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  • VII ENCONTRO DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAO ESPECIAL Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X Pg. 2291-2304

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    INCLUSO ESCOLAR E FORMAO DOCENTE NA SEMED/SO

    LUS: experincias na cidade de 400 anos.

    PAULO ROBERTO DE JESUS SILVA SEMED - UFMA1

    ROSANE DA SILVA FERREIRA - SEMED2

    RESUMO: A reduo/superao da segregao/excluso escolar dos alunos pblico da Educao Especial

    uma das questes mais urgentes para democratizao da educao brasileira. Com o processo de municipalizao

    ficou sob os cuidados das redes municipais o maior nmero desses alunos. Assim, os desafios a serem

    enfrentados para transformar essas redes em redes inclusivas constituem-se em tarefa to histrica como

    complexa envolvendo reas tais como: formao continuada, gesto escolar, financiamento, infraestrutura, entre

    outras. Assim, nesse trabalho realiza-se, de forma ousada, reflexo crtica sobre uma destas frentes formao

    continuada. Tem-se como problemtica se as formaes docentes disponibilizadas pela SEMED convergem para

    incluso escolar dos alunos pblico da Educao Especial. Metodologicamente optou-se em investigar

    especialmente o curso Educao Especial em Contexto. O escopo deste trabalho constitui-se em analisar as

    contribuies (ou no) da formao continuada da SEMED para a incluso escolar. Para tanto, utiliza-se reviso

    de literatura e aplicao de questionrio semi-estruturado com professores participantes das formaes da SAEE.

    Como resultado, observa-se que os professores em sua maioria com formao adequada para docncia e com

    formao especfica na rea da Educao Especial avaliaram muito bem a formao continuada promovida pela

    SEMED, observando implicaes com suas prticas, alm de revelarem que na maioria das escolas municipais

    de So Lus j est presente as temticas relacionadas incluso escolar. Conclui-se que os espaos formativos

    sero mais convergentes com a incluso na medida em que se tornem mais favorveis autoreflexo crtica e as

    experincias com a diversidade, caminho promissor em direo a emancipao.

    PALAVRAS-CHAVE: Incluso Escolar. Educao Especial. Formao Docente.

    Introduo So Lus, capital do estado do Maranho est situada no litoral maranhense, tendo

    influncia de povos nativos, portugueses, franceses e africanos. Por isso, comporta uma

    diversidade de costumes, sotaques, sabores, belezas e identidades. Seu nome constitui

    homenagem ao Rei francs Lus XIII, visto que a Frana ocupou a regio e a fundou em 08 de

    setembro de 1612 (nica capital brasileira fundada por franceses). Assim, a cidade est se

    preparando para festejar e problematizar seus 400 anos. A UNESCO, em 1997, conferiu a So

    Lus o ttulo de Patrimnio Cultural da Humanidade, em decorrncia de sua histria urbana

    marcada pela colonizao portuguesa (sculo XVII), pelo traado quadriltero ortogonal - de

    influncia espanhola mantida at hoje. A riqueza de So Lus tambm composta por seus

    grandes escritores, tais como Gonalves Dias, Graa Aranha, Alusio de Azevedo, Josu

    Montello dentre outros, o que tornou a cidade conhecida como Atenas Maranhense. Brilha

    tambm a fora do seu folclore, em destaque o tambor-de-crioula e bumba-meu-boi (ambos

    elevados a Patrimnio Imaterial do Brasil). A cidade localiza-se na ilha Upaon-Au (Ilha

    1 Pedagogo (UFMA), mestrando em Educao pelo Programa de Ps-Graduao em Educao/UFMA.

    Pedagogo do Acompanhamento Educacional Especializado da SEMED/So Lus e da SEDUC/Maranho. So

    Lus Ma. [email protected] 2 Pedagoga (UFMA), Superintendente da rea de Educao Especial da SEMED/So Lus. So Lus Ma.

    [email protected].

  • VII ENCONTRO DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAO ESPECIAL Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X Pg. 2291-2304

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    Grande" em tupinamb) com mais de 1 milho de habitantes, sendo uma das cidades mais

    populosa do pas.

    A cidade de quase 400 anos conta com uma rede pblica municipal com mais de

    100 mil alunos, destes cerca de 2500 tem alguma deficincia, transtornos globais de

    desenvolvimento ou altas habilidades. Para responder as demandas da incluso escolar desses

    milhares de alunos a SEMED disponibiliza, atravs da Superintendncia de rea de Educao

    Especial (SAEE), 16 (dezesseis) professores para atender a suas 14 (quatorze) classes

    especiais; 62 (sessenta e dois) professores para atender suas 61 (sessenta e uma) salas de

    recursos e 41 (quarenta e um) professores itinerantes para atender 122 (cento e vinte e duas)

    Unidades de Educao Bsica (UEB) que matricularam alunos pblico-alvo da Educao

    Especial, totalizando cerca de 804 (oitocentos e quatro) salas de ensino regular. Tambm

    compreendem o quadro de profissionais da SAEE: pedagogos, assistentes sociais, terapeutas

    ocupacionais e fisioterapeutas.

    A Secretaria Municipal de Educao possui atualmente 05 edifcios, nos quais

    desenvolve suas atividades administrativas; tambm compem a estrutura fsica dessa

    Secretaria 170 prdios escolas e aproximadamente 60 anexos3 escolares. Contabilizam-se

    aproximadamente mais de 8 mil profissionais do relacionados ao Magistrio; deste pouco

    mais de cinco mil so professores em atividade (SO LUS, 2011). Das cerca de 170 UEB da

    rede pblica municipal de So Lus, a maioria encontra-se parcialmente adaptada

    arquitetonicamente correspondendo a 88% das escolas de Ensino Fundamental/Educao de

    Jovens e Adultos e 54% de Educao Infantil.

    Compreende-se que as demandas a serem enfrentadas para transformar uma rede

    de ensino em uma rede inclusiva de ensino tarefa histrica e complexa apontando para

    muitas frentes de trabalho tais como: formao continuada, gesto escolar, financiamento,

    infraestrutura, entre outras. Nesse cenrio, compreendendo-se a possibilidade de reflexo

    crtica sobre uma destas frentes emerge-se como problemtica se as formaes docentes

    disponibilizadas pela SEMED de So Lus convergem para incluso escolar dos alunos com

    deficincia, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades. Neste trabalho tem-se

    como recorte principal o curso Educao Especial em Contexto promovido pela SAEE.

    O escopo deste trabalho constitui-se em analisar as contribuies (ou no) da

    formao continuada da SEMED para a incluso dos alunos pblico-alvo da Educao

    Especial nas classes comuns pela melhoria da sensibilizao e conhecimento dos professores

    sobre esses alunos. Para tanto, utiliza-se de reviso de literatura, com discusso sobre a cidade

    de So Lus e categorias como incluso escolar e formao docente, bem como aplica-se

    questionrio semi-estruturado com professores participantes das formaes promovidas pela

    SAEE.

    Convm destacar que os maiores nmeros de formaes continuadas da SEMED

    encontram-se no mbito da SAEE (SO LUS, 2010a; 2010b; 2010c; 2010d). Estas por sua

    vez se movimentam em trs direes distintas e confluentes: qualificao dos profissionais

    diretamente envolvidos nas atividades desenvolvidas nos atendimentos educacionais

    especializados; capacitao dos profissionais das escolas; sensibilizao da comunidade em

    geral. Essa multidirecionalidade pretende convergir na construo de consenso da Educao

    Inclusiva (SO LUS, 2004, p.79). Consenso esse, se for possvel alcanar, no deveria

    prescindir a possibilidade da experincia, como oriunda da auto-reflexo consciente.

    3 A maioria dos anexos das escolas possui precrias condies de funcionamento que vo desde a

    falta de gestores e/ou coordenadores locais at graves comprometimentos em suas infraestruturas.

  • VII ENCONTRO DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAO ESPECIAL Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X Pg. 2291-2304

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    A maior demanda de formaes no mbito da SAEE poder encontrar explicao

    em pelo menos trs fatores no excludentes entre si e possivelmente complementares. O

    primeiro seria as crescentes exigncias das escolas, no que se refere operacionalizao

    (saber fazer) da incluso escolar, em muitos casos sob a perspectiva da falta de preparao

    (COSTA, 2009; FREITAS, 2010; SANTOS, et all 2010; FUME, 2010; SCOTT JNIOR &

    MUNHOZ, 2010; ALCNTARA, 2011). Outro fator, intimamente relacionado ao anterior,

    diz respeito s implicaes tericas metodolgicas da opo da SAEE em matricular, quase

    que exclusivamente, todos os alunos pblico-alvo da Educao Especial nas classes comuns

    da rede municipal.

    Tambm, coerente cogitar-se que esse volume de formaes (no

    necessariamente suficiente para atender as implicaes de uma escola democrtica), emergir

    do prprio entendimento e compromisso da equipe gestora da Educao Especial da rede

    pblica municipal de So Lus, mantendo a postura de luta por via da ocupao de espaos, ou

    aproveitando brechas, na prpria dinmica interna da Secretaria (MELO, 2008; SEVERINO,

    2008). Em articulao com as formaes continuadas, a SAEE desenvolve 4 (quatro) projetos

    de apoio incluso em parceria com escolas, famlias ou instituies externas que so:

    Falando com as Mos; Vendo com as Mos; Caminhar Juntos e Oportunizar.

    Diante da tendncia de incluso na educao pblica dos indivduos com

    deficincia, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades, explicitadas nas

    diretrizes polticas brasileiras contribuindo assim para a possibilidade de escolas

    democrticas e uma sociedade justa e humana (COSTA, 2009, p. 60) a questo da formao

    docente p