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20ª Viagem Educacional do Sieeesp visita o Japão4

Conhecendo o Japão6

Programação10

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Os artigos assinados nesta publicação sãode inteira responsabilidade dos autores.

Expediente

AGOSTO DE 2018 - Edição 245

EditoraGisele Carmona - MTB 0085361/SP

Repórteres• Gisele Carmona • Ygor Jegorow

Assessoria de Imprensa eProdução EditorialEditora-chefe: Gisele CarmonaEditor gráfico: Balduíno Ferreira LeiteRedes Sociais: Ygor JegorowImpressão: Coktail - Gráfica e Editora

Colaboradores• Ana Paula Saab • Antonio Higa • Carlos Alberto Nonino• Clemente de Sousa Lemes• Ivaci de Oliveira • Jocelin de Oliveira • José Maria Tomazela • José Rodrigues • Ulisses de Souzawww.sieeesp.com.brRua Benedito Fernandes, 107 - São Paulo - SP CEP 04746-110 - (11) 5583-5500

DIRETORIA

PresidenteBenjamin Ribeiro da Silva Colégio Albert Einstein

1º Vice-presidenteJosé Augusto de Mattos LourençoColégio São João Gualberto

2º Vice-presidente Waldman BiolcatiCurso Cidade de Araçatuba

1º TesoureiroJosé Antônio Figueiredo AntiórioColégio Padre Anchieta

2º TesoureiroAntônio Batista GrossoColégio Átomo

1º SecretárioItamar Heráclio Góes SilvaEduc Empreendimentos Educacionais

2º SecretárioAntônio Francisco dos SantosSistema Educacional São João

DIRETORES DE REGIOnAIS

ABCDMROswana M. F. Fameli - (11) 4437-1008

AraçatubaWaldman Biolcati - (18) 3623-1168

Bauru(14) 3227-8503

CampinasAntonio F. dos Santos - (19) 3236-6333

GuarulhosWilson José Lourenço Júnior - (11) 4963-6842

MaríliaLuiz Carlos Lopes - (14) 3413-2437

Ribeirão PretoJoão A. A. Velloso - (16) 3610-0217

OsascoJosé Antonio F. Antiório - (11) 3681-4327

Presidente PrudenteAntonio Batista Grosso - (18) 3223-2510

SantosErmenegildo P. Miranda - (13) 3234-4349

São José dos CamposMaria Helena Bitelli Baeza Sezaretto - (12) 3931-0086

São José do Rio PretoCenira Blanco Fernandes Lujan - (17) 3222-6545

SorocabaEdgar Delbem - (15) 3231-8459

Uma das populações mais educadasdo mundo

14

Como é o sistema público educacional no Japão

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Japão - a terra dosol nascente

22

Modelo educacional nipônico, inspiração para o mundo

32

Entrevista com o então embaixador André Corrêa do Lago

38

Entrevista comHelena Miyashiro

42

A educação japonesa -uma visita

44

Obrigações64

Cursos66

O Japão e seussaberes preciosos

46

Educação no Japão48

Japão - um paísde suavidades

50

O Japão e a Educação54

Sistema educacional do Japão

56

Uma experiência inesquecível

58

Galeria de fotos62

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M ais uma vez, em maio passado, o Sieeesp cumpriu o seu papel

de promover o intercâmbio entre educadores e gestores brasileiros e países com altíssima performance no ensino.

Fomos ao Japão, onde a edu-cação é uma prática ancestral. Um país que se reconstruiu após a Segunda Guerra e é hoje a terceira maior potência econômica do pla-neta.

Na área educacional, está sem-pre entre os primeiros no Programa Internacional de Avaliação de Estu-dantes (Pisa), um dos mais reconhe-cidos do mundo.

Esta foi a 20ª viagem interna-cional promovida pelo Sieeesp em parceria com o IES-Educacional. Ela coincidiu com o início do ano letivo e também com um dos aconteci-mentos mais fabulosos no país: o florescer das cerejeiras.

O que chamou muito a atenção dos nossos educadores foi o fato de um país tão tecnológico não priorizar o uso da tecnologia em sala de aula. Quem visita as escolas japonesas esperando encontrar altas pirotecnias está enganado.

Antes de qualquer coisa, o Japão prima pelo ensino das boas manei-ras e da disciplina. Os alunos são responsáveis pela limpeza da sala e

O QUE PUDEMOS APREnDER COM OS JAPOnESES

da escola, aprendendo a cuidar do que é público. As crianças também servem a merenda na sala de aula para os colegas, o que ajuda a de-senvolver a noção de comunidade.

Os jovens são ensinados desde cedo a respeitar professores, ani-mais e a natureza de forma geral.

O que deu para notar é que os jovens são formais, mas também são generosos e atenciosos.

A educação japonesa prima por uma disciplina radical e uma tradição acirrada. São pessoas preparadas para vencer e superar limites. Para isso, enfrentam desde cedo um sistema educacional alta-mente exigente.

O ensino se estrutura da se-guinte forma: jardim de infância, que pode durar de um a três anos; primário, que contabiliza seis anos; ginásio de 1º grau, que soma três anos; ginásio de 2º grau, igualmente com três anos de duração; e, final-mente, a Universidade, concluída normalmente em quatro anos.

A formação educacional é gra-tuita e compulsória para quem tem entre 6 e 15 anos, apesar de uma boa parte dos graduados neste estágio seguirem voluntariamente para o período seguinte, correspon-dente ao 2º grau.

Ficou claro para nós o desejo que as escolas têm de ver o aluno

Os jovens são ensinados desde cedo a respeitar

professores, animais e a natureza deforma geral

Editorial

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Benjamin Ribeiro da SilvaPresidente do Sieeesp

como proativo e protagonista do seu conhecimento, além de ajudar as escolas a crescerem. A grande inovação do currículo da educa-ção japonesa, baseado em com-petências e habilidades, é fazer o estudante pensar e não somente memorizar grandes quantidades de conteúdos.

É possível que haja pontos a melhorar? Com toda certeza, mas os japoneses são, mesmo, um grande exemplo.

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A 20ª Viagem de Estudos do Sieeesp ao exterior teve como objetivo conhecer o sistema

educacional de um país conhecido pelas tecnologias, mas, ao mesmo tempo, por manter tradições milenares. Estamos fa-lando da Terra do Sol Nascente, o Japão.

Essas viagens têm obtido êxito, pois são planejadas e organizadas com um ano de antecedência, contando com a participação de nossas embaixadas, dos ministérios e associações de escolas par-ticulares locais, bem como de experts que propõem o conteúdo de maior interesse para que nossa delegação tenha acesso aos mais relevantes aspectos da educa-ção dos países que visitamos.

Nas últimas cinco viagens, o Sieeesp organizou idas à Inglaterra e Polônia, Singapura e Coreia, Rússia e Finlândia, China, Canadá e Estados Unidos. Sempre

COM ‘TOUR’ PELO HAVAÍ

20ª VIAGEM EDUCACIOnALDO SIEEESP VISITA O JAPÃO

Ygor Jegorow

De 10 a 28 deMaio de 2018

houve grande interesse por parte das autoridades desses países em dar total apoio a nosso projeto. Participamos de seminários técnicos e visitamos as melho-res escolas, permitindo a valiosa troca de experiências com educadores locais. Nossos participantes tiveram a oportuni-

dade de renovar ideias, avaliar a atuação de professores e diretores, adaptar projetos e procedimentos pedagógicos e conhecer como são resolvidos temas de interesse específico, como o uso de tecnologia ou o cuidado em relação a estudantes com necessidades especiais.

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EDUCAÇÃO nO JAPÃO O Japão tem uma das populações

com maior índice educacional no mundo, atingindo 99.98% de matrículas nas séries compulsórias. No high school (Koukou), com duração de 3 anos, a participação não é obrigatória, mas mesmo assim, em todo o país, 97% dos alunos ingressam.

O Ministério da Educação supervi-siona de perto currículos, livros didáticos, aulas e mantém um nível uniforme de educação em todo o Japão. O resultado dessa ação é um elevado padrão de edu-cação, reconhecido internacionalmente, com destaque para as matér ias de matemática e ciências (respectivamente 5° e 2° lugares na avaliação do PISA).

O povo japonês cultiva tradições milenares. O que mais chamou a aten-ção de nossos visitantes foi ver como a sociedade é organizada e o imenso res-peito para com o outro, que se observa na forma de receber e na pontualidade.

A frequência nas escolas é de 99% e o índice de analfabetismo é zero. Os alunos ficam durante 6 horas na escola – exceto

para o ensino fundamental – e levam tarefas para casa, para fixar a matéria e mantê-los ocupados.

A delegação, composta por 61 pessoas, foi recebida pelo Embaixador do Brasil no Japão, sr. André Correa do Lago, e ouviu o Chefe da Divisão de Planejamento da Educação Elementar, sr. Shin Matsubuchi e a Vice diretora de Planejamento Estraté-gico do Ministério da Educação, sra. Maki Tsuchida, que explicaram o funcionamento das escolas no Japão, para que todos pudessem aproveitar as visitas às escolas.

Essas visitas às instituições incluíram, além das escolas de Ensino Fundamental e Médio, a Universidade de Tóquio. Tam-bém fez parte da programação visitas às escolas profissionalizantes de Ensino Médio e a uma escola de Arte – onde pu-deram observar atividades como pintura em cerâmica, tear, pintura com modelos –, uma escola só para mulheres, uma es-cola vocacional técnica para alunos após terem concluído o Ensino Médio (OCA) e várias outras, sempre com uma novidade para a nossa delegação. •

O Japãotem uma das populações com maior índice educacional no mundo

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Viagem Educacional

O Japão é um dos países mais fas-cinantes da Ásia. Durante mui-tos séculos ficou “isolado” , de

um lado sofrendo influência continental, principalmente da China, mas de outro, não abrindo o arquipélago para o exte-rior, como forma de proteção contra as invasões.

Em 794, por influência da família Fu-jiwara, a capital foi transferida de Nara para Kyoto, e nobres poderosos pas-saram a ter poder maior do que a família imperial. A partir do século IX, destaca-se a força dos samurais e o regime do xo-gunato consolidou o poder no país do século XII ao século XIX, impondo sólidos códigos de comportamento, derivados do xintoísmo.

Talvez o xogunato mais reconhecido foi o de Tokugawa, em 1603, que distin-guiu mais especificamente as classes so-ciais: samurais, senhores feudais, agricul-tores, artesãos e comerciantes.

A partir de 1700, embora Kyoto perma-necesse como capital, ganhou importân-cia a cidade de EDO (futura Tóquio), que passou a ser o centro político e econômi-co. Em 1968, o Imperador Meiji, vence o xogunato em batalhas, e inicia o período chamado de Restauração Meiji, com per-da do poder dos samurais, abertura do País, ênfase às exportações para integrar o Japão à economia mundial e revolução na área educacional.

A partir desse período, o Japão conhe-ce seu maior desenvolvimento. O período Meiji (1868 até 1912) foi um marco de mu-

danças na história do Japão, pois encer-rou o período de fechamento para outras nações, além de, encerrar um ciclo históri-co dominado pelo Shogunato (Feudalis-mo), restaurando o poder político centra-lizado. Por fim iniciou o desenvolvimento industrial baseado no modelo capitalista de produção e a Educação passou a ser obrigatória.

Ao final da Segunda Guerra, os EUA lançam as bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki. Esta tragédia nuclear produziu a rendição do país e deu início à recons-trução da moderna nação japonesa, com ajuda dos aliados principalmente dos EUA, pois não restavam recursos para a recupe-

ração das terríveis perdas econômicas e humanas do conflito. A partir da década de 1970, o Japão se reergueu. Graças à educa-ção, a um modelo empresarial próprio, e à disciplina de seu povo, o Japão destaca-se como nação inovadora e altamente tecno-lógica. Possui hoje o 3° maior PIB mundial, com 4.4 trilhões de dólares.

As características do povo japonês também contribuíram para o seu desen-volvimento atual, entre eles; o espírito samurai; o patriotismo; o ato de se dedi-car de corpo e alma à empresa onde trabalha para que ela cresça, ao mesmo tempo que seu país progride. Ser hones-to para não desonrar a família.

COnHECEnDO O JAPÃO

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Japão 2018

GeografiaLocalização: Leste da ÁsiaÁrea: 378.000 km2 (3.800 km na di-

reção norte Sul)São mais de 3000 ilhas, que fazem

parte do Círculo de Fogo, sujeito a cata-clismos e terremotos, provocados pelo choque de 4 placas tectônicas que cir-cundam o País. Possui mais de 100 vul-cões ativos. As 4 ilhas mais importantes são Hokkaido, honshu, Shikoku e Kyushu.

Habitantes: 127,4 millhões de habi-tantes

Fuso Horário: +12 horas em relação a Brasília

Governo: Monarquia Constitucional Taxa de analfabetismo: 0,5% (2014). As montanhas constituem parte de

grande influência na constituição geográ-fica do País, pois abrangem cerca de 70% do território. A mais famosa, bela e cartão postal do Japão é o Monte Fuji com 3.776 metros de altura.

O relevo acidentado faz com que a maioria das grandes cidades japonesas se localizem nas áreas litorâneas, onde encontram- se cidades com elevada den-sidade demográfica.

Religião51,3% Xintoísmo e religiões derivadas 38% Budismo1,2% Cristianismo9,2% outrosDiferente do que ocorre no Ociden-

te, no Japão, não há pregações religiosas e a religião não é vista como doutrina, mas como um modo de vida.

CulturaA Cultura japonesa é fascinante e mui-

to distinta da Ocidental. Cultivam tradições milenares e praticam uma culinária saudá-vel. Uma nação onde a tradição e a moder-nidade constituem o verdadeiro retrato do País.

A sociedade nipônica tende a ser iguali-tária. A educação tem de ser igual para todos e a diferença de classes ocorre mais em função da instrução e do sucesso no trabalho. Até a monarquia, hoje, não ofe-rece barreiras, pois os príncipes podem, sem problema, casar-se com plebeias. Embora venerado, o Imperador não tem grande influência política e econômica.

Algumas curiosidades da cultura ja-ponesa estão nas atitudes, tais como, curvar-se diante das pessoas como sinal de respeito e consideração. Uma simples inclinação da cabeça bastará para cum-primentar as pessoas. A cultura japonesa está centrada no coletivo, e não no indi-víduo, por isso são mais discretos e evi-tam falar alto, atitude que pode ser com-provada no metrô.

Quase tão importante quanto o tra-balho, o japonês valoriza o esporte e o lazer. São esportes nacionais o sumô, as artes marciais e o baseball.

Se tem uma coisa que os japoneses prezam é a pontualidade. E por esta razão, uma pessoa que costuma atrasar-se com frequência não é bem vista.

A sociedade japonesa é bem orga-nizada e rigorosa em relação à coleta e separação de lixo. A higiene e os serviços de trabalho de arrumação e ajuda do-méstica são aprendidos na escola.

Por tradição, os japoneses retiram os sapatos para entrar em casa, sentar e comer. Como as refeições são feitas em tatamis, retirar os sapatos é uma forma de manter o ambiente higienizado. Aliás, na visita a templos e alguns restauran-tes, solicita-se que o visitante guarde seu calçado.

Manifestações ArtísticasComo reflexo da dicotomia moder-

nismo e tradicionalismo, alguns impor-tantes aspectos desse novo Japão se espelham:

• na arquitetura: as grandes cidades apresentam um novo visual, com edifi-cações futuristas, jogo de cores e luzes (neon)

• nas artes: caligrafia, renomada pin-tura , cerâmica das mais admiradas, têx-teis (moda jovem moderna X tradicional e belíssimos quimonos), artesanato de madeira, teatro, e música pop.

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• paisagismo: os jardins locais, cuida-do com vegetação e proteção ambiental, são reconhecidos internacionalmente.

• curiosidades sobre escrita e calen-dário:

Nossa escrita é formada por letras que juntas se tornam palavras. No orien-te, cada “letra” representa uma palavra ou ideia.

• Nosso calendário é baseado no sol, já o dos orientais é baseado na lua.

• Nós escrevemos seguindo a di-reção da esquerda para a direita, já no oriente é feito exatamente ao contrário.

EconomiaPIB (nominal): US$ 4,4 trilhões PIB per Capita (renda per capita):

US$ 32.486 Produtos Agrícolas: arroz, batata, re-

polho, beterraba, frutas cítricasPecuária: bovinos, suínos , aves e peixesMineração: calcário, enxofre e as-

falto naturalIndústria japonesa: máquinas, equi-

pamentos de transportes, produtos ele-tro eletrônicos e siderurgia (ferro e aço)

O Japão tem uma das mais desen-volvidas e prósperas economias do mun-do, em grande parte graças ao seu de-sempenho na produção industrial e do setor financeiro, sendo o PIB japonês o terceiro maior do mundo.

A indústria japonesa é um setor de grande sucesso, com destaque para a in-dústria naval, automobilística (10 milhões de veículos/ano), de eletrodoméstico, de fibras sintéticas e de componentes eletrônicos, de robótica. A inovação e progresso geram importantes investi-mentos em ciência, tecnologia, marcas e patentes. •

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10/5Apresentação dos participantes no Aeroporto de Guarulhos, Terminal 3, com pelo menos 3 horas de antecedência. • a partir de 18h (equipe IES/SIEEESP) check-in da United para dar apoio ao embarque dos seguintes vôos: UA 63 às 21h10; UA 860 às 21h20 e UA 844 às 22h20. • a partir de 22h00 no check-in da Emirates para embarque do vôo EK 262 , às 01h25 (de 11/5).

11/5Conexão dos vôos, respectivamente nos EUA e em Dubai

12/5

Chegada do grupo ao aeroporto de Narita, Tóquio. Receptivo local em ônibus com assistente. • UA 7 chega às 14hs; UA 7941 às 15h25 e UA 881 às 15h55• EK 318 chega às 17h35Traslado ao Hotel New Otani (a 60 km do aeroporto) e descanso ou jantar no hotel ou proximidade

13/5

08h30 - Café da Manhã10h00 - Tour para conhecer os principais atrativos de Tóquio

14/507h30 - Café da Manhã08h30 - Saída do Hotel para a Embaixada do Brasil09h30 -12h00 - Recepção e Seminário sobre o Sistema de Educação no Japão e o Papel da Escola Privada13h00 - Saída da Embaixada em 2 ônibus para breve lanche e visita a escola primária pública, das 13h30 às 16hFim de Tarde Livre

15/5

07h00 - Café da Manhã08h00 - Saída de 2 grupos, de ônibus, para visita às escolasGrupo A visita kindergarten e escola primáriaGrupo B visita escola Fundamental II e Ensino Médio, das 13h00 às 15h0015h30 - Grupo B visita Universidade de Tóquio, a confirmarÀ noite, check out do hotel e malas prontas

16/5

07h00 - Deixar as malas no lobby (para serem levadas em separado para Osaka) + Café da Manhã07h45 - Grupos se separam para visita a escolas:

A programação da viagem atualizada abaixo ainda pode sofrer algumas modificações,pois o ano letivo no Japão tem início em 2 de abril e a cada ano ocorrem algumas mudanças na

direção das escolas, o que pode levar a eventuais substituições na relação das visitas.

PROGRAMAÇÃO

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Grupo A visita escola de Ensino Fundamental II e MédioGrupo B visita escola de Ensino Médio, das 08h30 às 10h30e Grupo B para visita da Tokyo Tech HS of Science and Technology de 08h30 às 10h3010h30 - De ônibus, os grupos seguem para conhecer o Monte Fuji e a Cidade Histórica de Sato17h00 - Chegada à Estação Mishima para pegar o trem-bala até Osaka20h00 - Chegada à Shin Osaka Station e traslado ao Hotel Sheraton Myako

17/507h00 - Café da manhã08h00 - Saída da delegação em 2 grupos para visita a escolas.09h00 -11h00 - Grupo A visita escola Primária públicaGrupo B visita escola fundamental privada13h00 - 15h00 - Grupo A visita uma pré-escolaGrupo B visita escola de Ensino MédioÀ noite, fazer o check-out do hotel

18/5

07h00 - Café da manhã08h00 - Saída do hotel em 2 grupos09h00 -11h00 - Grupo A visita escola Primária e Fundamental 1Grupo B visita escola de Fundamental 2 e Ensino Médio13h00 -15h00 - Grupo A visita escola PrimáriaGrupo B visita escola de Ensino Médio voltada para tecnologia.

16h00 - Ambos os grupos seguem de ônibus até Kyoto18h00 - Chegada ao Hotel New Miyako Building

19/5

08h00 - Café da manhã09h00 - Tour de dia inteiro para conhecer Kyoto17h00 - Fim do tour

20/5

07h30 - Grupo deixa as malas no lobby para serem levadas em separado, de ônibus, para Tóquio08h00 - Café da Manhã09h00 - Tour para conhecer Nara até 15h00 e retorno a Kyoto para pegar o trem-bala até Tóquio.Receptivo na Estação Tokyo e traslado para Hotel New Otani Garden Tower

21/5

Dia livre em Tóquio19h00 - Encontro no lobby do hotel para o tradicional jantar de encerramento, em local a ser definido

22/5

Manhã Livre14h00 - Traslado dos participantes que irão ao Havaí, para check-in e embarque às 18h55 no voo UA 396 para Honolulu16h00 - Traslado do grupo Emirates que irá pegar o vôo EK 319 para Dubai e Brasil.

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07h00 Chegada do grupo em Honolulu. Receptivo e traslado ao hotel Waikiki Hyatt Regency. Dia Livre para curtir a praia e este vibrante balneário.Obs: os aptos só ficam prontos após o almoço, mas foi pago o resort free para curtir todos os dias os atrativos do hotel.

23/5

08h00 - Café da manhã09h00 - Circle Island Tour até 16h

24/5

Dia livre ou tour opcional a Pearl Harbor 25/5

Dia Livre19h00 - Encontro no lobby para a última noitada: luau!

26/5

Dia livre para a última curtição de Waikiki, ponto central de Honolulu17h00 - Traslado ao aeroporto para embarque nos voos da United, às 21h00 ou 22h59 para São Francisco com conexões em Washington ou Newark, para o Brasil

27/5

22h00 - UA 861 de Washington e UA 149 de Newark para o Brasil 28/5

08h50 - Chegada a Guarulhos e FIM desta INESQUECÍVEL VIAGEM!!

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A educação no Japão tem início antes mesmo do Período Edo (1603-1868) no século XVII, quan-

do o acesso era limitado apenas à aris-tocracia e à elite da sociedade japonesa. Os samurais possuíam cursos específicos tais como o aprendizado da filosofia do Bushido (O caminho do guerreiro), artes marciais e técnicas da esgrima, enquanto as outras classes contavam com escolas mistas, onde aprendiam a escrever, ler e princípios de matemática.

Por meio desta estrutura educacional 40% dos japoneses já eram alfabetiza-dos quando, em 1868, foi deflagrada a Restauração Meiji. Nesta mesma época instituiu-se no Japão o sistema de escolas primárias, secundárias e foram criadas as primeiras universidades.

A educação é prioridade no Japão. O índice de analfabetismo no país é praticamente zero. Em 2015, o governo realizou uma pesquisa nacional que

Oswaldo Tavares – IESEdwin Hasegawa – Consultor para japoneses no Brasil e da JICA (Assoc. de Bolsistas da Jica)

apontou que apenas 0,5% da população pode ser considerada “analfabeta”. Ou seja, menos de 1%.

Após a Segunda Guerra Mundial, o sistema educacional japonês foi re-formado. A escolar idade tornou-se obrigatória com duração de 9 anos. O ensino pr imário e fundamental I (shogakkou) leva 6 anos e o ensino de-nominado médio, correspondente ao fundamental II (chuugakkou) leva 3 anos.

O Japão tem uma das populações mais educadas do mundo, com matrícula de 99.98% nas séries compulsórias. No high school (Koukou), com duração de 3 anos, a participação não é obrigatória, mas mesmo assim, em todo o país, 97% dos alunos ingressam.

O Ministério da Educação supervi-siona de perto currículos, livros didáticos, aulas e mantém um nível uniforme de educação em todo o Japão. O resultado dessa ação é um elevado padrão de edu-

cação, reconhecido internacionalmente, com destaque para as matér ias de matemática e ciências (respectivamente 5° e 2° lugares na avaliação do PISA).

Desde cedo, as crianças aprendem a ser pontuais, organizadas, responsáveis, e a executarem naturalmente tarefas como cuidar da classe, do jardim, da higiene pessoal e do ambiente (o Japão é um dos países mais limpos), de servir as refeições, de ajudar os mais novos e trabalhar em equipe.

O ano letivo começa em abril jun-tamente com o ano fiscal no Japão que também começa neste mês e termina em março do ano seguinte. Esta diferença de tempo facilita a vida dos estudantes que desejam estudar no exterior e retornar ao Japão sem perder o ano.

Exceto para o ensino fundamental, o aluno fica 6 horas por dia na escola. Mesmo depois de deixar o colégio, as crianças têm tarefas de casa para mantê-

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UMA DAS POPULAÇÕES MAIS EDUCADAS DO MUnDO

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los ocupados. Os professores motivam os alunos a participarem de atividades extraclasses. Esportes e as manifesta-ções artísticas são muito procuradas. Aliás, um dos fatores que explica a quali-dade do ensino é a excelente formação pedagógica do corpo diretivo e docente das escolas, pois a profissão de mestre é das mais valorizadas.

O período de férias é de seis semanas no verão, de cerca de duas semanas no inverno, e de mais um período de duas sema-nas na primavera. Como o ensino é bastante competitivo, muitas vezes estes intervalos são acompanhados de tarefas como lição de casa e trabalhos escolares. O esforço maior é o ingresso nas mais prestigiosas middle e high schools (para as quais há exames e muitas vezes entrevistas) e, evidentemente, para as melhores universidades.

A ordem cronológica do sistema educacional

• Youchien – Jardim de infância a partir dos 3 anos até antes de ingressar no primário;

• Hoikuen – Creche 6 meses até antes de ingressar no primário;

• Primário – 7 a 12 anos (Ensino ob-rigatório) – duração 6 anos;

• Junior High School ou Middle Schools – 13 a 15 anos (Ensino obrigatório) – duração 3 anos;

• High Schools – 16 a 18 anos – dura-ção 3 anos ou

• Profissionalizante – 16 a 20 anos;

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O EnSInO PRIVADOO Japão tem longa tradição na edu-

cação privada, que, aliás, foi precursora do ensino público. A 1ª escola de que se tem notícia surgiu em 828, na cidade de Kyoto, quando o monge Kukai fundou a Shugei Shuchi, cujo enfoque era ensinar o Budismo e o Confucionismo. No século 19, a famosa escola Shoko Sonjuku havia formado alguns dos principais líderes da Restauração Meiji, em 1868.

Após a II Guerra Mundial, deu-se uma rápida expansão, pois o País precisava ser reconstruído e o Governo não tinha os recursos para atender um ensino público de qualidade, que alcançasse a maior parte da população.

Hoje, cabe ao Ministério de Educação aprovar a criação de Faculdades e escolas técnicas privadas, e a responsabilidade de autorizar o funcionamento de colégios particulares compete às municipalidades. A supervisão é realizada por um Conselho nomeado com base no conhecimento e experiência educacional de seus mem-bros.

De acordo com estatísticas do Minis-tério de Educação, em 2015 no Japão, 79% das pré-escolas, 1% das escolas primárias, 6% dos junior high schools e 27% dos high

schools eram particulares. Enquanto isso, 79% das universidades são privadas. Na última década vem ocorrendo a expan-são das escolas primárias particulares, pois os pais buscam condições específi-cas de ensino, com qualidade, desde os primeiros anos de estudo.

Dentre as principais razões para a escolha de escola privada, destacam-se

a oferta de filosofia de ensino específica, maior orientação na prática de atividades extracurriculares, currículo voltado para a internacionalidade, com ênfase no aprendizado de idiomas. Também porque o estudante pode ter mais facilidade de acesso às universidades privadas do grupo ou em universidades conveniadas no exterior. •

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n este texto vamos abordar algu-mas características do Sistema Público Educacional Japonês.

Logo no início o que mais se destaca é a forma como eles tratam a educação. Ela é feita de forma mais holística e em horário integral. Fazem parte das disciplinas cursadas nas escolas: Educação Moral, Atividades especiais em turma, estudos gerais chamados de Sogo gakushu, edu-cação artística, musical, esportiva, eco-nomia doméstica além de corte e costura, culinária etc.

Em abril é marcado o início do ano letivo e, neste período, são feitas visitas às residências dos alunos para saberem como é o âmbito familiar e como isso im-pacta na vida acadêmica do aluno.

Os japoneses dão muita importância às atividades extracurriculares como: atividades de clubes esportivos e cultu-rais. E também têm maior controle do Estado no conteúdo do material escolar, currículo, diretrizes de ensino e apren-dizado e formação dos professores. Eles enfatizam mais o convívio em grupo e a importância de manter a harmonia do todo com a divisão de trabalho e de responsabilidades. O que aqui no Brasil

Como é osistema público

educacionalno Japão?

Ygor Jegorow

é chamado de progressão continuada, no Japão existe algo parecido já que lá ninguém é reprovado até a conclusão do ensino fundamental, lá chamado de ginásio. Mas, embora não haja repetência, é necessário fazer um exame seletivo para o ingresso no ensino médio.

Limpeza na escolaMuito diferente do que se vê aqui no

nosso país, a limpeza do local não fica a cargo de funcionários das escolas, os próprios alunos são os responsáveis pela limpeza dos ambientes. Lá eles ensinam a cultivar hábitos de limpeza, arrumação e organização do local de uso próprio e zelar pelo patrimônio pessoal e comum. Todos os ambientes frequentados pelos alunos são limpos por eles mesmos. As carteiras, a sala de aula, os corredores

da instituição de ensino e até o banheiro são limpos pelos jovens. Tudo isso, claro, é feito sob um sistema de revezamento entre os alunos.

Merenda escolarOutra coisa que também é feita sob

um sistema de revezamento é a ajuda que os alunos prestam na produção da merenda escolar. Os alunos auxiliam em várias funções como no transporte da me-renda até a sala de aula e na distribuição da comida entre os demais alunos.

A escola fica a cargo de providenciar e dar noções de alimentação balanceada, fornecer as informações nutricionais dos ingredientes usados, fazer com que as crianças e adolescentes cultivem hábitos alimentares saudáveis e mostrá-los o que é produzido no local. A escola também

Os alunos auxiliam em váriasfunções como no transporte da merenda

até a sala de aula e na distribuição da comida entre os demais alunos

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proíbe os alunos de trazerem refrigeran-tes e sucos. Também é proibido trazer dinheiro para comprar coisas no translado escolar. Para que todas essas ações sejam seguidas à risca, a escola conta com a colaboração da família. Para isso, existe um caderno que é usado para comunica-ção entre a família e a escola. O objetivo de tudo isto é ter mais controle levando em consideração as diferenças sociais e econômicas entre a criança e a família.

DesafiosEmbora existam tantas coisas boas

que nos causam admiração perante o método de ensino japonês, não há como negar que muitos desafios ainda fazem parte da rotina dos educadores. O aumento da diferença social é um dos assuntos que os educadores prestam atenção, assim como a preocupação com o rendimento escolar e a com-petitividade. Outros assuntos que são frequentemente tratados entre eles são: as diferenças individuais e necessidades especiais de cada aluno, o abandono dos estudos e a evasão escolar.

Um grande desafio também é manter uma educação democrática quando o controle do Estado é grande. Conseguir controlar a pressão que os professores sofrem, tanto da diretoria como das famí-lias com a grande demanda de relatórios, e de preparação das aulas e atividades é outra tarefa difícil de ser solucionada. Muitos professores chegam à exaustão, pois ficam até tarde da noite preparando estes materiais. Mas não só os professores sofrem com a pressão do dia a dia. Muitos alunos sofrem também problemas psi-cológicos como a depressão causada pela pressão familiar e da sociedade e também em decorrência do bullying, o que leva a altas taxas de suicídio infantil no Japão.

Estrangeiros no JapãoNos últimos anos, houve um aumento

do número de registro de estrangeiros no Japão. Hoje corresponde a cerca de 2% da população japonesa. Em 825 dos 1.741 mu-nicípios há alunos estrangeiros que neces-sitam de orientação da língua japonesa, o que corresponde a 47,4% do total. Até 2011, os brasileiros representavam a ter-ceira maior população de estrangeiros no Japão. Em 2012, caiu para a quarta posição, e em 2016, é a quinta maior população de estrangeiros no país. Mais de 190 mil brasileiros moram no Japão. A maioria dos moradores são regulares e 60% da população tem visto permanente.

Em 1986 apenas 2 mil brasileiros mora-vam no país o que representava apenas 0,2% da população. Com o passar dos anos, esse índice foi aumentando e seu ápice

aconteceu no ano de 2007 com mais de 313 mil brasileiros no Japão representando 15,2% da população. Após esse recorde, o número vem caindo e hoje a comunidade brasileira representa 9,4% com os seus mais de 190.609 habitantes.

• 1986 2.135 (0,2%)• 1989 14.528 (1,5%)• 1990 56.429 (5,2%)• 1991 119.333 (9,8%)• 1993 154.650 (11,7%)• 1995 176.440 (13,0%)• 2002 268.332 (14,5%)• 2004 286.557 (14,5%)• 2005 302.080 (15,0%)• 2006 308.703 (15,5%) • 2007 313.771 (15,2%) • 2008 309.448 (14,4%) • 2009 264.649 (12,4%) • 2010 228.702 (10,8%)• 2011 209.265 (10,2%)• 2012 190.609 (9,4%)• 2013 181.317 (8,8%) • 2014 175.410 (7,1%)• 2015 173.437 (7,7%) • 2016 190.609 (9,4%)

Províncias com mais brasileiros (2016)De acordo com os dados divulgados

em 2016, a província com maior número de brasileiros residentes é Aichi com 50.533 (25,5% dos habitantes), seguido de Shizuoka 29.668 (15,6%) e Mie com 13.324 habitantes (7%). 4 em cada 10 brasileiros vivem na província de Aichi que é limitada pela baía de Ise e pela Baía de Mikawa a sul; pela província de Shizuoka a leste; pela província de Nagano a nordeste; pela província de Gifu a norte e pela província de Mie a oeste. Mede 106 km na sua lar-gura máxima, de leste a oeste e 94 km de norte a sul. Tem uma área de 5 153,81 km², o que corresponde a 1.36% do total da área da superfície do Japão. O ponto mais alto é Chasuyama com 1.415 metros acima do nível médio do mar. A parte ocidental da província é dominada pela cidade de Nagoya - a quarta maior cidade do Japão - e pelos seus subúrbios, enquanto que a parte oriental é relativamente menos den-sa populacionalmente, ainda que estejam aí presentes muitos centros industriais de grande relevância econômica.

A produção industrial de Aichi é uma mais elevada de todas as províncias do país. A província é conhecida como o cen-tro da indústria automóvel, indústrias de cerâmicas, tecidos e aerospacial japonesa.

• 1 Aichi 50.533 (25,5%) • 2 Shizuoka 29.668 (15,6%) • 3 Mie 13.324 (7,0%) • 4 Gunma 12.197 (6,4%) • 5 Gifu 11.531 (6,0%) • 6 Kanagawa 9.145 (4,8%) • 7 Saitama 8.214 (4,3%) • 8 Shiga 8.166 (4,3%) • 9 Ibaraki 6.780 (3,6%) • 10 Nagano 6.298 (3,3%)

Os homens do Brasil são maioria no Japão. A maior população é entre 6 e 11 anos de idade.

nos últimos anos, houve um aumento

do número de registro de estrangeiros

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Brasileiros no JapãoDe cada cinco brasileiros (20.6%),

um tem menos 18 anos e de cada seis brasileiros (16.9%), um tem menos 15 anos. Já os japoneses, de cada oito japoneses, um tem menos de 15 anos e de cada quatro japoneses, um tem mais de 65 anos. O que nos leva a perceber que a população brasileira é mais jovem em relação ao povo japonês.

Educação compulsóriaNo Japão as crianças estrangeiras não

são alvo da educação obrigatória. Sobre o direito da criança à educação, o governo alega que se os pais estrangeiros quiserem que seus filhos frequentem as escolas públicas japonesas, eles têm a permissão para frequentá-las, mas não as obriga.

No Japão, há 15 escolas miscelâneas brasileiras, 78 escolas brasileiras (AEBJ- jul/2010), 67 escolas, 42 homologadas, 12 creches (AEBJ- set/2012).

43 escolas, 42 homologadas pelo MEC, 30 validade do ensino médio japonês (MEXT), mas não do ensino fundamental.

Ingresso no ensino médioEntre os estrangeiros 93% dos

coreanos que vivem no Japão frequen-

tam o ensino médio e 85,7% dos chineses. Já os filipinos que cursam o ensino médio correspondem a 59,7%, ingleses são 98,1%, americanos 87,7% e os brasileiros corre-spondem a 42,2% dos estudantes.

Apesar da situação legal, os problemas de educação são seríssimos principal-mente os problemas de adaptação e de aquisição da língua japonesa. Os novos desafios com o aumento da segunda e terceira geração, por exemplo, manter o português como língua de herança para manter os laços familiares e questões ligadas à identidade. Houve necessidade de criação de escolas brasileiras no con-texto japonês, mas com o aumento da população de brasileiros residentes, há agora questionamentos sobre a função da existência das escolas brasileiras no Japão. Toda esta preocupação existe para levar Educação e formação de cidadãos para o mundo globalizado. •

Brasileiros (junho/2016)

Idade Homens Mulheres Total Falantes de Português

0 a 5 6.148 5.697 11.845 -

6 a 11 6.270 5.862 12.132 6.037

12 a 14 3.163 2.929 6.092 2.184

15 a 17 3.468 3.187 6.655 436

18 a 19 2.219 2.134 4.353 -Fonte: MEXT/2016

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O aumento da diferença social é um dos assuntos que os educadores prestam atenção, assim como a preocupação com o rendimento escolar e

a competitividade

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Viagem Educacional

A 20ª viagem de estudos do Sieeesp teve como destino o Japão, com tour pelas três capitais do País,

e férias merecidas no Havaí. Os aspectos educacionais foram organizados pelo IES Educação Internacional, com apoio da Embaixada do Brasil em Tóquio, do Minis-tério de Educação daquele país, e dos Departamentos de Educação das Regiões Metropolitanas de Tóquio e Osaka. Com a dedicação das partes envolvidas, cons-truiu-se uma programação de alto nível, que alcançou ótimos resultados, segundo nossos participantes.

A estrutura da viagem seguiu o padrão bem sucedido das anteriores, incluindo seminários técnicos, seguido de visitas às principais escolas do ensino básico nas duas metrópoles citadas, complementa-das pelo conhecimento turístico cultural de alguns dos principais atrativos do País, com apoio da Quickly Travel.

O Japão vinha motivando nossos educadores há vários anos, e foi escolhido por unanimidade, em pesquisa realizada pelo Sieeesp. A definição do programa foi tarefa das mais difíceis, pela distância, fuso horário e reduzido histórico de inicia-tivas de intercâmbio entre nossos países, na área da educação básica. No entanto, a época foi oportuníssima, pois em 2018, celebrou-se os 110 anos de imigração japonesa ao Brasil, e nosso projeto entrou como marco significativo do estreita-mento de nossas relações, principalmente com vistas ao futuro delas.

JAPÃO e HAVAÍ

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Oswaldo Tavares

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O Ambiente SocioculturalO objetivo principal de nossa missão

foi conhecer o sistema educacional japonês, pois dos cinco primeiros países avaliados no PISA, era o único que fal-tava visitar. A expectativa, portanto, era grande. Em função das marcantes diferen-ças entre a essência da cultura desse país, em diversos aspectos diametralmente oposta à do Brasil, parece-nos importante abordar características dela, pois verifi-camos que elas são marcantes valorizadas nas escolas, e constituíram elementos essenciais de comparação e aprendizado para nossa delegação. Alguns exemplos:

• os valores tradicionais são mescla-dos com os contemporâneos, e influen-ciam a educação, o ambiente familiar, e explicam com mais facilidade essa dicotomia do Japão de hoje e seu estágio de desenvolvimento;

• o espírito coletivo prevalece sobre o individual. Vemos isso nos trabalhos em equipe (até na limpeza, refeições, ajuda aos menores, jardinagem etc.) da escola, e no suporte das famílias à obtenção de resultados positivos; envolvimento delas como voluntárias em atividades escolares e até na orientação dos jovens em como aces-

sar a escola com segurança. Essas atitudes explicam o respeito ao próximo, o silêncio em áreas públicas, por exemplo, no metrô.

• a influência samurai e dos ensina-mentos budistas e xintoístas, que valori-zam o patriotismo e levam o estudante a ter mais responsabilidades na escola, e o adulto a dedicar-se de corpo e alma à empresa; também a procura da felicidade com pequenas coisas, o amor à natureza e à preservação ambiental; a limpeza (nas ruas há poucas lixeiras, mas são impecáveis);

• a honestidade, considerando o prin-cípio de não desonrar a família, a equipe escolar e profissional, fato que conduz a resultados muito positivos na área de segurança pública, pois os índices de crimi-nalidade são baixíssimos;

• a essência da educação milenar, cujos resultados são visíveis ao terem 0,5% de taxa de analfabetismo e 97% de estudantes matriculados no ensino médio (ainda que a obrigatoriedade de estudos seja até o 9° ano). Esses aspectos têm influência direta na economia, pois o país não possui grandes riquezas naturais, mas tem o 3° maior PIB do mundo e destaca-se em inú-meras áreas, dentre elas: financeira, agri-cultura, comércio, indústria e tecnologia.

Nosso grupo constatou outras carac-terísticas interessantes: o japonês inclina a cabeça por educação e não por sub-serviência. O número de pessoas que falam um 2° idioma, mesmo o inglês, é chocantemente reduzido, o que nos obrigou a sermos bastante criativos na comunicação. Esses e outros aspectos do perfil do Japão e de suas diferenças com o mundo ocidental e com o Brasil, foram bem expostos no 1° dia, durante os Seminários na Embaixada, mas achamos conveniente destacá-los pois constituíram parte relevante no conhecimento da edu-cação e cultura do Japão.

O Ministério de Educação ficou sur-preso com o tamanho e interesse dos participantes, pois segundo eles, foi a maior delegação estrangeira recebida ofi-cialmente no País, motivada em conhecer a educação básica. O grupo era composto de 61 educadores de diversos estados brasileiros.

A viagem teve dois grupos: aqueles que só foram ao Japão, de 10 a 24 de Maio, pela Emirates, via Dubai, e os que prolongaram a viagem até o Havaí, via Estados Unidos pela United, voltando em 28 de Maio.

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TÓQUIOFicamos hospedados no imponente

New Otani Hotel, bem localizado a pou-cos passos da estação de metrô, que inclui a Ginza Line, com acesso fácil aos principais atrativos turísticos da cidade e aos imperdíveis centros de compras, restaurantes e vida noturna. O próprio hotel, com seu magnífico e amplo jardim florido e bela cascata, além de excelentes apartamentos, restaurantes, fitness e lo-jas, foi um atrativo especial para o grupo.

Às margens do Rio Sumida, Tóquio possui a maior área metropolitana do mundo, com 37 milhões de habitantes. Apesar desses números gigantescos, ao fazermos o tour e percursos pela cidade, foi possível admirar a limpeza das ruas, a ausência de congestionamentos e o cui-dado com o meio ambiente. As multidões concentram-se na muito bem servida rede de metrô, que cobre toda a cidade e arre-dores. As estações de Shinjuku e Shibuya são as estações mais movimentadas. Nos cruzamentos, em frente a elas, muita gente para e tira fotos dessa “incrível” massa humana. Tóquio possui o maior número de usuários do mundo com cerca de 7 milhões de pessoas/dia. Trata-se da 5ª rede mais longa e abrangente, após Xan-gai, Londres, Pequim e Nova York.

O início da jornada para descobrir a capital foi a subida ao observatório da Torre de Tóquio, construída em 1958, com 333 metros de altura, ou seja, mais elevada que a Torre Eiffel. O dia estava encoberto, mas mesmo assim foi pos-sível descortinar parte do centro e os imponentes arranha-céus.

A seguir, fomos conhecer o Parque e a área do Palácio Imperial, que fica no cen-

tro de Tóquio. Construido pelo 1° xogum Tokugawa, foi o maior castelo do mundo e ficou parcialmente destruído com os bombardeios da II Guerra Mundial. O acesso ao interior só é permitido dois dias por ano e a família imperial ocupa a área oeste dele. Assim, procuramos o melhor lugar para fotos, junto à famosa ponte de pedra Nijubashi, com seu arco duplo, onde se tem vista parcial do palácio.

Ir a Tóquio e não visitar Senso-ji, em Asakusa, o templo mais sagrado da ci-dade, dedicado à deusa Kannon, é imper-doável. Historicamente, há semelhança com Aparecida, pois a veneração tem origem com o achado de uma estátua dou-rada da Deusa, por dois pescadores, no rio Sumida, daí a construção deste magnífico templo. O grupo admirou o pagode de cinco andares, o Portão Kaminarimon ou “Portão do Trovão”, e o belíssimo Pavilhão Central e suas obras de arte. Percorrer Nakamise-Dori e as dezenas de lojinhas e barracas com artesanato, objetos típicos, tecidos e quimonos, curiosidades japone-sas, além de variados restaurantes, onde almoçamos.

Nossa estada no Japão foi abençoada com tempo firme, mas justo neste dia, na parte da tarde, choveu. Só alguns enfrentaram o mal tempo para conhecer o Santuário Meiji. A preferência foi curtir as atrações e lojas de departamento de Shibuya. Na saída do ônibus e entrada do metrô, fomos recebidos pelo famoso cão Hashiko, cuja estátua atrai turistas do mundo inteiro, pois é uma homenagem ao amigo fiel, que durante uma década, até a morte, aguardou seu dono que havia morrido de repente (foi objeto de um belo filme).

Tóquio é hoje uma cidade moderna e até futurista. Possui tantos atrativos que, durante um tour e intenso programa educacional, não era possível conhecê-los. Propusemos aos participantes que, nas horas livres, dividissem as áreas a serem conhecidas em algumas zonas pré-definidas, e usassem, como a maioria dos turistas, o metrô. Tarimbados pelas viagens anteriores, os grupos formaram-se de acordo com suas preferências, e bem rápido integraram-se à vasta rede de transporte local. Com destaque:

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Palácio Imperial

Senso-ji

Torre de Tóquio

Ponte Nijubashi

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Viagem Educacional

Japão 2018

• a Região do Centro, mais tradicional e sofisticada, com destaque para Ginza. Chuo - Dori é a 5ª Av. de Tóquio, onde ficam as maiores lojas de departamento e as mais famosas butiques de grife japone-sas e internacionais; é a área do Palácio e Parque Imperial; da famosa estação central de trem de Tóquio; do Fórum Inter-nacional e do imponente Parlamento; da Torre. Próximo ao centro fica Akihabara, paraíso dos eletrônicos, o Mercado de Peixes de Tsukiji, e a região do Porto, de onde partem os passeios fluviais;

• a Região Norte, com destaque para o bairro de Asakusa, onde fica o majestoso Templo Senso-ji e o belo Parque Ueno, em cujas dependências encontramos o Museu Nacional de Tóquio, que possui o maior acervo do mundo de obras de arte da Ásia;

• a Região Oeste: em Shinjuku, área comercial de maior dinamismo, foi implan-tado o moderno e centralizado complexo de edifícios do Governo Metropolitano, incluindo o departamento de educação; milhares de arranha-céus espelham à noite suas fachadas com néon. Ali também fica o Santuário Meiji, principal centro xintoísta da capital. Shibuya é o centro comercial e de compras mais jovem, com ótimas lojas de departamentos e butiques com preços mais acessíveis. Essas áreas da cidade não param dia e noite, como em Roppongi, local de boa música para jovens e turistas, onde nosso grupo foi conhecer Tóquio by Night.

No intervalo de visita às escolas, fo-mos visitar a área do Mercado de Peixes de Tsukiji. Desde sua implantação, em 1935, constituiu o maior mercado do mun-do e impulsionou o comércio de pescado do país. Infelizmente, um dos principais atrativos – a área de atacado – foi trans-ferida recentemente para outro local. No entanto, todos os dias, principalmente na hora de almoço, as ruelas são invadidas por pessoas querendo comer peixe fresco, pois os restaurantes e barracas de rua ofe-recem milhares de opções de pescados e mariscos, constituindo ponto obrigatório de visitação turística.

MOnTE FUJI Na ida para Osaka, as malas foram

convenientemente despachadas de caminhão, a fim de evitar o transtorno de carregá-las no ônibus e trem. O grupo partiu em dois ônibus para ver de perto o Monte Fuji, belíssimo cartão postal do Japão. Fica a 2 horas da Capital e sua altitude é de 3776 m, sendo o pico mais elevado do País. A beleza do Monte re-side em sua forma simétrica e na postura majestosa que ocupa na paisagem, com seu cume de neve eterna. Trata-se de vulcão, inativo desde 1707, e a subida à cratera só ocorre de Julho a Setembro. Durante séculos, foi considerado lugar sagrado, acessível apenas aos monges.

Para melhor admirar Fuji, o grupo cur-tiu o belíssimo vilarejo de Iyashino Sato,

antiga aldeia agrícola e hoje transformada em vila-museu ao ar livre, com suas casas típicas de madeira e telhado de palha, contendo artesanato local, casa de chá e de oração, além de lojas de suvenires. Seus jardins impecáveis, pontes e lagos, além da vista deslumbrante do Monte Fuji, traduzem bem o amor do japonês pela natureza.

SHInKAnZEn De Sato, o Grupo pegou o Shinkanzen

(trem-bala) para Osaka. Esse trem de alta velocidade inaugurou uma nova era do transporte ferroviário, alcança de 240 a 320 km/h, interligando as principais ci-dades japonesas. Se você olha o Nozomi passar, o efeito é de um foguete, daí o nome. Como um vagão estava reservado só para o grupo, a tradicional celebração de vinhos e salgados alegrou nossa via-gem, tudo adaptado ao comportamento impecável que predomina no Japão.

Há 3 tipos de linhas Shinkanzen: a Nozomi – que nós pegamos, a mais rápida e que só para nas estações principais; Hikami e Kodama, também rápidas, porém param em mais estações. O Japão tem orgulho de sua rede, instalada desde 1964 para os Jogos Olímpicos. Ela cobre 2764 quilômetros, e destaca-se pela se-gurança, pontualidade e qualidade dos serviços. Por isso, é a forma de transporte mais rápida e usada de forma intensa pela população.

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OSAKA A delegação hospedou-se no con-

fortável Sheraton Miyako, conveniente-mente localizado próximo ao centro. Osaka é uma importante metrópole, a 3ª mais populosa do País, com 2,7 mi-lhões de habitantes. Sua origem tem a ver com a construção do Castelo, em 1586. Dinâmico entreposto comercial, graças a seu porto eficaz, é cortada por uma rede de canais. Recentemente, transformou-se em centro sofisticado, com lojas, hotéis e restaurantes de alto padrão. Aliás, a cidade é reconhecida por sua culinária de qualidade, considerada a melhor do Japão.

A Avenida Chuo-odori divide as duas áreas mais importantes do centro de Osaka: Kita-ku, onde fica a parte histórica de Chuo-ku e o Castelo, além das maio-res lojas de departamento, e Minami ponto mais agitado com ótimas opor-tunidades gastronômicas e vida noturna, destacando-se Umeda e Namba. Ali perto, parte do grupo foi conhecer o conjunto arquitetônico de Umeda Sky. Trata-se de construção futurista, pois no 39° andar uma escada rolante panorâmica leva ao topo onde fomos conhecer o Obser-vatório do Jardim Flutuante, com vista de 365 graus da cidade. No andar inferior, encontram-se ótimos restaurantes.

A área do porto é de grande interes-se. Os canais dão um charme especial a esse local, que concentra múltiplas

atrações turísticas, tais como o famoso Aquário, com 35 mil espécies marinhas; a roda-gigante Tempozan, os cruzeiros marítimos, e diversos restaurantes. Não muito longe foi construída a Univeral Studios Japão, e alguns participantes foram conferir as diferenças em relação à original, nos EUA.

Osaka é muito reconhecida pela quali-dade da educação. Segundo a maioria dos educadores da delegação, a etapa de visita às escolas foi concluída com êxito. A hospitalidade desta metrópole pode ser traduzida pela visita à Mino Jiyu School. Foi uma despedida com música, festivi-dades com participação de todos os alu-nos e professores. O show proporcionou grande emoção e muitos educadores não conseguiram segurar as lágrimas.

KYOTOA “ Cidade dos mil Templos” é o centro

turístico-cultural mais visitado do Japão. De fato, são 1,6 mil templos budistas e 400 santuários xintoístas, alguns de ex-traordinária beleza, que justificam o fato do conjunto ser nomeado Patrimônio Cultural da Humanidade, pela Unesco. Sucedeu a Nara como Capital Imperial, em 794, permanecendo como tal durante mais de mil anos, pois só perdeu o “status” em 1868, com a Restauração Meiji.

Até hoje, resguarda as principais manifestações culturais do País, dentre elas, o ritual da cerimônia do chá; os

famosos arranjos florais; o teatro de marionetes e bonecos e a dança da corte imperial e das gueixas. Aliás, Kyoto pos-sui a principal escola de formação de gueixas do Japão.

A delegação hospedou-se no New Mi-yako Hotel, próximo à estação, que, aliás, é um verdadeiro shopping com centenas de lojas e restaurantes.

O grupo iniciou a descoberta de Kyoto, conhecendo o Templo Kinkaku-ji ou Templo Dourado, cuja fachada é folheada a ouro, e cintila ao sol. Seu belíssimo te-lhado é ornado por uma fênix de bronze. O projeto paisagístico é de tirar o fôlego, pois os jardins são impecáveis, o lago e o pavilhão formam um dos conjuntos cêni-cos mais belos da cidade. Um agradável passeio pelo parque constituíram um belo início de nossa jornada.

Na sequência, mudamos um pouco o panorama, saindo do centro e indo até o subúrbio de Arashiyama, onde a floresta era considerada moradia dos deuses. Visitamos o famoso bambuzal, uma das atrações obrigatórias, pois é preservado com excepcional cuidado, por ser con-siderado Patrimônio da Humanidade. Nos fins de semana, uma invasão de turistas percorre seus atrativos e o bucólico vilarejo, com suas butiques de artesanato, lojas de tecidos e de objetos típicos, além de bares e restaurantes. Foi um programa diferente, mas todos amaram!

A beleza do Monte Fuji reside em suaforma simétrica e na postura majestosa

que ocupa na paisagem, com seucume de neve eterna

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Viagem Educacional

O tour continuou até o Templo Ki-yumizu-dera, um dos pontos altos de Kyoto, onde peregrinos homenageiam a divindade Kannon. O pavilhão principal é renomado por sua enorme estrutura de madeira, sem pregos, uma fantástica obra de engenharia. De sua varanda, bem como do pagode, acessível por um pequeno desfiladeiro, tem-se uma vista espetacu-lar dos edifícios do Templo. O grupo quis beber da fonte sagrada, uma inspiração para a felicidade e o amor.

Essa região de Kyoto é muito cativante e não permitia o regresso ao hotel. Assim, parte do grupo decidiu explorar melhor as atrações locais, descendo a pé a encosta, na direção do hotel, percorrendo as en-cantadoras ruelas de pedra do bairro de Higashiyama, passando pelo Santuário de Yasaka, e indo até Gion, o bairro em-blemático das gueixas, que circulam com seus belíssimos quimonos e frequentam as casas de chá, clubes e restaurantes chiques do local. O bairro é também co-nhecido pelo importante comércio, lojas

de grife e butiques de arte. Com toda essa animação, o jantar foi programado para aquele centro divertido e típico de Kyoto.

Antes de partir para Nara, fomos visi-tar o famoso Castelo Nijo, construído pelo xogum Tokugawa Ieyasu como símbolo do poder do xogunato. O Portal do Castelo, seus belíssimos jardins e lagos, tornam essa visita “imperdível”.

nARA A 1ª Capital do Japão, de 710 a 794, é

também a mais preservada e considerada uma das cidades mais belas da Ásia. Por essa razão, nossa visita não poderia pres-cindir de inclui-la no tour. Possui os tem-plos mais antigos, de madeira, rodeados por jardins e um paisagismo com influên-cia chinesa. É também um dos maiores centros do budismo e foi o destino mais oriental da Rota da Seda.

Por influência chinesa, o formato das ruas é retangular. Próximo ao Centro, nossa primeira parada foi o incrível Parque de Nara, com 526 hectares. No parque

há inúmeros templos e os visitantes são sempre acompanhados pela presença de cerca de 1200 cervos mansos, que se aproximam em busca de ração ou comida. Paralelamente, podem também puxar a roupa e brincar. O grupo curtiu e divertiu-se para valer.

Passeando pelo Parque, chega-se ao Templo Todai-ji, construído em 752, tam-bém considerado Patrimônio da Humani-dade, por seu conjunto arquitetônico. Muitas fotos foram tiradas de Nandaimon, o belo Grande Portal Sul, do Grande Buda, com 16 metros de altura, dominando o Salão de Madeira, a maior construção do gênero no mundo.

No fim desta parte da viagem, a dele-gação ficou mais dois dias em Tóquio. Deu para ver e rever atrações desta vibrante Capital, centro político e econômico do País e, principalmente, para as últimas compras. É preciso ressaltar que Tóquio é um dos centros mais caros do mundo, mas este fato não afugentou nossos par-ticipantes. Na véspera da volta do grupo que retornava ao Brasil, foi programado, como é tradição, o jantar de confraterniza-ção num cruzeiro pelo Rio Sumidagawa só para nossos educadores, com participa-ção de comida típica, música instrumental japonesa e show com “duas” gueixas. Foi uma noitada memorável, com muita espontaneidade e amizade do grupo. Na ocasião, foram ressaltados os aspectos positivos de nossa visita, tanto do ponto de vista educacional como cultural.

Em síntese, a visita ao Japão foi muito valorizada, mas o tempo foi curto para se conhecer mais a fundo este maravilhoso e inesquecível país. Assim, apesar da dis-tância, alguns educadores não descartam a possibilidade de voltar e curtir mais um pouco os atrativos do Arquipélago japonês.

Templo Kiyumizu-dera Santuário de Yasaka

Templo Todai-ji

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HAVAÍO Havaí foi um destino escolhido a

dedo, pois a maioria tinha o sonho de conhecer este paraíso, onde ficamos de 22 a 26 de Maio. Este interesse pode ser explicado pela vinda de 46 participantes, ou seja, da maioria da delegação. Para muitos, foi curiosa a experiência de sair de Tóquio às 19 horas do dia 22 de maio e chegar a Honolulu às 7h da manhã do mesmo dia, com defasagem de 19 horas de fuso horário.

O Arquipélago do Havaí fica na placa vulcânica do Pacífico e é formado por uma centena de ilhas, sendo quatro as mais importantes: Oahu, cuja capital é Honolulu e onde concentramos nossa es-tada; Maui; Kauai e Big Island, conhecida como o Parque dos Vulcões e onde fica o Kilauera, que estava em plena erupção. Evidentemente, todos ficaram tranquili-zados ao saber que há uma distância de cerca de 1 hora de voo entre Honolulu e o vulcão, ou seja, sem risco de qualquer interferência.

Felizes por ganharmos um dia, chega-mos ao Hyatt Regency, magnificamente

Parque dos Vulcões

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localizado de frente à melhor parte da praia de Waikiki e na rua mais movimen-tada da ilha. Todos tivemos vista para o belíssimo mar turquesa. A infraestrutura do hotel era ótima com restaurantes, bar, piscina, salão de ginástica, lojas, eventos e música típica. Enfim, a estada prometia...

No dia seguinte, nosso ônibus levou-nos para fazer o Circle Island Tour, ou seja, grande parte do tour da ilha. De Waikiki, atravessamos em direção a North Shore, passando pelas belas montanhas que ro-deiam Honolulu, pela área agrícola, com destaque para a cultura do abacaxi. A parte Norte é a mais renomada de Oahu, pois lá se encontram as praias procuradas pelos surfistas, em busca das melhores ondas. Assim, passamos pelo village de surfe de Hale`iwa, por Walmea, Popukea, Pipeline e Sunset, todas são um paraíso de quem ama os esportes marítimos.

Todos admiramos as montanhas e florestas que circundam essas praias. São altos paredões verdes, com estreitos desfiladeiros, objetos de múltiplas e famo-sas filmagens, com destaque para o filme Jurassic Park.

Uma das mais lindas é Turtle Bay Re-sort, onde tivemos um ótimo almoço e curtimos o sol. Como o local é denomina-do, trata-se de um refúgio de tartarugas e de leões marinhos. Em todos os locais, verificamos o cuidado com a natureza, a proteção dos animais, e a educação subli-minar que é passada aos visitantes. Tudo é limpo e a consciência de preservação faz parte do dia a dia dos usuários dessas praias, não importando a nacionalidade da pessoa.

Como não foi possível conhecer todos os templos do Japão, de lá fomos visitar La le LDS Temple, um maravilhoso templo budista, incrustado no verde, à beira de um lago e com paisagismo de encher os olhos. Na sequência, descemos a costa Oriental, de volta para Waikiki.

Localizado na Kalakaua Avenue, nosso hotel estava localizado na mais sofisticada, luxuosa e ao mesmo tempo popular Avenida de Honolulu. Explicando melhor, ali próximo era possível escolher entre as lojas de grife, Ala Moana com 350 lojas, o shopping mais importante ou as procuradas lojas ABC, que estão em todas as esquinas da cidade – são 75 no Havaí – e vendem roupas e mercadorias diversas a um preço barato.

Para melhor aproveitar a estada em Honolulu, foram vários os programas que animaram nosso grupo, que queria curtir os últimos dias de férias: a maioria foi conhecer Pearl Harbor e sua história; o tour da ilha de helicóptero também foi uma das mais espetaculares atrações, ou

alugar um carro para rever as praias mais belas de Oahu.

Finalmente, a despedida do grupo tinha de ser especial e típica. O grupo todo foi ao luau mais famoso, próximo a Honolulu, e divertiu-se para valer, com boa comida, ao som da música e batuque havaianos e assistindo a um show ines-quecível de ótimos figurantes, com exi-bição de dança e pirotecnia. Foi uma bela noitada, para fechar com chave de ouro esta extraordinária viagem, finalizando com uma exibição musical de nosso fa-moso guia e cantor da Aloha, Rodney Cazimero.

Nas viagens do Sieeesp, a prioridade é vivenciar e colher experiências da educação do país visitado. As portas que se abriram devem ser mais exploradas, estreitando relações bilaterais e fazendo com que o efeito multiplicador de nossa visita seja mais amplo. É isso que anima a organização de próximas iniciativas similares, para as quais contamos com a participação de nossos educadores, interessados em inovar e aprimorar a qualidade de suas escolas.

O grupo que participou desta viagem ao Japão foi de alto nível, integrado, participativo, interessado não somente na educação, mas também nos aspectos socioculturais do País. Grandes amizades foram feitas e consolidadas. Reinou o es-pírito esportivo e não houve manifestação de qualquer incidente que prejudicasse a programação. Esse cenário explica em grande parte o êxito de nossa missão. •

Waikiki

Havaianas

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MODELO EDUCACIONALNIPÔNICO, INSPIRAÇÃOPARA O MUNDO

E m 2018, comemoram-se os 110 anos do início do fluxo migratório entre Brasil e Japão, países que mantêm sólida relação de amizade há mais de 120 anos. Após uma longa viagem de 52 dias, que teve início no porto de Kobe, o

navio ‘Kasato Maru’ chegou ao porto de Santos no dia 18 de junho de 1908, onde os primeiros japoneses desembarcaram para reiniciar suas vidas em terras brasileiras. Na bagagem, além da esperança, traziam também o espírito resoluto, notadamente marcado pela profunda dedicação ao trabalho e pelo apreço à vida em comunidade. Tais qualidades, adquiridas desde cedo no ambiente escolar, encontrariam relevante papel na construção da amálgama multicultural que influenciou a sociedade brasileira ao longo do século XX.

*O conteúdo do texto expressa visão pessoal do autor, sem vinculação com o ponto de vista do Ministério das Relações Exteriores.

[email protected]

Leandro Diaznapolitano

Oficial de Chancelaria,Chefe do Setor de Cooperação Educacionalda Embaixada do Brasilem Tóquio.

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Era Meiji e as Bases do Modelo de Ensino

A maioria dos japoneses que chega-ram ao Brasil, no início do século passado, foi educada com base nas diretrizes adota-das pelo novo regime imperial, iniciado em 1868, a partir da retomada das relações japonesas com o mundo ocidental.

A fim de fortalecer o sistema educacio-nal japonês, estudantes e autoridades go-vernamentais foram enviados para estudar na Europa e nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que professores estrangeiros eram convidados a lecionar nas novas universidades fundadas por todo o país.

Política nacional e Resultados Atualmente, a política nacional de edu-

cação básica é conduzida pelo Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência & Tecnologia do Japão (MEXT), por meio do Ato da Educação Escolar. Tal documento estabelece os padrões curriculares para todas as escolas (públicas e particulares), a fim de garantir o nível da educação ele-vado, bem como de promover condições igualitárias, de acesso ao ensino.

O fato de a educação ser compulsória, para cidadãos japoneses, até o nono ano do ensino fundamental, resulta em baixís-simos índices de evasão escolar – apenas

Hoje o Japão apresenta um dos mais elevados índices do Programa para Avaliação Internacional de Estudantes (PISA)

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1,5% dos estudantes tendem a abandonar os estudos após chegarem ao nível médio.

Graças aos padrões adotados, hoje o Japão apresenta um dos mais elevados índices do Programa para Avaliação Internacional de Estudantes (PISA), reali-zado pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Na edição de 2015, o Japão obteve média de 538 pontos nos domínios da leitura, da matemática e das ciências, em compara-ção aos 497 pontos apresentados pelos demais países. O Brasil, por sua vez, atin-giu 401 pontos, ficando atrás da Geórgia, da Jordânia e da Indonésia.

Educação Básica Japonesa, Princípios e Desafios

A educação básica japonesa, iniciada aos sete anos de idade, assenta-se na interseção de três princípios: conheci-mento (chi), virtude (toku) e corpo (tai), por meio dos quais se busca desenvolver com as crianças a sólida formação escolar, a disciplina, o senso de cooperação e de comunidade, além da manutenção da qualidade de vida e da saúde individual.

Entre os aspectos basilares na for-mação das crianças japonesas está o nicchoku, que são atividades diárias que deverão ser conduzidas por determinada criança - acender as luzes da sala de aula, abrir as janelas, conduzir as saudações matutinas e ao final da aula cuidar para que as janelas sejam fechadas e as luzes apagadas.

Além dessas pequenas tarefas diárias, os alunos são encorajados a se envolver diretamente nos cuidados de manutenção geral realizando limpeza (souji) das salas de aula, corredores e banheiros. Além disso, são igualmente responsáveis pelo preparo da comida que será oferecida no dia a dia, bem como pela arrumação e pela organização do refeitório. A merenda escolar japonesa é composta de arroz ou pão, servido com um prato principal de peixe ou carne, acompanhado de vege-tais, sopa e leite.

O envolvimento direto nas atividades diárias como limpeza de áreas comuns e no preparo das refeições coletivas, tem a função de desenvolver, durante o período da infância, o senso de responsabilidade

e o respeito pela comunidade, caracterís-ticas reconhecidas internacionalmente.

Missão do Sieeesp ao JapãoA missão de educadores realizada pelo

Sieeesp, entre os dias 14 e 18 de maio de 2018, poderá gerar resultados positivos no inter-câmbio educacional entre Brasil e Japão em curto prazo. Em contato com autoridades nipônicas, o sentimento de satisfação foi unânime. Nunca antes uma delegação de educadores estrangeira tão robusta, com mais de 60 integrantes, havia visitado o país e demonstrado tamanho interesse em conhecer a estrutura de ensino local.

Espera-se que o acúmulo de experiên-cias e que o conhecimento apreendido durante a missão do Sieeesp ao Japão sir-vam de parâmetro para novas iniciativas nos estabelecimentos de ensino no Brasil, inspirando entidades das outras unidades da Federação a realizarem atividades da mesma natureza a este país. A Embaixada do Brasil em Tóquio está à disposição para sanar dúvidas e dar o suporte necessário à boa condução de projetos que tenham o Japão como parceiro. •

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D iplomata há 35 anos, foi a pri-meira vez que chefiou um posto no exterior. Ocupou o cargo por

quatro anos e meio, deixando-o pouco tempo após a Viagem Educacional ao Japão ser concluída. Seu sucessor, Eduardo Paes Saboia, já foi nomeado para o cargo.

André Lago, além da diplomacia, também é apaixonado pela arquitetura e autor de dois livros sobre o tema: “Ainda moderno? – arquitetura brasileira contem-porânea” (Nova Fronteira, 2005), com Lauro Cavalcanti, e “Oscar Niemeyer, uma arquitetura da sedução” (Bei, 2009). Por isso, foi o primeiro brasileiro convidado a integrar o júri do Prêmio Pritzker – Prê-mio internacional de arquitetura criado em 1979 pela Fundação Hyatt, gerida pela família Pritzker, sendo muitas vezes chamado de “o Nobel da arquitetura”.

Nesta entrevista, comenta como Japão e Brasil podem trocar experiên-cias, o que os japoneses admiram no Brasil, quais os planos de ensino para os brasileiros que querem estudar no Japão, as diferenças entre os países, destaca a notória organização do povo e respeito com os demais e o intuito do intercâmbio entre os países que, como muitos acre-ditam, não tem como objetivo copiar seus métodos e sim interpretar e adaptar à nossa forma de ser e com isso sempre melhorar a educação.

Com o então embaixadorAndré Corrêa do Lago

Entrevista

“Nosso país é novo e todos os outros já passaram por esses mesmos problemas que estamos passando hoje e conseguiram resolver. E esperamos que essa crise se resolva. Todo educador espera isso”. É assim que o então embaixador do Brasil no Japão, André Corrêa do Lago, definiu com esperança e otimismo o atual momento que o Brasil se encontra.

Escola Particular - Conte-nos um pouco sobre seu caminho até aqui. Há quantos anos é embaixador do Brasil no Japão.

André Lago - Sou diplomata de car-reira há mais de 35 anos. E essa é a pri-meira vez que sou chefe de um posto no exterior. Já faz 4 anos e meio, me sinto privilegiado de estar há tanto tempo no Japão.

EP - Quais as diferenças o senhor conseguiu perceber entre o modelo de educação japonês e o brasileiro?

AL - Acho que têm muitas diferenças porque as circunstâncias também são muito diferentes. O Japão é um país reconhecidamente muito organizado. Enfrentou imensas dificuldades e pro-blemas no começo do século, como a fome, que levaram à imigração. Depois enfrentou uma guerra e bombardeios atômicos, então há no Japão um espírito muito diferente do nosso porque nunca tivemos este tipo de ameaça, este tipo de problema. Portanto, somos muito mais tranquilos, voltados para outros valores do que o valor da grande dedicação ao estudo.

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Evidentemente, cada um tem suas quali-dades. Os japoneses admiram no Brasil a naturalidade, a tranquilidade e a alegria. E nós brasileiros admiramos no Japão a extraordinária dedicação não só aos estu-dos, à ciência, mas, sobretudo este respeito que eles têm pelo que é coletivo. Então, há uma diferença muito grande, por isso apreciamos tanto os brasileiros que são de origem japonesa, porque eles, de certa forma, trouxeram algumas das qualidades do Japão e juntaram com as qualidades do Brasil. Realmente, há grandes diferenças entre os países e naturalmente tudo por ser ajustado e melhorado. Mas a verdade é que são muito complementares às nossas formas de educação.

EP - Como o senhor avalia a relação atual entre Japão e Brasil no campo comercial?

AL - No campo comercial há uma tradição muito grande entre Brasil e Japão. O Brasil vem recebendo inves-timentos japoneses há muitos anos e

também tem uma tradição de mandar muitos produtos para o Japão. Mais uma vez isso está muito relacionado ao histórico do país. Como todos sabem, o Japão é um país com poucas matérias-primas. Tivemos desde os anos 1950 uma relação muito intensa de venda de matérias-primas essenciais desde o minério de ferro até a carne de frango, passando pelo suco de laranja, pelo café etc. Já o lado japonês, evidentemente, tem sido muito presente no Brasil pela parte tecnológica. Os eletrônicos estão cada vez mais sofisticados, nós temos uma grande diferença entre o que vende-mos um para o outro. A grande exceção é o avião. Eles compram os nossos aviões, da Embraer, o que mostra que o Brasil consegue produzir umas das coisas mais complexas e sofisticadas da indústria mundial que entra no mercado japonês e várias companhias aéreas japonesas utilizam. Agora estamos entrando na área de serviços, ambos os países estão entrando em outras áreas. Estamos

numa nova fase muito interessante e muito estimulante.

EP - Do ponto de vista educacional, há algum projeto ou planejamento para estudantes brasileiros que têm interesse em estudar no Japão?

AL - Existem dois tipos de estudantes brasileiros que podem estudar no Japão. Os que estão no Brasil e que podem ser estimulados a aprender o suficiente do idioma japonês para poder vir e fazer graduação ou pós-graduação, pois o nível de ensino no Japão é excepcional. Eles terão uma experiência radicalmente diferente. E os estudantes brasileiros que já moram no Japão. Temos aqui uma população de mais de 200 mil brasileiros. Dentre estes, 40 mil têm menos de 20 anos. Por isso, temos dois objetivos: trazer pessoas do Brasil para estudar aqui e aproveitar os brasileiros que moram aqui e já têm uma relação com a cultura japonesa e podem aprender a lín-gua com mais facilidade e se aproveitar

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ainda mais da estrutura educacional superior japonesa que, como disse, é excepcional e adaptada ao mundo con-temporâneo.

EP - Na sua visão, qual é o maior pro-blema do Brasil atualmente?

AL - Acho que temos que dar valor a muitas coisas que não valorizamos. Quando viajamos, vemos que em muitos países faltam coisas que nós já temos e o que falta solucionarmos no Brasil, são coisas que os outros já conseguiram. Nós já resolvemos coisas mais complicadas. Nossos problemas podem ser resolvidos com mais organização, cumprimento da lei, melhoras no comportamento, não só a educação e o conhecimento, mas o comportamento. Aqui no Japão o grande diferencial é comportamen-tal. Eu não acredito que haja nenhuma diferença cultural significativa, há uma diferença comportamental. E tudo isso nós podemos absorver de uma maneira muito equilibrada e que seja feita em curto prazo. Acredito que o maior pro-

blema do Brasil é a violência e, tirando isso, o resto já estamos encontrando formas positivas para resolvê-los.

EP - Com respeito aos educadores que participaram da missão do Sieeesp ao Japão, que experiências o senhor gos-taria que eles levassem e colocassem em prática em suas escolas no Brasil?

AL - Conversando com o grupo, lem-brando que foi um prazer recebê-los, acho que todos ficaram impressionados com a diferença da relação entre o que é pessoal e o que é comunitário. Foi simbolizado na Copa do Mundo no Brasil quando os torcedores japoneses, ao fim dos jogos, limpavam os estádios. No Japão não existe preconceito quanto a esse tipo de trabalho, contra essas atividades. Acho isso uma coisa muito importante porque nós, no Brasil, estamos cada vez mais avançando pra uma sociedade em que os empregos serão cada vez melhores e que as pessoas terão um aumento de renda significativo. Temo porque, na nossa tradição de educar as crianças, não há essa responsabilidade

de cuidar do colégio, e também em casa. Vemos que as crianças são muito bem tratadas, com muito carinho no Brasil, mas falta a elas um pouco de responsabilidade. Aqui há um meio termo muito interes-sante e também uma questão de deveres. A carga horária é mais pesada, muitas crianças depois do colégio fazem cursos extracurriculares, porque aqui a concor-rência é muito grande, mas no Brasil também a concorrência está ficando cada vez maior. Acho que o que aconteceu no Japão vai acontecer no Brasil, portanto, é muito interessante a gente se antecipar e acredito que as escolas que se antecipam neste comportamento, de uma socie-dade mais moderna, têm tudo a ganhar. Na realidade, tenho certeza que nós no Brasil, que conseguimos adaptar tudo, de uma maneira sempre mais divertida, podemos transformar isso numa grande brincadeira muito positiva. Não é copiar o que os outros fazem e sim interpretar e adaptar à nossa forma de ser e, com isso, sempre procurar a melhoria da educação. •

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H elena Miyashiro é brasileira, nascida em Curitiba, mas mora há 28 anos no Japão onde dá as-

sistência no idioma português, japonês, e matérias do curso elementar em escolas para estudantes brasileiros que residem no Japão. Ela é contratada pela província de Hyogo para dar assistência aos estu-dantes brasileiros que estudam nas escolas públicas.

Seus avós maternos e paternos são primos, saíram no segundo navio desde Okinawa imigrando no interior de São Paulo. Seu avô materno trabalhava com im-portação e exportação, e seu avô paterno viveu como agricultor. Seus pais também eram parentes de segundo grau, ela conta que antigamente era muito comum o casa-mento entre parentes.

Chegou ao Japão em 1990, então com 23 anos, no auge do movimento dekaseguim (designação para todos os trabalhadores estrangeiros residentes no Japão que tenham ou não ascendência japonesa. Os japoneses que migraram de províncias distantes para trabalhar nos grandes centros – como Tóquio e Osaka – também são chamados de decasséguis, que traduzindo para o português equivale a trabalhador migrante). Embora tivesse parentes no Japão, Helena sempre viveu com independência. “Meus dois irmãos vieram alguns meses antes, mas vivíamos em províncias distantes. Por isso sempre vivi independentemente”, diz.

É formada em Música, pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná. No Brasil, chegou a dar aulas particulares de piano e algumas de Teoria Musical em Conservatório Musical e aulas de Música no Colégio Objetivo do Paraná.

EntrevistaHelena Miyashiro

professora de música

Dos 28 anos morando no Japão, a professora só voltou ao Brasil duas vezes apenas para passear. “Logo, tirando estes dois anos que estive passeando no Brasil, o restante tenho vivido aqui” diz ela que completou, neste ano, 51 anos de idade. Crê que sua adaptação foi rápida. Em-bora tenha vivido no centro de Curitiba, afastada das comunidades nipônicas, diz ter tido uma criação severa e embasada nos pensamentos japoneses. “Logo, não tive problemas com a alimentação e cos-tumes. Apenas o idioma que aprendi aqui no Japão”. Sobre os costumes e tradições mantidos pelos japoneses, Helena é en-fática: “como os próprios japoneses dizem, nós descendentes preservamos mais a filosofia dos antepassados. Os jovens daqui estão mais americanizados”, diz.

Confira uma breve entrevista com a professora:

Escola Particular - O que mais gosta do Japão?

Helena Miyashiro - Gosto do senti-mento de responsabilidade dos Japoneses, do comprometimento em preservar a natureza, da segurança e da facilidade de locomoção dentro do País. Os meios de transporte são confiáveis no que se rela-ciona a pontualidade e segurança. Ainda se pode confiar na maioria dos cidadãos, na gentileza e na seriedade.

EP - O que mais gosta e sente falta do Brasil?

HM - Sinto falta da alegria natural do povo brasileiro. Aqui existe o respeito mútuo, mas também se sente uma barreira nos sentimentos de amizade. A maioria das pessoas sempre mantém certa distância.

Eles dizem que serve para proteger a pri-vacidade mútua.

EP - Quais são as diferenças entre a educação japonesa e a brasileira?

HM - No Japão o período que os estu-dantes vivem dentro das escolas é relati-vamente longo. Por isso, o envolvimento e a influência que a escola tem sobre eles é mais intenso. E não é só isso, o conteúdo das atividades também é mais rico.

EP - Em quais pontos o Brasil poderia melhorar na educação?

HM - Inicialmente, penso que deveria ser dado mais atenção à conscientização dos pais e adultos de que a educação se inicia no lar, na comunidade, na sociedade. Antes de se pensar na atividade escolar tem de se qualificar o ambiente que o cerca. Assim, quando a criança ingressar no estabelecimento escolar, terá um melhor envolvimento com o conteúdo proposto.

EP - Você vê um ponto positivo dos brasileiros em relação aos japoneses?

HM - O Brasileiro tem sempre muito jogo de cintura, uma maneira versátil para solucionar as diversas situações. Já a maio-ria dos nipônicos são demasiadamente presos por regras e imposições. Se bem que tem havido mudanças nesta última geração.

EP - Pensa em voltar a morar no Brasil?HM - No momento, quero desfrutar

a vida no Japão e em outros países, mas penso em voltar ao Brasil. Penso em pas-sar a minha última fase da vida no interior de São Paulo ou do Mato Grosso, vivendo cercada da natureza. •

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U m grupo de brasileiros gestores de escolas particulares visitou, em maio, escolas de Educação

Básica do Japão – na sequência de um programa educacional internacional que já tem cerca de 20 anos.

Acredito que uma visão geral até surpreende ante as expectativas que poderíamos ter do que se faz no Japão – começando pelo contexto histórico.

O Japão teve entre seus primeiros visitantes ocidentais nossos próprios an-cestrais colonizadores – os portugueses. A partir deles os japoneses conheceram armas de fogo, que foram copiadas e aprimoradas pela habilidade que pos-suíam na forja do aço. Mas essas armas começaram a desestruturar a hierarquia de poder no Japão e logo foram banidas pelos samurais que passaram a controlar a sociedade no período Edo (1603 a 1868) afastando o Japão da cultura ocidental. Isso durou até a chegada da restauração monárquica com o imperador Meiji (1868 a 1912), quando a nobreza se impôs ao feu-dalismo samurai, tendo como estratégia a recuperação do atraso em relação aos conhecimentos dos ocidentais.

Nessa recuperação a educação teve papel primordial – propagando as avan-çadas ciência e tecnologia dos países do ocidente e, assim, remodelando a socie-dade japonesa.

Essa ocidentalização incluiu um com-ponente desastroso, que foi uma tardia imitação das ações imperialistas europeias do século XIX – com invasões na China, Tai-wan e Coreia. Isso acabou levando o Japão, entre 1941 e 1945, a enfrentar os Estados Unidos na 2ª Guerra Mundial, terminando por se submeter a uma rendição total.

Apesar de serem derrotados mili-tarmente pelos estadunidenses, os japoneses foram apoiados econômica e tecnicamente pelos vitoriosos. Assim, após o final da guerra em 1945, iniciou-se uma total recuperação do país que acele-rou sua transformação numa moderna sociedade industrial (no que foi ajudado pela proibição de gastos militares, que se transferiram a outros setores e ala-vancaram os esforços educacionais do Japão no pós-guerra). Em pouco tempo os japoneses começaram a produzir au-tomóveis baratos e de qualidade (modelo Toyota), conseguindo competir com a

indústria automobilística americana. Tam-bém se tornaram líderes em eletrônica, com a produção de televisores coloridos – superiores aos americanos. Além de desenvolverem tecnologia pioneira nas fitas e aparelhos de videocassete que, embora hoje nos pareçam obsoletos, trouxeram uma nova cultura de gravação e reprodução da imagem para o ocidente.

Com o advento da Internet, do ce-lular, de uma nova “civilização” digital, surgiram outros centros de tecnologia no oriente – Coreia do Sul, Taiwan, China – ofuscando de algum modo a exclusivi-dade do brilho tecnológico japonês que, entretanto, ainda mantém grande vigor.

Recentemente tivemos no país a chegada de novidades de tecnologia educacional na esteira dos esforços de comercialização dos produtores de novos dispositivos digitais. Por isso, poderíamos imaginar que em tais terras orientais, com tamanha força pioneira nessa área, encontraríamos uma educação hitech completamente imersa em apps, tablets, soluções sem fio, lousas digitais etc.

No entanto, em todas as escolas visi-tadas, a presença mais marcante era da

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cultura e dos valores tradicionais. Com aprendizagem na disposição clássica – professores ensinando e os estudantes, atentos, recebendo conhecimentos. Quanto à presença da tecnologia edu-cacional digital, ela esteve muito mais discreta do que o esperado. Até mesmo as lousas negras para escrita a giz pre-dominavam.

Numa das escolas de ensino médio, de natureza técnica, encontramos sessões de modelagem, de forja, de pirografia, de confecção de maquetes etc. – tudo absolutamente analógico. Isso mesmo – no país criador de muitas das inovações tecnológicas recentes, os dinamômetros para estudo da aplicação de forças usa-vam molas e não tinham qualquer indica-dor eletrônico.

Por aqui, quando estamos começando a ter noção dos estragos que a corrupção e a falta de boas regras produzem, está ficando clara a dificuldade em mudar essa nossa cultura. Por isso não parece nada absurda a prioridade dos japoneses na consolidação dos valores, das regras sociais saudáveis, do respeito mútuo etc. Uma cultura que não se constrói na fase adulta, não depende da melhor tecno-logia e se forma ao longo do tempo. Ao contrário, uma boa tecnologia se ajusta a nosso dia a dia de forma quase natural – é como se fosse uma segunda natureza. Isso ocorre quando abrimos uma torneira e consumimos água potável ou quando usamos outros componentes sanitários – todos envolvendo uma sofisticada tec-nologia que passa despercebida por nós ao nos beneficiarmos desses produtos. É também essa mesma naturalidade que encontramos em nosso consumo da nova civilização digital com seus dispositivos e aplicativos onipresentes.

Por isso o contexto cultural é essencial para entendermos o sucesso da educação japonesa. Ele resulta numa educação

Carlos Eduardo Bindi – Grupo Educacional Etapa

básica forte, que estimula a dedicação e a cooperação, cujos bons resultados imediatos podem ser constatados pelos espetaculares resultados do Japão em Ciências e Matemática nos exames inter-nacionais do PISA. Resultados que mais adiante são visíveis na impressionante competência do país em sua produção tecnológica.

Na viagem constatamos isso e um pouco mais. Numa última visita, a uma escola especializada em aprovar os alunos em vestibulares (isso mesmo – eles têm algo muito parecido com o que temos aqui), fomos absolutamente surpreendi-dos por uma banda de metais e percussão composta de meia centena de alunos do Ensino Médio tocando sucessos musicais, incluindo uma batucada fabulosa de deixar de queixo caído os ritmistas de nossas escolas de samba. O último mito, de japoneses nerds e robotizados caiu ba-rulhentamente ao som entusiasmado de jovens que, empolgados, ofereceram uma inesquecível homenagem aos brasileiros que visitaram sua escola.

Muitas vezes podemos aprender mais com impressões gerais do que com exaustivas descrições de detalhes. Certa-mente podemos dizer isso da experiência que nos trouxe essa visita dos educado-res brasileiros ao mundo educacional japonês. •Alunos prestam homenagem musical aos diretores brasileiros

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Viagem Educacional

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E sta é a 20ª Viagem de Estudos promovida pelo Sieeesp e orga-nizada pela IES. O grupo contou

com a participação de 61 educadores que puderam trocar experiências, conhecer, aprender e conhecer o Japão. Tivemos também a parceria da Agência Quickly Travel que nos acompanhou por todo o tempo da viagem, com seus intérpretes e guias maravilhosos, com muita atenção e dedicação com o grupo. Também não podemos deixar de citar a Embaixada do Brasil no Japão que nos deu apoio e prin-cipais esclarecimentos sobre o Sistema Educacional Japonês.

Os Educadores ficaram muito satis-feitos com a viagem, puderam trazer para suas escolas experiências e saberes preciosos para o dia a dia. O Japão, infe-lizmente, é um dos países que convivem com terremotos e outros fenômenos da natureza, por isso a engenharia civil local desenvolveu diversas tecnologias que ajudam seus cidadãos nos momentos de desespero. Os prédios e casas contam com uma excelente infraestrutura contra abalos e tsunamis. As escolas treinam seus alunos para casos de emergências, estocam mantimentos e os orientam para a proteção de suas vidas.

Nas escolas visitadas observamos os alunos limparem suas próprias salas. As refeições são feitas dentro da sala de aula e os próprios alunos têm a missão de buscar essas refeições com carrinhos apropriados.

Em algumas escolas existe uma disci-plina chamada “VIDA”, que ensina manei-ras de lidar com assuntos pertinentes aos problemas que todos enfrentamos no dia a dia. A priorização ao respeito é a base principal na educação japonesa, como cuidar do outro e cuidar do espaço que o outro irá ocupar.

Esses e outros fatores foram deter-minantes para termos o Japão como um exemplo mundial em Educação e sua fama

de ser um dos melhores nessa área cor-respondeu totalmente às expectativas.

A segurança é outro ponto forte. A liberdade do ir e vir traz a certeza de que você não sofrerá nenhuma violência ou agressão. As crianças japonesas cami-nham para as escolas sozinhas ou em gru-po. A comunidade é parceira no traslado dessas crianças, desde a saída de casa até a escola, que são guiadas pelos mora-dores. Normalmente os moradores mais velhos do próprio município ficam com essa tarefa. É apaixonante ver desde os pequenininhos até os maiores, seguirem andando pelas ruas rumo às escolas.

Os alunos são conhecidos como “sucesso em matemática” e não se sabe explicar tal fato, talvez por estudarem muito o dia todo e sempre terem em casa as tarefas complementares de fixação do aprendido. Estuda-se muito e não se tem dias de descanso, para eles é normal em um domingo usar o dia para fazer traba-lhos em museus, parques etc.

Interessante lembrar que nas esco-las visitadas, no início do ano letivo, em abril – diferentemente do Brasil, que tem fevereiro como o mês de início das aulas –, os professores têm como hábito visitar as casas dos novos alunos, para conhecer melhor as crianças e suas famílias.

O povo japonês cultiva tradições milenares, é uma sociedade organizada e de respeito ao outro, o que se observa na forma de receber e na pontualidade.

A frequência nas escolas é de 99% e o índice de analfabetismo é zero. Os alunos permanecem por 6 horas na escola, ex-ceto para o ensino fundamental, e levam tarefas para casa para fixar a matéria e mantê-los ocupados.

Um espetáculo a parte foram as visi-tas ao Monte Fuji, vilarejo típico de Sato, Floresta de Bambu Sagano, Mercado do Peixe, Salão Dourado, templos budistas, o famoso Trem Bala e o Parque de Nara, além de outros. Realmente, inesquecível! •

O povo japonês cultiva tradições milenares, é uma sociedade organizada e de respeito ao outro, o que se observa na

forma de receber e na pontualidade

naila Rodrigues PenelloPedagoga, Psicopedagoga, Pós Graduada em Gestão de Pessoas em Instituições de Ensino e Secretária Executiva no Sieeesp

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Viagem Educacional

A educação obrigatória do Japão inicia-se aos 6 anos e vai até o 9º Ano. Apesar disso, a maioria

das crianças iniciam na escola por volta dos 4 anos. O ensino Médio, apesar de não ser obrigatório, é frequentado por quase 100% dos jovens.

As crianças vão a pé para a escola por uma rota pré-estabelecida, demarcada na rua. Saem de suas casas e percorrem esta linha demarcada no chão, e pelo caminho, a vizinhança auxilia na con-dução delas para manter a sua segurança até chegarem à escola. Na saída, o trajeto acontece da mesma maneira.

Elas vão para a escola às 8h da manhã e retornam às 13h40.

Em sua rotina diária, as crianças têm aulas de Língua Japonesa, matemática, educação moral, educação física, ciên-cias, além de diariamente, almoçarem na escola e se dedicarem a limpeza dos ambientes escolares, incluindo sala de aulas, banheiros, pátios e corredores.

Realizam intervalos de 10 e 20 minu-tos entre as aulas, permanecendo no pátio da escola para brincar e se relacio-nar entre si.

As escolas, em sua maioria, não pos-suem inspetores de alunos, pois não julgam necessário.

Em seu currículo, dão muita im -portância às atividades físicas e às atividades extraclasses como: excursões, passeios, visitas a museus e monumen-tos, além de se preocuparem profunda-mente com o desenvolvimento pessoal de cada um.

As várias escolas que visitamos en-fatizaram estimular e orientar os alunos a serem:

• pessoas que pensam antes de agir;• tenham uma vida saudável (corpo

e mente);• sejam amigáveis, sociáveis, pos-

suam empatia;• tenham bom aprendizado;• se preocupem com a saúde física

para viver bem;• sejam pessoas que não fraquejam;• que possuam resiliência;• que sejam capazes de se erguer

frente aos desafios.Estimulam a convivência entre vários

grupos de alunos, de diferentes idades para que desenvolvam:

• autonomia• gratidão para com os outros;• empatia;• compaixão e ternura para com os

mais fracos.Além disso, existe uma atenção muito

especial em relação à disciplina dos alu-nos, onde possuem projetos específicos para isso.

Possuem cerca de 210 dias letivos ao ano.

• Férias de verão: de 20/07 a 31/08;• 20 dias no fim do ano;• 10 dias na primavera.No ensino primário, tem de serem

cumpridas 200 horas de matemática e 300 horas de Língua Japonesa.

As avaliações dos alunos não pos-suem caráter para reprovação. Servem para nortear e medir a aprendizagem do

aluno e para o professor corrigir a sua rota de trabalho e as orientações ne-cessárias para que o aluno se desenvolva e cresça em seu aprendizado.

Caso o aluno não tenha o desempen-ho esperado durante o período até o 9º ano, ele deve ter um trabalho extra que, muitas vezes, é realizado fora da escola, mas, independente do resultado, o aluno nunca será reprovado até o 9º ano.

Durante o Ensino Médio, a reprova-ção pode acontecer e caso o aluno ne-cessite de aulas complementares além das que são oferecidas dentro da escola, deve procura-las em cursinhos extras.

São comuns alunos que durante o en-sino médio estudam os três períodos do dia, pois o ingresso para boas faculdades é bastante concorrido.

No Japão há muita dificuldade na formação de professores epor isso tem havido falta de professores.

Para treiná-los, utilizam a experiência dos professores mais antigos realizado dentro da própria escola.

O salário inicial do professor no Japão é de U$ 2,2 mil (dólares) - básico de 8 horas,

Educação no Japão

Cenira Lujan

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mas o professor, geralmente, trabalha 11 horas e não recebe hora extra.

Conhecemos várias escolas com perfis diferentes, localizadas em diversos bairros.

Em algumas percebemos que pos-suem uma classificação de alunos para entrada no ensino médio, no intuito de oferecer a um grupo mais seleto de alu-nos, uma educação diferenciada baseada no ensino de línguas, matemática e ciên-cias. Por meio de projetos diferenciados, como por exemplo, diminuir o número de alunos para as aulas de matemática, desenvolvem habilidades globais (comu-nicação, interação e cultura) nestes alu-nos, os colocando à frente das melhores universidades do Japão.

Alguns projetos se destacaram em al-gumas escolas, mas o que chamou muito a atenção é que o país que possui um dos maiores desempenhos na educação no mundo, segundo o PISA, não possui, em sua maioria, escolas altamente tec-nológicas, metodologias diferenciadas ou projetos tão fantásticos, mas pos-suem foco, disciplina, resiliência e deter-

minação. São competitivos e querem ser bons no que fazem.

Esforçam-se ao máximo para conse-guirem atingir seus objetivos e possuem uma educação bastante rígida, onde se-guem as regras com muita disciplina, tanto em casa como na escola onde estudam.

Durante os dez dias em que fiquei no Japão, conhecendo algumas escolas e andando pelas ruas das cidades de Tókio, Osaka, Quioto e Nara, chamou-me muita atenção aspectos da cultura japonesa, no que se refere ao relacionamento com o outro, com o meio ambiente e o quanto os japoneses se preocupam com sua saúde e bem estar. Há uma ex-traordinária preocupação em manter os ambientes coletivos limpos, organizados e cada pessoa se responsabiliza com o descarte pelo o lixo que produz. Isso faz com que os ambientes públicos sejam extremamente limpos, sem terem se-quer uma lixeira pelo caminho. Dentro das escolas vemos ações que reforçam todo comportamento observado fora dela. Os alunos possuem horários para a realização da limpeza do colégio e de

todos os espaços coletivos, mantendo os ambientes limpos. A coleta de lixo como responsabilidade de cada um e a disciplina na execução de suas tarefas e no relacionamento com o outro também foram aspectos que chamaram muito a atenção. Percebi que os alunos são estimulados a adquirirem autonomia, gratidão para com os outros, empatia, compaixão e ternura para com os mais fracos, além de pensarem antes de agir e se preocuparem com a sua saúde física e mental para viverem bem. •

São comunsalunos que

durante o ensino médio estudamos três períodos

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Viagem Educacional

Japão 2018

A viagem internacional a escolas organizada pela IES/Sieeesp este ano foi ao Japão, um país notável

por suas conquistas educacionais. Um grupo de educadores brasileiros ocupou 10 dias nesta travessia pelo dinâmico país asiático.

No traslado do aeroporto de Tóquio até o hotel a guia já adiantou um dos principais aspectos da cultura do país: a pontualidade, que junto a outros elemen-tos culturais é parte essencial do sistema educacional.

Na primeira impressão, a cidade de Tóquio se apresenta como um complexo urbano com elevadíssima concentração humana. Desde logo percebe-se a paixão dos japoneses por harmonia. Jardins intercalam-se em um mundo de concreto, ponteando de verde os espaços conquis-tados entre um e outro edifício. Cores se projetam entre delicados arranjos de flores, destacando-se das linhas rudes e pontiagudas dos arrojados arranha-céus. Há um agradável resultado da obsessão dos japoneses por flores e pela natureza que recriam em pequenos cursos de água repletos de carpas vermelhas e douradas. Em meio a elegantes vestimentas de corte ocidental – dominando completamente a cena –aqui e ali ainda brilham os quimonos usados pelas mulheres em ocasiões

especiais, coloridos e caprichosamente enfeitados.

Nossa guia revelou um segredo: as mulheres japonesas se acham acima do peso ideal, mas o que mais os brasileiros encontraram foram mulheres jovens ou joviais, de pele luminosa e corpo esbelto. A preocupação com a beleza se apresenta no imenso o consumo de cosméticos no país.

O Japão ama o equilíbrio e a sua-vidade. Seus doces e seus salgados são suavemente temperados – pouco açúcar e praticamente zero sal com o consumo de pratos à base de algas, frutos do mar e arroz.

Nesse contato inicial, antes da visita a escolas, aprendemos também um pouco sobre as religiões locais. Elas dividem-se entre budismo, xintoísmo e mais alguns “ismos” que o Japão traz de outros países e culturas. Não encontramos uma de-voção religiosa exagerada. Em frente das imagens dos templos os fiéis purificam-se com fumaças, lavam as mãos. Nos templos acendem velas e incensos para afastar os males do mundo.

Nosso primeiro contato educacio-nal ocorreu na embaixada do Brasil em Tóquio, concebida por brasileiros. Um prédio pequeno, de concreto cru, situado em uma rua calma, deixa apenas uma curva em amarelo sobressaindo no amplo

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JapãoUm país de suavidades

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As atividades extracurriculares são feitas por meio do que denominam clubes. Há clubes esportivos, clubes musicais e outros. Em todos os momentos procura-se a harmonia do conjunto, incentivando entre os estudantes a cooperação e o sentido de responsabilidade.

Vindos de um país em que as crianças não podem andar sozinhas pelas ruas, encontramos no Japão algo totalmente dis-tinto. O trajeto dos alunos de suas casas às

não há reprovação durante o Ensino

Fundamental, mas para a criança

passar ao Ensino Médio tem de se submeter a um exame seletivo

espaço que leva da escadaria à entrada do prédio. Seu pequeno auditório mal com-portou as 62 pessoas que faziam parte da comitiva brasileira.

Nas exposições iniciais, autoridades educacionais descreveram as linhas gerais das escolas japonesas. A escola tem um currículo amplo em período integral que vai de corte e costura e marcenaria até culinária, mas o mais importante é a dedicação a matérias disciplinares como matemática, língua japonesa, ciências em geral. Os japoneses têm dificuldade de se expressar em inglês por peculiaridades da sua fonética predominantemente vocálica e preocupam-se em aprimorar o ensino do idioma.

Professores trabalham pesadamente – além do período contratado – chegando a 10 horas por dia. Além disso, é comum visitarem pelo menos uma vez a casa de cada aluno para terem uma noção do ambi-ente. Pelo trabalho extra, recebem apenas um pequeno percentual aplicado ao salário regular. Há um controle muito grande do Estado sobre a educação. Não há reprova-ção durante o Ensino Fundamental, mas para a criança passar ao Ensino Médio tem de se submeter a um exame seletivo. Apesar disso, é praticamente universal a educação básica no país, atingindo mais de 90% dos jovens em idade escolar.

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Viagem Educacional

Japão 2018

escolas é feito sob o controle de pessoas da comunidade – por rumos demarcados em que os jovens caminham em fila sob o olhar atento de pais e adultos que ajudam na segurança e também em qualquer situação de emergência. Há enorme tranquilidade nesse processo que nos deixa sonhando com algum dia em que poderemos ter isso em nossa terra, para nossos filhos.

Nas escolas os alunos são incentivados a cultivar hábitos de limpeza, arrumação e organização do local de uso próprio e zelar pelo patrimônio escolar. Não encon-tramos nas escolas públicas que visitamos corredores sujos, nem vimos paredes rabiscadas ou carteiras danificadas. Na cultura japonesa há a forte identificação de que o espaço coletivo é responsabili-dade de todos.

Mas a educação do Japão não é um mar de rosas. Há desafios a serem transpostos, como o bullying e a de-pressão entre os jovens – nada que não encontremos no Brasil. E, quando se fala em imigrantes, nem sempre eles são recebidos de braços abertos e muitos recém-chegados se sentem discrimina-dos. Embora em quantidade pequena, mas crescente, há imigrantes de língua portuguesa. Ao contrário das obrigações

educacionais do Estado com os jovens japoneses, não existe para o imigrante a mesma proteção.

As escolas que visitamos eram ger-almente novas ou reformadas, com boa arquitetura, amplas e arejadas salas, boa acústica. Cada sala comporta cerca de 45 carteiras. Nelas a lousa é muito utilizada e os recursos tecnológicos tem discreta presença. São salas limpas, sem cartazes. Diferentemente do que encontramos em visitas anteriores a outros países da Eu-ropa e da América, também com relação ao visual, predomina a moderação. Alunos sentados ouvem com atenção o que o professor fala. Não se vê ações paralelas interrompendo a aula. No intervalo ocorre

o que se espera de todas as crianças e dos adolescentes normais: eles correm, conversam e se agitam. Professores e alunos andam de sapatos apropriados ao uso exclusivo dentro da escola. Na entrada dos edifícios existem vários armários para deixar os calçados que trazem sujeira das ruas – aliás, um hábito geral adotado nas casas orientais.

Como eles dão muita importância à parte esportiva, nas escolas há grandes quadras, com piscinas frequentemente abertas à comunidade.

Segundo os diretores das escolas, as crianças são educadas para tomarem decisões e saberem o que querem, daí a necessidade de um leque de possibili-

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nas escolas os alunos são incentivados a cultivar hábitos de limpeza, arrumação e organização do local de uso próprio e

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Célia PassoniGrupo Educacional Etapa

dades tanto nos esportes como na oferta de disciplinas curriculares.

O Japão está entre os primeiros lugar-es do PISA, mas não é só nas disciplinas acadêmicas que sua educação se destaca. Nas escolas é dada muita atenção à música e chegam a formar pequenas orquestras, algumas de excelente qualidade.

O aprendizado do alfabeto em kanji (ideográfico) se dá gradativamente e alguns de seus milhares de caracteres só são aprendidos ao final do ciclo médio. O desenho das letras exige habilidade razoável e destreza manual, com domínio do pincel, do uso da tinta. Uma verdadeira arte que impressiona todos aqueles que contemplam o exercício.

Nas escolas particulares os pais pa-gam cerca de 70% do valor da anuidade e os restantes 30% vêm do governo. A inadimplência é baixa. Quanto aos portadores de necessidades especiais, é comum serem direcionados a outras instituições. Os professores fazem parte da imensa classe média japonesa e estão dentro das expectativas salariais das de-mais profissões liberais. Não há queixas nesse tópico, mas eles sentem que são submetidos a um regime de trabalho extremamente duro.

Vamos terminar voltando ao aspecto cultural – tão prevalecente em tudo o que diz respeito ao Japão – do lar à escola. Existe entre eles algo muito diferente do que nos acostumamos a ver em países ocidentais.

No espaço comum o dever de cada um é colaborar com o bem-estar do outro. Tudo é muito limpo – ruas sem latas de lixo, transporte público e ambientes pú-blicos impecáveis. O lixo é de responsabi-lidade de quem o produziu. Não se come

nas ruas, não se mastiga andando. Não se entra em lojas com bebidas ou lanches. Lugar de tomar sorvete é na sorveteria, lugar do almoço é no restaurante, do café na cafeteria. Como é a casa dos japoneses? No seu espaço privado não há neces-sidade desses cuidados. A casa pode ser desarrumada, bagunçada, cheia de lixo, suja – embora raramente o seja –, mas o espaço público é preservado.

Como se pode esperar, não há ruídos excessivos, não se fala alto, não se fala ao celular dentro de um espaço público, Os japoneses têm uma formação que ressalta valores morais e honestidade. Os jardins são bem cuidados, as águas são límpidas, as flores delicadas, os desenhos coloridos. A comida é colorida e suave. Um país de harmonias e gentilezas. Uma cultura da elegância e do respeito. Uma visita que surpreendeu e que produziu nos brasileiros encanto e admiração. •

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Viagem Educacional

E m recente visita ao Japão, duran-te um evento educacional, mais de 60 mantenedores de escolas

privadas brasileiras puderam conhecer um pouco sobre o sistema educacional daquele país, observando ainda sua cul-tura, tecnologia, desenvolvimento social, dentre outros aspectos. Chamou-nos a atenção ver que naquele lugar vivem em paz milhões de pessoas em grandes metrópoles, com nível social tão elevado e um desenvolvimento de tecnologia que é copiado e admirado no mundo todo. Então nos perguntamos, quais são os segredos do Japão?

Em primeiro lugar, o que ficou evi-dente foi a Educação do povo japonês, no seu sentido mais amplo, como formação de um povo, seus valores, o respeito que possuem às suas regras e leis. Princícios

O Japão ea Educação

aplicados desde a formação das crianças e adolescentes, visando uma vida social saudável e coletiva.

Antes desta viagem, eu já dizia que seria como estar em outra galáxia, pois poucas coisas poderão ser copiadas e coladas para a nossa realidade. Verdade! Dentre todas as diferenças e percepções que tivemos em uma visita rápida a um país milenar e tão intenso, podemos des-tacar as diferenças conceituais. Para o japonês, duas palavras ou conceitos são extremamente importantes: kyoiku para Educação e valores que vêm de família e shitsuke para Ensino.

Como em nosso idioma, também te-mos duas palavras: educação e ensino, que possuem dois conceitos completamente diferentes, ou no máximo complemen-tares. Porém, a sociedade brasileira ignora

a importância destes dois conceitos e da diferença entre eles. Se mantém na con-fortável posição de achar que educação é papel exclusivo da escola, e que portanto, é dela a culpa ou tarefa de educar os jovens e adultos. A escola acaba sendo cobrada por todos os problemas e mazelas da nossa sociedade, desde a violência, até a falta de respeito ao próximo, à sociedade e à natureza. Quando perguntamos às pessoas o que pensam sobre como está a Educação no nosso país, a maioria afirma que está ruim, e complementam dizendo que a escola é muito fraca.

Ainda sobre os conceitos de Educa-ção e Ensino, remontando ao respectivo significado destas palavras em portu-guês, podemos afirmar que: Educação é todo o processo humano de vivência e experiências, que forjam seu caráter,

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suas crenças, seus valores e verdades. Ou seja, é tudo o que sustenta e alimenta uma sociedade, onde os jovens são edu-cados pelos exemplos, vivências desde o nascimento até a morte.

Já o conceito de Ensino é um pro-cesso humano moderno, composto de técnicas, que visam ensinar ou desen-volver certas habilidades cognitivas, especialmente aquelas não naturais, como decodificar os códigos da língua ou da matemática. Ou seja, chamamos de ensino o que está no universo das letras e dos números, é aprender matemática, técnicas e métodos, etc. É diferente das habilidades naturais como andar e falar, por exemplo, as quais somos capazes de aprender sozinhos, é da nossa natureza.

Apenas para exemplificar, cito o caso de meus avós, que eram semi-analfabetos,

mas absolutamente educados. Criaram dez filhos, também semi-analfabetos e também educados. Nesse sentido, surge mais uma pergunta, o que é mais impor-tante? Educação ou ensino? As duas são complementares e fundamentais em uma sociedade, mas sem dúvida, Educação vem primeiro, pois é possível ser educado sem ter ensino. Porém temos muitas pes-soas com ensino, cursos superior, mes-trado, mas sem educação. A operação Lava Jato, da Polícia Federal, que o diga!

Então, o que vivemos atualmente é uma profunda crise de Educação, que leva nossas crianças e jovens a perderem as melhores e maiores oportunidades, pois não é possível ensinar uma pessoa que não quer, não entende e não valoriza aspectos sérios e importantes da vida, não prima pelo mérito e a competência.

E para Educar uma criança ou jovem, pre-cisamos de pouco ou quase nada, basta querer, se dispor a fazer, e dar o exemplo.

Nesta visita ao Japão, pude observar que aquele país se destaca no mundo em desenvolvimento de tecnologia, mas não usa tecnologia em suas escolas. Talvez porque estejam ensinando seus jovens a desenvolver a tecnologia. E nós brasileiros ensinando os nossos jovens a usá-la, ou seja estamos desenvolvendo usuários em vez de desenvolvedores.

Foram muitas as reflexões sobre a escola e o que ela pode contribuir para a sociedade brasileira, pois como sociedade estamos na contra mão da história. Temos criado nossas crianças e jovens com dois estigmas extremamente negativos, o vitimismo e a cultura da impunidade e inconsequência. O famoso “isso não dá nada”! Não permitimos que nossos filhos sofram, chorem, sejam con-trariados, e estamos sempre buscando culpados para qualquer contrariedade que eles possam sofrer. Por outro lado, se nossos filhos aprontam alguma coisa, lu-tamos e defendemos para que não sejam punidos, não queremos “traumatizá-los”. Esse comportamento social leva a uma sociedade sem resiliência e resistência. Na vida adulta, esses jovens terão muitas dificuldades no mercado de trabalho. Isso muitas empresas já percebem com a entrada de jovens profissionais.

Colocamos a escola no divã, es-crevemos um livro com esse título, e explicamos um pouco como a escola brasileira pode ajudar. O Japão é uma bela experiência, mas complexa e pouco aplicável no Brasil, pois ainda estamos muito distantes de entender e definir em nossa sociedade os reais conceitos de Educação e Ensino. •

Ademar Batista PereiraEmpresário, Diretor de Escola e Presidente da Federação nacional das Escolas Particulares – FEnEP.

A escola acaba sendo cobrada por

todos os problemas e mazelas da

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Viagem Educacional

Japão 2018

C onhecer o sistema educacional Japonês e suas escolas de perto foi uma experiência enriquece-

dora e muito agradável.Em um país tão distante do nosso,

com a língua oficial tão diferente, onde curiosamente poucas pessoas falam in-glês, o que não faltou foi proximidade dos japoneses com a delegação brasileira.

Antes de qualquer reflexão, é impor-tante levarmos em conta que o Japão possui uma tradição milenar oriental e preza essencialmente pelo bem-estar comum.

Faz parte do DNA dos japoneses pen-sar coletivamente e respeitar o próximo. O que mais nos chamou a atenção foi o fato de que em espaços compartilha-dos o bem-estar público está além do bem-estar pessoal. E pode-se notar que esses princípios são ensinados desde pequenos.

Portanto, se um japonês está resfria-do, naturalmente ele sai de casa com uma máscara para evitar que outras pessoas sejam contaminadas. Seguindo o mesmo pensamento, as ruas são extremamente limpas, porque é um espaço de todos e embora não encontremos lixeiras, cada um é responsável pelo seu lixo. Acredi-tem! Não há lixeiras e nem garis!

O japonês não come andando pela rua. Se vai tomar um sorvete ou café, toma no local e descarta o seu lixo cor-retamente.

Percebemos ao usarmos o metrô ou trens-bala que há um respeito pelo coletivo: muitos lendo ou assistindo algo, mas silenciosamente, afinal ninguém se permite incomodar outra pessoa. Não se fala ao celular no transporte público.

Ao entrarmos nas escolas, tiramos os sapatos sujos e calçamos chinelos próprios que são usados apenas no am-biente escolar.

As atividades extracurr iculares (Clubes esportivos e culturais) têm grande importância. As salas de aula japonesas têm em média 40 alunos e cerca de 7 alunos assistentes para auxiliá-los nas aulas. Os professores japoneses trabalham muito e têm a responsabi-lidade de dar aulas e também cuidar de um clube extra.

O Estado tem controle sobre o cur-rículo, material escolar, diretrizes de ensino e aprendizagem e formação de professores. Não há repetência (reprova-ção) até o final do Ensino Fundamental, portanto há um grande suporte da escola e da família para com o aluno. Há um processo de seleção para a entrada no Ensino Médio, que não é obrigatório no Japão. Os alunos também são pre-parados para prestar exame seletivo de ingresso ao Ensino Superior ou têm a op-ção de seguir um itinerário diferente, por exemplo, em escolas profissionalizantes.

Não podemos nos esquecer de falar da segurança no Japão. Os índices de

Sistema Educacional do Japãoviolência são mínimos e a maioria das crianças faz o translado da escola a pé. Elas podem ir sozinhas ou com o grupo da vizinhança, e alguns idosos e pessoas da comunidade as ajudam no caminho até a escola. Algumas casas do traslado são chamadas de “Kodomo” e são pontos de socorro em casos de emergência. Mais uma vez observamos a preocupação com o coletivo: no entorno da escola são proi-bidos alguns tipos de estabelecimentos como bares, por exemplo.

A limpeza da escola é feita por meio de um sistema de revezamento. Todos participam: alunos e funcionários, pois é importante cultivar os hábitos de lim-peza, arrumação e organização.

Com relação à merenda escolar, também há um sistema de revezamento. Os alunos ajudam a trazê-la até a sala e distribuem a comida.

Todos são orientados com relação às noções de alimentação balanceada, in-formações nutricionais dos ingredientes usados e o cultivo de hábitos alimentares saudáveis. É proibido levar para a escola refrigerantes e sucos, bem como dinheiro para comprar coisas no translado escolar, mais uma vez pensando no bem-estar e saúde das crianças.

Há um controle das escolas com re-lação ao que se levar e uma colaboração maior das famílias. Com isso garantem que as desigualdades sociais e econômi-cas não apareçam. Não podem levar

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doces ou salgados, jogos, dinheiro e nem eletrônicos.

Há um incentivo do Ministério da Edu-cação do Japão para trabalhar o ensino autêntico, interativo e proativo. Pois o aluno deve ser resolutivo, identificando o problema e buscando soluções. Por meio de uma rede, deve saber trabalhar e aprender com os demais, colegas, professores e comunidade, ampliando seus conhecimentos. E por fim, deve criar interesse pelos estudos e anseio em desenvolver sua carreira profissional.

Outra coisa que observamos é que os japoneses planejam tudo com antecedên-cia, como, por exemplo, as Olimpíadas de 2020 ou projetos que só serão finalizados em 2030. Tudo muito bem organizado.

Embora o Japão esteja muito à frente do Brasil em diversas áreas, inclusive na Educação, há ainda alguns desafios levan-tados pelos diretores de escolas particu-lares e públicas japonesas que visitamos, são eles: o aumento das diferenças soci-ais; a grande preocupação com o rendi-mento escolar e a alta performance dos alunos, o que estimula a competitividade; a quantidade de cursinhos particulares preparatórios e de apoio aos estudos; professores sob grande pressão, tanto da diretoria como das famílias, grande demanda de relatórios e de preparação das aulas e atividades até tarde da noite; e Bullying e suicídio.

A Educação Japonesa é holística e acontece em horário integral. Os profes-sores visitam todas as residências dos alunos no início do ano letivo. Aqueles alunos com mais dificuldades são mais visitados.

O Japão é um país fascinante. Com sua diversidade cultural consegue mis-turar tradição e modernidade. Foi uma experiência engrandecedora e com certeza nos trouxe muitos aprendizados e reflexões de como aperfeiçoar o ensino brasileiro e as nossas práticas. •

Priscila Garcia Gengo15 anos de experiência na área de Educação, espe-cialista em Gestão Escolar, graduada em Pedagogia, atualmente diretora pedagógica do Colégio Anglo Morumbi, ampla formação em liderança escolar e desenvolvimento socioemocional.

Sandra A. Simões Garcia de Oliveira25 anos de experiência na área de Educação, dou-tora em Administração pela Florida Christian Uni-versity - FCU, mestre em Educação, Administração e Comunicação pela Universidade São Marcos, atu-almente diretora geral do Colégio Anglo Morumbi e Colégio Ser.

Ao entrarmos nas escolas, tiramos os sapatos sujos e calçamos chinelos próprios que são usados apenas no ambiente escolar

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Viagem Educacional

Japão 2018

M ais uma vez tive a oportuni-dade de participar de uma via-gem promovida pelo Sieeesp,

a 20ª Viagem Educacional.Estar junto de pessoas de tão alto

gabarito em relação à educação e poder compartilhar ideias e opiniões é um privi-légio para poucos. Pessoas que acreditam na melhoria da educação brasileira e que trabalham para isso.

A viagem ao Japão foi além das minhas expectativas. Pude conhecer com as visitas a Kyoto e Nara, com seus templos maravilhosos, suas crenças e um pouco da cultura milenar do país. Um povo educado, respeitoso e muito gentil.

Ver o Monte Fuji, aprender um pouco sobre suas lendas, visitar o pequeno po-voado à sua volta com o artesanato local, realmente é indescritível.

O que pudemos observar nas visitas às escolas de Tóquio e Osaka foi fantástico, uma realidade completamente diferente da nossa.

Começamos com um acolhimento maravilhoso na Embaixada do Brasil. Fomos recebidos pelo então Embaixador do Brasil no Japão, Sr. André Correa do Lago, ouvimos o Chefe da Divisão de Planejamento da Educação Elementar, Sr. Shin Matsubuchi e a Vice-diretora de

Planejamento Estratégico do Ministério da Educação, Sra. Maki Tsuchida. Expli-caram o funcionamento das escolas no Japão, para que pudéssemos aproveitar as visitas que iriam acontecer.

Em seguida, ouvimos a Sra. Lilian Hata-no, professora da Universidade de Kindai que fez uma comparação da educação brasileira com a japonesa. Também ou-vimos a jornalista Taiga Gomes com suas impressões sobre os costumes japoneses.

Após esta introdução ao sistema de educação japonês, começamos as visitas às instituições, incluindo, além das escolas de Ensino fundamental e Médio, a Univer-sidade de Tóquio.

A recepção foi feita pelos diretores das escolas de uma maneira tão carinhosa e simpática que nos deixou muito à von-tade para fazermos perguntas. Também nos mostraram com muito orgulho o trabalho realizado tanto por eles quanto pelos professores.

Ao chegar a uma das visitas, tivemos uma grande surpresa quando crianças pequenas nos cumprimentaram dizendo “bom dia”, pois foram preparadas es-tudando um pouco do Brasil. Esta es-cola receberá os familiares dos atletas brasileiros que estarão em Tóquio nas próximas Olimpíadas.

Uma experiênciainesquecível

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Ver o Monte Fuji, aprender um

pouco sobre suas lendas, visitar o

pequeno povoado à sua volta com

o artesanato local, realmente é

indescritível

free

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Viagem Educacional

Em todas as escolas havia uma bandei-ra brasileira. Em uma delas até nos emo-cionou, pois a bandeira estava hasteada na frente junto com a do Japão.

A organização, a limpeza, o respeito ficam claros no primeiro contato. A preo-cupação com o bem-estar do outro é vi-sível. “Todos são preocupados com todos”. O “todo” é o que é mais importante para eles. Esta ideia foi o que mais me chamou atenção.

Uma das coisas que me impressionou durante as visitas foi a divisão das tarefas. Os alunos devem limpar e cuidar da escola. A não existência de funcionários respon-sáveis pela limpeza da escola me deixou de queixo caído. Os alunos são alegres e sabem das suas responsabilidades quanto ao cuidado do patrimônio.

Os prédios das escolas são muito bem cuidados, com espaço para o esporte, que é muito valorizado, bem como as salas de música. Todas que visitei tinham ginásios e piscinas para o desenvolvimento de várias atividades, com abertura do espaço à co-munidade nos finais de semana.

Tivemos a oportunidade de ver esco-las de Ensino Médio profissionalizantes, in-clusive uma escola de Arte, onde pudemos observar atividades como pintura em

cerâmica, tear e pintura com modelos. Uma escola só para mulheres, uma escola vocacional técnica para alunos após terem concluído o Ensino Médio (OCA) e várias outras, sempre com uma novidade para a nossa delegação.

Para finalizar nossas visitas, recebe-mos uma homenagem maravilhosa realizada pela Escola MInoh Jiyu En Koutougakkou, uma escola particular, em Osaka. Foi uma apresentação que tenho certeza que nunca esqueceremos: os alunos tocando numa banda de jazz, outros cantando e alguns segurando nossas mãos, olhando nos nossos olhos. Realmente emocionante!

Dentre tantas atividades que pude observar, uma das ideias que quero aproveitar na escola na qual trabalho, é de-senvolver um projeto utilizando uma frase da jornalista Taiga Gomes, que tivemos a oportunidade de ouvir na Embaixada do Brasil em Tóquio e que segundo sua opinião, mostra o que é o Japão: “Espaços públicos não se usam, se compartilham”.

O voluntariado como uma ação nor-mal do cotidiano desse povo também me levou a pensar em atitudes semelhantes para serem fortalecidas na escola.

Rosane Maria Gama RamosCoordenadora da Escola Monteiro Lobato, em São José dos Campos, Formada em Matemática - UnITAU, Especialista em Educação Matemática - PUCCAMP

Nós, participantes dessa viagem, temos certeza, aprendemos muito. Foi para mim uma experiência inesquecível e acredito que para todos do grupo tam-bém. •

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Fotos: Sandra Oliveira

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• SETEMBRO DE 2018 •• 20/09/2018 INSS (Empresa) - ref. 08/2018 PIS – Folha de Pagamentos - ref. 08/2018 SIMPLES nACIOnAL - ref. 08/2018 COFInS – Faturamento - ref. 08/2018 PIS – Faturamento - ref. 08/2018• 28/09/2018 IRPJ – (Mensal) - ref. 08/2018 CSLL – (Mensal) - ref. 08/2018

• 06/09/2018 SALÁRIOS - ref. 08/2018 E-Social (Doméstica) - ref. 08/2018 FGTS - ref. 08/2018 CAGED - ref. 08/2018 • 10/09/2018 ISS (Capital) - ref. 08/2018 EFD – Contribuições - ref. 07/2018

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