Inscrições sobre guerreiros lusitano-galaicos: leituras e … · no guerreiro de Meixedo (Calo,...
Transcript of Inscrições sobre guerreiros lusitano-galaicos: leituras e … · no guerreiro de Meixedo (Calo,...
195
R E S U M O Reavaliam‑se,dopontodevistaepigráfico,ostextoslatinospatentesemalgunsexempla‑
resdeestátuasdeguerreiroslusitano‑galaicos,abrindo‑seadiscussãosobreosentidoeosigni‑
ficadoqueconferemaestasmanifestaçõesescultóricasquelhesservemdesuporte.
A B S T R A C T The significance and meaning that the epigraphic inscriptions confer to the
Callaico‑Lusitanian warrior statues they were engraved on is discussed here, after a careful
re‑evaluationofeachepigraphicinscription.
1. Introdução
ApresentámosnoX Colóquio Internacional sobre Línguas e Culturas Paleo‑Hispânicas,quedecorreuemLisboaentreosdias26e28deFevereirode2009,umacomunicaçãoqueversousobreocontri‑butodaepigrafiaparaaquestãodosignificadodasemblemáticasesculturasdeguerreirosligadasaomundocastrejogalaico‑meridional,cujofulcrosecentrounadiscussãodosentidodostextosqueumreduzidonúmerodelasostenta.Estaincursãotemáticafoiprecedidadareanáliseepigráficadatotalidadedostextosconhecidos,cujosresultadosexpomosnopresenteartigo1,complemen‑tandoasinferênciaspublicadasnasactasdoencontro(Redentor,2009).
Asestátuasdeguerreiroslusitano‑galaicosportadorasdeinscriçãolatinatêmsidoobjectodemúltiplasavaliaçõesereferências.Aotodoconhecem‑sequatroexemplaresepigrafados(Fig.1),estandoumdeles,pelomenosnoqueaotroçoepigrafadorespeita,desaparecido.Este,correspon‑denteaoguerreirodeRubiás(Ourense),eaestátuadeMeixedo(VianadoCastelo)sãoasescultu‑rashámaistemporeferenciadas,respectivamente,desdeosséculosXVIIeXV.Asduasrestantes,correspondentesaosguerreirosdeSantaComba(RefojosdeBasto,CabeceirasdeBasto)edeSãoJulião(VilaVerde),sãoachadoscomparativamenterecentes,ocorridosnadécadade80doséculopassado.
Sendonossoobjectivotratarnesteartigodasinscriçõesemcausa,remetemosparasíntesesanterioresasquestõesdirectamenterelacionadascomaplástica,nomeadamenteadescriçãodossuportesescultóricos,apreciávelnocatálogoapresentadoporCaloLourido(2003,pp.6–32)nas
Inscrições sobre guerreiros lusitano-galaicos: leituras e interpretações
ARMAndOREdEnTOR*
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 11. número 2. 2008, pp. 195–214
Armando Redentor Inscrições sobre guerreiros lusitano-galaicos: leituras e interpretações
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 11. número 2. 2008, pp. 195–214196
actasdocolóquiomonográficointernacionalquedecorreuemLisboaem2002,cujapublicaçãosefeznovolume44dosMadrider Mitteilungen.
Os textosdestas inscrições têmsidosistematicamentebaralhadosnas síntesesque se têmproduzidosobreotema,nomeadamentenoquerespeitaàquestãodosignificadodasmanifesta‑çõesescultóricasemcausa,pelocontributoqualitativoqueainformaçãoescritaacrescentaàaná‑liseartísticaeàmínguadoesclarecimentoquepoderiaproporcionaroregistoarqueológico.
Todavia, partindo do pressuposto de que as leituras disponíveis para os textos em causarequeriam,peseemboraaamplitudedoscontributospublicados,renovadasubmissãoàcríticaquepudesse,omaisrigorosamentepossível,elucidarsobreosconteúdosecronologiadasmensagensepigrafadas,empreendemosessatarefa,àpartidadifícilemfacedosproblemasqueasgravaçõesencerram,equesão,emboamedida,decorrentesdoseuestadodeconservação.
Umquintoexemplardeguerreirolusitano‑galaico,correspondenteaumadaspeçasassocia‑dasaoCastrodoLesenho(Boticas)(Calo,2003,pp.10–11,n.º11),tambémapresentavestígiosdeinscrição, emboraatéaopresentenão tenhasidopossívelavançarcomqualquer leitura (Koch,2003,pp.80–81,85).
2. O guerreiro de São Paio de Meixedo (Meixedo, Viana do Castelo)
noguerreirodeMeixedo(Calo,2003,pp.20–21,n.º25;Fig.2),otextoencontra‑sedivididoportrêsáreascontíguasdasuperfícieescultórica:aprimeirasitua‑senapartefrontal,sobreosaioesoboescudo(Fig.3);asegunda,napartelateralesquerda,desenvolve‑sesobreosaioesobrea
Fig. 1 distribuiçãodasestátuasdeguerreiroslusitano‑galaicosepigrafadas:1,Meixedo,VianadoCastelo;2,SantaComba,RefojosdeBasto,CabeceirasdeBasto;3,SãoJulião,Coucieiro,VilaVerde;4,Rubiás,Bande,Ourense.
Inscrições sobre guerreiros lusitano-galaicos: leituras e interpretações Armando Redentor
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 11. número 2. 2008, pp. 195–214 197
Fig. 2 EstátuadeguerreirodeMeixedo.
Fig. 3 SequênciafrontaldainscriçãodaestátuadeguerreirodeMeixedo.
Fig. 4 SequêncialateralesquerdadainscriçãodaestátuadeguerreirodeMeixedo.
Fig. 5 IníciodasequênciafrontolateraldainscriçãodaestátuadeguerreirodeMeixedo.
Armando Redentor Inscrições sobre guerreiros lusitano-galaicos: leituras e interpretações
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 11. número 2. 2008, pp. 195–214198
pernadireita(Fig.4);aterceira,emposiçãofrontolateral,sobreapernaesquerda(Fig.5).Aordemdegravaçãoparecetersidoesta,atentandonofactodeastranslineaçõesassociadasàárealateralesquerdasefazerememfunçãodolimiteesquerdodasequênciadetextogravadanapartefrontaldaestátua,masnãoencontramosargumentosparadefenderquesetratadeduasinscriçõesdistin‑tas,considerandoacomplementaridadedasdiversaspartes.
desconhece‑se o contexto arqueológico com o qual se relaciona a escultura, referenciadadesdeoséculoXV.C.A.B.deAlmeida(2008,p.231)apresentacomocredívelapossibilidadedeprovirdaCitâniadeSantaLuzia,atendendoàsuadimensãoeposicionamentoregional,aspectosquefacilmentelheconferemoestatutodelugarcentral,sendoexactamentepelaexiguidadedospovoadosmaispróximosdeMeixedo,nomeadamenteodeVilardeMurtedaeodeAmonde,quetomacomomenosprovávelasualigaçãoaqualquerumdeles.
Asprincipaispropostas interpretativasparaotextodaestátuadeMeixedoconhecidasatémeadosdosanosoitenta(CIL2462e5611;Guerra,1882,p.193,1899–1900,p.176;Vasconcellos,1913,pp.49–53)distinguem‑seapenasemquestõesdepormenoreacentuamoseucarácterfune‑rário,presumindoousodegenitivonaidentificaçãodoindivíduolembradoàcabeçadamensa‑gemepigrafada,queeralidademodocontínuo.nestalinha,Tranoy(1981,p.351)suporáareuti‑lizaçãodaestátuacomomonumentofunerário.
Ilustrativamente,damoscontadosdoisprincipaiscontributosdefinaisdeOitocentoseiní‑ciosdenovecentosrelativosàleituradotexto.EmCILII2462edita‑seatranscrição:
L·SESTI·CLOdAMEnIS·FL·COROC[O]COROCAVCIVdIVS·[‑‑‑]F·SEMPROnCOnTV[‑‑‑]nS·ETFRATER,
cujodesdobramentoépropostonosseguintesmoldes:L(uci)Sesti Clodame/nisf[i]l(ii)Coroc[o]corocauci;/[Ti. Cla]udius[Ti.]f. Sempron[ianus]/contu[bernalis eiu]s et/frater.
J.L.Vasconcellos(1913,pp.51–53),revendoapropostahübneriana,estabelecerá:
L·SESTICLOdAMEnIS·L·LCOROCCOROGAVCIVdIVS·F·SE++FO+ICOnTV+[‑‑‑]VSFCFRATER,
confidenciando,dubitativamente,afigurar‑se‑lhenoiníciodasegundametadedaquartalinhaasequênciaTCLO.
UmaviragemfundamentalnainterpretaçãodotextofoioperadaporA.C.F.daSilva(Mar‑tins&Silva,1984,pp.40–43),aodistinguirduasáreasepigráficasdistintas(afrontalealateraldireita)quepropõelerseparadamente.Assim,estabeleceparaambas:
ClodameCorocaudif(ilio)Se[stio?]
Inscrições sobre guerreiros lusitano-galaicos: leituras e interpretações Armando Redentor
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 11. número 2. 2008, pp. 195–214 199
L(ucius)·Sesti-us· L(ucii)·l(ibertus?)·Coroc-udiuscontu(bernalis?)frater
Emsuaopinião, tratar‑se‑iadedois textosdistintoscomcronologiasdiferentes:odaáreafrontal,datáveldaprimeirametadedoséculoI,eodalateral,daépocaflaviana,deixandodeforaapartequeaparecesobreapernaesquerda.
divergimosdestainterpretação,nãosónãoaceitandoestalacuna,mastambémaoconside‑raraunicidadedotexto,emboraconcordandocomadistinçãodasdiferentesáreasdegravação,que não se reduzem às duas consideradas, pois uma terceira, situada, como se disse, na pernaesquerdadoguerreiro,completaoconjunto,comopertinentementeseassinalavanasprimeirastranscrições(cf.Hübner,1871,p.105;Vasconcellos,1913,p.51).nesteponto,estamosmaispró‑ximosdarecenteabordagemrealizadaporA.RodríguezColmenero(2002,pp.273–285),emboranãooacompanhemos,comoseexplanará,natotalidadedaspropostasquefaz.
A autópsia recente que fizemos ao texto da estátua vianense permitiu‑nos estabelecer aseguinteleitura:
P(ublio)Clodameo.Corocaudif(ilio)Seau. eo[n]i
L(ucius)Sest‑i.usL(ucii)l(ibertus)Coroc‑a.udiuscontu. (bernalis)fratere.t.
Tu. be.n. e(n)s(es)f(aciendum)c(urauerunt)
Ainterpretaçãocumulativadastrêspartesidentificadasimpõe‑se,resultandoemtextouni‑táriodeleiturasequencial(Fig.6),contrariamenteaoimaginadoporRodríguezColmenero(2002,p.278).
norespeitanteàprimeira,gravadasoboescudo,oexameaquesubmetemosotextoalentou‑‑nosaestabelecernestasequênciaaidentificaçãodeumindivíduoquesehomenageia,tendoematenção a utilização do dativo, contrastandona questão flexional com as restantes sequências.Contrariamenteatodasaspropostasdeleituraanteriores,consideramosqueoseunometemnoinícioaabreviaturaprenominalP(ublius),claramentevincadaporumponto,aqualtemsidocon‑fundidacomumI,interpretadoemfunçãodafracçãodetextogravadanapartelateraldaestátua,emconcretocomopertencenteàterminaçãoem-iusdonomendoindivíduoaíassinalado2.
Aobservaçãoatentadainscriçãopermite,porém,fazeresteacerto,tantomaisquealetraquesetemaíqueridolerépassíveldeserdescortinada,aindaquecomodesgasteresultantedaintensameteorizaçãoqueafectaassuperfíciesmaisexpostasdaescultura,nomeadamenteosseuscontor‑noslaterais,nocomeçodalinhaseguintedasequêncialateral,queseverificajánaretaguardadaestátua,oqueéressaltadoemdecalque.
Armando Redentor Inscrições sobre guerreiros lusitano-galaicos: leituras e interpretações
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 11. número 2. 2008, pp. 195–214200
Fig. 6 TextodaestátuadeguerreirodeMeixedo.
Fig. 7 Pormenordofinaldal.1dainscriçãodaestátuadeguerreirodeMeixedo.
Inscrições sobre guerreiros lusitano-galaicos: leituras e interpretações Armando Redentor
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 11. número 2. 2008, pp. 195–214 201
no final da primeira linha frontal, após o E, que todas as leituras anteriores consideramcomoderradeiraletra,numtrechotambémbastantemeteorizado,adivinha‑seocontornocircular,extremamente ténue,deumO,demódulo idênticoaosdosrestantesquesecomprovamnestasequênciadetexto,nomeadamenteasuametadedireita(Fig.7);talidentificação,alémdereque‑ridaemfunçãoda interpretaçãoquesustentamosparaoseguimentodotexto,nomeadamenteparaaterceiralinha,permite,dopontodevistadaordinatio,odelineamentodeumadistribuiçãodestapartedainscriçãoemfunçãodoeixodesimetriadapeça.
na leitura da terceira linha também nos afastamos das anteriores edições, parecendo‑nosmaisrigorosointerpretaraterceiraletracomoAenãocomoR(cf.Vasconcellos,1913,p.51;Rodrí‑guez,2002,p.279),emboranãotenhamosevidênciaclaradaletraseguinte,aqualtomamosporVem função do espaço disponível e das implicações que sobre ele têm os perfis das letras que oenquadram;consequentemente,apropostadeleituramaisplausívelimplica,emnossoentender,umantropónimo,atéagoraindocumentado,Seaueo.
Interpretamos, assim, a sequência de texto frontal como correspondente a uma estruturaonomásticatrinominal,àmodalatina,mascominclusãodopatronímiconafiliação,emvezdohabitualpraenomenemsigla,paraaqualserecorreuaodativo.Ogentilício,emqueressaltaater‑minação menos usual em ‑eus, poderá entender‑se como de formação patronímica baseada emnome indígena, estando essa composição derivativa claramente documentada na onomásticaautóctone.AformasonorizadadoantropónimoClodameusassocia‑seàformareduzidaClot-doradical Clout-, tendo provavelmente a sua raiz no IE *kleu- ‘o que se ouve, célebre, fama’ (IEW,pp.605–607),conformepropostadeAlbertos(1966,p.89),relacionando‑secomoâmbitogalaico‑‑ástureareduçãode-ou-aovocalismo-o-(Vallejo,2005,p.286).Apresentasufixo-amo-procedentedosuperlativo*-m. mo- (cf.Albertos,1966,p.295;Vallejo,2005,pp.599–601),podendo,nocasovertente,conservaressevalor,esufixaçãosecundáriaem-e-(cf.Vallejo,2005,pp.547–548).Estamesmaderivaçãoem-e-pareceacontecernohápaxcognominalSeaueo.
OpatronímicoénomecompostocujoprimeiroelementocorrespondeaoIE*koryo-ou*koro-‘guerra,exército’(IEW,pp.615–616),conformetemsidopostoemrelevopordiversosestudiosos(Albertos,1966,p.96;Prósper,2002,p.62;Vallejo,2005,p.294).Osegundoquiçáse relacionecomoIE*ka–u“bater,cortar’(IEW,p.535),basedoverbolatinocu–do–, -ere ‘bater,espancar’,edetermoscomocaudex‘troncodeárvore’,caudıca‘tipodebarco’,remetendoparaacepçõesrelaciona‑dascomocomportamentoguerreiro.Outrosnomespeninsulares,cingidosaoâmbitolusitano,documentamoradicalCaud-,comoogenitivoCaudieCaudicus(cf.Vallejo,2005,p.272).Prósper(2002,p.63)haviasugeridorelaçãocom*kauko- ‘grito’paraumaformaCorocauci (cf.Albertos,1966, p.97) há muito descartada (Martins & Silva, 1984, pp.40–43; Silva, 1986, p.307) e queremontaàleiturapropostanoCIL.
Asegundaeterceirapartesdotextoidentificam,verosimilmente,osresponsáveispeladedi‑catória,conformesedepreendedafórmuladefecho.
nafacelateralesquerda,háreferênciaaumindivíduoque,dopontodevistaonomástico,seapresenta igualmente com tria nomina, mas de estatuto jurídico distinto, embora por meio deapostoseindiquearelaçãoexistentecomohomenageado:L. Sestius L. l. Corocaudiusdiz‑secontuber-nalisefrater.Contrariamenteaestetermoderelaçãofamiliar,aindicaçãocontubernalissurgeabre‑viada.Ogentilíciodesteindivíduoéclaramentelatinoepoucovulgaremsolohispânico(cf.Abas‑cal, 1994, p.221), sendo de destacar a sua correspondência com o de L. Sestius Quirinalis, actorimportantenaconquistaepacificaçãodonoroeste(cf.Tranoy,1981,pp.148–149).OcognomeéindígenaecoincidecomopatronímicodeP. Clodameus Seaueo.AleituraCorocaudius,tambémsus‑tentadaporRodríguezColmenero(2002,p.279),enãoCorocudius,comoestabeleceuA.C.F.da
Armando Redentor Inscrições sobre guerreiros lusitano-galaicos: leituras e interpretações
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 11. número 2. 2008, pp. 195–214202
Silva(Martins&Silva,1984,p.41),écomprovávelpelaexistênciadeténuevestígiodoAnoiníciodal.3,distintamenteapreciávelemdecalque,quedestamaneiraquasesealinhacomaanterior,talqualainterpretamos.
Paraafracçãodotextogravadanapernadireita,cujaligaçãoàanteriorévincadapormeiodeconjunçãocolocadanofinaldamesma,edequeseconservamescassosvestígios,estabeleceuRodrí‑guezColmenero(2002,p.279)aleituraTubine(n)s(es) f. c.Foiexactamenteesteinvestigadorque,pelaprimeiravez,apresentouumapropostacoerenteparaainterpretaçãodapartedotextogravadanessesector,daqualanteriormenteapenashaviasidolidooremate,correspondenteàfórmulaeàtermina‑çãodonomequeaantecede(cf.Vasconcellos,1913,p.51),quandonãoseignorou(cf.Martins&Silva,1984,p.41).Estapartedainscriçãoé,talvez,devidoàsparticularmentedeficientescondiçõesdeconservação,amaisproblemática.Asmaioresdúvidasinstalam‑seaoníveldoterceiroequartocaracteres:quantoaoprimeirodestes,podemoshesitarentreBed,masosresquíciosconservadosparecemadaptar‑semelhoraumB;oespaçoqueaseguirsobejaébastanteestreitoeapenasadaptá‑velaumIou,emalternativa,aumE,considerandoqueoquesegravouapósonédelgadíssimo,quasenãosedistinguindoassuasbarras,sendoamaisnítidaasuperior.
Seguindooresultadodaautópsiapornósrealizada,propomosligeiracorrecçãoàleituradeRodríguezColmeneroporviadaconstataçãodevestígiodetraçoperpendicularàhasteinterpre‑tadaporesteautorcomoI,equecorrespondeàbarrasuperiordeumE,estabelecendoonomedocolectivopopulacionalemTubene(n)s(es).
ConcordamoscomelequandoequiparaogrupopopulacionaldocumentadonoguerreirovianenseaoscolectivosdainscriçãodoguerreirodeCabeceirasdeBasto,queadiantecomentamos,podendoestereferir‑seaumpovoadocujonomebempoderiaser*Tubenaou*Tubenum.
Considerandoqueatendênciarastreávelaoníveldosadjectivospátrioscomsufixaçãolatina-ensiséaperdadosomnasal,comoseconstatacomfrequênciaporentreadocumentaçãoepigrá‑fica,parece‑nospoucorazoávela interpretaçãodonomecolectivocomoTuben(s)es, registoquejustificariaparaopovoadoumnome*Tube,àsemelhançadeoutrostopónimosdafachadaatlân‑ticadonoroesteemqueoradicalnãosofrealongamentoetêmaterminação-e,comoCaleouTude,emboratambémfossemformasplausíveis *Tubumou*Tuba.
Apropósitodotopónimo,lembramosaexistênciadeumTuben oppidumnaTunísia(Plin.,N.H.,5,37)quepoderáoriginar‑senumamesmaetimologia,possivelmentenoIE*thuba–‘eleva‑ção,colina’(IEW,p.1080),comaqualtambémserelacionaráotermolatinotuber‘tumor,excres‑cência’.
Apropostadeleituradatotalidadedotextorecentementerealizada,culminandosubsequen‑tesacertos,porA.RodríguezColmenero(2000a,2000b,2002),equetemosvindoacomentar,
L(ucius)·Sesti-us L(ucii)·l(ibertus)·Coroc-audius (et)
ClodameCorocaudi·f(ilia)·Serdeo Gl-ano·Ucci·f(ilio)·p(osuerunt)
contube(rnalis)frateret·
Inscrições sobre guerreiros lusitano-galaicos: leituras e interpretações Armando Redentor
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 11. número 2. 2008, pp. 195–214 203
Tubine(n)s(es) f (aciendum) c(urauerunt),
apesardecompletamente inovadora,ultrapassaarealidadeda inscrição,aoquerervernapartefrontaldotextoumaquartalinhaquenospareceinverosímil.É‑o,querdopontodevistaepigrá‑fico,atendendoàescassezdoespaçodisponível,implicandooesmagamentodessalinhanabordadarepresentaçãodosaio,eàpoucoclaraidentificaçãodecaracteresnessealinhamento(comosecomprovapelosdiferentesajustesapresentadosparaessalinhanosdiferentesartigosquepubli‑cou),querdointerpretativo,poisdestamaneiracomplexificademodosupérfluoainterpretaçãodoconjuntodotexto,aoterdeforçosamentemesclarasváriaspartesparachegaraumaversãominimamentecompreensível.
3. O guerreiro de Santa Comba (Refojos de Basto, Cabeceiras de Basto)
OguerreirodeSantaComba(Calo,2003,pp.23–24,n.º28;Fig.8)apareceunosiníciosdosanos80doséculotransactonasimediaçõesdopovoadofortificadohomónimo3,comoqual,pro‑vavelmente,serelaciona.
Adisposiçãodotextoapresenta‑seemV,adaptadaàmetade inferiorda caetra, resultandointersectadaaprimeiraregrapelafiguraçãodoumbo(Fig.9).Aleituraqueapurámosnaanáliseautóptica realizada é concordante com a recente proposta de revisão avançada por RodríguezColmenero(2002):
‘Ar’tificesCalubrigens‑esetAbi‘a. n’ie.n. (ses)f. (aciendum)c(urauerunt)
Asprimeirasleituraspublicadas(Almeida,1981,p.115,1982,pp.82–84;Silva,1981–1982,pp.89–90,1982,pp.80–82,1986,p.308,n.º554=Icon.10/Epig.3;Calo,1983,pp.159–185;Tra‑noy,1988,p.223,n.22)divergem,todavia,desta,residindoapenasnaterceiralinhaasdiferenças,dequedecorremnaturaisimplicaçõesinterpretativas.ParaasequênciaquesesegueaArtifices / Calubrigen/ses,C.A.F.deAlmeidapropôset Abianis,e,notrabalhosubsequente,Abinis,aceitandoaexistênciadeduasentidadesapar,eA.C.F.daSilvae(x)s Albinis,entendendoosCalubrigensesden‑trodeumgrupomaisamploqueseriamosAlbini,tomadoscomopopulus,sugestãodepoisacolhidaporJ.Alarcão(1992,pp.64–65,1998,pp.54–55),considerandoaposteriorconversãoemciuitas.CalosustentaaprimeirapropostadeleituradeAlmeida,defendendoasuarazoabilidadeinterpre‑tativaegramatical,enquantoTranoyoptapelaconsideraçãodeumaabreviaturaAbianis(enses).
Asdiferençasexpostas relativamenteaonomedasegundaentidade residemsobretudonavalidaçãoounomenosprezodedeterminadospormenores,quepodemredundar,ounão,noaco‑lhimentodedeterminadosnexos.Todavia,pelaautópsiaquerealizámos(beneficiáriadeilumina‑çãorasante,quernatural,querartificial)nãopartilhamosdocepticismodeA.Guerra(1998,p.102)relativamenteàsdificuldadesdestaquestão,parecendo‑nospoder‑sedesambiguarasreservasporelelevantadasrelativamenteàexistênciadessasuniões(Fig.10).
Emprimeirolugar,aduplaposiçãodeC.A.F.deAlmeidaassentanaaceitaçãoeposteriornegaçãodonexoAn.É,porém,fortementeplausívelasuaexistência,comoindiciapequenadepres‑sãohorizontalentreasduasprimeirashastes.Porseuturno,onexoALpropostoporA.C.F.da
Armando Redentor Inscrições sobre guerreiros lusitano-galaicos: leituras e interpretações
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 11. número 2. 2008, pp. 195–214204
Silva (1981–1982, p.90) para esta mesmalinhaé, emnossoentender,demaisdifíciladmissão,porumlado,pelaexiguidadedapretendida barra e, por outro, pelo inusi‑tadodasualigaçãoàhasteesquerdadoA,enãoàdireita,sendoestaaraizdeumasuges‑tão Labinis que chegou a formular Alarcão(1992,p.64).
domesmomodo,nãoéadmissívelalei‑turadoquartocaracterdesta linhacomoS,pois com mais facilidade se identifica comumT,debarracurtaedescentrada.Estadiver‑gênciaacentuadaporA.C.F.daSilva,alémdedificilmente se coadunar com o registo epi‑gráfico, resultaria ainda bizarra, sabendo‑sequeomaishabitualnaescritaepigráficaéorecursoagrafiashipercorrectas,que,nocaso,implicaria a forma exs, acrescendo que omodo de indicação de proveniência defen‑didonãoencontraecoemexemplosconheci‑dos,comojáexpôsGuerra(1998,p.101).
Tambémaletraquetemsidosistemati‑camente identificada como S no final dalinharevelaadaptar‑semelhoraodesenhodeumE,comodiscerniuRodríguezColmenero(2002,p.270)4.nesteparticular,oquemaisse evidencia é uma haste vertical, que nãopode confundir‑se com o traçado de um S,cujaligaçãoligeiramentearredondadacomabarrasuperiortemparalelonosrestantesEE,sendotambémidentificávelabarracentral.AquiloquelevouinvestigadoresanterioresàadmissãodacurvaturainferiordeumS,cujotraçadoresultariasempreatarracadoedisso‑nante relativamente aos congéneres, nãoparece passar de beliscadura vertical comexactoparalelomaisaolado.
Por último, à direita deste caracter,vislumbram‑se ténues vestígios do que, emconsequência da anterior leitura de um E,podemosatribuiraovérticesuperiordeumn, necessariamente incompleto devido àquebraduradorebordodacaetrae,possivel‑mente, de dimensão inferior, mais conso‑nantecomadasletrasdalinhaseguinte,naqualapenassegrafouemsiglaafórmulaf. c.Fig. 8 EstátuadeguerreirodeSantaComba.
Inscrições sobre guerreiros lusitano-galaicos: leituras e interpretações Armando Redentor
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 11. número 2. 2008, pp. 195–214 205
Fig. 9 PormenordainscriçãodaestátuadeguerreirodeSantaComba.
Fig. 10 TextodaestátuadeguerreirodeSantaComba.
Armando Redentor Inscrições sobre guerreiros lusitano-galaicos: leituras e interpretações
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 11. número 2. 2008, pp. 195–214206
Trata‑sedeinscriçãoque,emnossoentender,identificaosdedicantesdaescultura,nomea‑doscomoartifices.Estetermo,deusocorrentenaépocaimperial,designagenericamentequalquerindivíduoquedominaumaars,istoé,quetemumofício,nãoseajustandoaumaformaespecíficadetrabalhoartesanal(Gimeno,1988,p.7).
OadjectivopátrioCalubrigensisremeteparaumtopónimoCalubriga.documentando‑seuma*CalubriganoespaçoterritorialdosGigurri,conformeoregistodeinscriçãodeACigarrosa(CILII2610+HEpOl,8421),naqualserefereumPompeius Reburrus, Gigurrus Calubrigensis,poder‑se‑iaentenderqueoscalubrigensesdedicantesdaesculturafossemdaíprovenientes,ocasionandopen‑sarnumgrupodeemigradosouemartistasitinerantes,emborasejamaisplausívelquefossemprocedentesdeumoutrolocalcomamesmadenominaçãotoponímica,provavelmentesituadonum âmbito geográfico não demasiado distante do local de achado (cf. Almeida, 1982, p.83;Calo,1994,p.280,n.1;Guerra,1998,p.376;Rodríguez,2002,pp.270–272).Otopónimoem-brigatempossivelmentecomoprimeiroelementooradicalCala-,talcomoCallaecia,compassa‑gemde-a-a-u-antesdelabial(Untermann,1992,p.383;Guerra,1998,p.376).Apropósitodeantroponímiaàqualaparentementesevinculaomesmoradical,Albertos(1966,p.72)propôsqueestaremontasseàraizIE*kal-‘duro’(IEW,pp.523–524).EvisandooetnónimoCallaeci,Búa&Guerra(1999,p.335)defendemumaderivaçãoapartirde*Kalla‑<*kalna‑<*kl.na‑‘montanha,outeiro’,opçãocriticadaporPrósper(2002,p.179–180),que,emalternativa,sugereorecursoaumaetimologia*kl.ni- (ou*kl.si)‘bosque’,semrejeitarumabasehidronímica*kal-defendidaporVillar(2000,pp.314–317).
Porseulado,Abianien(ses)poderemeterparaumtopónimo*Abiania ou,comopropõeRodrí‑guezColmenero(2002,p.272),*Abianium,queconsideracorresponderaumcastellum,talcomo*Calubriga.devepoderaproximar‑sede*ab-/*ap-‘água’(Guerra,1998,p.250),raízesbastantepro‑dutivasqueremtermosdeantroponímia,querdetoponomásticaeteonímia(cf.Prósper,2002,pp.93–94). A localização deste lugar, à falta de outros testemunhos toponímicos, propende aentender‑seigualmentedentrodoâmbitogeográficolocal.
4. O guerreiro de São Julião (Coucieiro, Vila Verde)
AmaisrecentedescobertadeesculturadeguerreiroepigrafadacorrespondeaodaCitâniadeSãoJulião(Calo,2003,pp.19–20,n.º24;Fig.11),tendo‑sedadoaidentificaçãoacidentaldosdoisfragmentosqueacompõemnumamontoadodepedraspresentenumadasplataformasmédiasdopovoado5,aquandodaprimeiracampanhadeescavaçãorealizadapelaUnidadedeArqueologiadaUniversidadedoMinhoem1981(Martins&Silva,1984,pp.31–32).nasuperfíciedacaetra,apre‑sentatrêslinhasdetexto,comoumboentremeandoasduasprimeiras(Fig.12),cujaleituraéaseguinte:
‘Ma’lceinodouilonisf(ilio)
Resume‑seainscrição,quenãolevantadificuldadesmaioresdeleituraapesardodesgastedasuperfícieepigrafada,aumaestruturaonomásticadetipoperegrino,comidiónimoemdativo,seguidodopatronímicoedaabreviaturadoapostofilius,queidentificaráopersonagemcujaindi‑vidualidadeseplasmaránoregistoescultórico.
Inscrições sobre guerreiros lusitano-galaicos: leituras e interpretações Armando Redentor
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 11. número 2. 2008, pp. 195–214 207
Fig. 11 EstátuadeguerreirodeSãoJulião(fotografia:ManuelSantos/ArquivodoMuseud.diogodeSousa).
Armando Redentor Inscrições sobre guerreiros lusitano-galaicos: leituras e interpretações
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 11. número 2. 2008, pp. 195–214208
norespeitanteàonomástica, foi já salientadooseuceltismoeadequaçãoà figuradeumchefeguerreiro(Martins&Silva,1984,p.36),tendo‑sereveladobasilarparaestainferênciaaaná‑liselinguísticacunhadaporM.ªL.Albertosparaosnomesemquestão.
Relativamentea Malceinus,considerouestaautora(Albertos,1966,pp.279–280),naesteiradePalomar(1957,p.115),tratar‑sedeformaçãocompostacomoelemento‑genos‘filho,descendentede’,definindo‑lhecarácterpatronímico,tipicamenteindo‑europeiaefrequentenoâmbitocelta,nocasovertentecomasparticularidadesdeapresentarensurdecimentoeinfecção,edenãopos‑suirvogaldeligaçãoentreosdoiselementos.Emconsequência,apropostaetimológicadeAlber‑tos (1966,p.145)paraoprimeiroelemento, seguindoKrahe (1955,p.588), remete,emtermossemânticos,paraumsentidoorográfico,tendoemcontaoalbanês mal‘montanha’,oromenomal‘margem,monte’,oletãomala‘margem,bordo’,emconsonânciacomoIE*mel‑,*mel ‑‘aparecer,levantar‑se’(IEW,pp.721–722).
Recentemente, Luján (2007, p.250), acentuando a celticidade de Malgenus, relaciona estenomecomoirlandêsmall‘lento’enomesgalosemMal‑.
Considerandoalgumasparticularidades,comoareferidaausênciadevogaldeligaçãoentreosdoiselementoscompositivoseadistribuiçãoafastadadonúcleogeográficodosnomesem -genos,Vallejo(2005,pp.345–346)põeemdúvidaquesetrate,efectivamente,deumnomecom‑posto,equacionandotratar‑sedeformaderivadaapartirdeumradicalmalg-/malc-,quecolocaemrelaçãocomonomeMalcioequeretroageaumabase*malg-paracujaetimologiasugereoIE*me–lg-‘arrancar,colher,ordenhar’(IEW,pp.722–723)ou*melgh‘inchar’(IEW,pp.723–724),construídasobreumgrauØdaraizml.g‑queproporcionariaodesenvolvimentointerconsonânticoadequadoaogrupo*-al-.CorroboraasuahipótesecomonomebrácaroMelgaecus(CILII2435e2426),cujaderivaçãoem*-aiko-surgeevidente.
Fig. 12 PormenordainscriçãodaestátuadeguerreirodeSantaComba(fotografia:ManuelSantos/ArquivodoMuseud.diogodeSousa).
Inscrições sobre guerreiros lusitano-galaicos: leituras e interpretações Armando Redentor
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 11. número 2. 2008, pp. 195–214 209
Trata‑sedeumnomequasequeexclusivamentedoâmbitolusitano,comdiversascambiantes(Vallejo,2005,p.345;Abascal,1994,pp.410–411),tendoaformaregistadanestainscriçãooutrotestemunhopeninsularocíduoemCeloricodaBeira(CILII424+HEp2,792).
ParaaformaantroponímicaDouilo,correspondenteaopatronímico,talcomoparaoutrascom o mesmo radical, nomeadamente Douiterus, Douitena ou Douaecia, Albertos (1966, p.108)inclina‑seaaceitararelaçãocomoceltadouis‘forte,bom’,doIE*deu‑(ou*dou-),*du-‘serforte,venerar algo’ (IEW, p.218). Luján (2000, p.83) conjecturou uma base a partir da raiz *dheubh-‘negro,escuro’(IEW,p.263)ePrósper(2002,p.417)relacionaosnomespeninsularesquetêmemcomumoradical*dowcomosogâmicosdebasedou-,recorrendoàmesmaetimologia.Emrevisãoaestescontributos,Vallejo(2005,p.309)concluipelamaioradmissibilidadedapropostamaisantiga.
Onomeemquestãotemdistribuiçãopreferencialnaárealusitano‑galaica,aopassoqueaantroponímiarelacionadacomas formasbásicas Douit- eDobit- seconcentranasáreasástureelusitanasetentrional,comextensõesceltibéricas(cf.Vallejo,2005,pp.303–307).
5. O guerreiro de Rubiás (Bande, Orense)
AinscriçãoanteriortemclaroparalelonadoguerreirodocastrodeRubiás6que,apesardesedesenvolveremapenasduas linhas,seresumetambémaumaestruturaonomásticadomesmotipo,igualmentecomoidiónimoemdativo.EstaesculturafoireferenciadanodealbardoséculoXVII,sabendo‑sequeoletreiroestavaabertonoescudoredondocomumbocentral(Castellá,1610,fl. 159v). Encontra‑se desaparecida, embora a literatura arqueológica de novecentos não tenhaenjeitadoapossibilidadedeacabeçadeestátuadescobertaem1935emRubiáscorresponderaoguerreiroepigrafado(cf.Calo,1994,pp.409–414,2003,p.17,n.º21).
Apesardealeituraquetemsidoeditada(CILII2519=ILER 2226)corresponderaAdrono / Veroti f(ilio),julgamosquealição,porrazõesepigráficaseonomásticas,deverásercorrigidapara:
[L]adronoVerotif(ilio)
Estaproposta repousanumaevidência incontornávelqueo trabalhoderevisãoepigráficaquetemosvindoarealizarnoâmbitodaáreagalaicabracarensemanifesta:adenãohaverprovaindubitáveldeumaformaantroponímicaAdronus.Relativamenteàsatestaçõesreferenciadasparaaquelaforma(cf.Abascal,1994,p.258),verifica‑sequenoúnicocasoemqueépossívelaanáliseautópticaemvirtudedaconservaçãodosuporteepigráfico(AE1983,583)pudemoscorrigiralei‑turaparaLadronus7.QuantoaCILII2430b,sabemosporArgote(1732,livro2,cap.2,p.258)queosuporteseencontravaquebrado,deduzindo‑sepelotextotransmitidoasuaincompletudenoladodireito,conformeseilustranoCIL,masnadanosasseguraqueoiníciodaprimeiralinhanãoestivessetambémmaculado,peloque,objectivamente,serámaisadequadopresumirqueaformaantroponímicanãoestácompleta,atendendoaquetemosonome Ladronusmúltiplasvezesdocu‑mentadononoroestee,emconcreto,noespaçobrácaro.
no caso da inscrição ourensana em apreço é, do ponto de vista epigráfico, perfeitamenteexplicávelafalhadocaracterinicialdevidoaqualquerlascaduraoumossa,oumesmodesgaste,norebordo da superfície circular da caetra, tendo em conta a verosímil distribuição horizontal dotexto,àsemelhançadoqueseverificanaspeçasdeVilaVerdeedeRefojosdeBasto.Entender‑se‑á
Armando Redentor Inscrições sobre guerreiros lusitano-galaicos: leituras e interpretações
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 11. número 2. 2008, pp. 195–214210
queelanãotenhasidooriginalmenteequacionadaemvirtudedaincipiênciadosconhecimentosonomásticosdaépocaemquefoireportadaaescultura.
nestemesmosentido,haviamjáopinadoA.C.F.daSilva(Martins&Silva,1984,pp.38–39)e,maisrecentemente,RodríguezColmenero(2002,p.267),emboraapenasaduzindoafrequênciadonomeLadronus,aindaqueoprimeirosugiratambémaadequaçãosemânticadoantropónimo,querelacionacomafunçãoguerreira,porcomparaçãocomolatimlatro,naacepçãoindirectade‘guerrilheiro’.
Todavia,Albertos(1964,p.249)expressouincertezaquantoànaturezadonomeLatro,nome‑adamentequantoaeventualrelaçãocomaqueleapelativolatino,tomandoLatron(i)uscomoseuderivado.EsealatinidadedeLatroémaisaceitávelemfunçãodasuadispersão,tantoLatron(i)us,como Ladronus e Latrius têm existência restringida ao âmbito lusitano‑galaico (Vallejo, 2005,p.326).Apropósitodoúltimonome,Albertos(1964,p.249)relacionouoradicalemquestãocomo IE *pel , *pla– ‘largo e plano’ (IEW, p.805), com correlatos no antigo irlandês la–thar ‘lugar’(*pla–-tro-)enogalêsllawdr‘calças’.Contudo,talveznãosejaimpossívelquetodospartilhemumamesma base etimológica IE *le–(i)- ‘dar, posse, obter, possuir’ (IEW, p.665), presente no gregoλa′τρου‘salário,soldo’,comqueserelacionaolatimlatro–‘mercenário’,ounoantigoislandêsla–d–‘propriedade’.
À semelhança do constatado com outra onomástica patenteada nas anteriores inscrições,tambémaformagenitivaVeroticonstituiumhápax,quesedeveráaproximardeoutraantroponí‑miaindígenacomomesmoradical,comoVironus,Virius,Viriatus...queVallejo(2005,p.452–456),repassando diferentes contributos etimológicos, considera poder entroncar numa mesma raiz* uiro-s‘varão’(IEW,p.1177).
6. Nota final
Aanálisedostextosapresentadospermitea identificaçãodealgumas linhasdeforçacominteresseparaadiscussãodepautascronológicasedosignificadodestetipodeestatuária,temá‑ticaque,comoreferimos,detalhadamenteapresentamosnasactasdoX Colóquio Internacional sobre Línguas e Culturas Paleo-Hispânicaseque,porisso,nãopormenorizaremosnestaocasião.
Quantoàcronologiados textos, apesarde sermatériadelicada, temosporaceitávela suaintegraçãonaprimeirametadedoséculoId.C.ou,nocasoconcretodoreferenteàestátuadeSantaComba,omaistardarnosseusmeados.
Paraa inscriçãodoguerreirovianense foiHübner (1871,p.107)queemprimeiropropôs,combasenumcritérioexclusivamentepaleográfico,umadatação,atribuindo‑aàsegundametadedaprimeiracentúriad.C.,quandomuitoaoimperialatodenero.destepontodevista,nãovemosinconvenientenumaintegraçãoclaranaépocajúlio‑claudiana,emconcretonaprimeirametadedacentúria.AabreviaturadelibertusreduzidaàinicialreforçaadataçãonoséculoId.C.,masnãoauxilianodetalhecronológico.
Apenasacepçõeshistóricasnospodemconfortarasugestãopaleográfica.nomeadamente,aaceitaçãodacoincidênciahistóricadeidentificaropatronodeL. Sestius CorocaudiuscomL. Sestius Quirinalis,governadordaLusitâniaqueterátidointervençãonoprocessodeorganizaçãodonoro‑esteentre22e19a.C.,queésustentadanacomunhãodosmesmospraenomenenomenefoisuge‑ridaporTranoy(1981,pp.327,351),emboracominterpretaçãodotextodivergentedanossa.dequalquer modo, mesmo não se tratando daquele senador, é bastante plausível que o patronopudesseseralguémengrenadonomovimentodeconquistaepacificaçãomilitar,comosustenta
Inscrições sobre guerreiros lusitano-galaicos: leituras e interpretações Armando Redentor
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 11. número 2. 2008, pp. 195–214 211
RodríguezColmenero(2002,p.285),sobretudotendoemconsideraçãoasingularidadedogenti‑lícioemcausa.Hipoteticamente,talveztambémdevêssemoscontabilizarafavordeumacronolo‑giaaltadestesmonumentoscominscriçãoasuaescassez,plausivelmentedecorrentedeincipientepenetraçãodaspráticasepigráficasnoseiodascomunidadesindígenase,consequentemente,doseudomínio.
Ainfluênciadaderivaepigráficaquesereconhecenestaminoriadeestátuashaveráquebuscá‑la,emnossoentender,noprogramaepigráficooficialquesevailevantandoemBracara Augustaàsemelhançadoqueocorrenasrestantescapitaisconventuaisdonoroeste.Aemergênciadaepigra‑fiaprivadaterásidoumprocessomenosprecoce,masdesdeosfinaisdoséculoIa.C.temosnacapitalbrácaraumconjuntodededicatóriasdinásticas,aAugustoeoutroselementosdafamíliaimperial,ondesurgem,porexemplo,osBracaraugustanicomodedicantes,ou,poucomaistarde,negotiatores,emhomenagemaC. Caetronius Miccio(cf.Tranoy,1980,pp.69–71).Anaturezaeestru‑turadasmensagenspatentesemalgumasdestasepígrafesabonamnestesentido,setivermosemcontaasuareduçãoànomeaçãodospersonagens,emdativo,eàmençãodecolectivospopulacio‑naisougruposprofissionaisenquantodedicantes,comosugestivamenteaconteceemAE1974,392eCILII2423+AE1966,186,inscriçõesrespectivamentedatáveisentre‑12/4e42/44.
deacordocomoconteúdodasepígrafesdosguerreirosqueexpomos,seráadequadopensar‑‑sequecadaesculturanãorepresentasimplesmenteumtipo,mastemoobjectivoderecriardopontodevistaplásticoumindivíduoconcreto,enquantoverdadeiroretrato,comodefendem,porexemplo,Tranoy(1988,pp.223–225),A.C.F.daSilva(2003,p.47)eAlarcão(2003,p.120),nocasodasesculturasepigrafadas,eCalo(1994,p.687),equeessaobrarevestiráumcarácterhono‑rífico,desseláveldaflexãoescolhidaparaaindicaçãoescritadasuaidentidadeedomodeloartís‑ticoeleito.
ComexcepçãodotextodoguerreirodeSantaComba,osrestantesidentificamessasindivi‑dualidades(P. Clodameus Corocaudi f. Seaueo;Malceinus Douilonis f.;Ladronus Veroti f.),querreduzindo‑se a isso a mensagem, como acontece nas inscrições associadas às esculturas de Rubiás e deSãoJulião,queracrescentando‑sealgomaissobreocontextodaacçãodedicatória,comoilustraaepígrafedodeMeixedo,entrevendo‑se‑lhesprogressõescívicasdiferenciadas.
Ese,porumlado,autilizaçãododativoassociadaaosnomesgravadosnapartefrontaldasestátuasdeMeixedo,deSãoJuliãoedeRubiás,comoapontámos,nãonosparececonsentâneacomaatribuiçãodecarácterfunerárioàsinscrições,peseemboraorecursodocumentadoàfór‑mulaf. c.,poisocasoemquestãonãoéhabitualemtextosfuneráriosdecronologiatãotemporãcomoaquecuidamosplausívelparaestasepígrafes,poroutro,a interpretaçãodostextoscomindicaçãodosdedicanteseaquelafórmulaparece‑nosincompatívelcomaideiadeosuporteescul‑tóricotersidoreaproveitadoparagravaçãodasepígrafes,comotêmpretendidováriosinvestiga‑dores(Maluquer,1963,p.68;Taboada,1965,p.12;Tranoy,1981,pp.327,351;Calo,1994,p.672;Koch,2003,p.81).
Emsíntese,temosporpoucoadequadaaideiadoreaproveitamentopuroesimplesdasestá‑tuasepigrafadas,admitindoque,mesmoquepossamnãotersidoplaneadosemconjuntosuporteetexto8,hápelomenoscomplementaridadedeobjectivosentreambasaslinguagens,nãodevendoestardistanciadasnotempoasacçõesqueasproduziram,sendo,porém,sustentávelasuasimul‑taneidadeporviadafórmulaquefinalizadoisdostextos.Eemalternativa,nãosedescuraapossi‑bilidadedeainscriçãotersidoagregadaàrepresentaçãoescultóricaprópriadedeterminadoindi‑víduonasequênciadasuamorte,nãocomoepitáfio,mascomohomenagem,perpetuandopelaescrita,nahistóriaemitologiacomunitárias,a identificação,pelonome,dopersonagematéaíplenamenteidentificávelnoretratoesculpidorealizadoemvida.
Armando Redentor Inscrições sobre guerreiros lusitano-galaicos: leituras e interpretações
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 11. número 2. 2008, pp. 195–214212
NOTAS
* BolseirodedoutoramentodaFundaçãoparaaCiênciaeaTecnologia(FCT)/FaculdadedeLetrasdaUniversidadedeCoimbra(FLUC);InvestigadordoCentrodeEstudosArqueológicosdasUniversidadesdeCoimbraePorto(CEAUCP).Endereçoelectrónico:aredentor@gmail.com.
1 OtrabalhofoidesenvolvidonoâmbitodoProjectodeInvestigação“CiuitasyreligioenelnoroestehispánicoII:interacciones,sincretismoseinterpretatioenelpanteónprovincial”(HAR2008‑00358/HIST),financiadopeloMinisteriodeCienciayInnovación,direcciónGeneraldeProgramasyTransferenciadeConocimiento.
2 AsfotosdainscriçãopublicadasporA.C.F.daSilva(Martins&Silva,1984,estampaV),naproduçãodasquaisseutilizouométodobicromático,corroborampartedestaevidência,sendoaíbemvisívelodesenhodoPacompanhadodeponto.
3 Estepovoado,comoqualprovavelmenteserelacionaaestátua,apresentaduasplataformasamuralhadasaqueseassocia,navertentesudeste,umaterceira,delimitadaportalude;oespólioobservávelàsuperfíciereduz‑seafragmentosdecerâmicaromana,comumedeconstrução(tegulae),edecerâmicadetradiçãoindígena(Carvalho,2008,2,p.36,n.º3041402).
4 EstaevidênciaétambémapreciávelnoregistofotográficodaaplicaçãodométodobicromáticopublicadoporA.C.F.daSilva(1981–1982,est.IV,2).
5 ACitâniadeSãoJulião,localizadanolimitedasfreguesiasdePonteedeCoucieiro,temumaocupaçãoduradourainiciadanoBronzeFinal(séculosX/IXa.C.),comburacosdeposteelareirasnapartemaisalta,equeseprolongaatéaoséculoIIId.C.;aarquitecturadefensivadopovoadoécompostaportrêslinhasdemuralhaeumaquartafortificaçãoanordesteeeste(Martins,1990,p.97,n.º104;Carvalho,2008,pp.57–58,n.º3131101).
6 Trata‑sedeumpovoadoemesporão,sobranceiroaorioCadós,afluentedoLima,comfossonocolodeacesso,sobreoqualsedesenvolveparcialmenteoaglomeradohomónimoactual,impedindoacaracterizaçãodaestruturaamuralhada;oespólioassociadoaosítiodocumentaforteocupaçãonasduasprimeirascentúriasd.C.(Calo,1994,p.403).
7 AleiturapornósestabelecidaemrecenteavaliaçãoautópticaparaestainscriçãoprocedentedolugardePaço,freguesiadeLago(Amares),éaseguinte:‘Mate’ r‘n. u’s. /L. adroni/f. (ilius)‘an(n)i’s·u(ixit)·L·.
8 noexemplardeguerreirolusitano‑galaicocomvestígiosdeinscriçãodoCastrodoLesenho(Boticas),cujoestudotemosemcurso(conjuntamentecomCarlaBrazMartins,JoãoFonteeGonçaloCruz),émanifestaaagregaçãodainscriçãoàsuperfícieescultóricaquehaviaanteriormenterecebido
decoração.
BIBlIOGRAfIA
ABASCALPALAZÓn,JuanManuel(1994)‑Los nombres personales en las inscripciones latinas de Hispania.Madrid:UniversidadComplutense;Murcia:Universidad.
AE=L’Année Epigraphique.Paris.
ALARCÃO,Jorgede(1992)‑Aevoluçãodaculturacastreja.Conimbriga. Coimbra.31,pp.39–71.
ALARCÃO,Jorgede(1998)‑Aindasobrealocalizaçãodospopulidoconuentus Bracaraugustanus.Anales de Arqueología Cordobesa.Córdoba.9,pp.51–57.
ALBERTOSFIRMAT,MaríaLourdes(1964)‑nuevosantropónimoshispánicos.Emerita.Madrid.32,pp.209–252.
ALBERTOSFIRMAT,MaríaLourdes(1966)‑La onomástica personal primitiva de Hispania Tarraconense y Bética.Salamanca:ConsejoSuperiordeInvestigacionesCientíficas;Universidad.
ALMEIdA,CarlosAlbertoFerreirade(1981)‑novaestátuadeguerreirogalaico‑minhoto(RefojosdeBasto).Arqueologia.Porto.3,pp.111–116.
ALMEIdA,CarlosAlbertoFerreirade(1982)‑UmacartaapropósitodaestátuadeguerreiroRefojosdeBasto:resposta.Arqueologia.Porto.5,pp.82–84.
ARGOTE,JerónimoContadorde,C.R.(1732)‑Memorias para a Historia Ecclesiastica do Arcebispado de Braga, Primaz das Hespanhas dedicadas a Elrey D. Joao V.Lisboa:OfficinadeJosephAntoniodaSylva,ImpressordaAcademiaReal.Título1:da Geografia do Arcebispado Primaz de Braga, e da Geografia antiga da provincia Bracarense,tomo1.
BÚACARBALLO,Carlos;GUERRA,Amílcar(1999)‑novainterpretaçãodeumaepígrafevotivadoPoçodasCortes,Lisboa(EO144‑E).InVILLARLIÉBAnA,Francisco;BELTRÁnLLORIS,Francisco,eds.‑Pueblos, lenguas y escrituras en la Hispania prerromana: actas del VII Coloquio sobre Lenguas y Culturas Paleohispánicas (Zaragoza, 12 a 15 de marzo de 1997). Salamanca:Universidad;Zaragoza:Institución“FernandoelCatólico”,pp.329–338.
CALOLOURIdO,Francisco(1983)‑Arte,decoración,simbolismoeoutroselementosdaculturamaterialcastrexa:ensaiodesíntese.InPEREIRAMEnAUT,Gerardo,ed.‑Estudos de Cultura Castrexa e Historia Antiga de Galicia.SantiagodeCompostela:Universidade,pp.159–185.
CALOLOURIdO,Francisco(1994)‑A plástica da Cultura Castrexa galego-portuguesa.LaCoruña:FundaciónPedroBarriédelaMaza.
CALOLOURIdO,Francisco(2003)‑Catálogo.Madrider Mitteilungen.Mainz.44,pp.6–32.
Inscrições sobre guerreiros lusitano-galaicos: leituras e interpretações Armando Redentor
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 11. número 2. 2008, pp. 195–214 213
CARVALHO,HelenaPaulaAbreude(2008)‑O povoamento romano na fachada ocidental doconuentusBracarensis.Braga:UniversidadedoMinho(dissertaçãodedoutoramentoemArqueologia,UniversidadedoMinho).
CASTELLÁFERRER,Mauro(1610)‑Historia del apóstol de Iesus Christo Sanctiago Zebedeo patrón y capitán general de las Españas.Madrid:enlaoficinadeAlonsoMartindeBalboa,todaacostadelautor(...).
CILII–HÜBnER(1869e1892).
GIMEnOPASCUAL,Helena(1988)‑Artesanos y técnicos en la epigrafía de Hispania.Bellaterra:UniversitatAutònomadeBarcelona.
GUERRA,Amílcar(1998)‑Nomes pré-romanos de povos e lugares do Ocidente peninsular.Lisboa:[s.n.](dissertaçãodedoutoramentoemHistóriaClássica,UniversidadedeLisboa).
GUERRA,LuísFigueiredoda(1882)‑AestátuacallaicadeVianna. Pero Gallego.VianadoCastelo.1:15(Maio),pp.3–4[–AestátuacallaicadeVianna.Revista de Sciências Naturaes e Sociaes.Porto.4,1886,pp.192–194].
GUERRA,LuísFigueiredoda(1899–1900)‑VestigiosromanosnoconcelhodeViannadoCastello. O Archeologo Português.Lisboa.1.ªsérie.5:6,pp.175–177.
HEp=Hispania Epigraphica.Madrid.
HEpOl=Hispania Epigraphica Online (disponívelemURL:<http://www.eda‑bea.es/>).
HÜBnER,Emil(1869)‑Inscriptiones Hispaniae Latinae.Berolini:GeorgiumReimerum(Corpus Inscriptionum Latinarum;2).
HÜBnER,Emil(1871)‑Noticias archeologicas de Portugal pelo Dr. Emilio Hübner: traduzidas e publicadas por ordem da mesma Academia.Lisboa:Typ.daAcademiaRealdasSciencias.
HÜBnER,Emil(1892)‑Inscriptiones Hispaniae Latinae:Supplementum.Berolini:GeorgiumReimerum(Corpus Inscriptionum Latinarum;2).
ILER=VIVES(1971–1972).
IEW =POKORnY(1959).
KOCH,Michael(2003)‑dielusitanisch‑galläkischenKriegerstatueninihremliterarisch‑epigrapischenzusammenhang.Madrider Mitteilungen.Mainz.44,pp.67–86.
KRAHE,Hans(1955)‑Die Sprache der Illyrier.Vol.1:Die Quellen.Wiesbaden:Harrassowitz.
LUJÁnMARTÍnEZ,EugenioRamón(2000)‑Sobrelosorígenesdeloscomparativosindoeuropeusen*-teros.Revista Española de Linguística. Madrid.30:1,pp.77–102.
LUJÁnMARTÍnEZ,EugenioRamón(2007)‑L’onomastiquedesVettons:analyselinguistique.InLAMBERT,Pierre‑Yves;PInAULT,Georges‑Jean,eds.‑Gaulois et celtique continental.Genève:droz,pp.245–276.
MALUQUERdEMOTESInICOLAU,Juan(1963)‑LospueblosdelaEspañacéltica.InMEnÉndEZPIdAL,Ramón,ed.‑Historia de España.T.1,vol.3: España primitiva.Madrid:Espasa‑Calpe,pp.5–194.
MARTInS,Manuela(1990)‑O povoamento proto-histórico e a romanização da bacia do curso médio do Cávado.Braga:UniversidadedoMinho.
MARTInS,Manuela;SILVA,ArmandoCoelhoFerreirada(1984)‑AestátuadeguerreirogalaicodeS.Julião(VilaVerde).Cadernos de Arqueologia.Braga.2.ªsérie.1,pp.29–47.
PALOMARLAPESA,Manuel(1957)‑La onomástica personal pre‑latina de la antigua Lusitania.Salamanca:ConsejoSuperiordeInvestigacionesCientíficas.
POKORnY,Julius(1959)‑Indogermanisches etymologisches Wörterbuch.Bern;München:Francke.
PRÓSPERPÉREZ,BlancaMaría(2002)‑Lenguas y religiones prerromanas del Occidente de la Península Ibérica.Salamanca:Universidad.
REdEnTOR,Armando(2009)‑Sobreosignificadodosguerreiroslusitano‑galaicos:ocontributodaepigrafia.InActa Palaeohispanica X: actas del X Coloquio sobre Lenguas y Culturas Paleohispánicas (Lisboa, 26–28 de febrero de 2009).Zaragoza:Institución«FernandoelCatólico»(=Palaeohispanica.Zaragoza.9),noprelo.
ROdRÍGUEZCOLMEnERO,Antonio(2000a)‑Epígrafeslatinossobreguerrerosgalaicos:unaclaveesencialparalainterpretacióndelaestatuariabélicadelnoroestehispánico.InKHAnOUSSI,Mustapha;RUGGERI,Paola;VISMARA,Cinzia,eds.‑L’Africa romana, 13: atti del XIII Convegno di studio (Djerba, 10–13 dicembre 1998).Roma:Carocci,pp.1669––1684.
ROdRÍGUEZCOLMEnERO,Antonio(2000b)‑Bracara Augustaenlosiniciosdesuandadurahistórica:cuatropuntualizaciones,entreotrasposibles.Revista de Guimarães.Guimarães.110,pp.89–118.
ROdRÍGUEZCOLMEnERO,Antonio(2002)‑Epígrafeslatinossobreguerrerosgalaicos:unaclaveesencialparalainterpretacióndelaestatuariabélicadelnoroesteIbérico.InROMAnÍMARTÍnEZ,Miguel;nOVOAGÓMEZ,MaríaÁngeles,eds.‑Homenaje a José García Oro.SantiagodeCompostela:Universidade,pp.267–285.
Armando Redentor Inscrições sobre guerreiros lusitano-galaicos: leituras e interpretações
REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 11. número 2. 2008, pp. 195–214214
SILVA,ArmandoCoelhoFerreirada(1981–1982)‑novosdadossobreaorganizaçãosocialcastreja.Portugalia.Porto.novasérie.2–3,pp.83–94.
SILVA,ArmandoCoelhoFerreirada(1982)‑UmacartaapropósitodaestátuadeguerreiroRefojosdeBasto.Arqueologia.Porto.5,pp.80–82.
SILVA,ArmandoCoelhoFerreirada(1986)‑A cultura castreja no Noroeste de Portugal.PaçosdeFerreira:CâmaraMunicipal,MuseuArqueológicodaCitâniadeSanfins.
SILVA,ArmandoCoelhoFerreirada(2003)‑Expressõesguerreirasdasociedadecastreja.Madrider Mitteilungen.Mainz.44,pp.41–50.
TABOAdACHIVITE,Jesús(1965)‑Escultura celto-romana.Vigo:Castrelos.
TRAnOY,Alain(1980)‑ReligionetsociétéàBracara Augusta(Braga)auHaut‑Empireromain.InActas do Seminário de Arqueologia do Noroeste peninsular (Guimarães, 1979).Guimarães:SociedadeMartinsSarmento.Vol.3,pp.67–83.
TRAnOY,Alain(1981)‑La Galice romaine: recherches sur le Nord-Ouest de la Péninsule Ibérique dans l’Antiquité.Paris:deBoccard.
TRAnOY,Alain(1988)‑duhérosauchef:l’imageduguerrierdanslessociétésindigènesdulenord‑OuestdelapéninsuleIbérique(IIes.avantJ.‑C.–Iers.aprèsJ.‑C.).InLe monde des images en Gaule et dans les provinces voisines:actes du colloque(Sèvres, 16 et 17 mai 1987).Paris;Clermont‑Ferrand;Limoges:Errance,pp.219–227.
UnTERMAnn,Jürgen(1992)‑AnotacionesalestudiodelaslenguasprerromanasdelnoroestedelaPenínsulaIbérica.InGalicia: da romanidade á xermanización. Problemas históricos e culturais (Actas do Encontro Científico en Homenaxe a Fermín Bouza Brey (1901–1973), Santiago de Compostela, outubro 1992).SantiagodeCompostela:MuseodoPoboGalego;SeccióndePrehistoriaeArqueoloxía,InstitutodeEstudiosGalegosP.Sarmiento;departamentodeHistoria1,UniversidadedeSantiagodeCompostela,pp.367–397.
VALLEJORUIZ,JoséMaría(2005)‑Antroponimia indígena de la Lusitania romana.Vitoria‑Gasteiz:UniversidaddelPaísVasco.
VASCOnCELLOS,JoséLeitede(1913)‑Religiões da Lusitânia: na parte que principalmente se refere a Portugal.Vol.3.Lisboa:Imprensanacional.
VILLARLIÉBAnA,Francisco(2000)‑Indoeuropeos y no indoeuropeos en la Hispania prerromana: las poblaciones, las lenguas prerromanas de Andalucía, Cataluña y Aragón según la información que nos proporciona la toponimia.Salamanca:Universidad.
VIVES,José(1971–1972)‑Inscripciones latinas de la España romana: antología de 6.800 textos. Barcelona:Universidad;CSIC.