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INSTITUTO AVANÇADO DE ENSINO SUPERIOR DE BARREIRAS- IAESB FACULDADE SÃO FRANCISCO DE BARREIRAS- FASB BACHAREL EM ENFERMAGEM BEATRIZ LISBOA GAMA CAROLINE PEREIRA NASCIMENTO PERCEPÇÃO DE ENFERMEIRAS ACERCA DA LIMINAR QUE SUSPENDEU PARCIALMENTE A PORTARIA Nº 2488/2011 BARREIRAS-BA 2018

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INSTITUTO AVANÇADO DE ENSINO SUPERIOR DE BARREIRAS-

IAESB

FACULDADE SÃO FRANCISCO DE BARREIRAS- FASB

BACHAREL EM ENFERMAGEM

BEATRIZ LISBOA GAMA

CAROLINE PEREIRA NASCIMENTO

PERCEPÇÃO DE ENFERMEIRAS ACERCA DA LIMINAR QUE

SUSPENDEU PARCIALMENTE A PORTARIA Nº 2488/2011

BARREIRAS-BA

2018

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BEATRIZ LISBOA GAMA

CAROLINE PEREIRA NASCIMENTO

PERCEPÇÃO DE ENFERMEIRAS ACERCA DA LIMINAR QUE

SUSPENDEU PARCIALMENTE A PORTARIA Nº 2488/2011

Monografia apresentada ao curso de

Enfermagem da Faculdade São Francisco de Barreiras- FASB como requisito parcial

para obtenção do título de Bacharel em enfermagem.

Orientadora: Profa. Esp. Dulce Rodrigues de Matos

Co-orientadora: Profa. Mestre. Maria Madalena de Souza Torres

BARREIRAS-BA

2018

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AGRADECIMENTOS

“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem ninguém imaginou o que Deus

tem preparado para aqueles que o amam”. E o que ele me reservou é inimaginável! À Deus toda a minha Gratidão, sem ele não estaria realizando mais um sonho.

Aos Meus pais: Gilson Gama e Francelina Lisboa, e ao meu irmão Samuel,

minha eterna gratidão, vocês são minha base. Em especial a minha mãe! Sem ti eu não estaria concluindo nossa faculdade. Obrigada por não me deixar desistir. Amo

vocês. Aos meus tios e tias, primos e primas, gratidão por tudo. Aos meus avós

paternos e maternos, obrigada por todo amor, em especial minha avó Donília (in

memorian) Obrigada pelas orações, vó! Finalizo sem ti, mas com o coração transbordando de alegria por saber que consegui realizar o nosso sonho.

Às minhas amigas que compartilharam comigo essa jornada, em especial Gilvânia e a minha sobrinha Amy, obrigada por todo amor transmitido a mim.

À minha melhor amiga Shawana, sem você minha caminhada não seria

completa, obrigada por viver comigo os melhores e piores momentos, obrigada por acreditar em mim. E você sempre esteve certa, eu sou capaz. Te amo.

Agradeço aos meus professores, uma vez que foram além das bases científicas, me ensinaram valores os quais levarei para sempre, em especial, minha amiga e professora Claudia, obrigada pelos conselhos, por sua amizade. Á todas,

meu muito obrigada. A nossa orientadora e mãezona, Dulce, obrigada por toda paciência e por

acreditar no nosso potencial. Você essencial. Ao meu grupo de amigas da faculdade, Amanda, Andressa, Caroline

Queiroz, Caroline Pereira e Luma. Foram 5 anos convivendo juntas e mesmo com as

diferenças tivemos os melhores 5 anos, o famoso grupo 6. Desde agora já sinto saudades, Amo vocês.

A minha Dupla, como foi difícil chegar até aqui. De noites de cansaço até essa noite de extrema gratidão pela conclusão do nosso trabalho. Obrigado por caminhar comigo nessa longa jornada.

Por fim, mais um sonho se tornando real, e este é um dos maiores objetivos alcançados! Gratidão.

Beatriz Lisboa Gama

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AGRADECIMENTOS

Andei, por caminhos difíceis, eu sei. Mas olhando o chão sob meus pés, vejo o quanto valeu a pena cada passo dado até aqui. No inicio o desconhecido me

causava temor, e o fato de estar longe de quem eu amava me causava angústia. Mas a mão do meu Criador foi meu sustento e me proveu tudo aquilo que eu necessitei. Porque Deus é bom o tempo todo, o tempo todo Deus é bom. À minha

mãe, meu maior amor, aquela que não mediu esforços para que eu conseguisse realizar esse sonho. Mãe, minha eterna gratidão por tudo! Essa vitória é nossa! Amo

você mais que tudo! Ao meu grande amor, meu namorado e amigo, digo que jamais concluiria essa caminhada sem você. Pois sempre foi meu braço forte, meu abrigo e meu porto seguro. Rafael, me faltam palavras pra te agradecer, essa vi tória é nossa

também amor! Gratidão à minha família que sempre me demonstrou apoio, incentivo e amor. Aos meus priminhos pequenos, Samuel, Adher Júnior, Izabella, João Pedro,

Kayla, Kiara e minha afilhadinha amada Adha Sophya por me ensinarem sempre sobre inocência, alegria, e humildade. E ao meu primo Danilo que foi companheiro de jornada durante os cinco anos.

Aos meus tios e tias por tanto carinho. Em especial à minha titia Carmelita que do inicio ao fim esteve ao meu lado, sempre orando e se preocupando comigo.

E sempre foi um espelho pra mim de honestidade, talento e fé! Eu te amo muito e sou grata por tudo que já fez por mim! À minha tia Helda, que com sua alegria e amizade me fizeram entender que família vai além dos laços de sangue, que família

é ser e estar presente e que são os laços de amor que sobrevivem à distância, ao tempo e a separação. Te amo! Aos meus avós paternos e maternos, especialmente

vovó Rita e vovô Manoel que são meus amorzinhos e meus maiores exemplos de humildade, experiência e força! E minha vovó Guiomar (in memoriam) que sempre me deu lições de vida, sobre o que é correto e justo! Amo demais vocês.

Às minhas amigas de todas as horas, ao meu grupo amado, Andressa, Amanda, Luma e Carol, levarei vocês pra sempre em meu coração. A todos os

professores que com tamanho conhecimento contribuíram em minha formação. À minha orientadora Dulce que sempre esteve disposta a nos ajudar e com seu jeito de mãe, nos acolheu e nos ensinou a ter responsabilidade e dedicação àquilo que

nos propusemos a fazer. Obrigada por tudo Dulcinha. À minha companheira de trabalho Beatriz pelos momentos de desenvolvimento e crescimento acadêmico, e

pelos momentos de descontração! Que sua caminhada seja de muita luz. Agradeço de coração a todos que de alguma forma contribuíram para que esse momento se concretizasse na minha vida!

Caroline Pereira Nascimento

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“Acho que os sentimentos se perdem nas palavras. Todos deveriam ser transformados em ações, em ações que tragam resultados”.

Florence Nightingale

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RESUMO

A Enfermagem ao longo dos anos sofreu diversas mudanças, que implicaram na transformação de uma prática que era apenas empírica, para um trabalho baseado em métodos científicos, regulamentado por lei. Esta Lei, portanto, delimita e traça o caminho que o enfermeiro

pode percorrer em sua prática assistencial, tornando o seu conhecimento de suma importância para a carreira do enfermeiro. O interesse em desenvolver essa pesquisa surgiu por termos vivenciado a repercussão na Atenção Básica, gerada pela suspensão parcial da Portaria 2.488 de 2011, que

impediu os Enfermeiros de solicitarem exames, o que caracterizou como uma afronta à práxis da enfermagem. Acompanhamos a mobilização dos Enfermeiros na mídia nacional, regional e local com manifestações de profissionais e acadêmicos de enfermagem. O tema proporcionou intensas

discussões produtivas acerca do processo de enfermagem que há muito tempo angustiava boa parte dos profissionais, justificando assim o interesse pelo tema proposto. Desta maneira, o presente estudo tem como objetivo geral descrever a percepção das enfermeiras da Atenção Básica acerca da

decisão liminar do Conselho Federal de Medicina (CFM) que suspendeu os efeitos da portaria nº 2488/2011. E como objetivos específicos: caracterizar o perfil socioeconômico e demográfico das participantes da pesquisa; relatar a experiência das enfermeiras durante a vigência da liminar do CFM

e Compreender os sentimentos das enfermeiras diante da liminar do CFM. Portanto, o presente estudo é do tipo qualitativo com abordagem fenomenológica. A pesquisa foi realizada com 05 enfermeiras que atuam na Estratégia de Saúde da Família na cidade de Barreiras-BA. Para preservar

a identidade dos participantes numeramos os enfermeiros conforme a ordem da entrevista, pelo codinome “Enfe”. Dos 05 participantes da pesquisa, 05 eram do sexo feminino. Quanto ao estado civil 04 eram casadas e apenas 01 solteira, em relação à idade todas se encontram na faixa etária de 30-

40 anos. Quanto à renda, 03 recebem até três salários mínimos, e 02 acima de três salários mínimos. Ao analisarmos as falas das participantes identificamos cinco categorias temáticas, a saber: sentimentos vivenciados pelos enfermeiros durante a vigência da Liminar do CFM; precariedade no

atendimento à população; mobilização coletiva; reflexo para a comunidade e postura médica. A presente pesquisa proporcionou às enfermeiras a oportunidade de expressarem seus sentimentos acerca do momento vivenciado por elas ao serem impedidas de realizarem algumas de suas

atribuições, refletindo sobre sua prática profissional. Conclui-se que os objetivos propostos do estudo foram atingidos, e acreditamos que o mesmo possa contribuir para novas pesquisas e descobertas na área de atuação do enfermeiro frente a tantas afrontas à sua práxis.

Palavras chave: Liminar. Portaria 2488/2011. Enfermagem. CFM.

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ABSTRACT

Nursing has suffered significant changes since it was introduced as a profession. Changes that have transformed it from an empirical practice to a job based on scientific methods and closely

regulated by the law. The law establishes clear pathways for nurses to follow in their daily functions. Thus, deep understanding of these statutes is of great importance for anyone embarking the nursing profession. The interest in developing this research arose from our own experiences with primary

healthcare when the partial suspension of ordinance 2.488 in 2011, which prevented nurses from ordering exams. This suspension was treated as an affront to the nursing practice. We accompanied the Nurses Movement on the local, regional, and national news. These included manifestations of

professionals and academics in the nursing area. The subject of the movement provided intense and productive discussions about nursing procedures that had anguished nurse professionals for years. Subsequently, our study general objective is to describe the perception of primary health care nurses

regarding the decision to suspend the effects of ordinance 2488/2011 by the Federal Medical Counsel (CFM). The study aims to produce an accurate representation of the socioeconomic and demographic profile of the study’s participants; to relate a experiences of the nurses during the duration of the injunction, as well as, understand the nurses feelings towards it. Therefore. The present is a

qualitative study with a phenomenological approach. Five nurses at the “Family Health Strategy” in the city of Barreiras, Bahia, were studied. To preserve the nurse’s identities, they were coded using the name code “Enf” followed by a number. Of the 5 participants, 5 were female, 4 were married and one

single. All were member of the 30-40 age bracket. According to the study, three of them receive up to three minimal wages in income, and two receive above three minimal wages. Analyzing the discourse by each participant, five themes were identified: feelings during the injunction by the CFM,

precariousness in treatment of patients, collective mobilization, community reception, and medical posture. The present study provides the nurses with an opportunity to express their feelings about their experiences while they were being prevented from performing some of their attributed tasks,

reflecting on their professional practices. It is concluded that the proposed objectives of the study were achieved, and we believe that it can contribute to new research and discoveries in the nurses' area of action in face of so many affronts to their praxis.

KEYWORDS: Delete. Ordinance 2488/2011. Nursing. CFM.

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LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CFM- Conselho Federal de Medicina

CLT- Consolidação das Leis do Trabalho

COFEN- Conselho Federal de Enfermagem

CONEP- Conselho Nacional de Pesquisa com Seres Humanos

COREN - Conselho Regional de Enfermagem

ENF- Enfermeira

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

SUS - Sistema Único de Saúde

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................................... 10

2.1 HISTÓRICO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM........................................... 13

2.2 DIREITOS E DEVERES DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM .............. 13

2.3 O CÓDIGO DE ÉTICA NA ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO ............................. 14

2.4 A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA SAÚDE PÚBLICA.................................. 14

3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 17

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 20

4.1 CATEGORIA 1: SENTIMENTOS VIVENCIADOS DURANTE A VIGÊNCIA

DA LIMINAR DO CFM. ................................................................................................. 20

4.2 CATEGORIA 2: PRECARIEDADE NO ATENDIMENTO DA POPULAÇÃO. 22

4.3 CATEGORIA 3: MOBILIZAÇÃO COLETIVA ...................................................... 24

4.4 CATEGORIA 4: REFLEXO PARA COMUNIDADE ........................................... 25

4.5 CATEGORIA 5: POSTURA MÉDICA ................................................................. 26

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 299

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ .30

APÊNDICE-A- ENTREVISTA ......................................................................................... 33

ANEXO A- CARTA ACEITE INSTITUCIONAL ........................................................... 34

ANEXO B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO........... Erro!

Indicador não definido.

ANEXO C –PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP .......................................... 38

ANEXO D- CONTROLE DE FREQUÊNCIA ................................................................ 40

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INTRODUÇÃO

O trabalho como parte de um contexto sócio-econômico-político se torna um

meio pelo qual fornece ao ser humano sentimentos de dignidade, capacidade e

utilidade (SANTOS et al., 2006).

Com a revolução industrial, houve uma amplitude na área do trabalho, e com

isso uma maior exigência por parte dos trabalhadores. O trabalho escravo foi

substituído pelo trabalho assalariado, e a fábrica ganhou seu espaço. Ao longo

dessa jornada, muitas injustiças foram acontecendo e os empregados se viram

obrigados a lutar pelos seus direitos, uma vez que não existia ainda uma legislação

que regulamentasse o exercício trabalhista especificamente no Brasil (MONTEIRO;

GOMES, 1998).

Foi então que em 1943 surgiu a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Ao

decorrer dos anos a CLT sofreu algumas alterações, mas o seu principal objetivo

não mudou que é o de atuar em benefício do trabalhador (MONTEIRO; GOMES,

1998).

Além da CLT, cada profissão é regida por uma lei que a regulamenta e dispõe

sobre seus deveres e direitos específicos da atividade desenvolvida. A enfermagem,

por exemplo, tem como subsídio a Lei 7498/86 que transcreve o que é de

competência dessa classe (KUREBAYASHI et al., 2008).

Com o desenvolvimento no campo da saúde e a Enfermagem sendo

reconhecida, cria-se o Código de Ética dos profissionais pertencentes a essa

categoria pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Este instrumento

fornece direito de atendimento à população, juntamente com os interesses dos

profissionais da área (SILVA et al., 2011).

A legislação é um instrumento de garantia do espaço de atuação dos

profissionais, e o enfermeiro como parte da massa trabalhista, necessita conhecer

de forma completa os aspectos legais do exercício da profissão, para que o mesmo

saiba como agir, respeitando seus deveres, e garantindo seus direitos

(KUREBAYASHI et al., 2008).

No princípio da prática assistencial de enfermagem, havia uma relação de

subordinação por parte dos enfermeiros à classe médica. É visto que este cenário

tem se transformado à medida que os enfermeiros tomam consciência dos limites

legais de sua atuação e se vêem não como co-autores, mas como protagonistas do

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cuidado ao paciente, passando a ter uma relação com a equipe multiprofissional de

cooperação ao invés de subordinação e concorrência (PIMENTEL, 2017).

Acreditamos, portanto como integrante da equipe de saúde, a autonomia do

enfermeiro no processo saúde/doença tem proporcionado à melhoria da qualidade

da assistência em saúde na atenção primária, que é a porta principal de entrada do

usuário dentro da rede de serviços. Fica evidente a qualidade da assistência

prestada diante de todo o processo de enfermagem (anamnese, exame físico,

diagnóstico de enfermagem, exame, consulta, avaliação, etc.), na qual o usuário

recebe uma assistência pautada nos princípios da equidade, integralidade e

resolutividade.

O interesse em desenvolver essa pesquisa, no entanto surgiu por termos

vivenciado a repercussão na Atenção Básica, gerada pela suspensão parcial da

Portaria 2.488 de 2011, que impediu os Enfermeiros de solicitarem exames.

Acompanhamos a mobilização dos Enfermeiros na mídia nacional, regional e local

com manifestações de profissionais e acadêmicos de enfermagem. O tema

proporcionou intensas discussões produtivas acerca do processo de enfermagem

que há muito tempo angustiava boa parte dos profissionais.

Oportunamente, presenciamos alguns relatos sobre a dificuldade no

atendimento à população. Por se tratar de uma liminar que representou um déficit no

atendimento à população atendida nas Unidades Básicas de Saúde, a Liminar do

CFM, representou a fragilidade de uma classe profissional. A mesma apresentou

uma progressão a nível, Nacional, local e Regional.

Desse modo, esse processo nos levou à seguinte problemática: Qual a

percepção das enfermeiras acerca da liminar que suspendeu parcialmente a portaria

nº 2488/2011?

Para responder a problemática em questão, traçamos o seguinte objetivo

geral: descrever a percepção das enfermeiras da Atenção Básica acerca da decisão

liminar do CFM que suspendeu os efeitos da portaria nº 2488/11, e os seguintes

objetivos específicos: caracterizar o perfil sócio econômico demográfico das

participantes da pesquisa; relatar a experiência das enfermeiras durante a vigência

da liminar do CFM; e compreender os sentimentos das enfermeiras diante da liminar

do CFM.

Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa, de caráter

fenomenológico. Com uma população de 25 enfermeiras da Atenção Básica que

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atuam em Estratégias de Saúde da Família em Barreiras Bahia. A amostra se deu

por saturação, e assim totalizou-se um número de 05 enfermeiras que atuavam em

Estratégias de Saúde da Família, e possuíam vínculo com a Estratégia desde 2016,

e tinham idade igual ou maior de 18 anos conforme os critérios de inclusão.

Após a coleta de dados as falas foram ouvidas, transcritas, agrupadas,

codificadas, emergindo cinco categorias, que estão dispostas de modo a

proporcionar um melhor entendimento da temática, sendo elas: Sentimentos

vivenciados durante a vigência da liminar do CFM; Precariedade no atendimento à

população; Mobilização coletiva; Reflexo para comunidade e Postura médica.

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2.1 HISTÓRICO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM

Em 1923, foi aprovado o decreto 16.300, de 31 de dezembro de 1923, que

descreve sobre o regulamento do departamento nacional de saúde pública e

fiscalização do exercício profissional de farmacêuticos, dentistas, médicos, parteiras

e enfermeiros. Porém, somente em 1950 surgiu à lei que era específica para o

exercício de enfermagem, a Lei n° 2.604, de 17de setembro de 1955

(KUREBAYASHI et al., 2008).

Após o decreto número 50.837, de 28 de março de 1961, que foi definido o

exercício de enfermagem, contudo, era restrito ao enfermeiro o cuidado do doente,

da gestante e do acidentado, além de administração de medicamentos, educação

sanitária e aplicação de medidas preventivas (KUREBAYASHI et al., 2008).

Após várias mudanças, a Lei número 2.604/55 foi substituída, por então atual

legislação da regulamentação do exercício de enfermagem, Lei n 7.498, de 25 de

junho de 1986. Foram estabelecidas então competências privativas do enfermeiro e

atribuição dos técnicos e auxiliares de enfermagem (FREITAS; ORGUISSO, 2010).

Ao longo da história a ética em enfermagem é pautada em assuntos que se

concentram em vida e morte, aborto, métodos anticoncepcionais, eutanásia e

transplantes, porém, atualmente, os direitos e deveres dos profissionais de

enfermagem, estão sendo cada vez mais questionados, tornando um confronto de

saberes no que se refere aos deveres e proibições (ZBOROWSKI; COSTA, 2004).

2.2 DIREITOS E DEVERES DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM

A Lei do exercício da enfermagem n° 7.498, de 25 de Junho de 1986,

estabelece as responsabilidades, competências e atribuições do enfermeiro. No art.

6º, descreve que enfermeiro é aquele que possui diploma baseado nas leis conferido

por instituição de ensino. A Enfermagem é exercida por pessoas legalmente

habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enfermagem (COREN) (BRASIL,

1986).

O Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe,

privativamente, chefia de serviço da unidade de enfermagem, seja em instituição

pública ou privada; planejamento, organização, a coordenação, execução de toda

assistência prestada ao paciente; auditoria; consulta de enfermagem; prescrição da

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assistência de enfermagem; cuidados de enfermagem a pacientes graves e

cuidados de maior complexidade (BRASIL, 1987).

Como integrante da equipe de saúde, o enfermeiro, participa no

planejamento, na execução e avaliação do programa de saúde, na avaliação dos

planos assistenciais de saúde e projetos de construção e reforma da unidade;

prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública;

prevenção e controle de infecção hospitalar, prevenção de danos aos pacientes;

assistência à gestante, parturiente e puérpera; acompanhamento na evolução do

parto; execução do parto sem distorcia; educação em saúde, visando melhoria a

saúde da população (BRASIL, 1987).

2.3 O CÓDIGO DE ÉTICA NA ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO

Sabe-se que cada profissão é regida por um código de ética, nisto se inclui a

Enfermagem que é profissão regulamentada desde 1986 através da Lei 7498/1986.

A ética concede valor à vida, e deve se tornar a bússola que guia o profissional no

enfrentamento de suas dificuldades diárias (SILVA et al., 2011).

O código de ética tem por finalidade definir limites que dirão até onde o

profissional pode ir, de maneira a não ferir os princípios da autonomia, maleficência,

não maleficência e justiça (SILVA et al., 2011).

Diante das experiências que o profissional estará enfrentando na sua prática,

e das mais variadas mudanças vivenciadas, especialmente na área da saúde, é

imprescindível que o acadêmico de enfermagem tenha uma base ética sólida,

pautada no conhecimento adquirido dentro da academia e fora dela, a fim de que se

formem enfermeiros cada vez mais preparados, que sejam eficazes e críticos

(COUTO FILHO et al., 2013).

2.4 A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA SAÚDE PÚBLICA

O direito a saúde foi proclamado na Declaração Universal de Direitos

Humanos em 1948, através do pacto da organização das nações unidas. O conceito

saúde possui grandes implicações sociais, econômicas e legais, carrega um longo

processo de discussão e transações junto ao conceito de cidadania (VENTURA,

2012).

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O Brasil expande os direitos em saúde baseado no artigo 196 da Constituição

Federal, inventariado no princípio de que a saúde é um direito de todos, e sendo

dever do Estado, consolidado nos princípios da universalidade, integralidade,

autonomia e igualdade (SILVA, 2009).

No contexto da saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) representa uma

grande conquista para todos, pois o mesmo possibilita o acesso da população à

saúde, incorporando o direito como uma condição de cidadania (VENTURA,2012).

Na perspectiva da saúde, o cuidado é uma das formas de prevenção da vida.

O cuidar é o elo entre o cuidador e o cuidado, e nesse âmbito a enfermagem exerce

um papel primário, pois ao longo do tempo a profissão se desenvolve através de

conhecimentos próprios do cuidar (PIRES, 2009).

As práticas em saúde são construídas através de vários hábitos. Desde os

primórdios os cuidados com o ser o humano vinham sendo praticados, mesmo de

forma implícita. O cuidado é definido como um conjunto de ações que têm a função

de oferecer a melhor qualidade. Na atualidade, as práticas do cuidado são

realizadas por profissionais da saúde (ACIOLI; LUZ, 2003).

O enfermeiro é um dos responsáveis pelas ações de acompanhamento dos

usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Possuem conhecimentos, habilidades

técnicas e científicas. Desde a sua formação, o ensino de enfermagem tem por

objetivo lançar no mercado profissional generalistas, humanista, com pauta nos

princípios éticos, técnicos e científicos (ACIOLI et al., 2014).

A Enfermagem é regulamentada por normas jurídicas, e é imprescindível o

conhecimento da legislação, pois é através dessas leis que os profissionais se

posicionam sobre suas ações, direitos e obrigações (ORGUISSO; SCHMIDT, 2007).

Com a revolução, a prática dos enfermeiros vem sendo constantemente

questionada, no que se diz respeito aos aspectos éticos legais. Sabendo disso, vê-

se a necessidade da reflexão dos acadêmicos de enfermagem pela busca do

conhecimento sobre os direitos, deveres e privações do profissional de enfermagem,

para que o mesmo possa exercer sua profissão embasada na lei que os regem

(JUNGES et al., 2014).

A portaria 2488 de 2011 descreve que dentre as atribuições e

responsabilidades da equipe de saúde, temos aquelas que são de competência do

enfermeiro, na qual são pautadas em protocolos ou normativas técnicas

estabelecidas pelo gestor municipal, estadual e federal, no qual dispõe sobre a

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solicitação de exames complementares, prescrição de medicações, realização de

consultas e procedimentos sendo atribuições específicas do enfermeiro (BRASIL,

2011).

Após a decisão procedente da 20° vara da Justiça Federal de Brasília,

solicitada pelo Conselho Federal de Medicina, os profissionais, enfermeiros que

atuam na atenção básica foram impedidos de solicitar exames e prescrever

medicações descritas nos protocolos. Com justificativa que esse tipo de atendimento

é função do profissional médico (SILVA, 2017)

A liminar veio contra a portaria 2488/2018, que dispõe das funções do

enfermeiro e em afronta a Lei 7498/86, no artigo 11 que descreve sobre as funções

privativas do enfermeiro, sendo uma delas a consulta de enfermagem e prescrição

de assistência. Promovendo a discordância na norma do COREN de número

195/1997 que dispõe sobre a solicitação de exames complementares e de rotina

realizados pelos enfermeiros (COREN, 2017).

O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), em nota deixou claro que

repudiava a ação levantada pelo Conselho Federal de Medicina, pois além de ferir

os direitos da enfermagem, a liminar ameaçaria os programas oferecidos na atenção

básica, que eram realizados pelos enfermeiros causando graves prejuízos a saúde

da população (SidEnfermeiros-DF,2017).

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3 MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa qualitativa com abordagem

fenomenológica.

A pesquisa qualitativa não se restringe à adoção de uma teoria, do paradigma

ou de um método, mas permite, ao contrário, adotar uma multiplicidade de

procedimentos e pressupostos. O pesquisador procura aprofundar-se nos

fenômenos estudados além de permitir a mensuração de opiniões e reações

(TERENCE; ESCRIVÃO; FILHO, 2006).

A abordagem fenomenológica é a ciência dos estudos, dos fenômenos, dos

objetos, dos eventos e dos fatos da realidade. A pesquisa oferece uma realidade em

partes, pois é a dúvida e não certeza que motiva os pesquisadores a irem a busca

da verdade (ANDRADE; HOLANDA, 2010).

O estudo foi realizado no município de Barreiras, localizado na região Oeste

do estado da Bahia. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

possui uma população de 137.427 habitantes, com área geográfica de 7.895 km² e

encontra-se há uma distância de 870 km de Salvador. Este estudo foi desenvolvido

com Enfermeiras nas Unidades Básicas de Saúde em Estratégias de Saúde da

Família localizada na mesma cidade.

A população desse estudo foi constituída por 25 enfermeiras da Atenção

Básica que atuam em Estratégias de Saúde da Família em Barreiras Bahia.

Segundo Steffns, (2013) o Conceito do termo população utilizado em uma

pesquisa, é definida através de um conjunto de pessoas que se enquadram em uma

ou mais característica em comum.

A amostra por sua vez, se deu por saturação, e assim totalizou-se um número

de 05 enfermeiras no qual estavam atuando em Estratégias de Saúde da Família, e

possuíam vínculo com a Estratégia desde 2016, e tinham idade igual ou maior de 18

anos conforme os critérios de inclusão.

A amostra é denominada como aquela que cobre uma fração do todo, não um

número exato, é composta por uma população com características comuns. Sendo

essa denominada a média de uma população (ARANGO et al., 2008).

Após submissão ao Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade São Francisco

de Barreiras- FASB e aprovação do mesmo com o número do CAAE

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85151418.7.0000.5026, iniciou-se a coleta de dados. A pesquisa foi realizada entre

agosto e setembro de 2018.

O Local escolhido para aplicação dos instrumentos da coleta foi no próprio

ambiente de trabalho das enfermeiras, ou seja, nas Estratégias de Saúde da Família

de Barreiras-BA.

No momento da entrevista realizamos uma explicação sobre o tema proposto

e sobre os objetivos gerais e específicos, assim como a possibilidade de desistir da

pesquisa. Foi assegurado o sigilo dos dados da mesma, e para manter o anonimato

foram utilizadas as nomeações de Enf 1, Enf 2, Enf 3, Enf 4 e Enf 5.

Logo após, as participantes assinaram o Termo Consentimento Livre e

Esclarecido (ANEXO B), e assim prosseguimos com as entrevistas estabelecidas, de

forma que foram gravadas em um aparelho celular, modelo smartphone através de

um aplicativo denominado “gravador de voz”, tendo duração média de 5 minutos,

ocorrendo individualmente de forma a garantir o direito ao sigilo das informações

colhidas tanto no período da coleta como para posterioridade.

Durante as entrevistas as participantes expressaram seus sentimentos de

forma espontânea, sendo guiadas pelas perguntas norteadoras: fale-nos sobre sua

experiência durante o período de vigência da liminar e como foi à vivência do seu

processo de trabalho durante a liminar, que se encontram no apêndice A.

Após a coleta de dados às falas foram ouvidas, transcritas, agrupadas,

codificadas, emergindo cinco categorias, que estão dispostas de modo a

proporcionar um melhor entendimento da temática, sendo elas: Sentimentos

vivenciados durante a vigência da liminar do CFM; Precariedade no atendimento à

população; Mobilização coletiva; Reflexo para comunidade e Postura médica.

No que se diz respeito aos possíveis riscos no qual os enfermeiros

participantes da pesquisa poderiam sofrer, o de maior relevância no caso do

presente seria o risco emocional decorrente das lembranças que vieram à tona

relacionadas ao período de vigência da Liminar, podendo causar constrangimento

ao participante. Todavia, nenhum dos participantes referiu constrangimento,

portanto, até o momento, não foi necessário encaminhamento à Clínica escola de

Psicologia da Faculdade São Francisco de Barreiras-FASB.

Para realizar a pesquisa foram definidos como critérios de inclusão:

enfermeiros que atuam em Estratégias de Saúde da Família, que tenham vínculo

com a Estratégia desde 2016, que aceitem participar da pesquisa espontaneamente,

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19

com idade igual ou maior de 18 anos e que assinem o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido que consta no Anexo B.

Dado que os sujeitos do estudo serão seres humanos, obedeceu-se ao

previsto na Resolução 466/12 do Ministério da Saúde do Brasil, submetido à análise

e julgamento do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Faculdade

São Francisco de Barreiras – FASB/BA, que é reconhecido pelo Conselho Nacional

de Pesquisa com Seres Humanos (CONEP).

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20

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa qualitativa com abordagem

descritiva de caráter fenomenológico, tendo como principal objetivo descrever a

percepção das enfermeiras da Atenção Básica acerca da decisão liminar do CFM

que suspendeu os efeitos da portaria nº 2488/2011.

A pesquisa foi realizada com cinco enfermeiras que atuam na Estratégia de

Saúde da Família na cidade de Barreiras-BA. Para preservar a identidade das

participantes as mesmas foram identificadas com codinome de “Enf.01, Enf.02,

Enf.03, Enf.04, Enf.05”. Com relação ao gênero eram todas do sexo feminino,

quanto ao estado civil quatro eram casadas e apenas uma solteira, em relação à

idade todas estavam entre trinta e quarenta anos. Quanto à renda, três recebem até

três salários mínimos, e duas acima de três salários mínimos.

Após a coleta de dados que foi realizada através de entrevistas gravadas

sendo guiadas por duas perguntas norteadoras, as falas foram ouvidas, transcritas,

agrupadas, codificadas, emergindo cinco categorias, que estão dispostas de modo a

proporcionar um melhor entendimento da temática, sendo elas: Sentimentos

vivenciados durante a vigência da liminar do CFM; Precariedade no atendimento à

população; Mobilização coletiva; Reflexo para comunidade e Postura médica.

4.1 CATEGORIA 1: SENTIMENTOS VIVENCIADOS DURANTE A VIGÊNCIA DA

LIMINAR DO CFM.

Segundo Franz (2003) os sentimentos são compartilhados e divididos após

um fenômeno ou acontecimento histórico que envolve um grupo em comum.

Servindo como uma mola propulsora na tomada de decisão, conforme afirma Thums

(1999).

Na categoria sentimentos vivenciados durante a vigência da liminar do CFM

percebe-se o quanto esta decisão teve impacto direto não só na prática das

enfermeiras, mas também em seu psicológico e emocional. Os sentimentos

expressados por elas aconteceram de forma similar, e foram eles principalmente de

tristeza e impotência. Os mesmos estão evidenciados nas falas a seguir:

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21

“[...] Então, durante esse período, a gente ficou bem entristecido com a liminar porque a gente perdeu tudo que de fato a gente tinha

conquistado durante todo o tempo, a gente ficou muito restrito, ficamos prejudicados...” (Enf. 3)

“[...] Na realidade foi uma triste experiência, por que a gente sabe o

quanto que a comunidade depende do nosso trabalho...” (Enf 4) “ [...] foi um momento muito triste, de muita tristeza. .. (Enf. 5)

No Decreto nº 50.387/61, citado na Liminar do CFM, mais especificamente em

seu artigo 14º, descreve: “são deveres de todo pessoal de enfermagem respeitar

fielmente as determinações prescritas pelo médico. ” Dessa forma, toda a atuação

do enfermeiro deriva, na sua totalidade, das prescrições e terapêuticas decididas

pelos profissionais médicos (BRASIL, 2017).

Porém, de acordo a portaria 2488/2011 o enfermeiro possui atribuições

pautadas em protocolos ou normativas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal,

estadual e federal, no qual dispõe sobre a solicitação de exames complementares,

prescrição de medicações, realização de consultas e procedimentos sendo

atribuições específicas do enfermeiro (BRASIL, 2011). Refutando o que o decreto

supracitado nos disse.

Diante disso trouxemos as falas relacionadas ao sentimento de impotência

das enfermeiras frente à afronta do CFM à portaria 2488/11:

[...] Porque a gente ficou impossibilitada de atuar enquanto enfermeira assistencial porque a gente não podia fazer praticamente nada e

tudo que a gente faz, pelo menos no âmbito da Atenção Básica envolve prescrição, e a gente não dá diagnóstico, mas a partir do momento que você prescreve uma coisa, teoricamente você já tem o diagnóstico daquilo

ali (Enf. 2) “[...] Eu me senti de pés e mãos atadas, pois quem está no

assistencialismo a vontade da gente é de está prestando toda uma

assistência correta, então a gente sabia o que pedia, porque a gente trabalha em cima do protocolo do município, e não podia fazer nada, só a assistência sem poder solicitar, e, prescrição de nada”. (Enf. 1)

Ao analisar a liminar, observamos que, em quase todos os parágrafos, o CFM

enfoca que deve haver uma submissão do enfermeiro para com o médico, e, foi

notório nas falas das enfermeiras que a enfermagem vem ao longo dos anos

buscando sua autonomia, embasada nos aspectos éticos e legais.

Todas as classes da área da saúde inclusive a enfermagem no desenrolar da

sua prática, abrangem mais atividades que o preconizado pelos normativos legais, e

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acabam exercendo atividades próprias da medicina, pondo em risco a população

atendida (BRASIL, 2017).

[...] Então eu entendo o posicionamento do médico, do Conselho Federal de Medicina, eu só não compreendo ainda que eles acham que a gente tá tentando fazer o trabalho de alguém, e nós não estamos tentando

fazer o trabalho deles. É como se nós fôssemos uma figura pra eles talvez simbólica e nós não somos... ( Enf 2)

Analisando a fala da Enf 2, reforçamos o parágrafo acima, no qual

descrevemos sobre a busca da autonomia da profissão. Ela relata que, o profissional

de enfermagem não é apenas uma figura simbólica, e que as atividades exercidas

pelas enfermeiras são aquelas que são descritas na lei do exercício de enfermagem.

[...]a gente vinha, cumpria nossa carga horária e voltava para casa, então o trabalho ficava mais burocrático, administrativo, resolvia uma coisinha ou outra ali, mas nada que interferia na resolução”. (Enf. 5)

[...] A partir do momento que você presta um serviço e que você de forma abrupta encerra ele, porque nós fomos forçados realmente a parar. Então a gente deixa de ofertar vários serviços e aqui não foi diferente... eu

vinha para a unidade, mas a parte assistencial, a gente praticamente ficou impossibilitada”. (Enf. 2).

Durante a liminar, a equipe de enfermagem precisou adaptar-se ao trabalho,

paralisando o quesito assistencial, se dedicando ao processo burocrático como se

observou nas falas acima.

Ao longo das entrevistas observamos que a parte assistencial deixou de fazer

parte das atividades das enfermeiras, devido a impossibilidade de prestar um

atendimento completo. A exemplo, pacientes de baixo risco, que antes eram

atendidos apenas pela enfermeira, necessitavam após a liminar de intervenções

médicas para realizar o atendimento, porém o mesmo ficou prejudicado, uma vez

que a demanda estava acima da capacidade do profissional.

4.2 CATEGORIA 2: PRECARIEDADE NO ATENDIMENTO DA POPULAÇÃO

Ao longo da história a população começou a conhecer seus direitos e exigir

que esses sejam cumpridos. Na área da saúde há uma busca constante pela

excelência do serviço público na prestação do cuidado, já que na Constituição

Federal, em seu artigo 196 a saúde é descrita como um direito de todos e dever do

Estado (LIMA et al., 2012).

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Durante o período da liminar, a população ficou descoberta, principalmente

nos principais atendimentos realizados pelas enfermeiras, e a falta dessa assistência

veio devido à inexequibilidade do profissional de enfermagem em oferecer à

população os atendimentos que outrora eram realizados, e pela alta demanda que

impossibilitava o profissional médico de atender. Porém, os pacientes eram bem

orientados sobre o que estava acontecendo, uma vez que estava sendo violado um

direito descrito na Constituição Federal.

[...] “A gente procurava sempre informar a população para que eles tivessem consciência e também buscassem isso a nosso favor, de que as coisas não estavam andando como eram antigamente, né, a rotina da

unidade”. (Enf 3).

Um dos princípios do SUS é a Universalidade, que significa para todos.

Garantindo como direito à saúde que é o bem-estar físico e psíquico, a pobres, ricos,

empregados, desempregados, quem tem plano de saúde e quem não tem plano

(CARVALHO, Gilson, 2013).

“[...] A nossa população do posto ficou muito chateada, por que chegava para trocar uma receita, tinha necessidade e aí não tinha vaga no

clínico, então elas queriam porque queriam, pois, o remédio estava acabando. ” (Enf. 5)

Observa-se a lacuna no atendimento aos pacientes, deixando-os na maioria

das vezes sem o cuidado necessário, devido a impossibilidade de serem atendidos

pelas enfermeiras. Na fala da Enf. 3, a seguir, constatamos os programas que foram

prejudicados.

“ [...]. Nós não atendíamos o Pré-Natal de primeira vez porque a gente não podia diagnosticar o Beta HCG, e nem solicitar os exames. Quando tinha um exame que a gente precisava avaliar né, a gente também

não podia atender. Preventivo, a gente não podia solicitar, Hiperdia, a gente não podia solicitar nenhum exame, todos os programas ficaram prejudicados”. (Enf. 3)

Mesmo o profissional médico realizando os procedimentos, houve uma falha

na assistência, já que os médicos tinham suas agendas e não era viável para eles

atender a população, na qual, antes, era atendida pela enfermeira, o que prejudicou

a população. Pois essa não recebia a assistência integral que necessitava, a Enf. 5

relata que, o profissional médico atendia, apenas, em casos extremos ou pacientes

de alto risco.

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“[...] Então não realizaram pré-natal, só no caso de algumas coisas criteriosa, de alto risco, aí sim, mas fora isso eles cumpriam com as

agendas deles, pois aqui a gente trabalhava com agenda marcada. ” (Enf. 5).

“[...] Foi horrível o processo de trabalho. Quando tinha algo mais

importante, como a infeção urinária, você fica preocupada, ou um resultado para o médico avaliar, eu ficava no pé do doutor “Doutor faz isso“, porque tinha no período só um médico, ele atendeu umas vinte gestantes para mim,

e ele disse: não estou preparado para isso”. (Enf.1)

4.3 CATEGORIA 3: MOBILIZAÇÃO COLETIVA

Classe de enfermagem se reuniu em protesto contra a decisão liminar que os

proibiu de requisitarem os exames durante o atendimento. A ação foi feita pelo

Conselho Federal de Medicina, alegando que a portaria 2488/11 do Ministério da

Saúde permite indevidamente que os enfermeiros realizem consultas e exames,

usurpando dessa forma as atribuições do médico (G1, 2017).

Durante o período de vigência da liminar, houve em todo país a união da

classe de enfermagem, a qual lutava para ter de volta os seus direitos que foram

conquistados ao longo da história da enfermagem.

[...] “Nos reunimos e fomos reivindicar os nossos direitos, fizemos paralização, fomos às ruas, foram confeccionadas camisas, eu inclusive comprei e fui junto com minhas colegas para tentar reivindicar os nossos

direitos para melhor dar um atendimento e melhor servir a comunidade, lutando para não tirarem os nossos direitos que com muita luta foram conquistados”. (Enf. 4)

E, em busca dos direitos, entidades, profissionais de enfermagem e

estudantes se reuniram em um movimento chamado “Em defesa do SUS e do

trabalho de enfermeiros e enfermeiras da Atenção Básica”, onde juntamente com o

COREN- BA, ABEN – BA e outros, formaram uma mesa redonda para debaterem

sobre a decisão da liminar e orientar os profissionais diante do cenário em defesa

dos seus direitos (COREN, 2017).

“[...] a gente se reuniu para lutar, fizemos a manifestação, participamos de várias reuniões no IFBA, e foi um retrocesso de trabalho de fato, da nossa profissão em si, né, para todas nós, principalmente, para aqueles que viriam né”. (Enf. 3)

As manifestações contra a liminar foi um grande marco na enfermagem, não

foi a primeira vez que a classe se reuniu para defender seus direitos. Em um debate

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no movimento realizado pelos enfermeiros no período da Liminar, a presidente da

ABEN-BA, Tânia Bulcão, relembra que em 2007 a classe se uniu contra uma ação

semelhante movida pelo CFM, e saiu vitoriosa (COREN, 2017).

E, foi sobre esse contexto de união da classe em prol de seus direitos, que a

Enf. 2 exprimiu sua visão sobre o movimento:

“[...]eu acho que também foi bom para que os Conselhos e a própria enfermagem, ela mostre que ela existe, para se unir, apesar de que eu acho que ainda é pouco, existe uma fragmentação ainda muito grande no que se

diz respeito a enfermagem, a gente vê movimentação de todas as outras classes, sempre, de rotina! E a nossa não, então para mim é uma classe com várias discrepâncias, com várias ideologias, às vezes, é muito bonito

bater no peito e dizer que é enfermeiro, mas é muito raro você ver enfermeiros realmente unidos para o bem comum”. (Enf. 2)

4.4 CATEGORIA 4: REFLEXO PARA COMUNIDADE

Sabe-se que a população deve ser o foco da assistência dos profissionais da

área da saúde. No momento de vigência da liminar, é perceptível através da fala da

Enf. 2 o quanto a mesma se tornou prejudicada e deixada de lado. Enquanto as

classes médicas x enfermeiro, travavam seus embates jurídicos, o principal motivo

de existirem, os pacientes, ficaram a mercê de atendimento.

De acordo nota lançada pelo COREN/BA, a decisão de retirar a autonomia

do enfermeiro em solicitar e prescrever, conforme os manuais causariam

descontinuidade da assistência, além de ferir um dos princípios do SUS, causando

na população prejuízos graves (G1, 2017).

“[...] Nos dias que não tinha atendimento médico, as pacientes

tinham que voltar para casa, e tinha que voltar no outro dia. Foi um transtorno aos pacientes, para nós enfermeiras e para os médicos” (Enf 2)

O transtorno gerado pela liminar do CFM nos faz refletir sobre a quantidade

de diagnósticos clínicos que deixaram de ser executados, a quantidade de

tratamentos que deixaram de ser realizados e o impacto que isso gera em uma

comunidade quando se fala principalmente em paralisar a detecção precoce de

câncer como é relatado pela Enf.1

[...] as solicitações de exames, teve que reter, então, dificultou muito, a comunidade sentiu, tivemos que parar a coleta de preventivo, Pré-natal só subsequente, a gente não podia solicitar exames, qualquer

resultado alterado eu também não podia avaliar os resultados.... (Enf.1)

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O Sistema Único de Saúde (SUS) tem princípios e diretrizes que são

baseados em uma política humana de assistência. O SUS garante acesso gratuito e

universal dos serviços, tornando a saúde um direito de todos. (MOREIRA et al.,

2016)

“[...] além da sobrecarga, teve o afastamento da comunidade, as

reclamações, pois muitos programas dependem da Enfermagem, então com isso a comunidade ficou prejudicada.” (Enf. 4)

Na fala da Enf. 4, observamos a quebra de um direito inviolável como é o

caso do direito à saúde. A Enf. 4 nos traz que a comunidade foi afastada, e dessa

forma prejudicada mais uma vez pela vigência da liminar.

“[...] Então a população ficou descoberta. Não fazíamos pré-natal,

PCCU, programas de diabetes, hipertensão, tuberculose, nada, nada dos programas a gente estava fazendo”. (Enf. 4)

Portanto, no tocante ao reflexo à comunidade, vimos através das falas das

Enfermeiras como o processo de promoção de saúde se viu ameaçado,

comprometendo a abordagem primária e assim atingindo toda uma população

carente de atendimento.

4.5 CATEGORIA 5: POSTURA MÉDICA

De acordo o CFM, transcrito na ação ordinária com pedido de antecipação

dos efeitos da tutela, na qual ressalta que é essencial sempre frisar que somente o

profissional habilitado e capacitado a realizar o diagnóstico pode ter autonomia para

solicitar o exame que precede esse ato, ou seja, o médico (BRASIL, 2017).

Nota-se que não houve uma total adesão por parte da classe médica a

Liminar concedida ao seu Conselho. Nas falas em questão é perceptível que, nas

unidades na qual as enfermeiras foram entrevistadas estava em total apoio à

enfermagem, vejamos a fala a seguir:

“[...] Os médicos ficaram do nosso lado, né! Os médicos da nossa unidade,

e, praticamente todos os profissionais aqui de Barreiras médicos ficaram do nosso lado, não queriam que isso acontecesse, mas como diziam eles, não eles que quiseram, foi a questão do CRM” (Enf. 5)

[...] Os médicos que nós temos na unidade ficaram a nosso favor, pediatra, clínico. (Enf. 3).

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O Conselho Federal de Medicina em nota de esclarecimento para população,

reitera:

“Essa decisão não compromete o funcionamento dos programas de saúde pública, no escopo da Política Nacional de Atenção Básica, pois não impede os enfermeiros de repetirem terapêuticas, bem como procedimentos e

exames, que tenham sido solicitados, previamente, por médicos”(CFM,2017).

“[...] Na unidade mesmo, foi conturbado, porque o nosso clínico, não tinha muita vivência de alguns programas” (Enf. 3)

“[...]. Ficou prejudicado, porque ficou uma sobrecarga de trabalho para o médico né! (Enf. 4)

Nas falas citadas anteriormente, os mesmos relatam sobre a dificuldade do

atendimento, principalmente aqueles que o enfermeiro realizava, assim como a

dificuldade do médico em atender, já que esses não tinham vivências nos programas

que são oferecidos nas unidades de Atenção Básica. Confirmando e comprovando

ao CFM que houve sim um prejuízo para população, já que nem todos os pacientes

conseguiam atendimento.

Segundo nota lançada pelo CFM, os enfermeiros pela Lei nº 7.498/1986, não

estão autorizados a executarem os procedimentos previstos na Portaria do

Ministério da Saúde, devendo pautar sua conduta através das orientações recebidas

pelo médico assistente (CFM, 2017).

“[...] O médico ficou com toda demanda do enfermeiro, inclusive iniciando o pré-natal, realizando a primeira consulta, e no caso que ficou determinado por lei, enfermeiras realizar consultas subsequentes e o que foi

suspenso foi a coleta de preventivo, mas os outros programas os médicos atenderam na unidade, com dificuldade”. (Enf. 4)

“[...] Se embolavam com os papéis. Os médicos, daqui da unidade,

estavam a favor da equipe da enfermagem, eles diziam que não existe isso, não havia necessidade da liminar” (Enf. 1)

Em entrevista, a médica em saúde da família, Bárbara Oliveira, ressaltou que

a liminar veio para acabar com a Atenção Básica, a mesma descreveu os

enfermeiros como o coração da Atenção Básica, e deu total apoio aos mesmos,

afirmando ainda que ela e muitos outros médicos eram totalmente contra a liminar

(COREN, 2017).

“[...] Na minha experiência aqui na unidade eu tive o total apoio da médica que trabalha comigo, ela me apoiou, outros médicos também que

não trabalham comigo, eles estavam empenhados nessa luta a favor da enfermagem. ” (Enf. 4)

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A Enf. 4 em seu discurso nos mostra que o mesmo ocorreu na sua vivência

da liminar. Os médicos estavam a favor dos enfermeiros, visto que na prática,

retomando falas anteriores para eles a liminar se tornou desvantajosa, já que

ficaram sobrecarregados de pacientes e não davam conta da demanda e nem

possuíam domínio dos programas realizados pelos enfermeiros.

Além disso, percebemos que a falta de habilidade, se tornou um fator

motivador do apoio da classe médica à enfermagem, uma vez que os programas em

questão já realizados outrora por enfermeiros tinham êxito no tocante à população,

destarte atingiam seus principais objetivos, uma vez que possuem competência

técnica para isso.

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29

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo nos permitiu caracterizar o perfil sócio econômico

demográfico das participantes da pesquisa, relatar a experiência das enfermeiras

durante a vigência da liminar do CFM e compreender os sentimentos das

enfermeiras diante da mesma.

O mesmo trouxe relevantes contribuições para nosso desenvolvimento

enquanto acadêmicas e futura profissionais da área. Levou-nos a entender a

importância de conhecer a legislação que rege a profissão do enfermeiro, já que a

falta de conhecimento faz de nós marionetes nas mãos de outros, e não é isso que

desejamos para nosso futuro, queremos ser profissionais atuantes e que lutam pela

melhoria da nossa categoria com ética e domínio dos nossos direitos.

É notório afirmar que os sentimentos vivenciados pelas enfermeiras durante o

período de vigência da liminar, foram de tristeza e impotência, além de um desejo

intenso de autonomia. A lacuna deixada pelo impedimento do enfermeiro de atuar

causou prejuízos no atendimento à população, e no tocante ao reflexo à

comunidade, vimos como o processo de promoção de saúde se viu ameaçado,

comprometendo a abordagem primária.

É salutar afirmar que a classe médica, estava a favor dos enfermeiros, e

buscamos entender o porquê? Acreditamos que isso se deu pelo fato de se virem

sobrecarregados, uma vez que a demanda era acima da capacidade de

atendimento, e também a falta de habilidade no manejo de alguns programas

oferecidos pela Atenção Básica podem ter se tornado a principal motivação.

Porém apesar de tantos pontos negativos a liminar nos trouxe também

aspectos positivos, visíveis na união da classe de enfermagem em busca dos seus

direitos outrora conquistados, fato raro de ver. A classe foi para as ruas vestindo a

“camisa” da causa na qual estavam lutando, e isso motivará futuras gerações de

profissionais, quisera isso acontecesse mais vezes.

Conclui-se que os objetivos propostos do estudo foram atingidos, e

acreditamos que o mesmo possa contribuir para novas pesquisas e descobertas na

área de atuação do enfermeiro frente a tantas afrontas à sua práxis.

Page 31: INSTITUTO AVANÇADO DE ENSINO SUPERIOR DE …

30

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STEFFENS, Talita. Avaliação de desempenho de projetos estratégicos em

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https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/87759/000911773.pdf?sequence=1. Acesso em: 10 de out de 2108.

TERENCE, Ana Claúdia Fernandes; ESCRIVÃO Filho, Edimundo. Abordagem

quantitativa, qualitativa e a utilização da pesquisa-ação nos estudos organizacionais. ENEGEP, Fortaleza, 2006. Disponível em:

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ZBOROWSKI, Iiza Dos Passos; COSTA, Márcia Regina Antonietto Melo Da. A comissão de ética de enfermagem na visão do enfermeiro. Rev enfer, rio de janeiro,

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APÊNDICE-A- ENTREVISTA

A-PERFIL SÓCIO ECONÔMICO DEMOGRÁFICO

1-Idade___________________________

2-Sexo____________________________

3-Estado civil______________________

4-Renda__________________________

B- PERGUNTAS NORTEADORAS

1-Fale-nos sobre sua experiência durante o período de vigência da liminar. 2- Como foi à vivência do seu processo de trabalho durante a liminar.

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ANEXO A- CARTA ACEITE INSTITUCIONAL

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ANEXO B

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PERCEPÇÃO DE ENFERMEIRAS ACERCA DA LIMINAR QUE SUSPENDEU

PARCIALMENTE A PORTARIA Nº 2488/2011

Instituição dos pesquisadores: Estratégia de Saúde da Família

Professora Orientadora Pesquisador responsável: Dulce Rodrigues de Matos

Prestes

Professora Co-orientadora Pesquisadora : Madalena Matos de Souza Torres

Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade São

Francisco de Barreiras/FASB, com o CAAE 85151418.7.0000.5026 em 30/04/2018,

telefone 3613-8854, e-mail [email protected].

Este documento que você está lendo é chamado de Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE). Ele contém explicações sobre o estudo que você está

sendo convidado a participar.

Antes de decidir se deseja participar (de livre e espontânea vontade) você

deverá ler e compreender todo o conteúdo. Ao final, caso decida participar, você

será solicitado a assiná-lo e receberá uma cópia do mesmo.

Antes de assinar faça perguntas sobre tudo o que não tiver entendido bem. A

equipe deste estudo responderá às suas perguntas a qualquer momento (antes,

durante e após o estudo).

O (a) sr. (a) é convidado a participar do estudo" PERCEPÇÃO DE

ENFERMEIRAS ACERCA DA LIMINAR QUE SUSPENDEU PARCIALMENTE A

PORTARIA Nº 2488/2011” O interesse em desenvolver essa pesquisa surgiu por ter

vivenciado a repercussão na Atenção Básica, devido a suspensão parcial da

Portaria 2.488 de 2011, que impediu os Enfermeiros de solicitar exames.

Acompanhamos a mobilização dos Enfermeiros na mídia nacional, regional e local

com manifestações de profissionais e acadêmicos de enfermagem. O tema

proporcionou intensas discussões produtivas acerca do processo de enfermagem

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que a muito tempo angustiava boa parte dos profissionais, justificando dessa forma

nosso projeto.

Os objetivos específicos são: Caracterizar o perfil sócio econômico

demográfico das participantes da pesquisa; Relatar a experiência do enfermeiro

durante a vigência da liminar do CFM; Compreender os sentimentos dos enfermeiros

diante da liminar do CFM.

Sua participação é voluntária, não remunerada e não haverá nenhuma outra

forma de envolvimento ou comprometimento neste estudo, para tanto, necessitamos

que responda o questionário em anexo.

A realização da pesquisa ocorrerá no período de Abril à Outubro de 2018,

após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética e Pesquisa- CEP. O ambiente

escolhido para a etapa da coleta de dados será a própria Instituição A coleta será

através de 2 duas perguntas norteadoras.

Os riscos desse projeto serão de constrangimento e extravasamento de

dados. Mas para amenizá-los, a coleta de dados se dará em ambiente fechado, e

não haverá exposição dos nomes dos participantes. A coleta será realizada na sala

de aula da Instituição, de maneira individual. Caso o risco de constrangimento se

efetive serão também encaminhados para atendimento psicológico no núcleo de

apoio do curso de psicologia, da Faculdade São Francisco de Barreiras- FASB.

Espera-se com a realização da presente pesquisa, resolver os objetivos

propostos, além de compreender as principais angústias do enfermeiro frente a

liminar que limitou sua atuação na estratégia de saúde da família.

Sua participação é voluntária e caso queira se retirar em qualquer etapa da

pesquisa não haverá nenhum dano ou prejuízo, e para isso basta entrar em contato

com um dos pesquisadores responsáveis.

Conforme previsto pelas normas brasileiras de pesquisa (Resolução 466/12)

que regulamenta sobre a participação com seres humanos, você não receberá

nenhum tipo de compensação financeira pela sua participação neste estudo.

Os seus dados serão manuseados somente pelos pesquisadores e não será

permitido o acesso de outras pessoas. Os materiais com suas informações ficarão

guardados sob a responsabilidade da pesquisadora Dulce Rodrigues de Matos

Prestes com a garantia de manutenção do sigilo e confidencialidade em arquivo,

físico ou digital, sob sua guarda e responsabilidade, por um período de 05 anos após

o término da pesquisa.

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O/(a) Sr. (a) tem acesso a qualquer etapa do estudo, bem como aos

profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas.

O principal investigador desta pesquisa é o (a) Prof. Esp. Dulce Rodrigues de Matos

que pode ser encontrado na Faculdade São Francisco de Barreiras, cujo endereço

localiza na Avenida São Desidério, Nº 2440, Bairro 0Ribeirão, CEP 47.808-180,

como também pelo telefone (77) 3613 -8800.

Se o Sr. (a) tiver alguma consideração ou dúvida sobre a Ética da Pesquisa,

entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), localizado na Rua: BR

135, Km 01, nº 2.341, Bairro Boa Sorte, CEP: 47805-270, Barreiras-BA, Prédio II, 1º

andar. Fone: (77) 3613 -8854. E-mail: [email protected].

Os resultados deste trabalho poderão ser apresentados em encontros ou

revistas científicas, entretanto, ele mostrará apenas os resultados obtidos como um

todo, sem revelar seu nome, instituição a qual pertence ou qualquer informação que

esteja relacionada com sua privacidade.

Eu,_________________________________________________________________

_, RG __________________, após receber uma explicação completa dos objetivos

do estudo e dos procedimentos envolvidos, concordo voluntariamente em fazer parte

deste estudo.

Barreiras, _____ de _____________________ de _______

___________________________________________________________________ Participante da Pesquisa

_______________________________________________________

Pesquisadora responsável, Prof.ª Dulce Rodrigues de Matos

(77) 3613 -8800. _______________________________________________________

Pesquisadora Co- Orientadora Prof.ª ,Maria Madalena de Souza Matos Torres

(77) 3613-8800

________________________________________________________ Pesquisadora auxiliar, Beatriz Lisboa Gama.

(77) 99956-9235

________________________________________________________

Pesquisadora auxiliar, Caroline Pereira Nascimento (77) 99888241

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ANEXO C –PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

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ANEXO D- CONTROLE DE FREQUÊNCIA

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