Inquisição

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A VERDADEIRA INQUISIÇÃO

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O tribunal da Inquisição do período medieval

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A VERDADEIRA INQUISIÇÃO

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Como a Igreja medieval

conquistou tanto poder ?

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A queda do Império Romano do Ocidente ocorreu por volta do século V e foi ocasionada por uma crise político-econômica do império e agravada pelas invasões dos povos germânicos, que por sua vez se alojaram em território romano e fundaram inúmeros reinos independentes. Inicia-se assim o período histórico denominado “Idade Média”, que foi do século V ao XV.

Dentre esses reinos independentes esta o Reino Franco (atual área da França e países próximos), que se destaca pela atuação de dois grandes imperadores francos: Clovis I, da dinastia merovíngia, e Carlos Magno, da dinastia carolíngia, ambos fundamentais para que a Igreja conquistasse seu poder religioso e político.

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CLÓVIS I

Importante por ter sido o primeiro rei bárbaro a se converter ao cristianismo, unificando em seguida

grande parte das tribos francas e dando inicio à relação entre Estado e Igreja, origem da influência

política da Igreja medieval.

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CARLOS MAGNO

Importante por ter aceitado, no século VIII, a ajudar a Igreja a combater os lombardos e outros povos, tendo oferecido várias vezes apoio militar à Igreja, sendo coroado pelo papa Leão III o imperador do Sacro Império Romano-Germanico e aclamado como o defensor da cristandade. Tornando os laços entre Igreja e Estado ainda mais fortes.

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A VISÃO EQUIVOCADA SOBRE INQUISIÇÃO

NA ATUALIDADE E

O ERRO DE JULGAR A

MENTALIDADE INCOMPREENDIDA

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Segundo Joseph Bernard, falar sobre a atuação da Inquisição sempre gerou muitas polemicas, pois o assunto é analisados por meio de julgamentos equivocados a respeito da atuação da instituição clerical.

Para Bernard a Inquisição era um tribunal, e como tal cabia a ele julgar os que cometiam crimes contra a ideologia cristã, devendo sua punição ser dura o bastante para servir de exemplo à população . E assim foram, de tal modo que as medidas tomadas pela Inquisição são tidas atualmente como rigorosas e cruéis, causando repulsa na sociedade.

Para as pessoas, principalmente os historiadores, entenderem melhor a Inquisição elas devem buscar analisar e entender a mentalidade do homem medieval.

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O historiador deve, segundo Marc Bloch, deve compreender o fato e não

julgá-lo, ou seja, ele deve buscar uma neutralidade ao analisar um fato

histórico, conhecendo para isso os dois lados dele, evitando o julgamento

precipitado dos fatos, visto que o homem, ainda de acordo com o pai da escola

dos Annales, munido de suas emoções e de uma atenção que vária de

individuo para indivíduo, vê apenas o que deseja ver sobre um fato. E como o

historiador não passa de um mero ser humano, ele não está isento da grave

falha que é julgar um acontecimento.

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Deve-se buscar conhecer a mentalidade dos que viveram nesse período, ou seja,

a realidade do homem medieval, principalmente seus medos, sendo os mais

importantes nesse contexto, os que Georges Duby classificou como medo do

outro e do além.

MEDO DO OUTRO: Medo do estrangeiro, do diferente. Talvez por conta das

recentes lembranças dos violentos ataques bárbaros, principalmente os dos

normandos e árabes. O estrangeiro levantava suspeitas na população e era mal

visto por ela.

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MEDO DO ALÉM:O maior medo do homem medieval era o do além, principalmente o de não alcançar a salvação prometida pela Igreja e ser condenado ao tormento eterno do inferno.

Ilustração do Diabo contida no “Codex Gigas”

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A morte causava medo, mas era inevitável para todos, independente do estrato social, passariam. Assim como mostra a tradição da dança macabra retratada abaixo, onde é representado a fragilidade do clero, nobreza e estrato servil diante da morte. O grande medo se resumia ao destino que as almas teriam.

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O FUNCIONAMENTO INICIAL E

DESENVOLVIMENTO DA INQUISIÇÃO

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Ao entender melhor o modo de pensar do homem medieval deve-se ter ciência também de que a Inquisição, segundo J. Bernard era o resultado da unificação de instituições eclesiásticas e civil.

Braço eclesiástico: representada pelo clero, tinha a função de investigar, corrigir e julgar os delitos de heresia, podendo até aplicar castigos físicos aos hereges, mas sem jamais sujar as mãos com sangue humano, pois isso representava um imenso pecado, ainda mais se culminasse na morte de uma pessoa, o que estaria indo contra um dos mandamentos de Deus.

Braço Civil: após o julgamento e tentativas de conversão, os réus eram encaminhados para um tribunal civil, onde então receberiam suas sentenças conforme as leis civis em funcionamento.

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O clero manteve sua postura cristã, radicalmente contra a morte de

hereges ou torturas exageradas que pudessem levar a isso. Por isso,

buscava a conversão dos hereges, mostrando a clemência da Igreja.

Esse método foi ineficaz, visto que nem todos se convertiam

verdadeiramente, tendo as heresias continuado a se multiplicar.

Devido às discordâncias da justiça civil e da população a respeito dos

métodos brandos da Igreja, esta teve que mudar um pouco sua postura

para uma que combinasse clemência e rigor, visto que era necessário

manter a ordem e a paz na sociedade.

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Nasce então a Inquisição, uma instituição que tinha como finalidade de

combater a heresia convertendo os hereges a fé católica, perdoando caridosamente

suas heresias diante do arrependimento e condenando apenas os que recusassem

com teimosia ao catolicismo.

Heresia se resumi na contradição de doutrinas de uma determinada religião,

geralmente associa-se a Igreja Católica, mas, segundo Bernard, também serviu de

pretexto para outras religiões combaterem seus contraditores. Protestantes

calvinistas, luteranos e anglicanos aos católicos, que para eles eram os verdadeiros

hereges.

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Mesmo com uma postura mais rigorosa, a igreja insistia em manter-se fiel a caridade e piedade defendida pelo cristianismo, causando desavenças na sociedade, que exigia medidas verdadeiramente eficazes. Assim a Igreja passou a perseguir com grande rigor os não católicos, cujo os crimes de heresia se resumiam na negação do poder papal, desobediência às doutrinas católicas e prática de usura. Foram perseguidos, por exemplo, cátaros e judeus. Sem falar nos suspeitos de feitiçaria, que eram temidos por terem associação com seres demoníacos, podendo causar grandes danos na Terra, tais como pestes, fome, mortes, etc.

- Cátaros: perseguidos pelo desrespeito a doutrina católica e negação do poder do papa.

- Judeus: perseguidos pela prática de usura, uma vez que os judeus sempre foram associados a acumulação de riquezas, o que na época era feita pela cobrança de juros excessivos por empréstimos, sendo acumulo de riquezas condenado pela Igreja.

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As heresias persistem e se multiplicavam levando ao Estado e a Igreja a se unirem ainda mais, pois estavam sendo ameaçados os princípios católicos e a ordem social.

Para resolver esse problema, em 1231, o papa Gregório IX torna a Inquisição uma instituição oficial, com as funções de caçar, prender, julgar e punir os hereges de acordo com instruções papais e com o “Manual prático dos inquisidores”, de são Raimundo de Peñafort, e, mais tarde, no “Diretório dos inquisidores” de frei Nicolau Eimerich.

Dois importantes eventos ocorreram para que isso ocorresse, sendo eles:

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III Concílio de Latrão (1179)

• onde foram elucidadas as diferenças entre as penas espirituais da Igreja e as temporais do poder civil.

Concílio de Verona (1184)

• com o objetivo de tomar severas medidas contra os heréticos. Foram decretadas penas de banimento, confisco, demolição de casas, declaração de infâmia e perda de direitos civis . Tornando ainda claro à sociedade que o juízo das heresias era de responsabilidade papal.

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Segundo o direito imperial a heresia não se igualava, mas

superava em culpabilidade o crime de lesa-majestade. A

Igreja e o Estado consideravam a heresia como o pior crime:

crimem maximum. (BERNARD, 2008, p. 27)

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Em 1232 a Inquisição se espalhara por todo o Sacro Império Romano Germânico, agora como uma intuição oficial da Igreja. Tendo suas atividades durado pouco na Alemanha e Inglaterra devido ao surgimento e expansão do protestantismo.

Os tribunais da Fé, de acordo com Bernard, foram confiados aos dominicanos e franciscanos, tendo ambas as ordens aceitado a missão da Santa Sé, o que levou muitos frades a serem mortos por hereges.

Em 1263, o papa Urbano IV nomeou João Caetano Ursino como primeiro inquisidor oficial, cargo esse responsável por coordenar as investigações e julgamentos dos hereges.

Em 1542 o papa Pulo III aboliu o cargo e atribuiu suas funções à nova Inquisição Romana, surgida como medida de combate às religiões protestantes.

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PROCEDIMENTOS DO TRIBUNAL DA INQUISIÇÃO SEGUNDO JOSEPH BERNARD

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O POLÊMICO USO DE TORTURAS E DA FOGUEIRA

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Inicialmente a Igreja buscou seguir uma postura cristã ao tratar da heresias, dando aos hereges a chance de se redimirem mediante a conversão e punições leves.

Essa postura não foi apoiada pelos tribunais civis e nem pela população, pois as heresias ameaçavam a ordem e a paz da sociedade.

Com o tempo a Igreja cedeu à pressão e adotou o uso de torturas para eliminar as heresias e manter suas ideologias seguras.

O papa Inocêncio IV reconheceu as utilidades da tortura e criou medidas cautelosas para seu uso: exigiu que todos os meios existentes fossem utilizados para reconhecer a culpa dos hereges, não podendo ainda desmembrá-los ou matá-los. As torturas também não podiam durar mais que meia hora e deveriam ser usadas uma única vez. Isso não impediu, é claro, que abusos ocorressem.

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Em 1311, restringiu severamente o uso da tortura na bula “Multorum querela”, causando controvérsias até mesmo dentre os inquisidores. Mesmo assim, abusos continuaram a ocorrer, principalmente pela justiça civil, que não aceitava a moderação da Igreja.

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A FOGUEIRA

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De acordo com Bernard a execução pela fogueira, já integrava o cruel acervo de torturas e punições do Império Romano, ainda na antiguidade, assim como a crucificação e a flagelação.

Era uma sentença dada apenas aos piores criminosos.

Foi uma prática mais comum no governo do imperador Diocleciano, após esse ordenar a execução dos chefes maniqueus pelo fogo, e caiu no desuso após a conversão do imperador Constantino ao cristianismo.

Voltou na Idade Média com o ressurgimento do direito romano, muito popular dentre os príncipes.

A Igreja foi contra pois tratava-se de um costume pagão. Mas acabou aceitando para não perder a influencia política que possuía com os governantes e devido a ameaça que as heresias representavam às suas doutrinas.

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Outra versão diz que a execução pela fogueira surgiu na Europa medieval após o imperador Carlos Magno conhecê-la no norte europeu, quando dominou os saxões, povo que praticava esse ato para eliminar os suspeitos de feitiçaria.

Carlos Magno proibiu seu uso e de outros métodos cruéis com grande apoio da Igreja.

Mas já era conhecido, assim como muitos outros métodos de tortura e execução, que ressurgiram no território do sacro Império Romano-Germanico.

Era de gosto da justiça civil o uso de práticas exemplares, sendo até crimes pequenos punidos severamente.

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Inocêncio VIII, por volta de 1484, diante de inúmeros relatos de bruxaria e pactos diabólicos, chegou a solicitar que Inquisição investigasse os casos.

A atuação da inquisição veio acompanhada de inúmeros tribunais leigos, que não eram apoiados pela Igreja, principalmente na Alemanha, onde a execução na fogueira voltou a ser utilizada constantemente.

Bernard relata que os tribunais leigos condenaram aproximadamente 50.000 pessoas, a maioria mulheres inocentes. Enquanto a Inquisição, em três séculos, fez 12 vitimas.

Um dos casos mais famosos de execução pela fogueira atribuído à Inquisição foi a sentença de Joana D’Arc, heroína da francesa da Guerra dos Anos, que culminou na derrota dos verdadeiros responsáveis pela morte da heroína, os ingleses. Responsabilizados por subornar corrupto bispo Cauchon e garantir a execução da moça por crime de bruxaria. Não havendo aceitação da Santa Sé, que julgou Joana D’Arc inocente.

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A BRUXARIA SEGUNDO O MALLEUS MALEFICARUM

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“Malleus Maleficarum”, “O Martelo das Bruxas”, em português, foi um extenso e complexo código jurídico civil e guia para leigos reconhecerem os ditos bruxos, conseguir sua confissão, puni-los com torturas agonizantes e por fim com a fogueira.

Foi escrito em latim, a língua oficial da Igreja, por volta de 1486 por dois inquisidores dominicanos: Heinrich Kraemer e James Sprenger, após receberem do próprio papa a missão de combater a bruxaria e o satanismo no norte da Europa.

Divide-se em três partes.Aprimeira ensina a reconhecer a bruxaria e seus praticantes, a segunda fala dos malefícios causados pelos feiticeiros e a terceira ensina como proceder diante da suspeita de feitiçaria, ou seja, como interrogar, julgar e punir os condenados.

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No objetivo de detectar praticantes de feitiçaria:

-Todos poderiam testemunhar em caso de suspeita de bruxaria.

-Assim como em crimes de lesa-majestade (ofensa ou traição ao soberano) ninguém estava livre das acusações, independente do estrato social do individuo. Isso porque, para Heinrich Kraemer e James Sprenger, a feitiçaria era o maior crime lesa-majestade de todos, pois atingia a Deus, o Rei dos reis. (KRAEMER; SPRENGER, 1991, p. 55)

-Torturas eram permitidas para arrancar confissões dos suspeitos e puni-los.

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Os bruxos eram em grande maioria mulheres desvirtuadas, uma vez a mulher é mais suscetível aos encantos do diabo e também um ser perigoso, principalmente em momentos de ira, sendo elas, desde a criação, seres imperfeitos originados da costela torta de adão (KRAEMER; SPRENGER, 1991, p. 116).

Dalila, por exemplo, seduz e trai a confiança de Sansão, arrancando-lhe o segredo de sua força e vendendo-o ao seu povo, levando Sansão a humilhação e também a morte.

As mulheres desvirtuadas recebiam seus poderes após fazerem um pacto com o demônio e darem a ele suas almas. Pacto esse realizado em orgias e sabats (rituais de magia negra).

Os feiticeiros eram simples receptáculos por onde o demônio realizava suas perversidades.

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Cena de Bruxaria, de Francisco de Goya

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A cozinha das bruxas, de Hieronymus Francken o Velho

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As bruxas eram capazes de voar, alterarem a sorte das pessoas, destruírem plantações e trazerem más colheitas, transformarem pessoas e se transmutarem em animais, criarem fenômenos naturais incomuns, influenciarem na vida amorosa das pessoas por meio de feitiços, destruírem casamentos, causarem infertilidade em homens e animais, etc.

Realizavam o sequestro de crianças, principalmente as não batizadas, para come-las ou oferecê-las ao demônio em rituais.

Os feitos do demônio ocorriam com o consentimento de Deus, que o usava como um servo. Tomando cautela e não permitindo, entretanto, que o demônio faça o que quiser, como por exemplo destruir a humanidade que ele tanto odeia (KRAEMER; SPRENGER, 1991, p. 62).

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Bruxas, de Francisco de Goya

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Na terceira parte é dito como proceder diante das suspeitas de bruxaria.

A tortura era permitida para se obter a confissão e punir os praticantes de bruxaria.

As torturas mais comuns, descritas por Cristine Vieira Vilarino, eram:

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O Esmaga-Cabeças: Os esmaga-cabeças, instrumentos tipicamente medievais, compunham-se de um capacete e de uma barra na qual se colocava o queixo do torturado. Em seguida, por meio de um parafuso, ia-se apertando o capacete, comprimindo a cabeça do indivíduo de encontro à base, no sentido vertical. O resultado era arrasador: primeiro destroçavam-se os alvéolos dentários; depois, as mandíbulas; e finalmente, caso a tortura não cessasse, os olhos saltavam das órbitas e o cérebro vazava pelo crânio fraturado.

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A cadeira de interrogatório: uma cadeira repleta de pontas afiadas na qual o herege se sentava nu e amarrado.

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A dama de ferro: um sarcófago cujo interior era repleto de pontas afiadas que penetravam na vitima quando colocada dentro do equipamento.

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A roda vertical: Roda em que a vítima era amarrada perpendicularmente e que quando girada expunha a vítima a brasas e pregos colocados no chão abaixo da máquina.

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O cavalo de estiramento: Equipamento onde a vítima era deitada e tinha suas extremidades amarradas por cordas que ao serem esticadas esticavam os membros do individuo, causando muita dor a ele e até desmembramentos fatais.

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Potro: Máquina onde a pessoa era deitada e as partes mais carnudas de seus membros amarradas fortemente e apertados cada vez mais pela ação de uma manivela, tendo esse equipamento o efeito semelhante ao de um torniquete.

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Pêndulo: Um dos mecanismos mais simples e comuns na Idade Média. A vítima, com os braços para traz, tinha seus pulsos amarrados (como algemas) por uma corda que se estendia até uma roldana e um eixo. A corda puxada violentamente pelo torturador, através deste eixo, deslocava os ombros e provocava diversos ferimentos nas costas e braços do condenado.Também era comum que o carrasco elevasse a vítima a certa altura e soltasse repentina- mente, interrompendo a queda logo em seguida. Deste modo, o impacto produzido provocava ruptura das articulações e fraturas de ossos.

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Os métodos de tortura culminavam nos de execução, caso a culpa do réu fosse “provada”. Sendo a execução pela fogueira a mais conhecida e utilizada das execuções.

O fogo era associado, desde a antiguidade, à ideia de purificação, tendo esse pensamento sido compartilhado pelo homem medieval que via na fogueira a chance eliminar o corpo profanado pelo demônio, tido como um simples receptáculo para os seres infernais, e libertar a alma, que não era possuída pelo demônio como era o corpo, uma vez que ela pertencia a Deus e não ao homem.

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O QUE DESENCADEUOU O SUCESSO DO “MALLEUS MALEFICARUM” NA IDADE MÉDIA?

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O sucesso e popularidade do “Malleus Maleficarum” como guia de caça às bruxas se deu, segundo dados do documentário “Witch Hunter's Bible”, produzido pelo National Geographic em 2010, por conta de dois fatores:

- a busca de Heinrich Kraemer por aceitação acadêmica de suas ideias e apoio dos acadêmicos da tradicional Universidade de Colônia, situada na Alemanha.

- a procura de Heinrich Kraemer ao apoio papal para combater a bruxaria conforme seus métodos, o qual teria tentado conseguir por agrado financeiro à Igreja, que, por sua vez, surgiu efeito resultando na utilização da bula papal de Inocêncio VIII, intitulada “Summis desiderantes affectibus” no inicio do “Malleus Maleficarum” para dar aos que liam o “guia de caça às bruxas” a impressão de que a Igreja apoiava os métodos contidos nele. .

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Essa segunda medida de Kraemer fez dele um grande mestre na manipulação, já que a bula foi publicada antes de sua obra-prima e não para ela, servindo, porém, muito bem às necessidades do dominicano.

O “Summis desiderantes affectibus” explanava sobre os perigos da bruxaria e foi também, em 1484, um dos responsáveis por dar à Inquisição maior autonomia ao tratar das heresias, assim como mostra J. Bernard em “Inquisição: história, mito e verdade” (2008).

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A INQUISIÇÃO NA ITÁLIA

Luís Carlos de Amorim

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A inquisição Italiana foi fundada logo após a francesa

Foi fundada na cidade de Roma a sede da inquisição

Os hegeres tentavam agredir os inquisidores

Em Roma havia uma grande concentração de Judeus

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OS FATOS HISTÓRICOS PROVAM QUE PRECISAMENTE NA ITÁLIA O PROCEDER ERA RIGOROSAMENTE JURÍDICO.

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Sua principal tarefa era examinar a integridade e conformidade da fé católica, investigar

heresias e doutrinas contrárias aquela ensinada pelo magistério romano.

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Caso todos os tribunais do mundo

tivessem usado a mesma moderação

da Inquisição Romana , inúmeros

horrores teriam sidos poupados no

ocidente.

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A INQUISIÇÃO ESPANHOLA

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A Inquisição Espanhola

“Em 1586, a Inquisição Espanhola encabeçada pelo inquisidor geral,

Cardeal Quiroga, encarcerou quatro jesuítas, logo em seguida

confiscou as bulas papais e as constituições relativas à Companhia de

Jesus aprovados pela Santa Sé. O inquisidor deu um parecer sobre os

escritos, considerando “manifestação de heresias”, portanto o próprio

Papa era acusado de ser herege.” (p. 57)

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Antecedentes

Iniciou-se por volta do século quinze.

Fidelidade dos cristãos à sua fé diante das invasões.

União dos reinos de Castela e Aragão.

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Fundação da Nova Inquisição

Ódio crescente pelos judeus que enriqueciam às custas dos cristãos

além de ignorarem sua fé.

“[...] sem a unificação da fé, era impossível uma unidade política.”(p. 50)

“Os Papas sempre estiveram prontos a levantar a voz em defesa dos

oprimidos, porém muitas vezes deviam ser comedidos, para que a situação

não piorasse.”

(p. 53)

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E X P U L S Ã O D O S J U D E U S E M O U R O S

Decreto de 1492 visando a expulsão dos judeus.

Conversão ou exílio para os mouros.

Os judeus convertidos ao cristianismo eram considerados “cristãos-

novos”; enquanto os mouros eram denominados “mouriscos” .

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C A R Á T E R D A I N Q U I S I Ç Ã O E S PA N H O L A

Os bens confiscados pelo tribunal eram escoados para o rei.

Impotência da Igreja com relação à vontade dos

governantes.

Moralidade daqueles que eram nomeados para “fins

eclesiásticos”.

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J U L G A M E N T O S O B R E A I N Q U I S I Ç Ã O E S P A N H O L A

Usava de tortura como todo tribunal daquele período.

Tinha um compromisso com a justiça.

Serviu para implantar a ordem na Espanha, evitando inúmeros conflitos internos.

“Que alguns inquisidores se tenham deixado levar por paixões pouco nobres, é um

fenômeno humano que não se pode imputar ao sistema.[...] O tribunal eclesiástico foi

incomparavelmente mais moderado e humano do que os tribunais civis.”

(p. 69)

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P R O C E D I M E N T O D A I N Q U I S I Ç Ã O E S PA N H O L A

Anunciação da vinda do tribunal.

Abertura dos processos contra os acusados após algumas

denúncias.

Retenção dos acusados e/ou culpados.

Tortura e conversão.

Punição dos relaxados ao braço secular.

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A INQUISIÇÃO PORTUGUES

A

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A questão judaica

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Os inquisidores usaram

das piores e mais

violentas atitudes contra os judeus.

Eles também

perseguiam os

excomungados e os

espiritualistas. 

  A justiça leiga

combatia a magia e

perseguia os

magos e as bruxas. 

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De acordo com Georges Duby, o homem medieval possuía muito medo do outro, o autor cita que o homem medieval temia os pagãos, os muçulmanos, os judeus e demais infiéis que não se convertiam ao cristianismo.Associando a afirmativa de Duby, com a inquisição portuguesa temos uma visão de que o povo naquela época não aturava os desprezos as suas crenças, pois a sociedade medieval possuía uma fé ardente.

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No período pombalino, o governante

tirano Marquês de Pombal usou de

princípios liberais e quebrou todo o

poder da Inquisição.

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Quando a inquisição perdeu influencia toda a Europa se dividiu entre católicos e protestantes, e desse modo os efeitos logo apareceram : guerras, decadência moral e religiosa, perseguição fanáticas as bruxas e aumento das superstições.

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Após a inquisição perder forças um dos

métodos utilizados pelas pessoas foram o

de fazer justiça com as próprias mãos,

muitas pessoas se dedicavam a caçar

bruxas e mata-las.

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CONFRONTO COM O MUNDO MODERNO

De acordo com Joseph Bernard o homem moderno

se revolta por qualquer regra, imposição ou lei.

Estamos vivendo em um mundo onde cada um faz

o que quer, mesmo que seja um absurdo, ninguém

pode invadir esse mundo sem verdade absoluta.

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A Idade Média é pejorativamente chamada de idade das trevas, quanto na realidade trouxe inúmeros avanços para a sociedade. Na verdade e que nessa época a sociedade tinha fé profunda, por isso é atacada como época das obscuridades.

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Joseph Bernard deixa as seguintes questões para reflexão

Será que os tempos modernos nós possuem uma mentalidade diferente do que na Idade Média ?

Quantas pessoas são mortas nas guerras que acontece pelo mundo?

Quantos idosos são descartados, condenados a viver uma vida solitária?

Nós reprovamos os procederes dos nossos antepassados, mas eles com certeza ficariam indignados com nossos métodos modernos.

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    Responda 1 – Quais os procedimentos usados pela Inquisição espanhola? Porque os governantes chegaram a usar medidas tão extremas pra dizimar os hegeres?  2 - Na opinião de J. Bernard, autor da obra “Inquisição: história, mito e verdade” (2008), qual é o grande equivoco que ocorre por conta do julgamento da sociedade contemporânea a respeito da polêmica Inquisição?