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JAQUELINE GARCIA BONILHA INFECÇÕES ODONTOGÊNICAS DE ORIGEM ENDODÔNTICA: Estudo retrospectivo de 24 meses. Londrina 2014

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JAQUELINE GARCIA BONILHA

INFECÇÕES ODONTOGÊNICAS DE ORIGEM ENDODÔNTICA:

Estudo retrospectivo de 24 meses.

Londrina

2014

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JAQUELINE GARCIA BONILHA

INFECÇÕES ODONTOGÊNICAS DE ORIGEM ENDODÔNTICA:

Estudo retrospectivo de 24 meses.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Medicina Oral e Odontologia Infantil da Universidade Estadual de Londrina. Orientador: Prof. Dr. Glaykon Alex Vitti Stabile.

Londrina 2014

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JAQUELINE GARCIA BONILHA

INFECÇÕES ODONTOGÊNICAS DE ORIGEM ENDODÔNTICA: Estudo retrospectivo de 24 meses.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Medicina Oral e Odontologia Infantil da Universidade Estadual de Londrina.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________ Prof. Dr. Glaykon Alex Vitti Stabile Universidade Estadual de Londrina

____________________________________ Prof. Prof. Dr.Cecilia Luiz Pereira

Stabile Universidade Estadual de Londrina

Londrina, 14 de Novembro de 2014.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais Erval

Bonilha e Sueli Garcia Bonilha, pois sem o

apoio e incentivo deles não chegaria até aqui.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus por me proporcionar essa incrível

experiência da Universidade e por ter sido tão fiel, permanecendo todo tempo ao

meu lado me dando forças.

Agradeço aos meus pais, à quem dedico este trabalho, por todo

investimento, financiamento e por terem sonhado esse sonho juntamente comigo.

Pai e mãe, obrigada por acreditar em mim e por não medirem esforços pra que eu

chegasse até aqui. Vocês foram meu referencial e meu porto seguro. Foram também

incansáveis na tarefa de animar, apoiar, incentivar e orar. Obrigada porque vocês

viram em mim algo que eu nem mesma consigo ver e por acreditar num futuro cheio

de conquistas. Eu amo vocês!

Agradeço ao meu orientador, não só pela constante orientação neste

trabalho, mas sobretudo pela sua amizade e apoio que me fizeram crecer e aprender

a fazer meu trabalho com excelência.

Aos familiares e amigos próximos que sempre oraram, me animaram

e torceram pelo meu sucesso. Jamais me esquecerei!

Ao meu namorado Aron Mello e sua família por terem me acolhido

de uma forma tão especial. Obrigado por me amarem, por se preocurarem com meu

bem-estar e por todas as orações. Vocês são a minha família aqui. Amo vocês!

Gostaria de agradecer também algumas pessoas que contribuíram

para que esse seonho se concretizasse: Ao Dr. Rogério Bittencourt e família que me

recebiam em seu consultório nas férias para me ensinar com tanto zelo um pouco

mais da nossa profissão; Ao Carlos A. Camargo e família pelos incontáveis remédios

e ânimo dados à mim; Ao Dr. Alcides Silva e família por serem meus fiadores e

amigos durante esses cinco anos; Meus tios Gilmar e Cristina, minha prima Emili e

seu esposo Prates que são minha segunda casa. Obrigada por estarem presentes

mesmo estando longe; À minha dupla de clínica Rômulo Marcato pelos inúmeros

desabafos e por compartilhar cada passo dessa caminhada.

Cada um tem um espaço especial em meu coração.

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“Não tenho palavras pra agradecer Tua bondade; dia após dia me cercas com fidelidade. Nunca me deixes esquecer que tudo que tenho, tudo que sou e o que vier a ser, vem de Ti, Senhor.”

Ana Paula Valadão/Diante do Trono

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BONILHA, Jaqueline Garcia; STABILE, Glaykon Alex Vitti. Infecções odontogênicas de origem endodôntica: Estudo retrospectivo de 24 meses. 2014. 25 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2014.

RESUMO

Infecções odontogênicas são condições clínicas caracterizadas pela disseminação do processo infecioso aos tecidos adjacentes e espaços fasciais da região de cabeça e pescoço a partir de um foco dentário. Dentre estas se destaca a de origem endodôntica. O objetivo deste trabalho foi traçar um perfil epidemiológico dos pacientes acometidos pelo referido quadro clínico que deram entrada em um hospital de nível terciário, atendidos no período de abril de 2012 a março de 2014. Foram identificados 40 pacientes, dos quais, 90% recebeu atendimento prévio em outros serviços, 60% eram do sexo feminino e a faixa de etária mais acometida foi entre 10 a 19 anos. A região posterior da mandíbula foi principalmente afetada com ligeira preferência pelo lado direito. Relatos de doenças sistêmicas concomitantes estavam presentes em 40% das entrevistas e vícios foram relatados em 25% dos casos, porém ambas as situações não interferiram na permanência hospitalar (p=0,820 e p=0,964 respectivamente). O tratamento instituído consistiu em drenagem cirúrgica imediata em 93% dos pacientes, associada a antibioticoterapia endovenosa empírica em 92,5% dos casos e a remoção imediata do elemento causal em 77,5% dos casos ou encaminhamento para tratamento endodôntico do mesmo nos casos restantes após alta hospitalar. A média de internação hospitalar foi de 6 dias, houve necessidade de reintervenção em apenas 1 paciente (2,5%) e nenhum caso evoluiu para óbito Palavras-chave: Cárie dentária. Celulite. Infecção focal dentária.

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BONILHA, Jaqueline Garcia; STABILE, Glaykon Alex Vitti. Dental infections of endodontic origin: a retrospective study of 24 months. 25 pages. Completion of course work (Undergraduate Dentistry) - State University of Londrina, Londrina, 2014.

ABSTRACT

Odontogenic infections are clinical conditions characterized by the spread of infectious adjacent tissues and fascial spaces of the head and neck from a dental focus process. The objective of this study was to establish an epidemiological profile of patients affected by such clinical lodged in a tertiary care hospital, treated between April 2012 to March 2014. 40 patients, of whom 90% received prior service in other services, 60% were female and the most affected age group was between 10-19 years were identified. The posterior mandible was primarily affected with slight preference for the right side. Reports of concomitant systemic diseases were present in 40% of interviews and vices were reported in 25% of cases, but both situations did not affect hospital stay (p = 0.820 and p = 0.964 respectively). The treatment consisted of immediate surgical drainage in 93% of patients, associated with empirical intravenous antibiotic therapy in 92.5% of cases and the immediate removal of the causative factor in 77.5% of cases referral to endodontic treatment or the same in all other cases after hospital discharge. The mean hospital stay was 6 days, there was need for reintervention in only 1 patient (2.5%) and no patient died. Key-words: Tooth decay. Cellulite. Dental focal infection.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 – Distribuição do gênero por faixa etária de pacientes diagnosticados com

infecção odontogênica ............................................................................................. 20

Gráfico 2 – Prevalência de sinais e sintomas de pacientes diagnosticados com

infecção odontogênica ............................................................................................. 21

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LISTA DE TABELAS

Quadro 1 – Antibioticoterapia empírica adorata ...................................................... 22

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CTBMF – Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial

EV – Endovenoso

HURNP – Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná

PCR – Proteína C Reativa

PSO – Pronto Socorro Odontológico

UEL – Universidade Estadual de Londrina

UTI – Unidade de Terapia Intensiva

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12

2 DESENVOLVIMENTO ........................................................................................... 14

2.1 METODOLOGIA ....................................................................................................... 14

2.1 RESULTADOS......................................................................................................... 14

2.1 DISCUSSÃO............... ............................................................................................ 17

3 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 23

4 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 24

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1 INTRODUÇÃO

As infecções odontogênicas são um importante problema de

saúde pública (WANG, 2005; TOPAZIAN, 2009; MARTINI 2010; JUNDT, 2012).

Elas derivam dos elementos dentários e podem se disseminar para os

processos alveolares e para os tecidos profundos da face, da cavidade oral, da

cabeça e do pescoço, colocando a vida em risco ao envolver espaços fasciais

profundos e comprometendo vias aéreas (HUPP, 2009; NETO 2009). Dentre as

causas como doenças periodontais, fraturas, pós-cirurgias e pericoronarites, se

destacam as de origem endodôntica (WANG, 2005; MARTINI, 2010; DIAS,

2010; NOLASCO, 2012).

Estudos sobre a microbiologia dessas infecções têm

demonstrado uma composição polimicrobiana, ou seja, envolvem bactérias

aeróbias e anaeróbias que fazem parte da flora normal da cavidade oral que,

quando obtêm acesso aos tecidos mais profundos, causam infecções

odontogênicas (HUPP, 2009). Quanto maior a virulência dos microrganismos

causadores deste processo, ou quanto menos eficientes os mecanismos de

defesa do hospedeiro, maior a probabilidade de que o paciente desenvolva

uma infecção grave (DIAS, 2010; AZENHA et al. 2012). Outros fatores também

influenciam esse processo tais como a anatomia local, demora na busca por

atendimento, conduta e antibioticoterapia iniciais inadequados. (SENNES et al.

2002; AZENHA et al. 2012; JUNDT, 2012).

A disseminação da infecção poderá ocorrer em várias direções,

contudo caminha ao longo das linhas de menor resistência da face podendo se

propagar por continuidade (angina de Ludwig, mediastinite) ou a distancia,

sendo as mais frequentes a trombose do seio cavernoso, o abscesso cerebral,

meningite e sepse, podendo evoluir para óbito (SENNES et al. 2002; WANG

2005; NETO 2009; MATHEW, 2012).

A descoberta da penicilina mudou significativamente o

tratamento e a morbidade das infecções odontogênicas e, desde então, vem

sendo descrita e usada pelos profissionais principalmente associada à

intervenção cirúrgica (drenagem) e remoção da causa (TOPAZIAN, 2006;

DIAS, 2010; VELASCO & SOTO, 2012). Estudos amplos e relatos sobre

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infecções em estágios avançados ainda são escassos no Brasil (MARTINI,

DIAS 2010).

Essa pesquisa tem por objetivo traçar um perfil epidemiológico dos

pacientes atendidos no Hospital Universitário Regional Norte do Paraná

(HURNP). Esse perfil permitirá a identificação de fatores comuns que propiciam

o aparecimento do quadro clínico em questão, fatores agravantes, avaliação da

eficácia do protocolo de tratamento adotado, além de nos possibilitar uma

previsão de futuros resultados.

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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 METODOLOGIA

O projeto de pesquisa foi encaminhado e aprovado pelo Comitê

de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina (UEL). O presente

estudo se baseia em uma análise retrospectiva de 24 meses, período de abril

de 2012 a março de 2014, dos pacientes atendidos pela equipe de Residência

em Cirurgia e Traumatologia Buco-maxilo-facial (CTBMF) no Hospital

Universitário Regional do Norte do Paraná (HURNP), que deram entrada a este

serviço com diagnóstico de infecção odontogênica e que receberam

atendimento da referida equipe.

Durante o período de coleta, 78 pacientes deram entrada no

serviço, sendo excluídos os que apresentavam foco infeccioso de origem não-

endodôntica, prontuários que não estavam completamente preenchidos e

pacientes que não foram atendidos pela referida equipe de residentes,

somando 38 exclusões. As infecções de origem endodôntica somaram 51,3%

da amostra inicial e 40 pacientes foram admitidos no estudo (n=40).

Para a coleta de dados foi realizada uma busca ativa destes

prontuários e suas informações foram organizadas em uma tabela no

Programa Microsoft Excel 2010. Para a análise utilizamos a técnica estatística

para verificação dos resultados através do teste t-Student e ANOVA pelo

Programa IBM SPSS Statistics 20 com Significância estabelecida em P<0,05.

2.2 RESULTADOS

Dos 40 pacientes incluídos na pesquisa, 60% eram do sexo

feminino, a faixa de idade prevalente foi dos 10 aos 19 anos (média de idade

de aproximadamente 28 anos), 55% eram solteiros, 42,5% eram casados e

2,5% declarou viuvez.

Quanto à condição de saúde geral, 39% afirmaram fazer uso

regular de drogas lícitas ou ilícitas e 60% (24 pacientes) relataram problemas

sistêmicos, sendo que 75% deles estavam sob acompanhamento médico e

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compensados sistemicamente. Os relatos mais comuns eram de hipertensão

arterial (15%), diabetes mellitos (10%) e pacientes com necessidades especiais

(10%). Apenas 2 pacientes (5%) relataram ser soro positivo e ambos estavam

compensados sistemicamente.

Aproximadamente 90% dos pacientes procuraram atendimento

prévio em diferentes níveis de atenção à saúde, destes, 72% passaram por um

serviço, 15% por 2 serviços e 3% por 3 serviços antes de dar entrada no

HURNP. Os serviços mais procurados foram o Pronto Socorro Odontológico

(PSO) com 21 atendimentos prévios, Unidade Básica de Saúde com 9

atendimentos, consultório particular com 5, Centro de Especialidades

Odontológicas com 3 atendimentos e a Clínica Odontológica Universitária

realizou 2 consultas prévias. Santa Casa de Saúde de Londrina, Hospital

Evangélico, Hospital Zona Norte, Hospital de Tamarana e a Bebê Clínica

registraram 1 atendimento prévio cada.

Do total, 26 pacientes (65%) faziam uso de alguma medicação

decorrente das consultas prévias, 3 pacientes (7%) se automedicavam e o

restante não relatou o uso de medicações para combater o quadro infeccioso.

Os antimicrobianos eram os mais consumidos com 61% dos casos, seguido

pelos analgésicos (26%), anti-inflamatórios não esteroides (10%) e anti-

inflamatórios esteroides (3%). Dentre os antimicrobianos, o mais prescrito foi a

amoxicilina (71,4%); clavulin, cefalexina e penicilina G-benzatina acumularam

cada um 8,4% das prescrições; metronidazol, clindamicina e ceftriaxona são

os menos prescritos, cada um com 4,2% dos relatos. Dois pacientes faziam

uso de 2 antimicrobianos simultaneamente.

Em média, a sintomatologia persistia há 6,1 dias e a dor estava

presente em todos os casos. Outros sinais e sintomas descritos envolvem o

edema (92,5%), trismo (67,5%), eritema (45%), disfagia (42,5%), febre e

dispneia (30%), taquipnéia e taquicardia (20%) e face tóxica (10%). A

drenagem de secreção purulenta espontânea estava presente em apenas

12,5% dos casos e o dor fétido foi presenciado em 2,5%.

A principal região acometida foi a posterior de mandíbula com

ligeira preferência pelo lado direito (42,5%). O quadrante esquerdo da

mandíbula registrou 27,5% dos focos das infecções e a região anterior da

mandíbula teve o menor índice, com 2,5% dos casos. A maxila foi acometida

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em 22,5% dos atendimentos com igual proporção entre os quadrantes anterior,

posterior direito e posterior esquerdo (7,5% cada). O dente 37 foi o mais

incidente com 17,5% dos casos e em 2 pacientes (5%) não foi possível

identificar o dente foco, um devido ao péssimo estado geral de conservação

dos dentes e o outro por ausência de sinais clínicos e radiográficos que

pudessem auxiliar no diagnóstico. Em 4 pessoas (10%) o diagnóstico quando

ao dente foco não foi conclusivo e, nesses casos, a possibilidade de haver

mais de 1 elemento dentário causador da infecção foi considerada.

Cárie em estágio avançado de destruição coronária e com

exposição pulpar foi registrada em 50,5% dos casos, 29,5% estavam em

tratamento endodôntico (entre as trocas de curativo), 10% já haviam finalizado

a endodontia, 5% se apresentavam fraturados com exposição da polpa e raiz

residual sem tratamento endodôntico ficou com 2,5% dos achados. Os 2,5%

restantes corresponde ao dente hígido sem sinais clínicos e radiográficos que

possibilitassem o diagnóstico.

Quanto aos espaços fasciais anatômicos envolvidos pela

infecção, foi realizada uma contagem numérica e obtivemos uma soma de 29

espaços submandibulares, 22 bucais, 8 submentonianos, 7 sublinguais, 5

cervicais, 4 caninos, 2 mediastinos e a região periorbitária e supraclavicular

foram envolvidas 1 vez cada. Três pacientes (7,5%) foram diagnosticados com

Angina de Ludwing.

Quanto ao protocolo de tratamento adotado, 7% dos casos

foram resolvidos apenas com antibioticoterapia empírica dispensando

procedimentos cirúrgicos e administração de soluções anestésicas; 55% com

antibioticoterapia empírica associada à drenagem intra-bucal e 37,5% com

antibioticoterapia empírica associada à drenagem intra e extra-bucal. O dente

foco da infecção foi extraído imediatamente em 77,5% das intervenções e

52,5% dos procedimentos foram realizados sob anestesia local à nível

ambulatorial. A anestesia geral foi necessária em 43% das intervenções. O uso

de drenos foi empregado em 82,5% dos casos, sendo prevalente o de penrose

(85% do uso total do dispositivo) e a associação deste com drenos rígidos foi

efetuada em 12%.

Sobre a antibioticoterapia hospitalar, 27,5% foi usado uma

associação de clindamicina e ceftriaxona endovenosa, 20% apenas clavulin

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endovenoso e 17,5% clindamicina endovenosa. A relação completa das

associações de antimicrobianos pode ser observada no quadro 1.

Exames laboratoriais (leucograma, plaquetas, glicemia e PCR)

foram realizados em todos os pacientes que permaneceram internados no

serviço (87,5%) e sobre os exames de imagem, 50% realizaram a tomografia

computadorizada, 27% radiografias de diferenciadas incidências, 5%

associaram a radiografia à tomografia e em 18% não foi realizado nenhum

exame imaginológico. A tomografia computadorizada foi realizada com a

finalidade de verificar o comprometimento das vias aéreas previamente ao ato

cirúrgico em pacientes com estágio mais avançado da infecção.

Apenas 5 pessoas (12,5%) não permaneceram internadas no

serviço e 4 pessoas (10%) foram para a UTI onde permaneceram por 14 dias,

o dobro do tempo que os internados na enfermaria (média de 7,7 dias). Uma

nova intervenção cirúrgica foi necessária em 7% dos casos e apenas 1

paciente evoluiu para sepse devido à pneumonia nosocomial. Os 2 relatos de

mediastinite não são decorrentes de complicações pós-operatórias, mas sim

devido ao diagnóstico tardio do quadro infeccioso, ou seja, esses pacientes já

deram entrada no serviço terciário com o mediastino envolvido pela infecção.

Todos os pacientes foram curados e receberam alta do serviço.

2.2 DISCUSSÃO

Com tabelas e gráficos elaborados a partir dos resultados,

comparamos essas informações no Programa IBM SPSS Statistics 20 de

análise estatística e também a resultados de estudos do gênero que foram

desenvolvidos anteriormente.

Em toda a amostra, o gênero feminino foi o mais acometido

com 60%, porém na faixa etária mais afetada, houve uma ligeira predominância

do sexo masculino. Achados da literatura também relatam pouca diferença

entre os sexos e não chegam a um consenso quanto a isso, no entanto, nosso

estudo destoa no quesito idade. Estudos relataram que infecções

odontogênicas são mais comuns em adultos acima dos 50 anos, e na nossa

amostra, adolescentes e adultos jovens foram os mais acometidos.

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Relatos de doenças sistêmicas concomitantes estavam

presentes em 40% das entrevistas e vícios foram relatados em 25% dos casos,

porém ambas as situações não interferiram na permanência hospitalar

(p=0,820 e p=0,964 respectivamente) e nem na disseminação da doença

(p=0,482 e 0,326, respectivamente), embora estudos anteriores tenham

publicado resultados diferentes, como no caso de pacientes alcoolistas,

publicado por Mariano et al. em 2007 que relacionou o álcool com maior grau

de severidade e disseminação da doença. Uma hipótese para a diferença de

pacientes com comorbidades se dá ao fato de que 75% dos pacientes que

relataram patologias sistêmicas estavam sob acompanhamento médico e

compensados sistemicamente.

Dentre os três pacientes que foram diagnosticados com angina

de Ludwing, apenas um relatou comprometimento sistêmico (hipertensão

arterial, diabetes mellitos, esquizofrenia e depressão, todos sem

acompanhamento médico) e um paciente admitiu fazer uso regular de tabaco e

bebidas alcóolicas; o terceiro nega vícios e comorbidades. Todos os três

permaneceram hospitalizados por mais tempo que a média e necessitaram de

internação na UTI.

Outro achado interessante é que a grande maioria já tinha

recebido atendimento por profissionais da saúde e até mesmo cirurgiões-

dentistas (90%) e, mesmo assim, a sintomatologia persistia há seis dias em

média. Isso nos revela que o diagnóstico precoce de infecções de origem

dentária e a intervenção inicial são deficientes. O prognóstico desse quadro é

mais favorável se for tratado em estágios iniciais. Segundo Dias (2010, p.17)

„Se o processo infeccioso não é tratado em sua fase inicial, o organismo

desencadeia uma série de respostas fisiológicas, na tentativa de minimizar a

ação das bactérias e favorecer a chegada dos elementos de defesa.” Quanto

mais o tempo é decorrido, mais disseminada a infecção se torna e mais

estruturas vitais são envolvidas, colocando a vida em risco. Esta tese é

amplamente sustentada pela literatura (WANG, 2005; HUPP, SATO, 2009;

JUNDT, VELASCO&SOTO, 2012; dentre outros) e, além disso, também

notamos que houve um esforço por parte desses profissionais em eliminar a

sintomatologia e não a causa, por isso se dá a persistência e complicação do

quadro.

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Quanto à prescrição farmacológica prévia, também detectamos

dificuldade por parte dos profissionais. Essa medicação prévia mostrou pouca

relação com a disseminação da doença e com a permanência hospitalar (sig.

0,583 e 0,537 respectivamente). Classes farmacológicas que não são

indicadas para o tratamento de infecções foram receitadas, como analgésicos e

anti-inflamatórios e, em casos de prescrição de antimicrobianos, por vezes a

posologia estava inadequada. Isso trás consequências diretas sobre a

antibioticoterapia administrada a nível hospitalar, pois a prescrição inadequada,

de alguma forma, induziu uma seleção hiatrogênica dos microrganismos, e

antibióticos de amplo espectro necessitaram ser administrados.

Quanto à intervenção cirúrgica, 52% dos casos foram

realizados sob anestesia local a nível ambulatorial. Esse dado se deve ao fato

do HURNP possuir uma estrutura de consultório odontológico no ambulatório

da equipe de residência em CTBMF. Isso viabiliza que casos mais simples

sejam resolvidos sem a necessidade de anestesia geral, como é na maioria

dos hospitais de nível terciário e, como consequência, têm-se a diminuição dos

dias de internação e dos riscos decorrentes deste procedimento. Em hospitais

que não são contemplados com essa infraestrutura, exodontias e drenagens

são realizadas sob anestesia geral, dando a falsa impressão de casos com alto

grau de severidade ou muito disseminados.

A prevenção é um fator determinante nesse processo. Manter

uma boa higiene bucal e consultas periódicas a um cirurgião-dentista evita que

bactérias comuns da boca entrem em contato com tecidos mais profundos

(JARDIM et al. 2011). Se a cárie tivesse sido tratada no seu início, 50% da

nossa amostra não teria evoluído para um quadro de infecção e, se a

higienização fosse realmente eficaz, um número ainda maior teria sido

poupado dessa situação.

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20

Ilustrações

0

1

2

3

4

5

6

7

0-9 anos 10-19anos

20-29anos

30-39anos

40-49anos

50-59anos

60 oumais

Masculino

Feminino

Gráfico 1 - Distribuição do gênero por faixa etária de pacientes diagnosticados com infecção odontogênica.

Fonte: o próprio autor.

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21

Ilustrações

100%92,5%

67,5%

45% 42,5%30% 30%

20% 20%12,5% 10%

2,5%

Fonte: o próprio autor.

Gráfico 2 – Prevalência de sinais e sintomas em pacientes diagnosticados com infecção odontogênica.

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22

Ilustrações

Drogas Via de

administração

Quantidade (em

porcentagem)

Clindamicina e ceftriaxona E.V. 27,5%

Clavulin E.V. 20%

Clindamicina. E.V. 17,5%

Amoxicilina e clindamicina E.V. 5%

Amoxicilina e clavulin E.V. 5%

Clavulin, ceftriaxona e clindamicina E.V. 5%

Amoxicilina V.O. 2,5%

Clindamicina e azitromicina E.V. 2,5%

Ceftriaxona e metronidazol E.V. 2,5%

Penicilina cristalina e metronidazol E.V. 2,5%

Clindamicina e oxacilina E.V. 2,5%

Clindamicina, ceftriaxona e amoxicilina E.V. 2,5%

Clindamicina, ceftriaxona e vancomicina E.V. 2,5%

Clindamicina, ceftriaxona, amoxicilina e

metronidazol

E.V. 2,5%

Quadro 1 – Antibioticoterapia empírica adotada.

Fonte: o próprio autor.

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3 CONCLUSÃO

Com este estudo concluímos que a população prevalentemente

atendida é de mulheres adolescentes e adultos jovens.

Os pacientes já haviam recebido atendimento prévio em

diferentes níveis de atenção à saúde e foram medicados, entretanto, o quadro

sintomatológico persiste há aproximadamente seis dias.

O provável foco infeccioso se localiza na região posterior de

mandíbula e envolve preferencialmente os espaços bucal e submandibular.

O protocolo adotado de antibioticoterapia empírica, exodontia

imediata e drenagem cirúrgica tem se mostrado eficaz no tratamento, já que

todos os pacientes foram tidos como curados na alta do serviço, apesar da

diferença de gravidade da infecção na admissão.

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