Indústria da Mineração nº36

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Fotos: Evandro Fiuza VI CBMina reforça necessidade de se investir em novos profissionais Workshop discute os desafios na mineração do século XXI VI CBMina enaltece parceria entre Academia e setor produtivo Agosto de 2010 Ano V - nº 36 Mineração indústria da

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VI CBMina reforça necessidade de se investir em novos profissionais

Workshop discute os desafios na mineração do século XXI

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EDITORIAL

EXPEDIENTE | Indústria da Mineração - Informativo do Instituto Brasileiro de Mineração • DIRETORIA EXECUTIVA – Presidente: Paulo Camillo Vargas Penna / Diretor de Assuntos Minerários: Marcelo Ribeiro Tunes / Diretor de Assuntos Ambientais: Rinaldo César Mancin • CONSELHO DIRETOR – Presidente: José Tadeu de Moraes / Vice-Presidente: Luiz Eulálio Moraes Terra • Produção: Profissionais do Texto – www.ptexto.com.br / Jorn. Resp.: Sérgio Cross (MTB3978) / Textos: Daniel Lansky • Sede: SHIS QL 12 Conjunto 0 (zero) Casa 04 – Lago Sul – Brasília/DF – CEP 71630-205 – Fone: (61) 3364.7272 / Fax: (61) 3364.7200 – E-mail: [email protected] – Portal: www.ibram.org.br • IBRAM Amazônia: Av Gov. José Malcher, 815 s/ 313/14 – Ed. Palladium Center – CEP: 66055-260 – Belém/PA – Fone: (91) 3230.4066/55 – E-mail: [email protected] • IBRAM/MG: Rua Alagoas, 1270, 10º andar, sala 1001, Ed. São Miguel, Belo Horizonte/MG – CEP 30.130-160 – Fone: (31) 3223.6751 – E-mail: [email protected] • Envie suas sugestões de matérias para o e-mail [email protected].

Mineração, Governo e Academia devem trabalhar juntos para garantir a qualificação de profissionais

Pôsteres apresentam trabalhos inovadores

Onze pôsteres organizados por estudantes e profissionais do se-tor mineral vindos de diversos locais do Brasil foram apresentados na área de exposições do VI CBMINA.

Com o objetivo de aperfeiçoar as atividades mineradoras, em sua maioria conciliando-as com práticas ambientalmente responsáveis, os expositores tiveram a oportunidade de apresentar seus projetos, que abordaram desde a segurança no ambiente de trabalho até a recuperação de áreas mineradas.

IBRAM anuncia investimentos de US$ 62 bilhões para o setor

Durante o VI CBMINA o IBRAM apresentou um novo levantamen-to de investimentos para o período 2010-2014. Segundo dados forne-cidos pelas próprias empresas, o montante a ser investido no Brasil no período deverá chegar a US$ 62 bilhões.

Este valor garante para a mineração brasileira um novo recorde de investimentos e mostra a sólida recuperação do setor pós-crise mun-dial. Em março do ano passado, por exemplo, o setor anunciava US$ 47 bilhões entre 2009 e 2013. Mais informações na próxima edição.

A parceria e a interação entre o Go-verno, as empresas de mineração e a Academia é uma forma eficiente de ga-rantir mão de obra qualificada para o crescimento e o desenvolvimento da ati-vidade minerária no Brasil. O VI CBMina – Congresso Brasileiro de Mina a Céu Aberto, Congresso Brasileiro de Mina Subterrânea e Workshop Fechamento de Mina, que o IBRAM realizou em Belo Horizonte, de 3 a 5 de agosto, reafirmou os bons frutos que esta relação pode gerar. Foram apresentados mais de 100 trabalhos, por profissionais e estudantes, com excelente qualidade técnica, basea-dos em projetos de grandes empresas ou em iniciativas capazes de aperfeiçoar os processos de lavra, tanto em mina a céu aberto quanto subterrânea, preservação da natureza, melhor utilização de recur-sos hídricos, entre outros.

No Brasil, existe uma visível necessi-dade de reverter a escassez da mão de obra na mineração brasileira. Formam-se,

em todo o País, 30 mil profissionais por ano, o que ainda é insuficiente. Na Co-reia do Sul esse número chega a 80 mil, na China a 150 mil e na Índia 350 mil. O País tem seis engenheiros para cada mil pessoas da população economicamente ativa, número que chega a 18 nos países líderes da mineração mundial. Precisa-mos aumentar este contingente.

Algumas iniciativas têm sido tomadas para aumentar a quantidade de profis-sionais para atuar no mercado de traba-lho. Ações desenvolvidas por empresas, voltadas para a capacitação, oferecem bolsas de formação para especialistas e têm como objetivo atrair novos profissio-nais e possibilitar o acesso ao mercado e o desenvolvimento do profissional du-rante o exercício de sua atividade.

Entretanto, é preciso contar com maior incentivo governamental para que possamos atrair novos profissionais e capacitar a mão de obra que vai atuar

na mineração brasileira nos próximos anos. É uma atividade fundamental para o desenvolvimento do Brasil, res-ponsável por 50% do saldo positivo da balança comercial, e vai atrair, até 2014, segundo levantamento realizado pelo IBRAM, cerca de US$ 62 bilhões em investimentos. Número recorde de investimentos na área privada.

Neste ano, o VICBMINA teve número recorde de participantes. Foram mais de 500. Além dos profissionais, estiveram presentes estudantes de todos os cursos de engenharia de minas de Universida-des de todo o País.

Esta parceria entre IBRAM e a Uni-versidade Federal de Minas Gerais (UFMG), firmada há 12 anos, que tem o apoio do SINDIEXTRA, se mostra efi-ciente e com crescimento significativo, gerando ótimos frutos e grandes bene-fícios para ambos os setores a cada edi-ção do CBMINA.

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Investir em novos profissionais para ga-rantir o crescimento da mineração brasilei-ra deve ser o foco do Governo, Academia e das empresas para incentivar a capaci-tação e qualificação de mão de obra para o setor. Esta foi a tônica da declaração do Presidente do IBRAM, Paulo Camillo Vargas Penna, na abertura do VI CBMINA, que aconteceu em Belo Horizonte (MG), de 3 a 5 de agosto de 2010.

Paulo Camillo, em suas boas-vindas aos congressistas, lembrou que estamos vi-venciando um boom do setor de minerais, com aumento de investimento, produção e consumo. Sobre a formação de novos pro-fissionais, Ele destacou a necessidade de se reverter a escassez da mão de obra da mi-neração brasileira. “No Brasil formam-se 30 mil profissionais por ano, o que ainda é insu-ficiente. Na Coreia do Sul esse número che-ga a 80 mil, na China150 mil e na Índia 350 mil”. Além disso, segundo o presidente do IBRAM, o Brasil tem seis engenheiros para cada mil pessoas da população economica-mente ativa, número que chega a 18 nos pa-íses líderes da mineração mundial.

Para ele, ações desenvolvidas por empre-sas com ações voltadas para a capacitação, que oferecem bolsas de formação para espe-cialistas, têm ajudado na redução da desvalo-rização profissional do setor. “Este País tem em quantidade e qualidade um dos maiores patri-mônios do planeta, que garantirá seu cresci-mento sustentável. É preciso que governos se conscientizem da maior necessidade de apoio ao setor, focando, entre outros aspectos, a for-mação e a reciclagem de profissionais”.

VI CBMina reforça necessidade de se investir em novos profissionais

José Fernando Coura, Presidente do Sin-dicato da Indústria Mineral do Estado de Mi-nas Gerais (Sindiextra), vinculado à Federa-ção das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), acredita que o papel de um evento como o CBMina vai além da discussão de questões técnicas, de engenharia ou sobre legislação. “Temos como desafio representar em Minas o setor que mais emprega, investe e gera resultados. Cada um deve ser um por-ta-voz, defendendo a mineração responsável e sustentável. Este evento consolida Belo Ho-rizonte como capital brasileira da indústria mineral. Todos devemos ter orgulho de dizer: – eu trabalho na mineração”, enfatizou.

O Professor Roberto Galery, Chefe do Departamento de Engenharia de Minas da UFMG, ressaltou que as instalações da uni-versidade compõem um dos maiores com-plexos de engenharia da América do Sul promovendo conhecimento, informação em ensino, pesquisa e extensão. Galery re-conhece a falta de profissionais, mas afirma que o Departamento tem trabalhado para melhorar a capacitação dos profissionais. “O programa REUNI trouxe um aumento de 20% no número de engenheiros de minas. No entanto, a UFMG tem cerca de 310 alu-nos no curso, que sabemos ainda ser insu-ficiente”. Para ele, um dos grandes méritos do CBMina é promover a sustentabilidade através da divulgação do conhecimento.

O Sub-Secretário de Desenvolvimento Minero-Metalurgico de Minas Gerais, Paulo Sérgio Machado Ribeiro leu mensagem do Governador Antônio Anastasia, destacando os avanços notáveis nesse segmento, que, segundo ele, é um setor pujante e gerador de riquezas. Em relação aos desafios, o Go-vernador ressaltou que é preciso atuar de forma articulada para a criação de um novo marco regulatório, dando, ainda, suporte ao desenvolvimento para agregar valor ao produto e ainda fortalecer a competitivida-de, conteúdo tecnológico e qualidade.

Na nota, o Governador lembrou, tam-bém, das linhas de financiamento do Ban-co de Desenvolvimento de Minas Gerais para o setor e dos papéis do Governo como apoio fiscal, melhoria da energia, comunicação e transporte para nortear o investimento privado. “Isso para que pos-samos trabalhar juntos para discutir as me-lhores alternativas para a sustentabilidade na mineração”, escreveu.

Finalizando, Paulo Sérgio lembrou da importância da mineração para o Estado que traz em seu nome essa cultura. “Ape-sar de a sociedade ainda ter certo despre-zo pela atividade, ela corresponde a 70% da economia mineira. Entre as dez maiores empresas em faturamento, oito são dessa área”, ressaltou.

Cerimônia de abertura do VI CBMINA

Congressos reúnem estudantes, profissionais e

representantes do Governo para discutir assuntos de grande relevância para a

mineração brasileira

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Crise econômica, ambiente regulatório e sustentabilidade fizeram parte da pauta do primeiro dia do VI CBMina

Os desafios da mineração para este sé-culo constituíram um dos grandes temas do primeiro dia do VI CBMina, em talk show coordenado pelo jornalista Hiram Firmino, editor da revista JB Ecológico. Entre os con-vidados estavam Walter Lins Arcoverde, do Departamento Nacional da Produção Mine-ral – DNPM; Hélcio Martins Guerra, CEO da AngloGold Ashanti Brasil; Marcos Gonçalves, CEO da Codelco; e Luis Enrique Sánchez, Professor da Escola Politécnica da USP.

A primeira questão debatida foi a crise econômica e a reação do setor minerário no Brasil. Arcoverde, do DNPM, apontou como uma das consequências imediatas o recuo de preço das commodities, principalmente

Desafios da mineração no século XXIdas cotadas em bolsa, como cobre, alumínio e chumbo. Para ele, a redução da atividade econômica realimentou essa redução. “Além disso, como a mineração está no início da cadeia produtiva, foi a primeira a ser afe-tada”, disse. Ele avalia que a expansão da construção civil foi um dos fatores que ga-rantiram a suavidade da crise no Brasil.

Para Guerra, da AngloGold Ashanti, o cancelamento de demandas afetou o setor. “No caso específico do ouro, à medida que a cotação cresceu, o consumo de joias se re-traiu”. No entanto, ele também acredita que o saldo é positivo. “No Brasil, passamos ao largo de alguns efeitos negativos; o governo tomou medidas para promover o consumo”. Guerra ressalta a desvalorização de algumas empresas, mas acredita que elas já tenham recuperado 80% de suas perdas.

Marcos Gonçalves, CEO da Codelco Brasil, aposta na consolidação no setor. “O crescimento ainda vem sendo sustentado pelas empresas, mesmo com questões pro-

blemáticas de infraestrutura”. Ele lembra que a mineração do Brasil compete com a da Austrália em vendas ao mercado chinês e destaca a importância da tecnologia para valorização da commoditie. “Com exceção do ouro, há um mercado gigante garantido pela China”, analisa.

A pouca reflexão sobre a eficácia do con-trole do desenvolvimento e sobre resultados práticos das ferramentas de gestão são moti-vos de preocupação para Luis Enrique Sán-chez, Professor da Escola Politécnica da USP. “O que mais tem repercussão é a demora do licenciamento. Não sabemos o número de bons exemplos, de projetos que foram modificados ou impactos que foram reduzi-dos como resultado dos processos públicos”, afirma. Sánchez adverte que o investimento maciço que será feito requer investimentos associados em transporte, ferrovias, portos. O professor ainda questiona se ferramentas privadas de gestão e mecanismos legais es-tão trazendo resultados reais em termos de proteção ambiental e melhoria social.

Talk-show discute os desafios na mineracao do século XXI

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Novo marco regulatório

A segunda rodada do debate focou o ambiente regulatório no país. Gonçalves (Codelco) ressaltou que é preciso instru-mentalizar o setor no que concerne ao seu mapeamento básico, criando regras estáveis. Para ele, concentrar no fomento e na capa-citação é fundamental. “É importante, ain-da, vermos o que funciona lá fora e o que poder ser trazido para cá”, avalia.

Guerra, da AngloGold Shanti, acredita que não é preciso desconsiderar o código em vigor, mas que é necessário se pensar nos avanços que o novo marco trará. “A agên-cia deve ser reguladora e, espero, também fomentadora, para possibilitar que os inves-timentos aumentem. O investidor externo quer estabilidade, clareza e confiança”.

Arcoverde (DNPM) lembra que o código esteve vigente na expansão da mineração ao longo dos tempos, por isso tem sido uma im-portante ferramenta. Por outro lado, o código atual é muito focado em atender o minerador. “Estamos fazendo uma reengenharia no de-partamento para focar a cobrança de detento-res de títulos, na pesquisa e na lavra, pensan-do mais na questão da sustentabilidade”.

Sustentabilidade

De que forma a mineração, que provoca grandes intervenções, pode ser considerada sustentável? Como seria possível lidar com um cenário que exige decisões em curto prazo em uma temática complexa como essa? Gon-çalves brincou que a sustentabilidade é como a gravidade. “Não há como combatê-la, é preciso interagir com ela”. Para ele, os con-sumidores são os grandes fiscalizadores. “Pes-soas podem denunciar a operação de uma empresa seja de que tamanho ela for. Para se sustentar é preciso ter um negócio honesto e trabalhar sempre tendo em mente que a fisca-lização não é mais somente formal”.

O professor Sánchez ressaltou que é pre-ciso pensar na expansão da produção, que ocorre tanto pelo aumento do número de minas quanto pelo aproveitamento maior de minérios de baixo teor. Neste cenário, pon-dera que a mineração deve ser ainda mais contestada pelos diversos stakeholders nas próximas décadas. “É preciso refletir qual contribuição efetiva as empresas deixarão para as comunidades em que atuam”.

Guerra ressalta que a rastreabilidade também deve ser considerada. “É o que vi-mos no caso dos diamantes de sangue. Essa é uma questão imposta pela sociedade: de onde vêm e como são feitos os produtos”. Ele acredita que a mineração do século XXI será, cada vez mais, uma atividade inserida dentro de um contexto geral, que inclui toda a cadeia produtiva. Nesse cenário, ele des-taca o papel do conhecimento e de debates de cunho técnico. “A interação com a Aca-demia é um grande caminho que deve se fortalecer e que soma para que as questões sejam respondidas. Ir além é buscar dentro de cada setor o que pode ser feito. Cada um tem que assumir seu papel dentro da socie-dade de maneira sustentável”.

Caminhos para ampliar a competitividade

O que fazer para continuar crescendo em um mercado cada vez mais competiti-vo? Para responder a essa pergunta quatro convidados de peso participaram do painel Desafios para ampliar a competitividade da mineração, coordenado pelo Presidente do IBRAM, Paulo Camillo Penna, e realizado na última manhã do VI CBMina. Os convidados trataram de diferentes perspectivas do setor e buscaram apontar caminhos para aumen-tar a competitividade na mineração.

Para Juan Esteban Fuentes, Consultor Sênior do CRU Group, o Brasil ainda apre-senta algumas desvantagens competitivas, como mão de obra cara e pouco produtiva. No entanto, grandes operações fazem do País um bom competidor mundial. “O Bra-sil deve continuar crescendo, mas os custos também”. Para ele, é preciso focar a produ-tividade, assim como outras questões, como a energia. “A energia e os combustíveis au-mentaram cerca de 13,1% e 6,7%, respecti-vamente, entre 2000 e 2009. É preciso revi-sar as estratégias energéticas no Brasil”.

Para falar sobre as estratégias que vêm sendo adotadas em Minas Gerais, Paulo Sérgio Machado Ribeiro, Sub-Secretário de Desenvolvimento Mínero-Metalúrgico do estado, participou do painel. Ele lembrou que Minas é o maior produtor mineral do Brasil, com 44% da produção. “O estado produz 71% do minério de ferro brasileiro, 66% dos diamantes, 65% do ouro e 100% da produção de zinco”. Ribeiro trouxe al-

guns exemplos do que vem sendo feito no estado. O Sub-Secretário chamou atenção para a exploração de gás natural na Bacia do São Francisco. Além disso, destacou o avan-çado mapeamento aerogeofísico de Minas, parceria com a CPRM. “Desconsiderando o Triângulo Mineiro e a área da ANP, que será mapeada pela Agência, 100% das áreas pro-missoras estão mapeadas.”

Outro tema de destaque foi o setor de agregados, que engloba a mineração de areia, saibro, cascalho, rocha britada e reci-clados. Fernando Valverde, Secretário Exe-cutivo da ANEPAC – Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para a Construção Civil, tratou da impor-tância do setor no País, que produziu 481 milhões de toneladas de agregados e gerou 68 mil empregos diretos em 2009. Como pontos fortes, Valverde apontou os recur-sos abundantes, a excelente qualidade das rochas e a alta demanda reprimida, fatores que, entre outros, impulsionam este mer-cado. Como aspectos negativos, destacou o excesso de tributação, a alta informalidade, a falta de capacitação e um sistema precário de distribuição. Apesar disso, ele vê grandes oportunidades com o crescimento do País e os consequentes investimentos em infraes-trutura e com o reconhecimento da impor-tância do setor pela sociedade.

Para mostrar um pouco do que tem sido feito pelo Governo Federal, Carlos Nogueira da Costa Júnior, Secretário-Adjunto do Mi-nistério de Minas e Energia, trouxe dados do Plano Mineral 2030. O projeto foi criado com o objetivo de estabelecer um planejamento de longo prazo para o desenvolvimento do setor mineral no Brasil. A estratégia do MME foi elaborar e contratar estudos, além de suscitar debates com os diversos segmentos do setor mineral e da sociedade. Nos últi-mos dois anos, uma série de oficinas foram promovidas pelo Ministério. Além de buscar a ampliação do conhecimento geológico, o plano visa também a compatibilização em área com restrições legais à mineração. Pro-cura, ainda, agregar valor com competitivi-dade e promover o desenvolvimento local e regional, entre outras metas estratégicas.

No fim do painel, ficou a certeza de que empresas e governo devem estar alinhados na busca por manter o Brasil entre os pri-meiros na mineração mundial. Mesmo que haja uma ou outra divergência.

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Empresas sérias veem o fechamento de uma mina como um processo contínuo, pensado durante todo o seu ciclo de vida. Mas ainda é possível encontrar irregulari-dades. Muitas minas foram ou são fecha-das sem planejamento, o que acarreta uma série de ônus para as comunidades próximas dos locais em que estão instala-das. Para pensar nos desafios envolvidos no planejamento e execução do encerra-mento de uma atividade de mineração, o IIBRAM promoveu, durante o VI CBMINA, o workshop Fechamento de Mina. Jac-ques Wiertz (Professor do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade do Chile), Dirk van Zyl (Professor da Bri-tish Columbia University), William Freire (William Freire Advogados Associados), Adelino Taboada (consultor em Meio Am-biente e Mineração) e Joaquim Pimenta D’Ávila (Pimenta D’Ávila Consultoria e

Fechamento de mina deve ter como metas o desenvolvimento sustentável e os bons legados

que serão deixados para as comunidadesmembro da ICOLD) compuseram a mesa para falar sobre os riscos ambientais envol-vidos, aspectos legais e garantia financeira, entre outros assuntos.

O professor Jacques Wiertz foi o primeiro a se pronunciar sobre os desafios ambientais e sociais desta atividade complexa que é o fechamento. Wiertz ressaltou a importância da reputação das empresas para os negó-cios. “A reputação, que se baseia em valores éticos, performances ambientais e responsa-bilidade social, está ligada a acessos para fi-nanciamentos, recursos e trabalho”, afirma. Ele destaca que é preciso licença social pra operar e que a sociedade concede essa li-cença com base no histórico da atuação de uma empresa durante sua operação e no legado que deixa depois do fechamento de uma mina. “Estão entre os legados a dimen-são natural, na qual é preciso recriar ecossi-

temas e contribuir para a proteção da biodi-versidade, a dimensão social, que leva em conta o desenvolvimento da comunidade e a herança deixada pela mina, e a dimensão humana, como bem-estar”.

Wiertz ressaltou que há diferentes for-mas de se tratar o assunto. “A melhor op-ção é quando o fechamento é pensando bem no começo do projeto. A pior situação é quando uma mina é fechada sem cuida-dos, abandonada, sem considerações com o ambiente ou com o legado”, afirma. No primeiro caso, que é o ideal, há um design para o fechamento, dados sobre o meio am-biente são coletados durante a exploração e os custos são considerados desde o início. “O fechamento deve ser pensado de modo sustentável e feito de forma a deixar legados positivos, tornando as comunidades lugares melhores”, conclui.

Dirk van Zyl, Professor da British Columbia University, fala sobre fechamento de mina

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Pensar no desenvolvimento sustentável também é crucial para o professor da British Columbia University, Dirk van Zyl. “Deve-se aceitar que haverá impactos sociais e am-bientais e, a partir daí, manter ou melho-rar condições do ambiente e do bem-estar humano do local”, afirma. Ele propõe sete questões como principais: engajamento da comunidade; bem-estar humano; bem-estar do ambiente; economia de mercado; ativi-dades informais; governança; revisão e me-lhoramento contínuos.

Dirk destaca que toda mina é única e que o planejamento deve começar na fase de pré-implantação e ser mantido até sua completa implementação. “A mina tem que ser otimizada, eficiente, mas no fechamen-to é preciso pensar na resiliência”. Ele deu vários exemplos bem-sucedidos, como da mina Red Dog, no Alaska. O fechamento está previsto para 2031, mas já há um bom planejamento, com relatórios, encontros com a comunidade, visitas ao local e até um DVD produzido na linguagem dos habitantes da região. “Hoje percebemos um verdadeiro envolvimento, promovendo o engajamento 21 anos antes de a mina ser fechada”.

Normatização na atividade de fechamento

Para falar especificamente sobre aspectos normativos, o workshop contou com pales-tra do advogado William Freire. Ele ressaltou que a normatização é hoje fruto da interação entre direito minerário e ambiental, sendo que o último “foi elevado a direito de tercei-ra geração, pois serve para engajar e trazer direitos e obrigações para todos os implica-dos em uma relação ambiental”. Ele destaca, também, que todas as empresas são respon-sáveis pelo ciclo de produção e de vida de seus produtos, mas esses aspectos são mais cobrados da mineração. “A sociedade ainda não se deu conta da importância da minera-ção como fator de geração de benefícios e sobrevivência. Uma lâmpada incandescente demanda oito minas diferentes”.

Freire ressalta que a normatização relati-va ao fechamento de mina é mais profunda que outras, pois deve considerar a atração de investimentos. “No Brasil a disputa pelo capital internacional é acirrada, temos que buscar investimentos sustentáveis e sermos competitivos”. O advogado coloca como

aspectos imprescindíveis para o novo mar-co regularório: a clareza, a estabilidade, o foco em preços competitivos e uma norma que leve em conta a importância do direito ambiental. “O marco de mineração e de fe-chamento não deve ser feito somente para uma regulamentação interna. Estamos dan-do uma mensagem ao mercado, de que nos preocupamos com a sustentabilidade e que os mineradores se preocupam com o ciclo produtivo. Nossa normatização deve respei-tar todos os aspectos envolvidos, com esta-bilidade jurídica e legalidade”.

Drenagem ácida de minas

Adelino Taboada tratou do manejo de impactos de longo-termo, com ênfase ao fechamento ligado a questões de drenagem ácida. Ele lembra que a discussão sobre DAM (Drenagem Ácida de Minas) é anti-ga e que os problemas de poluição podem durar por milênios. “Empresas sustentáveis não abrem uma mina antes de ter confian-ça em como operá-la, incluindo como fe-chá-la com sucesso e segurança. Mas temos observado que muitas vezes a mineração não planeja o fechamento com antecedên-cia”. Ele ressalta que muitas minas acabam não tendo um fechamento definitivo. “Tra-tamento e manutenção de operações em perpetuidade devem ser questionados. As minas novas deveriam ter prazo finito para concluir um fechamento, sem deixar um legado a ser coberto por gerações futuras”.

Taboada enfatiza que o ICMM (International Council on Mining & Metals) descreve que, caso haja boas práticas, à medida que uma operação avança, o conhecimento melhora e as incertezas são reduzidas. Ele avalia que a identificação de que vá ocorrer drenagem ácida em uma mina é algo perfeitamente previsível por estudos, por isso deve haver planejamento.

Como forma de controle de DAM, Tabo-ada aponta três alternativas, desde o mais ao menos desejável. A primeira é o controle de fontes primárias, os sulfetos. Para isso pode-se minimizar a exposição à oxidação de ro-chas sulfetadas ou ainda sequestrar, confinar ou processar sulfetos. Uma segunda maneira consiste em reduzir a velocidade com que o processo se instala, usando neutralizado-res ou controlando contato com água e ar. Por fim, é possível tratar as consequências, contendo a água e tratando os afluentes, por exemplo. Ele lembra que a contaminação nem sempre é de imediato, mas que é pos-sível identificar indicadores precoces, como a presença de sulfato na água.

Como bons exemplos do que tem sido feito, Taboada citou alguns projetos, entre eles o da Mina de Flambeau, em Wiscon-sin (EUA). A negociação com a comunidade durou cerca de dez anos e a mina ficou em operação por quatro anos, deixando a área totalmente recuperada após seu fechamen-to. Para concluir, lembrou que o pensamen-to “primeiro mineramos, depois fechamos”

Apesar de focarem diferentes aspectos sobre o tema do fechamento, os convidados do workshop Fechamento de Mina ressaltaram a necessidade de envolver a comunidade em todo o processo da atividade, desde o planejamento. Rinaldo Mancin, Diretor de Assuntos Ambientais do IBRAM, ressalta a importância desse aspecto. “A mineração é uma atividade de grande porte que provoca transformações das mais variadas or-dens em uma comunidade. É natural que haja demandas sociais dessa comunidade. Temos hoje um licenciamento ambiental já formalizado, regulamentado, e também um licenciamento social, extremamente importante”.

Para Mancin, é preciso mostrar que a mineração traz ganhos para a comunidade, com aumento de renda, oportunidade de empregos, mas que um dia deixará aquele local. Por isso o planejamento de uma mina hoje deve incluir sua entrada e também sua saída de uma comunidade. “É um planejamento que tem que ser pensado a longo prazo e adequado ao longo do ciclo de vida de uma mina”, afirma.

LICENCIAMENTO SOCIAL é PALAVRA DE ORDEM

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MODALIDADES DE GARANTIAS FINANCEIRAS ASPECTO POSITIVO ASPECTO NEGATIVO

Caução (depósito antecipado)

Dinheiro garantido Comprometimento do caixa

Carta de crédito Maiores exigências na gestão

Diminuição do limite de crédito

Propriedades e ativos Bens hipotecados até término dos trabalhos

Pouca liquidez e grande oscilação de valor

Fundos de investimento Construído progressivamente

Risco na gestão do fundo

Reservas da empresa Segurança Aplicável somente em empresas auto-garantidas

Bônus de performance Flexibilidade e gestão mais exigente

Seguradora tem que assumir o risco

provisão do fechamento. Apesar disso, lem-bra que ainda há casos de empreendedores que não correspondem a essas expectati-vas, não atendendo às demandas da socie-dade. D’Ávila reforça que, fora do Brasil, praticamente todos os países já adotaram mecanismos de garantia, como Austrália, USA, África do Sul, Chile, Peru e Índia. “O Banco Mundial, através do IFC (órgão para financiamento de empresas privadas) não viabiliza recursos a projetos que não te-nham esses dispositivos”.

Há várias modalidades no mercado (veja box abaixo), mas D’Ávila propõe a mobilização gradual de um fundo de pro-visão com base na produção da mina. “No início da operação haveria necessidade de mobilizar outros recursos (como reser-vas da própria mina), mas à medida que a produção for aumentando esses recursos não seriam mais necessários”, explica. São três as etapas para a composição do fun-do. A primeira consiste na estimativa dos custos e distribuição no tempo de explo-ração da mina. Depois é preciso estabele-cer normas relativas à composição, forma-ção e gestão do fundo. Por fim, é preciso estimar as reservas que serão usadas como garantia na fase inicial de exploração. “A estimativa deve ser aprimorada e revista periodicamente, assim como as garantias. Além disso, a gestão do fundo deve ser feita por uma instituição especializada, com transparência, e é preciso contratar uma auditoria independente, que deve ser periódica”, completa.

ficou no passado. “Mas ainda é preciso apri-morar o conhecimento técnico científico sobre gerenciamento de DAM e valorizar aspectos de governança corporativa como formas de assegurar o direito de minerar”.

Garantia financeira para o fechamento

Outro assunto de grande importância que fez parte da discussão foi como garantir financeiramente um fechamento. Joaquim Pimenta D’Ávila ressalta que o assunto já é tratado no cotidiano de mineradores de grande performance, que desenvolvem po-líticas de governança com esquemas para

Em Conferência Magna que encer-rou o primeiro dia do VI CBMINA, o Secretário Executivo da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Luiz Alfredo Salomão, afir-mou que o desconhecimento sobre o próprio território é um dos principais problemas do Brasil. “O País não se co-nhece e este desconhecimento se dá, inclusive, geologicamente”, afirmou du-rante a apresentação “Visão Estratégica da Mineração no Desenvolvimento do Brasil”. A questão seria um dos entraves ao crescimento.

De acordo com Salomão, é possível fazer com que o País cresça a índices mais elevados do que vem registrando. Durante o encontro, ele garantiu que, a exemplo do que ocorreu entre os anos 1950 e 1980, quando o Brasil cresceu a 7,4% ao ano, o País possui potencial de desenvolvimento para se posicionar, novamente, entre as nações com maior desempenho econômico. Esta é a prin-cipal meta do Projeto Brasil 2022, que foi apresentado durante a conferência. “Este programa possibilita traçar, de for-ma realista, o cenário brasileiro daqui a 12 anos, contrariando aqueles que acreditam que o Brasil não pode cres-cer mais de 3% ao ano. Esse é o mo-mento em que podemos virar a página e registrar crescimentos consideráveis e ambientalmente respeitosos. Está em nossas mãos fazer isso”.

Pensado com o objetivo de come-morar o Bicentenário da Independência brasileira, o Projeto Brasil 2022 foi en-comendado pelo Presidente Luís Inácio Lula da Silva ao Ministro de Assuntos

Projeto Brasil 2022

busca a retomada do crescimento

O Diretor de Assuntos Ambientais do IBRAM, Rinaldo Mancin

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nio não, assim como o zinco, que evolui muito modestamente. A concentração em dois ou três produtos é muito preocupante para a indústria brasileira e tornam a nossa economia vulnerável”, afirmou.

Já os desafios na área ambiental envol-vem, principalmente, a questão do licen-ciamento. De acordo com Salomão, há ne-cessidade de mudança na engenharia dos projetos, no sentido de melhorar a interação entre a comunidade técnica empresarial, da engenharia de projetos e ambiental para criação de critérios de projetos de licencia-mento. “Este não pode ser um entrave ao desenvolvimento do País. É preciso melhorar a cultura dos projetistas, para que a preocu-pação com os impactos ambientais estejam na raiz dos empreendimentos”, destacou.

A infraestrutura logística também me-receu atenção especial durante a confe-rência. A dificuldade para escoamento da produção em diversas localidades brasilei-ras, como em Caetité, na Bahia, citada por Salomão, impõe a necessidade de, mais uma vez, chamar a atenção sobre a urgên-cia dos investimentos em transporte. “É preciso superar os gargalos existentes nos multimodais. Para isso, devemos focar, so-bretudo, na ampliação da malha ferroviária

Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, quando assumiu o cargo, em outubro de 2009. O plano, focado em pensar estrategi-camente o futuro do País, propõe a análise das vulnerabilidades – com destaque para questões relacionadas à distribuição de ren-da, à fragilidade do sistema educacional e geração de bens, à falta de aparato de defe-sa compatível com a necessidade nacional e ao desconhecimento do território brasileiro – e as potencialidades do País. “Ocupamos a 9ª posição no ranking das economias mun-diais. Podemos chegar ao 4º ou 5º lugar, fi-cando atrás apenas dos EUA, China, Japão e Alemanha, dependendo do crescimento do país germânico. Essa visão é otimista, mas é feita a partir da observação do cenário mun-dial”, garantiu Salomão.

A mineração, uma das principais ativi-dades econômicas do Brasil, merece aten-ção especial por parte do programa. Nesse sentido, são cinco os desafios para o desen-volvimento do setor. Eles estão relacionados à falta de conhecimento geológico sobre o território brasileiro, à desconcentração dos minerais mais impactantes na economia, ao meio ambiente, à logística de distribuição e à tecnologia. Em relação ao primeiro item, Salomão afirmou: “A falta de mapeamento do território brasileiro é uma situação muito preocupante, condição que se repete mes-mo se nos ativermos às bacias sedimentares. No Brasil, temos 29 bacias sedimentares em 6,4% milhões de km2, com conhecimento geológico de 7% a 8% da área. O País per-fura 22.000 poços, enquanto nos EUA este número chega a 330.000”.

Ele também falou sobre os baixos índi-ces de consumo dos produtos oriundos da mineração. “Em relação ao cimento, con-sumimos algo semelhante ao que os EUA consumiam em 1920. No caso do aço, a situação é mais ou menos parecida. No co-bre, não estamos tão mal, mas ainda bem aquém dos países desenvolvidos, situação que se repete no caso do alumínio”, anali-sou. De acordo com os dados apresentados na palestra, a indústria da mineração e da transformação mineral produzem um PIB da ordem de 4%, uma proporção muito pe-quena, na avaliação de Salomão, que tam-bém abordou a questão da concentração de determinados minérios, condição que pode ser prejudicial ao Brasil. “A previsão é de crescimento para o minério de ferro, alumina e bauxita, mas no caso do alumí-

e hidroviária e recuperação das rodovias”. De acordo com informações do Ministério do Transportes, entre 2008 e 2013, devem ser investidos mais de R$ 290 bilhões em todas as regiões brasileiras. Deste montan-te, 51,63% devem ser aplicados no setor ferroviário; 23,98% no rodoviário; 13,39% no portuário; 5,43% no hidroviário; 4,48% no aeroportuário e 1,10% em outras formas de transporte. “Se todos esses investimen-tos acontecerem, assistiremos a uma gran-de diversificação dos modais. Tudo isso será essencial para o crescimento”, declarou.

O último ponto abordado na palestra fo-ram os desafios tecnológicos. Salomão falou sobre a necessidade de expansão dos recur-sos para pesquisa e desenvolvimento, pre-venção de impactos ambientais e recupera-ção de áreas degradadas e aproveitamento do carvão siderúrgico brasileiro. Citou, ain-da, o desenvolvimento do Centro de Tecno-logia Mineral – CETEM segundo o modelo adotado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, formato de suces-so, na avaliação do Secretário Executivo, e responsável pelo avanço brasileiro na agro-pecuária. “Não há nenhum motivo para que isso não se repita na mineração. Nos próxi-mos 12 anos, a indústria está convidada a dar esse salto”, encerrou.

Secretário-executivo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Luiz Alfredo Salomão, apresenta conferência magna

Indústria da Mineração Ano V - nº 36, agosto de 2010 9

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Trabalhos buscam otimizar o desempenho das mineradoras

A Sessão Poster, montada na área de exposições do VI CBMina, foi composta por trabalhos de estudantes e profissionais do setor mineral de diversos locais do Brasil. Foram apre-sentados trabalhos desenvolvidos com o objetivo de otimizar as atividades mineradoras, em sua maioria conciliando-as com práticas ambientalmente responsáveis. A seguir, um resumo dos projetos apresentados.

ANáLISE DA FITORREMEDIAçãO COMO MéTODO DE RECUPERAçãO DE áREAS DEGRADADAS PELA MINERAçãOAndré Miranda Brito Branches, Vitor Machado Rodrigues (UFPA)

O estudo explorou a fitorremediação como alternativa viável para a recuperação da área degradada pela mineração. A fitorremediação se divide em quatro tipos: fitoextração, que consiste na absorção, pela planta, do conta-minante presente no solo; fitoestabilização, caracterizada pela contenção deste contami-nante; fitovolatilização, na qual há extração e liberação para o ar da substância tóxica presente e também na água subterrânea; e a rizofiltração, que consiste na extração e captura do contaminante em águas subter-rânea e superficial. Algumas vantagens desta técnica, bastante difundida nos EUA, são o aproveitamento do mesmo espaço para a recuperação da área e a necessidade de pequenos investimentos.

RESERVATóRIO DE áGUA DE CHUVA PARA REUSO NAS ATIVIDADES DE MINERAçãO NO PERíODO DE SECAJoelson Gomes Machado, Laércio Silva Rocha, Vandair Batista Gomides, William Bretas Linares, Joselito Dásio da Silva (SAMA)

Desenvolvido para solucionar os problemas de água no período entre chuvas, o projeto da Sama buscou soluções alternativas para a estocagem de água. Para isso, a mineradora optou por utilizar uma de suas cavas, que pas-sou a ser tratada para servir como reservatório no período da estiagem. Como resultado, a empresa conseguiu armazenar aproxima-damente 400 mil metros cúbicos de água, gerando uma economia de R$ 196 mil.

AVALIAçãO DA UTILIzAçãO DE DIFERENTES ESPESSURAS DE TOPSOIL NA REABILITAçãO DE CAMPOS FERRUGINOSOS NO QUADRILáTERO FERRíFERO (QF) Lina Andrade Lobo de Rezende, Luiz Eduardo Dias (UFV)

O trabalho, apresentado pela doutoranda Lina Lobo, foi desenvolvido na Mina de Ca-pão Xavier, uma das minerações da Vale em Nova Lima, Minas Gerais. O estudo avalia o desenvolvimento das placas de campo rupes-tre relacionado com a espessura do substrato – composto por canga e topsoil - utilizado para revitalizar uma área. Foram pesquisadas duas espessuras do substrato e quatro níveis de adubação, totalizando 32 parcelas. Com isso, chegou-se ao resultado de que a cober-tura vegetal teve um aumento significativo dos níveis de adubação, do maior para o menor, e também com a espessura.

REDUçãO NO CUSTO DE ESTOQUE DE SOLO NO ANO DE 2009Laércio Silva Rocha, Júnior César Ferreira de Araújo, Leida Ferreira da Silva, Welkerson Pimenta de Oliveira, Wemerson Rezende Ferreira, Eleyde M. de Aguiar Cardoso (SAMA)

A partir do desenvolvimento do plano de lavra estéril para 2009, a mineradora percebeu que precisaria de novas regiões de avanço, o que implicaria em altos custos. Levando esta questão em consideração, foi iniciado um es-tudo para avaliação de possíveis reduções de gastos. Foram feitos levantamentos e análises das possíveis áreas de depósito, identificando-se áreas potenciais para o uso, alcançando o objetivo inicial.

Profissionais e estudantes apresentam seus posteres na sexta edição do CBMINA

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UM ESTUDO DO AUMENTO DA RESISTêNCIA AO CISALHAMENTO EM SOLOS REVEGETADOS COM VETIVERMichele Cristina Rufino Barbosa, Hernani Mota de Lima, Aloisio Rodrigues Pereira (UFOP)

O projeto consiste em verificar o aumento da eficiência do solo oferecido pelo vetiver. A partir da coleta de amostras de solo com e sem o plantio do muda, foram feito ensaios que comprovaram a eficiência da planta na recuperação do terreno.

MINERAçãO EM áREA DE PRESERVAçãO PERMANENTE, O CASO DE EXTRAçõES DE ARGILA E AREIA NO MUNICíPIO DE MARABá-PA, AMAzôNIA ORIENTALVinícius da Silva Moreira, Jordan Pacini Resplandes, Renan Arthur Veiga Brito Tourinho, Reginaldo Sabóia de Paiva (UFPA)

O trabalho foi realizado a partir da análise de Marabá, cidade que contou com o fechamen-to de quase todos os seus areais em função das condições precárias das instalações, à ex-ceção de um, situação que vai na contramão do crescimento que vem sendo registrado pelo município. A partir desta situação, os au-tores analisaram a legislação corrente e como estava sendo feita a sua execução. Como conclusão, o grupo apontou a amplitude do texto como um dos principais problemas, e a necessidade de uma legislação mais incisiva e direta, focada na área de mineração.

PROjETO QUELôNIOS SAMA – (PQS)Cilene Bastos de Paula (SAMA)

Também desenvolvido pela Sama, o Pro-jeto Quelônios Sama, de responsabilidade sócioambiental, trabalha com o manejo de tartarugas da Amazônia que vivem na Lagoa das Tartarugas. Este é primeiro cria-douro conservacionista de Goiás realizado em uma empresa mineradora, tendo suas atividades iniciadas em 1995, com regu-lamentação junto ao IBAMA EM 1999. Os trabalhos de manejo constam de biometria (dimensões e peso dos animais), cataloga-ção em fichas individuais e complemen-tação alimentar na época de estiagem. O acompanhamento dos animais é feito através de uma marcação com furos nos escudos, servindo como código de identifi-cação. O projeto também recebe visitas de escolas e universidades, além de trabalhar com estagiários de iniciação científica na área de manejo de tartarugas.

CRESCIMENTO DE áRVORES E ARBUSTOS SOBRE DIFERENTES CAMADAS DE COBERTURA PARA UM SUBSTRATO SULFETADOIgor Rodrigues de Assis, Luiz Eduardo Dias, Henrique Nery Cipriani (UFV)

O trabalho foi realizado na região do Morro do Ouro em Paracatu, Minas Gerais, com o objetivo de revegetar os substratos conta-minados pela mineração de ouro na região, uma vez que estes substratos possuem potencial de geração de drenagem ácida. Para isso, foram testados substratos menos contaminados, além do solo retirado para a abertura de lavras na região. “Fizemos uma camada de selamento e uma camada de cobertura, a primeira colocada sobre o rejeito para evitar que ele receba oxigênio e a segunda para promover o crescimento das plantas. Verificamos que o desenvolvimento foi melhor quando o solo foi utilizado em pelo menos uma das duas camadas, com resultados ainda mais positivos com o uso em ambas. Nas ocasiões em que o solo não foi usado, observou-se a morte das plantas, por isso, chegou-se à conclusão de que a preservação do solo original da lavra é essencial para o processo de revegetação”, apresentou Henrique Nery, também res-ponsável pela apresentação do trabalho.

AUTOMAçãO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DOS APANHADORES DE áGUA – MINAS DO COMPLEXO MARIANA – VALE S.A.Alexandre Wagner da Silva, Cleber Rodrigues da Silva, Edvaldo Santos de Azevedo, Marcelo Xavier de Souza, Patrícia Chaves (Vale)

Apresentado pelo eletricista Edvaldo Santos de Azevedo, o trabalho consiste em elevar os níveis de segurança dos operadores de caminhões-pipa, utilizados para umidifica-ção das vias das minas, em função da poeira gerada. A partir da instalação de um sensor sonoro e luminoso, é possível posicionar o caminhão e reabastecê-lo, sem a necessi-dade de sair da cabine. “Este projeto foi implantado com sucesso. Agora estamos na fase de implantação de controle de escala, através de um controlador programado. A intenção é fazer o acompanhamento das etapas de carregamento e estacionamento do caminhão, para tornar o processo o mais eficiente e seguro possível”, explicou.

ALTERAçõES QUíMICAS E FíSICAS DE PILHAS DE TOPSOIL DE DIFERENTES DIMENSõES AO LONGO DE 11 MESES DE ARMAzENAMENTOHenrique Nery Cipriani, Luiz Eduardo Dias (UFV); Mariana A. Lopes, Milena Alves Moreira (MRN); Igor Rodrigues de Assis (UFV)

Desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa – UFV em parceria com a Mi-neração Rio do Norte (MRN), o estudo foi desenvolvido no Porto de Trombetas, no município de Oriximiná, no oeste do Pará, com o objetivo de avaliar diferentes tamanhos de pilhas para a preservação do topsoil. Em 11 meses de trabalho, equiva-lente ao período que o topsoil foi arma-zenado, foram testados 16 tamanhos de pilhas. “Nesse caso específico, ao contrário do que diz a literatura especializada, a pilha maior foi a que apresentou melhores resultados, em função das características do solo argiloso. Por isso, chegamos à con-clusão de que o topsoil deveria ser arma-zenado em pilhas de 30 x 40 x 4”, afirmou Henrique Nery Cipriani, que apresentou o projeto durante o evento.

SAMBAíBA: ARTESANATOS EM ROCHA E FIBRA DE BANANEIRACilene Bastos de Paula (SAMA)

Iniciado há quatro anos, o Projeto Sambaíba consiste no reaproveitamento da rocha exter-na da mineração, a partir da produção de pe-ças artesanais por moradores da comunidade. A empresa mantém ainda uma parceria com o Senai, responsável pela criação de um curso de 600 horas, específico para o tipo de rocha trabalhada pelo projeto. Complementando o programa, a Sama passou a produzir as emba-lagens utilizadas para acondicionar as peças, com o reaproveitamento de papel, papelão e fibra de bananeira. O trabalho, de caráter so-cial, envolve 22 pessoas no manejo da rocha e 11 deficientes auditivos são responsáveis pela fabricação das embalagens.

Indústria da Mineração Ano V - nº 36, agosto de 2010 11

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De olho nos números

Boa parte das pesquisas em mineração se concentram em análises do mercado, ava-liando aquisições, fusões e números. Esses foram alguns dos assuntos tratados na Sessão Técnica Pesquisa, Avaliação e Economia Mi-neral, realizada no 6º CBMINA.

Luiz Felipe Quaresma, da Open Enge-nharia, apresentou uma análise conjuntural da mineração brasileira entre 1975 e 2005, pensando no estudo como uma base para o século XXI. A pesquisa de Quaresma mostra que o Valor da Produção Mineral (VPM) no Brasil, neste período, apresentou taxa anual de crescimento próxima de 2,3%, pensan-do-se em uma constante em dólares. “Como houve seis mudanças monetárias no Brasil no período, a moeda americana foi usada como base para comparação, levando em conta a variação cambial”, explica.

O objetivo do estudo foi verificar a evo-lução do setor mineral brasileiro no período em termos de instabilidade, ou seja, uma va-riação mais ou menos estável usando como base o PIB. Os dados coletados apontaram que a instabilidade do PIB foi seguida pelo VPM, Imposto e Comércio Exterior. Já o in-vestimento foi o tópico analisado que teve maior instabilidade no período.

Na mesma sessão, Jorge Raggi (Geoconô-mica Minas) tratou do tema “Fusões e Aqui-sições em Mineração”, segundo ele um dos setores mais visados pelos grandes investido-res. Raggi trouxe alguns importantes cases, como os investimentos feitos pela CVRD em Minas Gerais, entre 2000 e 2004. A fusão

e aquisição da MBR, pertencente à Caemi, foi a maior dessas operações. “Em 2001, a CVRD realizou a fusão, adquirindo 16,82% da Caemi por US$ 278,7 milhões. Em 2003, a CVRD reforçou a fusão, elevando sua par-ticipação para 60,2%, por mais US$ 426,4 milhões. Essa parte da operação de fusão foi muito divulgada na internet e exemplifi-ca a complexidade de uma negociação. Em 2006, já sob o impacto do boom mineral, o restante do capital de 39,8% foi negociado por US$ 2,5 bilhões”.

Outro exemplo trazido foi o de Carajás. “Em 1967, a Meridional-United States Ste-el, que possuía minerações em várias partes do mundo, anunciou a descoberta de uma grande província mineral. A Amza (Amazô-nia Mineração) foi criada em 1970, na fusão com a Vale, que assumiu 50,9% do capital para viabilizar o empreendimento mineral. A Meridional-US Steel ficou com 49,1% de participação”, conta. “Em abril de 1974, a CVRD autorizou a emissão de um cheque

no valor de US$ 52 milhões para aquisição de 49,1% da Amza. A Meridional saía do negócio com um prejuízo de mais de US$ 10 milhões, como mostra REZENDE (2009). O método utilizado para obtenção do valor de vendas foi o reembolso dos investimentos em pesquisa, com valores atualizados. Esse negócio representou um total de US$ 105,9 milhões para a Província de Carajás, em 1974. Em 1979, após onze anos no exterior, Eliezer Batista foi convidado pelo Presidente Figueiredo a retornar à presidência da Vale e se dedicar à implantação do Projeto Ca-rajás”.

Após tratar de outros cases, como da Samitri e da Mina de Ouro São Bento em Santa Bárbara (MG), Raggi ressaltou que a abordagem dos negócios na área deve ser ampla, considerando a geração efetiva de riquezas, com a mina posta em operação, e pensando sempre nos riscos durante todo o ciclo. “Não existem fórmulas para o sucesso, mas muita dedicação e esforço”, concluiu.

investimento

PiB

vmP

imPosto

m. oBR

eXP

imP

40,0

35,0

30,0

25,0

20,0

15,0

10,0

5,0

––

íNDICE DE INSTABILIDADE (1975-2000)

VPM, fusões e aquisições marcaram presença na sessão sobre

Pesquisa, Avaliação e Economia

Luiz Felipe Quaresma, da Open Engenharia apresenta seu trabalho durante o VI CBMINA

Ano V - nº 36, agosto de 2010Indústria da Mineração 12

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A Sessão Técnica Meio Ambiente/Mina a Céu Aberto tratou de temas como con-trole da emissão de gases, restauração de ecossistemas e otimização do transporte. Foi da sessão que saiu o trabalho vence-dor da Categoria Profissional, “O Inven-tário Corporativo de Emissões de Gases do Efeito Estufa da Mina do Germano e sua contribuição na Gestão Ambiental da Samarco Mineração”, escrito por Thales Crivelli Nunes, Rodrigo Dutra Amaral (Sa-marco Mineração) e João Marcelo Men-des Horta (Mundus Carbo).

Nunes, da Gerência de Meio Ambiente da Samarco, apresentou o inventário, feito na Mina do Germano desde 2007. Antes de falar sobre o projeto, lembrou que o efeito estufa é um acontecimento natural, que permite a conservação da temperatura na terra. A ação do homem potencializa o efeito, causando o aquecimento global. Se-gundo Nunes, o inventário é a ferramenta básica para a mitigação do problema, pois permite identificar, localizar e quantificar as fontes de emissão de gases. “Na Mina do Germano, cada atividade praticada é ras-treada, como a detonação de rochas, a dis-posição de rejeitos e mesmo o transporte, já que o combustível é um grande precur-sor de CO2. Dessa forma, há como calcular a emissão em cada etapa e por produto, otimizando a mitigação da emissão dos ga-ses”. Ele reforça que a ação é orientada e busca a melhoria contínua, nos padrões 6 Sigma. Nunes ressalta os ganhos do proces-so. “Um inventário é a base para qualquer ação que se queira tomar nesse tema. Há ganhos além dos ambientais, como redu-

Estudos mostram projetos ambientais bem sucedidos em mineração a céu aberto

ção nos custos e, indiretamente, um maior conhecimento do que está acontecendo em todo o processo”.

Outro assunto debatido foi formas de restauração de ecossistemas. Markus We-ber, da Brandt Meio Ambiente, apresentou trabalho produzido por ele e pelo Professor Sérvio Pontes Ribeiro, da UFOP, no qual focam o “Incremento Tecnológico Neces-sário e Possível”. No início de sua apresen-tação, Weber ponderou que o assunto da restauração tem que ser tratado de forma mais ampla, não focando somente a reve-getação. Para isso é preciso buscar ajuda da tecnologia. Weber acredita que a rea-bilitação ambiental convencional hoje, no Brasil, está caindo em descrédito, já que os resultados são pouco expressivos. Para ele, falta visão sistêmica e de longo pra-zo. “A reabilitação que traz um ambiente ecologicamente equilibrado requer mais tempo do que o usualmente pensado. Não bastam diagnósticos isolados sobre o meio físico e biótico para dar clareza sobre a de-gradação de uma área”.

Weber mostra que bioindicadores de invertebrados podem ser usados para ge-rar diagnósticos precisos durante a fase de planejamento, execução ou monito-ramento da restauração de ecossistemas, mostrando a interação entre meio biótico e físico. “Se pensarmos, por exemplo, em formigas, algumas espécies não precisam de matéria orgânica para sobreviver, ou-tras precisam e há, ainda, formigas que se alimentam de formigas. Por isso é possível ver a evolução de uma área pela análise das espécies desses insetos, que mostram microecossistemas em andamento”. We-ber conclui que a leitura por meio dos bioindicadores pode evitar custos e os eternos monitoramentos, com base cien-tífica. “Respostas sobre as reais condições de recuperação de uma área e possíveis previsões dos períodos que esse processo demanda podem diminuir os custos e es-forços de restauração em médio prazo”.

Juriti Sustentável

A necessidade de se pensar a atividade minerária levando em conta toda sua com-plexidade é indiscutível. O projeto Juruti Sustentável, da Alcoa, foi apresentado por Fabio Abdala, Gerente de Sustentabilidade e Assuntos Institucionais da empresa.

Abdala mostrou o que tem sido feito para a implementação de uma agenda de desen-volvimento local sustentável na mina de bauxita de Juruti, no Pará. A mina é um dos principais projetos de crescimento da Alcoa. Repesentou investimento de R$ 2,9 bilhões. A situação encontrada para implantação da mina era delicada. “Além da fragilidade dos ecossistemas florestais, percebemos a ausên-cia dos poderes públicos”.

O projeto Juriti Sustentável, portanto, foi criado com base em três pilares: a cons-trução de indicadores de desenvolvimen-to para monitorar transformações sociais, ambientais e econômicas; a criação de um espaço para participação ampla e demo-crática das partes interessadas; o apoio ao desenvolvimento local com investimentos nas prioridades indicadas pelo Conselho Juriti Sustentável (Conjus). Abdala esclarece que o Conjus é um espaço permanente de diálogo e ação coletiva entre organizações civis, poder público e empresas. Como é de esperar, programas como esse trazem uma série de ganhos para os envolvidos. As empresas reduzem as tensões com a co-munidade, com os governos e com outras partes interessadas, o que contribui para a licença de operação. A comunidade tem a chance de participar de decisões estra-tégicas sobre a alocação dos investimen-tos socioambientais. O poder público, por sua vez, se beneficia dos investimentos em desenvolvimento institucional e dos ins-trumentos de planejamento e participação social. Por fim, há inquestionáveis benefí-cios ambientais, gerados pelos investimen-tos em conservação e pelo uso sustentável dos recursos naturais.

Thales Crivelli Nunes apresenta trabalho sobre Gestão Ambiental da Samarco Mineração

Indústria da Mineração Ano V - nº 36, agosto de 2010 13

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Após três dias de atividades intensas, que incluíram a apresentação de trabalhos, cases , talk show e demais conferências, a sexta edição do Congresso de Mineração a Céu Aberto – CBMINA foi encerrada com saldo positivo.

No total, 575 pessoas, entre estudan-tes, profissionais e expositores, participa-ram do evento, vindas de todas as regiões do país, além de representações estrangei-ras. Foram apresentados 73 projetos, den-tre os quais 62 em forma de palestra e 11

CBMina apresenta saldo positivona Sessão Poster. No âmbito empresarial, 43 organizações (órgãos públicos, entida-des de classe e consultores independentes) estiveram envolvidas, além de 15 institui-ções de ensino brasileiras.

Na avaliação do Presidente do IBRAM, realizador do evento, Paulo Camillo Pen-na, o momento vivenciado pela mineração condiz com os bons resultados alcançados. “Tivemos um público muito interessante, com participação da academia, profissio-nais liberais, funcionários de empresas de mineração, pessoas avaliando o setor e buscando informações a respeito da nos-sa atividade. Isso demonstra que, além do nosso público cativo, estamos também conseguindo passar nossa mensagem para aqueles quem se aproximam cada vez mais se aproxima do setor, na medida em que se detecta a importância da atividade mineral”, avaliou. Paralelamente à realiza-

ção do CBMina, o IBRAM anunciou ainda o crescimento nos investimentos das em-presas de mineração brasileiras entre 2010 e 2014. De acordo com o instituto, serão aplicados US$ 62 bilhões durante o perí-odo, demonstrando a reação do segmento após a crise internacional.

Para o Diretor de Assuntos Minerá-rios do IBRAM, Marcelo Ribeiro Tunes, os objetivos do Congresso também foram plenamente atendidos. “Este evento pos-sui um foco muito grande na união da academia e da indústria, favorecendo a transmissão de conhecimento e aperfei-çoamento de questões que são essenciais para estas duas esferas e também para a continuidade da atividade mineradora”, afirmou. Tunes destacou ainda a impor-tância dos temas discutidos e a qualidade dos trabalhos apresentados como diferen-ciais desta edição.

Participantes visitam stands

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Premiação dos melhores trabalhos

Com o objetivo de incentivar os autores de trabalhos técnicos e reconhecer o em-penho desses pesquisadores, o 6º CBMINA premiou, com o patrocínio de empresas par-ceiras, os melhores trabalhos apresentados.

Compuseram a mesa para a entrega de prêmios Marcelo Tunes e Rinaldo Man-cin, do IBRAM, o Professor Cláudio Lopes Pinto, Coordenador do Comitê Técnico, e a Professora Maria José Salum, que re-cebeu uma homenagem da mesa por sua contribuição na idealização do Congresso Brasileiro de Mina a Céu Aberto desde sua primeira edição.

Marcelo destacou que o próximo con-gresso deve contar com um leque maior de profissionais na apresentação de trabalhos, já que a comissão pensará em criar opor-tunidades para outros segmentos participa-rem, atendendo a sugestões. Rinaldo Man-cin, que anunciou os vencedores, destacou o número recorde de 101 trabalhos inscritos e que 43 empresas e 15 diferentes institui-ções participaram com trabalhos.

O vencedor da categoria estudante, premiado com um notebook, foi o trabalho Blasting Fragmentation Management Using Complexity Analysis, de autoria de Jacopo Seccatore (Politecnico di Torino), respon-sável pela apresentação; Giorgio De Tomi, Mauricio Dompieri (USP); Alvaro Rezende (Soc. Ext. Dolomia). Na categoria profissio-nal, foi escolhido como melhor o trabalho

“O Inventário Corporativo de Emissões de Gases do Efeito Estufa da Mina do Germa-no e sua contribuição na Gestão Ambiental da Samarco Mineração”, de Thales Crivelli Nunes, Rodrigo Dutra Amaral (Samarco Mineração) e João Marcelo Mendes Horta (Mundus Carbo). Nunes ganhou uma via-gem para participar de evento internacio-nal da área, incluindo inscrição, passagem, hospedagem e auxílio alimentação.

Filipe Beretta, ganhador de um netbook pelo 2º lugar do prêmio Estudante com o trabalho “Redução da Variabilidade do car-vão ROM por meio de pilhas de homoge-neização utilizando simulação geoestatís-

tica”, lembra que participou do congresso pela primeira vez em 2002, quando ainda era estudante de graduação. O trabalho que lhe rendeu a premiação foi desenvol-vido na UFRGS juntamente com empresas exploradoras de carvão. “O objetivo é a via-bilidade de novos empreendimentos para gerar energia a partir do carvão entregando ele diretamente ao consumidor, sem passar por processos de beneficiamento. Na con-clusão do estudo, vimos que isso é possível desde que haja um pequeno processo de homogeneização de teores, no nosso caso estudado por pilhas de homogeneização, evitando problemas ambientais e reduzin-do custos para as empresas”, explica.

Público prestigia CBMina Mesa de encerramento do VI CBMINA

Filipe Beretta recebe prêmio de representante da MSOL

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