impressoes: marcas artisticas em sao carlos

110

description

Coletanea de textos e imagens artsticas viabilizado pelo PROExt Cultura

Transcript of impressoes: marcas artisticas em sao carlos

Page 1: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

impressõesmarcas artísticas em São Carlos

real izaçãoUFSCarPROExt/SP CulturaInstituto Cultural Janela Aberta

Page 2: impressoes: marcas artisticas em sao carlos
Page 3: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

impressõesmarcas artísticas em São Carlos

São CarlosInstituto Cultural Janela Aberta

2 011

Valdemir Miotel lo (coordenação)Cristian Cobra (organização)

Page 4: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

COORDENAÇÃOValdemir Miotel lo

COMISSÃO DE AVALIAÇÃO E REVISÃOYuri Lavandoski Amato

Maria Angel ina Kusano

Jemima Fortes Murad

Leonardo Barbosa Rossato

Douglas Henrique Perez Pino

COLABORAÇÃOMariana Campos

PRODUÇÃO E ORIENTAÇÂOCristian dos Santos

Wendy Palo Negrisol l i

DIAGRAMAÇÃO:Cristian dos Santos

EDIÇÃO:Instituto Cultural Janela Aberta

2a edição (inclui artigo de introdução)

MIOTELLO, Valdemir (coord), SANTOS, Cristian(orgs)

Impressões: marcas artísticas em São Carlos.Coordenação Valdemir Miotel lo, Organização CristianCobra dos Santos. São Carlos, Instituto Cultural JanelaAberta, 201 1 .

1- l i teratura

ISBN: 978-85-64728-00-4 CDD: 800

Page 5: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

Índice de textosPrefácio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9

Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 3

Might B - Giuliana R. Cavasin. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 4A flor do jazigo mal cuidado - Abel Jose Silva. . . . . . . . 1 7Zaratustra e Nietzsche - Marcelo Vargas. . . . . . . . . . . . . . . . 1 8Mais uma. . . Rai(mundo) - Marco A. L. Brandão. . . . . .20Sensibil idade Canina - Marcelo Vargas. . . . . . . . . . . . . . . . .23Script - Marcelo Vargas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25Pequeno cemitério - Eliezer de Souza. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26Dubiedade - Eliezer Soares de Souza. . . . . . . . . . . . . . . . . .28Sem titulo - Giuliana R. Cavasin. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31O crescimento não tem.. . - Eduardo Rompa. . . . . . . . . . .33Advérbio - Flavia Camila Gomes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34Sem título - Giuliana R. Cavasin. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42Sem título - Ricardo Gessner. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .44Linha - Flávia Camila Gomes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .46Xi. . .vazou! - Eduardo Rompa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .50Beleza horrenda - Ricardo Gessner. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .52Bipolar - Paulo Ramos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .543 x 4 = sinceridade - Ricardo Gessner. . . . . . . . . . . . . . . . . . .65Blues Equino - Marcelo Vargas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .68Bêbado - Ricardo Gessner. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71O peixe - Giuliana R. Cavasin. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .72Biografias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .76

Page 6: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

Índice de imagensOlhares de Lygia - Augusto H. Vossenar Neto. . . . . . . . 1 5Sem título - Maria Júlia Andrade Carvalo. . . . . . . . . . . . . . . 1 6Greve na arte - Augusto H. Vossenar Neto. . . . . . . . . . . . . 1 9Sem título - Carla Regina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22Companhia - Saulo Nogueira Schwartzmann. . . . . . . . .24A aventura de June - Augusto H. Vossenar Neto. . . . .27Companhia 2 - Saulo Nogueira Schwartzmann. . . . . .29Enquanto as pessoas. . . fora - Laura Teixeira. . . . . . . . . . .30cruzadas - Eduardo Dutra Rompa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32Sem título - Maria Julia Andrade Carvalho. . . . . . . . . . . . .34Portal - Lucas Tavares Ferreira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39O poeta - Isaac Soares de Souza. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40Antropologia - Lucas Tavares Ferreira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41Contemplação - Laura Teixeira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43Lá vai - Eduardo Rompa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45Del ineamento de. . . - Saulo N. Schwartzmann. . . . . . . . .48Funil - Lucas Tavares Ferreira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51Enxaqueca - Melissa Conde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53Modernidade - Lucas Tavares Ferreira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .56Sem título 1 - Washington Pastore Amaro. . . . . . . . . . . . . . .66Sem título 2 - Washington Pastore Amaro. . . . . . . . . . . . . . .67Central Park - Melissa Conde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .69Meio - Eduardo Rompa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .70Cidade do Clima - Laura Teixeira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .73Das duas uma - Saulo N. Schwartzmann. . . . . . . . . . . . . . . .74Going abstract - Melissa Conde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .75

Page 7: impressoes: marcas artisticas em sao carlos
Page 8: impressoes: marcas artisticas em sao carlos
Page 9: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

9

PrefácioCristian Cobra

Agente Cultural do projeto

Sempre foi comum ao Homem buscar a ori-gem das coisas, como sempre foi impossível che-gar a gênese verdadeira de qualquer pensamento.Apesar disto, sempre temos uma expl icação sobrenossas motivações. O projeto Impressões: MarcasArtísticas em São Carlos (2 010) começou a serformatado em uma conversa com o Prof. Dr. Val-demir Miotel lo. Mas como para nós o recuo é infi -nito e uma prática sempre possível , posso ir maislonge, em nossas parcerias aluno-professor e poe-ta-editor, onde sempre coincidimos no intuito detrabalhar sempre agregando. Nosso objetivo nesteprojeto ainda era o mesmo: abrir espaço para aspessoas que lutam pela oportunidade de exporseu trabalho, suas idéias.

Lembro ainda (que ao formularmos  nossaedição conjunta de um dos números da revista ci-entífica Versão Beta, que estaria aberta aos textospoéticos dos alunos do curso de Letras) não soubeo que fazer, pensei que tá grande, mas deixei as-sim mesmo, Miotel lo argumentou, sobre minhapreocupação com uma “curadoria” mais rígida dostextos: --   "Vamos publ icar e deixar que os leitoresque decidam se fulano é bom ou não é! " A frasepode assustar algumas pessoas que se uti l izam de

Page 10: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

10

outra lógica. Em quatro anos colaborando com acoordenação de uma ONG que batalha pra conse-guir a auto-gestão do artista em sua carreira artís-tica, e com mais nove anos dedicados aconstrução de uma carreira de escritor, é fáci lconstatar as dificuldades que o artista possui praproduzir ou mesmo sobreviver de sua arte. Muitasvezes, num movimento pendular, o artista se vêforçado a tender para preocupações mais “comer-cia is”, como convencionamos chamar as estrutu-ras mais comuns de produção. Mas isto é normalquando pensamos que é preciso gastos para publ i -car um l ivro ou pintar uma tela, gastos com a pró-pria formação e todo um contexto econômico.

A possibi l idade de um livro como este, queconseguimos graças ao financiamento do Progra-ma de Apoio à Cultura em Interface com a Exten-são Universitária do Estado de São Paulo-2 009(ProExt SP), nos possibi l i tou fazer um recorte geo-gráfico e temporal (São Carlos, 2 010) e dar l iber-dade ao artista, ainda que iniciante, de se projetarcom autenticidade e original idade, sem gastoscom isso.

É preciso ressaltar também a importânciadeste projeto no incentivo da Extensão Universitá-ria, possibi l i tando que o estudante apl ique seusconhecimentos na prática, ao mesmo tempo emque intervém positivamente na comunidade, inte-grando espaços muitas vezes separados.

Por isso contamos com a ajuda de umaequipe de bolsistas, pois um trabalho que se pro-põe a ser abrangente necessita de várias cabeças

Page 11: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

11

que o pense, inclusive, que todos os participantesao pensar o projeto, deixem nele suas marcas.Assim este l ivro imprime marcas que podem pas-sar inertes, fenecerem sem se inscrever na Histó-ria, no espaço da memória. Porém, o l ivro provocauma dispersão temporal , uma l iberação explosivade discursos incubados que poderão continuarsua dispersão por outras formas, outros suportes.O projeto continua ainda, como marca de forma-ção, no que a experiência de produzir, selecionar,indagar, preparar, arriscar, consultar; contribuiupara a formação prática dos bolsistas, agentesculturais e artistas.

Assim, acreditamos que este projeto tenhaconvergido com os objetivos do Instituto CulturalJanela Aberta, no apoio e formação dos artistasvinculados a São Carlos, esperando que esta açãolhes proporcione potência para novas metas e ati-vidades.

Dispersamos agora esses discursos poéti-cos ao que chamamos de “públ ico leitor”, essamassa heterogênea e amorfa que reflete e refratatudo aqui lo que lhe atinge. Com essas reflexõesfecharemos um ciclo para inscrevê-lo na memória,cicatriz-vínculo, permanência de algo que passou.Marca revisitada, que poderá, por muito tempo,esperamos, gerar histórias e efeitos.

Page 12: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

12

Page 13: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

13

Introdução

IMPRESSÕES SOBRE A ECONOMIA

DA CULTURA NO INTERIOR DE

SÃO PAULO1

Valdemir Miotello

Cristian dos Santos

RESUMO: O trabalho desenvolvido e também esteartigo se embasam no conjunto das experiênciasda Extensão Universitária recentes, como eventosde estudos na área de l inguística, cursos para for-mação docente, publ icização de produções de alu-nos e professores, e colóquios de aprofundamentoda perspectiva bakhtiniana de compreensão dosmovimentos culturais a partir dos trabalhos deFrançois Rabelais, e também da experiência da in-cubadora de artistas levada a cabo pelo InstitutoCultural Janela Aberta, associação sediada em SãoCarlos/SP. E pretende ser uma discussão sobre osmovimentos de cultura, para nós provocados es-pecificamente pelo desenvolvimento do projetoImpressões: Marcas Artísticas em São Carlos, fi -nanciado pelo PROEXT Cultura SP.

1 Artigo produzido para publ icação de l ivro sobre Cultura eExtensão Universitária do Programa de Apoio à Cultura emInterface com a Extensão Universitária do Estado de SãoPaulo (ProExt Cultura SP).

Page 14: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

14

Introdução

O projeto Impressões: Marcas Artísticas emSão Carlos, viabi l izado pelo Programa de ExtensãoUniversitária (ProExt Cultura SP), contribuiu para aarticulação destas experiências, e retomada de umprojeto editoria l , que já vinha sendo gestado emvários contatos e trabalhos anteriores, unindo aapl icação de conceitos e conteúdos acadêmicos àspraticas de organização e produção cultural noterceiro setor. E envolvendo também pessoascomprometidas com a produção e difusão cultural .A Associação Instituto Cultural Janela Aberta, atra-vés de sua função de incubadora de artistas comformação em empreendedorismo sol idário, temtrabalhado continuamente, desde 2 008, com artis-tas que sentem necessidade de apoio na produçãoe divulgação de suas artes e na multipl icação deseus saberes. Assim, o Janela Aberta não se preo-cupa apenas em oferecer eventos e produtos ar-tísticos, mas proporcionar condições deinfra-estrutura social e material e suporte de tiposvariados, para que o artista tenha possibi l idadesde desenvolver seu trabalho com autonomia sobreseus projetos e produções.

Apesar de nossa reflexão se centrar em ex-periências pontuais no interior de São Paulo, dadosconfrontados com os números gerais de produçãocultural deste estado apresentam alguns fatorescomuns. É nessa relação entre economia e culturanas dimensões do acesso, da geração de emprego

Page 15: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

15

e de financiamento, que desejamos desenvolveressa reflexão, pensando ainda, em como a exten-são universitária também pode e deve interferirpositivamente nestas relações. A cultura, seu de-senvolvimento, o aprofundamento dos conceitosque podem ajudar na tomada de decisões e in-vestimentos, a publ icização dos acontecimentosdevem ser compromisso de toda hora, dos setorespúbl icos e privados envolvidos com educação eformação. Também deve ficar claro que cabe àsinstituições se envolverem com a cultura popular,desenvolvendo gestões para que, a partir desselugar, forças de mudança possam influir positiva-mente e atuar nas inovações de vida destes gru-pos e destas pessoas.

A problemática da relação cultura popular eeconomia

Importa-nos, num primeiro momento, inse-rir a discussão da produção e do consumo culturaldas camadas populares dentro e a partir dos as-pectos econômicos. O conceito de Economia daCultura, estabelecido na década de 60, hoje temsua inserção obrigatória nas pautas do governo eda iniciativa privada. A cadeia de produção, distri -buição, acesso e financiamento dos produtos eserviços artísticos parece estar adaptando-se commuita agi l idade aos novos arranjos econômicos epolíticos. A crescente valorização da formação aoinvés do dom, do talento; a desmistificação da ar-

Page 16: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

16

te como real ização subl ime, enfim, a reorganiza-ção interna do campo artístico na articulação comas relações políticas e econômicas contribuírampara uma perspectiva da arte como necessidade edireito.

Se a arte é necessidade, interessa especial -mente ao mercado, se é direito, interessa especi-almente ao Estado. Por isso a Economia da Culturatem seu foco voltado mais às relações exterioresque o campo artístico nutre, do que suas relaçõesinternas, seus conteúdos. Essas relações, aosolhos do mercado seguem bem.

Seguindo essas projeções, o Governo Brasi-leiro tem desenvolvido também políticas de forta-lecimento do incentivo às praticas culturais:

O Banco Mundial estima que a Economia da

Cultura responda por 7% do PIB mundial

(2 003). Nos EUA a cultura é responsável por

7,7% do PIB, por 4% da força de trabalho e os

produtos culturais são o principal item de ex-

portação do país (2 001). Na Inglaterra, corres-

ponde a 8,2 % do PIB (2 004), emprega 6,4% da

força de trabalho e cresce 8% ao ano desde

1997. (PORTA, Economia da Cultura: Um Setor

Estratégico para o País)

Na história cultural é conhecida a tradição deapoio às artes e cultura por parte de atorespolíticos e econômicos importantes, comopríncipes ou governantes, empresários, finan-cistas ou amadores esclarecidos. Mas com a

Page 17: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

17

Esse novo interesse pela arte, novo especi-almente em âmbito brasi leiro, abre perspectivaspara muitos artistas, incluindo aqueles que estãoà margem das grandes mídias e distribuidoras. Aaura que se constituiu sobre a imagem do artista éum misto do gênio patrocinado por um rico mece-nas, seja pessoa física ou jurídica, ao mesmo tem-po em que constitui um oposto paradoxal , enumericamente mais real , dos artistas que nãoconseguem sobreviver de sua arte. Essa visão es-tabeleceu uma forte ruptura entre o artístico e ocomercial , que não só protegia a autonomia criati -va do artista, como inviabi l izou a integração do ar-tista com seu públ ico em aspectos econômicos.

A política públ ica brasi leira atual ainda sevolta para o mecenato. Na busca de favorecer asiniciativas culturais, desprivi legiadas no processohistórico, vemos uma enorme parte das produçõesbrasi leiras viabi l izadas por editais de fomento epela isenção fiscal . A arte e a cultura inserem-seassim, na pauta de empresas e governos, geral-mente, como despesa. Mas segundo a economistaAna Carla Fonseca, 11% do PIB dos Estados Uni-dos (aproximadamente um tri lhão e duzentos e

organização do apoio de Estado, abrem-sepossibi l idades de intervenção sistemática paraa criação de ocupações e geração de renda re-lacionada às atividades culturais, industria isou não, considerando as possibi l idades de de-senvolvimento de regiões menos dinâmicaseconomicamente (SILVA, Economia e PolíticaCultural : acesso, emprego e financiamento)

Page 18: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

18

cinqüenta bi lhões de dólares) advem das criaçõesde direitos autorais que são vendidos pelo mundotodo. Mais um indicador de que a arte e culturapode ser lucro e não despesa.

Mas, mesmo com essas novas possibi l ida-des e incentivos, temos ainda um cenário ruim.Vamos a alguns números de produção e consumo,em termos de cultura. Segundo dados do Culturaem Números, publ icado em 2 010 pelo Ministérioda Cultura, (selecionamos dados relacionados aSão Paulo e em especial a l i teratura, devida a rela-ção com o projeto Impressões: Marcas Artísticasem São Carlos) somente 2 4,19% dos municípiosreal izaram concursos de l iteratura, somente2 1,86% dos municípios real izaram feiras de l ivrose apenas 35,50% dos municípios possuem centrosculturais. Essa baixa oferta de aparelhos culturaisé consoante também com o baixo consumo deprodutos culturais, especialmente os artísticos:práticas culturais mais real izadas pelos paul istassão: ouvir música (49%), reunir-se com amigos(2 6%), ler l ivros e ir aos shoppings (2 0%) e jogarvideogames (13%). Nos jornais, entre as páginasmais l idas, a preferência pelas páginas de arte/cul-tura/l i teratura é de 17%.

Para complementar, a despesa média men-sal com recreação e cultura é de 2 2 ,8 reais nas fa-míl ias sem pessoa com formação de nível superior;88,79 reais em famíl ia com uma pessoa possuindonível superior, e 160,99 reais em famíl ias commais de uma pessoa com nível superior (2 002 -2 003). Porém, a despesa mensal per capita com

Page 19: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

19

cultura na região sudeste aumentou progressiva-mente: (2 003) 14,78 reais, (2 004) 15,18 reais,(2 005) 17,78 reais.

A Economia da Cultura tem contribuído coma solução de alguns problemas no financiamento eviabi l idade da produção artística. A concepção deque a arte gera riqueza, não somente na sua co-mercial ização imediata e direta, mas nos gas-tos/consumo de sua produção; na contratação deserviços nos âmbitos da distribuição e divulgação;na demanda de formação artística e também téc-nica; no consumo de al imentos, bebidas, mer-chandising, etc, tem fortalecido a produçãocultural .

Numa perspectiva diferente, o conceito deEconomia Criativa tem gerado oportunidades paraartistas agregarem valor intangível a produtosfuncionais. Essas tendências parecem contribuirpara a resolução de um grande problema da maio-ria dos artistas brasi leiros: geração de renda. Apossibi l idade de o artista plástico poder, não ape-nas pintar telas, mas poder trabalhar com murais,webdesigner, moda; ou mesmo a possibi l idade deobter financiamento públ ico/privado para sua pro-dução, não acalma ainda aquela velha indagação:como fica a autonomia criativa? Afinal de contas,aquele que paga a conta, não impõe seus critéri -os?

Ainda segundo a economista Ana Carla Fon-seca:

os dados da ONU revelam que 85 por centodas salas de cinema do mundo estão nas

Page 20: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

2 0

Embora o Estado vise estratégias pontuaisexatamente para manter essa diversidade, existegrande desequi l íbrio na gestão desses recursos, aexemplo de Lei Rouanet que concentra 80% deseus recursos no eixo Rio-São Paulo.

A gestão da cadeia artística por parte degrandes iniciativas privadas, apresenta-se tambémclaramente inviável , visto o que tem sido dissemi-nado pelas emissoras de TV abertas e fechadas,grandes gravadoras e produtoras, etc.

A grande questão que levantamos aqui é:em meio a uma nova e positiva perspectiva

mãos dos grandes conglomerados, 75 porcento do comercio de musica esta nas mãosde quatro grandes empresas. Existe uma pro-dução enorme que não encontra distribuição,não é que essa produção esteja superada, elanão se faz visível , não se faz acessível . Comose existisse um funi l com uma produção enor-me e a boca que vai engargalando na distri -buição, só que essa distribuição que atingeuma demanda muito menor é quem dá pautaa produção seguinte. E acaba entrando emuma série de gargalos que fazem com que defato a diversidade seja posta em risco. Não sóa diversidade somente sob o ponto de vistacultural , se essas pessoas não conseguem so-breviver de sua produção, de seu talento cul-tural , acaba tendo um genocídio de talentos.Essas pessoas terão de se dedicar qualqueroutra atividade que poderia ser exercida porpessoas sem os talentos criativo que elas têmpor que têm de pagar as contas. Então aquelesaber, aquele fazer, aquela expressão acabamnão se confirmando.

Page 21: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

2 1

econômica, pode o artista tornar-se capaz de so-breviver de sua arte e ainda ter autonomia sobreela? E se o movimento cultural migrar do trabalhoindividual izado para um trabalho colaborativo, se-rá possível alavancar a produção e o consumo cul-tural?

Uma perspectiva solidária e colaborativa

O Instituto Cultural Janela Aberta tem de-senvolvido seu processo de incubação de artistaspensando aspectos da Economia da Cultura e daEconomia Criativa. Busca, no entanto, para solu-ção do problema aqui levantado, a inserção dosprincípios da Economia Sol idária e Colaborativa.Afinal , novos tempos exigem novas posturas e oencaramento de novas valorações.

A Economia Sol idária tem sua atuação vol-tada a pessoas economicamente marginal izadas,visando a geração de renda através do trabalhocoletivo e autogestionado. Pautando-se nos princí-pios de igualdade e autonomia, a Economia Sol i -dária pode ser um instrumento de fortalecimentodo trabalho artístico através da organização cole-tiva e na busca da autonomia econômica do artis-ta, para que este possa articular suas relaçõescom o mercado e o Estado, sem uma posição desubmissão.

Quem se impõe nesse movimento é a vida,e não o mercado impessoal izado que busca acimade tudo o lucro, com base na exploração humana.

Page 22: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

2 2

Inverte-se aqui a direção dos jogos produtivos so-cia is. Aqui o movimento que está no foco é a pro-dução, circulação e consumo de construçõesartísticas e imateriais, conduzido pelos próprios in-teressados e pessoas a eles l igados por interessecolaborativo, não-exploratório, sem necessidadede expropriação. E para que se alargue a base daapropriação cultural é necessário que o valor dacolaboratividade seja manejado constantemente ede forma firme e irredutível pelos envolvidos emtodas as fases, tanto produtivas, quanto de circu-lação e de consumo.

Nosso trabalho segue por essa perspectiva.Uma compreensão teórica e de base construídapor leituras e discussões, levando a todos os en-volvidos na gestão do projeto a introjetar um mo-dus operandi colaborativo e sol idário. Umconvencimento pessoal é necessário, pois se tratade remar contra a corrente. Aqui contribuíram so-bremaneira as reuniões constantes e as discussõesfirmes, visando construir uma logística compreen-siva e de ação, pautada nestes princípios. Não nosimportava apenas executar ações no campo dacultura; importava-nos mais compreender como oprocesso poderia ser mais firmemente executado,sem perder os pressupostos do envolvimento detodos, e da produção a mais alargada possível emtermos de números de participantes, sejam en-quanto produtores, sejam enquanto consumidores.

Entendemos que esse trabalho não tem queocupar o lugar que é do Estado, e de quem preci-samos constantemente cobrar a execução da

Page 23: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

2 3

ação, haja vista sua ineficácia e normalmente adireção equivocada e comprometida com os quedominam seus aparelhos distributivos de espaço erecursos. O compromisso de quem está envolvidocom um trabalho sol idário, também no campo cul-tural , é a construção de um espaço socialmentejusto e sustentável , conduzido pelos próprios tra-balhadores, enquanto sujeitos de direito e de ne-cessidades.

Essa postura nos empurra para a área doempreendedorismo cultural conduzido pelos pró-prios envolvidos no processo. Não somos apenasconsumidores permanentemente deficitários, aquem está negado o direito de acesso aos bensculturais oficia is. Somos também produtores debens culturais, que resultam de nossas interaçõese valorações, e cabe a nós gerirmos nossa própriavida e nossa cultura.

Enfim, a preservação da autonomia do ar-tista sobre os meios de produção de seu trabalhoartístico pode garantir a integração destes com omercado e a iniciativa públ ica, sem haver, no en-tanto, submissão da criatividade (artística) peran-te a funcional idade (do mercado, dos patrocínios,etc). Para isso é preciso que o artista desenvolva:a) fontes diversas de recursos; b) conhecimentotécnico para apresentação de projetos e disputade recursos públ icos; c) formas colaborativas(mais baratas e eficientes) de produção; d) meca-nismos de captação de recurso da iniciativa priva-da através de ações no âmbito da Economia daCultura e Economia da Cultura; e) domínio sobre

Page 24: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

2 4

as novas técnicas de produção e divulgação deconteúdos na internet.

A questão do domínio e da uti l ização dasnovas mídias não deve ser deixada de lado nessetipo de inserção. As possibi l idades que se abrem apartir do uso desses suportes e de seus alcancesmuito além das outras real idades, deve nos con-vencer de que os trabalhos culturais devem serformativos também quanto ao uso e domínio dasnovas mídias.

Propostas do nosso trabalho

Quando desenvolvemos o projeto Impres-sões: Marcas Artísticas em São Carlos, tínhamoscomo premissa privi legiar artistas que tivessemmaior participação na cena artística local . O intuitoera apoiar escritores, fotógrafos e artistas plásticosque, não apenas tivessem alguma obra de qual i -dade estética, mas que desenvolvessem ações embusca de viabi l izar e divulgar essa obra, ou ainda,que desenvolvessem/participassem de ações pelaconstrução, discussão e/ou organização da cenaartística local .

Assumíamos assim uma postura de priorizaraqueles artistas que buscam a continuidade e ofortalecimento de suas carreiras artísticas. Soma-va-se ainda a ideia de inserir o maior número deartistas possíveis, tornando o l ivro Impressões, umespaço acessível para qualquer pessoa.

Após a seleção e montagem de nossa equi-

Page 25: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

2 5

pe, constituída por alunos das áreas de Letras,Linguístca e Imagem e Som da Universidade Fede-ral de São Carlos, foi produzido e divulgado umedital de seleção de trabalhos artísticos para se-rem publ icados num livro. Terminado o processode inscrição, contabi l izamos 115 obras recebidasde 19 artistas residentes ou l igados ao municípiode São Carlos, contendo contos, poemas, fotogra-fias, manipulações digitais, i lustrações e imagensde obras em tela. Recebemos também um artigocientífico, desqual ificado por fugir do escopo doprojeto. Segundo o regulamento do edital de sele-ção, cada pessoa poderia enviar até 5 poemas, 5imagens ou 2 dois contos, em quantas categoriasdesejasse.

Mediante estes números e o tamanho pre-visto do l ivro, achamos viável dar a oportunidadepara todo artista inscrito poder participar da cole-tânea, com pelo menos um trabalho publ icado.Conseguimos, dessa maneira, divulgar o trabalhode 19 artistas mantendo um nível de qual idadeestética satisfatório, segundo os critérios da equi-pe.

Essas decisões sobre os critérios de partici -pação, a divulgação do processo seletivo, a sele-ção dos trabalhos, enfim, todas as ações edecisões relativas ao projeto foram real izadas portoda a equipe, acreditando na transversal idadedas formações, no potencial do trabalho colabora-tivo e na prática do consenso. E a luta pela inclu-são do maior número de participantes parece serauto-compreensiva em uma proposta de trabalho

Page 26: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

2 6

como essa por nós desenvolvida. A não-concorrên-cia, a não-competição, mas antes a participação ea certeza de que era possível fazer diferença e fa-zer diferente motivou a todos.

Resultados de nosso trabalho

Mediante a participação dos artistas, comsuas obras e informações pessoais, tecemos algu-mas leituras e interpretações a cerca da cena localde São Carlos.

Os artistas que participaram deste projeto(2 0 artistas) são predominantemente jovens e nãopossuem produção expressiva publ icada ou expos-ta através de l ivros e grandes mostras. Essas ar-tistas jovens não parecem ter, no entanto, nenhumembaraço com a tecnologia atual , uti l izando-se deblogues, fotologues, microblogues, l istas de e-mai ls, redes sociais para divulgarem seus traba-lhos. É evidente que existe grande produção artís-tica no interior de São Paulo, mas parece que seusartistas não têm muita possibi l idade de divulgaçãodestes trabalhos pelos meios tradicionais.

As obras recebidas para compor o projetoImpressões apresentaram-se distintas e variadasna forma. Nos textos l iterários obtivemos tanto po-emas quanto contos, e quanto as imagens, rece-bemos desde fotografias puras à foto-montagens,i lustrações, pinturas, aquarelas, fotografias de pin-turas a óleo, esboços de caneta esferográfica etrabalhos a nanquim.

Page 27: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

2 7

A falta, no currículo destes artistas, de pu-bl icações e real izações financiadas com dinheiropúbl ico ou privado, mostra também que estes ar-tistas não participam ou não têm os requisitos pa-ra aprovar projetos em editais públ icos, ou aindapoder de barganha para conseguir patrocínio pri-vado2.

Essas conclusões são consonantes com asobservações desenvolvidas pelo Instituto CulturalJanela Aberta, que desde sua fundação trabalhacom a qual ificação e formação técnica dos artis-tas. Pois não se trata de uma questão estética oude conteúdo, não diz respeito diretamente a cons-tituição das obras artísticas; mas na metodologiade composição dos projetos, na uti l ização de pala-vras e conceitos chaves, no conhecimento dosprogramas que são fontes de recursos e os espa-ços de divulgação destes recursos em editais, aestruturação orçamentária, etc. Quanto a iniciativaprivada, faltas aos artistas a uti l ização de aspectosjá citados aqui , referentes a Economia da Cultura ea Economia Criativa, relacionando o produto artís-tico indiretamente às questões do comércio e dadivulgação de empresas, na sua venda, financia-mento e distribuição; e não de forma direta, sub-metendo o conteúdo da obra aos critérioscomerciais.

Por fim, visto a participação destes artistas

2 Situação bem diferente em São Paulo capital , motivo esteda reserva de cotas de projetos para o interior de São Paulo,visto a quantidade muito elevada de projetos selecionadosque são da capital .

Page 28: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

2 8

e, considerando inclusive a possibi l idade do l ivroImpressões tornar-se talvez a única publ icação emlivro de alguns destes artistas (que não seja custe-ada pelo próprio autor), torna-se evidente a neces-sidade de projetos como este, de abertura deespaço ao artista. Sabemos ser evidente, e algunsdos autores deste artigo se pronunciam na condi-ção de artistas também, e não apenas produtorese pesquisadores, é evidente a necessidade docontato com o públ ico para que uma obra artísticacumpra sua função social . Somente o contato como públ ico leitor (de textos verbais ou não-verbais)pode incentivar, desenvolver e aval iar a produçãodo artista.

Esse espaço do projeto Impressões, abriu-seem possibi l idades criativas (a ponto de termos, porexemplo, um conjunto de obras, as aquarelas deLaura Teixeira, produzidas especialmente para esteprojeto). Dar espaço ao artista criar, torna-se as-sim necessário para incentivar a produção imedia-ta, e ajudar a desenvolver e aprimorar os próximostrabalhos destes artistas.

Restam ainda outras tantas ações para qua-l i ficação destes artistas, para que estes possamconstituir assim suas fontes diversas de viabi l iza-ção de suas obras e a consequente autonomia cri-ativa. Assim como o Janela Aberta real iza açõesnesse sentido, as ONGs podem contribuir com esteprocesso e, também, a extensão universitária, porser a Academia, detentora de muitos desses sabe-res técnico-teóricos.

O próprio envolvimento dos universitários

Page 29: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

2 9

com projetos culturais, especialmente do campodas Letras, pode abrir mais um espaço de atuaçãopara estes que não seja a l icenciatura, conside-rando que muitos alunos deste curso buscam umaproximidade com a Literatura e a cultura popular.

Com a publ icação e divulgação do l ivro Im-pressões, acreditamos abrir novas janelas, pers-pectivas, para estes artistas que se inscreveram,tornando-se não apenas uma intervenção pontual ,mas causa e motivação de outras iniciativas dospróprios artistas, no intuito de darem continuidadea suas carreiras artísticas.

Olhando o futuro e algumas possibilidades

Ter desenvolvido esse projeto nos ajudou aentender melhor os movimentos culturais, em to-da a sua extensão, desde o processo criativo até oconsumo cultural . Mas gostaríamos de destacaralguns aprendizados:

a) O envolvimento dos estudantes universi-tários é fundamental , pois instala em seus hori-zontes novas possibi l idades de trabalho e novoscompromissos sociais. Certamente essa questãotem que ser alargada, com a inserção de sempremais estudantes envolvidos em todo o processo;

b) Foi fáci l perceber que a maioria dos artis-tas participantes não tinha em seu histórico publ i -cações anteriores a essa. Trata-se certamente deum mercado muito fechado, com poucas oportuni-dades. Também precisamos advogar o alargamen-

Page 30: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

30

to de fronteiras participativas. Novas oportunida-des devem ser construídas;

c) Certamente que o desenvolvimento dascaracterísticas criativas de cada artista se dá emum jogo entre as capacidades desenvolvidas porcada um, e um trabalho coletivo, social , colabora-tivo. Não estamos defendendo que as capacidadesindividuais sejam inatas, mas antes que a própriaindividual idade é de caráter social . Mas defende-mos aqui uma caminhada pessoal e uma caminha-da coletiva. Nesse jogo se dá o processo cultural . Épreciso um alavancamento maior desse jogo;

d) O processo de Extensão Universitáriatambém precisa recorrer a mais mãos, em um ir evir constante e dialógico. Levar aprendizagens,metodologias, teorias e logísticas é bom, mas en-tende que também se deve, nas Instituições deEnsino, se estar aberto para inter-ações colabora-tivas. Os que ensinam sempre tem mais ainda aprender; os que aprendem tem sempre muito maisa ensinar.

e) O processo de publ icização pode parecerbanal , mas é ele que garante a ampl iação do caldocultural existente em determinado contexto social ,que põe em jogo as ideologias e valorações, quealarga as possibi l idades de participação, e tambémque garante a continuidade explícita dos movi-mentos culturais gerados naquela ambiência cole-tiva e naquela horizontal idade temporal . Sem issose particulariza, se individual iza o constructo, enormalmente se mantem restrito a um espaçomuito particular, para deleite e esnobismo como

Page 31: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

31

tendência, e como lucro financeiro apenas.f) Ganha excessivamente, sobre o real atu-

al , as comunidades atingidas por provocaçõesculturais nascidas em seu próprio seio. É de se in-sistir em eventos horizontal izados, plenamentemergulhados em cada comunidade, e logistica-mente construídos de formas e metodologias co-laborativas. A cultura é nossa identidade, é nossopassado e nosso futuro. São nossos sonhos e nos-sas possibi l idades.

Referências bibliográficas

BAKHTIN, Mikhai l . A cultura popular na Idade Mé-

dia e no Renascimento. São Paulo/Brasíl ia , Huci-tec/UnB, 3. ed. , 1996.PORTA, Paula. Economia da Cultura: Um Setor Es-

tratégico para o País. Brasíl ia , Ministério da Cultu-ra, 2 010SILVA, Frederico A. B. Economia e Política Cultural:

acesso, emprego e financiamento.Brasília, Minis-tério da Cultura, 2 007MINISTÉRIO DA CULTURA. Cultura em Números.

Brasília, Ministério da Cultura, 2 010MINISTÉRIO DA CULTURA. Diagnóstico dos Investi-

mentos em Cultura no Brasil. Brasíl ia , Ministérioda Cultura, 2 005.

Page 32: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

32

Page 33: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

33

impressões

Page 34: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

34

Might B.

Giuliana R. Cavasin

As a noisy beeI Just want to beA hardworker that can flyFrom garden to gardenUnder the sky

Tel l about somethingAnd people push me outCause is a noisy beeIt´s boringWe were happyWithout thee

Boring the peopleWho are boringPic the peopleKiss just the flowers

My dress could beOld fashioned,My music I don´t mind

As a beeI would be free

Page 35: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

35

Living betweenRoses daises rosesAnd the skyThat infinite blue sky

Away fly

Olhares de Lygia - Augusto Hendricus Vossenar Neto

Page 36: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

36

(sem título) - Maria Júlia Andrade Carvalo

Page 37: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

37

A flor do Jazigo mal cuidado.

Abel Jose da Silva

Quebradiça. . .Putz!Esqueci de regá-la?Foi o tempo, não eu.Esquece! Sou um idiota.

Page 38: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

38

Zaratustra e Nietzsche

Marcelo Vargas

Maldito anão da gravidade,acocorado no meu ombro,enforcando-me o pescoço,por que insistes em profanar-meas graças animadas por Dionísio?Em macular a serenidadedas virtudes inspiradas por Apolo?Não vês que, assim, me fazesdesperdiçar o tempo, sem alegria,e ainda afogasem melodrama de lágrimasos afagos de Afrodite,roubando-me toda energia?Cai fora, verme,deixe-me ser, sentir, gozarem plenitudeminha condição perigosade funâmbulo no abismo;Deixe-me atravessá-lo trôpego,arriscando-me, de um lado para o outro,sem o lastro traiçoeiroda tua verve medíocre e medrosa;Vai-te, maldito!Let me be.

18

Page 39: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

39

Greve na arte - Augusto Hendricus Vossenar Neto

19

Page 40: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

40

Mais uma .. . Rai(mundo)

Marco Antônio Leite Brandão

E ela me toma de assaltoTotal e inexoravelmenteComo os marinheiros do PotemkinE me deixa assim assimComo diz Alceu numa canção:“ um bumba meu boi sem capitão . . . ”

E os meus olhos ficam sorrindoE pelo Campus a vão seguindoMas . . . a i de mim não vem ela pra mimAh o doce doce doce do açúcarAh o doce doce doce do melQue se esparrama por braçosQue nem um pedaço do meu . . .Pode ser e pra fim de conversaCaro e sempre LupicínioE encerrar com este infortúnioMeu coração neste momentoÉ todo escadaria de OdessaSob as botas do Czar

Page 41: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

41

Pois é de chapa do alojamentoMeu parceiro de copo e barA fortuna daquele fascínioQue logo vem dizer boa noiteE perguntar se está tudo bemE se é hoje que EisensteinVai ter lugar no cine clubeDo CAASO . . . e em todo casoAntes de me lançar ao marE revolucionar o mundoMundo . . . vasto mundo:Desce mais uma Rai(mundo)

Page 42: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

42

Sem título - Carla Regina

Page 43: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

43

Sensibilidade Canina

Marcelo Vargas

Meu cachorroé um poeta:Tudo fuça, todos e todas,atrás, na frente, nos cantos;

Fareja púbis, postes, pistassempre atento,por onde anda,a tudo que passaao redor.

Basta a porta se abrirPra ganhar a rua,em l iberdade;

Na volta,banho de tapete,logo na entrada,só pra comemorar;

Meu cão é pura poesiaque entra pelas ventase sacode-lhe o rabo.

Page 44: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

44

Companhia - Saulo Nogueira Schwartzmann

Page 45: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

45

Script

Marcelo Vargas

Nas esquinas inesquecíveisda juventude outrora perdidameninas moças viçosasrapazes alvoroçados e atentosmulheres sensuais por descobrir.

Madrugada adentrobate forteum coração de estudanteem corpo cada vezmais seni l .

Page 46: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

46

Pequeno cemitério de Santa Eudóxia

Eliezer Soares de Souza

Parece a cidadela do si lêncio.Nenhum guerreiro luta mais.Todos os navios já zarparam.Gemem os canaviais à sua volta.Agora tudo é eterno e santoE os reis já não reinam.O vento sobre seus muros,São sinos de desespero.Ou assoviam canções de saudades.

Page 47: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

47

A aventura de June - Augusto Hendricus Vossenar Neto

Page 48: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

48

DubiedadeEliezer Soares de Souza

A meiguice do teu rosto é tão cruelTanta doçura só me faz sofrer!Não sei se por me prender como algemas,Ou se por eu, talvez não merecer

Já que tudo que na hora passadaMe era claro e eu queria tantoSe me afigura agora, falso e mortoFeito uma fruta insossa e mastigada

Talvez seja essa imensa dúvida,Talvez seja teu olhar com fome,Talvez o sal de tua pele úmida,Seja o tempero desse amor sem nome

Assim te amo sempre espantadoCom medo de ficar, com medo de partirPois vejo em ti , meu ser assassinado,E nesse crime por você eu me traí.

Page 49: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

49

Companhia 2 - Saulo Nogueira Schwartzmann

Page 50: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

50

Enquanto as pessoas conversam o dia estálindo lá fora - Laura Teixeira

Page 51: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

51

Giuliana R. Cavasin

A portaAbertaA esperaRevela

um pôr do solno fim da tarde

Page 52: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

52

cruzadas - Eduardo Dutra Rompa

Page 53: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

53

O crescimento não tem cabimento de cimento

Eduardo Dutra Rompa

Borbulhas acontecem no bri lhar do solÉ água pra todo ladoMundo mudo aguadoE de tanto frescor me traz amorToca os lábios, se desfazMultipl ica suas facesSe hibridifica em seu caminhoSorrindo coresDas mais diversasPedaciando pedaços porososIndo pelas entranhasQuando eu crescer quero ser assim.

Page 54: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

54

Advérbio.

Flavia Camila Gomes

Nunca havia sentido a voracidade de umadvérbio, nem conhecia sua propriedade destruti -va a enraizar-me no estômago o gosto mórbido dainsol idez. O caso é que talvez nunca tivesse medeparado com um, num desses dias em que tudoparece maior que realmente é, devido ao amiuda-mento da sua condescendência moral para consi-go mesmo. Dias enfim em que se sente pequeno;pequeno demais mesmo para qualquer vésperade sentimento e ainda menor para que idéias pro-dutivas lhe rodeiem a cabeça diminuta.

(sem título) - Maria Julia Andrade Carvalho

34

Page 55: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

55

É absolutamente irônico como proporcio-nalmente a esse fato, agigantam-se ao redor asevidências de quão insignificante é sua presençana sua própria vida. E se vê como de repente seusdedos se tornaram curtos para alcançar qualquerpretexto que ultrapasse a circunferência irrisóriaque seu corpo abriga. E quando afinal chega adúvida de qual raios de átomos se aglutinarampara transmutar num corpo tão sem energia, tãoem dúvida de si mesmo até quanto à real idadeintrigante da sua existência. . . eis que me pula aoouvido um advérbio. . . Não verbo: de ação, que meimpulsionaria ânimo de ao menos empreitar aidéia do fazer, ou estado, para a i lusão do ser. Se-quer substantivo: concreto, pra apanhar certezano ar, ou abstrato para crer na independência doser. . . Talvez até mesmo uma interjeição, na suainsignificante substância fonética, tivesse-me ins-taurado um sopro de alento, mas não! Recai-meno ouvido a crueza do advérbio.

Vamos ao fato: Não há lugar mais crítico ase meter em plena crise existencial do que umbanco de rodoviária. Certo é que isso já me éamargo dia a dia a cuspir-me na cara a condiçãosocial a qual porcamente estou enlaçada. O cheiroda fumaça dos ônibus, aquele ronco, a torcida pa-ra que nenhum caduco ou porco sente-se ao seulado, Aquele vai e vem de gente que lhe ignora ecom quem você cruza quase todos os dias a igno-rar que são gente também. A conversa enfadonhadas velhas conhecidas, as insinuações das moçasdoidas a arriar a calcinha aos motoristas, assa-

Page 56: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

56

nhadas pela roupa social da empresa. Mofiosasfrases largadas por algum bêbado, o cheiro de uri-na e desinfetante engasgando o ar, os mendigosque entregam cartões ‘sou mudo’, ‘sou surdo’,‘sou cego’. . . e apertam os olhos numa cobrança,como se tivéssemos que lhes indenizar pelo fardoao qual foram sorteados na roda da desgraça. . . Asmoedas de passagens a serem inteiradas. . . Bem,um arroto verbal e olfativo que lhe impregna a ca-ra, mesmo se os olhos fechados.

Soma-se a isso, a condição frági l que tenhopara as coisas, num espírito incl inado a observarfixamente os episódios inúteis e as coisas que le-vam a lugar algum. Nessa manhã, no entanto, ta-manha era minha inflexão que nem a isso me davaconta. Caiu-me no nariz foi um cheiro insuportávelda falta debanho dessas pessoas que perambulame suam e suam e suam, depois bebem e fumam evem se prostrar justo ao seu lado, justamente nu-ma hora de embate entre seu cansaço e descrençana vida.

Isso me aconteceu. Algo. Duas mendigas eum garoto de quatro anos. Sujos, fétidos. . . e lá eu,covarde diante de mim mesma, tentando não abriros olhos. A mala da mendiga era de rodinha. . . bo-lotas de trapos e alguns carrinhos enfiados àspressas.

Uma das mulheres levanta, vai confirmar ohorário do ônibus. . . nãoconsigo evitar olhar. . . mal-dita fraqueza minha, olho. . . medro. . . Ela passa esua companheira (ao menos isso parece) fica sen-tada a meu lado com todo o cheiro ruim.

Greve na arte - Augusto Hendricus Vossenar Neto

Page 57: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

57

Acende um cigarro. . . sem sabonete, masfumo do bom. A fumaça vem-me na cara. Sorrio.Tenho horror a dar impressão de incômodo. . . co-vardeio. Pergunto se sabem o horário e a empresaque vão pegar. A menina simpatiza comigo, per-gunta-me idade, profissão, marido. . . rio. Ela diz-me que é necessário casar. Tem um ano mais queeu: 2 4. Parece 40. Diz que o menino vai ter de to-mar um banho. E ela, meu Deus? Penso.

Não quero conversa, no entanto tenho me-do de ofender ou zangar a interlocutora, minhacovardia faz-me dulcíssima. Digo cansada e fechoos olhos. Abro. A mulher olha-me a cara. . . bocejo,fecho. . . o menino quer outro carrinho. . . espera amãe chegar. A mãe é a outra. Peço a Deus quemeu ônibus chegue. Quanto mais tenta puxarconversa, mais ela fede. Abandona-me.

O menino enche porque o carrinho é dele eninguém pode impedi-lo de pegar. Quando chegarem casa você abre. . . Casa? O garoto espreme osolhinhos espantados. E onde é que a gente mora?O garoto só não leva uma bofetada porque eu abrios olhos. . . Lá! Ora. Onde é o lá? Menino esperto. Amulher ri -me sem graça. . . Quando chegarmos lávocê brinca e pronto, não amola.

Meu ônibus chega trazendo todas as poei-ras e vestígios do vômito de pobreza da minhaprópria periferia. Não dou tchau, levanto-me evou. O lá me ecoa por todos os poros. Acho queesse advérbio de repente tragou-me alma e agorameus sonhos ficaram no mesmo endereço daque-le menino. Os carrinhos dele viraram minhas vitó-

Page 58: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

58

rias, e o lá engol iu-me toda numa interrogação in-transponível acerca de como pode a vida ser tãoincerta e o nada tão presente num gosto precisode um lá que não chego. E desprendo um suspiromorno, desses bem tristes, por não saber nemmesmo se há dia pra chegar e perder-me dessenão sei onde estou. É lá. Não amolar é a chave dacasa, mais um banho quente pra tirar os restos dapobreza maior que a minha.

Essa que me fez tão menor. . .

Page 59: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

59

Portal - Lucas Tavares Ferreira

Page 60: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

60

O poeta

Isaac Soares de Souza

Não perturbes o poetaEm seu alçapão de cismas proféticasDeixes tranqüi lo o poeta,Em meio aos destroçosDos calabouços e poços,Que circundam a terra escaldadaPor suas mãos despedaçadasDe lavrar a poesia!Sementeiras férteisAlfabeto dos inertes:Poemas, prosa e sonetosRuas, campos, cidades e guetos,Todas as coisas ainda informes,São geradas nas folha de papel em brancoque o poeta rabiscaE de traços rabiscados vem à luz a vida,O sonho e o pesadeloe o impossível se torna realEnquanto os homens comem e bebemE matam e se matam pelo dinheiroEnquanto as águias dormem nos penedosO poeta acorda mais cedoInadiável compromisso de escrever a vida!Respeita o poetaNo momento de angústia procurado, imersoE as dores que ele abriga,Na cor de sangue dos seus versos! ! !

Page 61: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

61

Antropologia - Lucas Tavares Ferreira

Page 62: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

62

Giuliana R. Cavasin)

A portaAbertaA esperaRevela

um pôr do solno fim da tarde

Page 63: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

63

Contemplação - Laura Teixeira

Page 64: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

64

Sem títuloRicardo Gessner

Resplandecem num abrir de risoSem substância de um efeitoNas asas abertas de uma bocaAs marcas das essências escondidas

De um mover de lábios a força exibeUm jeito no mostrar inibidaA sinceridade de um gesto soltoNo cálculo construído sob encomenda

Page 65: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

65

Lá vai - Eduardo Rompa

Page 66: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

66

Linha

Flávia Camila Gomes

Caneta na mão. Bato. Leve menear del inhas a costurar enredos secretos. Para a moça,era apenas um cl ic, cl ic sem fim esperando ashoras monótonas de trabalho findarem. Não tinhaamanhã que não fosse o previsível : nada a sonhar,a vida se interpunha como um jogo de cartaspreviamente declaradas e qualquer aposta se lheparecia rota, engodo. Mas tecia. Era um eternorepuxar de l inhas e agulha. Às vezes,desmanchava carreiras e voltava a tecer emoutros formatos, ou meneava a cabeça emdúvidas sobre o acabamento.

Outras, por desespero, l inha e agulha eramjogadas de lado e, caneta e papel , ia buscar novospontos. Copiava mil e uma receitas, com detalhesnas medidas e l inha apropriada. Eram horas tristesde vê-la entre o trabalho inconcluso e folhas efolhas que jamais ganhariam corpo. Projetos depassarinhos, franjas, babados, toalhas. . . apenassol idão documentada. Disfarce do não encarar,mentiras de desviver até a hora em que o relógiode ponto lhe permitisse voltar a casa.

Poucas peças eram realmente concluídas; amaioria desbotava e, já muda, perdia o sentido-ser. Aí a mão apertara o fio e destecia tudo outravez. Era amargo, até. Ela, que via a vida já obracompleta das cruéis tecedeiras, passava asmanhãs incômodas dando pontos e formas

Page 67: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

67

sempre novas a l inhas de cores fortes. Pareciainconcebível sua pal idez e falta de energia, asmãos cl iqueavam a l inha, que ia poderosa, capazde objetar seu devir, formar e transformar,desmanchar-se toda e recuperar sua unidadeserena com trejeito de infância: l inha apenas. Masmais viva que as mãos nervosas metidas numcorpo dado à fatal idade do envelhecimento antesdos trinta, da derrota prévia, do descanso impostopelo medo de viver.

Tinha por exigência o si lêncio, daquele maisbruto que cala até as fagulhas da alma. Eradesconfiada, sabia que murmúrios desembocamclareza. E esta dói e magoa os olhos. Insistia noentorno apenas o cl iquear da l inha, emaranhandoformas sem compl icação de palavra quedesabrocha em pensamento. Poucos erammomentos em que se lhe via um sobressalto,como lampejo da consciência, pequena sombra demedo. Sobreaviso, como se alguma fagulhateimasse em insistir, denúncia de que a clareza aassaltaria algum dia, como num encontroinevitável , mesmo à moça de olhos fechados el inhas nas mãos. . . e nesse momento de susto oponto saía errado, como se as mãos refletissem ocegar do olho, tanto era o descostume demomento em luz.

Ela pensava amar, mas não gostava muitode sol . Não tinha as faces rosadas e a cor únicaexibida era a da l inha consciente e capaz demudança. Era a l inha quem guardava em si osegredo-luz que à moça faltava. A l inha sabia. . . e

Page 68: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

68

Delineamento de Plumas - Saulo Nogueira Schwartzmann

Page 69: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

69

eram as mãos que a conduziam insól itas,desavisadas de seu maravi lhoso poder de mudar oponto, redescobrir, desmanchar, refazer. . . poderaté de tecer estrelas ou feitiços inteiros de umaidade escura perdida no tempo. Tecer o mundoque sempre cresce, se reinventa e pode serrecontado em mil enredos nos quais não hádestamanho para o crer e conquistar. As mãosdesconheciam. . . ela achava amar, porém estavano escuro: não precisava abrir os olhos, futuro eraestrada pronta, sofrível embora sem sustos.

Ela ia no escuro para não se espantar,enquanto descansava o crochet si lencioso no colo.As mãos cl iqueavam possibi l idades-mi l , masteciam também o engano delas pertenceremapenas à l inha. A l inha ia misteriosa, roubando odom, força viva em mudança das mãos. A l inhaera quem sabia. . .

Page 70: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

70

Xi . . .vazou!Eduardo Rompa

Se defenda pelo vazamentoNão exite em procurá-loA criação vem do acreditar em sempre achá-lo,Ou quando não: Criá-lo!

Page 71: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

71

Funil - Lucas Tavares Ferreira

Page 72: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

72

Beleza horrendaRicardo Gessner

Beleza horrenda cheia de requinteBalsâmicos floreios da arte do disfarceSofisticado trejeito de esconder

O que o tempo constróiA maquiagem ressalta as marcas da idadeE aponta cada lugar de uma ruga

Resta no resto um sorriso rasgadoUm gesto afl i to escondido de um sustoO espelho desmonta sob olhos tortuosos

Um estado de choque contidoE nítido aparece à frente um semblanteGasto e refeito em retoques

Page 73: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

73

Enxaqueca - Melissa Conde

Page 74: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

74

Bipolar

Paulo Ramos

Eu gostaria de ser mais romântico e sofisti -cado, mas eu só consigo êxito me afastando desteformato.

-- Eu só quero te comer, meu anjo.Eu costumo apanhar bastante na cama,

mas infel izmente desta vez ela bateu mais fortedo que estou habituado e, como ela era destra, fi -cou uma marca de anel , bem onde acaba minhapestana esquerda. Ela me bateu sem articularmuitos músculos, manteve um braço apoiado nacintura, afastou o outro para baixo e para trás,meio que o jogando para trás, e, quando voltoupara frente, ao seu embalo juntou a força de moçaque malha ombros, bíceps, tríceps e ante-braço.Eu não sopitei , mesmo com aquela feição de ofen-dida que só fez me deixar com mais tesão – naverdade, eu quase emiti um som qualquer destesque se emitem quando se tem prazer.

Eu não sabia que as mulheres daqui eramparecidas com aquelas da minha cidade fria do in-terior. Logo aqui , na capital federal na repúbl ica dosamba, da cachaça, dos balangandãs, etc. etc.etc. E não é. Mesmo com gente de todo lugar doBrasi l , com todos os sotaques, reina um cl ima bu-cól ico, muito verde e pouca gente circulando nasquadras. Por outro lado, o trânsito não é diferentede outras grandes cidades: poluição do ar e sono-ra, estresse, acidentes, obras, uma batidinha en-

Page 75: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

75

gastalha o tráfego por uma hora, duas, três.Minha primeira experiência a procura de

uma companhia para jogar a perna por cimaquando dormir foi um prenúncio do que seriam asoutras todas: hosti l , destemperada, estranha, es-quisita; mas cheguei lá. Afinal de contas, aindaque cada uma delas pareça contumaz e traiçoeirade um modo único, mulher é mulher e não temjeito. É o Alfa e Ômega.

Bucol ismo nas áreas privadas – as quadrasresidenciais – e nas áreas públ icas, de serviços,resplandece sujeira, drogas, assaltos, mercadoclandestino, pi lantragem, “noinhas” pedindo di-nheiro para comprar comida ou pegar o ônibus,tumulto de gente de dia e prostituição e tráfico dedrogas, durante a noite, tudinho separado por“setores”: dos travestis, das primas, dos gays, docrack, do pó. O poder públ ico da NovaCap é tãoapodrecido quanto um ricão qualquer dominadopor coronéis.

Andando pelos trechos cheios de gente eunão sabia se era eu que estava tão carente demulheres ao ponto de atordoar-me com as moçaspassando para lá e para cá. Depois de umas noi-tes acompanhado, deduzi que de fato estou numlugar privi legiado de beleza própria e em quanti-dade. E vendo tudo isso, todas essas mulheres,sinto um vazio em mim, uma sensação de impo-tência que parece me deprimir rapidamente, podeser a ansiedade. . . Eu gostaria de ter assunto paratratar com elas, tocar-lhes a cintura com intimida-de, roças as pontas dos meus dedos na nuca. É

Page 76: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

76

Modernidade - Lucas Tavares Ferreira

Page 77: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

77

um vazio do tipo que dá quando a gente chegaaos momentos finais de uma relação, causado – omomento final – por um desespero diante de nos-sa incapacidade de fazer o que temos vontadesem magoar ninguém.

Às vezes fico até tarde por perto do meutrabalho – al iás, não sei porque aceitei o convitede vir pra cá. Mas é sempre frustrante para quemgosta de um boteco como eu. Não se trata de bo-teco de homem, e sim de mulheres. boteco de ho-mem só tem homem e boteco de mulher tem asduas coisas, exceto boteco de mulher lésbicas,onde os homens não são queridos. Momentos ho-mossociais para homens podem ser em qualquerlugar: na sauna, em casa ou na rua; para as mu-lheres as relações homossociais dão-se apenas emlocais privados. Note, excetuando as mulheres ho-mossexuais. É frustrante ficar até tarde porque tu-do fecha cedo. E então eu saio tentando conhecermelhor o lugar. Um dia, fazendo isso com Cleu,uma ex, ela chamou minha atenção para a quanti-dade de “exus”que perambulam por aqueles tre-chos. Não acredito em nada do que se refira amundo de espíritos, entidades, natureza animada,bicho que fala, árvore que tem vontade, mas re-solvi dar-lhe razão. Então depreendi daquela afir-mação – Preto, você viu como tem Exus por aqui?– algumas coisas. Pedi que ela me expl icasse me-lhor e dei asas a minha imaginação.

Conversávamos muito, Cleu e eu. Mas sem-pre que ela me enchia, rapidamente eu abraçavacom minhas mãos amplas o seu quadri l , ela batia

Page 78: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

78

em mim com a mão e eu, nela com meu membro.Eu a amei tanto. Fez um pungente céu azul emBrasíl ia durante os dois meses em que ela meacompanhou. Gostaria de ter sido mais genti l , poisela me tirou de uma fossa, a mais profunda demeus ciclos bipolares.

Brasíl ia é estranha. Foi porque sonhou umpadre e uns místicos, e porque um cidadão teimo-so interpelou o então candidato Juscel ino durantea campanha eleitoral , a que Capital Federal veiopara o Planalto Central . Sob as l inhas ternas e ele-gantes dum sujeito como Niemeyer, que na suasimpl icidade apaixonante fez uma cruz – aindaque o relevo a tenha feito virar um avião por ar-quear a l inha norte-sul . Coisa l inda. Não sei se elecontava com isso, mas por este avião, avião não,por esta cruz passa gente demais. Todos os dias,políticos, assessores, lobistas, estudantes, funcio-nários públ icos, contratados que vão e vem em di-as irregulares.

É este vai e vem de gente que salva meusculhões. Sempre tem alguma amiga conhecida emevento para hospedar e poder dar o meu melhor aela, qual seja, o meu momento de fel icidade plenaque é estar com uma mulher. Mas eu tenho meusmomentos de tristeza, na verdade é um ciclo quevai da alegria para a tristeza de meses em meses:apaixono- me, fico tão fel iz que quero mais gentepara comparti lhar e espalhar minha fel icidade.Depois vejo que a pol igamia não será tolerada porquem amo e cesso minha parti lha. Na sequência,me dedico integralmente ao meu bem. Depois a

Page 79: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

79

tristeza, o vazio, a sensação de estar preso e l imi-tado me tomam e me convenço de que há tantasmulheres por aí quanto eu possa amar.

Assim também se sente um amigo que con-trariou a teses de Cleu. Ele diz que não são Exusque ela vê, mas sim, Eguns. Pessoas que morre-ram de alguma forma ignóbi l .

“Os trabalhadores da construção de Brasí-l ia”, ele me disse. Enquanto o Presidente acelera-va a construção da cidade, vinha gente para cá. Ena velocidade de 50 anos em cinco, morria tantagente que não dava tempo nem de recolher oscorpos obsoletos e o concreto arbitrário os sepul-tava nos prédios do patrimônio cultural da huma-nidade.

Mas ainda faço coro em parte com Cleu, emparte com meu parceiro. Ele tem razão de que elavê os eguns e ela tem razão de que em Brasíl iaExus pululam. Gostaria de debater esta tese comeles. Mas com ela, tamanha a mágoa que prevale-ce entre nós, eu não posso mais conversar.

Cheguei e disse a ele: Aqui tem exus sim,como aquelas folhas na árvore. Como poderia umacidade que é uma encruzi lhada não ter Exus? Eleme perguntou quem são os exus.

Se eu argumentasse com ela, iria olhar-meencantada, crendo eu ser o cara mais intel igentedo mundo. Puta saudade de Cléu. Mas eu tambémtenho saudade dos amigos, os poucos que tenho.E as conversas com amigos são l ivres, sem muitaencheção de saco. E a saudade é uma constanteem minha vida, seja nos momentos de extrema

Page 80: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

80

alegria ou de profunda tristeza, uma nostalgia pu-ra é perene em mim. Nesta cidade onde impera asol idão e os desagrados urbanos, não me restanada a não ser procurar uma mulher, para falar daminha nostalgia, dos meus amigos e das teoriasreles. Entre um si lêncio e outro comparti lhar nos-sos suores, sal ivas e outras substâncias na febrede nossos desejos.

Dando estrutura à teoria, as coisas ficamassim. As duas torres do Congresso Nacional sãoduas velas, numa das entradas da encruzi lhada, aentrada leste, a entrada do sol ; o côncavo do Se-nado é um jerimum; o convexo da Câmara é umprato de najé para as demais oferendas.

Da sensação de impotência passo à amar-gura que leva à inevitável separação, pois nin-guém me merece, triste, descontente e amargo.No momento mais macambúzio eu sou uma flechaenvenenada. Mas elas nunca entendem e eu nun-ca vou expl icar. Se eu tentar expl icar cuidadosa-mente, dirão que tergiverso para ecl ipsar umatraição; se for direto e disser: quero ter mais mu-lheres, quero comer todas as mulheres do mundo,sentir-se-ão satisfeitas, mas dirão que sou igual a

Page 81: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

81

todos – o que estragará nossa história de amor –,ou irão imaginar-se a mulher mais feia do mundo,pois não me satisfazem.

Todas as interpretações equivocadas. Entãonão digo nada. E sigo sozinho meu período deamargura, melancol ia e sensação de pequenez.

E como tem lobista em Brasíl ia! Queremtornar o Lobbie uma atividade legal no Brasi l . Oslobistas são aqueles que vão fazer pressão juntoaos parlamentares e ministros em nome dos inte-resses de setores específicos. Lobbie vem dolobby quer pode ser em português corredor, salade espera, passagem. São conhecidos profissionale tecnicamente por grupo de pressão em defesade certos interesses. Estes sujeitos faziam a maiorparte de suas negociações nos corredores do Con-gresso Americano, entre uma porta e outra.

Para me l ivrar da sina descente, eu precisome apaixonar, encontrar uma novidade boa, umasurpresa encantada. Mas o primeiro passo é pararde todo dia beber como um alcool ista. Depois te-nho de ler um l ivro que me faça novo. Com umaautora ou personagens mulheres para ideal izar

nela a da minha vida, um ideal para mim.Aí então eu saio para a rua, encontro

uma porção delas, mas só consi-go gerenciar de duas a

quatro, sendo uma fi-xa. Pronto, está feitauma revoada de pás-saros dos meus dias,combinando chuva

Page 82: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

82

calma com sol forte, noites frescas, dias ensolara-dos, brisas leves e úmidas.

Até entrar novamente na cisão com a pol i -gamia, o bem querer exclusivo, depois o fim dasl iberdades, e a chegada da fase das mágoas.

Exu é orixá que leva as demandas dos ho-mens seculares para os orixás, homens e mulhe-res divinais, mediante a garantia das oferendas, oebó, os trabalhos feitos por nós. Tal qual as duasvelas, o jerimum e o prato de najé, feito por Nie-meyer. Por isso ele vive tantos anos e com tama-nha lucidez.

Noto que estou conseguindo sair da fasedown. Em três dias l i três l ivros da mesma autora,uma norueguesa. E sonhei com ela. Fazíamos sexoem Belgrado, ao lado da multidão enfurecida con-tra Mi losevic; depois estávamos em Bagdá, ondeela, de saia, sentada em mim, atiçava mais àsmulheres de burca do que os bigodudos; depoisem Cabul , enquanto ribombavam sons bél icos, elame confessou que gosta do cheiro de minhas viri -lhas. Mas cabe um pequeno óbice: apesar de já teruma musa, não me sinto bem assim. Eu gosto desentir as coisas, as pessoas, o mundo, gosto deestar inserido e não alheio. Este sonho é efeitodesta cidade blasé, onde está o Poder Político demeu país, mas ninguém parece viver isso. Eumesmo nunca fui tão desinformado quanto agora.Difici lmente acharei nesta cidade uma galega coma cara da escritora, que é a minha musa. Se esti -vesse em minha cidade, que é cheia de universi-tárias, seria mais fáci l ! Mas não posso desanimar.

Page 83: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

83

Quem serão os exus senão os lobistas quelevam os pedidos seculares e mundanos para ossupremos deuses para trocar dádivas? Lobistas,estes profissionais perambulantes, tão escusos noBrasi l , relegados a ganhar seu polpudo dinheiro àmargem da lei e nos bigodes dos legisladores.Brasíl ia , a maior encruzi lhada com o maior ebó doBrasi l . Do Brasi l não, pois meu país é cidadão in-ternacional , maior ebó do mundo.

Depois de tempos procurando, não acheiuma galega com a fuça de Asne. Achei uma dúziadelas. Bastou gastar mais dinheiro e pagar o triplodo que pagava para me divertir, com roupas maiscaras etc. Mudei a arena mas não mudei de tática.Simples e direto; olho no olho; papo reto. Às vezesum mordidinha na orelha de leve quando o baru-lho do ambiente atrapalha minhas palavras. Nemlevei tapa na cara antes de ir pra cama. Mudeimeu circuito social , a l iás, agora tenho um e estouassim: uma fixa e duas que de vez em quando mevisitam quando a minha saudade não se contém eeu l igo. Elas são amigas, ambas sabem que Ana é

Page 84: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

84

tudo para mim, e uma não sabe da outra; descon-fiam apenas que há flertes. O nosso relaciona-mento é apimentado por esta constante ameaça epor este fogo amigo. Não há maiores perigos dehaver revelações indesejadas, pois ninguém seencontra aqui se não houver uma combinação.Agora na quadra em que moro vigora a alegria deuma cascata com peixes coloridos e plantas queexalam perfumes raros, e quando recebo as visi -tas, estouram fogos chineses abrindo uma batu-cada de escola de samba.

Page 85: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

85

3 x 4 = sinceridadeRicardo Gessner

Foto três por quatroÉ o ponto fracoDe todo retrato

Por mais que disfarceNão há quem escape da verdadeCaptada pela máquina

De que servem maquiagemPlástica regime atividadeSe a feiúra é latenteE aparece com ternuraNa sinceridade dessas lentes

Page 86: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

86

Sem título 1 - Washington Pastore Amaro

66

Page 87: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

87

Sem título 2 - Washington Pastore Amaro

67

Page 88: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

88

Blues EquinoMarcelo Vargas

Uma potranca ruiva,mui arisca e bela,atraiu-me profundamente,com sua farta crina dourada;

Fazendo-me crer que a domara,perdidamente deixou-meafeiçoado por ela,Só p’ra depois,num rompantederrubar-me do alto da sela.

Page 89: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

89

Central Park - Melissa Conde

Page 90: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

90

Meio - Eduardo Rompa

Page 91: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

91

BêbadoRicardo Gessner

Bêbado apoiado na beira da portaBalbucia pensamentos baba palavrasE observa a paisagem balouçante a sua frente

Pêgo no soluço de um instanteAo longe indefine um semblante –O que é aqui lo que vem do distante?

O jeito das passadas desconheçoSe bem vejo ainda trêmuloVem em movimentos mareados

Um jeito de dança sapateado estranhoQue volta e avança e ainda me cansaQuando só me tanto faz pensar

Aqui lo que vinha mais parece que vai –Será que me afasto a figura se aproximaOu tudo isso e vice versa?

Desisto, não sei o que éNo fundo tudo me confundeE de tanto ver me faz pensar

Aqui lo caminha tranqui loAo longe segue cada vez mais despertoE algo assim – o que adianta?

Page 92: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

92

O peixeGiul iana R. Cavasin

Livre!Afogueado!Nada pela

Imensidão deVerdes e azuis

Vem à superfícieVai às beiradas

Vai às profundezasSuave

SerpentinaDescendo aCorrentezaSem saber

ao certoo que

esperar.O rio

Se turvaEm suaves

CurvasDe

RepenteSubl imesCírculos

Causados porPingos, respingos

RespirosCurva-se diante

Das sombrasTrazido à claridade

Por três anzóis.

Page 93: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

93

Cidade do Clima - Laura Teixeira

Page 94: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

94

Das duas uma - Saulo Nogueira Schwartzmann

Page 95: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

95

Going abstract - Melissa Conde

Page 96: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

96

Page 97: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

97

biografias

Page 98: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

98

Abel José da Silva nasceu em Jahu, no estado deSão Paulo em outubro de 1983. Aos 16 anoscomeça a tocar guitarra em uma banda de bluesrock, sob o pseudônimo de Abel Vaughan e aescrever poemas. Aos 2 6 anos casa-se e muda-separa São Carlos. A primeira mostra de seutrabalho como poeta é com a obra “Padece” noXVI I I Encontro de Poetas de São Carlos queaconteceu no ano de 2 010.

Augusto Hendricus Vossenaar nasceu em nacidade de Araraquara e vive desde os primeirosanos em São Carlos. Apropriou-se de aptidõesartísticas e quis iniciar o seu percurso por terrenosincertos. Assim, após iniciado um curso de pinturae desenho no atel iê Bel l intani & Cal l igarisparticipou de exposições nos anos que seestenderam entre 2 002 e 2 004. Após uma pausapara reestruturar suas intenções, passa adesenvolver outros trabalhos em meio afotografias, desenhos e poesias. Em 2 009 volta aocurso de desenho com Marcos Cal l igaris e a exportrabalhos junto aos alunos do atel iê e no InstitutoCultural Janela Aberta. Em 2 010 ingressa noensino superior em Artes na UNESP e segue seusrumos artísticos.

Page 99: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

99

Carla Regina Silva, sempre de bem com a vida eem busca da transformação do mundo.Interessada pela Arte, na crença de que esta podeser uma ferramenta para operar estas mudanças.Formou-se terapeuta ocupacional , o que aensinou a olhar para além da ferramenta artísticae compreender a Arte presente em cada pessoa,nem sempre despertada. Acredita que mudançasindividuais são potencias para grandestransformações.

Eduardo Dutra Rompa é educador e artista devárias modal idades. Formado em Artes Visuaispela UNESP e pós-graduado na mesma áreatemática pelo SENAC- Rio de Janeiro. Atualmentetrabalha como educador no SESI – São Carlos.Desenvolve trabalhos musicais desde 2 005 com abanda Open Blues S/A. Além da música, tambématuou com: manipulação e dublagem de boneco;música e sonoplastia – Grupo de Teatro Descalçoda ONG Ramudá; i lustração no l ivro “Bar-utopia”,de Cristian Cobra; intervenção no espetáculo “Otraço”; além de apresentações circenses com ogrupo Fratel l i e exposições fotográficas.

Page 100: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

Eliezer Soares nasceu em Ibitinga, em 1959,mas é são-carlense de coração e alma. Escrevepoemas e pensamentos desde a mais tenraidade, já dedicou versos a Capital do Cl ima.Não gosta muito de mostrar seus escritos porpura descrença na atual idade nefanda a querelegaram à cultura e a l iteratura nos temposmodernos, principalmente a poesia.

Flávia Camila Gomes nasceu em Jahu, no estadode São Paulo, em janeiro de 1984. Forma-se emLetras em 2 006 e durante a graduação participade grupos de estudos l iterários. Aprofunda-se nal iteratura do final do século XIX e início do séculoXX. Ministrou aulas de l iteratura entre 2 007 e2 009 e continua seu trabalho como professora, narede de ensino básico do município de São Carlos.A primeira mostra de seu trabalho como poeta éno XVI I I Encontro de Poetas de São Carlos queaconteceu no ano de 2 010; participou também daACIEPE promovida pela UFSCAR de produçãotextual . Aos 2 6 anos casa-se com um aspirante apoeta. Reside atualmente em São Carlos.

Page 101: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

Giuliana R. Cavasin é professora e pesquisadoraformada em Letras. Frequenta ativamente ossaraus Cabaré-Verde, promovidos pelo InstitutoCultural Janela Aberta em São Carlos. Possuitextos publ icados esparsamente, assim como jáparticipou de alguns concursos l iterários comoCora Coral ina (2 009) e Coletânea da CBJE (2 006).Dedica-se também a outras áreas artísticas, tendoreal izado três exposições de desenhos e pinturas,além de atuar em peças teatrais.

Isaac Soares de Souza nasceu na cidade emPompéia. Atualmente vive em São Carlos-SP.Publ icou em 2 010 o l ivro Raul Seixas, O Verbalóidereunindo alguns aspectos da vida da vida domúsico, qual foi seu amigo pessoal . No anoanterior havia publ icado Zé Ramalho: O Profeta doTerceiro Mi lênio. Além da escrita, Isaac possuiparcerias com diversos artistas do universomusical , como Flávio Guimarães (Blues Etíl icos),Jefferson Gonçalves (Baseado em Blues), J . J .Jackson e uma parceria que considera eterna comDouglas “Dodi” da banda Hangar XVI I I .

Page 102: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

Laura Teixeira nasceu em São Carlos. Completousua graduação em Imagem e Som pelaUniversidade Federal de São Carlos. Sempremostrou interesse pelas artes e quando criançacursou dança e música. Mas foi durante agraduação que confirmou seu interesseprofissional na área de arte e cultura. Infi l trando-se em vários campos, e trabalha com cinema,vídeo, teatro, rádio e design gráfico.

Lucas Tavares Ferreira é formado em Imagem eSom pela UFSCar, onde também real izou seumestrado na área de Ciências Sociais. Atua emdiferentes áreas. Em artes visuais real izoudiversos trabalhos, dentre eles: produção e tri lhasonora no vídeo premiado “No Meio do Caminho”,terceiro colocado no mapa cultural paul ista edição2 000/2 001; e dentro também diversos na áreaaudiovisual , merece destaque a oficina qual foiautor Megafone: a voz dos bairros ecoando nasondas do rádio, real izada em parceria com a rádioUFSCar e a prefeitura de São Carlos.

Page 103: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

Marcelo Vargas nasceu em Belo Horizonte. Éprofessor de Ciências Sociais na UniversidadeFederal de São Carlos, com doutorado emUrbanismo na Universidade de Paris XI I . Lançouseu primeiro l ivro de poemas, Árvores e Antenas(1984), em Brasíl ia , onde conviveu com diversospoetas da Geração Mimeográfo. Publ icou tambémToda incompleta: obra poética (2 007). Além disso,tem participado com poemas avulsos em revistase jornais, bem como saraus poético-musicais emBrasíl ia , São Paulo e São Carlos.

Marco Antonio Leite Brandão formado pelaEESC-USP, publ ica regularmente na imprensa dacidade textos sobre história de São Carlos.Participou do projeto Contos premiados – SãoCarlos 150 anos, Edufscar, 2 008, crônica SãoCarlos 150 nos de histórias e estórias. Além deste,de outros dois projetos audiovisuais nos quaisatuou como pesquisador. São eles Genésio ArrudaUm caipira da Vi la Nery e o Cinema Brasi leiro,Névio Dias, ICACESP, 2 010 e O bonde dá saudade,vídeo produzido pela ONG-Ramudá, vencedorFestival de Vídeo de São Carlos em 2 004.

Page 104: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

Maria Julia Andrade Carvalho nasceu na cidadede Ribeirão Preto, no estado de São Paulo.Participou de diversas real izações artísticasvinculadas ao teatro e fotografia em sua cidadenatal . Reside na cidade de São Carlos desde 2 009,onde estuda Imagem e Som na UniversidadeFederal , UFSCar. Sua maior experiência é na áreade real izações audiovisuais. Participa comofotógrafa da Coordenadoria de ComunicaçãoSocial da UFSCar.

Melissa Conde é artista plástica, nascida em SãoCarlos, formada pelo I . A. UNESP, comespecial izações em Barcelona (história emquadrinhos) e Chicago Art Institute (i lustração,historia da arte moderna, video-art) . Foiprofessora de arte voluntária e assalariada, parajuvenis e adultos, jurada de concurso, assistentede produção de festival , produtora de eventos eexposições. Expôs suas obras em São Carlos, SãoPaulo, Porto Seguro, Chicago, Barcelona, entreoutros. Mantém seu espaço de produção artísticano Instituto Cultural Janela Aberta, de onde irradiaseu trabalho para o mundo.

Page 105: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

Paulo Ramos viveu até os 19 anos em Itajobi , noestado de São Paulo, mas sua vida profissionaldesenvolveu-se em São Carlos, onde estudouCiências Sociais na Universidade Federal , UFSCar.Formou-se cientista social , mi l i tou pol iticamente,trabalhou como professor de cursos comunitáriospré-vestibular e em colégios particulares.Trabalhou como gestor públ ico municipal , semabandonar a mi l i tância. Atualmente divide-seentre São Carlos e Brasíl ia , prestando consultoria,e prepara-se para voltar definitivamente para aregião central do estado de São Paulo, ondeaprendeu tudo o que sabe.

Ricardo Gessner já publ icou poemas no JornalJanela Aberta, assim como na revista eletrônicaLinguasagem, entre outros esparsos. Participou devários saraus Cabaré-Verde, promovidos peloInstituto Cultural Janela Aberta. Desenvolvepesquisas e estudos relacionados à LiteraturaBrasi leira e Comparada, publ icou esparsaspoesias e textos sobre l iteratura.

Page 106: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

Saulo Nogueira Schwartzmann nasceu em SãoPaulo. Cursou Artes pela UNESP em Bauru e apósformar-se passou a morar em São Carlos, ondetrabalhou como professor e atuou em outrosdiversos projetos de pintura, escultura, desenho,perfomance, etc. Saulo participou da instalaçãoRizomatoze: por uma poética do rizoma enquantoprocesso criativo nômade Bauru, 2 006, deexposições, sendo algumas delas: 3ª. Bienal deArte, Ciência e Cultura – UEE/SP: Campos doJordão, 2 006; I I Mostra de Arte Contemporânea doCampus da Faculdade de Ciências e Letras daUnesp de Araraquara, 2 003; e I Mostra de ArteContemporânea do Campus da Faculdade deCiências e Letras da UNESP de Araraquara, 2 002 .

Washington Pastore Amaro, natural de SãoPaulo, mora em São Carlos desde a infância ondedemonstrou grande interesse pelo desenho, sendoapresentado realmente às artes no atel iê daartista plástica Mara Toledo onde iniciou seusestudos de desenho, tinta a óleo, grafite, carvão eacríl ica, somados à História da arte. Como aluno,participou de algumas exposições coletivas doatel iê: Estação Cultura, Oficina Cultural SergioBuarque de Holanda, Clube Ítalo Brasi leiro,Bibl ioteca da UFSCAR, Banco Santander Banespa;e projeto Comemorando o SesquicentenárioSancarlense - São Carlos, à Flor da Pele, queresultou no l ivro com o mesmo titulo; e trêsmostras individuais. Reúne ainda um conjunto de2 7 obras (2 005-2 006) em acervo particular do IateClube São Carlos.

Page 107: impressoes: marcas artisticas em sao carlos
Page 108: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

Este projeto foi real izado com o apoio do Programa deApoio à Cultura em Interface com a Extensão

Universitária do Estado de São Paulo (ProExt CulturaSP) que apoia projetos culturais de extensão universitária

voltados à inclusão social e à implementação de políticas

públ icas culturais.

Page 109: impressoes: marcas artisticas em sao carlos
Page 110: impressoes: marcas artisticas em sao carlos

Impressões: marcas artísticas em São Carlos

O projeto impressões consistiu em organizar umapubl icação de conteúdos artísticos e eventos parasua divulgação. Esta publ icação teve um escopoabrangente que inclui textos l iterários, fotografiase i lustrações. O processo de seleção, organizaçãoe formatação foi real izado por bolsistas, com in-tuito de envolver a comunidade universitária coma comunidade consumidora e produtora de artedo município. Buscamos assim, sem grandes pre-tensões, fazer um panorama que inclui marcas ar-tísticas relevantes da cidade, no intuito depreservar nossa memória cultural e ao mesmotempo gerar visibi l idade para nossos artistas.

realização