Indicadores sociais e urbanos - Maceió

11
VII Seminário Internacional da LARES 25 – 26 de outubro de 2007, São Paulo, Brasil URBAN INDICATORS OF INFRASTRUCTURE DISTRIBUTION IN CITIES: THE CASE OF MACEIÓ, ALAGOAS. INDICADORES URBANOS DE DISTRIBUIÇÃO DA INFRA-ESTRUTURA NAS CIDADES: O CASO DE MACEIÓ, ALAGOAS. Ana Paula Acioli de Alencar 1 , Flávio Antônio Miranda de Souza 2 . 1 Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Av. Nelson Marinho de Araújo, 1008, Barro Duro, Maceió, Alagoas, CEP 57045-570, Brasil, e-mail: [email protected] 2 Universidade Federal de Alagoas (UFAL), e-mail: [email protected] Palavras-chave: Indicadores, qualidade de vida, infra-estrutura. ABSTRACT One of the forms to work the dynamics of the cities has been the construction of numerical indicators that allow knowing the diverse aspects of population and the urban environment; in order to show the degree of attendance or quality of life in cities in absolute or comparative terms. This article presents the results of a research that consisted on the application of a methodology on spatial analysis of infrastructure indicators, by which was possible to verify the levels of installation of the studied categories of basic sanitation: sewerage, solid waste collection and water distribution. The general formula of the equation of the straight line was used, that is, the linear transformation of data, producing no-dimensional index, with which it is possible to map and to compare different situations through representational scales. The research was applied in the city of Maceió, north-eastern of Brazil, based on data of Census collected in the year 2000 organized by census tracts. These data have been treated as indicators being spatialized by the use of a GIS. The use of this methodology allowed both qualitative and quantitative spatial analyses, and has showed to be an important tool that can be used in support to urban planning practices. RESUMO Uma das formas de trabalhar a dinâmica das cidades tem sido a construção de indicadores numéricos que permitam conhecer os diversos aspectos da população e do ambiente urbano; e que mostra de forma absoluta ou comparativa o grau de atendimento ou qualidade de vida das cidades. Esse artigo apresenta os resultados de uma pesquisa que consistiu na aplicação da metodologia na análise espacializada dos indicadores de infra-estrutura, com a qual foi possível verificar como se encontram instaladas as categorias estudadas de saneamento básico: abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo. Foi utilizada a fórmula geral da equação da reta, ou seja, a transformação linear dos dados, produzindo índices adimensionais, com os quais é possível mapear e comparar diferentes situações através de escalas de representação. A pesquisa foi aplicada na cidade de Maceió situada no nordeste do Brasil, e foram tratados os dados do censo 2000 recortados por setores censitários. Esses dados foram transformados em indicadores e espacializados através de um SIG. A aplicação dessa metodologia permitiu a realização de análises espaciais qualitativas e quantitativas, e demonstra ser uma importante ferramenta de apoio ao planejamento urbano.

description

Artigo de Ana Paula Acioli e Flávio Souza

Transcript of Indicadores sociais e urbanos - Maceió

VII Seminrio Internacional da LARES 25 26 de outubro de 2007, So Paulo, Brasil URBAN INDICATORS OF INFRASTRUCTURE DISTRIBUTION IN CITIES: THE CASE OF MACEI, ALAGOAS. INDICADORES URBANOS DE DISTRIBUIO DA INFRA-ESTRUTURA NAS CIDADES: O CASO DE MACEI, ALAGOAS. Ana Paula Acioli de Alencar1, Flvio Antnio Miranda de Souza2. 1 Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Av. Nelson Marinho de Arajo, 1008, Barro Duro, Macei, Alagoas, CEP 57045-570, Brasil, e-mail: [email protected] 2 Universidade Federal de Alagoas (UFAL), e-mail: [email protected] Palavras-chave: Indicadores, qualidade de vida, infra-estrutura. ABSTRACTOne of the forms to work the dynamics of the cities has been the construction of numerical indicators that allow knowing the diverse aspects of population and the urban environment; in order to show the degree of attendance or quality of life in cities in absolute or comparative terms. This article presents the results ofaresearchthatconsistedontheapplicationofamethodologyonspatialanalysisofinfrastructure indicators, by which was possible to verify the levels of installation of the studied categories of basic sanitation: sewerage, solid waste collection and water distribution. The general formula of the equation of the straight line was used, that is, the linear transformation of data, producing no-dimensional index, with whichitispossibletomapandtocomparedifferentsituationsthroughrepresentationalscales.The research was applied in the city of Macei, north-eastern of Brazil, based on data of Census collected in the year 2000 organized by census tracts. These data have been treated as indicators being spatialized by the use of a GIS. The use of this methodology allowed both qualitative and quantitative spatial analyses, and has showed to be an important tool that can be used in support to urban planning practices. RESUMOUma das formas de trabalhar a dinmica das cidades tem sido a construo de indicadores numricos que permitamconhecerosdiversosaspectosdapopulaoedoambienteurbano;equemostradeforma absoluta ou comparativa o grau de atendimento ou qualidade de vida das cidades. Esse artigo apresenta os resultadosdeumapesquisaqueconsistiunaaplicaodametodologianaanliseespacializadados indicadoresdeinfra-estrutura,comaqualfoipossvelverificarcomoseencontraminstaladasas categoriasestudadasdesaneamentobsico:abastecimentodegua,esgotamentosanitrioecoletade lixo.Foiutilizadaafrmulageraldaequaodareta,ouseja,atransformaolineardosdados, produzindondicesadimensionais,comosquaispossvelmapearecomparardiferentessituaes atravs de escalas de representao. A pesquisa foi aplicada na cidade de Macei situada no nordeste do Brasil, e foram tratados os dados do censo 2000 recortados por setores censitrios. Esses dados foram transformadosemindicadoreseespacializadosatravsdeumSIG.Aaplicaodessametodologia permitiu a realizao de anlises espaciais qualitativas e quantitativas, e demonstra ser uma importante ferramenta de apoio ao planejamento urbano. 1 1.INTRODUO Planejamentoegestosoaesquenombitodaadministraourbanaestointimamente ligadas,pormpossuemdiferentesreferenciaistemporais:asatividadessosubseqentes.O planejamento antecede gesto. Planejar significa tentar prever a evoluo de um fenmeno (...) simular desdobramentos de um processo, enquanto a gesto uma ao que se remete ao presente. Gerir significa administrar uma situao, e o Planejamento uma preparao para gestofutura(SOUZA,2003,p.46).ParaDrucker1 citadoporWilheim(2003,p.66)o planejamento tambm um processo contnuo de tomar decises, empreendedoras e atuais de forma sistemtica e com o melhor conhecimento possvel de sua futurabilidade. Para o planejamento da cidade seja efetivado importante o conhecimento da realidade urbana, dos problemas existentes, e das possveis solues. Quanto melhor subsidiado, melhores sero as solues. Assim, avaliar a dimenso dos problemas e as inter-relaes existentes ir proporcionar a construo de polticas pblicas mais bem fundamentadas.Para Maricato (2001, p. 69-71) alguns pressupostos permitem criar um novo modo de planejar e gerir a cidade de forma que contrarie o rumo predatrio. Seja atravs da criao de uma nova conscincia da cidade real pormeiodeindicadoresdequalidadedevida,comoobjetivode iluminar sua face oculta, ilegal e segregada. o conhecimento cientfico da cidade a partir de alguns indicadores e sua evoluo, de forma a permitir saber de seu territrio e medir a evoluo de uma comunidade espacialmente localizada.Ao conhecer o problema e as prioridades, estar-se- fornecendo subsdios para as escolhas, onde cidadoegovernoemumprocessoparticipativodeplanejamentourbanopassamateros recursos necessrios para objetivar suas escolhas. Aprimeirafasedoplanejamentoaavaliaodasituao.Nestecaso,oconhecimentoda problemtica existente torna-se elemento fundamental para a ao de planejar, ou seja, quanto melhorsubsidiado,quantomelhoresforemasinformaeslevantadas,melhoresseroas solues propostas. 2.AS DINMICAS URBANAS E OS INDICADORES DE QUALIDADE SegundoMiltonSantos,oespaoresultadodocasamentodesociedadecompaisagem.O espaocontmomovimento.Aespacializaoomomentodainscrioterritorialdos processossociais,eopresentefugidioomomentodasrelaessociaisgeografizadas.Este espaoformadoporfixosefluxos,temnosfixosoresultadodosprocessosimediatosdo trabalho.Soobjetostcnicoesocial.J osfluxossoconstitudospelomovimento,pela circulao. Fixos provocam fluxos em funo de seus dados tcnicos, locacionais e polticos. O conjunto de fixos, naturais e sociais forma os sistemas de engenharia seja qual for o tipo de sociedade (...) quanto mais evoluem os sistemas de engenharia, mais coisas se produzem em menos tempo. (SANTOS, 1998, p. 71-81) Essa dinmica socioeconmico-espacial tem sido motivo de preocupao e desafio nos estudos geogrficos, j que o corte espao-temporal para as anlises faz-se necessrio mesmo em uma realidade em constantes mudanas. Contudo, possvel procurar a essncia que caracteriza um espaoseformapeadaahierarquia,ouaordem,quedformaaosarranjosdevariveis (MOURA, 2003, p. 35). Umadasformasdetrabalharadinmicadasregiesecidadestemsidoaconstruode indicadoresnumricosquepermitamqualificarequantificarosdiversosaspectosdavidada populaoedeseuambiente.Referenciaisquantoeducao,sade,habitao,circulao, lazer, trabalho, atividades culturais, infra-estrutura, etc. tm sido representados por indicadores 1 DRUKER, Peter. The age of discontinuity. Londres: Heinemann, 1970. 2 que mostram de forma absoluta ou comparativa o grau de atendimento ou qualidade de vida da populao. Osindicadoressoinstrumentosutilizadosparaparametrizargrandenmerodeinformaes, traduzindo conceitos abstratos e fornecendo informaes de forma sinttica de modo a auxiliar anliseetomadadedeciso.Osindicadorespermitemrevelarcondiesetendncias, apontandoaspectosdeficientesouaquelesquenecessitamdeinterveno.Suaconstruo pode ser feita atravs de mtodos aritmticos ou de regras de deciso. Dentre as aplicaes da construo de indicadores e ndices podem ser citados: alocao de recursos, comparao entre diferentes reas geogrficas, anlise de tendncias no tempo e no espao, informao ao pblico e investigao cientfica. Esse instrumento utilizado para uma melhor compreenso de questes econmicas,ambientaisesociais,eespecificidadesdoscentrosurbanos.Nestecontextoso provedores de informaes que podem ser utilizadas para a proposio de planos e polticas que visam melhoria da qualidade de vida da populao. (COSTA et al, 2005, p. 105). Amplamente divulgados, os indicadores de qualidade de vida e desenvolvimento humano, como o ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) so utilizados para aferir a situao de regies, estados e municpios (FJ P; IPEA; PNUD, 2003). Pesquisadores como Sposati (1998) e Genovez (2002)utilizaramaconstruoeespacializaodeindicadoresparacompararograude excluso/incluso social nas cidades de So Paulo e So J os dos Campos, respectivamente.3.METODOLOGIA Dentre as metodologias conhecidas para a construo de indicadores, foi usada nesta pesquisa a frmula geral da equao da reta, utilizada por Sposati2 citada por Genovez (2002, passim) e tambm utilizada pelo Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (IPEA) para construo de ndices como o ndice de Desenvolvimento Humano Municipal Longevidade (IDHM-L). Com esta frmula feita a transformao linear dos dados produzindo ndices adimensionais, com os quaispossvelmapear,compararerelacionardiferentessituaesatravsdeescalasde representao. E ainda foram utilizadas ferramentas de Geoprocessamento atravs de Sistemas de Informaes Geogrficas que permitiram representar espacialmente os resultados obtidos. Esta pesquisa foi aplicada na rea urbana do municpio de Macei, estado de Alagoas, nordeste do Brasil, situada nas coordenadas geogrficas 940' S de latitude, 3542' W de longitude. A rea total do municpio de 512,80 Km2 e a rea urbana possui 191,79 Km2, a qual corresponde a 37,45% do territrio municipal. A poro urbana de Macei, conforme o IBGE, est subdividida em 674 setores censitrios e em 50 bairros. O recorte cronolgico foi o ano de 2000 no qual foi realizado o Censo do IBGE que abrangeu as caractersticas da populao e dos domiclios em todo o territrio nacional. Neste mesmo ano foi entregue Prefeitura Municipal de Macei o levantamento aerofotogramtrico digital da cidade, que se tornou a base cartogrfica oficial do municpio. AutilizaodeumSistemadeInformaesgeogrficaspressupeautilizaodeumabase cartogrfica em formato digital, possibilitando a vinculao de dados alfanumricos (cadastrais, demogrficos, ambientais, etc.). Osdadoscartogrficos(ougrficos),necessriosespacializaoerepresentaodas informaes, foram fornecidos pela Prefeitura Municipal de Macei, e so provenientes da Base Cartogrfica digital da cidade. So arquivos vetoriais fornecidos no formato DWG acessados atravs de programa CAD e trabalhados no software Autodesk Map 2004. No entanto, para a seleo da rea de estudo foi feito um recorte utilizando as seguintes coordenadas geogrficas planas: X=190.000, X=220.000, Y=8.924.000 e Y=8.954.000. J osdadosalfanumricosforamadquiridosatravsdoprogramaESTATCART(IBGE)e 2 SPOSATI, A. Mapa de excluso/incluso da cidade de So Paulo. So Paulo: PUC-SP, 1996. 3 correspondem ao resultado do universo da contagem populacional ou censo do ano de 2000. Foi feita a seleo das planilhas de dados que interessavam pesquisa, ou seja, atendendo ao estudo das temticas de infra-estrutura. As planilhas foram trabalhadas no programa Microsoft Access (Microsoft)econvertidasparaoformatodosoftwareExcel(Microsoft)demodoapermitir tratamentoestatsticopeloSPSS(SPSS).OsdadosdoCenso2000foramarmazenadose organizados levando-se em conta os Setores Censitrios situados na rea urbana de Macei. Aanliseespacialfoirealizadaseguidoumroteirometodolgicocomasseguintesetapas (MOURA, 2003, p.60):a) Definio de objetivos e aplicaes; b) Organizao da base de dados alfanumrica e cartogrfica; c) Uso de um Sistema de informaes Geogrficas (SIG) para as anlises. A aquisio e o armazenamento dos dados grficos e alfanumricos, como primeira etapa da pesquisa, correspondeu ao momento de preparao das bases de dados, inclusive com os arranjos dosdadosparaastemticasutilizadasnasanlises.Aseguirforamrealizadosdois procedimentos:oprimeiro,otratamentodosdadosalfanumricos,comacriaodos indicadores; e o segundo, a preparao da cartografia digital a partir da associao dos dados grficos aos alfanumricos ou atributivos atravs de geo-campos, ou identificadores geogrficos (ID) com a utilizao de um SIG, que neste caso foi empregado o Spring 4.3.1(INPE).Notratamentodosdadosalfanumricos,aconstruodosindicadoresdeinfra-estruturaede rendaseguiuomodeloutilizadoporSposati(1998)epeloInstitutodePesquisaEconmica Aplicada (IPEA) apresentado no Atlas de Desenvolvimento Humano (FJ P; IPEA; PNUD, 2003). Afrmulabsicaconsistenatransposiodosdadosempercentuaisparaaequaode transformaes lineares (y=ax +b), o que torna os nmeros absolutos em relativos cujos valores variam entre 0 e 1. A etapa de anlise se seguiu com a gerao dos mapas temticos construdos com base na classificao dos indicadores de infra-estrutura. Para tal utilizou-se a metodologia de mapeamento temtico por classificao dos dados (OPAS, 2002, p.64). 4.RESULTADOS A criao dos ndices conforme j foi exposto seguiu a equao da reta, considerando os valores mximos e mnimos e mnimos observados (ver Tab. 1, 2 e 3).Aconstruodosindicadoresportipodeinfra-estruturapossibilitouageraodemapas especficosparaabastecimentodegua,esgotamentosanitrioecoletadelixo,assimcomo permitiu a gerao do mapa temtico de Indicador Composto de Infra-estrutura. Tabela 1: Indicador de abastecimento de gua (IEAG) por setor censitrio - Macei. SETCENSDPPDPP_AG_RGV_OBSVALOR_MAXVALOR_MINIEAG 5060001130122 0,9385 1,0000 0,00000,93855060002210189 0,9000 0,9000......... ... ...5120106380275 0,7237 0,7237Fonte: IBGE Censo 2000, modificado. Tabela 2:Indicador de Esgotamento Sanitrio (IEESGSAN) por setor censitrio - Macei. SETCENSDPP_BHDBHES_RGPVOBSVALOR_MAXVALOR_MINIEESGSAN 5060001130125 0,9615 1,0000 0,00000,96155060002210202 0,9619 0,9619......... .. ...51201063761 0,0027 0,0027Fonte: IBGE Censo 2000, modificado. 4 Tabela 3: Indicador de Coleta de Lixo (IECLIXO) por setor censitrio - Macei. SETCENSDPPDPP_L_CDPP_L_C/DPPVALOR_MAXVALOR_MINIECLIXO 5060001130 1301,0000 1,0000 0,00001,00005060002210 2101,0000 1,0000...... ...... ...5120106380 3760,9895 0,9895Fonte: IBGE Censo 2000, modificado. Tabela 4: Indicador composto de infra-estrutura (IDES_INFEST) por setor censitrio - Macei. SETCENSIEAGIEESGSANIECLIXOSOMA_IEV_MAXV_MINIDES_INFEST 50600010,9385 0,96151,0000 2,9000 3,0000 0,02490,966450600020,9000 0,96191,0000 2,8619 0,9536...... ...... ... ...51201060,7237 0,00270,9895 1,7158 0,5684Fonte: IBGE Censo 2000, modificado. O clculo do indicador composto de infra-estrutura levou em considerao a soma dos ndices para a gerao de um terceiro indicador, conforme se pode observar na Tab. 4. Os resultados em forma de indicadores foram agrupados por classes. Para a diviso das classes utilizou-se a frmula de Sturges, no qual o nmero de classes definidos para o N igual a 674 (numero de setores censitrios) de aproximadamente 10. As classes foram ordenadas de forma crescente e as cores correspondem a tons gradativos de forma a permitir fcil leitura. Cada cor na representa um valor ou classe da varivel representada. A representao coropleta foi utilizada por demarcar cada uma das classes temticas definidas por intervalos regulares de valores. 4.1.Gerao de vnculo atravs de um SIG e gerao de mapas temticos A criao dos vnculos foi feita no software SPRING 4.3.1 (INPE), e para tal foi realizada a importao dos dados vetoriais no formato DXF. Foi feita ento a exportao da base de dados para o formato SHP, ou Shapefile. Deste modo atravs do software Maptitude 4.3 (CALIPER CORPORATION), utilizado para a gerao dos mapas temticos, foram introduzidos os dados contendooslimitesdossetorescensitriosjvinculadoscomobancodedadoscontendoa identificao de cada um deles, sua rea e seu permetro. Figura 2: Mapas de Indicador Composto de Infra-Estrutura e classes temticas. No Maptitude foi feita a associao de cada uma das temticas trabalhadas de acordo com a consulta realizada. Foram construdos mapas temticos de infra-estrutura, produzidos a partir da associao dos dados organizados em planilhas no formato DBF e no mesmo software foi feita a 5 definio de classes e representaes como pode ser observado na Fig.2. 5.DISCUSSES A infra-estrutura urbana, principalmente o saneamento bsico, vem a ser importante elemento definidor da qualidade de vida nas cidades. Porm, diante das carncias existentes, necessrio implementarprojetosbaseadosemumplanejamentobemestruturado,buscandodistribuir equitativamente e democraticamente os poucos recursos disponveis.Nestapesquisaforamfeitasanlisesespecficasdadistribuiodosaneamentobsico: abastecimentodegua,esgotamentosanitrioecoletadelixo,concluindocomaanlise resultantedaespacializaodoindicadordeinfra-estruturacomposto.Eestaanliseespacial consistiu numa avaliao de como se encontra instalado cada um dos servios pblicos de cada uma das categorias estudadas a partir dos indicadores criados e espacializados nos respectivos mapas.Oabastecimentodeguanacidadeporredegeral,conformeosresultadosobtidos,serve satisfatoriamenteamaisde80%dossetorescensitriosdacidadedeMacei,conseguindo nessas reas indicadores superiores a 0.7000. E com indicadores mdios esto 7,99% dos setores, variando entre 0,3000 e 0,7000. Porm em 11,31% dos setores os indicadores esto muito baixos (Tab. 5). Tabela 5:Anlise da Distribuio dos Indicadores de Abastecimento de gua - Macei. Faixa de indicadoresN. SetoresSetores Censitrios [%] Baixos indicadores - Faixa de 0,0000 a 0,3000 75 11,31222Mdios indicadores - Faixa de 0,3000 a 0,7001 53 7,993967Altos indicadores - Faixa 0,7000 a 1,0000 535 80,69382Fonte: Da autora. Ao analisar os dados os aspectos diferenciadores foram evidenciados e assinalados nos mapas. Observou-se que em 11 setores censitrios os indicadores chegaram a 0,000. Constatou-se que essas reas esto localizados na periferia da cidade (Fig. 3), porm podem significar tambm abastecimento por poos artesianos j que a anlise se restringiu ao fornecimento de gua por rede geral. Figura 3: Anlise Mapa temtico: Indicador de Abastecimento de gua - Macei. AAB C12JARAGURIACHODOCEPESCARIAIPIOCAPAJUARAPONTA VERDEJATICACRUZDASALMASJACARECICAGUAXUMAGARATORTACENTROPONTALDA BARRATRAPICHE DA BARRALEVADAVERGEL DOLAGOCANAJARDIMPETRPOLISFERNOVELHORIONOVOJACINTINHOFEITOSASERRARIABENEDITOBENTESSANTOS DUMONTCIDADE UNIVERSITRIATABULEIRODO MARTINS 6 Os resultados obtidos na construo e espacializao de indicadores de esgotamento sanitrio apontam um baixo atendimento em quase toda poro urbana, exceo das reas A, B e C conforme apontado na Fig. 4. Figura 4:Anlise Mapa temtico: Indicador de Esgotamento Sanitrio - Macei. ABCJARAGURIACHODOCEPESCARIAIPIOCAPAJUARAPONTA VERDEJATICACRUZDASALMASJACARECICAGUAXUMAGARATORTACENTROPONTALDABARRATRAPICHEDA BARRALEVADA VERGEL DOLAGOCANAJARDIMPETRPOLISFERNOVELHORIONOVOJACINTINHOFEITOSASERRARIABENEDITOBENTESSANTOSDUMONTCIDADEUNIVERSITRIATABULEIRODO MARTINS Ao investigar as disparidades entre indicadores foi observado que em 68 setores censitrios, ou seja, em 10,25% do total o indicador igual a 0,0000. E em 18 setores o indicador chega a 1,000. Ospercentuaisobservados(Tab.6)indicamquemaisde70%dossetorescensitriosse encontram na faixa mais baixa de indicadores. Do total, 10,1% dos setores esto na faixa de mdiosindicadorese19%estonafaixadealtosindicadores.Essesvaloresespelhama deficinciaexistentecomsriosimpactosaomeioambiente,principalmenteaosrecursos hdricos. Tabela 6:Anlise da Distribuio dos Indicadores de Esgotamento sanitrio - Macei. Faixa de indicadoresN. de setores censitriosSetores Censitrios [%] Baixos Indicadores - Faixa de 0,000 a 0,3000 466 70,28658Mdios indicadores - Faixa entre 0,3000 a 0,7000 67 10,10558Altos indicadores - faixa entre 0,7000 a 1,000 130 19,60784Fonte: Da autora. O servio pblico de coleta de lixo da cidade de Macei apresenta indicadores favorveis, com valores acima de 0,7000 em 92,6% dos setores censitrios.Foi necessrio ento localizar os casos mais desfavorveis (Fig. 5), e foram selecionados os oito setorescensitrioscomindicadoresinferioresa0,2000.Foiobservadoqueasregiesmais precriassecaracterizamporestaremreasilegais,sofundosdevalesereasinundveis, identificados no mapa pelos nmeros de 1 a 8. Constata-se que embora o servio pblico de coleta de lixo apresente altos indicadores, o que representa um atendimento prximo ao satisfatrio para um municpio, ainda existem reas da cidade com baixos indicadores, devidamente identificadas nesta anlise. 7 Figura 5:Anlise Mapa temtico: Indicador de Coleta de Lixo - Macei. 12345678JARAGURIACHODOCEPESCARIAIPIOCAPAJUARAPONTA VERDEJATICACRUZDASALMASJACARECICAGUAXUMAGARA TORTACENTROPONTALDA BARRATRAPICHE DA BARRALEVADAVERGELDOLAGOCANAJARDIMPETRPOLISFERNO VELHORIONOVOJACINTINHOFEITOSASERRARIABENEDITOBENTESSANTOS DUMONTCIDADE UNIVERSITRIATABULEIRODO MARTINS A construo do Indicador de Infra-estrutura Composto resultou da composio dos indicadores de abastecimento de gua, de esgotamento sanitrio e de coleta de lixo, com o objetivo de, em um nico indicador, oferecer parmetros para anlise da infra-estrutura de saneamento bsico na cidade de Macei, e permitir verificar a existncia de correlaes com a renda e a densidade populacional dos diversos setores censitrios. Tabela 7:Anlise da Distribuio dos Indicadores de Infra-Estrutura Composto - Macei. Faixa de indicadores N. de Setores Censitrios Setores Censitrios [%] Baixos Indicadores - Faixa de 0,000 a 0,3000 12 1,81Mdios indicadores - Faixa entre 0,3000 a 0,7000 431 65,01Altos Indicadores - Faixa entre 0,7000 a 1,000 220 33,18 Comoresultado,foiobtidoummapatemtico(Fig.6)queespelha,deumamaneirageral,a conjunoentreosbonsindicadoresdeabastecimentodegua,osbaixosindicadoresde esgotamento sanitrio e os altos indicadores de coleta de lixo.Conforme anlise da tabela sntese para o ndice de Infra-estrutura Composto (Tab.7), apenas 1,81%dossetorescensitriosapresentoubaixosindicadores,nafaixaentre0,0000e0,3000, porm deste conjunto, dois setores apresentaram resultados inferiores a 0,1000. Tratando-se de situaes mais crticas, onde a baixa disponibilidade de infra-estrutura significa baixa qualidade de vida, buscou-se investigar a partir da localizao dos casos, que foram identificados como sendo o primeiro no bairro de Cidade Universitria, e o segundo no bairro de J acarecica, este mais precisamente na vila Emater, junto ao lixo de Cruz das Almas, como pode ser observado no mapa (Fig. 6), apontados pelos nmeros 1 e 2. Em 65,01 % dos setores, os indicadores esto numa faixa mediana, ficando entre 0,3000 e 0,7000, e em 33,18% dos casos os indicadores de infra-estrutura so superiores a 0,7000.Os mais altos valores de indicadores so observados nas reas indicadas no mapa com a letra A. So reas situadas na regio central e orla martima, correspondendo aos bairros: Centro, Farol, J aragu,PontaVerde,J atica;etambmnoBeneditoBentes(correspondenteaoconjunto habitacional).Tambmforamapontadosindicadoresaltosemoutrosconjuntoshabitacionais, como:conjuntoJ ooSampaio,nobairrodePetrpolis,aVilaOperria(ABC)dobairrode 8 Ferno velho, o conjunto Graciliano Ramos, no bairro de Cidade Universitria, o conjunto J os Tenrio no bairro de Serraria, o conjunto J oaquim Leo, no bairro do Vergel do Lago, o conjunto Virgem dos Pobres II no bairro do Trapiche da Barra, conjunto J os da Silva Peixoto no bairro do J acintinho e conjunto Rui Palmeira na Serraria, todos apontados com a letra D. Figura 6: Anlise Mapa temtico: Indicador de Infra-estrutura Composto - Macei. ABccccBBcccADDDDJARAGURIACHODOCEPESCARIAIPIOCAPAJUARAPONTA VERDEJATICACRUZDASALMASJACARECICAGUAXUMAGARA TORTACENTROPONTALDABARRATRAPICHEDA BARRALEVADAVERGEL DOLAGOCANAJARDIMPETRPOLISFERNOVELHORIONOVOJACINTINHOFEITOSASERRARIABENEDITOBENTESSANTOSDUMONTCIDADEUNIVERSITRIATABULEIRODO MARTINSDBcC12 Osindicadoresmdiosestodistribudosemtodaacidade,epodemseridentificadospelas regies sinalizadas pela letra B. J os indicadores baixos, estes foram identificados pela letra C, e soobservadosprincipalmentenaperiferia,considerandoasregiessituadasnosbairrosde Cidade Universitria, Ipioca, Pescaria, Guaxuma, J acarecica, Clima Bom, Ferno Velho, Cana, Santo Amaro, Benedito Bentes e Antares. E notado nos interstcios centrais, junto beira da Lagoa, nos bairros de Trapiche da Barra, Vergel do Lago, Ponta Grossa e Levada; e nos bairros de J acintinho e Feitosa. Apresenta-se ainda um cluster localizado na regio situada no bairro de J ardim Petrpolis, onde est situado o condomnio Aldebaran, o qual se encontra com o indicador baixo, principalmente influenciado pelo indicador de abastecimento de gua, j que esta regio servida por poos artesianos. 6.CONCLUSES Osresultadosobtidosnestapesquisa,cujosdadosanalisadosdemonstramcaractersticas fundamentais e peculiares de Macei, so expresses do processo de urbanizao vivido nesta cidade. Est evidente a variabilidade de situaes presentes na rea urbana, nas quais os aspectos estudados e apresentados na anlise espacial, sob a forma de mapas temticos, demonstram a heterogeneidade e as disparidades encontradas, que sero discutidas a seguir. As caractersticas espaciais e seus significados como explica Castells (2000) precisam ser mais bem conhecidas para a compreenso das desigualdades urbanas. Assim nesta anlise observou-se a contraposio de situaes existentes no espao intra-urbano de forma a se obter uma anlise contextualizadaerelacionadadeformaqueosindicadoresrelacionam-seemumamesma realidade, o que facilita o conhecimento do fenmeno estudado. 9 Figura 7: Fotos Bairro do Farol (Avenida Fernandes Lima)e Orla Martima, 2005.

Noaspectodainfra-estruturaobservou-seumaquaseuniformidadenoatendimentopelos servios de coleta de lixo e no abastecimento de gua, em contraste com a distribuio setorizada doesgotamentosanitrio.J oresultadodoconjuntodeservios,cujopadroespacial demonstradopelomapadoindicadordeinfra-estruturacomposto,apresentouumpanorama global da cidade, evidenciando tanto a diversidade como as desigualdades neste aspecto da vida urbana. O gap da desigualdade em infra-estrutura caracteriza a qualidade do saneamento bsico e define a melhor e a pior qualidade de vida nos setores da cidade de Macei. Neste sentido, os dadosgeraisdeinfra-estruturaapontaramreasmuitobemservidasporinfra-estruturade saneamento bsico, apresentando altos indicadores, em alguns setores de 100% de atendimento [Fig.7],emdetrimentodeoutrosondehpredominnciadeindicadoresmdios,baixose prximos de 0% (Fig.8). Figura 8: Fotos do Vale do Reginaldo (Jacintinho) e Vila Brejal (Levada), 2004.

A investigao tambm apontou alguns clusters situados na parte alta da cidade, onde setores correspondentes aos condomnios e loteamentos de alta renda apresentam indicadores baixos de infra-estrutura,noentantososervidosporsoluesalternativas,quemantmonvelde atendimento num patamar alto. Na anlise foram observados srios problemas existentes em reas centrais, muito prximas s servidas por infra-estrutura, mas com carncias generalizadas. Constatou-se que essas reas em Macei so resultantes do processo ocorrido a partirdadcadade1960,duranteamigrao campo-cidade,quandohouveaocupaodefundodevales,grotesereasinundveis.So reas que pelo baixo valor econmico pois so reas no edificveis, onde no se permite o parcelamentourbanopassamanoteraatenodopoderpblico.Soosconsiderados esplios urbanos, tidos como nica opo de moradia para a populao de menor renda. Tal evidncia confirma as afirmaes de Fernandes (2002) quando este autor associa a falta de infra-estruturaaosassentamentosilegaisdascidades,sendoinclusiveumdosindicativosde irregularidades fundirias. Neste sentido, o autor recomenda a compatibilizao com sistemas j 10 existentes e a busca por solues urbansticas no-convencionais, mas que promovam insero socialequalidadedevida.Assoluesintegradasderegularizaofundiria;melhoriana qualidade da habitao e provimento de infra-estrutura permitem outros benefcios populao debaixarenda,queconformefoiapontadoporDeSouza(2004)remeteaosentimentode seguridade de posse e conseqentemente de pertencimento cidade. 7.REFERNCIA CASTELLS, M. A questo urbana. Traduo: CAETANO, A. Rio de J aneiro: Paz e Terra, 2000. Edio revisada. 1 reimpresso. p. 590. (Pensamento Crtico, 48). COSTA, M.S.;MAGAGNIN, R.C.; RAMOS, R.A.R.; SILVA, N.R. Viabilidade de um sistema deindicadoresdemobilidadeurbanasustentvelnoBrasileemPortugal.In.:Planejamento urbano,regional,integradoesustentvel: desenvolvimentos recentes no Brasil e em Portugal. So Carlos: Silva, Souza, e Mendes, 2005. p.103-120 DE SOUZA, F.A.M. O futuro dos assentamentos informais: lies a partir da legislao de terras urbanas disputadas em Recife. In.: FERNANDES, E.; VALENA, M.M.(orgs). Brasilurbano. Rio de J aneiro: Maud, 2004. p. 131-145. FERNANDES, E. A Produo socioeconmica, poltica e jurdica da informalidade urbana. In: ALFONSIN, Betnia de Moraes et al. (Coord). RegularizaodaTerraeMoradia O que como implementar. Instituto Polis. Agosto, 2002. FJ P; IPEA; PNUD. Atlas do desenvolvimento humano no Brasil. (software) Verso 1.0.0. 2003. GENOVEZ,P.C.Territrioedesigualdades:anliseespacialintra-urbananoestudoda dinmicadaexcluso/inclusosocialnoespaourbanoemSoJ osdosCamposSP. Dissertao (Mestrado em Sensoriamento Remoto) INPE, 2002. MARICATO, E. Brasil,cidades: alternativas para a crise urbana. 2 ed. Petrpolis, RJ :Vozes, 2001. MOURA, A.C.M. Geoprocessamento na gesto e planejamento urbano. Belo Horizonte: Ed. da autora, 2003, 294 p. OPAS. Sistemasdeinformaogeogrficaemsade: conceitos bsicos. Braslia: Organizao Pan-Americana da Sade, 2002. p.124. SANTOS, M. Metamorfoses do espao habitado. 5 ed. So Paulo: Hucitec, 1998. SOUZA, M.L. Mudar a cidade Uma introduo crtica ao planejamento e gesto urbanos. 2 ed. Rio de J aneiro: Bertrans Brasil, 2003 560 p. SPOSATI, A. Excluso social abaixo da linha do Equador. In.: Seminrio sobre excluso social, 1998, PUC, So Paulo WILHEIM, J . Cidades: o substantivo e o adjetivo. Revisado por Plnio Martins Filho.3 ed. So Paulo: Perspectiva, 2003 (Coleo Debates).