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Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Instituto de Bioquímica Médica PAULO JOSÉ BELTRÃO INTERAÇÃO ENTRE A PROTEÍNA PRECURSORA AMILÓIDE SECRETADA (sAPP) HUMANA E SEMAFORINA 3A: CARACTERIZAÇÃO BIOQUÍMICA E FUNCIONAL DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA AO INSTITUTO DE BIOQUÍMICA MÉDICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO VISANDO A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS (QUÍMICA BIOLÓGICA) Rio de Janeiro 2009

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Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde

Instituto de Bioquímica Médica

PAULO JOSÉ BELTRÃO

INTERAÇÃO ENTRE A PROTEÍNA PRECURSORA

AMILÓIDE SECRETADA (sAPP) HUMANA E

SEMAFORINA 3A: CARACTERIZAÇÃO

BIOQUÍMICA E FUNCIONAL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA AO INSTITUTO DE BIOQUÍMICA MÉDICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO VISANDO A OBTENÇÃO

DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS (QUÍMICA BIOLÓGICA)

Rio de Janeiro

2009

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Paulo José Beltrão

Interação entre a Proteína Precursora Amilóide secretada (sAPP) humana e

Semaforina 3A: Caracterização bioquímica e funcional

Dissertação de mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Química Biológica do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (Química Biológica)

Orientadora: Profa Margaret Haiganouch Magdesian

Orientador: Prof Sérgio T. Ferreira

Rio de Janeiro

2009

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Ficha Catalográfica

Beltrão, Paulo José Miranda da Silva Iwakami

Interação entre a Proteína Precursora Amilóide Secretada (sAPP) humana e Semaforina 3A: Caracterização bioquímica e funcional/ Paulo José Miranda da Silva Iwakami Beltrão. – Rio de Janeiro: UFRJ / Instituto de Bioquímica Médica, 2009.

xii, 84 f. : il. ; 31 cm

Orientadores: Margaret Haiganouch Magdesian e Sérgio Teixeira Ferreira

Dissertação (mestrado) – UFRJ / Instituto de Bioquímica Médica / Programa de Pós-graduação em Química Biológica, 2009.

Referências bibliográficas: f. 72-83

1. Proteína Precursora Amilóide - APP. 2. Semaforinas e Sema3A. 3. Neurônios do Gânglio da

Raiz Dorsal. 4. Doença de Alzheimer - Dissertação. I. Magdesian, Margaret Haiganouch. II. Ferreira,

Sérgio Teixeira. III. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Bioquímica Médica, Programa de

Pós-Graduação em Química Biológica. IV. Título.

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O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Doenças Neurodegenerativas do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sob orientação dos professores Margaret Haiganouch Magdesian e Sérgio T. Ferreira, na vigência de auxílios financeiros concedidos pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e pelo Howard Hughes Medical Institute (HHMI)

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INTERAÇÃO ENTRE A PROTEÍNA PRECURSORA AMILÓIDE SECRETADA (sAPP) HUMANA E SEMAFORINA 3A: CARACTERIZAÇÃO BIOQUÍMICA E

FUNCIONAL

PAULO JOSÉ BELTRÃO

Tese submetida ao Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau

de Doutor em Ciências (Química Biológica).

Banca examinadora:

______________________________________________

Prof. Marcus Fernandes de Oliveira

(Presidente da Banca, Prof. Adjunto do Instituto de Bioquímica Médica – UFRJ)

______________________________________________

Profa. Daniela Uziel Rozental

(Profa. Adjunta do Instituto de Ciências Biomédicas – UFRJ)

______________________________________________

Profa. Patrícia Franca Gardino

(Profa. Associada nível II do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho – UFRJ)

______________________________________________

Prof. Jean Christophe Houzel

(Suplente Externo, Prof. Adjunto do Instituto de Ciências Biomédicas – UFRJ)

______________________________________________

Prof. Pedro Lagerblad de Oliveira

(Revisor e Suplente Interno, Prof. Titular do Instituto de Bioquímica Médica – UFRJ)

______________________________________________

Profa. Margaret Haiganouch Magdesian

(Orientadora, Profa Adjunta do Instituto de Bioquímica Médica – UFRJ)

______________________________________________

Prof. Sérgio T. Ferreira

(Orientador, Prof. Titular do Instituto de Bioquímica Médica – UFRJ)

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Agradeço

À professora Margaret Magdesian;

Ao professor Sérgio Ferreira;

Ao revisor da minha dissertação, professor Pedro Lagerblad;

Aos Professores Membros da Banca;

Aos Professores Ricardo Reis, Daniela Uziel e Gilberto Weissmüller;

Aos inegrantes do Laboratório de Doenças Degenerativas e do IBqM;

Aos meus amigos;

À minha família, principalmente minha mãe;

À Talita, minha namorada.

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RESUMO

Beltrão, Paulo José Miranda da Silva Iwakami. Interação entre a Proteína Precursora Amilóide Secretada (sAPP) humana e Semaforina 3A: Caracterização Bioquímica e Funcional. Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado em Química Biológica). Instituto de Bioquímica Médica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2009.

A Proteína Precursora Amilóide (APP) é uma proteína transmembranar

amplamente expressa em mamíferos, bem conhecida por sua importância na doença de Alzheimer pois pode ser clivada, dando origem ao peptídeo neurotóxico amilóide-β (Aβ). No entanto, pouco se sabe sobre as funções fisiológicas da APP, especialmente no sistema nervoso central. A importância da APP tem sido correlacionada à formação das sinapses, ao crescimento dendrítico e axonal, além da sobrevivência neuronal. Estudos recentes sugerem que a APP seja parte de um complexo protéico com importância na migração neuronal e transmissão sináptica. Com o objetivo de identificar novos ligantes para APP, utilizamos uma biblioteca de peptídeos apresentados em fagos (phage display library) e identificamos peptídeos com alta afinidade pela sAPP695α (principal isoforma neuronal da APP, secretada e solúvel). Dois dos heptapeptídeos selecionados apresentaram similaridade a proteínas da classe 3 da família das semaforinas, proteínas reconhecidas por sua função no direcionamento neurítico. Na presente dissertação, mostramos por ELISA, co-imunoprecipitação e por experimentos com ressonância plasmônica de superfície (SPR) que sAPP695α se liga à Semaforina 3A (Sema3A) recombinante purificada e também à Sema3A secretada por células HEK transfectadas. Além disso, mostramos que concentrações nano molares de sAPP695α inibem a retração neurítica promovida por Sema3A em culturas de neurônios de gânglio da raiz dorsal. É interessante observar que os dois peptídeos selecionados por phage display impedem a interação Sema3A-sAPP695α e permitem a retração neurítica induzida pela Sema3A. Nossos resultados indicam que sAPP695α se liga à Sema3A e modula o crescimento e direcionamento neurítico, sugerindo o envolvimento da sAPP695α no desenvolvimento e plasticidade do sistema nervoso central.

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ABSTRACT

Beltrão, Paulo José Miranda da Silva Iwakami. Interação entre a Proteína Precursora Amilóide Secretada (sAPP) humana e Semaforina 3A: Caracterização Bioquímica e Funcional. Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado em Química Biológica). Instituto de Bioquímica Médica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2009.

The amyloid precursor protein (APP) is a transmembrane protein widely

expressed in mammals that plays a major role in Alzheimer’s disease by giving rise, after cleavage by secretases, to the neurotoxic amyloid-β peptide (Aβ). However, much less is known about the physiological role(s) of APP, especially in the central nervous system (CNS). APP has been implicated in synapse formation, axonal and dendritic outgrowth and neuronal survival. Recent findings suggest that APP is part of a protein complex with important functions in neuronal migration and synaptic transmission. In order to identify new ligands of APP, we screened a phage display peptide library and identified high-affinity ligands for the purified recombinant human sAPP695α (the soluble, secreted ectodomain from the main neuronal isoform of APP). Two of the selected heptapeptides were highly similar to several class 3 members of the semaphorins family, proteins implicated in neurite guidance. In the present study, we show through ELISA, co-immunoprecipitation and surface plasmon resonance (SPR) that sAPP695α binds to both purified recombinant semaphorin 3A (Sema3A) and to Sema3A secreted by HEK293 cells transfected with the Sema3A gene. Furthermore, we show that nanomolar concentrations of sAPP695α inhibit neurite retraction promoted by semaphorin in cultures of dorsal root ganglion neurons. Interestingly, the two peptides selected by phage display inhibit sAPPα binding to Sema3A and block the inhibition of neurite retraction. Our findings suggest that sAPP695α binds Sema3A and modulates neurite guidance and outgrowth, suggesting a role for the sAPP695α in the development and plasticity of the central nervous system.

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Índice

1 - Introdução: ______________________________________________________________ 1

1.1-O do Sistema Nervoso____________________________________________________1

1.2 – Doenças Neurodegenerativas_____________________________________________ 2

1.2.1-Doença de Alzheimer_________________________________________________3

1.2.2-A Proteína Precursora Amilóide na Doença de Alzheimer_____________________5

1.3 – A Proteína Precursora Amilóide___________________________________________5

1.3.1- A Proteína Precursora Amilóide em condições Fisiológicas__________________11

1.3.2-Busca de Ligantes para a Proteína Precursora Amilóide _____________________15

1.4 – Semaforinas__________________________________________________________16

1.4.1- Semaforina3A______________________________________________________18

1.4.2- Receptores de Semaforina3A__________________________________________19

2-Objetivos________________________________________________________________22

3- Material e Métodos________________________________________________________23

3.1 Apresentação de Bibliotecas de Peptídeos em Fagos____________________________23

3.2 Expressão e Purificação de sAPPα695_______________________________________24

3.3-Biotinilação de sAPP695_________________________________________________29

3.4 – Semaforina 3A________________________________________________________30

3.5 –Peptídeos_____________________________________________________________30

3.6 -Ensaio de Ligação de sAPP695a Semaforina3A_____________________________31

3.7 -Co-imuno precipitação de sAPP695 e Semaforina3A em placas de ELISA_________32

3.8 Cultura Dissociada de neurônios de Gânglios da Raiz Dorsal_____________________34

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3.9- Ensaio de retração de neuritos_____________________________________________37

3.10 -Cultura de Explantes de Gânglios da Raiz Dorsal e Córtex Cerebral______________37

3.11 –Ressonância Plasmônica de Superfície_____________________________________38

4 – Resultados: _____________________________________________________________41

4.1 – Busca de ligantes da sAPP695α através da apresentação de bibliotecas de peptideos em

fagos____________________________________________________________________41

4.2 – sAPP695 interage com Semaforina3A in vitro _______________________________44

4.3 – Ensaios de ligação entre sAPP695α e Semaforina3A por co-imunoprecipitação_____48

4.4 – Ressonância Plasmônica de Superficie_____________________________________51

4.5 – Ensaios em cultura dissociada de neurônios de Gânglios da Raiz Dorsal __________54

4.6 – Ensaios em Culturas de Explantes_________________________________________60

5 – Discussão: ______________________________________________________________62

6 – Conclusões: _____________________________________________________________68

7-Referências: ______________________________________________________________69

Anexo I (Artigo submetido ao Journal of Biological Chemistry)_______________________81

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Lista De Abreviações:

APP – Proteína Precursora Amilóide

sAPP695α – forma secretada da Proteína Precursora Amilóide isoforma 695

bAPP695 α – forma secretada da Proteína Precursora Amilóide isoforma 695

biotinilada

Ctlr – Controle do experimento

DA – Doença de Alzheimer

GRD – Gânglio da Raiz Dorsal

pNPP – p-nitrofenil fosfato

Sema3A- Semaforina 3A

Sema3A-AP – Semaforina 3A quimérica conjugada à Fosfatase Alcalina

SPR – Ressonância Plasmônica de Superfície

TF - Peptídeo identificado por phage display com seqüência de amino acidos

TFASVMT

LR - Peptídeo identificado por phage display com seqüência de amino acidos

LRSHPLG

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1 - Introdução:

1.1-O Sistema Nervoso

O Sistema Nervoso é constituído basicamente por dois tipos celulares:

neurônios e gliócitos.

Os neurônios recebem sinais de outros neurônios pelos dendritos,

prolongamentos próximos ao corpo celular, e os transmitem para sítios

distantes por um prolongamento mais longo, o axônio. Esta transmissão de

sinais é realizada por estruturas denominadas sinapses (Foster, 1897),

constituídas por uma zona de contato entre dois neurônios, ou entre um

neurônio e uma célula muscular (Lopez-Munoz e cols, 2006; Lopez-Munoz e

Alamo, 2009; Berlucchi e Buchtel, 2009 para revisões).

Os gliócitos, células não-neuronais, foram tradicionalmente descritos

como células de apoio aos neurônios, envolvidos na nutrição, sustentação

mecânica, controle do metabolismo dos neurônios, resposta imunitária e

formação do tecido nervoso durante o desenvolvimento. No entanto, diversos

trabalhos já mostraram a importância de células da glia em diferentes

processos como é o caso da sinapse tripartite (Araque e cols, 1999) e

excitabilidade dependente de Ca++ (Bezzi e Volterra, 2001). Foi mostrado que a

excitabilidade da glia está correlacionada à estimulação sensorial (Wang e cols,

2006; Volterra e Meldolesi, 2005; Kettenmann e Verkhratsky, 2008 para

revisões).

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Também era descrito que os gliócitos eram encontrados no sistema

nervoso dez vezes em maior número que os neurônios. No entanto, um

trabalho recente indica que estes estão em proporções muito semelhantes no

sistema nervoso central como um todo, variando a proporção entre os dois

tipos celulares nos diferentes tecidos (Azevedo e cols, 2008).

Os neurônios comunicam-se por meio de uma complexa rede de células

interligadas de maneira específica. Sendo assim, os mecanismos de

sinalização para o direcionamento axonal correto, principalmente durante o

desenvolvimento, são extremamente refinados e elaborados, envolvendo

diferentes vias de sinalização em diversos tipos neuronais (Colón-Ramos,

2009). Diferentes moléculas direcionam, por atração ou repulsão, os

prolongamentos axonais aos seus alvos futuros. Essas moléculas podem estar

difundidas no meio extracelular ou associadas às membranas das células.

Além disso, são altamente específicas para diferentes tipos celulares, podendo

uma mesma molécula sinalizar ações opostas em neurônios distintos ou

mesmo não atuar em alguns neurônios (Colón-Ramos, 2009). Através desse

sistema, os axônios são capazes de atravessar grandes distâncias para

chegarem a seus alvos, possibilitando a interconexão das diversas regiões do

sistema nervoso e a interação deste com as demais estruturas do corpo.

1.2 – Doenças Neurodegenerativas

Doenças neurodegenerativas afetam células do sistema nervoso,

causando perda de função e, posteriormente, morte celular. Essas doenças

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podem ter diferentes origens, como mutações genéticas (doença de

Huntington), alterações no aporte de oxigênio e nutrientes (doenças cérebro-

vasculares), ou ainda serem multifatoriais, como no caso da doença de

Parkinson ou de Alzheimer.

I.2.1- Doença de Alzheimer

A doença de Alzheimer (DA) é a principal causa de demência em idosos,

acometendo cerca de 30 milhões de pessoas em todo o planeta (Alzheimer's

Association; 2009). Foi descrita pela primeira vez pelo médico alemão Alois

Alzheimer em 1907 (Alzheimer, 1907).

A doença de Alzheimer acomete cerca de 8% dos idosos com mais de

65 anos e 30% dos acima de 85 anos (Alzheimer's Association; 2009). O

paciente vive, em média, cerca de 10 anos depois do diagnóstico clínico e a

estimativa de custo anual nos Estados Unidos com estes pacientes é de 100

bilhões de dólares. Com a maior expectativa de vida da população, espera-se

que estes números aumentem (Alzheimer's Association; 2009).

A primeira paciente diagnosticada com a DA, Auguste D., apresentava

marcante déficit cognitivo e progressiva perda de memória. Outros sintomas

incluíam delírios, alterações no comportamento e progressiva perda da

linguagem (Alzheimer e cols 1907 - tradução para o inglês de 1995). Através da

análise de cortes histológicos do cérebro de Auguste D., foram identificados os

marcadores histopatológicos da DA: as placas senis, localizadas no meio

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extracelular, e os emaranhados neurofibrilares, encontrados no interior das

células (Alzheimer e cols 1907 – tradução para o inglês de 1995).

Após a descrição da doença, muito pouco progresso e pesquisa foram

realizados, uma vez que se pensava que a DA era uma forma pouco comum de

demência. As pesquisas na área começaram a reaparecer na década de 60,

quando, utilizando técnicas de microscopia eletrônica, Terry e colaboradores

publicaram um trabalho descrevendo com detalhes estruturais os marcadores

histopatológicos da doença (Terry e cols.,1964).

Os emaranhados neurofibrilares são compostos pela proteína tau,

importante para a estabilização dos microtúbulos, em forma hiperfosforilada;

nas placas senis são principalmente encontrados depósitos de um peptídeo na

forma de agregados fibrilares. Este peptídeo é chamado β-amilóide (Aβ).

Atualmente, Aβ é conhecido como o principal agente neurotóxico da AD,

principalmente quando forma pequenos agregados oligoméricos (para revisões,

veja Klein, 2006; Haass e Selkoe, 2007; Ferreira e cols., 2007). Aβ foi

caracterizado em 1985 (Masters e cols 1985), e a pesquisa na área foi

aumentando consideravelmente, junto com a estimativa de vida da população e

a prevalência de Alzheimer em idosos.

Aβ é um produto da clivagem proteolítica da Proteína Precursora

Amilóide (APP) e possui entre 38 e 43 aminoácidos. Peptídeos com 40

aminoácidos correspondem a cerca de 90% das isoformas; no entanto, a

isoforma com maior capacidade de agregação e mais encontrada nas placas

senis é a de 42 aminoácidos (Selkoe, 2002). Em 1987, Kang e cols,

conhecendo a seqüência de Aβ descrita por Glenner e Wong em 1984,

clonaram o cDNA da principal isoforma neuronal da APP

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I.2.2 - A Proteína Precursora Amilóide na Doença de Alzheimer

A APP dá origem ao peptídeo Aβ, considerado o principal fator

neurotóxico na DA. Desta forma, a regulação tanto da expressão da APP como

de seu processamento são fatores importantes para o desenvolvimento da DA

(Gralle e Ferreira, 2007 para uma revisão).

A DA pode afetar de maneira aleatória indivíduos com mais de 65 anos

(mais de 90% dos casos), ou pode se manifestar precocemente (antes de 65

anos) em famílias que apresentam mutações no gene da APP ou das

presenilinas (enzimas que clivam APP), geralmente referida como DA familiar

(Selkoe, 1996). Pacientes de ambas as formas da doença apresentam

sintomas semelhantes.

I.3 – A Proteína Precursora Amilóide

A Proteína Precursora Amilóide (APP) é uma glicoproteína

transmembranar do tipo I e possui uma grande porção extracelular e uma

pequena cauda intracelular (Kang e cols, 1987; Dyrks e cols, 1988). Essa

proteína tem massa molecular em torno de 120 kDa e é encontrada em três

isoformas principais, de 695, 751 e 770 aminoácidos (Kang e cols, 1987;

Kitaguchi e cols, 1988; Ponte e cols, 1988; Tanzi e cols, 1988; Gralle e Ferreira

, 2007 para uma revisão).

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O gene que codifica para a APP está localizado no cromossomo 21 em

humanos (Patterson e cols, 1988) e possui 18 exons, dando origem a diversas

isoformas formadas por splicing alternativo. A isoforma que é majoritariamente

expressa no sistema nervoso é a APP695, que difere das outras duas

isoformas por não possuir o exon 7, que codifica uma região de 56

aminoácidos homóloga a um tipo de inibidor de serino-proteases, chamada

região KPI da APP. As isoformas não-neuronais não apresentam o exon 15,

encontrado na APP 695 (Kang e Muller-hill, 1990; Yoshikai e cols, 1990;

Coulson e cols, 2000 para uma revisão). (figura 1)

A APP é uma proteína transmembranar e pode funcionar como um

receptor, mas também pode ser clivada proteoliticamente, originando diferentes

fragmentos com funções fisiológicas distintas (Turner e cols, 2003 para uma

revisão). As enzimas responsáveis pelo processamento proteolítico da APP

são denominadas genericamente secretases.

A clivagem da APP ocorre primeiro com a liberação da porção

extracelular através da atuação de α-secretases ou β-secretases, mantendo

ancorados à membrana plasmática o fragmentos C-terminais, respectivamente

αCTF e βCTF. Esses fragmentos são então reconhecidos e clivados pelo

complexo protéico γ-secretase, que cliva αCTF e βCTF na região

transmembranar, gerando respectivamente os peptídeos p3 e Aβ. Além disso,

essa clivagem libera o domínio intracelular da APP (AICD) no citoplasma (Esler

e Wolfe, 2001) (Figura 1B, C).

As α-secretases são metaloproteases transmembranares dependentes

de zinco, membros da família de proteínas ADAM (“A Disintegrin And

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Metalloproteinase”), que inclui ADAM 9, ADAM 10 e ADAM 17 (Allinson e cols,

2003). A via de processamento da APP, quando iniciado por uma α-secretase,

é chamada de via não amiloidogênica. A β-secretase ou BACE (“Beta-site APP

Cleaving Enzyme”) é também uma proteína transmembranar e é responsável

pela clivagem da APP no sítio β (Venugopal e cols, 2008). A via de

processamento da APP, quando iniciado pela β -secretase, é chamada de via

amiloidogênica.

A γ-secretase é um complexo protéico formado por quatro proteínas

transmembranares: Presenilina, existindo duas isoformas, PSEN1 e PSEN2

(De Strooper e cols, 1998; Herreman e cols, 2000; Zhang e cols, 2000),

Nicastrina (Yu e cols, 2000), APH-1 e PEN-2 (Francis e cols, 2002). O

complexo γ-secretase é responsável pela clivagem de mais de 30 outras

proteínas transmembranares tipo I, sendo o que o único pré-requisito aparente

é a prévia remoção da porção extracelular destas proteínas. A γ-secretase

ainda possui importância na DA, pois a clivagem entre diferentes aminoácidos

no seu sítio de atuação está relacionada à formação de isoformas do peptídeo

Aβ mais tóxicas (Aβ 42) ou menos tóxicas (Aβ 40) (Tolia e De Strooper, 2009

para uma revisão).

A via amiloidogênica (de clivagem da APP pela -secretase) é a que

possui maior importância para a DA por dar origem ao peptídeo Aβ, enquanto

que na via não-amiloidogênica a α-secretase cliva a APP em uma região 16

aminoácidos na direção c-terminal da proteína (em relação ao ponto de

clivagem pela -secretase), clivando dentro da região que corresponde ao

peptídeo Aβ. A via não-amiloidogênica é a predominante não só no sistema

nervoso como no organismo de uma maneira geral, mas ambas as vias

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ocorrem em situações fisiológicas, o que sugere que o peptídeo Aβ também

possua função fisiológica. Por exemplo, foi recentemente mostrado que o

peptídeo Aβ, em concentrações picomolares, é capaz de modular a

plasticidade sináptica, provavelmente num mecanismo envolvendo receptores

de receptores nicotínicos de acetilcolina (Puzzo e cols, 2008). Também foi

mostrado por outro trabalho que a forma monomérica do peptídeo Aβ tem

efeito neuroprotetor em culturas neuronais (Giuffrida e cols, 2009; Zheng e Koo

2006 para uma revisão).

A APP é encontrada em diversos grupos de vertebrados como

mamíferos (homem, macaco, rato, camundongo), aves (galinha), anfíbios

(Xenopus), peixes (baiacu, zebrafish). Além disso, existem homólogos dessa

proteína em invertebrados, identificados em drosófila, a APPL (Rosen e cols,

1989), e em C. elegans, a APL-1 (Daigle e Li, 1993). Tanto APPL como APL- 1

sofrem clivagem proteolítica e tem a sua porção extracelular secretada (Luo e

cols, 1990; Hornsten e cols, 2007), mas não apresentam a seqüência

correspondente ao peptídeo Aβ (Jacobsen, e Iverfeldt, 2009 para uma

revisão). Além disso, tanto drosófila como C. elegans apresentam proteínas

homólogas à enzimas importantes para o processamento de APP (Rooke e

cols, 1996; Hong e Koo , 1997; Boulianne e cols, 1997; Carmine-Simmen e

cols, 2008; Hornsten e cols, 2007).

A APP faz parte de uma família que incluem as proteínas APP like

protein 1 (APLP1) e APP like protein 2 (APLP2), também encontradas em

mamíferos (Wasco e cols, 1992, 1993). A APLP2, assim como a APP, é

encontrada em diversos tecidos, enquanto que a APLP1 só foi identificada no

sistema nervoso (Lambert e cols, 1995). Assim como a APP, ambas as APLPs

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sofrem processamento proteolítico (Eggert e cols, 2004), mas não dão origem

ao peptídeo Aβ (Jacobsen, e Iverfeldt, 2009 para uma revisão).

A APP é expressa na grande maioria das células de mamíferos, com

diferentes isoformas predominantes em tecidos diferentes (Selkoe e cols, 1988;

Tanaka e cols, 1989).

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Figura 1: A Proteína Precursora Amilóide. (A) Representação esquemática da proteína

precursora amilóide. Com indicação do exon 7, não encontrado na principal isoforma neuronal

APP695. (B) Representação da região da APP clivada pelas α-secretase ou β-secretase e γ-

secretase. Figuras A e B modificadas de Turner e cols, 2003. (C) Representação esquemática

do processamento da APP e as diferentes porções resultantes das vias amiloidogênica (direita)

e não amiloidogênica (esquerda) (Zheng e Koo, 2006)

A B

C

Exon 7

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I.3.2 - A Proteína Precursora Amilóide em Condições Fisiológicas

Apesar da grande ênfase dada ao estudo da APP pela produção de Aβ e

seu envolvimento na DA, trabalhos estudando as funções fisiológicas dessa

proteína são bem menos numerosos. Além disso, muitos dos trabalhos sobre a

importância fisiológica da APP estão relacionados à ação das secretases na

APP, visando entender a sinalização para as vias amiloidogênica ou não

amiloidogênica. No presente trabalho, será dada ênfase à função da APP e,

especialmente, da principal isoforma neuronal da APP, a APP695, no sistema

nervoso.

Foi sugerida, a partir da sequência de aminoácidos da APP, uma função

como um receptor de membrana (Kang e cols, 1987). Experimentos mostraram

que a APP poderia funcionar como um receptor de membrana acoplado à

proteína G, um importante mensageiro secundário na sinalização celular. Esse

mecanismo atuaria ativando a proteína G heterotrimérica G0 (Nishimoto e cols,

1993; Okamoto e cols, 1995;) e resultados semelhantes também foram

relatados para o homólogo da APP em drosófila, APPL (Swanson e cols, 2005).

Um estudo mostrou que a toxicidade do peptídeo Aβ poderia ser mediada pela

APP através de proteína G0 (Sola Vigo e cols, 2009). Este trabalho mostrou

que, no modelo utilizado, deleções da porção intracelular e da porção

correspondente ao peptídeo Aβ da APP foram capazes de inibir a toxicidade do

peptídeo Aβ.

Trabalhos subseqüentes mostraram que essa função poderia estar

relacionada à atividade de canais de cálcio (Shaked e cols, 2009) e apoptose

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(Giambella e cols, 1997). Outros estudos ainda mostraram que TAG1, uma

proteína importante na adesão celular no sistema nervoso e no crescimento

neuronal, é capaz de se ligar à porção extracelular da APP e induzir a liberação

da porção intracelular AICD e sinalização através de Fe65 (Ma e cols, 2008).

Esta é uma via de sinalização bem conhecida para a porção intracelular da

APP quando clivada, que pode atuar na transcrição gênica (Muller e cols, 2008;

Muller e cols, 2008 para uma revisão). Apesar dessas evidências, a atuação da

APP como um receptor celular ainda não foi bem estabelecida.

Muitos efeitos da APP são observados no sistema nervoso, no qual a

APP parece ter importância como um fator neurotrófico e sinaptogênico (Turner

e cols, 2003 para uma revisão). Neste contexto, moléculas de adesão vêm se

mostrando importantes na formação sináptica e crescimento neuronal (Goda e

cols, 2002; Washbourne e cols, 2004). Diversos trabalhos indicam a APP como

uma molécula de adesão (Small e cols, 1999; Gralle e Ferreira, 2007 para

revisões), e diversos trabalhos mostraram a sua interação com proteínas da

matriz extracelular (Small e cols, 1992; Small e cols, 1994; Cáceres e Brandan,

1997). Além disso, a APP é capaz de formar heterodímeros e isto poderia

mediar uma adesão trans-celular (Soba e cols, 2005; Gralle e cols, 2009)

Foi mostrado que há aumento de expressão de APP durante a

maturação neuronal em cultura de células embrionárias (Hung e cols, 1992), e

o envolvimento de APP na sinaptogênese, estando localizada nas

extremidades de fibras nervosas (Moya e cols, 1994). Ainda, houve a

demonstração de que há grande expressão de APP695 na glia radial, que

possui grande importância na migração neuronal no córtex embrionário (Trapp

e Hauer, 1994). Na fase adulta ocorre expressão constitutiva de APP no

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cérebro e há níveis mais elevados de APP nas regiões de maior modificação

sináptica (Lorent e cols 1995).

Muitos trabalhos também mostraram que a APP é mais expressa após

lesão cerebral (Itoh e cols, 2009), o que reforça a importância desta molécula

no crescimento neuronal e formação de sinapses (Chen e Tang, 2006 para

uma revisão).

Estudos iniciais com camundongos cujo gene da APP havia sido

removido observaram que os animais gerados eram viáveis e férteis (Zheng e

cols, 1995; Muller e cols, 1994; 1996), o que não era esperado, dada a grande

conservação desta proteína durante a evolução e a sua presença em diversos

tipos celulares. Esses estudos indicaram, dentre outros efeitos, diminuição do

peso corporal e cerebral, enfraquecimento dos membros, alterações na

atividade motora, dificuldades na memória espacial, diminuição da exploração

em campo aberto, entre outros (Senechal e cols, 2006; Anliker e Muller, 2006

para revisão).

Como já mencionado, a APP possui, em mamíferos, dois homólogos,

APLP1 e APLP2. Sendo assim, uma redundância funcional entre essas

proteínas poderia explicar a ausência de letalidade na deleção de uma proteína

aparentemente tão importante (Coulson e cols, 2000). De fato, foi mostrado

que camundongos removidos tanto para os genes de APP e APLP2 (Von Koch

e cols, 1997; Heber e cols, 2000) como para APLP1 e APLP2 (Heber e cols,

2000), além de camundongos sem os três genes APP, APLP1 e APLP2 (Herms

e cols, 2000) morrem logo após o nascimento. Ainda, ensaios de hibridação in

situ e PCR quantitativo indicaram que APLP2 é expressa nas mesmas regiões

que a APP e em níveis semelhantes (Slunt e cols, 1994), reforçando a

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possibilidade de redundância, ao menos parcial, entre as funções destas

proteínas. Camundongos sem os genes APLP 1 ou APLP 2, além daqueles

sem os genes APP e APLP 1, eram viáveis e férteis, de maneira semelhante

aos camundongos não expressando a APP (Von Koch e cols, 1997; Heber e

cols, 2000).

Analisando os camundongos mutantes com letalidade perinatal, foi

observado que estes apresentavam anomalias cranianas e posicionamento

ectópico de neurônios corticais. Esses erros levaram a falhas na transmissão

de impulsos nervosos no dia do nascimento e ao óbito desses animais pouco

depois. No entanto, alguns desses animais apresentavam desenvolvimento

cerebral aparentemente normal, sugerindo que a letalidade possa ter outra

origem (Heber e cols, 2000; Herms e cols, 2004; Wang e cols.,2005; Yang e

cols, 2005).

Dentre os trabalhos sobre mecanismos fisiológicos envolvendo os

diversos fragmentos da APP695, a maioria está relacionado à função da cauda

citoplasmática da APP, o fragmento AICD (cujas vias de sinalização são mais

conhecidas). Este fragmento se liga, após ser clivado e liberado, às proteínas

reguladoras Fe65 e Mena, que atuam nos sítios de adesão de cones de

crescimento (Sabo e cols 2003).

A porção extracelular secretada da APP (sAPP), apesar de possuir

grande relevância fisiológica demonstrada por diversos trabalhos, ainda tem

vias de sinalização pouco compreendidas. O fragmento p3, embora seja muito

pouco estudado, não teve relevância fisiológica ainda descrita (Gralle e

Ferreira, 2007 para uma revisão).

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Já foi demonstrado que a expressão de sAPP em camundongos com o

gene da APP removido foi suficiente para resgatar o fenótipo controle (Ring e

cols, 2007). Em C. elegans, a letalidade gerada pela deleção de APL-1 foi

resgatada pela expressão da porção extracelular destra proteína. A porção

extracelular da APP humana também foi capaz de reverter o déficit de

aprendizado em drosófilas sem o gene da APPL.

Alguns estudos indicam que a porção secretada extracelular da APP

pode agir como fator proliferativo para precursores neuronais (Caille e cols

2004) e estimular a mobilidade de queratinócitos (Kirfel e cols 2002). Há

trabalhos indicando o aumento, na presença de sAPP695, da neuritogênese

(Milward e cols 1992), e da formação e modulação sináptica (Morimoto e cols

1998; 1998). Estudos mostraram também que a forma secretada da APL-1,

homólogo da APP em C. elegans, foi capaz de reverter a letalidade do nocaute

deste gene (Hornsten e cols.; 2006).

Diversos trabalhos já propuseram possíveis ligantes para a porção

extracelular da APP, incluindo heparina (Small e cols 1994), Apolipoproteina E

(Haas e cols, 1998), reelina (Hoe e cols, 2006), albumina, CRMP-2 (Pawlik e

cols 2007), integrina β1 (Young-Perse e cols, 2008), NgCAM (Osterfield e cols,

2008). Muitos desses trabalhos são recentes, o que mostra o aumento de

atenção que vem sendo dado a essa área.

I.3.3-Busca de Ligantes para a Proteína Precursora Amilóide

Com o objetivo de identificar possíveis ligantes para a APP, a Professora

Margaret Magdesian utilizou a técnica de apresentação de bibliotecas de

peptideos em fagos (ou “phage display of peptide libraries”). A técnica de

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phage display foi desenvolvida em 1985 por George Smith e consiste na

apresentação de bibliotecas peptídicas (na presente dissertação utilizamos

uma biblioteca de heptapeptídeos) expressos na superfície de bacteriófagos

filamentosos do tipo M13 (Smith, 1985).

Utilizamos uma biblioteca de phage display (PhD-C7C, New England

Biolabs) com o intuito de identificar peptídeos ligantes da sAPP695α. Após a

seleção e caracterização de peptídeos que ligassem com alta afinidade à

sAPP695α, a seqüência desses peptídeos foi comparada com seqüências de

proteínas depositadas em banco de dados. Essa busca levou à identificação de

semaforinas, mais especificamente semaforinas da classe 3, como possíveis

ligantes para a sAPP695α.

I.4 – Semaforinas

As semaforinas são proteínas relacionadas à navegação de axônios,

sendo classicamente consideradas inibitórias devido a sua capacidade de

direcionar o crescimento axonal, (Tamagnone e Comoglio., 2004),

desempenhando função quimiorepulsiva (He e cols,2002; Fiore & Puschell.,

2003; Polleux e cols, 2000; Giordano e cols, 20002; Moreno-Flores e cols,

2003; Pasterkamp e cols, 2003). As família das semaforinas é caracterizada

pela presença do domínio SEMA, uma seqüência conservada de

aproximadamente 400 aminoácidos (Kruger e cols, 2005).

Além da função inibitória clássica, a Sema3A, assim como alguns outros

membros da família das semaforinas, mostrou capacidade de induzir o

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crescimento e quimioatração axonal em certas condições (Hong-jun e

cols.;1998). Mais recentemente, vem sendo observada a importância das

semaforinas não apenas no sistema nervoso, como também no sistema

vascular, tendo grande importância na angiogênese (Carmeliet e Tessier-

Lavigne; 2005) e no sistema imune (Mizui e cols, 2009 para uma revisão).

As semaforinas são encontradas tanto na forma transmembranar, como

na forma de proteína secretada. A família das semaforinas atualmente

apresenta mais de 30 membros descritos, os quais, de acordo com suas

características estruturais, estão agrupados em oito subclasses (He e cols,

2002). A estrutura característica da semaforina compreende um domínio Sema,

que é uma seqüência conservada de cerca de 500 aminoácidos presente em

todas as moléculas dessa família, um domínio rico em cisteínas e um domínio

simples, do tipo imunoglobulina IgG-like (Figura. 2)

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Figura 2: Esquema dos membros da família das Semaforinas. Classes 1 2

pertencem à invertebrados, classes 3-7 pertencem à vertebrados e classe 8 (ou V) pertence à

vírus. As Plexinas, principais receptores de Semaforinas, fazem parte da superfamília das

Semaforinas e possuem um domínio SEMA (em roxo), característico do grupo. Modificado de

Gherardi e cols 2004

As subclasses 1 e 2 são encontradas exclusivamente em invertebrados,

enquanto que as classes 3-7 estão apenas presentes em vertebrados. A classe

8 é codificada apenas por vírus. Das oito subclasses descritas, cinco são

compostas por semaforinas transmembranares (subclasses 1, 4, 5, 6 e 7), e as

demais são secretadas (Goodman e cols, 1999).

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I.4.1- Semaforina 3A

Dentre os membros da família das semaforinas, a Semaforina 3A

(Sema3A) (anteriormente também chamada de Semaforina III, semaforina D ou

colapsina) é a mais pesquisada e foi a primeira a ser descrita em vertebrados.

A Sema3A foi inicialmente caracterizada pelo seu efeito de colabamento de

cones de crescimento em gânglios da raiz dorsal de embriões de galinha (Luo

e cols, 1993; Wright e cols, 1995)

Sema3A é também encontrada em diversos outros tecidos como tecido

adiposo, coração, ossos, músculos, rins, pulmões. Diversas funções também já

foram sugeridas para a Sema3A, como migração no sistema nervoso (Marin e

Rubenstein 2003; Yu & Moens, 2005), adesão celular, e desenvolvimento de

órgãos como o coração e o pulmão. Trabalhos recentes indicam que a

sinalização para o desenvolvimento e ramificação da vasculatura compartilha

semelhanças com a do sistema nervoso, estando a Sema3A e algumas

plexinas entre essas moléculas (Carmeliet, 2003; Yazdani e Terman, 2006;

Tran e cols, 2007 para revisões).

Camundongos mutantes para o gene da Sema3A morriam poucos dias

após o nascimento e apresentavam uma grande diversidade de alterações

morfológicas (Behar e cols, 1996). Alterações incluíam a projeção inadequada

de neurônios sensoriais na medula vertebral, alterações na orientação de

neurônios no córtex cerebral, deformidades ósseas como fusão de vértebras e

costelas ramificadas e hipertrofia do ventrículo direito, indicando a importância

da Sema3A no desenvolvimento de diversos órgãos. Resultados semelhantes

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foram obtidos em drosófilas com a deleção do gene da semaforina secretada

de invertebrados, Semaforina 2. Estes animais morriam logo após a eclosão

das pupas, embora nenhuma mudança morfológica tenha sido detectada (Dodd

e Schuchardt, 1995).

I.4.2- Receptores de Semaforina 3A

Os principais receptores para as semaforinas são as plexinas. As

plexinas são proteínas transmembranares que transduzem, tanto em

invertebrados como vertebrados, a sinalização através de semaforinas (Kruger

e cols, 2005). As plexinas também possuem um domínio SEMA, embora

evolutivamente distanciado do domínio SEMA das semaforinas e um domínio

citoplasmático exclusivo das plexinas, fundamental para a transdução do sinal

(Yoshida e cols, 2006) As plexinas são classificadas em 4 classes (A, B, C e D)

e as classes A e D são receptores descritos para as Sema3A (Tran e cols,

2007 para uma revisão). (figura 3a).

O primeiro ligante descoberto para a Sema3A, no entanto, foi a

neuropilina, uma proteína transmembranar que apresenta uma curta cauda

citoplasmática (He e Tessier-Lavigne, 1997). Foram descritas duas

Neuropilinas (1 e 2), mas nenhuma é capaz de transduzir o sinal de Sema3A e

as caudas citoplasmáticas destas proteínas não são necessárias para função.

As neuropilinas são importantes na ligação entre Sema3A e Plexinas da família

A, que é dependente da atuação da neuropilina como coreceptor para

sinalização (Huber e cols, 2003 Yazdani e Terman, 2006; Eickholt, 2008; Roth

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e cols, 2008). Sema3A também apresenta outros co-receptores como as

proteínas de adesão celular L1CAM e NrCAM (“Cell Adhesion Molecule”)

(Castellani e cols, 2000; Julien e cols, 2005), que também podem atuar

mediando a ligação entre Sema3A e plexinas. (figura 3b)

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A

B

Figura 3: Os ligantes de Semaforinas. A) Semaforinas e seus principais ligantes, as

plexinas. Sema3A se liga às plexinas da família A e à plexina D1. Retirado de Kruger, 2005. B)

Os receptores e co-receptores da Semaforina3A, Plexinas das famílias A e D, Neuropilinas 1 e

2, L1CAM e NrCAM. Modificado de Tran e cols, 2007.

O objetivo deste trabalho foi avaliar esta possível ligação entre

sAPP695α e Sema3A, a principal semaforina de classe 3 de vertebrados,

utilizando métodos bioquímicos, biofísicos e análise em cultura de células.

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2 - Objetivos:

Os objetivos do presente trabalho são:

A partir da indicação, obtida através do uso da metodologia de “phage

display”, de que as semaforinas são possíveis ligantes para sAPP695α,

investigar bioquimicamente a ligação entre essas duas proteínas;

De maneira complementar, investigar o efeito dos peptídeos

selecionados por “phage display” e sua interferência na ligação entre

sAPP695α e Sema3A;

Analisar os efeitos de sAPP695 e dos peptídeos selecionados por

“phage display” sobre a retração neurítica promovida por Sema3A.

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3 – Material e Métodos

3.1 – Apresentação de Bibliotecas de Peptideos em Fagos:

Esta etapa inicial do trabalho foi realizada pela Profa. Margaret

Magdesian, que já havia, com sucesso, utilizado essa técnica para a

identificação de ligantes para o peptídeo amilóide beta (Magdesian e cols 2005;

Magdesian e cols 2008). 50 μl de uma solução de sAPP695α (100ng/ml em

PBS) foram incubados em poços de placa de ELISA por 16 horas a 4 ºC. Os

poços foram bloqueados com 0,5% de albumina bovina (BSA) em PBS por 1

hora a 4ºC e, após a lavagem com PBS, foram adicionados a cada poço 10 μl

da biblioteca de peptideos apresentados em fagos (PhD-C7C, New England

Biolabs) e incubados segundo recomendações do fabricante.

Após cinco ciclos de seleção, 28 clones foram isolados, amplificados e o

DNA dos fagos foi seqüenciado. As seqüências correspondentes aos peptídeos

expressos na superfície dos fagos foram, então, comparadas com as

seqüências de proteínas depositadas em banco de dados (NCBI) usando o

programa BLAST (Altschul, e cols, 1997). Foram apenas consideradas na

pesquisa proteínas expressas no sistema nervoso e que fossem encontradas

na membrana ou no meio extracelular.

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Figura 4: Representação das etapas do phage display. Após a Incubação da

sAPP695α ( { ) com a biblioteca de fagos e a lavagem para retirar ligações menos específicas,

os fagos selecionados foram eluídos, amplificados em E. coli e o ciclo foi repetido mais cinco

vezes para selecionar apenas os fagos com maior afinidade pela sAPP695α. Os clones

selecionados foram seqüenciados para identificação dos heptapeptídeos com afinidade pela

3.2 – Expressão e Purificação sAPPα695

Quando ingressei no mestrado, já havia sido bem estabelecida no

laboratório a cultura de três diferentes linhagens de Pichia pastoris, cada uma

expressando a forma secretada de uma das três principais isoformas da APP

humana (sAPP695α, sAPP751α e sAPP770 α) (Gralle e cols, 2002; Botelho e

cols, 2003; Gralle e cols, 2006). Essas três linhagens de Pichia pastoris foram

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cedidas ao laboratório pelo grupo do professor Roberto Cappai do

Departamento de Patologia da Universidade de Melbourne, Austrália (Henry e

cols, 1997). Apenas a linhagem expressando sAPP695α foi utilizada no

presente trabalho.a

A Pichia pastoris é uma levedura metilotrófica muito usada para a

expressão de proteínas, em pequena ou larga escala, de proteínas (Daly e

Hearn, 2005; Cregg, 2007; Anumanthan e cols, 2007). A expressão em Pichia

pastoris se baseia na indução da expressão do gene de interesse com o uso de

uma região promotora do gene da Álcool Oxidase (AOX1), importante para o

metabolismo do metanol, sendo induzida por este. Isso permite um melhor

controle da expressão, além de uma grande eficiência na produção da proteína

recombinante. Adicionalmente, a proteína pode ser secretada diretamente no

meio de cultura, facilitando a purificação, uma vez que evita a necessidade de

lise das células de levedura.

A expressão e purificação da sAPP695 foi realizada como descrito por

Gralle e cols, 2002. Resumidamente, leveduras do estoque a -80 ºC foram

descongeladas e plaqueadas em meio YPD (1% de extrato de levedura, 2% de

triptona, 2% de glicose) sólido e crescidas por 48 horas a 30ºC. Em seguida,

culturas isoladas foram amplificadas em 4 frascos de Erlenmeyer contendo 100

ml de meio YPD. As leveduras foram incubadas a 30ºC sob agitação a 200

rotações por minuto (RPM) até que a absorbância a 600 nm do meio diluído 20

vezes fosse igual ou superior a 0,250. As leveduras foram, então, centrifugadas

a 1.500 x g por 10 minutos a 25ºC, transferidas para 4 frascos contendo 500 ml

de meio BMMY (1% de extrato de levedura, 2% de triptona, 1,34% de base

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nitrogenada sem aminoácidos (DIFCO), tampão fosfato de sódio 100 mM) e

crescidas a 30ºC, 200 RPM por 48 horas.

Após este período, a solução foi centrifugada por 30 minutos a 4ºC,

11.000 RPM. O sobrenadante foi recolhido, acrescido de 20% de Tampão A

concentrado 5 vezes (solução estoque concentrada 5 vezes – 100 mM

Imidazol, 50 mg/ml PMSF, 25 mM EDTA, pH 5,5), filtrado e aplicado numa

coluna Hiload 26/10 (GE Healthcare) contendo 60 ml de Q Sepharose Fast

Flow (GE Healthcare). A coluna havia sido previamente equilibrada com 60 ml

de tampão A (1X) com fluxo de 2,5 ml/min seguidos de 300 ml de tampão A a

10 ml/min. Em seguida, foi aplicado o meio de cultura com sAPP695α já em

tampão A a 10 ml/min e, logo depois, 1.200 ml de tampão B (solução estoque

concentrada 5 vezes -20 mM Imidazol, 10 mg/ml PMSF, 5 mM EDTA, 0,25M

NaCl, pH 5,5).

A sAPP695α foi eluída da coluna usando-se 70 ml de tampão C (20 mM

Tris, 10 mg/ml PMSF, 5 mM EDTA, 1 M NaCl, pH 7,4) a um fluxo de 2,5

ml/min. Os primeiros 30 ml e os últimos 20 ml foram recolhidos em tubos de

polipropileno de 50 ml e os 20 ml intermediários foram recolhidos em alíquotas

de 1ml em tubos de polipropileno de 1,5ml. A coluna, então, foi lavada a um

fluxo de 5 ml/min com 50 ml de 20mM Tris, 1M NaCl e, a 2,5 ml/min com 80 ml

de uma solução de 20 mM Tris pH 7,4 em 20% Etanol.

As alíquotas recolhidas na eluição da coluna foram analisadas em géis

de 8% de poliacrilamida contendo SDS e coradas com Comassie Blue. As

alíquotas contendo sAPP695 apresentavam uma forte banda com massa

molecular aparente de cerca de 70 kDa. As alíquotas contendo sAPP695

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foram colocadas num mesmo frasco, acrescidas de 3 vezes seu volume com

uma solução de 50 mM Tris pH 7,4 e aplicadas em uma coluna de afinidade

Hitrap Heparin HP de 5 ml (GE Healthcare), pois a sAPP695α possui um

domínio de ligação à heparina (Mok e cols., 1997, Turner e cols, 2003).

A coluna de heparina foi equilibrada com 50 ml de solução Tris 50 mM,

pH 7,4 (tampão A2) antes de ser utilizada e a amostra foi diluída 4 vezes em

tampão A2. Utilizando uma bomba peristáltica, a amostra foi passada na coluna

de heparina com um fluxo de 0,6 ml/min. Então, passou-se mais 15 ml de

tampão A2 e a bomba peristáltica foi desligada. A coluna foi, então, transferida

para o aparelho de cromatografia líquida de alto desempenho (High

Performance Liquid Chormatography – HPLC - Shimadzu Bombas LC-10AV,

leitores SPD 10AV e RF 10Axl). Antes de transferir a coluna para o HPLC, as

duas bombas do aparelho, A e B, foram purgadas com água MilliQ 2 vezes,

intercaladas por fluxos contínuos a 1 ml por minuto por cerca de cinco minutos.

O processo foi, em seguida, repetido utilizando-se o tampão A2 na bomba A e

o tampão B2 (Tris 50 mM, pH 7,4, 1M NaCl) na bomba B. Depois, utilizando

somente a bomba A, passou-se, por cerca de 5 minutos num fluxo de 1 ml por

minuto, tampão A2 no HPLC, com o objetivo de retirar quaisquer vestígios de

NaCl nas tubulações do aparelho. Feito isso, foi ligado o fluxo contínuo da

bomba A (0,6 ml por minuto) e a coluna de heparina foi conectada ao HPLC. É

importante que o fluxo seja lento para que a sAPP695α se solte num menor

volume de tampão e para que a pressão na coluna não exceda 10 atm,

pressão máxima indicada pelo fabricante.

Enquanto o tampão A2 passava pela coluna, os leitores de absorbância

(280 nm ou 220 nm) e fluorescência (excitação a 280 nm e emissão a 330 nm)

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foram ligados e a purificação só foi reiniciada quando os dois leitores estavam

estabilizados. A absorbância a 220 nm detecta a ligação peptídica e a

absorbância a 280 nm detecta basicamente aminoácidos aromáticos. A

excitação a 280 nm e emissão de fluorescência a 330 nm (proveniente de

aminoácidos como o triptofano e a tirosina) também foi adotada como outro

parâmetro para detectar sAPPα695.

A sAPP695α foi eluída da coluna de heparina através do aumento da

concentração de NaCl no tampão. Para isso, foi utilizado um programa que, ao

longo da corrida, mistura os tampões A2 (sem NaCl) e B2 (1M NaCl),

aumentando gradativamente a proporção de tampão B2 na coluna de heparina

(Figura 6).

Figura 5: Concentração de NaCl na coluna de heparina ao longo do tempo. O

gráfico representa a alteração na concentração de NaCl na coluna de heparina através da

mistura entre tampão A2 e B2 ao longo do tempo no HPLC. A sAPP695α era recolhida entre as

concentrações 0,3 M e 0,55 M de NaCl.

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A sAPP695α foi recolhida quando os detectores indicaram um pico

intenso de proteína entre 0,3 e 0,55 M de NaCl. As frações foram recolhidas

em tubos de 1,5 ml para posterior análise por géis de poliacrilamida e detecção

de proteínas no gel por Coomassie Blue.

As alíquotas contendo sAPP695 e que não apresentavam

contaminantes protéicos foram misturadas e aplicadas numa coluna de

dessalinização. De maneira resumida, a coluna foi, primeiro, equilibrada com

25 ml de tampão A2. Em seguida, foram aplicados 2,5 ml de amostra e mais 25

ml de tampão A2. Assim que esse volume foi adicionado, os primeiros 3,5 ml

eluídos da coluna foram recolhidos e o resto foi descartado.

Por fim, a concentração de sAPP695α purificada foi estimada por

absorbância a 280 nm. Feito isso, a proteína foi filtrada num filtro de 0,45 μm,

aliquotada e armazenada a -80ºC até o uso.

3.3 -Biotinilação de sAPP695α

A biotinilação é uma técnica muito utilizada para marcação e fácil

detecção de proteínas. A biotinilação foi feita usando o kit “EZ-Link Sulfo-NHS-

LC-Biotinylation” da Pierce de acordo com as recomendações do fabricante:

100 ng de sAPP695a (1,5 pmol) foram incubados a 4ºC por 2 horas com 20

vezes de excesso molar (30 pmol) de Sulfo-NHS-LC-Biotin. Após esse período,

o excesso de biotina foi inativado com 300 pmol de glicina a 4ºC por mais 2

horas. Em seguida, a sAPP695α biotinilada (bsAPP695α) foi passada em um

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Centricon Ultracel YM-30 e centrifugada a 4.000 X g por 20 minutos a 4ºC,

quando o volume da solução foi reduzido a cerca de 200 μl. O volume foi

completado para 1,5 ml e o processo foi repetido 4 vezes. Em seguida, o

Centricon foi invertido e centrifugado por 2 minutos a 1.000 x g, 4ºC, sendo a

amostra de 200 μl recolhida num tubo e armazenada a 4 ºC por até uma

semana.

3.4 - Semaforina3A

Sema3A purificada foi comprada da R&D systems (Recombinant Human

Semaphorin 3A Fc Chimera, Nº de catálogo 1250-S3). Por ser uma das mais

estudadas, a Sema3A possuia maior disponibilidade comercial, tanto de

proteínas recombinantes como de anticorpos, e isso foi levado em

consideração na escolha da Sema3A nos experimentos.

A Professora Daniela Uziel (Instituto de Ciências Biomédicas, UFRJ)

gentilmente nos cedeu a linhagem celular HEK293 (Graham e cols, 1977)

transfectada com um gene de Sema3A conjugado à fosfatase alcalina bovina

(Sema3A-AP) (Püschel e cols, 1995). As células foram cultivadas em DMEM

10% BFS e o meio de cultura foi trocado a intervalos de 3 dias. O meio

recolhido, contendo a Sema3A-AP secretada pela linhagem celular, foi filtrado,

acrescido do inibidor de protease PMSF (fluoreto de fenilmetil sulfonila – USB

Corporation) para uma concentração final de 1 μg/ml, aliquotado em pequenos

tubos e congelado até o uso.

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3.5 – Peptídeos

Os peptídeos sintéticos com seqüências TFASVMT e LRSHPLG foram

sintetizados pela empresa New England Peptides (MA, Estados Unidos).

3.6 - Ensaios de ligação entre sAPP695α e Semaforina 3A em placas de ELISA

Nos ensaios de ligação entre sAPP695 e Sema3A, uma das proteínas foi

imobilizada enquanto a outra foi adicionada em solução. Para os experimentos

com sAPP695 imobilizada, 50 μl de sAPP695 2 μg/ml (100 ng) diluída em PBS

foram incubados durante a noite a 4ºC sob agitação em cada poço de uma

placa de 96 poços. Quando Sema3A foi imobilizada, foram incubados 50 l de

1 g/ml de Sema3A nas mesmas condições.

Após esse tempo, os poços foram lavados 3 vezes por cinco minutos

com 200 μl de PBS e bloqueados com uma solução de 1% de lisozima de clara

de ovo de galinha (Sigma) em PBS por 1 hora. Apesar de a BSA ser a proteína

mais utilizada para bloqueio em ensaios deste tipo, um trabalho anterior

sugeriu que a sAPP695α pode se ligar à albumina de soro (Pawlik M. e cols,

2007), motivando nosso uso de lisozima. Em seguida, os poços foram

incubados com diferentes concentrações de Sema3A ou bsAPP695α (entre 10

ng e 200 ng) ou meio condicionado de células HEK293 capazes de secretar

Sema3A-AP (entre 10 e 400 μl) durante a noite a 4ºC sob agitação.

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No dia seguinte, os poços foram lavados 5 vezes com 200 μl PBS por 5

minutos e incubados com anticorpo primário de cabra anti-Sema3A (Sigma) ou,

no caso do emprego de proteínas biotiniladas no passo anterior, estreptavidina

conjugada à peroxidase de raiz-forte (Horseradish peroxidase, HRP) por 2

horas nas mesmas condições descritas. Por fim, os poços foram lavados 5

vezes com 200 μl de PBS por 5 minutos e as placas incubadas com o anticorpo

primário anti-Sema3A foram incubadas com o anticorpo secundário conjugado

à HRP (Santa Cruz) por 2 horas. As placas incubadas com b sAPP695α foram

incubadas por 2 horas com estreptavidina conjugada à HRP (MP

Biochemicals). A detecção nas duas condições foi realizada utilizando o kit

Super Signal West Femto Maximum Sensitivity Substrate (Pierce) segundo as

indicações do fabricante e revelado com filmes Kodak T-MAT G/RA. A

quantificação foi feita usando-se o programa Image J (Rasband, WS., 1997 -

http://rsbweb.nih.gov/ij/) e avaliando a intensidade dos pontos numa escala de

cinza na área correspondente a cada poço.

A detecção de Sema3A-AP ligada à sAPP695 foi feita utilizando p-

nitrofenil fosfato (pNPP) como um substrato para a fosfatase alcalina. A

fosfatase alcalina catalisa a hidrólise desse substrato a p-nitrofenol, que pode

ser detectado por sua absorbância a 405 nm. De maneira resumida, após a

incubação com meio condicionado durante a noite a 4ºC sob agitação, os

poços foram lavados com PBS como indicado acima e incubados com 120 μl

de uma solução contendo Tris 100 mM, 20 mM MgCl2, pH 7.4, acrescidos de

30 μl de pNPP 10 mM por 1 hora a 37ºC. O sobrenadante foi transferido para

uma nova placa de 96 poços e a quantidade de p-nitrofenol em solução foi

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detectada num leitor de ELISA a 405 nm (Spectra Max 190 – Molecular

Devices).

3.4 -Co-imunoprecipitação de sAPP695α e Semaforina 3A

Foram realizadas tanto a precipitação de bsAPP695α e co-

imunoprecipitação de Sema3A quanto a precipitação de Sema3A e co-

imunoprecipitação de bsAPP695α. Para o experimento com bsAPP695α

imobilizada, foram usados, em cada condição, 15 µl de Dynabeads ligadas à

streptavidina (Invitrogen). As dynabeads foram lavadas 3 vezes com 500 µl de

PBS (foram adicionados 500 µl de PBS ao tubo, este foi invertido 5 vezes,

submetido a uma rápida centrifugação e o sobrenadante foi recolhido com uma

micropipeta) e incubadas com 300 ng de bsAPP695 num volume final de 100

µl de PBS por 1 hora a 4ºC sob agitação leve. Em seguida, as beads foram

lavadas 3x com 200 µl de PBS e incubadas com 120 µl de meio condicionado

contendo Sema3A-AP por 16 horas a 4ºC sob agitação leve.

Os experimentos foram realizados tanto na ausência quanto na

presença dos peptideos identificados por “phage display” (ver “Resultados”),

adicionados em excesso de 3 vezes a concentração molar de sAPP695a. As

dynabeads foram então lavadas 3 vezes com 200 µl de solução de Kessler

0,05% NP40 (50mM Tris pH 8,6; 5mM EDTA; 150mM NaCl; 100mg/L Azida;

0,05% NP 40) e 1 vez com 200 µl de PBS. Então, as dynabeads foram

incubadas com 30 µl solução de pNPP 10 mM em 120 µl de 100 mM Tris (pH

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8); 20 mM MgCl2 por 2 horas a 37ºC. Os tubos foram centrifugados e os

sobrenadantes transferidos para uma placa de 96 poços e lidos em um leitor de

ELISA a 405 nm.

Para o experimento com Sema3A imobilizada, foram usados 15 µl por

condição de Proteína-A ligada à resina de Sepharose (“Sepharose beads”,

AmershamGE). A Proteína-A é uma proteína encontrada na superfície de

Staphylococcus aureus e é capaz de se ligar à porção Fc da IgG. A resina foi

lavada 3 vezes com 200 µl de PBS e incubada com 300 ng de anticorpo anti-

Sema3A por 1 hora a 4ºC sob agitação leve. Em seguida, as contas foram

lavadas 3 vezes com 200 µl de PBS e incubadas com 120 µl de meio

condicionado contendo Sema3A-AP por 2 horas a 4ºC sob agitação leve.

Então, as contas foram novamente lavadas 3 vezes com 200 µl de PBS e

incubadas com 300 ng de b sAPP695α (na presença ou ausência dos

peptídeos LR e TF, ver “Resultados”) por 16 horas a 4ºC sob agitação leve. Em

seguida, as contas foram lavadas 3 vezes com 200µl de solução Kessler 0,05%

NP40, 1 vez com 200 µl de PBS e ressuspensas em 24 µl de PBS e 6 µl de

tampão de corrida 5x concentrado.

A resina foi fervida por 2 minutos e 25 µl do sobrenadante foram

analisados por SDS-PAGE 8%. As proteínas foram transferidas para uma

membrana de nitrocelulose Hybond (Amersham). A membrana foi lavada com 5

ml de TBS-T (50 mM Tris, pH 7,4; 150 mM NaCl; 0.1% Tween 20) e bloqueada

com 5 ml de solução 1% de BSA em TBS-T por 2 horas a 4ºC sob agitação,

quando 2 µl de estreptavidina conjugada à HRP (MP Biochemicals) foram

adicionados à solução de bloqueio, sendo incubado por 1 hora a 4ºC sob

agitação.

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3.8 -Cultura Dissociada de neurônios de Gânglios da Raiz Dorsal (GRD)

A cultura de explantes de gânglios da raiz dorsal (GRD) de embriões de

galinha de sete dias é um modelo clássico para o efeito da semaforina tanto de

retração neurítica como de colabamento de cones de crescimento (Luo e cols,

1993). Além disso, a APP é uma proteína encontrada em galinhas e em GRD

(Nishimura e cols, 2003) Por estas razões, este modelo foi adotado.

Os experimentos com culturas de GRD foram realizados no laboratório

de Neuroquímica, chefiado pelo professor Fernando Mello, no Instituto de

Biofísica da UFRJ. Os experimentos foram realizados segundo o protocolo e

com o auxílio do professor Ricardo Reis, do mesmo laboratório (de Melo Reis e

cols, 2008).

Placas de cultura com poços de 35 mm de diâmetro foram incubadas

com 250 μl de uma solução de poli-L-lisina 10 μg/ml por 16 horas. Em seguida,

os poços foram lavados 3 vezes com 500 μl de PBS e as placas foram secas

por 30 minutos. Foram adicionados, então, 50 μl de uma solução de laminina

20 μg/ml em Meio basal de Eagle modificado por Dulbecco (Dulbecco's

Modified Eagle Medium - DMEM) no centro desses poços, que foram deixados

por cerca de 2 horas na estufa a 37ºC. O excesso de laminina foi removido

pouco antes de plaquear as células

Ovos embrionados de galinha White Leghorn foram obtidos de uma

granja local (Tolomei) e mantidos a 38ºC em uma atmosfera úmida. Embriões

de 7 dias (E7) foram sacrificados por decapitação e os gânglios da raiz dorsal

(GRD) da região lombar foram dissecados em uma placa de Petri contendo

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solução salina de Hank livre de Ca2+ e Mg2+ (“calcium magnesium free Hank´s

buffer salt solution”, CMF-HBSS, contendo 130 mM NaCl, 4 mM KCl, 1 mM

Na2HPO4, 0,5 mM KH2PO4, 10 mM NaHCO3 e 10 mM glicose). Toda a

dissecção foi realizada utilizando pinças e agulhas de tungstênio afinadas por

eletrólise, com o auxilio de uma lupa.

De maneira resumida, os embriões foram abertos ventralmente e

eviscerados. Em seguida, utilizando uma pipeta Pasteur, a região dissecada foi

lavada cuidadosamente com jatos de solução CMF-HBSS, tomando-se o

cuidado de não danificar as regiões mais profundas, onde estão localizados os

gânglios.

Utilizando agulhas de tungstênio e pinças, os gânglios foram retirados da

espinha dorsal, limpos e transferidos para outro recipiente. Em seguida, todos

os gânglios dissecados e limpos foram transferidos para um tubo de 15 ml

contendo CMF-HBSS com tripsina 0,05% e foram incubados por 12 minutos a

37ºC.

Os gânglios foram, então, lavados com DMEM contendo 10% de soro

fetal bovino (BFS) e 3 vezes com CMF-HBSS, centrifugados, re-suspensos em

cerca de 2 ml de CMF e dissociados mecanicamente com uma pipeta Pasteur

de ponta fina. Essa suspensão de células foi, então, cuidadosamente colocada

em uma coluna de sedimentação contendo 60 ml de DMEM 10% BFS

preparada pelo menos 12 horas antes e mantida a 4ºC e isolada de vibrações.

A coluna separa, por sedimentação diferencial, neurônios de diferentes origens,

grumos de células e pedaços de células gerados pela dissociação (de Melo

Reis e cols, 2008). O meio de cultura DMEM acrescido de 10% de BFS a 4ºC

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permite que as células mais pesadas, os neurônios, atravessem mais

rapidamente a coluna.

Após a sedimentação por 1 hora, 12 frações de 5 ml cada, foram

coletadas e analisadas por microscopia ótica para a identificação das frações

ricas em neurônios e pobres em outros tipos celulares. As melhores alíquotas

foram reunidas num tubo e plaqueadas nos poços previamente preparados. O

total de meio em cada poço foi de 300 μl e as culturas foram mantidas por 24

horas em estufa a 37ºC, 5% CO2 até o início dos ensaios de colabamento de

neuritos.

3.9 - Ensaios de retração de neuritos

Os ensaios de retração neurítica foram realizados com culturas

dissociadas de GRD de embriões de galinha mantidas por 24 horas em cultura.

Num microscópio Nikon Eclipse 300 com a objetiva de 40 vezes de aumento,

um grupo de neuritos foram focalizados e, então, foram adicionados à cultura

0,8 nM de Semaforina 3A, 75 nM de sAPP695α, 75nM dos peptídeos TF e LR

ou 100 μl de meio condicionado contendo Sema3A-AP. Como controle, foram

adicionados de igual maneira 100 μl de meio condicionado de células HEK293

não transfectadas com Sema3A-AP. Os neuritos foram fotografados antes da

adição das moléculas e depois a cada 5 minutos, totalizando 35 minutos de

experimento para cada condição.

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3.10 -Cultura de Explantes de Gânglios da Raiz Dorsal ou de Córtex Cerebral

Foram feitas culturas com dois tipos de explantes: gânglios da raiz

dorsal de embriões de galinha ou córtex cerebral de embriões de camundongos

ou ratos. Placas de cultura foram preparadas e os gânglios dissecados como

descrito anteriormente. Após a dissecção, os gânglios foram colocados no

centro de poços e cobertos com 180 μl de meio DMEM, volume mínimo para

cobrir os explantes, pois em grandes quantidades de meio os explantes

poderiam boiar, não se fixando no substrato. Após cerca de uma hora, para a

fixação dos explantes, foram adicionados aos poços mais 100 μl de meio

DMEM. O meio utilizado para esses explantes possuía fator de crescimento

neuronal (nerve growth factor - NGF) 2.5S numa concentração de 20 ng/ml.

No caso da cultura de fatias de córtex de embrião de camundongo ou de

rato, a cabeça dos embriões foi aberta e os cérebros retirados. O córtex foi

separado das demais regiões, limpo e cortado em um “tissue chopper”

(McIllwain) em quadrados com áreas entre 200 cm2 e 300 cm2. Os pedaços de

tecido foram plaqueados de maneira semelhante aos gânglios, mas sem a

adição de NGF 2.5S. Córtices de camundongos foram, muitas vezes,

gentilmente cedidos pela professora Daniel Uziel, do Instituto de Ciências

Biomédicas - UFRJ

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3.11 – Ressonância Plasmônica de Superfície

A Ressonância Plasmônica de Superfície é uma técnica que se baseia

na medição em alterações no índice de refração a cerca de 300nm da

superfície de um sensor (Jonsson e cols, 1991; 1992; 1993). No sistema

BIAcore, essa superfície forma a base de um canal por onde passa uma

solução em fluxo contínuo. Um acúmulo de material (como proteínas) nesta

superfície resulta num aumento do índice de refração, que é medido em

unidades de ressonância (UR).

A Ressonância Plasmônica de Superfície (RPS) vem sendo muito

utilizada na detecção de ligação entre proteínas, uma imobilizada em uma

matriz (ou “chip”) e outra em solução, que é exposta à primeira. As vantagens

desse método incluem grande sensibilidade, detecção de interações

moleculares em tempo real e a não necessidade de uso de marcadores

secundários.

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A

C

B

Figura 6: Representação esquemática da análise através de ressonância

plasmonica de superfície. (A) A luz polarizada incide na superfície do chip de ouro e é

parcialmente refletida. Alterações no ângulo de incidência alteram a quantidade de luz refletida,

e essa quantidade é mínima num dado ângulo, quando ocorre o efeito de ressonância

plasmônica de superfície. Este ângulo é denominado ângulo crítico. O aumento de massa na

superfície oposta do chip implica um aumento deste ângulo crítico. Deste modo, se o ângulo

crítico for medido com uma proteína imobilizada no chip e, após a exposição a uma outra

proteína, houver aumento do ângulo crítico, isto indica aumento de massa na superfície do

chip, implicando em ligação entre as duas proteínas. (B) Esquema do aparelho utilizado,

indicando o feixe de luz polarizada focalizado através de um prisma na superfície do chip

contendo a amostra. A quantidade de luz refletida para cada ângulo de incidência é detectada.

(C) gráfico representando a alteração da quantidade de luz refletida de acordo com o ângulo de

incidência, sendo A uma superfície sem moléculas aderidas e B uma superfície na qual houve

aumento de massa.

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O equipamento utilizado foi o Biacore X (BIAcore Life Sciences – GE

Healthcare). Este aparelho possui duas “flow cells” (FC), que são duas

câmaras, localizadas sob o chip em que o experimento é realizado, nas quais

podem ser detectadas alterações no aumento de massa na região da matriz,

que refletem a ligação entre as proteínas. Em todos os experimentos a FC I foi

utilizada como controle e a FC II utilizada para o experimento.

O experimento foi realizado imobilizando-se sAPP695α (ligante) no chip

e testando a ligação desta à Sema3A recombinante purificada (R&D ) (analito).

O chip utilizado foi o CM5 e as analises foram feitas usando o tampão HBS-EP

(Hepes Buffer Saline, 3mM EDTA, 0,005% surfactante P20, pH 7,4 ) comprado

da BIAcore, num fluxo de 10 μl/minuto.

A imobilização de sAPP695α no chip foi feita segundo instruções da

BIAcore, produtora do chip e do aparelho para SPR. De maneira resumida,

para a ativação da matriz foram injetados 70 μl de uma solução 1:1 de etil-3-

(3-dimetil aminopropil) cloridrato de carbodiimida (EDC) e N-hidroxi succinimida

(NHS), fornecidas pelo fabricante (BIAcore, Amine Coupling Kit). A sAPP695α,

numa concentração de 20 μg/ml em tampão acetato 10 mM (pH 4), foi

adicionada à matriz para ligação covalente. Esse pH foi utilizado pois o pH do

tampão tem de estar acima de pH 3,5, para que a matriz esteja negativamente

carregada, e abaixo do pH 4,5 ponto isoelétrico da sAPP695α. Para evitar que

outras proteínas possam se aderir ao chip, foram adicionados 70 μl de

etalonamina, fornecida pelo fabricante, que funciona retirando os domínios no

chip responsáveis pela ligação da proteína (figura 5).

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43

UR

Início da ativação

da matiz

Início bloqueio com etanolamina

Término da injeção

Início injeção

APP

Término da injeção Término da injeção

∆UR

Tempo (s)

U

ni

da

de

s

de

R

es

so

nc

ia

Fig. 7: Ligação da sAPP695α à matriz do chip CM5. O primeiro aumento em UR

representa a injeção da solução 1:1 EDC e NHS, ativadora da matriz do chip. A segundo

aumento em UR representa a injeção de sAPP695α, e o terceiro aumento em UR representa a

injeção de etanolamina, com o fim de impedir a matiz que não se ligou à APP de se ligar

covalentemente a outro ligante.

Para o ensaio de ligação, foram injetados 40 μl de tampão HBS-EP com

duas concentrações diferentes de Sema3A (5 μg/ml e 10 μg/ml) nos dois

canais do chip num fluxo de 5 μl por minuto. A medida da ligação foi avaliada

pelo aumento em Unidades de Ressonância (RU) nos canais Flow Cell I (FC I),

Flow Cell II (FC II) e na subtração do RU do canal contendo sAPP695α (FC I)

da RU do canal controle (FC II). Foram utilizados 5 μl de NaOH 0,5 M para

soltar Sema3A da sAPP695α imobilizada.

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44

4 – Resultados:

4.1 – Busca de ligantes da sAPP695α através da apresentação de bibliotecas

de peptideos em fagos.

Antes do início de meu trabalho no laboratório, a Profª Margaret

Magdesian, em colaboração com os então alunos de graduação Milena Mouta

Verdan França de Carvalho e Luiz Henrique Guerreiro Rosado, iniciaram o

projeto de identificação de novos ligantes para sAPP695α empregando a

metodologia de apresentação de bibliotecas de peptideos em fagos (ou “phage

display”; ver “Material e Métodos”).

A busca por “phage display” de ligantes para sAPP695α resultou numa

tabela contendo a seqüência dos peptídeos obtidos. Dentre eles, dois se

destacaram, o peptídeo LRSHPLG, encontrado em cinco dos 28 clones

identificados, e o peptídeo TFASVMT, encontrado em 2 clones. Quando

comparados com seqüências de proteínas depositadas em diferentes bancos

de dados, ambos os peptídeos apresentaram homologia com a família das

Semaforinas (figura 6).

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45

Figura 6: Os peptídeos LRSHPLG e TFASVMT apresentam homologia à Semaforinas. O

alinhamento dos peptídeos LRSHPLG e TFASVMT (selecionados por “phage display” como

ligantes da sAPP695α) com diferentes proteínas humanas da família das Semaforinas. Em

vermelho, aminoácidos conservados e em azul aminoácidos substituídos conservativamente. O

alinhamento foi feito usando o programa Clustal W (Larkin e cols 2007)

De maneira também interessante, outros dois peptídeos (RPAASDR e

NLANSFV) selecionados por “phage display” como ligantes da sAPP695a,

apresentaram homologia a plexinas, receptores de semaforinas (Figura 7)

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46

Figura 7: Os peptídeos RPAASDR e NLANSFV apresentam homologia à Plexinas.

Alinhamento dos peptídeos RPAASDR e NLANSFV, ligantes da sAPP695α, com diferentes

Plexinas. Em vermelho, aminoácidos conservados, e em azul, aminoácidos substituídos

conservativamente. O alinhamento foi feito usando o programa Clustal W (Larkin e cols 2007)

A seqüência da Sema3A foi, então, comparada à seqüência dos

peptídeos com homologia às semaforinas de classe 3 e foi identificada a região

da Sema3A com a qual os peptídeos possuíam homologia. Os peptídeos

LRSHPLG (em azul) e TFASVMT (em vermelho) são mostrados na projeção da

estrutura tridimensional da Sema3A (Figura 8). De maneira interessante, a

região em amarelo e vermelho corresponde a resíduos envolvidos no

reconhecimento de receptores. A imagem foi gerada usando o programa

RasMol e a seqüência da Sema3A foi obtida do Protein Data Bank (código de

acesso 1Q47; 37) (Antipenko; 2003).

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47

Figura 8: Representação tridimensional da estrutura da Sema3A. Representados estão os

peptídeos LRSHPLG (em azul) e TFASVMT (em vermelho). A região em amarelo e vermelho

corresponde a resíduos envolvidos no reconhecimento de receptores (Antipenko e cols, 2003).

A figura foi gerada usando o programa RasMol (Sayle e Milner-White, 1995) e as coordenadas

atômicas para a proteína Sema3A (código de acesso 1q47;37 no “Protein Data Bank”;

Antipenko e cols 2003)

4.2 – sAPP695 interage com Semaforina 3A in vitro:

Para investigar diretamente a ligação entre sAPP695α e Sema3A,

sugerida pelos resultados de phage display, poços de uma placa de 96 poços

foram recobertos com sAPP695α, bloqueados e expostos a diferentes

concentrações de Sema3A em solução. Após diferentes lavagens, a

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quantidade de Sema3A que se ligou à sAPP695α imobilizada foi detectada

com anticorpos anti-sema3A, seguido pela incubação com anticorpo

secundário conjugado a HRP e revelação. O sinal emitido por cada poço foi

captado com o auxílio de um filme de raios-X (Figura 9). Esse primeiro

resultado sugere que Sema3A se liga à sAPP695α de maneira dose-

dependente (Figura 9). É importante observar que Sema3A não foi detectada

nos poços nos quais BSA estava adsorvido e que poços não incubados com

Sema3A não apresentaram reatividade no ensaio.

.

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Figura. 9: Sema3A se liga à sAPP695α adsorvida à placas de ELISA de modo

dose dependente. Poços de placas de 96 poços foram forrados com 50 ng de Sema3A, 50 ng

de sAPP695α (APP) ou 1 μg de BSA. Os poços foram bloqueados com 1% BSA e expostos a

diferentes concentrações de Sema3A. Após lavagem, a ligação foi avaliada com anticorpo

primário anti-Sema3A e o correspondente anticorpo secundário, e revelação com o uso do kit

Super Signal ELISA Femto Maximum Sensitivity Substrate. A quantificação foi feita com o uso

do programa Image J. Este gráfico representa a média de 3 experimentos independentes

realizados em triplicata.

Sema3A 30ng 50ng 100ng 200ng - - 50ng

50ng APP + + + + + - -

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Repetimos o experimento de ligação entre sAPP695α e Sema3A

usando, desta vez, o meio condicionado pelas células HEK293 contendo

Sema3A-AP (Figura 10). De maneira semelhante à Sema3A comercial, a

Sema3A-AP secretada pelas células HEK293 ligou-se à sAPP695α imobilizada

de maneira dose-dependente.

Fig. 10: Sema3A conjugada à fosfatase alcalina (Sema3A-AP) se liga à sAPP695α

adsorvida à placas de ELISA de modo dose dependente. Poços de placas de 96 poços

foram forrados com 50ng sAPP695α (APP). Os poços foram bloqueados com 1% BSA e

expostos a diferentes volumes de meio condicionado por células HEK293 transformadas para

secretar Sema3A-AP. Após lavagem, a ligação foi avaliada pela atividade da fosfatase alcalina

com o uso do substrato pNPP. O sobrenadante foi colocado, após 1 hora, em placas de 96

poços e a amostra foi lida a 405 nm num leitor de placa. Este gráfico representa a média de 3

experimentos independentes realizados em triplicata.

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51

4.3 – Ensaios de ligação entre sAPP695α e Semaforina 3A por co-

imunoprecipitação:

Além de analisar a interação entre sAPP695α e Sema3A pelos ensaios

descritos acima, testamos essa hipótese através de outro método, com o intuito

de melhor avaliar a afinidade entra as duas proteínas em outras condições.

Ensaios de co-imunoprecipitação foram feitos usando estreptavidina,

que possui grande afinidade por biotina, ligada à resina de Sepharose. Para o

experimento, sAPP695α foi biotinilada e imobilizada pela beads, sendo, em

seguida, incubada na presença de meio condicionado contendo Sema3A-AP

(Figura 11). Como controle, foi utilizado o meio condicionado por células não

transfectadas.

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Fig. 11: Sema3A conjugado à fosfatase alcalina (Sema3A-AP) se liga à sAPP695α

biotinilada (bsAPP695α) imobilizada em resina Sepharose. Dynabeads ligadas à

estreptavidina foram lavadas e incubadas com 300 ng de bsAPP695α. Após serem lavadas,

foram incubadas com 120 µl de meio condicionado por células HEK293 contendo Sema3A-AP.

Após lavagem, a atividade da fosfatase alcalina na resina de Sepharose foi medida com o uso

do substrato pNPP. O sobrenadante foi colocado, após 1 hora, em placas de 96 poços lidas a

405nm num leitor de placa. Este gráfico representa a média de 3 experimentos independentes

realizados em triplicata.

De maneira alternativa, o ensaio de co-imunoprecipitação foi realizado

utilizando beads de Sepharose com anti-Sema3A imobilizado. Neste

experimento, foram usados sAPP695α biotinilada e meio condicionado

contendo Sema3A-AP, e a revelação fez uso de estreptavidina (Figura 12). É

possível observar que os peptídeos LRSHPLG e TFASVMT inibem a ligação de

sAPP695α à Sema3A.

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Fig. 12: Sema3A conjugada à fosfatase alcalina (Sema3A-AP) imobilizada em

resina Sepharose se liga à sAPP695α biotinilada (b sAPP695α). Anticorpo anti-Sema3A foi

imobilizado em contas de Sepharose ligadas à proteína-A. Em seguida, as contas foram

lavadas e incubadas com 120 µl de meio condicionado contendo Sema3A-AP. Após nova

lavagem, as contas foram incubadas com 300 ng de bsAPP695α, na ausência ou presença de

concentração 3 vezes molar (em relação à bsAPP695α) dos peptídeos LRSHPLG (LR) e

TFASVMT (TF). As contas foram transferidas para tampão de amostra para SDS-PAGE,

fervidas, e corridas em um gel de poliacrilamida 8%. As proteínas do gel foram transferidas

para uma membrana de nitrocelulose Hybond que foi bloqueada com 1% BSA. bsAPP695α foi

detectada com estreptavidina conjugada à HRP e a detecção foi realizada com o kit Super

Signal West Femto Maximum Sensitivity Substrate. A quantificação foi realizada usando o

programa Image J. Este filme mostra um de 3 experimentos independentes, nos quais

obtivemos resultados semelhantes.

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4.4 – Ressonância Plasmônica de Superfície (RPS)

Os ensaios bioquímicos acima utilizados foram capazes de confirmar a

ligação entre sAPP695a e Sema3A. No entanto, aqueles métodos não são

sensíveis o suficiente para permitir uma análise quantitativa mais fina. Para

investigar de forma mais quantitativa a interação entre sAPP695a e Sema3A,

realizamos experimentos de RPS, em colaboração com o Professor Gilberto

Weissmüller.

O experimento foi realizado imobilizando-se sAPP695α na matriz de um

chip CM5 e avaliando a ligação com Sema3A num fluxo contínuo em duas

concentrações (5 µg/ml e 10 µg/ml). Os experimentos ainda não foram

concluídos, mas os resultados obtidos até o momento confirmam claramente a

interação entre sAPP695a e Sema3A, sugerindo uma ligação de alta afinidade

entre as duas proteínas. Sema3A interage com sAPP695α imobilizada no chip

(Figura13 A), mas não ao chip sem sAPP695α (Figura 13 B). Realizando a

subtração do canal 1 (B) do canal 2 (A), pode-se perceber melhor a ligação que

ocorreu no canal 2 (Figura 13 C).

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Figura. 13: Ligação de Sema3A à sAPP695α revelada por Ressonância Plasmônica de

Superfície. Foram utilizadas soluções de Sema3A nas concentrações de 5 μg/ml e 10 μg/ml.

Sema3A se ligou à superfície com sAPP695α imobilizada na Flow Cell II As injeções e os

términos das injeções estão representados na figura. As regenerações do chip retiravam a

Sema3A, mantendo apenas a sAPP695α, ligada covalentemente ao chip. A abscissa

representa o tempo, marcado a cada 500 segundos e a ordenada indica as unidades de

ressonância (UR), marcadas a cada 50 unidades.Os gráficos representam resultados obtidos

em um experimento.

20100

20150

20200

20250

20300

20350

20400

3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000 7500 8000

Time s

Resp

on

se

RU

3000 4000 5000 6000 7000

UR

Tempo (s)

20400

20350

20150

20300

20200

20250

20100

Início injeção Início injeção

Término injeção

Término injeção Regeneração

Regeneração

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Figura. 14: Ligação de Sema3A à sAPP695α revelada por Ressonância Plasmônica de

Superfície. A superfície do chip foi ativada com uma solução 1:1 EDC – NHS, sAPP695α em

tampão acetato foi imobilizada na superfície deste e etanolamina foi utilizada para retirar

proteína adsorvida ao chip por ligações não específicas. Foram utilizadas soluções de Sema3A

nas concentrações de 5 μg/ml e 10 μg/ml. Sema3A se ligou à superfície com sAPP695α

imobilizada na Flow Cell II (A)., enquanto que não se ligou ao chip sem a proteína imobilizada

na Flow Cell I (B). Na subtração do Flow Cell I da Flow Cell II (C), a ligação entre Sema3A e

sAPP695α é evidenciada (setas pretas), assim como a lenta dissociação entre essas moléculas

(setas azuis). A abscissa representa o tempo, marcado a cada 500 segundos e a ordenada

indica as unidades de ressonância (UR), marcadas a cada 50 unidades.Os gráficos

representam resultados obtidos em um experimento.

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Analisando-se detalhadamente as curvas da subtração do canal 1 do

canal 2 (Figura 14), foi possível calcular a constante de dissociação das duas

proteínas, na ordem de 10-11M. Este experimento foi realizado uma vez. Para

melhor análise, serão realizados experimentos em duplicata com pelo menos

quatro concentrações diferentes de Sema3A.

Fig. 14: Análise dos resultados da ressonância plasmônica de superfície. As curvas

obtidas pela subtração da Flow Cell I da Flow Cell II (modificado do gráfico da fig.12 C). As

curvas indicam a ligação entre sAPP695α imobilizada e Sema3A. A Sema3A foi exposta ao

chip em duas diferentes concentrações, 5 μg/ml (curva menor) e 10 μg/ml (curva maior). A

abscissa representa o tempo, marcado a cada 100 segundos e a ordenada indica as unidades

de ressonância (UR), marcadas a cada 20 unidades. As curvas foram analisadas através do

programa de análise Biaevaluation 4.1 (BIAcore) e a constante de dissociação estimada na

ordem de 10-11

M pelo mesmo programa. O programa tenta ajustar equações às curvas que

representam a associação (Aumento de UR) e a dissociação (Diminuição da UR). O método

utilizado foi o de Langmuir, que é o mais simples modelo cinético. Ainda são necessários mais

experimentos e uma maior faixa de concentrações de Sema3A para confirmar o valor de KD.

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4.5 – Ensaios em cultura dissociada de neurônios de Gânglios da Raiz

Dorsal de embrião

Após a avaliação, através de ensaios bioquímicos e biofísicos, da

interação entre sAPP695α e Sema3A, foram feitos experimentos buscando

elucidar quais seriam os possíveis efeitos dessa interação sobre o crescimento

neurítico, uma vez que a função de Sema3A no direcionamento do crescimento

axonal já foi bem estabelecida (Kruger e cols, 2005 para uma revisão).

O modelo de gânglio da raiz dorsal de embriões de galinha de sete dias

é um modelo clássico em que a Sema3A apresenta um efeito claro de

colabamento de cones de crescimento e retração de neuritos, sendo utilizado

para diversos experimentos com essa proteína, inclusive o que a descreveu

pela primeira vez (Luo 1993).

Os ensaios de retração de neuritos foram realizados com fotos

seqüenciais tiradas num intervalo de 30 minutos e com uma diferença de 5

minutos entre elas, totalizando 8 fotos por ensaio (Figura 15).

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Fig. 15: A sAPP695α é capaz de modular a atividade biológica de Sema3A. Cultura dissociada de neurônios de gânglios da raiz dorsal de embriões de

galinha de 7 dias foram mantidas por 24 h até o início das incubações nas diferentes condições. O efeito da Sema3A foi a retração neurítica. Cada ensaio

tinha duração de 30 minutos com fotos tiradas num mesmo campo do microscópio de 5 em 5 minutos (7 fotos) após a adição das proteínas. Culturas

expostas a 0,8 nM de Sema3A apresentaram retração neurítica. Quando a cultura foi tratada com 0,8 nM de Sema3A e 75 nM de sAPP695α, a retração

neurítica foi reduzida. A incubação com Sema3A, sAPP695α e 75 nM de cada um dos peptídeos, LRSHPLG (LR) e TFASVMT (TF), foi capaz de reverter o

efeito inibitório de sAPP695α na ação de Sema3A.

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As diferenças entre os comprimentos dos neuritos antes (tempo 0) e

depois (35 minutos) das diferentes adições ao meio de cultura foram

organizadas num gráfico de maneira que fosse possível observar os valores

individuais de todos os experimentos, além do valor de média. Os resultados

obtidos para as diferentes condições experimentais estão representados na

figura 16.

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Fig. 16: A sAPP695α modula a atividade biológica de Sema3A. Quantificação dos ensaios

em cultura de DRG de embriões de galinha de 7 dias. O gráfico representa 5 experimentos

independentes e cada círculo representa um neurito analisado. As barras horizontais

representam as médias de todos os experimentos para cada condição experimental. Valores

positivos representam a retração neurítica e valores negativos, crescimento. Os asteriscos

representam diferenças estatísticas significativas pelo desvio padrão (*p<0,0001; **p<0,00005;

***p<0,005). Observa-se que a aplicação de 0,8 nM de Sema3A (R&D systems) aumenta

significativamente a retração neurítica e a co-incubação com 75 nM de sAPP695α reverte essa

retração, voltando para níveis semelhantes ao controle. Além disso, a incubação com Sema3A,

sAPP695α e 75 nM de cada um dos peptídeos, LRSHPLG (LR) e TFASVMT (TF), impediu a

ação de sAPP695α, permitindo a retração neurítica induzida por Sema3A.

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De maneira semelhante, o experimento foi repetido substituindo-se a

Sema3A recombinante purificada pelo meio condicionado por células HEK293

transfectadas com o plastídio para Sema3A-AP. Nestes experimentos, o

procedimento foi semelhante ao descrito acima, com a diferença de que 100 µl

de meio dos poços eram retirados e 100 µl de meio condicionado contendo

Sema3A-AP ou meio condicionado controle (proveniente de culturas de

HEK293 não transfectadas com Sema3A) colocado nos poços de cultura

(Figura 17).

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Fig. 17: A sAPP695α modular a atividade biológica de Sema3A-AP secretada pela

linhagem HEK293 transfectada. O gráfico representa 5 experimentos independentes e cada

círculo representa um neurito analisado. A barra representa a média de todos os experimentos

para aquela condição. Valores positivos representam a retração neurítica e valores negativos,

crescimento. Os asteriscos representam diferenças estatísticas significativas (*p<0,02;

**p<0,05). Após a adição de 100 μl de meio condicionado por células HEK 293 contendo

Sema3A-AP, há um aumento significativo na retração neurítica e a co-incubação com 75nM de

sAPP695α impede essa retração. Além disso, a incubação de meio condicionado com

Sema3A-AP, sAPP695α e 75nM de cada um dos peptídeos, LRSHPLG (LR) e TFASVMT (TF),

foi capaz de impedir a ação de sAPP695α, permitindo o colabamento neurítico por Sema3A.

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4.6 – Ensaios em Culturas de Explantes

Foram feitos, inicialmente, experimentos-piloto nos quais culturas de

explantes de córtex de embriões de camundongo foram tratadas com Sema3A,

Sema3A e sAPP695α ou nada. Este primeiro resultado obtido é mostrado na

figura 18

Fig. 18: Ensaios em culturas de explantes de córtex de camundongo E14. A adição de

Sema3A foi capaz de bloquear o crescimento neurítico (B), e a co-incubação com a sAPP695α

reverteu esse bloqueio (C), apresentando aspecto semelhante ao controle (A). culturas foram

mantidas por 24 até o início do experimento, e foram fotografadas 120 horas após as diferentes

adições. Fotos representativas de um experimento piloto realizado. Apesar do resultado inicial

promissor, não foi possível reproduzir essa resposta em experimentos subseqüentes, tanto

com córtex de embriões de camundongo (E14 e E17) quanto de rato (E18), além de explantes

de DRG de embriões de galinha E7.

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Apesar de, neste experimento inicial, ter havido muita migração celular e

não tanto crescimento neurítico, os resultados pareciam promissores. No

entanto, o experimento não pode ser reproduzido, nem em culturas de córtices

de embrião de camundongo ou rato, nem em culturas de DRG de embrião de

galinha. É importante ressaltar que esses experimentos foram feitos sem uma

imobilização dos explantes em uma matriz de colágeno e sem a co-cultura com

uma célula secretando Sema3A, diferente de Puschel e cols em 1995. O fato

de uma matiz de colágeno envolver o explante junto com uma fonte de

secreção contínua de Sema3A permitiria a formação de um gradiente de

sema3A dentro da matriz de colágeno, fazendo com que fosse visto não um

colabamento neurítico e sim um direcionamento axonal na direção das

menores concentrações de Sema3A.

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5 – Discussão:

A proteína sinalizadora sema3A é uma forma secretada de semaforina

envolvida em diferentes processos no sistema nervoso, como colabamento de

cones de crescimento, quimiorepulsão e apoptose neuronal (Mann e cols,

2007).

Nossos experimentos mostraram que a sAPP695α e a sema3A se ligam

in vitro e que os peptídeos selecionados por “phage display” inibem essa

ligação. Os experimentos de ligação in vitro foram realizados por ensaios de

ligação do tipo ELISA, através de ensaios de co-imunoprecipitação e revelação

por western blot ou ainda por ressonância plasmônica de superfície.

De maneira complementar, os peptídeos LRSHPLG e TFASVMT foram

capazes de bloquear a ligação entre Sema3A e sAPP695α, sugerindo que LR e

TF correspondem ao sítio (ou a parte do sítio) da Sema3A que interage

diretamente com sAPP695α. Além disso, resultados preliminares obtidos em

experimentos de ressonância plasmônica de superfície (SPR) sugerem que a

ligação entre sAPP695α e Sema3A é bastante forte, com constante de

dissociação em torno de 10-11.

Recentemente, outros estudos identificaram proteínas que apresentam

interação com sAPP695 e relevância para o sistema nervoso central. Um

estudo por Pawlik e cols em 2007 buscou ligantes para a região de seqüência

de aminoácidos RERMS da APP (403-407), descrita por induzir o crescimento

neurítico e a sobrevivência neuronal (Yamamoto e cols, 1994). No trabalho de

Pawlik, imobilizou-se um peptídeo contendo essa seqüência em uma coluna e,

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por cromatografia de afinidade, identificou-se a Collapsin response mediator

protein 2 (CRMP-2) como possível receptor para APP. A CRMP-2 é um

importante mediador downstream da atividade de sema3A, e essa forte ligação

entre CRMP-2 e APP indica uma atuação de APP na via da sema3A e sugere

uma ligação da APP com o complexo receptor para a sema3A. É possível que

a região RERMS possa ser importante para a ligação entre APP e sema3A,

mas tal conclusão necessitaria de maior embasamento experimental.

Outro estudo indicou também que a APP, tanto sob a forma secretada

como sob a forma transmembranar, interage bioquímica e funcionalmente com

a integrina beta 1, mediando o crescimento neuronal (Young-Perce e cols,

2008). É importante lembrar que as vias de sinalização das semaforinas e das

integrinas são intimamente correlacionadas e modulações da atividade de

integrinas são fundamentais para a atuação de diversos membros da família

das semaforinas (Zhou e cols, 2008).

Um trabalho recente também mostrou a interação de APP com

contactinas 3 e 4 associadas a Neuroglia Cell Adhesion Molecule (NgCAM) em

axônios retinianos crescendo em direção ao tecto do nervo óptico em cérebro

de embrião de galinha (Osterfeild e cols, 2008). Naquele trabalho, foram

revelados efeitos regulatórios no crescimento por NgCAM dependentes de APP

e contactina 4, mas mecanismos precisos de ligação de APP a esses ligantes

não ficaram claros, assim como a existência de outras proteínas que possam

estar participando ou mediando esse processo.

É interessante ressaltar que, embora nosso trabalho tenha realizado

experimentos com Sema3A, os peptídeos apresentaram homologia com outras

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semaforinas, principalmente da classe 3 (figura 6), o que permite pensarmos

que, talvez, a APP tenha ação fisiológica através de mais de um tipo de

semaforina, podendo atuar em diversos aspectos do crescimento neuronal.

Além disso, a APP é descrita como um possível receptor celular que

poderia atuar através de uma proteína G e sinalização por GMP cíclico

(Mattson e Furtukawa, 1998). Alterações nas concentrações de GMP cíclico

são importantes na mediação de efeitos de crescimento axonal, inclusive na

sinalização por semaforinas (Dontchev e Letourneau, 2003). Desta forma, é

possível que a afinidade da Sema3A pela sAPP695α tenha importância na

sinalização através da APP965 transmembranar.

Apesar do grande número de estudos realizados com a Sema3A desde

a sua descoberta em 1993, houve uma grande ênfase no papel dessa proteína

no direcionamento axonal no desenvolvimento, ao passo que sua importância

para o indivíduo adulto, como no estabelecimento de novas sinapses ou

regeneração, continuam sendo bem menos compreendidas. Trabalhos

analisando a localização de semaforinas secretadas revelaram que a Sema3A

está em vesículas secretórias que são transportadas rapidamente por

microtúbulos em direção a terminais axonais e que essa secreção é regulada

por atividade neural (DeWit e cols, 2006). No entanto, em regiões dendríticas,

vesículas contendo Sema3A parecem relativamente inativas. Esses dados

indicam uma importância para a Sema3A no sistema nervoso adulto, sugerindo

a liberação atividade-dependente de Sema3A em sítios sinápticos in vivo. Essa

idéia poderia ainda ser extrapolada para outras formas secretadas de

semaforinas.

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Um fato relevante que pode se relacionar aos trabalhos mencionados

acima é que a APP, de maneira semelhante, é transportada por vesículas

através de axônios por mecanismos rápidos dependentes de kinesinas

(proteínas importantes para um transporte ativo dependente de ATP através de

microtúbulos) (Kamale cols, 2001). Além disso, a super expressão de APP em

larvas de drosófila induz complicações no transporte axonal de vesículas, além

de anormalidades na plasticidade sináptica (Rusu e cols, 2007). Deste modo,

essas informações sustentam a idéia de que a interação entre APP e Sema3A

pode atuar na regulação da transmissão e na plasticidade sináptica.

De modo geral, os diversos experimentos e dados da literatura ajudam a

sustentar a idéia de que existe uma interação entre APP e Semaforinas, mais

especificamente Sema3A e que essa interação é fisiologicamente relevante,

podendo atuar de diversos modos no sistema nervoso.

Uma das questões importantes sobre esta sinalização seria pesquisar o

papel das plexinas na sinalização mediada por APP-Sema3A. É interessante

lembrar que os peptídeos RPAASDR e NLANSFV são homólogos a plexinas e

foram detectados pelo phage display, possuindo grande afinidade pela APP. A

presente análise da Sema3A como ligante da APP foi também baseada na

disponibilidade comercial de proteínas recombinantes e anticorpos disponíveis

para o trabalho. No entanto, seria interessante analisar também a importância

das plexinas numa sinalização mediada por APP-sema3A e seu possível papel

como receptor ou co-receptor.

Uma das questões relevantes a cerca da sinalização mediada por APP-

Sema3A é de como ocorre a transmissão desse sinal. A inibição do

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colabamento neurítico visto na incubação com APP e Sema3A juntos poderia

ocorrer por diversas maneiras, incluindo a ligação de APP-Sema3A a plexinas

e sinalização para crescimento neuronal, ou a ligação de APP-Sema3A a

outros receptores neuronais com sinalização para crescimento neuronal ou

ainda a simples não ativação de plexinas, ou seja, o seqüestro de Sema3A por

APP, impedindo que essa induza o colabamento dos cones de crescimento em

cultura.

Também seria interessante analisar se, de maneira alternativa, a APP é

capaz de se ligar e sinalizar através de plexinas de maneira independente de

Sema3A, o que poderia revelar rede de sinalização entre essas proteínas ainda

não caracterizada.

Além disso, os peptídeos revelados por phage display LRSHPLG e

TFASVMT também possuíam homologia com outros membros da família das

semaforinas, principalmente da classe 3, e seria interessante também analisar

o comportamento de APP em relação a esses outros ligantes, através de

ensaios bioquímicos e funcionais semelhantes.

Outra abordagem interessante para aprofundamento na questão da

sinalização através de APP, semaforinas e plexinas seria por ensaios de imuno

citoquímica, buscando determinar se existe colocalização entre as moléculas

analisadas. Esses ensaios poderiam envolver a interação entre essas

moléculas endógenas (por exemplo, em vesículas) ou adicionadas ao meio de

cultura, ativando receptores neuronais.

Outra possível abordagem interessante sobre outros parceiros de APP-

Sema3A seria através da transferência de marcação de APP para possíveis

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ligantes celulares. O kit sulfo-SBED Biotin label transfer da Pierce permite que,

a partir da biotinilação de APP, seja possível, posteriormente, transferir essa

marcação de biotina para proteínas que estejam muito próximas da APP,

possivelmente ligantes (Ilver e cols, 1998). Essa abordagem permitiria analisar

de outra forma ligantes fisiológicos de sAPP, incluindo potencialmente plexinas,

uma confirmação da ligação à semaforinas ou ainda a revelação de novos

ligantes. Uma terceira abordagem interessante seria através de FRET (Forster

Resonance Energy Transfer). A marcação da APP e de outras proteínas-alvo

com anticorpos carreando fluoróforos distintos desenhados para o experimento

permitiria inferir se as duas moléculas marcadas estão ou não muito próximas,

o que pode sugerir possíveis receptores.

A hibridação in situ é uma técnica que permite visualizar regiões, em

tecidos, em que há altos níveis de expressão de determinados genes, e seria

uma abordagem complementar para melhor compreender a importância da

interação entre estas proteínas no desenvolvimento. Uma abordagem por

hibridação in situ de cérebros de embriões de diferentes idades de ratos ou

camundongos marcando para RNAs de APP, semaforinas e plexinas indicaria

as regiões, em diferentes idades, de expressões desses genes. Análises

posteriores permitiriam explorar as possíveis relações entre essas proteínas e

as características morfológicas encontradas nas etapas correspondentes,

permitindo a construção de um paralelo entre a sinalização dessas proteínas e

o crescimento neuronal no desenvolvimento.

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6 – Conclusões:

O presente trabalho demonstrou, por meio de ensaios bioquímicos,

biofísicos e funcionais, a interação entre APP e Sema3A, sugerida pela análise

de peptídeos obtidos por phage display para APP e que apresentaram, em

alguns casos, homologia com proteínas da família das semaforinas.

Foi visto também, nesse trabalho, que os peptídeos selecionados por

phage display apresentam a capacidade de bloquear a ligação entre APP e

Sema3A e o efeito fisiológico em resposta a essa ligação. Isso reforça a idéia

de que esses peptídeos correspondem, na Sema3A, a uma região importante,

possivelmente o sítio ativo, de ligação entre APP e Sema3A.

Por fim, a descoberta desse novo ligante para a Proteína Precursora

Amilóide ajuda a melhor compreender o papel da isoforma neuronal no sistema

nervoso, sugerindo possíveis vias de sinalização para a atuação dessa

proteína amplamente expressa, amplamente conservada e, no entanto, ainda

pouco estudada. Além disso, um melhor conhecimento sobre as funções da

APP poderá contribuir para uma melhor compreensão de mecanismos

importantes na Doença de Alzheimer.

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Anexo I – Artigo submetido à publicação

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