Imunologia
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SUMÁRIO
Imunodeficiência Primária........................................................................ 02
Imunodeficiência Secundária....................................................................07
Imunologia dos Tumores...........................................................................10
Imunologia dos Transplantes.....................................................................17
Auto-imunidade e Doenças auto-imunes ..................................................19
Imunidade às Bactérias..............................................................................25
Imunidade aos Fungos...............................................................................27
Imunidade aos Vírus..................................................................................27
Imunidade Parasitária..................................................................................32
Imunidade aos Protozoários ........................................................................34
Imunidade aos Helmintos................................................................................37
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1. IMUNODEFICIÊNCIA PRIMÁRIA
As doenças por imunodeficiência resultam da ausência ou deficiência de
um ou mais elementos do sistema imune. As doenças por imunodeficiência
podem ser específicas e inespecíficas. Entanto as específicas causam
anormalidades nas células T ou B, as inespecíficas envolvem anormalidades
de elementos como fagócitos ou complemento.
As imunodeficiências primárias são decorrentes de defeitos intrínsecos
nas células do sistema imune e, muitas vezes, são determinadas
geneticamente. Os portadores de imunodeficiência sofrem de uma
suscetibilidade aumentada a infecções, que se enquadra em duas categorias
principais: pacientes com defeitos nas imunoglobulinas, nas proteínas do
complemento, ou em fagócitos e pacientes com deficiência em nível da
imunidade mediada por células, como células T.
1.1 Deficiências de células B Os pacientes portadores de defeitos comuns das funções das células b
apresentam infecções piogênicas recorrentes como pneumonia (podendo
evoluir para bronquiecrasia ), otite média e sinusite.
Uma das primeiras doenças a serem compreendidas, causadas por
imunodeficiência das células B, foi a agamaglobulinemia ligada ao X, onde não
ocorre a maturação primária das células B. Os indivíduos afetados são do sexo
masculino e não possuem células B no sangue nem nos tecidos linfóides, por
esse motivo apresentam linfonodos pequenos e tonsilas ausentes. Durante os
primeiros 6 a 12 meses de vida, eles estão protegidos pelas IgG de origem
materna que atravessam a barreira placentária. Na medida que as IgG se
esgota o individuo desenvolvem infecções piogênicas. O soro desses pacientes
apresentam uma pequena quantidade de IgG e usualmente não apresenta IgA,
IgM, IgD ou IgE. O tratamento compreende infusão com doses elevadas de
gamaglobulina.
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Já nas deficiências de subclasse de IgA e IgG não ocorre a
diferenciação final das células B, é o tipo mais comum de deficiência, as
pessoas com deficiência de IgA tendem a desenvolver doenças por complexos
imunes, e 20% das pessoas com deficiência de IgA também são para IgG2 e
IgG4. Apresentam infecções piogênicas, por apresentarem deficiência de IgG2,
pois a maior parte dos anticorpos dirigidos contra o polissacarídeo capsular das
bactérias pertence à subclasse IgG2.
Uma imnodeficiencia peculiar ocorre em pacientes deficientes de IgG e
IgA mas que sintetizam enormes quantidades de IgM policlonal. Estes
pacientes são também suscetíveis a infecções piogênicas e devem ser tratados
com gamaglobulina endovenosa. Eles tendem a formar auto-anticorpos IgM
contra neutrófilos, plaquetas e outros elementos do sangue, assim como contra
antígenos teciduais, desse modo trazendo complexidades das doenças auto-
imunes para imunodeficiências.
Os indivíduos podem adquirir imunodeficiência variável comum (CVID)
na segunda ou terceira década de vida, ou mais tarde. A causa é geralmente
desconhecida, mas pode resultar de infecções com vírus como o de
EpsteinBarr (EBV) o agente causal da mononucleose infecciosa. A maioria dos
pacientes com CVID possui células B não funcionais ou imaturas, e não
recebem sinais adequados das células T. A CVID não é hereditária, mas está
comumente associada com os haplótipos HLA-B8 e HLA-DR3 do CPH.
Como foi mencionado anteriormente, os lactantes são protegidos
inicialmente por IgG, que é catabolizada e, possui vida média de 30 dias. Os
bebês normais com três meses de idade começam a sintetizar anticorpos,
embora para certos tipos só com dois anos de idade. Já em al gumas
crianças, o aparecimento da síntese normal de IgG é retardado por algum
tempo, aproximadamente 36 meses e, nesse tempo as crianças ficam
susceptíveis a infecções piogênicas. As células B destas crianças são normais
mas parecem não receber ajuda das células T CD4⁺ para sintetizar anticorpos.
1.2 Deficiências de células T
Os pacientes sem nenhuma célula T, ou com funções fracas destas
células, são suscetíveis a infecções oportunistas. As funções das células B são
dependentes das células T, deficiências em células T resultam em
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comprometimento da função humoral, ou seja, acarreta imunodeficiência
combinada das imunidades humoral e celular.
A deficiência hereditária mais grave da imunidade mediada por células
ocorrem em crianças com imunodeficiência grave combinada (SCID),
provocam diarréia e pneumonia.O fungo, Candida albicans, cresce na boca e
pele das crianças. A SCID é incompatível com a vida e as crianças afetadas
geralmente morrem nos primeiros dois anos de vida, a menos que sejam
submetidas ao transplante de medula óssea. Tornando, assim, quiméricas e
sobrevivem normalmente. AS crianças portadoras da SCID apresentam poucos
linfócitos em geral, assim, o timo não se transforma em órgão linfóide. Mais de
50% dos casos são causados por um gene defectivo no cromossomo X, os
demais casos são devidos a genes recessivos em outros cromossomos. Em
metade desses casos ocorre deficiência de adenosina desaminase (ADA) ou
purina nucleosídeo fosforilse (PNP).
Pode ocorrer também deficiência de CPH de classe dois que resultam
em deficiência da célula Ta.É herdade como uma característica autossômica
recessiva, não ligada ao loco do CPH, mapeado no braço curto do
cromossomo humano número 6. As crianças afetadas apresentam infecções
recorrentes, particularmente do trato gastrointestinal. Ocorrem vários defeitos
que são herdados como caracteres autossômicos recessivos e podem ser
fatais, a menos que seja instituído o tratamento com interferon-ϒ.
O epitélio tímico deriva da terceira e quarta bolsas faringeanas, por volta
da sexta ou sétima semana de gestação. Subsequentemente, o endoderma é
invadido por células-tronco linfóides que se desenvolvem em células T. As
glândulas paratireóides também possuem a mesma origem embrionária. Um
defeito congênito nos órgãos derivados da terceira e quarta bolsas faringeanas
resulta na anomalia de DiGeorge. A deficiência de células T é variável,
dependendo do grau de comprometimento do timo. As crianças afetadas
possuem uma face bem característica com olhos bem separados, implantação
baixa das orelhas, e filtro do lábio superior encurtado, entre outras
características.
Existe também uma síndrome proliferativa ligada ao X (XLP), esta
síndrome é resultado de uma capacidade de controlar a proliferação normal de
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células T citotóxicas após uma infecção com o vírus de Epstein-barr (EBV), que
causa mononucleose infecciosa.
Na ataxia-telangiectasia (AT) hereditária ocorrem quebras
cromossômicas envolvendo os genes do TCR e das imunoglobulinas. A AT é
uma característica autossômica recessiva em que as crianças afetadas
desenvolvem um andar cambaleante (ataxia) por volta dos 18 meses de idade.
As células de pacientes com AT, assim como aquelas de pacientes AT in vitro,
são muito suscetíveis à radiação ionizante. Na AT, o gene defectivo codifica
uma proteína envolvida no reparo das quebras do DNA de dupla fita.
Na síndrome de Wiskott-Aldrich (WAS) existem defeitos de células T e
níveis anormais de Ig. É uma imunodeficiência ligada ao X. Homens afetados
possuem plaquetas pequenas e profundamente anormais, também reduzidas
em números. Durante a cooperação normal entre células T e B na formação
dos anticorpos, o citoesqueleto das células T se auto-orienta ou se polariza em
direção às células B. Esse evento não ocorre na WAS, resultando em uma
cooperação deficitária entre as células imunes.
1.3 Defeitos nas proteínas do complemento
Deficiências genéticas para quase todas as proteínas foram encontradas
em seres humanos e revelam muito sobre a função normal do sistema
complemento. Apresenta como patógenos primários: neisseria, hemofilus,
pneumococos, estreptococos.
Deficiência por complexos imunes são causadas por deficiência dos
componentes cLq, CLr e CLs, C4 e C2, da via clássica, causando Lúpos
eritematoso sistêmico. Todas estas deficiências para os componentes do
sistema complemento são herdade como caracteres autossômicos recessivos,
exceto a deficiência da properdina, que é herdada como um caráter recessivo,
ligado ao sexo, e a deficiência do inibidor de CL que é herdada de forma
autossômica dominante.
A deficiência mais importante do sistema complemento, do ponto de
vista clínico é a do inibidor de C1. Esta molécula responsável pela dissociação
do C1 ativado, pela ligação ao Clr²Cls². Resultando na doença bem conhecida,
o edema angioneurótico hereditário (HAE), onde ocorre edema circunscrito em
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várias regiões do corpo, sendo mais perigoso quando ocorre nas vias aéreas
superiores, que pode levar a morte por obstrução respiratória. Existem duas
formas geneticamente determinadas de HAE. No tipo I, o gene inibido de CL é
defectivo e não são formados transcritos. No tipo dois existem mutações
pontuais no gene do inibidor de C1 de modo que moléculas defectivas são
sintetizadas. É importante distinguir os dois tipos, pois o tratamento dos dois
são distintos.
1.4 Defeitos na fagocitose
As células fagocíticas, leucócitos polimorfonucleares e células da
linhagem monócitos, macrófagos, são importantes na defesa do hospedeiro
contra bactérias piogênicas e outros microrganismos intracelulares. Uma
deficiência grave de leucócitos polimorfonucleares pode resultar numa infecção
bacteriana disseminada. Dois defeitos geneticos dos fagócitos são clinicamente
importantes, porque resultam na suscetibilidade a infecções graves e são
frequentemente fatais: doença granulomatosa crônica e a deficiência de
adesão leucocitária.
A doença granulomatosa crônica (CGD) é resultado de um defeito na via
de redução do oxigênio. Os pacientes com CGD possuem uma NADPH
oxidase deficitária que catalisa a redução do O₂ em O₂⁻. Assim os pacientes
são incapazes de formar radicais do oxigenioe peróxido de hidrogênio em seus
fagócitos, após a ingestão de microoganismos, e deste modo não destroem as
bactérias ou fungos, particularmente os organismos produtores de catalase.
Como resultado, os microrganismos permanecem vivos nos fagócitos, o que
resulta no aparecimento de respostas mediadas por células contra antígenos
microbianos persistentes, com conseqüente formação de granuloma. Os
pacientes desenvolvem pneumonia, infecções de linfonodos e abscessos de
pele, fígado e outras vísceras.
A deficiência de adesão leucocitária (LAD),nesta doença, leucócitos são
destituídos do receptor do complemento CR3 devido a um defeito nos peptídios
CD11 ou CD18 e consequentemente eles não podem responder à opsonina
C3b. Alternativamente pode haver um defeito nas moléculas de integrina LFA-1
ou mac-1 que surgem de peptídios CD11a ou CD11b defeituosos,
respectivamente. Essas moléculas estão envolvidas na diapedese e portanto
neutrófilos defeituosos não respondem eficientemente a sinais quimiotácticos.
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2. IMUNODEFICIÊNCIA SECUNDÁRIA
As drogas são capazes de alterar a função imune produzindo não
apenas imunodeficiências, mas também uma imunopotencialização.
O sistema imune e regulado por pelo menos quatro mecanismos
fundamentais: hormônios, citocinas, redes de conectividade e antígenos. Os
corticosteróides são poderosos agentes imunomoduladores. Além de sua ação
hormonal direta na função e circulação dos linfócitos, os esteróides também
exercem uma influência substancial na síntese de citocinas exercendo, assim,
um efeito indireto potente.
A administração de esteróides provoca alterações drástias mas
populações leucocitárias circulantes. O tratamento com esteróides provoca
uma linfocitopenia circulante máxima em 4-6 horas, com retorno normal em 24
horas. A monocitopenia que ocorre após o tratamento com esteróides é mais
evidente em 2 horas, retornando a normalidade em 24 horas, mas doses
diárias não resultaria em ciclos de depleção. A neutrofilia é uma característica
do tratamento com esteróides, em parte pela liberação de células maduras
armazenadas na medula óssea.
Os esteróides inibem os estágios iniciais de maturação das células B,
bloqueando o envolvimento dos monócitos e das células T, porém com poucos
efeitos sobre os finfócitos B maduros. A síntese de citocinas é inibida, com
principais conseqüências temos, além da inibição da ativação células T,
comprometimento das células Ta1 e Ta2 da subpopulação CD4, e inibição das
células do sistema monócito/macrófago.
As funções das células B e T são afetadas, em razão da interferência na
função das células Te B, a ciclofosfamida é eficaz no controle da produção de
anticorpos e da imunidade mediada por células em animais experimentais e em
seres humanos, e exerce um papel importante no monitoramento tanto das
doenças por auto-anticorpos quanto na rejeição do enxerto.
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A Azatioprina é uma droga usada na terapia, é moderadamente
imunossupressora e produz reduções modestas tanto nas células T quanto das
células b. Já o Mofetil micofenolato bloqueia as respostas proliferativas dos
linfócitos T e B em doses que aparentemente não têm nenhum efeito em outros
tipos celulares, e inibe a glicosilação das moléculas de adesão envolvidas na
circulação linfocitária para as células endoteliais, restringindo a amplificação do
dano inflamatório. O uso do Metotrexato reduz a síntese de imunoglobulinas
após tratamento prolongado. O Ciclosporina, tacrolimus e rapamicina exercem
efeitos complexos na sinalização e, portanto, na função das células T. A
ciclosporina tem efeito inibidor marcante nos eventos iniciais da proliferação
dos linfócitos T induzidos pelas reações mistas de linfócitos concanavalina A ou
fitoemaglutinima, e um efeito especial sobre os linfócitos B. O efeito da
ciclosporina, enquanto intenso nas células T, estende-se a outras células do
sistema imune.
2.1 Nutrição e as respostas imunes
Normalmente, as deficiências nutricionais estão associadas com
comprometimento das respostas imunes. Os cinco aspectos da imunidade mais
consistentemente afetados pela desnutrição são a imunidade mediada por
células, a função fagocitária, o sistema complemento, os anticorpos secretores
e a produção de citocinas. No mundo todo, a subnutrição é a causa mais
comum de imunodeficiência. Paradoxalmente, a obesidade e a ingestão
excessiva de nutrientes também estão associadas a respostas imunes
reduzidas.
Desnutrição e infecção geralmente têm uma relação recíproca de
agravamento. Muitos são os fatores que predispõem ao desenvolvimento de
infecções no individuo desnutrido, incluindo precárias condições de
saneamento, água e alimentos contaminados, desconhecimento dos aspectos
relacionados AA nutrição e saúde, analfabetismo e aglomerados humanos.
Os tecidos linfóides são extremamente vulneráveis aos efeitos danosos
da desnutrição. A desnutrição moderada ou grave está associada a uma
redução significativa na imunidade mediada por células, indicada por uma
contagem reduzida de células T auxiliares CD4⁺ e uma razão reduzida
CD4⁺/CD8⁺. Alguns mecanismos inatos da imunidade também são afetados
pela desnutrição, como por exemplo, a produção de lisozima, que se encontra
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ligeiramente reduzida. Inúmeras bactérias ligam-se às células epiteliais de
pacientes desnutridos, dificultando a cicatrização das feridas.
O efeitos dos nutrientes individuais, como o Zinco que nesse tipo de
carência há uma redução na hipersensibilidade tardia, uma diminuição da
razão CD4/ CD8e disfunção das células T. Um achado ainda mais
surpreendente é o efeito da deficiência de zinco em camundongos, durante a
fase gestacional, em que até mesmo os descendentes da terceira geração
apresentam comprometimento das respostas por anticorpo conforme
demonstrado pelo número reduzido de células formadoras de plaquetas e pelos
níveis reduzidos de IgM.
O ferro é uma faca de dois gumes: necessário para o crescimento da
maioria dos microrganismos, ao mesmo tempo em que as enzimas
dependentes do ferro exercem um papel crucial nas funções dos linfócitos e
fagócitos. Provoca uma capacidade reduzida dos neutrófilos em destruir as
bactérias e os fungos e dos linfócitos a mitógenos e antígenos, e atividade
deficitária das células EN.
O cobre e o selênio também são importantes para as respostas imunes.
Uma observação intrigante e recente indica que os vírus podem sofrer
mutações e apresentar alterações na virulência em pacientes desnutridos.
A deficiência de vitamina A altera a estrutura epitelial, ocasionando
metaplasias e aumento da fixação das bactérias. Existe uma redução dos
números de algumas subpopulações linfocitárias e na resposta aos mitógenos.
Já a deficiência de vitamina B₆ e de folato reduzem imunidade mediada pó
células, particularmente as respostas de proliferação dos linfócitos, e também
prejudicam a produção de anticorpos.
Animais e seres humanos obesos mostram alterações em várias
respostas imunes, incluindo citotoxidade, atividade da célula EN e capacidade
dos fagócitos em destruir bactérias e fungos internalizados. Níveis alterados de
alguns micronutrientes, lipídeos e hormônios podem explicar estas alterações
imunológicas.
Os pacientes hospitalizados e desnutridos são os que apresentam maior
risco de infecções oportunistas complicadas. O valor dos probióticos vem
sendo reconhecido tanto na medicina humana como na veterinária. Estas
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bactérias desejáveis são ministradas por via oral para substituir ou aumentar
sua presença na microflora intestinal.
2.2 AIDS
A infecção pelo vírus HIV provoca uma disfunção imune ampla, com
depressão imunológica no ambiente da ativação imune, resultante dos efeitos
diretos do HIV e da depleção e prejuízo funcional da subpopulação de células T
CD4⁺ ao longo do tempo, que caracterizam a anormalidade primária. Dentro de
9-10 anos, 50% das pessoas infectadas desenvolvem a AIDS. A maioria das
infecções oportunistas resulta de reativação de organismos latentes no
hospedeiro ou em alguns casos, de organismos cosmopolitas aos quais
estamos constantemente expostos. Essas infecções são de difícil diagnostico e
o tratamento frequentimente suprime, em vez de erradicar as infecções.
As complicações neurológicas na AIDS resultam dos efeitos diretos da
infecção pelo HIV, das infecções oportunistas ou do linfoma. Dessa forma,
agentes terapêuticos têm sido desenvolvidos contra a entrada viral e fusão,
assim como também servem como inibidores de RT, protease e integrase.
Terapia com alta atividade anti-retroviral é um coquetel de 3 ou mais desses
agentes.
3. IMUNOLOGIA DOS TUMORES
Os processos corpóreos normais dependem de uma regulação cuidadosa
da divisão celular, a proliferação de células normais é cuidadosamente
regulada. Entretanto, tais células quando expostas a carcinogênicos químicos,
irradiação e certos vírus podem sofrer mutações que levam à sua
transformação em células que são capazes de crescimento descontrolado,
produzindo tumor ou neoplasma.
Os tumores podem ser decorrentes de:
1. Mutações espontâneas;
a) Mutações randômicas (casuais);
b) Rearranjos gênicos.
2. Mutações induzidas;
a) Por agentes químicos (hidrocarbonetos aromáticos
policíclicos, aminas aromáticas);
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b) Por agentes físicos (raios-x, radiações ionizantes, rios
ultravioleta);
c) Por agentes virais (EBV, HTLV, HPV), esses agentes são
de grande interesse à imunologia devido a possibilidade
induzirem a expressão de antígenos virais (como proteínas
de membrana), pelas células transformadas, reconhecíveis
pelo sistema imune do hospedeiro).
Se as células permanecerem agrupadas em um único local, diz-se que o
tumor é benigno. Em alguns, no entanto, as células tumorais podem se soltar
da massa tumoral principal e serem transportadas pelo sangue ou pela linfa
para locais distantes, onde se alojam e continuam a crescer. Nesses casos diz-
se que o tumor é maligno. Os tumores que surgem nesses locais distantes são
denominados de metástases.
3.1 Evidências da reatividade imune a tumores
Existem muitas evidências de que os tumores podem disparar uma
resposta imune. Tais evidências incluem:
Tumores que têm infiltração mononuclear severa têm um melhor
prognóstico do que aqueles que não têm.
Algumas metástases tumorais regridem após a remoção do tumor
primário, que reduz a carga tumoral e por essa razão induz o sistema
imune a matar o tumor residual.
Pacientes com síndromes de imunodeficiência congênita ou
adquirida demonstram um aumento da tendência de
desenvolvimento de tumores malignos, por exemplo, os pacientes
com AIDS podem desenvolver o sarcoma de Kaposi.
A população infantil e de idosos tem uma incidência aumentada de
tumores. Esses membros da população frequentemente têm um
sistema imune que está comprometido.
Hospedeiros podem ser imunizados especificamente contra vários
tipos de tumores demonstrando que antígenos tumorais podem
disparar uma resposta imune
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Certos tumores regridem espontaneamente (ex. melanomas,
neuroblastomas), sugerindo uma resposta imunológica.
3.2 Antígenos Tumorais
Para que o sistema imune reaja contra um tumor, este deve ter
antígenos que são reconhecidos como estranhos. As células tumorais podem
diferir antigenicamente das normais no que ganham ou perdem moléculas de
membrana, várias alterações na expressão de genes ocorrem em células
durante a tumorigênese. Tumorigênese leva à expressão de novos antígenos
(neoantígenos) ou à alteração nos antígenos existentes que são encontrados
nas células normais. Esses antígenos incluem receptores de membrana,
reguladores do ciclo celular e apoptose, ou moléculas envolvidas nas vias de
transdução de sinal.
Os tumores induzidos por vírus oncogênicos tendem a ganhar novos
antígenos característicos do vírus indutor ou de outros retrovírus endógenos.
Esses antígenos, embora sejam codificados por um genoma viral, não fazem
parte de uma partícula viral. Exemplos desse tipo de antígeno incluem os
AMCOF encontrados nas células linfoides neoplásicas dos gatos infectados
com o vírus da leucemia felina e os antígenos específicos dos tumores de
Malek encontrados em células tumorais da doenças de Marek das galinhas.
Já, os tumores quimicamente induzidos diferem dos induzidos por vírus
pelo fato de possuírem antígenos de superfície exclusivos do tumor e não do
produto químico indutor. Os tumores induzidos por um produto químico único
em animais diferentes da mesma espécie podem ser muito antigenicamente
diferentes.
3.3 Mecanismos Imunológicos que atuam contra células tumorais
Os principais mecanismos de destruição das células tumorais envolvem
o ataque por parte das células exterminadoras naturais (EN) e das células T
citotóxicas, embora os macrófagos ativados e os anticorpos também possam
participar desse processo.
As células EN se caracterizam pela sua capacidade de matar as células
tumorais, as células infectadas com vírus e algumas células normais na
ausência de uma sensibilização anterior. Essas células nos animais são na sua
maioria linfócitos grandes, e diferentes das células T, as células EN não
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dependem do timo para o seu desenvolvimento. Células exterminadoras
naturais são encontradas principalmente nos órgãos linfoides secundários, um
pequeno número é encontrado na medula óssea e não se encontra nenhuma
delas no timo normal.
As células T são sem dúvida, o principal mecanismo de defesa para o
organismo contra as células tumorais. Atuam tanto diretamente sobre elas
(células CD8+) como ativando outros componentes do sistema imune (as
células CD4 que atuam através de linfocinas).
Em alguns sistemas tumorais experimentais, os macrófagos podem
exercer um efeito antitumoral especialmente no caso de macrófagos ativados
por uma exposição ao IFN- γ. Esses macrófagos ativados podem agir tanto em
uma maneira especifica como em uma maneira inespecífica. As principais
citocinas envolvidas na ativação dos macrófagos são INF-γ, a IL-4, o TNF e o
GM-CSF (fator de estimulação de crescimento granulócito-macrófago).
Infelizmente, os tumores malignos podem liberar um fator que inibe a ativação
dos macrófagos, e os macrófagos dos animais portadores de tumores podem
demonstrar uma mobilização e uma quimiotaxia defeituosas.
Os anticorpos podem ter certa importância protetora, já que em conjunto
com o complemento, podem lisar as células tumorais livres. Os anticorpos não
são efetivos na destruição das células nas neoplasias sólidas.
3.4 Mecanismos de escape das células tumorais
De acordo com a Teoria da Vigilância Imunológica, células cancerígenas
que aparecem no corpo são eliminadas pelo sistema imune. Entretanto, devido
à reatividade imune prejudicada, células cancerígenas podem escapar da
destruição. Os estudos dos animais portadores de tumores indicam vários
mecanismos através dos quais os sistemas imunes falham em rejeitar os
tumores. Um desses mecanismos é a imunossupressão.
Animais portadores de tumores são imunossuprimidos. Essa
imunodepressão é claramente observada nos animais com tumores linfóides.
Assim, os tumores de células B tendem a suprimir a formação de anticorpos,
enquanto os tumores de origem nas células T geralmente suprimem as
respostas imunes mediadas por células e a atividade das células EN. Por outro
lado, a imunossupressão nos animais com tumores quimicamente induzidos
parece de dever, pelo menos em alguns casos, a liberação de fatores
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imunossupresivos, tais como as prostaglandinas, a partir das células tumorais
ou dos macrófagos associados ao tumor. A presença de células tumorais de
crescimento ativo representa uma drenagem protéica severa em um animal.
Essa perda protéica pode ser refletida em uma resposta imune prejudicada.
Outra razão para a falha da vigilância imune pode ser o fato de que no
início do desenvolvimento de um tumor, a quantidade de um antígeno pode ser
muito pequena para estimular o sistema imune (tolerância a baixa dose) ou,
devido à rápida proliferação de células malignas (tolerância a alta dose), o
sistema imune é rapidamente sobrecarregado. Além disso, alguns tumores
evadem o sistema imune ao secretarem moléculas imunossupressoras e outros
induzem células T regulatórias, particularmente as células CD4+CD25+
FoxP3+ . Também, alguns tumores podem destacar seus antígenos que por
sua vez interagem e bloqueiam anticorpos e células T impedindo-as de
reagirem com as células tumorais.
3.5 Diferenças entre as espécies
Bovinos – As células EN são GD2+, GD5+ , CMH da Classe II+ e asialo
GM-1+. O baço e no sangue periférico são as regiões onde são encontradas
nas mais altas concentrações. As células EN são grandes e podem atacar as
células-alvo cancerosas humanas e as células bovinas infectadas com o PI3, o
VLB e o HVB-1.
Gatos – As células EN felinas são grandes linfócitos granulares
encontrados no sangue e no baço e são ativas contra células-alvo felinas
infectadas com o vírus da leucemia felina, herpesvírus felino ou vírus da varíola
bovina.
Suínos – As células EN dos suínos são GD2+, GD8+, CMH da Classe II
e AFL-1+.Assim como no bovino são encontradas no baço e sangue periférico,
e baixas concentrações no linfonodos ou timo. Células EN suínas podem lisar
as células cancerosas humanas e as células infectadas com o vírus da
gastroenterite transmissível ou com o vírus da pseudo-raiva.
Cães – Células EN caninas podem lisar as células-alvo infectadas com o
vírus da cinomose, bem como as células cancerosas dos melanomas,
osteossarcomas e carcinomas mamários.
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Equinos – Identificaram-se as células EN equinas. Elas foram ativadas
pela ILHur-2 e foram ativas contra células-alvo tumorais humanas.
3.6 Imunoterapia contra tumores
Imunoterapia tem sido usada com um meio moderno de
tratamento do câncer. Meios ativos e passivos de estimular os sistemas imunes
não específicos e específicos têm sido empregados, em alguns casos com
sucesso significativo. A imunoterapia mais simples consiste em estimular
inespecificamente o sistema imune. O imunoestimulante mais amplamente
utilizado é a cepa atenuada do Mycobacterium bovis, o BCG. Este, ativa os
macrofagos e estimula a liberação de citocina, promovendo assim a atividade
das células T. Mais informações acerca do uso do BCG provieram de estudos
em humanos com melanomas e câncer visceral.
O BCG, no entanto, pode causar lesões severas no local de
injeção e, ocasionalmente, uma hipersensibilidade sistêmica. Outros
imunoestimulante incluem o P.acnes, levamisol e várias vacinas bacterianas
mistas.
Imunoterapia Ativa - Nesta, o hospedeiro participa ativamente na
montagem de uma resposta imune. A ativação específica é conseguida pelo
uso de vacinas.
Imunoterapia Passiva - Esta envolve a transferência de anticorpos
reformados, células imunes e outros fatores para os hospedeitos.
Específica :
a) Anticorpos contra antígenos do tumor (ex. Her2/Neu para o
tratamento de câncer de mama).
b) Anticorpos contra IL-2R para leucemia de células T de adultos
induzida pelo vírus linfotrópico (HTLV-1).
c) Anticorpos contra CD20 expressado em linfoma não Hodgkin’s
de célula B. Esses anticorpos se ligam a antígenos tumorais na
superfície da célula e ativam complemento (C’) para mediar a lise
da célula tumoral. Além disso, células contendo receptor Fc tais
como células NK, macrófagos e granulócitos se ligam aos
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complexos antígeno-anticorpo na superfície do tumor e mediam a
morte da célula tumoral através de citotoxicidade celular
dependente de anticorpos.
d) Anticorpos conjugados a toxinas, radioisótopos e drogas
anticancerígenas também têm sido usados. Estes penetram nas
células e inibem a síntese protéica, ex.: anti-CD20 conjugado à
toxina de Pseudomonas ou a toxina ricina.
Não específica :
a) Transferência adotiva de linfócitos:
Células assassinas ativadas por linfocinas (LAK) que são
células T e NK ativadas por IL-2.
Linfócitos infiltradores de tumores (TIL).
b) Células dentríticas pulsadas com antígenos tumorais podem
induzir respostas de células T tumor-específicas.
c) Citocinas:
IL-2: Ativa células T/NK expressando receptores de IL-2. É
usado no tratamento de carcinoma celular renal e melanoma
IFN-alfa: Induz a expressão de MHC em tumores e é usado no
tratamento de leucemias pilosas de células B.
TNF-alfa: Mata células tumorais.
d) Células tumorais transfectadas com gene da citocina podem
ser também usadas e que pode ativar imunidade antitumoral
mediada por células T ou LAK.
3.7 Alguns tumores específicos
Sarcoma venéreo transmissível – neoplasia transmitida entre os cães
durante a cópula através de um transplante de células tumorais. Os cães
expostos, quer desenvolvam uma neoplasia progressiva ou não, desenvolvem
anticorpos contra as células tumorais, embora o soro dos cães com tumores
regressivos seja mais eficiente na inibição do crescimento maligno.
Papilomas - As verrugas são neoplasias autolimitantes de células
epidérmicas induzidas pelo papilomavírus. Encontram-se disponíveis vacinas
antiverrugas que contêm papilomavírus inativados.
17
Melanoma suíno – Os suínos portadores do melanoma de Sinclair são
uma linhagem de animais que desenvolve espontaneamente tumores
melanóticos. A maioria desses tumores é benigna e regride espontaneamente.
No entanto, alguns são malignos e letais.
Sarcóides equinos – Os sarcóides equinos são neoplasias
fibroblásticas localmente agressivas da pele equina. Podem ser induzidos por
vírus. Foram identificados dois agentes etiológicos possíveis, um retrovírus e
um papilomavírus bovino. Os sarcóides equinos são notadamente tratáveis
com uma imunoterapia.
4. IMUNOLOGIA DOS TRANSPLANTES
A imunologia de transplantes constitui-se um importante capitulo da
imunologia, onde se estuda a compatibilidade imunogenética entre doadores e
receptores ao transplante de órgaos e tecidos. Transplantação, do modo que o
termo é usado em imunologia, refere-se ao ato de transferir células, tecidos ou
órgãos de um local para outro. O desejo de realizar transplantes nasceu da
compreensão de que era possível curar muitas doenças pela implantação de
células, tecidos ou órgãos saudáveis de um indivíduo para outro.
A rejeição de um transplante de órgão estranho simplismente reflete o
papel do sistema imune na identificação e na destruição das celulas diferentes
do normal.
Quando órgãos são transplantados para uma parte diferente do corpo de
um animal, não disparam uma resposta imune. Esse tipo de transplante dentro
de um individuo, é chamado de autotransplante. Como os autotransplantes não
expressam antígenos estranhos, não disparam uma resposta imune.
Os isotransplantes são transplantes transplantados entre indivíduos
geneticamente idênticos. Um transplante entre gêmeos idênticos é um
isotransplante. Como os animais são idênticos, o sistema imune do receptor
não pode se diferenciar entre as células transplantadas e as células corpóreas
normais. Já os alotransplantes são transplantes transplantados entre membros
da mesma espécie geneticamente diferentes. Como as moléculas de CHM
(molécula do complexo de histocompatibilidade) e de grupo sanguíneo no
18
alotransplante são diferentes das do seu hospedeiro, induzem uma resposta
imune forte que provocará uma rejeição de transplante.
Os xenotransplantes são transplantes transplantados entre animais de
espécies diferentes. Os tecidos xenotransplantados diferem do seu hospedeiro
tanto bioquímica como imunologicamente. Como resultado, provocam uma
resposta imune intensa e rápida.
4.1 Mecanismos da Rejeição de Alotransplantes
A rejeição dos alotransplantes é medida tanto por anticorpos como por
células T.
- Rejeição Hiperaguda: Caracterizada pela formação de trombos no enxerto
imediatamente após o transplante. Mediada por anticorpos preexistentes na
circulação do hospedeiro que se ligam aos antígenos endoteliais do
hospedeiro.
- Rejeição Aguda: Caracterizada pela lesão vascular e parenquimatosa
mediada por células T e anticorpos que geralmente se inicia após a primeira
semana de transplante. Tanto células T CD4 e CD8 podem contribuir para a
rejeição aguda.
- Rejeição Crônica: Desenvolvem-se vários meses após o transplante. É um
processo lento, mediado anticorpos e de difícil tratamento.
4.2 Histocompatibilidade
Quando um tecido ou órgão é transplantado em um animal
geneticamente diferente, o receptor montará uma resposta imune contra muitos
antígenos diferentes e nas células do alotransplante. Esses antígenos são
denominados antígenos de histocompatibilidade.
As moléculas de CHM das classes I e II e as glicoproteínas de grupo
sanguíneo principais são os três principais grupos de antígenos de
histocompatibilidade e possuem uma grande importância na estimulação da
rejeição. Todas elas são expressas na superfície das células do transplante,
mas sua distribuição é variada. Os antígenos de grupo sanguíneo principais
são encontrados nas hemácias, bem como nas células nucleadas. As
moléculas da Classe II possuem uma distribuição restrita que varia entre os
19
mamíferos. Essas moléculas de CHM da Classe II são reconhecidas como
estranhas e disparam o processo de rejeição.
Os transplantes que diferem minimamente do receptor sobreviverão
geralmente por mais tempo que os transplantes altamente incompatíveis.
A falha dos transplantes CHM e grupo sanguíneo compatíveis em
sobreviver indefinidamente se devem provavelmente aos efeitos cumulativos
de um grande numero de outras diferenças de histocompatibilidade menores.
Em geral, quanto mais intimamente o doador e o receptor se
relacionarem, menos serão as suas diferenças no CHM. Por essa razão, é
preferível que se obtenha os transplantes a partir dos pais ou dos irmãos de um
receptor.
4.3 Xenotransplantes
Os humanos atualmente recebem órgãos provenientes de outros
doadores humanos mortos, a necessidade por transplantes de órgãos excede
grandemente o suprimento. O transplante a partir de doadores não humanos
poderia eliminar essa escassez. Os suínos podem se tornar doadores ideais.
Reproduzem-se rapidamente e os seus órgãos têm um tamanho apropriado.
Infelizmente, os órgãos desses animais disparam uma resposta de rejeição de
xenotransplante severa. Por exemplo, os xenotransplantes renais suínos
transplantados em cães são rejeitados em 10 a 20 minutos. Essa rejeição de
xenotransplante é mediada através da ativação de complemento por parte de
anticorpos preexistentes contra o epitélio suíno no soro canino.
A rejeição também pode ser mediada através da via de complemento
alternativa. Essa via resulta a partir da falha dos inibidores naturais dessa via
(GD46, GD55, GD59) para agir através de linhagens especificas.
Um ponto relevante ao xenotransplante é que os animais doadores
podem transportar vírus que poderiam causar uma doença em um receptor
severamente imunossuprimido.
5. AUTO-IMUNIDADE E DOENÇAS AUTO-IMUNES
O sistema imune possui uma diversidade tremenda e como o repertório
de especificidades manifestadas pelas populações de células T e B é gerado
ao acaso,sempre existe a possibilidade de muitas especificidades serem
20
digeridas contra componentes próprios.Assim,o organismo deve estabelecer
mecanismos de autotolerância para distinguir entre os determinantes próprios e
não -próprios para evitar a auto-reatividade.Contudo,todos os mecanismos são
passíveis de rompimento e os auto-reconhecimento não são
exceção.Portanto,inúmeras doenças foram identificadas,nas quais existe uma
produção copiosa de auto-anticorpos e células T auto-reativas.
As conseqüências de auto-imunidade podem variar de mínimas até
catastróficas, dependendo da extensão do prejuízo à integridade da
autotolerância. Portanto, temos de distinguir entre uma resposta auto-imune e
uma doença auto-imune, em que o reconhecimento do próprio causa
consequências patológicas que envolvem anticorpos, complemento, complexos
imunes e a imunidade mediada por células .
Doenças auto-imunes resultam de uma perda de tolerância a um
pequeno número de auto-antígeno e não necessariamente refletem uma perda
significativa de controle do sistema imune como um todo è provável que todos
os órgãos do corpo sejam suscetíveis a essa forma de ataque.
5.1Critérios para doenças auto-imunes
5.1.1 A prova direta
A prova direta definitiva é quando a transferência de auto anticorpos ou
linfócitos auto-reativos para um hospedeiro reproduz a doença .
5.1.2 Evidências indiretas
Devido às dificuldades de obter provas diretas para os mecanismos de
auto-imunidade ,utilizam-se evidências indiretas.Uma das estratégias é
identificar o antígeno-alvo em humanos,isolar o antígeno no modelo animal e
reproduzir a doença em um animal experimental após a administração do
antígeno agressor.
5.1.3 Evidências circunstanciais
As evidências circunstanciais se baseiam em indícios clínicos que
incluem tendências familiares,infiltração por linfócitos,associação ao MHC,e –
21
mais importante-melhora clínica após tratamento com drogas
imunossupressoras.
5.2 Etiologia da doença auto-imune
Doenças auto-imunes são multifatoriais, diferentemente das doenças
infecciosas que são causadas por um único organismo.Antes da manifestação
aparente da doença,uma constelação de diferentes eventos tem de
ocorrer.Tais combinações de eventos normalmente incluem tanto fatores
genéticos quanto ambientais.
5.2.1Fatores genéticos na doença auto-imune
Existe uma inegável incidência familiar de auto-imunidade.Esta
incidência familiar é quase certamente genética,ao invés de ambiental.
A evidência mais comum da existência de uma predisposição genética
para uma doença auto-imune é a maior incidência em gêmeos univitalinos,ou
uma menor incidência ,mas ainda elevado em gêmeos bivitalinos e membros
de uma mesma família ,quando compara a população geral.Embora tendências
familiares ocorram, o padrão de herança geralmente é complexo,e indica que a
herança é poligênica.Isto significa que nenhum gene individual é suficiente para
desencadear a doença,e que muitos genes podem interagir entre si.
5.2.2 Fatores ambientais
Além da predisposição genética ,fatores ambientais exercem um papel
fundamental em muitas doenças auto-imunes,iniciando as manifestações da
doença.Alguns auto-antígenos são protegidos (seqüestrados) do sistema
imune.Portanto,mesmo se alguns indivíduos possuem células B e T auto-
reativas,estas não serão ativadas para iniciar auto-imunidade.Como exemplos
de antígenos condrocítico da cartilagem e os antígenos seqüestrados
consideram-se a lente e as proteínas uveais do olho,o antígeno condrocítico
da cartilagem e os antígenos dos espermatozóides.Quando estes antígenos
são expostos ao sistema imune,por meio de algum acidente físico ou após
infecção,uma resposta auto-imune pode se desenvolver.Entretanto,outros auto-
antígenos de circulação livre como a tireoglobulina ,IgG e DNA também podem
estar envolvidos na doença auto-imune.
22
5.2.3 Falta de células T auxiliares
Alguns dos auto-antígenos que circulam em baixas concentrações, como
a tireoglobulina,podem tornar tolerantes as células T auxiliares específicas para
auto-antígeno sem afetar as células B específicas para o mesmo
antígeno.Portanto as células B capazes de ligar tireoglobulina podem existir em
indivíduos normais,mas não são estimuladas para produzir auto-
anticorpos,porque não possuem a ajuda das células T apropriadas.Existe
vários mecanismos proposto pelo autor em relação a ausência ou a inativação
funcional das células T e uma da sugestão é a auto imunidade se desnvolve
quando uma célula B auto-reativa é ativada pela ajuda de uma célula T que foi
ativada por um antígeno contendo um epítopo novo ou alterado da célula T.
5.2.4 Controle por células T supressoras
Uma possibilidade do controle da resposta imune em animais normais é
a indução de células que suprimem a resposta imune em animais é a indução
de células que suprimem a resposta imune,as chamadas células
“supressoras”.Os resultados obtidos em alguns sistemas experimentais
indicaram que uma inibição das células T supressoras pode levar à auto-
imunidade.Este efeito pode explicar por que fenômenos experimentalmente
induzidos tendem a ser agudos e autolimitantes.As células supressoras operam
através da síntese de citocinas .
5.3 Patogênese
Os processos auto-imunes frequentemente são patogênicos. Quando
auto - anti-anticorpos são encontrados em associação com uma doença em
particular, pode-se inferir o seguinte:
A auto-imunidade é responsável pela produção das lesões da doença.
Existe um processo patológico que, pela produção de dano tecidual, leva
secundariamente ao desenvolvimento de auto-anticorpos.
Existe um fator que produz as lesões e a auto-imunidade.
5.4 Exemplos de doenças auto-imunes
23
5.4.1 Endocrinopatia auto-imune
Embora os animais domésticos sofram de endocrinopatias auto-
imunes,diferem dos humanos à medida que essas doenças tendem a se
apresentar como distúrbios únicos em vez de envolverem glândulas
múltiplas.Ocasionalmente ,um cão pode sofrer de dois ou mais distúrbios
endócrinos auto-imunes simultaneamente(síndrome poliglandular auto-
imune),mas isso é incomum.
5.4.2 Hipotireoidismo
Os cães,o homem e as galinhas sofrem uma tireoidite auto-imune de
ocorrência natural.Nos cães,a doença pode ser assintomática e somente
detectável m uma biópsia tireóidea,ou pode resultar em uma doença clinica
significativa.Os cães afetados podem mostrar uma reação cutânea retardada a
um extrato tireóideo intradermicamente injetado,sugerindo que os mecanismos
mediados por células também participam da doença.
Os sinais clínicos da tireoidite auto imune são os do hipotireoidismo-ou
seja, os animais ficam gordos e inativos, exibem uma alopecia macular e ficam
relativamente inférteis.
5.4.3 Diabetes melito insulino-dependente
Os diabetes melito insulino-dependente (DMID) nos cães se associa
com uma atrofia das ilhotas pancreáticas e uma perda completa de células
beta. Em alguns, mas não todos os casos, as ilhotas dos cães afetados são
infiltradas por linfócitos.No homem,o DMID é uma doença auto-imune que
resulta do desenvolvimento de auto-anticorpos contra uma exima de células
insulares chamada de ácido glutâmico descarboxilase .
5.4.4 Adrenalite auto-imune
Os cães sofrem uma função hipoadrenocortical como resultado de uma
destruição auto-imune do córtex adrenal. A infiltração linfocítica do córtex e sua
subseqüente destruição levam a uma deficiência de mineralocorticóides.Os
animais afetados apresentam depressão,pulso fraco,bradicardia,dor
abdominal,vômito diarréia ,desidratação e hipotermia .
24
5.4.5 Neuropatia auto-imune
Como os antígenos cerebrais são normalmente seqüestrados por trás da
barreira hematoceberal ,é relativamente fácil induzir uma cerebropatia auto-
imune no laboratório.Conhecida como encefalomielite alérgica experimental
(EAE),pode ser produzida através da inoculação de animais com tecido
emulsificado em adjunvante completo de Freund .
5.4.6 Polineurite Eqüina
A polineurite eqüina (neurite da cauda eqüina)é uma afecção incomum
dos eqüinos ,na qual uma polineurite afeta os nervos sacrais e coccígeos.Os
eqüinos,os eqüinos afetados mostram uma hiperestesia acompanhada por uma
hipoestesia e uma paralisia progressiva da cauda ,reto e bexiga com uma
anestesia localizada na mesma região.Ela pode levar a uma impotência dos
garanhões.
5.4.7 Oculopatia auto-imune
5.4.8 Uveíte recorrente eqüina
A causa mais comum de cegueira nos eqüinos é uma afecção chamada
uveíte recorrente eqüina ou oftalmia periódica.Isso resulta de ataques
recorrentes de uma uvíte anterior.Nos casos agudos,os eqüinos exibem
blefarospasmo,lacrimejamento e fotofobia.
5.4.8 Doença reprodutiva auto – imune
A tolerância a auto-antígenos se desenvolve durante a vida fetal.No
início da puberdade,aparecem novos antígenos contra os quais o sistema
imune não é tolerante.Esses antígenos são reconhecidos pelo sistema imune
adulto como estranhos.Se os testículos forem danificados de forma a serem
liberados no corpo,uma resposta auto-imune pode resultar no desenvolvimento
de uma orquite.Experimentalmente, pode-se produzir uma orquite nos machos
através da injeção de extratos de testiculares emulsificados em adjunvante
completo de Freund .
25
5.4.9 Doença cutânea auto-imune
O complexo principal de doença geralmente envolve uma formação de
empolas ou vesículas na pele,e os dermatologistas usam os termos pênfigo ou
penfígóide para descrevê-lo.
5.4.10 Dermatoses por IgA lineares
Algumas doenças cutâneas imunes se caracterizam pela deposição
linear de IgA na zona da membrana basal da pele.Essa doença possui lesões
pustulares e papulares,lembrando uma piodermia,embora também existam
vesículas subepidérmica preenchidas com eosinófilos.Alguns casos podem ser
intensamente pruriginosos.Tem-se recomendado a droga dapsona como
tratamento específico para essas afecções.
6. IMUNIDADE ÀS BACTÉRIAS
As bactérias que habitam o meio ambiente Já fazem parte da flora
normal dos animais, sendo muitas delas necessárias a sua sobrevivência,
auxiliando na digestão dos alimentos, na proteção da derme entre outros. O
desenvolvimento de certas doenças patogênicas não se dá apenas pela
presença da bactéria, esta interligada a outros fatores para sua ocorrência,
como a presença de tecidos danificados, a capacidade da bactéria de ser
virulenta e a resistência do hospedeiro.
A defesa contra as bactérias são mediada pelos mecanismos efetores
tanto da imunidade inata quanto da adaptativa, sendo que o sistema imune
responde de modo diferente as diferentes microorganismos, A sobrevivência e
patogenicidade dos microorganismos é influenciada pela capacidade de
evasão aos mecanismos efetores. Em muitas infecções, a lesão tecidual e a
doença são causadas pela resposta do hospedeiro a bactéria e a seus
produtos, mais do que pelo microorganismo em si.
As doenças causadas por bactérias são efetivadas por diversos
mecanismos, liberação de toxinas ou invasão e multiplicação provocando a
destruição de células e consequentemente dos tecidos. Essas toxinas podem
ser tanto derivadas do interior das bactérias como da parede celular sendo
26
chamadas respectivamente exotoxinas e endotoxinas. A exemplo estão o
Clostridium tetani, Clostridium botulinum, entre outras exotoxinas e Sallmonela
dublin , Brucella abortus como endotoxinas.
A resistência a bactérias é influenciada por diversos fatores tais como a
genética na qual os animais passam resistência ou imunidade a seus
descendentes, podendo contrariamente passar também uma suscetibilidade a
certas patologias variando de acordo com a linhagem genética do animal e sua
especificidade. Os hormônios são o segundo fator de resistência a bactérias,
fêmeas tendem a ser mais resistentes e a infecções que os machos, pois as
altas doses de progesterona e esteróides torna os animais machos
imunosupressivos mais propícios a doenças bacterianas. A alimentação
inadequada é outro fator que pode prejudicas o animal deixando-o mais
suscetível a doenças.
Outro fator de resistência a agentes bacterianos são as moléculas
protetoras ou antimicrobianas com a lisozima, que compõem tecidos e líquidos
corpóreos, é responsável pela destruição de bactérias gram positivas atingindo
o peptídeoglicano da parede das bactérias, podendo também destruir algumas
bactérias gram negativas juntamente com o sistema complemento. Os também
conhecidos ácidos graxos e ácidos oléicos podem também auxiliar a
resistência inibindo as bactérias.
Os mecanismos pelo qual o organismo gera uma resposta imune as
bactérias são a neutralização das toxinas através dos anticorpos, a morte da
bactéria por meio dos anticorpos juntamente com as lisozimas e o sistema
complemento, a opsonização que é a fixação de opsoninas e fragmentos do
complemento para facilitar a fagocitose da bactéria, a destruição das bactérias
através dos macrófagos e a morte direta por meio de células T citotoxicas e
das células EN, esses processos podem ser retardados por cápsulas imunes e
o crescimento intraceluar retardando assim os processos de destruição das
bactérias.
Mesmo sendo benéficas e necessárias as respostas imunes elas podem
vir a contribuir para o desenvolvimento de lesões granulosas e infecções
graves, pois os granulomas utilizados para barrar as bactérias podem também
lesar tecidos não infectados.
27
Os usos de vacinas antibacterianas são bem aceitos na medicina
veterinária, um outro meio de imunizas os animais seja por meio de toxoides e
as próprias bactérias vivas ou mortas.
7. IMUNIDADES AOS FUNGOS
O ambiente está repleto de esporos de diversos fungos e, em geral, eles
flutuam no ar. Em meio a ampla variedade de esporos que caem sobre a pele
ou são inalados para os pulmões, só alguns produzem infecções e raramente
se propagam a outras partes do organismo. Alguns tipos de fungos podem
viver normalmente sobre a superfície do corpo ou dentro do intestino. Estes
habitantes do organismo só ocasionalmente podem causar infecções locais da
pele, da vagina ou da boca de animais, e raramente causam mais dano. Em
certos casos, no entanto, determinadas variedades de fungos podem
desencadear infecções graves dos pulmões, do fígado e do resto do corpo de
animais.
São diversas as localizações de fungos em processos infecciosos, a
resposta é uma mistura das características de processos típicos para agentes
intra e extracelulares.
Na defesa contra agentes fúngicos o organismo age ativando o trajeto
do sistema complemento, atraindo assim os neutrófilos e induzindo-os a ingerir
as hifas e pseudo-hífas dos fungos, podendo destruí-las, mas não são capazes
de destruir os fungos por inteiro por ser grande e desproporcional ao tamanho
dos neutrofilos.
É importante citar que as infecções fúngicos só podem ser destruídas
por células T, que possuem um efeito citotoxico em leveduras, e por ativarem
os macrófagos. As infecções fungícas são lentas podendo demorar meses e
anos ate que seja identificada.
8. IMUNIDADE AOS VÍRUS
Os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios, ou seja, necessitam da
maquinaria bioquímica da célula hospedeira para direcionar a síntese protéica
e o metabolismo dos açúcares. Extremamente diversificados, em termos, das
28
complexidades genética e estrutural, alguns possuem genoma RNA,
codificando apenas poucos genes, e outros possuem genomas DNA,
codificando até 200 genes.
Os vírus consistem de um ácido nucléico central circundado por, uma
camada de subunidade protéicas repetidas, podem ser circundados por um
envelope que contém lipoproteína derivadas em parte da célula hospedeira. Na
infecção viral uma característica é peculiar, o processo de parasitismo é
determinado por ligações a receptores específicos na célula hospedeira. Esta
especificidade identifica o tropismo do vírus por determinado hospedeiro ou
mesmo por uma célula. Após a penetração, o vírus sofre desnudamento, há
liberação de acido nucléico e a transcrição ocorre seguida da produção de
proteínas virais. O genoma viral sofre replicação e nova progênie de partículas
virais é arranjada e liberada para infectar novas células e novos tecidos.
Com grande diversidade na sua capacidade de infectar, persistir e
produzir doenças em um hospedeiro, o vírus, comumente, penetra no
hospedeiro a partir de superfícies mucosas; lesões de pele, constituem outro
mecanismo bastante eficiente de introdução direta dos vírus na corrente
sanguínea. A Replicação normalmente ocorre nas superfícies epiteliais,
seguida, em alguns casos, de disseminação hematogênica para atingir os
tecidos. A recuperação da infecção pode envolver a eliminação do vírus do
organismo hospedeiro.
8.1 As respostas imunes inatas contra os vírus.
Sendo, patógenos intracelulares obrigatórios, muitos se desenvolvem
para ter mecanismo altamente sofisticados de invasão celular, replicação e
evasão do sistema imune. As defesas do hospedeiro contra infecções virais
direcionam-se para primeiro retardar a replicação viral e então erradicar a
infecção. A replicação viral pode ser complexa, com vários fatores afetando o
resultado da interação parasita-hospedeiro, tais como a via de entrada, o sitio
de adesão, os aspectos de patogênese pelo vírus infectante, a indução de
interferon, a resposta de anticorpos e a imunidade mediada por células.
Os interferons são proteínas antivirais ou glicoproteinas com peso
moleculares de 20 a 34 KDa, produzidas por alguns diferentes tipos de células
29
no hospedeiro mamífero em resposta a infecção viral. Os IFN são produzidos
na fase inicial da infecção e constituem a primeira linha de resistência a muitas
viroses.Um importante mecanismo de defesa inicial consiste na produção de
vários tipos de interferons (IFN), IFNα (interferon de leucócitos), IFNβ
( interferon de fibroblastos), IFNγ( interferon imune).
Os IFNα e IFNβ produzidos pelas células infectadas por vírus difundem-
se para as células adjacentes e ativam genes que interferem com a replicação
viral. Estes interferons também estimulam a produção de moléculas classe I do
MHC e proteínas do proteassoma que aumentam a habilidade da células
infectadas por vírus de apresentarem peptidios virais as células T. Ativam as
células NK que podem eliminar as células do hospedeiro infectada com vírus
através de citotoxicidade mediada por células dependentes de anticorpos.
As células NK também produzem IFNγ um potente ativador da função de
macrófago, o qual ajuda a aprimorar o sistema imune para produzir uma
resposta imune adquirida. As proteínas do sistema imune para produzir uma
resposta imune adquirida. As proteínas do sistema complemento danificam o
envelope de alguns vírus, o que pode fornecer alguma medida de proteção
contra certas infecções virais.
8.2 Imunidade especifica aos vírus mediada por anticorpos.
Sendo proteínas, os capsídeos virais são antígenos, e é contra eles e as
proteínas do envelope que se montam predominante a resposta imunes
antivirais. Os anticorpos podem impedir uma invasão celular por bloquearem a
adsorção dos vírus em célula-alvo, por estimularem a fagocitose dos vírus por
parte dos macrófagos, por inibirem a virolise mediada por complemento ou por
causarem um agrupamento dos vírus, reduzindo assim o número de unidades
infecciosas disponíveis para uma invasão celular.
Alguns anticorpos podem impedir os vírus de invadirem outras células, estes
são chamados anticorpos neutralizantes. As imunoglobulinas envolvidas na
neutralização viral incluem a IgG e a IgM no soro e a IgA nas secreções,
possivelmente a IgE exerça papel protetor. Os anticorpos para as proteínas
virais podem impedir a infecção por interferir com a ligação do vírus as células
do hospedeiro. A produção de IgA secretória pode proteger o hospedeiro e
30
impedir a infecção de células epiteliais nas superfícies mucosas. Os anticorpos
também podem interferir com a progressão viral por aglutinarem partículas
virais, ativando o complemento nas superfícies virais e promovendo a
fagocitose de partículas virais por macrófagos. A produção de uma resposta
imune por anticorpos serve para limitar a disseminação viral e facilitar a
destruição das células infectadas pelo ADCC.
8.3 Imunidades aos vírus Mediada por células
Embora os anticorpos e o complemento possam neutralizar os vírus
livres e destruir as células infectadas com os vírus, são os mecanismos imunes
mediados por células que são os mais importantes no controle das doenças
virais.
As células T promovem imunidade antiviral de varias maneiras, os
linfócitos T exibem uma variedade de funções na imunidade antiviral. A maioria
das respostas por anticorpo é timodependente, exigindo a presença de células
T CD4+ para troca de classes e maturação da afinidade. As células T CD4+ na
indução de células T CD8+ e no recrutamento e na ativação de macrófagos em
locais de infecção viral. Os macrófagos possuem uma atividade antiviral
significativa, agindo ma absorção e destruição viral, se os vírus não forem
citopáticos, mas forem capazes de crescer dentro dos macrófagos, ocorrerá
uma infecção persistente. Sob essas circunstancias devem-se ativar os
macrófagos para os vírus.
8.4 Evasões da Resposta imune por parte dos vírus.
É determinante a estratégia de evasão viral frente ao reconhecimento
por anticorpos e a variação, a melhor delas, pois envolve regiões mutantes em
proteínas, normalmente visadas pelos anticorpos. Os exemplos mais
significativos disso são observados entre os vírus da influenza do Tipo A e o
herpes vírus. A imunidade humoral para estas doenças persiste somente ate a
emergência de novas cepas virais, dificultando a produção de vacinas
eficientes e de efeito protetor de longa duração.
31
O anticorpo pode remover os antígenos virais das membranas
plasmáticas pelo capeamento. Este mecanismo possivelmente força a infecção
intracelular persistente causada por alguns vírus.
Os herpes vírus codificam glicoproteinas com atividade de receptor Fc
para IgG. Esta estratégia viral poderia interferir na ativação do complemento e
bloquear a ação dos anticorpos antivirais. Alguns vírus produzem sua própria
defesa contra a ação de interferon através da produção de seqüências curtas
de RNA que competem pela proteína cinase e, de alguma forma, inibem a
ativação da enzima. Outros vírus codificam proteínas capazes de inibir o
transporte das moléculas MHC de classe I para a membrana celular. Esta
estratégia pode dar ao vírus uma vantagem adicional de evitar o
reconhecimento pela célula T citotóxica.
Contrariamente a resposta imune de curta duração contra as bactérias, a
imunidade antiviral é em muitos casos de duração muito longa. É geralmente
muito difícil senão impossível isolar o vírus de um animal que tenha se
recuperado de uma infecção com herpes vírus. A imunossupressão ou o
estresse podem permitir que uma doença ocorra em animais persistentemente
infectados.
8.5 Consequências adversas das respostas imunes aos vírus.
A resposta imune pode acarretar alguns danos induzido pelo vírus
durante o decorrer de algumas infecções virais, os tecidos tornam-se
danificados, provocando uma resposta inflamatória durante a qual os antígenos
¨sequestrados¨ podem vir a ser expostos, processados e apresentados ao
sistema imune. Exemplos incluem o vírus de Theiler (um picornavirus murino) e
a infecção do sistema nervoso com o vírus da hepatite murina, em que os
constituintes da mielina (material de isolamento dos axônios) tornam-se um
alvo para anticorpos e células T.
A resposta imune ao vírus pode, ocasionalmente , ser desvantajosas.
Um exemplo desses, é o vírus sincicial respiratório (VSR) bovino pode induzir
uma resposta de IgE especifica nos bovinos infectados. Isso pode resultar na
ocorrência de uma reação de hipersensibilidade do Tipo I nos pulmões, já que
existe uma relação entre os níveis de IgE e a severidade da doença causada
32
pelo VSR em alguns animais. Onde a destruição das células infectadas com
vírus por parte dos anticorpos é classificada como uma reação de
hipersensibilidade do Tipo II. Logo, os vírus são removidos ao custo de
destruição celular, a importância desse dano tecidual depende de quão
disseminada a infecção se tornou.
Em algumas doenças, onde o vírus causa pouca destruição celular, a maior
parte tecidual pode resultar de um ataque imunológico, dentre esses problemas
acarretados encontra-se a encefalite cinomótica onde ocorre uma
desmielinização extensa dos neurônios. Essa desmelienização observada na
cinomose crônica resulta da resposta antiviral. Com a ação dos macrófagos
que são muitos numerosos nessa lesão ingerem imunocomplexos e células
infectadas, como resultado liberam radicais livres e outros produtos tóxicos.
São esses produtos tóxicos que danificam as células vizinhas e assim
provocam uma desmielinização.
9. Imunidade aos Parasitas
A parasitologia é uma importante área de estudo, destacando-se no
desenvolvimento de métodos diagnósticos que possam contribuir para
estabelecer adequadamente a etiologia da infecção para a correta intervenção
terapêutica; avaliar a freqüência de determinadas parasitoses em diferentes
áreas, auxiliando no direcionamento de medidas de intervenção local e avaliar
a eficiência de medidas profiláticas e terapêuticas ao longo do tempo (UECKER
et. al,2007).
As parasitoses são causas relevantes de agravo à saúde em países
subdesenvolvidos e em desenvolvimento, onde condições sócio-econômicas-
culturais permitem a manutenção e disseminação de ciclos biológicos de vários
parasitas. São um grupo de patógeno complexo que incluem os protozoários e
helmintos, muitos parasitas tem estágios teciduais diferentes que podem diferir
na localização celular e na composição antigênica, desse modo estabelece um
difícil problema para o sistema imune.
De um ponto de vista imunológico, pode-se considerar um parasita um
sucesso se ele se integrar em um hospedeiro de uma forma tal que não seja
considerado estranho. Contrariamente as infecções de curta duração aguda
33
causadas pelos protozoários ou helmintos parasitários são de longa duração e
crônicas, e os parasitas individuais podem persistir em um hospedeiro por
longos períodos de tempo.
A resposta imune efetiva contra um determinado micróbio varia com o
tipo de patógeno e a estratégia microbiana para o patógeno. Os vírus,
bactérias, parasitas e fungos utilizam estratégias diferentes para se estabelecer
no hospedeiro e consequentemente, a resposta imune efetiva para cada uma
dessas classes de patógenos microbianos e distinta. Apesar de cada patógeno
ser diferente, certos assuntos emergem de cada quando consideram-se as
respostas imunes para as varias classes de patógenos.
A defesa do hospedeiro depende de inúmeros mecanismos
imunológicos efetores, tendo que o desenvolvimento da imunidade é um
processo complexo que surge das interações de muitos tipos celulares
diferentes em um determinado período de tempo. Os efeitos frequentemente
são locais e muitos tipos celulares, que podem estar presentes no local de
rejeição imune, secretam diferentes tipos de mediadores. Além do mais, os
processos envolvidos no controle da multiplicação dos parasitas em um
individuo infectado podem diferir daqueles responsáveis pelo desenvolvimento
de resistência à infecção. Em algumas infecções helmínticas, ocorre um
processo de ¨co-imunidade¨ em que uma infecção inicial não é eliminada, mas
torna-se estabelecida e o hospedeiro adquire resistência à invasão por vermes
da mesma espécie.
Conforme enfatizado anteriormente, diferentes mecanismos efetores
atuarão em uma única infecção contra os diferentes estágios do ciclo de vida
do parasita. Assim, na malaria, os anticorpos contra as formas livres bloqueiam
a capacidade invasiva dos parasitas e as respostas mediadas por células
impedem o desenvolvimento da fase hepática dos hepatócitos. A imunidade da
malaria não se correlaciona somente com os níveis de anticorpos e pode ater
ser induzida na ausência de anticorpos.
9.1 Mecanismos efetores
Para os parasitas se instalarem no hospedeiro eles precisam superar os
mecanismos de defesa preexistentes do hospedeiro para que possa se
estabelecer com sucesso, ainda antes da iniciação da resposta imune
especifica do hospedeiro. O complemento exerce papel importante nessa fase,
34
dado que vários tipos de parasitas, incluindo os vermes adultos e as larvas
infectantes possuem moléculas em sua superfície de revestimento que ativam
a via alternativa.
As plaquetas, macrófagos, neutrófilos, eosinofilos constituem a primeira
linha de defesa do organismo. Através de anticorpos e citocinas produzidos
especificamente em resposta aos antígenos parasitários potencializam as
atividades anti-parasitarias de todas estas células efetoras.
Antes da atividade de células apresentadoras de antígenos na iniciação
de uma resposta imune, os macrófagos atuam como células ejetoras que
inibem a multiplicação dos parasitas ou até mesmo os destroem. Estas células
secretam moléculas que regulam a resposta inflamatória. Algumas, como a IL-
1,IL-2, o TNFα e o fator estimulador de colônias(CSF), potencializam a
imunidade através da ativação de outras células.
10. IMUNIDADE AOS PROTOZOÁRIOS.
Embora os mecanismos não imunológicos de resistência aos
protozoários ainda não tenham sido esclarecido totalmente, estes parecem
possuir semelhança aos que operam nas doenças bacterianas e virais.
10.1 Imunidade Especifica aos Protozoários
Como os outros microrganismos, os protozoários estimulam tanto
resposta imunes humorais como mediadas por células. Os anticorpos
controlam o nível dos parasitas na corrente sanguínea e nos fluidos teciduais,
enquanto que as respostas mediadas por células se direcionam grandemente
contra os parasitas intracelulares.
Os anticorpos séricos direcionados contra os antígenos superficiais dos
protozoários podem opsonizar, aglutinar ou imobilizá-los. Os anticorpos junto
com o complemento e as células citotóxicas podem matá-los e alguns
anticorpos como a ablastina, podem inibir as enzimas protozoárias de uma
maneira tal que se evite a sua replicação.
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Na babesiose, os estágios infectivos dos microrganismos (esporozoitas)
invadem as hemácias. Essa invasão aparentemente envolve uma ativação do
trajeto de complemento alternativo. As hemácias infectadas incorporam os
antígenos de Babesia em suas membranas. Isso, por sua vez, induz anticorpos
que opsonizam as hemácias e levam a sua remoção pelo sistema
mononuclear-fagocitico.
Além da resposta humoral, a resposta mediada por células anticorpo-
dependente também podem destruir as hemácias infectadas. O complexo de
anticorpo antígeno opsonizante de Babesia na superfície de hemácias
infectadas pode ser reconhecido macrófagos e linfócitos citotóxicos. Estes
podem ser importante no começo da infecção, quando o número de hemácias
infectadas é pequeno.
Já com o T. Gondiii que é um parasita intracelular obrigatório, cujos
estágios taquizoíticos cresceram dentro das células, quando esse número de
microorganismo intracelular se torna excessivo, a célula infectada se rompe e
as taquizoítas são liberadas para invadir outras células. Eles penetram nessa
células por meio de um mecanismo que lembra uma fagocitose. As taquizoítas
do Toxoplasma que invadem os macrófagos normais não são destruídos.
Podendo assim os taquizoítas do Toxoplasma crescer dentro das células em
um ambiente livre de anticorpos ou de enzimas lisossomais.
10.2Mecanismo de escape
Os parasitas desenvolvem muitos métodos de evasão dos efeitos
absolutos das respostas dos hospedeiros, e este evento é uma característica
de todas as infecções parasitarias bem sucedida.
Alguns parasitas até utilizam as células e as moléculas do sistema
imune para sua própria vantagem: os parasitas Leishamania, por exemplo,
utilizam os receptores do complemento para efetuar sua penetração nos
macrófagos, evitando a explosão oxidativa e a conseqüente destruição pelos
produtos tóxicos desta via. Apesar do papel protetor na resposta imune a
muitos parasitas diferentes, o TNFα do hospedeiro, n a realidade, estimula a
produção de ovos pelos vermes adultos de S. mansoni, enquanto o IFNγ é
utilizado como fator de crescimento pelo T. brucei.
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10.3 Evasão da resposta imune por parte dos protozoários
A maioria dos parasitas protozoários evoluiu mecanismos para escapar
das conseqüências das respostas imunes dos seus hospedeiros. Esse
mecanismo lembra os mecanismos evoluídos por outros tipos de
microorganismos. Por exemplo, o T. gondii pode evitar a ligação neutrofilica e
a fagocitose. Muitos protozoários são imunossupressivos, por exemplo, o T.
parva invade e destrói as células T. Outros protozoários, tais como, os
tripanossomos podem promover o desenvolvimento de células reguladoras
supressivas ou estimular o sistema de células B à exaustão.
A imunossupressão induzida por parasitas pode promover uma
sobrevivência do parasita. Por exemplo é Babesia bovis, é imunossupressiva
para os bovinos. Como resultado, o vetor hospedeiro, o carrapato Boophilus
microplus, é mais capaz de sobreviver em um animal infectado.
Consequentemente, afirma-se que os bovinos infectados possuem mais
carrapatos que os animais não infectados e potencializa-se a eficiência da
transmissão da B.bovis.
Além da imunossupressão, os protozoários evoluíram duas outra técnicas
evasivas efetivas. Uma técnica envolve torna-se não antigênico, e a outra
envolve o desenvolvimento da capacidade de alterar os antígenos de alterar os
antígenos superficiais rápida e repetidamente. Um exemplo de um
microorganismo não antigênico é o estagio cístico da T. gondii que, conforme
mencionado anteriormente, não parece estimular uma resposta do hospedeiro.
Alguns protozoários podem se tornar funcionalmente não antigênicos por meio
de um mascaramento de si próprios com antígenos do hospedeiro.
10.4 Conseqüências adversas da imunidade aos protozoários.
As respostas imunes contra os protozoários podem resultar no
desenvolvimentode reações de hipersensibilidade. Essas reações podem
contribuir significativamente para a patogênese das doenças por protozoários.
A hipersensibilidade do Tipo I é uma característica da tricomoníase e provoca
uma irritação e inflamação no trato genital.
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As reações citotóxicas do Tipo II são importantes na babesiose e
tripanossomíase, onde contribuem para o desenvolvimento de uma anemia.
Um outro, efeito interessante das infecções com os tripanossomos é um
aumento enorme no número de células secretoras de IgM não parasita-
específicas nos animais infectados.
Na babesiose, as hemácias parasitadas possuem antígenos e derivados
do parasita em suas superfícies e são conseqüentemente reconhecidas como
estranhas e eliminadas por meio de uma hemólise e fagocitose.
11.IMUNIDADE AOS HELMINTOS
O sistema imune ainda não obteve um sucesso visível na produção de
uma resistência a helmintos parasitas nos mamíferos. De certo modo as
respostas imunes mediadas por IgE parecem ter evoluído para controlar esses
parasitas. Não é surprendente que o sistema imune seja relativamente
ineficiente no controle dos helmintos parasitas. Afinal, esses microrganismos se
adaptaram a uma existência parasitaria obrigatória. Essa adaptação deve
envolver necessariamente sua superação ou um escape da resposta imune.
Portanto,os helemintos não são microrganismos patogênicos mal-
adaptados, mas parasitas obrigatórios complementados, cuja sobrevivência
dependente de se atingir uma certa forma de acomodação com o hospedeiro.
Consequentemente, os microrganismos desse tipo provocam uma doença
suave ou subclínica. Provocando morbidade e não mortalidade. Já quando os
helmintos invadem um hospedeiro ao qual não se encontram completamente
adaptados ou em grande numero é que ocorre a doença.
11.1 Imunidade especifica aos helmintos.
Os helmintos são encontrados em duas localizações no corpo: nos
tecidos( como formas larvais) ou dentro dos tratos gastrointestinais ou
respiratório (como adulto). Obviamente, a forma da resposta imune mais efetiva
em cada localização difere consideravelmente, geralmente possuem uma
cutícula extracelular espessa, que protege a membrana plasmática
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hipodérmica do nematódeo. Alguns nematódeos também possuem um
revestimento frouxo que pode facilmente ser destacado quando atacado.
11.2 Imunidade humoral
Ocorre a produção de anticorpos convensionais das classes IgM, IgG e
IgA em resposta a antígenos de helmintos, a classe mais significante envolvida
na resistência aos helmintos é a IgE. Os antígenos dos helmintos parecem
promover preferencialmente a ativação das células Ta2. Como resultado os
níveis de IgE se elevam enormemente nos indivíduos parasitados, onde muitas
infestações de helmintos se associam com os sinais característicos da
hipersensibilidade do Tipo I, incluindo eosinofilia, edema, asma e dermatite
urticarial.
Quando os vermes estão alojados nas mucosas intestinal, esses vermes
secretam alergenos. Estes provocam uma reação de hipersensibilidade do Tipo
I aguda local nas regiões parasitadas do intestino. A combinação dos antígenos
do helminto com a IgE conjugada com os mastócitos leva a uma degranulação
mastocística e a liberação de agentes vasoativos. Esses agentes estimulam a
contração da musculatura lisa e aumentam a permeabilidade vascular. Isso
resulta em uma contração violenta da musculatura intestinal e um escape do
fluido intestinal. Isso pode levar um desalojamento e uma expulsão de uma
porção importante da população desses vermes.
Os eosinófilos medeiam um tipo especial citotoxidade dirigida contra
alguns parasitas helmínticos. Os helmintos são muito grandes para serem
fagocitados pelos macrófagos e seus tegumentos são relativamente resistentes
aos produtos microbicidas dos neutrófilos e dos macrófagos, mas eles podem
ser mortos por uma proteína básica presente nos grânulos dos eosinófilos. A
IgE reveste os helmintos, e os eosinófilos podem então se ligar à IgE por meio
do seu receptor. Os antígenos opsonizados ativam as proteínas do sistema
complemento, mais precisamente a via clássica.
11.3 Imunidade mediada por células
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Na imunidade mediada por células a sobrevivência dos helmintos resulta
de uma adaptação de sucesso a uma existência dentro dos tecidos dos
mamíferos. Os antígenos dos helmintos estimulam preferencialmente as
respostas de Ta2, entretanto, pode ocorrer respostas de Ta1. E como resultado
as células T citotóxicas podem atacar helmintos que ou se encontram
profundamente incrustados na mucosa intestinal ou sofrem estágios teciduais
prolongados.
As células T sensibilizadas deprimem as atividades dos helmintos por
meio de dois mecanismos. Em primeiro lugar o desenvolvimento de uma
hipersensibilidade retardada atrai as células mononucleares para o local de
invasão larval e torna o ambiente local inadequado para o crescimento ou a
migração. Em segundo lugar os linfócitos citotóxicos podem causar destruição
larval.
11.4 Evasão da resposta imune por parte dos helmintos
Existem vários mecanismos dos quais os animais resistam a infecção
com helmintos. Onde os helmintos parasitas adaptados com sucesso podem
sobreviver e funcionar na presença de um sistema imune de hospedeiro
completamente funcional. Varias estratégias exercem esse um papel nessa
adaptação, elas incluem uma perda de antigenicidade por meio de uma
mimetização molecular ou de uma absorção dos antígenos do hospedeiro,
variação antigênica, eliminação de glicocálix, bloqueio dos anticorpos e de
tolerância.
Os helmintos tornam-se progressivamente menos antigênicos à medida
que evoluem na presença de um sistema imune funcionante, a seleção natural
favorece os parasitas que demonstram uma redução na antigenicidade. Um
outro aspecto nessa perda da antigenicidade é possibilidade dos helmintos
sintetizar e expressar os antígenos do hospedeiro na sua superfície , através
de epítopos polimórficos de antígenos de histocompatibilidade ou de grupos
sanguíneos para combiná-lo com o do seu hospedeiro.
Os helmintos teciduais podem também reduzir efetivamente a sua
antigenicidade por adsorverem antígenos do hospedeiro sobre a sua superfície
e assim mascarando os antígenos do parasita. Outros helmintos interferem na
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apresentação de antígenos Por conseguinte, os macrófagos dos animais
infestados com esquistossomos são incompetentes como células
apresentadoras de antígenos.
Outro mecanismo que pode contribuir para a sobrevivência dos
helmintos parasitas é a imunossupressão. Os animais infectados podem ficar
especificamente suprimidos, de forma a ficarem não reativos mesmo quando
permanecem responsivos a antígenos não relacionados. O mecanismo
imunossupressivo pode envolver uma indução de células supressoras
especificas ou alternativamente eles podem resultar da produção de fatores
supressores solúveis. Essa imunossupressão é refletida em uma redução da
resistência a outras infecções, uma má-resposta a uma vacinação e um
prolongamento da sobrevivência dos transplantes cutâneos.
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REFERÊNCIAS
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