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CENTRO DE PESQUISA E EXTENSÃO PESQUEIRA DO NORDESTE - CEPENE
INFORME SOBRE A REPRODUÇÃO DAS LAGOSTAS
(Panulirus argus e Panulirus laevicauda)/
PROVENIENTES DE CAPTURAS COMERCIAIS, NO
ESTADO DE PERNAMBUCO.
MARIA DO CARMO FERRÃO SANTOS
WILSON JOSÉ DOS SANTOS
SETEMBRO/1990
1. 1NTRODUÇÃO
A proteção do estoque jovem, a possibilidade de assegurar
pelo menos uma vez a reprodução das lagostas, antes que sejam captura-
das e o aumento da produtividade, em peso, são alguns dos objetivos
pretendidos pela adoção de tamanhos mínimos para a captura das lago~
tas.
No princípio da década de 70, quando foi observado uma
marcante queda do início de abundância dos estoques lagosteiros do noX
deste brasileiro, sugerindo a existênci~ de uma sobrepesca, 'foram adQ
tados comprimentos mínimos para captura da lagosta vermelha E. 2rgus e
cabo verde P. laevicauda, tendo-se por base o comprimento médio de pri
meira maturação gestas espécies.
Em virtude dos diferentes valores existentes na bibliogrª
fia pertinente, esta medida sofreu diversas modificações a partir de
sua primeira adoção. Buscando aperfeiçoar o estabelecimento desta noX
ma, através de valores de maior confiabilidade, a extinta SUDEPE por
intermÉdio do seu Instituto de Pesquisa e Gesenvolvimento Pesqueiro
PDP, deu início, em 1982, no Estado do Ceará, ao projeto Biologia Pe~
queira sobre lagostas capturadas no Brasil;
Considerando que a área de explo~ação comercial de lago~
tas, registra desembarques nos Estados da Bahia, Pernambuco, paraíba
Rio Grande do Norte e Ceará, verificou-se a necessidade de ampliação'
da atuação do referido projeto, o qual passou a cobrir os desembarques
nos Estados do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia, contando com o
apoio financeiro da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar- CIRM, no ano de 1986.
No período de 1987/1988 contou com o apoio financeiro da
SUOEPE e desde 1989 conta com o apoio do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA.
Por outro lado, com o objetivo proposto, este CEPENE . .ln~ciou em 1984, os trabalhos de biometria dos indivíduos ca~turados nos
•
experimentos visando o teste de rede de espera para a captura de lago~
tas.
Neste trabalho os dados disponíveis foram reunidos com o
intuito de colaborar na revisão das medidas hora adotadas no controle'
de pesca de lagostas, estabelecendo os tamanhos médios em que estes
crustáceos alcancaram a maturidade se ual, e os períodos de maior' ati
vidade reprodutiva e investigando outras peculiaridades do processo de
reprodução.
2. M~TERIAL E MÉTODO
No período de janeiro de 1987 a julho de 1990 foram amo~
trados 2.475 indivíduos, dos quais 1.768 da espécie Panulirus argus e
707 da espécie panulirus laevicauda (tabelas 01 e 02~. Tais indivíduos
foram capturados por embarcação de pequeno porte, com comprimento ,mSl.
dio de 9m, tipicamente utilizada na Região para este tipo de pescaria,
com desembarque no município de são José da Coroa Grande, litoral Sul
de Pernambuco., ,As lagostas apos serem desembarcadas e separadas por espSl.
cie e sexo, foram submetidas à biometria cujos dados coletados foram
os seguintes:comprimento do cefalotórax (mm), peso das gônadas (g) e
caracteres sexuais internos e externos.
A transformação do comprimento do cefalotórax em
mento total foi obtido através das equações desenvolvidas por Soares(1984) •
As informações fo~am análisadas com o objetivo de se dSl.
terminar a estrutura da população explorada, o períOdo de de~ova e tª
manho médio no início das desovas.
Para estimativa do tamanho médio de primeira maturação
pelo método de curva de maturação (Santos, 1972) foram considerados
apenas os dados obtidos das amostragens de lagostas fêmeas, uma vez
que os machos não apresentam indicadores satisfatórios de maturidade '
"
sexual.Os caracteres sexuais externos foram classificados em
quatro grupos, quais sejam: com espermoteca {ntegra (CE), ovadá (OV),
sem espermoteca (NR) e com resto de espermoteca (CR).
P.ara a determinação da curva de maturação, foram coleta-
das as gônadas de diversas fêmeas, identificando-se o estádio de maty
ração sexual interno, em que se encontram, classificados em número de
cinco, através da escala de cores estabelecida por BUESA-MÃS e Mota
Alves (1970), onde os cinco estádios são determinados pela diferença'
de coloração que o ovários assumem desde a fase de repouso ou vi~gem
até a pÓs-ovulatória. As gônadas foram pesadas em balança MWRTE, modg
lo 1001; com a precisão de dec{metros de grama.
Para a determinação do período reprodutivo foram considg
radas em reprodução, através de caracteres sexuais externos, apenas
as fêmeas que se encontra vem com espermoteca íntegra (pré-fertiliza -
ção, ou ovadas (pós-fertilização).
3. RESULTADOSI•
Durante o per iodo de janeiro de 1987 a julho de 1990 fQ
ram amostrados 1.768 exemplares de lagostas panulirus argus, sendo
que deste total a participação dos machos foi de 53,8% (Tab. 01). Pª
ra a espécie E·. 1aevicauda foram amostrados 707 exemplares, sendo que
deste total a participação de machos foi de 58,3% (Tab. 02).
Da análise das tabelas 03 e 04 observa-se que na espécie
P. argus o comprin\ento total dos machos alcancou valores entre os in
tervalos de 20l-210mm a 271-280mm, para as fêmeas o comprimento var~
ou entre os intervalos de ,classe de 221-230mm a 351-360mm. Para a e~,,pécie P •.laevicauda, os machos alcançaram comprimento total nos intexvalos de 171-180mnl a 221-230mm as fêmeas variaram de 171-180mm a 131-240mm.
Apesar de nao se dispor de uma série mensal sequêncial dg
rante o período, também observou-se na análise mensal que os maiores
comprimentos médios da espécie ~. argus ocorreu entre abril e junho e
os menores comprimentos foram nos meses de agosto e outubro. Com resul
tado semelhante para a espécie ~. laevicauda. Nos meses de abril e
maio houve um maior índice de lagosta ~. argus em fase de reprodução
seg1ido do período setembro e outubro. Para a lagosta da espécie
P. laevicauda observou-se comportamento idêntico.
Foi através do peso médio das gônadas da espécie ~. argus,
foi observado que a primeira maturação das fêmeas ocorre quanto atinge
235mm.
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