Interdisciplinar Caroline Alves

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Sarah Oliveira, paulistana, 31 anos, é apresentadora e ex-VJ da MTV, começou a sua carreira no final dos anos 90 na rádio 89 FM, onde

cobria eventos externos e apresentou dois programas, o Rock 10 USA e o Rock Cidadania. É formada em Rádio e TV e pós-graduada em jornalismo cultural; Contratada da TV Globo em 2005, trabalhou no Vídeo Show, onde apresentou os quadros Segue a Trilha e Tin Tim por Tin Tim; Ainda na emissora, apresentou os carnavais de 2008 e 2009, o Réveillon de Copacabana de 2010, ao lado de Serginho Groisman, e os festivais de verão de Salvador de 2007 a 2010.

Em novembro de 2010 estreou no canal GNT o Conexão Direta, o primeiro programa em que participou da criação e do formato e o programa foi tão bem sucedido que volta agora em junho como Viva Voz, cheio de novidades.

Nesta entrevista, concedida no escritório de sua assessoria de imprensa a apresentadora nos conta um pouco sobre a sua trajetória no meio televisivo e o que pensa sobre o jornalismo de hoje.

Sarah o que te impulsionou a fazer comunicação? Sabemos que você é bailarina desde pequena e fez teatro durante muito tempo; o que a fez se decidir pela profissão de radialista?Na verdade eu fiquei muito na dúvida em seguir a carreira de bailarina e fazer rádio e TV. Eu sempre quis entrevistar, tanto que eu nunca fui a primeira bailarina da classe, fazia balé mais pela expressão corporal; Quando morei em Londres por causa do balé, fui mais para conhecer pessoas, pelo lance cultural. Sempre gostei de gente, o público me emociona, gosto muito do público jovem, inclusive quando dei aulas de inglês para

Entrevista Sarah OliveiraCaroline Alves e Gabriela Bispo

“Todo mundo assiste TV.”A apresentadora diz que se sente muito feliz em sua nova fase da carreira, a frente do programa Viva-voz que irá estrear a segunda temporada em junho.

“Eu não sou repórter, sou uma apresentadora que faz matérias e entrevistas e isso é muito diferente.”

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adolescentes isso me ajudou muito em termos de expressão corporal. Sempre me interessei pelo outro.

Você começou como repórter na rádio 89 FM, cobrindo eventos externos, como foi a sua experiência por lá?Rádio é uma escola, porque é tudo pra ontem, não há a mesma estrutura da televisão, então você faz de tudo um pouco, eu aprendi a editar, fazer pauta, locução; Eu comecei como repórter, fazendo entrevistas; depois ganhei dois programas na rádio 89 FM, o Rock 10 USA e o Rock Cidadania; Nunca parei de fazer rádio, depois da 89, eu fui para a Metropolitana, eu acho uma delicia fazer rádio. O profissional que trabalha em rádio tem “canja” para trabalhar em qualquer meio.

Como aconteceu o convite para trabalhar na MTV?Quando eu trabalhava na 89 FM eu cobria vários festivais, então eu conhecia as pessoas da MTV, porque acabávamos nos encontrando nas coberturas; Eu trabalhava no departamento de jornalismo da rádio, acho até legal de comentar que foi o primeiro departamento de jornalismo em rádio FM, porque antes só existia em AM; O meu diretor da 89 era muito amigo da Cris Lobo (diretora da MTV), então quando surgiu uma vaga para repórter na MTV, ele me indicou, eu passei no teste e fiquei como repórter do Contato MTV durante seis meses, porque logo surgiu a vaga para substituir a Sabrina Parlatore no Disk; Fiquei apresentando o Disk durante quatro anos junto com o Top 20; Depois em 2004 comecei a apresentar o Jornal MTV que era o meu sonho, tanto que neste mesmo ano me ligaram da Globo, e eu fui pessoalmente agradecer e dizer que naquele momento eu não podia aceitar porque estava realizando meu sonho na MTV.

Você apresentou diversos programas na MTV, dentre eles o DISK, o TOP 20 e o Lual, todos remetem à música. A música é algo importante na sua vida? É, e muito importante. Eu gosto muito

de Rock, Metal, Punk-rock e MPB; E no Disk era mais pop, mais voltado para o público adolescente, eu nunca tinha ouvido falar de Backstreet Boys, mas adoro o público jovem, para mim é um público que está formando sua identidade cultural, escolhas sexuais, eles atiram para todos os lados e eu acho encantador isso.

Na MTV notava-se que havia uma abertura bastante grande para os apresentadores, talvez por ser um canal voltado mais para o público jovem. Como foi sair de uma emissora como esta e partir para a Globo, a maior rede televisiva do país? Como foi esse processo de adaptação?Na MTV é uma coisa muito tranqüila, outra engrenagem; Na Globo eu aprendi a fazer TV de verdade. Mas eu costumo falar que eu fui para o Vídeo Show, não para a Globo; E no Vídeo Show eles queriam aquela menina, apresentadora do Lual MTV. Eu tive dois quadros que fui eu que criei, o Segue a trilha e o Tin tim por Tin tim, mas, cabia fazer estes quadros no Vídeo Show, não fiz nada de revolucionário na Globo.

Na Globo, sendo repórter do Vídeo Show você viajava bastante; Qual foi a viagem que você mais aprendeu

Entrevista Sarah Oliveira

culturalmente? Nossa! Eu viajei muito, foram cinco anos no Vídeo Show; Eu deixava até uma malinha pronta, porque a Globo podia me mandar a qualquer momento para um lugar diferente. Fui para o Sertão da Paraíba, Acre, Interior do Sul, Índia. Todas foram de muito aprendizado.

O seu gosto musical é bem eclético, rock, MPB em geral; Como foi a experiência cobrir o carnaval no Rio de Janeiro, mesmo sendo o tipo de reportagem que não estava habituada a fazer? Para mim Carnaval era só Mangueira do Cartola, Vila Isabel do Noel Rosa ou Portela do Paulinho da Viola; Mas cobrir o carnaval ao vivo na Globo foi uma experiência maravilhosa, porque todo mundo para pra assistir, é que nem futebol, fiquei três anos, fiz com a Renata Ceribelli, Cristiane Pelajo e Glenda Koslowski, mas sempre voltado para o lado comportamental e elas para o lado jornalístico.

A idéia de montar o site Colherada Cultural foi bastante interessante; Como surgiu?Foi na época da pós-graduação em jornalismo cultural; Mas eu participei bem pouco, foi só no começo mesmo, porque eu não gosto muito da obrigatoriedade de escrever e também estava muito corrido, porque eu fazia a pós em São Paulo e morava no Rio de Janeiro por causa do Vídeo Show. Eu escrevo para o blog da Brastemp, o inspiração coletiva, mas é mais com dicas culturais e comportamentais, não gosto de ir muito para o lado jornalístico, porque eu respeito muito a formação.

Você ainda acompanha a programação da MTV? O que achou destas novas contratações de VJs?Acompanho! O programa do China, o Chuck, sei que a Ellen Jabour está indo super bem no meu lugar, apresentando o Disk; Mas os que mais gosto são o Grampo MTV, com o Cazé e o Grêmio Recreativo do Arnaldo Antunes.

Você cobriu, pela GNT, um dos maiores eventos de moda do país, o SPFW. Qual a sua relação com a

“Rádio é uma escola, pois é tudo

pra ontem, eles não têm a grande

estrutura da televisão, então

você faz de tudo um pouco, eu aprendi a

editar, fazer pauta e locução.”

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Caroline Alves e Gabriela Bispo

moda? O que mais te atrai neste meio? É que eu tenho muitos amigos nesta área; No tempo da MTV eu aprendi bastante, porque tinha aquele universo e tal; Mas eu tenho uma estrutura muito pequena, então não é tudo que fica bom, acho que tem que ter bom senso. Agora o SPFW, o projeto do Paulo Borges, que inclusive eu vou apresentar de novo, eles me chamaram para conduzir as entrevistas, porque é bastante diversificado o meio, mas quem sempre fala de moda é a Erika Palomino, que, aliás, eu sou muito fã.

Como surgiu a idéia de fazer um programa como o Conexão Direta, um programa onde você desmitifica os artistas?Eu sempre gostei de entrevistar, de saber sobre o artista; Tive a idéia originalmente, como um quadro para o Fantástico na época, mas o diretor falou que dava um programa no GNT, então ele me apresentou para os diretores do canal, formatei o programa, fizemos o piloto e deu certo.

Nesta nova temporada, o Conexão Direta mudou o nome para Viva-voz, isso muda algo no formato do programa? Por que a mudança de nome?O programa está com nome novo, porque quisemos dar voz ao povo, por isso Viva-voz; Mudou a abertura e as vinhetas do programa e agora também fará parte da grade de programação fixa do GNT.

Qual a diferença de fazer TV paga e TV aberta?No meu caso especifico é a produção independente, porque isso é totalmente novo para mim; Assim eu participo de tudo, desde discussões sobre contas à parte criativa e artística. E eu também acho que canal pago tem um público mais restrito, nós temos que propagar e popularizar a idéia.

Você assiste televisão? Que tipo de programas você gosta? Assisto. Todo mundo assiste TV no Brasil. As pessoas que dizem que não assistem é porque não se garantem intelectualmente. Eu gosto muito do Altas Horas, porque adoro o Serginho; Assisto Chegadas e Partidas da Astrid Fontenelle, no GNT; Assisto

Jornal da Globo, o seriado Entre tapas e beijos com a Andrea Beltrão e a Fernanda Torres, acho genial, enfim bastante coisa.

O que você acha de toda esta nova tecnologia das mídias sociais? Acho que as mídias sociais estão ajudando muito, principalmente para os canais a cabo, nas divulgações dos programas; Acho o twitter bastante informativo e o facebook muito útil para amarzenar links e fotos.

Você é bastante engajada na campanha anti-homofobia. Gostaríamos de saber sua opinião sobre a lei que permite a união civil dos homossexuais. Você acha que isso é um começo para a diminuição do preconceito? Eu acho muito bom, mas ainda há muita coisa para ser feita. Este é o primeiro passo, mas acho importantíssimo já começar a se discutir sobre isso, e agora também não se poder mais xingar ninguém de gay, é lei também!

Quais dicas você daria aos estudantes de comunicação que estão começando a carreira agora?Em primeiro lugar não ter preconceitos, não querer impor só o que nós pensamos; Ler muito, ver muita internet, porque às vezes tem muitos jornalistas fora da TV, por falta de espaço, mas que são muito bons. Agora com as redes sociais as informações estão

na cara das pessoas, ao é obrigação saber de tudo, mas tem que ser antenado, tem que falar inglês também. O jornalismo no Brasil ainda é muito provinciano, cheio de preconceitos, muitas vezes não se é ético. Por isso acho as redes sociais boas, são mais democráticas.

“Aprendi a fazer televisão de verdade

na Globo, que é a maior rede de

televisão da América Latina, é uma

outra engrenagem, totalmente diferente

da MTV.”

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