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INOVAÇÃO E A CADEIA DE VALOR EM
SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÃO:
APLICAÇÃO DA CURVA DA RIQUEZA
claralucia prates machado (UNISINOS )
Jose Antonio Valle Antunes Junior (UNISINOS )
As oportunidades para inovar estão em todos os estágios de atividades
da cadeia. A curva da riqueza procura associar os conceitos de cadeia
de valor de forma específica no que tange aos estágios de atividades da
empresa (modelo tipo A3 Toyoota) com os conceitos de inovação
expostos por Schumpeter e adotados pelo Manual de Oslo, acrescendo-
se a chamada inovação institucional. O presente estudo faz a aplicação
da curva da riqueza na cadeia de valor nas quatro maiores empresas
de telecomunicações do Brasil. O método utilizado foi o Design
Science Research (DSR). A técnica de coleta de dados foi a entrevista
pessoal e para categorização e classificação dos achados foi utilizado
o software Atlas TI. A aplicação da curva da riqueza mostrou que no
setor de telecomunicações brasileiro a cadeia de distribuição e o
desenvolvimento de processos são os estágios de atividades das
empresas que possuem maior elevação no valor de apropriação
relativamente à inovação.
Palavras-chave: cadeia de valor, curva da riqueza, inovação.
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João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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1 Introdução
A gestão da cadeia de valor envolve entendimento e análise do ambiente e das
competências e recursos internos e da identificação dos critérios de valor do consumidor final
(WALTERS, LANCANSTER, 2000). O progresso econômico, tecnológico e a influência do
comportamento dos consumidores sedimentaram o terreno fértil para a adoção da inovação
impulsionando a competitividade das empresas. Através da inovação as organizações tornam-
se capazes de enfrentar novos mercados e competir nos mercados já conhecidos (PROENÇA
et al, 2015).
A curva da riqueza (ANTUNES; PANTALEÃO; PELLEGRIN, 2007) procura
associar em um modelo tipo A3 (Toyota): i) conceitos de cadeia de valor (de forma
específica os estágios das atividades das empresas); ii) conceito de inovação tendo como base
o Manual de Oslo. Este estudo pretende fazer a aplicação da curva da riqueza no setor de
telecomunicações do Brasil - mercado caracterizado pelo grande volume de clientes (277,3
milhões de linhas). O estudo objetivou identificar como se comporta a curva da riqueza nas
empresas de telecomunicações, no que diz respeito aos estágios de atividades e ao valor de
apropriação propondo uma curva da riqueza para cada uma das empresas entrevistadas e para
o setor.
O método de pesquisa utilizado foi o Design Science Research (DSR) e como técnica
de coleta de dados a entrevista pessoal, sendo que os dados obtidos no período compreendido
entre outubro e novembro de 2015, foram categorizados e classificados através do software
Atlas TI.
A relevância do estudo consiste em identificar os focos de inovação na cadeia de valor
das quatro maiores empresas de telecomunicações brasileiras representada pela curva da
riqueza individual e do setor.
O presente artigo está dividido em 4 partes: i) revisão da literatura; ii) método; iii)
apresentação e discussão dos resultados; iv) conclusões.
2 Cadeia de Valor e os Estágios de Atividade das Empresas
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A cadeia de valor de uma organização é um conjunto de atividades que entregam valor
para o comprador do produto ou serviço (Porter, 1989). As empresas tendem a organizar suas
atividades de formas distintas, o que reflete no valor entregue ao consumidor.
As empresas de telecomunicações podem ter cadeias de valores muito diferentes ao
desempenharem as operações de planos pós e pré-pagos, corporativos, políticas de pessoal,
relacionamento com clientes. Segundo Porter (1989, p. 46), “a cadeia de valor existe não
apenas dentro da empresa, mas também envolve os fornecedores e os consumidores, criando
um sistema de valores”. A vantagem competitiva advém, não somente das atividades internas
inerentes a cada empresa, mas da relação e entrelaçamento de atividades com outras
empresas. Porter (1989) atribuiu a este conjunto de empresas que participam da concepção e
transformação do produto ou serviço à denominação de “sistemas ou cadeia de valores”.
Quando se fala em cadeia de valor das empresas de telecomunicações, faz-se
referência a todas as empresas envolvidas na geração de valor desta indústria, devendo-se
salientar a diferença entre a chamada cadeia de suprimentos, que tem foco exclusivo nas
questões logísticas e a cadeia de valor que evidencia a adição de valor que ocorre em cada elo
da cadeia produtiva (PORTER, 1989). Assim, valor vem a ser um conjunto de benefícios
entregues por um produto/serviço, além do seu custo de aquisição. É a percepção de valor
pelo consumidor entre os benefícios que recebe e o desembolso financeiro que está disposto a
efetuar (WALTERS, LANCANSTER, 2000).
Assim a estratégia empresarial deve descrever, entender, analisar o ambiente,
determinar uma direção conforme os dados analisados e implementar o curso de ação
definido. Este pensamento linear busca auxiliar na compreensão do posicionamento e
tendências mercadológicas, preparando as organizações para mudanças futuras em suas
cadeias de valores [ANSOFF (1970); PORTER (1989); CHANDLER (1990) ].
Outra abordagem é trazida por Penrose (1995), Teece e Pisano (1997) Mintzberg e
Lampel (2007) e Hamel e Prahalad (2013). Estes autores sugerem que a completa
compreensão da complexidade não é possível em razão das limitações de percepção as quais
somos submetidos. Assim, as organizações devem buscar conhecer seu ambiente,
competências e recursos internos para construir a sua cadeia de valor.
A gestão da cadeia de valor envolve tanto o entendimento e análise do ambiente, como
o das competências e recursos internos. O compartilhamento de informações sobre este
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consumidor entre os elos da cadeia de valor é fundamental (WALTERS, LANCANSTER,
2000).
3 Inovação, Competitividade e Mercado
Marx entendia que o processo de acumulação de capital dependia de inovações em
bens de capital e o aprofundamento da divisão social do trabalho. Segundo ele, inovação era
vista como “uma forma de obter um monopólio temporário sobre uma técnica superior ou um
produto diferenciado” (MARK, 2013). O monopólio seria temporário, pois em pouco tempo o
sucesso deste produto inovador atrairia a concorrência e por consequência imitações, trazendo
competição ao mercado, ocasionando a queda no preço de comercialização (TIGRE, 2006).
Schumpeter defendia que as economias capitalistas eram sustentadas pelo impacto das
inovações tecnológicas, em que as novas tecnologias substituem as antigas (SCHUMPETER,
1982).
O progresso econômico movido pelos avanços tecnológicos e da inovação, influenciou
diretamente a evolução das nações. Em 1963 surgiu o Manual de Frascati (OCDE), com o
objetivo de criar um sistema padrão para a avaliação em pesquisa e desenvolvimento. OCDE.
(MANUAL DE OSLO, 1998)
4 Curva da Riqueza
A capacidade competitiva das organizações pode ser alcançada por meio de estratégias
que possibilitem a identificação de oportunidades que ainda não foram assimiladas pela
concorrência. O mapeamento estratégico pode ser elaborado a partir da proposição de Porter
(1989) das “cinco forças competitivas”: barreiras a entrada de novos concorrentes, poder de
barganha dos compradores, poder de barganha dos fornecedores, ameaça de produtos
substitutos e rivalidade entre os concorrentes.
As oportunidades para inovar aparecem em todas as atividades da cadeia, sendo que a
inovação deve ocorrer em todas as atividades do negócio (ANTUNES; PANTALEÃO;
PELLEGRIN, 2007).
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A efetivação de uma inovação implica na apropriabilidade, que está relacionada a
obtenção de vantagem competitiva (Proença et al, 2015). Isto na medida em que não basta
agregar valor a um produto ou serviço é crucial garantir que o lucro gerado seja apropriado
pelo empreendedor.
Desta forma, ao se analisar uma determinada unidade de negócios pode-se perceber
oportunidades de inovação nas mais variadas formas – Figura 1.
Figura 1: Curva da Riqueza
Fonte: Proença et al (2015).
A Curva da Riqueza objetiva associar em um modelo do tipo A3 (Toyota) os conceitos
de cadeia de valor (estágios das atividades das empresas), e conceitos de inovação (adotando
os conceitos do Manual de Oslo.
Conforme Proença et al (2015, pg. 24): “ o formato qualitativo da curva sugere que as
inovações desenvolvidas em suas extremidades poderiam agregar mais valor do que as
inovações desenvolvidas mais ao centro da curva”. A curva mostra existirem possibilidades
de inovação em todas as atividades da cadeia, no sentido proposto por Porter (1989),
corroborando que a inovação está associada a todas as atividades do negócio.
No meio da curva estão dispostas as atividades de desenvolvimento de processo,
suprimentos, produção e distribuição. Nas extremidades estão gestão de marca, design,
desenvolvimento de produtos, marketing, comercialização e pós-vendas. As atividades
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inovativas realizadas nas extremidades tendem a agregar mais valor que as inovações
desenvolvidas mais ao centro da curva. (CASTRO; PROENÇA, 2001). A A curva da riqueza
revela ainda a existência de inovações de natureza institucional. Esta inovação trata das
mudanças de políticas e diretrizes estratégicas e a prerrogativa de fazer prosperar nas
organizações inovação organizacional visando a reinvenção do próprio negócio (DRUCKER,
1996).
5 Método
5.1Design Science e Design Science Research (DSR)
As ciências tradicionais - naturais e sociais - se limitam em explicar, descrever,
explorar ou predizer os fenômenos e as suas relações. Porém, na medida em que se faz
necessário estudar o projeto e aplicá-lo na prática, as ciências tradicionais carecem da
realização de pesquisas orientadas à solução dos gargalos nas organizações (DRESCH;
LACERDA; ANTUNES, 2015; PROENÇA et al, 2015).
Simon (1996) comenta que em um projeto o que interessa é como as coisas devem ser,
como os objetos criados pelo homem devem ser propostos. O autor denomina os objetos
criados pelo homem como artefatos ou objetos artificiais. Os artefatos perfazem a organização
dos componentes do ambiente interno que visam atingir objetivos em ambientes externos. O
Design Science (DS) preenche a lacuna existente no paradigma das ciências naturais porque
concebe um conhecimento de como projetar e não apenas de como aplicar (PROENÇA,
2015).
Assim, o DS é “a ciência que procura desenvolver e projetar soluções para melhorar
sistemas existentes, resolver problemas ou, ainda, criar novos artefatos, que contribuam para
uma melhor atuação humana, seja na sociedade, seja nas organizações” (Dresch, Lacerda e
Antunes, 2015, pag. 57).
Quando o objetivo é o estudo do que é o objeto criado pelo homem e tem-se como
alvo alcançar um artefato ou uma prescrição, a DS é uma base epistemológica adequada. Já o
Design Science Research (DSR) é o método que a operacionaliza, orienta a resolução de
problemas, atua a partir do entendimento do problema, construindo e avaliando artefatos que
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irão permitir a transformação de situações alterando suas condições para contextos melhores
ou mais desejáveis (DRESCH, LACERDA, ANTUNES; 2015).
Segundo Cole et al. (2005), as pesquisas necessitam agregar valor na área teórica.
Igualmente necessitam gerar melhorias para situações práticas das organizações. Neste
contexto, a pesquisa deve buscar a aproximação desses dois universos (teoria/prática)
(PROENÇA, et al, 2015).
Desta forma, para a realização deste projeto utilizou-se o DSR - Figura 2:
Figura 2: DSR
Fonte: Adaptado pelos autores de Dresch, Lacerda, Antunes; 2015
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5.2 Etapas do processo
5.2.1 Revisão Sistemática da Literatura (RSL)
A questão central para a revisão da literatura consiste em permitir o entendimento da
Curva da Riqueza.
5.2.2 Entrevistas
Utilizou-se para a fase de conscientização (Figura 3) a estratégia do estudo de caso, de
natureza exploratória. A técnica de coleta de dados utilizada foi a da entrevista presencial,
com auxílio de roteiro de questões abertas (GIBBS, 2008; KING; HORROCKS, 2010).
Figura 3: Etapas da conscientização
Coleta e análise de dados para a pesquisa
Etapas da
pesquisa
Revisão da literatura com o levantamento das principais
publicações/autores nacionais e internacionais;
Elaboração do roteiro de entrevistas; Elaboração da escala da Curva
da Riqueza
Agendamento e realização da entrevista com os 4 diretores e 4
gerentes das empresas Vivo, Tim, Oi e Claro
Análise documental - relatórios técnicos – site – artigos;
Análise das entrevistas realizadas por meio da técnica de
interpretação dos achados, com o auxílio do softwere ATLAS TI para
a classificação e categorização dos dados de pesquisa;
Fonte: Elaborado pelos autores (2015).
O escopo da pesquisa qualitativa compreendeu o de múltiplos casos das quatro
operadoras de telefonia atuantes no Estado do RS: Vivo, Tim, Oi e Claro. O roteiro da
entrevista foi elaborado a partir dos objetivos do trabalhoe t do referencial teórico proposto.
Foram entrevistados: i) Diretores de Negócios com o Mercado; ii) Gerentes de Contas Pós-
pago; iii) e Gerentes de Conta Pré-pago. O As entrevistas duraram aproximadamente 60
minutos e as mesmas foram realizadas de forma presencial (Outubro e Novembro de 2015).
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Durante as entrevistas, foram apresentados aos entrevistados os elementos da Curva da
Riqueza dispostos em uma escala que variou de um a nove, e, solicitado que cada
respondente avaliasse o grau da escala de cada um dos estágios das atividades das empresas
segundo sua percepção. O roteiro contou com perguntas relacionadas a cada estágio de
atividades das empresas.
As entrevistas por pautas ou semiestruturadas permitem ao entrevistador se guiar por
uma relação de pontos importantes a serem questionados ao entrevistado. Nesta modalidade o
entrevistado é quem fala livremente. O entrevistador apenas intervém na medida da
necessidade visando retomar o foco da pesquisa. A entrevista presencial configura uma
importante fonte de informação para o estudo de caso, permitindo questionar aos respondentes
sobre os fatos de um assunto, e as opiniões deles sobre os eventos (YIN, 2010). A entrevista
presencial foi considerada a forma de coleta mais apropriada para este estudo.
5.2.3 Identificação dos estágios das atividades das empresas
Primeiramente é indicado estabelecer conceitualmente o que se entende, por valores
apropriados (valor agregado), quais sejam: inovações de marketing (mercado), processos e
produto.
Inovação de Marketing é a “implementação de um novo método de marketing
envolvendo mudanças significativas na concepção do produto ou em sua embalagem, no
posicionamento do produto, em sua promoção ou na função de preços” (OCDE, 1997, p. 59).
Inovação de Processos é a “implementação de um método de produção ou distribuição
novo ou significativamente melhorado. Incluem-se mudanças significativas em técnicas,
equipamentos e/ou softwares” (OCDE, 1997, p.58).
Inovação de Produto é a “implementação de um bem ou serviço novo ou
significativamente melhorado no que concerne a suas características ou usos previstos.
Incluem-se melhorias significativas em especificações técnicas, componentes e materiais,
softwares incorporados, facilidade de uso ou outras características funcionais” (OCDE, 1997,
p.57).
Os estágios de atividades considerados foram: i) gestão da marca e do design; ii)
desenvolvimento de produto; iii) desenvolvimento de processos; iv) cadeia de suprimentos; v)
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produção; vi) cadeia de distribuição; vii) marketing e comercialização; e vii) serviço de pós-
venda.
Para a identificação dos estágios das atividades das empresas foi aplicado para cada
estágio um conjunto de questões respondidas pelos entrevistados.
Para o estágio da atividade gestão da marca e design, foram abordadas questões como:
Como são ofertados os produtos e serviços, no caso da telefonia pós e pré-paga, no Brasil?
Qual é a relação percentual de utilização desses dois produtos? E como funcionam na prática
a oferta dos produtos desenvolvidos pela empresa (explorando questões relacionadas a preço,
pacotes e o que incluem os pacotes)?
No estágio da atividade desenvolvimento de produto as questões foram: Quais os
produtos que a empresa desenvolve e oferece? Existem outros produtos em desenvolvimento
além dos tradicionais ligados a telefonia.
No estágio de desenvolvimento de processos a abordagem foi norteada para identificar
quais as inovações em processos ocorrem na empresa. No estágio da cadeia de suprimentos as
perguntas foram feitas para entender como são os relacionamentos na cadeia de suprimentos e
apontar quem são os stakeholders envolvidos. No estágio produção, o foco foi definir como se
dá a produção e o que esta operação envolve.
No estágio da cadeia de distribuição as questões se concentraram em: i) como é feita a
venda dos produtos para atingimento de grandes camadas da população?; ii) quais os canais
de autosserviço que interessam?; e, iii) porque, e, quais outros canais são relevantes, de que
forma são atingidos e quais as principais barreiras? Ainda, procurou-se obter a informação de
como deve ser feita a venda dos produtos em canais não especializados.
No estágio de marketing e comercialização direcionou-se perguntas no sentido de
entender se existem estudos para a criação de novas formas de comercializar os produtos
(preços, formas de pagamento e pacotes). Ainda, buscou-se observar a influência das
conexões via Voip e o posicionamento das empresas em relação a esta nova tecnologia. No
estágio do serviço de pós-venda a abordagem compreendeu o entendimento de como se
estabelece o serviço junto ao cliente final.
5.2.4 Aplicação da escala
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Para cada estágio de atividade da empresa foi atribuída uma escala que variou de 1 a 9
em relação ao valor apropriado pela empresa. Cada respondente avaliou o grau da escala de
cada um dos estágios das atividades das empresas explicitando a sua percepção em relação ao
posicionamento de cada organização e a apropriação de valor.
5.2.5 Visão individual dos cenários
Na percepção dos respondentes da empresa TIM, as atividades de maior valor
apropriado e onde a inovação se desenvolve se concentra nas extremidades da curva da
riqueza. No entanto as atividades de desenvolvimento de produtos e de processos, cadeia de
distribuição e marketing e comercialização mostraram ter a mesma importância - Figura 4 -
representação em azul:
Figura 4: Aplicação da curva da riqueza – Empresa TIM
Fonte: Elaborado pelos autores
Os estágios cadeia de suprimentos e produção tem o menor grau de apropriabilidade
indo ao encontro da curva da riqueza original grafada na Figura 3 em vermelho.
O mesmo ocorreu na curva da riqueza para as empresas VIVO e Claro, com variações
mínimas - Figuras 5 e 6:
Figura 5: Aplicação da curva da riqueza – Empresa VIVO
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Fonte: Elaborado pelos autores
Figura 6: Aplicação da curva da riqueza – Empresa Claro
Fonte: Elaborado pelos autores
Na interpretação da empresa OI a curva da riqueza apresenta maior força nos campos
intermediários. Desenvolvimento de produtos e cadeia de distribuição são as atividades onde
o valor de apropriabilidade está mais presente na organização - Figura 7:
Figura 7: Aplicação da curva da riqueza – Empresa OI
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Fonte: Elaborado pelos autores
Para a empresa OI as atividades gestão de marca e design e serviços de pós-venda tem
baixo valor de apropriabilidade, neste caso, indo em sentido oposto ao propugnado pela curva
da riqueza.
6 Discussão dos Resultados
A curva da riqueza sugere que as inovações mais relevantes nas organizações se
desenvolvem ao longo de suas extremidades - inovações de marketing.
No caso em análise, a curva apresentou um comportamento qualitativo diverso.
Observou-se um forte valor de apropriabilidade nas extremidades (presente em três das
empresas estudadas – TIM, VIVO e Claro) como acontece na curva da riqueza. Em
contrapartida mostrou um elevado valor de apropriabilidade no que tange a cadeia de
distribuição. Enquanto na curva da riqueza a atividade cadeia de distribuição atingia grau 2 na
escala proposta neste trabalho, na comparação coma as quatro empresas, em três delas (TIM,
VIVO e Claro) o grau atingido foi 9 e na Oi 7.
Segundo as entrevistas, a razão pela qual é atribuído um elevado grau para a cadeia de
distribuição, é o fato de que as empresas de telecomunicações necessitam inovar, acima de
tudo, nas formas de distribuir seus produtos e na utilização de cada vez mais diferenciados.
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As operadoras precisam desenvolver suas cadeias comerciais para o atendimento de
grandes mercados (DOMINGUEZ-PÉRY et al. 2013). Isso envolve lojas próprias,
franqueadas e varejos independentes. Além de vender, essas lojas devem apoiar os clientes em
recargas e vendas de chips e acessórios. Dados de arquivo indicam que os pequenos varejos
independentes constituem a maioria dos Pontos de Venda (PVs), objetivando explorar a
confiança que tais estabelecimentos desfrutam junto aos consumidores dessa camada social.
Abordagem similar foi verificada em outros mercados e produtos (SCHRADER et al. 2012).
Outro ponto a ser destacado é o desenvolvimento de processos. Conforme foi possível
verificar nos relatos dos entrevistados, a empresas de telecomunicação passaram a ter uma
lente mais específica sobre os processos como forma, primeiramente de reduzir custos e
eliminar perdas, e depois de agilizar a entrega do produto/serviço para o consumidor final.
7 Modelo proposto – Curva da Riqueza do Setor de Telecomunicações no Brasil
A Figura 8 mostra a aplicação da curva da riqueza a partir das avaliações feitas pelos
executivos das empresas de telecomunicações do Brasil e a comparação com a curva
qualitativa da riqueza desenvolvida por Antunes, Pantaleão e Pellegrin (2007):
Figura 8: Aplicação da curva da riqueza no setor de telecomunicações
Fonte: Elaborado pela autora
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Os principais geradores de inovação no setor de telecomunicações brasileira são:
desenvolvimento de produto, desenvolvimento de processos, cadeia de distribuição e
marketing e comercialização, seguidos da gestão da marca e design e do pós-venda. Conforme
a curva da riqueza sugerida por Antunes, Pantaleão e Pellegrin (2007) cadeia de suprimentos e
produção são os estágios de atividades das empresas que apresentam um menor valor de
apropriabilidade.
8 Considerações Finais
O objetivo deste trabalho foi aplicar a curva da riqueza na cadeia de valor nas quatro
maiores empresas de telecomunicações do Brasil gerando, a partir do entendimento do valor
de apropriabilidade em cada estágio de atividade das empresas, uma nova curva da riqueza
para cada uma das empresas pesquisadas e para o setor de telecomunicações como um todo.
Assim, foi possível identificar um considerável valor nos estágios de atividades das
extremidades (gestão de marca e design, desenvolvimento de produto, marketing e
comercialização e pós-venda). Entretanto observou-se um elevado valor de apropriabilidade
no que concerne ao desenvolvimento de processos e cadeia de distribuição, verificando-se
nestes dois pontos uma divergência em relação à curva da riqueza sugerida por Antunes,
Pantaleão e Pellegrin (2007).
A partir deste resultado constatou-se que para as empresas de telecomunicações no
Brasil, o foco para a geração de inovações com valor de apropriabilidade passou a ser o
desenvolvimento de processos e a cadeia de distribuição, em um mercado de 277, 3 milhões
de clientes, é altamente competitivo e disputado “palmo a palmo”, tornando vital o
desenvolvimento de processos capazes de mitigar o efeito da concorrência e fazendo da
cadeia de distribuição o elo mais forte junto ao cliente final que, por consequência, enseja na
constante busca de novas oportunidades, canais e pontos de contato com o cliente.
Sugere-se para estudos futuros a ampliação deste trabalho, buscando-se a percepção
dos colaboradores das empresas de telecomunicações de escalões inferiores aos aqui
entrevistados e, também, dos clientes de planos pós e pré-pagos, com o fito de avaliar com
estes atores a percepção quanto a aderência da curva da riqueza, ora proposta.
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