Inovações no desenho de programas de proteção social

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Fábio Veras Soares Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC- IG) [email protected] 2 a Conferência Nacional do Desenvolvimento (CODE/IPEA) Brasília, 24 de novembro de 2011 Inovações no desenho de sistemas de proteção social

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Apresentação do Sr. Fábio Veras Soares na II Conferência Nacional do Desenvolvimento (CODE/IPEA) sobre a crise e os programas de proteção social na Etiópia, Chile, República Dominicana, México e Brasil.

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Fábio Veras SoaresCentro Internacional de Políticas para o

Crescimento Inclusivo (IPC-IG)[email protected]

2a Conferência Nacional do Desenvolvimento (CODE/IPEA)

Brasília, 24 de novembro de 2011

Inovações no desenho de sistemas de proteção social

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A crise e a Proteção Social

• A recente crise econômica motivou a revisão do desenho de programas de proteção e revelou a eficácia de vários instrumentos em amortecer os seus impactos.

• Houve uma expansão de programas de proteção social como parte integral dos pacotes fiscais de estímulo econômico nos países de renda média.

• No entanto, do ponto de vista dos instrumentos, pode haver potencialmente um trade-off (dilema) entre políticas e programas que aumentam a resiliência em um contexto de crise e aqueles que respondem às necessidades de longo prazo do desenvolvimento.

• No contexto de recursos limitados como achar um equilíbrio entre o foco na pobreza crônica e as demandas da pobreza temporária de grupos vulneráveis.

• Há também alguma evidência que esquemas/sistemas de proteção social mais integrados foram capazes de melhor proteger países.

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Adaptação à disponibilidade de recursos e diferentes realidades

• É importante reconhecer que o países têm diferentes capacidades para responder a crises e para adaptar suas políticas de proteção social e emprego para responder a elas

• Países de renda média e os grandes países emergents foram capazaes de disponibilizar recursos para as medidas contra-cíclicas.

• Países de renda baixa que têm menor espaço fiscal e são muito dependentes da Ajuda Oficial para o Desenvolivmento (doações internacionais, ODA).

• Nestes países, um movimento em direção a sistemas de proteção social mais amplos requer uma clara definição de prioridades na escolha de programas que tenham uma maior sinergia com o produção e maior potencial de integração com as prioridades do desenvolvimento definidas internamente.

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Países de renda baixa

Quatro características do programa Etíope PSNP (Productive Safety Net Programme) parecem ter um amplo potencial para o aprendizado sul-sul:

• alto nível de coordenação e alinhamento entre doadores e o governo da

Etiópia, sob a liderança deste último; • um desenho que reconhece as diferentes necessidades dos domícilios

cronicamente pobres combinando apoio direto (transferência de renda) para aqueles que não podem trabalhar (idosos e deficientes) com um programa de frentes de trabalho para domícilios que possuam adultos em idade e condições de trabalhar;

• a capacidade de juntar objetivos múltiplos em um único programa sem sobrecarregá-lo e torná-lo difuso;

• ser um programa do tipo âncora ou carro-chefe, sem necessariamente, apresentar-se como a solução mágica para todos os problemas, sendo parte de uma estratégia, no caso de segurança alimentar, que é mais ampla e inclui outros programas.

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Países de renda média: a experiência da América Latina

O uso da informação na expansão, integração e reforma dos programas de proteção social

• O uso de registros únicos ou bases de dados interconectadas aparece como uma importante inovação para a consolidação de sistemas de proteção social.

• Na América Latina, tais registros se tornaram bastante populares e mostraram sua utilidade e seu potencial para diversos própositos durante a recentre crise econômico-financeira.

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O caso da República Dominicana

• A base de dados do SIUBEN: 60% da população do país• Cobertura do PTC Solidariedad: 21%. • SIUBEN não é simplesmente um registro de pobre, de modo que ele

pode ser utilizado para ajudar na implementação de programas que tenham uma cobertura mais ampla.

• Implementação do Bono Gas: subsídio foi focalizado nos mais pobres e na classe média baixa.

• Expansão do PTC Solidariedad: valores pagos e números de beneficiários

• A extrema pobreza continuou a cair (11,9 para 11,1%) e a pobreza moderada permaneceu constante (35,8 para 35,7%) entre 2007 e 2008. Mas com continuidade da redução em 2010: 10 e 34%, respectivamente.

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O caso do México

• Novos componentes foram adicionadas às transferências monetárias: apoio enérgeticoapoio infantil viver melhor

• O número de beneficiários do Oportunidades e do Programa de Apoio Alimentar (PAL) foi aumentado.

• O PAL é um programa de segurança alimentar e nutricional direcionado a famílias extremamente pobres, independentemente da oferta de serviços nas áreas onde elas vivem, ou seja, trata-se de um programa de transferência de renda sem condicionalidades

• O programa Oportunidades também tem ajudado no desenvolvimento e implementação de outros programas de proteção social.

• A pobreza cresceu no México de 44,5 para 46,2% enquanto a extrema pobreza caiu levemente de 10,6 para 10,4% entre 2008 e 2010.

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O caso do Chile

Programa Puente (Chile Solidario): • Diagnóstico: falta de acesso a oportunidades e às políticas e programa sociais. • Estratégia: atenção personalizada às famílias através do apoio psicossocial

(trabalhadores sociais) e garantia do acesso às politícas socias adequadas à situação destas famílias.

Demanda: Ficha de Proteção Social (FPS) – 65% da população chilena Oferta: Essa informação alimenta a base de dados do Registro de Informação

social (RIS) e é cruzada com as informações administrativas sobre os programas sociais

Resposta a crise: • Bônus de Apoio à Família, foi pago a quatro milhões de famílias, 23 % da

população, em março e agosto de 2009 e em março de 2010• Asignación Social: aumento de 56 % no orçamento do Chile Solidario para 2011

. Beneficio per capita incondicional (9 a 15 dólares). Beneficio condicinal: saúde, educação e bonus para participação no mercado de trabalho.

redução da pobreza de 13,7 para 11,5 por centro entre 2006 e 2009, mas um aumento da pobreza extrema de 3,2 para 3,6 por cento

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O caso do Brasil

• O Cadastro Único desenvolvido no Brasil é outro exemplo de base de dados de potenciais beneficiários de programas sociais focalizados que foi desenvolvida graças à consolidação de um PTC.

• Recentemente este cadastro se tornou o pilar informacional para a nova estratégia de erradicação da miséria, o Brasil sem Miséria.

• Esta estratégia é composta por três componentes:

garantia de uma renda mínima; acesso aos serviçios básicos; e Inclusão produtiva

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Conclusões

• A expansão de programas de proteção social e seu aperfeiçoamento foi parte integrante da resposta a crise de vários países.

• Há experiências importantes mesmo em países de renda baixa com grande potencial de aprendizado na cooperação horizontal sul-sul

• Os sistemas integrados e/ou a existência de cadastros únicos permitiram uma rápida resposta dos países à expansão de programas. Mas há a questão dos prós e contras dos programas âncoras para lidar com a pobreza temporária.

• Os sistemas integrados também permitiram o desenho de estratégias mais amplas de proteção social.

• Desafio: ir para além do discurso da simples graduação para a consolidadação de sistemas de proteção social.

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