AULA 10 - PERÍODOS

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PORTUGUÊS - CURSO REGULAR TEÓRICO PROFESSORA: CLÁUDIA KOZLOWSKI Português para concursos – Profª Claudia Kozlowski – AULA 10 - 1 - AULA 10 - PERÍODOS Oi, pessoal Tudo certinho? Estudando bastante? Vamos encerrar as buscas, iniciadas na aula 8, pelas letras de música que contenham o pronome CUJO (medalha de ouro para a nossa colega Cláudia Leffler, que trouxe nada menos do que ONZE letras de música, algumas com erros que, espero, devem ser da transcrição do sítio da internet). Destaco a seguinte canção de Geraldo Vandré e Theo de Barros (sempre digna de ser cantada): Prepare o seu coração Pras coisas que eu vou contar Eu venho lá do sertão Eu venho lá do sertão Eu venho lá do sertão E posso não lhe agradar Aprendi a dizer não Ver a morte sem chorar A morte, o destino tudo A morte, o destino tudo Estava fora de lugar Eu vivo pra consertar Na boiada já fui boi Mas um dia me montei Não por um motivo meu Ou de quem comigo houvesse Que qualquer querer tivesse Porém por necessidade Do dono de uma boiada Cujo vaqueiro morreu (...) Mais um trecho de um lindo poema de nosso maior POETA, que nos deixou há 30 anos (nossa!!!)! “É aí que estou acorrentado por mim mesmo à terra que sou eu mesmo Pequeno ser imóvel a quem foi dado o desespero Vendo passar a imensa noite que traz o vento no seu seio Vendo passar o vento que entorna o orvalho que a aurora despeja na boca dos lírios Vendo passar os lírios cujo destino é entornar o orvalho na poeira da terra que o vento espalha Vendo passar a poeira da terra que o vento espalha e cujo destino é o meu, o meu destino Pequeno arbusto parado, poeira da terra preso à poeira da terra, pobre escravo dos príncipes loucos.” (O Escravo) Vamos analisar mais uma letra que nos foi trazida:

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AULA 10 - PERÍODOS

Oi, pessoal

Tudo certinho? Estudando bastante?

Vamos encerrar as buscas, iniciadas na aula 8, pelas letras de música que contenham o pronome CUJO (medalha de ouro para a nossa colega Cláudia Leffler, que trouxe nada menos do que ONZE letras de música, algumas com erros que, espero, devem ser da transcrição do sítio da internet).

Destaco a seguinte canção de Geraldo Vandré e Theo de Barros (sempre digna de ser cantada):

Prepare o seu coração Pras coisas que eu vou contar Eu venho lá do sertão Eu venho lá do sertão Eu venho lá do sertão E posso não lhe agradar

Aprendi a dizer não Ver a morte sem chorar A morte, o destino tudo A morte, o destino tudo Estava fora de lugar Eu vivo pra consertar

Na boiada já fui boi Mas um dia me montei Não por um motivo meu Ou de quem comigo houvesse Que qualquer querer tivesse Porém por necessidade Do dono de uma boiada Cujo vaqueiro morreu

(...)

Mais um trecho de um lindo poema de nosso maior POETA, que nos deixou há 30 anos (nossa!!!)!

“É aí que estou acorrentado por mim mesmo à terra que sou eu mesmo Pequeno ser imóvel a quem foi dado o desespero Vendo passar a imensa noite que traz o vento no seu seio Vendo passar o vento que entorna o orvalho que a aurora despeja na boca dos lírios Vendo passar os lírios cujo destino é entornar o orvalho na poeira da terra que o vento espalha Vendo passar a poeira da terra que o vento espalha e cujo destino é o meu, o meu destino Pequeno arbusto parado, poeira da terra preso à poeira da terra, pobre escravo dos príncipes loucos.”

(O Escravo)

Vamos analisar mais uma letra que nos foi trazida:

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Viagem - João de Aquino e Paulo César Pinheiro

Ó, tristeza me desculpe, estou de malas prontas Hoje a poesia veio ao meu encontro, já raiou o dia, vamos viajar Vamos indo de carona Na garupa leve do vento macio Que vem caminhando desde muito longe, lá do fim do mar

Vamos visitar a estrela da manhã raiada Que pensei perdida pela madrugada, mas que vai escondida querendo brincar Senta nessa nuvem clara, minha poesia ainda se prepara Traz uma cantiga,vamos espalhando música no ar

Olha quantas aves brancas, minha poesia Dançam nossa valsa pelo céu que o dia fez todo bordado de raios de sol Ó, poesia, me ajude,vou colher avencas, lírios, rosas, dálias Pelos campos verdes que você batiza de jardins do céu

Mas pode ficar tranquila, minha poesia Pois nós voltaremos numa estrela guia, num clarão de lua quando serenar Ou talvez até, quem sabe, nós só voltaremos no cavalo baio No alazão da noite, CUJO nome é raio, raio de luar

Os dois últimos versos registram o emprego correto do pronome relativo CUJO. O nome do cavalo baio (castanho) é RAIO DE LUAR. A relação entre NOME e CAVALO/ALAZÃO justifica o emprego do pronome.

Até agora, fizemos diversas análises em relação aos elementos que compõem uma oração – sintaxe de concordância: harmonia entre verbo e sujeito (concordância verbal) ou entre o nome e os elementos a ele relacionados (concordância nominal); sintaxe de regência: relação entre o verbo (regência verbal) ou adjetivo, advérbio e substantivo (regência nominal) em função de seus complementos.

Para isso, analisamos a estrutura interna da oração. Para essa análise sintática, lançamos mão, muitas vezes, de uma só oração. Isso significa que a análise se realizava em um período simples.

A partir da aula de hoje, veremos que, algumas vezes, em vez de um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, temos uma oração que representa esses nomes. Forma-se, assim, o período composto.

A aula de hoje certamente lhe parecerá familiar. Muitos dos conceitos já foram apresentados em aulas anteriores.

Vamos relembrar alguns deles:

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Período Simples - É enunciado que possui uma única oração, que se chama oração absoluta.

Período Composto - É o período constituído de duas ou mais orações, sabendo-se que cada oração é, obrigatoriamente, estruturada em torno de um verbo.

O período composto pode ser formado por COORDENAÇÃO (orações independentes) ou SUBORDINAÇÃO (orações dependentes).

I - ORAÇÕES COORDENADAS

As orações coordenadas são independentes sintaticamente. Não exercem nenhuma função sintática em relação a outra dentro do período.

Quando não são introduzidas por conjunções (conectivos), são classificadas como assindéticas.

Vim, vi, venci.

Se introduzidas por conjunções (conectivo), classificam-se como sindéticas, recebendo o nome da conjunção que as introduzem.

Lembre-se: não se deve classificar uma oração considerando apenas a conjunção que a introduz. Deve-se, sim, analisar o seu sentido na frase para, então, classificar a conjunção/oração.

a) Aditivas (e, nem, mas também...)

O ministro não pediu demissão e manteve sua posição anterior.

b) Adversativa (mas, porém, todavia, contudo, entretanto)

O ministro pediu demissão, mas o presidente não a aceitou.

c) Explicativas (que, porque, e a palavra pois antes do verbo)

Peçam a demissão dos seus assessores, pois eles pouco fazem para o bem do povo.

d) Conclusivas (logo, portanto, por conseguinte, por isso, de modo que e a palavra pois no meio ou fim da oração)

Os assessores pouco fazem pelo povo; devem, pois, deixar seus cargos.

e) Alternativas (ou, ou ... ou, ora ... ora, quer ... quer, seja ... seja, já ... já, talvez ... talvez)

O Congresso deve ser soberano, ou perderá a legitimidade.

Pode ocorrer coordenação entre orações que se subordinam à mesma oração principal. Veja o seguinte exemplo:

Espero que passe no concurso e que seja o primeiro colocado.

As orações “que passe no concurso” e “que seja o primeiro colocado” são orações subordinadas em relação à oração principal “Espero”. No entanto, entre si, são coordenadas, pois estão ligadas por uma conjunção coordenativa aditiva. Nesses casos, pode-se manter apenas a primeira conjunção integrante (Espero que passe no concurso e seja o primeiro colocado).

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ORAÇÕES INTERCALADAS – Sob essa denominação, incluem-se as orações que, apresentando informações adicionais, geralmente para esclarecimento, não são introduzidas por conjunções coordenativas.

- Vá embora! – disse-me ela.

Ele, que eu saiba, nunca estudou muito.

Boaventura, permita-me o trocadilho, era sujeito de boa sorte.

II - ORAÇÕES SUBORDINADAS

São orações dependentes sintaticamente de outra.

Exercem uma função sintática correspondente ao substantivo, adjetivo ou advérbio, ou seja, esse termo sintático (sujeito, objeto direto, objeto indireto etc.) assume a forma de uma oração.

Por isso, há orações principais (em que estão presentes os termos regentes) e subordinadas (termos regidos).

Por exemplo:

Os credores internacionais esperavam / que o Brasil suspendesse o pagamento dos juros.

Nesse exemplo, a segunda oração está subordinada à primeira, pois exerce função sintática de objeto direto do verbo esperar (termo regente presente na oração principal):

Os credores internacionais esperavam ISSO - o quê?

Resposta: “que o Brasil suspendesse o pagamento dos juros”

Essa é uma oração subordinada substantiva (está no lugar de um substantivo) que exerce, em relação à oração principal, a função sintática de objeto direto.

Seu nome é oração subordinada substantiva objetiva direta.

Meu primo que mora no Rio de Janeiro virá para a festa.

Usamos um exemplo parecido com esse na aula passada. Eu pergunto: quantos primos eu tenho?

Resposta: Com certeza, mais de um, pois a oração que se liga de forma adjetiva ao substantivo primo tem valor restritivo, ou seja, de todos os primos que eu tenho, aquele que mora no Rio de Janeiro virá para a festa.

A oração subordinada adjetiva “que mora no Rio de Janeiro” exerce a função sintática de adjunto adnominal em relação à oração principal (limita o alcance do substantivo “primo”, designando-lhe uma característica própria: morador do Rio de Janeiro).

É, portanto, uma oração subordinada adjetiva restritiva.

Desde que você me ligou, não penso em outra coisa.

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A oração destacada indica o momento em que o fato expresso na oração principal teve início.

Veja que a locução conjuntiva “desde que” apresenta valor temporal, atribuindo à outra oração uma circunstância (de tempo, momento).

Essa é, logo, uma oração subordinada adverbial temporal.

Veja, agora, uma curiosidade: a locução conjuntiva “desde que” poderia apresentar outro valor à estrutura.

Desde que você devolva o que levou, não darei queixa na Delegacia.

E, agora? Qual é o valor da oração subordinada? Seu valor é CONDICIONAL (“Não darei queixa SE você devolver o que levou”).

É por isso que, repito, só podemos classificar uma oração em função do valor que ela apresenta na estrutura.

Vamos ver, agora, como classificar as orações subordinadas.

1 - ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS

São aquelas que exercem função sintática própria de um substantivo.

SÃO INICIADAS POR CONJUNÇÃO INTEGRANTE.

Na identificação dessas orações, apresentamos:

- sua condição de subordinada;

- sua classe gramatical (substantiva);

- e a função sintática que exerce em relação à principal (sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo do sujeito, aposto ou agente da passiva).

Assim temos:

a) Subjetiva – exerce a função de sujeito em relação ao verbo da principal.

É importante / que tenhamos o equilíbrio da balança comercial.

É importante ISSO.

ISSO = que tenhamos o equilíbrio da balança comercial � SUJEITO.

Ainda se espera / que o governo mude as normas do imposto de renda.

CUIDADO COM A VOZ PASSIVA ��� O verbo ESPERAR é transitivo direto e está acompanhado de um pronome SE – APASSIVADOR – com ideia passiva = caso de voz passiva sintética.

O que se espera (o que é esperado?)?

Resposta: “que o governo mude...” � SUJEITO

Ainda era esperado / que a equipe palmeirense se reabilitasse.

Agora, temos um caso de voz passiva analítica:

Ainda era esperado ISSO.

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ISSO = que a equipe palmeirense se reabilitasse � SUJEITO.

Consta / que haverá mudanças na equipe, caso o presidente seja reeleito.

O verbo CONSTAR é um dos que, normalmente, apresenta um sujeito oracional. Como vimos, nos casos de sujeito sob a forma oracional, o verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do singular = CONSTA ISSO (= Isso consta).

ISSO = que haverá mudanças na equipe � SUJEITO.

b) Objetiva direta - Função de objeto direto em relação ao verbo da principal.

Os contribuintes esperam / que o governo altere as normas do imposto de renda.

Os contribuintes esperam ISSO.

ISSO = que o governo altere as normas do imposto de renda � objeto direto do verbo esperar.

c) Objetiva indireta - exerce a função de objeto indireto em relação ao verbo da principal.

O país necessita de / que se faça uma melhor distribuição de renda.

O país necessita dISSO (de + ISSO).

ISSO = que se faça uma melhor distribuição de renda � objeto indireto do verbo necessitar.

Lembre-se da lição apresentada na aula sobre Regência!!!

Quando um objeto indireto vem sob a forma oracional (oração subordinada substantiva objetiva indireta), a preposição pode ser omitida, sem prejuízo para o período.

Vimos naquela oportunidade uma questão de prova que explorou exatamente esse conhecimento.

Já em relação à oração que complementa um nome (oração subordinada substantiva completiva nominal – a próxima), não há consenso. Se em uma das opções tiver sido omitida a preposição antes da oração, analise as demais alternativas antes de definir como certo ou errado.

d) Completiva nominal - exerce a função sintática de complemento nominal em relação a um substantivo, adjetivo ou advérbio da principal.

O país tem necessidade de / que se faça uma reforma social.

O país tem necessidade dISSO (de + ISSO).

ISSO = que se faça uma reforma social ��� complemento nominal do substantivo necessidade.

O governador era contrário a / que mudassem as regras do jogo.

O governador era contrário a ISSO.

ISSO = que se mudassem as regras do jogo � complemento nominal do adjetivo contrário.

Percebia-se / que agia favoravelmente a / que mudassem as regras do jogo.

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Este é um bom exemplo de período composto por três orações. Vejamos quais são elas:

- oração principal: Percebia-se (ISSO)

O verbo perceber é transitivo direto e está acompanhado de pronome apassivador. O que era percebido? A resposta a essa pergunta apresenta a segunda oração.

Resposta: que agia favoravelmente a � oração subordinada substantiva subjetiva (sujeito da voz passiva sob a forma oracional, o que justifica a flexão do verbo perceber na 3ª pessoa do singular – PERCEBIA-SE)

Só que o complemento nominal ao advérbio favoravelmente está também sob a forma oracional – Agia favoravelmente a quê? (Introduz-se, agora, a terceira oração do período composto)

- que mudassem as regras do jogo � oração subordinada substantiva completiva nominal (complemento nominal ao advérbio favoravelmente).

Como a preposição é exigência do advérbio, ela pertence à segunda oração (oração em que o advérbio está presente).

Agora, você percebeu como um período composto pode ser bem complexo, não é mesmo?

e) Predicativa - exerce a função de predicativo do sujeito em relação à principal.

O medo dos empresários era / que sobreviesse uma violenta recessão.

O medo dos empresários era ISSO.

ISSO = que sobreviesse uma violenta recessão � predicativo do sujeito.

f) Apositiva - exerce a função de aposto em relação a um termo da principal.

O receio dos jogadores era esse: / que o técnico não os ouvisse.

O receio dos jogadores era esse: ISSO.

ISSO = que o técnico não os ouvisse � aposto.

g) Agente da passiva - exerce a função de agente da passiva em relação à principal.

O assunto era explicado por / quem o entendia profundamente.

Essa é a única função em que o esquema do ISSO não funciona muito bem, porque, em vez de uma conjunção integrante, é empregado um pronome indefinido.

Por isso, o substituímos por outro pronome substantivo – “alguém”.

O assunto era explicado por ALGUÉM.

ALGUÉM = quem o entendia profundamente � agente da passiva.

2 - ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS

São aquelas que exercem função sintática própria de um adjetivo.

SÃO INICIADAS POR PRONOMES RELATIVOS.

Seu “nome e sobrenome” será, então:

- sua condição de subordinada;

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- sua classe gramatical (adjetiva);

- e o alcance desse adjetivo (restritiva ou explicativa).

a) Restritivas - Restringem, limitam o sentido de um termo da oração principal. Não são isoladas por vírgulas.

A doença que surgiu nestes últimos anos pode matar muita gente.

b) Explicativas - Explicam, generalizam o sentido de um termo da oração principal. São isoladas por vírgulas.

As doenças, que são um flagelo da humanidade, já mataram muita gente.

Você notou, assim, que, em relação à pontuação, as orações subordinadas adjetivas podem apresentar dois comportamentos:

- VÍRGULA PROIBIDA – ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA RESTRITIVA – Em função de seu caráter restritivo (assim como ocorre com os adjetivos em geral: camisa vermelha, rapaz bonito), não pode haver pausa entre o termo regente e o termo regido.

- VÍRGULA OBRIGATÓRIA – ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA EXPLICATIVA – Regra geral, os elementos de natureza explicativa se apresentam isolados por vírgulas, em função de seu caráter “acessório”, “dispensável”.

Você leu aí em cima algum caso de “vírgula facultativa” em orações adjetivas?

Certamente que não.

Esse conceito é importantíssimo para a aula sobre PONTUAÇÃO, pois essa “casca de banana” é muito comum em provas de diversas bancas.

2.1 - FUNÇÃO SINTÁTICA DO PRONOME RELATIVO NA ORAÇÃO ADJETIVA

As orações subordinadas adjetivas são introduzidas por pronomes relativos: que, quem, o qual, a qual, cujo, onde, como, quando etc.

Enquanto as conjunções são elementos conectivos e, por isso, não exercem função sintática nas orações subordinadas, o mesmo não acontece com os pronomes relativos. Eles substituem um nome (substantivo ou pronome tido como referente).

Assim, esses pronomes relativos poderão exercer, na oração subordinada adjetiva, as seguintes funções sintáticas:

a) Sujeito

Os trabalhadores exigiam aumento salarial. (PERÍODO SIMPLES = oração absoluta)

Que trabalhadores eram esses que exigiam aumento salarial?

Será formado, assim, um período composto, pois será necessário identificar esses trabalhadores.

Os trabalhadores que fizeram greve exigiam aumento salarial.

(= Os trabalhadores fizeram greve.)

O pronome relativo que substitui, na oração adjetiva, o substantivo trabalhadores. O pronome exerce a função de sujeito dessa oração.

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CUIDADO: Se a banca perguntar quem é o sujeito da forma verbal fizeram, a sua resposta deverá ser: O PRONOME RELATIVO QUE.

Como o pronome se refere ao substantivo “trabalhadores”, muita gente acha, indevidamente, que o substantivo é o sujeito da forma verbal fizeram. ERRADO!

São duas as orações:

- oração principal: Os trabalhadores exigiam aumento salarial

- oração subordinada adjetiva restritiva: que fizeram greve.

Agora que sabemos o que é um período composto e como ele se divide, vemos mais claramente que “cada macaco está no seu galho”, ou seja, o substantivo da oração principal “Os trabalhadores exigiam aumento salarial” não poderia exercer função sintática em outra oração, no caso, a oração subordinada adjetiva “que fizeram greve”.

No lugar do nome, colocou-se o pronome relativo, que (ESTE SIM) exerce a função sintática de sujeito.

Assim, quem é o sujeito da forma verbal fizeram?

Resposta: O PRONOME RELATIVO QUE.

Ficou claro? Essa é uma pegadinha muito comum em provas, especialmente as da ESAF e da CESPE UnB. Fique esperto(a)!

b) Objeto direto

As reivindicações que os trabalhadores faziam preocupavam os empresários.

(= Os trabalhadores faziam as reivindicações.)

O que os trabalhadores faziam? Pela lógica, iríamos responder: reivindicações.

Vamos dividir o período em orações:

- oração principal: As reivindicações preocupavam os empresários.

- oração subordinada adjetiva restritiva: que os trabalhadores faziam

Na oração subordinada adjetiva, no lugar desse substantivo, foi empregado o pronome relativo, que exerce, nessa oração, a função sintática de objeto direto.

Então, quem exerce a função sintática de OBJETO DIRETO da forma verbal faziam?

Resposta: O PRONOME RELATIVO QUE.

c) Objeto indireto

O aumento de que todos necessitavam proveria o sustento da casa.

(= Todos necessitavam do aumento.)

Todos necessitavam de quê? Resposta lógica: De aumento.

Na oração subordinada adjetiva, quem faz as vezes de objeto indireto do verbo necessitar é o pronome relativo.

- oração principal : O aumento proveria o sustento da casa.

- oração subordinada adjetiva restritiva: de que todos necessitavam

Note, agora, que o elemento que exige a preposição “de” é o verbo necessitar, da oração adjetiva (Alguém necessita de alguma coisa).

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Por isso, a preposição pertence à oração subordinada adjetiva e está sublinhada.

Muito cuidado na divisão do período em orações: A PREPOSIÇÃO FICA NA ORAÇÃO EM QUE ESTÁ PRESENTE O TERMO REGENTE.

d) Complemento nominal

O aumento de que todos tinham necessidade proveria o sustento da casa.

(= Todos tinham necessidade do aumento.)

De que todos tinham necessidade? Resposta lógica: do aumento.

No lugar desse nome, foi colocado um pronome relativo, que exerce a função sintática de complemento nominal ao substantivo necessidade.

- oração principal: O aumento proveria o sustento da casa

- oração subordinada adjetiva restritiva: de que todos tinham necessidade

Mais uma vez, quem exige a preposição é um elemento presente na oração subordinada adjetiva (o substantivo necessidade), motivo que nos levou a sublinhar também aquele vocábulo.

e) Predicativo do sujeito

O grande mestre que ele sempre foi agradava a todos.

Ele sempre foi o grande mestre � no lugar da expressão sublinhada, foi empregado um pronome relativo.

Dividindo o período:

- oração principal: O grande mestre agradava a todos.

- oração subordinada adjetiva restritiva: que ele sempre foi

Então, quem exerce a função de predicativo do sujeito da forma verbal foi ?

Resposta: O PRONOME RELATIVO QUE.

f) Adjunto adnominal

Os peregrinos de cujas contribuições a paróquia dependia retornaram à sua cidade.

(= A paróquia dependia das contribuições dos peregrinos.)

Entre os substantivos peregrinos e contribuições, existe uma relação de subordinação, o que justifica o emprego do pronome relativo cujo.

Essa é uma característica desse pronome relativo (CUJO e flexões). Ele sempre exerce a função sintática de adjunto adnominal, exatamente por estabelecer uma relação entre dois substantivos com ideia ativa (“os peregrinos contribuem” � a contribuição dos peregrinos � adjunto adnominal).

A diferença entre adjunto adnominal e complemento nominal será assunto de nossa próxima aula – Termos da Oração.

Vamos dividir o período:

- oração principal – Os peregrinos retornaram à sua cidade.

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- oração subordinada adjetiva restritiva – de cujas contribuições a paróquia dependia

Vimos anteriormente que, caso um elemento da oração subordinada exija uma preposição, essa será colocada antes do pronome relativo.

A paróquia dependia das contribuições dos peregrinos.

Como o verbo depender exige a preposição “de”, esta foi empregada antes do pronome relativo “cujo”, que estabelece a relação entre “contribuições” e “peregrinos”.

g) Adjunto adverbial

Observem o jeitinho como ela se requebra.

(= Ela se requebra com jeitinho.)

O pronome relativo como introduz a oração que indica o modo como ela se requebra – essa é uma circunstância (modo) e, portanto, o pronome relativo exerce a função sintática de adjunto adverbial.

BIZU: Os pronomes relativos como e onde, por introduzirem elementos circunstanciais, sempre exercerão na oração adjetiva a função sintática de adjunto adverbial. Já o pronome cujo (e flexões), por estabelecer a ligação entre dois substantivos com ideia ativa, exercerá sempre na oração adjetiva a função de adjunto adnominal.

3 - ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS

São aquelas que exercem função sintática própria de advérbio, ou seja, adjunto adverbial em relação à principal.

SÃO INICIADAS POR CONJUNÇÃO ADVERBIAL.

Agora, toda a oração subordinada exerce, em relação à oração principal, a função sintática de adjunto adverbial.

As circunstâncias apresentadas podem ser as seguintes:

a) Causal

Todos se opuseram a ele porque não concordavam com suas ideias.

Apresenta-se, na oração subordinada adverbial causal, o motivo da oposição de todos (presente na oração principal).

:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

É importante destacar a diferença entre a oração subordinada adverbial causal e a oração coordenada sindética explicativa, pois muitas das conjunções empregadas em uma e em outra se assemelham.

SUBORDINADA CAUSAL X COORDENADA EXPLICATIVA

Em alguns momentos, as orações subordinadas adverbiais causais e as orações coordenadas explicativas apresentam semelhanças que podem dificultar sua análise. Porém, um pouco de atenção para os aspectos que vamos assinalar pode ser de grande utilidade.

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Na primeira, está presente a relação CAUSA x CONSEQUÊNCIA.

Ele pegou a doença porque andava descalço.

CAUSAL ��� Causa: andava descalço ��� Consequência: pegou a doença

Note, agora, a diferença para o seguinte exemplo:

Não ande descalço, porque vai pegar uma doença.

EXPLICATIVA ��� Ordem: Não ande descalço ��� Explicação: vai pegar uma doença

Na aula passada, apresentamos uma série de elementos que possibilitam essa distinção. Alguns dão certo; outros, nem tanto. Para relembrar quais são eles, dê uma olhadinha no comentário à questão 13.

Adriano da Gama Kury (em Novas Lições de Análise Sintática) nos indica uma forma que, a princípio, parece ser a melhor de todas.

Para que seja causal, a oração subordinada poderia, sem nenhum prejuízo para a coerência, ser trocada por outra oração reduzida de infinitivo e iniciada pela preposição por:

Ele pegou a doença porque andava descalço

Ele pegou a doença por andar descalço.

Isso não seria possível em uma oração coordenada explicativa.

:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

b) Condicional

Se houvesse opiniões contrárias, o acordo seria desfeito.

Na oração subordinada adverbial condicional, foi estabelecida a condição para o desfazimento do acordo (oração principal).

c) Temporal

Assim que chegou a casa, resolveu os problemas.

Indica-se, na oração subordinada adverbial temporal, o momento em que serão resolvidos os problemas (oração principal).

d) Proporcional

Quanto mais obstáculos surgiam, mais ele se superava.

A ideia de proporção é apresentada na oração subordinada adverbial proporcional, em associação ao “mais” presente na oração principal.

e) Final

O pai sempre trabalhou para que os filhos estudassem.

A finalidade do trabalho do pai (oração principal) está presente na oração subordinada adverbial final.

f) Conformativa

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Os jogadores procederam segundo o técnico lhes ordenara.

Para introduzir a oração subordinada conformativa, poderiam ter sido empregadas as conjunções/locuções conjuntivas conforme, segundo, de acordo com, dentre outras.

g) Consecutiva

Suas dívidas eram tantas que vivia nervoso.

Apesar de não ser uma regra, costumam ser associados à oração subordinada adverbial consecutiva os pronomes tão, tanto, tal, presentes na oração principal.

h) Concessiva

Embora enfrentasse dificuldades, procurava manter a calma.

Na oração subordinada adverbial concessiva, apresenta-se um fato que, embora contrário ao apresentado na oração principal, não impede que este se realize.

i) Comparativa

Ele sempre se comportou tal qual um cavalheiro.

Apresenta-se, na oração subordinada adverbial comparativa, o segundo elemento de uma comparação.

Alguns autores acrescentam mais dois tipos de orações subordinadas adverbiais, não registrados pela Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB):

j) Locativas

Fique onde quiser.

Equivalem a um adjunto adverbial de lugar. Apresentam-se desenvolvidas sem conjunção, introduzidas por advérbio de lugar onde (combinado ou não com preposição).

l) Modais

Faça como quiser.

Equivalem a um adjunto adverbial de modo. Expressam a maneira como será realizado o fato enunciado na oração principal.

III - ORAÇÕES REDUZIDAS

Não são introduzidas por conjunção e possuem verbo em uma das formas nominais (infinitivo, particípio ou gerúndio).

a) Infinitivo (pessoal ou impessoal)

Exemplo 1.

Todos sabiam ser impossível a manutenção da política econômica.

Todos sabiam ISSO

ISSO = ser impossível a manutenção da política econômica.

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A oração reduzida de infinitivo está no lugar de um substantivo e exerce a função sintática de objeto direto do verbo saber (da oração principal).

Por isso, chama-se:

ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA OBJETIVA DIRETA REDUZIDA DE INFINITIVO.

Exemplo 2.

Seria bom manteres a calma nesse momento.

Seria bom ISSO nesse momento.

ISSO = manteres a calma

A oração reduzida de infinitivo ocupa o lugar de um substantivo e exerce a função sintática de sujeito da oração principal (ISSO seria bom nesse momento).

ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA SUBJETIVA REDUZIDA DE INFINITIVO.

b) Gerúndio

Exemplo 3.

Entrando na sala de aula, foi recebido com frieza.

A oração reduzida de gerúndio apresenta o momento em que o sujeito da oração principal foi recebido com frieza. Assim, indica uma circunstância (tempo, momento).

É chamada, portanto, de:

ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL TEMPORAL REDUZIDA DE GERÚNDIO.

Exemplo 4.

Vencendo seus adversários futuros, o clube ganhará o campeonato.

Note o valor condicional da oração reduzida de gerúndio: Caso vença seus adversários futuros = Vencendo seus adversários futuros, o clube ganhará o campeonato.

A oração subordinada recebe o nome de:

ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL CONDICIONAL REDUZIDA DE GERÚNDIO.

c) Particípio

Exemplo 5.

Realizado o congresso internacional, percebeu-se a gravidade da moléstia.

A oração reduzida de particípio pode atribuir um valor de momento à estrutura: a partir da realização do congresso internacional, percebeu-se a gravidade da moléstia.

ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL TEMPORAL REDUZIDA DE PARTICÍPIO.

Exemplo 6.

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Encontrado o autor dos assaltos, a população ficará aliviada.

O tempo verbal da oração principal é decisivo para a identificação da circunstância apresentada pela oração subordinada.

Nessa construção, o valor é condicional: Caso seja encontrado o autor dos assaltos, a população ficará aliviada.

ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL CONDICIONAL REDUZIDA DE PARTICÍPIO.

Veja, agora, como pode ser alterada a interpretação se o tempo do verbo da oração principal for também modificado:

Exemplo 7.

Encontrado o autor dos assaltos, a população ficou aliviada.

Agora, a oração subordinada atribui à estrutura um valor causal: Porque foi encontrado o autor dos assaltos, a população ficou aliviada.

Por não apresentar uma conjunção, mais do que nunca é necessária a análise da circunstância apresentada pela oração ao período, para que seja realizada sua classificação.

Para isso, na maioria das vezes, é necessário voltar ao texto. Não tenha preguiça na hora da prova – muita gente perde um ponto valioso por acreditar somente na memória ou no que a banca argumenta. Volte ao texto quantas vezes forem necessárias!

Há pouco tempo, discutia-se muito a estrutura oracional da advertência veiculada pelo Ministério da Saúde nos comerciais de medicamentos.

Vemos duas formas de apresentação:

Ao persistirem os sintomas, procure um médico.

A persistirem os sintomas, procure um médico.

Afinal, existe diferença entre a primeira e a segunda construção?

A resposta é SIM!

Na primeira, o fato de persistirem os sintomas é “quase” certo – só não se sabe o momento em que isso ocorrerá. A oração reduzida de infinitivo, por ter sido iniciada por “ao”, equivale a: Quando persistirem os sintomas / Assim que persistirem os sintomas / Tão logo persistam os sintomas....

Veja como essa construção se assemelha a: Ao entrar em casa, deparou-se com o bandido.

O valor temporal da oração subordinada adverbial é bem notório nesse último exemplo.

Por isso, na primeira estrutura, a oração subordinada adverbial tem valor temporal.

Já na segunda, há um valor condicional: Caso persistam os sintomas, procure um médico.

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E aí, como deveria, então, ser veiculada essa advertência: sob a forma temporal (fato futuro e certo) ou condicional (fato futuro e incerto)? Acredito que da segunda maneira, pois o remédio, em princípio, deveria eliminar os sintomas da enfermidade.

Caso isso não ocorra, o médico deverá ser consultado – e a gramática também!!!

IV - CONCEITO DE ORAÇÃO PRINCIPAL E ORAÇÃO SUBORDINADA

Agora que estamos prestes a encerrar nossa aula sobre PERÍODOS, podemos perceber que essa denominação de “oração principal” é bem relativa.

Em um período composto, pode haver diversas orações, que, como numa engrenagem, se ligam umas às outras.

Assim, pode ser que uma oração subordinada a outra tenha uma terceira oração que se subordine a ela. Em relação a essa terceira, a oração subordinada (a segunda) será considerada uma oração principal.

Complicou? Vamos desatar o nó a partir de um exemplo.

O livro que me pediu será entregue a quem estiver disposto a recebê-lo.

1ª oração (principal): O livro será entregue a

2ª oração (subordinada adjetiva restritiva em relação ao substantivo livro): que me pediu

3ª oração (subordinada substantiva objetiva indireta reduzida de infinitivo): quem estiver disposto a

4ª oração (subordinada substantiva completiva nominal reduzida de infinitivo, em relação ao adjetiva disposto): recebê-lo.

A 2ª oração é subordinada à primeira, ou seja, exerce a função sintática de adjunto adnominal ao substantivo presente na oração principal (livro).

O mesmo ocorre com a 3ª oração, que é o objeto indireto do verbo da oração principal (entregar).

Já a 4ª oração exerce uma função sintática em relação ao elemento presente na 3ª oração. Assim, a 3ª oração, que é subordinada em relação à primeira, é principal em relação à 4ª oração.

A seguir, apresentaremos um esquema que resume os conceitos apresentados na aula de hoje.

Bons estudos e até a próxima!

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PERÍODO COMPOSTO - CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES

COORDENADAS

- QUANTO AO CONECTIVO

ASSINDÉTICAS

SINDÉTICAS

- QUANTO AO VALOR

ADITIVAS

ADVERSATIVAS

ALTERNATIVAS

CONCLUSIVAS

EXPLICATIVAS

SUBORDINADAS

SUBSTANTIVAS

SUBJETIVAS

OBJETIVAS DIRETAS

OBJETIVAS INDIRETAS

PREDICATIVAS

COMPLETIVAS NOMINAIS

APOSITIVAS

AGENTE DA PASSIVA

ADJETIVAS RESTRITIVAS

EXPLICATIVAS

ADVERBIAIS

CAUSAIS

CONDICIONAIS

TEMPORAIS

PROPORCIONAIS

FINAIS

CONFORMATIVAS

CONSECUTIVAS

CONCESSIVAS

COMPARATIVAS

LOCATIVAS

MODAIS

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QUESTÕES DE FIXAÇÃO

1 - (FGV / ICMS MS - Fiscal de Rendas / 2006)

Essa chave é o instrumento simbólico mais eficiente da ideologia dominante (que, como dizia Marx, é sempre a ideologia das classes dominantes): é ela que insiste em nos convencer que as desigualdades sociais são naturais, que não há alternativa para o capitalismo, que o socialismo já foi tentado e fracassou.

A oração que não há alternativa para o capitalismo deve ser corretamente classificada como:

(A) oração subordinada substantiva apositiva.

(B) oração subordinada substantiva completiva nominal.

(C) oração subordinada substantiva objetiva direta.

(D) oração subordinada substantiva objetiva indireta.

(E) oração subordinada substantiva subjetiva.

2 - (FUNDEC / TJ MG / 2002)

Assinale a alternativa em que a oração sublinhada tenha sido CORRETAMENTE analisada.

a) Parece que não haverá mudanças no Ministério da Economia. (oração subordinada substantiva subjetiva)

b) Como disse o primeiro entrevistado, não há motivo para pânico. (oração subordinada adverbial comparativa)

c) A atriz declarou que não sabia como tinha sido furtada. (oração subordinada adverbial comparativa)

d) Lembrei-o de que não poderíamos nos atrasar mais. (oração subordinada substantiva objetiva direta)

3 - (FUNDEC / TJ MG / 2002)

Assinale a alternativa que apresente análise INCORRETA da oração sublinhada.

a) Encerrada a palestra, foram jantar. (oração subordinada adverbial temporal)

b) Caso a febre persista, telefone-me. (oração subordinada adverbial condicional)

c) Era verdade que tudo não passara de um engano. (oração principal)

d) Quem estuda passa. (oração subordinada adjetiva restritiva)

4 - (FUNDAÇÃO JOÃO GOULART/ SMF – ANALISTA PLANEJAMENTO / 2005)

“Outro estímulo para as empresas de ônibus adotarem o gás natural é a melhoria da rede de distribuição desse combustível no Brasil.”

O segmento em destaque nessa frase não é adequadamente substituído na seguinte alternativa:

A) Outro estímulo para que as empresas de ônibus adotem o gás natural é a melhoria da rede de distribuição desse combustível no Brasil.

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B) Outro estímulo que incentiva as empresas de ônibus a adotar o gás natural é a melhoria da rede de distribuição desse combustível no Brasil.

C) Outro estímulo de as empresas de ônibus adotarem o gás natural é a melhoria da rede de distribuição desse combustível no Brasil.

D) Outro estímulo para a adoção do gás natural pelas empresas de ônibus é a melhoria da rede de distribuição desse combustível no Brasil.

5 - (FUNDAÇÃO JOÃO GOULART / PGM RJ / 2005)

“Quando os filhos saem de casa e entram na universidade ou no trabalho, a interferência dos pais começa a enfraquecer.”

Nessa frase do texto, as orações coordenadas mantêm com a principal as seguintes relações semânticas:

A) Condição e causalidade.

B) Conformidade e condição.

C) Temporalidade e causalidade.

D) Temporalidade e conformidade.

6 - (FUNDEC / TRT 1ª.Região / 2003)

Dentre as mudanças feitas abaixo na oração sublinhada no período “A análise da genealogia das famílias dos cortadores de cana, considerando pelo menos três a quatro gerações, demonstra que a reprodução social deste segmento da força de trabalho se orienta por três perspectivas” (linhas 1-5), aquela em que se alterou o seu sentido original é:

A) consideradas pelo menos três a quatro gerações;

B) desde que se considerem pelo menos três a quatro gerações;

C) quando se consideram pelo menos três a quatro gerações;

D) caso sejam consideradas pelo menos três a quatro gerações;

E) por serem consideradas pelo menos três a quatro gerações.

7 - (FUNDAÇÃO JOÃO GOULART/ SMF – ANALISTA PLANEJAMENTO / 2005)

“Além disso, o Brasil firmou um acordo no qual se compromete a comprar parte da produção da Bolívia, aumentando ainda mais a oferta de gás no mercado interno.”

Nesse trecho, a oração iniciada no gerúndio expressa valor semântico de:

A) conformidade.

B) conseqüência.

C) condição.

D) causa.

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8 - (NCE UFRJ / Guarda Municipal /2002)

“Polícia”

Vigilância exercida pela autoridade competente para manter a ordem e o bem-estar públicos em todos os ramos dos serviços do Estado e em todas as partes ou localidades; corporação que engloba os órgãos e instituições incumbidos de fazer respeitar essas leis ou regras e de reprimir e perseguir o crime”.

(Pequeno dicionário jurídico)

“...para manter a ordem e o bem-estar públicos...”; se esta oração reduzida adotasse a forma desenvolvida, sua forma correta seria:

a) para que se mantesse a ordem e o bem-estar públicos;

b) para que se mantessem a ordem e o bem-estar públicos;

c) afim de que se mantenham a ordem e o bem-estar públicos;

d) afim de que se mantivessem a ordem e o bem-estar públicos;

e) para que se mantivesse a ordem e o bem-estar públicos.

9 - (NCE UFRJ / TRE RJ Auxiliar Judiciário / 2001)

Mas, desculpe minha infinita ignorância, por que enviar à forca uma mulher que no julgamento perdoou ao frio assassino do filho?

O número de orações neste período do texto é:

a) uma;

b) duas,

c) três;

d) quatro;

e) cinco.

10 - (FGV / ICMS MS - Fiscal de Rendas / 2006)

Mas ainda não há um programa alternativo maduro que se contraponha à euforia do programa conservador, aplicado por gente que foi de esquerda e aplaudido pela direita.

Quantos verbos há no trecho acima?

(A) seis

(B) cinco

(C) quatro

(D) três

(E) dois 11 - (CESPE UnB / MPU/ 1996)

Maria Berlini não mentira quando dissera que não trabalhava, nem estudava.

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Mas trabalhara pouco depois de chegada ao Rio, com minguados recursos, que se evaporaram como por encanto. A tentativa de entrar para o teatro fracassara. Havia só promessas. Não era fácil como pensara. Mesmo não tinha a menor experiência. Fora estrela estudantil em Guará. Isso, porém, era menos que nada! Acabado o dinheiro, não podia viver de brisa! Em oito meses, fora sucessivamente chapeleira, caixeira de perfumaria, manicura, para se sustentar. Como chapeleira, não agüentara dois meses, que era duro!, das oito da manhã às oito da noite, e quantas vezes mais, sem tirar a cacunda da labuta. Não era possível! As ambições teatrais não haviam esmorecido, e cadê tempo? Conseguira o lugar de balconista numa perfumaria com ordenado e comissão. Tinha jeito para vender, sabia empurrar mercadoria no freguês. Os cobres melhoravam satisfatoriamente. Mas também lá passara pouco tempo. O horário era praticamente o mesmo, e o trabalho bem mais suave - nunca imaginara que houvesse tantos perfumes e sabonetes neste mundo! Contudo continuava numa prisão. Não nascera para prisões. Mesmo como seria possível se encarreirar no teatro, amarrada num balcão todo o santo dia? Precisava dar um jeito. Arranjou vaga de manicura numa barbearia, cujo dono ia muito à perfumaria fazer compras e que se engraçara com ela. Dava conta do recado mal e porcamente, mas os homens não são exigentes com um palmo de cara bonita. Funcionava bastante, ganhava gorjetas, conhecera uma matula de gente, era muito convidada para almoços, jantares, danças e passeios, e tinha folgas - uf , tinha folgas! Quando cismava, nem aparecia na barbearia, ia passear, tomar banho de mar, fazer compras, ficava dormindo...

O primeiro período do texto é constituído por

(A) duas orações coordenadas. somente.

(B) duas orações subordinadas, somente.

(C) três orações, sendo duas subordinadas e uma coordenada.

(D) três orações, sendo duas coordenadas e uma subordinada.

(E) quatro orações; entre elas, duas subordinadas e uma coordenada e subordinada, ao mesmo tempo.

12 – Agora vamos treinar. Divida os períodos e classifique as orações subordinadas substantivas:

a) Aprendi que devemos falar a verdade.

b) Falta resolver as últimas questões.

c) Tenho receio de que fales a verdade.

d) Ignoro quem fez a pergunta.

e) Convém que tomes alguma atitude.

f) A verdade é que ninguém a deseja.

g) Avisei-o de que havíamos chegado.

h) Alguém deve saber quando ela viaja.

i) Este trabalho foi feito por quem entende do assunto.

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13 - (FUNRIO/SEJUS RO/2008)

Na frase “As imagens de satélite revelam que quase 40% dessa devastação foi realizada nos últimos vinte anos”, a oração sublinhada pode ser classificada como oração

A) coordenada explicativa.

B) subordinada adjetiva explicativa.

C) subordinada adjetiva restritiva.

D) subordinada substantiva objetiva direta.

E) subordinada substantiva completiva nominal.

14 - (FUNRIO/PREF.NITERÓI – Nível Médio/2008)

“Telefone celular deixou de ser novidade. Deixou de ser luxo. Deixou de ser sonho.”

No trecho acima destacado há:

A) duas orações absolutas

B) três orações coordenadas sindéticas

C) duas orações sem paralelismo semântico

D) um período composto por coordenação

E) três períodos sintaticamente paralelos

15 - (FUNRIO/PREF.MARICÁ – ANALISTA SISTEMAS/2007)

“Se, em vez de atender prontamente à solicitação, o negociante começar a gaguejar, demonstrar impaciência, o cliente, que já não estava muito inclinado a ceder, termina por não assinar o contrato (...)”. A classificação da oração em destaque está CORRETA na opção:

A) oração subordinada substantiva predicativa

B) oração subordinada adjetiva restritiva

C) oração subordinada substantiva objetiva direta

D) oração subordinada adjetiva explicativa

E) oração coordenada sindética explicativa

26 - (CESGRANRIO/ANALISTA BACEN/2009)

“Vemos incontáveis estrelas, emitindo sua radiação eletromagnética, perfeitamente indiferentes às atribulações humanas.” (l. 14-16)

No período acima, encontram-se uma oração

(A) principal e outra subordinada reduzida de infinitivo.

(B) principal e outra subordinada adjetiva reduzida de gerúndio.

(C) principal e outra subordinada adjetiva reduzida de particípio.

(D) coordenada e outra subordinada adjetiva restritiva.

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(E) coordenada e outra subordinada reduzida de gerúndio.

27 - (UnB CESPE/ MRE - Assistente de Chancelaria/2008)

1 O Brasil só conseguiu passar da condição de país

temerário para a aplicação de recursos, em uma época de

prosperidade mundial, para a de mercado preferencial dos

4 investidores, justamente no auge de um período de

turbulência financeira nos mercados internacionais, porque

está colhendo agora os resultados de uma política econômica

7 ortodoxa. A preservação dessas conquistas e o seu

aprofundamento dependem da capacidade e da disposição

dos políticos em aprovar reformas como a tributária, que

10 precisará concentrar as atenções do Congresso neste ano.

Certamente, o recorde de atração de investimentos

externos confirmado agora tem relação direta com o fato

13 de o país ter-se transformado de devedor em credor

internacional. Ao assegurar um volume de reservas cambiais

superior ao necessário para garantir o pagamento da dívida

16 externa, o Brasil tranqüilizou os credores sobre a sua

possibilidade de honrar os compromissos. Com isso,

transferiu para o passado o clima de instabilidade permanente

19 dos tempos recentes, em que ainda se mostrava

excessivamente vulnerável.

Zero Hora (RS), 26/2/2008 (com adaptações).

Com referência às idéias do texto acima e às estruturas lingüísticas nele empregadas, julgue o próximo item.

- A substituição de “Ao assegurar” (R.14) por Quando assegurou prejudica a correção gramatical do período e altera as suas informações originais.

28 – (FEPESE/AFRE SC/2010 – com adaptações)

Julgue a afirmação abaixo (certo / errado).

- Em “Muita gente acha que as pessoas nascem com limitações inatas”, a oração sublinhada é uma oração substantiva objetiva direta que complementa o verbo “achar”.

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29 - (FGV/BADESC – Nível Superior/2010)

Jeitinho

O jeitinho não se relaciona com um sentimento revolucionário, pois aqui não há o ânimo de se mudar o status quo. O que se busca é obter um rápido favor para si, às escondidas e sem chamar a atenção; por isso, o jeitinho pode ser também definido como "molejo", "jogo de cintura", habilidade de se "dar bem" em uma situação "apertada".

Em sua obra O Que Faz o Brasil, Brasil?, o antropólogo Roberto DaMatta compara a postura dos norte-americanos e a dos brasileiros em relação às leis. Explica que a atitude formalista, respeitadora e zelosa dos norte-americanos causa admiração e espanto aos brasileiros, acostumados a violar e a ver violadas as próprias instituições; no entanto, afirma que é ingênuo creditar a postura brasileira apenas à ausência de educação adequada.

O antropólogo prossegue explicando que, diferente das norte-americanas, as instituições brasileiras foram desenhadas para coagir e desarticular o indivíduo. A natureza do Estado é naturalmente coercitiva; porém, no caso brasileiro, é inadequada à realidade individual. Um curioso termo – Belíndia – define precisamente esta situação: leis e impostos da Bélgica, realidade social da Índia.

Ora, incapacitado pelas leis, descaracterizado por uma realidade opressora, o brasileiro buscará utilizar recursos que vençam a dureza da formalidade se quiser obter o que muitas vezes será necessário à sua sobrevivência. Diante de uma autoridade, utilizará termos emocionais, tentará descobrir alguma coisa que possuam em comum - um conhecido, uma cidade da qual gostam, a “terrinha” natal onde passaram a infância – e apelará para um discurso emocional, com a certeza de que a autoridade, sendo exercida por um brasileiro, poderá muito bem se sentir tocada por esse discurso. E muitas vezes conseguirá o que precisa.

Nos Estados Unidos da América, as leis não admitem permissividade alguma e possuem franca influência na esfera dos costumes e da vida privada. Em termos mais populares, diz-se que, lá, ou “pode” ou “não pode”. No Brasil, descobre-se que é possível um “pode-e-não-pode”. É uma contradição simples: acredita-se que a exceção a ser aberta em nome da cordialidade não constituiria pretexto para outras exceções. Portanto, o jeitinho jamais gera formalidade, e essa jamais sairá ferida após o uso desse atalho.

Ainda de acordo com DaMatta, a informalidade é também exercida por esferas de influência superiores. Quando uma autoridade "maior" vê-se coagida por uma "menor", imediatamente ameaça fazer uso de sua influência; dessa forma, buscará dissuadir a autoridade "menor" de aplicar-lhe uma sanção.

A fórmula típica de tal atitude está contida no golpe conhecido por "carteirada", que se vale da célebre frase "você sabe com quem está falando?". Num exemplo clássico, um promotor público que vê seu carro sendo multado por uma autoridade de trânsito imediatamente fará uso (no caso, abusivo) de sua autoridade: "Você sabe com quem está falando? Eu sou o promotor público!". No entendimento de Roberto DaMatta, de qualquer forma, um "jeitinho" foi dado.

(In: www.wikipedia.org - com adaptações.)

A natureza do Estado é naturalmente coercitiva; porém, no caso brasileiro, é inadequada à realidade individual.

A respeito do uso do vocábulo porém no fragmento acima, é correto afirmar que se trata de uma conjunção:

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(A) subordinativa que estabelece conexão entre a oração principal e a adverbial concessiva.

(B) integrante que estabelece conexão entre períodos coordenados com valor de consequência.

(C) coordenativa que estabelece conexão entre as orações introduzindo oração de valor adversativo.

(D) integrante que estabelece conexão entre a oração principal e a oração objetiva direta.

(E) coordenativa que estabelece conexão entre as orações introduzindo oração com valor explicativo.

30 - (FGV/PREF.ANGRA DOS REIS – Auditor / 2010)

Da mesma forma, diarreias epidêmicas, parasitoses intestinais e outras enfermidades transmissíveis por meio da água contaminada têm sua incidência aumentada, tanto por causa das dificuldades de saneamento nas secas, quanto por contaminação com esgotos, lixo e dejetos de animais durante as enchentes. (L.78-84)

O período acima

(A) é composto por coordenação.

(B) é composto por subordinação.

(C) é composto por coordenação e subordinação.

(D) é simples.

(E) apresenta orações reduzidas.

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GABARITOS COMENTADOS DAS QUESTÕES DE FIXAÇÃO

1 – D

Olhe aí o que comentamos a respeito da omissão de preposição antes de orações que exercem função sintática de objeto indireto!!!

Vamos ter um certo trabalhinho, mas, para compreensão, teremos de dividir o período composto em orações. Vamos lá!

é ela que insiste em nos convencer que as desigualdades sociais são naturais, que não há alternativa para o capitalismo, que o socialismo já foi tentado e fracassou.

Para começar, notamos a expressão de realce “é que” em “é ela que insiste...”. Vamos eliminá-la:

Ela insiste em nos convencer...

Já no início, temos duas orações:

- Ela insiste em (oração principal)

Ela insiste nISSO.

ISSO = nos convencer (oração subordinada substantiva objetiva indireta reduzida de infinitivo – Virgem Maria, isso é um palavrão!!!)

Vamos, agora, analisar a segunda oração (que é subordinada em relação à primeira – Ela insiste em – e principal em relação às orações que se seguem).

Bem, alguém convence outra pessoa (objeto direto) de alguma coisa (objeto indireto).

O complemento indireto do verbo convencer, nessa construção, rege a preposição de.

Como esse complemento vem sob a forma oracional, a preposição pode ser omitida, e assim o foi:

Ela insiste em nos convencer (de):

1 - que as desigualdades são naturais

2 – que não há alternativa para o capitalismo

3 – que o socialismo já foi tentado e fracassou

Como complemento indireto do verbo convencer, há três orações indicadas acima.

Elas, em relação à sua oração principal (nos convencer), são subordinadas e recebem o nome de oração subordinada substantiva objetiva indireta.

Entre si, são orações coordenadas assindéticas, ou seja, sem conjunção coordenativa.

Estruturas como essa, em que os períodos são ligados tanto por coordenação (entre si) e por subordinação (em relação à principal), recebem a designação de período misto, ou seja, composto simultaneamente por coordenação e subordinação.

Note que, na terceira oração subordinada substantiva objetiva indireta (ufa!!!), há duas outras orações coordenadas: o socialismo já foi tentado e (o socialismo) fracassou.

Ótimo esse treino, não é mesmo?!?!?

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Felizmente, a escassez de questões pôde ser compensada pela qualidade das que encontramos.

2 – A

Tradicionalmente, o verbo parecer vem acompanhado de sujeito oracional. Nesse caso, como já vimos por diversas vezes, o verbo fica na 3ª pessoa do singular.

Fazendo a análise, poderíamos trocar toda a oração pelo pronome substantivo demonstrativo ISSO: Parece ISSO.

ISSO = “que não haverá mudanças no Ministério da Economia”.

Pois essa oração exerce a função sintática de sujeito do verbo parecer.

Está correta a análise da opção a.

Em relação às demais opções, cabe-nos comentar:

b) Como disse o primeiro entrevistado, não há motivo para pânico.

A oração em destaque é, sim, uma oração subordinada adverbial. Só que a circunstância que ela apresenta não é de comparação (não podemos decorar listas, lembra?), mas de conformidade. Troquemos, pois, por outra conjunção conformativa:

Segundo disse o primeiro entrevistado / Conforme disse o primeiro entrevistado.

Viu como fez sentido? Está, portanto, incorreta a análise.

c) A atriz declarou que não sabia como tinha sido furtada.

Nesse período composto, temos três orações, a saber:

Oração principal = A atriz declarou

“A atriz declarou ISSO”

ISSO = que não sabia (2ª oração)

Como a oração pôde ser substituída pelo pronome ISSO, é uma oração subordinada substantiva (e não “adverbial”, como indica o examinador).

O verbo declarar é transitivo direto. Seu complemento (objeto direto) está sob a forma oracional. Assim, a oração se chama: oração subordinada substantiva objetiva direta.

“que não sabia ISSO”

ISSO = como tinha sido furtada (3ª oração)

Essa oração que complementa o verbo saber (verbo transitivo direto) também exerce a função sintática de objeto direto. A única diferença é que, em vez de uma conjunção integrante, a oração foi iniciada por um advérbio como.

d) Lembrei-o de que não poderíamos nos atrasar mais.

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Quase que o examinador acerta essa... Lembra-se da aula sobre regência? O verbo LEMBRAR-SE (pronominal) é transitivo indireto e rege a preposição “de”. O mesmo acontece com o verbo ESQUECER-SE.

Essa mesma transitividade se aplica tanto com pronome reflexivo, quanto com complemento direto sob a forma de outra pessoa (lembrar alguém de alguma coisa), como apresentado na questão: (eu) lembrei alguém (representado pelo pronome oblíquo “o”) de alguma coisa..

Lembrei-o dISSO.

ISSO = que não poderíamos nos atrasar mais (objeto indireto)

Trata-se de uma oração subordinada substantiva objetiva indireta.

Ainda que a preposição fosse omitida (“Lembrei-o que não poderíamos nos atrasar mais”), não haveria alteração na classificação dessa oração.

Só mais um detalhe: a preposição é exigida pelo verbo da oração principal (lembrei-o de ...). Por isso, não deveria ter sido sublinhada, pois não pertence à oração subordinada, e sim à principal.

3 – D

a) Encerrada a palestra, foram jantar. Esse é um caso de oração reduzida. A oração reduzida de particípio indica o momento em que o fato expresso na oração principal ocorreu. É, portanto, uma oração subordinada adverbial temporal reduzida de particípio. Houve a omissão dessa última parte. Por isso, devemos analisar todas as opções para verificar a existência de um erro, e não de uma simples omissão como essa.

b) Caso a febre persista, telefone-me. A oração subordinada indica uma condição para que o evento expresso na oração principal venha a se efetivar. É, portanto, uma oração subordinada adverbial condicional. Está correta a análise.

c) Era verdade que tudo não passara de um engano. A oração em destaque é mesmo a principal do período composto. A outra oração, iniciada pela conjunção integrante, representa o sujeito dessa oração principal: “Era verdade ISSO” = que tudo não passara de um engano.

d) Quem estuda passa. A oração sublinhada é o sujeito do verbo passar. Deveremos classificá-la, pois, como uma oração subordinada substantiva subjetiva. Em vez de uma conjunção, foi empregado um pronome indefinido.

Por ser o sujeito da oração principal (representada somente pelo verbo: passa), a norma culta condena uma vírgula entre esses elementos.

Podemos, também, analisar a oração subordinada substantiva subjetiva. O pronome indefinido “quem” atua como sujeito da forma verbal “estuda”.

4 – C

A oração em destaque tem valor de finalidade.

As opções a, b e d apresentam formas em que esse valor não foi alterado:

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a) “para que as empresas de ônibus adotem o gás natural” – houve apenas a alteração de oração reduzida de infinitivo para uma oração desenvolvida (com conjunção).

b) “que incentiva as empresas de ônibus a adotar o gás natural” – a ideia de finalidade foi mantida.

d) “para a adoção do gás natural pelas empresas de ônibus” – houve apenas uma troca do verbo pelo substantivo correspondente, mantendo-se o sentido – no lugar de “as empresas adotarem”, usou-se “a adoção pelas empresas”.

Na opção c, a mudança da preposição alterou o valor da construção. Na nova estrutura, poderíamos entender que o estímulo partiu das empresas, e não do governo.

A troca, portanto, não seria válida.

5 – C

Nessa construção, as duas orações subordinadas adverbiais estão coordenadas entre si. Elas apresentam à oração principal duas circunstâncias: tempo e causa.

A partir do momento (temporalidade) em que os filhos saem de casa e entram na universidade ou no trabalho, e também em virtude disso (causalidade), a interferência dos pais começa a enfraquecer.

Assim, são apresentadas, simultaneamente, as relações semânticas de tempo (momento) e causa (motivo).

6 – E

De acordo com o texto, realiza-se uma análise genealógica das famílias dos cortadores de cana, respeitada a condição de serem consideradas pelo menos três a quatro gerações.

Por isso, estão corretas as estruturas que mantém o aspecto condicional dessa oração: consideradas (reduzida de particípio), desde que se considerem, quando se consideram, caso sejam consideradas (conjunções condicionais).

Já em “por serem consideradas pelo menos três a quatro gerações”, alterou-se o valor de condicional para causal (“em virtude de terem sido consideradas...”).

Houve, assim, alteração semântica na estrutura da opção e.

7 – B

ACORDO ORTOGRÁFICO: Registra-se, agora, “consequência”, em função da extinção do trema.

O Brasil firmou um acordo em que se compromete a comprar parte da produção de gás da Bolívia. Esse fato levou a um aumento ainda maior na oferta de gás no mercado interno.

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Entre esses dois eventos, verifica-se uma relação de CAUSA e CONSEQUÊNCIA. No segundo período, apresenta-se o reflexo (aumento da oferta de gás no mercado interno) do fato descrito no primeiro (compromisso brasileiro em comprar parte da produção boliviana).

Por isso, a oração reduzida de gerúndio, em destaque no enunciado, apresenta valor consecutivo (b – consequência).

8 – E

Serão analisados aspectos de concordância verbal e nominal, conjugação verbal e manutenção dos aspectos semânticos em função da troca de conjunção.

Vamos verificar cada uma das opções:

a) Em “para que se mantesse a ordem e o bem-estar públicos”, houve erro na conjugação do verbo manter, que segue a conjugação do verbo ter – “para que se tivesse / para que se mantivesse”.

b) O mesmo se repetiu nessa opção: “para que se mantessem” deveria ser substituído por “para que se mantivessem”.

c) e d) Acertaram na conjugação (as duas formas seriam válidas: a primeira situa o fato no condicional presente – mantenham – e a segunda, no condicional passado – mantivessem), mas erraram na indicação da locução conjuntiva. O vocábulo afim (juntinho) significa “o que apresenta afinidade” (pessoas afins, vocábulos afins). A locução deve ser escrita “a fim de que”, com o “a fim” separadinho.

O sujeito composto do verbo manter está após o verbo. Mesmo sendo uma construção de voz passiva, é possível realizar a concordância somente com o primeiro elemento: a ordem – “para que se mantivesse a ordem e o bem-estar públicos”. Já o adjetivo “públicos”, ao se flexionar no plural, deixou clara sua referência aos dois elementos (ordem e bem-estar).

9 – C

A palavra “Mas” que inicia o segmento não possui, na estrutura, função sintática nenhuma. É usado, principalmente na linguagem oral, para introduzir falas, apresentar argumentos, ligar ideias (Mas, o que você queria saber?).

As orações são:

1 – desculpe minha infinita ignorância – um bom exemplo de oração intercalada, em que o autor interrompe a linha de raciocínio principal para prestar algum esclarecimento ou fazer alguma observação.

2 – por que enviar à forca uma mulher – oração interrogativa (principal)

3 – que no julgamento perdoou ao frio assassino do filho – oração subordinada adjetiva restritiva (em relação ao substantivo “mulher”).

São três as orações do período.

10 – B

Para a análise, vamos dividir o período em orações, destacando os verbos.

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O segmento já começa com uma conjunção adversativa:

- Mas ainda não há um programa alternativo maduro – oração coordenada sindética adversativa

Em seguida, tem início uma oração que restringe o conceito de “programa alternativo maduro”:

- que se contraponha à euforia do programa conservador – oração subordinada adjetiva restritiva (em relação ao substantivo programa)

Outras orações subordinadas adjetivas reduzidas de particípio se referem à expressão “programa conservador”:

- aplicado por gente

- aplaudido pela direita

Ainda que se considerasse somente o valor adjetivo de tais expressões, não há dúvidas de que seriam adjetivos formados a partir da forma participial dos verbos aplicar e aplaudir, atendendo ao pedido do enunciado (“Quantos verbos há no trecho acima?”).

O substantivo “gente” da oração “aplaudido por gente” foi acompanhado de uma oração subordinada adjetiva restritiva:

- que foi de esquerda

São, portanto, CINCO verbos: há, contraponha, aplicado, foi e aplaudido.

11 – E

ACORDO ORTOGRÁFICO: Registra-se, agora, “aguentara”, em função da extinção do trema.

Não me diga que você leu esse texto todinho??? Pode me dizer por quê???

Nem sempre passa em um concurso o candidato que sabe mais – passa o que sabe resolver a prova com maior destreza e correção. Saber fazer prova é um dos fatores decisivos para a aprovação e o tempo é um dos inimigos do candidato. Por isso, em uma prova com textos longos (como esse), verifique, em primeiro lugar, se há questões de interpretação (que irão exigir uma leitura atenta). Caso contrário, ou seja, se houver somente questões (ou a maior parte delas) que explorem o aspecto gramatical, muitas vezes ler apenas um trecho ou um parágrafo pode ser suficiente.

Primeira providência: identificar o primeiro período do texto. O período se encerra com uma pausa bem marcada (normalmente por um ponto).

Assim, o primeiro período do texto é:

Maria Berlini não mentira quando dissera que não trabalhava, nem estudava.

Vamos “dissecar” esse período em orações:

1ª oração: Maria Berlini não mentira

2ª oração: quando dissera

3ª oração: que não trabalhava

4ª oração: nem estudava

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..........................................

1ª oração: oração principal. A ela irá ligar-se a segunda oração, que indica o momento em que tal fato (expresso na principal) ocorre.

2ª oração: oração subordinada adverbial temporal

3ª oração: oração subordinada substantiva objetiva direta. Serve de complemento ao verbo dizer, presente na 2ª oração (que, em relação à 3ª, é considerada principal) – quando dissera ISSO.

4ª oração: oração coordenada sindética aditiva. Esta oração se liga por coordenação à segunda. A conjunção nem tem valor aditivo, equivalendo a “e não”. Esta oração também complementa o sentido do verbo da 2ª oração = dissera: 1) que não trabalhava; 2) nem estudava (= e que não estudava).

Por isso, está certíssima a afirmativa presente na opção e.

No período, há duas orações subordinadas (2ª – oração subordinada adverbial temporal; e 3ª – oração subordinada substantiva objetiva direta) e uma coordenada (4ª = oração coordenada sindética aditiva) e, ao mesmo tempo, subordinada (à segunda oração, em que está presente a forma verbal disseram, cujo sentido complementa).

Excelente questão de prova! Não é à toa que a banca da CESPE UnB é considerada uma das melhores do Brasil.

12 -

a) Aprendi / que devemos falar a verdade.

Aprendi ISSO = que devemos falar a verdade (objeto direto)

Oração subordinada substantiva objetiva direta.

b) Falta / resolver as últimas questões.

Falta ISSO = resolver as últimas questões (SUJEITO)

Oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo.

c) Tenho receio de/ que fales a verdade

Tenho receio d ISSO = que fales a verdade (COMPLEMENTO NOMINAL)

Oração subordinada substantiva completiva nominal

Obs: A preposição pertence à oração principal, por exigência do substantivo RECEIO.

d) Ignoro / quem fez a pergunta

Ignoro ISSO = quem fez a pergunta (OBJETO DIRETO)

Oração subordinada substantiva objetiva direta

e) Convém / que tomes alguma atitude.

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Convém ISSO = que tomes alguma atitude (SUJEITO)

Oração subordinada substantiva subjetiva

f) A verdade é / que ninguém a deseja.

A verdade é ISSO = que ninguém a deseja (PREDICATIVO DO SUJEITO)

Oração subordinada substantiva predicativa do sujeito

g) Avise-o de / que havíamos chegado.

Avise-o dISSO / que havíamos chegado (OBJETO INDIRETO)

Oração subordinada substantiva objetiva indireta

h) Alguém deve saber / quando ela viaja.

Alguém deve saber ISSO = quando ela viaja. (OBJETO DIRETO)

Oração subordinada substantiva objetiva direta

i) Este trabalho foi feito por / quem entende do assunto

Oração subordinada substantiva agente da passiva

13 – D

A oração que quase 40% dessa devastação foi realizada nos últimos vinte anos age na função de OBJETO DIRETO do verbo REVELAR.

Vamos fazer a troca da oração pelo ISSO: “As imagens de satélite revelam ISSO.”.

Por isso, a oração é classificada como “oração subordinada substantiva objetiva direta”.

14 – E

Note que os períodos são totalmente independentes, ainda que haja a retomada do sujeito (“Telefone celular”), classificado como um sujeito oculto / elíptico / subentendido.

Não são orações subordinadas (pois não há relação sintática entre elas), também não são coordenadas, pois há uma ruptura entre elas, representada pelo ponto. Por isso, a resposta correta é “três períodos [simples] sintaticamente paralelos.

15 – D

A oração foi iniciada pelo pronome relativo “que”, que retoma o antecedente “cliente”. Daí, já podemos identificar essa oração como uma oração subordinada adjetiva (já teríamos 50% de chances de acertar, já que somente duas proposições apontam nesse sentido).

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Como se encontra isolada por vírgulas (“... o cliente, que já não estava muito inclinado a ceder, termina...”) e apresenta valor complementar, explicativo, a resposta é a opção D: oração subordinada adjetiva explicativa.

16 – C

Para começar, vamos identificar quantas orações temos no período composto “Vemos incontáveis estrelas, emitindo sua radiação eletromagnética, perfeitamente indiferentes às atribulações humanas.”:

1) “Vemos incontáveis estrelas, perfeitamente indiferentes às atribulações humanas” – ressalte-se que “indiferentes” é um adjetivo de dois gêneros e, por não ser originário de particípio verbal, não poderia dar início a uma oração subordinada adjetiva. Logo, temos apenas uma oração, que é a principal do período.

2) “emitindo sua radiação eletromagnética” – para identificar o valor dessa oração reduzida de gerúndio, vamos “desenvolvê-la”, ou seja, incluir um conectivo “que”: “que emitem sua radiação eletromagnética”

Nota-se que o conectivo “que” retoma o substantivo “estrelas”; trata-se, pois, de um pronome relativo, que, como vimos, dá início a uma oração subordinada adjetiva.

Assim, temos no período composto duas orações: uma principal e outra subordinada adjetiva reduzida de gerúndio.

27 – ITEM ERRADO

O emprego da expressão “ao + particípio” denota uma relação temporal.

Assim, a troca de “Ao assegurar” por “Quando assegurou”, por terem ambas as construções valor temporal, não prejudicaria o texto nem alteraria as relações de sentido originais.

28 – ITEM CERTO

O verbo ACHAR, na construção, significa “ter opinião / fazer certo julgamento”. Apresenta-se como transitivo direto e, portanto, a oração que se segue atua como objeto direto. Por isso, está correta a sua classificação como “oração substantiva objetiva direta”.

29 - C

Em regra, a conjunção “porém” é adversativa. Vejamos, então, a passagem em análise.

“A natureza do Estado é naturalmente coercitiva; porém, no caso brasileiro, é inadequada à realidade individual.”

No texto, o autor argumenta que, no Brasil, as instituições foram concebidas para coagir e desarticular o indivíduo, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos. A natureza do Estado é naturalmente coercitiva (é a chamada “mão forte do Estado/governo”), mas, em relação à realidade brasileira, inadequada, já que não há correspondência entre arrecadação e aplicação dos recursos.

São, portanto, ideias em sentido contrário.

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Vamos, então, como na questão anterior, eliminar as opções que não têm relação com o trecho.

a) A conjunção “porém” é coordenativa, e não subordinativa.

b) Também não é uma conjunção integrante – são apenas duas: que / se. Além disso, quem estabelece relação de consequência é a conjunção subordinativa consecutiva (como em “Eu tenho tanto a te falar / que com palavras não sei dizer...”).

c) É uma conjunção coordenativa que estabelece conexão entre as ideias com valor adversativo. É essa a resposta certa.

d) Já vimos que não é uma conjunção integrante.

e) É uma conjunção coordenativa, mas não com valor explicativo.

30 - D

Por incrível que pareça, na questão em análise temos apenas UM PERÍODO, haja vista que existe apenas uma oração (chamada de “absoluta”), ainda que dela façam parte tantos elementos.

Vejamos:

- A expressão “Da mesma forma” serve de conexão com as ideias anteriormente apresentadas, mas não forma uma nova oração. É o que alguns autores chamam de “termos ou elementos de articulação textual”.

- As causas do aumento da incidência de doenças transmissíveis pela água contaminada são apresentadas a partir da estrutura “tanto por causa... durante as enchentes”, que faz parte da mesma oração.

Bons estudos e até a próxima!