE GRUPO DE EXTER
MIacuteNIO
FORMADO POR PROPRIETAacute
RIOS
DENUacuteNCIA SOBRE A FALTA DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E
PUNICcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS P
ELO HOMICIacuteDIO DE
LIacuteDER DE TR
ABALHADORES R
URAIS N
O PARAacute
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave LIB
ERDADE Agrave
SEGURANCcedilA E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
JUSTICcedil
A AgraveS GARANTIAS
JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS D
E PREVEN
CcedilAtildeO DE NOVOS
CONFLITO
S NA AacuteREA E D
E INDENIZACcedil
AtildeO DAS
VIacuteTIMAS OU FAMILIA
RES
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS P
ELO CRIME IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES E P
REVEN
CcedilAtildeO DE NOVOS CONFLITO
S
NA AacuteREA
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO 144
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
67 sumaacuterio
CASO
CASO
S 12426 E 12427 ldquoMEN
INOS EM
ASC
ULA
DOS D
O MARANHAtildeO
rdquo
(INFO
RME N
4306)
CASO
11289 ldquoJOSEacute P
EREIR
Ardquo (INFO
RME N
9503)
RESU
MO
DO
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO E C
ASTR
ACcedilAtildeO
DE D
IVERSO
S MEN
INOS
NO PA
RAacute E N
O MARANHAtildeO
COM DEM
ORA NAS IN
VESTIGACcedil
OtildeES
DEN
UacuteNCIA SO
BRE R
EDUCcedilAtildeO
DE TR
ABALH
ADORES A
CONDICcedilOtildeES A
NAacuteLO
GAS
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III SOLUCcedilOtildeES AMISTOSAS CELEBRADAS PELO BRASIL
NA COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 2 (ENTRE 1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
68 sumaacuterio
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TEGRAL
IV MEDIDAS PROVISIONAIS OUTORGADAS PELA CORTE
INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012)
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
69 sumaacuterio
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PESQUISA DIREITO GV
70 sumaacuterio
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V CASOS CONTENCIOSOS NA CORTE INTERAMERICANA
DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012)
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
71 sumaacuterio
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CUMPRIMENTO PARCIAL
NOTAS
A pesquisa que deu origem a esta obra coordenada pelo Professor1
Javier Couso da Universidad Diego Portales (Chile) integrou um projetointernacional de natureza comparativa que envolveu diversos paiacuteses latino-americanos Estados Unidos e Itaacutelia com vistas a uma publicaccedilatildeo conjuntaem liacutengua espanhola No Brasil a pesquisa foi desenvolvida pelos seguintespesquisadores Prof Oscar Vilhena Vieira (coordenador) Luciana Ramos eRubens Glezer (pesquisadores mestres) Adriane Sanctis de Brito GuilhermeKlafke e Rafael Giovanelli (pesquisadores graduados) e Mariacutelia Lessa(pesquisadora graduanda) Os autores do artigo agradecem a Faacutebia FCarvalho Veccediloso pelos comentaacuterios e contribuiccedilotildees ao texto final e ao Lucas Felipe W Padilha pelo auxiacutelio na pesquisa inicial Os autores se responsabilizam integralmente pelos eventuais equiacutevocos cometidos
Ao longo deste artigo far-se-aacute referecircncia agrave Corte Interamericana2
de Direitos Humanos tambeacutem como ldquoCorte Interamericanardquo e ldquoCorteIDHrdquo No mesmo sentido far-se-aacute referecircncia agrave Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos como ldquoComissatildeo Interamericanardquo ou ldquoCIDHrdquo
A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos foi ratificada pelo3
Brasil em 25 de setembro de 1992 Em 6 de novembro de 1992 o Decreton 678 promulgou internamente a Convenccedilatildeo estabelecendo em seu art 1ordmque ldquoa Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de Satildeo Joseacute da Costa Rica) celebrada em Satildeo Joseacute da Costa Rica em 22 de novembrode 1969 apensa por coacutepia ao presente decreto deveraacute ser cumprida tatildeointeiramente como nela se conteacutemrdquo
O reconhecimento da jurisdiccedilatildeo contenciosa da Corte Interamericana4
de Direitos Humanos ocorreu seis anos mais tarde externamente em 10 dedezembro de 1998 com a aprovaccedilatildeo interna do Decreto Legislativo n 89 de3 de dezembro de 1998 O art 1ordm do decreto dispocircs ldquoEacute aprovada a solicitaccedilatildeode reconhecimento da competecircncia obrigatoacuteria da Corte Interamericana deDireitos Humanos em todos os casos relativos agrave interpretaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeoda Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos para fatos ocorridos a partirdo reconhecimento de acordo com o previsto no paraacutegrafo primeiro doart 62 daquele instrumento internacionalrdquo
Cf Leonardo Sakamoto Zeacute Pereira um sobrevivente 2 de junho de5
2004 Disponiacutevel em lthttpreporterbrasilorgbr200406ze-pereira-um-sobreviventegt Acesso em 22 abr 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual6
de 2012 capiacutetulo 3-B
PESQUISA DIREITO GV
72 sumaacuterio
Natildeo haacute dados suficientes nos relatoacuterios para indicar a quantidade7
de decisotildees com recomendaccedilotildees que por terem sido cumpridas no prazonatildeo tiveram seus relatoacuterios publicados pela Comissatildeo
Pesquisa realizada na seccedilatildeo de busca de jurisprudecircncia da proacutepria8
Corte Disponiacutevel em ltwwwcorteidhorcrindexphpjurisprudenciagtAcesso em 11 maio 2013
Utilizamos as categorias de ldquoindenizaccedilatildeordquo ldquosatisfaccedilatildeordquo e ldquogarantias9
de natildeo repeticcedilatildeordquo tal como apresentadas na Resoluccedilatildeo da Assembleia Geralda ONU n 60147 de 16 de dezembro de 2005 paraacutegrafos 18 a 23
Informe n 4306 (Meninos emasculados do Maranhatildeo)10
Informes n 5401 (Maria da Penha) n 5501 (Aluiacutesio Cavalcante11
e outros) n 2302 (Diniz Bento da Silva) n 4003 (Parque Satildeo Lucas)n 9503 (Joseacute Pereira) n 3204 (Corumbiara) n 3304 (Jailton Neri daFonseca) e n 6606 (Simone Andreacute Diniz)
Informes n 3508 (Antonio Ferreira Braga) n 2509 (Sebastiatildeo12
Camargo Filho) n 2609 (Wallace de Almeida) e n 3710 (Manoel Lealde Oliveira)
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual13
de 2012 capiacutetulo 3 item D
Vide Informe n 2498 (Joatildeo Canuto) Cf Comissatildeo Interamericana14
de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafo 45
Veja-se por exemplo o Caso 11793 (Jorge Antonio Carelli)15
mencionado no Relatoacuterio Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafo 46
Cf David C Baluarte and Christian M De Vos From Judgment to16
Justice Implementing International and Regional Human RightsDecisions Open Society Foundations 2010 Disponiacutevel em ltwwwsorosorginitiativesjusticefocusinternational_justicearticles_publicationspublicationsfrom-judment-to-justice20101122gt Acesso em 27 de junho de 2013
O primeiro foi o Projeto de Lei n 32142000 do Deputado17
Marcos Rolim PTRS apresentado em 13 de junho de 2000 que conformesua ementa dispunha sobre os efeitos juriacutedicos das decisotildees da ComissatildeoInteramericana de Direitos Humanos e da Corte Interamericana de DireitosHumanos e dava outras providecircncias Ele continha apenas quatro artigos e
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
73 sumaacuterio
tratava basicamente das decisotildees de caraacuteter indenizatoacuterio das decisotildees daComissatildeo e da Corte atribuindo-lhes efeito de tiacutetulo executivo judicialdireto contra a Uniatildeo Segundo o deputado o projeto procurava suprir adeficiecircncia de legislaccedilatildeo nacional sobre o tema e possibilitar agrave Uniatildeo pagaras indenizaccedilotildees sem prejuiacutezo de reaver o valor posteriormente doresponsaacutevel pela violaccedilatildeo de direitos humanos (cf Projeto de Lei n 3214de 2000 Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados 17 de junho de 2000)
A primeira comissatildeo que tratou do projeto considerou inconstitucional a execuccedilatildeo de uma decisatildeo sem que fosse homologada pelo oacutergatildeo brasileirocompetente (atualmente o Superior Tribunal de Justiccedila) e tambeacutem rejeitoua inclusatildeo das decisotildees da Comissatildeo uma vez que ela natildeo teria caraacuteterjurisdicional O projeto entatildeo foi alterado nesses aspectos restringindo a aplicaccedilatildeo da lei agraves decisotildees da Corte e mantendo a necessidade dehomologaccedilatildeo Ele sofreu criacuteticas pela sua pequena abrangecircncia natildeodispondo sobre as frequentes obrigaccedilotildees de fazer e natildeo fazer (cf MinisteacuterioPuacuteblico Federal Nota teacutecnica ao Projeto de Lei n 46672004 Brasiacutelia2010 p 1) Ao fim foi arquivado sem ter sido votado nem mesmo pelaCacircmara em razatildeo de procedimentos internos da Casa
O segundo foi o Projeto de Lei n 46672004 do Deputado JoseacuteEduardo Cardozo PTSP apresentado em 15 de dezembro de 2004 queconforme sua ementa dispunha sobre os efeitos juriacutedicos das decisotildees dosOrganismos Internacionais de Proteccedilatildeo aos Direitos Humanos e dava outrasprovidecircncias Em sua justificativa o deputado praticamente reiterou ospontos afirmados no projeto anterior salientando que ldquoapesar da ratificaccedilatildeoas decisotildees dessas instacircncias natildeo estatildeo sendo respeitadas pelo Brasil O PoderExecutivo manifesta interesse no cumprimento das decisotildees dos organismosde proteccedilatildeo seja no acircmbito regional ou global poreacutem alega a inexistecircnciade legislaccedilatildeo ordinaacuteria nacional destinada a disciplinar a mateacuteriardquo
Esse projeto ainda tramita no Congresso Nacional onde permanecedesde 2011 no Senado Federal sem movimentaccedilatildeo Natildeo obstante alguns deseus pontos ainda satildeo criticados principalmente por natildeo cobrir todas asdiferentes hipoacuteteses de condenaccedilotildees internacionais como relatoacuterios opiniotildeesconsultivas recomendaccedilotildees etc e por natildeo afastar alguns oacutebices internos parao imediato cumprimento das obrigaccedilotildees inclusive a demora na tramitaccedilatildeodos procedimentos (cf ibidem p 7-10) De qualquer forma salienta-se aoportunidade de que o Brasil conte com a primeira lei nacional deimplementaccedilatildeo das decisotildees internacionais (cf ibidem p 11)
Cf Decreto Presidencial n 7037 de 21 de dezembro de 200918
com alteraccedilotildees pelo Decreto Presidencial n 7177 de 12 de maio de 2010
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site do proacuteprio19
Ministeacuterio Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbro-ministerioconheca-o-ministerioviewgt Acesso em 27 jun 2013
PESQUISA DIREITO GV
74 sumaacuterio
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site da proacutepria20
Secretaria Disponiacutevel em lthttpportalsdhgovbrclientessedhsedhsobregt Acesso em 27 jun 2013
Na eacutepoca era denominada ldquoSecretaria Nacional dos Direitos21
Humanosrdquo Depois foi nomeada ldquoSecretaria do Estado dos DireitosHumanosrdquo Mais informaccedilotildees sobre o histoacuterico da Secretaria podem serencontradas no site da Secretaria Disponiacutevel em lthttpportalsdhgovbrclientessedhsedhsobregt Acesso em 27 jun 2013
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site do proacuteprio22
oacutergatildeo Disponiacutevel em ltwwwagugovbrsistemassiteTemplateTextoaspxidConteudo=200643ampordenacao=1ampid_site=10742gtAcesso em 27 jun 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional23
da SDH
Informaccedilatildeo concedida por membro do Departamento24
Internacional da AGU
Informaccedilotildees concedidas por membro do Departamento Internacional25
da AGU e por ex-membro da Assessoria Internacional da SDH
A dotaccedilatildeo contou em 2013 com o valor de R$ 35000000 Cf26
BRASIL Lei Federal n 12798 de 4 de abril de 2013 (Lei OrccedilamentaacuteriaAnual de 2013) volume IV p 603
Cf I Plano Nacional de Direitos Humanos p 7 anexo ao27
Decreto Presidencial n 1904 de 13 de maio de 1996
Cf Anexo ao Decreto Presidencial n 4229 de 13 de maio de 200228
Cf BRASIL Lei federal n 10933 de 11 de agosto de 200429
Plano Plurianual 20042007
Cf BRASIL Ministeacuterio da Justiccedila Plano Gerencial do Programa30
ldquoDireitos Humanos Direitos de Todosrdquo p 3-4 Disponiacutevel emltwwwmjgovbrsedhctspddhPlanGer_DHDTdocgt Acesso em 31maio 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional31
da SDH
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
75 sumaacuterio
De maneira sinteacutetica pode-se conceituar ldquoprogramardquo como ldquoo32
instrumento de organizaccedilatildeo da atuaccedilatildeo governamental que articula umconjunto de accedilotildees que concorrem para a concretizaccedilatildeo de um objetivocomum preestabelecido mensurado por indicadores instituiacutedos no planovisando agrave soluccedilatildeo de um problema ou o atendimento de determinadanecessidade ou demanda da sociedaderdquo enquanto ldquoaccedilotildeesrdquo satildeo ldquooperaccedilotildeesdas quais resultam produtos (bens ou serviccedilos) que contribuem paraatender ao objetivo de um programardquo (BRASIL Ministeacuterio do PlanejamentoOrccedilamento e Gestatildeo Secretaria do Orccedilamento Federal Manual teacutecnico deorccedilamento versatildeo 2011 Brasiacutelia 2010 p 39 e 42) A partir de 2012 houveuma pequena alteraccedilatildeo nos conceitos de modo a atender melhor oplanejamento governamental mas essa mudanccedila natildeo seraacute explicada aqui pornatildeo ser objeto deste artigo
Descriccedilatildeo constante nos objetivos estrateacutegicos 487 a 489 do33
programa nos seguintes termos ldquoComo resultado da implementaccedilatildeo doPrograma Nacional de Direitos Humanos ndash PNDH o Brasil ampliou suaparticipaccedilatildeo nos sistemas global (da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas ndashONU) e regional (da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos ndash OEA) depromoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos humanos Em particular a cooperaccedilatildeocom os oacutergatildeos de supervisatildeo da OEA tem ensejado a busca de soluccedilotildeesamistosas para casos de violaccedilatildeo em exame pela Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos abrindo a possibilidade de concessatildeo de reparaccedilotildeese indenizaccedilotildees agraves viacutetimas dessas violaccedilotildees ou a seus familiares bem comoa adoccedilatildeo de medidas administrativas e legislativas para prevenir aocorrecircncia de novas violaccedilotildeesrdquo (cf BRASIL Decreto Presidencial n4229 de 13 de maio de 2002 anexo)
Criado pela Emenda Constitucional n 45 de 30 de dezembro 34
de 2004 o Conselho Nacional de Justiccedila eacute um oacutergatildeo de caraacuteter nacionalpertencente ao Poder Judiciaacuterio responsaacutevel por exercer as funccedilotildees decontrole administrativo e financeiro de toda a Justiccedila brasileira Eletambeacutem tem a competecircncia constitucionalmente estabelecida de fiscalizaros juiacutezes tendo poderes disciplinares e correcionais para isso (art 103-Bsect 4ordm III e V) O Conselho elabora estudos sobre o aparato judiciaacuteriobrasileiro e fixa diretrizes e resoluccedilotildees que devem ser observadas portodos os tribunais do paiacutes Suas decisotildees e resoluccedilotildees soacute podem sercontroladas pelo Supremo Tribunal Federal o que o torna a instacircnciaadministrativa mais importante do Judiciaacuterio brasileiro
Informaccedilotildees gerais podem ser encontradas no site do proacuteprio35
programa Disponiacutevel em ltwwwcnjjusbrprogramas-de-a-a-zeficiencia-modernizacao-e-transparenciajustica-plenagt Acesso em 27 jun 2013
PESQUISA DIREITO GV
76 sumaacuterio
Informaccedilatildeo concedida por membro de ONG peticionaacuteria no caso36
Damiatildeo Ximenes Lopes
No relatoacuterio referente agraves atividades do ldquoJusticcedila Plenardquo ateacute 2012 37
a SDH figura como o terceiro oacutergatildeo participante a incluir mais processosno programa sendo que todas as suas 16 inclusotildees se referiam a casos quetramitam ou tramitaram no sistema interamericano Ao todo o programacontava com 80 casos em andamento em 18 de maio de 2012 (cf BRASILConselho Nacional de Justiccedila Relatoacuterio do Programa Justiccedila Plena BrasiacuteliaConselho Nacional de Justiccedila p 9 Disponiacutevel em ltwwwcnjjusbrimagesprogramasjustica-plenarelatorio_justicaplenapdfgt Acesso em 27 jun 2013)
Depoimentos em provas documentais de Luiacutes Fernando Farah de38
Toacutefoli e Domingos Saacutevio do Nascimento Alves
Depoimentos em provas documentais de Braz Geraldo Peixoto39
familiar de usuaacuterio do sistema de sauacutede mental eleito representante defamiliares perante a Comissatildeo Nacional de Reforma Psiquiaacutetrica doMinisteacuterio da Sauacutede e perante a Comissatildeo Estadual da Secretaria deSauacutede do Estado de Satildeo Paulo
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Damiatildeo40
Ximenes Lopes versus Brasil Sentenccedila de 04 de julho de 2006 (meacuteritoreparaccedilotildees e custas) 2006 p 16
Cf QUINDEREacute Paulo H D e JORGE Maria Salete B41
(Des)construccedilatildeo do modelo assistencial em sauacutede mental na composiccedilatildeo das praacuteticas e dos serviccedilos Sauacutede Soc Satildeo Paulo v 19 n 3 2010 p 569-83
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria42
Internacional da SDH e por membro de ONG peticionaacuteria no casoDamiatildeo Ximenes Lopes
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no43
caso Damiatildeo Ximenes Lopes
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria44
Internacional da SDH
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio sobre a45
situaccedilatildeo dos direitos humanos no Brasil 1997 Disponiacutevel em ltwwwcidhorgcountryrepBrasesp97indicehtmgt Acesso em 29 abr 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
77 sumaacuterio
Cf COSTA Patriacutecia Trindade Maranhatildeo Combatendo o trabalho escravo46
contemporacircneo o exemplo do Brasil Disponiacutevel em ltwwwoitbrasilorgbrsitesdefaultfilestopicforced_labourdocestudo_de_ caso_86pdfgt Acessoem 21 abr 2013
Lei federal n 10803200347
Mudanccedila feita pela PEC n 4382001 que altera a redaccedilatildeo do48
artigo 243 da Constituiccedilatildeo
Cf CAMARGO Beatriz Governo cumpre parte do acordo com 49
OEA sobre trabalho escravo 25 de maio de 2006 Disponiacutevel emltwwwtrabalhoescravoorgbrnoticia6gt Acesso em 27 abr 2013
Art 226 sect 8ordm50
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio sobre 51
a situaccedilatildeo dos direitos humanos no Brasil 1997 Disponiacutevel em ltwwwcidhorgcountryrepBrasesp97indicehtmgt Acesso em 29 abr 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio52
Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafos 55 a 60
Para ver todos os pontos Comissatildeo Interamericana de Direitos53
Humanos Relatoacuterio Anual de 2011 paraacutegrafos 104 e seguintes
Informaccedilotildees concedidas por membro da Rede peticionaacuteria no54
caso Maria da Penha
Cf Leila Linhares Barsted e Rosane Reis Laviane Proposta de Lei55
de Violecircncia Domeacutestica contra as Mulheres Carta da Cepia ano VII n 10dez 2002 Disponiacutevel em ltwwwcepiaorgbrdoccartadacepia10pdfgtAcesso em 22 abr 2013
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia e ONG56
peticionaacuteria no caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no57
caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por funcionaacuteria da Secretaria Especial de58
Poliacuteticas para as Mulheres
PESQUISA DIREITO GV
78 sumaacuterio
Para um histoacuterico da participaccedilatildeo desse consoacutercio veja-se o site59
da organizaccedilatildeo CFEMEA Disponiacutevel em ltwwwcfemeaorgbrindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2680ampItemid=154gtAcesso em 23 abr 2013
Cf BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Mensagem Presidencial 60
n 78204 de 16 de novembro de 2004 paraacutegrafo 10
Veja-se o parecer da Comissatildeo de Seguridade Social e Famiacutelia de 2361
de agosto de 2005 Disponiacutevel em ltwwwcamaragovbrproposicoesWebfichadetramitacaoidProposicao=272058gt Acesso em 1ordm maio 2013
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia e ONGs62
peticionaacuterias no caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia63
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Julia Gomes64
Lund e outros (ldquoGuerrilha do Araguaiardquo) vs Brasil sentenccedila de 24 de novembrode 2010 (exceccedilotildees preliminares meacuterito reparaccedilotildees e custas) 2010 p 107
De acordo com o art 6ordm do Decreto n 6980 de 13 de outubro65
de 2009
Para mais informaccedilotildees ver ltwwwmemoriasreveladasarquivonacional66
govbrgt Acesso em 27 jun 2013
Informaccedilatildeo concedida por membro da Comissatildeo Nacional da Verdade67
O periacuteodo fixado pelo art 8ordm dos Atos das Disposiccedilotildees68
Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo eacute de 18 de setembro de 1946ateacute a data da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo
PNDH-3 instituiacutedo pelo Decreto n 7037 de 21 de dezembro 69
de 2009 e atualizado pelo Decreto n 7177 de 12 de maio de 2010 (cf BRASIL Secretaria de Direitos Humanos da Presidecircncia daRepuacuteblica Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) BrasiacuteliaSDHPR 2010 p 173-175 Disponiacutevel em lthttpportalmjgovbrsedhpndh3pndh3pdfgt Acesso em 27 jun 2013)
Os relatoacuterios de suas atividades e as respectivas conclusotildees70
podem ser encontrados no site da proacutepria Comissatildeo Nacional da VerdadeDisponiacutevel em ltwwwcnvgovbrgt Acesso em 27 jun 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
79 sumaacuterio
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Julia Gomes71
Lund e outros (Guerrilha do Araguaia) vs Brasil sentenccedila de 24 de novembrode 2010 cit p 107
Cf BRASIL Ministeacuterio Puacuteblico Federal Crimes da Ditadura72
Relatoacuterio preliminar de atos de persecuccedilatildeo penal desenvolvidos pelo MPFacerca de graves violaccedilotildees de direitos humanos cometidas por agentes doEstado durante a ditadura Brasiacutelia Ministeacuterio Puacuteblico Federal 2013Disponiacutevel em lthttpnoticiaspgrmpfgovbrnoticiasnoticias-do-sitecopy_of_pdfsRelatorio_Crimes20_Ditatura_completopdfgt Acessoem 29 maio 2013
Cf ibidem p 1773
Cf A O Sevaacute Filho Tenotatilde-motilde ndash Alertas sobre as consequecircncias74
dos projetos hidreleacutetricos no rio Xingu IRN 2005 p 11 55 67 255
Cf ibidem p 42-46 6575
Relatoacuterio disponiacutevel em ltwwwaneelgovbrareacfmidArea=671gt76
Acesso em 30 mar 2013
Cf A O Sevaacute Filho Tenotatilde-m cit p 4277
Cf ibidem p 11 4978
Decisatildeo disponiacutevel em ltwwwsteptoecomassetsattachments79
4398pdfgt Acesso em 31 mar 2013
Accedilatildeo Civil Puacuteblica de n 5850-7320014013900 cujo80
acompanhamento processual encontra-se disponiacutevel emltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada 20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm abr 2013
Pet 2604PA Relator(a) Min Presidente julgamento81
26102002 decisatildeo proferida pelo(a) Min Marco Aureacutelio publicaccedilatildeo DJ12112002 p 47 Disponiacutevel em lthttpstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=282822belo+monte222929+E+S2EPRES2Eampbase=basePresidenciagt Acesso em 1ordm mar 2013
Nos termos do art 231 sect 3ordm da CF8882
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo monte de violecircncias Disponiacutevel em83
PESQUISA DIREITO GV
80 sumaacuterio
lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 1ordm mar 2013
Deputado Federal Fernando Ferro do Partido dos Trabalhadores84
Disponiacutevel em lthttpfernandoferrocombrindexphpoption=85
com_contentampview=articleampid=188projeto-de-decreto-legislativo-de-2005ampcatid=49atuacao-parlamentarampItemid=57gt Acesso em 1ordm mar 2013
DL n 7882005 Disponiacutevel em lthttplegissenadogovbrsicon86
indexjspgt (ver item nautilus) Acesso em 1ordm mar 2013
ADI 3573DF Relator(a) Min Carlos Britto Relator(a) p Acoacuterdatildeo87
Min Eros Grau julgamento 01122005 Oacutergatildeo Julgador Tribunal PlenoPublicaccedilatildeo DJ 19122006 p 35 Ement v 02261-04 p 844 STF Disponiacutevelem ltwwwstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=28decreto+legislativo+788+de+2005+inconstitucionalidade29ampbase=baseAcordaosampurl=httptinyurlcombuauo4agt Acesso em 2 mar 2013
ACP 20063903000711-8 709-8820064013903 Disponiacutevel em88
ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo Monte de Violecircncias89
Disponiacutevel em lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 2 mar 2013
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo Monte de Violecircncias90
Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt e lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 1ordm mar 2013
Cf Folha de S Paulo Disponiacutevel em ltwww1folhauolcombr91
mercado866367-ibama-libera-licenca-para-iniciar-canteiro-de-obras-de-belo-monteshtmlgt cf Movimento Xingu Vivo para Sempre Disponiacutevel emltwwwxinguvivoorgbr20110616peticao-para-cidh-entenda-o-casogtcf Ministeacuterio Puacuteblico Federal Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Documento disponiacutevel em ltwwwsocioambientalorgbanco_imagens92
pdfsParecer_tecnicopdfgt Acesso em 7 maio 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
81 sumaacuterio
Cf Itamaraty Nota 142 Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbr93
sala-de-imprensanotas-a-imprensasolicitacao-da-comissao-interamericana-de-direitos-humanos-cidh-da-oeasearchterm=belogtAcesso em 8 maio 2013
Licenccedila de Instalaccedilatildeo n 795201194
Disponiacutevel em lthttpglobalorgbrprogramasbelo-monte-apos-95
boicotar-audiencia-brasil-e-cobrado-na-cidhoeagt Acesso em 5 maio 2013
Cf Movimento Xingu Vivo Para Sempre Disponiacutevel em96
ltwwwxinguvivoorgbr20120116belo-monte-inicia-primeiro-barramento-do-xingu-2gt Acesso em 5 maio 2013
Cf Movimento Xingu Vivo Para Sempre Disponiacutevel em97
ltwwwxinguvivoorgbr20120724mpf-pede-anulacao-da-licenca-de-belo-montegt e ltwwwxinguvivoorgbrwpcontentuploads201207Belo_Monte_cautelar_Condicionantespdfgt Acesso em 9 maio2013 cf Ministeacuterio Puacuteblico Federal Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 9 maio 2013
STF SL 125PA Relator(a) Min Presidente julgamento98
16032007 decisatildeo proferida pelo(a) Min Ellen Gracie Publicaccedilatildeo DJ29032007 p 36 Disponiacutevel em lthttpstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=282822belo+monte222929+E+S2EPRES2Eampbase=basePresidenciagt Acesso em 1ordm mar 2013
Disponiacutevel em ltwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1980-99
1989anexoand96652-88pdfgt Acesso em 28 mar 2013
Cf Instituto Socioambeintal Cronologia Disponiacutevel em100
ltwwwsocioambientalorgespbmhistaspgt Acesso em 28 mar 2013
Cf BRASIL Plano 2030 p 13 56 59 73 e 97 Disponiacutevel em101
ltwwwmmegovbrmmegaleriasarquivospublicacoespne_20303_GeracaoHidreletricapdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Segundo o Governo Federal ldquoCriado em 2007 no segundo102
mandato do presidente Lula (2007-2010) o Programa de Aceleraccedilatildeo doCrescimento ndash PAC promoveu a retomada do planejamento e execuccedilatildeode grandes obras de infraestrutura social urbana logiacutestica e energeacutetica dopaiacutes contribuindo para o seu desenvolvimento acelerado e sustentaacutevel
PESQUISA DIREITO GV
82 sumaacuterio
Pensado como um plano estrateacutegico de resgate do planejamento e de retomada dos investimentos em setores estruturantes do paiacutes o PACcontribuiu de maneira decisiva para o aumento da oferta de empregos e na geraccedilatildeo de renda e elevou o investimento puacuteblico e privado em obrasfundamentaisrdquo Disponiacutevel em lthttpdadosgovbrdatasetobras-do-pac-programa-de-aceleracao-do-crescimentogt Acesso em em 8 mar 2013
Cf Estado de Satildeo Paulo Disponiacutevel em ltwwwestadaocombr103
noticiaseconomiaminc-belo-monte-e-maior-e-mais-polemica-obra-do-pac5048630htmgt Acesso em 8 mar 2013
Satildeo elas Usina Hidreleacutetrica de Jirau (RO) seacutetima mais104
importante Usina Hidreleacutetrica de Santo Antocircnio (RO) quinta maisimportante e Usina Hidreleacutetrica Belo Monte (PA) quarta mais importanteDisponiacutevel em ltwwwpacgovbrif1e1c8abgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Governo Federal PAC Disponiacutevel em ltwwwpacgovbri105
f1e1c8abgt Acesso em 8 mar 2013
1989 1994 1998 2002 2006 2010 Cf Tribunal Superior106
Eleitoral Eleiccedilotildees Disponiacutevel em ltwwwtsejusbreleicoeseleitos-1945-1990cronologia-das-eleicoesgt Acesso em 9 maio 2012
Dilma Rousseff (2011) Luis Inaacutecio Lula da Silva (2003-2011)107
Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) Itamar Augusto CautieroFranco (1992-1995) Fernando Afonso Collor de Mello (1990-1992) JoseacuteSarney (1985-1990) Joatildeo Baptista de Oliveira Figueiredo (1979-1985) eErnesto Geisel (1974-1979) Cf Governo Federal Galeria de PresidentesDisponiacutevel em ltwww2planaltogovbrpresidenciagaleria-de-presidentesgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Governo Federal Ex-Presidentes Disponiacutevel em ltwwwbiblioteca108
presidenciagovbrex-presidentesfernando-collorgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Medida109
Cautelar 38210 Disponiacutevel em ltwwwoasorgescidhdecisionescautelaresasptab1gt Acesso em 8 mar 2013
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria Internacional110
da Secretaria de Direitos Humanos
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional111
da Secretaria de Direitos Humanos
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
83 sumaacuterio
Houve a promulgaccedilatildeo da Lei Federal n 10706 de 30 de julho de112
2003 para autorizar o pagamento de indenizaccedilatildeo no valor de R$ 5200000a Joseacute Pereira
O relatoacuterio estaacute disponiacutevel em ltwww2senadogovbrbdsfitem113
id84599gt Acesso em 21 abr 2013
De acordo com informaccedilotildees concedidas por ex-membro da114
Assessoria Internacional da SDH no caso dos Meninos do Maranhatildeo houvegrande proatividade por parte do estado maranhense Em sua opiniatildeo acelebraccedilatildeo do acordo de soluccedilatildeo amistosa obteve sucesso em grande parteem razatildeo da vontade poliacutetica do estado
A Comissatildeo foi criada por meio do Decreto do Governo 115
do Maranhatildeo n 23037 de 20 de abril de 2007 Disponiacutevel emltwwwcgemagovbrdocumentophpIdp=1791gt Acesso em 24 fev 2013
A Comissatildeo de Direitos Humanos e das Minorias eacute uma das comissotildees116
permanentes da Cacircmara dos Deputados do Brasil cuja finalidade consiste emanalisar propostas legislativas e outros assuntos referentes agrave temaacutetica
Disponiacutevel em lthttpblogjornalpequenocombrricardosantos117
20110930acordo-com-familias-dos-E2809Cmeninos-emasculadosE2809D-nao-esta-sendo-cumprido-denuncia-eliziane-gamagt Acesso em 24 fev 2013
Notiacutecia disponiacutevel em lthttpg1globocommamaranhao118
noticia201302promotoria-aponta-irregularidades-em-quase-todas-delegacias-de-sao-luishtmlgt Acesso em 24 fev 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional119
da SDH
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional120
da SDH
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Demanda perante121
a Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso Arley Joseacute Escher e outros(interceptaccedilatildeo de linhas telefocircnicas de organizaccedilotildees sociais) (Caso 12353) contra aRepuacuteblica Federativa do Brasil de 20 de dezembro de 2007 paraacutegrafo 32
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Escher e122
outros vs Brasil Exceccedilotildees Preliminares Meacuterito Reparaccedilotildees e Custas Sentenccedila
PESQUISA DIREITO GV
84 sumaacuterio
de 6 de julho de 2009 seacuterie C n 200 paraacutegrafo 216
Oacutergatildeo responsaacutevel por fiscalizar as investigaccedilotildees criminais e123
ajuizar as accedilotildees penais naquele Estado
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Escher e124
outros vs Brasil Resoluccedilatildeo de Supervisatildeo de Cumprimento de Sentenccedilade 19 de junho de 2012 paraacutegrafo 13
Cf ibidem paraacutegrafos 17 a 21 Nesse sentido eacute valiosa a125
comparaccedilatildeo com o caso Julia Gomes Lund e outros vs Brasil
Veja-se no caso Garibaldi vs Brasil o pagamento de US$ 179 mil126
para a viuacuteva e os filhos da viacutetima autorizado por meio do Decretofederal n 7307 de 22 de setembro de 2010 publicado no DOU23092010 e no caso Escher e outros vs Brasil o pagamento de US$ 22mil para cada uma das viacutetimas autorizado por meio do Decreto federaln 7158 de 20 de abril de 2010 publicado no DOU 22042010
Em Garibaldi vs Brasil no ano de 2010 o Governo Federal127
publicou a sentenccedila nos termos determinados em jornais de grandecirculaccedilatildeo e em website do governo Em Escher e outros v Brasil o Estadobrasileiro informou que publicou a sentenccedila em jornais estaduais degrande circulaccedilatildeo entre julho e setembro de 2010 e tambeacutem no site daSDH da Presidecircncia e nos sites paranaenses da Procuradoria-Geral deJusticcedila do Tribunal de Justiccedila do Paranaacute e do Governo do Estado
Ressaltamos poreacutem que natildeo encontramos algumas publicaccedilotildees Essa128
preocupaccedilatildeo com o periacuteodo de disponibilizaccedilatildeo nos meios eletrocircnicos foiexternada pelo Juiz Roberto Figueiredo Caldas em voto concorrente agravesentenccedila no caso Escher e outros vs Brasil de 6 de julho de 2009 paraacutegrafo 46
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no129
caso Maria da Penha
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio130
Anual de 2003 paraacutegrafo 81 Relatoacuterio Anual de 2004 paraacutegrafo 71Relatoacuterio Anual de 2006 paraacutegrafo 88
Conforme apresentado no acircmbito da Comissatildeo ldquola retoma de131
estas negociaciones se refuerza con la presencia de un nuevo actorrepresentante del Gobierno del Estado de Cearaacute denotaacutendose en lasmismas una intencioacuten comuacuten de buscar caminos que guiacuteen al
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
85 sumaacuterio
cumplimiento de las recomendaciones efectuadas pese a las divergenciassuscitadas en la reunioacutenrdquo (cf Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos Relatoacuterio Anual de 2006 paraacutegrafo 83)
Lei Estadual n 14800 de 9 de abril de 2008132
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio133
Anual de 2007 paraacutegrafo 97
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio134
Anual de 2008 paraacutegrafo 102
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio135
Anual de 2011 paraacutegrafos 241 e 242
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no136
caso Maria da Penha
Relatoacuterio de Admissibilidade e Meacuterito n 1307 seccedilotildees 33-36137
OLIVEIRA Francisco de RIZEK Cibele S A era da138
indeterminaccedilatildeo Satildeo Paulo Boitempo Editorial 2007 p 169-70
Lei Municipal n 11102 de 14 de dezembro de 2010139
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo n140
47807 Caso das pessoas privadas de liberdade na Cadeia Puacuteblica do GuarujaacuteRelatoacuterio de Admissibilidade n 4108 de 23 de julho de 2008 paraacutegrafo59 Atualmente a peticcedilatildeo que tramita paralelamente estaacute em fase dejulgamento de meacuterito
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo141
12003 Relatoacuterio n 2311 Decisatildeo de Arquivo de 23 de marccedilo de 2011paraacutegrafo 10
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo n142
1113-06 Caso das pessoas privadas de liberdade nas celas da 76ordf Delegacia dePoliacutecia de Niteroacutei Relatoacuterio de Admissibilidade n 3607 de 17 de julho de2007 paraacutegrafo 79
Acreditamos que a medida cautelar tenha sido completamente143
cumprida A desocupaccedilatildeo da aacuterea e o fim dos conflitos ocorreram apoacutesdecisatildeo do Supremo Tribunal Federal que definiu a retirada dos natildeo
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indiacutegenas do local Cf Supremo Tribunal Federal Pleno Pet 3388RRRel Min Ayres Britto j 19032009
Uacuteltimo informe da Comissatildeo referente ao caso apresentou 144
o cumprimento de algumas recomendaccedilotildees mas natildeo foi possiacutevel saber se atualmente o cumprimento permanece parcial ou jaacute foi integralmenterealizado
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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REFEREcircNCIAS
CHAYES Abram CHAYES Antonia Handler ldquoOn compliancerdquoInternational Organization v 47 n 2 p 175-205 Spring 1993DALLARI Pedro B A Constituiccedilatildeo e tratados internacionais Satildeo PauloSaraiva 2003DUXBURY Neil The nature and authority of precedent CambridgeCambridge University Press 2008GALINDO George Rodrigo Bandeira Tratados internacionais de direitoshumanos e Constituiccedilatildeo brasileira Belo Horizonte Del Rey 2002MAGALHAtildeES Joseacute Carlos de O Supremo Tribunal Federal e o direitointernacional uma anaacutelise criacutetica Porto Alegre Livraria do Advogado 2000MALLINDER Louise Perspectivas transnacionais sobre anistias In Aanistia na era da responsabilizaccedilatildeo o Brasil em perspectiva internacionale comparada Brasiacutelia Ministeacuterio da Justiccedila Comissatildeo de Anistia eOxford Oxford University Latin American Centre 2011NINO Carlos Santiago Eacutetica y derechos humanos un ensayo defundamentacioacuten 2 ed Buenos Aires Astrea 2005PAULSON Colter Compliance with Final Judgments of the InternationalCourt of Justice since 1987 The American Journal of International Law v98 n 3 p 434-61 2004PIOVESAN Flaacutevia Direitos humanos e o direito constitucional internacional11 ed Satildeo Paulo Saraiva 2010______ Direitos humanos e justiccedila internacional Satildeo Paulo Saraiva 2007______ Censuraacutevel reaccedilatildeo do Brasil Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbrsala-de-imprensaselecao-diaria-de-noticiasmidias-nacionaisbrasilo-globo20110519censuravel- reacao-do-bras i l -ar t igo- f lav ia-piovesanprint-notagt Acesso em 14 fev 2012RAMOS Andreacute de Carvalho Processo internacional de direitos humanosanaacutelise dos sistemas de apuraccedilatildeo de violaccedilotildees de direitos humanos eimplementaccedilatildeo das decisotildees do Brasil Rio de Janeiro Renovar 2002_______ Direitos humanos em juiacutezo Satildeo Paulo Max Lemonad 2001SABADELL Ana Luacutecia e DIMOULIS Dimitri Tribunal PenalInternacional e Direitos Fundamentais problemas de constitucionalidadeCadernos de Direito Unimep v 3 n 5 p 241-59 2003_______ Crimes da ditadura militar a ADPF 153 e a Corte Interamericana deDireitos Humanos In GOMES Luiz Flaacutevio MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira(Org) Crimes da Ditadura Militar Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2011_______ O diaacutelogo das Cortes O Supremo Tribunal Federal e a CorteInteramericana de Direitos Humanos In AMARAL JUNIOR Albertodo e JUBILUT Liliana Lyra (Orgs) O STF e o Direito Internacional dosDireitos Humanos Satildeo Paulo Quartier Latin 2009 v 1SICILIANO Andreacute Luiz O caso de Belo Monte na Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos anaacutelise em dois niacuteveis 2011 Disponiacutevel em
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ltwwwslidesharenetalsicilianoartigobelo-monte-na-cidhgt Acesso em 14fev 2012SILVA Virgiacutelio Afonso da Integraccedilatildeo e diaacutelogo constitucional naAmeacuterica do Sul In BOGDANDY Armin von PIOVESAN Flaacutevia eANTONIAZZI Mariela Morales (Orgs) Direitos humanos democracia eintegraccedilatildeo juriacutedica na Ameacuterica do Sul Rio de Janeiro Lumen Juris 2010SOUSA JUacuteNIOR Wilson Cabral de REID John Anaacutelise de riscossocioeconocircmicos e ambientais do Complexo Hidreleacutetrico de BeloMonte V Encontro Nacional da ANPPAS 2010SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Extradiccedilatildeo (Publicaccedilatildeo temaacutetica)Disponiacutevel em ltwwwstfjusbrportalcmsverTextoaspservico=publicacaoPublicacaoTematicagt Acesso em 14 fev 2012TRINDADE Antocircnio Augusto Canccedilado Tratado de direito internacionaldos direitos humanos 2 ed Porto Alegre Sergio Antonio Fabris Editor2003 v 3VECcedilOSO Fabia Fernandes Carvalho AMARAL JUacuteNIOR Alberto doThe Inter-American System as New Grossraum Assessing the case Lawof the Inter-american Court of Human Rights European Society ofInternational Law Conference Paper Series Conference Paper n 32011VENTURA Deisy A interpretaccedilatildeo judicial da Lei de Anistia brasileira eo Direito Internacional A Anistia na Era da Responsabilizaccedilatildeo o Brasil emperspectiva internacional e comparada Brasiacutelia Ministeacuterio da JusticcedilaComissatildeo de Anistia e Oxford Oxford University Latin AmericanCentre 2011VIEIRA Oscar Vilhena (Coord) Direitos humanos Estado de Direito econstruccedilatildeo da paz Satildeo Paulo Quartier Latin 2005
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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SUMAacuteRIO
PREFAacuteCIO 5
SOBRE OS AUTORES 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
1METODOLOGIA 9
2O BRASIL NO SIDH 15
3O CAMINHO DAS DECISOtildeES CONTRA O ESTADO BRASILEIRO 17
31 PODER EXECUTIVO FEDERAL ATORES E COMPETEcircNCIA 19
32 O QUADRO DINAcircMICO APRENDIZADO E CONFLITO ENTRE INSTITUICcedilOtildeES 20
321 PRIMEIRO PERIacuteODO CASOS DAMIAtildeO XIMENES LOPESE GILSON NOGUEIRA DE CARVALHO 20
322 SEGUNDO PERIacuteODO CASOS ESCHER E OUTROS E GARIBALDI 22
323 TERCEIRO PERIacuteODO CASOS JULIA GOMES LUND E BELO MONTE 22
33 PAGAR AS VIacuteTIMAS UM DESENVOLVIMENTO Agrave PARTE 23
34 PROGRAMA ldquoJUSTICcedilA PLENArdquo IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS MEDIDAS DE GARANTIA E ACESSO Agrave JUSTICcedilA 25
4TEMAS SUJEITOS E CONJUNTURA
COMO EM CADA CASO A IMPLEMENTACcedilAtildeO FOI FAVORECIDA OU DIFICULTADA 26
41 QUANDO JAacute HAacute AGENDA DE POLIacuteTICA PUacuteBLICA DO ESTADO BRASILEIRO 27
42 QUANDO O ESTADO BRASILEIRO PROMOVE E APOIA O ATO QUE GERA A VIOLACcedilAtildeO 36
43 QUANDO HAacute CASO DE VIOLACcedilAtildeO EM AcircMBITO LOCAL 43
44 QUANDO A CAUSA Eacute APROPRIADA PELOS ATORES ENVOLVIDOS NO CASO CONCRETO 49
CONCLUSAtildeO BALANCcedilO DE RESULTADOS E PARAcircMETROS DE IMPLEMENTACcedilAtildeO 52
APEcircNDICE CASOS QUE ENVOLVEM O BRASIL NO SIDH 54
I MEDIDAS CAUTELARES OUTORGADAS PELA COMISSAtildeO INTERAMERICANADE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 32 (ENTRE 1995 E 2012) 54
II RELATOacuteRIOS DE MEacuteRITO PUBLICADOS PELA COMISSAtildeO INTERAMERICANADE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 17 (ENTRE 1995 E 2012) 62
III SOLUCcedilOtildeES AMISTOSAS CELEBRADAS PELO BRASIL NA COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 2 (ENTRE 1995 E 2012) 67
IV MEDIDAS PROVISIONAIS OUTORGADAS PELA CORTE INTERAMERICANADE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012) 68
V CASOS CONTENCIOSOS NA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOSTOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012) 70
NOTAS 72
REFEREcircNCIAS 88
PREFAacuteCIO
O Sistema Interamericano de Direitos Humanos estabelecido ori-ginalmente no contexto da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanose depois expandido pela adoccedilatildeo da Convenccedilatildeo Americana deDireitos Humanos de 1966 tem cumprido natildeo sem ambiguidadesum papel relevante na ampliaccedilatildeo da proteccedilatildeo dos direitos huma-nos no continente Durante a vaga autoritaacuteria dos anos 1970 aComissatildeo Interamericana realizou com grande coragem visitas eproduziu relatoacuterios constrangedores para as ditaduras argentina echilena Com a redemocratizaccedilatildeo do continente o papel do Sis-tema passou por uma transformaccedilatildeo A adesatildeo paulatina dos paiacutesesagrave Convenccedilatildeo de San Joseacute e a seus protocolos comeccedilou a gerar umarelaccedilatildeo promissora entre os sistemas constitucionais e o sistemaregional de proteccedilatildeo aos direitos humanos A fragilidade institu-cional da Comissatildeo e da Corte somada agrave ambiguidade poliacutetica demuitos dos Estados membros em relaccedilatildeo aos direitos humanosvem nos uacuteltimos anos colocando em risco a integridade e a rele-vacircncia do Sistema Interamericano na proteccedilatildeo e na promoccedilatildeo dedireitos no continente Neste sentido uma pesquisa que busca ana-lisar o enraizamento do sistema regional de direitos humanos eacutemais do que oportuna
Este trabalho eacute fruto de uma pesquisa de dois anos desenvol-vida a partir de um projeto internacional e colaborativo voltadoao mapeamento da implementaccedilatildeo das medidas e decisotildees do Sis-tema Interamericano de Direitos Humanos na Ameacuterica do Sul Oestudo brasileiro foi realizado pela equipe da DIREITO GVDesde o iniacutecio colocou-se o desafio de encontrar paracircmetros con-
sistentes para aferir a qualidade da implementaccedilatildeo das medidas edecisotildees do Sistema Interamericano que natildeo fossem simplesmentedependentes das perspectivas da Comissatildeo e da Corte Interamerica-na de Direitos Humanos a esse respeito Para evitar a adoccedilatildeo deparacircmetros aleatoacuterios a equipe de pesquisa voltou seus esforccedilos paracoletar os dados empiacutericos e normativos no acircmbito domeacutestico como intuito de desenvolver uma meacutetrica adequada agrave compreensatildeo dofenocircmeno agrave luz da realidade brasileira Foi possiacutevel rapidamente perceber entretanto que natildeo existem
padrotildees firmemente estabelecidos para a implementaccedilatildeo das decisotildees
e que tambeacutem natildeo foram produzidos estudos ou informaccedilotildees puacutebli-cas sistematizadas que esclarecessem quais oacutergatildeos satildeo responsaacuteveispela implementaccedilatildeo das medidas e decisotildees do Sistema Interameri-cano no Brasil O que a equipe de pesquisa detectou desde o primeiromomento eacute que nossa estrutura institucional passou e passa por trans-formaccedilotildees a cada novo caso sendo desafiador e pioneiro o mero atode sistematizar informaccedilotildees relevantes a esse respeitoCom isso a pesquisa que foi pensada com o objetivo de respon-
der qual ldquoo grau de implementaccedilatildeo das medidas e decisotildees do SistemaInteramericanordquo se transformou em uma investigaccedilatildeo mais baacutesica arespeito de ldquocomo foram implementadas as medidas e decisotildeesrdquo Foinecessaacuterio mitigar as expectativas de um diagnoacutestico preciso a res-peito da implementaccedilatildeo de tais medidas no Brasil bem como as detraccedilar um mapeamento perfeito e totalizante a respeito dos mecanis-mos de implementaccedilatildeo Ficou claro ao longo do trabalho que muitaenergia e tempo deveriam ser gastos para desenvolver um meacutetodoadequado de pesquisa e aperfeiccediloaacute-lo a partir de problemas e equiacute-vocos surgidos durante a investigaccedilatildeo Pesquisas preliminares como esta natildeo nos permitem saltar para
conclusotildees rotundas De qualquer forma autorizam aos observado-res mais atentos levantarem hipoacuteteses que mobilizaratildeo outras linhasde investigaccedilatildeo Neste sentido qual seria a razatildeo pela qual o sistemapoliacutetico brasileiro natildeo foi capaz de conceber um mecanismo soacutelido eeficiente para a implementaccedilatildeo das decisotildees do Sistema Intera-mericana de Direitos Humanos Haacute aqui apenas incompetecircnciaadministrativa ou o Estado brasileiro por intermeacutedio de suas institui-ccedilotildees mais permanentes como o Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exterioresresiste a criar mecanismos mais contundentes de implementaccedilatildeo dedecisotildees da jurisdiccedilatildeo internacional Em que medida a dimensatildeo fede-rativa do Estado brasileiro tem sido o maior obstaacuteculo para ummecanismo de implementaccedilatildeo mais eficiente E qual seria o papel dasociedade civil na fiscalizaccedilatildeo da efetividade desses mecanismos
Oscar Vilhena Vieira
SOBRE OS AUTORES
ADRIANE SANCTIS DE BRITOPESQUISADORA DO NUacuteCLEO DE DIREITO GLOBAL E DESENVOLVIMENTO DA DIREITO GV MESTRANDA EM DIREITOINTERNACIONAL PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP) COM GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA MESMA INSTITUICcedilAtildeO
GUILHERME FORMA KLAFKEPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE METODOLOGIA DE ENSINO DA DIREITO GV PROFESSOR DA SOCIEDADE BRASILEIRA DEDIREITO PUacuteBLICO (SBDP) MESTRANDO EM DIREITO CONSTITUCIONAL PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP)COM GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA MESMA INSTITUICcedilAtildeO
LUCIANA DE OLIVEIRA RAMOSPESQUISADORA DO NUacuteCLEO DE JUSTICcedilA E CONSTITUICcedilAtildeO DA DIREITO GV PROFESSORA DO GVLAW PROFESSORA DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP) DOUTORANDA EM DIREITO CONSTITUCIONAL PELA UNIVERSIDADEDE SAtildeO PAULO (FD-USP) MESTRE EM CIEcircNCIA POLIacuteTICA PELA FFLCH-USP GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA PUC-SP
MARIacuteLIA ROLEMBERG LESSAGRADUANDA EM DIREITO PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP) EX-ALUNA DA ESCOLA DE FORMACcedilAtildeO DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP)
OSCAR VILHENA VIEIRADIRETOR DA ESCOLA DE DIREITO DE SAtildeO PAULO DA FUNDACcedilAtildeO GETULIO VARGAS (DIREITO GV) POacuteS-DOUTOR PELOCENTRE FOR BRAZILIAN STUDIES (ST ANTOINES COLLEGE OXFORD UNIVERSITY) DOUTOR E MESTRE EM CIEcircNCIAPOLIacuteTICA PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FFLCH-USP) MESTRE EM DIREITO PELA UNIVERSIDADE DECOLUMBIA GRADUADO EM DIREITO PELA PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DE SAtildeO PAULO (PUC-SP)
RAFAEL GANDUR GIOVANELLIPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE METODOLOGIA DE ENSINO DA DIREITO GV MESTRANDO EM DIREITO E DESENVOLVIMENTOPELA DIREITO GV GRADUANDO EM FILOSOFIA PELA FFLCH-USP GRADUADO EM DIREITO PELA PUC-SP
RUBENS EDUARDO GLEZERPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE JUSTICcedilA E CONSTITUICcedilAtildeO DA DIREITO GV PROFESSOR DO GVLAW PROFESSOR DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP) SECRETAacuteRIO-GERAL DA REDE DE INICIATIVAS LATINO-AMERICANASEM DIREITO E DEMOCRACIA (ILADD) DOUTORANDO EM FILOSOFIA E TEORIA GERAL DO DIREITO PELA FD-USP MESTREEM DIREITO E DESENVOLVIMENTO PELA DIREITO GV VISITING STUDENT NA NEW YORK UNIVERSITY BACHAREL EMDIREITO PELA PUC-SP
INTRODUCcedilAtildeOEsta obra eacute o resultado de uma pesquisa empiacuterica voltada a ofere-cer paracircmetros a respeito do grau de implementaccedilatildeo das decisotildeese recomendaccedilotildees da Corte e da Comissatildeo Interamericana de Direi-tos Humanos pelo BrasilA anaacutelise de implementaccedilatildeo partiu do exame da adoccedilatildeo de
medidas estatais em seus diferentes niacuteveis federativos voltadas acumprir recomendaccedilotildees ou condenaccedilotildees especiacuteficas realizadaspelo Sistema Interamericano de Direitos Humanos (SIDH)2 Con-tudo as conclusotildees obtidas natildeo se restringiram agraves avaliaccedilotildeesrealizadas pelos oacutergatildeos oficiais envolvidos seja na instacircncia inter-nacional (pelos instrumentos de acompanhamento do SIDH) sejana esfera nacional (por pronunciamentos governamentais) Essaavaliaccedilatildeo substantiva se funda em um esforccedilo interpretativo daequipe de pesquisa realizada a partir dos elementos coletadosdocumentalmente e em entrevistas com atores relevantes envol-vidos nas situaccedilotildees investigadas A expressatildeo ldquoimplementaccedilatildeordquo eacute empregada aqui inicialmente
com o mesmo significado de adimplemento de medidas relacio-nado aos esforccedilos feitos para que as determinaccedilotildees da Corte ouda Comissatildeo Interamericana sejam consideradas cumpridas peloscriteacuterios do proacuteprio Sistema Interamericano Apoacutes uma anaacutelisepautada nesses criteacuterios verificou-se a necessidade de abordar aimplementaccedilatildeo de forma mais aprofundada capaz de detectar asnuances dos impactos das recomendaccedilotildeesAs usuais anaacutelises de cumprimento centradas na tipologia de
recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees natildeo nos pareceram suficientes paraexaminar a implementaccedilatildeo no Brasil razatildeo pela qual analisamosoutros fatores tais como (a) se a violaccedilatildeo resulta de uma poliacutetica
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS NO BRASILINSTITUCIONALIZACcedilAtildeO E POLIacuteTICA1
Oscar Vilhena Vieira (coordenador) Luciana Ramos e Rubens Glezer (pesquisadoresmestres) Adriane Sanctis de Brito Guilherme Klafke e Rafael Giovanelli (pesquisadoresgraduados) e Mariacutelia Lessa (pesquisadora graduanda)
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conduzida pelo governo ou ao contraacuterio se decorre de falhas naatuaccedilatildeo do poder puacuteblico ou de accedilotildees de particulares (b) se as con-denaccedilotildees e recomendaccedilotildees dialogam com uma agenda poliacuteticapreexistente no paiacutes bem como (c) se determinadas condenaccedilotildeesem certos contextos natildeo permitem a extrapolaccedilatildeo do caso indivi-dual para um plano coletivoPor meio dessa nova abordagem concluiacutemos que a ausecircncia de
mecanismos formais e especiacuteficos voltados agrave observacircncia de reco-mendaccedilotildees e decisotildees do SIDH no Brasil torna o seu cumprimentoalgo que se opera em uma esfera eminentemente poliacutetica depen-dente de fatores contingentes e imprevisiacuteveisPara alcanccedilar essas conclusotildees a apresentaccedilatildeo dos resultados
estaacute estruturada da seguinte maneira primeiramente se explicitaraacutea metodologia de pesquisa utilizada para em seguida (1) forneceruma visatildeo geral a respeito da inserccedilatildeo do Brasil no SIDH e doscasos que envolvem o paiacutes aprofundando aqueles selecionados paraesta obra (2) mapear os mecanismos criados para implementaras recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees do SIDH e (3) analisar decisotildeesselecionadas a partir de criteacuterios considerados relevantes para iden-tificar facilidades e dificuldades na implementaccedilatildeo das deliberaccedilotildeesdo SIDH Ao final eacute realizada uma conclusatildeo sinteacutetica e articula-dora dos resultados
1 METODOLOGIA A presente obra eacute dedicada agrave anaacutelise da implementaccedilatildeo das deli-beraccedilotildees do SIDH relativas ao Brasil paiacutes vinculado interna eexternamente agrave Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanosdesde 19923 e submetido agrave jurisdiccedilatildeo contenciosa obrigatoacuteria daCorte Interamericana desde 19984
Para tanto foi utilizado o meacutetodo de estudo de caso fundado sobreanaacutelise documental levantamento de reportagens em miacutedia e entre-vistas a agentes puacuteblicos e membros da sociedade civil organizada Com base no exame de todos os casos que envolvem o Brasil
na Corte IDH e na CIDH (vide Apecircndice) foram selecionados comoobjeto de anaacutelise (i) todas as condenaccedilotildees em casos contenciososperante a Corte IDH em razatildeo da sua importacircncia e dos seus efei-tos claramente vinculantes ao paiacutes (ii) todas as soluccedilotildees amistosas
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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que envolvem o Brasil em razatildeo da disposiccedilatildeo do proacuteprio Estadoem remediar a violaccedilatildeo de direitos bem como (iii) as recomenda-ccedilotildees da CIDH com alto impacto e repercussatildeo no paiacutes Considerando-se tais categorias chegou-se a um conjunto de
oito casos Os contenciosos satildeo quatro
1 Caso Damiatildeo Ximenes Lopes vs Brasil trata-se de homiciacutedio comsinais de tortura de Damiatildeo Ximenes Lopes portador de defi-ciecircncia mental que havia sido internado em 1ordm de outubro de1999 na casa de repouso dos Guararapes na cidade de SobralCearaacute falecendo trecircs dias depois A cliacutenica era de propriedadede familiar de poliacutetico tradicional da regiatildeo A accedilatildeo penal foiajuizada em 2000 mas o Judiciaacuterio brasileiro soacute se pronuncioucom decisatildeo final em 2013 A accedilatildeo civil indenizatoacuteria ajuizadapelos familiares de Damiatildeo Ximenes Lopes estaacute atualmentearquivada A CIDH apresentou o caso agrave Corte Interamericanacontra o Estado brasileiro em 1ordm de outubro de 2004 A Cortedeclarou violaccedilatildeo dos direitos agrave vida e agrave integridade pessoal deDamiatildeo Ximenes Lopes e dos demais portadores de deficiecircn-cia que sofriam com as condiccedilotildees precaacuterias da casa de repousoagrave integridade pessoal dos familiares das viacutetimas pela perda deum ente da famiacutelia assim como aos direitos agraves garantias judi-ciais e agrave proteccedilatildeo judicial diante da demora injustificada doprocesso criminal e das falhas nas investigaccedilotildees O Brasil foicondenado dentre outras medidas a concluir o processo judi-cial com eventual responsabilizaccedilatildeo dos envolvidos na demoraa indenizar os familiares e a continuar a desenvolver um pro-grama de formaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para todas as pessoasvinculadas ao atendimento de sauacutede mental em especial sobreos princiacutepios que devem reger o trato das pessoas portadorasde deficiecircncia mental conforme os padrotildees internacionaissobre a mateacuteria e aqueles dispostos na decisatildeo
2 Caso Escher e outros vs Brasil trata-se de denuacutencia sobre umaseacuterie de interceptaccedilotildees telefocircnicas contra duas associaccedilotildeesligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra(MST) em Querecircncia do Norte Paranaacute feitas de maneira irre-gular pela poliacutecia e pelo Judiciaacuterio As informaccedilotildees resultantes
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dessa operaccedilatildeo foram divulgadas agrave imprensa e posteriormentepara o puacuteblico Segundo os peticionaacuterios isso teria maculado aimagem das viacutetimas e do movimento social A denuacutencia foiapresentada agrave Comissatildeo em dezembro de 2000 levada agrave CorteInteramericana em dezembro de 2007 e julgada pela Corte emjulho de 2009 A decisatildeo envolveu as seguintes condenaccedilotildeescontra o Brasil obrigaccedilatildeo de publicar as sentenccedilas e de inde-nizar as viacutetimas aleacutem da obrigaccedilatildeo de investigar adequadamenteos fatos e punir os responsaacuteveis pelas violaccedilotildees dos direitos agraveprivacidade agrave honra e agrave liberdade de associaccedilatildeo
3 Caso Garibaldi vs Brasil trata-se do homiciacutedio de Seacutetimo Gari-baldi integrante do MST tambeacutem em Querecircncia do Nortecometido por homens encapuzados que atacaram uma ocupaccedilatildeoem uma fazenda da regiatildeo A denuacutencia foi apresentada em maiode 2003 submetida agrave Corte Interamericana de Direitos Huma-nos em marccedilo de 2007 e julgada pela Corte em setembro de2009 Envolveu as seguintes condenaccedilotildees contra o Brasil obri-gaccedilatildeo de publicar as sentenccedilas de indenizar as famiacutelias dasviacutetimas e de investigar adequadamente os fatos aleacutem de puniros responsaacuteveis pelas violaccedilotildees de direitos humanos agrave vida e agraveproteccedilatildeo judicial
4 Caso Julia Gomes Lund e outros vs Brasil (caso ldquoGuerrilha doAraguaiardquo) trata-se de denuacutencia sobre a responsabilidade doEstado brasileiro pela detenccedilatildeo ilegal e arbitraacuteria tortura edesaparecimento forccedilado de pelo menos 70 membros do movi-mento conhecido como ldquoGuerrilha do Araguaiardquo entre os anosde 1972 e 1975 e da consequente falta de investigaccedilatildeo dessesatos ndash o que se relaciona com a ediccedilatildeo da Lei federal n 6683de 28 de agosto de 1979 (ldquoLei da Anistiardquo) e com o sigilo per-manente sobre documentos a respeito dessa operaccedilatildeo estatalA denuacutencia foi apresentada agrave Comissatildeo em 1995 e a peticcedilatildeofoi submetida pela CIDH agrave Corte em 2009 Em 24 de novem-bro de 2010 a Corte IDH condenou o Brasil pela falta deinvestigaccedilatildeo dos crimes cometidos por militares durante aldquoGuerrilha do Araguaiardquo Determinou ao Estado brasileiro aconduccedilatildeo eficaz da investigaccedilatildeo penal a fim de esclarecer os
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fatos ocorridos no caso definir as correspondentes responsabi-lidades penais e aplicar as sanccedilotildees cabiacuteveis Determinou aindaque o Estado continuasse as iniciativas de busca sistematizaccedilatildeoe publicaccedilatildeo de toda informaccedilatildeo sobre a ldquoGuerrilha do Ara-guaiardquo bem como das violaccedilotildees de direitos humanos ocorridasdurante o regime militar Aleacutem disso estabeleceu a necessidadeda criaccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade autocircnoma independen-te e capaz de garantir o direito agrave verdade sobre o ocorrido
Ademais satildeo duas soluccedilotildees amistosas
5 Caso Joseacute Pereira (trabalho escravo) trata-se de denuacutencia deviolaccedilatildeo dos direitos de Joseacute Pereira e outros trabalhadores queforam retidos e forccedilados a trabalhar sem remuneraccedilatildeo e emcondiccedilotildees ilegais na fazenda ldquoEspiacuterito Santordquo no estado doParaacute Na fazenda foram encontradas mais de 60 pessoas emcondiccedilotildees anaacutelogas agrave escravidatildeo5 As investigaccedilotildees contudodemoraram cerca de oito anos para serem finalizadas e o jul-gamento dos responsaacuteveis natildeo foi concluiacutedo ateacute o momentoO processo encontra-se atualmente suspenso A denuacutencia foiapresentada em 22 de fevereiro de 1994 a Comissatildeo aprovourelatoacuterio de admissibilidade e meacuterito em 1995 e houve a cele-braccedilatildeo de soluccedilatildeo amistosa entre as viacutetimas e o Estadobrasileiro em outubro de 2003 As medidas centrais no casodestinavam-se aos poderes Legislativo e Executivo recomen-dando-lhes que realizassem tanto mudanccedilas legislativas quepropiciassem um cenaacuterio favoraacutevel ao combate ao trabalheescravo como poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave prevenccedilatildeo fiscali-zaccedilatildeo e ao combate do trabalho escravo aleacutem de campanhasde sensibilizaccedilatildeo
6 Caso Meninos emasculados do Maranhatildeo trata-se de denuacutencia emrazatildeo de 42 mortes ocorridas entre 1989 e 2003 em Altamirano estado do Paraacute e Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo que envolve crian-ccedilas pertencentes a famiacutelias de baixa renda As viacutetimas tambeacutemsofriam mutilaccedilotildees genitais donde derivou o nome do caso Ape-nas em 2003 12 anos apoacutes o primeiro homiciacutedio foi designadauma forccedila-tarefa para investigar os fatos A indignaccedilatildeo com a natildeo
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investigaccedilatildeo dos fatos e com a sistemaacutetica violaccedilatildeo dos direitosda populaccedilatildeo infantojuvenil do Maranhatildeo levou a denuacutenciaperante a Comissatildeo em 2001 Apoacutes uma seacuterie de reuniotildees de tra-balho procedimentos para uma soluccedilatildeo amistosa iniciaram-se emmarccedilo de 2004 O acordo foi celebrado em dezembro de 2005As medidas acordadas visavam aleacutem da reparaccedilatildeo das famiacutelias dasviacutetimas e do julgamento dos responsaacuteveis agrave formulaccedilatildeo e agraveimplementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave proteccedilatildeo dacrianccedila e do adolescente pelo Estado brasileiro
Finalmente foram escolhidos dois casos de recomendaccedilotildeespela CIDH
7 Caso Maria da Penha vs Brasil trata-se de violecircncia domeacutesticacontra a mulher sofrida por Maria da Penha Maia Fernandespraticada por seu ex-marido que a deixou parapleacutegica com umtiro de arma de fogo Os fatos se deram em 1983 mas 15 anosdepois o processo criminal ainda natildeo havia sido concluiacutedo e oacusado estava na iminecircncia de ser beneficiado com a prescri-ccedilatildeo dos crimes A denuacutencia foi apresentada em 1998 agrave ComissatildeoEm relatoacuterio de 4 de abril de 2001 a CIDH admitiu a peticcedilatildeoe considerou ter ocorrido violaccedilatildeo aos direitos de proteccedilatildeo judi-cial e integridade Recomendou ao Brasil que promovessedentre outras coisas a conclusatildeo do processo judicial com even-tual responsabilizaccedilatildeo dos envolvidos na demora a indenizaccedilatildeoda viacutetima e a realizaccedilatildeo de poliacuteticas pelo Executivo e peloLegislativo que combatessem a discriminaccedilatildeo contra a mulherespecialmente no tema de violecircncia domeacutestica mediante a cria-ccedilatildeo de uma legislaccedilatildeo especiacutefica
8 Caso Comunidades Indiacutegenas da Bacia do rio Xingu vs Brasil (casoBelo Monte) tratou da construccedilatildeo da Usina Hidreleacutetrica deBelo Monte que afetaria dezenas de povos indiacutegenas na regiatildeoda Volta Grande do Xingu no centro-norte do Brasil Embo-ra o plano para o complexo hidreleacutetrico jaacute existisse desde adeacutecada de 1970 ganhou forccedila na deacutecada de 2000 Diversas ten-tativas do Ministeacuterio Puacuteblico Federal para suspender as obraspor meio de accedilotildees cautelares natildeo evitaram que o processo de
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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licenciamento prosseguisse Segundo as entidades peticionaacuteriasno SIDH houve violaccedilatildeo aos direitos agrave vida agrave integridade pes-soal agrave informaccedilatildeo e agrave participaccedilatildeo poliacutetica dos povos indiacutegenasafetados pelo megaempreendimento Em razatildeo disso em 1ordm deabril de 2011 a CIDH outorgou uma medida cautelar para queo Estado brasileiro suspendesse o processo de licenciamento daobra impedisse qualquer obra anterior agrave consulta das popula-ccedilotildees indiacutegenas e adotasse medidas destinadas a garantir a vidae a integridade pessoal dos envolvidos Houve reaccedilatildeo negati-va do governo brasileiro de um lado e apoio da sociedade civilorganizada agrave medida cautelar do outro Posteriormente aCIDH alterou sua decisatildeo para exigir do Brasil a adoccedilatildeo demedidas que garantissem o direito agrave vida e agrave integridade dosindiacutegenas que impedissem problemas de sauacutede nas comunida-des e que finalizassem com rapidez a demarcaccedilatildeo das terrasancestrais daqueles povos
Tendo em vista a escassez de pesquisas acadecircmicas empiacutericas noBrasil sobre este objeto as anaacutelises foram baseadas primordialmen-te nos discursos dos atores envolvidos nos processos perante aCIDH e a Corte Interamericana Entre os entrevistados estatildeo inte-grantes de oacutergatildeos do Estado responsaacuteveis pela implementaccedilatildeo taiscomo o Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores (MRE) a Secretaria deDireitos Humanos (SDH) a Advocacia-Geral da Uniatildeo (AGU)bem como membros de entidades de proteccedilatildeo de direitos huma-nos que levaram as demandas agrave Comissatildeo Interamericana ou queparticiparam de alguma forma perante a Corte IDH Os entrevistados foram selecionados por estarem envolvidos
diretamente nos casos ou por representarem instituiccedilotildees envolvidascom as temaacuteticas e com o processo de judicializaccedilatildeo do conflito dis-cutido perante o Sistema Interamericano Os uacuteltimos foram em suamaior parte aqueles indicados por sua proacutepria instituiccedilatildeo Optamospor resguardar a identidade de todos No total foram realizadas 15 entrevistas ao longo de um semes-
tre que seguiram um roteiro semiestruturado especiacutefico para cadaum dos casos partindo de trecircs eixos centrais
(1) o contexto poliacutetico no qual se insere o caso
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(2) as funccedilotildees institucionais da respectiva entidade na implementa-ccedilatildeo do caso e
(3) os obstaacuteculos enfrentados no processo de implementaccedilatildeo
A despeito da relevacircncia das entrevistas o objeto do estudo natildeose resume a uma coleccedilatildeo de percepccedilotildees Sua funccedilatildeo foi a de obterinformaccedilotildees relevantes a respeito de fatos e interaccedilotildees incapazes deserem obtidas por meio da anaacutelise documental e de miacutedia
2 O BRASIL NO SIDHComparado a outros paiacuteses da regiatildeo como Colocircmbia Meacutexico Perue Argentina o Brasil tem uma presenccedila menor de incidecircncia entreos casos do SIDH Segundo as uacuteltimas estatiacutesticas da Comissatildeo Inte-ramericana de Direitos Humanos enquanto foram encaminhadasquase 100 denuacutencias contra o Brasil no ano de 2012 esse nuacutemerochegou a quase 400 contra a Colocircmbia 450 contra o Meacutexico 200contra o Peru e cerca de 180 contra Argentina6
Segundo levantamento feito a partir do site da Comissatildeosomente 17 relatoacuterios de meacuterito com recomendaccedilotildees contra o Bra-sil foram publicados e apenas duas soluccedilotildees amistosas celebradasentre 1996 e 20127 Aleacutem disso houve 30 medidas cautelares e 66decisotildees de admissibilidade Completa o quadro a existecircncia deuma visita in loco no paiacutes cujo informe foi publicado em 1997 ea supervisatildeo em 1999Os casos que envolvem o Estado brasileiro no acircmbito da Corte
Interamericana de Direitos Humanos tambeacutem satildeo poucos Ao todoforam 5 casos contenciosos e outras 5 medidas provisionais entre1996 e 2012 Apenas para comparaccedilatildeo a Argentina possui 13 casoscontenciosos e 4 medidas provisionais a Colocircmbia 13 casos con-tenciosos e 15 medidas provisionais o Meacutexico 7 casos contenciosose 10 medidas provisionais e o Peru 26 casos contenciosos e 13medidas provisionais segundo dados do site da Corte8
Em relaccedilatildeo agraves violaccedilotildees de direitos humanos mais indicadasnos casos que envolvem o Brasil nos relatoacuterios de meacuterito peran-te a CIDH foram recorrentes violaccedilotildees aos arts 4 (direito agrave vida)5 (direito agrave integridade fiacutesica) 8 (direito agrave proteccedilatildeo judicial) e 25
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(direito agrave garantia judicial) da Convenccedilatildeo Interamericana sobreDireitos Humanos Nos casos contenciosos perante a Corte IDHverificou-se o mesmo padratildeo Em relaccedilatildeo agraves medidas cautelares naComissatildeo levando-se em consideraccedilatildeo que apenas violaccedilotildees espe-ciacuteficas suscitam o cabimento de medidas cautelares (direito agrave vidae agrave integridade por exemplo) esses direitos foram os mais invo-cados nesse acircmbito Por fim sobre as medidas provisionais quasetodas tiveram por fundamento o direito agrave vida e agrave integridade depresos bem como o dever de proteccedilatildeo pelo EstadoNo conjunto os temas satildeo variados No acircmbito dos relatoacuterios
de meacuterito da CIDH conflito fundiaacuterio (5 casos) e violecircncia poli-cial (10 casos) satildeo os mais presentes mas puderam ser identificadostambeacutem casos de tortura investigaccedilatildeo de assassinato discrimina-ccedilatildeo racial liberdade de expressatildeo e violecircncia domeacutestica No acircmbitodas medidas cautelares o perfil se altera para privilegiar temas rela-tivos ao sistema carceraacuterio (10 casos) ameaccedila a povos indiacutegenas (3casos) e proteccedilatildeo a ativistas de direitos humanos testemunhas ououtras pessoas (17 casos) No tocante aos casos contenciosos daCorte IDH houve um sobre conflito fundiaacuterio um sobre investi-gaccedilatildeo de assassinato um sobre tortura um sobre anistia e um sobreviolaccedilatildeo agrave intimidade (interceptaccedilotildees telefocircnicas) Finalmente emrelaccedilatildeo agraves medidas provisionais foram quatro sobre sistema carce-raacuterio e uma sobre anistiaNo que diz respeito agrave natureza das medidas presentes nas reco-
mendaccedilotildees ou nas condenaccedilotildees verifica-se uma distribuiccedilatildeo bastanteequilibrada entre decisotildees com medidas de indenizaccedilatildeo (17 relatoacute-rios de meacuterito e 4 casos contenciosos) de satisfaccedilatildeo (17 relatoacuteriosde meacuterito e 4 casos contenciosos) e garantias de natildeo repeticcedilatildeo (15relatoacuterios de meacuterito e 2 casos contenciosos)9 Dada a natureza pecu-liar das medidas cautelares e das medidas provisionais elas natildeoentraram no cocircmputo apresentadoNo tocante agrave supervisatildeo de cumprimento pela Comissatildeo com
referecircncia agraves soluccedilotildees amistosas e aos relatoacuterios de meacuterito publi-cados entre 2000 e 2011 a Comissatildeo apresentou a supervisatildeo dasdecisotildees anteriores uma totalmente cumprida10 oito parcialmentecumpridas11 e quatro pendentes de cumprimento12-13 Natildeo foi publi-cado o estado de cumprimento de seis relatoacuterios de meacuterito de 1998e 2000 mas haacute notiacutecia de que pelo menos um teve recomendaccedilotildees
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cumpridas14 Tambeacutem haacute uma seacuterie de outros casos que emboratenham sido cumpridos natildeo tiveram seus relatoacuterios publicados eportanto natildeo entraram nessa consideraccedilatildeo15 Por fim natildeo haacute um rela-toacuterio consistente sobre o cumprimento das medidas cautelares (videApecircndice)No acircmbito da Corte IDH dos cinco casos contenciosos um natildeo
gerou condenaccedilotildees (caso Nogueira de Carvalho e outro vs Brasil) umfoi considerado totalmente cumprido (caso Escher e outros vs Brasil)dois foram considerados parcialmente cumpridos (casos Damiatildeo Xime-nes Lopes vs Brasil e Garibaldi vs Brasil) e um ainda natildeo possuimanifestaccedilatildeo da Corte acerca do cumprimento (caso Julia Gomes Lunde outros vs Brasil ndash caso ldquoGuerrilha do Araguaiardquo) Das cinco medidasprovisionais por sua vez trecircs foram arquivadas por cumprimento(caso Penitenciaacuteria Urso Branco caso Penitenciaacuteria de Araraquara e casoComplexo do Tatuapeacute da Febem) uma foi considerada parcialmente cum-prida (caso Unidade de Internaccedilatildeo Socioeducativa) e outra foi rejeitadapela Corte (caso Julia Gomes Lund)Como pode ser visto o pequeno nuacutemero de casos do Brasil no
SIDH natildeo permite traccedilar conclusotildees preacutevias sobre os tipos maisrecorrentes (quais as viacutetimas tiacutepicas quais satildeo as violaccedilotildees e comosatildeo enquadradas nas normas da convenccedilatildeo etc) tampouco sobre ograu de implementaccedilatildeo normalmente atingido pelo paiacutes Por issoainda que haja estudos que apontem para uma relaccedilatildeo entre tipos demedidas e um maior ou menor grau de implementaccedilatildeo16 natildeo seriapossiacutevel tirar conclusotildees dessa natureza no contexto brasileiro Con-tudo a anaacutelise qualitativa que seraacute explorada a seguir apontou paraalguns fatores que podem estar relacionados agrave maior ou menorimplementaccedilatildeo das medidas seratildeo enfocados a apropriaccedilatildeo da deci-satildeo pelos segmentos envolvidos a definiccedilatildeo da agenda puacuteblica etambeacutem as repercussotildees das condenaccedilotildees ou recomendaccedilotildees
3 O CAMINHO DAS DECISOtildeES CONTRA O ESTADO BRASILEIRONo Brasil natildeo haacute regulaccedilatildeo formal abrangente da implementa-ccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeo e de condenaccedilatildeo oriundas doSIDH Nenhum dos projetos legislativos voltados a uma organi-zaccedilatildeo miacutenima de implementaccedilatildeo chegou a ser aprovado17
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Recentemente contudo o III Programa Nacional de DireitosHumanos trouxe um objetivo estrateacutegico especiacutefico relacionado aotema sob o nome ldquoMonitoramento dos compromissos internacionaisassumidos pelo Estado brasileiro em mateacuteria de Direitos HumanosrdquoNele se destacam as seguintes accedilotildees
a) Elaborar relatoacuterio anual sobre a situaccedilatildeo dos DireitosHumanos no Brasil em diaacutelogo participativo com asociedade civilResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores[] e) Definir e institucionalizar fluxo de informaccedilotildees comresponsaacuteveis em cada oacutergatildeo do Governo Federal referentesaos relatoacuterios da Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos e agraves decisotildees da Corte Interamericana deDireitos HumanosResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exterioresf) Criar banco de dados puacuteblico sobre todas asrecomendaccedilotildees dos sistemas ONU e OEA feitas ao Brasilcontendo as medidas adotadas pelos diversos oacutergatildeospuacuteblicos para seu cumprimentoResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores
Esse programa foi instituiacutedo em dezembro de 2009 com altera-ccedilotildees em 201018 e fixa um roteiro de atuaccedilatildeo para o Poder Puacuteblicoem mateacuteria de direitos humanos Estaacute declarada nesse instrumentoa disposiccedilatildeo de institucionalizarem-se os procedimentos paraimplementaccedilatildeo das medidas impostas ao paiacutes pelo Sistema Intera-mericano consubstanciada em objetivos que devem ser perseguidospelo governo brasileiroPor conta da falta de uma predefiniccedilatildeo institucional e normati-
va especiacutefica sobre quais oacutergatildeos deveriam lidar com os casos contrao Brasil no SIDH uma divisatildeo de tarefas foi feita ao longo dotempo em sua maioria pelos proacuteprios oacutergatildeos os quais pelo con-junto de suas funccedilotildees preacutevias se viram responsaacuteveis por algum tipo
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de envolvimento O Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores a Secretariade Direitos Humanos e a Advocacia-Geral da Uniatildeo se destacaramformando o grupo que tomou para si as defesas brasileiras e a imple-mentaccedilatildeo das medidas de recomendaccedilatildeo e condenaccedilatildeoParalelamente o pagamento de indenizaccedilotildees por parte do Estado
brasileiro teve um desenvolvimento especiacutefico e sua concretizaccedilatildeo foiestruturada a partir de rubricas (categorias) especiacuteficas no Orccedilamen-to da Uniatildeo Trata-se de uma questatildeo que foi institucionalizada paraatender reparaccedilotildees oriundas de decisotildees tomadas pelo SIDH
31 PODER EXECUTIVO FEDERAL ATORES E COMPETEcircNCIA
Conforme jaacute mencionado anteriormente o grupo principal deoacutergatildeos que tomou para si as defesas brasileiras e a implementa-ccedilatildeo das medidas de recomendaccedilatildeo e condenaccedilatildeo eacute composto deMinisteacuterio das Relaccedilotildees Exteriores (MRE) Secretaria de Direi-tos Humanos (SDH) e Advocacia-Geral da Uniatildeo (AGU) O MREeacute um oacutergatildeo poliacutetico de auxiacutelio ao Presidente da Repuacuteblica cujasaacutereas de competecircncia abrangem atividades de poliacutetica internacio-nal e relaccedilotildees internacionais19 Eacute a Divisatildeo de Direitos Humanosdo MRE que faz a intermediaccedilatildeo das comunicaccedilotildees com o SIDHem todas as fases de um casoA SDH oacutergatildeo responsaacutevel por poliacuteticas de implementaccedilatildeo dos
direitos humanos20 fazia parte da estrutura do Ministeacuterio da Justiccedilaateacute 199921 ano em que passou a se reportar diretamente agrave Presidecircn-cia da Repuacuteblica Geralmente a notiacutecia de denuacutencia eacute recebida peloMRE e repassada para a SDH cuja Assessoria Internacional busca acomunicaccedilatildeo com os atores envolvidos no caso concreto Por fim a AGU eacute a instituiccedilatildeo responsaacutevel pelo assessoramento
juriacutedico ao Poder Executivo tanto de forma consultiva quanto con-tenciosa22 Ela costuma auxiliar a SDH e o MRE tanto na defesabrasileira quanto na implementaccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeoe de condenaccedilatildeo Esses trabalhos satildeo concentrados no seu Depar-tamento Internacional Atualmente a instituiccedilatildeo eacute sempre notificadapara atuar nas fases preliminares dos casos no SIDHSe o caso jaacute avanccedilou para o relatoacuterio com recomendaccedilotildees eacute a SDH
que organiza internamente o conteuacutedo da defesa do Estado satildeo fei-tas tentativas de contato com o ente federado no qual ocorreu a
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violaccedilatildeo com o objetivo de fomentar um processo de soluccedilatildeo amis-tosa Se o caso vai para a Corte Interamericana o Itamaraty (oacutergatildeodiplomaacutetico) a SDH e a AGU atuam de forma conjunta como umnuacutecleo de defesa eventualmente com a participaccedilatildeo de outros oacutergatildeosrelevantes a depender de cada caso
32 O QUADRO DINAcircMICO APRENDIZADO E CONFLITO ENTRE INSTITUICcedilOtildeES
Ao longo da experiecircncia brasileira com os casos do SIDH houveum processo de modificaccedilatildeo nas atribuiccedilotildees inicialmente realizadaspor cada oacutergatildeo em parte por um processo de aprendizado institu-cional mas tambeacutem como resultado de disputas poliacuteticas ligadas aomodo pelo qual o Brasil se apresenta perante o SIDHEacute possiacutevel identificar trecircs grandes periacuteodos de dinacircmica entre as
instituiccedilotildees O primeiro diz respeito aos dois primeiros casos doBrasil perante a Corte IDH (casos Damiatildeo Ximenes Lopes e GilsonNogueira de Carvalho ambos de 2006) o segundo acompanha as con-denaccedilotildees dos casos Escher e Garibaldi (ambos de 2009) enquanto oterceiro periacuteodo equivale agraves deliberaccedilotildees da Corte entre os casosJulia Gomes Lund (2010) e Belo Monte (2012)
321 PRIMEIRO PERIacuteODO CASOS DAMIAtildeO XIMENES LOPES E GILSON NOGUEIRA DE CARVALHONo caso Damiatildeo Ximenes Lopes foram dados os primeiros passosquanto aos procedimentos gerais a serem adotados diante de accedilotildeescontra o paiacutes na Corte Interamericana visto que se tratou da pri-meira condenaccedilatildeo brasileira na Corte IDH Nele a defesa perantea Corte foi feita por membros da AGU indicados especificamentecomo agentes do Estado Isso se repetiria no caso Gilson Nogueirade Carvalho decidido posteriormente A elaboraccedilatildeo da defesa brasileira por membros da AGU repre-
sentou agrave eacutepoca uma quebra da praacutetica que prevalecia quanto agravedivisatildeo informal de funccedilotildees entre MRE SDH e AGU para atua-ccedilatildeo no SIDH que ocorria apenas perante a Comissatildeo Ateacute entatildeoa SDH agia em conjunto com o MRE em especial na fase deproduccedilatildeo do relatoacuterio de meacuterito da Comissatildeo buscando fomen-tar soluccedilotildees amistosas e prestando informaccedilotildees em prol da defesado Estado
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Desde o ano 2000 a AGU jaacute tinha em sua estrutura interna umaaacuterea internacional Assim em 2004 o caso Damiatildeo Ximenes Lopeschegou agrave divisatildeo internacional do oacutergatildeo que passou a atuar comvisitas agrave cidade onde ocorreram os fatos e contato direto com osatores do Poder Judiciaacuterio Justamente por ter atuado desde o iniacute-cio como representante do Estado no caso a AGU assumiu um papelcentral na fase de implementaccedilatildeo das medidas de condenaccedilatildeo23
Outro ponto que se relaciona com a experiecircncia de ter sido oprimeiro caso brasileiro de condenaccedilatildeo eacute o das medidas de paga-mento de indenizaccedilatildeo agraves viacutetimas No caso Damiatildeo Ximenes Lopesa condenaccedilatildeo do Brasil ao pagamento de indenizaccedilotildees fez neces-saacuteria a articulaccedilatildeo entre os oacutergatildeos internos para decisatildeo de comose daria a praacutetica dessa implementaccedilatildeo24
Verificou-se no tocante agrave implementaccedilatildeo das decisotildees da CorteInteramericana que a Secretaria de Direitos Humanos buscava con-vencer os oacutergatildeos estaduais relacionados ao caso sobre a necessidadede modificaccedilotildees nas poliacuteticas ligadas ao tema da violaccedilatildeo Contudoquando a medida se relacionava agraves atividades da Justiccedila brasileirahavia dificuldades nesse esforccedilo de convencimento Isso foi cons-tatado no caso Damiatildeo Ximenes Lopes que tinha em seu cerne aquestatildeo de funcionamento das instituiccedilotildees judiciaacuterias e exigia aatuaccedilatildeo preponderante dos oacutergatildeos judiciais para a sua implementa-ccedilatildeo Assim iniciou-se a praacutetica de a AGU atuar mais diretamentejunto ao Judiciaacuterio por sua facilidade de articulaccedilatildeo com atoresdesse Poder25 Na eacutepoca foram feitas diversas visitas de apuraccedilatildeodo oacutergatildeo junto agrave SDH e conversas com os juiacutezes responsaacuteveis paratentativas de apuraccedilatildeo dos motivos da demora Ainda que tenha havido tais tentativas os tracircmites das accedilotildees
continuaram lentos em grande parte por causa da ineficaacutecia daabordagem poliacutetica habitual de convencimento com os atores doJudiciaacuterio Seraacute visto em espaccedilo proacuteprio que esse problema foi miti-gado posteriormente em razatildeo do papel de um programa de umquarto ator o Conselho Nacional de Justiccedila (CNJ) oacutergatildeo criadoem 2004 e responsaacutevel por ser a mais alta instacircncia administrativado Poder Judiciaacuterio brasileiro (toacutepico 34 infra)Em siacutentese durante o primeiro caso de condenaccedilatildeo do Brasil na
Corte Interamericana de Diretos Humanos houve um rearranjo depapeacuteis para a apresentaccedilatildeo das manifestaccedilotildees brasileiras no SIDH
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A AGU assumiu um papel central na defesa juriacutedica do caso levan-do um de seus integrantes para a defesa brasileira no Tribunal ASecretaria passou a ter papel de apoio organizacional com relaccedilatildeoaos atores envolvidos no caso e agraves informaccedilotildees relevantes O MREpor sua vez conservou sua posiccedilatildeo de mediador das manifestaccedilotildeespara fora da Corte Segundo relatos das entrevistas havia um relati-vo concerto dos trecircs oacutergatildeos com relaccedilatildeo a como deveriam atuar emcada uma de suas funccedilotildees Isso se repetiria no caso Gilson Nogueirade Carvalho ndash em que o Estado foi absolvido por falta de provas
322 SEGUNDO PERIacuteODO CASOS ESCHER E OUTROS E GARIBALDIEm um segundo momento da dinacircmica institucional a defesa brasi-leira na Corte passou a ser feita pelo Embaixador do Brasil na CostaRica Essa troca teria relaccedilatildeo com o tom marcado pelo Brasil em suasdefesas se antes as manifestaccedilotildees da SDH eram mais inseridas nodiscurso de proteccedilatildeo das viacutetimas no acircmbito da AGU as defesasganhavam um caraacuteter mais teacutecnico marcado por argumentos juriacutedi-cos A passagem para uma maior atuaccedilatildeo do MRE mudaria o vieacutes dedefesa para a esfera poliacutetica Assim a nova divisatildeo funcional informal ndash fruto das dinacircmicas
dos proacuteprios oacutergatildeos entre si ndash passou a estabelecer que a AGU atua-ria principalmente na defesa brasileira na fase de admissibilidadeEnquanto o MRE cuidaria do restante das manifestaccedilotildees brasileirasa Secretaria ficou responsaacutevel principalmente pela (i) coordenaccedilatildeocom atores internos para recolhimento de informaccedilotildees uacuteteis agraves mani-festaccedilotildees brasileiras e (ii) busca de diaacutelogo entre os oacutergatildeos e viacutetimaspara tentar soluccedilotildees amistosas e implementaccedilotildees de medidas de reco-mendaccedilatildeo ou condenaccedilatildeo Essa divisatildeo natildeo era impermeaacutevel cadaum dos oacutergatildeos teria a possibilidade de influenciar ou informar a ati-vidade do outro Havia contudo uma visiacutevel prevalecircncia de cada umdos oacutergatildeos nas funccedilotildees indicadas
323 TERCEIRO PERIacuteODO CASOS JULIA GOMES LUND E BELO MONTENo caso Julia Gomes Lund ocorreu uma polarizaccedilatildeo entre as posi-ccedilotildees assumidas internamente pela AGU e pela SDH A Secretariaposicionou-se a favor das viacutetimas enquanto a AGU defendeu a Lei
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de Anistia brasileira perante o STF Ante a essa situaccedilatildeo o MREpassou a concentrar todas as manifestaccedilotildees brasileiras no caso emconcerto com a Casa Civil Situaccedilatildeo similar ocorreu no caso BeloMonte cujas manifestaccedilotildees foram concentradas pelo MRE e pelaCasa Civil por conta da sensibilidade poliacutetica do caso para a poliacute-tica federalDiante dessas consideraccedilotildees percebe-se que ao longo dos anos
houve certo processo de aprendizado institucional sobre como lidarcom o sistema interamericano com tentativas de adaptaccedilatildeo contiacutenuaNo entanto fica evidente que a proacutepria interaccedilatildeo entre os principaisoacutergatildeos envolvidos se baseia em seus interesses poliacuteticos e em suascapacidades de manobra Isso se evidencia ainda mais com a suces-satildeo de casos mediante a maior concentraccedilatildeo da defesa brasileira nasmatildeos do MRE e a colocaccedilatildeo da AGU e da SDH em posiccedilotildees novas
33 PAGAR AS VIacuteTIMAS UM DESENVOLVIMENTO Agrave PARTE
Desde 2004 o Estado brasileiro possui uma parte do orccedilamento fede-ral destinada especificamente ao pagamento de indenizaccedilotildees queresultam do reconhecimento da violaccedilatildeo de tratados internacionaisde direitos humanos Trata-se da dotaccedilatildeo denominada ldquoPagamentode indenizaccedilatildeo a viacutetimas de violaccedilatildeo das obrigaccedilotildees contraiacutedas pelauniatildeo por meio da adesatildeo a tratados internacionaisrdquo26
Em 1993 governo e sociedade civil haviam se mobilizado paradefinir uma agenda nacional para a Conferecircncia Mundial de Direi-tos Humanos Em 1996 como resultado desses esforccedilos e daDeclaraccedilatildeo e Programa de Accedilatildeo de Viena (adotada na Conferecircncia)foi criado o Programa Nacional de Direitos Humanos no Brasilsegundo o qual os direitos humanos deveriam ser tratados comoobjeto de poliacutetica puacuteblica27 Na sua vertente orccedilamentaacuteria a articu-laccedilatildeo das diversas propostas de accedilotildees governamentais refletiu-se noprograma ldquoPromoccedilatildeo e garantia dos direitos humanosrdquo entre 1996e 1999 e no seu aprimoramento por meio do programa ldquoDireitosHumanos Direitos de Todosrdquo (DHDT) vinculado ao Ministeacuterio daJusticcedila e presente nos orccedilamentos brasileiros a partir de 1999Em 2002 apoacutes revisatildeo do plano original criou-se o 2ordm Progra-
ma Nacional de Direitos Humanos no Brasil28 Em sua introduccedilatildeoressaltou-se que
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A criaccedilatildeo da Secretaria de Estado dos Direitos Humanosno acircmbito do Ministeacuterio da Justiccedila possibilitou oengajamento efetivo do Governo Federal em accedilotildees voltadaspara a proteccedilatildeo e promoccedilatildeo de direitos humanos As metasdo PNDH foram em sua maioria sendo incorporadas aosinstrumentos de planejamento e orccedilamento do GovernoFederal convertendo-se em programas e accedilotildees especiacuteficascom recursos financeiros assegurados nas LeisOrccedilamentaacuterias Anuais conforme determina o PlanoPlurianual (PPA)
O Anexo II do documento trouxe a ampliaccedilatildeo de uma seacuterie deprogramas governamentais que jaacute estavam previstos nos orccedilamen-tos dos anos anteriores em razatildeo do DHDT Contudo nenhumaaccedilatildeo foi prevista para os objetivos estrateacutegicos relativos agrave diretrizldquoInserccedilatildeo nos sistemas internacionais de proteccedilatildeordquo tais como a ado-ccedilatildeo de medidas para cumprimento dos compromissos assumidos emtratados internacionais o fortalecimento da cooperaccedilatildeo com o sis-tema regional de proteccedilatildeo e a promoccedilatildeo de soluccedilotildees amistosas noacircmbito da Comissatildeo Interamericana de Direitos HumanosPor ocasiatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria para os anos de 2004
a 200729 reconheceu-se no plano gerencial do programa DHDTa necessidade de que houvesse uma previsatildeo expliacutecita para as inde-nizaccedilotildees agraves viacutetimas de violaccedilotildees de direitos humanos Estrateacutegiasde sustentabilidade para o programa foram indicadas tendo emvista a relaccedilatildeo com outros atores Uma das relaccedilotildees indicadas foia influecircncia da Comissatildeo da Corte Interamericana de DireitosHumanos e da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos para a desti-naccedilatildeo dos recursos ao pagamento dessas indenizaccedilotildees30
Os oacutergatildeos federais verificaram essa carecircncia apoacutes se esforccedilarempara cumprir a primeira soluccedilatildeo amistosa envolvendo o Brasil (casoJoseacute Pereira) que em se tratando de mateacuteria de competecircncia daUniatildeo (combate a trabalho escravo) retirava o dever de indenizarda esfera estadual31 Percebeu-se que o pagamento de indenizaccedilatildeopor meio de lei era mais trabalhoso e demorado Por isso a fixa-ccedilatildeo de uma parte do orccedilamento federal destinada exclusivamentea essas indenizaccedilotildees possibilitaria agrave Presidecircncia pagaacute-las por meiode um simples decreto presidencial
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Nesse contexto a Lei Orccedilamentaacuteria Anual brasileira de 2004previu pela primeira vez uma accedilatildeo intitulada ldquoPagamento de inde-nizaccedilatildeo a viacutetimas de violaccedilatildeo das obrigaccedilotildees contraiacutedas pela Uniatildeopor meio da adesatildeo a tratados internacionais de proteccedilatildeo dos direi-tos humanosrdquo subordinada ao programa DHDT32 A descriccedilatildeo dessaaccedilatildeo governamental reproduziu em grande medida o que jaacute fica-ra estabelecido nos objetivos estrateacutegicos do 2ordm Programa Nacionalde Direitos Humanos33
Estabeleceu-se assim uma ampla finalidade para a dotaccedilatildeo con-sistente no pagamento de indenizaccedilotildees natildeo apenas no acircmbito dosistema regional de proteccedilatildeo dos direitos humanos (OEA) comotambeacutem no acircmbito do sistema global (ONU) Atribuiu-se essa tare-fa ao Gabinete da Secretaria Especial de Direitos HumanosEm consequecircncia dessa inovaccedilatildeo entre 2004 e 2013 anualmen-
te a lei orccedilamentaacuteria passou a destinar um valor para que a SDHpudesse pagar as despesas com indenizaccedilotildees arbitradas tanto naONU como no SIDH por violaccedilotildees de tratados de direitos huma-nos em vigor para o Brasil
34 PROGRAMA ldquoJUSTICcedilA PLENArdquo IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS MEDIDAS DE GARANTIA E ACESSO Agrave JUSTICcedilAEacute importante destacar tambeacutem a criaccedilatildeo do programa ldquoJusticcedilaPlenardquo pelo CNJ34 como um passo importante em prol da imple-mentaccedilatildeo das medidas relacionadas ao acesso agrave justiccedila35 Ainda quenatildeo oficialmente vinculado agrave implementaccedilatildeo das decisotildees do SIDHna praacutetica o programa apresentou-se como uma boa possibilidadede monitoramento das accedilotildees judiciais que suscitaram os casos leva-dos ao sistema interamericano O programa ldquoJusticcedila Plenardquo surgiu em 2010 com o objetivo de
monitorar e aumentar a transparecircncia de ldquocasos de grande reper-cussatildeo socialrdquo Aqueles indicados pelas entidades participantes satildeoobjeto de relatoacuterios puacuteblicos que buscam apurar o andamento pro-cessual e possiacuteveis demoras injustificadas O programa tem o pontopositivo de trazer agrave visibilidade puacuteblica casos que do contraacuterio fica-riam limitados aos acircmbitos locais e por isso mais sensiacuteveis agravesdisputas de poder e agrave corrupccedilatildeo36
Entre as instituiccedilotildees participantes do programa do CNJ estaacute aSDH que passou a solicitar o acompanhamento das accedilotildees que em
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razatildeo do seu tracircmite demorado levaram ou poderiam levar a san-ccedilotildees pela Comissatildeo ou pela Corte IDH37 Ainda que houvesse jaacutecolaboraccedilatildeo entre o CNJ e a SDH anteriormente este oacutergatildeo pas-sou a contar com o programa como fator importante no diaacutelogocom o Poder Judiciaacuterio atenuando em parte o problema aponta-do anteriormente de dificuldade de convencimento dos atoresnecessaacuterios para a implementaccedilatildeo das medidas Verificou-se que a accedilatildeo civil e a accedilatildeo penal no caso Damiatildeo
Ximenes Lopes as accedilotildees no caso Escher e outros e as accedilotildees no casoGaribaldi por exemplo foram indicadas pela SDH para o pro-grama Atualmente qualquer pessoa pode verificar no sistema doprograma ldquoJusticcedila Plenardquo disponiacutevel na internet as informaccedilotildeesprestadas pelos Tribunais de Justiccedila do Cearaacute e do Paranaacute sobreos casos
4 TEMAS SUJEITOS E CONJUNTURA COMO EM CADA CASO A IMPLEMENTACcedilAtildeO FOI FAVORECIDA OU DIFICULTADA Como jaacute destacado no toacutepico 3 a estrutura de implementaccedilatildeo bra-sileira natildeo eacute fixada institucionalmente e os oacutergatildeos que cuidam delana praacutetica precisam a cada caso desenvolver um esforccedilo poliacutetico decooperaccedilatildeo com os oacutergatildeos locais diretamente relacionados agrave imple-mentaccedilatildeo das medidas especiacuteficas a cada uma das violaccedilotildees excetonos caso de pagamento de indenizaccedilotildees impostas pela Corte ou emtemas de competecircncia exclusivamente federal Assim a implemen-taccedilatildeo se torna dependente da vontade poliacutetica dos atores engajadosem posiccedilotildees relevantes nos oacutergatildeos centrais do Governo Federalencarregados da situaccedilatildeo (MRE SDH e AGU) bem como dos ato-res que ocupam cargos relevantes para uma concretizaccedilatildeo direta dasdecisotildees do SIDH como os membros legisladores promotorespuacuteblicos juiacutezes ou membros dos governos estaduais Neste toacutepico desenvolvemos as anaacutelises da implementaccedilatildeo das
recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees oriundas do SIDH levando em conta(i) a existecircncia de uma agenda poliacutetica puacuteblica em andamento aotempo da decisatildeo (ii) a dependecircncia de poderes autocircnomos comogovernos locais Ministeacuterio Puacuteblico e Judiciaacuterio (iii) violaccedilotildees quedecorrem de agendas poliacuteticas do Estado e (iv) dificuldades em dar
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impacto coletivo a decisotildees altamente individualizadas proferidaspela Corte ou pela Comissatildeo
41 QUANDO JAacute HAacute AGENDA DE POLIacuteTICA
PUacuteBLICA DO ESTADO BRASILEIRO
Alguns dos casos estudados trazem indiacutecios de que a existecircncia deagenda de poliacutetica puacuteblica estabelecida previamente agrave recomenda-ccedilatildeo ou condenaccedilatildeo do SIDH em qualquer dos niacuteveis federativosfacilitara sua implementaccedilatildeo O primeiro litiacutegio brasileiro na Corte Interamericana o caso
Damiatildeo Ximenes Lopes ilustra essa reflexatildeo Desde o momento do pro-cessamento do caso na Corte IDH ficou claro na defesa do Estadobrasileiro que havia uma poliacutetica de reforma do sistema psiquiaacutetricojaacute em andamento no momento em que aconteceu a morte da viacutetimaEacute mencionado nos depoimentos que o fechamento da Casa deRepouso dos Guararapes onde havia falecido Damiatildeo Ximenes foium marco que impulsionou essa reforma38
A Conferecircncia Nacional da Sauacutede Mental ocorrida em 1992 eacuteapontada como um dos marcos de reorientaccedilatildeo do tratamento psi-quiaacutetrico no Brasil39 A Lei federal n 102162001 pretendia trazeravanccedilos inaugurando a reforma psiquiaacutetrica no paiacutes Luiz OdoricoMonteiro de Andrade afirmou em seu depoimento que
A partir do dia 1ordm de janeiro de 1997 comeccedilaram uma seacuterie dereestruturaccedilotildees administrativas no acircmbito do Municiacutepio paraajustar as poliacuteticas do Sistema Uacutenico de Sauacutede em varias aacutereasNo final de 1998 jaacute havia um Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial(CAPS) que brinda atendimento ambulatorial e atenccedilatildeo diaacuteriaa pacientes com deficiecircncias mentais Esse sistema evoluiu e hoje jaacute existe o tratamento de pacientes com deficiecircnciasmentais agudas na aacuterea de sauacutede mental em hospital geralExiste tambeacutem um CAPS para transtornos na aacuterea geral e um para pessoas com problemas na aacuterea de alcoolismo edrogadiccedilatildeo Recentemente inaugurou-se um CAPS com onome do senhor Damiatildeo Ximenes Lopes para homenageaacute-lo40
Esse processo de mudanccedila nas poliacuteticas tambeacutem aparece nodepoimento de Pedro Gabriel Godinho Delgado entatildeo Coordenador
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Nacional do Programa de Sauacutede Mental do Ministeacuterio da SauacutedeSegundo Godinho ateacute entatildeo haviam sido tomadas vaacuterias medidas parafortalecer as redes extra-hospitalares Assim ainda que seja possiacutevel questionar o grau de efetividade
das poliacuteticas federais legisladas jaacute havia agrave eacutepoca da condenaccedilatildeo bra-sileira uma movimentaccedilatildeo a favor do sistema de tratamento mentalAteacute por isso parece ter sido empregada a expressatildeo ldquocontinuar adesenvolverrdquo no ponto de condenaccedilatildeo relacionado agrave implementaccedilatildeode medidas de melhoria do sistema psiquiaacutetrico Em seus relatoacuteriosde cumprimento de sentenccedila ateacute 2010 a Corte apontou para a neces-sidade do cumprimento desse ponto de sua condenaccedilatildeoHaacute indicaccedilotildees de que o descredenciamento da Casa de Repou-
so Guararapes em 2000 ocorreu por conta da repercussatildeo local damorte de Damiatildeo Ximenes Lopes41 Tambeacutem se desencadeou umprocesso mais acelerado de reforma no sistema psiquiaacutetrico da cida-de por conta da postura proativa de alguns gestores municipais42
A proacutepria condenaccedilatildeo do Brasil no Sistema Interamericano con-tudo teria contribuiacutedo mais ao aumento da publicidade do caso doque para reaccedilotildees diretas de implementaccedilatildeo Como na cidade jaacutehavia um processo de reforma do tratamento psiquiaacutetrico que veioa se mostrar bem-sucedido a condenaccedilatildeo do Brasil na Corte teriaservido mais para um reforccedilo do discurso mais amplo proacute-reformapsiquiaacutetrica do que para a efetiva implementaccedilatildeo da sentenccedila A condenaccedilatildeo tendo sido a primeira do Brasil no SIDH eacute um
marco no discurso da agenda antimanicomial utilizado natildeo soacutepela sociedade civil mas tambeacutem pelo Estado como incentivo dereforma em outras localidades Isso era especialmente importan-te no paiacutes jaacute que as mudanccedilas no sistema de sauacutede dependiammuito da vontade dos poderes locais43 que seriam mais facilmen-te convencidos de um possiacutevel perigo agrave imagem dos dirigentesna hipoacutetese de haver caso semelhante em sua regiatildeo44
Algo semelhante ocorreu no primeiro caso brasileiro de solu-ccedilatildeo amistosa o caso Joseacute Pereira Um fator importante do caso foia realizaccedilatildeo de uma visita in loco pela CIDH durante o periacuteodo emque o caso tramitava Essa visita ocorrida em novembro de 1995teve como um de seus objetos as denuacutencias de trabalho forccediladoespecialmente na regiatildeo sul do Paraacute local das violaccedilotildees que jaacutehaviam sido denunciadas na Comissatildeo De acordo com o relatoacuterio
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produzido apoacutes a visita a Comissatildeo constatou que agravequela eacutepocao Estado brasileiro jaacute havia desenvolvido uma seacuterie de poliacuteticasadministrativas legislativas e policiais voltadas ao combate e repres-satildeo do trabalho em condiccedilotildees anaacutelogas a de escravo45 Entretantoa CIDH recomendou o empenho e comprometimento do governovisando aprofundar e consolidar tais poliacuteticasUma vez alcanccedilado o acordo de soluccedilatildeo amistosa a CIDH pas-
sou a realizar o monitoramento de seu cumprimento em seusrelatoacuterios anuais Segundo o Relatoacuterio Anual de 2012 o acordoencontra-se apenas parcialmente cumpridoPrimeiramente observa-se que as medidas de reconhecimen-
to de responsabilidade e reparaccedilatildeo pecuniaacuteria foram cumpridas depronto A medida de julgamento dos responsaacuteveis permanece emaberto pois o processo se encontra suspenso Entretanto em rela-ccedilatildeo ao caso Joseacute Pereira as observaccedilotildees dos relatoacuterios anuais daCorte enfatizam as medidas legislativas e de fiscalizaccedilatildeo A partir de uma anaacutelise das poliacuteticas puacuteblicas elaboradas pelo
governo brasileiro e de seu esforccedilo para combater o trabalho for-ccedilado nota-se uma possiacutevel influecircncia do caso Joseacute Pereira Comoconsta em estudo da OIT46 antes do caso a entidade jaacute realizavaacompanhamento da situaccedilatildeo do trabalho escravo no paiacutes Segun-do seu estudo depois de 1995 houve uma mudanccedila expressiva noposicionamento do governo se em 1992 na Conferecircncia Inter-nacional do Trabalho o paiacutes negava a existecircncia de trabalhoescravo em 1995 passou a reconhecer oficialmente a existecircnciadessa praacutetica Em 27 de junho de 1995 por meio do Decreto Presidencial n
1538 foi criado o Grupo Executivo de Repressatildeo ao Trabalho For-ccedilado (Gertraf) com a finalidade de coordenar e implementar asprovidecircncias necessaacuterias agrave repressatildeo ao trabalho forccedilado No mesmoano foi criado o Grupo Especial de Fiscalizaccedilatildeo Moacutevel (GMF)composto de equipes de agentes treinados para realizar accedilotildees de fis-calizaccedilatildeo Posteriormente em marccedilo de 2003 foi estabelecido oPlano Nacional para Erradicaccedilatildeo do Trabalho Escravo Pouco depoisem julho foi criada a Comissatildeo Nacional de Erradicaccedilatildeo do Traba-lho Escravo (Conatrae) para acompanhar o cumprimento do planoCom tais iniciativas houve nesse periacuteodo um significativo aumen-to na qualidade dos trabalhos de combate ao trabalho escravo
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Aumentaram os nuacutemeros de operaccedilatildeo de resgate de trabalhadoresde denuacutencias e de trabalhadores resgatadosAo mesmo tempo em que se realizava esse esforccedilo intensivo em
relaccedilatildeo agraves poliacuteticas administrativas houve tambeacutem uma importantemudanccedila legislativa em dezembro de 2003 alterou-se o art 149 doCoacutedigo Penal brasileiro47 Com isso o crime de ldquoreduccedilatildeo agrave condi-ccedilatildeo anaacuteloga agrave de escravordquo tornou-se mais preciso e algumas causasde aumento da pena foram inseridas na codificaccedilatildeo penal brasileira Como fruto dessa intensificaccedilatildeo de poliacuteticas o Ministeacuterio do Tra-
balho e do Emprego tambeacutem se mostrou proativo Em outubro de2004 criou por meio da Portaria n 540 uma lista de nomes deempresas e pessoas autuadas por trabalho escravo Ao entrar na ldquolistasujardquo a pessoa perde o direito a financiamentos puacuteblicos e priva-dos Aleacutem disso houve grande mobilizaccedilatildeo do setor empresarialsendo que mais de 200 grupos formaram um pacto de natildeo realiza-ccedilatildeo de negoacutecios com nomes da lista Mais recentemente em 2008 foi criado o Segundo Plano Nacio-
nal para Erradicaccedilatildeo do Trabalho Escravo que tem tambeacutem comoenfoque a reinserccedilatildeo dos trabalhadores e a prevenccedilatildeo do trabalhoescravo Em 2012 foi aprovada na Cacircmara dos Deputados a possi-bilidade de expropriaccedilatildeo de terras em estabelecimentos onde forconstatada exploraccedilatildeo de matildeo de obra escrava48
Esta trajetoacuteria da implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadasao combate ao trabalho escravo no Brasil eacute representativa do saltoqualitativo da repressatildeo ao trabalho escravo em comparaccedilatildeo agrave daeacutepoca em que ocorreu o caso Mesmo que natildeo seja possiacutevel esta-belecer uma relaccedilatildeo direta de causalidade entre o caso Joseacute Pereirae as poliacuteticas puacuteblicas posteriores tal caso foi citado pelos atoresinteressados como um exemplo para reforccedilar a necessidade de com-bater o problema com mais intensidade49
O caso Maria da Penha tambeacutem encontrou no paiacutes um contex-to de implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas jaacute existentes afinal oBrasil jaacute havia sido reconhecido pela proacutepria Comissatildeo Interame-ricana de Direitos Humanos como um paiacutes que estava na vanguardada resoluccedilatildeo do problema de tratamento discriminatoacuterio contra asmulheres a partir da deacutecada de 1980 Destacaram-se por exemploa criaccedilatildeo do Conselho Estadual sobre a Condiccedilatildeo da Mulher emSatildeo Paulo (1983) a criaccedilatildeo do Conselho Nacional dos Direitos da
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Mulher subordinado ao Ministeacuterio da Justiccedila da Presidecircncia (1985)a incorporaccedilatildeo do combate a esse tipo de violecircncia na ConstituiccedilatildeoBrasileira de 198850 e a criaccedilatildeo das delegacias da mulher de abrigospara mulheres e do ldquoPrograma nacional para prevenir e combater aviolecircncia sexual e domeacutesticardquo (1996)51
Contudo embora a Comissatildeo tenha salientado avanccedilos significa-tivos no tema tambeacutem alertou para as dificuldades tais como acobertura insuficiente dos programas e a impunidade dos agressoresque eram denunciados Em 1999 a entidade analisou o cumprimen-to das recomendaccedilotildees feitas no relatoacuterio anterior e pouco disse sobreos avanccedilos na questatildeo das discriminaccedilotildees contra as mulheres52 Pos-teriormente ao apresentar suas recomendaccedilotildees no caso Maria daPenha considerou os avanccedilos insuficientes para afastar uma conde-naccedilatildeo do paiacutes pelo tratamento discriminatoacuterio das mulheresSob a perspectiva da Comissatildeo entatildeo as recomendaccedilotildees serviram
para tentar suprir as deficiecircncias nas poliacuteticas puacuteblicas brasileiras eafirmar a legislaccedilatildeo internacional sobre o tema das mulheres espe-cialmente a Convenccedilatildeo para prevenir punir e erradicar a violecircnciacontra as mulheres (Convenccedilatildeo de Beleacutem do Paraacute) Essa intenccedilatildeofoi evidenciada por meio de sucessivos relatoacuterios anuais especial-mente entre 2008 e 2011 nos quais a entidade reconheceu osavanccedilos obtidos pelo paiacutes mas destacou a necessidade de desenvol-vimento das poliacuteticas para que se desse integral cumprimento aoponto resolutivo53
Sob a perspectiva dos peticionaacuterios houve ainda outra preocu-paccedilatildeo A articulaccedilatildeo entre os movimentos feministas brasileiros e oCEJIL foi essencial para levar ao SIDH um pleito bastante especiacutefi-co a reforma na legislaccedilatildeo de enfrentamento da violecircncia domeacutesticabrasileira em razatildeo da sua incompatibilidade com a Convenccedilatildeo deBeleacutem do Paraacute54
Em 2002 jaacute era visiacutevel a mobilizaccedilatildeo das organizaccedilotildees natildeogovernamentais para que fosse editada uma lei especiacutefica para com-bater a violecircncia domeacutestica contra as mulheres sendo constituiacutedoinclusive um consoacutercio dessas ONGs55 Para as organizaccedilotildees osproblemas eram principalmente o tratamento da violecircncia domeacutes-tica como crime menos ofensivo e a impunidade dos agressoresque processados natildeo podiam ser presos e recebiam puniccedilotildees muitobrandas como pagamento de cestas baacutesicas agrave viacutetima56 O pleito
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direcionava-se contra a lei que vigorava naquele momento (Leifederal n 909995) que por incidir sobre a violecircncia domeacutesti-ca (art 69 paraacutegrafo uacutenico) aplicava-lhe uma seacuterie de soluccedilotildeesalternativas tais como pagamento de indenizaccedilatildeo suspensatildeo doprocesso e imposiccedilatildeo de penas alternativasO impacto da decisatildeo contudo natildeo foi o esperado em um pri-
meiro momento Houve a necessidade de gerar uma estrateacutegia detrabalho com linhas definidas (a) ministrar o timing na negocia-ccedilatildeo com o Estado e (b) fortalecer a decisatildeo do caso com difusatildeoe reforccedilo de articulaccedilotildees com os novos atores do movimento dasmulheres (natildeo participantes do litiacutegio) a abertura do caso paraos conselhos de advocacia regionais e aumento da empatia como caso57
As entidades encontraram um interlocutor proeminente nogoverno quando ainda em 2003 o oacutergatildeo responsaacutevel pelas poliacuteti-cas puacuteblicas em favor das mulheres no niacutevel federal (ConselhoNacional dos Direitos da Mulher) desvinculou-se do Ministeacuterio daJusticcedila e ganhou status de ministeacuterio criando-se a Secretaria espe-cial de poliacuteticas para mulheres Haacute indicaccedilotildees de que a elevaccedilatildeo dopatamar do oacutergatildeo ao niacutevel ministerial foi um importante avanccedilo paraque ele pudesse articular mais facilmente as poliacuteticas de gecircnero comoutros ministeacuterios e outros Poderes58
Em 2004 foi instituiacutedo o ldquoGrupo de Trabalho Interministerialpara elaborar proposta de medida legislativa e outros instrumen-tos para coibir a violecircncia domeacutestica contra a mulherrdquo por meiodo Decreto federal n 50302004 coordenado exatamente pelaSecretaria (art 2ordm I a) O consoacutercio de ONGs apresentou noacircmbito do Grupo sua proacutepria proposta legislativa jaacute bastanteamadurecida pelas discussotildees anteriores59
Novamente poreacutem os resultados natildeo foram os esperados NaExposiccedilatildeo de Motivos do Projeto de Lei n 45552004 a Secretaacuteriade Poliacuteticas para Mulheres Nilceacutea Freire salientou a participaccedilatildeo doconsoacutercio feminista os instrumentos internacionais para a proteccedilatildeodas mulheres e no que importa a este trabalho as recomendaccedilotildeesno caso Maria da Penha60 No entanto o principal pleito dos movi-mentos feministas natildeo foi atendido e o projeto natildeo contemplou umprocedimento especiacutefico para punir a violecircncia domeacutestica contraas mulheres
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As ONGs entatildeo negociaram apoio da Relatora do projeto emuma das comissotildees da Cacircmara dos Deputados Deputada JandiraFeghali para que o tema fosse amplamente debatido Apoacutes muitasaudiecircncias no paiacutes inteiro a deputada apresentou novo projeto queacolhia integralmente aquilo que as ONGs haviam apresentado em200361 Os parlamentares concluiacuteram o processo legislativo coma ediccedilatildeo da Lei federal n 113402006 que foi aprovada com inte-gral aceitaccedilatildeo pela Secretaria de Poliacuteticas para as Mulheres O fatode essa lei ser conhecida como ldquoLei Maria da Penhardquo evoca natildeoapenas a decisatildeo da CIDH como tambeacutem todo o histoacuterico do casoenvolvendo a senhora Maria da Penha62
Ainda que natildeo seja possiacutevel a relaccedilatildeo de causalidade direta natildeohaacute como negar que a partir do caso poliacuteticas mais efetivas passa-ram a ser implementadas como a criaccedilatildeo de delegacias abrigospara mulheres e planos nacionais a articulaccedilatildeo da Secretaria comos Conselhos Estaduais principalmente a partir de 2006 a submis-satildeo do relatoacuterio brasileiro ao Comitecirc Cedaw da ONU em 2003bem como finalmente as proacuteprias recomendaccedilotildees da OEA63
Assim o caso Maria da Penha inseriu-se no contexto brasileirode duas maneiras De um lado somou-se agraves poliacuteticas puacuteblicas jaacute exis-tentes impulsionando a adoccedilatildeo de novos programas de outro foiuma manifestaccedilatildeo importante a favor do pleito dos movimentosfeministas brasileiros por uma legislaccedilatildeo especiacutefica para o tema Por fim no caso Julia Gomes Lund algumas determinaccedilotildees da
Corte IDH tambeacutem jaacute estavam em pauta no cenaacuterio nacional Den-tre elas estatildeo as relacionadas agrave exigecircncia de medidas que garantamo direito agrave memoacuteria e agrave verdade com vistas a investigar o passadode modo a descobrir sua verdade e conseguir o reconhecimentooficial de seus acontecimentos64
De fato o Estado brasileiro embora tenha sido o protagonistadas violaccedilotildees de Direitos Humanos ocorridas durante o periacuteodode vigecircncia do regime de 1964 tem adotado algumas accedilotildees parazelar pelo direito agrave memoacuteria e agrave verdade Entre elas vale citar porexemplo a aprovaccedilatildeo da Lei federal n 9140 de 4 de dezembrode 1995 que reconheceu a responsabilidade do Estado brasileiropela morte de opositores ao regime de 1964 Essa Lei criou umaComissatildeo Especial que posteriormente foi denominada ComissatildeoEspecial sobre Mortos e Desaparecidos Poliacuteticos65 com atribuiccedilotildees
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que vatildeo desde o reconhecimento de pessoas desaparecidas ateacute odeferimento de pedidos de indenizaccedilatildeo das famiacutelias das viacutetimas ea reuniatildeo de esforccedilos para a localizaccedilatildeo dos corpos de pessoasdesaparecidas no caso de existecircncia de indiacutecios quanto ao local emque possam estar depositadosAleacutem disso foi criada uma Comissatildeo Interministerial com a
finalidade de obter informaccedilotildees que levassem agrave localizaccedilatildeo dosrestos mortais de participantes da ldquoGuerrilha do Araguaiardquo Areferida Comissatildeo foi instituiacuteda pela Uniatildeo por meio do Decre-to Presidencial n 4850 de 2 de outubro de 2003 e encerrou assuas atividades com relatoacuterio final divulgado em marccedilo de 2007Com o mesmo intuito em abril de 2009 foi criado pelo Minis-teacuterio da Defesa um Grupo de Trabalho para realizaccedilatildeo de buscasde restos mortais na regiatildeo do Araguaia Diferentemente daComissatildeo Interministerial de 2003 representantes dos familiaresde mortos e desaparecidos poliacuteticos acompanharam e orientaramos trabalhos de buscas mas a accedilatildeo foi infrutiacutefera pois natildeo foramencontrados restos mortais na regiatildeoAinda com o objetivo de divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees a respeito
da ldquoGuerrilha do Araguaiardquo foi lanccedilado em maio de 2009 o arqui-vo Memoacuterias Reveladas sob a responsabilidade da Casa Civil Essearquivo conecta digitalmente o acervo recolhido ao Arquivo Nacio-nal com vaacuterios outros arquivos federais sobre a repressatildeo poliacuteticae com arquivos estaduais de 15 unidades da federaccedilatildeo resultandoem mais de 5 milhotildees de paacuteginas de documentos66
Dentre as accedilotildees destinadas a garantir o direito agrave memoacuteria e agraveverdade e promover a reconciliaccedilatildeo nacional destaca-se a insta-laccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade responsaacutevel por examinar eesclarecer as violaccedilotildees de direitos humanos ocorridas entre 1946e 1988 no BrasilA Comissatildeo Nacional da Verdade (CNV) foi criada pela Lei fede-
ral n 12528 de 18 de novembro de 2011 O fato de esta lei tersido promulgada depois da sentenccedila da Corte IDH natildeo significanecessariamente que a resoluccedilatildeo do caso no SIDH foi determinan-te para a implementaccedilatildeo da CNV O processo de constituiccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade teve
iniacutecio em 2002 quando da elaboraccedilatildeo da segunda versatildeo do Pro-grama Nacional de Direitos Humanos (PNDH-2) No programa
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foram apresentados os objetivos as diretrizes e as accedilotildees do Esta-do para lidar com a temaacutetica dos direitos humanos e a criaccedilatildeoda Comissatildeo Nacional da Verdade jaacute era uma demanda existentenaquela eacutepoca67
Apoacutes avanccedilos na definiccedilatildeo da estrutura de funcionamento daComissatildeo da Verdade uma das diretrizes da terceira versatildeo doPNDH (PNDH-3) lanccedilada em 2010 foi a criaccedilatildeo de uma CNV Oprimeiro objetivo estrateacutegico definido no eixo intitulado ldquodireitoagrave memoacuteria e agrave verdaderdquo determinou que o Estado devesse promo-ver a apuraccedilatildeo e o esclarecimento puacuteblico das violaccedilotildees de DireitosHumanos praticadas no contexto da repressatildeo poliacutetica ocorridano Brasil a partir de 194668 a fim de efetivar o direito agrave memoacute-ria e agrave verdade histoacuterica e promover a reconciliaccedilatildeo nacional Paraa consecuccedilatildeo deste objetivo o PNDH-3 designou um Grupo deTrabalho composto de representantes da Casa Civil do Ministeacute-rio da Justiccedila do Ministeacuterio da Defesa e da Secretaria Especial dosDireitos Humanos da Presidecircncia da Repuacuteblica para elaborar ateacuteabril de 2010 projeto de lei que instituiacutesse a Comissatildeo Nacionalda Verdade69
O PNDH-3 jaacute estabelecia algumas possiacuteveis atribuiccedilotildees da CNVtais como a promoccedilatildeo com base em seus informes da reconstru-ccedilatildeo da histoacuteria dos casos de violaccedilatildeo de direitos humanos bemcomo a assistecircncia agraves viacutetimas de tais violaccedilotildees a promoccedilatildeo dosmeios e recursos necessaacuterios para a localizaccedilatildeo e identificaccedilatildeo decorpos e restos mortais de desaparecidos poliacuteticos a identificaccedilatildeoe publicizaccedilatildeo das estruturas utilizadas para a praacutetica de violaccedilotildeesde direitos humanos suas ramificaccedilotildees nos diversos aparelhos deEstado e em outras instacircncias da sociedade entre outrasNota-se portanto que as discussotildees acerca da criaccedilatildeo de uma
Comissatildeo da Verdade jaacute estavam avanccediladas e bem estruturadas noiniacutecio do ano de 2010 10 meses antes da publicaccedilatildeo da sentenccedilada Corte IDH ndash o que mostra a existecircncia de uma agenda estatalque jaacute estava preocupada com a instalaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo comoa atual CNVCorrobora esse argumento o comentaacuterio de um dos integran-
tes desse Grupo de Trabalho e atual membro da CNV que revelouque em nenhuma das reuniotildees do Grupo foi feita menccedilatildeo agrave sen-tenccedila da Corte IDH Tal afirmaccedilatildeo mostra entatildeo que a sentenccedila
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da Corte IDH natildeo impactou a constituiccedilatildeo da CNV no Brasil tendoem vista jaacute existir uma agenda estatal voltada para a criaccedilatildeo dessaComissatildeo a qual jaacute estaacute em plena atividade70
Assim diante do fato de que accedilotildees de estabelecimento de umaComissatildeo da Verdade tiveram iniacutecio antes de novembro de 2010data da sentenccedila da Corte IDH restou-lhe apenas reconhecer evalorizar a importacircncia da iniciativa do Estado Brasileiro em criara CNV destinada a contribuir para ldquoa construccedilatildeo e preservaccedilatildeo damemoacuteria histoacuterica o esclarecimento de fatos e a determinaccedilatildeo deresponsabilidades institucionais sociais e poliacuteticas em determina-dos periacuteodos histoacutericos de uma sociedaderdquo71
Entretanto a principal reivindicaccedilatildeo do SIDH ao Brasil eacute rejei-tada com veemecircncia pelo Estado a revogaccedilatildeo da Lei de AnistiaTrata-se de situaccedilatildeo em que a violaccedilatildeo decorre de uma poliacuteticade Estado defendida na esfera das razotildees puacuteblicas conforme indi-cado no proacuteximo toacutepico
42 QUANDO O ESTADO BRASILEIRO PROMOVE
E APOIA O ATO QUE GERA A VIOLACcedilAtildeO
Uma situaccedilatildeo bastante peculiar e que merece uma anaacutelise distin-ta eacute aquela na qual a violaccedilatildeo condenada pelo SIDH consiste emuma poliacutetica endossada publicamente pelo Estado No caso JuliaGomes Lund a manutenccedilatildeo da Lei de Anistia de constitucionali-dade confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ampara-seem um discurso de reconciliaccedilatildeo nacional e superaccedilatildeo do periacuteo-do ditatorial No caso Belo Monte a criaccedilatildeo de usinas hidreleacutetricasem terras indiacutegenas na regiatildeo amazocircnica integra projetos do Esta-do Brasileiro a partir da deacutecada de 1970 No caso Julia Gomes Lund o Brasil foi responsabilizado pela
manutenccedilatildeo de uma Lei de Anistia que impede a investigaccedilatildeo e acondenaccedilatildeo de agentes que realizaram crimes contra a humanida-de durante o periacuteodo da ditadura militar O governo contudodefende ateacute hoje a validade dessa norma aprovada durante o fimdo periacuteodo ditatorial A Lei federal n 6683 de 28 de agosto de 1979 (ldquoLei de Anistiardquo)
concedia anistia ampla e irrestrita a todos aqueles que cometeramdurante o periacuteodo de 2 de setembro de 1961 a 15 de agosto de1979 crimes natildeo soacute poliacuteticos mas tambeacutem de qualquer natureza
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considerados conexos aos crimes poliacuteticos (inclusive o de torturae assassinato de opositores do regime governamental vigente naque-le momento)A constitucionalidade desta lei foi questionada no STF pela
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) requerendo que a lei fosserevisada uma vez que ela excluiacutea a possibilidade de investigar e puniros responsaacuteveis pelos crimes cometidos durante o regime militar Oobjetivo da accedilatildeo portanto era assegurar que o dever do Estado deinvestigar e punir os responsaacuteveis pelas violaccedilotildees de Direitos Huma-nos fosse cumprido de modo a evitar a impunidade e prevenir aocorrecircncia de novas violaccedilotildees O STF no entanto julgou a accedilatildeoimprocedente e com isso declarou vaacutelida a Lei da Anistia do modocomo foi editada em 1979 Por sete votos a dois os ministros deci-diram que o perdatildeo foi parte de um acordo feito pela sociedade naeacutepoca e valeu tambeacutem para os agentes estatais responsaacuteveis por assas-sinatos sequestros e torturas contra opositores da ditadura militar(1964-1985) Desse modo a anistia aos torturadores foi mais uma vezreiterada por um dos poderes do Estado neste caso o JudiciaacuterioEssa situaccedilatildeo juriacutedica portanto afeta a concretizaccedilatildeo de alguns
pontos resolutivos da sentenccedila da Corte IDH em especial aqueleque estabelece que ldquoO Estado deve conduzir eficazmente perantea jurisdiccedilatildeo ordinaacuteria a investigaccedilatildeo penal dos fatos do presentecaso a fim de esclarececirc-los determinar as correspondentes respon-sabilidades penais e aplicar efetivamente as sanccedilotildees e consequecircnciasque a lei preveja []rdquoTodavia o Ministeacuterio Puacuteblico Federal tem adotado posiciona-
mento de que natildeo haacute real conflito entre a ADPF 153 e a sentenccedilade Julia Gomes Lund com base no argumento de que as decisotildeespodem ser compatibilizadas a partir da necessidade de realizaccedilatildeo deduplo controle das normas de direitos humanos o de constitucio-nalidade no acircmbito interno e o de convencionalidade no acircmbitointernacional Diante disso o MPF afirma que no caso da Anistia alei natildeo passou em um dos testes (de convencionalidade) devendoassim ser rejeitada como causa de exclusatildeo de punibilidadeDe toda forma as dificuldades da implementaccedilatildeo da sentenccedila
pelo Estado persistem Diante desses obstaacuteculos o MPF tomou a ini-ciativa de assumir o papel de realizador de um dos componentes dajusticcedila de transiccedilatildeo abrindo-se um novo canal de concretizaccedilatildeo da
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justiccedila de transiccedilatildeo no Brasil Isso se deu por meio dos esforccedilosempreendidos para realizar a persecuccedilatildeo penal contra as violaccedilotildeesaos direitos humanos cometidas por agentes do Estado no periacuteododa ditadura A atuaccedilatildeo do MPF contra os crimes ocorridos nessaeacutepoca estaacute detalhada no relatoacuterio divulgado pela 2ordf Cacircmara deCoordenaccedilatildeo e Revisatildeo do MPF72 De acordo com esse relatoacuterio oMPF instaurou 170 investigaccedilotildees criminais dirigidas agrave apuraccedilatildeo doscrimes de sequestro homiciacutedio e ocultaccedilatildeo de cadaacutever Aleacutem dissoforam ajuizadas quatro accedilotildees penais para puniccedilatildeo dos responsaacuteveisNo que diz respeito agrave implementaccedilatildeo da sentenccedila da Corte
IDH no caso Julia Gomes Lund afirma-se no relatoacuterio que
o GTJT entende que as accedilotildees penais e as investigaccedilotildeesinstauradas datildeo parcial cumprimento agrave obrigaccedilatildeo estabelecidano ponto resolutivo 9 da sentenccedila do caso Gomes Lundconsistente no dever do Estado brasileiro de promover a persecuccedilatildeo penal das graves violaccedilotildees a DH cometidasdurante o regime militar O GTJT tambeacutem entende que ainstauraccedilatildeo de investigaccedilotildees formais eacute um dever do Estadobrasileiro para com as viacutetimas dessas violaccedilotildees e a seusfamiliares os quais reivindicam haacute quatro deacutecadasprovidecircncias do Estado em relaccedilatildeo agrave apuraccedilatildeo do queocorreu com seus proacuteximos73
No caso Belo Monte pode-se identificar possiacuteveis violaccedilotildees a direi-tos humanos cometidas pelo proacuteprio Estado dessa vez dentro de suaagenda de desenvolvimento Trata-se de um caso bastante complexoe polecircmico uma vez que provocou e continua provocando episoacutediosde embate entre os povos indiacutegenas afetados pela construccedilatildeo da hidre-leacutetrica de Belo Monte e as autoridades estataisA tensatildeo entre os indiacutegenas e o governo iniciou-se na deacutecada
de 1970 com o primeiro estudo sobre o potencial hidreleacutetrico dorio Xingu encomendado ao Consoacutercio Nacional de EngenheirosConsultores SA pela Eletronorte Em 1979 o Consoacutercio concluiuo estudo afirmando que o ldquoaproveitamento oacutetimordquo daquela baciahidrograacutefica dependia de um conjunto de seis barragens das quaiscinco situadas no rio Xingu e uma no Rio Irir i Dentre outrasconsequecircncias o Complexo Hidreleacutetrico do Xingu atingiria 40
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povos indiacutegenas desde a Terra Indiacutegena (TI) Paquiccedilamba na VoltaGrande do Xingu (Estado do Paraacute) ateacute o Parque Indiacutegena do Xinguno estado do Mato Grosso74
Durante a deacutecada de 1980 foram realizados os estudos de viabili-dade do Complexo (de) Altamira ndash projeto que envolvia a construccedilatildeodas mega-hidreleacutetricas Kararaocirc e Babaquara Somadas as represasdessas usinas alagariam uma aacuterea de 7000 km2 aproximadamenteDentre outras consequecircncias ao menos seis TIs seriam completa-mente alagadas (Koatinemo Araweteacute do Ipixuna Kararaocirc AraraArara da Volta Grande do Xingu Trincheira-Bacajaacute) e a TI Paqui-ccedilamba seria ilhada75 Em marccedilo de 1988 o Departamento Nacionalde Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) aprovou o Relatoacuterio final dosestudos de inventaacuterio 76 e a Eletronorte anunciou o projeto77
Nesse mesmo ano poreacutem irrompeu um forte movimento con-traacuterio ao Complexo (de) Altamira Indiacutegenas intelectuais e ativistasinternacionalizaram o conflito ao promoverem audiecircncias comONGs e com o Banco Mundial aleacutem disso o ldquoI Encontro dos PovosIndiacutegenas do Xingurdquo deu forte repercussatildeo ao caso78 Como con-sequecircncia o Banco Mundial retirou o financiamento previsto79 eo custo poliacutetico-social da obra tornou-se demasiado para a recen-te democracia brasileira O projeto do Complexo de Altamira foientatildeo arquivado
Poreacutem na deacutecada de 1990 surge o projeto do Aproveitamen-to Hidreleacutetr ico Belo Monte uma versatildeo reformulada do projetoanterior
Uma seacuterie de irregularidades na conduccedilatildeo do projeto motivouo Ministeacuterio Puacuteblico Federal do Paraacute (MPF) a mover uma accedilatildeo civilpuacuteblica (ACP 20013900005867-6 5850-7320014013900)80
contra a Eletronorte (empresa responsaacutevel pelo empreendimento)Ao final de 2002 o STF confirmou a decisatildeo liminar de primeirainstacircncia que suspendia o processo de licenciamento da obra81
Aleacutem de reconhecer irregularidades na licitaccedilatildeo e no licenciamen-to do Aproveitamento Hidreleacutetrico Belo Monte o STF confirmoua necessidade da autorizaccedilatildeo do Congresso Nacional precedida daoitiva dos povos indiacutegenas afetados para que o empreendimentopudesse ser executado82
Em 2005 poreacutem o projeto eacute relanccedilado Para resolver os proble-mas reconhecidos anos antes pelo STF o licenciamento ambiental
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da obra passa a ser feito pelo Ibama83 Aleacutem disso o deputado fede-ral Fernando Ferro (do mesmo partido do governo federal)84
apresenta ao Congresso Nacional uma proposta de autorizaccedilatildeo parao Poder Executivo implantar o Aproveitamento Hidreleacutetrico BeloMonte85 Em tempo recorde a proposta foi aprovada e publicada naforma do Decreto Legislativo n 788200586
Ainda em 2005 o MPF em conjunto com a sociedade civil impe-trou accedilatildeo direta de inconstitucionalidade contra tal DecretoLegislativo (DL) com fundamento na falta de consulta agraves comuni-dades indiacutegenas Com base em um argumento processual o STF natildeoconheceu a accedilatildeo87
Em 2006 o MPF propocircs uma nova accedilatildeo civil puacuteblica cujo obje-tivo era ldquoobstar o processo de licenciamento no Ibamardquo e anular oDL88 Essa accedilatildeo gerou cinco decisotildees em primeiro grau em um pri-meiro momento o licenciamento foi paralisado e o DL foi declaradoinvaacutelido depois de algumas inversotildees de entendimento em duasinstacircncias em 2007 o STF liberou o licenciamento e declarou avalidade do DL (essa decisatildeo seraacute explorada mais adiante)89
Entre 2007 e 2010 o MPF promoveu seis accedilotildees (quatro accedilotildees civispuacuteblicas e duas accedilotildees de improbidade)90 referentes a irregularidadesno processo de licenciamento do Aproveitamento Hidreleacutetrico BeloMonte Mesmo assim no dia 1ordm de fevereiro de 2010 o Ibama con-cedeu a licenccedila preacutevia para a construccedilatildeo do empreendimento Apesar de natildeo cumprida boa parte das condicionantes constan-
tes da licenccedila preacutevia em 26 de janeiro de 2011 o Ibama concedelicenccedila parcial de instalaccedilatildeo com a qual o Consoacutercio Norte Energiaestaria habilitado para a construccedilatildeo do canteiro de obras de BeloMonte No dia seguinte o MPF propotildee ainda uma nova accedilatildeo civilpuacuteblica para suspender a licenccedila sem sucesso91
Entatildeo em 1ordm de abril de 2011 a CIDH outorgou medida cau-telar em favor dos povos indiacutegenas da Volta Grande do Xinguem resultado de provocaccedilatildeo por um grande nuacutemero de membrosda sociedade civil organizada no ano anterior A Comissatildeo soli-citou ao Governo Brasileiro a suspensatildeo imediata do processode licenciamento de Belo Monte e o impedimento da realiza-ccedilatildeo da obra ateacute que fossem satisfeitas trecircs condiccedilotildees os povosindiacutegenas deveriam ser consultados sobre o empreendimento ospovos indiacutegenas deveriam ter acesso ao EIARIMA antes de dita
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consulta preacutevia e medidas de proteccedilatildeo aos povos indiacutegenasdeveriam ser adotadasPosteriormente com base nas informaccedilotildees enviadas pelo Estado
brasileiro e pelos peticionaacuterios a CIDH modificou o teor da medi-da e solicitou (i) a adoccedilatildeo de medidas para a proteccedilatildeo da sauacutede e dacultura dos povos indiacutegenas isolados e a elaboraccedilatildeo e implementa-ccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo dos efeitos da construccedilatildeo do AproveitamentoHidreleacutetrico Belo Monte (ii) a adoccedilatildeo de medidas de proteccedilatildeo agravesauacutede das comunidades indiacutegenas do Xingu que incluiacutessem (a) oPrograma Integrado de Sauacutede Indiacutegena e (b) a implementaccedilatildeo dosprogramas requeridos pela Funai (PT 2109)92 (iii) a demarcaccedilatildeo dasterras ancestrais dos povos indiacutegenas da regiatildeo e proteccedilatildeo destas con-tra invasotildees e ocupaccedilotildees por natildeo indiacutegenas A solicitaccedilatildeo anterior deldquoconsulta preacuteviardquo por sua vez foi transformada em discussatildeo de meacuteri-to transcendendo o acircmbito da MC 38210A medida cautelar foi recebida de maneira diversa por trecircs ato-
res diferentes A primeira manifestaccedilatildeo do Brasil em relaccedilatildeo agrave medidacautelar ocorreu no dia 5 de abril de 2011 em nota puacuteblica divul-gada pelo Itamaraty que expressava perplexidade em relaccedilatildeo ao teordas solicitaccedilotildees da CIDH consideradas precipitadas e injustificadas93
Reforccedilando essa posiccedilatildeo no dia 1ordm de junho o Ibama concedeu alicenccedila definitiva94Aleacutem disso em 27 de outubro de 2011 o Gover-no brasileiro deixou de comparecer agrave audiecircncia marcada pela CIDHpara discussatildeo da medida cautelar95 Em janeiro de 2012 iniciaram-se as obras do Aproveitamento Hidreleacutetrico Belo Monte96
Em relaccedilatildeo aos movimentos sociais entre os meses de maio eoutubro de 2011 foram feitas manifestaccedilotildees puacuteblicas em apoio agravemedida cautelar que foram noticiadas amplamente nas miacutediassociais A Comissatildeo de Direitos Humanos da Cacircmara Federal aPlataforma Brasileira de Direitos Humanos Econocircmicos SociaisCulturais e Ambientais (Plataforma Dhesca) a Anistia Internacio-nal organizaccedilotildees latino-americanas e cerca de 90 organizaccedilotildeesnacionais e internacionais expressaram apoio agraves recomendaccedilotildees daCIDH e condenaram a postura assumida pelo Estado brasileiroFinalmente em relaccedilatildeo ao MPF a medida cautelar outorgada
pela Comissatildeo pareceu respaldar a posiccedilatildeo dos membros da ins-tituiccedilatildeo contra possiacuteveis irregularidades Ainda que natildeo tenha sidoutilizada a medida em si como um fator inibidor da construccedilatildeo
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da usina accedilotildees posteriores promovidas pelo oacutergatildeo sugerem quea medida proporcionou um novo argumento juriacutedico para a atua-ccedilatildeo dos procuradores federais97
Para uma compreensatildeo mais profunda do impacto dessa medidacautelar eacute preciso considerar a dimensatildeo poliacutetica do Aproveitamen-to Hidreleacutetrico Belo Monte De certo modo eacute possiacutevel dizer que adecisatildeo do STF de 2007 revelou o espaccedilo ocupado pelo projetoBelo Monte no conjunto de interesses do Estado brasileiro Isso por-que segundo a Ministra Relatora Ellen Gracie agrave eacutepoca Presidentedaquele Tribunal Belo Monte seria parte essencial da poliacutetica ener-geacutetica nacional e estaria inserida no cronograma governamental deplanejamento estrateacutegico do setor eleacutetrico a sua inviabilizaccedilatildeo por-tanto comprometeria dito planejamento 98
O atual interesse do Estado brasileiro no potencial hidreleacutetricoda Amazocircnia tem raiacutezes histoacutericas e funccedilatildeo estrateacutegica Em meadosda deacutecada 1980 o ldquoPlano Nacional de Energia Eleacutetrica 19872010rdquo99
jaacute afirmava ldquoo aproveitamento do rio Xingu se constituiraacute possi-velmente no maior projeto nacional no final deste seacuteculo e comeccedilodo proacuteximordquo De acordo com esse Plano 175 usinas hidreleacutetricasdeveriam ser construiacutedas ateacute o ano de 2010 no Brasil ndash 40 na Ama-zocircnia Legal100
Posteriormente o Plano Nacional de Energia 2030 elaborado em2007 constatou que a maior parte da energia eleacutetrica produzida noBrasil eacute proveniente de usinas hidreleacutetricas em 2005 a energiahidreleacutetrica equivalia a 75 da ldquopotecircncia instaladardquo e gerou 93 daenergia requerida pelo Sistema Interligado Nacional A bacia doAmazonas por sua vez eacute considerada o maior potencial hidreleacutetri-co brasileiro101
Talvez por isso a construccedilatildeo de Belo Monte passou a ser con-siderada a principal obra do Programa de Aceleraccedilatildeo do Crescimento(PAC)102 lanccedilado em 2007 pelo Governo Federal De acordo como ex-Ministro do Meio Ambiente Carlos Minc Belo Monte era ldquoamaior obra do PAC a mais polecircmica e a terceira hidreleacutetrica domundordquo103 Na lista das 10 obras mais importantes do Programade Aceleraccedilatildeo do Crescimento 2 (PAC 2) figuram trecircs usinas hidre-leacutetricas todas situadas na regiatildeo Norte do paiacutes104 e Belo Monteeacute ldquoo principal projeto energeacutetico [] e uma das grandes priori-dades do programardquo105
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Em uma perspectiva poliacutetica o intervalo desde as primeirasmovimentaccedilotildees de criaccedilatildeo do projeto ateacute hoje (1975-2013) foi umperiacuteodo de intensas transformaccedilotildees Aleacutem da transiccedilatildeo do regimemilitar para o regime constitucional-democraacutetico o Brasil teve seiseleiccedilotildees presidenciais diretas106 oito Presidentes da Repuacuteblica107 evivenciou o processo de impeachment do Presidente Fernando Col-lor (1992)108 Apesar disso o interesse estatal de exploraccedilatildeo dopotencial energeacutetico do rio Xingu permaneceu inalterado O que os fatos indicam eacute que o projeto de construccedilatildeo do Apro-
veitamento Hidreleacutetrico Belo Monte natildeo eacute fruto da vontade de umgoverno ou de um governante especiacutefico apenas mas que tal pro-jeto eacute antes resultado de um interesse de Estado ndash um interesseque se poderia considerar suprapartidaacuterio enraizado e imbricadonas mais profundas concepccedilotildees sobre desenvolvimento do paiacutes Por essa perspectiva o conflito de Belo Monte ganha uma
dimensatildeo poliacutetica complexa Isso porque a ameaccedila ldquoagrave vida e agrave inte-gridade pessoal dos membrosrdquo109 das Comunidades Indiacutegenas daBacia do rio Xingu decorrente da possiacutevel construccedilatildeo de BeloMonte eacute resultado de uma poliacutetica estatal histoacuterica e bem defini-da de desenvolvimento estrateacutegico de um setor ldquoestruturante dopaiacutesrdquo o setor energeacutetico Em siacutentese os casos apresentados permitem a conclusatildeo de que
o adimplemento das medidas do SIDH eacute mais dificultoso quandoa violaccedilatildeo em questatildeo decorre de uma poliacutetica puacuteblica do EstadoContudo as medidas nestes casos ainda assim podem ser apropria-das por atores estatais e pela sociedade civil organizada
43 QUANDO HAacute CASO DE VIOLACcedilAtildeO EM AcircMBITO LOCAL
Um terceiro fator que influencia a implementaccedilatildeo eacute a natureza fede-ral do Estado brasileiro Haacute violaccedilotildees que envolvem apenascompetecircncias federais Nessas situaccedilotildees natildeo se confere tanta impor-tacircncia agrave estrutura federativa do Brasil exceto se as poliacuteticas nacionaisdependerem de Estados e Municiacutepios No entanto haacute outros casos emque as competecircncias envolvidas para o cumprimento das medidasdeterminadas no SIDH pertencem tambeacutem ou exclusivamente a Esta-dos ou Municiacutepios No decorrer dos processos perante a Comissatildeo Interamericana
o Governo Federal normalmente representado pela SDH procura
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compartilhar responsabilidades com o Estado federado tentandoenvolvecirc-lo ao maacuteximo na tentativa de soluccedilatildeo amistosa ou naimplementaccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeo Isso eacute valorizado prin-cipalmente pelo efeito pedagoacutegico desse envolvimento jaacute que a maiorparte das violaccedilotildees se daacute em acircmbito local110A situaccedilatildeo eacute diferente sea condenaccedilatildeo for pela Corte Interamericana visto que o governo fede-ral torna-se responsaacutevel internacionalmente pela implementaccedilatildeo dasmedidas Essa dinacircmica precisa ser reconhecida como um fator rele-vante na implementaccedilatildeo das medidas impostas pelo SIDH Como jaacute visto por natildeo haver mecanismo de execuccedilatildeo direta das
decisotildees ou recomendaccedilotildees do Sistema Interamericano a implemen-taccedilatildeo ocorre eminentemente por razotildees poliacuteticas Natildeo soacute ao chegaremao Brasil pelos oacutergatildeos federais que normalmente lidam com os casosem todas as suas fases (MRE SDH e AGU) mas tambeacutem pelos entesfederados Durante boa parte das atuaccedilotildees da SDH quando ficou agravefrente da organizaccedilatildeo de implementaccedilotildees de recomendaccedilotildees oumedidas de condenaccedilatildeo seu trabalho foi convencer os oacutergatildeos locaisenvolvidos de que a implementaccedilatildeo deveria ser feita111
Se de um lado haacute dificuldades em se lidar com outras entidadesfederativas que natildeo satildeo obrigadas por quaisquer mecanismos a cola-borar com a implementaccedilatildeo por outro as recomendaccedilotildees daComissatildeo ou as condenaccedilotildees da Corte agregam peso ao esforccedilo deconvencimento da SDH sobre os representantes do ente federado Apresenccedila desse elemento externo de um terceiro cuja funccedilatildeo eacute exclu-sivamente defender direitos humanos muitas vezes eacute positiva jaacute quea oposiccedilatildeo poliacutetica que eventualmente haacute em relaccedilatildeo ao governo fede-ral pode se dissolverO fator do ocircnus poliacutetico da violaccedilatildeo para o poder local eacute essen-
cial para possibilitar soluccedilotildees amistosas O orccedilamento vinculado aopagamento das indenizaccedilotildees coordenadas pela SDH soacute eacute mobiliza-do para pagamento quando haacute casos jaacute julgados pela Corte Assimcom exceccedilatildeo do caso Joseacute Pereira jaacute visto112 em soluccedilotildees amistosaseacute sempre o Estado federado que deve se responsabilizar por talpagamento Tambeacutem eacute o Estado federado que internamente se res-ponsabiliza pelo cumprimento dos outros pontos acordados Como visto anteriormente a preexistecircncia de agenda federal
e local de combate ao trabalho escravo pode ter sido causa deminimizaccedilatildeo dos custos da soluccedilatildeo amistosa do caso Joseacute Pereira
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Jaacute na segunda soluccedilatildeo amistosa brasileira o caso Meninos emascula-dos do Maranhatildeo parece ter sido alcanccedilada por conta de um conjuntode fatores de pressatildeo poliacutetica em que a miacutedia parece ter ocupadolugar de destaque O proacuteprio nome do caso ldquoMeninos emasculadosdo Maranhatildeordquo foi o utilizado pela miacutedia brasileira para se referira uma seacuterie de homiciacutedios e mutilaccedilotildees genitais de meninos entre4 e 15 anos ao mesmo tempo em que ocorriam os trabalhos paraos acordos da soluccedilatildeo amistosa na CIDH foi crescente o debateacerca do caso no Brasil Primeiramente foi notaacutevel o iniacutecio de uma preocupaccedilatildeo nas
vaacuterias instacircncias governamentais sobre o tema Em 2003 foi inicia-da uma investigaccedilatildeo pelo Poder Legislativo sobre as situaccedilotildees deviolecircncia e redes de exploraccedilatildeo sexual de crianccedilas e adolescentes noBrasil Os casos dos meninos emasculados tanto do Maranhatildeo comode Altamira foram utilizados no relatoacuterio apresentado em 2004113
tendo como encaminhamento o envio de documentaccedilatildeo ao Minis-teacuterio Puacuteblico Estadual para agilizaccedilatildeo das investigaccedilotildees Tambeacutem em2003 a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadatildeo em seu rela-toacuterio de atividades menciona ter participado de reuniatildeo com asfamiacutelias dos meninos emasculados de audiecircncia puacuteblica sobre o casode reuniatildeo na Superintendecircncia da Poliacutecia Federal com os policiaisencarregados da investigaccedilatildeo e de reuniatildeo com os integrantes doCentro de Defesa dos Direitos da Crianccedila e do Adolescente PadreMarcos Passerini Apoacutes firmada a soluccedilatildeo amistosa a CIDH realizou acompanha-
mento da implementaccedilatildeo das medidas acordadas Em seus relatoacuteriosanuais a Comissatildeo demonstrou especial preocupaccedilatildeo com o cum-primento das medidas de natildeo repeticcedilatildeo que representavam para ooacutergatildeo o maior desafio Em 2008 as medidas foram consideradastotalmente cumpridas pelo Estado brasileiro Apoacutes a celebraccedilatildeo da soluccedilatildeo amistosa houve aparente interes-
se do Governo do Estado do Maranhatildeo em cumprir as medidas114
Em 2007 o entatildeo governador do Maranhatildeo Jackson Lago criou aComissatildeo Estadual de Acompanhamento e Execuccedilatildeo do Acordo deSoluccedilatildeo Amistosa do Caso dos Meninos Emasculados composta dasSecretarias de Estado dos Direitos Humanos Sauacutede EducaccedilatildeoDesenvolvimento Social Seguranccedila Cidadatilde Defensoria Puacuteblica eAssessoria Especial do Governador115
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Em abril de 2006 as famiacutelias das viacutetimas comeccedilaram a receber apensatildeo mensal do Governo maranhense e foram incluiacutedas nos pro-gramas de Habitaccedilatildeo do Governo Federal Apoacutes um ano em maiode 2007 a Comissatildeo Estadual visitou as famiacutelias para verificar o cum-primento das medidas e as suas condiccedilotildees de moradia Houve umaseacuterie de reclamaccedilotildees das famiacutelias em relaccedilatildeo agrave estrutura das casasEm consequecircncia a Comissatildeo se reuniu com a Secretaria de Estadode Desenvolvimento das Cidades para discutir melhorias Posteriormente em setembro de 2011 apoacutes encontro com um
grupo de matildees dos meninos a presidente da Comissatildeo de DireitosHumanos e das Minorias da Cacircmara dos Deputados116 deputada Eli-ziane Gama alegou que as medidas da soluccedilatildeo amistosa natildeo estavamsendo inteiramente cumpridas117 Segundo a deputada ao longo dos5 anos as casas previstas no documento foram construiacutedas mas natildeoforam repassadas legalmente para as famiacutelias a pensatildeo estabelecidaestava sem reajuste e as famiacutelias natildeo estatildeo sendo inseridas em pro-gramas de assistecircncia social do GovernoApesar da inclusatildeo em 2005 do municiacutepio de Satildeo Luiacutes no Progra-
ma de Accedilotildees Integradas e Referenciais de Enfrentamento agrave ViolecircnciaSexual contra Crianccedilas e Adolescentes no Territoacuterio Brasileiro(PAIR) e da criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Luta contra a ViolecircnciaSexual contra a Crianccedila e o Adolescente bem como o Sistema Inte-rinstitucional de Accedilotildees Antidrogas (SIAD) parece que natildeo houveefetiva melhoria do atendimento nas delegacias especializadas emviolecircncia contra a crianccedila e o adolescente Segundo relatoacuterio da 1ordfPromotoria do Controle Externo da Atividade Policial a Delegaciade Proteccedilatildeo agrave Crianccedila e ao Adolescente (DPCA) foi considerada apior das especializadas na capital maranhense118
Quanto a casos julgados na Corte Interamericana destacam-senovamente os casos Garibaldi e Escher e outros A questatildeo federalaparece nos dois casos como um obstaacuteculo agrave implementaccedilatildeo dasdecisotildees principalmente enquanto as denuacutencias permaneceram noacircmbito da Comissatildeo Isso porque a Assessoria Internacional da SDHteria tido problemas em acessar os atores locais por conta de faltade cooperaccedilatildeo dos poderes locais119 A uacutenica voz a favor da imple-mentaccedilatildeo dentro do Estado do Paranaacute foi o Ministeacuterio Puacuteblico120
No caso Escher e outros na peticcedilatildeo submetida agrave Corte a Comis-satildeo explicou que a Secretaria de Direitos Humanos da Presidecircncia
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(acircmbito federal) natildeo concretizou as negociaccedilotildees com o governo doEstado do Paranaacute (acircmbito estadual) para efetivar as reparaccedilotildees nosprazos concedidos121 Em nota de 21 de setembro de 2007 porexemplo o governo brasileiro sustentou que trabalhava junto aoEstado do Paranaacute para que fosse indicado um interlocutor especiacuteficopara dar seguimento ao trabalho de implementar as recomendaccedilotildeessalientando que o esforccedilo de convencimento junto aos entes esta-duais era ldquoum trabalho permanente e que por vezes demanda maiortempo de maturaccedilatildeordquo122
Dois fatores mitigaram esses problemas de implementaccedilatildeo Em pri-meiro lugar no tocante agrave obrigaccedilatildeo de investigar destacou-se apostura do Ministeacuterio Puacuteblico do Estado do Paranaacute123 que trabalhouem contato com a SDH para realizar as investigaccedilotildees Em segundolugar especificamente no tocante agrave obrigaccedilatildeo de publicar a senten-ccedila e indenizar as viacutetimas destacou-se a mudanccedila das responsabilidadesocasionada pelas condenaccedilotildees no acircmbito da Corte InteramericanaNo caso Garibaldi ao tomar ciecircncia que algumas testemunhas que
natildeo foram ouvidas no inqueacuterito policial estavam prestando depoi-mento perante a Corte um membro do Ministeacuterio Puacuteblico fez arequisiccedilatildeo de desarquivamento do inqueacuterito em abril de 2009 e emjulho de 2011 ofereceu denuacutencia contra um dos suspeitos do assas-sinato de Seacutetimo Garibaldi O TJPR no entanto determinou o fimda accedilatildeo penal a despeito de ter reconhecido explicitamente que oreferido desarquivamento atendia agrave decisatildeo da Corte Interamerica-na de Direitos Humanos A accedilatildeo encontra-se atualmente no STJ Emvirtude disso a Corte deixou em aberto o ponto na sua resoluccedilatildeo deSupervisatildeo de Cumprimento de Sentenccedila de 2012Em Escher e outros o Ministeacuterio Puacuteblico tambeacutem verificou a pos-
sibilidade de investigar e punir os responsaacuteveis pela interceptaccedilatildeoe divulgaccedilatildeo das conversas telefocircnicas Entretanto por conta daprescriccedilatildeo dos crimes concluiu pela inviabilidade da abertura deinqueacuterito criminal apenas para se elucidar o fato sem que isso resul-tasse em efetiva puniccedilatildeo124 Nesse ponto a Corte Interamericanarepetiu entendimento no qual a prescriccedilatildeo poderia ser um obstaacute-culo legiacutetimo ao cumprimento em casos de violaccedilatildeo de direitoshumanos menos graves e reconheceu que ldquofoi determinado que seinvestigasse penalmente determinadas condutas e fossem estabele-cidas as consequecircncias que a Lei previsse o qual natildeo descartava a
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possibilidade de que a accedilatildeo penal a respeito dos fatos a serem inves-tigados estivesse prescritardquo125
Finalmente em relaccedilatildeo ao segundo ponto se medidas de provi-decircncia domeacutestica para os casos avanccedilaram enquanto estiveram naComissatildeo a condenaccedilatildeo do Brasil pela Corte alterou a maneira comoas reparaccedilotildees deveriam ser feitas jaacute que tais obrigaccedilotildees passaram aser primariamente da Uniatildeo Nesse sentido a SDH pocircde atuar commaior intensidade Isso se refletiu tanto na obrigaccedilatildeo de indenizarcumprida sob a rubrica orccedilamentaacuteria do proacuteprio oacutergatildeo126 como naobrigaccedilatildeo de publicar a sentenccedila feita dentre outros no proacuteprio siteda Secretaria127Ambos os cumprimentos se deram dentro do prazoassinalado na sentenccedila128
Um paralelo entre os dois casos apresentados e o caso Maria daPenha pode ser feito sob o prisma da questatildeo federal Nesse senti-do ressalta-se que Maria da Penha vs Brasil foi um caso decididono acircmbito da Comissatildeo em que se fixaram obrigaccedilotildees semelhan-tes de investigaccedilatildeo e indenizaccedilatildeo ao Estado brasileiro Por setratarem de recomendaccedilotildees caberia ao governo e ao Judiciaacuterio doEstado do Cearaacute onde ocorreu a violaccedilatildeo de direitos conduzirema implementaccedilatildeo das medidasNo entanto o Estado do Cearaacute permaneceu inerte durante vaacuterios
anos apoacutes a condenaccedilatildeo sem que a Uniatildeo tambeacutem tomasse qual-quer atitude em relaccedilatildeo a essa inatividade129 Durante seis anos asreparaccedilotildees materiais natildeo puderam ser obtidas porque dependiam daassunccedilatildeo de compromisso pelo Estado do Cearaacute130 Somente em2006 com a mudanccedila de governo negociaccedilotildees foram iniciadas entreos atores envolvidos131 Essas conversas resultaram no compromis-so assumido e concretizado pelo Estado de indenizar materialmenteMaria da Penha Maia Fernandes132
A mesma dificuldade se verificou no cumprimento da obriga-ccedilatildeo de investigar os responsaacuteveis pela demora no processo criminalEm 2007 as peticionaacuterias assinalaram que o Estado natildeo havia con-seguido elucidar nem atribuir as responsabilidades em virtude dasdificuldades oferecidas pelo Tribunal estadual133 Em 2008 entatildeoo caso foi submetido ao CNJ134 Desde entatildeo a apuraccedilatildeo dos res-ponsaacuteveis pela demora ocorre em niacutevel federalNo entanto o caso Maria da Penha tambeacutem nos conduz agrave con-
clusatildeo de que a questatildeo federal embora importante para a ldquomarcha
PESQUISA DIREITO GV
48 sumaacuterio
da implementaccedilatildeordquo das decisotildees do Sistema Interamericano natildeo eacuteo uacutenico fator de influecircncia Em primeiro lugar isso resta evidencia-do pelo fato de que a Comissatildeo ainda natildeo considerou integralmentecumpridas obrigaccedilotildees impostas para a Federaccedilatildeo como um todoMuito embora as poliacuteticas puacuteblicas dependam da adesatildeo dos Esta-dos-membros a proacutepria Comissatildeo ainda natildeo considerou satisfeitasas obrigaccedilotildees de tratamento contra a discriminaccedilatildeo das mulheres emmateacuteria de violecircncia domeacutestica135 Haacute relatos de que esses Estadosfederais tecircm problemas de descumprimento com questotildees que natildeosatildeo de competecircncia federal mas a explicaccedilatildeo que natildeo podem cum-prir por conta do federalismo tambeacutem surge em questotildees que natildeodependem da estrutura federal136
Em segundo lugar a proacutepria Comissatildeo reconheceu que os pri-meiros avanccedilos na mateacuteria de direitos humanos ocorreram com ainstalaccedilatildeo do Conselho Estadual sobre a Condiccedilatildeo da Mulher emSatildeo Paulo em 1983 Natildeo eacute descabido entatildeo considerar que o fede-ralismo tambeacutem pode abrir a oportunidade de que os proacutepriosEstados sejam responsaacuteveis por importantes avanccedilos em mateacuteria deproteccedilatildeo de direitos humanos antes mesmo que poliacuteticas semelhan-tes sejam estabelecidas em niacutevel federal
44 QUANDO A CAUSA Eacute APROPRIADA PELOS
ATORES ENVOLVIDOS NO CASO CONCRETO
Um uacuteltimo aspecto analisado na presente obra diz respeito agrave espe-cificidade de alguns relatoacuterios ou algumas condenaccedilotildees que emcertos contextos natildeo permitem a extrapolaccedilatildeo do caso individualpara uma situaccedilatildeo coletivaEacute usual que o SIDH seja criticado ao tomar medidas amplas e
geneacutericas como ldquodar continuidaderdquo a determinada poliacutetica puacuteblicae por outro lado louvado ao tomar medidas mais concretas A basedessa criacutetica estaacute ligada a uma determinada concepccedilatildeo de eficiecircn-cia das medidas Diraacute um defensor do argumento que medidas maismodestas por serem objetivas permitem um maior grau de cobran-ccedila e de verificaccedilatildeo da implementaccedilatildeo Esse argumento contudoconta apenas parte da histoacuteriaDe fato quanto mais individualizada e concreta a medida maior
a chance de sua implementaccedilatildeo contudo menor eacute a chance de seuimpacto No Brasil as instituiccedilotildees tiveram sucesso em demonstrar
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
49 sumaacuterio
que conseguem se mobilizar de forma a lidar com a questatildeo indi-vidualizada em seu ponto especiacutefico sem qualquer atuaccedilatildeo emniacuteveis estruturais como ocorreu e ocorre nos casos Escher e outrose Garibaldi No entanto em um caso como Belo Monte no qual natildeohouve qualquer cooperaccedilatildeo do Governo brasileiro atores institu-cionais (como o MPF) e a sociedade civil organizada puderam sevaler da recomendaccedilatildeo da CIDH para pressionar os oacutergatildeos poliacuteti-cos nacionais
Tanto o caso Escher e outros como o caso Garibaldi tratam de vio-laccedilotildees decorrentes dos graves e persistentes conflitos agraacuterios no paiacutesConforme reconhecido pela Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos ldquoa concentraccedilatildeo de terra no Brasil eacute uma das maiores domundordquo de modo que ldquoaproximadamente 1 da populaccedilatildeo deteacutem46 de todas as terrasrdquo dentre as quais haacute um enorme percentual deterras improdutivas Trata-se enfim de ldquoum modelo econocircmico quefavoreceu a grande propriedade privada frente agraves necessidades dostrabalhadores ruraisrdquo137 Todavia em ambos os casos o contexto socialamplo natildeo foi atacado pelas medidas impostas pelo SIDH
No caso Escher e outros o grampo telefocircnico e sua divulgaccedilatildeoilegal geraram especialmente reparaccedilotildees indenizatoacuterias para as viacuteti-mas sendo que a Corte Interamericana reconheceu seu integraladimplemento enquanto no caso Garibaldi as principais condena-ccedilotildees foram de natureza indenizatoacuteria e de retomada da investigaccedilatildeocriminal dos responsaacuteveis pelo assassinato de Seacutetimo Garibaldisendo que a Corte IDH ainda manteacutem o acompanhamento do pro-cesso judicial penal de responsabilizaccedilatildeo pelo assassinato Natildeohouve repercussatildeo para aleacutem dessa esfera
Essas observaccedilotildees surgiram em entrevista com membro doMinisteacuterio Puacuteblico do Estado do Paranaacute na qual ficou clara a orien-taccedilatildeo de resolver rapidamente e de forma qualificada a investigaccedilatildeocriminal relativa ao caso Seacutetimo Garibaldi em parte por convicccedilatildeopessoal dos promotores envolvidos e em parte para diminuir o des-gaste da imagem da instituiccedilatildeo decorrente da divulgaccedilatildeo dos fatosna miacutedia De todo modo nem o Ministeacuterio Puacuteblico e muito menoso Governo do Paranaacute realizaram accedilotildees de enfoque estrutural ou pre-ventivo para as graves violaccedilotildees decorrentes de conflitos fundiaacuterios
A natureza de decisotildees altamente individualizadas favoreceum cenaacuterio em que haacute poucos incentivos para que as instituiccedilotildees
PESQUISA DIREITO GV
50 sumaacuterio
envolvidas assumam o ocircnus poliacutetico de tomar medidas mais amplase ao mesmo tempo a decisatildeo do SIDH natildeo serve como instrumen-to para buscar medidas estruturais aos atores relevantes interessados Nos dois casos as questotildees de fundo foram abandonadas O gover-
no natildeo se sentiu pressionado a investigar ou prestar esclarecimentosobre as investigaccedilotildees relacionadas a associaccedilotildees ligadas ao Movimen-to dos Sem-Terra (MST) apoacutes o caso Escher e outros Tampouco houvepressatildeo para investigaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de contas em relaccedilatildeo ao siste-ma de reforma agraacuteria aos abusos cometidos por particulares queretomam para si terras que foram invadidas nem agrave impunidade dosatores poliacuteticos e judiciaacuterios que criminalizam movimentos sociaisApenas para exemplificar uma questatildeo de fundo sobre agentes
puacuteblicos que atuavam contra os movimentos sociais em ambos oscasos um dos pedidos rejeitados pela Corte Interamericana foio de ordenar a revogaccedilatildeo do tiacutetulo de cidadatilde honoraacuteria do Estadodo Paranaacute da juiacuteza Elizabeth Kather obtido em 2007 Conformeapontado no livro A era da indeterminaccedilatildeo138 a juiacuteza protagonizouescacircndalos midiaacuteticos em razatildeo da estreita relaccedilatildeo com a elitefazendeira local Mesmo um ano apoacutes a condenaccedilatildeo da Corte Inte-ramericana em dezembro de 2010 a juiacuteza Kather recebeu o tiacutetulode cidadatilde honoraacuteria do Municiacutepio de Loanda139
A Corte IDH deu pouca importacircncia agrave questatildeo do tiacutetulo hono-raacuterio da juiacuteza Kather Entretanto em um contexto como o brasileirocondenaccedilotildees simboacutelicas podem abrir portas para a extrapolaccedilatildeo dedemandas individualizadas para um niacutevel mais geral principalmen-te quando satildeo apropriadas por vaacuterios segmentos sociais No contextode implementaccedilatildeo poliacutetica as medidas do SIDH podem auxiliar ato-res mobilizados tal como ocorreu no caso Belo MonteConforme apresentado no toacutepico 42 a construccedilatildeo da Usina
Hidreleacutetrica Belo Monte a despeito da forte reaccedilatildeo negativa doGoverno brasileiro agrave medida cautelar do SIDH foi apropriadapelos agentes poliacuteticos envolvidos no caso (MPF e movimentossociais) e transformada em um instrumento poliacutetico e juriacutedico deenfrentamento Quanto aos movimentos sociais sugere-se a medi-da possibilitou a reafirmaccedilatildeo da criacutetica ao projeto Belo Monte eabriu novos espaccedilos puacuteblicos acerca do temaAssim avaliar a implementaccedilatildeo das medidas do SIDH que enfo-
cam apenas a conduta do Estado esconde os impactos que elas
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
51 sumaacuterio
podem ter fora do ambiente estatal Assim enquanto alguns casosnatildeo geram repercussatildeo mas satildeo implementados outros repercutemna sociedade e podem ateacute mesmo gerar uma conscientizaccedilatildeo maiorsobre determinada violaccedilatildeo de direitos humanos mesmo que a pos-tura estatal leve ao natildeo cumprimento da medida
CONCLUSAtildeO BALANCcedilO DE RESULTADOS E PARAcircMETROS DE IMPLEMENTACcedilAtildeONo Brasil natildeo haacute mecanismos institucionais especiacuteficos de implemen-taccedilatildeo de recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees do SIDH O adimplementointerno das medidas determinadas neste acircmbito decorre em sua maiorparte de decisotildees eminentemente poliacuteticas visto que depende da dis-posiccedilatildeo e da capacidade dos atores relevantes a cada novo evento Com isso a cada nova condenaccedilatildeo ou recomendaccedilatildeo a SDH e o
MRE precisam se engajar em negociaccedilotildees com as instituiccedilotildees e ato-res envolvidos muitas vezes em esferas estaduais No contextofederativo a ausecircncia de mecanismos coercitivos torna o cumprimen-to das decisotildees ainda mais imprevisiacutevel e a cada novo caso sujeitoao capital poliacutetico dos envolvidos ao seu interesse nas causas emquestatildeo e especialmente agrave qualidade das relaccedilotildees entre governosfederal e estadual Dessa forma o adimplemento no Brasil eacute permea-do de grande flexibilidade e potencial de experimentalismo uma vezque na maior parte dos casos haacute um alto custo poliacutetico envolvido nasnegociaccedilotildees de implementaccedilatildeoPara fazer suas anaacutelises e criacuteticas este trabalho partiu do termo
ldquoimplementaccedilatildeordquo no sentido usual do SIDH de adimplemento dasmedidas de condenaccedilatildeo recomendaccedilatildeo ou acordo Contudo a anaacute-lise qualitativa mostrou que esse tipo de avaliaccedilatildeo fica distante demedir o real impacto das decisotildees do SIDH no Brasil Dada a escassez de literatura nacional a este respeito foi reali-
zado um mapeamento dos efetivos mecanismos existentes no Brasilpara dar cumprimento agraves recomendaccedilotildees e decisotildees oriundas doSIDH no Brasil do que foi possiacutevel identificar o delicado equiliacute-brio das relaccedilotildees institucionais em niacutevel federal (MRE SDH eAGU) bem como das relaccedilotildees entre entes federativos Como con-sequecircncia foi apurado que o cumprimento eacute apenas uma dimensatildeodo adimplemento das medidas do SIDH
PESQUISA DIREITO GV
52 sumaacuterio
Foi possiacutevel identificar diversos fatores que interferem na coo-peraccedilatildeo de atores relevantes bem como na avaliaccedilatildeo de quandoocorre efetivamente o cumprimento Nesse sentido os principaisfatores identificados como possiacuteveis facilitadores da implementaccedilatildeodas medidas determinadas no acircmbito do sistema regional de prote-ccedilatildeo dos direitos humanos satildeo (i) a existecircncia de uma agenda poliacuteticapreacutevia em acircmbito local ou nacional em relaccedilatildeo ao tema da viola-ccedilatildeo (ii) decisotildees com fundamentaccedilatildeo de qualidade e generalidadesuficiente para permitir a sua apropriaccedilatildeo por atores estatais ou dasociedade civil organizada engajados em temas afetos agrave violaccedilatildeo e(iii) uma boa relaccedilatildeo entre Uniatildeo e Estados naqueles casos em quea implementaccedilatildeo natildeo depende de medidas unicamente federais Haacute portanto dois pontos de vista em questatildeo O primeiro deles
eacute o da Comissatildeo e da Corte Interamericana pelo qual eacute necessaacuterioe relevante que os Estados recebam uma chancela de adimplentesou inadimplentes perante o SIDH especialmente como forma depressatildeo poliacutetica O segundo ponto de vista eacute o de anaacutelise do impac-to das decisotildees e recomendaccedilotildees do SIDH que natildeo se confundecom a avaliaccedilatildeo de ldquocumprimentordquo ou ldquodescumprimentordquo feita pelaCorte e Comissatildeo nem se exaure nela Em um contexto de imple-mentaccedilatildeo eminentemente poliacutetica das decisotildees e recomendaccedilotildees doSIDH a implementaccedilatildeo depende em grande parte da presenccedila dosfatores de impacto detectados
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
53 sumaacuterio
APEcircNDICE CASOS QUE ENVOLVEM O BRASIL NO SIDH
I MEDIDAS CAUTELARES OUTORGADAS PELA
COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 32 (ENTRE 1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
54 sumaacuterio
CASO
MC 19911 ldquoP
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(2011)
MC 38210 ldquoU
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MC 11410 ldquoP
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SISTEMA CARCERAacuteRIO
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LACcedilOtildeES)
CU
MP
RIM
ENTO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
55 sumaacuterio
MC 35102 ldquoR
OSEM
ARY SO
UTO MAIOR E O
UTROSrdquo
(2010)
MC 22409 ldquoA
DOLESC
ENTES P
RIVADOS DE
LIBERDADE NA UNIDADE DE IN
TERNACcedilAtildeO
SOCIOEDUCATIVA
(UNIS)rdquo (2009)
MC 23608 ldquoP
ESSOAS PRIVADAS DE LIB
ERDADE
NA PENITEN
CIAacuteRIA POLINTER
-NEVESrdquo (2009)
ldquoCASO ADOLESC
ENTES N
A CADEIA PUacuteBLICA DE
GUARUJAacuterdquo (2007)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS RECEBIDAS POR
FAMILIA
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SSINATO
POR
GRUPO DE EXTER
MIacuteNIO MESM
O APOacuteS MEDIDA
CAUTELA
R DA CIDH EM 2002
DENUacuteNCIA SOBRE CASOS DE MORTE E TO
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DE ADOLESC
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E
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IacuteRITO SANTO
DENUacuteNCIAS SO
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DENUacuteNCIA SOBRE SU
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AtildeO E
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ENTES EM
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DIREITO
Agrave VID
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RIDADE PESSO
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RIDADE PESSO
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DIREITO
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RIDADE PESSO
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DIREITO
Agrave VID
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RIDADE PESSO
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A A INDIVIacuteD
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SISTEMA CARCERAacuteRIO
SISTEMA CARCERAacuteRIO
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STIFICARAM A ADOCcedilAtildeO DA CAUTELA
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RIDADE PESSO
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MEDIDAS CAUTELA
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MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL 140
PESQUISA DIREITO GV
56 sumaacuterio
ldquoCASO CENTRO DE DEFESA
DOS DIREITO
S DA
CRIANCcedilA E D
O ADOLESC
ENTE D
O DISTR
ITO
FEDERALrdquo (2006)
ldquoCASO MARIA APARECIDA DENADAIrdquo (2006)
MC 13006 ldquoP
ESSOAS DETID
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DELEG
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ldquoCASO RAPOSA SER
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DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
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DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
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DE DIREITO
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TAMBEacuteM CASO JOAQUIM DENADAI)
DENUacuteNCIA SOBRE MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
A
DELEG
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DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
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DIREITO
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RIDADE PESSO
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DIREITO
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DIREITO
Agrave VID
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RIDADE Agrave
LIBERDADE
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LIVRE CIRCULACcedil
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PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
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SISTEMA CARCERAacuteRIO
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VESTIGAR OS FATO
S
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MEDIDAS PA
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SEM INFORMACcedilAtildeO
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IAacuteRIA 141
CUMPRIMENTO PARCIAL ATEacute FEVER
EIRO DE
2007 142SEM
INFORMACcedilAtildeO 143
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
57 sumaacuterio
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ldquoCASO MARIA APARECIDA GOMES D
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ldquoCASO DOS IN
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DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
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DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
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RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
DENTRE OUTRAS M
EDIDAS PA
RA IMPEDIR
NOVOS HOMICIacuteDIOS NO PRESIacuteD
IO E PA
RA
INVESTIG
AR OS FATO
S OCORRIDOS
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
DESC
UMPRIMENTO (LEVA
DA Agrave CORTE ID
H)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
DESC
UMPRIMENTO (LEVA
DA Agrave CORTE ID
H)
PESQUISA DIREITO GV
58 sumaacuterio
ldquoCASO IRINY NICOLAU CORRES LO
PESrdquo (2002)
ldquoCASO RONY CLAY C
HAVES R
UBENS LEO
NCIO
PEREIRA MARCOS MASSA
RI E G
ILMAR LEITE
SIQUIERA (PROTECcedil
AtildeO DE TESTEM
UNHAS DA
OPERACcedilAtildeO CASTELIN
HO)rdquo (2002)
MC 35102 ldquoC
ASO MANOEL B
EZERRA ROSEM
ARY
SOUTO E LU
IZ DA SILVArdquo (2002)
ldquoCASO DO POVO INDIacuteGENA XUCURUrdquo (2002)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA DE DIREITO
S HUMANOS NO ESP
IacuteRITO
SANTO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
INFORMANTES A
PROVEITA
DOS EM
OPERACcedilAtildeO
POLICIAL PERPETR
ADAS PELA
PROacutePRIA
POLIacuteCIA
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
TESTEMUNHAS E IN
VESTIGADORES D
E GRUPO
DE EXTER
MIacuteNIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
LIacuteDERES D
E COMUNIDADE IN
DIacuteGENA
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROPRIEDADE E Agrave
GARANTIA JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
COMUNIDADES IN
DIacuteGENAS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DAS TESTEM
UNHAS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DAS TESTEM
UNHAS E D
OS
INVESTIG
ADORES
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS LIacuteD
ERES E PA
RA
INVESTIG
AR OS FATO
S DENUNCIADOS
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO (VIacuteTIM
A ASSA
SSINADA EM
2009)
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
59 sumaacuterio
ldquoCASO ELM
A SORAIA SOUZA NOVAISrdquo (2002)
ldquoCASO DOS PROMOTORES E D
OS DETEN
TOS DA
PRISAtildeO
PUacuteBLICA DE SO
ROCABArdquo (2000)
ldquoCASO BENEDITO MARIANOrdquo (2000)
ldquoCASO CATH
ERINE HALVEYrdquo (2000)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
MAtildeE DE VIacuteTIM
A DE VIO
LEcircNCIA POLICIAL
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDA POR TESTEM
UNHAS
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR INVESTIG
ADOR DE VIO
LEcircNCIA
POLICIAL
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
DE DIREITO
S HUMANOS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (INVESTIG
ADOR)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA VIacuteTIM
A
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A E A
CAPAC
IDADE DE
PRESTA
R TESTEM
UNHO SEM
TEMER
REPRESAacute
LIAS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO INVESTIG
ADOR E SEU
S
FAMILIA
RES
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA ATIVISTA
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
PESQUISA DIREITO GV
60 sumaacuterio
ldquoCASO JOAQUIM MARCELO
DENADAIrdquo (1999)
ldquoCASO LUZIA CANUTOrdquo (1998)
ldquo2ordm CASO PADRE RICARDO REZEN
DErdquo (1998)
CASO 12002 ldquoM
ARIA EMILIA
DE MARCHI E
OUTROSrdquo (1998)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA CONTRAacuteRIO A GRUPO DE EXTER
MIacuteNIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS E C
ASOS DE
HOMICIacuteDIO SOFRIDOS POR FAMILIA
RES D
E
LIacuteDER DE MOVIM
ENTO SOCIAL ASSA
SSINADO EM
CONTEXTO
DE CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA DE DIREITO
S HUMANOS EM
CONTEXTO
DE DISPUTA FUNDIAacuteRIA
DENUacuteNCIA SOBRE AS MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
O
LOCAL EM
QUE AS VIacuteTIM
AS ESTAVA
M PRESA
S
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
GARANTIA JUDICIAL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA VIacuteTIM
A
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA TESTEM
UNHA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS DETEN
TOS
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO (VIacuteTIM
A ASSA
SSINADA EM
2002)
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
61 sumaacuterio
ldquo1ordm CASO PADRE RICARDO REZEN
DE E O
UTROSrdquo
(19951996)
ldquoCASO DO ADVOGADO OSMAR BARCELO
S DO
NASCIMENTOrdquo (1996)
ldquoCASO DOS MENORES IN
TERNOS DO INSTITU
TO
PADRE SEVER
INO DA ESC
OLA JOAtildeO LUIS A
LVES
E DA ESC
OLA SANTOS DUMONTrdquo (1996)
ldquoCASO AMEACcedil
ADOS PELO
S lsquoMENINOS DE OUROrsquordquo
(1996)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTAS DE DIREITO
S HUMANOS EM
CONTEXTO
DE DISPUTA FUNDIAacuteRIA NO PARAacute
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ADVOGADO ATIVISTA
DE DIREITO
S HUMANOS NO
ESPIacuteRITO SANTO
DENUacuteNCIA SOBRE AS MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
O
CENTRO DE DETEN
CcedilAtildeO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
S CONTRAacuteRIOS A GRUPO
DE EXTER
MIacuteNIO
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS DETEN
TOS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
II RELATOacuteRIOS DE MEacuteRITO PUBLICADOS PELA COMISSAtildeO
INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 17 (ENTRE
1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
62 sumaacuterio
CASO
PETICcedil
AtildeO 12308 ldquoM
ANOEL LEA
L DE O
LIVEIRArdquo
(INFORMES N
3710 E N 7206)
CASO 12440 ldquoW
ALLAC
E DE A
LMEID
Ardquo
(INFORMES N
3408 E N 2609)
CASO 12310 ldquoSEB
ASTIAtildeO
CAMARGO FILH
Ordquo
(INFORMES N
3308 E Ndeg 2509)
RESU
MO
DO
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DE
JORNALISTA
APOacuteS P
UBLIC
ACcedilAtildeO DE ESC
AcircNDALO
DE C
ORRUPCcedilAtildeO NO JO
RNAL D
E QUE ER
A
EDITO
R
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DA VIacuteTIM
A EM
RAZAtildeO
DE A
BUSO EM
OPERACcedilAtildeO POLIC
IAL
INCLUSIVE C
OM INDIacuteCIOS D
E DISC
RIMINACcedilAtildeO
RACIAL
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DE M
EMBRO
DO MOVIM
ENTO DOS TR
ABALHADORES R
URAIS
SEM TER
RA NO PA
RANAacute SEM
INVESTIG
ACcedilAtildeO E
INDEN
IZACcedilAtildeO
DIR
EITOS VIO
LAD
OS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave LIB
ERDADE D
E EXPRESSAtildeO
E
PEN
SAMEN
TO AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE Agrave
IGUALDADE
AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO
JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
TEMA
ATENTADO CONTRA JO
RNALISTA
VIO
LEcircNCIA POLIC
IAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
MED
IDA
S IND
ICAD
AS
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS A
UTORES
DO CRIME D
OS R
ESPONSAacuteVEIS P
ELA DEM
ORA
NAS IN
VESTIGACcedilOtildeES R
EPARACcedilAtildeO DOS
FAMILIA
RES A
DOCcedilAtildeO DE U
MA POLIacuteTIC
A GLOBAL
DE P
ROTECcedil
AtildeO DOS JO
RNALISTA
S
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO COMPLETA
DOS FATO
S REPA
RACcedilAtildeO DOS FA
MILIA
RES D
A
VIacuteTIMA E A
DOCcedilAtildeO DE P
OLIacuteTIC
A CONTRA A
DISC
RIMINACcedilAtildeO RACIAL EM
OPERACcedilOtildeES
POLIC
IAIS
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO COMPLETA
DOS FATO
S REPA
RACcedilAtildeO DOS FA
MILIA
RES D
A
VIacuteTIMA E A
DOCcedilAtildeO DE P
OLIacuteTIC
A CONTRA A
VIOLEcircN
CIA RURAL
NATU
REZA
DA
S MED
IDA
SMEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
CU
MP
RIM
ENTO
(EM 2012)
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
63 sumaacuterio
CASO 12019 ldquoA
NTOcircNIO FER
REIRA BRAGArdquo
(INFORMES N
8407 E N 3508)
CASO 12001 ldquoSIM
ONE ANDREacute DINIZrdquo (IN
FORMES
N 8304 E N
6606)
CASO 11634 ldquoJA
ILTON NERI DA FONSEC
Ardquo
(INFORMES N
2303 E N 3304)
CASO 11556 ldquoM
ASSAC
RE DE CORUMBIARArdquo
(INFORMES N
2203 E N 3204)
DENUacuteNCIA SOBRE DETEN
CcedilAtildeO ILEG
ALMENTE
FEITA PELA
POLIacuteCIA CIVIL IN
CLUSIVE C
OM
TORTURA DA VIacuteTIM
A
DENUacuteNCIA SOBRE DISCRIMINACcedilAtildeO RACIAL
SOFRIDA POR EMPREGADA DOMEacuteSTIC
A QUE NAtildeO
FOI CONTRATA
DA POR SER
NEGRA
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
MENOR POR FORCcedilAS POLICIAIS EM
FAVELA DO
RIO DE JA
NEIRO
DENUacuteNCIA SOBRE MORTES D
E
TRABALHADORES R
URAIS EM
ACcedilAtildeO DA POLIacuteCIA
PARA REINTEG
RACcedilAtildeO DE POSSE D
E TERRENO
DIREITO
Agrave INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A Agrave LIB
ERDADE
PESSO
AL Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL O
BRIGACcedilAtildeO DE PREVEN
IR
E PUNIR TODO ATO
DE TO
RTURA COMETID
O
DIREITO
Agrave IGUALDADE Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
E Agrave PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
LIBERDADE Agrave
PROTECcedil
AtildeO DA INFAcircNCIA AgraveS
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
DISCRIMINACcedilAtildeO RACIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS FATO
S
RESP
ONSABILIZACcedil
AtildeO PELA
DEMORA EM
ELUCIDAR O CASO INDENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A E
CAPAC
ITACcedilAtildeO DOS POLICIAIS C
IVIS
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A
MODIFIC
ACcedilAtildeO DA LEG
ISLACcedilAtildeO CONTRA O
RACISM
O INVESTIG
ACcedilAtildeO DOS FATO
S PROMOVER
MEDIDAS ADMINISTR
ATIVAS CONTRA O RACISM
O
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS A
LTERACcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DA
POLIacuteCIA MILITA
R PARA INVESTIG
ACcedilAtildeO DE
CRIMES C
OMETID
OS POR MEMBROS DA
PROacutePRIA CORPORACcedilAtildeO E TR
ANSFER
EcircNCIA
PARA A POLIacuteCIA CIVIL
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS A
LTERACcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DA
POLIacuteCIA MILITA
R PARA INVESTIG
ACcedilAtildeO DE
CRIMES C
OMETID
OS POR MEMBROS DA
PROacutePRIA CORPORACcedilAtildeO E TR
ANSFER
EcircNCIA
PARA A POLIacuteCIA CIVIL
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
PENDENTE D
E CUMPRIMENTO
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
PESQUISA DIREITO GV
64 sumaacuterio
CASO 10301 ldquoPA
RQUE SAtildeO
LUCASrdquo (IN
FORMES N
1696 E N 4003)
CASO 11517 ldquoD
INIZ B
ENTO DA SILVArdquo
(INFORMES N
11101 E N 2302)
CASOS 11286 E O
UTROS ldquoA
LUIacuteSIO
CAVA
LCANTE
E OUTROSrdquo (IN
FORMES N
7400 E N 5501)
CASO 12051 ldquoM
ARIA DA PENHArdquo (IN
FORMES N
10500 E N 5401)
DENUacuteNCIA SOBRE TO
RTURA DE PRESO
S NO
DISTR
ITO POLICIAL PA
RQUE SAtildeO
LUCAS EM
SAtildeO
PAULO
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
MEMBRO DO MOVIM
ENTO DOS TR
ABALHADORES
RURAIS SEM
TERRA POR FORCcedilAS POLICIAIS
DENUacuteNCIA SOBRE DIVER
SOS CASOS DE
ASSA
SSINATO
DE JO
VENS POR FORCcedilAS
POLICIAIS
DENUacuteNCIA SOBRE CASO DE VIO
LEcircNCIA
DOMEacuteSTIC
A COM DEMORA E N
EGLIGEcircNCIA NO
PROCESSA
MENTO DA ACcedilAtildeO CRIMINAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO DA HONRA
E DA DIGNIDADE Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
LIBERDADE A
UM JULGAMENTO JUSTO
AgraveS
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
E DIREITO
DE PETICcedil
AtildeO
DIREITO
Agrave PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL Agrave
S GARANTIAS
JUDICIAIS Agrave
IGUALDADE
SISTEMA CARCERAacuteRIO
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA DOMEacuteSTIC
A DISCRIMINACcedilAtildeO
DE GEcircNERO
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DAS VIacuteTIM
AS
TRANSFER
EcircNCIA DA COMPETEcircN
CIA DE
JULGAMENTO DE DELITO
S COMETID
OS POR
POLICIAIS M
ILITARES C
ONTRA CIVIS PA
RA A
JUSTICcedil
A COMUM PUNICcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS E
DESATIVACcedil
AtildeO DAS ldquoC
ELAS DE ISO
LAMENTOrdquo
MEDIDAS PA
RA INVESTIG
ACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS PA
RA INDENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES E PA
RA EVITA
R A REPETICcedil
AtildeO DE
FATOS SEM
ELHANTES EM
CONFLITO
S
FUNDIAacuteRIOS
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS E D
OS RESP
ONSAacuteVEIS P
ELA DEMORA
NOS PROCESSO
S INDENIZACcedil
AtildeO DE VIacuteTIM
AS OU
FAMILIA
RES A
BOLICcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DOS
TRIBUNAIS M
ILITARES PA
RA JULGAR CRIMES
COMETID
OS POR POLICIAIS C
ONTRA CIVIS
ADOCcedilAtildeO DE CONTROLE EXTER
NO E IN
TERNO
SOBRE A POLIacuteCIA MILITA
R DO RIO DE JA
NEIRO
DENTRE OUTRAS FIN
ALIZACcedil
AtildeO DO PROCESSO
CRIMINAL IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS
PELA
DEMORA INDENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A E
ADOCcedilAtildeO DE REFO
RMAS LEG
ISLATIVAS E
ADMINISTR
ATIVAS PA
RA COMBATER
A
DISCRIMINACcedilAtildeO DE GEcircNERO E A
VIOLEcircN
CIA
DOMEacuteSTIC
A CONTRA MULHERES
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
65 sumaacuterio
CASO 11291 ldquoC
ARANDIRUrdquo (IN
FORMES N
12099
E N 3400)
CASO 11599 ldquoM
ARCOS AUREacuteLIO
DE OLIVEIR
Ardquo
(INFORMES N
2399 E N 1000)
CASO 11598 ldquoA
LONSO EUGEcircNIO DA SILVArdquo
(INFORMES N
2299 E N 0900)
CASO 11516 ldquoO
VELAacuteRIO TAMESrdquo (IN
FORMES N
8098 E N 6099)
DENUacuteNCIA SOBRE O MASSAC
RE PROMOVIDO
POR FORCcedilAS POLICIAIS AO
INVADIREM O
PRESIacuteD
IO DO CARANDIRU PARA DEBELA
R UMA
REBELIAtildeO
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
CRIANCcedilA DE RUA POR POLICIAL CIVIL
DENUacuteNCIA SOBRE HOMICIacuteDIO DE MENOR POR
POLICIAL MILITA
R DURANTE D
ETENCcedilAtildeO POR
SUPOSTO
ASSA
LTO
DENUacuteNCIA SOBRE DETEN
CcedilAtildeO ARBITRAacuteRIA DA
VIacuteTIMA QUE FO
I MORTA DEPOIS D
E TORTURADA
POR AGENTES D
E SEGURANCcedilA
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave JUSTICcedil
A Agrave PROTECcedil
AtildeO CONTRA
DETEN
CcedilOtildeES A
RBITRAacuteRIAS Agrave
PROTECcedil
AtildeO
JUDICIAL E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
SISTEMA CARCERAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
DENTRE OUTRAS IN
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PUNICcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS IN
DENIZACcedil
AtildeO
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AS OU FAMILIA
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VOLVIM
ENTO DE POLIacuteTIC
AS PA
RA
DIMINUIR A SUPERPOPULACcedil
AtildeO NOS PRESIacuteD
IOS
AUMENTAR A SEG
URANCcedilA E TR
EINAR AS
FORCcedilAS DE SEG
URANCcedilA DENTRE OUTROS
DENTRE OUTRAS IN
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AtildeO DOS
FAMILIA
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PROBLEM
A DOS
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O RIO DE JA
NEIRO EM
CONSONAcircNCIA COM AS OBRIGACcedilOtildeES
INTER
NACIONAIS
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
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RESP
ONSAacuteVEL E IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
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UNICcedilAtildeO DOS
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ONSAacuteVEIS P
ELO CRIME E P
ELA DEMORA NA
PUNICcedilAtildeO INDENIZACcedil
AtildeO DOS FA
MILIA
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MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S E DE IN
DENIZACcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S E DE IN
DENIZACcedil
AtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
PESQUISA DIREITO GV
66 sumaacuterio
CASO 11405 ldquoN
EWTON COUTINHO MENDES E
OUTROSrdquo (IN
FORMES N
7998 E N 5999)
CASO 11287 ldquoJO
AtildeO CANUTO DE OLIVEIR
Ardquo
(INFORME N 2498)
DENUacuteNCIA SOBRE MORTES E A
MEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR DEFEN
SORES D
E DIREITO
S
HUMANOS E P
ESSOAS LIG
ADAS Agrave OCUPACcedil
AtildeO DE
TERRAS EM
RAZAtildeO
DE GRUPO DE EXTER
MIacuteNIO
FORMADO POR PROPRIETAacute
RIOS
DENUacuteNCIA SOBRE A FALTA DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E
PUNICcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS P
ELO HOMICIacuteDIO DE
LIacuteDER DE TR
ABALHADORES R
URAIS N
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DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
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PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
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A Agrave LIB
ERDADE Agrave
SEGURANCcedilA E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
JUSTICcedil
A AgraveS GARANTIAS
JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS D
E PREVEN
CcedilAtildeO DE NOVOS
CONFLITO
S NA AacuteREA E D
E INDENIZACcedil
AtildeO DAS
VIacuteTIMAS OU FAMILIA
RES
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS P
ELO CRIME IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES E P
REVEN
CcedilAtildeO DE NOVOS CONFLITO
S
NA AacuteREA
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO 144
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
67 sumaacuterio
CASO
CASO
S 12426 E 12427 ldquoMEN
INOS EM
ASC
ULA
DOS D
O MARANHAtildeO
rdquo
(INFO
RME N
4306)
CASO
11289 ldquoJOSEacute P
EREIR
Ardquo (INFO
RME N
9503)
RESU
MO
DO
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
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ACcedilAtildeO
DE D
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S MEN
INOS
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O MARANHAtildeO
COM DEM
ORA NAS IN
VESTIGACcedil
OtildeES
DEN
UacuteNCIA SO
BRE R
EDUCcedilAtildeO
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GAS
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DIREITO
Agrave VID
A Agrave PROTECcedil
AtildeO DA FA
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LGAMEN
TO JU
STO Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL Agrave
S GARANTIA
S JUDICIAIS E D
IREITO
S DAS
CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave IN
TEGRIDADE P
ESSOAL Agrave
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TRABALH
O E A
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ACcedilAtildeO
AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO
JUDICIAL
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INVESTIG
ACcedilAtildeO
CRIMINAL
ESCRAVID
AtildeO
MED
IDA
S IND
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UTR
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AtildeO SIM
BOacuteLIC
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ROGRAMAS PA
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A VIO
LEcircNCIA CONTR
A CRIANCcedilAS E A
DOLESC
ENTES B
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OS P
ROGRAMAS A
DMINISTR
ATIVOS M
ONITO
RAMEN
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SITUACcedil
AtildeO POR MEIO
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DEN
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UTR
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DOS R
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ACcedilAtildeO
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E COMBATE E FISC
ALIZACcedil
AtildeO
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IDA
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S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO
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AtildeO REP
ETICcedilAtildeO
MED
IDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO
E DE N
AtildeO REP
ETICcedilAtildeO
CU
MP
RIM
ENTO
(EM 2012)
CUMPRIMEN
TO IN
TEGRAL
CUMPRIMEN
TO PA
RCIAL
III SOLUCcedilOtildeES AMISTOSAS CELEBRADAS PELO BRASIL
NA COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 2 (ENTRE 1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
68 sumaacuterio
CASO
ldquoCASO
DA UNIDADE D
E INTER
NACcedil
AtildeO
SOCIOED
UCATIVArdquo (2011)
ldquoCASO
JULIA
GOMES LU
ND E O
UTROSrdquo (2009)
ldquoCASO
DOS D
ETENTOS D
A PEN
ITENCIAacuteRIA DE
ARARAQ
UARArdquo (2006)
RESU
MO
DO
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE C
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RA
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ENTES D
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E
CARIAC
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EDIDA
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DEN
UacuteNCIA SO
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ILITANTES Q
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ITATORIAL B
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ACcedilAtildeO
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S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
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ONCEN
TRACcedil
AtildeO
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COM
CONSEQ
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ISSAtildeO DE D
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CcedilAS E
CONFLITO
S INTER
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LAD
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Agrave VID
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DIREITO
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ESSOAL Agrave
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ACcedilAtildeO
AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE P
ESSOAL
TEMA
SISTEMA CARCER
AacuteRIO
LEI DE A
NISTIA
SISTEM
A CARCER
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MED
IDA
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A
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USSAtildeO
CONJUNTA COM OS
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AtildeO AgraveS N
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ADEQ
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OR
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OtildeES D
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S HUMANOS
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CcedilAtildeO
E
CORRECcedil
AtildeO DAS VIO
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mdashmdashmdashmdashmdashmdash
MED
IDAS C
AUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO
E
CORRECcedil
AtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
CU
MP
RIM
ENTO
(EM 2012)
CUMPRIMEN
TO PA
RCIAL
mdashmdashmdashmdashmdashmdash
CUMPRIMEN
TO IN
TEGRAL
IV MEDIDAS PROVISIONAIS OUTORGADAS PELA CORTE
INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012)
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
69 sumaacuterio
ldquoCASO DO COMPLEXO
TATUAPEacute DA FEB
EMrdquo (2005)
ldquoCASO DOS IN
TERNOS DO CAacuteRCERE DE URSO
BRANCOrdquo (2002)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS EN
TRE IN
TERNOS
BRIGAS PA
NCADARIAS A
LEGACAO
DE TO
RTURAS
E MOTINS QUE SE SO
MARAM Agrave MORTE D
E QUATR
O
BENEFIC
IAacuteRIOS DE MEDIDAS CAUTELA
RES D
A
COMISSAtildeO
DE 2004 FA
LTA DE SEG
URANCcedilA E D
E
HIGIENE (V M
EDIDA CAUTELA
R DA CIDH)
DENUacuteNCIA SOBRE SU
PERPOPULACcedil
AtildeO
CARCERAacuteRIA CONFLITO
S INTER
NOS EN
TRE
DETEN
TOS E H
OMICIacuteDIOS (V M
EDIDA CAUTELA
R DA
CIDH)
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E
DIREITO
DAS CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave VID
A INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
SISTEMA CARCERAacuteRIO
SISTEMA CARCERAacuteRIO
MEDIDAS NECESSAR
IAS PA
RA PROTEG
ER A VID
A E
INTEG
RIDADE PESSO
AL DE TO
DAS AS CRIANCcedilAS E
ADOLESC
ENTES R
ESIDENTES N
O COMPLEXO
DO
TATUAPE DA FEB
EM
DENTRE OUTRAS M
EDIDAS PA
RA IMPEDIR NOVOS
HOMICIacuteDIOS NO PRESIacuteD
IO PERMITIR
O ACESSO
DAS AUTORIDADES IN
VESTIGAR OS FATO
S
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IO AgraveS NORMAS
INTER
NACIONAIS SO
BRE O TEM
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NAR O CUMPRIMENTO DA DECISAtildeO
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E C
ORRECcedilAtildeO
DAS VIO
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MEDIDAS CAUTELA
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REVEN
CcedilAtildeO E C
ORRECcedilAtildeO
DAS VIO
LACcedilOtildeES)
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
PESQUISA DIREITO GV
70 sumaacuterio
CASO
ldquoCASO JU
LIA GOMES LU
ND E O
UTROS VS
BRASILrdquo (2010)
ldquoCASO GARIBALDI VSB
RASILrdquo (2009)
ldquoCASO ESC
HER E O
UTROS VSB
RASILrdquo (2009)
RESU
MO
DO
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE O
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PARECIMEN
TO
FORCcedilADO DE M
ILITANTES Q
UE PA
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A DO ARAGUAIArdquo C
OMBATEN
DO O
REGIME D
ITATORIAL B
RASILEIR
O E FA
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INVESTIG
ACcedilAtildeO SO
BRE O
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
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DO MOVIM
ENTO DOS TR
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URAIS
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RA (M
ST) E DE FA
LTA DE
INVESTIG
ACcedilOtildeES
DEN
UacuteNCIA SO
BRE G
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NICOS
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REGULARMEN
TE PELA
POLIacuteC
IA E
AUTORIZA
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DICIAacuteRIO COM
POSTER
IOR DIVU
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AS
DIR
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A Agrave INTEG
RIDADE P
ESSOAL Agrave
LIBERDADE AO
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UMA JU
STA
REM
UNERACcedilAtildeO AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
DIREITO
Agrave PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL E Agrave
S GARANTIA
S
JUDICIAIS
DIREITO
Agrave VID
A PRIVA
DA Agrave HONRA E Agrave
REPUTACcedil
AtildeO Agrave LIB
ERDADE D
E ASSO
CIACcedil
AtildeO AgraveS
GARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
TEMA
LEI DE A
NISTIA
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
PRIVAC
IDADE C
ONFLITO
FUNDIAacuteRIO
MED
IDA
S IND
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AS
DEN
TRE O
UTRAS R
ECONHECIMEN
TO DA
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ONSABILID
ADE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO
DOS R
ESPONSAacuteVEIS D
ETERMINACcedilAtildeO DO
PARADEIR
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ESAPARECIDOS TIP
IFICACcedilAtildeO
DO DELITO
DE D
ESAPARECIMEN
TO FO
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INDEN
IZACcedilAtildeO DAS VIacuteTIM
AS
DEN
TRE O
UTRAS P
UBLIC
ACcedilAtildeO DA SEN
TENCcedilA
INVESTIG
ACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS R
ESPONSAacuteVEIS
PELO
CRIME E P
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INVESTIG
ACcedilOtildeES IN
DEN
IZACcedilAtildeO AO
S
FAMILIA
RES
DEN
TRE O
UTRAS P
UBLIC
ACcedilAtildeO DA SEN
TENCcedilA
INVESTIG
ACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS R
ESPONSAacuteVEIS
PELA
DIVU
LGACcedilAtildeO DAS G
RAVACcedil
OtildeES
INDEN
IZACcedilAtildeO DAS VIacuteTIM
AS
NATU
REZA
DA
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IDA
SMEDIDAS D
E SATISFACcedilAtildeO DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E
DE N
AtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS D
E SATISFACcedilAtildeO E D
E INDEN
IZACcedilAtildeO
MEDIDAS D
E SATISFACcedilAtildeO E D
E INDEN
IZACcedilAtildeO
CU
MP
RIM
ENTO
(EM 2012)
CUMPRIMEN
TO PEN
DEN
TECUMPRIMEN
TO PA
RCIAL
CUMPRIMEN
TO INTEG
RAL
V CASOS CONTENCIOSOS NA CORTE INTERAMERICANA
DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012)
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
71 sumaacuterio
ldquoCASO GILSO
N NOGUEIRA DE CARVALHO E O
UTRO
VSBRASILrdquo (2006)
ldquoCASO DAMIAtildeO XIM
ENES LO
PES VSB
RASILrdquo (2006)
DENUacuteNCIA SOBRE ASSA
SSINATO
NAtildeO
INVESTIG
ADO
DENUacuteNCIA SOBRE A MORTE D
E PORTADOR DE
DEFIC
IEcircNCIA MENTAL IN
TERNADO EM CLIacuteNICA EM
RAZAtildeO
DE MAUS-TR
ATOS E D
AS CONDICcedilOtildeES D
O
LOCAL SEM
A DEVID
A INVESTIG
ACcedilAtildeO-
DIREITO
Agrave PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E Agrave
S GARANTIAS
JUDICIAIS
DIREITO
Agrave VID
A INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
INVESTIG
ACcedilAtildeO CRIMINAL
TORTURA PESSO
AS COM DEFIC
IEcircNCIA
O CASO FOI REJEITA
DO PELA
CORTE P
OR FALTA DE
SUPORTE FAacuteTIC
O
DENTRE OUTRAS P
UBLICACcedilAtildeO DA SEN
TENCcedilA
INDENIZACcedil
AtildeO DOS FA
MILIA
RES D
A VIacuteTIM
A E
REALIZACcedil
AtildeO DE PROGRAMAS DE FO
RMACcedilAtildeO E
CAPAC
ITACcedilAtildeO DOS PROFISSIO
NAIS D
E SAUacuteDE
CONFORME AS NORMAS IN
TERNACIONAIS SO
BRE
O TEM
A
mdashmdashmdashmdashmdashmdashmdashmdash-
MEDIDAS DE SATISFACcedil
AtildeO DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
mdashmdashmdashmdashmdashmdashmdashmdash-
CUMPRIMENTO PARCIAL
NOTAS
A pesquisa que deu origem a esta obra coordenada pelo Professor1
Javier Couso da Universidad Diego Portales (Chile) integrou um projetointernacional de natureza comparativa que envolveu diversos paiacuteses latino-americanos Estados Unidos e Itaacutelia com vistas a uma publicaccedilatildeo conjuntaem liacutengua espanhola No Brasil a pesquisa foi desenvolvida pelos seguintespesquisadores Prof Oscar Vilhena Vieira (coordenador) Luciana Ramos eRubens Glezer (pesquisadores mestres) Adriane Sanctis de Brito GuilhermeKlafke e Rafael Giovanelli (pesquisadores graduados) e Mariacutelia Lessa(pesquisadora graduanda) Os autores do artigo agradecem a Faacutebia FCarvalho Veccediloso pelos comentaacuterios e contribuiccedilotildees ao texto final e ao Lucas Felipe W Padilha pelo auxiacutelio na pesquisa inicial Os autores se responsabilizam integralmente pelos eventuais equiacutevocos cometidos
Ao longo deste artigo far-se-aacute referecircncia agrave Corte Interamericana2
de Direitos Humanos tambeacutem como ldquoCorte Interamericanardquo e ldquoCorteIDHrdquo No mesmo sentido far-se-aacute referecircncia agrave Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos como ldquoComissatildeo Interamericanardquo ou ldquoCIDHrdquo
A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos foi ratificada pelo3
Brasil em 25 de setembro de 1992 Em 6 de novembro de 1992 o Decreton 678 promulgou internamente a Convenccedilatildeo estabelecendo em seu art 1ordmque ldquoa Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de Satildeo Joseacute da Costa Rica) celebrada em Satildeo Joseacute da Costa Rica em 22 de novembrode 1969 apensa por coacutepia ao presente decreto deveraacute ser cumprida tatildeointeiramente como nela se conteacutemrdquo
O reconhecimento da jurisdiccedilatildeo contenciosa da Corte Interamericana4
de Direitos Humanos ocorreu seis anos mais tarde externamente em 10 dedezembro de 1998 com a aprovaccedilatildeo interna do Decreto Legislativo n 89 de3 de dezembro de 1998 O art 1ordm do decreto dispocircs ldquoEacute aprovada a solicitaccedilatildeode reconhecimento da competecircncia obrigatoacuteria da Corte Interamericana deDireitos Humanos em todos os casos relativos agrave interpretaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeoda Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos para fatos ocorridos a partirdo reconhecimento de acordo com o previsto no paraacutegrafo primeiro doart 62 daquele instrumento internacionalrdquo
Cf Leonardo Sakamoto Zeacute Pereira um sobrevivente 2 de junho de5
2004 Disponiacutevel em lthttpreporterbrasilorgbr200406ze-pereira-um-sobreviventegt Acesso em 22 abr 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual6
de 2012 capiacutetulo 3-B
PESQUISA DIREITO GV
72 sumaacuterio
Natildeo haacute dados suficientes nos relatoacuterios para indicar a quantidade7
de decisotildees com recomendaccedilotildees que por terem sido cumpridas no prazonatildeo tiveram seus relatoacuterios publicados pela Comissatildeo
Pesquisa realizada na seccedilatildeo de busca de jurisprudecircncia da proacutepria8
Corte Disponiacutevel em ltwwwcorteidhorcrindexphpjurisprudenciagtAcesso em 11 maio 2013
Utilizamos as categorias de ldquoindenizaccedilatildeordquo ldquosatisfaccedilatildeordquo e ldquogarantias9
de natildeo repeticcedilatildeordquo tal como apresentadas na Resoluccedilatildeo da Assembleia Geralda ONU n 60147 de 16 de dezembro de 2005 paraacutegrafos 18 a 23
Informe n 4306 (Meninos emasculados do Maranhatildeo)10
Informes n 5401 (Maria da Penha) n 5501 (Aluiacutesio Cavalcante11
e outros) n 2302 (Diniz Bento da Silva) n 4003 (Parque Satildeo Lucas)n 9503 (Joseacute Pereira) n 3204 (Corumbiara) n 3304 (Jailton Neri daFonseca) e n 6606 (Simone Andreacute Diniz)
Informes n 3508 (Antonio Ferreira Braga) n 2509 (Sebastiatildeo12
Camargo Filho) n 2609 (Wallace de Almeida) e n 3710 (Manoel Lealde Oliveira)
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual13
de 2012 capiacutetulo 3 item D
Vide Informe n 2498 (Joatildeo Canuto) Cf Comissatildeo Interamericana14
de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafo 45
Veja-se por exemplo o Caso 11793 (Jorge Antonio Carelli)15
mencionado no Relatoacuterio Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafo 46
Cf David C Baluarte and Christian M De Vos From Judgment to16
Justice Implementing International and Regional Human RightsDecisions Open Society Foundations 2010 Disponiacutevel em ltwwwsorosorginitiativesjusticefocusinternational_justicearticles_publicationspublicationsfrom-judment-to-justice20101122gt Acesso em 27 de junho de 2013
O primeiro foi o Projeto de Lei n 32142000 do Deputado17
Marcos Rolim PTRS apresentado em 13 de junho de 2000 que conformesua ementa dispunha sobre os efeitos juriacutedicos das decisotildees da ComissatildeoInteramericana de Direitos Humanos e da Corte Interamericana de DireitosHumanos e dava outras providecircncias Ele continha apenas quatro artigos e
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
73 sumaacuterio
tratava basicamente das decisotildees de caraacuteter indenizatoacuterio das decisotildees daComissatildeo e da Corte atribuindo-lhes efeito de tiacutetulo executivo judicialdireto contra a Uniatildeo Segundo o deputado o projeto procurava suprir adeficiecircncia de legislaccedilatildeo nacional sobre o tema e possibilitar agrave Uniatildeo pagaras indenizaccedilotildees sem prejuiacutezo de reaver o valor posteriormente doresponsaacutevel pela violaccedilatildeo de direitos humanos (cf Projeto de Lei n 3214de 2000 Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados 17 de junho de 2000)
A primeira comissatildeo que tratou do projeto considerou inconstitucional a execuccedilatildeo de uma decisatildeo sem que fosse homologada pelo oacutergatildeo brasileirocompetente (atualmente o Superior Tribunal de Justiccedila) e tambeacutem rejeitoua inclusatildeo das decisotildees da Comissatildeo uma vez que ela natildeo teria caraacuteterjurisdicional O projeto entatildeo foi alterado nesses aspectos restringindo a aplicaccedilatildeo da lei agraves decisotildees da Corte e mantendo a necessidade dehomologaccedilatildeo Ele sofreu criacuteticas pela sua pequena abrangecircncia natildeodispondo sobre as frequentes obrigaccedilotildees de fazer e natildeo fazer (cf MinisteacuterioPuacuteblico Federal Nota teacutecnica ao Projeto de Lei n 46672004 Brasiacutelia2010 p 1) Ao fim foi arquivado sem ter sido votado nem mesmo pelaCacircmara em razatildeo de procedimentos internos da Casa
O segundo foi o Projeto de Lei n 46672004 do Deputado JoseacuteEduardo Cardozo PTSP apresentado em 15 de dezembro de 2004 queconforme sua ementa dispunha sobre os efeitos juriacutedicos das decisotildees dosOrganismos Internacionais de Proteccedilatildeo aos Direitos Humanos e dava outrasprovidecircncias Em sua justificativa o deputado praticamente reiterou ospontos afirmados no projeto anterior salientando que ldquoapesar da ratificaccedilatildeoas decisotildees dessas instacircncias natildeo estatildeo sendo respeitadas pelo Brasil O PoderExecutivo manifesta interesse no cumprimento das decisotildees dos organismosde proteccedilatildeo seja no acircmbito regional ou global poreacutem alega a inexistecircnciade legislaccedilatildeo ordinaacuteria nacional destinada a disciplinar a mateacuteriardquo
Esse projeto ainda tramita no Congresso Nacional onde permanecedesde 2011 no Senado Federal sem movimentaccedilatildeo Natildeo obstante alguns deseus pontos ainda satildeo criticados principalmente por natildeo cobrir todas asdiferentes hipoacuteteses de condenaccedilotildees internacionais como relatoacuterios opiniotildeesconsultivas recomendaccedilotildees etc e por natildeo afastar alguns oacutebices internos parao imediato cumprimento das obrigaccedilotildees inclusive a demora na tramitaccedilatildeodos procedimentos (cf ibidem p 7-10) De qualquer forma salienta-se aoportunidade de que o Brasil conte com a primeira lei nacional deimplementaccedilatildeo das decisotildees internacionais (cf ibidem p 11)
Cf Decreto Presidencial n 7037 de 21 de dezembro de 200918
com alteraccedilotildees pelo Decreto Presidencial n 7177 de 12 de maio de 2010
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site do proacuteprio19
Ministeacuterio Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbro-ministerioconheca-o-ministerioviewgt Acesso em 27 jun 2013
PESQUISA DIREITO GV
74 sumaacuterio
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site da proacutepria20
Secretaria Disponiacutevel em lthttpportalsdhgovbrclientessedhsedhsobregt Acesso em 27 jun 2013
Na eacutepoca era denominada ldquoSecretaria Nacional dos Direitos21
Humanosrdquo Depois foi nomeada ldquoSecretaria do Estado dos DireitosHumanosrdquo Mais informaccedilotildees sobre o histoacuterico da Secretaria podem serencontradas no site da Secretaria Disponiacutevel em lthttpportalsdhgovbrclientessedhsedhsobregt Acesso em 27 jun 2013
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site do proacuteprio22
oacutergatildeo Disponiacutevel em ltwwwagugovbrsistemassiteTemplateTextoaspxidConteudo=200643ampordenacao=1ampid_site=10742gtAcesso em 27 jun 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional23
da SDH
Informaccedilatildeo concedida por membro do Departamento24
Internacional da AGU
Informaccedilotildees concedidas por membro do Departamento Internacional25
da AGU e por ex-membro da Assessoria Internacional da SDH
A dotaccedilatildeo contou em 2013 com o valor de R$ 35000000 Cf26
BRASIL Lei Federal n 12798 de 4 de abril de 2013 (Lei OrccedilamentaacuteriaAnual de 2013) volume IV p 603
Cf I Plano Nacional de Direitos Humanos p 7 anexo ao27
Decreto Presidencial n 1904 de 13 de maio de 1996
Cf Anexo ao Decreto Presidencial n 4229 de 13 de maio de 200228
Cf BRASIL Lei federal n 10933 de 11 de agosto de 200429
Plano Plurianual 20042007
Cf BRASIL Ministeacuterio da Justiccedila Plano Gerencial do Programa30
ldquoDireitos Humanos Direitos de Todosrdquo p 3-4 Disponiacutevel emltwwwmjgovbrsedhctspddhPlanGer_DHDTdocgt Acesso em 31maio 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional31
da SDH
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
75 sumaacuterio
De maneira sinteacutetica pode-se conceituar ldquoprogramardquo como ldquoo32
instrumento de organizaccedilatildeo da atuaccedilatildeo governamental que articula umconjunto de accedilotildees que concorrem para a concretizaccedilatildeo de um objetivocomum preestabelecido mensurado por indicadores instituiacutedos no planovisando agrave soluccedilatildeo de um problema ou o atendimento de determinadanecessidade ou demanda da sociedaderdquo enquanto ldquoaccedilotildeesrdquo satildeo ldquooperaccedilotildeesdas quais resultam produtos (bens ou serviccedilos) que contribuem paraatender ao objetivo de um programardquo (BRASIL Ministeacuterio do PlanejamentoOrccedilamento e Gestatildeo Secretaria do Orccedilamento Federal Manual teacutecnico deorccedilamento versatildeo 2011 Brasiacutelia 2010 p 39 e 42) A partir de 2012 houveuma pequena alteraccedilatildeo nos conceitos de modo a atender melhor oplanejamento governamental mas essa mudanccedila natildeo seraacute explicada aqui pornatildeo ser objeto deste artigo
Descriccedilatildeo constante nos objetivos estrateacutegicos 487 a 489 do33
programa nos seguintes termos ldquoComo resultado da implementaccedilatildeo doPrograma Nacional de Direitos Humanos ndash PNDH o Brasil ampliou suaparticipaccedilatildeo nos sistemas global (da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas ndashONU) e regional (da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos ndash OEA) depromoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos humanos Em particular a cooperaccedilatildeocom os oacutergatildeos de supervisatildeo da OEA tem ensejado a busca de soluccedilotildeesamistosas para casos de violaccedilatildeo em exame pela Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos abrindo a possibilidade de concessatildeo de reparaccedilotildeese indenizaccedilotildees agraves viacutetimas dessas violaccedilotildees ou a seus familiares bem comoa adoccedilatildeo de medidas administrativas e legislativas para prevenir aocorrecircncia de novas violaccedilotildeesrdquo (cf BRASIL Decreto Presidencial n4229 de 13 de maio de 2002 anexo)
Criado pela Emenda Constitucional n 45 de 30 de dezembro 34
de 2004 o Conselho Nacional de Justiccedila eacute um oacutergatildeo de caraacuteter nacionalpertencente ao Poder Judiciaacuterio responsaacutevel por exercer as funccedilotildees decontrole administrativo e financeiro de toda a Justiccedila brasileira Eletambeacutem tem a competecircncia constitucionalmente estabelecida de fiscalizaros juiacutezes tendo poderes disciplinares e correcionais para isso (art 103-Bsect 4ordm III e V) O Conselho elabora estudos sobre o aparato judiciaacuteriobrasileiro e fixa diretrizes e resoluccedilotildees que devem ser observadas portodos os tribunais do paiacutes Suas decisotildees e resoluccedilotildees soacute podem sercontroladas pelo Supremo Tribunal Federal o que o torna a instacircnciaadministrativa mais importante do Judiciaacuterio brasileiro
Informaccedilotildees gerais podem ser encontradas no site do proacuteprio35
programa Disponiacutevel em ltwwwcnjjusbrprogramas-de-a-a-zeficiencia-modernizacao-e-transparenciajustica-plenagt Acesso em 27 jun 2013
PESQUISA DIREITO GV
76 sumaacuterio
Informaccedilatildeo concedida por membro de ONG peticionaacuteria no caso36
Damiatildeo Ximenes Lopes
No relatoacuterio referente agraves atividades do ldquoJusticcedila Plenardquo ateacute 2012 37
a SDH figura como o terceiro oacutergatildeo participante a incluir mais processosno programa sendo que todas as suas 16 inclusotildees se referiam a casos quetramitam ou tramitaram no sistema interamericano Ao todo o programacontava com 80 casos em andamento em 18 de maio de 2012 (cf BRASILConselho Nacional de Justiccedila Relatoacuterio do Programa Justiccedila Plena BrasiacuteliaConselho Nacional de Justiccedila p 9 Disponiacutevel em ltwwwcnjjusbrimagesprogramasjustica-plenarelatorio_justicaplenapdfgt Acesso em 27 jun 2013)
Depoimentos em provas documentais de Luiacutes Fernando Farah de38
Toacutefoli e Domingos Saacutevio do Nascimento Alves
Depoimentos em provas documentais de Braz Geraldo Peixoto39
familiar de usuaacuterio do sistema de sauacutede mental eleito representante defamiliares perante a Comissatildeo Nacional de Reforma Psiquiaacutetrica doMinisteacuterio da Sauacutede e perante a Comissatildeo Estadual da Secretaria deSauacutede do Estado de Satildeo Paulo
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Damiatildeo40
Ximenes Lopes versus Brasil Sentenccedila de 04 de julho de 2006 (meacuteritoreparaccedilotildees e custas) 2006 p 16
Cf QUINDEREacute Paulo H D e JORGE Maria Salete B41
(Des)construccedilatildeo do modelo assistencial em sauacutede mental na composiccedilatildeo das praacuteticas e dos serviccedilos Sauacutede Soc Satildeo Paulo v 19 n 3 2010 p 569-83
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria42
Internacional da SDH e por membro de ONG peticionaacuteria no casoDamiatildeo Ximenes Lopes
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no43
caso Damiatildeo Ximenes Lopes
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria44
Internacional da SDH
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio sobre a45
situaccedilatildeo dos direitos humanos no Brasil 1997 Disponiacutevel em ltwwwcidhorgcountryrepBrasesp97indicehtmgt Acesso em 29 abr 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
77 sumaacuterio
Cf COSTA Patriacutecia Trindade Maranhatildeo Combatendo o trabalho escravo46
contemporacircneo o exemplo do Brasil Disponiacutevel em ltwwwoitbrasilorgbrsitesdefaultfilestopicforced_labourdocestudo_de_ caso_86pdfgt Acessoem 21 abr 2013
Lei federal n 10803200347
Mudanccedila feita pela PEC n 4382001 que altera a redaccedilatildeo do48
artigo 243 da Constituiccedilatildeo
Cf CAMARGO Beatriz Governo cumpre parte do acordo com 49
OEA sobre trabalho escravo 25 de maio de 2006 Disponiacutevel emltwwwtrabalhoescravoorgbrnoticia6gt Acesso em 27 abr 2013
Art 226 sect 8ordm50
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio sobre 51
a situaccedilatildeo dos direitos humanos no Brasil 1997 Disponiacutevel em ltwwwcidhorgcountryrepBrasesp97indicehtmgt Acesso em 29 abr 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio52
Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafos 55 a 60
Para ver todos os pontos Comissatildeo Interamericana de Direitos53
Humanos Relatoacuterio Anual de 2011 paraacutegrafos 104 e seguintes
Informaccedilotildees concedidas por membro da Rede peticionaacuteria no54
caso Maria da Penha
Cf Leila Linhares Barsted e Rosane Reis Laviane Proposta de Lei55
de Violecircncia Domeacutestica contra as Mulheres Carta da Cepia ano VII n 10dez 2002 Disponiacutevel em ltwwwcepiaorgbrdoccartadacepia10pdfgtAcesso em 22 abr 2013
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia e ONG56
peticionaacuteria no caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no57
caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por funcionaacuteria da Secretaria Especial de58
Poliacuteticas para as Mulheres
PESQUISA DIREITO GV
78 sumaacuterio
Para um histoacuterico da participaccedilatildeo desse consoacutercio veja-se o site59
da organizaccedilatildeo CFEMEA Disponiacutevel em ltwwwcfemeaorgbrindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2680ampItemid=154gtAcesso em 23 abr 2013
Cf BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Mensagem Presidencial 60
n 78204 de 16 de novembro de 2004 paraacutegrafo 10
Veja-se o parecer da Comissatildeo de Seguridade Social e Famiacutelia de 2361
de agosto de 2005 Disponiacutevel em ltwwwcamaragovbrproposicoesWebfichadetramitacaoidProposicao=272058gt Acesso em 1ordm maio 2013
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia e ONGs62
peticionaacuterias no caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia63
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Julia Gomes64
Lund e outros (ldquoGuerrilha do Araguaiardquo) vs Brasil sentenccedila de 24 de novembrode 2010 (exceccedilotildees preliminares meacuterito reparaccedilotildees e custas) 2010 p 107
De acordo com o art 6ordm do Decreto n 6980 de 13 de outubro65
de 2009
Para mais informaccedilotildees ver ltwwwmemoriasreveladasarquivonacional66
govbrgt Acesso em 27 jun 2013
Informaccedilatildeo concedida por membro da Comissatildeo Nacional da Verdade67
O periacuteodo fixado pelo art 8ordm dos Atos das Disposiccedilotildees68
Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo eacute de 18 de setembro de 1946ateacute a data da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo
PNDH-3 instituiacutedo pelo Decreto n 7037 de 21 de dezembro 69
de 2009 e atualizado pelo Decreto n 7177 de 12 de maio de 2010 (cf BRASIL Secretaria de Direitos Humanos da Presidecircncia daRepuacuteblica Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) BrasiacuteliaSDHPR 2010 p 173-175 Disponiacutevel em lthttpportalmjgovbrsedhpndh3pndh3pdfgt Acesso em 27 jun 2013)
Os relatoacuterios de suas atividades e as respectivas conclusotildees70
podem ser encontrados no site da proacutepria Comissatildeo Nacional da VerdadeDisponiacutevel em ltwwwcnvgovbrgt Acesso em 27 jun 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
79 sumaacuterio
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Julia Gomes71
Lund e outros (Guerrilha do Araguaia) vs Brasil sentenccedila de 24 de novembrode 2010 cit p 107
Cf BRASIL Ministeacuterio Puacuteblico Federal Crimes da Ditadura72
Relatoacuterio preliminar de atos de persecuccedilatildeo penal desenvolvidos pelo MPFacerca de graves violaccedilotildees de direitos humanos cometidas por agentes doEstado durante a ditadura Brasiacutelia Ministeacuterio Puacuteblico Federal 2013Disponiacutevel em lthttpnoticiaspgrmpfgovbrnoticiasnoticias-do-sitecopy_of_pdfsRelatorio_Crimes20_Ditatura_completopdfgt Acessoem 29 maio 2013
Cf ibidem p 1773
Cf A O Sevaacute Filho Tenotatilde-motilde ndash Alertas sobre as consequecircncias74
dos projetos hidreleacutetricos no rio Xingu IRN 2005 p 11 55 67 255
Cf ibidem p 42-46 6575
Relatoacuterio disponiacutevel em ltwwwaneelgovbrareacfmidArea=671gt76
Acesso em 30 mar 2013
Cf A O Sevaacute Filho Tenotatilde-m cit p 4277
Cf ibidem p 11 4978
Decisatildeo disponiacutevel em ltwwwsteptoecomassetsattachments79
4398pdfgt Acesso em 31 mar 2013
Accedilatildeo Civil Puacuteblica de n 5850-7320014013900 cujo80
acompanhamento processual encontra-se disponiacutevel emltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada 20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm abr 2013
Pet 2604PA Relator(a) Min Presidente julgamento81
26102002 decisatildeo proferida pelo(a) Min Marco Aureacutelio publicaccedilatildeo DJ12112002 p 47 Disponiacutevel em lthttpstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=282822belo+monte222929+E+S2EPRES2Eampbase=basePresidenciagt Acesso em 1ordm mar 2013
Nos termos do art 231 sect 3ordm da CF8882
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo monte de violecircncias Disponiacutevel em83
PESQUISA DIREITO GV
80 sumaacuterio
lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 1ordm mar 2013
Deputado Federal Fernando Ferro do Partido dos Trabalhadores84
Disponiacutevel em lthttpfernandoferrocombrindexphpoption=85
com_contentampview=articleampid=188projeto-de-decreto-legislativo-de-2005ampcatid=49atuacao-parlamentarampItemid=57gt Acesso em 1ordm mar 2013
DL n 7882005 Disponiacutevel em lthttplegissenadogovbrsicon86
indexjspgt (ver item nautilus) Acesso em 1ordm mar 2013
ADI 3573DF Relator(a) Min Carlos Britto Relator(a) p Acoacuterdatildeo87
Min Eros Grau julgamento 01122005 Oacutergatildeo Julgador Tribunal PlenoPublicaccedilatildeo DJ 19122006 p 35 Ement v 02261-04 p 844 STF Disponiacutevelem ltwwwstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=28decreto+legislativo+788+de+2005+inconstitucionalidade29ampbase=baseAcordaosampurl=httptinyurlcombuauo4agt Acesso em 2 mar 2013
ACP 20063903000711-8 709-8820064013903 Disponiacutevel em88
ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo Monte de Violecircncias89
Disponiacutevel em lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 2 mar 2013
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo Monte de Violecircncias90
Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt e lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 1ordm mar 2013
Cf Folha de S Paulo Disponiacutevel em ltwww1folhauolcombr91
mercado866367-ibama-libera-licenca-para-iniciar-canteiro-de-obras-de-belo-monteshtmlgt cf Movimento Xingu Vivo para Sempre Disponiacutevel emltwwwxinguvivoorgbr20110616peticao-para-cidh-entenda-o-casogtcf Ministeacuterio Puacuteblico Federal Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Documento disponiacutevel em ltwwwsocioambientalorgbanco_imagens92
pdfsParecer_tecnicopdfgt Acesso em 7 maio 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
81 sumaacuterio
Cf Itamaraty Nota 142 Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbr93
sala-de-imprensanotas-a-imprensasolicitacao-da-comissao-interamericana-de-direitos-humanos-cidh-da-oeasearchterm=belogtAcesso em 8 maio 2013
Licenccedila de Instalaccedilatildeo n 795201194
Disponiacutevel em lthttpglobalorgbrprogramasbelo-monte-apos-95
boicotar-audiencia-brasil-e-cobrado-na-cidhoeagt Acesso em 5 maio 2013
Cf Movimento Xingu Vivo Para Sempre Disponiacutevel em96
ltwwwxinguvivoorgbr20120116belo-monte-inicia-primeiro-barramento-do-xingu-2gt Acesso em 5 maio 2013
Cf Movimento Xingu Vivo Para Sempre Disponiacutevel em97
ltwwwxinguvivoorgbr20120724mpf-pede-anulacao-da-licenca-de-belo-montegt e ltwwwxinguvivoorgbrwpcontentuploads201207Belo_Monte_cautelar_Condicionantespdfgt Acesso em 9 maio2013 cf Ministeacuterio Puacuteblico Federal Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 9 maio 2013
STF SL 125PA Relator(a) Min Presidente julgamento98
16032007 decisatildeo proferida pelo(a) Min Ellen Gracie Publicaccedilatildeo DJ29032007 p 36 Disponiacutevel em lthttpstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=282822belo+monte222929+E+S2EPRES2Eampbase=basePresidenciagt Acesso em 1ordm mar 2013
Disponiacutevel em ltwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1980-99
1989anexoand96652-88pdfgt Acesso em 28 mar 2013
Cf Instituto Socioambeintal Cronologia Disponiacutevel em100
ltwwwsocioambientalorgespbmhistaspgt Acesso em 28 mar 2013
Cf BRASIL Plano 2030 p 13 56 59 73 e 97 Disponiacutevel em101
ltwwwmmegovbrmmegaleriasarquivospublicacoespne_20303_GeracaoHidreletricapdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Segundo o Governo Federal ldquoCriado em 2007 no segundo102
mandato do presidente Lula (2007-2010) o Programa de Aceleraccedilatildeo doCrescimento ndash PAC promoveu a retomada do planejamento e execuccedilatildeode grandes obras de infraestrutura social urbana logiacutestica e energeacutetica dopaiacutes contribuindo para o seu desenvolvimento acelerado e sustentaacutevel
PESQUISA DIREITO GV
82 sumaacuterio
Pensado como um plano estrateacutegico de resgate do planejamento e de retomada dos investimentos em setores estruturantes do paiacutes o PACcontribuiu de maneira decisiva para o aumento da oferta de empregos e na geraccedilatildeo de renda e elevou o investimento puacuteblico e privado em obrasfundamentaisrdquo Disponiacutevel em lthttpdadosgovbrdatasetobras-do-pac-programa-de-aceleracao-do-crescimentogt Acesso em em 8 mar 2013
Cf Estado de Satildeo Paulo Disponiacutevel em ltwwwestadaocombr103
noticiaseconomiaminc-belo-monte-e-maior-e-mais-polemica-obra-do-pac5048630htmgt Acesso em 8 mar 2013
Satildeo elas Usina Hidreleacutetrica de Jirau (RO) seacutetima mais104
importante Usina Hidreleacutetrica de Santo Antocircnio (RO) quinta maisimportante e Usina Hidreleacutetrica Belo Monte (PA) quarta mais importanteDisponiacutevel em ltwwwpacgovbrif1e1c8abgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Governo Federal PAC Disponiacutevel em ltwwwpacgovbri105
f1e1c8abgt Acesso em 8 mar 2013
1989 1994 1998 2002 2006 2010 Cf Tribunal Superior106
Eleitoral Eleiccedilotildees Disponiacutevel em ltwwwtsejusbreleicoeseleitos-1945-1990cronologia-das-eleicoesgt Acesso em 9 maio 2012
Dilma Rousseff (2011) Luis Inaacutecio Lula da Silva (2003-2011)107
Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) Itamar Augusto CautieroFranco (1992-1995) Fernando Afonso Collor de Mello (1990-1992) JoseacuteSarney (1985-1990) Joatildeo Baptista de Oliveira Figueiredo (1979-1985) eErnesto Geisel (1974-1979) Cf Governo Federal Galeria de PresidentesDisponiacutevel em ltwww2planaltogovbrpresidenciagaleria-de-presidentesgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Governo Federal Ex-Presidentes Disponiacutevel em ltwwwbiblioteca108
presidenciagovbrex-presidentesfernando-collorgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Medida109
Cautelar 38210 Disponiacutevel em ltwwwoasorgescidhdecisionescautelaresasptab1gt Acesso em 8 mar 2013
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria Internacional110
da Secretaria de Direitos Humanos
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional111
da Secretaria de Direitos Humanos
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
83 sumaacuterio
Houve a promulgaccedilatildeo da Lei Federal n 10706 de 30 de julho de112
2003 para autorizar o pagamento de indenizaccedilatildeo no valor de R$ 5200000a Joseacute Pereira
O relatoacuterio estaacute disponiacutevel em ltwww2senadogovbrbdsfitem113
id84599gt Acesso em 21 abr 2013
De acordo com informaccedilotildees concedidas por ex-membro da114
Assessoria Internacional da SDH no caso dos Meninos do Maranhatildeo houvegrande proatividade por parte do estado maranhense Em sua opiniatildeo acelebraccedilatildeo do acordo de soluccedilatildeo amistosa obteve sucesso em grande parteem razatildeo da vontade poliacutetica do estado
A Comissatildeo foi criada por meio do Decreto do Governo 115
do Maranhatildeo n 23037 de 20 de abril de 2007 Disponiacutevel emltwwwcgemagovbrdocumentophpIdp=1791gt Acesso em 24 fev 2013
A Comissatildeo de Direitos Humanos e das Minorias eacute uma das comissotildees116
permanentes da Cacircmara dos Deputados do Brasil cuja finalidade consiste emanalisar propostas legislativas e outros assuntos referentes agrave temaacutetica
Disponiacutevel em lthttpblogjornalpequenocombrricardosantos117
20110930acordo-com-familias-dos-E2809Cmeninos-emasculadosE2809D-nao-esta-sendo-cumprido-denuncia-eliziane-gamagt Acesso em 24 fev 2013
Notiacutecia disponiacutevel em lthttpg1globocommamaranhao118
noticia201302promotoria-aponta-irregularidades-em-quase-todas-delegacias-de-sao-luishtmlgt Acesso em 24 fev 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional119
da SDH
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional120
da SDH
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Demanda perante121
a Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso Arley Joseacute Escher e outros(interceptaccedilatildeo de linhas telefocircnicas de organizaccedilotildees sociais) (Caso 12353) contra aRepuacuteblica Federativa do Brasil de 20 de dezembro de 2007 paraacutegrafo 32
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Escher e122
outros vs Brasil Exceccedilotildees Preliminares Meacuterito Reparaccedilotildees e Custas Sentenccedila
PESQUISA DIREITO GV
84 sumaacuterio
de 6 de julho de 2009 seacuterie C n 200 paraacutegrafo 216
Oacutergatildeo responsaacutevel por fiscalizar as investigaccedilotildees criminais e123
ajuizar as accedilotildees penais naquele Estado
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Escher e124
outros vs Brasil Resoluccedilatildeo de Supervisatildeo de Cumprimento de Sentenccedilade 19 de junho de 2012 paraacutegrafo 13
Cf ibidem paraacutegrafos 17 a 21 Nesse sentido eacute valiosa a125
comparaccedilatildeo com o caso Julia Gomes Lund e outros vs Brasil
Veja-se no caso Garibaldi vs Brasil o pagamento de US$ 179 mil126
para a viuacuteva e os filhos da viacutetima autorizado por meio do Decretofederal n 7307 de 22 de setembro de 2010 publicado no DOU23092010 e no caso Escher e outros vs Brasil o pagamento de US$ 22mil para cada uma das viacutetimas autorizado por meio do Decreto federaln 7158 de 20 de abril de 2010 publicado no DOU 22042010
Em Garibaldi vs Brasil no ano de 2010 o Governo Federal127
publicou a sentenccedila nos termos determinados em jornais de grandecirculaccedilatildeo e em website do governo Em Escher e outros v Brasil o Estadobrasileiro informou que publicou a sentenccedila em jornais estaduais degrande circulaccedilatildeo entre julho e setembro de 2010 e tambeacutem no site daSDH da Presidecircncia e nos sites paranaenses da Procuradoria-Geral deJusticcedila do Tribunal de Justiccedila do Paranaacute e do Governo do Estado
Ressaltamos poreacutem que natildeo encontramos algumas publicaccedilotildees Essa128
preocupaccedilatildeo com o periacuteodo de disponibilizaccedilatildeo nos meios eletrocircnicos foiexternada pelo Juiz Roberto Figueiredo Caldas em voto concorrente agravesentenccedila no caso Escher e outros vs Brasil de 6 de julho de 2009 paraacutegrafo 46
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no129
caso Maria da Penha
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio130
Anual de 2003 paraacutegrafo 81 Relatoacuterio Anual de 2004 paraacutegrafo 71Relatoacuterio Anual de 2006 paraacutegrafo 88
Conforme apresentado no acircmbito da Comissatildeo ldquola retoma de131
estas negociaciones se refuerza con la presencia de un nuevo actorrepresentante del Gobierno del Estado de Cearaacute denotaacutendose en lasmismas una intencioacuten comuacuten de buscar caminos que guiacuteen al
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
85 sumaacuterio
cumplimiento de las recomendaciones efectuadas pese a las divergenciassuscitadas en la reunioacutenrdquo (cf Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos Relatoacuterio Anual de 2006 paraacutegrafo 83)
Lei Estadual n 14800 de 9 de abril de 2008132
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio133
Anual de 2007 paraacutegrafo 97
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio134
Anual de 2008 paraacutegrafo 102
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio135
Anual de 2011 paraacutegrafos 241 e 242
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no136
caso Maria da Penha
Relatoacuterio de Admissibilidade e Meacuterito n 1307 seccedilotildees 33-36137
OLIVEIRA Francisco de RIZEK Cibele S A era da138
indeterminaccedilatildeo Satildeo Paulo Boitempo Editorial 2007 p 169-70
Lei Municipal n 11102 de 14 de dezembro de 2010139
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo n140
47807 Caso das pessoas privadas de liberdade na Cadeia Puacuteblica do GuarujaacuteRelatoacuterio de Admissibilidade n 4108 de 23 de julho de 2008 paraacutegrafo59 Atualmente a peticcedilatildeo que tramita paralelamente estaacute em fase dejulgamento de meacuterito
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo141
12003 Relatoacuterio n 2311 Decisatildeo de Arquivo de 23 de marccedilo de 2011paraacutegrafo 10
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo n142
1113-06 Caso das pessoas privadas de liberdade nas celas da 76ordf Delegacia dePoliacutecia de Niteroacutei Relatoacuterio de Admissibilidade n 3607 de 17 de julho de2007 paraacutegrafo 79
Acreditamos que a medida cautelar tenha sido completamente143
cumprida A desocupaccedilatildeo da aacuterea e o fim dos conflitos ocorreram apoacutesdecisatildeo do Supremo Tribunal Federal que definiu a retirada dos natildeo
PESQUISA DIREITO GV
86 sumaacuterio
indiacutegenas do local Cf Supremo Tribunal Federal Pleno Pet 3388RRRel Min Ayres Britto j 19032009
Uacuteltimo informe da Comissatildeo referente ao caso apresentou 144
o cumprimento de algumas recomendaccedilotildees mas natildeo foi possiacutevel saber se atualmente o cumprimento permanece parcial ou jaacute foi integralmenterealizado
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
87 sumaacuterio
REFEREcircNCIAS
CHAYES Abram CHAYES Antonia Handler ldquoOn compliancerdquoInternational Organization v 47 n 2 p 175-205 Spring 1993DALLARI Pedro B A Constituiccedilatildeo e tratados internacionais Satildeo PauloSaraiva 2003DUXBURY Neil The nature and authority of precedent CambridgeCambridge University Press 2008GALINDO George Rodrigo Bandeira Tratados internacionais de direitoshumanos e Constituiccedilatildeo brasileira Belo Horizonte Del Rey 2002MAGALHAtildeES Joseacute Carlos de O Supremo Tribunal Federal e o direitointernacional uma anaacutelise criacutetica Porto Alegre Livraria do Advogado 2000MALLINDER Louise Perspectivas transnacionais sobre anistias In Aanistia na era da responsabilizaccedilatildeo o Brasil em perspectiva internacionale comparada Brasiacutelia Ministeacuterio da Justiccedila Comissatildeo de Anistia eOxford Oxford University Latin American Centre 2011NINO Carlos Santiago Eacutetica y derechos humanos un ensayo defundamentacioacuten 2 ed Buenos Aires Astrea 2005PAULSON Colter Compliance with Final Judgments of the InternationalCourt of Justice since 1987 The American Journal of International Law v98 n 3 p 434-61 2004PIOVESAN Flaacutevia Direitos humanos e o direito constitucional internacional11 ed Satildeo Paulo Saraiva 2010______ Direitos humanos e justiccedila internacional Satildeo Paulo Saraiva 2007______ Censuraacutevel reaccedilatildeo do Brasil Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbrsala-de-imprensaselecao-diaria-de-noticiasmidias-nacionaisbrasilo-globo20110519censuravel- reacao-do-bras i l -ar t igo- f lav ia-piovesanprint-notagt Acesso em 14 fev 2012RAMOS Andreacute de Carvalho Processo internacional de direitos humanosanaacutelise dos sistemas de apuraccedilatildeo de violaccedilotildees de direitos humanos eimplementaccedilatildeo das decisotildees do Brasil Rio de Janeiro Renovar 2002_______ Direitos humanos em juiacutezo Satildeo Paulo Max Lemonad 2001SABADELL Ana Luacutecia e DIMOULIS Dimitri Tribunal PenalInternacional e Direitos Fundamentais problemas de constitucionalidadeCadernos de Direito Unimep v 3 n 5 p 241-59 2003_______ Crimes da ditadura militar a ADPF 153 e a Corte Interamericana deDireitos Humanos In GOMES Luiz Flaacutevio MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira(Org) Crimes da Ditadura Militar Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2011_______ O diaacutelogo das Cortes O Supremo Tribunal Federal e a CorteInteramericana de Direitos Humanos In AMARAL JUNIOR Albertodo e JUBILUT Liliana Lyra (Orgs) O STF e o Direito Internacional dosDireitos Humanos Satildeo Paulo Quartier Latin 2009 v 1SICILIANO Andreacute Luiz O caso de Belo Monte na Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos anaacutelise em dois niacuteveis 2011 Disponiacutevel em
PESQUISA DIREITO GV
88 sumaacuterio
ltwwwslidesharenetalsicilianoartigobelo-monte-na-cidhgt Acesso em 14fev 2012SILVA Virgiacutelio Afonso da Integraccedilatildeo e diaacutelogo constitucional naAmeacuterica do Sul In BOGDANDY Armin von PIOVESAN Flaacutevia eANTONIAZZI Mariela Morales (Orgs) Direitos humanos democracia eintegraccedilatildeo juriacutedica na Ameacuterica do Sul Rio de Janeiro Lumen Juris 2010SOUSA JUacuteNIOR Wilson Cabral de REID John Anaacutelise de riscossocioeconocircmicos e ambientais do Complexo Hidreleacutetrico de BeloMonte V Encontro Nacional da ANPPAS 2010SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Extradiccedilatildeo (Publicaccedilatildeo temaacutetica)Disponiacutevel em ltwwwstfjusbrportalcmsverTextoaspservico=publicacaoPublicacaoTematicagt Acesso em 14 fev 2012TRINDADE Antocircnio Augusto Canccedilado Tratado de direito internacionaldos direitos humanos 2 ed Porto Alegre Sergio Antonio Fabris Editor2003 v 3VECcedilOSO Fabia Fernandes Carvalho AMARAL JUacuteNIOR Alberto doThe Inter-American System as New Grossraum Assessing the case Lawof the Inter-american Court of Human Rights European Society ofInternational Law Conference Paper Series Conference Paper n 32011VENTURA Deisy A interpretaccedilatildeo judicial da Lei de Anistia brasileira eo Direito Internacional A Anistia na Era da Responsabilizaccedilatildeo o Brasil emperspectiva internacional e comparada Brasiacutelia Ministeacuterio da JusticcedilaComissatildeo de Anistia e Oxford Oxford University Latin AmericanCentre 2011VIEIRA Oscar Vilhena (Coord) Direitos humanos Estado de Direito econstruccedilatildeo da paz Satildeo Paulo Quartier Latin 2005
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
89 sumaacuterio
CONCLUSAtildeO BALANCcedilO DE RESULTADOS E PARAcircMETROS DE IMPLEMENTACcedilAtildeO 52
APEcircNDICE CASOS QUE ENVOLVEM O BRASIL NO SIDH 54
I MEDIDAS CAUTELARES OUTORGADAS PELA COMISSAtildeO INTERAMERICANADE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 32 (ENTRE 1995 E 2012) 54
II RELATOacuteRIOS DE MEacuteRITO PUBLICADOS PELA COMISSAtildeO INTERAMERICANADE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 17 (ENTRE 1995 E 2012) 62
III SOLUCcedilOtildeES AMISTOSAS CELEBRADAS PELO BRASIL NA COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 2 (ENTRE 1995 E 2012) 67
IV MEDIDAS PROVISIONAIS OUTORGADAS PELA CORTE INTERAMERICANADE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012) 68
V CASOS CONTENCIOSOS NA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOSTOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012) 70
NOTAS 72
REFEREcircNCIAS 88
PREFAacuteCIO
O Sistema Interamericano de Direitos Humanos estabelecido ori-ginalmente no contexto da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanose depois expandido pela adoccedilatildeo da Convenccedilatildeo Americana deDireitos Humanos de 1966 tem cumprido natildeo sem ambiguidadesum papel relevante na ampliaccedilatildeo da proteccedilatildeo dos direitos huma-nos no continente Durante a vaga autoritaacuteria dos anos 1970 aComissatildeo Interamericana realizou com grande coragem visitas eproduziu relatoacuterios constrangedores para as ditaduras argentina echilena Com a redemocratizaccedilatildeo do continente o papel do Sis-tema passou por uma transformaccedilatildeo A adesatildeo paulatina dos paiacutesesagrave Convenccedilatildeo de San Joseacute e a seus protocolos comeccedilou a gerar umarelaccedilatildeo promissora entre os sistemas constitucionais e o sistemaregional de proteccedilatildeo aos direitos humanos A fragilidade institu-cional da Comissatildeo e da Corte somada agrave ambiguidade poliacutetica demuitos dos Estados membros em relaccedilatildeo aos direitos humanosvem nos uacuteltimos anos colocando em risco a integridade e a rele-vacircncia do Sistema Interamericano na proteccedilatildeo e na promoccedilatildeo dedireitos no continente Neste sentido uma pesquisa que busca ana-lisar o enraizamento do sistema regional de direitos humanos eacutemais do que oportuna
Este trabalho eacute fruto de uma pesquisa de dois anos desenvol-vida a partir de um projeto internacional e colaborativo voltadoao mapeamento da implementaccedilatildeo das medidas e decisotildees do Sis-tema Interamericano de Direitos Humanos na Ameacuterica do Sul Oestudo brasileiro foi realizado pela equipe da DIREITO GVDesde o iniacutecio colocou-se o desafio de encontrar paracircmetros con-
sistentes para aferir a qualidade da implementaccedilatildeo das medidas edecisotildees do Sistema Interamericano que natildeo fossem simplesmentedependentes das perspectivas da Comissatildeo e da Corte Interamerica-na de Direitos Humanos a esse respeito Para evitar a adoccedilatildeo deparacircmetros aleatoacuterios a equipe de pesquisa voltou seus esforccedilos paracoletar os dados empiacutericos e normativos no acircmbito domeacutestico como intuito de desenvolver uma meacutetrica adequada agrave compreensatildeo dofenocircmeno agrave luz da realidade brasileira Foi possiacutevel rapidamente perceber entretanto que natildeo existem
padrotildees firmemente estabelecidos para a implementaccedilatildeo das decisotildees
e que tambeacutem natildeo foram produzidos estudos ou informaccedilotildees puacutebli-cas sistematizadas que esclarecessem quais oacutergatildeos satildeo responsaacuteveispela implementaccedilatildeo das medidas e decisotildees do Sistema Interameri-cano no Brasil O que a equipe de pesquisa detectou desde o primeiromomento eacute que nossa estrutura institucional passou e passa por trans-formaccedilotildees a cada novo caso sendo desafiador e pioneiro o mero atode sistematizar informaccedilotildees relevantes a esse respeitoCom isso a pesquisa que foi pensada com o objetivo de respon-
der qual ldquoo grau de implementaccedilatildeo das medidas e decisotildees do SistemaInteramericanordquo se transformou em uma investigaccedilatildeo mais baacutesica arespeito de ldquocomo foram implementadas as medidas e decisotildeesrdquo Foinecessaacuterio mitigar as expectativas de um diagnoacutestico preciso a res-peito da implementaccedilatildeo de tais medidas no Brasil bem como as detraccedilar um mapeamento perfeito e totalizante a respeito dos mecanis-mos de implementaccedilatildeo Ficou claro ao longo do trabalho que muitaenergia e tempo deveriam ser gastos para desenvolver um meacutetodoadequado de pesquisa e aperfeiccediloaacute-lo a partir de problemas e equiacute-vocos surgidos durante a investigaccedilatildeo Pesquisas preliminares como esta natildeo nos permitem saltar para
conclusotildees rotundas De qualquer forma autorizam aos observado-res mais atentos levantarem hipoacuteteses que mobilizaratildeo outras linhasde investigaccedilatildeo Neste sentido qual seria a razatildeo pela qual o sistemapoliacutetico brasileiro natildeo foi capaz de conceber um mecanismo soacutelido eeficiente para a implementaccedilatildeo das decisotildees do Sistema Intera-mericana de Direitos Humanos Haacute aqui apenas incompetecircnciaadministrativa ou o Estado brasileiro por intermeacutedio de suas institui-ccedilotildees mais permanentes como o Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exterioresresiste a criar mecanismos mais contundentes de implementaccedilatildeo dedecisotildees da jurisdiccedilatildeo internacional Em que medida a dimensatildeo fede-rativa do Estado brasileiro tem sido o maior obstaacuteculo para ummecanismo de implementaccedilatildeo mais eficiente E qual seria o papel dasociedade civil na fiscalizaccedilatildeo da efetividade desses mecanismos
Oscar Vilhena Vieira
SOBRE OS AUTORES
ADRIANE SANCTIS DE BRITOPESQUISADORA DO NUacuteCLEO DE DIREITO GLOBAL E DESENVOLVIMENTO DA DIREITO GV MESTRANDA EM DIREITOINTERNACIONAL PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP) COM GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA MESMA INSTITUICcedilAtildeO
GUILHERME FORMA KLAFKEPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE METODOLOGIA DE ENSINO DA DIREITO GV PROFESSOR DA SOCIEDADE BRASILEIRA DEDIREITO PUacuteBLICO (SBDP) MESTRANDO EM DIREITO CONSTITUCIONAL PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP)COM GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA MESMA INSTITUICcedilAtildeO
LUCIANA DE OLIVEIRA RAMOSPESQUISADORA DO NUacuteCLEO DE JUSTICcedilA E CONSTITUICcedilAtildeO DA DIREITO GV PROFESSORA DO GVLAW PROFESSORA DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP) DOUTORANDA EM DIREITO CONSTITUCIONAL PELA UNIVERSIDADEDE SAtildeO PAULO (FD-USP) MESTRE EM CIEcircNCIA POLIacuteTICA PELA FFLCH-USP GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA PUC-SP
MARIacuteLIA ROLEMBERG LESSAGRADUANDA EM DIREITO PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP) EX-ALUNA DA ESCOLA DE FORMACcedilAtildeO DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP)
OSCAR VILHENA VIEIRADIRETOR DA ESCOLA DE DIREITO DE SAtildeO PAULO DA FUNDACcedilAtildeO GETULIO VARGAS (DIREITO GV) POacuteS-DOUTOR PELOCENTRE FOR BRAZILIAN STUDIES (ST ANTOINES COLLEGE OXFORD UNIVERSITY) DOUTOR E MESTRE EM CIEcircNCIAPOLIacuteTICA PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FFLCH-USP) MESTRE EM DIREITO PELA UNIVERSIDADE DECOLUMBIA GRADUADO EM DIREITO PELA PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DE SAtildeO PAULO (PUC-SP)
RAFAEL GANDUR GIOVANELLIPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE METODOLOGIA DE ENSINO DA DIREITO GV MESTRANDO EM DIREITO E DESENVOLVIMENTOPELA DIREITO GV GRADUANDO EM FILOSOFIA PELA FFLCH-USP GRADUADO EM DIREITO PELA PUC-SP
RUBENS EDUARDO GLEZERPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE JUSTICcedilA E CONSTITUICcedilAtildeO DA DIREITO GV PROFESSOR DO GVLAW PROFESSOR DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP) SECRETAacuteRIO-GERAL DA REDE DE INICIATIVAS LATINO-AMERICANASEM DIREITO E DEMOCRACIA (ILADD) DOUTORANDO EM FILOSOFIA E TEORIA GERAL DO DIREITO PELA FD-USP MESTREEM DIREITO E DESENVOLVIMENTO PELA DIREITO GV VISITING STUDENT NA NEW YORK UNIVERSITY BACHAREL EMDIREITO PELA PUC-SP
INTRODUCcedilAtildeOEsta obra eacute o resultado de uma pesquisa empiacuterica voltada a ofere-cer paracircmetros a respeito do grau de implementaccedilatildeo das decisotildeese recomendaccedilotildees da Corte e da Comissatildeo Interamericana de Direi-tos Humanos pelo BrasilA anaacutelise de implementaccedilatildeo partiu do exame da adoccedilatildeo de
medidas estatais em seus diferentes niacuteveis federativos voltadas acumprir recomendaccedilotildees ou condenaccedilotildees especiacuteficas realizadaspelo Sistema Interamericano de Direitos Humanos (SIDH)2 Con-tudo as conclusotildees obtidas natildeo se restringiram agraves avaliaccedilotildeesrealizadas pelos oacutergatildeos oficiais envolvidos seja na instacircncia inter-nacional (pelos instrumentos de acompanhamento do SIDH) sejana esfera nacional (por pronunciamentos governamentais) Essaavaliaccedilatildeo substantiva se funda em um esforccedilo interpretativo daequipe de pesquisa realizada a partir dos elementos coletadosdocumentalmente e em entrevistas com atores relevantes envol-vidos nas situaccedilotildees investigadas A expressatildeo ldquoimplementaccedilatildeordquo eacute empregada aqui inicialmente
com o mesmo significado de adimplemento de medidas relacio-nado aos esforccedilos feitos para que as determinaccedilotildees da Corte ouda Comissatildeo Interamericana sejam consideradas cumpridas peloscriteacuterios do proacuteprio Sistema Interamericano Apoacutes uma anaacutelisepautada nesses criteacuterios verificou-se a necessidade de abordar aimplementaccedilatildeo de forma mais aprofundada capaz de detectar asnuances dos impactos das recomendaccedilotildeesAs usuais anaacutelises de cumprimento centradas na tipologia de
recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees natildeo nos pareceram suficientes paraexaminar a implementaccedilatildeo no Brasil razatildeo pela qual analisamosoutros fatores tais como (a) se a violaccedilatildeo resulta de uma poliacutetica
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS NO BRASILINSTITUCIONALIZACcedilAtildeO E POLIacuteTICA1
Oscar Vilhena Vieira (coordenador) Luciana Ramos e Rubens Glezer (pesquisadoresmestres) Adriane Sanctis de Brito Guilherme Klafke e Rafael Giovanelli (pesquisadoresgraduados) e Mariacutelia Lessa (pesquisadora graduanda)
8 sumaacuterio
conduzida pelo governo ou ao contraacuterio se decorre de falhas naatuaccedilatildeo do poder puacuteblico ou de accedilotildees de particulares (b) se as con-denaccedilotildees e recomendaccedilotildees dialogam com uma agenda poliacuteticapreexistente no paiacutes bem como (c) se determinadas condenaccedilotildeesem certos contextos natildeo permitem a extrapolaccedilatildeo do caso indivi-dual para um plano coletivoPor meio dessa nova abordagem concluiacutemos que a ausecircncia de
mecanismos formais e especiacuteficos voltados agrave observacircncia de reco-mendaccedilotildees e decisotildees do SIDH no Brasil torna o seu cumprimentoalgo que se opera em uma esfera eminentemente poliacutetica depen-dente de fatores contingentes e imprevisiacuteveisPara alcanccedilar essas conclusotildees a apresentaccedilatildeo dos resultados
estaacute estruturada da seguinte maneira primeiramente se explicitaraacutea metodologia de pesquisa utilizada para em seguida (1) forneceruma visatildeo geral a respeito da inserccedilatildeo do Brasil no SIDH e doscasos que envolvem o paiacutes aprofundando aqueles selecionados paraesta obra (2) mapear os mecanismos criados para implementaras recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees do SIDH e (3) analisar decisotildeesselecionadas a partir de criteacuterios considerados relevantes para iden-tificar facilidades e dificuldades na implementaccedilatildeo das deliberaccedilotildeesdo SIDH Ao final eacute realizada uma conclusatildeo sinteacutetica e articula-dora dos resultados
1 METODOLOGIA A presente obra eacute dedicada agrave anaacutelise da implementaccedilatildeo das deli-beraccedilotildees do SIDH relativas ao Brasil paiacutes vinculado interna eexternamente agrave Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanosdesde 19923 e submetido agrave jurisdiccedilatildeo contenciosa obrigatoacuteria daCorte Interamericana desde 19984
Para tanto foi utilizado o meacutetodo de estudo de caso fundado sobreanaacutelise documental levantamento de reportagens em miacutedia e entre-vistas a agentes puacuteblicos e membros da sociedade civil organizada Com base no exame de todos os casos que envolvem o Brasil
na Corte IDH e na CIDH (vide Apecircndice) foram selecionados comoobjeto de anaacutelise (i) todas as condenaccedilotildees em casos contenciososperante a Corte IDH em razatildeo da sua importacircncia e dos seus efei-tos claramente vinculantes ao paiacutes (ii) todas as soluccedilotildees amistosas
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
9 sumaacuterio
que envolvem o Brasil em razatildeo da disposiccedilatildeo do proacuteprio Estadoem remediar a violaccedilatildeo de direitos bem como (iii) as recomenda-ccedilotildees da CIDH com alto impacto e repercussatildeo no paiacutes Considerando-se tais categorias chegou-se a um conjunto de
oito casos Os contenciosos satildeo quatro
1 Caso Damiatildeo Ximenes Lopes vs Brasil trata-se de homiciacutedio comsinais de tortura de Damiatildeo Ximenes Lopes portador de defi-ciecircncia mental que havia sido internado em 1ordm de outubro de1999 na casa de repouso dos Guararapes na cidade de SobralCearaacute falecendo trecircs dias depois A cliacutenica era de propriedadede familiar de poliacutetico tradicional da regiatildeo A accedilatildeo penal foiajuizada em 2000 mas o Judiciaacuterio brasileiro soacute se pronuncioucom decisatildeo final em 2013 A accedilatildeo civil indenizatoacuteria ajuizadapelos familiares de Damiatildeo Ximenes Lopes estaacute atualmentearquivada A CIDH apresentou o caso agrave Corte Interamericanacontra o Estado brasileiro em 1ordm de outubro de 2004 A Cortedeclarou violaccedilatildeo dos direitos agrave vida e agrave integridade pessoal deDamiatildeo Ximenes Lopes e dos demais portadores de deficiecircn-cia que sofriam com as condiccedilotildees precaacuterias da casa de repousoagrave integridade pessoal dos familiares das viacutetimas pela perda deum ente da famiacutelia assim como aos direitos agraves garantias judi-ciais e agrave proteccedilatildeo judicial diante da demora injustificada doprocesso criminal e das falhas nas investigaccedilotildees O Brasil foicondenado dentre outras medidas a concluir o processo judi-cial com eventual responsabilizaccedilatildeo dos envolvidos na demoraa indenizar os familiares e a continuar a desenvolver um pro-grama de formaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para todas as pessoasvinculadas ao atendimento de sauacutede mental em especial sobreos princiacutepios que devem reger o trato das pessoas portadorasde deficiecircncia mental conforme os padrotildees internacionaissobre a mateacuteria e aqueles dispostos na decisatildeo
2 Caso Escher e outros vs Brasil trata-se de denuacutencia sobre umaseacuterie de interceptaccedilotildees telefocircnicas contra duas associaccedilotildeesligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra(MST) em Querecircncia do Norte Paranaacute feitas de maneira irre-gular pela poliacutecia e pelo Judiciaacuterio As informaccedilotildees resultantes
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dessa operaccedilatildeo foram divulgadas agrave imprensa e posteriormentepara o puacuteblico Segundo os peticionaacuterios isso teria maculado aimagem das viacutetimas e do movimento social A denuacutencia foiapresentada agrave Comissatildeo em dezembro de 2000 levada agrave CorteInteramericana em dezembro de 2007 e julgada pela Corte emjulho de 2009 A decisatildeo envolveu as seguintes condenaccedilotildeescontra o Brasil obrigaccedilatildeo de publicar as sentenccedilas e de inde-nizar as viacutetimas aleacutem da obrigaccedilatildeo de investigar adequadamenteos fatos e punir os responsaacuteveis pelas violaccedilotildees dos direitos agraveprivacidade agrave honra e agrave liberdade de associaccedilatildeo
3 Caso Garibaldi vs Brasil trata-se do homiciacutedio de Seacutetimo Gari-baldi integrante do MST tambeacutem em Querecircncia do Nortecometido por homens encapuzados que atacaram uma ocupaccedilatildeoem uma fazenda da regiatildeo A denuacutencia foi apresentada em maiode 2003 submetida agrave Corte Interamericana de Direitos Huma-nos em marccedilo de 2007 e julgada pela Corte em setembro de2009 Envolveu as seguintes condenaccedilotildees contra o Brasil obri-gaccedilatildeo de publicar as sentenccedilas de indenizar as famiacutelias dasviacutetimas e de investigar adequadamente os fatos aleacutem de puniros responsaacuteveis pelas violaccedilotildees de direitos humanos agrave vida e agraveproteccedilatildeo judicial
4 Caso Julia Gomes Lund e outros vs Brasil (caso ldquoGuerrilha doAraguaiardquo) trata-se de denuacutencia sobre a responsabilidade doEstado brasileiro pela detenccedilatildeo ilegal e arbitraacuteria tortura edesaparecimento forccedilado de pelo menos 70 membros do movi-mento conhecido como ldquoGuerrilha do Araguaiardquo entre os anosde 1972 e 1975 e da consequente falta de investigaccedilatildeo dessesatos ndash o que se relaciona com a ediccedilatildeo da Lei federal n 6683de 28 de agosto de 1979 (ldquoLei da Anistiardquo) e com o sigilo per-manente sobre documentos a respeito dessa operaccedilatildeo estatalA denuacutencia foi apresentada agrave Comissatildeo em 1995 e a peticcedilatildeofoi submetida pela CIDH agrave Corte em 2009 Em 24 de novem-bro de 2010 a Corte IDH condenou o Brasil pela falta deinvestigaccedilatildeo dos crimes cometidos por militares durante aldquoGuerrilha do Araguaiardquo Determinou ao Estado brasileiro aconduccedilatildeo eficaz da investigaccedilatildeo penal a fim de esclarecer os
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fatos ocorridos no caso definir as correspondentes responsabi-lidades penais e aplicar as sanccedilotildees cabiacuteveis Determinou aindaque o Estado continuasse as iniciativas de busca sistematizaccedilatildeoe publicaccedilatildeo de toda informaccedilatildeo sobre a ldquoGuerrilha do Ara-guaiardquo bem como das violaccedilotildees de direitos humanos ocorridasdurante o regime militar Aleacutem disso estabeleceu a necessidadeda criaccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade autocircnoma independen-te e capaz de garantir o direito agrave verdade sobre o ocorrido
Ademais satildeo duas soluccedilotildees amistosas
5 Caso Joseacute Pereira (trabalho escravo) trata-se de denuacutencia deviolaccedilatildeo dos direitos de Joseacute Pereira e outros trabalhadores queforam retidos e forccedilados a trabalhar sem remuneraccedilatildeo e emcondiccedilotildees ilegais na fazenda ldquoEspiacuterito Santordquo no estado doParaacute Na fazenda foram encontradas mais de 60 pessoas emcondiccedilotildees anaacutelogas agrave escravidatildeo5 As investigaccedilotildees contudodemoraram cerca de oito anos para serem finalizadas e o jul-gamento dos responsaacuteveis natildeo foi concluiacutedo ateacute o momentoO processo encontra-se atualmente suspenso A denuacutencia foiapresentada em 22 de fevereiro de 1994 a Comissatildeo aprovourelatoacuterio de admissibilidade e meacuterito em 1995 e houve a cele-braccedilatildeo de soluccedilatildeo amistosa entre as viacutetimas e o Estadobrasileiro em outubro de 2003 As medidas centrais no casodestinavam-se aos poderes Legislativo e Executivo recomen-dando-lhes que realizassem tanto mudanccedilas legislativas quepropiciassem um cenaacuterio favoraacutevel ao combate ao trabalheescravo como poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave prevenccedilatildeo fiscali-zaccedilatildeo e ao combate do trabalho escravo aleacutem de campanhasde sensibilizaccedilatildeo
6 Caso Meninos emasculados do Maranhatildeo trata-se de denuacutencia emrazatildeo de 42 mortes ocorridas entre 1989 e 2003 em Altamirano estado do Paraacute e Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo que envolve crian-ccedilas pertencentes a famiacutelias de baixa renda As viacutetimas tambeacutemsofriam mutilaccedilotildees genitais donde derivou o nome do caso Ape-nas em 2003 12 anos apoacutes o primeiro homiciacutedio foi designadauma forccedila-tarefa para investigar os fatos A indignaccedilatildeo com a natildeo
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investigaccedilatildeo dos fatos e com a sistemaacutetica violaccedilatildeo dos direitosda populaccedilatildeo infantojuvenil do Maranhatildeo levou a denuacutenciaperante a Comissatildeo em 2001 Apoacutes uma seacuterie de reuniotildees de tra-balho procedimentos para uma soluccedilatildeo amistosa iniciaram-se emmarccedilo de 2004 O acordo foi celebrado em dezembro de 2005As medidas acordadas visavam aleacutem da reparaccedilatildeo das famiacutelias dasviacutetimas e do julgamento dos responsaacuteveis agrave formulaccedilatildeo e agraveimplementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave proteccedilatildeo dacrianccedila e do adolescente pelo Estado brasileiro
Finalmente foram escolhidos dois casos de recomendaccedilotildeespela CIDH
7 Caso Maria da Penha vs Brasil trata-se de violecircncia domeacutesticacontra a mulher sofrida por Maria da Penha Maia Fernandespraticada por seu ex-marido que a deixou parapleacutegica com umtiro de arma de fogo Os fatos se deram em 1983 mas 15 anosdepois o processo criminal ainda natildeo havia sido concluiacutedo e oacusado estava na iminecircncia de ser beneficiado com a prescri-ccedilatildeo dos crimes A denuacutencia foi apresentada em 1998 agrave ComissatildeoEm relatoacuterio de 4 de abril de 2001 a CIDH admitiu a peticcedilatildeoe considerou ter ocorrido violaccedilatildeo aos direitos de proteccedilatildeo judi-cial e integridade Recomendou ao Brasil que promovessedentre outras coisas a conclusatildeo do processo judicial com even-tual responsabilizaccedilatildeo dos envolvidos na demora a indenizaccedilatildeoda viacutetima e a realizaccedilatildeo de poliacuteticas pelo Executivo e peloLegislativo que combatessem a discriminaccedilatildeo contra a mulherespecialmente no tema de violecircncia domeacutestica mediante a cria-ccedilatildeo de uma legislaccedilatildeo especiacutefica
8 Caso Comunidades Indiacutegenas da Bacia do rio Xingu vs Brasil (casoBelo Monte) tratou da construccedilatildeo da Usina Hidreleacutetrica deBelo Monte que afetaria dezenas de povos indiacutegenas na regiatildeoda Volta Grande do Xingu no centro-norte do Brasil Embo-ra o plano para o complexo hidreleacutetrico jaacute existisse desde adeacutecada de 1970 ganhou forccedila na deacutecada de 2000 Diversas ten-tativas do Ministeacuterio Puacuteblico Federal para suspender as obraspor meio de accedilotildees cautelares natildeo evitaram que o processo de
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licenciamento prosseguisse Segundo as entidades peticionaacuteriasno SIDH houve violaccedilatildeo aos direitos agrave vida agrave integridade pes-soal agrave informaccedilatildeo e agrave participaccedilatildeo poliacutetica dos povos indiacutegenasafetados pelo megaempreendimento Em razatildeo disso em 1ordm deabril de 2011 a CIDH outorgou uma medida cautelar para queo Estado brasileiro suspendesse o processo de licenciamento daobra impedisse qualquer obra anterior agrave consulta das popula-ccedilotildees indiacutegenas e adotasse medidas destinadas a garantir a vidae a integridade pessoal dos envolvidos Houve reaccedilatildeo negati-va do governo brasileiro de um lado e apoio da sociedade civilorganizada agrave medida cautelar do outro Posteriormente aCIDH alterou sua decisatildeo para exigir do Brasil a adoccedilatildeo demedidas que garantissem o direito agrave vida e agrave integridade dosindiacutegenas que impedissem problemas de sauacutede nas comunida-des e que finalizassem com rapidez a demarcaccedilatildeo das terrasancestrais daqueles povos
Tendo em vista a escassez de pesquisas acadecircmicas empiacutericas noBrasil sobre este objeto as anaacutelises foram baseadas primordialmen-te nos discursos dos atores envolvidos nos processos perante aCIDH e a Corte Interamericana Entre os entrevistados estatildeo inte-grantes de oacutergatildeos do Estado responsaacuteveis pela implementaccedilatildeo taiscomo o Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores (MRE) a Secretaria deDireitos Humanos (SDH) a Advocacia-Geral da Uniatildeo (AGU)bem como membros de entidades de proteccedilatildeo de direitos huma-nos que levaram as demandas agrave Comissatildeo Interamericana ou queparticiparam de alguma forma perante a Corte IDH Os entrevistados foram selecionados por estarem envolvidos
diretamente nos casos ou por representarem instituiccedilotildees envolvidascom as temaacuteticas e com o processo de judicializaccedilatildeo do conflito dis-cutido perante o Sistema Interamericano Os uacuteltimos foram em suamaior parte aqueles indicados por sua proacutepria instituiccedilatildeo Optamospor resguardar a identidade de todos No total foram realizadas 15 entrevistas ao longo de um semes-
tre que seguiram um roteiro semiestruturado especiacutefico para cadaum dos casos partindo de trecircs eixos centrais
(1) o contexto poliacutetico no qual se insere o caso
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(2) as funccedilotildees institucionais da respectiva entidade na implementa-ccedilatildeo do caso e
(3) os obstaacuteculos enfrentados no processo de implementaccedilatildeo
A despeito da relevacircncia das entrevistas o objeto do estudo natildeose resume a uma coleccedilatildeo de percepccedilotildees Sua funccedilatildeo foi a de obterinformaccedilotildees relevantes a respeito de fatos e interaccedilotildees incapazes deserem obtidas por meio da anaacutelise documental e de miacutedia
2 O BRASIL NO SIDHComparado a outros paiacuteses da regiatildeo como Colocircmbia Meacutexico Perue Argentina o Brasil tem uma presenccedila menor de incidecircncia entreos casos do SIDH Segundo as uacuteltimas estatiacutesticas da Comissatildeo Inte-ramericana de Direitos Humanos enquanto foram encaminhadasquase 100 denuacutencias contra o Brasil no ano de 2012 esse nuacutemerochegou a quase 400 contra a Colocircmbia 450 contra o Meacutexico 200contra o Peru e cerca de 180 contra Argentina6
Segundo levantamento feito a partir do site da Comissatildeosomente 17 relatoacuterios de meacuterito com recomendaccedilotildees contra o Bra-sil foram publicados e apenas duas soluccedilotildees amistosas celebradasentre 1996 e 20127 Aleacutem disso houve 30 medidas cautelares e 66decisotildees de admissibilidade Completa o quadro a existecircncia deuma visita in loco no paiacutes cujo informe foi publicado em 1997 ea supervisatildeo em 1999Os casos que envolvem o Estado brasileiro no acircmbito da Corte
Interamericana de Direitos Humanos tambeacutem satildeo poucos Ao todoforam 5 casos contenciosos e outras 5 medidas provisionais entre1996 e 2012 Apenas para comparaccedilatildeo a Argentina possui 13 casoscontenciosos e 4 medidas provisionais a Colocircmbia 13 casos con-tenciosos e 15 medidas provisionais o Meacutexico 7 casos contenciosose 10 medidas provisionais e o Peru 26 casos contenciosos e 13medidas provisionais segundo dados do site da Corte8
Em relaccedilatildeo agraves violaccedilotildees de direitos humanos mais indicadasnos casos que envolvem o Brasil nos relatoacuterios de meacuterito peran-te a CIDH foram recorrentes violaccedilotildees aos arts 4 (direito agrave vida)5 (direito agrave integridade fiacutesica) 8 (direito agrave proteccedilatildeo judicial) e 25
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(direito agrave garantia judicial) da Convenccedilatildeo Interamericana sobreDireitos Humanos Nos casos contenciosos perante a Corte IDHverificou-se o mesmo padratildeo Em relaccedilatildeo agraves medidas cautelares naComissatildeo levando-se em consideraccedilatildeo que apenas violaccedilotildees espe-ciacuteficas suscitam o cabimento de medidas cautelares (direito agrave vidae agrave integridade por exemplo) esses direitos foram os mais invo-cados nesse acircmbito Por fim sobre as medidas provisionais quasetodas tiveram por fundamento o direito agrave vida e agrave integridade depresos bem como o dever de proteccedilatildeo pelo EstadoNo conjunto os temas satildeo variados No acircmbito dos relatoacuterios
de meacuterito da CIDH conflito fundiaacuterio (5 casos) e violecircncia poli-cial (10 casos) satildeo os mais presentes mas puderam ser identificadostambeacutem casos de tortura investigaccedilatildeo de assassinato discrimina-ccedilatildeo racial liberdade de expressatildeo e violecircncia domeacutestica No acircmbitodas medidas cautelares o perfil se altera para privilegiar temas rela-tivos ao sistema carceraacuterio (10 casos) ameaccedila a povos indiacutegenas (3casos) e proteccedilatildeo a ativistas de direitos humanos testemunhas ououtras pessoas (17 casos) No tocante aos casos contenciosos daCorte IDH houve um sobre conflito fundiaacuterio um sobre investi-gaccedilatildeo de assassinato um sobre tortura um sobre anistia e um sobreviolaccedilatildeo agrave intimidade (interceptaccedilotildees telefocircnicas) Finalmente emrelaccedilatildeo agraves medidas provisionais foram quatro sobre sistema carce-raacuterio e uma sobre anistiaNo que diz respeito agrave natureza das medidas presentes nas reco-
mendaccedilotildees ou nas condenaccedilotildees verifica-se uma distribuiccedilatildeo bastanteequilibrada entre decisotildees com medidas de indenizaccedilatildeo (17 relatoacute-rios de meacuterito e 4 casos contenciosos) de satisfaccedilatildeo (17 relatoacuteriosde meacuterito e 4 casos contenciosos) e garantias de natildeo repeticcedilatildeo (15relatoacuterios de meacuterito e 2 casos contenciosos)9 Dada a natureza pecu-liar das medidas cautelares e das medidas provisionais elas natildeoentraram no cocircmputo apresentadoNo tocante agrave supervisatildeo de cumprimento pela Comissatildeo com
referecircncia agraves soluccedilotildees amistosas e aos relatoacuterios de meacuterito publi-cados entre 2000 e 2011 a Comissatildeo apresentou a supervisatildeo dasdecisotildees anteriores uma totalmente cumprida10 oito parcialmentecumpridas11 e quatro pendentes de cumprimento12-13 Natildeo foi publi-cado o estado de cumprimento de seis relatoacuterios de meacuterito de 1998e 2000 mas haacute notiacutecia de que pelo menos um teve recomendaccedilotildees
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cumpridas14 Tambeacutem haacute uma seacuterie de outros casos que emboratenham sido cumpridos natildeo tiveram seus relatoacuterios publicados eportanto natildeo entraram nessa consideraccedilatildeo15 Por fim natildeo haacute um rela-toacuterio consistente sobre o cumprimento das medidas cautelares (videApecircndice)No acircmbito da Corte IDH dos cinco casos contenciosos um natildeo
gerou condenaccedilotildees (caso Nogueira de Carvalho e outro vs Brasil) umfoi considerado totalmente cumprido (caso Escher e outros vs Brasil)dois foram considerados parcialmente cumpridos (casos Damiatildeo Xime-nes Lopes vs Brasil e Garibaldi vs Brasil) e um ainda natildeo possuimanifestaccedilatildeo da Corte acerca do cumprimento (caso Julia Gomes Lunde outros vs Brasil ndash caso ldquoGuerrilha do Araguaiardquo) Das cinco medidasprovisionais por sua vez trecircs foram arquivadas por cumprimento(caso Penitenciaacuteria Urso Branco caso Penitenciaacuteria de Araraquara e casoComplexo do Tatuapeacute da Febem) uma foi considerada parcialmente cum-prida (caso Unidade de Internaccedilatildeo Socioeducativa) e outra foi rejeitadapela Corte (caso Julia Gomes Lund)Como pode ser visto o pequeno nuacutemero de casos do Brasil no
SIDH natildeo permite traccedilar conclusotildees preacutevias sobre os tipos maisrecorrentes (quais as viacutetimas tiacutepicas quais satildeo as violaccedilotildees e comosatildeo enquadradas nas normas da convenccedilatildeo etc) tampouco sobre ograu de implementaccedilatildeo normalmente atingido pelo paiacutes Por issoainda que haja estudos que apontem para uma relaccedilatildeo entre tipos demedidas e um maior ou menor grau de implementaccedilatildeo16 natildeo seriapossiacutevel tirar conclusotildees dessa natureza no contexto brasileiro Con-tudo a anaacutelise qualitativa que seraacute explorada a seguir apontou paraalguns fatores que podem estar relacionados agrave maior ou menorimplementaccedilatildeo das medidas seratildeo enfocados a apropriaccedilatildeo da deci-satildeo pelos segmentos envolvidos a definiccedilatildeo da agenda puacuteblica etambeacutem as repercussotildees das condenaccedilotildees ou recomendaccedilotildees
3 O CAMINHO DAS DECISOtildeES CONTRA O ESTADO BRASILEIRONo Brasil natildeo haacute regulaccedilatildeo formal abrangente da implementa-ccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeo e de condenaccedilatildeo oriundas doSIDH Nenhum dos projetos legislativos voltados a uma organi-zaccedilatildeo miacutenima de implementaccedilatildeo chegou a ser aprovado17
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Recentemente contudo o III Programa Nacional de DireitosHumanos trouxe um objetivo estrateacutegico especiacutefico relacionado aotema sob o nome ldquoMonitoramento dos compromissos internacionaisassumidos pelo Estado brasileiro em mateacuteria de Direitos HumanosrdquoNele se destacam as seguintes accedilotildees
a) Elaborar relatoacuterio anual sobre a situaccedilatildeo dos DireitosHumanos no Brasil em diaacutelogo participativo com asociedade civilResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores[] e) Definir e institucionalizar fluxo de informaccedilotildees comresponsaacuteveis em cada oacutergatildeo do Governo Federal referentesaos relatoacuterios da Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos e agraves decisotildees da Corte Interamericana deDireitos HumanosResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exterioresf) Criar banco de dados puacuteblico sobre todas asrecomendaccedilotildees dos sistemas ONU e OEA feitas ao Brasilcontendo as medidas adotadas pelos diversos oacutergatildeospuacuteblicos para seu cumprimentoResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores
Esse programa foi instituiacutedo em dezembro de 2009 com altera-ccedilotildees em 201018 e fixa um roteiro de atuaccedilatildeo para o Poder Puacuteblicoem mateacuteria de direitos humanos Estaacute declarada nesse instrumentoa disposiccedilatildeo de institucionalizarem-se os procedimentos paraimplementaccedilatildeo das medidas impostas ao paiacutes pelo Sistema Intera-mericano consubstanciada em objetivos que devem ser perseguidospelo governo brasileiroPor conta da falta de uma predefiniccedilatildeo institucional e normati-
va especiacutefica sobre quais oacutergatildeos deveriam lidar com os casos contrao Brasil no SIDH uma divisatildeo de tarefas foi feita ao longo dotempo em sua maioria pelos proacuteprios oacutergatildeos os quais pelo con-junto de suas funccedilotildees preacutevias se viram responsaacuteveis por algum tipo
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de envolvimento O Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores a Secretariade Direitos Humanos e a Advocacia-Geral da Uniatildeo se destacaramformando o grupo que tomou para si as defesas brasileiras e a imple-mentaccedilatildeo das medidas de recomendaccedilatildeo e condenaccedilatildeoParalelamente o pagamento de indenizaccedilotildees por parte do Estado
brasileiro teve um desenvolvimento especiacutefico e sua concretizaccedilatildeo foiestruturada a partir de rubricas (categorias) especiacuteficas no Orccedilamen-to da Uniatildeo Trata-se de uma questatildeo que foi institucionalizada paraatender reparaccedilotildees oriundas de decisotildees tomadas pelo SIDH
31 PODER EXECUTIVO FEDERAL ATORES E COMPETEcircNCIA
Conforme jaacute mencionado anteriormente o grupo principal deoacutergatildeos que tomou para si as defesas brasileiras e a implementa-ccedilatildeo das medidas de recomendaccedilatildeo e condenaccedilatildeo eacute composto deMinisteacuterio das Relaccedilotildees Exteriores (MRE) Secretaria de Direi-tos Humanos (SDH) e Advocacia-Geral da Uniatildeo (AGU) O MREeacute um oacutergatildeo poliacutetico de auxiacutelio ao Presidente da Repuacuteblica cujasaacutereas de competecircncia abrangem atividades de poliacutetica internacio-nal e relaccedilotildees internacionais19 Eacute a Divisatildeo de Direitos Humanosdo MRE que faz a intermediaccedilatildeo das comunicaccedilotildees com o SIDHem todas as fases de um casoA SDH oacutergatildeo responsaacutevel por poliacuteticas de implementaccedilatildeo dos
direitos humanos20 fazia parte da estrutura do Ministeacuterio da Justiccedilaateacute 199921 ano em que passou a se reportar diretamente agrave Presidecircn-cia da Repuacuteblica Geralmente a notiacutecia de denuacutencia eacute recebida peloMRE e repassada para a SDH cuja Assessoria Internacional busca acomunicaccedilatildeo com os atores envolvidos no caso concreto Por fim a AGU eacute a instituiccedilatildeo responsaacutevel pelo assessoramento
juriacutedico ao Poder Executivo tanto de forma consultiva quanto con-tenciosa22 Ela costuma auxiliar a SDH e o MRE tanto na defesabrasileira quanto na implementaccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeoe de condenaccedilatildeo Esses trabalhos satildeo concentrados no seu Depar-tamento Internacional Atualmente a instituiccedilatildeo eacute sempre notificadapara atuar nas fases preliminares dos casos no SIDHSe o caso jaacute avanccedilou para o relatoacuterio com recomendaccedilotildees eacute a SDH
que organiza internamente o conteuacutedo da defesa do Estado satildeo fei-tas tentativas de contato com o ente federado no qual ocorreu a
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violaccedilatildeo com o objetivo de fomentar um processo de soluccedilatildeo amis-tosa Se o caso vai para a Corte Interamericana o Itamaraty (oacutergatildeodiplomaacutetico) a SDH e a AGU atuam de forma conjunta como umnuacutecleo de defesa eventualmente com a participaccedilatildeo de outros oacutergatildeosrelevantes a depender de cada caso
32 O QUADRO DINAcircMICO APRENDIZADO E CONFLITO ENTRE INSTITUICcedilOtildeES
Ao longo da experiecircncia brasileira com os casos do SIDH houveum processo de modificaccedilatildeo nas atribuiccedilotildees inicialmente realizadaspor cada oacutergatildeo em parte por um processo de aprendizado institu-cional mas tambeacutem como resultado de disputas poliacuteticas ligadas aomodo pelo qual o Brasil se apresenta perante o SIDHEacute possiacutevel identificar trecircs grandes periacuteodos de dinacircmica entre as
instituiccedilotildees O primeiro diz respeito aos dois primeiros casos doBrasil perante a Corte IDH (casos Damiatildeo Ximenes Lopes e GilsonNogueira de Carvalho ambos de 2006) o segundo acompanha as con-denaccedilotildees dos casos Escher e Garibaldi (ambos de 2009) enquanto oterceiro periacuteodo equivale agraves deliberaccedilotildees da Corte entre os casosJulia Gomes Lund (2010) e Belo Monte (2012)
321 PRIMEIRO PERIacuteODO CASOS DAMIAtildeO XIMENES LOPES E GILSON NOGUEIRA DE CARVALHONo caso Damiatildeo Ximenes Lopes foram dados os primeiros passosquanto aos procedimentos gerais a serem adotados diante de accedilotildeescontra o paiacutes na Corte Interamericana visto que se tratou da pri-meira condenaccedilatildeo brasileira na Corte IDH Nele a defesa perantea Corte foi feita por membros da AGU indicados especificamentecomo agentes do Estado Isso se repetiria no caso Gilson Nogueirade Carvalho decidido posteriormente A elaboraccedilatildeo da defesa brasileira por membros da AGU repre-
sentou agrave eacutepoca uma quebra da praacutetica que prevalecia quanto agravedivisatildeo informal de funccedilotildees entre MRE SDH e AGU para atua-ccedilatildeo no SIDH que ocorria apenas perante a Comissatildeo Ateacute entatildeoa SDH agia em conjunto com o MRE em especial na fase deproduccedilatildeo do relatoacuterio de meacuterito da Comissatildeo buscando fomen-tar soluccedilotildees amistosas e prestando informaccedilotildees em prol da defesado Estado
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Desde o ano 2000 a AGU jaacute tinha em sua estrutura interna umaaacuterea internacional Assim em 2004 o caso Damiatildeo Ximenes Lopeschegou agrave divisatildeo internacional do oacutergatildeo que passou a atuar comvisitas agrave cidade onde ocorreram os fatos e contato direto com osatores do Poder Judiciaacuterio Justamente por ter atuado desde o iniacute-cio como representante do Estado no caso a AGU assumiu um papelcentral na fase de implementaccedilatildeo das medidas de condenaccedilatildeo23
Outro ponto que se relaciona com a experiecircncia de ter sido oprimeiro caso brasileiro de condenaccedilatildeo eacute o das medidas de paga-mento de indenizaccedilatildeo agraves viacutetimas No caso Damiatildeo Ximenes Lopesa condenaccedilatildeo do Brasil ao pagamento de indenizaccedilotildees fez neces-saacuteria a articulaccedilatildeo entre os oacutergatildeos internos para decisatildeo de comose daria a praacutetica dessa implementaccedilatildeo24
Verificou-se no tocante agrave implementaccedilatildeo das decisotildees da CorteInteramericana que a Secretaria de Direitos Humanos buscava con-vencer os oacutergatildeos estaduais relacionados ao caso sobre a necessidadede modificaccedilotildees nas poliacuteticas ligadas ao tema da violaccedilatildeo Contudoquando a medida se relacionava agraves atividades da Justiccedila brasileirahavia dificuldades nesse esforccedilo de convencimento Isso foi cons-tatado no caso Damiatildeo Ximenes Lopes que tinha em seu cerne aquestatildeo de funcionamento das instituiccedilotildees judiciaacuterias e exigia aatuaccedilatildeo preponderante dos oacutergatildeos judiciais para a sua implementa-ccedilatildeo Assim iniciou-se a praacutetica de a AGU atuar mais diretamentejunto ao Judiciaacuterio por sua facilidade de articulaccedilatildeo com atoresdesse Poder25 Na eacutepoca foram feitas diversas visitas de apuraccedilatildeodo oacutergatildeo junto agrave SDH e conversas com os juiacutezes responsaacuteveis paratentativas de apuraccedilatildeo dos motivos da demora Ainda que tenha havido tais tentativas os tracircmites das accedilotildees
continuaram lentos em grande parte por causa da ineficaacutecia daabordagem poliacutetica habitual de convencimento com os atores doJudiciaacuterio Seraacute visto em espaccedilo proacuteprio que esse problema foi miti-gado posteriormente em razatildeo do papel de um programa de umquarto ator o Conselho Nacional de Justiccedila (CNJ) oacutergatildeo criadoem 2004 e responsaacutevel por ser a mais alta instacircncia administrativado Poder Judiciaacuterio brasileiro (toacutepico 34 infra)Em siacutentese durante o primeiro caso de condenaccedilatildeo do Brasil na
Corte Interamericana de Diretos Humanos houve um rearranjo depapeacuteis para a apresentaccedilatildeo das manifestaccedilotildees brasileiras no SIDH
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A AGU assumiu um papel central na defesa juriacutedica do caso levan-do um de seus integrantes para a defesa brasileira no Tribunal ASecretaria passou a ter papel de apoio organizacional com relaccedilatildeoaos atores envolvidos no caso e agraves informaccedilotildees relevantes O MREpor sua vez conservou sua posiccedilatildeo de mediador das manifestaccedilotildeespara fora da Corte Segundo relatos das entrevistas havia um relati-vo concerto dos trecircs oacutergatildeos com relaccedilatildeo a como deveriam atuar emcada uma de suas funccedilotildees Isso se repetiria no caso Gilson Nogueirade Carvalho ndash em que o Estado foi absolvido por falta de provas
322 SEGUNDO PERIacuteODO CASOS ESCHER E OUTROS E GARIBALDIEm um segundo momento da dinacircmica institucional a defesa brasi-leira na Corte passou a ser feita pelo Embaixador do Brasil na CostaRica Essa troca teria relaccedilatildeo com o tom marcado pelo Brasil em suasdefesas se antes as manifestaccedilotildees da SDH eram mais inseridas nodiscurso de proteccedilatildeo das viacutetimas no acircmbito da AGU as defesasganhavam um caraacuteter mais teacutecnico marcado por argumentos juriacutedi-cos A passagem para uma maior atuaccedilatildeo do MRE mudaria o vieacutes dedefesa para a esfera poliacutetica Assim a nova divisatildeo funcional informal ndash fruto das dinacircmicas
dos proacuteprios oacutergatildeos entre si ndash passou a estabelecer que a AGU atua-ria principalmente na defesa brasileira na fase de admissibilidadeEnquanto o MRE cuidaria do restante das manifestaccedilotildees brasileirasa Secretaria ficou responsaacutevel principalmente pela (i) coordenaccedilatildeocom atores internos para recolhimento de informaccedilotildees uacuteteis agraves mani-festaccedilotildees brasileiras e (ii) busca de diaacutelogo entre os oacutergatildeos e viacutetimaspara tentar soluccedilotildees amistosas e implementaccedilotildees de medidas de reco-mendaccedilatildeo ou condenaccedilatildeo Essa divisatildeo natildeo era impermeaacutevel cadaum dos oacutergatildeos teria a possibilidade de influenciar ou informar a ati-vidade do outro Havia contudo uma visiacutevel prevalecircncia de cada umdos oacutergatildeos nas funccedilotildees indicadas
323 TERCEIRO PERIacuteODO CASOS JULIA GOMES LUND E BELO MONTENo caso Julia Gomes Lund ocorreu uma polarizaccedilatildeo entre as posi-ccedilotildees assumidas internamente pela AGU e pela SDH A Secretariaposicionou-se a favor das viacutetimas enquanto a AGU defendeu a Lei
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de Anistia brasileira perante o STF Ante a essa situaccedilatildeo o MREpassou a concentrar todas as manifestaccedilotildees brasileiras no caso emconcerto com a Casa Civil Situaccedilatildeo similar ocorreu no caso BeloMonte cujas manifestaccedilotildees foram concentradas pelo MRE e pelaCasa Civil por conta da sensibilidade poliacutetica do caso para a poliacute-tica federalDiante dessas consideraccedilotildees percebe-se que ao longo dos anos
houve certo processo de aprendizado institucional sobre como lidarcom o sistema interamericano com tentativas de adaptaccedilatildeo contiacutenuaNo entanto fica evidente que a proacutepria interaccedilatildeo entre os principaisoacutergatildeos envolvidos se baseia em seus interesses poliacuteticos e em suascapacidades de manobra Isso se evidencia ainda mais com a suces-satildeo de casos mediante a maior concentraccedilatildeo da defesa brasileira nasmatildeos do MRE e a colocaccedilatildeo da AGU e da SDH em posiccedilotildees novas
33 PAGAR AS VIacuteTIMAS UM DESENVOLVIMENTO Agrave PARTE
Desde 2004 o Estado brasileiro possui uma parte do orccedilamento fede-ral destinada especificamente ao pagamento de indenizaccedilotildees queresultam do reconhecimento da violaccedilatildeo de tratados internacionaisde direitos humanos Trata-se da dotaccedilatildeo denominada ldquoPagamentode indenizaccedilatildeo a viacutetimas de violaccedilatildeo das obrigaccedilotildees contraiacutedas pelauniatildeo por meio da adesatildeo a tratados internacionaisrdquo26
Em 1993 governo e sociedade civil haviam se mobilizado paradefinir uma agenda nacional para a Conferecircncia Mundial de Direi-tos Humanos Em 1996 como resultado desses esforccedilos e daDeclaraccedilatildeo e Programa de Accedilatildeo de Viena (adotada na Conferecircncia)foi criado o Programa Nacional de Direitos Humanos no Brasilsegundo o qual os direitos humanos deveriam ser tratados comoobjeto de poliacutetica puacuteblica27 Na sua vertente orccedilamentaacuteria a articu-laccedilatildeo das diversas propostas de accedilotildees governamentais refletiu-se noprograma ldquoPromoccedilatildeo e garantia dos direitos humanosrdquo entre 1996e 1999 e no seu aprimoramento por meio do programa ldquoDireitosHumanos Direitos de Todosrdquo (DHDT) vinculado ao Ministeacuterio daJusticcedila e presente nos orccedilamentos brasileiros a partir de 1999Em 2002 apoacutes revisatildeo do plano original criou-se o 2ordm Progra-
ma Nacional de Direitos Humanos no Brasil28 Em sua introduccedilatildeoressaltou-se que
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A criaccedilatildeo da Secretaria de Estado dos Direitos Humanosno acircmbito do Ministeacuterio da Justiccedila possibilitou oengajamento efetivo do Governo Federal em accedilotildees voltadaspara a proteccedilatildeo e promoccedilatildeo de direitos humanos As metasdo PNDH foram em sua maioria sendo incorporadas aosinstrumentos de planejamento e orccedilamento do GovernoFederal convertendo-se em programas e accedilotildees especiacuteficascom recursos financeiros assegurados nas LeisOrccedilamentaacuterias Anuais conforme determina o PlanoPlurianual (PPA)
O Anexo II do documento trouxe a ampliaccedilatildeo de uma seacuterie deprogramas governamentais que jaacute estavam previstos nos orccedilamen-tos dos anos anteriores em razatildeo do DHDT Contudo nenhumaaccedilatildeo foi prevista para os objetivos estrateacutegicos relativos agrave diretrizldquoInserccedilatildeo nos sistemas internacionais de proteccedilatildeordquo tais como a ado-ccedilatildeo de medidas para cumprimento dos compromissos assumidos emtratados internacionais o fortalecimento da cooperaccedilatildeo com o sis-tema regional de proteccedilatildeo e a promoccedilatildeo de soluccedilotildees amistosas noacircmbito da Comissatildeo Interamericana de Direitos HumanosPor ocasiatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria para os anos de 2004
a 200729 reconheceu-se no plano gerencial do programa DHDTa necessidade de que houvesse uma previsatildeo expliacutecita para as inde-nizaccedilotildees agraves viacutetimas de violaccedilotildees de direitos humanos Estrateacutegiasde sustentabilidade para o programa foram indicadas tendo emvista a relaccedilatildeo com outros atores Uma das relaccedilotildees indicadas foia influecircncia da Comissatildeo da Corte Interamericana de DireitosHumanos e da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos para a desti-naccedilatildeo dos recursos ao pagamento dessas indenizaccedilotildees30
Os oacutergatildeos federais verificaram essa carecircncia apoacutes se esforccedilarempara cumprir a primeira soluccedilatildeo amistosa envolvendo o Brasil (casoJoseacute Pereira) que em se tratando de mateacuteria de competecircncia daUniatildeo (combate a trabalho escravo) retirava o dever de indenizarda esfera estadual31 Percebeu-se que o pagamento de indenizaccedilatildeopor meio de lei era mais trabalhoso e demorado Por isso a fixa-ccedilatildeo de uma parte do orccedilamento federal destinada exclusivamentea essas indenizaccedilotildees possibilitaria agrave Presidecircncia pagaacute-las por meiode um simples decreto presidencial
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Nesse contexto a Lei Orccedilamentaacuteria Anual brasileira de 2004previu pela primeira vez uma accedilatildeo intitulada ldquoPagamento de inde-nizaccedilatildeo a viacutetimas de violaccedilatildeo das obrigaccedilotildees contraiacutedas pela Uniatildeopor meio da adesatildeo a tratados internacionais de proteccedilatildeo dos direi-tos humanosrdquo subordinada ao programa DHDT32 A descriccedilatildeo dessaaccedilatildeo governamental reproduziu em grande medida o que jaacute fica-ra estabelecido nos objetivos estrateacutegicos do 2ordm Programa Nacionalde Direitos Humanos33
Estabeleceu-se assim uma ampla finalidade para a dotaccedilatildeo con-sistente no pagamento de indenizaccedilotildees natildeo apenas no acircmbito dosistema regional de proteccedilatildeo dos direitos humanos (OEA) comotambeacutem no acircmbito do sistema global (ONU) Atribuiu-se essa tare-fa ao Gabinete da Secretaria Especial de Direitos HumanosEm consequecircncia dessa inovaccedilatildeo entre 2004 e 2013 anualmen-
te a lei orccedilamentaacuteria passou a destinar um valor para que a SDHpudesse pagar as despesas com indenizaccedilotildees arbitradas tanto naONU como no SIDH por violaccedilotildees de tratados de direitos huma-nos em vigor para o Brasil
34 PROGRAMA ldquoJUSTICcedilA PLENArdquo IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS MEDIDAS DE GARANTIA E ACESSO Agrave JUSTICcedilAEacute importante destacar tambeacutem a criaccedilatildeo do programa ldquoJusticcedilaPlenardquo pelo CNJ34 como um passo importante em prol da imple-mentaccedilatildeo das medidas relacionadas ao acesso agrave justiccedila35 Ainda quenatildeo oficialmente vinculado agrave implementaccedilatildeo das decisotildees do SIDHna praacutetica o programa apresentou-se como uma boa possibilidadede monitoramento das accedilotildees judiciais que suscitaram os casos leva-dos ao sistema interamericano O programa ldquoJusticcedila Plenardquo surgiu em 2010 com o objetivo de
monitorar e aumentar a transparecircncia de ldquocasos de grande reper-cussatildeo socialrdquo Aqueles indicados pelas entidades participantes satildeoobjeto de relatoacuterios puacuteblicos que buscam apurar o andamento pro-cessual e possiacuteveis demoras injustificadas O programa tem o pontopositivo de trazer agrave visibilidade puacuteblica casos que do contraacuterio fica-riam limitados aos acircmbitos locais e por isso mais sensiacuteveis agravesdisputas de poder e agrave corrupccedilatildeo36
Entre as instituiccedilotildees participantes do programa do CNJ estaacute aSDH que passou a solicitar o acompanhamento das accedilotildees que em
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razatildeo do seu tracircmite demorado levaram ou poderiam levar a san-ccedilotildees pela Comissatildeo ou pela Corte IDH37 Ainda que houvesse jaacutecolaboraccedilatildeo entre o CNJ e a SDH anteriormente este oacutergatildeo pas-sou a contar com o programa como fator importante no diaacutelogocom o Poder Judiciaacuterio atenuando em parte o problema aponta-do anteriormente de dificuldade de convencimento dos atoresnecessaacuterios para a implementaccedilatildeo das medidas Verificou-se que a accedilatildeo civil e a accedilatildeo penal no caso Damiatildeo
Ximenes Lopes as accedilotildees no caso Escher e outros e as accedilotildees no casoGaribaldi por exemplo foram indicadas pela SDH para o pro-grama Atualmente qualquer pessoa pode verificar no sistema doprograma ldquoJusticcedila Plenardquo disponiacutevel na internet as informaccedilotildeesprestadas pelos Tribunais de Justiccedila do Cearaacute e do Paranaacute sobreos casos
4 TEMAS SUJEITOS E CONJUNTURA COMO EM CADA CASO A IMPLEMENTACcedilAtildeO FOI FAVORECIDA OU DIFICULTADA Como jaacute destacado no toacutepico 3 a estrutura de implementaccedilatildeo bra-sileira natildeo eacute fixada institucionalmente e os oacutergatildeos que cuidam delana praacutetica precisam a cada caso desenvolver um esforccedilo poliacutetico decooperaccedilatildeo com os oacutergatildeos locais diretamente relacionados agrave imple-mentaccedilatildeo das medidas especiacuteficas a cada uma das violaccedilotildees excetonos caso de pagamento de indenizaccedilotildees impostas pela Corte ou emtemas de competecircncia exclusivamente federal Assim a implemen-taccedilatildeo se torna dependente da vontade poliacutetica dos atores engajadosem posiccedilotildees relevantes nos oacutergatildeos centrais do Governo Federalencarregados da situaccedilatildeo (MRE SDH e AGU) bem como dos ato-res que ocupam cargos relevantes para uma concretizaccedilatildeo direta dasdecisotildees do SIDH como os membros legisladores promotorespuacuteblicos juiacutezes ou membros dos governos estaduais Neste toacutepico desenvolvemos as anaacutelises da implementaccedilatildeo das
recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees oriundas do SIDH levando em conta(i) a existecircncia de uma agenda poliacutetica puacuteblica em andamento aotempo da decisatildeo (ii) a dependecircncia de poderes autocircnomos comogovernos locais Ministeacuterio Puacuteblico e Judiciaacuterio (iii) violaccedilotildees quedecorrem de agendas poliacuteticas do Estado e (iv) dificuldades em dar
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impacto coletivo a decisotildees altamente individualizadas proferidaspela Corte ou pela Comissatildeo
41 QUANDO JAacute HAacute AGENDA DE POLIacuteTICA
PUacuteBLICA DO ESTADO BRASILEIRO
Alguns dos casos estudados trazem indiacutecios de que a existecircncia deagenda de poliacutetica puacuteblica estabelecida previamente agrave recomenda-ccedilatildeo ou condenaccedilatildeo do SIDH em qualquer dos niacuteveis federativosfacilitara sua implementaccedilatildeo O primeiro litiacutegio brasileiro na Corte Interamericana o caso
Damiatildeo Ximenes Lopes ilustra essa reflexatildeo Desde o momento do pro-cessamento do caso na Corte IDH ficou claro na defesa do Estadobrasileiro que havia uma poliacutetica de reforma do sistema psiquiaacutetricojaacute em andamento no momento em que aconteceu a morte da viacutetimaEacute mencionado nos depoimentos que o fechamento da Casa deRepouso dos Guararapes onde havia falecido Damiatildeo Ximenes foium marco que impulsionou essa reforma38
A Conferecircncia Nacional da Sauacutede Mental ocorrida em 1992 eacuteapontada como um dos marcos de reorientaccedilatildeo do tratamento psi-quiaacutetrico no Brasil39 A Lei federal n 102162001 pretendia trazeravanccedilos inaugurando a reforma psiquiaacutetrica no paiacutes Luiz OdoricoMonteiro de Andrade afirmou em seu depoimento que
A partir do dia 1ordm de janeiro de 1997 comeccedilaram uma seacuterie dereestruturaccedilotildees administrativas no acircmbito do Municiacutepio paraajustar as poliacuteticas do Sistema Uacutenico de Sauacutede em varias aacutereasNo final de 1998 jaacute havia um Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial(CAPS) que brinda atendimento ambulatorial e atenccedilatildeo diaacuteriaa pacientes com deficiecircncias mentais Esse sistema evoluiu e hoje jaacute existe o tratamento de pacientes com deficiecircnciasmentais agudas na aacuterea de sauacutede mental em hospital geralExiste tambeacutem um CAPS para transtornos na aacuterea geral e um para pessoas com problemas na aacuterea de alcoolismo edrogadiccedilatildeo Recentemente inaugurou-se um CAPS com onome do senhor Damiatildeo Ximenes Lopes para homenageaacute-lo40
Esse processo de mudanccedila nas poliacuteticas tambeacutem aparece nodepoimento de Pedro Gabriel Godinho Delgado entatildeo Coordenador
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Nacional do Programa de Sauacutede Mental do Ministeacuterio da SauacutedeSegundo Godinho ateacute entatildeo haviam sido tomadas vaacuterias medidas parafortalecer as redes extra-hospitalares Assim ainda que seja possiacutevel questionar o grau de efetividade
das poliacuteticas federais legisladas jaacute havia agrave eacutepoca da condenaccedilatildeo bra-sileira uma movimentaccedilatildeo a favor do sistema de tratamento mentalAteacute por isso parece ter sido empregada a expressatildeo ldquocontinuar adesenvolverrdquo no ponto de condenaccedilatildeo relacionado agrave implementaccedilatildeode medidas de melhoria do sistema psiquiaacutetrico Em seus relatoacuteriosde cumprimento de sentenccedila ateacute 2010 a Corte apontou para a neces-sidade do cumprimento desse ponto de sua condenaccedilatildeoHaacute indicaccedilotildees de que o descredenciamento da Casa de Repou-
so Guararapes em 2000 ocorreu por conta da repercussatildeo local damorte de Damiatildeo Ximenes Lopes41 Tambeacutem se desencadeou umprocesso mais acelerado de reforma no sistema psiquiaacutetrico da cida-de por conta da postura proativa de alguns gestores municipais42
A proacutepria condenaccedilatildeo do Brasil no Sistema Interamericano con-tudo teria contribuiacutedo mais ao aumento da publicidade do caso doque para reaccedilotildees diretas de implementaccedilatildeo Como na cidade jaacutehavia um processo de reforma do tratamento psiquiaacutetrico que veioa se mostrar bem-sucedido a condenaccedilatildeo do Brasil na Corte teriaservido mais para um reforccedilo do discurso mais amplo proacute-reformapsiquiaacutetrica do que para a efetiva implementaccedilatildeo da sentenccedila A condenaccedilatildeo tendo sido a primeira do Brasil no SIDH eacute um
marco no discurso da agenda antimanicomial utilizado natildeo soacutepela sociedade civil mas tambeacutem pelo Estado como incentivo dereforma em outras localidades Isso era especialmente importan-te no paiacutes jaacute que as mudanccedilas no sistema de sauacutede dependiammuito da vontade dos poderes locais43 que seriam mais facilmen-te convencidos de um possiacutevel perigo agrave imagem dos dirigentesna hipoacutetese de haver caso semelhante em sua regiatildeo44
Algo semelhante ocorreu no primeiro caso brasileiro de solu-ccedilatildeo amistosa o caso Joseacute Pereira Um fator importante do caso foia realizaccedilatildeo de uma visita in loco pela CIDH durante o periacuteodo emque o caso tramitava Essa visita ocorrida em novembro de 1995teve como um de seus objetos as denuacutencias de trabalho forccediladoespecialmente na regiatildeo sul do Paraacute local das violaccedilotildees que jaacutehaviam sido denunciadas na Comissatildeo De acordo com o relatoacuterio
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produzido apoacutes a visita a Comissatildeo constatou que agravequela eacutepocao Estado brasileiro jaacute havia desenvolvido uma seacuterie de poliacuteticasadministrativas legislativas e policiais voltadas ao combate e repres-satildeo do trabalho em condiccedilotildees anaacutelogas a de escravo45 Entretantoa CIDH recomendou o empenho e comprometimento do governovisando aprofundar e consolidar tais poliacuteticasUma vez alcanccedilado o acordo de soluccedilatildeo amistosa a CIDH pas-
sou a realizar o monitoramento de seu cumprimento em seusrelatoacuterios anuais Segundo o Relatoacuterio Anual de 2012 o acordoencontra-se apenas parcialmente cumpridoPrimeiramente observa-se que as medidas de reconhecimen-
to de responsabilidade e reparaccedilatildeo pecuniaacuteria foram cumpridas depronto A medida de julgamento dos responsaacuteveis permanece emaberto pois o processo se encontra suspenso Entretanto em rela-ccedilatildeo ao caso Joseacute Pereira as observaccedilotildees dos relatoacuterios anuais daCorte enfatizam as medidas legislativas e de fiscalizaccedilatildeo A partir de uma anaacutelise das poliacuteticas puacuteblicas elaboradas pelo
governo brasileiro e de seu esforccedilo para combater o trabalho for-ccedilado nota-se uma possiacutevel influecircncia do caso Joseacute Pereira Comoconsta em estudo da OIT46 antes do caso a entidade jaacute realizavaacompanhamento da situaccedilatildeo do trabalho escravo no paiacutes Segun-do seu estudo depois de 1995 houve uma mudanccedila expressiva noposicionamento do governo se em 1992 na Conferecircncia Inter-nacional do Trabalho o paiacutes negava a existecircncia de trabalhoescravo em 1995 passou a reconhecer oficialmente a existecircnciadessa praacutetica Em 27 de junho de 1995 por meio do Decreto Presidencial n
1538 foi criado o Grupo Executivo de Repressatildeo ao Trabalho For-ccedilado (Gertraf) com a finalidade de coordenar e implementar asprovidecircncias necessaacuterias agrave repressatildeo ao trabalho forccedilado No mesmoano foi criado o Grupo Especial de Fiscalizaccedilatildeo Moacutevel (GMF)composto de equipes de agentes treinados para realizar accedilotildees de fis-calizaccedilatildeo Posteriormente em marccedilo de 2003 foi estabelecido oPlano Nacional para Erradicaccedilatildeo do Trabalho Escravo Pouco depoisem julho foi criada a Comissatildeo Nacional de Erradicaccedilatildeo do Traba-lho Escravo (Conatrae) para acompanhar o cumprimento do planoCom tais iniciativas houve nesse periacuteodo um significativo aumen-to na qualidade dos trabalhos de combate ao trabalho escravo
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Aumentaram os nuacutemeros de operaccedilatildeo de resgate de trabalhadoresde denuacutencias e de trabalhadores resgatadosAo mesmo tempo em que se realizava esse esforccedilo intensivo em
relaccedilatildeo agraves poliacuteticas administrativas houve tambeacutem uma importantemudanccedila legislativa em dezembro de 2003 alterou-se o art 149 doCoacutedigo Penal brasileiro47 Com isso o crime de ldquoreduccedilatildeo agrave condi-ccedilatildeo anaacuteloga agrave de escravordquo tornou-se mais preciso e algumas causasde aumento da pena foram inseridas na codificaccedilatildeo penal brasileira Como fruto dessa intensificaccedilatildeo de poliacuteticas o Ministeacuterio do Tra-
balho e do Emprego tambeacutem se mostrou proativo Em outubro de2004 criou por meio da Portaria n 540 uma lista de nomes deempresas e pessoas autuadas por trabalho escravo Ao entrar na ldquolistasujardquo a pessoa perde o direito a financiamentos puacuteblicos e priva-dos Aleacutem disso houve grande mobilizaccedilatildeo do setor empresarialsendo que mais de 200 grupos formaram um pacto de natildeo realiza-ccedilatildeo de negoacutecios com nomes da lista Mais recentemente em 2008 foi criado o Segundo Plano Nacio-
nal para Erradicaccedilatildeo do Trabalho Escravo que tem tambeacutem comoenfoque a reinserccedilatildeo dos trabalhadores e a prevenccedilatildeo do trabalhoescravo Em 2012 foi aprovada na Cacircmara dos Deputados a possi-bilidade de expropriaccedilatildeo de terras em estabelecimentos onde forconstatada exploraccedilatildeo de matildeo de obra escrava48
Esta trajetoacuteria da implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadasao combate ao trabalho escravo no Brasil eacute representativa do saltoqualitativo da repressatildeo ao trabalho escravo em comparaccedilatildeo agrave daeacutepoca em que ocorreu o caso Mesmo que natildeo seja possiacutevel esta-belecer uma relaccedilatildeo direta de causalidade entre o caso Joseacute Pereirae as poliacuteticas puacuteblicas posteriores tal caso foi citado pelos atoresinteressados como um exemplo para reforccedilar a necessidade de com-bater o problema com mais intensidade49
O caso Maria da Penha tambeacutem encontrou no paiacutes um contex-to de implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas jaacute existentes afinal oBrasil jaacute havia sido reconhecido pela proacutepria Comissatildeo Interame-ricana de Direitos Humanos como um paiacutes que estava na vanguardada resoluccedilatildeo do problema de tratamento discriminatoacuterio contra asmulheres a partir da deacutecada de 1980 Destacaram-se por exemploa criaccedilatildeo do Conselho Estadual sobre a Condiccedilatildeo da Mulher emSatildeo Paulo (1983) a criaccedilatildeo do Conselho Nacional dos Direitos da
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Mulher subordinado ao Ministeacuterio da Justiccedila da Presidecircncia (1985)a incorporaccedilatildeo do combate a esse tipo de violecircncia na ConstituiccedilatildeoBrasileira de 198850 e a criaccedilatildeo das delegacias da mulher de abrigospara mulheres e do ldquoPrograma nacional para prevenir e combater aviolecircncia sexual e domeacutesticardquo (1996)51
Contudo embora a Comissatildeo tenha salientado avanccedilos significa-tivos no tema tambeacutem alertou para as dificuldades tais como acobertura insuficiente dos programas e a impunidade dos agressoresque eram denunciados Em 1999 a entidade analisou o cumprimen-to das recomendaccedilotildees feitas no relatoacuterio anterior e pouco disse sobreos avanccedilos na questatildeo das discriminaccedilotildees contra as mulheres52 Pos-teriormente ao apresentar suas recomendaccedilotildees no caso Maria daPenha considerou os avanccedilos insuficientes para afastar uma conde-naccedilatildeo do paiacutes pelo tratamento discriminatoacuterio das mulheresSob a perspectiva da Comissatildeo entatildeo as recomendaccedilotildees serviram
para tentar suprir as deficiecircncias nas poliacuteticas puacuteblicas brasileiras eafirmar a legislaccedilatildeo internacional sobre o tema das mulheres espe-cialmente a Convenccedilatildeo para prevenir punir e erradicar a violecircnciacontra as mulheres (Convenccedilatildeo de Beleacutem do Paraacute) Essa intenccedilatildeofoi evidenciada por meio de sucessivos relatoacuterios anuais especial-mente entre 2008 e 2011 nos quais a entidade reconheceu osavanccedilos obtidos pelo paiacutes mas destacou a necessidade de desenvol-vimento das poliacuteticas para que se desse integral cumprimento aoponto resolutivo53
Sob a perspectiva dos peticionaacuterios houve ainda outra preocu-paccedilatildeo A articulaccedilatildeo entre os movimentos feministas brasileiros e oCEJIL foi essencial para levar ao SIDH um pleito bastante especiacutefi-co a reforma na legislaccedilatildeo de enfrentamento da violecircncia domeacutesticabrasileira em razatildeo da sua incompatibilidade com a Convenccedilatildeo deBeleacutem do Paraacute54
Em 2002 jaacute era visiacutevel a mobilizaccedilatildeo das organizaccedilotildees natildeogovernamentais para que fosse editada uma lei especiacutefica para com-bater a violecircncia domeacutestica contra as mulheres sendo constituiacutedoinclusive um consoacutercio dessas ONGs55 Para as organizaccedilotildees osproblemas eram principalmente o tratamento da violecircncia domeacutes-tica como crime menos ofensivo e a impunidade dos agressoresque processados natildeo podiam ser presos e recebiam puniccedilotildees muitobrandas como pagamento de cestas baacutesicas agrave viacutetima56 O pleito
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direcionava-se contra a lei que vigorava naquele momento (Leifederal n 909995) que por incidir sobre a violecircncia domeacutesti-ca (art 69 paraacutegrafo uacutenico) aplicava-lhe uma seacuterie de soluccedilotildeesalternativas tais como pagamento de indenizaccedilatildeo suspensatildeo doprocesso e imposiccedilatildeo de penas alternativasO impacto da decisatildeo contudo natildeo foi o esperado em um pri-
meiro momento Houve a necessidade de gerar uma estrateacutegia detrabalho com linhas definidas (a) ministrar o timing na negocia-ccedilatildeo com o Estado e (b) fortalecer a decisatildeo do caso com difusatildeoe reforccedilo de articulaccedilotildees com os novos atores do movimento dasmulheres (natildeo participantes do litiacutegio) a abertura do caso paraos conselhos de advocacia regionais e aumento da empatia como caso57
As entidades encontraram um interlocutor proeminente nogoverno quando ainda em 2003 o oacutergatildeo responsaacutevel pelas poliacuteti-cas puacuteblicas em favor das mulheres no niacutevel federal (ConselhoNacional dos Direitos da Mulher) desvinculou-se do Ministeacuterio daJusticcedila e ganhou status de ministeacuterio criando-se a Secretaria espe-cial de poliacuteticas para mulheres Haacute indicaccedilotildees de que a elevaccedilatildeo dopatamar do oacutergatildeo ao niacutevel ministerial foi um importante avanccedilo paraque ele pudesse articular mais facilmente as poliacuteticas de gecircnero comoutros ministeacuterios e outros Poderes58
Em 2004 foi instituiacutedo o ldquoGrupo de Trabalho Interministerialpara elaborar proposta de medida legislativa e outros instrumen-tos para coibir a violecircncia domeacutestica contra a mulherrdquo por meiodo Decreto federal n 50302004 coordenado exatamente pelaSecretaria (art 2ordm I a) O consoacutercio de ONGs apresentou noacircmbito do Grupo sua proacutepria proposta legislativa jaacute bastanteamadurecida pelas discussotildees anteriores59
Novamente poreacutem os resultados natildeo foram os esperados NaExposiccedilatildeo de Motivos do Projeto de Lei n 45552004 a Secretaacuteriade Poliacuteticas para Mulheres Nilceacutea Freire salientou a participaccedilatildeo doconsoacutercio feminista os instrumentos internacionais para a proteccedilatildeodas mulheres e no que importa a este trabalho as recomendaccedilotildeesno caso Maria da Penha60 No entanto o principal pleito dos movi-mentos feministas natildeo foi atendido e o projeto natildeo contemplou umprocedimento especiacutefico para punir a violecircncia domeacutestica contraas mulheres
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As ONGs entatildeo negociaram apoio da Relatora do projeto emuma das comissotildees da Cacircmara dos Deputados Deputada JandiraFeghali para que o tema fosse amplamente debatido Apoacutes muitasaudiecircncias no paiacutes inteiro a deputada apresentou novo projeto queacolhia integralmente aquilo que as ONGs haviam apresentado em200361 Os parlamentares concluiacuteram o processo legislativo coma ediccedilatildeo da Lei federal n 113402006 que foi aprovada com inte-gral aceitaccedilatildeo pela Secretaria de Poliacuteticas para as Mulheres O fatode essa lei ser conhecida como ldquoLei Maria da Penhardquo evoca natildeoapenas a decisatildeo da CIDH como tambeacutem todo o histoacuterico do casoenvolvendo a senhora Maria da Penha62
Ainda que natildeo seja possiacutevel a relaccedilatildeo de causalidade direta natildeohaacute como negar que a partir do caso poliacuteticas mais efetivas passa-ram a ser implementadas como a criaccedilatildeo de delegacias abrigospara mulheres e planos nacionais a articulaccedilatildeo da Secretaria comos Conselhos Estaduais principalmente a partir de 2006 a submis-satildeo do relatoacuterio brasileiro ao Comitecirc Cedaw da ONU em 2003bem como finalmente as proacuteprias recomendaccedilotildees da OEA63
Assim o caso Maria da Penha inseriu-se no contexto brasileirode duas maneiras De um lado somou-se agraves poliacuteticas puacuteblicas jaacute exis-tentes impulsionando a adoccedilatildeo de novos programas de outro foiuma manifestaccedilatildeo importante a favor do pleito dos movimentosfeministas brasileiros por uma legislaccedilatildeo especiacutefica para o tema Por fim no caso Julia Gomes Lund algumas determinaccedilotildees da
Corte IDH tambeacutem jaacute estavam em pauta no cenaacuterio nacional Den-tre elas estatildeo as relacionadas agrave exigecircncia de medidas que garantamo direito agrave memoacuteria e agrave verdade com vistas a investigar o passadode modo a descobrir sua verdade e conseguir o reconhecimentooficial de seus acontecimentos64
De fato o Estado brasileiro embora tenha sido o protagonistadas violaccedilotildees de Direitos Humanos ocorridas durante o periacuteodode vigecircncia do regime de 1964 tem adotado algumas accedilotildees parazelar pelo direito agrave memoacuteria e agrave verdade Entre elas vale citar porexemplo a aprovaccedilatildeo da Lei federal n 9140 de 4 de dezembrode 1995 que reconheceu a responsabilidade do Estado brasileiropela morte de opositores ao regime de 1964 Essa Lei criou umaComissatildeo Especial que posteriormente foi denominada ComissatildeoEspecial sobre Mortos e Desaparecidos Poliacuteticos65 com atribuiccedilotildees
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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que vatildeo desde o reconhecimento de pessoas desaparecidas ateacute odeferimento de pedidos de indenizaccedilatildeo das famiacutelias das viacutetimas ea reuniatildeo de esforccedilos para a localizaccedilatildeo dos corpos de pessoasdesaparecidas no caso de existecircncia de indiacutecios quanto ao local emque possam estar depositadosAleacutem disso foi criada uma Comissatildeo Interministerial com a
finalidade de obter informaccedilotildees que levassem agrave localizaccedilatildeo dosrestos mortais de participantes da ldquoGuerrilha do Araguaiardquo Areferida Comissatildeo foi instituiacuteda pela Uniatildeo por meio do Decre-to Presidencial n 4850 de 2 de outubro de 2003 e encerrou assuas atividades com relatoacuterio final divulgado em marccedilo de 2007Com o mesmo intuito em abril de 2009 foi criado pelo Minis-teacuterio da Defesa um Grupo de Trabalho para realizaccedilatildeo de buscasde restos mortais na regiatildeo do Araguaia Diferentemente daComissatildeo Interministerial de 2003 representantes dos familiaresde mortos e desaparecidos poliacuteticos acompanharam e orientaramos trabalhos de buscas mas a accedilatildeo foi infrutiacutefera pois natildeo foramencontrados restos mortais na regiatildeoAinda com o objetivo de divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees a respeito
da ldquoGuerrilha do Araguaiardquo foi lanccedilado em maio de 2009 o arqui-vo Memoacuterias Reveladas sob a responsabilidade da Casa Civil Essearquivo conecta digitalmente o acervo recolhido ao Arquivo Nacio-nal com vaacuterios outros arquivos federais sobre a repressatildeo poliacuteticae com arquivos estaduais de 15 unidades da federaccedilatildeo resultandoem mais de 5 milhotildees de paacuteginas de documentos66
Dentre as accedilotildees destinadas a garantir o direito agrave memoacuteria e agraveverdade e promover a reconciliaccedilatildeo nacional destaca-se a insta-laccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade responsaacutevel por examinar eesclarecer as violaccedilotildees de direitos humanos ocorridas entre 1946e 1988 no BrasilA Comissatildeo Nacional da Verdade (CNV) foi criada pela Lei fede-
ral n 12528 de 18 de novembro de 2011 O fato de esta lei tersido promulgada depois da sentenccedila da Corte IDH natildeo significanecessariamente que a resoluccedilatildeo do caso no SIDH foi determinan-te para a implementaccedilatildeo da CNV O processo de constituiccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade teve
iniacutecio em 2002 quando da elaboraccedilatildeo da segunda versatildeo do Pro-grama Nacional de Direitos Humanos (PNDH-2) No programa
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foram apresentados os objetivos as diretrizes e as accedilotildees do Esta-do para lidar com a temaacutetica dos direitos humanos e a criaccedilatildeoda Comissatildeo Nacional da Verdade jaacute era uma demanda existentenaquela eacutepoca67
Apoacutes avanccedilos na definiccedilatildeo da estrutura de funcionamento daComissatildeo da Verdade uma das diretrizes da terceira versatildeo doPNDH (PNDH-3) lanccedilada em 2010 foi a criaccedilatildeo de uma CNV Oprimeiro objetivo estrateacutegico definido no eixo intitulado ldquodireitoagrave memoacuteria e agrave verdaderdquo determinou que o Estado devesse promo-ver a apuraccedilatildeo e o esclarecimento puacuteblico das violaccedilotildees de DireitosHumanos praticadas no contexto da repressatildeo poliacutetica ocorridano Brasil a partir de 194668 a fim de efetivar o direito agrave memoacute-ria e agrave verdade histoacuterica e promover a reconciliaccedilatildeo nacional Paraa consecuccedilatildeo deste objetivo o PNDH-3 designou um Grupo deTrabalho composto de representantes da Casa Civil do Ministeacute-rio da Justiccedila do Ministeacuterio da Defesa e da Secretaria Especial dosDireitos Humanos da Presidecircncia da Repuacuteblica para elaborar ateacuteabril de 2010 projeto de lei que instituiacutesse a Comissatildeo Nacionalda Verdade69
O PNDH-3 jaacute estabelecia algumas possiacuteveis atribuiccedilotildees da CNVtais como a promoccedilatildeo com base em seus informes da reconstru-ccedilatildeo da histoacuteria dos casos de violaccedilatildeo de direitos humanos bemcomo a assistecircncia agraves viacutetimas de tais violaccedilotildees a promoccedilatildeo dosmeios e recursos necessaacuterios para a localizaccedilatildeo e identificaccedilatildeo decorpos e restos mortais de desaparecidos poliacuteticos a identificaccedilatildeoe publicizaccedilatildeo das estruturas utilizadas para a praacutetica de violaccedilotildeesde direitos humanos suas ramificaccedilotildees nos diversos aparelhos deEstado e em outras instacircncias da sociedade entre outrasNota-se portanto que as discussotildees acerca da criaccedilatildeo de uma
Comissatildeo da Verdade jaacute estavam avanccediladas e bem estruturadas noiniacutecio do ano de 2010 10 meses antes da publicaccedilatildeo da sentenccedilada Corte IDH ndash o que mostra a existecircncia de uma agenda estatalque jaacute estava preocupada com a instalaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo comoa atual CNVCorrobora esse argumento o comentaacuterio de um dos integran-
tes desse Grupo de Trabalho e atual membro da CNV que revelouque em nenhuma das reuniotildees do Grupo foi feita menccedilatildeo agrave sen-tenccedila da Corte IDH Tal afirmaccedilatildeo mostra entatildeo que a sentenccedila
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da Corte IDH natildeo impactou a constituiccedilatildeo da CNV no Brasil tendoem vista jaacute existir uma agenda estatal voltada para a criaccedilatildeo dessaComissatildeo a qual jaacute estaacute em plena atividade70
Assim diante do fato de que accedilotildees de estabelecimento de umaComissatildeo da Verdade tiveram iniacutecio antes de novembro de 2010data da sentenccedila da Corte IDH restou-lhe apenas reconhecer evalorizar a importacircncia da iniciativa do Estado Brasileiro em criara CNV destinada a contribuir para ldquoa construccedilatildeo e preservaccedilatildeo damemoacuteria histoacuterica o esclarecimento de fatos e a determinaccedilatildeo deresponsabilidades institucionais sociais e poliacuteticas em determina-dos periacuteodos histoacutericos de uma sociedaderdquo71
Entretanto a principal reivindicaccedilatildeo do SIDH ao Brasil eacute rejei-tada com veemecircncia pelo Estado a revogaccedilatildeo da Lei de AnistiaTrata-se de situaccedilatildeo em que a violaccedilatildeo decorre de uma poliacuteticade Estado defendida na esfera das razotildees puacuteblicas conforme indi-cado no proacuteximo toacutepico
42 QUANDO O ESTADO BRASILEIRO PROMOVE
E APOIA O ATO QUE GERA A VIOLACcedilAtildeO
Uma situaccedilatildeo bastante peculiar e que merece uma anaacutelise distin-ta eacute aquela na qual a violaccedilatildeo condenada pelo SIDH consiste emuma poliacutetica endossada publicamente pelo Estado No caso JuliaGomes Lund a manutenccedilatildeo da Lei de Anistia de constitucionali-dade confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ampara-seem um discurso de reconciliaccedilatildeo nacional e superaccedilatildeo do periacuteo-do ditatorial No caso Belo Monte a criaccedilatildeo de usinas hidreleacutetricasem terras indiacutegenas na regiatildeo amazocircnica integra projetos do Esta-do Brasileiro a partir da deacutecada de 1970 No caso Julia Gomes Lund o Brasil foi responsabilizado pela
manutenccedilatildeo de uma Lei de Anistia que impede a investigaccedilatildeo e acondenaccedilatildeo de agentes que realizaram crimes contra a humanida-de durante o periacuteodo da ditadura militar O governo contudodefende ateacute hoje a validade dessa norma aprovada durante o fimdo periacuteodo ditatorial A Lei federal n 6683 de 28 de agosto de 1979 (ldquoLei de Anistiardquo)
concedia anistia ampla e irrestrita a todos aqueles que cometeramdurante o periacuteodo de 2 de setembro de 1961 a 15 de agosto de1979 crimes natildeo soacute poliacuteticos mas tambeacutem de qualquer natureza
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considerados conexos aos crimes poliacuteticos (inclusive o de torturae assassinato de opositores do regime governamental vigente naque-le momento)A constitucionalidade desta lei foi questionada no STF pela
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) requerendo que a lei fosserevisada uma vez que ela excluiacutea a possibilidade de investigar e puniros responsaacuteveis pelos crimes cometidos durante o regime militar Oobjetivo da accedilatildeo portanto era assegurar que o dever do Estado deinvestigar e punir os responsaacuteveis pelas violaccedilotildees de Direitos Huma-nos fosse cumprido de modo a evitar a impunidade e prevenir aocorrecircncia de novas violaccedilotildees O STF no entanto julgou a accedilatildeoimprocedente e com isso declarou vaacutelida a Lei da Anistia do modocomo foi editada em 1979 Por sete votos a dois os ministros deci-diram que o perdatildeo foi parte de um acordo feito pela sociedade naeacutepoca e valeu tambeacutem para os agentes estatais responsaacuteveis por assas-sinatos sequestros e torturas contra opositores da ditadura militar(1964-1985) Desse modo a anistia aos torturadores foi mais uma vezreiterada por um dos poderes do Estado neste caso o JudiciaacuterioEssa situaccedilatildeo juriacutedica portanto afeta a concretizaccedilatildeo de alguns
pontos resolutivos da sentenccedila da Corte IDH em especial aqueleque estabelece que ldquoO Estado deve conduzir eficazmente perantea jurisdiccedilatildeo ordinaacuteria a investigaccedilatildeo penal dos fatos do presentecaso a fim de esclarececirc-los determinar as correspondentes respon-sabilidades penais e aplicar efetivamente as sanccedilotildees e consequecircnciasque a lei preveja []rdquoTodavia o Ministeacuterio Puacuteblico Federal tem adotado posiciona-
mento de que natildeo haacute real conflito entre a ADPF 153 e a sentenccedilade Julia Gomes Lund com base no argumento de que as decisotildeespodem ser compatibilizadas a partir da necessidade de realizaccedilatildeo deduplo controle das normas de direitos humanos o de constitucio-nalidade no acircmbito interno e o de convencionalidade no acircmbitointernacional Diante disso o MPF afirma que no caso da Anistia alei natildeo passou em um dos testes (de convencionalidade) devendoassim ser rejeitada como causa de exclusatildeo de punibilidadeDe toda forma as dificuldades da implementaccedilatildeo da sentenccedila
pelo Estado persistem Diante desses obstaacuteculos o MPF tomou a ini-ciativa de assumir o papel de realizador de um dos componentes dajusticcedila de transiccedilatildeo abrindo-se um novo canal de concretizaccedilatildeo da
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justiccedila de transiccedilatildeo no Brasil Isso se deu por meio dos esforccedilosempreendidos para realizar a persecuccedilatildeo penal contra as violaccedilotildeesaos direitos humanos cometidas por agentes do Estado no periacuteododa ditadura A atuaccedilatildeo do MPF contra os crimes ocorridos nessaeacutepoca estaacute detalhada no relatoacuterio divulgado pela 2ordf Cacircmara deCoordenaccedilatildeo e Revisatildeo do MPF72 De acordo com esse relatoacuterio oMPF instaurou 170 investigaccedilotildees criminais dirigidas agrave apuraccedilatildeo doscrimes de sequestro homiciacutedio e ocultaccedilatildeo de cadaacutever Aleacutem dissoforam ajuizadas quatro accedilotildees penais para puniccedilatildeo dos responsaacuteveisNo que diz respeito agrave implementaccedilatildeo da sentenccedila da Corte
IDH no caso Julia Gomes Lund afirma-se no relatoacuterio que
o GTJT entende que as accedilotildees penais e as investigaccedilotildeesinstauradas datildeo parcial cumprimento agrave obrigaccedilatildeo estabelecidano ponto resolutivo 9 da sentenccedila do caso Gomes Lundconsistente no dever do Estado brasileiro de promover a persecuccedilatildeo penal das graves violaccedilotildees a DH cometidasdurante o regime militar O GTJT tambeacutem entende que ainstauraccedilatildeo de investigaccedilotildees formais eacute um dever do Estadobrasileiro para com as viacutetimas dessas violaccedilotildees e a seusfamiliares os quais reivindicam haacute quatro deacutecadasprovidecircncias do Estado em relaccedilatildeo agrave apuraccedilatildeo do queocorreu com seus proacuteximos73
No caso Belo Monte pode-se identificar possiacuteveis violaccedilotildees a direi-tos humanos cometidas pelo proacuteprio Estado dessa vez dentro de suaagenda de desenvolvimento Trata-se de um caso bastante complexoe polecircmico uma vez que provocou e continua provocando episoacutediosde embate entre os povos indiacutegenas afetados pela construccedilatildeo da hidre-leacutetrica de Belo Monte e as autoridades estataisA tensatildeo entre os indiacutegenas e o governo iniciou-se na deacutecada
de 1970 com o primeiro estudo sobre o potencial hidreleacutetrico dorio Xingu encomendado ao Consoacutercio Nacional de EngenheirosConsultores SA pela Eletronorte Em 1979 o Consoacutercio concluiuo estudo afirmando que o ldquoaproveitamento oacutetimordquo daquela baciahidrograacutefica dependia de um conjunto de seis barragens das quaiscinco situadas no rio Xingu e uma no Rio Irir i Dentre outrasconsequecircncias o Complexo Hidreleacutetrico do Xingu atingiria 40
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povos indiacutegenas desde a Terra Indiacutegena (TI) Paquiccedilamba na VoltaGrande do Xingu (Estado do Paraacute) ateacute o Parque Indiacutegena do Xinguno estado do Mato Grosso74
Durante a deacutecada de 1980 foram realizados os estudos de viabili-dade do Complexo (de) Altamira ndash projeto que envolvia a construccedilatildeodas mega-hidreleacutetricas Kararaocirc e Babaquara Somadas as represasdessas usinas alagariam uma aacuterea de 7000 km2 aproximadamenteDentre outras consequecircncias ao menos seis TIs seriam completa-mente alagadas (Koatinemo Araweteacute do Ipixuna Kararaocirc AraraArara da Volta Grande do Xingu Trincheira-Bacajaacute) e a TI Paqui-ccedilamba seria ilhada75 Em marccedilo de 1988 o Departamento Nacionalde Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) aprovou o Relatoacuterio final dosestudos de inventaacuterio 76 e a Eletronorte anunciou o projeto77
Nesse mesmo ano poreacutem irrompeu um forte movimento con-traacuterio ao Complexo (de) Altamira Indiacutegenas intelectuais e ativistasinternacionalizaram o conflito ao promoverem audiecircncias comONGs e com o Banco Mundial aleacutem disso o ldquoI Encontro dos PovosIndiacutegenas do Xingurdquo deu forte repercussatildeo ao caso78 Como con-sequecircncia o Banco Mundial retirou o financiamento previsto79 eo custo poliacutetico-social da obra tornou-se demasiado para a recen-te democracia brasileira O projeto do Complexo de Altamira foientatildeo arquivado
Poreacutem na deacutecada de 1990 surge o projeto do Aproveitamen-to Hidreleacutetr ico Belo Monte uma versatildeo reformulada do projetoanterior
Uma seacuterie de irregularidades na conduccedilatildeo do projeto motivouo Ministeacuterio Puacuteblico Federal do Paraacute (MPF) a mover uma accedilatildeo civilpuacuteblica (ACP 20013900005867-6 5850-7320014013900)80
contra a Eletronorte (empresa responsaacutevel pelo empreendimento)Ao final de 2002 o STF confirmou a decisatildeo liminar de primeirainstacircncia que suspendia o processo de licenciamento da obra81
Aleacutem de reconhecer irregularidades na licitaccedilatildeo e no licenciamen-to do Aproveitamento Hidreleacutetrico Belo Monte o STF confirmoua necessidade da autorizaccedilatildeo do Congresso Nacional precedida daoitiva dos povos indiacutegenas afetados para que o empreendimentopudesse ser executado82
Em 2005 poreacutem o projeto eacute relanccedilado Para resolver os proble-mas reconhecidos anos antes pelo STF o licenciamento ambiental
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da obra passa a ser feito pelo Ibama83 Aleacutem disso o deputado fede-ral Fernando Ferro (do mesmo partido do governo federal)84
apresenta ao Congresso Nacional uma proposta de autorizaccedilatildeo parao Poder Executivo implantar o Aproveitamento Hidreleacutetrico BeloMonte85 Em tempo recorde a proposta foi aprovada e publicada naforma do Decreto Legislativo n 788200586
Ainda em 2005 o MPF em conjunto com a sociedade civil impe-trou accedilatildeo direta de inconstitucionalidade contra tal DecretoLegislativo (DL) com fundamento na falta de consulta agraves comuni-dades indiacutegenas Com base em um argumento processual o STF natildeoconheceu a accedilatildeo87
Em 2006 o MPF propocircs uma nova accedilatildeo civil puacuteblica cujo obje-tivo era ldquoobstar o processo de licenciamento no Ibamardquo e anular oDL88 Essa accedilatildeo gerou cinco decisotildees em primeiro grau em um pri-meiro momento o licenciamento foi paralisado e o DL foi declaradoinvaacutelido depois de algumas inversotildees de entendimento em duasinstacircncias em 2007 o STF liberou o licenciamento e declarou avalidade do DL (essa decisatildeo seraacute explorada mais adiante)89
Entre 2007 e 2010 o MPF promoveu seis accedilotildees (quatro accedilotildees civispuacuteblicas e duas accedilotildees de improbidade)90 referentes a irregularidadesno processo de licenciamento do Aproveitamento Hidreleacutetrico BeloMonte Mesmo assim no dia 1ordm de fevereiro de 2010 o Ibama con-cedeu a licenccedila preacutevia para a construccedilatildeo do empreendimento Apesar de natildeo cumprida boa parte das condicionantes constan-
tes da licenccedila preacutevia em 26 de janeiro de 2011 o Ibama concedelicenccedila parcial de instalaccedilatildeo com a qual o Consoacutercio Norte Energiaestaria habilitado para a construccedilatildeo do canteiro de obras de BeloMonte No dia seguinte o MPF propotildee ainda uma nova accedilatildeo civilpuacuteblica para suspender a licenccedila sem sucesso91
Entatildeo em 1ordm de abril de 2011 a CIDH outorgou medida cau-telar em favor dos povos indiacutegenas da Volta Grande do Xinguem resultado de provocaccedilatildeo por um grande nuacutemero de membrosda sociedade civil organizada no ano anterior A Comissatildeo soli-citou ao Governo Brasileiro a suspensatildeo imediata do processode licenciamento de Belo Monte e o impedimento da realiza-ccedilatildeo da obra ateacute que fossem satisfeitas trecircs condiccedilotildees os povosindiacutegenas deveriam ser consultados sobre o empreendimento ospovos indiacutegenas deveriam ter acesso ao EIARIMA antes de dita
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consulta preacutevia e medidas de proteccedilatildeo aos povos indiacutegenasdeveriam ser adotadasPosteriormente com base nas informaccedilotildees enviadas pelo Estado
brasileiro e pelos peticionaacuterios a CIDH modificou o teor da medi-da e solicitou (i) a adoccedilatildeo de medidas para a proteccedilatildeo da sauacutede e dacultura dos povos indiacutegenas isolados e a elaboraccedilatildeo e implementa-ccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo dos efeitos da construccedilatildeo do AproveitamentoHidreleacutetrico Belo Monte (ii) a adoccedilatildeo de medidas de proteccedilatildeo agravesauacutede das comunidades indiacutegenas do Xingu que incluiacutessem (a) oPrograma Integrado de Sauacutede Indiacutegena e (b) a implementaccedilatildeo dosprogramas requeridos pela Funai (PT 2109)92 (iii) a demarcaccedilatildeo dasterras ancestrais dos povos indiacutegenas da regiatildeo e proteccedilatildeo destas con-tra invasotildees e ocupaccedilotildees por natildeo indiacutegenas A solicitaccedilatildeo anterior deldquoconsulta preacuteviardquo por sua vez foi transformada em discussatildeo de meacuteri-to transcendendo o acircmbito da MC 38210A medida cautelar foi recebida de maneira diversa por trecircs ato-
res diferentes A primeira manifestaccedilatildeo do Brasil em relaccedilatildeo agrave medidacautelar ocorreu no dia 5 de abril de 2011 em nota puacuteblica divul-gada pelo Itamaraty que expressava perplexidade em relaccedilatildeo ao teordas solicitaccedilotildees da CIDH consideradas precipitadas e injustificadas93
Reforccedilando essa posiccedilatildeo no dia 1ordm de junho o Ibama concedeu alicenccedila definitiva94Aleacutem disso em 27 de outubro de 2011 o Gover-no brasileiro deixou de comparecer agrave audiecircncia marcada pela CIDHpara discussatildeo da medida cautelar95 Em janeiro de 2012 iniciaram-se as obras do Aproveitamento Hidreleacutetrico Belo Monte96
Em relaccedilatildeo aos movimentos sociais entre os meses de maio eoutubro de 2011 foram feitas manifestaccedilotildees puacuteblicas em apoio agravemedida cautelar que foram noticiadas amplamente nas miacutediassociais A Comissatildeo de Direitos Humanos da Cacircmara Federal aPlataforma Brasileira de Direitos Humanos Econocircmicos SociaisCulturais e Ambientais (Plataforma Dhesca) a Anistia Internacio-nal organizaccedilotildees latino-americanas e cerca de 90 organizaccedilotildeesnacionais e internacionais expressaram apoio agraves recomendaccedilotildees daCIDH e condenaram a postura assumida pelo Estado brasileiroFinalmente em relaccedilatildeo ao MPF a medida cautelar outorgada
pela Comissatildeo pareceu respaldar a posiccedilatildeo dos membros da ins-tituiccedilatildeo contra possiacuteveis irregularidades Ainda que natildeo tenha sidoutilizada a medida em si como um fator inibidor da construccedilatildeo
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da usina accedilotildees posteriores promovidas pelo oacutergatildeo sugerem quea medida proporcionou um novo argumento juriacutedico para a atua-ccedilatildeo dos procuradores federais97
Para uma compreensatildeo mais profunda do impacto dessa medidacautelar eacute preciso considerar a dimensatildeo poliacutetica do Aproveitamen-to Hidreleacutetrico Belo Monte De certo modo eacute possiacutevel dizer que adecisatildeo do STF de 2007 revelou o espaccedilo ocupado pelo projetoBelo Monte no conjunto de interesses do Estado brasileiro Isso por-que segundo a Ministra Relatora Ellen Gracie agrave eacutepoca Presidentedaquele Tribunal Belo Monte seria parte essencial da poliacutetica ener-geacutetica nacional e estaria inserida no cronograma governamental deplanejamento estrateacutegico do setor eleacutetrico a sua inviabilizaccedilatildeo por-tanto comprometeria dito planejamento 98
O atual interesse do Estado brasileiro no potencial hidreleacutetricoda Amazocircnia tem raiacutezes histoacutericas e funccedilatildeo estrateacutegica Em meadosda deacutecada 1980 o ldquoPlano Nacional de Energia Eleacutetrica 19872010rdquo99
jaacute afirmava ldquoo aproveitamento do rio Xingu se constituiraacute possi-velmente no maior projeto nacional no final deste seacuteculo e comeccedilodo proacuteximordquo De acordo com esse Plano 175 usinas hidreleacutetricasdeveriam ser construiacutedas ateacute o ano de 2010 no Brasil ndash 40 na Ama-zocircnia Legal100
Posteriormente o Plano Nacional de Energia 2030 elaborado em2007 constatou que a maior parte da energia eleacutetrica produzida noBrasil eacute proveniente de usinas hidreleacutetricas em 2005 a energiahidreleacutetrica equivalia a 75 da ldquopotecircncia instaladardquo e gerou 93 daenergia requerida pelo Sistema Interligado Nacional A bacia doAmazonas por sua vez eacute considerada o maior potencial hidreleacutetri-co brasileiro101
Talvez por isso a construccedilatildeo de Belo Monte passou a ser con-siderada a principal obra do Programa de Aceleraccedilatildeo do Crescimento(PAC)102 lanccedilado em 2007 pelo Governo Federal De acordo como ex-Ministro do Meio Ambiente Carlos Minc Belo Monte era ldquoamaior obra do PAC a mais polecircmica e a terceira hidreleacutetrica domundordquo103 Na lista das 10 obras mais importantes do Programade Aceleraccedilatildeo do Crescimento 2 (PAC 2) figuram trecircs usinas hidre-leacutetricas todas situadas na regiatildeo Norte do paiacutes104 e Belo Monteeacute ldquoo principal projeto energeacutetico [] e uma das grandes priori-dades do programardquo105
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Em uma perspectiva poliacutetica o intervalo desde as primeirasmovimentaccedilotildees de criaccedilatildeo do projeto ateacute hoje (1975-2013) foi umperiacuteodo de intensas transformaccedilotildees Aleacutem da transiccedilatildeo do regimemilitar para o regime constitucional-democraacutetico o Brasil teve seiseleiccedilotildees presidenciais diretas106 oito Presidentes da Repuacuteblica107 evivenciou o processo de impeachment do Presidente Fernando Col-lor (1992)108 Apesar disso o interesse estatal de exploraccedilatildeo dopotencial energeacutetico do rio Xingu permaneceu inalterado O que os fatos indicam eacute que o projeto de construccedilatildeo do Apro-
veitamento Hidreleacutetrico Belo Monte natildeo eacute fruto da vontade de umgoverno ou de um governante especiacutefico apenas mas que tal pro-jeto eacute antes resultado de um interesse de Estado ndash um interesseque se poderia considerar suprapartidaacuterio enraizado e imbricadonas mais profundas concepccedilotildees sobre desenvolvimento do paiacutes Por essa perspectiva o conflito de Belo Monte ganha uma
dimensatildeo poliacutetica complexa Isso porque a ameaccedila ldquoagrave vida e agrave inte-gridade pessoal dos membrosrdquo109 das Comunidades Indiacutegenas daBacia do rio Xingu decorrente da possiacutevel construccedilatildeo de BeloMonte eacute resultado de uma poliacutetica estatal histoacuterica e bem defini-da de desenvolvimento estrateacutegico de um setor ldquoestruturante dopaiacutesrdquo o setor energeacutetico Em siacutentese os casos apresentados permitem a conclusatildeo de que
o adimplemento das medidas do SIDH eacute mais dificultoso quandoa violaccedilatildeo em questatildeo decorre de uma poliacutetica puacuteblica do EstadoContudo as medidas nestes casos ainda assim podem ser apropria-das por atores estatais e pela sociedade civil organizada
43 QUANDO HAacute CASO DE VIOLACcedilAtildeO EM AcircMBITO LOCAL
Um terceiro fator que influencia a implementaccedilatildeo eacute a natureza fede-ral do Estado brasileiro Haacute violaccedilotildees que envolvem apenascompetecircncias federais Nessas situaccedilotildees natildeo se confere tanta impor-tacircncia agrave estrutura federativa do Brasil exceto se as poliacuteticas nacionaisdependerem de Estados e Municiacutepios No entanto haacute outros casos emque as competecircncias envolvidas para o cumprimento das medidasdeterminadas no SIDH pertencem tambeacutem ou exclusivamente a Esta-dos ou Municiacutepios No decorrer dos processos perante a Comissatildeo Interamericana
o Governo Federal normalmente representado pela SDH procura
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compartilhar responsabilidades com o Estado federado tentandoenvolvecirc-lo ao maacuteximo na tentativa de soluccedilatildeo amistosa ou naimplementaccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeo Isso eacute valorizado prin-cipalmente pelo efeito pedagoacutegico desse envolvimento jaacute que a maiorparte das violaccedilotildees se daacute em acircmbito local110A situaccedilatildeo eacute diferente sea condenaccedilatildeo for pela Corte Interamericana visto que o governo fede-ral torna-se responsaacutevel internacionalmente pela implementaccedilatildeo dasmedidas Essa dinacircmica precisa ser reconhecida como um fator rele-vante na implementaccedilatildeo das medidas impostas pelo SIDH Como jaacute visto por natildeo haver mecanismo de execuccedilatildeo direta das
decisotildees ou recomendaccedilotildees do Sistema Interamericano a implemen-taccedilatildeo ocorre eminentemente por razotildees poliacuteticas Natildeo soacute ao chegaremao Brasil pelos oacutergatildeos federais que normalmente lidam com os casosem todas as suas fases (MRE SDH e AGU) mas tambeacutem pelos entesfederados Durante boa parte das atuaccedilotildees da SDH quando ficou agravefrente da organizaccedilatildeo de implementaccedilotildees de recomendaccedilotildees oumedidas de condenaccedilatildeo seu trabalho foi convencer os oacutergatildeos locaisenvolvidos de que a implementaccedilatildeo deveria ser feita111
Se de um lado haacute dificuldades em se lidar com outras entidadesfederativas que natildeo satildeo obrigadas por quaisquer mecanismos a cola-borar com a implementaccedilatildeo por outro as recomendaccedilotildees daComissatildeo ou as condenaccedilotildees da Corte agregam peso ao esforccedilo deconvencimento da SDH sobre os representantes do ente federado Apresenccedila desse elemento externo de um terceiro cuja funccedilatildeo eacute exclu-sivamente defender direitos humanos muitas vezes eacute positiva jaacute quea oposiccedilatildeo poliacutetica que eventualmente haacute em relaccedilatildeo ao governo fede-ral pode se dissolverO fator do ocircnus poliacutetico da violaccedilatildeo para o poder local eacute essen-
cial para possibilitar soluccedilotildees amistosas O orccedilamento vinculado aopagamento das indenizaccedilotildees coordenadas pela SDH soacute eacute mobiliza-do para pagamento quando haacute casos jaacute julgados pela Corte Assimcom exceccedilatildeo do caso Joseacute Pereira jaacute visto112 em soluccedilotildees amistosaseacute sempre o Estado federado que deve se responsabilizar por talpagamento Tambeacutem eacute o Estado federado que internamente se res-ponsabiliza pelo cumprimento dos outros pontos acordados Como visto anteriormente a preexistecircncia de agenda federal
e local de combate ao trabalho escravo pode ter sido causa deminimizaccedilatildeo dos custos da soluccedilatildeo amistosa do caso Joseacute Pereira
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Jaacute na segunda soluccedilatildeo amistosa brasileira o caso Meninos emascula-dos do Maranhatildeo parece ter sido alcanccedilada por conta de um conjuntode fatores de pressatildeo poliacutetica em que a miacutedia parece ter ocupadolugar de destaque O proacuteprio nome do caso ldquoMeninos emasculadosdo Maranhatildeordquo foi o utilizado pela miacutedia brasileira para se referira uma seacuterie de homiciacutedios e mutilaccedilotildees genitais de meninos entre4 e 15 anos ao mesmo tempo em que ocorriam os trabalhos paraos acordos da soluccedilatildeo amistosa na CIDH foi crescente o debateacerca do caso no Brasil Primeiramente foi notaacutevel o iniacutecio de uma preocupaccedilatildeo nas
vaacuterias instacircncias governamentais sobre o tema Em 2003 foi inicia-da uma investigaccedilatildeo pelo Poder Legislativo sobre as situaccedilotildees deviolecircncia e redes de exploraccedilatildeo sexual de crianccedilas e adolescentes noBrasil Os casos dos meninos emasculados tanto do Maranhatildeo comode Altamira foram utilizados no relatoacuterio apresentado em 2004113
tendo como encaminhamento o envio de documentaccedilatildeo ao Minis-teacuterio Puacuteblico Estadual para agilizaccedilatildeo das investigaccedilotildees Tambeacutem em2003 a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadatildeo em seu rela-toacuterio de atividades menciona ter participado de reuniatildeo com asfamiacutelias dos meninos emasculados de audiecircncia puacuteblica sobre o casode reuniatildeo na Superintendecircncia da Poliacutecia Federal com os policiaisencarregados da investigaccedilatildeo e de reuniatildeo com os integrantes doCentro de Defesa dos Direitos da Crianccedila e do Adolescente PadreMarcos Passerini Apoacutes firmada a soluccedilatildeo amistosa a CIDH realizou acompanha-
mento da implementaccedilatildeo das medidas acordadas Em seus relatoacuteriosanuais a Comissatildeo demonstrou especial preocupaccedilatildeo com o cum-primento das medidas de natildeo repeticcedilatildeo que representavam para ooacutergatildeo o maior desafio Em 2008 as medidas foram consideradastotalmente cumpridas pelo Estado brasileiro Apoacutes a celebraccedilatildeo da soluccedilatildeo amistosa houve aparente interes-
se do Governo do Estado do Maranhatildeo em cumprir as medidas114
Em 2007 o entatildeo governador do Maranhatildeo Jackson Lago criou aComissatildeo Estadual de Acompanhamento e Execuccedilatildeo do Acordo deSoluccedilatildeo Amistosa do Caso dos Meninos Emasculados composta dasSecretarias de Estado dos Direitos Humanos Sauacutede EducaccedilatildeoDesenvolvimento Social Seguranccedila Cidadatilde Defensoria Puacuteblica eAssessoria Especial do Governador115
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
45 sumaacuterio
Em abril de 2006 as famiacutelias das viacutetimas comeccedilaram a receber apensatildeo mensal do Governo maranhense e foram incluiacutedas nos pro-gramas de Habitaccedilatildeo do Governo Federal Apoacutes um ano em maiode 2007 a Comissatildeo Estadual visitou as famiacutelias para verificar o cum-primento das medidas e as suas condiccedilotildees de moradia Houve umaseacuterie de reclamaccedilotildees das famiacutelias em relaccedilatildeo agrave estrutura das casasEm consequecircncia a Comissatildeo se reuniu com a Secretaria de Estadode Desenvolvimento das Cidades para discutir melhorias Posteriormente em setembro de 2011 apoacutes encontro com um
grupo de matildees dos meninos a presidente da Comissatildeo de DireitosHumanos e das Minorias da Cacircmara dos Deputados116 deputada Eli-ziane Gama alegou que as medidas da soluccedilatildeo amistosa natildeo estavamsendo inteiramente cumpridas117 Segundo a deputada ao longo dos5 anos as casas previstas no documento foram construiacutedas mas natildeoforam repassadas legalmente para as famiacutelias a pensatildeo estabelecidaestava sem reajuste e as famiacutelias natildeo estatildeo sendo inseridas em pro-gramas de assistecircncia social do GovernoApesar da inclusatildeo em 2005 do municiacutepio de Satildeo Luiacutes no Progra-
ma de Accedilotildees Integradas e Referenciais de Enfrentamento agrave ViolecircnciaSexual contra Crianccedilas e Adolescentes no Territoacuterio Brasileiro(PAIR) e da criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Luta contra a ViolecircnciaSexual contra a Crianccedila e o Adolescente bem como o Sistema Inte-rinstitucional de Accedilotildees Antidrogas (SIAD) parece que natildeo houveefetiva melhoria do atendimento nas delegacias especializadas emviolecircncia contra a crianccedila e o adolescente Segundo relatoacuterio da 1ordfPromotoria do Controle Externo da Atividade Policial a Delegaciade Proteccedilatildeo agrave Crianccedila e ao Adolescente (DPCA) foi considerada apior das especializadas na capital maranhense118
Quanto a casos julgados na Corte Interamericana destacam-senovamente os casos Garibaldi e Escher e outros A questatildeo federalaparece nos dois casos como um obstaacuteculo agrave implementaccedilatildeo dasdecisotildees principalmente enquanto as denuacutencias permaneceram noacircmbito da Comissatildeo Isso porque a Assessoria Internacional da SDHteria tido problemas em acessar os atores locais por conta de faltade cooperaccedilatildeo dos poderes locais119 A uacutenica voz a favor da imple-mentaccedilatildeo dentro do Estado do Paranaacute foi o Ministeacuterio Puacuteblico120
No caso Escher e outros na peticcedilatildeo submetida agrave Corte a Comis-satildeo explicou que a Secretaria de Direitos Humanos da Presidecircncia
PESQUISA DIREITO GV
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(acircmbito federal) natildeo concretizou as negociaccedilotildees com o governo doEstado do Paranaacute (acircmbito estadual) para efetivar as reparaccedilotildees nosprazos concedidos121 Em nota de 21 de setembro de 2007 porexemplo o governo brasileiro sustentou que trabalhava junto aoEstado do Paranaacute para que fosse indicado um interlocutor especiacuteficopara dar seguimento ao trabalho de implementar as recomendaccedilotildeessalientando que o esforccedilo de convencimento junto aos entes esta-duais era ldquoum trabalho permanente e que por vezes demanda maiortempo de maturaccedilatildeordquo122
Dois fatores mitigaram esses problemas de implementaccedilatildeo Em pri-meiro lugar no tocante agrave obrigaccedilatildeo de investigar destacou-se apostura do Ministeacuterio Puacuteblico do Estado do Paranaacute123 que trabalhouem contato com a SDH para realizar as investigaccedilotildees Em segundolugar especificamente no tocante agrave obrigaccedilatildeo de publicar a senten-ccedila e indenizar as viacutetimas destacou-se a mudanccedila das responsabilidadesocasionada pelas condenaccedilotildees no acircmbito da Corte InteramericanaNo caso Garibaldi ao tomar ciecircncia que algumas testemunhas que
natildeo foram ouvidas no inqueacuterito policial estavam prestando depoi-mento perante a Corte um membro do Ministeacuterio Puacuteblico fez arequisiccedilatildeo de desarquivamento do inqueacuterito em abril de 2009 e emjulho de 2011 ofereceu denuacutencia contra um dos suspeitos do assas-sinato de Seacutetimo Garibaldi O TJPR no entanto determinou o fimda accedilatildeo penal a despeito de ter reconhecido explicitamente que oreferido desarquivamento atendia agrave decisatildeo da Corte Interamerica-na de Direitos Humanos A accedilatildeo encontra-se atualmente no STJ Emvirtude disso a Corte deixou em aberto o ponto na sua resoluccedilatildeo deSupervisatildeo de Cumprimento de Sentenccedila de 2012Em Escher e outros o Ministeacuterio Puacuteblico tambeacutem verificou a pos-
sibilidade de investigar e punir os responsaacuteveis pela interceptaccedilatildeoe divulgaccedilatildeo das conversas telefocircnicas Entretanto por conta daprescriccedilatildeo dos crimes concluiu pela inviabilidade da abertura deinqueacuterito criminal apenas para se elucidar o fato sem que isso resul-tasse em efetiva puniccedilatildeo124 Nesse ponto a Corte Interamericanarepetiu entendimento no qual a prescriccedilatildeo poderia ser um obstaacute-culo legiacutetimo ao cumprimento em casos de violaccedilatildeo de direitoshumanos menos graves e reconheceu que ldquofoi determinado que seinvestigasse penalmente determinadas condutas e fossem estabele-cidas as consequecircncias que a Lei previsse o qual natildeo descartava a
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
47 sumaacuterio
possibilidade de que a accedilatildeo penal a respeito dos fatos a serem inves-tigados estivesse prescritardquo125
Finalmente em relaccedilatildeo ao segundo ponto se medidas de provi-decircncia domeacutestica para os casos avanccedilaram enquanto estiveram naComissatildeo a condenaccedilatildeo do Brasil pela Corte alterou a maneira comoas reparaccedilotildees deveriam ser feitas jaacute que tais obrigaccedilotildees passaram aser primariamente da Uniatildeo Nesse sentido a SDH pocircde atuar commaior intensidade Isso se refletiu tanto na obrigaccedilatildeo de indenizarcumprida sob a rubrica orccedilamentaacuteria do proacuteprio oacutergatildeo126 como naobrigaccedilatildeo de publicar a sentenccedila feita dentre outros no proacuteprio siteda Secretaria127Ambos os cumprimentos se deram dentro do prazoassinalado na sentenccedila128
Um paralelo entre os dois casos apresentados e o caso Maria daPenha pode ser feito sob o prisma da questatildeo federal Nesse senti-do ressalta-se que Maria da Penha vs Brasil foi um caso decididono acircmbito da Comissatildeo em que se fixaram obrigaccedilotildees semelhan-tes de investigaccedilatildeo e indenizaccedilatildeo ao Estado brasileiro Por setratarem de recomendaccedilotildees caberia ao governo e ao Judiciaacuterio doEstado do Cearaacute onde ocorreu a violaccedilatildeo de direitos conduzirema implementaccedilatildeo das medidasNo entanto o Estado do Cearaacute permaneceu inerte durante vaacuterios
anos apoacutes a condenaccedilatildeo sem que a Uniatildeo tambeacutem tomasse qual-quer atitude em relaccedilatildeo a essa inatividade129 Durante seis anos asreparaccedilotildees materiais natildeo puderam ser obtidas porque dependiam daassunccedilatildeo de compromisso pelo Estado do Cearaacute130 Somente em2006 com a mudanccedila de governo negociaccedilotildees foram iniciadas entreos atores envolvidos131 Essas conversas resultaram no compromis-so assumido e concretizado pelo Estado de indenizar materialmenteMaria da Penha Maia Fernandes132
A mesma dificuldade se verificou no cumprimento da obriga-ccedilatildeo de investigar os responsaacuteveis pela demora no processo criminalEm 2007 as peticionaacuterias assinalaram que o Estado natildeo havia con-seguido elucidar nem atribuir as responsabilidades em virtude dasdificuldades oferecidas pelo Tribunal estadual133 Em 2008 entatildeoo caso foi submetido ao CNJ134 Desde entatildeo a apuraccedilatildeo dos res-ponsaacuteveis pela demora ocorre em niacutevel federalNo entanto o caso Maria da Penha tambeacutem nos conduz agrave con-
clusatildeo de que a questatildeo federal embora importante para a ldquomarcha
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48 sumaacuterio
da implementaccedilatildeordquo das decisotildees do Sistema Interamericano natildeo eacuteo uacutenico fator de influecircncia Em primeiro lugar isso resta evidencia-do pelo fato de que a Comissatildeo ainda natildeo considerou integralmentecumpridas obrigaccedilotildees impostas para a Federaccedilatildeo como um todoMuito embora as poliacuteticas puacuteblicas dependam da adesatildeo dos Esta-dos-membros a proacutepria Comissatildeo ainda natildeo considerou satisfeitasas obrigaccedilotildees de tratamento contra a discriminaccedilatildeo das mulheres emmateacuteria de violecircncia domeacutestica135 Haacute relatos de que esses Estadosfederais tecircm problemas de descumprimento com questotildees que natildeosatildeo de competecircncia federal mas a explicaccedilatildeo que natildeo podem cum-prir por conta do federalismo tambeacutem surge em questotildees que natildeodependem da estrutura federal136
Em segundo lugar a proacutepria Comissatildeo reconheceu que os pri-meiros avanccedilos na mateacuteria de direitos humanos ocorreram com ainstalaccedilatildeo do Conselho Estadual sobre a Condiccedilatildeo da Mulher emSatildeo Paulo em 1983 Natildeo eacute descabido entatildeo considerar que o fede-ralismo tambeacutem pode abrir a oportunidade de que os proacutepriosEstados sejam responsaacuteveis por importantes avanccedilos em mateacuteria deproteccedilatildeo de direitos humanos antes mesmo que poliacuteticas semelhan-tes sejam estabelecidas em niacutevel federal
44 QUANDO A CAUSA Eacute APROPRIADA PELOS
ATORES ENVOLVIDOS NO CASO CONCRETO
Um uacuteltimo aspecto analisado na presente obra diz respeito agrave espe-cificidade de alguns relatoacuterios ou algumas condenaccedilotildees que emcertos contextos natildeo permitem a extrapolaccedilatildeo do caso individualpara uma situaccedilatildeo coletivaEacute usual que o SIDH seja criticado ao tomar medidas amplas e
geneacutericas como ldquodar continuidaderdquo a determinada poliacutetica puacuteblicae por outro lado louvado ao tomar medidas mais concretas A basedessa criacutetica estaacute ligada a uma determinada concepccedilatildeo de eficiecircn-cia das medidas Diraacute um defensor do argumento que medidas maismodestas por serem objetivas permitem um maior grau de cobran-ccedila e de verificaccedilatildeo da implementaccedilatildeo Esse argumento contudoconta apenas parte da histoacuteriaDe fato quanto mais individualizada e concreta a medida maior
a chance de sua implementaccedilatildeo contudo menor eacute a chance de seuimpacto No Brasil as instituiccedilotildees tiveram sucesso em demonstrar
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
49 sumaacuterio
que conseguem se mobilizar de forma a lidar com a questatildeo indi-vidualizada em seu ponto especiacutefico sem qualquer atuaccedilatildeo emniacuteveis estruturais como ocorreu e ocorre nos casos Escher e outrose Garibaldi No entanto em um caso como Belo Monte no qual natildeohouve qualquer cooperaccedilatildeo do Governo brasileiro atores institu-cionais (como o MPF) e a sociedade civil organizada puderam sevaler da recomendaccedilatildeo da CIDH para pressionar os oacutergatildeos poliacuteti-cos nacionais
Tanto o caso Escher e outros como o caso Garibaldi tratam de vio-laccedilotildees decorrentes dos graves e persistentes conflitos agraacuterios no paiacutesConforme reconhecido pela Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos ldquoa concentraccedilatildeo de terra no Brasil eacute uma das maiores domundordquo de modo que ldquoaproximadamente 1 da populaccedilatildeo deteacutem46 de todas as terrasrdquo dentre as quais haacute um enorme percentual deterras improdutivas Trata-se enfim de ldquoum modelo econocircmico quefavoreceu a grande propriedade privada frente agraves necessidades dostrabalhadores ruraisrdquo137 Todavia em ambos os casos o contexto socialamplo natildeo foi atacado pelas medidas impostas pelo SIDH
No caso Escher e outros o grampo telefocircnico e sua divulgaccedilatildeoilegal geraram especialmente reparaccedilotildees indenizatoacuterias para as viacuteti-mas sendo que a Corte Interamericana reconheceu seu integraladimplemento enquanto no caso Garibaldi as principais condena-ccedilotildees foram de natureza indenizatoacuteria e de retomada da investigaccedilatildeocriminal dos responsaacuteveis pelo assassinato de Seacutetimo Garibaldisendo que a Corte IDH ainda manteacutem o acompanhamento do pro-cesso judicial penal de responsabilizaccedilatildeo pelo assassinato Natildeohouve repercussatildeo para aleacutem dessa esfera
Essas observaccedilotildees surgiram em entrevista com membro doMinisteacuterio Puacuteblico do Estado do Paranaacute na qual ficou clara a orien-taccedilatildeo de resolver rapidamente e de forma qualificada a investigaccedilatildeocriminal relativa ao caso Seacutetimo Garibaldi em parte por convicccedilatildeopessoal dos promotores envolvidos e em parte para diminuir o des-gaste da imagem da instituiccedilatildeo decorrente da divulgaccedilatildeo dos fatosna miacutedia De todo modo nem o Ministeacuterio Puacuteblico e muito menoso Governo do Paranaacute realizaram accedilotildees de enfoque estrutural ou pre-ventivo para as graves violaccedilotildees decorrentes de conflitos fundiaacuterios
A natureza de decisotildees altamente individualizadas favoreceum cenaacuterio em que haacute poucos incentivos para que as instituiccedilotildees
PESQUISA DIREITO GV
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envolvidas assumam o ocircnus poliacutetico de tomar medidas mais amplase ao mesmo tempo a decisatildeo do SIDH natildeo serve como instrumen-to para buscar medidas estruturais aos atores relevantes interessados Nos dois casos as questotildees de fundo foram abandonadas O gover-
no natildeo se sentiu pressionado a investigar ou prestar esclarecimentosobre as investigaccedilotildees relacionadas a associaccedilotildees ligadas ao Movimen-to dos Sem-Terra (MST) apoacutes o caso Escher e outros Tampouco houvepressatildeo para investigaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de contas em relaccedilatildeo ao siste-ma de reforma agraacuteria aos abusos cometidos por particulares queretomam para si terras que foram invadidas nem agrave impunidade dosatores poliacuteticos e judiciaacuterios que criminalizam movimentos sociaisApenas para exemplificar uma questatildeo de fundo sobre agentes
puacuteblicos que atuavam contra os movimentos sociais em ambos oscasos um dos pedidos rejeitados pela Corte Interamericana foio de ordenar a revogaccedilatildeo do tiacutetulo de cidadatilde honoraacuteria do Estadodo Paranaacute da juiacuteza Elizabeth Kather obtido em 2007 Conformeapontado no livro A era da indeterminaccedilatildeo138 a juiacuteza protagonizouescacircndalos midiaacuteticos em razatildeo da estreita relaccedilatildeo com a elitefazendeira local Mesmo um ano apoacutes a condenaccedilatildeo da Corte Inte-ramericana em dezembro de 2010 a juiacuteza Kather recebeu o tiacutetulode cidadatilde honoraacuteria do Municiacutepio de Loanda139
A Corte IDH deu pouca importacircncia agrave questatildeo do tiacutetulo hono-raacuterio da juiacuteza Kather Entretanto em um contexto como o brasileirocondenaccedilotildees simboacutelicas podem abrir portas para a extrapolaccedilatildeo dedemandas individualizadas para um niacutevel mais geral principalmen-te quando satildeo apropriadas por vaacuterios segmentos sociais No contextode implementaccedilatildeo poliacutetica as medidas do SIDH podem auxiliar ato-res mobilizados tal como ocorreu no caso Belo MonteConforme apresentado no toacutepico 42 a construccedilatildeo da Usina
Hidreleacutetrica Belo Monte a despeito da forte reaccedilatildeo negativa doGoverno brasileiro agrave medida cautelar do SIDH foi apropriadapelos agentes poliacuteticos envolvidos no caso (MPF e movimentossociais) e transformada em um instrumento poliacutetico e juriacutedico deenfrentamento Quanto aos movimentos sociais sugere-se a medi-da possibilitou a reafirmaccedilatildeo da criacutetica ao projeto Belo Monte eabriu novos espaccedilos puacuteblicos acerca do temaAssim avaliar a implementaccedilatildeo das medidas do SIDH que enfo-
cam apenas a conduta do Estado esconde os impactos que elas
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
51 sumaacuterio
podem ter fora do ambiente estatal Assim enquanto alguns casosnatildeo geram repercussatildeo mas satildeo implementados outros repercutemna sociedade e podem ateacute mesmo gerar uma conscientizaccedilatildeo maiorsobre determinada violaccedilatildeo de direitos humanos mesmo que a pos-tura estatal leve ao natildeo cumprimento da medida
CONCLUSAtildeO BALANCcedilO DE RESULTADOS E PARAcircMETROS DE IMPLEMENTACcedilAtildeONo Brasil natildeo haacute mecanismos institucionais especiacuteficos de implemen-taccedilatildeo de recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees do SIDH O adimplementointerno das medidas determinadas neste acircmbito decorre em sua maiorparte de decisotildees eminentemente poliacuteticas visto que depende da dis-posiccedilatildeo e da capacidade dos atores relevantes a cada novo evento Com isso a cada nova condenaccedilatildeo ou recomendaccedilatildeo a SDH e o
MRE precisam se engajar em negociaccedilotildees com as instituiccedilotildees e ato-res envolvidos muitas vezes em esferas estaduais No contextofederativo a ausecircncia de mecanismos coercitivos torna o cumprimen-to das decisotildees ainda mais imprevisiacutevel e a cada novo caso sujeitoao capital poliacutetico dos envolvidos ao seu interesse nas causas emquestatildeo e especialmente agrave qualidade das relaccedilotildees entre governosfederal e estadual Dessa forma o adimplemento no Brasil eacute permea-do de grande flexibilidade e potencial de experimentalismo uma vezque na maior parte dos casos haacute um alto custo poliacutetico envolvido nasnegociaccedilotildees de implementaccedilatildeoPara fazer suas anaacutelises e criacuteticas este trabalho partiu do termo
ldquoimplementaccedilatildeordquo no sentido usual do SIDH de adimplemento dasmedidas de condenaccedilatildeo recomendaccedilatildeo ou acordo Contudo a anaacute-lise qualitativa mostrou que esse tipo de avaliaccedilatildeo fica distante demedir o real impacto das decisotildees do SIDH no Brasil Dada a escassez de literatura nacional a este respeito foi reali-
zado um mapeamento dos efetivos mecanismos existentes no Brasilpara dar cumprimento agraves recomendaccedilotildees e decisotildees oriundas doSIDH no Brasil do que foi possiacutevel identificar o delicado equiliacute-brio das relaccedilotildees institucionais em niacutevel federal (MRE SDH eAGU) bem como das relaccedilotildees entre entes federativos Como con-sequecircncia foi apurado que o cumprimento eacute apenas uma dimensatildeodo adimplemento das medidas do SIDH
PESQUISA DIREITO GV
52 sumaacuterio
Foi possiacutevel identificar diversos fatores que interferem na coo-peraccedilatildeo de atores relevantes bem como na avaliaccedilatildeo de quandoocorre efetivamente o cumprimento Nesse sentido os principaisfatores identificados como possiacuteveis facilitadores da implementaccedilatildeodas medidas determinadas no acircmbito do sistema regional de prote-ccedilatildeo dos direitos humanos satildeo (i) a existecircncia de uma agenda poliacuteticapreacutevia em acircmbito local ou nacional em relaccedilatildeo ao tema da viola-ccedilatildeo (ii) decisotildees com fundamentaccedilatildeo de qualidade e generalidadesuficiente para permitir a sua apropriaccedilatildeo por atores estatais ou dasociedade civil organizada engajados em temas afetos agrave violaccedilatildeo e(iii) uma boa relaccedilatildeo entre Uniatildeo e Estados naqueles casos em quea implementaccedilatildeo natildeo depende de medidas unicamente federais Haacute portanto dois pontos de vista em questatildeo O primeiro deles
eacute o da Comissatildeo e da Corte Interamericana pelo qual eacute necessaacuterioe relevante que os Estados recebam uma chancela de adimplentesou inadimplentes perante o SIDH especialmente como forma depressatildeo poliacutetica O segundo ponto de vista eacute o de anaacutelise do impac-to das decisotildees e recomendaccedilotildees do SIDH que natildeo se confundecom a avaliaccedilatildeo de ldquocumprimentordquo ou ldquodescumprimentordquo feita pelaCorte e Comissatildeo nem se exaure nela Em um contexto de imple-mentaccedilatildeo eminentemente poliacutetica das decisotildees e recomendaccedilotildees doSIDH a implementaccedilatildeo depende em grande parte da presenccedila dosfatores de impacto detectados
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
53 sumaacuterio
APEcircNDICE CASOS QUE ENVOLVEM O BRASIL NO SIDH
I MEDIDAS CAUTELARES OUTORGADAS PELA
COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 32 (ENTRE 1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
54 sumaacuterio
CASO
MC 19911 ldquoP
ESSOAS D
E LIBERDADE N
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R ANIacuteBAL B
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(2011)
MC 38210 ldquoU
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MC 11410 ldquoP
ESSOAS P
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LIBERDADE N
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Agrave VID
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RIDADE
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AtildeO JU
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DIREITO
Agrave VID
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RIDADE
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PARTIC
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A
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE
PESSO
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COMUNIDADES IN
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CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
CU
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ENTO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
55 sumaacuterio
MC 35102 ldquoR
OSEM
ARY SO
UTO MAIOR E O
UTROSrdquo
(2010)
MC 22409 ldquoA
DOLESC
ENTES P
RIVADOS DE
LIBERDADE NA UNIDADE DE IN
TERNACcedilAtildeO
SOCIOEDUCATIVA
(UNIS)rdquo (2009)
MC 23608 ldquoP
ESSOAS PRIVADAS DE LIB
ERDADE
NA PENITEN
CIAacuteRIA POLINTER
-NEVESrdquo (2009)
ldquoCASO ADOLESC
ENTES N
A CADEIA PUacuteBLICA DE
GUARUJAacuterdquo (2007)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS RECEBIDAS POR
FAMILIA
RES D
E VIacuteTIMA DE ASSA
SSINATO
POR
GRUPO DE EXTER
MIacuteNIO MESM
O APOacuteS MEDIDA
CAUTELA
R DA CIDH EM 2002
DENUacuteNCIA SOBRE CASOS DE MORTE E TO
RTURA
DE ADOLESC
ENTES D
ETIDOS NA UNIS D
E
CARIACICA ESP
IacuteRITO SANTO
DENUacuteNCIAS SO
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AtildeO E M
AacuteS
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NITAacuteRIAS NO PRESIacuteD
IO
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PERPOPULACcedil
AtildeO E
DETEN
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ENTES EM
CADEIA PUacuteBLICA
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
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PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
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INTEG
RIDADE PESSO
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DIREITO
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A Agrave INTEG
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DIREITO
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IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
E ADOLESC
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A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
SISTEMA CARCERAacuteRIO
SISTEMA CARCERAacuteRIO
SISTEMA CARCERAacuteRIO
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RA GARANTIR A VID
A E A
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TORTURA
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STIFICARAM A ADOCcedilAtildeO DA CAUTELA
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RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL 140
PESQUISA DIREITO GV
56 sumaacuterio
ldquoCASO CENTRO DE DEFESA
DOS DIREITO
S DA
CRIANCcedilA E D
O ADOLESC
ENTE D
O DISTR
ITO
FEDERALrdquo (2006)
ldquoCASO MARIA APARECIDA DENADAIrdquo (2006)
MC 13006 ldquoP
ESSOAS DETID
AS NA 76ordf
DELEG
ACIA DE POLIacuteCIArdquo (2006)
ldquoCASO RAPOSA SER
RA DO SOLrdquo (2004)
DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
IE DE MORTES Q
UE
ENVOLVEM
ADOLESC
ENTES D
ETIDOS NO CAJE
DO DISTR
ITO FED
ERAL
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR TESTEM
UNHA DE ASSA
SSINATO
CONTRA ATIVISTA
DE DIREITO
S HUMANOS (V
TAMBEacuteM CASO JOAQUIM DENADAI)
DENUacuteNCIA SOBRE MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
A
DELEG
ACIA SU
PERPOPULACcedil
AtildeO E M
ORTE E
TORTURA DE DETEN
TOS
DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
IE DE ATO
S
VIOLEN
TOS COMETID
OS POR NAtildeO INDIacuteGENAS AgraveS
COMUNIDADES IN
DIacuteGENAS DA REGIAtildeO
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
E ADOLESC
ENTES
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE Agrave
LIBERDADE
DE RELIG
IAtildeO AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROPRIEDADE Agrave
LIVRE CIRCULACcedil
AtildeO Agrave
IGUALDADE E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
SISTEMA CARCERAacuteRIO
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
SISTEMA CARCERAacuteRIO
COMUNIDADES IN
DIacuteGENAS
DENTRE OUTRAS M
EDIDAS PA
RA REDUZIR A
SUPERPOPULACcedil
AtildeO PA
RA SEPA
RAR OS
DETEN
TOS E PA
RA AUMENTAR A SEG
URANCcedilA
MEDIDAS DE PROTECcedil
AtildeO Agrave TESTEM
UNHA
DENTRE OUTRAS M
EDIDAS PA
RA REDUZIR A
SUPERPOPULACcedil
AtildeO PROPORCIONAR
ATENDIMENTO MEacuteDICO E IN
VESTIGAR OS FATO
S
QUE LEVA
RAM Agrave DENUacuteNCIA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A A
INTEG
RIDADE PESSO
AL E A
CIRCULACcedil
AtildeO DAS
COMUNIDADES IN
DIacuteGENAS E PA
RA INVESTIG
AR
OS FATO
S QUE LEVA
RAM Agrave DENUacuteNCIA
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
EXTINTA A PEDIDO DA BENEFIC
IAacuteRIA 141
CUMPRIMENTO PARCIAL ATEacute FEVER
EIRO DE
2007 142SEM
INFORMACcedilAtildeO 143
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
57 sumaacuterio
MC 85204 ldquoC
RIANCcedilAS PRIVADAS DE LIB
ERDADE
NA FUNDACcedilAtildeO ESTA
DUAL DO BEM-ESTA
R DO
MENOR (FEB
EM) DO TATU
APEacuterdquo (2004)
ldquoCASO JORGE CUSTO
DIO ROSANGELA
APARECIDA SARAIVA FER
REIRA E A
LESSANDRA
RODRIGUEZ C
ELESTINOrdquo (2003)
ldquoCASO MARIA APARECIDA GOMES D
A SILVA
E
SUA FAMIacuteLIA
E EDSON AZAMBUJArdquo (2003)
ldquoCASO DOS IN
TERNOS DO CAacuteRCERE DE URSO
BRANCOrdquo (2002)
DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
IE DE VIO
LEcircNCIAS
COMETID
AS CONTRA OS MENORES IN
TERNOS
DA CASA DE DETEN
CcedilAtildeO E C
ASOS DE MORTES E
REBELIOtilde
ES
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
S DE DIREITO
S
HUMANOS NO PARANAacute
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE E
SEQUESTR
O SOFRIDOS POR ATIVISTA
S DE
DIREITO
S HUMANOS
DENUacuteNCIA SOBRE SU
PERPOPULACcedil
AtildeO
CARCERAacuteRIA CONFLITO
S INTER
NOS EN
TRE
DETEN
TOS E FA
LTA DE CONDICcedilOtildeES N
O
PRESIacuteD
IO
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
SAUacuteDE
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
SISTEMA CARCERAacuteRIO
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
DENTRE OUTRAS M
EDIDAS PA
RA GARANTIR A
VIDA E A
INTEG
RIDADE DOS MENORES PA
RA
INVESTIG
AR OS FU
NCIONAacuteRIOS E PA
RA MANTER
A SUPERVISAtildeO
DAS CONDICcedilOtildeES D
E DETEN
CcedilAtildeO
DO LOCAL
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
DENTRE OUTRAS M
EDIDAS PA
RA IMPEDIR
NOVOS HOMICIacuteDIOS NO PRESIacuteD
IO E PA
RA
INVESTIG
AR OS FATO
S OCORRIDOS
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
DESC
UMPRIMENTO (LEVA
DA Agrave CORTE ID
H)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
DESC
UMPRIMENTO (LEVA
DA Agrave CORTE ID
H)
PESQUISA DIREITO GV
58 sumaacuterio
ldquoCASO IRINY NICOLAU CORRES LO
PESrdquo (2002)
ldquoCASO RONY CLAY C
HAVES R
UBENS LEO
NCIO
PEREIRA MARCOS MASSA
RI E G
ILMAR LEITE
SIQUIERA (PROTECcedil
AtildeO DE TESTEM
UNHAS DA
OPERACcedilAtildeO CASTELIN
HO)rdquo (2002)
MC 35102 ldquoC
ASO MANOEL B
EZERRA ROSEM
ARY
SOUTO E LU
IZ DA SILVArdquo (2002)
ldquoCASO DO POVO INDIacuteGENA XUCURUrdquo (2002)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA DE DIREITO
S HUMANOS NO ESP
IacuteRITO
SANTO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
INFORMANTES A
PROVEITA
DOS EM
OPERACcedilAtildeO
POLICIAL PERPETR
ADAS PELA
PROacutePRIA
POLIacuteCIA
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
TESTEMUNHAS E IN
VESTIGADORES D
E GRUPO
DE EXTER
MIacuteNIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
LIacuteDERES D
E COMUNIDADE IN
DIacuteGENA
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROPRIEDADE E Agrave
GARANTIA JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
COMUNIDADES IN
DIacuteGENAS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DAS TESTEM
UNHAS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DAS TESTEM
UNHAS E D
OS
INVESTIG
ADORES
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS LIacuteD
ERES E PA
RA
INVESTIG
AR OS FATO
S DENUNCIADOS
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO (VIacuteTIM
A ASSA
SSINADA EM
2009)
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
59 sumaacuterio
ldquoCASO ELM
A SORAIA SOUZA NOVAISrdquo (2002)
ldquoCASO DOS PROMOTORES E D
OS DETEN
TOS DA
PRISAtildeO
PUacuteBLICA DE SO
ROCABArdquo (2000)
ldquoCASO BENEDITO MARIANOrdquo (2000)
ldquoCASO CATH
ERINE HALVEYrdquo (2000)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
MAtildeE DE VIacuteTIM
A DE VIO
LEcircNCIA POLICIAL
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDA POR TESTEM
UNHAS
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR INVESTIG
ADOR DE VIO
LEcircNCIA
POLICIAL
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
DE DIREITO
S HUMANOS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (INVESTIG
ADOR)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA VIacuteTIM
A
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A E A
CAPAC
IDADE DE
PRESTA
R TESTEM
UNHO SEM
TEMER
REPRESAacute
LIAS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO INVESTIG
ADOR E SEU
S
FAMILIA
RES
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA ATIVISTA
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
PESQUISA DIREITO GV
60 sumaacuterio
ldquoCASO JOAQUIM MARCELO
DENADAIrdquo (1999)
ldquoCASO LUZIA CANUTOrdquo (1998)
ldquo2ordm CASO PADRE RICARDO REZEN
DErdquo (1998)
CASO 12002 ldquoM
ARIA EMILIA
DE MARCHI E
OUTROSrdquo (1998)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA CONTRAacuteRIO A GRUPO DE EXTER
MIacuteNIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS E C
ASOS DE
HOMICIacuteDIO SOFRIDOS POR FAMILIA
RES D
E
LIacuteDER DE MOVIM
ENTO SOCIAL ASSA
SSINADO EM
CONTEXTO
DE CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA DE DIREITO
S HUMANOS EM
CONTEXTO
DE DISPUTA FUNDIAacuteRIA
DENUacuteNCIA SOBRE AS MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
O
LOCAL EM
QUE AS VIacuteTIM
AS ESTAVA
M PRESA
S
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
GARANTIA JUDICIAL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA VIacuteTIM
A
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA TESTEM
UNHA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS DETEN
TOS
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO (VIacuteTIM
A ASSA
SSINADA EM
2002)
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
61 sumaacuterio
ldquo1ordm CASO PADRE RICARDO REZEN
DE E O
UTROSrdquo
(19951996)
ldquoCASO DO ADVOGADO OSMAR BARCELO
S DO
NASCIMENTOrdquo (1996)
ldquoCASO DOS MENORES IN
TERNOS DO INSTITU
TO
PADRE SEVER
INO DA ESC
OLA JOAtildeO LUIS A
LVES
E DA ESC
OLA SANTOS DUMONTrdquo (1996)
ldquoCASO AMEACcedil
ADOS PELO
S lsquoMENINOS DE OUROrsquordquo
(1996)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTAS DE DIREITO
S HUMANOS EM
CONTEXTO
DE DISPUTA FUNDIAacuteRIA NO PARAacute
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ADVOGADO ATIVISTA
DE DIREITO
S HUMANOS NO
ESPIacuteRITO SANTO
DENUacuteNCIA SOBRE AS MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
O
CENTRO DE DETEN
CcedilAtildeO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
S CONTRAacuteRIOS A GRUPO
DE EXTER
MIacuteNIO
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS DETEN
TOS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
II RELATOacuteRIOS DE MEacuteRITO PUBLICADOS PELA COMISSAtildeO
INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 17 (ENTRE
1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
62 sumaacuterio
CASO
PETICcedil
AtildeO 12308 ldquoM
ANOEL LEA
L DE O
LIVEIRArdquo
(INFORMES N
3710 E N 7206)
CASO 12440 ldquoW
ALLAC
E DE A
LMEID
Ardquo
(INFORMES N
3408 E N 2609)
CASO 12310 ldquoSEB
ASTIAtildeO
CAMARGO FILH
Ordquo
(INFORMES N
3308 E Ndeg 2509)
RESU
MO
DO
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DE
JORNALISTA
APOacuteS P
UBLIC
ACcedilAtildeO DE ESC
AcircNDALO
DE C
ORRUPCcedilAtildeO NO JO
RNAL D
E QUE ER
A
EDITO
R
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DA VIacuteTIM
A EM
RAZAtildeO
DE A
BUSO EM
OPERACcedilAtildeO POLIC
IAL
INCLUSIVE C
OM INDIacuteCIOS D
E DISC
RIMINACcedilAtildeO
RACIAL
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DE M
EMBRO
DO MOVIM
ENTO DOS TR
ABALHADORES R
URAIS
SEM TER
RA NO PA
RANAacute SEM
INVESTIG
ACcedilAtildeO E
INDEN
IZACcedilAtildeO
DIR
EITOS VIO
LAD
OS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave LIB
ERDADE D
E EXPRESSAtildeO
E
PEN
SAMEN
TO AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE Agrave
IGUALDADE
AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO
JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
TEMA
ATENTADO CONTRA JO
RNALISTA
VIO
LEcircNCIA POLIC
IAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
MED
IDA
S IND
ICAD
AS
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS A
UTORES
DO CRIME D
OS R
ESPONSAacuteVEIS P
ELA DEM
ORA
NAS IN
VESTIGACcedilOtildeES R
EPARACcedilAtildeO DOS
FAMILIA
RES A
DOCcedilAtildeO DE U
MA POLIacuteTIC
A GLOBAL
DE P
ROTECcedil
AtildeO DOS JO
RNALISTA
S
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO COMPLETA
DOS FATO
S REPA
RACcedilAtildeO DOS FA
MILIA
RES D
A
VIacuteTIMA E A
DOCcedilAtildeO DE P
OLIacuteTIC
A CONTRA A
DISC
RIMINACcedilAtildeO RACIAL EM
OPERACcedilOtildeES
POLIC
IAIS
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO COMPLETA
DOS FATO
S REPA
RACcedilAtildeO DOS FA
MILIA
RES D
A
VIacuteTIMA E A
DOCcedilAtildeO DE P
OLIacuteTIC
A CONTRA A
VIOLEcircN
CIA RURAL
NATU
REZA
DA
S MED
IDA
SMEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
CU
MP
RIM
ENTO
(EM 2012)
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
63 sumaacuterio
CASO 12019 ldquoA
NTOcircNIO FER
REIRA BRAGArdquo
(INFORMES N
8407 E N 3508)
CASO 12001 ldquoSIM
ONE ANDREacute DINIZrdquo (IN
FORMES
N 8304 E N
6606)
CASO 11634 ldquoJA
ILTON NERI DA FONSEC
Ardquo
(INFORMES N
2303 E N 3304)
CASO 11556 ldquoM
ASSAC
RE DE CORUMBIARArdquo
(INFORMES N
2203 E N 3204)
DENUacuteNCIA SOBRE DETEN
CcedilAtildeO ILEG
ALMENTE
FEITA PELA
POLIacuteCIA CIVIL IN
CLUSIVE C
OM
TORTURA DA VIacuteTIM
A
DENUacuteNCIA SOBRE DISCRIMINACcedilAtildeO RACIAL
SOFRIDA POR EMPREGADA DOMEacuteSTIC
A QUE NAtildeO
FOI CONTRATA
DA POR SER
NEGRA
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
MENOR POR FORCcedilAS POLICIAIS EM
FAVELA DO
RIO DE JA
NEIRO
DENUacuteNCIA SOBRE MORTES D
E
TRABALHADORES R
URAIS EM
ACcedilAtildeO DA POLIacuteCIA
PARA REINTEG
RACcedilAtildeO DE POSSE D
E TERRENO
DIREITO
Agrave INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A Agrave LIB
ERDADE
PESSO
AL Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL O
BRIGACcedilAtildeO DE PREVEN
IR
E PUNIR TODO ATO
DE TO
RTURA COMETID
O
DIREITO
Agrave IGUALDADE Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
E Agrave PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
LIBERDADE Agrave
PROTECcedil
AtildeO DA INFAcircNCIA AgraveS
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
DISCRIMINACcedilAtildeO RACIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS FATO
S
RESP
ONSABILIZACcedil
AtildeO PELA
DEMORA EM
ELUCIDAR O CASO INDENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A E
CAPAC
ITACcedilAtildeO DOS POLICIAIS C
IVIS
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A
MODIFIC
ACcedilAtildeO DA LEG
ISLACcedilAtildeO CONTRA O
RACISM
O INVESTIG
ACcedilAtildeO DOS FATO
S PROMOVER
MEDIDAS ADMINISTR
ATIVAS CONTRA O RACISM
O
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS A
LTERACcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DA
POLIacuteCIA MILITA
R PARA INVESTIG
ACcedilAtildeO DE
CRIMES C
OMETID
OS POR MEMBROS DA
PROacutePRIA CORPORACcedilAtildeO E TR
ANSFER
EcircNCIA
PARA A POLIacuteCIA CIVIL
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS A
LTERACcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DA
POLIacuteCIA MILITA
R PARA INVESTIG
ACcedilAtildeO DE
CRIMES C
OMETID
OS POR MEMBROS DA
PROacutePRIA CORPORACcedilAtildeO E TR
ANSFER
EcircNCIA
PARA A POLIacuteCIA CIVIL
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
PENDENTE D
E CUMPRIMENTO
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
PESQUISA DIREITO GV
64 sumaacuterio
CASO 10301 ldquoPA
RQUE SAtildeO
LUCASrdquo (IN
FORMES N
1696 E N 4003)
CASO 11517 ldquoD
INIZ B
ENTO DA SILVArdquo
(INFORMES N
11101 E N 2302)
CASOS 11286 E O
UTROS ldquoA
LUIacuteSIO
CAVA
LCANTE
E OUTROSrdquo (IN
FORMES N
7400 E N 5501)
CASO 12051 ldquoM
ARIA DA PENHArdquo (IN
FORMES N
10500 E N 5401)
DENUacuteNCIA SOBRE TO
RTURA DE PRESO
S NO
DISTR
ITO POLICIAL PA
RQUE SAtildeO
LUCAS EM
SAtildeO
PAULO
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
MEMBRO DO MOVIM
ENTO DOS TR
ABALHADORES
RURAIS SEM
TERRA POR FORCcedilAS POLICIAIS
DENUacuteNCIA SOBRE DIVER
SOS CASOS DE
ASSA
SSINATO
DE JO
VENS POR FORCcedilAS
POLICIAIS
DENUacuteNCIA SOBRE CASO DE VIO
LEcircNCIA
DOMEacuteSTIC
A COM DEMORA E N
EGLIGEcircNCIA NO
PROCESSA
MENTO DA ACcedilAtildeO CRIMINAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO DA HONRA
E DA DIGNIDADE Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
LIBERDADE A
UM JULGAMENTO JUSTO
AgraveS
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
E DIREITO
DE PETICcedil
AtildeO
DIREITO
Agrave PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL Agrave
S GARANTIAS
JUDICIAIS Agrave
IGUALDADE
SISTEMA CARCERAacuteRIO
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA DOMEacuteSTIC
A DISCRIMINACcedilAtildeO
DE GEcircNERO
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DAS VIacuteTIM
AS
TRANSFER
EcircNCIA DA COMPETEcircN
CIA DE
JULGAMENTO DE DELITO
S COMETID
OS POR
POLICIAIS M
ILITARES C
ONTRA CIVIS PA
RA A
JUSTICcedil
A COMUM PUNICcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS E
DESATIVACcedil
AtildeO DAS ldquoC
ELAS DE ISO
LAMENTOrdquo
MEDIDAS PA
RA INVESTIG
ACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS PA
RA INDENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES E PA
RA EVITA
R A REPETICcedil
AtildeO DE
FATOS SEM
ELHANTES EM
CONFLITO
S
FUNDIAacuteRIOS
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS E D
OS RESP
ONSAacuteVEIS P
ELA DEMORA
NOS PROCESSO
S INDENIZACcedil
AtildeO DE VIacuteTIM
AS OU
FAMILIA
RES A
BOLICcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DOS
TRIBUNAIS M
ILITARES PA
RA JULGAR CRIMES
COMETID
OS POR POLICIAIS C
ONTRA CIVIS
ADOCcedilAtildeO DE CONTROLE EXTER
NO E IN
TERNO
SOBRE A POLIacuteCIA MILITA
R DO RIO DE JA
NEIRO
DENTRE OUTRAS FIN
ALIZACcedil
AtildeO DO PROCESSO
CRIMINAL IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS
PELA
DEMORA INDENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A E
ADOCcedilAtildeO DE REFO
RMAS LEG
ISLATIVAS E
ADMINISTR
ATIVAS PA
RA COMBATER
A
DISCRIMINACcedilAtildeO DE GEcircNERO E A
VIOLEcircN
CIA
DOMEacuteSTIC
A CONTRA MULHERES
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
65 sumaacuterio
CASO 11291 ldquoC
ARANDIRUrdquo (IN
FORMES N
12099
E N 3400)
CASO 11599 ldquoM
ARCOS AUREacuteLIO
DE OLIVEIR
Ardquo
(INFORMES N
2399 E N 1000)
CASO 11598 ldquoA
LONSO EUGEcircNIO DA SILVArdquo
(INFORMES N
2299 E N 0900)
CASO 11516 ldquoO
VELAacuteRIO TAMESrdquo (IN
FORMES N
8098 E N 6099)
DENUacuteNCIA SOBRE O MASSAC
RE PROMOVIDO
POR FORCcedilAS POLICIAIS AO
INVADIREM O
PRESIacuteD
IO DO CARANDIRU PARA DEBELA
R UMA
REBELIAtildeO
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
CRIANCcedilA DE RUA POR POLICIAL CIVIL
DENUacuteNCIA SOBRE HOMICIacuteDIO DE MENOR POR
POLICIAL MILITA
R DURANTE D
ETENCcedilAtildeO POR
SUPOSTO
ASSA
LTO
DENUacuteNCIA SOBRE DETEN
CcedilAtildeO ARBITRAacuteRIA DA
VIacuteTIMA QUE FO
I MORTA DEPOIS D
E TORTURADA
POR AGENTES D
E SEGURANCcedilA
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave JUSTICcedil
A Agrave PROTECcedil
AtildeO CONTRA
DETEN
CcedilOtildeES A
RBITRAacuteRIAS Agrave
PROTECcedil
AtildeO
JUDICIAL E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
SISTEMA CARCERAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS FATO
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PUNICcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS IN
DENIZACcedil
AtildeO
DAS VIacuteTIM
AS OU FAMILIA
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DESEN
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ENTO DE POLIacuteTIC
AS PA
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DIMINUIR A SUPERPOPULACcedil
AtildeO NOS PRESIacuteD
IOS
AUMENTAR A SEG
URANCcedilA E TR
EINAR AS
FORCcedilAS DE SEG
URANCcedilA DENTRE OUTROS
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO
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ONSAacuteVEIS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES E C
OMBATE AO
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A DOS
ldquoMENINOS DE RUArdquo N
O RIO DE JA
NEIRO EM
CONSONAcircNCIA COM AS OBRIGACcedilOtildeES
INTER
NACIONAIS
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DO
RESP
ONSAacuteVEL E IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS P
ELO CRIME E P
ELA DEMORA NA
PUNICcedilAtildeO INDENIZACcedil
AtildeO DOS FA
MILIA
RES
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S E DE IN
DENIZACcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S E DE IN
DENIZACcedil
AtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
PESQUISA DIREITO GV
66 sumaacuterio
CASO 11405 ldquoN
EWTON COUTINHO MENDES E
OUTROSrdquo (IN
FORMES N
7998 E N 5999)
CASO 11287 ldquoJO
AtildeO CANUTO DE OLIVEIR
Ardquo
(INFORME N 2498)
DENUacuteNCIA SOBRE MORTES E A
MEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR DEFEN
SORES D
E DIREITO
S
HUMANOS E P
ESSOAS LIG
ADAS Agrave OCUPACcedil
AtildeO DE
TERRAS EM
RAZAtildeO
DE GRUPO DE EXTER
MIacuteNIO
FORMADO POR PROPRIETAacute
RIOS
DENUacuteNCIA SOBRE A FALTA DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E
PUNICcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS P
ELO HOMICIacuteDIO DE
LIacuteDER DE TR
ABALHADORES R
URAIS N
O PARAacute
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave LIB
ERDADE Agrave
SEGURANCcedilA E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
JUSTICcedil
A AgraveS GARANTIAS
JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS D
E PREVEN
CcedilAtildeO DE NOVOS
CONFLITO
S NA AacuteREA E D
E INDENIZACcedil
AtildeO DAS
VIacuteTIMAS OU FAMILIA
RES
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS P
ELO CRIME IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES E P
REVEN
CcedilAtildeO DE NOVOS CONFLITO
S
NA AacuteREA
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO 144
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
67 sumaacuterio
CASO
CASO
S 12426 E 12427 ldquoMEN
INOS EM
ASC
ULA
DOS D
O MARANHAtildeO
rdquo
(INFO
RME N
4306)
CASO
11289 ldquoJOSEacute P
EREIR
Ardquo (INFO
RME N
9503)
RESU
MO
DO
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO E C
ASTR
ACcedilAtildeO
DE D
IVERSO
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INOS
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RAacute E N
O MARANHAtildeO
COM DEM
ORA NAS IN
VESTIGACcedil
OtildeES
DEN
UacuteNCIA SO
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EDUCcedilAtildeO
DE TR
ABALH
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CONDICcedilOtildeES A
NAacuteLO
GAS
Agrave ESC
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AtildeO E D
E DEM
ORA NA TO
MADA DE P
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EcircNCIAS
DIR
EITOS VIO
LAD
OS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave PROTECcedil
AtildeO DA FA
MIacuteLIA
AO JU
LGAMEN
TO JU
STO Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL Agrave
S GARANTIA
S JUDICIAIS E D
IREITO
S DAS
CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave IN
TEGRIDADE P
ESSOAL Agrave
LIBER
DADE AO
TRABALH
O E A
UMA JU
STA REM
UNER
ACcedilAtildeO
AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO
JUDICIAL
TEMA
INVESTIG
ACcedilAtildeO
CRIMINAL
ESCRAVID
AtildeO
MED
IDA
S IND
ICAD
AS
DEN
TRE O
UTR
AS R
EPARACcedil
AtildeO SIM
BOacuteLIC
A E M
ATERIAL D
AS VIacuteTIM
AS O
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ENTACcedil
AtildeO DE P
ROGRAMAS PA
RA
COMBATER
A VIO
LEcircNCIA CONTR
A CRIANCcedilAS E A
DOLESC
ENTES B
EM
COMO OUTR
OS P
ROGRAMAS A
DMINISTR
ATIVOS M
ONITO
RAMEN
TO DA
SITUACcedil
AtildeO POR MEIO
DE C
OMISSAtildeO
DEN
TRE O
UTR
AS P
UNICcedilAtildeO
DOS R
ESPONSAacuteVEIS IN
DEN
IZACcedilAtildeO
DA VIacuteTIM
A
ALTER
ACcedilAtildeO
DA LEG
ISLACcedilAtildeO
SOBRE TR
ABALH
O ESC
RAVO
E DOS
MEC
ANISM
OS D
E COMBATE E FISC
ALIZACcedil
AtildeO
NATU
REZA
DA
S MED
IDA
SMED
IDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO
E DE N
AtildeO REP
ETICcedilAtildeO
MED
IDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO
E DE N
AtildeO REP
ETICcedilAtildeO
CU
MP
RIM
ENTO
(EM 2012)
CUMPRIMEN
TO IN
TEGRAL
CUMPRIMEN
TO PA
RCIAL
III SOLUCcedilOtildeES AMISTOSAS CELEBRADAS PELO BRASIL
NA COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 2 (ENTRE 1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
68 sumaacuterio
CASO
ldquoCASO
DA UNIDADE D
E INTER
NACcedil
AtildeO
SOCIOED
UCATIVArdquo (2011)
ldquoCASO
JULIA
GOMES LU
ND E O
UTROSrdquo (2009)
ldquoCASO
DOS D
ETENTOS D
A PEN
ITENCIAacuteRIA DE
ARARAQ
UARArdquo (2006)
RESU
MO
DO
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE C
ASO
S DE M
ORTE E TO
RTU
RA
DE A
DOLESC
ENTES D
ETIDOS N
A UNIS D
E
CARIAC
ICA ESP
IacuteRITO
SANTO (V M
EDIDA
CAUTELA
R DA CIDH)
DEN
UacuteNCIA SO
BRE O
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TO
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ILITANTES Q
UE PA
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A DO ARAG
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DO O
REG
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ITATORIAL B
RASILEIR
O E FA
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ACcedilAtildeO
SOBRE O
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
GRANDE C
ONCEN
TRACcedil
AtildeO
DE P
RESO
S NO CEN
TRO DE D
ETENCcedilAtildeO
COM
CONSEQ
UEN
TE TRANSM
ISSAtildeO DE D
OEN
CcedilAS E
CONFLITO
S INTER
NOS
DIR
EITOS VIO
LAD
OS
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE P
ESSOAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave IN
TEGRIDADE P
ESSOAL Agrave
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DADE AO
TRABALH
O E A
UMA JU
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REM
UNER
ACcedilAtildeO
AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE P
ESSOAL
TEMA
SISTEMA CARCER
AacuteRIO
LEI DE A
NISTIA
SISTEM
A CARCER
AacuteRIO
MED
IDA
S IND
ICAD
AS
MED
IDAS PA
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A SEG
URANCcedilA A VID
A
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TEGRIDADE FIacuteSIC
A DE TO
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AS P
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ENCONTRAREM
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BELEC
IMEN
TO EM
DISC
USSAtildeO
CONJUNTA COM OS
REP
RESEN
TANTES D
OS B
ENEFIC
IAacuteRIOS E
ADEQ
UACcedil
AtildeO AgraveS N
ORMAS IN
TERNAC
IONAIS
SOBRE O
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O PED
IDO DE M
EDIDAS P
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NAIS FO
I
REJEITA
DO
MED
IDAS PA
RA GARANTIR
A VID
A E A
INTEG
RIDADE D
OS D
ETENTOS PA
RA GARANTIR
O AC
ESSO Agrave SA
UacuteDE PA
RA ALOCAR
ADEQ
UADAMEN
TE OS P
RESO
S E PARA
INVESTIG
AR E P
UNIR OS R
ESPONSAacuteVEIS P
OR
VIOLACcedil
OtildeES D
E DIREITO
S HUMANOS
NATU
REZA
DA
S MED
IDA
SMED
IDAS C
AUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO
E
CORRECcedil
AtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
mdashmdashmdashmdashmdashmdash
MED
IDAS C
AUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO
E
CORRECcedil
AtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
CU
MP
RIM
ENTO
(EM 2012)
CUMPRIMEN
TO PA
RCIAL
mdashmdashmdashmdashmdashmdash
CUMPRIMEN
TO IN
TEGRAL
IV MEDIDAS PROVISIONAIS OUTORGADAS PELA CORTE
INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012)
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
69 sumaacuterio
ldquoCASO DO COMPLEXO
TATUAPEacute DA FEB
EMrdquo (2005)
ldquoCASO DOS IN
TERNOS DO CAacuteRCERE DE URSO
BRANCOrdquo (2002)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS EN
TRE IN
TERNOS
BRIGAS PA
NCADARIAS A
LEGACAO
DE TO
RTURAS
E MOTINS QUE SE SO
MARAM Agrave MORTE D
E QUATR
O
BENEFIC
IAacuteRIOS DE MEDIDAS CAUTELA
RES D
A
COMISSAtildeO
DE 2004 FA
LTA DE SEG
URANCcedilA E D
E
HIGIENE (V M
EDIDA CAUTELA
R DA CIDH)
DENUacuteNCIA SOBRE SU
PERPOPULACcedil
AtildeO
CARCERAacuteRIA CONFLITO
S INTER
NOS EN
TRE
DETEN
TOS E H
OMICIacuteDIOS (V M
EDIDA CAUTELA
R DA
CIDH)
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E
DIREITO
DAS CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave VID
A INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
SISTEMA CARCERAacuteRIO
SISTEMA CARCERAacuteRIO
MEDIDAS NECESSAR
IAS PA
RA PROTEG
ER A VID
A E
INTEG
RIDADE PESSO
AL DE TO
DAS AS CRIANCcedilAS E
ADOLESC
ENTES R
ESIDENTES N
O COMPLEXO
DO
TATUAPE DA FEB
EM
DENTRE OUTRAS M
EDIDAS PA
RA IMPEDIR NOVOS
HOMICIacuteDIOS NO PRESIacuteD
IO PERMITIR
O ACESSO
DAS AUTORIDADES IN
VESTIGAR OS FATO
S
OCORRIDOS A
DEQUAR O PRESIacuteD
IO AgraveS NORMAS
INTER
NACIONAIS SO
BRE O TEM
A E
SUPERVISIO
NAR O CUMPRIMENTO DA DECISAtildeO
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E C
ORRECcedilAtildeO
DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E C
ORRECcedilAtildeO
DAS VIO
LACcedilOtildeES)
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
PESQUISA DIREITO GV
70 sumaacuterio
CASO
ldquoCASO JU
LIA GOMES LU
ND E O
UTROS VS
BRASILrdquo (2010)
ldquoCASO GARIBALDI VSB
RASILrdquo (2009)
ldquoCASO ESC
HER E O
UTROS VSB
RASILrdquo (2009)
RESU
MO
DO
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE O
DESA
PARECIMEN
TO
FORCcedilADO DE M
ILITANTES Q
UE PA
RTIC
IPARAM
DA ldquoG
UERRILH
A DO ARAGUAIArdquo C
OMBATEN
DO O
REGIME D
ITATORIAL B
RASILEIR
O E FA
LTA DE
INVESTIG
ACcedilAtildeO SO
BRE O
S FATOS
DEN
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V CASOS CONTENCIOSOS NA CORTE INTERAMERICANA
DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012)
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
71 sumaacuterio
ldquoCASO GILSO
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ldquoCASO DAMIAtildeO XIM
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NOTAS
A pesquisa que deu origem a esta obra coordenada pelo Professor1
Javier Couso da Universidad Diego Portales (Chile) integrou um projetointernacional de natureza comparativa que envolveu diversos paiacuteses latino-americanos Estados Unidos e Itaacutelia com vistas a uma publicaccedilatildeo conjuntaem liacutengua espanhola No Brasil a pesquisa foi desenvolvida pelos seguintespesquisadores Prof Oscar Vilhena Vieira (coordenador) Luciana Ramos eRubens Glezer (pesquisadores mestres) Adriane Sanctis de Brito GuilhermeKlafke e Rafael Giovanelli (pesquisadores graduados) e Mariacutelia Lessa(pesquisadora graduanda) Os autores do artigo agradecem a Faacutebia FCarvalho Veccediloso pelos comentaacuterios e contribuiccedilotildees ao texto final e ao Lucas Felipe W Padilha pelo auxiacutelio na pesquisa inicial Os autores se responsabilizam integralmente pelos eventuais equiacutevocos cometidos
Ao longo deste artigo far-se-aacute referecircncia agrave Corte Interamericana2
de Direitos Humanos tambeacutem como ldquoCorte Interamericanardquo e ldquoCorteIDHrdquo No mesmo sentido far-se-aacute referecircncia agrave Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos como ldquoComissatildeo Interamericanardquo ou ldquoCIDHrdquo
A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos foi ratificada pelo3
Brasil em 25 de setembro de 1992 Em 6 de novembro de 1992 o Decreton 678 promulgou internamente a Convenccedilatildeo estabelecendo em seu art 1ordmque ldquoa Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de Satildeo Joseacute da Costa Rica) celebrada em Satildeo Joseacute da Costa Rica em 22 de novembrode 1969 apensa por coacutepia ao presente decreto deveraacute ser cumprida tatildeointeiramente como nela se conteacutemrdquo
O reconhecimento da jurisdiccedilatildeo contenciosa da Corte Interamericana4
de Direitos Humanos ocorreu seis anos mais tarde externamente em 10 dedezembro de 1998 com a aprovaccedilatildeo interna do Decreto Legislativo n 89 de3 de dezembro de 1998 O art 1ordm do decreto dispocircs ldquoEacute aprovada a solicitaccedilatildeode reconhecimento da competecircncia obrigatoacuteria da Corte Interamericana deDireitos Humanos em todos os casos relativos agrave interpretaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeoda Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos para fatos ocorridos a partirdo reconhecimento de acordo com o previsto no paraacutegrafo primeiro doart 62 daquele instrumento internacionalrdquo
Cf Leonardo Sakamoto Zeacute Pereira um sobrevivente 2 de junho de5
2004 Disponiacutevel em lthttpreporterbrasilorgbr200406ze-pereira-um-sobreviventegt Acesso em 22 abr 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual6
de 2012 capiacutetulo 3-B
PESQUISA DIREITO GV
72 sumaacuterio
Natildeo haacute dados suficientes nos relatoacuterios para indicar a quantidade7
de decisotildees com recomendaccedilotildees que por terem sido cumpridas no prazonatildeo tiveram seus relatoacuterios publicados pela Comissatildeo
Pesquisa realizada na seccedilatildeo de busca de jurisprudecircncia da proacutepria8
Corte Disponiacutevel em ltwwwcorteidhorcrindexphpjurisprudenciagtAcesso em 11 maio 2013
Utilizamos as categorias de ldquoindenizaccedilatildeordquo ldquosatisfaccedilatildeordquo e ldquogarantias9
de natildeo repeticcedilatildeordquo tal como apresentadas na Resoluccedilatildeo da Assembleia Geralda ONU n 60147 de 16 de dezembro de 2005 paraacutegrafos 18 a 23
Informe n 4306 (Meninos emasculados do Maranhatildeo)10
Informes n 5401 (Maria da Penha) n 5501 (Aluiacutesio Cavalcante11
e outros) n 2302 (Diniz Bento da Silva) n 4003 (Parque Satildeo Lucas)n 9503 (Joseacute Pereira) n 3204 (Corumbiara) n 3304 (Jailton Neri daFonseca) e n 6606 (Simone Andreacute Diniz)
Informes n 3508 (Antonio Ferreira Braga) n 2509 (Sebastiatildeo12
Camargo Filho) n 2609 (Wallace de Almeida) e n 3710 (Manoel Lealde Oliveira)
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual13
de 2012 capiacutetulo 3 item D
Vide Informe n 2498 (Joatildeo Canuto) Cf Comissatildeo Interamericana14
de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafo 45
Veja-se por exemplo o Caso 11793 (Jorge Antonio Carelli)15
mencionado no Relatoacuterio Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafo 46
Cf David C Baluarte and Christian M De Vos From Judgment to16
Justice Implementing International and Regional Human RightsDecisions Open Society Foundations 2010 Disponiacutevel em ltwwwsorosorginitiativesjusticefocusinternational_justicearticles_publicationspublicationsfrom-judment-to-justice20101122gt Acesso em 27 de junho de 2013
O primeiro foi o Projeto de Lei n 32142000 do Deputado17
Marcos Rolim PTRS apresentado em 13 de junho de 2000 que conformesua ementa dispunha sobre os efeitos juriacutedicos das decisotildees da ComissatildeoInteramericana de Direitos Humanos e da Corte Interamericana de DireitosHumanos e dava outras providecircncias Ele continha apenas quatro artigos e
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
73 sumaacuterio
tratava basicamente das decisotildees de caraacuteter indenizatoacuterio das decisotildees daComissatildeo e da Corte atribuindo-lhes efeito de tiacutetulo executivo judicialdireto contra a Uniatildeo Segundo o deputado o projeto procurava suprir adeficiecircncia de legislaccedilatildeo nacional sobre o tema e possibilitar agrave Uniatildeo pagaras indenizaccedilotildees sem prejuiacutezo de reaver o valor posteriormente doresponsaacutevel pela violaccedilatildeo de direitos humanos (cf Projeto de Lei n 3214de 2000 Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados 17 de junho de 2000)
A primeira comissatildeo que tratou do projeto considerou inconstitucional a execuccedilatildeo de uma decisatildeo sem que fosse homologada pelo oacutergatildeo brasileirocompetente (atualmente o Superior Tribunal de Justiccedila) e tambeacutem rejeitoua inclusatildeo das decisotildees da Comissatildeo uma vez que ela natildeo teria caraacuteterjurisdicional O projeto entatildeo foi alterado nesses aspectos restringindo a aplicaccedilatildeo da lei agraves decisotildees da Corte e mantendo a necessidade dehomologaccedilatildeo Ele sofreu criacuteticas pela sua pequena abrangecircncia natildeodispondo sobre as frequentes obrigaccedilotildees de fazer e natildeo fazer (cf MinisteacuterioPuacuteblico Federal Nota teacutecnica ao Projeto de Lei n 46672004 Brasiacutelia2010 p 1) Ao fim foi arquivado sem ter sido votado nem mesmo pelaCacircmara em razatildeo de procedimentos internos da Casa
O segundo foi o Projeto de Lei n 46672004 do Deputado JoseacuteEduardo Cardozo PTSP apresentado em 15 de dezembro de 2004 queconforme sua ementa dispunha sobre os efeitos juriacutedicos das decisotildees dosOrganismos Internacionais de Proteccedilatildeo aos Direitos Humanos e dava outrasprovidecircncias Em sua justificativa o deputado praticamente reiterou ospontos afirmados no projeto anterior salientando que ldquoapesar da ratificaccedilatildeoas decisotildees dessas instacircncias natildeo estatildeo sendo respeitadas pelo Brasil O PoderExecutivo manifesta interesse no cumprimento das decisotildees dos organismosde proteccedilatildeo seja no acircmbito regional ou global poreacutem alega a inexistecircnciade legislaccedilatildeo ordinaacuteria nacional destinada a disciplinar a mateacuteriardquo
Esse projeto ainda tramita no Congresso Nacional onde permanecedesde 2011 no Senado Federal sem movimentaccedilatildeo Natildeo obstante alguns deseus pontos ainda satildeo criticados principalmente por natildeo cobrir todas asdiferentes hipoacuteteses de condenaccedilotildees internacionais como relatoacuterios opiniotildeesconsultivas recomendaccedilotildees etc e por natildeo afastar alguns oacutebices internos parao imediato cumprimento das obrigaccedilotildees inclusive a demora na tramitaccedilatildeodos procedimentos (cf ibidem p 7-10) De qualquer forma salienta-se aoportunidade de que o Brasil conte com a primeira lei nacional deimplementaccedilatildeo das decisotildees internacionais (cf ibidem p 11)
Cf Decreto Presidencial n 7037 de 21 de dezembro de 200918
com alteraccedilotildees pelo Decreto Presidencial n 7177 de 12 de maio de 2010
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site do proacuteprio19
Ministeacuterio Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbro-ministerioconheca-o-ministerioviewgt Acesso em 27 jun 2013
PESQUISA DIREITO GV
74 sumaacuterio
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site da proacutepria20
Secretaria Disponiacutevel em lthttpportalsdhgovbrclientessedhsedhsobregt Acesso em 27 jun 2013
Na eacutepoca era denominada ldquoSecretaria Nacional dos Direitos21
Humanosrdquo Depois foi nomeada ldquoSecretaria do Estado dos DireitosHumanosrdquo Mais informaccedilotildees sobre o histoacuterico da Secretaria podem serencontradas no site da Secretaria Disponiacutevel em lthttpportalsdhgovbrclientessedhsedhsobregt Acesso em 27 jun 2013
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site do proacuteprio22
oacutergatildeo Disponiacutevel em ltwwwagugovbrsistemassiteTemplateTextoaspxidConteudo=200643ampordenacao=1ampid_site=10742gtAcesso em 27 jun 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional23
da SDH
Informaccedilatildeo concedida por membro do Departamento24
Internacional da AGU
Informaccedilotildees concedidas por membro do Departamento Internacional25
da AGU e por ex-membro da Assessoria Internacional da SDH
A dotaccedilatildeo contou em 2013 com o valor de R$ 35000000 Cf26
BRASIL Lei Federal n 12798 de 4 de abril de 2013 (Lei OrccedilamentaacuteriaAnual de 2013) volume IV p 603
Cf I Plano Nacional de Direitos Humanos p 7 anexo ao27
Decreto Presidencial n 1904 de 13 de maio de 1996
Cf Anexo ao Decreto Presidencial n 4229 de 13 de maio de 200228
Cf BRASIL Lei federal n 10933 de 11 de agosto de 200429
Plano Plurianual 20042007
Cf BRASIL Ministeacuterio da Justiccedila Plano Gerencial do Programa30
ldquoDireitos Humanos Direitos de Todosrdquo p 3-4 Disponiacutevel emltwwwmjgovbrsedhctspddhPlanGer_DHDTdocgt Acesso em 31maio 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional31
da SDH
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
75 sumaacuterio
De maneira sinteacutetica pode-se conceituar ldquoprogramardquo como ldquoo32
instrumento de organizaccedilatildeo da atuaccedilatildeo governamental que articula umconjunto de accedilotildees que concorrem para a concretizaccedilatildeo de um objetivocomum preestabelecido mensurado por indicadores instituiacutedos no planovisando agrave soluccedilatildeo de um problema ou o atendimento de determinadanecessidade ou demanda da sociedaderdquo enquanto ldquoaccedilotildeesrdquo satildeo ldquooperaccedilotildeesdas quais resultam produtos (bens ou serviccedilos) que contribuem paraatender ao objetivo de um programardquo (BRASIL Ministeacuterio do PlanejamentoOrccedilamento e Gestatildeo Secretaria do Orccedilamento Federal Manual teacutecnico deorccedilamento versatildeo 2011 Brasiacutelia 2010 p 39 e 42) A partir de 2012 houveuma pequena alteraccedilatildeo nos conceitos de modo a atender melhor oplanejamento governamental mas essa mudanccedila natildeo seraacute explicada aqui pornatildeo ser objeto deste artigo
Descriccedilatildeo constante nos objetivos estrateacutegicos 487 a 489 do33
programa nos seguintes termos ldquoComo resultado da implementaccedilatildeo doPrograma Nacional de Direitos Humanos ndash PNDH o Brasil ampliou suaparticipaccedilatildeo nos sistemas global (da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas ndashONU) e regional (da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos ndash OEA) depromoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos humanos Em particular a cooperaccedilatildeocom os oacutergatildeos de supervisatildeo da OEA tem ensejado a busca de soluccedilotildeesamistosas para casos de violaccedilatildeo em exame pela Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos abrindo a possibilidade de concessatildeo de reparaccedilotildeese indenizaccedilotildees agraves viacutetimas dessas violaccedilotildees ou a seus familiares bem comoa adoccedilatildeo de medidas administrativas e legislativas para prevenir aocorrecircncia de novas violaccedilotildeesrdquo (cf BRASIL Decreto Presidencial n4229 de 13 de maio de 2002 anexo)
Criado pela Emenda Constitucional n 45 de 30 de dezembro 34
de 2004 o Conselho Nacional de Justiccedila eacute um oacutergatildeo de caraacuteter nacionalpertencente ao Poder Judiciaacuterio responsaacutevel por exercer as funccedilotildees decontrole administrativo e financeiro de toda a Justiccedila brasileira Eletambeacutem tem a competecircncia constitucionalmente estabelecida de fiscalizaros juiacutezes tendo poderes disciplinares e correcionais para isso (art 103-Bsect 4ordm III e V) O Conselho elabora estudos sobre o aparato judiciaacuteriobrasileiro e fixa diretrizes e resoluccedilotildees que devem ser observadas portodos os tribunais do paiacutes Suas decisotildees e resoluccedilotildees soacute podem sercontroladas pelo Supremo Tribunal Federal o que o torna a instacircnciaadministrativa mais importante do Judiciaacuterio brasileiro
Informaccedilotildees gerais podem ser encontradas no site do proacuteprio35
programa Disponiacutevel em ltwwwcnjjusbrprogramas-de-a-a-zeficiencia-modernizacao-e-transparenciajustica-plenagt Acesso em 27 jun 2013
PESQUISA DIREITO GV
76 sumaacuterio
Informaccedilatildeo concedida por membro de ONG peticionaacuteria no caso36
Damiatildeo Ximenes Lopes
No relatoacuterio referente agraves atividades do ldquoJusticcedila Plenardquo ateacute 2012 37
a SDH figura como o terceiro oacutergatildeo participante a incluir mais processosno programa sendo que todas as suas 16 inclusotildees se referiam a casos quetramitam ou tramitaram no sistema interamericano Ao todo o programacontava com 80 casos em andamento em 18 de maio de 2012 (cf BRASILConselho Nacional de Justiccedila Relatoacuterio do Programa Justiccedila Plena BrasiacuteliaConselho Nacional de Justiccedila p 9 Disponiacutevel em ltwwwcnjjusbrimagesprogramasjustica-plenarelatorio_justicaplenapdfgt Acesso em 27 jun 2013)
Depoimentos em provas documentais de Luiacutes Fernando Farah de38
Toacutefoli e Domingos Saacutevio do Nascimento Alves
Depoimentos em provas documentais de Braz Geraldo Peixoto39
familiar de usuaacuterio do sistema de sauacutede mental eleito representante defamiliares perante a Comissatildeo Nacional de Reforma Psiquiaacutetrica doMinisteacuterio da Sauacutede e perante a Comissatildeo Estadual da Secretaria deSauacutede do Estado de Satildeo Paulo
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Damiatildeo40
Ximenes Lopes versus Brasil Sentenccedila de 04 de julho de 2006 (meacuteritoreparaccedilotildees e custas) 2006 p 16
Cf QUINDEREacute Paulo H D e JORGE Maria Salete B41
(Des)construccedilatildeo do modelo assistencial em sauacutede mental na composiccedilatildeo das praacuteticas e dos serviccedilos Sauacutede Soc Satildeo Paulo v 19 n 3 2010 p 569-83
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria42
Internacional da SDH e por membro de ONG peticionaacuteria no casoDamiatildeo Ximenes Lopes
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no43
caso Damiatildeo Ximenes Lopes
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria44
Internacional da SDH
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio sobre a45
situaccedilatildeo dos direitos humanos no Brasil 1997 Disponiacutevel em ltwwwcidhorgcountryrepBrasesp97indicehtmgt Acesso em 29 abr 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
77 sumaacuterio
Cf COSTA Patriacutecia Trindade Maranhatildeo Combatendo o trabalho escravo46
contemporacircneo o exemplo do Brasil Disponiacutevel em ltwwwoitbrasilorgbrsitesdefaultfilestopicforced_labourdocestudo_de_ caso_86pdfgt Acessoem 21 abr 2013
Lei federal n 10803200347
Mudanccedila feita pela PEC n 4382001 que altera a redaccedilatildeo do48
artigo 243 da Constituiccedilatildeo
Cf CAMARGO Beatriz Governo cumpre parte do acordo com 49
OEA sobre trabalho escravo 25 de maio de 2006 Disponiacutevel emltwwwtrabalhoescravoorgbrnoticia6gt Acesso em 27 abr 2013
Art 226 sect 8ordm50
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio sobre 51
a situaccedilatildeo dos direitos humanos no Brasil 1997 Disponiacutevel em ltwwwcidhorgcountryrepBrasesp97indicehtmgt Acesso em 29 abr 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio52
Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafos 55 a 60
Para ver todos os pontos Comissatildeo Interamericana de Direitos53
Humanos Relatoacuterio Anual de 2011 paraacutegrafos 104 e seguintes
Informaccedilotildees concedidas por membro da Rede peticionaacuteria no54
caso Maria da Penha
Cf Leila Linhares Barsted e Rosane Reis Laviane Proposta de Lei55
de Violecircncia Domeacutestica contra as Mulheres Carta da Cepia ano VII n 10dez 2002 Disponiacutevel em ltwwwcepiaorgbrdoccartadacepia10pdfgtAcesso em 22 abr 2013
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia e ONG56
peticionaacuteria no caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no57
caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por funcionaacuteria da Secretaria Especial de58
Poliacuteticas para as Mulheres
PESQUISA DIREITO GV
78 sumaacuterio
Para um histoacuterico da participaccedilatildeo desse consoacutercio veja-se o site59
da organizaccedilatildeo CFEMEA Disponiacutevel em ltwwwcfemeaorgbrindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2680ampItemid=154gtAcesso em 23 abr 2013
Cf BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Mensagem Presidencial 60
n 78204 de 16 de novembro de 2004 paraacutegrafo 10
Veja-se o parecer da Comissatildeo de Seguridade Social e Famiacutelia de 2361
de agosto de 2005 Disponiacutevel em ltwwwcamaragovbrproposicoesWebfichadetramitacaoidProposicao=272058gt Acesso em 1ordm maio 2013
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia e ONGs62
peticionaacuterias no caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia63
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Julia Gomes64
Lund e outros (ldquoGuerrilha do Araguaiardquo) vs Brasil sentenccedila de 24 de novembrode 2010 (exceccedilotildees preliminares meacuterito reparaccedilotildees e custas) 2010 p 107
De acordo com o art 6ordm do Decreto n 6980 de 13 de outubro65
de 2009
Para mais informaccedilotildees ver ltwwwmemoriasreveladasarquivonacional66
govbrgt Acesso em 27 jun 2013
Informaccedilatildeo concedida por membro da Comissatildeo Nacional da Verdade67
O periacuteodo fixado pelo art 8ordm dos Atos das Disposiccedilotildees68
Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo eacute de 18 de setembro de 1946ateacute a data da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo
PNDH-3 instituiacutedo pelo Decreto n 7037 de 21 de dezembro 69
de 2009 e atualizado pelo Decreto n 7177 de 12 de maio de 2010 (cf BRASIL Secretaria de Direitos Humanos da Presidecircncia daRepuacuteblica Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) BrasiacuteliaSDHPR 2010 p 173-175 Disponiacutevel em lthttpportalmjgovbrsedhpndh3pndh3pdfgt Acesso em 27 jun 2013)
Os relatoacuterios de suas atividades e as respectivas conclusotildees70
podem ser encontrados no site da proacutepria Comissatildeo Nacional da VerdadeDisponiacutevel em ltwwwcnvgovbrgt Acesso em 27 jun 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
79 sumaacuterio
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Julia Gomes71
Lund e outros (Guerrilha do Araguaia) vs Brasil sentenccedila de 24 de novembrode 2010 cit p 107
Cf BRASIL Ministeacuterio Puacuteblico Federal Crimes da Ditadura72
Relatoacuterio preliminar de atos de persecuccedilatildeo penal desenvolvidos pelo MPFacerca de graves violaccedilotildees de direitos humanos cometidas por agentes doEstado durante a ditadura Brasiacutelia Ministeacuterio Puacuteblico Federal 2013Disponiacutevel em lthttpnoticiaspgrmpfgovbrnoticiasnoticias-do-sitecopy_of_pdfsRelatorio_Crimes20_Ditatura_completopdfgt Acessoem 29 maio 2013
Cf ibidem p 1773
Cf A O Sevaacute Filho Tenotatilde-motilde ndash Alertas sobre as consequecircncias74
dos projetos hidreleacutetricos no rio Xingu IRN 2005 p 11 55 67 255
Cf ibidem p 42-46 6575
Relatoacuterio disponiacutevel em ltwwwaneelgovbrareacfmidArea=671gt76
Acesso em 30 mar 2013
Cf A O Sevaacute Filho Tenotatilde-m cit p 4277
Cf ibidem p 11 4978
Decisatildeo disponiacutevel em ltwwwsteptoecomassetsattachments79
4398pdfgt Acesso em 31 mar 2013
Accedilatildeo Civil Puacuteblica de n 5850-7320014013900 cujo80
acompanhamento processual encontra-se disponiacutevel emltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada 20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm abr 2013
Pet 2604PA Relator(a) Min Presidente julgamento81
26102002 decisatildeo proferida pelo(a) Min Marco Aureacutelio publicaccedilatildeo DJ12112002 p 47 Disponiacutevel em lthttpstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=282822belo+monte222929+E+S2EPRES2Eampbase=basePresidenciagt Acesso em 1ordm mar 2013
Nos termos do art 231 sect 3ordm da CF8882
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo monte de violecircncias Disponiacutevel em83
PESQUISA DIREITO GV
80 sumaacuterio
lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 1ordm mar 2013
Deputado Federal Fernando Ferro do Partido dos Trabalhadores84
Disponiacutevel em lthttpfernandoferrocombrindexphpoption=85
com_contentampview=articleampid=188projeto-de-decreto-legislativo-de-2005ampcatid=49atuacao-parlamentarampItemid=57gt Acesso em 1ordm mar 2013
DL n 7882005 Disponiacutevel em lthttplegissenadogovbrsicon86
indexjspgt (ver item nautilus) Acesso em 1ordm mar 2013
ADI 3573DF Relator(a) Min Carlos Britto Relator(a) p Acoacuterdatildeo87
Min Eros Grau julgamento 01122005 Oacutergatildeo Julgador Tribunal PlenoPublicaccedilatildeo DJ 19122006 p 35 Ement v 02261-04 p 844 STF Disponiacutevelem ltwwwstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=28decreto+legislativo+788+de+2005+inconstitucionalidade29ampbase=baseAcordaosampurl=httptinyurlcombuauo4agt Acesso em 2 mar 2013
ACP 20063903000711-8 709-8820064013903 Disponiacutevel em88
ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo Monte de Violecircncias89
Disponiacutevel em lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 2 mar 2013
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo Monte de Violecircncias90
Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt e lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 1ordm mar 2013
Cf Folha de S Paulo Disponiacutevel em ltwww1folhauolcombr91
mercado866367-ibama-libera-licenca-para-iniciar-canteiro-de-obras-de-belo-monteshtmlgt cf Movimento Xingu Vivo para Sempre Disponiacutevel emltwwwxinguvivoorgbr20110616peticao-para-cidh-entenda-o-casogtcf Ministeacuterio Puacuteblico Federal Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Documento disponiacutevel em ltwwwsocioambientalorgbanco_imagens92
pdfsParecer_tecnicopdfgt Acesso em 7 maio 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
81 sumaacuterio
Cf Itamaraty Nota 142 Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbr93
sala-de-imprensanotas-a-imprensasolicitacao-da-comissao-interamericana-de-direitos-humanos-cidh-da-oeasearchterm=belogtAcesso em 8 maio 2013
Licenccedila de Instalaccedilatildeo n 795201194
Disponiacutevel em lthttpglobalorgbrprogramasbelo-monte-apos-95
boicotar-audiencia-brasil-e-cobrado-na-cidhoeagt Acesso em 5 maio 2013
Cf Movimento Xingu Vivo Para Sempre Disponiacutevel em96
ltwwwxinguvivoorgbr20120116belo-monte-inicia-primeiro-barramento-do-xingu-2gt Acesso em 5 maio 2013
Cf Movimento Xingu Vivo Para Sempre Disponiacutevel em97
ltwwwxinguvivoorgbr20120724mpf-pede-anulacao-da-licenca-de-belo-montegt e ltwwwxinguvivoorgbrwpcontentuploads201207Belo_Monte_cautelar_Condicionantespdfgt Acesso em 9 maio2013 cf Ministeacuterio Puacuteblico Federal Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 9 maio 2013
STF SL 125PA Relator(a) Min Presidente julgamento98
16032007 decisatildeo proferida pelo(a) Min Ellen Gracie Publicaccedilatildeo DJ29032007 p 36 Disponiacutevel em lthttpstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=282822belo+monte222929+E+S2EPRES2Eampbase=basePresidenciagt Acesso em 1ordm mar 2013
Disponiacutevel em ltwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1980-99
1989anexoand96652-88pdfgt Acesso em 28 mar 2013
Cf Instituto Socioambeintal Cronologia Disponiacutevel em100
ltwwwsocioambientalorgespbmhistaspgt Acesso em 28 mar 2013
Cf BRASIL Plano 2030 p 13 56 59 73 e 97 Disponiacutevel em101
ltwwwmmegovbrmmegaleriasarquivospublicacoespne_20303_GeracaoHidreletricapdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Segundo o Governo Federal ldquoCriado em 2007 no segundo102
mandato do presidente Lula (2007-2010) o Programa de Aceleraccedilatildeo doCrescimento ndash PAC promoveu a retomada do planejamento e execuccedilatildeode grandes obras de infraestrutura social urbana logiacutestica e energeacutetica dopaiacutes contribuindo para o seu desenvolvimento acelerado e sustentaacutevel
PESQUISA DIREITO GV
82 sumaacuterio
Pensado como um plano estrateacutegico de resgate do planejamento e de retomada dos investimentos em setores estruturantes do paiacutes o PACcontribuiu de maneira decisiva para o aumento da oferta de empregos e na geraccedilatildeo de renda e elevou o investimento puacuteblico e privado em obrasfundamentaisrdquo Disponiacutevel em lthttpdadosgovbrdatasetobras-do-pac-programa-de-aceleracao-do-crescimentogt Acesso em em 8 mar 2013
Cf Estado de Satildeo Paulo Disponiacutevel em ltwwwestadaocombr103
noticiaseconomiaminc-belo-monte-e-maior-e-mais-polemica-obra-do-pac5048630htmgt Acesso em 8 mar 2013
Satildeo elas Usina Hidreleacutetrica de Jirau (RO) seacutetima mais104
importante Usina Hidreleacutetrica de Santo Antocircnio (RO) quinta maisimportante e Usina Hidreleacutetrica Belo Monte (PA) quarta mais importanteDisponiacutevel em ltwwwpacgovbrif1e1c8abgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Governo Federal PAC Disponiacutevel em ltwwwpacgovbri105
f1e1c8abgt Acesso em 8 mar 2013
1989 1994 1998 2002 2006 2010 Cf Tribunal Superior106
Eleitoral Eleiccedilotildees Disponiacutevel em ltwwwtsejusbreleicoeseleitos-1945-1990cronologia-das-eleicoesgt Acesso em 9 maio 2012
Dilma Rousseff (2011) Luis Inaacutecio Lula da Silva (2003-2011)107
Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) Itamar Augusto CautieroFranco (1992-1995) Fernando Afonso Collor de Mello (1990-1992) JoseacuteSarney (1985-1990) Joatildeo Baptista de Oliveira Figueiredo (1979-1985) eErnesto Geisel (1974-1979) Cf Governo Federal Galeria de PresidentesDisponiacutevel em ltwww2planaltogovbrpresidenciagaleria-de-presidentesgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Governo Federal Ex-Presidentes Disponiacutevel em ltwwwbiblioteca108
presidenciagovbrex-presidentesfernando-collorgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Medida109
Cautelar 38210 Disponiacutevel em ltwwwoasorgescidhdecisionescautelaresasptab1gt Acesso em 8 mar 2013
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria Internacional110
da Secretaria de Direitos Humanos
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional111
da Secretaria de Direitos Humanos
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
83 sumaacuterio
Houve a promulgaccedilatildeo da Lei Federal n 10706 de 30 de julho de112
2003 para autorizar o pagamento de indenizaccedilatildeo no valor de R$ 5200000a Joseacute Pereira
O relatoacuterio estaacute disponiacutevel em ltwww2senadogovbrbdsfitem113
id84599gt Acesso em 21 abr 2013
De acordo com informaccedilotildees concedidas por ex-membro da114
Assessoria Internacional da SDH no caso dos Meninos do Maranhatildeo houvegrande proatividade por parte do estado maranhense Em sua opiniatildeo acelebraccedilatildeo do acordo de soluccedilatildeo amistosa obteve sucesso em grande parteem razatildeo da vontade poliacutetica do estado
A Comissatildeo foi criada por meio do Decreto do Governo 115
do Maranhatildeo n 23037 de 20 de abril de 2007 Disponiacutevel emltwwwcgemagovbrdocumentophpIdp=1791gt Acesso em 24 fev 2013
A Comissatildeo de Direitos Humanos e das Minorias eacute uma das comissotildees116
permanentes da Cacircmara dos Deputados do Brasil cuja finalidade consiste emanalisar propostas legislativas e outros assuntos referentes agrave temaacutetica
Disponiacutevel em lthttpblogjornalpequenocombrricardosantos117
20110930acordo-com-familias-dos-E2809Cmeninos-emasculadosE2809D-nao-esta-sendo-cumprido-denuncia-eliziane-gamagt Acesso em 24 fev 2013
Notiacutecia disponiacutevel em lthttpg1globocommamaranhao118
noticia201302promotoria-aponta-irregularidades-em-quase-todas-delegacias-de-sao-luishtmlgt Acesso em 24 fev 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional119
da SDH
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional120
da SDH
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Demanda perante121
a Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso Arley Joseacute Escher e outros(interceptaccedilatildeo de linhas telefocircnicas de organizaccedilotildees sociais) (Caso 12353) contra aRepuacuteblica Federativa do Brasil de 20 de dezembro de 2007 paraacutegrafo 32
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Escher e122
outros vs Brasil Exceccedilotildees Preliminares Meacuterito Reparaccedilotildees e Custas Sentenccedila
PESQUISA DIREITO GV
84 sumaacuterio
de 6 de julho de 2009 seacuterie C n 200 paraacutegrafo 216
Oacutergatildeo responsaacutevel por fiscalizar as investigaccedilotildees criminais e123
ajuizar as accedilotildees penais naquele Estado
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Escher e124
outros vs Brasil Resoluccedilatildeo de Supervisatildeo de Cumprimento de Sentenccedilade 19 de junho de 2012 paraacutegrafo 13
Cf ibidem paraacutegrafos 17 a 21 Nesse sentido eacute valiosa a125
comparaccedilatildeo com o caso Julia Gomes Lund e outros vs Brasil
Veja-se no caso Garibaldi vs Brasil o pagamento de US$ 179 mil126
para a viuacuteva e os filhos da viacutetima autorizado por meio do Decretofederal n 7307 de 22 de setembro de 2010 publicado no DOU23092010 e no caso Escher e outros vs Brasil o pagamento de US$ 22mil para cada uma das viacutetimas autorizado por meio do Decreto federaln 7158 de 20 de abril de 2010 publicado no DOU 22042010
Em Garibaldi vs Brasil no ano de 2010 o Governo Federal127
publicou a sentenccedila nos termos determinados em jornais de grandecirculaccedilatildeo e em website do governo Em Escher e outros v Brasil o Estadobrasileiro informou que publicou a sentenccedila em jornais estaduais degrande circulaccedilatildeo entre julho e setembro de 2010 e tambeacutem no site daSDH da Presidecircncia e nos sites paranaenses da Procuradoria-Geral deJusticcedila do Tribunal de Justiccedila do Paranaacute e do Governo do Estado
Ressaltamos poreacutem que natildeo encontramos algumas publicaccedilotildees Essa128
preocupaccedilatildeo com o periacuteodo de disponibilizaccedilatildeo nos meios eletrocircnicos foiexternada pelo Juiz Roberto Figueiredo Caldas em voto concorrente agravesentenccedila no caso Escher e outros vs Brasil de 6 de julho de 2009 paraacutegrafo 46
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no129
caso Maria da Penha
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio130
Anual de 2003 paraacutegrafo 81 Relatoacuterio Anual de 2004 paraacutegrafo 71Relatoacuterio Anual de 2006 paraacutegrafo 88
Conforme apresentado no acircmbito da Comissatildeo ldquola retoma de131
estas negociaciones se refuerza con la presencia de un nuevo actorrepresentante del Gobierno del Estado de Cearaacute denotaacutendose en lasmismas una intencioacuten comuacuten de buscar caminos que guiacuteen al
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
85 sumaacuterio
cumplimiento de las recomendaciones efectuadas pese a las divergenciassuscitadas en la reunioacutenrdquo (cf Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos Relatoacuterio Anual de 2006 paraacutegrafo 83)
Lei Estadual n 14800 de 9 de abril de 2008132
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio133
Anual de 2007 paraacutegrafo 97
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio134
Anual de 2008 paraacutegrafo 102
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio135
Anual de 2011 paraacutegrafos 241 e 242
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no136
caso Maria da Penha
Relatoacuterio de Admissibilidade e Meacuterito n 1307 seccedilotildees 33-36137
OLIVEIRA Francisco de RIZEK Cibele S A era da138
indeterminaccedilatildeo Satildeo Paulo Boitempo Editorial 2007 p 169-70
Lei Municipal n 11102 de 14 de dezembro de 2010139
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo n140
47807 Caso das pessoas privadas de liberdade na Cadeia Puacuteblica do GuarujaacuteRelatoacuterio de Admissibilidade n 4108 de 23 de julho de 2008 paraacutegrafo59 Atualmente a peticcedilatildeo que tramita paralelamente estaacute em fase dejulgamento de meacuterito
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo141
12003 Relatoacuterio n 2311 Decisatildeo de Arquivo de 23 de marccedilo de 2011paraacutegrafo 10
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo n142
1113-06 Caso das pessoas privadas de liberdade nas celas da 76ordf Delegacia dePoliacutecia de Niteroacutei Relatoacuterio de Admissibilidade n 3607 de 17 de julho de2007 paraacutegrafo 79
Acreditamos que a medida cautelar tenha sido completamente143
cumprida A desocupaccedilatildeo da aacuterea e o fim dos conflitos ocorreram apoacutesdecisatildeo do Supremo Tribunal Federal que definiu a retirada dos natildeo
PESQUISA DIREITO GV
86 sumaacuterio
indiacutegenas do local Cf Supremo Tribunal Federal Pleno Pet 3388RRRel Min Ayres Britto j 19032009
Uacuteltimo informe da Comissatildeo referente ao caso apresentou 144
o cumprimento de algumas recomendaccedilotildees mas natildeo foi possiacutevel saber se atualmente o cumprimento permanece parcial ou jaacute foi integralmenterealizado
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
87 sumaacuterio
REFEREcircNCIAS
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88 sumaacuterio
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IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
89 sumaacuterio
PREFAacuteCIO
O Sistema Interamericano de Direitos Humanos estabelecido ori-ginalmente no contexto da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanose depois expandido pela adoccedilatildeo da Convenccedilatildeo Americana deDireitos Humanos de 1966 tem cumprido natildeo sem ambiguidadesum papel relevante na ampliaccedilatildeo da proteccedilatildeo dos direitos huma-nos no continente Durante a vaga autoritaacuteria dos anos 1970 aComissatildeo Interamericana realizou com grande coragem visitas eproduziu relatoacuterios constrangedores para as ditaduras argentina echilena Com a redemocratizaccedilatildeo do continente o papel do Sis-tema passou por uma transformaccedilatildeo A adesatildeo paulatina dos paiacutesesagrave Convenccedilatildeo de San Joseacute e a seus protocolos comeccedilou a gerar umarelaccedilatildeo promissora entre os sistemas constitucionais e o sistemaregional de proteccedilatildeo aos direitos humanos A fragilidade institu-cional da Comissatildeo e da Corte somada agrave ambiguidade poliacutetica demuitos dos Estados membros em relaccedilatildeo aos direitos humanosvem nos uacuteltimos anos colocando em risco a integridade e a rele-vacircncia do Sistema Interamericano na proteccedilatildeo e na promoccedilatildeo dedireitos no continente Neste sentido uma pesquisa que busca ana-lisar o enraizamento do sistema regional de direitos humanos eacutemais do que oportuna
Este trabalho eacute fruto de uma pesquisa de dois anos desenvol-vida a partir de um projeto internacional e colaborativo voltadoao mapeamento da implementaccedilatildeo das medidas e decisotildees do Sis-tema Interamericano de Direitos Humanos na Ameacuterica do Sul Oestudo brasileiro foi realizado pela equipe da DIREITO GVDesde o iniacutecio colocou-se o desafio de encontrar paracircmetros con-
sistentes para aferir a qualidade da implementaccedilatildeo das medidas edecisotildees do Sistema Interamericano que natildeo fossem simplesmentedependentes das perspectivas da Comissatildeo e da Corte Interamerica-na de Direitos Humanos a esse respeito Para evitar a adoccedilatildeo deparacircmetros aleatoacuterios a equipe de pesquisa voltou seus esforccedilos paracoletar os dados empiacutericos e normativos no acircmbito domeacutestico como intuito de desenvolver uma meacutetrica adequada agrave compreensatildeo dofenocircmeno agrave luz da realidade brasileira Foi possiacutevel rapidamente perceber entretanto que natildeo existem
padrotildees firmemente estabelecidos para a implementaccedilatildeo das decisotildees
e que tambeacutem natildeo foram produzidos estudos ou informaccedilotildees puacutebli-cas sistematizadas que esclarecessem quais oacutergatildeos satildeo responsaacuteveispela implementaccedilatildeo das medidas e decisotildees do Sistema Interameri-cano no Brasil O que a equipe de pesquisa detectou desde o primeiromomento eacute que nossa estrutura institucional passou e passa por trans-formaccedilotildees a cada novo caso sendo desafiador e pioneiro o mero atode sistematizar informaccedilotildees relevantes a esse respeitoCom isso a pesquisa que foi pensada com o objetivo de respon-
der qual ldquoo grau de implementaccedilatildeo das medidas e decisotildees do SistemaInteramericanordquo se transformou em uma investigaccedilatildeo mais baacutesica arespeito de ldquocomo foram implementadas as medidas e decisotildeesrdquo Foinecessaacuterio mitigar as expectativas de um diagnoacutestico preciso a res-peito da implementaccedilatildeo de tais medidas no Brasil bem como as detraccedilar um mapeamento perfeito e totalizante a respeito dos mecanis-mos de implementaccedilatildeo Ficou claro ao longo do trabalho que muitaenergia e tempo deveriam ser gastos para desenvolver um meacutetodoadequado de pesquisa e aperfeiccediloaacute-lo a partir de problemas e equiacute-vocos surgidos durante a investigaccedilatildeo Pesquisas preliminares como esta natildeo nos permitem saltar para
conclusotildees rotundas De qualquer forma autorizam aos observado-res mais atentos levantarem hipoacuteteses que mobilizaratildeo outras linhasde investigaccedilatildeo Neste sentido qual seria a razatildeo pela qual o sistemapoliacutetico brasileiro natildeo foi capaz de conceber um mecanismo soacutelido eeficiente para a implementaccedilatildeo das decisotildees do Sistema Intera-mericana de Direitos Humanos Haacute aqui apenas incompetecircnciaadministrativa ou o Estado brasileiro por intermeacutedio de suas institui-ccedilotildees mais permanentes como o Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exterioresresiste a criar mecanismos mais contundentes de implementaccedilatildeo dedecisotildees da jurisdiccedilatildeo internacional Em que medida a dimensatildeo fede-rativa do Estado brasileiro tem sido o maior obstaacuteculo para ummecanismo de implementaccedilatildeo mais eficiente E qual seria o papel dasociedade civil na fiscalizaccedilatildeo da efetividade desses mecanismos
Oscar Vilhena Vieira
SOBRE OS AUTORES
ADRIANE SANCTIS DE BRITOPESQUISADORA DO NUacuteCLEO DE DIREITO GLOBAL E DESENVOLVIMENTO DA DIREITO GV MESTRANDA EM DIREITOINTERNACIONAL PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP) COM GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA MESMA INSTITUICcedilAtildeO
GUILHERME FORMA KLAFKEPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE METODOLOGIA DE ENSINO DA DIREITO GV PROFESSOR DA SOCIEDADE BRASILEIRA DEDIREITO PUacuteBLICO (SBDP) MESTRANDO EM DIREITO CONSTITUCIONAL PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP)COM GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA MESMA INSTITUICcedilAtildeO
LUCIANA DE OLIVEIRA RAMOSPESQUISADORA DO NUacuteCLEO DE JUSTICcedilA E CONSTITUICcedilAtildeO DA DIREITO GV PROFESSORA DO GVLAW PROFESSORA DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP) DOUTORANDA EM DIREITO CONSTITUCIONAL PELA UNIVERSIDADEDE SAtildeO PAULO (FD-USP) MESTRE EM CIEcircNCIA POLIacuteTICA PELA FFLCH-USP GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA PUC-SP
MARIacuteLIA ROLEMBERG LESSAGRADUANDA EM DIREITO PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP) EX-ALUNA DA ESCOLA DE FORMACcedilAtildeO DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP)
OSCAR VILHENA VIEIRADIRETOR DA ESCOLA DE DIREITO DE SAtildeO PAULO DA FUNDACcedilAtildeO GETULIO VARGAS (DIREITO GV) POacuteS-DOUTOR PELOCENTRE FOR BRAZILIAN STUDIES (ST ANTOINES COLLEGE OXFORD UNIVERSITY) DOUTOR E MESTRE EM CIEcircNCIAPOLIacuteTICA PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FFLCH-USP) MESTRE EM DIREITO PELA UNIVERSIDADE DECOLUMBIA GRADUADO EM DIREITO PELA PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DE SAtildeO PAULO (PUC-SP)
RAFAEL GANDUR GIOVANELLIPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE METODOLOGIA DE ENSINO DA DIREITO GV MESTRANDO EM DIREITO E DESENVOLVIMENTOPELA DIREITO GV GRADUANDO EM FILOSOFIA PELA FFLCH-USP GRADUADO EM DIREITO PELA PUC-SP
RUBENS EDUARDO GLEZERPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE JUSTICcedilA E CONSTITUICcedilAtildeO DA DIREITO GV PROFESSOR DO GVLAW PROFESSOR DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP) SECRETAacuteRIO-GERAL DA REDE DE INICIATIVAS LATINO-AMERICANASEM DIREITO E DEMOCRACIA (ILADD) DOUTORANDO EM FILOSOFIA E TEORIA GERAL DO DIREITO PELA FD-USP MESTREEM DIREITO E DESENVOLVIMENTO PELA DIREITO GV VISITING STUDENT NA NEW YORK UNIVERSITY BACHAREL EMDIREITO PELA PUC-SP
INTRODUCcedilAtildeOEsta obra eacute o resultado de uma pesquisa empiacuterica voltada a ofere-cer paracircmetros a respeito do grau de implementaccedilatildeo das decisotildeese recomendaccedilotildees da Corte e da Comissatildeo Interamericana de Direi-tos Humanos pelo BrasilA anaacutelise de implementaccedilatildeo partiu do exame da adoccedilatildeo de
medidas estatais em seus diferentes niacuteveis federativos voltadas acumprir recomendaccedilotildees ou condenaccedilotildees especiacuteficas realizadaspelo Sistema Interamericano de Direitos Humanos (SIDH)2 Con-tudo as conclusotildees obtidas natildeo se restringiram agraves avaliaccedilotildeesrealizadas pelos oacutergatildeos oficiais envolvidos seja na instacircncia inter-nacional (pelos instrumentos de acompanhamento do SIDH) sejana esfera nacional (por pronunciamentos governamentais) Essaavaliaccedilatildeo substantiva se funda em um esforccedilo interpretativo daequipe de pesquisa realizada a partir dos elementos coletadosdocumentalmente e em entrevistas com atores relevantes envol-vidos nas situaccedilotildees investigadas A expressatildeo ldquoimplementaccedilatildeordquo eacute empregada aqui inicialmente
com o mesmo significado de adimplemento de medidas relacio-nado aos esforccedilos feitos para que as determinaccedilotildees da Corte ouda Comissatildeo Interamericana sejam consideradas cumpridas peloscriteacuterios do proacuteprio Sistema Interamericano Apoacutes uma anaacutelisepautada nesses criteacuterios verificou-se a necessidade de abordar aimplementaccedilatildeo de forma mais aprofundada capaz de detectar asnuances dos impactos das recomendaccedilotildeesAs usuais anaacutelises de cumprimento centradas na tipologia de
recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees natildeo nos pareceram suficientes paraexaminar a implementaccedilatildeo no Brasil razatildeo pela qual analisamosoutros fatores tais como (a) se a violaccedilatildeo resulta de uma poliacutetica
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS NO BRASILINSTITUCIONALIZACcedilAtildeO E POLIacuteTICA1
Oscar Vilhena Vieira (coordenador) Luciana Ramos e Rubens Glezer (pesquisadoresmestres) Adriane Sanctis de Brito Guilherme Klafke e Rafael Giovanelli (pesquisadoresgraduados) e Mariacutelia Lessa (pesquisadora graduanda)
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conduzida pelo governo ou ao contraacuterio se decorre de falhas naatuaccedilatildeo do poder puacuteblico ou de accedilotildees de particulares (b) se as con-denaccedilotildees e recomendaccedilotildees dialogam com uma agenda poliacuteticapreexistente no paiacutes bem como (c) se determinadas condenaccedilotildeesem certos contextos natildeo permitem a extrapolaccedilatildeo do caso indivi-dual para um plano coletivoPor meio dessa nova abordagem concluiacutemos que a ausecircncia de
mecanismos formais e especiacuteficos voltados agrave observacircncia de reco-mendaccedilotildees e decisotildees do SIDH no Brasil torna o seu cumprimentoalgo que se opera em uma esfera eminentemente poliacutetica depen-dente de fatores contingentes e imprevisiacuteveisPara alcanccedilar essas conclusotildees a apresentaccedilatildeo dos resultados
estaacute estruturada da seguinte maneira primeiramente se explicitaraacutea metodologia de pesquisa utilizada para em seguida (1) forneceruma visatildeo geral a respeito da inserccedilatildeo do Brasil no SIDH e doscasos que envolvem o paiacutes aprofundando aqueles selecionados paraesta obra (2) mapear os mecanismos criados para implementaras recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees do SIDH e (3) analisar decisotildeesselecionadas a partir de criteacuterios considerados relevantes para iden-tificar facilidades e dificuldades na implementaccedilatildeo das deliberaccedilotildeesdo SIDH Ao final eacute realizada uma conclusatildeo sinteacutetica e articula-dora dos resultados
1 METODOLOGIA A presente obra eacute dedicada agrave anaacutelise da implementaccedilatildeo das deli-beraccedilotildees do SIDH relativas ao Brasil paiacutes vinculado interna eexternamente agrave Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanosdesde 19923 e submetido agrave jurisdiccedilatildeo contenciosa obrigatoacuteria daCorte Interamericana desde 19984
Para tanto foi utilizado o meacutetodo de estudo de caso fundado sobreanaacutelise documental levantamento de reportagens em miacutedia e entre-vistas a agentes puacuteblicos e membros da sociedade civil organizada Com base no exame de todos os casos que envolvem o Brasil
na Corte IDH e na CIDH (vide Apecircndice) foram selecionados comoobjeto de anaacutelise (i) todas as condenaccedilotildees em casos contenciososperante a Corte IDH em razatildeo da sua importacircncia e dos seus efei-tos claramente vinculantes ao paiacutes (ii) todas as soluccedilotildees amistosas
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que envolvem o Brasil em razatildeo da disposiccedilatildeo do proacuteprio Estadoem remediar a violaccedilatildeo de direitos bem como (iii) as recomenda-ccedilotildees da CIDH com alto impacto e repercussatildeo no paiacutes Considerando-se tais categorias chegou-se a um conjunto de
oito casos Os contenciosos satildeo quatro
1 Caso Damiatildeo Ximenes Lopes vs Brasil trata-se de homiciacutedio comsinais de tortura de Damiatildeo Ximenes Lopes portador de defi-ciecircncia mental que havia sido internado em 1ordm de outubro de1999 na casa de repouso dos Guararapes na cidade de SobralCearaacute falecendo trecircs dias depois A cliacutenica era de propriedadede familiar de poliacutetico tradicional da regiatildeo A accedilatildeo penal foiajuizada em 2000 mas o Judiciaacuterio brasileiro soacute se pronuncioucom decisatildeo final em 2013 A accedilatildeo civil indenizatoacuteria ajuizadapelos familiares de Damiatildeo Ximenes Lopes estaacute atualmentearquivada A CIDH apresentou o caso agrave Corte Interamericanacontra o Estado brasileiro em 1ordm de outubro de 2004 A Cortedeclarou violaccedilatildeo dos direitos agrave vida e agrave integridade pessoal deDamiatildeo Ximenes Lopes e dos demais portadores de deficiecircn-cia que sofriam com as condiccedilotildees precaacuterias da casa de repousoagrave integridade pessoal dos familiares das viacutetimas pela perda deum ente da famiacutelia assim como aos direitos agraves garantias judi-ciais e agrave proteccedilatildeo judicial diante da demora injustificada doprocesso criminal e das falhas nas investigaccedilotildees O Brasil foicondenado dentre outras medidas a concluir o processo judi-cial com eventual responsabilizaccedilatildeo dos envolvidos na demoraa indenizar os familiares e a continuar a desenvolver um pro-grama de formaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para todas as pessoasvinculadas ao atendimento de sauacutede mental em especial sobreos princiacutepios que devem reger o trato das pessoas portadorasde deficiecircncia mental conforme os padrotildees internacionaissobre a mateacuteria e aqueles dispostos na decisatildeo
2 Caso Escher e outros vs Brasil trata-se de denuacutencia sobre umaseacuterie de interceptaccedilotildees telefocircnicas contra duas associaccedilotildeesligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra(MST) em Querecircncia do Norte Paranaacute feitas de maneira irre-gular pela poliacutecia e pelo Judiciaacuterio As informaccedilotildees resultantes
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dessa operaccedilatildeo foram divulgadas agrave imprensa e posteriormentepara o puacuteblico Segundo os peticionaacuterios isso teria maculado aimagem das viacutetimas e do movimento social A denuacutencia foiapresentada agrave Comissatildeo em dezembro de 2000 levada agrave CorteInteramericana em dezembro de 2007 e julgada pela Corte emjulho de 2009 A decisatildeo envolveu as seguintes condenaccedilotildeescontra o Brasil obrigaccedilatildeo de publicar as sentenccedilas e de inde-nizar as viacutetimas aleacutem da obrigaccedilatildeo de investigar adequadamenteos fatos e punir os responsaacuteveis pelas violaccedilotildees dos direitos agraveprivacidade agrave honra e agrave liberdade de associaccedilatildeo
3 Caso Garibaldi vs Brasil trata-se do homiciacutedio de Seacutetimo Gari-baldi integrante do MST tambeacutem em Querecircncia do Nortecometido por homens encapuzados que atacaram uma ocupaccedilatildeoem uma fazenda da regiatildeo A denuacutencia foi apresentada em maiode 2003 submetida agrave Corte Interamericana de Direitos Huma-nos em marccedilo de 2007 e julgada pela Corte em setembro de2009 Envolveu as seguintes condenaccedilotildees contra o Brasil obri-gaccedilatildeo de publicar as sentenccedilas de indenizar as famiacutelias dasviacutetimas e de investigar adequadamente os fatos aleacutem de puniros responsaacuteveis pelas violaccedilotildees de direitos humanos agrave vida e agraveproteccedilatildeo judicial
4 Caso Julia Gomes Lund e outros vs Brasil (caso ldquoGuerrilha doAraguaiardquo) trata-se de denuacutencia sobre a responsabilidade doEstado brasileiro pela detenccedilatildeo ilegal e arbitraacuteria tortura edesaparecimento forccedilado de pelo menos 70 membros do movi-mento conhecido como ldquoGuerrilha do Araguaiardquo entre os anosde 1972 e 1975 e da consequente falta de investigaccedilatildeo dessesatos ndash o que se relaciona com a ediccedilatildeo da Lei federal n 6683de 28 de agosto de 1979 (ldquoLei da Anistiardquo) e com o sigilo per-manente sobre documentos a respeito dessa operaccedilatildeo estatalA denuacutencia foi apresentada agrave Comissatildeo em 1995 e a peticcedilatildeofoi submetida pela CIDH agrave Corte em 2009 Em 24 de novem-bro de 2010 a Corte IDH condenou o Brasil pela falta deinvestigaccedilatildeo dos crimes cometidos por militares durante aldquoGuerrilha do Araguaiardquo Determinou ao Estado brasileiro aconduccedilatildeo eficaz da investigaccedilatildeo penal a fim de esclarecer os
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fatos ocorridos no caso definir as correspondentes responsabi-lidades penais e aplicar as sanccedilotildees cabiacuteveis Determinou aindaque o Estado continuasse as iniciativas de busca sistematizaccedilatildeoe publicaccedilatildeo de toda informaccedilatildeo sobre a ldquoGuerrilha do Ara-guaiardquo bem como das violaccedilotildees de direitos humanos ocorridasdurante o regime militar Aleacutem disso estabeleceu a necessidadeda criaccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade autocircnoma independen-te e capaz de garantir o direito agrave verdade sobre o ocorrido
Ademais satildeo duas soluccedilotildees amistosas
5 Caso Joseacute Pereira (trabalho escravo) trata-se de denuacutencia deviolaccedilatildeo dos direitos de Joseacute Pereira e outros trabalhadores queforam retidos e forccedilados a trabalhar sem remuneraccedilatildeo e emcondiccedilotildees ilegais na fazenda ldquoEspiacuterito Santordquo no estado doParaacute Na fazenda foram encontradas mais de 60 pessoas emcondiccedilotildees anaacutelogas agrave escravidatildeo5 As investigaccedilotildees contudodemoraram cerca de oito anos para serem finalizadas e o jul-gamento dos responsaacuteveis natildeo foi concluiacutedo ateacute o momentoO processo encontra-se atualmente suspenso A denuacutencia foiapresentada em 22 de fevereiro de 1994 a Comissatildeo aprovourelatoacuterio de admissibilidade e meacuterito em 1995 e houve a cele-braccedilatildeo de soluccedilatildeo amistosa entre as viacutetimas e o Estadobrasileiro em outubro de 2003 As medidas centrais no casodestinavam-se aos poderes Legislativo e Executivo recomen-dando-lhes que realizassem tanto mudanccedilas legislativas quepropiciassem um cenaacuterio favoraacutevel ao combate ao trabalheescravo como poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave prevenccedilatildeo fiscali-zaccedilatildeo e ao combate do trabalho escravo aleacutem de campanhasde sensibilizaccedilatildeo
6 Caso Meninos emasculados do Maranhatildeo trata-se de denuacutencia emrazatildeo de 42 mortes ocorridas entre 1989 e 2003 em Altamirano estado do Paraacute e Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo que envolve crian-ccedilas pertencentes a famiacutelias de baixa renda As viacutetimas tambeacutemsofriam mutilaccedilotildees genitais donde derivou o nome do caso Ape-nas em 2003 12 anos apoacutes o primeiro homiciacutedio foi designadauma forccedila-tarefa para investigar os fatos A indignaccedilatildeo com a natildeo
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investigaccedilatildeo dos fatos e com a sistemaacutetica violaccedilatildeo dos direitosda populaccedilatildeo infantojuvenil do Maranhatildeo levou a denuacutenciaperante a Comissatildeo em 2001 Apoacutes uma seacuterie de reuniotildees de tra-balho procedimentos para uma soluccedilatildeo amistosa iniciaram-se emmarccedilo de 2004 O acordo foi celebrado em dezembro de 2005As medidas acordadas visavam aleacutem da reparaccedilatildeo das famiacutelias dasviacutetimas e do julgamento dos responsaacuteveis agrave formulaccedilatildeo e agraveimplementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave proteccedilatildeo dacrianccedila e do adolescente pelo Estado brasileiro
Finalmente foram escolhidos dois casos de recomendaccedilotildeespela CIDH
7 Caso Maria da Penha vs Brasil trata-se de violecircncia domeacutesticacontra a mulher sofrida por Maria da Penha Maia Fernandespraticada por seu ex-marido que a deixou parapleacutegica com umtiro de arma de fogo Os fatos se deram em 1983 mas 15 anosdepois o processo criminal ainda natildeo havia sido concluiacutedo e oacusado estava na iminecircncia de ser beneficiado com a prescri-ccedilatildeo dos crimes A denuacutencia foi apresentada em 1998 agrave ComissatildeoEm relatoacuterio de 4 de abril de 2001 a CIDH admitiu a peticcedilatildeoe considerou ter ocorrido violaccedilatildeo aos direitos de proteccedilatildeo judi-cial e integridade Recomendou ao Brasil que promovessedentre outras coisas a conclusatildeo do processo judicial com even-tual responsabilizaccedilatildeo dos envolvidos na demora a indenizaccedilatildeoda viacutetima e a realizaccedilatildeo de poliacuteticas pelo Executivo e peloLegislativo que combatessem a discriminaccedilatildeo contra a mulherespecialmente no tema de violecircncia domeacutestica mediante a cria-ccedilatildeo de uma legislaccedilatildeo especiacutefica
8 Caso Comunidades Indiacutegenas da Bacia do rio Xingu vs Brasil (casoBelo Monte) tratou da construccedilatildeo da Usina Hidreleacutetrica deBelo Monte que afetaria dezenas de povos indiacutegenas na regiatildeoda Volta Grande do Xingu no centro-norte do Brasil Embo-ra o plano para o complexo hidreleacutetrico jaacute existisse desde adeacutecada de 1970 ganhou forccedila na deacutecada de 2000 Diversas ten-tativas do Ministeacuterio Puacuteblico Federal para suspender as obraspor meio de accedilotildees cautelares natildeo evitaram que o processo de
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licenciamento prosseguisse Segundo as entidades peticionaacuteriasno SIDH houve violaccedilatildeo aos direitos agrave vida agrave integridade pes-soal agrave informaccedilatildeo e agrave participaccedilatildeo poliacutetica dos povos indiacutegenasafetados pelo megaempreendimento Em razatildeo disso em 1ordm deabril de 2011 a CIDH outorgou uma medida cautelar para queo Estado brasileiro suspendesse o processo de licenciamento daobra impedisse qualquer obra anterior agrave consulta das popula-ccedilotildees indiacutegenas e adotasse medidas destinadas a garantir a vidae a integridade pessoal dos envolvidos Houve reaccedilatildeo negati-va do governo brasileiro de um lado e apoio da sociedade civilorganizada agrave medida cautelar do outro Posteriormente aCIDH alterou sua decisatildeo para exigir do Brasil a adoccedilatildeo demedidas que garantissem o direito agrave vida e agrave integridade dosindiacutegenas que impedissem problemas de sauacutede nas comunida-des e que finalizassem com rapidez a demarcaccedilatildeo das terrasancestrais daqueles povos
Tendo em vista a escassez de pesquisas acadecircmicas empiacutericas noBrasil sobre este objeto as anaacutelises foram baseadas primordialmen-te nos discursos dos atores envolvidos nos processos perante aCIDH e a Corte Interamericana Entre os entrevistados estatildeo inte-grantes de oacutergatildeos do Estado responsaacuteveis pela implementaccedilatildeo taiscomo o Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores (MRE) a Secretaria deDireitos Humanos (SDH) a Advocacia-Geral da Uniatildeo (AGU)bem como membros de entidades de proteccedilatildeo de direitos huma-nos que levaram as demandas agrave Comissatildeo Interamericana ou queparticiparam de alguma forma perante a Corte IDH Os entrevistados foram selecionados por estarem envolvidos
diretamente nos casos ou por representarem instituiccedilotildees envolvidascom as temaacuteticas e com o processo de judicializaccedilatildeo do conflito dis-cutido perante o Sistema Interamericano Os uacuteltimos foram em suamaior parte aqueles indicados por sua proacutepria instituiccedilatildeo Optamospor resguardar a identidade de todos No total foram realizadas 15 entrevistas ao longo de um semes-
tre que seguiram um roteiro semiestruturado especiacutefico para cadaum dos casos partindo de trecircs eixos centrais
(1) o contexto poliacutetico no qual se insere o caso
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(2) as funccedilotildees institucionais da respectiva entidade na implementa-ccedilatildeo do caso e
(3) os obstaacuteculos enfrentados no processo de implementaccedilatildeo
A despeito da relevacircncia das entrevistas o objeto do estudo natildeose resume a uma coleccedilatildeo de percepccedilotildees Sua funccedilatildeo foi a de obterinformaccedilotildees relevantes a respeito de fatos e interaccedilotildees incapazes deserem obtidas por meio da anaacutelise documental e de miacutedia
2 O BRASIL NO SIDHComparado a outros paiacuteses da regiatildeo como Colocircmbia Meacutexico Perue Argentina o Brasil tem uma presenccedila menor de incidecircncia entreos casos do SIDH Segundo as uacuteltimas estatiacutesticas da Comissatildeo Inte-ramericana de Direitos Humanos enquanto foram encaminhadasquase 100 denuacutencias contra o Brasil no ano de 2012 esse nuacutemerochegou a quase 400 contra a Colocircmbia 450 contra o Meacutexico 200contra o Peru e cerca de 180 contra Argentina6
Segundo levantamento feito a partir do site da Comissatildeosomente 17 relatoacuterios de meacuterito com recomendaccedilotildees contra o Bra-sil foram publicados e apenas duas soluccedilotildees amistosas celebradasentre 1996 e 20127 Aleacutem disso houve 30 medidas cautelares e 66decisotildees de admissibilidade Completa o quadro a existecircncia deuma visita in loco no paiacutes cujo informe foi publicado em 1997 ea supervisatildeo em 1999Os casos que envolvem o Estado brasileiro no acircmbito da Corte
Interamericana de Direitos Humanos tambeacutem satildeo poucos Ao todoforam 5 casos contenciosos e outras 5 medidas provisionais entre1996 e 2012 Apenas para comparaccedilatildeo a Argentina possui 13 casoscontenciosos e 4 medidas provisionais a Colocircmbia 13 casos con-tenciosos e 15 medidas provisionais o Meacutexico 7 casos contenciosose 10 medidas provisionais e o Peru 26 casos contenciosos e 13medidas provisionais segundo dados do site da Corte8
Em relaccedilatildeo agraves violaccedilotildees de direitos humanos mais indicadasnos casos que envolvem o Brasil nos relatoacuterios de meacuterito peran-te a CIDH foram recorrentes violaccedilotildees aos arts 4 (direito agrave vida)5 (direito agrave integridade fiacutesica) 8 (direito agrave proteccedilatildeo judicial) e 25
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(direito agrave garantia judicial) da Convenccedilatildeo Interamericana sobreDireitos Humanos Nos casos contenciosos perante a Corte IDHverificou-se o mesmo padratildeo Em relaccedilatildeo agraves medidas cautelares naComissatildeo levando-se em consideraccedilatildeo que apenas violaccedilotildees espe-ciacuteficas suscitam o cabimento de medidas cautelares (direito agrave vidae agrave integridade por exemplo) esses direitos foram os mais invo-cados nesse acircmbito Por fim sobre as medidas provisionais quasetodas tiveram por fundamento o direito agrave vida e agrave integridade depresos bem como o dever de proteccedilatildeo pelo EstadoNo conjunto os temas satildeo variados No acircmbito dos relatoacuterios
de meacuterito da CIDH conflito fundiaacuterio (5 casos) e violecircncia poli-cial (10 casos) satildeo os mais presentes mas puderam ser identificadostambeacutem casos de tortura investigaccedilatildeo de assassinato discrimina-ccedilatildeo racial liberdade de expressatildeo e violecircncia domeacutestica No acircmbitodas medidas cautelares o perfil se altera para privilegiar temas rela-tivos ao sistema carceraacuterio (10 casos) ameaccedila a povos indiacutegenas (3casos) e proteccedilatildeo a ativistas de direitos humanos testemunhas ououtras pessoas (17 casos) No tocante aos casos contenciosos daCorte IDH houve um sobre conflito fundiaacuterio um sobre investi-gaccedilatildeo de assassinato um sobre tortura um sobre anistia e um sobreviolaccedilatildeo agrave intimidade (interceptaccedilotildees telefocircnicas) Finalmente emrelaccedilatildeo agraves medidas provisionais foram quatro sobre sistema carce-raacuterio e uma sobre anistiaNo que diz respeito agrave natureza das medidas presentes nas reco-
mendaccedilotildees ou nas condenaccedilotildees verifica-se uma distribuiccedilatildeo bastanteequilibrada entre decisotildees com medidas de indenizaccedilatildeo (17 relatoacute-rios de meacuterito e 4 casos contenciosos) de satisfaccedilatildeo (17 relatoacuteriosde meacuterito e 4 casos contenciosos) e garantias de natildeo repeticcedilatildeo (15relatoacuterios de meacuterito e 2 casos contenciosos)9 Dada a natureza pecu-liar das medidas cautelares e das medidas provisionais elas natildeoentraram no cocircmputo apresentadoNo tocante agrave supervisatildeo de cumprimento pela Comissatildeo com
referecircncia agraves soluccedilotildees amistosas e aos relatoacuterios de meacuterito publi-cados entre 2000 e 2011 a Comissatildeo apresentou a supervisatildeo dasdecisotildees anteriores uma totalmente cumprida10 oito parcialmentecumpridas11 e quatro pendentes de cumprimento12-13 Natildeo foi publi-cado o estado de cumprimento de seis relatoacuterios de meacuterito de 1998e 2000 mas haacute notiacutecia de que pelo menos um teve recomendaccedilotildees
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cumpridas14 Tambeacutem haacute uma seacuterie de outros casos que emboratenham sido cumpridos natildeo tiveram seus relatoacuterios publicados eportanto natildeo entraram nessa consideraccedilatildeo15 Por fim natildeo haacute um rela-toacuterio consistente sobre o cumprimento das medidas cautelares (videApecircndice)No acircmbito da Corte IDH dos cinco casos contenciosos um natildeo
gerou condenaccedilotildees (caso Nogueira de Carvalho e outro vs Brasil) umfoi considerado totalmente cumprido (caso Escher e outros vs Brasil)dois foram considerados parcialmente cumpridos (casos Damiatildeo Xime-nes Lopes vs Brasil e Garibaldi vs Brasil) e um ainda natildeo possuimanifestaccedilatildeo da Corte acerca do cumprimento (caso Julia Gomes Lunde outros vs Brasil ndash caso ldquoGuerrilha do Araguaiardquo) Das cinco medidasprovisionais por sua vez trecircs foram arquivadas por cumprimento(caso Penitenciaacuteria Urso Branco caso Penitenciaacuteria de Araraquara e casoComplexo do Tatuapeacute da Febem) uma foi considerada parcialmente cum-prida (caso Unidade de Internaccedilatildeo Socioeducativa) e outra foi rejeitadapela Corte (caso Julia Gomes Lund)Como pode ser visto o pequeno nuacutemero de casos do Brasil no
SIDH natildeo permite traccedilar conclusotildees preacutevias sobre os tipos maisrecorrentes (quais as viacutetimas tiacutepicas quais satildeo as violaccedilotildees e comosatildeo enquadradas nas normas da convenccedilatildeo etc) tampouco sobre ograu de implementaccedilatildeo normalmente atingido pelo paiacutes Por issoainda que haja estudos que apontem para uma relaccedilatildeo entre tipos demedidas e um maior ou menor grau de implementaccedilatildeo16 natildeo seriapossiacutevel tirar conclusotildees dessa natureza no contexto brasileiro Con-tudo a anaacutelise qualitativa que seraacute explorada a seguir apontou paraalguns fatores que podem estar relacionados agrave maior ou menorimplementaccedilatildeo das medidas seratildeo enfocados a apropriaccedilatildeo da deci-satildeo pelos segmentos envolvidos a definiccedilatildeo da agenda puacuteblica etambeacutem as repercussotildees das condenaccedilotildees ou recomendaccedilotildees
3 O CAMINHO DAS DECISOtildeES CONTRA O ESTADO BRASILEIRONo Brasil natildeo haacute regulaccedilatildeo formal abrangente da implementa-ccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeo e de condenaccedilatildeo oriundas doSIDH Nenhum dos projetos legislativos voltados a uma organi-zaccedilatildeo miacutenima de implementaccedilatildeo chegou a ser aprovado17
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Recentemente contudo o III Programa Nacional de DireitosHumanos trouxe um objetivo estrateacutegico especiacutefico relacionado aotema sob o nome ldquoMonitoramento dos compromissos internacionaisassumidos pelo Estado brasileiro em mateacuteria de Direitos HumanosrdquoNele se destacam as seguintes accedilotildees
a) Elaborar relatoacuterio anual sobre a situaccedilatildeo dos DireitosHumanos no Brasil em diaacutelogo participativo com asociedade civilResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores[] e) Definir e institucionalizar fluxo de informaccedilotildees comresponsaacuteveis em cada oacutergatildeo do Governo Federal referentesaos relatoacuterios da Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos e agraves decisotildees da Corte Interamericana deDireitos HumanosResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exterioresf) Criar banco de dados puacuteblico sobre todas asrecomendaccedilotildees dos sistemas ONU e OEA feitas ao Brasilcontendo as medidas adotadas pelos diversos oacutergatildeospuacuteblicos para seu cumprimentoResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores
Esse programa foi instituiacutedo em dezembro de 2009 com altera-ccedilotildees em 201018 e fixa um roteiro de atuaccedilatildeo para o Poder Puacuteblicoem mateacuteria de direitos humanos Estaacute declarada nesse instrumentoa disposiccedilatildeo de institucionalizarem-se os procedimentos paraimplementaccedilatildeo das medidas impostas ao paiacutes pelo Sistema Intera-mericano consubstanciada em objetivos que devem ser perseguidospelo governo brasileiroPor conta da falta de uma predefiniccedilatildeo institucional e normati-
va especiacutefica sobre quais oacutergatildeos deveriam lidar com os casos contrao Brasil no SIDH uma divisatildeo de tarefas foi feita ao longo dotempo em sua maioria pelos proacuteprios oacutergatildeos os quais pelo con-junto de suas funccedilotildees preacutevias se viram responsaacuteveis por algum tipo
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de envolvimento O Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores a Secretariade Direitos Humanos e a Advocacia-Geral da Uniatildeo se destacaramformando o grupo que tomou para si as defesas brasileiras e a imple-mentaccedilatildeo das medidas de recomendaccedilatildeo e condenaccedilatildeoParalelamente o pagamento de indenizaccedilotildees por parte do Estado
brasileiro teve um desenvolvimento especiacutefico e sua concretizaccedilatildeo foiestruturada a partir de rubricas (categorias) especiacuteficas no Orccedilamen-to da Uniatildeo Trata-se de uma questatildeo que foi institucionalizada paraatender reparaccedilotildees oriundas de decisotildees tomadas pelo SIDH
31 PODER EXECUTIVO FEDERAL ATORES E COMPETEcircNCIA
Conforme jaacute mencionado anteriormente o grupo principal deoacutergatildeos que tomou para si as defesas brasileiras e a implementa-ccedilatildeo das medidas de recomendaccedilatildeo e condenaccedilatildeo eacute composto deMinisteacuterio das Relaccedilotildees Exteriores (MRE) Secretaria de Direi-tos Humanos (SDH) e Advocacia-Geral da Uniatildeo (AGU) O MREeacute um oacutergatildeo poliacutetico de auxiacutelio ao Presidente da Repuacuteblica cujasaacutereas de competecircncia abrangem atividades de poliacutetica internacio-nal e relaccedilotildees internacionais19 Eacute a Divisatildeo de Direitos Humanosdo MRE que faz a intermediaccedilatildeo das comunicaccedilotildees com o SIDHem todas as fases de um casoA SDH oacutergatildeo responsaacutevel por poliacuteticas de implementaccedilatildeo dos
direitos humanos20 fazia parte da estrutura do Ministeacuterio da Justiccedilaateacute 199921 ano em que passou a se reportar diretamente agrave Presidecircn-cia da Repuacuteblica Geralmente a notiacutecia de denuacutencia eacute recebida peloMRE e repassada para a SDH cuja Assessoria Internacional busca acomunicaccedilatildeo com os atores envolvidos no caso concreto Por fim a AGU eacute a instituiccedilatildeo responsaacutevel pelo assessoramento
juriacutedico ao Poder Executivo tanto de forma consultiva quanto con-tenciosa22 Ela costuma auxiliar a SDH e o MRE tanto na defesabrasileira quanto na implementaccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeoe de condenaccedilatildeo Esses trabalhos satildeo concentrados no seu Depar-tamento Internacional Atualmente a instituiccedilatildeo eacute sempre notificadapara atuar nas fases preliminares dos casos no SIDHSe o caso jaacute avanccedilou para o relatoacuterio com recomendaccedilotildees eacute a SDH
que organiza internamente o conteuacutedo da defesa do Estado satildeo fei-tas tentativas de contato com o ente federado no qual ocorreu a
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violaccedilatildeo com o objetivo de fomentar um processo de soluccedilatildeo amis-tosa Se o caso vai para a Corte Interamericana o Itamaraty (oacutergatildeodiplomaacutetico) a SDH e a AGU atuam de forma conjunta como umnuacutecleo de defesa eventualmente com a participaccedilatildeo de outros oacutergatildeosrelevantes a depender de cada caso
32 O QUADRO DINAcircMICO APRENDIZADO E CONFLITO ENTRE INSTITUICcedilOtildeES
Ao longo da experiecircncia brasileira com os casos do SIDH houveum processo de modificaccedilatildeo nas atribuiccedilotildees inicialmente realizadaspor cada oacutergatildeo em parte por um processo de aprendizado institu-cional mas tambeacutem como resultado de disputas poliacuteticas ligadas aomodo pelo qual o Brasil se apresenta perante o SIDHEacute possiacutevel identificar trecircs grandes periacuteodos de dinacircmica entre as
instituiccedilotildees O primeiro diz respeito aos dois primeiros casos doBrasil perante a Corte IDH (casos Damiatildeo Ximenes Lopes e GilsonNogueira de Carvalho ambos de 2006) o segundo acompanha as con-denaccedilotildees dos casos Escher e Garibaldi (ambos de 2009) enquanto oterceiro periacuteodo equivale agraves deliberaccedilotildees da Corte entre os casosJulia Gomes Lund (2010) e Belo Monte (2012)
321 PRIMEIRO PERIacuteODO CASOS DAMIAtildeO XIMENES LOPES E GILSON NOGUEIRA DE CARVALHONo caso Damiatildeo Ximenes Lopes foram dados os primeiros passosquanto aos procedimentos gerais a serem adotados diante de accedilotildeescontra o paiacutes na Corte Interamericana visto que se tratou da pri-meira condenaccedilatildeo brasileira na Corte IDH Nele a defesa perantea Corte foi feita por membros da AGU indicados especificamentecomo agentes do Estado Isso se repetiria no caso Gilson Nogueirade Carvalho decidido posteriormente A elaboraccedilatildeo da defesa brasileira por membros da AGU repre-
sentou agrave eacutepoca uma quebra da praacutetica que prevalecia quanto agravedivisatildeo informal de funccedilotildees entre MRE SDH e AGU para atua-ccedilatildeo no SIDH que ocorria apenas perante a Comissatildeo Ateacute entatildeoa SDH agia em conjunto com o MRE em especial na fase deproduccedilatildeo do relatoacuterio de meacuterito da Comissatildeo buscando fomen-tar soluccedilotildees amistosas e prestando informaccedilotildees em prol da defesado Estado
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Desde o ano 2000 a AGU jaacute tinha em sua estrutura interna umaaacuterea internacional Assim em 2004 o caso Damiatildeo Ximenes Lopeschegou agrave divisatildeo internacional do oacutergatildeo que passou a atuar comvisitas agrave cidade onde ocorreram os fatos e contato direto com osatores do Poder Judiciaacuterio Justamente por ter atuado desde o iniacute-cio como representante do Estado no caso a AGU assumiu um papelcentral na fase de implementaccedilatildeo das medidas de condenaccedilatildeo23
Outro ponto que se relaciona com a experiecircncia de ter sido oprimeiro caso brasileiro de condenaccedilatildeo eacute o das medidas de paga-mento de indenizaccedilatildeo agraves viacutetimas No caso Damiatildeo Ximenes Lopesa condenaccedilatildeo do Brasil ao pagamento de indenizaccedilotildees fez neces-saacuteria a articulaccedilatildeo entre os oacutergatildeos internos para decisatildeo de comose daria a praacutetica dessa implementaccedilatildeo24
Verificou-se no tocante agrave implementaccedilatildeo das decisotildees da CorteInteramericana que a Secretaria de Direitos Humanos buscava con-vencer os oacutergatildeos estaduais relacionados ao caso sobre a necessidadede modificaccedilotildees nas poliacuteticas ligadas ao tema da violaccedilatildeo Contudoquando a medida se relacionava agraves atividades da Justiccedila brasileirahavia dificuldades nesse esforccedilo de convencimento Isso foi cons-tatado no caso Damiatildeo Ximenes Lopes que tinha em seu cerne aquestatildeo de funcionamento das instituiccedilotildees judiciaacuterias e exigia aatuaccedilatildeo preponderante dos oacutergatildeos judiciais para a sua implementa-ccedilatildeo Assim iniciou-se a praacutetica de a AGU atuar mais diretamentejunto ao Judiciaacuterio por sua facilidade de articulaccedilatildeo com atoresdesse Poder25 Na eacutepoca foram feitas diversas visitas de apuraccedilatildeodo oacutergatildeo junto agrave SDH e conversas com os juiacutezes responsaacuteveis paratentativas de apuraccedilatildeo dos motivos da demora Ainda que tenha havido tais tentativas os tracircmites das accedilotildees
continuaram lentos em grande parte por causa da ineficaacutecia daabordagem poliacutetica habitual de convencimento com os atores doJudiciaacuterio Seraacute visto em espaccedilo proacuteprio que esse problema foi miti-gado posteriormente em razatildeo do papel de um programa de umquarto ator o Conselho Nacional de Justiccedila (CNJ) oacutergatildeo criadoem 2004 e responsaacutevel por ser a mais alta instacircncia administrativado Poder Judiciaacuterio brasileiro (toacutepico 34 infra)Em siacutentese durante o primeiro caso de condenaccedilatildeo do Brasil na
Corte Interamericana de Diretos Humanos houve um rearranjo depapeacuteis para a apresentaccedilatildeo das manifestaccedilotildees brasileiras no SIDH
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A AGU assumiu um papel central na defesa juriacutedica do caso levan-do um de seus integrantes para a defesa brasileira no Tribunal ASecretaria passou a ter papel de apoio organizacional com relaccedilatildeoaos atores envolvidos no caso e agraves informaccedilotildees relevantes O MREpor sua vez conservou sua posiccedilatildeo de mediador das manifestaccedilotildeespara fora da Corte Segundo relatos das entrevistas havia um relati-vo concerto dos trecircs oacutergatildeos com relaccedilatildeo a como deveriam atuar emcada uma de suas funccedilotildees Isso se repetiria no caso Gilson Nogueirade Carvalho ndash em que o Estado foi absolvido por falta de provas
322 SEGUNDO PERIacuteODO CASOS ESCHER E OUTROS E GARIBALDIEm um segundo momento da dinacircmica institucional a defesa brasi-leira na Corte passou a ser feita pelo Embaixador do Brasil na CostaRica Essa troca teria relaccedilatildeo com o tom marcado pelo Brasil em suasdefesas se antes as manifestaccedilotildees da SDH eram mais inseridas nodiscurso de proteccedilatildeo das viacutetimas no acircmbito da AGU as defesasganhavam um caraacuteter mais teacutecnico marcado por argumentos juriacutedi-cos A passagem para uma maior atuaccedilatildeo do MRE mudaria o vieacutes dedefesa para a esfera poliacutetica Assim a nova divisatildeo funcional informal ndash fruto das dinacircmicas
dos proacuteprios oacutergatildeos entre si ndash passou a estabelecer que a AGU atua-ria principalmente na defesa brasileira na fase de admissibilidadeEnquanto o MRE cuidaria do restante das manifestaccedilotildees brasileirasa Secretaria ficou responsaacutevel principalmente pela (i) coordenaccedilatildeocom atores internos para recolhimento de informaccedilotildees uacuteteis agraves mani-festaccedilotildees brasileiras e (ii) busca de diaacutelogo entre os oacutergatildeos e viacutetimaspara tentar soluccedilotildees amistosas e implementaccedilotildees de medidas de reco-mendaccedilatildeo ou condenaccedilatildeo Essa divisatildeo natildeo era impermeaacutevel cadaum dos oacutergatildeos teria a possibilidade de influenciar ou informar a ati-vidade do outro Havia contudo uma visiacutevel prevalecircncia de cada umdos oacutergatildeos nas funccedilotildees indicadas
323 TERCEIRO PERIacuteODO CASOS JULIA GOMES LUND E BELO MONTENo caso Julia Gomes Lund ocorreu uma polarizaccedilatildeo entre as posi-ccedilotildees assumidas internamente pela AGU e pela SDH A Secretariaposicionou-se a favor das viacutetimas enquanto a AGU defendeu a Lei
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de Anistia brasileira perante o STF Ante a essa situaccedilatildeo o MREpassou a concentrar todas as manifestaccedilotildees brasileiras no caso emconcerto com a Casa Civil Situaccedilatildeo similar ocorreu no caso BeloMonte cujas manifestaccedilotildees foram concentradas pelo MRE e pelaCasa Civil por conta da sensibilidade poliacutetica do caso para a poliacute-tica federalDiante dessas consideraccedilotildees percebe-se que ao longo dos anos
houve certo processo de aprendizado institucional sobre como lidarcom o sistema interamericano com tentativas de adaptaccedilatildeo contiacutenuaNo entanto fica evidente que a proacutepria interaccedilatildeo entre os principaisoacutergatildeos envolvidos se baseia em seus interesses poliacuteticos e em suascapacidades de manobra Isso se evidencia ainda mais com a suces-satildeo de casos mediante a maior concentraccedilatildeo da defesa brasileira nasmatildeos do MRE e a colocaccedilatildeo da AGU e da SDH em posiccedilotildees novas
33 PAGAR AS VIacuteTIMAS UM DESENVOLVIMENTO Agrave PARTE
Desde 2004 o Estado brasileiro possui uma parte do orccedilamento fede-ral destinada especificamente ao pagamento de indenizaccedilotildees queresultam do reconhecimento da violaccedilatildeo de tratados internacionaisde direitos humanos Trata-se da dotaccedilatildeo denominada ldquoPagamentode indenizaccedilatildeo a viacutetimas de violaccedilatildeo das obrigaccedilotildees contraiacutedas pelauniatildeo por meio da adesatildeo a tratados internacionaisrdquo26
Em 1993 governo e sociedade civil haviam se mobilizado paradefinir uma agenda nacional para a Conferecircncia Mundial de Direi-tos Humanos Em 1996 como resultado desses esforccedilos e daDeclaraccedilatildeo e Programa de Accedilatildeo de Viena (adotada na Conferecircncia)foi criado o Programa Nacional de Direitos Humanos no Brasilsegundo o qual os direitos humanos deveriam ser tratados comoobjeto de poliacutetica puacuteblica27 Na sua vertente orccedilamentaacuteria a articu-laccedilatildeo das diversas propostas de accedilotildees governamentais refletiu-se noprograma ldquoPromoccedilatildeo e garantia dos direitos humanosrdquo entre 1996e 1999 e no seu aprimoramento por meio do programa ldquoDireitosHumanos Direitos de Todosrdquo (DHDT) vinculado ao Ministeacuterio daJusticcedila e presente nos orccedilamentos brasileiros a partir de 1999Em 2002 apoacutes revisatildeo do plano original criou-se o 2ordm Progra-
ma Nacional de Direitos Humanos no Brasil28 Em sua introduccedilatildeoressaltou-se que
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A criaccedilatildeo da Secretaria de Estado dos Direitos Humanosno acircmbito do Ministeacuterio da Justiccedila possibilitou oengajamento efetivo do Governo Federal em accedilotildees voltadaspara a proteccedilatildeo e promoccedilatildeo de direitos humanos As metasdo PNDH foram em sua maioria sendo incorporadas aosinstrumentos de planejamento e orccedilamento do GovernoFederal convertendo-se em programas e accedilotildees especiacuteficascom recursos financeiros assegurados nas LeisOrccedilamentaacuterias Anuais conforme determina o PlanoPlurianual (PPA)
O Anexo II do documento trouxe a ampliaccedilatildeo de uma seacuterie deprogramas governamentais que jaacute estavam previstos nos orccedilamen-tos dos anos anteriores em razatildeo do DHDT Contudo nenhumaaccedilatildeo foi prevista para os objetivos estrateacutegicos relativos agrave diretrizldquoInserccedilatildeo nos sistemas internacionais de proteccedilatildeordquo tais como a ado-ccedilatildeo de medidas para cumprimento dos compromissos assumidos emtratados internacionais o fortalecimento da cooperaccedilatildeo com o sis-tema regional de proteccedilatildeo e a promoccedilatildeo de soluccedilotildees amistosas noacircmbito da Comissatildeo Interamericana de Direitos HumanosPor ocasiatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria para os anos de 2004
a 200729 reconheceu-se no plano gerencial do programa DHDTa necessidade de que houvesse uma previsatildeo expliacutecita para as inde-nizaccedilotildees agraves viacutetimas de violaccedilotildees de direitos humanos Estrateacutegiasde sustentabilidade para o programa foram indicadas tendo emvista a relaccedilatildeo com outros atores Uma das relaccedilotildees indicadas foia influecircncia da Comissatildeo da Corte Interamericana de DireitosHumanos e da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos para a desti-naccedilatildeo dos recursos ao pagamento dessas indenizaccedilotildees30
Os oacutergatildeos federais verificaram essa carecircncia apoacutes se esforccedilarempara cumprir a primeira soluccedilatildeo amistosa envolvendo o Brasil (casoJoseacute Pereira) que em se tratando de mateacuteria de competecircncia daUniatildeo (combate a trabalho escravo) retirava o dever de indenizarda esfera estadual31 Percebeu-se que o pagamento de indenizaccedilatildeopor meio de lei era mais trabalhoso e demorado Por isso a fixa-ccedilatildeo de uma parte do orccedilamento federal destinada exclusivamentea essas indenizaccedilotildees possibilitaria agrave Presidecircncia pagaacute-las por meiode um simples decreto presidencial
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Nesse contexto a Lei Orccedilamentaacuteria Anual brasileira de 2004previu pela primeira vez uma accedilatildeo intitulada ldquoPagamento de inde-nizaccedilatildeo a viacutetimas de violaccedilatildeo das obrigaccedilotildees contraiacutedas pela Uniatildeopor meio da adesatildeo a tratados internacionais de proteccedilatildeo dos direi-tos humanosrdquo subordinada ao programa DHDT32 A descriccedilatildeo dessaaccedilatildeo governamental reproduziu em grande medida o que jaacute fica-ra estabelecido nos objetivos estrateacutegicos do 2ordm Programa Nacionalde Direitos Humanos33
Estabeleceu-se assim uma ampla finalidade para a dotaccedilatildeo con-sistente no pagamento de indenizaccedilotildees natildeo apenas no acircmbito dosistema regional de proteccedilatildeo dos direitos humanos (OEA) comotambeacutem no acircmbito do sistema global (ONU) Atribuiu-se essa tare-fa ao Gabinete da Secretaria Especial de Direitos HumanosEm consequecircncia dessa inovaccedilatildeo entre 2004 e 2013 anualmen-
te a lei orccedilamentaacuteria passou a destinar um valor para que a SDHpudesse pagar as despesas com indenizaccedilotildees arbitradas tanto naONU como no SIDH por violaccedilotildees de tratados de direitos huma-nos em vigor para o Brasil
34 PROGRAMA ldquoJUSTICcedilA PLENArdquo IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS MEDIDAS DE GARANTIA E ACESSO Agrave JUSTICcedilAEacute importante destacar tambeacutem a criaccedilatildeo do programa ldquoJusticcedilaPlenardquo pelo CNJ34 como um passo importante em prol da imple-mentaccedilatildeo das medidas relacionadas ao acesso agrave justiccedila35 Ainda quenatildeo oficialmente vinculado agrave implementaccedilatildeo das decisotildees do SIDHna praacutetica o programa apresentou-se como uma boa possibilidadede monitoramento das accedilotildees judiciais que suscitaram os casos leva-dos ao sistema interamericano O programa ldquoJusticcedila Plenardquo surgiu em 2010 com o objetivo de
monitorar e aumentar a transparecircncia de ldquocasos de grande reper-cussatildeo socialrdquo Aqueles indicados pelas entidades participantes satildeoobjeto de relatoacuterios puacuteblicos que buscam apurar o andamento pro-cessual e possiacuteveis demoras injustificadas O programa tem o pontopositivo de trazer agrave visibilidade puacuteblica casos que do contraacuterio fica-riam limitados aos acircmbitos locais e por isso mais sensiacuteveis agravesdisputas de poder e agrave corrupccedilatildeo36
Entre as instituiccedilotildees participantes do programa do CNJ estaacute aSDH que passou a solicitar o acompanhamento das accedilotildees que em
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razatildeo do seu tracircmite demorado levaram ou poderiam levar a san-ccedilotildees pela Comissatildeo ou pela Corte IDH37 Ainda que houvesse jaacutecolaboraccedilatildeo entre o CNJ e a SDH anteriormente este oacutergatildeo pas-sou a contar com o programa como fator importante no diaacutelogocom o Poder Judiciaacuterio atenuando em parte o problema aponta-do anteriormente de dificuldade de convencimento dos atoresnecessaacuterios para a implementaccedilatildeo das medidas Verificou-se que a accedilatildeo civil e a accedilatildeo penal no caso Damiatildeo
Ximenes Lopes as accedilotildees no caso Escher e outros e as accedilotildees no casoGaribaldi por exemplo foram indicadas pela SDH para o pro-grama Atualmente qualquer pessoa pode verificar no sistema doprograma ldquoJusticcedila Plenardquo disponiacutevel na internet as informaccedilotildeesprestadas pelos Tribunais de Justiccedila do Cearaacute e do Paranaacute sobreos casos
4 TEMAS SUJEITOS E CONJUNTURA COMO EM CADA CASO A IMPLEMENTACcedilAtildeO FOI FAVORECIDA OU DIFICULTADA Como jaacute destacado no toacutepico 3 a estrutura de implementaccedilatildeo bra-sileira natildeo eacute fixada institucionalmente e os oacutergatildeos que cuidam delana praacutetica precisam a cada caso desenvolver um esforccedilo poliacutetico decooperaccedilatildeo com os oacutergatildeos locais diretamente relacionados agrave imple-mentaccedilatildeo das medidas especiacuteficas a cada uma das violaccedilotildees excetonos caso de pagamento de indenizaccedilotildees impostas pela Corte ou emtemas de competecircncia exclusivamente federal Assim a implemen-taccedilatildeo se torna dependente da vontade poliacutetica dos atores engajadosem posiccedilotildees relevantes nos oacutergatildeos centrais do Governo Federalencarregados da situaccedilatildeo (MRE SDH e AGU) bem como dos ato-res que ocupam cargos relevantes para uma concretizaccedilatildeo direta dasdecisotildees do SIDH como os membros legisladores promotorespuacuteblicos juiacutezes ou membros dos governos estaduais Neste toacutepico desenvolvemos as anaacutelises da implementaccedilatildeo das
recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees oriundas do SIDH levando em conta(i) a existecircncia de uma agenda poliacutetica puacuteblica em andamento aotempo da decisatildeo (ii) a dependecircncia de poderes autocircnomos comogovernos locais Ministeacuterio Puacuteblico e Judiciaacuterio (iii) violaccedilotildees quedecorrem de agendas poliacuteticas do Estado e (iv) dificuldades em dar
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impacto coletivo a decisotildees altamente individualizadas proferidaspela Corte ou pela Comissatildeo
41 QUANDO JAacute HAacute AGENDA DE POLIacuteTICA
PUacuteBLICA DO ESTADO BRASILEIRO
Alguns dos casos estudados trazem indiacutecios de que a existecircncia deagenda de poliacutetica puacuteblica estabelecida previamente agrave recomenda-ccedilatildeo ou condenaccedilatildeo do SIDH em qualquer dos niacuteveis federativosfacilitara sua implementaccedilatildeo O primeiro litiacutegio brasileiro na Corte Interamericana o caso
Damiatildeo Ximenes Lopes ilustra essa reflexatildeo Desde o momento do pro-cessamento do caso na Corte IDH ficou claro na defesa do Estadobrasileiro que havia uma poliacutetica de reforma do sistema psiquiaacutetricojaacute em andamento no momento em que aconteceu a morte da viacutetimaEacute mencionado nos depoimentos que o fechamento da Casa deRepouso dos Guararapes onde havia falecido Damiatildeo Ximenes foium marco que impulsionou essa reforma38
A Conferecircncia Nacional da Sauacutede Mental ocorrida em 1992 eacuteapontada como um dos marcos de reorientaccedilatildeo do tratamento psi-quiaacutetrico no Brasil39 A Lei federal n 102162001 pretendia trazeravanccedilos inaugurando a reforma psiquiaacutetrica no paiacutes Luiz OdoricoMonteiro de Andrade afirmou em seu depoimento que
A partir do dia 1ordm de janeiro de 1997 comeccedilaram uma seacuterie dereestruturaccedilotildees administrativas no acircmbito do Municiacutepio paraajustar as poliacuteticas do Sistema Uacutenico de Sauacutede em varias aacutereasNo final de 1998 jaacute havia um Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial(CAPS) que brinda atendimento ambulatorial e atenccedilatildeo diaacuteriaa pacientes com deficiecircncias mentais Esse sistema evoluiu e hoje jaacute existe o tratamento de pacientes com deficiecircnciasmentais agudas na aacuterea de sauacutede mental em hospital geralExiste tambeacutem um CAPS para transtornos na aacuterea geral e um para pessoas com problemas na aacuterea de alcoolismo edrogadiccedilatildeo Recentemente inaugurou-se um CAPS com onome do senhor Damiatildeo Ximenes Lopes para homenageaacute-lo40
Esse processo de mudanccedila nas poliacuteticas tambeacutem aparece nodepoimento de Pedro Gabriel Godinho Delgado entatildeo Coordenador
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Nacional do Programa de Sauacutede Mental do Ministeacuterio da SauacutedeSegundo Godinho ateacute entatildeo haviam sido tomadas vaacuterias medidas parafortalecer as redes extra-hospitalares Assim ainda que seja possiacutevel questionar o grau de efetividade
das poliacuteticas federais legisladas jaacute havia agrave eacutepoca da condenaccedilatildeo bra-sileira uma movimentaccedilatildeo a favor do sistema de tratamento mentalAteacute por isso parece ter sido empregada a expressatildeo ldquocontinuar adesenvolverrdquo no ponto de condenaccedilatildeo relacionado agrave implementaccedilatildeode medidas de melhoria do sistema psiquiaacutetrico Em seus relatoacuteriosde cumprimento de sentenccedila ateacute 2010 a Corte apontou para a neces-sidade do cumprimento desse ponto de sua condenaccedilatildeoHaacute indicaccedilotildees de que o descredenciamento da Casa de Repou-
so Guararapes em 2000 ocorreu por conta da repercussatildeo local damorte de Damiatildeo Ximenes Lopes41 Tambeacutem se desencadeou umprocesso mais acelerado de reforma no sistema psiquiaacutetrico da cida-de por conta da postura proativa de alguns gestores municipais42
A proacutepria condenaccedilatildeo do Brasil no Sistema Interamericano con-tudo teria contribuiacutedo mais ao aumento da publicidade do caso doque para reaccedilotildees diretas de implementaccedilatildeo Como na cidade jaacutehavia um processo de reforma do tratamento psiquiaacutetrico que veioa se mostrar bem-sucedido a condenaccedilatildeo do Brasil na Corte teriaservido mais para um reforccedilo do discurso mais amplo proacute-reformapsiquiaacutetrica do que para a efetiva implementaccedilatildeo da sentenccedila A condenaccedilatildeo tendo sido a primeira do Brasil no SIDH eacute um
marco no discurso da agenda antimanicomial utilizado natildeo soacutepela sociedade civil mas tambeacutem pelo Estado como incentivo dereforma em outras localidades Isso era especialmente importan-te no paiacutes jaacute que as mudanccedilas no sistema de sauacutede dependiammuito da vontade dos poderes locais43 que seriam mais facilmen-te convencidos de um possiacutevel perigo agrave imagem dos dirigentesna hipoacutetese de haver caso semelhante em sua regiatildeo44
Algo semelhante ocorreu no primeiro caso brasileiro de solu-ccedilatildeo amistosa o caso Joseacute Pereira Um fator importante do caso foia realizaccedilatildeo de uma visita in loco pela CIDH durante o periacuteodo emque o caso tramitava Essa visita ocorrida em novembro de 1995teve como um de seus objetos as denuacutencias de trabalho forccediladoespecialmente na regiatildeo sul do Paraacute local das violaccedilotildees que jaacutehaviam sido denunciadas na Comissatildeo De acordo com o relatoacuterio
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produzido apoacutes a visita a Comissatildeo constatou que agravequela eacutepocao Estado brasileiro jaacute havia desenvolvido uma seacuterie de poliacuteticasadministrativas legislativas e policiais voltadas ao combate e repres-satildeo do trabalho em condiccedilotildees anaacutelogas a de escravo45 Entretantoa CIDH recomendou o empenho e comprometimento do governovisando aprofundar e consolidar tais poliacuteticasUma vez alcanccedilado o acordo de soluccedilatildeo amistosa a CIDH pas-
sou a realizar o monitoramento de seu cumprimento em seusrelatoacuterios anuais Segundo o Relatoacuterio Anual de 2012 o acordoencontra-se apenas parcialmente cumpridoPrimeiramente observa-se que as medidas de reconhecimen-
to de responsabilidade e reparaccedilatildeo pecuniaacuteria foram cumpridas depronto A medida de julgamento dos responsaacuteveis permanece emaberto pois o processo se encontra suspenso Entretanto em rela-ccedilatildeo ao caso Joseacute Pereira as observaccedilotildees dos relatoacuterios anuais daCorte enfatizam as medidas legislativas e de fiscalizaccedilatildeo A partir de uma anaacutelise das poliacuteticas puacuteblicas elaboradas pelo
governo brasileiro e de seu esforccedilo para combater o trabalho for-ccedilado nota-se uma possiacutevel influecircncia do caso Joseacute Pereira Comoconsta em estudo da OIT46 antes do caso a entidade jaacute realizavaacompanhamento da situaccedilatildeo do trabalho escravo no paiacutes Segun-do seu estudo depois de 1995 houve uma mudanccedila expressiva noposicionamento do governo se em 1992 na Conferecircncia Inter-nacional do Trabalho o paiacutes negava a existecircncia de trabalhoescravo em 1995 passou a reconhecer oficialmente a existecircnciadessa praacutetica Em 27 de junho de 1995 por meio do Decreto Presidencial n
1538 foi criado o Grupo Executivo de Repressatildeo ao Trabalho For-ccedilado (Gertraf) com a finalidade de coordenar e implementar asprovidecircncias necessaacuterias agrave repressatildeo ao trabalho forccedilado No mesmoano foi criado o Grupo Especial de Fiscalizaccedilatildeo Moacutevel (GMF)composto de equipes de agentes treinados para realizar accedilotildees de fis-calizaccedilatildeo Posteriormente em marccedilo de 2003 foi estabelecido oPlano Nacional para Erradicaccedilatildeo do Trabalho Escravo Pouco depoisem julho foi criada a Comissatildeo Nacional de Erradicaccedilatildeo do Traba-lho Escravo (Conatrae) para acompanhar o cumprimento do planoCom tais iniciativas houve nesse periacuteodo um significativo aumen-to na qualidade dos trabalhos de combate ao trabalho escravo
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Aumentaram os nuacutemeros de operaccedilatildeo de resgate de trabalhadoresde denuacutencias e de trabalhadores resgatadosAo mesmo tempo em que se realizava esse esforccedilo intensivo em
relaccedilatildeo agraves poliacuteticas administrativas houve tambeacutem uma importantemudanccedila legislativa em dezembro de 2003 alterou-se o art 149 doCoacutedigo Penal brasileiro47 Com isso o crime de ldquoreduccedilatildeo agrave condi-ccedilatildeo anaacuteloga agrave de escravordquo tornou-se mais preciso e algumas causasde aumento da pena foram inseridas na codificaccedilatildeo penal brasileira Como fruto dessa intensificaccedilatildeo de poliacuteticas o Ministeacuterio do Tra-
balho e do Emprego tambeacutem se mostrou proativo Em outubro de2004 criou por meio da Portaria n 540 uma lista de nomes deempresas e pessoas autuadas por trabalho escravo Ao entrar na ldquolistasujardquo a pessoa perde o direito a financiamentos puacuteblicos e priva-dos Aleacutem disso houve grande mobilizaccedilatildeo do setor empresarialsendo que mais de 200 grupos formaram um pacto de natildeo realiza-ccedilatildeo de negoacutecios com nomes da lista Mais recentemente em 2008 foi criado o Segundo Plano Nacio-
nal para Erradicaccedilatildeo do Trabalho Escravo que tem tambeacutem comoenfoque a reinserccedilatildeo dos trabalhadores e a prevenccedilatildeo do trabalhoescravo Em 2012 foi aprovada na Cacircmara dos Deputados a possi-bilidade de expropriaccedilatildeo de terras em estabelecimentos onde forconstatada exploraccedilatildeo de matildeo de obra escrava48
Esta trajetoacuteria da implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadasao combate ao trabalho escravo no Brasil eacute representativa do saltoqualitativo da repressatildeo ao trabalho escravo em comparaccedilatildeo agrave daeacutepoca em que ocorreu o caso Mesmo que natildeo seja possiacutevel esta-belecer uma relaccedilatildeo direta de causalidade entre o caso Joseacute Pereirae as poliacuteticas puacuteblicas posteriores tal caso foi citado pelos atoresinteressados como um exemplo para reforccedilar a necessidade de com-bater o problema com mais intensidade49
O caso Maria da Penha tambeacutem encontrou no paiacutes um contex-to de implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas jaacute existentes afinal oBrasil jaacute havia sido reconhecido pela proacutepria Comissatildeo Interame-ricana de Direitos Humanos como um paiacutes que estava na vanguardada resoluccedilatildeo do problema de tratamento discriminatoacuterio contra asmulheres a partir da deacutecada de 1980 Destacaram-se por exemploa criaccedilatildeo do Conselho Estadual sobre a Condiccedilatildeo da Mulher emSatildeo Paulo (1983) a criaccedilatildeo do Conselho Nacional dos Direitos da
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Mulher subordinado ao Ministeacuterio da Justiccedila da Presidecircncia (1985)a incorporaccedilatildeo do combate a esse tipo de violecircncia na ConstituiccedilatildeoBrasileira de 198850 e a criaccedilatildeo das delegacias da mulher de abrigospara mulheres e do ldquoPrograma nacional para prevenir e combater aviolecircncia sexual e domeacutesticardquo (1996)51
Contudo embora a Comissatildeo tenha salientado avanccedilos significa-tivos no tema tambeacutem alertou para as dificuldades tais como acobertura insuficiente dos programas e a impunidade dos agressoresque eram denunciados Em 1999 a entidade analisou o cumprimen-to das recomendaccedilotildees feitas no relatoacuterio anterior e pouco disse sobreos avanccedilos na questatildeo das discriminaccedilotildees contra as mulheres52 Pos-teriormente ao apresentar suas recomendaccedilotildees no caso Maria daPenha considerou os avanccedilos insuficientes para afastar uma conde-naccedilatildeo do paiacutes pelo tratamento discriminatoacuterio das mulheresSob a perspectiva da Comissatildeo entatildeo as recomendaccedilotildees serviram
para tentar suprir as deficiecircncias nas poliacuteticas puacuteblicas brasileiras eafirmar a legislaccedilatildeo internacional sobre o tema das mulheres espe-cialmente a Convenccedilatildeo para prevenir punir e erradicar a violecircnciacontra as mulheres (Convenccedilatildeo de Beleacutem do Paraacute) Essa intenccedilatildeofoi evidenciada por meio de sucessivos relatoacuterios anuais especial-mente entre 2008 e 2011 nos quais a entidade reconheceu osavanccedilos obtidos pelo paiacutes mas destacou a necessidade de desenvol-vimento das poliacuteticas para que se desse integral cumprimento aoponto resolutivo53
Sob a perspectiva dos peticionaacuterios houve ainda outra preocu-paccedilatildeo A articulaccedilatildeo entre os movimentos feministas brasileiros e oCEJIL foi essencial para levar ao SIDH um pleito bastante especiacutefi-co a reforma na legislaccedilatildeo de enfrentamento da violecircncia domeacutesticabrasileira em razatildeo da sua incompatibilidade com a Convenccedilatildeo deBeleacutem do Paraacute54
Em 2002 jaacute era visiacutevel a mobilizaccedilatildeo das organizaccedilotildees natildeogovernamentais para que fosse editada uma lei especiacutefica para com-bater a violecircncia domeacutestica contra as mulheres sendo constituiacutedoinclusive um consoacutercio dessas ONGs55 Para as organizaccedilotildees osproblemas eram principalmente o tratamento da violecircncia domeacutes-tica como crime menos ofensivo e a impunidade dos agressoresque processados natildeo podiam ser presos e recebiam puniccedilotildees muitobrandas como pagamento de cestas baacutesicas agrave viacutetima56 O pleito
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direcionava-se contra a lei que vigorava naquele momento (Leifederal n 909995) que por incidir sobre a violecircncia domeacutesti-ca (art 69 paraacutegrafo uacutenico) aplicava-lhe uma seacuterie de soluccedilotildeesalternativas tais como pagamento de indenizaccedilatildeo suspensatildeo doprocesso e imposiccedilatildeo de penas alternativasO impacto da decisatildeo contudo natildeo foi o esperado em um pri-
meiro momento Houve a necessidade de gerar uma estrateacutegia detrabalho com linhas definidas (a) ministrar o timing na negocia-ccedilatildeo com o Estado e (b) fortalecer a decisatildeo do caso com difusatildeoe reforccedilo de articulaccedilotildees com os novos atores do movimento dasmulheres (natildeo participantes do litiacutegio) a abertura do caso paraos conselhos de advocacia regionais e aumento da empatia como caso57
As entidades encontraram um interlocutor proeminente nogoverno quando ainda em 2003 o oacutergatildeo responsaacutevel pelas poliacuteti-cas puacuteblicas em favor das mulheres no niacutevel federal (ConselhoNacional dos Direitos da Mulher) desvinculou-se do Ministeacuterio daJusticcedila e ganhou status de ministeacuterio criando-se a Secretaria espe-cial de poliacuteticas para mulheres Haacute indicaccedilotildees de que a elevaccedilatildeo dopatamar do oacutergatildeo ao niacutevel ministerial foi um importante avanccedilo paraque ele pudesse articular mais facilmente as poliacuteticas de gecircnero comoutros ministeacuterios e outros Poderes58
Em 2004 foi instituiacutedo o ldquoGrupo de Trabalho Interministerialpara elaborar proposta de medida legislativa e outros instrumen-tos para coibir a violecircncia domeacutestica contra a mulherrdquo por meiodo Decreto federal n 50302004 coordenado exatamente pelaSecretaria (art 2ordm I a) O consoacutercio de ONGs apresentou noacircmbito do Grupo sua proacutepria proposta legislativa jaacute bastanteamadurecida pelas discussotildees anteriores59
Novamente poreacutem os resultados natildeo foram os esperados NaExposiccedilatildeo de Motivos do Projeto de Lei n 45552004 a Secretaacuteriade Poliacuteticas para Mulheres Nilceacutea Freire salientou a participaccedilatildeo doconsoacutercio feminista os instrumentos internacionais para a proteccedilatildeodas mulheres e no que importa a este trabalho as recomendaccedilotildeesno caso Maria da Penha60 No entanto o principal pleito dos movi-mentos feministas natildeo foi atendido e o projeto natildeo contemplou umprocedimento especiacutefico para punir a violecircncia domeacutestica contraas mulheres
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As ONGs entatildeo negociaram apoio da Relatora do projeto emuma das comissotildees da Cacircmara dos Deputados Deputada JandiraFeghali para que o tema fosse amplamente debatido Apoacutes muitasaudiecircncias no paiacutes inteiro a deputada apresentou novo projeto queacolhia integralmente aquilo que as ONGs haviam apresentado em200361 Os parlamentares concluiacuteram o processo legislativo coma ediccedilatildeo da Lei federal n 113402006 que foi aprovada com inte-gral aceitaccedilatildeo pela Secretaria de Poliacuteticas para as Mulheres O fatode essa lei ser conhecida como ldquoLei Maria da Penhardquo evoca natildeoapenas a decisatildeo da CIDH como tambeacutem todo o histoacuterico do casoenvolvendo a senhora Maria da Penha62
Ainda que natildeo seja possiacutevel a relaccedilatildeo de causalidade direta natildeohaacute como negar que a partir do caso poliacuteticas mais efetivas passa-ram a ser implementadas como a criaccedilatildeo de delegacias abrigospara mulheres e planos nacionais a articulaccedilatildeo da Secretaria comos Conselhos Estaduais principalmente a partir de 2006 a submis-satildeo do relatoacuterio brasileiro ao Comitecirc Cedaw da ONU em 2003bem como finalmente as proacuteprias recomendaccedilotildees da OEA63
Assim o caso Maria da Penha inseriu-se no contexto brasileirode duas maneiras De um lado somou-se agraves poliacuteticas puacuteblicas jaacute exis-tentes impulsionando a adoccedilatildeo de novos programas de outro foiuma manifestaccedilatildeo importante a favor do pleito dos movimentosfeministas brasileiros por uma legislaccedilatildeo especiacutefica para o tema Por fim no caso Julia Gomes Lund algumas determinaccedilotildees da
Corte IDH tambeacutem jaacute estavam em pauta no cenaacuterio nacional Den-tre elas estatildeo as relacionadas agrave exigecircncia de medidas que garantamo direito agrave memoacuteria e agrave verdade com vistas a investigar o passadode modo a descobrir sua verdade e conseguir o reconhecimentooficial de seus acontecimentos64
De fato o Estado brasileiro embora tenha sido o protagonistadas violaccedilotildees de Direitos Humanos ocorridas durante o periacuteodode vigecircncia do regime de 1964 tem adotado algumas accedilotildees parazelar pelo direito agrave memoacuteria e agrave verdade Entre elas vale citar porexemplo a aprovaccedilatildeo da Lei federal n 9140 de 4 de dezembrode 1995 que reconheceu a responsabilidade do Estado brasileiropela morte de opositores ao regime de 1964 Essa Lei criou umaComissatildeo Especial que posteriormente foi denominada ComissatildeoEspecial sobre Mortos e Desaparecidos Poliacuteticos65 com atribuiccedilotildees
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que vatildeo desde o reconhecimento de pessoas desaparecidas ateacute odeferimento de pedidos de indenizaccedilatildeo das famiacutelias das viacutetimas ea reuniatildeo de esforccedilos para a localizaccedilatildeo dos corpos de pessoasdesaparecidas no caso de existecircncia de indiacutecios quanto ao local emque possam estar depositadosAleacutem disso foi criada uma Comissatildeo Interministerial com a
finalidade de obter informaccedilotildees que levassem agrave localizaccedilatildeo dosrestos mortais de participantes da ldquoGuerrilha do Araguaiardquo Areferida Comissatildeo foi instituiacuteda pela Uniatildeo por meio do Decre-to Presidencial n 4850 de 2 de outubro de 2003 e encerrou assuas atividades com relatoacuterio final divulgado em marccedilo de 2007Com o mesmo intuito em abril de 2009 foi criado pelo Minis-teacuterio da Defesa um Grupo de Trabalho para realizaccedilatildeo de buscasde restos mortais na regiatildeo do Araguaia Diferentemente daComissatildeo Interministerial de 2003 representantes dos familiaresde mortos e desaparecidos poliacuteticos acompanharam e orientaramos trabalhos de buscas mas a accedilatildeo foi infrutiacutefera pois natildeo foramencontrados restos mortais na regiatildeoAinda com o objetivo de divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees a respeito
da ldquoGuerrilha do Araguaiardquo foi lanccedilado em maio de 2009 o arqui-vo Memoacuterias Reveladas sob a responsabilidade da Casa Civil Essearquivo conecta digitalmente o acervo recolhido ao Arquivo Nacio-nal com vaacuterios outros arquivos federais sobre a repressatildeo poliacuteticae com arquivos estaduais de 15 unidades da federaccedilatildeo resultandoem mais de 5 milhotildees de paacuteginas de documentos66
Dentre as accedilotildees destinadas a garantir o direito agrave memoacuteria e agraveverdade e promover a reconciliaccedilatildeo nacional destaca-se a insta-laccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade responsaacutevel por examinar eesclarecer as violaccedilotildees de direitos humanos ocorridas entre 1946e 1988 no BrasilA Comissatildeo Nacional da Verdade (CNV) foi criada pela Lei fede-
ral n 12528 de 18 de novembro de 2011 O fato de esta lei tersido promulgada depois da sentenccedila da Corte IDH natildeo significanecessariamente que a resoluccedilatildeo do caso no SIDH foi determinan-te para a implementaccedilatildeo da CNV O processo de constituiccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade teve
iniacutecio em 2002 quando da elaboraccedilatildeo da segunda versatildeo do Pro-grama Nacional de Direitos Humanos (PNDH-2) No programa
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foram apresentados os objetivos as diretrizes e as accedilotildees do Esta-do para lidar com a temaacutetica dos direitos humanos e a criaccedilatildeoda Comissatildeo Nacional da Verdade jaacute era uma demanda existentenaquela eacutepoca67
Apoacutes avanccedilos na definiccedilatildeo da estrutura de funcionamento daComissatildeo da Verdade uma das diretrizes da terceira versatildeo doPNDH (PNDH-3) lanccedilada em 2010 foi a criaccedilatildeo de uma CNV Oprimeiro objetivo estrateacutegico definido no eixo intitulado ldquodireitoagrave memoacuteria e agrave verdaderdquo determinou que o Estado devesse promo-ver a apuraccedilatildeo e o esclarecimento puacuteblico das violaccedilotildees de DireitosHumanos praticadas no contexto da repressatildeo poliacutetica ocorridano Brasil a partir de 194668 a fim de efetivar o direito agrave memoacute-ria e agrave verdade histoacuterica e promover a reconciliaccedilatildeo nacional Paraa consecuccedilatildeo deste objetivo o PNDH-3 designou um Grupo deTrabalho composto de representantes da Casa Civil do Ministeacute-rio da Justiccedila do Ministeacuterio da Defesa e da Secretaria Especial dosDireitos Humanos da Presidecircncia da Repuacuteblica para elaborar ateacuteabril de 2010 projeto de lei que instituiacutesse a Comissatildeo Nacionalda Verdade69
O PNDH-3 jaacute estabelecia algumas possiacuteveis atribuiccedilotildees da CNVtais como a promoccedilatildeo com base em seus informes da reconstru-ccedilatildeo da histoacuteria dos casos de violaccedilatildeo de direitos humanos bemcomo a assistecircncia agraves viacutetimas de tais violaccedilotildees a promoccedilatildeo dosmeios e recursos necessaacuterios para a localizaccedilatildeo e identificaccedilatildeo decorpos e restos mortais de desaparecidos poliacuteticos a identificaccedilatildeoe publicizaccedilatildeo das estruturas utilizadas para a praacutetica de violaccedilotildeesde direitos humanos suas ramificaccedilotildees nos diversos aparelhos deEstado e em outras instacircncias da sociedade entre outrasNota-se portanto que as discussotildees acerca da criaccedilatildeo de uma
Comissatildeo da Verdade jaacute estavam avanccediladas e bem estruturadas noiniacutecio do ano de 2010 10 meses antes da publicaccedilatildeo da sentenccedilada Corte IDH ndash o que mostra a existecircncia de uma agenda estatalque jaacute estava preocupada com a instalaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo comoa atual CNVCorrobora esse argumento o comentaacuterio de um dos integran-
tes desse Grupo de Trabalho e atual membro da CNV que revelouque em nenhuma das reuniotildees do Grupo foi feita menccedilatildeo agrave sen-tenccedila da Corte IDH Tal afirmaccedilatildeo mostra entatildeo que a sentenccedila
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da Corte IDH natildeo impactou a constituiccedilatildeo da CNV no Brasil tendoem vista jaacute existir uma agenda estatal voltada para a criaccedilatildeo dessaComissatildeo a qual jaacute estaacute em plena atividade70
Assim diante do fato de que accedilotildees de estabelecimento de umaComissatildeo da Verdade tiveram iniacutecio antes de novembro de 2010data da sentenccedila da Corte IDH restou-lhe apenas reconhecer evalorizar a importacircncia da iniciativa do Estado Brasileiro em criara CNV destinada a contribuir para ldquoa construccedilatildeo e preservaccedilatildeo damemoacuteria histoacuterica o esclarecimento de fatos e a determinaccedilatildeo deresponsabilidades institucionais sociais e poliacuteticas em determina-dos periacuteodos histoacutericos de uma sociedaderdquo71
Entretanto a principal reivindicaccedilatildeo do SIDH ao Brasil eacute rejei-tada com veemecircncia pelo Estado a revogaccedilatildeo da Lei de AnistiaTrata-se de situaccedilatildeo em que a violaccedilatildeo decorre de uma poliacuteticade Estado defendida na esfera das razotildees puacuteblicas conforme indi-cado no proacuteximo toacutepico
42 QUANDO O ESTADO BRASILEIRO PROMOVE
E APOIA O ATO QUE GERA A VIOLACcedilAtildeO
Uma situaccedilatildeo bastante peculiar e que merece uma anaacutelise distin-ta eacute aquela na qual a violaccedilatildeo condenada pelo SIDH consiste emuma poliacutetica endossada publicamente pelo Estado No caso JuliaGomes Lund a manutenccedilatildeo da Lei de Anistia de constitucionali-dade confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ampara-seem um discurso de reconciliaccedilatildeo nacional e superaccedilatildeo do periacuteo-do ditatorial No caso Belo Monte a criaccedilatildeo de usinas hidreleacutetricasem terras indiacutegenas na regiatildeo amazocircnica integra projetos do Esta-do Brasileiro a partir da deacutecada de 1970 No caso Julia Gomes Lund o Brasil foi responsabilizado pela
manutenccedilatildeo de uma Lei de Anistia que impede a investigaccedilatildeo e acondenaccedilatildeo de agentes que realizaram crimes contra a humanida-de durante o periacuteodo da ditadura militar O governo contudodefende ateacute hoje a validade dessa norma aprovada durante o fimdo periacuteodo ditatorial A Lei federal n 6683 de 28 de agosto de 1979 (ldquoLei de Anistiardquo)
concedia anistia ampla e irrestrita a todos aqueles que cometeramdurante o periacuteodo de 2 de setembro de 1961 a 15 de agosto de1979 crimes natildeo soacute poliacuteticos mas tambeacutem de qualquer natureza
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considerados conexos aos crimes poliacuteticos (inclusive o de torturae assassinato de opositores do regime governamental vigente naque-le momento)A constitucionalidade desta lei foi questionada no STF pela
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) requerendo que a lei fosserevisada uma vez que ela excluiacutea a possibilidade de investigar e puniros responsaacuteveis pelos crimes cometidos durante o regime militar Oobjetivo da accedilatildeo portanto era assegurar que o dever do Estado deinvestigar e punir os responsaacuteveis pelas violaccedilotildees de Direitos Huma-nos fosse cumprido de modo a evitar a impunidade e prevenir aocorrecircncia de novas violaccedilotildees O STF no entanto julgou a accedilatildeoimprocedente e com isso declarou vaacutelida a Lei da Anistia do modocomo foi editada em 1979 Por sete votos a dois os ministros deci-diram que o perdatildeo foi parte de um acordo feito pela sociedade naeacutepoca e valeu tambeacutem para os agentes estatais responsaacuteveis por assas-sinatos sequestros e torturas contra opositores da ditadura militar(1964-1985) Desse modo a anistia aos torturadores foi mais uma vezreiterada por um dos poderes do Estado neste caso o JudiciaacuterioEssa situaccedilatildeo juriacutedica portanto afeta a concretizaccedilatildeo de alguns
pontos resolutivos da sentenccedila da Corte IDH em especial aqueleque estabelece que ldquoO Estado deve conduzir eficazmente perantea jurisdiccedilatildeo ordinaacuteria a investigaccedilatildeo penal dos fatos do presentecaso a fim de esclarececirc-los determinar as correspondentes respon-sabilidades penais e aplicar efetivamente as sanccedilotildees e consequecircnciasque a lei preveja []rdquoTodavia o Ministeacuterio Puacuteblico Federal tem adotado posiciona-
mento de que natildeo haacute real conflito entre a ADPF 153 e a sentenccedilade Julia Gomes Lund com base no argumento de que as decisotildeespodem ser compatibilizadas a partir da necessidade de realizaccedilatildeo deduplo controle das normas de direitos humanos o de constitucio-nalidade no acircmbito interno e o de convencionalidade no acircmbitointernacional Diante disso o MPF afirma que no caso da Anistia alei natildeo passou em um dos testes (de convencionalidade) devendoassim ser rejeitada como causa de exclusatildeo de punibilidadeDe toda forma as dificuldades da implementaccedilatildeo da sentenccedila
pelo Estado persistem Diante desses obstaacuteculos o MPF tomou a ini-ciativa de assumir o papel de realizador de um dos componentes dajusticcedila de transiccedilatildeo abrindo-se um novo canal de concretizaccedilatildeo da
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justiccedila de transiccedilatildeo no Brasil Isso se deu por meio dos esforccedilosempreendidos para realizar a persecuccedilatildeo penal contra as violaccedilotildeesaos direitos humanos cometidas por agentes do Estado no periacuteododa ditadura A atuaccedilatildeo do MPF contra os crimes ocorridos nessaeacutepoca estaacute detalhada no relatoacuterio divulgado pela 2ordf Cacircmara deCoordenaccedilatildeo e Revisatildeo do MPF72 De acordo com esse relatoacuterio oMPF instaurou 170 investigaccedilotildees criminais dirigidas agrave apuraccedilatildeo doscrimes de sequestro homiciacutedio e ocultaccedilatildeo de cadaacutever Aleacutem dissoforam ajuizadas quatro accedilotildees penais para puniccedilatildeo dos responsaacuteveisNo que diz respeito agrave implementaccedilatildeo da sentenccedila da Corte
IDH no caso Julia Gomes Lund afirma-se no relatoacuterio que
o GTJT entende que as accedilotildees penais e as investigaccedilotildeesinstauradas datildeo parcial cumprimento agrave obrigaccedilatildeo estabelecidano ponto resolutivo 9 da sentenccedila do caso Gomes Lundconsistente no dever do Estado brasileiro de promover a persecuccedilatildeo penal das graves violaccedilotildees a DH cometidasdurante o regime militar O GTJT tambeacutem entende que ainstauraccedilatildeo de investigaccedilotildees formais eacute um dever do Estadobrasileiro para com as viacutetimas dessas violaccedilotildees e a seusfamiliares os quais reivindicam haacute quatro deacutecadasprovidecircncias do Estado em relaccedilatildeo agrave apuraccedilatildeo do queocorreu com seus proacuteximos73
No caso Belo Monte pode-se identificar possiacuteveis violaccedilotildees a direi-tos humanos cometidas pelo proacuteprio Estado dessa vez dentro de suaagenda de desenvolvimento Trata-se de um caso bastante complexoe polecircmico uma vez que provocou e continua provocando episoacutediosde embate entre os povos indiacutegenas afetados pela construccedilatildeo da hidre-leacutetrica de Belo Monte e as autoridades estataisA tensatildeo entre os indiacutegenas e o governo iniciou-se na deacutecada
de 1970 com o primeiro estudo sobre o potencial hidreleacutetrico dorio Xingu encomendado ao Consoacutercio Nacional de EngenheirosConsultores SA pela Eletronorte Em 1979 o Consoacutercio concluiuo estudo afirmando que o ldquoaproveitamento oacutetimordquo daquela baciahidrograacutefica dependia de um conjunto de seis barragens das quaiscinco situadas no rio Xingu e uma no Rio Irir i Dentre outrasconsequecircncias o Complexo Hidreleacutetrico do Xingu atingiria 40
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povos indiacutegenas desde a Terra Indiacutegena (TI) Paquiccedilamba na VoltaGrande do Xingu (Estado do Paraacute) ateacute o Parque Indiacutegena do Xinguno estado do Mato Grosso74
Durante a deacutecada de 1980 foram realizados os estudos de viabili-dade do Complexo (de) Altamira ndash projeto que envolvia a construccedilatildeodas mega-hidreleacutetricas Kararaocirc e Babaquara Somadas as represasdessas usinas alagariam uma aacuterea de 7000 km2 aproximadamenteDentre outras consequecircncias ao menos seis TIs seriam completa-mente alagadas (Koatinemo Araweteacute do Ipixuna Kararaocirc AraraArara da Volta Grande do Xingu Trincheira-Bacajaacute) e a TI Paqui-ccedilamba seria ilhada75 Em marccedilo de 1988 o Departamento Nacionalde Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) aprovou o Relatoacuterio final dosestudos de inventaacuterio 76 e a Eletronorte anunciou o projeto77
Nesse mesmo ano poreacutem irrompeu um forte movimento con-traacuterio ao Complexo (de) Altamira Indiacutegenas intelectuais e ativistasinternacionalizaram o conflito ao promoverem audiecircncias comONGs e com o Banco Mundial aleacutem disso o ldquoI Encontro dos PovosIndiacutegenas do Xingurdquo deu forte repercussatildeo ao caso78 Como con-sequecircncia o Banco Mundial retirou o financiamento previsto79 eo custo poliacutetico-social da obra tornou-se demasiado para a recen-te democracia brasileira O projeto do Complexo de Altamira foientatildeo arquivado
Poreacutem na deacutecada de 1990 surge o projeto do Aproveitamen-to Hidreleacutetr ico Belo Monte uma versatildeo reformulada do projetoanterior
Uma seacuterie de irregularidades na conduccedilatildeo do projeto motivouo Ministeacuterio Puacuteblico Federal do Paraacute (MPF) a mover uma accedilatildeo civilpuacuteblica (ACP 20013900005867-6 5850-7320014013900)80
contra a Eletronorte (empresa responsaacutevel pelo empreendimento)Ao final de 2002 o STF confirmou a decisatildeo liminar de primeirainstacircncia que suspendia o processo de licenciamento da obra81
Aleacutem de reconhecer irregularidades na licitaccedilatildeo e no licenciamen-to do Aproveitamento Hidreleacutetrico Belo Monte o STF confirmoua necessidade da autorizaccedilatildeo do Congresso Nacional precedida daoitiva dos povos indiacutegenas afetados para que o empreendimentopudesse ser executado82
Em 2005 poreacutem o projeto eacute relanccedilado Para resolver os proble-mas reconhecidos anos antes pelo STF o licenciamento ambiental
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da obra passa a ser feito pelo Ibama83 Aleacutem disso o deputado fede-ral Fernando Ferro (do mesmo partido do governo federal)84
apresenta ao Congresso Nacional uma proposta de autorizaccedilatildeo parao Poder Executivo implantar o Aproveitamento Hidreleacutetrico BeloMonte85 Em tempo recorde a proposta foi aprovada e publicada naforma do Decreto Legislativo n 788200586
Ainda em 2005 o MPF em conjunto com a sociedade civil impe-trou accedilatildeo direta de inconstitucionalidade contra tal DecretoLegislativo (DL) com fundamento na falta de consulta agraves comuni-dades indiacutegenas Com base em um argumento processual o STF natildeoconheceu a accedilatildeo87
Em 2006 o MPF propocircs uma nova accedilatildeo civil puacuteblica cujo obje-tivo era ldquoobstar o processo de licenciamento no Ibamardquo e anular oDL88 Essa accedilatildeo gerou cinco decisotildees em primeiro grau em um pri-meiro momento o licenciamento foi paralisado e o DL foi declaradoinvaacutelido depois de algumas inversotildees de entendimento em duasinstacircncias em 2007 o STF liberou o licenciamento e declarou avalidade do DL (essa decisatildeo seraacute explorada mais adiante)89
Entre 2007 e 2010 o MPF promoveu seis accedilotildees (quatro accedilotildees civispuacuteblicas e duas accedilotildees de improbidade)90 referentes a irregularidadesno processo de licenciamento do Aproveitamento Hidreleacutetrico BeloMonte Mesmo assim no dia 1ordm de fevereiro de 2010 o Ibama con-cedeu a licenccedila preacutevia para a construccedilatildeo do empreendimento Apesar de natildeo cumprida boa parte das condicionantes constan-
tes da licenccedila preacutevia em 26 de janeiro de 2011 o Ibama concedelicenccedila parcial de instalaccedilatildeo com a qual o Consoacutercio Norte Energiaestaria habilitado para a construccedilatildeo do canteiro de obras de BeloMonte No dia seguinte o MPF propotildee ainda uma nova accedilatildeo civilpuacuteblica para suspender a licenccedila sem sucesso91
Entatildeo em 1ordm de abril de 2011 a CIDH outorgou medida cau-telar em favor dos povos indiacutegenas da Volta Grande do Xinguem resultado de provocaccedilatildeo por um grande nuacutemero de membrosda sociedade civil organizada no ano anterior A Comissatildeo soli-citou ao Governo Brasileiro a suspensatildeo imediata do processode licenciamento de Belo Monte e o impedimento da realiza-ccedilatildeo da obra ateacute que fossem satisfeitas trecircs condiccedilotildees os povosindiacutegenas deveriam ser consultados sobre o empreendimento ospovos indiacutegenas deveriam ter acesso ao EIARIMA antes de dita
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consulta preacutevia e medidas de proteccedilatildeo aos povos indiacutegenasdeveriam ser adotadasPosteriormente com base nas informaccedilotildees enviadas pelo Estado
brasileiro e pelos peticionaacuterios a CIDH modificou o teor da medi-da e solicitou (i) a adoccedilatildeo de medidas para a proteccedilatildeo da sauacutede e dacultura dos povos indiacutegenas isolados e a elaboraccedilatildeo e implementa-ccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo dos efeitos da construccedilatildeo do AproveitamentoHidreleacutetrico Belo Monte (ii) a adoccedilatildeo de medidas de proteccedilatildeo agravesauacutede das comunidades indiacutegenas do Xingu que incluiacutessem (a) oPrograma Integrado de Sauacutede Indiacutegena e (b) a implementaccedilatildeo dosprogramas requeridos pela Funai (PT 2109)92 (iii) a demarcaccedilatildeo dasterras ancestrais dos povos indiacutegenas da regiatildeo e proteccedilatildeo destas con-tra invasotildees e ocupaccedilotildees por natildeo indiacutegenas A solicitaccedilatildeo anterior deldquoconsulta preacuteviardquo por sua vez foi transformada em discussatildeo de meacuteri-to transcendendo o acircmbito da MC 38210A medida cautelar foi recebida de maneira diversa por trecircs ato-
res diferentes A primeira manifestaccedilatildeo do Brasil em relaccedilatildeo agrave medidacautelar ocorreu no dia 5 de abril de 2011 em nota puacuteblica divul-gada pelo Itamaraty que expressava perplexidade em relaccedilatildeo ao teordas solicitaccedilotildees da CIDH consideradas precipitadas e injustificadas93
Reforccedilando essa posiccedilatildeo no dia 1ordm de junho o Ibama concedeu alicenccedila definitiva94Aleacutem disso em 27 de outubro de 2011 o Gover-no brasileiro deixou de comparecer agrave audiecircncia marcada pela CIDHpara discussatildeo da medida cautelar95 Em janeiro de 2012 iniciaram-se as obras do Aproveitamento Hidreleacutetrico Belo Monte96
Em relaccedilatildeo aos movimentos sociais entre os meses de maio eoutubro de 2011 foram feitas manifestaccedilotildees puacuteblicas em apoio agravemedida cautelar que foram noticiadas amplamente nas miacutediassociais A Comissatildeo de Direitos Humanos da Cacircmara Federal aPlataforma Brasileira de Direitos Humanos Econocircmicos SociaisCulturais e Ambientais (Plataforma Dhesca) a Anistia Internacio-nal organizaccedilotildees latino-americanas e cerca de 90 organizaccedilotildeesnacionais e internacionais expressaram apoio agraves recomendaccedilotildees daCIDH e condenaram a postura assumida pelo Estado brasileiroFinalmente em relaccedilatildeo ao MPF a medida cautelar outorgada
pela Comissatildeo pareceu respaldar a posiccedilatildeo dos membros da ins-tituiccedilatildeo contra possiacuteveis irregularidades Ainda que natildeo tenha sidoutilizada a medida em si como um fator inibidor da construccedilatildeo
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da usina accedilotildees posteriores promovidas pelo oacutergatildeo sugerem quea medida proporcionou um novo argumento juriacutedico para a atua-ccedilatildeo dos procuradores federais97
Para uma compreensatildeo mais profunda do impacto dessa medidacautelar eacute preciso considerar a dimensatildeo poliacutetica do Aproveitamen-to Hidreleacutetrico Belo Monte De certo modo eacute possiacutevel dizer que adecisatildeo do STF de 2007 revelou o espaccedilo ocupado pelo projetoBelo Monte no conjunto de interesses do Estado brasileiro Isso por-que segundo a Ministra Relatora Ellen Gracie agrave eacutepoca Presidentedaquele Tribunal Belo Monte seria parte essencial da poliacutetica ener-geacutetica nacional e estaria inserida no cronograma governamental deplanejamento estrateacutegico do setor eleacutetrico a sua inviabilizaccedilatildeo por-tanto comprometeria dito planejamento 98
O atual interesse do Estado brasileiro no potencial hidreleacutetricoda Amazocircnia tem raiacutezes histoacutericas e funccedilatildeo estrateacutegica Em meadosda deacutecada 1980 o ldquoPlano Nacional de Energia Eleacutetrica 19872010rdquo99
jaacute afirmava ldquoo aproveitamento do rio Xingu se constituiraacute possi-velmente no maior projeto nacional no final deste seacuteculo e comeccedilodo proacuteximordquo De acordo com esse Plano 175 usinas hidreleacutetricasdeveriam ser construiacutedas ateacute o ano de 2010 no Brasil ndash 40 na Ama-zocircnia Legal100
Posteriormente o Plano Nacional de Energia 2030 elaborado em2007 constatou que a maior parte da energia eleacutetrica produzida noBrasil eacute proveniente de usinas hidreleacutetricas em 2005 a energiahidreleacutetrica equivalia a 75 da ldquopotecircncia instaladardquo e gerou 93 daenergia requerida pelo Sistema Interligado Nacional A bacia doAmazonas por sua vez eacute considerada o maior potencial hidreleacutetri-co brasileiro101
Talvez por isso a construccedilatildeo de Belo Monte passou a ser con-siderada a principal obra do Programa de Aceleraccedilatildeo do Crescimento(PAC)102 lanccedilado em 2007 pelo Governo Federal De acordo como ex-Ministro do Meio Ambiente Carlos Minc Belo Monte era ldquoamaior obra do PAC a mais polecircmica e a terceira hidreleacutetrica domundordquo103 Na lista das 10 obras mais importantes do Programade Aceleraccedilatildeo do Crescimento 2 (PAC 2) figuram trecircs usinas hidre-leacutetricas todas situadas na regiatildeo Norte do paiacutes104 e Belo Monteeacute ldquoo principal projeto energeacutetico [] e uma das grandes priori-dades do programardquo105
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Em uma perspectiva poliacutetica o intervalo desde as primeirasmovimentaccedilotildees de criaccedilatildeo do projeto ateacute hoje (1975-2013) foi umperiacuteodo de intensas transformaccedilotildees Aleacutem da transiccedilatildeo do regimemilitar para o regime constitucional-democraacutetico o Brasil teve seiseleiccedilotildees presidenciais diretas106 oito Presidentes da Repuacuteblica107 evivenciou o processo de impeachment do Presidente Fernando Col-lor (1992)108 Apesar disso o interesse estatal de exploraccedilatildeo dopotencial energeacutetico do rio Xingu permaneceu inalterado O que os fatos indicam eacute que o projeto de construccedilatildeo do Apro-
veitamento Hidreleacutetrico Belo Monte natildeo eacute fruto da vontade de umgoverno ou de um governante especiacutefico apenas mas que tal pro-jeto eacute antes resultado de um interesse de Estado ndash um interesseque se poderia considerar suprapartidaacuterio enraizado e imbricadonas mais profundas concepccedilotildees sobre desenvolvimento do paiacutes Por essa perspectiva o conflito de Belo Monte ganha uma
dimensatildeo poliacutetica complexa Isso porque a ameaccedila ldquoagrave vida e agrave inte-gridade pessoal dos membrosrdquo109 das Comunidades Indiacutegenas daBacia do rio Xingu decorrente da possiacutevel construccedilatildeo de BeloMonte eacute resultado de uma poliacutetica estatal histoacuterica e bem defini-da de desenvolvimento estrateacutegico de um setor ldquoestruturante dopaiacutesrdquo o setor energeacutetico Em siacutentese os casos apresentados permitem a conclusatildeo de que
o adimplemento das medidas do SIDH eacute mais dificultoso quandoa violaccedilatildeo em questatildeo decorre de uma poliacutetica puacuteblica do EstadoContudo as medidas nestes casos ainda assim podem ser apropria-das por atores estatais e pela sociedade civil organizada
43 QUANDO HAacute CASO DE VIOLACcedilAtildeO EM AcircMBITO LOCAL
Um terceiro fator que influencia a implementaccedilatildeo eacute a natureza fede-ral do Estado brasileiro Haacute violaccedilotildees que envolvem apenascompetecircncias federais Nessas situaccedilotildees natildeo se confere tanta impor-tacircncia agrave estrutura federativa do Brasil exceto se as poliacuteticas nacionaisdependerem de Estados e Municiacutepios No entanto haacute outros casos emque as competecircncias envolvidas para o cumprimento das medidasdeterminadas no SIDH pertencem tambeacutem ou exclusivamente a Esta-dos ou Municiacutepios No decorrer dos processos perante a Comissatildeo Interamericana
o Governo Federal normalmente representado pela SDH procura
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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compartilhar responsabilidades com o Estado federado tentandoenvolvecirc-lo ao maacuteximo na tentativa de soluccedilatildeo amistosa ou naimplementaccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeo Isso eacute valorizado prin-cipalmente pelo efeito pedagoacutegico desse envolvimento jaacute que a maiorparte das violaccedilotildees se daacute em acircmbito local110A situaccedilatildeo eacute diferente sea condenaccedilatildeo for pela Corte Interamericana visto que o governo fede-ral torna-se responsaacutevel internacionalmente pela implementaccedilatildeo dasmedidas Essa dinacircmica precisa ser reconhecida como um fator rele-vante na implementaccedilatildeo das medidas impostas pelo SIDH Como jaacute visto por natildeo haver mecanismo de execuccedilatildeo direta das
decisotildees ou recomendaccedilotildees do Sistema Interamericano a implemen-taccedilatildeo ocorre eminentemente por razotildees poliacuteticas Natildeo soacute ao chegaremao Brasil pelos oacutergatildeos federais que normalmente lidam com os casosem todas as suas fases (MRE SDH e AGU) mas tambeacutem pelos entesfederados Durante boa parte das atuaccedilotildees da SDH quando ficou agravefrente da organizaccedilatildeo de implementaccedilotildees de recomendaccedilotildees oumedidas de condenaccedilatildeo seu trabalho foi convencer os oacutergatildeos locaisenvolvidos de que a implementaccedilatildeo deveria ser feita111
Se de um lado haacute dificuldades em se lidar com outras entidadesfederativas que natildeo satildeo obrigadas por quaisquer mecanismos a cola-borar com a implementaccedilatildeo por outro as recomendaccedilotildees daComissatildeo ou as condenaccedilotildees da Corte agregam peso ao esforccedilo deconvencimento da SDH sobre os representantes do ente federado Apresenccedila desse elemento externo de um terceiro cuja funccedilatildeo eacute exclu-sivamente defender direitos humanos muitas vezes eacute positiva jaacute quea oposiccedilatildeo poliacutetica que eventualmente haacute em relaccedilatildeo ao governo fede-ral pode se dissolverO fator do ocircnus poliacutetico da violaccedilatildeo para o poder local eacute essen-
cial para possibilitar soluccedilotildees amistosas O orccedilamento vinculado aopagamento das indenizaccedilotildees coordenadas pela SDH soacute eacute mobiliza-do para pagamento quando haacute casos jaacute julgados pela Corte Assimcom exceccedilatildeo do caso Joseacute Pereira jaacute visto112 em soluccedilotildees amistosaseacute sempre o Estado federado que deve se responsabilizar por talpagamento Tambeacutem eacute o Estado federado que internamente se res-ponsabiliza pelo cumprimento dos outros pontos acordados Como visto anteriormente a preexistecircncia de agenda federal
e local de combate ao trabalho escravo pode ter sido causa deminimizaccedilatildeo dos custos da soluccedilatildeo amistosa do caso Joseacute Pereira
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Jaacute na segunda soluccedilatildeo amistosa brasileira o caso Meninos emascula-dos do Maranhatildeo parece ter sido alcanccedilada por conta de um conjuntode fatores de pressatildeo poliacutetica em que a miacutedia parece ter ocupadolugar de destaque O proacuteprio nome do caso ldquoMeninos emasculadosdo Maranhatildeordquo foi o utilizado pela miacutedia brasileira para se referira uma seacuterie de homiciacutedios e mutilaccedilotildees genitais de meninos entre4 e 15 anos ao mesmo tempo em que ocorriam os trabalhos paraos acordos da soluccedilatildeo amistosa na CIDH foi crescente o debateacerca do caso no Brasil Primeiramente foi notaacutevel o iniacutecio de uma preocupaccedilatildeo nas
vaacuterias instacircncias governamentais sobre o tema Em 2003 foi inicia-da uma investigaccedilatildeo pelo Poder Legislativo sobre as situaccedilotildees deviolecircncia e redes de exploraccedilatildeo sexual de crianccedilas e adolescentes noBrasil Os casos dos meninos emasculados tanto do Maranhatildeo comode Altamira foram utilizados no relatoacuterio apresentado em 2004113
tendo como encaminhamento o envio de documentaccedilatildeo ao Minis-teacuterio Puacuteblico Estadual para agilizaccedilatildeo das investigaccedilotildees Tambeacutem em2003 a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadatildeo em seu rela-toacuterio de atividades menciona ter participado de reuniatildeo com asfamiacutelias dos meninos emasculados de audiecircncia puacuteblica sobre o casode reuniatildeo na Superintendecircncia da Poliacutecia Federal com os policiaisencarregados da investigaccedilatildeo e de reuniatildeo com os integrantes doCentro de Defesa dos Direitos da Crianccedila e do Adolescente PadreMarcos Passerini Apoacutes firmada a soluccedilatildeo amistosa a CIDH realizou acompanha-
mento da implementaccedilatildeo das medidas acordadas Em seus relatoacuteriosanuais a Comissatildeo demonstrou especial preocupaccedilatildeo com o cum-primento das medidas de natildeo repeticcedilatildeo que representavam para ooacutergatildeo o maior desafio Em 2008 as medidas foram consideradastotalmente cumpridas pelo Estado brasileiro Apoacutes a celebraccedilatildeo da soluccedilatildeo amistosa houve aparente interes-
se do Governo do Estado do Maranhatildeo em cumprir as medidas114
Em 2007 o entatildeo governador do Maranhatildeo Jackson Lago criou aComissatildeo Estadual de Acompanhamento e Execuccedilatildeo do Acordo deSoluccedilatildeo Amistosa do Caso dos Meninos Emasculados composta dasSecretarias de Estado dos Direitos Humanos Sauacutede EducaccedilatildeoDesenvolvimento Social Seguranccedila Cidadatilde Defensoria Puacuteblica eAssessoria Especial do Governador115
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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Em abril de 2006 as famiacutelias das viacutetimas comeccedilaram a receber apensatildeo mensal do Governo maranhense e foram incluiacutedas nos pro-gramas de Habitaccedilatildeo do Governo Federal Apoacutes um ano em maiode 2007 a Comissatildeo Estadual visitou as famiacutelias para verificar o cum-primento das medidas e as suas condiccedilotildees de moradia Houve umaseacuterie de reclamaccedilotildees das famiacutelias em relaccedilatildeo agrave estrutura das casasEm consequecircncia a Comissatildeo se reuniu com a Secretaria de Estadode Desenvolvimento das Cidades para discutir melhorias Posteriormente em setembro de 2011 apoacutes encontro com um
grupo de matildees dos meninos a presidente da Comissatildeo de DireitosHumanos e das Minorias da Cacircmara dos Deputados116 deputada Eli-ziane Gama alegou que as medidas da soluccedilatildeo amistosa natildeo estavamsendo inteiramente cumpridas117 Segundo a deputada ao longo dos5 anos as casas previstas no documento foram construiacutedas mas natildeoforam repassadas legalmente para as famiacutelias a pensatildeo estabelecidaestava sem reajuste e as famiacutelias natildeo estatildeo sendo inseridas em pro-gramas de assistecircncia social do GovernoApesar da inclusatildeo em 2005 do municiacutepio de Satildeo Luiacutes no Progra-
ma de Accedilotildees Integradas e Referenciais de Enfrentamento agrave ViolecircnciaSexual contra Crianccedilas e Adolescentes no Territoacuterio Brasileiro(PAIR) e da criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Luta contra a ViolecircnciaSexual contra a Crianccedila e o Adolescente bem como o Sistema Inte-rinstitucional de Accedilotildees Antidrogas (SIAD) parece que natildeo houveefetiva melhoria do atendimento nas delegacias especializadas emviolecircncia contra a crianccedila e o adolescente Segundo relatoacuterio da 1ordfPromotoria do Controle Externo da Atividade Policial a Delegaciade Proteccedilatildeo agrave Crianccedila e ao Adolescente (DPCA) foi considerada apior das especializadas na capital maranhense118
Quanto a casos julgados na Corte Interamericana destacam-senovamente os casos Garibaldi e Escher e outros A questatildeo federalaparece nos dois casos como um obstaacuteculo agrave implementaccedilatildeo dasdecisotildees principalmente enquanto as denuacutencias permaneceram noacircmbito da Comissatildeo Isso porque a Assessoria Internacional da SDHteria tido problemas em acessar os atores locais por conta de faltade cooperaccedilatildeo dos poderes locais119 A uacutenica voz a favor da imple-mentaccedilatildeo dentro do Estado do Paranaacute foi o Ministeacuterio Puacuteblico120
No caso Escher e outros na peticcedilatildeo submetida agrave Corte a Comis-satildeo explicou que a Secretaria de Direitos Humanos da Presidecircncia
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(acircmbito federal) natildeo concretizou as negociaccedilotildees com o governo doEstado do Paranaacute (acircmbito estadual) para efetivar as reparaccedilotildees nosprazos concedidos121 Em nota de 21 de setembro de 2007 porexemplo o governo brasileiro sustentou que trabalhava junto aoEstado do Paranaacute para que fosse indicado um interlocutor especiacuteficopara dar seguimento ao trabalho de implementar as recomendaccedilotildeessalientando que o esforccedilo de convencimento junto aos entes esta-duais era ldquoum trabalho permanente e que por vezes demanda maiortempo de maturaccedilatildeordquo122
Dois fatores mitigaram esses problemas de implementaccedilatildeo Em pri-meiro lugar no tocante agrave obrigaccedilatildeo de investigar destacou-se apostura do Ministeacuterio Puacuteblico do Estado do Paranaacute123 que trabalhouem contato com a SDH para realizar as investigaccedilotildees Em segundolugar especificamente no tocante agrave obrigaccedilatildeo de publicar a senten-ccedila e indenizar as viacutetimas destacou-se a mudanccedila das responsabilidadesocasionada pelas condenaccedilotildees no acircmbito da Corte InteramericanaNo caso Garibaldi ao tomar ciecircncia que algumas testemunhas que
natildeo foram ouvidas no inqueacuterito policial estavam prestando depoi-mento perante a Corte um membro do Ministeacuterio Puacuteblico fez arequisiccedilatildeo de desarquivamento do inqueacuterito em abril de 2009 e emjulho de 2011 ofereceu denuacutencia contra um dos suspeitos do assas-sinato de Seacutetimo Garibaldi O TJPR no entanto determinou o fimda accedilatildeo penal a despeito de ter reconhecido explicitamente que oreferido desarquivamento atendia agrave decisatildeo da Corte Interamerica-na de Direitos Humanos A accedilatildeo encontra-se atualmente no STJ Emvirtude disso a Corte deixou em aberto o ponto na sua resoluccedilatildeo deSupervisatildeo de Cumprimento de Sentenccedila de 2012Em Escher e outros o Ministeacuterio Puacuteblico tambeacutem verificou a pos-
sibilidade de investigar e punir os responsaacuteveis pela interceptaccedilatildeoe divulgaccedilatildeo das conversas telefocircnicas Entretanto por conta daprescriccedilatildeo dos crimes concluiu pela inviabilidade da abertura deinqueacuterito criminal apenas para se elucidar o fato sem que isso resul-tasse em efetiva puniccedilatildeo124 Nesse ponto a Corte Interamericanarepetiu entendimento no qual a prescriccedilatildeo poderia ser um obstaacute-culo legiacutetimo ao cumprimento em casos de violaccedilatildeo de direitoshumanos menos graves e reconheceu que ldquofoi determinado que seinvestigasse penalmente determinadas condutas e fossem estabele-cidas as consequecircncias que a Lei previsse o qual natildeo descartava a
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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possibilidade de que a accedilatildeo penal a respeito dos fatos a serem inves-tigados estivesse prescritardquo125
Finalmente em relaccedilatildeo ao segundo ponto se medidas de provi-decircncia domeacutestica para os casos avanccedilaram enquanto estiveram naComissatildeo a condenaccedilatildeo do Brasil pela Corte alterou a maneira comoas reparaccedilotildees deveriam ser feitas jaacute que tais obrigaccedilotildees passaram aser primariamente da Uniatildeo Nesse sentido a SDH pocircde atuar commaior intensidade Isso se refletiu tanto na obrigaccedilatildeo de indenizarcumprida sob a rubrica orccedilamentaacuteria do proacuteprio oacutergatildeo126 como naobrigaccedilatildeo de publicar a sentenccedila feita dentre outros no proacuteprio siteda Secretaria127Ambos os cumprimentos se deram dentro do prazoassinalado na sentenccedila128
Um paralelo entre os dois casos apresentados e o caso Maria daPenha pode ser feito sob o prisma da questatildeo federal Nesse senti-do ressalta-se que Maria da Penha vs Brasil foi um caso decididono acircmbito da Comissatildeo em que se fixaram obrigaccedilotildees semelhan-tes de investigaccedilatildeo e indenizaccedilatildeo ao Estado brasileiro Por setratarem de recomendaccedilotildees caberia ao governo e ao Judiciaacuterio doEstado do Cearaacute onde ocorreu a violaccedilatildeo de direitos conduzirema implementaccedilatildeo das medidasNo entanto o Estado do Cearaacute permaneceu inerte durante vaacuterios
anos apoacutes a condenaccedilatildeo sem que a Uniatildeo tambeacutem tomasse qual-quer atitude em relaccedilatildeo a essa inatividade129 Durante seis anos asreparaccedilotildees materiais natildeo puderam ser obtidas porque dependiam daassunccedilatildeo de compromisso pelo Estado do Cearaacute130 Somente em2006 com a mudanccedila de governo negociaccedilotildees foram iniciadas entreos atores envolvidos131 Essas conversas resultaram no compromis-so assumido e concretizado pelo Estado de indenizar materialmenteMaria da Penha Maia Fernandes132
A mesma dificuldade se verificou no cumprimento da obriga-ccedilatildeo de investigar os responsaacuteveis pela demora no processo criminalEm 2007 as peticionaacuterias assinalaram que o Estado natildeo havia con-seguido elucidar nem atribuir as responsabilidades em virtude dasdificuldades oferecidas pelo Tribunal estadual133 Em 2008 entatildeoo caso foi submetido ao CNJ134 Desde entatildeo a apuraccedilatildeo dos res-ponsaacuteveis pela demora ocorre em niacutevel federalNo entanto o caso Maria da Penha tambeacutem nos conduz agrave con-
clusatildeo de que a questatildeo federal embora importante para a ldquomarcha
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da implementaccedilatildeordquo das decisotildees do Sistema Interamericano natildeo eacuteo uacutenico fator de influecircncia Em primeiro lugar isso resta evidencia-do pelo fato de que a Comissatildeo ainda natildeo considerou integralmentecumpridas obrigaccedilotildees impostas para a Federaccedilatildeo como um todoMuito embora as poliacuteticas puacuteblicas dependam da adesatildeo dos Esta-dos-membros a proacutepria Comissatildeo ainda natildeo considerou satisfeitasas obrigaccedilotildees de tratamento contra a discriminaccedilatildeo das mulheres emmateacuteria de violecircncia domeacutestica135 Haacute relatos de que esses Estadosfederais tecircm problemas de descumprimento com questotildees que natildeosatildeo de competecircncia federal mas a explicaccedilatildeo que natildeo podem cum-prir por conta do federalismo tambeacutem surge em questotildees que natildeodependem da estrutura federal136
Em segundo lugar a proacutepria Comissatildeo reconheceu que os pri-meiros avanccedilos na mateacuteria de direitos humanos ocorreram com ainstalaccedilatildeo do Conselho Estadual sobre a Condiccedilatildeo da Mulher emSatildeo Paulo em 1983 Natildeo eacute descabido entatildeo considerar que o fede-ralismo tambeacutem pode abrir a oportunidade de que os proacutepriosEstados sejam responsaacuteveis por importantes avanccedilos em mateacuteria deproteccedilatildeo de direitos humanos antes mesmo que poliacuteticas semelhan-tes sejam estabelecidas em niacutevel federal
44 QUANDO A CAUSA Eacute APROPRIADA PELOS
ATORES ENVOLVIDOS NO CASO CONCRETO
Um uacuteltimo aspecto analisado na presente obra diz respeito agrave espe-cificidade de alguns relatoacuterios ou algumas condenaccedilotildees que emcertos contextos natildeo permitem a extrapolaccedilatildeo do caso individualpara uma situaccedilatildeo coletivaEacute usual que o SIDH seja criticado ao tomar medidas amplas e
geneacutericas como ldquodar continuidaderdquo a determinada poliacutetica puacuteblicae por outro lado louvado ao tomar medidas mais concretas A basedessa criacutetica estaacute ligada a uma determinada concepccedilatildeo de eficiecircn-cia das medidas Diraacute um defensor do argumento que medidas maismodestas por serem objetivas permitem um maior grau de cobran-ccedila e de verificaccedilatildeo da implementaccedilatildeo Esse argumento contudoconta apenas parte da histoacuteriaDe fato quanto mais individualizada e concreta a medida maior
a chance de sua implementaccedilatildeo contudo menor eacute a chance de seuimpacto No Brasil as instituiccedilotildees tiveram sucesso em demonstrar
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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que conseguem se mobilizar de forma a lidar com a questatildeo indi-vidualizada em seu ponto especiacutefico sem qualquer atuaccedilatildeo emniacuteveis estruturais como ocorreu e ocorre nos casos Escher e outrose Garibaldi No entanto em um caso como Belo Monte no qual natildeohouve qualquer cooperaccedilatildeo do Governo brasileiro atores institu-cionais (como o MPF) e a sociedade civil organizada puderam sevaler da recomendaccedilatildeo da CIDH para pressionar os oacutergatildeos poliacuteti-cos nacionais
Tanto o caso Escher e outros como o caso Garibaldi tratam de vio-laccedilotildees decorrentes dos graves e persistentes conflitos agraacuterios no paiacutesConforme reconhecido pela Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos ldquoa concentraccedilatildeo de terra no Brasil eacute uma das maiores domundordquo de modo que ldquoaproximadamente 1 da populaccedilatildeo deteacutem46 de todas as terrasrdquo dentre as quais haacute um enorme percentual deterras improdutivas Trata-se enfim de ldquoum modelo econocircmico quefavoreceu a grande propriedade privada frente agraves necessidades dostrabalhadores ruraisrdquo137 Todavia em ambos os casos o contexto socialamplo natildeo foi atacado pelas medidas impostas pelo SIDH
No caso Escher e outros o grampo telefocircnico e sua divulgaccedilatildeoilegal geraram especialmente reparaccedilotildees indenizatoacuterias para as viacuteti-mas sendo que a Corte Interamericana reconheceu seu integraladimplemento enquanto no caso Garibaldi as principais condena-ccedilotildees foram de natureza indenizatoacuteria e de retomada da investigaccedilatildeocriminal dos responsaacuteveis pelo assassinato de Seacutetimo Garibaldisendo que a Corte IDH ainda manteacutem o acompanhamento do pro-cesso judicial penal de responsabilizaccedilatildeo pelo assassinato Natildeohouve repercussatildeo para aleacutem dessa esfera
Essas observaccedilotildees surgiram em entrevista com membro doMinisteacuterio Puacuteblico do Estado do Paranaacute na qual ficou clara a orien-taccedilatildeo de resolver rapidamente e de forma qualificada a investigaccedilatildeocriminal relativa ao caso Seacutetimo Garibaldi em parte por convicccedilatildeopessoal dos promotores envolvidos e em parte para diminuir o des-gaste da imagem da instituiccedilatildeo decorrente da divulgaccedilatildeo dos fatosna miacutedia De todo modo nem o Ministeacuterio Puacuteblico e muito menoso Governo do Paranaacute realizaram accedilotildees de enfoque estrutural ou pre-ventivo para as graves violaccedilotildees decorrentes de conflitos fundiaacuterios
A natureza de decisotildees altamente individualizadas favoreceum cenaacuterio em que haacute poucos incentivos para que as instituiccedilotildees
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envolvidas assumam o ocircnus poliacutetico de tomar medidas mais amplase ao mesmo tempo a decisatildeo do SIDH natildeo serve como instrumen-to para buscar medidas estruturais aos atores relevantes interessados Nos dois casos as questotildees de fundo foram abandonadas O gover-
no natildeo se sentiu pressionado a investigar ou prestar esclarecimentosobre as investigaccedilotildees relacionadas a associaccedilotildees ligadas ao Movimen-to dos Sem-Terra (MST) apoacutes o caso Escher e outros Tampouco houvepressatildeo para investigaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de contas em relaccedilatildeo ao siste-ma de reforma agraacuteria aos abusos cometidos por particulares queretomam para si terras que foram invadidas nem agrave impunidade dosatores poliacuteticos e judiciaacuterios que criminalizam movimentos sociaisApenas para exemplificar uma questatildeo de fundo sobre agentes
puacuteblicos que atuavam contra os movimentos sociais em ambos oscasos um dos pedidos rejeitados pela Corte Interamericana foio de ordenar a revogaccedilatildeo do tiacutetulo de cidadatilde honoraacuteria do Estadodo Paranaacute da juiacuteza Elizabeth Kather obtido em 2007 Conformeapontado no livro A era da indeterminaccedilatildeo138 a juiacuteza protagonizouescacircndalos midiaacuteticos em razatildeo da estreita relaccedilatildeo com a elitefazendeira local Mesmo um ano apoacutes a condenaccedilatildeo da Corte Inte-ramericana em dezembro de 2010 a juiacuteza Kather recebeu o tiacutetulode cidadatilde honoraacuteria do Municiacutepio de Loanda139
A Corte IDH deu pouca importacircncia agrave questatildeo do tiacutetulo hono-raacuterio da juiacuteza Kather Entretanto em um contexto como o brasileirocondenaccedilotildees simboacutelicas podem abrir portas para a extrapolaccedilatildeo dedemandas individualizadas para um niacutevel mais geral principalmen-te quando satildeo apropriadas por vaacuterios segmentos sociais No contextode implementaccedilatildeo poliacutetica as medidas do SIDH podem auxiliar ato-res mobilizados tal como ocorreu no caso Belo MonteConforme apresentado no toacutepico 42 a construccedilatildeo da Usina
Hidreleacutetrica Belo Monte a despeito da forte reaccedilatildeo negativa doGoverno brasileiro agrave medida cautelar do SIDH foi apropriadapelos agentes poliacuteticos envolvidos no caso (MPF e movimentossociais) e transformada em um instrumento poliacutetico e juriacutedico deenfrentamento Quanto aos movimentos sociais sugere-se a medi-da possibilitou a reafirmaccedilatildeo da criacutetica ao projeto Belo Monte eabriu novos espaccedilos puacuteblicos acerca do temaAssim avaliar a implementaccedilatildeo das medidas do SIDH que enfo-
cam apenas a conduta do Estado esconde os impactos que elas
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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podem ter fora do ambiente estatal Assim enquanto alguns casosnatildeo geram repercussatildeo mas satildeo implementados outros repercutemna sociedade e podem ateacute mesmo gerar uma conscientizaccedilatildeo maiorsobre determinada violaccedilatildeo de direitos humanos mesmo que a pos-tura estatal leve ao natildeo cumprimento da medida
CONCLUSAtildeO BALANCcedilO DE RESULTADOS E PARAcircMETROS DE IMPLEMENTACcedilAtildeONo Brasil natildeo haacute mecanismos institucionais especiacuteficos de implemen-taccedilatildeo de recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees do SIDH O adimplementointerno das medidas determinadas neste acircmbito decorre em sua maiorparte de decisotildees eminentemente poliacuteticas visto que depende da dis-posiccedilatildeo e da capacidade dos atores relevantes a cada novo evento Com isso a cada nova condenaccedilatildeo ou recomendaccedilatildeo a SDH e o
MRE precisam se engajar em negociaccedilotildees com as instituiccedilotildees e ato-res envolvidos muitas vezes em esferas estaduais No contextofederativo a ausecircncia de mecanismos coercitivos torna o cumprimen-to das decisotildees ainda mais imprevisiacutevel e a cada novo caso sujeitoao capital poliacutetico dos envolvidos ao seu interesse nas causas emquestatildeo e especialmente agrave qualidade das relaccedilotildees entre governosfederal e estadual Dessa forma o adimplemento no Brasil eacute permea-do de grande flexibilidade e potencial de experimentalismo uma vezque na maior parte dos casos haacute um alto custo poliacutetico envolvido nasnegociaccedilotildees de implementaccedilatildeoPara fazer suas anaacutelises e criacuteticas este trabalho partiu do termo
ldquoimplementaccedilatildeordquo no sentido usual do SIDH de adimplemento dasmedidas de condenaccedilatildeo recomendaccedilatildeo ou acordo Contudo a anaacute-lise qualitativa mostrou que esse tipo de avaliaccedilatildeo fica distante demedir o real impacto das decisotildees do SIDH no Brasil Dada a escassez de literatura nacional a este respeito foi reali-
zado um mapeamento dos efetivos mecanismos existentes no Brasilpara dar cumprimento agraves recomendaccedilotildees e decisotildees oriundas doSIDH no Brasil do que foi possiacutevel identificar o delicado equiliacute-brio das relaccedilotildees institucionais em niacutevel federal (MRE SDH eAGU) bem como das relaccedilotildees entre entes federativos Como con-sequecircncia foi apurado que o cumprimento eacute apenas uma dimensatildeodo adimplemento das medidas do SIDH
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Foi possiacutevel identificar diversos fatores que interferem na coo-peraccedilatildeo de atores relevantes bem como na avaliaccedilatildeo de quandoocorre efetivamente o cumprimento Nesse sentido os principaisfatores identificados como possiacuteveis facilitadores da implementaccedilatildeodas medidas determinadas no acircmbito do sistema regional de prote-ccedilatildeo dos direitos humanos satildeo (i) a existecircncia de uma agenda poliacuteticapreacutevia em acircmbito local ou nacional em relaccedilatildeo ao tema da viola-ccedilatildeo (ii) decisotildees com fundamentaccedilatildeo de qualidade e generalidadesuficiente para permitir a sua apropriaccedilatildeo por atores estatais ou dasociedade civil organizada engajados em temas afetos agrave violaccedilatildeo e(iii) uma boa relaccedilatildeo entre Uniatildeo e Estados naqueles casos em quea implementaccedilatildeo natildeo depende de medidas unicamente federais Haacute portanto dois pontos de vista em questatildeo O primeiro deles
eacute o da Comissatildeo e da Corte Interamericana pelo qual eacute necessaacuterioe relevante que os Estados recebam uma chancela de adimplentesou inadimplentes perante o SIDH especialmente como forma depressatildeo poliacutetica O segundo ponto de vista eacute o de anaacutelise do impac-to das decisotildees e recomendaccedilotildees do SIDH que natildeo se confundecom a avaliaccedilatildeo de ldquocumprimentordquo ou ldquodescumprimentordquo feita pelaCorte e Comissatildeo nem se exaure nela Em um contexto de imple-mentaccedilatildeo eminentemente poliacutetica das decisotildees e recomendaccedilotildees doSIDH a implementaccedilatildeo depende em grande parte da presenccedila dosfatores de impacto detectados
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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APEcircNDICE CASOS QUE ENVOLVEM O BRASIL NO SIDH
I MEDIDAS CAUTELARES OUTORGADAS PELA
COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 32 (ENTRE 1995 E 2012)
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A HIDRELEacuteTR
ICA COM IMPAC
TOS A
COMUNIDADES IN
DIacuteGENAS D
A REGIAtildeO
DENUacuteNCIA SO
BRE SU
PERPOPULACcedil
AtildeO
EM DELEG
ACIA DE P
OLIacuteC
IA E M
AacuteS
CONDICcedilOtildeES SA
NITAacute
RIAS N
O LO
CAL
APELID
ADO ldquoDPJ D
A MORTErdquo
DIR
EITOS VIO
LAD
OS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE
PESSO
AL Agrave
SAUacuteDE Agrave
GARANTIA
JUDICIAL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE
PESSO
AL Agrave
INFORMACcedilAtildeO E Agrave
PARTIC
IPACcedilAtildeO POLIacuteTIC
A
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE
PESSO
AL Agrave
SAUacuteDE
TEMA
SISTEMA CARCERAacuteRIO
COMUNIDADES IN
DIacuteGENAS
SISTEMA CARCERAacuteRIO
MED
IDA
S IND
ICAD
AS
DENTRE O
UTRAS M
EDIDAS PA
RA
PROTEG
ER A VID
A A INTEG
RIDADE E A
SAUacuteDE D
OS P
RESO
S E PARA GARANTIR
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URANCcedilA NO PRESIacuteD
IO
DENTRE O
UTRAS M
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RA
GARANTIR
A SA
UacuteDE D
AS C
OMUNIDADES
INDIacuteGENAS E A
PROTECcedil
AtildeO DAS TER
RAS
ANCESTR
AIS
DENTRE O
UTRAS M
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ER A VID
A A INTEG
RIDADE E A
SAUacuteDE D
OS P
RESO
S E PARA MELH
OR
ALOCAacute-LO
S
NATU
REZA
DA
S MED
IDA
SMEDIDAS C
AUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS C
AUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS C
AUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
CU
MP
RIM
ENTO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
55 sumaacuterio
MC 35102 ldquoR
OSEM
ARY SO
UTO MAIOR E O
UTROSrdquo
(2010)
MC 22409 ldquoA
DOLESC
ENTES P
RIVADOS DE
LIBERDADE NA UNIDADE DE IN
TERNACcedilAtildeO
SOCIOEDUCATIVA
(UNIS)rdquo (2009)
MC 23608 ldquoP
ESSOAS PRIVADAS DE LIB
ERDADE
NA PENITEN
CIAacuteRIA POLINTER
-NEVESrdquo (2009)
ldquoCASO ADOLESC
ENTES N
A CADEIA PUacuteBLICA DE
GUARUJAacuterdquo (2007)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS RECEBIDAS POR
FAMILIA
RES D
E VIacuteTIMA DE ASSA
SSINATO
POR
GRUPO DE EXTER
MIacuteNIO MESM
O APOacuteS MEDIDA
CAUTELA
R DA CIDH EM 2002
DENUacuteNCIA SOBRE CASOS DE MORTE E TO
RTURA
DE ADOLESC
ENTES D
ETIDOS NA UNIS D
E
CARIACICA ESP
IacuteRITO SANTO
DENUacuteNCIAS SO
BRE SU
PERPOPULACcedil
AtildeO E M
AacuteS
CONDICcedilOtildeES SA
NITAacuteRIAS NO PRESIacuteD
IO
DENUacuteNCIA SOBRE SU
PERPOPULACcedil
AtildeO E
DETEN
CcedilAtildeO IRREGULAR DE ADOLESC
ENTES EM
CADEIA PUacuteBLICA
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
SAUacuteDE
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
E ADOLESC
ENTES
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
SISTEMA CARCERAacuteRIO
SISTEMA CARCERAacuteRIO
SISTEMA CARCERAacuteRIO
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS FA
MILIA
RES
MEDIDAS PA
RA IMPEDIR A MORTE E A
TORTURA
DOS DETEN
TOS E PA
RA INVESTIG
AR OS FATO
S
QUE JU
STIFICARAM A ADOCcedilAtildeO DA CAUTELA
R
MEDIDAS PA
RA PROTEG
ER A VID
A SA
UacuteDE E
INTEG
RIDADE PESSO
AL DOS PRESO
S PARA
REDUZIR A SUPERPOPULACcedil
AtildeO E PA
RA
TRATA
MENTO DE DOENCcedilAS
DENTRE OUTRAS M
EDIDAS PA
RA TRANSFER
IR
OS ADOLESC
ENTES PA
RA UM CENTRO PROacutePRIO
E POSTER
IORMENTE PA
RA GARANTIR BOAS
CONDICcedilOtildeES PA
RA TODOS OS PRESO
S
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL 140
PESQUISA DIREITO GV
56 sumaacuterio
ldquoCASO CENTRO DE DEFESA
DOS DIREITO
S DA
CRIANCcedilA E D
O ADOLESC
ENTE D
O DISTR
ITO
FEDERALrdquo (2006)
ldquoCASO MARIA APARECIDA DENADAIrdquo (2006)
MC 13006 ldquoP
ESSOAS DETID
AS NA 76ordf
DELEG
ACIA DE POLIacuteCIArdquo (2006)
ldquoCASO RAPOSA SER
RA DO SOLrdquo (2004)
DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
IE DE MORTES Q
UE
ENVOLVEM
ADOLESC
ENTES D
ETIDOS NO CAJE
DO DISTR
ITO FED
ERAL
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR TESTEM
UNHA DE ASSA
SSINATO
CONTRA ATIVISTA
DE DIREITO
S HUMANOS (V
TAMBEacuteM CASO JOAQUIM DENADAI)
DENUacuteNCIA SOBRE MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
A
DELEG
ACIA SU
PERPOPULACcedil
AtildeO E M
ORTE E
TORTURA DE DETEN
TOS
DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
IE DE ATO
S
VIOLEN
TOS COMETID
OS POR NAtildeO INDIacuteGENAS AgraveS
COMUNIDADES IN
DIacuteGENAS DA REGIAtildeO
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
E ADOLESC
ENTES
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE Agrave
LIBERDADE
DE RELIG
IAtildeO AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROPRIEDADE Agrave
LIVRE CIRCULACcedil
AtildeO Agrave
IGUALDADE E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
SISTEMA CARCERAacuteRIO
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
SISTEMA CARCERAacuteRIO
COMUNIDADES IN
DIacuteGENAS
DENTRE OUTRAS M
EDIDAS PA
RA REDUZIR A
SUPERPOPULACcedil
AtildeO PA
RA SEPA
RAR OS
DETEN
TOS E PA
RA AUMENTAR A SEG
URANCcedilA
MEDIDAS DE PROTECcedil
AtildeO Agrave TESTEM
UNHA
DENTRE OUTRAS M
EDIDAS PA
RA REDUZIR A
SUPERPOPULACcedil
AtildeO PROPORCIONAR
ATENDIMENTO MEacuteDICO E IN
VESTIGAR OS FATO
S
QUE LEVA
RAM Agrave DENUacuteNCIA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A A
INTEG
RIDADE PESSO
AL E A
CIRCULACcedil
AtildeO DAS
COMUNIDADES IN
DIacuteGENAS E PA
RA INVESTIG
AR
OS FATO
S QUE LEVA
RAM Agrave DENUacuteNCIA
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
EXTINTA A PEDIDO DA BENEFIC
IAacuteRIA 141
CUMPRIMENTO PARCIAL ATEacute FEVER
EIRO DE
2007 142SEM
INFORMACcedilAtildeO 143
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
57 sumaacuterio
MC 85204 ldquoC
RIANCcedilAS PRIVADAS DE LIB
ERDADE
NA FUNDACcedilAtildeO ESTA
DUAL DO BEM-ESTA
R DO
MENOR (FEB
EM) DO TATU
APEacuterdquo (2004)
ldquoCASO JORGE CUSTO
DIO ROSANGELA
APARECIDA SARAIVA FER
REIRA E A
LESSANDRA
RODRIGUEZ C
ELESTINOrdquo (2003)
ldquoCASO MARIA APARECIDA GOMES D
A SILVA
E
SUA FAMIacuteLIA
E EDSON AZAMBUJArdquo (2003)
ldquoCASO DOS IN
TERNOS DO CAacuteRCERE DE URSO
BRANCOrdquo (2002)
DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
IE DE VIO
LEcircNCIAS
COMETID
AS CONTRA OS MENORES IN
TERNOS
DA CASA DE DETEN
CcedilAtildeO E C
ASOS DE MORTES E
REBELIOtilde
ES
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
S DE DIREITO
S
HUMANOS NO PARANAacute
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE E
SEQUESTR
O SOFRIDOS POR ATIVISTA
S DE
DIREITO
S HUMANOS
DENUacuteNCIA SOBRE SU
PERPOPULACcedil
AtildeO
CARCERAacuteRIA CONFLITO
S INTER
NOS EN
TRE
DETEN
TOS E FA
LTA DE CONDICcedilOtildeES N
O
PRESIacuteD
IO
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
SAUacuteDE
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
SISTEMA CARCERAacuteRIO
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
DENTRE OUTRAS M
EDIDAS PA
RA GARANTIR A
VIDA E A
INTEG
RIDADE DOS MENORES PA
RA
INVESTIG
AR OS FU
NCIONAacuteRIOS E PA
RA MANTER
A SUPERVISAtildeO
DAS CONDICcedilOtildeES D
E DETEN
CcedilAtildeO
DO LOCAL
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
DENTRE OUTRAS M
EDIDAS PA
RA IMPEDIR
NOVOS HOMICIacuteDIOS NO PRESIacuteD
IO E PA
RA
INVESTIG
AR OS FATO
S OCORRIDOS
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
DESC
UMPRIMENTO (LEVA
DA Agrave CORTE ID
H)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
DESC
UMPRIMENTO (LEVA
DA Agrave CORTE ID
H)
PESQUISA DIREITO GV
58 sumaacuterio
ldquoCASO IRINY NICOLAU CORRES LO
PESrdquo (2002)
ldquoCASO RONY CLAY C
HAVES R
UBENS LEO
NCIO
PEREIRA MARCOS MASSA
RI E G
ILMAR LEITE
SIQUIERA (PROTECcedil
AtildeO DE TESTEM
UNHAS DA
OPERACcedilAtildeO CASTELIN
HO)rdquo (2002)
MC 35102 ldquoC
ASO MANOEL B
EZERRA ROSEM
ARY
SOUTO E LU
IZ DA SILVArdquo (2002)
ldquoCASO DO POVO INDIacuteGENA XUCURUrdquo (2002)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA DE DIREITO
S HUMANOS NO ESP
IacuteRITO
SANTO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
INFORMANTES A
PROVEITA
DOS EM
OPERACcedilAtildeO
POLICIAL PERPETR
ADAS PELA
PROacutePRIA
POLIacuteCIA
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
TESTEMUNHAS E IN
VESTIGADORES D
E GRUPO
DE EXTER
MIacuteNIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
LIacuteDERES D
E COMUNIDADE IN
DIacuteGENA
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROPRIEDADE E Agrave
GARANTIA JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
COMUNIDADES IN
DIacuteGENAS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DAS TESTEM
UNHAS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DAS TESTEM
UNHAS E D
OS
INVESTIG
ADORES
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS LIacuteD
ERES E PA
RA
INVESTIG
AR OS FATO
S DENUNCIADOS
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO (VIacuteTIM
A ASSA
SSINADA EM
2009)
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
59 sumaacuterio
ldquoCASO ELM
A SORAIA SOUZA NOVAISrdquo (2002)
ldquoCASO DOS PROMOTORES E D
OS DETEN
TOS DA
PRISAtildeO
PUacuteBLICA DE SO
ROCABArdquo (2000)
ldquoCASO BENEDITO MARIANOrdquo (2000)
ldquoCASO CATH
ERINE HALVEYrdquo (2000)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
MAtildeE DE VIacuteTIM
A DE VIO
LEcircNCIA POLICIAL
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDA POR TESTEM
UNHAS
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR INVESTIG
ADOR DE VIO
LEcircNCIA
POLICIAL
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
DE DIREITO
S HUMANOS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (INVESTIG
ADOR)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA VIacuteTIM
A
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A E A
CAPAC
IDADE DE
PRESTA
R TESTEM
UNHO SEM
TEMER
REPRESAacute
LIAS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO INVESTIG
ADOR E SEU
S
FAMILIA
RES
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA ATIVISTA
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
PESQUISA DIREITO GV
60 sumaacuterio
ldquoCASO JOAQUIM MARCELO
DENADAIrdquo (1999)
ldquoCASO LUZIA CANUTOrdquo (1998)
ldquo2ordm CASO PADRE RICARDO REZEN
DErdquo (1998)
CASO 12002 ldquoM
ARIA EMILIA
DE MARCHI E
OUTROSrdquo (1998)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA CONTRAacuteRIO A GRUPO DE EXTER
MIacuteNIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS E C
ASOS DE
HOMICIacuteDIO SOFRIDOS POR FAMILIA
RES D
E
LIacuteDER DE MOVIM
ENTO SOCIAL ASSA
SSINADO EM
CONTEXTO
DE CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA DE DIREITO
S HUMANOS EM
CONTEXTO
DE DISPUTA FUNDIAacuteRIA
DENUacuteNCIA SOBRE AS MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
O
LOCAL EM
QUE AS VIacuteTIM
AS ESTAVA
M PRESA
S
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
GARANTIA JUDICIAL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA VIacuteTIM
A
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA TESTEM
UNHA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS DETEN
TOS
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO (VIacuteTIM
A ASSA
SSINADA EM
2002)
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
61 sumaacuterio
ldquo1ordm CASO PADRE RICARDO REZEN
DE E O
UTROSrdquo
(19951996)
ldquoCASO DO ADVOGADO OSMAR BARCELO
S DO
NASCIMENTOrdquo (1996)
ldquoCASO DOS MENORES IN
TERNOS DO INSTITU
TO
PADRE SEVER
INO DA ESC
OLA JOAtildeO LUIS A
LVES
E DA ESC
OLA SANTOS DUMONTrdquo (1996)
ldquoCASO AMEACcedil
ADOS PELO
S lsquoMENINOS DE OUROrsquordquo
(1996)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTAS DE DIREITO
S HUMANOS EM
CONTEXTO
DE DISPUTA FUNDIAacuteRIA NO PARAacute
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ADVOGADO ATIVISTA
DE DIREITO
S HUMANOS NO
ESPIacuteRITO SANTO
DENUacuteNCIA SOBRE AS MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
O
CENTRO DE DETEN
CcedilAtildeO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
S CONTRAacuteRIOS A GRUPO
DE EXTER
MIacuteNIO
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS DETEN
TOS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
II RELATOacuteRIOS DE MEacuteRITO PUBLICADOS PELA COMISSAtildeO
INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 17 (ENTRE
1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
62 sumaacuterio
CASO
PETICcedil
AtildeO 12308 ldquoM
ANOEL LEA
L DE O
LIVEIRArdquo
(INFORMES N
3710 E N 7206)
CASO 12440 ldquoW
ALLAC
E DE A
LMEID
Ardquo
(INFORMES N
3408 E N 2609)
CASO 12310 ldquoSEB
ASTIAtildeO
CAMARGO FILH
Ordquo
(INFORMES N
3308 E Ndeg 2509)
RESU
MO
DO
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DE
JORNALISTA
APOacuteS P
UBLIC
ACcedilAtildeO DE ESC
AcircNDALO
DE C
ORRUPCcedilAtildeO NO JO
RNAL D
E QUE ER
A
EDITO
R
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DA VIacuteTIM
A EM
RAZAtildeO
DE A
BUSO EM
OPERACcedilAtildeO POLIC
IAL
INCLUSIVE C
OM INDIacuteCIOS D
E DISC
RIMINACcedilAtildeO
RACIAL
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DE M
EMBRO
DO MOVIM
ENTO DOS TR
ABALHADORES R
URAIS
SEM TER
RA NO PA
RANAacute SEM
INVESTIG
ACcedilAtildeO E
INDEN
IZACcedilAtildeO
DIR
EITOS VIO
LAD
OS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave LIB
ERDADE D
E EXPRESSAtildeO
E
PEN
SAMEN
TO AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE Agrave
IGUALDADE
AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO
JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
TEMA
ATENTADO CONTRA JO
RNALISTA
VIO
LEcircNCIA POLIC
IAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
MED
IDA
S IND
ICAD
AS
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS A
UTORES
DO CRIME D
OS R
ESPONSAacuteVEIS P
ELA DEM
ORA
NAS IN
VESTIGACcedilOtildeES R
EPARACcedilAtildeO DOS
FAMILIA
RES A
DOCcedilAtildeO DE U
MA POLIacuteTIC
A GLOBAL
DE P
ROTECcedil
AtildeO DOS JO
RNALISTA
S
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO COMPLETA
DOS FATO
S REPA
RACcedilAtildeO DOS FA
MILIA
RES D
A
VIacuteTIMA E A
DOCcedilAtildeO DE P
OLIacuteTIC
A CONTRA A
DISC
RIMINACcedilAtildeO RACIAL EM
OPERACcedilOtildeES
POLIC
IAIS
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO COMPLETA
DOS FATO
S REPA
RACcedilAtildeO DOS FA
MILIA
RES D
A
VIacuteTIMA E A
DOCcedilAtildeO DE P
OLIacuteTIC
A CONTRA A
VIOLEcircN
CIA RURAL
NATU
REZA
DA
S MED
IDA
SMEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
CU
MP
RIM
ENTO
(EM 2012)
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
63 sumaacuterio
CASO 12019 ldquoA
NTOcircNIO FER
REIRA BRAGArdquo
(INFORMES N
8407 E N 3508)
CASO 12001 ldquoSIM
ONE ANDREacute DINIZrdquo (IN
FORMES
N 8304 E N
6606)
CASO 11634 ldquoJA
ILTON NERI DA FONSEC
Ardquo
(INFORMES N
2303 E N 3304)
CASO 11556 ldquoM
ASSAC
RE DE CORUMBIARArdquo
(INFORMES N
2203 E N 3204)
DENUacuteNCIA SOBRE DETEN
CcedilAtildeO ILEG
ALMENTE
FEITA PELA
POLIacuteCIA CIVIL IN
CLUSIVE C
OM
TORTURA DA VIacuteTIM
A
DENUacuteNCIA SOBRE DISCRIMINACcedilAtildeO RACIAL
SOFRIDA POR EMPREGADA DOMEacuteSTIC
A QUE NAtildeO
FOI CONTRATA
DA POR SER
NEGRA
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
MENOR POR FORCcedilAS POLICIAIS EM
FAVELA DO
RIO DE JA
NEIRO
DENUacuteNCIA SOBRE MORTES D
E
TRABALHADORES R
URAIS EM
ACcedilAtildeO DA POLIacuteCIA
PARA REINTEG
RACcedilAtildeO DE POSSE D
E TERRENO
DIREITO
Agrave INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A Agrave LIB
ERDADE
PESSO
AL Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL O
BRIGACcedilAtildeO DE PREVEN
IR
E PUNIR TODO ATO
DE TO
RTURA COMETID
O
DIREITO
Agrave IGUALDADE Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
E Agrave PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
LIBERDADE Agrave
PROTECcedil
AtildeO DA INFAcircNCIA AgraveS
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
DISCRIMINACcedilAtildeO RACIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS FATO
S
RESP
ONSABILIZACcedil
AtildeO PELA
DEMORA EM
ELUCIDAR O CASO INDENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A E
CAPAC
ITACcedilAtildeO DOS POLICIAIS C
IVIS
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A
MODIFIC
ACcedilAtildeO DA LEG
ISLACcedilAtildeO CONTRA O
RACISM
O INVESTIG
ACcedilAtildeO DOS FATO
S PROMOVER
MEDIDAS ADMINISTR
ATIVAS CONTRA O RACISM
O
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS A
LTERACcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DA
POLIacuteCIA MILITA
R PARA INVESTIG
ACcedilAtildeO DE
CRIMES C
OMETID
OS POR MEMBROS DA
PROacutePRIA CORPORACcedilAtildeO E TR
ANSFER
EcircNCIA
PARA A POLIacuteCIA CIVIL
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS A
LTERACcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DA
POLIacuteCIA MILITA
R PARA INVESTIG
ACcedilAtildeO DE
CRIMES C
OMETID
OS POR MEMBROS DA
PROacutePRIA CORPORACcedilAtildeO E TR
ANSFER
EcircNCIA
PARA A POLIacuteCIA CIVIL
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
PENDENTE D
E CUMPRIMENTO
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
PESQUISA DIREITO GV
64 sumaacuterio
CASO 10301 ldquoPA
RQUE SAtildeO
LUCASrdquo (IN
FORMES N
1696 E N 4003)
CASO 11517 ldquoD
INIZ B
ENTO DA SILVArdquo
(INFORMES N
11101 E N 2302)
CASOS 11286 E O
UTROS ldquoA
LUIacuteSIO
CAVA
LCANTE
E OUTROSrdquo (IN
FORMES N
7400 E N 5501)
CASO 12051 ldquoM
ARIA DA PENHArdquo (IN
FORMES N
10500 E N 5401)
DENUacuteNCIA SOBRE TO
RTURA DE PRESO
S NO
DISTR
ITO POLICIAL PA
RQUE SAtildeO
LUCAS EM
SAtildeO
PAULO
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
MEMBRO DO MOVIM
ENTO DOS TR
ABALHADORES
RURAIS SEM
TERRA POR FORCcedilAS POLICIAIS
DENUacuteNCIA SOBRE DIVER
SOS CASOS DE
ASSA
SSINATO
DE JO
VENS POR FORCcedilAS
POLICIAIS
DENUacuteNCIA SOBRE CASO DE VIO
LEcircNCIA
DOMEacuteSTIC
A COM DEMORA E N
EGLIGEcircNCIA NO
PROCESSA
MENTO DA ACcedilAtildeO CRIMINAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO DA HONRA
E DA DIGNIDADE Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
LIBERDADE A
UM JULGAMENTO JUSTO
AgraveS
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
E DIREITO
DE PETICcedil
AtildeO
DIREITO
Agrave PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL Agrave
S GARANTIAS
JUDICIAIS Agrave
IGUALDADE
SISTEMA CARCERAacuteRIO
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA DOMEacuteSTIC
A DISCRIMINACcedilAtildeO
DE GEcircNERO
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DAS VIacuteTIM
AS
TRANSFER
EcircNCIA DA COMPETEcircN
CIA DE
JULGAMENTO DE DELITO
S COMETID
OS POR
POLICIAIS M
ILITARES C
ONTRA CIVIS PA
RA A
JUSTICcedil
A COMUM PUNICcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS E
DESATIVACcedil
AtildeO DAS ldquoC
ELAS DE ISO
LAMENTOrdquo
MEDIDAS PA
RA INVESTIG
ACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS PA
RA INDENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES E PA
RA EVITA
R A REPETICcedil
AtildeO DE
FATOS SEM
ELHANTES EM
CONFLITO
S
FUNDIAacuteRIOS
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS E D
OS RESP
ONSAacuteVEIS P
ELA DEMORA
NOS PROCESSO
S INDENIZACcedil
AtildeO DE VIacuteTIM
AS OU
FAMILIA
RES A
BOLICcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DOS
TRIBUNAIS M
ILITARES PA
RA JULGAR CRIMES
COMETID
OS POR POLICIAIS C
ONTRA CIVIS
ADOCcedilAtildeO DE CONTROLE EXTER
NO E IN
TERNO
SOBRE A POLIacuteCIA MILITA
R DO RIO DE JA
NEIRO
DENTRE OUTRAS FIN
ALIZACcedil
AtildeO DO PROCESSO
CRIMINAL IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS
PELA
DEMORA INDENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A E
ADOCcedilAtildeO DE REFO
RMAS LEG
ISLATIVAS E
ADMINISTR
ATIVAS PA
RA COMBATER
A
DISCRIMINACcedilAtildeO DE GEcircNERO E A
VIOLEcircN
CIA
DOMEacuteSTIC
A CONTRA MULHERES
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
65 sumaacuterio
CASO 11291 ldquoC
ARANDIRUrdquo (IN
FORMES N
12099
E N 3400)
CASO 11599 ldquoM
ARCOS AUREacuteLIO
DE OLIVEIR
Ardquo
(INFORMES N
2399 E N 1000)
CASO 11598 ldquoA
LONSO EUGEcircNIO DA SILVArdquo
(INFORMES N
2299 E N 0900)
CASO 11516 ldquoO
VELAacuteRIO TAMESrdquo (IN
FORMES N
8098 E N 6099)
DENUacuteNCIA SOBRE O MASSAC
RE PROMOVIDO
POR FORCcedilAS POLICIAIS AO
INVADIREM O
PRESIacuteD
IO DO CARANDIRU PARA DEBELA
R UMA
REBELIAtildeO
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
CRIANCcedilA DE RUA POR POLICIAL CIVIL
DENUacuteNCIA SOBRE HOMICIacuteDIO DE MENOR POR
POLICIAL MILITA
R DURANTE D
ETENCcedilAtildeO POR
SUPOSTO
ASSA
LTO
DENUacuteNCIA SOBRE DETEN
CcedilAtildeO ARBITRAacuteRIA DA
VIacuteTIMA QUE FO
I MORTA DEPOIS D
E TORTURADA
POR AGENTES D
E SEGURANCcedilA
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave JUSTICcedil
A Agrave PROTECcedil
AtildeO CONTRA
DETEN
CcedilOtildeES A
RBITRAacuteRIAS Agrave
PROTECcedil
AtildeO
JUDICIAL E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
SISTEMA CARCERAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS FATO
S E
PUNICcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS IN
DENIZACcedil
AtildeO
DAS VIacuteTIM
AS OU FAMILIA
RES E
DESEN
VOLVIM
ENTO DE POLIacuteTIC
AS PA
RA
DIMINUIR A SUPERPOPULACcedil
AtildeO NOS PRESIacuteD
IOS
AUMENTAR A SEG
URANCcedilA E TR
EINAR AS
FORCcedilAS DE SEG
URANCcedilA DENTRE OUTROS
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO
DOS RESP
ONSAacuteVEIS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES E C
OMBATE AO
PROBLEM
A DOS
ldquoMENINOS DE RUArdquo N
O RIO DE JA
NEIRO EM
CONSONAcircNCIA COM AS OBRIGACcedilOtildeES
INTER
NACIONAIS
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DO
RESP
ONSAacuteVEL E IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS P
ELO CRIME E P
ELA DEMORA NA
PUNICcedilAtildeO INDENIZACcedil
AtildeO DOS FA
MILIA
RES
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S E DE IN
DENIZACcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S E DE IN
DENIZACcedil
AtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
PESQUISA DIREITO GV
66 sumaacuterio
CASO 11405 ldquoN
EWTON COUTINHO MENDES E
OUTROSrdquo (IN
FORMES N
7998 E N 5999)
CASO 11287 ldquoJO
AtildeO CANUTO DE OLIVEIR
Ardquo
(INFORME N 2498)
DENUacuteNCIA SOBRE MORTES E A
MEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR DEFEN
SORES D
E DIREITO
S
HUMANOS E P
ESSOAS LIG
ADAS Agrave OCUPACcedil
AtildeO DE
TERRAS EM
RAZAtildeO
DE GRUPO DE EXTER
MIacuteNIO
FORMADO POR PROPRIETAacute
RIOS
DENUacuteNCIA SOBRE A FALTA DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E
PUNICcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS P
ELO HOMICIacuteDIO DE
LIacuteDER DE TR
ABALHADORES R
URAIS N
O PARAacute
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave LIB
ERDADE Agrave
SEGURANCcedilA E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
JUSTICcedil
A AgraveS GARANTIAS
JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS D
E PREVEN
CcedilAtildeO DE NOVOS
CONFLITO
S NA AacuteREA E D
E INDENIZACcedil
AtildeO DAS
VIacuteTIMAS OU FAMILIA
RES
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS P
ELO CRIME IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES E P
REVEN
CcedilAtildeO DE NOVOS CONFLITO
S
NA AacuteREA
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO 144
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
67 sumaacuterio
CASO
CASO
S 12426 E 12427 ldquoMEN
INOS EM
ASC
ULA
DOS D
O MARANHAtildeO
rdquo
(INFO
RME N
4306)
CASO
11289 ldquoJOSEacute P
EREIR
Ardquo (INFO
RME N
9503)
RESU
MO
DO
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO E C
ASTR
ACcedilAtildeO
DE D
IVERSO
S MEN
INOS
NO PA
RAacute E N
O MARANHAtildeO
COM DEM
ORA NAS IN
VESTIGACcedil
OtildeES
DEN
UacuteNCIA SO
BRE R
EDUCcedilAtildeO
DE TR
ABALH
ADORES A
CONDICcedilOtildeES A
NAacuteLO
GAS
Agrave ESC
RAVID
AtildeO E D
E DEM
ORA NA TO
MADA DE P
ROVID
EcircNCIAS
DIR
EITOS VIO
LAD
OS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave PROTECcedil
AtildeO DA FA
MIacuteLIA
AO JU
LGAMEN
TO JU
STO Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL Agrave
S GARANTIA
S JUDICIAIS E D
IREITO
S DAS
CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave IN
TEGRIDADE P
ESSOAL Agrave
LIBER
DADE AO
TRABALH
O E A
UMA JU
STA REM
UNER
ACcedilAtildeO
AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO
JUDICIAL
TEMA
INVESTIG
ACcedilAtildeO
CRIMINAL
ESCRAVID
AtildeO
MED
IDA
S IND
ICAD
AS
DEN
TRE O
UTR
AS R
EPARACcedil
AtildeO SIM
BOacuteLIC
A E M
ATERIAL D
AS VIacuteTIM
AS O
U
DE SEU
S FAMILIA
RES IM
PLEM
ENTACcedil
AtildeO DE P
ROGRAMAS PA
RA
COMBATER
A VIO
LEcircNCIA CONTR
A CRIANCcedilAS E A
DOLESC
ENTES B
EM
COMO OUTR
OS P
ROGRAMAS A
DMINISTR
ATIVOS M
ONITO
RAMEN
TO DA
SITUACcedil
AtildeO POR MEIO
DE C
OMISSAtildeO
DEN
TRE O
UTR
AS P
UNICcedilAtildeO
DOS R
ESPONSAacuteVEIS IN
DEN
IZACcedilAtildeO
DA VIacuteTIM
A
ALTER
ACcedilAtildeO
DA LEG
ISLACcedilAtildeO
SOBRE TR
ABALH
O ESC
RAVO
E DOS
MEC
ANISM
OS D
E COMBATE E FISC
ALIZACcedil
AtildeO
NATU
REZA
DA
S MED
IDA
SMED
IDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO
E DE N
AtildeO REP
ETICcedilAtildeO
MED
IDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO
E DE N
AtildeO REP
ETICcedilAtildeO
CU
MP
RIM
ENTO
(EM 2012)
CUMPRIMEN
TO IN
TEGRAL
CUMPRIMEN
TO PA
RCIAL
III SOLUCcedilOtildeES AMISTOSAS CELEBRADAS PELO BRASIL
NA COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 2 (ENTRE 1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
68 sumaacuterio
CASO
ldquoCASO
DA UNIDADE D
E INTER
NACcedil
AtildeO
SOCIOED
UCATIVArdquo (2011)
ldquoCASO
JULIA
GOMES LU
ND E O
UTROSrdquo (2009)
ldquoCASO
DOS D
ETENTOS D
A PEN
ITENCIAacuteRIA DE
ARARAQ
UARArdquo (2006)
RESU
MO
DO
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE C
ASO
S DE M
ORTE E TO
RTU
RA
DE A
DOLESC
ENTES D
ETIDOS N
A UNIS D
E
CARIAC
ICA ESP
IacuteRITO
SANTO (V M
EDIDA
CAUTELA
R DA CIDH)
DEN
UacuteNCIA SO
BRE O
DESA
PAREC
IMEN
TO
FORCcedilADO DE M
ILITANTES Q
UE PA
RTIC
IPARAM
DA ldquoG
UER
RILH
A DO ARAG
UAIArdquo C
OMBATEN
DO O
REG
IME D
ITATORIAL B
RASILEIR
O E FA
LTA DE
INVESTIG
ACcedilAtildeO
SOBRE O
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
GRANDE C
ONCEN
TRACcedil
AtildeO
DE P
RESO
S NO CEN
TRO DE D
ETENCcedilAtildeO
COM
CONSEQ
UEN
TE TRANSM
ISSAtildeO DE D
OEN
CcedilAS E
CONFLITO
S INTER
NOS
DIR
EITOS VIO
LAD
OS
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE P
ESSOAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave IN
TEGRIDADE P
ESSOAL Agrave
LIBER
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IV MEDIDAS PROVISIONAIS OUTORGADAS PELA CORTE
INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012)
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
69 sumaacuterio
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70 sumaacuterio
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V CASOS CONTENCIOSOS NA CORTE INTERAMERICANA
DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012)
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
71 sumaacuterio
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NOTAS
A pesquisa que deu origem a esta obra coordenada pelo Professor1
Javier Couso da Universidad Diego Portales (Chile) integrou um projetointernacional de natureza comparativa que envolveu diversos paiacuteses latino-americanos Estados Unidos e Itaacutelia com vistas a uma publicaccedilatildeo conjuntaem liacutengua espanhola No Brasil a pesquisa foi desenvolvida pelos seguintespesquisadores Prof Oscar Vilhena Vieira (coordenador) Luciana Ramos eRubens Glezer (pesquisadores mestres) Adriane Sanctis de Brito GuilhermeKlafke e Rafael Giovanelli (pesquisadores graduados) e Mariacutelia Lessa(pesquisadora graduanda) Os autores do artigo agradecem a Faacutebia FCarvalho Veccediloso pelos comentaacuterios e contribuiccedilotildees ao texto final e ao Lucas Felipe W Padilha pelo auxiacutelio na pesquisa inicial Os autores se responsabilizam integralmente pelos eventuais equiacutevocos cometidos
Ao longo deste artigo far-se-aacute referecircncia agrave Corte Interamericana2
de Direitos Humanos tambeacutem como ldquoCorte Interamericanardquo e ldquoCorteIDHrdquo No mesmo sentido far-se-aacute referecircncia agrave Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos como ldquoComissatildeo Interamericanardquo ou ldquoCIDHrdquo
A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos foi ratificada pelo3
Brasil em 25 de setembro de 1992 Em 6 de novembro de 1992 o Decreton 678 promulgou internamente a Convenccedilatildeo estabelecendo em seu art 1ordmque ldquoa Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de Satildeo Joseacute da Costa Rica) celebrada em Satildeo Joseacute da Costa Rica em 22 de novembrode 1969 apensa por coacutepia ao presente decreto deveraacute ser cumprida tatildeointeiramente como nela se conteacutemrdquo
O reconhecimento da jurisdiccedilatildeo contenciosa da Corte Interamericana4
de Direitos Humanos ocorreu seis anos mais tarde externamente em 10 dedezembro de 1998 com a aprovaccedilatildeo interna do Decreto Legislativo n 89 de3 de dezembro de 1998 O art 1ordm do decreto dispocircs ldquoEacute aprovada a solicitaccedilatildeode reconhecimento da competecircncia obrigatoacuteria da Corte Interamericana deDireitos Humanos em todos os casos relativos agrave interpretaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeoda Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos para fatos ocorridos a partirdo reconhecimento de acordo com o previsto no paraacutegrafo primeiro doart 62 daquele instrumento internacionalrdquo
Cf Leonardo Sakamoto Zeacute Pereira um sobrevivente 2 de junho de5
2004 Disponiacutevel em lthttpreporterbrasilorgbr200406ze-pereira-um-sobreviventegt Acesso em 22 abr 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual6
de 2012 capiacutetulo 3-B
PESQUISA DIREITO GV
72 sumaacuterio
Natildeo haacute dados suficientes nos relatoacuterios para indicar a quantidade7
de decisotildees com recomendaccedilotildees que por terem sido cumpridas no prazonatildeo tiveram seus relatoacuterios publicados pela Comissatildeo
Pesquisa realizada na seccedilatildeo de busca de jurisprudecircncia da proacutepria8
Corte Disponiacutevel em ltwwwcorteidhorcrindexphpjurisprudenciagtAcesso em 11 maio 2013
Utilizamos as categorias de ldquoindenizaccedilatildeordquo ldquosatisfaccedilatildeordquo e ldquogarantias9
de natildeo repeticcedilatildeordquo tal como apresentadas na Resoluccedilatildeo da Assembleia Geralda ONU n 60147 de 16 de dezembro de 2005 paraacutegrafos 18 a 23
Informe n 4306 (Meninos emasculados do Maranhatildeo)10
Informes n 5401 (Maria da Penha) n 5501 (Aluiacutesio Cavalcante11
e outros) n 2302 (Diniz Bento da Silva) n 4003 (Parque Satildeo Lucas)n 9503 (Joseacute Pereira) n 3204 (Corumbiara) n 3304 (Jailton Neri daFonseca) e n 6606 (Simone Andreacute Diniz)
Informes n 3508 (Antonio Ferreira Braga) n 2509 (Sebastiatildeo12
Camargo Filho) n 2609 (Wallace de Almeida) e n 3710 (Manoel Lealde Oliveira)
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual13
de 2012 capiacutetulo 3 item D
Vide Informe n 2498 (Joatildeo Canuto) Cf Comissatildeo Interamericana14
de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafo 45
Veja-se por exemplo o Caso 11793 (Jorge Antonio Carelli)15
mencionado no Relatoacuterio Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafo 46
Cf David C Baluarte and Christian M De Vos From Judgment to16
Justice Implementing International and Regional Human RightsDecisions Open Society Foundations 2010 Disponiacutevel em ltwwwsorosorginitiativesjusticefocusinternational_justicearticles_publicationspublicationsfrom-judment-to-justice20101122gt Acesso em 27 de junho de 2013
O primeiro foi o Projeto de Lei n 32142000 do Deputado17
Marcos Rolim PTRS apresentado em 13 de junho de 2000 que conformesua ementa dispunha sobre os efeitos juriacutedicos das decisotildees da ComissatildeoInteramericana de Direitos Humanos e da Corte Interamericana de DireitosHumanos e dava outras providecircncias Ele continha apenas quatro artigos e
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
73 sumaacuterio
tratava basicamente das decisotildees de caraacuteter indenizatoacuterio das decisotildees daComissatildeo e da Corte atribuindo-lhes efeito de tiacutetulo executivo judicialdireto contra a Uniatildeo Segundo o deputado o projeto procurava suprir adeficiecircncia de legislaccedilatildeo nacional sobre o tema e possibilitar agrave Uniatildeo pagaras indenizaccedilotildees sem prejuiacutezo de reaver o valor posteriormente doresponsaacutevel pela violaccedilatildeo de direitos humanos (cf Projeto de Lei n 3214de 2000 Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados 17 de junho de 2000)
A primeira comissatildeo que tratou do projeto considerou inconstitucional a execuccedilatildeo de uma decisatildeo sem que fosse homologada pelo oacutergatildeo brasileirocompetente (atualmente o Superior Tribunal de Justiccedila) e tambeacutem rejeitoua inclusatildeo das decisotildees da Comissatildeo uma vez que ela natildeo teria caraacuteterjurisdicional O projeto entatildeo foi alterado nesses aspectos restringindo a aplicaccedilatildeo da lei agraves decisotildees da Corte e mantendo a necessidade dehomologaccedilatildeo Ele sofreu criacuteticas pela sua pequena abrangecircncia natildeodispondo sobre as frequentes obrigaccedilotildees de fazer e natildeo fazer (cf MinisteacuterioPuacuteblico Federal Nota teacutecnica ao Projeto de Lei n 46672004 Brasiacutelia2010 p 1) Ao fim foi arquivado sem ter sido votado nem mesmo pelaCacircmara em razatildeo de procedimentos internos da Casa
O segundo foi o Projeto de Lei n 46672004 do Deputado JoseacuteEduardo Cardozo PTSP apresentado em 15 de dezembro de 2004 queconforme sua ementa dispunha sobre os efeitos juriacutedicos das decisotildees dosOrganismos Internacionais de Proteccedilatildeo aos Direitos Humanos e dava outrasprovidecircncias Em sua justificativa o deputado praticamente reiterou ospontos afirmados no projeto anterior salientando que ldquoapesar da ratificaccedilatildeoas decisotildees dessas instacircncias natildeo estatildeo sendo respeitadas pelo Brasil O PoderExecutivo manifesta interesse no cumprimento das decisotildees dos organismosde proteccedilatildeo seja no acircmbito regional ou global poreacutem alega a inexistecircnciade legislaccedilatildeo ordinaacuteria nacional destinada a disciplinar a mateacuteriardquo
Esse projeto ainda tramita no Congresso Nacional onde permanecedesde 2011 no Senado Federal sem movimentaccedilatildeo Natildeo obstante alguns deseus pontos ainda satildeo criticados principalmente por natildeo cobrir todas asdiferentes hipoacuteteses de condenaccedilotildees internacionais como relatoacuterios opiniotildeesconsultivas recomendaccedilotildees etc e por natildeo afastar alguns oacutebices internos parao imediato cumprimento das obrigaccedilotildees inclusive a demora na tramitaccedilatildeodos procedimentos (cf ibidem p 7-10) De qualquer forma salienta-se aoportunidade de que o Brasil conte com a primeira lei nacional deimplementaccedilatildeo das decisotildees internacionais (cf ibidem p 11)
Cf Decreto Presidencial n 7037 de 21 de dezembro de 200918
com alteraccedilotildees pelo Decreto Presidencial n 7177 de 12 de maio de 2010
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site do proacuteprio19
Ministeacuterio Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbro-ministerioconheca-o-ministerioviewgt Acesso em 27 jun 2013
PESQUISA DIREITO GV
74 sumaacuterio
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site da proacutepria20
Secretaria Disponiacutevel em lthttpportalsdhgovbrclientessedhsedhsobregt Acesso em 27 jun 2013
Na eacutepoca era denominada ldquoSecretaria Nacional dos Direitos21
Humanosrdquo Depois foi nomeada ldquoSecretaria do Estado dos DireitosHumanosrdquo Mais informaccedilotildees sobre o histoacuterico da Secretaria podem serencontradas no site da Secretaria Disponiacutevel em lthttpportalsdhgovbrclientessedhsedhsobregt Acesso em 27 jun 2013
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site do proacuteprio22
oacutergatildeo Disponiacutevel em ltwwwagugovbrsistemassiteTemplateTextoaspxidConteudo=200643ampordenacao=1ampid_site=10742gtAcesso em 27 jun 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional23
da SDH
Informaccedilatildeo concedida por membro do Departamento24
Internacional da AGU
Informaccedilotildees concedidas por membro do Departamento Internacional25
da AGU e por ex-membro da Assessoria Internacional da SDH
A dotaccedilatildeo contou em 2013 com o valor de R$ 35000000 Cf26
BRASIL Lei Federal n 12798 de 4 de abril de 2013 (Lei OrccedilamentaacuteriaAnual de 2013) volume IV p 603
Cf I Plano Nacional de Direitos Humanos p 7 anexo ao27
Decreto Presidencial n 1904 de 13 de maio de 1996
Cf Anexo ao Decreto Presidencial n 4229 de 13 de maio de 200228
Cf BRASIL Lei federal n 10933 de 11 de agosto de 200429
Plano Plurianual 20042007
Cf BRASIL Ministeacuterio da Justiccedila Plano Gerencial do Programa30
ldquoDireitos Humanos Direitos de Todosrdquo p 3-4 Disponiacutevel emltwwwmjgovbrsedhctspddhPlanGer_DHDTdocgt Acesso em 31maio 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional31
da SDH
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
75 sumaacuterio
De maneira sinteacutetica pode-se conceituar ldquoprogramardquo como ldquoo32
instrumento de organizaccedilatildeo da atuaccedilatildeo governamental que articula umconjunto de accedilotildees que concorrem para a concretizaccedilatildeo de um objetivocomum preestabelecido mensurado por indicadores instituiacutedos no planovisando agrave soluccedilatildeo de um problema ou o atendimento de determinadanecessidade ou demanda da sociedaderdquo enquanto ldquoaccedilotildeesrdquo satildeo ldquooperaccedilotildeesdas quais resultam produtos (bens ou serviccedilos) que contribuem paraatender ao objetivo de um programardquo (BRASIL Ministeacuterio do PlanejamentoOrccedilamento e Gestatildeo Secretaria do Orccedilamento Federal Manual teacutecnico deorccedilamento versatildeo 2011 Brasiacutelia 2010 p 39 e 42) A partir de 2012 houveuma pequena alteraccedilatildeo nos conceitos de modo a atender melhor oplanejamento governamental mas essa mudanccedila natildeo seraacute explicada aqui pornatildeo ser objeto deste artigo
Descriccedilatildeo constante nos objetivos estrateacutegicos 487 a 489 do33
programa nos seguintes termos ldquoComo resultado da implementaccedilatildeo doPrograma Nacional de Direitos Humanos ndash PNDH o Brasil ampliou suaparticipaccedilatildeo nos sistemas global (da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas ndashONU) e regional (da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos ndash OEA) depromoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos humanos Em particular a cooperaccedilatildeocom os oacutergatildeos de supervisatildeo da OEA tem ensejado a busca de soluccedilotildeesamistosas para casos de violaccedilatildeo em exame pela Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos abrindo a possibilidade de concessatildeo de reparaccedilotildeese indenizaccedilotildees agraves viacutetimas dessas violaccedilotildees ou a seus familiares bem comoa adoccedilatildeo de medidas administrativas e legislativas para prevenir aocorrecircncia de novas violaccedilotildeesrdquo (cf BRASIL Decreto Presidencial n4229 de 13 de maio de 2002 anexo)
Criado pela Emenda Constitucional n 45 de 30 de dezembro 34
de 2004 o Conselho Nacional de Justiccedila eacute um oacutergatildeo de caraacuteter nacionalpertencente ao Poder Judiciaacuterio responsaacutevel por exercer as funccedilotildees decontrole administrativo e financeiro de toda a Justiccedila brasileira Eletambeacutem tem a competecircncia constitucionalmente estabelecida de fiscalizaros juiacutezes tendo poderes disciplinares e correcionais para isso (art 103-Bsect 4ordm III e V) O Conselho elabora estudos sobre o aparato judiciaacuteriobrasileiro e fixa diretrizes e resoluccedilotildees que devem ser observadas portodos os tribunais do paiacutes Suas decisotildees e resoluccedilotildees soacute podem sercontroladas pelo Supremo Tribunal Federal o que o torna a instacircnciaadministrativa mais importante do Judiciaacuterio brasileiro
Informaccedilotildees gerais podem ser encontradas no site do proacuteprio35
programa Disponiacutevel em ltwwwcnjjusbrprogramas-de-a-a-zeficiencia-modernizacao-e-transparenciajustica-plenagt Acesso em 27 jun 2013
PESQUISA DIREITO GV
76 sumaacuterio
Informaccedilatildeo concedida por membro de ONG peticionaacuteria no caso36
Damiatildeo Ximenes Lopes
No relatoacuterio referente agraves atividades do ldquoJusticcedila Plenardquo ateacute 2012 37
a SDH figura como o terceiro oacutergatildeo participante a incluir mais processosno programa sendo que todas as suas 16 inclusotildees se referiam a casos quetramitam ou tramitaram no sistema interamericano Ao todo o programacontava com 80 casos em andamento em 18 de maio de 2012 (cf BRASILConselho Nacional de Justiccedila Relatoacuterio do Programa Justiccedila Plena BrasiacuteliaConselho Nacional de Justiccedila p 9 Disponiacutevel em ltwwwcnjjusbrimagesprogramasjustica-plenarelatorio_justicaplenapdfgt Acesso em 27 jun 2013)
Depoimentos em provas documentais de Luiacutes Fernando Farah de38
Toacutefoli e Domingos Saacutevio do Nascimento Alves
Depoimentos em provas documentais de Braz Geraldo Peixoto39
familiar de usuaacuterio do sistema de sauacutede mental eleito representante defamiliares perante a Comissatildeo Nacional de Reforma Psiquiaacutetrica doMinisteacuterio da Sauacutede e perante a Comissatildeo Estadual da Secretaria deSauacutede do Estado de Satildeo Paulo
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Damiatildeo40
Ximenes Lopes versus Brasil Sentenccedila de 04 de julho de 2006 (meacuteritoreparaccedilotildees e custas) 2006 p 16
Cf QUINDEREacute Paulo H D e JORGE Maria Salete B41
(Des)construccedilatildeo do modelo assistencial em sauacutede mental na composiccedilatildeo das praacuteticas e dos serviccedilos Sauacutede Soc Satildeo Paulo v 19 n 3 2010 p 569-83
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria42
Internacional da SDH e por membro de ONG peticionaacuteria no casoDamiatildeo Ximenes Lopes
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no43
caso Damiatildeo Ximenes Lopes
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria44
Internacional da SDH
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio sobre a45
situaccedilatildeo dos direitos humanos no Brasil 1997 Disponiacutevel em ltwwwcidhorgcountryrepBrasesp97indicehtmgt Acesso em 29 abr 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
77 sumaacuterio
Cf COSTA Patriacutecia Trindade Maranhatildeo Combatendo o trabalho escravo46
contemporacircneo o exemplo do Brasil Disponiacutevel em ltwwwoitbrasilorgbrsitesdefaultfilestopicforced_labourdocestudo_de_ caso_86pdfgt Acessoem 21 abr 2013
Lei federal n 10803200347
Mudanccedila feita pela PEC n 4382001 que altera a redaccedilatildeo do48
artigo 243 da Constituiccedilatildeo
Cf CAMARGO Beatriz Governo cumpre parte do acordo com 49
OEA sobre trabalho escravo 25 de maio de 2006 Disponiacutevel emltwwwtrabalhoescravoorgbrnoticia6gt Acesso em 27 abr 2013
Art 226 sect 8ordm50
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio sobre 51
a situaccedilatildeo dos direitos humanos no Brasil 1997 Disponiacutevel em ltwwwcidhorgcountryrepBrasesp97indicehtmgt Acesso em 29 abr 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio52
Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafos 55 a 60
Para ver todos os pontos Comissatildeo Interamericana de Direitos53
Humanos Relatoacuterio Anual de 2011 paraacutegrafos 104 e seguintes
Informaccedilotildees concedidas por membro da Rede peticionaacuteria no54
caso Maria da Penha
Cf Leila Linhares Barsted e Rosane Reis Laviane Proposta de Lei55
de Violecircncia Domeacutestica contra as Mulheres Carta da Cepia ano VII n 10dez 2002 Disponiacutevel em ltwwwcepiaorgbrdoccartadacepia10pdfgtAcesso em 22 abr 2013
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia e ONG56
peticionaacuteria no caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no57
caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por funcionaacuteria da Secretaria Especial de58
Poliacuteticas para as Mulheres
PESQUISA DIREITO GV
78 sumaacuterio
Para um histoacuterico da participaccedilatildeo desse consoacutercio veja-se o site59
da organizaccedilatildeo CFEMEA Disponiacutevel em ltwwwcfemeaorgbrindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2680ampItemid=154gtAcesso em 23 abr 2013
Cf BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Mensagem Presidencial 60
n 78204 de 16 de novembro de 2004 paraacutegrafo 10
Veja-se o parecer da Comissatildeo de Seguridade Social e Famiacutelia de 2361
de agosto de 2005 Disponiacutevel em ltwwwcamaragovbrproposicoesWebfichadetramitacaoidProposicao=272058gt Acesso em 1ordm maio 2013
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia e ONGs62
peticionaacuterias no caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia63
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Julia Gomes64
Lund e outros (ldquoGuerrilha do Araguaiardquo) vs Brasil sentenccedila de 24 de novembrode 2010 (exceccedilotildees preliminares meacuterito reparaccedilotildees e custas) 2010 p 107
De acordo com o art 6ordm do Decreto n 6980 de 13 de outubro65
de 2009
Para mais informaccedilotildees ver ltwwwmemoriasreveladasarquivonacional66
govbrgt Acesso em 27 jun 2013
Informaccedilatildeo concedida por membro da Comissatildeo Nacional da Verdade67
O periacuteodo fixado pelo art 8ordm dos Atos das Disposiccedilotildees68
Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo eacute de 18 de setembro de 1946ateacute a data da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo
PNDH-3 instituiacutedo pelo Decreto n 7037 de 21 de dezembro 69
de 2009 e atualizado pelo Decreto n 7177 de 12 de maio de 2010 (cf BRASIL Secretaria de Direitos Humanos da Presidecircncia daRepuacuteblica Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) BrasiacuteliaSDHPR 2010 p 173-175 Disponiacutevel em lthttpportalmjgovbrsedhpndh3pndh3pdfgt Acesso em 27 jun 2013)
Os relatoacuterios de suas atividades e as respectivas conclusotildees70
podem ser encontrados no site da proacutepria Comissatildeo Nacional da VerdadeDisponiacutevel em ltwwwcnvgovbrgt Acesso em 27 jun 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
79 sumaacuterio
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Julia Gomes71
Lund e outros (Guerrilha do Araguaia) vs Brasil sentenccedila de 24 de novembrode 2010 cit p 107
Cf BRASIL Ministeacuterio Puacuteblico Federal Crimes da Ditadura72
Relatoacuterio preliminar de atos de persecuccedilatildeo penal desenvolvidos pelo MPFacerca de graves violaccedilotildees de direitos humanos cometidas por agentes doEstado durante a ditadura Brasiacutelia Ministeacuterio Puacuteblico Federal 2013Disponiacutevel em lthttpnoticiaspgrmpfgovbrnoticiasnoticias-do-sitecopy_of_pdfsRelatorio_Crimes20_Ditatura_completopdfgt Acessoem 29 maio 2013
Cf ibidem p 1773
Cf A O Sevaacute Filho Tenotatilde-motilde ndash Alertas sobre as consequecircncias74
dos projetos hidreleacutetricos no rio Xingu IRN 2005 p 11 55 67 255
Cf ibidem p 42-46 6575
Relatoacuterio disponiacutevel em ltwwwaneelgovbrareacfmidArea=671gt76
Acesso em 30 mar 2013
Cf A O Sevaacute Filho Tenotatilde-m cit p 4277
Cf ibidem p 11 4978
Decisatildeo disponiacutevel em ltwwwsteptoecomassetsattachments79
4398pdfgt Acesso em 31 mar 2013
Accedilatildeo Civil Puacuteblica de n 5850-7320014013900 cujo80
acompanhamento processual encontra-se disponiacutevel emltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada 20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm abr 2013
Pet 2604PA Relator(a) Min Presidente julgamento81
26102002 decisatildeo proferida pelo(a) Min Marco Aureacutelio publicaccedilatildeo DJ12112002 p 47 Disponiacutevel em lthttpstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=282822belo+monte222929+E+S2EPRES2Eampbase=basePresidenciagt Acesso em 1ordm mar 2013
Nos termos do art 231 sect 3ordm da CF8882
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo monte de violecircncias Disponiacutevel em83
PESQUISA DIREITO GV
80 sumaacuterio
lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 1ordm mar 2013
Deputado Federal Fernando Ferro do Partido dos Trabalhadores84
Disponiacutevel em lthttpfernandoferrocombrindexphpoption=85
com_contentampview=articleampid=188projeto-de-decreto-legislativo-de-2005ampcatid=49atuacao-parlamentarampItemid=57gt Acesso em 1ordm mar 2013
DL n 7882005 Disponiacutevel em lthttplegissenadogovbrsicon86
indexjspgt (ver item nautilus) Acesso em 1ordm mar 2013
ADI 3573DF Relator(a) Min Carlos Britto Relator(a) p Acoacuterdatildeo87
Min Eros Grau julgamento 01122005 Oacutergatildeo Julgador Tribunal PlenoPublicaccedilatildeo DJ 19122006 p 35 Ement v 02261-04 p 844 STF Disponiacutevelem ltwwwstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=28decreto+legislativo+788+de+2005+inconstitucionalidade29ampbase=baseAcordaosampurl=httptinyurlcombuauo4agt Acesso em 2 mar 2013
ACP 20063903000711-8 709-8820064013903 Disponiacutevel em88
ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo Monte de Violecircncias89
Disponiacutevel em lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 2 mar 2013
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo Monte de Violecircncias90
Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt e lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 1ordm mar 2013
Cf Folha de S Paulo Disponiacutevel em ltwww1folhauolcombr91
mercado866367-ibama-libera-licenca-para-iniciar-canteiro-de-obras-de-belo-monteshtmlgt cf Movimento Xingu Vivo para Sempre Disponiacutevel emltwwwxinguvivoorgbr20110616peticao-para-cidh-entenda-o-casogtcf Ministeacuterio Puacuteblico Federal Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Documento disponiacutevel em ltwwwsocioambientalorgbanco_imagens92
pdfsParecer_tecnicopdfgt Acesso em 7 maio 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
81 sumaacuterio
Cf Itamaraty Nota 142 Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbr93
sala-de-imprensanotas-a-imprensasolicitacao-da-comissao-interamericana-de-direitos-humanos-cidh-da-oeasearchterm=belogtAcesso em 8 maio 2013
Licenccedila de Instalaccedilatildeo n 795201194
Disponiacutevel em lthttpglobalorgbrprogramasbelo-monte-apos-95
boicotar-audiencia-brasil-e-cobrado-na-cidhoeagt Acesso em 5 maio 2013
Cf Movimento Xingu Vivo Para Sempre Disponiacutevel em96
ltwwwxinguvivoorgbr20120116belo-monte-inicia-primeiro-barramento-do-xingu-2gt Acesso em 5 maio 2013
Cf Movimento Xingu Vivo Para Sempre Disponiacutevel em97
ltwwwxinguvivoorgbr20120724mpf-pede-anulacao-da-licenca-de-belo-montegt e ltwwwxinguvivoorgbrwpcontentuploads201207Belo_Monte_cautelar_Condicionantespdfgt Acesso em 9 maio2013 cf Ministeacuterio Puacuteblico Federal Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 9 maio 2013
STF SL 125PA Relator(a) Min Presidente julgamento98
16032007 decisatildeo proferida pelo(a) Min Ellen Gracie Publicaccedilatildeo DJ29032007 p 36 Disponiacutevel em lthttpstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=282822belo+monte222929+E+S2EPRES2Eampbase=basePresidenciagt Acesso em 1ordm mar 2013
Disponiacutevel em ltwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1980-99
1989anexoand96652-88pdfgt Acesso em 28 mar 2013
Cf Instituto Socioambeintal Cronologia Disponiacutevel em100
ltwwwsocioambientalorgespbmhistaspgt Acesso em 28 mar 2013
Cf BRASIL Plano 2030 p 13 56 59 73 e 97 Disponiacutevel em101
ltwwwmmegovbrmmegaleriasarquivospublicacoespne_20303_GeracaoHidreletricapdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Segundo o Governo Federal ldquoCriado em 2007 no segundo102
mandato do presidente Lula (2007-2010) o Programa de Aceleraccedilatildeo doCrescimento ndash PAC promoveu a retomada do planejamento e execuccedilatildeode grandes obras de infraestrutura social urbana logiacutestica e energeacutetica dopaiacutes contribuindo para o seu desenvolvimento acelerado e sustentaacutevel
PESQUISA DIREITO GV
82 sumaacuterio
Pensado como um plano estrateacutegico de resgate do planejamento e de retomada dos investimentos em setores estruturantes do paiacutes o PACcontribuiu de maneira decisiva para o aumento da oferta de empregos e na geraccedilatildeo de renda e elevou o investimento puacuteblico e privado em obrasfundamentaisrdquo Disponiacutevel em lthttpdadosgovbrdatasetobras-do-pac-programa-de-aceleracao-do-crescimentogt Acesso em em 8 mar 2013
Cf Estado de Satildeo Paulo Disponiacutevel em ltwwwestadaocombr103
noticiaseconomiaminc-belo-monte-e-maior-e-mais-polemica-obra-do-pac5048630htmgt Acesso em 8 mar 2013
Satildeo elas Usina Hidreleacutetrica de Jirau (RO) seacutetima mais104
importante Usina Hidreleacutetrica de Santo Antocircnio (RO) quinta maisimportante e Usina Hidreleacutetrica Belo Monte (PA) quarta mais importanteDisponiacutevel em ltwwwpacgovbrif1e1c8abgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Governo Federal PAC Disponiacutevel em ltwwwpacgovbri105
f1e1c8abgt Acesso em 8 mar 2013
1989 1994 1998 2002 2006 2010 Cf Tribunal Superior106
Eleitoral Eleiccedilotildees Disponiacutevel em ltwwwtsejusbreleicoeseleitos-1945-1990cronologia-das-eleicoesgt Acesso em 9 maio 2012
Dilma Rousseff (2011) Luis Inaacutecio Lula da Silva (2003-2011)107
Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) Itamar Augusto CautieroFranco (1992-1995) Fernando Afonso Collor de Mello (1990-1992) JoseacuteSarney (1985-1990) Joatildeo Baptista de Oliveira Figueiredo (1979-1985) eErnesto Geisel (1974-1979) Cf Governo Federal Galeria de PresidentesDisponiacutevel em ltwww2planaltogovbrpresidenciagaleria-de-presidentesgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Governo Federal Ex-Presidentes Disponiacutevel em ltwwwbiblioteca108
presidenciagovbrex-presidentesfernando-collorgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Medida109
Cautelar 38210 Disponiacutevel em ltwwwoasorgescidhdecisionescautelaresasptab1gt Acesso em 8 mar 2013
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria Internacional110
da Secretaria de Direitos Humanos
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional111
da Secretaria de Direitos Humanos
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
83 sumaacuterio
Houve a promulgaccedilatildeo da Lei Federal n 10706 de 30 de julho de112
2003 para autorizar o pagamento de indenizaccedilatildeo no valor de R$ 5200000a Joseacute Pereira
O relatoacuterio estaacute disponiacutevel em ltwww2senadogovbrbdsfitem113
id84599gt Acesso em 21 abr 2013
De acordo com informaccedilotildees concedidas por ex-membro da114
Assessoria Internacional da SDH no caso dos Meninos do Maranhatildeo houvegrande proatividade por parte do estado maranhense Em sua opiniatildeo acelebraccedilatildeo do acordo de soluccedilatildeo amistosa obteve sucesso em grande parteem razatildeo da vontade poliacutetica do estado
A Comissatildeo foi criada por meio do Decreto do Governo 115
do Maranhatildeo n 23037 de 20 de abril de 2007 Disponiacutevel emltwwwcgemagovbrdocumentophpIdp=1791gt Acesso em 24 fev 2013
A Comissatildeo de Direitos Humanos e das Minorias eacute uma das comissotildees116
permanentes da Cacircmara dos Deputados do Brasil cuja finalidade consiste emanalisar propostas legislativas e outros assuntos referentes agrave temaacutetica
Disponiacutevel em lthttpblogjornalpequenocombrricardosantos117
20110930acordo-com-familias-dos-E2809Cmeninos-emasculadosE2809D-nao-esta-sendo-cumprido-denuncia-eliziane-gamagt Acesso em 24 fev 2013
Notiacutecia disponiacutevel em lthttpg1globocommamaranhao118
noticia201302promotoria-aponta-irregularidades-em-quase-todas-delegacias-de-sao-luishtmlgt Acesso em 24 fev 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional119
da SDH
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional120
da SDH
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Demanda perante121
a Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso Arley Joseacute Escher e outros(interceptaccedilatildeo de linhas telefocircnicas de organizaccedilotildees sociais) (Caso 12353) contra aRepuacuteblica Federativa do Brasil de 20 de dezembro de 2007 paraacutegrafo 32
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Escher e122
outros vs Brasil Exceccedilotildees Preliminares Meacuterito Reparaccedilotildees e Custas Sentenccedila
PESQUISA DIREITO GV
84 sumaacuterio
de 6 de julho de 2009 seacuterie C n 200 paraacutegrafo 216
Oacutergatildeo responsaacutevel por fiscalizar as investigaccedilotildees criminais e123
ajuizar as accedilotildees penais naquele Estado
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Escher e124
outros vs Brasil Resoluccedilatildeo de Supervisatildeo de Cumprimento de Sentenccedilade 19 de junho de 2012 paraacutegrafo 13
Cf ibidem paraacutegrafos 17 a 21 Nesse sentido eacute valiosa a125
comparaccedilatildeo com o caso Julia Gomes Lund e outros vs Brasil
Veja-se no caso Garibaldi vs Brasil o pagamento de US$ 179 mil126
para a viuacuteva e os filhos da viacutetima autorizado por meio do Decretofederal n 7307 de 22 de setembro de 2010 publicado no DOU23092010 e no caso Escher e outros vs Brasil o pagamento de US$ 22mil para cada uma das viacutetimas autorizado por meio do Decreto federaln 7158 de 20 de abril de 2010 publicado no DOU 22042010
Em Garibaldi vs Brasil no ano de 2010 o Governo Federal127
publicou a sentenccedila nos termos determinados em jornais de grandecirculaccedilatildeo e em website do governo Em Escher e outros v Brasil o Estadobrasileiro informou que publicou a sentenccedila em jornais estaduais degrande circulaccedilatildeo entre julho e setembro de 2010 e tambeacutem no site daSDH da Presidecircncia e nos sites paranaenses da Procuradoria-Geral deJusticcedila do Tribunal de Justiccedila do Paranaacute e do Governo do Estado
Ressaltamos poreacutem que natildeo encontramos algumas publicaccedilotildees Essa128
preocupaccedilatildeo com o periacuteodo de disponibilizaccedilatildeo nos meios eletrocircnicos foiexternada pelo Juiz Roberto Figueiredo Caldas em voto concorrente agravesentenccedila no caso Escher e outros vs Brasil de 6 de julho de 2009 paraacutegrafo 46
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no129
caso Maria da Penha
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio130
Anual de 2003 paraacutegrafo 81 Relatoacuterio Anual de 2004 paraacutegrafo 71Relatoacuterio Anual de 2006 paraacutegrafo 88
Conforme apresentado no acircmbito da Comissatildeo ldquola retoma de131
estas negociaciones se refuerza con la presencia de un nuevo actorrepresentante del Gobierno del Estado de Cearaacute denotaacutendose en lasmismas una intencioacuten comuacuten de buscar caminos que guiacuteen al
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
85 sumaacuterio
cumplimiento de las recomendaciones efectuadas pese a las divergenciassuscitadas en la reunioacutenrdquo (cf Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos Relatoacuterio Anual de 2006 paraacutegrafo 83)
Lei Estadual n 14800 de 9 de abril de 2008132
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio133
Anual de 2007 paraacutegrafo 97
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio134
Anual de 2008 paraacutegrafo 102
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio135
Anual de 2011 paraacutegrafos 241 e 242
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no136
caso Maria da Penha
Relatoacuterio de Admissibilidade e Meacuterito n 1307 seccedilotildees 33-36137
OLIVEIRA Francisco de RIZEK Cibele S A era da138
indeterminaccedilatildeo Satildeo Paulo Boitempo Editorial 2007 p 169-70
Lei Municipal n 11102 de 14 de dezembro de 2010139
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo n140
47807 Caso das pessoas privadas de liberdade na Cadeia Puacuteblica do GuarujaacuteRelatoacuterio de Admissibilidade n 4108 de 23 de julho de 2008 paraacutegrafo59 Atualmente a peticcedilatildeo que tramita paralelamente estaacute em fase dejulgamento de meacuterito
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo141
12003 Relatoacuterio n 2311 Decisatildeo de Arquivo de 23 de marccedilo de 2011paraacutegrafo 10
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo n142
1113-06 Caso das pessoas privadas de liberdade nas celas da 76ordf Delegacia dePoliacutecia de Niteroacutei Relatoacuterio de Admissibilidade n 3607 de 17 de julho de2007 paraacutegrafo 79
Acreditamos que a medida cautelar tenha sido completamente143
cumprida A desocupaccedilatildeo da aacuterea e o fim dos conflitos ocorreram apoacutesdecisatildeo do Supremo Tribunal Federal que definiu a retirada dos natildeo
PESQUISA DIREITO GV
86 sumaacuterio
indiacutegenas do local Cf Supremo Tribunal Federal Pleno Pet 3388RRRel Min Ayres Britto j 19032009
Uacuteltimo informe da Comissatildeo referente ao caso apresentou 144
o cumprimento de algumas recomendaccedilotildees mas natildeo foi possiacutevel saber se atualmente o cumprimento permanece parcial ou jaacute foi integralmenterealizado
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
87 sumaacuterio
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88 sumaacuterio
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IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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e que tambeacutem natildeo foram produzidos estudos ou informaccedilotildees puacutebli-cas sistematizadas que esclarecessem quais oacutergatildeos satildeo responsaacuteveispela implementaccedilatildeo das medidas e decisotildees do Sistema Interameri-cano no Brasil O que a equipe de pesquisa detectou desde o primeiromomento eacute que nossa estrutura institucional passou e passa por trans-formaccedilotildees a cada novo caso sendo desafiador e pioneiro o mero atode sistematizar informaccedilotildees relevantes a esse respeitoCom isso a pesquisa que foi pensada com o objetivo de respon-
der qual ldquoo grau de implementaccedilatildeo das medidas e decisotildees do SistemaInteramericanordquo se transformou em uma investigaccedilatildeo mais baacutesica arespeito de ldquocomo foram implementadas as medidas e decisotildeesrdquo Foinecessaacuterio mitigar as expectativas de um diagnoacutestico preciso a res-peito da implementaccedilatildeo de tais medidas no Brasil bem como as detraccedilar um mapeamento perfeito e totalizante a respeito dos mecanis-mos de implementaccedilatildeo Ficou claro ao longo do trabalho que muitaenergia e tempo deveriam ser gastos para desenvolver um meacutetodoadequado de pesquisa e aperfeiccediloaacute-lo a partir de problemas e equiacute-vocos surgidos durante a investigaccedilatildeo Pesquisas preliminares como esta natildeo nos permitem saltar para
conclusotildees rotundas De qualquer forma autorizam aos observado-res mais atentos levantarem hipoacuteteses que mobilizaratildeo outras linhasde investigaccedilatildeo Neste sentido qual seria a razatildeo pela qual o sistemapoliacutetico brasileiro natildeo foi capaz de conceber um mecanismo soacutelido eeficiente para a implementaccedilatildeo das decisotildees do Sistema Intera-mericana de Direitos Humanos Haacute aqui apenas incompetecircnciaadministrativa ou o Estado brasileiro por intermeacutedio de suas institui-ccedilotildees mais permanentes como o Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exterioresresiste a criar mecanismos mais contundentes de implementaccedilatildeo dedecisotildees da jurisdiccedilatildeo internacional Em que medida a dimensatildeo fede-rativa do Estado brasileiro tem sido o maior obstaacuteculo para ummecanismo de implementaccedilatildeo mais eficiente E qual seria o papel dasociedade civil na fiscalizaccedilatildeo da efetividade desses mecanismos
Oscar Vilhena Vieira
SOBRE OS AUTORES
ADRIANE SANCTIS DE BRITOPESQUISADORA DO NUacuteCLEO DE DIREITO GLOBAL E DESENVOLVIMENTO DA DIREITO GV MESTRANDA EM DIREITOINTERNACIONAL PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP) COM GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA MESMA INSTITUICcedilAtildeO
GUILHERME FORMA KLAFKEPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE METODOLOGIA DE ENSINO DA DIREITO GV PROFESSOR DA SOCIEDADE BRASILEIRA DEDIREITO PUacuteBLICO (SBDP) MESTRANDO EM DIREITO CONSTITUCIONAL PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP)COM GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA MESMA INSTITUICcedilAtildeO
LUCIANA DE OLIVEIRA RAMOSPESQUISADORA DO NUacuteCLEO DE JUSTICcedilA E CONSTITUICcedilAtildeO DA DIREITO GV PROFESSORA DO GVLAW PROFESSORA DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP) DOUTORANDA EM DIREITO CONSTITUCIONAL PELA UNIVERSIDADEDE SAtildeO PAULO (FD-USP) MESTRE EM CIEcircNCIA POLIacuteTICA PELA FFLCH-USP GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA PUC-SP
MARIacuteLIA ROLEMBERG LESSAGRADUANDA EM DIREITO PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP) EX-ALUNA DA ESCOLA DE FORMACcedilAtildeO DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP)
OSCAR VILHENA VIEIRADIRETOR DA ESCOLA DE DIREITO DE SAtildeO PAULO DA FUNDACcedilAtildeO GETULIO VARGAS (DIREITO GV) POacuteS-DOUTOR PELOCENTRE FOR BRAZILIAN STUDIES (ST ANTOINES COLLEGE OXFORD UNIVERSITY) DOUTOR E MESTRE EM CIEcircNCIAPOLIacuteTICA PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FFLCH-USP) MESTRE EM DIREITO PELA UNIVERSIDADE DECOLUMBIA GRADUADO EM DIREITO PELA PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DE SAtildeO PAULO (PUC-SP)
RAFAEL GANDUR GIOVANELLIPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE METODOLOGIA DE ENSINO DA DIREITO GV MESTRANDO EM DIREITO E DESENVOLVIMENTOPELA DIREITO GV GRADUANDO EM FILOSOFIA PELA FFLCH-USP GRADUADO EM DIREITO PELA PUC-SP
RUBENS EDUARDO GLEZERPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE JUSTICcedilA E CONSTITUICcedilAtildeO DA DIREITO GV PROFESSOR DO GVLAW PROFESSOR DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP) SECRETAacuteRIO-GERAL DA REDE DE INICIATIVAS LATINO-AMERICANASEM DIREITO E DEMOCRACIA (ILADD) DOUTORANDO EM FILOSOFIA E TEORIA GERAL DO DIREITO PELA FD-USP MESTREEM DIREITO E DESENVOLVIMENTO PELA DIREITO GV VISITING STUDENT NA NEW YORK UNIVERSITY BACHAREL EMDIREITO PELA PUC-SP
INTRODUCcedilAtildeOEsta obra eacute o resultado de uma pesquisa empiacuterica voltada a ofere-cer paracircmetros a respeito do grau de implementaccedilatildeo das decisotildeese recomendaccedilotildees da Corte e da Comissatildeo Interamericana de Direi-tos Humanos pelo BrasilA anaacutelise de implementaccedilatildeo partiu do exame da adoccedilatildeo de
medidas estatais em seus diferentes niacuteveis federativos voltadas acumprir recomendaccedilotildees ou condenaccedilotildees especiacuteficas realizadaspelo Sistema Interamericano de Direitos Humanos (SIDH)2 Con-tudo as conclusotildees obtidas natildeo se restringiram agraves avaliaccedilotildeesrealizadas pelos oacutergatildeos oficiais envolvidos seja na instacircncia inter-nacional (pelos instrumentos de acompanhamento do SIDH) sejana esfera nacional (por pronunciamentos governamentais) Essaavaliaccedilatildeo substantiva se funda em um esforccedilo interpretativo daequipe de pesquisa realizada a partir dos elementos coletadosdocumentalmente e em entrevistas com atores relevantes envol-vidos nas situaccedilotildees investigadas A expressatildeo ldquoimplementaccedilatildeordquo eacute empregada aqui inicialmente
com o mesmo significado de adimplemento de medidas relacio-nado aos esforccedilos feitos para que as determinaccedilotildees da Corte ouda Comissatildeo Interamericana sejam consideradas cumpridas peloscriteacuterios do proacuteprio Sistema Interamericano Apoacutes uma anaacutelisepautada nesses criteacuterios verificou-se a necessidade de abordar aimplementaccedilatildeo de forma mais aprofundada capaz de detectar asnuances dos impactos das recomendaccedilotildeesAs usuais anaacutelises de cumprimento centradas na tipologia de
recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees natildeo nos pareceram suficientes paraexaminar a implementaccedilatildeo no Brasil razatildeo pela qual analisamosoutros fatores tais como (a) se a violaccedilatildeo resulta de uma poliacutetica
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS NO BRASILINSTITUCIONALIZACcedilAtildeO E POLIacuteTICA1
Oscar Vilhena Vieira (coordenador) Luciana Ramos e Rubens Glezer (pesquisadoresmestres) Adriane Sanctis de Brito Guilherme Klafke e Rafael Giovanelli (pesquisadoresgraduados) e Mariacutelia Lessa (pesquisadora graduanda)
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conduzida pelo governo ou ao contraacuterio se decorre de falhas naatuaccedilatildeo do poder puacuteblico ou de accedilotildees de particulares (b) se as con-denaccedilotildees e recomendaccedilotildees dialogam com uma agenda poliacuteticapreexistente no paiacutes bem como (c) se determinadas condenaccedilotildeesem certos contextos natildeo permitem a extrapolaccedilatildeo do caso indivi-dual para um plano coletivoPor meio dessa nova abordagem concluiacutemos que a ausecircncia de
mecanismos formais e especiacuteficos voltados agrave observacircncia de reco-mendaccedilotildees e decisotildees do SIDH no Brasil torna o seu cumprimentoalgo que se opera em uma esfera eminentemente poliacutetica depen-dente de fatores contingentes e imprevisiacuteveisPara alcanccedilar essas conclusotildees a apresentaccedilatildeo dos resultados
estaacute estruturada da seguinte maneira primeiramente se explicitaraacutea metodologia de pesquisa utilizada para em seguida (1) forneceruma visatildeo geral a respeito da inserccedilatildeo do Brasil no SIDH e doscasos que envolvem o paiacutes aprofundando aqueles selecionados paraesta obra (2) mapear os mecanismos criados para implementaras recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees do SIDH e (3) analisar decisotildeesselecionadas a partir de criteacuterios considerados relevantes para iden-tificar facilidades e dificuldades na implementaccedilatildeo das deliberaccedilotildeesdo SIDH Ao final eacute realizada uma conclusatildeo sinteacutetica e articula-dora dos resultados
1 METODOLOGIA A presente obra eacute dedicada agrave anaacutelise da implementaccedilatildeo das deli-beraccedilotildees do SIDH relativas ao Brasil paiacutes vinculado interna eexternamente agrave Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanosdesde 19923 e submetido agrave jurisdiccedilatildeo contenciosa obrigatoacuteria daCorte Interamericana desde 19984
Para tanto foi utilizado o meacutetodo de estudo de caso fundado sobreanaacutelise documental levantamento de reportagens em miacutedia e entre-vistas a agentes puacuteblicos e membros da sociedade civil organizada Com base no exame de todos os casos que envolvem o Brasil
na Corte IDH e na CIDH (vide Apecircndice) foram selecionados comoobjeto de anaacutelise (i) todas as condenaccedilotildees em casos contenciososperante a Corte IDH em razatildeo da sua importacircncia e dos seus efei-tos claramente vinculantes ao paiacutes (ii) todas as soluccedilotildees amistosas
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que envolvem o Brasil em razatildeo da disposiccedilatildeo do proacuteprio Estadoem remediar a violaccedilatildeo de direitos bem como (iii) as recomenda-ccedilotildees da CIDH com alto impacto e repercussatildeo no paiacutes Considerando-se tais categorias chegou-se a um conjunto de
oito casos Os contenciosos satildeo quatro
1 Caso Damiatildeo Ximenes Lopes vs Brasil trata-se de homiciacutedio comsinais de tortura de Damiatildeo Ximenes Lopes portador de defi-ciecircncia mental que havia sido internado em 1ordm de outubro de1999 na casa de repouso dos Guararapes na cidade de SobralCearaacute falecendo trecircs dias depois A cliacutenica era de propriedadede familiar de poliacutetico tradicional da regiatildeo A accedilatildeo penal foiajuizada em 2000 mas o Judiciaacuterio brasileiro soacute se pronuncioucom decisatildeo final em 2013 A accedilatildeo civil indenizatoacuteria ajuizadapelos familiares de Damiatildeo Ximenes Lopes estaacute atualmentearquivada A CIDH apresentou o caso agrave Corte Interamericanacontra o Estado brasileiro em 1ordm de outubro de 2004 A Cortedeclarou violaccedilatildeo dos direitos agrave vida e agrave integridade pessoal deDamiatildeo Ximenes Lopes e dos demais portadores de deficiecircn-cia que sofriam com as condiccedilotildees precaacuterias da casa de repousoagrave integridade pessoal dos familiares das viacutetimas pela perda deum ente da famiacutelia assim como aos direitos agraves garantias judi-ciais e agrave proteccedilatildeo judicial diante da demora injustificada doprocesso criminal e das falhas nas investigaccedilotildees O Brasil foicondenado dentre outras medidas a concluir o processo judi-cial com eventual responsabilizaccedilatildeo dos envolvidos na demoraa indenizar os familiares e a continuar a desenvolver um pro-grama de formaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para todas as pessoasvinculadas ao atendimento de sauacutede mental em especial sobreos princiacutepios que devem reger o trato das pessoas portadorasde deficiecircncia mental conforme os padrotildees internacionaissobre a mateacuteria e aqueles dispostos na decisatildeo
2 Caso Escher e outros vs Brasil trata-se de denuacutencia sobre umaseacuterie de interceptaccedilotildees telefocircnicas contra duas associaccedilotildeesligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra(MST) em Querecircncia do Norte Paranaacute feitas de maneira irre-gular pela poliacutecia e pelo Judiciaacuterio As informaccedilotildees resultantes
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dessa operaccedilatildeo foram divulgadas agrave imprensa e posteriormentepara o puacuteblico Segundo os peticionaacuterios isso teria maculado aimagem das viacutetimas e do movimento social A denuacutencia foiapresentada agrave Comissatildeo em dezembro de 2000 levada agrave CorteInteramericana em dezembro de 2007 e julgada pela Corte emjulho de 2009 A decisatildeo envolveu as seguintes condenaccedilotildeescontra o Brasil obrigaccedilatildeo de publicar as sentenccedilas e de inde-nizar as viacutetimas aleacutem da obrigaccedilatildeo de investigar adequadamenteos fatos e punir os responsaacuteveis pelas violaccedilotildees dos direitos agraveprivacidade agrave honra e agrave liberdade de associaccedilatildeo
3 Caso Garibaldi vs Brasil trata-se do homiciacutedio de Seacutetimo Gari-baldi integrante do MST tambeacutem em Querecircncia do Nortecometido por homens encapuzados que atacaram uma ocupaccedilatildeoem uma fazenda da regiatildeo A denuacutencia foi apresentada em maiode 2003 submetida agrave Corte Interamericana de Direitos Huma-nos em marccedilo de 2007 e julgada pela Corte em setembro de2009 Envolveu as seguintes condenaccedilotildees contra o Brasil obri-gaccedilatildeo de publicar as sentenccedilas de indenizar as famiacutelias dasviacutetimas e de investigar adequadamente os fatos aleacutem de puniros responsaacuteveis pelas violaccedilotildees de direitos humanos agrave vida e agraveproteccedilatildeo judicial
4 Caso Julia Gomes Lund e outros vs Brasil (caso ldquoGuerrilha doAraguaiardquo) trata-se de denuacutencia sobre a responsabilidade doEstado brasileiro pela detenccedilatildeo ilegal e arbitraacuteria tortura edesaparecimento forccedilado de pelo menos 70 membros do movi-mento conhecido como ldquoGuerrilha do Araguaiardquo entre os anosde 1972 e 1975 e da consequente falta de investigaccedilatildeo dessesatos ndash o que se relaciona com a ediccedilatildeo da Lei federal n 6683de 28 de agosto de 1979 (ldquoLei da Anistiardquo) e com o sigilo per-manente sobre documentos a respeito dessa operaccedilatildeo estatalA denuacutencia foi apresentada agrave Comissatildeo em 1995 e a peticcedilatildeofoi submetida pela CIDH agrave Corte em 2009 Em 24 de novem-bro de 2010 a Corte IDH condenou o Brasil pela falta deinvestigaccedilatildeo dos crimes cometidos por militares durante aldquoGuerrilha do Araguaiardquo Determinou ao Estado brasileiro aconduccedilatildeo eficaz da investigaccedilatildeo penal a fim de esclarecer os
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fatos ocorridos no caso definir as correspondentes responsabi-lidades penais e aplicar as sanccedilotildees cabiacuteveis Determinou aindaque o Estado continuasse as iniciativas de busca sistematizaccedilatildeoe publicaccedilatildeo de toda informaccedilatildeo sobre a ldquoGuerrilha do Ara-guaiardquo bem como das violaccedilotildees de direitos humanos ocorridasdurante o regime militar Aleacutem disso estabeleceu a necessidadeda criaccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade autocircnoma independen-te e capaz de garantir o direito agrave verdade sobre o ocorrido
Ademais satildeo duas soluccedilotildees amistosas
5 Caso Joseacute Pereira (trabalho escravo) trata-se de denuacutencia deviolaccedilatildeo dos direitos de Joseacute Pereira e outros trabalhadores queforam retidos e forccedilados a trabalhar sem remuneraccedilatildeo e emcondiccedilotildees ilegais na fazenda ldquoEspiacuterito Santordquo no estado doParaacute Na fazenda foram encontradas mais de 60 pessoas emcondiccedilotildees anaacutelogas agrave escravidatildeo5 As investigaccedilotildees contudodemoraram cerca de oito anos para serem finalizadas e o jul-gamento dos responsaacuteveis natildeo foi concluiacutedo ateacute o momentoO processo encontra-se atualmente suspenso A denuacutencia foiapresentada em 22 de fevereiro de 1994 a Comissatildeo aprovourelatoacuterio de admissibilidade e meacuterito em 1995 e houve a cele-braccedilatildeo de soluccedilatildeo amistosa entre as viacutetimas e o Estadobrasileiro em outubro de 2003 As medidas centrais no casodestinavam-se aos poderes Legislativo e Executivo recomen-dando-lhes que realizassem tanto mudanccedilas legislativas quepropiciassem um cenaacuterio favoraacutevel ao combate ao trabalheescravo como poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave prevenccedilatildeo fiscali-zaccedilatildeo e ao combate do trabalho escravo aleacutem de campanhasde sensibilizaccedilatildeo
6 Caso Meninos emasculados do Maranhatildeo trata-se de denuacutencia emrazatildeo de 42 mortes ocorridas entre 1989 e 2003 em Altamirano estado do Paraacute e Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo que envolve crian-ccedilas pertencentes a famiacutelias de baixa renda As viacutetimas tambeacutemsofriam mutilaccedilotildees genitais donde derivou o nome do caso Ape-nas em 2003 12 anos apoacutes o primeiro homiciacutedio foi designadauma forccedila-tarefa para investigar os fatos A indignaccedilatildeo com a natildeo
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investigaccedilatildeo dos fatos e com a sistemaacutetica violaccedilatildeo dos direitosda populaccedilatildeo infantojuvenil do Maranhatildeo levou a denuacutenciaperante a Comissatildeo em 2001 Apoacutes uma seacuterie de reuniotildees de tra-balho procedimentos para uma soluccedilatildeo amistosa iniciaram-se emmarccedilo de 2004 O acordo foi celebrado em dezembro de 2005As medidas acordadas visavam aleacutem da reparaccedilatildeo das famiacutelias dasviacutetimas e do julgamento dos responsaacuteveis agrave formulaccedilatildeo e agraveimplementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave proteccedilatildeo dacrianccedila e do adolescente pelo Estado brasileiro
Finalmente foram escolhidos dois casos de recomendaccedilotildeespela CIDH
7 Caso Maria da Penha vs Brasil trata-se de violecircncia domeacutesticacontra a mulher sofrida por Maria da Penha Maia Fernandespraticada por seu ex-marido que a deixou parapleacutegica com umtiro de arma de fogo Os fatos se deram em 1983 mas 15 anosdepois o processo criminal ainda natildeo havia sido concluiacutedo e oacusado estava na iminecircncia de ser beneficiado com a prescri-ccedilatildeo dos crimes A denuacutencia foi apresentada em 1998 agrave ComissatildeoEm relatoacuterio de 4 de abril de 2001 a CIDH admitiu a peticcedilatildeoe considerou ter ocorrido violaccedilatildeo aos direitos de proteccedilatildeo judi-cial e integridade Recomendou ao Brasil que promovessedentre outras coisas a conclusatildeo do processo judicial com even-tual responsabilizaccedilatildeo dos envolvidos na demora a indenizaccedilatildeoda viacutetima e a realizaccedilatildeo de poliacuteticas pelo Executivo e peloLegislativo que combatessem a discriminaccedilatildeo contra a mulherespecialmente no tema de violecircncia domeacutestica mediante a cria-ccedilatildeo de uma legislaccedilatildeo especiacutefica
8 Caso Comunidades Indiacutegenas da Bacia do rio Xingu vs Brasil (casoBelo Monte) tratou da construccedilatildeo da Usina Hidreleacutetrica deBelo Monte que afetaria dezenas de povos indiacutegenas na regiatildeoda Volta Grande do Xingu no centro-norte do Brasil Embo-ra o plano para o complexo hidreleacutetrico jaacute existisse desde adeacutecada de 1970 ganhou forccedila na deacutecada de 2000 Diversas ten-tativas do Ministeacuterio Puacuteblico Federal para suspender as obraspor meio de accedilotildees cautelares natildeo evitaram que o processo de
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licenciamento prosseguisse Segundo as entidades peticionaacuteriasno SIDH houve violaccedilatildeo aos direitos agrave vida agrave integridade pes-soal agrave informaccedilatildeo e agrave participaccedilatildeo poliacutetica dos povos indiacutegenasafetados pelo megaempreendimento Em razatildeo disso em 1ordm deabril de 2011 a CIDH outorgou uma medida cautelar para queo Estado brasileiro suspendesse o processo de licenciamento daobra impedisse qualquer obra anterior agrave consulta das popula-ccedilotildees indiacutegenas e adotasse medidas destinadas a garantir a vidae a integridade pessoal dos envolvidos Houve reaccedilatildeo negati-va do governo brasileiro de um lado e apoio da sociedade civilorganizada agrave medida cautelar do outro Posteriormente aCIDH alterou sua decisatildeo para exigir do Brasil a adoccedilatildeo demedidas que garantissem o direito agrave vida e agrave integridade dosindiacutegenas que impedissem problemas de sauacutede nas comunida-des e que finalizassem com rapidez a demarcaccedilatildeo das terrasancestrais daqueles povos
Tendo em vista a escassez de pesquisas acadecircmicas empiacutericas noBrasil sobre este objeto as anaacutelises foram baseadas primordialmen-te nos discursos dos atores envolvidos nos processos perante aCIDH e a Corte Interamericana Entre os entrevistados estatildeo inte-grantes de oacutergatildeos do Estado responsaacuteveis pela implementaccedilatildeo taiscomo o Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores (MRE) a Secretaria deDireitos Humanos (SDH) a Advocacia-Geral da Uniatildeo (AGU)bem como membros de entidades de proteccedilatildeo de direitos huma-nos que levaram as demandas agrave Comissatildeo Interamericana ou queparticiparam de alguma forma perante a Corte IDH Os entrevistados foram selecionados por estarem envolvidos
diretamente nos casos ou por representarem instituiccedilotildees envolvidascom as temaacuteticas e com o processo de judicializaccedilatildeo do conflito dis-cutido perante o Sistema Interamericano Os uacuteltimos foram em suamaior parte aqueles indicados por sua proacutepria instituiccedilatildeo Optamospor resguardar a identidade de todos No total foram realizadas 15 entrevistas ao longo de um semes-
tre que seguiram um roteiro semiestruturado especiacutefico para cadaum dos casos partindo de trecircs eixos centrais
(1) o contexto poliacutetico no qual se insere o caso
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(2) as funccedilotildees institucionais da respectiva entidade na implementa-ccedilatildeo do caso e
(3) os obstaacuteculos enfrentados no processo de implementaccedilatildeo
A despeito da relevacircncia das entrevistas o objeto do estudo natildeose resume a uma coleccedilatildeo de percepccedilotildees Sua funccedilatildeo foi a de obterinformaccedilotildees relevantes a respeito de fatos e interaccedilotildees incapazes deserem obtidas por meio da anaacutelise documental e de miacutedia
2 O BRASIL NO SIDHComparado a outros paiacuteses da regiatildeo como Colocircmbia Meacutexico Perue Argentina o Brasil tem uma presenccedila menor de incidecircncia entreos casos do SIDH Segundo as uacuteltimas estatiacutesticas da Comissatildeo Inte-ramericana de Direitos Humanos enquanto foram encaminhadasquase 100 denuacutencias contra o Brasil no ano de 2012 esse nuacutemerochegou a quase 400 contra a Colocircmbia 450 contra o Meacutexico 200contra o Peru e cerca de 180 contra Argentina6
Segundo levantamento feito a partir do site da Comissatildeosomente 17 relatoacuterios de meacuterito com recomendaccedilotildees contra o Bra-sil foram publicados e apenas duas soluccedilotildees amistosas celebradasentre 1996 e 20127 Aleacutem disso houve 30 medidas cautelares e 66decisotildees de admissibilidade Completa o quadro a existecircncia deuma visita in loco no paiacutes cujo informe foi publicado em 1997 ea supervisatildeo em 1999Os casos que envolvem o Estado brasileiro no acircmbito da Corte
Interamericana de Direitos Humanos tambeacutem satildeo poucos Ao todoforam 5 casos contenciosos e outras 5 medidas provisionais entre1996 e 2012 Apenas para comparaccedilatildeo a Argentina possui 13 casoscontenciosos e 4 medidas provisionais a Colocircmbia 13 casos con-tenciosos e 15 medidas provisionais o Meacutexico 7 casos contenciosose 10 medidas provisionais e o Peru 26 casos contenciosos e 13medidas provisionais segundo dados do site da Corte8
Em relaccedilatildeo agraves violaccedilotildees de direitos humanos mais indicadasnos casos que envolvem o Brasil nos relatoacuterios de meacuterito peran-te a CIDH foram recorrentes violaccedilotildees aos arts 4 (direito agrave vida)5 (direito agrave integridade fiacutesica) 8 (direito agrave proteccedilatildeo judicial) e 25
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(direito agrave garantia judicial) da Convenccedilatildeo Interamericana sobreDireitos Humanos Nos casos contenciosos perante a Corte IDHverificou-se o mesmo padratildeo Em relaccedilatildeo agraves medidas cautelares naComissatildeo levando-se em consideraccedilatildeo que apenas violaccedilotildees espe-ciacuteficas suscitam o cabimento de medidas cautelares (direito agrave vidae agrave integridade por exemplo) esses direitos foram os mais invo-cados nesse acircmbito Por fim sobre as medidas provisionais quasetodas tiveram por fundamento o direito agrave vida e agrave integridade depresos bem como o dever de proteccedilatildeo pelo EstadoNo conjunto os temas satildeo variados No acircmbito dos relatoacuterios
de meacuterito da CIDH conflito fundiaacuterio (5 casos) e violecircncia poli-cial (10 casos) satildeo os mais presentes mas puderam ser identificadostambeacutem casos de tortura investigaccedilatildeo de assassinato discrimina-ccedilatildeo racial liberdade de expressatildeo e violecircncia domeacutestica No acircmbitodas medidas cautelares o perfil se altera para privilegiar temas rela-tivos ao sistema carceraacuterio (10 casos) ameaccedila a povos indiacutegenas (3casos) e proteccedilatildeo a ativistas de direitos humanos testemunhas ououtras pessoas (17 casos) No tocante aos casos contenciosos daCorte IDH houve um sobre conflito fundiaacuterio um sobre investi-gaccedilatildeo de assassinato um sobre tortura um sobre anistia e um sobreviolaccedilatildeo agrave intimidade (interceptaccedilotildees telefocircnicas) Finalmente emrelaccedilatildeo agraves medidas provisionais foram quatro sobre sistema carce-raacuterio e uma sobre anistiaNo que diz respeito agrave natureza das medidas presentes nas reco-
mendaccedilotildees ou nas condenaccedilotildees verifica-se uma distribuiccedilatildeo bastanteequilibrada entre decisotildees com medidas de indenizaccedilatildeo (17 relatoacute-rios de meacuterito e 4 casos contenciosos) de satisfaccedilatildeo (17 relatoacuteriosde meacuterito e 4 casos contenciosos) e garantias de natildeo repeticcedilatildeo (15relatoacuterios de meacuterito e 2 casos contenciosos)9 Dada a natureza pecu-liar das medidas cautelares e das medidas provisionais elas natildeoentraram no cocircmputo apresentadoNo tocante agrave supervisatildeo de cumprimento pela Comissatildeo com
referecircncia agraves soluccedilotildees amistosas e aos relatoacuterios de meacuterito publi-cados entre 2000 e 2011 a Comissatildeo apresentou a supervisatildeo dasdecisotildees anteriores uma totalmente cumprida10 oito parcialmentecumpridas11 e quatro pendentes de cumprimento12-13 Natildeo foi publi-cado o estado de cumprimento de seis relatoacuterios de meacuterito de 1998e 2000 mas haacute notiacutecia de que pelo menos um teve recomendaccedilotildees
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cumpridas14 Tambeacutem haacute uma seacuterie de outros casos que emboratenham sido cumpridos natildeo tiveram seus relatoacuterios publicados eportanto natildeo entraram nessa consideraccedilatildeo15 Por fim natildeo haacute um rela-toacuterio consistente sobre o cumprimento das medidas cautelares (videApecircndice)No acircmbito da Corte IDH dos cinco casos contenciosos um natildeo
gerou condenaccedilotildees (caso Nogueira de Carvalho e outro vs Brasil) umfoi considerado totalmente cumprido (caso Escher e outros vs Brasil)dois foram considerados parcialmente cumpridos (casos Damiatildeo Xime-nes Lopes vs Brasil e Garibaldi vs Brasil) e um ainda natildeo possuimanifestaccedilatildeo da Corte acerca do cumprimento (caso Julia Gomes Lunde outros vs Brasil ndash caso ldquoGuerrilha do Araguaiardquo) Das cinco medidasprovisionais por sua vez trecircs foram arquivadas por cumprimento(caso Penitenciaacuteria Urso Branco caso Penitenciaacuteria de Araraquara e casoComplexo do Tatuapeacute da Febem) uma foi considerada parcialmente cum-prida (caso Unidade de Internaccedilatildeo Socioeducativa) e outra foi rejeitadapela Corte (caso Julia Gomes Lund)Como pode ser visto o pequeno nuacutemero de casos do Brasil no
SIDH natildeo permite traccedilar conclusotildees preacutevias sobre os tipos maisrecorrentes (quais as viacutetimas tiacutepicas quais satildeo as violaccedilotildees e comosatildeo enquadradas nas normas da convenccedilatildeo etc) tampouco sobre ograu de implementaccedilatildeo normalmente atingido pelo paiacutes Por issoainda que haja estudos que apontem para uma relaccedilatildeo entre tipos demedidas e um maior ou menor grau de implementaccedilatildeo16 natildeo seriapossiacutevel tirar conclusotildees dessa natureza no contexto brasileiro Con-tudo a anaacutelise qualitativa que seraacute explorada a seguir apontou paraalguns fatores que podem estar relacionados agrave maior ou menorimplementaccedilatildeo das medidas seratildeo enfocados a apropriaccedilatildeo da deci-satildeo pelos segmentos envolvidos a definiccedilatildeo da agenda puacuteblica etambeacutem as repercussotildees das condenaccedilotildees ou recomendaccedilotildees
3 O CAMINHO DAS DECISOtildeES CONTRA O ESTADO BRASILEIRONo Brasil natildeo haacute regulaccedilatildeo formal abrangente da implementa-ccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeo e de condenaccedilatildeo oriundas doSIDH Nenhum dos projetos legislativos voltados a uma organi-zaccedilatildeo miacutenima de implementaccedilatildeo chegou a ser aprovado17
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Recentemente contudo o III Programa Nacional de DireitosHumanos trouxe um objetivo estrateacutegico especiacutefico relacionado aotema sob o nome ldquoMonitoramento dos compromissos internacionaisassumidos pelo Estado brasileiro em mateacuteria de Direitos HumanosrdquoNele se destacam as seguintes accedilotildees
a) Elaborar relatoacuterio anual sobre a situaccedilatildeo dos DireitosHumanos no Brasil em diaacutelogo participativo com asociedade civilResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores[] e) Definir e institucionalizar fluxo de informaccedilotildees comresponsaacuteveis em cada oacutergatildeo do Governo Federal referentesaos relatoacuterios da Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos e agraves decisotildees da Corte Interamericana deDireitos HumanosResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exterioresf) Criar banco de dados puacuteblico sobre todas asrecomendaccedilotildees dos sistemas ONU e OEA feitas ao Brasilcontendo as medidas adotadas pelos diversos oacutergatildeospuacuteblicos para seu cumprimentoResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores
Esse programa foi instituiacutedo em dezembro de 2009 com altera-ccedilotildees em 201018 e fixa um roteiro de atuaccedilatildeo para o Poder Puacuteblicoem mateacuteria de direitos humanos Estaacute declarada nesse instrumentoa disposiccedilatildeo de institucionalizarem-se os procedimentos paraimplementaccedilatildeo das medidas impostas ao paiacutes pelo Sistema Intera-mericano consubstanciada em objetivos que devem ser perseguidospelo governo brasileiroPor conta da falta de uma predefiniccedilatildeo institucional e normati-
va especiacutefica sobre quais oacutergatildeos deveriam lidar com os casos contrao Brasil no SIDH uma divisatildeo de tarefas foi feita ao longo dotempo em sua maioria pelos proacuteprios oacutergatildeos os quais pelo con-junto de suas funccedilotildees preacutevias se viram responsaacuteveis por algum tipo
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de envolvimento O Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores a Secretariade Direitos Humanos e a Advocacia-Geral da Uniatildeo se destacaramformando o grupo que tomou para si as defesas brasileiras e a imple-mentaccedilatildeo das medidas de recomendaccedilatildeo e condenaccedilatildeoParalelamente o pagamento de indenizaccedilotildees por parte do Estado
brasileiro teve um desenvolvimento especiacutefico e sua concretizaccedilatildeo foiestruturada a partir de rubricas (categorias) especiacuteficas no Orccedilamen-to da Uniatildeo Trata-se de uma questatildeo que foi institucionalizada paraatender reparaccedilotildees oriundas de decisotildees tomadas pelo SIDH
31 PODER EXECUTIVO FEDERAL ATORES E COMPETEcircNCIA
Conforme jaacute mencionado anteriormente o grupo principal deoacutergatildeos que tomou para si as defesas brasileiras e a implementa-ccedilatildeo das medidas de recomendaccedilatildeo e condenaccedilatildeo eacute composto deMinisteacuterio das Relaccedilotildees Exteriores (MRE) Secretaria de Direi-tos Humanos (SDH) e Advocacia-Geral da Uniatildeo (AGU) O MREeacute um oacutergatildeo poliacutetico de auxiacutelio ao Presidente da Repuacuteblica cujasaacutereas de competecircncia abrangem atividades de poliacutetica internacio-nal e relaccedilotildees internacionais19 Eacute a Divisatildeo de Direitos Humanosdo MRE que faz a intermediaccedilatildeo das comunicaccedilotildees com o SIDHem todas as fases de um casoA SDH oacutergatildeo responsaacutevel por poliacuteticas de implementaccedilatildeo dos
direitos humanos20 fazia parte da estrutura do Ministeacuterio da Justiccedilaateacute 199921 ano em que passou a se reportar diretamente agrave Presidecircn-cia da Repuacuteblica Geralmente a notiacutecia de denuacutencia eacute recebida peloMRE e repassada para a SDH cuja Assessoria Internacional busca acomunicaccedilatildeo com os atores envolvidos no caso concreto Por fim a AGU eacute a instituiccedilatildeo responsaacutevel pelo assessoramento
juriacutedico ao Poder Executivo tanto de forma consultiva quanto con-tenciosa22 Ela costuma auxiliar a SDH e o MRE tanto na defesabrasileira quanto na implementaccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeoe de condenaccedilatildeo Esses trabalhos satildeo concentrados no seu Depar-tamento Internacional Atualmente a instituiccedilatildeo eacute sempre notificadapara atuar nas fases preliminares dos casos no SIDHSe o caso jaacute avanccedilou para o relatoacuterio com recomendaccedilotildees eacute a SDH
que organiza internamente o conteuacutedo da defesa do Estado satildeo fei-tas tentativas de contato com o ente federado no qual ocorreu a
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violaccedilatildeo com o objetivo de fomentar um processo de soluccedilatildeo amis-tosa Se o caso vai para a Corte Interamericana o Itamaraty (oacutergatildeodiplomaacutetico) a SDH e a AGU atuam de forma conjunta como umnuacutecleo de defesa eventualmente com a participaccedilatildeo de outros oacutergatildeosrelevantes a depender de cada caso
32 O QUADRO DINAcircMICO APRENDIZADO E CONFLITO ENTRE INSTITUICcedilOtildeES
Ao longo da experiecircncia brasileira com os casos do SIDH houveum processo de modificaccedilatildeo nas atribuiccedilotildees inicialmente realizadaspor cada oacutergatildeo em parte por um processo de aprendizado institu-cional mas tambeacutem como resultado de disputas poliacuteticas ligadas aomodo pelo qual o Brasil se apresenta perante o SIDHEacute possiacutevel identificar trecircs grandes periacuteodos de dinacircmica entre as
instituiccedilotildees O primeiro diz respeito aos dois primeiros casos doBrasil perante a Corte IDH (casos Damiatildeo Ximenes Lopes e GilsonNogueira de Carvalho ambos de 2006) o segundo acompanha as con-denaccedilotildees dos casos Escher e Garibaldi (ambos de 2009) enquanto oterceiro periacuteodo equivale agraves deliberaccedilotildees da Corte entre os casosJulia Gomes Lund (2010) e Belo Monte (2012)
321 PRIMEIRO PERIacuteODO CASOS DAMIAtildeO XIMENES LOPES E GILSON NOGUEIRA DE CARVALHONo caso Damiatildeo Ximenes Lopes foram dados os primeiros passosquanto aos procedimentos gerais a serem adotados diante de accedilotildeescontra o paiacutes na Corte Interamericana visto que se tratou da pri-meira condenaccedilatildeo brasileira na Corte IDH Nele a defesa perantea Corte foi feita por membros da AGU indicados especificamentecomo agentes do Estado Isso se repetiria no caso Gilson Nogueirade Carvalho decidido posteriormente A elaboraccedilatildeo da defesa brasileira por membros da AGU repre-
sentou agrave eacutepoca uma quebra da praacutetica que prevalecia quanto agravedivisatildeo informal de funccedilotildees entre MRE SDH e AGU para atua-ccedilatildeo no SIDH que ocorria apenas perante a Comissatildeo Ateacute entatildeoa SDH agia em conjunto com o MRE em especial na fase deproduccedilatildeo do relatoacuterio de meacuterito da Comissatildeo buscando fomen-tar soluccedilotildees amistosas e prestando informaccedilotildees em prol da defesado Estado
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Desde o ano 2000 a AGU jaacute tinha em sua estrutura interna umaaacuterea internacional Assim em 2004 o caso Damiatildeo Ximenes Lopeschegou agrave divisatildeo internacional do oacutergatildeo que passou a atuar comvisitas agrave cidade onde ocorreram os fatos e contato direto com osatores do Poder Judiciaacuterio Justamente por ter atuado desde o iniacute-cio como representante do Estado no caso a AGU assumiu um papelcentral na fase de implementaccedilatildeo das medidas de condenaccedilatildeo23
Outro ponto que se relaciona com a experiecircncia de ter sido oprimeiro caso brasileiro de condenaccedilatildeo eacute o das medidas de paga-mento de indenizaccedilatildeo agraves viacutetimas No caso Damiatildeo Ximenes Lopesa condenaccedilatildeo do Brasil ao pagamento de indenizaccedilotildees fez neces-saacuteria a articulaccedilatildeo entre os oacutergatildeos internos para decisatildeo de comose daria a praacutetica dessa implementaccedilatildeo24
Verificou-se no tocante agrave implementaccedilatildeo das decisotildees da CorteInteramericana que a Secretaria de Direitos Humanos buscava con-vencer os oacutergatildeos estaduais relacionados ao caso sobre a necessidadede modificaccedilotildees nas poliacuteticas ligadas ao tema da violaccedilatildeo Contudoquando a medida se relacionava agraves atividades da Justiccedila brasileirahavia dificuldades nesse esforccedilo de convencimento Isso foi cons-tatado no caso Damiatildeo Ximenes Lopes que tinha em seu cerne aquestatildeo de funcionamento das instituiccedilotildees judiciaacuterias e exigia aatuaccedilatildeo preponderante dos oacutergatildeos judiciais para a sua implementa-ccedilatildeo Assim iniciou-se a praacutetica de a AGU atuar mais diretamentejunto ao Judiciaacuterio por sua facilidade de articulaccedilatildeo com atoresdesse Poder25 Na eacutepoca foram feitas diversas visitas de apuraccedilatildeodo oacutergatildeo junto agrave SDH e conversas com os juiacutezes responsaacuteveis paratentativas de apuraccedilatildeo dos motivos da demora Ainda que tenha havido tais tentativas os tracircmites das accedilotildees
continuaram lentos em grande parte por causa da ineficaacutecia daabordagem poliacutetica habitual de convencimento com os atores doJudiciaacuterio Seraacute visto em espaccedilo proacuteprio que esse problema foi miti-gado posteriormente em razatildeo do papel de um programa de umquarto ator o Conselho Nacional de Justiccedila (CNJ) oacutergatildeo criadoem 2004 e responsaacutevel por ser a mais alta instacircncia administrativado Poder Judiciaacuterio brasileiro (toacutepico 34 infra)Em siacutentese durante o primeiro caso de condenaccedilatildeo do Brasil na
Corte Interamericana de Diretos Humanos houve um rearranjo depapeacuteis para a apresentaccedilatildeo das manifestaccedilotildees brasileiras no SIDH
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A AGU assumiu um papel central na defesa juriacutedica do caso levan-do um de seus integrantes para a defesa brasileira no Tribunal ASecretaria passou a ter papel de apoio organizacional com relaccedilatildeoaos atores envolvidos no caso e agraves informaccedilotildees relevantes O MREpor sua vez conservou sua posiccedilatildeo de mediador das manifestaccedilotildeespara fora da Corte Segundo relatos das entrevistas havia um relati-vo concerto dos trecircs oacutergatildeos com relaccedilatildeo a como deveriam atuar emcada uma de suas funccedilotildees Isso se repetiria no caso Gilson Nogueirade Carvalho ndash em que o Estado foi absolvido por falta de provas
322 SEGUNDO PERIacuteODO CASOS ESCHER E OUTROS E GARIBALDIEm um segundo momento da dinacircmica institucional a defesa brasi-leira na Corte passou a ser feita pelo Embaixador do Brasil na CostaRica Essa troca teria relaccedilatildeo com o tom marcado pelo Brasil em suasdefesas se antes as manifestaccedilotildees da SDH eram mais inseridas nodiscurso de proteccedilatildeo das viacutetimas no acircmbito da AGU as defesasganhavam um caraacuteter mais teacutecnico marcado por argumentos juriacutedi-cos A passagem para uma maior atuaccedilatildeo do MRE mudaria o vieacutes dedefesa para a esfera poliacutetica Assim a nova divisatildeo funcional informal ndash fruto das dinacircmicas
dos proacuteprios oacutergatildeos entre si ndash passou a estabelecer que a AGU atua-ria principalmente na defesa brasileira na fase de admissibilidadeEnquanto o MRE cuidaria do restante das manifestaccedilotildees brasileirasa Secretaria ficou responsaacutevel principalmente pela (i) coordenaccedilatildeocom atores internos para recolhimento de informaccedilotildees uacuteteis agraves mani-festaccedilotildees brasileiras e (ii) busca de diaacutelogo entre os oacutergatildeos e viacutetimaspara tentar soluccedilotildees amistosas e implementaccedilotildees de medidas de reco-mendaccedilatildeo ou condenaccedilatildeo Essa divisatildeo natildeo era impermeaacutevel cadaum dos oacutergatildeos teria a possibilidade de influenciar ou informar a ati-vidade do outro Havia contudo uma visiacutevel prevalecircncia de cada umdos oacutergatildeos nas funccedilotildees indicadas
323 TERCEIRO PERIacuteODO CASOS JULIA GOMES LUND E BELO MONTENo caso Julia Gomes Lund ocorreu uma polarizaccedilatildeo entre as posi-ccedilotildees assumidas internamente pela AGU e pela SDH A Secretariaposicionou-se a favor das viacutetimas enquanto a AGU defendeu a Lei
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de Anistia brasileira perante o STF Ante a essa situaccedilatildeo o MREpassou a concentrar todas as manifestaccedilotildees brasileiras no caso emconcerto com a Casa Civil Situaccedilatildeo similar ocorreu no caso BeloMonte cujas manifestaccedilotildees foram concentradas pelo MRE e pelaCasa Civil por conta da sensibilidade poliacutetica do caso para a poliacute-tica federalDiante dessas consideraccedilotildees percebe-se que ao longo dos anos
houve certo processo de aprendizado institucional sobre como lidarcom o sistema interamericano com tentativas de adaptaccedilatildeo contiacutenuaNo entanto fica evidente que a proacutepria interaccedilatildeo entre os principaisoacutergatildeos envolvidos se baseia em seus interesses poliacuteticos e em suascapacidades de manobra Isso se evidencia ainda mais com a suces-satildeo de casos mediante a maior concentraccedilatildeo da defesa brasileira nasmatildeos do MRE e a colocaccedilatildeo da AGU e da SDH em posiccedilotildees novas
33 PAGAR AS VIacuteTIMAS UM DESENVOLVIMENTO Agrave PARTE
Desde 2004 o Estado brasileiro possui uma parte do orccedilamento fede-ral destinada especificamente ao pagamento de indenizaccedilotildees queresultam do reconhecimento da violaccedilatildeo de tratados internacionaisde direitos humanos Trata-se da dotaccedilatildeo denominada ldquoPagamentode indenizaccedilatildeo a viacutetimas de violaccedilatildeo das obrigaccedilotildees contraiacutedas pelauniatildeo por meio da adesatildeo a tratados internacionaisrdquo26
Em 1993 governo e sociedade civil haviam se mobilizado paradefinir uma agenda nacional para a Conferecircncia Mundial de Direi-tos Humanos Em 1996 como resultado desses esforccedilos e daDeclaraccedilatildeo e Programa de Accedilatildeo de Viena (adotada na Conferecircncia)foi criado o Programa Nacional de Direitos Humanos no Brasilsegundo o qual os direitos humanos deveriam ser tratados comoobjeto de poliacutetica puacuteblica27 Na sua vertente orccedilamentaacuteria a articu-laccedilatildeo das diversas propostas de accedilotildees governamentais refletiu-se noprograma ldquoPromoccedilatildeo e garantia dos direitos humanosrdquo entre 1996e 1999 e no seu aprimoramento por meio do programa ldquoDireitosHumanos Direitos de Todosrdquo (DHDT) vinculado ao Ministeacuterio daJusticcedila e presente nos orccedilamentos brasileiros a partir de 1999Em 2002 apoacutes revisatildeo do plano original criou-se o 2ordm Progra-
ma Nacional de Direitos Humanos no Brasil28 Em sua introduccedilatildeoressaltou-se que
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A criaccedilatildeo da Secretaria de Estado dos Direitos Humanosno acircmbito do Ministeacuterio da Justiccedila possibilitou oengajamento efetivo do Governo Federal em accedilotildees voltadaspara a proteccedilatildeo e promoccedilatildeo de direitos humanos As metasdo PNDH foram em sua maioria sendo incorporadas aosinstrumentos de planejamento e orccedilamento do GovernoFederal convertendo-se em programas e accedilotildees especiacuteficascom recursos financeiros assegurados nas LeisOrccedilamentaacuterias Anuais conforme determina o PlanoPlurianual (PPA)
O Anexo II do documento trouxe a ampliaccedilatildeo de uma seacuterie deprogramas governamentais que jaacute estavam previstos nos orccedilamen-tos dos anos anteriores em razatildeo do DHDT Contudo nenhumaaccedilatildeo foi prevista para os objetivos estrateacutegicos relativos agrave diretrizldquoInserccedilatildeo nos sistemas internacionais de proteccedilatildeordquo tais como a ado-ccedilatildeo de medidas para cumprimento dos compromissos assumidos emtratados internacionais o fortalecimento da cooperaccedilatildeo com o sis-tema regional de proteccedilatildeo e a promoccedilatildeo de soluccedilotildees amistosas noacircmbito da Comissatildeo Interamericana de Direitos HumanosPor ocasiatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria para os anos de 2004
a 200729 reconheceu-se no plano gerencial do programa DHDTa necessidade de que houvesse uma previsatildeo expliacutecita para as inde-nizaccedilotildees agraves viacutetimas de violaccedilotildees de direitos humanos Estrateacutegiasde sustentabilidade para o programa foram indicadas tendo emvista a relaccedilatildeo com outros atores Uma das relaccedilotildees indicadas foia influecircncia da Comissatildeo da Corte Interamericana de DireitosHumanos e da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos para a desti-naccedilatildeo dos recursos ao pagamento dessas indenizaccedilotildees30
Os oacutergatildeos federais verificaram essa carecircncia apoacutes se esforccedilarempara cumprir a primeira soluccedilatildeo amistosa envolvendo o Brasil (casoJoseacute Pereira) que em se tratando de mateacuteria de competecircncia daUniatildeo (combate a trabalho escravo) retirava o dever de indenizarda esfera estadual31 Percebeu-se que o pagamento de indenizaccedilatildeopor meio de lei era mais trabalhoso e demorado Por isso a fixa-ccedilatildeo de uma parte do orccedilamento federal destinada exclusivamentea essas indenizaccedilotildees possibilitaria agrave Presidecircncia pagaacute-las por meiode um simples decreto presidencial
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Nesse contexto a Lei Orccedilamentaacuteria Anual brasileira de 2004previu pela primeira vez uma accedilatildeo intitulada ldquoPagamento de inde-nizaccedilatildeo a viacutetimas de violaccedilatildeo das obrigaccedilotildees contraiacutedas pela Uniatildeopor meio da adesatildeo a tratados internacionais de proteccedilatildeo dos direi-tos humanosrdquo subordinada ao programa DHDT32 A descriccedilatildeo dessaaccedilatildeo governamental reproduziu em grande medida o que jaacute fica-ra estabelecido nos objetivos estrateacutegicos do 2ordm Programa Nacionalde Direitos Humanos33
Estabeleceu-se assim uma ampla finalidade para a dotaccedilatildeo con-sistente no pagamento de indenizaccedilotildees natildeo apenas no acircmbito dosistema regional de proteccedilatildeo dos direitos humanos (OEA) comotambeacutem no acircmbito do sistema global (ONU) Atribuiu-se essa tare-fa ao Gabinete da Secretaria Especial de Direitos HumanosEm consequecircncia dessa inovaccedilatildeo entre 2004 e 2013 anualmen-
te a lei orccedilamentaacuteria passou a destinar um valor para que a SDHpudesse pagar as despesas com indenizaccedilotildees arbitradas tanto naONU como no SIDH por violaccedilotildees de tratados de direitos huma-nos em vigor para o Brasil
34 PROGRAMA ldquoJUSTICcedilA PLENArdquo IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS MEDIDAS DE GARANTIA E ACESSO Agrave JUSTICcedilAEacute importante destacar tambeacutem a criaccedilatildeo do programa ldquoJusticcedilaPlenardquo pelo CNJ34 como um passo importante em prol da imple-mentaccedilatildeo das medidas relacionadas ao acesso agrave justiccedila35 Ainda quenatildeo oficialmente vinculado agrave implementaccedilatildeo das decisotildees do SIDHna praacutetica o programa apresentou-se como uma boa possibilidadede monitoramento das accedilotildees judiciais que suscitaram os casos leva-dos ao sistema interamericano O programa ldquoJusticcedila Plenardquo surgiu em 2010 com o objetivo de
monitorar e aumentar a transparecircncia de ldquocasos de grande reper-cussatildeo socialrdquo Aqueles indicados pelas entidades participantes satildeoobjeto de relatoacuterios puacuteblicos que buscam apurar o andamento pro-cessual e possiacuteveis demoras injustificadas O programa tem o pontopositivo de trazer agrave visibilidade puacuteblica casos que do contraacuterio fica-riam limitados aos acircmbitos locais e por isso mais sensiacuteveis agravesdisputas de poder e agrave corrupccedilatildeo36
Entre as instituiccedilotildees participantes do programa do CNJ estaacute aSDH que passou a solicitar o acompanhamento das accedilotildees que em
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razatildeo do seu tracircmite demorado levaram ou poderiam levar a san-ccedilotildees pela Comissatildeo ou pela Corte IDH37 Ainda que houvesse jaacutecolaboraccedilatildeo entre o CNJ e a SDH anteriormente este oacutergatildeo pas-sou a contar com o programa como fator importante no diaacutelogocom o Poder Judiciaacuterio atenuando em parte o problema aponta-do anteriormente de dificuldade de convencimento dos atoresnecessaacuterios para a implementaccedilatildeo das medidas Verificou-se que a accedilatildeo civil e a accedilatildeo penal no caso Damiatildeo
Ximenes Lopes as accedilotildees no caso Escher e outros e as accedilotildees no casoGaribaldi por exemplo foram indicadas pela SDH para o pro-grama Atualmente qualquer pessoa pode verificar no sistema doprograma ldquoJusticcedila Plenardquo disponiacutevel na internet as informaccedilotildeesprestadas pelos Tribunais de Justiccedila do Cearaacute e do Paranaacute sobreos casos
4 TEMAS SUJEITOS E CONJUNTURA COMO EM CADA CASO A IMPLEMENTACcedilAtildeO FOI FAVORECIDA OU DIFICULTADA Como jaacute destacado no toacutepico 3 a estrutura de implementaccedilatildeo bra-sileira natildeo eacute fixada institucionalmente e os oacutergatildeos que cuidam delana praacutetica precisam a cada caso desenvolver um esforccedilo poliacutetico decooperaccedilatildeo com os oacutergatildeos locais diretamente relacionados agrave imple-mentaccedilatildeo das medidas especiacuteficas a cada uma das violaccedilotildees excetonos caso de pagamento de indenizaccedilotildees impostas pela Corte ou emtemas de competecircncia exclusivamente federal Assim a implemen-taccedilatildeo se torna dependente da vontade poliacutetica dos atores engajadosem posiccedilotildees relevantes nos oacutergatildeos centrais do Governo Federalencarregados da situaccedilatildeo (MRE SDH e AGU) bem como dos ato-res que ocupam cargos relevantes para uma concretizaccedilatildeo direta dasdecisotildees do SIDH como os membros legisladores promotorespuacuteblicos juiacutezes ou membros dos governos estaduais Neste toacutepico desenvolvemos as anaacutelises da implementaccedilatildeo das
recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees oriundas do SIDH levando em conta(i) a existecircncia de uma agenda poliacutetica puacuteblica em andamento aotempo da decisatildeo (ii) a dependecircncia de poderes autocircnomos comogovernos locais Ministeacuterio Puacuteblico e Judiciaacuterio (iii) violaccedilotildees quedecorrem de agendas poliacuteticas do Estado e (iv) dificuldades em dar
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impacto coletivo a decisotildees altamente individualizadas proferidaspela Corte ou pela Comissatildeo
41 QUANDO JAacute HAacute AGENDA DE POLIacuteTICA
PUacuteBLICA DO ESTADO BRASILEIRO
Alguns dos casos estudados trazem indiacutecios de que a existecircncia deagenda de poliacutetica puacuteblica estabelecida previamente agrave recomenda-ccedilatildeo ou condenaccedilatildeo do SIDH em qualquer dos niacuteveis federativosfacilitara sua implementaccedilatildeo O primeiro litiacutegio brasileiro na Corte Interamericana o caso
Damiatildeo Ximenes Lopes ilustra essa reflexatildeo Desde o momento do pro-cessamento do caso na Corte IDH ficou claro na defesa do Estadobrasileiro que havia uma poliacutetica de reforma do sistema psiquiaacutetricojaacute em andamento no momento em que aconteceu a morte da viacutetimaEacute mencionado nos depoimentos que o fechamento da Casa deRepouso dos Guararapes onde havia falecido Damiatildeo Ximenes foium marco que impulsionou essa reforma38
A Conferecircncia Nacional da Sauacutede Mental ocorrida em 1992 eacuteapontada como um dos marcos de reorientaccedilatildeo do tratamento psi-quiaacutetrico no Brasil39 A Lei federal n 102162001 pretendia trazeravanccedilos inaugurando a reforma psiquiaacutetrica no paiacutes Luiz OdoricoMonteiro de Andrade afirmou em seu depoimento que
A partir do dia 1ordm de janeiro de 1997 comeccedilaram uma seacuterie dereestruturaccedilotildees administrativas no acircmbito do Municiacutepio paraajustar as poliacuteticas do Sistema Uacutenico de Sauacutede em varias aacutereasNo final de 1998 jaacute havia um Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial(CAPS) que brinda atendimento ambulatorial e atenccedilatildeo diaacuteriaa pacientes com deficiecircncias mentais Esse sistema evoluiu e hoje jaacute existe o tratamento de pacientes com deficiecircnciasmentais agudas na aacuterea de sauacutede mental em hospital geralExiste tambeacutem um CAPS para transtornos na aacuterea geral e um para pessoas com problemas na aacuterea de alcoolismo edrogadiccedilatildeo Recentemente inaugurou-se um CAPS com onome do senhor Damiatildeo Ximenes Lopes para homenageaacute-lo40
Esse processo de mudanccedila nas poliacuteticas tambeacutem aparece nodepoimento de Pedro Gabriel Godinho Delgado entatildeo Coordenador
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Nacional do Programa de Sauacutede Mental do Ministeacuterio da SauacutedeSegundo Godinho ateacute entatildeo haviam sido tomadas vaacuterias medidas parafortalecer as redes extra-hospitalares Assim ainda que seja possiacutevel questionar o grau de efetividade
das poliacuteticas federais legisladas jaacute havia agrave eacutepoca da condenaccedilatildeo bra-sileira uma movimentaccedilatildeo a favor do sistema de tratamento mentalAteacute por isso parece ter sido empregada a expressatildeo ldquocontinuar adesenvolverrdquo no ponto de condenaccedilatildeo relacionado agrave implementaccedilatildeode medidas de melhoria do sistema psiquiaacutetrico Em seus relatoacuteriosde cumprimento de sentenccedila ateacute 2010 a Corte apontou para a neces-sidade do cumprimento desse ponto de sua condenaccedilatildeoHaacute indicaccedilotildees de que o descredenciamento da Casa de Repou-
so Guararapes em 2000 ocorreu por conta da repercussatildeo local damorte de Damiatildeo Ximenes Lopes41 Tambeacutem se desencadeou umprocesso mais acelerado de reforma no sistema psiquiaacutetrico da cida-de por conta da postura proativa de alguns gestores municipais42
A proacutepria condenaccedilatildeo do Brasil no Sistema Interamericano con-tudo teria contribuiacutedo mais ao aumento da publicidade do caso doque para reaccedilotildees diretas de implementaccedilatildeo Como na cidade jaacutehavia um processo de reforma do tratamento psiquiaacutetrico que veioa se mostrar bem-sucedido a condenaccedilatildeo do Brasil na Corte teriaservido mais para um reforccedilo do discurso mais amplo proacute-reformapsiquiaacutetrica do que para a efetiva implementaccedilatildeo da sentenccedila A condenaccedilatildeo tendo sido a primeira do Brasil no SIDH eacute um
marco no discurso da agenda antimanicomial utilizado natildeo soacutepela sociedade civil mas tambeacutem pelo Estado como incentivo dereforma em outras localidades Isso era especialmente importan-te no paiacutes jaacute que as mudanccedilas no sistema de sauacutede dependiammuito da vontade dos poderes locais43 que seriam mais facilmen-te convencidos de um possiacutevel perigo agrave imagem dos dirigentesna hipoacutetese de haver caso semelhante em sua regiatildeo44
Algo semelhante ocorreu no primeiro caso brasileiro de solu-ccedilatildeo amistosa o caso Joseacute Pereira Um fator importante do caso foia realizaccedilatildeo de uma visita in loco pela CIDH durante o periacuteodo emque o caso tramitava Essa visita ocorrida em novembro de 1995teve como um de seus objetos as denuacutencias de trabalho forccediladoespecialmente na regiatildeo sul do Paraacute local das violaccedilotildees que jaacutehaviam sido denunciadas na Comissatildeo De acordo com o relatoacuterio
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produzido apoacutes a visita a Comissatildeo constatou que agravequela eacutepocao Estado brasileiro jaacute havia desenvolvido uma seacuterie de poliacuteticasadministrativas legislativas e policiais voltadas ao combate e repres-satildeo do trabalho em condiccedilotildees anaacutelogas a de escravo45 Entretantoa CIDH recomendou o empenho e comprometimento do governovisando aprofundar e consolidar tais poliacuteticasUma vez alcanccedilado o acordo de soluccedilatildeo amistosa a CIDH pas-
sou a realizar o monitoramento de seu cumprimento em seusrelatoacuterios anuais Segundo o Relatoacuterio Anual de 2012 o acordoencontra-se apenas parcialmente cumpridoPrimeiramente observa-se que as medidas de reconhecimen-
to de responsabilidade e reparaccedilatildeo pecuniaacuteria foram cumpridas depronto A medida de julgamento dos responsaacuteveis permanece emaberto pois o processo se encontra suspenso Entretanto em rela-ccedilatildeo ao caso Joseacute Pereira as observaccedilotildees dos relatoacuterios anuais daCorte enfatizam as medidas legislativas e de fiscalizaccedilatildeo A partir de uma anaacutelise das poliacuteticas puacuteblicas elaboradas pelo
governo brasileiro e de seu esforccedilo para combater o trabalho for-ccedilado nota-se uma possiacutevel influecircncia do caso Joseacute Pereira Comoconsta em estudo da OIT46 antes do caso a entidade jaacute realizavaacompanhamento da situaccedilatildeo do trabalho escravo no paiacutes Segun-do seu estudo depois de 1995 houve uma mudanccedila expressiva noposicionamento do governo se em 1992 na Conferecircncia Inter-nacional do Trabalho o paiacutes negava a existecircncia de trabalhoescravo em 1995 passou a reconhecer oficialmente a existecircnciadessa praacutetica Em 27 de junho de 1995 por meio do Decreto Presidencial n
1538 foi criado o Grupo Executivo de Repressatildeo ao Trabalho For-ccedilado (Gertraf) com a finalidade de coordenar e implementar asprovidecircncias necessaacuterias agrave repressatildeo ao trabalho forccedilado No mesmoano foi criado o Grupo Especial de Fiscalizaccedilatildeo Moacutevel (GMF)composto de equipes de agentes treinados para realizar accedilotildees de fis-calizaccedilatildeo Posteriormente em marccedilo de 2003 foi estabelecido oPlano Nacional para Erradicaccedilatildeo do Trabalho Escravo Pouco depoisem julho foi criada a Comissatildeo Nacional de Erradicaccedilatildeo do Traba-lho Escravo (Conatrae) para acompanhar o cumprimento do planoCom tais iniciativas houve nesse periacuteodo um significativo aumen-to na qualidade dos trabalhos de combate ao trabalho escravo
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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Aumentaram os nuacutemeros de operaccedilatildeo de resgate de trabalhadoresde denuacutencias e de trabalhadores resgatadosAo mesmo tempo em que se realizava esse esforccedilo intensivo em
relaccedilatildeo agraves poliacuteticas administrativas houve tambeacutem uma importantemudanccedila legislativa em dezembro de 2003 alterou-se o art 149 doCoacutedigo Penal brasileiro47 Com isso o crime de ldquoreduccedilatildeo agrave condi-ccedilatildeo anaacuteloga agrave de escravordquo tornou-se mais preciso e algumas causasde aumento da pena foram inseridas na codificaccedilatildeo penal brasileira Como fruto dessa intensificaccedilatildeo de poliacuteticas o Ministeacuterio do Tra-
balho e do Emprego tambeacutem se mostrou proativo Em outubro de2004 criou por meio da Portaria n 540 uma lista de nomes deempresas e pessoas autuadas por trabalho escravo Ao entrar na ldquolistasujardquo a pessoa perde o direito a financiamentos puacuteblicos e priva-dos Aleacutem disso houve grande mobilizaccedilatildeo do setor empresarialsendo que mais de 200 grupos formaram um pacto de natildeo realiza-ccedilatildeo de negoacutecios com nomes da lista Mais recentemente em 2008 foi criado o Segundo Plano Nacio-
nal para Erradicaccedilatildeo do Trabalho Escravo que tem tambeacutem comoenfoque a reinserccedilatildeo dos trabalhadores e a prevenccedilatildeo do trabalhoescravo Em 2012 foi aprovada na Cacircmara dos Deputados a possi-bilidade de expropriaccedilatildeo de terras em estabelecimentos onde forconstatada exploraccedilatildeo de matildeo de obra escrava48
Esta trajetoacuteria da implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadasao combate ao trabalho escravo no Brasil eacute representativa do saltoqualitativo da repressatildeo ao trabalho escravo em comparaccedilatildeo agrave daeacutepoca em que ocorreu o caso Mesmo que natildeo seja possiacutevel esta-belecer uma relaccedilatildeo direta de causalidade entre o caso Joseacute Pereirae as poliacuteticas puacuteblicas posteriores tal caso foi citado pelos atoresinteressados como um exemplo para reforccedilar a necessidade de com-bater o problema com mais intensidade49
O caso Maria da Penha tambeacutem encontrou no paiacutes um contex-to de implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas jaacute existentes afinal oBrasil jaacute havia sido reconhecido pela proacutepria Comissatildeo Interame-ricana de Direitos Humanos como um paiacutes que estava na vanguardada resoluccedilatildeo do problema de tratamento discriminatoacuterio contra asmulheres a partir da deacutecada de 1980 Destacaram-se por exemploa criaccedilatildeo do Conselho Estadual sobre a Condiccedilatildeo da Mulher emSatildeo Paulo (1983) a criaccedilatildeo do Conselho Nacional dos Direitos da
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Mulher subordinado ao Ministeacuterio da Justiccedila da Presidecircncia (1985)a incorporaccedilatildeo do combate a esse tipo de violecircncia na ConstituiccedilatildeoBrasileira de 198850 e a criaccedilatildeo das delegacias da mulher de abrigospara mulheres e do ldquoPrograma nacional para prevenir e combater aviolecircncia sexual e domeacutesticardquo (1996)51
Contudo embora a Comissatildeo tenha salientado avanccedilos significa-tivos no tema tambeacutem alertou para as dificuldades tais como acobertura insuficiente dos programas e a impunidade dos agressoresque eram denunciados Em 1999 a entidade analisou o cumprimen-to das recomendaccedilotildees feitas no relatoacuterio anterior e pouco disse sobreos avanccedilos na questatildeo das discriminaccedilotildees contra as mulheres52 Pos-teriormente ao apresentar suas recomendaccedilotildees no caso Maria daPenha considerou os avanccedilos insuficientes para afastar uma conde-naccedilatildeo do paiacutes pelo tratamento discriminatoacuterio das mulheresSob a perspectiva da Comissatildeo entatildeo as recomendaccedilotildees serviram
para tentar suprir as deficiecircncias nas poliacuteticas puacuteblicas brasileiras eafirmar a legislaccedilatildeo internacional sobre o tema das mulheres espe-cialmente a Convenccedilatildeo para prevenir punir e erradicar a violecircnciacontra as mulheres (Convenccedilatildeo de Beleacutem do Paraacute) Essa intenccedilatildeofoi evidenciada por meio de sucessivos relatoacuterios anuais especial-mente entre 2008 e 2011 nos quais a entidade reconheceu osavanccedilos obtidos pelo paiacutes mas destacou a necessidade de desenvol-vimento das poliacuteticas para que se desse integral cumprimento aoponto resolutivo53
Sob a perspectiva dos peticionaacuterios houve ainda outra preocu-paccedilatildeo A articulaccedilatildeo entre os movimentos feministas brasileiros e oCEJIL foi essencial para levar ao SIDH um pleito bastante especiacutefi-co a reforma na legislaccedilatildeo de enfrentamento da violecircncia domeacutesticabrasileira em razatildeo da sua incompatibilidade com a Convenccedilatildeo deBeleacutem do Paraacute54
Em 2002 jaacute era visiacutevel a mobilizaccedilatildeo das organizaccedilotildees natildeogovernamentais para que fosse editada uma lei especiacutefica para com-bater a violecircncia domeacutestica contra as mulheres sendo constituiacutedoinclusive um consoacutercio dessas ONGs55 Para as organizaccedilotildees osproblemas eram principalmente o tratamento da violecircncia domeacutes-tica como crime menos ofensivo e a impunidade dos agressoresque processados natildeo podiam ser presos e recebiam puniccedilotildees muitobrandas como pagamento de cestas baacutesicas agrave viacutetima56 O pleito
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direcionava-se contra a lei que vigorava naquele momento (Leifederal n 909995) que por incidir sobre a violecircncia domeacutesti-ca (art 69 paraacutegrafo uacutenico) aplicava-lhe uma seacuterie de soluccedilotildeesalternativas tais como pagamento de indenizaccedilatildeo suspensatildeo doprocesso e imposiccedilatildeo de penas alternativasO impacto da decisatildeo contudo natildeo foi o esperado em um pri-
meiro momento Houve a necessidade de gerar uma estrateacutegia detrabalho com linhas definidas (a) ministrar o timing na negocia-ccedilatildeo com o Estado e (b) fortalecer a decisatildeo do caso com difusatildeoe reforccedilo de articulaccedilotildees com os novos atores do movimento dasmulheres (natildeo participantes do litiacutegio) a abertura do caso paraos conselhos de advocacia regionais e aumento da empatia como caso57
As entidades encontraram um interlocutor proeminente nogoverno quando ainda em 2003 o oacutergatildeo responsaacutevel pelas poliacuteti-cas puacuteblicas em favor das mulheres no niacutevel federal (ConselhoNacional dos Direitos da Mulher) desvinculou-se do Ministeacuterio daJusticcedila e ganhou status de ministeacuterio criando-se a Secretaria espe-cial de poliacuteticas para mulheres Haacute indicaccedilotildees de que a elevaccedilatildeo dopatamar do oacutergatildeo ao niacutevel ministerial foi um importante avanccedilo paraque ele pudesse articular mais facilmente as poliacuteticas de gecircnero comoutros ministeacuterios e outros Poderes58
Em 2004 foi instituiacutedo o ldquoGrupo de Trabalho Interministerialpara elaborar proposta de medida legislativa e outros instrumen-tos para coibir a violecircncia domeacutestica contra a mulherrdquo por meiodo Decreto federal n 50302004 coordenado exatamente pelaSecretaria (art 2ordm I a) O consoacutercio de ONGs apresentou noacircmbito do Grupo sua proacutepria proposta legislativa jaacute bastanteamadurecida pelas discussotildees anteriores59
Novamente poreacutem os resultados natildeo foram os esperados NaExposiccedilatildeo de Motivos do Projeto de Lei n 45552004 a Secretaacuteriade Poliacuteticas para Mulheres Nilceacutea Freire salientou a participaccedilatildeo doconsoacutercio feminista os instrumentos internacionais para a proteccedilatildeodas mulheres e no que importa a este trabalho as recomendaccedilotildeesno caso Maria da Penha60 No entanto o principal pleito dos movi-mentos feministas natildeo foi atendido e o projeto natildeo contemplou umprocedimento especiacutefico para punir a violecircncia domeacutestica contraas mulheres
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As ONGs entatildeo negociaram apoio da Relatora do projeto emuma das comissotildees da Cacircmara dos Deputados Deputada JandiraFeghali para que o tema fosse amplamente debatido Apoacutes muitasaudiecircncias no paiacutes inteiro a deputada apresentou novo projeto queacolhia integralmente aquilo que as ONGs haviam apresentado em200361 Os parlamentares concluiacuteram o processo legislativo coma ediccedilatildeo da Lei federal n 113402006 que foi aprovada com inte-gral aceitaccedilatildeo pela Secretaria de Poliacuteticas para as Mulheres O fatode essa lei ser conhecida como ldquoLei Maria da Penhardquo evoca natildeoapenas a decisatildeo da CIDH como tambeacutem todo o histoacuterico do casoenvolvendo a senhora Maria da Penha62
Ainda que natildeo seja possiacutevel a relaccedilatildeo de causalidade direta natildeohaacute como negar que a partir do caso poliacuteticas mais efetivas passa-ram a ser implementadas como a criaccedilatildeo de delegacias abrigospara mulheres e planos nacionais a articulaccedilatildeo da Secretaria comos Conselhos Estaduais principalmente a partir de 2006 a submis-satildeo do relatoacuterio brasileiro ao Comitecirc Cedaw da ONU em 2003bem como finalmente as proacuteprias recomendaccedilotildees da OEA63
Assim o caso Maria da Penha inseriu-se no contexto brasileirode duas maneiras De um lado somou-se agraves poliacuteticas puacuteblicas jaacute exis-tentes impulsionando a adoccedilatildeo de novos programas de outro foiuma manifestaccedilatildeo importante a favor do pleito dos movimentosfeministas brasileiros por uma legislaccedilatildeo especiacutefica para o tema Por fim no caso Julia Gomes Lund algumas determinaccedilotildees da
Corte IDH tambeacutem jaacute estavam em pauta no cenaacuterio nacional Den-tre elas estatildeo as relacionadas agrave exigecircncia de medidas que garantamo direito agrave memoacuteria e agrave verdade com vistas a investigar o passadode modo a descobrir sua verdade e conseguir o reconhecimentooficial de seus acontecimentos64
De fato o Estado brasileiro embora tenha sido o protagonistadas violaccedilotildees de Direitos Humanos ocorridas durante o periacuteodode vigecircncia do regime de 1964 tem adotado algumas accedilotildees parazelar pelo direito agrave memoacuteria e agrave verdade Entre elas vale citar porexemplo a aprovaccedilatildeo da Lei federal n 9140 de 4 de dezembrode 1995 que reconheceu a responsabilidade do Estado brasileiropela morte de opositores ao regime de 1964 Essa Lei criou umaComissatildeo Especial que posteriormente foi denominada ComissatildeoEspecial sobre Mortos e Desaparecidos Poliacuteticos65 com atribuiccedilotildees
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que vatildeo desde o reconhecimento de pessoas desaparecidas ateacute odeferimento de pedidos de indenizaccedilatildeo das famiacutelias das viacutetimas ea reuniatildeo de esforccedilos para a localizaccedilatildeo dos corpos de pessoasdesaparecidas no caso de existecircncia de indiacutecios quanto ao local emque possam estar depositadosAleacutem disso foi criada uma Comissatildeo Interministerial com a
finalidade de obter informaccedilotildees que levassem agrave localizaccedilatildeo dosrestos mortais de participantes da ldquoGuerrilha do Araguaiardquo Areferida Comissatildeo foi instituiacuteda pela Uniatildeo por meio do Decre-to Presidencial n 4850 de 2 de outubro de 2003 e encerrou assuas atividades com relatoacuterio final divulgado em marccedilo de 2007Com o mesmo intuito em abril de 2009 foi criado pelo Minis-teacuterio da Defesa um Grupo de Trabalho para realizaccedilatildeo de buscasde restos mortais na regiatildeo do Araguaia Diferentemente daComissatildeo Interministerial de 2003 representantes dos familiaresde mortos e desaparecidos poliacuteticos acompanharam e orientaramos trabalhos de buscas mas a accedilatildeo foi infrutiacutefera pois natildeo foramencontrados restos mortais na regiatildeoAinda com o objetivo de divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees a respeito
da ldquoGuerrilha do Araguaiardquo foi lanccedilado em maio de 2009 o arqui-vo Memoacuterias Reveladas sob a responsabilidade da Casa Civil Essearquivo conecta digitalmente o acervo recolhido ao Arquivo Nacio-nal com vaacuterios outros arquivos federais sobre a repressatildeo poliacuteticae com arquivos estaduais de 15 unidades da federaccedilatildeo resultandoem mais de 5 milhotildees de paacuteginas de documentos66
Dentre as accedilotildees destinadas a garantir o direito agrave memoacuteria e agraveverdade e promover a reconciliaccedilatildeo nacional destaca-se a insta-laccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade responsaacutevel por examinar eesclarecer as violaccedilotildees de direitos humanos ocorridas entre 1946e 1988 no BrasilA Comissatildeo Nacional da Verdade (CNV) foi criada pela Lei fede-
ral n 12528 de 18 de novembro de 2011 O fato de esta lei tersido promulgada depois da sentenccedila da Corte IDH natildeo significanecessariamente que a resoluccedilatildeo do caso no SIDH foi determinan-te para a implementaccedilatildeo da CNV O processo de constituiccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade teve
iniacutecio em 2002 quando da elaboraccedilatildeo da segunda versatildeo do Pro-grama Nacional de Direitos Humanos (PNDH-2) No programa
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foram apresentados os objetivos as diretrizes e as accedilotildees do Esta-do para lidar com a temaacutetica dos direitos humanos e a criaccedilatildeoda Comissatildeo Nacional da Verdade jaacute era uma demanda existentenaquela eacutepoca67
Apoacutes avanccedilos na definiccedilatildeo da estrutura de funcionamento daComissatildeo da Verdade uma das diretrizes da terceira versatildeo doPNDH (PNDH-3) lanccedilada em 2010 foi a criaccedilatildeo de uma CNV Oprimeiro objetivo estrateacutegico definido no eixo intitulado ldquodireitoagrave memoacuteria e agrave verdaderdquo determinou que o Estado devesse promo-ver a apuraccedilatildeo e o esclarecimento puacuteblico das violaccedilotildees de DireitosHumanos praticadas no contexto da repressatildeo poliacutetica ocorridano Brasil a partir de 194668 a fim de efetivar o direito agrave memoacute-ria e agrave verdade histoacuterica e promover a reconciliaccedilatildeo nacional Paraa consecuccedilatildeo deste objetivo o PNDH-3 designou um Grupo deTrabalho composto de representantes da Casa Civil do Ministeacute-rio da Justiccedila do Ministeacuterio da Defesa e da Secretaria Especial dosDireitos Humanos da Presidecircncia da Repuacuteblica para elaborar ateacuteabril de 2010 projeto de lei que instituiacutesse a Comissatildeo Nacionalda Verdade69
O PNDH-3 jaacute estabelecia algumas possiacuteveis atribuiccedilotildees da CNVtais como a promoccedilatildeo com base em seus informes da reconstru-ccedilatildeo da histoacuteria dos casos de violaccedilatildeo de direitos humanos bemcomo a assistecircncia agraves viacutetimas de tais violaccedilotildees a promoccedilatildeo dosmeios e recursos necessaacuterios para a localizaccedilatildeo e identificaccedilatildeo decorpos e restos mortais de desaparecidos poliacuteticos a identificaccedilatildeoe publicizaccedilatildeo das estruturas utilizadas para a praacutetica de violaccedilotildeesde direitos humanos suas ramificaccedilotildees nos diversos aparelhos deEstado e em outras instacircncias da sociedade entre outrasNota-se portanto que as discussotildees acerca da criaccedilatildeo de uma
Comissatildeo da Verdade jaacute estavam avanccediladas e bem estruturadas noiniacutecio do ano de 2010 10 meses antes da publicaccedilatildeo da sentenccedilada Corte IDH ndash o que mostra a existecircncia de uma agenda estatalque jaacute estava preocupada com a instalaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo comoa atual CNVCorrobora esse argumento o comentaacuterio de um dos integran-
tes desse Grupo de Trabalho e atual membro da CNV que revelouque em nenhuma das reuniotildees do Grupo foi feita menccedilatildeo agrave sen-tenccedila da Corte IDH Tal afirmaccedilatildeo mostra entatildeo que a sentenccedila
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da Corte IDH natildeo impactou a constituiccedilatildeo da CNV no Brasil tendoem vista jaacute existir uma agenda estatal voltada para a criaccedilatildeo dessaComissatildeo a qual jaacute estaacute em plena atividade70
Assim diante do fato de que accedilotildees de estabelecimento de umaComissatildeo da Verdade tiveram iniacutecio antes de novembro de 2010data da sentenccedila da Corte IDH restou-lhe apenas reconhecer evalorizar a importacircncia da iniciativa do Estado Brasileiro em criara CNV destinada a contribuir para ldquoa construccedilatildeo e preservaccedilatildeo damemoacuteria histoacuterica o esclarecimento de fatos e a determinaccedilatildeo deresponsabilidades institucionais sociais e poliacuteticas em determina-dos periacuteodos histoacutericos de uma sociedaderdquo71
Entretanto a principal reivindicaccedilatildeo do SIDH ao Brasil eacute rejei-tada com veemecircncia pelo Estado a revogaccedilatildeo da Lei de AnistiaTrata-se de situaccedilatildeo em que a violaccedilatildeo decorre de uma poliacuteticade Estado defendida na esfera das razotildees puacuteblicas conforme indi-cado no proacuteximo toacutepico
42 QUANDO O ESTADO BRASILEIRO PROMOVE
E APOIA O ATO QUE GERA A VIOLACcedilAtildeO
Uma situaccedilatildeo bastante peculiar e que merece uma anaacutelise distin-ta eacute aquela na qual a violaccedilatildeo condenada pelo SIDH consiste emuma poliacutetica endossada publicamente pelo Estado No caso JuliaGomes Lund a manutenccedilatildeo da Lei de Anistia de constitucionali-dade confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ampara-seem um discurso de reconciliaccedilatildeo nacional e superaccedilatildeo do periacuteo-do ditatorial No caso Belo Monte a criaccedilatildeo de usinas hidreleacutetricasem terras indiacutegenas na regiatildeo amazocircnica integra projetos do Esta-do Brasileiro a partir da deacutecada de 1970 No caso Julia Gomes Lund o Brasil foi responsabilizado pela
manutenccedilatildeo de uma Lei de Anistia que impede a investigaccedilatildeo e acondenaccedilatildeo de agentes que realizaram crimes contra a humanida-de durante o periacuteodo da ditadura militar O governo contudodefende ateacute hoje a validade dessa norma aprovada durante o fimdo periacuteodo ditatorial A Lei federal n 6683 de 28 de agosto de 1979 (ldquoLei de Anistiardquo)
concedia anistia ampla e irrestrita a todos aqueles que cometeramdurante o periacuteodo de 2 de setembro de 1961 a 15 de agosto de1979 crimes natildeo soacute poliacuteticos mas tambeacutem de qualquer natureza
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considerados conexos aos crimes poliacuteticos (inclusive o de torturae assassinato de opositores do regime governamental vigente naque-le momento)A constitucionalidade desta lei foi questionada no STF pela
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) requerendo que a lei fosserevisada uma vez que ela excluiacutea a possibilidade de investigar e puniros responsaacuteveis pelos crimes cometidos durante o regime militar Oobjetivo da accedilatildeo portanto era assegurar que o dever do Estado deinvestigar e punir os responsaacuteveis pelas violaccedilotildees de Direitos Huma-nos fosse cumprido de modo a evitar a impunidade e prevenir aocorrecircncia de novas violaccedilotildees O STF no entanto julgou a accedilatildeoimprocedente e com isso declarou vaacutelida a Lei da Anistia do modocomo foi editada em 1979 Por sete votos a dois os ministros deci-diram que o perdatildeo foi parte de um acordo feito pela sociedade naeacutepoca e valeu tambeacutem para os agentes estatais responsaacuteveis por assas-sinatos sequestros e torturas contra opositores da ditadura militar(1964-1985) Desse modo a anistia aos torturadores foi mais uma vezreiterada por um dos poderes do Estado neste caso o JudiciaacuterioEssa situaccedilatildeo juriacutedica portanto afeta a concretizaccedilatildeo de alguns
pontos resolutivos da sentenccedila da Corte IDH em especial aqueleque estabelece que ldquoO Estado deve conduzir eficazmente perantea jurisdiccedilatildeo ordinaacuteria a investigaccedilatildeo penal dos fatos do presentecaso a fim de esclarececirc-los determinar as correspondentes respon-sabilidades penais e aplicar efetivamente as sanccedilotildees e consequecircnciasque a lei preveja []rdquoTodavia o Ministeacuterio Puacuteblico Federal tem adotado posiciona-
mento de que natildeo haacute real conflito entre a ADPF 153 e a sentenccedilade Julia Gomes Lund com base no argumento de que as decisotildeespodem ser compatibilizadas a partir da necessidade de realizaccedilatildeo deduplo controle das normas de direitos humanos o de constitucio-nalidade no acircmbito interno e o de convencionalidade no acircmbitointernacional Diante disso o MPF afirma que no caso da Anistia alei natildeo passou em um dos testes (de convencionalidade) devendoassim ser rejeitada como causa de exclusatildeo de punibilidadeDe toda forma as dificuldades da implementaccedilatildeo da sentenccedila
pelo Estado persistem Diante desses obstaacuteculos o MPF tomou a ini-ciativa de assumir o papel de realizador de um dos componentes dajusticcedila de transiccedilatildeo abrindo-se um novo canal de concretizaccedilatildeo da
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justiccedila de transiccedilatildeo no Brasil Isso se deu por meio dos esforccedilosempreendidos para realizar a persecuccedilatildeo penal contra as violaccedilotildeesaos direitos humanos cometidas por agentes do Estado no periacuteododa ditadura A atuaccedilatildeo do MPF contra os crimes ocorridos nessaeacutepoca estaacute detalhada no relatoacuterio divulgado pela 2ordf Cacircmara deCoordenaccedilatildeo e Revisatildeo do MPF72 De acordo com esse relatoacuterio oMPF instaurou 170 investigaccedilotildees criminais dirigidas agrave apuraccedilatildeo doscrimes de sequestro homiciacutedio e ocultaccedilatildeo de cadaacutever Aleacutem dissoforam ajuizadas quatro accedilotildees penais para puniccedilatildeo dos responsaacuteveisNo que diz respeito agrave implementaccedilatildeo da sentenccedila da Corte
IDH no caso Julia Gomes Lund afirma-se no relatoacuterio que
o GTJT entende que as accedilotildees penais e as investigaccedilotildeesinstauradas datildeo parcial cumprimento agrave obrigaccedilatildeo estabelecidano ponto resolutivo 9 da sentenccedila do caso Gomes Lundconsistente no dever do Estado brasileiro de promover a persecuccedilatildeo penal das graves violaccedilotildees a DH cometidasdurante o regime militar O GTJT tambeacutem entende que ainstauraccedilatildeo de investigaccedilotildees formais eacute um dever do Estadobrasileiro para com as viacutetimas dessas violaccedilotildees e a seusfamiliares os quais reivindicam haacute quatro deacutecadasprovidecircncias do Estado em relaccedilatildeo agrave apuraccedilatildeo do queocorreu com seus proacuteximos73
No caso Belo Monte pode-se identificar possiacuteveis violaccedilotildees a direi-tos humanos cometidas pelo proacuteprio Estado dessa vez dentro de suaagenda de desenvolvimento Trata-se de um caso bastante complexoe polecircmico uma vez que provocou e continua provocando episoacutediosde embate entre os povos indiacutegenas afetados pela construccedilatildeo da hidre-leacutetrica de Belo Monte e as autoridades estataisA tensatildeo entre os indiacutegenas e o governo iniciou-se na deacutecada
de 1970 com o primeiro estudo sobre o potencial hidreleacutetrico dorio Xingu encomendado ao Consoacutercio Nacional de EngenheirosConsultores SA pela Eletronorte Em 1979 o Consoacutercio concluiuo estudo afirmando que o ldquoaproveitamento oacutetimordquo daquela baciahidrograacutefica dependia de um conjunto de seis barragens das quaiscinco situadas no rio Xingu e uma no Rio Irir i Dentre outrasconsequecircncias o Complexo Hidreleacutetrico do Xingu atingiria 40
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povos indiacutegenas desde a Terra Indiacutegena (TI) Paquiccedilamba na VoltaGrande do Xingu (Estado do Paraacute) ateacute o Parque Indiacutegena do Xinguno estado do Mato Grosso74
Durante a deacutecada de 1980 foram realizados os estudos de viabili-dade do Complexo (de) Altamira ndash projeto que envolvia a construccedilatildeodas mega-hidreleacutetricas Kararaocirc e Babaquara Somadas as represasdessas usinas alagariam uma aacuterea de 7000 km2 aproximadamenteDentre outras consequecircncias ao menos seis TIs seriam completa-mente alagadas (Koatinemo Araweteacute do Ipixuna Kararaocirc AraraArara da Volta Grande do Xingu Trincheira-Bacajaacute) e a TI Paqui-ccedilamba seria ilhada75 Em marccedilo de 1988 o Departamento Nacionalde Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) aprovou o Relatoacuterio final dosestudos de inventaacuterio 76 e a Eletronorte anunciou o projeto77
Nesse mesmo ano poreacutem irrompeu um forte movimento con-traacuterio ao Complexo (de) Altamira Indiacutegenas intelectuais e ativistasinternacionalizaram o conflito ao promoverem audiecircncias comONGs e com o Banco Mundial aleacutem disso o ldquoI Encontro dos PovosIndiacutegenas do Xingurdquo deu forte repercussatildeo ao caso78 Como con-sequecircncia o Banco Mundial retirou o financiamento previsto79 eo custo poliacutetico-social da obra tornou-se demasiado para a recen-te democracia brasileira O projeto do Complexo de Altamira foientatildeo arquivado
Poreacutem na deacutecada de 1990 surge o projeto do Aproveitamen-to Hidreleacutetr ico Belo Monte uma versatildeo reformulada do projetoanterior
Uma seacuterie de irregularidades na conduccedilatildeo do projeto motivouo Ministeacuterio Puacuteblico Federal do Paraacute (MPF) a mover uma accedilatildeo civilpuacuteblica (ACP 20013900005867-6 5850-7320014013900)80
contra a Eletronorte (empresa responsaacutevel pelo empreendimento)Ao final de 2002 o STF confirmou a decisatildeo liminar de primeirainstacircncia que suspendia o processo de licenciamento da obra81
Aleacutem de reconhecer irregularidades na licitaccedilatildeo e no licenciamen-to do Aproveitamento Hidreleacutetrico Belo Monte o STF confirmoua necessidade da autorizaccedilatildeo do Congresso Nacional precedida daoitiva dos povos indiacutegenas afetados para que o empreendimentopudesse ser executado82
Em 2005 poreacutem o projeto eacute relanccedilado Para resolver os proble-mas reconhecidos anos antes pelo STF o licenciamento ambiental
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da obra passa a ser feito pelo Ibama83 Aleacutem disso o deputado fede-ral Fernando Ferro (do mesmo partido do governo federal)84
apresenta ao Congresso Nacional uma proposta de autorizaccedilatildeo parao Poder Executivo implantar o Aproveitamento Hidreleacutetrico BeloMonte85 Em tempo recorde a proposta foi aprovada e publicada naforma do Decreto Legislativo n 788200586
Ainda em 2005 o MPF em conjunto com a sociedade civil impe-trou accedilatildeo direta de inconstitucionalidade contra tal DecretoLegislativo (DL) com fundamento na falta de consulta agraves comuni-dades indiacutegenas Com base em um argumento processual o STF natildeoconheceu a accedilatildeo87
Em 2006 o MPF propocircs uma nova accedilatildeo civil puacuteblica cujo obje-tivo era ldquoobstar o processo de licenciamento no Ibamardquo e anular oDL88 Essa accedilatildeo gerou cinco decisotildees em primeiro grau em um pri-meiro momento o licenciamento foi paralisado e o DL foi declaradoinvaacutelido depois de algumas inversotildees de entendimento em duasinstacircncias em 2007 o STF liberou o licenciamento e declarou avalidade do DL (essa decisatildeo seraacute explorada mais adiante)89
Entre 2007 e 2010 o MPF promoveu seis accedilotildees (quatro accedilotildees civispuacuteblicas e duas accedilotildees de improbidade)90 referentes a irregularidadesno processo de licenciamento do Aproveitamento Hidreleacutetrico BeloMonte Mesmo assim no dia 1ordm de fevereiro de 2010 o Ibama con-cedeu a licenccedila preacutevia para a construccedilatildeo do empreendimento Apesar de natildeo cumprida boa parte das condicionantes constan-
tes da licenccedila preacutevia em 26 de janeiro de 2011 o Ibama concedelicenccedila parcial de instalaccedilatildeo com a qual o Consoacutercio Norte Energiaestaria habilitado para a construccedilatildeo do canteiro de obras de BeloMonte No dia seguinte o MPF propotildee ainda uma nova accedilatildeo civilpuacuteblica para suspender a licenccedila sem sucesso91
Entatildeo em 1ordm de abril de 2011 a CIDH outorgou medida cau-telar em favor dos povos indiacutegenas da Volta Grande do Xinguem resultado de provocaccedilatildeo por um grande nuacutemero de membrosda sociedade civil organizada no ano anterior A Comissatildeo soli-citou ao Governo Brasileiro a suspensatildeo imediata do processode licenciamento de Belo Monte e o impedimento da realiza-ccedilatildeo da obra ateacute que fossem satisfeitas trecircs condiccedilotildees os povosindiacutegenas deveriam ser consultados sobre o empreendimento ospovos indiacutegenas deveriam ter acesso ao EIARIMA antes de dita
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consulta preacutevia e medidas de proteccedilatildeo aos povos indiacutegenasdeveriam ser adotadasPosteriormente com base nas informaccedilotildees enviadas pelo Estado
brasileiro e pelos peticionaacuterios a CIDH modificou o teor da medi-da e solicitou (i) a adoccedilatildeo de medidas para a proteccedilatildeo da sauacutede e dacultura dos povos indiacutegenas isolados e a elaboraccedilatildeo e implementa-ccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo dos efeitos da construccedilatildeo do AproveitamentoHidreleacutetrico Belo Monte (ii) a adoccedilatildeo de medidas de proteccedilatildeo agravesauacutede das comunidades indiacutegenas do Xingu que incluiacutessem (a) oPrograma Integrado de Sauacutede Indiacutegena e (b) a implementaccedilatildeo dosprogramas requeridos pela Funai (PT 2109)92 (iii) a demarcaccedilatildeo dasterras ancestrais dos povos indiacutegenas da regiatildeo e proteccedilatildeo destas con-tra invasotildees e ocupaccedilotildees por natildeo indiacutegenas A solicitaccedilatildeo anterior deldquoconsulta preacuteviardquo por sua vez foi transformada em discussatildeo de meacuteri-to transcendendo o acircmbito da MC 38210A medida cautelar foi recebida de maneira diversa por trecircs ato-
res diferentes A primeira manifestaccedilatildeo do Brasil em relaccedilatildeo agrave medidacautelar ocorreu no dia 5 de abril de 2011 em nota puacuteblica divul-gada pelo Itamaraty que expressava perplexidade em relaccedilatildeo ao teordas solicitaccedilotildees da CIDH consideradas precipitadas e injustificadas93
Reforccedilando essa posiccedilatildeo no dia 1ordm de junho o Ibama concedeu alicenccedila definitiva94Aleacutem disso em 27 de outubro de 2011 o Gover-no brasileiro deixou de comparecer agrave audiecircncia marcada pela CIDHpara discussatildeo da medida cautelar95 Em janeiro de 2012 iniciaram-se as obras do Aproveitamento Hidreleacutetrico Belo Monte96
Em relaccedilatildeo aos movimentos sociais entre os meses de maio eoutubro de 2011 foram feitas manifestaccedilotildees puacuteblicas em apoio agravemedida cautelar que foram noticiadas amplamente nas miacutediassociais A Comissatildeo de Direitos Humanos da Cacircmara Federal aPlataforma Brasileira de Direitos Humanos Econocircmicos SociaisCulturais e Ambientais (Plataforma Dhesca) a Anistia Internacio-nal organizaccedilotildees latino-americanas e cerca de 90 organizaccedilotildeesnacionais e internacionais expressaram apoio agraves recomendaccedilotildees daCIDH e condenaram a postura assumida pelo Estado brasileiroFinalmente em relaccedilatildeo ao MPF a medida cautelar outorgada
pela Comissatildeo pareceu respaldar a posiccedilatildeo dos membros da ins-tituiccedilatildeo contra possiacuteveis irregularidades Ainda que natildeo tenha sidoutilizada a medida em si como um fator inibidor da construccedilatildeo
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da usina accedilotildees posteriores promovidas pelo oacutergatildeo sugerem quea medida proporcionou um novo argumento juriacutedico para a atua-ccedilatildeo dos procuradores federais97
Para uma compreensatildeo mais profunda do impacto dessa medidacautelar eacute preciso considerar a dimensatildeo poliacutetica do Aproveitamen-to Hidreleacutetrico Belo Monte De certo modo eacute possiacutevel dizer que adecisatildeo do STF de 2007 revelou o espaccedilo ocupado pelo projetoBelo Monte no conjunto de interesses do Estado brasileiro Isso por-que segundo a Ministra Relatora Ellen Gracie agrave eacutepoca Presidentedaquele Tribunal Belo Monte seria parte essencial da poliacutetica ener-geacutetica nacional e estaria inserida no cronograma governamental deplanejamento estrateacutegico do setor eleacutetrico a sua inviabilizaccedilatildeo por-tanto comprometeria dito planejamento 98
O atual interesse do Estado brasileiro no potencial hidreleacutetricoda Amazocircnia tem raiacutezes histoacutericas e funccedilatildeo estrateacutegica Em meadosda deacutecada 1980 o ldquoPlano Nacional de Energia Eleacutetrica 19872010rdquo99
jaacute afirmava ldquoo aproveitamento do rio Xingu se constituiraacute possi-velmente no maior projeto nacional no final deste seacuteculo e comeccedilodo proacuteximordquo De acordo com esse Plano 175 usinas hidreleacutetricasdeveriam ser construiacutedas ateacute o ano de 2010 no Brasil ndash 40 na Ama-zocircnia Legal100
Posteriormente o Plano Nacional de Energia 2030 elaborado em2007 constatou que a maior parte da energia eleacutetrica produzida noBrasil eacute proveniente de usinas hidreleacutetricas em 2005 a energiahidreleacutetrica equivalia a 75 da ldquopotecircncia instaladardquo e gerou 93 daenergia requerida pelo Sistema Interligado Nacional A bacia doAmazonas por sua vez eacute considerada o maior potencial hidreleacutetri-co brasileiro101
Talvez por isso a construccedilatildeo de Belo Monte passou a ser con-siderada a principal obra do Programa de Aceleraccedilatildeo do Crescimento(PAC)102 lanccedilado em 2007 pelo Governo Federal De acordo como ex-Ministro do Meio Ambiente Carlos Minc Belo Monte era ldquoamaior obra do PAC a mais polecircmica e a terceira hidreleacutetrica domundordquo103 Na lista das 10 obras mais importantes do Programade Aceleraccedilatildeo do Crescimento 2 (PAC 2) figuram trecircs usinas hidre-leacutetricas todas situadas na regiatildeo Norte do paiacutes104 e Belo Monteeacute ldquoo principal projeto energeacutetico [] e uma das grandes priori-dades do programardquo105
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Em uma perspectiva poliacutetica o intervalo desde as primeirasmovimentaccedilotildees de criaccedilatildeo do projeto ateacute hoje (1975-2013) foi umperiacuteodo de intensas transformaccedilotildees Aleacutem da transiccedilatildeo do regimemilitar para o regime constitucional-democraacutetico o Brasil teve seiseleiccedilotildees presidenciais diretas106 oito Presidentes da Repuacuteblica107 evivenciou o processo de impeachment do Presidente Fernando Col-lor (1992)108 Apesar disso o interesse estatal de exploraccedilatildeo dopotencial energeacutetico do rio Xingu permaneceu inalterado O que os fatos indicam eacute que o projeto de construccedilatildeo do Apro-
veitamento Hidreleacutetrico Belo Monte natildeo eacute fruto da vontade de umgoverno ou de um governante especiacutefico apenas mas que tal pro-jeto eacute antes resultado de um interesse de Estado ndash um interesseque se poderia considerar suprapartidaacuterio enraizado e imbricadonas mais profundas concepccedilotildees sobre desenvolvimento do paiacutes Por essa perspectiva o conflito de Belo Monte ganha uma
dimensatildeo poliacutetica complexa Isso porque a ameaccedila ldquoagrave vida e agrave inte-gridade pessoal dos membrosrdquo109 das Comunidades Indiacutegenas daBacia do rio Xingu decorrente da possiacutevel construccedilatildeo de BeloMonte eacute resultado de uma poliacutetica estatal histoacuterica e bem defini-da de desenvolvimento estrateacutegico de um setor ldquoestruturante dopaiacutesrdquo o setor energeacutetico Em siacutentese os casos apresentados permitem a conclusatildeo de que
o adimplemento das medidas do SIDH eacute mais dificultoso quandoa violaccedilatildeo em questatildeo decorre de uma poliacutetica puacuteblica do EstadoContudo as medidas nestes casos ainda assim podem ser apropria-das por atores estatais e pela sociedade civil organizada
43 QUANDO HAacute CASO DE VIOLACcedilAtildeO EM AcircMBITO LOCAL
Um terceiro fator que influencia a implementaccedilatildeo eacute a natureza fede-ral do Estado brasileiro Haacute violaccedilotildees que envolvem apenascompetecircncias federais Nessas situaccedilotildees natildeo se confere tanta impor-tacircncia agrave estrutura federativa do Brasil exceto se as poliacuteticas nacionaisdependerem de Estados e Municiacutepios No entanto haacute outros casos emque as competecircncias envolvidas para o cumprimento das medidasdeterminadas no SIDH pertencem tambeacutem ou exclusivamente a Esta-dos ou Municiacutepios No decorrer dos processos perante a Comissatildeo Interamericana
o Governo Federal normalmente representado pela SDH procura
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compartilhar responsabilidades com o Estado federado tentandoenvolvecirc-lo ao maacuteximo na tentativa de soluccedilatildeo amistosa ou naimplementaccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeo Isso eacute valorizado prin-cipalmente pelo efeito pedagoacutegico desse envolvimento jaacute que a maiorparte das violaccedilotildees se daacute em acircmbito local110A situaccedilatildeo eacute diferente sea condenaccedilatildeo for pela Corte Interamericana visto que o governo fede-ral torna-se responsaacutevel internacionalmente pela implementaccedilatildeo dasmedidas Essa dinacircmica precisa ser reconhecida como um fator rele-vante na implementaccedilatildeo das medidas impostas pelo SIDH Como jaacute visto por natildeo haver mecanismo de execuccedilatildeo direta das
decisotildees ou recomendaccedilotildees do Sistema Interamericano a implemen-taccedilatildeo ocorre eminentemente por razotildees poliacuteticas Natildeo soacute ao chegaremao Brasil pelos oacutergatildeos federais que normalmente lidam com os casosem todas as suas fases (MRE SDH e AGU) mas tambeacutem pelos entesfederados Durante boa parte das atuaccedilotildees da SDH quando ficou agravefrente da organizaccedilatildeo de implementaccedilotildees de recomendaccedilotildees oumedidas de condenaccedilatildeo seu trabalho foi convencer os oacutergatildeos locaisenvolvidos de que a implementaccedilatildeo deveria ser feita111
Se de um lado haacute dificuldades em se lidar com outras entidadesfederativas que natildeo satildeo obrigadas por quaisquer mecanismos a cola-borar com a implementaccedilatildeo por outro as recomendaccedilotildees daComissatildeo ou as condenaccedilotildees da Corte agregam peso ao esforccedilo deconvencimento da SDH sobre os representantes do ente federado Apresenccedila desse elemento externo de um terceiro cuja funccedilatildeo eacute exclu-sivamente defender direitos humanos muitas vezes eacute positiva jaacute quea oposiccedilatildeo poliacutetica que eventualmente haacute em relaccedilatildeo ao governo fede-ral pode se dissolverO fator do ocircnus poliacutetico da violaccedilatildeo para o poder local eacute essen-
cial para possibilitar soluccedilotildees amistosas O orccedilamento vinculado aopagamento das indenizaccedilotildees coordenadas pela SDH soacute eacute mobiliza-do para pagamento quando haacute casos jaacute julgados pela Corte Assimcom exceccedilatildeo do caso Joseacute Pereira jaacute visto112 em soluccedilotildees amistosaseacute sempre o Estado federado que deve se responsabilizar por talpagamento Tambeacutem eacute o Estado federado que internamente se res-ponsabiliza pelo cumprimento dos outros pontos acordados Como visto anteriormente a preexistecircncia de agenda federal
e local de combate ao trabalho escravo pode ter sido causa deminimizaccedilatildeo dos custos da soluccedilatildeo amistosa do caso Joseacute Pereira
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Jaacute na segunda soluccedilatildeo amistosa brasileira o caso Meninos emascula-dos do Maranhatildeo parece ter sido alcanccedilada por conta de um conjuntode fatores de pressatildeo poliacutetica em que a miacutedia parece ter ocupadolugar de destaque O proacuteprio nome do caso ldquoMeninos emasculadosdo Maranhatildeordquo foi o utilizado pela miacutedia brasileira para se referira uma seacuterie de homiciacutedios e mutilaccedilotildees genitais de meninos entre4 e 15 anos ao mesmo tempo em que ocorriam os trabalhos paraos acordos da soluccedilatildeo amistosa na CIDH foi crescente o debateacerca do caso no Brasil Primeiramente foi notaacutevel o iniacutecio de uma preocupaccedilatildeo nas
vaacuterias instacircncias governamentais sobre o tema Em 2003 foi inicia-da uma investigaccedilatildeo pelo Poder Legislativo sobre as situaccedilotildees deviolecircncia e redes de exploraccedilatildeo sexual de crianccedilas e adolescentes noBrasil Os casos dos meninos emasculados tanto do Maranhatildeo comode Altamira foram utilizados no relatoacuterio apresentado em 2004113
tendo como encaminhamento o envio de documentaccedilatildeo ao Minis-teacuterio Puacuteblico Estadual para agilizaccedilatildeo das investigaccedilotildees Tambeacutem em2003 a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadatildeo em seu rela-toacuterio de atividades menciona ter participado de reuniatildeo com asfamiacutelias dos meninos emasculados de audiecircncia puacuteblica sobre o casode reuniatildeo na Superintendecircncia da Poliacutecia Federal com os policiaisencarregados da investigaccedilatildeo e de reuniatildeo com os integrantes doCentro de Defesa dos Direitos da Crianccedila e do Adolescente PadreMarcos Passerini Apoacutes firmada a soluccedilatildeo amistosa a CIDH realizou acompanha-
mento da implementaccedilatildeo das medidas acordadas Em seus relatoacuteriosanuais a Comissatildeo demonstrou especial preocupaccedilatildeo com o cum-primento das medidas de natildeo repeticcedilatildeo que representavam para ooacutergatildeo o maior desafio Em 2008 as medidas foram consideradastotalmente cumpridas pelo Estado brasileiro Apoacutes a celebraccedilatildeo da soluccedilatildeo amistosa houve aparente interes-
se do Governo do Estado do Maranhatildeo em cumprir as medidas114
Em 2007 o entatildeo governador do Maranhatildeo Jackson Lago criou aComissatildeo Estadual de Acompanhamento e Execuccedilatildeo do Acordo deSoluccedilatildeo Amistosa do Caso dos Meninos Emasculados composta dasSecretarias de Estado dos Direitos Humanos Sauacutede EducaccedilatildeoDesenvolvimento Social Seguranccedila Cidadatilde Defensoria Puacuteblica eAssessoria Especial do Governador115
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Em abril de 2006 as famiacutelias das viacutetimas comeccedilaram a receber apensatildeo mensal do Governo maranhense e foram incluiacutedas nos pro-gramas de Habitaccedilatildeo do Governo Federal Apoacutes um ano em maiode 2007 a Comissatildeo Estadual visitou as famiacutelias para verificar o cum-primento das medidas e as suas condiccedilotildees de moradia Houve umaseacuterie de reclamaccedilotildees das famiacutelias em relaccedilatildeo agrave estrutura das casasEm consequecircncia a Comissatildeo se reuniu com a Secretaria de Estadode Desenvolvimento das Cidades para discutir melhorias Posteriormente em setembro de 2011 apoacutes encontro com um
grupo de matildees dos meninos a presidente da Comissatildeo de DireitosHumanos e das Minorias da Cacircmara dos Deputados116 deputada Eli-ziane Gama alegou que as medidas da soluccedilatildeo amistosa natildeo estavamsendo inteiramente cumpridas117 Segundo a deputada ao longo dos5 anos as casas previstas no documento foram construiacutedas mas natildeoforam repassadas legalmente para as famiacutelias a pensatildeo estabelecidaestava sem reajuste e as famiacutelias natildeo estatildeo sendo inseridas em pro-gramas de assistecircncia social do GovernoApesar da inclusatildeo em 2005 do municiacutepio de Satildeo Luiacutes no Progra-
ma de Accedilotildees Integradas e Referenciais de Enfrentamento agrave ViolecircnciaSexual contra Crianccedilas e Adolescentes no Territoacuterio Brasileiro(PAIR) e da criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Luta contra a ViolecircnciaSexual contra a Crianccedila e o Adolescente bem como o Sistema Inte-rinstitucional de Accedilotildees Antidrogas (SIAD) parece que natildeo houveefetiva melhoria do atendimento nas delegacias especializadas emviolecircncia contra a crianccedila e o adolescente Segundo relatoacuterio da 1ordfPromotoria do Controle Externo da Atividade Policial a Delegaciade Proteccedilatildeo agrave Crianccedila e ao Adolescente (DPCA) foi considerada apior das especializadas na capital maranhense118
Quanto a casos julgados na Corte Interamericana destacam-senovamente os casos Garibaldi e Escher e outros A questatildeo federalaparece nos dois casos como um obstaacuteculo agrave implementaccedilatildeo dasdecisotildees principalmente enquanto as denuacutencias permaneceram noacircmbito da Comissatildeo Isso porque a Assessoria Internacional da SDHteria tido problemas em acessar os atores locais por conta de faltade cooperaccedilatildeo dos poderes locais119 A uacutenica voz a favor da imple-mentaccedilatildeo dentro do Estado do Paranaacute foi o Ministeacuterio Puacuteblico120
No caso Escher e outros na peticcedilatildeo submetida agrave Corte a Comis-satildeo explicou que a Secretaria de Direitos Humanos da Presidecircncia
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(acircmbito federal) natildeo concretizou as negociaccedilotildees com o governo doEstado do Paranaacute (acircmbito estadual) para efetivar as reparaccedilotildees nosprazos concedidos121 Em nota de 21 de setembro de 2007 porexemplo o governo brasileiro sustentou que trabalhava junto aoEstado do Paranaacute para que fosse indicado um interlocutor especiacuteficopara dar seguimento ao trabalho de implementar as recomendaccedilotildeessalientando que o esforccedilo de convencimento junto aos entes esta-duais era ldquoum trabalho permanente e que por vezes demanda maiortempo de maturaccedilatildeordquo122
Dois fatores mitigaram esses problemas de implementaccedilatildeo Em pri-meiro lugar no tocante agrave obrigaccedilatildeo de investigar destacou-se apostura do Ministeacuterio Puacuteblico do Estado do Paranaacute123 que trabalhouem contato com a SDH para realizar as investigaccedilotildees Em segundolugar especificamente no tocante agrave obrigaccedilatildeo de publicar a senten-ccedila e indenizar as viacutetimas destacou-se a mudanccedila das responsabilidadesocasionada pelas condenaccedilotildees no acircmbito da Corte InteramericanaNo caso Garibaldi ao tomar ciecircncia que algumas testemunhas que
natildeo foram ouvidas no inqueacuterito policial estavam prestando depoi-mento perante a Corte um membro do Ministeacuterio Puacuteblico fez arequisiccedilatildeo de desarquivamento do inqueacuterito em abril de 2009 e emjulho de 2011 ofereceu denuacutencia contra um dos suspeitos do assas-sinato de Seacutetimo Garibaldi O TJPR no entanto determinou o fimda accedilatildeo penal a despeito de ter reconhecido explicitamente que oreferido desarquivamento atendia agrave decisatildeo da Corte Interamerica-na de Direitos Humanos A accedilatildeo encontra-se atualmente no STJ Emvirtude disso a Corte deixou em aberto o ponto na sua resoluccedilatildeo deSupervisatildeo de Cumprimento de Sentenccedila de 2012Em Escher e outros o Ministeacuterio Puacuteblico tambeacutem verificou a pos-
sibilidade de investigar e punir os responsaacuteveis pela interceptaccedilatildeoe divulgaccedilatildeo das conversas telefocircnicas Entretanto por conta daprescriccedilatildeo dos crimes concluiu pela inviabilidade da abertura deinqueacuterito criminal apenas para se elucidar o fato sem que isso resul-tasse em efetiva puniccedilatildeo124 Nesse ponto a Corte Interamericanarepetiu entendimento no qual a prescriccedilatildeo poderia ser um obstaacute-culo legiacutetimo ao cumprimento em casos de violaccedilatildeo de direitoshumanos menos graves e reconheceu que ldquofoi determinado que seinvestigasse penalmente determinadas condutas e fossem estabele-cidas as consequecircncias que a Lei previsse o qual natildeo descartava a
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possibilidade de que a accedilatildeo penal a respeito dos fatos a serem inves-tigados estivesse prescritardquo125
Finalmente em relaccedilatildeo ao segundo ponto se medidas de provi-decircncia domeacutestica para os casos avanccedilaram enquanto estiveram naComissatildeo a condenaccedilatildeo do Brasil pela Corte alterou a maneira comoas reparaccedilotildees deveriam ser feitas jaacute que tais obrigaccedilotildees passaram aser primariamente da Uniatildeo Nesse sentido a SDH pocircde atuar commaior intensidade Isso se refletiu tanto na obrigaccedilatildeo de indenizarcumprida sob a rubrica orccedilamentaacuteria do proacuteprio oacutergatildeo126 como naobrigaccedilatildeo de publicar a sentenccedila feita dentre outros no proacuteprio siteda Secretaria127Ambos os cumprimentos se deram dentro do prazoassinalado na sentenccedila128
Um paralelo entre os dois casos apresentados e o caso Maria daPenha pode ser feito sob o prisma da questatildeo federal Nesse senti-do ressalta-se que Maria da Penha vs Brasil foi um caso decididono acircmbito da Comissatildeo em que se fixaram obrigaccedilotildees semelhan-tes de investigaccedilatildeo e indenizaccedilatildeo ao Estado brasileiro Por setratarem de recomendaccedilotildees caberia ao governo e ao Judiciaacuterio doEstado do Cearaacute onde ocorreu a violaccedilatildeo de direitos conduzirema implementaccedilatildeo das medidasNo entanto o Estado do Cearaacute permaneceu inerte durante vaacuterios
anos apoacutes a condenaccedilatildeo sem que a Uniatildeo tambeacutem tomasse qual-quer atitude em relaccedilatildeo a essa inatividade129 Durante seis anos asreparaccedilotildees materiais natildeo puderam ser obtidas porque dependiam daassunccedilatildeo de compromisso pelo Estado do Cearaacute130 Somente em2006 com a mudanccedila de governo negociaccedilotildees foram iniciadas entreos atores envolvidos131 Essas conversas resultaram no compromis-so assumido e concretizado pelo Estado de indenizar materialmenteMaria da Penha Maia Fernandes132
A mesma dificuldade se verificou no cumprimento da obriga-ccedilatildeo de investigar os responsaacuteveis pela demora no processo criminalEm 2007 as peticionaacuterias assinalaram que o Estado natildeo havia con-seguido elucidar nem atribuir as responsabilidades em virtude dasdificuldades oferecidas pelo Tribunal estadual133 Em 2008 entatildeoo caso foi submetido ao CNJ134 Desde entatildeo a apuraccedilatildeo dos res-ponsaacuteveis pela demora ocorre em niacutevel federalNo entanto o caso Maria da Penha tambeacutem nos conduz agrave con-
clusatildeo de que a questatildeo federal embora importante para a ldquomarcha
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da implementaccedilatildeordquo das decisotildees do Sistema Interamericano natildeo eacuteo uacutenico fator de influecircncia Em primeiro lugar isso resta evidencia-do pelo fato de que a Comissatildeo ainda natildeo considerou integralmentecumpridas obrigaccedilotildees impostas para a Federaccedilatildeo como um todoMuito embora as poliacuteticas puacuteblicas dependam da adesatildeo dos Esta-dos-membros a proacutepria Comissatildeo ainda natildeo considerou satisfeitasas obrigaccedilotildees de tratamento contra a discriminaccedilatildeo das mulheres emmateacuteria de violecircncia domeacutestica135 Haacute relatos de que esses Estadosfederais tecircm problemas de descumprimento com questotildees que natildeosatildeo de competecircncia federal mas a explicaccedilatildeo que natildeo podem cum-prir por conta do federalismo tambeacutem surge em questotildees que natildeodependem da estrutura federal136
Em segundo lugar a proacutepria Comissatildeo reconheceu que os pri-meiros avanccedilos na mateacuteria de direitos humanos ocorreram com ainstalaccedilatildeo do Conselho Estadual sobre a Condiccedilatildeo da Mulher emSatildeo Paulo em 1983 Natildeo eacute descabido entatildeo considerar que o fede-ralismo tambeacutem pode abrir a oportunidade de que os proacutepriosEstados sejam responsaacuteveis por importantes avanccedilos em mateacuteria deproteccedilatildeo de direitos humanos antes mesmo que poliacuteticas semelhan-tes sejam estabelecidas em niacutevel federal
44 QUANDO A CAUSA Eacute APROPRIADA PELOS
ATORES ENVOLVIDOS NO CASO CONCRETO
Um uacuteltimo aspecto analisado na presente obra diz respeito agrave espe-cificidade de alguns relatoacuterios ou algumas condenaccedilotildees que emcertos contextos natildeo permitem a extrapolaccedilatildeo do caso individualpara uma situaccedilatildeo coletivaEacute usual que o SIDH seja criticado ao tomar medidas amplas e
geneacutericas como ldquodar continuidaderdquo a determinada poliacutetica puacuteblicae por outro lado louvado ao tomar medidas mais concretas A basedessa criacutetica estaacute ligada a uma determinada concepccedilatildeo de eficiecircn-cia das medidas Diraacute um defensor do argumento que medidas maismodestas por serem objetivas permitem um maior grau de cobran-ccedila e de verificaccedilatildeo da implementaccedilatildeo Esse argumento contudoconta apenas parte da histoacuteriaDe fato quanto mais individualizada e concreta a medida maior
a chance de sua implementaccedilatildeo contudo menor eacute a chance de seuimpacto No Brasil as instituiccedilotildees tiveram sucesso em demonstrar
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que conseguem se mobilizar de forma a lidar com a questatildeo indi-vidualizada em seu ponto especiacutefico sem qualquer atuaccedilatildeo emniacuteveis estruturais como ocorreu e ocorre nos casos Escher e outrose Garibaldi No entanto em um caso como Belo Monte no qual natildeohouve qualquer cooperaccedilatildeo do Governo brasileiro atores institu-cionais (como o MPF) e a sociedade civil organizada puderam sevaler da recomendaccedilatildeo da CIDH para pressionar os oacutergatildeos poliacuteti-cos nacionais
Tanto o caso Escher e outros como o caso Garibaldi tratam de vio-laccedilotildees decorrentes dos graves e persistentes conflitos agraacuterios no paiacutesConforme reconhecido pela Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos ldquoa concentraccedilatildeo de terra no Brasil eacute uma das maiores domundordquo de modo que ldquoaproximadamente 1 da populaccedilatildeo deteacutem46 de todas as terrasrdquo dentre as quais haacute um enorme percentual deterras improdutivas Trata-se enfim de ldquoum modelo econocircmico quefavoreceu a grande propriedade privada frente agraves necessidades dostrabalhadores ruraisrdquo137 Todavia em ambos os casos o contexto socialamplo natildeo foi atacado pelas medidas impostas pelo SIDH
No caso Escher e outros o grampo telefocircnico e sua divulgaccedilatildeoilegal geraram especialmente reparaccedilotildees indenizatoacuterias para as viacuteti-mas sendo que a Corte Interamericana reconheceu seu integraladimplemento enquanto no caso Garibaldi as principais condena-ccedilotildees foram de natureza indenizatoacuteria e de retomada da investigaccedilatildeocriminal dos responsaacuteveis pelo assassinato de Seacutetimo Garibaldisendo que a Corte IDH ainda manteacutem o acompanhamento do pro-cesso judicial penal de responsabilizaccedilatildeo pelo assassinato Natildeohouve repercussatildeo para aleacutem dessa esfera
Essas observaccedilotildees surgiram em entrevista com membro doMinisteacuterio Puacuteblico do Estado do Paranaacute na qual ficou clara a orien-taccedilatildeo de resolver rapidamente e de forma qualificada a investigaccedilatildeocriminal relativa ao caso Seacutetimo Garibaldi em parte por convicccedilatildeopessoal dos promotores envolvidos e em parte para diminuir o des-gaste da imagem da instituiccedilatildeo decorrente da divulgaccedilatildeo dos fatosna miacutedia De todo modo nem o Ministeacuterio Puacuteblico e muito menoso Governo do Paranaacute realizaram accedilotildees de enfoque estrutural ou pre-ventivo para as graves violaccedilotildees decorrentes de conflitos fundiaacuterios
A natureza de decisotildees altamente individualizadas favoreceum cenaacuterio em que haacute poucos incentivos para que as instituiccedilotildees
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envolvidas assumam o ocircnus poliacutetico de tomar medidas mais amplase ao mesmo tempo a decisatildeo do SIDH natildeo serve como instrumen-to para buscar medidas estruturais aos atores relevantes interessados Nos dois casos as questotildees de fundo foram abandonadas O gover-
no natildeo se sentiu pressionado a investigar ou prestar esclarecimentosobre as investigaccedilotildees relacionadas a associaccedilotildees ligadas ao Movimen-to dos Sem-Terra (MST) apoacutes o caso Escher e outros Tampouco houvepressatildeo para investigaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de contas em relaccedilatildeo ao siste-ma de reforma agraacuteria aos abusos cometidos por particulares queretomam para si terras que foram invadidas nem agrave impunidade dosatores poliacuteticos e judiciaacuterios que criminalizam movimentos sociaisApenas para exemplificar uma questatildeo de fundo sobre agentes
puacuteblicos que atuavam contra os movimentos sociais em ambos oscasos um dos pedidos rejeitados pela Corte Interamericana foio de ordenar a revogaccedilatildeo do tiacutetulo de cidadatilde honoraacuteria do Estadodo Paranaacute da juiacuteza Elizabeth Kather obtido em 2007 Conformeapontado no livro A era da indeterminaccedilatildeo138 a juiacuteza protagonizouescacircndalos midiaacuteticos em razatildeo da estreita relaccedilatildeo com a elitefazendeira local Mesmo um ano apoacutes a condenaccedilatildeo da Corte Inte-ramericana em dezembro de 2010 a juiacuteza Kather recebeu o tiacutetulode cidadatilde honoraacuteria do Municiacutepio de Loanda139
A Corte IDH deu pouca importacircncia agrave questatildeo do tiacutetulo hono-raacuterio da juiacuteza Kather Entretanto em um contexto como o brasileirocondenaccedilotildees simboacutelicas podem abrir portas para a extrapolaccedilatildeo dedemandas individualizadas para um niacutevel mais geral principalmen-te quando satildeo apropriadas por vaacuterios segmentos sociais No contextode implementaccedilatildeo poliacutetica as medidas do SIDH podem auxiliar ato-res mobilizados tal como ocorreu no caso Belo MonteConforme apresentado no toacutepico 42 a construccedilatildeo da Usina
Hidreleacutetrica Belo Monte a despeito da forte reaccedilatildeo negativa doGoverno brasileiro agrave medida cautelar do SIDH foi apropriadapelos agentes poliacuteticos envolvidos no caso (MPF e movimentossociais) e transformada em um instrumento poliacutetico e juriacutedico deenfrentamento Quanto aos movimentos sociais sugere-se a medi-da possibilitou a reafirmaccedilatildeo da criacutetica ao projeto Belo Monte eabriu novos espaccedilos puacuteblicos acerca do temaAssim avaliar a implementaccedilatildeo das medidas do SIDH que enfo-
cam apenas a conduta do Estado esconde os impactos que elas
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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podem ter fora do ambiente estatal Assim enquanto alguns casosnatildeo geram repercussatildeo mas satildeo implementados outros repercutemna sociedade e podem ateacute mesmo gerar uma conscientizaccedilatildeo maiorsobre determinada violaccedilatildeo de direitos humanos mesmo que a pos-tura estatal leve ao natildeo cumprimento da medida
CONCLUSAtildeO BALANCcedilO DE RESULTADOS E PARAcircMETROS DE IMPLEMENTACcedilAtildeONo Brasil natildeo haacute mecanismos institucionais especiacuteficos de implemen-taccedilatildeo de recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees do SIDH O adimplementointerno das medidas determinadas neste acircmbito decorre em sua maiorparte de decisotildees eminentemente poliacuteticas visto que depende da dis-posiccedilatildeo e da capacidade dos atores relevantes a cada novo evento Com isso a cada nova condenaccedilatildeo ou recomendaccedilatildeo a SDH e o
MRE precisam se engajar em negociaccedilotildees com as instituiccedilotildees e ato-res envolvidos muitas vezes em esferas estaduais No contextofederativo a ausecircncia de mecanismos coercitivos torna o cumprimen-to das decisotildees ainda mais imprevisiacutevel e a cada novo caso sujeitoao capital poliacutetico dos envolvidos ao seu interesse nas causas emquestatildeo e especialmente agrave qualidade das relaccedilotildees entre governosfederal e estadual Dessa forma o adimplemento no Brasil eacute permea-do de grande flexibilidade e potencial de experimentalismo uma vezque na maior parte dos casos haacute um alto custo poliacutetico envolvido nasnegociaccedilotildees de implementaccedilatildeoPara fazer suas anaacutelises e criacuteticas este trabalho partiu do termo
ldquoimplementaccedilatildeordquo no sentido usual do SIDH de adimplemento dasmedidas de condenaccedilatildeo recomendaccedilatildeo ou acordo Contudo a anaacute-lise qualitativa mostrou que esse tipo de avaliaccedilatildeo fica distante demedir o real impacto das decisotildees do SIDH no Brasil Dada a escassez de literatura nacional a este respeito foi reali-
zado um mapeamento dos efetivos mecanismos existentes no Brasilpara dar cumprimento agraves recomendaccedilotildees e decisotildees oriundas doSIDH no Brasil do que foi possiacutevel identificar o delicado equiliacute-brio das relaccedilotildees institucionais em niacutevel federal (MRE SDH eAGU) bem como das relaccedilotildees entre entes federativos Como con-sequecircncia foi apurado que o cumprimento eacute apenas uma dimensatildeodo adimplemento das medidas do SIDH
PESQUISA DIREITO GV
52 sumaacuterio
Foi possiacutevel identificar diversos fatores que interferem na coo-peraccedilatildeo de atores relevantes bem como na avaliaccedilatildeo de quandoocorre efetivamente o cumprimento Nesse sentido os principaisfatores identificados como possiacuteveis facilitadores da implementaccedilatildeodas medidas determinadas no acircmbito do sistema regional de prote-ccedilatildeo dos direitos humanos satildeo (i) a existecircncia de uma agenda poliacuteticapreacutevia em acircmbito local ou nacional em relaccedilatildeo ao tema da viola-ccedilatildeo (ii) decisotildees com fundamentaccedilatildeo de qualidade e generalidadesuficiente para permitir a sua apropriaccedilatildeo por atores estatais ou dasociedade civil organizada engajados em temas afetos agrave violaccedilatildeo e(iii) uma boa relaccedilatildeo entre Uniatildeo e Estados naqueles casos em quea implementaccedilatildeo natildeo depende de medidas unicamente federais Haacute portanto dois pontos de vista em questatildeo O primeiro deles
eacute o da Comissatildeo e da Corte Interamericana pelo qual eacute necessaacuterioe relevante que os Estados recebam uma chancela de adimplentesou inadimplentes perante o SIDH especialmente como forma depressatildeo poliacutetica O segundo ponto de vista eacute o de anaacutelise do impac-to das decisotildees e recomendaccedilotildees do SIDH que natildeo se confundecom a avaliaccedilatildeo de ldquocumprimentordquo ou ldquodescumprimentordquo feita pelaCorte e Comissatildeo nem se exaure nela Em um contexto de imple-mentaccedilatildeo eminentemente poliacutetica das decisotildees e recomendaccedilotildees doSIDH a implementaccedilatildeo depende em grande parte da presenccedila dosfatores de impacto detectados
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
53 sumaacuterio
APEcircNDICE CASOS QUE ENVOLVEM O BRASIL NO SIDH
I MEDIDAS CAUTELARES OUTORGADAS PELA
COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 32 (ENTRE 1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
54 sumaacuterio
CASO
MC 19911 ldquoP
ESSOAS D
E LIBERDADE N
A
PRISAtildeO
PROFESSO
R ANIacuteBAL B
RUNOrdquo
(2011)
MC 38210 ldquoU
SINA HIDRELEacuteTR
ICA DE
BELO
MONTErdquo (2011)
MC 11410 ldquoP
ESSOAS P
RIVA
DAS D
E
LIBERDADE N
O DEPA
RTAMENTO DE
POLIacuteC
IA JU
DICIAacuteRIA (DPJ) D
E VILA
VELHArdquo (2010)
RESU
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DO
S FATOS
DENUacuteNCIA SO
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DENUacuteNCIA SO
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AtildeO
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OLIacuteC
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CONDICcedilOtildeES SA
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RIAS N
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A MORTErdquo
DIR
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DIREITO
Agrave VID
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RIDADE
PESSO
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PROTECcedil
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DICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE
PESSO
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INFORMACcedilAtildeO E Agrave
PARTIC
IPACcedilAtildeO POLIacuteTIC
A
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE
PESSO
AL Agrave
SAUacuteDE
TEMA
SISTEMA CARCERAacuteRIO
COMUNIDADES IN
DIacuteGENAS
SISTEMA CARCERAacuteRIO
MED
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INDIacuteGENAS E A
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RIDADE E A
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S
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SMEDIDAS C
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CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS C
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CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS C
AUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
CU
MP
RIM
ENTO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
55 sumaacuterio
MC 35102 ldquoR
OSEM
ARY SO
UTO MAIOR E O
UTROSrdquo
(2010)
MC 22409 ldquoA
DOLESC
ENTES P
RIVADOS DE
LIBERDADE NA UNIDADE DE IN
TERNACcedilAtildeO
SOCIOEDUCATIVA
(UNIS)rdquo (2009)
MC 23608 ldquoP
ESSOAS PRIVADAS DE LIB
ERDADE
NA PENITEN
CIAacuteRIA POLINTER
-NEVESrdquo (2009)
ldquoCASO ADOLESC
ENTES N
A CADEIA PUacuteBLICA DE
GUARUJAacuterdquo (2007)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS RECEBIDAS POR
FAMILIA
RES D
E VIacuteTIMA DE ASSA
SSINATO
POR
GRUPO DE EXTER
MIacuteNIO MESM
O APOacuteS MEDIDA
CAUTELA
R DA CIDH EM 2002
DENUacuteNCIA SOBRE CASOS DE MORTE E TO
RTURA
DE ADOLESC
ENTES D
ETIDOS NA UNIS D
E
CARIACICA ESP
IacuteRITO SANTO
DENUacuteNCIAS SO
BRE SU
PERPOPULACcedil
AtildeO E M
AacuteS
CONDICcedilOtildeES SA
NITAacuteRIAS NO PRESIacuteD
IO
DENUacuteNCIA SOBRE SU
PERPOPULACcedil
AtildeO E
DETEN
CcedilAtildeO IRREGULAR DE ADOLESC
ENTES EM
CADEIA PUacuteBLICA
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
SAUacuteDE
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
E ADOLESC
ENTES
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
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SISTEMA CARCERAacuteRIO
SISTEMA CARCERAacuteRIO
SISTEMA CARCERAacuteRIO
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RIDADE FIacuteSIC
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RES
MEDIDAS PA
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DOS DETEN
TOS E PA
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S
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STIFICARAM A ADOCcedilAtildeO DA CAUTELA
R
MEDIDAS PA
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A SA
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RIDADE PESSO
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REDUZIR A SUPERPOPULACcedil
AtildeO E PA
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DENTRE OUTRAS M
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RA UM CENTRO PROacutePRIO
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CONDICcedilOtildeES PA
RA TODOS OS PRESO
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MEDIDAS CAUTELA
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CcedilAtildeO DAS
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OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
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CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL 140
PESQUISA DIREITO GV
56 sumaacuterio
ldquoCASO CENTRO DE DEFESA
DOS DIREITO
S DA
CRIANCcedilA E D
O ADOLESC
ENTE D
O DISTR
ITO
FEDERALrdquo (2006)
ldquoCASO MARIA APARECIDA DENADAIrdquo (2006)
MC 13006 ldquoP
ESSOAS DETID
AS NA 76ordf
DELEG
ACIA DE POLIacuteCIArdquo (2006)
ldquoCASO RAPOSA SER
RA DO SOLrdquo (2004)
DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
IE DE MORTES Q
UE
ENVOLVEM
ADOLESC
ENTES D
ETIDOS NO CAJE
DO DISTR
ITO FED
ERAL
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR TESTEM
UNHA DE ASSA
SSINATO
CONTRA ATIVISTA
DE DIREITO
S HUMANOS (V
TAMBEacuteM CASO JOAQUIM DENADAI)
DENUacuteNCIA SOBRE MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
A
DELEG
ACIA SU
PERPOPULACcedil
AtildeO E M
ORTE E
TORTURA DE DETEN
TOS
DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
IE DE ATO
S
VIOLEN
TOS COMETID
OS POR NAtildeO INDIacuteGENAS AgraveS
COMUNIDADES IN
DIacuteGENAS DA REGIAtildeO
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
E ADOLESC
ENTES
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE Agrave
LIBERDADE
DE RELIG
IAtildeO AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROPRIEDADE Agrave
LIVRE CIRCULACcedil
AtildeO Agrave
IGUALDADE E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
SISTEMA CARCERAacuteRIO
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
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SISTEMA CARCERAacuteRIO
COMUNIDADES IN
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SUPERPOPULACcedil
AtildeO PA
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TOS E PA
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AtildeO Agrave TESTEM
UNHA
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EDIDAS PA
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SUPERPOPULACcedil
AtildeO PROPORCIONAR
ATENDIMENTO MEacuteDICO E IN
VESTIGAR OS FATO
S
QUE LEVA
RAM Agrave DENUacuteNCIA
MEDIDAS PA
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A A
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RIDADE PESSO
AL E A
CIRCULACcedil
AtildeO DAS
COMUNIDADES IN
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RA INVESTIG
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S QUE LEVA
RAM Agrave DENUacuteNCIA
MEDIDAS CAUTELA
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LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
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CcedilAtildeO DAS
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OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
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CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
EXTINTA A PEDIDO DA BENEFIC
IAacuteRIA 141
CUMPRIMENTO PARCIAL ATEacute FEVER
EIRO DE
2007 142SEM
INFORMACcedilAtildeO 143
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
57 sumaacuterio
MC 85204 ldquoC
RIANCcedilAS PRIVADAS DE LIB
ERDADE
NA FUNDACcedilAtildeO ESTA
DUAL DO BEM-ESTA
R DO
MENOR (FEB
EM) DO TATU
APEacuterdquo (2004)
ldquoCASO JORGE CUSTO
DIO ROSANGELA
APARECIDA SARAIVA FER
REIRA E A
LESSANDRA
RODRIGUEZ C
ELESTINOrdquo (2003)
ldquoCASO MARIA APARECIDA GOMES D
A SILVA
E
SUA FAMIacuteLIA
E EDSON AZAMBUJArdquo (2003)
ldquoCASO DOS IN
TERNOS DO CAacuteRCERE DE URSO
BRANCOrdquo (2002)
DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
IE DE VIO
LEcircNCIAS
COMETID
AS CONTRA OS MENORES IN
TERNOS
DA CASA DE DETEN
CcedilAtildeO E C
ASOS DE MORTES E
REBELIOtilde
ES
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
S DE DIREITO
S
HUMANOS NO PARANAacute
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE E
SEQUESTR
O SOFRIDOS POR ATIVISTA
S DE
DIREITO
S HUMANOS
DENUacuteNCIA SOBRE SU
PERPOPULACcedil
AtildeO
CARCERAacuteRIA CONFLITO
S INTER
NOS EN
TRE
DETEN
TOS E FA
LTA DE CONDICcedilOtildeES N
O
PRESIacuteD
IO
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
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DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
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RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
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RIDADE PESSO
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DIREITO
Agrave VID
A INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
SISTEMA CARCERAacuteRIO
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
DENTRE OUTRAS M
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CcedilAtildeO
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A E A
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S
DENTRE OUTRAS M
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NOVOS HOMICIacuteDIOS NO PRESIacuteD
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MEDIDAS CAUTELA
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REVEN
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MEDIDAS CAUTELA
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CcedilAtildeO DAS
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CcedilAtildeO DAS
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OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
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REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
DESC
UMPRIMENTO (LEVA
DA Agrave CORTE ID
H)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
DESC
UMPRIMENTO (LEVA
DA Agrave CORTE ID
H)
PESQUISA DIREITO GV
58 sumaacuterio
ldquoCASO IRINY NICOLAU CORRES LO
PESrdquo (2002)
ldquoCASO RONY CLAY C
HAVES R
UBENS LEO
NCIO
PEREIRA MARCOS MASSA
RI E G
ILMAR LEITE
SIQUIERA (PROTECcedil
AtildeO DE TESTEM
UNHAS DA
OPERACcedilAtildeO CASTELIN
HO)rdquo (2002)
MC 35102 ldquoC
ASO MANOEL B
EZERRA ROSEM
ARY
SOUTO E LU
IZ DA SILVArdquo (2002)
ldquoCASO DO POVO INDIacuteGENA XUCURUrdquo (2002)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA DE DIREITO
S HUMANOS NO ESP
IacuteRITO
SANTO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
INFORMANTES A
PROVEITA
DOS EM
OPERACcedilAtildeO
POLICIAL PERPETR
ADAS PELA
PROacutePRIA
POLIacuteCIA
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
TESTEMUNHAS E IN
VESTIGADORES D
E GRUPO
DE EXTER
MIacuteNIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
LIacuteDERES D
E COMUNIDADE IN
DIacuteGENA
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROPRIEDADE E Agrave
GARANTIA JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
COMUNIDADES IN
DIacuteGENAS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DAS TESTEM
UNHAS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DAS TESTEM
UNHAS E D
OS
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MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS LIacuteD
ERES E PA
RA
INVESTIG
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S DENUNCIADOS
MEDIDAS CAUTELA
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REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO (VIacuteTIM
A ASSA
SSINADA EM
2009)
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
59 sumaacuterio
ldquoCASO ELM
A SORAIA SOUZA NOVAISrdquo (2002)
ldquoCASO DOS PROMOTORES E D
OS DETEN
TOS DA
PRISAtildeO
PUacuteBLICA DE SO
ROCABArdquo (2000)
ldquoCASO BENEDITO MARIANOrdquo (2000)
ldquoCASO CATH
ERINE HALVEYrdquo (2000)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
MAtildeE DE VIacuteTIM
A DE VIO
LEcircNCIA POLICIAL
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDA POR TESTEM
UNHAS
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR INVESTIG
ADOR DE VIO
LEcircNCIA
POLICIAL
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
DE DIREITO
S HUMANOS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (INVESTIG
ADOR)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA VIacuteTIM
A
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A E A
CAPAC
IDADE DE
PRESTA
R TESTEM
UNHO SEM
TEMER
REPRESAacute
LIAS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO INVESTIG
ADOR E SEU
S
FAMILIA
RES
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA ATIVISTA
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
PESQUISA DIREITO GV
60 sumaacuterio
ldquoCASO JOAQUIM MARCELO
DENADAIrdquo (1999)
ldquoCASO LUZIA CANUTOrdquo (1998)
ldquo2ordm CASO PADRE RICARDO REZEN
DErdquo (1998)
CASO 12002 ldquoM
ARIA EMILIA
DE MARCHI E
OUTROSrdquo (1998)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA CONTRAacuteRIO A GRUPO DE EXTER
MIacuteNIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS E C
ASOS DE
HOMICIacuteDIO SOFRIDOS POR FAMILIA
RES D
E
LIacuteDER DE MOVIM
ENTO SOCIAL ASSA
SSINADO EM
CONTEXTO
DE CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA DE DIREITO
S HUMANOS EM
CONTEXTO
DE DISPUTA FUNDIAacuteRIA
DENUacuteNCIA SOBRE AS MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
O
LOCAL EM
QUE AS VIacuteTIM
AS ESTAVA
M PRESA
S
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
GARANTIA JUDICIAL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA VIacuteTIM
A
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA TESTEM
UNHA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS DETEN
TOS
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO (VIacuteTIM
A ASSA
SSINADA EM
2002)
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
61 sumaacuterio
ldquo1ordm CASO PADRE RICARDO REZEN
DE E O
UTROSrdquo
(19951996)
ldquoCASO DO ADVOGADO OSMAR BARCELO
S DO
NASCIMENTOrdquo (1996)
ldquoCASO DOS MENORES IN
TERNOS DO INSTITU
TO
PADRE SEVER
INO DA ESC
OLA JOAtildeO LUIS A
LVES
E DA ESC
OLA SANTOS DUMONTrdquo (1996)
ldquoCASO AMEACcedil
ADOS PELO
S lsquoMENINOS DE OUROrsquordquo
(1996)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTAS DE DIREITO
S HUMANOS EM
CONTEXTO
DE DISPUTA FUNDIAacuteRIA NO PARAacute
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ADVOGADO ATIVISTA
DE DIREITO
S HUMANOS NO
ESPIacuteRITO SANTO
DENUacuteNCIA SOBRE AS MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
O
CENTRO DE DETEN
CcedilAtildeO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
S CONTRAacuteRIOS A GRUPO
DE EXTER
MIacuteNIO
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS DETEN
TOS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
II RELATOacuteRIOS DE MEacuteRITO PUBLICADOS PELA COMISSAtildeO
INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 17 (ENTRE
1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
62 sumaacuterio
CASO
PETICcedil
AtildeO 12308 ldquoM
ANOEL LEA
L DE O
LIVEIRArdquo
(INFORMES N
3710 E N 7206)
CASO 12440 ldquoW
ALLAC
E DE A
LMEID
Ardquo
(INFORMES N
3408 E N 2609)
CASO 12310 ldquoSEB
ASTIAtildeO
CAMARGO FILH
Ordquo
(INFORMES N
3308 E Ndeg 2509)
RESU
MO
DO
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DE
JORNALISTA
APOacuteS P
UBLIC
ACcedilAtildeO DE ESC
AcircNDALO
DE C
ORRUPCcedilAtildeO NO JO
RNAL D
E QUE ER
A
EDITO
R
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DA VIacuteTIM
A EM
RAZAtildeO
DE A
BUSO EM
OPERACcedilAtildeO POLIC
IAL
INCLUSIVE C
OM INDIacuteCIOS D
E DISC
RIMINACcedilAtildeO
RACIAL
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DE M
EMBRO
DO MOVIM
ENTO DOS TR
ABALHADORES R
URAIS
SEM TER
RA NO PA
RANAacute SEM
INVESTIG
ACcedilAtildeO E
INDEN
IZACcedilAtildeO
DIR
EITOS VIO
LAD
OS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave LIB
ERDADE D
E EXPRESSAtildeO
E
PEN
SAMEN
TO AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE Agrave
IGUALDADE
AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO
JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
TEMA
ATENTADO CONTRA JO
RNALISTA
VIO
LEcircNCIA POLIC
IAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
MED
IDA
S IND
ICAD
AS
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS A
UTORES
DO CRIME D
OS R
ESPONSAacuteVEIS P
ELA DEM
ORA
NAS IN
VESTIGACcedilOtildeES R
EPARACcedilAtildeO DOS
FAMILIA
RES A
DOCcedilAtildeO DE U
MA POLIacuteTIC
A GLOBAL
DE P
ROTECcedil
AtildeO DOS JO
RNALISTA
S
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO COMPLETA
DOS FATO
S REPA
RACcedilAtildeO DOS FA
MILIA
RES D
A
VIacuteTIMA E A
DOCcedilAtildeO DE P
OLIacuteTIC
A CONTRA A
DISC
RIMINACcedilAtildeO RACIAL EM
OPERACcedilOtildeES
POLIC
IAIS
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO COMPLETA
DOS FATO
S REPA
RACcedilAtildeO DOS FA
MILIA
RES D
A
VIacuteTIMA E A
DOCcedilAtildeO DE P
OLIacuteTIC
A CONTRA A
VIOLEcircN
CIA RURAL
NATU
REZA
DA
S MED
IDA
SMEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
CU
MP
RIM
ENTO
(EM 2012)
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
63 sumaacuterio
CASO 12019 ldquoA
NTOcircNIO FER
REIRA BRAGArdquo
(INFORMES N
8407 E N 3508)
CASO 12001 ldquoSIM
ONE ANDREacute DINIZrdquo (IN
FORMES
N 8304 E N
6606)
CASO 11634 ldquoJA
ILTON NERI DA FONSEC
Ardquo
(INFORMES N
2303 E N 3304)
CASO 11556 ldquoM
ASSAC
RE DE CORUMBIARArdquo
(INFORMES N
2203 E N 3204)
DENUacuteNCIA SOBRE DETEN
CcedilAtildeO ILEG
ALMENTE
FEITA PELA
POLIacuteCIA CIVIL IN
CLUSIVE C
OM
TORTURA DA VIacuteTIM
A
DENUacuteNCIA SOBRE DISCRIMINACcedilAtildeO RACIAL
SOFRIDA POR EMPREGADA DOMEacuteSTIC
A QUE NAtildeO
FOI CONTRATA
DA POR SER
NEGRA
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
MENOR POR FORCcedilAS POLICIAIS EM
FAVELA DO
RIO DE JA
NEIRO
DENUacuteNCIA SOBRE MORTES D
E
TRABALHADORES R
URAIS EM
ACcedilAtildeO DA POLIacuteCIA
PARA REINTEG
RACcedilAtildeO DE POSSE D
E TERRENO
DIREITO
Agrave INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A Agrave LIB
ERDADE
PESSO
AL Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL O
BRIGACcedilAtildeO DE PREVEN
IR
E PUNIR TODO ATO
DE TO
RTURA COMETID
O
DIREITO
Agrave IGUALDADE Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
E Agrave PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
LIBERDADE Agrave
PROTECcedil
AtildeO DA INFAcircNCIA AgraveS
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
DISCRIMINACcedilAtildeO RACIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS FATO
S
RESP
ONSABILIZACcedil
AtildeO PELA
DEMORA EM
ELUCIDAR O CASO INDENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A E
CAPAC
ITACcedilAtildeO DOS POLICIAIS C
IVIS
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A
MODIFIC
ACcedilAtildeO DA LEG
ISLACcedilAtildeO CONTRA O
RACISM
O INVESTIG
ACcedilAtildeO DOS FATO
S PROMOVER
MEDIDAS ADMINISTR
ATIVAS CONTRA O RACISM
O
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS A
LTERACcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DA
POLIacuteCIA MILITA
R PARA INVESTIG
ACcedilAtildeO DE
CRIMES C
OMETID
OS POR MEMBROS DA
PROacutePRIA CORPORACcedilAtildeO E TR
ANSFER
EcircNCIA
PARA A POLIacuteCIA CIVIL
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS A
LTERACcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DA
POLIacuteCIA MILITA
R PARA INVESTIG
ACcedilAtildeO DE
CRIMES C
OMETID
OS POR MEMBROS DA
PROacutePRIA CORPORACcedilAtildeO E TR
ANSFER
EcircNCIA
PARA A POLIacuteCIA CIVIL
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
PENDENTE D
E CUMPRIMENTO
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
PESQUISA DIREITO GV
64 sumaacuterio
CASO 10301 ldquoPA
RQUE SAtildeO
LUCASrdquo (IN
FORMES N
1696 E N 4003)
CASO 11517 ldquoD
INIZ B
ENTO DA SILVArdquo
(INFORMES N
11101 E N 2302)
CASOS 11286 E O
UTROS ldquoA
LUIacuteSIO
CAVA
LCANTE
E OUTROSrdquo (IN
FORMES N
7400 E N 5501)
CASO 12051 ldquoM
ARIA DA PENHArdquo (IN
FORMES N
10500 E N 5401)
DENUacuteNCIA SOBRE TO
RTURA DE PRESO
S NO
DISTR
ITO POLICIAL PA
RQUE SAtildeO
LUCAS EM
SAtildeO
PAULO
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
MEMBRO DO MOVIM
ENTO DOS TR
ABALHADORES
RURAIS SEM
TERRA POR FORCcedilAS POLICIAIS
DENUacuteNCIA SOBRE DIVER
SOS CASOS DE
ASSA
SSINATO
DE JO
VENS POR FORCcedilAS
POLICIAIS
DENUacuteNCIA SOBRE CASO DE VIO
LEcircNCIA
DOMEacuteSTIC
A COM DEMORA E N
EGLIGEcircNCIA NO
PROCESSA
MENTO DA ACcedilAtildeO CRIMINAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO DA HONRA
E DA DIGNIDADE Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
LIBERDADE A
UM JULGAMENTO JUSTO
AgraveS
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
E DIREITO
DE PETICcedil
AtildeO
DIREITO
Agrave PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL Agrave
S GARANTIAS
JUDICIAIS Agrave
IGUALDADE
SISTEMA CARCERAacuteRIO
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA DOMEacuteSTIC
A DISCRIMINACcedilAtildeO
DE GEcircNERO
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DAS VIacuteTIM
AS
TRANSFER
EcircNCIA DA COMPETEcircN
CIA DE
JULGAMENTO DE DELITO
S COMETID
OS POR
POLICIAIS M
ILITARES C
ONTRA CIVIS PA
RA A
JUSTICcedil
A COMUM PUNICcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS E
DESATIVACcedil
AtildeO DAS ldquoC
ELAS DE ISO
LAMENTOrdquo
MEDIDAS PA
RA INVESTIG
ACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS PA
RA INDENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES E PA
RA EVITA
R A REPETICcedil
AtildeO DE
FATOS SEM
ELHANTES EM
CONFLITO
S
FUNDIAacuteRIOS
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS E D
OS RESP
ONSAacuteVEIS P
ELA DEMORA
NOS PROCESSO
S INDENIZACcedil
AtildeO DE VIacuteTIM
AS OU
FAMILIA
RES A
BOLICcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DOS
TRIBUNAIS M
ILITARES PA
RA JULGAR CRIMES
COMETID
OS POR POLICIAIS C
ONTRA CIVIS
ADOCcedilAtildeO DE CONTROLE EXTER
NO E IN
TERNO
SOBRE A POLIacuteCIA MILITA
R DO RIO DE JA
NEIRO
DENTRE OUTRAS FIN
ALIZACcedil
AtildeO DO PROCESSO
CRIMINAL IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS
PELA
DEMORA INDENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A E
ADOCcedilAtildeO DE REFO
RMAS LEG
ISLATIVAS E
ADMINISTR
ATIVAS PA
RA COMBATER
A
DISCRIMINACcedilAtildeO DE GEcircNERO E A
VIOLEcircN
CIA
DOMEacuteSTIC
A CONTRA MULHERES
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
65 sumaacuterio
CASO 11291 ldquoC
ARANDIRUrdquo (IN
FORMES N
12099
E N 3400)
CASO 11599 ldquoM
ARCOS AUREacuteLIO
DE OLIVEIR
Ardquo
(INFORMES N
2399 E N 1000)
CASO 11598 ldquoA
LONSO EUGEcircNIO DA SILVArdquo
(INFORMES N
2299 E N 0900)
CASO 11516 ldquoO
VELAacuteRIO TAMESrdquo (IN
FORMES N
8098 E N 6099)
DENUacuteNCIA SOBRE O MASSAC
RE PROMOVIDO
POR FORCcedilAS POLICIAIS AO
INVADIREM O
PRESIacuteD
IO DO CARANDIRU PARA DEBELA
R UMA
REBELIAtildeO
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
CRIANCcedilA DE RUA POR POLICIAL CIVIL
DENUacuteNCIA SOBRE HOMICIacuteDIO DE MENOR POR
POLICIAL MILITA
R DURANTE D
ETENCcedilAtildeO POR
SUPOSTO
ASSA
LTO
DENUacuteNCIA SOBRE DETEN
CcedilAtildeO ARBITRAacuteRIA DA
VIacuteTIMA QUE FO
I MORTA DEPOIS D
E TORTURADA
POR AGENTES D
E SEGURANCcedilA
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave JUSTICcedil
A Agrave PROTECcedil
AtildeO CONTRA
DETEN
CcedilOtildeES A
RBITRAacuteRIAS Agrave
PROTECcedil
AtildeO
JUDICIAL E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
SISTEMA CARCERAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS FATO
S E
PUNICcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS IN
DENIZACcedil
AtildeO
DAS VIacuteTIM
AS OU FAMILIA
RES E
DESEN
VOLVIM
ENTO DE POLIacuteTIC
AS PA
RA
DIMINUIR A SUPERPOPULACcedil
AtildeO NOS PRESIacuteD
IOS
AUMENTAR A SEG
URANCcedilA E TR
EINAR AS
FORCcedilAS DE SEG
URANCcedilA DENTRE OUTROS
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO
DOS RESP
ONSAacuteVEIS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES E C
OMBATE AO
PROBLEM
A DOS
ldquoMENINOS DE RUArdquo N
O RIO DE JA
NEIRO EM
CONSONAcircNCIA COM AS OBRIGACcedilOtildeES
INTER
NACIONAIS
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DO
RESP
ONSAacuteVEL E IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS P
ELO CRIME E P
ELA DEMORA NA
PUNICcedilAtildeO INDENIZACcedil
AtildeO DOS FA
MILIA
RES
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S E DE IN
DENIZACcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S E DE IN
DENIZACcedil
AtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
PESQUISA DIREITO GV
66 sumaacuterio
CASO 11405 ldquoN
EWTON COUTINHO MENDES E
OUTROSrdquo (IN
FORMES N
7998 E N 5999)
CASO 11287 ldquoJO
AtildeO CANUTO DE OLIVEIR
Ardquo
(INFORME N 2498)
DENUacuteNCIA SOBRE MORTES E A
MEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR DEFEN
SORES D
E DIREITO
S
HUMANOS E P
ESSOAS LIG
ADAS Agrave OCUPACcedil
AtildeO DE
TERRAS EM
RAZAtildeO
DE GRUPO DE EXTER
MIacuteNIO
FORMADO POR PROPRIETAacute
RIOS
DENUacuteNCIA SOBRE A FALTA DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E
PUNICcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS P
ELO HOMICIacuteDIO DE
LIacuteDER DE TR
ABALHADORES R
URAIS N
O PARAacute
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave LIB
ERDADE Agrave
SEGURANCcedilA E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
JUSTICcedil
A AgraveS GARANTIAS
JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS D
E PREVEN
CcedilAtildeO DE NOVOS
CONFLITO
S NA AacuteREA E D
E INDENIZACcedil
AtildeO DAS
VIacuteTIMAS OU FAMILIA
RES
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS P
ELO CRIME IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES E P
REVEN
CcedilAtildeO DE NOVOS CONFLITO
S
NA AacuteREA
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO 144
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
67 sumaacuterio
CASO
CASO
S 12426 E 12427 ldquoMEN
INOS EM
ASC
ULA
DOS D
O MARANHAtildeO
rdquo
(INFO
RME N
4306)
CASO
11289 ldquoJOSEacute P
EREIR
Ardquo (INFO
RME N
9503)
RESU
MO
DO
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO E C
ASTR
ACcedilAtildeO
DE D
IVERSO
S MEN
INOS
NO PA
RAacute E N
O MARANHAtildeO
COM DEM
ORA NAS IN
VESTIGACcedil
OtildeES
DEN
UacuteNCIA SO
BRE R
EDUCcedilAtildeO
DE TR
ABALH
ADORES A
CONDICcedilOtildeES A
NAacuteLO
GAS
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III SOLUCcedilOtildeES AMISTOSAS CELEBRADAS PELO BRASIL
NA COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 2 (ENTRE 1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
68 sumaacuterio
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TEGRAL
IV MEDIDAS PROVISIONAIS OUTORGADAS PELA CORTE
INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012)
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
69 sumaacuterio
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PESQUISA DIREITO GV
70 sumaacuterio
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V CASOS CONTENCIOSOS NA CORTE INTERAMERICANA
DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012)
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
71 sumaacuterio
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CUMPRIMENTO PARCIAL
NOTAS
A pesquisa que deu origem a esta obra coordenada pelo Professor1
Javier Couso da Universidad Diego Portales (Chile) integrou um projetointernacional de natureza comparativa que envolveu diversos paiacuteses latino-americanos Estados Unidos e Itaacutelia com vistas a uma publicaccedilatildeo conjuntaem liacutengua espanhola No Brasil a pesquisa foi desenvolvida pelos seguintespesquisadores Prof Oscar Vilhena Vieira (coordenador) Luciana Ramos eRubens Glezer (pesquisadores mestres) Adriane Sanctis de Brito GuilhermeKlafke e Rafael Giovanelli (pesquisadores graduados) e Mariacutelia Lessa(pesquisadora graduanda) Os autores do artigo agradecem a Faacutebia FCarvalho Veccediloso pelos comentaacuterios e contribuiccedilotildees ao texto final e ao Lucas Felipe W Padilha pelo auxiacutelio na pesquisa inicial Os autores se responsabilizam integralmente pelos eventuais equiacutevocos cometidos
Ao longo deste artigo far-se-aacute referecircncia agrave Corte Interamericana2
de Direitos Humanos tambeacutem como ldquoCorte Interamericanardquo e ldquoCorteIDHrdquo No mesmo sentido far-se-aacute referecircncia agrave Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos como ldquoComissatildeo Interamericanardquo ou ldquoCIDHrdquo
A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos foi ratificada pelo3
Brasil em 25 de setembro de 1992 Em 6 de novembro de 1992 o Decreton 678 promulgou internamente a Convenccedilatildeo estabelecendo em seu art 1ordmque ldquoa Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de Satildeo Joseacute da Costa Rica) celebrada em Satildeo Joseacute da Costa Rica em 22 de novembrode 1969 apensa por coacutepia ao presente decreto deveraacute ser cumprida tatildeointeiramente como nela se conteacutemrdquo
O reconhecimento da jurisdiccedilatildeo contenciosa da Corte Interamericana4
de Direitos Humanos ocorreu seis anos mais tarde externamente em 10 dedezembro de 1998 com a aprovaccedilatildeo interna do Decreto Legislativo n 89 de3 de dezembro de 1998 O art 1ordm do decreto dispocircs ldquoEacute aprovada a solicitaccedilatildeode reconhecimento da competecircncia obrigatoacuteria da Corte Interamericana deDireitos Humanos em todos os casos relativos agrave interpretaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeoda Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos para fatos ocorridos a partirdo reconhecimento de acordo com o previsto no paraacutegrafo primeiro doart 62 daquele instrumento internacionalrdquo
Cf Leonardo Sakamoto Zeacute Pereira um sobrevivente 2 de junho de5
2004 Disponiacutevel em lthttpreporterbrasilorgbr200406ze-pereira-um-sobreviventegt Acesso em 22 abr 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual6
de 2012 capiacutetulo 3-B
PESQUISA DIREITO GV
72 sumaacuterio
Natildeo haacute dados suficientes nos relatoacuterios para indicar a quantidade7
de decisotildees com recomendaccedilotildees que por terem sido cumpridas no prazonatildeo tiveram seus relatoacuterios publicados pela Comissatildeo
Pesquisa realizada na seccedilatildeo de busca de jurisprudecircncia da proacutepria8
Corte Disponiacutevel em ltwwwcorteidhorcrindexphpjurisprudenciagtAcesso em 11 maio 2013
Utilizamos as categorias de ldquoindenizaccedilatildeordquo ldquosatisfaccedilatildeordquo e ldquogarantias9
de natildeo repeticcedilatildeordquo tal como apresentadas na Resoluccedilatildeo da Assembleia Geralda ONU n 60147 de 16 de dezembro de 2005 paraacutegrafos 18 a 23
Informe n 4306 (Meninos emasculados do Maranhatildeo)10
Informes n 5401 (Maria da Penha) n 5501 (Aluiacutesio Cavalcante11
e outros) n 2302 (Diniz Bento da Silva) n 4003 (Parque Satildeo Lucas)n 9503 (Joseacute Pereira) n 3204 (Corumbiara) n 3304 (Jailton Neri daFonseca) e n 6606 (Simone Andreacute Diniz)
Informes n 3508 (Antonio Ferreira Braga) n 2509 (Sebastiatildeo12
Camargo Filho) n 2609 (Wallace de Almeida) e n 3710 (Manoel Lealde Oliveira)
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual13
de 2012 capiacutetulo 3 item D
Vide Informe n 2498 (Joatildeo Canuto) Cf Comissatildeo Interamericana14
de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafo 45
Veja-se por exemplo o Caso 11793 (Jorge Antonio Carelli)15
mencionado no Relatoacuterio Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafo 46
Cf David C Baluarte and Christian M De Vos From Judgment to16
Justice Implementing International and Regional Human RightsDecisions Open Society Foundations 2010 Disponiacutevel em ltwwwsorosorginitiativesjusticefocusinternational_justicearticles_publicationspublicationsfrom-judment-to-justice20101122gt Acesso em 27 de junho de 2013
O primeiro foi o Projeto de Lei n 32142000 do Deputado17
Marcos Rolim PTRS apresentado em 13 de junho de 2000 que conformesua ementa dispunha sobre os efeitos juriacutedicos das decisotildees da ComissatildeoInteramericana de Direitos Humanos e da Corte Interamericana de DireitosHumanos e dava outras providecircncias Ele continha apenas quatro artigos e
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
73 sumaacuterio
tratava basicamente das decisotildees de caraacuteter indenizatoacuterio das decisotildees daComissatildeo e da Corte atribuindo-lhes efeito de tiacutetulo executivo judicialdireto contra a Uniatildeo Segundo o deputado o projeto procurava suprir adeficiecircncia de legislaccedilatildeo nacional sobre o tema e possibilitar agrave Uniatildeo pagaras indenizaccedilotildees sem prejuiacutezo de reaver o valor posteriormente doresponsaacutevel pela violaccedilatildeo de direitos humanos (cf Projeto de Lei n 3214de 2000 Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados 17 de junho de 2000)
A primeira comissatildeo que tratou do projeto considerou inconstitucional a execuccedilatildeo de uma decisatildeo sem que fosse homologada pelo oacutergatildeo brasileirocompetente (atualmente o Superior Tribunal de Justiccedila) e tambeacutem rejeitoua inclusatildeo das decisotildees da Comissatildeo uma vez que ela natildeo teria caraacuteterjurisdicional O projeto entatildeo foi alterado nesses aspectos restringindo a aplicaccedilatildeo da lei agraves decisotildees da Corte e mantendo a necessidade dehomologaccedilatildeo Ele sofreu criacuteticas pela sua pequena abrangecircncia natildeodispondo sobre as frequentes obrigaccedilotildees de fazer e natildeo fazer (cf MinisteacuterioPuacuteblico Federal Nota teacutecnica ao Projeto de Lei n 46672004 Brasiacutelia2010 p 1) Ao fim foi arquivado sem ter sido votado nem mesmo pelaCacircmara em razatildeo de procedimentos internos da Casa
O segundo foi o Projeto de Lei n 46672004 do Deputado JoseacuteEduardo Cardozo PTSP apresentado em 15 de dezembro de 2004 queconforme sua ementa dispunha sobre os efeitos juriacutedicos das decisotildees dosOrganismos Internacionais de Proteccedilatildeo aos Direitos Humanos e dava outrasprovidecircncias Em sua justificativa o deputado praticamente reiterou ospontos afirmados no projeto anterior salientando que ldquoapesar da ratificaccedilatildeoas decisotildees dessas instacircncias natildeo estatildeo sendo respeitadas pelo Brasil O PoderExecutivo manifesta interesse no cumprimento das decisotildees dos organismosde proteccedilatildeo seja no acircmbito regional ou global poreacutem alega a inexistecircnciade legislaccedilatildeo ordinaacuteria nacional destinada a disciplinar a mateacuteriardquo
Esse projeto ainda tramita no Congresso Nacional onde permanecedesde 2011 no Senado Federal sem movimentaccedilatildeo Natildeo obstante alguns deseus pontos ainda satildeo criticados principalmente por natildeo cobrir todas asdiferentes hipoacuteteses de condenaccedilotildees internacionais como relatoacuterios opiniotildeesconsultivas recomendaccedilotildees etc e por natildeo afastar alguns oacutebices internos parao imediato cumprimento das obrigaccedilotildees inclusive a demora na tramitaccedilatildeodos procedimentos (cf ibidem p 7-10) De qualquer forma salienta-se aoportunidade de que o Brasil conte com a primeira lei nacional deimplementaccedilatildeo das decisotildees internacionais (cf ibidem p 11)
Cf Decreto Presidencial n 7037 de 21 de dezembro de 200918
com alteraccedilotildees pelo Decreto Presidencial n 7177 de 12 de maio de 2010
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site do proacuteprio19
Ministeacuterio Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbro-ministerioconheca-o-ministerioviewgt Acesso em 27 jun 2013
PESQUISA DIREITO GV
74 sumaacuterio
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site da proacutepria20
Secretaria Disponiacutevel em lthttpportalsdhgovbrclientessedhsedhsobregt Acesso em 27 jun 2013
Na eacutepoca era denominada ldquoSecretaria Nacional dos Direitos21
Humanosrdquo Depois foi nomeada ldquoSecretaria do Estado dos DireitosHumanosrdquo Mais informaccedilotildees sobre o histoacuterico da Secretaria podem serencontradas no site da Secretaria Disponiacutevel em lthttpportalsdhgovbrclientessedhsedhsobregt Acesso em 27 jun 2013
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site do proacuteprio22
oacutergatildeo Disponiacutevel em ltwwwagugovbrsistemassiteTemplateTextoaspxidConteudo=200643ampordenacao=1ampid_site=10742gtAcesso em 27 jun 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional23
da SDH
Informaccedilatildeo concedida por membro do Departamento24
Internacional da AGU
Informaccedilotildees concedidas por membro do Departamento Internacional25
da AGU e por ex-membro da Assessoria Internacional da SDH
A dotaccedilatildeo contou em 2013 com o valor de R$ 35000000 Cf26
BRASIL Lei Federal n 12798 de 4 de abril de 2013 (Lei OrccedilamentaacuteriaAnual de 2013) volume IV p 603
Cf I Plano Nacional de Direitos Humanos p 7 anexo ao27
Decreto Presidencial n 1904 de 13 de maio de 1996
Cf Anexo ao Decreto Presidencial n 4229 de 13 de maio de 200228
Cf BRASIL Lei federal n 10933 de 11 de agosto de 200429
Plano Plurianual 20042007
Cf BRASIL Ministeacuterio da Justiccedila Plano Gerencial do Programa30
ldquoDireitos Humanos Direitos de Todosrdquo p 3-4 Disponiacutevel emltwwwmjgovbrsedhctspddhPlanGer_DHDTdocgt Acesso em 31maio 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional31
da SDH
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
75 sumaacuterio
De maneira sinteacutetica pode-se conceituar ldquoprogramardquo como ldquoo32
instrumento de organizaccedilatildeo da atuaccedilatildeo governamental que articula umconjunto de accedilotildees que concorrem para a concretizaccedilatildeo de um objetivocomum preestabelecido mensurado por indicadores instituiacutedos no planovisando agrave soluccedilatildeo de um problema ou o atendimento de determinadanecessidade ou demanda da sociedaderdquo enquanto ldquoaccedilotildeesrdquo satildeo ldquooperaccedilotildeesdas quais resultam produtos (bens ou serviccedilos) que contribuem paraatender ao objetivo de um programardquo (BRASIL Ministeacuterio do PlanejamentoOrccedilamento e Gestatildeo Secretaria do Orccedilamento Federal Manual teacutecnico deorccedilamento versatildeo 2011 Brasiacutelia 2010 p 39 e 42) A partir de 2012 houveuma pequena alteraccedilatildeo nos conceitos de modo a atender melhor oplanejamento governamental mas essa mudanccedila natildeo seraacute explicada aqui pornatildeo ser objeto deste artigo
Descriccedilatildeo constante nos objetivos estrateacutegicos 487 a 489 do33
programa nos seguintes termos ldquoComo resultado da implementaccedilatildeo doPrograma Nacional de Direitos Humanos ndash PNDH o Brasil ampliou suaparticipaccedilatildeo nos sistemas global (da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas ndashONU) e regional (da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos ndash OEA) depromoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos humanos Em particular a cooperaccedilatildeocom os oacutergatildeos de supervisatildeo da OEA tem ensejado a busca de soluccedilotildeesamistosas para casos de violaccedilatildeo em exame pela Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos abrindo a possibilidade de concessatildeo de reparaccedilotildeese indenizaccedilotildees agraves viacutetimas dessas violaccedilotildees ou a seus familiares bem comoa adoccedilatildeo de medidas administrativas e legislativas para prevenir aocorrecircncia de novas violaccedilotildeesrdquo (cf BRASIL Decreto Presidencial n4229 de 13 de maio de 2002 anexo)
Criado pela Emenda Constitucional n 45 de 30 de dezembro 34
de 2004 o Conselho Nacional de Justiccedila eacute um oacutergatildeo de caraacuteter nacionalpertencente ao Poder Judiciaacuterio responsaacutevel por exercer as funccedilotildees decontrole administrativo e financeiro de toda a Justiccedila brasileira Eletambeacutem tem a competecircncia constitucionalmente estabelecida de fiscalizaros juiacutezes tendo poderes disciplinares e correcionais para isso (art 103-Bsect 4ordm III e V) O Conselho elabora estudos sobre o aparato judiciaacuteriobrasileiro e fixa diretrizes e resoluccedilotildees que devem ser observadas portodos os tribunais do paiacutes Suas decisotildees e resoluccedilotildees soacute podem sercontroladas pelo Supremo Tribunal Federal o que o torna a instacircnciaadministrativa mais importante do Judiciaacuterio brasileiro
Informaccedilotildees gerais podem ser encontradas no site do proacuteprio35
programa Disponiacutevel em ltwwwcnjjusbrprogramas-de-a-a-zeficiencia-modernizacao-e-transparenciajustica-plenagt Acesso em 27 jun 2013
PESQUISA DIREITO GV
76 sumaacuterio
Informaccedilatildeo concedida por membro de ONG peticionaacuteria no caso36
Damiatildeo Ximenes Lopes
No relatoacuterio referente agraves atividades do ldquoJusticcedila Plenardquo ateacute 2012 37
a SDH figura como o terceiro oacutergatildeo participante a incluir mais processosno programa sendo que todas as suas 16 inclusotildees se referiam a casos quetramitam ou tramitaram no sistema interamericano Ao todo o programacontava com 80 casos em andamento em 18 de maio de 2012 (cf BRASILConselho Nacional de Justiccedila Relatoacuterio do Programa Justiccedila Plena BrasiacuteliaConselho Nacional de Justiccedila p 9 Disponiacutevel em ltwwwcnjjusbrimagesprogramasjustica-plenarelatorio_justicaplenapdfgt Acesso em 27 jun 2013)
Depoimentos em provas documentais de Luiacutes Fernando Farah de38
Toacutefoli e Domingos Saacutevio do Nascimento Alves
Depoimentos em provas documentais de Braz Geraldo Peixoto39
familiar de usuaacuterio do sistema de sauacutede mental eleito representante defamiliares perante a Comissatildeo Nacional de Reforma Psiquiaacutetrica doMinisteacuterio da Sauacutede e perante a Comissatildeo Estadual da Secretaria deSauacutede do Estado de Satildeo Paulo
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Damiatildeo40
Ximenes Lopes versus Brasil Sentenccedila de 04 de julho de 2006 (meacuteritoreparaccedilotildees e custas) 2006 p 16
Cf QUINDEREacute Paulo H D e JORGE Maria Salete B41
(Des)construccedilatildeo do modelo assistencial em sauacutede mental na composiccedilatildeo das praacuteticas e dos serviccedilos Sauacutede Soc Satildeo Paulo v 19 n 3 2010 p 569-83
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria42
Internacional da SDH e por membro de ONG peticionaacuteria no casoDamiatildeo Ximenes Lopes
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no43
caso Damiatildeo Ximenes Lopes
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria44
Internacional da SDH
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio sobre a45
situaccedilatildeo dos direitos humanos no Brasil 1997 Disponiacutevel em ltwwwcidhorgcountryrepBrasesp97indicehtmgt Acesso em 29 abr 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
77 sumaacuterio
Cf COSTA Patriacutecia Trindade Maranhatildeo Combatendo o trabalho escravo46
contemporacircneo o exemplo do Brasil Disponiacutevel em ltwwwoitbrasilorgbrsitesdefaultfilestopicforced_labourdocestudo_de_ caso_86pdfgt Acessoem 21 abr 2013
Lei federal n 10803200347
Mudanccedila feita pela PEC n 4382001 que altera a redaccedilatildeo do48
artigo 243 da Constituiccedilatildeo
Cf CAMARGO Beatriz Governo cumpre parte do acordo com 49
OEA sobre trabalho escravo 25 de maio de 2006 Disponiacutevel emltwwwtrabalhoescravoorgbrnoticia6gt Acesso em 27 abr 2013
Art 226 sect 8ordm50
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio sobre 51
a situaccedilatildeo dos direitos humanos no Brasil 1997 Disponiacutevel em ltwwwcidhorgcountryrepBrasesp97indicehtmgt Acesso em 29 abr 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio52
Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafos 55 a 60
Para ver todos os pontos Comissatildeo Interamericana de Direitos53
Humanos Relatoacuterio Anual de 2011 paraacutegrafos 104 e seguintes
Informaccedilotildees concedidas por membro da Rede peticionaacuteria no54
caso Maria da Penha
Cf Leila Linhares Barsted e Rosane Reis Laviane Proposta de Lei55
de Violecircncia Domeacutestica contra as Mulheres Carta da Cepia ano VII n 10dez 2002 Disponiacutevel em ltwwwcepiaorgbrdoccartadacepia10pdfgtAcesso em 22 abr 2013
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia e ONG56
peticionaacuteria no caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no57
caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por funcionaacuteria da Secretaria Especial de58
Poliacuteticas para as Mulheres
PESQUISA DIREITO GV
78 sumaacuterio
Para um histoacuterico da participaccedilatildeo desse consoacutercio veja-se o site59
da organizaccedilatildeo CFEMEA Disponiacutevel em ltwwwcfemeaorgbrindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2680ampItemid=154gtAcesso em 23 abr 2013
Cf BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Mensagem Presidencial 60
n 78204 de 16 de novembro de 2004 paraacutegrafo 10
Veja-se o parecer da Comissatildeo de Seguridade Social e Famiacutelia de 2361
de agosto de 2005 Disponiacutevel em ltwwwcamaragovbrproposicoesWebfichadetramitacaoidProposicao=272058gt Acesso em 1ordm maio 2013
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia e ONGs62
peticionaacuterias no caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia63
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Julia Gomes64
Lund e outros (ldquoGuerrilha do Araguaiardquo) vs Brasil sentenccedila de 24 de novembrode 2010 (exceccedilotildees preliminares meacuterito reparaccedilotildees e custas) 2010 p 107
De acordo com o art 6ordm do Decreto n 6980 de 13 de outubro65
de 2009
Para mais informaccedilotildees ver ltwwwmemoriasreveladasarquivonacional66
govbrgt Acesso em 27 jun 2013
Informaccedilatildeo concedida por membro da Comissatildeo Nacional da Verdade67
O periacuteodo fixado pelo art 8ordm dos Atos das Disposiccedilotildees68
Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo eacute de 18 de setembro de 1946ateacute a data da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo
PNDH-3 instituiacutedo pelo Decreto n 7037 de 21 de dezembro 69
de 2009 e atualizado pelo Decreto n 7177 de 12 de maio de 2010 (cf BRASIL Secretaria de Direitos Humanos da Presidecircncia daRepuacuteblica Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) BrasiacuteliaSDHPR 2010 p 173-175 Disponiacutevel em lthttpportalmjgovbrsedhpndh3pndh3pdfgt Acesso em 27 jun 2013)
Os relatoacuterios de suas atividades e as respectivas conclusotildees70
podem ser encontrados no site da proacutepria Comissatildeo Nacional da VerdadeDisponiacutevel em ltwwwcnvgovbrgt Acesso em 27 jun 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
79 sumaacuterio
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Julia Gomes71
Lund e outros (Guerrilha do Araguaia) vs Brasil sentenccedila de 24 de novembrode 2010 cit p 107
Cf BRASIL Ministeacuterio Puacuteblico Federal Crimes da Ditadura72
Relatoacuterio preliminar de atos de persecuccedilatildeo penal desenvolvidos pelo MPFacerca de graves violaccedilotildees de direitos humanos cometidas por agentes doEstado durante a ditadura Brasiacutelia Ministeacuterio Puacuteblico Federal 2013Disponiacutevel em lthttpnoticiaspgrmpfgovbrnoticiasnoticias-do-sitecopy_of_pdfsRelatorio_Crimes20_Ditatura_completopdfgt Acessoem 29 maio 2013
Cf ibidem p 1773
Cf A O Sevaacute Filho Tenotatilde-motilde ndash Alertas sobre as consequecircncias74
dos projetos hidreleacutetricos no rio Xingu IRN 2005 p 11 55 67 255
Cf ibidem p 42-46 6575
Relatoacuterio disponiacutevel em ltwwwaneelgovbrareacfmidArea=671gt76
Acesso em 30 mar 2013
Cf A O Sevaacute Filho Tenotatilde-m cit p 4277
Cf ibidem p 11 4978
Decisatildeo disponiacutevel em ltwwwsteptoecomassetsattachments79
4398pdfgt Acesso em 31 mar 2013
Accedilatildeo Civil Puacuteblica de n 5850-7320014013900 cujo80
acompanhamento processual encontra-se disponiacutevel emltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada 20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm abr 2013
Pet 2604PA Relator(a) Min Presidente julgamento81
26102002 decisatildeo proferida pelo(a) Min Marco Aureacutelio publicaccedilatildeo DJ12112002 p 47 Disponiacutevel em lthttpstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=282822belo+monte222929+E+S2EPRES2Eampbase=basePresidenciagt Acesso em 1ordm mar 2013
Nos termos do art 231 sect 3ordm da CF8882
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo monte de violecircncias Disponiacutevel em83
PESQUISA DIREITO GV
80 sumaacuterio
lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 1ordm mar 2013
Deputado Federal Fernando Ferro do Partido dos Trabalhadores84
Disponiacutevel em lthttpfernandoferrocombrindexphpoption=85
com_contentampview=articleampid=188projeto-de-decreto-legislativo-de-2005ampcatid=49atuacao-parlamentarampItemid=57gt Acesso em 1ordm mar 2013
DL n 7882005 Disponiacutevel em lthttplegissenadogovbrsicon86
indexjspgt (ver item nautilus) Acesso em 1ordm mar 2013
ADI 3573DF Relator(a) Min Carlos Britto Relator(a) p Acoacuterdatildeo87
Min Eros Grau julgamento 01122005 Oacutergatildeo Julgador Tribunal PlenoPublicaccedilatildeo DJ 19122006 p 35 Ement v 02261-04 p 844 STF Disponiacutevelem ltwwwstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=28decreto+legislativo+788+de+2005+inconstitucionalidade29ampbase=baseAcordaosampurl=httptinyurlcombuauo4agt Acesso em 2 mar 2013
ACP 20063903000711-8 709-8820064013903 Disponiacutevel em88
ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo Monte de Violecircncias89
Disponiacutevel em lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 2 mar 2013
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo Monte de Violecircncias90
Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt e lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 1ordm mar 2013
Cf Folha de S Paulo Disponiacutevel em ltwww1folhauolcombr91
mercado866367-ibama-libera-licenca-para-iniciar-canteiro-de-obras-de-belo-monteshtmlgt cf Movimento Xingu Vivo para Sempre Disponiacutevel emltwwwxinguvivoorgbr20110616peticao-para-cidh-entenda-o-casogtcf Ministeacuterio Puacuteblico Federal Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Documento disponiacutevel em ltwwwsocioambientalorgbanco_imagens92
pdfsParecer_tecnicopdfgt Acesso em 7 maio 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
81 sumaacuterio
Cf Itamaraty Nota 142 Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbr93
sala-de-imprensanotas-a-imprensasolicitacao-da-comissao-interamericana-de-direitos-humanos-cidh-da-oeasearchterm=belogtAcesso em 8 maio 2013
Licenccedila de Instalaccedilatildeo n 795201194
Disponiacutevel em lthttpglobalorgbrprogramasbelo-monte-apos-95
boicotar-audiencia-brasil-e-cobrado-na-cidhoeagt Acesso em 5 maio 2013
Cf Movimento Xingu Vivo Para Sempre Disponiacutevel em96
ltwwwxinguvivoorgbr20120116belo-monte-inicia-primeiro-barramento-do-xingu-2gt Acesso em 5 maio 2013
Cf Movimento Xingu Vivo Para Sempre Disponiacutevel em97
ltwwwxinguvivoorgbr20120724mpf-pede-anulacao-da-licenca-de-belo-montegt e ltwwwxinguvivoorgbrwpcontentuploads201207Belo_Monte_cautelar_Condicionantespdfgt Acesso em 9 maio2013 cf Ministeacuterio Puacuteblico Federal Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 9 maio 2013
STF SL 125PA Relator(a) Min Presidente julgamento98
16032007 decisatildeo proferida pelo(a) Min Ellen Gracie Publicaccedilatildeo DJ29032007 p 36 Disponiacutevel em lthttpstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=282822belo+monte222929+E+S2EPRES2Eampbase=basePresidenciagt Acesso em 1ordm mar 2013
Disponiacutevel em ltwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1980-99
1989anexoand96652-88pdfgt Acesso em 28 mar 2013
Cf Instituto Socioambeintal Cronologia Disponiacutevel em100
ltwwwsocioambientalorgespbmhistaspgt Acesso em 28 mar 2013
Cf BRASIL Plano 2030 p 13 56 59 73 e 97 Disponiacutevel em101
ltwwwmmegovbrmmegaleriasarquivospublicacoespne_20303_GeracaoHidreletricapdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Segundo o Governo Federal ldquoCriado em 2007 no segundo102
mandato do presidente Lula (2007-2010) o Programa de Aceleraccedilatildeo doCrescimento ndash PAC promoveu a retomada do planejamento e execuccedilatildeode grandes obras de infraestrutura social urbana logiacutestica e energeacutetica dopaiacutes contribuindo para o seu desenvolvimento acelerado e sustentaacutevel
PESQUISA DIREITO GV
82 sumaacuterio
Pensado como um plano estrateacutegico de resgate do planejamento e de retomada dos investimentos em setores estruturantes do paiacutes o PACcontribuiu de maneira decisiva para o aumento da oferta de empregos e na geraccedilatildeo de renda e elevou o investimento puacuteblico e privado em obrasfundamentaisrdquo Disponiacutevel em lthttpdadosgovbrdatasetobras-do-pac-programa-de-aceleracao-do-crescimentogt Acesso em em 8 mar 2013
Cf Estado de Satildeo Paulo Disponiacutevel em ltwwwestadaocombr103
noticiaseconomiaminc-belo-monte-e-maior-e-mais-polemica-obra-do-pac5048630htmgt Acesso em 8 mar 2013
Satildeo elas Usina Hidreleacutetrica de Jirau (RO) seacutetima mais104
importante Usina Hidreleacutetrica de Santo Antocircnio (RO) quinta maisimportante e Usina Hidreleacutetrica Belo Monte (PA) quarta mais importanteDisponiacutevel em ltwwwpacgovbrif1e1c8abgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Governo Federal PAC Disponiacutevel em ltwwwpacgovbri105
f1e1c8abgt Acesso em 8 mar 2013
1989 1994 1998 2002 2006 2010 Cf Tribunal Superior106
Eleitoral Eleiccedilotildees Disponiacutevel em ltwwwtsejusbreleicoeseleitos-1945-1990cronologia-das-eleicoesgt Acesso em 9 maio 2012
Dilma Rousseff (2011) Luis Inaacutecio Lula da Silva (2003-2011)107
Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) Itamar Augusto CautieroFranco (1992-1995) Fernando Afonso Collor de Mello (1990-1992) JoseacuteSarney (1985-1990) Joatildeo Baptista de Oliveira Figueiredo (1979-1985) eErnesto Geisel (1974-1979) Cf Governo Federal Galeria de PresidentesDisponiacutevel em ltwww2planaltogovbrpresidenciagaleria-de-presidentesgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Governo Federal Ex-Presidentes Disponiacutevel em ltwwwbiblioteca108
presidenciagovbrex-presidentesfernando-collorgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Medida109
Cautelar 38210 Disponiacutevel em ltwwwoasorgescidhdecisionescautelaresasptab1gt Acesso em 8 mar 2013
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria Internacional110
da Secretaria de Direitos Humanos
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional111
da Secretaria de Direitos Humanos
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
83 sumaacuterio
Houve a promulgaccedilatildeo da Lei Federal n 10706 de 30 de julho de112
2003 para autorizar o pagamento de indenizaccedilatildeo no valor de R$ 5200000a Joseacute Pereira
O relatoacuterio estaacute disponiacutevel em ltwww2senadogovbrbdsfitem113
id84599gt Acesso em 21 abr 2013
De acordo com informaccedilotildees concedidas por ex-membro da114
Assessoria Internacional da SDH no caso dos Meninos do Maranhatildeo houvegrande proatividade por parte do estado maranhense Em sua opiniatildeo acelebraccedilatildeo do acordo de soluccedilatildeo amistosa obteve sucesso em grande parteem razatildeo da vontade poliacutetica do estado
A Comissatildeo foi criada por meio do Decreto do Governo 115
do Maranhatildeo n 23037 de 20 de abril de 2007 Disponiacutevel emltwwwcgemagovbrdocumentophpIdp=1791gt Acesso em 24 fev 2013
A Comissatildeo de Direitos Humanos e das Minorias eacute uma das comissotildees116
permanentes da Cacircmara dos Deputados do Brasil cuja finalidade consiste emanalisar propostas legislativas e outros assuntos referentes agrave temaacutetica
Disponiacutevel em lthttpblogjornalpequenocombrricardosantos117
20110930acordo-com-familias-dos-E2809Cmeninos-emasculadosE2809D-nao-esta-sendo-cumprido-denuncia-eliziane-gamagt Acesso em 24 fev 2013
Notiacutecia disponiacutevel em lthttpg1globocommamaranhao118
noticia201302promotoria-aponta-irregularidades-em-quase-todas-delegacias-de-sao-luishtmlgt Acesso em 24 fev 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional119
da SDH
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional120
da SDH
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Demanda perante121
a Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso Arley Joseacute Escher e outros(interceptaccedilatildeo de linhas telefocircnicas de organizaccedilotildees sociais) (Caso 12353) contra aRepuacuteblica Federativa do Brasil de 20 de dezembro de 2007 paraacutegrafo 32
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Escher e122
outros vs Brasil Exceccedilotildees Preliminares Meacuterito Reparaccedilotildees e Custas Sentenccedila
PESQUISA DIREITO GV
84 sumaacuterio
de 6 de julho de 2009 seacuterie C n 200 paraacutegrafo 216
Oacutergatildeo responsaacutevel por fiscalizar as investigaccedilotildees criminais e123
ajuizar as accedilotildees penais naquele Estado
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Escher e124
outros vs Brasil Resoluccedilatildeo de Supervisatildeo de Cumprimento de Sentenccedilade 19 de junho de 2012 paraacutegrafo 13
Cf ibidem paraacutegrafos 17 a 21 Nesse sentido eacute valiosa a125
comparaccedilatildeo com o caso Julia Gomes Lund e outros vs Brasil
Veja-se no caso Garibaldi vs Brasil o pagamento de US$ 179 mil126
para a viuacuteva e os filhos da viacutetima autorizado por meio do Decretofederal n 7307 de 22 de setembro de 2010 publicado no DOU23092010 e no caso Escher e outros vs Brasil o pagamento de US$ 22mil para cada uma das viacutetimas autorizado por meio do Decreto federaln 7158 de 20 de abril de 2010 publicado no DOU 22042010
Em Garibaldi vs Brasil no ano de 2010 o Governo Federal127
publicou a sentenccedila nos termos determinados em jornais de grandecirculaccedilatildeo e em website do governo Em Escher e outros v Brasil o Estadobrasileiro informou que publicou a sentenccedila em jornais estaduais degrande circulaccedilatildeo entre julho e setembro de 2010 e tambeacutem no site daSDH da Presidecircncia e nos sites paranaenses da Procuradoria-Geral deJusticcedila do Tribunal de Justiccedila do Paranaacute e do Governo do Estado
Ressaltamos poreacutem que natildeo encontramos algumas publicaccedilotildees Essa128
preocupaccedilatildeo com o periacuteodo de disponibilizaccedilatildeo nos meios eletrocircnicos foiexternada pelo Juiz Roberto Figueiredo Caldas em voto concorrente agravesentenccedila no caso Escher e outros vs Brasil de 6 de julho de 2009 paraacutegrafo 46
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no129
caso Maria da Penha
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio130
Anual de 2003 paraacutegrafo 81 Relatoacuterio Anual de 2004 paraacutegrafo 71Relatoacuterio Anual de 2006 paraacutegrafo 88
Conforme apresentado no acircmbito da Comissatildeo ldquola retoma de131
estas negociaciones se refuerza con la presencia de un nuevo actorrepresentante del Gobierno del Estado de Cearaacute denotaacutendose en lasmismas una intencioacuten comuacuten de buscar caminos que guiacuteen al
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
85 sumaacuterio
cumplimiento de las recomendaciones efectuadas pese a las divergenciassuscitadas en la reunioacutenrdquo (cf Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos Relatoacuterio Anual de 2006 paraacutegrafo 83)
Lei Estadual n 14800 de 9 de abril de 2008132
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio133
Anual de 2007 paraacutegrafo 97
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio134
Anual de 2008 paraacutegrafo 102
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio135
Anual de 2011 paraacutegrafos 241 e 242
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no136
caso Maria da Penha
Relatoacuterio de Admissibilidade e Meacuterito n 1307 seccedilotildees 33-36137
OLIVEIRA Francisco de RIZEK Cibele S A era da138
indeterminaccedilatildeo Satildeo Paulo Boitempo Editorial 2007 p 169-70
Lei Municipal n 11102 de 14 de dezembro de 2010139
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo n140
47807 Caso das pessoas privadas de liberdade na Cadeia Puacuteblica do GuarujaacuteRelatoacuterio de Admissibilidade n 4108 de 23 de julho de 2008 paraacutegrafo59 Atualmente a peticcedilatildeo que tramita paralelamente estaacute em fase dejulgamento de meacuterito
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo141
12003 Relatoacuterio n 2311 Decisatildeo de Arquivo de 23 de marccedilo de 2011paraacutegrafo 10
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo n142
1113-06 Caso das pessoas privadas de liberdade nas celas da 76ordf Delegacia dePoliacutecia de Niteroacutei Relatoacuterio de Admissibilidade n 3607 de 17 de julho de2007 paraacutegrafo 79
Acreditamos que a medida cautelar tenha sido completamente143
cumprida A desocupaccedilatildeo da aacuterea e o fim dos conflitos ocorreram apoacutesdecisatildeo do Supremo Tribunal Federal que definiu a retirada dos natildeo
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indiacutegenas do local Cf Supremo Tribunal Federal Pleno Pet 3388RRRel Min Ayres Britto j 19032009
Uacuteltimo informe da Comissatildeo referente ao caso apresentou 144
o cumprimento de algumas recomendaccedilotildees mas natildeo foi possiacutevel saber se atualmente o cumprimento permanece parcial ou jaacute foi integralmenterealizado
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REFEREcircNCIAS
CHAYES Abram CHAYES Antonia Handler ldquoOn compliancerdquoInternational Organization v 47 n 2 p 175-205 Spring 1993DALLARI Pedro B A Constituiccedilatildeo e tratados internacionais Satildeo PauloSaraiva 2003DUXBURY Neil The nature and authority of precedent CambridgeCambridge University Press 2008GALINDO George Rodrigo Bandeira Tratados internacionais de direitoshumanos e Constituiccedilatildeo brasileira Belo Horizonte Del Rey 2002MAGALHAtildeES Joseacute Carlos de O Supremo Tribunal Federal e o direitointernacional uma anaacutelise criacutetica Porto Alegre Livraria do Advogado 2000MALLINDER Louise Perspectivas transnacionais sobre anistias In Aanistia na era da responsabilizaccedilatildeo o Brasil em perspectiva internacionale comparada Brasiacutelia Ministeacuterio da Justiccedila Comissatildeo de Anistia eOxford Oxford University Latin American Centre 2011NINO Carlos Santiago Eacutetica y derechos humanos un ensayo defundamentacioacuten 2 ed Buenos Aires Astrea 2005PAULSON Colter Compliance with Final Judgments of the InternationalCourt of Justice since 1987 The American Journal of International Law v98 n 3 p 434-61 2004PIOVESAN Flaacutevia Direitos humanos e o direito constitucional internacional11 ed Satildeo Paulo Saraiva 2010______ Direitos humanos e justiccedila internacional Satildeo Paulo Saraiva 2007______ Censuraacutevel reaccedilatildeo do Brasil Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbrsala-de-imprensaselecao-diaria-de-noticiasmidias-nacionaisbrasilo-globo20110519censuravel- reacao-do-bras i l -ar t igo- f lav ia-piovesanprint-notagt Acesso em 14 fev 2012RAMOS Andreacute de Carvalho Processo internacional de direitos humanosanaacutelise dos sistemas de apuraccedilatildeo de violaccedilotildees de direitos humanos eimplementaccedilatildeo das decisotildees do Brasil Rio de Janeiro Renovar 2002_______ Direitos humanos em juiacutezo Satildeo Paulo Max Lemonad 2001SABADELL Ana Luacutecia e DIMOULIS Dimitri Tribunal PenalInternacional e Direitos Fundamentais problemas de constitucionalidadeCadernos de Direito Unimep v 3 n 5 p 241-59 2003_______ Crimes da ditadura militar a ADPF 153 e a Corte Interamericana deDireitos Humanos In GOMES Luiz Flaacutevio MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira(Org) Crimes da Ditadura Militar Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2011_______ O diaacutelogo das Cortes O Supremo Tribunal Federal e a CorteInteramericana de Direitos Humanos In AMARAL JUNIOR Albertodo e JUBILUT Liliana Lyra (Orgs) O STF e o Direito Internacional dosDireitos Humanos Satildeo Paulo Quartier Latin 2009 v 1SICILIANO Andreacute Luiz O caso de Belo Monte na Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos anaacutelise em dois niacuteveis 2011 Disponiacutevel em
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ltwwwslidesharenetalsicilianoartigobelo-monte-na-cidhgt Acesso em 14fev 2012SILVA Virgiacutelio Afonso da Integraccedilatildeo e diaacutelogo constitucional naAmeacuterica do Sul In BOGDANDY Armin von PIOVESAN Flaacutevia eANTONIAZZI Mariela Morales (Orgs) Direitos humanos democracia eintegraccedilatildeo juriacutedica na Ameacuterica do Sul Rio de Janeiro Lumen Juris 2010SOUSA JUacuteNIOR Wilson Cabral de REID John Anaacutelise de riscossocioeconocircmicos e ambientais do Complexo Hidreleacutetrico de BeloMonte V Encontro Nacional da ANPPAS 2010SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Extradiccedilatildeo (Publicaccedilatildeo temaacutetica)Disponiacutevel em ltwwwstfjusbrportalcmsverTextoaspservico=publicacaoPublicacaoTematicagt Acesso em 14 fev 2012TRINDADE Antocircnio Augusto Canccedilado Tratado de direito internacionaldos direitos humanos 2 ed Porto Alegre Sergio Antonio Fabris Editor2003 v 3VECcedilOSO Fabia Fernandes Carvalho AMARAL JUacuteNIOR Alberto doThe Inter-American System as New Grossraum Assessing the case Lawof the Inter-american Court of Human Rights European Society ofInternational Law Conference Paper Series Conference Paper n 32011VENTURA Deisy A interpretaccedilatildeo judicial da Lei de Anistia brasileira eo Direito Internacional A Anistia na Era da Responsabilizaccedilatildeo o Brasil emperspectiva internacional e comparada Brasiacutelia Ministeacuterio da JusticcedilaComissatildeo de Anistia e Oxford Oxford University Latin AmericanCentre 2011VIEIRA Oscar Vilhena (Coord) Direitos humanos Estado de Direito econstruccedilatildeo da paz Satildeo Paulo Quartier Latin 2005
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SOBRE OS AUTORES
ADRIANE SANCTIS DE BRITOPESQUISADORA DO NUacuteCLEO DE DIREITO GLOBAL E DESENVOLVIMENTO DA DIREITO GV MESTRANDA EM DIREITOINTERNACIONAL PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP) COM GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA MESMA INSTITUICcedilAtildeO
GUILHERME FORMA KLAFKEPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE METODOLOGIA DE ENSINO DA DIREITO GV PROFESSOR DA SOCIEDADE BRASILEIRA DEDIREITO PUacuteBLICO (SBDP) MESTRANDO EM DIREITO CONSTITUCIONAL PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP)COM GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA MESMA INSTITUICcedilAtildeO
LUCIANA DE OLIVEIRA RAMOSPESQUISADORA DO NUacuteCLEO DE JUSTICcedilA E CONSTITUICcedilAtildeO DA DIREITO GV PROFESSORA DO GVLAW PROFESSORA DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP) DOUTORANDA EM DIREITO CONSTITUCIONAL PELA UNIVERSIDADEDE SAtildeO PAULO (FD-USP) MESTRE EM CIEcircNCIA POLIacuteTICA PELA FFLCH-USP GRADUACcedilAtildeO EM DIREITO PELA PUC-SP
MARIacuteLIA ROLEMBERG LESSAGRADUANDA EM DIREITO PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FD-USP) EX-ALUNA DA ESCOLA DE FORMACcedilAtildeO DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP)
OSCAR VILHENA VIEIRADIRETOR DA ESCOLA DE DIREITO DE SAtildeO PAULO DA FUNDACcedilAtildeO GETULIO VARGAS (DIREITO GV) POacuteS-DOUTOR PELOCENTRE FOR BRAZILIAN STUDIES (ST ANTOINES COLLEGE OXFORD UNIVERSITY) DOUTOR E MESTRE EM CIEcircNCIAPOLIacuteTICA PELA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO (FFLCH-USP) MESTRE EM DIREITO PELA UNIVERSIDADE DECOLUMBIA GRADUADO EM DIREITO PELA PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DE SAtildeO PAULO (PUC-SP)
RAFAEL GANDUR GIOVANELLIPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE METODOLOGIA DE ENSINO DA DIREITO GV MESTRANDO EM DIREITO E DESENVOLVIMENTOPELA DIREITO GV GRADUANDO EM FILOSOFIA PELA FFLCH-USP GRADUADO EM DIREITO PELA PUC-SP
RUBENS EDUARDO GLEZERPESQUISADOR DO NUacuteCLEO DE JUSTICcedilA E CONSTITUICcedilAtildeO DA DIREITO GV PROFESSOR DO GVLAW PROFESSOR DASOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PUacuteBLICO (SBDP) SECRETAacuteRIO-GERAL DA REDE DE INICIATIVAS LATINO-AMERICANASEM DIREITO E DEMOCRACIA (ILADD) DOUTORANDO EM FILOSOFIA E TEORIA GERAL DO DIREITO PELA FD-USP MESTREEM DIREITO E DESENVOLVIMENTO PELA DIREITO GV VISITING STUDENT NA NEW YORK UNIVERSITY BACHAREL EMDIREITO PELA PUC-SP
INTRODUCcedilAtildeOEsta obra eacute o resultado de uma pesquisa empiacuterica voltada a ofere-cer paracircmetros a respeito do grau de implementaccedilatildeo das decisotildeese recomendaccedilotildees da Corte e da Comissatildeo Interamericana de Direi-tos Humanos pelo BrasilA anaacutelise de implementaccedilatildeo partiu do exame da adoccedilatildeo de
medidas estatais em seus diferentes niacuteveis federativos voltadas acumprir recomendaccedilotildees ou condenaccedilotildees especiacuteficas realizadaspelo Sistema Interamericano de Direitos Humanos (SIDH)2 Con-tudo as conclusotildees obtidas natildeo se restringiram agraves avaliaccedilotildeesrealizadas pelos oacutergatildeos oficiais envolvidos seja na instacircncia inter-nacional (pelos instrumentos de acompanhamento do SIDH) sejana esfera nacional (por pronunciamentos governamentais) Essaavaliaccedilatildeo substantiva se funda em um esforccedilo interpretativo daequipe de pesquisa realizada a partir dos elementos coletadosdocumentalmente e em entrevistas com atores relevantes envol-vidos nas situaccedilotildees investigadas A expressatildeo ldquoimplementaccedilatildeordquo eacute empregada aqui inicialmente
com o mesmo significado de adimplemento de medidas relacio-nado aos esforccedilos feitos para que as determinaccedilotildees da Corte ouda Comissatildeo Interamericana sejam consideradas cumpridas peloscriteacuterios do proacuteprio Sistema Interamericano Apoacutes uma anaacutelisepautada nesses criteacuterios verificou-se a necessidade de abordar aimplementaccedilatildeo de forma mais aprofundada capaz de detectar asnuances dos impactos das recomendaccedilotildeesAs usuais anaacutelises de cumprimento centradas na tipologia de
recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees natildeo nos pareceram suficientes paraexaminar a implementaccedilatildeo no Brasil razatildeo pela qual analisamosoutros fatores tais como (a) se a violaccedilatildeo resulta de uma poliacutetica
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS NO BRASILINSTITUCIONALIZACcedilAtildeO E POLIacuteTICA1
Oscar Vilhena Vieira (coordenador) Luciana Ramos e Rubens Glezer (pesquisadoresmestres) Adriane Sanctis de Brito Guilherme Klafke e Rafael Giovanelli (pesquisadoresgraduados) e Mariacutelia Lessa (pesquisadora graduanda)
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conduzida pelo governo ou ao contraacuterio se decorre de falhas naatuaccedilatildeo do poder puacuteblico ou de accedilotildees de particulares (b) se as con-denaccedilotildees e recomendaccedilotildees dialogam com uma agenda poliacuteticapreexistente no paiacutes bem como (c) se determinadas condenaccedilotildeesem certos contextos natildeo permitem a extrapolaccedilatildeo do caso indivi-dual para um plano coletivoPor meio dessa nova abordagem concluiacutemos que a ausecircncia de
mecanismos formais e especiacuteficos voltados agrave observacircncia de reco-mendaccedilotildees e decisotildees do SIDH no Brasil torna o seu cumprimentoalgo que se opera em uma esfera eminentemente poliacutetica depen-dente de fatores contingentes e imprevisiacuteveisPara alcanccedilar essas conclusotildees a apresentaccedilatildeo dos resultados
estaacute estruturada da seguinte maneira primeiramente se explicitaraacutea metodologia de pesquisa utilizada para em seguida (1) forneceruma visatildeo geral a respeito da inserccedilatildeo do Brasil no SIDH e doscasos que envolvem o paiacutes aprofundando aqueles selecionados paraesta obra (2) mapear os mecanismos criados para implementaras recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees do SIDH e (3) analisar decisotildeesselecionadas a partir de criteacuterios considerados relevantes para iden-tificar facilidades e dificuldades na implementaccedilatildeo das deliberaccedilotildeesdo SIDH Ao final eacute realizada uma conclusatildeo sinteacutetica e articula-dora dos resultados
1 METODOLOGIA A presente obra eacute dedicada agrave anaacutelise da implementaccedilatildeo das deli-beraccedilotildees do SIDH relativas ao Brasil paiacutes vinculado interna eexternamente agrave Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanosdesde 19923 e submetido agrave jurisdiccedilatildeo contenciosa obrigatoacuteria daCorte Interamericana desde 19984
Para tanto foi utilizado o meacutetodo de estudo de caso fundado sobreanaacutelise documental levantamento de reportagens em miacutedia e entre-vistas a agentes puacuteblicos e membros da sociedade civil organizada Com base no exame de todos os casos que envolvem o Brasil
na Corte IDH e na CIDH (vide Apecircndice) foram selecionados comoobjeto de anaacutelise (i) todas as condenaccedilotildees em casos contenciososperante a Corte IDH em razatildeo da sua importacircncia e dos seus efei-tos claramente vinculantes ao paiacutes (ii) todas as soluccedilotildees amistosas
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que envolvem o Brasil em razatildeo da disposiccedilatildeo do proacuteprio Estadoem remediar a violaccedilatildeo de direitos bem como (iii) as recomenda-ccedilotildees da CIDH com alto impacto e repercussatildeo no paiacutes Considerando-se tais categorias chegou-se a um conjunto de
oito casos Os contenciosos satildeo quatro
1 Caso Damiatildeo Ximenes Lopes vs Brasil trata-se de homiciacutedio comsinais de tortura de Damiatildeo Ximenes Lopes portador de defi-ciecircncia mental que havia sido internado em 1ordm de outubro de1999 na casa de repouso dos Guararapes na cidade de SobralCearaacute falecendo trecircs dias depois A cliacutenica era de propriedadede familiar de poliacutetico tradicional da regiatildeo A accedilatildeo penal foiajuizada em 2000 mas o Judiciaacuterio brasileiro soacute se pronuncioucom decisatildeo final em 2013 A accedilatildeo civil indenizatoacuteria ajuizadapelos familiares de Damiatildeo Ximenes Lopes estaacute atualmentearquivada A CIDH apresentou o caso agrave Corte Interamericanacontra o Estado brasileiro em 1ordm de outubro de 2004 A Cortedeclarou violaccedilatildeo dos direitos agrave vida e agrave integridade pessoal deDamiatildeo Ximenes Lopes e dos demais portadores de deficiecircn-cia que sofriam com as condiccedilotildees precaacuterias da casa de repousoagrave integridade pessoal dos familiares das viacutetimas pela perda deum ente da famiacutelia assim como aos direitos agraves garantias judi-ciais e agrave proteccedilatildeo judicial diante da demora injustificada doprocesso criminal e das falhas nas investigaccedilotildees O Brasil foicondenado dentre outras medidas a concluir o processo judi-cial com eventual responsabilizaccedilatildeo dos envolvidos na demoraa indenizar os familiares e a continuar a desenvolver um pro-grama de formaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para todas as pessoasvinculadas ao atendimento de sauacutede mental em especial sobreos princiacutepios que devem reger o trato das pessoas portadorasde deficiecircncia mental conforme os padrotildees internacionaissobre a mateacuteria e aqueles dispostos na decisatildeo
2 Caso Escher e outros vs Brasil trata-se de denuacutencia sobre umaseacuterie de interceptaccedilotildees telefocircnicas contra duas associaccedilotildeesligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra(MST) em Querecircncia do Norte Paranaacute feitas de maneira irre-gular pela poliacutecia e pelo Judiciaacuterio As informaccedilotildees resultantes
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dessa operaccedilatildeo foram divulgadas agrave imprensa e posteriormentepara o puacuteblico Segundo os peticionaacuterios isso teria maculado aimagem das viacutetimas e do movimento social A denuacutencia foiapresentada agrave Comissatildeo em dezembro de 2000 levada agrave CorteInteramericana em dezembro de 2007 e julgada pela Corte emjulho de 2009 A decisatildeo envolveu as seguintes condenaccedilotildeescontra o Brasil obrigaccedilatildeo de publicar as sentenccedilas e de inde-nizar as viacutetimas aleacutem da obrigaccedilatildeo de investigar adequadamenteos fatos e punir os responsaacuteveis pelas violaccedilotildees dos direitos agraveprivacidade agrave honra e agrave liberdade de associaccedilatildeo
3 Caso Garibaldi vs Brasil trata-se do homiciacutedio de Seacutetimo Gari-baldi integrante do MST tambeacutem em Querecircncia do Nortecometido por homens encapuzados que atacaram uma ocupaccedilatildeoem uma fazenda da regiatildeo A denuacutencia foi apresentada em maiode 2003 submetida agrave Corte Interamericana de Direitos Huma-nos em marccedilo de 2007 e julgada pela Corte em setembro de2009 Envolveu as seguintes condenaccedilotildees contra o Brasil obri-gaccedilatildeo de publicar as sentenccedilas de indenizar as famiacutelias dasviacutetimas e de investigar adequadamente os fatos aleacutem de puniros responsaacuteveis pelas violaccedilotildees de direitos humanos agrave vida e agraveproteccedilatildeo judicial
4 Caso Julia Gomes Lund e outros vs Brasil (caso ldquoGuerrilha doAraguaiardquo) trata-se de denuacutencia sobre a responsabilidade doEstado brasileiro pela detenccedilatildeo ilegal e arbitraacuteria tortura edesaparecimento forccedilado de pelo menos 70 membros do movi-mento conhecido como ldquoGuerrilha do Araguaiardquo entre os anosde 1972 e 1975 e da consequente falta de investigaccedilatildeo dessesatos ndash o que se relaciona com a ediccedilatildeo da Lei federal n 6683de 28 de agosto de 1979 (ldquoLei da Anistiardquo) e com o sigilo per-manente sobre documentos a respeito dessa operaccedilatildeo estatalA denuacutencia foi apresentada agrave Comissatildeo em 1995 e a peticcedilatildeofoi submetida pela CIDH agrave Corte em 2009 Em 24 de novem-bro de 2010 a Corte IDH condenou o Brasil pela falta deinvestigaccedilatildeo dos crimes cometidos por militares durante aldquoGuerrilha do Araguaiardquo Determinou ao Estado brasileiro aconduccedilatildeo eficaz da investigaccedilatildeo penal a fim de esclarecer os
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fatos ocorridos no caso definir as correspondentes responsabi-lidades penais e aplicar as sanccedilotildees cabiacuteveis Determinou aindaque o Estado continuasse as iniciativas de busca sistematizaccedilatildeoe publicaccedilatildeo de toda informaccedilatildeo sobre a ldquoGuerrilha do Ara-guaiardquo bem como das violaccedilotildees de direitos humanos ocorridasdurante o regime militar Aleacutem disso estabeleceu a necessidadeda criaccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade autocircnoma independen-te e capaz de garantir o direito agrave verdade sobre o ocorrido
Ademais satildeo duas soluccedilotildees amistosas
5 Caso Joseacute Pereira (trabalho escravo) trata-se de denuacutencia deviolaccedilatildeo dos direitos de Joseacute Pereira e outros trabalhadores queforam retidos e forccedilados a trabalhar sem remuneraccedilatildeo e emcondiccedilotildees ilegais na fazenda ldquoEspiacuterito Santordquo no estado doParaacute Na fazenda foram encontradas mais de 60 pessoas emcondiccedilotildees anaacutelogas agrave escravidatildeo5 As investigaccedilotildees contudodemoraram cerca de oito anos para serem finalizadas e o jul-gamento dos responsaacuteveis natildeo foi concluiacutedo ateacute o momentoO processo encontra-se atualmente suspenso A denuacutencia foiapresentada em 22 de fevereiro de 1994 a Comissatildeo aprovourelatoacuterio de admissibilidade e meacuterito em 1995 e houve a cele-braccedilatildeo de soluccedilatildeo amistosa entre as viacutetimas e o Estadobrasileiro em outubro de 2003 As medidas centrais no casodestinavam-se aos poderes Legislativo e Executivo recomen-dando-lhes que realizassem tanto mudanccedilas legislativas quepropiciassem um cenaacuterio favoraacutevel ao combate ao trabalheescravo como poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave prevenccedilatildeo fiscali-zaccedilatildeo e ao combate do trabalho escravo aleacutem de campanhasde sensibilizaccedilatildeo
6 Caso Meninos emasculados do Maranhatildeo trata-se de denuacutencia emrazatildeo de 42 mortes ocorridas entre 1989 e 2003 em Altamirano estado do Paraacute e Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo que envolve crian-ccedilas pertencentes a famiacutelias de baixa renda As viacutetimas tambeacutemsofriam mutilaccedilotildees genitais donde derivou o nome do caso Ape-nas em 2003 12 anos apoacutes o primeiro homiciacutedio foi designadauma forccedila-tarefa para investigar os fatos A indignaccedilatildeo com a natildeo
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investigaccedilatildeo dos fatos e com a sistemaacutetica violaccedilatildeo dos direitosda populaccedilatildeo infantojuvenil do Maranhatildeo levou a denuacutenciaperante a Comissatildeo em 2001 Apoacutes uma seacuterie de reuniotildees de tra-balho procedimentos para uma soluccedilatildeo amistosa iniciaram-se emmarccedilo de 2004 O acordo foi celebrado em dezembro de 2005As medidas acordadas visavam aleacutem da reparaccedilatildeo das famiacutelias dasviacutetimas e do julgamento dos responsaacuteveis agrave formulaccedilatildeo e agraveimplementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave proteccedilatildeo dacrianccedila e do adolescente pelo Estado brasileiro
Finalmente foram escolhidos dois casos de recomendaccedilotildeespela CIDH
7 Caso Maria da Penha vs Brasil trata-se de violecircncia domeacutesticacontra a mulher sofrida por Maria da Penha Maia Fernandespraticada por seu ex-marido que a deixou parapleacutegica com umtiro de arma de fogo Os fatos se deram em 1983 mas 15 anosdepois o processo criminal ainda natildeo havia sido concluiacutedo e oacusado estava na iminecircncia de ser beneficiado com a prescri-ccedilatildeo dos crimes A denuacutencia foi apresentada em 1998 agrave ComissatildeoEm relatoacuterio de 4 de abril de 2001 a CIDH admitiu a peticcedilatildeoe considerou ter ocorrido violaccedilatildeo aos direitos de proteccedilatildeo judi-cial e integridade Recomendou ao Brasil que promovessedentre outras coisas a conclusatildeo do processo judicial com even-tual responsabilizaccedilatildeo dos envolvidos na demora a indenizaccedilatildeoda viacutetima e a realizaccedilatildeo de poliacuteticas pelo Executivo e peloLegislativo que combatessem a discriminaccedilatildeo contra a mulherespecialmente no tema de violecircncia domeacutestica mediante a cria-ccedilatildeo de uma legislaccedilatildeo especiacutefica
8 Caso Comunidades Indiacutegenas da Bacia do rio Xingu vs Brasil (casoBelo Monte) tratou da construccedilatildeo da Usina Hidreleacutetrica deBelo Monte que afetaria dezenas de povos indiacutegenas na regiatildeoda Volta Grande do Xingu no centro-norte do Brasil Embo-ra o plano para o complexo hidreleacutetrico jaacute existisse desde adeacutecada de 1970 ganhou forccedila na deacutecada de 2000 Diversas ten-tativas do Ministeacuterio Puacuteblico Federal para suspender as obraspor meio de accedilotildees cautelares natildeo evitaram que o processo de
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licenciamento prosseguisse Segundo as entidades peticionaacuteriasno SIDH houve violaccedilatildeo aos direitos agrave vida agrave integridade pes-soal agrave informaccedilatildeo e agrave participaccedilatildeo poliacutetica dos povos indiacutegenasafetados pelo megaempreendimento Em razatildeo disso em 1ordm deabril de 2011 a CIDH outorgou uma medida cautelar para queo Estado brasileiro suspendesse o processo de licenciamento daobra impedisse qualquer obra anterior agrave consulta das popula-ccedilotildees indiacutegenas e adotasse medidas destinadas a garantir a vidae a integridade pessoal dos envolvidos Houve reaccedilatildeo negati-va do governo brasileiro de um lado e apoio da sociedade civilorganizada agrave medida cautelar do outro Posteriormente aCIDH alterou sua decisatildeo para exigir do Brasil a adoccedilatildeo demedidas que garantissem o direito agrave vida e agrave integridade dosindiacutegenas que impedissem problemas de sauacutede nas comunida-des e que finalizassem com rapidez a demarcaccedilatildeo das terrasancestrais daqueles povos
Tendo em vista a escassez de pesquisas acadecircmicas empiacutericas noBrasil sobre este objeto as anaacutelises foram baseadas primordialmen-te nos discursos dos atores envolvidos nos processos perante aCIDH e a Corte Interamericana Entre os entrevistados estatildeo inte-grantes de oacutergatildeos do Estado responsaacuteveis pela implementaccedilatildeo taiscomo o Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores (MRE) a Secretaria deDireitos Humanos (SDH) a Advocacia-Geral da Uniatildeo (AGU)bem como membros de entidades de proteccedilatildeo de direitos huma-nos que levaram as demandas agrave Comissatildeo Interamericana ou queparticiparam de alguma forma perante a Corte IDH Os entrevistados foram selecionados por estarem envolvidos
diretamente nos casos ou por representarem instituiccedilotildees envolvidascom as temaacuteticas e com o processo de judicializaccedilatildeo do conflito dis-cutido perante o Sistema Interamericano Os uacuteltimos foram em suamaior parte aqueles indicados por sua proacutepria instituiccedilatildeo Optamospor resguardar a identidade de todos No total foram realizadas 15 entrevistas ao longo de um semes-
tre que seguiram um roteiro semiestruturado especiacutefico para cadaum dos casos partindo de trecircs eixos centrais
(1) o contexto poliacutetico no qual se insere o caso
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(2) as funccedilotildees institucionais da respectiva entidade na implementa-ccedilatildeo do caso e
(3) os obstaacuteculos enfrentados no processo de implementaccedilatildeo
A despeito da relevacircncia das entrevistas o objeto do estudo natildeose resume a uma coleccedilatildeo de percepccedilotildees Sua funccedilatildeo foi a de obterinformaccedilotildees relevantes a respeito de fatos e interaccedilotildees incapazes deserem obtidas por meio da anaacutelise documental e de miacutedia
2 O BRASIL NO SIDHComparado a outros paiacuteses da regiatildeo como Colocircmbia Meacutexico Perue Argentina o Brasil tem uma presenccedila menor de incidecircncia entreos casos do SIDH Segundo as uacuteltimas estatiacutesticas da Comissatildeo Inte-ramericana de Direitos Humanos enquanto foram encaminhadasquase 100 denuacutencias contra o Brasil no ano de 2012 esse nuacutemerochegou a quase 400 contra a Colocircmbia 450 contra o Meacutexico 200contra o Peru e cerca de 180 contra Argentina6
Segundo levantamento feito a partir do site da Comissatildeosomente 17 relatoacuterios de meacuterito com recomendaccedilotildees contra o Bra-sil foram publicados e apenas duas soluccedilotildees amistosas celebradasentre 1996 e 20127 Aleacutem disso houve 30 medidas cautelares e 66decisotildees de admissibilidade Completa o quadro a existecircncia deuma visita in loco no paiacutes cujo informe foi publicado em 1997 ea supervisatildeo em 1999Os casos que envolvem o Estado brasileiro no acircmbito da Corte
Interamericana de Direitos Humanos tambeacutem satildeo poucos Ao todoforam 5 casos contenciosos e outras 5 medidas provisionais entre1996 e 2012 Apenas para comparaccedilatildeo a Argentina possui 13 casoscontenciosos e 4 medidas provisionais a Colocircmbia 13 casos con-tenciosos e 15 medidas provisionais o Meacutexico 7 casos contenciosose 10 medidas provisionais e o Peru 26 casos contenciosos e 13medidas provisionais segundo dados do site da Corte8
Em relaccedilatildeo agraves violaccedilotildees de direitos humanos mais indicadasnos casos que envolvem o Brasil nos relatoacuterios de meacuterito peran-te a CIDH foram recorrentes violaccedilotildees aos arts 4 (direito agrave vida)5 (direito agrave integridade fiacutesica) 8 (direito agrave proteccedilatildeo judicial) e 25
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(direito agrave garantia judicial) da Convenccedilatildeo Interamericana sobreDireitos Humanos Nos casos contenciosos perante a Corte IDHverificou-se o mesmo padratildeo Em relaccedilatildeo agraves medidas cautelares naComissatildeo levando-se em consideraccedilatildeo que apenas violaccedilotildees espe-ciacuteficas suscitam o cabimento de medidas cautelares (direito agrave vidae agrave integridade por exemplo) esses direitos foram os mais invo-cados nesse acircmbito Por fim sobre as medidas provisionais quasetodas tiveram por fundamento o direito agrave vida e agrave integridade depresos bem como o dever de proteccedilatildeo pelo EstadoNo conjunto os temas satildeo variados No acircmbito dos relatoacuterios
de meacuterito da CIDH conflito fundiaacuterio (5 casos) e violecircncia poli-cial (10 casos) satildeo os mais presentes mas puderam ser identificadostambeacutem casos de tortura investigaccedilatildeo de assassinato discrimina-ccedilatildeo racial liberdade de expressatildeo e violecircncia domeacutestica No acircmbitodas medidas cautelares o perfil se altera para privilegiar temas rela-tivos ao sistema carceraacuterio (10 casos) ameaccedila a povos indiacutegenas (3casos) e proteccedilatildeo a ativistas de direitos humanos testemunhas ououtras pessoas (17 casos) No tocante aos casos contenciosos daCorte IDH houve um sobre conflito fundiaacuterio um sobre investi-gaccedilatildeo de assassinato um sobre tortura um sobre anistia e um sobreviolaccedilatildeo agrave intimidade (interceptaccedilotildees telefocircnicas) Finalmente emrelaccedilatildeo agraves medidas provisionais foram quatro sobre sistema carce-raacuterio e uma sobre anistiaNo que diz respeito agrave natureza das medidas presentes nas reco-
mendaccedilotildees ou nas condenaccedilotildees verifica-se uma distribuiccedilatildeo bastanteequilibrada entre decisotildees com medidas de indenizaccedilatildeo (17 relatoacute-rios de meacuterito e 4 casos contenciosos) de satisfaccedilatildeo (17 relatoacuteriosde meacuterito e 4 casos contenciosos) e garantias de natildeo repeticcedilatildeo (15relatoacuterios de meacuterito e 2 casos contenciosos)9 Dada a natureza pecu-liar das medidas cautelares e das medidas provisionais elas natildeoentraram no cocircmputo apresentadoNo tocante agrave supervisatildeo de cumprimento pela Comissatildeo com
referecircncia agraves soluccedilotildees amistosas e aos relatoacuterios de meacuterito publi-cados entre 2000 e 2011 a Comissatildeo apresentou a supervisatildeo dasdecisotildees anteriores uma totalmente cumprida10 oito parcialmentecumpridas11 e quatro pendentes de cumprimento12-13 Natildeo foi publi-cado o estado de cumprimento de seis relatoacuterios de meacuterito de 1998e 2000 mas haacute notiacutecia de que pelo menos um teve recomendaccedilotildees
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cumpridas14 Tambeacutem haacute uma seacuterie de outros casos que emboratenham sido cumpridos natildeo tiveram seus relatoacuterios publicados eportanto natildeo entraram nessa consideraccedilatildeo15 Por fim natildeo haacute um rela-toacuterio consistente sobre o cumprimento das medidas cautelares (videApecircndice)No acircmbito da Corte IDH dos cinco casos contenciosos um natildeo
gerou condenaccedilotildees (caso Nogueira de Carvalho e outro vs Brasil) umfoi considerado totalmente cumprido (caso Escher e outros vs Brasil)dois foram considerados parcialmente cumpridos (casos Damiatildeo Xime-nes Lopes vs Brasil e Garibaldi vs Brasil) e um ainda natildeo possuimanifestaccedilatildeo da Corte acerca do cumprimento (caso Julia Gomes Lunde outros vs Brasil ndash caso ldquoGuerrilha do Araguaiardquo) Das cinco medidasprovisionais por sua vez trecircs foram arquivadas por cumprimento(caso Penitenciaacuteria Urso Branco caso Penitenciaacuteria de Araraquara e casoComplexo do Tatuapeacute da Febem) uma foi considerada parcialmente cum-prida (caso Unidade de Internaccedilatildeo Socioeducativa) e outra foi rejeitadapela Corte (caso Julia Gomes Lund)Como pode ser visto o pequeno nuacutemero de casos do Brasil no
SIDH natildeo permite traccedilar conclusotildees preacutevias sobre os tipos maisrecorrentes (quais as viacutetimas tiacutepicas quais satildeo as violaccedilotildees e comosatildeo enquadradas nas normas da convenccedilatildeo etc) tampouco sobre ograu de implementaccedilatildeo normalmente atingido pelo paiacutes Por issoainda que haja estudos que apontem para uma relaccedilatildeo entre tipos demedidas e um maior ou menor grau de implementaccedilatildeo16 natildeo seriapossiacutevel tirar conclusotildees dessa natureza no contexto brasileiro Con-tudo a anaacutelise qualitativa que seraacute explorada a seguir apontou paraalguns fatores que podem estar relacionados agrave maior ou menorimplementaccedilatildeo das medidas seratildeo enfocados a apropriaccedilatildeo da deci-satildeo pelos segmentos envolvidos a definiccedilatildeo da agenda puacuteblica etambeacutem as repercussotildees das condenaccedilotildees ou recomendaccedilotildees
3 O CAMINHO DAS DECISOtildeES CONTRA O ESTADO BRASILEIRONo Brasil natildeo haacute regulaccedilatildeo formal abrangente da implementa-ccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeo e de condenaccedilatildeo oriundas doSIDH Nenhum dos projetos legislativos voltados a uma organi-zaccedilatildeo miacutenima de implementaccedilatildeo chegou a ser aprovado17
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Recentemente contudo o III Programa Nacional de DireitosHumanos trouxe um objetivo estrateacutegico especiacutefico relacionado aotema sob o nome ldquoMonitoramento dos compromissos internacionaisassumidos pelo Estado brasileiro em mateacuteria de Direitos HumanosrdquoNele se destacam as seguintes accedilotildees
a) Elaborar relatoacuterio anual sobre a situaccedilatildeo dos DireitosHumanos no Brasil em diaacutelogo participativo com asociedade civilResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores[] e) Definir e institucionalizar fluxo de informaccedilotildees comresponsaacuteveis em cada oacutergatildeo do Governo Federal referentesaos relatoacuterios da Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos e agraves decisotildees da Corte Interamericana deDireitos HumanosResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exterioresf) Criar banco de dados puacuteblico sobre todas asrecomendaccedilotildees dos sistemas ONU e OEA feitas ao Brasilcontendo as medidas adotadas pelos diversos oacutergatildeospuacuteblicos para seu cumprimentoResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores
Esse programa foi instituiacutedo em dezembro de 2009 com altera-ccedilotildees em 201018 e fixa um roteiro de atuaccedilatildeo para o Poder Puacuteblicoem mateacuteria de direitos humanos Estaacute declarada nesse instrumentoa disposiccedilatildeo de institucionalizarem-se os procedimentos paraimplementaccedilatildeo das medidas impostas ao paiacutes pelo Sistema Intera-mericano consubstanciada em objetivos que devem ser perseguidospelo governo brasileiroPor conta da falta de uma predefiniccedilatildeo institucional e normati-
va especiacutefica sobre quais oacutergatildeos deveriam lidar com os casos contrao Brasil no SIDH uma divisatildeo de tarefas foi feita ao longo dotempo em sua maioria pelos proacuteprios oacutergatildeos os quais pelo con-junto de suas funccedilotildees preacutevias se viram responsaacuteveis por algum tipo
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de envolvimento O Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores a Secretariade Direitos Humanos e a Advocacia-Geral da Uniatildeo se destacaramformando o grupo que tomou para si as defesas brasileiras e a imple-mentaccedilatildeo das medidas de recomendaccedilatildeo e condenaccedilatildeoParalelamente o pagamento de indenizaccedilotildees por parte do Estado
brasileiro teve um desenvolvimento especiacutefico e sua concretizaccedilatildeo foiestruturada a partir de rubricas (categorias) especiacuteficas no Orccedilamen-to da Uniatildeo Trata-se de uma questatildeo que foi institucionalizada paraatender reparaccedilotildees oriundas de decisotildees tomadas pelo SIDH
31 PODER EXECUTIVO FEDERAL ATORES E COMPETEcircNCIA
Conforme jaacute mencionado anteriormente o grupo principal deoacutergatildeos que tomou para si as defesas brasileiras e a implementa-ccedilatildeo das medidas de recomendaccedilatildeo e condenaccedilatildeo eacute composto deMinisteacuterio das Relaccedilotildees Exteriores (MRE) Secretaria de Direi-tos Humanos (SDH) e Advocacia-Geral da Uniatildeo (AGU) O MREeacute um oacutergatildeo poliacutetico de auxiacutelio ao Presidente da Repuacuteblica cujasaacutereas de competecircncia abrangem atividades de poliacutetica internacio-nal e relaccedilotildees internacionais19 Eacute a Divisatildeo de Direitos Humanosdo MRE que faz a intermediaccedilatildeo das comunicaccedilotildees com o SIDHem todas as fases de um casoA SDH oacutergatildeo responsaacutevel por poliacuteticas de implementaccedilatildeo dos
direitos humanos20 fazia parte da estrutura do Ministeacuterio da Justiccedilaateacute 199921 ano em que passou a se reportar diretamente agrave Presidecircn-cia da Repuacuteblica Geralmente a notiacutecia de denuacutencia eacute recebida peloMRE e repassada para a SDH cuja Assessoria Internacional busca acomunicaccedilatildeo com os atores envolvidos no caso concreto Por fim a AGU eacute a instituiccedilatildeo responsaacutevel pelo assessoramento
juriacutedico ao Poder Executivo tanto de forma consultiva quanto con-tenciosa22 Ela costuma auxiliar a SDH e o MRE tanto na defesabrasileira quanto na implementaccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeoe de condenaccedilatildeo Esses trabalhos satildeo concentrados no seu Depar-tamento Internacional Atualmente a instituiccedilatildeo eacute sempre notificadapara atuar nas fases preliminares dos casos no SIDHSe o caso jaacute avanccedilou para o relatoacuterio com recomendaccedilotildees eacute a SDH
que organiza internamente o conteuacutedo da defesa do Estado satildeo fei-tas tentativas de contato com o ente federado no qual ocorreu a
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violaccedilatildeo com o objetivo de fomentar um processo de soluccedilatildeo amis-tosa Se o caso vai para a Corte Interamericana o Itamaraty (oacutergatildeodiplomaacutetico) a SDH e a AGU atuam de forma conjunta como umnuacutecleo de defesa eventualmente com a participaccedilatildeo de outros oacutergatildeosrelevantes a depender de cada caso
32 O QUADRO DINAcircMICO APRENDIZADO E CONFLITO ENTRE INSTITUICcedilOtildeES
Ao longo da experiecircncia brasileira com os casos do SIDH houveum processo de modificaccedilatildeo nas atribuiccedilotildees inicialmente realizadaspor cada oacutergatildeo em parte por um processo de aprendizado institu-cional mas tambeacutem como resultado de disputas poliacuteticas ligadas aomodo pelo qual o Brasil se apresenta perante o SIDHEacute possiacutevel identificar trecircs grandes periacuteodos de dinacircmica entre as
instituiccedilotildees O primeiro diz respeito aos dois primeiros casos doBrasil perante a Corte IDH (casos Damiatildeo Ximenes Lopes e GilsonNogueira de Carvalho ambos de 2006) o segundo acompanha as con-denaccedilotildees dos casos Escher e Garibaldi (ambos de 2009) enquanto oterceiro periacuteodo equivale agraves deliberaccedilotildees da Corte entre os casosJulia Gomes Lund (2010) e Belo Monte (2012)
321 PRIMEIRO PERIacuteODO CASOS DAMIAtildeO XIMENES LOPES E GILSON NOGUEIRA DE CARVALHONo caso Damiatildeo Ximenes Lopes foram dados os primeiros passosquanto aos procedimentos gerais a serem adotados diante de accedilotildeescontra o paiacutes na Corte Interamericana visto que se tratou da pri-meira condenaccedilatildeo brasileira na Corte IDH Nele a defesa perantea Corte foi feita por membros da AGU indicados especificamentecomo agentes do Estado Isso se repetiria no caso Gilson Nogueirade Carvalho decidido posteriormente A elaboraccedilatildeo da defesa brasileira por membros da AGU repre-
sentou agrave eacutepoca uma quebra da praacutetica que prevalecia quanto agravedivisatildeo informal de funccedilotildees entre MRE SDH e AGU para atua-ccedilatildeo no SIDH que ocorria apenas perante a Comissatildeo Ateacute entatildeoa SDH agia em conjunto com o MRE em especial na fase deproduccedilatildeo do relatoacuterio de meacuterito da Comissatildeo buscando fomen-tar soluccedilotildees amistosas e prestando informaccedilotildees em prol da defesado Estado
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Desde o ano 2000 a AGU jaacute tinha em sua estrutura interna umaaacuterea internacional Assim em 2004 o caso Damiatildeo Ximenes Lopeschegou agrave divisatildeo internacional do oacutergatildeo que passou a atuar comvisitas agrave cidade onde ocorreram os fatos e contato direto com osatores do Poder Judiciaacuterio Justamente por ter atuado desde o iniacute-cio como representante do Estado no caso a AGU assumiu um papelcentral na fase de implementaccedilatildeo das medidas de condenaccedilatildeo23
Outro ponto que se relaciona com a experiecircncia de ter sido oprimeiro caso brasileiro de condenaccedilatildeo eacute o das medidas de paga-mento de indenizaccedilatildeo agraves viacutetimas No caso Damiatildeo Ximenes Lopesa condenaccedilatildeo do Brasil ao pagamento de indenizaccedilotildees fez neces-saacuteria a articulaccedilatildeo entre os oacutergatildeos internos para decisatildeo de comose daria a praacutetica dessa implementaccedilatildeo24
Verificou-se no tocante agrave implementaccedilatildeo das decisotildees da CorteInteramericana que a Secretaria de Direitos Humanos buscava con-vencer os oacutergatildeos estaduais relacionados ao caso sobre a necessidadede modificaccedilotildees nas poliacuteticas ligadas ao tema da violaccedilatildeo Contudoquando a medida se relacionava agraves atividades da Justiccedila brasileirahavia dificuldades nesse esforccedilo de convencimento Isso foi cons-tatado no caso Damiatildeo Ximenes Lopes que tinha em seu cerne aquestatildeo de funcionamento das instituiccedilotildees judiciaacuterias e exigia aatuaccedilatildeo preponderante dos oacutergatildeos judiciais para a sua implementa-ccedilatildeo Assim iniciou-se a praacutetica de a AGU atuar mais diretamentejunto ao Judiciaacuterio por sua facilidade de articulaccedilatildeo com atoresdesse Poder25 Na eacutepoca foram feitas diversas visitas de apuraccedilatildeodo oacutergatildeo junto agrave SDH e conversas com os juiacutezes responsaacuteveis paratentativas de apuraccedilatildeo dos motivos da demora Ainda que tenha havido tais tentativas os tracircmites das accedilotildees
continuaram lentos em grande parte por causa da ineficaacutecia daabordagem poliacutetica habitual de convencimento com os atores doJudiciaacuterio Seraacute visto em espaccedilo proacuteprio que esse problema foi miti-gado posteriormente em razatildeo do papel de um programa de umquarto ator o Conselho Nacional de Justiccedila (CNJ) oacutergatildeo criadoem 2004 e responsaacutevel por ser a mais alta instacircncia administrativado Poder Judiciaacuterio brasileiro (toacutepico 34 infra)Em siacutentese durante o primeiro caso de condenaccedilatildeo do Brasil na
Corte Interamericana de Diretos Humanos houve um rearranjo depapeacuteis para a apresentaccedilatildeo das manifestaccedilotildees brasileiras no SIDH
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A AGU assumiu um papel central na defesa juriacutedica do caso levan-do um de seus integrantes para a defesa brasileira no Tribunal ASecretaria passou a ter papel de apoio organizacional com relaccedilatildeoaos atores envolvidos no caso e agraves informaccedilotildees relevantes O MREpor sua vez conservou sua posiccedilatildeo de mediador das manifestaccedilotildeespara fora da Corte Segundo relatos das entrevistas havia um relati-vo concerto dos trecircs oacutergatildeos com relaccedilatildeo a como deveriam atuar emcada uma de suas funccedilotildees Isso se repetiria no caso Gilson Nogueirade Carvalho ndash em que o Estado foi absolvido por falta de provas
322 SEGUNDO PERIacuteODO CASOS ESCHER E OUTROS E GARIBALDIEm um segundo momento da dinacircmica institucional a defesa brasi-leira na Corte passou a ser feita pelo Embaixador do Brasil na CostaRica Essa troca teria relaccedilatildeo com o tom marcado pelo Brasil em suasdefesas se antes as manifestaccedilotildees da SDH eram mais inseridas nodiscurso de proteccedilatildeo das viacutetimas no acircmbito da AGU as defesasganhavam um caraacuteter mais teacutecnico marcado por argumentos juriacutedi-cos A passagem para uma maior atuaccedilatildeo do MRE mudaria o vieacutes dedefesa para a esfera poliacutetica Assim a nova divisatildeo funcional informal ndash fruto das dinacircmicas
dos proacuteprios oacutergatildeos entre si ndash passou a estabelecer que a AGU atua-ria principalmente na defesa brasileira na fase de admissibilidadeEnquanto o MRE cuidaria do restante das manifestaccedilotildees brasileirasa Secretaria ficou responsaacutevel principalmente pela (i) coordenaccedilatildeocom atores internos para recolhimento de informaccedilotildees uacuteteis agraves mani-festaccedilotildees brasileiras e (ii) busca de diaacutelogo entre os oacutergatildeos e viacutetimaspara tentar soluccedilotildees amistosas e implementaccedilotildees de medidas de reco-mendaccedilatildeo ou condenaccedilatildeo Essa divisatildeo natildeo era impermeaacutevel cadaum dos oacutergatildeos teria a possibilidade de influenciar ou informar a ati-vidade do outro Havia contudo uma visiacutevel prevalecircncia de cada umdos oacutergatildeos nas funccedilotildees indicadas
323 TERCEIRO PERIacuteODO CASOS JULIA GOMES LUND E BELO MONTENo caso Julia Gomes Lund ocorreu uma polarizaccedilatildeo entre as posi-ccedilotildees assumidas internamente pela AGU e pela SDH A Secretariaposicionou-se a favor das viacutetimas enquanto a AGU defendeu a Lei
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de Anistia brasileira perante o STF Ante a essa situaccedilatildeo o MREpassou a concentrar todas as manifestaccedilotildees brasileiras no caso emconcerto com a Casa Civil Situaccedilatildeo similar ocorreu no caso BeloMonte cujas manifestaccedilotildees foram concentradas pelo MRE e pelaCasa Civil por conta da sensibilidade poliacutetica do caso para a poliacute-tica federalDiante dessas consideraccedilotildees percebe-se que ao longo dos anos
houve certo processo de aprendizado institucional sobre como lidarcom o sistema interamericano com tentativas de adaptaccedilatildeo contiacutenuaNo entanto fica evidente que a proacutepria interaccedilatildeo entre os principaisoacutergatildeos envolvidos se baseia em seus interesses poliacuteticos e em suascapacidades de manobra Isso se evidencia ainda mais com a suces-satildeo de casos mediante a maior concentraccedilatildeo da defesa brasileira nasmatildeos do MRE e a colocaccedilatildeo da AGU e da SDH em posiccedilotildees novas
33 PAGAR AS VIacuteTIMAS UM DESENVOLVIMENTO Agrave PARTE
Desde 2004 o Estado brasileiro possui uma parte do orccedilamento fede-ral destinada especificamente ao pagamento de indenizaccedilotildees queresultam do reconhecimento da violaccedilatildeo de tratados internacionaisde direitos humanos Trata-se da dotaccedilatildeo denominada ldquoPagamentode indenizaccedilatildeo a viacutetimas de violaccedilatildeo das obrigaccedilotildees contraiacutedas pelauniatildeo por meio da adesatildeo a tratados internacionaisrdquo26
Em 1993 governo e sociedade civil haviam se mobilizado paradefinir uma agenda nacional para a Conferecircncia Mundial de Direi-tos Humanos Em 1996 como resultado desses esforccedilos e daDeclaraccedilatildeo e Programa de Accedilatildeo de Viena (adotada na Conferecircncia)foi criado o Programa Nacional de Direitos Humanos no Brasilsegundo o qual os direitos humanos deveriam ser tratados comoobjeto de poliacutetica puacuteblica27 Na sua vertente orccedilamentaacuteria a articu-laccedilatildeo das diversas propostas de accedilotildees governamentais refletiu-se noprograma ldquoPromoccedilatildeo e garantia dos direitos humanosrdquo entre 1996e 1999 e no seu aprimoramento por meio do programa ldquoDireitosHumanos Direitos de Todosrdquo (DHDT) vinculado ao Ministeacuterio daJusticcedila e presente nos orccedilamentos brasileiros a partir de 1999Em 2002 apoacutes revisatildeo do plano original criou-se o 2ordm Progra-
ma Nacional de Direitos Humanos no Brasil28 Em sua introduccedilatildeoressaltou-se que
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A criaccedilatildeo da Secretaria de Estado dos Direitos Humanosno acircmbito do Ministeacuterio da Justiccedila possibilitou oengajamento efetivo do Governo Federal em accedilotildees voltadaspara a proteccedilatildeo e promoccedilatildeo de direitos humanos As metasdo PNDH foram em sua maioria sendo incorporadas aosinstrumentos de planejamento e orccedilamento do GovernoFederal convertendo-se em programas e accedilotildees especiacuteficascom recursos financeiros assegurados nas LeisOrccedilamentaacuterias Anuais conforme determina o PlanoPlurianual (PPA)
O Anexo II do documento trouxe a ampliaccedilatildeo de uma seacuterie deprogramas governamentais que jaacute estavam previstos nos orccedilamen-tos dos anos anteriores em razatildeo do DHDT Contudo nenhumaaccedilatildeo foi prevista para os objetivos estrateacutegicos relativos agrave diretrizldquoInserccedilatildeo nos sistemas internacionais de proteccedilatildeordquo tais como a ado-ccedilatildeo de medidas para cumprimento dos compromissos assumidos emtratados internacionais o fortalecimento da cooperaccedilatildeo com o sis-tema regional de proteccedilatildeo e a promoccedilatildeo de soluccedilotildees amistosas noacircmbito da Comissatildeo Interamericana de Direitos HumanosPor ocasiatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria para os anos de 2004
a 200729 reconheceu-se no plano gerencial do programa DHDTa necessidade de que houvesse uma previsatildeo expliacutecita para as inde-nizaccedilotildees agraves viacutetimas de violaccedilotildees de direitos humanos Estrateacutegiasde sustentabilidade para o programa foram indicadas tendo emvista a relaccedilatildeo com outros atores Uma das relaccedilotildees indicadas foia influecircncia da Comissatildeo da Corte Interamericana de DireitosHumanos e da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos para a desti-naccedilatildeo dos recursos ao pagamento dessas indenizaccedilotildees30
Os oacutergatildeos federais verificaram essa carecircncia apoacutes se esforccedilarempara cumprir a primeira soluccedilatildeo amistosa envolvendo o Brasil (casoJoseacute Pereira) que em se tratando de mateacuteria de competecircncia daUniatildeo (combate a trabalho escravo) retirava o dever de indenizarda esfera estadual31 Percebeu-se que o pagamento de indenizaccedilatildeopor meio de lei era mais trabalhoso e demorado Por isso a fixa-ccedilatildeo de uma parte do orccedilamento federal destinada exclusivamentea essas indenizaccedilotildees possibilitaria agrave Presidecircncia pagaacute-las por meiode um simples decreto presidencial
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Nesse contexto a Lei Orccedilamentaacuteria Anual brasileira de 2004previu pela primeira vez uma accedilatildeo intitulada ldquoPagamento de inde-nizaccedilatildeo a viacutetimas de violaccedilatildeo das obrigaccedilotildees contraiacutedas pela Uniatildeopor meio da adesatildeo a tratados internacionais de proteccedilatildeo dos direi-tos humanosrdquo subordinada ao programa DHDT32 A descriccedilatildeo dessaaccedilatildeo governamental reproduziu em grande medida o que jaacute fica-ra estabelecido nos objetivos estrateacutegicos do 2ordm Programa Nacionalde Direitos Humanos33
Estabeleceu-se assim uma ampla finalidade para a dotaccedilatildeo con-sistente no pagamento de indenizaccedilotildees natildeo apenas no acircmbito dosistema regional de proteccedilatildeo dos direitos humanos (OEA) comotambeacutem no acircmbito do sistema global (ONU) Atribuiu-se essa tare-fa ao Gabinete da Secretaria Especial de Direitos HumanosEm consequecircncia dessa inovaccedilatildeo entre 2004 e 2013 anualmen-
te a lei orccedilamentaacuteria passou a destinar um valor para que a SDHpudesse pagar as despesas com indenizaccedilotildees arbitradas tanto naONU como no SIDH por violaccedilotildees de tratados de direitos huma-nos em vigor para o Brasil
34 PROGRAMA ldquoJUSTICcedilA PLENArdquo IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS MEDIDAS DE GARANTIA E ACESSO Agrave JUSTICcedilAEacute importante destacar tambeacutem a criaccedilatildeo do programa ldquoJusticcedilaPlenardquo pelo CNJ34 como um passo importante em prol da imple-mentaccedilatildeo das medidas relacionadas ao acesso agrave justiccedila35 Ainda quenatildeo oficialmente vinculado agrave implementaccedilatildeo das decisotildees do SIDHna praacutetica o programa apresentou-se como uma boa possibilidadede monitoramento das accedilotildees judiciais que suscitaram os casos leva-dos ao sistema interamericano O programa ldquoJusticcedila Plenardquo surgiu em 2010 com o objetivo de
monitorar e aumentar a transparecircncia de ldquocasos de grande reper-cussatildeo socialrdquo Aqueles indicados pelas entidades participantes satildeoobjeto de relatoacuterios puacuteblicos que buscam apurar o andamento pro-cessual e possiacuteveis demoras injustificadas O programa tem o pontopositivo de trazer agrave visibilidade puacuteblica casos que do contraacuterio fica-riam limitados aos acircmbitos locais e por isso mais sensiacuteveis agravesdisputas de poder e agrave corrupccedilatildeo36
Entre as instituiccedilotildees participantes do programa do CNJ estaacute aSDH que passou a solicitar o acompanhamento das accedilotildees que em
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razatildeo do seu tracircmite demorado levaram ou poderiam levar a san-ccedilotildees pela Comissatildeo ou pela Corte IDH37 Ainda que houvesse jaacutecolaboraccedilatildeo entre o CNJ e a SDH anteriormente este oacutergatildeo pas-sou a contar com o programa como fator importante no diaacutelogocom o Poder Judiciaacuterio atenuando em parte o problema aponta-do anteriormente de dificuldade de convencimento dos atoresnecessaacuterios para a implementaccedilatildeo das medidas Verificou-se que a accedilatildeo civil e a accedilatildeo penal no caso Damiatildeo
Ximenes Lopes as accedilotildees no caso Escher e outros e as accedilotildees no casoGaribaldi por exemplo foram indicadas pela SDH para o pro-grama Atualmente qualquer pessoa pode verificar no sistema doprograma ldquoJusticcedila Plenardquo disponiacutevel na internet as informaccedilotildeesprestadas pelos Tribunais de Justiccedila do Cearaacute e do Paranaacute sobreos casos
4 TEMAS SUJEITOS E CONJUNTURA COMO EM CADA CASO A IMPLEMENTACcedilAtildeO FOI FAVORECIDA OU DIFICULTADA Como jaacute destacado no toacutepico 3 a estrutura de implementaccedilatildeo bra-sileira natildeo eacute fixada institucionalmente e os oacutergatildeos que cuidam delana praacutetica precisam a cada caso desenvolver um esforccedilo poliacutetico decooperaccedilatildeo com os oacutergatildeos locais diretamente relacionados agrave imple-mentaccedilatildeo das medidas especiacuteficas a cada uma das violaccedilotildees excetonos caso de pagamento de indenizaccedilotildees impostas pela Corte ou emtemas de competecircncia exclusivamente federal Assim a implemen-taccedilatildeo se torna dependente da vontade poliacutetica dos atores engajadosem posiccedilotildees relevantes nos oacutergatildeos centrais do Governo Federalencarregados da situaccedilatildeo (MRE SDH e AGU) bem como dos ato-res que ocupam cargos relevantes para uma concretizaccedilatildeo direta dasdecisotildees do SIDH como os membros legisladores promotorespuacuteblicos juiacutezes ou membros dos governos estaduais Neste toacutepico desenvolvemos as anaacutelises da implementaccedilatildeo das
recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees oriundas do SIDH levando em conta(i) a existecircncia de uma agenda poliacutetica puacuteblica em andamento aotempo da decisatildeo (ii) a dependecircncia de poderes autocircnomos comogovernos locais Ministeacuterio Puacuteblico e Judiciaacuterio (iii) violaccedilotildees quedecorrem de agendas poliacuteticas do Estado e (iv) dificuldades em dar
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impacto coletivo a decisotildees altamente individualizadas proferidaspela Corte ou pela Comissatildeo
41 QUANDO JAacute HAacute AGENDA DE POLIacuteTICA
PUacuteBLICA DO ESTADO BRASILEIRO
Alguns dos casos estudados trazem indiacutecios de que a existecircncia deagenda de poliacutetica puacuteblica estabelecida previamente agrave recomenda-ccedilatildeo ou condenaccedilatildeo do SIDH em qualquer dos niacuteveis federativosfacilitara sua implementaccedilatildeo O primeiro litiacutegio brasileiro na Corte Interamericana o caso
Damiatildeo Ximenes Lopes ilustra essa reflexatildeo Desde o momento do pro-cessamento do caso na Corte IDH ficou claro na defesa do Estadobrasileiro que havia uma poliacutetica de reforma do sistema psiquiaacutetricojaacute em andamento no momento em que aconteceu a morte da viacutetimaEacute mencionado nos depoimentos que o fechamento da Casa deRepouso dos Guararapes onde havia falecido Damiatildeo Ximenes foium marco que impulsionou essa reforma38
A Conferecircncia Nacional da Sauacutede Mental ocorrida em 1992 eacuteapontada como um dos marcos de reorientaccedilatildeo do tratamento psi-quiaacutetrico no Brasil39 A Lei federal n 102162001 pretendia trazeravanccedilos inaugurando a reforma psiquiaacutetrica no paiacutes Luiz OdoricoMonteiro de Andrade afirmou em seu depoimento que
A partir do dia 1ordm de janeiro de 1997 comeccedilaram uma seacuterie dereestruturaccedilotildees administrativas no acircmbito do Municiacutepio paraajustar as poliacuteticas do Sistema Uacutenico de Sauacutede em varias aacutereasNo final de 1998 jaacute havia um Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial(CAPS) que brinda atendimento ambulatorial e atenccedilatildeo diaacuteriaa pacientes com deficiecircncias mentais Esse sistema evoluiu e hoje jaacute existe o tratamento de pacientes com deficiecircnciasmentais agudas na aacuterea de sauacutede mental em hospital geralExiste tambeacutem um CAPS para transtornos na aacuterea geral e um para pessoas com problemas na aacuterea de alcoolismo edrogadiccedilatildeo Recentemente inaugurou-se um CAPS com onome do senhor Damiatildeo Ximenes Lopes para homenageaacute-lo40
Esse processo de mudanccedila nas poliacuteticas tambeacutem aparece nodepoimento de Pedro Gabriel Godinho Delgado entatildeo Coordenador
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Nacional do Programa de Sauacutede Mental do Ministeacuterio da SauacutedeSegundo Godinho ateacute entatildeo haviam sido tomadas vaacuterias medidas parafortalecer as redes extra-hospitalares Assim ainda que seja possiacutevel questionar o grau de efetividade
das poliacuteticas federais legisladas jaacute havia agrave eacutepoca da condenaccedilatildeo bra-sileira uma movimentaccedilatildeo a favor do sistema de tratamento mentalAteacute por isso parece ter sido empregada a expressatildeo ldquocontinuar adesenvolverrdquo no ponto de condenaccedilatildeo relacionado agrave implementaccedilatildeode medidas de melhoria do sistema psiquiaacutetrico Em seus relatoacuteriosde cumprimento de sentenccedila ateacute 2010 a Corte apontou para a neces-sidade do cumprimento desse ponto de sua condenaccedilatildeoHaacute indicaccedilotildees de que o descredenciamento da Casa de Repou-
so Guararapes em 2000 ocorreu por conta da repercussatildeo local damorte de Damiatildeo Ximenes Lopes41 Tambeacutem se desencadeou umprocesso mais acelerado de reforma no sistema psiquiaacutetrico da cida-de por conta da postura proativa de alguns gestores municipais42
A proacutepria condenaccedilatildeo do Brasil no Sistema Interamericano con-tudo teria contribuiacutedo mais ao aumento da publicidade do caso doque para reaccedilotildees diretas de implementaccedilatildeo Como na cidade jaacutehavia um processo de reforma do tratamento psiquiaacutetrico que veioa se mostrar bem-sucedido a condenaccedilatildeo do Brasil na Corte teriaservido mais para um reforccedilo do discurso mais amplo proacute-reformapsiquiaacutetrica do que para a efetiva implementaccedilatildeo da sentenccedila A condenaccedilatildeo tendo sido a primeira do Brasil no SIDH eacute um
marco no discurso da agenda antimanicomial utilizado natildeo soacutepela sociedade civil mas tambeacutem pelo Estado como incentivo dereforma em outras localidades Isso era especialmente importan-te no paiacutes jaacute que as mudanccedilas no sistema de sauacutede dependiammuito da vontade dos poderes locais43 que seriam mais facilmen-te convencidos de um possiacutevel perigo agrave imagem dos dirigentesna hipoacutetese de haver caso semelhante em sua regiatildeo44
Algo semelhante ocorreu no primeiro caso brasileiro de solu-ccedilatildeo amistosa o caso Joseacute Pereira Um fator importante do caso foia realizaccedilatildeo de uma visita in loco pela CIDH durante o periacuteodo emque o caso tramitava Essa visita ocorrida em novembro de 1995teve como um de seus objetos as denuacutencias de trabalho forccediladoespecialmente na regiatildeo sul do Paraacute local das violaccedilotildees que jaacutehaviam sido denunciadas na Comissatildeo De acordo com o relatoacuterio
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produzido apoacutes a visita a Comissatildeo constatou que agravequela eacutepocao Estado brasileiro jaacute havia desenvolvido uma seacuterie de poliacuteticasadministrativas legislativas e policiais voltadas ao combate e repres-satildeo do trabalho em condiccedilotildees anaacutelogas a de escravo45 Entretantoa CIDH recomendou o empenho e comprometimento do governovisando aprofundar e consolidar tais poliacuteticasUma vez alcanccedilado o acordo de soluccedilatildeo amistosa a CIDH pas-
sou a realizar o monitoramento de seu cumprimento em seusrelatoacuterios anuais Segundo o Relatoacuterio Anual de 2012 o acordoencontra-se apenas parcialmente cumpridoPrimeiramente observa-se que as medidas de reconhecimen-
to de responsabilidade e reparaccedilatildeo pecuniaacuteria foram cumpridas depronto A medida de julgamento dos responsaacuteveis permanece emaberto pois o processo se encontra suspenso Entretanto em rela-ccedilatildeo ao caso Joseacute Pereira as observaccedilotildees dos relatoacuterios anuais daCorte enfatizam as medidas legislativas e de fiscalizaccedilatildeo A partir de uma anaacutelise das poliacuteticas puacuteblicas elaboradas pelo
governo brasileiro e de seu esforccedilo para combater o trabalho for-ccedilado nota-se uma possiacutevel influecircncia do caso Joseacute Pereira Comoconsta em estudo da OIT46 antes do caso a entidade jaacute realizavaacompanhamento da situaccedilatildeo do trabalho escravo no paiacutes Segun-do seu estudo depois de 1995 houve uma mudanccedila expressiva noposicionamento do governo se em 1992 na Conferecircncia Inter-nacional do Trabalho o paiacutes negava a existecircncia de trabalhoescravo em 1995 passou a reconhecer oficialmente a existecircnciadessa praacutetica Em 27 de junho de 1995 por meio do Decreto Presidencial n
1538 foi criado o Grupo Executivo de Repressatildeo ao Trabalho For-ccedilado (Gertraf) com a finalidade de coordenar e implementar asprovidecircncias necessaacuterias agrave repressatildeo ao trabalho forccedilado No mesmoano foi criado o Grupo Especial de Fiscalizaccedilatildeo Moacutevel (GMF)composto de equipes de agentes treinados para realizar accedilotildees de fis-calizaccedilatildeo Posteriormente em marccedilo de 2003 foi estabelecido oPlano Nacional para Erradicaccedilatildeo do Trabalho Escravo Pouco depoisem julho foi criada a Comissatildeo Nacional de Erradicaccedilatildeo do Traba-lho Escravo (Conatrae) para acompanhar o cumprimento do planoCom tais iniciativas houve nesse periacuteodo um significativo aumen-to na qualidade dos trabalhos de combate ao trabalho escravo
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Aumentaram os nuacutemeros de operaccedilatildeo de resgate de trabalhadoresde denuacutencias e de trabalhadores resgatadosAo mesmo tempo em que se realizava esse esforccedilo intensivo em
relaccedilatildeo agraves poliacuteticas administrativas houve tambeacutem uma importantemudanccedila legislativa em dezembro de 2003 alterou-se o art 149 doCoacutedigo Penal brasileiro47 Com isso o crime de ldquoreduccedilatildeo agrave condi-ccedilatildeo anaacuteloga agrave de escravordquo tornou-se mais preciso e algumas causasde aumento da pena foram inseridas na codificaccedilatildeo penal brasileira Como fruto dessa intensificaccedilatildeo de poliacuteticas o Ministeacuterio do Tra-
balho e do Emprego tambeacutem se mostrou proativo Em outubro de2004 criou por meio da Portaria n 540 uma lista de nomes deempresas e pessoas autuadas por trabalho escravo Ao entrar na ldquolistasujardquo a pessoa perde o direito a financiamentos puacuteblicos e priva-dos Aleacutem disso houve grande mobilizaccedilatildeo do setor empresarialsendo que mais de 200 grupos formaram um pacto de natildeo realiza-ccedilatildeo de negoacutecios com nomes da lista Mais recentemente em 2008 foi criado o Segundo Plano Nacio-
nal para Erradicaccedilatildeo do Trabalho Escravo que tem tambeacutem comoenfoque a reinserccedilatildeo dos trabalhadores e a prevenccedilatildeo do trabalhoescravo Em 2012 foi aprovada na Cacircmara dos Deputados a possi-bilidade de expropriaccedilatildeo de terras em estabelecimentos onde forconstatada exploraccedilatildeo de matildeo de obra escrava48
Esta trajetoacuteria da implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadasao combate ao trabalho escravo no Brasil eacute representativa do saltoqualitativo da repressatildeo ao trabalho escravo em comparaccedilatildeo agrave daeacutepoca em que ocorreu o caso Mesmo que natildeo seja possiacutevel esta-belecer uma relaccedilatildeo direta de causalidade entre o caso Joseacute Pereirae as poliacuteticas puacuteblicas posteriores tal caso foi citado pelos atoresinteressados como um exemplo para reforccedilar a necessidade de com-bater o problema com mais intensidade49
O caso Maria da Penha tambeacutem encontrou no paiacutes um contex-to de implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas jaacute existentes afinal oBrasil jaacute havia sido reconhecido pela proacutepria Comissatildeo Interame-ricana de Direitos Humanos como um paiacutes que estava na vanguardada resoluccedilatildeo do problema de tratamento discriminatoacuterio contra asmulheres a partir da deacutecada de 1980 Destacaram-se por exemploa criaccedilatildeo do Conselho Estadual sobre a Condiccedilatildeo da Mulher emSatildeo Paulo (1983) a criaccedilatildeo do Conselho Nacional dos Direitos da
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Mulher subordinado ao Ministeacuterio da Justiccedila da Presidecircncia (1985)a incorporaccedilatildeo do combate a esse tipo de violecircncia na ConstituiccedilatildeoBrasileira de 198850 e a criaccedilatildeo das delegacias da mulher de abrigospara mulheres e do ldquoPrograma nacional para prevenir e combater aviolecircncia sexual e domeacutesticardquo (1996)51
Contudo embora a Comissatildeo tenha salientado avanccedilos significa-tivos no tema tambeacutem alertou para as dificuldades tais como acobertura insuficiente dos programas e a impunidade dos agressoresque eram denunciados Em 1999 a entidade analisou o cumprimen-to das recomendaccedilotildees feitas no relatoacuterio anterior e pouco disse sobreos avanccedilos na questatildeo das discriminaccedilotildees contra as mulheres52 Pos-teriormente ao apresentar suas recomendaccedilotildees no caso Maria daPenha considerou os avanccedilos insuficientes para afastar uma conde-naccedilatildeo do paiacutes pelo tratamento discriminatoacuterio das mulheresSob a perspectiva da Comissatildeo entatildeo as recomendaccedilotildees serviram
para tentar suprir as deficiecircncias nas poliacuteticas puacuteblicas brasileiras eafirmar a legislaccedilatildeo internacional sobre o tema das mulheres espe-cialmente a Convenccedilatildeo para prevenir punir e erradicar a violecircnciacontra as mulheres (Convenccedilatildeo de Beleacutem do Paraacute) Essa intenccedilatildeofoi evidenciada por meio de sucessivos relatoacuterios anuais especial-mente entre 2008 e 2011 nos quais a entidade reconheceu osavanccedilos obtidos pelo paiacutes mas destacou a necessidade de desenvol-vimento das poliacuteticas para que se desse integral cumprimento aoponto resolutivo53
Sob a perspectiva dos peticionaacuterios houve ainda outra preocu-paccedilatildeo A articulaccedilatildeo entre os movimentos feministas brasileiros e oCEJIL foi essencial para levar ao SIDH um pleito bastante especiacutefi-co a reforma na legislaccedilatildeo de enfrentamento da violecircncia domeacutesticabrasileira em razatildeo da sua incompatibilidade com a Convenccedilatildeo deBeleacutem do Paraacute54
Em 2002 jaacute era visiacutevel a mobilizaccedilatildeo das organizaccedilotildees natildeogovernamentais para que fosse editada uma lei especiacutefica para com-bater a violecircncia domeacutestica contra as mulheres sendo constituiacutedoinclusive um consoacutercio dessas ONGs55 Para as organizaccedilotildees osproblemas eram principalmente o tratamento da violecircncia domeacutes-tica como crime menos ofensivo e a impunidade dos agressoresque processados natildeo podiam ser presos e recebiam puniccedilotildees muitobrandas como pagamento de cestas baacutesicas agrave viacutetima56 O pleito
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direcionava-se contra a lei que vigorava naquele momento (Leifederal n 909995) que por incidir sobre a violecircncia domeacutesti-ca (art 69 paraacutegrafo uacutenico) aplicava-lhe uma seacuterie de soluccedilotildeesalternativas tais como pagamento de indenizaccedilatildeo suspensatildeo doprocesso e imposiccedilatildeo de penas alternativasO impacto da decisatildeo contudo natildeo foi o esperado em um pri-
meiro momento Houve a necessidade de gerar uma estrateacutegia detrabalho com linhas definidas (a) ministrar o timing na negocia-ccedilatildeo com o Estado e (b) fortalecer a decisatildeo do caso com difusatildeoe reforccedilo de articulaccedilotildees com os novos atores do movimento dasmulheres (natildeo participantes do litiacutegio) a abertura do caso paraos conselhos de advocacia regionais e aumento da empatia como caso57
As entidades encontraram um interlocutor proeminente nogoverno quando ainda em 2003 o oacutergatildeo responsaacutevel pelas poliacuteti-cas puacuteblicas em favor das mulheres no niacutevel federal (ConselhoNacional dos Direitos da Mulher) desvinculou-se do Ministeacuterio daJusticcedila e ganhou status de ministeacuterio criando-se a Secretaria espe-cial de poliacuteticas para mulheres Haacute indicaccedilotildees de que a elevaccedilatildeo dopatamar do oacutergatildeo ao niacutevel ministerial foi um importante avanccedilo paraque ele pudesse articular mais facilmente as poliacuteticas de gecircnero comoutros ministeacuterios e outros Poderes58
Em 2004 foi instituiacutedo o ldquoGrupo de Trabalho Interministerialpara elaborar proposta de medida legislativa e outros instrumen-tos para coibir a violecircncia domeacutestica contra a mulherrdquo por meiodo Decreto federal n 50302004 coordenado exatamente pelaSecretaria (art 2ordm I a) O consoacutercio de ONGs apresentou noacircmbito do Grupo sua proacutepria proposta legislativa jaacute bastanteamadurecida pelas discussotildees anteriores59
Novamente poreacutem os resultados natildeo foram os esperados NaExposiccedilatildeo de Motivos do Projeto de Lei n 45552004 a Secretaacuteriade Poliacuteticas para Mulheres Nilceacutea Freire salientou a participaccedilatildeo doconsoacutercio feminista os instrumentos internacionais para a proteccedilatildeodas mulheres e no que importa a este trabalho as recomendaccedilotildeesno caso Maria da Penha60 No entanto o principal pleito dos movi-mentos feministas natildeo foi atendido e o projeto natildeo contemplou umprocedimento especiacutefico para punir a violecircncia domeacutestica contraas mulheres
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As ONGs entatildeo negociaram apoio da Relatora do projeto emuma das comissotildees da Cacircmara dos Deputados Deputada JandiraFeghali para que o tema fosse amplamente debatido Apoacutes muitasaudiecircncias no paiacutes inteiro a deputada apresentou novo projeto queacolhia integralmente aquilo que as ONGs haviam apresentado em200361 Os parlamentares concluiacuteram o processo legislativo coma ediccedilatildeo da Lei federal n 113402006 que foi aprovada com inte-gral aceitaccedilatildeo pela Secretaria de Poliacuteticas para as Mulheres O fatode essa lei ser conhecida como ldquoLei Maria da Penhardquo evoca natildeoapenas a decisatildeo da CIDH como tambeacutem todo o histoacuterico do casoenvolvendo a senhora Maria da Penha62
Ainda que natildeo seja possiacutevel a relaccedilatildeo de causalidade direta natildeohaacute como negar que a partir do caso poliacuteticas mais efetivas passa-ram a ser implementadas como a criaccedilatildeo de delegacias abrigospara mulheres e planos nacionais a articulaccedilatildeo da Secretaria comos Conselhos Estaduais principalmente a partir de 2006 a submis-satildeo do relatoacuterio brasileiro ao Comitecirc Cedaw da ONU em 2003bem como finalmente as proacuteprias recomendaccedilotildees da OEA63
Assim o caso Maria da Penha inseriu-se no contexto brasileirode duas maneiras De um lado somou-se agraves poliacuteticas puacuteblicas jaacute exis-tentes impulsionando a adoccedilatildeo de novos programas de outro foiuma manifestaccedilatildeo importante a favor do pleito dos movimentosfeministas brasileiros por uma legislaccedilatildeo especiacutefica para o tema Por fim no caso Julia Gomes Lund algumas determinaccedilotildees da
Corte IDH tambeacutem jaacute estavam em pauta no cenaacuterio nacional Den-tre elas estatildeo as relacionadas agrave exigecircncia de medidas que garantamo direito agrave memoacuteria e agrave verdade com vistas a investigar o passadode modo a descobrir sua verdade e conseguir o reconhecimentooficial de seus acontecimentos64
De fato o Estado brasileiro embora tenha sido o protagonistadas violaccedilotildees de Direitos Humanos ocorridas durante o periacuteodode vigecircncia do regime de 1964 tem adotado algumas accedilotildees parazelar pelo direito agrave memoacuteria e agrave verdade Entre elas vale citar porexemplo a aprovaccedilatildeo da Lei federal n 9140 de 4 de dezembrode 1995 que reconheceu a responsabilidade do Estado brasileiropela morte de opositores ao regime de 1964 Essa Lei criou umaComissatildeo Especial que posteriormente foi denominada ComissatildeoEspecial sobre Mortos e Desaparecidos Poliacuteticos65 com atribuiccedilotildees
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que vatildeo desde o reconhecimento de pessoas desaparecidas ateacute odeferimento de pedidos de indenizaccedilatildeo das famiacutelias das viacutetimas ea reuniatildeo de esforccedilos para a localizaccedilatildeo dos corpos de pessoasdesaparecidas no caso de existecircncia de indiacutecios quanto ao local emque possam estar depositadosAleacutem disso foi criada uma Comissatildeo Interministerial com a
finalidade de obter informaccedilotildees que levassem agrave localizaccedilatildeo dosrestos mortais de participantes da ldquoGuerrilha do Araguaiardquo Areferida Comissatildeo foi instituiacuteda pela Uniatildeo por meio do Decre-to Presidencial n 4850 de 2 de outubro de 2003 e encerrou assuas atividades com relatoacuterio final divulgado em marccedilo de 2007Com o mesmo intuito em abril de 2009 foi criado pelo Minis-teacuterio da Defesa um Grupo de Trabalho para realizaccedilatildeo de buscasde restos mortais na regiatildeo do Araguaia Diferentemente daComissatildeo Interministerial de 2003 representantes dos familiaresde mortos e desaparecidos poliacuteticos acompanharam e orientaramos trabalhos de buscas mas a accedilatildeo foi infrutiacutefera pois natildeo foramencontrados restos mortais na regiatildeoAinda com o objetivo de divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees a respeito
da ldquoGuerrilha do Araguaiardquo foi lanccedilado em maio de 2009 o arqui-vo Memoacuterias Reveladas sob a responsabilidade da Casa Civil Essearquivo conecta digitalmente o acervo recolhido ao Arquivo Nacio-nal com vaacuterios outros arquivos federais sobre a repressatildeo poliacuteticae com arquivos estaduais de 15 unidades da federaccedilatildeo resultandoem mais de 5 milhotildees de paacuteginas de documentos66
Dentre as accedilotildees destinadas a garantir o direito agrave memoacuteria e agraveverdade e promover a reconciliaccedilatildeo nacional destaca-se a insta-laccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade responsaacutevel por examinar eesclarecer as violaccedilotildees de direitos humanos ocorridas entre 1946e 1988 no BrasilA Comissatildeo Nacional da Verdade (CNV) foi criada pela Lei fede-
ral n 12528 de 18 de novembro de 2011 O fato de esta lei tersido promulgada depois da sentenccedila da Corte IDH natildeo significanecessariamente que a resoluccedilatildeo do caso no SIDH foi determinan-te para a implementaccedilatildeo da CNV O processo de constituiccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade teve
iniacutecio em 2002 quando da elaboraccedilatildeo da segunda versatildeo do Pro-grama Nacional de Direitos Humanos (PNDH-2) No programa
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foram apresentados os objetivos as diretrizes e as accedilotildees do Esta-do para lidar com a temaacutetica dos direitos humanos e a criaccedilatildeoda Comissatildeo Nacional da Verdade jaacute era uma demanda existentenaquela eacutepoca67
Apoacutes avanccedilos na definiccedilatildeo da estrutura de funcionamento daComissatildeo da Verdade uma das diretrizes da terceira versatildeo doPNDH (PNDH-3) lanccedilada em 2010 foi a criaccedilatildeo de uma CNV Oprimeiro objetivo estrateacutegico definido no eixo intitulado ldquodireitoagrave memoacuteria e agrave verdaderdquo determinou que o Estado devesse promo-ver a apuraccedilatildeo e o esclarecimento puacuteblico das violaccedilotildees de DireitosHumanos praticadas no contexto da repressatildeo poliacutetica ocorridano Brasil a partir de 194668 a fim de efetivar o direito agrave memoacute-ria e agrave verdade histoacuterica e promover a reconciliaccedilatildeo nacional Paraa consecuccedilatildeo deste objetivo o PNDH-3 designou um Grupo deTrabalho composto de representantes da Casa Civil do Ministeacute-rio da Justiccedila do Ministeacuterio da Defesa e da Secretaria Especial dosDireitos Humanos da Presidecircncia da Repuacuteblica para elaborar ateacuteabril de 2010 projeto de lei que instituiacutesse a Comissatildeo Nacionalda Verdade69
O PNDH-3 jaacute estabelecia algumas possiacuteveis atribuiccedilotildees da CNVtais como a promoccedilatildeo com base em seus informes da reconstru-ccedilatildeo da histoacuteria dos casos de violaccedilatildeo de direitos humanos bemcomo a assistecircncia agraves viacutetimas de tais violaccedilotildees a promoccedilatildeo dosmeios e recursos necessaacuterios para a localizaccedilatildeo e identificaccedilatildeo decorpos e restos mortais de desaparecidos poliacuteticos a identificaccedilatildeoe publicizaccedilatildeo das estruturas utilizadas para a praacutetica de violaccedilotildeesde direitos humanos suas ramificaccedilotildees nos diversos aparelhos deEstado e em outras instacircncias da sociedade entre outrasNota-se portanto que as discussotildees acerca da criaccedilatildeo de uma
Comissatildeo da Verdade jaacute estavam avanccediladas e bem estruturadas noiniacutecio do ano de 2010 10 meses antes da publicaccedilatildeo da sentenccedilada Corte IDH ndash o que mostra a existecircncia de uma agenda estatalque jaacute estava preocupada com a instalaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo comoa atual CNVCorrobora esse argumento o comentaacuterio de um dos integran-
tes desse Grupo de Trabalho e atual membro da CNV que revelouque em nenhuma das reuniotildees do Grupo foi feita menccedilatildeo agrave sen-tenccedila da Corte IDH Tal afirmaccedilatildeo mostra entatildeo que a sentenccedila
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da Corte IDH natildeo impactou a constituiccedilatildeo da CNV no Brasil tendoem vista jaacute existir uma agenda estatal voltada para a criaccedilatildeo dessaComissatildeo a qual jaacute estaacute em plena atividade70
Assim diante do fato de que accedilotildees de estabelecimento de umaComissatildeo da Verdade tiveram iniacutecio antes de novembro de 2010data da sentenccedila da Corte IDH restou-lhe apenas reconhecer evalorizar a importacircncia da iniciativa do Estado Brasileiro em criara CNV destinada a contribuir para ldquoa construccedilatildeo e preservaccedilatildeo damemoacuteria histoacuterica o esclarecimento de fatos e a determinaccedilatildeo deresponsabilidades institucionais sociais e poliacuteticas em determina-dos periacuteodos histoacutericos de uma sociedaderdquo71
Entretanto a principal reivindicaccedilatildeo do SIDH ao Brasil eacute rejei-tada com veemecircncia pelo Estado a revogaccedilatildeo da Lei de AnistiaTrata-se de situaccedilatildeo em que a violaccedilatildeo decorre de uma poliacuteticade Estado defendida na esfera das razotildees puacuteblicas conforme indi-cado no proacuteximo toacutepico
42 QUANDO O ESTADO BRASILEIRO PROMOVE
E APOIA O ATO QUE GERA A VIOLACcedilAtildeO
Uma situaccedilatildeo bastante peculiar e que merece uma anaacutelise distin-ta eacute aquela na qual a violaccedilatildeo condenada pelo SIDH consiste emuma poliacutetica endossada publicamente pelo Estado No caso JuliaGomes Lund a manutenccedilatildeo da Lei de Anistia de constitucionali-dade confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ampara-seem um discurso de reconciliaccedilatildeo nacional e superaccedilatildeo do periacuteo-do ditatorial No caso Belo Monte a criaccedilatildeo de usinas hidreleacutetricasem terras indiacutegenas na regiatildeo amazocircnica integra projetos do Esta-do Brasileiro a partir da deacutecada de 1970 No caso Julia Gomes Lund o Brasil foi responsabilizado pela
manutenccedilatildeo de uma Lei de Anistia que impede a investigaccedilatildeo e acondenaccedilatildeo de agentes que realizaram crimes contra a humanida-de durante o periacuteodo da ditadura militar O governo contudodefende ateacute hoje a validade dessa norma aprovada durante o fimdo periacuteodo ditatorial A Lei federal n 6683 de 28 de agosto de 1979 (ldquoLei de Anistiardquo)
concedia anistia ampla e irrestrita a todos aqueles que cometeramdurante o periacuteodo de 2 de setembro de 1961 a 15 de agosto de1979 crimes natildeo soacute poliacuteticos mas tambeacutem de qualquer natureza
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considerados conexos aos crimes poliacuteticos (inclusive o de torturae assassinato de opositores do regime governamental vigente naque-le momento)A constitucionalidade desta lei foi questionada no STF pela
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) requerendo que a lei fosserevisada uma vez que ela excluiacutea a possibilidade de investigar e puniros responsaacuteveis pelos crimes cometidos durante o regime militar Oobjetivo da accedilatildeo portanto era assegurar que o dever do Estado deinvestigar e punir os responsaacuteveis pelas violaccedilotildees de Direitos Huma-nos fosse cumprido de modo a evitar a impunidade e prevenir aocorrecircncia de novas violaccedilotildees O STF no entanto julgou a accedilatildeoimprocedente e com isso declarou vaacutelida a Lei da Anistia do modocomo foi editada em 1979 Por sete votos a dois os ministros deci-diram que o perdatildeo foi parte de um acordo feito pela sociedade naeacutepoca e valeu tambeacutem para os agentes estatais responsaacuteveis por assas-sinatos sequestros e torturas contra opositores da ditadura militar(1964-1985) Desse modo a anistia aos torturadores foi mais uma vezreiterada por um dos poderes do Estado neste caso o JudiciaacuterioEssa situaccedilatildeo juriacutedica portanto afeta a concretizaccedilatildeo de alguns
pontos resolutivos da sentenccedila da Corte IDH em especial aqueleque estabelece que ldquoO Estado deve conduzir eficazmente perantea jurisdiccedilatildeo ordinaacuteria a investigaccedilatildeo penal dos fatos do presentecaso a fim de esclarececirc-los determinar as correspondentes respon-sabilidades penais e aplicar efetivamente as sanccedilotildees e consequecircnciasque a lei preveja []rdquoTodavia o Ministeacuterio Puacuteblico Federal tem adotado posiciona-
mento de que natildeo haacute real conflito entre a ADPF 153 e a sentenccedilade Julia Gomes Lund com base no argumento de que as decisotildeespodem ser compatibilizadas a partir da necessidade de realizaccedilatildeo deduplo controle das normas de direitos humanos o de constitucio-nalidade no acircmbito interno e o de convencionalidade no acircmbitointernacional Diante disso o MPF afirma que no caso da Anistia alei natildeo passou em um dos testes (de convencionalidade) devendoassim ser rejeitada como causa de exclusatildeo de punibilidadeDe toda forma as dificuldades da implementaccedilatildeo da sentenccedila
pelo Estado persistem Diante desses obstaacuteculos o MPF tomou a ini-ciativa de assumir o papel de realizador de um dos componentes dajusticcedila de transiccedilatildeo abrindo-se um novo canal de concretizaccedilatildeo da
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justiccedila de transiccedilatildeo no Brasil Isso se deu por meio dos esforccedilosempreendidos para realizar a persecuccedilatildeo penal contra as violaccedilotildeesaos direitos humanos cometidas por agentes do Estado no periacuteododa ditadura A atuaccedilatildeo do MPF contra os crimes ocorridos nessaeacutepoca estaacute detalhada no relatoacuterio divulgado pela 2ordf Cacircmara deCoordenaccedilatildeo e Revisatildeo do MPF72 De acordo com esse relatoacuterio oMPF instaurou 170 investigaccedilotildees criminais dirigidas agrave apuraccedilatildeo doscrimes de sequestro homiciacutedio e ocultaccedilatildeo de cadaacutever Aleacutem dissoforam ajuizadas quatro accedilotildees penais para puniccedilatildeo dos responsaacuteveisNo que diz respeito agrave implementaccedilatildeo da sentenccedila da Corte
IDH no caso Julia Gomes Lund afirma-se no relatoacuterio que
o GTJT entende que as accedilotildees penais e as investigaccedilotildeesinstauradas datildeo parcial cumprimento agrave obrigaccedilatildeo estabelecidano ponto resolutivo 9 da sentenccedila do caso Gomes Lundconsistente no dever do Estado brasileiro de promover a persecuccedilatildeo penal das graves violaccedilotildees a DH cometidasdurante o regime militar O GTJT tambeacutem entende que ainstauraccedilatildeo de investigaccedilotildees formais eacute um dever do Estadobrasileiro para com as viacutetimas dessas violaccedilotildees e a seusfamiliares os quais reivindicam haacute quatro deacutecadasprovidecircncias do Estado em relaccedilatildeo agrave apuraccedilatildeo do queocorreu com seus proacuteximos73
No caso Belo Monte pode-se identificar possiacuteveis violaccedilotildees a direi-tos humanos cometidas pelo proacuteprio Estado dessa vez dentro de suaagenda de desenvolvimento Trata-se de um caso bastante complexoe polecircmico uma vez que provocou e continua provocando episoacutediosde embate entre os povos indiacutegenas afetados pela construccedilatildeo da hidre-leacutetrica de Belo Monte e as autoridades estataisA tensatildeo entre os indiacutegenas e o governo iniciou-se na deacutecada
de 1970 com o primeiro estudo sobre o potencial hidreleacutetrico dorio Xingu encomendado ao Consoacutercio Nacional de EngenheirosConsultores SA pela Eletronorte Em 1979 o Consoacutercio concluiuo estudo afirmando que o ldquoaproveitamento oacutetimordquo daquela baciahidrograacutefica dependia de um conjunto de seis barragens das quaiscinco situadas no rio Xingu e uma no Rio Irir i Dentre outrasconsequecircncias o Complexo Hidreleacutetrico do Xingu atingiria 40
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povos indiacutegenas desde a Terra Indiacutegena (TI) Paquiccedilamba na VoltaGrande do Xingu (Estado do Paraacute) ateacute o Parque Indiacutegena do Xinguno estado do Mato Grosso74
Durante a deacutecada de 1980 foram realizados os estudos de viabili-dade do Complexo (de) Altamira ndash projeto que envolvia a construccedilatildeodas mega-hidreleacutetricas Kararaocirc e Babaquara Somadas as represasdessas usinas alagariam uma aacuterea de 7000 km2 aproximadamenteDentre outras consequecircncias ao menos seis TIs seriam completa-mente alagadas (Koatinemo Araweteacute do Ipixuna Kararaocirc AraraArara da Volta Grande do Xingu Trincheira-Bacajaacute) e a TI Paqui-ccedilamba seria ilhada75 Em marccedilo de 1988 o Departamento Nacionalde Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) aprovou o Relatoacuterio final dosestudos de inventaacuterio 76 e a Eletronorte anunciou o projeto77
Nesse mesmo ano poreacutem irrompeu um forte movimento con-traacuterio ao Complexo (de) Altamira Indiacutegenas intelectuais e ativistasinternacionalizaram o conflito ao promoverem audiecircncias comONGs e com o Banco Mundial aleacutem disso o ldquoI Encontro dos PovosIndiacutegenas do Xingurdquo deu forte repercussatildeo ao caso78 Como con-sequecircncia o Banco Mundial retirou o financiamento previsto79 eo custo poliacutetico-social da obra tornou-se demasiado para a recen-te democracia brasileira O projeto do Complexo de Altamira foientatildeo arquivado
Poreacutem na deacutecada de 1990 surge o projeto do Aproveitamen-to Hidreleacutetr ico Belo Monte uma versatildeo reformulada do projetoanterior
Uma seacuterie de irregularidades na conduccedilatildeo do projeto motivouo Ministeacuterio Puacuteblico Federal do Paraacute (MPF) a mover uma accedilatildeo civilpuacuteblica (ACP 20013900005867-6 5850-7320014013900)80
contra a Eletronorte (empresa responsaacutevel pelo empreendimento)Ao final de 2002 o STF confirmou a decisatildeo liminar de primeirainstacircncia que suspendia o processo de licenciamento da obra81
Aleacutem de reconhecer irregularidades na licitaccedilatildeo e no licenciamen-to do Aproveitamento Hidreleacutetrico Belo Monte o STF confirmoua necessidade da autorizaccedilatildeo do Congresso Nacional precedida daoitiva dos povos indiacutegenas afetados para que o empreendimentopudesse ser executado82
Em 2005 poreacutem o projeto eacute relanccedilado Para resolver os proble-mas reconhecidos anos antes pelo STF o licenciamento ambiental
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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da obra passa a ser feito pelo Ibama83 Aleacutem disso o deputado fede-ral Fernando Ferro (do mesmo partido do governo federal)84
apresenta ao Congresso Nacional uma proposta de autorizaccedilatildeo parao Poder Executivo implantar o Aproveitamento Hidreleacutetrico BeloMonte85 Em tempo recorde a proposta foi aprovada e publicada naforma do Decreto Legislativo n 788200586
Ainda em 2005 o MPF em conjunto com a sociedade civil impe-trou accedilatildeo direta de inconstitucionalidade contra tal DecretoLegislativo (DL) com fundamento na falta de consulta agraves comuni-dades indiacutegenas Com base em um argumento processual o STF natildeoconheceu a accedilatildeo87
Em 2006 o MPF propocircs uma nova accedilatildeo civil puacuteblica cujo obje-tivo era ldquoobstar o processo de licenciamento no Ibamardquo e anular oDL88 Essa accedilatildeo gerou cinco decisotildees em primeiro grau em um pri-meiro momento o licenciamento foi paralisado e o DL foi declaradoinvaacutelido depois de algumas inversotildees de entendimento em duasinstacircncias em 2007 o STF liberou o licenciamento e declarou avalidade do DL (essa decisatildeo seraacute explorada mais adiante)89
Entre 2007 e 2010 o MPF promoveu seis accedilotildees (quatro accedilotildees civispuacuteblicas e duas accedilotildees de improbidade)90 referentes a irregularidadesno processo de licenciamento do Aproveitamento Hidreleacutetrico BeloMonte Mesmo assim no dia 1ordm de fevereiro de 2010 o Ibama con-cedeu a licenccedila preacutevia para a construccedilatildeo do empreendimento Apesar de natildeo cumprida boa parte das condicionantes constan-
tes da licenccedila preacutevia em 26 de janeiro de 2011 o Ibama concedelicenccedila parcial de instalaccedilatildeo com a qual o Consoacutercio Norte Energiaestaria habilitado para a construccedilatildeo do canteiro de obras de BeloMonte No dia seguinte o MPF propotildee ainda uma nova accedilatildeo civilpuacuteblica para suspender a licenccedila sem sucesso91
Entatildeo em 1ordm de abril de 2011 a CIDH outorgou medida cau-telar em favor dos povos indiacutegenas da Volta Grande do Xinguem resultado de provocaccedilatildeo por um grande nuacutemero de membrosda sociedade civil organizada no ano anterior A Comissatildeo soli-citou ao Governo Brasileiro a suspensatildeo imediata do processode licenciamento de Belo Monte e o impedimento da realiza-ccedilatildeo da obra ateacute que fossem satisfeitas trecircs condiccedilotildees os povosindiacutegenas deveriam ser consultados sobre o empreendimento ospovos indiacutegenas deveriam ter acesso ao EIARIMA antes de dita
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consulta preacutevia e medidas de proteccedilatildeo aos povos indiacutegenasdeveriam ser adotadasPosteriormente com base nas informaccedilotildees enviadas pelo Estado
brasileiro e pelos peticionaacuterios a CIDH modificou o teor da medi-da e solicitou (i) a adoccedilatildeo de medidas para a proteccedilatildeo da sauacutede e dacultura dos povos indiacutegenas isolados e a elaboraccedilatildeo e implementa-ccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo dos efeitos da construccedilatildeo do AproveitamentoHidreleacutetrico Belo Monte (ii) a adoccedilatildeo de medidas de proteccedilatildeo agravesauacutede das comunidades indiacutegenas do Xingu que incluiacutessem (a) oPrograma Integrado de Sauacutede Indiacutegena e (b) a implementaccedilatildeo dosprogramas requeridos pela Funai (PT 2109)92 (iii) a demarcaccedilatildeo dasterras ancestrais dos povos indiacutegenas da regiatildeo e proteccedilatildeo destas con-tra invasotildees e ocupaccedilotildees por natildeo indiacutegenas A solicitaccedilatildeo anterior deldquoconsulta preacuteviardquo por sua vez foi transformada em discussatildeo de meacuteri-to transcendendo o acircmbito da MC 38210A medida cautelar foi recebida de maneira diversa por trecircs ato-
res diferentes A primeira manifestaccedilatildeo do Brasil em relaccedilatildeo agrave medidacautelar ocorreu no dia 5 de abril de 2011 em nota puacuteblica divul-gada pelo Itamaraty que expressava perplexidade em relaccedilatildeo ao teordas solicitaccedilotildees da CIDH consideradas precipitadas e injustificadas93
Reforccedilando essa posiccedilatildeo no dia 1ordm de junho o Ibama concedeu alicenccedila definitiva94Aleacutem disso em 27 de outubro de 2011 o Gover-no brasileiro deixou de comparecer agrave audiecircncia marcada pela CIDHpara discussatildeo da medida cautelar95 Em janeiro de 2012 iniciaram-se as obras do Aproveitamento Hidreleacutetrico Belo Monte96
Em relaccedilatildeo aos movimentos sociais entre os meses de maio eoutubro de 2011 foram feitas manifestaccedilotildees puacuteblicas em apoio agravemedida cautelar que foram noticiadas amplamente nas miacutediassociais A Comissatildeo de Direitos Humanos da Cacircmara Federal aPlataforma Brasileira de Direitos Humanos Econocircmicos SociaisCulturais e Ambientais (Plataforma Dhesca) a Anistia Internacio-nal organizaccedilotildees latino-americanas e cerca de 90 organizaccedilotildeesnacionais e internacionais expressaram apoio agraves recomendaccedilotildees daCIDH e condenaram a postura assumida pelo Estado brasileiroFinalmente em relaccedilatildeo ao MPF a medida cautelar outorgada
pela Comissatildeo pareceu respaldar a posiccedilatildeo dos membros da ins-tituiccedilatildeo contra possiacuteveis irregularidades Ainda que natildeo tenha sidoutilizada a medida em si como um fator inibidor da construccedilatildeo
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da usina accedilotildees posteriores promovidas pelo oacutergatildeo sugerem quea medida proporcionou um novo argumento juriacutedico para a atua-ccedilatildeo dos procuradores federais97
Para uma compreensatildeo mais profunda do impacto dessa medidacautelar eacute preciso considerar a dimensatildeo poliacutetica do Aproveitamen-to Hidreleacutetrico Belo Monte De certo modo eacute possiacutevel dizer que adecisatildeo do STF de 2007 revelou o espaccedilo ocupado pelo projetoBelo Monte no conjunto de interesses do Estado brasileiro Isso por-que segundo a Ministra Relatora Ellen Gracie agrave eacutepoca Presidentedaquele Tribunal Belo Monte seria parte essencial da poliacutetica ener-geacutetica nacional e estaria inserida no cronograma governamental deplanejamento estrateacutegico do setor eleacutetrico a sua inviabilizaccedilatildeo por-tanto comprometeria dito planejamento 98
O atual interesse do Estado brasileiro no potencial hidreleacutetricoda Amazocircnia tem raiacutezes histoacutericas e funccedilatildeo estrateacutegica Em meadosda deacutecada 1980 o ldquoPlano Nacional de Energia Eleacutetrica 19872010rdquo99
jaacute afirmava ldquoo aproveitamento do rio Xingu se constituiraacute possi-velmente no maior projeto nacional no final deste seacuteculo e comeccedilodo proacuteximordquo De acordo com esse Plano 175 usinas hidreleacutetricasdeveriam ser construiacutedas ateacute o ano de 2010 no Brasil ndash 40 na Ama-zocircnia Legal100
Posteriormente o Plano Nacional de Energia 2030 elaborado em2007 constatou que a maior parte da energia eleacutetrica produzida noBrasil eacute proveniente de usinas hidreleacutetricas em 2005 a energiahidreleacutetrica equivalia a 75 da ldquopotecircncia instaladardquo e gerou 93 daenergia requerida pelo Sistema Interligado Nacional A bacia doAmazonas por sua vez eacute considerada o maior potencial hidreleacutetri-co brasileiro101
Talvez por isso a construccedilatildeo de Belo Monte passou a ser con-siderada a principal obra do Programa de Aceleraccedilatildeo do Crescimento(PAC)102 lanccedilado em 2007 pelo Governo Federal De acordo como ex-Ministro do Meio Ambiente Carlos Minc Belo Monte era ldquoamaior obra do PAC a mais polecircmica e a terceira hidreleacutetrica domundordquo103 Na lista das 10 obras mais importantes do Programade Aceleraccedilatildeo do Crescimento 2 (PAC 2) figuram trecircs usinas hidre-leacutetricas todas situadas na regiatildeo Norte do paiacutes104 e Belo Monteeacute ldquoo principal projeto energeacutetico [] e uma das grandes priori-dades do programardquo105
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Em uma perspectiva poliacutetica o intervalo desde as primeirasmovimentaccedilotildees de criaccedilatildeo do projeto ateacute hoje (1975-2013) foi umperiacuteodo de intensas transformaccedilotildees Aleacutem da transiccedilatildeo do regimemilitar para o regime constitucional-democraacutetico o Brasil teve seiseleiccedilotildees presidenciais diretas106 oito Presidentes da Repuacuteblica107 evivenciou o processo de impeachment do Presidente Fernando Col-lor (1992)108 Apesar disso o interesse estatal de exploraccedilatildeo dopotencial energeacutetico do rio Xingu permaneceu inalterado O que os fatos indicam eacute que o projeto de construccedilatildeo do Apro-
veitamento Hidreleacutetrico Belo Monte natildeo eacute fruto da vontade de umgoverno ou de um governante especiacutefico apenas mas que tal pro-jeto eacute antes resultado de um interesse de Estado ndash um interesseque se poderia considerar suprapartidaacuterio enraizado e imbricadonas mais profundas concepccedilotildees sobre desenvolvimento do paiacutes Por essa perspectiva o conflito de Belo Monte ganha uma
dimensatildeo poliacutetica complexa Isso porque a ameaccedila ldquoagrave vida e agrave inte-gridade pessoal dos membrosrdquo109 das Comunidades Indiacutegenas daBacia do rio Xingu decorrente da possiacutevel construccedilatildeo de BeloMonte eacute resultado de uma poliacutetica estatal histoacuterica e bem defini-da de desenvolvimento estrateacutegico de um setor ldquoestruturante dopaiacutesrdquo o setor energeacutetico Em siacutentese os casos apresentados permitem a conclusatildeo de que
o adimplemento das medidas do SIDH eacute mais dificultoso quandoa violaccedilatildeo em questatildeo decorre de uma poliacutetica puacuteblica do EstadoContudo as medidas nestes casos ainda assim podem ser apropria-das por atores estatais e pela sociedade civil organizada
43 QUANDO HAacute CASO DE VIOLACcedilAtildeO EM AcircMBITO LOCAL
Um terceiro fator que influencia a implementaccedilatildeo eacute a natureza fede-ral do Estado brasileiro Haacute violaccedilotildees que envolvem apenascompetecircncias federais Nessas situaccedilotildees natildeo se confere tanta impor-tacircncia agrave estrutura federativa do Brasil exceto se as poliacuteticas nacionaisdependerem de Estados e Municiacutepios No entanto haacute outros casos emque as competecircncias envolvidas para o cumprimento das medidasdeterminadas no SIDH pertencem tambeacutem ou exclusivamente a Esta-dos ou Municiacutepios No decorrer dos processos perante a Comissatildeo Interamericana
o Governo Federal normalmente representado pela SDH procura
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compartilhar responsabilidades com o Estado federado tentandoenvolvecirc-lo ao maacuteximo na tentativa de soluccedilatildeo amistosa ou naimplementaccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeo Isso eacute valorizado prin-cipalmente pelo efeito pedagoacutegico desse envolvimento jaacute que a maiorparte das violaccedilotildees se daacute em acircmbito local110A situaccedilatildeo eacute diferente sea condenaccedilatildeo for pela Corte Interamericana visto que o governo fede-ral torna-se responsaacutevel internacionalmente pela implementaccedilatildeo dasmedidas Essa dinacircmica precisa ser reconhecida como um fator rele-vante na implementaccedilatildeo das medidas impostas pelo SIDH Como jaacute visto por natildeo haver mecanismo de execuccedilatildeo direta das
decisotildees ou recomendaccedilotildees do Sistema Interamericano a implemen-taccedilatildeo ocorre eminentemente por razotildees poliacuteticas Natildeo soacute ao chegaremao Brasil pelos oacutergatildeos federais que normalmente lidam com os casosem todas as suas fases (MRE SDH e AGU) mas tambeacutem pelos entesfederados Durante boa parte das atuaccedilotildees da SDH quando ficou agravefrente da organizaccedilatildeo de implementaccedilotildees de recomendaccedilotildees oumedidas de condenaccedilatildeo seu trabalho foi convencer os oacutergatildeos locaisenvolvidos de que a implementaccedilatildeo deveria ser feita111
Se de um lado haacute dificuldades em se lidar com outras entidadesfederativas que natildeo satildeo obrigadas por quaisquer mecanismos a cola-borar com a implementaccedilatildeo por outro as recomendaccedilotildees daComissatildeo ou as condenaccedilotildees da Corte agregam peso ao esforccedilo deconvencimento da SDH sobre os representantes do ente federado Apresenccedila desse elemento externo de um terceiro cuja funccedilatildeo eacute exclu-sivamente defender direitos humanos muitas vezes eacute positiva jaacute quea oposiccedilatildeo poliacutetica que eventualmente haacute em relaccedilatildeo ao governo fede-ral pode se dissolverO fator do ocircnus poliacutetico da violaccedilatildeo para o poder local eacute essen-
cial para possibilitar soluccedilotildees amistosas O orccedilamento vinculado aopagamento das indenizaccedilotildees coordenadas pela SDH soacute eacute mobiliza-do para pagamento quando haacute casos jaacute julgados pela Corte Assimcom exceccedilatildeo do caso Joseacute Pereira jaacute visto112 em soluccedilotildees amistosaseacute sempre o Estado federado que deve se responsabilizar por talpagamento Tambeacutem eacute o Estado federado que internamente se res-ponsabiliza pelo cumprimento dos outros pontos acordados Como visto anteriormente a preexistecircncia de agenda federal
e local de combate ao trabalho escravo pode ter sido causa deminimizaccedilatildeo dos custos da soluccedilatildeo amistosa do caso Joseacute Pereira
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Jaacute na segunda soluccedilatildeo amistosa brasileira o caso Meninos emascula-dos do Maranhatildeo parece ter sido alcanccedilada por conta de um conjuntode fatores de pressatildeo poliacutetica em que a miacutedia parece ter ocupadolugar de destaque O proacuteprio nome do caso ldquoMeninos emasculadosdo Maranhatildeordquo foi o utilizado pela miacutedia brasileira para se referira uma seacuterie de homiciacutedios e mutilaccedilotildees genitais de meninos entre4 e 15 anos ao mesmo tempo em que ocorriam os trabalhos paraos acordos da soluccedilatildeo amistosa na CIDH foi crescente o debateacerca do caso no Brasil Primeiramente foi notaacutevel o iniacutecio de uma preocupaccedilatildeo nas
vaacuterias instacircncias governamentais sobre o tema Em 2003 foi inicia-da uma investigaccedilatildeo pelo Poder Legislativo sobre as situaccedilotildees deviolecircncia e redes de exploraccedilatildeo sexual de crianccedilas e adolescentes noBrasil Os casos dos meninos emasculados tanto do Maranhatildeo comode Altamira foram utilizados no relatoacuterio apresentado em 2004113
tendo como encaminhamento o envio de documentaccedilatildeo ao Minis-teacuterio Puacuteblico Estadual para agilizaccedilatildeo das investigaccedilotildees Tambeacutem em2003 a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadatildeo em seu rela-toacuterio de atividades menciona ter participado de reuniatildeo com asfamiacutelias dos meninos emasculados de audiecircncia puacuteblica sobre o casode reuniatildeo na Superintendecircncia da Poliacutecia Federal com os policiaisencarregados da investigaccedilatildeo e de reuniatildeo com os integrantes doCentro de Defesa dos Direitos da Crianccedila e do Adolescente PadreMarcos Passerini Apoacutes firmada a soluccedilatildeo amistosa a CIDH realizou acompanha-
mento da implementaccedilatildeo das medidas acordadas Em seus relatoacuteriosanuais a Comissatildeo demonstrou especial preocupaccedilatildeo com o cum-primento das medidas de natildeo repeticcedilatildeo que representavam para ooacutergatildeo o maior desafio Em 2008 as medidas foram consideradastotalmente cumpridas pelo Estado brasileiro Apoacutes a celebraccedilatildeo da soluccedilatildeo amistosa houve aparente interes-
se do Governo do Estado do Maranhatildeo em cumprir as medidas114
Em 2007 o entatildeo governador do Maranhatildeo Jackson Lago criou aComissatildeo Estadual de Acompanhamento e Execuccedilatildeo do Acordo deSoluccedilatildeo Amistosa do Caso dos Meninos Emasculados composta dasSecretarias de Estado dos Direitos Humanos Sauacutede EducaccedilatildeoDesenvolvimento Social Seguranccedila Cidadatilde Defensoria Puacuteblica eAssessoria Especial do Governador115
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Em abril de 2006 as famiacutelias das viacutetimas comeccedilaram a receber apensatildeo mensal do Governo maranhense e foram incluiacutedas nos pro-gramas de Habitaccedilatildeo do Governo Federal Apoacutes um ano em maiode 2007 a Comissatildeo Estadual visitou as famiacutelias para verificar o cum-primento das medidas e as suas condiccedilotildees de moradia Houve umaseacuterie de reclamaccedilotildees das famiacutelias em relaccedilatildeo agrave estrutura das casasEm consequecircncia a Comissatildeo se reuniu com a Secretaria de Estadode Desenvolvimento das Cidades para discutir melhorias Posteriormente em setembro de 2011 apoacutes encontro com um
grupo de matildees dos meninos a presidente da Comissatildeo de DireitosHumanos e das Minorias da Cacircmara dos Deputados116 deputada Eli-ziane Gama alegou que as medidas da soluccedilatildeo amistosa natildeo estavamsendo inteiramente cumpridas117 Segundo a deputada ao longo dos5 anos as casas previstas no documento foram construiacutedas mas natildeoforam repassadas legalmente para as famiacutelias a pensatildeo estabelecidaestava sem reajuste e as famiacutelias natildeo estatildeo sendo inseridas em pro-gramas de assistecircncia social do GovernoApesar da inclusatildeo em 2005 do municiacutepio de Satildeo Luiacutes no Progra-
ma de Accedilotildees Integradas e Referenciais de Enfrentamento agrave ViolecircnciaSexual contra Crianccedilas e Adolescentes no Territoacuterio Brasileiro(PAIR) e da criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Luta contra a ViolecircnciaSexual contra a Crianccedila e o Adolescente bem como o Sistema Inte-rinstitucional de Accedilotildees Antidrogas (SIAD) parece que natildeo houveefetiva melhoria do atendimento nas delegacias especializadas emviolecircncia contra a crianccedila e o adolescente Segundo relatoacuterio da 1ordfPromotoria do Controle Externo da Atividade Policial a Delegaciade Proteccedilatildeo agrave Crianccedila e ao Adolescente (DPCA) foi considerada apior das especializadas na capital maranhense118
Quanto a casos julgados na Corte Interamericana destacam-senovamente os casos Garibaldi e Escher e outros A questatildeo federalaparece nos dois casos como um obstaacuteculo agrave implementaccedilatildeo dasdecisotildees principalmente enquanto as denuacutencias permaneceram noacircmbito da Comissatildeo Isso porque a Assessoria Internacional da SDHteria tido problemas em acessar os atores locais por conta de faltade cooperaccedilatildeo dos poderes locais119 A uacutenica voz a favor da imple-mentaccedilatildeo dentro do Estado do Paranaacute foi o Ministeacuterio Puacuteblico120
No caso Escher e outros na peticcedilatildeo submetida agrave Corte a Comis-satildeo explicou que a Secretaria de Direitos Humanos da Presidecircncia
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(acircmbito federal) natildeo concretizou as negociaccedilotildees com o governo doEstado do Paranaacute (acircmbito estadual) para efetivar as reparaccedilotildees nosprazos concedidos121 Em nota de 21 de setembro de 2007 porexemplo o governo brasileiro sustentou que trabalhava junto aoEstado do Paranaacute para que fosse indicado um interlocutor especiacuteficopara dar seguimento ao trabalho de implementar as recomendaccedilotildeessalientando que o esforccedilo de convencimento junto aos entes esta-duais era ldquoum trabalho permanente e que por vezes demanda maiortempo de maturaccedilatildeordquo122
Dois fatores mitigaram esses problemas de implementaccedilatildeo Em pri-meiro lugar no tocante agrave obrigaccedilatildeo de investigar destacou-se apostura do Ministeacuterio Puacuteblico do Estado do Paranaacute123 que trabalhouem contato com a SDH para realizar as investigaccedilotildees Em segundolugar especificamente no tocante agrave obrigaccedilatildeo de publicar a senten-ccedila e indenizar as viacutetimas destacou-se a mudanccedila das responsabilidadesocasionada pelas condenaccedilotildees no acircmbito da Corte InteramericanaNo caso Garibaldi ao tomar ciecircncia que algumas testemunhas que
natildeo foram ouvidas no inqueacuterito policial estavam prestando depoi-mento perante a Corte um membro do Ministeacuterio Puacuteblico fez arequisiccedilatildeo de desarquivamento do inqueacuterito em abril de 2009 e emjulho de 2011 ofereceu denuacutencia contra um dos suspeitos do assas-sinato de Seacutetimo Garibaldi O TJPR no entanto determinou o fimda accedilatildeo penal a despeito de ter reconhecido explicitamente que oreferido desarquivamento atendia agrave decisatildeo da Corte Interamerica-na de Direitos Humanos A accedilatildeo encontra-se atualmente no STJ Emvirtude disso a Corte deixou em aberto o ponto na sua resoluccedilatildeo deSupervisatildeo de Cumprimento de Sentenccedila de 2012Em Escher e outros o Ministeacuterio Puacuteblico tambeacutem verificou a pos-
sibilidade de investigar e punir os responsaacuteveis pela interceptaccedilatildeoe divulgaccedilatildeo das conversas telefocircnicas Entretanto por conta daprescriccedilatildeo dos crimes concluiu pela inviabilidade da abertura deinqueacuterito criminal apenas para se elucidar o fato sem que isso resul-tasse em efetiva puniccedilatildeo124 Nesse ponto a Corte Interamericanarepetiu entendimento no qual a prescriccedilatildeo poderia ser um obstaacute-culo legiacutetimo ao cumprimento em casos de violaccedilatildeo de direitoshumanos menos graves e reconheceu que ldquofoi determinado que seinvestigasse penalmente determinadas condutas e fossem estabele-cidas as consequecircncias que a Lei previsse o qual natildeo descartava a
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possibilidade de que a accedilatildeo penal a respeito dos fatos a serem inves-tigados estivesse prescritardquo125
Finalmente em relaccedilatildeo ao segundo ponto se medidas de provi-decircncia domeacutestica para os casos avanccedilaram enquanto estiveram naComissatildeo a condenaccedilatildeo do Brasil pela Corte alterou a maneira comoas reparaccedilotildees deveriam ser feitas jaacute que tais obrigaccedilotildees passaram aser primariamente da Uniatildeo Nesse sentido a SDH pocircde atuar commaior intensidade Isso se refletiu tanto na obrigaccedilatildeo de indenizarcumprida sob a rubrica orccedilamentaacuteria do proacuteprio oacutergatildeo126 como naobrigaccedilatildeo de publicar a sentenccedila feita dentre outros no proacuteprio siteda Secretaria127Ambos os cumprimentos se deram dentro do prazoassinalado na sentenccedila128
Um paralelo entre os dois casos apresentados e o caso Maria daPenha pode ser feito sob o prisma da questatildeo federal Nesse senti-do ressalta-se que Maria da Penha vs Brasil foi um caso decididono acircmbito da Comissatildeo em que se fixaram obrigaccedilotildees semelhan-tes de investigaccedilatildeo e indenizaccedilatildeo ao Estado brasileiro Por setratarem de recomendaccedilotildees caberia ao governo e ao Judiciaacuterio doEstado do Cearaacute onde ocorreu a violaccedilatildeo de direitos conduzirema implementaccedilatildeo das medidasNo entanto o Estado do Cearaacute permaneceu inerte durante vaacuterios
anos apoacutes a condenaccedilatildeo sem que a Uniatildeo tambeacutem tomasse qual-quer atitude em relaccedilatildeo a essa inatividade129 Durante seis anos asreparaccedilotildees materiais natildeo puderam ser obtidas porque dependiam daassunccedilatildeo de compromisso pelo Estado do Cearaacute130 Somente em2006 com a mudanccedila de governo negociaccedilotildees foram iniciadas entreos atores envolvidos131 Essas conversas resultaram no compromis-so assumido e concretizado pelo Estado de indenizar materialmenteMaria da Penha Maia Fernandes132
A mesma dificuldade se verificou no cumprimento da obriga-ccedilatildeo de investigar os responsaacuteveis pela demora no processo criminalEm 2007 as peticionaacuterias assinalaram que o Estado natildeo havia con-seguido elucidar nem atribuir as responsabilidades em virtude dasdificuldades oferecidas pelo Tribunal estadual133 Em 2008 entatildeoo caso foi submetido ao CNJ134 Desde entatildeo a apuraccedilatildeo dos res-ponsaacuteveis pela demora ocorre em niacutevel federalNo entanto o caso Maria da Penha tambeacutem nos conduz agrave con-
clusatildeo de que a questatildeo federal embora importante para a ldquomarcha
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da implementaccedilatildeordquo das decisotildees do Sistema Interamericano natildeo eacuteo uacutenico fator de influecircncia Em primeiro lugar isso resta evidencia-do pelo fato de que a Comissatildeo ainda natildeo considerou integralmentecumpridas obrigaccedilotildees impostas para a Federaccedilatildeo como um todoMuito embora as poliacuteticas puacuteblicas dependam da adesatildeo dos Esta-dos-membros a proacutepria Comissatildeo ainda natildeo considerou satisfeitasas obrigaccedilotildees de tratamento contra a discriminaccedilatildeo das mulheres emmateacuteria de violecircncia domeacutestica135 Haacute relatos de que esses Estadosfederais tecircm problemas de descumprimento com questotildees que natildeosatildeo de competecircncia federal mas a explicaccedilatildeo que natildeo podem cum-prir por conta do federalismo tambeacutem surge em questotildees que natildeodependem da estrutura federal136
Em segundo lugar a proacutepria Comissatildeo reconheceu que os pri-meiros avanccedilos na mateacuteria de direitos humanos ocorreram com ainstalaccedilatildeo do Conselho Estadual sobre a Condiccedilatildeo da Mulher emSatildeo Paulo em 1983 Natildeo eacute descabido entatildeo considerar que o fede-ralismo tambeacutem pode abrir a oportunidade de que os proacutepriosEstados sejam responsaacuteveis por importantes avanccedilos em mateacuteria deproteccedilatildeo de direitos humanos antes mesmo que poliacuteticas semelhan-tes sejam estabelecidas em niacutevel federal
44 QUANDO A CAUSA Eacute APROPRIADA PELOS
ATORES ENVOLVIDOS NO CASO CONCRETO
Um uacuteltimo aspecto analisado na presente obra diz respeito agrave espe-cificidade de alguns relatoacuterios ou algumas condenaccedilotildees que emcertos contextos natildeo permitem a extrapolaccedilatildeo do caso individualpara uma situaccedilatildeo coletivaEacute usual que o SIDH seja criticado ao tomar medidas amplas e
geneacutericas como ldquodar continuidaderdquo a determinada poliacutetica puacuteblicae por outro lado louvado ao tomar medidas mais concretas A basedessa criacutetica estaacute ligada a uma determinada concepccedilatildeo de eficiecircn-cia das medidas Diraacute um defensor do argumento que medidas maismodestas por serem objetivas permitem um maior grau de cobran-ccedila e de verificaccedilatildeo da implementaccedilatildeo Esse argumento contudoconta apenas parte da histoacuteriaDe fato quanto mais individualizada e concreta a medida maior
a chance de sua implementaccedilatildeo contudo menor eacute a chance de seuimpacto No Brasil as instituiccedilotildees tiveram sucesso em demonstrar
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que conseguem se mobilizar de forma a lidar com a questatildeo indi-vidualizada em seu ponto especiacutefico sem qualquer atuaccedilatildeo emniacuteveis estruturais como ocorreu e ocorre nos casos Escher e outrose Garibaldi No entanto em um caso como Belo Monte no qual natildeohouve qualquer cooperaccedilatildeo do Governo brasileiro atores institu-cionais (como o MPF) e a sociedade civil organizada puderam sevaler da recomendaccedilatildeo da CIDH para pressionar os oacutergatildeos poliacuteti-cos nacionais
Tanto o caso Escher e outros como o caso Garibaldi tratam de vio-laccedilotildees decorrentes dos graves e persistentes conflitos agraacuterios no paiacutesConforme reconhecido pela Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos ldquoa concentraccedilatildeo de terra no Brasil eacute uma das maiores domundordquo de modo que ldquoaproximadamente 1 da populaccedilatildeo deteacutem46 de todas as terrasrdquo dentre as quais haacute um enorme percentual deterras improdutivas Trata-se enfim de ldquoum modelo econocircmico quefavoreceu a grande propriedade privada frente agraves necessidades dostrabalhadores ruraisrdquo137 Todavia em ambos os casos o contexto socialamplo natildeo foi atacado pelas medidas impostas pelo SIDH
No caso Escher e outros o grampo telefocircnico e sua divulgaccedilatildeoilegal geraram especialmente reparaccedilotildees indenizatoacuterias para as viacuteti-mas sendo que a Corte Interamericana reconheceu seu integraladimplemento enquanto no caso Garibaldi as principais condena-ccedilotildees foram de natureza indenizatoacuteria e de retomada da investigaccedilatildeocriminal dos responsaacuteveis pelo assassinato de Seacutetimo Garibaldisendo que a Corte IDH ainda manteacutem o acompanhamento do pro-cesso judicial penal de responsabilizaccedilatildeo pelo assassinato Natildeohouve repercussatildeo para aleacutem dessa esfera
Essas observaccedilotildees surgiram em entrevista com membro doMinisteacuterio Puacuteblico do Estado do Paranaacute na qual ficou clara a orien-taccedilatildeo de resolver rapidamente e de forma qualificada a investigaccedilatildeocriminal relativa ao caso Seacutetimo Garibaldi em parte por convicccedilatildeopessoal dos promotores envolvidos e em parte para diminuir o des-gaste da imagem da instituiccedilatildeo decorrente da divulgaccedilatildeo dos fatosna miacutedia De todo modo nem o Ministeacuterio Puacuteblico e muito menoso Governo do Paranaacute realizaram accedilotildees de enfoque estrutural ou pre-ventivo para as graves violaccedilotildees decorrentes de conflitos fundiaacuterios
A natureza de decisotildees altamente individualizadas favoreceum cenaacuterio em que haacute poucos incentivos para que as instituiccedilotildees
PESQUISA DIREITO GV
50 sumaacuterio
envolvidas assumam o ocircnus poliacutetico de tomar medidas mais amplase ao mesmo tempo a decisatildeo do SIDH natildeo serve como instrumen-to para buscar medidas estruturais aos atores relevantes interessados Nos dois casos as questotildees de fundo foram abandonadas O gover-
no natildeo se sentiu pressionado a investigar ou prestar esclarecimentosobre as investigaccedilotildees relacionadas a associaccedilotildees ligadas ao Movimen-to dos Sem-Terra (MST) apoacutes o caso Escher e outros Tampouco houvepressatildeo para investigaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de contas em relaccedilatildeo ao siste-ma de reforma agraacuteria aos abusos cometidos por particulares queretomam para si terras que foram invadidas nem agrave impunidade dosatores poliacuteticos e judiciaacuterios que criminalizam movimentos sociaisApenas para exemplificar uma questatildeo de fundo sobre agentes
puacuteblicos que atuavam contra os movimentos sociais em ambos oscasos um dos pedidos rejeitados pela Corte Interamericana foio de ordenar a revogaccedilatildeo do tiacutetulo de cidadatilde honoraacuteria do Estadodo Paranaacute da juiacuteza Elizabeth Kather obtido em 2007 Conformeapontado no livro A era da indeterminaccedilatildeo138 a juiacuteza protagonizouescacircndalos midiaacuteticos em razatildeo da estreita relaccedilatildeo com a elitefazendeira local Mesmo um ano apoacutes a condenaccedilatildeo da Corte Inte-ramericana em dezembro de 2010 a juiacuteza Kather recebeu o tiacutetulode cidadatilde honoraacuteria do Municiacutepio de Loanda139
A Corte IDH deu pouca importacircncia agrave questatildeo do tiacutetulo hono-raacuterio da juiacuteza Kather Entretanto em um contexto como o brasileirocondenaccedilotildees simboacutelicas podem abrir portas para a extrapolaccedilatildeo dedemandas individualizadas para um niacutevel mais geral principalmen-te quando satildeo apropriadas por vaacuterios segmentos sociais No contextode implementaccedilatildeo poliacutetica as medidas do SIDH podem auxiliar ato-res mobilizados tal como ocorreu no caso Belo MonteConforme apresentado no toacutepico 42 a construccedilatildeo da Usina
Hidreleacutetrica Belo Monte a despeito da forte reaccedilatildeo negativa doGoverno brasileiro agrave medida cautelar do SIDH foi apropriadapelos agentes poliacuteticos envolvidos no caso (MPF e movimentossociais) e transformada em um instrumento poliacutetico e juriacutedico deenfrentamento Quanto aos movimentos sociais sugere-se a medi-da possibilitou a reafirmaccedilatildeo da criacutetica ao projeto Belo Monte eabriu novos espaccedilos puacuteblicos acerca do temaAssim avaliar a implementaccedilatildeo das medidas do SIDH que enfo-
cam apenas a conduta do Estado esconde os impactos que elas
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
51 sumaacuterio
podem ter fora do ambiente estatal Assim enquanto alguns casosnatildeo geram repercussatildeo mas satildeo implementados outros repercutemna sociedade e podem ateacute mesmo gerar uma conscientizaccedilatildeo maiorsobre determinada violaccedilatildeo de direitos humanos mesmo que a pos-tura estatal leve ao natildeo cumprimento da medida
CONCLUSAtildeO BALANCcedilO DE RESULTADOS E PARAcircMETROS DE IMPLEMENTACcedilAtildeONo Brasil natildeo haacute mecanismos institucionais especiacuteficos de implemen-taccedilatildeo de recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees do SIDH O adimplementointerno das medidas determinadas neste acircmbito decorre em sua maiorparte de decisotildees eminentemente poliacuteticas visto que depende da dis-posiccedilatildeo e da capacidade dos atores relevantes a cada novo evento Com isso a cada nova condenaccedilatildeo ou recomendaccedilatildeo a SDH e o
MRE precisam se engajar em negociaccedilotildees com as instituiccedilotildees e ato-res envolvidos muitas vezes em esferas estaduais No contextofederativo a ausecircncia de mecanismos coercitivos torna o cumprimen-to das decisotildees ainda mais imprevisiacutevel e a cada novo caso sujeitoao capital poliacutetico dos envolvidos ao seu interesse nas causas emquestatildeo e especialmente agrave qualidade das relaccedilotildees entre governosfederal e estadual Dessa forma o adimplemento no Brasil eacute permea-do de grande flexibilidade e potencial de experimentalismo uma vezque na maior parte dos casos haacute um alto custo poliacutetico envolvido nasnegociaccedilotildees de implementaccedilatildeoPara fazer suas anaacutelises e criacuteticas este trabalho partiu do termo
ldquoimplementaccedilatildeordquo no sentido usual do SIDH de adimplemento dasmedidas de condenaccedilatildeo recomendaccedilatildeo ou acordo Contudo a anaacute-lise qualitativa mostrou que esse tipo de avaliaccedilatildeo fica distante demedir o real impacto das decisotildees do SIDH no Brasil Dada a escassez de literatura nacional a este respeito foi reali-
zado um mapeamento dos efetivos mecanismos existentes no Brasilpara dar cumprimento agraves recomendaccedilotildees e decisotildees oriundas doSIDH no Brasil do que foi possiacutevel identificar o delicado equiliacute-brio das relaccedilotildees institucionais em niacutevel federal (MRE SDH eAGU) bem como das relaccedilotildees entre entes federativos Como con-sequecircncia foi apurado que o cumprimento eacute apenas uma dimensatildeodo adimplemento das medidas do SIDH
PESQUISA DIREITO GV
52 sumaacuterio
Foi possiacutevel identificar diversos fatores que interferem na coo-peraccedilatildeo de atores relevantes bem como na avaliaccedilatildeo de quandoocorre efetivamente o cumprimento Nesse sentido os principaisfatores identificados como possiacuteveis facilitadores da implementaccedilatildeodas medidas determinadas no acircmbito do sistema regional de prote-ccedilatildeo dos direitos humanos satildeo (i) a existecircncia de uma agenda poliacuteticapreacutevia em acircmbito local ou nacional em relaccedilatildeo ao tema da viola-ccedilatildeo (ii) decisotildees com fundamentaccedilatildeo de qualidade e generalidadesuficiente para permitir a sua apropriaccedilatildeo por atores estatais ou dasociedade civil organizada engajados em temas afetos agrave violaccedilatildeo e(iii) uma boa relaccedilatildeo entre Uniatildeo e Estados naqueles casos em quea implementaccedilatildeo natildeo depende de medidas unicamente federais Haacute portanto dois pontos de vista em questatildeo O primeiro deles
eacute o da Comissatildeo e da Corte Interamericana pelo qual eacute necessaacuterioe relevante que os Estados recebam uma chancela de adimplentesou inadimplentes perante o SIDH especialmente como forma depressatildeo poliacutetica O segundo ponto de vista eacute o de anaacutelise do impac-to das decisotildees e recomendaccedilotildees do SIDH que natildeo se confundecom a avaliaccedilatildeo de ldquocumprimentordquo ou ldquodescumprimentordquo feita pelaCorte e Comissatildeo nem se exaure nela Em um contexto de imple-mentaccedilatildeo eminentemente poliacutetica das decisotildees e recomendaccedilotildees doSIDH a implementaccedilatildeo depende em grande parte da presenccedila dosfatores de impacto detectados
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
53 sumaacuterio
APEcircNDICE CASOS QUE ENVOLVEM O BRASIL NO SIDH
I MEDIDAS CAUTELARES OUTORGADAS PELA
COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 32 (ENTRE 1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
54 sumaacuterio
CASO
MC 19911 ldquoP
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(2011)
MC 38210 ldquoU
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MC 11410 ldquoP
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LACcedilOtildeES)
CU
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ENTO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
55 sumaacuterio
MC 35102 ldquoR
OSEM
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(2010)
MC 22409 ldquoA
DOLESC
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RIVADOS DE
LIBERDADE NA UNIDADE DE IN
TERNACcedilAtildeO
SOCIOEDUCATIVA
(UNIS)rdquo (2009)
MC 23608 ldquoP
ESSOAS PRIVADAS DE LIB
ERDADE
NA PENITEN
CIAacuteRIA POLINTER
-NEVESrdquo (2009)
ldquoCASO ADOLESC
ENTES N
A CADEIA PUacuteBLICA DE
GUARUJAacuterdquo (2007)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS RECEBIDAS POR
FAMILIA
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SSINATO
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GRUPO DE EXTER
MIacuteNIO MESM
O APOacuteS MEDIDA
CAUTELA
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DENUacuteNCIA SOBRE CASOS DE MORTE E TO
RTURA
DE ADOLESC
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IacuteRITO SANTO
DENUacuteNCIAS SO
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IREITO
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SISTEMA CARCERAacuteRIO
SISTEMA CARCERAacuteRIO
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MEDIDAS CAUTELA
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CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL 140
PESQUISA DIREITO GV
56 sumaacuterio
ldquoCASO CENTRO DE DEFESA
DOS DIREITO
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CRIANCcedilA E D
O ADOLESC
ENTE D
O DISTR
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FEDERALrdquo (2006)
ldquoCASO MARIA APARECIDA DENADAIrdquo (2006)
MC 13006 ldquoP
ESSOAS DETID
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DELEG
ACIA DE POLIacuteCIArdquo (2006)
ldquoCASO RAPOSA SER
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DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
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DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
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DENUacuteNCIA SOBRE MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
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PROTECcedil
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IAacuteRIA 141
CUMPRIMENTO PARCIAL ATEacute FEVER
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2007 142SEM
INFORMACcedilAtildeO 143
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
57 sumaacuterio
MC 85204 ldquoC
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DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
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DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
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DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
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O SOFRIDOS POR ATIVISTA
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SEM INFORMACcedilAtildeO
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UMPRIMENTO (LEVA
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PESQUISA DIREITO GV
58 sumaacuterio
ldquoCASO IRINY NICOLAU CORRES LO
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MC 35102 ldquoC
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ldquoCASO DO POVO INDIacuteGENA XUCURUrdquo (2002)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
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ATIVISTA DE DIREITO
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IacuteRITO
SANTO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
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ADAS PELA
PROacutePRIA
POLIacuteCIA
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
TESTEMUNHAS E IN
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DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
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FRIDAS POR
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DIREITO
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Agrave VID
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DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
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PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROPRIEDADE E Agrave
GARANTIA JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
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A A INDIVIacuteD
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AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
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MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
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RIDADE FIacuteSIC
A DOS LIacuteD
ERES E PA
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OtildeES)
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VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
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OtildeES)
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CORRECcedilAtildeO DAS VIO
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CUMPRIMENTO INTEG
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SEM INFORMACcedilAtildeO (VIacuteTIM
A ASSA
SSINADA EM
2009)
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
59 sumaacuterio
ldquoCASO ELM
A SORAIA SOUZA NOVAISrdquo (2002)
ldquoCASO DOS PROMOTORES E D
OS DETEN
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PRISAtildeO
PUacuteBLICA DE SO
ROCABArdquo (2000)
ldquoCASO BENEDITO MARIANOrdquo (2000)
ldquoCASO CATH
ERINE HALVEYrdquo (2000)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
MAtildeE DE VIacuteTIM
A DE VIO
LEcircNCIA POLICIAL
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDA POR TESTEM
UNHAS
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR INVESTIG
ADOR DE VIO
LEcircNCIA
POLICIAL
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
DE DIREITO
S HUMANOS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (INVESTIG
ADOR)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA VIacuteTIM
A
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A E A
CAPAC
IDADE DE
PRESTA
R TESTEM
UNHO SEM
TEMER
REPRESAacute
LIAS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO INVESTIG
ADOR E SEU
S
FAMILIA
RES
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA ATIVISTA
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
PESQUISA DIREITO GV
60 sumaacuterio
ldquoCASO JOAQUIM MARCELO
DENADAIrdquo (1999)
ldquoCASO LUZIA CANUTOrdquo (1998)
ldquo2ordm CASO PADRE RICARDO REZEN
DErdquo (1998)
CASO 12002 ldquoM
ARIA EMILIA
DE MARCHI E
OUTROSrdquo (1998)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA CONTRAacuteRIO A GRUPO DE EXTER
MIacuteNIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS E C
ASOS DE
HOMICIacuteDIO SOFRIDOS POR FAMILIA
RES D
E
LIacuteDER DE MOVIM
ENTO SOCIAL ASSA
SSINADO EM
CONTEXTO
DE CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA DE DIREITO
S HUMANOS EM
CONTEXTO
DE DISPUTA FUNDIAacuteRIA
DENUacuteNCIA SOBRE AS MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
O
LOCAL EM
QUE AS VIacuteTIM
AS ESTAVA
M PRESA
S
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
GARANTIA JUDICIAL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA VIacuteTIM
A
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA TESTEM
UNHA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS DETEN
TOS
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO (VIacuteTIM
A ASSA
SSINADA EM
2002)
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
61 sumaacuterio
ldquo1ordm CASO PADRE RICARDO REZEN
DE E O
UTROSrdquo
(19951996)
ldquoCASO DO ADVOGADO OSMAR BARCELO
S DO
NASCIMENTOrdquo (1996)
ldquoCASO DOS MENORES IN
TERNOS DO INSTITU
TO
PADRE SEVER
INO DA ESC
OLA JOAtildeO LUIS A
LVES
E DA ESC
OLA SANTOS DUMONTrdquo (1996)
ldquoCASO AMEACcedil
ADOS PELO
S lsquoMENINOS DE OUROrsquordquo
(1996)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTAS DE DIREITO
S HUMANOS EM
CONTEXTO
DE DISPUTA FUNDIAacuteRIA NO PARAacute
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ADVOGADO ATIVISTA
DE DIREITO
S HUMANOS NO
ESPIacuteRITO SANTO
DENUacuteNCIA SOBRE AS MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
O
CENTRO DE DETEN
CcedilAtildeO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
S CONTRAacuteRIOS A GRUPO
DE EXTER
MIacuteNIO
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS DETEN
TOS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
II RELATOacuteRIOS DE MEacuteRITO PUBLICADOS PELA COMISSAtildeO
INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 17 (ENTRE
1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
62 sumaacuterio
CASO
PETICcedil
AtildeO 12308 ldquoM
ANOEL LEA
L DE O
LIVEIRArdquo
(INFORMES N
3710 E N 7206)
CASO 12440 ldquoW
ALLAC
E DE A
LMEID
Ardquo
(INFORMES N
3408 E N 2609)
CASO 12310 ldquoSEB
ASTIAtildeO
CAMARGO FILH
Ordquo
(INFORMES N
3308 E Ndeg 2509)
RESU
MO
DO
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DE
JORNALISTA
APOacuteS P
UBLIC
ACcedilAtildeO DE ESC
AcircNDALO
DE C
ORRUPCcedilAtildeO NO JO
RNAL D
E QUE ER
A
EDITO
R
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DA VIacuteTIM
A EM
RAZAtildeO
DE A
BUSO EM
OPERACcedilAtildeO POLIC
IAL
INCLUSIVE C
OM INDIacuteCIOS D
E DISC
RIMINACcedilAtildeO
RACIAL
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DE M
EMBRO
DO MOVIM
ENTO DOS TR
ABALHADORES R
URAIS
SEM TER
RA NO PA
RANAacute SEM
INVESTIG
ACcedilAtildeO E
INDEN
IZACcedilAtildeO
DIR
EITOS VIO
LAD
OS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave LIB
ERDADE D
E EXPRESSAtildeO
E
PEN
SAMEN
TO AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE Agrave
IGUALDADE
AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO
JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
TEMA
ATENTADO CONTRA JO
RNALISTA
VIO
LEcircNCIA POLIC
IAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
MED
IDA
S IND
ICAD
AS
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS A
UTORES
DO CRIME D
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ESPONSAacuteVEIS P
ELA DEM
ORA
NAS IN
VESTIGACcedilOtildeES R
EPARACcedilAtildeO DOS
FAMILIA
RES A
DOCcedilAtildeO DE U
MA POLIacuteTIC
A GLOBAL
DE P
ROTECcedil
AtildeO DOS JO
RNALISTA
S
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO COMPLETA
DOS FATO
S REPA
RACcedilAtildeO DOS FA
MILIA
RES D
A
VIacuteTIMA E A
DOCcedilAtildeO DE P
OLIacuteTIC
A CONTRA A
DISC
RIMINACcedilAtildeO RACIAL EM
OPERACcedilOtildeES
POLIC
IAIS
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO COMPLETA
DOS FATO
S REPA
RACcedilAtildeO DOS FA
MILIA
RES D
A
VIacuteTIMA E A
DOCcedilAtildeO DE P
OLIacuteTIC
A CONTRA A
VIOLEcircN
CIA RURAL
NATU
REZA
DA
S MED
IDA
SMEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
CU
MP
RIM
ENTO
(EM 2012)
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
63 sumaacuterio
CASO 12019 ldquoA
NTOcircNIO FER
REIRA BRAGArdquo
(INFORMES N
8407 E N 3508)
CASO 12001 ldquoSIM
ONE ANDREacute DINIZrdquo (IN
FORMES
N 8304 E N
6606)
CASO 11634 ldquoJA
ILTON NERI DA FONSEC
Ardquo
(INFORMES N
2303 E N 3304)
CASO 11556 ldquoM
ASSAC
RE DE CORUMBIARArdquo
(INFORMES N
2203 E N 3204)
DENUacuteNCIA SOBRE DETEN
CcedilAtildeO ILEG
ALMENTE
FEITA PELA
POLIacuteCIA CIVIL IN
CLUSIVE C
OM
TORTURA DA VIacuteTIM
A
DENUacuteNCIA SOBRE DISCRIMINACcedilAtildeO RACIAL
SOFRIDA POR EMPREGADA DOMEacuteSTIC
A QUE NAtildeO
FOI CONTRATA
DA POR SER
NEGRA
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
MENOR POR FORCcedilAS POLICIAIS EM
FAVELA DO
RIO DE JA
NEIRO
DENUacuteNCIA SOBRE MORTES D
E
TRABALHADORES R
URAIS EM
ACcedilAtildeO DA POLIacuteCIA
PARA REINTEG
RACcedilAtildeO DE POSSE D
E TERRENO
DIREITO
Agrave INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A Agrave LIB
ERDADE
PESSO
AL Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL O
BRIGACcedilAtildeO DE PREVEN
IR
E PUNIR TODO ATO
DE TO
RTURA COMETID
O
DIREITO
Agrave IGUALDADE Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
E Agrave PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
LIBERDADE Agrave
PROTECcedil
AtildeO DA INFAcircNCIA AgraveS
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
DISCRIMINACcedilAtildeO RACIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS FATO
S
RESP
ONSABILIZACcedil
AtildeO PELA
DEMORA EM
ELUCIDAR O CASO INDENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A E
CAPAC
ITACcedilAtildeO DOS POLICIAIS C
IVIS
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A
MODIFIC
ACcedilAtildeO DA LEG
ISLACcedilAtildeO CONTRA O
RACISM
O INVESTIG
ACcedilAtildeO DOS FATO
S PROMOVER
MEDIDAS ADMINISTR
ATIVAS CONTRA O RACISM
O
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS A
LTERACcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DA
POLIacuteCIA MILITA
R PARA INVESTIG
ACcedilAtildeO DE
CRIMES C
OMETID
OS POR MEMBROS DA
PROacutePRIA CORPORACcedilAtildeO E TR
ANSFER
EcircNCIA
PARA A POLIacuteCIA CIVIL
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS A
LTERACcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DA
POLIacuteCIA MILITA
R PARA INVESTIG
ACcedilAtildeO DE
CRIMES C
OMETID
OS POR MEMBROS DA
PROacutePRIA CORPORACcedilAtildeO E TR
ANSFER
EcircNCIA
PARA A POLIacuteCIA CIVIL
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
PENDENTE D
E CUMPRIMENTO
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
PESQUISA DIREITO GV
64 sumaacuterio
CASO 10301 ldquoPA
RQUE SAtildeO
LUCASrdquo (IN
FORMES N
1696 E N 4003)
CASO 11517 ldquoD
INIZ B
ENTO DA SILVArdquo
(INFORMES N
11101 E N 2302)
CASOS 11286 E O
UTROS ldquoA
LUIacuteSIO
CAVA
LCANTE
E OUTROSrdquo (IN
FORMES N
7400 E N 5501)
CASO 12051 ldquoM
ARIA DA PENHArdquo (IN
FORMES N
10500 E N 5401)
DENUacuteNCIA SOBRE TO
RTURA DE PRESO
S NO
DISTR
ITO POLICIAL PA
RQUE SAtildeO
LUCAS EM
SAtildeO
PAULO
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
MEMBRO DO MOVIM
ENTO DOS TR
ABALHADORES
RURAIS SEM
TERRA POR FORCcedilAS POLICIAIS
DENUacuteNCIA SOBRE DIVER
SOS CASOS DE
ASSA
SSINATO
DE JO
VENS POR FORCcedilAS
POLICIAIS
DENUacuteNCIA SOBRE CASO DE VIO
LEcircNCIA
DOMEacuteSTIC
A COM DEMORA E N
EGLIGEcircNCIA NO
PROCESSA
MENTO DA ACcedilAtildeO CRIMINAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO DA HONRA
E DA DIGNIDADE Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
LIBERDADE A
UM JULGAMENTO JUSTO
AgraveS
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
E DIREITO
DE PETICcedil
AtildeO
DIREITO
Agrave PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL Agrave
S GARANTIAS
JUDICIAIS Agrave
IGUALDADE
SISTEMA CARCERAacuteRIO
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA DOMEacuteSTIC
A DISCRIMINACcedilAtildeO
DE GEcircNERO
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DAS VIacuteTIM
AS
TRANSFER
EcircNCIA DA COMPETEcircN
CIA DE
JULGAMENTO DE DELITO
S COMETID
OS POR
POLICIAIS M
ILITARES C
ONTRA CIVIS PA
RA A
JUSTICcedil
A COMUM PUNICcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS E
DESATIVACcedil
AtildeO DAS ldquoC
ELAS DE ISO
LAMENTOrdquo
MEDIDAS PA
RA INVESTIG
ACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS PA
RA INDENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES E PA
RA EVITA
R A REPETICcedil
AtildeO DE
FATOS SEM
ELHANTES EM
CONFLITO
S
FUNDIAacuteRIOS
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS E D
OS RESP
ONSAacuteVEIS P
ELA DEMORA
NOS PROCESSO
S INDENIZACcedil
AtildeO DE VIacuteTIM
AS OU
FAMILIA
RES A
BOLICcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DOS
TRIBUNAIS M
ILITARES PA
RA JULGAR CRIMES
COMETID
OS POR POLICIAIS C
ONTRA CIVIS
ADOCcedilAtildeO DE CONTROLE EXTER
NO E IN
TERNO
SOBRE A POLIacuteCIA MILITA
R DO RIO DE JA
NEIRO
DENTRE OUTRAS FIN
ALIZACcedil
AtildeO DO PROCESSO
CRIMINAL IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS
PELA
DEMORA INDENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A E
ADOCcedilAtildeO DE REFO
RMAS LEG
ISLATIVAS E
ADMINISTR
ATIVAS PA
RA COMBATER
A
DISCRIMINACcedilAtildeO DE GEcircNERO E A
VIOLEcircN
CIA
DOMEacuteSTIC
A CONTRA MULHERES
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
65 sumaacuterio
CASO 11291 ldquoC
ARANDIRUrdquo (IN
FORMES N
12099
E N 3400)
CASO 11599 ldquoM
ARCOS AUREacuteLIO
DE OLIVEIR
Ardquo
(INFORMES N
2399 E N 1000)
CASO 11598 ldquoA
LONSO EUGEcircNIO DA SILVArdquo
(INFORMES N
2299 E N 0900)
CASO 11516 ldquoO
VELAacuteRIO TAMESrdquo (IN
FORMES N
8098 E N 6099)
DENUacuteNCIA SOBRE O MASSAC
RE PROMOVIDO
POR FORCcedilAS POLICIAIS AO
INVADIREM O
PRESIacuteD
IO DO CARANDIRU PARA DEBELA
R UMA
REBELIAtildeO
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
CRIANCcedilA DE RUA POR POLICIAL CIVIL
DENUacuteNCIA SOBRE HOMICIacuteDIO DE MENOR POR
POLICIAL MILITA
R DURANTE D
ETENCcedilAtildeO POR
SUPOSTO
ASSA
LTO
DENUacuteNCIA SOBRE DETEN
CcedilAtildeO ARBITRAacuteRIA DA
VIacuteTIMA QUE FO
I MORTA DEPOIS D
E TORTURADA
POR AGENTES D
E SEGURANCcedilA
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave JUSTICcedil
A Agrave PROTECcedil
AtildeO CONTRA
DETEN
CcedilOtildeES A
RBITRAacuteRIAS Agrave
PROTECcedil
AtildeO
JUDICIAL E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
SISTEMA CARCERAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS FATO
S E
PUNICcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS IN
DENIZACcedil
AtildeO
DAS VIacuteTIM
AS OU FAMILIA
RES E
DESEN
VOLVIM
ENTO DE POLIacuteTIC
AS PA
RA
DIMINUIR A SUPERPOPULACcedil
AtildeO NOS PRESIacuteD
IOS
AUMENTAR A SEG
URANCcedilA E TR
EINAR AS
FORCcedilAS DE SEG
URANCcedilA DENTRE OUTROS
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO
DOS RESP
ONSAacuteVEIS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES E C
OMBATE AO
PROBLEM
A DOS
ldquoMENINOS DE RUArdquo N
O RIO DE JA
NEIRO EM
CONSONAcircNCIA COM AS OBRIGACcedilOtildeES
INTER
NACIONAIS
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DO
RESP
ONSAacuteVEL E IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES
MEDIDAS DE IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
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AtildeO
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SEM INFORMACcedilAtildeO
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SEM INFORMACcedilAtildeO
PESQUISA DIREITO GV
66 sumaacuterio
CASO 11405 ldquoN
EWTON COUTINHO MENDES E
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FORMES N
7998 E N 5999)
CASO 11287 ldquoJO
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DENUacuteNCIA SOBRE MORTES E A
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AtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO 144
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
67 sumaacuterio
CASO
CASO
S 12426 E 12427 ldquoMEN
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CASO
11289 ldquoJOSEacute P
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(EM 2012)
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III SOLUCcedilOtildeES AMISTOSAS CELEBRADAS PELO BRASIL
NA COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 2 (ENTRE 1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
68 sumaacuterio
CASO
ldquoCASO
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ldquoCASO
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ldquoCASO
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(EM 2012)
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CUMPRIMEN
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TEGRAL
IV MEDIDAS PROVISIONAIS OUTORGADAS PELA CORTE
INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012)
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
69 sumaacuterio
ldquoCASO DO COMPLEXO
TATUAPEacute DA FEB
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ldquoCASO DOS IN
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BRANCOrdquo (2002)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
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CUMPRIMENTO INTEG
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PESQUISA DIREITO GV
70 sumaacuterio
CASO
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ldquoCASO GARIBALDI VSB
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RAL
V CASOS CONTENCIOSOS NA CORTE INTERAMERICANA
DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012)
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
71 sumaacuterio
ldquoCASO GILSO
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AtildeO E D
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CUMPRIMENTO PARCIAL
NOTAS
A pesquisa que deu origem a esta obra coordenada pelo Professor1
Javier Couso da Universidad Diego Portales (Chile) integrou um projetointernacional de natureza comparativa que envolveu diversos paiacuteses latino-americanos Estados Unidos e Itaacutelia com vistas a uma publicaccedilatildeo conjuntaem liacutengua espanhola No Brasil a pesquisa foi desenvolvida pelos seguintespesquisadores Prof Oscar Vilhena Vieira (coordenador) Luciana Ramos eRubens Glezer (pesquisadores mestres) Adriane Sanctis de Brito GuilhermeKlafke e Rafael Giovanelli (pesquisadores graduados) e Mariacutelia Lessa(pesquisadora graduanda) Os autores do artigo agradecem a Faacutebia FCarvalho Veccediloso pelos comentaacuterios e contribuiccedilotildees ao texto final e ao Lucas Felipe W Padilha pelo auxiacutelio na pesquisa inicial Os autores se responsabilizam integralmente pelos eventuais equiacutevocos cometidos
Ao longo deste artigo far-se-aacute referecircncia agrave Corte Interamericana2
de Direitos Humanos tambeacutem como ldquoCorte Interamericanardquo e ldquoCorteIDHrdquo No mesmo sentido far-se-aacute referecircncia agrave Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos como ldquoComissatildeo Interamericanardquo ou ldquoCIDHrdquo
A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos foi ratificada pelo3
Brasil em 25 de setembro de 1992 Em 6 de novembro de 1992 o Decreton 678 promulgou internamente a Convenccedilatildeo estabelecendo em seu art 1ordmque ldquoa Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de Satildeo Joseacute da Costa Rica) celebrada em Satildeo Joseacute da Costa Rica em 22 de novembrode 1969 apensa por coacutepia ao presente decreto deveraacute ser cumprida tatildeointeiramente como nela se conteacutemrdquo
O reconhecimento da jurisdiccedilatildeo contenciosa da Corte Interamericana4
de Direitos Humanos ocorreu seis anos mais tarde externamente em 10 dedezembro de 1998 com a aprovaccedilatildeo interna do Decreto Legislativo n 89 de3 de dezembro de 1998 O art 1ordm do decreto dispocircs ldquoEacute aprovada a solicitaccedilatildeode reconhecimento da competecircncia obrigatoacuteria da Corte Interamericana deDireitos Humanos em todos os casos relativos agrave interpretaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeoda Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos para fatos ocorridos a partirdo reconhecimento de acordo com o previsto no paraacutegrafo primeiro doart 62 daquele instrumento internacionalrdquo
Cf Leonardo Sakamoto Zeacute Pereira um sobrevivente 2 de junho de5
2004 Disponiacutevel em lthttpreporterbrasilorgbr200406ze-pereira-um-sobreviventegt Acesso em 22 abr 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual6
de 2012 capiacutetulo 3-B
PESQUISA DIREITO GV
72 sumaacuterio
Natildeo haacute dados suficientes nos relatoacuterios para indicar a quantidade7
de decisotildees com recomendaccedilotildees que por terem sido cumpridas no prazonatildeo tiveram seus relatoacuterios publicados pela Comissatildeo
Pesquisa realizada na seccedilatildeo de busca de jurisprudecircncia da proacutepria8
Corte Disponiacutevel em ltwwwcorteidhorcrindexphpjurisprudenciagtAcesso em 11 maio 2013
Utilizamos as categorias de ldquoindenizaccedilatildeordquo ldquosatisfaccedilatildeordquo e ldquogarantias9
de natildeo repeticcedilatildeordquo tal como apresentadas na Resoluccedilatildeo da Assembleia Geralda ONU n 60147 de 16 de dezembro de 2005 paraacutegrafos 18 a 23
Informe n 4306 (Meninos emasculados do Maranhatildeo)10
Informes n 5401 (Maria da Penha) n 5501 (Aluiacutesio Cavalcante11
e outros) n 2302 (Diniz Bento da Silva) n 4003 (Parque Satildeo Lucas)n 9503 (Joseacute Pereira) n 3204 (Corumbiara) n 3304 (Jailton Neri daFonseca) e n 6606 (Simone Andreacute Diniz)
Informes n 3508 (Antonio Ferreira Braga) n 2509 (Sebastiatildeo12
Camargo Filho) n 2609 (Wallace de Almeida) e n 3710 (Manoel Lealde Oliveira)
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual13
de 2012 capiacutetulo 3 item D
Vide Informe n 2498 (Joatildeo Canuto) Cf Comissatildeo Interamericana14
de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafo 45
Veja-se por exemplo o Caso 11793 (Jorge Antonio Carelli)15
mencionado no Relatoacuterio Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafo 46
Cf David C Baluarte and Christian M De Vos From Judgment to16
Justice Implementing International and Regional Human RightsDecisions Open Society Foundations 2010 Disponiacutevel em ltwwwsorosorginitiativesjusticefocusinternational_justicearticles_publicationspublicationsfrom-judment-to-justice20101122gt Acesso em 27 de junho de 2013
O primeiro foi o Projeto de Lei n 32142000 do Deputado17
Marcos Rolim PTRS apresentado em 13 de junho de 2000 que conformesua ementa dispunha sobre os efeitos juriacutedicos das decisotildees da ComissatildeoInteramericana de Direitos Humanos e da Corte Interamericana de DireitosHumanos e dava outras providecircncias Ele continha apenas quatro artigos e
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
73 sumaacuterio
tratava basicamente das decisotildees de caraacuteter indenizatoacuterio das decisotildees daComissatildeo e da Corte atribuindo-lhes efeito de tiacutetulo executivo judicialdireto contra a Uniatildeo Segundo o deputado o projeto procurava suprir adeficiecircncia de legislaccedilatildeo nacional sobre o tema e possibilitar agrave Uniatildeo pagaras indenizaccedilotildees sem prejuiacutezo de reaver o valor posteriormente doresponsaacutevel pela violaccedilatildeo de direitos humanos (cf Projeto de Lei n 3214de 2000 Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados 17 de junho de 2000)
A primeira comissatildeo que tratou do projeto considerou inconstitucional a execuccedilatildeo de uma decisatildeo sem que fosse homologada pelo oacutergatildeo brasileirocompetente (atualmente o Superior Tribunal de Justiccedila) e tambeacutem rejeitoua inclusatildeo das decisotildees da Comissatildeo uma vez que ela natildeo teria caraacuteterjurisdicional O projeto entatildeo foi alterado nesses aspectos restringindo a aplicaccedilatildeo da lei agraves decisotildees da Corte e mantendo a necessidade dehomologaccedilatildeo Ele sofreu criacuteticas pela sua pequena abrangecircncia natildeodispondo sobre as frequentes obrigaccedilotildees de fazer e natildeo fazer (cf MinisteacuterioPuacuteblico Federal Nota teacutecnica ao Projeto de Lei n 46672004 Brasiacutelia2010 p 1) Ao fim foi arquivado sem ter sido votado nem mesmo pelaCacircmara em razatildeo de procedimentos internos da Casa
O segundo foi o Projeto de Lei n 46672004 do Deputado JoseacuteEduardo Cardozo PTSP apresentado em 15 de dezembro de 2004 queconforme sua ementa dispunha sobre os efeitos juriacutedicos das decisotildees dosOrganismos Internacionais de Proteccedilatildeo aos Direitos Humanos e dava outrasprovidecircncias Em sua justificativa o deputado praticamente reiterou ospontos afirmados no projeto anterior salientando que ldquoapesar da ratificaccedilatildeoas decisotildees dessas instacircncias natildeo estatildeo sendo respeitadas pelo Brasil O PoderExecutivo manifesta interesse no cumprimento das decisotildees dos organismosde proteccedilatildeo seja no acircmbito regional ou global poreacutem alega a inexistecircnciade legislaccedilatildeo ordinaacuteria nacional destinada a disciplinar a mateacuteriardquo
Esse projeto ainda tramita no Congresso Nacional onde permanecedesde 2011 no Senado Federal sem movimentaccedilatildeo Natildeo obstante alguns deseus pontos ainda satildeo criticados principalmente por natildeo cobrir todas asdiferentes hipoacuteteses de condenaccedilotildees internacionais como relatoacuterios opiniotildeesconsultivas recomendaccedilotildees etc e por natildeo afastar alguns oacutebices internos parao imediato cumprimento das obrigaccedilotildees inclusive a demora na tramitaccedilatildeodos procedimentos (cf ibidem p 7-10) De qualquer forma salienta-se aoportunidade de que o Brasil conte com a primeira lei nacional deimplementaccedilatildeo das decisotildees internacionais (cf ibidem p 11)
Cf Decreto Presidencial n 7037 de 21 de dezembro de 200918
com alteraccedilotildees pelo Decreto Presidencial n 7177 de 12 de maio de 2010
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site do proacuteprio19
Ministeacuterio Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbro-ministerioconheca-o-ministerioviewgt Acesso em 27 jun 2013
PESQUISA DIREITO GV
74 sumaacuterio
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site da proacutepria20
Secretaria Disponiacutevel em lthttpportalsdhgovbrclientessedhsedhsobregt Acesso em 27 jun 2013
Na eacutepoca era denominada ldquoSecretaria Nacional dos Direitos21
Humanosrdquo Depois foi nomeada ldquoSecretaria do Estado dos DireitosHumanosrdquo Mais informaccedilotildees sobre o histoacuterico da Secretaria podem serencontradas no site da Secretaria Disponiacutevel em lthttpportalsdhgovbrclientessedhsedhsobregt Acesso em 27 jun 2013
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site do proacuteprio22
oacutergatildeo Disponiacutevel em ltwwwagugovbrsistemassiteTemplateTextoaspxidConteudo=200643ampordenacao=1ampid_site=10742gtAcesso em 27 jun 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional23
da SDH
Informaccedilatildeo concedida por membro do Departamento24
Internacional da AGU
Informaccedilotildees concedidas por membro do Departamento Internacional25
da AGU e por ex-membro da Assessoria Internacional da SDH
A dotaccedilatildeo contou em 2013 com o valor de R$ 35000000 Cf26
BRASIL Lei Federal n 12798 de 4 de abril de 2013 (Lei OrccedilamentaacuteriaAnual de 2013) volume IV p 603
Cf I Plano Nacional de Direitos Humanos p 7 anexo ao27
Decreto Presidencial n 1904 de 13 de maio de 1996
Cf Anexo ao Decreto Presidencial n 4229 de 13 de maio de 200228
Cf BRASIL Lei federal n 10933 de 11 de agosto de 200429
Plano Plurianual 20042007
Cf BRASIL Ministeacuterio da Justiccedila Plano Gerencial do Programa30
ldquoDireitos Humanos Direitos de Todosrdquo p 3-4 Disponiacutevel emltwwwmjgovbrsedhctspddhPlanGer_DHDTdocgt Acesso em 31maio 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional31
da SDH
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
75 sumaacuterio
De maneira sinteacutetica pode-se conceituar ldquoprogramardquo como ldquoo32
instrumento de organizaccedilatildeo da atuaccedilatildeo governamental que articula umconjunto de accedilotildees que concorrem para a concretizaccedilatildeo de um objetivocomum preestabelecido mensurado por indicadores instituiacutedos no planovisando agrave soluccedilatildeo de um problema ou o atendimento de determinadanecessidade ou demanda da sociedaderdquo enquanto ldquoaccedilotildeesrdquo satildeo ldquooperaccedilotildeesdas quais resultam produtos (bens ou serviccedilos) que contribuem paraatender ao objetivo de um programardquo (BRASIL Ministeacuterio do PlanejamentoOrccedilamento e Gestatildeo Secretaria do Orccedilamento Federal Manual teacutecnico deorccedilamento versatildeo 2011 Brasiacutelia 2010 p 39 e 42) A partir de 2012 houveuma pequena alteraccedilatildeo nos conceitos de modo a atender melhor oplanejamento governamental mas essa mudanccedila natildeo seraacute explicada aqui pornatildeo ser objeto deste artigo
Descriccedilatildeo constante nos objetivos estrateacutegicos 487 a 489 do33
programa nos seguintes termos ldquoComo resultado da implementaccedilatildeo doPrograma Nacional de Direitos Humanos ndash PNDH o Brasil ampliou suaparticipaccedilatildeo nos sistemas global (da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas ndashONU) e regional (da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos ndash OEA) depromoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos humanos Em particular a cooperaccedilatildeocom os oacutergatildeos de supervisatildeo da OEA tem ensejado a busca de soluccedilotildeesamistosas para casos de violaccedilatildeo em exame pela Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos abrindo a possibilidade de concessatildeo de reparaccedilotildeese indenizaccedilotildees agraves viacutetimas dessas violaccedilotildees ou a seus familiares bem comoa adoccedilatildeo de medidas administrativas e legislativas para prevenir aocorrecircncia de novas violaccedilotildeesrdquo (cf BRASIL Decreto Presidencial n4229 de 13 de maio de 2002 anexo)
Criado pela Emenda Constitucional n 45 de 30 de dezembro 34
de 2004 o Conselho Nacional de Justiccedila eacute um oacutergatildeo de caraacuteter nacionalpertencente ao Poder Judiciaacuterio responsaacutevel por exercer as funccedilotildees decontrole administrativo e financeiro de toda a Justiccedila brasileira Eletambeacutem tem a competecircncia constitucionalmente estabelecida de fiscalizaros juiacutezes tendo poderes disciplinares e correcionais para isso (art 103-Bsect 4ordm III e V) O Conselho elabora estudos sobre o aparato judiciaacuteriobrasileiro e fixa diretrizes e resoluccedilotildees que devem ser observadas portodos os tribunais do paiacutes Suas decisotildees e resoluccedilotildees soacute podem sercontroladas pelo Supremo Tribunal Federal o que o torna a instacircnciaadministrativa mais importante do Judiciaacuterio brasileiro
Informaccedilotildees gerais podem ser encontradas no site do proacuteprio35
programa Disponiacutevel em ltwwwcnjjusbrprogramas-de-a-a-zeficiencia-modernizacao-e-transparenciajustica-plenagt Acesso em 27 jun 2013
PESQUISA DIREITO GV
76 sumaacuterio
Informaccedilatildeo concedida por membro de ONG peticionaacuteria no caso36
Damiatildeo Ximenes Lopes
No relatoacuterio referente agraves atividades do ldquoJusticcedila Plenardquo ateacute 2012 37
a SDH figura como o terceiro oacutergatildeo participante a incluir mais processosno programa sendo que todas as suas 16 inclusotildees se referiam a casos quetramitam ou tramitaram no sistema interamericano Ao todo o programacontava com 80 casos em andamento em 18 de maio de 2012 (cf BRASILConselho Nacional de Justiccedila Relatoacuterio do Programa Justiccedila Plena BrasiacuteliaConselho Nacional de Justiccedila p 9 Disponiacutevel em ltwwwcnjjusbrimagesprogramasjustica-plenarelatorio_justicaplenapdfgt Acesso em 27 jun 2013)
Depoimentos em provas documentais de Luiacutes Fernando Farah de38
Toacutefoli e Domingos Saacutevio do Nascimento Alves
Depoimentos em provas documentais de Braz Geraldo Peixoto39
familiar de usuaacuterio do sistema de sauacutede mental eleito representante defamiliares perante a Comissatildeo Nacional de Reforma Psiquiaacutetrica doMinisteacuterio da Sauacutede e perante a Comissatildeo Estadual da Secretaria deSauacutede do Estado de Satildeo Paulo
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Damiatildeo40
Ximenes Lopes versus Brasil Sentenccedila de 04 de julho de 2006 (meacuteritoreparaccedilotildees e custas) 2006 p 16
Cf QUINDEREacute Paulo H D e JORGE Maria Salete B41
(Des)construccedilatildeo do modelo assistencial em sauacutede mental na composiccedilatildeo das praacuteticas e dos serviccedilos Sauacutede Soc Satildeo Paulo v 19 n 3 2010 p 569-83
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria42
Internacional da SDH e por membro de ONG peticionaacuteria no casoDamiatildeo Ximenes Lopes
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no43
caso Damiatildeo Ximenes Lopes
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria44
Internacional da SDH
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio sobre a45
situaccedilatildeo dos direitos humanos no Brasil 1997 Disponiacutevel em ltwwwcidhorgcountryrepBrasesp97indicehtmgt Acesso em 29 abr 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
77 sumaacuterio
Cf COSTA Patriacutecia Trindade Maranhatildeo Combatendo o trabalho escravo46
contemporacircneo o exemplo do Brasil Disponiacutevel em ltwwwoitbrasilorgbrsitesdefaultfilestopicforced_labourdocestudo_de_ caso_86pdfgt Acessoem 21 abr 2013
Lei federal n 10803200347
Mudanccedila feita pela PEC n 4382001 que altera a redaccedilatildeo do48
artigo 243 da Constituiccedilatildeo
Cf CAMARGO Beatriz Governo cumpre parte do acordo com 49
OEA sobre trabalho escravo 25 de maio de 2006 Disponiacutevel emltwwwtrabalhoescravoorgbrnoticia6gt Acesso em 27 abr 2013
Art 226 sect 8ordm50
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio sobre 51
a situaccedilatildeo dos direitos humanos no Brasil 1997 Disponiacutevel em ltwwwcidhorgcountryrepBrasesp97indicehtmgt Acesso em 29 abr 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio52
Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafos 55 a 60
Para ver todos os pontos Comissatildeo Interamericana de Direitos53
Humanos Relatoacuterio Anual de 2011 paraacutegrafos 104 e seguintes
Informaccedilotildees concedidas por membro da Rede peticionaacuteria no54
caso Maria da Penha
Cf Leila Linhares Barsted e Rosane Reis Laviane Proposta de Lei55
de Violecircncia Domeacutestica contra as Mulheres Carta da Cepia ano VII n 10dez 2002 Disponiacutevel em ltwwwcepiaorgbrdoccartadacepia10pdfgtAcesso em 22 abr 2013
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia e ONG56
peticionaacuteria no caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no57
caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por funcionaacuteria da Secretaria Especial de58
Poliacuteticas para as Mulheres
PESQUISA DIREITO GV
78 sumaacuterio
Para um histoacuterico da participaccedilatildeo desse consoacutercio veja-se o site59
da organizaccedilatildeo CFEMEA Disponiacutevel em ltwwwcfemeaorgbrindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2680ampItemid=154gtAcesso em 23 abr 2013
Cf BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Mensagem Presidencial 60
n 78204 de 16 de novembro de 2004 paraacutegrafo 10
Veja-se o parecer da Comissatildeo de Seguridade Social e Famiacutelia de 2361
de agosto de 2005 Disponiacutevel em ltwwwcamaragovbrproposicoesWebfichadetramitacaoidProposicao=272058gt Acesso em 1ordm maio 2013
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia e ONGs62
peticionaacuterias no caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia63
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Julia Gomes64
Lund e outros (ldquoGuerrilha do Araguaiardquo) vs Brasil sentenccedila de 24 de novembrode 2010 (exceccedilotildees preliminares meacuterito reparaccedilotildees e custas) 2010 p 107
De acordo com o art 6ordm do Decreto n 6980 de 13 de outubro65
de 2009
Para mais informaccedilotildees ver ltwwwmemoriasreveladasarquivonacional66
govbrgt Acesso em 27 jun 2013
Informaccedilatildeo concedida por membro da Comissatildeo Nacional da Verdade67
O periacuteodo fixado pelo art 8ordm dos Atos das Disposiccedilotildees68
Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo eacute de 18 de setembro de 1946ateacute a data da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo
PNDH-3 instituiacutedo pelo Decreto n 7037 de 21 de dezembro 69
de 2009 e atualizado pelo Decreto n 7177 de 12 de maio de 2010 (cf BRASIL Secretaria de Direitos Humanos da Presidecircncia daRepuacuteblica Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) BrasiacuteliaSDHPR 2010 p 173-175 Disponiacutevel em lthttpportalmjgovbrsedhpndh3pndh3pdfgt Acesso em 27 jun 2013)
Os relatoacuterios de suas atividades e as respectivas conclusotildees70
podem ser encontrados no site da proacutepria Comissatildeo Nacional da VerdadeDisponiacutevel em ltwwwcnvgovbrgt Acesso em 27 jun 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
79 sumaacuterio
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Julia Gomes71
Lund e outros (Guerrilha do Araguaia) vs Brasil sentenccedila de 24 de novembrode 2010 cit p 107
Cf BRASIL Ministeacuterio Puacuteblico Federal Crimes da Ditadura72
Relatoacuterio preliminar de atos de persecuccedilatildeo penal desenvolvidos pelo MPFacerca de graves violaccedilotildees de direitos humanos cometidas por agentes doEstado durante a ditadura Brasiacutelia Ministeacuterio Puacuteblico Federal 2013Disponiacutevel em lthttpnoticiaspgrmpfgovbrnoticiasnoticias-do-sitecopy_of_pdfsRelatorio_Crimes20_Ditatura_completopdfgt Acessoem 29 maio 2013
Cf ibidem p 1773
Cf A O Sevaacute Filho Tenotatilde-motilde ndash Alertas sobre as consequecircncias74
dos projetos hidreleacutetricos no rio Xingu IRN 2005 p 11 55 67 255
Cf ibidem p 42-46 6575
Relatoacuterio disponiacutevel em ltwwwaneelgovbrareacfmidArea=671gt76
Acesso em 30 mar 2013
Cf A O Sevaacute Filho Tenotatilde-m cit p 4277
Cf ibidem p 11 4978
Decisatildeo disponiacutevel em ltwwwsteptoecomassetsattachments79
4398pdfgt Acesso em 31 mar 2013
Accedilatildeo Civil Puacuteblica de n 5850-7320014013900 cujo80
acompanhamento processual encontra-se disponiacutevel emltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada 20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm abr 2013
Pet 2604PA Relator(a) Min Presidente julgamento81
26102002 decisatildeo proferida pelo(a) Min Marco Aureacutelio publicaccedilatildeo DJ12112002 p 47 Disponiacutevel em lthttpstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=282822belo+monte222929+E+S2EPRES2Eampbase=basePresidenciagt Acesso em 1ordm mar 2013
Nos termos do art 231 sect 3ordm da CF8882
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo monte de violecircncias Disponiacutevel em83
PESQUISA DIREITO GV
80 sumaacuterio
lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 1ordm mar 2013
Deputado Federal Fernando Ferro do Partido dos Trabalhadores84
Disponiacutevel em lthttpfernandoferrocombrindexphpoption=85
com_contentampview=articleampid=188projeto-de-decreto-legislativo-de-2005ampcatid=49atuacao-parlamentarampItemid=57gt Acesso em 1ordm mar 2013
DL n 7882005 Disponiacutevel em lthttplegissenadogovbrsicon86
indexjspgt (ver item nautilus) Acesso em 1ordm mar 2013
ADI 3573DF Relator(a) Min Carlos Britto Relator(a) p Acoacuterdatildeo87
Min Eros Grau julgamento 01122005 Oacutergatildeo Julgador Tribunal PlenoPublicaccedilatildeo DJ 19122006 p 35 Ement v 02261-04 p 844 STF Disponiacutevelem ltwwwstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=28decreto+legislativo+788+de+2005+inconstitucionalidade29ampbase=baseAcordaosampurl=httptinyurlcombuauo4agt Acesso em 2 mar 2013
ACP 20063903000711-8 709-8820064013903 Disponiacutevel em88
ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo Monte de Violecircncias89
Disponiacutevel em lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 2 mar 2013
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo Monte de Violecircncias90
Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt e lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 1ordm mar 2013
Cf Folha de S Paulo Disponiacutevel em ltwww1folhauolcombr91
mercado866367-ibama-libera-licenca-para-iniciar-canteiro-de-obras-de-belo-monteshtmlgt cf Movimento Xingu Vivo para Sempre Disponiacutevel emltwwwxinguvivoorgbr20110616peticao-para-cidh-entenda-o-casogtcf Ministeacuterio Puacuteblico Federal Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Documento disponiacutevel em ltwwwsocioambientalorgbanco_imagens92
pdfsParecer_tecnicopdfgt Acesso em 7 maio 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
81 sumaacuterio
Cf Itamaraty Nota 142 Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbr93
sala-de-imprensanotas-a-imprensasolicitacao-da-comissao-interamericana-de-direitos-humanos-cidh-da-oeasearchterm=belogtAcesso em 8 maio 2013
Licenccedila de Instalaccedilatildeo n 795201194
Disponiacutevel em lthttpglobalorgbrprogramasbelo-monte-apos-95
boicotar-audiencia-brasil-e-cobrado-na-cidhoeagt Acesso em 5 maio 2013
Cf Movimento Xingu Vivo Para Sempre Disponiacutevel em96
ltwwwxinguvivoorgbr20120116belo-monte-inicia-primeiro-barramento-do-xingu-2gt Acesso em 5 maio 2013
Cf Movimento Xingu Vivo Para Sempre Disponiacutevel em97
ltwwwxinguvivoorgbr20120724mpf-pede-anulacao-da-licenca-de-belo-montegt e ltwwwxinguvivoorgbrwpcontentuploads201207Belo_Monte_cautelar_Condicionantespdfgt Acesso em 9 maio2013 cf Ministeacuterio Puacuteblico Federal Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 9 maio 2013
STF SL 125PA Relator(a) Min Presidente julgamento98
16032007 decisatildeo proferida pelo(a) Min Ellen Gracie Publicaccedilatildeo DJ29032007 p 36 Disponiacutevel em lthttpstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=282822belo+monte222929+E+S2EPRES2Eampbase=basePresidenciagt Acesso em 1ordm mar 2013
Disponiacutevel em ltwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1980-99
1989anexoand96652-88pdfgt Acesso em 28 mar 2013
Cf Instituto Socioambeintal Cronologia Disponiacutevel em100
ltwwwsocioambientalorgespbmhistaspgt Acesso em 28 mar 2013
Cf BRASIL Plano 2030 p 13 56 59 73 e 97 Disponiacutevel em101
ltwwwmmegovbrmmegaleriasarquivospublicacoespne_20303_GeracaoHidreletricapdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Segundo o Governo Federal ldquoCriado em 2007 no segundo102
mandato do presidente Lula (2007-2010) o Programa de Aceleraccedilatildeo doCrescimento ndash PAC promoveu a retomada do planejamento e execuccedilatildeode grandes obras de infraestrutura social urbana logiacutestica e energeacutetica dopaiacutes contribuindo para o seu desenvolvimento acelerado e sustentaacutevel
PESQUISA DIREITO GV
82 sumaacuterio
Pensado como um plano estrateacutegico de resgate do planejamento e de retomada dos investimentos em setores estruturantes do paiacutes o PACcontribuiu de maneira decisiva para o aumento da oferta de empregos e na geraccedilatildeo de renda e elevou o investimento puacuteblico e privado em obrasfundamentaisrdquo Disponiacutevel em lthttpdadosgovbrdatasetobras-do-pac-programa-de-aceleracao-do-crescimentogt Acesso em em 8 mar 2013
Cf Estado de Satildeo Paulo Disponiacutevel em ltwwwestadaocombr103
noticiaseconomiaminc-belo-monte-e-maior-e-mais-polemica-obra-do-pac5048630htmgt Acesso em 8 mar 2013
Satildeo elas Usina Hidreleacutetrica de Jirau (RO) seacutetima mais104
importante Usina Hidreleacutetrica de Santo Antocircnio (RO) quinta maisimportante e Usina Hidreleacutetrica Belo Monte (PA) quarta mais importanteDisponiacutevel em ltwwwpacgovbrif1e1c8abgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Governo Federal PAC Disponiacutevel em ltwwwpacgovbri105
f1e1c8abgt Acesso em 8 mar 2013
1989 1994 1998 2002 2006 2010 Cf Tribunal Superior106
Eleitoral Eleiccedilotildees Disponiacutevel em ltwwwtsejusbreleicoeseleitos-1945-1990cronologia-das-eleicoesgt Acesso em 9 maio 2012
Dilma Rousseff (2011) Luis Inaacutecio Lula da Silva (2003-2011)107
Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) Itamar Augusto CautieroFranco (1992-1995) Fernando Afonso Collor de Mello (1990-1992) JoseacuteSarney (1985-1990) Joatildeo Baptista de Oliveira Figueiredo (1979-1985) eErnesto Geisel (1974-1979) Cf Governo Federal Galeria de PresidentesDisponiacutevel em ltwww2planaltogovbrpresidenciagaleria-de-presidentesgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Governo Federal Ex-Presidentes Disponiacutevel em ltwwwbiblioteca108
presidenciagovbrex-presidentesfernando-collorgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Medida109
Cautelar 38210 Disponiacutevel em ltwwwoasorgescidhdecisionescautelaresasptab1gt Acesso em 8 mar 2013
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria Internacional110
da Secretaria de Direitos Humanos
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional111
da Secretaria de Direitos Humanos
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
83 sumaacuterio
Houve a promulgaccedilatildeo da Lei Federal n 10706 de 30 de julho de112
2003 para autorizar o pagamento de indenizaccedilatildeo no valor de R$ 5200000a Joseacute Pereira
O relatoacuterio estaacute disponiacutevel em ltwww2senadogovbrbdsfitem113
id84599gt Acesso em 21 abr 2013
De acordo com informaccedilotildees concedidas por ex-membro da114
Assessoria Internacional da SDH no caso dos Meninos do Maranhatildeo houvegrande proatividade por parte do estado maranhense Em sua opiniatildeo acelebraccedilatildeo do acordo de soluccedilatildeo amistosa obteve sucesso em grande parteem razatildeo da vontade poliacutetica do estado
A Comissatildeo foi criada por meio do Decreto do Governo 115
do Maranhatildeo n 23037 de 20 de abril de 2007 Disponiacutevel emltwwwcgemagovbrdocumentophpIdp=1791gt Acesso em 24 fev 2013
A Comissatildeo de Direitos Humanos e das Minorias eacute uma das comissotildees116
permanentes da Cacircmara dos Deputados do Brasil cuja finalidade consiste emanalisar propostas legislativas e outros assuntos referentes agrave temaacutetica
Disponiacutevel em lthttpblogjornalpequenocombrricardosantos117
20110930acordo-com-familias-dos-E2809Cmeninos-emasculadosE2809D-nao-esta-sendo-cumprido-denuncia-eliziane-gamagt Acesso em 24 fev 2013
Notiacutecia disponiacutevel em lthttpg1globocommamaranhao118
noticia201302promotoria-aponta-irregularidades-em-quase-todas-delegacias-de-sao-luishtmlgt Acesso em 24 fev 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional119
da SDH
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional120
da SDH
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Demanda perante121
a Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso Arley Joseacute Escher e outros(interceptaccedilatildeo de linhas telefocircnicas de organizaccedilotildees sociais) (Caso 12353) contra aRepuacuteblica Federativa do Brasil de 20 de dezembro de 2007 paraacutegrafo 32
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Escher e122
outros vs Brasil Exceccedilotildees Preliminares Meacuterito Reparaccedilotildees e Custas Sentenccedila
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de 6 de julho de 2009 seacuterie C n 200 paraacutegrafo 216
Oacutergatildeo responsaacutevel por fiscalizar as investigaccedilotildees criminais e123
ajuizar as accedilotildees penais naquele Estado
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Escher e124
outros vs Brasil Resoluccedilatildeo de Supervisatildeo de Cumprimento de Sentenccedilade 19 de junho de 2012 paraacutegrafo 13
Cf ibidem paraacutegrafos 17 a 21 Nesse sentido eacute valiosa a125
comparaccedilatildeo com o caso Julia Gomes Lund e outros vs Brasil
Veja-se no caso Garibaldi vs Brasil o pagamento de US$ 179 mil126
para a viuacuteva e os filhos da viacutetima autorizado por meio do Decretofederal n 7307 de 22 de setembro de 2010 publicado no DOU23092010 e no caso Escher e outros vs Brasil o pagamento de US$ 22mil para cada uma das viacutetimas autorizado por meio do Decreto federaln 7158 de 20 de abril de 2010 publicado no DOU 22042010
Em Garibaldi vs Brasil no ano de 2010 o Governo Federal127
publicou a sentenccedila nos termos determinados em jornais de grandecirculaccedilatildeo e em website do governo Em Escher e outros v Brasil o Estadobrasileiro informou que publicou a sentenccedila em jornais estaduais degrande circulaccedilatildeo entre julho e setembro de 2010 e tambeacutem no site daSDH da Presidecircncia e nos sites paranaenses da Procuradoria-Geral deJusticcedila do Tribunal de Justiccedila do Paranaacute e do Governo do Estado
Ressaltamos poreacutem que natildeo encontramos algumas publicaccedilotildees Essa128
preocupaccedilatildeo com o periacuteodo de disponibilizaccedilatildeo nos meios eletrocircnicos foiexternada pelo Juiz Roberto Figueiredo Caldas em voto concorrente agravesentenccedila no caso Escher e outros vs Brasil de 6 de julho de 2009 paraacutegrafo 46
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no129
caso Maria da Penha
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio130
Anual de 2003 paraacutegrafo 81 Relatoacuterio Anual de 2004 paraacutegrafo 71Relatoacuterio Anual de 2006 paraacutegrafo 88
Conforme apresentado no acircmbito da Comissatildeo ldquola retoma de131
estas negociaciones se refuerza con la presencia de un nuevo actorrepresentante del Gobierno del Estado de Cearaacute denotaacutendose en lasmismas una intencioacuten comuacuten de buscar caminos que guiacuteen al
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cumplimiento de las recomendaciones efectuadas pese a las divergenciassuscitadas en la reunioacutenrdquo (cf Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos Relatoacuterio Anual de 2006 paraacutegrafo 83)
Lei Estadual n 14800 de 9 de abril de 2008132
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio133
Anual de 2007 paraacutegrafo 97
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio134
Anual de 2008 paraacutegrafo 102
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio135
Anual de 2011 paraacutegrafos 241 e 242
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no136
caso Maria da Penha
Relatoacuterio de Admissibilidade e Meacuterito n 1307 seccedilotildees 33-36137
OLIVEIRA Francisco de RIZEK Cibele S A era da138
indeterminaccedilatildeo Satildeo Paulo Boitempo Editorial 2007 p 169-70
Lei Municipal n 11102 de 14 de dezembro de 2010139
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo n140
47807 Caso das pessoas privadas de liberdade na Cadeia Puacuteblica do GuarujaacuteRelatoacuterio de Admissibilidade n 4108 de 23 de julho de 2008 paraacutegrafo59 Atualmente a peticcedilatildeo que tramita paralelamente estaacute em fase dejulgamento de meacuterito
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo141
12003 Relatoacuterio n 2311 Decisatildeo de Arquivo de 23 de marccedilo de 2011paraacutegrafo 10
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo n142
1113-06 Caso das pessoas privadas de liberdade nas celas da 76ordf Delegacia dePoliacutecia de Niteroacutei Relatoacuterio de Admissibilidade n 3607 de 17 de julho de2007 paraacutegrafo 79
Acreditamos que a medida cautelar tenha sido completamente143
cumprida A desocupaccedilatildeo da aacuterea e o fim dos conflitos ocorreram apoacutesdecisatildeo do Supremo Tribunal Federal que definiu a retirada dos natildeo
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indiacutegenas do local Cf Supremo Tribunal Federal Pleno Pet 3388RRRel Min Ayres Britto j 19032009
Uacuteltimo informe da Comissatildeo referente ao caso apresentou 144
o cumprimento de algumas recomendaccedilotildees mas natildeo foi possiacutevel saber se atualmente o cumprimento permanece parcial ou jaacute foi integralmenterealizado
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REFEREcircNCIAS
CHAYES Abram CHAYES Antonia Handler ldquoOn compliancerdquoInternational Organization v 47 n 2 p 175-205 Spring 1993DALLARI Pedro B A Constituiccedilatildeo e tratados internacionais Satildeo PauloSaraiva 2003DUXBURY Neil The nature and authority of precedent CambridgeCambridge University Press 2008GALINDO George Rodrigo Bandeira Tratados internacionais de direitoshumanos e Constituiccedilatildeo brasileira Belo Horizonte Del Rey 2002MAGALHAtildeES Joseacute Carlos de O Supremo Tribunal Federal e o direitointernacional uma anaacutelise criacutetica Porto Alegre Livraria do Advogado 2000MALLINDER Louise Perspectivas transnacionais sobre anistias In Aanistia na era da responsabilizaccedilatildeo o Brasil em perspectiva internacionale comparada Brasiacutelia Ministeacuterio da Justiccedila Comissatildeo de Anistia eOxford Oxford University Latin American Centre 2011NINO Carlos Santiago Eacutetica y derechos humanos un ensayo defundamentacioacuten 2 ed Buenos Aires Astrea 2005PAULSON Colter Compliance with Final Judgments of the InternationalCourt of Justice since 1987 The American Journal of International Law v98 n 3 p 434-61 2004PIOVESAN Flaacutevia Direitos humanos e o direito constitucional internacional11 ed Satildeo Paulo Saraiva 2010______ Direitos humanos e justiccedila internacional Satildeo Paulo Saraiva 2007______ Censuraacutevel reaccedilatildeo do Brasil Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbrsala-de-imprensaselecao-diaria-de-noticiasmidias-nacionaisbrasilo-globo20110519censuravel- reacao-do-bras i l -ar t igo- f lav ia-piovesanprint-notagt Acesso em 14 fev 2012RAMOS Andreacute de Carvalho Processo internacional de direitos humanosanaacutelise dos sistemas de apuraccedilatildeo de violaccedilotildees de direitos humanos eimplementaccedilatildeo das decisotildees do Brasil Rio de Janeiro Renovar 2002_______ Direitos humanos em juiacutezo Satildeo Paulo Max Lemonad 2001SABADELL Ana Luacutecia e DIMOULIS Dimitri Tribunal PenalInternacional e Direitos Fundamentais problemas de constitucionalidadeCadernos de Direito Unimep v 3 n 5 p 241-59 2003_______ Crimes da ditadura militar a ADPF 153 e a Corte Interamericana deDireitos Humanos In GOMES Luiz Flaacutevio MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira(Org) Crimes da Ditadura Militar Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2011_______ O diaacutelogo das Cortes O Supremo Tribunal Federal e a CorteInteramericana de Direitos Humanos In AMARAL JUNIOR Albertodo e JUBILUT Liliana Lyra (Orgs) O STF e o Direito Internacional dosDireitos Humanos Satildeo Paulo Quartier Latin 2009 v 1SICILIANO Andreacute Luiz O caso de Belo Monte na Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos anaacutelise em dois niacuteveis 2011 Disponiacutevel em
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ltwwwslidesharenetalsicilianoartigobelo-monte-na-cidhgt Acesso em 14fev 2012SILVA Virgiacutelio Afonso da Integraccedilatildeo e diaacutelogo constitucional naAmeacuterica do Sul In BOGDANDY Armin von PIOVESAN Flaacutevia eANTONIAZZI Mariela Morales (Orgs) Direitos humanos democracia eintegraccedilatildeo juriacutedica na Ameacuterica do Sul Rio de Janeiro Lumen Juris 2010SOUSA JUacuteNIOR Wilson Cabral de REID John Anaacutelise de riscossocioeconocircmicos e ambientais do Complexo Hidreleacutetrico de BeloMonte V Encontro Nacional da ANPPAS 2010SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Extradiccedilatildeo (Publicaccedilatildeo temaacutetica)Disponiacutevel em ltwwwstfjusbrportalcmsverTextoaspservico=publicacaoPublicacaoTematicagt Acesso em 14 fev 2012TRINDADE Antocircnio Augusto Canccedilado Tratado de direito internacionaldos direitos humanos 2 ed Porto Alegre Sergio Antonio Fabris Editor2003 v 3VECcedilOSO Fabia Fernandes Carvalho AMARAL JUacuteNIOR Alberto doThe Inter-American System as New Grossraum Assessing the case Lawof the Inter-american Court of Human Rights European Society ofInternational Law Conference Paper Series Conference Paper n 32011VENTURA Deisy A interpretaccedilatildeo judicial da Lei de Anistia brasileira eo Direito Internacional A Anistia na Era da Responsabilizaccedilatildeo o Brasil emperspectiva internacional e comparada Brasiacutelia Ministeacuterio da JusticcedilaComissatildeo de Anistia e Oxford Oxford University Latin AmericanCentre 2011VIEIRA Oscar Vilhena (Coord) Direitos humanos Estado de Direito econstruccedilatildeo da paz Satildeo Paulo Quartier Latin 2005
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INTRODUCcedilAtildeOEsta obra eacute o resultado de uma pesquisa empiacuterica voltada a ofere-cer paracircmetros a respeito do grau de implementaccedilatildeo das decisotildeese recomendaccedilotildees da Corte e da Comissatildeo Interamericana de Direi-tos Humanos pelo BrasilA anaacutelise de implementaccedilatildeo partiu do exame da adoccedilatildeo de
medidas estatais em seus diferentes niacuteveis federativos voltadas acumprir recomendaccedilotildees ou condenaccedilotildees especiacuteficas realizadaspelo Sistema Interamericano de Direitos Humanos (SIDH)2 Con-tudo as conclusotildees obtidas natildeo se restringiram agraves avaliaccedilotildeesrealizadas pelos oacutergatildeos oficiais envolvidos seja na instacircncia inter-nacional (pelos instrumentos de acompanhamento do SIDH) sejana esfera nacional (por pronunciamentos governamentais) Essaavaliaccedilatildeo substantiva se funda em um esforccedilo interpretativo daequipe de pesquisa realizada a partir dos elementos coletadosdocumentalmente e em entrevistas com atores relevantes envol-vidos nas situaccedilotildees investigadas A expressatildeo ldquoimplementaccedilatildeordquo eacute empregada aqui inicialmente
com o mesmo significado de adimplemento de medidas relacio-nado aos esforccedilos feitos para que as determinaccedilotildees da Corte ouda Comissatildeo Interamericana sejam consideradas cumpridas peloscriteacuterios do proacuteprio Sistema Interamericano Apoacutes uma anaacutelisepautada nesses criteacuterios verificou-se a necessidade de abordar aimplementaccedilatildeo de forma mais aprofundada capaz de detectar asnuances dos impactos das recomendaccedilotildeesAs usuais anaacutelises de cumprimento centradas na tipologia de
recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees natildeo nos pareceram suficientes paraexaminar a implementaccedilatildeo no Brasil razatildeo pela qual analisamosoutros fatores tais como (a) se a violaccedilatildeo resulta de uma poliacutetica
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS NO BRASILINSTITUCIONALIZACcedilAtildeO E POLIacuteTICA1
Oscar Vilhena Vieira (coordenador) Luciana Ramos e Rubens Glezer (pesquisadoresmestres) Adriane Sanctis de Brito Guilherme Klafke e Rafael Giovanelli (pesquisadoresgraduados) e Mariacutelia Lessa (pesquisadora graduanda)
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conduzida pelo governo ou ao contraacuterio se decorre de falhas naatuaccedilatildeo do poder puacuteblico ou de accedilotildees de particulares (b) se as con-denaccedilotildees e recomendaccedilotildees dialogam com uma agenda poliacuteticapreexistente no paiacutes bem como (c) se determinadas condenaccedilotildeesem certos contextos natildeo permitem a extrapolaccedilatildeo do caso indivi-dual para um plano coletivoPor meio dessa nova abordagem concluiacutemos que a ausecircncia de
mecanismos formais e especiacuteficos voltados agrave observacircncia de reco-mendaccedilotildees e decisotildees do SIDH no Brasil torna o seu cumprimentoalgo que se opera em uma esfera eminentemente poliacutetica depen-dente de fatores contingentes e imprevisiacuteveisPara alcanccedilar essas conclusotildees a apresentaccedilatildeo dos resultados
estaacute estruturada da seguinte maneira primeiramente se explicitaraacutea metodologia de pesquisa utilizada para em seguida (1) forneceruma visatildeo geral a respeito da inserccedilatildeo do Brasil no SIDH e doscasos que envolvem o paiacutes aprofundando aqueles selecionados paraesta obra (2) mapear os mecanismos criados para implementaras recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees do SIDH e (3) analisar decisotildeesselecionadas a partir de criteacuterios considerados relevantes para iden-tificar facilidades e dificuldades na implementaccedilatildeo das deliberaccedilotildeesdo SIDH Ao final eacute realizada uma conclusatildeo sinteacutetica e articula-dora dos resultados
1 METODOLOGIA A presente obra eacute dedicada agrave anaacutelise da implementaccedilatildeo das deli-beraccedilotildees do SIDH relativas ao Brasil paiacutes vinculado interna eexternamente agrave Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanosdesde 19923 e submetido agrave jurisdiccedilatildeo contenciosa obrigatoacuteria daCorte Interamericana desde 19984
Para tanto foi utilizado o meacutetodo de estudo de caso fundado sobreanaacutelise documental levantamento de reportagens em miacutedia e entre-vistas a agentes puacuteblicos e membros da sociedade civil organizada Com base no exame de todos os casos que envolvem o Brasil
na Corte IDH e na CIDH (vide Apecircndice) foram selecionados comoobjeto de anaacutelise (i) todas as condenaccedilotildees em casos contenciososperante a Corte IDH em razatildeo da sua importacircncia e dos seus efei-tos claramente vinculantes ao paiacutes (ii) todas as soluccedilotildees amistosas
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que envolvem o Brasil em razatildeo da disposiccedilatildeo do proacuteprio Estadoem remediar a violaccedilatildeo de direitos bem como (iii) as recomenda-ccedilotildees da CIDH com alto impacto e repercussatildeo no paiacutes Considerando-se tais categorias chegou-se a um conjunto de
oito casos Os contenciosos satildeo quatro
1 Caso Damiatildeo Ximenes Lopes vs Brasil trata-se de homiciacutedio comsinais de tortura de Damiatildeo Ximenes Lopes portador de defi-ciecircncia mental que havia sido internado em 1ordm de outubro de1999 na casa de repouso dos Guararapes na cidade de SobralCearaacute falecendo trecircs dias depois A cliacutenica era de propriedadede familiar de poliacutetico tradicional da regiatildeo A accedilatildeo penal foiajuizada em 2000 mas o Judiciaacuterio brasileiro soacute se pronuncioucom decisatildeo final em 2013 A accedilatildeo civil indenizatoacuteria ajuizadapelos familiares de Damiatildeo Ximenes Lopes estaacute atualmentearquivada A CIDH apresentou o caso agrave Corte Interamericanacontra o Estado brasileiro em 1ordm de outubro de 2004 A Cortedeclarou violaccedilatildeo dos direitos agrave vida e agrave integridade pessoal deDamiatildeo Ximenes Lopes e dos demais portadores de deficiecircn-cia que sofriam com as condiccedilotildees precaacuterias da casa de repousoagrave integridade pessoal dos familiares das viacutetimas pela perda deum ente da famiacutelia assim como aos direitos agraves garantias judi-ciais e agrave proteccedilatildeo judicial diante da demora injustificada doprocesso criminal e das falhas nas investigaccedilotildees O Brasil foicondenado dentre outras medidas a concluir o processo judi-cial com eventual responsabilizaccedilatildeo dos envolvidos na demoraa indenizar os familiares e a continuar a desenvolver um pro-grama de formaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para todas as pessoasvinculadas ao atendimento de sauacutede mental em especial sobreos princiacutepios que devem reger o trato das pessoas portadorasde deficiecircncia mental conforme os padrotildees internacionaissobre a mateacuteria e aqueles dispostos na decisatildeo
2 Caso Escher e outros vs Brasil trata-se de denuacutencia sobre umaseacuterie de interceptaccedilotildees telefocircnicas contra duas associaccedilotildeesligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra(MST) em Querecircncia do Norte Paranaacute feitas de maneira irre-gular pela poliacutecia e pelo Judiciaacuterio As informaccedilotildees resultantes
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dessa operaccedilatildeo foram divulgadas agrave imprensa e posteriormentepara o puacuteblico Segundo os peticionaacuterios isso teria maculado aimagem das viacutetimas e do movimento social A denuacutencia foiapresentada agrave Comissatildeo em dezembro de 2000 levada agrave CorteInteramericana em dezembro de 2007 e julgada pela Corte emjulho de 2009 A decisatildeo envolveu as seguintes condenaccedilotildeescontra o Brasil obrigaccedilatildeo de publicar as sentenccedilas e de inde-nizar as viacutetimas aleacutem da obrigaccedilatildeo de investigar adequadamenteos fatos e punir os responsaacuteveis pelas violaccedilotildees dos direitos agraveprivacidade agrave honra e agrave liberdade de associaccedilatildeo
3 Caso Garibaldi vs Brasil trata-se do homiciacutedio de Seacutetimo Gari-baldi integrante do MST tambeacutem em Querecircncia do Nortecometido por homens encapuzados que atacaram uma ocupaccedilatildeoem uma fazenda da regiatildeo A denuacutencia foi apresentada em maiode 2003 submetida agrave Corte Interamericana de Direitos Huma-nos em marccedilo de 2007 e julgada pela Corte em setembro de2009 Envolveu as seguintes condenaccedilotildees contra o Brasil obri-gaccedilatildeo de publicar as sentenccedilas de indenizar as famiacutelias dasviacutetimas e de investigar adequadamente os fatos aleacutem de puniros responsaacuteveis pelas violaccedilotildees de direitos humanos agrave vida e agraveproteccedilatildeo judicial
4 Caso Julia Gomes Lund e outros vs Brasil (caso ldquoGuerrilha doAraguaiardquo) trata-se de denuacutencia sobre a responsabilidade doEstado brasileiro pela detenccedilatildeo ilegal e arbitraacuteria tortura edesaparecimento forccedilado de pelo menos 70 membros do movi-mento conhecido como ldquoGuerrilha do Araguaiardquo entre os anosde 1972 e 1975 e da consequente falta de investigaccedilatildeo dessesatos ndash o que se relaciona com a ediccedilatildeo da Lei federal n 6683de 28 de agosto de 1979 (ldquoLei da Anistiardquo) e com o sigilo per-manente sobre documentos a respeito dessa operaccedilatildeo estatalA denuacutencia foi apresentada agrave Comissatildeo em 1995 e a peticcedilatildeofoi submetida pela CIDH agrave Corte em 2009 Em 24 de novem-bro de 2010 a Corte IDH condenou o Brasil pela falta deinvestigaccedilatildeo dos crimes cometidos por militares durante aldquoGuerrilha do Araguaiardquo Determinou ao Estado brasileiro aconduccedilatildeo eficaz da investigaccedilatildeo penal a fim de esclarecer os
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fatos ocorridos no caso definir as correspondentes responsabi-lidades penais e aplicar as sanccedilotildees cabiacuteveis Determinou aindaque o Estado continuasse as iniciativas de busca sistematizaccedilatildeoe publicaccedilatildeo de toda informaccedilatildeo sobre a ldquoGuerrilha do Ara-guaiardquo bem como das violaccedilotildees de direitos humanos ocorridasdurante o regime militar Aleacutem disso estabeleceu a necessidadeda criaccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade autocircnoma independen-te e capaz de garantir o direito agrave verdade sobre o ocorrido
Ademais satildeo duas soluccedilotildees amistosas
5 Caso Joseacute Pereira (trabalho escravo) trata-se de denuacutencia deviolaccedilatildeo dos direitos de Joseacute Pereira e outros trabalhadores queforam retidos e forccedilados a trabalhar sem remuneraccedilatildeo e emcondiccedilotildees ilegais na fazenda ldquoEspiacuterito Santordquo no estado doParaacute Na fazenda foram encontradas mais de 60 pessoas emcondiccedilotildees anaacutelogas agrave escravidatildeo5 As investigaccedilotildees contudodemoraram cerca de oito anos para serem finalizadas e o jul-gamento dos responsaacuteveis natildeo foi concluiacutedo ateacute o momentoO processo encontra-se atualmente suspenso A denuacutencia foiapresentada em 22 de fevereiro de 1994 a Comissatildeo aprovourelatoacuterio de admissibilidade e meacuterito em 1995 e houve a cele-braccedilatildeo de soluccedilatildeo amistosa entre as viacutetimas e o Estadobrasileiro em outubro de 2003 As medidas centrais no casodestinavam-se aos poderes Legislativo e Executivo recomen-dando-lhes que realizassem tanto mudanccedilas legislativas quepropiciassem um cenaacuterio favoraacutevel ao combate ao trabalheescravo como poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave prevenccedilatildeo fiscali-zaccedilatildeo e ao combate do trabalho escravo aleacutem de campanhasde sensibilizaccedilatildeo
6 Caso Meninos emasculados do Maranhatildeo trata-se de denuacutencia emrazatildeo de 42 mortes ocorridas entre 1989 e 2003 em Altamirano estado do Paraacute e Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo que envolve crian-ccedilas pertencentes a famiacutelias de baixa renda As viacutetimas tambeacutemsofriam mutilaccedilotildees genitais donde derivou o nome do caso Ape-nas em 2003 12 anos apoacutes o primeiro homiciacutedio foi designadauma forccedila-tarefa para investigar os fatos A indignaccedilatildeo com a natildeo
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investigaccedilatildeo dos fatos e com a sistemaacutetica violaccedilatildeo dos direitosda populaccedilatildeo infantojuvenil do Maranhatildeo levou a denuacutenciaperante a Comissatildeo em 2001 Apoacutes uma seacuterie de reuniotildees de tra-balho procedimentos para uma soluccedilatildeo amistosa iniciaram-se emmarccedilo de 2004 O acordo foi celebrado em dezembro de 2005As medidas acordadas visavam aleacutem da reparaccedilatildeo das famiacutelias dasviacutetimas e do julgamento dos responsaacuteveis agrave formulaccedilatildeo e agraveimplementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave proteccedilatildeo dacrianccedila e do adolescente pelo Estado brasileiro
Finalmente foram escolhidos dois casos de recomendaccedilotildeespela CIDH
7 Caso Maria da Penha vs Brasil trata-se de violecircncia domeacutesticacontra a mulher sofrida por Maria da Penha Maia Fernandespraticada por seu ex-marido que a deixou parapleacutegica com umtiro de arma de fogo Os fatos se deram em 1983 mas 15 anosdepois o processo criminal ainda natildeo havia sido concluiacutedo e oacusado estava na iminecircncia de ser beneficiado com a prescri-ccedilatildeo dos crimes A denuacutencia foi apresentada em 1998 agrave ComissatildeoEm relatoacuterio de 4 de abril de 2001 a CIDH admitiu a peticcedilatildeoe considerou ter ocorrido violaccedilatildeo aos direitos de proteccedilatildeo judi-cial e integridade Recomendou ao Brasil que promovessedentre outras coisas a conclusatildeo do processo judicial com even-tual responsabilizaccedilatildeo dos envolvidos na demora a indenizaccedilatildeoda viacutetima e a realizaccedilatildeo de poliacuteticas pelo Executivo e peloLegislativo que combatessem a discriminaccedilatildeo contra a mulherespecialmente no tema de violecircncia domeacutestica mediante a cria-ccedilatildeo de uma legislaccedilatildeo especiacutefica
8 Caso Comunidades Indiacutegenas da Bacia do rio Xingu vs Brasil (casoBelo Monte) tratou da construccedilatildeo da Usina Hidreleacutetrica deBelo Monte que afetaria dezenas de povos indiacutegenas na regiatildeoda Volta Grande do Xingu no centro-norte do Brasil Embo-ra o plano para o complexo hidreleacutetrico jaacute existisse desde adeacutecada de 1970 ganhou forccedila na deacutecada de 2000 Diversas ten-tativas do Ministeacuterio Puacuteblico Federal para suspender as obraspor meio de accedilotildees cautelares natildeo evitaram que o processo de
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licenciamento prosseguisse Segundo as entidades peticionaacuteriasno SIDH houve violaccedilatildeo aos direitos agrave vida agrave integridade pes-soal agrave informaccedilatildeo e agrave participaccedilatildeo poliacutetica dos povos indiacutegenasafetados pelo megaempreendimento Em razatildeo disso em 1ordm deabril de 2011 a CIDH outorgou uma medida cautelar para queo Estado brasileiro suspendesse o processo de licenciamento daobra impedisse qualquer obra anterior agrave consulta das popula-ccedilotildees indiacutegenas e adotasse medidas destinadas a garantir a vidae a integridade pessoal dos envolvidos Houve reaccedilatildeo negati-va do governo brasileiro de um lado e apoio da sociedade civilorganizada agrave medida cautelar do outro Posteriormente aCIDH alterou sua decisatildeo para exigir do Brasil a adoccedilatildeo demedidas que garantissem o direito agrave vida e agrave integridade dosindiacutegenas que impedissem problemas de sauacutede nas comunida-des e que finalizassem com rapidez a demarcaccedilatildeo das terrasancestrais daqueles povos
Tendo em vista a escassez de pesquisas acadecircmicas empiacutericas noBrasil sobre este objeto as anaacutelises foram baseadas primordialmen-te nos discursos dos atores envolvidos nos processos perante aCIDH e a Corte Interamericana Entre os entrevistados estatildeo inte-grantes de oacutergatildeos do Estado responsaacuteveis pela implementaccedilatildeo taiscomo o Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores (MRE) a Secretaria deDireitos Humanos (SDH) a Advocacia-Geral da Uniatildeo (AGU)bem como membros de entidades de proteccedilatildeo de direitos huma-nos que levaram as demandas agrave Comissatildeo Interamericana ou queparticiparam de alguma forma perante a Corte IDH Os entrevistados foram selecionados por estarem envolvidos
diretamente nos casos ou por representarem instituiccedilotildees envolvidascom as temaacuteticas e com o processo de judicializaccedilatildeo do conflito dis-cutido perante o Sistema Interamericano Os uacuteltimos foram em suamaior parte aqueles indicados por sua proacutepria instituiccedilatildeo Optamospor resguardar a identidade de todos No total foram realizadas 15 entrevistas ao longo de um semes-
tre que seguiram um roteiro semiestruturado especiacutefico para cadaum dos casos partindo de trecircs eixos centrais
(1) o contexto poliacutetico no qual se insere o caso
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(2) as funccedilotildees institucionais da respectiva entidade na implementa-ccedilatildeo do caso e
(3) os obstaacuteculos enfrentados no processo de implementaccedilatildeo
A despeito da relevacircncia das entrevistas o objeto do estudo natildeose resume a uma coleccedilatildeo de percepccedilotildees Sua funccedilatildeo foi a de obterinformaccedilotildees relevantes a respeito de fatos e interaccedilotildees incapazes deserem obtidas por meio da anaacutelise documental e de miacutedia
2 O BRASIL NO SIDHComparado a outros paiacuteses da regiatildeo como Colocircmbia Meacutexico Perue Argentina o Brasil tem uma presenccedila menor de incidecircncia entreos casos do SIDH Segundo as uacuteltimas estatiacutesticas da Comissatildeo Inte-ramericana de Direitos Humanos enquanto foram encaminhadasquase 100 denuacutencias contra o Brasil no ano de 2012 esse nuacutemerochegou a quase 400 contra a Colocircmbia 450 contra o Meacutexico 200contra o Peru e cerca de 180 contra Argentina6
Segundo levantamento feito a partir do site da Comissatildeosomente 17 relatoacuterios de meacuterito com recomendaccedilotildees contra o Bra-sil foram publicados e apenas duas soluccedilotildees amistosas celebradasentre 1996 e 20127 Aleacutem disso houve 30 medidas cautelares e 66decisotildees de admissibilidade Completa o quadro a existecircncia deuma visita in loco no paiacutes cujo informe foi publicado em 1997 ea supervisatildeo em 1999Os casos que envolvem o Estado brasileiro no acircmbito da Corte
Interamericana de Direitos Humanos tambeacutem satildeo poucos Ao todoforam 5 casos contenciosos e outras 5 medidas provisionais entre1996 e 2012 Apenas para comparaccedilatildeo a Argentina possui 13 casoscontenciosos e 4 medidas provisionais a Colocircmbia 13 casos con-tenciosos e 15 medidas provisionais o Meacutexico 7 casos contenciosose 10 medidas provisionais e o Peru 26 casos contenciosos e 13medidas provisionais segundo dados do site da Corte8
Em relaccedilatildeo agraves violaccedilotildees de direitos humanos mais indicadasnos casos que envolvem o Brasil nos relatoacuterios de meacuterito peran-te a CIDH foram recorrentes violaccedilotildees aos arts 4 (direito agrave vida)5 (direito agrave integridade fiacutesica) 8 (direito agrave proteccedilatildeo judicial) e 25
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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(direito agrave garantia judicial) da Convenccedilatildeo Interamericana sobreDireitos Humanos Nos casos contenciosos perante a Corte IDHverificou-se o mesmo padratildeo Em relaccedilatildeo agraves medidas cautelares naComissatildeo levando-se em consideraccedilatildeo que apenas violaccedilotildees espe-ciacuteficas suscitam o cabimento de medidas cautelares (direito agrave vidae agrave integridade por exemplo) esses direitos foram os mais invo-cados nesse acircmbito Por fim sobre as medidas provisionais quasetodas tiveram por fundamento o direito agrave vida e agrave integridade depresos bem como o dever de proteccedilatildeo pelo EstadoNo conjunto os temas satildeo variados No acircmbito dos relatoacuterios
de meacuterito da CIDH conflito fundiaacuterio (5 casos) e violecircncia poli-cial (10 casos) satildeo os mais presentes mas puderam ser identificadostambeacutem casos de tortura investigaccedilatildeo de assassinato discrimina-ccedilatildeo racial liberdade de expressatildeo e violecircncia domeacutestica No acircmbitodas medidas cautelares o perfil se altera para privilegiar temas rela-tivos ao sistema carceraacuterio (10 casos) ameaccedila a povos indiacutegenas (3casos) e proteccedilatildeo a ativistas de direitos humanos testemunhas ououtras pessoas (17 casos) No tocante aos casos contenciosos daCorte IDH houve um sobre conflito fundiaacuterio um sobre investi-gaccedilatildeo de assassinato um sobre tortura um sobre anistia e um sobreviolaccedilatildeo agrave intimidade (interceptaccedilotildees telefocircnicas) Finalmente emrelaccedilatildeo agraves medidas provisionais foram quatro sobre sistema carce-raacuterio e uma sobre anistiaNo que diz respeito agrave natureza das medidas presentes nas reco-
mendaccedilotildees ou nas condenaccedilotildees verifica-se uma distribuiccedilatildeo bastanteequilibrada entre decisotildees com medidas de indenizaccedilatildeo (17 relatoacute-rios de meacuterito e 4 casos contenciosos) de satisfaccedilatildeo (17 relatoacuteriosde meacuterito e 4 casos contenciosos) e garantias de natildeo repeticcedilatildeo (15relatoacuterios de meacuterito e 2 casos contenciosos)9 Dada a natureza pecu-liar das medidas cautelares e das medidas provisionais elas natildeoentraram no cocircmputo apresentadoNo tocante agrave supervisatildeo de cumprimento pela Comissatildeo com
referecircncia agraves soluccedilotildees amistosas e aos relatoacuterios de meacuterito publi-cados entre 2000 e 2011 a Comissatildeo apresentou a supervisatildeo dasdecisotildees anteriores uma totalmente cumprida10 oito parcialmentecumpridas11 e quatro pendentes de cumprimento12-13 Natildeo foi publi-cado o estado de cumprimento de seis relatoacuterios de meacuterito de 1998e 2000 mas haacute notiacutecia de que pelo menos um teve recomendaccedilotildees
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cumpridas14 Tambeacutem haacute uma seacuterie de outros casos que emboratenham sido cumpridos natildeo tiveram seus relatoacuterios publicados eportanto natildeo entraram nessa consideraccedilatildeo15 Por fim natildeo haacute um rela-toacuterio consistente sobre o cumprimento das medidas cautelares (videApecircndice)No acircmbito da Corte IDH dos cinco casos contenciosos um natildeo
gerou condenaccedilotildees (caso Nogueira de Carvalho e outro vs Brasil) umfoi considerado totalmente cumprido (caso Escher e outros vs Brasil)dois foram considerados parcialmente cumpridos (casos Damiatildeo Xime-nes Lopes vs Brasil e Garibaldi vs Brasil) e um ainda natildeo possuimanifestaccedilatildeo da Corte acerca do cumprimento (caso Julia Gomes Lunde outros vs Brasil ndash caso ldquoGuerrilha do Araguaiardquo) Das cinco medidasprovisionais por sua vez trecircs foram arquivadas por cumprimento(caso Penitenciaacuteria Urso Branco caso Penitenciaacuteria de Araraquara e casoComplexo do Tatuapeacute da Febem) uma foi considerada parcialmente cum-prida (caso Unidade de Internaccedilatildeo Socioeducativa) e outra foi rejeitadapela Corte (caso Julia Gomes Lund)Como pode ser visto o pequeno nuacutemero de casos do Brasil no
SIDH natildeo permite traccedilar conclusotildees preacutevias sobre os tipos maisrecorrentes (quais as viacutetimas tiacutepicas quais satildeo as violaccedilotildees e comosatildeo enquadradas nas normas da convenccedilatildeo etc) tampouco sobre ograu de implementaccedilatildeo normalmente atingido pelo paiacutes Por issoainda que haja estudos que apontem para uma relaccedilatildeo entre tipos demedidas e um maior ou menor grau de implementaccedilatildeo16 natildeo seriapossiacutevel tirar conclusotildees dessa natureza no contexto brasileiro Con-tudo a anaacutelise qualitativa que seraacute explorada a seguir apontou paraalguns fatores que podem estar relacionados agrave maior ou menorimplementaccedilatildeo das medidas seratildeo enfocados a apropriaccedilatildeo da deci-satildeo pelos segmentos envolvidos a definiccedilatildeo da agenda puacuteblica etambeacutem as repercussotildees das condenaccedilotildees ou recomendaccedilotildees
3 O CAMINHO DAS DECISOtildeES CONTRA O ESTADO BRASILEIRONo Brasil natildeo haacute regulaccedilatildeo formal abrangente da implementa-ccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeo e de condenaccedilatildeo oriundas doSIDH Nenhum dos projetos legislativos voltados a uma organi-zaccedilatildeo miacutenima de implementaccedilatildeo chegou a ser aprovado17
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Recentemente contudo o III Programa Nacional de DireitosHumanos trouxe um objetivo estrateacutegico especiacutefico relacionado aotema sob o nome ldquoMonitoramento dos compromissos internacionaisassumidos pelo Estado brasileiro em mateacuteria de Direitos HumanosrdquoNele se destacam as seguintes accedilotildees
a) Elaborar relatoacuterio anual sobre a situaccedilatildeo dos DireitosHumanos no Brasil em diaacutelogo participativo com asociedade civilResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores[] e) Definir e institucionalizar fluxo de informaccedilotildees comresponsaacuteveis em cada oacutergatildeo do Governo Federal referentesaos relatoacuterios da Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos e agraves decisotildees da Corte Interamericana deDireitos HumanosResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exterioresf) Criar banco de dados puacuteblico sobre todas asrecomendaccedilotildees dos sistemas ONU e OEA feitas ao Brasilcontendo as medidas adotadas pelos diversos oacutergatildeospuacuteblicos para seu cumprimentoResponsaacuteveis Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores
Esse programa foi instituiacutedo em dezembro de 2009 com altera-ccedilotildees em 201018 e fixa um roteiro de atuaccedilatildeo para o Poder Puacuteblicoem mateacuteria de direitos humanos Estaacute declarada nesse instrumentoa disposiccedilatildeo de institucionalizarem-se os procedimentos paraimplementaccedilatildeo das medidas impostas ao paiacutes pelo Sistema Intera-mericano consubstanciada em objetivos que devem ser perseguidospelo governo brasileiroPor conta da falta de uma predefiniccedilatildeo institucional e normati-
va especiacutefica sobre quais oacutergatildeos deveriam lidar com os casos contrao Brasil no SIDH uma divisatildeo de tarefas foi feita ao longo dotempo em sua maioria pelos proacuteprios oacutergatildeos os quais pelo con-junto de suas funccedilotildees preacutevias se viram responsaacuteveis por algum tipo
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de envolvimento O Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores a Secretariade Direitos Humanos e a Advocacia-Geral da Uniatildeo se destacaramformando o grupo que tomou para si as defesas brasileiras e a imple-mentaccedilatildeo das medidas de recomendaccedilatildeo e condenaccedilatildeoParalelamente o pagamento de indenizaccedilotildees por parte do Estado
brasileiro teve um desenvolvimento especiacutefico e sua concretizaccedilatildeo foiestruturada a partir de rubricas (categorias) especiacuteficas no Orccedilamen-to da Uniatildeo Trata-se de uma questatildeo que foi institucionalizada paraatender reparaccedilotildees oriundas de decisotildees tomadas pelo SIDH
31 PODER EXECUTIVO FEDERAL ATORES E COMPETEcircNCIA
Conforme jaacute mencionado anteriormente o grupo principal deoacutergatildeos que tomou para si as defesas brasileiras e a implementa-ccedilatildeo das medidas de recomendaccedilatildeo e condenaccedilatildeo eacute composto deMinisteacuterio das Relaccedilotildees Exteriores (MRE) Secretaria de Direi-tos Humanos (SDH) e Advocacia-Geral da Uniatildeo (AGU) O MREeacute um oacutergatildeo poliacutetico de auxiacutelio ao Presidente da Repuacuteblica cujasaacutereas de competecircncia abrangem atividades de poliacutetica internacio-nal e relaccedilotildees internacionais19 Eacute a Divisatildeo de Direitos Humanosdo MRE que faz a intermediaccedilatildeo das comunicaccedilotildees com o SIDHem todas as fases de um casoA SDH oacutergatildeo responsaacutevel por poliacuteticas de implementaccedilatildeo dos
direitos humanos20 fazia parte da estrutura do Ministeacuterio da Justiccedilaateacute 199921 ano em que passou a se reportar diretamente agrave Presidecircn-cia da Repuacuteblica Geralmente a notiacutecia de denuacutencia eacute recebida peloMRE e repassada para a SDH cuja Assessoria Internacional busca acomunicaccedilatildeo com os atores envolvidos no caso concreto Por fim a AGU eacute a instituiccedilatildeo responsaacutevel pelo assessoramento
juriacutedico ao Poder Executivo tanto de forma consultiva quanto con-tenciosa22 Ela costuma auxiliar a SDH e o MRE tanto na defesabrasileira quanto na implementaccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeoe de condenaccedilatildeo Esses trabalhos satildeo concentrados no seu Depar-tamento Internacional Atualmente a instituiccedilatildeo eacute sempre notificadapara atuar nas fases preliminares dos casos no SIDHSe o caso jaacute avanccedilou para o relatoacuterio com recomendaccedilotildees eacute a SDH
que organiza internamente o conteuacutedo da defesa do Estado satildeo fei-tas tentativas de contato com o ente federado no qual ocorreu a
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violaccedilatildeo com o objetivo de fomentar um processo de soluccedilatildeo amis-tosa Se o caso vai para a Corte Interamericana o Itamaraty (oacutergatildeodiplomaacutetico) a SDH e a AGU atuam de forma conjunta como umnuacutecleo de defesa eventualmente com a participaccedilatildeo de outros oacutergatildeosrelevantes a depender de cada caso
32 O QUADRO DINAcircMICO APRENDIZADO E CONFLITO ENTRE INSTITUICcedilOtildeES
Ao longo da experiecircncia brasileira com os casos do SIDH houveum processo de modificaccedilatildeo nas atribuiccedilotildees inicialmente realizadaspor cada oacutergatildeo em parte por um processo de aprendizado institu-cional mas tambeacutem como resultado de disputas poliacuteticas ligadas aomodo pelo qual o Brasil se apresenta perante o SIDHEacute possiacutevel identificar trecircs grandes periacuteodos de dinacircmica entre as
instituiccedilotildees O primeiro diz respeito aos dois primeiros casos doBrasil perante a Corte IDH (casos Damiatildeo Ximenes Lopes e GilsonNogueira de Carvalho ambos de 2006) o segundo acompanha as con-denaccedilotildees dos casos Escher e Garibaldi (ambos de 2009) enquanto oterceiro periacuteodo equivale agraves deliberaccedilotildees da Corte entre os casosJulia Gomes Lund (2010) e Belo Monte (2012)
321 PRIMEIRO PERIacuteODO CASOS DAMIAtildeO XIMENES LOPES E GILSON NOGUEIRA DE CARVALHONo caso Damiatildeo Ximenes Lopes foram dados os primeiros passosquanto aos procedimentos gerais a serem adotados diante de accedilotildeescontra o paiacutes na Corte Interamericana visto que se tratou da pri-meira condenaccedilatildeo brasileira na Corte IDH Nele a defesa perantea Corte foi feita por membros da AGU indicados especificamentecomo agentes do Estado Isso se repetiria no caso Gilson Nogueirade Carvalho decidido posteriormente A elaboraccedilatildeo da defesa brasileira por membros da AGU repre-
sentou agrave eacutepoca uma quebra da praacutetica que prevalecia quanto agravedivisatildeo informal de funccedilotildees entre MRE SDH e AGU para atua-ccedilatildeo no SIDH que ocorria apenas perante a Comissatildeo Ateacute entatildeoa SDH agia em conjunto com o MRE em especial na fase deproduccedilatildeo do relatoacuterio de meacuterito da Comissatildeo buscando fomen-tar soluccedilotildees amistosas e prestando informaccedilotildees em prol da defesado Estado
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Desde o ano 2000 a AGU jaacute tinha em sua estrutura interna umaaacuterea internacional Assim em 2004 o caso Damiatildeo Ximenes Lopeschegou agrave divisatildeo internacional do oacutergatildeo que passou a atuar comvisitas agrave cidade onde ocorreram os fatos e contato direto com osatores do Poder Judiciaacuterio Justamente por ter atuado desde o iniacute-cio como representante do Estado no caso a AGU assumiu um papelcentral na fase de implementaccedilatildeo das medidas de condenaccedilatildeo23
Outro ponto que se relaciona com a experiecircncia de ter sido oprimeiro caso brasileiro de condenaccedilatildeo eacute o das medidas de paga-mento de indenizaccedilatildeo agraves viacutetimas No caso Damiatildeo Ximenes Lopesa condenaccedilatildeo do Brasil ao pagamento de indenizaccedilotildees fez neces-saacuteria a articulaccedilatildeo entre os oacutergatildeos internos para decisatildeo de comose daria a praacutetica dessa implementaccedilatildeo24
Verificou-se no tocante agrave implementaccedilatildeo das decisotildees da CorteInteramericana que a Secretaria de Direitos Humanos buscava con-vencer os oacutergatildeos estaduais relacionados ao caso sobre a necessidadede modificaccedilotildees nas poliacuteticas ligadas ao tema da violaccedilatildeo Contudoquando a medida se relacionava agraves atividades da Justiccedila brasileirahavia dificuldades nesse esforccedilo de convencimento Isso foi cons-tatado no caso Damiatildeo Ximenes Lopes que tinha em seu cerne aquestatildeo de funcionamento das instituiccedilotildees judiciaacuterias e exigia aatuaccedilatildeo preponderante dos oacutergatildeos judiciais para a sua implementa-ccedilatildeo Assim iniciou-se a praacutetica de a AGU atuar mais diretamentejunto ao Judiciaacuterio por sua facilidade de articulaccedilatildeo com atoresdesse Poder25 Na eacutepoca foram feitas diversas visitas de apuraccedilatildeodo oacutergatildeo junto agrave SDH e conversas com os juiacutezes responsaacuteveis paratentativas de apuraccedilatildeo dos motivos da demora Ainda que tenha havido tais tentativas os tracircmites das accedilotildees
continuaram lentos em grande parte por causa da ineficaacutecia daabordagem poliacutetica habitual de convencimento com os atores doJudiciaacuterio Seraacute visto em espaccedilo proacuteprio que esse problema foi miti-gado posteriormente em razatildeo do papel de um programa de umquarto ator o Conselho Nacional de Justiccedila (CNJ) oacutergatildeo criadoem 2004 e responsaacutevel por ser a mais alta instacircncia administrativado Poder Judiciaacuterio brasileiro (toacutepico 34 infra)Em siacutentese durante o primeiro caso de condenaccedilatildeo do Brasil na
Corte Interamericana de Diretos Humanos houve um rearranjo depapeacuteis para a apresentaccedilatildeo das manifestaccedilotildees brasileiras no SIDH
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A AGU assumiu um papel central na defesa juriacutedica do caso levan-do um de seus integrantes para a defesa brasileira no Tribunal ASecretaria passou a ter papel de apoio organizacional com relaccedilatildeoaos atores envolvidos no caso e agraves informaccedilotildees relevantes O MREpor sua vez conservou sua posiccedilatildeo de mediador das manifestaccedilotildeespara fora da Corte Segundo relatos das entrevistas havia um relati-vo concerto dos trecircs oacutergatildeos com relaccedilatildeo a como deveriam atuar emcada uma de suas funccedilotildees Isso se repetiria no caso Gilson Nogueirade Carvalho ndash em que o Estado foi absolvido por falta de provas
322 SEGUNDO PERIacuteODO CASOS ESCHER E OUTROS E GARIBALDIEm um segundo momento da dinacircmica institucional a defesa brasi-leira na Corte passou a ser feita pelo Embaixador do Brasil na CostaRica Essa troca teria relaccedilatildeo com o tom marcado pelo Brasil em suasdefesas se antes as manifestaccedilotildees da SDH eram mais inseridas nodiscurso de proteccedilatildeo das viacutetimas no acircmbito da AGU as defesasganhavam um caraacuteter mais teacutecnico marcado por argumentos juriacutedi-cos A passagem para uma maior atuaccedilatildeo do MRE mudaria o vieacutes dedefesa para a esfera poliacutetica Assim a nova divisatildeo funcional informal ndash fruto das dinacircmicas
dos proacuteprios oacutergatildeos entre si ndash passou a estabelecer que a AGU atua-ria principalmente na defesa brasileira na fase de admissibilidadeEnquanto o MRE cuidaria do restante das manifestaccedilotildees brasileirasa Secretaria ficou responsaacutevel principalmente pela (i) coordenaccedilatildeocom atores internos para recolhimento de informaccedilotildees uacuteteis agraves mani-festaccedilotildees brasileiras e (ii) busca de diaacutelogo entre os oacutergatildeos e viacutetimaspara tentar soluccedilotildees amistosas e implementaccedilotildees de medidas de reco-mendaccedilatildeo ou condenaccedilatildeo Essa divisatildeo natildeo era impermeaacutevel cadaum dos oacutergatildeos teria a possibilidade de influenciar ou informar a ati-vidade do outro Havia contudo uma visiacutevel prevalecircncia de cada umdos oacutergatildeos nas funccedilotildees indicadas
323 TERCEIRO PERIacuteODO CASOS JULIA GOMES LUND E BELO MONTENo caso Julia Gomes Lund ocorreu uma polarizaccedilatildeo entre as posi-ccedilotildees assumidas internamente pela AGU e pela SDH A Secretariaposicionou-se a favor das viacutetimas enquanto a AGU defendeu a Lei
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de Anistia brasileira perante o STF Ante a essa situaccedilatildeo o MREpassou a concentrar todas as manifestaccedilotildees brasileiras no caso emconcerto com a Casa Civil Situaccedilatildeo similar ocorreu no caso BeloMonte cujas manifestaccedilotildees foram concentradas pelo MRE e pelaCasa Civil por conta da sensibilidade poliacutetica do caso para a poliacute-tica federalDiante dessas consideraccedilotildees percebe-se que ao longo dos anos
houve certo processo de aprendizado institucional sobre como lidarcom o sistema interamericano com tentativas de adaptaccedilatildeo contiacutenuaNo entanto fica evidente que a proacutepria interaccedilatildeo entre os principaisoacutergatildeos envolvidos se baseia em seus interesses poliacuteticos e em suascapacidades de manobra Isso se evidencia ainda mais com a suces-satildeo de casos mediante a maior concentraccedilatildeo da defesa brasileira nasmatildeos do MRE e a colocaccedilatildeo da AGU e da SDH em posiccedilotildees novas
33 PAGAR AS VIacuteTIMAS UM DESENVOLVIMENTO Agrave PARTE
Desde 2004 o Estado brasileiro possui uma parte do orccedilamento fede-ral destinada especificamente ao pagamento de indenizaccedilotildees queresultam do reconhecimento da violaccedilatildeo de tratados internacionaisde direitos humanos Trata-se da dotaccedilatildeo denominada ldquoPagamentode indenizaccedilatildeo a viacutetimas de violaccedilatildeo das obrigaccedilotildees contraiacutedas pelauniatildeo por meio da adesatildeo a tratados internacionaisrdquo26
Em 1993 governo e sociedade civil haviam se mobilizado paradefinir uma agenda nacional para a Conferecircncia Mundial de Direi-tos Humanos Em 1996 como resultado desses esforccedilos e daDeclaraccedilatildeo e Programa de Accedilatildeo de Viena (adotada na Conferecircncia)foi criado o Programa Nacional de Direitos Humanos no Brasilsegundo o qual os direitos humanos deveriam ser tratados comoobjeto de poliacutetica puacuteblica27 Na sua vertente orccedilamentaacuteria a articu-laccedilatildeo das diversas propostas de accedilotildees governamentais refletiu-se noprograma ldquoPromoccedilatildeo e garantia dos direitos humanosrdquo entre 1996e 1999 e no seu aprimoramento por meio do programa ldquoDireitosHumanos Direitos de Todosrdquo (DHDT) vinculado ao Ministeacuterio daJusticcedila e presente nos orccedilamentos brasileiros a partir de 1999Em 2002 apoacutes revisatildeo do plano original criou-se o 2ordm Progra-
ma Nacional de Direitos Humanos no Brasil28 Em sua introduccedilatildeoressaltou-se que
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A criaccedilatildeo da Secretaria de Estado dos Direitos Humanosno acircmbito do Ministeacuterio da Justiccedila possibilitou oengajamento efetivo do Governo Federal em accedilotildees voltadaspara a proteccedilatildeo e promoccedilatildeo de direitos humanos As metasdo PNDH foram em sua maioria sendo incorporadas aosinstrumentos de planejamento e orccedilamento do GovernoFederal convertendo-se em programas e accedilotildees especiacuteficascom recursos financeiros assegurados nas LeisOrccedilamentaacuterias Anuais conforme determina o PlanoPlurianual (PPA)
O Anexo II do documento trouxe a ampliaccedilatildeo de uma seacuterie deprogramas governamentais que jaacute estavam previstos nos orccedilamen-tos dos anos anteriores em razatildeo do DHDT Contudo nenhumaaccedilatildeo foi prevista para os objetivos estrateacutegicos relativos agrave diretrizldquoInserccedilatildeo nos sistemas internacionais de proteccedilatildeordquo tais como a ado-ccedilatildeo de medidas para cumprimento dos compromissos assumidos emtratados internacionais o fortalecimento da cooperaccedilatildeo com o sis-tema regional de proteccedilatildeo e a promoccedilatildeo de soluccedilotildees amistosas noacircmbito da Comissatildeo Interamericana de Direitos HumanosPor ocasiatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria para os anos de 2004
a 200729 reconheceu-se no plano gerencial do programa DHDTa necessidade de que houvesse uma previsatildeo expliacutecita para as inde-nizaccedilotildees agraves viacutetimas de violaccedilotildees de direitos humanos Estrateacutegiasde sustentabilidade para o programa foram indicadas tendo emvista a relaccedilatildeo com outros atores Uma das relaccedilotildees indicadas foia influecircncia da Comissatildeo da Corte Interamericana de DireitosHumanos e da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos para a desti-naccedilatildeo dos recursos ao pagamento dessas indenizaccedilotildees30
Os oacutergatildeos federais verificaram essa carecircncia apoacutes se esforccedilarempara cumprir a primeira soluccedilatildeo amistosa envolvendo o Brasil (casoJoseacute Pereira) que em se tratando de mateacuteria de competecircncia daUniatildeo (combate a trabalho escravo) retirava o dever de indenizarda esfera estadual31 Percebeu-se que o pagamento de indenizaccedilatildeopor meio de lei era mais trabalhoso e demorado Por isso a fixa-ccedilatildeo de uma parte do orccedilamento federal destinada exclusivamentea essas indenizaccedilotildees possibilitaria agrave Presidecircncia pagaacute-las por meiode um simples decreto presidencial
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Nesse contexto a Lei Orccedilamentaacuteria Anual brasileira de 2004previu pela primeira vez uma accedilatildeo intitulada ldquoPagamento de inde-nizaccedilatildeo a viacutetimas de violaccedilatildeo das obrigaccedilotildees contraiacutedas pela Uniatildeopor meio da adesatildeo a tratados internacionais de proteccedilatildeo dos direi-tos humanosrdquo subordinada ao programa DHDT32 A descriccedilatildeo dessaaccedilatildeo governamental reproduziu em grande medida o que jaacute fica-ra estabelecido nos objetivos estrateacutegicos do 2ordm Programa Nacionalde Direitos Humanos33
Estabeleceu-se assim uma ampla finalidade para a dotaccedilatildeo con-sistente no pagamento de indenizaccedilotildees natildeo apenas no acircmbito dosistema regional de proteccedilatildeo dos direitos humanos (OEA) comotambeacutem no acircmbito do sistema global (ONU) Atribuiu-se essa tare-fa ao Gabinete da Secretaria Especial de Direitos HumanosEm consequecircncia dessa inovaccedilatildeo entre 2004 e 2013 anualmen-
te a lei orccedilamentaacuteria passou a destinar um valor para que a SDHpudesse pagar as despesas com indenizaccedilotildees arbitradas tanto naONU como no SIDH por violaccedilotildees de tratados de direitos huma-nos em vigor para o Brasil
34 PROGRAMA ldquoJUSTICcedilA PLENArdquo IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS MEDIDAS DE GARANTIA E ACESSO Agrave JUSTICcedilAEacute importante destacar tambeacutem a criaccedilatildeo do programa ldquoJusticcedilaPlenardquo pelo CNJ34 como um passo importante em prol da imple-mentaccedilatildeo das medidas relacionadas ao acesso agrave justiccedila35 Ainda quenatildeo oficialmente vinculado agrave implementaccedilatildeo das decisotildees do SIDHna praacutetica o programa apresentou-se como uma boa possibilidadede monitoramento das accedilotildees judiciais que suscitaram os casos leva-dos ao sistema interamericano O programa ldquoJusticcedila Plenardquo surgiu em 2010 com o objetivo de
monitorar e aumentar a transparecircncia de ldquocasos de grande reper-cussatildeo socialrdquo Aqueles indicados pelas entidades participantes satildeoobjeto de relatoacuterios puacuteblicos que buscam apurar o andamento pro-cessual e possiacuteveis demoras injustificadas O programa tem o pontopositivo de trazer agrave visibilidade puacuteblica casos que do contraacuterio fica-riam limitados aos acircmbitos locais e por isso mais sensiacuteveis agravesdisputas de poder e agrave corrupccedilatildeo36
Entre as instituiccedilotildees participantes do programa do CNJ estaacute aSDH que passou a solicitar o acompanhamento das accedilotildees que em
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razatildeo do seu tracircmite demorado levaram ou poderiam levar a san-ccedilotildees pela Comissatildeo ou pela Corte IDH37 Ainda que houvesse jaacutecolaboraccedilatildeo entre o CNJ e a SDH anteriormente este oacutergatildeo pas-sou a contar com o programa como fator importante no diaacutelogocom o Poder Judiciaacuterio atenuando em parte o problema aponta-do anteriormente de dificuldade de convencimento dos atoresnecessaacuterios para a implementaccedilatildeo das medidas Verificou-se que a accedilatildeo civil e a accedilatildeo penal no caso Damiatildeo
Ximenes Lopes as accedilotildees no caso Escher e outros e as accedilotildees no casoGaribaldi por exemplo foram indicadas pela SDH para o pro-grama Atualmente qualquer pessoa pode verificar no sistema doprograma ldquoJusticcedila Plenardquo disponiacutevel na internet as informaccedilotildeesprestadas pelos Tribunais de Justiccedila do Cearaacute e do Paranaacute sobreos casos
4 TEMAS SUJEITOS E CONJUNTURA COMO EM CADA CASO A IMPLEMENTACcedilAtildeO FOI FAVORECIDA OU DIFICULTADA Como jaacute destacado no toacutepico 3 a estrutura de implementaccedilatildeo bra-sileira natildeo eacute fixada institucionalmente e os oacutergatildeos que cuidam delana praacutetica precisam a cada caso desenvolver um esforccedilo poliacutetico decooperaccedilatildeo com os oacutergatildeos locais diretamente relacionados agrave imple-mentaccedilatildeo das medidas especiacuteficas a cada uma das violaccedilotildees excetonos caso de pagamento de indenizaccedilotildees impostas pela Corte ou emtemas de competecircncia exclusivamente federal Assim a implemen-taccedilatildeo se torna dependente da vontade poliacutetica dos atores engajadosem posiccedilotildees relevantes nos oacutergatildeos centrais do Governo Federalencarregados da situaccedilatildeo (MRE SDH e AGU) bem como dos ato-res que ocupam cargos relevantes para uma concretizaccedilatildeo direta dasdecisotildees do SIDH como os membros legisladores promotorespuacuteblicos juiacutezes ou membros dos governos estaduais Neste toacutepico desenvolvemos as anaacutelises da implementaccedilatildeo das
recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees oriundas do SIDH levando em conta(i) a existecircncia de uma agenda poliacutetica puacuteblica em andamento aotempo da decisatildeo (ii) a dependecircncia de poderes autocircnomos comogovernos locais Ministeacuterio Puacuteblico e Judiciaacuterio (iii) violaccedilotildees quedecorrem de agendas poliacuteticas do Estado e (iv) dificuldades em dar
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impacto coletivo a decisotildees altamente individualizadas proferidaspela Corte ou pela Comissatildeo
41 QUANDO JAacute HAacute AGENDA DE POLIacuteTICA
PUacuteBLICA DO ESTADO BRASILEIRO
Alguns dos casos estudados trazem indiacutecios de que a existecircncia deagenda de poliacutetica puacuteblica estabelecida previamente agrave recomenda-ccedilatildeo ou condenaccedilatildeo do SIDH em qualquer dos niacuteveis federativosfacilitara sua implementaccedilatildeo O primeiro litiacutegio brasileiro na Corte Interamericana o caso
Damiatildeo Ximenes Lopes ilustra essa reflexatildeo Desde o momento do pro-cessamento do caso na Corte IDH ficou claro na defesa do Estadobrasileiro que havia uma poliacutetica de reforma do sistema psiquiaacutetricojaacute em andamento no momento em que aconteceu a morte da viacutetimaEacute mencionado nos depoimentos que o fechamento da Casa deRepouso dos Guararapes onde havia falecido Damiatildeo Ximenes foium marco que impulsionou essa reforma38
A Conferecircncia Nacional da Sauacutede Mental ocorrida em 1992 eacuteapontada como um dos marcos de reorientaccedilatildeo do tratamento psi-quiaacutetrico no Brasil39 A Lei federal n 102162001 pretendia trazeravanccedilos inaugurando a reforma psiquiaacutetrica no paiacutes Luiz OdoricoMonteiro de Andrade afirmou em seu depoimento que
A partir do dia 1ordm de janeiro de 1997 comeccedilaram uma seacuterie dereestruturaccedilotildees administrativas no acircmbito do Municiacutepio paraajustar as poliacuteticas do Sistema Uacutenico de Sauacutede em varias aacutereasNo final de 1998 jaacute havia um Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial(CAPS) que brinda atendimento ambulatorial e atenccedilatildeo diaacuteriaa pacientes com deficiecircncias mentais Esse sistema evoluiu e hoje jaacute existe o tratamento de pacientes com deficiecircnciasmentais agudas na aacuterea de sauacutede mental em hospital geralExiste tambeacutem um CAPS para transtornos na aacuterea geral e um para pessoas com problemas na aacuterea de alcoolismo edrogadiccedilatildeo Recentemente inaugurou-se um CAPS com onome do senhor Damiatildeo Ximenes Lopes para homenageaacute-lo40
Esse processo de mudanccedila nas poliacuteticas tambeacutem aparece nodepoimento de Pedro Gabriel Godinho Delgado entatildeo Coordenador
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Nacional do Programa de Sauacutede Mental do Ministeacuterio da SauacutedeSegundo Godinho ateacute entatildeo haviam sido tomadas vaacuterias medidas parafortalecer as redes extra-hospitalares Assim ainda que seja possiacutevel questionar o grau de efetividade
das poliacuteticas federais legisladas jaacute havia agrave eacutepoca da condenaccedilatildeo bra-sileira uma movimentaccedilatildeo a favor do sistema de tratamento mentalAteacute por isso parece ter sido empregada a expressatildeo ldquocontinuar adesenvolverrdquo no ponto de condenaccedilatildeo relacionado agrave implementaccedilatildeode medidas de melhoria do sistema psiquiaacutetrico Em seus relatoacuteriosde cumprimento de sentenccedila ateacute 2010 a Corte apontou para a neces-sidade do cumprimento desse ponto de sua condenaccedilatildeoHaacute indicaccedilotildees de que o descredenciamento da Casa de Repou-
so Guararapes em 2000 ocorreu por conta da repercussatildeo local damorte de Damiatildeo Ximenes Lopes41 Tambeacutem se desencadeou umprocesso mais acelerado de reforma no sistema psiquiaacutetrico da cida-de por conta da postura proativa de alguns gestores municipais42
A proacutepria condenaccedilatildeo do Brasil no Sistema Interamericano con-tudo teria contribuiacutedo mais ao aumento da publicidade do caso doque para reaccedilotildees diretas de implementaccedilatildeo Como na cidade jaacutehavia um processo de reforma do tratamento psiquiaacutetrico que veioa se mostrar bem-sucedido a condenaccedilatildeo do Brasil na Corte teriaservido mais para um reforccedilo do discurso mais amplo proacute-reformapsiquiaacutetrica do que para a efetiva implementaccedilatildeo da sentenccedila A condenaccedilatildeo tendo sido a primeira do Brasil no SIDH eacute um
marco no discurso da agenda antimanicomial utilizado natildeo soacutepela sociedade civil mas tambeacutem pelo Estado como incentivo dereforma em outras localidades Isso era especialmente importan-te no paiacutes jaacute que as mudanccedilas no sistema de sauacutede dependiammuito da vontade dos poderes locais43 que seriam mais facilmen-te convencidos de um possiacutevel perigo agrave imagem dos dirigentesna hipoacutetese de haver caso semelhante em sua regiatildeo44
Algo semelhante ocorreu no primeiro caso brasileiro de solu-ccedilatildeo amistosa o caso Joseacute Pereira Um fator importante do caso foia realizaccedilatildeo de uma visita in loco pela CIDH durante o periacuteodo emque o caso tramitava Essa visita ocorrida em novembro de 1995teve como um de seus objetos as denuacutencias de trabalho forccediladoespecialmente na regiatildeo sul do Paraacute local das violaccedilotildees que jaacutehaviam sido denunciadas na Comissatildeo De acordo com o relatoacuterio
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produzido apoacutes a visita a Comissatildeo constatou que agravequela eacutepocao Estado brasileiro jaacute havia desenvolvido uma seacuterie de poliacuteticasadministrativas legislativas e policiais voltadas ao combate e repres-satildeo do trabalho em condiccedilotildees anaacutelogas a de escravo45 Entretantoa CIDH recomendou o empenho e comprometimento do governovisando aprofundar e consolidar tais poliacuteticasUma vez alcanccedilado o acordo de soluccedilatildeo amistosa a CIDH pas-
sou a realizar o monitoramento de seu cumprimento em seusrelatoacuterios anuais Segundo o Relatoacuterio Anual de 2012 o acordoencontra-se apenas parcialmente cumpridoPrimeiramente observa-se que as medidas de reconhecimen-
to de responsabilidade e reparaccedilatildeo pecuniaacuteria foram cumpridas depronto A medida de julgamento dos responsaacuteveis permanece emaberto pois o processo se encontra suspenso Entretanto em rela-ccedilatildeo ao caso Joseacute Pereira as observaccedilotildees dos relatoacuterios anuais daCorte enfatizam as medidas legislativas e de fiscalizaccedilatildeo A partir de uma anaacutelise das poliacuteticas puacuteblicas elaboradas pelo
governo brasileiro e de seu esforccedilo para combater o trabalho for-ccedilado nota-se uma possiacutevel influecircncia do caso Joseacute Pereira Comoconsta em estudo da OIT46 antes do caso a entidade jaacute realizavaacompanhamento da situaccedilatildeo do trabalho escravo no paiacutes Segun-do seu estudo depois de 1995 houve uma mudanccedila expressiva noposicionamento do governo se em 1992 na Conferecircncia Inter-nacional do Trabalho o paiacutes negava a existecircncia de trabalhoescravo em 1995 passou a reconhecer oficialmente a existecircnciadessa praacutetica Em 27 de junho de 1995 por meio do Decreto Presidencial n
1538 foi criado o Grupo Executivo de Repressatildeo ao Trabalho For-ccedilado (Gertraf) com a finalidade de coordenar e implementar asprovidecircncias necessaacuterias agrave repressatildeo ao trabalho forccedilado No mesmoano foi criado o Grupo Especial de Fiscalizaccedilatildeo Moacutevel (GMF)composto de equipes de agentes treinados para realizar accedilotildees de fis-calizaccedilatildeo Posteriormente em marccedilo de 2003 foi estabelecido oPlano Nacional para Erradicaccedilatildeo do Trabalho Escravo Pouco depoisem julho foi criada a Comissatildeo Nacional de Erradicaccedilatildeo do Traba-lho Escravo (Conatrae) para acompanhar o cumprimento do planoCom tais iniciativas houve nesse periacuteodo um significativo aumen-to na qualidade dos trabalhos de combate ao trabalho escravo
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Aumentaram os nuacutemeros de operaccedilatildeo de resgate de trabalhadoresde denuacutencias e de trabalhadores resgatadosAo mesmo tempo em que se realizava esse esforccedilo intensivo em
relaccedilatildeo agraves poliacuteticas administrativas houve tambeacutem uma importantemudanccedila legislativa em dezembro de 2003 alterou-se o art 149 doCoacutedigo Penal brasileiro47 Com isso o crime de ldquoreduccedilatildeo agrave condi-ccedilatildeo anaacuteloga agrave de escravordquo tornou-se mais preciso e algumas causasde aumento da pena foram inseridas na codificaccedilatildeo penal brasileira Como fruto dessa intensificaccedilatildeo de poliacuteticas o Ministeacuterio do Tra-
balho e do Emprego tambeacutem se mostrou proativo Em outubro de2004 criou por meio da Portaria n 540 uma lista de nomes deempresas e pessoas autuadas por trabalho escravo Ao entrar na ldquolistasujardquo a pessoa perde o direito a financiamentos puacuteblicos e priva-dos Aleacutem disso houve grande mobilizaccedilatildeo do setor empresarialsendo que mais de 200 grupos formaram um pacto de natildeo realiza-ccedilatildeo de negoacutecios com nomes da lista Mais recentemente em 2008 foi criado o Segundo Plano Nacio-
nal para Erradicaccedilatildeo do Trabalho Escravo que tem tambeacutem comoenfoque a reinserccedilatildeo dos trabalhadores e a prevenccedilatildeo do trabalhoescravo Em 2012 foi aprovada na Cacircmara dos Deputados a possi-bilidade de expropriaccedilatildeo de terras em estabelecimentos onde forconstatada exploraccedilatildeo de matildeo de obra escrava48
Esta trajetoacuteria da implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadasao combate ao trabalho escravo no Brasil eacute representativa do saltoqualitativo da repressatildeo ao trabalho escravo em comparaccedilatildeo agrave daeacutepoca em que ocorreu o caso Mesmo que natildeo seja possiacutevel esta-belecer uma relaccedilatildeo direta de causalidade entre o caso Joseacute Pereirae as poliacuteticas puacuteblicas posteriores tal caso foi citado pelos atoresinteressados como um exemplo para reforccedilar a necessidade de com-bater o problema com mais intensidade49
O caso Maria da Penha tambeacutem encontrou no paiacutes um contex-to de implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas jaacute existentes afinal oBrasil jaacute havia sido reconhecido pela proacutepria Comissatildeo Interame-ricana de Direitos Humanos como um paiacutes que estava na vanguardada resoluccedilatildeo do problema de tratamento discriminatoacuterio contra asmulheres a partir da deacutecada de 1980 Destacaram-se por exemploa criaccedilatildeo do Conselho Estadual sobre a Condiccedilatildeo da Mulher emSatildeo Paulo (1983) a criaccedilatildeo do Conselho Nacional dos Direitos da
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Mulher subordinado ao Ministeacuterio da Justiccedila da Presidecircncia (1985)a incorporaccedilatildeo do combate a esse tipo de violecircncia na ConstituiccedilatildeoBrasileira de 198850 e a criaccedilatildeo das delegacias da mulher de abrigospara mulheres e do ldquoPrograma nacional para prevenir e combater aviolecircncia sexual e domeacutesticardquo (1996)51
Contudo embora a Comissatildeo tenha salientado avanccedilos significa-tivos no tema tambeacutem alertou para as dificuldades tais como acobertura insuficiente dos programas e a impunidade dos agressoresque eram denunciados Em 1999 a entidade analisou o cumprimen-to das recomendaccedilotildees feitas no relatoacuterio anterior e pouco disse sobreos avanccedilos na questatildeo das discriminaccedilotildees contra as mulheres52 Pos-teriormente ao apresentar suas recomendaccedilotildees no caso Maria daPenha considerou os avanccedilos insuficientes para afastar uma conde-naccedilatildeo do paiacutes pelo tratamento discriminatoacuterio das mulheresSob a perspectiva da Comissatildeo entatildeo as recomendaccedilotildees serviram
para tentar suprir as deficiecircncias nas poliacuteticas puacuteblicas brasileiras eafirmar a legislaccedilatildeo internacional sobre o tema das mulheres espe-cialmente a Convenccedilatildeo para prevenir punir e erradicar a violecircnciacontra as mulheres (Convenccedilatildeo de Beleacutem do Paraacute) Essa intenccedilatildeofoi evidenciada por meio de sucessivos relatoacuterios anuais especial-mente entre 2008 e 2011 nos quais a entidade reconheceu osavanccedilos obtidos pelo paiacutes mas destacou a necessidade de desenvol-vimento das poliacuteticas para que se desse integral cumprimento aoponto resolutivo53
Sob a perspectiva dos peticionaacuterios houve ainda outra preocu-paccedilatildeo A articulaccedilatildeo entre os movimentos feministas brasileiros e oCEJIL foi essencial para levar ao SIDH um pleito bastante especiacutefi-co a reforma na legislaccedilatildeo de enfrentamento da violecircncia domeacutesticabrasileira em razatildeo da sua incompatibilidade com a Convenccedilatildeo deBeleacutem do Paraacute54
Em 2002 jaacute era visiacutevel a mobilizaccedilatildeo das organizaccedilotildees natildeogovernamentais para que fosse editada uma lei especiacutefica para com-bater a violecircncia domeacutestica contra as mulheres sendo constituiacutedoinclusive um consoacutercio dessas ONGs55 Para as organizaccedilotildees osproblemas eram principalmente o tratamento da violecircncia domeacutes-tica como crime menos ofensivo e a impunidade dos agressoresque processados natildeo podiam ser presos e recebiam puniccedilotildees muitobrandas como pagamento de cestas baacutesicas agrave viacutetima56 O pleito
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direcionava-se contra a lei que vigorava naquele momento (Leifederal n 909995) que por incidir sobre a violecircncia domeacutesti-ca (art 69 paraacutegrafo uacutenico) aplicava-lhe uma seacuterie de soluccedilotildeesalternativas tais como pagamento de indenizaccedilatildeo suspensatildeo doprocesso e imposiccedilatildeo de penas alternativasO impacto da decisatildeo contudo natildeo foi o esperado em um pri-
meiro momento Houve a necessidade de gerar uma estrateacutegia detrabalho com linhas definidas (a) ministrar o timing na negocia-ccedilatildeo com o Estado e (b) fortalecer a decisatildeo do caso com difusatildeoe reforccedilo de articulaccedilotildees com os novos atores do movimento dasmulheres (natildeo participantes do litiacutegio) a abertura do caso paraos conselhos de advocacia regionais e aumento da empatia como caso57
As entidades encontraram um interlocutor proeminente nogoverno quando ainda em 2003 o oacutergatildeo responsaacutevel pelas poliacuteti-cas puacuteblicas em favor das mulheres no niacutevel federal (ConselhoNacional dos Direitos da Mulher) desvinculou-se do Ministeacuterio daJusticcedila e ganhou status de ministeacuterio criando-se a Secretaria espe-cial de poliacuteticas para mulheres Haacute indicaccedilotildees de que a elevaccedilatildeo dopatamar do oacutergatildeo ao niacutevel ministerial foi um importante avanccedilo paraque ele pudesse articular mais facilmente as poliacuteticas de gecircnero comoutros ministeacuterios e outros Poderes58
Em 2004 foi instituiacutedo o ldquoGrupo de Trabalho Interministerialpara elaborar proposta de medida legislativa e outros instrumen-tos para coibir a violecircncia domeacutestica contra a mulherrdquo por meiodo Decreto federal n 50302004 coordenado exatamente pelaSecretaria (art 2ordm I a) O consoacutercio de ONGs apresentou noacircmbito do Grupo sua proacutepria proposta legislativa jaacute bastanteamadurecida pelas discussotildees anteriores59
Novamente poreacutem os resultados natildeo foram os esperados NaExposiccedilatildeo de Motivos do Projeto de Lei n 45552004 a Secretaacuteriade Poliacuteticas para Mulheres Nilceacutea Freire salientou a participaccedilatildeo doconsoacutercio feminista os instrumentos internacionais para a proteccedilatildeodas mulheres e no que importa a este trabalho as recomendaccedilotildeesno caso Maria da Penha60 No entanto o principal pleito dos movi-mentos feministas natildeo foi atendido e o projeto natildeo contemplou umprocedimento especiacutefico para punir a violecircncia domeacutestica contraas mulheres
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As ONGs entatildeo negociaram apoio da Relatora do projeto emuma das comissotildees da Cacircmara dos Deputados Deputada JandiraFeghali para que o tema fosse amplamente debatido Apoacutes muitasaudiecircncias no paiacutes inteiro a deputada apresentou novo projeto queacolhia integralmente aquilo que as ONGs haviam apresentado em200361 Os parlamentares concluiacuteram o processo legislativo coma ediccedilatildeo da Lei federal n 113402006 que foi aprovada com inte-gral aceitaccedilatildeo pela Secretaria de Poliacuteticas para as Mulheres O fatode essa lei ser conhecida como ldquoLei Maria da Penhardquo evoca natildeoapenas a decisatildeo da CIDH como tambeacutem todo o histoacuterico do casoenvolvendo a senhora Maria da Penha62
Ainda que natildeo seja possiacutevel a relaccedilatildeo de causalidade direta natildeohaacute como negar que a partir do caso poliacuteticas mais efetivas passa-ram a ser implementadas como a criaccedilatildeo de delegacias abrigospara mulheres e planos nacionais a articulaccedilatildeo da Secretaria comos Conselhos Estaduais principalmente a partir de 2006 a submis-satildeo do relatoacuterio brasileiro ao Comitecirc Cedaw da ONU em 2003bem como finalmente as proacuteprias recomendaccedilotildees da OEA63
Assim o caso Maria da Penha inseriu-se no contexto brasileirode duas maneiras De um lado somou-se agraves poliacuteticas puacuteblicas jaacute exis-tentes impulsionando a adoccedilatildeo de novos programas de outro foiuma manifestaccedilatildeo importante a favor do pleito dos movimentosfeministas brasileiros por uma legislaccedilatildeo especiacutefica para o tema Por fim no caso Julia Gomes Lund algumas determinaccedilotildees da
Corte IDH tambeacutem jaacute estavam em pauta no cenaacuterio nacional Den-tre elas estatildeo as relacionadas agrave exigecircncia de medidas que garantamo direito agrave memoacuteria e agrave verdade com vistas a investigar o passadode modo a descobrir sua verdade e conseguir o reconhecimentooficial de seus acontecimentos64
De fato o Estado brasileiro embora tenha sido o protagonistadas violaccedilotildees de Direitos Humanos ocorridas durante o periacuteodode vigecircncia do regime de 1964 tem adotado algumas accedilotildees parazelar pelo direito agrave memoacuteria e agrave verdade Entre elas vale citar porexemplo a aprovaccedilatildeo da Lei federal n 9140 de 4 de dezembrode 1995 que reconheceu a responsabilidade do Estado brasileiropela morte de opositores ao regime de 1964 Essa Lei criou umaComissatildeo Especial que posteriormente foi denominada ComissatildeoEspecial sobre Mortos e Desaparecidos Poliacuteticos65 com atribuiccedilotildees
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que vatildeo desde o reconhecimento de pessoas desaparecidas ateacute odeferimento de pedidos de indenizaccedilatildeo das famiacutelias das viacutetimas ea reuniatildeo de esforccedilos para a localizaccedilatildeo dos corpos de pessoasdesaparecidas no caso de existecircncia de indiacutecios quanto ao local emque possam estar depositadosAleacutem disso foi criada uma Comissatildeo Interministerial com a
finalidade de obter informaccedilotildees que levassem agrave localizaccedilatildeo dosrestos mortais de participantes da ldquoGuerrilha do Araguaiardquo Areferida Comissatildeo foi instituiacuteda pela Uniatildeo por meio do Decre-to Presidencial n 4850 de 2 de outubro de 2003 e encerrou assuas atividades com relatoacuterio final divulgado em marccedilo de 2007Com o mesmo intuito em abril de 2009 foi criado pelo Minis-teacuterio da Defesa um Grupo de Trabalho para realizaccedilatildeo de buscasde restos mortais na regiatildeo do Araguaia Diferentemente daComissatildeo Interministerial de 2003 representantes dos familiaresde mortos e desaparecidos poliacuteticos acompanharam e orientaramos trabalhos de buscas mas a accedilatildeo foi infrutiacutefera pois natildeo foramencontrados restos mortais na regiatildeoAinda com o objetivo de divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees a respeito
da ldquoGuerrilha do Araguaiardquo foi lanccedilado em maio de 2009 o arqui-vo Memoacuterias Reveladas sob a responsabilidade da Casa Civil Essearquivo conecta digitalmente o acervo recolhido ao Arquivo Nacio-nal com vaacuterios outros arquivos federais sobre a repressatildeo poliacuteticae com arquivos estaduais de 15 unidades da federaccedilatildeo resultandoem mais de 5 milhotildees de paacuteginas de documentos66
Dentre as accedilotildees destinadas a garantir o direito agrave memoacuteria e agraveverdade e promover a reconciliaccedilatildeo nacional destaca-se a insta-laccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade responsaacutevel por examinar eesclarecer as violaccedilotildees de direitos humanos ocorridas entre 1946e 1988 no BrasilA Comissatildeo Nacional da Verdade (CNV) foi criada pela Lei fede-
ral n 12528 de 18 de novembro de 2011 O fato de esta lei tersido promulgada depois da sentenccedila da Corte IDH natildeo significanecessariamente que a resoluccedilatildeo do caso no SIDH foi determinan-te para a implementaccedilatildeo da CNV O processo de constituiccedilatildeo de uma Comissatildeo da Verdade teve
iniacutecio em 2002 quando da elaboraccedilatildeo da segunda versatildeo do Pro-grama Nacional de Direitos Humanos (PNDH-2) No programa
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foram apresentados os objetivos as diretrizes e as accedilotildees do Esta-do para lidar com a temaacutetica dos direitos humanos e a criaccedilatildeoda Comissatildeo Nacional da Verdade jaacute era uma demanda existentenaquela eacutepoca67
Apoacutes avanccedilos na definiccedilatildeo da estrutura de funcionamento daComissatildeo da Verdade uma das diretrizes da terceira versatildeo doPNDH (PNDH-3) lanccedilada em 2010 foi a criaccedilatildeo de uma CNV Oprimeiro objetivo estrateacutegico definido no eixo intitulado ldquodireitoagrave memoacuteria e agrave verdaderdquo determinou que o Estado devesse promo-ver a apuraccedilatildeo e o esclarecimento puacuteblico das violaccedilotildees de DireitosHumanos praticadas no contexto da repressatildeo poliacutetica ocorridano Brasil a partir de 194668 a fim de efetivar o direito agrave memoacute-ria e agrave verdade histoacuterica e promover a reconciliaccedilatildeo nacional Paraa consecuccedilatildeo deste objetivo o PNDH-3 designou um Grupo deTrabalho composto de representantes da Casa Civil do Ministeacute-rio da Justiccedila do Ministeacuterio da Defesa e da Secretaria Especial dosDireitos Humanos da Presidecircncia da Repuacuteblica para elaborar ateacuteabril de 2010 projeto de lei que instituiacutesse a Comissatildeo Nacionalda Verdade69
O PNDH-3 jaacute estabelecia algumas possiacuteveis atribuiccedilotildees da CNVtais como a promoccedilatildeo com base em seus informes da reconstru-ccedilatildeo da histoacuteria dos casos de violaccedilatildeo de direitos humanos bemcomo a assistecircncia agraves viacutetimas de tais violaccedilotildees a promoccedilatildeo dosmeios e recursos necessaacuterios para a localizaccedilatildeo e identificaccedilatildeo decorpos e restos mortais de desaparecidos poliacuteticos a identificaccedilatildeoe publicizaccedilatildeo das estruturas utilizadas para a praacutetica de violaccedilotildeesde direitos humanos suas ramificaccedilotildees nos diversos aparelhos deEstado e em outras instacircncias da sociedade entre outrasNota-se portanto que as discussotildees acerca da criaccedilatildeo de uma
Comissatildeo da Verdade jaacute estavam avanccediladas e bem estruturadas noiniacutecio do ano de 2010 10 meses antes da publicaccedilatildeo da sentenccedilada Corte IDH ndash o que mostra a existecircncia de uma agenda estatalque jaacute estava preocupada com a instalaccedilatildeo de uma instituiccedilatildeo comoa atual CNVCorrobora esse argumento o comentaacuterio de um dos integran-
tes desse Grupo de Trabalho e atual membro da CNV que revelouque em nenhuma das reuniotildees do Grupo foi feita menccedilatildeo agrave sen-tenccedila da Corte IDH Tal afirmaccedilatildeo mostra entatildeo que a sentenccedila
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da Corte IDH natildeo impactou a constituiccedilatildeo da CNV no Brasil tendoem vista jaacute existir uma agenda estatal voltada para a criaccedilatildeo dessaComissatildeo a qual jaacute estaacute em plena atividade70
Assim diante do fato de que accedilotildees de estabelecimento de umaComissatildeo da Verdade tiveram iniacutecio antes de novembro de 2010data da sentenccedila da Corte IDH restou-lhe apenas reconhecer evalorizar a importacircncia da iniciativa do Estado Brasileiro em criara CNV destinada a contribuir para ldquoa construccedilatildeo e preservaccedilatildeo damemoacuteria histoacuterica o esclarecimento de fatos e a determinaccedilatildeo deresponsabilidades institucionais sociais e poliacuteticas em determina-dos periacuteodos histoacutericos de uma sociedaderdquo71
Entretanto a principal reivindicaccedilatildeo do SIDH ao Brasil eacute rejei-tada com veemecircncia pelo Estado a revogaccedilatildeo da Lei de AnistiaTrata-se de situaccedilatildeo em que a violaccedilatildeo decorre de uma poliacuteticade Estado defendida na esfera das razotildees puacuteblicas conforme indi-cado no proacuteximo toacutepico
42 QUANDO O ESTADO BRASILEIRO PROMOVE
E APOIA O ATO QUE GERA A VIOLACcedilAtildeO
Uma situaccedilatildeo bastante peculiar e que merece uma anaacutelise distin-ta eacute aquela na qual a violaccedilatildeo condenada pelo SIDH consiste emuma poliacutetica endossada publicamente pelo Estado No caso JuliaGomes Lund a manutenccedilatildeo da Lei de Anistia de constitucionali-dade confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ampara-seem um discurso de reconciliaccedilatildeo nacional e superaccedilatildeo do periacuteo-do ditatorial No caso Belo Monte a criaccedilatildeo de usinas hidreleacutetricasem terras indiacutegenas na regiatildeo amazocircnica integra projetos do Esta-do Brasileiro a partir da deacutecada de 1970 No caso Julia Gomes Lund o Brasil foi responsabilizado pela
manutenccedilatildeo de uma Lei de Anistia que impede a investigaccedilatildeo e acondenaccedilatildeo de agentes que realizaram crimes contra a humanida-de durante o periacuteodo da ditadura militar O governo contudodefende ateacute hoje a validade dessa norma aprovada durante o fimdo periacuteodo ditatorial A Lei federal n 6683 de 28 de agosto de 1979 (ldquoLei de Anistiardquo)
concedia anistia ampla e irrestrita a todos aqueles que cometeramdurante o periacuteodo de 2 de setembro de 1961 a 15 de agosto de1979 crimes natildeo soacute poliacuteticos mas tambeacutem de qualquer natureza
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considerados conexos aos crimes poliacuteticos (inclusive o de torturae assassinato de opositores do regime governamental vigente naque-le momento)A constitucionalidade desta lei foi questionada no STF pela
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) requerendo que a lei fosserevisada uma vez que ela excluiacutea a possibilidade de investigar e puniros responsaacuteveis pelos crimes cometidos durante o regime militar Oobjetivo da accedilatildeo portanto era assegurar que o dever do Estado deinvestigar e punir os responsaacuteveis pelas violaccedilotildees de Direitos Huma-nos fosse cumprido de modo a evitar a impunidade e prevenir aocorrecircncia de novas violaccedilotildees O STF no entanto julgou a accedilatildeoimprocedente e com isso declarou vaacutelida a Lei da Anistia do modocomo foi editada em 1979 Por sete votos a dois os ministros deci-diram que o perdatildeo foi parte de um acordo feito pela sociedade naeacutepoca e valeu tambeacutem para os agentes estatais responsaacuteveis por assas-sinatos sequestros e torturas contra opositores da ditadura militar(1964-1985) Desse modo a anistia aos torturadores foi mais uma vezreiterada por um dos poderes do Estado neste caso o JudiciaacuterioEssa situaccedilatildeo juriacutedica portanto afeta a concretizaccedilatildeo de alguns
pontos resolutivos da sentenccedila da Corte IDH em especial aqueleque estabelece que ldquoO Estado deve conduzir eficazmente perantea jurisdiccedilatildeo ordinaacuteria a investigaccedilatildeo penal dos fatos do presentecaso a fim de esclarececirc-los determinar as correspondentes respon-sabilidades penais e aplicar efetivamente as sanccedilotildees e consequecircnciasque a lei preveja []rdquoTodavia o Ministeacuterio Puacuteblico Federal tem adotado posiciona-
mento de que natildeo haacute real conflito entre a ADPF 153 e a sentenccedilade Julia Gomes Lund com base no argumento de que as decisotildeespodem ser compatibilizadas a partir da necessidade de realizaccedilatildeo deduplo controle das normas de direitos humanos o de constitucio-nalidade no acircmbito interno e o de convencionalidade no acircmbitointernacional Diante disso o MPF afirma que no caso da Anistia alei natildeo passou em um dos testes (de convencionalidade) devendoassim ser rejeitada como causa de exclusatildeo de punibilidadeDe toda forma as dificuldades da implementaccedilatildeo da sentenccedila
pelo Estado persistem Diante desses obstaacuteculos o MPF tomou a ini-ciativa de assumir o papel de realizador de um dos componentes dajusticcedila de transiccedilatildeo abrindo-se um novo canal de concretizaccedilatildeo da
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justiccedila de transiccedilatildeo no Brasil Isso se deu por meio dos esforccedilosempreendidos para realizar a persecuccedilatildeo penal contra as violaccedilotildeesaos direitos humanos cometidas por agentes do Estado no periacuteododa ditadura A atuaccedilatildeo do MPF contra os crimes ocorridos nessaeacutepoca estaacute detalhada no relatoacuterio divulgado pela 2ordf Cacircmara deCoordenaccedilatildeo e Revisatildeo do MPF72 De acordo com esse relatoacuterio oMPF instaurou 170 investigaccedilotildees criminais dirigidas agrave apuraccedilatildeo doscrimes de sequestro homiciacutedio e ocultaccedilatildeo de cadaacutever Aleacutem dissoforam ajuizadas quatro accedilotildees penais para puniccedilatildeo dos responsaacuteveisNo que diz respeito agrave implementaccedilatildeo da sentenccedila da Corte
IDH no caso Julia Gomes Lund afirma-se no relatoacuterio que
o GTJT entende que as accedilotildees penais e as investigaccedilotildeesinstauradas datildeo parcial cumprimento agrave obrigaccedilatildeo estabelecidano ponto resolutivo 9 da sentenccedila do caso Gomes Lundconsistente no dever do Estado brasileiro de promover a persecuccedilatildeo penal das graves violaccedilotildees a DH cometidasdurante o regime militar O GTJT tambeacutem entende que ainstauraccedilatildeo de investigaccedilotildees formais eacute um dever do Estadobrasileiro para com as viacutetimas dessas violaccedilotildees e a seusfamiliares os quais reivindicam haacute quatro deacutecadasprovidecircncias do Estado em relaccedilatildeo agrave apuraccedilatildeo do queocorreu com seus proacuteximos73
No caso Belo Monte pode-se identificar possiacuteveis violaccedilotildees a direi-tos humanos cometidas pelo proacuteprio Estado dessa vez dentro de suaagenda de desenvolvimento Trata-se de um caso bastante complexoe polecircmico uma vez que provocou e continua provocando episoacutediosde embate entre os povos indiacutegenas afetados pela construccedilatildeo da hidre-leacutetrica de Belo Monte e as autoridades estataisA tensatildeo entre os indiacutegenas e o governo iniciou-se na deacutecada
de 1970 com o primeiro estudo sobre o potencial hidreleacutetrico dorio Xingu encomendado ao Consoacutercio Nacional de EngenheirosConsultores SA pela Eletronorte Em 1979 o Consoacutercio concluiuo estudo afirmando que o ldquoaproveitamento oacutetimordquo daquela baciahidrograacutefica dependia de um conjunto de seis barragens das quaiscinco situadas no rio Xingu e uma no Rio Irir i Dentre outrasconsequecircncias o Complexo Hidreleacutetrico do Xingu atingiria 40
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povos indiacutegenas desde a Terra Indiacutegena (TI) Paquiccedilamba na VoltaGrande do Xingu (Estado do Paraacute) ateacute o Parque Indiacutegena do Xinguno estado do Mato Grosso74
Durante a deacutecada de 1980 foram realizados os estudos de viabili-dade do Complexo (de) Altamira ndash projeto que envolvia a construccedilatildeodas mega-hidreleacutetricas Kararaocirc e Babaquara Somadas as represasdessas usinas alagariam uma aacuterea de 7000 km2 aproximadamenteDentre outras consequecircncias ao menos seis TIs seriam completa-mente alagadas (Koatinemo Araweteacute do Ipixuna Kararaocirc AraraArara da Volta Grande do Xingu Trincheira-Bacajaacute) e a TI Paqui-ccedilamba seria ilhada75 Em marccedilo de 1988 o Departamento Nacionalde Aacuteguas e Energia Eleacutetrica (DNAEE) aprovou o Relatoacuterio final dosestudos de inventaacuterio 76 e a Eletronorte anunciou o projeto77
Nesse mesmo ano poreacutem irrompeu um forte movimento con-traacuterio ao Complexo (de) Altamira Indiacutegenas intelectuais e ativistasinternacionalizaram o conflito ao promoverem audiecircncias comONGs e com o Banco Mundial aleacutem disso o ldquoI Encontro dos PovosIndiacutegenas do Xingurdquo deu forte repercussatildeo ao caso78 Como con-sequecircncia o Banco Mundial retirou o financiamento previsto79 eo custo poliacutetico-social da obra tornou-se demasiado para a recen-te democracia brasileira O projeto do Complexo de Altamira foientatildeo arquivado
Poreacutem na deacutecada de 1990 surge o projeto do Aproveitamen-to Hidreleacutetr ico Belo Monte uma versatildeo reformulada do projetoanterior
Uma seacuterie de irregularidades na conduccedilatildeo do projeto motivouo Ministeacuterio Puacuteblico Federal do Paraacute (MPF) a mover uma accedilatildeo civilpuacuteblica (ACP 20013900005867-6 5850-7320014013900)80
contra a Eletronorte (empresa responsaacutevel pelo empreendimento)Ao final de 2002 o STF confirmou a decisatildeo liminar de primeirainstacircncia que suspendia o processo de licenciamento da obra81
Aleacutem de reconhecer irregularidades na licitaccedilatildeo e no licenciamen-to do Aproveitamento Hidreleacutetrico Belo Monte o STF confirmoua necessidade da autorizaccedilatildeo do Congresso Nacional precedida daoitiva dos povos indiacutegenas afetados para que o empreendimentopudesse ser executado82
Em 2005 poreacutem o projeto eacute relanccedilado Para resolver os proble-mas reconhecidos anos antes pelo STF o licenciamento ambiental
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da obra passa a ser feito pelo Ibama83 Aleacutem disso o deputado fede-ral Fernando Ferro (do mesmo partido do governo federal)84
apresenta ao Congresso Nacional uma proposta de autorizaccedilatildeo parao Poder Executivo implantar o Aproveitamento Hidreleacutetrico BeloMonte85 Em tempo recorde a proposta foi aprovada e publicada naforma do Decreto Legislativo n 788200586
Ainda em 2005 o MPF em conjunto com a sociedade civil impe-trou accedilatildeo direta de inconstitucionalidade contra tal DecretoLegislativo (DL) com fundamento na falta de consulta agraves comuni-dades indiacutegenas Com base em um argumento processual o STF natildeoconheceu a accedilatildeo87
Em 2006 o MPF propocircs uma nova accedilatildeo civil puacuteblica cujo obje-tivo era ldquoobstar o processo de licenciamento no Ibamardquo e anular oDL88 Essa accedilatildeo gerou cinco decisotildees em primeiro grau em um pri-meiro momento o licenciamento foi paralisado e o DL foi declaradoinvaacutelido depois de algumas inversotildees de entendimento em duasinstacircncias em 2007 o STF liberou o licenciamento e declarou avalidade do DL (essa decisatildeo seraacute explorada mais adiante)89
Entre 2007 e 2010 o MPF promoveu seis accedilotildees (quatro accedilotildees civispuacuteblicas e duas accedilotildees de improbidade)90 referentes a irregularidadesno processo de licenciamento do Aproveitamento Hidreleacutetrico BeloMonte Mesmo assim no dia 1ordm de fevereiro de 2010 o Ibama con-cedeu a licenccedila preacutevia para a construccedilatildeo do empreendimento Apesar de natildeo cumprida boa parte das condicionantes constan-
tes da licenccedila preacutevia em 26 de janeiro de 2011 o Ibama concedelicenccedila parcial de instalaccedilatildeo com a qual o Consoacutercio Norte Energiaestaria habilitado para a construccedilatildeo do canteiro de obras de BeloMonte No dia seguinte o MPF propotildee ainda uma nova accedilatildeo civilpuacuteblica para suspender a licenccedila sem sucesso91
Entatildeo em 1ordm de abril de 2011 a CIDH outorgou medida cau-telar em favor dos povos indiacutegenas da Volta Grande do Xinguem resultado de provocaccedilatildeo por um grande nuacutemero de membrosda sociedade civil organizada no ano anterior A Comissatildeo soli-citou ao Governo Brasileiro a suspensatildeo imediata do processode licenciamento de Belo Monte e o impedimento da realiza-ccedilatildeo da obra ateacute que fossem satisfeitas trecircs condiccedilotildees os povosindiacutegenas deveriam ser consultados sobre o empreendimento ospovos indiacutegenas deveriam ter acesso ao EIARIMA antes de dita
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consulta preacutevia e medidas de proteccedilatildeo aos povos indiacutegenasdeveriam ser adotadasPosteriormente com base nas informaccedilotildees enviadas pelo Estado
brasileiro e pelos peticionaacuterios a CIDH modificou o teor da medi-da e solicitou (i) a adoccedilatildeo de medidas para a proteccedilatildeo da sauacutede e dacultura dos povos indiacutegenas isolados e a elaboraccedilatildeo e implementa-ccedilatildeo de medidas de mitigaccedilatildeo dos efeitos da construccedilatildeo do AproveitamentoHidreleacutetrico Belo Monte (ii) a adoccedilatildeo de medidas de proteccedilatildeo agravesauacutede das comunidades indiacutegenas do Xingu que incluiacutessem (a) oPrograma Integrado de Sauacutede Indiacutegena e (b) a implementaccedilatildeo dosprogramas requeridos pela Funai (PT 2109)92 (iii) a demarcaccedilatildeo dasterras ancestrais dos povos indiacutegenas da regiatildeo e proteccedilatildeo destas con-tra invasotildees e ocupaccedilotildees por natildeo indiacutegenas A solicitaccedilatildeo anterior deldquoconsulta preacuteviardquo por sua vez foi transformada em discussatildeo de meacuteri-to transcendendo o acircmbito da MC 38210A medida cautelar foi recebida de maneira diversa por trecircs ato-
res diferentes A primeira manifestaccedilatildeo do Brasil em relaccedilatildeo agrave medidacautelar ocorreu no dia 5 de abril de 2011 em nota puacuteblica divul-gada pelo Itamaraty que expressava perplexidade em relaccedilatildeo ao teordas solicitaccedilotildees da CIDH consideradas precipitadas e injustificadas93
Reforccedilando essa posiccedilatildeo no dia 1ordm de junho o Ibama concedeu alicenccedila definitiva94Aleacutem disso em 27 de outubro de 2011 o Gover-no brasileiro deixou de comparecer agrave audiecircncia marcada pela CIDHpara discussatildeo da medida cautelar95 Em janeiro de 2012 iniciaram-se as obras do Aproveitamento Hidreleacutetrico Belo Monte96
Em relaccedilatildeo aos movimentos sociais entre os meses de maio eoutubro de 2011 foram feitas manifestaccedilotildees puacuteblicas em apoio agravemedida cautelar que foram noticiadas amplamente nas miacutediassociais A Comissatildeo de Direitos Humanos da Cacircmara Federal aPlataforma Brasileira de Direitos Humanos Econocircmicos SociaisCulturais e Ambientais (Plataforma Dhesca) a Anistia Internacio-nal organizaccedilotildees latino-americanas e cerca de 90 organizaccedilotildeesnacionais e internacionais expressaram apoio agraves recomendaccedilotildees daCIDH e condenaram a postura assumida pelo Estado brasileiroFinalmente em relaccedilatildeo ao MPF a medida cautelar outorgada
pela Comissatildeo pareceu respaldar a posiccedilatildeo dos membros da ins-tituiccedilatildeo contra possiacuteveis irregularidades Ainda que natildeo tenha sidoutilizada a medida em si como um fator inibidor da construccedilatildeo
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da usina accedilotildees posteriores promovidas pelo oacutergatildeo sugerem quea medida proporcionou um novo argumento juriacutedico para a atua-ccedilatildeo dos procuradores federais97
Para uma compreensatildeo mais profunda do impacto dessa medidacautelar eacute preciso considerar a dimensatildeo poliacutetica do Aproveitamen-to Hidreleacutetrico Belo Monte De certo modo eacute possiacutevel dizer que adecisatildeo do STF de 2007 revelou o espaccedilo ocupado pelo projetoBelo Monte no conjunto de interesses do Estado brasileiro Isso por-que segundo a Ministra Relatora Ellen Gracie agrave eacutepoca Presidentedaquele Tribunal Belo Monte seria parte essencial da poliacutetica ener-geacutetica nacional e estaria inserida no cronograma governamental deplanejamento estrateacutegico do setor eleacutetrico a sua inviabilizaccedilatildeo por-tanto comprometeria dito planejamento 98
O atual interesse do Estado brasileiro no potencial hidreleacutetricoda Amazocircnia tem raiacutezes histoacutericas e funccedilatildeo estrateacutegica Em meadosda deacutecada 1980 o ldquoPlano Nacional de Energia Eleacutetrica 19872010rdquo99
jaacute afirmava ldquoo aproveitamento do rio Xingu se constituiraacute possi-velmente no maior projeto nacional no final deste seacuteculo e comeccedilodo proacuteximordquo De acordo com esse Plano 175 usinas hidreleacutetricasdeveriam ser construiacutedas ateacute o ano de 2010 no Brasil ndash 40 na Ama-zocircnia Legal100
Posteriormente o Plano Nacional de Energia 2030 elaborado em2007 constatou que a maior parte da energia eleacutetrica produzida noBrasil eacute proveniente de usinas hidreleacutetricas em 2005 a energiahidreleacutetrica equivalia a 75 da ldquopotecircncia instaladardquo e gerou 93 daenergia requerida pelo Sistema Interligado Nacional A bacia doAmazonas por sua vez eacute considerada o maior potencial hidreleacutetri-co brasileiro101
Talvez por isso a construccedilatildeo de Belo Monte passou a ser con-siderada a principal obra do Programa de Aceleraccedilatildeo do Crescimento(PAC)102 lanccedilado em 2007 pelo Governo Federal De acordo como ex-Ministro do Meio Ambiente Carlos Minc Belo Monte era ldquoamaior obra do PAC a mais polecircmica e a terceira hidreleacutetrica domundordquo103 Na lista das 10 obras mais importantes do Programade Aceleraccedilatildeo do Crescimento 2 (PAC 2) figuram trecircs usinas hidre-leacutetricas todas situadas na regiatildeo Norte do paiacutes104 e Belo Monteeacute ldquoo principal projeto energeacutetico [] e uma das grandes priori-dades do programardquo105
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Em uma perspectiva poliacutetica o intervalo desde as primeirasmovimentaccedilotildees de criaccedilatildeo do projeto ateacute hoje (1975-2013) foi umperiacuteodo de intensas transformaccedilotildees Aleacutem da transiccedilatildeo do regimemilitar para o regime constitucional-democraacutetico o Brasil teve seiseleiccedilotildees presidenciais diretas106 oito Presidentes da Repuacuteblica107 evivenciou o processo de impeachment do Presidente Fernando Col-lor (1992)108 Apesar disso o interesse estatal de exploraccedilatildeo dopotencial energeacutetico do rio Xingu permaneceu inalterado O que os fatos indicam eacute que o projeto de construccedilatildeo do Apro-
veitamento Hidreleacutetrico Belo Monte natildeo eacute fruto da vontade de umgoverno ou de um governante especiacutefico apenas mas que tal pro-jeto eacute antes resultado de um interesse de Estado ndash um interesseque se poderia considerar suprapartidaacuterio enraizado e imbricadonas mais profundas concepccedilotildees sobre desenvolvimento do paiacutes Por essa perspectiva o conflito de Belo Monte ganha uma
dimensatildeo poliacutetica complexa Isso porque a ameaccedila ldquoagrave vida e agrave inte-gridade pessoal dos membrosrdquo109 das Comunidades Indiacutegenas daBacia do rio Xingu decorrente da possiacutevel construccedilatildeo de BeloMonte eacute resultado de uma poliacutetica estatal histoacuterica e bem defini-da de desenvolvimento estrateacutegico de um setor ldquoestruturante dopaiacutesrdquo o setor energeacutetico Em siacutentese os casos apresentados permitem a conclusatildeo de que
o adimplemento das medidas do SIDH eacute mais dificultoso quandoa violaccedilatildeo em questatildeo decorre de uma poliacutetica puacuteblica do EstadoContudo as medidas nestes casos ainda assim podem ser apropria-das por atores estatais e pela sociedade civil organizada
43 QUANDO HAacute CASO DE VIOLACcedilAtildeO EM AcircMBITO LOCAL
Um terceiro fator que influencia a implementaccedilatildeo eacute a natureza fede-ral do Estado brasileiro Haacute violaccedilotildees que envolvem apenascompetecircncias federais Nessas situaccedilotildees natildeo se confere tanta impor-tacircncia agrave estrutura federativa do Brasil exceto se as poliacuteticas nacionaisdependerem de Estados e Municiacutepios No entanto haacute outros casos emque as competecircncias envolvidas para o cumprimento das medidasdeterminadas no SIDH pertencem tambeacutem ou exclusivamente a Esta-dos ou Municiacutepios No decorrer dos processos perante a Comissatildeo Interamericana
o Governo Federal normalmente representado pela SDH procura
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compartilhar responsabilidades com o Estado federado tentandoenvolvecirc-lo ao maacuteximo na tentativa de soluccedilatildeo amistosa ou naimplementaccedilatildeo de medidas de recomendaccedilatildeo Isso eacute valorizado prin-cipalmente pelo efeito pedagoacutegico desse envolvimento jaacute que a maiorparte das violaccedilotildees se daacute em acircmbito local110A situaccedilatildeo eacute diferente sea condenaccedilatildeo for pela Corte Interamericana visto que o governo fede-ral torna-se responsaacutevel internacionalmente pela implementaccedilatildeo dasmedidas Essa dinacircmica precisa ser reconhecida como um fator rele-vante na implementaccedilatildeo das medidas impostas pelo SIDH Como jaacute visto por natildeo haver mecanismo de execuccedilatildeo direta das
decisotildees ou recomendaccedilotildees do Sistema Interamericano a implemen-taccedilatildeo ocorre eminentemente por razotildees poliacuteticas Natildeo soacute ao chegaremao Brasil pelos oacutergatildeos federais que normalmente lidam com os casosem todas as suas fases (MRE SDH e AGU) mas tambeacutem pelos entesfederados Durante boa parte das atuaccedilotildees da SDH quando ficou agravefrente da organizaccedilatildeo de implementaccedilotildees de recomendaccedilotildees oumedidas de condenaccedilatildeo seu trabalho foi convencer os oacutergatildeos locaisenvolvidos de que a implementaccedilatildeo deveria ser feita111
Se de um lado haacute dificuldades em se lidar com outras entidadesfederativas que natildeo satildeo obrigadas por quaisquer mecanismos a cola-borar com a implementaccedilatildeo por outro as recomendaccedilotildees daComissatildeo ou as condenaccedilotildees da Corte agregam peso ao esforccedilo deconvencimento da SDH sobre os representantes do ente federado Apresenccedila desse elemento externo de um terceiro cuja funccedilatildeo eacute exclu-sivamente defender direitos humanos muitas vezes eacute positiva jaacute quea oposiccedilatildeo poliacutetica que eventualmente haacute em relaccedilatildeo ao governo fede-ral pode se dissolverO fator do ocircnus poliacutetico da violaccedilatildeo para o poder local eacute essen-
cial para possibilitar soluccedilotildees amistosas O orccedilamento vinculado aopagamento das indenizaccedilotildees coordenadas pela SDH soacute eacute mobiliza-do para pagamento quando haacute casos jaacute julgados pela Corte Assimcom exceccedilatildeo do caso Joseacute Pereira jaacute visto112 em soluccedilotildees amistosaseacute sempre o Estado federado que deve se responsabilizar por talpagamento Tambeacutem eacute o Estado federado que internamente se res-ponsabiliza pelo cumprimento dos outros pontos acordados Como visto anteriormente a preexistecircncia de agenda federal
e local de combate ao trabalho escravo pode ter sido causa deminimizaccedilatildeo dos custos da soluccedilatildeo amistosa do caso Joseacute Pereira
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Jaacute na segunda soluccedilatildeo amistosa brasileira o caso Meninos emascula-dos do Maranhatildeo parece ter sido alcanccedilada por conta de um conjuntode fatores de pressatildeo poliacutetica em que a miacutedia parece ter ocupadolugar de destaque O proacuteprio nome do caso ldquoMeninos emasculadosdo Maranhatildeordquo foi o utilizado pela miacutedia brasileira para se referira uma seacuterie de homiciacutedios e mutilaccedilotildees genitais de meninos entre4 e 15 anos ao mesmo tempo em que ocorriam os trabalhos paraos acordos da soluccedilatildeo amistosa na CIDH foi crescente o debateacerca do caso no Brasil Primeiramente foi notaacutevel o iniacutecio de uma preocupaccedilatildeo nas
vaacuterias instacircncias governamentais sobre o tema Em 2003 foi inicia-da uma investigaccedilatildeo pelo Poder Legislativo sobre as situaccedilotildees deviolecircncia e redes de exploraccedilatildeo sexual de crianccedilas e adolescentes noBrasil Os casos dos meninos emasculados tanto do Maranhatildeo comode Altamira foram utilizados no relatoacuterio apresentado em 2004113
tendo como encaminhamento o envio de documentaccedilatildeo ao Minis-teacuterio Puacuteblico Estadual para agilizaccedilatildeo das investigaccedilotildees Tambeacutem em2003 a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadatildeo em seu rela-toacuterio de atividades menciona ter participado de reuniatildeo com asfamiacutelias dos meninos emasculados de audiecircncia puacuteblica sobre o casode reuniatildeo na Superintendecircncia da Poliacutecia Federal com os policiaisencarregados da investigaccedilatildeo e de reuniatildeo com os integrantes doCentro de Defesa dos Direitos da Crianccedila e do Adolescente PadreMarcos Passerini Apoacutes firmada a soluccedilatildeo amistosa a CIDH realizou acompanha-
mento da implementaccedilatildeo das medidas acordadas Em seus relatoacuteriosanuais a Comissatildeo demonstrou especial preocupaccedilatildeo com o cum-primento das medidas de natildeo repeticcedilatildeo que representavam para ooacutergatildeo o maior desafio Em 2008 as medidas foram consideradastotalmente cumpridas pelo Estado brasileiro Apoacutes a celebraccedilatildeo da soluccedilatildeo amistosa houve aparente interes-
se do Governo do Estado do Maranhatildeo em cumprir as medidas114
Em 2007 o entatildeo governador do Maranhatildeo Jackson Lago criou aComissatildeo Estadual de Acompanhamento e Execuccedilatildeo do Acordo deSoluccedilatildeo Amistosa do Caso dos Meninos Emasculados composta dasSecretarias de Estado dos Direitos Humanos Sauacutede EducaccedilatildeoDesenvolvimento Social Seguranccedila Cidadatilde Defensoria Puacuteblica eAssessoria Especial do Governador115
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Em abril de 2006 as famiacutelias das viacutetimas comeccedilaram a receber apensatildeo mensal do Governo maranhense e foram incluiacutedas nos pro-gramas de Habitaccedilatildeo do Governo Federal Apoacutes um ano em maiode 2007 a Comissatildeo Estadual visitou as famiacutelias para verificar o cum-primento das medidas e as suas condiccedilotildees de moradia Houve umaseacuterie de reclamaccedilotildees das famiacutelias em relaccedilatildeo agrave estrutura das casasEm consequecircncia a Comissatildeo se reuniu com a Secretaria de Estadode Desenvolvimento das Cidades para discutir melhorias Posteriormente em setembro de 2011 apoacutes encontro com um
grupo de matildees dos meninos a presidente da Comissatildeo de DireitosHumanos e das Minorias da Cacircmara dos Deputados116 deputada Eli-ziane Gama alegou que as medidas da soluccedilatildeo amistosa natildeo estavamsendo inteiramente cumpridas117 Segundo a deputada ao longo dos5 anos as casas previstas no documento foram construiacutedas mas natildeoforam repassadas legalmente para as famiacutelias a pensatildeo estabelecidaestava sem reajuste e as famiacutelias natildeo estatildeo sendo inseridas em pro-gramas de assistecircncia social do GovernoApesar da inclusatildeo em 2005 do municiacutepio de Satildeo Luiacutes no Progra-
ma de Accedilotildees Integradas e Referenciais de Enfrentamento agrave ViolecircnciaSexual contra Crianccedilas e Adolescentes no Territoacuterio Brasileiro(PAIR) e da criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Luta contra a ViolecircnciaSexual contra a Crianccedila e o Adolescente bem como o Sistema Inte-rinstitucional de Accedilotildees Antidrogas (SIAD) parece que natildeo houveefetiva melhoria do atendimento nas delegacias especializadas emviolecircncia contra a crianccedila e o adolescente Segundo relatoacuterio da 1ordfPromotoria do Controle Externo da Atividade Policial a Delegaciade Proteccedilatildeo agrave Crianccedila e ao Adolescente (DPCA) foi considerada apior das especializadas na capital maranhense118
Quanto a casos julgados na Corte Interamericana destacam-senovamente os casos Garibaldi e Escher e outros A questatildeo federalaparece nos dois casos como um obstaacuteculo agrave implementaccedilatildeo dasdecisotildees principalmente enquanto as denuacutencias permaneceram noacircmbito da Comissatildeo Isso porque a Assessoria Internacional da SDHteria tido problemas em acessar os atores locais por conta de faltade cooperaccedilatildeo dos poderes locais119 A uacutenica voz a favor da imple-mentaccedilatildeo dentro do Estado do Paranaacute foi o Ministeacuterio Puacuteblico120
No caso Escher e outros na peticcedilatildeo submetida agrave Corte a Comis-satildeo explicou que a Secretaria de Direitos Humanos da Presidecircncia
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(acircmbito federal) natildeo concretizou as negociaccedilotildees com o governo doEstado do Paranaacute (acircmbito estadual) para efetivar as reparaccedilotildees nosprazos concedidos121 Em nota de 21 de setembro de 2007 porexemplo o governo brasileiro sustentou que trabalhava junto aoEstado do Paranaacute para que fosse indicado um interlocutor especiacuteficopara dar seguimento ao trabalho de implementar as recomendaccedilotildeessalientando que o esforccedilo de convencimento junto aos entes esta-duais era ldquoum trabalho permanente e que por vezes demanda maiortempo de maturaccedilatildeordquo122
Dois fatores mitigaram esses problemas de implementaccedilatildeo Em pri-meiro lugar no tocante agrave obrigaccedilatildeo de investigar destacou-se apostura do Ministeacuterio Puacuteblico do Estado do Paranaacute123 que trabalhouem contato com a SDH para realizar as investigaccedilotildees Em segundolugar especificamente no tocante agrave obrigaccedilatildeo de publicar a senten-ccedila e indenizar as viacutetimas destacou-se a mudanccedila das responsabilidadesocasionada pelas condenaccedilotildees no acircmbito da Corte InteramericanaNo caso Garibaldi ao tomar ciecircncia que algumas testemunhas que
natildeo foram ouvidas no inqueacuterito policial estavam prestando depoi-mento perante a Corte um membro do Ministeacuterio Puacuteblico fez arequisiccedilatildeo de desarquivamento do inqueacuterito em abril de 2009 e emjulho de 2011 ofereceu denuacutencia contra um dos suspeitos do assas-sinato de Seacutetimo Garibaldi O TJPR no entanto determinou o fimda accedilatildeo penal a despeito de ter reconhecido explicitamente que oreferido desarquivamento atendia agrave decisatildeo da Corte Interamerica-na de Direitos Humanos A accedilatildeo encontra-se atualmente no STJ Emvirtude disso a Corte deixou em aberto o ponto na sua resoluccedilatildeo deSupervisatildeo de Cumprimento de Sentenccedila de 2012Em Escher e outros o Ministeacuterio Puacuteblico tambeacutem verificou a pos-
sibilidade de investigar e punir os responsaacuteveis pela interceptaccedilatildeoe divulgaccedilatildeo das conversas telefocircnicas Entretanto por conta daprescriccedilatildeo dos crimes concluiu pela inviabilidade da abertura deinqueacuterito criminal apenas para se elucidar o fato sem que isso resul-tasse em efetiva puniccedilatildeo124 Nesse ponto a Corte Interamericanarepetiu entendimento no qual a prescriccedilatildeo poderia ser um obstaacute-culo legiacutetimo ao cumprimento em casos de violaccedilatildeo de direitoshumanos menos graves e reconheceu que ldquofoi determinado que seinvestigasse penalmente determinadas condutas e fossem estabele-cidas as consequecircncias que a Lei previsse o qual natildeo descartava a
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possibilidade de que a accedilatildeo penal a respeito dos fatos a serem inves-tigados estivesse prescritardquo125
Finalmente em relaccedilatildeo ao segundo ponto se medidas de provi-decircncia domeacutestica para os casos avanccedilaram enquanto estiveram naComissatildeo a condenaccedilatildeo do Brasil pela Corte alterou a maneira comoas reparaccedilotildees deveriam ser feitas jaacute que tais obrigaccedilotildees passaram aser primariamente da Uniatildeo Nesse sentido a SDH pocircde atuar commaior intensidade Isso se refletiu tanto na obrigaccedilatildeo de indenizarcumprida sob a rubrica orccedilamentaacuteria do proacuteprio oacutergatildeo126 como naobrigaccedilatildeo de publicar a sentenccedila feita dentre outros no proacuteprio siteda Secretaria127Ambos os cumprimentos se deram dentro do prazoassinalado na sentenccedila128
Um paralelo entre os dois casos apresentados e o caso Maria daPenha pode ser feito sob o prisma da questatildeo federal Nesse senti-do ressalta-se que Maria da Penha vs Brasil foi um caso decididono acircmbito da Comissatildeo em que se fixaram obrigaccedilotildees semelhan-tes de investigaccedilatildeo e indenizaccedilatildeo ao Estado brasileiro Por setratarem de recomendaccedilotildees caberia ao governo e ao Judiciaacuterio doEstado do Cearaacute onde ocorreu a violaccedilatildeo de direitos conduzirema implementaccedilatildeo das medidasNo entanto o Estado do Cearaacute permaneceu inerte durante vaacuterios
anos apoacutes a condenaccedilatildeo sem que a Uniatildeo tambeacutem tomasse qual-quer atitude em relaccedilatildeo a essa inatividade129 Durante seis anos asreparaccedilotildees materiais natildeo puderam ser obtidas porque dependiam daassunccedilatildeo de compromisso pelo Estado do Cearaacute130 Somente em2006 com a mudanccedila de governo negociaccedilotildees foram iniciadas entreos atores envolvidos131 Essas conversas resultaram no compromis-so assumido e concretizado pelo Estado de indenizar materialmenteMaria da Penha Maia Fernandes132
A mesma dificuldade se verificou no cumprimento da obriga-ccedilatildeo de investigar os responsaacuteveis pela demora no processo criminalEm 2007 as peticionaacuterias assinalaram que o Estado natildeo havia con-seguido elucidar nem atribuir as responsabilidades em virtude dasdificuldades oferecidas pelo Tribunal estadual133 Em 2008 entatildeoo caso foi submetido ao CNJ134 Desde entatildeo a apuraccedilatildeo dos res-ponsaacuteveis pela demora ocorre em niacutevel federalNo entanto o caso Maria da Penha tambeacutem nos conduz agrave con-
clusatildeo de que a questatildeo federal embora importante para a ldquomarcha
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da implementaccedilatildeordquo das decisotildees do Sistema Interamericano natildeo eacuteo uacutenico fator de influecircncia Em primeiro lugar isso resta evidencia-do pelo fato de que a Comissatildeo ainda natildeo considerou integralmentecumpridas obrigaccedilotildees impostas para a Federaccedilatildeo como um todoMuito embora as poliacuteticas puacuteblicas dependam da adesatildeo dos Esta-dos-membros a proacutepria Comissatildeo ainda natildeo considerou satisfeitasas obrigaccedilotildees de tratamento contra a discriminaccedilatildeo das mulheres emmateacuteria de violecircncia domeacutestica135 Haacute relatos de que esses Estadosfederais tecircm problemas de descumprimento com questotildees que natildeosatildeo de competecircncia federal mas a explicaccedilatildeo que natildeo podem cum-prir por conta do federalismo tambeacutem surge em questotildees que natildeodependem da estrutura federal136
Em segundo lugar a proacutepria Comissatildeo reconheceu que os pri-meiros avanccedilos na mateacuteria de direitos humanos ocorreram com ainstalaccedilatildeo do Conselho Estadual sobre a Condiccedilatildeo da Mulher emSatildeo Paulo em 1983 Natildeo eacute descabido entatildeo considerar que o fede-ralismo tambeacutem pode abrir a oportunidade de que os proacutepriosEstados sejam responsaacuteveis por importantes avanccedilos em mateacuteria deproteccedilatildeo de direitos humanos antes mesmo que poliacuteticas semelhan-tes sejam estabelecidas em niacutevel federal
44 QUANDO A CAUSA Eacute APROPRIADA PELOS
ATORES ENVOLVIDOS NO CASO CONCRETO
Um uacuteltimo aspecto analisado na presente obra diz respeito agrave espe-cificidade de alguns relatoacuterios ou algumas condenaccedilotildees que emcertos contextos natildeo permitem a extrapolaccedilatildeo do caso individualpara uma situaccedilatildeo coletivaEacute usual que o SIDH seja criticado ao tomar medidas amplas e
geneacutericas como ldquodar continuidaderdquo a determinada poliacutetica puacuteblicae por outro lado louvado ao tomar medidas mais concretas A basedessa criacutetica estaacute ligada a uma determinada concepccedilatildeo de eficiecircn-cia das medidas Diraacute um defensor do argumento que medidas maismodestas por serem objetivas permitem um maior grau de cobran-ccedila e de verificaccedilatildeo da implementaccedilatildeo Esse argumento contudoconta apenas parte da histoacuteriaDe fato quanto mais individualizada e concreta a medida maior
a chance de sua implementaccedilatildeo contudo menor eacute a chance de seuimpacto No Brasil as instituiccedilotildees tiveram sucesso em demonstrar
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
49 sumaacuterio
que conseguem se mobilizar de forma a lidar com a questatildeo indi-vidualizada em seu ponto especiacutefico sem qualquer atuaccedilatildeo emniacuteveis estruturais como ocorreu e ocorre nos casos Escher e outrose Garibaldi No entanto em um caso como Belo Monte no qual natildeohouve qualquer cooperaccedilatildeo do Governo brasileiro atores institu-cionais (como o MPF) e a sociedade civil organizada puderam sevaler da recomendaccedilatildeo da CIDH para pressionar os oacutergatildeos poliacuteti-cos nacionais
Tanto o caso Escher e outros como o caso Garibaldi tratam de vio-laccedilotildees decorrentes dos graves e persistentes conflitos agraacuterios no paiacutesConforme reconhecido pela Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos ldquoa concentraccedilatildeo de terra no Brasil eacute uma das maiores domundordquo de modo que ldquoaproximadamente 1 da populaccedilatildeo deteacutem46 de todas as terrasrdquo dentre as quais haacute um enorme percentual deterras improdutivas Trata-se enfim de ldquoum modelo econocircmico quefavoreceu a grande propriedade privada frente agraves necessidades dostrabalhadores ruraisrdquo137 Todavia em ambos os casos o contexto socialamplo natildeo foi atacado pelas medidas impostas pelo SIDH
No caso Escher e outros o grampo telefocircnico e sua divulgaccedilatildeoilegal geraram especialmente reparaccedilotildees indenizatoacuterias para as viacuteti-mas sendo que a Corte Interamericana reconheceu seu integraladimplemento enquanto no caso Garibaldi as principais condena-ccedilotildees foram de natureza indenizatoacuteria e de retomada da investigaccedilatildeocriminal dos responsaacuteveis pelo assassinato de Seacutetimo Garibaldisendo que a Corte IDH ainda manteacutem o acompanhamento do pro-cesso judicial penal de responsabilizaccedilatildeo pelo assassinato Natildeohouve repercussatildeo para aleacutem dessa esfera
Essas observaccedilotildees surgiram em entrevista com membro doMinisteacuterio Puacuteblico do Estado do Paranaacute na qual ficou clara a orien-taccedilatildeo de resolver rapidamente e de forma qualificada a investigaccedilatildeocriminal relativa ao caso Seacutetimo Garibaldi em parte por convicccedilatildeopessoal dos promotores envolvidos e em parte para diminuir o des-gaste da imagem da instituiccedilatildeo decorrente da divulgaccedilatildeo dos fatosna miacutedia De todo modo nem o Ministeacuterio Puacuteblico e muito menoso Governo do Paranaacute realizaram accedilotildees de enfoque estrutural ou pre-ventivo para as graves violaccedilotildees decorrentes de conflitos fundiaacuterios
A natureza de decisotildees altamente individualizadas favoreceum cenaacuterio em que haacute poucos incentivos para que as instituiccedilotildees
PESQUISA DIREITO GV
50 sumaacuterio
envolvidas assumam o ocircnus poliacutetico de tomar medidas mais amplase ao mesmo tempo a decisatildeo do SIDH natildeo serve como instrumen-to para buscar medidas estruturais aos atores relevantes interessados Nos dois casos as questotildees de fundo foram abandonadas O gover-
no natildeo se sentiu pressionado a investigar ou prestar esclarecimentosobre as investigaccedilotildees relacionadas a associaccedilotildees ligadas ao Movimen-to dos Sem-Terra (MST) apoacutes o caso Escher e outros Tampouco houvepressatildeo para investigaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de contas em relaccedilatildeo ao siste-ma de reforma agraacuteria aos abusos cometidos por particulares queretomam para si terras que foram invadidas nem agrave impunidade dosatores poliacuteticos e judiciaacuterios que criminalizam movimentos sociaisApenas para exemplificar uma questatildeo de fundo sobre agentes
puacuteblicos que atuavam contra os movimentos sociais em ambos oscasos um dos pedidos rejeitados pela Corte Interamericana foio de ordenar a revogaccedilatildeo do tiacutetulo de cidadatilde honoraacuteria do Estadodo Paranaacute da juiacuteza Elizabeth Kather obtido em 2007 Conformeapontado no livro A era da indeterminaccedilatildeo138 a juiacuteza protagonizouescacircndalos midiaacuteticos em razatildeo da estreita relaccedilatildeo com a elitefazendeira local Mesmo um ano apoacutes a condenaccedilatildeo da Corte Inte-ramericana em dezembro de 2010 a juiacuteza Kather recebeu o tiacutetulode cidadatilde honoraacuteria do Municiacutepio de Loanda139
A Corte IDH deu pouca importacircncia agrave questatildeo do tiacutetulo hono-raacuterio da juiacuteza Kather Entretanto em um contexto como o brasileirocondenaccedilotildees simboacutelicas podem abrir portas para a extrapolaccedilatildeo dedemandas individualizadas para um niacutevel mais geral principalmen-te quando satildeo apropriadas por vaacuterios segmentos sociais No contextode implementaccedilatildeo poliacutetica as medidas do SIDH podem auxiliar ato-res mobilizados tal como ocorreu no caso Belo MonteConforme apresentado no toacutepico 42 a construccedilatildeo da Usina
Hidreleacutetrica Belo Monte a despeito da forte reaccedilatildeo negativa doGoverno brasileiro agrave medida cautelar do SIDH foi apropriadapelos agentes poliacuteticos envolvidos no caso (MPF e movimentossociais) e transformada em um instrumento poliacutetico e juriacutedico deenfrentamento Quanto aos movimentos sociais sugere-se a medi-da possibilitou a reafirmaccedilatildeo da criacutetica ao projeto Belo Monte eabriu novos espaccedilos puacuteblicos acerca do temaAssim avaliar a implementaccedilatildeo das medidas do SIDH que enfo-
cam apenas a conduta do Estado esconde os impactos que elas
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
51 sumaacuterio
podem ter fora do ambiente estatal Assim enquanto alguns casosnatildeo geram repercussatildeo mas satildeo implementados outros repercutemna sociedade e podem ateacute mesmo gerar uma conscientizaccedilatildeo maiorsobre determinada violaccedilatildeo de direitos humanos mesmo que a pos-tura estatal leve ao natildeo cumprimento da medida
CONCLUSAtildeO BALANCcedilO DE RESULTADOS E PARAcircMETROS DE IMPLEMENTACcedilAtildeONo Brasil natildeo haacute mecanismos institucionais especiacuteficos de implemen-taccedilatildeo de recomendaccedilotildees e condenaccedilotildees do SIDH O adimplementointerno das medidas determinadas neste acircmbito decorre em sua maiorparte de decisotildees eminentemente poliacuteticas visto que depende da dis-posiccedilatildeo e da capacidade dos atores relevantes a cada novo evento Com isso a cada nova condenaccedilatildeo ou recomendaccedilatildeo a SDH e o
MRE precisam se engajar em negociaccedilotildees com as instituiccedilotildees e ato-res envolvidos muitas vezes em esferas estaduais No contextofederativo a ausecircncia de mecanismos coercitivos torna o cumprimen-to das decisotildees ainda mais imprevisiacutevel e a cada novo caso sujeitoao capital poliacutetico dos envolvidos ao seu interesse nas causas emquestatildeo e especialmente agrave qualidade das relaccedilotildees entre governosfederal e estadual Dessa forma o adimplemento no Brasil eacute permea-do de grande flexibilidade e potencial de experimentalismo uma vezque na maior parte dos casos haacute um alto custo poliacutetico envolvido nasnegociaccedilotildees de implementaccedilatildeoPara fazer suas anaacutelises e criacuteticas este trabalho partiu do termo
ldquoimplementaccedilatildeordquo no sentido usual do SIDH de adimplemento dasmedidas de condenaccedilatildeo recomendaccedilatildeo ou acordo Contudo a anaacute-lise qualitativa mostrou que esse tipo de avaliaccedilatildeo fica distante demedir o real impacto das decisotildees do SIDH no Brasil Dada a escassez de literatura nacional a este respeito foi reali-
zado um mapeamento dos efetivos mecanismos existentes no Brasilpara dar cumprimento agraves recomendaccedilotildees e decisotildees oriundas doSIDH no Brasil do que foi possiacutevel identificar o delicado equiliacute-brio das relaccedilotildees institucionais em niacutevel federal (MRE SDH eAGU) bem como das relaccedilotildees entre entes federativos Como con-sequecircncia foi apurado que o cumprimento eacute apenas uma dimensatildeodo adimplemento das medidas do SIDH
PESQUISA DIREITO GV
52 sumaacuterio
Foi possiacutevel identificar diversos fatores que interferem na coo-peraccedilatildeo de atores relevantes bem como na avaliaccedilatildeo de quandoocorre efetivamente o cumprimento Nesse sentido os principaisfatores identificados como possiacuteveis facilitadores da implementaccedilatildeodas medidas determinadas no acircmbito do sistema regional de prote-ccedilatildeo dos direitos humanos satildeo (i) a existecircncia de uma agenda poliacuteticapreacutevia em acircmbito local ou nacional em relaccedilatildeo ao tema da viola-ccedilatildeo (ii) decisotildees com fundamentaccedilatildeo de qualidade e generalidadesuficiente para permitir a sua apropriaccedilatildeo por atores estatais ou dasociedade civil organizada engajados em temas afetos agrave violaccedilatildeo e(iii) uma boa relaccedilatildeo entre Uniatildeo e Estados naqueles casos em quea implementaccedilatildeo natildeo depende de medidas unicamente federais Haacute portanto dois pontos de vista em questatildeo O primeiro deles
eacute o da Comissatildeo e da Corte Interamericana pelo qual eacute necessaacuterioe relevante que os Estados recebam uma chancela de adimplentesou inadimplentes perante o SIDH especialmente como forma depressatildeo poliacutetica O segundo ponto de vista eacute o de anaacutelise do impac-to das decisotildees e recomendaccedilotildees do SIDH que natildeo se confundecom a avaliaccedilatildeo de ldquocumprimentordquo ou ldquodescumprimentordquo feita pelaCorte e Comissatildeo nem se exaure nela Em um contexto de imple-mentaccedilatildeo eminentemente poliacutetica das decisotildees e recomendaccedilotildees doSIDH a implementaccedilatildeo depende em grande parte da presenccedila dosfatores de impacto detectados
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
53 sumaacuterio
APEcircNDICE CASOS QUE ENVOLVEM O BRASIL NO SIDH
I MEDIDAS CAUTELARES OUTORGADAS PELA
COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 32 (ENTRE 1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
54 sumaacuterio
CASO
MC 19911 ldquoP
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(2011)
MC 38210 ldquoU
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ENTO
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SEM INFORMACcedilAtildeO
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IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
55 sumaacuterio
MC 35102 ldquoR
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(2010)
MC 22409 ldquoA
DOLESC
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RIVADOS DE
LIBERDADE NA UNIDADE DE IN
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SOCIOEDUCATIVA
(UNIS)rdquo (2009)
MC 23608 ldquoP
ESSOAS PRIVADAS DE LIB
ERDADE
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CIAacuteRIA POLINTER
-NEVESrdquo (2009)
ldquoCASO ADOLESC
ENTES N
A CADEIA PUacuteBLICA DE
GUARUJAacuterdquo (2007)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS RECEBIDAS POR
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MIacuteNIO MESM
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CAUTELA
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DENUacuteNCIA SOBRE CASOS DE MORTE E TO
RTURA
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IacuteRITO SANTO
DENUacuteNCIAS SO
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DENUacuteNCIA SOBRE SU
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A A INDIVIacuteD
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SISTEMA CARCERAacuteRIO
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MEDIDAS CAUTELA
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SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
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PESQUISA DIREITO GV
56 sumaacuterio
ldquoCASO CENTRO DE DEFESA
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ldquoCASO MARIA APARECIDA DENADAIrdquo (2006)
MC 13006 ldquoP
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ldquoCASO RAPOSA SER
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DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
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DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
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TAMBEacuteM CASO JOAQUIM DENADAI)
DENUacuteNCIA SOBRE MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
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2007 142SEM
INFORMACcedilAtildeO 143
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
57 sumaacuterio
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DENUacuteNCIA SOBRE UMA SEacuteR
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DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
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UMPRIMENTO (LEVA
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PESQUISA DIREITO GV
58 sumaacuterio
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DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
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IacuteRITO
SANTO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
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PROacutePRIA
POLIacuteCIA
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
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DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
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PROPRIEDADE E Agrave
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A A INDIVIacuteD
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MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS LIacuteD
ERES E PA
RA
INVESTIG
AR OS FATO
S DENUNCIADOS
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO (VIacuteTIM
A ASSA
SSINADA EM
2009)
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
59 sumaacuterio
ldquoCASO ELM
A SORAIA SOUZA NOVAISrdquo (2002)
ldquoCASO DOS PROMOTORES E D
OS DETEN
TOS DA
PRISAtildeO
PUacuteBLICA DE SO
ROCABArdquo (2000)
ldquoCASO BENEDITO MARIANOrdquo (2000)
ldquoCASO CATH
ERINE HALVEYrdquo (2000)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
MAtildeE DE VIacuteTIM
A DE VIO
LEcircNCIA POLICIAL
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDA POR TESTEM
UNHAS
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR INVESTIG
ADOR DE VIO
LEcircNCIA
POLICIAL
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
DE DIREITO
S HUMANOS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (INVESTIG
ADOR)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA VIacuteTIM
A
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A E A
CAPAC
IDADE DE
PRESTA
R TESTEM
UNHO SEM
TEMER
REPRESAacute
LIAS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO INVESTIG
ADOR E SEU
S
FAMILIA
RES
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA ATIVISTA
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
PESQUISA DIREITO GV
60 sumaacuterio
ldquoCASO JOAQUIM MARCELO
DENADAIrdquo (1999)
ldquoCASO LUZIA CANUTOrdquo (1998)
ldquo2ordm CASO PADRE RICARDO REZEN
DErdquo (1998)
CASO 12002 ldquoM
ARIA EMILIA
DE MARCHI E
OUTROSrdquo (1998)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA CONTRAacuteRIO A GRUPO DE EXTER
MIacuteNIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS E C
ASOS DE
HOMICIacuteDIO SOFRIDOS POR FAMILIA
RES D
E
LIacuteDER DE MOVIM
ENTO SOCIAL ASSA
SSINADO EM
CONTEXTO
DE CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTA DE DIREITO
S HUMANOS EM
CONTEXTO
DE DISPUTA FUNDIAacuteRIA
DENUacuteNCIA SOBRE AS MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
O
LOCAL EM
QUE AS VIacuteTIM
AS ESTAVA
M PRESA
S
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
GARANTIA JUDICIAL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (TESTEM
UNHA)
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA VIacuteTIM
A
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DA TESTEM
UNHA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS DETEN
TOS
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO (VIacuteTIM
A ASSA
SSINADA EM
2002)
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
61 sumaacuterio
ldquo1ordm CASO PADRE RICARDO REZEN
DE E O
UTROSrdquo
(19951996)
ldquoCASO DO ADVOGADO OSMAR BARCELO
S DO
NASCIMENTOrdquo (1996)
ldquoCASO DOS MENORES IN
TERNOS DO INSTITU
TO
PADRE SEVER
INO DA ESC
OLA JOAtildeO LUIS A
LVES
E DA ESC
OLA SANTOS DUMONTrdquo (1996)
ldquoCASO AMEACcedil
ADOS PELO
S lsquoMENINOS DE OUROrsquordquo
(1996)
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ATIVISTAS DE DIREITO
S HUMANOS EM
CONTEXTO
DE DISPUTA FUNDIAacuteRIA NO PARAacute
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS SO
FRIDAS POR
ADVOGADO ATIVISTA
DE DIREITO
S HUMANOS NO
ESPIacuteRITO SANTO
DENUacuteNCIA SOBRE AS MAacuteS CONDICcedilOtildeES D
O
CENTRO DE DETEN
CcedilAtildeO
DENUacuteNCIA SOBRE AMEACcedil
AS DE MORTE
SOFRIDAS POR ATIVISTA
S CONTRAacuteRIOS A GRUPO
DE EXTER
MIacuteNIO
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)SISTEM
A CARCERAacuteRIO
AMEACcedil
A A INDIVIacuteD
UO (ATIVISTA
)
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DO ATIVISTA
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS DETEN
TOS
MEDIDAS PA
RA GARANTIR A VID
A E A
INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A DOS ATIVISTA
S
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO E
CORRECcedilAtildeO DAS VIO
LACcedilOtildeES)
MEDIDAS CAUTELA
RES (P
REVEN
CcedilAtildeO DAS
VIOLACcedil
OtildeES)
SEM INFORMACcedilAtildeO
CUMPRIMENTO INTEG
RAL
SEM INFORMACcedilAtildeO
SEM INFORMACcedilAtildeO
II RELATOacuteRIOS DE MEacuteRITO PUBLICADOS PELA COMISSAtildeO
INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 17 (ENTRE
1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
62 sumaacuterio
CASO
PETICcedil
AtildeO 12308 ldquoM
ANOEL LEA
L DE O
LIVEIRArdquo
(INFORMES N
3710 E N 7206)
CASO 12440 ldquoW
ALLAC
E DE A
LMEID
Ardquo
(INFORMES N
3408 E N 2609)
CASO 12310 ldquoSEB
ASTIAtildeO
CAMARGO FILH
Ordquo
(INFORMES N
3308 E Ndeg 2509)
RESU
MO
DO
S FATOS
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DE
JORNALISTA
APOacuteS P
UBLIC
ACcedilAtildeO DE ESC
AcircNDALO
DE C
ORRUPCcedilAtildeO NO JO
RNAL D
E QUE ER
A
EDITO
R
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DA VIacuteTIM
A EM
RAZAtildeO
DE A
BUSO EM
OPERACcedilAtildeO POLIC
IAL
INCLUSIVE C
OM INDIacuteCIOS D
E DISC
RIMINACcedilAtildeO
RACIAL
DEN
UacuteNCIA SO
BRE A
SSASSIN
ATO DE M
EMBRO
DO MOVIM
ENTO DOS TR
ABALHADORES R
URAIS
SEM TER
RA NO PA
RANAacute SEM
INVESTIG
ACcedilAtildeO E
INDEN
IZACcedilAtildeO
DIR
EITOS VIO
LAD
OS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave LIB
ERDADE D
E EXPRESSAtildeO
E
PEN
SAMEN
TO AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE Agrave
IGUALDADE
AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO
JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS G
ARANTIA
S JUDICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JU
DICIAL
TEMA
ATENTADO CONTRA JO
RNALISTA
VIO
LEcircNCIA POLIC
IAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO
MED
IDA
S IND
ICAD
AS
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS A
UTORES
DO CRIME D
OS R
ESPONSAacuteVEIS P
ELA DEM
ORA
NAS IN
VESTIGACcedilOtildeES R
EPARACcedilAtildeO DOS
FAMILIA
RES A
DOCcedilAtildeO DE U
MA POLIacuteTIC
A GLOBAL
DE P
ROTECcedil
AtildeO DOS JO
RNALISTA
S
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO COMPLETA
DOS FATO
S REPA
RACcedilAtildeO DOS FA
MILIA
RES D
A
VIacuteTIMA E A
DOCcedilAtildeO DE P
OLIacuteTIC
A CONTRA A
DISC
RIMINACcedilAtildeO RACIAL EM
OPERACcedilOtildeES
POLIC
IAIS
DEN
TRE O
UTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO COMPLETA
DOS FATO
S REPA
RACcedilAtildeO DOS FA
MILIA
RES D
A
VIacuteTIMA E A
DOCcedilAtildeO DE P
OLIacuteTIC
A CONTRA A
VIOLEcircN
CIA RURAL
NATU
REZA
DA
S MED
IDA
SMEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DEN
IZACcedilAtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
CU
MP
RIM
ENTO
(EM 2012)
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
PEN
DEN
TE DE C
UMPRIMEN
TO
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
63 sumaacuterio
CASO 12019 ldquoA
NTOcircNIO FER
REIRA BRAGArdquo
(INFORMES N
8407 E N 3508)
CASO 12001 ldquoSIM
ONE ANDREacute DINIZrdquo (IN
FORMES
N 8304 E N
6606)
CASO 11634 ldquoJA
ILTON NERI DA FONSEC
Ardquo
(INFORMES N
2303 E N 3304)
CASO 11556 ldquoM
ASSAC
RE DE CORUMBIARArdquo
(INFORMES N
2203 E N 3204)
DENUacuteNCIA SOBRE DETEN
CcedilAtildeO ILEG
ALMENTE
FEITA PELA
POLIacuteCIA CIVIL IN
CLUSIVE C
OM
TORTURA DA VIacuteTIM
A
DENUacuteNCIA SOBRE DISCRIMINACcedilAtildeO RACIAL
SOFRIDA POR EMPREGADA DOMEacuteSTIC
A QUE NAtildeO
FOI CONTRATA
DA POR SER
NEGRA
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
MENOR POR FORCcedilAS POLICIAIS EM
FAVELA DO
RIO DE JA
NEIRO
DENUacuteNCIA SOBRE MORTES D
E
TRABALHADORES R
URAIS EM
ACcedilAtildeO DA POLIacuteCIA
PARA REINTEG
RACcedilAtildeO DE POSSE D
E TERRENO
DIREITO
Agrave INTEG
RIDADE FIacuteSIC
A Agrave LIB
ERDADE
PESSO
AL Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL O
BRIGACcedilAtildeO DE PREVEN
IR
E PUNIR TODO ATO
DE TO
RTURA COMETID
O
DIREITO
Agrave IGUALDADE Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
E Agrave PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
LIBERDADE Agrave
PROTECcedil
AtildeO DA INFAcircNCIA AgraveS
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
DISCRIMINACcedilAtildeO RACIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS FATO
S
RESP
ONSABILIZACcedil
AtildeO PELA
DEMORA EM
ELUCIDAR O CASO INDENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A E
CAPAC
ITACcedilAtildeO DOS POLICIAIS C
IVIS
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A
MODIFIC
ACcedilAtildeO DA LEG
ISLACcedilAtildeO CONTRA O
RACISM
O INVESTIG
ACcedilAtildeO DOS FATO
S PROMOVER
MEDIDAS ADMINISTR
ATIVAS CONTRA O RACISM
O
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS A
LTERACcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DA
POLIacuteCIA MILITA
R PARA INVESTIG
ACcedilAtildeO DE
CRIMES C
OMETID
OS POR MEMBROS DA
PROacutePRIA CORPORACcedilAtildeO E TR
ANSFER
EcircNCIA
PARA A POLIacuteCIA CIVIL
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES IN
VESTIGACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS A
LTERACcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DA
POLIacuteCIA MILITA
R PARA INVESTIG
ACcedilAtildeO DE
CRIMES C
OMETID
OS POR MEMBROS DA
PROacutePRIA CORPORACcedilAtildeO E TR
ANSFER
EcircNCIA
PARA A POLIacuteCIA CIVIL
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
PENDENTE D
E CUMPRIMENTO
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
PESQUISA DIREITO GV
64 sumaacuterio
CASO 10301 ldquoPA
RQUE SAtildeO
LUCASrdquo (IN
FORMES N
1696 E N 4003)
CASO 11517 ldquoD
INIZ B
ENTO DA SILVArdquo
(INFORMES N
11101 E N 2302)
CASOS 11286 E O
UTROS ldquoA
LUIacuteSIO
CAVA
LCANTE
E OUTROSrdquo (IN
FORMES N
7400 E N 5501)
CASO 12051 ldquoM
ARIA DA PENHArdquo (IN
FORMES N
10500 E N 5401)
DENUacuteNCIA SOBRE TO
RTURA DE PRESO
S NO
DISTR
ITO POLICIAL PA
RQUE SAtildeO
LUCAS EM
SAtildeO
PAULO
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
MEMBRO DO MOVIM
ENTO DOS TR
ABALHADORES
RURAIS SEM
TERRA POR FORCcedilAS POLICIAIS
DENUacuteNCIA SOBRE DIVER
SOS CASOS DE
ASSA
SSINATO
DE JO
VENS POR FORCcedilAS
POLICIAIS
DENUacuteNCIA SOBRE CASO DE VIO
LEcircNCIA
DOMEacuteSTIC
A COM DEMORA E N
EGLIGEcircNCIA NO
PROCESSA
MENTO DA ACcedilAtildeO CRIMINAL
DIREITO
Agrave VID
A E Agrave
INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
PROTECcedil
AtildeO E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO DA HONRA
E DA DIGNIDADE Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
LIBERDADE A
UM JULGAMENTO JUSTO
AgraveS
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
E DIREITO
DE PETICcedil
AtildeO
DIREITO
Agrave PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL Agrave
S GARANTIAS
JUDICIAIS Agrave
IGUALDADE
SISTEMA CARCERAacuteRIO
CONFLITO
FUNDIAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA POLICIAL
VIOLEcircN
CIA DOMEacuteSTIC
A DISCRIMINACcedilAtildeO
DE GEcircNERO
DENTRE OUTRAS IN
DENIZACcedil
AtildeO DAS VIacuteTIM
AS
TRANSFER
EcircNCIA DA COMPETEcircN
CIA DE
JULGAMENTO DE DELITO
S COMETID
OS POR
POLICIAIS M
ILITARES C
ONTRA CIVIS PA
RA A
JUSTICcedil
A COMUM PUNICcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS E
DESATIVACcedil
AtildeO DAS ldquoC
ELAS DE ISO
LAMENTOrdquo
MEDIDAS PA
RA INVESTIG
ACcedilAtildeO E P
UNICcedilAtildeO DOS
RESP
ONSAacuteVEIS PA
RA INDENIZACcedil
AtildeO DOS
FAMILIA
RES E PA
RA EVITA
R A REPETICcedil
AtildeO DE
FATOS SEM
ELHANTES EM
CONFLITO
S
FUNDIAacuteRIOS
DENTRE OUTRAS IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS
CULPA
DOS E D
OS RESP
ONSAacuteVEIS P
ELA DEMORA
NOS PROCESSO
S INDENIZACcedil
AtildeO DE VIacuteTIM
AS OU
FAMILIA
RES A
BOLICcedilAtildeO DA COMPETEcircN
CIA DOS
TRIBUNAIS M
ILITARES PA
RA JULGAR CRIMES
COMETID
OS POR POLICIAIS C
ONTRA CIVIS
ADOCcedilAtildeO DE CONTROLE EXTER
NO E IN
TERNO
SOBRE A POLIacuteCIA MILITA
R DO RIO DE JA
NEIRO
DENTRE OUTRAS FIN
ALIZACcedil
AtildeO DO PROCESSO
CRIMINAL IN
VESTIGACcedilAtildeO DOS RESP
ONSAacuteVEIS
PELA
DEMORA INDENIZACcedil
AtildeO DA VIacuteTIM
A E
ADOCcedilAtildeO DE REFO
RMAS LEG
ISLATIVAS E
ADMINISTR
ATIVAS PA
RA COMBATER
A
DISCRIMINACcedilAtildeO DE GEcircNERO E A
VIOLEcircN
CIA
DOMEacuteSTIC
A CONTRA MULHERES
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
MEDIDAS SATISFATIVA
S DE IN
DENIZACcedil
AtildeO E D
E
NAtildeO REPETICcedil
AtildeO
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
CUMPRIMENTO PARCIAL
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
65 sumaacuterio
CASO 11291 ldquoC
ARANDIRUrdquo (IN
FORMES N
12099
E N 3400)
CASO 11599 ldquoM
ARCOS AUREacuteLIO
DE OLIVEIR
Ardquo
(INFORMES N
2399 E N 1000)
CASO 11598 ldquoA
LONSO EUGEcircNIO DA SILVArdquo
(INFORMES N
2299 E N 0900)
CASO 11516 ldquoO
VELAacuteRIO TAMESrdquo (IN
FORMES N
8098 E N 6099)
DENUacuteNCIA SOBRE O MASSAC
RE PROMOVIDO
POR FORCcedilAS POLICIAIS AO
INVADIREM O
PRESIacuteD
IO DO CARANDIRU PARA DEBELA
R UMA
REBELIAtildeO
DENUacuteNCIA SOBRE EXEC
UCcedilAtildeO SUMAacuteRIA DE
CRIANCcedilA DE RUA POR POLICIAL CIVIL
DENUacuteNCIA SOBRE HOMICIacuteDIO DE MENOR POR
POLICIAL MILITA
R DURANTE D
ETENCcedilAtildeO POR
SUPOSTO
ASSA
LTO
DENUacuteNCIA SOBRE DETEN
CcedilAtildeO ARBITRAacuteRIA DA
VIacuteTIMA QUE FO
I MORTA DEPOIS D
E TORTURADA
POR AGENTES D
E SEGURANCcedilA
DIREITO
Agrave VID
A Agrave INTEG
RIDADE PESSO
AL Agrave
S
GARANTIAS JU
DICIAIS E Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave VID
A AgraveS GARANTIAS JU
DICIAIS Agrave
PROTECcedil
AtildeO JUDICIAL E D
IREITO
S DAS CRIANCcedilAS
DIREITO
Agrave JUSTICcedil
A Agrave PROTECcedil
AtildeO CONTRA
DETEN
CcedilOtildeES A
RBITRAacuteRIAS Agrave
PROTECcedil
AtildeO
JUDICIAL E Agrave
S GARANTIAS JU
DICIAIS
SISTEMA CARCERAacuteRIO VIO
LEcircNCIA POLICIAL
VIOLEcircN
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PESQUISA DIREITO GV
66 sumaacuterio
CASO 11405 ldquoN
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FORMES N
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CASO 11287 ldquoJO
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SEM INFORMACcedilAtildeO 144
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
67 sumaacuterio
CASO
CASO
S 12426 E 12427 ldquoMEN
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CASO
11289 ldquoJOSEacute P
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NA COMISSAtildeO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 2 (ENTRE 1995 E 2012)
PESQUISA DIREITO GV
68 sumaacuterio
CASO
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INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012)
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
69 sumaacuterio
ldquoCASO DO COMPLEXO
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70 sumaacuterio
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V CASOS CONTENCIOSOS NA CORTE INTERAMERICANA
DE DIREITOS HUMANOS TOTAL DE 5 (ENTRE 1995 E 2012)
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
71 sumaacuterio
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CUMPRIMENTO PARCIAL
NOTAS
A pesquisa que deu origem a esta obra coordenada pelo Professor1
Javier Couso da Universidad Diego Portales (Chile) integrou um projetointernacional de natureza comparativa que envolveu diversos paiacuteses latino-americanos Estados Unidos e Itaacutelia com vistas a uma publicaccedilatildeo conjuntaem liacutengua espanhola No Brasil a pesquisa foi desenvolvida pelos seguintespesquisadores Prof Oscar Vilhena Vieira (coordenador) Luciana Ramos eRubens Glezer (pesquisadores mestres) Adriane Sanctis de Brito GuilhermeKlafke e Rafael Giovanelli (pesquisadores graduados) e Mariacutelia Lessa(pesquisadora graduanda) Os autores do artigo agradecem a Faacutebia FCarvalho Veccediloso pelos comentaacuterios e contribuiccedilotildees ao texto final e ao Lucas Felipe W Padilha pelo auxiacutelio na pesquisa inicial Os autores se responsabilizam integralmente pelos eventuais equiacutevocos cometidos
Ao longo deste artigo far-se-aacute referecircncia agrave Corte Interamericana2
de Direitos Humanos tambeacutem como ldquoCorte Interamericanardquo e ldquoCorteIDHrdquo No mesmo sentido far-se-aacute referecircncia agrave Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos como ldquoComissatildeo Interamericanardquo ou ldquoCIDHrdquo
A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos foi ratificada pelo3
Brasil em 25 de setembro de 1992 Em 6 de novembro de 1992 o Decreton 678 promulgou internamente a Convenccedilatildeo estabelecendo em seu art 1ordmque ldquoa Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de Satildeo Joseacute da Costa Rica) celebrada em Satildeo Joseacute da Costa Rica em 22 de novembrode 1969 apensa por coacutepia ao presente decreto deveraacute ser cumprida tatildeointeiramente como nela se conteacutemrdquo
O reconhecimento da jurisdiccedilatildeo contenciosa da Corte Interamericana4
de Direitos Humanos ocorreu seis anos mais tarde externamente em 10 dedezembro de 1998 com a aprovaccedilatildeo interna do Decreto Legislativo n 89 de3 de dezembro de 1998 O art 1ordm do decreto dispocircs ldquoEacute aprovada a solicitaccedilatildeode reconhecimento da competecircncia obrigatoacuteria da Corte Interamericana deDireitos Humanos em todos os casos relativos agrave interpretaccedilatildeo ou aplicaccedilatildeoda Convenccedilatildeo Americana de Direitos Humanos para fatos ocorridos a partirdo reconhecimento de acordo com o previsto no paraacutegrafo primeiro doart 62 daquele instrumento internacionalrdquo
Cf Leonardo Sakamoto Zeacute Pereira um sobrevivente 2 de junho de5
2004 Disponiacutevel em lthttpreporterbrasilorgbr200406ze-pereira-um-sobreviventegt Acesso em 22 abr 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual6
de 2012 capiacutetulo 3-B
PESQUISA DIREITO GV
72 sumaacuterio
Natildeo haacute dados suficientes nos relatoacuterios para indicar a quantidade7
de decisotildees com recomendaccedilotildees que por terem sido cumpridas no prazonatildeo tiveram seus relatoacuterios publicados pela Comissatildeo
Pesquisa realizada na seccedilatildeo de busca de jurisprudecircncia da proacutepria8
Corte Disponiacutevel em ltwwwcorteidhorcrindexphpjurisprudenciagtAcesso em 11 maio 2013
Utilizamos as categorias de ldquoindenizaccedilatildeordquo ldquosatisfaccedilatildeordquo e ldquogarantias9
de natildeo repeticcedilatildeordquo tal como apresentadas na Resoluccedilatildeo da Assembleia Geralda ONU n 60147 de 16 de dezembro de 2005 paraacutegrafos 18 a 23
Informe n 4306 (Meninos emasculados do Maranhatildeo)10
Informes n 5401 (Maria da Penha) n 5501 (Aluiacutesio Cavalcante11
e outros) n 2302 (Diniz Bento da Silva) n 4003 (Parque Satildeo Lucas)n 9503 (Joseacute Pereira) n 3204 (Corumbiara) n 3304 (Jailton Neri daFonseca) e n 6606 (Simone Andreacute Diniz)
Informes n 3508 (Antonio Ferreira Braga) n 2509 (Sebastiatildeo12
Camargo Filho) n 2609 (Wallace de Almeida) e n 3710 (Manoel Lealde Oliveira)
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual13
de 2012 capiacutetulo 3 item D
Vide Informe n 2498 (Joatildeo Canuto) Cf Comissatildeo Interamericana14
de Direitos Humanos Relatoacuterio Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafo 45
Veja-se por exemplo o Caso 11793 (Jorge Antonio Carelli)15
mencionado no Relatoacuterio Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafo 46
Cf David C Baluarte and Christian M De Vos From Judgment to16
Justice Implementing International and Regional Human RightsDecisions Open Society Foundations 2010 Disponiacutevel em ltwwwsorosorginitiativesjusticefocusinternational_justicearticles_publicationspublicationsfrom-judment-to-justice20101122gt Acesso em 27 de junho de 2013
O primeiro foi o Projeto de Lei n 32142000 do Deputado17
Marcos Rolim PTRS apresentado em 13 de junho de 2000 que conformesua ementa dispunha sobre os efeitos juriacutedicos das decisotildees da ComissatildeoInteramericana de Direitos Humanos e da Corte Interamericana de DireitosHumanos e dava outras providecircncias Ele continha apenas quatro artigos e
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
73 sumaacuterio
tratava basicamente das decisotildees de caraacuteter indenizatoacuterio das decisotildees daComissatildeo e da Corte atribuindo-lhes efeito de tiacutetulo executivo judicialdireto contra a Uniatildeo Segundo o deputado o projeto procurava suprir adeficiecircncia de legislaccedilatildeo nacional sobre o tema e possibilitar agrave Uniatildeo pagaras indenizaccedilotildees sem prejuiacutezo de reaver o valor posteriormente doresponsaacutevel pela violaccedilatildeo de direitos humanos (cf Projeto de Lei n 3214de 2000 Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados 17 de junho de 2000)
A primeira comissatildeo que tratou do projeto considerou inconstitucional a execuccedilatildeo de uma decisatildeo sem que fosse homologada pelo oacutergatildeo brasileirocompetente (atualmente o Superior Tribunal de Justiccedila) e tambeacutem rejeitoua inclusatildeo das decisotildees da Comissatildeo uma vez que ela natildeo teria caraacuteterjurisdicional O projeto entatildeo foi alterado nesses aspectos restringindo a aplicaccedilatildeo da lei agraves decisotildees da Corte e mantendo a necessidade dehomologaccedilatildeo Ele sofreu criacuteticas pela sua pequena abrangecircncia natildeodispondo sobre as frequentes obrigaccedilotildees de fazer e natildeo fazer (cf MinisteacuterioPuacuteblico Federal Nota teacutecnica ao Projeto de Lei n 46672004 Brasiacutelia2010 p 1) Ao fim foi arquivado sem ter sido votado nem mesmo pelaCacircmara em razatildeo de procedimentos internos da Casa
O segundo foi o Projeto de Lei n 46672004 do Deputado JoseacuteEduardo Cardozo PTSP apresentado em 15 de dezembro de 2004 queconforme sua ementa dispunha sobre os efeitos juriacutedicos das decisotildees dosOrganismos Internacionais de Proteccedilatildeo aos Direitos Humanos e dava outrasprovidecircncias Em sua justificativa o deputado praticamente reiterou ospontos afirmados no projeto anterior salientando que ldquoapesar da ratificaccedilatildeoas decisotildees dessas instacircncias natildeo estatildeo sendo respeitadas pelo Brasil O PoderExecutivo manifesta interesse no cumprimento das decisotildees dos organismosde proteccedilatildeo seja no acircmbito regional ou global poreacutem alega a inexistecircnciade legislaccedilatildeo ordinaacuteria nacional destinada a disciplinar a mateacuteriardquo
Esse projeto ainda tramita no Congresso Nacional onde permanecedesde 2011 no Senado Federal sem movimentaccedilatildeo Natildeo obstante alguns deseus pontos ainda satildeo criticados principalmente por natildeo cobrir todas asdiferentes hipoacuteteses de condenaccedilotildees internacionais como relatoacuterios opiniotildeesconsultivas recomendaccedilotildees etc e por natildeo afastar alguns oacutebices internos parao imediato cumprimento das obrigaccedilotildees inclusive a demora na tramitaccedilatildeodos procedimentos (cf ibidem p 7-10) De qualquer forma salienta-se aoportunidade de que o Brasil conte com a primeira lei nacional deimplementaccedilatildeo das decisotildees internacionais (cf ibidem p 11)
Cf Decreto Presidencial n 7037 de 21 de dezembro de 200918
com alteraccedilotildees pelo Decreto Presidencial n 7177 de 12 de maio de 2010
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site do proacuteprio19
Ministeacuterio Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbro-ministerioconheca-o-ministerioviewgt Acesso em 27 jun 2013
PESQUISA DIREITO GV
74 sumaacuterio
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site da proacutepria20
Secretaria Disponiacutevel em lthttpportalsdhgovbrclientessedhsedhsobregt Acesso em 27 jun 2013
Na eacutepoca era denominada ldquoSecretaria Nacional dos Direitos21
Humanosrdquo Depois foi nomeada ldquoSecretaria do Estado dos DireitosHumanosrdquo Mais informaccedilotildees sobre o histoacuterico da Secretaria podem serencontradas no site da Secretaria Disponiacutevel em lthttpportalsdhgovbrclientessedhsedhsobregt Acesso em 27 jun 2013
Mais informaccedilotildees podem ser encontradas no site do proacuteprio22
oacutergatildeo Disponiacutevel em ltwwwagugovbrsistemassiteTemplateTextoaspxidConteudo=200643ampordenacao=1ampid_site=10742gtAcesso em 27 jun 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional23
da SDH
Informaccedilatildeo concedida por membro do Departamento24
Internacional da AGU
Informaccedilotildees concedidas por membro do Departamento Internacional25
da AGU e por ex-membro da Assessoria Internacional da SDH
A dotaccedilatildeo contou em 2013 com o valor de R$ 35000000 Cf26
BRASIL Lei Federal n 12798 de 4 de abril de 2013 (Lei OrccedilamentaacuteriaAnual de 2013) volume IV p 603
Cf I Plano Nacional de Direitos Humanos p 7 anexo ao27
Decreto Presidencial n 1904 de 13 de maio de 1996
Cf Anexo ao Decreto Presidencial n 4229 de 13 de maio de 200228
Cf BRASIL Lei federal n 10933 de 11 de agosto de 200429
Plano Plurianual 20042007
Cf BRASIL Ministeacuterio da Justiccedila Plano Gerencial do Programa30
ldquoDireitos Humanos Direitos de Todosrdquo p 3-4 Disponiacutevel emltwwwmjgovbrsedhctspddhPlanGer_DHDTdocgt Acesso em 31maio 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional31
da SDH
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
75 sumaacuterio
De maneira sinteacutetica pode-se conceituar ldquoprogramardquo como ldquoo32
instrumento de organizaccedilatildeo da atuaccedilatildeo governamental que articula umconjunto de accedilotildees que concorrem para a concretizaccedilatildeo de um objetivocomum preestabelecido mensurado por indicadores instituiacutedos no planovisando agrave soluccedilatildeo de um problema ou o atendimento de determinadanecessidade ou demanda da sociedaderdquo enquanto ldquoaccedilotildeesrdquo satildeo ldquooperaccedilotildeesdas quais resultam produtos (bens ou serviccedilos) que contribuem paraatender ao objetivo de um programardquo (BRASIL Ministeacuterio do PlanejamentoOrccedilamento e Gestatildeo Secretaria do Orccedilamento Federal Manual teacutecnico deorccedilamento versatildeo 2011 Brasiacutelia 2010 p 39 e 42) A partir de 2012 houveuma pequena alteraccedilatildeo nos conceitos de modo a atender melhor oplanejamento governamental mas essa mudanccedila natildeo seraacute explicada aqui pornatildeo ser objeto deste artigo
Descriccedilatildeo constante nos objetivos estrateacutegicos 487 a 489 do33
programa nos seguintes termos ldquoComo resultado da implementaccedilatildeo doPrograma Nacional de Direitos Humanos ndash PNDH o Brasil ampliou suaparticipaccedilatildeo nos sistemas global (da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas ndashONU) e regional (da Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos ndash OEA) depromoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos humanos Em particular a cooperaccedilatildeocom os oacutergatildeos de supervisatildeo da OEA tem ensejado a busca de soluccedilotildeesamistosas para casos de violaccedilatildeo em exame pela Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos abrindo a possibilidade de concessatildeo de reparaccedilotildeese indenizaccedilotildees agraves viacutetimas dessas violaccedilotildees ou a seus familiares bem comoa adoccedilatildeo de medidas administrativas e legislativas para prevenir aocorrecircncia de novas violaccedilotildeesrdquo (cf BRASIL Decreto Presidencial n4229 de 13 de maio de 2002 anexo)
Criado pela Emenda Constitucional n 45 de 30 de dezembro 34
de 2004 o Conselho Nacional de Justiccedila eacute um oacutergatildeo de caraacuteter nacionalpertencente ao Poder Judiciaacuterio responsaacutevel por exercer as funccedilotildees decontrole administrativo e financeiro de toda a Justiccedila brasileira Eletambeacutem tem a competecircncia constitucionalmente estabelecida de fiscalizaros juiacutezes tendo poderes disciplinares e correcionais para isso (art 103-Bsect 4ordm III e V) O Conselho elabora estudos sobre o aparato judiciaacuteriobrasileiro e fixa diretrizes e resoluccedilotildees que devem ser observadas portodos os tribunais do paiacutes Suas decisotildees e resoluccedilotildees soacute podem sercontroladas pelo Supremo Tribunal Federal o que o torna a instacircnciaadministrativa mais importante do Judiciaacuterio brasileiro
Informaccedilotildees gerais podem ser encontradas no site do proacuteprio35
programa Disponiacutevel em ltwwwcnjjusbrprogramas-de-a-a-zeficiencia-modernizacao-e-transparenciajustica-plenagt Acesso em 27 jun 2013
PESQUISA DIREITO GV
76 sumaacuterio
Informaccedilatildeo concedida por membro de ONG peticionaacuteria no caso36
Damiatildeo Ximenes Lopes
No relatoacuterio referente agraves atividades do ldquoJusticcedila Plenardquo ateacute 2012 37
a SDH figura como o terceiro oacutergatildeo participante a incluir mais processosno programa sendo que todas as suas 16 inclusotildees se referiam a casos quetramitam ou tramitaram no sistema interamericano Ao todo o programacontava com 80 casos em andamento em 18 de maio de 2012 (cf BRASILConselho Nacional de Justiccedila Relatoacuterio do Programa Justiccedila Plena BrasiacuteliaConselho Nacional de Justiccedila p 9 Disponiacutevel em ltwwwcnjjusbrimagesprogramasjustica-plenarelatorio_justicaplenapdfgt Acesso em 27 jun 2013)
Depoimentos em provas documentais de Luiacutes Fernando Farah de38
Toacutefoli e Domingos Saacutevio do Nascimento Alves
Depoimentos em provas documentais de Braz Geraldo Peixoto39
familiar de usuaacuterio do sistema de sauacutede mental eleito representante defamiliares perante a Comissatildeo Nacional de Reforma Psiquiaacutetrica doMinisteacuterio da Sauacutede e perante a Comissatildeo Estadual da Secretaria deSauacutede do Estado de Satildeo Paulo
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Damiatildeo40
Ximenes Lopes versus Brasil Sentenccedila de 04 de julho de 2006 (meacuteritoreparaccedilotildees e custas) 2006 p 16
Cf QUINDEREacute Paulo H D e JORGE Maria Salete B41
(Des)construccedilatildeo do modelo assistencial em sauacutede mental na composiccedilatildeo das praacuteticas e dos serviccedilos Sauacutede Soc Satildeo Paulo v 19 n 3 2010 p 569-83
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria42
Internacional da SDH e por membro de ONG peticionaacuteria no casoDamiatildeo Ximenes Lopes
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no43
caso Damiatildeo Ximenes Lopes
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria44
Internacional da SDH
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio sobre a45
situaccedilatildeo dos direitos humanos no Brasil 1997 Disponiacutevel em ltwwwcidhorgcountryrepBrasesp97indicehtmgt Acesso em 29 abr 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
77 sumaacuterio
Cf COSTA Patriacutecia Trindade Maranhatildeo Combatendo o trabalho escravo46
contemporacircneo o exemplo do Brasil Disponiacutevel em ltwwwoitbrasilorgbrsitesdefaultfilestopicforced_labourdocestudo_de_ caso_86pdfgt Acessoem 21 abr 2013
Lei federal n 10803200347
Mudanccedila feita pela PEC n 4382001 que altera a redaccedilatildeo do48
artigo 243 da Constituiccedilatildeo
Cf CAMARGO Beatriz Governo cumpre parte do acordo com 49
OEA sobre trabalho escravo 25 de maio de 2006 Disponiacutevel emltwwwtrabalhoescravoorgbrnoticia6gt Acesso em 27 abr 2013
Art 226 sect 8ordm50
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio sobre 51
a situaccedilatildeo dos direitos humanos no Brasil 1997 Disponiacutevel em ltwwwcidhorgcountryrepBrasesp97indicehtmgt Acesso em 29 abr 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio52
Anual de 1999 capiacutetulo V paraacutegrafos 55 a 60
Para ver todos os pontos Comissatildeo Interamericana de Direitos53
Humanos Relatoacuterio Anual de 2011 paraacutegrafos 104 e seguintes
Informaccedilotildees concedidas por membro da Rede peticionaacuteria no54
caso Maria da Penha
Cf Leila Linhares Barsted e Rosane Reis Laviane Proposta de Lei55
de Violecircncia Domeacutestica contra as Mulheres Carta da Cepia ano VII n 10dez 2002 Disponiacutevel em ltwwwcepiaorgbrdoccartadacepia10pdfgtAcesso em 22 abr 2013
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia e ONG56
peticionaacuteria no caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no57
caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por funcionaacuteria da Secretaria Especial de58
Poliacuteticas para as Mulheres
PESQUISA DIREITO GV
78 sumaacuterio
Para um histoacuterico da participaccedilatildeo desse consoacutercio veja-se o site59
da organizaccedilatildeo CFEMEA Disponiacutevel em ltwwwcfemeaorgbrindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2680ampItemid=154gtAcesso em 23 abr 2013
Cf BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Mensagem Presidencial 60
n 78204 de 16 de novembro de 2004 paraacutegrafo 10
Veja-se o parecer da Comissatildeo de Seguridade Social e Famiacutelia de 2361
de agosto de 2005 Disponiacutevel em ltwwwcamaragovbrproposicoesWebfichadetramitacaoidProposicao=272058gt Acesso em 1ordm maio 2013
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia e ONGs62
peticionaacuterias no caso Maria da Penha
Informaccedilotildees concedidas por membro da ONG Cepia63
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Julia Gomes64
Lund e outros (ldquoGuerrilha do Araguaiardquo) vs Brasil sentenccedila de 24 de novembrode 2010 (exceccedilotildees preliminares meacuterito reparaccedilotildees e custas) 2010 p 107
De acordo com o art 6ordm do Decreto n 6980 de 13 de outubro65
de 2009
Para mais informaccedilotildees ver ltwwwmemoriasreveladasarquivonacional66
govbrgt Acesso em 27 jun 2013
Informaccedilatildeo concedida por membro da Comissatildeo Nacional da Verdade67
O periacuteodo fixado pelo art 8ordm dos Atos das Disposiccedilotildees68
Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo eacute de 18 de setembro de 1946ateacute a data da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo
PNDH-3 instituiacutedo pelo Decreto n 7037 de 21 de dezembro 69
de 2009 e atualizado pelo Decreto n 7177 de 12 de maio de 2010 (cf BRASIL Secretaria de Direitos Humanos da Presidecircncia daRepuacuteblica Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) BrasiacuteliaSDHPR 2010 p 173-175 Disponiacutevel em lthttpportalmjgovbrsedhpndh3pndh3pdfgt Acesso em 27 jun 2013)
Os relatoacuterios de suas atividades e as respectivas conclusotildees70
podem ser encontrados no site da proacutepria Comissatildeo Nacional da VerdadeDisponiacutevel em ltwwwcnvgovbrgt Acesso em 27 jun 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
79 sumaacuterio
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Julia Gomes71
Lund e outros (Guerrilha do Araguaia) vs Brasil sentenccedila de 24 de novembrode 2010 cit p 107
Cf BRASIL Ministeacuterio Puacuteblico Federal Crimes da Ditadura72
Relatoacuterio preliminar de atos de persecuccedilatildeo penal desenvolvidos pelo MPFacerca de graves violaccedilotildees de direitos humanos cometidas por agentes doEstado durante a ditadura Brasiacutelia Ministeacuterio Puacuteblico Federal 2013Disponiacutevel em lthttpnoticiaspgrmpfgovbrnoticiasnoticias-do-sitecopy_of_pdfsRelatorio_Crimes20_Ditatura_completopdfgt Acessoem 29 maio 2013
Cf ibidem p 1773
Cf A O Sevaacute Filho Tenotatilde-motilde ndash Alertas sobre as consequecircncias74
dos projetos hidreleacutetricos no rio Xingu IRN 2005 p 11 55 67 255
Cf ibidem p 42-46 6575
Relatoacuterio disponiacutevel em ltwwwaneelgovbrareacfmidArea=671gt76
Acesso em 30 mar 2013
Cf A O Sevaacute Filho Tenotatilde-m cit p 4277
Cf ibidem p 11 4978
Decisatildeo disponiacutevel em ltwwwsteptoecomassetsattachments79
4398pdfgt Acesso em 31 mar 2013
Accedilatildeo Civil Puacuteblica de n 5850-7320014013900 cujo80
acompanhamento processual encontra-se disponiacutevel emltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada 20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm abr 2013
Pet 2604PA Relator(a) Min Presidente julgamento81
26102002 decisatildeo proferida pelo(a) Min Marco Aureacutelio publicaccedilatildeo DJ12112002 p 47 Disponiacutevel em lthttpstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=282822belo+monte222929+E+S2EPRES2Eampbase=basePresidenciagt Acesso em 1ordm mar 2013
Nos termos do art 231 sect 3ordm da CF8882
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo monte de violecircncias Disponiacutevel em83
PESQUISA DIREITO GV
80 sumaacuterio
lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 1ordm mar 2013
Deputado Federal Fernando Ferro do Partido dos Trabalhadores84
Disponiacutevel em lthttpfernandoferrocombrindexphpoption=85
com_contentampview=articleampid=188projeto-de-decreto-legislativo-de-2005ampcatid=49atuacao-parlamentarampItemid=57gt Acesso em 1ordm mar 2013
DL n 7882005 Disponiacutevel em lthttplegissenadogovbrsicon86
indexjspgt (ver item nautilus) Acesso em 1ordm mar 2013
ADI 3573DF Relator(a) Min Carlos Britto Relator(a) p Acoacuterdatildeo87
Min Eros Grau julgamento 01122005 Oacutergatildeo Julgador Tribunal PlenoPublicaccedilatildeo DJ 19122006 p 35 Ement v 02261-04 p 844 STF Disponiacutevelem ltwwwstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=28decreto+legislativo+788+de+2005+inconstitucionalidade29ampbase=baseAcordaosampurl=httptinyurlcombuauo4agt Acesso em 2 mar 2013
ACP 20063903000711-8 709-8820064013903 Disponiacutevel em88
ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo Monte de Violecircncias89
Disponiacutevel em lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 2 mar 2013
Cf PONTES JUacuteNIOR Feliacutecio Belo Monte de Violecircncias90
Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt e lthttpbelomontedeviolenciasblogspotcombrsearchlabelhistC3B3rico20judicialgt Acesso em 1ordm mar 2013
Cf Folha de S Paulo Disponiacutevel em ltwww1folhauolcombr91
mercado866367-ibama-libera-licenca-para-iniciar-canteiro-de-obras-de-belo-monteshtmlgt cf Movimento Xingu Vivo para Sempre Disponiacutevel emltwwwxinguvivoorgbr20110616peticao-para-cidh-entenda-o-casogtcf Ministeacuterio Puacuteblico Federal Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Documento disponiacutevel em ltwwwsocioambientalorgbanco_imagens92
pdfsParecer_tecnicopdfgt Acesso em 7 maio 2013
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
81 sumaacuterio
Cf Itamaraty Nota 142 Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbr93
sala-de-imprensanotas-a-imprensasolicitacao-da-comissao-interamericana-de-direitos-humanos-cidh-da-oeasearchterm=belogtAcesso em 8 maio 2013
Licenccedila de Instalaccedilatildeo n 795201194
Disponiacutevel em lthttpglobalorgbrprogramasbelo-monte-apos-95
boicotar-audiencia-brasil-e-cobrado-na-cidhoeagt Acesso em 5 maio 2013
Cf Movimento Xingu Vivo Para Sempre Disponiacutevel em96
ltwwwxinguvivoorgbr20120116belo-monte-inicia-primeiro-barramento-do-xingu-2gt Acesso em 5 maio 2013
Cf Movimento Xingu Vivo Para Sempre Disponiacutevel em97
ltwwwxinguvivoorgbr20120724mpf-pede-anulacao-da-licenca-de-belo-montegt e ltwwwxinguvivoorgbrwpcontentuploads201207Belo_Monte_cautelar_Condicionantespdfgt Acesso em 9 maio2013 cf Ministeacuterio Puacuteblico Federal Disponiacutevel em ltwwwprpampfgovbrnews2012arquivosTabela20de20acompanhamento20atualizada20em2028082012pdfgt Acesso em 9 maio 2013
STF SL 125PA Relator(a) Min Presidente julgamento98
16032007 decisatildeo proferida pelo(a) Min Ellen Gracie Publicaccedilatildeo DJ29032007 p 36 Disponiacutevel em lthttpstfjusbrportaljurisprudencialistarJurisprudenciaasps1=282822belo+monte222929+E+S2EPRES2Eampbase=basePresidenciagt Acesso em 1ordm mar 2013
Disponiacutevel em ltwwwplanaltogovbrccivil_03decreto1980-99
1989anexoand96652-88pdfgt Acesso em 28 mar 2013
Cf Instituto Socioambeintal Cronologia Disponiacutevel em100
ltwwwsocioambientalorgespbmhistaspgt Acesso em 28 mar 2013
Cf BRASIL Plano 2030 p 13 56 59 73 e 97 Disponiacutevel em101
ltwwwmmegovbrmmegaleriasarquivospublicacoespne_20303_GeracaoHidreletricapdfgt Acesso em 1ordm mar 2013
Segundo o Governo Federal ldquoCriado em 2007 no segundo102
mandato do presidente Lula (2007-2010) o Programa de Aceleraccedilatildeo doCrescimento ndash PAC promoveu a retomada do planejamento e execuccedilatildeode grandes obras de infraestrutura social urbana logiacutestica e energeacutetica dopaiacutes contribuindo para o seu desenvolvimento acelerado e sustentaacutevel
PESQUISA DIREITO GV
82 sumaacuterio
Pensado como um plano estrateacutegico de resgate do planejamento e de retomada dos investimentos em setores estruturantes do paiacutes o PACcontribuiu de maneira decisiva para o aumento da oferta de empregos e na geraccedilatildeo de renda e elevou o investimento puacuteblico e privado em obrasfundamentaisrdquo Disponiacutevel em lthttpdadosgovbrdatasetobras-do-pac-programa-de-aceleracao-do-crescimentogt Acesso em em 8 mar 2013
Cf Estado de Satildeo Paulo Disponiacutevel em ltwwwestadaocombr103
noticiaseconomiaminc-belo-monte-e-maior-e-mais-polemica-obra-do-pac5048630htmgt Acesso em 8 mar 2013
Satildeo elas Usina Hidreleacutetrica de Jirau (RO) seacutetima mais104
importante Usina Hidreleacutetrica de Santo Antocircnio (RO) quinta maisimportante e Usina Hidreleacutetrica Belo Monte (PA) quarta mais importanteDisponiacutevel em ltwwwpacgovbrif1e1c8abgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Governo Federal PAC Disponiacutevel em ltwwwpacgovbri105
f1e1c8abgt Acesso em 8 mar 2013
1989 1994 1998 2002 2006 2010 Cf Tribunal Superior106
Eleitoral Eleiccedilotildees Disponiacutevel em ltwwwtsejusbreleicoeseleitos-1945-1990cronologia-das-eleicoesgt Acesso em 9 maio 2012
Dilma Rousseff (2011) Luis Inaacutecio Lula da Silva (2003-2011)107
Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) Itamar Augusto CautieroFranco (1992-1995) Fernando Afonso Collor de Mello (1990-1992) JoseacuteSarney (1985-1990) Joatildeo Baptista de Oliveira Figueiredo (1979-1985) eErnesto Geisel (1974-1979) Cf Governo Federal Galeria de PresidentesDisponiacutevel em ltwww2planaltogovbrpresidenciagaleria-de-presidentesgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Governo Federal Ex-Presidentes Disponiacutevel em ltwwwbiblioteca108
presidenciagovbrex-presidentesfernando-collorgt Acesso em 8 mar 2013
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Medida109
Cautelar 38210 Disponiacutevel em ltwwwoasorgescidhdecisionescautelaresasptab1gt Acesso em 8 mar 2013
Informaccedilotildees concedidas por ex-membro da Assessoria Internacional110
da Secretaria de Direitos Humanos
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional111
da Secretaria de Direitos Humanos
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
83 sumaacuterio
Houve a promulgaccedilatildeo da Lei Federal n 10706 de 30 de julho de112
2003 para autorizar o pagamento de indenizaccedilatildeo no valor de R$ 5200000a Joseacute Pereira
O relatoacuterio estaacute disponiacutevel em ltwww2senadogovbrbdsfitem113
id84599gt Acesso em 21 abr 2013
De acordo com informaccedilotildees concedidas por ex-membro da114
Assessoria Internacional da SDH no caso dos Meninos do Maranhatildeo houvegrande proatividade por parte do estado maranhense Em sua opiniatildeo acelebraccedilatildeo do acordo de soluccedilatildeo amistosa obteve sucesso em grande parteem razatildeo da vontade poliacutetica do estado
A Comissatildeo foi criada por meio do Decreto do Governo 115
do Maranhatildeo n 23037 de 20 de abril de 2007 Disponiacutevel emltwwwcgemagovbrdocumentophpIdp=1791gt Acesso em 24 fev 2013
A Comissatildeo de Direitos Humanos e das Minorias eacute uma das comissotildees116
permanentes da Cacircmara dos Deputados do Brasil cuja finalidade consiste emanalisar propostas legislativas e outros assuntos referentes agrave temaacutetica
Disponiacutevel em lthttpblogjornalpequenocombrricardosantos117
20110930acordo-com-familias-dos-E2809Cmeninos-emasculadosE2809D-nao-esta-sendo-cumprido-denuncia-eliziane-gamagt Acesso em 24 fev 2013
Notiacutecia disponiacutevel em lthttpg1globocommamaranhao118
noticia201302promotoria-aponta-irregularidades-em-quase-todas-delegacias-de-sao-luishtmlgt Acesso em 24 fev 2013
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional119
da SDH
Informaccedilatildeo concedida por ex-membro da Assessoria Internacional120
da SDH
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Demanda perante121
a Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso Arley Joseacute Escher e outros(interceptaccedilatildeo de linhas telefocircnicas de organizaccedilotildees sociais) (Caso 12353) contra aRepuacuteblica Federativa do Brasil de 20 de dezembro de 2007 paraacutegrafo 32
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Escher e122
outros vs Brasil Exceccedilotildees Preliminares Meacuterito Reparaccedilotildees e Custas Sentenccedila
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de 6 de julho de 2009 seacuterie C n 200 paraacutegrafo 216
Oacutergatildeo responsaacutevel por fiscalizar as investigaccedilotildees criminais e123
ajuizar as accedilotildees penais naquele Estado
Cf Corte Interamericana de Direitos Humanos Caso Escher e124
outros vs Brasil Resoluccedilatildeo de Supervisatildeo de Cumprimento de Sentenccedilade 19 de junho de 2012 paraacutegrafo 13
Cf ibidem paraacutegrafos 17 a 21 Nesse sentido eacute valiosa a125
comparaccedilatildeo com o caso Julia Gomes Lund e outros vs Brasil
Veja-se no caso Garibaldi vs Brasil o pagamento de US$ 179 mil126
para a viuacuteva e os filhos da viacutetima autorizado por meio do Decretofederal n 7307 de 22 de setembro de 2010 publicado no DOU23092010 e no caso Escher e outros vs Brasil o pagamento de US$ 22mil para cada uma das viacutetimas autorizado por meio do Decreto federaln 7158 de 20 de abril de 2010 publicado no DOU 22042010
Em Garibaldi vs Brasil no ano de 2010 o Governo Federal127
publicou a sentenccedila nos termos determinados em jornais de grandecirculaccedilatildeo e em website do governo Em Escher e outros v Brasil o Estadobrasileiro informou que publicou a sentenccedila em jornais estaduais degrande circulaccedilatildeo entre julho e setembro de 2010 e tambeacutem no site daSDH da Presidecircncia e nos sites paranaenses da Procuradoria-Geral deJusticcedila do Tribunal de Justiccedila do Paranaacute e do Governo do Estado
Ressaltamos poreacutem que natildeo encontramos algumas publicaccedilotildees Essa128
preocupaccedilatildeo com o periacuteodo de disponibilizaccedilatildeo nos meios eletrocircnicos foiexternada pelo Juiz Roberto Figueiredo Caldas em voto concorrente agravesentenccedila no caso Escher e outros vs Brasil de 6 de julho de 2009 paraacutegrafo 46
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no129
caso Maria da Penha
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio130
Anual de 2003 paraacutegrafo 81 Relatoacuterio Anual de 2004 paraacutegrafo 71Relatoacuterio Anual de 2006 paraacutegrafo 88
Conforme apresentado no acircmbito da Comissatildeo ldquola retoma de131
estas negociaciones se refuerza con la presencia de un nuevo actorrepresentante del Gobierno del Estado de Cearaacute denotaacutendose en lasmismas una intencioacuten comuacuten de buscar caminos que guiacuteen al
IMPLEMENTACcedilAtildeO DAS RECOMENDACcedilOtildeES E DECISOtildeES DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
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cumplimiento de las recomendaciones efectuadas pese a las divergenciassuscitadas en la reunioacutenrdquo (cf Comissatildeo Interamericana de DireitosHumanos Relatoacuterio Anual de 2006 paraacutegrafo 83)
Lei Estadual n 14800 de 9 de abril de 2008132
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio133
Anual de 2007 paraacutegrafo 97
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio134
Anual de 2008 paraacutegrafo 102
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Relatoacuterio135
Anual de 2011 paraacutegrafos 241 e 242
Informaccedilotildees concedidas por membro de ONG peticionaacuteria no136
caso Maria da Penha
Relatoacuterio de Admissibilidade e Meacuterito n 1307 seccedilotildees 33-36137
OLIVEIRA Francisco de RIZEK Cibele S A era da138
indeterminaccedilatildeo Satildeo Paulo Boitempo Editorial 2007 p 169-70
Lei Municipal n 11102 de 14 de dezembro de 2010139
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo n140
47807 Caso das pessoas privadas de liberdade na Cadeia Puacuteblica do GuarujaacuteRelatoacuterio de Admissibilidade n 4108 de 23 de julho de 2008 paraacutegrafo59 Atualmente a peticcedilatildeo que tramita paralelamente estaacute em fase dejulgamento de meacuterito
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo141
12003 Relatoacuterio n 2311 Decisatildeo de Arquivo de 23 de marccedilo de 2011paraacutegrafo 10
Cf Comissatildeo Interamericana de Direitos Humanos Peticcedilatildeo n142
1113-06 Caso das pessoas privadas de liberdade nas celas da 76ordf Delegacia dePoliacutecia de Niteroacutei Relatoacuterio de Admissibilidade n 3607 de 17 de julho de2007 paraacutegrafo 79
Acreditamos que a medida cautelar tenha sido completamente143
cumprida A desocupaccedilatildeo da aacuterea e o fim dos conflitos ocorreram apoacutesdecisatildeo do Supremo Tribunal Federal que definiu a retirada dos natildeo
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indiacutegenas do local Cf Supremo Tribunal Federal Pleno Pet 3388RRRel Min Ayres Britto j 19032009
Uacuteltimo informe da Comissatildeo referente ao caso apresentou 144
o cumprimento de algumas recomendaccedilotildees mas natildeo foi possiacutevel saber se atualmente o cumprimento permanece parcial ou jaacute foi integralmenterealizado
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REFEREcircNCIAS
CHAYES Abram CHAYES Antonia Handler ldquoOn compliancerdquoInternational Organization v 47 n 2 p 175-205 Spring 1993DALLARI Pedro B A Constituiccedilatildeo e tratados internacionais Satildeo PauloSaraiva 2003DUXBURY Neil The nature and authority of precedent CambridgeCambridge University Press 2008GALINDO George Rodrigo Bandeira Tratados internacionais de direitoshumanos e Constituiccedilatildeo brasileira Belo Horizonte Del Rey 2002MAGALHAtildeES Joseacute Carlos de O Supremo Tribunal Federal e o direitointernacional uma anaacutelise criacutetica Porto Alegre Livraria do Advogado 2000MALLINDER Louise Perspectivas transnacionais sobre anistias In Aanistia na era da responsabilizaccedilatildeo o Brasil em perspectiva internacionale comparada Brasiacutelia Ministeacuterio da Justiccedila Comissatildeo de Anistia eOxford Oxford University Latin American Centre 2011NINO Carlos Santiago Eacutetica y derechos humanos un ensayo defundamentacioacuten 2 ed Buenos Aires Astrea 2005PAULSON Colter Compliance with Final Judgments of the InternationalCourt of Justice since 1987 The American Journal of International Law v98 n 3 p 434-61 2004PIOVESAN Flaacutevia Direitos humanos e o direito constitucional internacional11 ed Satildeo Paulo Saraiva 2010______ Direitos humanos e justiccedila internacional Satildeo Paulo Saraiva 2007______ Censuraacutevel reaccedilatildeo do Brasil Disponiacutevel em ltwwwitamaratygovbrsala-de-imprensaselecao-diaria-de-noticiasmidias-nacionaisbrasilo-globo20110519censuravel- reacao-do-bras i l -ar t igo- f lav ia-piovesanprint-notagt Acesso em 14 fev 2012RAMOS Andreacute de Carvalho Processo internacional de direitos humanosanaacutelise dos sistemas de apuraccedilatildeo de violaccedilotildees de direitos humanos eimplementaccedilatildeo das decisotildees do Brasil Rio de Janeiro Renovar 2002_______ Direitos humanos em juiacutezo Satildeo Paulo Max Lemonad 2001SABADELL Ana Luacutecia e DIMOULIS Dimitri Tribunal PenalInternacional e Direitos Fundamentais problemas de constitucionalidadeCadernos de Direito Unimep v 3 n 5 p 241-59 2003_______ Crimes da ditadura militar a ADPF 153 e a Corte Interamericana deDireitos Humanos In GOMES Luiz Flaacutevio MAZZUOLI Valeacuterio de Oliveira(Org) Crimes da Ditadura Militar Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2011_______ O diaacutelogo das Cortes O Supremo Tribunal Federal e a CorteInteramericana de Direitos Humanos In AMARAL JUNIOR Albertodo e JUBILUT Liliana Lyra (Orgs) O STF e o Direito Internacional dosDireitos Humanos Satildeo Paulo Quartier Latin 2009 v 1SICILIANO Andreacute Luiz O caso de Belo Monte na Comissatildeo Interamericanade Direitos Humanos anaacutelise em dois niacuteveis 2011 Disponiacutevel em
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ltwwwslidesharenetalsicilianoartigobelo-monte-na-cidhgt Acesso em 14fev 2012SILVA Virgiacutelio Afonso da Integraccedilatildeo e diaacutelogo constitucional naAmeacuterica do Sul In BOGDANDY Armin von PIOVESAN Flaacutevia eANTONIAZZI Mariela Morales (Orgs) Direitos humanos democracia eintegraccedilatildeo juriacutedica na Ameacuterica do Sul Rio de Janeiro Lumen Juris 2010SOUSA JUacuteNIOR Wilson Cabral de REID John Anaacutelise de riscossocioeconocircmicos e ambientais do Complexo Hidreleacutetrico de BeloMonte V Encontro Nacional da ANPPAS 2010SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Extradiccedilatildeo (Publicaccedilatildeo temaacutetica)Disponiacutevel em ltwwwstfjusbrportalcmsverTextoaspservico=publicacaoPublicacaoTematicagt Acesso em 14 fev 2012TRINDADE Antocircnio Augusto Canccedilado Tratado de direito internacionaldos direitos humanos 2 ed Porto Alegre Sergio Antonio Fabris Editor2003 v 3VECcedilOSO Fabia Fernandes Carvalho AMARAL JUacuteNIOR Alberto doThe Inter-American System as New Grossraum Assessing the case Lawof the Inter-american Court of Human Rights European Society ofInternational Law Conference Paper Series Conference Paper n 32011VENTURA Deisy A interpretaccedilatildeo judicial da Lei de Anistia brasileira eo Direito Internacional A Anistia na Era da Responsabilizaccedilatildeo o Brasil emperspectiva internacional e comparada Brasiacutelia Ministeacuterio da JusticcedilaComissatildeo de Anistia e Oxford Oxford University Latin AmericanCentre 2011VIEIRA Oscar Vilhena (Coord) Direitos humanos Estado de Direito econstruccedilatildeo da paz Satildeo Paulo Quartier Latin 2005
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