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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL 8,5 UM OLHAR PSICOPEDAGOGICO SOBRE A DISLEXIA. Jaqueline Mariza Schuck da Silva [email protected] Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo. ALTA FLORESTA/2014

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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES

ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL

8,5

UM OLHAR PSICOPEDAGOGICO SOBRE A DISLEXIA.

Jaqueline Mariza Schuck da Silva

[email protected]

Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo.

ALTA FLORESTA/2014

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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES

ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL

UM OLHAR PSICOPEDAGOGICO SOBRE A DISLEXIA.

Jaqueline Mariza Schuck da Silva

Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo.

"Projeto de pesquisa apresentado na disciplina de Metodologia de Pesquisa Cientifica do curso de Psicopedagogia e Educação Infantil."

ALTA FLORESTA/2014

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AGRADECIMENTO

Considerando este TCC como resultado de uma caminhada que não começou na Ajes, agradecer pode não ser tarefa fácil, nem justa. Para não correr o risco da injustiça, agradeço de antemão a todos que de alguma forma passaram pela minha vida e contribuíram para a construção de quem sou hoje. Mas agradeço primeiramente a Deus, afinal o que seria de mim sem a fé que eu tenho nele. Aos meus pais, irmãos, meu marido, e a toda minha família que, com muito carinho, compreensão e apoio, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida. Ao professor e orientador Ilso Fernandes do Carmo pela paciência na orientação e incentivo que tornaram possível a conclusão deste TCC. A todos os professores da Ajes que foram tão importantes na minha vida acadêmica e no desenvolvimento deste TCC. E a mim mesma, pela iniciativa e dedicação em toda esta minha jornada.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a duas pessoas meu marido Leandro e meu filho Gabriel, que em nenhum momento mediram esforços para realização dos meus sonhos, (mesmo quando precisavam ficar sozinhos e se virar com tudo, para que eu pudesse estudar) ainda assim estão comigo em cada passo da vida, sempre me apoiando, motivando e ensinando a ser uma pessoa melhor. AMO VOCÊS!

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“Quando leio, somente escuto o que estou

lendo e sou incapaz de lembrar da imagem

visual da palavra escrita”

Albert Einstein.

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RESUMO

A inquietação frente à Dislexia foi o impulso motivador deste trabalho, pois

este tema gera insegurança ao educador em suas práticas pedagógicas.

A pesquisa foi bibliográfica e também de campo. Fez-se um apanhado geral

das informações consideradas importantes de forma a ajudar outros profissionais da

área a lidar e compreender a dislexia.

Haja visto que, ao mesmo tempo foi feito um questionário com os

professores, e observou-se que embora todos já tenham ouvido falar, e talvez até

tido um aluno disléxico em sala de aula, a maioria não tem feeling para observar

mediante fatos corriqueiros de sala de aula, se determinado aluno é um suspeito

disléxico ou não, por vezes até mesmo tachando-o de preguisoço ou sem vontade.

Palavras- chave: aluno – dislexia – transtorno de aprendizagem

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SUMÁRIO

Introdução...................... ..................................................................................... 07

1. Referencial Teórico ........................................................................................ 13

1.1 Conceitos e Definição de Dislexia .................................................................. 13

1.2 Tipos de Dislexia ............................................................................................ 17

1.2.1 Dislexia Visual ...................................................................... 18

1.2.2.Dislexia Auditiva .......................................................................................... 18

1.2.3 Comorbidades ............................................................................................. 19

2.Sinais De Dislexia ............................................................................................ 26

2.1O Papel do Educador ...................................................................................... 27

2.2.A Dislexia no Contexto Escolar ...................................................................... 29

2.2.1Na Alfabetização .......................................................................................... 29

2.2.2 O Papel do Professor .................................................................................. 32

2.2.3 O Papel dos Pais ........................................................................................ 34

2.2.4 Sugestões e Recursos ................................................................................ 35

2.3 Como Interagir Com O Disléxico Em Sala De Aula ........................................ 37

3.Analise E Discussão De Dados ...................................................................... 41

Conclusão..............................................................................................................47

Referencia Bibliográfica .................................................................................... 49

Anexos................................................................................................................. 52

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INTRODUÇÃO

Cada ano que passa a educação vem sendo cada vez mais priorizada,

portanto é de grande valia a importância de uma boa escrita e leitura, já que no

mundo em que vivemos é indispensável termos acesso às informações e estarmos

cientes do que acontece ao nosso redor.

É preciso que essa aprendizagem venha no decorrer de cada ano aprimorar

o conhecimento do aluno, e para que isto aconteça de forma positiva, é necessário

que os educadores, fator primordial para a alfabetização, estejam conscientes das

dificuldades que alguns de seus alunos possam vir a ter em relação à

aprendizagem. Aprender a ler e escrever envolve um processo complexo onde se

exigem habilidades linguísticas, biológicas, motoras e cognitivas, de acordo com a

coordenadora de educação especial KANADA (2010).

Antes de tudo, cabe ao professor ter o conhecimento de qual caminho o

processo de formação das palavras, consequentemente da linguagem, toma em

nosso cérebro. Também, estar informado dos tipos de transtornos que a falha

nesses caminhos pode desenvolver.

É imprescindível diferenciar dificuldade de aprendizagem de distúrbio de

aprendizagem, o primeiro pode ser de origem sintomática, causada por motivos

emocionais ou falta de habilidade do educador ou ainda por problemas com o

espaço de aprendizagem, que podem bloquear em algumas circunstâncias a

aprendizagem. (FERNÁNDEZ, 1991). Já o segundo refere-se às alterações

manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e uso da audição, fala,

leitura, escrita, raciocínio, ou habilidades matemáticas, alterações devidas à

disfunção do sistema nervoso central (COLLARES e MOYSÉS, 1992).

De acordo com os autores citados acima, é importante ressaltar que as

crianças com distúrbio de aprendizagem não são deficientes mentais, apenas

possuem falhas no sistema nervoso central, como é o caso da dislexia, assunto

tratado neste presente estudo, que dificulta a leitura e a escrita, porém não

compromete as demais áreas de seu desenvolvimento.

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Desde o primeiro ano de alfabetização, é importante observar se o aluno

apresenta algum indício de dificuldade em relação a uma boa leitura e compreensão,

já que uma está ligada à outra.

CONTEXTUALIZAÇÃO

A inquietação frente à Dislexia foi o impulso motivador deste trabalho, pois

este tema gera insegurança ao educador em suas práticas pedagógicas.

É importante que este distúrbio de aprendizagem seja difundido em esferas

distintas, principalmente na área da Educação, para que o educador possa

identificar sinais da Dislexia, encaminhar a profissionais que possam diagnosticá-la e

aprenda a trabalhar de maneira efetiva, resultando no sucesso acadêmico do aluno

disléxico.

É nítido que existe uma linha tênue entre problemas de “ensino-

aprendizagem falta de conhecimentos específicos por parte dos educadores no que

diz respeito a distúrbios de aprendizagem, e daqueles sujeitos que apresentam

disfunção cerebral, que os impede de produzir uma leitura esperada para sua idade

cronológica e escolaridade, podendo ser os disléxicos.

A Dislexia está relacionada ao distúrbio de leitura, única e exclusivamente,

porém, uma criança que não consegue ler, não pode ser considerada disléxica. É

importante saber que distúrbio de aprendizagem não é modismo, no qual a

educação se apóia quando não consegue atingir seus próprios objetivos, pois muitas

vezes é notório que, devido às falhas no atual sistema educacional, passou-se a

denominar crianças que apresentam dificuldades para ler como disléxicas.

PROBLEMATIZAÇÃO

A constatação de que uma criança é portadora de dislexia, provoca

ansiedade e frustrações tanto na família quanto na escola e nos profissionais

envolvidos com o processo educativo.

Em muitas situações existem limitações existentes na colaboração familiar e

na própria estrutura escolar, que não raras vezes, são inadequadas para lidar com a

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criança disléxica que em muitas situações fica exposta ao rótulo de preguiçosa,

desatenta e indisciplinada.

Por isso é importante realizar o diagnóstico para que seja explorado da

melhor forma possível o potencial dessa criança.

Mas, como contribuir para a inclusão de crianças disléxicas e fornecer

subsídios para o seu tratamento e melhor adaptação ao âmbito escolar?

HIPÓTESE

As hipóteses desse trabalho podem ser aqui resumidas em:

Professores que apresentam déficits de informações e capacitação

insatisfatória relacionadas à dislexia reduzem substancialmente a possibilidade do

potencial de aprendizagem do aluno disléxico numa classe regular de ensino. Por

isso, o educador sempre deve estar atento, adotando uma postura de pesquisa e

observação constantes. Dessa forma, conseguirá planejar-se com metodologias e

estratégias adequadas que favoreçam a segurança e autonomia do aluno no âmbito

escolar;

Com a constatação de que um aluno é portador de dislexia, gera-se uma

ansiedade quanto à escola e nos profissionais envolvidos no processo de ensino e

aprendizagem, pois as limitações existentes dificultam o andamento do processo. O

trabalho desenvolvido por uma equipe multidisciplinar, formada por psicólogo,

neurologista, fonoaudiólogo e psicopedagogo é muito importante, pois a troca de

informações pode determinar os fatores que podem comprometer a aprendizagem.

Juntos, esses profissionais podem encontrar caminhos eficientes para um programa

de reeducação, isto é, uma maneira do aluno aprender eficazmente numa classe de

alunos regulares, levando em consideração as suas limitações;

OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

O objetivo deste estudo é coletar informações sobre a dislexia, sua definição,

causas e características

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Compreender a forma como alunos, e professores são afetados e como

enfrentam a dislexia.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Definir a dislexia

Apresentar as causas e formas do distúrbio

Buscar maior facilidade na identificação do aluno disléxico

Sugerir estratégias para auxiliar o aluno disléxico a superar suas dificuldades.

Saber qual é a real forma que alunos dislexos são tratados em sala de aula.

Saber se os professores num aspecto geral sabem o que é a dislexia, e como

trabalhar com alunos dislexos, e se não sabem buscar o porquê isso ainda

acontece.

DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

Um olhar psicopegadogico sobre a dislexia.

JUSTIFICATIVA

A escolha do tema justifica-se pela constatação na prática diária de grande

quantidade de alunos apresentarem problemas de aprendizagem, principalmente

dificuldade de leitura.

Atualmente um dos assuntos que estão sendo bastante pautados no que

tange a educação é a dislexia. No entanto deve-se ainda dizer que muitos

professores desconhecem o que vem a ser isso, ficando dessa forma algo a desejar

com esses alunos.

Este trabalho tem intuito de entender o que acontece, como realmente são

tratados esses alunos em sala de aula, e até que ponto os professores tem

conhecimento sobre o assunto.

De acordo com a Associação Brasileira de Psicopedagogia, as dificuldades

de aprendizagem afetam em média 15% a 30% das crianças em idade escolar.

Estudos confirmam que a dislexia totaliza um percentual de 15% entre as mais

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citadas. Esse é um índice muito alto para continuarmos com os olhos fechados para

a situação. Sem a assistência e o apoio necessários estas crianças desestimulam-

se, perdem-se e, por fim, evadem do ambiente escolar.

A grande polêmica acerca do tema dislexia é por seu comprometimento

neurológico, mas precisamos entender que pertencem à área da Saúde apenas a

causa e a diagnose. O reconhecimento precoce das características, as

conseqüências, as soluções e as adaptações pertencem à educação.

É necessário percebermos que as dificuldades escolares possuem causas e

soluções. Ninguém nasce com dificuldades de aprendizagem, elas aparecem ao

longo do caminho e precisam ser observadas, respeitadas e solucionadas.

A percepção do distúrbio nos alunos e o conhecimento de técnicas e

estratégias que permitam ao professor orientar o aluno disléxico podem diminuir tais

problemas de performance.

No Brasil, apesar de termos conhecimento dos inúmeros casos de dislexia,

ainda há muita desinformação sobre o problema entre os profissionais aptos a lidar

com a questão, bem como não existe ainda uma legislação e diretrizes educacionais

específicas para o disléxico. Todas as leis englobam-no no que tange a inclusão

escolar, como direito de qualquer cidadão.

É lamentável a omissão do poder público e das instituições de ensino, em

relação a um problema tão crucial como a dislexia. É importante construir práticas

pedagógicas que considerem as necessidades dos alunos, assim como todas as

suas possibilidades de aprendizagem, criando condições e dando-lhes autonomia

suficiente para que aprendam sem medos, preconceitos ou discriminações.

A proposta desta pesquisa envolve elencar dados referentes à dislexia, que

possam proporcionar aos portadores do distúrbio, aos educadores e profissionais da

área um maior conhecimento a respeito do assunto, bem como servir como base de

apoio às pessoas com esse transtorno.

METODOLOGIA

A pesquisa será desenvolvida na Escola Municipal Juscelino Kubitschek de

Oliveira, na cidade de Paranaíta, Mato Grosso.

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O trabalho a ser realizado pretende partir de uma análise bibliográfica

abrangente do tema à luz de referenciais teóricos imprescindíveis, pois propõem

soluções alternativas para a sua compreensão e manejo.

Visa-se também realizar entrevistas com professores de forma a ter

informações mais precisas do contexto escolar do município.

Objetiva-se analisar a dislexia sob diferentes ângulos, procurando avançar

nas questões que a envolvem no contexto das práticas cotidianas da escola. Isto

porque as práticas pedagógicas são estruturadas a partir dos quadros de referência

ideológicos, morais e sociais de todos os envolvidos na dinâmica escolar.

MÉTODOS DE ABORDAGEM

O processo de pesquisa utiliza o método de abordagem hipotético-dedutivo

onde preconiza que toda pesquisa tem sua origem num problema, para qual se

busca solução através de tentativas (conjecturas, hipóteses, teorias).

MÉTODOS DE PROCEDIMENTOS

O projeto de pesquisa será utilizado através do método de procedimento

bibliográfico, leitura e documentação, redação provisória. O objeto deve ser

analisado em todos os seus aspectos, observando os fatores que influenciaram.

ESTRUTURA DO TRABALHO

Para que seja possível compreender mais detalhadamente este assunto, o

mesmo será segmentado em capítulos. No primeiro capitulo é explicitado desde a

origem da palavra, e os tipos de distúrbios. Já no segundo capitulo vêm explicitado

quais são os sinais desse distúrbio, qual é o papel do educador e dos pais frente ao

mesmo, alem de algumas sugestões e recursos. No terceiro capitulo surge a analise

e discussão dos dados levantados através da pesquisa de campo.

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1. REFERENCIAL TEÓRICO

Quando utilizado no seu sentido mais restrito, dislexia designa apenas as

dificuldades encontradas na aprendizagem específica da leitura. Quando utilizado no

seu sentido mais lato, o termo designa todas as perturbações e dificuldades

experimentadas por certas crianças na aprendizagem da leitura e escrita. Assim,

afirma-se que:

Epistemologicamente, dislexia é uma alteração nos neurotransmissores cerebrais que impede uma criança de ler e compreender com a mesma facilidade das crianças da mesma faixa etária. Todo desenvolvimento da criança é normal, trata-se de um problema de base cognitiva que afeta as habilidades lingüísticas associadas à leitura e à escrita, (DROUET, 2003:137).

Os disléxicos, quando não recebem a atenção necessária, seguem com

suas dificuldades até a fase adulta. A dislexia é um bloqueio mental que, segundo

IANHEZ E NICO, (2002), pode ser eliminado, especialmente nas crianças. Ao

contrário do que muitas pessoas pensam e propagam a dislexia não é o resultado da

má alfabetização, da desatenção, da desmotivação, da condição sócio-econômica

ou da baixa inteligência da criança, é um problema sério que necessita de cuidados.

É possível constatar o quanto este distúrbio de aprendizagem é motivo

gerador de confusões. Sabe-se que toda a responsabilidade recai justamente sobre

o professor, porém este nem sempre possui condições adequadas para lidar com o

aluno disléxico, além de não possuir conhecimento específico sobre o mesmo.

Deve-se salientar que somente boa vontade e afeto, não são suficientes para

promover o sucesso escolar do aluno disléxico; contribuem de maneira positiva e

são importantes, porém não privilegiam todos os aspectos necessários para garantir

os avanços e conquistas deste aluno.

Não cabe ao educador diagnosticar, mas fazer o papel diferencial na vida de

seu aluno e contribuir com informações precisas e adequadas ao especialista.

1.1CONCEITOS E DEFINIÇÃO DE DISLEXIA

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A aprendizagem, segundo PINHO (2010), vem sendo estudada

cientificamente desde o século passado, embora tenha tomado maior espaço e

relevância no meio acadêmico entre as décadas de 1950 e 1970.

Segundo NICO; SOUZA (2005), dislexia é um termo criado por um médico

oftalmologista, alemão, o doutor Rudolph Berli, a mais de 100 anos, para nomear

uma dificuldade de leitura apresentada por um de seus pacientes.

Portanto a dislexia é uma dificuldade de leitura e escrita que pode afetar

também a percepção dos sons da fala e se manifesta principalmente durante a fase

de alfabetização. É uma condição de aprendizagem de base genética, ou seja, tem

natureza hereditária. Existem vários genes envolvidos nesta condição e

pesquisadores no mundo todo estão trabalhando para identificar quais são esses

genes.

No entanto dizer que trata-se de algo hereditário, não significa que se um

dos pais tem dislexia, obrigatoriamente os filhos serão dislexos. A herança genética

aumenta a tendência para desenvolver a dislexia.

De acordo com CAPOVILLA (2002), há 03 aspectos que podem interagir

levando a dislexia: os aspectos biológicos, os cognitivos e os ambientais.

O DSM IV – Manual de Diagnóstico e Estatístico das Perturbações Mentais

(2002) publicado em 1994, pela Associação Psiquiátrica Americana (American

Psychiatric Association) em Washington - é a principal referência de diagnóstico

para os profissionais de saúde mental. Neste manual a definição do distúrbio é

assim descrita:

A característica essencial do Transtorno de Leitura consiste em um rendimento de leitura (isto é, correção, velocidade, ou compreensão da leitura, medidas por testes padronizados administrados individualmente) substancialmente inferior ao esperado para idade cronológica, a inteligência medida e a escolaridade do indivíduo. A perturbação da leitura interfere significativamente no rendimento escolar ou em atividades da vida cotidiana que exigem habilidades de leitura. (DSM-IV, 2002, p 55).

O CID 10 – Classificação Internacional de Doenças da OMS (Organização

Mundial de Saúde) e da ONU (Organização das Nações Unidas) tem a seguinte

classificação para o distúrbio:

Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares: transtornos nos quais as modalidades habituais de aprendizado estão alteradas desde as primeiras etapas do desenvolvimento. O

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comprometimento não é somente a conseqüência da falta de oportunidade de aprendizagem ou de um retardo mental, e ele não é devido a um traumatismo ou doenças cerebrais.

Transtorno específico de leitura: a característica essencial é um comprometimento específico e significativo do desenvolvimento das habilidades da leitura, não atribuível exclusivamente à idade mental, a transtornos de acuidade visual ou escolarização inadequada. A capacidade de compreensão da leitura, o reconhecimento das palavras, a leitura oral e o desempenho de tarefas que necessitem da leitura podem estar todas comprometidas. Este transtorno se acompanha freqüentemente de dificuldades de soletração, persistindo comumente na adolescência, mesmo quando a criança haja feito alguns progressos na leitura. As crianças que apresentam um transtorno específico da leitura têm freqüentemente antecedentes de transtornos da fala ou linguagem. O transtorno se acompanha comumente de transtorno emocional e de transtorno do comportamento durante a escolarização (CID 10, 2008, p. 238).

Em relação aos distúrbios específicos do aprendizado, e em especial na

dislexia do desenvolvimento (déficit de leitura que ocorra por algum tipo de disfunção

cerebral, antes mesmo de o sujeito adquirir a leitura), a troca de informações entre

as áreas médica, neuropsicológica e pedagógica, segundo LIMA (2009), é

fundamental para promover a interdisciplinaridade e, conseqüentemente, ampliar

nosso conhecimento acerca dessa e das demais disfunções, prática habitual da

ciência do século XXI.

O órgão responsável pela aprendizagem é o cérebro. A aprendizagem,

capacidade de processar, armazenar e usar a informação é, portanto, uma função

cerebral. No caso da leitura, processo altamente complexo, segundo LIMA (2009),

estão envolvidos tanto aspectos neurológicos como sensoriais, psicológicos, sócio-

culturais, socioeconômicos e educacionais, dentre outros. Portanto, um único

profissional não basta para analisar esses vários aspectos e fornecer diagnóstico

preciso e seguro.

Para MUNHOZ (2014), ao ser identificada a dificuldade para o aprendizado

da leitura e da escrita, a criança deve ser encaminhada para a avaliação de uma

equipe multidisciplinar composta, em geral, por um neuropediatra, um fonoaudiólogo

e um psicólogo que farão as avaliações específicas. São aplicadas provas e testes

para avaliar o nível de leitura, o vocabulário e habilidades específicas, como

memória, atenção e velocidade de processamento.

A Dislexia do desenvolvimento é uma disfunção do sistema nervoso central,

freqüentemente de origem constitucional, caracterizada pela dificuldade na aquisição

ou no uso da leitura e/ou escrita, que acomete crianças com inteligência normal,

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sem déficits sensoriais, com instrução supostamente adequada e na ausência de

problemas físicos ou emocionais significativos. Para a compreensão da Dislexia é

essencial ressaltar a contribuição inicial da descoberta do médico francês Pierre

Broca (1861), apud SHAYWITZ (2006, p. 60). Ele definiu a região frontal esquerda

do cérebro (especificamente o giro frontal inferior – conhecida como área de Broca),

sendo a responsável pela fluência da fala, e que uma lesão (afasia) nesta região

acarreta uma perda da fala, mas com a capacidade de entender a linguagem.

Wernick, apud SHAYWITZ (2006, p. 61), neurologista alemão, usou uma

combinação de perspicazes observações clínicas e de raciocínio dedutivo para

indicar que os danos à área localizada ao longo da parte superior do lobo temporal

(a região cerebral atrás da parte superior da orelha - conhecida como área de

Wernick) produziam outra espécie de afasia. O paciente fala com facilidade, mas

não entende a linguagem e se exprime de maneira incoerente.

Estas descobertas abriram as portas para que pudéssemos aprender como

o cérebro lê. Para ler, devemos entrar no sistema de linguagem, em nível neural,

isso significa que a leitura depende dos circuitos cerebrais já preparados para

linguagem. (SHAYWITZ, 2006).

Especialistas intrigados com a perda da capacidade de leitura por indivíduos

que sofreram lesões (Dislexia adquirida), segundo LIMA (2009), passaram a

pesquisar e a identificar as áreas que se comprometeram, correspondendo-as com a

perda da leitura. No entanto, indivíduos que não sofreram nenhum dano cerebral,

mas que também apresentavam dificuldade na leitura abriram possibilidades para

estudos, o qual identificamos hoje como Dislexia.

É necessário ressaltar o fato de que dislexia é um distúrbio de aprendizagem

e não uma dificuldade embora muitas vezes na língua portuguesa esses dois termos

sejam utilizados como sinônimos.

Dificuldade frente à aprendizagem tem tempo certo para surgir com começo,

meio e fim, podendo ser gerada a partir de fatores diversos que afetam a emoção da

criança e, conseqüentemente, seu rendimento escolar. Da mesma forma, algumas

desordens de caráter físico também contribuem para este quadro, como problemas

visuais, auditivos e alimentares, entre outros. Detectado o problema gerador do

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baixo rendimento escolar e buscando-se estratégias para solucioná-lo, a dificuldade

desaparece, confirmando a tese de que dificuldade é diferente de distúrbio.

Já o distúrbio segundo COLLARES e MOYSÉS (1992):

É um termo que se refere a um grupo heterogêneo de alterações manifestas por dificuldades significativas na aquisição e uso de audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Estas alterações são intrínsecas ao indivíduo e, presumivelmente, devidas à disfunção do sistema nervoso central.Apesar de um distúrbio de aprendizagem poder ocorrer concomitantemente com outras condições desfavoráveis (por exemplo: alteração sensorial, dificuldade mental, distúrbio social ou emocional) ou influências ambientais , não é resultado direto destas condições ou influências. (p. 32)

Ressalta-se que a Dislexia não tem cura, porém com práticas educativas

que visem à adequação às necessidades específicas de cada caso, existe a melhora

significativa na qualidade de vida acadêmica ou não, do dislexo.

1.2 TIPOS DE DISLEXIA

Desde o princípio dos anos 60 têm-se proposto diferentes tipos de dislexia,

baseando-se em classificações de 2, 3, e 4 tipos. A reunião das diferentes

classificações até à presente data é uma tarefa inacabada (GONZÁLEZ, 1996).

Seja qual for a classificação escolhida, segundo GONZÁLEZ (1996), todas

parecem ter em comum pelo menos duas grandes tipologias em função da alteração

primaria linguística, ou visuoperceptiva:

A dislexia de tipo auditivo-linguística com problemas fonológicos acentuados e

que implicariam disfunção do hemisfério esquerdo e;

A dislexia de tipo visuo-perceptivo com problemas visuo-espacial e visuo-

perceptivos implicando disfunção do hemisfério direito.

Também é comum aludir a um terceiro tipo de dislexia mista que participaria

de ambas as alterações.

As correspondências das descobertas neuroanatómicas e neurológicas

anteriormente resumidas com as tipologias disléxicas ainda permanecem em

debate, desta forma todos os tipos devem reunir-se considerando que a dislexia é,

em si mesmo, um problema eminentemente lingüístico, quer a leitura-escrita se

apresente fonológica, seqüencial ou visualmente problematizada. A incidência

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acrescida de atraso na linguagem (15%) em disléxicos, a sua dificuldade de

etiquetar ou nomear objetos comuns e perceber que as palavras são formadas por

unidades (fonemas, sílabas e morfemas) depende este caráter lingüístico da dislexia

(GONZÁLEZ, 1996).

1.2.1 DISLEXIA VISUAL

Características gerais, segundo MELLO (2009), do comportamento

1 – Dificuldades na interpretação e diferenciação de palavras;

2 – Dificuldades na memorização de palavras;

3 – Confusão na configuração de palavras;

4 – Freqüentes inversões, omissões e substituições;

5 – Problemas de comunicação não verbal;

6 – Problemas na grafomotricidade e na visuomotricidade;

7 – Dificuldades em relacionar a linguagem falada com a linguagem escrita.

Estratégias educacionais, segundo MELLO (2009)

1 – Usar métodos analíticos e métodos fônicos;

2 – Relacionar letras com sons singulares;

3 – Utilizar palavras com a mesma configuração;

4 – Identificar sons não verbais e verbais;

5 – Associar sons (sintetizar sílabas);

6 – Trabalhar com famílias de palavras;

7 – Criar pequenas frases e pequenas histórias;

8 – Aperfeiçoar as dificuldades visuais com situações de visuomotricidade;

9 – Realizar discriminação de formas e figuras;

10 – Detectar pormenores em figuras incompletas;

11 – Treinar a visualização de orientação diferenciada de palavras;

12 – Valorizar a velocidade de discriminação visual.

1.2.2 DISLEXIA AUDITIVA.

Características gerais do comportamento segundo MELLO (2009):

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1 – Dificuldades sutis de discriminação de sons;

2–Não-associação dos símbolos gráficos com as suas componentes auditivas;

3 – Confusão de silabas iniciais, intermédias e finais;

4 – Problemas de percepção auditiva;

5 – Problemas de articulação;

6 – Dificuldades em seguir orientações e instruções;

7 – Dificuldades de memorização auditiva;

8 – Problemas de atenção;

9 – Dificuldades de comunicação verbal.

Estratégias Educacionais:

1 – Desenvolver a correspondência entre a visão e a audição;

2 – Utilizar métodos visuais, com o recurso de imagens e fichas coloridas e

desenhadas;

3 – Frases simples;

4 – Refinar as aquisições auditivas (treino auditivo, discriminação e seqüências

auditivas);

5 – Imitação de sons;

6 – Códigos rítmicos;

7 – Agrupamento de sons;

8 – Análise e síntese de sons com reforço visual;

9 – Utilizar a leitura silenciosa;

10 – Discussões orais e exposição de acontecimentos;

11 – Utilização de figuras e bandas desenhadas.

1.2.3 COMORBIDADES

O termo comorbidade, segundo PETRIBÚ (2001), é formado pelo prefixo

latino cum, que significa contigüidade, correlação, companhia, e pela palavra

“morbidade”, originada de morbus, que designa estado patológico ou doença. Assim,

deve ser utilizado apenas para descrever a coexistência de transtornos ou doenças,

e não de sintomas. Para haver comorbidades, é importante a relação e a

continuidade temporal entre dois transtornos (ou mais), que podem surgir

simultaneamente ou um preceder o outro.

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A criança ou adulto disléxico pode apresentar somente este distúrbio de

aprendizagem ou alguns outros poderão estar associados também.

Os distúrbios que comumente podem aparecer em combinação com a

Dislexia, segundo DSM-IV (2002), são:

Discalculia: A Matemática recebe uma carga de amor e ódio por

grande parte das pessoas. O meio termo é difícil de ser encontrado. Na área da

educação é comum encontrarmos muitos profissionais que possuem aversão à

referida disciplina. O que se verifica de fato é uma dificuldade em relação à

aritmética, que é uma parte da Matemática relacionada aos raciocínios lógicos,

perceptivos e sensoriais (tamanhos, formas, espaço, dimensão e quantidade).

A incapacidade de compreensão dos números e das operações denomina-

se discalculia.

Os disléxicos que apresentam a discalculia como comorbidade têm

dificuldades para adquirirem rapidez e fluência em simples cálculos: adição,

subtração, multiplicação, divisão e na tabuada, mas eles poderão ter, não obstante,

boa habilidade em Matemática. Este fato acontece porque não há áreas do cérebro

que só se ocupam especificamente da leitura e soletração. As áreas usadas para a

linguagem escrita são usadas também para outros materiais simbólicos, incluindo

números, fórmulas, gráficos, diagramas, espaço-tempo, etc. Assim, se há um

problema nessas partes do cérebro, será afetado o processamento eficiente de

qualquer material simbólico, linguagem e matemática incluída, significa que as falhas

em uma área de aprendizagem podem estar freqüentemente vinculadas a falhas em

outras áreas.

Segundo SMITH e STRICK (2001), na discalculia as habilidades que podem

estar comprometidas são:

Lingüísticas - incapacidade para compreender ou nomear termos, operações ou

conceitos matemáticos e transpor problemas escritos para símbolos matemáticos.

Perceptivas - reconhecer ou ler símbolos numéricos ou aritméticos e agrupar objetos

em conjuntos.

Atentivas - não copiam corretamente cifras ou números, observar os sinais das

operações (não diferenciam + de x).

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Matemáticas - dificuldade em seguir etapas, contar objetos e aprender a tabuada de

multiplicação.

Nestes casos é importante a estimulação da aprendizagem que propicie o

desenvolvimento das habilidades de manipular, seriar, classificar, transportar, juntar

e copiar, processo esse chamado de pensamento pré-operacional e operacional,

segundo PIAGET (1999). Este tipo de estimulação é importante para o

desenvolvimento das referidas habilidades para qualquer criança, com ou sem

distúrbio de aprendizagem.

A linguagem escrita e a linguagem Matemática possuem algumas

semelhanças: ambas são linguagens representadas por símbolos que apresentam

pequenas ou nenhuma relação com as situações e eventos que eles descrevem.

Portanto, o uso da letra a ou do número 4 constitui uma representação

simbólica em ambos os exemplos, e que pouco ou nada tem a ver com a

representação concreta. Os dois símbolos (letras / números) têm estruturas e

requerem uma ordem e seqüência para serem usados eficientemente, ambos

requerem facilidade verbal para uma aprendizagem fluente e sua conseqüente

memorização.

Encontram-se dois subgrupos de disléxicos que apresentam como

comorbidade a discalculia (SMITH e STRICK, 2001, p.143):

1. Aqueles que compreendem os conceitos, mas são incapazes de representá-los no papel, isto é, eles sabem que processo ou operação usar, mas não conseguem fazê-lo com precisão quando lhes é solicitado à representação escrita (daí a importância de diferentes tipos de avaliações, que possam valorizar esta habilidade, deixando de priorizar somente a escrita).

2. Aqueles que têm pouca ou nenhuma idéia do por que os números ou símbolos são usados, ou seja, não compreendem os conceitos subentendidos em Matemática. Os resultados das pesquisas em Dislexia e Matemática variam consideravelmente e uma estimativa conservadora, baseada em estudos iniciais.

Os autores ainda afirmam que quase 60% dos disléxicos têm alguma

dificuldade em Matemática, dois terços encontram-se na faixa etária entre 8 a 14

anos, 11% são excelentes em Matemática e 29% tem bom desempenho.

Existem casos em que a criança pode apresentar somente a discalculia, pois

este é um distúrbio independente, porém a incidência é muito pequena em relação

aos demais distúrbios e em especial à Dislexia.

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É bom lembrar que nem todo disléxico apresenta discalculia e vice-versa,

porém existe uma relação considerável entre ambos.

No campo da investigação muito se tem estudado sobre Dislexia, porém em

relação à discalculia os achados são poucos.

Disgrafia: Também chamada de forma mais simplória como “letra feia”.

Geralmente ocorre devido à dificuldade de recordar a grafia correta para representar

um determinado som (seja ele lido, ouvido ou elaborado mentalmente). Em geral, o

disgráfico apresenta baixo desempenho em cópias ou escrita espontânea devido à

produção ilegível.

Neste caso, quando existe a necessidade de produção escrita, a criança

pode ser confundida como portadora de alguma patologia neurológica, porém na

realidade possui inteligência na média ou acima para poder responder corretamente

qualquer questão. Não há relação entre este distúrbio e rebaixamento de QI.

Por estar relacionada à má organização de espaço temporal, tanto na

discalculia como na Dislexia, é comum serem percebidas as seguintes

características nas produções escritas de um disortográfico, entre elas (SMITH e

STRICK, 2001):

Possui ritmo lento ao escrever, corrigindo-se com o intuito de “retocar” aquilo que

percebe ter errado, porém o faz de forma inadequada, apresentando um resultado

insatisfatório, pois acaba produzindo um amontoado de letras;

Utiliza de maneira inadequada os espaços entre as palavras e o próprio espaço

do papel;

Não respeita as margens da folha;

Sua escrita pode ser ascendente ou descendente;

A grafia das letras é deformada e muito irregular, devido à falta de pressão na

pegada do lápis (movimento de pinça), ou pode ocorrer o outro extremo, quando

possuem um traçado demasiadamente forte que acaba vincando o papel;

A organização do caderno inexiste, assim como sua própria orientação espacial.

Disortografia: De acordo com o DSM-IV de 2002, a disortografia é um

transtorno de aprendizagem que compromete o rendimento acadêmico, no caso de

crianças e adolescentes, e profissional, no caso de adultos, visto que a escrita é

muito presente em quase todos os contextos sociais. Ela só pode ser diagnosticada

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de fato ao final do período de alfabetização, como sendo um transtorno da

expressão escrita (DSMIV, 2002) ou disortografia (CID 10, 1993). Mais uma vez,

cabe ressaltar que não pode ser justificada por condição neurológica, outra condição

médica geral ou déficit sensorial.

Para ser disortografia é importante levar-se em conta que as habilidades de

escrita estão “acentuadamente abaixo do esperado, considerando a idade

cronológica, a inteligência medida e a escolarização apropriada à idade do

indivíduo.” (DSM-IV, 2002).

Os transtornos causados por este distúrbio são percebidos na aprendizagem da ortografia, gramática e redação, apesar de o sujeito possuir uma inteligência normal, saúde e órgãos sensoriais intactos, bem como instrução adequada. (CAPOVILLA; MACEDO, 2005, p. 219).

Características da disortografia são assinaladas por esses mesmos autores:

Dificuldade em expressar idéias pelo código escrito;

Uso restrito de vocabulário;

Junções e separações de palavras de maneira inadequada;

Apoio excessivo na oralidade;

Trocas de letras que se assemelham visualmente por “espelhamento”;

Substituição entre letras auditivamente semelhantes;

Omissões ou acréscimos de letras e sílabas.

Déficit de atenção e Hiperatividade. - O Transtorno do Déficit de Atenção –

Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de base genética, que se

caracteriza por sintomas de desatenção, acompanhada ou não de hiperatividade e

impulsividade, resultante de um desenvolvimento não adequado e causando

dificuldades na vida diária. Pode ser chamado também de DDA (Distúrbio de Déficit

de Atenção) ou DDAH (Distúrbio de Déficit de Atenção – Hiperatividade)

(WAJNSZTEJN, 2005).

As crianças que sofrem de TDAH formam, aproximadamente, 3 a 5% da

população escolar mundial .(SMITH; STRICK, 2001).

Segundo a Associação Americana de Psiquiatria (American Psychiatric

Association), existe uma lista de sintomas deste transtorno que devem estar

presentes no indivíduo e o diagnóstico é de alçada médica.

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Abaixo segue uma lista de sintomas, sendo que, em cada uma delas, o

indivíduo deve ter pelo menos seis deles (SMITH; STRICK, 2001):

Desatenção:

Com freqüência deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por

descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras;

Com freqüência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades

lúdicas;

Com freqüência parece não escutar quando lhe dirigem a palavra;

Com frequência não segue instruções e não termina seus deveres escolares e

tarefas domésticas;

Com frequência reluta em envolver-se em tarefas ou atividades ou evita-as;

Com frequência tem dificuldade para organizar tarefas e atividades;

Com frequência perde coisas (como brinquedos, tarefas escolares, livros, material

escolar);

Distrai-se facilmente com visões e sons irrelevantes;

Com frequência apresenta esquecimento em tarefas diárias.

Hiperatividade e Impulsividade:

Com frequência retorce as mãos e os pés, remexendo-se na carteira;

Com frequência levanta da cadeira em sala de aula ou em outras situações nas

quais se espera que permaneça sentado;

Corre e sobe demasiadamente nos objetos em situações nas quais isso é

impróprio;

Tem grande dificuldade para brincar em silêncio;

Com frequência está a “mil por hora” ou age como se “impulsionado por um

motor”;

Fala excessivamente;

Com frequência dá respostas precipitadas antes das questões terem sido

completadas;

Com frequência tem dificuldade em esperar sua vez;

Com frequência interrompe ou intromete-se nos assuntos de outros.

Muitas pessoas confundem o TDAH com a Dislexia. Alguns até usam os dois

termos indiscriminadamente. Mas o TDAH e a Dislexia são disfunções

completamente diferentes. Enquanto a Dislexia é uma disfunção cuja base é a

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linguagem, e que afeta a leitura, o TDAH é um problema que reflete dificuldades

para distribuir, focar e sustentar a atenção. Entre 12 e 24% dos indivíduos disléxicos

tem como comorbidade o TDAH. (SHAYWITZ, 2006).

Existem casos de crianças que além da Dislexia possuem todas as

comorbidades citadas. (DSM IV, 2002).

É importante destacar que não existe uma obrigatoriedade ou um padrão em

relação às comorbidades, pois cada caso é único. Os estudos apontam a presença

desta ou daquela comorbidade em crianças com diagnóstico de Dislexia, mas

pontuam que não é imperativa a presença dos mesmos.

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2. SINAIS DE DISLEXIA

Para SHAYWITZ (2006), existem características que podem ajudar o

educador identificar sinais da Dislexia. Tais como:

Problemas em reconhecer, ler ou escrever palavras isoladas;

Dificuldade em estruturar trabalhos escritos, como redações;

Problemas com ortografia;

Inversão de letras;

Dificuldade de memória a curto prazo;

Dificuldade em revisar ou identificar erros;

Compreensão auditiva inferior à média;

Problemas com organização;

Dificuldade em escrever à mão;

Baixo limiar de atenção quando escuta;

Problemas com discriminação visual;

Problemas com percepção espacial;

Dificuldade em lembrar nomes;

Lentidão em fazer tarefas escolares;

Pouca noção de tempo;

Dificuldade em distinguir certos sons entre vogais e consoantes;

Confusão com símbolos e com o alfabeto;

Problemas em lembrar a rotina diária;

Compreensão inferior de leitura.

Para SMITH e STRICK (2001) alguns aspectos devem ser praticados pelos

educadores:

Permitir assentos preferenciais (próximo ao professor, próximo ao quadro negro);

Providenciar cópias de anotações (podem ser oferecidas pelo professor ou por

outro aluno);

Manter sempre o contato visual, certificando-se que o aluno está olhando

diretamente para você;

Permitir uso de gravador para registro de aulas expositivas;

Permitir o uso de calculadoras;

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Providenciar o acesso a um computador;

Permitir atividades alternativas (pedir que o aluno prepare um vídeo ao invés de

um relatório escrito);

Sublinhar, ou salientar de outro modo, textos e exercícios para que os estudantes

localizem melhor o material mais importante;

Oferecer instruções tanto oralmente (certificar-se que ele está ouvindo e

prestando atenção naquilo que está sendo dito) quanto por escrito;

Oferecer fácil acesso a tabuadas, listas de fórmulas, mapas (ao invés de exigir

que o aluno memorize);

Designar parceiros de estudos;

Realizar pré-leitura do material escrito (discutir os conteúdos dos textos

distribuídos previamente);

Não solicitar que faça leitura em voz alta (somente se o aluno explicitar esta

vontade), principalmente diante do grupo;

Utilizar atividades lúdicas para introduzir novos conceitos ou reforçá-los;

Lançar mão deste recurso sempre que possível, pois permitirá que o aluno

disléxico mostre sua capacidade de aprender através de outras habilidades, que

não a de leitura.

2.1 O PAPEL DO EDUCADOR

O educador possui papel de destaque na vida acadêmica de todos

educandos, mas em relação àqueles que apresentam um ou alguns distúrbios de

aprendizagem ele é vital na promoção do sucesso escolar.

De acordo com MORAIS (1996), existem atitudes em relação às práticas do

educador, assim como em relação às suas próprias expectativas, que devem ser

muito bem definidas ao trabalhar com o aluno disléxico. Dentre elas, destacam-se:

Compreender que apesar de todo esforço por parte do aluno, muitas vezes ele

não conseguirá corresponder às expectativas, mas não por “preguiça” ou “má

vontade”;

Respeitar suas dificuldades;

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Respeitar seu ritmo e não envolvê-lo em situações de competição com os demais

colegas (somente se o aluno assim o desejar);

Não colocá-lo em situações geradoras de ansiedade;

Não compará-lo com os demais alunos;

Conversar separadamente com o aluno, explicando-lhe que sabe sobre seu

distúrbio e que poderá sempre auxiliá-lo, estabelecendo assim um clima de

sinceridade, onde o aluno sentirá que tem apoio e que pode ficar mais tranqüilo

sobre suas possíveis ações, frente ao distúrbio;

Desenvolver sua auto-estima, identificando suas áreas de interesse e estimulá-

las;

Compensar sua limitação em relação à leitura, reforçando as demais áreas que

possui considerável desenvoltura;

Reforçar de maneira positiva (elogios) todo e qualquer esforço em relação ao seu

desempenho escolar, ainda que tenha ocorrido de maneira discreta, visando

desenvolver a autoconfiança do aluno;

Focalizar sempre as capacidades e habilidades e nunca o contrário;

Ter em mente que Dislexia não é uma doença, mas um modo peculiar de

funcionamento dos centros neurológicos de linguagem (disfunção cerebral), por

isso não existe tratamento medicamentoso; não tem cura e existe uma

predisposição genética;

Os bons ou maus vínculos são preditivos de sucesso ou fracasso, principalmente

na vida acadêmica do disléxico, portanto os vínculos afetivos e estratégias que

privilegiem a maneira de aprender deste aluno são extremamente importantes

para garantir seu sucesso;

Encoraje a independência provendo compreensão e apoio;

Forneça elementos para que possa expressar sua criatividade;

Ensine-o a usar sua intuição; explique de que forma você a utiliza para ajudar a si

mesmo;

Lembre-se: o disléxico é persistente e não teimoso, possui a capacidade

intelectual preservada.

Os três autores reforçam o quanto é importante valorizar as habilidades que

o educando possui e não fixar-se somente no distúrbio. Pontuam, ainda, que sem

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um conhecimento específico, por parte dos educadores, a inclusão do aluno

disléxico não ocorre.

2.2 A DISLEXIA NO CONTEXTO ESCOLAR

2.2.1 NA ALFABETIZAÇÃO

LIMA (2002), coloca que é função da escola ampliar a experiência humana,

portanto a escola não pode ser limitada ao que é significativo para o aluno, mas criar

situações de ensino que ampliem a experiência, aumentando os campos de

significação.

Do ponto de vista do desenvolvimento e da construção de significados, só

pode ser significativo para a pessoa aquilo do qual ela possui um mínimo de

experiências e de informação. Por isso, o disléxico precisa olhar e ouvir

atentamente, observar os movimentos da mão quando escrever e prestar atenção

aos movimentos da boca quando fala. Desta maneira, a criança disléxica associará

a forma escrita de uma letra tanto com seu som como com os movimentos, pois

falar, ouvir, ler e escrever, são atividades da linguagem.

FONSECA (1995), retrata muito bem isso quando diz que uma coisa é a

criança que não quer aprender a ler, outra é a criança que não pode aprender a ler

com os métodos pedagógicos tradicionais. Não podemos assumir atitudes

reducionistas que afirmam que a dislexia não existe. De fato, a dislexia é muito mais

do que uma dificuldade na leitura. Como já foi dito a dislexia normalmente não

aparece isolada, ela surge integrada numa constelação de problemas que justificam

uma deficiente manipulação do comportamento simbólico que trata de uma

aquisição exclusivamente humana.

Muitos autores têm defendido o método fonético como o mais adequado na

alfabetização de disléxicos e não disléxicos. Os métodos fonéticos favorecem a

aquisição e o desenvolvimento da consciência fonológica que é a capacidade de

perceber que o discurso espontâneo é uma seqüência de sentenças e que estas são

uma seqüência de palavras, que as palavras são uma seqüência de sílabas, que as

sílabas são uma seqüência de fonemas, o que auxiliaria muito nas dificuldades dos

alunos disléxicos.

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Para auxiliar o aluno disléxico em suas dificuldades, a escola deve dar

encorajamento, atender e respeitar as capacidades e os limites da criança, estar

informada, para amparar a criança em sua dificuldade, manter o professor da classe

familiarizado e sensibilizado com a dislexia, para compreender e apoiar a criança, na

sala de aula, reconhecer a necessidade de ajuda extra e desenvolver um clima de

paciência, para que as crianças possam ter tempo suficiente para cumprir suas

tarefas e, até mesmo, repeti-las várias vezes para retê-las.

É importante, também, conscientizar toda a comunidade escolar que estas

“facilidades” dadas aos disléxicos, na verdade, representam a única forma que este

tem para competir em igualdade de condições com seus colegas.

Já na Pré-escola, é possível observar alguns sinais, que podem indicar um

possível caso de dislexia. Segundo IANHEZ (2002), é preciso ficar alerta caso,

observe-se algum desses sintomas:

Atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem.

Dificuldade em aprender rimas e canções.

Falta de interesse por livros impressos.

O fato de apresentar alguns desses sintomas não indica necessariamente

que ela seja disléxica; há outros fatores a serem observados. Porém, com certeza,

estaremos diante de um quadro que pede uma maior atenção e/ou estimulação.

Na idade escolar também existem alguns sinais que os professores devem

ficar atentos. Para IANHEZ (2002), estes são sinais importantes de dislexia na idade

escolar:

Lentidão na aprendizagem dos mecanismos da leitura e escrita;

Trocas ortográficas ocorrem, mas dependem do tipo de dislexia;

Problema para reconhecer rimas e alterações;

Desatenção e dispersão;

Desempenho escolar abaixo da média, em matérias específicas, que dependem

da linguagem escrita;

Melhores resultados, nas avaliações orais, do que nas escritas;

Dificuldade de coordenação motora fina (para escrever, desenhar e pintar) e

grossa (é descoordenada);

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Dificuldade de copiar as lições do quadro, ou de um livro;

Problema de lateralidade (confusão entre esquerda e direita, ginástica);

Dificuldade de expressão: vocabulário pobre, frases curtas, estrutura simples,

sentenças vagas;

Dificuldade em manusear mapas e dicionários;

Esquecimento de palavras;

Problema de conduta: retração, timidez excessiva e depressão;

Desinteresse ou negação da necessidade de ler;

Leitura demorada, silabadas e com erros. Esquecimento de tudo o que lê;

Salta linhas durante a leitura, acompanha a linha de leitura com o dedo;

Dificuldade em matemática, desenho geométrico e em decorar seqüências;

Aproveita o que ouve, mas não o que lê;

Demora demasiado tempo na realização dos trabalhos de casa;

Não gosta de ir a escola;

Apresenta “picos de aprendizagem”, nuns dias parece assimilar e compreender os

conteúdos e noutro, parece ter esquecido o que tinha aprendido anteriormente;

Pode evidenciar capacidade acima da média em áreas como: desenho, pintura,

música, teatro, esporte, etc;

O estudo da dislexia, em sala de aula, tem como ponto de partida a

compreensão, das quatro habilidades fundamentais da linguagem verbal:

A leitura,

A escrita,

A fala e

A escuta.

Destas, a leitura é a habilidade lingüística mais difícil e complexa, e a mais

diretamente relacionada com a dificuldade específica de acesso ao código escrito

denominada “dislexia”. (PINTO, 2003).

Segundo PINTO (2003), no caso da criança em idade escolar, a

psicolinguística, define a dislexia como um déficit inesperado na aprendizagem da

leitura (dislexia), da escrita (disgrafia) e da ortografia (disortografia) na idade em que

essas habilidades já deveriam ter sido automatizadas. É o que se denomina “dislexia

de desenvolvimento”.

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Para ensinar crianças com distúrbios de aprendizagem, segundo KAPPES,

FRANZEN, TEIXEIRA & GUIMARÃES (2012), é preciso conhecer os processos

educacionais. Daí resulta a importância da pré-escola, que é a época propícia para

desenvolver a capacidade cognitiva da criança normal ou mesmo disléxica, através

de métodos ativos e baseados na psicologia, de Jean Piaget. É preciso então

atender os estágios de desenvolvimento mental da criança, sem pressa de

alfabetizar, antes que ela esteja madura neurologicamente.

Para a criança disléxica, segundo KAPPES, FRANZEN, TEIXEIRA &

GUIMARÃES (2012), o método multissensorial surge com o objetivo de trabalhar a

criança, para que aprenda a dar respostas automáticas duradouras (nomes, sons e

fonemas) e desenvolver habilidades como seqüenciar palavras. Na alfabetização, a

introdução de cada letra, com ênfase na sua relação com o nome/som e com a

importância em dar a sua forma correta, torna o ensino sistemático e cumulativo, e

deverá ser avaliado regularmente, de forma a verificar a sua eficiência.

2.2.2 O PAPEL DO PROFESSOR

COLL (1995), propõe que os professores encontram-se normalmente, diante

de um grupo de alunos com diferentes níveis, na área da comunicativo-linguística.

Os professores precisam estar atentos para esta realidade, e para as

particularidades de seu grupo. Suspeitando dos sintomas, deve sugerir um

encaminhamento clínico para a criança e após diagnosticado, o quadro, é

necessário que ele se dedique muito ao aluno, em sala de aula, e ao longo do

tratamento, que envolve em partes iguais a escola, a família e profissionais da

saúde.

A primeira tarefa do professor é resgatar a autoconfiança do aluno.

Descobrir suas habilidades para que possa acreditar em si mesmo ao se destacar

em outras áreas.

O papel do professor é dirigir um olhar flexível para cada aluno que tenha

dificuldade, compreender e buscar um diagnóstico especializado, uma orientação

para melhorar o dia-a-dia da criança, e se instrumentalizar, pois há muitos

professores que lecionam e não sabem o que é dislexia. É do maior interesse o uso

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de instrumentos que permitam detectar precocemente qualquer dificuldade de

aprendizagem, pois só assim uma intervenção psicopedagógica pode ser

considerada socialmente útil, pois quanto mais tarde for identificada a dificuldade,

menos hipóteses haverá para solucionar corretamente. (FONSECA, 1995).

O professor que deseja ajudar seus alunos sabe que é necessário

encaminhá-lo para tratamento e colaborar no mesmo. E que o atendimento gratuito

é sujeito a grande espera e que o nível econômico da maioria, não permite

tratamento particular. Só através de um trabalho paciente e constante, poderá

prestar a ajuda, que a criança tanto necessita.

O ideal é trabalhar a autonomia da criança, para que ela não comece a

sentir-se dependente em tudo. O professor deve acolher e respeitá-lo, em suas

diferenças, sem cair no sentimento de pena.

Cabe ao professor recorrer a diversas atividades e técnicas de ensino e

descobrir qual delas melhor se adapta a cada estudante e a cada situação.

Como é uma síndrome geralmente detectada na Infância, o papel do

professor é muito importante, principalmente na fase da alfabetização. Ter o feeling

de perceber algo errado com determinado aluno é essencial para evitar traumas

futuros. Porém o que muitas vezes acontece é a falta de conhecimento sobre a

dislexia que pode trazer avaliações distorcidas. Esse quadro de dificuldade de leitura

não tem cura, e acompanha uma pessoa por toda a vida.

Nenhum professor precisa ser oftalmologista para notar que o estudante não

está enxergando bem. O dia-a-dia da sala de aula mostra isso. O mesmo vale para a

audição e outras deficiências, como a própria dislexia. O professor percebe que tal

pessoa é inteligente, perspicaz, criativa, tem facilidade para fazer uma porção de

coisas, no entanto, quando tem que ler, escrever ou entender o que leu pronto, nem

parece à mesma. Esses indícios são os mais significativos.

É importante que o professor explique à criança o seu problema, sente ao

lado dela, não a pressione com o tempo, não estabeleça competições com os

outros, que seja flexível quanto ao conteúdo das lições, que faça críticas

construtivas, estimule o aluno a escrever em linhas alternadas (o que permite a

leitura da caligrafia imprecisa), certifique-se de que a tarefa de casa foi entendida

pela criança, peça aos pais que releiam com ela as instruções, evite anotar todos os

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erros na correção (dando mais importância ao conteúdo), não corrija com lápis

vermelho (isso fere a suscetibilidade da criança com problemas de aprendizagem), e

procure descobrir os interesses e leituras que prendam a atenção da criança.

É de grande importância ressaltar, que a manutenção de turmas pequenas, com no

máximo 20 alunos, ou menos, é de extrema relevância, para que o professor tenha

oportunidade de observar de maneira adequada a todos os educandos, como

também dispor de tempo para auxiliá-los.

2.2.3 O PAPEL DOS PAIS

Os pais conhecem seus filhos melhor do que ninguém, por este motivo

precisam ficar atentos a frustrações, tensões, ansiedades, baixo desempenho e

desenvolvimento. É deles a responsabilidade de ajudar a criança a ter resultados

melhores, e deve partir deles, a procura de profissionais para realizar um diagnóstico

multidisciplinar a cerca das dificuldades da criança, porque quanto mais cedo for

realizado o diagnóstico e intervenção melhor, maiores são as oportunidades de

sucesso.

O encorajamento, a ajuda, a compreensão e a paciência (pois o disléxico

leva mais tempo para realizar algumas tarefas, e poderá ter de repeti-las várias

vezes para retê-las), segundo ALVES (2007), fazem parte do papel dos pais, assim

como ir em busca de uma instituição educacional que atenda da melhor maneira às

necessidades da criança (por exemplo, estudar o currículo da escola e seu método

de ensino).E ter uma relação de troca, fazendo um intercâmbio entre os

acontecimentos em casa, na escola e com os profissionais envolvidos.

Apesar de suas dificuldades, segundo ALVES (2007), o disléxico apresenta

muitas habilidades e talentos, como a facilidade para construir, ou consertar as

coisas quebradas, ser um ótimo amigo, ter idéias criativas, achar soluções originais

para os problemas, desenhar e/ou pintar muito bem, ter ótimo desempenho nos

esportes e na música, demonstrar grande afinidade com a matemática, revelar-se

bom contador de histórias, sobressair-se como ator ou dançarino e lembrar-se de

detalhes.

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Portanto, é importante que os pais focalizem sempre o que ele faz melhor,

encorajando-o a fazê-lo. É importante elogiar e ressaltar sempre as respostas

corretas e não as erradas, valorizando seus acertos. Tranqüilize a criança, pois

apesar das dificuldades de aprendizagem, ela é inteligente e esperta. E não deixe a

criança sentir que o seu valor como pessoa está relacionado ao seu desempenho

escolar.

Os pais, segundo KAPPES, FRANZEN, TEIXEIRA & GUIMARÃES (2012),

podem auxiliar seu filho disléxico, programando o seu dia, através do horário do

sono, incentivando a comunicação (falar e escutar são importantes), conversando

bastante com a criança, expressando sentimentos, demonstrando interesse, tendo

vocabulário e fala fluente e estimulando suas habilidades.

Para o disléxico organizar-se, é necessário dividir o tempo, para fazer as

lições de casa, dividir trabalhos longos em partes menores, ter um lugar específico

para fazer as lições e atividades, usar agenda, calendário visíveis e fazer

planejamento diário para suas tarefas.

O fundamental é identificar o problema e dar instrumentos para a criança,

apesar da dificuldade.

2.2.4 SUGESTÕES E RECURSOS

A Associação Brasileira de Dislexia faz algumas sugestões visando à

melhoria da AVD’s e qualidade de vida da criança disléxica, tais como:

• Estabelecer horários para refeições, sono, deveres de casa e recreações;

• Marcar no relógio, com palavras, as horas das obrigações. Isso evita a

preocupação da criança;

• Para as crianças que tem dificuldades com direita e esquerda, uma marca é

necessária. Isso pode ser feito com um relógio de pulso, um bracelete ou um botão

pregado no bolso do lado favorito;

• Reforçar a ordem das letras do alfabeto, cantando e dividindo-as em pequenos

grupos;

• Ensinar a criança a “sentir” as letras através de diferentes texturas de materiais,

como areia, papel, veludo, sabão, etc;

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• Ler histórias que se encontrem no nível de entendimento da criança;

• Instruir as crianças canhotas precocemente, para evitar que assumam posturas

pouco confortáveis e mesmo prejudiciais, como encobrir o papel com a mão ao

escrever;

• Providenciar para que a criança use lápis ou caneta grossos, com película de

borracha ao redor, e que sejam de forma triangular;

• A criança disléxica confunde-se com o volume de palavras e números com que tem

de se defrontar. Para evitar isso, arranjar um cartão de aproximadamente 8cm de

comprimento por 2cm de largura, com uma janela no meio, da largura de uma linha

escrita e comprimento de 4cm. Deslizando o cartão na folha à medida que a criança

lê, ele bloqueia o acesso visual para as linhas de baixo e de cima e dirige a atenção

da criança da esquerda para a direita.

A motivação é muito importante para a criança disléxica, pois, ao se sentir

limitada e inferiorizada, ela pode se revoltar e assumir uma atitude de negativismo.

Por outro lado, quando se vê compreendida e amparada, ganha segurança e

vontade de colaborar.

Alguns recursos e alternativas para que a criança consiga acompanhar a

turma:

• Iniciar cada novo conteúdo, com um esquema, mostrando o que será apresentado

no período. No final, resumir os pontos-chaves;

• Usar vários recursos de apoio para apresentar a lição à classe, além do quadro-

negro: projetor de slides, retroprojetor, vídeos e outros recursos multimídia;

• Introduzir vocabulário novo ou técnico de forma contextualizada;

• Evitar dar instruções orais e escritas ao mesmo tempo;

• Avisar, com antecedência, quando houver trabalhos que envolvam leitura, para que

o aluno encontre outras formas de realizá-lo, como gravar o livro, por exemplo;

• Fazer revisões com tempo disponível para responder às possíveis dúvidas;

• Autorizar o uso de tabuadas, calculadoras simples, rascunhos e dicionários,

durante as atividades e avaliações;

• Aumentar o limite do tempo para atividades escritas;

• Ler enunciados em voz alta e verificar se todos entenderam o que está sendo

pedido;

• Usar gravador;

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• Confecção, do próprio material para alfabetização, como desenhar e montar uma

cartilha;

• Uso de gravuras e fotografias (a imagem é essencial);

• Material dourado;

• Folhas quadriculadas para matemática;

• Não deve ser forçada a ler em voz alta, em classe, a menos que demonstre desejo

em fazê-lo;

• Uso de informática, como corretor ortográfico.

Entre alguns exemplos de atividades e técnicas aplicáveis ao disléxico,

podemos destacar:

Colocar o aluno na primeira classe (para poder dar atenção especial a ele)

Repetir só para a criança o que disse para a classe,

Ler novamente um trecho do livro só para ela,

Corrigir atividades ao lado dela,

Dar um tempo maior para que faça o mesmo trabalho que os demais,

Substituir avaliações e outros trabalhos escritos por orais e

Utilizar programas oferecidos no mercado para montar uma metodologia de

apoio ao aprendizado.

A escola tem papel fundamental no trabalho com os alunos que apresentam

dificuldades de linguagem. Muitas vezes (na maioria) a criança se sentirá insegura,

para se sentir mais querido e aceito pelos professores e colegas é importante que o

mesmo seja motivado. É claro que isso exigirá esforço e disponibilidade por parte do

professor maior do que o normal, mas esse apoio e atenção oferecidos elevará a

auto-estima rebaixada, e mesmo que demore esta criança reagirá de forma positiva

a esse incentivo.

2.3 COMO INTERAGIR COM O DISLÉXICO EM SALA DE AULA

A escola é um lugar de encontro, que possibilita e valorizar a

heterogeneidade, enriquecendo as relações e interações com o outro.

É na escola que a dislexia, de fato, aparece. Entretanto, a escola que

conhecemos não foi feita para o disléxico. Objetivos, conteúdos, metodologias,

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organização, funcionamento e avaliação nada têm a ver com ele. Não é por acaso

que muitos dislexos não sobrevivem à escola e são por ela esquecidos. E os que

conseguem resistir a ela e diplomar-se o fazem, astuciosa e corajosamente, por

meio de artifícios, que lhes permitem driblar o tempo, os modelos, as exigências

burocráticas, as cobranças dos professores, as humilhações sofridas e,

principalmente, as notas.

Neste contexto, o educador deve estar aberto para lidar com as diferenças, e

ser um estimulador do prazer de aprender, um especialista em despertar a

autoestima. Para que isto ocorra, deve transformar a sala de aula em uma “oficina”,

preparada para COMO INTERAGIR (2014), o raciocínio, resolver conflitos de

opinião, e obter uma ação construtiva. Sob este prisma, a interação com o aluno

disléxico torna-se facilitada, pois, apesar do distúrbio de linguagem, este aluno

apresenta potencial intelectual e cognitivo preservado; desta maneira estará sendo

estimulado e respeitado, além de se favorecer um melhor desempenho.

É equivocado insistir em exercícios de “fixação“: repetitivos e

numerosos, isto não diminui sua dificuldade.

Levando-se em conta que o ensino, a aprendizagem e a avaliação

constituem um ciclo articulado, deve-se para isso, MARTINS (2007), cumprir quatro

perspectivas importantes:

Ser formativa

Ser qualitativa

Ser construtivista

Multimeios

A inclusão do aluno disléxico na escola, como pessoa portadora de

necessidade especial, está garantida e orientada por diversos textos legais e

normativos.

A lei 9.394, de 20/12/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), por

exemplo, prevê:

- que a escola o faça a partir do artigo 12, inciso I, no que diz respeito à elaboração

e à execução da sua Proposta Pedagógica;

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- que a escola deve prover meios para a recuperação dos alunos de menor

rendimento (inciso V);

- que se permita à escola organizar a educação básica em séries anuais, períodos

semestrais e ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não

seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios ou por forma

diversa de organização (artigo 23);

- que a avaliação seja contínua e cumulativa, com a prevalência dos aspectos

qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período (artigo 24,

inciso V, a alínea a).

Diante de tais possibilidades, é possível construir uma Proposta Pedagógica

e rever o Regimento Escolar considerando o aluno disléxico.

Na Proposta Pedagógica existem as seguintes possibilidades:

a) Provas escritas, de caráter operatório, contendo questões objetivas e/ou

dissertativas, realizadas individualmente e/ou em grupo, sem ou com consulta a

qualquer fonte;

b) Provas orais, através de discurso ou argüições, realizadas individualmente ou

em grupo, sem ou com consulta a qualquer fonte;

c) Testes;

d) Atividades práticas, tais como trabalhos variados, produzidos e apresentados

através de diferentes expressões e linguagens, envolvendo estudo, pesquisa,

criatividade e experiências práticas realizados individualmente ou em grupo, intra ou

extraclasse;

e) Diários;

f) Fichas avaliativas;

g) Pareceres descritivos;

h) Observação de comportamento, tendo por base os valores e as atitudes

identificados nos objetivos da escola (solidariedade, participação, responsabilidade,

disciplina e ética).

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É importante manter a comunidade educativa permanentemente informada a

respeito da dislexia. Informações sobre eventos que tratam do assunto e seus

resultados, desempenho dos alunos portadores da dislexia, características desse

distúrbio de aprendizagem, maneiras de ajudar o aluno disléxico na escola, etc.

Não é necessário que alunos disléxicos fiquem em classe especial. Esses

alunos têm muito a oferecer para os colegas e muito a receber deles. Essa troca de

humores e de saberes, além de afetos, competências e habilidades só faz crescer

amizade, a cooperação e a solidariedade.

O diagnóstico de dislexia traz sempre indicação para acompanhamento

específico em uma ou mais áreas profissionais (fonoaudiologia, psicopedagogia,

psicologia…), de acordo com o tipo e nível de dislexia constatado. Assim sendo, a

escola precisa assegurar, desde logo, os canais de comunicação com o(s)

profissional (is) envolvido(s), tendo em vista a troca de experiências e de

informações.

Os professores que trabalham com a classe desse aluno devem saber da

existência do quadro de dislexia. Quanto aos colegas, o critério é do aluno: se ele

quiser contar para os companheiros que o faça.

Não há receita para trabalhar com alunos disléxicos. Assim, é preciso mais

tempo e mais ocasiões para a troca de informações sobre os alunos, planejamento

de atividades e elaboração de instrumentais de avaliação específicos.

Pode haver ainda certa relutância inicial (ou dificuldade) por parte de alguns

professores para separar o comportamento do aluno disléxico das suas dificuldades,

angustia em relação ao nível de aprendizado do aluno, além de receio do professor

em relação às normas burocráticas, aos companheiros de trabalho, aos colegas do

aluno disléxico, familiares, etc.;

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sim100%

não0%

Conhece/ Não conhece o termo dislexia

3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS

Através de dados coletados pelo questionário aplicado aos professores

possibilita-se perceber a dimensão do conhecimento sobre este distúrbio lingüístico

por parte dos educadores, pois eles estão diretamente em contado com os alunos,

possibilitando-lhes o conhecimento e aprendizagem educacional, percebendo assim

se realmente esta dificuldade biológica é lidada da maneira adequada, fazendo uso

dos recursos necessários para a melhora do desenvolvimento de cada aluno.

Para iniciar-se a pesquisa é preciso saber se os professores conhecem o

termo dislexia. Na questão número um 100% dos docentes responderam que sim,

conhecem o termo dislexia (GRAF. 1), mas, vale ressaltar que conhecer o termo é

apenas ouvir falar e não realmente saber o seu significado, ou seja, sua causa e

implicações, como se vê no gráfico 02(definição de dislexia)

Gráfico 1: Nível de conhecimento dos professores pesquisados sobre a dislexia./ Fonte: dados da pesquisa

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2

3

10

Definição de dislexia

Preguiça

Desmotivação

Dificuldade

Gráfico 2: Como os professores definem a dislexia. / Fonte: Dados da pesquisa

Através destes gráficos pode-se deduzir que estes professores já ouviram

falar, ou mesmo leram a respeito do tema, no entanto nem todos sabem o seu real

significado , consequentemente tem o dever de se preocupar e procurar buscar

conhecimento sobre este assunto para estarem preparados quando se depararem

com esta realidade em suas salas de aula, mesmo porque existem leis como a LDB

9.394/96, Lei n.º 12.524, de 2 de Janeiro de 2007, que amparam e possibilitam a

educação diferenciada para alunos que apresentam alguma dificuldade, seja ela

auditiva, visual, entre tantas outras até mesmo linguísticas.

Na questão de número 03, entre os docentes entrevistados, apenas 30%

disseram já ter trabalhado com alunos disléxicos (GRAF. 3), porém na questão

número 4 quando responderam se atualmente trabalhavam com algum aluno

disléxico ocorre uma contradição, pois 60% disseram que sim e 40% que não

(GRAF. 4). Através deste dado surge um questionamento: se apenas 30% já

trabalharam com dislexia como 60% podem presenciar esta dificuldade linguística no

dia a dia? Será que realmente está claro para estes profissionais o que é dislexia?

30%

80%

Já trabalhou com aluno dislexico?

sim

não

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60%

40%

Em sua sala existe algum aluno dislexico?

sim

não

10%

90%

Já curso sobre inclusão escolar voltado para a dislexia?

sim

não

Gráfico 3: Experiência dos professores com alunos disléxicos./ Fonte: Dados da pesquisa

Gráfico 4: : Em alguma de suas salas de aula possui algum aluno disléxico?/Fonte: Dados da

pesquisa

O que nos faz pensar que esta idéia de dislexia é algo ainda a ser

investigado por estes docentes, para que realmente se comprove o quanto estão

cientes desta dificuldade/distúrbio linguístico, é que se 60% presenciam a mesma,

então estes 30% tinham que ser no mínimo 60%.

Um fato interessante que possibilita perceber que a dislexia precisa ser mais

trabalhada entre professores, para que de maneira clara estes possam orientar o

aluno e encaminhá-lo para profissionais adequados para um melhor diagnóstico é

que quando perguntado se já haviam participado de curso sobre inclusão escolar

voltado para a dislexia 90% afirmou nunca ter participado de nenhum curso

relacionado na escola, alguns lembram-se de ter estudo algo a respeito na

graduação, ou na pós-graduação.( sendo que a maioria só ouvir falar sobre o

assunto na especialização).

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Grafico 5: participação de cursos voltados para a dislexia./ Fonte: Dados da pesquisa

Através desses números pode-se afirmar que deve-se preocupar ainda mais

com a gravidade do problema, pois se os professores não conseguem ter a real

compreensão do assunto, como poderão ajudar estas crianças que tanto precisam

de sua orientação para alcançar seus sonhos?

Isso faz pensar que esta não é tratada da maneira como deveria, pois é um

tipo de inclusão como outra qualquer. O aluno precisa se sentir aceito, incluso no

ambiente que fará parte, e ao mesmo tempo os professores devem ser melhor

preparados para enfrentar esta dificuldade linguística da forma correta, oferecendo-

lhes materiais que facilitem sua aprendizagem.

Para PIETRO (2006), os conhecimentos sobre o ensino de alunos com

necessidades educativas especiais não podem ser de domínio apenas de alguns

“especialistas”, e sim apropriados pelo maior número possível de profissionais da

educação, idealmente por todos”, essa afirmação constata a importância de adquirir

informações a respeito das dificuldades educacionais existentes.

Para FRANK (2003), não há estratégia mais importante do que acreditar na

criança com dislexia e mostrar abertamente essa fé, desta maneira percebemos o

quanto o incentivo e apoio do professor para com o disléxico é essencial para seu

aprendizado.

75%

25%

Dislexia é fator:

Biológico Psicologico

Gráfico 6:Dislexia: Psicológico ou biológico? / Fonte: Dados da pesquisa

Vê-se que apenas 10% dos professores entrevistados têm conhecimento por

terem participado de algum curso inclusivo para disléxicos, (GRAF. 5) 85% dos

educadores, demonstrado pelo gráfico 06, de certa forma buscaram informações de

maneiras diversas, e 25% não sabem o verdadeiro motivo pelo qual este distúrbio

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8%

92%

Dislexia é causada decorrente da formação educacional que o aluno teve ou tem

Sim

Não

linguístico acontece, acreditando que é decorrente de fator psicológico, ou seja,

emocional. Por muitos destes docentes mal informados que crianças disléxicas são

consideradas preguiçosas e distraídas, sem interesse na disciplina e nos estudos,

podendo assim não ser dado o apoio necessário para que a solução de seu

“problema” seja visto como prioridade para prosseguir e progredir em seus estudos.

Quando se perguntou se a dislexia é decorrência da formação educacional

que o aluno teve ou tem, questão (07), apenas 8% dos professores responderam

que sim como vemos a seguir.

Gráfico 07: Formação educacional / Fonte: Dados da pesquisa

Portanto, 92% disseram que a dislexia não decorre de nenhum tipo de

formação educacional, cientes de que é fator biológico que depende da estrutura

neural de cada um, mas como já comentado anteriormente, se o professor não tiver

interesse em ajudar os alunos, apenas taxando-os como desinteressados e

continuar a ministrar aulas da mesma maneira, o distúrbio se torna não decorrente,

mas dificultado pela formação educacional que teve ou tem. “Educar é semear com

sabedoria e colher com paciência” (CURY, 1959). Por mais trabalhoso que seja, por

mais tempo que tome do professor, deve este orientar o aluno bom, o regular e o

com necessidades educacionais, da melhor forma possível, oferecendo-lhes o

máximo de informações que enriqueçam seu conhecimento e sua aprendizagem.

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Lembrando que este questionário foi aplicado entre professores com cargo,

tempo de docência, categorias variadas.

Enfim através dos gráficos tornou-se claro o despreparo do profissional da

educação, em relação aos alunos disléxicos. A maioria possui pouco conhecimento

a respeito do assunto, e não se vê um real interesse em adquirir esse conhecimento.

Afinal, se a escola não está dando esse suporte, e, no entanto o profissional

quer ampliar seu conhecimento, ele mesmo vai atrás de informações.

Não digo que isso seja culpa total do professor, mas sim, ele tem sua

parcela, e sabe que o tem, no entanto não admite. E talvez o problema seja

justamente esse, por não admitir, não cobra da escola, e por não ser cobrada, a

escola se omite.

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CONCLUSÃO

Realizou-se uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa qualitativa para

coleta de informações a respeito da dislexia, suas causas e conseqüências, a fim de

melhorar entender este distúrbio linguístico.

Diversos são os mecanismos que procuram melhorar e aprimorar o

aprendizado dos disléxicos, identificando o distúrbio como um processo biológico e

neurológico. Percebe-se através deste estudo, que trata-se de um problema que

pode ser minimizado por métodos pedagógicos, pois faz uma diferença muito grande

a forma como são orientados pelos professores e por seus pais.

A leitura está envolvida em todo o processo educacional e por isso é preciso

que todos tenham a oportunidade de realizá-la da melhor maneira possível. Para

que estas crianças não se sintam menosprezadas e não tenham seu psicológico

abalado é preciso que a escola seja e proporcione um ambiente acolhedor e,

sobretudo, o professor esteja consciente do seu papel como educador e formador de

opiniões. Por este motivo a pesquisa qualitativa teve como objetivo analisar o quanto

se sabe sobre este distúrbio linguístico por parte dos docentes e percebe-se através

do questionário realizado que ainda é algo que necessita e muito de informações.

Pode-se, então, dizer que este assunto ainda necessita de informações

principalmente em relação à maneira de se trabalhar para minimizar as dificuldades

que os alunos possuem no ambiente escolar. Conclui-se que, pelo fato de ainda

muitos dos pais não fazer parte ativamente da vida escolar de seus filhos, tenham

contribuído para essa falta de informações, pois não havendo cobrança não há

preocupações em procurar o motivo real pelo qual aquele aluno não consegue

acompanhar o restante da classe.

Ser disléxico é ser um pouco de Darwin, Einstein, Picasso, Da Vinci,

Alexander Graham Bell, Thomas Edison, Van Gogh, entre outros que com sua

grandiosa inteligência fizeram invenções que proporcionaram conforto e praticidade.

São pessoas reconhecidas e glorificadas pelo mundo todo.

O que faz a diferença é a maneira que vemos o que está ao nosso redor,

nos encontrarmos e nos sentirmos felizes e realizados naquilo que fazemos.

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Portanto pode-se concluir que a dislexia é uma má formação no caminho da

linguagem no cérebro, porém esta dificuldade de aprendizagem não impede que

estas pessoas sejam competentes no que se dispõe a fazer.

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ANEXOS

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Questionário: Você conhece o termo dislexia? ( ) sim ( ) não Em sua opinião qual alternativa define melhor a dislexia? ( )preguiça ( )desmotivação ( )dificuldade Em sua carreira acadêmica você já trabalhou com algum aluno disléxico? ( )sim ( ) não Atualmente você possui algum aluno disléxico? ( ) sim ( ) não ( ) quantos Você já participou de algum curso sobre inclusão escolar voltado para o aluno disléxico? ( ) sim ( ) não Em sua opinião a dislexia é fator: ( ) psicológico ( ) biológico Você acredita que a dislexia é causada decorrente da formação educacional que o aluno teve ou tem? ( ) sim ( ) não Dislexia é: ( ) uma característica de quem não sabe escrever ( ) uma característica de quem não sabe ler ( ) uma característica de quem não sabe ler e escrever ( ) Nenhuma afirmação está correta ( ) Não tenho opinião formada a respeito

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LEI 12.524/07

Lei 12.524/07 (Originada a partir do PL Nº 321, DE 2004)

Dispõe sobre a criação do Programa Estadual para

Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de

Educação

A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO DECRETA:

Artigo 1º - Fica obrigado o Poder Executivo a implantar, em 90 dias, o Programa

Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação,

objetivando a detecção precoce e acompanhamento dos estudantes com o distúrbio.

Parágrafo único - A obrigatoriedade de que trata o caput deste artigo refere-

se à aplicação de exame nos educandos matriculados na 1ª série do Ensino

Fundamental, em alunos já matriculados na rede, com o advento desta lei, e em

alunos de qualquer série admitidos por transferência de outras escolas que não da

rede pública estadual.

Artigo 2º - O Programa Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na

Rede Oficial de Educação deverá abranger a capacitação permanente dos

educadores para que tenham condições de identificar os sinais da dislexia e de

outros distúrbios nos educandos.

Artigo 3º - Caberá às Secretárias de Saúde e de Educação a formulação de

diretrizes para viabilizar a plena execução do Programa Estadual para Identificação

e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação, sendo obrigada a criação de

equipes multidisciplinares com os profissionais necessários à perfeita execução do

trabalho de prevenção e tratamento.

Parágrafo único – A equipe multidisciplinar responsável pelo diagnóstico

deverá ter obrigatoriamente um (a) profissional das áreas de Psicologia,

Fonoaudiologia e Psicopedagogia.

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Artigo 4º - O Programa Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na

Rede Oficial de Educação terá caráter preventivo e também proverá o tratamento do

educando.

Artigo 5º - As despesas decorrentes da execução desta lei correrão por conta de

dotações orçamentárias próprias.

Artigo 6º - O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta lei em até 30 (trinta)

dias a contar de sua entrada em vigor.

Artigo 7º - Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Justificativa

Dislexia é derivada de dis = distúrbio e lexia que significa linguagem (grego) ou

leitura (latim). Portanto, dislexia é um distúrbio da linguagem e/ou leitura. Talvez por

soar como nomenclatura de uma doença, o termo dislexia causa medo

especialmente entre os pais que, por falta de informações, muitas vezes acreditam

ser o fim do mundo ter um filho disléxico.

Pesquisas realizadas em vários países mostram que cerca de 10 a 15% da

população mundial é disléxica. Ao contrário do que muitos acreditam a dislexia não é

o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição

socioeconômica ou baixa inteligência. É uma condição hereditária com alterações

genéticas, apresentando ainda mudanças no padrão neurológico.

Por tudo isso, a dislexia deve ser diagnosticada por uma equipe multidisciplinar.

Esse tipo de avaliação dá condições de um acompanhamento pós-diagnóstico mais

efetivo, direcionado às particularidades de cada indivíduo. Os sintomas que podem

identificar a dislexia, antes de um diagnóstico multidisciplinar, só indicam um

distúrbio de aprendizagem.

Identificado o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que podem ser

percebidos na escola ou mesmo em casa, deve-se procurar ajuda especializada.

Cabe a uma equipe multidisciplinar, formada por psicóloga, fonoaudióloga e

psicopedagoga clínica, iniciar uma minuciosa investigação. Essa equipe deve

garantir maior abrangência do processo de avaliação, verificando a necessidade do

parecer de outros profissionais, como oftalmologista e neurologista.

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A identificação do distúrbio não parte da dislexia. Ao contrário, chega-se a ela a

partir da exclusão de qualquer outra possibilidade. Caso outro problema seja

detectado, deve haver o encaminhamento para o tratamento adequado. Quando a

dislexia é identificada começa, então, um acompanhamento cujos métodos irão

variar de acordo com os diferentes graus do distúrbio (leve, moderado e severo),

podendo levar até cinco anos.

Crianças disléxicas que têm o distúrbio identificado precocemente, e dão início ao

tratamento, apresentam menor dificuldade ao aprender a ler. Isto evita problemas no

rendimento escolar, que levam meninos e meninas a desgostarem de estudar, terem

comportamento inadequado e atrasos na relação idade/série. Apesar do Poder

Público permanecer de olhos fechados para esta realidade, a dislexia está

diretamente relacionada à evasão escolar e à sensação de fracasso pessoal.

Atualmente, a imensa maioria da rede educacional pública e particular não está

capacitada para este desafio. Daí a importância de criarmos em nossas escolas um

programa efetivo, que capacite professores a identificar estes distúrbios, crie

equipes multidisciplinares para realizar uma avaliação precisa e garanta o

acompanhamento profissional necessário.

Dessa forma, estaremos garantindo que milhões de crianças e jovens em idade

escolar tenham condições de corrigir um distúrbio, que restringe sua capacidade de

aprendizado. Estaremos abrindo as portas para que eles tenham um futuro sem

traumas, de sucesso profissional e com qualidade de vida.

Sala das Sessões, em 7/5/2004

a) Maria Lúcia Prandi – PT

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