INIBIDORES BACTERIANOS, EM ESPECIAL A PENICILINA, NO LEITE EM PÕ DE … · 2018-10-23 · rev....

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Rev. Inst. Aâolio Lutz 28:27-41, 1968. INIBIDORES BACTERIANOS, EM ESPECIAL A PENICILINA, NO LEITE EM PÕ DE CONSUMO DA CAPITAL (1) BACTERIAL INHIBITORS, WITH SPECIAL REFERENCE TO PENICILLlN, PRESENT IN POWDERED MILK OF S. PAULO, BRAZIL ALEXANDRE MELLO FILHO (2) LAURO ALBANO SANDOVAL (.3) NELSON REIS RODRIGUES (4) JOSÉ XIMENES (5) DANTEL RASTOS DE MATOS (6) SUMMARY We have demonstrated for the first time ín Brazíl, in 1966, that there exist penicillin contamination of miIk "in natura" used for consumption ín São Paulo approxímately one million Iíters a day, So, ít became necessary to develop a similar research related to its direct deriva tive, powdered mílk. Using methods based ín growth inhibition of test organísm such as agar-plate assay of Bacillu8 subtilis ATCC, 6633, or C.T.T. redutase test (triphenyltetrazolium chloride), and the research on the acidy degree of milk inoculated with Btrepte- coccus termophilus and Lactobacillus bulgaricus) we found ín the powdered milk used in São Paulo penicillin levels between 0.05 to 0.5 U/g and also non-identified bacterial inhibitors, even possíbly other antibiotics. In 1959, Food and Drug Administration, U.S.A., declared undesirable the presence of penicillin in milk since it may cause chronic or recurrent dermatosis. The presence of bacterial inhibitors may, further lead to errors in standard tests carried out in milk such as redutase test, bacterial counts, acidíty test, etc. The inhibitors may influence the normal flora metabolic capacity decreasing acid production and therefore affecting adverse1y the industrialization of milk. In view of these facts, we believe that urgent measures should be taken, such as: 1. An official promotion to carry out a nation wide research whíeh will give a real and complete idea of the problem. 2. A campaign aímíng to avoid milkíng of cows under antibiotic or sulfamidic treatment. 3. Proper use of antibiotics as feed supplement to daíry cattle. 4. Rígorous sanitary control with every milk controí laboratory assaying sís- tematica1y the production coming from the country, topographícaly, section by section, in order to locate the source of contamined milk and its sanitation in the shortest possible time. Final1y, it is important to consíder frauded the mílk carrying repeatedly inhibitory substances special1y antíbíotícs :dírect or indirectly added. (1) Realizado na Divisão Técnica dos Laboratórios da Cooperativa Central de Laticínios do Estado de São Paulo. Apresentado, em caráter de nota preliminar, no Departamento de Higiene e Me- dicina Tropical da Associação Paulista de Medicina, em 4-12-1967. (2) Da Clínica Dermato-sifilográfica do Hospital Municipal. Da Divisão Técnica dos Laboratórios da Cooperativa Central de Laticínios do Estado de São Paulo. Do Departamento de Derrna- tología da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (Serviço Prof. H. Cerruttí). (3) Da Seção de Industrialização do Leite do Departamento de Produção Animal, da Secretaria de Agricultura de São Paulo. (4) Da Divisão de Controle de Qualidade da Laborterápica-Bristol S.A. (5) Da Divisão de Microbiologla do Departamento Médico da Laborterápica-Bristol S.A. (6) Da Divisão Técnica de Laboratõríos da Cooperativa Central de Lattcíntos do Estado de S. Paulo.

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Rev. Inst. Aâolio Lutz28:27-41, 1968.

INIBIDORES BACTERIANOS, EM ESPECIAL A PENICILINA, NOLEITE EM PÕ DE CONSUMO DA CAPITAL (1)

BACTERIAL INHIBITORS, WITH SPECIAL REFERENCE TO PENICILLlN, PRESENTIN POWDERED MILK OF S. PAULO, BRAZIL

ALEXANDRE MELLO FILHO (2)

LAURO ALBANO SANDOVAL (.3)

NELSON REIS RODRIGUES (4)

JOSÉ XIMENES (5)

DANTEL RASTOS DE MATOS (6)

SUMMARY

We have demonstrated for the first time ín Brazíl, in 1966, that there existpenicillin contamination of miIk "in natura" used for consumption ín São Pauloapproxímately one million Iíters a day,

So, ít became necessary to develop a similar research related to its directderiva tive, powdered mílk.

Using methods based ín growth inhibition of test organísm such as agar-plateassay of Bacillu8 subtilis ATCC, 6633, or C.T.T. redutase test (triphenyltetrazoliumchloride), and the research on the acidy degree of milk inoculated with Btrepte-coccus termophilus and Lactobacillus bulgaricus) we found ín the powdered milkused in São Paulo penicillin levels between 0.05 to 0.5 U/g and also non-identifiedbacterial inhibitors, even possíbly other antibiotics. In 1959, Food and DrugAdministration, U.S.A., declared undesirable the presence of penicillin in milksince it may cause chronic or recurrent dermatosis. The presence of bacterialinhibitors may, further lead to errors in standard tests carried out in milk suchas redutase test, bacterial counts, acidíty test, etc.

The inhibitors may influence the normal flora metabolic capacity decreasingacid production and therefore affecting adverse1y the industrialization of milk.

In view of these facts, we believe that urgent measures should be taken,such as:1. An official promotion to carry out a nation wide research whíeh will give a

real and complete idea of the problem.2. A campaign aímíng to avoid milkíng of cows under antibiotic or sulfamidic

treatment.3. Proper use of antibiotics as feed supplement to daíry cattle.4. Rígorous sanitary control with every milk controí laboratory assaying sís-

tematica1y the production coming from the country, topographícaly, sectionby section, in order to locate the source of contamined milk and its sanitationin the shortest possible time.Final1y, it is important to consíder frauded the mílk carrying repeatedlyinhibitory substances special1y antíbíotícs :dírect or indirectly added.

(1) Realizado na Divisão Técnica dos Laboratórios da Cooperativa Central de Laticínios do Estado deSão Paulo. Apresentado, em caráter de nota preliminar, no Departamento de Higiene e Me-dicina Tropical da Associação Paulista de Medicina, em 4-12-1967.

(2) Da Clínica Dermato-sifilográfica do Hospital Municipal. Da Divisão Técnica dos Laboratóriosda Cooperativa Central de Laticínios do Estado de São Paulo. Do Departamento de Derrna-tología da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (Serviço Prof. H. Cerruttí).

(3) Da Seção de Industrialização do Leite do Departamento de Produção Animal, da Secretariade Agricultura de São Paulo.

(4) Da Divisão de Controle de Qualidade da Laborterápica-Bristol S.A.(5) Da Divisão de Microbiologla do Departamento Médico da Laborterápica-Bristol S.A.(6) Da Divisão Técnica de Laboratõríos da Cooperativa Central de Lattcíntos do Estado de S. Paulo.

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MELLO FILHO, A.; SANDOVAL, L. A.; RODRIGUES, N. R.; XIMENES, J. & MATOS, D. B. -Inibidores bacterianos, em esper-ta! a penicilina, no leite em pó de consumo da Capital. Rev. Inst.Adolfo Lutz 28:27-41, 1968.

INTRODUÇÃO

Há 38 anos passados, em 1929, com adescoberta da penicilina por FLEMING\ inau-gurava-se a era dos antibióticos.

Com o advento da antibioticoterapia, os an-tibióticos passaram a ser empregados há qua-se duas decadas, por fazendeiros e veteriná-rios no tratamento das doenças infecciosasdo gado, sendo também comum a incorpora-ção daquelas drogas nas dietas suplementa-res, na alimentação do rebanho bovino 2,,3 4, 5.

Os antibióticos no leite surgem em decor-rência de três principais possibilidades: indi-retamente, em conseqüência do tratamento ve-terinário do gado leiteiro e pelo fornecimen-to aos rebanhos de dietas suplementares oudiretamente por fraude.

Ràpidamente analisemos os três mecanis-mos. De tôda a vasta patologia animal, bo-vina, há que ressaltar a trilogia mórbida:mastite, brucelose e tuberculose.

E indubitàvelmente é a mastite o verdadei-ro flagelo do gado bovino pois, não sendodoença do tipo epidêmico clássico, com ma-nifestações de caráter agudo ou sub-agudo,é, ao contrário, insidiosa, persistente e alta-mente difundível, afetando os rebanhos leitei-ros em exetnsão mundial. Dada a sua estrei-ta subordinação anatômica, regional, poucossão na verdade os danos biológicos sistêmi-cos, passando mesmo inadvertida; porémimensas são as conseqüências econômicas dazoonose 6.

Triste e oneroso privilégio, o rebanho maisbem selecionado, o melhor gado leiteiro éo mais afetado, com fenômenos inflamatórios,muitas vêzes acentuados, em conseqüência dosquais surgem a fibrose e a atrofia maiorou menor da glândula mamária e queda ver-tical de sua produtividade.

"E sem gado que possa dar leite, e semleite para vender" - escreveu o produtor nomármore de sua contabilidade glacial, o epi-táfio da sua própria atividade" 7.

:Êste é o aspecto econômico do problema.Porém, mais grave ainda é o aspecto sani-tário. Sabemos que as vacas atacadas demastite "ao mesmo tempo que segregam oleite expulsam grandes quantidades de pus,que contaminam aquele produto e o transfor-mam em poderoso agente de contágio" 6, cau-sando epidemias, como a de angina, assina-ladas em Chicago, com mais de 10 000 casos,

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sem citar a casuística norte-americana de es-carlatina atribuída ao leite, e de origem ani-mal ou mesmo por contágio humano do pro-duto.

Além dessas estreptococias geradas pelaingestão do leite, avultam as manifestaçõessecundárias ao consumo de produto inquiria-do por estafilococos de origem mastítica, comuma grande variedade de quadros clínicos des-de as infecções da pele, gastrenterites, septi-cemias, e morte Il.

Além de sua ação bacteriana direta, o es-tafilococo produz uma enterotoxina termo-es-tável, que resiste à fervura, mesmo num pe-ríodo de 30 minutos 9.

As enterotoxinas estafilocócicas no leiteou em seus sub-produtos causam nos consu-midores manifestações que consistem em náu-seas, vômitos, surtos diarréicos, dores abdo-minais difusas, ocorrendo de uma a seis ho-ras após a ingestão do alimento 8.

O uso não só do leite "in natura" mastamhém do leite em pó pode originar taiscomplicações na verdade raras pois é neces-sário que para tal fato suceda que o produtolíquido fique muitas horas em deficiente tem-peratura de frigorificação.

Não obstante, as duas maiores casuísticasassociadas à ingestão do leite em pó são ainglêsa abrangendo 1200 pessôas ro em 1955,e a de Pôrto Rico, atingindo 775 escolaresque adoeceram após se alimentarem com leiteproduzido nos Estados Unidos e que ficouestocado em carro tanque, sem refrigeração,48 horas antes de ser transformado em pó,em 195711,

E ressalta ROGICK~2 o fato de que as doen-ças transmissiveis ao homem através do leitee derivados aparecem com mais freqüêncianas localidades onde não há usina de pasteu-rização e em conseqüência do consumo doproduto cru, contaminado.

Porém, se a contaminação maciça do leitede um rebanho pode ser fàcilmente evitada,já nas fazendas, pela exdusão da ordenhados animais clinicamente doentes, há que con-siderar o problema complexo da mastite suh-clínica, também inaparente fonte de inquina-ção do leite e muitas vêzes ante-véspera dadoença manifesta 13, 14, 15.

Nos Estados Unidos, em 1956, segundo es-timativas de NELSON16 e de EDMOND& ME-

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MELLO FILHO, A.; SANDOVAL, L. A.; RODRIGUES, N. R.; XIMENES, J. & MATOS, D. B. -Inibidores bacteríanos, em especial a penicilina, no leite em pó de consumo da Capital. Rev. Inst.Adolfo Lutz 28:27-41, 1968.

RILAN l7, cêrca de 25'% das vacas são clínicaou sub-clinicamente doentes, originando 15%de substituições no rebanho e 15 ou 20% nadiminuição da produção leiteira.

Segundo COURTER e GALTON 18, observa-ções feitas em 1962 referem que 70% dos re-banhos leiteiros são portadores de mastite es-tafilocócica, não fornecendo entretanto os au-tores a estatística do número de animais in-fectados.

No Estado de São Paulo, conforme compro-vam o trabalho de REIS & SWENSON19, 1931,SILVA FILHO 20, 1942, LACERDA JUNIOR, ZANJNETO E FREITAS 21,22, 1953/1954, REZENDE 23,

1962, existe mastite bovina afetando os re-banhos leiteiros, produtores dos leites tipo"A", "B" e "C", e principalmente dos doisprimeiros, não tendo, entretanto, ainda sidopossível avaliar os danos provocados peladoença.

Segundo ROGICK 12, PORTO & GONÇALVES'5,foi constatada a mastite na forma sub-clínicaem 46'% de 15 rebanhos produtores de leitetipo "C" e em 92% dos 38 rebanhos produ-tores do leite tipo "B", examinados em 1964.E que por estimativa de ROGICK 15 em 1963,na zona de Campinas "levando-se em aprêçouma produção anual de 10 milhões de litros,a mutilação econômica dos criadores deve an-dar na ordem de 60 milhões de cruzeiros,não entrando neste cômputo, o leite rejeitadona plataforma da Usina, por apresentar con-tagem leucocitária elevada". E isso, aconte-cendo em 1963.

Na Grã-Bretanha, segundo LAING & MAL-COLM 24 1954, e BLACKBURN '25 1956, os pre-juízos são da ordem de 32 bilhões de cru-zeiros velhos anuais. Nos Estados Unidos,as perdas são quatro vêzes superiores 15.

Na Espanha, por estimativa apresentadapor CECILIA 6, 1956, a então produção mun-dial anual de leite andava pelo valor de"mais de dois mil e quinhentos milhões dehectolitros"; só na França, já em 1940, aperda anual na produção lactea era da ordemde 10 milhões de hectolitros de leite 26. Nãoé pois de estranhar que, para preservar essaformidável riqueza, lancem mãos, fazendei-ros e veterinários, dos diversos antibióticosadministrados aos animais afetados atravésda perfusâo de pastas aquosas ou oleosas di-fundidas no quarto ou quartos do úbere in-fectado.

Devido à procura intensa e à livre aquisi-ção das preparações antibióticas, na luta con-

tra a mastite, começaram as mesmas a serperfundidas indiscriminada e abusivamente,sem maiores cuidados sanitários ;27, comoo de retirar da ordenha do leite destinadoao consumo humano e à industrializaçãoos animais em tratamento. E já pode-mos falar então em contaminação antibióticado leite, dependendo a sua extensão, freqüên-cia e valores, naturalmente da quantidade doleite que os animais tratados estejam produ.zindo, em relação ao total ordenhado norebanho.

Modificou-se também a patologia mamá-ria pela menor freqüência do estreptococomais suceptível e pelo desenvolvimento de es-pécies de estafilococos resistentes aos anti-bióticos 27, que são também eliminados noleite juntamente com o medicamento empre-gado e tornando menos útil.

Entretanto, outras doenças infecciosas aco-metem o gado bovino, havendo a necessidadedo emprêgo de diversos tipos de antibióticosadministrados entre outras vias, principalmen-te pela parenteral, oral, intra-uterina, comeliminação relativamento rápida daquelassubstâncias.

Porém, quando se utiliza a penicilina"retard" especialmente a benzatínica, na do-sagem terapêutica de cêrca de 10 000 U porquilo pêso vivo 28, a sua eliminação extrema-mente lenta resulta na presença continua eprolongada do medicamento no leite orde-nhado, na verdade em potências muito in-feriores aquelas encontradas após o tratamen-to local anti _mastítico 4,5, 12:9,30.

A suplementação, com antibiótico, das ra-cões alimentares dos animais favorecendo o~eu crescimento e acelerando a sua matura-çâo, é fato comprovado pela observação feitaem todo o mundo, embora não se conheçabem o seu mecanismo de ação.

Entretanto, infelizmente a antibíôtíco-suple-mentacâo deveria ser destinada sômente aosanimais jovens, o que freqüentemente nãoacontece.

As doses, nos anos de 1950-1955, acrescen-tadas às rações alimentares, oscilavam de5 a 15 mg/quilo. Após, a tendência foi ade aumentar, atingindo ou passando 100 a200 mg/ quilo, visando mais a prevenção deinfecções que a estimulaçâo do crescimento,e empregados sem a supervisão veterinária.

Nas dosagens da ordem de 20 mg/quilode pêso, conforme recomendação da Organi-

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MELLO FILHO, A.; SANDOVAL, L. A.; RODRIGUES, N. R.; XIMENES, J. & MATOS, D. B. -Inibidores bacterianos, em especial a penicilina, no leite em pó de consumo daCapita l. Rev. Inst.Adolfo Lutz 28:27-41, 1968.

zaçâo Mundial de Saúde, não se encontra an-tibiótico em quantidade significativa ou mes-mo determinável nos tecidos, mas ao con-trário acontece quando se ministra 100 a200 mg/ quilo de pêso 31. Porém acredita-mos que a sua influência no aparecimentode vetígios de antibiótico no leite seja real-mente pequena. Entretanto, essa suplemen-taçâo antibiótica tem o inconveniente de in-duzir a antibiótico-resistência da micro-floraintestinal do animal, desde que não sej a em-pregada devidamente (20 mg/quilo de pêso).

A flora bacteriana intestinal comporta mui-tas vêzes salmonelas (Salmonella typhimu-rium) que se tornam ràpidamente resistentes.O tratamento pois indiscriminado da mastitebovina e a suplementação alimentar antibió-tico dos animais em doses excessivas e em pe-ríodos prolongados levam respectivamente aoaparecimento no leite de espécies estafilocó-cicas e enterobacteriáceas resistentes, "nãose sabendo entretanto de que maneira êstesgermes passam a constituir problemas em te-rapêutica humana" ,3;1.

Finalmente a terceira eventualidade pornós aventada foi a da fraude, colocação pro-posital do antibiótico no leite, com intençãoconservadora do produto.

Conforme refere Paschoal Mucciolo, "aintroducão dos antibióticos na conservaçãodos alir'nentos deve ser atribuída a TARR,que em 1944, na Estação Experimental dePesca, do Pacifico, tentou o uso de ácido pe-nicilínico para prolongar a comestibilidade defilés de peixe" 3'2, ,3,3,34.

De dados obtidos em 1958, em diversospaíses, inclusive o Brasil, a clortetraciclinaestava sendo utilizada, com permissão oficial,para a conservação de carne, pescado e aves.

Entretanto os antibióticos assim emprega-dos além da possibilidade, embora pequena,de desenvolver uma micro-flora resistente 35,

podem acarretar distúrbios no balanço daflora intestinal humana, se usados a longotermo 32, ou induzir a antibiótico-resistência.

E, segundo MUCCIOLO32 são essas as ra-zões que "levaram alguns estudiooss comoRansen (1961), a preconizar o uso reser-vado e exclusivo de um tipo de antibióticopara aplicação na conservação dos alimentos".Segundo cita LACAZ3'6 os antibióticos vêmsendo usado também para o combate das con-taminações verifica das nas fermentações prin-cipalmente as alcoólicas; nos Estados Unidos,

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segundo AQUARONE27 (1959), para prevenira contaminação durante a fabricação da cer-veja.

No leite, em face das primeiras observa-ções do aparecimento de antibiótico, secun-dários a tratamento veterinário, diversos pes-quisadores entre êles CURRAN38 (1946) eFOLEY & BYRNE39 (1950) tentaram experi-mentalmente o emprêgo das penicilinas comoconservantes e demonstraram a sua ineficiên-cia pela pequena ação sôbre muitas espéciesde Bacillus e sôbre os coliformes.

Entretanto, a estreptomicina já evidenciavabôa ação conservadora e a clortetraciclina ea oxitetraciclina, no dose de 10 p. p. m., fo-ram capazes de impedir o crescimento bacte-riano por 20 horas a 370C 32.

Mas ficou bem acentuado por Muccioloque a adição de antibióticos, nas fontes deprodução, impediria que o leite fôsse utili-zado devidamente na industrialização, nopreparo de queijos e produtos dietéticos fer-mentados como o iogurte e a coalhada, cujopreparo dependeria da bôa multiplicação degermes fermentadores da lactose, previamen-te selecionados e inoculados no leite, e cujocrescimento seria parcial ou totalmente ini-bido pelos antibióticos.

O uso sistemático de antibióticos trariapois o inconveniente "de obrigar a uma sele-ção do leite na fonte de produção o que se-ria de todo inviável" 32, sendo também prá-tica ilegal, contrária ao que determina o atualRegulamento Federal a respeito 78,79.

Entretanto além do uso abusivo e indiscri-minado das preparações antibióticas, confor-me acentua o "Thc .Tournal of the AmericanMedical Association", no seu editorial "Pe-nicillin and other antibiotics in mi!k" 40,

existe alguma suspeita de que os antibióticosestej am sendo adicionados ao leite, como re-curso de conservação contra a deterioraçãodo produto, verificada por excessiva multi-plicação da flora microbiana, no verão ounos dias em que a temperatura se mantémelevada". Entretanto também os sulfamídi-cos têm sido revelados no leite, ao par deresíduos de substâncias químicas originadasna higienização química dos vasilhames emaquinária utilizados na indústria de lati-cínios41, 42.

Há mais de 20 anos vem a literatura mun-dial se enriquecendo com inúmeros trabalhosde pesquisa da presença de substâncias inibi-

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doras do crescimento bacterianono leite,principalmente os antibióticos e, dêstes, des-tacadamente a penicilina, pela maior facili-dade na sua pesquisa com a utilização da en-zima penicilino-inativarnente, específica ~ 11

penicilinase 43, 44,40,46, 47.

Em que pese o vulto de publicações exis-tentes na literatura mundial, até 1966, quan-do apresentamos no Departamento de Higie-ne e Medicina Tropical da Associação Pau-lista de Medicina a nota prévia das nossaspesquisas sôbre a presença de inibidores hac-terianos no leite "in natura" tipo C, de con-sumo da Capital, e em 1967, os resultados pre-liminares das nossas investigações efetuadascom o leite em pó, no Brasil, ainda não secuidara de avaliar direta ou indiretamente(pesquisa de substâncias inibidoras), a per-centagem e grau de contaminação antibióticado leite dado ao consumo humano 5, 48, 4D.

MÉTODOS

Tendo em vista serem os métodos empre-gados nestas pesquisas os utilizados em 1966-1967, em idênticas experimentações nas pes-quisas efetuadas com o leite "in natura" 5,

deixaremos de lado os detalhes técnicos, pas-sando apenas a fornecer, para melhor com-preensão do assunto, uma rápida visão dosmesmos.

Dos inúmeros métodos propostos na litera-tura, nestes últimos 20 anos, atestado inelu-dível de que o método ideal ainda está porsurgir, e baseados, todos, nas modificaçõesdo crescimento bacteriano, selecionamos dois,recomendados pelo "Standard Methods"?",fundamentado o primeiro no emprêgo do com-plexo disco absorvente, placa-agar-germe deprovas e o segundo na redução do C. T . T . ,por nós utilizados, com algumas modifica-ções. Complementados por um terceiro pro-cesso, tendo como fundamento a produção doácido láctico por germes fermentadores dalactose e por nós especialmente adaptado àscircunstâncias na necessidade da obtençãode um conjunto de rápida, prática e eficien-te atuação.

Para a pesquisa de inibi dores no leite "irinatura" é fundamental o aquecimento préviodo mesmo a SO°C durante 5 minutos paradestruir bacteriófagos ou substâncias inibido-ras naturais eventualmente presentes, levan-do em conta a termo-resistência dos resíduossulfarnídicos, antibióticos e dos derivados qui-

micos da higienização do equipamento empre-gado na linha de beneficiamento do leite.

É obrigatória também a remoção em todomaterial de laboratório, em especial a vidra-ria, de vestígios de detergentes, mistura sul-focrômica etc., enfim o ingrediente higieni-zador empregado na rotina.

Na pesquisa feita com o leite em pó reidra-tado, seguimos também as mesmas normas.O primeiro método, citado de início, tem comofundamento o fato de que quando deposita-mos um disco de papel de filtro, embebidoem leite, na superfície de uma placa conten-do 5 ml de "seed-agar" acrescentando a espo-ros de Bacillus subtilis A. T . C _C., 6 633, aoincubar a placa a 37°C, o' bacilo em rápidocrescimento (2h30m a 3h30m) opacifica oagar exceto ao redor do disco embebido, emcaso da presença do inibidor no leite, haven-do então a formação de um halo de inibiçãoque mantém a transparência local, inicial,do agar 5, GO, fi]. 52.

Para sabermos se é ou não a penicilina oinibidor presente, acrescentamos ao leite aenzirna penicilino-inativante - a penicilina-se - e repetimos a operação acima, tornandoa incubar. Uma zona de inibição em tôrnodos discos não tratados e ausência de inibiçãoem tôrno dos discos com penicilinase repre-sentará um teste positivo para a penicilina.

Zona de inibição com e sem penicilinase,atividades antibacterianas diversas. No casoda penicilina, estabelecida qualitativamente asua identidade para a determinação semi-quantitativa da sua potência, devemos com-parar a dimensão do halo formado, medidopelo seu diâmetro, com as dimensões de ou-tros halos de inibição resultantes da coloca-ção na placa de discos embebidos em diferen-tes potências de penicilina: 1,0; 0,50; 0,10e 0,05 u/rnl.

O limite de sensibilidade desta prova rá-pida é de 0,05 unidades de penicilina pormililitro de leite. O teste da redução doC. T. T. (cloreto de 2-3-5-trifenil-tetrazolio) ébaseado no fato de que aquela substância,sendo um dos poucos compostos orgânicos in-colores na forma oxidada, ao se reduzir tor-na-se colorida, o que acontece na presençade germes em desenvolvimento.

Dez mililitros das amostras dos leites-pro-blemas e do padrão são aquecidos a 80°Cdurante 5 minutos para teoricamente nivelarsuas floras e distruir possíveis inibidores na-turais, sendo após semeados com quantidades

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MELLO FILHO, A.; SANDOVAL, L. A.; RODRIGUES, N. R.; XIMENES, J. & MATOS, D. B. -Inibidores bacterianos, em especial a penicilina, no leite em pó de consumo da Capital. Rev. Inst.Adolfo Lutz 28:27-41, 1968.

Tonalidades cromáticas na prova do C.T.T.: A) Coloração verme-lha - leite contrôle com ausência completa de inibidor; B) Côrbranca - inibição completa; C e D) Côres róseo-clara e rósea -inibição média; E e F) Côres carmim e vermelha - ausência com-

pleta de inibição.

iguais de inoculuni contendo Streptococcustermophilus e Lactobacillus bulgaricus e cul-tivados a 45°C, durante o período de 2 horas.Retirados da estufa cultorn, são acrescentadosa 0,3 ml da solução aquosa do C. T .T ., a1 :25, homogeneizados, e tornados a incubarpor mais 30 minutos.

Ao fim de 2h30m, comparamos as colora-ções obtidas com a da amostra do leite pa-drão. A côr vermelha indicará a ausênciatotal de inibi dores e representará pleno de-senvolvimento da flora hacteriana de provae bôa redução do C. T .T ., conforme mostraa figura acima.

As colorações de nuances mais claras vãoindicando respectivamente inibições de graumais acentuado. A côr branca, a coloraçãoprópria do leite, indica inibição completa dodesenvolvimento bacteriano com ausência deredução do C, T .T " que permanece na sualeucoforma.

Para a realização da terceira prova, a dapesquisa do teor de acidez em ácido láctico,desenvolvemos as l'Íil.~smas etapas iá vistas,excluindo entretanto o emprêgo do C. T .T .

Após 2h30m de incubação a 45°C, avalia-sea acidez produzida, usando solução Nj9 dehidróxido de sódio e bureta pelo processocorrente recomendado por DORNIe '"o Quan-

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to mais elevada a acidez maior índice deatividade bacteriana e menor índice de inibi-ção. Êste método de simples execução é pro-va e contra-prova do anteriormente visto.

Outrossim, no final de 2h30m, as amostrasisentas de inihidores encontram-se coagula-das, dando pela simples visualizaçâo imedia-tamente indicações do teor ácido produzido.

As amostras contendo inibi dores per-manecem líquidas ou no máximo tornam-sesemi-coaguladas. Como prova subsidiária aempregar-se quando numa amostra de leitenão conseguimos identificar a penicilina, cor-rendo pois a ação inibidora por conta desubstâncias inibidoras diversas, antibióticas0U não, pesquisamos sistemàticamente a pos-sível presença de resíduos sulfamídicos ", pe-lo processo de BraU e Marshall; vestígios decompostos de amônio quaternário ", pelo mé-todo de Miller e Elliker, e os diversos con-serv-adores entre os quais o peróxido de hi-drogênio, o aldeído fórrnico, pelos processosde rotina baseados nas recomendações do li-vro Métodos de Análise Bromatológicas 55, doInstituto Adolfo Lutz.

O leite em pó deve ser reconstituído, nomomento do exame, aquecido a 80°C, duranteo período de 5 minutos, na proporção de11 g por 99 ml de água destilada, esteri-lizada.

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Para as três provas utilizadas, conformepudemos verificar, as potências mínimas ini-bitórias na pesquisa da penicilina, tetracicli-na, cloranfenicol e estreptomicina são: 0,05VI/ml para a penicilina, 0,5,ug/ml para atetraciclina e o cloranfenicol e 5 VI/ml paraa estreptomicina,

Entre as principais provas subsidiárias le-vadas a efeito, a procura de sulfamídicos li-vres no leite foi realizada até o limite de0,005'%; a dos compostos do amônio qua-ternário, até a diluição de 5 p _p. rn . , e a doformaldeído, até 1 parte por 100 000.

RESULTADOSPara a realização do exame do leite em pó,

foram adquiridos no comércio amostras di-versas preferentemente as de produção re-cente e de lotes diversos tendo-se, inclusive,o cuidado prévio de verificar, na parte in-ferior da lata ou no pacote do leite em pó,o código indicativo da data de sua produ-ção, para não incidirmos no êrro de adquirirduas vêzes o mesmo material.

Examinamos um total de 400 amostras,compreendendo um número aproximado paracada marca industrial: Glória, Mococa, Ni-nho, Paulista, Sol, União e Vigor.

As amostras examinadas foram sempre quepossível a do leite em pó na forma integrale quando impossível, por não ser industriali-zado sob essa apresentação, na forma integralinstantâneo.

A grande dificuldade encontrada foi asaturação do mercado com remessas de cadaprodução por marca industrial dentro dassuas possibilidades, e que não se renovavamobviamente até o seu parcial esgotamento,quando surgiam novas partidas de leite comdatas de produção diferentes das de partidasanteriormente adquiridas.

Portanto, essa foi a diferença marcantecom o trabalho de pesquisa idêntico levadoa efeito em 1966, com o leite líquido, cujoestoque no comércio se renova diàriamente- 1 milhão de litros por dia - em alta ro-tação de consumo, fornecendo constantemen-te grande variedade de amostragem.

Dentre as 400 amostras examinadas, 4mostraram veicular penicilinas bio-sintéticasnas potências de 0,05; 0,1; 0,4 e 0,5 V/ ge 14 indicaram conter inibidores não iden-tificados, nem mesmo pelos métodos subsi-

diários já citados, o que portanto levanta àsuspeita de serem os mesmos de origem tam-bém antibiótica. Se considerarmos apenas arelação direta dos valores encontrados comreferência ao total das amostras examinadas,teremos um índice de freqüência de penicili-na de 1'% e o de outros inibi dores, de 3,5%.

Entretanto, se as substâncias inibidorasnão identifica das incidirarn uniformementenas diversas marcas industriais, o que man-tém o seu índice de freqüência a 3,5%, apenicilina mostrou-se presente tão sômentenaquelas cujo montante de produção é bemmenos significativo, o que altera o raciocí-nio, passando pois a sua freqüência a serconsiderada não só em relação ao total dasamostras examinadas mas também à produ-ção industrial dos leites em pó de marcasdiversas.

Considerando que a produção no ano de1967 foi para o leite integral a de cêrcade 25 000 000 de quilos para as marcas in-dustriais de maior produtividade e a de500 000 a 3 000 00 de quilos para as de me-pores índices de produção, chegamos à con-clusão de que nas amostras examinadas oíndice da presença de penicilina é o de0,12'%_

E vemos comparativamente que, no leiteem pó, as percentagens dos inihidores nãoidentificados, 3,5% e da penicilina, 0,12'%são bem menores do que as encontradas em1966 para o exame do leite "in natura", res-pectivamente 9% e 1,9%.

Também constatamos, em relação ao leite"in natura" tipo C, que existe larga flutua-ção daqueles valores, pois os exames esta-tísticos que continuamos a fazer mostramprincipalmente para a penicilina índices sen-sivelmente mais baixos, com cêrca de 0,5%de freqüência. Como ficou subentendido dei-xamos de entrar em maiores detalhes nãodeclinando mesmo o nome das marcas in-dustriais que mostraram a presença de pe-nicilina para não dar margem a outras in-terpretações que não a pura intenção cientí-fica dêste trabalho.

Julgamos que o número relativamente pe-queno de amostras examinadas, dada a com-plexidade da sua obtenção, não foi de moldea favorecer um resultado que reflita absolu-tamente a real situação de contaminação quí-mica ou bioquímica do leite em pó.

Pois o leite em pó produzido não é tãosômente o integral, mas também o desnatado,

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o dietético infantil e o chamado leite em póindustrial empregado, entre 'outras, pelas in-dústrias de sorvetes, balas ou de chocolate ebolachas, alimentos que poderão, pois, em-bora numa possibilidade um tanto remota,veicular potências mínimas de penicilina,com sérias conseqüências de ordem da Saú-de Pública.

Julgamos que também pesquisas idênticasàs nossas, porém de maior amplitude, devamser levadas a efeito pelos órgãos oficiais ecom os diversos tipos do leite em pó indus-trializado no Brasil ou com os importados.

DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

Tendo sido por nós demonstrado que exis-te contaminação penicilínica do leite "innatura" do consumo da Capital, cêrca de 1milhão de litros diários, e do seu derivadomais direto, o leite em pó, com a presençade outros inibidores não identificados, possi-velmente também antibióticos, a nosso verurgentes medidas devem ter tomadas.

A promoção governamental de uma pe~-quisa de âmbito nacional que exprima asituação real, global do problema.

O desenvolvimento de uma campanha deesclarecimento visando afastar da ordenhao gado sob tratamento antibiótico ou sulfa-mídico.

O emprêgo adequado da antibiótico-su-plementação das rações alimentares bovina.

O rigoroso policiamento sanitário a res-peito, determinando-se, em todo laboratóriode contrôle higiênico do leite, sistemáticoexame do produto advindo do interior, to-pogràficamente, região por região, visandolocalizar os foros de produção do leite in-quinado e o seu saneamento dentro do prazoo mais rápido possível 5.

O estabelecimento do critério que consi-dere fraudado o leite veiculando reiterada-mente substâncias inibidoras do crescimen-to microbiano, principalmente se antibióticos,quer acrescentados direta ou indiretamente.

É o que vem sendo feito há muitos anosem diversos países, inclusive no nosso vizi-nho continental, os Estados Unidos.Nos Estados Unidos, conforme já tivemos

a oportunidade de citar 5, investigações leva-das a efeito pela F. D _A _, de 1954 a 1956,e com o leite "in natura", evidenciaram a

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presença da penicilina em níveis vanaveisde 0,003 a 0,55 U/ml, e em 3,2 a 11,6%das amostras examinadas.

Na Grã-Bretanha, em 1951 e 1953 aspotências penicilínicas encontradas foram de0,35 a 15 U/ml e incidiram em 1,4 e 2,8%das amostras examinadas 56, 57.

Entretanto, outros inibidores foram iden-tificados no leite, afora os antibióticos, cons-tituídos por substâncias químicas derivadas,na higienização do equipamento empregadona indústria de laticínios ou pelo adiciona-mento por manobras ilícitas, como o emprê-go do peróxido de hidrogênio e do formal-deído 58. Nos Estados Unidos, em 1954, pes-quisa da presença de inibidores em geral,acusou no leite in natura, o índice de fre-qüência da ordem de 4,3% e no Canadá, em1952, a percentagem de 7,3%.

Oportuno será acentuar que êsses inibido-res, se de origem química, como os bioquí-micos, interferem na multiplicação dos "star-ter" láticos em geral, com repercussões evi-dentes na industrialização dos derivados fer-mentados do leite, tais como o queijo, acoalhada o Quefir e o Iogurte. .

Segundo salientam TERPLAN& ZAADHOF59,em 1957 em ampla revisão sôbre o assun-to, a ação bactericida ou bacteriostática ob-servada no leite deriva, além dos vestígiosde sulfamídicos, antibióticos ou outras me-dicações empregadas com finalidades tera-pêuticas veterinárias, de catabolitos diversos,sendo algumas próprias do organismo animalou provindas de pesticidas empregados pelamoderna agricultura na preservação das pas-tagens e das colheitas de grãos eliminadospelo leite.

Outra origem seria o adicionamento, aoleite, de conservadores.A ação bacteriostática natural do leite cru,

fresco, seria devido aos bacteriófagos, às subs-tâncias chamadas lacteninas, corpos de ori-gem proteinóide cuja quantidade varia deanimal a animal, ou certas aglutinases e imu-noglobulinas, complementos e anti-corpos, sen-do porém substâncias termo-Iábeis 59,60.

Atividades semelhantes estariam relaciona-das com os hormônios, fermentos e leucóci-tos encontrados no leite 59, <60.

Substâncias antibiótico-semelhantes podemtambém ser produzidas por várias sementes,tendo os ácidos graxos livres ação inihidora 59.

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Quais dêsses fatôres seriam na verdade osresponsáveis pela inibição encontrada pelosautores quando não vinculada a substânciasconhecidas?

Entretanto, a existência de uma ação bacte-ricida e bacteriostática natural do leite, deimportância significativa, é contestada pormuitos autores corno MEEDER & WALSERapud 59, 1964.

Julgam TERPLAN & ZAADHOF59 que aação ínibidora encontrada no leite estávinculada principalmente ao emprêgo vete-rínário dos antibióticos, quer pür via oralou parenteral, porém principalmente peloemprêgo ahusivo de antibióticos em veículosoleosos, transfundidos intracisternalmente notratamento anti-mastítico.

A ação dos pesticidas, principalmente dosinseticidas residuais, seria realmente peque-na '59 e mais intensa no leite líquido do queno em pó 61.

Conforme acentuamos de início, além darepercussão indesejável nos setores de indus-trialízação, na esfera da inspeção da Alimen-tação Pública, a presença de inihidores docrescimento e multiplicação bacteriana podefalsear O' julgamento da qualidade do prü-duto, pois as prüvas da redutase, pesquisade acidez, alizarol, e a contagem bacteria-r-a global etc. fornecem na Capital, nos la-horatórios fiscalizadores de contrôle, apenasO' estado atual da flora,

Um leite altamente contaminado, veicu-Iando substâncias inibidoras, fornecerá umresultado satisfatório ao exame de rotina. Pa-radoxalmente um leite produzido sob condi-ções padrão de higiene, mas sem conter ini-bidores, submetido ao mesmo exame poderáser considerado como de pior qualidade.

Levando em consideração êsses fatos, nosEstados Unidos, a "Food and Drug Admi-nistration", já em 1955, considerando os re-sultados dos inquéritos a respeito de emprê-gÜ' de drogas antibióticas e conservadores dealimentos, advindos da adição direta ou in-direta a alimentos destinados ao consumohumano, podendo causar Ienômenos de sen-sibilização aos consumidores e incitar o apa-recirnento de variedades de microrganismospatogênicos resistentes àquelas drogas, resol-ve declarar que os mesmos constituem umrisco à saúde pública.

A presença de antibióticos nos alimentosdestinados ao consumo humano, de direto

ou indireto adicionamento, deve ser entãocondenados como uma adulteração.

Para avaliar, em particular, O' risco, àSaúde Pública, da ingestão de antibióticosveiculados pelo leite e derivados, a "Foodand Drug Administration" em 1959 reuniuem conferência, um painel de autoridadesmédicas no campO' especializado na alergiacausada pelos antibióticos.

Chegou-se a conclusão geral de que "osantibióticos diversos tais como a bacitraci-na, neomicina, polimixina B, tetraciclinas,todos utilizados em preparados anti-mastíti-cos, não constituem um risco à saúde".

Entretanto, concluiu-se também que "apenicilina quando presente no leite, mesmoem pequenas parcelas, é altamente antigênicae capaz de causar reações alérgicas em pes-soas sensibilizadas".

Conforme bem acentuam MENDES92, BAS-TOS6s ROTBERGM SILVA et alii 16'5 Hsu &EVAN;'66, WELCH ~t alii'67, LACAZ'6~, e a li-teratura mundial a respeito é tão pródigaque maiores citações seriam fastidiosas, apenicilina tem salvo dezenas de milhares devidas humanas, mas a redução da mortali-dade tem afetado a vida da milhares de pes-soas sensibilizadas pela ocorrência de rea-ções colaterais que vão da reação cutâneamoderada 62,6\ a uma resposta extremamen-te polimorfa: edema ângio-neurótico, reaçõesgerais, tipo doença do sôro, manifestaçõesoftalmológicas, rinolôgícas, neuro- psiquicas,asrnatiformes, gastrintestinais, cardiovascula-res, e choque anafilático e morte.

A sensibilização à penicilina pode resultarda ingestâo medicamentosa, de injeções ou deaplicações de pomadas para uso' local, napele, mucosa, Ierimentos, ou pelo uso' de co-lírios '69.

Durante anos seguidos a penicilina temsido injetada e administrada pela via oralaplicada a tôdas as partes do cürpü, pulve-rizada, atomizada, pelas vias intra-ahdominal,intracisternal, intrapleural, e intravaginal, semdeixar livre qualquer superfície ou cavida-de 12:2,65, 7'0.

Casos diversos relatados, de enfermeiros efarmacêuticos sensibilizados pelo simples ma-nuseio na preparação diária de injeções mi-nistradas a pacientes, são bastante conheci-dos.

Em 1956, nos Estados Unidos, WELCHet alii '67, em pesquisa de âmbito nacional,

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considerou que de 1 070 casos com reaçõesgraves, relacionadas, 901 foram causadas pelapenicilina e que desses 901 casos, 83 fale-ceram.

A grande maioria das reações graves fo-ram do tipo anafilático e a sua incidênciavem aumentando conforme relacionado nostrês anos de pesquisa daqueles autores: 179casos em 1954, 231, em 1955 e 301 em1956.

Até 1945, existia apenas um tipo de pe-nicilina, já em 1957 se dispunha de 121apresentações comerciais 65. Se bem que nosanos que se seguiram, até esta data, foramsurgindo os demais antibióticos em uso, deação mais ampla e menos antigênica, com acriação das penicilinas serni-sintéticas, quevisam competir com os vários antibióticos ejá também com largo espectro, sendo peni-cilinase resistente, está havendo um ressurgi-mento da penicilina quer na forma para usooral como parenteral 70, 71, 72, 73.

E as penicilinas hio-sintéticas e as semi-sintéticas são igualmente antigênicas e capa-zes de produzir sensibilizações cruzadas 74.

Magno é o problema se considerarmos, porcomparação, o que acontece nos Estados Uni-dos aonde foi estimado que 10% da po-pulação - 20 milhões de norte-americanos- apresentaram em qualquer fase de sua vi-da predisposição a sensibilização a algumalimento, medicamento ou outras substâncias.

E sendo muito variável a capacidade desensihilização à penicilina, pode ser adqui-rida ao primeiro contato.

Em nossas pesquisas, encontramos para oleite em pó e "in natura" potências do an-tibiótico que variaram de 0,05 a 0,5 unida-des por grama ou mililitro do produto exa-minado, ou seja respectivamente 5 e 50 uni-dades por 100 mililitros, cêrca de um copode leite reconstituido.

Nos Estados Unidos entretanto a maioriados alergistas consultados afirmou que emcasos especiais 2 a 3 unidades de penicilinaingeri das produziram uma reação do tipo ana-filactóide em pessôas com alto grau de sensíbi-Iização e que havia suspeitas de que a penici-lina veiculada no leite estivesse sendo a causada urticária recorrente freqüentem ente encon-trada 5,7.2, 75, 7'6.

Em vista dos fatos analisados, foi recomen-dado nos Estados Unidos o afastamento daordenha do leite, para uso humano e indus-trial, do gado submetido a tratamento anti-

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mastítico, por um período não inferior a72 horas ou pelo período de tempo reque-rido para a eliminação dos antibióticos, emse tratando de outras terapias e de outrosmorbos, sendo obrigatória a impressão dessasrecomendações no rótulo das drogas empre-gadas.

E no caso das pastas anti-rnastíticas reco-mendou-se a adição de corantes ou substân-cias fluorescentes ao medicamento como ver-dadeiros marcadores. Essas substâncias seeliminariam no leite ao mesmo passo que osantibióticos, dando a avaliação visual do fe-nômeno.

Foi igualmente desenvolvido um extensoprograma de esclarecimento junto aos vete-rinários, zootecnistas, fazendeiros e sitiantes,às usinas de heneficiamento do leite, às re-vistas de agricultura, e pela imprensa jorna-Iística pelos seus suplementos agrícolas, pelorádio e TV, através de freqüentes progra-mas rurais de elucidação",

Tendo em vista que no leite os antibióti-cos são potencialmente iatrogênicos, as me-didas visando o consumo de um produtoisento de tais drogas promoveria igualmenteo consumo de sub-produto livre de contami-nação, principalmente o leite em pó.

De fato, os métodos usados cornumentepara o heneficiamento do leite, a pasteuriza-ção e o resfriamento não afetam os antibió-ticos 2, ~'2. O leite em estado de cru sofreuma série de operações industriais: pasteuri-zação' evaporação, secagem e resfriamento,de acôrdo com a finalidade do seu uso "innatura", em pó ou condensado.

E embora nenhum resíduo antibiótico fôs-se encontrado no queijo, manteiga, leite empó ou leite evaporado, pela "Food and DrugAdministration", em pesquisas realizada em1954, HANSEN, WIGGINS & BOYD77 demons-traram que O'S antibióticos estavam presentesno leite em pó obtido de misturas de leiteslíquidos contendo um por cento do leite or-denhado de vacas cujos úberes tinham sidorecentemente tratados com antibióticos.

E HANSEN e ELLICKSON apud2, buscandoresíduos de penicilina no leite em pó desna-tado, encontraram amostras contendo entre0,5 a 2,5 unidades por grama, potências bemmaiores que as por nós evidenciadas, emSão Paulo.

Não obstante a importância do assuntopôsto em tela há quase duas décadas, o re-gulamento federal brasileiro da inspeção in-

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dustrial e sanitária de produtos de origemanimal 78, aprovado em 1952 e parcialmentemodificado 79 em 1962 embora recomende,como principal critério' para a avaliação dacontaminação microbiana do leite tipo C, aprova da redutase, não cuidou também deexigir em especial a pesquisa de substânciasinibidoras que afetam os resultados obtidospara aquela prova. O mesmo acontece paraa exigência regulamentar expressa no artigo537, parágrafo 3.° e 4.° 78,79 onde, emboradeclare de início que o leite não deve estaradulterado ou fraudado, diz entre outras coi-sas que a acidez não pode ser superior a18°Dornic e, no parágrafo 5, que não po-dem os leites crus destinados aos tipos "A","B" e "C" revelar, na prova de redutase, con-taminação excessiva com descoramento emtempo inferior a 5 horas para o tipo "A",3h30m para o tipo "B", 2h30m para o ti-po C e leite magro sem fazer referência es-pecial às substâncias inibidoras.

No artigo 540 informa entre ítens diver-sos que para indicar o padrão bacteriológicodo leite cru destinado ao tipo "A" e "B"emprega-se o método de contagem microbia-na que não deve ser superior respectivamentea 10 000 e a 500 000 antes da pasteurização.

Tôdas essas provas sofrem influência mar-cante dos inihidores veiculados pelo leite ecuja presença é capaz de determinar um tipofictício de leite devendo, pois, a sua presen-ça ser considerada uma fraude e ser exigi daliminarmente a sua ausência, para se poderaceitar como válidos os resultados fornecidospor aquelas provas de rotina, sem o que po-derá ser subvertida a elevada capacidade jul-gadora dos laboratórios bromatoIógicos e osresultados obtidos inapelàvelmente falseados.

Tendo em vista o interêsse do assunto, poriniciativa da Divisão Técnica de Laborató-rios da Cooperativa Central de Laticínios doEstado de São Paulo, pioneiramente, já em1966, com o concurso de um grupo escolhi-do de tecnologistas, foi levado a efeito naCapital de São Paulo a pesquisa de inibido-res hacterianos, com a finalidade de situar ograu de contaminação química e bioquímicade cêrca de um milhão de litros de leite diã-riamente consumidos pela população paulis-tana '5,48.

Tal pesquisa coincidiu com a oportunareformulação do Regulamento de InspeçãoFederal, que se está processando, e com orecebimento da circular n." 43, de 8 de julho

de 1966, da Inspetoria de Produtos Agro-pecuários e Materiais Agrícolas de São Paulo,solicitando sugestões para a apreciação daComissão encarregada da revisão. Em ofíciosdistintos enviados em 1966, respectivamentepela Cooperativa Central de Lacticínios doEstado de São Paulo, e pelo Departamentode Produção Animal da Secretaria da Agri-cultura de São Paulo, sugerimos, entre outrositens, o acréscimo de três novos artigos emodificações parciais nos de número 514,537 e 540, para a constituição do nôvo Re-gulamento.

Nos artigos a serem criados, sugerimostornar obrigatório o afastamento da ordenhado leite para uso industrial ou humano dogado submetido a tratamento com drogas deorigem química ou bioquímica capazes deproduzir resíduos inibi dores no leite, enquan-to durar o tratamento; o afastamento doanimal submetido a tratamento local anti-mastítico por não menos de 72 horas apóso emprêgo da última medicação; a exigênciado emprêgo, tão sôrnento, de medicamentoanti-mastítico que declare no rótulo a me-dida acima preconizada; e a incorporaçãoa êsses medicamentos quando para uso local,de substâncias não tóxicas, capazes de coraro leite do animal tratado, como indicadoresda terapêutica em decorrência.

No artigo 514, aonde o parágrafo únicodiz ser proibido o emprêgo de substânciasquímicas na conservação do leite, acrescenta-mos também as bioquímicas.

No artigo 537 que diz só pode ser bene-ficiado leite considerado normal, sugerimosmodificar unicamente o item 3 que diz "es-teja adulterado ou fraudado, revele presen-ça de colostro ou leite de retenção" acrescen-tando "não revele, após aquecimento a 80DC,durante 5 minutos, presença de substânciasinibidoras do crescimento bacteriano.

E finalmente no artigo 540, aonde diz"Para a determinação do padrão bacterioló-gico das enzimas do leite, adote-se a provada redutase para o leite cru; fosfatase, pe-roxidase, contagem microbiana e teste depresença de coliformes, para o pasteuriza-do" solicitamos acrescentar "Pesquisa da pre-sença de subistâncias inibidoras direta ouindiretamente adicionadas ao leite.

Entretanto esta pesquisa da presença deinibi dores no leite em pó, que é um sensívelcomplemento da já efetuada com o leite "innatura", e outras que venham a ser feitas,

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marcarão cada vez mais o descompasso en-tre a esfera do progresso técnico e a do setorde fiscalização dos Serviços de Saúde Públi-ca, respectivos, devido quase sempre à nãoatualização mais freqüente dos regulamentosem vigência.

Todavia, o caminho da regulamentação deinspeção não é tão somente o da imposiçãode novos regulamentos norrnativos, sendo cer-to que essas medidas só se tornarão realidadeefetiva quando ao mesmo pass.o se desenvol-ver uma vasta campanha de elucidação vi-sando esclarecer o homem do campo, sej a opequeno ou o grande produtor.

RESUMO

Em 1966, demonstrávamos pela primeiravez no Brasil, que existe contaminação peni-cilínica no leite "in natura" de consumo daCapital - cêrca de 1milhão de litros diários.

Tornou-se imperioso pois, em decorrência,o desenvolvimento de igual pesquisa em re-laçâo ao seu derivado mais direto, o leiteem pó.

A partir de métodos baseados na inibiçãodo crescimento de germes de pr.ova, ou seja,o da placa-agar-esporos de Bacillus subtilisA.T_C.C., 6633, o da redução do C.T.T.(cloreto de 2-3-5 trifenil tetrazólio ) , e da pes-quisa do grau maior .ou menor da acidez doleite semeado com Streptococcus termophiluse Lactobacillus bulgaricus, chegamos à con-clusâo de que o leite em pó integral do consu-mo em S. Paulo veicula igualmente penicilinasem potências variadas de 0,05 a 0,5 Ujg eveicula também inibidores microhianos ou-tros, não identificados, possivelmente tambémantibióticos.

Tendo em vista os Fatos analisados, a nos-so ver urgentes medidas devem ser tomadas,tais corno:

1_ Promoção g.overnamental de uma pes-quisa de âmbito nacional que exprima a si-tuação real global do problema.

2. Desenvolvimento de uma campanha deesclarecimento visando afastar da ordenha ogado em tratamento antibiótico ou sulfamí-dico.

3. Emprêg.o adequado do antibiótico-su-plementação nas rações alimentares bovinas,

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4. O rigoroso policiamento sanitário, de-terminando, em todo laboratório de contrôlchigienico de leite, sistemático exame do pro;duto advindo do interior, topogràficamenteregião por região, visando localizar os focosde produção do leite inquinado e o seu sa-neamento dentro do prazo o mais rápido pos-sível. E o estabelecimento de critério queconsidere fraudado o leite veiculando rei te-radamente substâncias inibidoras do cresci-mento microbiano, principalmente se antibió-tico, quer acrescentado direta ou indireta-mente.

Agradecimentos - Externamos os nossosprofundos agradecimentos à Cooperativa Cen-tral de Laticínios do Estado de São Paulo,ao Departamento de Produção Animal daSecretaria da Agricultura de São Paulo eà Laborterápica-Bristol S.A. pela valiosa co-operação fornecida à execução das nossas pes-quisas.

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Recebido para p-ubl.icaç ão em 12 de setembro de 1968.

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