INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf ·...

45
UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Isabel Cristina Celerino de Moraes Porto INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU DE CONVERSÃO DE RESINAS COMPOSTAS Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Odontologia, pelo programa de pós- graduação do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté. Área de concentração: Dentística Orientador: Profa. Dra. Priscila Christiane Suzy Liporoni Taubaté – SP 2006

Transcript of INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf ·...

Page 1: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Isabel Cristina Celerino de Moraes Porto

INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE

FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE

O GRAU DE CONVERSÃO DE RESINAS

COMPOSTAS

Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Odontologia, pelo programa de pós-graduação do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté. Área de concentração: Dentística Orientador: Profa. Dra. Priscila Christiane Suzy Liporoni

Taubaté – SP 2006

Page 2: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

2

ISABEL CRISTINA CELERINO DE MORAES PORTO

INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE

ENERGIA SOBRE O GRAU DE CONVERSÃO DE RESINAS COMPOSTAS

Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Odontologia, pelo programa de pós-graduação do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté. Área de concentração: Dentística .

Data: __________________

Resultado: ______________

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. ___________________________________ Universidade de Taubaté

Assinatura _________________________________

Prof. Dr. __________________________________ ________________________

Assinatura ________________________________

Prof. Dr. ___________________________________ ________________________

Assinatura _________________________________

Page 4: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

Ao meu mais fiel e constante incentivador, Carlos Augusto, pela força nas dificuldades e empenho incondicional para minha realização e crescimento profissional;

A meus filhos, Augusto e Giulianna, meus mais importantes e preciosos projetos, pela compreensão nas longas ausências de dedicação ao curso e à pesquisa;

A meus pais, Gilberto e Quitéria, meu espelho e fonte de ensinamentos e perseverança, pelo exemplo de luta, coragem e determinação nas adversidades da vida;

Dedico.

Page 5: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

4

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Profa. Dra. Priscila Christiane Suzy Liporoni, por me

acompanhar nesta longa e tão importante caminhada, confiar no meu trabalho, e

ainda pelo apoio e empenho para que eu tivesse as condições para realização desta

pesquisa.

Ao professor José Benedicto Mello, coordenador da área de Dentística do programa

de Mestrado em Odontologia da Universidade de Taubaté, pelo carinho e constante

incentivo para prosseguir rumo ao doutorado.

Aos professores Wagner Faustino, do Departamento de Química da Universidade

Federal de Pernambuco e José Luiz Rufino, mestrando do Instituto de Química da

Universidade Federal do Paraná, pela orientação básica sobre físico-química e

espectroscopia Raman.

Ao professor Ioshio Kawano, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo,

pelos primeiros contatos práticos com a espectroscopia Raman.

Ao professor Airton Abrahão Martin, do Laboratório de Espectroscopia Vibracional

Biomédica do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do Vale do

Paraíba, por disponibilizar o equipamento Raman.

Ao professor Luís Eduardo Soares e ao técnico Anderson de Oliveira Lobo, do

Laboratório de Espectroscopia Vibracional Biomédica do Instituto de Pesquisa e

Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraíba, pela execução da fase

experimental desta pesquisa referente à obtenção dos espectros Raman.

Page 6: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

5

Ao funcionário do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de

Taubaté, Sr. José Arauto Ribeiro, pela confecção das matrizes.

À Labordental, revendedora da Demetron Inc. no Brasil, representada pela Sra.

Thiana Divolio, pelo empréstimo do aparelho LED utilizado na pesquisa.

À 3M/ESPE do Brasil, na pessoa do Sr. Rogério Góes, pela doação das resinas

restauradoras usadas neste estudo.

À Ivoclar Vivadent Ltda., representada pela Sra. Camila Madruga, por facilitar a

aquisição da resina Tetric® Ceram Bleach e pelas informações complementares

sobre a composição do material.

À professora Ilene Cristine Rosia Cesar e ao técnico Leandro Procópio, do

Laboratório de Lasers de alta intensidade do Instituto de Pesquisa e

Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraíba, pela colaboração técnica

para obtenção dos espectros de emissão de luz dos aparelhos fotoativadores.

Às professoras Izabel Cristina Gomes da Silva, Michelle Leão Bittencourt Brandão

Medeiros e Roberta Alves Pinto Moura Penteado, companheiras da disciplina de

dentística do Centro de Estudos Superiores de Maceió, que assumiram todas as

tarefas em minha ausência possibilitando a realização deste curso.

À amiga Telma Maria Silva Pinto, pelos gestos de carinho e constante bom humor

durante meus momentos de cansaço e desânimo.

Page 7: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

6

Não julgues nada pela pequenez dos começos. Não se distinguem pelo

tamanho as sementes que darão ervas anuais das que irão produzir árvores

centenárias.

Josemaría Escrivá

Page 8: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

7

RESUMO

Com as constantes mudanças na composição dos materiais restauradores resinosos e a diversidade de fontes de energia disponíveis para sua polimerização, torna-se necessária a comprovação de uma efetiva compatibilidade entre eles. A proposta deste estudo foi verificar a influência da interação entre fotoiniciadores e fontes de energia sobre o grau de conversão (GC) de resinas compostas; medir o grau de conversão de resinas compostas polimerizadas com diodos emissores de luz (LED) e lâmpadas de quartzo halógeno de tungstênio (QHT) e estabelecer a eficácia destes aparelhos na fotoativação de resinas compostas com diferentes fotoiniciadores em sua composição. Amostras das resinas compostas Filtek™ Supreme, Filtek™ Z250 e Tetric® Ceram Bleach foram irradiadas por 40 segundos empregando-se a técnica convencional contínua e submetidas, aleatoriamente, à análise semiquantitativa por meio de espectroscopia Raman. Os dados foram submetidos aos testes estatísticos “t” de Student, para dados pareados; Kruskal-Wallis, aceito na condição de não-homogeneidade das variâncias (p do Bartlett’s < 0.05) e ANOVA, na condição de homogeneidade �.� � ������� Todas as resinas compostas testadas registraram valores médios do GC acima de 55% na face irradiada, com diferença estatística entre elas (p < 0,05). O GC da resina Filtek™ Z250 foi influenciado pelas fontes de energia utilizadas apenas na face não-irradiada. As fontes LED e halógena foram capazes de polimerizar adequadamente todas as resinas compostas analisadas.

Palavras-chave: Resinas compostas. Polímeros. Grau de conversão. Espectroscopia

Raman.

Page 9: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

8

ABSTRACT

With the constants changes in the composition of restorative resins materials and the several energy sources available, is necessary the confirmation of an effective compatibility between them. The aim of this paper was to verify the influence of the interaction between photo-initiators and energy sources on the composite‘s degree of conversion (DC); to measure the degree of conversion of the polymerized composites with Light Emitting Diodes (LED) and quartz halogen tungsten bulb (QHT) and establish the effectiveness of these devices in the photo-activation of the composite resins with different photo-initiators in its composition. The samples of the composite resins Filtek™ Supreme, Filtek™ Z250 and Tetric® Ceram Bleach were irradiated for 40 seconds by doing the conventional continuous technique and submitted randomly, the analysis semi-quantitative by Raman spectroscopy. The data obtained were submitted to the statistic tests “t” Student’s, for coupled data, Kruskal-Wallis, accepted in the condition of no-homogeneity of variances (p Bartlett’s �� ������ DQG� $129$�� LQ� WKH� FRQGLWLRQ� RI� KRPRJHQHLW\� �.� � ������� $OO� FRPSRVLWHV�tested showed DC values up to 55% at the irradiated surface. Only in the Filtek™ Z250 resin, at the no-irradiated surface, the degree of conversion was influenced by the energy sources (p < 0,05). LED and halogen sources were able of suitable polymerizing all the tested resins.

Key words: Composites resins. Polymers. Degree of conversion. Raman

spectroscopy.

Page 10: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Valores médios do grau de conversão e desvios-padrão das resinas testadas em função da fonte de energia utilizada: I (LED), II (halógena)..................................................................................................................57

Tabela 2 – Resultados da análise estatística dos valores do GC das faces irradiada (i) e não irradiada (ni).................................................................................................58

Page 11: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Equipamentos utilizados na pesquisa.......................................................41

Figura 2 – Características das resinas compostas em estudo...................................42

Figura 3 – Distribuição dos grupos experimentais seguindo-se a combinação fonte de luz x resina composta............................................................................................43

Figura 4 – Espectro de emissão de luz dos aparelhos...............................................44

Figura 5 – Aferição da intensidade de luz dos fotoativadores....................................45

Figura 6 – Aparelhos de fotoativação e condições testadas......................................45

Figura 7 – Seqüência técnica da confecção dos corpos-de-prova............................47

Figura 8 – Pesagem das amostras............................................................................48

Figura 9 – Seqüência de acondicionamento das amostras em caixas de plástico escuro e armazenagem em estufa bacteriológica......................................................49

Figura 10 – Amostra em posição para aquisição do espectro Raman.......................50

Figura 11 – Espectro bruto (A), com o background removido (B) e modos vibracionais de interesse na faixa de 1550 cm-1 a 1650 cm-1 (C)...............................................................................................................................52

Figura 12 – Espectros Raman da resina Filtek™ Supreme.......................................55

Figura 13 – Espectros Raman da resina Filtek™ Z250.............................................56

Figura 14 – Espectros Raman da resina Tetric® Ceram Bleach...............................56

Figura 15 – Valores médios do GC nas faces irradiada (A) e não-irradiada (B) das amostras.....................................................................................................................57

Figura 16 – Valores médios do GC em função da fonte de energia (LED).............. .59

Figura 17 – Valores médios do GC em função da fonte de energia (QHT)...............59

Page 12: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

11

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

AlGaAs: Arseneto de gálio alumínio.

ASCII: American Standard Code for Information Interchange – Código padrão.

BisEMA6: Bisfenol A polietilenoglicol diéter dimetacrilato.

Bis-GMA: Bisfenol A glicidil éter dimetacrilato (2,2-bis[4-(2-hidroxi-3-

metacriloxipropiloxi)-fenil] propano).

C=C: Dupla ligação carbono-carbono

cm-1: Unidade de medida do deslocamento Raman.

CP: Corpo(s)-de-prova.

CQ: Canforoquinona.

DMAEMA: Dietil amino etil metacrilato (N,N-dimetilaminoetil metacrilato).

ESR: Espectroscopia de ressonância do spin do elétron.

FTIR: Espectroscopia no infravermelho com transformadas de Fourier.

FT-Raman: Espectroscopia Raman com transformadas de Fourier.

GaN: Nitrito de gálio (GaNO2).

GaP: Fosfato de gálio (GaPO4).

GC: Grau de conversão.

Ge: Germânio.

HPLC: Cromatografia líquida de alta resolução.

i: Face irradiada da amostra.

J/cm2: Joules por centímetro quadrado (= densidade de energia por área).

LED: Light-emitting diode(s) ou Diodo(s) emissor(es) de luz.

mW/cm2: Miliwatts por centímetro quadrado.

Page 13: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

12

µm: Micrometro(s) (= 10-6 metros).

Nd-YAG: Neodímio em matriz hospedeira de ítrio-alumínio-granada.

ni: Face não-irradiada da amostra.

nm: Nanômetro(s) (= 10-9 metros).

PAS-IR: Espectroscopia fotoacústica no infravermelho.

PPD:Fenil propanodiona (1-fenil-1,2-propanodiona).

QHT: Quartzo halógeno de tungstênio.

RIM: Método de isomerismo rotacional.

SBM: Método padrão de correção da linha de base.

SR: Espectroscopia Raman.

TEGDMA: Trietilenoglicol dimetacrilato (tri-(etileno glicol) dimetacrilato).

TPO: Triacil fosfinóxido (2,4,6-trimetilbenzoildifenilfosfinóxido).

u.a.: Unidades arbitrárias.

UDMA: Uretano dimetacrilato (N,N-bis[4-(3-metacriloxietoxicarbonil1)]-1,6-diamino-

2,4,4-trimetilhexano).

UV-A: Ultravioleta próximo.

�: Comprimento de onda.

Page 14: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

13

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 15

2 REVISÃO DA LITERATURA.................................................................................. 19

2.1 REAÇÃO DE POLIMERIZAÇÃO DAS RESINAS COMPOSTAS ................................19

2.2 FONTES DE LUZ .................................................................................................24

2.1.1 Lâmpadas halógenas de quartzo de tungstênio..................................................25

2.1.2 LED azul .............................................................................................................26

2.3 GRAU DE CONVERSÃO DA RESINA COMPOSTA ............................................30

2.3.1 Métodos utilizados para medir o grau de conversão ...........................................32

2.4 ESPECTROSCOPIA RAMAN...............................................................................36

3 PROPOSIÇÃO....................................................................................................... 39

4 MÉTODO............................................................................................................... 40

4.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL ...........................................................................40

4.2 EQUIPAMENTOS.......................................................................................................40

4.3 MATERIAL..................................................................................................................41

4.4 DISTRIBUIÇÃO DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS....................................................42

4.5 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ..........................................................................43

4.5.1 Aferição dos fotoativadores ..................................................................................43

4.5.2 Preparo dos corpos-de-prova...............................................................................46

4.5.3 Determinação da massa e armazenagem das amostras......................................48

4.5.4 Obtenção dos Espectros ......................................................................................49

4.5.5 Determinação do Grau de Conversão ..................................................................51

5 RESULTADOS ...................................................................................................... 54

5.1 ANÁLISE ESTATÍSTICA.............................................................................................54

5.2 PESO DAS AMOSTRAS ............................................................................................54

5.3 ANÁLISE DOS ESPECTROS RAMAN .......................................................................55

5.4 GRAU DE CONVERSÃO............................................................................................57

6 DISCUSSÃO.......................................................................................................... 60

7 CONCLUSÕES...................................................................................................... 74

REFERÊNCIAS………………………………………………………………………….….75

APÊNDICE A – Análise de variância dos valores do grau de conversão (Kruskal-

Wallis).........................................................................................................................82

Page 15: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

14

APÊNDICE B –Análise de variância dos valores do grau de conversão (ANOVA)...83

APÊNDICE C - Análise de variância do peso das amostras (ANOVA)..................... 85

APÊNDICE D – Análise de variância dos valores do grau de conversão faces

irradiada e não irradiada (t-student para dados pareados)....................................... 87

APÊNDICE E – Peso das amostras polimerizadas................................................... 88

APÊNDICE F – Grau de conversão (%) das resinas testadas.................................. 89

Page 16: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

15

1 INTRODUÇÃO

A utilização das primeiras resinas compostas de polimerização física e o

emprego da técnica de fotoativação pela luz ultravioleta, a partir da década de 1970,

trouxe novos rumos para a odontologia restauradora. Esse sistema está em desuso

pelos efeitos nocivos da radiação nesse comprimento de onda, e foi substituído por

fontes de luz visível como lâmpadas de quartzo halógeno de tungstênio (QHT), laser

de argônio, lâmpadas de arco de plasma de xenônio e diodos emissores de luz

(LED).

Nos últimos anos, pesquisadores e fabricantes concentraram-se no

aperfeiçoamento da composição desses materiais ampliando seu uso para uma

grande variedade de aplicações. Modificações na formulação de novos compostos e

o uso de nanotecnologia melhoraram o manuseio, a dureza, a estética e a

resistência ao desgaste, permitindo um grau elevado de satisfação para o paciente e

proporcionando facilidade de uso para o profissional.

A crescente demanda por materiais odontológicos que necessitam de

irradiação luminosa em seu processo de cura tornou mais freqüente o uso de

equipamentos que forneçam a energia necessária para sua aplicação, e exige que

os aparelhos acompanhem a evolução daqueles produtos, sendo capazes de

apresentar um desempenho eficiente diante de todos os materiais fotoativados.

As mais recentes fontes de energia para fotoativação introduzidas no

mercado, os LED, produzem energia luminosa em uma faixa estreita de

comprimento de onda (468 nm + 20), capaz de excitar as moléculas de

Page 17: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

16

canforoquinona (CQ), fotoiniciador que está presente na maioria das resinas

compostas.

São equipamentos que oferecem algumas vantagens sobre as unidades de

lâmpada halógena como a pureza da luz produzida, centrada no pico de absorção

máxima da canforoquinona, ausência ou mínima geração de calor e maior vida útil.

São portáteis e silenciosos.

Mesmo com tantas vantagens, é essencial que os LED concedam às resinas

compostas curadas, propriedades que sejam comparáveis em qualidade às

propriedades obtidas com lâmpadas halógenas. Essas características podem ser

muito próximas ou até melhores quando se utilizam compósitos cujo componente

fotoiniciador é a canforoquinona.

No entanto, se forem utilizadas resinas compostas, ou outros materiais que

contenham fotoiniciadores adicionais (co-iniciadores) ou substitutos da

canforoquinona, que respondem à luz de comprimento de onda diferente do exigido

por essa substância, esses aparelhos podem não ser tão efetivos e o material não

alcançar o grau de conversão esperado.

Entre os problemas associados à polimerização inadequada estão

propriedades mecânicas inferiores, insuficiente retenção da resina ao substrato

dental, maior degradação no ambiente oral, além da presença de monômeros não

polimerizados na resina que poderão ser carreados em direção à polpa e induzir

respostas adversas devido a sua citotoxidade.

As restaurações dentais com materiais resinosos necessitam atingir um ótimo

nível de polimerização para apresentar um desempenho clínico aceitável. Essa é

uma preocupação que direciona diversos estudos para análise da influência de

Page 18: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

17

variados parâmetros na profundidade de cura ou no grau de conversão das resinas

compostas restauradoras, como a composição da carga do material, tonalidade e

translucidez da resina composta, intensidade da luz emitida pelo fotoativador,

distância da saída de luz à superfície da resina composta, espessura da camada de

resina composta empregada, e tempo de irradiação.

Mais recentemente, outra inquietação surgiu junto com as modificações na

composição das resinas restauradoras atuais, devido à incorporação de novas

substâncias iniciadoras e à estreita relação do grau de conversão com o

comprimento de onda da luz emitida pela fonte de energia empregada e o

comprimento de onda da luz absorvida pelo fotoiniciador contido na resina

composta.

Nota-se que pesquisas sobre o grau de conversão das resinas compostas

odontológicas fotoativadas com LED observando-se a variação do componente

fotoiniciador são ainda escassas, e as diferenças encontradas na fotoativação por

meio de LED e lâmpada halógena não estão bem esclarecidas e ainda permanecem

como assunto controverso, o que estimula estudos comparativos para avaliação do

desempenho dessas fontes de luz.

Vários métodos podem ser utilizados para avaliar o grau de conversão, entre

eles, testes de dureza superficial, conteúdo orgânico lixiviável, espectroscopia no

infravermelho com transformadas de Fourier – FTIR, espectroscopia de ressonância

do spin do elétron – ESR, espectroscopia fotoacústica no infravermelho – PAS-IR e

espectroscopia Raman

A espectroscopia Raman está entre as técnicas que permitem obter

informações sobre estrutura molecular e ligações químicas de variados materiais.

Page 19: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

18

Esse é um método que apresenta como vantagens a facilidade de execução e

não destruição da amostra, fornece informações semiquantitativas sobre o grau de

conversão das resinas compostas e, como a presença de água não causa

interferência, pode-se manter a amostra do compósito hidratada simulando a

situação de umidade intrabucal.

A importância que o grau de conversão representa na longevidade das

restaurações de resinas compostas na prática odontológica fundamenta a realização

deste estudo, considerando-se como principais variáveis envolvidas a fonte de

energia e o fotoiniciador presente no material.

Um fato que se apresenta relevante nessa pesquisa é que não foi encontrado

na literatura nenhum relato sobre a aplicabilidade da espectroscopia Raman para

avaliar o grau de conversão das resinas Tetric® Ceram e Filtek™ Supreme. Esse

motivo, associado às peculiaridades da composição de cada uma delas, foram

determinantes na escolha desses materiais como objeto de estudo.

Page 20: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

19

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 REAÇÃO DE POLIMERIZAÇÃO DAS RESINAS COMPOSTAS

O início da reação de polimerização das resinas compostas para restaurações

diretas pode ser promovido por ativação química – sistema peróxido-amina – ou

física – por luz (RAWLS; ESQUIVEL-UPSHAW, 2005).

A formulação das resinas compostas fotoativadas difere daquelas

quimicamente ativadas apenas pelos iniciadores, em sua maioria uma alfa-dicetona,

a canforoquinona (CQ) ou o sistema canforoquinona/dimetil-amino-etil metacrilato

(CQ/DMAEMA), que atua como co-iniciador. As propriedades físicas e químicas são

semelhantes entre as duas e como esta última é apresentada em pasta única,

dispensa a etapa de mistura, eliminando o inconveniente da incorporação de bolhas

de ar à massa, o que compromete a estrutura da restauração. Outra grande

vantagem é a praticidade de uso, proporcionando ao profissional controle sobre o

tempo de trabalho (NAGEN FILHO, 1999).

Os materiais fotoativados polimerizam ao receber luz no comprimento de

onda adequado. Os fótons fornecidos são absorvidos pelas moléculas do

fotoiniciador e excitam estas moléculas que em seu estado ativado promovem a

formação de radicais livres. Esses radicais fazem disparar o gatilho da reação de

polimerização e se tornam parte do polímero formado, por isso não devem ser

confundidos com catalisadores. As moléculas do iniciador são capazes de absorver

apenas os fótons de uma faixa espectral específica (RAWLS; ESQUIVEL-UPSHAW,

2005).

.

Page 21: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

20

A intensidade de luz e o comprimento de onda dos aparelhos são decisivos

na formação do polímero (HALVORSON; ERICKSON; DAVIDSON, 2002; NOORT,

2004; SANTOS; SILVA E SOUZA JÚNIOR; MONDELLI, 2002) e devem ser

suficientes para ativar o fotoiniciador presente no material e produzir um número

aceitável de radicais livres que possam levar a uma adequada polimerização do

material restaurador. Essa intensidade de luz é medida em termos de quantidade de

energia por área de superfície - mW/cm² (RUEGGEBERG, 1993). Para polimerizar

adequadamente restaurações diretas de resina composta a intensidade de luz

mínima necessária é de 400 mW /cm2 (PEREIRA; PORTO; MENDES, 2000).

Em vários estudos foi possível perceber no profissional descaso ou

desconhecimento das variáveis envolvidas quando da utilização de aparelhos

fotoativadores no processo de polimerização das resinas compostas restauradoras,

entre elas, a intensidade de luz da unidade de cura (BRISO et al., 2003; KREIDLER

et al., 2004; MONTENEGRO et al., 2003).

Essa variável é muito importante no comportamento do material e alterações

em seus valores não são percebidas visualmente, sendo, portanto, negligenciadas

pelo operador. A intensidade de luz decresce gradualmente durante a vida útil dos

fotoativadores, podendo atingir até 70% de perda sem que se possa registrar

através do olho humano (LOUGUERCIO et al.,1998). O comprometimento de

qualquer dos componentes do aparelho influi diretamente na intensidade de luz e

pode afetar a qualidade da restauração (BRISO et al., 2003). Os radiômetros seriam

bons auxiliares na clínica para o monitoramento periódico da intensidade de luz

desses aparelhos (RUEGGEBERG, 1993).

Page 22: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

21

O tempo de polimerização indicado pelo fabricante é o tempo mínimo

necessário para adequada fotoativação. Desde que não haja interferência de outras

variáveis, não há prejuízo em se aumentar o tempo de polimerização indicado. A

distância da ponta de luz até a superfície do material deve ser a menor possível,

pois a luz dissipa-se proporcionalmente à distância elevada ao quadrado, ou seja,

se a distância entre a ponteira do fotoativador e o material restaurador for duplicada,

o grau de polimerização se reduzirá a ¼ do inicial (MONTENEGRO et al., 2003).

Fontes de luz azul com comprimentos de onda entre 410 e 500 nm são

extremamente importantes, levando-se em consideração que a canforoquinona,

fotoiniciador mais comum para os materiais odontológicos, possui absorção máxima

dentro desta faixa, com pico de 468 nm (EMAMI; SÖDERHOLM, 2005; GENESTRA

et al., 2000; STANSBURY, 2000).

Devido ao espectro de absorção mencionado anteriormente, a

canforoquinona tem uma coloração amarelada (SKOOG; HOLLER; NIEMAN, 2002),

o que geralmente não constitui problema quando se aplica a materiais restauradores

odontológicos. No entanto, para materiais muito claros ou vernizes protetores

incolores, especialmente aqueles direcionados à prática restauradora pós-

clareamento dental, surgiu a necessidade de adaptação estética dos materiais e

novos sistemas iniciadores foram introduzidos para contornar aquele inconveniente

(BLUEPHASE® – Scientific documentation, 2004).

Iniciadores, como fenilpropanodiona – PPD (1-fenil-1,2-propanodiona), com

espectro de absorção dentro do ultravioleta - �� Páx § 410 nm (PARK; CHAE;

RAWLS, 1999; STANSBURY, 2000), ou Lucirin® TPO (2,4,6-trimetilbenzoildifenil

fosfinóxido), cujo espectro de absorção é característico de um menor comprimento

Page 23: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

22

de onda, na faixa entre 375 e 410 nm (UHL et al., 2003; UHL et al., 2004b),

tornaram-se necessários para solucionar inconvenientes relacionados à estética

(EMAMI; SÖDERHOLM, 2005; PARK; CHAE; RAWLS, 1999), exigindo para sua

polimerização aparelhos fotoativadores que forneçam uma suficiente intensidade de

luz em um comprimento de onda que se estenda abaixo de 450 nm (EMAMI;

SÖDERHOLM, 2005; ROJAS, 2004; UHL et al., 2003).

O Lucirin® TPO ganhou popularidade porque é completamente incolor após a

reação com a luz ser completada e os polímeros produzidos serem menos

amarelados do que aqueles que usam apenas canforoquinona como fotoiniciador. A

diminuição da descoloração relacionada com o iniciador é clinicamente importante

na obtenção e manutenção da cor de restaurações estéticas (BLUEPHASE® –

Scientific documentation, 2004).

A combinação do PPD/CQ favorece a obtenção de maior grau de conversão

quando comparada com o sistema CQ/amina. Esse benefício pode ser atribuído à

geração de radicais livres de duas maneiras distintas por mecanismos de iniciação

distintos (PARK; CHAE; RAWLS, 1999; STANSBURY, 2000). Cerca de 10 % das

resinas compostas disponíveis atualmente no mercado possuem fotoiniciadores

diferentes da canforoquinona (ROJAS, 2004).

Um ponto crucial a ser considerado no tratamento restaurador odontológico

utilizando resina composta é obter restaurações clinicamente satisfatórias por meio

do processo de fotoativação. O mecanismo de fotoativação das resinas compostas

restauradoras requer energia de suficiente intensidade luminosa e comprimento de

onda adequado para ativar o componente fotoiniciador presente nesses materiais,

Page 24: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

23

que ao ser energizado torna-se capaz de reagir com o agente redutor para formar

radicais livres que dão início ao processo (NOMOTO, 1997).

Devido a sua faixa espectral abrangente, as fontes halógenas não têm

nenhuma dificuldade em excitar todos os fotoiniciadores mencionados. As fontes

LED, no entanto, apresentam fatores limitantes como uma estreita faixa de

comprimento de onda atingindo um pico máximo próximo de 470 nm (BENNETT;

WATTS, 2004; UHL et al., 2003).

Stansbury (2000) descreveu em seu trabalho a importância da fonte de luz

empregada no processo de polimerização de resinas fotoativadas, especialmente

quando um fotoiniciador diferente do sistema convencional mais usado,

canforoquinona-amina (CQ/DMAEMA), for o responsável pelo início desta reação.

Materiais odontológicos com outros tipos de sistemas fotoiniciadores, cujo

espectro de absorção estiver fora da faixa de 440-480 nm, não são compatíveis

com uso de LED (ELIPAR™ FREELIGHT, 2005).

Vários fatores atuam decisivamente no grau de conversão das resinas

compostas que é o número de ligações duplas de carbono consumidas durante a

reação química (SOH et al., 2004), entre outros, a composição do material, o tempo

de irradiação, a intensidade e o comprimento de onda da luz (HALVORSON;

ERICKSON; DAVIDSON, 2002; NOORT, 2004), e podem resultar em propriedades

físico-químicas inadequadas, altos níveis de citotoxidade e falhas na restauração

(UHL et al., 2003).

Após o final da reação, na rede polimérica há um conteúdo entre 25% e 50%

de grupos metacrilatos não reagidos. Uma significativa quantidade de monômeros

residuais ou pequenas cadeias de polímeros permanecem sem reagir no interior do

Page 25: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

24

material polimerizado. Este fato tem um impacto tanto na biocompatibilidade como

na estabilidade estrutural do material. Muitas destas moléculas não reagidas podem

estar como terminação de cadeias e são referidas como grupos metacrilatos

pendentes (FERRACANE, 1994; LEE et al., 1998).

2.2 FONTES DE LUZ

A polimerização de materiais restauradores com luz é uma tecnologia

relativamente nova. Na década de 1970, as primeiras unidades fotoativadoras

empregavam luz ultravioleta (365 nm) para reagir com o éter benzóico e induzir a

formação de radicais livres (FRANCO; LOPES, 2003; NAGEN FILHO, 1999); no

entanto, obtinha-se uma baixa profundidade de cura, além de a luz neste

comprimento de onda apresentar efeitos nocivos à saúde, razão pela qual foram

substituídas pelas lâmpadas halógenas que foram padronizadas para uso em

consultórios odontológicos (SHIMOMURA, 1987). A tecnologia de luz halógena foi

aperfeiçoada junto com os compósitos dentais.

Atualmente, há quatro tipos diferentes de tecnologia para a fotoativação

utilizados na prática odontológica: lâmpadas halógenas, lâmpadas de arco de

plasma, laser e LED, havendo grandes variações nos respectivos modos de geração

de luz azul (FRANCO; LOPES, 2003; PORTO, 2004).

Fontes de luz de arco de plasma e laser foram introduzidas na década de

1990 e não foram capazes de competir com as fontes de luz halógenas por

apresentarem algumas desvantagens, como alta produção de calor, alto custo inicial

e maior dificuldade de manutenção (FRANCO; LOPES, 2003).

Page 26: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

25

2.1.1 Lâmpadas halógenas de quartzo de tungstênio

Por mais de vinte anos, os aparelhos utilizados na fotoativação de resinas

compostas emitiam luz a partir de lâmpadas de quartzo halógeno de tungstênio

(QHT) e ainda continuam a ser usados atualmente com bom desempenho, apesar

de algumas limitações inerentes (ASMUSSEN; PEUTZFELDT, 2003), por exemplo,

geram energia luminosa com amplo espectro por emissão termiônica, necessitando

por isso, de um filtro interno para restringir a passagem de luz a um pequeno

segmento espectral de comprimento de onda adequado para iniciar a reação de

polimerização; suas lâmpadas diminuem a intensidade de luz com o uso,

especialmente porque ocorre degradação do bulbo ou do refletor; podem ocorrer

danos na fibra ótica usada para levar a luz até o material restaurador; trincas e

rachaduras na parte interna do filtro possibilitam a passagem de radiação fora do

comprimento de onda aproveitável, induzindo também calor ao elemento dental.

Somadas ou isoladas, essas variáveis podem produzir áreas de polimerização

deficiente (BENNETT; WATTS, 2004; GENESTRA et al., 2000).

Nesses aparelhos a luz é produzida pelo fluxo de uma corrente elétrica

através de um filamento de tungstênio. Esse filamento tem a função de um resistor

que, após ter sido intensamente aquecido pela corrente, emite radiações

eletromagnéticas sob a forma de luz visível. A base física deste fenômeno é o fato

de que objetos aquecidos emitem radiações eletromagnéticas (ELIPAR™

FREELIGHT, 2005).

Em geral, as lâmpadas halógenas são construídas do mesmo modo que as

lâmpadas comuns de filamento. A temperatura do filamento, entretanto, é mais alta

Page 27: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

26

cerca de poucas centenas de graus. Dessa forma, a eficiência é significativamente

aumentada, isto é, mais claridade com a mesma intensidade. Assim como as

lâmpadas elétricas, têm um ciclo de vida curto porque o tungstênio evapora rápido a

temperaturas muito altas. O filamento pode alcançar a temperatura de fusão em

alguns pontos mais finos dentro de poucas horas e causar a queima da lâmpada.

Para evitar uma reação semelhante, halógenos, a maioria iodo, são adicionados à

carga de gás e provocam a evaporação do tungstênio para formar tungstênio iodado

sobre a superfície interna do bulbo de vidro relativamente frio. O tungstênio iodado é

decomposto em tungstênio e iodo sobre os filamentos aquecidos a temperaturas

extremamente elevadas, prevenindo a queima do bulbo e possibilitando uma

temperatura operacional mais alta da luz. Como esta reação é iniciada apenas acima

de 250oC, a parede do bulbo deve aquecer até ultrapassar esta temperatura, por

isso, são construídos tão pequenos quanto possível e são feitos de vidro de sílica

(BLUEPHASE® – Product dossier, 2004; BLUEPHASE® – Scientific documentation,

2004).

Esse tipo de tecnologia não permite produzir luz azul seletiva (BENNETT;

WATTS, 2004; GENESTRA et al., 2000; UHL et al., 2004a).

2.1.2 LED azul

Diodos emissores de luz azul – LED são as mais recentes fontes de energia

usadas na fotoativação de materiais odontológicos. Disponíveis comercialmente a

partir de 2001, esses equipamentos alcançaram grande desenvolvimento em curto

espaço de tempo.

Page 28: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

27

Ao contrário das lâmpadas halógenas, não produzem luz visível através do

aquecimento de filamentos metálicos. Os LED produzem efeitos mecânicos

quânticos. Em outras palavras, são a combinação de dois semicondutores

diferentes, isso é, semicondutores tipo-n e tipo-p. Se essas zonas de

semicondutores são bombeadas uma dentro da outra, a junção p-n é criada,

formando uma camada isolante entre um material tipo-p e um tipo-n. Essa

construção é chamada um diodo semicondutor. Um diodo emissor de luz é nada

mais que um diodo semicondutor operado na direção da corrente. O terminal

negativo do circuito está conectado à camada do tipo-n (fonte) e o terminal positivo

está conectado à camada tipo-p (anodo). Então, os elétrons fluem através do

semicondutor. Durante a recombinação dos elétrons extras do material do tipo-n com

os “buracos” do material do tipo-p, a diferença de energia é liberada como fótons

(BLUEPHASE® – Scientific documentation, 2004). O resultado é a emissão de uma

luz especial com um comprimento de onda específico produzida unicamente pelo

movimento de elétrons no semicondutor (BLUEPHASE® – Scientific documentation,

2004; ELIPAR™ FREELIGHT, 2005; SOH et al, 2004).

A abrangência do comprimento de onda da luz emitida é determinada pela

escolha dos materiais semicondutores em combinação com o respectivo material

dopado. Os semicondutores mais freqüentemente utilizados são tipos III-V, dos

elementos do terceiro e do quinto grupo da tabela periódica. Essas substâncias são

do tipo fosfato de gálio (GaP), arseneto de gálio alumínio (AlGaAs), ou nitrito de gálio

(GaN) (BLUEPHASE® – Scientific documentation, 2004).

Em comparação com as lâmpadas halógenas convencionais, a luz produzida

pelos LED possui uma distribuição espectral mais estreita, atingindo um pico máximo

Page 29: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

28

próximo de 470 nm. Essa é a principal diferença entre a luz gerada pelos LED e

pelas lâmpadas halógenas (BENNETT; WATTS, 2004; UHL et al., 2003).

Leonard et al. (2002) observaram em seu estudo que o espectro de emissão

de luz das fontes LED esteve 78% a 95% dentro da faixa entre 450 e 500 nm,

enquanto que apenas 56% da luz emitida pela fonte halógena esteve dentro desse

limite. Isso seria um indicador da efetividade das fontes LED, mas para garantir uma

polimerização segura com estes aparelhos, os materiais devem ter a

canforoquinona como fotoiniciador.

Os LED apresentam algumas vantagens sobre os aparelhos QHT: mínima

geração de calor, o que torna desnecessário o uso de ventiladores para refrigeração

e conseqüentemente a eliminação de ruídos; consomem pouca energia no processo

de emissão de luz e podem ser usados com baterias recarregáveis, sendo, portanto,

mais práticos, portáteis e leves (LEONARD et al., 2002; SOH et al., 2004); são

capazes de operar por milhares de horas sem redução importante na emissão de luz

(BENNETT; WATTS, 2004; SOH et al, 2004).

Os diodos emissores de luz comercialmente disponíveis para fotoativação de

resinas compostas ainda necessitam de melhorias para se adequar e se equiparar à

cura obtida por fontes de luz halógena. O uso dessa tecnologia como rotina nos

consultórios odontológicos necessita de estudos adicionais para determinar o grau

de conversão e testes de propriedades físicas e mecânicas. Para aceitação clínica,

não há um valor mínimo absoluto de dureza da resina composta, mas parece ser

prudente que novas tecnologias possam ser capazes de, no mínimo, equiparar as

propriedades e performance clínica do material (DUNN; BUSH, 2002).

Page 30: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

29

Comparadas às propriedades físicas da resina composta TPH (Dentsply

DeTrey GmbH, Germany), fotoativada com diodos emissores de luz e fontes de

lâmpadas halógenas, as amostras polimerizadas com protótipos de LEDs de alta

potência mostraram dureza similar à de compósitos polimerizados com fontes

halógenas, enquanto que a dureza das que foram polimerizadas com LEDs

comerciais decresceu com a profundidade das amostras e o tempo de exposição

(MILLS et al., 2002).

La Torre et al. (2003) concluíram em seu estudo de revisão da literatura que

as propriedades físicas e mecânicas, grau de conversão, profundidade de cura e

dureza final dos compósitos curados com LED são similares aos valores

encontrados com lâmpadas halógenas.

Asmussen e Peutzfeldt (2003) avaliaram a resistência flexural, profundidade

de cura, contração de polimerização e grau de conversão das resinas compostas

Z250 (3M ESPE), Pertac II (3M ESPE) e Definite (Degussa), fotoativadas com

fontes de energia LED e QHT. A resina Definite, segundo o seu fabricante, contém

um fotoiniciador diferente da canforoquinona como iniciador principal. Os resultados

mostraram que as propriedades das resinas compostas curadas com LED foram

iguais ou inferiores àquelas obtidas com fonte de lâmpada halógena.

Os LED utilizados na pesquisa de Leonard et al. (2002) necessitaram de

maior tempo de irradiação para curar adequadamente resinas híbridas ou de

micropartículas quando comparados às fontes halógenas.

Uhl et al. (2003) testaram quatro resinas compostas, duas contendo co-

iniciadores adicionais ao iniciador padrão, a canforoquinona (Definite – Degussa

AG, Hanau, Germany, e Solitaire2 – Heraeus Kulzer, Dormagen, Germany). Os

Page 31: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

30

compósitos que continham co-iniciadores apresentaram diferença estatística

significantes. Valores menores de dureza superficial foram registrados na superfície

e na base destas amostras quando fotoativadas com LED. Devido a seu restrito

espectro de emissão, esses aparelhos somente conseguem polimerizar materiais

com uma absorção máxima entre 440 e 490 nm, ou seja, os que usam

canforoquinona como fotoiniciador (ROJAS, 2004). Por isso, devem ser

empregados com atenção em compósitos que contêm co-iniciadores que absorvem

comprimentos de onda fora do espectro emitido pelo aparelho (UHL et al., 2003).

Bennett e Watts (2004) analisaram o desempenho de dois aparelhos diodos

emissores de luz em termos de sua potência e irradiação e a profundidade de cura

de resinas que diferiram em sua formulação pela presença de um fotoiniciador

adicional respondendo no comprimento de onda de §�����QP�� FRQFOXLQGR�TXH�RV�LED têm um espectro de energia suficiente para resinas convencionais – que

apresentam o sistema CQ/DMAEMA, e têm uma baixa potência de irradiação

quando comparados com fontes de luz halógenas, apresentando desempenho

reduzido na profundidade de cura.

2.3 GRAU DE CONVERSÃO DA RESINA COMPOSTA

O grau de conversão reflete a eficácia da polimerização. É fundamental não

confundir grau de polimerização com grau ou índice de conversão. Grau de

polimerização pode ser “definido como o número de unidades de monômeros, numa

molécula de polímero; e o índice de conversão é a capacidade reativa destes

radicais”, isso é, é a capacidade de transformar os monômeros em polímeros; a

Page 32: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

31

mensuração deste índice pode ser feita avaliando-se a quantidade de monômeros

residuais que não reagiram na formação do polímero (NAGEN FILHO, 1999, p. 31).

Sano e Melo (1999) observaram em seu estudo com amostras de resina

composta à base de Bis-GMA e carga inorgânica de zircônia e sílica, após serem

fotoativadas de maneira convencional, analisadas por espectroscopia de

ressonância do spin do elétron – ESR, que ocorre polimerização posterior à

irradiação luminosa, a chamada polimerização pós-cura, e que isso ocorre graças

aos radicais livres remanescentes da fotoativação. Nos primeiros instantes eles são

altamente reativos, depois metade dos radicais não reagidos são convertidos em

polímeros dentro de um a dois dias. Após esse período, a quantidade de radicais

livres continua diminuindo lentamente até o final de um mês.

Muitos fatores podem influenciar a qualidade da polimerização dos materiais

fotoativados: a intensidade e o comprimento de onda da luz emitida pelo aparelho

utilizado, o tempo de irradiação, a composição do material, entre outros

(HALVORSON; ERICKSON; DAVIDSON, 2002; NOORT, 2004). O diâmetro da

ponta ativa do fotoativador também influi diretamente na intensidade de luz (NITTA,

2005). Todos esses fatores atuam decisivamente no grau de conversão das resinas

compostas, que é o percentual de duplas ligações de carbono que foram convertidas

a ligações simples durante a reação (RAWLS; ESQUIVEL-UPSHAW, 2005), e

influem na obtenção de propriedades físico-químicas adequadas e no seu

comportamento clínico, diretamente refletido nos níveis de citotoxidade e falhas na

restauração (UHL et al., 2003).

Alguns parâmetros interferem na transmissão de luz durante a

fotopolimerização, e conseqüentemente no grau de conversão das resinas

Page 33: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

32

compostas: a espessura da amostra, a cor e translucidez dessas resinas, a

intensidade da fonte de luz e a distância entre a ponta de saída de luz e a superfície

do material (LELOUP et al., 2002; YOON et al., 2002).

Uma importante redução na profundidade de cura foi observada por Leloup

et al. (2002) em amostras de espessuras diversas: 1, 1,5, 2, 2,5 e 3 mm. As

amostras de até 2 mm apresentaram maior grau de conversão, concordando com o

estudo de Louguercio et al. (1998).

O mesmo comportamento foi notado quando a distância da saída de luz até a

amostra foi reduzida, por isso, essa distância deve ser a menor possível

(MONTENEGRO et al., 2003; NOORT, 2004).

2.3.1 Métodos utilizados para medir o grau de conversão

Pesquisas sobre a polimerização dos compósitos odontológicos têm sido

conduzidas há mais de trinta anos, tendo sido empregados métodos variados para

determinar o grau de conversão dos monômeros, ou seja, o grau de ligações

cruzadas destes materiais (YOON et al., 2002).

Métodos diretos são pouco utilizados para avaliar o grau de conversão das

resinas compostas. Têm custo alto e consomem muito tempo, razões pelas quais

muitos pesquisadores empregam métodos indiretos, como afloramento de conteúdo

orgânico lixiviável, testes de raspagem, testes de dureza e métodos

espectrométricos (RUEGGEBERG; CRAIG, 1988).

O método de avaliação dos componentes não reagidos lixiviáveis consiste

em imergir as amostras de resina composta, após a fotoativação, em água ou

Page 34: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

33

soluções contendo água e solventes orgânicos como o etanol (FERRACANE, 1994;

YAP et al., 2004).

O lixiviamento vem do processo de difusão e ocorre sem necessidade de

quebras de ligações químicas (LEE et al., 1998).

Em 24 horas, 85% a 100% dos componentes lixiviados podem aflorar

(FERRACANE; CONDON, 1990). Todos os componentes das resinas compostas

podem ser lixiviados em solução. Monômeros, ativadores e inibidores de

polimerização. A respeito da quantidade, os monômeros compõem a maior parte,

uma vez que estão em maior proporção. Alguns fatores afetam o processo de

afloramento. Um deles é a extensão da reação de polimerização, isso é, o número

de monômeros não reagidos presentes. Outro fator é a química do solvente, e o

tamanho e a composição química dos componentes que podem ser aflorados.

Moléculas pequenas têm maior mobilidade e espera-se que elas sejam mais

rápidas que moléculas grandes. Para uma única resina composta, o percentual dos

componentes aflorados pode ser relacionado com o grau de conversão, entretanto,

o método não permite uma comparação segura entre resinas compostas de

composição diferente (FERRACANE, 1994).

Após o período determinado no experimento, as amostras podem ser

avaliadas pela perda de massa, aferindo-se o peso em balança analítica diversas

vezes até que o mesmo permaneça sem alterações, indicando que houve

estabilização (FERRACANE; CONDON, 1990; FERRACANE, 1994; MORAES,

1999), ou os compostos liberados podem ser estudados por cromatografia líquida

de alta eficiência (HPLC) e espectrometria de massa (LEE et al., 1998).

Page 35: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

34

Lee et al (1998) relataram em seu estudo que o lixiviamento dos

componentes ou a degradação a que são susceptíveis os polímeros dentais levaria

à formação de subprodutos que poderiam provocar impacto, tanto na estabilidade

estrutural como na biocompatibilidade da resina. Os componentes podem ser

lixiviados, para fora da matriz de polímero, através dos fluidos salivares, ou se

difundir em direção à polpa. As resinas à base de Bis-GMA mostraram ser menos

afetadas pelos solventes que as outras testadas.

Testes de dureza são muito usados como método indireto para avaliar o grau

de conversão de resinas compostas e comparar a eficiência de fontes de luz usadas

para polimerização (CONSANI et al., 2002; DIETSCHI; MARRET; KREJCI, 2003;

DUNN; BUSH, 2002; LEONARD et al., 2002; MARTINS et al., 2002; MUSANJE;

FERRACANE, 2004; NITTA, 2005; PRICE; FELIX; ANDREOU, 2003; 2005;

SOARES et al., 2004; ST-GEORGES et al., 2003; UHL et al., 2004a; UHL et al.,

2004b; WITZEL et al., 2005; YOON et al., 2002).

Nos estudos de dureza superficial utiliza-se um endentador ou ferramenta de

penetração. Os endentadores variam em suas formas, podendo apresentar o

formato de uma bola (Brinell), uma pirâmide (Vickers ou Knoop) ou um cone

(Rockwell), e obviamente são mais duros do que o material a ser testado para

produzir marcas na superfície do material depois de forçado contra ela por certo

período de tempo. O tamanho dessa marca é então mensurado e um número

empírico de dureza pode ser calculado (NOORT, 2004).

Podem-se empregar também testes de raspagem, nos quais a resina

composta não polimerizada da superfície da amostra que não foi diretamente

irradiada é raspada, e a diferença entre a espessura inicial da amostra e a

Page 36: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

35

espessura do remanescente é definida como a profundidade de cura (ASMUSSEN;

PEUTZFELDT, 2003).

Os métodos espectrométricos abrangem um grupo de métodos analíticos

baseados em espectroscopia atômica e molecular. Espectroscopia é um termo geral

para a ciência que estuda a interação dos diferentes tipos de radiação com a

matéria. Atualmente o termo foi ampliado para incluir as interações entre matéria e

outras formas de energia, como ondas acústicas, e os feixes de partículas, como

íons e elétrons. Os métodos mais utilizados fazem uso da radiação eletromagnética,

sendo a luz visível e o calor radiante as mais comuns e raios gama, raios X,

radiações ultravioleta, microondas e radiofreqüência as menos evidentes (SKOOG;

HOLLER; NIEMAN, 2002).

Na literatura, entre os métodos de espectroscopia usados na investigação do

grau de conversão, encontramos a ESR – espectroscopia de ressonância do spin

do elétron (TESHIMA et al., 2003); espectroscopia fotoacústica no infravermelho –

PAS-IR (CALHEIROS et al., 2004), espectroscopia no infravermelho com

transformadas de Fourier – FTIR (ASMUSSEN; PEUTZFELDT, 2003;

BOUSCHLIECHER; RUEGGEBERG, 2000; GAUTHIER et al., 2005; HALVORSON;

ERICKSON; DAVIDSON, 2002; IMAZATO et al., 2001; LOHBAUER et al., 2005;

MUSANJE; FERRACANE, 2004; OBICI et al., 2004; PIANELLI et al., 1999;

SILIKAS; ELIADES; WATTS, 2000; YOON et al., 2002) e espectroscopia Raman –

SR (CONTI et al., 2005; DE SANTIS; BALDI, 2004; EMAMI; SÖDERHOLM;

BERGLUND, 2003; GAUTHIER et al., 2005; LELOUP et al., 2002; LINDBERG;

EMAMI; VAN DIJKEN, 2005; SHIN et al., 1993; SOARES, 2002; SOARES et al.,

2004; SOARES et al., 2005; WITZEL et al., 2005).

Page 37: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

36

A espectroscopia micro-Raman – SR, quando comparada com espectroscopia

no infravermelho com transformadas de Fourier – FTIR, mostrou-se uma técnica fácil

e aplicável para avaliar o grau de conversão de resinas à base de metacrilato, e

muito mais fácil e mais adequada do que a técnica FTIR (PIANELLI et al., 1999).

Como as amostras para FTIR precisam ser pulverizadas, o procedimento consome

muito tempo e os resultados podem refletir a polimerização de uma pequena área da

amostra e, neste caso, fornecer resultados imprecisos quando a cura da resina

composta não se dá por igual em toda a amostra (SOH et al., 2004).

Uma vantagem importante dos espectros Raman sobre os do infravermelho é

que a água não causa interferência, podendo ser obtidos espectros de soluções

aquosas ou amostras com certa fração de água (SKOOG; HOLLER; NIEMAN,

2002).

O espectro de espalhamento Raman e o espectro de absorção no

infravermelho se assemelham muito. Existem, no entanto, diferenças suficientes

entre tipos de grupos que são ativos no infravermelho e no Raman para torná-las

técnicas complementares ao invés de competitivas (SKOOG; HOLLER; NIEMAN,

2002).

2.4 ESPECTROSCOPIA RAMAN

Em 1928, o físico indiano C. V. Raman descobriu, experimentalmente, que o

comprimento de onda visível de uma pequena fração da radiação espalhada por

certas moléculas difere daquele do feixe incidente, e que os deslocamentos de

comprimento de onda dependem da estrutura química das moléculas responsáveis

Page 38: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

37

pelo espalhamento (SKOOG; HOLLER; NIEMAN, 2002), embora este efeito já tivesse

sido previsto teoricamente por Smekal em 1923 (SALA,1996).

Os espectros Raman são obtidos irradiando-se uma amostra com uma fonte

laser potente, de radiação monocromática no visível ou no infravermelho próximo.

Durante a irradiação, o espectro da radiação espalhada é medido em um certo

ângulo, geralmente 90 graus, com um espectrômetro apropriado, exceto quando se

utiliza a espectroscopia Raman ressonante. As fontes laser mais comuns na

espectroscopia Raman são íon argônio (488,0 ou 514,5 nm), íon criptônio (530,9 ou

647,1 nm), hélio-neônio (632,8 nm), laser de diodo (782 ou 830 nm) e neodímio:

YAG (1064 nm) (SKOOG; HOLLER; NIEMAN, 2002).

Na obtenção do espectro Raman, a radiação emitida é de três tipos:

espalhamento stokes, quando uma pequena fração da luz incidente tem sua energia

diminuída, espalhamento anti-stokes, quando tem sua energia aumentada, e

espalhamento Rayleigh, cujo comprimento de onda é exatamente o da fonte de

excitação, e é significantemente mais intenso que os outros. A magnitude dos

deslocamentos Raman é independente do comprimento de onda de excitação.

Assim, padrões de deslocamento idênticos do mesmo analito serão observados, não

importando se a excitação foi feita com laser de íon argônio (488,0 ou 514,5 nm) ou

hélio-neônio (632,8 nm), por exemplo. A excitação espectral é normalmente feita por

radiação de comprimento de onda bem distante dos picos de absorção do analito

(SKOOG; HOLLER; NIEMAN, 2002).

Métodos vibracionais, como Espectroscopia Raman, permitem uma avaliação

precisa do grau de conversão, isto é, da percentagem de grupos vinil convertidos

em funções alifáticas, de resinas compostas de metacrilato. Esta estimativa é feita

Page 39: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

38

comparando-se as bandas vibracionais das duplas ligações de carbono (C=C)

alifáticas do metacrilato residual não polimerizado com as bandas das duplas

ligações de carbono aromáticas que podem ser usadas como padrão interno, pois

não variam durante a polimerização (EMAMI; SÖDERHOLM, 2003; PIANELLI et al.,

1999). Esse é um método que fornece informações quantitativas sobre o grau de

polimerização das resinas compostas, sendo capaz de detectar diferenças no

espectro Raman obtido de diferentes pontos da superfície, possuindo para isto alta

resolução espacial (DE SANTIS; BALDI, 2004). A técnica mostrou-se efetiva e

confiável para o estudo do grau de conversão das resinas compostas (CONTI et al.,

2005).

Como vantagens sobre as outras técnicas vibracionais, como FTIR, essa

possui a capacidade de fornecer medidas diretas dos grupos metacrilatos não

reagidos, pouco ou nenhum preparo dos corpos-de-prova, bem como ser um

método não destrutivo (MIYAZAKI et al., 2003; PIANELLI et al., 1999; SOH et al.,

2004).

Por todas essas razões, a espectroscopia Raman pode ser uma técnica mais

conveniente e precisa do que FTIR para determinar o grau de conversão de resinas

compostas (SOH et al., 2004).

Page 40: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

39

3 PROPOSIÇÃO

Esta pesquisa teve por objetivos:

1. Verificar a influência da interação entre fotoiniciadores e fontes de energia sobre o

grau de conversão de resinas compostas

2. Medir o grau de conversão de resinas compostas fotoativadas com fontes de luz

LED e lâmpada de quartzo halógeno de tungstênio - QHT;

3. Estabelecer a eficácia de aparelhos LED e QHT na fotoativação de resinas

compostas com diferentes fotoiniciadores em sua composição por meio de

espectroscopia Raman.

Page 41: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

40

4 MÉTODO

4.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

Os fatores em estudo foram resinas compostas (três níveis) e fontes de

energia (2 níveis). As unidades experimentais representadas por sessenta amostras

de resina composta polimerizada foram distribuídas aleatoriamente em seis grupos

(n=10). A variável de resposta, grau de conversão, foi avaliada por meio de

espectroscopia Raman, em um delineamento inteiramente ao acaso.

4.2 EQUIPAMENTOS

Foram utilizados neste experimento dois aparelhos fotoativadores: L. E.

Demetron 1 (DEMETRON/KERR, Danbury, CT, USA), com fonte de luz LED e

Optilux 401 (DEMETRON/KERR, Danbury, CT, USA), com lâmpada halógena

(Figuras 1-A e 1-B, respectivamente).

Os espectros Raman foram obtidos empregando-se um sistema de

espectroscopia Raman com transformada de Fourier - FT-Raman, RFS 100/S

(BRUKER INC, Karlsruhe Germany), usando laser de Nd-<$*� ��� ����� QP��� do

Laboratório de Espectroscopia Vibracional Biomédica do Instituto de

Desenvolvimento e Pesquisa da Universidade do Vale do Paraíba – UNIVAP (Figura

1-C).

Page 42: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

41

Figura 1 - Equipamentos utilizados na pesquisa

A – L.E.Demetron 1 B – Optilux 401 C – Sistema FT-Raman

4.3 MATERIAL

As resinas compostas empregadas neste experimento estão descritas no

quadro abaixo (Figura 2). As cores foram selecionadas entre as mais claras

disponibilizadas pelos fabricantes.

A

B

Page 43: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

ERROR: undefined

OFFENDING COMMAND: FB75972BA566FB7536DB5566FB75871B95A

STACK:

Page 44: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 45: INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E …livros01.livrosgratis.com.br/cp004857.pdf · INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE FOTOINICIADORES E FONTES DE ENERGIA SOBRE O GRAU

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo