Instrumentação Biomed - Relatorio Glicemia

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    MTODOS PARA AVALIAO DO CONTROLE GLICMICO RELATRIO DE AULA PRTICA

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    FACULDADE MAURICIO DE NASSAU

    BACHARELADO EM BIOMEDICINA

    BRUNO ROCHA AMANDO CARLOS MAURCIO BENEVIDES

    DANIELE NOGUEIRA ACIOLY DRIELLY FILGUEIRAS ROBERTO

    HERLON FERREIRA ALVES

    INGRIDY RUANA MARQUES MONTEIRO LUCAS RODRIGUES SILVA

    SIDESAYDE COSTA

    MTODOS PARA AVALIAO DO CONTROLE GLICMICO RELATRIO DE AULA PRTICA

    Professor Orientador: Jannison K. Cavalcante Ribeiro.

    Turma: Biomedicina 10531 NA

    FORTALEZA/CE

    2014

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    INTRODUO

    O controle da glicemia reduz de forma significativa as complicaes do diabetes mellitus

    (DM). Assim, mtodos que avaliam a frequncia e a magnitude da hiperglicemia so essenciais no

    acompanhamento do DM, visando a ajustes no tratamento. At a dcada de 1970, a avaliao do

    controle glicmico era feita apenas com medida domiciliar da glicosria e dosagens ocasionais de

    glicemia de jejum. Desde ento, houve avanos significativos nos mtodos utilizados, com o

    desenvolvimento de testes que avaliam o controle glicmico em longo prazo, como a hemoglobina

    glicada (HbA1c), assim como aqueles que detectam flutuaes da glicemia ao longo do dia, como o

    automonitoramento da glicemia capilar (AMGC) e o sistema de monitoramento contnuo da glicose

    em lquido intersticial (SMCG).

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    OBJETIVO

    Determinar, de forma comparativa, a dosagem da glicose sangunea em amostras de

    voluntrios em situao ps-prandial, colhidas por puno capilar e aferidas no glicosmetro; e

    puno venosa sendo aferidas pelo mtodo enzimtico-colorimtrico, comparando os resultados

    finais e utilizando como parmetro os valores de referncia estipulados pela OMS.

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    DOSAGEM DE GLICEMIA

    A dosagem da glicemia geralmente e feita no soro ou plasma, mas alguns laboratrios

    medem-na no sangue total, que e 10% a 15% mais baixa. O mtodo mais utilizado atualmente

    para dosagem de glicemia e o enzimatico, com oxidase ou hexoquinase. O tubo ideal para coleta

    de sangue visando dosagem da glicemia deve conter fluoreto. A coleta sem fluoreto pode ser

    efetuada, mas deve ser centrifugada logo aps a venopunco. O armazenamento prolongado da

    amostra, sem centrifugao e sem fluoreto, permite metabolismo da glicose pelas hemcias, que no

    necessitam de insulina para captao de glicose. A temperatura ambiente pode acelerar esse

    processo. Em refrigerador, a glicose permanece estvel por algumas horas na amostra de sangue. A

    adio de fluoreto nos tubos previne estes processos, posto que inibe a gliclise.

    A dosagem de glicemia geralmente e realizada em jejum (sendo recomendada a ausncia

    de qualquer ingesto alimentar, exceto gua, por pelo menos 8 horas). Hoje, sabe-se que a

    glicemia de jejum (GJ) e insuficiente para acompanhamento do controle glicmico de pacientes com

    DM, pois reflete apenas uma medida pontual, no momento da coleta de sangue. A dosagem de

    glicemia ps-prandial tambm pode ser efetuada (1 a 2 horas apos o inicio da ingesto alimentar)

    e permite avaliar picos hiperglicmicos ps-prandiais associados a risco cardiovascular e estresse

    oxidativo. Entretanto, tambm representa uma medida pontual, que pode no refletir o que ocorre

    nos demais dias e horrios no avaliados. Mas pode ser til em pacientes com DM tipo 2 (DM2) que

    no realizam AMGC. A dosagem de glicemia simultaneamente a realizao de uma aferio da

    glicemia capilar pode ser utilizada para testar a acuracia dos resultados do automonitoramento.

    Esse teste deve ser feito de preferncia em jejum, j que a concentrao de glicose no sangue

    venoso e capilar e semelhante em jejum, mas amostras ps-prandiais podem ser 20% a 25% mais

    elevadas no sangue capilar. O uso de sangue venoso no glicosmetro, em vez do sangue capilar,

    pode eliminar este problema.

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    DETERMINAO DA GLICEMIA MTODOS X CONFIABILIDADE

    Devido s conseqncias graves nas alteraes dos nveis de glicemia a sua quantificao

    de extrema importcia no estabelecimento do diagnstico e monitorao teraputica do diabetes

    mellitus, na avaliao de distrbios do metabolismo de carboidratos, no diagnstico diferencial das

    acidoses metablicas, desidrataes, hipoglicemias e na avaliao da secreo inapropriada de

    insulina.

    Atualmente os mtodos mais frequentemente utilizados como sistemas de aferio dos nveis

    de glicose sangunea so a espectrofotometria, realizada por equipamentos laboratoriais ou

    atravs do glicosmetro, equipamento porttil, j bastante difundido e inclusive doado por alguns

    programas de sade da rede pblica; aparelhos que por serem de fcil manipulao e transporte,

    tornaram-se importantes para pacientes e profissionais diversos para a realizao de trabalhos e

    exames de campo. Para os quais, torna-se fundamental a verificao da eficcia de tais mtodos

    para o diagnstico, tratamento e preveno de agravos ocorridos pelo descontrole dos nveis de

    glicemia no sangue, sendo os sistemas laboratoriais mais precisos, e por isso adotado como

    parmetros de referncia.

    Os glicosmetros, aparelhos de auto-monitorao, apesar de serem considerados seguros por

    alguns pesquisadores e pelo senso comum, so questionados por vrios autores por no serem

    especficos na medio da glicose, mas sim de todos os

    outros aucares circulantes no sangue, necessitando,

    portanto possui grau de incerteza aceitvel. Realiza a

    aferio da glicemia atravs de tiras reagentes que

    interagem com o sangue produzindo uma reao qumica

    na qual so gerados eltrons. O aparelho mede tal reao

    com uma pequena corrente eltrica e automaticamente

    calcula o nvel correspondente de glicose.

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    J a determinao da glicemia em espectrofotmetro baseia-se no mtodo colorimtrico

    enzimtico, que tem como princpio bsico a oxidao da glicose sob ao catalisadora da glicose-

    oxidase. A partir desta reao, forma-se o perxido de hidrognio que, em presena da

    peroxidase, como enzima catalisadora, sofre reao oxidativa de acoplamento com a 4-

    aminoantipirina e fenol, formando um cromgeno vermelho cereja. A intensidade da cor

    proporcional concentrao de

    glicose.

    O conhecimento da

    absoro de luz pela matria a

    forma mais usual de determinar a

    concentrao de compostos

    presentes em soluo. A maioria

    dos mtodos utilizados em

    bioqumica clnica envolve a

    determinao espectrofotomtrica

    de compostos corados (cromforo)

    obtidos pela reao entre o

    composto a ser analisado e o reagente (reagente cromognico), originando um produto colorido. Os

    mtodos que se baseiam nesse princpio so denominados mtodos colorimtricos, os quais

    geralmente so especficos e muito sensveis. A grande vantagem em utilizar compostos coloridos

    deve-se ao fato de eles absorverem luz visvel (regio visvel do espectro eletromagntico).

    A espectrofotometria medida de absoro ou transmisso de luz uma das mais

    valiosas tcnicas analticas amplamente utilizadas em laboratrios de rea bsica, bem como em

    anlises clnicas. Por meio da espectrofotometria, componentes desconhecidos de uma soluo

    podem ser identificados por seus espectros caractersticos ao ultravioleta, visvel, ou infravermelho.

    Quando um feixe de luz monocromtica atravessa uma soluo com molculas absorventes, parte

    da luz absorvida pela soluo e o restante transmitido. A absoro de luz depende

    basicamente da concentrao das molculas absorventes e da espessura da soluo caminho

    ptico.

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    REAGENTES E MATERIAIS

    REAGENTES

    Padro: Glicose (100ml/dL)

    Reagente 1: Contm tampo 50mmol/L, pH 7.5; Glicose oxidase > 11000U/L;

    peroxisade> 700U/L; 4-aminoantipirina > 290 nmol; cida sdica 0.05%; estabilizadores

    e surfactantes.

    MATERIAIS

    Materiais para coleta venosa (tubo cinza, agulha, etc);

    Tubos de ensaio;

    Estante para tubos de ensaio;

    Pipetas;

    Banho-maria;

    Espectrofotmetro;

    Glicosimetro;

    Lancetas;

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    METODOLOGIA

    TESTE ENZIMTICO-COLORIMTRICO

    Primeiramente, foi coletada uma amostra de sangue do voluntrio, no tubo cinza (ideal para

    esse tipo de exame, pois contm reagentes, como fosfato, que inibem a gliclise). O sangue

    coletado foi centrifugado por dez minutos, na velocidade de 2000RPM. Depois de centrifugado, foi

    retirado todo o plasma com uma pipeta e colocado em um tubo de ensaio.

    Pegou-se 4 tubos de ensaio. Uma com o branco, contendo 10 mL do reagente, outra com o

    padro 1 (10mL de glicose) e 1mL do reagente , o padro 2 (20 mL de glicose) e 2 mL do

    reagente e o teste, contendo a amostra do voluntrio e 1mL do reagente. Levou-se todas os tubos

    ao banho maria, por dez minutos a 36.5C.

    A enzima glicose oxidase catalisa a oxidao da glicose da amostra do voluntrio, em

    presena de oxignio, produzindo perxido de hidrognio. A enzima peroxidase catalisa a

    oxidao do fenol pelo perxido de hidrognio formado, em presena de 4-amino-antipirina,

    produzindo um composto rseo-avermelhado (quinonimina), que apresenta um mximo de absoro

    em 500 nm. A intensidade de cor proporcional concentrao de glicose na amostra.

    Passados 10 minutos, as amostras foram levadas ao espectrofotmetro e colocadas em ordem:

    Branco, padro 1, padro 2 e amostra. E obtiveram-se os seguintes resultados:

    GLICOSIMETRO

    O dedo do voluntrio foi furado com uma lanceta, a primeira gota de sangue desprezada e

    a segunda foi colocada na fita do glicosmetro que indicou uma glicemia de 83 MG/DL.

    TUBOS Branco Padro 1 Padro 2 Amostra

    ABSORBNCIA 0 0.3nm 0.6nm 0.19nm

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    RESULTADOS E DISCUSSES

    Com os valores de absorbncia dos tubos em mos, devemos converter os resultados. Para

    est converso, primeiro calculamos o fator de correo:

    = 1

    1

    = 100

    0,3= 333,333

    Aps o clculo do fator de correo, FC, calculamos a concentrao:

    =

    = 333,333 0,19 = , /

    RESULTADOS FINAIS

    G L I C O S M E T R O 83 mg/dl

    T E S T E E N Z I M T I C O - C O L O R I M T R I C O 63,33 mg/dl

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    CONCLUSO

    Observou-se no teste enzimtico-colorimtrico que o voluntrio apresentou um quadro de

    hipoglicemia. Pois, de acordo com a tabela 1, aps uma refeio a glicemia normal deve ser entre

    70mg/dL e 140mg/dL. J no glicosmetro, o valor da glicemia foi de 83mg/dL, essa diferena

    pode ser explicada pelo fato de que o glicosmetro identifica no s a glicose, mas outros acares,

    entretanto, a glicose est uma porcentagem muito maior que outros acares presentes no sangue, o

    que confere uma eficcia no teste feito com o aparelho. Porm, para um teste de maior preciso

    devemos rotineiramente fazer um exame laboratorial.

    Um ponto que gostaramos de ressaltar e que bastante enfatizado na literatura que trata

    do assunto aferio glicmico, o fato de que na aferio pelo glicosmetro a amostra utilizada foi

    o sangue total (capilar) e pelo mtodo enzimtico-colorimtrico, o plasma sanguneo adquirido via

    centrifugao

    Como se pode perceber pelos testes realizados e pelos argumentos de vrios estudos j

    descritos na literatura cientfica, o fato de haver diferentes resultados conflitantes entre si, no

    depende somente da marca ou srie especifica do glicosmetro, posto que uma mesma marca possa

    apresentar resultados inconsistentes em diferentes estudos. Normalmente, espera-se que os

    resultados da glicemia capilar sejam maiores que os da glicemia em plasma venoso. Isso se deve

    no s ao tempo requerido para que alteraes na glicose venosa alcancem os nveis do sangue

    capilar, mas tambm ao tipo de amostra utilizado.

    Os glicosmetros so calibrados para a utilizao de sangue total. Assim, estudos mostram

    que o sangue total venoso fornece resultados muito prximos aos do sangue total capilar, diferentes

    dos observados em nossos resultados, posto que, utilizamos amostras diferentes entre si.

    Entretanto, torna-se importante ressaltar que essas informaes sobre a possvel

    variabilidade de resultados de glicemia, quando se comparam os resultados da GCG com os da

    GVE fornecidos pelo laboratrio, so frequentemente desconhecidas pela populao e, muitas

    vezes, pelos profissionais da sade responsveis pelo atendimento aos pacientes diabticos. E vital

    que todos os envolvidos nesse processo tenham informaes corretas e consistentes para orientar os

    pacientes e que, de preferncia, cada laboratrio possa avaliar o desempenho dos glicosmetros

    utilizados como testes remotos em unidades de terapia intensiva (UTIs), enfermarias, emergncias, e

    outros locais sob sua responsabilidade.

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    ANEXOS

    HEMOGLOBINA GLICADA

    A medida da HbA1c e um mtodo que permite avaliao do controle glicmico a longo

    prazo. Deve ser solicitada rotineiramente a todos pacientes com DM (em media, a cada 3 meses),

    desde a avaliao inicial, para determinar se o alvo do controle da glicemia foi atingido e/ou

    mantido. Recentemente, o teste foi reconhecido como um dos critrios para o diagnostico de DM,

    quando 6,5%. O termo hemoglobina glicada e utilizado para designar a hemoglobina conjugada

    a glicose, processo que ocorre de forma lenta, no enzimtica e diretamente proporcional a

    glicose no ambiente. Como as hemcias so livremente permeveis a glicose, a medida de HbA1c

    reflete o histrico da glicemia ao longo dos 120 dias prvios, tempo de vida mdio dos eritrcitos.

    A HbA1c e uma das formas de hemoglobina glicada. Sua mensurao representa o controle

    glicmico de maneira mais fidedigna do que a medida do total de hemoglobinas glicadas. A

    dosagem de HbA1c pode ser realizada por diversos mtodos, sendo o ideal a cromatografia

    liquida de alta performance (HPLC). A padronizao dos resultados da HbA1c esta sendo realizada

    mundialmente. Preconiza que, mesmo por diferentes mtodos aceitos para dosagem, os resultados

    sejam calibrados de modo a ter a mesma faixa de referncia, de acordo com a utilizada no

    Diabetes Control and Complications Trial (DCCT). fundamental que os laboratrios brasileiros

    tambm participem dessa iniciativa e isto vem acontecendo nos ltimos anos. Ao mensurar a HbA1c,

    avalia-se a media das glicemias do paciente nos ltimos 90 a 120 dias. Este perodo no e

    avaliado de forma homognea, j que eventos mais recentes contribuem de forma mais significativa

    para o resultado final. Enquanto a participao do perfil glicmico nos ltimos 30 dias e de cerca

    de 50% do total, os dias 90 a 120 so responsveis por cerca de 10% apenas. Assim, o teste pode

    ser solicitado apos 1 ms de modificaes do tratamento para avaliar respostas a mudanas

    teraputicas. Alem disso, h variaes das contribuies da glicemia de jejum e ps-prandial de

    acordo com o nvel da HbA1c. Em pacientes com HbA1c prxima ao limite da normalidade, a

    contribuio da glicemia ps-prandial e mais significativa. Para nveis mais elevados de HbA1c (

    8,5%), a contribuio da glicemia de jejum e preponderante. Deve-se medir a HbA1c

    rotineiramente em todos os pacientes portadores de diabetes. Naqueles em uso de antidiabticos

    orais que no utilizam insulina e apresentam controle glicmico satisfatrio e estvel, a avaliao

    pode ser feita pelo menos duas vezes por ano. Nos demais, a medida e recomendada pelo menos

    trs vezes ao ano. A freqncia da mensurao de HbA1c deve ser individualizada, dependendo

    da condio clinica do paciente e das mudanas efetuadas no tratamento. Tem sido proposta a

    utilizao da glicemia media estimada (GME) como forma de traduzir melhor aos pacientes o

    significado pratico da HbA1c. A GME e estabelecida por meio de um calculo matemtico simples,

    sendo GME = 28,7 A1C 46,7. Embora a HbA1c seja um excelente indicativo do controle

    glicmico na maioria dos casos, h fatores capazes de influenciar este parmetro

    independentemente da glicemia, falseando os resultados obtidos. Esses fatores devem ser

    suspeitados nos casos em que ha discrepncia entre a HbA1c e as glicemias capilares ao longo do

    perodo estudado e esto enumerados a seguir:

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    A N E M I A S E H E M O G L O B I N O P A T I A S : a hemlise pode interferir na determinao

    da HbA1c, pois hemcias mais antigas so mais glicadas do que as mais jovens. Assim, se o tempo

    de vida dos eritrcitos for reduzido (como ocorre na anemia hemoltica), a HbA1c pode ser

    falsamente baixa. Por outro lado, se a eritropoiese e interrompida, como na anemia aplsica,

    haver uma populao de hemcias mais antigas e, conseqentemente, mais glicadas, o que pode

    resultar em HbA1c falsamente elevada. Anemia ferropriva leva a resultados falsamente mais altos

    do que o esperado. Hemoglobinopatias tambm podem confundir os resultados da HbA1c no

    apenas por alterarem a sobrevida das hemcias, mas porque hemoglobinas (Hb) anormais podem

    apresentar sobreposio em seus picos eletroforticos com HbA1c, afetando o seu resultado por

    alguns mtodos. Alguns mtodos de HPLC identificam e quantificam as Hbs variantes; outros podem

    apenas expressar resultados muito baixos ou altos. Os mtodos imunolgicos parecem no ser

    afetados por esta interferncia.

    U R E M I A : em pacientes urmicos, a Hb sofre processo de carbamilao e a medida de Hb

    carbamilada e um indicador til do estado urmico. Em pacientes com DM e insuficincia renal, a

    carbamilao da Hb pode interferir em sua glicao e levar a resultados falsamente mais elevados.

    Outro problema adicional em pacientes com insuficincia renal e o encurtamento da meia-vida das

    hemcias, o que tambm pode interferir na HbA1c.

    D R O G A S : o AAS pode levar a formao de um derivado de Hb acetilado, o qual pode

    interferir na determinao de HbA1c por alguns mtodos, resultando em valores falsamente

    elevados. O consumo abusivo de lcool, semelhante ao AAS, pode levar a formao do mesmo

    derivado acetilado, interferindo tambm nas dosagens de HbA1c. O uso prolongado das

    vitaminas C e E tambm tem sido estudado como possvel fonte de interferncia negativa nas

    dosagens de HbA1c por inibio direta da glicao da hemoglobina. Contudo, os resultados destes

    estudos so contraditrios e no est claro, ate o momento, se a utilizao das vitaminas C ou E

    altera verdadeiramente os valores de HbA1c.

    D I S L I P I D E M I A : hipertrigliceridemia muito acentuada pode interferir na mensurao de

    HbA1c por alguns mtodos, ao menos o turbidimtrico, simulando resultados falsamente mais baixos

    do que aqueles correspondentes ao controle glicmico.

    Ainda e controverso se h interferncia na HbA1c por idade, etnia ou fatores individuais.

    Recentemente, desenvolveu-se um monitor porttil de hemoglobina glicada que utiliza 5 Ul de

    sangue capilar e fornece o resultado em porcentagem aps cinco minutos. um mtodo com tima

    acurcia, e que pode ajudar no controle dos pacientes ambulatoriais para tomada de decises

    teraputicas.

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    FRUTOSAMINA

    Mede a glicao das protenas sricas de um modo geral, das quais a principal e a

    albumina. Como a albumina tem um turnover de duas semanas, a frutosamina reflete o controle

    glicmico ao longo desse perodo. E uma alternativa til nos casos em que a confiabilidade da

    dosagem de HbA1c comprometida por fatores que interferem nesse parmetro, como anemias ou

    hemoglobinopatias. Entretanto, uma associao entre os nveis de frutosamina e o desenvolvimento

    de complicaes crnicas do DM no foi to bem estabelecida quanto para os nveis de HbA1c.

    1,5 ANIDROGLUCITOL

    O 1,5 anidroglucitol (1,5-AG) o principal poliol circulante e tem sido proposto como um

    indicador de hiperglicemia ps-prandial. Sua reabsoro nos tbulos renais e inibida de forma

    competitiva pela glicose. Dessa forma, conforme aumenta a filtrao glomerular de glicose em

    vigncia de hiperglicemia, cai a sua reabsoro tubular, o que provoca elevao de sua excreo

    renal e queda de seu nvel srico. Dessa forma, o 1,5-AG srico reflete inversamente a glicosria e

    o tempo permanecido em hiperglicemia. Esse teste tem sido proposto como um ndice de labilidade

    do controle glicmico e tempo de exposio a hiperglicemia, especialmente ps-prandial. Estudos

    indicam que a reduo de 1,5-AG e um marcador de hiperglicemia ps-prandial mesmo quando a

    HbA1c est dentro do alvo teraputico. Esse exame no e rotineiramente disponvel na pratica

    clinica, mas possvel que sua importncia clinica cresa ao longo dos prximos anos.

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    REFERNCIAS

    1. American Diabetes Association. Standards of medical care in diabetes 2010. Diabetes Care. January 2010; 33:S11-S61.

    2. Camargo JL, Gross JL. Glico-hemoglobina (HbA1c): Aspectos clnicos e analticos. Arquivo

    Brasileiro de Endocrinologia Metablica. 2004; 48(4):451-463.

    3. DCCT Research Group. The effect of intensive treatment of diabetes on the development

    and progression of long-term complications in insulin-dependent diabetes mellitus. New

    England Journal Medical. 1993; 329:977-986.

    4. Fuchs, F. D; Wannmacher, L.; Ferreira, M. B. C. Farmacologia clnica: fundamentos da

    teraputica racional. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 1074, 2006.