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INSTITUTO AGRONÔMICO PÓS-GRADUAÇÃO AGRICULTURA TROPICAL E SUBTROPICAL Exsudação radicular e sua utilização por rizobactérias ELAINE RODRIGUES DA SILVA Orientadora: Dra. Sueli dos Santos Freitas Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Agricultura Tropical e Subtropical, na área de Gestão de Recursos Agroambientais. Campinas, SP Abril de 2011

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INSTITUTO AGRONÔMICO

PÓS-GRADUAÇÃO

AGRICULTURA TROPICAL E SUBTROPICAL

Exsudação radicular e sua utilização por rizobactérias

ELAINE RODRIGUES DA SILVA

Orientadora: Dra. Sueli dos Santos Freitas

Dissertação submetida como requisito

parcial para obtenção do grau de

Mestre em Agricultura Tropical e

Subtropical, na área de Gestão de

Recursos Agroambientais.

Campinas, SP

Abril de 2011

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À minha família

DEDICO

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iii

AGRADECIMENTOS

A Deus, fonte da minha vida

À Dra. Sueli dos Santos Freitas pela orientação, pelos valiosos ensinamentos e amizade

À Dra. Terezinha de Jesus Garcia Salva pelo apoio nas análises com o HPLC e ensinamentos

À Dra. Adriana Parada Dias da Silveira pelos conhecimentos e amizade

À Dra. Mônica Ferreira de Abreu pela permissão do uso de seu laboratório nas análises com o

espectrofotômetro

À Rosana pelos inúmeros auxílios a mim concedidos e pela paciência

Aos meus pais, Isaac e Márcia, pelo apoio incondicional e carinho não só neste momento, mas

em todos da minha vida

Aos meus irmãos Cláudia e Fábio e ao meu noivo Rodrigo, pessoas muito importantes para

mim, sem as quais eu não teria chegado até aqui

Aos colegas de laboratório pelo auxílio na realização de experimentos e momentos de

descontração

Aos amigos e colegas que fizeram os dias serem mais agradáveis: Raquel, Fernanda, Júlia,

Matheus, Ana Olívia, Daniel, Giseli, Jhonny, Kelly, Daniela, Thais, Eliezer e Leonardo

A todos os funcionários da Pós-Graduação do Instituto Agronômico

À Capes pela bolsa concedida

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SUMÁRIO

RESUMO......................................................................................................................... v

ABSTRACT.................................................................................................................... vi

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 1

2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................... 2

2.1 As Bactérias do Gênero Pseudomonas...................................................................... 2

2.2 As RPCPs e suas Interações com Plantas.................................................................. 3

2.3 Exsudação Radicular................................................................................................. 11

3 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................... 13

3.1 Montagem do Sistema Gnotobiótico......................................................................... 13

3.2 Experimentos de Coleta e Análise de Exsudatos....................................................... 14

3.2.1 Liberação e coleta dos exsudatos.......................................................................... 14

3.2.2 Identificação e quantificação de carboidratos....................................................... 16

3.2.3 Análise do teor de proteínas................................................................................... 16

3.3 Experimento de Utilização, pelos Isolados, dos Açúcares Contidos nos Exsudatos. 17

3.4 Experimento de Avaliação de Colonização das Raízes pelos Isolados..................... 19

3.5 Análises de Variância................................................................................................ 20

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................. 20

4.1 Construção do Sistema Gnotobiótico........................................................................ 20

4.2 Composição de Açúcares dos Exsudatos................................................................... 21

4.3 Concentração de Proteínas dos Exsudatos................................................................. 25

4.4 Utilização, pelos Isolados Bacterianos, dos Açúcares Contidos nos Exsudatos....... 27

4.5 Colonização das Raízes pelos Isolados..................................................................... 30

4.6 Considerações Finais.......................................................................................... 33

5 CONCLUSÕES............................................................................................................ 36

6 REFERÊNCIAS........................................................................................................... 37

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Exsudação radicular e sua utilização por rizobactérias

RESUMO

Sabe-se que as plantas são capazes de influenciar a composição da comunidade microbiana ao

redor de seu sistema radicular pela exsudação de carboidratos e outros compostos. A rizosfera

de alface (Lactuca sativa) é habitada por rizobactérias promotoras de crescimento de plantas

(RPCPs), inclusive as fluorescentes de Pseudomonas sp. No entanto, a produção de

inoculantes com essas bactérias tem sido dificultada por resultados ainda variáveis. Dessa

forma, o principal objetivo deste trabalho foi realizar uma análise mais detalhada do ambiente

rizosférico que permitisse determinar qual a influência da exsudação radicular de açúcares e

proteínas por alface, sobre a colonização radicular por essas bactérias rizosféricas,

comparando com os resultados encontrados em chicória e rúcula. Para isso cultivaram-se

plantas de alface, rúcula e chicória em sistema gnotobiótico, sendo analisados os exsudatos

quanto ao teor de açúcar, por cromatografia líquida de alto desempenho, e de proteínas, por

espectrofotometria, 7 e 21 dias após emergência da radícula. Também se testou a utilização,

em meio de cultura, dos açúcares encontrados, por isolados de Pseudomonas, e

posteriormente a colonização das raízes das plantas pelos mesmos isolados. Detectou-se a

presença de uma certa variedade de açúcares: galactose, xilose, manose e sacarose, em

quantidades traço, e arabinose, frutose e glicose + manose em maiores concentrações. A

exsudação desses açúcares apresentou diferenças em concentração entre as três espécies

vegetais e entre os dois períodos amostrados. Não houve diferenças na exsudação de proteínas

entre as plantas ou períodos. Assim, os açúcares e proteínas parecem não serem os únicos

componentes dos exsudatos responsáveis pela colonização aparentemente preferencial de

espécies fluorescente do gênero Pseudomonas em plantas de alface. Todos os isolados de

Pseudomonas utilizaram pelo menos um dos três açúcares encontrados em maior

concentração (glicose, frutose e arabinose), como única fonte de energia, além de terem

colonizado as raízes das três espécies vegetais.

Palavras-chave: Lactuca sativa, promoção de crescimento, RPCPs.

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Root exudation and its use by rhizobacteria

ABSTRACT

The plants can influence the composition of microbial communities around their roots

by exudation of carbohydrates and other compounds. The rhizosphere of lettuce (Lactuca

sativa) is inhabited by plant growth promoting rhizobacteria (PGPRs), including fluorescent

Pseudomonas sp. However, the production of inoculants with these bacteria has been

impaired due to unstable results. Thus, the main objective of this study was to realize a more

detailed analysis of the rhizosphere environment to determine the influence of the root

exudation of sugars and proteins from lettuce, concerning the rhizospheric colonization by

these bacteria, and comparing it with endive and arugula. So, lettuce, endive and arugula were

cultivated in gnotobiotic systems, and the exudates were analyzed on the sugar content in

high-performance liquid chromatography, and protein in a spectrophotometer, 7 and 21 days

after the shoot emergence. The use of sugars by Pseudomonas isolates and colonization of

plant roots by these isolates were tested. The presence of a variety of sugars: galactose,

xylose, mannose and sucrose in trace amounts, and arabinose, glucose + maltose and fructose

at higher concentrations was detected. The exudation of these sugars presented concentrations

differences between the three plant species and between the two periods. There were no

differences in the exudation of proteins between plants or periods. Thus, the sugars and

proteins were not the only components of the exudates responsible for the colonization

species of fluorescent Pseudomonas in lettuce. All strains of Pseudomonas used at least one

of the three sugars found in higher concentrations (glucose + maltose, fructose and arabinose)

as the only energy source, and have colonized the roots of three plant species.

Key-words: PGPR, Lactuca sativa, grown promoting

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1 INTRODUÇÃO

Rizobactérias promotoras de crescimento de plantas (RPCPs) são bactérias que

colonizam raízes de plantas e promovem seu crescimento quando inoculadas em sementes,

raízes ou tubérculos. Esse grupo de bactérias vem sendo pesquisado há décadas em todo o

mundo, com vários relatos de sucesso e de insucesso, em diversas situações. Os principais

gêneros de bactérias que têm sido usados como promotores de crescimento, em estudos, são

Pseudomonas spp., Azospirillum spp., Bacillus spp., Burkholderia spp. e Azotobacter spp.

Espécies de Pseudomonas têm sido benéficas em cereais e leguminosas, entre outros grupos

vegetais.

Acredita-se que as RPCPs produzam substâncias promotoras de crescimento, como os

fitormônios auxina, citocinina e giberelina, e previnam o estabelecimento de patógenos na

rizosfera por produzirem antibióticos, sideróforos ou enzimas hidrolíticas, além de poderem

induzir a resistência sistêmica. Mas, apesar do conhecimento de seus benefícios às plantas, as

RPCPs ainda não são usadas na produção de inoculantes porque os resultados obtidos em

estudos ainda são variáveis, ou seja, são resultados que não se repetem, ou testes in vitro cujos

resultados não são alcançados no campo.

Entre as espécies de RPCPs estão algumas das fluorescentes do gênero Pseudomonas,

que habitam a rizosfera de algumas plantas, como a alface (Lactuca sativa), favorecendo seu

crescimento. Como o local onde vivem e atuam é o ambiente rizosférico, é aí que se devem

buscar os fatores que determinam o sucesso de seu estabelecimento, o que poderia explicar a

instabilidade nos resultados dos trabalhos com as RPCPs. Assim, seria importante entender se

os exsudatos da alface têm influência sobre as bactérias rizosféricas e como isso ocorre,

podendo significar a colonização ou não do ambiente rizosférico, já que vários estudos têm

indicado que a composição e a quantidade dos exsudatos liberados pelas raízes influenciam

diretamente o ambiente rizosférico, beneficiando a colonização de certas comunidades.

Assim, as raízes das plantas liberam vários compostos como açúcares, ácidos

orgânicos, aminoácidos, entre outros, e tanto este conteúdo como a quantidade em que são

liberados são influenciados por diversos fatores, como espécie da planta e estádio de

desenvolvimento da planta, e também influenciam diferentemente a microbiota rizosférica,

podendo levar a diferentes resultados quanto à colonização radicular.

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Sabe-se, por exemplo, que a rizosfera de alface favorece a colonização de bactérias

fluorescentes do gênero Pseudomonas, em comparação com outras plantas e com outra

bactéria rizosférica do gênero Bacillus, independentemente do ambiente de cultivo ou das

características do solo, e que este fato deve ser devido à composição e quantidade de

exsudatos liberados pelas diferentes plantas. Assim, a composição e as quantidades das

substâncias liberadas pela alface favoreceriam as bactérias fluorescentes do gênero

Pseudomonas.

Dessa forma, comprovada a influência da espécie vegetal na colonização da região

rizosférica e tendo em mente que os exsudatos liberados podem exercer grande influência

sobre essa característica, seria importante descobrir qual a composição dos exsudatos de

Lactuca sativa (alface), em pelo menos algumas substâncias, e se alguma delas tem efeito

sobre o crescimento de Pseudomonas spp. do grupo fluorescente.

Portanto, os objetivos deste trabalho foram a verificação da importância da exsudação

radicular de açúcares e proteínas por alface sobre a colonização rizosférica por bactérias

rizosféricas fluorescentes do gênero Pseudomonas e a avaliação, in vivo, do estabelecimento

de espécies de Pseudomonas fluorescentes na rizosfera de alface em comparação com outras

espécies vegetais.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 As Bactérias do Gênero Pseudomonas

As bactérias do gênero Pseudomonas são Gram-negativas, habitam normalmente o

solo e a água, onde suas atividades são importantes na mineralização da matéria orgânica.

Algumas espécies causam doenças em plantas e exibem variados graus de especificidade com

hospedeiros (BUCHANAN & GIBBONS, 1974).

A maioria das espécies estudadas, incluindo as parasitas, não requerem nenhum fator

de crescimento e podem se desenvolver em meio mineral com um composto orgânico como

única fonte de carbono e energia. Poucas espécies requerem aminoácidos ou vitaminas. O

acetato pode ser usado como principal nutriente por todas as espécies que têm sido

caracterizadas. O lactato, o succinato e a glicose podem ser usados pela maioria, mas não por

todas as espécies. Uma característica marcante de muitos membros do gênero é sua habilidade

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em usar uma grande variedade de compostos orgânicos como única ou principal fonte de

crescimento: alguns isolados utilizam mais de 100 diferentes substratos (BUCHANAN &

GIBBONS, 1974).

O grupo fluorescente produz pigmentos amarelo-esverdeados, que fluorescem em luz

ultravioleta (comprimento de onda abaixo de 260 nm), particularmente em meios deficientes

em ferro (por exemplo: meio B de KING et al., 1954). Algumas espécies de Pseudomonas

fluorescentes também produzem pigmentos denominados fenazinas, que podem ser azuis,

alaranjados ou verdes, particularmente no meio A de KING et al. (1954).

Muitos estudos vêm indicando que as bactérias do gênero Pseudomonas

frequentemente dominam a rizosfera, onde têm papel fundamental na ciclagem de nutrientes e

na fertilidade do solo (ROSALES et al., 1995; PICARD et al., 2000) e como rizobactérias

promotoras do crescimento de plantas (RPCPs) (PICARD et al., 2000; ROSS et al., 2000;

BERGSMA-VLAMI et al., 2005).

Dentre as RPCPs, as Pseudomonas, principalmente as do grupo fluorescente, são as

bactérias mais bem estudadas, devido a suas características como presença em diversos

ambientes e em elevadas populações, versatilidade nutricional, antagonismo a diversos

patógenos e produção de antibióticos, sideróforos e hormônios de crescimento vegetal

(MELO & AZEVEDO, 1998).

2.2 As RPCPs e suas Interações com Plantas

A rizosfera abriga uma variedade de microrganismos, que podem ser benéficos,

prejudiciais ou neutros ao crescimento da planta. Entre os benéficos estão as RPCPs, cuja

ação tem sido mostrada em diferentes condições de clima, solo e temperatura e em diferentes

espécies de plantas (arroz, trigo, alface, milho, leguminosas etc.), como mostram os estudos

de FREITAS & GERMIDA (1992a); SINDHU et al. (2002); EGAMBERDIYEVA &

HÖFLICH (2003); FREITAS et al. (2003); CONG et al. (2009); entre muitos outros.

Os efeitos benéficos das RPCPs têm sido observados tanto no aumento da

produtividade das culturas como na redução de comunidades de microrganismos patogênicos.

EGAMBERDIYEVA & HÖFLICH (2003), por exemplo, perceberam que algumas espécies

de Pseudomonas causaram um aumento significativo na absorção de P e K em trigo e que

espécies de Mycobacterium também tiveram efeito positivo em trigo, causando maior

absorção de N, P e K. Todas as espécies promoveram aumento da massa de matéria seca das

raízes e da parte aérea. Posteriormente, EGAMBERDIEVA (2007) novamente detectou os

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mesmos benefícios proporcionados por essas bactérias em milho. ROSAS et al. (2009)

obtiveram resultados semelhantes com as mesmas espécies vegetais (trigo e milho) que

receberam o inóculo de Pseudomonas aurantiaca. Além disso, aplicaram também

fertilizantes, demonstrando que o inóculo reduziu a necessidade de fertilizantes à base de

uréia, o que concorda com o trabalho de CONG et al. (2009), que conseguiram economizar 43

kg ha-1

de N em arroz, com aumento da produção de 270 kg ha-1

, em duas estações chuvosas

subsequentes, ajudando, além da economia, a mitigar a poluição por nitrogênio inorgânico de

águas superficiais e subterrâneas.

NAIMAN et al. (2009) relataram para trigo um aumento na massa de matéria seca na

fase de preenchimento de grãos, em plantas que receberam inoculantes comerciais, um com P.

fluorescens e dois com Azospirillum brasiliense. As plantas que receberam P. fluorescens

apresentaram um aumento de 23% na biomassa da parte aérea, de 46% na massa de matéria

seca da raiz e de 19% na produção de grãos em comparação com o controle.

Efeitos semelhantes foram observados por outros pesquisadores, com o inóculo de

várias bactérias consideradas promotoras de crescimento, como a elongação de raízes e parte

aérea de canola, alface e tomate (GLICK et al., 1997; FREITAS et al., 2003); aumento da

concentração de nutrientes na parte aérea e raízes de plantas e melhor eficiência na utilização

na utilização destes (EGAMBERDIYEVA & HÖFLICH, 2003; EGAMBERDIYEVA, 2007;

BARRETTI et al., 2008; REIS-JÚNIOR et al., 2008;); aumento da área foliar e massa de

matéria seca e/ou fresca da parte aérea e/ou raízes (FREITAS, 1989; SINDHU et al., 1999,

2002; GOMES et al., 2003; FREITAS & AGUILAR-VILDOSO, 2004; BARRETI et al.,

2008; REIS-JÚNIOR et al., 2008); além de promover a germinação de sementes de grão de

bico e soja (DILEEP KUMAR & DUBE, 1992); aumento do conteúdo de açúcar em beterraba

(ÇAKMAKÇI et al., 2006) e aumento do número de nódulos de feijão mungo (Vigna radiata)

(SINDHU et al., 1999). Mesmo em condições extremas (estresse salino ou de temperatura), os

isolados de canola (colonizadores efetivos de canola) promoveram o crescimento das plantas,

enquanto os introduzidos não apresentaram o mesmo desempenho (GLICK et al., 1997).

ÇAKMAKÇI et al. (2006), além de observarem maior crescimento de beterraba,

comprovando os efeitos benéficos da RPCPs, ainda observaram que os maiores benefícios

ocorreram logo nos estádios iniciais de desenvolvimento da planta, ou seja, a rápida resposta

inicial às bactérias inoculadas fez com que as folhas se expandissem antes que o esperado e

que as raízes alcançassem rapidamente seu pico de desenvolvimento.

Assim, muitos estudos têm comprovado a ação benéfica das RPCPs a muitas culturas e

por mecanismos variados, muitos dos quais estão descritos na literatura, e cujo conhecimento

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é imprescindível para a exploração dos diferentes potenciais de cada uma das bactérias, nas

várias culturas e condições ambientais.

Um bom exemplo de um mecanismo foi a produção de enzimas por bactérias do

gênero Pseudomonas, em trabalho realizado por SHAHAROONA et al. (2006). Em seus

experimentos com milho, percebeu que muitas linhagens de Pseudomonas causaram

crescimento da planta, das raízes e a biomassa geral, mesmo em níveis ótimos de N, visto que

altos níveis de NO3- na região da raiz levam ao aumento da produção de etileno, que é

inibitório ao crescimento de raízes, além de ser provável que reduzam a eficiência das RPCPs.

O autor chegou à conclusão de que esse resultado se deveu à atividade da ACC-deaminase

produzido pelas bactérias, que baixaram os níveis de etileno, pelo “seqüestro” do ACC, um

precursor do etileno, promovendo o crescimento das raízes. A linhagem de P. fluorescens foi

a mais eficaz, o que pode ter sido devido à alta capacidade de colonização dessa bactéria,

segundo o autor, e pela atividade das enzimas quitinase e ACC-deaminase.

EGAMBERDIYEVA (2007) detectou a produção de outras enzimas (amilase, lipase,

celulase e protease) por diferentes isolados de Pseudomonas e Mycobacterium, sendo que os

isolados que produziram essas enzimas também inibiram o crescimento de fungos patogênicos

do gênero Fusarium.

Outros trabalhos relataram a produção de fitormônios por RPCPs, como

DUBEIKOVSKY et al. (1993), em que dois isolados de Pseudomonas, cuja produção de

ácido indol acético (AIA) foi detectada, foram inoculados em árvores de groselha. Houve um

efeito estimulante no desenvolvimento radicular dessas plantas, tendo o tamanho da

população do isolado inoculado na superfície radicular se correlacionado com o efeito

observado. Fato semelhante foi relatado por EGAMBERDIYEVA & HÖFLICH (2003), em

que todos os isolados que promoveram o aumento do conteúdo de nutrientes nas plantas

produziram auxinas, servindo provavelmente como um regulador que estimulou o

desenvolvimento das raízes, resultando em uma melhor absorção de nutrientes e de água.

Além das auxinas, a produção de citocininas foi detectada em Paenibacillus polymyxa durante

sua fase estacionária de crescimento (TIMMUSK et al., 1999).

Além da promoção direta de crescimento, há também vários estudos que comprovam a

ação das RPCPs na supressão de microrganismos deletérios, como os estudos feitos por

SINDHU et al. (1999, 2002), em que espécies de Pseudomonas isoladas da rizosfera de grama

foram inoculadas em solos infestados com potenciais patógenos (Aspergillus sp., Curvularia

sp., Fusarium oxysporum e Rhizoctonia solani), inibindo o crescimento desses fungos; de

maneira semelhante, em resultados relatados por EGAMBERDIYEVA (2007), espécies de

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Mycobacterium, Pseudomonas e Bacillus apresentaram reação antagônica contra fungo

patogênico do gênero Fusarium. No Brasil, AGNANI et al. (2005) e FREITAS &

PIZZINATTO (1997), entre outros, observaram também a inibição da manifestação de

patógenos em plantas cítricas e em algodoeiro, respectivamente.

A atividade de promoção de crescimento também pode ocorrer pela produção de

sideróforos, quelantes de ferro de baixo peso molecular, excretados sob condições de

deficiência de ferro. Assim, os sideróforos são ligantes específicos de Fe(III), e desempenham

a função de seqüestrar e transportar esse íon, incorporando-o ao metabolismo celular

(BENITE et al., 2002). Dessa forma, os sideróforos produzidos pelas bactérias complexam o

ferro do ambiente, tornando-o menos disponível a certos microrganismos do solo

(KLOEPPER et al., 1980). No trabalho conduzido por SINDHU et al. (2002), isolados de

Pseudomonas produtores de sideróforos e de antibióticos foram os responsáveis pelo

antagonismo, inibindo o crescimento de vários fungos patogênicos (Aspergillus sp.,

Curvularia sp., Fusarium sp. e Rhizoctonia sp.). Também se relatou a ação supressora do

antibiótico fenazina-1-ácido-carboxílico produzido por Pseudomonas fluorescens contra o

microrganismo patogênico Gaeumannomyces graminis (BULL et al., 1991).

As RPCPS podem ainda estimular a indução de resistência sistêmica (IRS) na planta,

ou seja, um aumento da capacidade defensiva das plantas contra um amplo espectro de

patógenos, que é adquirida após um estímulo apropriado (RAMAMOORTHY et al., 2001).

Em um estudo em que se aplicou Pseudomonas em plantas de arroz contaminadas com

Rhizoctonia solani, NANDAKUMAR et al. (2001) detectaram a redução da severidade da

doença causada pelo fungo e a promoção do crescimento da planta sob condições de casa de

vegetação e de campo. Assim, chegou-se à conclusão que a redução da doença ocorreu pela

IRS, provavelmente pela indução de enzimas de defesa, ou diretamente pela inibição do

crescimento do fungo pela produção de quitinases ou antibióticos.

Semelhantemente, DUTTA et al. (2008) testaram o efeito de dois isolados de RPCPs

(Bacillus cereus e Pseudomonas aeruginosa), na indução de resistência sistêmica contra

Fusarium udum em ervilhas-de-angola. Concluiu-se que essas bactérias foram capazes de

induzir a resistência sistêmica na planta. Duas enzimas líticas produzidas pelo fungo,

responsáveis pela superação da resistência natural das plantas hospedeiras e pela solubilização

de produtos que podem ser absorvidos e usados como alimento, foram fortemente reduzidas

na presença das bactérias. Além disso, os autores acharam não só que as bactérias foram

capazes de induzir resistência sistêmica em ervilha-de-angola, como demonstraram que a

combinação desses isolados mostrou ser ainda mais eficiente.

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Há evidências que sugerem que Pseudomonas spp. agiram sinergisticamente com

espécies de Mesorhizobium sp., como os resultados obtidos por STURZ et al. (1997). Esses

autores demonstraram que a inoculação conjunta de linhagens bacterianas, que

individualmente inibiam o crescimento da planta, pode estimular o crescimento. Fato

semelhante foi relatado nos estudos realizados por SINDHU et al. (2002), em que tanto a

inoculação somente com Pseudomonas quanto a inoculação somente com Mesorhizobium

resultaram em aumento da biomassa e teor de N da planta, mas uma co-inoculação de

Mesorhizobium e Pseudomonas resultou em um aumento ainda maior na massa de matéria

fresca do nódulo e da raiz e na massa de matéria seca da parte aérea, além de um aumento

significativo do N total da planta.

Estudando a ação de microrganismos – incluindo algumas espécies de Pseudomonas –

quanto ao efeito de crescimento em plantas de tomate infectadas com Pythium, GRAVEL et

al. (2007) mostraram o efeito estimulante de P. putida na produção de frutos e no

crescimento de plantas de tomate cultivadas em sistemas hidropônicos, ou seja, uma possível

reação antagonística a esse fungo patogênico. Esse estudo também mostrou que P. putida é

capaz de sintetizar AIA in vitro a partir de diversos precursores, o que suporta a teoria de que

o AIA microbiano pode estar envolvido no estímulo de crescimento observado nos

experimentos. Assim, chegaram à conclusão de que a capacidade de P. putida de promover

crescimento deve ser um efeito sinérgico de vários modos de ação exibidos por cada

microrganismo testado, incluindo a regulação de concentrações de AIA na rizosfera e a

regulação da concentração de etileno dentro das raízes.

Assim, de acordo com os relatos descritos na literatura, os mecanismos ou modos de

ação das RPCPs podem ser sintetizados em:

Mobilização de nutrientes insolúveis e consequente aumento de sua absorção pelas

plantas (GOMES et al., 2003; ÇAKMAKÇI et al., 2006; BARRETTI et al., 2008);

Estimulação de crescimento pela produção de fitormônios como auxinas, citocininas e

giberelinas (DUBEIKOVSKY et al., 1993; TIMMUSK et al., 1999;

EGAMBERDIYEVA & HÖFLICH, 2003; EGAMBERDIYEVA, 2007);

Antagonismo a patógenos de plantas (SINDHU et al., 2002; FREITAS & AGUILAR-

VILDOSO, 2004; AGNANI et al., 2005; COSTA et al., 2006);

Produção de sideróforos e antibióticos (KLOEPPER et al., 1980; BULL et al., 1991;

SINDHU et al., 2002);

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Produção de enzimas hidrolíticas (FRIDLENDER et al., 1993; EGAMBERDIYEVA

& HÖFLICH, 2003; EGAMBERDIYEVA, 2007);

Indução de resistência sistêmica (NANDAKUMAR et al., 2001; DUTTA et al., 2008)

Apesar de os efeitos benéficos das RPCPs serem conhecidos há muito tempo, com a

maioria dos trabalhos apresentando resultados positivos, nem sempre esses resultados se

repetem (STURTZ & CHRISTIE, 2003), e por isso não são conhecidos muitos casos do uso

dessas bactérias para a produção de inoculantes.

De fato, REIS-JUNIOR et al. (2008) também encontraram inconsistência em seu

trabalho, pois, apesar de outros trabalhos citarem o efeito da inoculação com Azospirillum na

atividade das enzimas nitrato redutase e glutamina sintetase, em seu estudo não se observou

esse efeito. Essa inconsistência também pode se expressar pela obtenção de resultados in

vitro que não se repetem no campo (GOMES et al., 2003).

Face aos inúmeros fatores que influenciam a interação planta-bactéria, diversas podem

ser as causas dessa instabilidade nos resultados. Entre as hipóteses do porquê dessas

variações está a de que os isolados bacterianos não estejam colonizando a rizosfera e

consequentemente não há manutenção de uma comunidade viável na zona radicular (STURZ

& CHRISTIE, 2003), não havendo interação com a planta.

SOTTERO et al. (2006), por exemplo, verificaram que 10 de 64 isolados de

Pseudomonas testados não colonizaram a rizosfera, e que um entre eles ainda assim

promoveu o crescimento. Os autores chegaram à conclusão de que se tratava de uma bactéria

endofítica. As outras que não colonizaram também não promoveram o crescimento. Além

disso, detectaram que a maioria das bactérias colonizou a região do colo, chegando à

conclusão de que a colonização do colo já é suficiente para demonstrar que houve interação

de bactérias e plantas.

Já os autores KUMAR et al. (2007) relataram aumento de 144,9% na produção de

milho, comparado ao controle, quando as plantas receberam inóculo de Pseudomonas

corrugata, atribuindo os bons resultados ao fato de que houve o estabelecimento, na rizosfera,

da bactéria inoculada, ou seja, sobreviveu em número suficiente e colonizou as raízes. Esses

resultados podem, então, ser atribuídos ao fato de que, segundo os autores, Pseudomonas

corrugata tem uma alta e rápida capacidade de colonização da raiz de milho.

Assim, além de ser necessária uma colonização eficiente, EGAMBERDIYEVA &

HÖFLICH (2003), pela análise de seus resultados e em concordância com o trabalho de

FREITAS & GERMIDA (1992b), chegaram à conclusão de que para obtenção de bons

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resultados com RPCPs é necessário que as bactérias colonizem rapidamente o sistema

radicular, processo influenciado pela temperatura e pelo tipo de solo, e que para aplicações

práticas o sistema planta-RPCPs deve ser estabelecido para cada tipo de ambiente, já que as

bactérias oriundas de uma região de clima semi-continental foram mais eficientes em

temperaturas relativamente baixas, enquanto que as oriundas de regiões de clima semi-árido

apresentaram resultados mais efetivos em climas relativamente mais quentes. Da mesma

forma KUMAR et al. (2007) relataram que as bactérias com maior sucesso e que

apresentaram maiores benefícios para o milho foram aquelas isoladas do próprio milho e de

regiões com clima igual ao do local onde foram isoladas. As outras bactérias, isoladas de

outras plantas, também foram inoculadas em milho, mas apresentaram benefícios menores.

Há outros relatos de que os resultados provenientes da inoculação desses

microrganismos podem ser grandemente influenciados pelo conteúdo de nutrientes (PAULA

et al., 1992) e tipo de solo, como observados por ÇAKMAKÇI et al. (2006),

EGAMBERDIYEVA & HÖFLICH (2003), EGAMBERDIYEVA (2007) e FREITAS &

GERMIDA (1992b), que obtiveram seus melhores resultados em solos com baixos teores de

nutrientes. A deficiência de nutrientes do solo teria sido compensada pela produção

microbiana de substâncias reguladoras na interface solo-raiz, o que, por sua vez, teria

estimulado um melhor desenvolvimento das raízes, resultando numa melhor absorção de água

e nutrientes do solo (EGAMBERDIYEVA, 2007). No Brasil, FREITAS et al. (2003)

detectaram respostas diferentes no crescimento de alface de acordo com a fertilidade de

diferentes substratos testados.

Da mesma forma, dois diferentes tipos de substratos influenciaram a exsudação,

qualitativa e quantitativamente, sendo que um deles estimulou a exsudação de ácidos e

açúcares, enquanto que o outro não alterou substancialmente os padrões de exsudação

(KAMILOVA et al., 2006).

Assim, outros fatores podem influenciar a ação das RPCPs, pela flutuação dos fatores

edáficos como temperatura (LOPER et al., 1984; SEONG et al., 1991), variação da umidade

do solo (PARKE et al., 1986; HOWIE et al., 1987), do pH (HÖPER et al., 1995), tipo de solo

e histórico de cultura (LATOUR et al., 1999), diferentes interações com a microbiota

rizosférica predominante de determinada cultura (MILLER et al., 1989; SEONG et al., 1991;

SINDHU et al., 1999), ou mais especificamente, diferentes tipos de interação com rizóbios

predominantes na rizosfera de algumas leguminosas (PARMAR & DADARWAL, 1999;

SINDHU et al., 1999). Sabe-se inclusive que diferentes pCO2 alteram o comportamento de

Pseudomonas spp. quanto à produção de sideróforos e quanto à frequência de produtores de

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HCN e redutores de nitrato, sendo esses fatores também alterados pelo estádio de vida da

planta amostrada e fração do solo (rizosférico, não rizosférico ou raiz propriamente dita)

(TARNAWSKI et al., 2006).

Outra hipótese do porquê das variações nos resultados é o fato de que diferentes

quantidades e composição dos exsudatos radiculares liberados pelas raízes poderiam levar a

diferentes resultados, já que a exsudação radicular influencia diretamente o ambiente

rizosférico. Há muito se sabe que plantas liberam pelas raízes uma grande variedade de

substâncias orgânicas, como açúcares, aminoácidos, ácidos graxos e outros (BOWEN &

ROVIRA, 1987).

Segundo os estudos realizados, a quantidade e a qualidade dos exsudatos liberados

pelas plantas são diretamente influenciadas por vários fatores como espécie da planta

hospedeira (GRAYSTON et al., 1998; COELHO et al., 2007), estádio de desenvolvimento da

planta (PILET et al., 1979), seu estado fisiológico (SANDNES et al., 2005) e por outros

fatores como condições ambientais (HASSINK et al., 1991) e concentração de nutrientes,

como observaram KRAFFCZYIK et al. (1984), que demonstraram que, sob diferentes

concentrações de potássio, a exsudação radicular de milho foi alterada. Por isso NEHL et al.

(1996) comentam que a classificação entre rizobactérias benéficas, prejudiciais e neutras pode

induzir ao erro, já que o efeito das bactérias pode ser alterado de acordo com esses vários

fatores.

Com relação à alface, COELHO et al. (2007) verificaram que sua rizosfera favorece o

estabelecimento de bactérias fluorescentes do gênero Pseudomonas, em comparação com

outras plantas (salsa, rúcula, chicória e tiririca) e outra bactéria rizosférica do gênero Bacillus.

Na maior parte dos resultados, as quantidades de Pseudomonas em alface, tanto crespa como

lisa, foram bem maiores, em relação às outras plantas, mesmo no caso da chicória, que

pertence à mesma família da alface. E esses resultados foram detectados independentemente

do ambiente, ou seja, das características do solo ou condições de cultivo. Dessa forma, as

autoras chegaram à conclusão de que pode ter havido uma diferença entre as exsudações das

plantas, tanto na composição quanto na quantidade liberada; a composição e as quantidades

das substâncias liberadas pela alface favoreceram as bactérias fluorescentes do gênero

Pseudomonas, em relação à Bacillus.

Em concordância com esses dados, LUGTENBERG et al. (1999) também

demonstraram que nos diferentes estádios de tomateiro a composição e a quantidade dos

exsudatos variavam e por isso as comunidades colonizadoras também deveriam variar. De

fato, MALONEY et al. (1997), comparando a abundância e a distribuição espacial de

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comunidades de bactérias fisiologicamente diferentes que existem em diferentes porções da

raiz de tomateiro e alface, encontraram distribuições muito diferentes nas várias regiões da

raiz e entre as duas culturas também, indicando diferenças qualitativas e quantitativas nas

exsudações radiculares entre tomate e alface, com diferenças no desenvolvimento das plantas

e diferentes morfologias radiculares.

Semelhantemente, a inoculação de Pseudomonas spp. isoladas de feijão mungo (Vigna

radiata) teve efeito inibitório na elongação da radícula em sementes de grão-de-bico

ocorrendo parada de crescimento das plântulas após 5 dias de observação; no entanto, depois

do 9º dia observou-se crescimento, mostrando que os efeitos são variados, dependendo da

planta e de seu estádio de desenvolvimento (SINDHU et al., 2002). Já FREITAS &

AGUILAR-VILDOSO (2004), apesar de acharem um grande número de bactérias,

principalmente do gênero Pseudomonas, que promoveram o crescimento de plantas cítricas,

verificaram diferentes capacidades de promoção de crescimento das plantas, dependendo das

condições como espécie vegetal, estádio de desenvolvimento e ambiente (campo ou

citropotes).

2.3 Exsudação Radicular

A exsudação de compostos orgânicos variados, pelas raízes das plantas, é um fato

conhecido há muitas décadas (BOWEN & ROVIRA, 1987). Esses compostos são liberados,

ativa ou passivamente, durante todas as fases do desenvolvimento das plantas, em quantidades

e composições diversas, dependendo de vários fatores, como a espécie da planta e as

condições de estresse às quais são submetidas (JONES, 1998). Os principais compostos

exsudados são os carboidratos, os ácidos orgânicos e os aminoácidos, que são liberados

passivamente, ao longo de um gradiente de concentração (BOWEN & ROVIRA, 1987;

LYNCH & WHIPPS, 1990; GRAYSTON et al., 1998).

Dentre os carboidratos têm sido relatados como componentes dos exsudatos glicose,

frutose, maltose, ribose, xilose, arabinose, ramnose e sacarose, além de oligossacarídeos

(ROVIRA, 1969; SMITH, 1970; LUGTENBERG et al., 1999; KAMILOVA et al., 2006). As

quantidades variam com as espécies de plantas, fase de desenvolvimento e inclusive com o

método de coleta. LUGTENBERG et al. (1999), por exemplo, detectaram, para tomate, que

os açúcares glicose e frutose estavam presentes na proporção de 37% e 10% do total de

carboidratos, respectivamente, enquanto KAMILOVA et al. (2006), detectaram esses mesmos

açúcares, também em tomate, na proporção de 33% e 60%, respectivamente, quando os

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exsudatos foram coletados em lã de rocha (stonewool) e 37% e 58%, respectivamente, quando

coletados em esferas de vidro (glass beads). Nesse mesmo trabalho as concentrações de

ácidos orgânicos também variaram de acordo com o método de coleta, mas em uma proporção

ainda maior.

Os ácidos mais comumente encontrados nos exsudatos são o cítrico, acético, pirúvico,

málico, malônico, butírico, lático, oxalacético, t-aconítico, succínico, fumárico e

piroglutâmico (SMITH, 1970; JONES, 1998; KAMILOVA et al., 2006).

Os aminoácidos parecem ser menos estudados nos exsudatos, e dentre esses

compostos SMITH (1970) e ROVIRA (1969) relataram a presença de alanina, glutamina,

ácido glutâmico, ácido aspártico, glicina, homoserina, leucina, isoleucina, metionina,

fenilalanina, serina, treonina, tirosina, asparagina e valina.

Sabe-se que as plantas são capazes de influenciar a composição de sua comunidade

rizosférica pela liberação justamente dessa variedade de compostos orgânicos (GRAYSTON

et al., 1998) e que esses microrganismos podem apresentar alguma especificidade, inclusive

para cultivares de uma mesma espécie (CHANWAY et al., 1988; SICILIANO et al., 1998),

ou ainda iniciar mudanças na bioquímica radicular (PARMAR & DARDAWAL, 1999),

apoiando a hipótese de que a parceria rizobactéria-planta tem uma longa história de uma bem

sucedida co-evolução (STURZ & CHRISTIE, 2003).

Dessa forma, muitos estudos têm mostrado que rizosferas diferentes possuem

comunidades microbianas diferentes, provavelmente devido aos diferentes padrões de

exsudação (ZAK et al., 1994; GRAYSTON & CAMPBELL, 1996; GRAYSTON et al., 1998;

YANG & CROWLEY, 2000).

Em um estudo com exsudatos e sua influência nas comunidades rizosféricas, LANDI

et al. (2006) concluíram que, dos compostos exsudados, o ácido oxálico induziu maior

número de mudanças nos grupos de bactérias que habitam o ambiente rizosférico, comparado

à glicose. Isso seria devido ao fato de que a glicose é decomposta por um maior número de

microrganismos, em oposição ao ácido oxálico, que, por ser utilizado por um número mais

restrito de espécies microbianas, modificou os grupos de microrganismos presentes na

rizosfera.

LUGTENBERG et al. (1999), por sua vez, trabalharam com espécies selvagens e

mutantes de Pseudomonas com objetivo de desvendar a característica dos exsudatos de

tomateiro e de entender seu papel na colonização radicular pelas bactérias. Assim, utilizando-

se de uma espécie mutante, que era incapaz de utilizar a glicose como única fonte de carbono,

chegaram à conclusão de que a habilidade de usar os açúcares exsudados não desempenha um

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papel tão importante na colonização radicular, havendo, portanto, outros fatores que

influenciam a colonização, como os ácidos orgânicos e polímeros, por exemplo.

LANDI et al. (2006) observaram que a glicose – e não o ácido oxálico – é usada pela

maioria das comunidades bacterianas do solo. Constataram também que a atividade

microbiana e a composição da comunidade dependem do “pool” de compostos orgânicos de

baixo peso molecular, principalmente na rizosfera.

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Montagem do Sistema Gnotobiótico

Montou-se um sistema gnotobiótico baseado em modelo proposto por SIMONS et al.

(1996), de modo que as sementes fossem colocadas no interior de tubos de vidro vedados e

esterilizados, permitindo o desenvolvimento das plântulas sem que os exsudatos liberados por

elas fossem decompostos por microrganismos.

Nesse sistema, um tubo de vidro aberto em ambas as extremidades foi fechado com

uma gaze em sua extremidade inferior, para suportar as plântulas em crescimento. Esse tubo

foi encaixado em um tubo de ensaio de maior diâmetro, sendo vedado primeiramente por uma

camada de algodão entre as paredes do tubo interno e externo e posteriormente pela aplicação

de silicone no topo do tubo de ensaio. O tubo interno foi então tapado em sua extremidade

superior com um tampão de algodão (Figura 1). Todo o sistema foi esterilizado antes de

receber as sementes superficialmente desinfetadas e pré-germinadas.

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Figura 1 - Esquema de sistema gnotobiótico para coleta de exsudatos radiculares

3.2 Experimentos de Coleta e Análise de Exsudatos

3.2.1 Liberação e coleta dos exsudatos

Neste experimento cultivaram-se plantas de alface (“Elisabeth”), chicória (“Barbarela

Gigante”) e rúcula (“Lisa Mariana Gigante”), sendo que as duas últimas serviram como base

para comprovar se havia diferenças significativas entre os exsudatos das três espécies.

A solução nutritiva foi preparada a partir das soluções estoque a seguir, armazenadas

em geladeira a 5°C:

Solução A: Ca(NO3)2.4H2O ................... 270,0 g

NH4NO3............................... 33,8 g

Solução B: KCl....................................... 18,6 g

K2SO4................................... 44,0 g

KNO3.................................... 24,6 g

Solução C: Mg(NO3)2.6H2O................... 142,4 g

Solução D: KH2PO4................................ 17,6 g

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Solução E: MnCl2.4H2O......................... 2,34 g

H3BO3.................................. 2,04 g

ZnSO4.7H2O......................... 0,88 g

CuSO4.5H2O........................ 0,20 g

Na2MoO4.2H2O.................... 0,26 g

Cada uma das soluções de A a E teve seu volume completado para 1L com água

destilada.

A solução nutritiva foi preparada pela adição de 3,3 mL da solução A; 2,3 mL da

solução B; 1,4 mL da solução C; 4,0 mL da solução D e 0,75 mL da solução E, a 1L de água

destilada. Essa solução foi transferida para dois frascos de Erlenmeyer de 500 mL; um deles

recebeu 7g de ágar, para ser posteriormente vertido em placas de Petri para pré-germinação

das sementes, e o outro foi colocado nos sistemas gnotobióticos para desenvolvimento das

plântulas, sendo ambos esterilizados.

A desinfecção superficial das sementes foi feita com uma solução de água sanitária na

proporção de 1:3 (água sanitária:água destilada), onde as sementes foram colocadas e agitadas

por 5 minutos.

As plântulas foram cultivadas no sistema gnotobiótico descrito. Para isso o conjunto

todo foi esterilizado, recebendo uma alíquota (3mL) da solução nutritiva também esterilizada.

As sementes que sofreram desinfecção superficial como descrito anteriormente foram pré-

germinadas em placas de Petri contendo a mesma solução nutritiva adicionada ao sistema

gnotobiótico, no entanto com adição de ágar, até o início da emissão da radícula. Foram

posteriormente colocadas no interior do sistema, em câmara de fluxo laminar, e foi mantido

com adição água esterilizada, de modo que os exsudatos não fossem decompostos por

microrganismos.

Aos 7 e 21 dias após emergência da radícula, os exsudatos foram coletados e

analisados quanto a seu teor total em açúcares e proteínas. Para possibilitar as duas coletas –

uma vez que o experimento é destrutivo – prepararam-se sistemas em dobro, de modo a

permitir que metade fosse coletada na primeira semana e a outra metade, no final do

experimento (21 dias), mantendo três repetições de cada tratamento, nas duas coletas, para

cada componente do exsudato a ser analisado (açúcares e proteínas).

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3.2.2 Identificação e quantificação de carboidratos

As quantidades dos principais açúcares presentes nos exsudatos foram avaliadas pelo

uso de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE, ou, na sigla em inglês, mais

conhecida, HPLC).

As amostras foram passadas por filtros de membrana de porosidade 0,33µm sendo

então imediatamente analisadas. Utilizou-se um detector amperométrico pulsado, coluna de

troca aniônica CarboPac PA 1 de 4x25 mm e pré coluna CarboPac PA1 de 4x50 mm, ambas

da marca Dionex, loop de 20 µL e sistema de injeção automático. Como eluente empregou-se

água ultrapura 18,2Ω, na vazão de 1 mL min-1

. Apenas para separação da glicose, sacarose e

maltose usou-se como eluente uma solução de NaOH 200 mmol L-1

. (HORWITZ, 2002;

ROGERS et al, 1999).

Assim, os carboidratos encontrados nos exsudatos de alface, chicória e rúcula puderam

ser analisados e comparados pelos cromatogramas obtidos, pela comparação dos tempos de

retenção dos açúcares dos exsudatos com os açúcares dos padrões previamente preparados.

A concentração de cada carboidrato foi calculada pela área do pico usando como

padrões soluções de mistura de D(-)arabinose, D(+)galactose, D(+)glicose, sacarose, D(-)

frutose, D(+)xilose, D(+)manose e maltose.

3.2.3 Análise do teor de proteínas

A análise de proteínas totais foi realizada pelo uso de espectrofotômetro, pelo método

proposto pela Embrapa (GUEDES et al., 2007), uma adaptação do método de Lowry às

condições de análise.

Assim, para a análise de proteínas nos exsudatos coletados adicionou-se uma alíquota

de 100 µL de cada amostra homogeneizada a tubos de ensaio contendo 400 µL de água

destilada esterilizada e 500 µL de NaOH 1 mol L-1

. Os tubos foram então agitados em vórtex

e aquecidos a 100°C durante 5 minutos.

Passado esse período adicionaram-se a cada tubo 2,5 mL do reagente de Lowry, que

contém a mistura dos seguintes reagentes nas proporções descritas a seguir: 50 mL de solução

de carbonato de sódio (50g de Na2CO3 em 1L de água), 1 mL de solução de tartarato de sódio

e potássio (20g de KNaC4H406.4H2O em 1L de água) e 1 mL de solução de sulfato de cobre

(10g de CuSO4.5H2O em 1L de água). Os tubos foram novamente agitados e incubados no

escuro por um período de 10 minutos.

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A seguir adicionaram-se 500 µL do reagente de Folin-Ciocalteau 1M diluído na

proporção de 1:2 (reagente:água destilada), e as amostras foram novamente incubadas no

escuro por um período de 30 minutos.

Após esses procedimentos, as amostras foram submetidas à avaliação pela leitura da

absorbância em espectrofotômetro, a um comprimento de onda de 750 nm.

Para calibrar o aparelho foi utilizada como branco uma amostra da solução nutritiva

utilizada para suportar o crescimento das plântulas, submetida ao mesmo tratamento descrito.

Para determinação da concentração das proteínas, usou-se uma curva padrão obtida

pelos valores de absorbância de soluções submetidas ao mesmo tratamento descrito, contendo

a proteína albumina bovina (BSA), nas seguintes concentrações (em µg mL-1

): 7,5; 15; 22,5;

30; 45; 60; 75; 90; 120 e 150.

3.3 Experimento de Utilização, Pelos Isolados, dos Açúcares Contidos nos Exsudatos

Neste experimento, foram selecionados os isolados de Pseudomonas sp. sobre os quais

havia informações de serem favorecidos em rizosfera de alface, rúcula ou chicória (COELHO

et al., 2007; CIPRIANO, 2009).

Esses isolados pertencem à coleção de microrganismos do Laboratório de

Microbiologia do Solo do Instituto Agronômico (Tabela 1).

Prepararam-se meios de cultura aos quais foram adicionados os principais açúcares

detectados, no experimento anterior, nos exsudatos radiculares de alface, chicória e rúcula.

Os meios de cultura utilizados foram o meio B de King (King et al., 1954) e um meio

mineral mínimo (LARPENT & LARPENT-GOURGAUD, 1975), descritos a seguir.

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Tabela 1 - Origem dos isolados de Pseudomonas utilizados nos experimentos

Isolado Origem

LP10 alface

LP12 alface

LP13 alface

LP16 rúcula

LP17 alface

LP22 chicória

LP25 alface

LP28 alface

LP44 alface

LP47 rúcula

Ps852c alface

Ps864c alface

Ps866b alface

Ps871b alface

Meio B de King:

Proteose-peptona............................................. 20,0 g

Glicerol............................................................ 10,0 g

K2HPO4........................................................... 1,5 g

MgSO4............................................................. 1,5 g

Ágar................................................................. 18,0 g

Água destilada................................................. 1000 mL

Meio mineral mínimo:

K2HPO4.............................................................. 3,0 g

Na2HPO4............................................................ 6,0 g

NaCl................................................................... 5,0 g

NH4Cl................................................................ 2,0 g

MgSO4............................................................... 0,1 g

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Açúcar*.............................................................. 8,0 g

Ágar................................................................... 15,0 g

Água destilada................................................... 1000 mL

*Obs: Os açúcares adicionados foram os encontrados no experimento anterior, separadamente, em diferentes

frascos.

Tanto o meio B de King como o meio mineral mínimo foram preparados com a adição

dos açúcares na concentração de 8 g L-1

, que é a concentração de açúcar recomendada na

literatura consultada, e no dobro da concentração em que ele foi encontrado nos exsudatos.

Os açúcares e suas concentrações foram os seguintes: 2 mg L-1

para a arabinose, 3 mg L-1

para

a glicose e 5 mg L-1

para a frutose.

Assim, os isolados foram repicados para placas de Petri contendo os meios de cultura

preparados como descrito, para avaliação de utilização de cada açúcar. O meio B de King foi

utilizado apenas como um controle do crescimento dos isolados.

3.4 Experimento de Avaliação de Colonização das Raízes pelos Isolados

Os isolados (Tabela 1) foram repicados a partir das culturas-estoque mantidas em meio

B de KING et al. (1954), cobertas com óleo mineral, a 5°C, e usados para preparo de

suspensões. Assim, transferiram-se duas “alçadas” de cada isolado cultivado em meio B de

King, em tubo inclinado, para frascos de Erlenmeyer com volume de 25 mL contendo 18 mL

de solução de MgSO4 a 0,01 mol L-1

, sendo agitados em agitador mecânico por 30 minutos.

As sementes foram pré germinadas em placas de Petri contendo a mesma solução

nutritiva adicionada ao sistema gnotobiótico, no entanto com adição de agar, até o início da

emergência da radícula. Assim, 15 sementes pré-germinadas de cada espécie vegetal (alface,

chicória e rúcula) foram imersas em frascos de Erlenmeyer contendo as suspensões dos 14

isolados separadamente, sendo ali mantidas por cerca de 30 minutos.

Decorrido esse tempo as sementes foram transferidas para o sistema gnotobiótico,

cada um recebendo 5 sementes que haviam sido imersas nas suspensões dos diferentes

isolados. Foram montados 3 tubos para cada sistema planta-isolado, ou seja, 2 para avaliação

visual da colonização, medição das raízes e para obtenção da massa de matéria fresca, e um

para plaqueamento das raízes. Foram colocados em incubadora (BOD) com fotoperíodo de 12

horas a 26+2°C, por um período de 10 dias.

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Após dez dias, as plântulas foram analisadas quanto à colonização, pelo plaqueamento

das raízes e pela análise visual dos sistemas gnotobióticos. Avaliou-se a colonização pela

coleta das plântulas, separação asséptica das raízes e posterior plaqueamento em meio B de

King. Nas placas com raízes colonizadas deveria haver crescimento bacteriano.

O número de unidades formadoras de colônias (UFCs) nas suspensões das bactérias

inoculadas foi estimado. A partir das suspensões bacterianas usadas na bacterização das

sementes, prepararam-se diluições seriadas, em solução de MgSO4 a 0,01 mol L-1

.

Posteriormente, procedeu-se o plaqueamento de 0,1 mL de algumas diluições em meio B de

King, incubação a 28°C por 24 horas e contagem do número de UFCs/mL. As plântulas

também foram avaliadas quanto ao comprimento e massa de matéria seca das raízes.

3.5 Análise de Variância

Os resultados da composição dos exsudatos em açúcares e proteínas foram submetidos

ao cálculo de média e desvio padrão.

Os resultados obtidos da massa de matéria seca das plantas que receberam os

diferentes isolados foram submetidos à análise de variância e posteriormente ao teste de Scott-

Knott ao nível de 5%.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Construção do Sistema Gnotobiótico

O silicone e o algodão de vedação fecharam muito bem o sistema, de forma que pôde

ser esterilizado e mantido nessa condição durante todo o experimento. No entanto, o sistema

tem uma limitação de tempo, para as condições dos experimentos realizados, em torno de 21

dias, e uma evaporação de água que pôde ser solucionada com adição de água destilada e

esterilizada.

O sistema foi construído de modo a ter a vantagem da ausência de microrganismos,

impedindo a decomposição dos exsudatos, pois os microrganismos podem agir como drenos

(BOWEN & ROVIRA, 1976; VAN HEES et al., 2002) ou fontes (RÓZYCKI, 1985; WELCH

et al., 2002) dos compostos orgânicos liberados, ou podem ainda estimular as raízes a

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21

aumentar sua exsudação (MEHARG & KILLHAM, 1991, 1995). Assim, para o objetivo

proposto, a ausência de microrganismos foi fundamental.

Este sistema, em especial, tem a vantagem de coletar os exsudatos em meio líquido,

visto que, segundo NEUMANN & ROMHELD (2001), quando se usam meios sólidos para

estudar exsudatos radiculares, ocorrem interações – adsorção dos exsudatos ao substrato –, o

que pode ser um problema, principalmente na quantificação de seus componentes. Este

método, por sua vez, é simples e reprodutível, pode ser feito em grande escala, e foi criado

para que os exsudatos fossem liberados em solução nutritiva, facilitando a análise, pois não

foi necessária a lavagem de substrato para coleta dos exsudatos.

CASPERSEN et al. (2004) também construíram um sistema gnotobiótico para estudar

exsudação de carbono dissolvido (COD) por alface, destacando como principal problema a

perda de água do sistema por evaporação da solução nutritiva, o que afetaria a concentração

de compostos orgânicos e inorgânicos na solução nutritiva. No entanto também resolveram o

problema pela substituição ou adição de solução nutritiva.

Em dois diferentes sistemas gnotobióticos montados (CASPERSEN et al., 2004;

SANDNES et al., 2005), percebeu-se que o pH da solução nutritiva diminui com o passar do

tempo (até 21 dias). CASPERSEN et al. (2004) ainda alertam que as quantidades de carbono

orgânico dissolvido encontradas podem ter sido subestimadas devido à água aderida ao

sistema radicular. No entanto, seus resultados condizem com outros encontrados na literatura

(HAGGQUIST et al., 1984; DOUSSET et al., 2001 apud CASPERSEN et al., 2004). Além

disso, segundo JONES & DARRAH (1992; 1993a, b), ocorre um equilíbrio de concentração

de compostos orgânicos entre a solução e a raiz, em um volume finito de solução nutritiva

axênica, devido à absorção radicular de compostos orgânicos de baixo peso molecular, como

açúcares e aminoácidos. Portanto, na solução nutritiva ao redor das raízes, a concentração de

compostos que são liberados e reabsorvidos pelas raízes pode refletir a quantidade real

liberada no momento da amostragem.

4.2 Composição de Açúcares dos Exsudatos

Pela análise dos exsudatos no HPLC, detectou-se a presença de uma grande variedade

de açúcares em diferentes concentrações. Foram identificados apenas aqueles que possuíam

padrões já utilizados no laboratório, ou seja, arabinose, galactose, xilose, manose, frutose e

uma provável mistura dos açúcares glicose, sacarose e maltose. Estes três últimos

apresentaram um tempo de retenção muito próximo, sendo difícil separá-los. No entanto, com

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22

a realização de um teste utilizando como eluente uma solução de NaOH 200 mM, apenas com

esses três açúcares, constatou-se que, quando presente, a quantidade de sacarose era

desprezível, e a presença de maltose não pôde ser confirmada, não podendo também ser

desprezada. Por isso, os dados referem-se à quantidade de glicose somada à maltose

(glicose+maltose). Os açúcares presentes em maiores quantidades foram a arabinose, a

glicose+maltose e a frutose. Os demais açúcares encontrados, mas em quantidades muito

baixas foram a galactose, a xilose, a manose e a sacarose.

Pode-se perceber que houve diferenças nas exsudações dos açúcares entre as plantas e

em cada planta nos diferentes períodos de amostragem, como pode ser observado na figura 2.

De maneira geral, observa-se que a exsudação de arabinose aos 7 dias foi maior do que

aos 21, para as três espécies de plantas. Comparando-se a exsudação aos sete dias entre as

três plantas, nota-se que a rúcula exsudou esse açúcar em concentração significativamente

maior do que as outras duas, que não diferiram entre si. Aos 21 dias, a alface exsudou menos

e a rúcula, mais, tendo as três diferido entre si.

Para a mistura glicose + maltose, dentro de cada espécie vegetal, a exsudação foi

também maior aos sete dias que aos 21, para todas as espécies. Aos sete dias, a exsudação da

chicória foi significativamente menor do que a das outras duas plantas, que não diferiram

entre si. Já aos 21 dias todas as plantas diferiram entre si, vindo em ordem decrescente:

rúcula, alface e chicória.

Quanto à frutose, sua presença nos exsudatos de alface e chicória foi maior, dentro de

cada espécie, aos sete que aos 21 dias, enquanto que na rúcula não se observou nenhuma

diferença. Comparando-se as plantas entre si, aos sete dias a exsudação não diferiu, mas aos

21 dias foi significativamente maior na rúcula, depois na alface e, finalmente, na chicória.

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23

Figura 2 - Concentração de arabinose, glicose+maltose e frutose em exsudatos de

alface, rúcula e chicória aos sete e vinte e um dias após emergência da radícula, em condições

gnotobióticas. Cada valor é a média de 3 repetições. Os dados foram expressos em µg do

açúcar por mg de massa de matéria seca da planta.

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

Arabinose

Co

nce

ntr

ação

(µg.

mg-1

)

Arabinose

Alface 7 dias

Alface 21 dias

Rúcula 7 dias

Rúcula 21 dias

Chicória 7 dias

Chicória 21 dias

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

Glicose+ Maltose

Co

nce

ntr

ação

(µg.

mg-1

)

Glicose + Maltose

Alface 7 dias

Alface 21 dias

Rúcula 7 dias

Rúcula 21 dias

Chicória 7 dias

Chicória 21 dias

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

Frutose

Co

nce

ntr

ação

(µg.

mg-1

)

Frutose

Alface 7 dias

Alface 21 dias

Rúcula 7 dias

Rúcula 21 dias

Chicória 7 dias

Chicória 21 dias

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24

Além disso, a chicória diferenciou-se por ser a única a exsudar sacarose em

quantidades traço na avaliação feita aos sete dias, enquanto que xilose e manose e a galactose

estavam presentes em todas as plantas, também em quantidades traço. A rúcula, diferenciou-

se por ser a única a exsudar galactose em quantidades traço, aos 21 dias, enquanto nenhuma

das plantas exsudou sacarose, xilose e manose neste período (dados não mostrados).

De maneira geral, a glicose+maltose e a arabinose tiveram exsudações estatisticamente

diferentes nas plantas na comparação entre os dois períodos amostrados. Além disso, o açúcar

presente em maiores concentrações em todas as plantas foi a frutose. Estes dados concordam,

em parte, com o trabalho de KAMILOVA et al. (2006), que também encontraram a frutose

como o principal constituinte dos exsudatos de tomate, pepino e pimenta, além da

glicose+maltose, embora em diferentes quantidades entre as plantas, como no presente

trabalho, e como foi visto também por LUGTENBERG et al. (1999).

Todavia, KAMILOVA et al. (2006) encontraram diferentes concentrações dos

mesmos açúcares, nas diferentes culturas, assim como nos diferentes períodos, sendo que a

quantidade total de açúcares aumentou com o passar do tempo (14 para 21 dias), o que difere

dos resultados aqui apresentados, pois quando houve diferenças entre os períodos amostrados,

a maior exsudação ocorreu sempre aos 7 dias.

Essa alteração na concentração de substâncias componentes dos exsudatos vegetais

também foi detectada por GRAYSTON et al. (1996), que observou uma mudança da

composição de ácidos orgânicos encontrados nos exsudatos de árvores, assim como um

aumento do carbono orgânico dissolvido, com o passar do tempo, comprovando o papel do

estádio de desenvolvimento e da biomassa da muda nos aspectos quantitativo e qualitativo da

exsudação radicular.

Assim, tanto a composição quanto a concentração de açúcares exsudados variou de

acordo com a espécie e com a idade da planta, e essas diferenças devem influenciar a

composição da microbiota rizosférica e a colonização radicular ao longo do desenvolvimento

da planta, como observado por LUGTENBERG et al. (1999), em plantas de tomate, e por

BAUDOIN et al. (2003), que encontraram diferentes estruturas das comunidades bacterianas,

quantitativa e qualitativamente, de acordo com o estádio de desenvolvimento da planta de

milho e com a região da raiz. MALONEY et al. (1997) obteve resultados semelhantes ao

estudar as diferentes comunidades presentes em diferentes porções das raízes de plantas de

tomate e alface, encontrando também diferenças na composição e quantidade de exsudatos

liberados pelas diferentes plantas.

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25

Sabe-se, por exemplo, que as espécies fluorescentes de Pseudomonas são favorecidas

em rizosfera de alface em comparação com as outras duas espécies (rúcula e chicória)

(COELHO et al., 2007). Sabe-se também, pelo amplo estudo realizado por STANIER et al.

(1966), que a maioria das espécies fluorescentes de Pseudomonas sp. são capazes de utilizar a

glicose e a frutose como única fonte de carbono e energia, mas não possuem a mesma

capacidade com relação aos outros açúcares estudados (arabinose, maltose, sacarose, xilose e

manose). Neste mesmo estudo, por exemplo, dos 274 isolados estudados, 99% usaram glicose

e 91% utilizaram frutose, enquanto nenhum utilizou a arabinose e apenas 1% utilizou a

maltose como única fonte de carbono e energia.

Dessa forma, os açúcares estudados presentes nos exsudatos de alface em maior

concentração parecem não serem os únicos responsáveis pela aparente “preferência” das

bactérias do grupo fluorescente do gênero Pseudomonas pela rizosfera de alface, conforme

observaram COELHO et al. (2007). De fato, LUGTENBERG (1999) concluiu que a

habilidade em usar os açúcares exsudados não desempenha um papel tão importante na

colonização radicular, concluindo que outros fatores parecem influenciar a colonização, como

os ácidos orgânicos e polímeros.

Adicionalmente, KAMILOVA et al. (2006) mostraram que os exsudatos de tomate,

pepino e pimenta continham muito mais ácidos orgânicos que açúcares, e que o ácido cítrico

predomina completamente sobre os outros encontrados, sendo a maior fonte de carbono

encontrada nos exsudatos. No entanto não se sabe se essa alta concentração de ácidos é um

fator importante na rápida colonização radicular inicial, necessária para o estabelecimento do

isolado. Essa possível importância não foi avaliada neste trabalho.

4.3 Concentração de Proteínas dos Exsudatos

Os valores médios da concentração de proteínas encontrados nos exsudatos de alface,

chicória e rúcula, nos diferentes períodos de coleta, podem ser vistos na figura 3. Os dados

foram transformados de mg/mL para µg/mg, devido à massa de matéria seca das plantas.

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26

Figura 3 - Valores médios do conteúdo de proteína nos exsudatos de alface, chicória e rúcula,

aos 7 e 21 dias de coleta. Dados expressos em µg de proteínas por mg de massa de matéria

seca da planta.

Não houve diferenças significativas no teor de proteínas presentes no exsudato entre

os diferentes períodos em cada planta, e também entre as plantas. Não foi objetivo deste

trabalho identificar as proteínas exsudadas e, portanto, não se conhece a composição de

proteínas e de aminoácidos. Podem ser proteínas diferentes, que influenciariam de diversas

maneiras a microbiota que se utiliza dos exsudatos. No entanto, se se considerar apenas a

quantidade total de proteínas, não foi possível detectar diferenças entre as exsudações das três

espécies vegetais que pudessem explicar diferenças de colonização.

Não se encontraram dados na literatura acerca da composição de proteínas dos

exsudatos radiculares. No entanto alguns pesquisadores (ROVIRA, 1969; SMITH, 1970)

citam sua composição em aminoácidos. Segundo esses autores, os aminoácidos juntamente

com os açúcares e ácidos orgânicos compreendem a maior parte dos exsudatos radiculares,

enquanto as proteínas e mucilagem compreendem a menor parte. As proteínas geralmente são

exsudadas juntamente com pequenas moléculas, como sinalizadores, ou seja, auxiliando na

comunicação entre raízes, entre raiz e microrganismos ou ainda entre microrganismos

(WALKER et al., 2003).

0

5

10

15

20

25

30

35

Co

nce

ntr

ação

(µg.

mg-1

)

Proteína

Proteína

Alface 7 dias

Alface 21 dias

Rúcula 7 dias

Rúcula 21 dias

Chicória 7 dias

Chicória 21 dias

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27

4.4 Utilização, pelos Isolados Bacterianos, dos Açúcares Contidos nos Exsudatos

Pode-se observar pela tabela 3 que todos os isolados cresceram no meio B de King

(KING et al., 1954), um meio próprio para evidenciação do crescimento de Pseudomonas do

grupo fluorescente, pela emissão de fluorescência pelos isolados sob luz com comprimento de

onda próximo ao ultravioleta. O meio B é de composição complexa e tem outras substâncias

que podem fornecer energia às bactérias. Já no meio mínimo, os açúcares são a única forma

que os microrganismos têm de obter energia. No meio B, dada sua composição, outras

substâncias podem ter concorrido para permitir o crescimento das bactérias, não apenas o

açúcar, como, por exemplo, um eventual produto da decomposição da proteose peptona, que

serve como fonte principalmente de aminoácidos e nitrogênio, mas também como fonte de

carbono, enxofre, vitaminas e elementos traço.

Como houve crescimento de todos os isolados, em todas as concentrações de açúcares

no meio B, mas não no meio mínimo, considera-se que este último foi o meio de cultura

adequado para diferenciar a eventual utilização de açúcares pelas bactérias. No meio mineral

mínimo (M) com adição dos açúcares arabinose, glicose e frutose em alta concentração, ou

seja, 8 g L-1

(A8, G8 e F8), a maioria dos isolados cresceu, demonstrando a utilização dos

açúcares, principalmente da glicose (Tabela 3).

No entanto, no meio mineral mínimo com adição dos açúcares arabinose, glicose e

frutose nas concentrações encontradas nos exsudatos, ou seja, 2 mg L-1

, 3 mg L-1

e 5 mg L-1

,

respectivamente (A2, G3 e F5), nenhum dos isolados cresceu, mostrando que, pelo menos

com tais concentrações, nenhum deles utiliza esses açúcares como única fonte de carbono e

energia.

Já na concentração mais alta, 6 dos 14 isolados (LP16, LP17, LP25, LP28, LP44 e

Ps871b) utilizaram a arabinose como única fonte de energia, mas não nas concentrações

encontradas nos exsudatos; apenas 1 isolado não usou a frutose (Ps852c) e todos os isolados

usaram a glicose, mas novamente não nas concentrações utilizadas nos exsudatos.

Deve-se considerar que a planta está liberando uma grande variedade de compostos

orgânicos (BOWEN & ROVIRA, 1987; GRAYSTON et al., 1998), e, portanto, que as

bactérias irão colonizar a raiz pela utilização de vários compostos dos exsudatos mesmo que

as concentrações de açúcares encontradas nos exsudatos analisados neste trabalho sejam

consideradas baixas. A glicose foi o único açúcar utilizado, no meio mínimo, por todos os

isolados – seguida pela frutose, que apenas um isolado não utilizou. Como o crescimento

ocorreu no meio mínimo, pode-se definir a utilização da glicose realmente como fonte de

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energia. Observou-se que, de maneira geral, este foi o segundo açúcar liberado em maiores

concentrações pelas plantas, ficando atrás apenas da frutose. Bioquimicamente, é o açúcar de

mais fácil decomposição, que pode ser utilizado pela maioria das bactérias como única fonte

de carbono e energia (STANIER et al., 1966).

Tabela 3 - Utilização, pelos isolados bacterianos, dos açúcares arabinose (A), glicose (G) e

frutose (F) contidos nos exsudatos e em concentrações adequadas.

K M

Isolados A2 A8 F5 F8 G3 G8 A2 A8 F5 F8 G3 G8

LP10 + + + + + + - - - + - +

LP12 + + + + + + - - - + - +

LP13 + + + + + + - - - + - +

LP16 + + + + + + - + - + - +

LP17 + + + + + + - + - + - +

LP22 + + + + + + - - - + - +

LP25 + + + + + + - + - + - +

LP28 + + + + + + - + - + - +

LP44 + + + + + + - + - + - +

LP47 + + + + + + - - - + - +

Ps852c + + + + + + - - - - - +

Ps864c + + + + + + - - - + - +

Ps866b + + + + + + - - - + - +

Ps871b + + + + + + - + - + - +

Obs.: K= meio B de King; M=meio mineral mínimo; A2=arabinose 2 mg/L; G3=glicose 3 mg/L; F5=frutose 5 mg/L; A8=arabinose 8g/L; G8=glicose 8g/L; F8=frutose 8g/L.

Crescimento simbolizado por + e não-crescimento, por - .

Nos registros de crescimento dos isolados no meio mínimo observa-se que houve

confirmação do que foi observado por GRAYSTON et al. (1998). Os autores relataram que

diferentes comunidades, de diferentes rizosferas, têm padrões característicos de utilização das

fontes de carbono. Isso leva ao fato de que diferentes plantas devem possuir diferentes

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comunidades rizosféricas, tanto quanto ao número de microrganismos, quanto à presença das

populações. Neste trabalho, com Pseudomonas, observou-se que os isolados utilizaram todas

as fontes de carbono adicionadas, mas houve diferenças na utilização entre os isolados

estudados.

A utilização diferencial de fontes de carbono entre as culturas sugere que a

disponibilidade de variadas fontes de carbono nas rizosferas pode definir a proliferação de

comunidades particulares de microrganismos (GRAYSTON et al., 1998), conforme também

observado por COELHO et al. (2007). Nesse último trabalho sugeriu-se que a diversidade de

microrganismos encontrada nas diferentes espécies de plantas – entre as quais se incluíam as

espécies estudadas neste trabalho – poderia ser explicada pela variação de compostos de

carbono exsudados pelas plantas.

Neste trabalho, os isolados se comportaram de maneira diferente: seis deles foram

capazes de utilizar os três açúcares, sete utilizaram glicose e frutose mas não arabinose e

apenas um usou somente a glicose como única fonte de carbono e energia. Assim, devem

colonizar diferentes rizosferas, que os beneficiem com a exsudação dos compostos

preferencialmente utilizados. Os isolados que conseguem crescer na presença de maior

número de açúcares têm vantagem competitiva na rizosfera em comparação com outros

isolados que utilizam uma gama menor de açúcares.

Sendo assim, a estrutura da comunidade seria característica de cada ambiente

rizosférico. MALONEY et al. (1997), estudando a rizosfera de alface e tomate, verificaram

que dois importantes fatores que influenciam as populações bacterianas e a estrutura das

comunidades rizosféricas são: as interações competitivas entre os microrganismos e os

aspectos fisiológicos com respeito à afinidade por substratos. Assim, o crescimento de

diferentes populações em determinadas regiões da raiz dependeria das quantidades de carbono

liberados por essas regiões, característica que varia espacialmente na rizosfera e entre as

plantas, e da forma como os microrganismos utilizam essas fontes de carbono.

Utilizando métodos mais apurados como os moleculares, utilizando primers

específicos, BERG & SMALLA (2009), em sua revisão, relataram que as espécies de plantas

e suas posições filogenéticas podem influenciar na composição da comunidade rizosférica.

Por exemplo, espécies de gramíneas monocotiledôneas mostraram alta similaridade em suas

comunidades rizosféricas, como demonstrado também em outros estudos citados.

Assim existem muitos estudos que visam determinar a estrutura de comunidades

rizosféricas de diferentes plantas e o porquê da variação ou não, e têm apontado para fatores

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30

como esses – espécie da planta e zona da raiz, compostos exsudados – ou ainda o tipo de solo,

além de alguns outros fatores (RIDDER-DUINE et al., 2005; MARSCHNER et al., 2001).

4.5 Colonização das Raízes pelos Isolados

Pela análise visual dos sistemas gnotobióticos contendo as plântulas de alface, chicória

e rúcula, cujas sementes haviam sido colocadas em suspensões de bactérias, foi possível

observar a colonização de todas as raízes, ou seja, em todos os casos havia uma fina película

branca translúcida ao redor das raízes. Apenas os controles, ou seja, as plantas que não

receberam o inóculo não apresentaram película e a solução nutritiva se encontrava totalmente

transparente.

Pelo plaqueamento das raízes também se constatou a colonização de todas as raízes,

como pode ser exemplificado pela figura 4. Sob luz com comprimento de onda visível,

observa-se a área imediatamente ao redor de cada raiz, totalmente colonizada. Sob luz com

comprimento de onda próximo ao ultravioleta essas colônias apresentaram-se fluorescentes,

em todos os casos, já que se tratava de espécies fluorescentes do gênero Pseudomonas.

O teste de observação da colonização no sistema gnotobiótico e o teste de

plaqueamento das raízes em meio B têm uma característica em comum: nos dois casos as

bactérias estavam na presença de exsudatos radiculares. De certa forma, a colonização de

todas as raízes por todos os isolados mostra que o ambiente tinha condições ideais de

temperatura, luminosidade, entre outras características, pois o ambiente era controlado. Além

disso, possuía compostos usados como fontes de energia pelos isolados, para crescimento e

consequente colonização de toda a raiz, vindos exclusivamente dos exsudatos radiculares, ou

seja, a composição dos exsudatos das três espécies de plantas foi satisfatória para manter o

crescimento dos isolados.

Assim, embora a composição observada dos exsudatos não seja idêntica para as três

plantas estudadas, os isolados puderam se beneficiar de todas, utilizando os exsudatos

liberados para seu crescimento.

Também há o fato de que os isolados vieram de diferentes plantas: 11 isolados de

alface, 2 de rúcula e 1 de chicória. No entanto, tiveram sucesso em colonizar todas as raízes,

mostrando que não são específicas das espécies de plantas de onde foram obtidos, como

mostram também os resultados obtidos por SOTTERO et al. (2006), em que isolados obtidos

de plantas variadas foram benéficas em alface, embora essa especificidade exista em alguns

casos, como mostram os trabalhos de CHANWAY et al. (1988) e SICILIANO et al. (1998).

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Figura 4 - Raízes de alface colonizadas ou não (controle) por isolado de Pseudomonas. a. Sob

luz com comprimento de onda próximo ao ultravioleta, onde se observa a emissão de

fluorescência; b. Sob luz com comprimento de onda visível; neste caso pode-se ver com mais

detalhe as raízes e as colônias ao redor; c. Controle, raízes não colonizadas.

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No entanto, sabe-se também que as bactérias do gênero Pseudomonas são conhecidas

por estarem presentes em ambientes variados, podendo se utilizar de um amplo espectro de

compostos orgânicos, além de poderem se desenvolver em meio com apenas um composto

orgânico como fonte de carbono e energia (STANIER et al., 1966; BUCHANAN &

GIBBONS, 1974).As plantas avaliadas quanto à presença de uma fina película ao redor das

raízes, como explicado anteriormente, também foram secas em estufa, de onde se obteve a

massa de matéria seca total, cujas médias podem ser vistas na tabela 4.

Em alface e rúcula observa-se que não houve diferença significativa entre os

tratamentos, ou seja, a massa de matéria seca alcançada por estas plantas foi semelhante,

independente do isolado inoculado e não diferiu do controle sem inoculação (Tabela 4).

Em chicória, no entanto, houve diferença entre os tratamentos. As plantas que

receberam os isolados LP10, LP17, LP22, LP28, LP47, Ps852c e Ps871b foram as que

apresentaram as maiores massas. Ressalta-se que entre estes isolados está o que foi isolado de

chicória (LP22). Ao mesmo grupo pertence o controle, mostrando que esses isolados não

beneficiaram as plântulas em seu crescimento. Semelhantemente, a maioria dos isolados

utilizados por SOTTERO et al. (2006) não promoveram crescimento. Há também dois grupos

intermediários, composto por quatro – LP13, LP16, Ps864c e Ps866c – e um – LP 25 –

isolados. Por fim houve dois tratamentos – LP12 e LP44 – em que as plantas praticamente não

se desenvolveram. Com exceção do primeiro grupo, que não diferiu do controle, em todos os

outros observou-se efeito deletério das bactérias sobre as plântulas. SINDHU et al. (2002)

também detectou efeito inibitório de Pseudomonas spp. na elongação de raízes de grão-de-

bico e interrupção do crescimento das plântulas. De forma semelhante, FREITAS et al (2003)

utilizou um isolado de Pseudomonas (Ps 91) em experimentos com alface, sendo que em

alguns casos este isolado comportou-se beneficamente, e em outros mostrou-se patogênico,

dependendo do substrato utilizado.

Em geral notou-se que não houve estímulo ao crescimento das plântulas pelos isolados

bacterianos. No entanto, notou-se um efeito patogênico de alguns isolados, como se sabe que

é possível ocorrer. Porém, deve-se considerar que a massa de matéria fresca foi obtida quando

as plântulas eram ainda muito jovens (10 dias), e pode ser que nesse período ainda não fosse

possível observar a promoção de crescimento. Pode acontecer, por exemplo, de ocorrer parada

de crescimento numa fase muito inicial do desenvolvimento da planta e sua retomada num

período posterior, como demonstrado por SINDHU et al. (2002). Além disso, um número

maior de repetições poderia resultar em dados mais homogêneos e em um menor coeficiente

de variação.

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33

Tabela 4 - Valores médios de massa de matéria seca total (mg) de alface, chicória e rúcula

que receberam inóculo de diferentes isolados.

Isolado Espécie vegetal

Alface Chicória Rúcula

Controle 1,20 a 1,16 a 1,14 a

LP10 1,26 a 1,10 a 1,64 a

LP12 1,02 a 0,10 d 1,48 a

LP13 1,08 a 0,76 b 0,88 a

LP16 0,98 a 0,86 b 1,46 a

LP17 1,38 a 1,06 a 1,66 a

LP22 1,08 a 1,22 a 1,70 a

LP25 1,66 a 0,52 c 1,36 a

LP28 0,76 a 1,08 a 1,78 a

LP44 0,96 a 0,10 d 1,42 a

LP47 1,24 a 1,28 a 1,32 a

Ps852c 1,44 a 1,10 a 1,72 a

Ps864c 1,20 a 0,96 b 1,56 a

Ps866c 1,34 a 0,88 b 2,02 a

Ps871b 1,26 a 1,26 a 1,56 a

CV (%) 40,51 24,84 43,98

Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas não diferem entre si pelo teste de Scott-Knot ao nível

de 5%.

4.6 Considerações Finais

Dessa forma, em geral, com o sistema gnotobiótico proposto foi possível analisar a

composição dos exsudatos, pelo menos em açúcares, embora se saiba que na natureza essa

composição pode ser um pouco modificada devido à presença de microrganismos e outros

fatores, como o substrato ou a composição de nutrientes no solo (KAMILOVA et al., 2006;

GRAYSTON et al., 1996; ROVIRA, 1969).

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34

A frutose, a glicose e a arabinose, nessa ordem, foram os açúcares encontrados em

maior concentração para as três espécies de plantas, resultado semelhante ao encontrado por

KAMILOVA et al. (2006) em seu trabalho, embora em concentrações frequentemente

diferentes entre as plantas e períodos de amostragem, ainda que em algumas ocasiões as

exsudações tenham sido estatisticamente semelhantes.

Todos os isolados colonizaram as raízes de alface, chicória e rúcula, independente de

serem oriundos de diferentes plantas, embora a maioria tenha sido originado de alface. Claro,

a visualização de crescimento abundante no meio de cultura deve ser principalmente resultado

do próprio meio, o B de King. No entanto, na visualização macroscópica do crescimento de

uma película ainda no interior do sistema gnotobiótico, a indicação de crescimento ocorreu

para todos os isolados. Não é possível, com os dados obtidos, concluir pela exsudação de

açúcares como o principal diferencial na colonização de raízes de alface por bactérias do

grupo fluorescente de Pseudomonas sp. em relação a chicória e rúcula.

No entanto, se se considerar a tabela 4, com os valores de matéria seca das plantas, a

coluna que apresenta os dados referentes à chicória, são os únicos em que os isolados tiverem

efeitos significativamente diferentes entre si, as bactérias provenientes de alface nem sempre

tiveram o melhor efeito na chicória; no entanto, a única bactéria obtida de chicória esteve no

grupo das maiores plântulas. Todavia, isso pode ser considerado apenas evidências, sendo

necessários mais estudos a respeito. RIDDER-DUINE et al. (2005) não encontraram uma

forte dependência entre comunidade rizosférica e a espécie da planta como também mostram

os resultados de GRAYSTON et al. (1998). Neste trabalho, quando se avaliou o crescimento

bacteriano em meios de cultura com os açúcares encontrados, houve algumas diferenças entre

os isolados. O efeito das bactérias sobre a chicória, especificamente, parece ter revelado

algumas evidências de que, ainda que não se tenham dados definitivos, estudos mais

detalhados, incluindo tanto outras substâncias na análise de exsudação como mais isolados

provenientes de cada planta, poderão trazer luz a esse aspecto. A concentração de proteínas de

maneira geral, também não apresentou diferenças. Mas também se sabe que a composição dos

exsudatos influencia diretamente a microbiota que colonizará a raiz (GRAYSTON et al.,

1998; LANDI et al, 2006). Portanto, há necessidade de aprofundar os estudos.

Seis isolados utilizaram os 3 açúcares presentes em maior quantidade (glicose, frutose

e arabinose) e 7 utilizaram os dois açúcares presentes em maior quantidade (frutose e glicose).

Ou seja, pelo menos quanto aos açúcares presentes, 13 dos 14 isolados utilizam pelo menos 2

dos 3 açúcares presentes em maiores quantidades. KAMILOVA et al. (2006) também

atestaram a utilização do ácido cítrico, a maior fonte de carbono encontrado nos exsudatos das

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35

plantas avaliadas em seu trabalho (tomate, pepino e pimenta), pelos quatro isolados de

Pseudomonas selecionados por serem bons colonizadores das raízes das mesmas plantas. Esse

é um fato importante, visto que a utilização dos principais componentes exsudados seria uma

importante característica para uma colonização eficiente da rizosfera

Assim, embora os açúcares sozinhos pareçam explicar a colonização diferencial dos

isolados em algumas situações mas não em outras, podem ser um dos fatores que influencie,

visto que uma composição parecida resultou em uma colonização aparentemente semelhante.

Talvez se a composição de açúcares e proteínas apresentasse diferenças significativas entre as

plantas, a colonização fosse diferente. Pode ser, ainda, que no campo os mesmos isolados

colonizem diferentemente as mesmas plantas, devido a fatores como a presença de outros

organismos já existentes no solo, por si só um ambiente muito mais complexo

(DEVLIEGHER et al., 1995).

Embora a composição de exsudatos das plantas realmente tenha um efeito seletivo nas

bactérias que colonizam sua rizosfera, para RIDDER-DUINE et al. (2005) o que irá

determinar a colonização rizosférica, é o conjunto de bactérias competitivas que habitam o

solo não rizosférico, ou seja, as bactérias presentes no solo não rizosférico, mas que têm

capacidade de utilizar os compostos exsudados pelas plantas, tais como os açúcares,

aminoácidos e ácido orgânicos mais comuns.

Neste trabalho, os isolados colonizaram as raízes de todas as plantas, e influenciaram

na massa de matéria seca obtida. Na comparação feita entre os isolados, em alface e rúcula

todos obtiveram efeitos semelhantes, mas em chicória a influência foi diferente. Vários

isolados podem colonizar as raízes, mas os efeitos obtidos serão diferentes.

Assim, os açúcares ou proteínas sozinhos parecem não explicar a colonização

preferencial de Pseudomonas em raízes de alface, como relatado por COELHO et al. (2007),

embora esse efeito não tenha sido observado neste trabalho. Aqui, a composição parecida dos

exsudatos, parece ter favorecido uma colonização semelhante. É importante lembrar que

houve um número limitado de componentes analisados, o que pode levar a conclusões menos

fundamentadas.

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36

5 CONCLUSÕES

Frutose, glicose+maltose e arabinose foram os açúcares encontrados em maiores

concentrações nos exsudatos de alface, chicória e rúcula

De maneira geral, a exsudação de açúcares foi maior no estádio inicial de

desenvolvimento, para as três plantas estudadas.

As proteínas estavam presentes em concentrações semelhantes nas diferentes plantas e

diferentes períodos.

Nenhum isolado utilizou os açúcares, em meio de cultura, nas concentrações

encontradas nos exsudatos.

As raízes de todas as plantas foram colonizadas por todos os isolados,

independentemente da planta de origem.

Os açúcares sozinhos, na quantidade e na composição em que foram avaliados, ou as

proteínas nas quantidades encontradas, não explicaram a colonização preferencial de

Pseudomonas em raízes de alface.

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