INCLUSÃO DE CRIANÇA COM AUTISMO EM SALA DE … · PERCEPÇÃO DE PROFESSORES Monografia...

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Educação Curso de Pedagogia INCLUSÃO DE CRIANÇA COM AUTISMO EM SALA DE AULA REGULAR: PERCEPÇÃO DE PROFESSORES Marília da Silva Araújo Natal Dezembro de 2015

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Educação

Curso de Pedagogia

INCLUSÃO DE CRIANÇA COM AUTISMO EM SALA DE AULA REGULAR:

PERCEPÇÃO DE PROFESSORES

Marília da Silva Araújo

Natal

Dezembro de 2015

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INCLUSÃO DE CRIANÇA COM AUTISMO EM SALA DE AULA REGULAR:

PERCEPÇÃO DE PROFESSORES

Monografia apresentada ao Curso de

Pedagogia do Centro de Educação da

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, como requisito para conclusão

de curso de licenciatura em Pedagogia.

Orientadora: Profª. Dr ª. Débora Regina

de Paula Nunes.

Natal

Dezembro de 2015

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Marília da Silva Araújo

INCLUSÃO DE CRIANÇA COM AUTISMO EM SALA DE AULA REGULAR:

PERCEPÇÃO DE PROFESSORES

Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia do Centro de

Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito para conclusão da graduação, aprovada pela seguinte

comissão avaliadora.

Orientadora Profª. Drª. Débora Regina de Paula Nunes (UFRN)

Examinadora Profa Ddª Adriana de Oliveira (UFCG)

Examinadora Profa Ms Cláudia Roberto Soares de Macêdo

Natal

Dezembro de 2015

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Dedico este trabalho aos meus pais Zacarias

Corcino e Teresinha Maria. Pois, foram vocês que

sempre estiveram ao meu lado, fazendo com que

tudo na minha vida tivesse sentindo.

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Agradecimentos

Primeiramente agradeço a Deus, pelo dom da vida. Por me

proporcionar momentos maravilhosos, me mostrando sempre que sou capaz

de realizar os meus sonhos. Obrigada Senhor por me dar paciência e

sabedoria ao longo desses quatros anos de curso. Minha eterna gratidão por

esse amor Ágape. E a minha Nossa Senhora, que sempre intercede por mim.

Agradeço também aqueles que me acompanham desde meus

primeiros passos. À minha família, em especial meu pai Zacarias Corcino de

Araújo e minha mãe Teresinha Maria da Silva Araújo, por toda dedicação que

tiveram comigo, por me direcionarem por bons caminhos. Obrigada por me

educar a partir de seus princípios. Obrigada por todo amor e carinho que vocês

me oferecem. Meu amor por vocês é sem limites.

Aos meus irmãos, Miguel da Silva Araújo e Alexandre Jurema de

Araújo (irmão de coração), pessoas que sempre acreditaram no meu potencial,

e sempre disseram que iria dar certo. Amor de irmão não se mede. Amo muito!

Aos meus amigos, em especial minha amiga Nielly Lizandra, por

acompanhar minha carreira acadêmica desde a educação fundamental, até os

dias finais de conclusão da minha graduação. Uma amizade que começou na

escola e continuará para toda vida. Obrigada por tudo amiga.

Ás minhas PEDAMIGAS, que a universidade me presenteou como

colegas de cursos, sou grata a todas vocês (Débora, Dasiane, Larissa, Rayssa,

Joíres e Alane), pois foi com a convivência e a amizade de cada uma que

consegui meus objetivos dentro da pedagogia. Eternamente grata.

Á minha orientadora, Débora Nunes, por toda paciência durante a

conclusão deste trabalho, pela colaboração e ensinamentos acadêmicos, pela

confiança e carinho que foram de grande importância nessa reta final.

Obrigada!

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Aos meus alunos, em especial Wesley e Rafael (crianças com

autismo), por me proporcionar momentos maravilhosos ao lado de vocês, e por

serem os maiores incentivadores na construção desse trabalho.

A equipe da Escola Professor Berilo Wandeley, por apoiar na minha

primeira atuação dentro da pedagogia, me estimulando e encorajando nos

momentos difíceis. Obrigada por animar minhas manhas durante 2 anos de

estágio, com essa energia positiva da equipe do turno matutino. Serei

eternamente grata a cada um de vocês.

Agradecer neste momento é uma forma de retribuir a todos que de

forma direta ou indiretamente, contribuíram para a conclusão deste trabalho.

Muito obrigada!

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Lista de ilustração

Quadro

QUADRO 1- Transtornos Globais do Desenvolvimento

QUADRO 2- Características dos participantes

Figuras

FIGURA 1- Rotina

FIGURA 2- Projeto Scala

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Lista de siglas e abreviaturas

ABA- Análise Aplicada do Comportamento

AEE- Atendimento Educacional Especializado

CAA- Comunicação Alternativa e Ampliada

DSM- Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais

LDB- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC- Ministério da Educação

NEE- Necessidades Educacionais Especiais

PNAIC- Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa

PROFA- Programa de Formação de Professores Alfabetizadores

RIVED- Rede Interativa Virtual de Educação

SCALA- Sistema de Comunicação Alternativa e Letramento de Pessoas com

Autismo

SEED- Secretaria de Educação a Distância

SME- Secretaria Municipal de Educação

TEA- Transtorno do Espectro do Autismo

TEACCH- Treatment and Education of Autistic and Related Communication

TGD- Transtorno Global do Desenvolvimento

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Resumo

A inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais nas escolas

regulares é um tema controverso. Dentre esses educandos estão aqueles com

autismo ou Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), um distúrbio do

neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades de comunicação oral, de

interação social e presença movimentos repetitivos e estereotipados.

Pesquisas indicam que, apesar de matriculados em escolas regulares, muitos

educandos com autismo não desenvolvem competências acadêmicas, como a

leitura e a escrita. Assim, o presente trabalho objetiva descrever a percepção

de professores do ensino fundamental sobre a alfabetização dos educandos

com autismo. Adicionalmente, o estudo visa caracterizar as percepções dos

docentes sobre a alfabetização e o conhecimento que têm sobre a síndrome.

Para a realização dessa pesquisa foram conduzidas entrevistas com 5

professores alfabetizadores do município de Natal-RN. Os resultados

apresentados mostram que esses professores têm pouco conhecimento sobre

o autismo e sentem-se despreparados para alfabetizar esses educandos.

Palavras -chave: Autismo. Inclusão. Alfabetização.

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Abstract

The inclusion of children with special educational needs in mainstream schools

is a controversial topic. Among these students are those with autism or Autism

Spectrum Disorder (ASD), a neurodevelopmental disorder characterized by

difficulties in verbal communication, social interaction and presence of repetitive

and stereotyped movements. Research indicates that although enrolled in

regular schools, many students with autism do not develop academic skills such

as reading and writing. Thus, the present study aims to describe the perception

of elementary school teachers on literacy for students with autism. In addition,

the study aims to characterize the perceptions of teachers on literacy and their

knowledge about ASD. Data were collected from interviews conducted with five

literacy teachers from Natal-RN. The results show that these teachers have little

knowledge about autism and feel unprepared to teach reading writing to theses

students.

Keywords: autism. Inclusion. Literacy.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................12

2. AUTISMO................................................................................................13

2.1 O que é autismo................................................................................13

2.2 Tratamento do autismo......................................................................16

3. INCLUSÃO..............................................................................................19

4. ALFABETIZAÇÃO...................................................................................22

4.1 Definindo alfabetização.....................................................................22

4.2 Alfabetização de alunos autista........................................................24

5. METODOLOGIA.....................................................................................28

6. RESULTADOS........................................................................................29

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................42

REFERÊNCIAS

APÊNDICE

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INTRODUÇÃO

A motivação para realizar o presente estudo se deu a partir de um

estágio que realizei, oferecido pela Secretaria Municipal de Educação- SME de

Natal (RN). Nesse trabalho, eu assumi a função de auxiliar crianças com

Necessidades Educacionais Especiais- NEE, na sala de aula regula, no Ensino

Fundamental. Assim, trabalhei com crianças com autismo regularmente

matriculadas em turmas de alfabetização (primeiros anos do Ensino

Fundamental I).

O autismo ou Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um distúrbio

do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades de comunicação oral,

de interação social e de presença movimentos repetitivos e estereotipados. Há

uma luta constante para que esses alunos sejam incluídos nas salas regulares

devido a vários agravantes. Um deles é a falta de preparação de professores

para educar essa população.

De fato, durante a minha experiência nas escolas municipais, percebi

que esses educandos chegavam ao final do ano letivo não alfabetizados. Esse

fator, que muito me angustiou, serviu de inspiração para a escrita do presente

trabalho. Assim, o objetivo dessa monografia é descrever as práticas usadas

por professores do ensino fundamental para alfabetizar crianças com autismo.

Adicionalmente, o estudo visa caracterizar as percepções dos docentes sobre a

alfabetização e o conhecimento que têm sobre o autismo.

O estudo está organizado em cinco capítulos. O primeiro descreve a

história do TEA, suas principais características e tratamento. O segundo

capítulo aborda a inclusão escolar e aspectos legais relacionados aos direitos

das crianças com NEE, particularmente daqueles com autismo. A alfabetização

é o assunto abordado no terceiro capítulo. No quarto é descrita a metodologia

adotada para a realização dessa pesquisa. E, por fim, são apresentados os

resultados e conclusões no capítulo final.

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2. AUTISMO

2.1. O que é autismo

A origem da palavra “autismo” segundo Nunes (2013), “advém do

grego autos, que significa de si mesmo, e ismo, voltado (p.210). A princípio o

termo foi empregado por Bleuler, em 1906, para caracterizar alguns sintomas

da esquizofrenia, como a perda de contato com a realidade e o

isolamento social.

Ao passar dos anos, em meados de 1940, Leo Kanner definiu o

autismo como uma incapacidade de ter contato afetivo e interpessoal com as

outras pessoas. Ressaltou, também, os prejuízos intelectuais, alguns déficits

na linguagem, na comunicação e no comportamento. A partir disso, ele usou o

termo autismo infantil precoce, pois observou a presença de alguns sintomas já

na infância (NUNES, 2013).

Em 1952 o termo autismo apareceu pela primeira vez como um

subgrupo da esquizofrenia infantil, pois ainda não era visto como um

diagnóstico distinto. Esse novo estudo foi publicado na primeira edição do

Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais- DSM I (AUTISMO e

REALIDADE, 2015).

Nas décadas de 1950 e 1960, o autismo passou a ser considerado um

transtorno emocional, causado por pais pouco afetivos. Foi assim que “mãe

geladeira” termo que teve uma grande repercussão na época, foi criado (KLIN,

2006). Em outras palavras acreditava-se que a falta de afeto dos pais era o

motivo pelo qual surgia a síndrome.

A partir dessas descobertas, outros autores se interessaram em

pesquisar sobre o autismo, pois a causa da síndrome ainda era um mistério. A

cada estudo, algo era mudado na sua caracterização. Foi assim que, no ano de

1978, Michael Rutter fez uma nova classificação do autismo e o definiu a partir

de alguns critérios: (a) o atraso e desvio social não considerada apenas como

deficiência intelectual; (b) problemas de comunicação também não só em

relação à deficiência intelectual; (c) comportamentos incomuns relacionado aos

movimentos estereotipados e repetitivos; (d) e sintomas presentes antes dos

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30 meses de idade. Essa nova classificação de Rutter aliada a outros trabalhos

desenvolvidos, fortemente influenciaram o conceito de autismo que temos hoje.

Nunes (2013) afirma que na década de 1980 o autismo passou a ser

considerado um desvio qualitativo do desenvolvimento. Essa nova concepção

foi importante, tendo em vista que focou nos aspectos relacionados ao

desenvolvimento da criança, e não apenas nas deficiências sociais.

Nesse período, o autismo infantil passou, juntamente com outros 4

transtornos, a ser incluído como subcategorias do Transtorno Global do

Desenvolvimento (TGD). O quadro abaixo descreve brevemente cada uma

dessas condições.

Quadro 1: Transtornos Globais do Desenvolvimento

Nome Características

Transtorno autista Um dos transtornos mais graves e

também o mais conhecido. Pessoas

com autismo apresentam alterações

na comunicação, na socialização e

comportamentos restritos. Esses

sintomas são evidentes antes dos 3

anos de idade.

O transtorno de Asperger Indivíduos com Asperger tipicamente

apresentam inteligência normal ou

acima da média, desenvolvem a fala,

apresentam problemas de interação

social e alterações do

comportamento.

Transtorno desintegrador da infância Também denominada como Síndrome

de Heller. Crianças com essa

condição têm seu desenvolvimento

normal até os dois anos de idade. A

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pós esse período tendem a perder

habilidades em pelo menos duas

áreas: linguagem expressiva,

linguagem receptiva, comportamentos

adaptativos, habilidades motoras,

interação social, brincadeiras, ou

controle de esfíncteres.

Transtorno de Rett É um distúrbio que afeta apenas o

sexo feminino. Crianças com essa

síndrome apresentam deficiência

intelectual profunda ou severa,

movimentos repetitivos com as mãos

e prejuízos na linguagem.

Autismo atípico Apresentam geralmente leves déficits

na comunicação, socialização ou no

comportamento. Ter deficiência

intelectual leve é comum.

De acordo com site Autismo e Realidade, na nova edição do Manual

Diagnóstico de Doenças Mentais (DSM-V), publicada em 2013, as cinco

condições acima descritas passaram a ser consideradas um único distúrbio,

denominado de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

Segundo os critérios do Manual Diagnóstico e Estatísticos de

Transtornos Mentais (DSM-IV-TR),

“para que a criança seja diagnosticada com transtorno autista,

ela deve apresentar pelo menos seis da lista de doze sintomas,

sendo que pelo menos dois dos sintomas devem ser na área de

interação social, pelo menos um na área de comunicação, e pelo

menos um na área de comportamentos restritos, repetitivos

e estereotipados” (SILVA;MULICK. 2009).

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As características do TEA são mais facilmente identificadas aos três

anos de idade. No entanto, em alguns casos, os sintomas podem ser

percebidos nos primeiros meses de vida. Vale, ainda, destacar que o autismo é

mais prevalente em homens do que em mulheres, sendo a razão de 4:1 (KLIN,

2006) e que 1 em cada 42 meninos e 1 em cada 189 meninas têm TEA

(AUTISMO e REALIDADE, 2015 ).

O TEA não tem cura, mas alguns fatores são muito importantes para

um bom desenvolvimento do quadro, como o diagnóstico precoce e a

intervenção. Uma ONG chamada Autism Speaks, construiu o Red Flags (Sinais

de Alerta), uma escala de avaliação dos sintomas tipicamente presentes no

autismo. Dentre os sintomas descritos no referido instrumento destacam-se: (a)

aos 6 meses a criança não apresenta expressões de felicidade; (b) aos 9

meses: não emite sons, sorrisos ou qualquer outra expressões faciais; (c) aos

12 meses: não é perceptível tentativa de fala, não aponta e nem gesticula. Aos

16 meses: ainda não fala palavras; (d) aos 24 meses: não fala frase com

sentindo, são só palavras “soltas”. Quando forem perceptíveis alguns desses

sinais, é recomendado que os cuidadores procurem um especialista para

avaliação (AMORIM, 2011).

2.2. Tratamento do autismo

Desde a descoberta do TEA em uma criança, começa-se o tratamento,

que deve contar com o apoio de um grupo de profissionais, como terapeutas

ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos, pedagogos, entre outros. Esses

profissionais devem trabalhar em parceria com os pais para ajudar a criança a

desenvolver-se, de forma mais independente possível.

Um dos maiores desafios para o aluno com autismo é a dificuldade

socio-comunicativa. Muitos desses educandos não falam, não compreendem a

fala e/ou falham em substituir a linguagem oral por gestos (NUNES, 2013).

Assim, são muitas vezes excluídos do meio por não conseguirem se comunicar

com seus colegas. Uma das ferramentas que pode favorecer a comunicação

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desses indivíduos é a Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA),

compreendida como:

“uma categoria de Tecnologia Assistiva dedicada a ampliar as

habilidades comunicativas de indivíduos que evidenciam

limitações no uso e/ ou compreensão da linguagem oral. Ela

envolve o uso de gestos manuais, expressões faciais e

corporais, símbolos gráficos (fotografias, gravuras, desenhos,

linguagem alfabética, objetos reais e miniaturas), voz

digitalizada, dentre outros meios de viabilizar comunicação

face a face”. (NUNES, 2013, pág. 224).

Por problemas de concentração, muitos alunos com autismo podem ter

uma aprendizagem mais lenta em sala de aula. Aliado a isso, uma parte

expressiva apresenta hiper ou hiposensibilidade sensorial (NUNES, 2013). A

hipersensibilidade é referente à alta sensibilidade a estímulos táteis, auditivos,

proprioceptivos, gustativos ou olfativos. Crianças com a hipersensibilidade

tendem a evitar as sensações que a incomodam. Já, o hipossensibilidade está

relacionada à baixa sensibilidade. Assim, a criança tende a buscar sensações

para ser estimulada. Dessa forma, são crianças ativas, que às vezes não

conseguem permanecer quietas, estão sempre em movimento, correndo sem

direção e/ou balançando os membros. Movimentos dessa natureza parecem

propiciar sensações que eles fisiologicamente necessitam.

Outros fatores que podem negativamente impactar a aprendizagem

desses educandos na sala de aula são “problemas de saúde física, tais como

sono e distúrbios gastrointestinais (AUTISMO e REALIDADE, 2015). Assim

sendo, prejuízos do sono podem, por exemplo, afetar a atenção do aluno. Da

mesma forma, problemas de saúde podem gerar mais ausências da sala de

aula.

Uma das características típicas do autismo é a intolerância à mudança.

Então, uma estratégia que oriente o aluno nessa questão pode ser a rotina

visual. Essa rotina pode ser construída através de desenhos. Adicionalmente, a

inserção de palavras escritas nesse recurso, pode facilitar a alfabetização.

Exemplos de rotinas visuais são apresentados abaixo:

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MOCHILA

HISTORIAS

RECREIO

MATEMÁTICA

Figura 1- rotina

Na rotina acima é previsto que a criança, ao chegar à sala de aula,

entenda quais são suas “obrigações”. Assim que o aluno chegar à sala e olhar

sua rotina vai identificar que a primeira coisa que deverá ser feita é guardar a

mochila. Em seguida será o momento da contação de histórias, quando ele

deverá permanecer em roda, sentado. A atividade seguinte será o recreio,

quando poderá brincar com os colegas. Por fim, será realizada a atividade de

matemática. Vale destacar que, se alguma atividade for mudada na rotina,

outra imagem deve ser colocada em cima da imagem anterior.

Um programa que faz uso de rotinas visuais é o TEACCH (Treatment

and Education of Autistic and Related Communication). Trata-se de um

programa clínico que surgiu após pesquisas realizadas na Universidade da

Carolina do Norte, na década de 1960. Seu ensino é baseado nas

características de aprendizagem dos alunos com autismo. Esse programa

busca, também, formar estudantes e profissionais que atendam pessoas com a

síndrome.

O TEACCH visa o desenvolvimento e autonomia do aluno. Uma das

características marcantes desse programa é a utilização de suportes para a

comunicação e escrita, com o intuito de complementar a comunicação verbal.

Outro modelo de intervenção utilizado no tratamento do autismo é a

Análise Aplicada do Comportamento (ABA). Trata-se de um conjunto de

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métodos de ensino individualizados que visam o desenvolvimento da

autonomia e melhoria da qualidade de vida dos educandos.

Práticas interventivas tipicamente descritas no ABA são reforço positivo

(oferecendo algo em troca quando a atividade é feita com êxito); recompensas

por aproximações, redução de instrumentos para aumentar a autonomia e

punição aplicada a partir de estímulos. Esse modelo de tratamento é

considerado de primeira linha para o autismo. (Brentani et al., 2013)

3. INCLUSÃO

A educação é um direito de todos assim como mostra a Constituição

Federal de 1988, capitulo III, seção I:

Art. 205 A educação, direito de todos e dever do Estado e

da família, será promovida e incentivada com a colaboração

da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,

seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação

para o trabalho.

De acordo com a constituição, o Estado e a família têm o dever de

promover esse acesso. O dever do Estado é construir escolas e capacitar

profissionais para que venham contribuir para a construção da cidadania de

cada criança. Cabe à família responsabilizar-se por levar essas crianças à

escola, contribuindo também para a sua formação.

A inclusão de pessoas com deficiência pode ser “melhorada” com o

apoio da família. De acordo com Maciel (2000), são os pais, em última

instância, que apresentam a criança ao mundo social.

As escolas devem procurar maneiras de acolher e incluir todos aqueles

que necessitam do espaço educativo. De certa forma, a inclusão de alunos

com NEE em escolas regulares enfrenta alguns obstáculos. Acreditamos que

esse fator aconteça por motivos culturais e sociais. Como afirma Marciel (2000)

“a literatura clássica e a história do homem refletem

esse pensar discriminatório, pois é mais fácil prestar

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atenção aos impedimentos e às aparências do que

aos potenciais e capacidades de tais pessoas”

(MARCIEL, 2000, pág. 51)

É nessa perspectiva que documentos legais são produzidos para

garantir o acesso e permanência de educandos com NEE nas escolas

regulares. Nesse cenário, vale destacar a Declaração de Salamanca. Esse

documento, que muito influenciou as políticas nacionais vigentes, foi produzido

em 1994 durante uma Conferência, que reuniu representantes de 88 governos

e algumas organizações internacionais em Salamanca, na Espanha. O

propósito do encontro foi reafirmar a Educação para Todos.

No referido documento foi afirmado que “toda criança possui

características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que

são únicas” (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994). Nessa perspectiva, cada

criança, tendo deficiência ou não, tem suas diferenças e é capaz de aprender.

Pensando dessa maneira, não deveria existir o preconceito, pois todos nós

somos diferentes.

Influenciado pela Declaração de Salamanca, em 1996, a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional– LDBN de nº 9.394, esclarece em

cap. V, no art. 58, que na educação especial “§ 1º haverá, quando

necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às

peculiaridades da clientela de educação especial.”

As políticas que regulam os direitos das pessoas com necessidades

educacionais especiais, como, a Política Nacional de Educação Especial na

Perspectiva da Educação Inclusiva de 2008, declara que os alunos com

necessidades educacionais especiais, incluindo aqueles com TEA, devam ser

incluídos na rede regular de ensino. Estudos recentes mostram que a

presença desses educandos na escola regular teve um grande aumento nos

últimos anos devido a políticas dessa natureza (NUNES, AZEVEDO

SCHMIDT, 2013; GOMES;MENDES, 2010). Para viabilizar o acesso e

permanência desses alunos, é ofertado o Atendimento Educacional

Especializado (AEE) no turno contrário ao da sala regular. Esse serviço tem

como objetivo:

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“identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e

de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena

participação dos estudantes, considerando suas

necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no

atendimento educacional especializado diferenciam-se

daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo

substitutivas à escolarização.” (BRASIL, 2008, p. 16)

O trabalho realizado no contexto do AEE sugere que cabe à escola

adaptar-se às necessidades dos educandos. Dessa forma os alunos com NEE

serão incluídos conforme assegurado por lei.

Apesar das leis de acesso e ações que garantem a permanêcia, o

processo de alfabetização desses educandos nem sempre é satisfatória. No

caso dos educandos com autismo Nunes et. al. (2013), mostraram pesquisas

relatando algumas dificuldades, tais como carência de subsídio para atender

essa clientela, o preconceito por parte dos professores e gestores e a precária

formação docente para educar essa população. Dessa forma, embora os

alunos consigam se matricular nas escolas regulares, na maioria das vezes,

não permanecem frequentando as aulas.

Mesibov e Shea (2005) declaram que “o primeiro ponto da inclusão

total é que o melhor lugar para os alunos é a sala de aula regular.” No caso

especifico do educando com autismo, Lopes (2011) afirma que a convivência

integrada desse aluno, melhora o seu convívio com a sociedade,e também

ajuda outras crianças a conviver e aprender com as diferenças.

É importante destacar que a criança com autismo está na escola não

apenas para socializar, mas, também, para aprender conteúdos acadêmicos.

Assim sendo, acreditamos que um dos fatores que contribui para a inclusão

seria a alfabetização.

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4. ALFABETIZAÇÃO

4.1 Definindo alfabetização

Antes de identificar maneiras de alfabetizar crianças com autismo, é

preciso conceituar alfabetização. Vieira e Lopes (2011) definem alfabetização

como um:

“(...) processo específico de apropriação do sistema de escrita

que envolve duas dimensões indissociáveis: Apropriação do

sistema de escrita alfabético – compreensão, pelo aprendiz,

de como “funciona” a representação alfabética, da relação

escrita/língua oral; Desenvolvimento de habilidades de

produção (escrita) e compreensão (leitura) de textos escritos de

diversos gêneros”. (VIEIRA , LOPES, 2011)

Trata-se, portanto, da base do ensinamento do ler e escrever,

habilidades críticas a serem desenvolvidas no Ensino Fundamental.

Segundo o Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa, um

programa do MEC, todas as crianças até os 8 anos de idade, terminando o 3º

ano do ensino fundamental devem estar alfabetizadas. Esse pacto foi um

compromisso que os governantes federais, estaduais e municipais assumiram.

Com base nesse pacto, aos 8 anos de idade a criança deverá compreender o

funcionamento do sistema de escrita; dominar as correspondências

grafofônicas, mesmo que domine um pouco da ortografia; tenha o domínio da

leitura e a compreensão e produza textos escritos.

Estudos mostram, no entanto, que nem sempre a alfabetização foi

trabalhada dessa forma, assim como esclarece Soares (2010),

“O conceito de alfabetização, por muito tempo, ficou

atrelado à idéia de que para aprender a ler era necessário

apenas a capacidade de decodificar os sinais gráficos,

transformando-os em sons, e de que para

aprender a escrever era necessário apenas desenvolver

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a capacidade de codificar os sons da fala,

transformando-os em sinais gráficos”(SOARES,2010).

Dessa forma, os alunos aprendiam a ler, mas não compreendiam o

que estavam lendo, uma vez que apenas decodificavam as palavras, não

atribuindo significado ao texto.

Portanto, na década de 1980 começam a surgir algumas discussões

sobre o uso e as funções da língua escrita e o seu ensino no contexto da

escola. Com isso “surge o conceito de “analfabetismo funcional” que

caracteriza indivíduos que, tendo se apropriado das habilidades de

“codificação” e “decodificação”, não conseguiam fazer uso da escrita em

diferentes contextos sociais” (Albuquerque, 2005).

Nesse mesmo período, o modelo de leitura através da memorização de

sílabas, frases soltas, foi muito criticado. Portanto, alguns estudos novos

apareceram no campo da psicologia com Emília Ferreiro e Ana Teberosky

(1984). De acordo com essas autoras, a criança passa por três principais níveis

no processo da alfabetização, começando pela escrita pré-sílabica, até a

escrita alfabética. Na primeira etapa, a criança percebe que, além do desenho,

existe outra forma de representar a escrita, como a utilização de garatujas,

números ou até letras. No nível silábico, a fase seguinte, a escrita não

representa mais o objeto, e passa a representar letras. Nesse nível a criança

começa a perceber que o segmento da escrita pode representar o som da fala.

No nível alfabético a criança entende que cada fonema possui um signo gráfico

correspondente e busca o padrão silábico. Assim, os alunos aprendem o

processo do sistema alfabético através da interação da escrita com as suas

funções.

Na alfabetização existem quatro métodos mais utilizados na educação:

o método tradicional que engloba tanto o método sintético (fônico), quanto o

analítico (global) e o método construtivista (RIBEIRO, 2013).

Seabra e Dias(2011) destacam dois métodos de alfabetização

tipicamente discutidos em pesquisas. São eles, o método fônico, que tem

como proposta de alfabetização ensinar as correspondências entre as letras e

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seus sons. Esse método tem como foco auxiliar o leitor a discriminar,

segmentar e manipular os sons da fala.

O outro método seria o global, no qual, aprendizagem da linguagem

escrita é identificada através da imagem da palavra. Este método é ensinado

através da associação direta entre as palavras e seus significados.

Temos outros métodos como o tradicional que é centrado no professor,

no qual o aluno é um mero reprodutor das atividades elaboradas pelo

professor. Com isso, leva o aluno apenas a decorar e não aprender,

acarretando assim, alunos desmotivados. O ensino através desse método é

feito por partes, aprendendo primeiro as vogais, o alfabeto, para depois fazer a

junção das sílabas até chegar à construção de textos. O uso da cartilha é muito

utilizado nesse método (PEREIRA et. al., 2013).

O método construtivista, por outro lado, seria o mais indicado para a

alfabetização, pois valoriza a construção do conhecimento da criança de

acordo com o seu desenvolvimento cognitivo (PEREIRA et.al.2013). Considera

os conhecimentos prévios das crianças para atividades desenvolvidas na

escola. Essas atividades são feitas de maneira conjunta, unificando a

linguagem oral com a escrita,

4.2. Alfabetização de alunos autista

No processo de alfabetização de educandos com autismo é importante

considerar os comprometimentos cognitivos, sociais, e comportamentais que

caracterizam esses alunos. Mesibov e Shea (2005) caracterizam esses

comprometimentos como:

“• Habilidades de linguagem desorganizadas e limitadas;

• Processamento sensorial atípico;

• Dificuldade em combinar ou integrar ideias;

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• Dificuldade em interpretar o significado ou relação subjacente de eventos

que experienciam; e

• Resistência à falta de previsibilidade e à mudança.”

O uso do computador como ferramenta para a alfabetização de

educandos com autismo tem sido discutido em alguns estudos. Nessa

perspectiva, vale destacar o projeto SCALA.

O Sistema de Comunicação Alternativa e Letramento de Pessoas com

Autismo (SCALA) é uma plataforma online que visa ampliar as possibilidades

de comunicação de crianças com autismo que não tenham a expressão oral.

Além de uma ferramenta de comunicação, o SCALA tem como proposta o

letramento de crianças com autismo. Esse projeto possui diferentes layouts de

pranchas com espaços, que podem ser preenchidos por pictogramas. Esses

itens dos pictogramas são organizados como Pessoas, ações, sentimentos e

objetos. Essas atividades contribuem para o processo de alfabetização desses

usuários.

Os produtores do SCALA idealizam o projeto como um suporte à

linguagem, oferecendo um complemento ou até mesmo dando um apoio

completo. Esse sistema é realizado através do apelo visual, já que pessoas

com autismo têm boa compreensão de informações visuais. Essa plataforma,

apresentada na figura 1, abaixo, está disponível online

Figura 1: Projeto Scala

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26

Embora inexista no Brasil programas sistemáticos de alfabetização

voltados especificamente para educandos com autismo (NUNES; WALTER, no

prelo), a mídia eletrônica fornece dicas de clínicos e pedagogos.

A Rede Interativa Virtual de Educação (RIVED) é um programa da

Secretaria de Educação a Distância - SEED, que objetiva a produção de

conteúdos pedagógicos digitais. Esses conteúdos têm o intuito de estimular o

raciocínio e o pensamento crítico dos estudantes, relacionando a informática

com as abordagens pedagógicas. Dessa forma, os idealizadores do programa

pretendem que esses conteúdos digitais contribuam para a aprendizagem das

disciplinas da educação básica e para a formação dos educandos cidadãos

(RIVED, 2015). Segundo os responsáveis por esse modelo, o computador é

uma ferramenta promissora, uma vez que

“(...) dispõe de recursos como animação, som, efeitos

especiais, tornando o material mais interessante e

atrativo para todas as pessoas, não só para aquelas com

algum tipo de deficiência ou com autismo”(RIVED, 5 de

outubro 2015).

De fato, se consideramos que se trata de um recurso dotado de sons,

painel colorido com animações gráficas, possivelmente chamará a atenção do

educando. Pensando nessa maneira de alfabetizar a partir de computadores, a

RIVED criou um software educativo (Objeto de Aprendizagem) que tem o

intuito de contribuir no processo educacional de educandos com autismo.

O Objeto de Aprendizagem abarca não só os conteúdos escolares,

mas também atividades que direcionam a vida em sociedade.

As atividades propostas por esse recurso focalizam na expansão do

conhecimento de mundo, contextualizando a partir da realidade do aluno. Esse

software prioriza os recursos oferecidos pelo computador, trazendo

componentes como vídeos, imagens e sons.

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Vera Juhlin (2012), afirma que crianças com necessidades especiais

educacionais adquirem o processo de leitura e escrita igual às outras crianças,

apenas precisam ser estimuladas corretamente. Ela ainda explica algumas

formas de alfabetizar essas crianças. A referida autora salienta que as crianças

precisam ouvir historias, preferencialmente, todos os dias. Assim a criança

começa a ter contato com a leitura e posteriormente com a escrita. Na escrita,

a autora considera importante o aluno rabiscar, pois é nesse momento que ele

tem o primeiro contato com a escrita. Segundo Juhlin (2012)

“A rabiscação é a preparação para a escrita; a criança vê as

letras ao seu redor, em tudo o que é impresso e começa a imitar

essas letras, cria letras parecidas com as verdadeiras, mas

podem aparecer muitos rabiscos” (JUHLIN, 2012).

O blog Autismo e Vida, Reis (2012) fala sobre a alfabetização de

crianças com autismo, e afirma que, “Quanto mais visual pudermos direcionar

as estratégias de ensino mais certo será a compreensão”. De fato, conforme

discutido no presente trabalho, o educando com autismo, em geral, tem uma

boa compreensão de imagens. Por isso, as atividades que contenham

desenhos, ilustrações, pictogramas, podem facilitar a compreensão do que lhe

é proposto.

METODOLOGIA

Delineamento: A metodologia utilizada para a formulação desse trabalho foi o

estudo de caso, uma pesquisa de natureza qualitativa. O estudo de caso “pode

decorrer de acordo com uma perspectiva interpretativa, que procura

compreender como é o mundo do ponto de vista dos participantes” (FONSECA,

2002, p. 33). Esse é um tipo de pesquisa concreta, no qual, baseia-se na

realidade de modo que é um conhecimento contextualizado. Seus resultados

são relacionados à análise de soluções de um determinado problema.

Participantes: os participantes da pesquisa foram 5 professoras da rede

municipal de Natal-RN, que trabalham com alfabetização, tendo em suas salas

de aula, alunos diagnosticados com Autismo.

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Instrumento: para realização da pesquisa utilizamos um roteiro de entrevista

semiestruturada contendo seis questões. O objetivo da entrevista foi identificar

algumas concepções das professoras referentes ao autismo e sobre

alfabetização desses educandos.

Procedimentos: primeiramente foram realizadas algumas leituras com o intuito

de ter embasamento teórico para a formulação desta pesquisa. Após essa

parte, foi construído um roteiro de entrevista. Em seguida, fomos à procura de

professoras alfabetizadoras que têm ou tiveram alunos com diagnóstico de

autismo em sala de aula regular. A entrevista sucedeu nas escolas das

professoras em seus horários de planejamento. Essas entrevistas foram

gravadas e depois transcritas pela pesquisadora.

O objetivo geral do presente estudo foi descrever a percepção de

professores do ensino fundamental sobre a alfabetização de educandos com

autismo. Nessa perspectiva, o presente projeto teve como objetivos específicos

identificar o perfil desses docentes, o grau de conhecimento sobre autismo e as

concepções de alfabetização que tinham.

RESULTADOS

Para chegar aos resultados dessa pesquisa, foi conduzida uma

entrevista semiestruturada com as docentes, contendo 6 perguntas

(APÊNDICE I). Nesta seção serão apresentadas e discutidas, com base nos

referenciais teóricos abordados, as respostas das professoras. Para fins

didáticos, a análise será dividida em 4 eixos de análise:

- Características gerais das professoras

- O significado de autismo: analisando as dificuldades da síndrome.

-Que concepção se tem de alfabetização e quais recursos pedagógicos são

utilizados para alfabetizar crianças com autismo.

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-Dificuldades em alfabetizar crianças autistas em sala de aula regular: uma

reflexão das vivências.

Características gerais das professoras

Para esse primeiro tópico dos resultados, analisamos as questões 2 e

4, referentes à formação profissional das entrevistadas.

Das 5 professoras entrevistadas, 4 eram de uma mesma escola, sendo

3 lecionando no turno matutino e 1 no vespertino. Destacaremos as

características gerais de cada participante através do quadro 1 abaixo:

Participantes Idade Tempo de experiência

Formação profissional

Quantos alunos autistas

Especialização em autismo

Professora 1 62 anos

25 anos Pedagoga 1 aluno Não

Professora 2 59 anos

32 anos Pedagoga 2 alunos Não

Professora 3 54 anos

30 anos Pedagoga e especialista em Psicopedagogia

3 alunos Não

Professora 4 29 anos

8 anos Pedagoga e especialista em Psicopedagogia

5 alunos Não

Professora 5 39 anos

6 anos Pedagoga e especialista em

Língua portuguesa e matemática

1 aluno Não

Quadro 2: Características dos participantes

Como podemos ver no quadro acima, todas as entrevistadas possuem

graduação em Pedagogia. As professoras 3 e 4 têm especialização em

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Psicopedagogia, e a 5 é especialista em Língua Portuguesa e Matemática.

Nenhuma das entrevistadas possui especialização com relação ao autismo.

Vale ressaltar, no entanto, que a professora 3 indicou ter tido uma

rápida formação quando, em sua resposta, afirma:

(...) “tenho nenhuma especialização, só os cursinhos

separados” (professora 3, 8 de outubro 2015).

É importante destacar que, conforme explicado na Constituição Federal

de 1988, o Estado deve contribuir para a capacitação de professores,

fornecendo uma formação continuada. Porém, não foi essa a realidade

apresentada pelas professoras.

Podemos observar também, que as professoras com mais tempo de

experiência em sala de aula, são as que menos tiveram alunos com autismo

Ou seja, as professoras 1 e 2, com mais de 20 anos em sala de aula tiveram,

no máximo, 2 alunos. Para essas docentes, o autismo é uma condição pouca

conhecida, como afirma a professora 2:

“Autismo é um problema que eu tou tomando

conhecimento agora” (professora 2, 8 de outubro 2015).

Muitas crianças com NEE eram mantidas trancadas dentro de casa,

pois eram consideradas “doidas” (relatos de vivência da autora). Acreditamos

que devido a isso, elas não estavam inseridas nas escolas.

Em relação à afirmação da professora, antes do Paradigma da

Inclusão, muitos desses alunos possivelmente eram mantidos afastados das

escolas. Daí, possivelmente a falta de contato das docentes com esse público.

Vale, ainda, destacar, que o autismo é uma condição que vem ganhando

visibilidade nos últimos 10 anos, em decorrência do aumento expressivo de

casos diagnosticados (AUTISMO e REALIDADE, 2015). Assim, é possível que

essas docentes tenham tido alunos com autismo em suas salas, mas, por

desconhecerem a síndrome, possivelmente não os identificou.

O significado de autismo: analisando as dificuldades da síndrome

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Considerando a questão 1 da entrevista, que tem como pergunta “Para

você o que é autismo?”, foi observado que todas as professoras têm

dificuldade em conceituar esta síndrome. Assim, o definem a partir das

características do aluno com quem convivem, como observado na resposta da

professora 4:

“Nossa! (risos), para mim, agora você pegou fundo. O que é

autismo? Definir autismo? Eu tive algumas experiências, é... já

tive alunos bem diferentes né, esse ano eu tou com um aluno

que dentre os outros aluno que tive ele é o mais leve [...]. Então

assim, até pra definir o que é autismo eu considero muito

complexo , mais assim são limitações, que vem o social, vem a

questão da oralização, muitas vezes o afetivo , por exemplo eu

tive um aluno que fui professora dele ele estava com quase 15

anos, por falta de muitas coisas ele não sabia correr, ele não

tinha atitudes de lanchar sozinho de tomar água, nada!”

(professora 4, 20 de outubro 2015).

É através das experiências com os alunos com autismo que elas

conseguem construir suas concepções. Como ressaltado na resposta da

docente, o autista apresenta limitações na oralização e nas habilidades sociais.

Essas características são, de fato, as mais marcantes da síndrome, conforme

discutido no primeiro capítulo desse trabalho.

É curioso observar que problemas de ordem afetiva e motora são

também destacados pela docente. No entanto, considerando os referencias

teóricos consultados nesse trabalho, a variável afetiva não é pertinente.

Conforme previamente relatado, na década de 1960 o autismo era considerado

um distúrbio afetivo (KLIN, 2006). No entanto, estudos realizados

posteriormente indicaram que tratava-se de um transtorno neurobiológico.

Por outro lado, a incoordenação motora é uma das características

presentes em alguns indivíduos diagnosticados com a síndrome (KLIN, 2006).

O isolamento social foi uma das características mais destacadas pela

professoras, conforme observado nas falas abaixo.

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“aquele aluno que vive o mundo dele, que não compartilha e

nem quer envolvimento com outra pessoa.” (professora 1, 8 de

outubro 2015)

“É aquela criança que vive no mundo dela” (professora 2, 8 de

outubro 2015)

“Tem dificuldade de se relacionar” (professora 3, 8 de outubro

2015)

“são limitações, que vem o social” (professora 4, 20 de outubro

2015).

Essa concepção de isolamento está, possivelmente, associada à falta

de interação do aluno com as outras crianças.

Porém sabemos que o autismo não está relacionado apenas à

dificuldade de interação. Pessoas com autismo apresentam, além dos prejuízos

na interação social, dificuldades de comunicação, aprendizado e capacidade de

adaptação (MELLO, 2007).

A professora 5 acrescenta ainda

“As definições mais recentes é que o espectro autista

passa a ser identificado a partir dos três anos e seu nível

de complexidade é variado.” (professora 5, 30 de outubro

2015).

Diferente do que é argumentado pela professora, pesquisas recentes

indicam que alguns sintomas podem ser identificados quando a criança tem

poucos meses de vida (JÚNIOR, 2010).

Que concepção se tem de alfabetização e quais recursos pedagógicos

são utilizados para alfabetizar crianças com autismo

As perguntas 3 e 5 da entrevista dizem respeito a alfabetização e

quais maneiras são utilizadas para alfabetizar crianças com autismo.

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Percebe-se que as participantes têm uma facilidade maior em

conceituar o que vem a ser a alfabetização do que conceituar “autismo”. De

forma sucinta e objetiva, a professora 1, por exemplo declara:

“a criança quando lê e escreve. É... ler fluentemente e escreve.”

(professora 1, 08 de outubro).

Acredita-se que essa certeza seja atribuída ao fato de o grupo

entrevistado ser composto por “professores alfabetizadores”, que lecionam nas

séries iniciais do Ensino Fundamental I. Assim, têm maior contato com a

alfabetização. É importante destacar, no entanto, alguns equívocos na

concepção de alguns docentes. A professora 4, por exemplo, parece confundir

os conceitos, de alfabetização e letramento, quando define alfabetização como:

“Alfabetização? Eu acho que é propiciar as crianças o contato

com o mundo do modo geral, por que assim, você pensa

alfabetizar de cara é letras, palavras, texto leitura e escrita, só

que assim, alfabetização é bem mais ampla, você alfabetiza

pelos símbolos , você alfabetiza pela imagem , vem a oralização,

então alfabetizar é um conjunto de varias competências para que

a criança esteja inserida no mundo.” (professora 4, 20 de

outubro 2015).

O sistema de alfabetizar letrando é uma união da teoria com a prática,

pois alfabetização como já exposto neste trabalho refere-se ao processo de

apropriação do sistema da escrita (VIEIRA, LOPES, 2011). Ou seja, é o

ensinamento inicial do ler e escrever. O letramento, por sua vez, é voltado ao

ensinamento através das vivências dos alunos.

Nessa perspectiva, vale analisar a resposta da professora 5, que define

muito bem alfabetização e letramento, esclarecendo que são duas teorias, nos

quais, devem ser aplicadas juntas, porém são dois conceitos distintos,

“ Alfabetização ela é o processo pelo qual é possível ensinar a

ler e escrever de forma lúdica , significativa, estimular e

despertar no educando a reflexão sobre o sistema de escrita

alfabética. Atualmente exercemos processo de alfabetização na

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perspectiva do letramento, buscando durante o aprendizagem a

construção do conhecimento de mundo que passa agir para

transformar suas vidas. O conhecimento liberta e nos empoldera,

e é isso que buscamos fazer com a criança.” (professora 5, 30

de outubro 2015).

É relevante destacar que às vezes as professoras aplicam uma forma

de alfabetização correta com seus alunos, de acordo com o que diz a teoria,

mas, não conseguem defini-la.

A capacitação para torna-se um alfabetizador é mais freqüente entre as

docentes entrevistadas. A professora 2, por exemplo diz,

“já fiz vários cursos [...]fiz o CADREM, fiz o PROFA e tou

fazendo o PNAIC” (professora 2, 08 de outubro 2015).

Esses cursos são destinados a professores alfabetizadores da rede

pública, com o intuito de favorecer estratégias de alfabetização para serem

aplicados em sala de aula.

Dentre esses cursos destacam-se o PROFA e o PNAIC. O primeiro,

intitulado, Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (PROFA) tem

o objetivo de oferecer novas técnicas de alfabetização, baseados nos

Parâmetros Curriculares Nacionais. É um curso anual de formação, destinados

aos professores alfabetizadores, que ensinam a ler e escrever na Educação

Infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental e na Educação de Jovens e

Adultos. O curso possui 160 horas, no qual 75% do tempo é trabalhado em

grupo e 25% individualmente pelo professor, com leituras.

O Programa Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa

(PNAIC) é desenvolvido através de ações que estimulam a reflexão do

professor sobre o tempo e o espaço escolar. Esse programa é um

compromisso assumido pelos governos federal, dos estados e municípios de

comprometer que todas as crianças sejam alfabetizadas até os oito anos de

idade, ao final do 3º ano do ensino fundamental I.

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Embora tenha feito essas capacitações, a referida professora

apresenta dificuldades em definir alfabetização. Segundo ela,

“Alfabetização é a decodificação das letras, das palavras,

é escrever, é copiar sem muito, sem um conhecimento

amplo né.” (professora 2, 08 de outubro 2015).

Vejamos que ela fala de decodificação das letras como se fosse um

processo mecânico. Esse processo não leva o aluno a pensar, e nem refletir,

apenas a copiar.

Em outras palavras, Justo e Rubio (2013) relatam que há alguns anos

bastava que

“ (...) a pessoa soubesse assinar o nome ou até mesmo

escrever um simples bilhete para que ela pudesse ser

considerada alfabetizada, mas atualmente ler e escrever

de forma mecânica não garante uma interação plena com

os diferentes tipos de textos que circulam na sociedade,

pois é necessário não apenas decodificar sons e letras,

mas entender os significados do uso da leitura e da

escrita em diferentes contextos” (JUSTO e RUBIO, 2013,

pág.1).

Outras professoras entrevistadas, no entanto, falam da alfabetização

como um processo que vai além da decodificação. É o caso da professora 3

que revela alfabetização;

“(...) não está só no fato de decodificar e codificar. A

alfabetização ela é um todo, que envolve uma visão

global da vida, da sociedade, por que às vezes a pessoa

ler e escreve e não entende. Então não tá alfabetizado,

pra mim eu acho que essa alfabetização estar

incompleta. Por que pra tá alfabetizado tem que ler e

entender o que leu, produzir e por ai vai.” (professora 3,

08 de outubro 2015).

Com base na fala da professora citada acima, relembramos dos

analfabetos funcionais, pessoas consideradas alfabetizadas que fazem o uso

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da leitura, mas não conseguem interpretar, e têm dificuldades de escrever em

diferentes gêneros textuais. (Albuquerque, 2005).

A segunda parte que encadeia esse tópico foi desenvolvida com base

na pergunta: “Quais recursos pedagógicos você utiliza para alfabetizar os

alunos com autismo?” apresentavam alguns elementos comuns, como a

inclusão de jogos, materias lúdicos e concretos. Conforme revela a professora

2

“A gente tem que achar maneira mais fácil para o

entendimento deles, para eles resolverem as questões.

Não posso colocar o mesmo enunciado que está no livro

para um menino desse responder, eu tenho que chegar

mais próximo da linguagem dele, fazer adaptações com

as atividades da maneira que ele possa resolver,

responder. E a gente usa mais o que, os jogos, as letras

móveis, materiais concreto pra que ele assimile e

entenda aquilo que a gente tá querendo.” (Professora 2,

08 de outubro 2015)

A referida professora fala sobre os jogos e as letras móveis como

materiais concretos. Como foi exposto nesse trabalho, o uso de materias

concretos e visuais facilitam a compreensão da criança com autismo. A

entrevistada ainda ressalta a importância de fazer adaptações de acordo com

as necessidades do aluno.

A professora 5 faz uso de recursos parecidos com os utilizados pela

professora 2

“Adaptar com materiais nas aulas, sempre utilizando

jogos alfabéticos, jogos matemáticos coisa que viesse

atrair atenção deles por que ele tem uma dificuldade

enorme em atrair. Usar tinta, lápis adaptado muitos não

tinham a coordenação motora nem para se alimentar a

gente tinha que fazer uns adaptadores pra comer, para

escrever” (Professora 5, 30 de outubro 2015).

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A realização de jogos foi preponderante nas falas das professoras

entrevistadas. Vejamos que a professora 3 também utiliza jogos e alfabetiza

através da leitura.

“Uso muitos jogos, jogos que envolva a questão

alfabética, de números, de realidade assim que algum

que tenha haver com a leitura, contar historia , são esses

recursos que eu uso”. (Professora 3, 08 de outubro

2015).

Vale destacar, ainda, que a professora 4, apresentou o crachá como

maneira de a criança adquirir o conhecimento das letras a parti do seu próprio

nome.

“A gente tinha um crachá com a foto dela e nesse crachá

tinha a letra inicial do nome dela a gente partiu de [...]o

conhecimento de cores por que a letra na verdade, era

um objeto que poderia associar as cores, para depois a

gente passar o conhecimento dessa letra que era a letra

do nome dela. (Professora 4, 20 de outubro 2015).

A rotina também foi uma das atividades propostas pela professora 4

citando que, a rotina era uma forma de conduzir o aluno a realizar as atividades

propostas.

“Então assim a partir de uma rotina acho que a gente

consegue estabelecer um desenvolvimento mais

satisfatório” (Professora 4, 20 de outubro 2015).

A rotina visa atribuir significado de como dar sequencia às atividades.

Embora a professora 5 tenha utilizado essa estratégia, não descreveu a forma

como é feita essa rotina. Conforme discutido no presente trabalho, para os

alunos com autismo, a melhor opção seria a rotina visual, pois contém

imagens, que podem facilitar a compreensão. (REIS, 2012).

Em resumo, os dados das entrevistadas indicaram que o uso de

materias concretos como letras moveis e jogos é promissor para alfabetizar

crianças com autismo.

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Dificuldades em alfabetizar crianças autistas em sala de aula regular: uma

reflexão das vivências

Esse último tópico da análise compreende a pergunta 6 da entrevista,

que diz respeito as dificuldades que são encontradas com relação a

alfabetização dos alunos com autismo na sala de aula regular. Vale ressaltar

que das cinco professoras entrevistadas, nenhuma conseguiu alfabetizar os

alunos com autismo que atendiam. Na realidade, a que mais se aproximou foi a

professora 4. Diante da pergunta, “Cite algumas das dificuldades que você

sentiu em relação a alfabetizar alunos autistas em sala de aula regular?”, a

professora respondeu:

“é como eu tou dizendo a você das experiências que eu

tive apenas uma esse ano é que nós conseguimos

avançar nessa questão de tentar trazer ela para esse

mundo do letramento.” (professora 4, 20 de outubro

2015).

A mesma professora ainda cita que é difícil trazer atividade de

alfabetização, devido aos comportamentos dos alunos.

“...assim dos que eu tive em alfabetizar pensando

letramento a gente não avançou, porque assim existiam

muitos comprometimentos que nos impossibilitava, tanto

comportamental como intelectual, então assim a gente

não avançou.” (professora 4, 20 de outubro 2015).

Outras professoras também apontam a questão da dificuldade de

alfabetizar, levando em conta, os comportamentos característicos desses

alunos. Os registros abaixo colaboram com esse dado:

“...motivos dele num tá disposto a aprender aquilo, a

fazer aquilo, era o caso de Chico. Chico, tinha dificilmente

ele queria fazer alguma coisa, o que ele mais gostava de

fazer era brincar, brincar de roda, mais com relação à

leitura e escrita ele num, era difícil.” (professora 1, 08 de

outubro 2015).

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“...por que tens uns que não quer nem saber , as vezes

faz quebra cabeça, quando você pega ele pra ver as

letras do nome dele, puxando para o lado da

alfabetização ele no quer nem saber,foge, fica agressivo

e não quer nem saber” (Professora 3, 08 de outubro

2015)

“manter eles dentro de sala de aula regular é muito

complexo, ficar com eles lá, eles não querem, se

estressa, se irrita, aquilo enfadonho, então pra despertar

a atenção dele para as atividades juntamente com a

turma é enorme.” (professora 5, 30 de outubro 2015).

A professora 5 ainda acrescenta falando

“é muito complexo pra ajudá-lo.” (professora 5, 08 de

outubro 2015)

Vejamos com esses depoimentos, uma das dificuldades que as

professoras sentem em alfabetizar.

Mas, não são apenas estes os desafios. Todas as entrevistadas falam

que as dificuldades são enormes, e bem variadas, quando a pesquisadora

pergunta “Cite algumas das dificuldades que você sentiu em relação a

alfabetizar alunos autistas em sala de aula regular?”

“Eu sinto todas as dificuldades” (professora 2, 08 de

outubro 2015)

“TODAS!” (professora 4, 20 de outubro 2015)

“Bom, as dificuldades são imensas” (professora 5,30 de

outubro 2015).

Analisando essa questão, podemos ver que foi uma maneira que elas

encontraram para explicitar a angústia e insatisfação de não conseguir

alfabetizar o aluno com autismo. Essa angústia, no entanto, se estende aos

educandos com desenvolvimento típico, como descreve a professora 1

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“dificuldades a gente tem até com os não autistas,

imagine com os autistas.” (professora 1, 08 de outubro

2015)

Assim, a docente ressalta que as dificuldades não só existem com a

criança com autismo, mas com todos os educandos. De fato, as pesquisas

indicam que o problema de alfabetização no país é uma questão que vai além

dos educandos com necessidades educacionais especiais. Um número

expressivo de alunos apresenta desempenho crítico em leitura segundo as

avaliações feitas pelo Ministério de Educação ( MEC).

A falta de estudo, de formação e de informação sobre o autismo foram

outros aspectos salientados nas respostas das entrevistadas 1, 2 e 5:

“requer um estudo mais aprofundado a atividades

variadas”. (professora 1, 08 de outubro 2015)

“precisava estudar mais sobre o assunto, é as formações

que a gente tem são muitos falhas, são cursos com

pouca duração e uma teoria muito distante da nossa

realidade, eu acho, que precisava professor ser bem mais

informado eu acredito que na grade do curso de

pedagogia era pra ter uma disciplina de alunos especiais,

porque não é só o autismo tem outros problemas.”

(professora 2, 08 de outubro 2015).

“quando eu soube que iria ter um educando com

necessidade especial (autismo) a gente fica em um

choque de realidade, por que a universidade infelizmente

não nos prepara para lhe dar com essas deficiências,

uma coisa é a teoria é, na pratica é diferente.” (professora

5, 30 de outubro 2015)

Podemos observar que sempre há um questionamento sobre a

formação docente. Muitas não sabem o que fazer com esses alunos. Como

declara a professora 2, ‘falta estudo”.Ela percebe que precisa estudar mais

para lidar com as dificuldades da síndrome. Com a falta de apoio do Estado

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para capacitar-se, muitas professoras buscam soluções sozinhas. É o caso da

professora 5, que relata:

“Eu procurei estudar, buscar conhecer como poderia

ajudar a essa criança, adaptando com materiais nas

aulas.” (professora 5, 30 de outubro 2015).

O distanciamento da família é outra dificuldade em comum entre os

relatos das entrevistadas. No entanto, como pronunciamos nesse trabalho, a

família é um dos instrumentos mais eficazes para a inclusão dessas crianças

na sociedade (MACIEL, 2000). Essa ideia é compartilhada pelas docentes,

conforme revela a professora 3

“A orientação que ele recebeu da família principalmente,

que quanto mais coloca ele na questão social, para ele se

socializar mais ele fica fácil de lidar com o seu

comportamento.” (professora 3, 08 de outubro 2015).

A professora sugere em sua fala que a família afeta o comportamento

da criança. De fato, como argumenta Bottura (2012) as crianças são espelho

da família. Dependendo do que lhe é ensinado em casa, a criança tende

reproduzir.

As professoras 4 e 5 também falam da importância da família junto a

escola ao afirmarem que,

“se eu disser quais as dificuldades, eu não sei, por que

assim, vem o aluno que eu lhe falei que arrancava os fios

do meu cabelo para balançar um objeto para fazer

barulho, qual era o interesse dele? Era uma criança que

aos 10 anos ainda usava chupeta, a mãe carregava no

colo. Então você tem. Você tem na verdade, na sala de

aula o que acaba trazendo muito que é vivenciado em

casa. Então, como a gente não tem muitas vezes

parceria com a família, a escola não anda. Né , a gente

tava falando no inicio, eu e coordenadora da escola que

assim não dá pra gente enquanto escola, muitas das

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vezes fazer muita coisa pra esse trabalho não é dado

continuidade em casa , esse finalzinho de ano que

assumir a turma do segundo ano , né, Raimundinho eu

tenho colocado as atividades de Raimundinho em sala tá

dando certo , mando pra casa , não é feito,é uma via de

mão única , só a escola tá fazendo.” (professora 4, 20 de

outubro 2015).

“A questão da família também é outro fator que dificulta

muito, tem famílias que não aceita as dificuldades da

criança, abandonam, rejeitam que não sabe como lhe dar

com a deficiência da criança. Então aquilo que a gente

constrói na escola quando chega em casa é destruído.”

(professora 5, 30 de outubro 2015).

Sabemos que a escola é um conjunto entre os funcionários, a

comunidade e, principalmente, o apoio da família. Sem esse conjunto, a

escolarização dos educandos com e sem necessidades educacionais especiais

ficará prejudicada.

7.Considerações finais

O objetivo do presente trabalho foi descrever a percepção de

professores do ensino fundamental sobre a alfabetização de educandos com

autismo. Adicionalmente, o estudo visou caracterizar as percepções dos

docentes sobre a alfabetização e o conhecimento que têm sobre a síndrome.

A pesquisa foi desenvolvida a partir de um estudo de caso. Os dados

foram produzidos mediante entrevista com cinco professores. Todos os

participantes haviam atuado junto a alunos com autismo por média, mais de 2

anos.

Os resultados indicaram que os entrevistados, apesar de atuarem com

crianças com autismo, não tinham formação especifica na área. A maioria tinha

pouco conhecimento sobre a síndrome. Em geral os docentes conheciam suas

características a partir da convivência com esses alunos. Ressaltaram como

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característica mais marcante a falta de interação social. Mas, como já discutido,

sabemos que essa característica pontua apenas uma das diversas que existe.

Nos resultados referentes à alfabetização, foi perceptível que os

entrevistados tinham mais conhecimento. A maioria conceituou alfabetização

de acordo com o que dizem as teorias. Em outras palavras, alfabetização é um

processo específico de apropriação do sistema de escrita que envolve duas

dimensões: Apropriação do sistema de escrita alfabético e o desenvolvimento

de habilidades de produção e compreensão de textos escritos (VIEIRA ,

LOPES, 2011).

Já em relação aos métodos de alfabetizar as crianças com autismo,

indicaram materias concretos e jogos, sem mencionar qualquer programa

interventivo específico. Nenhum dos professores entrevistados mencionaram

programas de intervenção, como o ABA e TEACCH, descritos no presente

trabalho. Foi interessante observar, também, que ressaltaram que a dificuldade

de ensinar a esses alunos era devido aos problemas de comportamento. Como

ressaltado neste manuscrito, o ABA e o TEACCH apresentam estratégias

comportamentais e educacionais para esses alunos.

Com o norteamento dos resultados, encontramos várias dificuldades,

citadas pelas entrevistadas. Dentre elas, a falta de estudos sobre o assunto,

dificuldades em buscar estratégias para educar essa população, falta de apoio

dos gestores. Nesse cenário, os dados produzidos nesta monografia sugerem

que existem leis que asseguram o atendimento especial a educandos com

TEA, mas o fazer pedagógico para com essas crianças ainda está precário.

“Assim como qualquer ser humano, cada pessoa com autismo é única

e todas podem aprender” (Autismo e Realidade, 2015). Nunca subestime

nenhum aluno, seja lá qual dificuldade tenha, pois cada um tem o nível de

desenvolvimento diferente e interesse diferente, ao invés de recriminar, ajude-o

a encontrar maneiras que contribua para aprendizagem desse educando.

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APÊNDICE 1- Questionário da entrevista

1. Para você o que é autismo?

2. Qual a sua formação profissional?

3. Na sua concepção, o que significa alfabetização?

4. Você tem alguma especialização com relação ao autismo? E com

alfabetização?

5. Quais recursos pedagógicos você utiliza para alfabetizar os alunos com

autismo?

6. Cite algumas das dificuldades que você sentiu em relação a alfabetizar alunos

autistas em sala de aula regular?