Instruções para o diaconato

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IGREJA DO EVANGELHO QUADRANGULAR JARDIM BERTANHA – SOROCABA –SP ESTUDOS PARA ORIENTAÇÃO D0 DIACONATO A IGREJA Deus escolheu pessoas do mundo, pecadores e ímpios, para deles fazer pessoas santas e irrepreensíveis perante ele [Ef 1.4: ...assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor...]. Se o alvo de Deus é fazer-nos irrepreensíveis na sua presença, muito mais na presença de ímpios, cujo padrões de conduta são infinitamente menos rigorosos. O apostolo Paulo menciona este propósito de Deus em fazer-nos santos e irrepreensíveis mais de uma vez [Cl 1.21-22: E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas, agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis e ainda Ef 5.25-27: Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito]. Espera-se que isto seja um fruto do desenvolvimento da salvação, até ao dia de Cristo Jesus [I Co 1.8: ...o qual também vos confirmará até ao fim, para serdes irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo] quando o Senhor completará a boa obra que começou em nós [Fp 1.6: Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus]. Nenhum cristão é chamado para ser o agente de sua salvação. Isso é impossível - é uma prerrogativa exclusivamente divina. Mas todos são chamados para operarem juntos com Deus no desenvolvimento das virtudes e dons que Deus dá aos salvos, e que devem caracterizar sua nova vida [Fp 2.12-16: Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. Fazei tudo sem murmurações nem contendas, para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo, preservando a palavra

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IGREJA DO EVANGELHO QUADRANGULAR JARDIM BERTANHA – SOROCABA –SP

ESTUDOS PARA ORIENTAÇÃO D0

DIACONATO

A IGREJA

Deus escolheu pessoas do mundo, pecadores e ímpios, para deles fazer pessoas santas e irrepreensíveis perante ele [Ef 1.4: ...assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor...]. Se o alvo de Deus é fazer-nos irrepreensíveis na sua presença, muito mais na presença de ímpios, cujo padrões de conduta são infinitamente menos rigorosos. O apostolo Paulo menciona este propósito de Deus em fazer-nos santos e irrepreensíveis mais de uma vez [Cl 1.21-22: E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas, agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis e ainda Ef 5.25-27: Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito].Espera-se que isto seja um fruto do desenvolvimento da salvação, até ao dia de Cristo Jesus [I Co 1.8: ...o qual também vos confirmará até ao fim, para serdes irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo] quando o Senhor completará a boa obra que começou em nós [Fp 1.6: Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus].Nenhum cristão é chamado para ser o agente de sua salvação. Isso é impossível - é uma prerrogativa exclusivamente divina. Mas todos são chamados para operarem juntos com Deus no desenvolvimento das virtudes e dons que Deus dá aos salvos, e que devem caracterizar sua nova vida [Fp 2.12-16: Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. Fazei tudo sem murmurações nem contendas, para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo, preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente].A santidade completa vai ser alcançada no dia do Senhor, mas até lá o crente vive no meio de uma geração absolutamente corrompida - e é no meio das mais densas trevas que a luz deve brilhar mais intensamente [II Pe 3.10-18]. E esta é a tarefa do cristão em nosso tempo, em nossa sociedade, dentro e fora da igreja [em ambos os lugares a corrupção que é fruto do pecado se faz mais ou menos presente, mas está presente, sem dúvida].Embora esta exigência de uma vida irrepreensível se aplique a todos os cristãos, ela se aplica ainda mais aos presbíteros e diáconos em função de sua posição de liderança, devendo ser modelos do rebanho [I Pe 5.3: ...nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho]. Paulo exorta os tessalonicenses a imitarem seu procedimento [I Ts 2.10: Vós e Deus sois testemunhas do modo por que piedosa, justa e irrepreensivelmente procedemos em relação a vós outros, que credes e ainda At 20.18: E, quando se encontraram com

ele, disse-lhes: Vós bem sabeis como foi que me conduzi entre vós em todo o tempo, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, e ainda I Co 11.1: Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo]. A conduta de Paulo gerou frutos na Tessalônica e aqueles crentes, por causa de sua boa reputação, se tornaram modelo para toda a região [I Ts 1.6-7: Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo, de sorte que vos tornastes o modelo para todos os crentes na Macedônia e na Acaia] e são lembrados até os nossos dias por causa disso.

A LIDERANÇA DA IGREJAAfirma-se que a qualidade dos líderes de um povo reflete a mentalidade dos liderados. Ou,

em outras palavras, que cada povo tem o líder que merece. Assim é que a qualidade dos governantes de um país reflete exatamente a mentalidade e aspirações daqueles que os elegeram.

É assim também na igreja Cristã? Não devemos nos esquecer que ‘toda autoridade é dada por Deus’, logo, os líderes que temos refletem a vontade de Deus para nossa comunidade. Todavia, esta vontade de Deus é revelada através das ações dos homens - e a vontade de Deus tanto pode ser para bênção quanto para disciplina.

Quem são os líderes da igreja Cristã? A liderança cabe aos presbíteros, regentes e docentes. A eles cabe a tomada de decisões que muitas vezes são difíceis e penosas. Já mencionamos que muitos querem ter em suas mão s o poder, a autoridade para mandar - mas são poucos os que querem assumir o ônus da liderança.

Embora o que se espera como ministério de um presbítero e diácono seja diferente, cremos que suas qualificações não são tão diferentes, e por isso vamos estudar estas qualificações sem estabelecer uma distinção muito grande entre os ofícios. E o faremos assim mais especialmente porque consideramos que estas qualificações não são exclusivas dos líderes, mas devem estar presentes na vida de toda a comunidade dos que professam a Jesus Cristo como Senhor e Salvador, uma vez que ele receberá no dia das bodas uma noiva pura e perfeita [Ef 5.27: ...para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito], composta não apenas pelos líderes, mas por todos os membros da sua igreja.

O cristão deve ser irrepreensível. E do líder cristão espera-se ainda mais [I Tm 3.2: É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar... e ainda Tt 1.6-7: ...alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados. Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho, nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância...]. Devemos lembrar que o cristão é embaixador do santo, e, portanto, cabe-lhe ser como o seu mestre. Paulo afirma que quer que os cristãos que o conheceram fossem tais como ele [Fp 4.9: O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco e ainda I Co 11.1: Pois a vosso respeito, meus irmãos, fui informado, pelos da casa de Cloe, de que há contendas entre vós].

O termo irrepreensível implica em não ser merecedor de censura ou repreensão, pelo contrário, é digno de honra e aceitação pelo que é e pelo que faz por causa de seu comportamento exemplar, tanto no seio da igreja quanto no meio dos gentios [Mt 5.16: Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus]. Ao escolher os diáconos a orientação dada pelos apóstolos para a igreja foi de que esta escolhesse ‘homens de boa reputação’, dando-lhe o encargo de resolverem o problema da distribuição dos donativos [At 6.3].

A conduta de Timóteo chegou ao conhecimento de Paulo quando ele chegou em Listra, e por isso Paulo levou-o consigo [At 16.2: ... dele davam bom testemunho os irmãos em Listra e Icônio]. É importante observarmos que a nossa reputação é fruto das nossas ações - e quase sempre ela nos precede, isto é, chega antes de nós aos ouvidos das pessoas. As pessoas de Listra e Icônio falavam bem de Timóteo.

Não se tratava apenas do testemunho de algumas pessoas do círculo de amizades de Timóteo, mas em duas cidades sua conduta era conhecida - lembremos que não havia modernos meios de comunicação para disseminar notícias rapidamente, como hoje. Esta boa fama foi

conseguida com o passar do tempo. Por causa da boa reputação de Timóteo Paulo levou-o em sua companhia para completar a sua segunda viagem missionária [At 16.3: Quis Paulo que ele fosse em sua companhia e, por isso, circuncidou-o por causa dos judeus daqueles lugares; pois todos sabiam que seu pai era grego]. Ter uma boa reputação não deve ser uma exigência somente quanto aos líderes, mas deve ser o alvo de cada cristão - algo que deveria ser natural, um fruto do crescimento na fé e no amadurecimento da vida cristã.

O DIACONATO

Toda organização eclesiástica tem pelo menos uma pessoa que trabalha nos bastidores, função exercida na Igreja Presbiteriana do Brasil pelos diáconos, servindo e ministrando às necessidades das pessoas. A palavra diácono [diakonoj] significa "aquele que serve a mesa", e no Novo Testamento é usada para designar uma [I Tm 3.8-13: Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida ganância, conservando o mistério da fé com a consciência limpa. Também sejam estes primeiramente experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato. Da mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo. O diácono seja marido de uma só mulher e governe bem seus filhos e a própria casa. Pois os que desempenharem bem o diaconato alcançam para si mesmos justa preeminência e muita intrepidez na fé em Cristo Jesus] das duas classes de oficiais da Igreja [a outra é a dos anciãos ou presbíteros – presbiteroj - presbíteros = ou superintendentes ou bispos – episkopoj]. O termo diácono também é usado para descrever vários ministérios e serviços. Entre seus usos comuns, diácono se refere a quem serve a refeição (Jo 2.5-9: Então, ela falou aos serventes: Fazei tudo o que ele vos disser. Estavam ali seis talhas de pedra, que os judeus usavam para as purificações, e cada uma levava duas ou três metretas. Jesus lhes disse: Enchei de água as talhas. E eles as encheram totalmente. Então, lhes determinou: Tirai agora e levai ao mestre-sala. Eles o fizeram. Tendo o mestre-sala provado a água transformada em vinho (não sabendo donde viera, se bem que o sabiam os serventes que haviam tirado a água), chamou o noivo), servos do rei (Mt 22.13: Então, ordenou o rei aos serventes: Amarrai-o de pés e mãos e lançai-o para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes), ministro de Satanás (II Co 11.15: Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça; e o fim deles será conforme as suas obras), ministro de Deus (II Co 6.4: Pelo contrário, em tudo recomendando-nos a nós mesmos como ministros de Deus: na muita paciência, nas aflições, nas privações, nas angústias. Veja ainda Cl 1.24-25: Agora, me regozijo nos meus sofrimentos por vós; e preencho o que resta das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do seu corpo, que é a igreja; da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus), ministro de Cristo (II Co 11.23: São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; muito mais em prisões; em açoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes), e autoridades (Rm 13.4: visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal). No Antigo Testamento encontramos a figura do [hazzan] na sinagoga, uma pessoa encarregada de abrir e fechar as portas, manter a sinagoga limpa e distribuir os livros para a leitura – Jesus provavelmente recebeu e devolveu o rolo do livro de Isaías a um hazzan [Lc 4.20: Tendo fechado o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e todos na sinagoga tinham os olhos fitos nele].

A atuação dos diáconos é essencial ao andamento dos trabalhos da Igreja [At 6.1-6: Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária. Então, os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas. Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço; e, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra. O parecer agradou a toda a

comunidade; e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Apresentaram-nos perante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos] que os elegeu com a principal função de cuidar da ordem e da beneficência na Igreja [vs. 1-4]. As Escrituras exigem dos diáconos qualificações espirituais que devem ser reconhecidas antes da ordenação [v. 6]. Dentre estas exigências podemos citar: ter a atitude de servo de Cristo e da Igreja, vivência comunitária e boa reputação reconhecida, ser cheio do Espírito Santo, de fé e de sabedoria; ser respeitável, ter uma só palavra, não ser beberrão nem cobiçoso ou ganancioso. Ter consciência limpa, demonstrando disposição no serviço religioso e no cuidado e zelo com a casa do Senhor. Precisa ser uma pessoa equilibrada, sensata, paciente, dedicada, consagrada, afável, prestativa e de bom relacionamento com todas as idades. Precisa ser uma pessoa inteligente e que aceita opiniões alheias e, ao mesmo tempo, uma pessoa submissa, acatando e respeitando as orientações do conselho. Precisa ser moralmente irrepreensível, esposo de uma só mulher e de boa convivência com seus familiares, sendo, assim, modelo para o rebanho [I Tm 3.8-13].

Encontramos a organização do ministério diaconal da Igreja Primitiva quando sete homens de boa reputação, cheios do Espírito de Deus e de sabedoria foram escolhidos para assegurar assistência às viúvas gregas na distribuição diária que a igreja fazia de alimento e donativos [At 6.1-6] que vai sendo desenvolvida ao longo do Novo Testamento [Fp 1.1: Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus, inclusive bispos e diáconos que vivem em Filipos, e ainda I Tm 3.8-13]. Deve-se ressaltar que os diáconos exerciam um papel muito mais amplo do que a simples beneficência. Os diáconos eram homens de elevada estatura espiritual, como Estêvão [cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo - At 6.8: Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo] e Filipe, evangelista [At 8.12: Quando, porém, deram crédito a Filipe, que os evangelizava a respeito do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, iam sendo batizados, assim homens como mulheres. Veja também 21.8: No dia seguinte, partimos e fomos para Cesaréia; e, entrando na casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele] que também batizava [At 8.38: Então, mandou parar o carro, ambos desceram à água, e Filipe batizou o eunuco]. A diaconia não se caracteriza por poder e proeminência, mas por serviço ao próximo e por cuidados pastorais. De um serviço simples a diaconia foi ampliada na Igreja, passando a designar, também, o ministério de misericórdia.

Embora o termo diakonoj tenha sido usado para designar alguns trabalhos feitos por mulheres é sem sombra de dúvida que não é um uso técnico eclesiológico do termo, geralmente um substantivo, mas apenas o uso comum da palavra, na sua forma verbal.

O MINISTÉRIO DIACONALO diaconato é o serviço ou ministério desenvolvido pelos diáconos dentro de uma Igreja.

Junto com os presbíteros podem ou não estar na liderança durante um culto mas seu trabalho nos bastidores é primordial. O Novo Testamento apresenta o ministério diaconal [diakonia taij prapezaij- diakonia tais prapezais = literalmente, o serviço das mesas] como uma marca de toda a Igreja, isto é, com uma conduta normal de todos os discípulos de Jesus [Mt 20.26-28: Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. Veja ainda: Lc 22.26-27: Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve. Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve], e Jesus exige que o cristão tenha como marca o serviço ao próximo [veja Mt 25.31-46, especialmente os versos 40: O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes – e 46: E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna] como se fosse ao próprio Cristo.

Qual a função da mesa diaconal na igreja? Por que pouco se fala em diaconia na igreja? Qual o motivo porque muitos diáconos não sabem sua verdadeira função? Seria a Mesa Diaconal uma instituição falida?

A Escritura estabelece numerosas diretrizes sobre os oficiais da Igreja, isto é, presbíteros e diáconos, e é justamente sobre estas diretrizes que vamos nos dedicar à partir de agora. À pergunta: quem pode ou deve ser eleito para o presbiterato ou diaconato? Respondemos: aquele que melhor corresponder aos requisitos exigidos pela bíblia, afinal, ela é o manual de governo da igreja do Senhor.

Nossa constituição é apenas um manual organizacional que deve estar submisso completamente às Escrituras. Se o manual humano não está de acordo com o divino, o divino tem prioridade absoluta e o humano deve ser revisto para se adequar ao que Deus estabeleceu, pois, apesar de muitos se acharem donos da igreja, ela pertence exclusivamente ao Senhor. Os presbíteros [docentes e regentes] devem ser “modelos do rebanho” [I Pe 5.1-3: Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda coparticipante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho].

Os diáconos têm a seu encargo, na Igreja Presbiteriana, diversas funções, dentre as quais destacamos a recepção aos visitantes, o cuidado com a ordem no culto, em situações tais como providenciar assentos para os que se encontrem em pé, acomodação para portadores de necessidades especiais [deficientes, idosos, gestantes, bebês], orientar crianças, pais e demais membros a evitarem andanças não necessárias durante as reuniões, cúlticas ou não, conversas paralelas ou mesmo conversas e ações inconvenientes antes, durante e depois do culto. Os diáconos precisam estar prontos para recepcionar todos aqueles que adentrarem na Igreja, seja em reuniões, cultos, cerimônias nupciais ou fúnebres, eventos cívicos, etc.

Limita-se o ministério diaconal às dependências do templo? A resposta é não. E é não porque a Igreja não está limitada ao templo [entenda-se por templo o prédio onde as reuniões são realizadas]. Igreja e templo não são a mesma coisa. A Igreja se reúne no templo, e o templo é o local de reunião da Igreja, isto é, a comunidade dos fiéis, dos eleitos de Deus, dos chamados para servi-lo. Os diáconos devem ser homens cheios do Espírito Santo e de sabedoria e de fé [At 6.3-5].

Os diáconos precisam ser instruídos e preparados para serem o braço misericordioso da Igreja fora das suas paredes, verificando se há na Igreja pessoas enfermas, abandonadas, necessitando de assistência espiritual, moral, física, emocional e material, cuidando de providenciar os meios para que tais necessidades sejam satisfeitas e os necessitados recebam o amparo que vem do Senhor através de seus santos. Os diáconos também devem cuidar para que os órfãos, viúvas e idosos sintam a fraternidade cristã, pois estes certamente possuem algum tipo de necessidade. Também compete ao ministério diaconal a elaboração, participação e realização de projetos de âmbito social, atingindo não apenas os "da família da fé" [Gl 6.10: Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé], mas, também, havendo recursos, aqueles que se encontram à beira do caminho, como Jesus ilustra ao contar a parábola do bom samaritano.

Pessoas sofredoras, por diversos motivos, sempre houve na historia da humanidade. E pessoas com condições de diminuir o sofrimento do próximo também. Mas é muito comum, até mesmo na Igreja, ver que aqueles que sabem o que devem fazer, não o fazem [Tg 4.17: Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando]. Já no Antigo Testamento havia disposições bíblicas para que o pobre e o sofredor fossem assistidos [Dt 15.7-11: Quando entre ti houver algum pobre de teus irmãos, em alguma das tuas cidades, na tua terra que o SENHOR, teu Deus, te dá, não endurecerás o teu coração, nem fecharás as mãos a teu irmão pobre; antes, lhe abrirás de todo a mão e lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a sua necessidade. Guarda-te não haja pensamento vil no teu coração, nem digas: Está próximo o sétimo ano, o ano da remissão, de sorte que os teus olhos sejam malignos para com teu irmão pobre, e não lhe dês nada, e ele clame contra ti ao SENHOR, e haja em ti pecado. Livremente, lhe darás, e não seja maligno o teu coração, quando lho deres; pois, por isso, te abençoará o SENHOR, teu Deus, em toda a tua obra e em tudo o que empreenderes. Pois nunca deixará de haver pobres na terra; por isso, eu te ordeno: livremente, abrirás a mão para o teu irmão, para o necessitado, para o pobre na tua terra], e a história de Rute é belíssima na aplicação do conceito de justiça social [veja o livro de Rute, capítulos 1 e 2].

A DIACONIA EM AÇÃOO apostolo Tiago condena duramente a fé que não se expressa através de amor para com o

próximo, utilizando-se de exemplos que remetem à ação diaconal, pessoal e eclesiástica [Tg 2.14-26: Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso? Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta. Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé. Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios creem e tremem. Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, de que a fé sem as obras é inoperante? Não foi por obras que Abraão, o nosso pai, foi justificado, quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque? Vês como a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras que a fé se consumou, e se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça; e: Foi chamado amigo de Deus. Verificais que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente. De igual modo, não foi também justificada por obras a meretriz Raabe, quando acolheu os emissários e os fez partir por outro caminho? Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta]. É importante ressaltar que as boas obras são uma consequência [Ef 2.10: Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas] e não a causa da salvação [Ef 2.8-9: Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie]. Entretanto, a verdadeira fé se expressa em ação misericordiosa e amorosa. O mandamento é amar a Deus, sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo [Mc 12.31: O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes], e só conseguimos comprovar que amamos a Deus se amamos o nosso próximo [I Jo 4.8: Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor] obedecendo aos seus mandamentos [I Jo 2.3: Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos]. O nosso desafio é sermos equilibrados na fé, no zelo doutrinário, mas também no amor ao próximo.

A diaconia consciente e amorosa é uma poderosa forma de evangelização, isto é, demonstração do amor de Deus aos pecadores. Há pessoas que embora ricas, são pobres. Possuem bens e conforto mas não possuem a paz que vem de um relacionamento com Deus. Possuem funcionários e familiares, mas não gozam do amor desinteressado de um irmão. Precisam de conforto espiritual e emocional, e a Igreja pode suprir esta necessidade com o evangelho e a diaconia.

A DIACONIA NA IGREJA

Dentre as funções diaconais encontra-se a de receber com igual honra e respeito todos os que adentrarem as portas da Igreja. Sabemos que existem preconceitos – e não há quem não os tenha – que dificultam a colocação deste princípio em prática [e também lembramos que existem situações em que determinados cuidados deverão ser tomados para evitar constrangimentos]. Mas o princípio de que todo aquele que adentrar a Igreja [e não se porte de maneira a prejudicar a ordem e a decência na casa do Senhor] deve ser recebido com igual carinho e honra.

A Igreja não deve fazer qualquer tipo de acepção de pessoas [Tg 2.8-10: Se vós, contudo, observais a lei régia segundo a Escritura: Amarás o teu próximo como a ti mesmo, fazeis bem; se, todavia, fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo arguidos pela lei como transgressores. Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos]. Homens e mulheres, ricos e pobres, letrados e incultos, limpos e rotos, amigos e inimigos, conhecidos e desconhecidos – o diácono deve estar pronto a receber a todos com o mesmo sorriso, com a mesma disposição e o mesmo carinho, porque ali ele está servindo à vontade do seu Senhor. Receber uma pessoa que você não gosta [Rm 12.20: Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas

sobre a sua cabeça] ou alguém que aparentemente não é digno de honra é demonstrar o caráter de Cristo [Mt 11.28: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei].

A ESCOLHA DOS DIÁCONOSA diaconia não é, de maneira alguma, o exercício da superioridade ou do domínio, mas do

serviço. Desta maneira, a Igreja deve ter o cuidado de escolher entre os seus membros os irmãos que forem mais aptos e destacados no serviço – e evitar a escolha de alguém por ser familiar, amigo, possuidor de bens ou para incentivar alguém a se envolver no trabalho.

A primeira exigência bíblica para o diaconato é que sejam homens [At 6.3: Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço – e ainda I Tm 3.8: Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida ganância] que estejam em comunhão com a Igreja e sejam realmente crentes no Senhor. Quando a Escritura menciona as mulheres e o diaconato, não é para estabelecê-las no oficialato, mas como companheiras, esposas, em conjunção com os seus respectivos maridos [I Tm 3.11: Da mesma sorte, quanto a mulheres [é dativo indicando "mulher de alguém"], é necessário que sejam elas respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo].

O apóstolo Paulo fala que eles devem ser homens fiéis e idôneos, e enumera várias características que devem ser buscadas nos membros da igreja antes de elegê-los para o oficialato [I Tm 3.1-12 e ainda Tt 1.5-9: Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi: alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados. Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho, nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância; antes, hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha domínio de si, apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem], porque ainda que um bom crente não venha a ser, necessariamente, um bom oficial, jamais um mau crente dará um bom oficial. É perfeitamente possível que não encontremos ninguém que possua todas estas virtudes no grau recomendado - mas precisamos tê-las diante de nós ao fazermos tal escolha, ao mesmo tempo em que devamos também considerar nossa necessidade de desenvolvê-las em nossa vida.

Analisemos rapidamente cada uma das exigências bíblicas para o diaconato:

PRÉ-REQUESITOS PARA O DIACONATOAnalisaremos dois textos bíblicos que nos mostram as exigências bíblicas para o diaconato.

O primeiro deles é At 6.3.

COMUNHÃO

Os candidatos ao diaconato precisam ser, antes de qualquer outra coisa, estarem em comunhão com a Igreja local há um tempo considerável [a Igreja Presbiteriana do Brasil orienta que este período não seja inferior a 1 ano], aquela da qual almejam ao diaconato. Somente em casos excepcionais admite-se que alguém com menos tempo seja eleito, mas isto se dá sempre a juízo do conselho ou em caso de organização de uma nova comunidade.

HOMENS

[androj]: a exigência bíblica de que os candidatos sejam homens tem sido atacada como um preconceito. É imprescindível admitir que é uma exigência bíblica e atemporal. Na verdade, preconceito é a intenção de impor um conceito contemporâneo a uma legislação consagrada e admitida como válida. Se a orientação bíblica fosse temporal, o termo usado seria antropoj, ser humano. A escolha foi de Deus, não de homens. As exigências bíblicas são claras, inclusive com um adendo ao texto que estamos analisando, pois as Escrituras afirmam que os oficiais devem ser "esposos" de uma só mulher [especialmente em lugares onde a poligamia era – e ainda hoje há lugares onde ela é – aceita]. A menos que admitamos uma aberração [o homossexualismo feminino] como casamento somos obrigados a rejeitar

a possibilidade bíblica de uma mulher ser eleita ao oficialato na Igreja, ainda que admitamos a capacidade da mulher de executar determinados trabalhos com igual ou maior eficiência que muitos homens.

REPUTAÇÃO

[martureo = testemunhas confiáveis]: os candidatos devem ser cristãos de boa reputação [daí a exigência posterior de que não seja novo na fé, pois nunca sabemos quando há a verdadeira conversão ou apenas um convencimento intelectual, moral ou emocional, muito comum especialmente onde o sistema de pregação enfatiza a apelação insistente para que as pessoas tomem um posicionamento em relação a Deus, numa pressão social à qual muitos cedem, ou novo na comunidade, um desconhecido, um crente que pode ou não se adaptar à comunidade local]. O principal aspecto da reputação de um cristão é o fato de ser alguém cheio do Espírito, homens sábios que deverão cuidar da casa do Senhor.

DISPOSIÇÃO ESPIRITUAL

[plerej]: a constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil é muito sábia ao determinar que nenhum oficial [...] pode ser constrangido a aceitar cargo ou ofício contra a sua vontade [Art. 29]. O diaconato é um chamado para o serviço voluntário, espontâneo e prazeroso. Lembremos que o oficio diaconal não exerce poder [uma tentação para muitas pessoas] nem tem recompensa financeira [outra enorme tentação] ou, ainda, fama [que também atrai muitas pessoas levando-a a praticar atos aberrantes, inusitados e expondo-se a situações ridículas]. A motivação do cristão para o diaconato é um chamado do Senhor – sentindo-se cheios do Espírito estão prontos a transbordar para abençoar outras pessoas – e fazem isto através do serviço.Na carta de Paulo a Timóteo [I Tm 3.8-12] encontramos outras qualificações bíblicas para o

diaconato:

RESPEITÁVEIS

[semnouj]: precisam, por suas atitudes, serem inspiradores de reverencia e admiração, que seu caráter seja conhecido por todos como sólido em seu proposito e conduta. É necessário que sejam homens conhecidos por sua honestidade no trato de todos os negócios, tanto seculares como eclesiásticos. Pessoas respeitáveis e sóbrias são, normal e necessariamente, humildes, com uma opinião equilibrada a respeito de si mesmo, de suas posses e de seus dons.

VERDADEIROS

[mh dilogouj]: é importante que sejam de uma só palavra, isto é, que mantenham seu testemunho mesmo em situações de prova. Jesus afirma que a palavra do cristão, ao dizer "sim" deve ser mantida. O seu "não" também não deve ser mudado [Mt 5.37: Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno], ainda que isto lhe resulte em dano pessoal [Sl 15.4: o que, a seus olhos, tem por desprezível ao réprobo, mas honra aos que temem ao SENHOR; o que jura com dano próprio e não se retrata]. É necessário que assim seja para que o diácono não seja contraditado em suas palavras. Ele deve ser digno de confiança em tudo o que disser, independente do auditório a que se dirige;

SÓBRIOS

A palavra bíblica para o vinho [oinw pollw prosexontaj] indica não apenas o suco da uva [usado algumas vezes com este significado na língua grega e que alguns defendem ser o sentido em I Tm 5.23: Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades], mas, mais especialmente, o produto fermentado etilicamente de alto teor alcoólico [comumente usado nas Escrituras], com condições de embriagar aquele que o toma em grande quantidade [Ef 5.18: E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito]. Há quem defenda a abstenção total do vinho por uma questão de escândalo [especialmente no norte e

nordeste brasileiro, portanto, deve-se evitar o consumo público], mas o que o texto exige é moderação [Rm 14.15-21: Se, por causa de comida, o teu irmão se entristece, já não andas segundo o amor fraternal. Por causa da tua comida, não faças perecer aquele a favor de quem Cristo morreu. Não seja, pois, vituperado o vosso bem. Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. Aquele que deste modo serve a Cristo é agradável a Deus e aprovado pelos homens. Assim, pois, seguimos as coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros. Não destruas a obra de Deus por causa da comida. Todas as coisas, na verdade, são limpas, mas é mau para o homem o comer com escândalo. É bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu irmão venha a tropeçar ou se ofender ou se enfraquecer – e veja ainda 15.1-3], isto é, jamais passar de uma quantidade que produza qualquer alteração de comportamento ou percepção [segundo estudiosos entre 50 e 150ml, a depender de fatores como hábito, peso, altura, idade, etc.]. É recomendável que envidamos esforços para que tanto o diácono como qualquer outro membro da Igreja não seja dado a excessos [Gl 5.21: invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam].

ALTRUÍSTAS

[aisxrokerdeij = não de torpe ganância, exigência também feita aos presbíteros em I Pe 5.12: ...pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade]: uma pessoa cujos interesses não são baixos ou indignos, torpes ou desonestos, que não vive em busca de lucro ou vantagens pessoais. O altruísta é aquele que coloca o seu interesse pessoal subordinado ao seu ministério, sem avareza. O altruísmo está diretamente ligado à constância nos seus negócios e também em sua dedicação à Igreja e ao próximo. O diácono não pode ser, de forma alguma, avarento, mas liberal em seu labor e nas suas contribuições à Igreja. Podemos inferir que deve ser fiel nos seus dízimos e liberal nas suas ofertas.

ÍNTEGROS NA FÉ

[exontaj to musterion tej pistewj]: um oficial da Igreja não pode ser alguém de ânimo dobre, isto é, ele tem que estar sempre apto, sempre pronto, a batalhar pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos [Jd 1.3: Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos]. A ideia do texto é que o cristão que aspira ao diaconato deve ser alguém firmemente radicado na revelação de Deus, que tenha a sua fé alicerçada nos ensinos das Escrituras e não nas opiniões de outras pessoas [Hb 13.9: Não vos deixeis envolver por doutrinas várias e estranhas, porquanto o que vale é estar o coração confirmado com graça e não com alimentos, pois nunca tiveram proveito os que com isto se preocuparam] ou em emoções [Ef 4.14: ...para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro]. Deve estar apto a defender o corpo de doutrinas que a Igreja promulga.

PUROS

[suneidesij kataroj]: literalmente, de consciência pura, moldando sua conduta, escolhas e caráter pelo padrão da palavra de Deus. A pureza a que Paulo se refere não é pureza essencial, como se nunca houvesse feito nada errado, mas a consciência purificada, isto é, da qual foi retirada a condenação por causa da fé em Cristo Jesus [I Jo 1.9: Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça]. À pergunta: porque aspira ao diaconato o cristão deve poder responder sem receio de ser contraditado: para servir a Deus e ao meu próximo.APROVADOS [dokimaze protoj]: o diaconato não é uma oportunidade que se dá a alguém para que ele demonstre suas aptidões ou capacidades. É exatamente o contrário. É

necessário que o candidato seja, primeiro, experimentado e somente depois de testado por sua conduta no dia a dia, examinado pelo conselho em relação ao seu conhecimento e pretensões, seja, finalmente, apresentado para o diaconato. A aprovação deve vir antes da eleição e ordenação. Um diácono precisa ser exemplo de maturidade espiritual na Igreja, enfocando, sempre e prioritariamente, a Jesus Cristo, buscando a unidade da Igreja, exortando-a a fundamentar sua vida no palavra e na obra de Jesus Cristo. Os diáconos experimentados devem ter maturidade espiritual para poderem exercer tão importante ministério dentro da igreja.

IRREPREENSÍVEIS

[anenkletoj]: A palavra usada por Paulo indica alguém que não é passível de ser acusado de possuir débitos, isto é, alguém que não deva nada a ninguém [não estamos falando de finanças, que é só um dos casos que poderiam ser citados]. É alguém que pode ser investigado por sua conduta em todos os lugares e contra quem não vai se encontrar nenhuma acusação digna de repreensão. É a ausência de uma acusação fundamentada contra o candidato em virtude de sua conversão e novidade de vida.

MARIDOS

Refere-se tanto ao sexo [apenas o homem é marido ou, em casos especiais, noivo ou futuro marido] quanto à idade [refere-se a um homem formado, em distinção a um garoto]. Embora não seja este o entendimento constitucional da Igreja Presbiteriana do Brasil, estudiosos bíblicos renomados compreendem que os diáconos deveriam ser, obrigatoriamente, casados, isto é, que o uso do termo implica na exclusão dos solteiros, sendo admitido apenas em casos raros. Entretanto há ainda quem defenda que o diácono não precisa ser casado, mas deve ser puro. Lembremos que esta recomendação foi dada em um tempo de grande imoralidade, e, ainda, onde a poligamia era comum, e certamente muitos convertidos eram de procedência pagã e praticavam a poligamia – e mesmo os que não a praticavam a admitiam tacitamente. No Brasil a poligamia é considerada crime – exceto para estrangeiros casados com estrangeiras ou brasileiras que aceitem explicitamente os costumes e religião de outra nacionalidade. Mas os casos furtivos ou públicos de infidelidade e concubinato se multiplicam, mesmo dentro das Igrejas.Por esposo de uma só mulher há diversos entendimentos:

1] ser, no momento da eleição, casado com uma só mulher, isto é, deve ser e continuar sendo monogâmico;

2] ter sido casado com uma só mulher por vez [no caso dos viúvos ou, em casos excepcionais, previstos pela Escrituras, divorciados] – um diácono pode casar-se novamente sem qualquer problema depois de ter ficado viúvo;

3] ser, no momento da eleição, e continuar sendo, esposo de uma só mulher, fiel. Embora não seja o ideal, não há proibição de que o crente dedicado e fiel não possa ser diácono porque sua esposa não o acompanha no seu ministério ou mesmo seja descrente. Ele vai prestar contas do que lhe foi confiado, e ela, da sua incredulidade ou rebeldia em não acompanhar seu marido.

Paulo abre um parêntese para falar das esposas [gunh – o termo também pode ser traduzido por mulher, mas é o único que significa esposa] dos que servem, e elas, embora não eleitas, também devem apresentar determinadas características por serem esposas dos líderes. Elas devem ser mulheres honestas, sérias de propósito e respeitáveis em sua conduta [semnoj], e, ao mesmo tempo não pode ser mexeriqueira [diabolouj], fazendo acusações falsas ou até mesmo usando de verdades com o fim e a atitude de ferir, magoar, dividir. A orientação é que o líder não deve viver espreitando, procurando falhas nas atitudes e comportamentos dos outros para depois ferir tanto as pessoas como a comunidade. Pelo contrário, precisa ser uma pessoa vigilante [nefalioj] e confiável, fiel [pistoj]. A única vez que a palavra diakonoj aparece relacionada a uma mulher, especifica e diretamente, é em Rm 16.1, entretanto, ela aparece como um verbo, indicando uma atitude, e não um substantivo feminino, indicando uma função. O uso neste texto é o mesmo para todos os demais cristãos: todos são servos [diakonoj] do Senhor, a

da Igreja e do próximo. Paulo, apóstolo, sem jamais ter sido ordenado para o diaconato, também usa o termo para si mesmo.

LÍDERES DOMÉSTICOS

[proistemi = literalmente, com o pé à frente de uma fileira, de um grupo em marcha]. O diácono também precisa estar habilitado a exercer a liderança, e este exercício começa no lar. Ele deve mostrar o caminho pelo exemplo, cuidando, supervisionando e orientando. Não devemos confundir liderança com autoritarismo, tirania, machismo. Também não devemos ceder ao modernismo e abrir mão da direção de Deus ao determinar o homem como cabeça [I Co 11.3: Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo]. A ênfase da exigência sobre a liderança patriarcal parece estar na educação dos filhos [I Tm 3.4: ...e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito] que não devem ser insubordinados [Tt 1.6: ...alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados]. Esta liderança é exigida sobre os filhos enquanto sob a guarda paterna – a rejeição da liderança no lar por parte de adultos não implica em incapacidade do diácono, mas em rebeldia de pecadores que prestarão contas a Deus [I Sm 15.23: Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar. Visto que rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei]. E isto refere-se tanto às esposas [Ef 5.22-24: As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo. Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido] quanto aos filhos [Dt 5.16: Honra a teu pai e a tua mãe, como o SENHOR, teu Deus, te ordenou, para que se prolonguem os teus dias e para que te vá bem na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá]. Entretanto, é essencial que não haja conivência com os pecados cometidos.

CONCLUSÃO

Lembremos que a escolha dos primeiros diáconos se deu entre aqueles que já eram reconhecidos por serem homens capacitados por Deus para o serviço. Nossa constituição [CI-Igreja Presbiteriana do Brasil, Art. 55] lembra que os diáconos devem ser assíduos e pontuais no cumprimento de seus deveres, irrepreensíveis na moral, são na fé, prudentes no agir, discretos no falar e exemplos de santidade na vida para dedicar-se especialmente à arrecadação de ofertas para fins piedosos; cuidado dos pobres doentes e inválidos; manutenção da ordem e reverência nos lugares reservados ao serviço divino; exercer a fiscalização para que haja boa ordem na casa de Deus e suas dependências.

Os diáconos também devem se esmerar no cuidado do templo e das suas dependências, e tudo o mais que estiver relacionado com o patrimônio da Igreja. Cabe aos diáconos:

a] verificar se todos os equipamentos da Igreja estão em ordem, se há algo que necessite de reparos, comunicando ao tesoureiro [se não houver verba votada e separada para este fim] e tomando as providências para realizar os consertos necessários; b] verificar se a Igreja é aberta com a devida antecedência para as reuniões e devidamente fechada após as mesmas; c] zelar pela ordem e decência nas dependências do templo e adjacências, possuindo autoridade espiritual para admoestar, exortar e repreender os faltosos em caso de necessidade, e informando imediatamente ao conselho de eventuais ocorrências, especialmente as que não consiga resolver; deve cuidar de conduzir os visitantes em atraso com discrição, resolvendo inconveniências dentro e fora dos locais de culto;d] verificar se todos os utensílios a serem utilizados durante as reuniões estão em seus devidos lugares, evitando circulação no templo durante a reunião. Antes do

culto o diácono deve verificar se o púlpito, cadeiras, mesas, ornamentação, ventilação, bancos e materiais de uso eventual [batismo, santa ceia], sistema de som, berçário e culto infantil [se houver], comissão de recepção aos visitantes, fichas de visitantes, boletins e anotações de eventuais avisos devem ser providenciados com a devida antecedência;e] verificar se funcionários contratados para esta função [caso haja] estão executando seu trabalho com zelo. Caso não esteja, devem os mesmos buscar a solução do problema e, eventualmente, informar ao conselho da Igreja. Israel foi duramente repreendido por não cuidar da casa do Senhor [Ag 1.4: Acaso, é tempo de habitardes vós em casas apaineladas, enquanto esta casa permanece em ruínas?];f] cuidar de agradecer aos visitantes a sua presença no culto, oferecendo-lhe informações sobre as atividades da Igreja, conduzindo-o aos locais de comunhão posterior [café ou chá];g] anotar eventuais providências a serem tomadas durante a semana.