Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA...

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Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA Análise do ciclo biológico do Aedes aegypti(Diptera: Culicidae) exposto a cenários de mudanças climáticas previstas pelo IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) JULIANA BRUNING AZEVEDO Manaus, Amazonas ABRIL, 2015

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Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA

Análise do ciclo biológico do Aedes aegypti(Diptera: Culicidae) exposto

a cenários de mudanças climáticas previstas pelo IPCC

(Intergovernmental Panel on Climate Change)

JULIANA BRUNING AZEVEDO

Manaus, Amazonas

ABRIL, 2015

JULIANA BRUNING AZEVEDO

Análise do ciclo biológico do Aedes aegypti(Diptera: Culicidae) exposto

a cenários de mudanças climáticas previstas pelo IPCC

(Intergovernmental Panel on Climate Change)

Orientador: Dr. Wanderli Pedro Tadei

Coorientador: Dr. José Bento Pereira Lima

Dissertação apresentada à Coordenação do

Programa de Pós-Graduação em

Entomologia, como parte dos requisitos

para obtenção do título de Mestre em

Ciências Biológicas, área de concentração

em Entomologia.

Manaus, Amazonas

ABRIL, 2015

XII

A994 Azevedo, Juliana Bruning Análise do ciclo biológico do Aedes aegypti(Diptera: Culicidae) exposto a

cenários de mudanças climáticas previstas pelo IPCC / Juliana Bruning Azevedo. --- Manaus: [s.n.], 2015.

IX, 53 f.: il. color. Dissertação (Mestrado) --- INPA, Manaus, 2015. Orientador: Wanderli Pedro Tadei. Coorientador: José Bento Pereira Lima. Área de concentração: Entomologia.

1. Aedes aegypti. 2. Dengue. 3. Mudanças Climáticas. I. Título.

CDD 616.921

Sinopse:

Este trabalho avaliou o ciclo biológico do Aedes aegypti exposto a diferentes cenários de aquecimento global, em condições de laboratório, simulando as condições climáticas, previstas para o ano de 2100.

Palavras-chave: Aquecimento global,Biologia do vetor, Dengue.

IV

Dedico este trabalho aos meus pais,

Leoni e Edemundo, e a minhas irmãs,

Jaqueline e Janaina, por todo o amor e

carinho.

AGRADECIMENTOS

Neste momento agradeço primeiramente as pessoas que mais admiro, sem elas

não seria capaz de trilhar o caminho que trilhei. Agradeço imensamente meu Pai Edemundo e minha Mãe Leoni, por todo o carinho e dedicação, por todo incentivo e apoio incondicional. As minhas irmãs Jaqueline e Janaina, por serem parceiras em todos os momentos, mesmo distante, amo vocês. E ao meu amigo,esposo, companheiro de todas as horas, André Luís. Aos meus orientadores, Dr. Wanderli Pedro Tadei e Dr. José Bento Pereira Lima,pela amizade, orientação, pela confiança, e principalmente, pela valiosa contribuição teórica ao meu aprendizado, que servirá de base para toda a minha carreira profissional.Agradeço também aoDr.João Antônio Cyrino Zequi, por estar sempre presente, me ajudando em momentos de duvidas, serei eternamente grata a vocês. Ao Curso de Pós-graduação em Entomologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, pela possibilidade de ter realizado o curso de mestrado. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo auxílio financeiro sob a forma de concessão de bolsa de mestrado. A toda equipe do Laboratório de Malária e Dengue – INPA: Carlos, Edineuza, Elias, Gervilane, Bosco, Marcio, Muana, Raimundo Nonato. Em especial aos amigos Augustto Aleksey, Érika Gomes, Leandro Leal, Rejane Simões, Rochelly Mesquita, Waléria Dasso,obrigada pelos bons momentos, pelas conversas e risadas. A toda a equipe do Laboratório de Fisiologia e Controle de Artrópodes Vetores- FIOCRUZ, que gentilmente me receberam. Amigos da turma de mestrado, André, Eurico, Vagner, José, Gustavo, Tohnson, Ernesto, Dayse, Marcus. Um agradecimento em especial aos amigos de todas as horas, Lucide e Marcelo, Joice, Martinha, Dirce, Paty, Danilo, Sofia e Jefferson, foi um prazer enorme conhecer vocês. A minha amiga Adaiane Catarina, por estar sempre por perto, mesmo estando longe, obrigada. Muito obrigada a todos que, de alguma forma se fizeram presentes nesta minha jornada.

VI 

Resumo

O Aedes aegyptié considerado o principal vetor do vírus da Dengue, Febre amarela urbana e da Febre Chikungunya. São insetos suscetíveis à variação de fatores ambientaiscomo, quantidade de chuva e temperatura. Responsáveis porregular o tamanho populacional e aspectos da biologia do mosquito, como o crescimento larval, tempo de desenvolvimento, tamanho corporal,longevidade, fecundidade e alimentação sanguínea. O Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) prevê um aumento de 2° a 4° C na temperatura média global, durante o próximo século. Essas alterações climaticas poderão resultar em mudanças significativas nas paisagens e nos padrões ecológicos das doenças infecciosas, e interferir diretamente no desenvolvimento e comportamento do A. aegypti. Neste trabalho foram avaliados diferentes aspectos da biologia do vetor como, ingestão de sague, fecundidade, oviposição e eclosão de ovos e longevidade, sobre cenários de mudanças climáticas, previstas para o ano de 2100, cenários intermediários e extremos.Dentre as variáveis preditas para sofrem alterações devido a mudanças do clima, a temperatura é principal responsável por alterar a biologia e o comportamento do vetor. As concentrações de CO2, mesmo três vezes maior que a concentração atual, não influenciou significativamente os resultados obtidos neste estudo.A quantidade de sangue ingerida por fêmeas criadas em temperatura mais elevada foi maior quando comparadas com as fêmeas que viviam em temperaturas menores, a longevidade é menor em temperaturas superiores a 32°C, vivendo aproximadamente 40 dias e não houve diferença de longevidade entre os sexos. A fecundidade é extremamente afetada pela temperatura, sendo reduzida pela metade em temperaturas maiores. A oviposição é prejudicada em temperaturas superiores a 32°C, porém esse efeito não foi observado na eclosão.Modelos matemáticos projetam um aumento no número de casos de dengue, além de uma expansão geográfica na distribuição do vetor. No entanto, nossos dados indicam que, em cenários futuros de mudanças climáticas, alguns aspectos da biologia do A. aegypti serão afetados. Com as informações acima mencionadas, foi possível conhecer melhor a biologia do vetor e levando também em consideração as mudanças climáticas, servindo como base para outros estudos.

Abstract VII 

The Aedes aegypti is considered the main vector of dengue virus, urban yellow fever and Chikungunya fever. Insects are susceptible to changes in environmental factors such as rainfall and temperature. Responsible for regulating population size and aspects of mosquito biology, such as larval growth, development time, body size, longevity, fertility and blood supply. The Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) predicts an increase of 2° to 4° C in average global temperature over the next century. These climatic changes may result in significant changes in landscapes and ecological patterns of infectious diseases, and interfere directly in the development and behavior of A. aegypti. This study evaluated different aspects of vector biology as amount amount of ingested blood, fertility, egg laying and hatching of eggs and longevity, climate change scenarios, planned for the year 2100, intermediate and extreme scenarios. Among the predicted variables to undergo changes due to climate change, the temperature is primarily responsible for changing the biology and vector behavior. Concentrations of CO2, even three times the current concentration does not significantly affect the results obtained in this study. The amount of blood ingested by females raised in higher temperature was higher compared to females who lived at lower temperatures, longevity is low at temperatures above 32° C, living approximately 40 days and no longevity difference between sex. The fertility is greatly affected by temperature, being reduced by half in higher temperatures. The oviposition is impaired in temperatures above 32° C, but this effect was not observed in the outbreak. Mathematical models project an increase in the number of dengue cases and geographic expansion in vector distribution. However, our data indicate that, in future scenarios of climate change, some aspects of the biology of A. aegypti will be affected. With the above information, it was possible to better understand the biology of the vector and taking also into account climate change, serving as a basis for other studies.

VIII 

Sumário

1. Introdução Geral ................................................................................................................... 10

2. Objetivos: ............................................................................................................................... 17 2.1. Geral: ................................................................................................................................... 17

2.2. Específicos: ......................................................................................................................... 17

3. Resultados.Capítulo 01: Azevedo, J.B., Lima, J.B.P., Tadei, W.P., 2015. Análise do ciclo biológico do Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) exposto a cenários de mudanças climáticas previstas pelo IPCC. Manuscrito formatado para Acta Tropica .................................................. 18

4. Conclusão ............................................................................................................................... 42

5. Referências Bibliográficas .................................................................................................... 42

Anexos ........................................................................................................................................ 49

Lista de tabelas

Tabela 1:Descrição do clima no Microcosmos (LEEM/INPA), referente ao período de setembro a dezembro de 2014........................................................................................................................................25

Tabela 2:Resultados do modelo ajustado de Regressão Linear do peso dos pools no experimento de ingestão de sangue.......................................................................................................................................26

Tabela 3: Resultados descritivos e do modelo ajustado de Regressão Logística da capacidade de cópula...........................................................................................................................................................27

Tabela 4:Resultados descritivos e do modelo ajustado de Regressão Logística de ocorrência de oviposição....................................................................................................................................................28

Tabela 5: Resultados descritivos e do modelo ajustado de Regressão Logística da ocorrência de eclosão..........................................................................................................................................................30

Tabela 6: Resultados descritivos e do modelo ajustado de Análise de Sobrevivência do experimento de longevidade..................................................................................................................................................31 Lista de figuras

Figura 1: Diagrama de dispersão e retas ajustadas entre peso dos pools vs temperatura por alimentação (A) e por sala (B).........................................................................................................................................26

Figura 2: Gráficos de linhas do modelo ajustado para probabilidade de ocorrência de oviposição....................................................................................................................................................28

Figura 3: Diagrama de dispersão entre nº de ovos ovipositados vs temperatura segundo a sala do experimento..................................................................................................................................................29

Figura 4: Diagrama de dispersão entre nº de ovos ovipositados vs CO2 segundo a sala do experimento..................................................................................................................................................29 

Figura 5: Gráficos de linhas do modelo ajustado para probabilidade de eclosão........................................30

Figura 6: Curvas de sobrevivência de cada sala (A) e por sexo (B) pelo método de Kaplan-Meier............................................................................................................................................................31

...............................................................................................................

IX

 

10  

1. Introdução Geral

O Aedes aegypti(Linnaeus, 1762) pertence ao grupo dos Culicidae: Culicinae

(Knight and Stone, 1977), originário do velho mundo, provavelmente na região etiópica,

porém descrito no Egito,(Consoli e Lourenço-de-Oliveira, 1994).Sua dispersão pelo

mundo teve início entre os séculos XVII ao XIX, por meio de navios de escravos e

mercantes ( Silva et al.,1998; Kyle e Harris, 2008).

Admite-se que a disseminação do mosquito ocorreu de forma passiva, pelas

migrações do homem no mundo, o que proporcionou ao A. aegypti permanecer em

locais onde as condições eram favoráveis ao seu desenvolvimento. Considerado um

mosquito cosmopolita, ocorre nas regiões tropicais e subtropicais do globo (Consoli e

Lourenço-de-Oliveira, 1994).

Este mosquito é o vetor de algumas arboviroses, dentre elas a Febre amarela

urbana (FAU) e Febre Chikungunya, é o principal vetor do vírus da dengue (DENV-1,

DENV-2, DENV-3, DENV-4)(Black et al., 2002).

No ano de 2014, o vírus Chikungunya começou a circular no Brasil, oA. aegypti

e Aedes albopictus, são vetores eficientes,o ultimohábil para veicular o patógeno em

apenas dois dias após a infecção em laboratório(Vega-Rúa et al.,2014).De acordo com

os trabalhos realizados por Chahare colaboradores (2009) e Vega-Rúa e

colaboradores(2014), é possível a co-infecção pelos vírus da Dengue e o Chikungunya

em locais onde há ocorrência dos dois vírus.

A dengue se caracteriza por uma infecção aguda, muitas vezes

assintomática, podendo apresentar quadros de manifestações hemorrágicas com ou sem

choque, sendo causados por um dos quatro sorotipos (DENV-1 a DENV-4) (Marcondes,

2009).Um novo sorotipo (DENV-5) foi detectado em um surto ocorrido em 2007 na

Ásia, sendo este sorotipo filogeneticamente diferente dos demais (Science, 2013).

A transmissão do vírus ocorre de homem para homem, por meio

da picada da fêmea de A. aegypti, quepode se alimentar várias vezes durante um ciclo

gonotrófico, o que propicia e facilita a disseminação viral, podendo contribuir para o

aumento no número de casos de dengue (Scott et al., 2000; Marcondes, 2009)

Entretanto, há outro meio de transmissão, chamado de vertical ou transovariana,

que ocorre quando parte da prole de uma fêmea infectada nasce já infectado com o

vírus, devido à invasãodeste em todas as partes do corpo do mosquito(Consoli e

 

11  

Lourenço-de-Oliveira, 1994), podendo assim, ser detectada a presença do DENV-2 em

machos, o que confirma a transmissão transovariana (Pessanhaet al.,

2011).Empregando-se técnica de RT-PCR, Martins e colaboradores (2012) encontraram

taxas importantes (3%) de A. aegypti e A. albopictus, contaminados por vírus dengue

através da transmissão vertical em Fortaleza, Brasil.

Estima-se que no ano de 2010 foram notificados aproximadamente 150 milhões

de casos de dengue no mundo, tendo um adicional de aproximadamente 294 milhões de

infecções chamadas de inaparentes, infecções assintomáticas ou confundidas com outras

doenças, que não fora detectadas pelo sistema de saúde (WHO,2012). Estudosapontam

que,anualmente ocorram cerca de 390 milhões de infecções por dengue(Bhatt et al.,

2013), e que 3.9 milhões de pessoas, distribuídas em 128 países, estão em risco de se

infectarem com o vírus(Brady et al., 2012; WHO, 2015). O

primeiro balanço de 2015, feito pelo Ministério da Saúde, registrouum aumento de 57%

(40.916)no número de casos de dengue no Brasil, referente ao mês de janeiro (SVS,

2015).Em Manaus, houve uma redução de 74,5% no número de casos suspeitos de

dengue (4.240) em relação a 2014(16.634), o número total de casos confirmados de

Dengue e Febre Chikungunya no ano de 2014 foide 1.489 e 4 respectivamente (Semsa,

2015).

Biologia

A fêmea do A. aegyptise alimenta de sangue para a maturação dos ovos e a

hematofagia ocorre geralmente durante o dia. Devido à necessidade de repasto

sanguíneo, uma fêmea pode se dispersar por até 800 metros, sendo capaz de ingerir de

3,0 a 3,5 mg de sangue por alimentação (Forattini, 2002).Depois de alimentada, a fêmea

procura lugares para depositar seus ovos, estas posturas ocorrem sempre em locais

úmidos,preferencialmente acima da linha d'água, podendo ser colocado também na

superfície (Forattini, 2002; Madeira et al., 2002).

O A. aegyptié um mosquito essencialmente urbano, de hábito diurno, utiliza

reservatórios artificiais contendo água para sua oviposição(Tauil, 2002), podendo

também utilizar recipientes naturais como bromélias, buracos em árvores (Forattini e

Marques, 2000), portanto a oviposição é menos influenciada pela sazonalidade do

ambiente(Donalísio e Glasser, 2002).

Segundo estudos de Valença e colaboradores(2013), foram catalogados 220

tipos de criadouros artificiais e naturais. Estes reservatórios podem ser protegidos ou

 

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não, sendo os mais comuns pneus, garrafas, plásticos, e principalmente reservatórios de

água, utilizados para consumo humano como pias, tanques, caixas d’água, entre outros.

A magnitude destes criadouros tanto naturais quanto artificiais é determinante no

tamanho da população (Banerjee et al., 2013).

O A. aegyptipossui a habilidade de se desenvolver em águas com diferentes

graus de poluição, com diferentes concentrações de matéria orgânica, inclusive em

esgoto doméstico, esta plasticidade lhe confere uma importante capacidade adaptativa,

pois água contendo matéria orgânica e processos fermentativos podem ter um efeito de

atração nas fêmeas para a oviposição(Beserra et al., 2009, 2010). Outra habilidade de

extrema importância é a capacidade de se manter em um estado de dormência durante

estágio de ovo, chamado de quiescência.Essa adaptação possibilita uma pausa no

desenvolvimento do embrião, suspendendotemporariamente a eclosão após o término

do desenvolvimento embrionário, especialmente durante o período em que as condições

ambientais estão desfavoráveis(Fox, 1974; Consoli & Lourenço-de-Oliveira 1994; Silva

e Silva, 1999; Danks, 2007). Estudos realizados por Barae colaboradores(2013),

apontaram a existência de uma suscetibilidade e a capacidade das larvas deste mosquito,

se infectarem com o vírus dengue por meio da ingestão do exoesqueleto de mosquitos

adultos, presentes no mesmo hábitat.

Histórico da dengue no Brasil

Relatos de ocorrência de epidemias de dengue no Brasil foram registrados desde

1846, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. As primeiras referências a casos de

dengue na literatura médica no país datam de 1916, no entanto primeira epidemia com

confirmação laboratorial ocorreu em 1982, na cidade de Boa Vista- Roraima, com 11

mil casos, onde foram isolados os sorotipos DENV-1 e o DENV-4 (Teixeira et al.,

1999). No início da

década de 1940, a Fundação Rockefeller foi responsável pela erradicação do A. aegypti

nas Américas, porém em 1947 a Organização Pan-Americana da Saúde e a OMS

decidiram coordenar a erradicação do vetor. No final da década de 50 este mosquito foi

eliminado de quase toda a América. No entanto, no ano de 1967 foi confirmada a

reintrodução do mosquito no Brasil, pelo estado do Pará, seguida com uma nova

erradicação em 1973 e, por fim, uma nova reintrodução no Rio Grande do Norte e Rio

de Janeiro em 1976, devido às falhas no monitoramento do A. aegypti (Braga e Valle,

2007a). Em 1986 após

 

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um período sem registro de casos, a dengue reaparece no Brasil, na cidade de Nova

Iguaçu - Rio de Janeiro, identificado o sorotipo DENV-1, a partir deste momento a

virose se espalha para as cidades vizinhas. Em 1990, ocorre a introdução do DENV-2 no

Rio de Janeiro (Teixeira et al., 1999), no ano de 2000, DENV-3 foi introduzido no

Brasil (Câmara et al., 2007). No ano de 2008, foi detectada em pacientes de Manaus a

presença do DENV-4 (Meloet al., 2009).No Brasil desde 1986 ocorrem surtos

frequentes, em intervalos de 3 e 5 anos, o maior surto registrado ocorreu no ano de

2013, com mais de 2 milhões de casos notificados.Atualmente os quatro sorotipos do

vírus se encontramcirculando no Brasil (SVS, 2015). Em Manaus o

primeiro registro da presença do A. aegypti ocorreu em novembro de 1996, por meio das

atividades do Programa de Vigilância para Síndromes Febris Indiferenciadas,sob

responsabilidade da Fundação de Medicina Tropical/ Instituto de Medicina Tropical do

Amazonas (FMT/IMT-AM). No entanto a primeira epidemia de dengue só foi

registrada em 1998 (Pinheiro e Tadei, 2002; Figueiredo et al., 2004).

Controle

Ações de controle sistematizadas começaram a acontecer no século XX, devido

às grandes epidemias de Febre amarela urbana. As campanhas de controle desta

enfermidade favoreceram a diminuição dos casos de dengue, que não apresentavam

registros até meados do século 20, não sendoconsiderado um problema de saúde

pública(Braga e Valle, 2007c).

Levando-se em conta todo o país, desde 1986 é registrado um aumento de

número de casos.Desde o início do século XX, o controle do A. aegypti se baseia

principalmente na remoção dos criadouros, o que representa um desafio logístico, já que

os maiores números de casos são registrados em aglomerados urbanos(Maciel-de-

Freitas et al., 2012). Estima-se que de cada quatro municípios, três estão densamente

infestados pelo A. aegypti.Mesmo com o investimento do governo para o controle do

vetor, a redução na densidade larvária é insuficiente para conter a expansão da dengue

(Barreto et al., 2011).

Atualmente os larvicidas recomendados pelo Ministério da Saúde, para o

controle das larvas de A. aegyptipertencem aos grupos dos biolarvicidas, reguladores de

crescimento (inibidores de síntese de quitina e análogos do hormônio juvenil),

espinosinas, organofosforados e piretróides. Para o uso em água potável, a OMS

recomenda o uso do diflubenzuron, novaluron,Bacillus thuringiensis israelensis(BTi) ,

 

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espinosade, e piriproxyfen (Sumilarv®)em substituição ao temefós (organofosforado).

O adulto é controlado por meio da borrifação de deltamentrin, lambdacialotrina e

malathion, somente em períodos de epidemias ou surtos de dengue, o bendiocarb é

usado em aplicações residuais (SVS, 2014).

Existem outras alternativas para o controle deste vetor, como a utilização das

bactérias entomopatogênicas como o Bacillus sphaericus (Bs), Bacillus thuringiensis

israelensis (Bti), estas bactérias possuem cristais em seus esporos, que são ingeridos

pelas larvas.Aação inseticida ocorre no intestino do inseto, interrompendo os

movimentos peristálticos, impedindo a larva de se alimentar (Braga e Valle, 2007).

ASaccharopolyspora spinosa produz toxinas as espinosinas A e D, o produto da

fermentação resultante da mistura destas duas toxinas é a Espinosade,que atua sobre o

sistema nervoso dos insetos, por contato externo ou ingestão, produzindo contrações

musculares involuntárias, tremores e paralisia, interrompendo a alimentação das

larvas(Duchet et al., 2012).Estas bactérias demonstraram serem eficientes no controle

do A. aegypti, passando a ser uma alternativa a pesticidas químicos de muitos

programas de controle (Rafael et al., 2008). O uso de outro microrganismo para o

controle da população de A. aegyptiestá em fase de desenvolvimento. A

bactériaWolbachia, encontrada naturalmente em 70% dos insetos, como A.

albopictus(Skuse), exceto nos principais mosquitos de importância médica, Aedes

aegyptie Anopheles spp.,é considerada endossimbiótica, e parasita o citoplasma do

inseto hospedeiro, impedindo o vírus de se replicar, provavelmente devido à

competição, reduzindo o tempo de vida de seu hospedeiro (Moreira et al., 2009;

Hoffmann et al., 2011;Turley et al., 2013). Para ajudar na redução nos números

de casos, além do uso de larvicidas e inseticidas, estão sendo desenvolvidas vacinas

contra a dengue em todo o mundo.A equipe laboratório francês Sanofi Pasteur é a única

em que os testes clínicos já foram concluídos, apresentando uma eficiência de 57%

(75% para os sorotipos 2 e 3; 50% para o tipo 4; e 35% para o tipo 1). A proteção contra

a forma mais grave aumentou cerca de 88,5% após 3 doses, porém ainda restam

algumas duvida como por exemplo, a duração desta proteção (Capeding et al., 2014). A

vacina brasileira mais atual, está sendo desenvolvida em parceria entre o Instituto

Butantan e os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH – National

Institutes of Health), encontra-se em fase de testes em seres humanos. Espera-se que

em 2015, a vacina esteja pronta para o uso da população, que poderá ser protegida

contra os quatro sorotipos dovírus da dengue (ANVISA, 2013).

 

15  

Em decorrência do crescimento

desordenado das grandes cidades, a falta de estrutura das moradias, a precariedade no

fornecimento de água e o destino inadequado do lixo, tornam cada vez mais difíceis o

controle do A. aegypti (Tauil, 2001). Outros fatores complicam o controle deste vetor,

como o aumento no trânsito de pessoas e cargas entre países, além das mudanças

climáticas, provocadas pelo aquecimento global. Há evidências de que o clima está

mudando e que partedestas mudanças podem ser atribuídas às atividades

humanas(Brasil, 2009).

IPCC(Intergovernmental Panel on Climate Change)

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) foi criado pelo

Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP) e a Organização Meteorológica

Mundial (OMM) em 1988, para fornecer ao mundo uma visão científica clara sobre o

estado atual do conhecimento em mudanças climáticas, e seus potenciais impactos

ambientais e socioeconômicos. O IPCC é um órgão científico, apoiado pela

Organização das Nações Unidas (ONU), analisa e avalia a informação científica, técnica

e socioeconômica mais recente produzida no mundo, relevantes para a compreensão da

mudança climática (IPCC, 2010b).

Mudanças Climáticas

A superfície terrestre aqueceucerca de 0,6°C desde o final do século XIX,

projeções estimam um aumento na temperatura média da superfície global de 1,4 ° C a

5,8 ° C até o ano de 2100 (em relação à média 1961-1990), considerando que o uso

intenso de combustíveis fósseis, siga o mesmo padrão dos anos anteriores(Patz et al.,

2005; IPCC, 2007; IPCC, 2010a). O aumento na temperatura previsto para a

Amazônia poderá ser de até 3°C, sendoesperada uma redução de 5% a 20% na

precipitação em várias regiões do estado do Amazonas.É previsto para o período 2020-

2029 que, 3.1% da floresta tropical será substituída por savana, e para o final do século

(2090-2099) a área a ser substituída aumentará para 18% (Nobre e Salazar,

2001;Fearnside, 2008).

Efeitos potenciais das mudanças climáticas sobre os ecossistemas e a

saúde humana, são comprovados pelos estudos epidemiológicos, que enfatizam as

relações entre o tempo e os parâmetros climáticos, na evolução das doenças, causando

 

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mudanças na distribuição geográfica e na sazonalidade destas, particularmente

nospatógenos transmitidos por mosquitos vetores(IPCC, 2010b).

A variação no número de casos de doenças veiculadas por vetores está

intimamente relacionada a eventos meteorológicos e mudanças climáticas. Além disso,

espera-se que o aquecimento global promova um aumento nos casos de doenças

infecciosas veiculadas por insetos. Porém estas variáveis ambientais podem ser uma das

possíveis explicações para estes problemas, existem outros fatores como, deleção de

genes resistentes aos inseticidas, desmatamento e principalmente mudanças nas

políticas de saúde pública, que explicam estes surtos ou grandes epidemias (Zell, 2004).

Considerando as doenças transmitidas por vetores, a importância da temperatura

se dá pela relação direta com a biologia do mosquito. Em locais mais quentes o período

de desenvolvimento do A. aegypti e a incubação do vírus são mais curtos, um ciclo

menor do vetor aumenta o número e a duração das epidemias (Shope, 1991). Estando

também relacionada com os surtos e a abundância do A. aegypti,alterando o número de

ovos produzidos e o tempo de vida(Mohammed e Chadee, 2011; Chaves et al., 2013).

O aumento do CO2 atmosférico causa um impacto nas comunidades ecológicas e

em suas interações (planta-animal), provocando uma redução na concentração de

nitrogênio e carbono(Smith et al., 2013).Pode reduzir o crescimento larval e a

sobrevivência,por reduzir a qualidade e a quantidade de alimento nos criadouros(Walton

e Reisen, 2013). A

umidade relativa do ar, é outra variável ambiental que está geralmente relacionada com

as chuvas, interferindo no número de criadouros, influenciando no voo,e na procura do

hospedeiro para a alimentação(Khormiet al., 2011), podendo estar relacionada também

com tamanho corporal do mosquito, durante a fase de ovo(Morales Vargas et al., 2010).

Rowley e Graham (1968)

verificaram que as fêmeas respondem a estas mudançasambientais principalmente

através da redução do número e viabilidade dos ovos, tempo de vida, diminuindo as

taxas de eclosão.Estes fatores interferem na população do mosquito, consequentemente

nos patógenos por eles transmitidos(Arruda et al., 2006; Mohammed e Chadee, 2011).

As populações naturais estão respondendo às mudanças climáticas, alterando sua

distribuição e as relações com os outros organismos (Hoffmann e Sgrò, 2011).

Compreender o efeito das variáveis

ambientais no comportamento dos insetos, como a interferência do CO2 e a temperatura,

sobre a atividade reprodutiva, sobrevivência, número de ovos e a eclosão, fornecem

 

17  

informações importantes, que propiciam subsídios para avaliar o desempenho do

mosquito como vetor de arboviroses (Mulla and Chaudhury, 1968; Rowley e

Graham,1968).

2. Objetivos: 2.1. Geral:

Analisar a influência das variáveis ambientais previstas pelo IPCC

(Intergovernmental Panel on Climate Change), em aspectos do ciclo biológico de A.

aegypti.

2.2. Específicos:

Analisar o efeito da concentração de CO2 e da temperatura na quantidade de

sangue ingerido, produção e eclosão de ovos.

Avaliar a influência das variáveis ambientais na capacidade de cópula e

longevidadedosadultos do A. aegypti.

 

18  

3. Resultados

Capítulo 01

Azevedo, J.B., Lima, J.B.P., Tadei, W.P., 2015. Análise do ciclo biológico do Aedes aegypti(Diptera: Culicidae) exposto a cenários de mudanças climáticas previstas pelo IPCC.Manuscrito formatado para Acta Tropica

 

19  

Análise do ciclo biológico do Aedes aegypti(Diptera: Culicidae) exposto a cenários de mudanças climáticas previstas pelo IPCC Juliana Bruning Azevedo¹*, José Bento Pereira Lima², Wanderli PedroTadei³ ¹Programa de Pós-Graduação em Entomologia/ INPA e-mail: [email protected] ²Laboratório de Fisiologia e Controle de Artrópodes Vetores, Fiocruz-RJ, Brasil. ³Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, AM, Brasil. * [email protected]

Resumo:As mudanças climáticas previstas pelo IPCC para os próximos anos poderão interferir na biologia e distribuição do Aedes aegypti,principal vetor da dengue, febre amarela urbana e Chikungunya. De acordo com as previsões, até 2100 a temperatura da terra poderá aumentar em até 4°C, a concentração de CO2 poderá atingir cerca de 800 ppm, na média global. No intuito de avaliar os efeitos das mudanças do clima na biologia do A. aegypti, foram mantidas colônias em salas climatizadas, controlando a concentração de CO2, temperatura e a umidade, de forma independente. Os seguintes parâmetros foram considerados nas avaliações: quantidade de sangue ingerido, longevidade dos adultos, cópula e a oviposição. Os resultados obtidos apontam que apenas a temperatura poderá alterar significativamente a biologia do vetor, nos futuros cenários de mudanças climáticas.A quantidade de sangue ingerida por fêmeas criadas em temperatura mais elevada foi maior quando comparadas com as fêmeas que viviam em temperaturas menores, a longevidade é menor em temperaturas superiores a 32°C, vivendo aproximadamente 40 dias, e não houve diferença de longevidade entre os sexos. A fecundidade é extremamente afetada pela temperatura, sendoreduzida pela metade em temperaturas maiores. A oviposição é prejudicada em temperaturas superiores a 32°C, porém esse efeito não foi observado na eclosão.Modelos matemáticos projetam um aumento no número de casos de dengue, além de uma expansão geográfica na distribuição do vetor. Resultados indicam que, em cenários futuros de mudanças climáticas, alguns aspectos da biologia do A. aegypti serão afetados. Com estas informações será possível melhor conhecer a biologia quando submetido a cenários de mudanças climáticas, servindo como base para outros estudos e para futuras ações de controle.

Palavras-chave: Biologia do vetor, aquecimento global, dengue.

 

20  

1. Introdução

O Aedes aegypti(Linnaeus, 1762)é considerado o principal vetor do vírus da

dengue (Flaviviridae), arbovirose de grande importância na saúde pública dos países

tropicais e subtropicais, causada pela infecção por um dos quatro sorotipos deste

vírus(Black et al., 2002; Maciel-de-freitas et al., 2013; Lana et al., 2014). Além da

dengue, esta espécie está envolvida com a transmissão da Febre Amarela urbana e a

febre Chikungunya, recentemente introduzida no Brasil(Vega-Rúa et al., 2014;

Ministério da Saúde, 2015).

Os mosquitos são organismos pecilotérmicos, sujeitos à variação externa do

clima, influenciando diretamente sua temperatura corporal, capazes de se adaptar às

alterações extremas do ambiente(Hawley, 1988; Josh, 1996; Juliano, 2009; Schneider et

al., 2011; Couret and Benedict, 2014; Breaux et al., 2014). Mudanças no ambiente,

provocadas por ações antrópicas ou climáticas, interferem na distribuição das espécies

bem como na biologia dos mosquitos, modulando o tamanho populacional, além da

competência vetorial, controlada por fatores genéticos e ambientais (World Health

Organization, 2012; Bourtzis et al., 2013;Caicedo et al., 2013;Chaves et al., 2013; Lana

et al., 2014).

Apesar da importância epidemiológica doA. aegypti, há poucos estudos que

investigam os efeitos das alterações climáticas sobre esta espécie(Tsuda and Takagi,

2001; Morales Vargas et al., 2010; Hugo et al., 2014).

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC) prevê que o

aquecimento global será contínuo e acelerado, resultando em um aumento de 2° a 4°C

na temperatura média global, durante o próximo século (IPCC, 2007; IPCC, 2010a,

2010b). O ano de 2014 foi considerado o mais quente de todos os tempos, superando

0,57 grau a temperatura calculada para o período, segundo as informações da

Organização Meteorológica Mundial - OMM, e este aumento não foi influenciado pela

presença do El Ninõ, que eleva naturalmente as temperaturas nos trópicos (WMO,

2015). Alterações no clima poderão resultar em mudanças significativas nas paisagens e

nos padrões ecológicos das doenças infecciosas (Ciota et al., 2014). Loetti e

colaboradores (2011) verificaram que em decorrência do aumento na temperatura

global, haverá uma maior sensibilidade dos patógenos transmitidos por vetores. Chaves

(2012, 2013) estudando a frequência dos casos de dengue ao longo de três anos,

 

21  

encontrou uma relação entre as mudanças no clima com a ocorrência de surtos e o

aumento da população do mosquito.

Alguns modelos matemáticos, levando em consideração a temperatura, sugerem

que as doenças veiculadas por vetores podem aumentar em frequência e distribuição,

mostrando que a biologia do vetor e a replicação viral, são sensíveis à mudança da

temperatura(Thai and Anders, 2011; Canyon et al., 2013; Chaves et al., 2013).Wu e

colaboradores, (2009), em seus estudos sobre como o clima pode alterar a distribuição

da dengue, apontaram que para cada 1°C de aumento da temperatura média mensal, o

total da população em risco de transmissão da dengue aumentaria em 1,95 vezes.

As condições ambientais interferem de forma significativa nos imaturos e

adultos, afetando a taxa de crescimento larval, tempo de desenvolvimento, tamanho

corporal, longevidade, fecundidade e a alimentação sanguínea(Mohammed and Chadee,

2011; Farjana and Tuno, 2013;Ciota et al., 2014; Couret et al., 2014; Couret and

Benedict, 2014).As diferenças observadas no tempo de desenvolvimento do A.

aegyptiem diferentes localizações geográficas têm sido atribuídas às mudanças

climáticas, ocorrendo uma adaptação local de temperatura e outras variáveis ambientais,

alterando o tempo médio de desenvolvimento deste mosquito, entre outros aspectos

(Tun-Lin et al., 2000; Hopp and Foley, 2001; Couret et al., 2014).

Além da temperatura, ocorreu também um aumento das emissões de CO2na

atmosfera, que elevaram-se em 80% nos últimos 30 anos. Isto se deu devido às

necessidades energéticas da população, das atividades de transporte e da indústria,

incluindo os efeitos das atividades de desmatamento e da agricultura (IPCC 2007).

Atualmente a concentração de CO2 na atmosfera é cerca de 450 ppm (partes por

milhão), sendo projetado um aumento que deverá atingir entre 855-1300 ppm para o

ano de 2100, de acordo com os dados do IPCC (IPCC, 2005, 2007).

O CO2 atmosférico pode impactar as interações entre inseto-planta, além da

composição das comunidades ecológicas. Uma exposição a concentrações elevadas de

CO2 atmosférico propicia um aumento na taxa fotossintética e na fitoquímica de

espécies de plantas (Smith et al. 2013b).Há um número reduzido de trabalhos que

avaliam o efeito do aumento da concentração de CO2 atmosférico, no comportamento do

A. aegypti. Os trabalhos de Guerenstein e Hildebrand (2008) e Majeed colaboradores

(2014) possibilitaram verificar que há uma relação com o tempo de decolagem e o

encontro do hospedeiro, para a alimentação sanguínea.

 

22  

Outros fatores ambientais também mostram efeito na biologia do mosquito,

como a umidade relativa do ar, que está diretamente relacionada à intensidade das

chuvas, gerando uma diversidade maior de plantas no ambiente. Estas condições

proporcionam alimento às populações de mosquito, além de novos locais para a

procriação (Canyon et al. 2013). Além disso, há trabalhos que apontam que a umidade

relativa do ar pode alterar o tamanho corporal de insetos, atuando durante o período de

embrionamento dos ovos(Morales Vargas et al. 2010; Schneider et al. 2011).

Até o momento, não há trabalho que leve em consideração a variação da

temperatura e do CO2, ao longo do dia, projetando estimativas sobre os futuros cenários

de mudanças climáticas(Liu-Helmersson et al. 2014).

Desta forma, considerando os aspectos descritos acima, que abordam diferentes

características do vetor, este trabalho aborda possíveis efeitos das mudanças climáticas

como o aumento da temperatura e concentração de CO2, em aspectos da biologia do

Aedes aegypti,como a ingestão de sangue, cópula, oviposição, eclosão e longevidadeem

condições de laboratório, no qual élevado em conta, o ambiente atual da Amazônia,

interligando a fatores que poderão atuar nas mudanças climáticas para o ano de 2100.

2. Material e método

2.1 Local do experimento

Os experimentos foram realizados no microcosmos (ADAPTA/LEEN/INPA).

Esta estrutura é constituída de quatro salas climatizadas, onde é possível controlar a

concentração de CO2, a temperatura e a umidade, de forma independente. A sala 1

representa os dados meteorológicos atuais de Manaus-Amazonas, captados em

intervalos de 2 minutos. As demais salas projetam as condições previstas para o ano de

2100 pelo IPCC. A sala 3 representa o cenário intermediário, com um aumento de

aproximadamente 2,5°C e 400ppm CO2 ea sala 4 simula o cenário extremo, com o

acréscimo de4,5°C e 850ppm CO2. Os parâmetros concentração de CO2, temperatura e

umidade variam seu valor ao longo do dia (referência a sala 1), simulando assim os

cenários gerais, e sua variações nictimerais, estabelecendo condições mais próximas a

realidade.

Neste trabalho foram analisados parâmetros do ciclo biológico do A. aegypti,

utilizando-se mosquitos de colônias pré-estabelecidas em cada sala, por mais de um ano

 

23  

(sala 1= 31°, sala 3= 32° e sala 4= 35° geração), considerando a cidade de Manaus,

situada no Amazonas, região Norte do Brasil, localizada à margem do rio Negro (3° 06'

S; 60° 00' W), cercada pela floresta amazônica. O clima é quente-úmido, com o período

de chuva entre os meses de janeiro a maio e o período de seca entre os meses de junho a

setembro(Koeppen, 1948; Ríos-velásquez et al., 2007).

2.2Manutenção da colônia

O tempo destinado para a eclosão dos ovos foi 1h, após a eclosão 500 larvas

foram colocadas em recipientes circular de polietileno, contendo 500 mL de água, com

0,5 gramas de ração paragato triturada, alimentadas a cada três dias ou quando houve

necessidade (Braga et al., 2005; Martins et al., 2012). As pupas foram transferidas para

gaiolas de papelão (17x18 cm) para emergência dos adultos, que foi alimentado ad

libitum com uma solução açucarada (10%), embebida em algodão. Para a alimentação

sanguínea foram utilizados hamster (Mesocricetus auratus) anestesiados durante 30

min. (CEUA: 04/2013– “Manutenção de colônia de vetores em condições de

laboratório”).

2.3 Ingestão de sangue

Dois grupos com 100 fêmeas adultas de três a cinco dias de idade foram

utilizados neste experimento em cada sala do microcosmos, umgrupo foi alimentado por

meio de hamsters anestesiados durante 30 minutos, o outro foi mantido sem alimento.

Todas fêmeas foram colocadas no freezer (-20°C) por 3 a 5 minutos em seguidas

pesadas em pools de 10 indivíduos, utilizando balança eletrônica de precisão - Bel

Engineering Mark ®M214A(Belinato et al. 2009).

2.4 Fêmeas inseminadas

Em cada sala do microcosmo, 30 grupos compostos por três fêmeas e um macho,

com dois a três dias de idade, foram colocados juntos em tubos Falcon de 50 mL

transparentes. Este procedimento de cópula foi realizado com grupos da mesma sala e

combinações entre grupos das diferentes salas. Os mosquitos utilizados neste

experimento foram criados individualmente desde a fase de pupa em tubos Falcon de 15

mL, a fim de assegurar a virgindade dos adultos. Depois de três dias de contato,

 

24  

asespermatecas das fêmeas foram dissecadas e a presença de espermatozoides avaliada

com o auxílio de um microscópio Zeiss® Axio lab. A1(Belinato et al. 2012).

2.5 Produção e viabilidade dos ovos

Três dias após a alimentação sanguínea, 25 fêmeas foram individualizadas em

placas de Petri invertida, forrado na parte inferior foi com papel filtro dividido em

quadrantes e umedecido com água (3 mL). Foi determinado um período de três dias

para a oviposição (Armbruster 2002; Belinato et al. 2009). Respeitado este período, os

ovos foram contados e as fêmeas tiveram seus ovários dissecados, registrando-se ovos

que por ventura ficaram retidos, foiutilizado um Estereomicroscópio da Zeiss®Stemi

2000. Depois de contados os ovos, foi determinado o período de 3 dias para a incubação

dos ovos, após este período foi colocada água para a eclosão.

Neste experimento foram utilizados comandos lógicos para classificar

oviposição e eclosão (> 0 = 1 e 0 = 0).Sendo construídas duas novas variáveis, ambas

dicotômicas. Assim, o foco está na ocorrência dos eventos de oviposição e eclosão, em

cada variável. Observa-se, por análise exploratória dos dados, que existe um número

muito grande de zeros,o que inviabiliza o modelo ordinário de contagem (Poisson ou

Binomial Negativo). Existem outras formas de analisar estes resultados, porém

esbarrou-se nos pressupostos dos modelos que ficaram comprometidos.Optou-se então

pela simplicidade e por um modelo de fácil interpretação.

2.6 Longevidade dos adultos

Neste experimento,após a emergência das pupas, foram utilizados 20 casais de

mosquitos em cada sala do microcosmos, mantidos em gaiolas de papelão, sendo

fornecida uma solução açucarada a 10% ad libitum. A mortalidade dos mosquitos foi

registrada diariamente (Martins et al., 2012).

2.7 Análise dos dados

O software estatístico utilizado foi o R 3.0.2, ao nível de significância de 5%. Por

meio de Modelos Lineares Generalizados, foram avaliadas as diferenças estatísticas da

produção e viabilidade dos ovos, considerando os fatores: sala, temperatura e CO2

(Paula, 2013).

 

25  

Com o intuito de avaliar diferenças estatísticas do tempo de vida, utilizaram-se

técnicas de análises de sobrevivência, como estimador de Kaplan-Meier, teste de

Mantel-Haenzel ou Log-rank (Carvalho et al., 2011).Para testar diferença estatística do

peso em relação aos fatores: sala, temperatura e CO2, foram utilizados Modelos

Lineares (Agresti e Finlay, 2012).A capacidade de cópula em relação à combinação de

macho e fêmea foi feita por meio de Modelos Lineares Generalizados (Paula, 2013).

3. Resultados

Na tabela 1 é apresentada a descrição dos cenários de mudanças climáticas

previsto pelo IPCC, para o ano de 2100. A Sala 1 é considerada a sala controle,

simulando as condições atuais do clima de Manaus-AM, a sala 3 simula o cenário

intermediário e a sala 4 o cenário extremo. A umidade relativa do ar é a única variável

ambiental não simulada pelo microcosmos, sendo a mesma em todos os cenários.

Tabela 1

Descrição do clima no Microcosmos (LEEM/INPA), referente ao período de setembro a

dezembro de 2014.

Variável

Sala

Medidas Descritivas

Média D.P. Mínimo Mediana Máximo

Temperatura (O C)

1 28,04 0,65 26,26 27,98 29,06

3 30,74 0,66 29,03 30,62 31,87

4 32,88 0,61 31,22 32,77 33,87

CO2(ppm)

1 487,75 16,23 461,88 491,15 519,96

3 896,91 31,15 862,09 889,28 1.029,93

4 1.322,20 20,20 1.274,00 1.326,20 1.357,50

Umidade (%)

1 73,47 2,26 68,90 73,60 78,85

3 74,12 2,28 69,91 73,86 80,71

4 72,61 2,67 67,20 72,47 79,81

 

26  

3.1 Ingestão de sangue

Há evidências que o peso médio dos pools é influenciado pela temperatura e

alimentação (p=< 0.001) (Tabela 2). Como mostrado naFig.1, à medida que a

temperatura aumenta o peso dos pools tendem a aumentar. Esse comportamento

também foi verificado entre os não alimentados. O peso médio dos pools da sala 1

diferem da sala 4, mas não diferem dos pools da sala 3. Fêmeas mantidas em

temperaturas mais elevadas ingerem mais sangue, se comparadas com as mantidas em

menores temperaturas.

Tabela 2 Resultados do modelo ajustado de Regressão Linear do peso dos pools no experimento de ingestão de sangue. Variáveis Modelo de Regressão Linear

Betas IC (95%) P-valor

(Intercepto) -0.0301 -0.0408,-0.0194 < 0.001

Temperatura 0.0012 0.0008,0.0016 < 0.001

Sala[T.sala3] -0.0010 -0.0028,0.0008 0.2725

Sala[T.sala4] -0.0026 -0.0050,-0.0003 0.0308

Alimento[T.SIM] 0.0130 0.0116,0.0144 < 0.001

Observações 61 R2 / adj. R2 0.879 / 0.871 IC = Intervalo de Confiança

Fig.1.Diagrama de dispersão e retas ajustadas entre peso dos pools vs temperatura por

alimentação (A) e por sala (B).

 

27  

3.2 Fêmeas inseminadas

Ao término dos três dias estipulado para a cópula, considerando apenas casais da

mesma sala, 77,8% das fêmeas da sala 1 estavam inseminadas, a sala 3 e 4 tiveram

respectivamente 80,6% e 51,1% das fêmeas inseminadas, existindo uma influência dos

cenários na fecundidade das fêmeas (Tabela 3).

Na Tabela 3 observa-se que a razão de chances (OR) da ocorrência de cópula

positiva nas combinações que envolvem casal das salas 1 e 3 é pelo menos 2 vezes

maior do que na combinação que envolvem indivíduos da sala 4. Sendo assim, a chance

de cópula positiva nas salas 1 e 3 ou uma combinação delas são maiores do que na sala

4 e suas combinações. Aparentemente o aumento da temperatura prejudica muito mais o

macho da sala 4do que a fêmea da mesma sala. Em todas as combinações onde o macho

da sala 4 se faz presente, a percentagem de cópula é menor.

Tabela 3

Resultados descritivos e do modelo ajustado de Regressão Logística da capacidade de cópula.

Casal

Capacidade de Copula Estatística Regressão Logística

Positivo Negativo OR (95%IC) P-valor

n = 238 (%) n = 113 (%)

m4_x_f4 23 (51.1) 22 (48.9) referência referência referência

m1_x_f1 28 (77.8) 8 (22.2) 3.35 (1.26,8.91) 0.016

m1_x_f3 30 (83.3) 6 (16.7) 4.78 (1.67,13.72) 0.004

m1_x_f4 30 (66.7) 15 (33.3) 1.91 (0.82,4.48) 0.136

m3_x_f1 29 (74.4) 10 (25.6) 2.77 (1.10,7.01) 0.031

m3_x_f3 29 (80.6) 7 (19.4) 3.96 (1.44,10.9) 0.008

m3_x_f4 27 (69.2) 12 (30.8) 2.15 (0.88,5.28) 0.094

m4_x_f1 16 (48.5) 17 (51.5) 0.9 (0.37,2.21) 0.819

m4_x_f3 26 (61.9) 16 (38.1) 1.55 (0.66,3.65) 0.311 Regressão logística p=0,006; OR = Odds Ratio (Razão de Chances); IC = Intervalo de Confiança; referência = categoria de referência. (%) Porcentagem por linha; m= macho, f= fêmea.

3.3 Produção e viabilidade dos ovos

Há evidências de que apenas a temperatura influenciou no número de ovos

(p=0.009) e na eclosão (p= 0.006) (Tabela 4).O número total de ovos depositados pelas

fêmeas da sala 1 foram de 827 ovos e, destes, 23 ficaram retidos em seus ovários e

apenas 155 eclodiram. Na sala 3 foram colocados 903 ovos, ficando retidos 38 e 114

 

28  

eclodiram. Por fim, na sala 4 foram depositados 434 ovos, dos quais 43 ficaram retidos

e 52 eclodiram. Desta forma, os dados obtidos das análises da ocorrência de oviposição,

contidos na Tabela 4, apontam diferenças entre a sala 1 e sala 3 (p=0,03), porém não há

diferenças entre a sala 3 e sala 4 (p=0,885). A diferença entre a sala 1 e sala 3 se dá

apenas quando o modelo leva em conta a temperatura, que para essa análise mostrou-se

significativa. Observa-se na Fig. 2, utilizando o modelo ajustado, à medida que a

temperatura aumenta diminui a probabilidade ocorrência de oviposição.

Tabela 4 Resultados descritivos e do modelo ajustado de Regressão Logística de ocorrência de oviposição.

Variáveis Oviposição

Estatísticas da Regressão Logística Sim Não

n = 41 (%) n = 30 (%) OR bruto (95%IC) OR ajustado (95%IC) P(Wald's test) P(LR-test) Sala Sala3 17 (73.9) 6 (26.1) referência referência referência 0.03 Sala1 17 (68) 8 (32) 0.75 (0.21,2.63) 0.06 (0,0.65) 0.021 Sala4 7 (30.4) 16 (69.6) 0.15 (0.04,0.56) 1.16 (0.16,8.26) 0.885 Temperatura Mediana(IIQ) 30.8 (28.2,30.8) 33.1 (30.1,33.1) 0.67 (0.52,0.87) 0.37 (0.17,0.8) 0.012 0.009 (%) Porcentagem por linha; OR = Odds Ratio (Razão de Chances); IC = Intervalo de Confiança; referência = categoria de referência. IIQ = Intervalo Interquartílico

 

Fig. 2.Gráfico de linhas do modelo ajustado para probabilidade de ocorrência de oviposição.

Considerando as fêmeas criadas em temperaturas superiores a 33°C, houve

redução do número de ovos postos por fêmeas (aprox. 60 ovos), quando comparado

com temperaturas menores. A partir de 34°C não há postura de ovos e a probabilidade

 

29  

de oposição é zero (Fig.3).

Na sala 1 e 3 onde a concentração de CO2 ficou entre 400 a 600 ppm e 800 a

1000ppm respectivamente, apresentaram resultados similares com a temperatura

(Fig.4). Na sala 4 apenas uma fêmea colocou ovos (100) a 1400 ppm de CO2, grande

parte da oviposição ocorreu entre 1200 a 1300 ppm de CO2.

Fig. 3.Diagrama de dispersão entre nº de ovos ovipositados vs temperatura segundo a sala do

experimento.

Fig. 4.Diagrama de dispersão entre nº de ovos ovipositados vs CO2 segundo a sala do

experimento.

De acordo com os dados da Tabela 5, os resultados das análises de eclosão

mostram que não há evidências para diferenças significativas entre as salas (p=0.104 e

0,135). A probabilidade da ocorrência de eclosão depende somente da temperatura, na

Fig. 5observa-se que utilizando o modelo ajustado, à medida que a temperatura aumenta

diminui a ocorrência eclosão. Comportamento similar ao da oviposição.

 

30  

Tabela 5

Resultados descritivos e do modelo ajustado de Regressão Logística da ocorrência de

eclosão.

Variáveis

Ovos Eclodidos Estatísticas da Regressão Logística

Sim Não

n = 26 (%) n = 45 (%) OR bruto (95%IC) OR ajustado (95%IC) P(Wald's test)

P(LR-test)

Sala Sala3 8 (34.8) 15 (65.2) referência referência referência 0.161 Sala1 13 (52.0) 12 (48.0) 2.03 (0.64,6.5) 0.11 (0.01,1.58) 0.104 Sala4 5 (21.7) 18 (78.3) 0.52 (0.14,1.93) 6.91 (0.55,9.34) 0.135 Temperatura Mediana(IIQ) 30.3 (28.2,30.8) 32.4 (29.9,33.1) 0.69 (0.54,0.9) 0.31 (0.12,0.81) 0.017 0.006 (%) Porcentagem por linha; OR = Odds Ratio (Razão de Chances); IC = Intervalo de Confiança; referência = categoria de referência. IIQ = Intervalo Interquartílico

Fig. 5.Gráfico de linhas do modelo ajustado para probabilidade de eclosão.

3.4 Longevidade dos adultos

A longevidade máxima foi maior na sala 1, onde as fêmeas viveram 65 dias,

enquanto os machos 61 dias. Na sala 3 e 4 a longevidade máxima das fêmeas foi de 42

dias, os machos 40 e 39, respetivamente.

Os dados da Tabela 6 apontam uma diferença significativa entre as salas na

longevidade dos mosquitos (p=0,0361). Na sala 1 possuem maior tempo de vida, sendo

a mortalidade maior na sala 4. As curvas das salas3 e 4 são próximas, porém a curva da

 

31  

sala 1 difere no início e a partir do 35º dia (Fig. 6 A). Quanto ao sexo, não há diferença

de tempo de vida entre machos e fêmeas (p=0,811) (Fig. 6 B).

Fig.6.Curvas de sobrevivência de cada sala (A) e por sexo (B) pelo método de Kaplan-Meier.

Tabela 6 Resultados descritivos e do modelo ajustado de Análise de Sobrevivência do experimento de longevidade.

Sala Númerode Mosquitos Mediana (dias)

IC.95% P-valor

LI LS

sala1 40 28.5 24 41

0.0361 sala3 40 30.5 26 37

sala4 40 32.5 28 36 P-valor teste de Log rank; CI = Intervalo de Confiança; LI e LS = Limite inferior e superior da mediana.

4. Discussão

A temperatura, dentre outras variáveis ambientais, é considerada a principal

responsável pelas alterações biológicas causadas no Aedes aegypti(Couret and Benedict

2014). Alguns trabalhos afirmam que o aquecimento global poderá favorecer as

populações de A. aegypti,devido à possibilidade de se adaptar às altas

temperaturas(Bader and Williams 2012; Walton and Reisen 2013; Williams et al.,

2014).Mohammed and Chadee (2011) e Carrington e colaboradores (2013) avaliaram o

tempo de desenvolvimento e o período de incubação extrínseco, e observaram que em

altas temperaturas (35°C), os mesmos são reduzidos, fazendo com que os mosquitos

 

32  

sejam ainda mais eficientes como vetores.

Existe interferência dos fatores ambientais no tamanho corporal do A. aegypti,

indicando que mosquitos maiores seriam capazes de se adaptarem melhor às mudanças

extremas no ambiente(Briegel, 1990; Scott et al., 2000; Tun-Lin et al., 2000; Tsuda and

Takagi, 2001; Kingsolver and Huey, 2008; Morales Vargas et al., 2010; Mohammed

and Chadee, 2011).Alterações no clima influenciam a transmissão de algumas doenças

infecciosas, principalmente as veiculadas por vetores, como a malária e a dengue.

Informações sobre como o clima poderá influenciar na transmissão de algumas

arboviroses, principalmente por alterar aspectos da sua capacidade vetorial e

distribuição das espécies vetoras, são valiosas por fornecer subsídios para as decisões,

na área de saúde pública, o que possibilita a implementação de medidas preventivas e

reduz os riscos de uma epidemia(Lowe et al. 2013).

Neste trabalho, constatou-se que as fêmeas mantidas nas salas 1 e 4 (28° e 34ºC,

respectivamente) diferem em cerca de duas vezes no seu peso, estando ou não

alimentadas. Estes resultados também foram encontrados em outros estudos,

porLounibos e colaboradores (2002),Kingsolver e Huey (2008), Mohammed e Chadee

(2011), Reiskind e Zarrabi (2012).Mosquitos criados em ambientes com variação de

temperaturas são mais pesados, possuindo maior tamanho corporal o que influenciana

quantidade de sangue ingerido (Briegel, 1990;Morales Vargas et al., 2010).

Este aumento no tamanho corporal do mosquito pode ser explicado devido ao

armazenamento de glicogênio, provendo mais recursos que podem ser utilizados, como

por exemplo, durante o voo(Reiskind and Zarrabi, 2012). Em temperatura elevada, o

crescimento bacteriano no criadouro é maior, fornecendo mais alimento às

larvas(Reiskind and Zarrabi, 2012 apud Precht,1973). Porém, não é possível confirmar

estas informações, pois não foram analisados os microrganismos presentes nos

criadouros, durante o experimento. Mosquitos pequenos possuem reservas energéticas

menores, se comparados com mosquitos grandes, porem se alimentam com mais

frequência (Scott et al., 200). Alguns trabalhos apontam que mosquitos menores podem

ser melhores vetores se comparados com os maiores (Maciel-de-Freitas et al., 2007).

Desta forma, o tamanho corporal do mosquito apresenta implicações para atividades do

controle vetorial, uma vez que, causa um impacto na transmissão da dengue (Briegel et

al., 2001).

Modelos matemáticos projetam uma relação positiva entre o número de casos de

dengue e o aumento de temperatura (Hales et al., 2002;Patz et al., 2005; Aström et al.,

 

33  

2012;Banu et al., 2014; Naish et al., 2014; Williams et al., 2014). No entanto,

temperaturas maiores que 35°C afetam negativamente a atividade reprodutiva das

fêmeas de A. aegypti, reduzindo a quantidade de ovaríolos e a fecundidade(Bader and

Williams 2012).

De acordo com os resultados obtidos por Bader and Williams (2012) e por Oliva

e colaboradores (2013), apenas a temperatura afeta o sucesso da cópula e a fecundidade,

mostrando que não há interferência do tamanho corporal da fêmea ou do macho na

cópula. Outro fator que se pode descartar é o efeito do tamanho do recipiente na

fecundidade, uma vez que em ambientes pequenos ou grandesnão afetaa transferência

de espermatozoides (Ponlawat and Harrington 2009).

A maior taxa de inseminação ocorreu entre 25° e 35°C, porém grande parte das

fêmeas morreu antes do término do experimento a 35°C, também observado pordeBader

and Williams (2012). Os dados estão de acordo com os resultados obtidos neste

trabalho, onde fêmeas criadas entre 28º e 32ºC têm duas vezes mais chances de cópulas

positivas, do que fêmeas criadas em temperaturas maiores que 34ºC, sendo reduzida

pela metade a fecundidade.

Após a cópula, as fêmeas buscam um hospedeiro para o repasto sanguíneo,

necessário para a obtenção de nutrientes utilizados na produção dos ovos, sendo um dos

meios pelo qual os mosquitos adquirem e disseminam o patógeno (Walton and Reisen,

2013). Farjana e Tuno (2013) verificaram que as fêmeas de A. aegypti depositam seus

ovos após um repasto sanguíneo, não havendo relação entre o tamanho corporal e a

necessidade de múltiplas alimentações sanguíneas, para a oviposição. Os folículos que

não se desenvolveram, após o primeiro repasto, indicam que as fêmeas necessitam de

mais de uma alimentação para desenvolver estes ovos e reforçar a sua fecundidade.

Ainda segundo estes autores, a retenção de ovos está relacionada com as necessidades

nutricionais na fêmea, uma vez que os retendo, estes se transformam em estoque de

energia para a sua própria sobrevivência.

Waldock e colaboradores (2013)afirmaram que existe uma relação entre a

temperatura e o número de ovos depositados, por ciclo gonotrófico, em Aedes

albopictus. Este aspecto também foi observado neste trabalho com A. aegypti, onde

apenas a temperatura, quando comparada com o CO2, influenciou no número de ovos e

na eclosão. Acima de 34°C não houve oviposição e eclosão dos ovos.

Arruda e colaboradores (2006) e Carrington e colaboradores(2013a) relataram

que em A. aegypti, a temperatura de 26°C favorece a oviposição, registrando-se o maior

 

34  

número de ovos depositados por fêmea. Em temperatura igual ou superior a 35°C são

colocados os menores números de ovos, em média 25 por fêmea. A eclosão dos ovos

também está diretamente relacionada à temperatura. Em condições superiores a 27°C,

apenas 50% dos ovos eclodem, acima de 32°C a eclosão é menor que 4%, em

temperaturas superiores a 37°C não se registra eclosão de ovos(Mulla and Chaudhury,

1968; Mohammed and Chadee, 2011).

Considerando os dados obtidos neste trabalho, constatou-se que a oviposição foi

maior na sala 1 e menor na sala 4, não havendo divergência na eclosão entre as

diferentes temperaturas. Algumas fêmeas não colocaram ovos, mesmo em condições

favoráveis. Existe a possibilidade de que estas fêmeas poderiam não estar fecundadas,

conforme observado por Carrington e colaboradores(2013). No entanto, não é possível

confirmar essa informação, uma vez que não foi analisada a presença de espermatozoide

nas espermatecas, quando das análises.

Outro parâmetro de grande importância epidemiológica é a longevidade dos

mosquitos. Uma grande longevidade é fundamental para os ciclos de transmissão de

doenças, sendo considerado um fator limitante para a transmissão de patógenos. Isto

decorre porque estes necessitam de um período de tempo para penetrar no

epitéliointestinal do mosquito, replicar e se disseminar infectando as glândulas

salivares, ocorrendo assim à transmissão do vírus(Brady et al., 2013; Couret and

Benedict, 2014; Couret et al., 2014; Hugo et al., 2014).

Alguns fatores podem alterar a longevidade do mosquito adulto, como repasto

sanguíneo, densidade larval, déficit de alimento no criadouro, além do aumento da

temperatura, durante o seu desenvolvimento(Mourya et al., 2004; Arruda et al., 2006;

Strickman, 2006; Delatte et al., 2009; Brady et al., 2013; Breaux et al., 2014; Ciota et

al., 2014; Couret and Benedict, 2014; Petrić et al., 2014)

A temperatura crítica para a longevidade varia de 30°C a 33,5°C e, acima destas,

a longevidade é drasticamente reduzida (Josh 1996). Estudos realizados por Josh (1996)

indicaram diferenças significativas na longevidade de machos e fêmeas criados em

temperaturas constantes e com flutuação. Mosquitos que emergem a 37°C, com uma

pequena flutuação diária de temperatura, geralmente são inativos, fracos e morrem logo

após a emergência (Carrington et al. 2013). Neste trabalho, o tempo máximo de vida

para mosquitos criados em temperaturas superiores a 30°C foi de 40 dias; em

temperaturas menores próximas a 28°C, esse tempo de vida aumentou, ultrapassando 60

dias. Resultados semelhantes foram obtidos por Brady e colaboradores (2013), onde

 

35  

avaliaram a sobrevivência em diferentes temperaturas, situadas entre 0°C e 40°C.

Não foram observadas diferenças significativas na longevidade entre os sexos, o

que também foi encontrado por Neto e Navarro-Silva (2004). Entretanto, outros

trabalhos relatam que as fêmeas vivem por mais tempo quando comparadas aos

machos(Delatte et al. 2009; Martins et al. 2012). Também não foi encontrada uma

relação entre o tamanho corporal do mosquito e a longevidade, uma vez que os

mosquitos mantidos na sala 4, onde a temperatura foi mais elevada ecom os maiores

pesos corporais, viveram aproximadamente 20 dias a menos que os mosquitos mantidos

a 28°C , estes resultados estão de acordo com os trabalhos relaizados por Maciel-de-

Freitas et al., 2007.

Em síntese, concluímos que, no futuro cenário de mudanças previsto pelo

IPCC, dentre as variáveis simuladas, apenas a temperatura mostrou influência

significativa nos aspectos biológicos do vetor. Os níveis de CO2 atmosférico simulados

em diferentes concentrações, chegando a ser três vezes maior do que o atual, não

interferiu nos resultados obtidos neste trabalho. Em determinadas situações, o aumento

da temperatura pode favorecer o mosquito, uma vez que a quantidade de sangue

ingerida foi maior nas salas 3 e 4. Entretanto, o aumento da temperatura reduziu alguns

parâmetros da biologia do vetor, relacionados como o número de ovos e a eclosão, a

fecundidade e a longevidade.Reduções na fecundidade e longevidade (parâmetros que

alteram a densidade populacional do vetor) influenciam na intensidade da transmissão

de dengue

Modelos matemáticos projetam uma relação positiva entre o número de casos de

dengue e o aumento de temperatura, além da expansão geográfica do vetor(Hales et al.,

2002;Patz et al., 2005; Aström et al., 2012;Banu et al., 2014; Naish et al., 2014;

Williams et al., 2014). No entanto, é preciso ter cautela em afirmar que as mudanças

climáticas influenciarão posiivamente o vetor, uma vez que poucos trabalhos

consideraram o efeito das mudanças do clima no grupo dos Flavivirus. Também não

foram considerados outros fatores que interferem na epidemia da dengue, tais como

mudanças demográficas e sociais, economia, educação ambiental, além do transporte e

tráfego de pessoas e cargas, entre outros(Morin et al., 2013; Naish et al., 2014). Com as

informações acima mencionadas, será possível conhecer melhor a biologia do vetor e

levando também em consideração as mudanças climáticas, servindo como base para

outros estudos e para futuras ações de controle.

 

36  

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42  

4. Conclusão

Com base nos resultados obtidos neste trabalho podemos concluir:

Dentre as variáveis ambientais previstas para aumentar devido às mudanças

climáticas, a temperatura é a principal responsável pelas alterações nos aspectos

biológicos do vetor.

De acordo com as análises de produção e viabilidade dos ovos de A. aegypti, o

número de ovos colocados por fêmeas e as eclosões destes, estão diretamente

relacionadas com a temperatura.

A quantidade de sangue ingerido por mosquitos mantidos em temperaturas

superiores a 34°C é maior, se comparado com os mantidos a temperaturas de 28°C,

também se verificou que, em temperaturas elevadas há um maior tamanho corporal das

fêmeas, mesmo sem estarem alimentadas.

Na capacidade de cópula, verificou-se que a fecundidade é reduzida em 50% nas

temperaturas acima de 34°C, em temperaturas menores, o número de espermatecas

positivas é duas vezes maior.

As análises de longevidade indicaram que,mosquitos mantidos em temperaturas

acima de 32°Cpossuem o tempo de vida menor quando comparado com mosquitos

mantidos em 28°C.Vivendo aproximadamente de 40 dias, não existindo diferenças de

longevidade entre os sexos.

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49  

Anexos  

Laboratório onde foram realizados os experimentos(LEEM/ADAPT).

Salas do microcosmos, onde são simulados os diferentes cenários de Mudanças Climáticas.

 

50  

Fêmeas inseminadas

Pupas individualizadas em tubos Falcon com tela de filó.

Casais de mosquitos (1 macho e 3 fêmeas) mantidos em tubo Falcon, com tiras de papel como suporte.

 

51  

Mosquitos alimentados com água açucarada (10%) embebida em algodão.

Espermateca positiva, com a presença de espermatozoides.

 

52  

Produção de ovos

Placa de Petri invertida, com papel filtro dividido em quadrantes, para facilitar a contagem.

Fêmea de A. aegypti, mantida em uma placa de Petri invertida, com papel filtro umedecido.

 

53  

Ovos de A. aegypti, na placa de Petri com papel filtro dividido em quadrante.

Ovos de A. aegypti que ficaramretidos nos ovários durante o experimento de oviposição.