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GESTÃO DO CONHECIMENTO
Nos dias de hoje, com a velocidade das mudanças cada vez maior, o
conhecimento torna-se a principal vantagem competitiva da organização. Saber
como organizar o conhecimento é crítico para o êxito e sobrevivência do
negócio. A maior parte do conhecimento das organizações está na mente das
pessoas que as compõem. Por isso, as pessoas com maior qualificação são
mais valorizadas. O que uma organização e seus empregados sabem está no
cerne da sua forma de atuação.
O capital intelectual é a soma dos conhecimentos, informações, propriedade
intelectual e experiências de todos em uma empresa, que podem ser utilizados
para gerar riquezas e vantagem competitiva. Ao contrário de ativos como
imóveis, fábricas, equipamentos e dinheiro, o capital intelectual é intangível. É
ele quem permite que a empresa reaja mais rápido que a concorrência; que
lance novos produtos; que antecipe as necessidades do mercado. O capital
intelectual é como a rede eletrônica que transporta informação na empresa na
velocidade da luz. Um de seus pressupostos é a cooperação – o aprendizado
compartilhado – entre a empresa e seus clientes, que forja uma ligação entre
eles, trazendo, com freqüência, o cliente de volta.
6.1 Definições
O conhecimento envolve aspectos mais amplos e profundos do que a
informação. “O conhecimento é uma mistura fluída de experiência estruturada,
valores, informações contextuais e conhecimento técnico que proporciona uma
referência para avaliar e incorporar novas experiências em informações”
(Davenport e Prusak). Ele esse origina e é aplicado na mente das pessoas que
possuem conhecimento. Nas organizações, torna-se embutido não só em
documentos ou em depositários, mas também nas rotinas, processo, normas e
práticas organizacionais.
Conhecimento também pode ser definido como conteúdo de valor agregado do
pensamento humano, derivado da percepção e manipulação inteligente das
informações. É a base de ações inteligentes. O conhecimento é adquirido por
meio das informações, as quais são obtidas por meio dos dados. Melhores
conhecimentos devem gerar melhores decisões.
6.2 Gestão do Conhecimento
Por trás da importância da gestão do conhecimento a um fato simples: uma
quantidade enorme do conhecimento da organização não pertence à
organização, e sim aos indivíduos que a compõem. Muitas vezes, quando
alguém deixa a empresa sua experiência vai embora com essa pessoa. Mesmo
que ela tenha permanecido muito tempo nessa empresa, poucos se beneficiam
de suas idéias.
O conhecimento existente na organização pode ser usado para criar vantagem
diferencial, ou seja, a gestão do conhecimento abrange a soma de tudo o que
todos em uma empresa conhecem e que confere a empresa vantagem
competitiva.
Assim, podemos definir gestão do conhecimento como o conjunto de esforços
ordenados e sistematizados visando a criar novo conhecimento, difundi-lo na
organização para os que dele precisam e incorporá-lo a produtos, serviços e
sistemas, bem como a protegê-lo contra o uso indevido.
O primeiro ponto para implementar uma gestão do conhecimento é definir os
critérios para escolher que tipo de conhecimento a empresa planeja obter e qual
a forma de conseguí-lo. Em muitos casos, apenas uma fração do conhecimento
disponível pode ser sistematicamente capturado e distribuído. Assim, a seleção
é crucial. Além disso, uma parte do conhecimento é tácito1, isto é, não foi
articulado ou tornado explícito2, ou não está ainda no nível verbal e não se
presta a ser descrito ou traduzido em categorias formais e codificadas.
________________
1 – Conhecimento tácito é o conhecimento pessoal e difícil de formalizar, transmitir e
compartilhar. Corresponde ao conhecimento adquirido pela experiência, pelas habilidades e
destreza obtidas pela vivência nas atividades do dia a dia.
2 - Conhecimento explícito é aquele que pode ser expresso sob a forma de números e
palavras. Corresponde ao conhecimento abstraído da linguagem formal (oral e escrita).
É importante distinguir o conhecimento tácito do explícito. O conhecimento
tácito é algo dificilmente visível e exprimível. É muito pessoal e difícil de
formalizar, o que dificulta sua transmissão e compartilhamento. O conhecimento
explícito pode ser processado por computador, transmitido eletronicamente ou
armazenado em banco de dados. No entanto, a natureza subjetiva e intuitiva do
conhecimento tácito dificulta o processamento ou a transmissão do
conhecimento adquirido por qualquer método sistemático ou lógico.
De acordo com Nonaka e Takeuchi o conhecimento individual é transferido para
a organização através de um mecanismo denominado “espiral do
conhecimento”, onde o conhecimento tácito é disseminado e transformado em
conhecimento explícito, por meio de quatro formas de conversão que são:
socialização (tácito em tácito), internalização (tácito em explícito), combinação
(explícito em explícito) e externalização (explícito em tácito). Esta transposição
pode estar diretamente ligada a cultura organizacional. A cultura é um produto
do aprendizado em grupo que se desenvolve através do compartilhar de um
conjunto de crenças, valores símbolos e normas.
Figura 1 - Processos de Conversão do Conhecimento ( Nonaka & Takeuchi)
6.3 Processos de Gestão do Conhecimento
Na operação diária de uma empresa, os passos que compõem o ciclo para
gerenciamento do conhecimento são recursivos, como também podem ser
descontínuos. Os diversos ativos de conhecimento organizacional apresentam-
se em passos distintos do ciclo, tudo isso simultaneamente. Os diferentes ciclos
de gestão do conhecimento em ação interagem entre si, ou seja, o passo de
Conhecimento
Tácito
Conhecimento
Explícito
Conhecimento
Tácito
Conhecimento
Explícito
Socialização Externalização
Internalização Combinação
aprendizado em determinado ciclo de conhecimento pode estar colaborando
para identificação de uma nova necessidade de conhecimento, iniciando assim
um novo ciclo para uma nova necessidade de conhecimento, e, eventualmente,
até estar descontinuando o ciclo do conhecimento originário.
Os passos do ciclo interagem como a informação buscando aumentar as
possibilidades de prover novas informações, que podem facilitar a geração de
novos conhecimentos. Por esta razão, cada passo do ciclo pode estar
manuseando tanto informação quanto conhecimento organizacional.
6.3.1 Passos que compõem o ciclo de gerencia de conhecimento
Identificar necessidade de informação ou conhecimento: é bastante
difícil entender como os gerentes e funcionários percebem seus
ambientes informacionais. Isso requer ações que envolvem várias
perspectivas: política, psicológica, cultural e estratégica. Algumas
técnicas empregadas para isso são: o resultado dos fatores críticos de
sucesso, análise de sessões conhecidas como JAD (Joint Application
Design).
Obter informações ou conhecimento: conjunto de ações ininterruptas
de exploração do ambiente informacional da empresa, que envolvem
atividades humanas e automatizadas.
Distribuir a informação ou conhecimento: a principal definição nesse
passo é quanto à definição da entrega da informação ou do
conhecimento ao usuário, se ela será divulgada (distribuída) ou se ela
será disponibilizada (aguardando a ser procurada).
Utilizar a informação ou conhecimento: contempla práticas que
estimulam comportamentos de uso da informação, como declarações e
pronunciamentos do alto escalão da empresa, vínculo do uso da
informação ao processo de avaliação do desempenho dos profissionais.
Apreender com as informações ou conhecimentos gerados: esse é o
passo de transição entre aplicação e geração de novas idéias,
responsável por alavancar o valor potencial de uma solução exitosa ou
fracassada em uma idéia com implicações globais.
Contribuir com a geração de conhecimento: criar a consciência da
importância em transferir conhecimento aprendidos por indivíduos e
equipes para o restante da organização.
Avaliar os conhecimentos da organização: requer a definição do
conhecimento necessário para o sucesso da empresa, mapeando a
capital intelectual atual, em contraste com as necessidades futuras de
conhecimento.
Construir e sustentar a infra-estrutura de conhecimento
organizacional: envolve desenvolver e apoiar a infra-estrutura e as
pessoas que são necessárias para aumentar e renovar o conhecimento
indispensável à missão.
Descartar conhecimento não relevantes: o descarte pode ser feito
através da conversão dos investimentos em conhecimentos de pouco
retorno para outras fontes de maior valor.
Figura 2 – Passos que compõem o ciclo para gerenciamento do conhecimento
6.4 Organizações que aprendem
As organizações que apreendem são aquelas com capacidade para criar,
adquirir e transferir conhecimento, bem como para modificar seu
comportamento para refletir novos conhecimentos e discernimentos.
É preciso não só compreender as necessidades de mudanças como fazê-las
acontecer. Sem mudanças na maneira como o trabalho é feito, existe apenas
potencial para melhoras.
Para terem sucesso, as organizações têm de descobrir como cultivar o
comprometimento e a capacidade de aprender em todos os seus níveis. Além
da capacidade de aprender temos que adicionar a capacidade de armazenar,
recuperar e transferir os conhecimentos. O capital já não é rei; as competências
e conhecimentos das pessoas são. O contrário disto é que a empresa de
sucesso é a que consegue aprender eficazmente.
A aprendizagem organizacional tem sua unidade central no indivíduo como
entidade primária deste processo. A partir deste, criam-se formas
organizacionais que capacitam a geração do conhecimento e a mudança
organizacional, traduzindo-se em um nível superior e sustentável de
performance. Desta forma, a aprendizagem parece constituir-se em uma
característica fundamental pelas quais as empresas acumulam competências
habilidades tornando-se competitivas.
As abordagens sobre organizações que aprendem enfatizam a capacidade das
empresas precisarem se adaptar às mudanças que ocorrem no mundo. Peter
Senge considera esta capacidade como uma das etapas do processo de
aprendizagem e menciona cinco disciplinas fundamentais para a constituição de
organizações capazes de aprender:
raciocínio sistêmico, definido como a estrutura conceitual cujo objetivo
seria tornar clara a visão de conjunto a partir da qual as alterações
necessárias à melhoria da organização seriam identificadas;
domínio pessoal, entendido como a capacidade de os indivíduos da
organização esclarecerem e buscarem a efetivação de suas aspirações
pessoais;
modelos mentais, identificados como as idéias profundamente
arraigadas, generalizações e imagens que influenciam a visão de mundo
e os comportamentos pessoais;
objetivo comum, considerado como a busca de imagens do futuro que
promoveriam o engajamento dos membros da organização;
aprendizado em grupo, considerado como decorrente da capacidade de
reconhecer os padrões de interação entre integrantes de um grupo
capazes de favorecer ou dificultar seu desempenho conjunto.
Assim, a aprendizagem organizacional está diretamente condicionada a
relevância do aprendizado individual para a eficiência da formação do
conhecimento organizacional. Nesse sentido, alguns aspectos devem ser
observados como a estratégia competitiva, a cultura organizacional e a gestão
de pessoas.
Não podemos acreditar que a forma de transmitir conhecimento para os
indivíduos seja apenas por meio de treinamentos, salas de aula ou palestras. É
importante que nesta iteração o foco principal seja o aprendiz, que deve estar
consciente de sua responsabilidade nos processos de aprendizagem individual
e organizacional.
Uma vez estimulado e consciente de sua importância para o aprendizado
organizacional, o indivíduo pode ser um agente de mudança na organização,
atuando em equipes que estarão constantemente comunicando-se e
compartilhando conhecimento, o que concorre para a eficácia organizacional.
6.4.1 Características de Organizações que aprendem
Experimentação de novas abordagens;
Aprendizagem por meio da sua própria experiência e história;
Aprendizagem por meio da experiência e prática dos outros;
Transferência de conhecimento rápida e eficiente em toda a organização.