INCLUSÃO DIGITAL – Parceria de empresas, instituições e governo

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1 INCLUSÃO DIGITAL Parceria de empresas, instituições e governo Lucas Teixeira da Silva 1 Orientador: Professor: Higor Carvalho Fontoura 2 RESUMO Existe uma prática que vem acontecendo nos últimos anos onde empresas e os governos investem em inclusão digital e consequentemente em inclusão social, a proposta deste trabalho é entender como esses projetos nascem e porque as empresas têm interesse em participar de iniciativas como essas. Para isso, teremos uma visão sobre um estudo de caso acompanhado na empresa Cosampa juntamente a instituição Anspaz. Neste projeto específico pode ser visto a aplicabilidade de algumas das boas práticas usadas no gerenciamento de projetos. Procura-se saber o que tem sido proposto à população e se esse e outros projetos espalhados pelo nosso país são suficientes para as necessidades digitais dos brasileiros. Teremos por base o estudo de alguns trabalhos de autores que já escreveram sobre o assunto e pesquisas em diferentes sites sobre projetos de inclusão digital espalhados pelo Brasil. Palavras chave: Parceria entre empresas e governo, inclusão digital, exclusão digital, boas práticas em projetos. ABSTRACT There is a practice that has been happening in recent years where companies and the government invest in digital inclusion and consequently on social inclusion, the aim of this work is to understand how these projects are born and because companies have an interest in participating in initiatives like these. For this, we have a vision about a real case study which was accompanied in the company along Cosampa Anspaz institution, located in the district Macedo Dias in Fortaleza. In this specific project can be seen the applicability of some of the best practices used in project management. Wanted to know what has been proposed to the population and if this and other projects scattered throughout our country are sufficient for the needs of the Brazilian digital. We based the study of some works of authors who have written on the subject and research on different sites about digital inclusion projects throughout Brazil. Keywords: Partner between business and government, digital inclusion, digital divide, best practices in projects. INTRODUÇÃO Para Demo (2005) a evolução da internet, juntamente as redes sociais tem criado uma tendência enorme de adesão ao uso de computadores, como meio de comunicação, usada para pesquisas, compras, entre outras atividades de diversos segmentos. Percebe-se que o mundo virtual às vezes cria a sensação de que as pessoas podem mais quando, por exemplo, você utiliza um determinado serviço que pode navegar pelas ruas de diferentes capitais mundiais e conhecer lugares antes nunca vistos. As tecnologias têm chegado a todos os continentes, porém ainda existe uma fatia considerável da população mundial sem acesso a esse tipo de tecnologia da informação, e a isso nós chamamos de exclusão digital. Neste projeto é possível visualizar a evolução do Brasil com relação aos projetos de inclusão digital e como tem aumentado o uso da internet e das redes sociais pelos brasileiros, sabendo é claro que ainda falta muito para conquistar para que a maioria da população do nosso país tenha acesso às informações da rede mundial de computadores chamada internet. 1 Graduando do curso de Sistemas de Informação da Faculdade Nordeste [email protected] 2 Professor da Faculdade Nordeste [email protected]

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Existe uma prática que vem acontecendo nos últimos anos onde empresas e os governos investem em inclusão digital e consequentemente em inclusão social, a proposta deste trabalho é entender como esses projetos nascem e porque as empresas têm interesse em participar de iniciativas como essas. Para isso, teremos uma visão sobre um estudo de caso acompanhado na empresa Cosampa juntamente a instituição Anspaz. Neste projeto específico pode ser visto a aplicabilidade de algumas das boas práticas usadas no gerenciamento de projetos. Procura-se saber o que tem sido proposto à população e se esse e outros projetos espalhados pelo nosso país são suficientes para as necessidades digitais dos brasileiros. Teremos por base o estudo de alguns trabalhos de autores que já escreveram sobre o assunto e pesquisas em diferentes sites sobre projetos de inclusão digital espalhados pelo Brasil.

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INCLUSÃO DIGITAL – Parceria de empresas, instituições e governo

Lucas Teixeira da Silva1

Orientador: Professor: Higor Carvalho Fontoura2

RESUMO

Existe uma prática que vem acontecendo nos últimos anos onde empresas e os governos investem em

inclusão digital e consequentemente em inclusão social, a proposta deste trabalho é entender como esses

projetos nascem e porque as empresas têm interesse em participar de iniciativas como essas. Para isso,

teremos uma visão sobre um estudo de caso acompanhado na empresa Cosampa juntamente a instituição

Anspaz. Neste projeto específico pode ser visto a aplicabilidade de algumas das boas práticas usadas no

gerenciamento de projetos. Procura-se saber o que tem sido proposto à população e se esse e outros

projetos espalhados pelo nosso país são suficientes para as necessidades digitais dos brasileiros. Teremos

por base o estudo de alguns trabalhos de autores que já escreveram sobre o assunto e pesquisas em

diferentes sites sobre projetos de inclusão digital espalhados pelo Brasil.

Palavras chave: Parceria entre empresas e governo, inclusão digital, exclusão digital, boas práticas em

projetos.

ABSTRACT

There is a practice that has been happening in recent years where companies and the government invest in

digital inclusion and consequently on social inclusion, the aim of this work is to understand how these

projects are born and because companies have an interest in participating in initiatives like these. For this,

we have a vision about a real case study which was accompanied in the company along Cosampa Anspaz

institution, located in the district Macedo Dias in Fortaleza. In this specific project can be seen the

applicability of some of the best practices used in project management. Wanted to know what has been

proposed to the population and if this and other projects scattered throughout our country are sufficient for

the needs of the Brazilian digital. We based the study of some works of authors who have written on the

subject and research on different sites about digital inclusion projects throughout Brazil.

Keywords: Partner between business and government, digital inclusion, digital divide, best practices in

projects.

INTRODUÇÃO

Para Demo (2005) a evolução da internet, juntamente as redes sociais tem criado uma tendência

enorme de adesão ao uso de computadores, como meio de comunicação, usada para pesquisas,

compras, entre outras atividades de diversos segmentos. Percebe-se que o mundo virtual às vezes

cria a sensação de que as pessoas podem mais quando, por exemplo, você utiliza um determinado

serviço que pode navegar pelas ruas de diferentes capitais mundiais e conhecer lugares antes nunca

vistos. As tecnologias têm chegado a todos os continentes, porém ainda existe uma fatia

considerável da população mundial sem acesso a esse tipo de tecnologia da informação, e a isso nós

chamamos de exclusão digital. Neste projeto é possível visualizar a evolução do Brasil com relação

aos projetos de inclusão digital e como tem aumentado o uso da internet e das redes sociais pelos

brasileiros, sabendo é claro que ainda falta muito para conquistar para que a maioria da população

do nosso país tenha acesso às informações da rede mundial de computadores chamada internet.

1Graduando do curso de Sistemas de Informação da Faculdade Nordeste – [email protected]

2Professor da Faculdade Nordeste – [email protected]

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Conforme propõe Takahashi (2000) o conhecimento não é mais o mesmo, este é um dos principais

elementos de superação de desigualdades, criação de emprego qualificado e de crescimento do bem-

estar. A nova situação que a tecnologia da informação trouxe,tem reflexos no sistema econômico e

político. Existe hoje uma dependência muito forte de todos os países no que diz respeito ao

conhecimento e a manipulação das informações, onde aqueles que se destacam são aqueles que

sabem mais, aprenderam mais e vivenciaram mais.

Partilham de ideias semelhantes Demo (2005) e Cazeloto (2008) onde acreditam que a inclusão

social tornou-se palavra fácil, cujas práticas tendem a ser o contrário. Por exemplo, em educação,

inclusão social tornou-se progressão automática. Foram incluídas socialmente? Outro exemplo:

famílias contempladas no programa Bolsa Família, de alguma forma, melhoram suas condições

materiais de vida, mas dificilmente conseguem sair desta situação assistida. É isto inclusão social?

Facilmente concordamos com uma inclusão na margem. Os pobres estão dentro, mas dentro lá na

margem.

O governo e empresas trabalham em favor de aumentar o uso da internet pela população, pois

sabemos que usada para pesquisas e conhecimento é um dos melhores meios de comunicação da

atualidade. Os negócios mudaram com o uso da internet, as organizações se expandiram com a

rapidez que ela trás as informações. As distâncias encurtaram, o jeito de trabalhar mudou tudo

devido a este fenômeno chamado WEB (World Wide Web) a figura abaixo mostra alguns

indicadores sobre o crescimento da internet no Brasil nos últimos anos.

Fonte: <http://www.secundados.com.br>

Figura 1: Dados de internet Brasil.

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Segundo Cazeloto, (2008) ainda falta muita gente para ser incluída nesta caminhada de inclusão

digital. Este projeto retrata um pouco sobre como as instituições, governo e empresas vêm

investindo nessa ação, vamos ver um pouco sobre quais os benefícios que ambos ganham e como

tudo isso contribui para o crescimento do país e da cultura do povo brasileiro.

Serão envolvidas neste projeto interdisciplinar duas disciplinas: Carreira e Liderança e Gestão de

projetos. Esta interdisciplinaridade dá-se ao fato de todo projeto ter inicio, meio e fim, envolver

pessoas e sempre ter uma finalidade, um objetivo a ser alcançado. Será percebida a importância de

ter um bom líder, e esse líder conseguir fazer com que os demais abracem a idéia de fazer um bom

trabalho, não só junto à instituição, mas principalmente a comunidade. O estudo de caso abordado

neste projeto mostra como foram implementadas algumas das metodologias que o PMI prega em

seu guia e como essas boas práticas ajudam a conquista do sucesso em um projeto, independente do

seu segmento. (PMI, 2012, p.47)

Com a figura 2 é possível perceber como o Brasil é um país promissor no quesito evolução

tecnológica, cabe a nós dividirmos e multiplicarmos os conhecimentos para que as diferenças

sociais, econômicas e intelectuais não se tornem ainda maiores, onde os mais ricos têm acesso as

melhores tecnologias e sempre são os primeiros e os mais pobres tem acesso ao que sobra. Este é

um cenário que devemos abolir se quisermos um Brasil mais igualitário onde as oportunidades não

sejam abertas somente para uma minoria.

Posição dos países por numero de host (computadores na rede).

O intuito deste trabalho é entender como se da à integração entre empresas, instituições e governo,

trabalhando em prol da expansão da inclusão digital no país.Para alcançar esse entendimento vamos

utilizar de um estudo de caso juntamente com a leitura de alguns artigos e trabalhos já relacionados

a este tema.

MÉTODOS

A metodologia utilizada será a visão sobre um estudo de caso para se chegar numa melhor

compreensão do assunto e da realidade juntamente para com a população e a leitura e reflexão sobre

alguns pontos de vistas dos autores referenciados. No projeto em questão será acompanhado desde

o nascimento do projeto dentro de uma empresa, até sua aplicabilidade e seus resultados nos

Figura 2: Posição dos países por número de host.

Fonte: <http://www.cetic.br/hosts/2011/>

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envolvidos. A partir das informações obtidas poderemos dimensionar os resultados alcançados pelo

projeto, quais seus pontos fortes e fracos e as oportunidades de melhoria.

Neste sentido será abordado o projeto de Inclusão Digital concebido pela empresa Cosampa

Projetos e Construções LTDA, em parceria com a instituição Anspaz que tem por fundador o padre

Giuseppe Sometti, eles ajudam crianças abandonadas, adolescentes, jovens e adultos. Se dedica

principalmente às crianças, prevenindo-as das drogas e de outros desvios de personalidade, muitas

vezes causados pelos próprios pais. Tentam encaminhá-las a uma cidadania responsável, ter mais

confiança e serem pessoas melhores.

ESTUDO DE CASO DE UMA EMPRESA DO RAMO DE CONSTRUÇÃO

O projeto teve inicio com a visualização da gerente da empresa na possibilidade de ajudar uma

instituição próxima ao prédio da matriz, onde um de seus colaboradores cresceu. Com a informação

da equipe de T.I que havia computadores que estavam sem uso, nasceu o interesse de doar os

computadores à instituição Anspaz, e ofertar um mini curso de noções básicas de informática, onde

os próprios colaboradores da empresa iriam lecionar as aulas.

A partir daí foi elaborado todo um cronograma seguindo as boas práticas que são pregadas no

Pmbok 4º edição. Foi solicitada a equipe de T.I que aprontassem as máquinas para uso dos jovens

na instituição, assim como deviam elaborar um cronograma de aulas e um material didático. Seriam

abordados os conhecimentos em Windows XP, Word, Excel e Power Point, definindo também quem

seriam os voluntários para o projeto.

Os computadores foram levados para a instituição, feita a montagem e os primeiros testes de

funcionamento. Após uma reunião com os pais das crianças e os administradores da instituição é

definida uma data de inicio e os horários de cada turma, assim como declarado os nomes dos

voluntários e seus respectivos horários. O conteúdo programático tem como cronograma inicial 25

encontros com duração de 30minutos durante 6 meses como podemos ver no anexo 2 no final do

artigo.

Pretende-se recolher feedback de todos os envolvidos, a fim de identificar a importância para cada

um e enxergar as possíveis melhorias para dar continuidade ao projeto, com mais doações e novas

parcerias, incentivando os concludentes do curso a tornarem-se monitores para disseminar o

conhecimentos adquirido.

Deve ser elaborado um termo de adesão ao projeto entre a empresa Cosampa e a instituição Anspaz,

identificando a doação da empresa e o curso que será ministrado, bem como seus conteúdos e a

duração do projeto, foi também definida neste momento a responsável pelo projeto que é a gerente

administrativa da empresa. Será feito registro das partes interessadas, alunos, voluntários,

instituição e empresa formalizando o projeto.

O laboratório é composto por três máquinas, cada aula tem a duração de 30 minutos, a fim de

dividir o tempo para todas as crianças. Serão atendidas em torno de 27 crianças por dia perfazendo

um total de 81 crianças por semana como é mostrado no anexo 3. Este projeto tem a duração total

de 6 meses corridos podendo ser renovado.

Cada professor ministrará uma turma em um dia e turno diferente, para que não haja perda no

aprendizado com mudanças de metodologias de ensino.Todos seguem o mesmo material didático,

mas cada um tem sua maneira de ensinar. Existe um acordo entre todos os voluntários que quando

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algum colaborador não puder estar presente na aula, deverá avisar com antecedência e informar

onde está com o conteúdo, afim de não haver ruptura no aprendizado que já é tão rápido.

O cronograma inicia-se no dia 21 de janeiro do ano de 2013 e terminará no dia 19 de julho de 2013

com duração total de seis meses. Serão ministradas aulas semanais nos dias de segundas, quartas e

sextas-feiras, pela manha o horário será das 09:00 as 11:00 e a tarde será das 14:00 as 17:00.

Participando ao todo seis colaboradores, três pela manhã e três no período da tarde.

Presume-se que será investido neste projeto cerca de 280 horas somando os horários de todos os

voluntários, como pode ser visto no anexo 2. Mediante a média salarial dos envolvidos à hora-aula

sai a R$ 50,00 reais, multiplicado pela quantidade de horas totais temos um investimento

aproximado de R$ 15, 000 mil reais durante os seis meses, mais o investimento inicial dos três

computadores antigos doados valiam por volta de R$ 1.000,00 reais, mais o transporte dos

colaboradores estimados em R$ 300,00 reais totalizando cerca de R$ 16.300,00 investidos durante

seis meses de projeto.

A qualidade das aulas será medida mediante as provas aplicadas nas turmas e aos feedbacks da

direção da instituição para gerencia da empresa no decorrer do projeto, bem como a opinião de

todos os envolvidos diretamente ou indiretamente.

A comunicação será principalmente com os envolvidos, nas situações em que por algum motivo o

colaborador não puder estar presente no seu horário, deverá avisar por e-mail para todos os

envolvidos no mínimo um dia antes e reforçar o aviso no dia via telefone. As dúvidas, ideias e

sugestões deverão ser comunicadas via e-mail para o setor de Recursos Humanos, gerência e

administração da instituição.

A comunicação com as crianças e os jovens não deve se limitar somente ao olho no olho, devem ser

explorados os meios de comunicação que o próprio computador nos oferece, utilizando de imagens,

vídeos, músicas, tabelas, gráficos, apresentações entre outras formas de incitar o raciocínio e a

reflexão nos alunos.

Em caso de falta de energia os computadores deverão ser desligados das tomadas e a aula do dia

será reagendada em uma data futura, ministrando o conteúdo da aula no próximo encontro. Nos dias

de chuvas os colaboradores deverão ir somente de taxi para o local, caso tenha veículo próprio

deverá abastecer o veiculo e guardar a nota fiscal para o reembolso. Se caso algum evento acontecer

não permitindo que as crianças tenham aula, a mesma será suspensa e o conteúdo será abordado na

semana seguinte.

Na possibilidade de algum dos voluntários não puder dar continuidade nas aulas do projeto em

algum período futuro, serão designados 2 colaboradores que estarão como substitutos caso alguém

precise se ausentar devendo avisar antecipadamente a todos.

INCLUSÃO DIGITAL NO BRASIL

É forte o investimento do governo para projetos que estimulem as classes excluídas a utilizarem a

tecnologia em beneficio do conhecimento e preparação profissional, são exemplos disso os projetos:

criação do Comitê de Democratização da Informática (CDI) (http://www.cdi.org.br/). A partir da

instalação, em 1995, de um curso de informática na favela Dona Marta em Botafogo, Rio de

Janeiro, o Programa alcançou em 2006, 716 escolas no Brasil e 175 escolas no exterior.

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Existem também outros tele centros, como os disponibilizados pelas Prefeituras de São Paulo, que

se multiplicam nas capitais e, de acordo com a agenda dos governos e das condições para o

estabelecimento de parcerias, se ampliam para o interior.

Aqui no Ceará temos o projeto KHouse Profissionalizante que constitui-se num curso técnico de

inclusão digital para a formação de jovens em manutenção e gestão de laboratório de informática

desde 2003. Este projeto faz parte das ações integradas do Grupo de Pesquisa KBr/Kidlink no

Brasil, que no Ceará conta com a parceria do Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) e

do Centro de Referência do Professor (CRP), da prefeitura municipal de Fortaleza.

O Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) é responsável por produzir,

integrar, documentar e socializar o conhecimento científico-tecnológico do Brasil. Foi pioneiro na

América Latina quando criou cursos de documentação científica na década de 1950 e o mestrado

em Ciência da Informação em 1970.O instituto é hoje referência na democratização do

conhecimento, uma vez que repassam de forma gratuita tecnologias que ampliam a oferta de

informação científica na internet. Graças a esse esforço, o Brasil é um dos principais países em

número de registros digitais do mundo como mostrado na figura 2.

Um exemplo de projeto que o ibict apóia é a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações

(BDTD), que dissemina os trabalhos defendidos por estudantes no País e por brasileiros no exterior.

Já o Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER) é um aplicativo online para que os

pesquisadores criem e publiquem revistas científicas eletrônicas. O País conta com mais de 1.300

revistas desse tipo, em todas as áreas do conhecimento. O Ibict tornou-se referência também nas

inclusões sociais e digitais no Brasil, com a criação do Portal da Inclusão Social, a revista Inclusão

Social, o Centro Nacional de Referência em Inclusão Digital (Cenrid), entre outras iniciativas do

gênero.

Mesmo com muitos projetos, hoje os mesmos são insuficientes para a quantidade de lugares sem

acesso a internet. É visto por todos, em diferentes lugares do Brasil, uma grande desigualdade que

funciona como um efeito cascata, onde os indivíduos que estão na margem da sociedade, sofrem

inúmeras restrições ao conhecimento, a cultura, as oportunidades no mercado de trabalho, ao acesso

a informação, entre outras situações que afetam a suas vidas. (VASCONCELOS, [et al] 2004;

MARCHIORIA, 2008).

PARCERIAS ENTRE INSTITUIÇÕES, EMPRESAS E GOVERNO

Existem diversos projetos de ação social e inclusão digital no Brasil, são citados alguns como

exemplos. No Rio de Janeiro temos um projeto apoiado pela Secretaria de Estado de Ciência e

Tecnologia - SECT voltado para a criação de parques tecnológicos em Resende, Petrópolis e

Seropédica. O objetivo é disponibilizar acesso gratuito a internet para comunidades, além de cursos

e oficinas de informática, para outras cidades fluminenses.

No Ceará o “cinturão digital” projeto que foi inaugurado quase um ano depois do prazo, em 30 de

setembro de 2010, atualmente dos 184 municípios cearenses, apenas 53 são atendidos, de forma

restrita, para instituições públicas estaduais (escolas, hospitais, escritórios da Ematerce, delegacias

de Polícia). Isto representa apenas cerca de 30% de cobertura. O projeto do CDC prevê três etapas:

o atendimento aos órgãos públicos estaduais; às Prefeituras e à população. Até agora, de acordo

com a Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), responsável pelo programa, somente

22 Prefeituras tiveram seus projetos aprovados, mas falta o serviço de acesso ser instalado. O

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governo já investiu R$ 68 milhões no projeto, que é pioneiro, mas há muito que fazer para se chegar

à totalidade da proposta apresentada no inicio.

O Programa SERPRO de Inclusão Digital (PSID) busca promover a inclusão digital e social das

comunidades excluídas do universo das Tecnologias da Comunicação e Informação - TIC. Iniciado

em 2003, o PSID é uma das ações amparadas pela política de Responsabilidade Social e Cidadania

da Empresa, em parceria com o Programa Brasileiro de Inclusão Digital do Governo Federal.

No Rio Grande do Sul o Projeto de Inclusão Digital - PID, no Departamento de Tecnologia –

DeTEC da UNIJUI combate a exclusão sócio digital. Integrando professores e alunos da

Universidade o PID atende desde 2004 um público de jovens, adultos e comunidades de baixa renda

de Ijuí. O Tele centro de Inclusão Digital, é composto por 30 computadores em rede para a

realização das atividades.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Percebe-se uma importância enorme em projetos de inclusão digital, pois muitos fazem com que a

vida do individuo que recebe o benefício assim como os voluntários mudem suas perspectivas sobre

a vida, por um lado a criança ou jovem com problemas familiares ou psicológicos e sem muitas

oportunidades tem a chance de receber treinamentos, apoio espiritual e psíquico entre outras

atividades, já o voluntário tem o prazer de sentir-se útil e ver que mesmo com uma ação tão simples

pode fazer a diferença na vida de alguém, são sensações como essas que dizem não ter preço.

Como mencionado no inicio deste trabalho, o projeto de inclusão digital na empresa Cosampa

nasceu através de um colaborador que cresceu em uma intuição próxima, estimulando a gerência a

iniciar o projeto. Devido a ter a necessidade de criar ações sociais a fim de destacar-se entre tantas

empresas, a Cosampa como uma empresa parceira da Coelce que é a distribuidora de energia do

Ceará, viu a oportunidade de criar mais um projeto que seria analisado pela empresa parceira onde

existem programas que incitam as empresas a investirem nesses projetos e as que mais se destacam

são premiadas, consequentemente passam a ter preferência nas licitações entre outras

oportunidades.

É comum grandes empresas fazerem parte de ações solidárias, pois é o nome da empresa que estará

recebendo destaque, a organização sai do âmbito que esta vinculada, que é investir para obter lucro

e mostra para a sociedade que esta ali por um motivo muito maior, que tem a intenção de ajudar a

população, essa imagem é aquela que toda empresa quer ter.

Percebe-se que muito esta sendo feito, e é visto os frutos sendo colhidos em todos os cantos do

Brasil, porém existem muitos projetos com descaso que muitas vezes faltam políticas mais

enérgicas e que seus responsáveis levem mais a sério o investimento e aquilo que é prometido, pois

senão muitos milhões investidos podem não levar o beneficio que se tinha planejado por falta de

controle e respeito ao dinheiro público, um caso desses é o cinturão digital que até hoje dois anos

depois de ser inaugurado ainda não alcançou 50% do seu funcionamento proposto.

Cabe a todos exercer responsabilidade sobre essas injustiças e pedirmos explicações aos poderes

públicos, pois é direito de todos estarmos incluídos socialmente e nos dias atuais mais do que nunca

incluídos digitalmente.

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CONCLUSÃO

Conclui-se através deste projeto de pesquisa que grandes empresas procuram estar relacionadas

diretamente com projetos de inclusão digital, devido a vários fatores, são eles: ter uma boa imagem

perante a sociedade, mostrar a população e demais empresas que se preocupa com a cidadania e

com a desigualdade social, forma de diferencial competitivo, busca por oportunidades onde muitas

empresas priorizam parcerias com empresas que investem em projetos sociais e sem duvida

nenhuma a satisfação e o privilégio de ter a honra de ajudar pessoas a terem uma vida melhor, onde

as mesmas estarão gratas pela ação que recebeu.

Os investimentos não são suficientes, pois ainda existem milhões de pessoas na margem da

sociedade, mas não podemos culpar somente as empresas e o governo, parte da culpa é da própria

população que muitas vezes não se ajuda e não busca entrar nos programas de inclusão, pois não

vêem como um grande avanço, não percebem muitas vezes como é importante o acesso as

informações e ao conhecimento, isso se dá a um aspecto cultural e enfatiza ainda mais a distância

intelectual que muitas pessoas têm com relação aqueles que crescem com muitas oportunidades,

com qualidade de ensino e com uma estrutura familiar mais sólida.

Todos estes aspectos citados no parágrafo anterior influenciam no comportamento do ser humano,

então percebemos que não é somente através de um bom curso técnico que um individuo irá

melhorar sua conduta, ou mesmo com uma oportunidade de estar num programa de treinamento em

uma grande empresa, lógico que essas ações ajudam, mas juntamente com elas devem haver outros

mecanismos de apoio e ajuda a toda a família que esta inserida nesta realidade de injustiças sociais,

pois assim as chances aumentam em não só ajudar um único membro da família mas ajudar a todos.

O país precisa de capacitação para todas as idades, educação de qualidade em todos os cantos do

país, projetos que sejam concluídos, empresas com vontade de ajudar em todos os lugares e de

todos os tamanhos, as pessoas precisam querer melhorar. O Brasil necessita de projetos audaciosos

e de primeiro mundo se quisermos sair da posição de países subdesenvolvidos.

REFERÊNCIAS

CAZELOTO, Edilson. Inclusão Digital uma visão crítica. Editora SENAC 2008.

DEMO, Pedro. Inclusão digital: cada vez mais no centro da inclusão social. Disponível em:

<http://repositorio.unb.br/handle/10482/9652> Publicado em 2005(Dissertação)

Project Management Institute, Livro PMBOK 4º Edição - Um Guia do Conhecimento em

Gerenciamento de Projetos. Editora Saraiva 2012.

TAKAHASHI, Tadao. Sociedade da informação no Brasil 2000.

VASCONCELOS Francisco H Lima, FREITAS Maria D B Rebolças, LUCENA Marisa, LERNER

Mirim, CHIBANTE Lúcia, MOREIRA Vânia. Inclusão Digital e Social: Um Exemplo da

Formação Profissionalizante para Jovens com o uso de Tecnologias Computacionais.

Disponível em: <http://ceie-sbc.educacao.ws/pub/index.php/wie/article/view/844> Publicado em

2004.

ANSPAZ - Associação Nossa Senhora Rainha da Paz<http://www.anspaz.net> Desde 1989.

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PID - Projeto de Inclusão Digital Departamento de Tecnologia da Universidade Regional do

Noroeste do Rio Grande do Sul UNIJUI <http://www2.unijui.edu.br/~incdigital/index.php> Criado

em 2004.

PSID - Projeto Serpro de Inclusão Digital<http://www4.serpro.gov.br/inclusao> Implantado em

2003 - Empresa SERPRO.

ANEXOS

ANEXO 1: Entrevista com Andrea Moreira, gerente Administrativa da empresa Cosampa Projetos

e Construções LTDA, onde foi acompanhado de perto o projeto.

Quais as vantagens que a Cosampa tem em participar do projeto de inclusão digital com a

doação dos computadores, bem como as aulas de informática que estão sendo lecionadas?

Andrea: Vai além de cumprir com o seu papel de responsabilidade social e melhorar a imagem da

empresa, é gratificante saber que estamos ajudando. A empresa já faz diversas ações de alcance

social, desta vez, pensamos que algo mais abrangente e duradouro. A psicóloga da empresa também

tem ido à instituição para oferecer apoio psicológico as crianças daquela instituição.

Não é fácil administrar esse projeto, as dificuldades em manter a agenda e o compromisso dos

voluntários são enormes, mas estamos conseguindo. É preciso fazer as pessoas vestirem a camisa e

se envolver no projeto, sabendo que o que vão ganhar é a gratidão daquelas crianças e de seus pais.

Pretendemos ao final desse semestre, reunir os voluntários, conversar com a instituição e se possível

até com essas crianças e seus pais dessas para avaliarmos os resultados do projeto e se daremos

continuidade, o que precisa ser melhorado.

As vantagens: sensação de dever cumprido, de fazer algo mais e de saber que estamos contribuindo

para oferecer uma melhor qualidade de vida a essas crianças. É um projeto simples, mas são simples

atitudes e demonstrações de cuidado que pode mudar os rumos da vida de alguém, pois na maioria

das vezes elas só precisam algo que as impulsione, e estarmos lá ajudando, mostra que acreditamos

nelas e estamos dispostos a ajudá-las.

Essa ação tem relacionamento direto ou indireto com o planejamento estratégico da empresa,

missão, visão ou valores, como se dá esse relacionamento?

Andrea: Sim. Nossa atual Missão é: "PRESTAR SERVIÇOS DE ENGENHARIA COM

SUSTENTABILIDADE” E o que significa sustentabilidade? É o desenvolvimento presente

garantindo o futuro das próximas gerações. A maioria das pessoas atrela sustentabilidade ao meio

ambiente, mas o conceito abrange todas as variáveis relacionadas ao meio ambiente, entre elas as

pessoas e a nossa responsabilidade sobre elas. Por isso, ser socialmente responsável faz parte de

nossa missão.

O reforço é dado nos nossos valores, quando citamos que um dos nossos valores é o RESPEITO:

VALORIZAÇÃO DA INTEGRIDADE FÍSICA E MENTAL DAS PESSOAS PARA OBTER

UMA MELHOR QUALIDADE DE VIDA. Quando falamos em "PESSOAS", falamos em todas as

pessoas com as quais interagimos inclusive a sociedade.

O que levou a Cosampa a escolher a Anspaz para este projeto?

Andrea: Conforme já dito anteriormente, a COSAMPA já faz diversas ações pontuais de

responsabilidade social e a ANSPAZ é uma instituição que já era beneficiada por essas ações.

Conhecemos a ANSPAZ através de um colaborador (CÍCERO ROBERTO DE FREITAS) que foi

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criado por essa instituição, entrou para trabalhar na empresa como Office boy e hoje trabalha

fiscalizando obras do Programa Minha Casa Minha Vida e está cursando EDIFICAÇÕES. Podemos

ver nesse colaborador a diferença que essa instituição fez na vida dele. Outro fator relevante é por

tratar-se de uma instituição que cuida de crianças, e é estimulante saber que podemos fazer algo que

possa mudar completamente o futuro dessas crianças e consequentemente ajudar a mudar futuro de

nosso país. Sei que o que estamos fazendo é pouco, mas queremos mostrar o exemplo e impulsionar

outras empresas a fazerem o mesmo, pois cada empresa e cada indivíduo fizerem a sua parte, com

certeza teremos um futuro melhor para todos nós.

Houve algum exemplo de outra empresa que a Cosampa se espelhou para elaborar este

projeto?

Andrea: Nesse caso não. Queria criar um projeto de alcance social que não fosse apenas uma ação

em si, tínhamos os computadores que, naquele momento não teriam utilidade para a empresa e

minha mente começou a trabalhar. Fui conversando com o Lucas (TI) e com o RH e o projeto foi

desenhado, e apesar das dificuldades, está funcionando, acredito que mais adiante poderemos colher

os frutos.

ANEXO 2: Quantidade de horas aula por mês.

ANEXO 3: Dias fixos de cada voluntário e quantidades de crianças atendidas.

PLANEJAMENTO SEMESTRAL DAS AULAS DE INFORMATICA ANSPAZ

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho TOTAL

Encontros 5 6 8 8 9 10 10

Horas 25 30 40 40 45 50 50 280

Tabela de dias dos Voluntários

SEGUNDA QUARTA SEXTA QTD

CRIANÇAS

MANHÃ MOISES RAFAEL REGIS 12

TARDE LUCIANE LUCAS LUCIANA 15

TOTAL POR SEMANA DE CRIANÇAS ATENDIDAS 81