aplicação de componentes principais e regressões logísticas ...
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Integração Econômica e Redes Logísticas no Cone Sul Claudio A. Egler∗
UFRJ Apresentação
O presente texto tem como objetivo discutir, do ponto de vista geoeconômico, o
processo de integração regional no Cone Sul da América, procurando analisar o papel
geoestratégico das redes logísticas e avaliando a conectividade do sistema de cidades em
construção na escala do Cone Sul.
Brasil e Argentina têm uma larga história de ajustes e conflitos em torno de seus
interesses geopolíticos sobre o Cone Sul do continente americano. Boa parte deste processo
se desenvolveu sobre dois cenários interligados: a Bacia do Rio da Prata e o Atlântico Sul.
Hoje, o MERCOSUL representa uma tentativa de estabelecer laços permanentes de
colaboração entre estas duas nações, entretanto, os principais problemas a serem vencidos
não se situam mais na órbita geopolítica, mas sim nos terreno da geoeconomia e se
manifestam em propostas distintas quanto às formas de inserção das respectivas economias
nacionais na economia mundial.
Tais propostas se expressam em um leque diferenciado de questões, que vão desde o
uso e gestão dos recursos naturais até sobre a propriedade e o controle sobre as inovações
tecnológicas. Neste trabalho serão discutidas algumas destas questões ao nível do Cone Sul
da América, procurando mostrar que se situam em um novo campo de forças, definido
pelas relações geoeconômicas entre os estados-nações, em suas diversas escalas de
operação, e as empresas transnacionais, que operam com redes produtivas que estendem-se
para alem das fronteiras nacionais.
Integração econômica regional: alcances e limites
O termo geoeconomia (geoökonomie) foi utilizado originalmente pelos teóricos da
economia espacial na Alemanha para caracterizar o campo de conhecimento que procurava
introduzir a dimensão espacial como componente fundamental do raciocínio econômico.
∗ Professor do Departamento de Geografia e Pesquisador do CNPq no Laboratório de Gestão do
Território.
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Autores de Geografia Econômica (Wirtschaftsgeographie), tratavam a geoeconomia como
um ramo da economia, marcado pela excessiva abstração, bastante distinto do
conhecimento empírico sobre as condições geográficas da produção, distribuição e
consumo de bens na superfície da Terra, que era o tema central de seus trabalhos
científicos.
A formação dos blocos supranacionais, tais como a União Européia, o Mercosul e o
NAFTA e com as propostas atuais de constituição de uma Área de Livre Comércio das
Américas (ALCA), unindo em um mesmo sistema de tarifas o território que se estende
desde a Terra do Fogo até o Alasca, define novos espaços econômicos, através de
instrumentos de política econômica, que vão desde a simples liberalização das trocas
comerciais entre os membros do bloco, como é o caso do NAFTA, passando pela a
imposição de Tarifas Externas Comuns (TEC) passando por formas integradas de regulação
dos mercados de trabalho, bens e capitais, até a definição de uma moeda comum, como é o
caso do Euro, tende a mostrar que o alcance dos instrumentos clássicos de análise da
geografia econômica e da geografia política são insuficientes para interpretar os aspectos
dinâmicos da configuração e da gestão do território nesta nova escala de operação das
firmas e dos Estados-nações.
Neste cenário, a principal noção que serviu de base à geografia econômica, isto é, o
mercado nacional, tem hoje reduzido poder de explicação sobre o comportamento dinâmico
da produção e distribuição de bens, em grande parte devido às condições de integração
transfronteira das cadeias produtivas. Da mesma maneira, a noção de limites, como uma
linha divisória entre os territórios e mercados nacionais, devido a fluidez dos circuitos
internacionais de bens e capitais, perdeu boa parte de seu poder explicativo, na medida em
que os instrumentos clássicos de atuação do Estado-nação perdem seu poder de estabelecer
fronteiras, em função do poder que dispõem as firmas transnacionais para delimitar, através
de mecanismos econômicos, suas respectivas áreas de influência.
A categoria que deve ser introduzida é a de mercado doméstico, onde o domínio é
exercido por um grupo de firmas, operando sob condições de concorrência oligopólica, que
é dinamicamente diferenciado do mercado mundial através do estabelecimento de barreiras
à entrada de concorrentes através de instrumentos de política econômica que não se
resumem mais às tarifas, mas que se situam nas condições de introdução de progresso
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técnico e no controle sobre as redes logísticas de produção e distribuição de bens e serviços.
Neste sentido, a noção de barreiras territoriais é complementar à concepção clássica dos
limites na definição do mercado doméstico para as firmas que nele operam e procuram
impedir a entrada de novos concorrentes.
Do ponto de vista prático, o mercado doméstico é a parcela do mercado mundial,
que está sujeita a determinações de política econômica por parte do Estado-nação ou por
um acordo entre Estados-nações, que exerce domínio sobre as condições de concorrência
nele vigentes. Existem graus diversos de domínio, entretanto, do ponto de vista desta
análise, interessa considerar um aspecto importante: a capacidade de definir uma política
tarifária e uma política cambial próprias. Neste ponto, são diversos os fatores que atuam no
sentido de dar consistência ou fragilizar medidas de política econômica destinadas a
reservar o mercado doméstico, ou mesmo ampliar suas dimensões além das fronteiras ter-
ritoriais de um Estado-nação através da integração econômica. Um destes fatores, cuja
dimensão territorial é fundamental é o poder político e econômico que dispõe certas frações
de capital de impor suas regras de articulação e integração com o mercado mundial.
Este processo se deve, em grande parte, às mudanças ocorridas nas condições
materiais da produção e distribuição de bens e serviços em função da aplicação da
microeletrônica e do processamento digital de informações nas diversas esferas de
produção e gestão, permitindo a coordenação, em tempo real, de atividades desenvolvida
em localizações as mais diversas, que podem ser integradas rapidamente pela padronização
e aceleração dos deslocamentos espaciais através das redes de transportes. É o que pode-se
denominar de estruturas produtivas multilocacionais.
A nova configuração das estruturas produtivas ampliaram o papel da logística como
instrumento de manutenção do domínio sobre os mercados domésticos e de abertura de
novas fronteiras através da extensão de novas redes.
As novas estruturas espaciais que estão se conformando nesse contexto
caracterizam-se por alterações significativas na divisão territorial do trabalho entre as
cidades que formam os sistemas urbanos nacionais.. As indústrias que foram os motores do
padrão “fordista” foram obrigadas a uma radical reestruturação de seu padrão, que passa a
ser caracterizado pela procura de formas de produção mais flexíveis e interconectadas,
além da utilização crescente de mercados de trabalho fragmentados.
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Conectividade espacial e a divisão territorial do trabalho
Todas essas mudanças econômicas influenciaram a organização da hierarquia
urbana. Os grandes pólos industriais tradicionais geralmente entraram em declínio,
arrastando a região vizinha, apesar de algumas reconversões bem sucedidas. Paralelamente,
as novas formas de produção encontraram menos restrições na localização de suas
atividades. Apesar disso, assistimos a uma reconcentração espacial ligada aos imperativos
da organização industrial e a qualidade dos mercados do trabalho. A aglomeração espacial
permite reduzir os custos da troca, além de aumentar as externalidades positivas. Podem-se
também observar o desenvolvimento rápido de centros urbanos intermediários, cujo
crescimento está relacionado aos circuitos do capitalismo mundial, Muitas vezes, o
responsável pela difusão do crescimento não é mais a firma, mais sim o tecido produtivo e
gerencial, conformando o que se passou a denominar de “cidade-região”.
Neste ponto, assume especial importância a dimensão da conectividade entre as
cidades, que não depende mais da distância física entre elas, mas sim de uma estrutura de
fluxos mais ou menos estáveis, mantidos por agentes públicos e privados, que refletem –
não apenas as características do passado, mas também as novas formas de inserção no
mercado mundial. Estes fluxos são proporcionais a rede de influência que as cidades
exercem sobre o seu espaço imediato e pelo que deles recebem, que passa a ser um
elemento de posicionamento da cidade na estrutura urbana.
A operação multilocacional das firmas transnacionais é um dos fatores que explicam
a perda de capacidade fiscal e financeira dos Estados nacionais, que vêm reduzindo seu
poder regulatório sobre os mercados domésticos, com especial ênfase no esvaziamento do
papel da moeda, enquanto meio de definir o espaço das relações salariais.
Nesse contexto, novos instrumentos geoeconômicos são postos em prática para
tentar delimitar o território econômico. Dentre esses instrumentos, assume especial
importância a capacidade, tanto do setor privado, como público, de atrair e fixar fundos
financeiros globais. Esta capacidade, que assume sua expressão mais nítida nos diferenciais
de risco atribuídos pelas agências de classificação, é referenciado a partir da taxa de juros
praticada pelas autoridades monetárias norte-americanas.
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A institucionalização da Organização Mundial do Comércio (OMC), em
substituição às periódicas rodadas do GATT, deu foro global a uma série de medidas
regulatórias das trocas internacionais, na sua grande maioria assimétricas em relação aos
países emergentes, que são obrigados a renunciar aos mecanismos de proteção de sua
matriz industrial, orientando-se para nichos onde podem contar com algumas “vantagens
competitivas”, que muitas vezes provêm apenas de sua dotação de recursos naturais.
Neste aspecto, a capacidade de delimitar um campo econômico relativamente
estável, capaz de atrair investimentos de capitais globais, passa a estar diretamente
dependente da consolidação e operação das redes logísticas, que não podem estar mais
vistas como um conjunto de redes separadas (energia, transportes, comunicações), mas sim
uma estrutura integrada, multimodal e interdependente, que é fundamental para garantir o
controle sobre porções selecionadas do território, que constituem os novos domínios, de
onde se projetam ramos ou linhas de expansão que abrem fronteiras em novas zonas de
influência no mercado mundial. Segundo uma concepção logística, competitividade está
diretamente vinculada, não apenas à densidade ou à extensão das redes, mas também à sua
confiabilidade, expressa na no seu caráter permanente e pouco vulnerável a perdas ou a
rupturas temporárias. Neste aspecto as redes técnicas mudam as distâncias relativas e as
condições específicas dos lugares. Se o estoque de riqueza pode ser considerado como
atributo do lugar, sua capacidade de gerar fluxos de renda está definida pelas condições que
o ligam aos outros lugares, isto é sua conectividade às redes técnicas.
Reestrutração produtiva e redefinição dos sistemas
As cidades desempenharam funções importantes no processo de ocupação do
território, servindo como sítios de suporte ao povoamento, centros de controle político e de
armazenamento da produção agro-extrativa, núcleos de conexão com os circuitos
mercantis, pólos de crescimento industrial e nós da redes financeira e informacional . Desde
o século XVI até os dias atuais, pode-se distinguir diversas formações territoriais, que
expressam as distintas relações entre cidade e campo e entre as cidades no processo de
desenvolvimento.
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A primeira delas é a Formação Territorial Agromercantil Nacional, onde as
condições de controle do processo de acumulação se consolidam no território nacional, com
o campo constituindo-se como principal fonte de riquezas e a cidade seu locus de
comercialização, seja para o mercado mundial, seja para o mercado doméstico que começa
a se expandir. Os interesses urbanos estavam, predominantemente, representados pelos
comerciantes e funcionários do Estado.
A seguir a Formação Territorial Urbano-industrial Nacional, que caracteriza-se pelo
processo de industrialização que passa a determinar a lógica da acumulação endógena.
Pode-se distinguir três fases:
1. Fase da Industrialização Restringida, quando a lógica da acumulação ainda
dependia viceralmente da capacidade de exportar bens agrícolas, em função de sua
dependência da importação de bens de produção do mercado mundial.
2. Fase da Industrialização Pesada, onde o Estado foi responsável por uma
expressiva aceleração no ritmo de crescimento do mercado doméstico, que se expressa em
novas relações cidade/campo iniciando o processo de constituição da rede urbana integrada
a nível nacional. Esta rede era a expressão da do dinamismo do mercado doméstico, que
deu sustentação ao processo de industrialização;
3. Fase de Internacionalização Financeira, caracterizada pela crise e esgotamento
fiscal e financeiro do Estado Nacional, cuja capacidade de comandar o processo de
industrialização foi seriamente comprometido pelo endividamento interno e externo e a
lógica do investimento passa a ser diretamente comandada por empresas transnacionais e
pela presença do capital privado a elas associado. O período se caracteriza pela redução do
ritmo de crescimento das grandes metrópoles e pela emergência de novos centros
dinâmicos. Nesta fase, a orientação do processo de industrialização passa a responder à
dinâmica de uma estrutura de mercado que não está mais restrita às dimensões do território
nacional, mas orienta-se para a consolidação de cadeias produtivas, destinadas a ocupar o
mercado sul-americano e competir em escala mundial.
Neste sentido, embora prematuramente, seria possível definir a emergência de uma
nova Formação Territorial, cuja delimitação sugere dimensões transfronteiriças e cujo ritmo
de acumulação está determinado pela capacidade de conquistar fundos privados, seja no
mercado doméstico ou mundial, viabilizada - em grande parte, pelas políticas cambiais e
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monetárias do Estado-Nação, que passa a cooperar e/ou competir com outros Estados-
Nações pela captura destes fundos privados. A título provisório podemos denominá-la de
Formação Territorial Urbano-financeira Supranacional.
Um novo quadro conceitual está se desenvolvendo que leva em consideração as
mutações ocorridas no processo mundial de urbanização nesses últimos anos. Podemos
observar a emergência de três novos conceitos. O primeiro se refere as redes ou sistemas de
cidades. Ele traduz muito bem as interações existentes entre as cidades e a importância
crescente da noção de circulação entre os pólos de crescimento. Essa abordagem evidencia
o progresso dos transportes e das telecomunicações numa época caracterizada pela
importância das circulações dos bens, das pessoas e cada vez mais das informações. Enfim,
o poder de difusão da inovação representa um fator essencial na dinâmica dos sistemas de
cidades. Esses processos, provocam três mutações significativas:
- a de hierarquização dos pólos de nível inferior devido ao crescimento regular das
relações horizontais entre eles. A conseqüência maior desse processo é a especialização
crescente das cidades intermediárias;
- a permanência e/ou reforço das polarizações nacionais tradicionais. As grandes
capitais são as cidades que beneficiam o mais do processo de mundialização da economia.
Assim trinta anos depois da tentativa de implementar pólos de equilíbrio territorial na
França, podemos observar que o peso de Paris na economia francesa aumentou;
- a emergência de metrópoles internacionais e de algumas cidades mundiais. A
primeira pode ser definida como uma cidade que participa plenamente das redes
econômicas, científicas e culturais supranacionais, graças a existência de serviços de alta
qualidade, de grandes laboratórios de pesquisa, de equipamentos culturais, a organização de
congressos e feiras internacionais etc.
Pode-se também ressaltar as mudanças na morfologia das redes de cidades. Se a
organização tradicional em teia de aranha é uma realidade na maior parte do mundo em
desenvolvimento, nos países industrializados, ao modelo chamado de hub and spokes
(núcleo e raios) desenha redes em forma de estrelas. Esse modelo é a representação espacial
dos maiores fluxos de bens, pessoas e de informações entre as grandes cidades que
atravessam espaços intersticiais incapazes de captar, mesmo que parcialmente, esses fluxos
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que impulsionam o crescimento econômico. Falamos de um ‘‘efeito túnel’’ que gera zonas
de exclusão no espaço entres os pólos urbanos mais dinâmicos.
O segundo conceito de organização dos sistemas de cidades corresponde ao modelo
de metropolização que traduz a emergência de grandes centros urbanos, as vezes
qualificados de pós-industriais, que exercem uma polarização cada vez maior sobre
territórios cada vez mais amplos. Os geógrafos norte-americanos colocaram cedo em
evidência o processo de concentração-internacionalização do capital e a intensificação de
sua rentabilidade em conseqüência da nova distribuição das populações e das atividades
nas grandes metrópoles. Esses centros metropolitanos internacionais tem o verdadeiro
poder de comando dentro da economia-mundo contemporânea. Em efeito, eles privilegiam
as funções gerenciais, os serviços superiores (atividades financeiras, imobiliárias, serviços
informáticos, de consultoria, seguros, marketing etc.), as relações transnacionais, além da
inovação científica e tecnológica. Assim os empregos gerados por essas atividades são
tanto altamente qualificados, como também mais tradicionais e menos qualificados (
funções comercial e logística etc.). Esses últimos, são empregos que oferecem pouca
segurança aos trabalhadores, que são em maioria jovens e mulheres cujos salários são
normalmente inferiores remuneração metropolitana mediana.
Apesar de uma fragmentação social e territorial crescente, as metrópoles
internacionais se apresentam como os nós de múltiplas redes de comunicações materiais e
imateriais, que contribuem de maneira decisiva a reorganização do espaço em regiões de
influencia cada vez mais amplas. A polarização exercida pelas metrópoles internacionais é
ainda reforçada pela atração sobre as populações jovens que migram das cidades menores
em direção a essas aglomerações, que ainda oferecem uma perspectiva de remuneração
melhor, possibilidades de ascensão social, melhores possibilidades de acesso à infra-
estrutura e serviços urbanos, assim como equipamentos culturais e de lazer mais
sofisticados e diferenciados.
O novo modelo metropolitano de estruturação territorial, tende assim a recolocar em
questão o projeto de novas organizações urbanas estruturadas em torno do conceito de uma
difusão amplamente decentralizada da inovação tecnológica a partir de pólos de excelência
instalados em cidades intermediarias. A integração dessas últimas à rede das aglomerações
internacionais supõe infra-estruturas pesadas (aeroportos internacionais, teleportos etc.), um
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parque imobiliário comercial de alto nível, redes de serviços de grande qualidade e
equipamentos culturais suscetíveis de atrair os executivos das firmas multinacionais. Nesse
sentido, uma transformação profunda da hierarquia urbana aparece ainda prematura mesmo
se as megacidades internacionais, as mais sujeitas as oscilações da conjuntura econômica
conhecem dificuldades (multiplicações das externalidades negativas) que favorecem um
certo processo de descentralização das atividades nas regiões limítrofes, como nas edge
cities.
As dificuldades da integração no Mercosul Firmado em 1991, entre o Brasil, a Argentina, o Uruguai e o Paraguai, o Tratado de
Assunção iniciou a construção do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), que constitui
hoje uma das mais importantes iniciativas de integração econômica das fora da influência
direta das economias mais industrializadas do mundo atual.
De modo diferente das tentativas anteriores, o Mercosul não partiu da iniciativa de
um foro supranacional para sedimentar suas propostas de construir uma união aduaneira
que envolvesse as duas principais economias da América do Sul: o Brasil e a Argentina. As
pressões resultantes do processo de mundialização do capital, genericamente definido como
“globalização” da economia, bem como as necessidades internas de expansão dos
respectivos sistemas produtivos nacionais, que foram duramente atingidos pela crise dos
anos oitenta, levaram Brasil e Argentina a superarem seus conflitos históricos em torno da
Bacia do Prata e buscarem soluções comuns para problemas semelhantes através da
cooperação e da integração econômica.
Nesta direção, o que originalmente envolvia apenas operações mercantis, como
compra e venda de produtos agroindustriais, nos quais as respectivas economias nacionais
possuíam vantagens comparativas, como é o exemplo do trigo da Argentina para o Brasil e
da carne de frango, no sentido inverso; foi sendo gradativamente intensificado através da
integração transfronteira das estruturas produtivas nacionais, o que já é flagrante nos
complexos metal-mecânico e químico, principalmente nos segmentos automobilístico e
petroquímico.
Diversos aspectos ainda continuam pendentes no que diz respeito aos avanços da
integração geoeconômica no Cone Sul. Do ponto de vista global, a proposta norte-
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americana de constituição da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), enfraquece
as alternativas regionais de uma negociação em bloco, não apenas com os Estados Unidos,
mas com a denominada ‘Tríade’, isto é, incluindo a União Européia e o Japão. Estas
negociações têm encontrado dificuldades das mais variadas ordens, mas que em grande
parte refletem interesses domésticos, que não cedem os privilégios conseguidos. Este é, por
exemplo, o caso dos subsídios garantidos pela UE a certos produtos agrícolas sensíveis,
como o açúcar, o que tem feito com que a França vete sistematicamente qualquer
possibilidade de negociação direta entre a UE e o Mercosul.
O Tratado de Assunção previu a data de 25 de janeiro de 1995 para a eliminação das
barreiras tarifárias e não-tarifárias entre os países membros, postulando a livre circulação
de bens e serviços no interior deste mercado doméstico supranacional que teria uma única
tarifa externa comum (TEC). Devido aos problemas derivados das políticas
macroeconômicas dos signatários do acordo, que, diga-se de passagem, não são poucos,
principalmente considerando a diversidade de políticas monetárias e cambiais entre os dois
principais parceiros do projeto de integração, observa-se que a meta da TEC Mercosul
parece estar a cada dia mais distante.
As políticas de estabilização postas em prática pelo Brasil e Argentina tem muitos
aspectos distintos, dos quais o mais evidente é a oposição entre a rigidez da
conversibilidade argentina vis-a-vis a flexibilização cambial total no Brasil. Entretanto,
embora com intensidades e horizontes temporais distintos, deve-se observar que em ambos
os casos existem traços comuns que convergem para o crescente endividamento e a grande
dependência de créditos externos.
Esta convergência na busca por fontes de crédito, para dar suporte ao processo de
estabilização monetária, acabou transformando Brasil e Argentina – e pour cause, o próprio
Mercosul, em competidores solidários no mercado financeiro mundial, onde disputam o
acesso aos fundos globais, ao mesmo tempo em que são solidários nos movimentos
negativos engendrados pelas crises que afetam a cada um deles.
Assim, a dificuldade de refinanciar a dívida argentina empurra a cotação do dólar no
Brasil, que por sua vez reduz a competitividade dos produtos argentinos no mercado
brasileiro. Nesse círculo vicioso, o bode expiatório passa a ser a tarifa externa comum, o
que compromete o Mercosul em sua essência básica, passando a constituir-se em um
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arremedo de zona de livre comércio, eivada de conflitos, do Cone Sul da América, o que -
diga-se de passagem, fragiliza ambos parceiros diante das investidas norte-americanas para
a rápida implantação da ALCA.
Neste cenário conturbado, há de se considerar que a intensificação dos fluxos
econômicos, não apenas entre os integrantes do MERCOSUL, mas também com a Bolívia e
o Chile - que são membros associados, é uma necessidade basilar da própria denâmica
econômica, isto é da própria necessidade de garantir a oferta de insumos básicos, com
especial destaque para energéticos, o colocou na ordem do dia o problema das redes
logísticas de ligação continental no espaço sul americano (BATISTA DA SILVA, 1997),
desencadeando o processo de expansão e conexão entre estas distintas economias nacionais.
Assim, já se encontram em execução projetos que irão conectar o Sudeste Brasileiro
ao Pampa Argentino, como a ligação litorânea através da Rodovia do MERCOSUL ou pelo
interior do continente como a Hidrovia Tietê-Paraná, que fazem parte do projeto dos Eixos
Nacionais de Integração e Desenvolvimento (ENIDs) do governo brasileiro.
Da mesma maneira, troncos de transporte de energia estão sendo construídos, como
as linhas de transmissão que conectam Yaceretá-Apipé, entre a Argentina e o Paraguai, ao
sistema energético brasileiro e a entrada em operação do Gasoduto Brasil-Bolívia que vai
cortar as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil transportando e distribuindo gás
natural, que passa a ser uma alternativa, não apenas como combustível industrial, mas
também como insumo importante para a matriz energética brasileira, restringida que está
pela ausência de créditos de logo prazo para grandes investimentos hidrelétricos.
É nesse quadro que, as heranças do processo de industrialização tardia das
economia nacionais do Cone Sul deixa sua marca registrada no desenho das redes logísticas
disponíveis para a integração econômica supranacional. Ferrovias com diferentes bitolas,
hidrovias que ainda refletem disputas geopolíticas sobre o controle de bacias hidrográficas,
rodovias com obras de engenharias que não suportam o volume de tráfego internacional,
em suma, uma configuração espacial do sistema logístico que está profundamente marcado
pelas heranças da industrialização tardia e que exige uma grande engenharia de
financiamento para adequá-lo às demandas prementes de uma estrutura produtiva que está
começando a integrar-se para além das fronteiras nacionais.
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As redes logísticas e sua configuração espacial no Cone Sul A despeito dos problemas que dificultam o processo de integração ao nível
macroeconômico, resultantes da disparidade de políticas monetárias e cambiais postas em
prática pelos membros do grupo, a integração física das redes logísticas tende a avançar, em
grande parte devido às próprias necessidades materiais das principais economias que
conformam o Mercosul: Brasil e Argentina.
Para compreender este processo, procurou-se mapear as principais redes na escala
regional (ferroviária, rodoviária, energia elétrica e gasodutos) e as conexões entre as
principais cidades do Cone Sul, selecionadas a partir dos seguintes critérios: 1 -Possuir
mais de 100.000 habitantes no aglomerado urbano; 2 Ser capital de estado (Brasil),
província (Argentina) ou sede de região (Chile). A aplicação destes critérios resultou na
seleção de 139 cidades, vide Anexo 1, que formam o embrião do sistema urbano do Cone
Sul.
Observa-se que o desenho da rede ferroviária traz a marca da orientação das
economias agrário-exportadoras para os principais portos, formando verdadeiras bacias
urbanas, com especial destaque para o papel de Buenos Aires, no Pampa Úmido, e de São
Paulo-Santos, no Planalto Paulista. Destaca-se o papel da Bolívia, como zona de
convergência interior dos sistemas ferroviários comandados por estes dois grandes
complexos territoriais agrário-exportadores. (Mapa 1) A integração dos mercados nacionais nas duas grandes economias do Cone Sul foi
feita através do padrão rodoviário, onde não apenas a indústria automobilística comanda o
processo de industrialização, mas também se manifesta espacialmente na rápida expansão
da malha rodoviária. Deve-se ressaltar a baixa densidade das redes nas regiões de fronteira
dessas economias: a Amazônia e a Patagônia, onde fatores geográficos e históricos
explicam a rarefação da população, que são, evidentemente, muito mais flagrantes na
Amazônia brasileira. (Mapa 2)
A consolidação da indústria pesada é um fator crucial para a diferenciação das
economias nacionais do Cone Sul, seja pelas dimensões que assume no Brasil, seja pelo
caráter concentrado que apresenta na Argentina. A rede elétrica expressa na distribuição
regional essas características, além de traços constitutivos da montagem do sistema, que no
Brasil foi orientado preferencialmente para a hidreletricidade, cujo apogeu se expressa na
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construção da central binacional de Itaipú, que transforma o Paraguai em exportador de
energia, enquanto na Argentina é importante o papel da termoeletricidade na conformação
do sistema elétrico nacional. (Mapa 3)
O gás natural apresenta perspectivas de aumento acelerado de participação na matriz
energética mundial e a Argentina é um dos países do mundo de maior participação desse
combustível na oferta de energia primária, tendo iniciado a construção de seu primeiro
gasoduto em 1947. A difusão do gás natural como combustível no Brasil acelera-se com a
construção do Gasoduto Brasil-Bolívia, que já nasce como uma rede transnacional no Cone
Sul, onde a Bolívia reassume seu papel de interface na margem das redes brasileiras e
argentinas. (Mapa 4)
Em suma, as redes logísticas refletem em seu desenho, tanto aspectos históricos,
como também novas formas de articulação entre as economias nacionais. A compreensão
dessa dimensão espaço-temporal das redes é fundamental para o estabelecimento de
políticas territoriais, na medida em que os eventuais gargalos que hoje apresente algum dos
sistemas logísticos, pode ter sido uma vantagem estratégica no passado
A análise da conectividade do sistema de cidades em formação no Cone Sul pode
contribuir para a compreensão da estrutura espacial em formação na escala supranacional,
apontando seus lineamentos principais e subsidiando políticas territoriais no sentido da
consolidação de um espaço de fluxos capaz de ampliar as dimensões do mercado doméstico
do bloco econômico, contribuindo para contornar possíveis gargalos que se formem no
processo de integração regional.
Em termos geoeconômicos, as conexões ferroviárias são aquelas que trazem a
marca da hegemonia do capital mercantil. Apresentam baixa densidade no interior, são
concentradas nas regiões produtoras de bens agropecuários e, geralmente, fortalecem as
cidades portuárias. Mostram geoestratégias competitivas entre as duas potências regionais
para a projeção de seus domínios sobre a Bacia do Prata. (Mapa 5)
A geoeconomia da industrialização substitutiva de importações marca o padrão de
conectividade rodoviário, com destaque para a emergência de nós logísticos de apoio a
ocupação econômica das zonas de fronteira, como é o caso de Neuquén na borda da
Patagônia argentina ou Goiânia-Brasília no suporte logístico a ocupação da Amazônia. Do
ponto de vista geoestratégico, o padrão de conectividade da rede rodoviária mostra a
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orientação preferencial da política territorial do Brasil e da Argentina para o processo de
integração nacional, decisivo na formação do mercado interno para a indústria. (Mapa 6)
As ligações aeroviárias já mostram a inserção dos países do Cone Sul em uma
economia globalizada, onde as conexões entre cidades já expressam fluxos financeiros e
informacionais. As conexões das duas principais economias do Cone Sul mostram
significativas diferenças, pois enquanto na Argentina é patente o papel dominante de
Buenos Aires na conectividade por avião entre as cidades, no Brasil observa-se a
emergência de Brasília como importante centro de conexão interregional. (Mapa 7)
Breves Considerações Finais A análise da estrutura espacial do Cone Sul, no que diz respeito às redes logísticas e
às conexões entre as principais cidades, aponta para a permanência de uma relativa
autonomia dos sistemas logísticos regionais, tanto no que diz respeito aos transportes, como
energia e telecomunicações, mostrando que o processo de integração regional das redes
físicas ainda encontra-se em sua fase inicial, embora apresente aspectos irreversíveis,
principalmente nas redes de transportes e energia.
Devido às características do passado agroexportador e a industrialização substitutiva
de importações que marcam a inserção dessas duas economias no mercado mundial, o
padrão de conectividade das cidades do Cone Sul ainda não apresenta uma estrutura
orientada para a integração continental.
Há um fortalecimento da conectividade no Arco Atlântico do Cone Sul, com um
aumento da importância dos fluxos marítimos entre os principais portos da região,
reforçada pelo adensamento da malha rodoviária, o que mostra uma tendência de re-
hierarquização da estrutura espacial da zona costeira e adjacências.
Referências Bibliográficas
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Mapas
Mapa 1
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Mapa 2
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Mapa 3
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Brasil
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# Principais CidadesLinhas de Alta TensãoLimites Internacionais
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Cone SulRede Elétrica
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Mapa 4
Cone SulRede de Gasodutos
0 1000 Kilometers
# Principais Cidades
Gasoduto TroncalEm operaçãoEm construçãoEm projeto
Limites Internacionais
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Mapa 5
Cone SulConexões Ferroviárias
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População circa 1950# 0 - 64.700# 64.700 - 224.419# 224.419 - 660.569
# 660.569 - 1.436.522
# 1.436.522 - 3.026.195
# 3.026.195 - 4.748.723
Limites InternacionaisConexões ferroviárias
0 1000 Kilometers
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Mapa 6
Cone SulConexões Rodoviárias
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Conexões rodoviárias
População circa 1970# 0 - 100.915# 100.915 - 254.682# 254.682 - 529.780
# 529.780 - 1.077.208
# 1.077.208 - 2.791.972
# 2.791.972 - 8.461.955
Limites Internacionais
0 1000 Kilometers
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Mapa 7
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Conexões Aeroviárias
População circa 1980# 0 - 198.683# 198.683 - 501.198
# 501.198 - 1.005.367
# 1.005.367 - 1.696.318
# 1.696.318 - 3.919.903
# 3.919.903 - 12.183.634
Limites Internacionais
Cone SulConexões Aeroviárias
0 1000 Kilometers
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Anexo 1 As cidades selecionadas no Cone Sul, segundo os critérios apontados no texto,
foram: Argentina (30 cidades): Córdoba, Rio Cuarto, Santa Fe, Rosário, Mendoza, San Juan, San Luis,
Resistencia, Formosa, Santiago de Estero, Corrientes, Concordia, Parana, Posadas, San.Fernando de Catamarca, S.S. de Jujuy, La Rioja, Salta, San Miguel de Tucuman, Bahia Blanca, Mar del Plata, La Plata, San Nicolas, Buenos Aires, Santa Rosa, Comodoro Rivadavia, Trelew, Neuquen, Viedma, Rio Gallegos.
Bolívia (6 cidades): La Paz, Santa Cruz, Cochabamba, Oruro, Potosi, Sucre, Brasil (105 cidades): Ji-Paraná, Porto Velho, Rio Branco, Manaus, Boa Vista, Belém, Castanhal,
Marabá, Santarém, Macapá, Araguaína, Palmas, Caxias, Imperatriz, Sao Luís, Parnaíba, Teresina, Fortaleza, Juazeiro do Norte, Sobral, Mossoró, Natal, Campina Grande, Joao Pessoa, Caruaru, Garanhuns, Petrolina, Recife, Arapiraca, Maceió, Aracaju, Alagoinhas, Barreiras, Feira de Santana, Ilhéus, Jequié, Salvador, Vitória da Conquista, Barbacena, Belo Horizonte, Divinópolis, Governador Valadares, Ipatinga, Itabira, Juiz de Fora, Montes Claros, Poços de Caldas, Sete Lagoas, Teófilo Otoni, Uberlândia, Cachoeiro de Itapemirim, Linhares, Vitória, Cabo Frio, Campos dos Goytacazes, Nova Friburgo, Rio de Janeiro, Volta Redonda, Araçatuba, Araraquara, Bauru, Campinas, Franca, Guaratinguetá, Jundiaí, Limeira, Marília, Moji-Guaçu, Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeirao Preto, Santos, Sao José do Rio Preto, Sao José dos Campos, Sao Paulo, Sorocaba, Cascavel, Curitiba, Foz do Iguaçu, Guarapuava, Londrina, Maringá, Paranaguá, Ponta Grossa, Blumenau, Chapecó, Criciúma, Florianópolis, Itajaí, Joinville, Lages, Caxias do Sul, Passo Fundo, Pelotas, Porto Alegre, Santa Maria, Uruguaiana, Campo Grande, Dourados, Cuiabá, Rondonópolis, Anápolis, Goiânia, Rio Verde, Brasília,
Chile (16 cidades/aglomerações urbanas): Santiago, Valparaíso/Vina de Mar, Concepcion/Talcahuano, Antofagasta,
Temuco, La Serena, Rancagua, Arica, Talca, Iquique, Chillan, Punta Arenas, Quillota/La Callera, Osomo, Valdivia, Puerto Montt.
Paraguai (2 cidades): Asunción, Ciudad del Este. e Uruguai (1 cidade): Montevideo