Inspecção de Componentes Microfabricados com Células ... · com Células Bacterianas:...
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Patrick Loureno Incio
Licenciado em Cincias da Engenharia Mecnica
Inspeco de Componentes Microfabricados
com Clulas Bacterianas: Simulao,
Instrumentao e Validao Experimental
Dissertao para obteno do Grau de Mestre em
Engenharia Mecnica
Orientador: Doutor Telmo Jorge Gomes dos Santos, Professor
Auxiliar da Faculdade de Cincias e Tecnologia da
Universidade Nova de Lisboa.
Jri:
Presidente: Prof. Doutor Jorge Joaquim Pamies Teixeira
Arguente: Prof. Doutora Maria Lusa Coutinho Gomes de Almeida
Vogais: Prof. Doutora Rosa Maria Mendes Miranda
Prof. Doutor Telmo Jorge Gomes dos Santos
Maro 2014
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Inspeco de componentes microfabricados com clulas bacterianas: simulao, instrumentao
e validao experimental.
Copyright 2014 Patrick Loureno Incio.
Faculdade Cincias e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa.
A Faculdade de Cincias e Tecnologia e a Universidade Nova de Lisboa tm o direito, perptuo
e sem limites geogrficos, de arquivar e publicar esta dissertao atravs de exemplares
impressos reproduzidos em papel ou de forma digital, ou por qualquer outro meio conhecido ou
que venha a ser inventado, e de a divulgar atravs de repositrios cientficos e de admitir a sua
cpia e distribuio com objectivos educacionais ou de investigao, no comerciais, desde que
seja dado crdito ao autor e editor.
iv
v
Agradecimentos
Quero agradecer ao meu orientador, professor Telmo Santos, pela energia e entusiasmo que
dedicou realizao deste projecto, pela abertura ao debate de ideias que foram para alm dos
objectivos da presente tese e ainda pelos conselhos para a minha futura vida profissional
Doutora Carla Carvalho, que disponibilizou as bactrias e as instalaes do seu laboratrio
no Instituto Superior Tcnico de Lisboa, permitindo o desenvolvimento da nova tcnica END.
Aos professores e aos tcnicos do ncleo de Tecnologia Mecnica, do Departamento de
Engenharia Mecnica e Industrial da FCT que sempre demonstraram disponibilidade e apoio
durante toda tese de mestrado.
Aos colegas de curso que acompanharam-me neste percurso acadmico, bem como aos
colegas do laboratrio de Tecnologia Mecnica que demonstraram grande esprito de amizade e
muita entreajuda.
Aos amigos de sempre, que me acompanham desde cedo, agradeo a sua amizade e
confiana demonstrada ao longo destes ltimos anos.
minha famlia, principalmente aos meus pais e irm, que apesar de distantes no deixaram-
me de apoiar, tendo sempre uma palavra encorajadora nos momentos de maior desnimo. Sem
eles no seria possvel chegar a este ponto.
Marta, que nestes ltimos anos me apoiou, confiou e encorajou, o meu sincero obrigado.
Desejo agradecer tambm s seguintes entidades:
Ao Instituto de Biotecnologia e Bioengenharia (IBB) do Instituto Superior Tcnico (IST) por
possibilitar o uso das suas instalaes e equipamentos necessrios realizao deste projecto.
Fundao para a Cincia e a Tecnologia (FCT MEC), pelo suporte financeiro concedido
a este trabalho no mbito do projecto I&D MicroBac (PTDC/EME TME/ 118678/ 2010).
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vii
Resumo
Desenvolvimentos recentes demonstraram que a utilizao de clulas bacterianas constitui
uma tcnica de Ensaios No Destrutivos vivel para a identificao de micro defeitos
superficiais, com dimenses inferiores a 10 mcron, em alguns materiais de engenharia.
Contudo, os desenvolvimentos so sobretudo de carcter experimental, qualitativo e restritos a
poucos materiais, no sendo possvel relacionar convenientemente os resultados com os
parmetros dos ensaios, nem explicar as causas desses resultados ou prever os efeitos de
parmetros ainda no testados.
O objectivo deste trabalho alargar a tcnica a um leque mais abrangente de materiais,
desenvolver equipamento dedicado complementar ao existente, instrumentar os equipamentos
utilizados, e estabelecer as bases para um modelo da mobilidade das bactrias durante a fase de
penetrao.
Foram utilizadas trs estirpes de bactrias em provetes com defeitos artificiais em dez
materiais de engenharia, e tambm em componentes microfabricados com defeitos reais. Foram
produzidos e testados dois equipamentos para aplicao de campos magnticos triaxiais com
manes permanentes e com solenides. Procedeu-se instrumentao de equipamentos para
medir a intensidade dos campos magnticos em funo dos parmetros de inspeco.
Estabeleceu-se um modelo analtico expedito, baseado na vibrao forada amortecida, para
descrever e prever a dinmica das bactrias em meio aquoso sujeitas a foras elctricas ou
magnticas harmnicas. Foi realizada uma simulao numrica caracterizar os campos
elctricos e magnticos nas condies de ensaio.
Os resultados experimentais mostraram que possvel identificar defeitos artificiais com
profundidades de 1,2 m, 3,2 m, 2,0 m e 1,8 m em AISI 304L, AA1100, cobre, e Ti6Al4V,
respectivamente. As imagens de microscpio electrnico de varrimento evidenciaram a
presena de bactrias no interior de defeitos com 5 m nos provetes microfabricados. Os
resultados da simulao numrica foram coerentes com a experimentao. Em suma, os diversos
resultados permitiram aprofundar o conhecimento processual e fenomenolgico da tcnica de
END baseada em clulas bacterianas.
PALAVRAS-CHAVE
Ensaios No Destrutivos
Micro-defeitos
Clulas Bacterianas
Simulao
viii
ix
Abstract
Recent developments have shown that the use of bacteria cells is a nondestructive testing
(NDT) method viable to detect superficial micro defects, smaller than 10 micron, in some
engineering materials. However, these developments are essentially at the experimental level,
qualitative and only apply to few materials, there is no proper correlation between the results
and testing parameters, neither explanation for what causes these results nor way to predict the
effects of parameters not yet tested.
The aim of this thesis is to apply this technique to a wider range of materials, develop
specific equipment in order to complement the already existent, instrument the equipment used
and establish the basis for a model of bacteria movement during the penetration phase.
Three types of bacteria were used in samples of ten different engineering materials with
artificial defects and also microfabricated samples with real defects. Two equipments were
produced and tested to apply triaxial magnetic fields with permanent magnets and solenoids.
The equipment was instrumented with Hall detectors in order to quantify the intensity of the
magnetic fields according to the inspection parameters. An expeditious analytic model was
established, based on the damping vibration force, to describe and predict the dynamics of the
bacteria in aqueous medium when subjected to electric or harmonic magnetic forces. A numeric
simulation was created with the purpose of characterizing the electric and magnetic fields in the
testing conditions.
The experimental results show that is possible to identify artificial defects with depth of 1,2 m,
3,2 m, 2,0 m and 1,8 m in AISI 304L,AA1100, copper and Ti6Al4V, respectively. Scanning
electron microscopy images reveal the presence of bacteria inside defects of 5 m in the
microfabricated samples. The results of the numeric simulation were consistent with those on
experimentation. In sum, the collected data provide further procedural and phenomenological
knowledge on NDT method based on bacterial cells.
Key-Words
Non-destructive Testing
Microdefects
Bacterial Cells (CB)
Simulation
x
xi
NDICE
ndice ............................................................................................................................................ xi
1. INTRODUO .................................................................................................................... 1
1.1 Estado da Arte e Motivao .......................................................................................... 1
1.2 Objectivos ..................................................................................................................... 2
1.3 Trabalho Realizado ....................................................................................................... 3
1.4 Resultados e Concluses ............................................................................................... 3
2. REVISO DO ESTADO DA ARTE ................................................................................... 5
2.1 Introduo ..................................................................................................................... 5
2.2 Ensaios No Destrutivos (END) ................................................................................... 6
2.3 END por Lquidos Penetrantes (LP) ............................................................................. 6
2.4 END por Partculas Magnticas (PM) ........................................................................... 8
2.5 Ensaios No Destrutivos utilizando clulas bacterianas ............................................... 9
2.6 Semelhanas entre Lquidos Penetrantes, Partculas Magnticas e Clulas
Bacterianas.......10
2.7 Metodologias recentes para a deteco de micro-defeitos .......................................... 11
2.8 Potenciais aplicaes dos END utilizando clulas bacterianas: biomateriais ............. 12
2.8.1 Titnio ................................................................................................................. 13
2.8.2 Magnsio ............................................................................................................. 13
2.8.3 NiTi ..................................................................................................................... 14
2.9 Efeito anti-bacteriano do cobre ................................................................................... 14
2.10 Efeito do campo magntico no crescimento do filme de clulas bacterianas ............. 15
2.11 Reviso de alguns fundamentos do campo magntico ................................................ 16
2.11.1 Campo magntico permanente ............................................................................ 16
2.11.2 Electromagnetismo .............................................................................................. 18
2.11.3 Fora magntica de Translao ........................................................................... 21
2.11.4 Efeito Hall ........................................................................................................... 22
xii
2.12 Campo elctrico........................................................................................................... 23
2.12.1 Potencial do Campo Elctrico ............................................................................. 25
2.12.2 Sensor campo elctrico ........................................................................................ 25
3. DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL ..................................................................... 29
3.1 Introduo ................................................................................................................... 29
3.2 Desenvolvimento de equipamento dedicado para aplicao de campo magntico
triaxial 30
3.2.1 Identificao dos requisitos funcionais ............................................................... 30
3.2.2 Concepo do Equipamento ................................................................................ 31
3.2.3 Proposta de equipamento dedicapo para aplicao de campo magntico triaxial 31
3.2.4 Automao do equipamento ................................................................................ 36
3.3 Desenvolvimento de equipamento dedicado para aplicao de campo magntico
permanente triaxial ................................................................................................................. 37
3.3.1 Identificao dos requisitos funcionais ............................................................... 37
3.3.2 Concepo do equipamento................................................................................. 38
3.3.3 Proposta de Equipamento para aplicao de Campo Magntico permanente
triaxial 38
3.3.4 Automao do equipamento ................................................................................ 40
3.4 Modificao de equipamento para remoo do excesso de bactrias com Luz ultra
violeta 41
3.4.1 Identificao das principais limitaes ................................................................ 42
3.4.2 Solues propostas .............................................................................................. 42
4. INSTRUMENTAO E CARACTERIZAO DO CAMPO MAGNTICO ............... 43
4.1 Introduo ................................................................................................................... 43
4.2 Caracterizao das sondas de Efeito Hall .................................................................... 44
4.3 Adaptao das sondas de Efeito Hall .......................................................................... 45
4.4 Aquisio, leitura e converso do sinal ....................................................................... 47
4.5 Caracterizao do campo magntico ........................................................................... 48
4.5.1 Equipamento com 4 Solenides .......................................................................... 49
4.5.2 Equipamento com rotao do campo magntico ................................................. 52
xiii
4.5.3 Equipamento para aplicao de campo magntico horizontal e vertical. ............ 54
4.5.4 Equipamento para aplicao de campo magntico triaxial ................................. 62
4.5.5 Equipamento para aplicao de campo magntico permanente triaxial .............. 64
4.6 Tcnicas de visualizao do campo magntico ........................................................... 72
4.6.1 Equipamento para aplicao de campo magntico horizontal e vertical ............. 74
4.6.2 Equipamento para aplicao de campo magntico triaxial ................................. 75
4.6.3 Equipamento para aplicao de campo magntico permanente triaxial .............. 75
5. MODELAO ANALTICA DO COMPORTAMENTO DAS BACTRIAS ................ 77
5.1 Introduo ................................................................................................................... 77
5.2 Simulao analtica ..................................................................................................... 79
5.2.1 Modelo da bactria .............................................................................................. 79
5.2.2 Foras Aplicadas ................................................................................................. 80
5.2.3 Modelo proposto ................................................................................................. 81
5.3 Simulao numrica do campo elctrico ..................................................................... 86
5.3.1 Modelo do condensador placas planas paralelas ................................................. 86
5.3.2 Resultados ........................................................................................................... 87
6. VALIDAO EXPERIMENTAL ..................................................................................... 93
6.1 Introduo ................................................................................................................... 93
6.2 Fabrico de provetes com defeitos padro .................................................................... 94
6.3 Provetes de ensaio de traco ...................................................................................... 96
6.4 Bactrias ...................................................................................................................... 97
6.5 Ensaios com provetes padro ...................................................................................... 97
6.6 Ensaios com provetes de ensaio de traco ............................................................... 108
7. CONCLUSO .................................................................................................................. 111
xv
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1- Procedimento experimental END utilizando clulas bacterianas [1]. ...................... 10
Figura 2.2 Interface dinmica entre o magnsio e o ambiente biolgico durante a degradao
[15]. ............................................................................................................................................. 13
Figura 2.3 - Viabilidade da bactria Staphylococcus em cobre, bronze e ao inox a temperatura
ambiente. ..................................................................................................................................... 15
Figura 2.4 Ciclo completo de histerese [8]............................................................................... 16
Figura 2.5 Evoluo dos manes permanentes no sculo XX [26]. .......................................... 17
Figura 2.6 - Visualizao das linhas de campo magntico [8]. ................................................... 18
Figura 2.7 - Direco do campo magntico criado pela passagem de corrente elctrico no fio
[28]. ............................................................................................................................................. 19
Figura 2.8 - Campo magntico de um solenide [28]. ................................................................ 20
Figura 2.9 - Categorias de sensores para a medio do campo magntico. ................................ 22
Figura 2.10 - Efeito Hall. ............................................................................................................ 23
Figura 2.11 - Campo elctrico uniforme. .................................................................................... 24
Figura 2.12 - Linhas do campo elctrico. .................................................................................... 25
Figura 2.13 - Field mill [33]. ....................................................................................................... 26
Figura 2.14 - Sonda campo elctrico sonda de campo elctrico. ................................................ 26
Figura 3.1 - Modelao triaxial em SOLIDWORKSTM
do equipamento para aplicao de campo
magntico triaxial. ....................................................................................................................... 32
Figura 3.2 - Equipamento para aplicao de campo magntico triaxial. ..................................... 33
Figura 3.3 - Referencial assumido para caracterizar o movimento do ponto P. ......................... 33
Figura 3.4 - Percurso do ponto P para vinte rotaes mecnicas e uma rotao electrnica. ..... 34
Figura 3.5 Percurso do ponto P para uma rotao mecnica e vinte rotaes electrnicas. ..... 35
Figura 3.6 - Percurso do ponto P para uma rotao mecnica e uma rotao electrnica. ........ 35
Figura 3.7 - Percurso do ponto P para meia rotao mecnica e uma rotao electrnica. ......... 35
Figura 3.8 Interface grfica LabviewTM
para equipamento dedicado para aplicao de campo
magntico triaxial. ....................................................................................................................... 36
Figura 3.9 - Modelao triaxial em SOLIDWORKSTM
do equipamento para aplicao de
campo magntico permanente triaxial. ........................................................................................ 39
Figura 3.10 - Equipamento com aplicao campo magntico permanente triaxial. .................... 40
Figura 3.11 - Interface grfica LabviewTM
para equipamento dedicado para aplicao de campo
magntico permanente triaxial. ................................................................................................... 41
Figura 3.12 - Equipamento para remoo do excesso de bactrias com Luz ultra violeta [2]. .. 42
Figura 4.1 - Sinal de sada (Volts) em funo do campo magntico (Gauss). ............................ 45
xvi
Figura 4.2 Posio relativa das sondas de Hall: ....................................................................... 46
Figura 4.3 Esquema de montagem do sensor efeito Hall. ........................................................ 46
Figura 4.4 Interface grfica em LabviewTM
. ............................................................................ 47
Figura 4.5 Sondas de Hall com as ligaes elctricas e a posio relativa final: ..................... 48
Figura 4.6 Ensaio com sonda de Hall n2 no equipamento com 4 solenides ...................... 49
Figura 4.7 - Eixo de coordenadas do equipamento com 4 solenides. ........................................ 49
Figura 4.8 Campo B(t) Ligao n1 1 Hz. .......................................................................... 50
Figura 4.9 - Campo B(t)- Ligao n2 -1 Hz. .............................................................................. 51
Figura 4.10 Ensaio com sonda de Hall n2 no equipamento com rotao do campo magntico.
..................................................................................................................................................... 52
Figura 4.11 - Eixo de coordenadas do equipamento com rotao do campo magntico. ........... 52
Figura 4.12 Campo B(t) no equipamento com rotao do campo magntico. ......................... 53
Figura 4.13 - Esquema de montagem de equipamento de campo magntico H e V. .................. 54
Figura 4.14 - Eixo de coordenadas do equipamento para aplicao de campo magntico
horizontal e vertical. .................................................................................................................... 55
Figura 4.15 Caracterizao do equipamento com campo magntico horizontal e vertical com
diferentes materiais: .................................................................................................................... 55
Figura 4.16 - Campo magntico X,Y e Z sem provete. ............................................................... 56
Figura 4.17 - Campo magntico X,Y e Z com provete de alumnio. .......................................... 56
Figura 4.18 Campo magntico X,Y e Z com provete de cobre. ............................................... 57
Figura 4.19 - Campo magntico X,Y e Z com provete de PMMA. ............................................ 57
Figura 4.20 - Campo magntico X,Y e Z com provete de ao inox. ........................................... 58
Figura 4.21 - Campo magntico X,Y e Z com provete de ao carbono. ..................................... 58
Figura 4.22 Grfico 3D campo magntico do equipamento para aplicao campo magntico
horizontal e vertical. .................................................................................................................... 61
Figura 4.23 Esquema de montagem equipamento campo magntico triaxial ........... ..62
Figura 4.24 - Eixo de coordenadas do equipamento campo magntico triaxial .......................... 62
Figura 4.25 - Campo magntico X,Y e Z sem rotao ................................................................ 63
Figura 4.26 - Campo magntico X,Y e Z com rotao ............................................................... 63
Figura 4.27 - Coordenada medida ............................................................................................... 65
Figura 4.28 - Ensaio com sonda de Hall .................................................................................. 65
Figura 4.29 - Ensaio com sonda de Hall Configurao 1 ......................................................... 65
Figura 4.30 Ensaio com Sonda de Hall Configurao 2 ....................................................... 66
Figura 4.31 Interpolao e derivada dos resultados experimentais da intensidade do campo
magntico B(x). ........................................................................................................................... 67
Figura 4.32 - Eixo de coordenadas para equipamento campo magntico triaxial. ...................... 67
xvii
Figura 4.33 - Campo magntico com rotao do man vertical a 5 mm do provete - man Alnico.
..................................................................................................................................................... 68
Figura 4.34 - Campo magntico com rotao do man vertical a 5 mm do provete man Nd.. 68
Figura 4.35 - Campo magntico com rotao horizontal e vertical - man Alnico. .................... 69
Figura 4.36 - Campo magntico com rotao horizontal e vertical - man Nd ........................... 70
Figura 4.37 Intensidade B(t) para movimento tipo pndulo vertical 45. ................................ 70
Figura 4.38 Intensidade B(t) para movimento tipo pndulo vertical 30 ................................. 71
Figura 4.39 - Intensidade B(t) para movimento tipo pndulo vertical 15. ................................. 71
Figura 4.40 - Intensidade B(t) para movimento tipo pndulo vertical 30 .................................. 72
Figura 4.41 - Intensidade B(t) para movimento tipo pndulo vertical 45. ................................. 72
Figura 4.42 - Visualizao de campo magntico com filamentos de ferro ................................. 73
Figura 4.43 - Visualizao de campo magntico com ferrofluido .............................................. 73
Figura 4.44 Filme de visualizao de campo magntico. ......................................................... 74
Figura 4.45 Visualizao do campo ao longo do tempo com filamentos de ferro ................... 74
Figura 4.46 - Visualizao do campo ao longo do tempo com ferrofluido. ................................ 74
Figura 4.47 - Visualizao do campo ao longo do tempo com filme de visualizao de campo
magntico. ................................................................................................................................... 75
Figura 4.48 - Visualizao do campo ao longo do tempo com filamentos de ferro. ................... 75
Figura 4.49 - Visualizao do campo ao longo do tempo com filme de visualizao de campo
magntico. ................................................................................................................................... 75
Figura 4.50 - Visualizao do campo ao longo do tempo com filme de visualizao de campo
magntico. ................................................................................................................................... 76
Figura 5.1 Morfologias das bactrias: ...................................................................................... 79
Figura 5.2 - Modelos de densidade da bactria: .......................................................................... 80
Figura 5.3 - Diagrama de foras. ................................................................................................. 81
Figura 5.4 - Grfico da fora exercida sobre a bactria em funo do campo magntico gerado
por solenides. ............................................................................................................................. 83
Figura 5.5 Amplitude do movimento da bactria em funo do tempo x(t). ........................... 83
Figura 5.6 - Grfico da fora exercida sobre a bactria em funo do campo magntico gerado
por manes permanentes. ............................................................................................................. 84
Figura 5.7 - Amplitude do movimento da bactria em funo do tempo x(t) para fora
magntica gerada por manes permanentes. ................................................................................ 84
Figura 5.8 Amplitude do movimento da bactria em funo do tempo x(t) para fora elctrica.
..................................................................................................................................................... 85
Figura 5.9 - Amplitude do movimento da bactria em funo do tempo x(t) para fora elctrica
..................................................................................................................................................... 85
Figura 5.10 - Configurao do modelo ....................................................................................... 86
xviii
Figura 5.11 Visualizao da malha tetradrica do modelo ...................................................... 87
Figura 5.12 Potencial elctrico com provete em ar .................................................................. 88
Figura 5.13 - Potencial elctrico com provete em perfeito condutor elctrico ........................... 88
Figura 5.14 - Potencial elctrico com provete de material isolante (=3), .................................. 89
Figura 5.15 Linhas campo elctrico com provete de ar............................................................ 90
Figura 5.16 - Linhas campo elctrico com provete de perfeito condutor elctrico ..................... 90
Figura 5.17 - Linhas campo elctrico com provete de material isolante ..................................... 90
Figura 6.1 Matriz de indentaes ............................................................................................. 95
Figura 6.2 Forma do defeito padro. 95
Figura 6.3 Provetes produzidos em diferentes materiais .......................................................... 96
Figura 6.4 Exemplo de um provete fornecido. ......................................................................... 97
Figura 6.5 Defeito no provete PL_B: ..................................................................................... 109
xix
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 Propriedades das ligas magnticas alnico e NdFeB [27]. ....................................... 18
Tabela 3.1 - Requisitos equipamento dedicado campo magntico triaxial. ................................ 30
Tabela 3.2- Requisitos equipamento dedicado campo magntico permanente. .......................... 38
Tabela 4.1 Tabela comparativa das propriedades dos vrios sensores. .................................... 44
Tabela 4.2 Intensidade campo magntico para equipamento com 4 solenides Ligao n 2 -
1 Hz. ............................................................................................................................................ 50
Tabela 4.3 Intensidade campo magntico para equipamento com 4 solenides - Ligao 2 -
1 Hz. ............................................................................................................................................ 51
Tabela 4.4 Valores mximos e mnimos da intensidade do campo magntico. ....................... 53
Tabela 4.5 Valores das intensidades do campo magntico no equipamento para aplicao de
campo magntico horizontal e vertical. ....................................................................................... 59
Tabela 4.6 - Mximo e mnimo do ensaio sem rotao. .............................................................. 63
Tabela 4.7 - Mximo e mnimo do ensaio com rotao .............................................................. 63
Tabela 4.8 Intensidade do campo magntico em funo da distncia para o ensaio com sonda
de Hall n 4. ................................................................................................................................. 66
Tabela 6.1 - Propriedades dos materiais. ..................................................................................... 94
Tabela 6.2 Escala de dimenso dos defeitos ............................................................................ 94
Tabela 6.3 Dimenso dos defeitos nos diferentes materiais. .................................................... 96
Tabela 6.4 - Propriedades das bactrias utilizadas nos ensaios laboratoriais. ............................. 97
Tabela 6.5 Planificao dos ensaios efectuados e dimenso L [m] /P[m] do menor defeito
detectado em cada ensaio. ........................................................................................................... 98
Tabela 6.6- Ensaio em provetes de ao inox. .............................................................................. 99
Tabela 6.7 Ensaio em provetes de alumnio. ............................................................................. 100
Tabela 6.8 - Ensaio em provetes de cobre. ................................................................................ 101
Tabela 6.9 - Ensaio em provetes de fibra de carbono. .............................................................. 102
Tabela 6.10 - Ensaio em provetes de GLARETM
...................................................................... 103
Tabela 6.11- Ensaio em provetes de grafite IC5. ...................................................................... 104
Tabela 6.12 - Ensaio em provetes de Magnsio. ....................................................................... 105
Tabela 6.13 - Ensaio em provetes de NiTi. ............................................................................... 105
Tabela 6.14 - Ensaio em provetes de Chumbo. ......................................................................... 106
Tabela 6.15 - Ensaio em provetes de titnio. ............................................................................ 107
Tabela 6.16 Tabela com melhores resultados. ....................................................................... 108
Tabela 6.17 - Planificao dos ensaios. ..................................................................................... 109
xx
1
1. INTRODUO
1.1 ESTADO DA ARTE E MOTIVAO
Os Ensaios No Destrutivos (END) consistem numa tcnica e metodologia de ensaio que
avalia e detecta defeitos em materiais, peas ou equipamentos sem danificar ou alterar as suas
caractersticas de forma irreversvel, podendo, aps a inspeco, voltar ao seu normal
funcionamento.
Devido aos constantes avanos tecnolgicos e evoluo significativa a nvel de novos
materiais, surge a necessidade de desenvolvimento de novas tcnicas e metodologias de END,
nomeadamente na rea da microfabricao. Uma das motivaes deste trabalho decorre da
necessidade que se verifica actualmente nas tcnicas de END para deteco de defeitos em
peas e componentes provenientes da microfabricao, pois a especificidade deste tipo de
defeito ultrapassa os limites tecnolgicos das tcnicas convencionais de END.
Tem vindo a ser desenvolvida uma tcnica pioneira de END, baseada na utilizao de clulas
bacterianas para a deteco de micro-defeitos. A utilizao de clulas bacterianas tem por base
as suas principais caractersticas como o tamanho, a mobilidade e a aderncia das bactrias.
O trabalho realizado por Joo Borges [1] permitiu validar os pressupostos desta nova tcnica,
obtendo bons indicadores, principalmente de carcter experimental e qualitativos. Como
desenvolvimento surgiram os trabalhos de Bruno Mateus [2] e Diogo Carvalho [3], que criaram
novos equipamentos dedicados e realizaram vrios ensaios prticos, recolhendo mais
informao sobre a nova tcnica e definindo parmetros ptimos com base nos ensaios
realizados.
Contudo, a tcnica necessita de mais investigao e desenvolvimento, pois o trabalho
realizado foi sobretudo de carcter experimental, quantitativo e restrito a poucos materiais, no
sendo possvel relacionar os resultados obtidos com os parmetros dos ensaios, nem identificar
as causas desses resultados ou mesmo prever o efeito de parmetros ainda no testados.
2
O trabalho a realizar pretende adicionar mais recursos e informaes sobre a mobilidade das
clulas bacterianas sujeitas a campo magntico e elctrico.
1.2 OBJECTIVOS
Com o intuito de desenvolver e melhorar a nova tcnica de END com clulas bacterianas
foram traados novos objectivos cientficos e tecnolgicos para o trabalho a realizar, com base
no problema existente.
Os principais objectivos cientficos para a nova tcnica END com clulas bacterianas foram:
1) Aprofundar o conhecimento cientfico da nova tcnica, permitindo melhorar a
compreenso dos aspectos fenomenolgicos envolvidos na tcnica, utilizando esse
conhecimento para optimizar os parmetros de ensaios e para criar novos equipamentos
dedicados.
2) Compreender e caracterizar os campos magnticos e elctricos existentes nos
equipamentos. Pretende-se com este conhecimento quantificar a intensidade dos campos
magnticos em funo tempo, bem como o seu decaimento no espao, medindo
experimentalmente as intensidades dos campos magnticos. Pretende-se igualmente estudar as
linhas do campo elctrico no interior e na envolvente de um condensador de placas planas
paralelas, atravs da simulao numrica.
3) Criar um modelo simplificado do comportamento dinmico das clulas bacterianas para
explicar e prever a causa/efeito dos parmetros dos ensaios, com os resultados obtidos atravs
da simulao analtica.
Para alcanar os objectivos cientficos, foram traados 3 objectivos tecnolgicos de forma a
cumprir com os requisitos acima referidos:
1) Produo de novo equipamento de ensaio dedicado, para aplicao de campos magnticos
triaxiais com manes permanentes e com solenides, para melhorar a mobilidade das clulas
bacterianas na fase de penetrao das bactrias aos defeitos.
2) Criao de prottipo funcional com uma apresentao pr-comercial, constitudo por um
kit com todos os elementos necessrios para aplicao da tcnica.
3) Inspeccionar novos materiais com a tcnica END utilizando clulas bacterianas
nomeadamente titnio, NiTi, magnsio AZ31, fibra de carbono, GLARETM
, chumbo e grafite.
4) Desenvolvimento de sondas de Hall, bem como os meios necessrios para a aquisio e
processamento de sinal, e de um programa dedicado.
3
1.3 TRABALHO REALIZADO
Foram produzidos dois novos equipamentos dedicados para promover a mobilidade e a
penetrao das bactrias nos defeitos. O primeiro equipamento cria um campo magntico
triaxial gerado pelos solenides do estator de um motor passo-a-passo. No segundo
equipamento utilizaram-se manes permanentes para a criao de campo magntico triaxial, com
a particularidade de os campos magnticos serem mais intensos.
Procedeu-se instrumentao dos equipamentos com sondas de Hall para a medio da
intensidade dos campos magnticos, para quantificar a intensidade dos campos magnticos em
funo dos parmetros de inspeco. Utilizaram-se tcnicas complementares de caracterizao
dos campos, recorrendo a ferrofluido, partculas magnticas e filmes de visualizao de campo
magntico. Estabeleceu-se um modelo analtico expedito para o comportamento das bactrias,
baseado na vibrao forada amortecida, de modo a descrever e prever a dinmica das bactrias
em meio aquoso sujeitas a foras elctricas ou magnticas harmnicas. Foram caracterizados os
campos elctricos e magnticos nas condies de ensaio atravs de simulao numrica,
recorrendo aos mtodos dos elementos finitos.
Foram utilizadas as bactrias R.erythropolis, S. aureus e S.hominis em provetes com defeitos
padro de micro indentao em AA1100, AISI304L, Ti6Al4V, NiTi, chumbo, magnsio AZ31,
grafite, fibra de carbono e GLARETM
e tambm em provetes de traco uniaxial em AISI 304L
com defeitos reais, microfabricados por powder injection moulding.
1.4 RESULTADOS E CONCLUSES
No decorrer deste trabalho desenvolveu-se equipamento dedicado para a aplicao de campo
magntico, bem como a instrumentao e caracterizao dos campos magnticos. Simulou-se o
comportamento da bactria sujeita a fora magntica e elctrica em meio aquoso, e por fim
validou-se experimentalmente a nova tcnica de END utilizando diferentes clulas bacterianas
em diferentes materiais de engenharia.
Relativamente aos equipamentos para aplicao de campos magnticos, pode concluir-se que
a concepo e a soluo construtiva adoptada cumprem eficazmente os requisitos de projecto
inicialmente estabelecidos.
A instrumentao realizada permitiu caracterizar e quantificar adequadamente a intensidade
dos campos magnticos em cada equipamento, nas trs direces espaciais, e para quaisquer
parmetros de ensaio. Verificou-se que na posio em que os provetes so colocados nos
equipamentos, o campo magntico gerado pelos solenides inferior a 350 Gauss, enquanto o
4
campo gerado pelos manes permanentes superior a 1000 Gauss, podendo aumentar
consideravelmente mediante pequenas aces correctivas.
As trs tcnicas complementares de caracterizao qualitativa dos campos magnticos que
foram utilizadas (ferrofluido, partculas de ferro e filmes de visualizao com partculas de
nquel) mostraram-se muito teis para o conhecimento da extenso espacial dos campos.
O modelo analtico do comportamento dinmico das bactrias baseado na analogia com a
vibrao forada amortecida de uma partcula em meio aquoso sujeita a foras harmnicas
revelou-se uma forma expedita para estimar a posio das bactrias em funo do tempo, para
diferentes parmetros de ensaio.
As principais concluses a retirar acerca da simulao numrica do campo elctrico foram
que: o campo uniforme aproximadamente em todo o seu volume na ausncia de provete; que
existe uma maior perturbao do campo quando o provete condutor elctrico, enquanto para o
caso do material isolante a perturbao tanto menor, quanto menor for a constante dieltrica.
Conclui-se que o melhor resultado obtido foi para o provete de ao inox 304, onde se
detectou o defeito padro H, com uma largura de 5,71 m e uma profundidade de 1,2 m com
bactrias R. erythropolis negativas.
Em termos de bactrias, a melhor foi a R. erythropolis negativa, quer para campo eltrico,
como magntico. As bactrias com propriedades magnticas, a S. aureus e a S. hominis no
detectaram qualquer defeito.
Em suma, os melhores resultados experimentais mostraram que possvel identificar
defeitos artificiais com profundidades de 1,2, 3,2, 2,0 e 1,8 m em AISI 304L, AA1100, cobre,
e Ti6Al4V, respectivamente. As imagens de microscpio electrnico de varrimento
evidenciaram a presena de bactrias no interior de defeitos com 5 m nos provetes
microfabricados. Os diversos resultados permitiram aprofundar o conhecimento processual e
fenomenolgico da tcnica de END baseada em clulas bacterianas.
5
2. REVISO DO ESTADO DA ARTE
2.1 INTRODUO
Neste captulo apresenta-se o resultado da pesquisa bibliogrfica realizada. Abordam-se no
estado da arte os principais temas associados a esta tese, nomeadamente os END ( 2.1), END
por lquidos penetrantes ( 2.3), END por partculas magnticas ( 2.4) e END utilizando de
clulas bacterianas ( 2.5). Apresentam-se desenvolvimentos recentes para a deteco de micro-
defeitos ( 2.7) e potenciais aplicaes dos END utilizando clulas bacterianas (2.8).
Descrevem-se os principais fundamentos do campo magntico ( 2.11) e campo elctrico (
2.12)
6
2.2 ENSAIOS NO DESTRUTIVOS (END)
Os Ensaios No-Destrutivos (END) so conjuntos de ensaios que se realizam em
equipamentos, peas ou materiais, sem perda da sua integridade fsica ou funcionalidade aps o
ensaio. Este tipo de ensaio definido pela American Society for Nondestructive Testing
(ASNDT) [4] como:
A aplicao de metodologias de teste para examinar um objecto, material ou sistema, sem
prejuzo das suas propriedades, performance ou utilidade futura
O aparecimento dos END no tem data especfica, mas sofreu grande impulso durante as
duas Grandes Guerras Mundiais, passando a ser uma importante ferramenta para o aumento dos
nveis de fiabilidade, qualidade e segurana dos materiais e componentes. Com a constante
introduo de novos materiais e tecnologias de produo surgem novos tipos de defeitos que
necessitam de novas tcnicas END para a sua deteco [5].
Os END podem classificar-se segundo o princpio fsico associado, como a emisso de
radiao, ondas acsticas, ondas electromagnticas entre outros (absoro, capilaridade, etc.) Os
mtodos mais comuns de END so: Lquidos Penetrantes (LP), Partculas Magnticas,
Correntes Induzidas, Ultra-sons e o Raios X.
2.3 END POR LQUIDOS PENETRANTES (LP)
Os lquidos penetrantes (LP) so um dos mtodos mais utilizados em END para deteco de
defeitos superficiais numa grande variedade de materiais, salvo materiais porosos ou com
rugosidade elevada. uma tcnica com mltiplas aplicaes, pois adapta-se facilmente a
diferentes tamanhos e geometrias das peas, requer baixos tempos de inspeco e possui um
custo baixo comparativamente a outras tcnicas, constituindo assim uma ferramenta essencial na
indstria actual. [6]
A origem dos LP remonta aos finais do sculo XIX, em que as peas a inspeccionar eram
mergulhadas em leo mineral durante algum tempo e, aps a secagem da superfcie, a pea era
coberta com talco. O aparecimento de manchas no talco revelavam os defeitos existentes na
superfcie da pea [7]. Este procedimento no permite detectar defeitos de pequena dimenso,
pelo que foi necessrio uma evoluo no sentido de aumentar a capacidade de penetrao dos
LP por capilaridade e a adio de corantes para criar uma colorao do defeito facilitando a sua
deteco.
A inspeco por LP baseia-se na capacidade de penetrao de um lquido num defeito pelo
efeito da capilaridade. necessrio preparar o objecto a inspeccionar, removendo toda a
7
sujidade e gordura da superfcie em estudo de modo a desobstruir os possveis defeitos
superfcie para a aplicao do penetrante. O excesso removido e aplicado um revelador que
absorve o penetrante do interior dos defeitos. As manchas que surgem indicam a localizao dos
defeitos permitindo a sua caracterizao e avaliao. O procedimento a seguir para a realizao
de um ensaio por LP apresentado mais detalhadamente [8]:
1. - Preparao da superfcie necessrio garantir que a superfcie a inspeccionar esteja
limpa e seca, isto , isento de gorduras e impurezas que possam pr em causa os resultados do
ensaio.
2. - Aplicao do penetrante O lquido penetrante aplicado em toda a rea da superfcie
a inspeccionar, criando uma pelcula contnua em toda a superfcie.
3. - Remoo do excesso de penetrante O excesso de penetrante removido da superfcie
aps o tempo de penetrao. Pode ser removido atravs de 3 tcnicas: gua, emulsificador ou
solventes, sendo necessrio especial cuidado para que o penetrante no seja removido dos
defeitos.
4. - Aplicao de revelador aplicada uma fina camada de revelador sobre toda
superfcie uniformemente. O revelador absorbe o penetrante dos defeitos, indicando a presena
de um defeito.
5. - Inspeco e interpretao dos resultados Aps a deteco do defeito, este
caracterizado de modo a avaliar se os defeitos so prejudiciais ou no.
6. - Limpeza Final Concluda a operao de avaliao dos defeitos, procede-se limpeza
da superfcie para remover os resduos dos materiais penetrantes. Caso a superfcie no seja
devidamente limpa, pode ficar comprometida uma aplicao futura, por exemplo, de tinta ou a
qualidade de uma soldadura.
As principais propriedades que caracterizam os LP so a capilaridade/molhabilidade, a
viscosidade e a colorao.
Outras propriedades so tidas em conta no fabrico do LP como:
a) Viscosidade limitada a 5 centistokes
b) Ponto de inflamao mnimo entre os 50 55 C, por razes de segurana
c) Volatilidade baixa
d) Estabilidade trmica, para que no ocorra perda de brilho e cor dos pigmentos utilizados.
e) Inrcia qumica, ou seja, o penetrante no deve reagir quimicamente com as peas a
inspeccionar
f) Solubilidade, facilidade de remoo e resistncia gua, O penetrante deve ser facilmente
removido da superfcie onde foi aplicado.
g) Toxicidade baixa
8
2.4 END POR PARTCULAS MAGNTICAS (PM)
A inspeco com partculas magnticas uma tcnica utilizada para deteco de defeitos
superficiais e sub-superficiais em materiais ferromagnticos. O END por PM surgiu nos Estados
Unidos da Amrica, por volta de 1930, mas aps a 2 Guerra Mundial sofreu uma grande
evoluo como mtodo de Ensaio no Destrutivo. O mtodo de PM baseia-se no facto das
partculas serem atradas para zonas de campo de fuga gerado pelo defeito na pea, aps ser
sujeita a um campo magntico.
Este mtodo composto por 6 fases:
1 Limpeza da pea (Remoo de leos, gorduras, etc)
2. Magnetizao da pea
3. Aplicao de partculas magnticas
4. Inspeco
5. Desmagnetizao
6. Limpeza dos resduos das partculas magnticas
A escolha das partculas magnticas a utilizar numa inspeco um dos factores mais
importantes do mtodo. As caractersticas das partculas a ter em conta num ensaio so [6]:
a) Dimenso A dimenso das partculas condiciona o seu movimento quando sujeitas a um
campo magntico. Um campo magntico fraco criado por um defeito retm mais facilmente
uma partcula de pequena dimenso do que uma de maior dimenso. Uma rugosidade elevada
prejudica a mobilidade de uma partcula menor, podendo esta aderir superfcie sem que ocorra
movimento, enquanto uma partcula de maior dimenso atenua este efeito de adeso.
Tipicamente a dimenso das partculas so da ordem dos 10 -30 m.
b) Forma A forma das partculas influencia o seu comportamento quando sujeito a um
campo magntico. Partculas com forma mais alongada tendem a alinhar-se ao longo das linhas
de fora, ao invs de partculas esfricas, devido ao aparecimento de polos magnticos.
c) Permeabilidade e fora coerciva As partculas magnticas devem ter uma
permeabilidade elevada, baixa retentividade e fora coerciva baixa.
d) Mobilidade A mobilidade das partculas tem uma influncia importante na formao
das indicaes. Na aplicao por via seca possvel aumentar a mobilidade, vibrando a pea a
inspeccionar ou utilizando correntes alternadas ou rectificadas. Para a via hmida pertinente
regular a viscosidade da suspenso para no reduzir a mobilidade das partculas.
e) Visibilidade e Contraste As partculas podem ser fabricadas com vrias cores, para
criar vrias possibilidades de contraste e visibilidade. As partculas originalmente so de cor
9
cinzenta, mas so utilizadas outras cores em funo da pea em inspeco, de modo a
conseguir-se um melhor contraste. possvel criar partculas com pigmentos fluorescentes que
aumentam a visibilidade e contraste, sendo ento necessrio realizar a inspeco com luz negra.
2.5 ENSAIOS NO DESTRUTIVOS UTILIZANDO CLULAS
BACTERIANAS
A tcnica END utilizando clulas bacterianas um mtodo para inspeco de micro-defeitos
superficiais em materiais ferrosos e no ferrosos. uma tcnica recente e pioneira que se
encontra em desenvolvimento no mbito das actividades de investigao do Ncleo de
Tecnologia Mecnica do DEMI da Faculdade de Cincias e Tecnologia da Universidade Nova
de Lisboa. Os resultados experimentais j efectuados demonstraram o elevado potencial da
tcnica, mas tambm a necessidade de mais investigao [1], [2] e [3].
O mtodo em estudo baseia-se na dimenso reduzida das bactrias, na ordem dos mcrons,
permitindo identificar defeitos com dimenso inferiores a 10 m [3]. Este mtodo semelhante
aos END por lquidos penetrantes devido sua metodologia de ensaio.
Na primeira etapa, a superfcie da pea deve ser limpa de modo a ficar isenta de sujidade e
gorduras. Depois, aplicam-se as clulas bacterianas na superfcie da pea para a fase penetrao
e adeso das clulas ao defeito durante 4 minutos [3]. De seguida, o excesso removido e d-se
o incio etapa de revelao, inspeco e interpretao dos resultados. Por fim, a pea
esterilizada a 60 C de forma a matar todas as clulas bacterianas, evitando danos a nvel da
biocorroso [1]. As diferentes fases esto representadas na Figura 2.1
10
Figura 2.1- Procedimento experimental END utilizando clulas bacterianas [1].
O desenvolvimento de uma tcnica END capaz de detectar micro-defeitos uma necessidade
e uma importante ferramenta, devido actual falta de uma tcnica nesta rea. As tcnicas
comuns de END como os ultra-sons, raios-x, os LP, as correntes induzidas e as PM no tm
actualmente uma variante capaz de detectar micro-defeitos, por exemplo nas peas
microfabricadas.
Os trabalhos recentemente desenvolvidos sobre a tcnica END utilizando clulas bacterianas
abordaram principalmente a etapa de penetrao das clulas bacterianas aos defeitos. No
trabalho realizado por Bruno Mateus [2], foram produzidos vrios equipamentos dedicados para
promover a mobilidade das bactrias, tais como: equipamento para aplicao campo elctrico
horizontal e vertical, equipamento com rotao do campo magntico e equipamento aplicando
campo magntico horizontal e vertical. Como trabalho complementar, Diogo Carvalho [3]
avaliou e interpretou as novas variveis criadas pelos novos equipamento realizando vrios
ensaios. Com o trabalho realizado foi possvel definir um limiar de detectabilidade de micro-
defeitos superficiais de 9,6 m para provetes em ao inox [3].
2.6 SEMELHANAS ENTRE LQUIDOS PENETRANTES,
PARTCULAS MAGNTICAS E CLULAS BACTERIANAS
A primeira evidncia da semelhana entre os END por LP e os END utilizando clulas
bacterianas est na metodologia de ensaio, uma vez que ambos apresentam o mesmo
procedimento de ensaio. As duas tcnicas foram desenvolvidas para detectar defeitos
11
superfcie: os lquidos penetrantes com limiar de detectabilidade nos 67 m no cobre e as
clulas bacterianas para defeitos inferiores a 10 m [3]. O efeito da capilaridade um dos
factores mais importante presente nas duas tcnicas que possibilitam a penetrao dos lquidos
ou bactrias nos defeitos. Uma das vantagens das clulas bacterianas em relao aos lquidos
penetrantes a adeso das bactrias ao defeito, diminuindo a possibilidade de remoo de
bactrias do defeito na fase de remoo do excesso. O paralelismo entre as partculas
magnticas e as clulas bacterianas deve-se utilizao de bactrias com propriedades
magnticas.
2.7 METODOLOGIAS RECENTES PARA A DETECO DE MICRO-
DEFEITOS
A inspeco de componentes produzidos por printed circuit board (PCB) requer meios de
inspeco fiveis, para que o seu custo de montagem seja reduzido. Existem vrios tipos de
defeitos em PCB, dificultando a sua identificao. Os defeitos mais comuns so o curto circuito,
falta de ligao, desvios, etc. [9].
Em 2006 na Universidade de Kanazawa no Japo, Sotoshi et al [10] desenvolveram uma
sonda de correntes induzidas de alta frequncia composta por uma meander coil, como bobina
de excitao, e por um spin-valve giant magnetoresistance (SV-GMR). A sonda tem a
capacidade de inspeccionar PCB, detectando os micro-defeitos nos micro condutores,
fornecendo ainda informao sobre a dimenso e alinhamento do condutor. A sonda foi testada
num modelo de PCB com um condutor de 200 m de espessura, em que os defeitos variavam
entre os 50 m a 500 m, conseguindo detectar o defeito de menor dimenso [9].
A dificuldade de deteco e caracterizao de defeitos em micro componentes electrnicos
aumentou, devido maior complexidade das formas dos componentes e diminuio da sua
dimenso. A utilizao de raio-X apresenta cada vez mais limitaes devido maior
sobreposio das formas geomtricas dos componentes, interferindo no campo de viso do raio-
X. Devido a esse facto, o uso da tcnica de tomografia computorizada, tem maior interesse por
ser gerado um modelo 3D de visualizao do componente, atravs do processamento de um
algoritmo de reconstruo dos raio-x tirados em vrios planos. Com esta tcnica, foi possvel
atingir resolues na ordem dos 2 m [11].
A deteco de micro-defeitos em condutas de vapor crucial para garantir a segurana e
longevidade das mesmas, visto que esto sujeitas a elevadas presses durante longos perodos
de tempo. Nestes casos, existe um risco elevado do crescimento dos micro-defeitos desde a
12
superfcie at ao interior da conduta, aumentando a possibilidade de falha grave e ruptura do
equipamento [12].
O mtodo convencional de ultra-sons no detecta este tipo de defeitos, visto que o
comprimento de onda dos ultra-sons superior ao comprimento do defeito, ocorrendo a
difraco da onda ao invs da sua reflexo [13]. Para ultrapassar este problema, o trabalho de
J. V. Zhitluhina et al. [11], aprofundou o estudo das propriedades acsticas de amostras de ao
12Kh1MF de alta temperatura, retiradas de uma conduta de vapor, com micro-defeitos de
0,5 m at 28 m. A tcnica de interferometria laser foi utlizada para aprofundar o
conhecimento da dinmica espacial-temporal dos campos acsticos na presena de defeitos
internos e superficiais. Trs tipos de provetes foram testados com as seguintes condies: o
primeiro provete esteve sujeito a presses de 20 MPa, temperatura de 600 C durante 16000
horas, com identificao ao microscpio de descontinuidades superfcie na gama dos 4,3 -
28,25 m; o segundo e terceiro provetes foram sujeitos a presses de 13 MPa, temperatura de
550 durante 150000 horas. No provete 2 foi inspeccionada a zona sujeita compresso e no
provete 3 analisou-se a zona traco, com a caracterizao dos defeitos na ordem dos 0,6 a
8,8 m para o provete 2 e de 0,5 a 15,6 m para o provete 3. Os resultados obtidos nos ensaios
com os provetes mostraram uma boa relao entre os sinais causados pela difraco dos ultra-
sons com a extenso dos danos no material.
V.Mahendran and John Philip [14] desenvolveram uma nova tcnica de visualizao de
defeitos a olho nu para a caracterizao de defeitos superficiais em materiais ferromagnticos.
Foram utilizados diferentes tipos de nano-fluidos com nano-partculas ferromagnticas na
ordem dos 10 nm, numa emulso de leo-gua. Os provetes utilizados tinham dimenso de
21x2,5x1 cm, com defeitos cilndricos e rectangulares com dimenso na ordem dos 0,5 - 5 mm e
profundidade de 3 a 8 mm. Os resultados obtidos mostram que foi possvel localizar e visualizar
defeitos com os nano fluidos devido mudana de cor provocada pelo campo de fuga do
defeito. O menor defeito detectado com esta tcnica foi de 0,5 mm de comprimento.
2.8 POTENCIAIS APLICAES DOS END UTILIZANDO CLULAS
BACTERIANAS: BIOMATERIAIS
A utilizao de metais para o fabrico de implantes tem sido cada vez mais requisitada, dado
o crescente progresso da medicina nesta rea. Os metais so utilizados em aplicaes onde
resistncia mecnica e dureza so essenciais, como nas prteses ortopdicas, parafusos, prteses
dentrias, entre outros [15]. O metal a utilizar numa prtese, requer um estudo adequado das
consequncias da sua utilizao, pois o corpo humano no tolera alguns dos metais em grandes
quantidades no seu sistema. Outro factor a ter em conta a corroso do metal, que estar sujeito
a ambientes com bactrias, processo designado por biocorroso. A corroso de um material
13
implica o seu enfraquecimento estrutural, podendo levar ao colapso do componente, bem como
a deteriorao do material pode criar efeitos indesejveis nos tecidos [16]. Alguns metais com
particular interesse neste trabalho so os biomateriais, onde se incluem o titnio Ti6AL4V, liga
de magnsio AZ31 e o NiTi.
2.8.1 TITNIO
Os primeiros implantes fabricados em titnio remontam dcada 30 do sculo XX.
Atendendo sua leveza comparvel com o ao inox 316, 4,5 g/cm3 e 7,9g/cm
3 respectivamente,
aliadas s boas propriedades mecnicas e qumicas tornaram o titnio num material utilizado por
exemplo na rea biomdica, com uma cota de utilizao de 50% para o Ti-6Al-4V, tornando-se
numa liga standard na rea [16].
2.8.2 MAGNSIO
A aplicao de magnsio ou ligas de magnsio na rea da biomdica tem sido recorrente
desde o incio do sculo XX, mas teve um perodo de menor desenvolvimento quando no
foram encontradas solues para o problema da corroso [17]. Um dos grandes interesses do
uso do magnsio ou das suas ligas prende-se com o facto de ser necessrio usar implantes em
metal biodegradvel, o que poderia evitar uma segunda cirurgia para remover o implante,
minimizando custos mdicos e trauma no paciente [15]. O magnsio encontra-se na classe de
materiais mais reactivos e, por isso, novas ligas comerciais foram desenvolvidas de modo a
tornar a liga de magnsio menos reactiva [15].
Relativamente biocorroso do magnsio, esta ocorre quando a concentrao de OH- na
superfcie aumenta at um certo nvel, resultando na formao de uma camada superfcie de
precipitados, devido aos fosfatos contidos no Clcio e Magnsio [15].
Figura 2.2 Interface dinmica entre o magnsio e o ambiente biolgico durante a degradao
[15].
14
Conclui-se que a taxa de biocorroso, na maioria das ligas de magnsio, mais elevada nos
primeiros estgios da corroso. Esta dinmica diferente em comparao com ao inoxidvel
ou ligas de titnio no mesmo ambiente [15].
2.8.3 NITI
A liga NiTi tem um importante papel na biomdica para aplicaes in-vivo, tendo como
principais caractersticas a memria de forma e super-elasticidade. A liga tem a capacidade de
reverter de uma situao em que sofreu uma deformao plstica, regressando sua forma
inicial aps ser aquecido, sendo que este efeito ocorre apenas se a deformao plstica no
ultrapassar a temperatura de transformao. O NiTi usado em vrias situaes, como fio
dentrio para aparelhos dentrios, stents vasculares, clips para aneurismas intracranianos e
implantes ortopdicos [17].
2.9 EFEITO ANTI-BACTERIANO DO COBRE
O conhecimento da interaco entre diferentes tipos de material e as bactrias determinante
para a fase de adeso das bactrias superfcie do material [18]. Alguns do materiais tm
propriedades anti-bacterianas, por exemplo o cobre.
A utilizao do cobre remonta ao imprio romano, onde o cobre era utilizado para o fabrico
de utenslios culinrios e usado no sistema de abastecimento de gua potvel. Na poca, o uso
do cobre devia-se ao conhecimento do efeito de melhoria da sude pblica, mas desconhecia-se
que a melhoria resultava do efeito anti-bacteriano do cobre [19].
Estudos recentes apontam para a diminuio e extino de bactrias quando em contacto
com uma superfcie de cobre seco temperatura ambiente. Ento, o uso de cobre em hospitais
em alternativa ao ao inox seria uma vantagem na conteno da transmisso de infeces e
doenas [20].
Num estudo realizado na Universidade de Southampton em 2006, J.O. Noyce et al.[20]
compararam o efeito antibacteriano de trs materiais: ao inox, bronze e cobre. utilizado a
bactria Methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) e duas formas de epidemia,
EMRSA-1 e EMRSA-16. Os investigadores concluram que existia uma extino da bactria
MRSA aps 45 minutos de contacto entre a bactria e o cobre, ao invs do ao inox que
mantinha os mesmos nveis de bactrias iniciais. O bronze apresentou igualmente um efeito
antibacteriano, embora mais atenuado que o cobre como demonstrado na Figura 2.3 [21]:
15
Figura 2.3 - Viabilidade da bactria Staphylococcus em cobre, bronze e ao inox a temperatura
ambiente.
O efeito anti-bacteriano do cobre foi confirmado no trabalho de Diogo Carvalho [3].
2.10 EFEITO DO CAMPO MAGNTICO NO CRESCIMENTO DO
FILME DE CLULAS BACTERIANAS
Para avaliar o efeito do campo magntico em alguns tipos de bactrias, nomeadamente
Escherichia coli, Leclercia adecarboxylata e Staphylococcus aureus, sujeitas a um campo
magntico de baixa frequncia durante a sua fase de crescimento, foi realizado um estudo em
2003 por Lukas Fojt, no Instituto de Biofsica da Academia de Cincias da Rpublica Checa
em Brno [22]. Pretendia-se comparar se a formao de colnias aumentava ou diminua, quando
as bactrias eram sujeitas a campo magntico. Utilizou-se uma bobina com 880 espiras,
dimetro interior de 205 mm, 210 mm de comprimento e fio de 2 mm de dimetro. O campo
magntico gerado no interior da bobina foi de 10 mT.
Os autores concluram que existe um efeito negativo do campo magntico no crescimento de
colnias em todos os tipos de bactrias. A bactria E.coli foi a mais afectada e a S. Aureus a
menos. No foi possvel concluir a causa deste efeito sobre as bactrias, mas a principal teoria
baseia-se na possibilidade de existir um efeito na permeabilidade dos canais inicos, afectando o
transporte de ies para as clulas, resultando em alteraes biolgicas no organismo. Por fim,
outra teoria relata a possibilidade de formao de radicais livres devido a exposio ao campo
magntico [22].
16
2.11 REVISO DE ALGUNS FUNDAMENTOS DO CAMPO
MAGNTICO
Uma vez que que as bactrias apresentam propriedades magnticas, pode explorar-se esta
caracterstica de forma a promover a mobilidade e a penetrao da bactria n.os defeitos. Isso
pode ser realizado com a aplicao de campo magntico sobre as bactrias durante o tempo de
penetrao. Neste sentido, considera-se til uma reviso de alguns conceitos bsicos da fsica
dos campos magnticos.
2.11.1 CAMPO MAGNTICO PERMANENTE
H mais de 2000 anos os gregos conheciam uma pedra (de um mineral que hoje chamamos
de magnetita) que atraa pedaos de ferro. Existem tambm referncias documentais do uso dos
manes na navegao no sculo XII [23].
Um man permanente pode ser comparado a um componente que armazena energia, por
exemplo a mola, que armazena energia potencial elstica. A capacidade de armazenar energia
depende do produto entre (BH)max. O ciclo de histerese descreve a relao entre a intensidade
do campo magntico (H) com o fluxo densidade magntica (B), gerado pelo material magntico.
A intensidade do campo magntico tem como unidade o Oersted ou A/m. Para o fluxo
densidade magntica tem unidade T (Tesla) ou em unidades cgs Gauss, com uma relao de
converso de: 1 mT = 10 Gauss. Apresenta-se na Figura 2.4 o ciclo de histerese.
Figura 2.4 Ciclo completo de histerese [8].
Existem duas classes de ligas magnticas, os hard magnets e os soft magnets. Na classe dos
hard magnets, os manes tem elevadas foras coercivas, enquanto para os soft magnets a fora
coerciva mnima, mas tem elevados nveis de saturao, ou seja, enquanto os hard magnets
tem maior capacidade de reter campo magntico, os soft magnets so caracterizados pela sua
17
incapacidade de reter campo magntico quando este removido [24]. Os soft magnets so
utilizados em aplicaes como geradores, motores e em transformadores estticos, devido sua
elevada intensidade de campo magntico e facilidade de maquinao, onde a diminuio do
peso e tamanho so requeridos [24]. Os hard magnets, mais conhecidos por manes
permanentes, tem como principal caracterstica a capacidade de reter o campo magntico e so
usados em vrios componentes, como discos rgidos, microfones e altifalantes, bem como
motores passo-a-passo ou motores lineares [25]. representado da Figura 2.5 um grfico com a
evoluo das intensidades do campo magntico ao longo dos anos[26].
Figura 2.5 Evoluo dos manes permanentes no sculo XX [26].
As principais ligas magnticas, com interesse para o trabalho realizado foram o alnico e
NdFeB, mais conhecido por manes de neodmio. A liga alnico foi descoberta em 1932, quando
a Universidade Tquio revelou uma nova liga Al-Ni- Fe com fora coerciva 9 vezes maior que
os aos magnticos disponveis data. Aps maior desenvolvimento, foi adicionado cobalto
liga, mudando a designao da liga para Alnico [24]. Desde 1983, o desenvolvimento da liga de
NdFeB resultou num aumento do produto de energia para 45 MGOe, o que permitiu um avano
tecnolgico nos componentes referidos anteriormente [24]. As principais propriedades
magnticas so apresentadas na Tabela 2.1:
18
Tabela 2.1 Propriedades das ligas magnticas alnico e NdFeB [27].
Magnetic propreties
Magnetic
Alloy
Max. Energy
Product (BH)max
Residual
Induction Br Coercive Force Hc
Intrinsic Coercive
Force Hcj
[MGOe] [kJ/m3] [Gauss] [mT] [oersteds] [kA/m] [oersteds] [kA/m]
Alnico 5,5 43,8 12800 1280 640 51 640 51
NdFeB 42 340 13100 1310 12700 1010 15000 1190
A permeabilidade magntica [H/m], uma medida do grau de magnetizao de um
material quando um campo magntico aplicado, ou seja uma relao entre a intensidade do
campo magntico e a densidade fluxo magntico, como demonstrado na equao 2.1. O valor da
permeabilidade magntica no vazio de 0 = 410-7
[H/m]. A permeabilidade magntica
relativa r dada pela razo entre e 0 aproximadamente de um (r = 1) para materiais
paramagnticos e diamagnticos, portanto a permeabilidade [H/m] praticamente igual a 0
[23].
HB
00 (2.1)
Figura 2.6 - Visualizao das linhas de campo magntico [8].
2.11.2 ELECTROMAGNETISMO
Existe outra forma de criar campo magntico, sem a utilizao de manes permanentes,
nomeadamente com corrente elctrica. O exemplo para demonstrar este fenmeno consiste na
colocao de uma folha de carto com alguns filamentos de ferro na horizontal e passar um fio
elctrico na perpendicular ao carto, como pode ser visto na Figura 2.7. Quando uma corrente
passa pelo fio, gerado um campo magntico circular em volta do fio, que orienta os filamentos
19
segundo a direco e sentido do campo magntico. Se for invertido o sentido da corrente pelo
fio, as linhas do campo magntico tambm invertem o sentido [28].
Figura 2.7 - Direco do campo magntico criado pela passagem de corrente elctrico no fio
[28].
A equao para o campo magntico produzido por uma corrente elctrica obtida pela Lei
de Biot-Savart. Um elemento de corrente sdI
produz um campo magntico no ponto P pBd
que perpendicular a sdI
e a rdagr p
. Na Equao 2.2 apresenta-se a Lei de Biot-Savart, em
que I [A] a intensidade de corrente, [H/m] a permeabilidade magntica e r [m] a
distncia entre P e sdI
[29]
rdagrsdr
IBd pp
24
(2.2)
A intensidade do campo magntico no centro de uma espira percorrida por corrente
descrita na Equao 2.3 em que B [T] o campo magntico, [H/m] a permeabilidade
magntica no espao livre, I [A] a intensidade de corrente e r [m] o raio da espira:
R
IB
2
0
(2.3)
Um solenide um fio enrolado em hlice, de modo a formar uma srie de espiras muito juntas
para produzir um campo magntico intenso e homogneo na regio delimitada pelas espiras.
Considerando um solenide de comprimento L [m] formado por N espiras percorridas por uma
corrente I [A], com eixo do x alinhado com o eixo do solenide e que x = -a a extremidade
esquerda e x = +b a extremidade direita, a expresso que permite calcular a intensidade do
campo magntico [T] na origem apresentada na Equao 2.4:
20
22220
2
1
ra
a
rb
bI
L
NBx
(2.4)
Na Figura 2.8 apresentam-se as linhas de campo magntico de um solenide.
Figura 2.8 - Campo magntico de um solenide [28].
21
2.11.3 FORA MAGNTICA DE TRANSLAO
A fora magntica de translao exercida sobre um corpo ferromagntico pode ser calculada
pela variao do gradiente da densidade de energia do campo magntico na presena de um
objecto ferromagntico [30]. A fora Fm [N] obtida pela Equao 2.1, em que o
gradiente, U [J/m3] a densidade de energia com o objecto ferromagntico, U0 [J/m
3] a
densidade de energia sem o objecto ferromagntico e V [m3] o volume do objecto
ferromagntico.
VUUFmag 0
(2.5)
A densidade de energia do campo magntico [U] dada pela Equao 2.2, em que B [T] a
densidade de fluxo magntico e H [A/m] a densidade de campo magntico
HBU
2
1 (2.6)
A densidade de fluxo magntico na ausncia de objecto ferromagntico :
HB
00 (2.7)
Onde 0 = 410-7
[H/m] a permeabilidade magntica do vazio
A densidade de fluxo magntico do objecto ferromagntico :
HB r
00 (2.8)
Onde r a permeabilidade relativa do material ferromagntico.
O valor da permeabilidade magntica relativa depende do material e da forma do objecto,
existindo grandes variaes do valor dependendo da forma do objecto. Um objecto com forma
cilndrica e comprida em ferro pode ter permeabilidade relativa mil vezes maior que de uma
esfera do mesmo material. Para uma esfera, o valor da permeabilidade relativa igual a 3.
Assim, substitudo valores na Equao 2.1, vem que:
VHHHHFmag
002
13
2
1
2
0
0
2
0 BV
VHFmag
dr
dBB
VFmag
00
0
2
(2.5)
22
Note-se que, de acordo com a Equao 2.5, para que uma partcula de ferro fique sujeita a
uma fora magntica, necessrio que a derivado do campo magntico em ordem ao espao no
seja nula.
2.11.4 EFEITO HALL
Existem vrios mtodos para a medio do campo magntico, baseados em diferentes
tecnologias, com diferentes princpios fsicos. A medio dos campos pode ser divida em duas
partes: os sensores que medem campos magnticos de baixa intensidade (< 1 mT) e os de alta
intensidade ( > 1 mT). Ainda se podem dividir em componente vectorial ou intensidade escalar
como se apresenta na Figura 2.9 [31].
Figura 2.9 - Categorias de sensores para a medio do campo magntico.
O uso de sensores de efeito Hall o mtodo mais antigo e o mais comummente utilizado na
medio de campos de alta intensidade, sendo especialmente til para medio de campos
magnticos acima dos 1T. O efeito Hall foi descoberto por Edwin Hall em 1879, ficando com o
seu nome associado ao mtodo. O efeito de Hall caracterizado por um sensor no plano XY,
onde existe uma corrente e uma diferena de potencial elctrica conhecida na direco X, que ao
ser sujeita a um campo magntico na direco perpendicular ao plano, origina uma diferena de
potencial na direco Y, devido ao desvio da trajectria dos electres [32]. A medio desta
diferena de potencial ser ento a intensidade do campo, que aps converso apresentada em
Tesla ou Gauss (1 mT = 10 Gauss), unidades de intensidade do fluxo do campo magntico.
23
Figura 2.10 - Efeito Hall.
2.12 CAMPO ELCTRICO
Um campo elctrico um campo de fora gerado por cargas elctricas. Este campo
vectorial e a intensidade do campo a razo entre a fora elctrica F [N] e a carga de prova
q [C].
q
FE
(2.6)
A fora resultante a combinao de vrios vectores, pois as partculas interagem aos
pares independentemente umas das outras. Considerando a fora exercida sobre a partcula i
por j:
nikijiresi FFFF ,,,,
(2.7)
O campo elctrico pode ser definido por linhas imaginrias tangentes, com a mesma
orientao do vector campo elctrico em cada ponto. O sentido sempre das cargas positivas
para as negativas. A densidade das linhas de campo elctrico por unidade de rea proporcional
ao mdulo do campo elctrico. Assim, nas zonas onde a densidade maior, a intensidade do
campo maior, enquanto nas zonas com menos densidade o campo menor.
Num campo elctrico uniforme, todos os pontos possuem o mesmo vector campo elctrico
(intensidade, direco e sentido). As linhas de campo so ento paralelas e equidistantes umas
das outras. O campo elctrico pode ser gerado pela colocao de duas placas planas, paralelas e
prximas com cargas opostas e de igual intensidade.
24
Figura 2.11 - Campo elctrico uniforme.
A Lei de Gauss, juntamente com a Lei de Induo de Faraday, Lei de Gauss do Magnetismo
e Lei de Ampre, formam as quatro equaes de Maxwell que, em conjunto, com a Lei da Fora
de Lorentz, compem o electromagnetismo clssico [32].
A Lei de Gauss relaciona o fluxo elctrico que passa atravs de uma superfcie fechada com
as cargas elctricas que se encontram superfcie. A equao representada na forma integral
por:
0
qAdEE
(2.8)
A carga envolvida pela superfcie gaussiana denominada por q [C]. O fluxo que a atravessa
tem uma intensidade E [V/m] uniforme e os vectores so paralelos entre si. Deste modo,
simplifica-se a equao anterior, em que q [C] a carga elctrica, 0 [F/m] a permissividade
elctrica do vcuo, E [V/m] o campo elctrico e A [m2] corresponde rea:
AEq 0 (2.9)
A diferena de potencial entre as duas placas do condensador dada por:
f
i
if sdEVV
(2.10)
Se o percurso da linha de campo elctrico for da placa negativa para a positiva, os vectores
tm a mesma direco, embora com sentidos opostos. Assim, a equao pode ser
representada por:
sdEV
(2.11)
Resolvendo o integral da Equao 2.11, obtm-se a Equao 2.12, em que E [V/m] o
campo elctrico, V [V] a diferena de potencial e d [m] corresponde distncia entre as
placas.
25
d
VEdEdsEV
(2.12)
2.12.1 POTENCIAL DO CAMPO ELCTRICO
No caso do condensador de placas planas paralelas possvel desenhar as linhas de campo
para obter a intensidade do campo num ponto. Considerando as placas A e B, em que A tem
potencial positivo V+ e B potencial negativo V
-, um campo elctrico gerado entre as placas, no
qual a sua intensidade depende da diferena de potencial entre as placas, bem como a distncia
entre elas. A diferena de potencial entre as placas varia linearmente de uma placa para outra.
As linhas equipotenciais so linhas que unem pontos de igual potencial conforme-se representa
na Figura 2.12 a tracejado [28].
Figura 2.12 - Linhas do campo elctrico.
2.12.2 SENSOR CAMPO ELCTRICO
O campo elctrico atmosfrico tem sido estudado h j alguns sculos, tendo sido criados
vrios equipamentos para a medio do campo elctrico desde a terra at altitude em estudo,
para efeitos de meteorologia, inclusivamente fenmenos como trovoada [33].
Em 2010 foi reportado por K. Joahansson et al. [34] estudos para aprofundar o conhecimento
sobre o campo elctrico resultante das linhas de alta tenso da rede de distribuio elctrica.
Existe um grande interesse em aumentar o nvel de voltagem da rede, uma vez que deste modo
possvel reduzir o nmero de linhas de distribuio para cidades [34].
O primeiro aparelho construdo e o mais frequentemente empregue o field mill,
apresentado na Figura 2.13 [8].
26
Figura 2.13 - Field mill [33].
O campo elctrico induz uma carga na superfcie superior do dispositivo. Com a rotao do
sensor, a carga presente na superfcie superior do dispositivo exposta alternadamente, gerando
uma corrente alternada entre o sensor e o ground que pode ser medida. A intensidade da
corrente pode ser relacionada com a carga, que por sua vez est relacionada com o campo
elctrico ou com a velocidade de rotao do sensor. Com este mtodo no possvel obter a
direco do campo, porque mede apenas a componente normal ao dispositivo.
No artigo de K. Joahansson et al. [34] referido a construo de uma sonda com 20 mm de
dimetro e capacidade de medir campos at 2x103 V/mm, detectando campos a partir dos 10
V/mm. A preciso do dispositivo deve atingir os 5% com campos elctricos na ordem dos
500 V/mm. Na Figura 2.14 apresenta-se o aparato laboratorial do ensaio e a sonda de campo
elctrico.
a) b)
Figura 2.14 - Sonda campo elctrico: a) Aparato laboratorial do ensaio b) Vista de pormenor da
sonda de campo elctrico.
Este dispositivo foi usado em testes com campo elctrico esttico, gerado por duas placas
planas paralelas, para aumentar o conhecimento da intensidade do campo no espao. Apesar do
27
equipamento ter validado os pressupostos, foi considerado como prottipo, precisando de
melhorias no que se refere robustez e facilidade de operao.
29
3. DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL
3.1 INTRODUO
No captulo 3 descreve-se o desenvolvimento e produo de novo equipamento dedicado aos
END utilizando clulas bacterianas. Foram produzidos dois novos equipamentos: um baseado
em solenides ( 3.2) e outro baseado em manes permanentes ( 3.3). Alterou-se o
equipamento para remoo das bactrias ( 3.4). Realizou-se a instrumentao ( 3.5) e
caracterizao dos campos magnticos nos diferentes equipamentos dedicados ( 3.6).
30
3.2 DESENVOLVIMENTO DE EQUIPAMENTO DEDICADO PARA
APLICAO DE CAMPO MAGNTICO TRIAXIAL
3.2.1 IDENTIFICAO DOS REQUISITOS FUNCIONAIS
O principal objectivo da concepo de um equipamento dedicado para o END com clulas
bacterianas promover o movimento das bactrias durante a fase de penetrao nos defeitos da
pea a inspeccionar.
No trabalho realizado por Bruno Mateus [2] foram produzidos vrios equipamentos para
criao de campo elctrico horizontal e vertical, campo magntico com rotao num plano e
campo magntico vertical e horizontal. Com o aprofundamento da tcnica e a necessidade de
explorar melhor o seu potencial, definiu-se uma nova variante com um campo magntico
triaxial.
Como um dos pilares do desenvolvimento desta nova tcnica passa por criar equipamento de
inspeco no campo, isto significa que no se pretende criar uma tcnica muito complexa, que
s possa ser aplicada em ambiente laboratorial. A mobilidade e facilidade de utilizao so
requisitos importantes. Pretende-se que haja compatibilidade de software entre os diferentes
equipamentos existentes e os futuros, da que todos os equipamentos devem partilhar a mesma
base de programao e equipamento de aplicao de corrente. Apresenta-se na Tabela 3.1 os
principais requisitos funcionais que o equipamento dedicado para o END utilizando clulas
bacterianas deve apresentar.
Tabela 3.1 - Requisitos equipamento dedicado campo magntico triaxial.
Requisitos Comentrio
1 Aplicao de campo
magntico triaxial no provete
Ao aplicar campo magntico triaxial possvel
promover a mobilidade e a penetrao das clulas
bacterianas no defeito em simultneo
2
Variao da intensidade,
frequncia e tempo de
exposio do provete ao
campo.
Variando os parmetros de excitao do campo
possvel optimizar as condies de mobilidade para
cada provete e bactria
3 Fixao do provete de forma
rpida e expedita
O provete deve ser facilmente fixo, independentemente
do seu material, forma e dimenso.
4 Garantir a portabilidade do
equipamento
Para aumentar as potencialidades do mtodo em relao
a outras tcnicas de visualizao, como o microscpio,
as dimenses e o peso devem ser baixos.
5 Automatizao do processo
de inspeco
O equipamento deve ser accionado e movimentado por
computador, de forma a garantir a reprodutibilidade dos
ensaios.
6
Compatibilidade de
hardware de aplicao de
corrente
A excitao do novo equipamento dedicado deve
utilizar o hardware de aplicao de corrente dos
equipamentos dedicados anteriormente desenvolvidos
7 Equipamento com baixo custo
O equipamento deve apresentar solues fceis para a
produo e manuteno do mesmo nas oficinas da
Faculdade
31
3.2.2 CONCEPO DO EQUIPAMENTO
Para criar um campo magntico triaxial pode gerar-se um campo magntico com rotao
num plano e fazer esse mesmo plano rodar. O campo magntico num plano conseguido com a
utilizao de um estator de um motor passo-a-passo que, ao ser excitado como em
funcionamento normal, cria diferentes direces do campo magntico no plano do estator.
Acoplando o estator a um veio possvel impor rotao ao plano onde produzido o campo
magntico. Desta forma so criados dois parmetros importantes: a velocidade de rotao
mecnica do estator do motor e a frequncia do campo magntico produzido pelo estator, que
dependente da sua frequncia de excitao. Estes parmetros so controlados atravs da
interface criada em LabviewTM
.
Para que o conceito descrito anteriormente funcione, necessrio criar um suporte para a
colocao dos provetes no centro do estator, mas este tem de estar desacoplado da rotao
imposta ao estator para que no rode com o movimento do estator. Para isso indispensvel que
o suporte tenha os seus apoios perfeitamente alinhados com o eixo de rotao do estator e com
grau de liberdade nesse mesmo eixo.
Devido ao movimento de rotao do veio, a alimentao elctrica do estator constitui uma
dificuldade acrescida ao mecanismo. Os fios necessitam de ter grau de liberdade para rotao no
eixo do veio e, para que isso seja vivel, preciso usar um sistema casquilho-escova. Este
sistema cria uma rea de contacto que transmite a corrente elctrica e permite, simultaneamente,
a rotao do eixo do veio.
3.2.3 PROPOSTA DE EQUIPAMENTO DEDICAPO PARA APLICAO DE
CAMPO MAGNTICO TRIAXIAL
O equipamento dedicado para aplicao de campo magntico triaxial foi desenhado em
software de modelao (SOLIDWORKSTM
), permitindo um acompanhamento visual durante a
sua concepo, identificando-se possveis problemas de funcionamento.
A soluo do equipamento encontrada para o equipamento dedicado para aplicao de
campo magntico triax