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integr ação GUARAPUAVA | PARANÁ 20 A 29 DE NOVEMBRO DE 2017 EDIÇÃO 123 | ANO IV DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Reportagem aborda os desafios da relação escola-aluno-família no mundo contemporâneo POR QUE A AUTORIDADE ESTÁ EM PANE? P.6

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integraçãoGUARAPUAVA | PARANÁ20 A 29 DE NOVEMBRO DE 2017EDIÇÃO 123 | ANO IV

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Reportagem aborda os desafios

da relação escola-aluno-família

no mundo contemporâneo

POR QUE A AUTORIDADE ESTÁ EM

PANE?P.6

integraçãoED. 123 | ANO IV - DE 20 A 29 DE NOVEMBRO DE 2017

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SEMANÁRIO INTEGRAÇÃO LTDA MECNPJ: 22.997.926/0001-36

Rua Senador Pinheiro Machado, 1794, Sala 01 - Centro. Guarapuava PR

DIRETORA COMERCIALLourdes Dangui Pinheiro

JORNALISTA RESPONSÁVEL, REDAÇÃO E EDIÇÃO GERAL

Ana Júlia TielletMTB. 12758 DRT/RS

COLUNISTASClaudio Andrade,

João Nieckars, Lourdes Leal, Ricardo Pedrosa Alves, Victor

Andrade, Valdir Michels, Hélvio

Mariano e Manuel Moreira da Silva.

(42) 3035-1234 e (42) 99111-9195

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DIAGRAMAÇÃO

IMPRESSÃO GRAFINORTE

03.758.336/0001-06Tiragem | 4 mil

exemplares

Anderson Antikievicz Costa

SEDE E REDAÇÃORua Senador

Pinheiro Machado, 1794, Sala 01 - Centro. Guarapuava PR bop

Comunicação e Marketing

Para FHC, "ou o PSDB desembarca do governo na convenção de dezembro e reafirma que conti-nuará votando pelas reformas, ou, sua confusão com o peemedebismo dominante o tornará coadjuvan-te na briga sucessória". Mexeu no vespeiro. O troco veio a jato pelo vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Mansur (PRB-SP): "É preciso lembrar a Fernando Henrique que, como ex-presidente, ele não tem de pensar na próxima eleição, mas, sim, na próxima geração. Se querem largar os ministérios, que larguem. Mas têm de ajudar o governo a fazer as reformas". Trata-se de uma briga de gente grande.

Para Dória e para toda torcida do Flamengo e do Corinthians, Lula é o candidato da extrema Esquer-da e Bolsonaro da extrema Direita. Neste sentido, surgem vozes que defendem candidaturas conside-radas pacificadoras e não incendiárias. Por esta ra-zão, o editorial da Folha de São Paulo já prega a ne-

cessidade do Centro reagir. O editorial é claro como a neve ao afirmar que “uma polarização marcante não parece corresponder, de todo modo, aos hábi-tos e atitudes presentes na cultura política brasileira. Certamente, um amplo contingente dos que rejei-tam os desmandos e delinquências do lulismo não estaria disposto a seguir os lemas de quem, como Bolsonaro, defende a memória de torturadores, faz brincadeiras com o crime de estupro ou insulta ho-mossexuais”.

A interpretação desse enunciado leva-nos a crer que o grande tablóide defende perfis de candidatu-ras mornas. O editorial sentencia: “Entre o populismo macunaímico e o policialismo troglodita, a política brasileira tem certamente mais opções a oferecer”.

Por outro lado, o eterno romance entre PT e PC-doB aproxima-se de um divórcio. A instabilidade da candidatura de Lula coloca o PCdoB em sua própria

rota, ou seja, a pré-candidatura da deputada esta-dual gaúcha Manuela D’Ávila à Presidência da Re-pública. É a primeira vez, desde a redemocratização do País, em 1985, que o partido lança um nome na disputa pelo Palácio do Planalto. Apesar do anún-cio momentâneo, o PCdoB não nega o forte vínculo com o PT admitindo que a decisão é temporal e não quer comprometer a aliança política que possa haver com o PT lá na frente. Outro elemento chave deste processo eleitoral está nas possíveis alianças, pois se a segunda colocada nas pesquisas (Marina Silva da Rede Sustentabilidade) não buscar alianças sustentáveis, não terá tempo para expor seu perfil alternativo. Situação assemelhada vive o líder fascis-ta Bolsonaro. E a pergunta que fica é: quem estará junto com o campeão de tempo de TV e Rádio (o famoso PMDB)???

O jogo está só começando.

EDITORIAL POLÍTICO

PT

PTPSDB

PSDB

PMDB

PCDOBPCDOBPTDEFINIÇÕES

A CAMINHO~

CLAUDIO CÉSAR DE ANDRADE, DOUTOR EM HISTÓRIA E SOCIEDADE E PROFESSOR DO DPTO. DE FILOSOFIA DA UNICENTRO.

O ano político de 2017 acabou. Tudo se volta para o embate político de 2018. A possibilidade e a realidade ficam mais tensionadas e o cenário tende a ficar mais claro. O ex-Presidente FHC deu o pontapé inicial para salvaguardar o discurso de

centro e, consequentemente, seu partido em crise, o PSDB. O Pai dos tucanos insiste que o PSDB precisa se descolar deste governo confuso e defende o abandono de Ministérios para ser minimamente competitivo nas eleições de 2018. O efeito foi cirúrgico a ponto do badalado egocêntrico prefeito de São Paulo admitir a possibilidade de ser vice de seu criador, o governador Geraldo Alckmin. Todavia, o discurso de FHC foi muito mal recebido pelos donos do poder, leia-se PMDB e burocratas de Temer. Isto vai render muito.

integraçãoED. 123 | ANO IV - DE 20 A 29 DE NOVEMBRO DE 2017

PESSUTI ESTÁ VIVO O ex-vice-governador do Paraná Orlando Pessuti (PMDB) tomou posse na cadeira de diretor-presidente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), em substituição a Odacir Klein. Pessuti foi indicado para a cúpula do BRDE pelo governador Beto Richa (PSDB), em março de 2015. Agora, cabe a Pessuti assumir a principal cadeira, pelo rodízio estabelecido com os governos de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, que também são controladores do BRDE junto com o governo do Paraná.

PESSUTI II O mandato é de um ano e quatro meses, mas, no caso do peemedebista, não se sabe quanto tempo ele ficará no cargo, em função das eleições de 2018. Em julho, Pessuti antecipou que já se considera pré-candidato ao próximo pleito: a ideia inicial é disputar uma das vagas ao Senado, em uma dobradinha com o aliado tucano Beto Richa.

SERÁ? Inconformado com a possível filiação do apresentador Luciano Huck, o prefeito do município de Ponta Grossa, Marcelo Rangel, vai trocar o PPS pelo PSDB. Além da conjuntura nacional e do candidato da Globo, contribuiu para o prefeito deixar o “partido dos limpinhos”

o fato dele ter sido preterido pela direção estadual na disputa interna ao governo do estado. O PPS escolheu o prefeito de Guarapuava, Cesar Silvestri Filho, para concorrer ao Palácio Iguaçu no ano que vem.

O MI MI MI DE BETO RICHA Beto Richa usou seu discurso de mais de meia hora na convenção do PSDB basicamente para duas coisas: falar mal de quem lhe faz oposição e exaltar o próprio governo. O objetivo nos dois casos era o mesmo: armar uma narrativa sobre qual foi o seu legado em dois mandatos à frente do governo. Beto disse que foi vítima de todo tipo de maldade, desde a prefeitura. Não deixou claro quem teria lhe atacado nem o porquê, apenas disse que intentaram de tudo contra ele e distorceram fatos. Chegou a contar uma história de 2004 quando, candidato a prefeito, inventaram um teste de paternidade para ele fazer que não tinha o menor sentido.

PARA O BOM ENTENDEDOR, MEIA PALAVRA BASTA. Beto Richa insinuou, ao tomar posse como presidente do PSDB do Paraná, que um dos fatores a ser levado em conta na hora de decidir se será ou não candidato em 2018 é dar palanque para o candidato tucano à Presidência. Richa é partidário da candidatura do governador paulista, Geraldo Alckmin, que vem ganhando

P A R Á C L I T Oterreno no PSDB nacional contra o prefeito de São Paulo, João Doria; o senador José Serra também deseja ser candidato, mas não tem sido levado muito a sério.

ARQUIVAMENTO Em despacho publicado, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Mauro Campbell Marques determinou o arquivamento de uma sindicância cujo alvo era o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) Artagão de Mattos Leão, pai do deputado estadual licenciado e secretário da Justiça, Trabalho e Direitos Humanos no governo do Paraná, Artagão Júnior (PSB).

O PÂNICO DOS NÚMEROS A mais recente rodada da pesquisa CUT-Vox Populi, realizada entre os dias 27 e 31 de outubro, mostra que os parlamentares devem se preocupar e muito com a reeleição em 2018, se decidirem aprovar o fim das aposentadorias, como querem os empresários e os especuladores. Conforme aponta o levantamento, 85% dos brasileiros discordam da reforma da Previdência e 71% acham que não conseguirão se aposentar se a mudança das regras for aprovada. “Os milhões de trabalhadores que podem perder suas aposentadorias sabem o que têm de fazer em 2018”, diz Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

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POLÍTICA

PCDOBPT

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integraçãoED. 116 | ANO IV - DE 01 A 10 DE SETEMBRO DE 2017

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DIRCEU DALMAZ (PATO)

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Guarapuava - ParanáESPORTE

NACIONAL ALTO DA XV - AMADOR 2009EM PÉ - RONI, JUNINHO, CEBOLA, PAULINHO MENTIRA, SANDRÃO, ALLISON, BIFE, JULIANO, JACARÉ E PAULO IANESKO. AGACHADOS - MUÍDO, DIRCEU PATO, HENRIQUE, DIEGO, NEGO DÉ, WILLIAN, ADRIANO, LEANDRINHO, BOLINHO E ITAMAR CABEÇA DE LEÃO.

PRIMEIRO TIME DO PROFISSIONAL DO BATEL - 1989EM PÉ - CARLINHOS ONOFRE, EDUARDO (PREPARADOR FÍSICO), ADIR, ANDRE, WILLER,JARARACA, CHAPECÓ E DITINHO. AGACHADOS - PRETO, PAULINHO IANESKO, CACO, CHICÃO E LUIS CARLOS GALO.

SOCOVEL CAMPEÃO DA SEGUNDA DIVISÃO AMADORESEM PÉ - SOCA, ZÉ PORTUGUES, BISCOITO, WILSON, NELSON, BAIANO, JÃO, NEGUCHO. AGACHADOS - VALDOMIRO, TIGUERA, ZÉ CANHOTO, STIMER, ADMIR, LOURIVAL E XAXIM.

integraçãoED. 123 | ANO IV - DE 20 A 29 DE NOVEMBRO DE 2017

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SAÚDE

Em situação de alergia o organismo apre-senta uma resposta imunológica (de defe-sa) diferente da resposta protetora esperada, causando inúmeras alterações indesejadas. O termo “alergia” vem do grego “allos”, que significa alterações do estado original. Por-tanto, alergia é uma reação específica do sis-tema de defesa do organismo a substâncias normalmente inofensivas.

As pessoas que apresentam alergias, fre-quentemente, são sensíveis a mais de uma substância.

Os principais alérgenos – substâncias que causam reações alérgicas – incluem: pólenes, partículas de pó, esporos de fungos, alimen-tos, pelos de animais, veneno de insetos e medicamentos.

Quando a alergia atinge o sistema res-piratório, recebe o nome de alergia respi-ratória. As doenças alérgicas, de um modo geral, tem origem multifatorial e complexa. Estudos indicam que para a sua ocorrência é preciso que haja uma combinação entre a predisposição genética das pessoas e uma situação no ambiente que facilite a manifes-tação da doença.

Em crianças, dentre os fatores que favore-cem o aparecimento da rinite alérgica pode-mos citar o tabagismo passivo no primeiro ano de vida, história de alergias em parentes de primeiro grau, a exposição a alérgenos animais (pelos de gato, cachorro e etc.), pouco tempo de aleitamento materno, dentre outros. Nor-malmente, o sistema imune funciona como defesa do organismo contra agentes invasores, como bactérias e vírus. No entanto, na maio-ria das reações alérgicas, o sistema imune(de defesa) está respondendo a um falso alarme. A pessoa, primeiro, entra em contato com um alérgeno e o sistema imune trata este como um invasor e mobiliza-se para atacá-lo.

O sistema imune produz grandes quan-

tidades de um anticorpo chamado imu-noglobulina E (IgE). Cada anticorpo IgE é específico para um tipo particular de alér-geno. No sistema respiratório, a alergia poderá manifestar-se como uma doença alérgica no nariz (rinite alérgica) ou nos pul-mões e vias aéreas (asma ou hiper-reativi-dade brônquica). Os sintomas mais comuns da rinite alérgica são: espirros, coriza (nariz com corrimento), tosse, gota pós-nasal (“ca-tarro escorrendo atrás da garganta”) e olhos, nariz e garganta um pouco avermelhados.

A rinite alérgica pode causar outros pro-blemas como otites (inflamação nos ouvi-dos), sinusites (inflamação de cavidades existentes na face) e roncos (pelo entupi-mento do nariz), que interferem na quali-dade do sono do paciente.

O tratamento para rinite inclui o uso de antialérgicos para combater ou prevenir os sintomas da alergia respiratória. Dentre es-tes, destacam-se os corticoides e anti-his-tamínicos que podem ser de uso sistêmico (que atuam no corpo todo, como injeções e comprimidos e xaropes) ou de ação lo-calizada (cremes, pomadas, colírios e sprays inalatórios). A melhor opção de tratamento deverá ser definida sempre pelo médico. Além de prescrever as medicações o mé-dico poderá alertar o paciente sobre como evitar o contato com os alérgenos.

Evitar, principalmente, contato com cheiros fortes, poeiras, fumaças e não ficar em locais que estejam sendo higienizados. Os colchões e travesseiros devem ser en-capados ou materiais antialérgicos devem ser utilizados. Lugares com mofo devem ser evitados e filtros de ar condicionados devem ser limpos semanalmente. Embora não exista cura para as alergias, uma destas estratégias ou a combinação delas poderá significar alívio dos sintomas alérgicos.

SAIBA MAIS SOBRE ESSA ALERGIA RESPIRATÓRIA

LOURDES DE FIGUEIREDO LEAL,

FARMACÊUTICA

integraçãoED. 123 | ANO IV - DE 20 A 29 DE NOVEMBRO DE 2017CAPA

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DA REDAÇÃO

A chamada “crise de autoridade” é uma

preocupação no meio escolar, mas precisa ser pensada para além dos casos de indisciplina, do baixo rendimento e até mesmo de extremos como violência contra professores e outros alu-nos. Para a psicopeda-goga e psicanalista Jane Haddad, é fundamental que a escola pense sobre as novas configurações familiares, o lugar ocu-pado pelos adultos e a

noção de autoridade em um mundo que muda cada vez mais rápido. O tema foi abordado pela especialista em evento realizado pelo Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR), no mês de outubro, em Guarapuava.

De acordo com a diretora-presidente da Regional Central do Si-nepe/PR, Dilceméri Pa-dilha de Liz, a função de autoridade precisa ser exercida pelo pai e

mãe, não ao contrário – pelos filhos. Mais do que contribuir para esse pro-cesso, a escola tem de despertar no professor a importância de tratar o aluno com amor e res-peito, fazer ele se sentir acolhido dentro da es-cola, da sala de aula.

“A gente vê que essa questão da autoridade está muito difusa na ca-beça da criança, do ado-lescente... Muitas vezes eles não têm uma refe-rência. Quando a família

AUTORIDADEUMA NOVA RELAÇÃO ENTRE ALUNOS E PROFESSORES

procura uma escola, pro-cura uma escola que se assemelha com seus va-lores, com suas crenças, aquilo que acreditam. E a escola exerce esse pa-pel de autoridade”, co-menta a diretora.

PARA ONDE IR?O primeiro passo é

entender que a escola é reflexo da sociedade. A partir disso, surge a ne-cessidade de modificar ou adequar a pedago-gia. Durante sua palestra,

integraçãoED. 123 | ANO IV - DE 20 A 29 DE NOVEMBRO DE 2017CAPA

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Jane destacou o trecho de Alice No País das Ma-ravilhas, de Lewis Carrol, em que Alice e o Gato Que Ri conversam. A menina, recém-chegada àquela terra desconhe-cida, pergunta ao felino: "Onde é a saída?". O gato responde: "Depende". Ela replica: "Depende do quê?". O risonho diz: "Depende de para onde você quer ir". Para a psi-canalista, a autoridade precisa ser vista justa-mente como um senso de direção que abre ca-minho para as novas ge-rações.

“Esse é o momento da educação: para onde é que a autoridade vai? Depende para onde que a gente quer ir. Essa re-lação quem vai construir somos nós (professores) através das nossas aulas, dos nossos olhares, atra-vés das nossas emoções.

Na nova autoridade do mundo contemporâneo, das novas famílias, as novas gerações não irão reconhecer autoridade que não vale a pena para eles. Enquanto a gente não tiver nada ou quase nada a falar para os no-vos sujeitos, eles não vão nos ouvir”, alertou Jane.

UM NOVO MUNDONa nova ordem social,

vários conceitos estabele-cidos são rompidos e as tradições estão sendo re-vistas em diversos aspec-tos. Como observou Jane, referindo-se ao conceito do sociólogo Zygmunt Bauman, é um mundo que muda muito rapida-mente. “É um mundo lí-quido que vai escorrendo e a gente nem percebe”.

Um exemplo im-portante é a instituição familiar. Muitos ainda pensam que há a “fa-

apenas 4,8% das famílias com filhos; dez anos de-pois, o percentual saltou para 15,7%.

“A escola vai ter que adequar a essa nova fa-mília. Ensinar a eles essa nova noção de autorida-de. Ensinar a eles que ser pai e ser mãe não é um acerto de contas entregando quase tudo gratuitamente a seus filhos”, diz a especialis-ta, chamando atenção também para o papel dos pais e mães. “O que importa é que a família não pode abrir mão do seu lugar de autoridade”, afirma a psicanalista.

TUDO COMEÇA EM CASAMaria Carolina Ri-

beiro Aguera é mãe de Lucas, 8, estudante do 3º ano do Ensino Funda-mental em uma escola da rede privada. Ela re-

mília tradicional” e a “fa-mília desestruturada”, no entanto, trata-se de uma nova configuração e não de desestrutura-ção. Só no Brasil, na úl-tima década, surgiram 1,1 milhão de famílias compostas apenas por mães e filhos, sem côn-juge, e morando ou não com outros parentes. Os dados são do IBGE que aponta ainda a existên-cia de 11,6 milhões de arranjos familiares.

As estatísticas aju-dam a traçar o perfil dessa nova família, bem diferente do modelo tradicional, vertical e pa-triarcal. A partir da déca-da de 1980, as mulheres ganharam o mercado de trabalho, saíram da função apenas mater-na e “do lar”. De acordo com o IBGE, em 2005, as mulheres eram aponta-das como referência em

lata não ter grandes pro-blemas de autoridade com seu filho, inclusive na escola. No entanto, trata-se de algo construí-do desde muito cedo.

“Exerço autoridade com ele desde bebê, sempre colocando limi-tes. O principal da auto-ridade é que exista todo dia. Conversar e explicar o porquê que não pode, mas se manter firme. Sempre, a decisão do pai e da mãe deve pre-valecer. Eu explico por que, talvez nem preci-sasse. E sempre que ele tentou não correspon-der, de certa forma teve uma punição”, conta Ma-ria Carolina.

O que a mãe de Lu-cas faz é exatamente o necessário. Não existem receitas prontas, mas é preciso que os pais en-tendam a importância da formação subjetiva

A psicanalista Jane Haddad proferiu palestra intitulada “Por que a autoridade está em pane?” para professoras, coordenadoras pedagógicas e diretoras de escolas.

>>

integraçãoED. 123 | ANO IV - DE 20 A 29 DE NOVEMBRO DE 2017

de seus filhos, como ex-plica Jane.

“É função da família, fazer com que as crian-ças introjetem a lei, a ponto de ela ser incor-porada como um valor a não ser negociado. O su-jeito humano não existe se não for estruturado por normas. Não exis-te sujeito humano que não seja civilizado. Justa-mente a civilização das crianças é que vai regu-lar elas para conviver em sociedade”.

E é na confiança que se baseia a relação de autoridade construída por Ariane Pires e Maxi-miliano Silva, mãe e pai de Gustavo, 7. O casal faz questão de deixar claro que os dois comparti-lham tal responsabili-dade e não abrem mão do lugar de adultos da relação.

“É uma relação hierár-quica, ela não é demo-crática. Talvez, hoje, essa crise que a gente vê nas famílias seja isso: querer uma relação democrá-tica com uma criança que não tem estrutura para isso. Ela não pode ainda decidir sobre ela. Nós sempre deixamos as regras claras e há conse-

quências quando elas fo-rem descumpridas”, con-ta Ariane.

Além disso, é impor-tante que a criança sinta que, mesmo ao rece-ber uma negativa, isso faz parte de cuidado e atenção. Para Maximi-liano, que também é psicólogo, o importante é mostrar consistência e construir uma relação de confiança com os filhos, em que autoridade não seja autoritarismo.

“A gente passa con-fiança através de mode-los que sejam asserti-vos, que sejam positivos, além do discurso. Tem uma regra para todos dentro da casa, mas para que ele obedeça mes-mo vai passar por essa confiança. A gente per-cebe bem que quando ele faz as coisas é porque ‘eu confio no pai e na mãe’, o resultado para ele é satisfatório. E, con-sequentemente, vamos construindo harmonia”, complementa o pai de Gustavo.

CHEGANDO À ESCOLAA autoridade basea-

da em confiança preci-sa acontecer também

quando a relação dos pais e filhos amplia-se para a escola. O próprio ato de escolher uma determinada instituição de ensino, ou de perma-necer nela, passa pelo comprometimento de respeitar as regras e os valores da escola.

“A escola é a socia-lização secundária. Ao chegar, a criança traz as inclinações para atingir a autoridade. Recebam isso com muito bom gosto porque se eles (os alunos) estão te testan-do é por que está fazen-do valer o teu lugar (de professor). Um lugar em que você ajuda o outro a conquistar a própria li-berdade”, diz Jane.

Nesse percurso, os professores devem tra-balhar com o “aluno real” e descobrir como cha-mar a atenção dessas crianças e jovens, afirma Jane Haddad, referindo--se à proposta pedagógi-ca de Paulo Freire.

“O ser humano é um ser incompleto e nós nunca vamos ter todas as respostas e todas as certezas. O que a gen-te tem é o material hu-mano que a gente está

tentando entender. En-tre a vida consciente e inconsciente dele, uma história de vida entrela-çada com a nossa. Então, muitas vezes a criança confronta um professor e ela não está confron-tando o professor em si, ela está confrontando a figura de autoridade, o pai e a mãe”, ressalta a psicanalista.

A pedagoga Vilma Mi-litão vive essa experiência no cotidiano de sua pro-fissão. Ela é diretora de um colégio estadual de Guarapuava que atende a estudantes dos anos finais do Ensino Funda-mental e Ensino Médio.

“As famílias se au-sentam muito de casa e com isso os adolescen-tes ficam mais sozinhos ou com outras pessoas. E hoje com as tecnolo-gias eles se envolvem muito no mundo virtual, nem sempre têm todo o acompanhamento necessário para auxiliar nessa construção para a vida adulta. Nem sempre eles veem os pais como autoridades na vida de-les, às vezes em relação ao professor. O papel da escola é trabalhar com

o conhecimento formal, mas, também, trabalhar nessa formação huma-na”, reflete Vilma.

O relato da diretora vai ao encontro do que a psicanalista pontua como essencial. Jane afirma que é preciso abandonar a ilusão de que tudo é transitório pois tudo que marca afe-tivamente, marca cogni-tivamente também.

“A ferramenta da edu-cação é a palavra. A pa-lavra que o adulto ende-reça à criança é que vai ter o efeito que a gente espera ou não. O como a gente fala, recebe, aco-lhe. Quebrem aquele dis-curso de final de mundo, de que nada mais tem jeito. Tem sim, começa pelo chão da nossa esco-la porque são essas gera-ções que vão transformar o mundo, já estão co-meçando. A autoridade na relação pedagógica se constitui no momen-to em que o aluno nos reconhece como auto-ridade e não mais com medo ou submissão. É uma construção coletiva, lembrando que o adulto da relação somos nós”.

8

CAPA

Desenhos: Isadora do

Nascimento (9 anos).

integraçãoED. 123 | ANO IV - DE 20 A 29 DE NOVEMBRO DE 2017CAPA

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integraçãoED. 122 | ANO IV - DE 20 A 29 DE NOVEMBRO DE 2017OPINIÃO

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Lembra-se da eleição para prefei-to do ano passado? Certamente deve recordar que concorreram ao cargo de prefeito de Guarapuava quatro candidatos: Cesar Silvestri (PPS) que encerrou a corrida eleitoral vitorioso; Antenor Gomes (PT) que alcançou um honroso segundo lugar na dispu-ta; eu, João Nieckars (REDE), estrean-te que fiquei em terceiro lugar com quase 5 mil votos e, por fim, Luciano Gago (PT do B) que ficou na lanterna como o menos votado.

Durante os 45 dias de campanha e os 35 dias de propaganda eleito-ral gratuita, os candidatos deveriam apresentar seus planos de governo – alguns assim fizeram, nem todos.

O que se viu, e muito, durante todo o processo foram os ânimos acirrados entre os candidatos do PT e do PTdoB. Em várias oportunida-des, durante os programas eleitorais gratuitos de rádio e televisão, Gago alfinetou Antenor, fazendo inclusive, referência a necessidade de fiscali-zação do trabalho dos médicos do município e exemplificando com a publicização de uma suposta “censu-ra pública” do Conselho Regional de Medicina (CRM) contra o médico.

Mais do que isso, Luciano foi extre-mamente crítico ao sugerir que Ante-nor não cumpria expediente na rede municipal de Saúde, onde é médico, para "fazer política e distribuir atesta-do a torto e direito". Esta referência, inclusive, foi motivo de pedido à Jus-tiça Eleitoral de direito de resposta,

QUANTOS CANDIDATOS

A PREFEITO TIVEMOS EM

2016?

o que chegou a ocorrer em um epi-sódio. No entrevista que Gago con-cedeu à RPC, novamente, suscitou a situação.

Em outra oportunidade, no deba-te realizado pela TV Tarobá de Cas-cavel, uma vez mais, a dita censura e outras severas críticas voltaram à tona pela boca de Gago, na tentativa de atingir o candidato do PT, Antenor.

Todas essas situações são conheci-das de quem acompanhou a última eleição, como também foi conhecido o sugestionamento pelo candidato do PT de que a candidatura de Gago não era legítima, mas sim uma forma de realizar ataques gratuitos a Ante-nor para beneficiar a candidatura do PPS. Antenor, inclusive, empregou o termo “laranja” por várias vezes em uma referência à dramática conjun-tura de ataques que sofria. No meio de intermináveis ataques entre os ou-tros candidatos, mantive-me incólu-me, sempre adstrito a apresentação

de propostas e sem me envolver nas péssimas brigas.

Passado um ano da eleição, que deu a vitória a César, essa situação me voltou à cabeça e coloquei-me a in-vestigar se havia alguma relação entre César e Gago que justificasse tal afir-mação pelo candidato do PT. Não en-contrei, mas fiquei agitado com outras constatações.

No Boletim Oficial nº 1023 do ano XXI do Município de Guarapuava, loca-lizei o Decreto nº 5017/2015 pelo qual César nomeou Gago como Assessor Especial de Gabinete, na Secretaria Municipal de Assistência Social, a par-tir de 03 de novembro de 2015 – um ano antes das eleições de 2016. Pouco antes do período de carência eleitoral para exoneração de cargos em comis-são, em abril de 2016, o prefeito César exonerou Gago do cargo que ocupava, pelo Decreto nº 5256/2016 publicado no Boletim Oficial 1046 do ano XXII.

Esses fatos, nomeação e exone-ração, com a indicação de que Gago pertencia ao grupo político de César, inclusive, vieram à tona durante a campanha do ano passado, para os quais o candidato do PT do B tinha resposta pronta, alegando que houve ruptura com o grupo dos Silvestri e, daí, sua candidatura.

A situação que me deixou mais perplexo, entretanto, não foram essas acima, mas o retorno de Gago aos quadros comissionados da Prefeitura de Guarapuava, em 02 de maio de 2017, para exercer o cargo de Asses-

sor Especial de Gabinete, na Secreta-ria Municipal de Obras, Viação e Ser-viços Urbanos.

Isso mesmo, passadas as eleições qualquer desacerto ideológico entre César e Gago foi superado e deu lu-gar a uma confiança mútua muito forte, que culminou com o retorno do então candidato e concorrente de Silvestri, Luciano Roszkowski, o Gago, as saias dos cargos comissionados da já inchadíssima máquina da Prefeitu-ra de Guarapuava, com um salário de R$ 5mil (vide portal da transparência de Guarapuava).

Certamente que essa sucessão de fatos não comprova a tese de Antenor. Certamente que Gago pode ter se de-sentendido com Silvestri em abril de 2016, concorrido com ele a prefeito em outubro do mesmo ano e feito às pazes em maio de 2017 – é incrível, mas aconteceu. Certamente, também, que a concatenação dos fatos levanta dúvidas acerca da (in)justa forma com que transcorreu o pleito eleitoral e da legitimidade dos candidatos ou, ao menos, de suas intenções.

A velha política é difícil de lidar, sempre criando subterfúgios para se perpetuar, não desgruda fácil do po-der. A nós, aqueles que não aceitam formas duvidosas de se fazer política, cabem as críticas a esse sistema me-ticuloso que observamos em Guara-puava e no país todo, como também combatê-lo. Em breve teremos novas eleições e nelas devemos mostrar que Guarapuava não tem dono!

A CONCATENAÇÃO DOS FATOS LEVANTA

DÚVIDAS ACERCA DA (IN)JUSTA FORMA

COM QUE TRANSCORREU O PLEITO

ELEITORAL E DA LEGITIMIDADE DOS

CANDIDATOS OU, AO MENOS, DE

SUAS INTENÇÕES.

JOÃO NIECKARS É ADVOGADO, ECONOMISTA E PROFESSOR DE DIREITO EMPRESARIAL.

integraçãoED. 123 | ANO IV - DE 20 A 29 DE NOVEMBRO DE 2017ECONOMIA

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Até o dia 20 de dezembro, es-tima-se que deverão ser injetados na economia brasileira mais de R$ 200 bilhões, com o pagamento do 13º salário. Este montante re-presenta aproximadamente 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e será pago aos trabalhadores do mercado formal, inclusive os empregados domésticos; aos be-neficiários da Previdência Social e aposentados e beneficiários de pensão da União e dos estados e municípios. Cerca de 83,3 milhões de brasileiros serão beneficiados com um rendimento adicional,

O número de empregos temporários que serão criados para atender a demanda do comércio no Natal deste ano será menor que o do ano an-terior. Apesar disso, a chance de efetivação é maior e chega a 86%. A sondagem realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná, Fecomércio PR, vi-

Chance de efetivação dos temporários

contratados pode chegar a 86%

sou identificar o percentual de estabelecimentos comerciais com intenção de contratar temporários para as festas de final de ano em 2017.

No comércio varejista, lo-jistas que responderam sim para as contratações apontam 16%, contra 6% das respostas positivas dos empresários do setor de serviços. No aspecto geral, a intenção de contrata-ção de temporários ficou em 13,6% para o final deste ano. Em 2016, a intenção em oti-mizar o quadro funcional era de 16%, e em 2015, 14,5%, o indicador aponta certa timi-dez na expectativa dos em-presários para a data mais importante do comércio va-

rejista. As maiores intenções de contratação estão na capi-tal, onde 14,6% das empresas pretendem aumentar o qua-dro, contra 10,4% do interior. A boa notícia é que a maioria dos empresários que preten-de contratar aparenta inten-ção em manter o colaborador no quadro, somando 86%.

CARGOSEntre os cargos mais vi-

sados nas contratações tem-porárias, vendedores, caixas e gerentes foram mencionados como maiores possibilida-des, sendo os vendedores a maioria das intenções, repre-sentando 43%. Outros cargos também foram citados como caixas (22,9%), estoquistas (8,6%), gerentes (5,7%), empa-cotadores (5,5%). Outros car-gos também foram citados na opção outros (8,5%).

DA ASSESSORIA DE IMPRENSA E JORNALISMO/FECOMÉRCIO PR

PAGAMENTO DO 13º SALÁRIO INJETARÁ R$ 200,5 BILHÕES NA ECONOMIA DO PAÍSFONTE: DIEESE

em média, de R$ 2.251. As esti-mativas são do Departamento In-tersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).

Os dados apresentados cons-tituem uma projeção do volume total de 13º salário que entra na economia ao longo do ano, e não necessariamente nos dois últi-mos meses de 2017. Entretanto, o princípio é que a maior parte do valor referente ao 13º seja paga no final do ano. Dos cerca de 83,3 milhões de brasileiros que devem ser beneficiados pelo pagamento do 13º salário, apro-

ximadamente 48,1 milhões, ou 57,8% do total, são trabalhadores no mercado formal.

No Sul do país devem ser pagos 16,2% do montante. Em termos médios, o valor do 13º salário pago ao setor formal cor-responde a R$ 2.822,75. A maior média deve ser paga para os tra-balhadores do setor de serviços e corresponde a R$ 3.214,39; a in-dústria aparece com o segundo valor, equivalente a R$ 2.992,50 e; o menor ficará com os trabalha-dores do setor primário da eco-nomia (R$ 1.700,14).

Natal 2017

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integraçãoED. 122 | ANO IV - DE 20 A 29 DE NOVEMBRO DE 2017CULTURA

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A saída está abertaE dela partiu a sensação

O corpo fez sentinelaE trouxe dor e solidão.

Com o peito repartidoO sonhado se derreteuO real não mais vivido

O Beijo não é mais seu.

A esperança sem coraçãoGuarda a dor e não se cansa

versoa versoPor ÉRIC MEIRELES DE

ANDRADE

A FEBRE

DADesatina o nó da emoçãoComo choro de criança.

Na vida desreguladaNada mais pulsa na veiaDessa embriaguez caladaNem brilho, nem brincadeira.

A certeza é errôneaE nada demais acalmaFora do coração, insônia.Adentro, a febre da alma...

No dia 1º de dezembro, o projeto Sonora Brasil, realizado pelo Sesc, traz a Guarapuava ABandinha. O grupo é de Manaus e tem inspiração na Bandi-nha de ltamiro Carrilho que fez muito sucesso nas décadas de 1950 e 1960. O público poderá apreciar um conjunto compacto, composto pelos naipes de madeiras, metais, percussão e um ins-trumento harmônico, no caso o banjo.

No repertório, valsas, choros, maxi-xes, marchas-rancho e outros ritmos populares. A sonoridade do grupo tam-bém faz referência aos antigos ranchos carnavalescos que precederam os blo-

Para sobreviver no sertão, os amigos João Grilo e Chicó, mestres na arte da malandragem, se envolvem em diversas trapaças. O que não imaginam é que terão consequências drásticas e que precisarão enfren-tar o juízo final, com o diabo, Jesus e, posteriormente, intervenção de Nossa Senhora. Os queridos personagens do Auto da Compadecida, do dramaturgo e escritor paraibano Ariano Suassuna, ganharão vida duran-te o IX Festival de Talentos do Colégio Guairacá (FETAG).

O espetáculo acontecerá no dia 29 de novembro, a partir das 20h, no Vittace Centro de Convenções e Eventos. Os ingressos custam R$20 e podem ser adquiridos na secretaria do Colégio, das 8h às 11h40 e das 13h30 às 17h, ou, diretamente com os alunos. Neste ano, a produção do espetáculo conta com a Direção do Studio La Bayadère.

O AUTOIDA COMPADECIDA

COLÉGIO GUAIRACÁ VAI APRESENTAR

NO IX FETAG

MÚSICA POPULAR DE MANAUS SERÁ ATRAÇÃO DO SONORA BRASIL SESC

cos de Carnaval e as Escolas de Samba no Carnaval carioca.

ABandinha foi idealizada pelos mú-sicos Rosivaldo Cordeiro (banjo) e Cláu-dio Abrantes (flauta) e é integrado tam-bém por Jonaci Barros (saxofone), Vadin Ivanov (clarinete), Rodrigo Nunes (bom-bardino), Paulo Dias (trompete), Carlos Alexandre (sousafone) e Ronalto Alves 'Chinna' (percussão).

O espetáculo terá início às 20h, com entrada gratuita. Mais informações po-dem ser obtidas pelo telefone (42) 3308-2650. O Sesc Guarapuava fica na rua Comendador Norberto, 121, Centro.

PEÇA DE ARIANO SUASSUNA SERÁ INTERPRETADA POR ALUNOS DO COLÉGIO GUAIRACÁ

Imagem: Carlos Navarro

ABANDINHA APRESENTARÁ SUCESSOS DAS DÉCADAS DE 1950/60

alma

integraçãoED. 123 | ANO IV - DE 20 A 29 DE NOVEMBRO DE 2017

assim um pedacinho dele continua presente e dan-

do vida para várias outras crianças", comentou Lucimara.

Bárbara Pilatti Voidelo falou so-bre a dificuldade em encontrar a felicidade após a perda de um filho e como o grupo das Marias a ajudou. "É difícil ser conhecida como aquela que perdeu o fi-lho. Aquela que não tem nome. Porque viúva é quem perdeu o marido; órfão é quem perdeu os pais. E quem perdeu um filho chama como? As Marias colhem minhas dores e lágri-mas, transformando tudo isso em amor", relatou Bárbara.

No dia 31, será realizado o Círculo de Marias, com uma apresentação do manto de retalhos produ-zidos pelas participantes da primeira e segunda edição. O Centro de Ar-tes fica na Rua Marechal Floriano Peixoto, 1399, ao lado da Catedral. As visitas podem ser fei-tas de segunda a sex-ta-feira, das 8 às 12h e das 13h às 17h30. A entrada é gratui-ta. Mais informações pelo telefone (42) 3623-1306.

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Segue, até o dia 30 deste mês, no Centro de Artes Iracema Trinco Ribeiro, a exposição fotográfica Proje-to Marias - Eu sinto muito. Ide-alizado por Mirian Baitel, em par-ceria com a fotógrafa Dani Leela, o projeto reúne mães que per-deram seus filhos muito cedo e, através da fotografia, transfor-mam a dor da perda em supe-ração e alegria.

O projeto fotográfico foi lançado no ano passado com a exposição Marias – Somos Mães de Anjos, que reuniu cerca de 30 fotos para re-gistrar o encontro das mães que assumiram a tarefa de passar uma mensagem positiva a tantas outras mães que também pas-sam por esse processo de aceitação da perda de um filho.

Na abertura da mos-tra, as mães relataram suas histórias e emo-cionaram o público. A 'Maria' Lucimara Zanin Alves contou a história de seu anjo Nicolas, que partiu após se afogar com um ali-

mento. "Decidimos doar os órgãos

do Nico-l a s ,

SOMOS MÃESDE ANJOS.

SOMOS MÃESDE ANJOS.

A segunda edição da mostra aborda o tabu diante do luto, propondo uma reflexão sobre como ao negar a morte, limita-se próprio sentido de vida.

PROJETO MARIAS MOSTRA FORÇA DE MÃES DIANTE DA PERDA DE UM FILHO

Imagens: Assessoria de Comunicação/Pref. de Guarapuava

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somos

fortes+

OPINIÃOO caso do jornalista William Waa-

ck é apenas mais um a mostrar que o racismo é persistente na sociedade brasileira. A negação do outro pela es-tigmatização racial tem longa história no maior canal de televisão do país. Conta-se que o “doutor Roberto” passa-va pó de arroz para os encontros com os generais ditadores que nos gover-naram. Ali Kamel, um dos cérebros da emissora, escreveu o livro “Não somos racistas”, um amontoado de bobagens mal-intencionadas. No caso atual, des-taca-se o fato de que a demissão veio com o vazamento do vídeo, não com a atitude do jornalista.

Do mesmo modo, recentemente voltamos a debater no país o tema que nos trouxe até esta discussão: a escravidão. O principal modo de pro-dução já utilizado no Brasil parece querer voltar, disfarçado em “refor-ma”, mais uma do governo golpista em curso. Prometo voltar à discussão da escravidão contemporânea, mas a questão aqui é o racismo e ficou fal-tando falar do que vem acontecendo atualmente em Portugal.

Em Portugal, o passado colonial ainda não passou. Descolonizar a discussão em Portugal é questão ur-gente e difícil. Afinal, como celebrar a potência ultramarina que o país foi (e que atrai milhões de turistas anual-mente) e ao mesmo tempo discutir o fato de que o Portugal foi responsável pelo tráfico de pelo menos 6 milhões de escravos (metade do total estima-do para as Américas)? O país que mais escravizou na modernidade capitalis-ta (quiçá na história) oficialmente si-lencia a discussão. Enquanto brasilei-ros devemos acrescentar outro ponto nesse silenciamento: afinal, quem foi que matou os índios que aqui viviam? Fiquemos, por agora, apenas com o racismo contra os negros.

Hoje há em Portugal aproxima-damente 200 mil imigrantes dos PA-LOP – e seus descendentes – (Países africanos de língua oficial portuguesa, como Moçambique e Angola), sen-do os cabo-verdianos a maior colônia. São trabalhadores e batalhadores que tiveram sua terra natal colonizada e ex-propriada pelo país onde agora vivem. A imigração passou a ser mais forte a

partir de 1975, com as independências dos países africanos e com o fim da di-tadura em Portugal.

A discussão recente está muito bem condensada pelo jornal portu-guês Público (https://acervo.publico.pt/racismo-a-portuguesa), nas reporta-gens de Joana Gorjão Henriques. Joa-na esteve no Brasil em 2017, durante a FLIP (Feira Literária de Paraty), onde lançou o livro “Racismo em Português – o lado esquecido do colonialismo”. Dis-cutirei aqui dois aspectos do racismo institucional em Portugal: a justiça e a educação.

Há, naturalmente como em toda parte, o sistema econômico patrimo-nialista do capitalismo (que é uma for-ma de civilização e dominação), através do qual se dá a construção da imagem estigmatizada do despossuído como potencial bandido, o que legitima a atuação policial racialmente repressi-va e segregadora: a população negra é criminalizada aprioristicamente. Nas reportagens de Joana Henriques, cons-tatou-se, por exemplo, que “um em cada 73 cidadãos dos PALOP está pre-so. É dez vezes mais do que a propor-

ção que existe para os portugueses.” Entre os portugueses, o número é de um preso a cada 736 habitantes e en-tre os cabo-verdianos (a maior colônia e a mais visada), um a cada 48 cida-dãos. Há em Portugal, como em países tão distintos como o Brasil e os Esta-dos Unidos, nitidamente duas justiças, uma para brancos e outra para negros. Entre as mulheres a proporção tam-bém é bastante díspar.

Mas números brutos podem escon-der um dado que me pareceu essen-cial na reportagem do jornal Público: em cidades com baixa taxa de popula-ção negra, como no Porto, a diferença entre presos brancos e negros é bem menor. Isso mostra que existe uma criminalização apriorística baseada na presença visual e cotidiana de popu-lações negras: se chamam a atenção na multidão tendem a ser mais en-carceradas. Outro dado fundamental é que os cidadãos negros presos rece-bem penas usualmente maiores que a dos brancos em crimes semelhantes. O procedimento racista na justiça é quantitativo e qualitativo. Naturalmen-te, também a violência prisional é mais

incidente sobre a população negra.Na educação, a estigmatização é

igualmente uma evidência. Inocên-cia Mata, uma das maiores estudiosas das literaturas de língua portuguesa, professora na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, recentemente comentava nas redes sociais sobre seu isolamento acadêmico: simplesmen-te não há professores negros (como ela própria). Na reportagem do Públi-co, nos é mostrado como se constrói uma imagem de incapacidade e li-mitação para com os estudantes afro-descendentes: “A expectativa que se deposita nos afrodescendentes é a da escolaridade mínima obrigatória.” Vá-rias situações mostram isto. Num sur-to de piolho são os primeiros a serem investigados. São direcionados para as carteiras do fundo. Quando há um afrodescendente que se destaca é ex-posto publicamente como exemplo de “igualdade” na instituição de ensino.

O silenciamento sobre o racismo em Portugal fica melhor caracterizado ao sabermos que não há uma política oficial de recolha de dados étnico-ra-ciais. Essa é uma grande discussão no país atualmente e os argumentos que defendem a ausência dos dados falam usualmente em evitar a institucionali-zação do racismo. Como vimos, o racis-mo é um conjunto muito mais do que institucionalizado de práticas e imagi-nários ligados diretamente ao modo de exploração capitalista. A censura ofi-cial portuguesa aos dados apenas con-firma uma política racista de Estado.

Por sua vez, o capitalismo moder-no se fez colado ao colonialismo e à expropriação direta de trabalho e da vida de milhões de africanos e de afro-descendentes. O racismo, tal como se apresenta hoje, é herança direta do sistema colonial-capitalista. Suas ma-nifestações no Brasil e em Portugal mostram, no entanto, certas peculiari-dades mais diretamente coloniais, em particular quanto à censura oficial so-bre a discussão e quanto à demoniza-ção ideológica das reivindicações das ações afirmativas. Assim, como escre-veu o poeta Ronald Augusto, o paté-tico William Waack acaba sendo ape-nas, diante do racismo estrutural, um “supremacista menor”.

RICARDO PEDROSA ALVES,SOCIÓLOGO, DOUTOR EM LETRAS E PROFESSOR NAS FACULDADES GUARAPUAVA

RACISMO PORTUGUÊS, BRASILEIRO E MUNDIAL

- PARTE 3

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