INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO...
-
Upload
trinhtuyen -
Category
Documents
-
view
213 -
download
0
Transcript of INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO...
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – AJES
ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO FUNDAMENTAL E GESTÃO
ESCOLAR
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA ALFABETIZAÇÃO
ANTONIA GILDA DE MATOS PACHECO
Orientador: Prof: Ilso Fernandes do Carmo
BRASNORTE/2011
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – AJES
ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO FUNDAMENTAL E GESTÃO
ESCOLAR
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA ALFABETIZAÇÃO
ANTONIA GILDA DE MATOS PACHECO
Orientador: Prof: Ilso Fernandes do Carmo
“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Metodologia do Ensino Fundamental e Gestão Escolar.”
BRASNORTE/2011
Brincar com criança não é perder tempo, é ganhá-lo; só é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los, sentados enfileirados, em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem. Drummond
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu orientador professor Ilso pela compreensão,
incentivo e ensinamentos que guardarei sempre e aos nossos amigos que sempre
me atendeu, diretamente ou indiretamente, que auxiliaram a desenvolver este
trabalho.
AGRADECIMENTOS
Eu, Antonia, agradeço a Deus por ter iluminado a todos os momentos, à
minha família e principalmente a minha colega Jurema pela colaboração sempre
marcantes nessa minha caminhada.
RESUMO
Esta pesquisa objetivou coletar dados que demonstrassem a importância
das atividades lúdicas na alfabetização, visto que jogos e brincadeiras são, conforme
os estudiosos, experiências afetivas que se correlacionam ao ambiente e devem ser
aplicadas nas crianças em fase escolar.
Escolhi este tema porque na escola em que trabalho, tem uma professora
leiga, então achei necessário verificar como é seu método de ensino e qual é a sua
concepção sobre as atividades lúdicas na aprendizagem dos seus alunos, do 1º
ano do Ensino Fundamental.
Neste trabalho estudei as concepções de vários teóricos sobre a
importância de se utilizar as atividades lúdicas na pratica pedagógica os quais têm
a mesma concepção sobre trabalhar o lúdico na alfabetização.
Respaldada por expressivos referenciais teóricos, a proposta de trabalho
apresentada permite afirmar a existência de jogos e brincadeiras infantis, que se
bem aplicadas, certamente ajudarão no desenvolvimento da educação psicomotora
e conseqüentemente, no processo escolar.
A conclusão final permitiu ressaltar os principais aspectos da pesquisa que
certamente farão com que os educadores motivem-se para a realização de novos
estudos sobre o tema abordado.
Palavras-Chaves: Atividades lúdicas; alfabetização; jogos e brincadeiras;
psicomotricidade; processo escolar.
SUMÁRIO Introdução -----------------------------------------------------------------------------------------------07
CAPITULO I.
1. O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL-------------------------------------------------------11
1.1 - O Lúdico na Perspectiva dos Teóricos----------------------------------------------------13
1.2- A importância de brincar ----------------------------------------------------------------------15
1.3 Os Jogos na Alfabetização---------------------------------------------------------------------16
CAPITULO II
2.0 OS BENEFÍCIOS E OS ESTÁGIOS DO LÚDICO PARA O DESENVOLVIMENTO
INFANTIL------------------------------------------------------------------------------------------------19
2.1 A Importância do Lúdico na Aprendizagem------------------------------------------------24
2.2 - A Utilização do Lúdico no Processo do Ensino-aprendizagem da Leitura e da
Escrita.----------------------------------------------------------------------------------------------------25
CAPÍTULO III
3 METODOLOGIA-------------------------------------------------------------------------------------36
CAPITULO IV
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS-----------------------------------------------------38
CONSIDERAÇÕES FINAIS------------------------------------------------------------------------42
REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS------------------------------------------------------------- 47
ANEXO---------------------------------------------------------------------------------------------------50
INTRODUÇÃO
A realização deste projeto de pesquisa surgiu da curiosidade e por ser
também o trabalho conclusivo da área de Metodologia de Pesquisa Científica, do
Curso Pós-Graduação do Ensino Fundamental e Gestão Escolar, Juína- MT
O presente trabalho tem por finalidade conscientizar o educador de que os
problemas referentes à alfabetização estão relacionados às práticas educativas
(métodos de ensino).
O brincar é sem dúvida um meio pelo qual os seres humanos e os animais
exploram uma variedade de experiências em diferentes situações, para diversos
propósitos. Considerem, por exemplo, quando uma pessoa adquire um novo
equipamento, tal como uma máquina de lavar – a maioria dos adultos vai dispensar
a formalidade de ler o manual de ponta a ponta e preferir “brincar” com os controles
e funções. Através deste meio, os indivíduos chegam a um acordo sobre as
inovações e se familiarizam com objetos e materiais: nas descrições do brincar
infantil isso é frequentemente classificado como um brincar “funcional”. Esta
experiência “prática” de uma situação real com um propósito real para o suposto
“brincador”, normalmente é seguida pela imediata aprendizagem das facetas da
nova máquina, reforçada subsequentemente por uma consulta ao manual e
consolidada pela prático.Os efeitos do brincar começam a ser investigados pelos
pesquisadores que consideram a ação lúdica como metacomunicação, ou seja, a
possibilidade da criança compreender o pensamento e a linguagem do outro.
Portanto, o brincar implica uma relação cognitiva e representa a potencialidade para
interferir no desenvolvimento infantil, além de ser um instrumento para a construção
do conhecimento do aluno.
Para VYGOTSKY (1987), a aprendizagem e o desenvolvimento estão
estritamente relacionados, sendo que as crianças se inter-relacionam com o meio
objeto e social, internalizando o conhecimento advindo de um processo de
construção.
Tais questões poderão ser contempladas na elaboração deste projeto, que
certamente encontrará um novo caminho para reorientar suas práticas pedagógicas:
como o processo lúdico influencia na aprendizagem das crianças na alfabetização?;
quais as dificuldades encontradas pelo professor diante da utilização dos jogos em
cada sala de aula?; quais os benefícios das atividades lúdicas em uma escola
tradicional?
Percebe-se que os educadores da atualidade precisam utilizar-se do lúdico
na educação infantil, pois ao separar o mundo adulto do infantil, e ao diferenciar o
trabalho da brincadeira, a humanidade observou a importância da criança que
brinca.
Desta forma, a escola deve facilitar a aprendizagem utilizando-se de
atividades lúdicas que criem um ambiente alfabetizador para favorecer o processo
de aquisição de autonomia de aprendizagem. Para tanto, o saber escolar deve ser
valorizado socialmente e a alfabetização deve ser um processo dinâmico e criativo
através de jogos, brinquedos, brincadeiras e musicalidade.
Com a utilização desses recursos pedagógicos, o professor poderá utilizar-
se, por exemplo, de jogos e brincadeiras em atividades de leitura ou escrita em
matemática e outros conteúdos, devendo, no entanto, saber usar os recursos no
momento oportuno, uma vez que as crianças desenvolvam o seu raciocínio e
construam o seu conhecimento de forma descontraída.
As atividades lúdicas têm o poder sobre a criança de facilitar tanto o
progresso de sua personalidade integral, como o progresso de cada uma de suas
funções psicológicas, intelectuais e morais. Ao ingressar na escola, a criança sofre
um considerável impacto físico-mental, pois, até então, sua vida era exclusivamente
dedicada aos brinquedos e ao ambiente familiar.
Na escola, a criança permanece durante muitas horas em carteiras
escolares nada adequadas, em salas pouco confortáveis, observando horários e
impossibilitada de mover-se livremente. Pela necessidade de submeter-se à
disciplina escolar, muitas vezes a criança apresenta uma certa resistência em ir à
escola. O fato não está apenas no total desagrado pelo ambiente ou pela nova
forma de vida e, sim, por não encontrar canalização para as suas atividades
preferidas.
O crescimento, ainda em marcha, exige maior consumo de energia e não se
pode permitir que a criança permaneça, por longo tempo, trancafiada na sala de
aula, calma e quieta, quando ela mais necessita de movimento.
08
A escola deve partir de exercícios e brincadeiras simples para incentivar a
motricidade e as habilidades normais da criança em um período de adaptação para,
depois, gradativamente complicá-los um pouco possibilitando um melhor
aproveitamento geral.
Com as atividades lúdicas, espera-se que a criança desenvolva a
coordenação motora, a atenção, o movimento ritmado, conhecimento quanto à
posição do corpo, direção a seguir e outros; participando do desenvolvimento em
seus aspectos biopsicológicos e sociais; desenvolva livremente a expressão corporal
que favorece a criatividade, adquira hábitos de práticas recreativas para serem
empregados adequadamente nas horas de lazer, adquira hábitos de boa atividade
corporal, seja estimulada em suas funções orgânicas, visando ao equilíbrio da saúde
dinâmica e desenvolva o espírito de iniciativa, tornando-se capaz de resolver
eficazmente situações imprevistas.
Esta pesquisa tem como objetivo geral refletir a importância da ludicidade na
prática pedagógica como facilitador do ensino, aprendizagem do aluno na
alfabetização e, como objetivos específicos, identificar e analisar as necessidades
existentes dentro da escola para implantar a cultura do lúdico; reconhecer as
dificuldades encontradas pelo professor diante da utilização dos jogos em sala de
aula e; apontar os benefícios das atividades lúdicas em uma escola tradicional.
Realizei a pesquisa com a professora do o 1º ano da Escola Municipal de
Educação Básica Adilson José Schumacher pelo motivo desta professora ser leiga
e iniciante na carreira.
Compreendo que os métodos pedagógicos tradicionais têm como risco, a
não motivação dos conteúdos, pois não ocorre uma interação entre o sujeito e o
objeto de conhecimento. Se o professor ensina seus alunos apenas pela exposição
verbal do conteúdo, exercícios de memorização e leituras em livros didáticos, o
aluno será apenas um agente passivo no processo, não terá um conhecimento
aprofundado e não tentará relacionar o conteúdo aprendido ao seu cotidiano,
fazendo com que a matéria se torne sem sentido para o mesmo porque não está
relacionado à sua realidade. A utilização apenas deste método pedagógico gera
sérios problemas para a educação, pois o estudante não fica envolvido ou
interessado ao conteúdo. A aplicação deste método vem sendo usada já a bastante
09
tempo. Já a algum tempo vem sendo inserido no campo pedagógico uma nova
maneira para a educação, visando o trabalho em grupo, motivando, melhorando a
criatividade, a descoberta, a pesquisa, a afetividade. Tudo isto esta sendo
desenvolvido pelo método lúdico. Por isso achei necessário trabalhar este tema
para investigar como o professor trabalha sua prática pedagógica.
Organizei o meu trabalho em capítulos que são:
Capitulo I: O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Capitulo II: OS BENEFÍCIOS E OS ESTÁGIOS DO LÚDICO PARA O
DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Capitulo:III ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
10
CAPITULO I
1.0 - LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A literatura especializada no tema não registra concordância quanto a um
conceito comum para o lúdico na educação. Porém, alguns autores relacionam o
lúdico ao jogo e estudam profundamente sua importância na educação.
HUIZINGA (1990), foi um dos autores que mais se aprofundou no assunto,
estudando o jogo em diferentes culturas e línguas.
Estudou suas aplicações na língua grega, chinês, japonês, línguas
hebraicas, latim, inglês, alemão, holandês, entre outras. O mesmo autor verificou a
origem da palavra - em português, “jogo”; em francês “jeu”; em italiano, “gioco”; em
espanhol, “juico”. Jogo advém de “jocus” (latim), cujo sentido abrangia apenas
gracejar ou traçar.
O referido autor (1990) propõe uma definição para o jogo que abrange tanto
as manifestações competitivas como as demais.
O jogo é uma atividade de ocupação voluntária, exercida dentro de certos e
determinados limites de tempo e espaço, seguindo regras livremente consentidas,
mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de
um sentido de tensão, de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida
cotidiana.
Segundo PIAGET (1975), conceitos como jogo, brinquedo e brincadeira são
formados ao longo de nossa vivência. É a forma que cada um utiliza para nomear o
seu brincar.
No entanto, tanto a palavra jogo quanto a palavra brincadeira podem ser
sinônimas de divertimento.
Vejamos como esses termos são definidos no dicionário LAROUSSE (1982):
Jogo - ação de jogar; folguedo, brinco, divertimento. Seguem- se alguns exemplos:
jogo de futebol; Jogos Olímpicos; jogo de damas; jogos de azar; jogo de palavras;
jogo de empurra; Brinquedo -objeto destinado a divertir uma criança, suporte da
brincadeira;
Brincadeira - ação de brincar, divertimento. Gracejo, zombaria.
Festinha entre amigos ou parentes. Qualquer coisa que se faz por
imprudência ou leviandade e que custa mais do que se esperava: aquela brincadeira
custou-me caro.
Neste trabalho, as palavras jogo, brincadeira, brinquedo e lúdico se
apresentam num sentido mais amplo. Por isso, a necessidade de definir esses
termos: Brincadeira basicamente se refere à ação de brincar, ao comportamento
espontâneo que resulta de uma atividade não- estruturada; Jogo é compreendido
como uma brincadeira que envolve regras; Brinquedo é utilizado para designar o
sentido de objeto de brincar; já a Atividade Lúdica abrange, de forma mais ampla, os
conceitos anteriores.
A partir do que foi mencionado sobre o brincar nos mais diferentes enfoques,
podemos perceber que ele está presente em todas as dimensões da existência do
ser humano e, muito especialmente, na vida das crianças. Podemos afirmar,
realmente, que “brincar é viver”, pois a criança aprende a brincar brincando e brinca
aprendendo.
A criança brinca porque brincar é uma necessidade básica, assim como a
nutrição, a saúde, a habitação e a educação são vitais para o desenvolvimento do
potencial infantil. Para manter o equilíbrio com o mundo, a criança necessita brincar,
jogar, criar e inventar. Estas atividades lúdicas tornam-se mais significativas à
medida que se desenvolve, inventando, reinventando e construindo.
Destaca CHATEAU (1987, p.14) que “Uma criança que não sabe brincar,
uma miniatura de velho, será um adulto que não saberá pensar.”
Por meio da psicologia, temos conhecimento que, além de ser genético, o
brincar é fundamental para o desenvolvimento psicossocial equilibrado do ser
humano. Por intermédio da relação com o brinquedo, a criança desenvolve a
afetividade, a criatividade, a capacidade de raciocínio, a estruturação de situações, o
entendimento do mundo. A autora WAJSKOP (1995, p.68) diz:
“Brincar é a fase mais importante da infância - do desenvolvimento humano neste período - por ser a auto-ativa representação do interno - a representação de necessidades e impulsos internos”.
Brincando, o sujeito aumenta sua independência, estimula sua sensibilidade
visual e auditiva, valoriza sua cultura popular, desenvolve habilidades motoras,
exercita sua imaginação, sua criatividade, socializa-se, interage, reequilibra-se,
12
recicla suas emoções, sua necessidade de conhecer e reinventar e, assim, constrói
seus conhecimentos.
1.1 - O LÚDICO NA PERSPECTIVA DOS TEÓRICOS
Com o pensamento obsessivo de que a alfabetização se limita às quatro
paredes da sala de aula e o método adequado dá ao professor o controle da
alfabetização de seus alunos, o próprio professor entra em conflito frente à situação
de que o número de crianças com acesso à alfabetização aumentou e trouxe, como
conseqüência, o fracasso escolar notável.
Descobriu-se, então, a prática falida e começou o discurso da culpa: alunos
submetidos, carentes, deficientes. Escola, máquina de reprodução das relações de
poder. Professor mal pago, mal formado, incompetente.
Para FERREIRO (1989), o problema da alfabetização foi sempre uma
decisão tomada somente pelos professores, sem considerar, porém, as crianças.
Tradicionalmente, as investigações sobre as questões de alfabetização giram em
torno de uma única pergunta: “como ensinar a ler e escrever?”.
Como a escrita é uma função culturalmente mediada, a criança se
desenvolve numa cultura letrada e está exposto aos diferentes usos da linguagem
escrita e ao seu formato, tendo diferentes concepções a respeito desse objetivo
cultural ao longo de seu desenvolvimento. A principal condição necessária para que
uma criança seja capaz de compreender adequadamente o funcionamento da língua
escrita, é que essa criança descubra que a língua escrita é um sistema de signos
que não tem significado em si. Os signos representam outra realidade, isto é, o que
se escreve, tem uma função instrumental, funcionando como suporte para a
memória e a transmissão de idéias e conceitos.
Dentro do vasto programa de pesquisas do grupo de VYGOTSKY (1987), foi
desenvolvido um estudo experimental sobre o desenvolvimento da escrita. Foi
solicitado às crianças que não sabiam ler e escrever que memorizassem uma série
de sentenças faladas por ele. Propositalmente, o número de sentenças era maior do
que aquele que a criança conseguiria lembrar-se. Depois de ficar evidente para a
13
criança sua dificuldade em memorizar todas as sentenças faladas, o experimentador
sugeriu que ela passasse a “escrever” as sentenças, como ajuda para a memória.
A partir da observação da produção de diversas crianças nessa situação, foi
delineado um percurso para a pré-história da escrita. As crianças, inicialmente,
imitaram o formato da escrita do adulto produzindo apenas rabiscos mecânicos sem
nenhuma função instrumental, isto é, nenhuma relação com os conteúdos a serem
representados. Obviamente, esse tipo de grafismo não ajudava a criança em seu
processo de memorização. Ela não era capaz de utilizar sua produção escrita como
suporte para a recuperação da informação a ser lembrada.
VYGOTSKY (1987), cita que é importante mencionar a língua escrita, como
a aquisição de um sistema simbólico de representação da realidade. Também
contribui para esse processo o desenvolvimento dos gestos, dos desenhos e do
brinquedo simbólico, pois essas são também atividades da caráter representativo,
isto é, utilizam-se de signos para representar significados.
O desenhar e brincar deveriam ser estágios preparatórios ao desenvolvimento da linguagem escrita das crianças. Os educadores devem organizar todas essas ações e todo o complexo processo de transição de um tipo de linguagem escrita para outro. Devem acompanhar esse processo através de seus momentos críticos até o ponto da descoberta de que se pode desenhar não somente objetos, mas também a fala. Se quiséssemos resumir todas essas demandas práticas e expressá-las de uma forma unificada, poderíamos dizer o que se deve fazer é, ensinar às crianças a linguagem escrita e não apenas a escrita de letras. (VYGOTSKY, 1987, p.134).
Se o lúdico é tão discutido por psicólogos e pensadores, não seria este o
momento da escola parar e refletir também sobre a importância do lúdico (jogos e
brinquedos) para a criança? Quais os benefícios para ela? Como utilizar essas
atividades lúdicas para aquisição da linguagem escrita e do conhecimento como um
todo? Com o passar dos anos, a deixa o meio familiar e vai ao encontro de uma
outra realidade: a escolar. Como será esta escola? O que acontecerá? Como se
comporta? São questões que passam pela cabecinha desse pequeno ser que,
muitas vezes, encontrará na escola o mesmo ambiente familiar. No entanto, se ela
consegue uma escola comprometida com o seu desenvolvimento e que compreenda
as suas necessidades de correr, brincar, jogar, de expandir-se em vez de torna-se
prisioneira por várias horas, com certeza será uma criança alegre e feliz. A escola
deve aproveitar todas as manifestações de alegria da criança e canalizá-la
emocionalmente através de atividades lúdicas educativas. Essas atividades lúdicas,
14
quando bem direcionadas, trazem grande benefícios que proporcionam saúde física,
mental, social e intelectual à criança, ao adolescente, até mesmo ao adulto.
Na maioria das vezes, o ser humano conhece o “brincar” por incentivo de um
adulto, que lhe ensina e passa sua experiência e, de forma despercebida, ele vai
recebendo toda a sua formação social.
Segundo Vygotsky, no processo de desenvolvimento, a criança começa usando as mesmas formas de comportamento que outras pessoas inicialmente usaram em relação a ela. Isto ocorre porque, desde os primeiros dias de vida, as atividades da criança adquirem um significado próprio num sistema de comportamento social, refratadas através de seu ambiente humano, que a auxilia a atender seus objetivos. (OLIVEIRA, 1994, p.34).
Isso faz com que seus atos sejam semelhantes aos daqueles que estiveram
ao seu redor. O brinquedo consegue fazer interação entre o mundo do adulto, no
qual está sendo incluído. A escola é primordial quando envolve atividades lúdicas no
processo de ensino, pois atribui outros valores às brincadeiras, mostra outros
caminhos e outras possibilidades de “pensar” sobre o brinquedo. É importante
ressaltar que a brincadeira realizada na escola é diferente daquela que acontece em
outros locais. Normalmente, as brincadeiras e os jogos têm uma função, uma
intenção, que são determinadas, dependem de onde acontecem. As brincadeiras
ocorridas na escola têm que estar de acordo com o objetivo central da instituição,
seja para a alfabetização, seja para o repasse de boas maneiras, ou com quaisquer
fins educativos.
1.2 – A IMPORTÂNCIA DE BRINCAR
A brincadeira é uma linguagem natural da criança e é importante que esteja
presente na escola desde a educação infantil para que o aluno possa se colocar e
se expressar através de atividades lúdicas – considerando-se como lúdicas as
brincadeiras, os jogos, a música, a arte, a expressão corporal, ou seja, atividades
que mantenham a espontaneidade das crianças.
Segundo FRIEDMANN (1992), as brincadeiras são linguagens não verbais,
nas quais a criança expressa e passa mensagens, mostrando como ela interpreta e
enxerga o mundo.
15
Para ela, o professor, de maneira geral, não está preparado para lidar com a
presença das brincadeiras dentro da escola. Para ela, neste momento, o processo
de formação do educador não oferece uma orientação pedagógica para essa
consciência de que a criança precisa se colocar no mundo através da linguagem
dela. “A criança fala de forma mais espontânea, enquanto o professor tem muito
medo de perder o controle. Ele acha que se não ensinar algo específico, não
controlará os estudantes. Mas as atividades lúdicas revelam e apóiam o
desenvolvimento do aluno. O professor precisa tomar conhecimento disso e não
exercer uma pressão que ignore a fase do faz-de-conta, do brincar e dançar.
Normalmente, são atribuídas responsabilidades muito precoces aos alunos.
Assumir as brincadeiras na escola é uma postura que pede muita reflexão
aos educadores.
1.3 OS JOGOS NA ALFABETIZAÇÃO
Ao utilizar os jogos no processo de alfabetização das crianças é possível
alcançar inúmeras ações que possibilitam uma aprendizagem eficaz, como denotam
as pesquisas de QUEIROZ (2003), o jogo pode ser extremamente interessante
comoinstrumento pedagógico, pois incentiva a interação e desperta o interesse pelo
tema estudado, além de fomentar o prazer e a curiosidade.
Os jogos auxiliam e muito na educação integral do indivíduo, pois podem dar
conta de uma reflexão sócio-histórica do movimento humano, oportunizando a
criança investigar e problematizar as práticas, advindas das mais diversas
manifestações culturais e presentes no seu cotidiano, tematizando-as para melhor
compreensão.
Portanto, é fundamental tomar consciência de que o jogo fornece
informações a respeito da criança, suas emoções, a forma de interagir com seus
colegas, seu desempenho físico-motor, seu estágio de desenvolvimento, seu nível
linguístico, sua formação moral. Divertindo-se a criança aprende a se relacionar com
os colegas e a descobrir o mundo em sua volta.
A utilização de jogos e textos variados podem se tornar excelentes recursos
para facilitar a participação, integração e comunicação dos alunos que, por certo,
16
terão meios para compreender e expressar-se bem, inclusive na língua padrão, após
o domínio das diferentes linguagens e instrumentos textuais. Neste sentido, o jogo
na escola, como coloca SANTOS (2000, p. 37):
Ganha espaço, como ferramenta ideal da aprendizagem, na medida em que propõe estímulo ao interesse do aluno, desenvolve níveis diferentes de sua experiência pessoal e social, ajuda-o a construir novas descobertas, desenvolve e enriquece sua personalidade e simboliza um instrumento pedagógico que leva ao professor a condição de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem.
Compreende-se desta forma, que o jogo é importante e necessário para o
desenvolvimento intelectual e social da criança, estimulando sua criticidade,
criatividade e habilidades sociais. Portanto, ao utilizar-se de atividades lúdicas o
professor propicia ao aluno a oportunidade de interagir-se por meio da Língua
Portuguesa de forma dinâmica, interpretando texto, expondo ideias e ou mesmo
extrapolando seus conhecimentos para outras áreas.
Nesse sentido, considera-se que determinados objetivos só podem ser
conquistados se os conteúdos tiverem um tratamento didático específico, ou seja, se
houver uma estreita relação entre o que e como ensinar. Mais do que isso: parte-se
do pressuposto de que a própria definição dos conteúdos é uma questão didática
que tem direta relação com os objetivos colocados, bem como com as propostas
curriculares.
Segundo FRIEDMANN (1992), brincar é mais importante até do que jogar, o
jogo é mais estruturado, possui regras, limites, quadra, peças, tabuleiro. Ela explica
que, para as crianças, o jogo precisaria ser mais espontâneo e físico. As propostas
para utilização das brincadeiras e jogos na escola precisam ser adequadas às faixas
etárias e às séries dos alunos. O bebê brinca e se apropria do mundo através dos
sentidos dele. Com o olfato, o tato, audição, paladar e visão ele apreende o que
acontece no mundo. Depois, quando a criança começa a se expressar pela fala,
inicia-se o brincar simbólico, o faz-de-conta, o construir e o desconstruir.
A partir dos seis anos, segundo FRIEDMANN (1992), é que começam os
jogos regrados e os alunos aprendem respeitar as regras do jogo; mais tarde,
podem usar as atividades lúdicas até para desenvolver as regras sociais.”
De acordo com a educadora, atualmente, o problema da utilização do jogo
na escola, está no fato dele ser usado apenas como instrumento pedagógico e não
como uma linguagem através da qual o professor pode ter informações da criança.
17
FRIEDMANN (1992), explica que no “Referencial Curricular Nacional de
Educação Infantil” está incluída na lei a importância de brincar e levar a arte para
dentro da educação infantil. Há o movimento pela formação dos professores, que
precisam ser capacitados e se soltar dentro do lúdico. Precisam acreditar que isso é
importante.
A partir da idéia de que a brincadeira é uma atividade sócio-cultural, que se
origina de valores e hábitos de um determinado grupo social, segundo FRIEDMANN
(1992), dirigiu-se a construção dos jogos educativos tentando abranger as
características do nordeste brasileiro, local no qual o projeto de extensão foi
realizado. Buscou-se utilizar instrumentos e falares mais próximos da realidade
desta região e se tentou a adaptação de jogos e brincadeiras que objetivassem um
determinado estudo, compatível com a realidade de cada unidade de ensino,
podendo ser elaborados com sucatas, com caixas de leite, e, até mesmo, com o
reaproveitamento de jogos e brinquedos.
Segundo ALVES (2003:31), “Os brinquedos dão prazer. Os brinquedos
fazem pensar”. Isso se confirma quando notamos que os educandos apreenderam
as regras do jogo. No caso, tentou-se, além das regras de funcionamento do jogo, a
interação com o ensino de português e matemática, confeccionando jogos que
despertassem o interesse e fizessem com que os alunos aprendessem brincando.
18
CAPITULO II
2.0 OS BENEFÍCIOS E OS ESTÁGIOS DO LÚDICO PARA O
DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Considerando PIAGET apud FRIEDMANN (1992), a criança se desenvolve
de forma integrada nos aspectos cognitivos, afetivos, físico- motores, morais,
lingüisticos e sociais.
Este processo de desenvolvimento se dá a partir da construção que a
criança faz na sua interação com o meio físico e social. A criança vai conhecendo o
mundo a partir de sua ação sobre ele. Nessa interação sujeito- objeto ( ou meio ), a
criança vai assimilando determinadas informações, segundo o seu estágio de
desenvolvimento.
Para o autor, a criança ao manifestar condutas lúdicas demonstra o nível de
seu estágio cognitivo e constrói conhecimentos.
Segundo o teórico o desenvolvimento cognitivo da criança passa por 4
períodos distintos: sensório- motor, pré- operatório, operatório- concreto e a
operatório formal. Neste sentido, é fundamental o conhecimento dos estágios do
desenvolvimento infantil enquanto componentes do desenvolvimento integral do
homem descritos por PIAGET apud FRIEDMANN (1992: 24-25):
• PERÍODO SENSÓRIO- MOTOR ( 0 A 2 ANOS )
É denominado assim porque é nele que a criança experiência situações e
começa a realizar a construção de um universo objetivo, associando sensações às
respostas motoras para resolver seus problemas, que são essencialmente práticos
como por exemplo bater numa caixa, pegar um objeto ou jogar uma bola.
Nesse período, muito embora a criança tenha uma conduta inteligente,
considera-se que a mesma ainda não possui o pensamento elaborado. Isto porque,
nessa idade, a criança está presa ao momento presente .
Dentre as principais aquisições do período destaca a construção do “eu”,
através do qual a criança começa a diferenciar o mundo externo do seu próprio
corpo criando a partir deste referencial, noções de objetos.
A criança conhece o mundo de acordo com suas ações, porém só vai
adquirir a noção de permanência do espaço e do objeto à medida que for
vivenciando, o que se faz importante para suas aquisições psicomotoras, noções de
temporalidade, causa e efeito.
• PERÍODO PRÉ- OPERATÓRIO ( 2 A 6-7 ANOS )
É marcado pelo aparecimento da linguagem oral por volta dos dois anos.
Neste período a criança reflete sobre suas ações combinadas a elaboração da
linguagem e do pensamento, sem estar experienciando-as naquele momento, tal
fato ocorre devido ao esquema de ações interiores chamadas PIAGET de esquemas
representativos ou simbólicos.
O pensamento pré- operatório indica, portanto, inteligência capaz de ações
interiorizadas, ações mentais. Ele é, entretanto, diferente do pensamento adulto uma
vez que depende das experiências infantis, o teórico refere-se a elas, sendo portanto
um pensamento que a criança centra em si mesma. Por esta razão, o pensamento
pré- operatório recebe o nome de pensamento egocêntrico, ou seja, centrado no
ego, no sujeito.
Outra característica do pensamento desta etapa é o animismo, este termo
indica que a criança empresta “alma” as coisas e animais, atribuindo- lhes
sentimentos e intenções próprias do ser humano. Assim, é freqüente ouvi-la dizer
por exemplo que a mesa é má ,quando nela machuca a sua cabeça.
As ações neste período, embora internalizadas, não são reversíveis uma vez
que a criança ainda não é capaz de perceber que é possível retornar, mentalmente,
ao ponto de partida, faltando-lhe a reversibilidade. É por isso que este período
recebe o nome de préoperatório.
• PERÍODO OPERATÓRIO- CONCRETO (7 À 12 ANOS)
Nesse período as ações interiorizadas vão se tornando cada vez mais
reversíveis e, portanto, móveis e flexíveis. O pensamento se torna menos
egocêntrico, menos centrado no sujeito. Agora a criança é capaz de construir um
conhecimento mais compatível com o mundo que a rodeia. O real e o fantástico não
mais se misturarão em sua percepção.
O pensamento é denominado operatório porque é reversível: o sujeito pode
retornar, mentalmente, ao ponto de partida uma vez que o pensamento agora
baseia-se mais no raciocínio que na percepção; é denominado concreto porque a
criança só consegue pensar corretamente nesta etapa se os exemplos ou materiais
20
que ela utiliza para apoiar seu pensamento existirem para poderem ser observadas.
A criança não consegue ainda pensar abstratamente, apenas com base em
proposições e enunciados.
No período entre 7-8 anos aproximadamente a criança começa a dominar as
operações responsáveis pelos esquemas de espaço, volume, números entre outros.
Neste contexto, tal fase foi escolhida para subsidiar a pesquisa em questão uma vez
que às crianças do ensino fundamental deverão incorporar os conhecimentos
sistematizados, todo consciência de seus atos, favorecendo com isso o despertar
para um mundo em cooperação com seus semelhantes.
As crianças da 2ª série estão numa fase de exploração e questionamento do
mundo a sua volta. São expostas a uma grande variedade de culturas, comunidades
e tipos de leitura: dessa forma, aprendem a ler por prazer e para obter informações.
Estão desenvolvendo noções numéricas, assimilando as operações básicas de
matemática e trabalhando formas geométricas. Ao adquirir informações por meio da
leitura, experiências próprias e atividades pedagógicas, as crianças da 2ª série
interagem de um modo efetivo com o meio que o cerca. A criança também adquire
interesse em jogos de grupos, de regras, de escolha de parceiros e de amizade.
Nessa fase, a criança começa a pensar inteligentemente, com certa lógica.
Começa a entender o mundo mais objetivamente e ter consciência de suas ações,
discernindo o certo do errado.
• PERÍODO OPERATÓRIO FORMAL (12 ANOS EM DIANTE)
A principal característica do período operatório- formal, por sua vez, reside
no fato de que o pensamento se torna livre das limitações da realidade concreta, a
criança / adolescente constrói operações através de sua inteligência formal por meio
de palavras, símbolos e linguagem.
Neste período a criança / adolescente já resolve problemas através de
hipóteses. Quando uma criança se depara com um problema pode tentar resolvê-los
através de ensaios e erros com o objetivo de levantar hipóteses onde irá trabalhar
sobre as mesmas.
Porém deve-se ressaltar que as faixas etárias previstas para cada etapa não
são rigidamente demarcadas. Cada criança tem seu ritmo próprio de
21
desenvolvimento e características pessoais que a diferem das demais. Embora os
estágios de desenvolvimento, pelos quais toda criança passa, sejam semelhantes.
O processo de interação entre criança e seu meio se dá, em cada um dos
níveis de forma diferente. No sensório – motor através da ação, na operações
concretas através da intuição e na operações formais, através das operações.
Graças a essas interações, das mais simples as mais complexas, desenvolve- se a
capacidade de conhecer do indivíduo.
Nesse processo de construção do conhecimento, o estado emocional da
criança é primordial na formação da sua personalidade. Amor, ódio, agressividade,
medo, insegurança, tenção, alegria ou tristeza, assim como a motivação, são alguns
dos afetos característicos do desenvolvimento infantil.
Em relação ao desenvolvimento moral, ele é igualmente um processo de
construção desde o interior. A partir do momento em que a criança resolve “
sacrificar ”certos benefícios pessoais em proveito de uma relação recíproca de
confiança com o outro- seja adulto ou criança- ela constrói sua própria regra moral.
Essa relação constitui o pano de fundo para o desenvolvimento da autonomia.
As interações sociais ocupam um espaço de destaque no desenvolvimento
infantil, pois é a partir delas que a criança tem acesso à cultura, aos valores e
conhecimentos universais. A criança tem a oportunidade, através dessa interação
com outras crianças e adultos, de cooperar, de competir, de praticar e adquirir
padrões sociais que irá usar, mais tarde, nos seus encontros com o mundo. E aqui
entra a linguagem, que atua como um canal de comunicação e expressão, nessa
interação. Através da linguagem é possível desenvolver a memória, a imaginação e
a criatividade e, muito especialmente, passar do pensamento concreto para o mais
abstrato.
Ainda na perspectiva de PIAGET apud FRIEDMANN (1992), o mesmo
postulava que ao longo do período infantil, o jogo pode ser estruturado de três
formas: de exercício, simbólico, construção e regra e, neste sentido as brincadeiras
evoluem conforme a faixa etária.
Até 1 ano e meio/ 2 anos, fase em que aparece a linguagem, a atividade
lúdica tem como característica essencial o exercício: a criança se exercita na sua
atividade de brincar pelo simples prazer de fazer rolar uma bola, produzir sons ou
22
bater com um martelo, repetindo essas ações e observando seus efeitos e
resultados. Essas brincadeiras se prolongam, muitas vezes, até a idade adulta, mas
com o passar dos anos, diminuem sua intensidade e importância.
Entre os 2 e os 6/ 7 anos aproximadamente, a atividade lúdica adquire o
caráter simbólico: a criança representa seu mundo e o símbolo serve para evocar a
realidade.
Conversar com a boneca, brincar de médico, imitar bichos, se fantasiar, são
brincadeiras de grande intensidade afetiva. Assim que as brincadeiras vão se
aproximando mais do real ( a partir de 4 anos ), o símbolo começa a representar a
realidade, imitando- a: a criança criahistórias nas quais há grande preocupação em
seguir a seqüência que ela conhece na sua realidade. Por exemplo: a boneca
acorda, vai pôr roupa e vai para a escola. Depois vai almoçar, descansar, brincar,
etc.Acerca da imitação através do jogo simbólico FREIRE (1989: 45 ), comenta:
O que caracteriza o jogo simbólico é o brincar de fazer de conta , aquilo que não é. São representações livres, pouco vinculadas à realidade concreta, que refletem o nível de compreensão da criança em relação ao mundo que a cerca.
Os chamados jogos de construção constituem uma espécie de transição
entre o jogo simbólico e o jogo de regras: através deles a criança começa a se
inserir no mundo social e a se desenvolver rumo a níveis mais elevados de
cognição. Esta é uma fase de passagem da fantasia para a realidade. Na construção
de prédios, pontes, casas, utensílios, por exemplo, é interessante a utilização que a
criança faz dos diversos materiais, como ela representa a realidade, como se dá a
passagem de uma construção mais individual para um momento de maior
cooperação.
Até aqui a atividade lúdica teve, como característica predominante, a de ser
muito egocêntrica. Por volta dos 6/7 anos, a criança abandona esse egocentrismo
em proveito da aplicação efetiva de regras e do espírito de cooperação entre os
jogadores.
Entre os 7 e 11/12 anos, pode- se observar uma cooperação cada vez mais
estreita de papéis e um florescimento da socialização, que se desenvolve e subsiste
durante toda a vida.
23
A partir dos 6 anos que surgem os jogos de regras, que supõe relações
sociais. A regra é uma regularidade imposta pelo grupo e viola- la representa uma
falta. As regras podem ser transmitidas de uma geração a outra ( ex.: o jogo de
bolinha de gude ), ou espontâneas, a partir de um contrato momentâneo definido
pela relação entre as crianças de diferentes faixas etárias, ou de uma mesma
geração, ou ainda nas relações com os mais velhos.
Os jogos de regras caracteriza- se por ser uma combinação sensório-
motora ( corrida, jogo de bola, dentre outras ) ou intelectual ( cartas, xadrez ), com
competição dos indivíduos regulamentado por um código.
Considerando PIAGET, apud CUNHA (1988: 7) acerca do lúdico na escola o
mesmo comenta:
Os professores podem guia-los proporcionando-lhes os materiais apropriados, mas o essencial é que, para que uma criança entenda, deve construir ela mesma, deve reinventar. Cada vez que ensinamos algo a uma criança estamos impedindo que ela descubra por si mesma. Por outro lado, aquilo que permitimos que descubra por si mesma permanecerá com ela
Neste contexto o professor deverá ser o facilitador ao invés do direcionador
do processo ensino-aprendizagem desenvolvido no contexto de sala de aula.
2.1 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM
Conforme SANTOS (1999), para a criança, brincar é viver. Esta é uma
afirmativa bastante usada e aceita, pois a própria história da humanidade nos mostra
que as crianças sempre brincaram, brincam hoje e certamente, continuarão
brincando. Sabemos que ela brinca porque gosta de brincar e que, quando isso não
acontece alguma coisa pode não estar bem. Enquanto algumas crianças brincam
por prazer, outras brincam para dominar angústias, dar vazão à agressividade.
Para VYGOTSKY (1984), a aprendizagem e o desenvolvimento estão
estritamente relacionados, sendo que as crianças se interrelacionam com o meio
objeto e social, internalizando o conhecimento advindo de um processo de
construção.
O brincar permite, ainda, aprender a lidar com as emoções. Pelo brincar, a
criança equilibra as tensões provenientes de seu mundo cultural, construindo sua
individualidade, sua marca pessoal e sua personalidade. Mas, é Piaget que nos
24
esclarece o brincar, implica uma dimensão evolutiva com as crianças de diferentes
idades, apresentando características específicas, apresentando formas
diferenciadas de brincar.
Desta forma, a escola deve facilitar a aprendizagem utilizando-se de
atividade lúdica que criem um ambiente alfabetizador para favorecer o processo e
aquisição de autonomia de aprendizagem. Para tanto, o saber escolar deve ser
valorizado socialmente e a alfabetização deve ser um processo dinâmico e criativo
através de jogos, brinquedos, brincadeiras e musicalidade.
É muito importante aprender com alegria, com vontade. Comenta
SNEYDERS (1996), que Educar é ir em direção à alegria. As técnicas lúdicas fazem
com que a criança aprenda com prazer, alegria e entretenimento, sendo relevante
ressaltar que a educação lúdica está distante da concepção ingênua de
passatempo, brincadeira vulgar, diversão superficial.
Com a utilização desses recursos pedagógicos, o professor poderá utilizar-
se, por exemplo, de jogos e brincadeiras em atividades de leitura ou escrita em
matemática e outros conteúdos, devendo, no entanto, saber usar os recursos no
momento oportuno, uma vez que as crianças desenvolvam o seu raciocínio e
construam o seu conhecimento de forma descontraída.
O momento lúdico compõe-se de permitir ao paciente/aluno brincar e
construir um espaço de experimentação, onde temos uma transição entre o mundo
interno e o mundo externo.
Compreendo que as brincadeiras, para a criança, trazem grandes benefícios
do ponto de vista físico, intelectual e social. Como benefício físico, o lúdico satisfaz
as necessidades de crescimento e de competitividade da criança. Os jogos lúdicos
devem ser a base fundamental dos exercícios físicos impostos às crianças pelo
menos durante o período escolar. Como benefício intelectual, o brinquedo contribui
para a desinibição, produzindo uma excitação mental e altamente fortificante.
2.2 - A UTILIZAÇÃO DO LÚDICO NO PROCESSO DO ENSINO-APRENDIZAGEM
DA LEITURA E DA ESCRITA.
25
O processo de alfabetização envolve não somente o ser humano, aqui no
caso a criança, mas o meio social em que está inserido. Dessa forma, considerando-
o um ser social ativo, já traz consigo um conhecimento prévio, conhecimento este
que diz respeito à realidade em que vive, pessoas com quem convive, etc. A
interação do ser humano (criança) com o meio social, tanto família, bairro ou escola,
possibilita que crie hipóteses, conceitos, tenha seus pontos de vista e tire suas
próprias conclusões, como afirma FERREIRO:
[...]A criança que cresce em um meio “letrado” está exposta à influência de uma série de ações. E quando dizemos ações, neste contexto, queremos dizer interações.
Através das interações adulto-adulto, adulto-criança e crianças entre si, criam-se as condições para a inteligilidade dos símbolos. A experiência com leitores de textos informa sobre a possibilidade de interpretação dos mesmos, sobre as exigências desta interpretação e sobre as ações pertinentes, convencionalmente estabelecidas
[...]. A criança se vê continuamente envolvida, como agente e observador, no mundo
“letrado”. Os adultos lhe dão a possibilidade de agir como se fosse leitor – ou escritor -, oferecendo múltiplas oportunidades para sua realização (livros de histórias, periódicos, papel e lápis, tintas, etc.). O fato de poder comportar-se como leitor antes de sê-lo, faz com que se aprenda precocemente o essencial das práticas sociais ligadas à escrita. (2001, p. 59-60).
Portanto, a criança ao crescer em volta de adultos letrados que fazem uso
cotidianamente de uma diversidade de materiais escritos, tem sua curiosidade
aguçada a respeito deste objeto de conhecimento, e assim, da mesma forma como
acontece com a linguagem falada, a criança sente a necessidade de conhecer este
objeto cultural do qual os adultos tanto se utilizam.
Nesse processo de descoberta a criança obtém informações das mais
diversas formas como, por exemplo, quando a mãe recebe uma correspondência de
uma pessoa, quando esta presencia um ato de leitura, a escrita de um bilhete, a
consulta de uma lista telefônica, todos esses elementos vão sendo reunidos pela
criança, viabilizando a elaboração de hipóteses acerca deste mundo ainda
desconhecido para ela, o do ler e do escrever.
Entretanto, muitas vezes, esta criança ao chegar à escola, não tem esses
conhecimentos reconhecidos como válidos, passando então a ser analisada tendo
como parâmetro uma série de pré-requisitos, tais como as habilidades motoras,
perceptíveis e visuais.
26
Com relação a estes aspectos BOLZAN (2007), argumenta:
Os pré-requisitos não podem ser entendidos como habilidades que a criança deve ter desenvolvido para ingressar em certo nível na escola. Precisam ser entendidos, sim, como aquelas hipóteses, conceitos, relações, que a criança já construiu antes de ingressar em uma instituição formal de ensino. (p.25).
Nessa perspectiva, as hipóteses infantis necessitam ser consideradas pelo
professor, pois este conhecimento que a criança já traz consigo, somado ao
conhecimento que o professor traz na sala de aula, possibilitará que a criança
confronte os conhecimentos e tire suas conclusões. Desta forma, ela estará
construindo seu conhecimento.
FERREIRO E TEBEROSKY (1987), ao debruçarem-se sobre o processo de
construção da linguagem escrita pela criança apontam para a existência de três
grandes períodos. Segundo estas autoras inicialmente, a criança supõe que a
escrita é uma outra forma de desenhar as coisas, sendo assim, o primeiro período
caracteriza-se pela busca de diferenciação entre o que é desenho e o que não é.
Nessa etapa a criança descobre que a escrita não é um desenho, pois quando se
desenha as formas do grafismo assemelham-se as formas dos objetos e ao escrever
isto não ocorre.
O segundo período é caracterizado pela construção do modo de
diferenciação entre o encadeamento de letras, no qual a criança passa a dar-se
conta das características formais da escrita e constrói então duas hipóteses que vão
acompanhá-la durante o processo de alfabetização. Primeiro é preciso um número
de letras, entre 2 e 4, para que esteja escrita alguma coisa; de que é preciso um
mínimo de variedade de caracteres para que uma série de letras “sirva para ler”.
Normalmente, nesse período, utilizam principalmente as letras de seu nome, com o
cuidado de não repetir as letras. (FERREIRO E TEBEROSKY, 1987).
O terceiro período é o que corresponde a fonetização da escrita, o qual
começa pela apresentação da hipótese silábica, passando pela hipótese silábico-
alfabético, culminando na hipótese ou nível alfabético. Nesse período a criança
descobre que a escrita representa a fala.
Esta descoberta leva-a a formular uma hipótese ao mesmo tempo falsa e
necessária, é a hipótese silábica, ou seja, a criança passa a atribuir a cada letra o
som de uma sílaba (FERREIRO E TEBEROSKY, 1987).
27
Essa hipótese gera inúmeros conflitos cognitivos, tanto com as informações
que a criança recebe do mundo, como com as hipóteses de quantidade e variedade
de caracteres, construídas pela própria criança. A dificuldade de abandonar a
construção precedente e de substituí-la por outra é representada por um período
intermediário, denominado hipótese silábico-alfabética.
A etapa final da evolução é o acesso aos princípios do sistema alfabético, no
qual a criança consegue compreender como se opera esse sistema, entendendo
quais são suas regras de produção.
Partindo do pressuposto que a alfabetização é um processo contínuo, que
se dá mediante a possibilidade de interagir com a escrita em todas as suas
possibilidades, é importante que as crianças vivenciem atividades que possibilitem a
elas espaços para a reflexão sobre o que a escrita representa e como ela pode ser
representada, ou seja, que possibilite a elaboração e o confronto das hipóteses
infantis acerca da linguagem escrita, pois é assim que estas aprenderão
(FERREIRO E TEBEROSKY, 1987).
Portanto, mudar a metodologia para a apropriação da leitura e da escrita é
essencial, pois, não podemos continuar com uma simples repetição e memorização
de letras. Construir um conhecimento a respeito da escrita implica a compreensão
sobre a organização deste sistema de representação.
Segundo FERREIRO:
A escrita pode ser concebida de duas formas muito diferentes e conforme o modo de considerá-las as conseqüências pedagógicas mudam drasticamente. A escrita pode ser considerada como uma forma de representação da linguagem ou como um código de transcrição gráfica das unidades sonoras. (...) Se a escrita é concebida como um código de transcrição, sua aprendizagem é concebida como a aquisição de uma técnica; se a escrita é concebida como um sistema de representação, sua aprendizagem se converte na apropriação de um novo objeto de conhecimento, ou seja, em uma aprendizagem conceitual. (2001, p.10 e 16).
É importante perceber que aprender a ler e escrever é um processo longo e
complexo. FERREIRO (2001), postula que a língua escrita refere-se a uma
linguagem em outro nível, uma vez que as unidades da escrita não estão pré-
determinadas pela fala, mas devem ser redefinidas, uma vez que este objeto de
conhecimento é um fenômeno lingüístico e cultural.
28
Nesta mesma direção, indicam os estudos de VYGOTSKI, apud
POWACZUK (2008, p.59) que dominar a escrita significa dominar um sistema
simbólico extremamente complexo, pois um aspecto deste sistema é que ele
constitui-se em um simbolismo de segunda ordem que, gradualmente torna-se um
simbolismo direto, ou seja, a linguagem escrita é constituída por um sistema de
signos que designam os sons e a linguagem falada, os quais, por sua vez, são
signos das relações e entidades reais. Entretanto para que a aquisição da linguagem
escrita seja efetiva é necessário que o elo intermediário – representado pela
linguagem oral –desapareça gradualmente e a escrita transforme-se em um sistema
de signos que simbolizem diretamente os objetos e as situações designadas. Só
assim, o indivíduo será capaz de ler idéias e não palavras compostas de sílabas,
num texto. Da mesma forma, ao escrever, registrará idéias e não apenas grafará
palavras (MELLO, 2005).
Assim, a aprendizagem da linguagem escrita implica a compreensão do que
caracteriza uma representação, visto que a escrita refere-se a uma atividade
simbólica, e tal como outras atividades desta natureza, envolve a representação de
uma coisa por outra, a utilização de signos auxiliares para representar significados
(VYGOTSKI, 1994).
Essa representação é perceptível nas brincadeiras das crianças. Segundo
MELLO:
No faz-de-conta, a ausência de alguns objetos necessários à brincadeira é compensado por objetos que passam a representar os ausentes e, aos poucos, se convertem em signos que representam os objetos ausentes (...) é o gesto que atribui a função de signo ao objeto e, ao longo do exercício do faz-de-conta, graças ao uso prolongado desse o novo significado transfere-se ao objeto e este passa a representar o novo objeto para a criança, independente do gesto. (2005, p. 27-28).
Dessa forma, é possível dizer que as brincadeiras são fundamentais à
apropriação da leitura e da escrita, uma vez que possibilita a criança a reflexão
sobre as diferentes possibilidades de representação e expressão de idéias.
Segundo VYGOTSKI (1994), quando a criança deseja vivenciar determinada
situação ou brincar com um brinquedo que não é possível naquele momento, ela se
utiliza do gesto representacional, quando pega outro objeto, que para ela possui
alguma semelhança com o objeto a ser representado e passa a imaginar o
29
brinquedo ou situação. Ela envolve-se em um mundo ilusório e imaginativo para
satisfazer essa vontade.
No processo de imaginação, as crianças ao brincar respeitam algumas
regras que esse processo requer. Por exemplo, as regras de comportamento,
quando uma criança brinca imitando sua mãe, segue uma forma comportamental
que para ela seria o comportamento de uma mãe. Já os jogos com regras pré-
estabelecidas, requerem uma situação imaginária, pois, ao jogar, insere-se no
mundo ilusório daquele jogo, é como se a pessoa que está jogando, com um
tabuleiro, por exemplo, estivesse dentro do jogo, a peça do jogo é o jogador
(VYGOTSKI, 1994).
E com o processo de aquisição da leitura e da escrita, de certa forma,
deveria ocorrer algo semelhante. Pois a escrita como sistema de representação, ao
possibilitar a criança que imagine, crie, estruture hipóteses, que irão, aos poucos,
fazendo com que ela compreenda esses sistemas complexos que são a leitura e a
escrita. Portanto é de fundamental importância que a criança aprenda através de
brincadeiras, jogos.
Sendo assim, possibilitar à criança que brinque, se expresse, crie, imagine, é
fundamental para que elas tenham acesso a uma aprendizagem mais prazerosa,
eficaz e de acordo com as necessidades que possue, aumentando, dessa forma, a
auto-estima, o bom humor e o prazer pelo ato educativo, o que acarretará em
diminuição dos índices de evasão e repetência escolar.
A leitura de imagem, segundo VYGOTSKI (1994), faz com que a criança
desenvolva a arte de pensar e criar historia. A leitura das imagens, também como
uma alfabetização visual, possibilita a criança a criar situações que os personagens
de suas histórias vivenciam, as quais podem ter situações que elas já vivenciaram,
ou que elas já conhecem do mundo no qual vivem, pois ela atribui um significado
pessoal àquilo que ela já vivenciou, podendo trazer a tona nessas
interpretações.Fazer do personagem uma representação de si, como se fosse a
criança que estivesse ali vivenciando aquela situação. A possibilidade de a criança
expressar não somente o que está vendo nas imagens, mas também o mundo que
ela cria para esse personagem e a livre expressão desse pensamento é o elemento
30
culminante do processo inicial de aquisição da linguagem escrita, pois ela está
trazendo suas idéias referentes àquelas imagens.
MELLO (2005), indica que atividades dessa categoria, são essenciais para a
formação das bases necessárias ao desenvolvimento das formas superiores de
comunicação humana, pois, dessa forma, lhes é dada a possibilidade de perceber a
linguagem escrita considerando sua função social, de expressar idéias, vivências,
sentimentos e comunicar-se. Nesta direção, a criança ingressa no processo de
aquisição da linguagem escrita percebendo-a como uma forma de expressão e
conhecimento do mundo, ela percebe na escrita um sentido, o qual a instiga a
conhecer e desvendar esse sistema de representação.
O fato de as crianças necessitarem visualizar a imagem se deve ao
processo de atribuição de significado pela criança na leitura, está estreitamente
vinculada as imagens.
Então, para ela atribuir significado ao que ouviu é necessário a visualização.
Portanto, quando o educador realizar uma atividade - brincadeira com seus alunos, é
necessário que ele leve para suas aulas elementos com os quais as crianças podem
interagir e após solicitar um registro dessa interação, para que a aula possa
significar algo para a criança.
Esse registro pode ser realizado em forma de desenho, pintura, expressão
corporal, escultura, etc., é nesse momento que o professor, como mediador, irá
contribuir e conduzir para que a criança compreenda a função social tanto da fala
como da escrita. Nesta direção, posiciona-se MELLO:
Só a criança que entende o objetivo do que lhe é proposto e que atua motivada por esse objetivo é capaz de atribuir um sentido que a envolva na atividade. Os fazeres propostos para as crianças na escola têm mais possibilidades de se estabelecer como atividade quanto maior for a participação da criança na escola dando a conhecer suas necessidades de conhecimento(...)A informação vai ser apropriada apenas se a criança puder interpretá-la e expressá-la na forma de uma linguagem – que pode ser a fala, um texto escrito, um desenho, uma maquete, uma escultura, um jogo de faz de- conta, uma dança – que torne objetiva essa sua compreensão. (2005, p.32 e 33).
A utilização de dramatizações com fantoches faz com que a criança se sinta
interagido com a história.
Segundo VYGOTSKI (1994), estas são formas de expressão muito valiosas
para o desenvolvimento das crianças, tanto intelectual quanto pessoalmente, pois
31
possibilita a elas colocar-se no lugar do outro, assumindo comportamentos que não
são seus por natureza, mas sim do personagem que criaram e que agora
representam. E através do brinquedo que a criança passa a assimilar funções
sociais e comportamentos das pessoas. Essas atitudes e comportamentos formam
as bases para a apropriação da leitura e da escrita.
Na perspectiva deste autor é o gesto praticado pela criança que atribui
significado ao objeto utilizado no jogo de faz de conta. Pelo uso prolongado do
objeto representando, este passa a assumir características do objeto representado,
adquirindo, então, um novo significado. É o que ocorre com os fantoches, a eles é
inventado um personagem, que possui determinadas características, mesmo que
não possua as características do objeto original, a ele é criada uma situação na qual
assume o papel daquele personagem, e com esse vivenciar ele passa a ser o objeto
antes representado.
Segundo FARIA (2005), a criança se expressa sem usar palavras, sem a
escrita, e a nós, educadores, cabe a tarefa de potencializar as diferentes formas de
expressão da criança, sendo a escrita uma delas. Esta autora, partindo dos estudos
vygotskianos enfatiza a importância de explorar os desenhos, as brincadeiras de faz
de conta, entre outras. Segundo a autora:
O desenho e o faz-de-conta são atividades essenciais para o desenvolvimento das formas superiores de comunicação humana, e se desejamos que as crianças se apropriem da escrita com uma forma de linguagem expressiva, é necessário que elas se utilizem profundamente do faz-de-conta e do desenho livre, vividos ambos como formas de expressão e de atribuição pessoal de significado àquilo que a criança vai conhecendo no mundo da cultura e da natureza. (MELLO, 2005, p. 28-29).
É importante perceber que a criança ao desenhar, os traços assemelham-se
aos traços do objeto desenhado, já na escrita, isso não acontece. No desenho ela é
capaz de elaborar diversas formas de representação. Então, possibilitar que a
criança desenhe bastante no período em que se encontra na escola e possibilitar a
ela o contato com livros de histórias, reportagens de jornais, ler textos para eles é de
fundamental importância, pois a partir disso, a criança vai criando as suas hipóteses
a respeito da leitura e da escrita, percebendo-a não como um emaranhado de
símbolos mas, como uma possibilidade de expressar sentimentos, emoções, idéias,
algo que informa, que permite a interação entre pessoas, etc.
32
Dessa forma, a partir das investigações e das estratégias realizadas é
possível afirmar que na escola, isso é possível através da brincadeira com as
palavras, deixando a criança escrever, desenhar, oferecer livros com ilustrações.
Pedir que leia o livro para você é uma forma gostosa de brincar com a imaginação.
Mesmo que a leitura que ela faça não condiga com o que realmente está escrito,
não quer dizer que está errado, é apenas uma forma como ela imagina que está
escrito. E, o professor como mediador da aprendizagem, necessita ter a consciência
de que essa forma de interpretação precisa ser valorizada e estimulada mesmo que
não se aproxime do saber convencionado socialmente.
Nesse sentido, é de fundamental importância valorizar essa fase na qual a
criança se encontra e fazer uso dessa etapa, aceitar a criança e o momento que ela
está vivenciando, é uma das melhores formas para ensinar, visto que, no mundo
dela, tudo é brincadeira e a aprendizagem também deve ser entendida como uma
brincadeira.
No ensino da leitura e escrita, deve-se levar em conta o relacionamento da
estrutura da língua e a estrutura do lúdico. Podem-se também estabelecer relações
entre o brinquedo sócio-dramático das crianças, na sua criatividade,
desenvolvimento cognitivo e as habilidades sociais. Destacando-se criação de novas
combinações de experiências; seletividade e disciplina intelectual; concentração
aumentada; desenvolvimento de habilidades de cooperação entre outros.
Para a criança que engaja no jogo sócio-dramático, é mais fácil para ela
participar do jogo da vida escolar.
Segundo ALMEIDA (1995), educar ludicamente tem um significado muito
profundo e está presente em todos os segmentos da vida. Por exemplo, uma criança
que joga bolinha de gude ou brinca de boneca com seus companheiros não está
simplesmente brincando e se divertindo; está desenvolvendo e operando inúmeras
funções cognitivas e sociais, ocorre o mesmo com uma mãe que acaricia e se
entretém com uma criança, com um professor que se relaciona bem com seus
alunos ou mesmo com um cientista que prepara prazerosamente sua tese ou teoria.
Eles educam-se ludicamente, pois combinam e integram a mobilização das relações
funcionais ao prazer de interiorizar o conhecimento e a expressão de felicidade que
se manifesta na interação com os semelhantes.
33
De acordo com CAGLIARI (2007), um dos objetivos mais importantes da
alfabetização é ensinar a escrever. A escrita é uma atividade nova para a criança, e
por isso mesmo requer um tratamento especial na alfabetização. Espera-se que a
criança, no final de um ano de alfabetização, saiba escrever e não que saiba
escrever tudo e com correção absoluta e a outra atividade fundamental desenvolvida
pela escola para a formação dos alunos é a leitura, é muito mais importante saber
ler do que saber escrever.
Segundo VYGOTSKY (1987), a escrita é muito mais difícil do que parece,
embora sua aprendizagem interaja com a da leitura.
Ao incluir-se a escrita junto com a leitura, vê-se que aprender a ler é uma
tarefa dificílima para uma criança de sete anos. Nesse momento, as habilidades
psicomotoras incluem destreza manual e digital, coordenação mãos-alhos,
resistência e fadiga e equilíbrio físico. Fica claro que a escrita é, enquanto conjunto
de movimentos coordenados, um exemplo de complexidade para a criança. Se, para
a criança, a escrita é uma atividade complexa, o jogo, ao contrário, é um
comportamento ativo cuja estrutura ajuda na apropriação motora necessária para a
escrita.
Ao lado das atividades de integração da criança à escola, deve-se promover
a leitura e a escrita juntamente, utilizando para isso a dramatização, conversar,
recreação, desenho, música, histórias lidas e contadas, gravuras, contos e versos.
O papel da escola é promover a facilitação corporal (conhecimento do corpo
e suas potencialidades); exercícios realizados com olhos fechados facilitam esse
conhecimento; - espacial, posicionado a criança em espaços diferenciados; -
temporal, vivida a partir da marcação rítmica, - escrita, através da movimentação
ampla, direção esquerda-direita.
Em suma, a escola deve aproveitar as atividades lúdicas para o
desenvolvimento físico, emocional, mental e social da criança. Linguagem e
brinquedo mostram sua origem comum em vários aspectos. Através do símbolo
lúdico corporal e concreto, orienta-se a criança para as palavras.
Creio que jogo imaginário deve ser usado para facilitar a aquisição da
linguagem, tanto oral como escrita, sendo que, para isso acontecer, deve existir um
34
paralelo entre a linguagem e a ação que envolve, relação entre dois modos de atuar,
o lúdico e o lingüístico.
Afirmo que o ensino da leitura e escrita, deve-se levar em conta o
relacionamento da estrutura da língua e a estrutura do lúdico. Podem-se também
estabelecer relações entre o brinquedo sócio-dramático das crianças, na sua
criatividade, desenvolvimento cognitivo e as habilidades sociais.
35
CAPÍTULO III
3 METODOLOGIA
Para realizar este trabalho de cunho teórico, acerca da construção de
conhecimento, como princípio educativo, resolvi lançar mão de uma pesquisa
prática, utilizando uma abordagem qualitativa descritiva, pois este tem como objetivo
identificar a importância do lúdico na educação pré-escolar, direcionada à
alfabetização, dando enfoque ao valor psicopedagógico atribuído por educadores
em suas práticas educativas.
Este estudo teve como objetivo inicial, diagnosticar e posteriormente analisar
descrevendo a realidade encontrada em escola pública, no que diz respeito à
incorporação do lúdico na prática concreta de professor e crianças na alfabetização.
Esta pesquisa foi realizada na escola Municipal de Educação Básica Adilson
José Schumacher localizada no Assentamento Juruena I, Municipio de Brasnorte-
MT.
A escola encontra-se construída numa área arborizada, murada, bem
conservada, salas iluminadas e ventiladas, contendo: 10 salas de aula, 01- sala de
professores, 01- sala de informática, 01- copa para lanche dos alunos, 04 banheiros.
A escola é composta de 14 funcionários 01- orientador educacional. O corpo
docente: 10 professores. Ainda 01- merendeira, 02 agente de infra-estrutura.
Nesta escola estão matriculados 200 alunos, funcionando nos dois turnos,
um turno vespertino que atende o Ensino Fundamental e um noturno que atende o
Fundamental e Ensino Médio extensão da escola Estadual do município.
Através da pesquisa qualitativa obtive informações acerca do tema do meu
Trabalho de Conclusão de Curso da ‘Área de Metodologia Científica apresentado ao
curso de Pós-Graduação de Metodologia do Ensino Fundamental e Gestão e
Escolar.
Na escola pesquisada foi investigada a turma de alfabetização, sendo que, o
docente entrevistado com nível de formação diferenciado, apenas com o Ensino
Médio.
Foi entrevistado 1 professor de escola pública, e a entrevista foi do tipo
semi-aberta, tendo como instrumento um roteiro (anexo 1), com questões que
apontam a importância do lúdico e suas funções no cotidiano do educador.
Nas considerações finais, abordei a importância do lúdico na educação
infantil, as inferências que o lúdico proporciona a crianças pré-escolares,
metodologias, recursos e instalações necessárias para a estimulação de crianças de
alfabetização e a formação necessária do educador infantil.
37
CAPÍTULO IV
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS:
A entrevista será analisada de forma quantitativa e qualitativa.
A professora entrevistada tem 37 anos e atua há sete meses, possui o
magistério está cursando graduação de Pedagogia.
1. Você considera importante a prática do lúdico nas escolas? Comente.
P. Sim, pois através do lúdico a criança revela o seu verdadeiro sentimento,
amplia suas relações sociais, aproxima-se mais do seu mediador de sala e
desenvolve suas habilidades de forma prazerosa.
Pensar a importância do brincar nos remete às mais diversas abordagens
existentes, como posso observar P que vê o jogo como uma forma de compreender
melhor o funcionamento da psique, enfim, das emoções, da personalidade dos
indivíduos, gestar o relacionamento a cultura da criança para que a mesma tenha
prazer em apreender conhecimentos ligados a sua realidade.
2. No seu entendimento, que atividades lúdicas são capazes de contribuir na
maturação da criança na alfabetização? Dê exemplos.
P. Jogos de carta, de letras e silabas, brinquedos pedagógicos, teatros,
fantoches e musicas, etc.
Observa-se que P utiliza atividades que despertam interesse dos alunos,
contribuindo para a construção do conhecimento do mesmo, o que na fase da
alfabetização, é muito importante, pois o aluno precisa aprender de maneira
prazerosa, principalmente o processo da leitura e da escrita. As situações criadas
por elas, através dos jogos, imitando a vida real e atuam através na formação de
significados permitindo a construção da função simbólica e da construção do
pensamento verbal-lógico através de intra e interpessoais por interagir e construir
conhecimento.
PIAGET (1975), mostra claramente em suas obras que os jogos não são
apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar energia das crianças,
mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Os jogos e
as atividades lúdicas tornaram-se significativas à medida que a criança se
desenvolve, com a livre manipulação de materiais variados, ela passa a reconstituir,
reinventar as coisas, o que já exige uma adaptação mais completa. Essa adaptação
só é possível, a partir do momento em que ela própria evolui internamente,
transformando essas atividades lúdicas, que é o concreto da vida dela, em
linguagem escrita que é o abstrato.
3- Quais as dificuldades que você enfrenta, dentro da sala de aula, para
trabalhar com a ludicidade?
P. Manter as crianças brincando , e ao mesmo tempo a disciplina.
Observa-se que a resposta da professora não tem dificuldade para utilizar o
lúdico, devido a escola lhe oferecer todos os recursos, espaços e o que lhe for
necessário para a prática do lúdico facilitando-a, porém a não tem o mesmo espaço,
dificultando os seus objetivos com os jogos além de precisar conscientizar os pais
que o conhecimento se alcança também através de brincadeiras.
A brincadeira não é um mero passatempo, ela ajuda no desenvolvimento
das crianças, promovendo processos de socialização e descoberta do mundo
(MALUF, 2003).
4- Com qual função a psicomotricidade atua em sala de aula?
P. Atua na função da criança desenvolver o psicológico( aprendizagem) e a
coordenação motora favorecendo os aspectos físicos, mental,afetivo- emocional e
sócio cultural.
Observa-se que a resposta da professora P. leva em consideração a
importância da função psicomotora e o desenvolvimento das habilidades motoras
exercidas em cada atividade realizada pelos alunos. A criança tem um processo
contínuo de desenvolvimento que se inicia no seu nascimento. E a primeira forma de
relação com o meio é através do movimento que será modificada pelo aparecimento
da linguagem oral, que gradualmente substituirá a ação expressa através do
movimento. Todo este processo psicomotor prepara a criança aos movimentos
refinados da escrita formal.
39
Para VYGOTSKY (1984), como para PIAGET (1975), o desenvolvimento não é
linear, mas evolutivo e, nesse trajeto, a imaginação se desenvolve. Uma vez que a
criança brinca e desenvolve a capacidade para determinado tipo de conhecimento,
ela dificilmente perde esta capacidade. É com a formação de conceitos que se dá a
verdadeira aprendizagem e é no brincar que está um dos maiores espaços para a
formação de conceitos.
5 - Através desta metodologia, de que maneira você avalia seus alunos?
P. Avalio a participação, organização, disciplina e o desenvolvimento na
aprendizagem. Mas também avalio o emocional das crianças, a sociabilidade de um
aluno com outro, a sinceridade das crianças perante a regra do jogo, o respeito entre
os colegas, a interação da turma, a reação daqueles que perdem, o grau de
concentração, atenção entre outros.
Percebe-se que a resposta da professora coloca muito bem a avaliação
cognitiva levando em consideração os seus aspectos afetivos, sociais e
principalmente a relação com o próximo. ALMEIDA (1995, p.41) ressalta:
A educação lúdica contribui e influencia na formação da criança, possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, integrando-se ao mais alto espírito democrático enquanto investe em uma produção séria do conhecimento. A sua prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica, promovendo a interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação do meio.
As atividades lúdicas têm poder sobre a criança de facilitar tanto o progresso
de sua personalidade integral, como o progresso de cada uma de suas funções
psicológicas, intelectuais e morais. Ao ingressar na escola, a criança sofre um
considerável impacto físico-mental, pois até então, sua vida era exclusivamente
dedicada aos brinquedos e ao ambiente familiar.
Entende-se que esse direito ao respeito não significa a aceitação de que a
criança habite um mundo autônomo do adulto, tampouco, que deva ser deixado
entregue aos seus iguais, recusando-se, assim, a interferência do adulto no
processo de educação.
Na escola, a criança permanece durante muitas horas em carteiras
escolares nada adequadas, em salas pouco confortáveis, observando horários e
impossibilitada de mover-se livremente. Pela necessidade de submeterem-se à
disciplina escolar, muitas vezes a criança apresenta certa resistência em ir à escola.
40
O fato não está apenas no total desagrado pelo ambiente ou pela nova
forma de vida e, sim, por não encontrar canalização para as suas atividades
preferidas.
O crescimento, ainda em marcha, exige maior consumo de energia e não se
pode permitir que a criança permaneça, por longo tempo, trancafiada em sala de
aula, calma e quieta, quando ela mais necessita de movimento.
A escola deve partir de exercícios e brincadeiras simples para incentivar a
motricidade e as habilidades normais da criança em um período de adaptação para,
depois, gradativamente complicá-los um pouco possibilitando um melhor
aproveitamento geral.
O tema atual serve de estímulo a todos aqueles que, de alguma forma, estão
envolvidos com o processo de alfabetização de crianças; e procuram alcançar a
relação entre os que pensam e os que vivem da pesquisa sobre o cotidiano
educacional, buscando sempre refletir sobre sua prática pedagógica.
41
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No transcorrer deste trabalho procurei remeter a reflexões sobre a
importância das atividades lúdicas na alfabetização, tendo sido possível desvelar
que a ludicidade é de extrema relevância para o desenvolvimento integral da
criança, pois para ela brincar é viver.
É relevante mencionar que o brincar nesses espaços educativos precisa
estar num constante quadro de inquietações e reflexões dos educadores que o
compõem. É sempre bom que se auto-avaliem fazendo perguntas como: A que fins
estão sendo propostas as brincadeiras? A quem estão servindo? Como elas estão
sendo apresentadas? O que queremos é uma animação, um relaxamento ou uma
relação de proximidade cultural e humana?
Como estamos agindo diante das crianças? Elas são ouvidas?
Também é importante ressaltar que só é possível reconhecer uma criança
se nela o educador reconhecer um pouco da criança que foi e que, de certa forma,
ainda existe em si. Assim, será possível ao educador redescobrir e reconstruir em si
mesmo o gosto pelo fazer lúdico, buscando em suas experiências, remotas ou não,
brincadeiras de infância e de adolescência que possam contribuir para uma
aprendizagem lúdica, prazerosa e significativa.
O lúdico proporciona um desenvolvimento sadio e harmonioso, sendo uma
tendência instintiva da criança. Ao brincar, a criança aumenta a independência,
estimula sua sensibilidade visual e auditiva, valoriza a cultura popular, desenvolve
habilidades motoras, diminui a agressividade, exercita a imaginação e a criatividade,
aprimora a inteligência emocional, aumenta a integração, promovendo, assim, o
desenvolvimento sadio, o crescimento mental e a adaptação social.
O estudo permitiu compreender que o lúdico é significativo para a criança
poder conhecer, compreender e construir seus conhecimentos, tornar-se cidadã
deste mundo, ser capaz de exercer sua cidadania com dignidade e competência.
Sua contribuição também atenta para a formação de cidadãos autônomos, capazes
de pensar por conta própria, sabendo resolver problemas e compreendendo um
mundo que exige diferentes conhecimentos e habilidades.
É buscando novas maneiras de ensinar por meio do lúdico que
conseguiremos uma educação de qualidade e que realmente consiga ir ao encontro
dos interesses e necessidades da criança.
Cabe ressaltar que uma atitude lúdica não é somente a somatória de
atividades; é, antes de tudo, uma maneira de ser, de estar, de pensar e de encarar a
escola, bem como de relacionar-se com os alunos. É preciso saber entrar no mundo
da criança, no seu sonho, no seu jogo e, a partir daí, jogar com ela. Quanto mais
espaço lúdico proporcionarmos, mais alegre, espontânea, criativa, autônoma e
afetiva ela será.
Propus, entretanto, ao educador do 1º ano, transformar o brincar em
trabalho pedagógico para que experimente, como mediadores, o verdadeiro
significado da aprendizagem com desejo e prazer.
As atividades lúdicas estão gravemente ameaçadas em nossa sociedade
pelos interesses e ideologias de classes dominantes.
Portanto, cabe à escola e a nós, educadores, recuperarmos a ludicidade na
alfabetização ajudando-os a encontrar um sentido para suas vidas. Ao brincar, não
se aprendem somente conteúdos escolares; aprende-se algo sobre a vida e a
constante peleja que nela travamos.
É preciso que o professor assuma o papel de artífice de um currículo que
privilegie as condições facilitadoras de aprendizagens que a ludicidade contém nos
seus diversos domínios, afetivo, social, perceptivo-motor e cognitivo, retirando-a da
clandestinidade e da subversão, explicitando-a corajosamente como meta da escola.
Acredito que é importante deixar aos leitores algumas considerações a
respeito da inteligência da criança.
Entendi que por inteligência: a investigação da novidade com adaptação
contínua de situações novas. Quando um bebê tenta passar um objeto por entre
obstáculos intercalados (cercados) ele o faz de diversas maneiras, não se dando
conta de que o tamanho do objeto influi diretamente no espaço disponível para a
passagem do mesmo.
43
Percebi também que, quando uma criança vê vários deslocamentos de um
objeto sendo escondido por um adulto (em uma brincadeira de esconde-esconde)
ela sempre irá procurá-lo onde o viu pela última vez.
Isso significa que as noções de antes e depois estão, apenas iniciando, e
futuramente serão aplicadas a acontecimentos externos. Daí vem a importância de
observá-las em atividades lúdicas, para a compreensão de tal procedimento infantil.
Quando a criança brinca ou pratica exercícios motores, ela combina
diferentes ações motoras entre si, divertindo-se em repetir várias vezes os mesmos
esquemas, porém modificando a cada repetição de um movimento.
Em certos movimentos de sua infância, a criança finge ações como: dormir,
levar a mão à boca como se estivesse comendo. Esses esquemas simbólicos
indicam um esboço de representação ou evocação de uma situação ausente já
vivenciada. Esta fase marca o início da representação e, considera os exercícios
motores simples e os símbolos lúdicos da brincadeira simbólica.
Um desenvolvimento hormônio, lúdico, que inclui aprender a ouvir opiniões
diferentes e a contra-argumentar, estabelecendo comparações objetivas entre várias
maneiras de se compreender um mesmo fato, pouco a pouco vai contribuir para
tornar a criança apta a um intercambio, real com os outros, favorecendo a troca de
experiências, por estar baseada na cooperação e na reciprocidade.
Excluindo a aceitação passiva de idéias ou sugestões mal compreendidas, a
criança, quando tem um esquema mais evoluído de linguagem, passa a ser sujeito
ativo de suas ações e as defende com conversa com o adulto, sendo “lógico” para
ela o que pode ser manipulado e transformado de acordo com sua vivência.
O “fazer” é um dos critérios essenciais a orientar as condutas do professor
frente às crianças. Sendo assim, o que realmente importa é selecionar o maior
número possível de situações que promovam o desenvolvimento de habilidades
variadas, pois o objetivo é sempre a aprendizagem.
A partir do momento em que as atividades começaram a ser oferecidas em
sala de aula, notamos um progresso que repercute em todo conjunto, apesar de não
ser manifestado imediatamente, mas, o avanço registrado numa situação, logo
interfere em outras e, num espaço não muito longo de tempo, as diferenças de
progresso (quando a criança é trabalhada de maneira lúdica) vão se somando e
44
darão lugar futuramente ao progresso total, global. Isto justifica a importância de se
trabalhar com uma série de atividades lúdicas, pois é o conjunto destas que vai
influir nas transformações que ocorrem à medida em que as crianças são
conduzidas a tomar consciência das ações exercidas sobre os objetos.
A criança deve sentir-se sempre capaz de exercitar o que foi proposto. O
progresso dos movimentos, do ponto de vista quantitativa, surge através do
funcionamento de um esquema.
Esse progresso repercute nos demais movimentos, possibilitando a
introdução de outras e mais complexas atividades.
Sei que a noção de espaço começa a se desenvolver desde o nascimento e
está sempre subordinada aos progressos da inteligência. É agindo sobre as coisas
que a criança pode construir todo um sistema de relações espaciais referentes aos
seus próprios movimentos e aos deslocamentos dos objetos (deslocamentos dos
objetos entre si).
E como a linguagem vai ser estimulada ?
Ela evolui porque o professor conversa o tempo todo com seus alunos sobre
o que estão realizando (para a comprovação disto basta comparar o início e o fim do
ano letivo na primeira série do primeiro grau). As crianças também conversam, se
comunicam entre si; elas desenvolvem a linguagem porque e falam.
Somente com a prática do diálogo é que se aprende a dialogar. Pois, se a
criança aprende a agarrar, agarrando; a saltar, saltando; entendo então que
dominar uma ação implica em agir sobre o objeto a ser conhecido (processo que
também ocorre com a linguagem).
Lembramos aqui, que o objetivo deste relato é fornecer um referencial para
que o professor possa compreender a importância das tentativas (desenvolvidas
com atividades lúdicas) que conduzem ao desenvolvimento do raciocínio,
aprendendo a respeitar a criança e valorizando cada descoberta que esta venha a
fazer em sua vida escolar.
O respeito pelas várias etapas deste desenvolvimento constitui uma conduta
que, por ser teoricamente refletida, transcende quaisquer que sejam as
características do meio imediato. O que realmente interessa é atribuir a cada criança
45
o papel de sujeito ativo na construção de formas cada vez mais aprimoradas de
conhecimento, pois somente o indivíduo ativo é capaz de atuar frente às pressões
sociais, compreendendo-as para transformá-las.
Não pode se duvidar da influência do meio, mas, sim, procurar uma maneira
de intervir também com a preocupação de acelerar o ritmo do desenvolvimento
infantil, obedecendo sempre os limites desta evolução. Em nosso trabalho
consideramos muito o aspecto “linguagem” por acreditarmos estar nele o princípio
da alfabetização.
A pratica do diálogo que defendo: “proporcionar à criança a oportunidade de
expor suas idéias”. Porém, se por um lado deve se enfatizar o processo dialógico,
partindo desta interação para compreender o funcionamento da linguagem, por ouro,
preciso reconhecer que na relação com o meio e com o lúdico, de forma especial,
intervêm muitas formas de conhecimento.
Os conhecimentos lingüísticos, sociais e cognitivos, não constituem formas
isoladas, mas aspectos que se relacionam intimamente num fluxo dinâmico de
interferências. Relacionando o conjunto destas, enfatizamos as atividades lúdicas e
reconhecemos, através de nossas práticas que a aplicação das mesmas ampliam as
possibilidades de intervirmos nos aspectos do conhecimento infantil.
Na pesquisa de dados que fiz, percebi que o professor utiliza de atividades
lúdicas na sua prática pedagógica, mas tem dificuldades no controle dos educandos
durante a realização das mesmas.
Portanto o professor apesar de ser leigo e ter pouca experiência, percebe-se
que sua concepção sobre a importância do lúdico na prática pedagógica é
condizente com as teorias estudadas.
46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, 1995. ALVES, Rubem. Conversas sobre educação. São Paulo: Verus, 2003. BERTOLDO, Janice Vida; RUSCHEL, Maria Andrea de Moura. Jogo, brinquedo e brincadeira: uma revisão conceitual. Disponível em: http://www.ufsm.br/gepeis/jogo.htm. Acesso em 06 set. 2010. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Fundamental, 1997. BOCK, Ana M.; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes T. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 1999. BOLZAN. D. P. V. Leitura e Escrita: ensaios sobre alfabetização. Santa Maria: Ed. Da UFSM, 2007. CAGLIARI, Luis Carlos. Alfabetização & lingüística. São Paulo: Scipione, 2007. CUNHA, Nylse Helena da Silva. Brinquedo, desafio e descoberta: subsídios para utilização e confecção de brinquedos. Rio de janeiro: FAE, 1988. ____________. Brincar, pensar, conhecer: jogos e atividades para você fazer com suas crianças. São Paulo: Maltese, 1998 CHATEAU, Jean. O jogo e a criança. São Paulo: Summus, 1987. DEMO, P. Educar pela pesquisa. 4. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2000. FARIA, A. L. G. Sons sem palavras e grafismo sem letras: Linguagens, Leituras e Pedagogia na Educação Infantil. In: FARIA, A.L.G., MELLO, S.A. O mundo da escrita na pequena infância. Campinas, SP: Autores Associados, 2005. FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez, 2001. FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987. FREIRE, João Batista. Educação física de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. São Paulo: Scipione, 1989.
FRIEDMANN, Adriana Et Al. Brinquedoteca: o direito de brincar. São Paulo: ABRINQ,1992. HUIZINGA, Johan. Homo ludens. São Paulo: Perspectiva, 1990. LAROUSSE, K. Pequeno dicionário enciclopédico Koogan Larousse. Rio de Janeiro: Larousse, 1982. MALUF, Ângela Cristina Munhoz. A importância das brincadeiras na evolução dos processos de desenvolvimento humano. 2003. Disponível em: http://www.psicopedagogia.com.br/opiniao/opiniao.asp?entrID=132. Acesso em 06 set. 2010. MELLO, S. A. O processo de aquisição da escrita na educação infantil: Contribuições de Vygotski. In: FARIA, A. L.G., MELLO, S. A. Linguagens infantis: outras formas de leitura. Campinas, SP: Autores Associados, 2005. OLIVEIRA, Maria Alexandre de. Dinâmicas em literatura infantil. São Paulo: Paulinas, 1988. OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos de. L. S. Vygotsky: algumas idéias sobre desenvolvimento e jogo infantil. São Paulo: FDE, 1994. (Idéias, 2). OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos de (Org.). Educação infantil: fundamentos e métodos. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2002. OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio- histórico. São Paulo: Scipione, 1997 PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. ____________. A psicologia da criança. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. QUEIROZ, Tânia Dias. Dicionário prático de pedagogia. São Paulo: Rideel, 2003. REGO, Teresa Cristina. Vygotsky - uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1995. SANTOS, Santa Marli Pires dos. (Org.). Brinquedoteca: a criança, o adulto e o lúdico. Petrópolis: Vozes, 2000. SANTOS, Santa Marli Pires dos. Brinquedo e infância: um guia para pais e educadores. Rio de Janeiro: Vozes, 1999. SNEYDERS, George. Alunos felizes. São Paulo: Paz e Terra, 1996. WAJSHOP, Gisela. Brincar na pré-escola. São Paulo: Cortez, 1995.
48
VYGOTSKY, L. S. A Formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins,Fontes, 1984. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. Rio de Janeiro: Martins Fontes,1996. VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1998 __________. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987
49
Questionário para o professor Idade............ Sexo....................tempo de magistério .................... Grau de formação.......................................................................... Série que leciona............................................................................. Idade ______ 1 - De que forma o lúdico está inserido no planejamento e qual a importância que possui na prática pedagógica? 2. No seu entendimento, que atividades lúdicas são capazes de contribuir na apredizagem da criança da 3ª série? Dê exemplos. 3- Quais as dificuldades que você enfrenta, dentro da sala de aula, para trabalhar com a ludicidade? 4- Com qual função a psicomotricidade atua em sala de aula? 5 - Através desta metodologia, de que maneira você avalia seus alunos?