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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE E PESCA INTERIOR BADPI Efeito do hormônio gonadotrófico na maturação gonadal e na descarga do órgão elétrico no gênero Microsternarchus (Gymnotiformes: Hypopomidae) JANNISE INGRID CHONG VARGAS Manaus, Amazonas Julho, 2015

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE E PESCA

INTERIOR – BADPI

Efeito do hormônio gonadotrófico na maturação gonadal e na

descarga do órgão elétrico no gênero Microsternarchus

(Gymnotiformes: Hypopomidae)

JANNISE INGRID CHONG VARGAS

Manaus, Amazonas

Julho, 2015

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JANNISE INGRID CHONG VARGAS

Efeito do hormônio gonadotrófico na maturação gonadal e na

descarga do órgão elétrico no gênero Microsternarchus

(Gymnotiformes: Hypopomidae)

ORIENTADOR: JOSÉ ANTÔNIO ALVES GOMES, Ph.D.

Manaus, Amazonas

Julho, 2015

Fontes financiadoras: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do

Amazonas – FAPEAM, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico – CNPq e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior-CAPES

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-Graduação do

INPA, como parte dos requisitos

para obtenção do título de Mestre

em Biologia de Água Doce e Pesca

Interior.

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III

Ficha Catalográfica

V297 Vargas, Jannise Ingrid Chong

Efeito do hormônio gonadotrófico na maturação gonadal e na

descarga do órgão elétrico no gênero Microsternarchus

(Gymnotiformes:Hypopomidae) / Jannise Ingrid Chong Vargas. ---

Manaus: [s.n.], 2015.

XIV, 79f. : il.

Dissertação (Mestrado) --- INPA, Manaus, 2015.

Orientador : José Antônio Alves Gomes.

Área de concentração : Biologia de Água Doce e Pesca Interior.

1. Microsternarchus. 2. Indução hormonal. 3. Maturação gonadal.

4. Descarga do Órgão Elétrico. I. Título.

CDD 597.0929

Sinopse: Utilizou-se o produto comercial Ovaprim® para observar o efeito do

hormônio gonadotrófico nas gônadas e nos parâmetros das Descargas do Órgão

Elétrico (DOEs) de indivíduos machos e fêmeas do gênero Microsternarchus

(Hypopomidae: Gymnotiformes) expostos a dois tipos de tratamento, por meio da

análise do índice gonadossomático. Verificou-se que os dois tratamentos

provocaram o início do processo de maturação gonadal, mas o tempo de tratamento

não foi suficiente para o pleno desenvolvimento das gônadas. Pela análise de

parâmetros biofísicos das descargas detectou-se uma variação no formato das

DOEs entre machos e fêmeas, além de uma ação diferenciada do hormônio em

função do sexo. Na confirmação taxonômica dos indivíduos, por meio do DNA

barcode, evidenciou-se que todos os indivíduos foram da linhagem C e, dentro dela,

identificou-se três sub-linhagens.

Palavras-chave: Peixes elétricos, Gymnotiformes, Microsternarchus, indução

hormonal, estágios de maturação gonadal, IGS, DOEs.

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IV

Dedico esta dissertação aos meus queridos pais Gustavo Chong e

Gladys Vargas de Chong por brindar-me seu amor e uma educação

com bons valores. Sou o fruto do seu esforço e todo o que logrei agora é

graças a eles. Amo meus pais com todo meu ser.

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V

Agradecimentos

Em primeiro lugar agradeço a Deus pela vida e a oportunidade que me brinda para continuar

com meus sonhos e objetivos neste mundo como filha, estudante e mulher.

Aos meus irmãos: Pierre Chong e Wendy Chong por terem sido apoio fundamental com seu

amor e me brindar força para continuar com meus sonhos.

A meu esposo Hugo Villacis Reaño por me apoiar e estar sempre nos momentos felizes e

críticos na minha vida e não desistir de nosso amor.

Ao meu querido orientador, que considero como um pai José Antônio Alves-Gomes, pois

aprendi e continuo aprendendo muito com ele, como profissional e como ser humano, por

sua solidariedade, compreensão, ajuda e confiança transmitida em todo este tempo de

estudo e ter me permitido formar parte de um lindo mundo com os peixes elétricos. Sempre

serei muito grata por todo o seu ensinamento.

Ao Dr. Troy Smith pela ajuda com as dúvidas apresentadas no momento, por sua

acessibilidade, interesse ao meu trabalho e pelos inumeráveis e-mails trocados no decorrer

deste projeto, que foi um papel fundamental para a realização deste trabalho. Obrigada pela

amizade e ensinamentos.

Aos professores e amigos: Jaydione Marcon, Lucia Rapp-Py Daniel e Cristina Buhrnheim

pelas contribuições na aula de qualificação.

Ao meu amigo: Roberto Rojas por ter me ensinado a ver de um jeito mais fácil à estatística e

analisar meus dados.

Aos amigos do LFCE: Crislainy, Rebeca, Thays, Ellen, Isac, Carolina, Jorge, Valesca,

Gérman, Késede, Ana, Marcelo, Rodolfo, Samuel, e Vera. Mais que amigos são minha

família manauara que me brindaram com seu apoio quando mais precisei e que nossa

amizade sempre será eterna e obrigada pelos auxílios nas coletas e no laboratório.

Especialmente agradecimento a Renata Schmitt, Diana Ferreira e Adília Nogueira por me

ajudar na redação do trabalho e pela amizade linda que construimos.

Aos amigos do LTBM: Adriel Lira pelo apoio e ensinamento da no laboratório de genética;

também à Kyara e Jaqueline por terem sido pessoas acessíveis e ajudarem de forma

essencial no LTBM.

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VI

Ao professor José Celso por ter me permitido utilizar o equipamento do laboratório de

parasitologia para observar e tirar fotos das gônadas dos meus peixes.

A meus amigos Milena Ferreira e Isac Silva pela ajudada na observação microscópica das

gônadas dos peixes. Por ajudar-me na correção da escrita do meu artigo e dissertação e

brindar-me sua confiança e sincera amizade, sempre estarei muito grata a vocês.

Aos meus companheiros de turma do BADPI 2011: Andreza, Antônio, Bruna, Camila,

Cândida, Caroline, César, Douglas, Fernando, Madoka, Renata, Sewbert, Rayla e Walther.

Faço agradecimento especial a minha amiga carioca Winnie Brum por sua amizade,

sinceridade, aprendizado juntas e pelos inumeráveis momentos e viagens que ficaram na

lembrança de momentos únicos.

A meu querido Thiago Petersen, que considero como um irmão, por todos os momentos que

passamos juntos no dia a dia, em aula, no trabalho, nas viagens pela Amazônia, porque

tudo era novo para nós e ficamos maravilhados com tanta beleza e por isso continuamos

aqui, pelas inumeráveis noites manauaras cheias de muita alegria, escutando-o a tocar com

tanta fineza seu violino, pelos dias quando davam errados os experimentos ficávamos

estressados, por tantas lembranças que levo em meu coração. Obrigada por tua linda

amizade e sei que posso confiar em você.

Aos companheiros e amigos: Sinomar, Ladislau, Nallareth, Vanessa, Rafaela, Bruno,

Wander, Daniel, Milagros e Adela pela amizade, companheirismo e boa convivência nesses

anos de mestrado.

Aos pescadores e motoristas que auxiliaram nos trabalhos de campo. Agradeço

especialmente aos sempre dispostos: Astro, China, Fonseca, Lorival e Zezinho.

Aos amigos Daniele, Maelin, Masseo, Rosa, Maria e Sannie que conheci nesta linda cidade

que de alguma forma ajudaram com o meu trabalho.

Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e todo o seu quadro de funcionários, pela

oportunidade, apoio e aprendizados oferecidos. Também agradeço a Capes pela concessão

da bolsa de mestrado.

Obrigada!

Jannise Chong Vargas

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VII

Sumário

Página

Lista de Figuras IX

Lista de Tabelas XII

Lista de Abreviaturas, Símbolos e Siglas. XIII

Resumo XV

Abstract XVI

I. Introdução 17

1.1. Aspectos gerais sobre Ictiofauna Amazônica 17

1.2. Aspetos Gerais da Ordem Gymnotiformes 17

1.3. Eletrogênese 18

1.4. Eletrorecepção 20

1.5. Sistema Eletrogênico e Eletrosensório (SEE) 20

1.6. Comando neural da DOE 20

1.7. A família Hypopomidae e o gênero Microsternarchus 21

1.8. Aspectos reprodutivos de Microsternarchus 24

II. Justificativa 27

III. Objetivos 28

3.1. Objetivo geral 28

3.2. Objetivos específicos 28

IV. Material e Métodos 29

4.1. Coleta e delineamento amostral 29

4.2. Esquema experimental 30

4.3. Gravações das DOE 32

4.4. Indução com hormônio 33

4.4.1. Tratamento com Ovaprim® 33

4.4.2. Análises associadas à aplicação do hormônio 34

4.5. Índice Gonadossomático (IGS) 34

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VIII

4.6. Identificação do sexo 35

4.7. Análises das variáveis da DOE 35

4.8. Identificação das linhagens de Microsternarchus por meio do DNA barcode 36

4.8.1. Extração e quantificação de DNA 36

4.8.2. Amplificação da região do Citocromo c Oxidase subunidade I (COI) 37

4.8.3. Sequenciamento molecular 37

4.8.4. Análises das sequências 38

4.9. Análises dos parâmetros associados ao IGS e DOE 39

V. Resultados 40

5.1. Resultados de DNA 40

5.2. Análises dos estádios gônadas 42

5.3. Índice Gonadossomático (IGS) e variáveis da DOE 44

5.4. Análises das variáveis da DOE em relação ao efeito do hormônio 52

5.5. DOE em relação ao sexo e tratamentos 54

VI. Discussões 56

VII. Conclusões 63

VIII. Referências Bibliográficas 64

Anexo 73

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IX

Lista de Figuras

Página

Figura 1. Representação filogenética da ordem Gymnotiformes. 18

Figura 2. Forma de Descarga do Órgão Elétrico. A: DOE tipo pulso

de Microsternarchus linhagem C. B: DOE tipo onda de

Parapteronotus hasemani.

19

Figura 3. Exemplos de DOE monofásico, bifásico e multifásico 20

Figura 4. Vista lateral do cérebro e um esquema do caminho das

informações no NM do peixe elétrico pulsador

Brachyhypopomus pinnicaudatus (Gymnotiformes).

21

Figura 5. Dimorfismo sexual na forma de onda da DOE de

Microsternarchus. Foto A: DOE de uma fêmea. Foto B: DOE

de um macho.

22

Figura 6. Diferentes linhagens de Microsternarchus obtidas pelo

método de agrupamento de vizinhos (Neighbor Joining)

utilizando o modelo de distância Kimura-2-parâmetros

(K2P) para o gene mitocondrial COI.

23

Figura 7. Mapa com os locais de coleta dos peixes utilizados no

presente estudo.

29

Figura 8. Marcação com elastômero de colorido ao peixe para sua

respectiva individualização nos experimentos.

31

Figura 9. Esquema representativo do aquário experimental onde se

realizam as gravações das DOE dos peixes elétricos.

32

Figura 10. Protocolo dos tratamentos de indução do hormônio

Ovaprim®, realizado para o gênero Microsternarchus.

33

Figura 11. Esquematização do procedimento pós-hormônio para

Microsternarchus.

34

Figura 12. Esquema representativo das analises das medições das 36

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X

variáveis da DOE do gênero Microsternarchus efetuadas

pre e pós-indução de hormônio.

Figura 13. Topologia obtida pelo método de agrupamento de vizinhos

Neighbor Joining (NJ) utilizando o modelo de distância

K2P para o gene mitocondrial COI.

40

Figura 14. Gônadas em estádios imaturo de M. linhagem C. Ambas

observadas ao olho nu.

42

Figura 15. Gônadas em estádio de maturação de Microsternarchus

linhagem C. Ambas observadas na lupa com aumento de 10x.

42

Figura 16. Observação microscópica das gônadas de M. linhagem C

em processo de maturação.

43

Figura 17. Índice Gonadossomático (IGS) de M. linhagem C do

primeiro tratamento das fêmeas pelo teste de Kruskal-

Wallis.

44

Figura 18. Variáveis da DOE de M. linhagem C do primeiro

tratamento das fêmeas analisadas no teste de Kruskal-

Wallis.

45

Figura 19. Índice Gonadossomático (IGS) de M. linhagem C do

segundo tratamento das fêmeas pelo teste de Kruskal-

Wallis.

46

Figura 20. Variáveis da DOE de M. linhagem C do segundo

tratamento das fêmeas analisadas no teste de Kruskal-

Wallis.

47

Figura 21. Índice Gonadossomático (IGS) de M. linhagem C do

primeiro tratamento dos machos pelo teste de Kruskal-

Wallis.

48

Figura 22. Variáveis da DOE de M. linhagem C do primeiro

tratamento dos machos analisadas no teste de Kruskal-

Wallis.

49

Figura 23 Índice Gonadossomático (IGS) de M. linhagem C do

segundo tratamento dos machos pelo teste de Kruskal-

Wallis.

50

Figura 24 Variáveis da DOE de M. linhagem C do segundo

tratamento dos machos analisadas no teste de Kruskal-

51

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XI

Wallis.

Figura 25 Médias e desvios padrões da DOE (%) de M. linhagem C

antes e pós-indução de hormônio no primeiro tratamento

das fêmeas.

52

Figura 26. Média e desvio padrão das variáveis da DOE (%) de M.

linhagem C antes e pós-indução de hormônio no segundo

tratamento das fêmeas

52

Figura 27 Média e desvio padrão das variáveis da DOE (%) de M.

linhagem C antes e pós-indução de hormônio no primeiro

tratamento dos machos.

53

Figura 28 Média e desvio padrão das variáveis da DOE (%) de M.

linhagem C antes e pós-indução de hormônio no segundo

tratamento dos machos.

53

Figura 29 a. Gravação da DOE antes e após da indução de hormônio,

primeiro tratamento das fêmeas. Localidade: Igarapé

Mato Grosso – Novo Airão - AM.

54

Figura 29 b. Gravação da DOE antes e após da indução de hormônio,

primeiro tratamento das fêmeas. Localidade: Igarapé

Tapuruzinho – Novo Airão - AM.

54

Figura 29 c. Gravação da DOE antes e após da indução de hormônio,

segundo tratamento das fêmeas. Localidade: Mato

Grosso – Novo Airão - Amazonas.

54

Figura 30 a. Gravação da DOE antes e após da indução de hormônio,

primeiro tratamento dos machos. Localidade: Mato

Grosso – Novo Airão - Amazonas.

55

Figura 30 b. Gravação da DOE antes e após da indução de hormônio,

primeiro tratamento dos machos. Localidade: Igarapé

Tumbira – Novo Airão - AM.

55

Figura 30 c. Gravação da DOE antes e após da indução de hormônio,

segundo tratamento dos machos. Localidade: Igarapé Tarumã

Grande – Novo Airão - AM.

55

Figura 30 d. Gravação da DOE antes e após da indução de hormônio,

segundo tratamento dos machos. Localidade: Igarapé Tarumã

55

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XII

Lista de Tabelas

Grande – Novo Airão - AM.

Página

Tabela 1 Exemplo de ficha de identificação, elaborada para o grupo de

indivíduos utilizados nos experimentos.

31

Tabela 2 Peixes agrupados dentro da linhagem “C” de Microsternarchus

por meio do DNA barcode descritos por Maia (2011) e em

diferentes sub-linhagens, sendo as sub-linhagens C1 e C5

associadas à margem direita do rio Negro e a sub-linhagem C2 a

ambas as margens do rio Negro.

41

Tabela 3 Matriz da média de distância genética par a par intraespecífica

estimado com o modelo de evolução K2P para o gene COI. Entre

as diferentes linhagens de Microsternarchus e as sub-linhagens

obtidas no presente estudo.

41

Tabela 4 Resultados das variáveis analisadas pelo teste de Kruskal-

Wallis do primeiro tratamento das fêmeas.

44

Tabela 5 Resultados das variáveis analisadas pelo teste de Kruskal-

Wallis do segundo tratamento das fêmeas.

46

Tabela 6 Resultados das variáveis analisadas pelo teste de Kruskal-

Wallis do primeiro tratamento dos machos.

48

Tabela 7 Resultados das variáveis analisadas pelo teste de Kruskal-

Wallis do segundo tratamento dos machos.

50

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XIII

Lista de Abreviaturas, Símbolos e Siglas.

ºC Graus Celsius

AMPA Α-amino-3-hidroxi-5-metil-4-isoxazol-propionato

CM Célula Marca-passo

cm Centímetros

C.T Comprimento Total

CR Células Relé

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CEUA Comissão de Ética em Pesquisa no Uso de Animais

COI Citocromo c Oxidase subunidade I

CV Coeficiente de variação

D-Loop Região Controle de DNA mitocondrial

DNA Ácido Desoxirribonucleico

dNTP Desoxinucleotídeo trifosfato

DOE Descarga do Órgão Elétrico

DOE_dur Duração da Descarga do Órgão Elétrico

D.P. Desvio padrão

g. Grama

GABA Ácido gama-aminobutírico

GnRH Hormônio liberados da gonadotrofina

h Hora

Hz Hertz

I.G.S. Índice gonadossomático

INPA Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

K2P Kimura-2-Parâmetros

KHz Kilohertz

L Litro

LFCE Laboratório de Fisiologia Comportamental e Evolução

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XIV

mg Miligrama

ml Mililitros

mm Milímetros

ms Milissegundos

mM Milimolar

MGS Mato Grosso

NE Núcleo Eletrosensório

NM Núcleo Marca-passo

OE Órgão Elétrico

pb Pares de bases

pH Potencial Hidrogeniônico

P/S Relação temporal entre a duração do pulso e da fase silenciosa

PPF Peak Power Frequency

PPrel Relação de voltagem pico-a-pico

RAG-1 Gene nuclear ativador de recombinação

s Segundos

SDS Dodecil Sulfato de Sódio

SEE Sistema Eletrogênico e Eletrosensório

TGR Tarumã Grande

TMB Tumbira

Tto. Tratamento

V Volts

VIE Visible Implant Elastome

µg Micrograma

µl Microlitros

µM Micromolar

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XV

Resumo

Os peixes da Ordem Gymnotiformes estão distribuídos pela América Central e do

Sul, tendo sua concentração e maior diversidade na região Amazônica. Caracterizam-se

pela presença de órgãos especializados que geram e detectam eletricidade denominados,

respectivamente, órgãos elétricos (OE) e eletroreceptores que, em conjunto, compõem o

Sistema Eletrogênico e Eletrosensório (SEE). Os peixes deste grupo podem ser

classificados, pelo tipo de sua descarga do órgão elétrico (DOE), em dois grupos: peixes

com descargas tipo pulso (pulsadores) e peixes com descargas tipo onda (onduladores).

Microsternarchus é um gênero monotípico da ordem Gymnotiformes com DOE do tipo pulso,

congregando pelo menos quatro linhagens e oito sub-linhagens com alto grau de

divergência genética. No presente trabalho foram realizados experimentos de indução

gonadal com o produto Ovaprim®, sob dois tratamentos: o primeiro com uma dose

intramuscular única de 0,5 µl/g e o segundo tratamento com doses parceladas, sendo a

primeira de 0,5 µl/g e outra dose de 0,5 µ/g 72 horas depois. Estas induções tiveram o

objetivo de analisar o efeito do hormônio na maturação sexual dos peixes em cativeiro e as

respectivas variações nas características das Descargas do Órgão Elétrico (DOE),

comparando-se os resultados entre os sexos, sob os dois tratamentos. Todos os indivíduos

usados pertenceram a uma mesma linhagem (C) e, dentro dela, três sub-linhagens (C1, C2

e C5) foram identificadas, por meio do DNA Barcode. As sub-linhagens C1 e C2 já haviam

sido descritas, enquanto C5 foi descoberta neste estudo. Cada linhagem parece estar

associada a um determinado afluente do rio Negro. Nas gravações das DOE antes e depois

de cada tratamento pode-se evidenciar o efeito do tratamento hormonal em algumas das

variáveis medidas, mas não em todas, de acordo com o sexo. Ficou evidente que a

linhagem C de Microsternarchus possui uma DOE com três fases e tem uma ampla

distribuição no baixo rio Negro. Conclui-se, com base nos dados dos índices

gonadossomáticos (IGS) e parâmetros das DOE, que ambos os tratamentos provocaram o

início da maturação gonadal, tanto nos machos como nas fêmeas de Microsternarchus, mas

o tempo total de cada tratamento foi insuficiente para permitir a maturação completa das

gônadas, bem como um dimorfismo sexual acentuado das DOE. O efeito do hormônio

(estádio de maturação alcançado) foi ligeiramente diferente para machos e fêmeas, em

função do tratamento.

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XVI

Abstract

The fish belonging to the Order Gymnotiformes are distributed throughout the Central

and South America, presenting its higher diversity in the Amazon. The group can be

diagnosed by the presence of specialized organs that generate and detect electricity namely,

respectively, electric organs (EO) and electroreceptors, which, working in tandem, compose

the Electrogenic and Electrosensory System (EES). Gymnotiforms can be classified by the

type of electric organ discharge (EOD) into two groups: pulsers and wavers.

Microsternarchus is a gymnotiform genus described as monotypic, with a pulse-type EOD

and congregating at least four lineages and eight sub-lineages, with high degree of genetic

divergence. In this work experiments of gonadal induction were performed with the

commercial product Ovaprim®, under two treatments: the first was a unique intramuscular

dose of 0,5 µl/g while the second included a first dose of 0,5 µl/g and a second dose of same

concentration 72 hours later. These inductions had as a main objective to analyze the effects

of the hormone in the sexual maturation of captive fish and the respective variations in the

EOD features, comparing the results between sexes, under the two treatments. All the

individuals utilized belonged into a single lineage (C), and within it, three sub-lineages (C1,

C2 and C5) were identified, by means of the DNA barcode. The sub-lineages C1 and C2 had

already been described while C5 was discovered in this study. Each sub-lineage seems to

be associated to specific affluent of Negro River. In the EOD recordings before and after

each treatment it was possible to verify the effects of the hormone in some of the variable

measured, but not in all, according to the sex. It became evident that Microsternarchus

lineage C possesses an EOD with three phases and is widely distributed in the lower portion

of the Basin. It was concluded, according to evidence from the gonado-somatic indexes

(GSI) and EOD parameters, that both treatments provoked the start of gonadal maturation, in

both males and females of Microsternarchus, but the total time of each treatment was not

sufficient to allow the full maturation of the gonads neither a definitive sexual dimorphism in

the EOD. The hormone’s effects (stage of gonadal maturation reached) was slightly different

for males and females, according to the treatment.

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17

I. Introdução

1.1. Aspectos gerais sobre Ictiofauna Amazônica

Na Região Neotropical, a América do Sul abriga a maior parte da biodiversidade

conhecida, tanto aquática quanto terrestre, sendo que a drenagem da bacia Amazônica

abrange mais de oito milhões de km², e é considerada a maior floresta tropical do planeta.

As águas doces neotropicais estão habitadas por cerca de 4.475 espécies de peixes, cuja

riqueza é atribuída à diversidade de habitats, à grande quantidade de nichos da bacia, à

plasticidade biológica, entre outros fatores (Hoorn e Wesselingh 2010), podendo este

número alcançar mais de 6.000 espécies de peixes (dentre 13.000 espécies no mundo), se

forem incluídas as novas espécies ainda não descritas por taxonomistas e sistematas (Reis

et. al. 2003).

1.2. Aspetos Gerais da Ordem Gymnotiformes

Nas regiões tropicais e subtropicais do mundo, as grandes maiorias dos

ecossistemas de água doce estão dominadas por peixes da Série Otophysi, um dos clados

internos da Superordem Ostariophysi e que inclui quatro ordens: Cypriniformes,

Characiformes, Siluriformes e Gymnotiformes (Hagedorn 1986; Mago-Leccia 1994).

A Ordem Gymnotiformes é composta por um grupo de peixes popularmente

conhecidos como peixes elétricos sul americanos, que ocorrem basicamente em todos os

sistemas aquáticos Neotropicais, desde a região sul do México até o norte de Argentina,

mas apresentam sua maior abundância e diversidade nas bacias dos rios Amazonas e

Orinoco (Hagedorn 1986; Moller 1995).

Mesmo sendo o grupo de peixes com menor número de espécies descritas na região

Neotropical, a Ordem Gymnotiformes apresenta atualmente 210 espécies de acordo com

Maldonado-Ocampo (2013). Diferentes autores propõem diferentes arranjos sistemáticos

para a Ordem, por exemplo, Albert (2001) propõe cinco famílias, Mago-Leccia (1976, 1994)

por características morfológicas propôs seis famílias e Alves-Gomes et. al. (1995) por

estudos moleculares, morfológicos e eletrofisiológicos, propôs sete famílias: Sternopygidae,

Gymnotidae Electrophoridae, Rhamphichthyidae, Hypopomidae, Eigenmanniidae e

Apteronotidae (Figura 1).

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18

Figura 1. Representação filogenética da ordem Gymnotiformes conforme hipotetizado por Alves-

Gomes et. al. (1995).

Os representantes desta ordem são relativamente fáceis de serem diferenciados de

outros grupos de peixes por apresentarem uma morfologia externa bem característica:

possuem o corpo alongado, cilíndrico ou lateralmente comprimido, com ausência das

nadadeiras dorsal e pélvica; nadadeira caudal ausente ou minimamente desenvolvida em

uma única família (Apteronotidae) e a anal bastante alongada, sendo esta a principal

responsável pela locomoção destes organismos por meio de movimentos ondulatórios

(Mago-Leccia 1994). A morfologia variável da cabeça é outra característica marcante, que

aparentemente reflete adaptações a diferentes formas de alimentação (Hagedorn 1986;

Albert 2001). Na maioria são carnívoros, com uma dieta baseada em larvas de

invertebrados, pequenos insetos e pequenos peixes, buscando alimento ao redor das folhas

de plantas aquáticas, raízes de plantas flutuantes ou no lodo (Alves-Gomes 1997). Quanto à

morfologia interna, os órgãos vitais estão localizados na região anterior do corpo, sendo o

ânus e a abertura genital posicionado ventralmente na altura das nadadeiras peitorais

(Mago-Leccia 1994; Alves-Gomes 1997). Esta ordem também possui outras características

marcantes, como a presença de órgãos especializados que geram e detectam eletricidade,

denominados de órgãos elétricos (OE) e eletroreceptores (Lissman 1958; Hopkins 1972).

1.3. Eletrogênese

Os Gymnitiformes têm a capacidade de gerar descarga elétrica pela presença de um

Órgão Elétrico (OE). O OE é constituído por células musculares modificadas denominadas

de eletrócitos. Estes são capazes de gerar um potencial elétrico da ordem de dezenas de

milivolts (Zakon e Unguez 1999; Kirschbaum e Schwassmann 2008).

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Em função do padrão temporal da DOE, os peixes elétricos podem ser separados em

dois grupos: peixes com descarga do tipo pulso, onde geram descargas com intervalos

relativamente longos entre dois pulsos consecutivos; e peixes com descarga do tipo onda,

em que a descarga é contínua, quase sem intervalos entre as mesmas (Zupanc e Bullock

2005) (Figura 2).

Figura 2. Forma de Descarga do Órgão Elétrico. A: DOE tipo pulso de Microsternarchus linhagem C.

B: DOE tipo onda de Parapteronotus hasemani. Cortesia de Petersen, T.A. 2014.

A forma da onda das DOE dos Gymnotiformes também permite que as diferentes

espécies possam ser separadas em função do número de fases da DOE. É possível

encontrar DOE monofásicas, bifásicas ou ainda mais complexas, compostas por três ou

quatro fases (chamadas de multifásicas) (Hopkins 1988; Zupanc e Bullock 2005) (Figura 3).

Figura 3. Exemplos da DOE monofásica, bifásica e multifásica (adaptado de Hopkins 1988).

Outra característica interessante dos Gymnotiformes é que são sensíveis às

modificações das variáveis físico-químicas da água e tendem a alterar o seu padrão da

DOE, o que permitem que sejam úteis como bioindicadores de qualidade ambiental.

(Rossoni 2005; Ferreira 2009).

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1.4. Eletrorecepção

Outra característica que possuem os Gymnotiformes é a capacidade de detectar

sinais elétricos. Segundo Bennett (1971) o sistema Eletrosensório está formado por

unidades sensoriais denominadas eletroreceptores, sendo que estes receptores consistem

em diversos tipos de células especializadas reunidas formando um órgão eletroreceptor que

atua como um transdutor que capta sinais elétricos existentes no ambiente o os transforma

em impulsos nervosos, transmitido-os para o sistema nervoso central.

Os eletroreceptores permitem que os peixes monitorem a paisagem elétrica que os

cercam. Organismos e objetos com condutividade diferente da água onde os peixes se

encontram, distorcem as linhas de força do campo elétrico e os eletroreceptores detectam

estas distorções, permitindo assim que os Gymnotiformes possam extrair informações do

meio ambiente onde se encontram, por meio da descarga do órgão elétrico (DOE) e dos

eletroreceptores, atuando em conjunto, peixes elétricos podem se orientar, detectar objetos,

detectar obstáculos e se comunicar, mesmo na ausência de luz (Alves-Gomes et. al.1995).

1.5. Sistema Eletrogênico e Eletrosensório (SEE)

Alves-Gomes (1999) utilizou o termo “Sistema Eletrogênico e Eletrosensório” (SEE)

para designar a sua atividade coordenada da produção das DOE em conjunto com a

Eletrorecepção destes animais. Seu funcionamento consiste na geração dos sinais elétricos

pelo órgão especializado (órgão elétrico) e no monitoramento deste e de outros sinais

elétricos externos pelos eletroreceptores. O SEE é considerado o sistema responsável pelo

sucesso dos peixes elétricos nos ambientes Neotropicais (Hopkins 1972; Alves-Gomes

2001; Albert e Crampton 2005).

Os Gymnotiformes usam o SEE com múltiplos propósitos, para funções básicas, seja

esta para a localização ativa de objetos e organismos, para interações sociais, como

reconhecimento específico e sexual, cortejo no período reprodutivo, estabelecimento de

territorialidade, agressividade e alarme (Bass 1986; Carr e Maler 1986).

1.6. Comando neural da DOE

A DOE nos Gymnotiformes tem seu início na atividade neural intrínseca das células

do Núcleo Marca-passo (NM) que está inserido no bulbo cerebral. Existem outros dois

núcleos no cérebro que controlam a atividade do NM, o Núcleo Pré-Marcapasso (NPM) e o

Núcleo Pré-Marcapasso Sublemniscal (NPMS) (Figura 4), mas são nas células marca-passo

do NM que cada DOE se inicia. O núcleo marca-passo é o núcleo de comando da DOE e,

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consequentemente, mantém o ritmo das descargas do Órgão Elétrico. Desta forma, toda e

qualquer modulação que ocorra no padrão de descargas devem passar ou serem originadas

no NM. Este núcleo é composto por dois tipos de neurônios: Células Marca-passo (CM), e

Células de Retransmissão ou Células Relay (CR) (Hopkins 1988, 1995; Bell e Maller 2005).

As células marca-passo possuem uma atividade intrínseca e excitam as CR, sendo que

estas, por meio dos axônios, levam este estímulo aos neurônios motores que inervam o OE

para a produção da DOE (Spiro 1997; Bell e Maller 2005).

Figura 4. Vista lateral do cérebro e um esquema do caminho das informações no NM do peixe

elétrico pulsador Brachyhypopomus pinnicaudatus (Gymnotiformes). Adaptado de Spiro (1997).

1.7. A família Hypopomidae e o gênero Microsternarchus

A família Hypopomidae tem uma distribuição que vai desde a América Central até a

bacia do rio da Prata na Argentina, sendo mais abundantes nos diferentes tipos de habitat

da bacia Amazônica. Entre as características que distinguem este grupo das demais

famílias, pode-se citar: coloração do corpo mais ou menos marrom escura, o processo

ventral no osso coracóide reduzido, e possuem o órgão elétrico derivado de músculos

hipaxiais, produzindo descargas do tipo pulso de curta duração (Sullivan 1997).

A família Hypopomidae, segundo Alves-Gomes et al. (1995) apresenta quatro

gêneros: Hypopomus, Brachyhypopomus, Racenisia e Microsternarchus e recentemente

dois novos gêneros descritos: Akawaio (Maldonado el. al. 2013) e Procerusternarchus (Cox-

Fernandes et. al. 2014). Microsternarchus é um gênero de tamanho pequeno que

geralmente não ultrapassa os 100 mm de comprimento (Mago-Leccia 1994; Alves-Gomes

1997). Outra diferença é que Microsternarchus possui uma descarga elétrica de tipo pulso

com uma duração bem mais longa do que a dos outros gêneros de Hypopomidae (com

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exceção de Racenisia) e um intervalo entre pulsos altamente estável, com coeficiente de

variação (desvio padrão/ média) baixo, <10-3 segundos. Por estas características, hipotetiza-

se que a DOE de Microsternarchus representa uma transição da DOE de tipo pulso para a

do tipo onda (Alves-Gomes et. al. 1995; Alves-Gomes 2001). Na época reprodutiva pode-se

observar diferenciação sexual na DOE, onde os machos parecem exibir uma descarga

sexualmente diferente das fêmeas, com a fase negativa mais prolongada, Figura 5

(Fernández-Yépez 1968; Mago-Leccia 1994; Sullivan 1997).

Figura 5. Dimorfismo sexual na forma de onda da DOE de Microsternarchus. Foto A: DOE de uma

fêmea. Foto B: DOE de um macho. Adaptado de Sullivan (1997).

O gênero está distribuído pela bacia Amazônica, Orinoco e Guianas (Mago-Leccia

1994; Albert e Crampton 2005) e foi descrito por Fernández Yépez em 1968, em base a

diversas características morfológicas analisadas em 28 indivíduos coletados no rio São José

em Venezuela. Segundo Mago-Leccia (1994), a sua descrição foi inadequada por utilizar

características de outros Hypopomidae e por citar a existência de pequenos dentes nas

maxilas, o que não se confirmou posteriormente. Mesmo assim, o autor foi correto ao

considerar Microsternarchus como um novo táxon e Mago-Leccia (1994) forneceu uma

melhor descrição do gênero. Até o momento, Microsternarchus é considerado um gênero

monotípico, sendo Microsternarchus bilineatus a única espécie descrita. O nome específico

deriva do fato deste peixe possuir dois nervos dorsais, visíveis ao olho nu, na forma de duas

linhas escuras na região dorsal.

Apesar de ser considerado um gênero monotípico, estudos recentes sugerem que

Microsternarchus bilineatus é na verdade um complexo de espécies com pelo menos cinco

linhagens distintas (Nogueira 2006; Maia 2007, 2011). Esta hipótese vem sendo

considerada desde que observações feitas em exemplares coletados em campo mostraram

A B

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haver um diferencial na morfologia externa e nas DOE de indivíduos coletados em diferentes

pontos da bacia do rio Negro (Nogueira 2006, 2011).

Maia em 2007 realizou o sequenciamento da região controle do DNA mitocondrial de

indivíduos de Microsternarchus de dois tributários do alto rio Negro e de outros dois

tributários no médio rio Negro. Os resultados identificaram uma diferenciação genética

nestas populações, separando estas em cinco linhagens distintas.

Em 2011, Maia realizou um estudo de sequenciamento de DNA que incluiu três

marcadores moleculares: COI, D-Loop e RAG-1, em indivíduos coletados em mais de 60

tributários do rio Negro, sendo que estas sequências foram comparadas a de indivíduos

coletados nos rios Tapajós, Branco e Amazonas. Os resultados dos três segmentos de DNA

são concordantes e demonstram uma diferenciação genética interna significativa, que

separa este gênero em pelo menos cinco linhagens distintas (A, B, C, D e E), que

apresentam elevada divergência genética entre si, além de identificar numerosas sub-

linhagens dentro das linhagens C, D e E (Figura 6).

Figura 6. Diferentes linhagens de Microsternarchus obtidas pelo método de agrupamento de vizinhos

(Neighbor Joining) utilizando o modelo de distância Kimura-2-parâmetros (K2P) para o gene

mitocondrial COI. Cortesia de C.R. Maia 2011.

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Por critérios de distância genética, estudos de morfometria e análises da gravação

de DOE, a linhagem A foi descrita formalmente como um novo gênero e espécie

Procerusternarchus pixuna por Cox et.al. (2014). As outras quatro linhagens (B, C, D e E)

também possuem divergência genética suficiente para serem consideradas espécies

diferentes, que no momento estão sendo descritas.

Microsternarchus por ser um peixe de porte pequeno e possuir pouca capacidade

natatória para migrar de um lugar a outro, é normalmente encontrado em pequenos cursos

de água onde a correnteza é de moderada a fraca, em bancos de areia ou entre as raízes

da vegetação marginal que pende para dentro dos igarapés (Mago-Leccia 1994; Schmitt

2005; Nogueira 2006).

1.8. Aspectos reprodutivos de Microsternarchus

Em função do conhecimento acumulado para outras espécies de Gymnotiformes,

sabe-se que Microsternarchus, como os Gymnotiformes em geral, possuem um período

reprodutivo associado com os níveis dos rios na Amazônia. O inicio do período de cheia

representa um estímulo ambiental para o início da maturação gonadal (Alves-Gomes 1997).

Experimentos preliminares em cativeiro, no Laboratório de Fisiologia Comportamental e

Evolução - LFCE/INPA indicam que este gênero pode ser induzido à maturação gonadal em

cativeiro (Nogueira 2006), por meio de uma dieta rica em proteína e controle das variáveis

físico-químicas da água onde o peixe se encontra, conforme o descrito em Kirschbaum

(1975).

Existem outras espécies em que o controle das mudanças ambientais e dos fatores

físico-químicos não é suficiente para obter a maturação das gônadas, sendo que, neste

caso, a indução da maturação gonadal em cativeiro requer métodos mais avançados,

incluindo à administração de hormônio por injeção (desova induzida) (Yanong et. al. 2012).

Um dos produtos mais utilizados para este propósito é o Ovaprim®, que é um

análogo do hormônio liberador da gonadotrofina (GnRH), ainda contendo domperidona que

é um antagonista da dopamina que potencializa os efeitos da GnRH e tem sido utilizado em

todo o mundo por mais de uma década como auxiliar da desova para muitas espécies. Para

adotar considerações do modo de ação desta droga e ter bom resultados para a maturação

das gônadas e reprodução é necessário conhecer o mecanismo de ação natural dos

hormônios nos peixes (Yanong et. al. 2012).

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Fatores ambientais e fatores internos são necessários para a iniciação da indução

gonadal que vão desencadear a liberação de vários hormônios que levarão à maturação,

liberação e desova em fêmeas e machos (Rottman et. al. 1991). O hormônio chamado

"Hormônio liberador da gonadotrofina" (GnRH) é liberado a partir de uma porção do

hipotálamo, e esta chega até à glândula pituitária que estimula a liberação da gonadotrofina

dois (GnRH II) que por sua vez vai até os ovários e testículos estimulando-os a produzir

esteroides e prostraglandinas, que são hormônios que atuam diretamente sobre as gônadas

para causar a maturação final e liberação de ovócitos (ovos). Em fêmeas o processo é

denominado de ovulação e em machos a maturação do esperma é denominada

espermiação (Evans e Claiborne 2006).

Em regiões Neotropicais, a reprodução e o ciclo reprodutivo dos peixes de água

doce estão associados à época das chuvas e estímulos ambientais, mas em condições de

cativeiro com controle dos parâmetros físico-químicos da água os peixes podem chegar a

maturar, mas geralmente não desovam devido à falta dos estímulos ambientais, por esse

motivo utilizam-se os tratamentos de indução com hormônio (Atencio 2001).

Ovaprim® tem sido utilizado em muitas famílias de peixes, tais como: Cyprinidae,

Characidae, Cobitiidae, e a família Helostomidae (Yanong et. al. 2012). Ovaprim® é o

hormônio análogo mais utilizado por sua eficiência e seu custo, e os estudos realizados em

diferentes espécies de peixes com este hormônio trabalharam com a dosagem

recomendada, que é de 0,5 ml/kg.

Mira et. al. (2010) trabalharam com Leiarius marmoratus e usaram dois

tratamentos: Tratamento 1: 0,5 ml/kg (0 horas) e 0,5 ml/kg (48 horas); e tratamento 2: dose

única de 0,25 ml/kg (0 horas). Chowdhury et. al. (2010) trabalharam em bagres com a dose

de 0,5 ml/kg repartida em duas doses - 0,125 ml/kg (0 hora) e 0,375 ml/kg (2 horas depois).

More et. al. (2010) trabalharam em carpas com doses de 0,2 ml/kg e de 0,3ml/kg. Hill et. al.

(2009) trabalharam com peixes ornamentais e utilizaram 0,5 ml/kg. Lenis et. al. (2009)

trabalharam com Brycom henni utilizaram 0,5 ml/kg. Kumar et. al. (2007) trabalharam com

Labeo rohita e utilizaram doses de 0,1 ml/kg e Atencio (2001) trabalhou com Piaractus

brachypomus 10 µl/g em doses única.

Durante o período reprodutivo alguns gêneros de Gymnotiformes desenvolvem

uma diferenciação na sua DOE segundo o sexo, estas características não podem ser

observados e diferenciados fora do período reprodutivo, Hopkins (1972) observou a

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diferenciação na DOE de machos e fêmeas de Sternopygus macrurus na época reprodutiva.

Além disso, existem vários estudos que têm registrado os efeitos de diferentes tipos de

hormônios em peixes elétricos e suas DOE (Hopkins 1972; Bass e Hopkins 1983; Zakon et.

al. 1991; Dulka e Maler 1994; Dulka et. al. 1995; Zakon 1996; Zakon e Dunlap 1999; Few e

Zakon 2001; Silva 2002; McAnelly e Zakon 2007).

A atuação dos hormônios sexuais nos Gymnotiformes pode alterar as

características da DOE: como a forma de onda do sinal elétrico, a duração da descarga e

taxa de descarga.

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II. Justificativa

O Sistema Eletrogênico e Eletrosensório da Ordem Gymnotiformes tem sido usado

intensamente por muitos laboratórios ao redor do mundo, como um modelo adequado para

estudos fisiológicos, anatômicos, farmacológicos e comportamentais em vertebrados. Sua

grande vantagem advém do fato que a DOE seja um comportamento gerado no Sistema

Nervoso Central, que pode ser facilmente registrado e digitalizado a partir do sinal elétrico

captado externamente ao peixe, por meio de métodos não invasivos.

No Laboratório de Fisiologia Comportamental e Evolução - LFCE/INPA existe um

programa de pesquisa voltado para a fisiologia e comportamento de peixes elétricos de

forma comparativa, levando-se em consideração a sistemática do grupo. Neste contexto, a

possibilidade de se obter a reprodução de diferentes espécies em cativeiro (algo ainda não

obtido de forma consistente na América do Sul), possibilitaria um enorme avanço para que

muitas questões biológicas relacionadas ao ciclo reprodutivo e interações sociais deste

grupo fossem devidamente abordadas por meio de experimentos fisiológicos e

comportamentais específicos.

O conhecimento do efeito direto de hormônios gonadotróficos (neste caso, o produto

comercial Ovaprim®) no desenvolvimento gonadal e nas características biofísicas das DOE

de Microsternarchus servirá como um passo para o estabelecimento de protocolos seguros

e confiáveis para reprodução de Gymnotiformes em cativeiro. Isto expandirá enormemente

as possibilidades de outros experimentos com o grupo, incluindo a sinalização elétrica entre

machos e fêmeas durante o período reprodutivo, o efeito de diferentes doses dos hormônios

na maturação gonadal e no dimorfismo sexual das DOE e ainda, novos experimentos que

levam em consideração a ontogenia dos espécimes, já a partir do estágio larval.

Desta forma o presente trabalho teve como objetivo principal estudar os efeitos diretos da

aplicação do hormônio gonadotrófico na maturação gonadal e, paralelamente, nas

características das DOE de machos e fêmeas de Microsternarchus, e caracterizar as

mudanças no padrão de descargas na medida em que as gônadas tornaram-se maduras,

até o ponto onde os animais estavam prontos para o cortejo sexual.

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III. Objetivos

3.1. Objetivo geral

Determinar e comparar o efeito de hormônio gonadotrófico (Ovaprim®) na maturação

gonadal e na descarga do órgão elétrico em machos e fêmeas de Microsternarchus.

3.2. Objetivos específicos

1. Medir e analisar o índice gonadossomático, em Microsternarchus adultos, antes

e depois da aplicação da dose de hormônio;

2. Determinar e comparar as características biofísicas das DOE dos indivíduos em

períodos antes e depois das aplicações hormonais.

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IV. Material e Métodos

4.1. Coleta e delineamento amostral

Os peixes foram coletados em quatro afluentes (igarapés) da região do baixo rio

Negro, entre os municípios de Novo Airão (2°37'33,24" S; 60°56'36,88" O) e Manaus

(3°6'23,27" S; 60°1'34,62" O) pertencentes ao estado do Amazonas, Brasil (Figura 7). As

águas deste rio possuem coloração negra, com pH ácido (entre 3 e 5), extremamente

pobres em nutrientes e com baixa condutividade elétrica (8-20 µs/cm-1) (Santos e Ferreira,

1999).

Figura 7. Mapa com os locais de coleta dos peixes utilizados no presente estudo.

Para a captura dos peixes foi utilizado um “detector de peixes elétricos”. Este

detector é constituído de uma haste de madeira com dois eletrodos de metal fixados em

uma de suas extremidades e, estes, conectados a um circuito com um amplificador, que

amplifica o sinal elétrico da DOE e o envia para um autofalante. Esse o converte em sinal

sonoro, permitindo assim a detecção das DOE e localização destes organismos. Os peixes

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foram capturados com a utilização de puçás e redinhas, mantidos em sacos de plástico com

água do local e transportados para o LFCE/INPA (Manaus) onde foram aclimatados.

Para a aclimatação, os peixes foram separados em tanques de 50L com filtração

biológica e aeração, com o máximo de 10 peixes em cada tanque. Ainda sem identificar por

sexo, sendo apenas separados por data e local de coleta. Os peixes foram mantidos nestes

tanques por no mínimo 15 dias antes da realização dos experimentos. Os parâmetros da

água foram mantidos constantes e próximos à agua do local de coleta, os tanques foram

sifonados com mangueira de borracha todos os dias pela manhã, para retirar as sobras de

alimentos e fezes. Foram mantidos com fotoperíodo natural. Os animais foram alimentados

uma vez por dia no horário das 17h, utilizando-se alimento vivo como o anelídeo enquitréia

(Enchytraeus albidus), naúplios de Artemia salina e larvas de dípteras.

Todos os experimentos descritos a seguir foram conduzidos de acordo com a

Comissão de Ética em Pesquisa no Uso de Animais (CEUA), realizados nas instalações do

LFCE/INPA e os animais foram posteriormente sacrificados para sexagem.

4.2. Esquema experimental

Os experimentos foram inteiramente ao acaso, com dois tratamentos. Antes de

realizar as induções hormonais, os peixes foram submetidos a uma marcação com

elastômeros VIE (Visible Implant Elastome tags, Northwest Technology, Inc.) coloridos, que

permitiu a individualização dos peixes ao longo de todo o estudo. A injeção foi realizada na

parte lateral do corpo do peixe (Figura 8). Após a marcação com o elastômero foi feita uma

ficha de identificação para todos os indivíduos escolhidos para a realização dos

experimentos, com as seguintes informações: Código do local de coleta, código do peixe,

código do elastômero, tratamento com hormônio, parâmetros físico-químicos da água,

comprimento total (mm), comprimento padrão (mm), peso total do peixe (mg), peso das

gônadas (g), sexo, estádio de maturação e data da eutanásia (Tabela 1). Para realização

dos experimentos foram utilizados 84 peixes mantidos em cativeiro, com um tamanho

mínimo de 70 mm e máximo de 137 mm de comprimento total (Anexo 1).

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Figura 8: Marcação com elastômero colorido ao peixe para sua respectiva individualização nos experimentos.

Tabela 1: Exemplo de ficha de identificação, elaborada para o grupo de indivíduos utilizados nos

experimentos.

Dados Quantidade Hô

Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5

Código de local de coleta

Código do peixe

Código de elastômero

Tratamento de Hô

Parâmetros da água

pH

CE

Oxigênio%

TDS

Comprimento total

Comprimento padrão

Peso total de peixe

Peso das gônadas

Sexo

Estádio de maturação

Data de eutanásia

Após da identificação individual os peixes foram gravados para ter registros das

descargas antes de iniciar os experimentos de indução e ao mesmo tempo foram

sacrificados 19 peixes com MS-222 (Metasulfonato de tricaina) para observação do estádio

das gônadas antes do início dos experimentos.

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4.3. Gravações das DOE

As gravações das DOE foram realizadas em um aquário experimental de fundo

quadrado (50 litros) cheio até aproximadamente 12 cm com água (22 litros) do tanque onde

peixe estava sendo mantido. A temperatura no aquário foi mantida entre 25 e 27 ºC e as

demais variáveis físico-químicas foram mantidas de acordo com o padrão de água dos

aquários do LFCE. Para evitar interferências no sinal elétrico, durante os experimentos, foi

necessário isolar as descargas elétricas dos ruídos eletromagnéticos externos e, para isso,

o aquário experimental e o amplificador foram mantidos no interior de uma caixa de alumínio

(caixa de Faraday). Para minimizar as variações na forma de onda das DOE por motivo das

diferentes posições do peixe em relação aos eletrodos, os indivíduos foram mantidos no

interior de um tubo de plástico no aquário de gravação (Figura 9).

O procedimento de gravação da DOE já vem sendo utilizado como rotina pelo LFCE

e se mostra muito eficiente (Ferreira 2009; Nogueira 2006, 2011). A captação do sinal da

DOE foi efetuada por meio da utilização de três eletrodos de prata, que consistiam em um

fio de cobre de aproximadamente 7 cm de comprimento e 2 mm de diâmetro, enrolados em

um bastão de plástico de 5 mm de diâmetro. O eletrodo positivo foi colocado próximo à

cabeça, o negativo próximo à cauda e o neutro em posição mediana entre os polos positivo

e o negativo. Os eletrodos foram conectados a um amplificador diferencial (BMA-200 AC/DC

Bioamplifier), possuindo um ganho de sinal de 10 a 50.000 vezes. O sinal amplificado foi

monitorado e visualizado em tempo real por meio de um osciloscópio digital (Tektronix TPS

2014) e este mesmo sinal foi digitalizada por um conversor analógico/digital, Data

Translation® DT9800 Série USB, posteriormente armazenado e gravado pelo software

MATLAB® para Windows 7.0

Figura 9. Esquema representativo do aquário experimental onde se realizam as gravações das DOE dos peixes elétricos: 1 (aquário experimental com o peixe confinado no tubo plástico), + (eletrodo positivo próximo à cabeça); - (eletrodo negativo próximo à cauda); n (eletrodo neutro), 2 (caixa de Faraday), 3 (amplificador), 4 (conversor analógico/digital), 5 (osciloscópio) e 6 (computador).

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4.4. Indução com Hormônio

4.4.1. Tratamento com Ovaprim®

Os peixes escolhidos de forma aleatória foram colocados em água com gelo

por um período de 5 minutos, para realizar a diminuição da taxa metabólica e os peixes

entrarem em um estado de dormência anestésica por efeito do frio. O momento da

dormência foi aproveitado para realizar a inoculação de Ovaprim®, por meio de um micro-

seringa de 1µl de volume máximo (Modified Microliter Syrienge 7000 serie Hamilton)

realizando a inoculação intramuscular na área lateral após da bexiga natatória.

Realizaram-se dois tratamentos com o hormônio Ovaprim®, para a realização

do primeiro tratamento selecionou-se os peixes de forma aleatória. Logo após da seleção,

se realizou a indução hormonal que consistiu em uma dose única de 0,5 µl/g de peso do

peixe no tempo zero (t0), que foi injetada sem o conhecimento prévio do sexo de cada

indivíduo. O tratamento durou um período de cinco dias e foram realizadas três repetições.

Depois de ter realizado a inoculação do hormônio, se procedeu a colocar os peixes na água

com a temperatura normal, obtendo uma eficiente recuperação dos 100% dos peixes. No

tratamento foi utilizado um total de 43 peixes.

No segundo tratamento foram escolhidos os peixes de forma aleatória e após

da seleção se realizou a indução hormonal que consistiu em duas doses. A primeira de 0,5

µl/g de peso do peixe no tempo zero (t0) e a segunda injeção de igual concentração 0,5 µl/g

de peso do peixe 72 horas de intervalo entre uma injeção a outra. Colocando-se um total de

1µl de hormônio/g de peso do peixe. Neste tratamento as injeções foram realizadas também

sem o conhecimento prévio do sexo. O tratamento teve uma duração de cinco dias,

realizando duas repetições, com um total de 22 peixes (Figura 10).

Figura 10. Protocolo dos tratamentos de indução do hormônio Ovaprim®, realizado para o gênero

Microsternarchus. t0: Tempo zero, t72: tempo 72 horas após-primeira injeção.

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34

4.4.2 Análises associadas à aplicação do hormônio

Ao longo dos experimentos se realizou a observação direta dos peixes, para

verificação de alguma possível mudança na coloração da pele ou outros aspectos físicos,

como largura e comprimento do filamento caudal, que são alguns dos caracteres

morfológicos de dimorfismo sexual de hypopomídeos em estádio reprodutivo.

Depois de 24 horas da primeira inoculação do hormônio Ovaprim® foram

escolhidos três peixes por dia de forma aleatória de ambos os tratamentos para serem

realizadas as medições das variáveis da DOE e índice gonadossomático IGS. As medições

foram realizadas aos peixes selecionados todos os dias dos tratamentos durante os cinco

dias consecutivos (ver item 4.3). Depois das gravações das DOE os peixes selecionados

foram anestesiados com MS-222, posteriormente sacrificados e realizadas as seguintes

medições: comprimento total que vai desde o focinho até o final do filamento caudal, e

comprimento padrão que vai desde o focinho até o final da nadadeira anal (ambos em mm),

o peso de cada peixe também foi medido (em mg) (Figura 11).

Figura 11. Esquematização do procedimento pós-hormônio para Microsternarchus, Tto1: Tratamento 1, Tto2: Tratamento 2, DOE: Descarga do Órgão Elétrico.

Após realizadas as medições correspondentes, identificou-se o sexo dos peixes

de forma macroscópica, mas para confirmação do sexo, também foi realizado a observação

microscópica. Os estádios das gônadas foram avaliados de acordo com Vazzoler (1996),

que identifica cinco estádios: imaturo, em maturação, maduro, esvaziado e repouso. Foi

retirada uma pequena amostra do tecido muscular e colocada em etanol 80%. O fragmento

de tecido muscular foi retirado com a finalidade de ser usado para confirmação taxonômica

dos indivíduos, por meio da biologia molecular, usando-se como marcador o gene

mitocondrial COI (código de barras de DNA).

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4.5. Índice Gonadossomático (IGS)

As gônadas foram extraídas por meio de um corte ventral e pesadas numa balança

de precisão de 0,0001g. Em seguida foi realizada a medição do IGS que é um parâmetro

utilizado para determinar as fases da maturação sexual, sendo que o IGS representa a

relação em porcentagem dos pesos das gônadas sobre o peso do corpo (Vazzoler 1996).

4.6. Identificação do sexo

Quando as gônadas se encontram em processo de maturação é possível observar e

identificar mais rápido os ovários e testículos. Em geral os ovários são de forma cilíndrica,

de cor amarelada, rosa ou laranja, os testículos são mais alongados que os ovários e se

apresentam em uma seção mais plana de cor branca. A identificação macroscópica dos

estádios das gônadas foi seguindo as sugestões de Vazzoler (1996).

Para confirmar o diagnóstico obtido por técnicas macroscópicas, foi realizada

também a observação microscópica das respectivas gônadas, sem realizar fixação em

formol nem cortes histológicos. As respectivas gônadas foram colocadas em lâminas para

serem observadas no microscópio óptico, para assim, poder descrever o estádio de

maturação da gônada e obter uma confirmação do sexo observado macroscopicamente.

4.7. Análises das variáveis da DOE

Para cada indivíduo, se realizou a gravação de sua DOE antes e durante os

experimentos e foram analisadas as seguintes variáveis (Figura 12):

1) Taxa de repetição média (Mean rate): representa o número médio de descargas do

Órgão Elétrico (OE) que o peixe realiza durante cada segundo, ao longo do tempo de

gravação.

2) PPrel: é a relação que existe entre a amplitude da primeira fase (positiva) do pulso com

a amplitude da segunda fase (negativa) do pulso.

3) 2Ph_área: é a área relativa da segunda fase (negativa), em relação à área total do

pulso, sendo que esta segunda fase é a que supostamente mais varia no caso de

dimorfismo sexual das DOE.

IGS = Peso das gônadas (mg) x 100

Peso total do corpo (mg)

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4) P/S ratio: é a relação que existe entre a duração efetiva da DOE e a duração do tempo

em que o órgão elétrico permanece em silêncio, a cada ciclo de descarga;

5) EDO_dur: é a duração total do pulso da DOE num tempo determinado de gravação.

As medições das variáveis da DOE foram realizadas em 84 peixes, antes e

durante os respectivos tratamentos em um tempo de gravação de 5 segundos,

posteriormente as variáveis da DOE foram analisadas no Programa Past (Paleontological

Statistic) versão 2.17 (Hammer et al. 2001).

Figura 12: Esquema representativo das análises das medições das variáveis da DOE do gênero Microsternarchus, efetuadas; pré e pós-indução de hormônio. F1, F2, F3: Fase 1, Fase 2, Fase 3: A1, A2: Amplitude da fase 1, Amplitude da fase 2; D1, D2, D3: Duração da fase 1, Duração da fase 2, Duração da fase 3; S: Fase silenciosa. Outras variáveis: PPrel (A1/A2), 2Ph_área (F2), P/S ratio (D1+D2+D3/S), EOD_dur (D1+D2+D3).

4.8. Identificação das linhagens de Microsternarchus por meio de DNA barcode

A identificação das linhagens dos peixes do gênero Microsternarchus foi realizada

mediante o método de DNA barcode ou código de barras de DNA. Utilizando como

marcador molecular o gene Citocromo c Oxidase subunidade I (COI), marcador já usado

para descrever as linhagens deste gênero (Maia 2011).

4.8.1 Extração e quantificação de DNA

Foi realizada a extração de DNA seguindo o protocolo de Sambrook et. al.

(1989) com algumas modificações, a partir de uma amostra de tecido muscular de cada

indivíduo realizou-se uma precipitação salina com lise celular alcalina em 1,0% de SDS e

Am

plit

ud

e (

volts)

Tempo (ms)

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37

digestão com 40 μl de proteinase K (20 mg/ml) em 60 °C por uma hora. Após o tecido estar

totalmente digerido, foram realizadas lavagens sucessivas com fenol-clorofórmio (1:1) e

clorofórmio com auxílio de centrifugação. Posteriormente, o sobrenadante foi precipitado

com um volume de isopropanol gelado (-20 °C, over night). Logo com o auxílio de

centrifugação o pellet de DNA foi lavado em etanol 70% em seguida secado na estufa (55

°C) e posteriormente diluído em TE 0,2x.

Completada a extração foi realizada a quantificação de DNA com uma amostra

de 3 μl de DNA total de cada indivíduo. Esta amostra foi submetida a uma eletroforese

horizontal em gel de agarose 0,8% corado com GelRed (Biotium) e utilizando um marcador

de concentração conhecida para poder comparar com a amostra e quantificar o DNA.

4.8.2. Amplificação da região do Citocromo c Oxidase subunidade I (COI)

A amplificação da região do gene COI foi realizada por meio da técnica de PCR

(Polymerase Chain Reaction), onde o DNA total juntamente com um conjunto de reagentes

incluindo os primers específicos do fragmento (iniciadores de cadeia) foi submetido a ciclos

de amplificação em um termociclador.

Foram necessários aproximadamente 30 ng de DNA total, em 2,5 μl de Tampão

10x; 0,5 μl de Taq DNA Polimerase (1 μl) (BioTools); 5μL de dNTP (1mM); 1μL de cada

primer (5μM) e água mili-Q para completar o volume total da reação (25 μl). O perfil de

temperatura consistiu em uma etapa de desnaturação inicial a 92 °C por 30 s, seguida de 35

ciclos com desnaturação a 92 °C por 1 minuto, anelamento a 59 °C por 1 minuto e extensão

a 72 °C por 1 minuto. Ao término dos 35 ciclos foi realizada uma extensão final a 72 °C por 5

minutos. Os primers utilizados para a amplificação foram BOL-COI fish F1 (5'

TCAACYAATATATYGGCAC 3') e BOL-COI fish R1(5' ACTTCYGGGTGRCCRAARAATCA

3') (Ward et al. 2005).

Após o término das reações, foi verificada a eficiência das amplificações por

meio da técnica de eletroforese em gel de agarose (0,8%) corado com GelRed (Biotium).

Em seguida, os produtos da PCR foram purificados: primeiro foi realizada a adição de PEG

20% (NaCl 2,5 M) com incubação a 37 °C por 30 minutos e posteriormente feita a lavagem

com etanol 80% e etanol absoluto. Após a lavagem, as amostras deixadas para a

evaporação total do álcool e, em seguida, dissolvidas em água mili-Q e quantificadas por

meio de comparação com o marcador Low Mass DNA Ladder (Invitrogen) em eletroforese

padrão em gel de agarose (0,8%).

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4.8.3. Sequenciamento molecular

O sequenciamento dos fragmentos amplificados do gene COI foi realizado pelo

método de Sanger et al. (1977) utilizando-se terminadores de cadeia (dNTPs) marcados por

fluorescência. As reações de sequenciamento foram realizadas com o kit BigDye Terminator

v3.1 Cycle Sequencing em placas de 96 poços, utilizando-se cerca de 100 ng do produto da

PCR previamente tratado; 1,5 μl de cada primer (5 μM) para reações separadas; 2 μl de

Tampão (5x); 0,5 μl do premix e água mili-Q para completar o volume de 10 μl.

Depois de realizada a reação de sequenciamento os fragmentos de COI foram

submetidos a um tratamento de precipitação eliminando assim o produto não incorporado

durante a reação. Logo os fragmentos foram submetidos à eletroforese capilar no

sequenciador de DNA ABI 3130XL (Applied Biosystems) a fim de obter a sequência

nucleotídica do fragmento do gene COI.

4.8.4. Análises das sequências

As sequências geradas pelo sequenciador de DNA foram conferidas e editadas

individualmente, sendo alinhadas manualmente no programa BIOEDIT 7.0.1 (Hall 1999)

para que as diferenças entre as mesmas fossem confirmadas. Para o alinhamento foram

utilizadas outras 47 sequências correspondentes às linhagens (B, C, D e E) do gênero

Microsternarchus disponibilizadas por Maia (2011) e duas sequências dos gêneros

Brachyhypopomus e Hypopygus como grupos externos.

As frequências dos haplótipos foram calculadas com ajuda do programa DnaSP

v.5.00 (Rozas e Rozas 1999) e seguindo os protocolos padronizados do DNA barcode foi

realizada a análise de Agrupamento de Vizinhos (Neighbor Joining – NJ) (Saitou e Nei

1987). Este procedimento procura encontrar sequencialmente vizinhos que minimizem o

comprimento total da árvore, ou seja, a árvore com a menor soma total de ramos é

procurada. Para obter a árvore de haplótipos se utilizou o modelo evolutivo Kimura-2-

parâmetros (K2P) no programa MEGA 5 (Tamura et. al. 2011) com a intenção de identificar

as linhagens. Para a verificação da robustez de cada nó interno foi realizada a análise de

bootstrap com 1.000 réplicas.

O grau de divergência entre as sequências foram verificadas calculando-se a

distância genética entre as linhagens ou sub-linhagens encontradas utilizando o programa

MEGA 5 (Tamura et al. 2011).

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4.9. Análises dos parâmetros associados ao IGS e DOE

Após as identificações dos peixes (linhagem e sexo) foram realizadas as ordenações

em relação aos dois tratamentos e em função do sexo.

O IGS e as variáveis das características da DOE descritas acima foram submetidas a

testes de normalidade, onde nossos dados não foram normais, por esse motivo utilizou-se a

estatística não paramétrica. Utilizando o teste não paramétrico de Kruskall Wallis e para a

comparação par a par entre o período anterior à indução do hormônio e os diferentes dias

dos tratamentos se utilizou o teste de Mann Whitney. Todas as análises foram realizadas no

programa PAST v.2.17 (Hammer et. al. 2001) em um nível de significância de 5%.

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V. Resultados

5.1. Resultados de DNA

Dos 84 peixes utilizados nos experimentos foram obtidas 74 sequências que

resultaram em um alinhamento de 510 pares de bases (pb).

Com base nos dados obtidos por Maia (2011) e com a topologia resultante do NJ

neste estudo utilizando a distância K2P encontrou-se a linhagem C de Microsternarchus. No

entanto, apesar de suportadas por valores não muito significativos de bootstrap foram

observadas três sub-linhagens C das quais duas já foram descritas por Maia (2011) e

definidas como sub-linhagens C1 e C2. Porém, uma terceira sub-linhagem ainda não

descrita que poderia ser C5 foi identificada (Figura 13). Cada uma destas sub-linhagens

foram encontradas em diferentes igarapés. A tabela 2 ilustra as sub-linhagens os sexo dos

peixes e igarapé utilizados neste estudo.

Figura 13. Topologia obtida pelo método de agrupamento de vizinhos Neighbor Joining (NJ) utilizando o modelo de distância K2P para o gene mitocondrial COI. As sub-linhagens obtidas com o sequenciamento estão evidenciadas, junto aos igarapés de coleta (abreviaturas). As letras (B, C, D e E) representam as linhagens sequenciadas por Maia (2011). Os valores nos nós dos ramos indicam os valores de bootstrap calculados a partir de 1.000 réplicas. A escala mede a distância genética em número de substituições por sítio.

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Tabela 2. Peixes agrupados dentro da linhagem “C” de Microsternarchus por meio do DNA barcode descritos por Maia (2011) e em diferentes sub-linhagens, sendo as sub-linhagens C1 e C5 associadas à margem direita do rio Negro e a sub-linhagem C2 a ambas as margens do rio Negro.

Os valores de distância genética (Tabela 4) foram obtidos entre linhagens e sub-

linhagens encontrados para Microsternarchus. Considerando as sequências utilizadas por

Maia (2011) referentes às linhagens B, C, D e E. Os espécimes deste estudo foram

geneticamente relacionados com as sub-linhagens C (C1 e C2), mas os espécimes

coletados no igarapé Mato Grosso (MGS) não foram agrupados com nenhuma das sub-

linhagens C encontradas por Maia (2011). A distância genética entre as linhagens está entre

5% e 17% mas, entre as sub-linhagens a distância genética esta entre 1% e 2% (Tabela 3).

Tabela 3. Matriz da média de distância genética par a par intraespecífica estimado com o modelo de

evolução K2P para o gene COI. Entre as diferentes linhagens de Microsternarchus e as sub-

linhagens obtidas no presente estudo.

Margem do rio Linhagem Igarapé Sexo

Total peixe Fêmea Macho

Direita C1 Tumbira 2 4 6

Direita C2 Tapuruzinho 5 2 7

Esquerda C2 Tarumã Grande 43 20 63

Direita C5 Mato Grosso 7 1 8

C1 C2 C3 C4 MGS (C5) B D E

C1

0.004 0.006 0.006 0.004 0.019 0.009 0.015

C2 0.014

0.006 0.006 0.004 0.019 0.009 0.015

C3 0.021 0.022

0.007 0.006 0.018 0.008 0.016

C4 0.022 0.019 0.026

0.006 0.019 0.009 0.015

MGS

(C5) 0.013 0.011 0.017 0.019

0.019 0.009 0.016

B 0.159 0.153 0.149 0.147 0.153

0.017 0.017

D 0.055 0.054 0.047 0.053 0.051 0.144

0.016

E 0.131 0.123 0.123 0.118 0.134 0.136 0.132

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5.2. Análises dos estádios das gônadas

Foram obtidas gônadas representativas dos primeiros estádios de maturação, os

estádios I e II.

Estádio I.- Imaturo. Gônadas pequenas triangulares ou ovóides sem oócitos visíveis,

ocupando menos da 1 3 parte da cavidade celomática, sem sinais de vascularização, não se

observa facilmente ao olho nu (Figura 14).

Estádio II.- Em maturação. G nadas ov ides de maior tamanho, com pequenos

o citos visíveis e ocupando mais da 1 3 parte da cavidade celomática, com vascularização

podendo ser observada ao olho nu (Figura 15).

Figura 14. Gônadas em estádio imaturo de M. linhagem C. Ambas observadas ao olho nu. Foto A: gônada do primeiro tratamento das fêmeas, peso: 1,8 mg, comprimento: 3,13 mm, comprimento total do peixe: 78 mm. Foto B: gônada do primeiro tratamento dos machos, peso: 1,5 mg, comprimento: 3,15mm, comprimento total do peixe: 76 mm.

Figura 15. Gônadas em estádio de maturação de M. linhagem C. Ambas observadas na lupa com aumento de 10x. Foto C: segundo tratamento das fêmeas, peso: 3,8 mg, comprimento: 1,8 mm, comprimento total do peixe: 105 mm. Foto D: segundo tratamento dos machos, peso: 2 mg, comprimento: 4,03mm, comprimento total do peixe: 84 mm.

A B

C D

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Na observação microscópica com utilização de estereomicroscópio (lupa) e do

microscópio óptico, obteve-se melhor observação e confirmação do sexo e estádio de

maturação (Figura 16).

Figura 16. Observação microscópica das gônadas de M. linhagem C em processo de maturação.

Foto E: lâmina de gônada do segundo tratamento das fêmeas, peso da gônada: 15,6 mg,

comprimento da gônada: 8,03 mm, comprimento total do peixe: 90 mm após quinto dia da Indução de

Hormônio. B: lâmina do segundo tratamento dos machos, peso da gônada: 8,9 mg, comprimento da

gônada: 7,01mm, comprimento total do peixe: 88 mm após quinto dia da indução de hormônio.

E F

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5.3. Índice Gonadossomático (IGS) e variáveis da DOE

Primeiro tratamento das fêmeas

Utilizando o teste Kruskal-Wallis encontraram-se diferença significativa no IGS p=

0,0001, não foram encontradas diferenças significativas nas seguintes variáveis da DOE:

Média da taxa de repetição: p= 0,199, Relação pico a pico: p= 0,598, Área da segunda fase:

p= 0,198 e foi encontrada diferença significativa na variável: Duração da descarga do órgão

elétrico: p= 0,001 (Tabela 4). Conforme os resultados encontrou-se variação no IGS e em

alguma das variáveis da DOE por efeito da indução hormonal.

Utilizando o teste de Man Whitney encontrou-se diferença significativa entre o dia

antes das induções hormonais em relação aos dias de duração do tratamento no IGS, na

media da taxa de repetição, 2Ph_Area, P/S taxa e DOE_dur.

Tabela 4. Resultados das variáveis analisadas pelo teste de Kruskal-Wallis do primeiro

tratamento das fêmeas. (*) Diferença significativa no primeiro tratamento das fêmeas.

Figura 17. Índice Gonadossomático (IGS) de M. linhagem C do primeiro tratamento das fêmeas pelo

teste Kruskal-Wallis significativo *p= 0,0001.

Teste Utilizado Variáveis analisadas Significância dos 5%

Kruskal-Wallis Índice Gonadossomático IGS *p= 0,0001

Kruskal-Wallis Média da taxa de repetição (Mean rate) p= 0,199

Kruskal-Wallis Relação pico a pico (PPrel) p= 0,598

Kruskal-Wallis Área da segunda fase (2Ph_Area) p= 0,198

Kruskal-Wallis Relação do pulso sobre a fase silenciosa (P/S taxa) *p= 0,001

Kruskal-Wallis Duração da descarga do órgão elétrico (DOE_dur) *p= 0,0089

DIAS DE TRATAMENTO

IGS

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Figura 18. Variáveis da DOE de M. linhagem C do primeiro tratamento das fêmeas analisadas no

teste Kruskal-Wallis. O valor das variáveis foi definido em 100% antes do inicio dos tratamentos. G:

Mean rate não significativo p= 0,199; H: PPrel não significativo p= 0,598; I: 2Ph_Area não significativo

p= 0,198; J: P/S taxa significativo *p= 0,001; K: DOE_dur significativo *p= 0,0089.

G H

I J

K

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Segundo tratamento das fêmeas

Realizou-se duas injeções cada uma de 0,5 µl/g de peso do peixe com um intervalo

de 72 horas entre as induções obtendo diferença significativa no IGS *p=0,010 pelo teste

Kruskal-Wallis, nas variáveis da DOE nenhumas delas mostraram diferença significativa:

média da taxa de repetição p= 0,118; relação pico a pico p= 0,634; área da segunda fase p=

0,177; relação do pulso sobre a fase silenciosa p= 0,581; duração da descarga do órgão

elétrico p= 0,5125. Observando nossos resultados só foi encontrada diferença significativa

no IGS e não se encontrou nas variáveis da DOE (Tabela 5). Encontrou-se diferença

significativa entre o dia antes da indução com os dias do tratamento no IGS, na média da

taxa de repetição, na 2Ph_Area, P/S taxa que foi analisado pelo teste de Man Whitney.

Tabela 5. Resultados das variáveis analisadas pelo teste de Kruskal-Wallis do segundo tratamento

das fêmeas. (*) Diferença significativa no segundo tratamento das fêmeas.

Figura 19. Índice Gonadossomático (IGS) de M. linhagem C do segundo tratamento das fêmeas pelo

teste Kruskal-Wallis significativo *p= 0,010.

Teste Utilizado Variáveis analisadas Significância dos 5%

Kruskal-Wallis Índice Gonadossomático IGS *p= 0,010

Kruskal-Wallis Média da taxa de repetição (Mean rate) p= 0,118

Kruskal-Wallis Relação pico a pico (PPrel) p= 0,634

Kruskal-Wallis Área da segunda fase (2Ph_Area) p= 0,177

Kruskal-Wallis Relação do pulso sobre a fase silenciosa (P/S taxa) p= 0,581

Kruskal-Wallis Duração da descarga do órgão elétrico (DOE_dur) p= 0,5125

DIAS DE TRATAMENTO

IGS

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47

Figura 20. Variáveis da DOE de M. linhagem C do segundo tratamento das fêmeas analisadas no

teste Kruskal-Wallis. O valor das variáveis foi definido em 100% antes do inicio dos tratamentos. L:

Mean rate não significativo p= 0,118; M: PPrel não significativo p= 0,634; N: 2Ph_Area não

significativo p= 0,177; O: P/S taxa não significativo p= 0,581; P: DOE_dur não significativo p= 0,5125

L M

N O

P

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Primeiro tratamento dos machos

Os dados foram analisados no teste de Kruskal-Wallis o IGS não teve diferença

significativa p=0,06, as variáveis da DOE não mostraram mudança alguma, a média da taxa

de repetição não foi significativa p= 0,359; relação pico a pico não foi significativa p= 0,781;

área da segunda fase não foi significativa p= 0,923; a relação do pulso sobre a fase

silenciosa não foi significativa p= 0,160 e a duração da descarga do órgão elétrico também

não mostrou diferença p= 0,6798 (Tabela 6). No teste Man Whitney se encontrou diferença

significativa na variável P/S entre o dia antes da indução e os dias do tratamento.

Tabela 6. Resultados das variáveis analisadas pelo teste de Kruskal-Wallis do primeiro tratamento

dos machos. (*) Diferença significativa no primeiro tratamento dos machos.

Figura 21. Índice Gonadossomático (IGS) de M. linhagem C do primeiro tratamento dos machos pelo

teste Kruskal-Wallis não significativo p= 0,0610.

Teste Utilizado Variáveis analisadas Significância dos 5%

Kruskal-Wallis Índice Gonadossomático IGS p= 0,061

Kruskal-Wallis Média da taxa de repetição (Mean rate) p= 0,359

Kruskal-Wallis Relação pico a pico (PPrel) p= 0,781

Kruskal-Wallis Área da segunda fase (2Ph_Area) p= 0,923

Kruskal-Wallis Relação do pulso sobre a fase silenciosa (P/S taxa) p= 0,160

Kruskal-Wallis Duração da descarga do órgão elétrico (DOE_dur) p= 0,6798

DIAS DE TRATAMENTO

IGS

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49

Figura 22. Variáveis da DOE de M. linhagem C do primeiro tratamento dos machos analisados no

teste Kruskal-Wallis. O valor das variáveis foi definido em 100% antes do inicio dos tratamentos. Q:

Mean rate não significativo p= 0,359; R: PPrel não significativo p= 0,781; S: 2Ph_Area não

significativo p= 0,923; T: P/S taxa não significativo p= 0,160; U: DOE_dur não significativo p= 0,6798.

Q R

S T

U

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50

Segundo tratamento dos machos

Os dados foram analisados no teste de Kruskal-Wallis obtendo diferença

significativa no IGS *p= 0,038, nas variáveis da DOE obtivemos diferença na média

da taxa de repetição *p= 0,015; não teve diferença à relação pico a pico p= 0,918; a

área da segunda fase não foi significativa p= 0,223; não foi significativa a relação

do pulso sobre a fase silenciosa p= 0,639 e não foi significativa a duração da

descarga do órgão elétrico p= 0,5758 (Tabela 7). Não se encontrou diferença no

teste de teste Man Whitney entre o dia antes da indução e os dias do tratamento.

Tabela 7. Resultados das variáveis analisadas pelo teste de Kruskal-Wallis do segundo tratamento

dos machos. (*) Diferença significativa no segundo tratamento dos machos.

Figura 23. Índice Gonadossomático (IGS) de M. linhagem C do segundo tratamento dos machos pelo

teste Kruskal-Wallis significativo *p= 0,038.

Teste Utilizado Variáveis analisadas Significância dos 5%

Kruskal-Wallis Índice Gonadossomático IGS *p= 0,038

Kruskal-Wallis Média da taxa de repetição (Mean rate) *p= 0,015

Kruskal-Wallis Relação pico a pico (PPrel) p= 0,918

Kruskal-Wallis Área da segunda fase (2Ph_Area) p= 0,223

Kruskal-Wallis Relação do pulso sobre a fase silenciosa (P/S taxa) p= 0,639

Kruskal-Wallis Duração da descarga do órgão elétrico (DOE_dur) p= 0,5758

DIAS DE TRATAMENTO

IGS

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Figura 24. Variáveis da DOE de M. linhagem C do primeiro tratamento dos machos analisados no

teste Kruskal-Wallis. O valor das variáveis foi definido em 100% antes do inicio dos tratamentos. U:

Mean rate significativo *p= 0,015; V: PPrel não significativo p= 0,918; W: 2Ph_Area não significativo

p= 0,223; X: P/S taxa não significativo p= 0,639; Y: DOE_dur não significativo p= 0,5758.

U V

W X

Y

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52

5.4. Análises das variáveis da DOE em relação ao efeito do hormônio

Realizou-se uma média de cada variável da DOE em porcentagem considerando o

dia antes de realizar a indução hormonal em 100% e observar a existência de mudança das

variáveis por efeito da indução de hormônio e se conseguiu observar aumento de algumas

das variáveis da DOE a partir do terceiro dia após da indução hormonal

Primeiro tratamento das fêmeas

A variável P/S (pulso sobre a fase silenciosa) foi a que mostrou maior significância

em relação do dia antes da indução (100%) para o dia cinco após indução com um aumento

de 20,88%.

Figura 25. Média e desvio padrão das variáveis da DOE (%) de M. linhagem C antes e pós-indução

de hormônio no primeiro tratamento das fêmeas a variável P/S foi a mais significativa.

Segundo tratamento das fêmeas

A variável DOE_dur (duração da descarga do Órgão Elétrico) foi a que apresentou

maior significância em relação do dia antes da indução (100%) para o dia cinco após

indução que teve um aumento de 13,41%.

Figura 26. Média e desvio padrão das variáveis da DOE (%) de M. linhagem C antes e pós-indução

de hormônio no segundo tratamento das fêmeas a variável DOE_DUR foi a mais significativa.

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53

Primeiro tratamento dos machos

A variável PPrel (relação pico-a-pico) foi a mais significativa, em relação do dia

antes (100%) com o dia cinco do experimento, que teve um aumento de 40,62%.

Figura 27. Média e desvio padrão das variáveis da DOE (%) de M. linhagem C antes e pós-indução

de hormônio no primeiro tratamento dos machos. Obteve-se maior variação da variável PPrel.

Segundo tratamento dos machos

A variável mean rate (média da taxa de repetição) foi a mais significativa em

relação do dia antes da indução (100%) com o dia cinco após indução, com um aumento de

17,17%.

Figura 28. Média e desvio padrão das variáveis da DOE (%) de M. linhagem C antes e pós-indução

de hormônio no segundo tratamento dos machos. Obteve-se maior variação da variável mean rate.

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54

5.5. DOE em relação ao sexo e tratamentos

Os resultados das gravações dos peixes utilizados no presente estudo apresentam

uma DOE constituída por três fases distintas, diferente da DOE bifásica que foi descrita para

a espécie Microsternarchus bilineatus por Sullivan (1997). Porém; podemos observar em

nossos resultados, que Microsternarchus linhagem C possui dimorfismo sexual. As DOE das

fêmeas tende a ter uma amplitude da primeira fase do pulso, e a DOE dos machos

apresentam uma maior amplitude e largura na segunda fase do pulso (Figura 29 a, 29 b, 29

c, 30 a, 30 b, 30 c, 30 d).

Figura 29 a: Gravação da DOE antes e após da indução de hormônio. Localidade: Igarapé Mato

Grosso – Novo Airão - AM. Primeiro tratamento das fêmeas, pulso de cor azul antes da indução de

hormônio e pulso de cor vermelho após cinco dias da indução de hormônio.

Figura 29 b: Gravação da DOE antes e após da indução de hormônio. Localidade: Igarapé

Tapuruzinho – Novo Airão - AM. Primeiro tratamento das fêmeas, pulso de cor verde antes da

indução de hormônio e pulso de cor vermelho após cinco dias da indução de hormônio.

Figura 29 c: Gravação da DOE antes e após da indução de hormônio. Localidade: Igarapé Mato

Grosso – Novo Airão - AM. Segundo tratamento das fêmeas, pulso de cor verde antes da indução de

hormônio e pulso de cor azul após cinco dias da indução de hormônio.

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55

Figura 30 a: Gravação da DOE antes e após da indução de hormônio. Localidade: Mato Grosso –

Novo Airão - AM. Primeiro tratamento dos machos, pulso de cor azul antes da indução de hormônio e

pulso de cor verde após cinco dias da indução de hormônio.

Figura 30 b: Gravação da DOE antes e após da indução de hormônio. Localidade: Igarapé Tumbira –

Novo Airão - AM. Primeiro tratamento dos machos, pulso de cor verde antes da indução de hormônio

e pulso de cor vermelho após cinco dias da indução de hormônio.

Figura 30 c: Gravação da DOE antes e após da indução de hormônio. Localidade: Igarapé Tarumã

Grande – Novo Airão - AM. Segundo tratamento dos machos, pulso de cor verde antes da indução de

hormônio e pulso de cor celeste após cinco dias da indução de hormônio.

Figura 30 d: Gravação da DOE antes e após da indução de hormônio, Localidade: Igarapé Tarumã

Grande – Novo Airão - AM. Segundo tratamento dos machos, pulso de cor azul antes da indução de

hormônio e pulso de cor celeste após cinco dias da indução de hormônio.

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VI. Discussão

Quando foi reescrito por (Mago-Leccia 1994) o gênero Microsternarchus foi

considerado monotípico. Porém, estudos recentes com dados moleculares realizados por

Maia (2011), incluindo o método de DNA barcode, revelaram cinco linhagens (A, B, C, D, E)

dentro do gênero, com distâncias genéticas acima de 10%, um valor quase três vezes acima

dos valores considerados suficientes para distâncias interespecíficas em peixes (Maia e

Alves-Gomes 2011; Hebert et. al. 2003). Mais recentemente, por meio de estudos

morfométricos e diferenciação de algumas características da DOE, a linhagem A foi descrita

como outro gênero: Procerusternarchus (Cox-Fernandes et. al. 2014).

Os resultados do presente trabalho permitiram reforçar a teoria que existe uma

dominância da linhagem C de Microsternarchus no baixo rio Negro, conforme já apontado

por Maia (2011), Nogueira (2011), e Maia e Alves-Gomes (2011). As sequencias de COI

evidenciam que, dentro desta linhagem existem sub-linhagens, sendo que neste estudo,

foram encontradas as sub-linhagens C1 e C2 (descritas anteriormente), e uma nova sub-

linhagem C5. Destas três sublinhagens, a C2 foi à única encontrada em afluentes da

margem direita e esquerda do rio Negro enquanto C1 e C5 foram, cada uma, restrita a um

determinado igarapé Tumbira e Mato grosso, ambos na margem direita do rio negro.

A segregação genética encontrada entre grupos restritos a determinados igarapés

possibilita questionamentos relevantes sobre os processos de isolamento reprodutivo e

especiação em Microsternarchus, como o papel dos grandes rios como barreiras de

dispersão para pequenos peixes que habitam igarapés na Amazônia. Porém, como este não

foi objetivo do trabalho e o desenho amostral não foi adequado para estas questões

específicas, qualquer afirmação a respeito seria puramente especulativa.

Estudos complementares sobre o assunto estão em andamento no LFCE/INPA. O

importante para este trabalho foi à confirmação que todos os peixes usados foram de uma

única linhagem (espécie), o que elimina possíveis diferenças derivadas de uma identificação

taxonômica errônea. Não é esperada nenhuma variação significativa na fisiologia

reprodutiva ou no efeito dos hormônios testados entras as sub-linhagens C1, C2 e C5.

Desta forma, os resultados de todos os peixes podem ser agrupados e os testes restringidos

aos diferentes sexos.

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Para a indução à maturação gonadal e desova por meio de indução hormonal são

importantes à identificação sexual do peixe no inicio do processo, e a observação da

existência da dilatação da papila genital; que é uma característica de peixe maturo (Daza et.

al. 2005). Logo após a identificação, se procede às induções com as doses recomendadas

em função do hormônio a ser utilizado (Ovaprim® recomenda 0,5 ml/Kg).

A quantidade de hormônio necessário para induzir a desova, depende não só do

sexo, mas também do grau de maturação das gônadas e do método escolhido para fazer às

aplicações. Essa variação pode ser observada nos diversos protocolos indicados em

estudos feitos no Brasil com peixes de água doce (Zaniboni Filho e Weingartner 2007).

Existem inúmeras variações nos métodos para administração de hormônio em peixes,

porém, as fêmeas geralmente requerem maiores doses de hormônio que os machos, sendo

que as doses parceladas produzem resultados melhores que uma dose única, o que

também pode ser observado em nossos resultados, no IGS, e nas médias das variáveis da

DOE.

O método convencional para indução à maturação e desova em peixes de água

doce, é de duas aplicações nas fêmeas: a primeira uma pequena dose e 12 horas depois

uma dose maior, enquanto os machos recebem geralmente uma única dose, no momento

em que as fêmeas recebem a segunda aplicação (Daza et. al. 1995). Obtendo estas

indicações se tratou de seguir o protocolo convencional das doses parceladas e únicas,

realizando dois tratamentos, o primeiro com uma dose única de 0,5µl/g para ambos os

sexos e o segundo com duas doses parceladas: a primeira dose de 0,5µl/g e 72 horas

depois a segunda dose de 0,5µl/g de peixe.

Trabalhar com peixes elétricos de menor tamanho implica algumas dificuldades

metodológicas que incluem a ausência de dimorfismo sexual em peixes imaturos, o pequeno

tamanho e o baixo peso, o que dificulta as dosagens, e as injeções sem aumentar

demasiadamente o estresse e a mortalidade.

Por iniciarmos os experimentos com peixes imaturos e sem a possibilidade de

diferenciação do sexo, a dosagem inicial em Microsternarchus foi à mesma para machos e

fêmeas. Outros trabalhos com peixes maiores e mais bem conhecidos geralmente tendem a

realizar uma dosagem parcelada em relação aos dois sexos, tais como: Mira et. al. (2010)

que trabalhou com Ovaprim em machos de Leiarius marmoratus com dois tratamentos o

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58

primeiro com doses única 0,25 ml/kg e o segundo com duas doses: a primeira 0,5 ml/kg e 48

horas depois 0,5 ml/kg; Aya e Arias (2011) trabalharam com Ovaprim em Pimelodus pictus

com dois tratamentos, o primeiro tratamento de 0,5 ml/kg parcelado a primeira o 10% e a

segunda o 90% da dose total em machos, o segundo tratamento de 1 ml/kg parcelado, a

primeira de 10% e 12 horas depois o 90% da doses total; Chowdhury et. al.(2010)

trabalharam com Ovaprim em bagres fracionando a dose de 0,5 ml/kg, onde o primeira

injeção foi de 0,125 ml/kg e duas horas depois 0,375 ml/kg em fêmeas e uma doses única

em machos de 0,125 ml/kg; More et. al. (2010) trabalharam em carpas com doses de 0,2-0,3

ml/kg para machos e 0,4-0,6 ml/kg para fêmeas; Lenis et. al. (2009), trabalharam com

Brycom henni utilizando 0,5 ml/kg parcelado, a primeira 0 10% da doses e a segunda o 90%

da doses; Kumar et. al. (2007) trabalharam com Labeo rohita utilizando 0,1ml/kg em duas

doses do 10% a primeira e 90% a segunda doses em fêmeas e machos; Atencio (2001)

trabalhou com Piaractus brachypomus 10 µl/g em doses únicas em fêmeas e 5 µl/g dose

única em machos.

Neste estudo, um dos principais fatores de não ter o sucesso de obter gônadas

completamente maduras para a desova, pode ter sido o fato de os experimentos terem

iniciados com peixes imaturos. Esta condição foi possível de observar por meio dos peixes

sacrificados antes do inicio do tratamento, quando se confirmou a presença de gônadas

imaturas. Parte desta condição pode estar associada à época de captura dos peixes

(coletas nos meses de janeiro, abril, maio e setembro), em épocas em que já desovaram,

uma vez que a maioria dos peixes de água doce tem sua época de maturação e desova

associadas com o aumento do nível da água dos rios e as épocas das chuvas.

Ainda que exista uma influência dos fatores ambientais para o desenvolvimento

gonadal dos peixes, os fatores endócrinos são os principais agentes que atuam no controle

deste processo (Breton et. al. 1971). A utilização do hormônio Ovaprim ajuda a potencializar

o efeito do hormônio liberador da gonadotrofina (GnRH) que se encontra no hipotálamo, e

este viaja até à glândula pituitária que estimula a liberação da gonadotrofina dois (GnRH II),

que a sua vez este vai até os ovários e testículos, atuando diretamente sobre as gônadas

para causar a maturação final (Evans e Claiborne 2006). Apesar de este trabalho ter

iniciado com peixes imaturos, se conseguiu obter gônadas em processo de maturação por

ação do hormônio, no tempo que duraram os experimentos. Os resultados encontrados

apontam para a viabilidade deste tratamento, caso os peixes tivessem mais tempo para

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maturar suas gônadas e não fossem sacrificados em cinco dias. Talvez uma terceira dose

na segunda semana, facilitasse a maturação tanto de machos como de fêmeas.

Em futuros trabalhos a serem realizados com Microsternarchus, poderia-se realizar

mais testes com outras dosagens dos mesmos hormônios e outros tempos mais

prolongados, realizando as gravações de suas DOE e assim permitir o desenvolvimento

completo das gônadas. Também é sabido que a ingestão de grandes quantidades de

proteína é um fator facilitador das gônadas. Gymnotiformes capturados e trazidos vivos para

o laboratório tem um período difícil de adaptação à dieta oferecida em cativeiro. Estes

peixes não se habituam à ração comercial e precisam aprender a comer os poucos tipos de

alimentos vivos cultivados. Neste caso, não houve morte por falta de alimentação, mas os

dois tipos de alimento oferecidos (enquitréias e náuplios de Artemia) talvez não tenham sido

os ideais. Por outro lado, os IGS dos últimos dias parecem indicar que o processo de

maturação teve realmente um inicio tardio, mas real, por volta do quinto dia após a injeção.

A presença exclusiva de ovócitos pequenos e translúcidos, nas gônadas

identificadas como pertencentes aos estados I e II da escala macroscópica, foi referente a

indivíduos imaturos e em processo de maturação que, de acordo com as observações

efetuadas neste trabalho para Microsternarchus linhagem C é similar a de vários autores e

para outras espécies de peixes elétricos.

Cramptom et.al. (2011) descrevem os estádios das gônadas no gênero Gymnotus: o

estádio imaturo como gônadas não desenvolvidas, transparentes, sem determinação sexual

e sem irrigação sanguínea, e o estádio em maturação descreve gônadas translucidas com

observação de ovócitos pequenos e transparentes. Giora (2004) descreve para

Eigenmannia trilineata em gônadas femininas o estádio em maturação, rígido e compacto,

com ovócitos translúcidos. Existem estudos em outras espécies que não são peixes

elétricos que conseguem realizar a identificação dos estádios das gônadas

macroscopicamente. Gonçalvez et. al. (2004) realizaram descrição macroscópica e

microscópica das gônadas femininas de Merluccius merluccius.

Apesar de Microsternarchus linhagem C em etapa adulta alcançar seu máximo

tamanho de 120 mm, foi possível observar as suas gônadas e identificar o sexo de todos os

indivíduos deste trabalho, com ajuda de lupa e microscópio óptico. A análise macroscópica

fornece resultados imediatos, porém apresenta desvantagens, pois leva em consideração

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caracteres que podem mudar no processo de desenvolvimento, por isso para uma maior

precisão sobre a descrição do estádio e desenvolvimento gonadal, deve-se realizar estudos

microscópicos e histológicos, para assim ter uma classificação microscópica dos estádios de

maturação gonadal, que é mais precisa, pois reflete a dinâmica reprodutiva considerando as

fases específicas pelas quais passam os ovócitos durante sua maturação (Dias et. al. 1998).

O índice gonadossomático (IGS) tem sido utilizado como um importante parâmetro

reprodutivo para fêmeas. Em machos nem sempre este índice representa corretamente a

condição reprodutiva, particularmente em peixes (Nikolsky 1963; Vazzoler 1992, 1996). O

IGS no primeiro tratamento dos machos não teve diferença significativa, mas o segundo

tratamento dos machos e ambos os tratamentos das fêmeas foram significativos. Schaan et.

al. (2009) observaram o IGS de Brachyhypopomus draco em período reprodutivo, tanto em

fêmeas como em machos foram significativos. Barbieri (1992) observou que as fêmeas de

Lambari Astyanax scabripinnis possui um IGS maior que os machos no período reprodutivo.

Kumar et. al. (2007) observou que as fêmeas de Labeo rohita possuem maior IGS que os

machos. Isso é comprovado em outras espécies onde no processo de maturação gonadal

ocorre em aumento gradativo dos valores de IGS, cujo ápice coincide com o estádio de

maturação mais avançado, e os menores valores são atribuídos aos estádios imaturos ou

em repouso. Este comportamento foi observado em Eigenmannia trilineata por Gioara,

(2004), e em Brachyhypopomus draco por Schaan et. al. (2009).

Inicialmente, Sullivan (1997) e Crampton e Albert (2006) descreveram a

Microsternarchus com uma DOE de tipo onda e bifásica, tendo a primeira fase positiva e a

segunda fase negativa com ambos apresentando quase a mesma duração e amplitude por

ser considerada a característica mais comum na família Hypopomidae. Estudos mais

recentes com o gênero revelam que M. bilineatus não é a única espécie válida dentro do

gênero (Maia e Alves-Gomes 2011) assim como uma DOE bifásica não é uma condição que

pode ser generalizada para este gênero.

Nogueira (2007, 2011) em estudos realizados com linhagem do rio Negro

demonstrou que a DOE de Microsternarchus pode apresentar três componentes, sendo,

portanto uma DOE trifásica, tendo a primeira fase positiva, a segunda fase negativa e a

terceira fase positiva. Ferreira (2009), posteriormente demonstrou que esta última fase é

instável e que pode variar em função da temperatura.

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As diferentes fases das DOE dos Hypopomidae são importantes porque muitos

autores descrevem que no período reprodutivo os machos apresentam uma segunda fase

de duração mais longa do que a segunda fase das fêmeas (Sullivan1997; Crampton e Albert

2006). Para as espécies que possuem descargas trifásicas ainda não são descritas

descargas sexualmente dimórficas e em Brachyhypopomus bennetti, que gera um pulso

monofásico positivo, também não foi encontrada diferença sexual na forma de onda

(Sullivam 1997).

Perrone et. al. (2009) observaram a produção de diferentes tipos de acelerações

rápidas na taxa de repetição por parte dos machos, assim como períodos variáveis de

interrupção da DOE por parte das fêmeas. Em relação aos parâmetros das DOE utilizados

no estudo foi observado uma leve diferenciação das variáveis da DOE e forma do pulso

entre machos e fêmeas após da indução de hormônio, o que significa que ocorrem

alterações durante o período de desenvolvimento gonadal que pode ser observado com

maior frequência no período reprodutivo com gônadas bem desenvolvidas observando as

mudanças nas propriedades de suas DOE.

O que pode ter impedido observar com maior frequência as modificações sexuais é

que o grupo experimental foi constituído por peixes imaturos e por meio das induções

hormonais realizaram um desenvolvimento gonadal, chegando ao processo de maturação,

pois outros estudos mostraram que muitas espécies de Gymnotiformes apresentam

dimorfismo sexual em suas descargas quando estão em estágios sexualmente maduros

(Hopkins 1972; Quintana et. al. 2004; Crampton e Albert 2006).

Da mesma forma que o IGS somente foi visivelmente alterado somente no final do

tratamento, as variáveis advindas das DOE também não mostraram um resultado muito

claro. Porém, além de uma estatística significativa em alguns dos parâmetros, nas figuras 29

pode-se notar uma tendência nas DOE das fêmeas em encurtar a fase negativa quando as

DOE do mesmo indivíduo antes e depois do tratamento são superimpostas. De forma

análoga, na figura 30 pode-se notar a tendência oposta para os machos. Neste caso, existe

um prolongamento da segunda fase (a fase negativa). Estas tendências estariam em

conformidade com a literatura que define uma segunda fase negativa mais longa em

machos maduros do que em fêmeas (Figura 5).

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Uma fase negativa maior nos machos também significa um sinal cujo balanço de

voltagem final do pulso tem um resultado negativo. Este viés negativo tende a estimular os

eletroreceptores ampulários das fêmeas durante o cortejo e estes, por sua vez, inervam

centros cerebrais cujas terminações nervosas chegam até a pituitária (Metzner e

Heiligenberg 1991) glândula fundamental na liberação de hormônios para a liberação de

ovos maduros em peixes. Portanto, o aumento da fase negativa em macho pode estar

facilitando a desova das fêmeas dos Gymnotiformes.

Em relação às variações específicas das DOE, pode-se dizer que para as fêmeas no

primeiro tratamento, a variável pulso sobre a fase silenciosa (P/S) foi modificada de forma

significativa, no segundo tratamento das fêmeas a variável que mais mudou foi à duração da

descarga do órgão elétrico (DOE_dur). No primeiro tratamento dos machos a variável de

relação pico-a-pico (PPrel) apresentou maior amplitude a partir do terceiro dia após da

indução de hormônio, e os machos do segundo tratamento apresentarem maior amplitude

da média taxa da repetição (Mean_rate).

Estes resultados sugerem que existe implicância e influencia do hormônio para a

variação do formato da onda da DOE e que pode ter importância na fase inicial da

reprodução. Outra disposição se pode dar pela disposição do órgão elétrico de machos e

fêmeas, produzindo diferentes estímulos nos centros cerebrais de controle hormonal, que

influenciam a maturação sexual (Kawasaki e Heiligenberg 1989; Metzner 1999), resultados

similares foram encontrados em Procerusternarchus pixuna, onde as fêmeas maduras

presentavam uma amplitude do pico-a-pico bastante elevadas (Cox et. al. 2014) e os

machos de Microsternarchus apresentaram maior a média da taxa de repetição em função

das fêmeas (Nogueira 2006).

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VII. Conclusão

Os dados obtidos permitiram concluir que:

Existe dominância da linhagem C do gênero Microsternarchus (Gymnotiformes) no

baixo rio Negro. Encontrou-se três sub-linhagens, C1, C2 e C5, que apresentam mais

de 1% de distância genética (gene COI).

A indução do hormônio Ovaprim® causa efeito positivo no desenvolvimento gonadal

dos peixes e mudança de algumas das variáveis das gravações da DOE.

Não alcançou maturação final completa as gônadas dos Microsternarchus, mas o

processo de maturação gonadal.

Foi encontrada diferença significativa no IGS de ambos os tratamentos para as fêmeas

e no segundo tratamento dos machos.

DOE padrão do Microsternarchus linhagem C é de tipo pulso e trifásica, ou seja,

possui três fases, a primeira positiva, a segunda negativa e a terceira positiva.

Dentro das condições testadas, observou-se uma tendência na modificação do

formato das DOE de machos e fêmeas no sentido da diminuição da área e da duração

desta fase nas fêmeas e opostas nos macho. Acredita-se que com mais tempo de

tratamento estas diferenças devem se tornar muito mais conspícuas.

Ovaprim® em outros estudos com outros peixes imaturos foi eficiente para maturar as

gônadas em um tempo mais prolongado. Com nossos resultados, se considera

realizar outros tratamentos reajustando as dosagens e dando um maior tempo aos

experimentos, para permitir o desenvolvimento completo das gônadas, e, assim poder

conseguir a desova de Microsternarchus em cativeiro.

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VIII. Referências Bibliográficas

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Anexos

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74

Anexo 1 Peixes usados nos experimentos com seu número, sexo, tamanho em milímetros (mm) Comprimento Total (C.T.) e Igarapé de coleta.

Peixe Sexo Tamanho C.T. (mm)

Igarapé

1 Fêmea 106 Tumbira

2 Fêmea 103 Tumbira

3 Macho 129 Tumbira

4 Macho 124 Tumbira

5 Macho 112 Tumbira

6 Macho 102 Tumbira

7 Fêmea 86 Tapuruzinho

8 Fêmea 98 Tapuruzinho

9 Fêmea 90 Tapuruzinho

10 Fêmea 106 Tapuruzinho

11 Fêmea 108 Tapuruzinho

12 Macho 128 Tapuruzinho

13 Macho 137 Tapuruzinho

14 Fêmea 95 Tarumã Grande

15 Fêmea 90 Tarumã Grande

16 Fêmea 83 Tarumã Grande

17 Fêmea 83 Tarumã Grande

18 Fêmea 85 Tarumã Grande

19 Fêmea 73 Tarumã Grande

20 Fêmea 77 Tarumã Grande

21 Fêmea 70 Tarumã Grande

22 Fêmea 68 Tarumã Grande

23 Fêmea 83 Tarumã Grande

24 Fêmea 91 Tarumã Grande

25 Fêmea 87 Tarumã Grande

26 Fêmea 89 Tarumã Grande

27 Fêmea 94 Tarumã Grande

28 Fêmea 96 Tarumã Grande

29 Fêmea 82 Tarumã Grande

30 Fêmea 87 Tarumã Grande

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75

31 Fêmea 93 Tarumã Grande

32 Fêmea 96 Tarumã Grande

33 Fêmea 96 Tarumã Grande

34 Fêmea 95 Tarumã Grande

35 Fêmea 94 Tarumã Grande

36 Fêmea 99 Tarumã Grande

37 Fêmea 94 Tarumã Grande

38 Fêmea 100 Tarumã Grande

39 Fêmea 81 Tarumã Grande

40 Fêmea 80 Tarumã Grande

41 Fêmea 98 Tarumã Grande

42 Fêmea 97 Tarumã Grande

43 Fêmea 84 Tarumã Grande

44 Fêmea 90 Tarumã Grande

45 Fêmea 97 Tarumã Grande

46 Fêmea 86 Tarumã Grande

47 Fêmea 92 Tarumã Grande

48 Fêmea 88 Tarumã Grande

49 Fêmea 79 Tarumã Grande

50 Fêmea 71 Tarumã Grande

51 Fêmea 75 Tarumã Grande

52 Fêmea 70 Tarumã Grande

53 Fêmea 82 Tarumã Grande

54 Fêmea 85 Tarumã Grande

55 Fêmea 90 Tarumã Grande

56 Fêmea 92 Tarumã Grande

57 Macho 85 Tarumã Grande

58 Macho 82 Tarumã Grande

59 Macho 75 Tarumã Grande

60 Macho 76 Tarumã Grande

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76

61 Macho 96 Tarumã Grande

62 Macho 96 Tarumã Grande

63 Macho 95 Tarumã Grande

64 Macho 82 Tarumã Grande

65 Macho 81 Tarumã Grande

66 Macho 84 Tarumã Grande

67 Macho 93 Tarumã Grande

68 Macho 89 Tarumã Grande

69 Macho 88 Tarumã Grande

70 Macho 81 Tarumã Grande

71 Macho 90 Tarumã Grande

72 Macho 93 Tarumã Grande

73 Macho 98 Tarumã Grande

74 Macho 95 Tarumã Grande

75 Macho 80 Tarumã Grande

76 Macho 85 Tarumã Grande

77 Fêmea 94 Mato Grosso

78 Fêmea 97 Mato Grosso

79 Fêmea 99 Mato Grosso

80 Fêmea 86 Mato Grosso

81 Fêmea 83 Mato Grosso

82 Fêmea 108 Mato Grosso

83 Fêmea 96 Mato Grosso

84 Macho 93 Mato Grosso

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Anexo 2. Peixes usados nos experimentos com seu número, sexo, linhagem e igarapé de coleta.

Todos os peixes foram agrupados dentro da linhagem “C” de Maia (2011), mas em diferentes sub-

linhagens C1, C2 descritas por Maia (2011) e C5 descoberta no trabalho.

Peixe Sexo Linhagem Igarapé

1 Fêmea C1 Tumbira

2 Fêmea C1 Tumbira

3 Macho C1 Tumbira

4 Macho C1 Tumbira

5 Macho C1 Tumbira

6 Macho C1 Tumbira

7 Fêmea C2 Tapuruzinho

8 Fêmea C2 Tapuruzinho

9 Fêmea C2 Tapuruzinho

10 Fêmea C2 Tapuruzinho

11 Fêmea C2 Tapuruzinho

12 Macho C2 Tapuruzinho

13 Macho C2 Tapuruzinho

14 Fêmea C2 Tarumã Grande

15 Fêmea C2 Tarumã Grande

16 Fêmea C2 Tarumã Grande

17 Fêmea C2 Tarumã Grande

18 Fêmea C2 Tarumã Grande

19 Fêmea C2 Tarumã Grande

20 Fêmea C2 Tarumã Grande

21 Fêmea C2 Tarumã Grande

22 Fêmea C2 Tarumã Grande

23 Fêmea C2 Tarumã Grande

24 Fêmea C2 Tarumã Grande

25 Fêmea C2 Tarumã Grande

26 Fêmea C2 Tarumã Grande

27 Fêmea C2 Tarumã Grande

28 Fêmea C2 Tarumã Grande

29 Fêmea C2 Tarumã Grande

30 Fêmea C2 Tarumã Grande

31 Fêmea C2 Tarumã Grande

32 Fêmea C2 Tarumã Grande

33 Fêmea C2 Tarumã Grande

34 Fêmea C2 Tarumã Grande

35 Fêmea C2 Tarumã Grande

36 Fêmea C2 Tarumã Grande

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37 Fêmea C2 Tarumã Grande

38 Fêmea C2 Tarumã Grande

39 Fêmea C2 Tarumã Grande

40 Fêmea C2 Tarumã Grande

41 Fêmea C2 Tarumã Grande

42 Fêmea C2 Tarumã Grande

43 Fêmea C2 Tarumã Grande

44 Fêmea C2 Tarumã Grande

45 Fêmea C2 Tarumã Grande

46 Fêmea C2 Tarumã Grande

47 Fêmea C2 Tarumã Grande

48 Fêmea C2 Tarumã Grande

49 Fêmea C2 Tarumã Grande

50 Fêmea C2 Tarumã Grande

51 Fêmea C2 Tarumã Grande

52 Fêmea C2 Tarumã Grande

53 Fêmea C2 Tarumã Grande

54 Fêmea C2 Tarumã Grande

55 Fêmea C2 Tarumã Grande

56 Fêmea C2 Tarumã Grande

57 Macho C2 Tarumã Grande

58 Macho C2 Tarumã Grande

59 Macho C2 Tarumã Grande

60 Macho C2 Tarumã Grande

61 Macho C2 Tarumã Grande

62 Macho C2 Tarumã Grande

63 Macho C2 Tarumã Grande

64 Macho C2 Tarumã Grande

65 Macho C2 Tarumã Grande

66 Macho C2 Tarumã Grande

67 Macho C2 Tarumã Grande

68 Macho C2 Tarumã Grande

69 Macho C2 Tarumã Grande

70 Macho C2 Tarumã Grande

71 Macho C2 Tarumã Grande

72 Macho C2 Tarumã Grande

73 Macho C2 Tarumã Grande

74 Macho C2 Tarumã Grande

75 Macho C2 Tarumã Grande

76 Macho C2 Tarumã Grande

77 Fêmea C5 Mato Grosso

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78 Fêmea C5 Mato Grosso

79 Fêmea C5 Mato Grosso

80 Fêmea C5 Mato Grosso

81 Fêmea C5 Mato Grosso

82 Fêmea C5 Mato Grosso

83 Fêmea C5 Mato Grosso

84 Macho C5 Mato Grosso

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Anexo 3. Mapa de Distribuição das três sub-linhagens encontradas no presente estudo de

Microsternarchus linhagem C.