INTERDISCIPLINARIDADE E ENSINO DE BIOLOGIA: UMA …saturno.unifei.edu.br/bim/201600117.pdf · 2...

72
1 Universidade Federal de Itajubá Instituto de Recursos Naturais Ciências Biológicas Licenciatura GUILHERME DE PAULA FARIA INTERDISCIPLINARIDADE E ENSINO DE BIOLOGIA: UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA SOBRE ALIMENTAÇÃO-SAÚDE-BELEZA. Itajubá/MG 2016

Transcript of INTERDISCIPLINARIDADE E ENSINO DE BIOLOGIA: UMA …saturno.unifei.edu.br/bim/201600117.pdf · 2...

1

Universidade Federal de Itajubá Instituto de Recursos Naturais

Ciências Biológicas Licenciatura

GUILHERME DE PAULA FARIA

INTERDISCIPLINARIDADE E ENSINO DE BIOLOGIA: UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA SOBRE ALIMENTAÇÃO-SAÚDE-BELEZA.

Itajubá/MG

2016

2

GUILHERME DE PAULA FARIA

INTERDISCIPLINARIDADE E ENSINO DE BIOLOGIA: UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA SOBRE ALIMENTAÇÃO-SAÚDE-BELEZA

Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal de Itajubá, como requisito para conclusão do curso de Ciências Biológicas Licenciatura. ORIENTADORA: Profª Drª Janaina Roberta

dos Santos CO-ORIENTADOR: Prof. Ms. Dessano Plum de Oliveira

ITAJUBÁ-MG

2016

3

GUILHERME DE PAULA FARIA

INTERDISCIPLINARIDADE E ENSINO DE BIOLOGIA: UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA SOBRE ALIMENTAÇÃO-SAÚDE-BELEZA

Itajubá/MG, 03 de novembro de 2016.

BANCA AVALIADORA

Profª Drª Janaina Roberta dos Santos Prof Ms. Dessano Plum de Oliveira Orientadora Co-orientador

Profª Drª Eliane Cristóvão Matesco Avaliadora

4

Dedico esse trabalho em memória aos dez anos de falecimento de minha avó, Helena Mota de Faria.

5

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer minha família, em especial meu pai Valtan, minha mãe

Vanda e meu irmão Igor, por todo apoio e confiança durante esse período de

graduação.

Agradeço também o apoio pedagógico incondicional em vários momentos

das professoras Janaína, Andreia Borges, Denise, Andreia Gomes, Carol, Rita,

Karen, Rosaura e Eliane e aos professores Dessano, Hisaías, Marcelo e Roberto.

Agradeço também o apoio dos amigos Eduardo, João Paulo, André, Nilson,

Tainara, Brunna, Camila, Zilda, Vívian, Guilherme Alkmin, Laís e Letícia que sempre

me apoiaram nesses anos de graduação.

Por fim queria agradecer a política de expansão dos cursos de ensino

superior e no crescimento das universidades públicas promovidas pelos governos

petistas Lula e Dilma, sem as quais não seria possível meu ingresso a uma

instituição de ensino gratuita e de qualidade.

6

“[...]Como posso ser neutro diante da situação, não importa qual seja ela, em que o corpo das mulheres e dos homens vira puro objeto de espoliação e de descaso? [...]”.

Paulo Freire

7

Resumo

As disciplinas presentes na grade curricular do ensino médio não mantêm entre si uma integração conceitual e metodológica, e tal visão disciplinar não contempla a verdadeira natureza interdisciplinar do conhecimento científico. Além disso, o que é ensinado é bem distante do cotidiano dos estudantes que nos leva a questionar se essa abordagem contribui para uma alfabetização científica efetiva e para o aprendizado significativo de mundo. Na perspectiva de contribuir com esse debate, a presente pesquisa propôs-se por meio de uma sequência didática desenvolvida por um licenciando do curso de Ciências Biológicas Licenciatura em uma turma de segundo ano do ensino médio de uma escola pública da cidade de Itajubá/MG, analisar as contribuições de uma proposta interdisciplinar com a temática da alimentação-saúdebeleza. Os resultados obtidos revelam que os estudantes entendem que os conhecimentos estão relacionados e que práticas interdisciplinares com temáticas contemporâneas e abrangentes devem ser mais presentes no cotidiano escolar.

PALAVRAS-CHAVE: Interdisciplinaridade; Alimentação; Sequência didática.

8

Abstract

The subjects include in the curricular schedule of high school doesn’t keeps an integration conceptual and methodological between each other, and such a disciplinary vision don’t contemplate the real nature of interdisciplinary in the scientific knowledge. Besides that, what is teached is very far from the student’s daily life, what makes us think about this approach that contributes for a scientific effective alphabetization and for the significant world’s learning. With the perspective of contribute with this dialogue, the present research is proposed by a didactic sequence developed by a student of the biological sciences course at a class of the second period of high school in a public school localized in Itajubá/MG, analyzing the contributions of an interdisciplinary propose with the theme alimentation-health- beauty. The results obtained revealed that the students understand the relation between the knowledges and interdisciplinary embracing practices with the daily themes should be more present in the school daily.

Keys words: interdisciplinary; Feeding; Didactic sequence.

9

LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS

Figura A .................................................................................................................................. 06

Figura B................................................................................................................................... 07

Figura 1 .................................................................................................................................. 19

Figura 2 .................................................................................................................................. 20

Figura 3 .................................................................................................................................. 21

Figura 4 .................................................................................................................................. 21

Figura 5 .................................................................................................................................. 24

Figura 6 .................................................................................................................................. 25

Figura 7 .................................................................................................................................. 26

Figura 8 .................................................................................................................................. 27

Figura 9 .................................................................................................................................. 28

Figura 10 ................................................................................................................................ 29

Gráfico 1 ................................................................................................................................. 19

Gráfico 2 ................................................................................................................................. 22

Gráfico 3 ................................................................................................................................. 32

Gráfico 4 ................................................................................................................................. 32

10

Sumário

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 1

CAPÍTULO 1: PERCURSO METODOLÓGICO ............................................................................... 2 1.1) Organização da sequência didática: ........................................................................................................ 3

1.2) Coleta e Análise dos Dados: .................................................................................................................... 4

CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................... 5

2.1) Breve histórico da sistematização do conhecimento .............................................................................. 5

2.2) Interdisciplinaridade, multidisciplinaridade e transdisciplinaridade ...................................................... 5

2.3) Ensino de Ciências/Biologia e a Interdisciplinaridade ............................................................................. 6

2.3.1) Alimentação como tema interdisciplinar ............................................................................................. 6

CAPÍTULO 3: INTERDISCIPLINARIDADE, ENSINO DE BIOLOGIA E O TEMA

“ALIMENTAÇÃO” .................................................................................................................................. 8

..................................................................................................................................................... 17

Considerações finais .......................................................................................................................... 18

Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 19

APÊNDICE A .................................................................................................................................... 21

APÊNDICE B .................................................................................................................................... 27

APÊNDICE C .................................................................................................................................... 32

APÊNDICE D .................................................................................................................................... 33

APÊNDICE E .................................................................................................................................... 35

APÊNDICE F ..................................................................................................................................... 39

1

INTRODUÇÃO

Os conteúdos científicos contemplados na escola básica deveriam preparar os

estudantes para o enfrentamento de desafios cotidianos envolvendo a leitura de diversas

linguagens científicas presentes no contexto atual. Entretanto nesse modelo diretivo de

educação, que na maioria das vezes considera o aluno um agente passivo, ou seja,

apenas um mero receptor do conhecimento transferido pelo professor, não torna os

alunos capazes de uma leitura crítica e reflexiva dos conhecimentos construídos e nem

contempla o entendimento pleno das complexas interações presentes no seu cotidiano.

Segundo Gonzalez e Paleari (2006) a sociedade contemporânea possui novos

hábitos alimentares como o consumo cada vez maior de comidas semi-preparadas fast

foods e de alimentos industrializados altamente calóricos e pobres em nutrientes, mas

que possuem um apelo comercial e de marketing muito grande. Ao mesmo tempo, alguns

comportamentos como o culto ao corpo e o modismo das academias tem instigado uma

reflexão cada vez maior sobre boas dietas alimentares isso tem gerado uma contradição

na sociedade, o que acaba aumentando a busca pelo uso de pílulas “milagrosas” para

emagrecimento e ganho de massa muscular.

Além disso, o IBGE mostrou em uma de suas pesquisas que, em 2013, 46% da

população de 18 anos ou mais era insuficientemente ativa, ou seja, não praticava

exercícios físicos regularmente. O sedentarismo aliado a uma alimentação calórica pode

ser um fator de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas como a hipertensão e

o diabetes, por exemplo.

A adolescência apresenta altos índices de transtornos alimentares como bulimia e

anorexia que podem estar relacionados com uma autoimagem corporal distorcida que tais

pessoas possuem de si mesmas e com dietas nutricionais restritivas não saudáveis ou até

mesmo com jejuns prolongados objetivando emagrecimento rápido.

Neste cenário, a escola pode além de subsidiar informações como comumente é

feito, fomentar discussões mais amplas e contextualizadas sobre hábitos alimentares,

saúde e bem-estar, podendo assim tornar-se um espaço para acolhimento e orientação a

esses adolescentes e jovens que, muitas vezes, não possuem a percepção de estar

sofrendo um transtorno alimentar. Um dos caminhos possíveis para o trabalho com

temáticas ao mesmo tempo complexas, atuais e relacionadas a diferentes conhecimentos,

pode ser o desenvolvimento de abordagens interdisciplinares.

2

Fazenda (2002) define que a interdisciplinaridade possibilita aos alunos situarem-

se no mundo de hoje, ou seja, compreenderem criticamente as inúmeras informações

científicas que os rodeiam cotidianamente, geralmente apresentadas de forma distorcida

pelos meios de comunicação ou pela internet ou de forma amplamente técnica. Portanto,

aliar uma temática tão presente no cotidiano dos alunos, composta pela tríade

alimentação-saúde-beleza com uma prática interdisciplinar pode gerar mudanças

significativas tanto no cotidiano escolar, quanto nas percepções dos discentes acerca de

suas próprias vidas, da relação que estabelecem com essa tríade.

Os conteúdos que compõem o currículo escolar brasileiro são, na sua maioria,

organizados a partir do modelo tradicional positivista que compartimentaliza as temáticas

a serem tratadas na sala de aula no formato de disciplinas fragmentadas. Segundos os

Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (2002), a própria Lei de Diretrizes e

Bases da Educação (BRASIL,1996) busca romper com tal modelo disciplinar:

Quando a LDB destaca as diretrizes curriculares específicas do Ensino Médio, ela se preocupa em apontar para um planejamento e desenvolvimento do currículo de forma orgânica, superando a organização por disciplinas estanques e revigorando a integração e articulação dos conhecimentos, num processo permanente de interdisciplinaridade e transdisciplinaridade (BRASIL,2002,p.17).

Diante desse cenário de disputas entre o modelo tradicional disciplinar positivista e

o modelo integrador interdisciplinar, pode-se observar inúmeras contradições no discurso

pedagógico e no cotidiano escolar. Essa contradição pode dificultar a visão dos alunos

sobre a verdadeira natureza da linguagem científica e seus métodos, uma vez que as

áreas científicas utilizam conceitos, códigos e resultados compartilhados e construídos

por inúmeras outras áreas do conhecimento construído ao longo da história.

Segundo Chassot (2003) a ciência pode ser entendida como uma linguagem que

colabora com a leitura e compreensão do mundo natural e, por isso, uma visão

integralista e interdisciplinar acerca dos pressupostos científicos nas práticas de ensino

pode colaborar nos processos de alfabetização científica, pois ao perceber que os

saberes científicos são historicamente construídos, que não são isolados em disciplinas

soberanas e que podem colaborar na resolução de problemas cotidianos, os alunos

compreendem a verdadeira natureza do conhecimento científico e sua relação com a

sociedade contemporânea.

3

Outro aspecto intimamente relacionado a esse escopo é a formação de professores.

Esse processo, na maioria das vezes, também não privilegia a construção de uma visão

integralista e interdisciplinar do conhecimento científico, uma vez que o formato altamente

disciplinar dos cursos de licenciatura dificultam conexões entre as diversas áreas do

conhecimento. Tal realidade sugere inclusive que os cursos de formação de professores

estejam atentos a essa demanda, buscando formas de promover integração entre os

diversos conhecimentos que compõem a estrutura formativa do licenciando, tornando-o

capaz de, quando formado, atuar privilegiando e planejando situações de aprendizagem

que objetivem a integração entre as disciplinas.

Visando contribuir com as reflexões associadas ao campo da educação,

notadamente ao ensino de ciências e biologia, nos dispusemos a realizar essa

investigação. Para tanto, organizamos este trabalho da seguinte forma: no capítulo um,

tratamos contemplando do caminho metodológico utilizado durante o desenvolvimento da

investigação, a preparação da sequência didática, com as estratégias e atividades

didáticas utilizadas. Na sequência, o capítulo dois apresenta o embasamento teórico

utilizado, como as reflexões acerca do conceito da interdisciplinaridade, sua relação com

ensino de biologia, e da temática “Alimentação-saúde-beleza” contemplada na sequência

didática. O capítulo três discute e apresenta os resultados obtidos e sua devida análise. E,

por fim, apresentamos as considerações finais e as referências utilizadas nesse texto

acadêmico-científico.

4

CAPÍTULO 1: PERCURSO METODOLÓGICO

O ensino disciplinar e fragmentado das ciências vem se mostrando muito distante

da realidade cotidiana dos estudantes. Além disso, materiais didáticos utilizados por

professores e alunos de modo geral, apresentam uma abordagem conteudista e

descontextualizada que não contribuem com a construção de conceitos e valores

relacionados e atualizados, dificultando a formação de cidadãos críticos e reflexivos e

capazes de compreender o contexto onde estão inseridos.

Diante de tal cenário e confiante na potencialidade formativa da educação escolar,

desenvolveu-se uma investigação cujo objetivo geral foi analisar as contribuições de uma

proposta interdisciplinar para alunos do ensino médio de uma escola pública de Itajubá sul

de Minas Gerais a partir de uma sequência didática sobre o tema Alimentação. E portanto

delineamos nossos objetivos específicos: a) verificar as potencialidades do trabalho com a

temática alimentação sob o enfoque da alfabetização científica; b) apontar os limites de tal

proposta junto aos alunos do ensino médio.

A proposta se constituiu a partir da ideia de que o trabalho interdisciplinar vem se

mostrando uma alternativa interessante aos modelos tradicionais. Tal ideia é fruto da

participação ativa do licenciando no projeto de extensão “Letramento científico e

tecnológico na escola básica” da Universidade Federal de Itajubá, o qual vem alcançando

resultados interessantes com o trabalhado desenvolvido a partir de práticas colaborativas

de letramento tecnológico e científico de docentes da rede básica de Educação, que

desenvolvem grupos de pesquisa com temas interdisciplinares com os discentes da sua

escola de origem e contam com a colaboração de licenciandos e docentes da

Universidade Federal de Itajubá.

Uma das formas de buscar essa colaboração se dá por meio das aulas de regência

que compõem os “Estágios Supervisionados” dos cursos de graduação em licenciaturas.

Tais aulas de regência são conduzidas por licenciandos que, após o período de

observação das aulas ministradas por professores na escola-campo, preparam aulas para

turmas que eles acompanharam, durante um período limitado de tempo.

Buscando fazer desse espaço-tempo um momento de pesquisa, elaborou-se uma

sequência didática interdisciplinar que foi desenvolvida nas aulas de três disciplinas da

escola-campo: biologia, artes e educação física; numa turma de segundo ano do ensino

médio de uma escola pública da cidade de Itajubá sul de Minas Gerais. Para tanto, optou-

5

se por um tema integrador muito amplo e presente no cotidiano dos alunos relacionado à

compreensão das dimensões “alimentação-saúde-beleza”.

Os temas abordados na sequência didática se relacionaram a um eixo articulador

central baseado na interação entre alimentação-saúde-beleza, uma vez que se buscou

tratar dos processos alimentares desde a sua concepção fisiológica; das consequências

da má alimentação; dos padrões de beleza corporal e suas manifestações artísticas; e

alimentação saudável e qualidade de vida.

De acordo com Zabala (1998, p.18) podemos definir sequência didática como “um

conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos

objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim conhecidos, tanto pelos

professores como pelos alunos”. A preparação e aplicação de uma sequência didática

interdisciplinar vêm ao encontro da necessidade de se inserir práticas de ensino que

rompam com os modelos disciplinares tradicionais presentes no contexto escolar atual.

A sequência foi desenvolvida a partir de atividades dinâmicas, baseadas na

participação ativa dos alunos e que se distinguissem das aulas tradicionais expositivas

habituais, onde as aulas expositivas são na maioria das vezes rotineiras, com pouca

variação metodológica de ensino e que ao final da exposição de tal área do conhecimento,

faz-se exercícios e corrige-se de forma quase automática.

O planejamento da sequência partiu da complexidade dos temas e contou com a

parceria construída entre o licenciando e três professores da escola, responsáveis pelas

disciplinas de artes, educação física e biologia. Estes professores cederam gentilmente o

total de oito aulas, sendo cinco de biologia, duas de educação física e uma de artes,

porém apesar da negociação com els ter si revelado harmônica, houve pouco

envolvimento desses docentes na confecção e planejamento da sequência didática.

1.1) Organização da sequência didática:

As duas primeiras aulas (05 e 06 de setembro) foram baseadas na abordagem

fisiológica do corpo humano e dos processos físicos e químicos relacionados com a

alimentação e digestão. Buscou-se por meio de um esquema ilustrativo (Figura A)

distribuído para cada aluno, fazer um tratamento acerca dos seus conhecimentos prévios

sobre os órgãos constituintes desse sistema e suas funções nos processos digestivos.

Para isso, confeccionou-se uma legenda em conjunto com os alunos, sobre o nome dos

6

órgãos, além de discutir seu funcionamento. Na aula seguinte procurou-se abordar o

processo digestivo de uma forma ampla relacionando os órgãos, suas funções e a

digestão de certos tipos de alimentos ricos em carboidratos, lipídios e proteínas

(APÊNDICE A).

Figura A Sistema digestório humano

Fonte:http://4.bp.blogspot.com/VK1T0DQCIbE/T9TVN3PenBI/AAAAAAAAADo/s8ItXxQ0I40/s1600 /para+completar.jpg

Em 12 de setembro foi proposta uma atividade em grupo, na qual os alunos

deveriam fazer recortes de revistas, buscando identificar, segundo suas concepções,

pessoas bonitas e após o recorte, colá-los numa folha. O objetivo principal dessa

atividade foi iniciar uma reflexão sobre o conceito de beleza e sobre como os meios de

comunicação podem interferir nas nossas percepções sobre “o que é beleza?”. Nessa

mesma aula foi proposta que os discentes construíssem uma pirâmide alimentar cuja a

base era composta com os alimentos que eles mais consumiam no cotidiano, e no ápice o

que eles consumiam em menor frequência. O objetivo dessa atividade foi promover uma

reflexão sobre a alimentação diária dos estudantes e possibilitar a comparação entre essa

pirâmide construída por eles e a pirâmide saudável, utilizada por nutricionistas

(APÊNDICE A). Vale ressaltar que as produções dos alunos nas duas atividades descritas

foram utilizadas como fonte de dados para as análises dessa investigação.

7

Ainda nesta aula, os alunos de cada grupo receberam um pequeno texto retirado

do livro didático “Ser Protagonista” volume 2 (p. 348-349), acerca de algumas disfunções

relacionados ao sistema digestório e, a partir da leitura desse texto, deveriam apresentar

uma síntese desses distúrbios, assim como uma breve pesquisa complementar, a ser

desenvolvida em casa, sobre o distúrbio selecionado por cada grupo. As disfunções foram:

gastrite, úlcera, câncer no intestino, diarreia, pancreatite e apendicite. O objetivo dessa

atividade foi analisar como os estudantes relacionavam os temas “saúde e sistema

digestório” (APÊNDICE A).

Na quarta aula (13/09/16) ocorreu a socialização dos resumos feitos pelos alunos,

acerca dos distúrbios do sistema digestório e após a apresentação foi realizado um

debate sobre a pirâmide alimentar e as implicações da má alimentação na saúde das

pessoas, sobretudo dos jovens (APÊNDICE A).

Figura B. Pirâmide alimentar adaptada.

Fonte: Phillipi et al (1999, p 69).

8

A aula seguinte (15 de setembro de 2016) foi desenvolvida a partir do conceito de

beleza corporal, utilizando-se, para tanto, uma reflexão crítica acerca de padrões de

beleza, os interesses econômicos relacionados à objetificação dos corpos e suas

consequências entre as pessoas que não conseguem alcançar esse modelo de beleza

corporal. Partindo do conceito de beleza presente nos trabalhos de Duarte Jr. (1998),

onde beleza é o produto da relação sujeito e objeto, por isso seus pressupostos não

podem ser quantificáveis, mensuráveis ou normatizados. Apesar disso, constata-se na

história humana, uma imposição de padrões e de parâmetros que definem os conceitos

apreciáveis estéticos numa certa sociedade e num tempo histórico determinado. Essa

atividade ressaltou a importância de se discutir tais temáticas com alunos do ensino

médio, que vivem em um período crucial de aceitação da sua autoimagem e, em

decorrência disso, são vítimas recorrentes de distúrbios alimentares como bulimia,

anorexia e obesidade (APÊNDICE F).

A aula do dia 19 de setembro consistiu na confecção de uma linha do tempo ao

longo da história acerca da alimentação humana, desde a pré-história até o século XXI,

passando pelas inovações das técnicas culinárias e da preservação dos alimentos, até a

simbologia que os hábitos alimentares exibem em cada período histórico. Utilizou-se

como fonte de tais informações o trabalho de Abreu et al (2001) acerca das inovações

históricas das técnicas de manejo alimentar e dos hábitos alimentares ocidentais.

Na penúltima aula da sequência didática (20 de setembro) projetou-se o

documentário “Muito além do peso” que apresenta uma reflexão sobre alimentação das

crianças e dos adolescentes nos dias de hoje e, a partir disso, promoveu-se um debate e

uma análise de como o consumo de fast foods com frequência pode ser prejudicial para a

saúde no presente e em longo prazo (APÊNDICE A).

O encerramento da sequência didática se deu no dia 23 de setembro e se

configurou pela participação dos alunos no preenchimento do questionário de avaliação

da sequência didática e pela realização de uma atividade de brainstorming, na qual os

discentes apresentaram as palavras mais utilizadas durante as aulas e montou-se no

quadro uma rede de conexões entre elas, com palavras de ligação, apresentadas pelos

próprios estudantes.

1.2) Coleta e Análise dos Dados:

De acordo com o que foi apresentado anteriormente, uma das técnicas utilizadas

para a coleta de dados e informações foi o questionário. Utilizou-se, nessa investigação

9

um questionário inicial (APÊNDICE D) estruturado objetivando conhecer os participantes,

suas compreensões sobre interdisciplinaridade e o grau de interesse em relação à

proposta. Ao final do desenvolvimento da sequência didática, outro questionário

estruturado foi aplicado, com o objetivo de analisar possíveis diferenças relacionadas à

compreensão da interdisciplinaridade (motivadas pela sequência didática) e a avaliação

de seu desenvolvimento.

Segundo Richardson (1999), os questionários cumprem pelo menos duas funções:

descrever características de um indivíduo ou grupo e medir determinadas variáveis

individuais ou grupais. Ainda segundoo autor, pode existir mais de um tipo de questionário

e as variáveis que definem esse tipo são: no formato que as perguntas são realizadas

(abertas, fechadas e/ou uma combinação de ambas), e o modo como são aplicadas

(contato direto e/ou pelos correios).

Além disso, as atividades desenvolvidas pelos estudantes durante as aulas

também foram consideradas como fonte de dados para análise nessa investigação.

Atividade de Recorte e Cole sobre Padrões de Beleza e a Construção da Pirâmide

Alimentar dos grupos de estudantes.

Após a coleta de dados, iniciou-se o processo de análise dos mesmos. Para tanto,

optou-se pela metodologia da “Análise de Conteúdo”. Segundo Laurence Bardin (1991),

tal análise consiste em três fases cronológicas: a pré-análise, a exploração do material e o

tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação (p.95).

Segundo Bardin (1991), a pré-análise:

[...] é a fase de organização propriamente dita. Corresponde a um período de intuições, mas tem por objetivo tornar operacionais e sistematizar as ideias iniciais, de maneira a conduzir um esquema preciso do desenvolvimento das operações sucessivas, num plano de análise. [...] Geralmente, esta primeira fase possui três dimensões: a escolha dos documentos a serem submetidos à análise, a formulação das hipóteses e dos objetivos e a elaboração de indicadores que fundamentem a interpretação final (p.95).

A exploração do material é a fase de análise, “a administração sistemática das

decisões tomadas” (BARDIN, 1991, p.101), seguida do tratamento dos resultados obtidos

e interpretação que colocarão “em relevo as informações fornecidas pela análise” (p.101).

A análise trata-se de uma fase de extrema importância em uma pesquisa,

entretanto, ela deve ser construída levando-se em consideração a fundamentação teórica

que embasa a discussão dos dados. Assim sendo, o capítulo a seguir apresenta o escopo

teórico que fundamenta essa investigação.

10

CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1) Breve histórico da sistematização do conhecimento

Na Grécia antiga, o conhecimento humano era visto como uma formação

totalizadora do cidadão e as divisões entre as disciplinas da linguagem, trivium (gramática,

retórica e dialética) e da matemática, quadrivium (geometria, aritmética, música e

astronomia), constituíam parte da formação totalizadora do cidadão ao participar de um

cosmos universal que dava importância para a atuação dos homens no mundo. Na Idade

Média as disciplinas do trivium e quadrivium foram mantidas e a busca da formação

integral do homem mostrou-se ligada à busca de uma totalidade unificadora que era Deus.

A Revolução Científica dos séculos XV e XVI contou com grandes contribuições do

físico Galileu Galilei (1564-1642). Galileu implementou um método de pesquisa que

isolava os fenômenos físicos relacionados ao movimento das interferências de

conhecimentos prévios do pesquisador e, com isso, elaborou leis gerais que se aplicavam

em alguns outros contextos que envolvendo o mesmo fenômeno. Tal metodologia rompeu

com o paradigma epistemológico grego que considera o objeto de estudo na sua

totalidade de compreensão.

René Descartes (1596-1650) elaborou, por sua vez, um método científico que

separava as partes e as organizava, objetivando o conhecimento do todo. Como

consequência disso, um objeto de estudo ao ser separado de seu contexto e analisado

em partes origina um tipo de investigação que dá início há uma especialização cada vez

mais necessária para se possa conhecer o objeto de estudo.

As ciências biológicas, assim como outros campos do conhecimento humano,

sofreram grande influência do Positivismo do século XIX, que contribuiu para um

distanciamento do objeto de pesquisa e pela progressiva compartimentalização do

conhecimento em disciplinas. Como consequência, os currículos escolares foram sendo

construídos de forma totalmente fragmentada e com insuficiente interação entre as

diversas disciplinas.

Com a crise da racionalidade moderna, o excesso da fragmentação do

conhecimento tornou-se bastante criticado, e configura como premente um diálogo entre

as diversas áreas científicas e as metodologias utilizadas. A partir desse prisma, várias

11

propostas que almejam a superação da excessiva fragmentação curricular se apresentam.

Dentre elas, pode-se identificar a Interdisciplinaridade que, de acordo com Fazenda

(2008), surge enquanto proposta de superação na Europa, na década de 1960, num

momento de reflexão e de contrariedade com a especialização excessiva encontrada nos

currículos, a distância da Academia dos problemas da população e do direcionamento da

visão de conhecimento dos discentes para uma direção única. Assim, para o contexto da

pesquisa que estamos apresentando, torna-se fundamental a compreensão acerca dos

processos interdisciplinares.

2.2) Interdisciplinaridade, multidisciplinaridade e transdisciplinaridade

Disciplinas são caracterizadas pelo conjunto de ideias, conhecimentos particulares

próprios acerca da metodologia, dos conceitos e da sua própria epistemologia. Devido a

sua natureza, as disciplinas tendem a ser isoladas, fragmentadas e até mesmo distantes

aparentemente, umas das outras.

Segundo Cardoso (2008) a interdisciplinaridade está relacionada com a integração

dos conhecimentos de duas ou mais disciplinas, onde não há barreiras entre as

disciplinas e conhecimentos. Essa integração pode ser apenas um breve diálogo ou a

troca de ideias entre áreas diferentes e, até uma integração mútua dos conceitos diretores

da epistemologia, da terminologia, da metodologia, dos procedimentos, dos dados e da

organização referentes ao ensino e à pesquisa. Nesse contexto, segundo Fazenda (2002),

a interdisciplinaridade constitui de uma atitude voltada para a articulação dos saberes

epistemológicos e pedagógicos e, portanto, a colaboração e interação entre diversas

disciplinas relacionadas será a forma de efetivação de um trabalho interdisciplinar.

Segundo Hartmann e Zimmerman (2007) a busca pela integração das disciplinas

pode, equivocadamente, expressar a fusão ou extinção de uma ou outra disciplina, porém

as práticas interdisciplinares devem ter enfoque na tentativa de auxiliar os alunos a

compreenderem a relação de codependência e inter-relação entre os múltiplos saberes

escolares. Nesta tentativa de integração e colaboração no trabalho pedagógico

interdisciplinar, a metodologia relacionada a sequências didáticas pode ser muito

importante na tentativa de inserção da interdisciplinaridade na escola, pois elas

representam uma forma do docente preparar seu planejamento em núcleos temáticos e

de buscar parcerias com docentes em áreas do conhecimento diversificadas.

12

Thiesen (2008) afirma que a interdisciplinaridade possui dois enfoques de

pesquisas e debates: o pedagógico e o epistemológico, uma vez que uma mudança de

paradigma nas formas de conhecer a realidade e de socializar os conhecimentos

produzidos gera um impacto nos currículos escolares e nos processos de ensino e

aprendizagem. Já a multidisciplinaridade é definida pela justaposição de disciplinas

diferentes e que não possuem relações diretas ou que não possuem integração

cooperativa em suas aplicações. Enquanto que a pluridisciplinaridade é caracterizada

pela justaposição de disciplinas de áreas afins e muito próximas (FAZENDA, 2002).

A transdisciplinaridade ocorre quando não há distinção entre disciplinas, onde o

conhecimento científico é todo unificado e não há barreiras entre elas (CARDOSO, 2008).

Fazenda (2002) define que a antropologia é um campo de estudo transdisciplinar, uma

vez que o cerne de seu trabalho é o ser humano e suas obras, abrangendo contribuições

de vários campos de estudo.

No atual cenário da educação brasileira nos deparamos com um ensino

tradicionalmente disciplinar e positivista que não privilegia uma visão da complexidade do

conhecimento e suas interconexões em campos científicos diferentes. Thiesen (2008)

afirma que apesar de um esforço das instituições educacionais em introduzir práticas

interdisciplinares nos ambientes escolares, há muita dificuldade em sua total implantação,

que podem ser motivados pelo formato altamente disciplinar na formação inicial dos

professores e ainda na fragmentação excessiva dos currículos da escola básica que não

favorecem práticas colaborativas e integradoras.

O sistema de ensino brasileiro atual baseia-se principalmente na fragmentação

excessiva de disciplinas no ensino médio, que dificilmente comunicam-se entre si. Ao

finalizar seus estudos nesta modalidade, os alunos brasileiros cursam 13 disciplinas

(língua portuguesa, matemática, biologia, geografia, história, educação física, física,

química, língua inglesa, sociologia, filosofia, língua espanhola e artes), o que demonstra

excessiva fragmentação mesmo entre áreas do conhecimento afins como, por exemplo,

biologia, física e química, e sociologia e filosofia.

Segundo Santos e Infante-Malachias (2008) durante a década de 1970 existiu um

movimento internacional de mudanças nos processos econômicos ligados à ideia de

capital humano e, por isso, diversas políticas públicas foram consumadas para melhoria

da educação como uma forma de alterar a escolaridade da população produtiva desses

países. Entre elas podemos verificar a mudança na formação inicial dos professores da

educação básica, que consistiu no desvinculamento dos bacharelados, com a criação de

categorias de carreiras: bacharelado acadêmico e licenciatura (BRASIL, 2001).

13

As diretrizes específicas para a formação de professores utiliza o conceito

interdisciplinaridade como um “eixo articulador”, porém sem explicitá-lo e sem diferenciá-

lo das concepções pluridisciplinares ou multidisciplinares. Tais diretrizes não apontam

para uma metodologia formativa adequada para tal enfoque interdisciplinar, porém deixa

claro que a formação docente deve levar em conta aspectos disciplinares e

interdisciplinares, que necessitam permear a sua prática. Entretanto a formação inicial dos

docentes geralmente leva em consideração aspectos predominantemente disciplinares

específicos, não instrumentalizando os futuros professores para uma “atitude”

interdisciplinar efetiva no cotidiano escolar, que geralmente é sobrecarregado com os

componentes curriculares altamente fragmentados.

A Resolução mais recente que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a

formação inicial e continuada de professores (Resolução CNE nº 2 de 01/07/2015), situa a

interdisciplinaridade como princípio norteador, assim como a sólida formação teórica, e o

trabalho coletivo e colaborativo baseado em um modelo interdisciplinar. Tal resolução

pode contribuir para uma mudança efetiva na formação dos docentes, porém é necessário

incorporar outros elementos além das normatizações para que o trabalho interdisciplinar

possa efetivamente ser desenvolvido nas escolas.

Dessa forma, fica evidente a importância do desenvolvimento da

interdisciplinaridade na educação e no processo de ensino e aprendizagem, fazendo-se

fundamental, nesse momento, a construção da relação entre a interdisciplinaridade e o

ensino de ciências e biologia.

2.3) Ensino de Ciências/Biologia e a Interdisciplinaridade

Chassot (2006) considera a Ciência como uma linguagem que busca interpretar e

explicar o mundo natural e a alfabetização científica uma forma de decodificação dessa

linguagem, de modo que o indivíduo consiga ler e interpretar adequadamente a

codificação presente na natureza. Ainda segundo o autor, é fundamental a busca por

metodologias de ensino interdisciplinares para alcançar a alfabetização científica nos

processos de ensino e aprendizagem:

[...] A busca de se investigar um ensino mais impregnado com posturas mais holísticas - isto é, com um ensino de ciências que contemple aspectos históricos, dimensões ambientais, posturas éticas e políticas, [...] (p.97).

14

Fourez (1997) relaciona a interdisciplinaridade com a alfabetização científica de

forma mais instrumental, ao objetivar que as pessoas possam se manifestar mais

criticamente perante as decisões técnicas e ao funcionamento de dispositivos

tecnológicos. Fourez (1997) também utiliza como procedimento metodológico as ilhas

interdisciplinares que utiliza vários conceitos de disciplinas diferentes para resoluções de

problemas localizados e relacionados com os problemas do cotidiano dos alunos

(LAVAQUI e BATISTA, 2007).

Já Krasilchik (2000) define que o ensino de ciências possuiu diversas finalidades

desde a formação de cientistas no contexto da guerra fria até uma perspectiva mais

recente de formação de cidadãos críticos de sua realidade histórica, por isso, essa

concepção mais recente de ensino da Ciência, só se concretiza se houver uma visão

relacionada entre as diversas disciplinas com a produção científica, tecnológica e as

problemáticas sociais atuais.

O ensino de Ciências e Biologia se desenvolve, muitas vezes, atrelado a

abordagens tradicionais fragmentadas e pela disseminação de alguns conceitos

inadequados como, por exemplo, a recorrente ideia de “descobertas científicas” e alguns

erros conceituais gerados pelo excesso de simplificação, podem contribuir para o

fortalecimento de dificuldades no desenvolvimento da alfabetização científica dos

estudantes. Além disso, destaca-se o grande distanciamento entre o que é aprendido na

escola e as decisões tomadas durante o cotidiano do aluno.

Assim, é possível identificar no vasto elenco de temáticas relacionadas ao ensino

de ciências e biologia, temas com significativas potencialidades para o trabalho a partir de

propostas interdisciplinares, como é o caso do Tema “Alimentação”.

2.3.1) Alimentação como tema interdisciplinar:

Diante do desafio de promover um ensino de ciências e biologia comprometido com

a interdisciplinaridade, uma das formas possíveis é a elaboração de sequências didáticas

a partir de temas que apresentam relação com o contexto social dos alunos e que tenham

uma potencialidade formativa quanto à compreensão de conceitos científicos que podem

ser verificados em áreas do conhecimento diferentes. Dessa forma, o tema Alimentação

apresenta tais características, uma vez que ele se relaciona a contextos sociais

diversificados, estando na base da manutenção da vida e representa um elemento

15

fundamental e transversal no ensino de ciências e biologia.

França et al. (2012) define alimentação como:

Uma necessidade fisiológica básica, um direito humano e um ato sujeito a tabus culturais, crenças e diferenças no âmbito social, étnico, filosófico, religioso e regional. O ato de alimentar-se incorpora tanto a satisfação das necessidades do organismo quanto se configura como uma forma de agregar pessoas e unir costumes, representado assim um ótimo método de socialização (p 1).

Portanto, a alimentação não se baseia no simples fato de ingerir alimentos para a

sobrevivência, e por isso está carregado de significações complexas e dinâmicas que

permeiam todas as disciplinas escolares.

Dessa forma, o tema alimentação pode ser considerado como um ponto de partida

para um trabalho interdisciplinar que objetiva a compreensão de aspectos científicos.

Segundo Sasseron (2015), a alfabetização científica deve ser vista como um percurso

contínuo em construção e que afeta a tomada de decisões perante novos conhecimentos.

Por isso, um trabalho interdisciplinar que busque relacionar vários conhecimentos acerca

de um tema pode gerar uma nova reflexão perante os hábitos individuais dos discentes.

Para Thiesen (2008) a abordagem interdisciplinar contribui na interpretação dos conceitos

e na significação dos conteúdos apreendidos pelos alunos, permitindo-os lidar com

questões que permeiam temas relacionados e/ou correlacionados com outras disciplinas

escolares.

Fazenda (2002) ressalta ainda que, a cultura como formação integral do ser

humano, a função da escola como formadora do homem em seu contexto e no papel do

ser humano como sujeito capaz de alterar o ambiente em que vivem, foram ideias

perdidas com a sistematização dos saberes e a fragmentação excessiva do conhecimento

em disciplinas isoladas, a interdisciplinaridade busca uma recuperação deste elo perdido.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, o currículo de Biologia está

dividido em seis eixos temáticos para compreensão da vida. A temática da alimentação e

saúde está permeada em três eixos temáticos principais: qualidade de vida das

populações humanas, interação entre os seres vivos e transmissão da vida, ética e

manipulação gênica.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais para a Química dividem-na em eixos

temáticos e a temática da alimentação pode ser trabalhada nas unidades: transformações

químicas do dia-a-dia, química e biosfera, energia e transformação química, química e

hidrosfera e química e atmosfera.

16

Na matemática os temas estruturantes, baseiam-se na análise de dados, álgebra:

números e funções e geometria e medidas podem se relacionar com a aplicação

quantitativa nos alimentos, nas calorias, nos nutrientes, entre outros.

Na física os eixos articuladores calor, ambiente e usos de energia e Universo, Terra

e vida poderiam contribuir numa compreensão aprofundada acerca dos fenômenos

energéticos envolvidos na nutrição.

A filosofia pode contribuir numa construção interdisciplinar acerca da alimentação-

saúde-corpo por meio dos eixos temáticos: as formas de alienação moral (o

individualismo contemporâneo e as condutas massificadas da sociedade contemporânea),

filosofia, mito e senso comum, filosofia e estética (a arte como forma de conhecer o

mundo e estética e desenvolvimento da sensibilidade e imaginação) e por fim a temática

relacionada ao tecnicismo e a valorização excessiva da Ciência.

A geografia pode trabalhar a alimentação nos seus eixos temáticos: fisionomia da

superfície terrestre (de que forma o relevo, as mudanças geológicas e a hidrologia

contribuem para o cultivo de alguns alimentos?) as conquistas tecnológicas e a alteração

do equilíbrio natural (como as técnicas humanas de agricultura e pecuária foram

implementadas e aperfeiçoadas? Como a utilização dos recursos naturais pode ser

sustentável e harmônica com os processos de agricultura, pecuária e indústria?), Ações

em defesa do substrato natural e da qualidade de vida (Os problemas ambientais podem

alterar a cultura alimentar e a qualidade de vida dos seres humanos e dos outros seres

vivos?), Globalização e economia (Relações econômicas globalizadas x distribuição de

alimentos), mapas, índices e taxas (Taxas de subnutrição, mapas da fome), população

mundial: estrutura, dinâmica e problemas (ricos e pobres, concentração de riquezas, a

fome e as doenças).

A história pode contribuir com a temática nos seguintes eixos: Cidadania (O que é

ser cidadão? Como foi definido o conceito de cidadania? O que ser cidadão tem a ver

com os processos econômicos políticos?), Cidadania e Etnia (valores étnicos de beleza,

padrões alimentares em diferentes culturas), mapas índices e taxas (Culinária como

patrimônio histórico e cultural), tecnologias e fontes de energia (Revolução agrícola no

oriente médio, revolução industrial e mudanças na manufatura de alimentos), relações de

produção (história da exploração do campesinato na agricultura e pecuária),

transformação do tempo (“o tempo de plantar e colher”).

A língua portuguesa pode contribuir numa perspectiva interdisciplinar sobre

alimentação-saúde-corpo na decodificação de diversas linguagens presentes em rótulos

de alimentos, guias de saúde e bem-estar, além da análise crítica do discurso presente

17

nas propagandas, nas mídias, nas artes, nas redes sociais sobre beleza, alimentação e

bem-estar.

Por fim segundo Darido (1999) a educação física no ensino médio deve privilegiar

as manifestações corporais e suas práticas devem ocorrer pelas “relações de vivência

dessas atividades com o lazer, saúde, bem-estar e expressão de sentimentos (p.140).”.

Tal concepção está totalmente integrada com a perspectiva de alimentação-saúde-corpo

proposta pela sequência didática apresentada nesse trabalho, porém devido ao curto

período de tempo do desenvolvimento da sequência de atividades foi limitado sub-temas

específicos das disciplinas artes, biologia e educação física.

Verifica-se, portanto, que a temática “Alimentação-saúde-beleza” apresentam

relação com várias disciplinas do currículo escolar. Nesse sentido, serão apresentadas a

seguir, as análises dos dados advindos do desenvolvimento de uma sequência didática

com alunos do ensino médio, a partir do Tema “Alimentação-saúde-beleza”.

18

CAPÍTULO 3: INTERDISCIPLINARIDADE, ENSINO DE BIOLOGIA E O TEMA “ALIMENTAÇÃO”

Com o objetivo de compreender as contribuições de uma proposta interdisciplinar

no contexto escolar, uma sequência didática foi planejada e desenvolvida com a temática

corpo-alimentação-saúde-beleza. Tal sequência didática se desenvolveu durante as aulas

de estágio supervisionado. Além das cinco aulas desenvolvidas na disciplina de biologia,

disciplinas de artes e educação física colaboraram cedendo uma e duas aulas

respectivamente, permitindo que a aplicação da sequência didática ocorressem em suas

aulas. A indicação dos professores e das disciplinas (artes e educação física) envolvidas

na sequência didática, foi dialogada com a supervisão da escola, que buscou envolver os

professores mais dispostos a atividades diversificadas. Porém como demonstrado

anteriormente, a potencialidade interdisciplinar da temática pode envolver várias

disciplinas.

Para compreender os conhecimentos prévios que os alunos possuíam sobre a

relação entre esses temas, utilizou-se um questionário estruturado com duas questões

abertas e quatro objetivas (APÊNDICE C). Fizeram parte do campo amostral desta

investigação vinte e nove alunos do segundo ano C que responderam a esses

questionários individualmente, durante o início da sequência didática. Importante destacar

que todos os responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE), permitindo a livre participação na pesquisa dando o direito de abandoná-la a

qualquer momento e o seu anonimato absoluto garantido. (APÊNDICE B).

A primeira questão apresentava uma frase do médico grego Hipócrates: “Que seu

remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio” e pedia para os alunos

assinalarem uma alternativa dentre as quais eles poderiam “concordar plenamente” ou

“concordar parcialmente”, “discordar plenamente” ou “discordar parcialmente” ou ser

“indiferente” à afirmativa da frase.

19

Gráfico 1. Respostas obtidas na primeira pergunta do questionário diagnóstico acerca das relações

alimentação saudável e prevenção de doenças.

Fonte: o autor

Buscou-se compreender, com isso, se a relação entre alimentação saudável e

prevenção de doenças era clara para os alunos. Os resultados obtidos demonstram que

os alunos entendem a relação entre saúde e alimentação saudável, uma vez de forma

eficiente, uma vez que muito se tem falado em redes sociais e nos meios de comunicação

sobre mudanças de padrões alimentares saudáveis e prejudiciais a saúde, como

apresentado na figura 1.

A segunda questão propôs aos alunos uma interpretação de duas imagens –

apresentadas a seguir (figura 1 e figura 2) onde os alunos deveriam afirmar ou negar se

havia uma relação entre elas e justificar.

Figura 1. Imagem presente na questão dois do questionário diagnóstico em que os alunos deveriam

afirmar ou negar uma relação dessa imagem com a figura 2.

Fonte:https://myrapilates.files.wordpress.com/2015/12/img_5532.jpg?w=687&h=205&crop=1

20

Figura 2. Imagem presente na questão dois do questionário diagnóstico que os alunos deveriam afirmar ou negar uma relação dessa imagem com a figura 1.

Fonte: https://pt.dreamstime.com/foto-de-stock-royalty-free-cestas-vegetais

Os resultados obtidos demonstram que todos os alunos identificaram uma relação

entre as figuras, pois 96,7% dos discentes afirmaram que as figuras 1 e 2 possuem

relação direta com uma boa saúde e uma vida saudável. Foi pedido a todos os discentes

que justificassem sua resposta, tendo como resultado semelhante em todas as

justificativas a relação entre exercícios físicos e alimentação saudável. Como escreveu

um deles:

“Sim, para uma vida saudável e com disposição a prática de

exercícios físicos a ingestão de alimentos saudáveis ajuda” (Aluno

24).

A questão seguinte buscava revelar se os discentes relacionavam a ideia de beleza

corporal com os modelos de beleza divulgados pela mídia, como filmes,novelas, seriados

e revistas, por exemplo. Verificou-se que 83,4% dos estudantes concordam com essa

relação de forma plena ou parcialmente.

Castro (2001) afirma que as mídias são a principal forma de divulgação sobre a

ideia de culto ao corpo, devido ao seu alcance popular e por isso, tais dados

correspondem a uma ideia difundida culturalmente, de que os corpos ideais, considerados

modelos para a sociedade, estão presentes na cultura midiática e nas artes visuais.

21

A quarta questão buscava uma relação entre padrões de beleza, tempo histórico e

boa saúde a partir da apresentação de duas figuras que ilustram mulheres de diferentes

períodos de tempo, correspondendo aos diferentes padrões de beleza da época. A

questão também buscou saber se os alunos relacionam beleza com saúde.

Figura 3. Retrato de Maddalena-1506 (Raphael Sanzio). A figura ilustra uma mulher dentro dos padrões de beleza pré-renascimento.

Fonte: http://www.artita.ru/dat/r/raffaello/18.jpg

Figura 4. Gisele Bündchen - modelo brasileira que possui fama internacional e é uma referência de beleza nos dias atuais.

Fonte:http://mdemulher.abril.com.br/sites/mdemulher/files/styles/retangular_horizontal_2/public/cor e/editorial-gisele-bundchen_3.jpg?itok=bn3g2NVx

Essa questão trouxe algumas divergências, uma vez que, 76,7% dos alunos

concordaram parcialmente com a relação entre beleza e tempo histórico, e apenas 26,7%

concordaram plenamente com a afirmativa de que as imagens representam mulheres

bonitas e saudáveis em momentos históricos diferentes. Pode-se perceber que, entre os

22

estudantes, a ideia de que haja relações diretas entre beleza e alterações na percepção

sobre o conceito de beleza de acordo com o momento histórico não parece tão claro ou

compreensível. Tal fato pode indiicar que a ideia de beleza, para algumas pessoas, não

está associada a um processo de construção social, e que nos dias atuais tanto a mídia

quanto as relações interpessoais influenciam no sentido de construir e reforçar padrões.

Para compreender a percepção dos alunos sobre interdisciplinaridade foi

perguntado se eles conseguiam verificar relações entre as disciplinas trabalhadas no

cotidiano escolar, em especial a biologia, artes e educação física. Os resultados podem

ser visualizados a seguir:

Gráfico 2. Percepção dos alunos acerca das relações entre as disciplinas escolares: Biologia, Artes e Educação Física.

Algumas vezes; 19

Os resultados confirmam que apesar da interdisciplinaridade estar presente em

documentos oficiais como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), sua efetiva

presença não é percebida pelos alunos no cotidiano escolar. 63,3% dos alunos

reconhecem que as disciplinas mencionadas algumas vezes se relacionam o que pode

indicar que há tentativas isoladas, mas estas não são marcantes para os alunos. A

próxima questão complementa esta análise pela percepção que os alunos tem de

interdisciplinaridade.

A última questão desse questionário com função diagnóstica pretendia saber a

opinião dos alunos sobre o modo como as disciplinas Biologia, Artes e Educação Física

poderiam trabalhar juntas. Nas respostas, percebe-se uma necessidade que as disciplinas

escolares estejam relacionadas a conteúdos do cotidiano do aluno e com novos

Poucas vezes; 6

Sempre; 2 Nunca; 2

23

processos de ensino e aprendizagem, que superem o formato da aula expositiva

tradicional.

Falando sobre nosso dia-a-dia e o que acontece nele (Aluno 4).

Poderiam fazer atividades diferentes que tentasse ensinar um pouco

de cada matéria (Aluno 9).

Tentar relacionar algum conteúdo; fazer uma dinâmica (Aluno 13).

Interligar as matérias que aprendemos, por exemplo, aprender na

biologia o corpo humano e na química as reações que ocorrem no

corpo humano. (Aluno 18).

Alguns alunos relatam ainda que a interdisciplinaridade já acontece para eles de

forma natural, ou seja, eles percebem que os conceitos trabalhados nas disciplinas são

integrados e relacionais.

Elas ñ poderiam, elas já trabalham como vou interpretar a matemática

ou as outras matérias sem nossa língua portuguesa? (Aluno 16).

De algum modo todas as matérias estão ligadas, um exemplo é um

trabalho de pesquisa científica (Aluno 19).

Pode-se perceber nos relatos dos alunos que, apesar da necessidade da interação

entre as disciplinas, elas continuariam apresentando forte caráter disciplinar,

configurando-se assim um plano pluridisciplinar.

Na minha opinião, de certa forma cada uma dessas nos ajudam em alguma área e todas em conjunto dão uma base de conhecimento (Aluno 6).

Os professores poderiam falar sobre alguma matéria em comum, mas

sem misturar os conteúdos. (Aluno 14).

Poderiam tratar de temas “populares”, hoje em dia, cada matéria em

sua área (Aluno 27).

Na terceira aula da sequência didática, foi desenvolvida uma atividade em grupo,

cujo objetivo era que os mesmos pesquisassem, em revistas selecionadas de modo

24

aleatório (presentes na biblioteca da escola), imagens de pessoas que eles

considerassem bonitas e que tais imagens fossem recortadas e coladas em uma folha de

papel. Os resultados indicam uma identificação com padrões de beleza estabelecidos

pela sociedade atual, que segundo Sampaio (2009) são entendidos pelas seguintes

características:

menor porcentagem de gordura corporal possível, nádegas e seios grandes e empinados, músculos definidos, pele bronzeada, lábios grossos, ausência de celulite, de estrias, de qualquer mancha ou espinha na pele. (p.123).

Tais características ficam evidentes nas imagens a seguir, que apresentam a

atividade de seleção de pessoas consideradas bonitas pelos alunos participantes da

pesquisa (FIGURAS 5 a 7).

Figura 5. Atividade em grupo de recortes de revistas de pessoas consideradas bonitas pelos alunos.

Fonte: alunos

Nessa figura os alunos escolheram duas mulheres negras, porém a maioria são

jovens brancos. Tal escolha pode reforçar o argumento anteriormente apresentado, de

que a escolha de pessoas brancas e jovens, pode também revelar que as revistas da

cultura midiática de massa, não divulgam ou exibem com frequência a beleza de pessoas

negras ou pardas, o que contribui ainda mais para que os estudantes elejam como

modelo de beleza pessoas brancas e jovens. Acreditamos, assim, que uma das razões se

25

deve ao fato de que o racismo estrutural do nosso país vem perdendo a força, frente a um

discurso de aceitação dos atributos étnicos como belos e como característica de

pertencimento a um grupo. Porém tal análise é ainda prematura pela insuficiência de

dados.

Figura 6. Atividade em grupo de recortes de revistas de pessoas consideradas bonitas pelos alunos.

Fonte: os alunos

Já na figura 6 destaca-se o corpo feminino magro e musculoso como atributo de

beleza das mulheres. Ressalta-se, nesse sentido, que a tendência de erotização do corpo

da mulher é evidente nas mídias e produtos culturais atuais que acabam afetando a

autoimagem das adolescentes e a percepção de beleza feminina pelos meninos. A figura

ainda revela que pessoas brancas e jovens foram mais facilmente identificadas como

bonitas, mostrando como a divulgação dos padrões de beleza pelos meios de divulgação

escolhem geralmente mulheres jovens e rapazes brancos com olhos claros, para

representar beleza. É interessante notar que não se verifica nas figuras selecionadas por

esse grupo de alunos, pessoas com mais idade, nem pessoas pardas ou negras,

denotando a ideia de que a verdadeira beleza segue o modelo de pessoas brancas,

jovens, com cabelos lisos e olhos claros. Entretanto, é pertinente indicar também que

uma das possíveis influências nesse caso, pode ser entendida pelo fato de que as

26

revistas exibem, na maioria das vezes, tal modelo de beleza, o que também pode

dificultar a seleção de outras belezas em tais meios de comunicação.

Figura 7. Atividade em grupo de recortes de revistas de pessoas consideradas bonitas pelos alunos.

Fonte: o autor

A figura 7 apresenta, em sua maioria, pessoas brancas e presentes no universo

cultural adolescente, como a cantora Lady Gaga, os atores das sagas cinematográficas

Harry Potter e Crepúsculo. Tal imagem também ilustra que o consumo de produtos

culturais interfere na percepção de beleza pelos adolescentes. Tal figura ainda se

destacou em relação às demais, uma vez que apresentou dois homens idosos e famosos

como bonitos (Silvio Santos e Roberto Carlos). A idade avançada é um fator pouco

associado a modelos de beleza e seus sinais são disfarçados através do uso de

cosméticos pelas pessoas. Além disso, a figura apresenta mulheres jovens que são

negras e pardas e os demais homens jovens são brancos.

Um fato observado em todas as imagens foi que não apareceram pessoas acima

do peso considerado ideal como bonitas. Isso é consequência, segundo Cardoso (2001),

de uma mudança de hábitos alimentares e de estilos de vida que não considera belo o

27

modelo corporal acima do peso e isso é disseminado pelas redes sociais e mídia de forma

sutil e nem sempre evidente. Destacamos aqui a contradição presente na sociedade atual

que, ao mesmo tempo valoriza a beleza do corpo magro e saudável, e estimula as

pessoas a se alimentarem de forma pouco saudável, com alimentos que podem prejudicar

à saúde se consumidos à longo prazo. Durante a atividade foi evidenciado pela reação

dos alunos, certo estranhamento inicial com a proposta, mas aos poucos os discentes se

envolveram e como a quantidade de pessoas bonitas era uma decisão do grupo, percebe-

se entusiasmo com a atividade.

A segunda atividade em grupo trabalhou com os conceitos alimentares cotidianos

dos alunos participantes, estimulando que eles confeccionassem uma pirâmide alimentar

que melhor representasse os seus hábitos alimentares. O resultado foi que apesar do

questionário diagnóstico revelar que eles possuem conceitos formados sobre a relação

entre alimentação saudável e saúde corporal, não há uma preocupação cotidiana com os

alimentos ingeridos que, na maioria das vezes, são ricos em açúcares e gorduras.

Figura 8: Atividade em grupo de construção de uma pirâmide alimentar que contempla os alimentos consumidos com frequência pelos alunos.

Fonte: os alunos

28

A figura 8 ilustra a pirâmide alimentar desse grupo de alunos, que coloca carnes,

saladas, embutidos, pães, leites e derivados na sua dieta habitual. Sorvetes e sucos

industrializados, assim como refrigerantes estão classificados como alimentos de

consumo moderado e seu consumo frequente não é recomendado, devido a altos índices

de carboidratos. Fast foods, bebidas alcóolicas e peixes foram selecionados como

alimentos menos frequentes no cotidiano desses discentes. Alunos com 16 anos

consumindo bebidas alcóolicas é um dado alarmante, pois apesar de aparecer em apenas

um grupo, essas bebidas não são recomendadas a adolescentes que podem contrair um

vício prematuro em relação ao consumo de álcool. Campanhas e alertas devem ser

realizadas nas escolas para o combate à drogas como fator de risco para doenças

crônicas.

Nos ápices foram colocados alimentos de origem marinha que são distantes do

cotidiano habitual da cidade de Itajubá-MG, onde a pesquisa foi realizada e que se

encontra longe do litoral. Bebidas alcoólicas foram classificadas como pouco usuais na

dieta desses alunos e tratando de alunos menores de 18 anos, a escola deveria

trabalhar mais a temática do consumo de drogas e prejuízos na saúde.

Figura 9: Atividade em grupo de construção de uma pirâmide alimentar que contempla os alimentos consumidos com frequência pelos alunos.

Fonte: os alunos.

29

A figura 9 apresenta a pirâmide alimentar desse grupo de alunos que apresenta

como menos frequente o consumo de sushis (provavelmente por hábitos não comuns) e

carnes, doces e biscoitos na base, como alimentos mais ingeridos por eles. Frutas e

verduras são lembradas e consumidas com menos frequência. Os fast foods como

lanches, também aparecem como alimentos de consumo moderado.

Figura 10: Atividade em grupo de construção de uma pirâmide alimentar que contempla os alimentos consumidos com frequência pelos alunos

30

Fonte: os alunos.

A figura 10 apresenta a base da pirâmide alimentar desse grupo de alunos e revela

que o consumo de refrigerantes (três imagens remetem a essa bebida), doces, salgados

e achocolatados é muito frequente. É importante ressaltar que devido a altas quantidades

de açúcares podem representar um fator de risco para obesidade e doenças crônicas

cardiovasculares. Tal figura apresenta ainda alimentos que os alunos consomem com

frequência e nela é possível identificar alto consumo de carne vermelha, rica em gorduras

e proteínas, produtos embutidos de origem animal (presunto) rico em sódio, biscoitos que

possuem quantidades consideráveis de açúcar e banana como alimento saudável e

recomendado. Na região do sul de Minas há cultivo comercial de bananas e isso está

relacionado com o consumo desse fruto pelos habitantes, indicando que o consumo

desse alimento, pelos alunos, pode estar mais ligado a hábitos culturais do que

propriamente uma preocupação com a saúde.

Essa figura ilustra que os alimentos de ingestão menos frequentes pelos

estudantes e revela que as frutas (laranja, maçã e pêssego) fazem parte da dieta diária ou

semanal desses alunos. Chás também são apontados como alimentos a serem ingeridos

raramente. Intervenções como a sequência didática interdisciplinar, relacionando a

alimentação saudável com uma vida saudável devem ser mais presentes no cotidiano

escolar, como uma forma de mudança de hábitos e de sensibilização.

Um fato curioso surgiu quando foi mostrada a pirâmide nutricional ideal para uma

vida saudável, os alunos já sabiam como ela era composta e tal informação não era nova

31

para eles. Será que esses alunos estão recebendo informações demais e refletindo sobre

seus próprios hábitos e preferências em menor quantidade?

Após trabalhar os conceitos de beleza e de hábitos alimentares, foi solicitado aos

alunos o desenvolvimento de uma atividade em que eles deveriam expor se sentiam bem

ou não ao olhar no espelho e identificar a própria imagem. Tal atividade surgiu da

importância que a autoimagem estética possui na saúde dos estudantes e que após a

apresentação de um conceito novo de beleza pela aula expositiva, queríamos gerar uma

nova reflexão acerca do seu cotidiano.

É contraditório depende da situação, as vezes quando estou feliz me

sinto bem, me arrumo. Mas quando o dia vai mal me sinto cansada e

feia (Aluno 1).

Depende do dia. Às vezes me sinto bem com meu rosto, cabelo e

corpo, porém outros dias me sinto péssima em relação a minha pele,

meu nariz, meu cabelo (Aluno 4).

Dependendo do dia eu me sinto bonito, mas em outros não (Aluno

11).

A maioria relacionou a autoimagem com momentos vividos no cotidiano. Segundo

Del Ciampo (2010) essas oscilações na percepção da autoimagem dos adolescentes é

algo muito característico desta fase da vida, uma vez que tais jovens sofrem influência

direta da família, dos amigos, da mídia e algumas vezes, e por isso podem sofrer

distorções de seu corpo.

Vários relatos dos alunos apontam para uma valorização da diversidade humana e

para a importância de fugir da fixação em padrões estabelecidos de beleza. Apenas dois

alunos associaram as oscilações de percepção da autoimagem corporal com o fato de se

sentir acima do peso. Apesar de apresentar em menor número, os professores e pais

devem estar alertas, uma vez que transtornos alimentares estão relacionados a falsas

percepções corporais de índices de gordura. O debate sobre autoestima e conceitos de

beleza deve aparecer com mais frequência nas aulas, como meio de estimular o debate e

auxiliar as vítimas de transtornos como bulimia e anorexia.

32

Me sinto alegre, carismático, de bem com a vida. Alguns dias me sinto

gordo, acima do peso (Aluno 21).

Após o fim da sequência didática, foi solicitado aos estudantes que respondessem

a um questionário de avaliação das atividades promovidas durante a sequência. Vinte e

nove alunos responderam o questionário e todos concordaram que a sequência didática

contribui para o aprendizado sobre as temáticas estudadas. Esse dado revela a

potencialidade de práticas interdisciplinares relacionadas ao ensino de ciências e biologia.

Gráfico 3. A sequência de aulas promovidas (sobre Alimentação) contribuiu para meu aprendizado?

Fonte: o autor

Além disso, procurou-se avaliar também se os alunos compreenderam a relação

entre as temáticas: sistema digestório-padrões de beleza-saúde-alimentação. Obteve-se

como resultado a verificação dessa associação temática e ideia de que a sequência

didática cumpriu com o objetivo de uma proposta interdisciplinar.

Gráfico 4 Verifiquei relação entre os temas (padrões de beleza, alimentação, saúde,

33

sistema digestório e entre outros) trabalhados durante as aulas.

Fonte: o autor

Perguntou-se ainda se mais aulas com propostas interdisciplinares deveriam ser

desenvolvidas em sala de aula contemplando outras disciplinas. As respostas indicam

muita receptividade dos alunos para com tais práticas, uma vez que, segundo eles, tais

oportunidades geram maior compreensão acerca da temática estudada e podem

complementar outras disciplinas, como observado nas respostas de alguns alunos.

Um bom projeto, necessário. Porque foge do padrão de aula estática

e cativa o interesse do aluno fazendo assim com que ele aprenda

mais (Aluno 22).

Sim, deveriam. Pois assim seria mais fácil ver a relação entre os

conteúdos ensinados, o que aumentaria o interesse do aluno e

reduziria o descaso com algumas matérias e até mesmo a evasão

escolar (Aluno 24).

Sim, pois isso muitas vezes facilita o entendimento e pode gerar

motivação para os alunos estudarem (Aluno 25).

A sequência didática pode também cumprir um papel fundamental como

alfabetização científica, uma vez que busca formar cidadãos críticos e reflexivos que

saibam interpretar a linguagem científica, muitas vezes presente no cotidiano dos

estudantes e colaborando para a tomada de decisões, fator imprescindível na

preservação da saúde e do bem-estar. Ao apresentar um resumo sobre doenças do

34

sistema digestório, buscou-se uma decodificação da linguagem médica por meio de

pesquisas em sites da internet ou por trocas coletivas de saberes, durante a

apresentação. A análise da autoimagem, do conceito de beleza e dos hábitos alimentares

vistos nas atividades contribuiu por uma autocrítica pessoal acerca de conceitos

estabelecidos e uma futura postura acerca dessas temáticas abordadas nas mídias

sociais, nas revistas, nos filmes, entre outros. Por fim, a análise histórica da alimentação

humana revelou aos discentes que os hábitos nutricionais são extremamente

relacionados com uma complexa gama de fatores e que nossa alimentação atual reflete o

que vivemos hoje e que há interesses econômicos por trás de diversos hábitos

nutricionais e que podemos minimizar os danos que isso pode trazer na vida cotidiana.

Algumas respostas evidenciam:

Muito bom, porque me faz parar pra pensar em problemas e cuidados

que eu tenho que tomar com minha alimentação (Aluno 1).

Avalio como algo que auxiliou na compreensão de diferentes meios,

que abriu os olhos para uma nova maneira de ver como as relações

sociais se dão em um interligamento com indústria – saúde –

alimentação – estética e atividades individuais (Aluno 3).

Um projeto ótimo com uma excelente iniciativa, pois ajudou e vai

ajudar os alunos durante o dia a dia. Além de ter oferecido

informações importantes, o projeto trouxe reflexões e motivação para

os alunos (e professores também!). Parabéns pelo projeto (Aluno 25).

Verifica-se assim, que tais propostas apresentam um potencial didático significativo

e devem ser incorporados ao cotidiano escolar. No entanto, é preciso ressaltar que não

basta que o professor tenha essa consciência, ele precisa possuir uma boa formação que

embase e estimule seu planejamento e a proposição de trabalhos dessa natureza e

também precisa ter autonomia de desenvolver tais atividades junto a outros docentes.

Em uma sociedade cada vez mais plural, o trabalho com temáticas

interdisciplinares pode representar um caminho alternativo e poderoso no cotidiano

escolar, contribuindo com a formação de cidadãos mais preparados para a compreender e

refletir sobre assuntos complexos e inter-relacionados, que envolvem várias dimensões

de interesse humano e social.

35

Considerações finais

A interdisciplinaridade pode ser caracterizada como uma atitude de integração

entre campos científicos metodológicos, epistemológicos e conceituais distintos, mas que

podem contribuir mutuamente entre eles para o desenvolvimento de um pensamento

amplo e complexo que supera a especialização excessiva e a fragmentação do mundo

em áreas ou especialidades isoladas em si mesmas. Além disso, a interdisciplinaridade é

uma demanda que os alunos percebem como necessária nas práticas de ensino e

aprendizagem.

O trabalho interdisciplinar nas escolas apesar de estar previstos nos documentos

educacionais, se apresenta como um desafio concreto para docentes cuja formação

conteudista foi construída com base em representações de professores que valorizavam

excessivamente o conteúdo técnico específico, livros didáticos com percepções limitadas

das áreas da Ciência, currículos fragmentados e desconexos com o cotidiano dos alunos

e com as mudanças tecnológicas, além de escolas desmotivadoras para um trabalho

coletivo interdisciplinar.

Esta pesquisa desenvolveu uma sequência didática interdisciplinar e verificou que

esta metodologia tem grandes potenciais para trabalhos colaborativos e cooperativos,

uma vez que permite um planejamento autônomo de professores com temáticas diversas

e com inúmeros recursos didáticos possíveis. A temática “alimentação-saúde-beleza”

gerou muito interesse por parte dos alunos e foi constatado que, apesar de eles

compreenderem as relações teóricas sobre esses temas e saberem sobre a importância

de cuidados nutricionais, o que predomina na prática cotidiana é a opção por alimentos

ricos em carboidratos (açúcares, doces, pães, etc) e gorduras. Portanto essa temática

tem grande potencial para atividades posteriores envolvendo outras disciplinas e outros

enfoques metodológicos.

Verificou-se ainda que os conceitos de beleza que os alunos possuem estão muito

relacionados com o padrão de beleza de pessoas brancas, magras jovens, musculosas e

que isso está atrelado à influência que as mídias sociais e culturais provocam nos jovens

e na formação de suas percepções de mundo. Tendo em vista isso, o papel do ensino de

ciências e biologia, além de todas as outras disciplinas escolares, se torna ainda mais

importante na desconstrução de conceitos hegemônicos e difundidos pelos meios de

comunicação.

36

Por fim, a interdisciplinaridade aliada ao ensino de ciências e biologia pode render

muitos frutos na formação continuada dos docentes e na introdução de práticas de ensino

e aprendizagem colaborativas que transcendam os modelos tradicionais da educação. A

minha formação acadêmica não colaborou muito para um pensamento interdisciplinar

acerca da Ciência, porém a participação em um grupo de estudos interdisciplinar com

trabalhos na escola básica influenciou demais uma mudança paradigmática nas minhas

concepções de Educação, Ciência e pesquisa. Além disso, trabalhos que aliam a

pesquisa nas práticas docentes são extremamente formativos e ricos, uma vez, a

docência exige reflexão, formação diária e renovação das práticas.

Trabalhos futuros de investigação sobre a temática interdisciplinar nas práticas de

ensino e aprendizagem são importantes e necessários, como forma de contribuir para um

debate mais amplo sobre currículo escolar, formação docente e possibilidades da

interdisciplinaridade no ambiente acadêmico e escolar.

37

Referências Bibliográficas

ABREU, E. et al . Alimentação mundial: uma reflexão sobre a história. Saude soc., São Paulo , v. 10, n. 2, p. 3-14, Dez. 2001 .

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa/Portugal: Edições 70, 1991, 226p.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: Ministério da Educação, 2002.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP 9/2001. Diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores da educação básica.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução 2/2015. Diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores da educação básica

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais + (PCN+) - Ciências da Natureza e suas Tecnologias. Brasília: MEC, 2002.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais + (PCN+) – Ciências humanas e suas Tecnologias. Brasília: MEC, 2002.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais + (PCN+) – Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: MEC, 2002.

CARDOSO, Fernanda Serpa et al. Interdisciplinaridade: fatos a considerar. R. B. E. C.

T. v.1, n. 1, jan/abr.2008.

CASTRO, Ana Lúcia de. Culto ao corpo e sociedade: a mídia, o consumo e estilos de vida. 2001. 183 f. Tese (Doutorado) - Curso de Sociologia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001.

CHASSOT, Attico. Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social. Revista Brasileira de educação. Rio de Janeiro-RJ, 2006. Ano 3. N 22, Jan/Fev/Mar/Abr, 2003. Disponível:> http://www.scielo.br/pdf/%0D/rbedu/n22/n22a09>> Acesso em 23 de maio de 2016.

CIAMPO, Antonio; CIAMPO ,Ieda Regina. Adolescência e imagem corporal. Adolesc Saude. 2010;7(4):55-59

DARIDO, Suraya Cristina et al. Educação física no ensino médio: reflexões e ações. M

DUARTE JR., J. F. 1998. O que é beleza. São Paulo: Brasiliense. otriz, v. 5, n. 2, p. 138-

145, 1999.

FAZENDA, Ivani. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. 15. ed. Campinas:

Papirus, 2008.

FAZENDA, Ivani. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro efetividade ou ideologia. 5. Ed. São Paulo: Loyola, 2002.

FARIAS, Mayara Ferreira de; SONAGLIO, Kerlei Eniele. Perspectivas multi, pluri, inter e transdisciplinas no turismo. 2013. Revista Iberoamericana de Turismo–RITUR, Penedo,

38

vol.3, n.1, p.71-85, 2013. Disponível:>http://www.seer.ufal.br/index.php/ritur>>Acesso em 23 de maio de 2016.

FRANCISCHETT, Mafalda Nesi. O entendimento da interdisciplinaridade no cotidiano. Colóquio promovido pelo Programa de Mestrado em Letras da UNIOESTE–Cascavel. Retirado de http://www. bocc.ubi. pt/pag/francishett-mafalda-entendimento-da- interdisciplinaridade. pdf, 2005.

FRANÇA et al. Mudanças dos hábitos alimentares provocados pela industrialização e o impacto sobre a saúde do brasileiro. Anais do I Seminário Alimentação e Cultura na Bahia. Bahia, v.1. p. 1-7. 2012.

GONZALEZ, Fabiana Gaspar; PALEARI, Lucia Maria. O ensino da digestão-nutrição na era das refeições rápidas e do culto ao corpo. Ciência & Educação (Bauru), p. 13-24, 2006.

HARTMANN, A. M.; ZIMMERMANN, E. O trabalho interdisciplinar no Ensino Médio: a reaproximação das “Duas Culturas”. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em VII Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências – Florianópolis, 2009 Ciências, ano 4, v. 7, n. 2, 2007. Acesso em 23 de maio de 2016.

KRASILCHIK, Myriam. Reformas e realidade: o caso do ensino das ciências. São

Paulo Perspec., São Paulo , v. 14, n. 1, p. 85-93, Mar. 2000

PHILIPPI, Sonia et al . Pirâmide alimentar adaptada: guia para escolha dos alimentos.

Rev. Nutr., Campinas , v. 12, n. 1, p. 65-80, Apr. 1999

RICHARDSON, R. J. Pesquisa Social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.

SAMPAIO, R. P. A. de; FERREIRA, R. F. Beleza, identidade e mercado. Psicol. Rev. (Belo Horizonte), Belo Horizonte, v. 15, n. 1, p. 120-140, abr. 2009.

SANTOS, F; AGUILAR, J; Oliveira, M. Biologia: ser protagonista volume 2. 1ª edição. São Paulo. Editora SM, 2010.

SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos. Educação científica na perspectiva de letramento como prática social: funções, princípios e desafios. 2007.

SANTOS, Silvana; INFANTE-MALACHIAS, Maria Elena. Interdisciplinaridade e resolução de problemas: algumas questões para quem forma futuros professores de ciências. Educ. Soc., Campinas , v. 29, n. 103, p. 557-579, Ago. 2008.

SASSERON, Lúcia Helena. Alfabetização cientifica,ensino por investigação e argumentação: relações entre ciências da natureza e escola. Ens. Pesqui. Educ. Ciênc. (Belo Horizonte), Belo Horizonte , v. 17, n. spe, p. 49-67, Nov. 2015.

HIESEN, Juares da Silva. A interdisciplinaridade como um movimento articulador no processo ensino-aprendizagem. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro , v. 13, n. 39, p. 545- 554, Dez 2008 .

ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1999. p. 53-

87.

39

APÊNDICES

APÊNDICE A

Ministério da Educação UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

Criada pela Lei nº 10.435 de 24/04/2002

INSTITUTO DE RECURSOS NATURAIS

Plano de Aula para o Estágio Supervisionado IV

Ciências Biológicas Licenciatura

Aluno: Guilherme de Paula Faria

Escola: Escola Estadual Major João Pereira

Ano: 2º Ensino Médio

Professores orientadores: Janaína Roberta dos Santos e Dessano Plum de Oliveira.

Professora Supervisora: Rosaura Silva Costa Viana

I) Tema: Sistema digestório, saúde e alimentação.

II) Objetivos:

Compreender o funcionamento dos órgãos do sistema digestório nos processos

alimentares.

Relacionar os processos do sistema digestório com os alimentos que podem ser

nocivos para o bom funcionamento desse sistema.

Relacionar consumo de alimentos com distúrbios provocados pela má nutrição e

sedentarismo.

Compreender a relação da alimentação e diferentes períodos históricos.

Identificar os alimentos ingeridos cotidianamente e compará-los com os tipos de

alimentos recomendados na pirâmide alimentar.

Diferenciar os distúrbios alimentares (Anorexia e Bulimia) e compreender as suas

causas e consequências.

III) Conteúdo Simplificado:

40

Sistema digestório;

Alimentação e saúde;

Pirâmide alimentar e saúde humana.

Breve Histórico da alimentação humana.

Distúrbios psicológicos: bulimia e anorexia.

IV) Conteúdo Detalhado:

O sistema digestório é um sistema presente nos animais e é responsável pelos

processos nutricionais e de obtenção de energia e de outros componentes químicos

importantes. Nos seres humanos, esse sistema é composto pelos seguintes órgãos: boca,

faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus e ainda por

glândulas anexas, como: as glândulas salivares, pâncreas e fígado.

Figura 1. Esquema com os órgãos pertencentes ao sistema digestório humano.

A digestão ocorre inicialmente na boca com o processo da mastigação, onde o alimento

será triturado pelos dentes e umedecido pela saliva. A saliva possui muco e ptialina (amilase

salivar), que atuará sobre o amido, degradando-o em maltose e dextrinas( sacarídeos menos

complexos). A ação da amilase salivar se encerra no estômago, pois há uma mudança de ph que

inativa essa enzima.

O bolo alimentar sofre a ação da faringe e é empurrado para o esôfago. Graças aos

movimentos peristálticos provocados por movimentos desse órgão, esse bolo alimentar é dirigido

para o estômago, onde sofre a ação da enzima digestiva pepsina, responsável por degradar

41

proteínas em moléculas menores. As glândulas que se encontram na parede estomacal produz

ácido clorídrico (HCl), responsável por deixar o ph ácido, que favorece a ação da enzima

pepsina.

Do estômago o bolo alimentar segue para o intestino delgado. Esse órgão absorve os

nutrientes presentes nos alimentos e é dividido em três partes: duodeno, jejuno e íleo. Na região

duodenal há a ação das secreções advindas do fígado (bile) e do pâncreas. A bile é responsável

pela emussificação da gordura, tornando mais facilitada a ação de enzimas digestivas que irão

atuar posteriormente na digestão do bolo alimentar. O pâncreas é responsável pelo controle de

glicose no organismo, por meio produção de insulina e glucagon.

No intestino grosso há a absorção de água do bolo alimentar advindo do intestino delgado

e ainda é nesse órgão que ocorre a formação das fezes. Depois de serem produzidas as fezes, há

o estímulo para sua eliminação pelo ânus.

Doenças associadas ao sistema digestório

Gastrite: inflamação aguda ou crônica da mucosa que reveste as paredes internas

do estomâgo. Ela pode ser de fundo nervoso ou provocada por certos fatores, como uso

prolongado de bebidas alcóolicas, anti-inflamatórios, bactérias, entre outros. Os principais

sintomas são dores no estômago, azia ou queimação, perda de apetite,entre outros.

Diarreia: são disfunções do sistema digestório caracterizados por um aumento nas

evacuações e pela perda de consistência nas fezes que se tornam líquidas ou semi-

líquidas. A diarreia pode ser causada por infecções bacterianas ou viróticas, presença de

parasitas intestinais; ingestão de certas drogas; abuso de laxantes e intolerâncias a

derivados e leite.

Apendicite: Na região intestinal, há um pequeno órgão vestigial com cerca de 10

cm, chamado de apêndice. Às vezes, porções de quimo podem obstriuir a cavidade deste

órgão e gerar inflamações. Os principais sintomas são dores abdominais do lado direito,

náuseas, vômitos e apatia.

A anorexia é um transtorno alimentar caracterizado por um grande temor de ganhar

peso, ainda que o paciente esteja muito abaixo do peso ideal. Ele se impõe, então, a uma

rígida dieta de restrição alimentar.

A bulimia é mais difícil de ser percebida pelos familiares e se caracteriza por uma

etapa grande de ingestão de alimentos e outra de compensação ou, isto é, força-se o

vômito ou ingere-se laxantes e/ou diuréticos para eliminar a comida.

ALIMENTAÇÃO NA PRÉ–HISTÓRIA E IDADE ANTIGA

Desde o princípio, por milênios, vagaram os predecessores do homem, o próprio

homem e seus descendentes, perscrutando a face da terra, em busca de alimento.

Deixaram-nos um legado filogenético de experiências, em que se fundamentaram nossos

se ao cultivo de cereais e condimentos (GIACOMETTI, 1989).

Os condimentos também têm sua significação na história da alimentação humana.

O homem primitivo, como o atual, desejava alguma coisa além do alimento em si; foi o

42

sabor que desenvolveu a arte de comer e a de beber (SAVARIN, 1995).

ALIMENTAÇÃO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA E IDADE MÉDIA

A disseminação do uso de diferentes tipos de alimentos entre os continentes se

deve muito ao comércio e à introdução de plantas e animais domésticos em novas áreas.

Os gregos e os romanos tinham um comércio de grande porte, envolvendo plantas

comestíveis, azeite de oliva e ainda importavam especiarias no Extremo Oriente em 1000

a.C. (GARCIA, 1995).

MEDVED (1981), com as cruzadas, que tiveram início em 1096, milhares de

peregrinos entraram em contato com o Oriente Médio, estabelecendo-se um intenso

comércio. Na a Idade Média, as especiarias e ervas aromáticas eram usadas em

banquetes para ostentar riqueza.

ALIMENTAÇÃO NA IDADE CONTEMPORÂNEA

Até o século XX, muitas descobertas tecnico-científicas importantes levaram ao

progresso e também à modificação dos costumes alimentares (ABREU, 2000):

1. O aparecimento de novos produtos;

2. A renovação de técnicas agrícolas e industriais;

3. As descobertas sobre fermentação;

4. A produção do vinho, da cerveja e do queijo em escala industrial e o beneficiamento do

leite;

5. Os avanços na genética permitiram sua aplicação no cultivo de plantas e criação de

animais;

6. A mecanização agrícola;

7. E ainda o desenvolvimento dos processos técnicos para conservação de alimentos.

O crescimento demográfico, industrialização, urbanização, mudaram o consumo e

o estilo de vida, favorecendo o sedentarismo, a restrição da necessidade de gasto de

energia para as atividades diárias e para o trabalho, além de facilitar o consumo de

alimentos prontos e de alta densidade energética, aumentando os problemas de saúde

como a obesidade, a hipertensão e alguns tipos de câncer. A urbanização traz consigo as

infecções advindas de água e alimentos contaminados (COMITÉ NACIONAL DE LOS

ESTADOS UNIDOS, 1992).

Atualmente, os padrões de consumo alimentar variam grandemente em diferentes

partes do mundo, dependendo do grau de desenvolvimento e condições econômicas e

políticas para a produção. Paralelamente, o aumento da população e o envelhecimento no

mundo, aliados ao "padrão alimentar" que vem seguindo estacionário, pode significar um

agravamento dos problemas nutricionais (ABREU, 2000).

43

Figura 2. Diferenciação dos alimentos em categorias nutricionais.

Figura 3. Nova proposta de pirâmide alimentar.

Nova proposta de Pirâmide Americana

A base da pirâmide é a atividade física, estimulando e mostrando a importância da

prática de exercícios físicos para a saúde e controle de peso. Acima aparecem os

carboidratos (mas somente os integrais e in natura) e os óleos vegetais (fontes de ácidos

graxos monoinsaturados e polinsaturados), demonstrando que o maior consumo de

alimentos deve ser desses alimentos.

44

V) Cronograma Simplificado:

Data Conteúdo Procedimento Recurso 05/09 Sistema digestório: órgãos

presentes e funcionamento. Aula expositiva dialogada,

com o preenchimento coletivo da legenda do sistema

digestório.

Quadro, giz.

06/09 Sistema digestório: funcionamento.

Aula expositiva dialogada. Quadro, giz.

12/09 Alimentação e saúde: pirâmide dos alimentos.

Aula expositiva dialogada e confecção de uma pirâmide

alimentar dos alimentos consumidos diariamente

pelos alunos e uma comparação com a pirâmide

alimentar padrão.

Quadro, giz e atividade em grupo.

19/09 Breve histórico da alimentação mundial.

Aula expositiva dialogada. Datashow

20/09 Alimentação nos dias de hoje Exibição de trecho do documentário: Muito além do

peso. https://www.youtube.com/watc

h?v=8UGe5GiHCT4

Vídeo e datashow.

VI) Avaliação:

Os alunos serão avaliados por meio da participação nas duas atividades em grupos propostas.

Ao final dessa sequência didática interdisciplinar, espera-se que os alunos reflitam sobre seus hábitos alimentares de forma crítica e reflexiva.

VII) Referências:

ABREU, E. et al . Alimentação mundial: uma reflexão sobre a história. Saude soc.,

São Paulo , v. 10, n. 2, p. 3-14, Dez. 2001 . LOPES, S; ROSSO, S. Biologia ensino médio volume 2. 1ª edição. São Paulo. Editora Saraiva. SANTOS, F; AGUILAR, J; Oliveira, M. Biologia: ser protagonista volume 2. 1ª edição.

São Paulo. Editora SM, 2010.

45

APÊNDICE B

Ministério da Educação

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

Criada pela Lei nº 10.435 de 24/04/2002

INSTITUTO DE RECURSOS NATURAIS

Plano de Aula para o Estágio Supervisionado IV

Ciências Biológicas Licenciatura

Aluno: Guilherme de Paula Faria

Escola: Escola Estadual Major João Pereira

Ano: 2º Ensino Médio

Professores orientadores: Janaína Roberta dos Santos e Dessano Plum Oliveira

Professora Supervisora: Rosaura Costa Viana

I) Tema: padrões de beleza sociais e distúrbios alimentares.

II) Objetivos:

Compreender o que são padrões de beleza, sua constituição e suas implicações

sociais e culturais;

Relacionar a ideia de beleza aos padrões alimentares na contemporaneidade.

III) Conteúdo Simplificado:

Padrões de beleza historicamente construídos e suas relações com a saúde e

alimentação;

IV) Conteúdo Detalhado:

Segundo Duarte Jr.(1998) beleza é o produto da relação sujeito e objeto, por isso

seus pressupostos não podem ser quantificável, mensurável ou normatizado. Apesar

disso, constata-se na história humana, uma imposição de padrões e de parâmetros que

definem os conceitos apreciáveis estéticos numa certa sociedade e num tempo histórico

determinado.

A seguir, apresentamos de forma sucinta, alguns padrões de beleza encontrados

na história cultural da sociedade humana ocidental:

46

Pré-História: Arqueólogos que encontraram a peça de 28 mil

anos acreditam que ela represente um modelo de beleza feminina valorizado por nossos

antepassados das cavernas. A Vênus de Willendorf, pode ter sido usada em rituais de

fertilidade, já que carnes generosas durante muito tempo foram consideradas propícias à

procriação.

Grécia, a educação física era considerada um pilar da formação

dos homens, que desde meninos frequentavam os gymnasiums, complexos esportivos

que também eram centros de formação intelectual. Ali, além de treinar para se tornar

soldados ou competir em jogos públicos, os garotos estudavam filosofia, literatura e

música. Os atletas se exercitavam sem roupa.

47

Século I: No império romano, os treinos militares e exercícios físicos

pesados originavam soldados fortes. A expressão “corpo são em uma mente sã” era

utilizada nesse período, como reforço da valorização de corpos atléticos e vigorosos.

Idade média: Período de forte poder da Igreja Católica, e

com isso, foram negligenciados cuidados com o corpo como pretexto de ser pecaminoso

e afronta aos desígnios de Deus.

48

Renascimento: redescoberta de valores humanistas e artísticos dos

gregos e romanos. Revalorização do culto ao corpo.

Em 1900, Eugen Sandow cria os primeiros equipamentos da

musculação e inicia também competições de fisiculturismo.

49

Nos anos de 1920-1930, as mulheres recém-incorporadas ao mercado de

trabalho, adotaram um visual andrógino, com cabelos curtos, seios e quadris disfarçados

em vestidos retos. Em 1925, o corte de cabelo à la garçonne era muito popular entre as

mulheres europeias.

1940- Atrizes e atores de Hollywood eram considerados padrões de

beleza para a época. As atrizes com quadris largos e seios fartos eram consideradas

símbolos sexuais.

1960- Atrizes do cinema europeu, que apresentavam

seios fartos, cintura fina e quadris avantajados eram referências de beleza e sensualidade

na época.

50

1980- As supermodelos altas, magras e curvilíneas sem exageros,

dominaram capas de revistas e a mídia, promovendo esse biotipo como símbolo sexual.

Sampaio e Ferreira (2009) afirmam que atualmente há uma supervalorização da

beleza, uma vez que academias de ginástica e consultórios de cirurgiões plásticos são

consideradas, fábricas produtoras de um corpo ideal. Os autores ainda salientam que a

grande venda de produtos voltados para o emagrecimento ou aumento da massa

muscular e a exposição desses corpos ideais nas mídias e redes sociais, mostram-se

contraditórios com a com a satisfação dos nossos corpos. Nesse contexto, a busca por

um corpo ideal pode levar pessoas a arriscarem a própria vida em dietas restritivas ou em

distúrbios alimentares graves.

Diante de tais reflexões, pergunta-se: O que é beleza? Como os padrões de beleza

são constituídos? O que é considerado belo nos dias de hoje? O belo é necessariamente

saudável?

V) Cronograma Simplificado:

Data Conteúdo Procedimento Recurso 08/09 Padrões de beleza na

história da arte. Atividade em grupo para

procura de pessoas bonitas em revistas e reflexão sobre padrões de beleza. Atividade em grupo para montagem da pirâmide alimentar cotidiana

dos discentes.

Revistas.

15/09 Padrões de beleza nos dias de hoje e suas

relações com a alimentação e a saúde.

Aula expositiva dialogada e atividade de auto-percepção da própria imagem corporal.

Datashow

23/09 Encerramento da sequência didática: Brainstorm sobre as

Aula expositiva dialogada Giz e quadro.

51

relações entre beleza, saúde e alimentação.

VI) Avaliação:

A avaliação será feita pelos resultados apresentados na atividade em grupo na qual os

alunos realizarão recortes em revistas procurando pessoas “bonitas” e por meio do

Brainstorm sobre as relações entre saúde, alimentação e beleza na última aula.

VII) Referências:

DUARTE JR., J. F. 1998. O que é beleza. São Paulo: Brasiliense. HEINZELMAN, F. L. et al . Corpos em revista: a construção de padrões de beleza na Vogue Brasil. Psicol. Rev. (Belo Horizonte), Belo Horizonte , v. 18, n. 3, p. 470-488, dez. 2012 . SAMPAIOI, R. P. A. de; FERREIRA, R. F. Beleza, identidade e mercado. Psicol. Rev. (Belo Horizonte), Belo Horizonte , v. 15, n. 1, p. 120-140, abr. 2009 http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/entenda-mudancas-padrao-beleza- ao-longo-historia-781162.shtml. Acessado em 17/08/16

52

APÊNDICE C

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Menores de 18 anos)

TÍTULO DO PROJETO: “Interdisciplinaridade e ensino de biologia: analisando uma sequência

didática sobre alimentação. ”

PESQUISADOR RESPONSÁVEL PELO PROJETO: Guilherme de Paula Faria

Telefone para contato: (35) 99145-2621

Seu (Sua) filho(a) está sendo convidado a participar do projeto de pesquisa acima citado. O

documento abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que estamos fazendo.

Sua colaboração neste estudo será de muita importância para nós.

Eu , RG ,

abaixo assinado(a), concordo de livre e espontânea vontade que meu (minha) filho(a)

nascido(a) em / / , participe do

estudo “Interdisciplinaridade e ensino de biologia: analisando uma sequência didática sobre

alimentação”, e esclareço que obtive todas informações necessárias.

Estou ciente que:

I. Tenho a liberdade de desistir ou interromper a colaboração neste estudo no momento em que

desejar, sem necessidade de qualquer explicação;

II. A desistência não causará nenhum prejuízo a mim, nem ao(a) meu (minha) filho(a);

III. Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo, mas concordo que sejam

divulgados em publicações científicas, desde que nem o meu nome nem o de meu filho

sejam mencionados;

IV. Como participante da pesquisa, colaborando para a sua elaboração, poderei ter acesso aos

resultados.

Itajubá, de de

Dúvidas ou reclamações contatar:

Guilherme de Paula Faria, aluno do Curso de Ciências Biologias Licenciatura da Universidade

Federal de Itajubá - Unifei.

Telefone: (35) 99145-2621

Email: [email protected]

53

APÊNDICE D

Ministério da Educação

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

Criada pela Lei nº 10.435 de 24/04/2002

INSTITUTO DE RECURSOS NATURAIS

Questionário diagnóstico

Orientações:

Assinale a apenas uma alternativa;

Responda o questionário sozinho, sem consultar os colegas.

I) Analise a seguinte frase de Hiprócrates (Médico Grego): "Que seu remédio seja seu

alimento, e que seu alimento seja seu remédio" Assinale uma das

alternativas:( )Discordo parcialmente.( )Discordo plenamente.( )Concordo

parcialmente( )Concordo plenamente.( )Indiferente.

II)Você percebe alguma relação entre as imagens abaixo?

( )Sim. Comente:

( )Não. Comente:

54

III) Os programas da TV, os filmes e novelas podem influenciar nossa ideia de “pessoa

bonita” ou “pessoa feia”.

( )Discordo parcialmente

( )Discordo plenamente

( )Concordo parcialmente

( )Concordo plenamente

( )Indiferente.

IV) As imagens abaixo apresentam corpos bonitos e saudáveis em diferentes momentos

históricos. As duas imagens mostram mulheres bonitas e saudáveis s

Retrato de Maddalena - 1506 Gisele Bündchen (anos 2000)

(Raphael Sanzio)

( )Discordo parcialmente

( )Discordo plenamente.

( )Concordo parcialmente

( )Concordo plenamente

( )Indiferente.

V)Você vê relação entre as matérias que aprende em biologia, artes e educação física?

( )Sempre.

( )Algumas vezes.

( )Poucas vezes.

( )Nunca.

VI) Na sua opinião, como as diferentes matérias (biologia, matemática, língua portuguesa, geografia, história, artes...) poderiam trabalhar conjuntamente?

55

APÊNDICE E

Ministério da Educação

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

Criada pela Lei nº 10.435 de 24/04/2002

INSTITUTO DE RECURSOS NATURAIS

Questionário final Orientações:

Assinale a apenas uma alternativa;

Responda o questionário sozinho, sem consultar os colegas.

I) A sequência de aulas promovidas (sobre Alimentação) contribuiu para meu aprendizado.

( )Discordo parcialmente.

( )Discordo plenamente.

( )Concordo parcialmente.

( )Concordo plenamente.

( )Indiferente.

II) Verifiquei relação entre os temas (padrões de beleza, alimentação, saúde, sistema

digestório e entre outros) trabalhados durante as aulas.

( )Discordo parcialmente.

( )Discordo plenamente.

( )Concordo parcialmente.

( )Concordo plenamente.

( )Indiferente.

III) Durante o projeto, os conteúdos estudados nas disciplinas de artes, biologia e

educação física foram compreendidos por você de forma inter-relacionada? Por quê?

Como?

IV) As aulas que trabalham com temas interdisciplinares (promovendo relação entre as disciplinas) deveriam ser mais presentes na escola? Justifique.

56

V) Como você avalia o projeto sobre Alimentação? Por quê?

57

APÊNDICE F Apresentação de Slides: Aula do dia 15 de setembro.

58

59

60

61

62