Interação Verbal Tema Significação

download Interação Verbal Tema Significação

of 12

Transcript of Interação Verbal Tema Significação

  • 8/18/2019 Interação Verbal Tema Significação

    1/12

    8

    Pró-Discente: Caderno de Prod. Acad.-Cient. Progr. Pós-Grad. Educação Vitória v. 17 n. 1 Jan./Jun. 2011

    INTERAO VERBAL, TEMA E SIGNIFICAO

    ALCNTARA, Regina Godinho [email protected] 

    CCO, [email protected] 

    GONALVES, Roalina [email protected] 

    Mariela Gai [email protected] 

    R:  Ee arigo dice o conceio de inerao erbal, ema e ignificao omando por bae aperpecia ennciaiodicria de inpirao bakhiniana. Tem por finalidade epliciar a diferene

    relae enre ee conceio aprofndando a compreeno do conhecimeno prodido no campo dalingagem.

    P: Lingagem. Ennciao. Inerao erbal. Tema. Significao. Aceno apreciaio.

    INTRODUO

    O conceio de inerao erbal, ema e ignificao, objeo da dico do preene

    arigo, eo inerido no coneo do penameno filoficolingico prodido por

    Bakhin a parir da conribie e da fragilidade preene na correne filofica

    adinda do Romanimo e do Racionalimo. Ea dice foram raada na Ria, no

    perodo de 1919 a 1929, por m grpo de inelecai de diferene rea conhecido como

    Crclo de Bakhin. Dialogando com a mlipla propoie cienfica de a poca, Bakhin

    eidencio o dalimo preene na idia da da principai orienae do penameno

    filoficolingico, denominada por ele genericamene de Sbjeiimo Idealia e

    Objeiimo Abrao.

    Em Marimo e Filoofia da Lingagem, o aor apreena o prepoo qe

    fndamenam a concepe de lingagem nea orienae. Na bjeiia idealia,

    egndo Bakhin (1999), a concepo de lingagem cenrae no ao criaio de fala do

    indido, coniderando o piqimo indiidal como a fone da lnga. A poie

    fndamenai obre a lnga nea orienao compreendem qe:

  • 8/18/2019 Interação Verbal Tema Significação

    2/12

    9

    Pró-Discente: Caderno de Prod. Acad.-Cient. Progr. Pós-Grad. Educação Vitória v. 17 n. 1 Jan./Jun. 2011

    1.  A lnga ma aiidade, m proceo criaio ininerrpo de conro [...], qe emaerialia ob a forma de ao indiidai de fala.

    2.  A lei da criao lingica o eencialmene a lei da picologia indiidal.3.  A criao lingica ma criao ignificaia, anloga criao arica.4.  A lnga, enqano prodo acabado [...], enqano iema eel (lico, gramica e

    fonica), apreenae como m depio inere, al como a laa fria da criaolingica, abraamene conrda pelo lingia com ia a aqiio

    prica, como inrmeno prono para er ado (BAKHTIN1, 1999, p. 7273).

    O edo da lnga na radio bjeiia, conforme afirma Bakhin, apiae na lei

    da picologia indiidal. Nea perpecia, o iema da lnga rela da aiidade

    elaboradora do eprio, ma e qe a qeo gramaical coniderada como pono de

    chegada da aiidade lingica.

    A orienao objeiia abraa, por a e, ia como cenro organiador do fao

    da lnga o iema lingico, o eja, [...] ,   [...] (BAKHTIN, 1999, p. 77, grifo do aor). Defende qe a lnga

    conida pelo rao idnico preene na ennciae, percebendoa como m iema

    incrnico. So ee rao idnico qe garanem a a nicidade e a a compreeno por

    odo o inegrane de ma comnidade lingica. Logo, nea perpecia, a lnga m

    iema eel e fechado com lei lingica epecfica qe no ofrem inflncia

    ideolgica nem hirica. A maneno dee iema ocorre pela repeio, o eja, o

    jeio j nacem inerido nma comnidade lingica com m iema j conido. [...]

    m al iema, o indido em qe omlo e aimillo no e conjno, al como ele [...]

    (BAKHTIN, 1999, p.79).

    Para Bakhin, coniderar a lnga como m iema regido por norma no paa de

    ma abrao, poi no ere para compreeno e eplicao do fao lingico, ma e

    qe e diancia da realidade ia e eolia da lnga e de a fne ociai. Pare de ma

    io racionalia e mecanicia de mndo qe deconidera o poencial do jeio e a

    relae com a lnga como fenmeno pramene hirico. Se por m lado, a fragilidade do

    objeiimo abrao conie na rejeio da ennciao, do ao de fala como objeo de edo,

    no bjeiimo idealia, o eqoco reide em focaliar o ao de fala na dimeno do

    piqimo indiidal do jeio falane e, porano, ambm no lea em coniderao a

    narea ocial da ennciao. Nee enido, propoa ma nee dialica qe eidencia

    o diferene elemeno qe compem a ennciae inerindoa nm coneo mai amplo

    qe compreende a relae ociai organiada, [...] a nicidade do meio ocial e a do

    coneo ocial imediao o condie abolamene indipenei para qe o compleo

    1 Nee rabalho omamo a nona edio dea obra de Bakhin qe foi pblicada pela primeira e em 1929, obo lo Markim i filofia iaik.

  • 8/18/2019 Interação Verbal Tema Significação

    3/12

    10

    Pró-Discente: Caderno de Prod. Acad.-Cient. Progr. Pós-Grad. Educação Vitória v. 17 n. 1 Jan./Jun. 2011

    ficopqicofiiolgico [...] poa er inclado lnga, fala, poa ornare m fao de

    lingagem [...] (BAKHTIN, 1999, p. 7071).

    Aim, conceio como inerao erbal, ema, ignificao e aceno apreciaio o

    inerene ampliao da compreeno da lingagem como fenmeno hirico, ocial e

    clral.

    INTERAO VERBAL

    Na perpecia bakhiniana de lingagem, conforme iamo, a lnga e moe

    coninamene e e deenole empre na ida ocial, na relao com o oro. Aim, o

    fenmeno ocial da inerao erbal conii a realidade fndamenal da lingagem em qe

    e maerialiam a ennciae. Ee proceo de maerialiao da ennciae ocorre por

    meio da palara, o recro emiico qe poibilia a epreo. Nee enido, a palara

    [...] deerminada ano pelo fao de qe procede de algm, como pelo fao de qe edirige para algm. Ela conii jamene o prodo da inerao do locor e dooine. Toda palara ere de epreo a m em relao ao oro. Ara dapalara, definome em relao ao oro, io , em lima anlie, em relao coleiidade. A palara ma epcie de pone lanada enre mim e o oro. Se ela

    e apia obre mim nma eremidade, na ora apiae obre o me inerlocor. Apalara o erririo comm do locor e do inerlocor (BAKHTIN, 1999, p. 113).

    Dee modo, a prodo da ennciao incli a eincia de m adirio ocial, poi a

    palara empre e dirige a m inerlocor qe pode er real o er m repreenane mdio

    da ociedade. De acordo com Bakhin, porano, [...] a ennciao o prodo da inerao de

    doi indido ocialmene organiado [...] (BAKHTIN, 1999, p. 112). Io prepe qe

    ano a iao imediaa qano o meio ocial mai amplo definem, por aim dier, a parir

    do e prprio inerior, a erra da ennciao.A iao imediaa de inerao erbal qe enole o jeio inerlocore da

    ennciae prod efeio para i e para o oro no momeno em qe elaboram a a

    aiidade menal. A compleidade do dicro inerior prodido pela aiidade menal do

    jeio depende da relae eabelecida enre o jeio e o dicro da coleiidade, o

    eja, da aiidade menal do n.

  • 8/18/2019 Interação Verbal Tema Significação

    4/12

    11

    Pró-Discente: Caderno de Prod. Acad.-Cient. Progr. Pós-Grad. Educação Vitória v. 17 n. 1 Jan./Jun. 2011

    Aim, a peronalidade qe e eprime, apreendida, por aim dier, do inerior,reelae m prodo oal da inerrelao ocial. A aiidade menal do jeioconii, da mema forma qe a epreo eerior m erririo ocial. Emconeqncia, odo o iinerrio qe lea a aiidade menal (o conedo a eprimir) a objeiao eerna (a ennciao) iae compleamene em erririo ocial.Qando a aiidade menal e realia ob a forma de ma ennciao, a orienaoocial qal ela e bmee adqire maior compleidade graa eigncia de

    adapao ao coneo ocial imediao do ao de fala, e, acima de do, aoinerlocore concreo (BAKHTIN, 1999, p. 117).

    Nee coneo, a inerao erbal no compreende apena a inerao face a face, ma do

    qe e enolido no proceo de comnicao erbal, inclie o ao ociai de carer no

    erbal, como o geo e ao imblico, qe eabelecem relae e ignificae enre o erbal e

    o horione ociai de alor.

    Em Jobim (2001), enconramo o erao de m dilogo qe eidencia como a fala, a

    condie de comnicao e a erra ociai eo indiolelmene ligada. Na

    inerao enre Andr (cinco ano), Rafaela (ei ano) e m adlo, podemo perceber como

    o elemeno erbai e noerbai preene na inerao aam na coniio de enido

    da ennciae, prodindo empre algo noo e no reierel.

    Rafaela: Me pai goa de ler liro de mica. Me pai canor. E l na Epanha.De ma boneca epanhola pra mim. Minha me rabalha no hopial Soa Agiar.(Com cero ar de orglho obre o qe di)

    Adlo: E e pai, Andr, rabalha em q?Andr: ... (heiane) Nma fbrica.Adlo: Nma fbrica! De q, Andr, oc abe?Andr: De chiclee. (Eniamado Andr conina) Cada dia ele ra qaro caiapra mim.Adlo: ... E a me, Andr, ambm rabalha fora?Andr: Trabalha... (Paa) Nma fbrica de brinqedo. Minha me ra odo diaqaro caminhe pra mim. Ela rabalha bado e domingo. Qando minha me chegado rabalho ela me lea em qaro cinema. J i Trapalhe, Rambo III, ...Rafaela: (Com ar de dedm, dida da palara de Andr) Hi! Rambo III no podiaenrar criana! (JOBIM, 2001, p. 105).

    Aim oberamo qe o elemeno preene nea inerao como jlgameno dealor, deejo, neceidade, ineree e emoe, qe perpaam o dilogo por meio da

    enoao, eabelecem ma ereia relao da palara com o coneo eraerbal,

    paricipando do proceo de ignificao. Ee elemeno eidenciam ambm qe [...]

    nenhma ennciao erbaliada pode er aribda ecliamene a qem a enncio:

    prodo da inerao enre falane e, em ermo mai amplo, prodo de oda ma iao

    ocial em qe ela rgi [...] (BAKHTIN2, 2001, p. 79).

    2 Ea obra, inilada O Fredimo, foi pblicada pela primeira e em 1927 e ainada por V. N. Volochino,dicplo de Bakhin.

  • 8/18/2019 Interação Verbal Tema Significação

    5/12

    12

    Pró-Discente: Caderno de Prod. Acad.-Cient. Progr. Pós-Grad. Educação Vitória v. 17 n. 1 Jan./Jun. 2011

    Dee modo, o eemplo ciado remeeno ao prepoo bico da perpecia

    ennciaiodicria na lingagem, reforando qe [...] o cenro organiador de oda

    ennciao, de oda epreo, no inerior, ma eerior: e iado no meio ocial qe

    enole o indido [...] (BAKHTIN, 1999, p. 121). A lnga, nea perpecia, no pode er

    concebida como m iema abrao, fechado e eel de norma nem, ampoco, m

    iema monolgico de comnicao deerminado pela lei da picologia indiidal, ma [...]

    m   ,  qe e realia ara da 

    (Ibidem, p.127, grifo do aor), em deiar de coniderar qe ea inerao

    iliae de ma erra ennciaia qe ambm conida no campo ocial.

    TEMA E SIGNIFICAO

    De acordo com Bakhin (1999), no fcil a diino enre ema e ignificao, bem

    como h neceidade dee doi campo, por aim dier, erem mio bem delineado,

    poi, egndo o aor, [...] para coniir ma cincia lida da ignificao, imporane

    diingir bem enre o ema e a ignificao e compreender bem a a inerrelao [...]

    (BAKHTIN, 1999, p.131).

    Aim, ao colocar e eclarecer a idia da da principai correne do penameno

    filoficolingico, o bjeiimo idealia e o objeiimo abrao, Bakhin j iniciaa a

    e percro na diferenciao enre ignificao e ema e a inerrelao eiene enre o

    memo.

    Como eidenciamo, para Bakhin, impoel m enido nico, precio e definido

    para m deerminado igno, ma e qe, para ele, o enido do igno no o paio, o

    eja, no eo dado, poi dependem e concreiame na inerao erbal, como j ane

    epliciado. Aim, na iao concrea de comnicao qe ,

    o melhor, na inerao qe a capacidade de ignificao da palara, ornae real e pode

    er compreendida. Nea perpecia, poderamo pergnarno e cada palara o igno j

    no poi em i memo a poencialidade comnicaia, o eja, e enido j

    concreiado hioricamene ara de e o pela diera comnidade de falane?

    Sim, enreano, a cada noa iao de comnicao, ea ignificao ambm e renoa,

    ornandoe nica para aqela iao de inerao e no ora, endo eno, no  .

    Porano, para o enido j crialiado de ma deerminada palara, aqele qe

  • 8/18/2019 Interação Verbal Tema Significação

    6/12

    13

    Pró-Discente: Caderno de Prod. Acad.-Cient. Progr. Pós-Grad. Educação Vitória v. 17 n. 1 Jan./Jun. 2011

    enconramo no dicionrio, podemo chamar de a , e a ea ignificao,

    denro de m deerminado coneo de inerao pariclar, podemo chamar de .

    Aim, para er deerminado o ema de ma ennciao, enram em jogo no apena o

    elemeno erbai preene nea ennciao, ma ambm, odo o elemeno qe

    paricipam da iao eraerbal de inerao. Como eplicia Bakhin:

    Conclie qe o ema da ennciao deerminado no pela forma lingica

    qe enram na compoio (a palara, a forma morfolgica o inica, o on, a

    enoae), ma igalmene pelo elemeno no erbai da iao. Se perdermo de ia

    o elemeno da iao, earemo o poco apo a compreender a ennciao como e

    perdemo a palara mai imporane. [...] Somene a ennciao em oda a a

    amplide concrea, como fenmeno hirico, poi m ema [...] (BAKHTIN, 1999, .128

    129). 

    bio, como coloca o prprio Bakhin, qe o carer nico de cada ennciao no

    eria o baane para deerminar e compreender e ema, aim, [...] alm do ema, o, mai

    eaamene no inerior dele, a ennciao igalmene doada de ma ignificao [...]

    (Ibidem, p.129). Da o aor, coniderar a ignificao como m egio inferior da capacidade

    de ignificar e o ema como endo o egio perior dea capacidade, poi a ignificao

    nada pode ignificar ioladamene, fora de ma iao de inerao. Porano, a

    poencialidade ignificaia de ma palara omene concreiame em m dado coneo

    ennciaio. nee enido qe o aor reiera qe no poel eabelecer ma froneira

    eaa enre ema e ignificao, ma e qe,

    [...] a ignificao perence a m elemeno o conjno de elemeno na a relaocom o odo. claro qe e abrairmo por compleo ea relao com o odo (io ,com a ennciao), perderemo a ignificao. por io qe no e pode raar mafroneira clara enre o ema e a ignificao (BAKHTIN, 1999, . 131). 

    Eemplificando o ema e a ignificao, Bakhin (1999) coloca a ennciao Qe hora

    o?, enfaiando, aim, ma eabilidade relaia dee ennciado no qe ange a

    ignificae j hioricamene crialiada deido diferene iae comnicaia em

    qe foi iliada. Enreano, diane de ma noa iao de inerao, o ema dee

    ennciado ornae noo e impoel diocilo dea noa inerao concrea. Dee

    modo, omando Bakhin, Cereja no eplicia (2005, p. 202) acerca da ennciao Qe hora

    o?:

  • 8/18/2019 Interação Verbal Tema Significação

    7/12

    14

    Pró-Discente: Caderno de Prod. Acad.-Cient. Progr. Pós-Grad. Educação Vitória v. 17 n. 1 Jan./Jun. 2011

    [...] Qando m profeor, por eemplo, a poco mino do inal, pergna clae

    Qe hora o?, pode deejar aber qano mino ele ainda em para deenoler a

    maria; ma criana qe adenra a coinha e fa a mema pergna me, enqano ea

    ermina de preparar o almoo, pode qerer aber e o almoo e prono; a mema

    ennciao poder er o enido de E na hora de irmo embora?, e m colega fa a

    pergna a oro nm banco, ao final do epediene.

    Ara dee eemplo, Cereja morano como, em cada noa iao de inerao,

    mdae o ema de m dado ennciado deido concrede da iao em pariclar.

    Todaia, a ignificae j eabiliada dee memo ennciado no e perdem, melhor

    diendo, renoame a cada noa inerao erbal. nee coneo qe o memo aor aim

    afirma qe:

    [...] enqano a ignificao por narea abraa e ende permanncia e eabilidade, o ema concreo e hirico e ende ao flido e dinmico, ao precrio,qe recria e renoa inceanemene o iema de ignificao, ainda qe parindodele. Se a ignificao e para o igno ambo iralidade de conro deenido da lnga , o ema e para o igno ideolgico, relado da ennciaoconcrea e da compreeno aia, o qe ra para o primeiro plano a relaeconcrea enre jeio (CEREJA, 2005, p. 202).

    Ao analiarmo o eemplo acima, podemo perceber, aim como ambm mora

    no Bakhin, qe o     e direamene ligado relao

    ema/ignificao, bem como diino enre o memo. Uma e qe, para e compreender

    deerminado ennciado, eja ele falado o, principalmene, ecrio, necerio no apena

    aber de anemo a ignificao da palara conida no memo. A compreeno de m

    ennciado, em a oalidade, depende, ambm, do conhecimeno do coneo comnicaio

    no qal o memo foi prodido.

    [...] Compreender a ennciao de orem ignifica orienare em relao a ela,enconrar o e lgar adeqado no coneo correpondene. A cada palara daennciao qe eamo em proceo de compreender, faemo correponder marie de palara noa, formando ma rplica. Qano mai nmeroa ebanciai forem, mai profnda e real a noa compreeno (BAKHTIN, 1999, .131132).

    nee enido qe Bakhin em eclarecerno qe no omo, o no podemo er,

    inerlocore paio perane m ennciado, poi, ao depararmono com o ema do memo

    e no apena com a ignificae, acabamo por faer pare, naqele momeno, do

    coneo de inerao erbal, adoando, aim, ma aide aia e prodindo, eno, ma

    repoa noa a ee ennciado; emo, porano, ma aide reponia diane do qe

  • 8/18/2019 Interação Verbal Tema Significação

    8/12

    15

    Pró-Discente: Caderno de Prod. Acad.-Cient. Progr. Pós-Grad. Educação Vitória v. 17 n. 1 Jan./Jun. 2011

    oimo o lemo. Porano, [...] qalqer ipo genno de compreeno dee er  dee

    coner j o germe de ma repoa. S a compreeno aia no permie apreender o ema

    [...] (Ibidem, p.131).

    Oro eemplo ado por Cereja (2005, p. 210218) o ermo  empregado

    pelo preidene Lla, ane e depoi de a poe como preidene do Brail. O ciado aor fa

    ma deida anlie dee ermo colocando como, em inerae diferene, o memo em e

    ema modificado, eidenciando, aim, ora qeo imporane colocada por Bakhin (1999)

    relaiamene ao ema e ignificao: a qeo , qeo

    ea qe em direamene ao enconro do  

     e, coneqenemene, ao problema da compreeno.

    ACENTO APRECIATIVO

    A lingagem orna poel e ereia a relao do ere hmano no mai diero

    campo de aiidade hmana e, medida qe ineragem n com o oro o ere hmano,

    aprendem a moldar a fala em forma de gnero, o eja, prode ocialmene elaborada

    relane de eperincia hmana qe medeiam, alargam e ranformam a aiidade

    hmana ora. Alm dio, o gnero inrodeme na eperincia e na concincia

    hmana em forma de ennciado ariado, deerminado principalmene pela iao de

    prodo. Ea iao de prodo pode er nomeada de realiao concrea de inerae

    ociai adinda da conre hmana organiada e apropriada pelo inerlocore no

    coneo da inerae ociai.

    No bojo da inerae, a lingagem em eno papel fndamenal amindo carer

    dialgico e dinmico a cada ennciao onde a compreeno forma de dilogo qe e pe

    para a ennciao como [...] ma rplica e para a ora no dilogo [...] (BAKHTIN, 1999,

    p.132).

    Aim, o coneo ineraio empre reqer o poicionameno do oro, a a

    , o eja, e realia no proceo de compreeno aia e reponia. Na

    iao de comnicao, a lnga e orna ia no ennciado do falane qe demonram

    ma compreeno reponia de dilogo, onde o oro e orna falane e iceera. Por io, a

    compreeno paia apena abrao.

  • 8/18/2019 Interação Verbal Tema Significação

    9/12

    16

    Pró-Discente: Caderno de Prod. Acad.-Cient. Progr. Pós-Grad. Educação Vitória v. 17 n. 1 Jan./Jun. 2011

    [...] O prprio falane e deerminado preciamene a ea compreeno aiamenereponia: ele no epera ma compreeno paia, por aim dier, qe apenadble o e penameno em o alheia, ma ma repoa, ma concordncia, maparicipao, ma objeo, ma eeco, ec. [...] (BAKHTIN, 2003, p. 272).

    A compreeno , poi, omada como forma de dilogo, o qe implica o reconhecimeno

    da inerao do locor e do recepor no proceo de iniio de enido. Aim a maria

    lingica adqire ignificao em m proceo aio e reponio, io , inerbjeio. Ao

    leanar a dico obre a inerbjeiidade emnica, Bakhin amplia o debae obre a

    palara e apona qe a ela e inerene o reconhecimeno de qe, alm do ema e da

    ignificao, a palara em aceno de alor, aceno apreciaio. Nea perpecia, de acordo

    com Bakhin (1999, p.132),

    [...] Toda palara ada na fala real poi no apena ema e ignificao no enidoobjeio, de conedo, dee ermo, ma ambm m aceno de alor o apreciaio,io , qando m conedo epreo (dio o ecrio) pela fala ia, ele empreacompanhado por m aceno apreciaio deerminado. Sem aceno apreciaio, no hpalara.

    Em qe conie, poi, o aceno apreciaio e qal a a relao com a face objeia da

    ignificao? Ao eidenciar o aceno apreciaio, Bakhin em colocar a  

    como a ranmiora mai clara da . O aceno apreciaio

    ranmiido por meio da enoao epreia qe di repeio relao indiidal do locor

    e o objeo do dicro. Analiando m eo de Dooieki, reirado de N D

    E 3, Bakhin morano como a enoao diferene, dada por ei falane a m memo

    ennciado, orna diferene e ema. Io e d porqe a conera condida por meio de

    enoae qe epream a apreciae de cada inerlocor imprimindo em cada enoao

    ma realiao pariclar, epreia, profnda. Aim, no eemplo de Bakhin, emo qe a

    palara proferida a mema, no enano, a ei fala m enido diferene e o

    marcadamene ponada pela oe de odo aqele qe dela iliam o a em iliado

    hioricamene. como no afirma Bakhin (1999, p. 134): [...] Qae oda a peoa m a

    a inerjeie e loce faoria: podee iliar correamene ma palara de carga

    emnica mio grande para reoler de forma pramene enoaia iae o crie da

    ida coidiana, ejam ela menore o grae[...].

    Formlae como a apreenada permiem refleir qe o qe Bakhin prope

    colocar o aceno apreciaio ao enido, o eja, er o aceno apreciaio como coniio da

    3 Teo de Dooieki e anlie do memo conido no liro Marimo e Filoofia da Lingagem (Bakhin, 1999,p.133134 ).

  • 8/18/2019 Interação Verbal Tema Significação

    10/12

    17

    Pró-Discente: Caderno de Prod. Acad.-Cient. Progr. Pós-Grad. Educação Vitória v. 17 n. 1 Jan./Jun. 2011

    ennciao e com io demonrar qe o jeio emania a lnga no eeno ennciaio,

    onde o ema [...] ma propriedade de cada ennciao [...] realiae complea e

    ecliamene ara da enoao epreia, em ajda da ignificao da palara o da

    ariclao gramaical. [...] Toda ennciao compreende, ane de mai nada, ma orienao

    apreciaia[...] (BAKHTIN, 1999, p.134135).

    Reporandono mai ma e em Cereja (2005), emo a m bom eemplo para a

    conro ignificaia da conceiao de aceno apreciaio. Cereja parindo do pono de

    ia dialico e dialgico de Bakhin, de qe a palara no nidade nera, forma abraa,

    pona er ea m erreno inerindiidal e, porano, com caracerica marcane de

    renir em i a diera oe de odo aqele qe a iliam.

    A palara (em geral qalqer igno) inerindiidal. Tdo o qe dio, o qe

    epreo e enconra fora da alma do falane, no perence apena a ele. A palara no pode

    er enrege apena ao falane. O aor (falane) em o e direio inalienei obre a

    palara, ma o oine ambm em o e direio: m ambm o e direio aqele

    cja oe eo na palara de anemo pelo aor (porqe no h palara em dono) [...]

    (BAKHTIN, 2003, p.327328).

    O referido aor ece ma anlie fina e decorino a diferene forma com qe, ao

    longo da lima qaro dcada, a palara  pao a er iliada em dicro

    de narea policoideolgica. A mae de enido da palara em coneo de

    prode diferene, compreendem aim, na anlie do aor, aqilo qe Bakhin (1999,

    p.135) conidero como [...] ma : o delocameno de ma palara deerminada

    de m coneo apreciaio para oro [...] (BAKHTIN,1999,p.135). Ainda, egndo Cereja, a

    palara  qe, ane cnhaa epliciamene m enido hirico e ideolgico da

    milincia polica, adqiri agora oro enido: o enido de epoa; de companheira qe

    acompanha e ampara o polico; a figra daqele qe impaia com a caa poplar; pao,

    poi, a e referir a oda a mlido, reelando m deejo do goernane de agregar a odo, de

    alar a odo como nma amplide meinica.

    A depeio da inene pariclare e conciene do prprio preidene, a erdade qe e dicro polico, ao meno na iae reraada, incorporaa diferenedicro qe hirica e ocialmene circlaam o circlaram na ociedadebraileira, como o dicro meinico, religioo, ocialia e neoliberal (CEREJA, 2005,p. 218).

    Porano, fndamenal qe e lee em cona a apreciao ocial para compreender aeolo hirica do ema e da ignificae, poi, a eolo emnica da lnga empre

  • 8/18/2019 Interação Verbal Tema Significação

    11/12

    18

    Pró-Discente: Caderno de Prod. Acad.-Cient. Progr. Pós-Grad. Educação Vitória v. 17 n. 1 Jan./Jun. 2011

    aociada pariclaridade apreciaia de m deerminado grpo ocial. A eolo dea

    pariclaridade apreciaia e inimamene aociada a qee econmica e ociai.

    CONSIDERAES FINAIS

    Por meio do conjno de reflee acerca do conceio de inerao erbal,

    ignificao, ema e aceno apreciaio, conclmo qe Bakhin inara ma noa concepo

    de lnga e lingagem, bem como ma noa io para o eninoaprendiagem da lnga. No

    bojo da crica da principai correne do penameno filoficolingico, o

    Sbjeiimo Idealia e Objeiimo Abrao, o aor poiciona a lnga como indiociel

    do cro da comnicao erbal qe, nee enido, no pode mai er raada e, mio meno,edada como m prodo dado, acabado, prono, ma im conido na e pela inerao

    erbal.

    Porano, a perpecia bakhiniana ra a inerao erbal como m conceio

    primordial, coniindo, poi,  e inara, aim, o carer

    dialgico da lingagem endo, eno, ma poio oalmene conrria a ma refleo

    lingica baeada nm iema de regra j conrdo, ma e qe al refleo enconrae

    no enido opoo de ma abordagem hirica e ia da lnga. Ao colocar al poio,Bakhin enfaia, ambm, qe a dieridade eiene na lingagem reflee, obremaneira, a

    dieridade da eperincia ocial. Nea perpecia, o conceio de ignificao e ema

    clarificam a qee qe enolem o enido do igno, bem como a prodo e a

    conro de enido e de efeio de enido.

    Ara do eemplo erado da anlie de oro aore qe conribram para a

    elaborao dee eo, pdemo perceber qe, ao diferenciar e relacionar o conceio de

    ignificao e ema, Bakhin morano a lnga como ma realidade heerognea, o eja, apalara e e mliplo enido em irde da mliplicidade de ennciae, de inene,

    de coneo, ec. Io refora a idia de dialogicidade da lingagem, ma e qe o enido do

    igno, o eja, e ema pode er coniderado mediane m ennciado concreo e a relae

    dialgica o, porano, relae de enido. nea perpecia qe Bakhin aborda a qeo

    do aceno apreciaio, poi, como o aor apono, a lnga ia e coniie na inerae

    ociai. Dee modo, o alore colocado pela apreciao indiidal e ocial, principalmene,

    ara da enoao epreia, proocam mdana e eole lingica ignificaia,

  • 8/18/2019 Interação Verbal Tema Significação

    12/12

    19

    Pró Discente: Caderno de Prod Acad Cient Progr Pós Grad Educação Vitória v 17 n 1 Jan /Jun 2011

    afeando, poi o ema e a ignificao. Aim, a iao eraerbal, o eja, o coneo da

    inerao inerfere, ignificaiamene, na prodo do enido.

    Percebemo, enfim, qe ee conceio, e enrelaam e a compreeno de cada m

    colabora por clarificar o eidenciar o oro. Nee enido, enfaiamo o carer coeo e

    procedene de oda a perpecia bakhiniana de lingagem. Bakhin, ao raer para o campo

    da lingagem a qee , colocano ainda, o eo do alno como m epelho

    ara do qal e reflee a realidade ocial e, porano, como prodo hirico, porqe e

    recoloca como proceo a cada inerao.

    REFERNCIAS

    BAKHTIN, Mikhail. E . 4.ed. So Palo: Marin Fone, 2003.

    ______. M F L. 9.ed. So Palo: Hciec, 1999.

    ______. O F. So Palo: Ediora Perpecia S/A, 2001.

    CEREJA, William. Significao e Tema. In: BRAIT, Beh (Org.). B: conceiochae. 2. ed.So Palo: Coneo, 2005.

    JOBIM e SOUZA, Solange. I L: Bakhin, Vgok e Benjamin. 6. ed.Campina, SP: Papir, 2001.