Intertextualidade Implícita e Explícita

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Intertextualidade implícita: Leia a letra da canção "Hora do mergulho" da banda engenheiros do hawaii: Feche a porta, esqueça o barulho feche os olhos, tome ar: é hora do mergulho eu sou moço, seu moço, e o poço não é tão fundo super-homem não supera a superfície nós mortais viemos do fundo eu sou velho, meu velho, tão velho quanto o mundo eu quero paz: uma trégua do lilás-neon-Las Vegas profundidade: 20.000 léguas "se queres paz, te prepara para a guerra" "se não queres nada, descansa em paz" "luz" - pediu o poeta (últimas palavras, lucidez completa) depois: silêncio esqueça a luz... respire o fundo eu sou um déspota esclarecido nessa escura e profunda mediocracia Na letra da canção há a presença do intertexto "se queres paz, te prepara para a guerra", retomada de um famoso ditado romano: si uis pacem, para bellum, que, em uma tradução livre seria: "se queres paz, prepara-te para a guerra". POSTADO POR JANE XIMENES ÀS 09:30 NENHUM COMENTÁRIO: Diálogo III ESTUDO DA INTERTEXTUALIDADE

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Intertxtualidade

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Intertextualidade implícita:

Leia a letra da canção "Hora do mergulho" da banda engenheiros do hawaii:

Feche a porta, esqueça o barulho 

feche os olhos, tome ar: é hora do mergulho

eu sou moço, seu moço, e o poço não é tão fundo 

super-homem não supera a superfície 

nós mortais viemos do fundo 

eu sou velho, meu velho, tão velho quanto o mundo

eu quero paz:

uma trégua do lilás-neon-Las Vegas

profundidade: 20.000 léguas

"se queres paz, te prepara para a guerra" 

"se não queres nada, descansa em paz" 

"luz" - pediu o poeta 

(últimas palavras, lucidez completa)

depois: silêncio

esqueça a luz... respire o fundo

eu sou um déspota esclarecido

nessa escura e profunda mediocracia

Na letra da canção há a presença do intertexto "se queres paz, te prepara para a

guerra", retomada de um famoso ditado romano: si uis pacem, para bellum, que,

em uma tradução livre seria: "se queres paz, prepara-te para a guerra".

P O S T A D O P O R   J A N E X I M E N E S   À S   0 9 : 3 0   N E N H U M C O M E N T Á R I O :  

Diálogo III

ESTUDO DA INTERTEXTUALIDADE

BREVE INTRODUÇÃO:

O capítulo 9 do livro Introdução à Linguística Textual analisa, de forma restrita, o

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assunto Intertextualidade, teoria que nasceu no interior dos estudos literários, mas

que hoje vem sendo amplamente estudada pela Linguística Textual. De acordo com

Igedore Koch, grosso modo, Intertextualidade é a “presença do outro naquilo que

dizemos ou escrevemos” (Koch, p.145). Essa “presença do outro” é constitutiva do

discurso, isto quer dizer que a Intertextualidade é um fenômeno característico do

discurso, já que tudo o que dissemos ou iremos dizer não é de todo inédito.

A Intertextualidade em sua forma mais ampla, isto é, lato sensu, confunde-se com

polifonia (presença de vozes diversas no discurso), porém, a Intertextualidade

strictu sensu – analisada por Igedore Koch – é validada pela presença do

Intertexto.

Koch detêm-se ao estudo da Intertextualidade stricto sensu analisando sua

importância para a construção de sentidos no interior de um discurso. Para melhor

alcançar este fim, Koch permitiu-se a estudos tipológicos da Intertextualidade, isto

é, observando e catalogando os principais tipos de ocorrência e sua importância

para a garantia de coerência textual.

A Intertextualidade stricto sensu ocorre quando, em um texto, está inserido outro

texto (intertexto) anteriormente produzido, que faz parte da memória social de

uma coletividade ou da memória discursiva (domínio entendido de referência cf.

Garrot, 1985) dos interlocutores. Isto é, em se tratando de Intertextualidade stricto

sensu, é necessário que o texto remeta a outros textos ou fragmentos de textos

efetivamente produzidos, com os quais estabelece algum tipo de relação. ( KOCH,

p. 145- 146)

No volume Introdução à Linguística Textual, a autora Koch faz apenas menção aos

diversos tipos de Intertextualidade, assunto que ela desenvolve com maior critério

e minúcia no volume Intertextualidade: diálogos possíveis, com a co-autoria das

autoras Anna Cristina Bentes e Mônica Magalhães Cavalcante. Adentraremos em

breve à análise da tipologia intertextual, cabe-nos, antes, uma pequena ressalva:

além dos diversos tipos de intertextualidade, Maingueneau acrescenta aos estudos

da Intertextualidade os conceitos de “captação” e “subversão”. A captação ocorre

quando o autor do texto deseja corroborar com o intertexto, ou seja, quando ele

concorda com a “voz” do texto fonte; já a subversão, como o próprio nome sugere,

ocorre quando, ao contrário, o autor do texto é contrário à voz do texto fonte. Mais

adiante listaremos aqui alguns exemplos dessa ocorrência.

Intertextualidade temática

Comecemos a análise da tipologia intertextualidade temática com a insubstituível

definição das autoras Koch, Bentes e Cavalcante:

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“A intertextualidade temática é encontrada, por exemplo, entre textos científicos

pertencentes a uma mesma área do saber ou a uma mesma corrente de

pensamento, que partilham temas e se servem de conceitos e terminologias

próprios, já definidos no interior dessa área ou corrente teórica...” (KOCH,

BENTES e CAVALCANTE, 2007, P. 18)

As autoras, além dessa definição, listam ainda uma série de condições discursivas

propícias para a ocorrência desse fenômeno. A análise da intertextualidade

temática é concluída pelas autoras com a exposição de alguns exemplos

apreendidos por elas: é o caso do tema de Medéia de Eurípedes, que é retomado

na peça A gota d’água, de Chico Buarque.

Intertextualidade estilística

“A intertextualidade estilística ocorre, por exemplo, quando o produtor do texto,

com objetivos variados, repete, imita, parodia certos estilos ou variedades

linguística...”

Intertextualidade explícita

De forma ampla, temos a intertextualidade explícita quando, no próprio texto em

que é observada a intertextualidade, encontramos a referência do texto fonte.

Como analisam as autoras: 

“É o caso das citações, referências, menções, resumos, resenhas e traduções; em

textos argumentativos, quando se emprega o recurso à autoridade; e, em se

tratando de situações face-a-face, nas retomadas do texto do parceiro, para

encadear sobre ele ou contraditá-lo, ou mesmo para demonstrar atenção ou

interesse na interação”

Intertextualidade implícita

Há um caso de intertextualidade implícita quando, por um determinado motivo, o

autor do texto em que a intertextualidade é observada não “credita” a referência

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do texto fonte. Muitas vezes o autor do texto espera ou acredita que a

intertextualidade seja captada, nesses casos, a apreensão do intertexto torna-se,

como afirmam as autoras, “crucial” para o entendimento do texto como um

complexo coeso.

Temos a intertextualidade em caso de “captação” e de “subversão”. Sobre esses

dois conceitos já comentamos acima, portanto, não nos tornaremos redundantes.

Cabe-nos, apenas, uma pequena ressalva: há casos em que a captação de um texto

fonate pode ser classificada como um crime; estamos falando do plágio.

(Aqui, utilizar algum dos exemplos de um sábado qualquer)

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Q U I N T A - F E I R A , 1 5 D E A B R I L D E 2 0 1 0

Diálogo II

Neste segundo diálogo, abordaremos as noções relacionadas ao estudo dos fatores

de textualidade. Para isso, serão expostas as concepções de Maria da Graça Costa

Val, presentes no livro Redação e textualidade. Além das definições, abordaremos

questões pertinentes ao assunto, bem como ilustraremos tais conceitos a partir de

alguns exemplos selecionados especialmente para esse fim.

Para adentrarmos aos conceitos concernentes aos fatores textuais, convém, antes

de tudo, sabermos o que vem a ser textualidade.

O que é textualidade?

Para alguns estudiosos, o texto permeia toda a nossa atividade comunicativa, pois

é através dele que realizamos a contento a atividade de comunicar. Assim,

podemos dizer, embasados em Bakhtin e, de uma maneira bem ampla, que nós nos

comunicamos através de textos e não apenas através de frases e palavras, como já

se acreditou antes.

Mas, o que faz com que uma sequência de frases e palavras tenha o caráter de

texto? Vimos no “diálogo I”, uma série de fatores que caracterizam um texto,

vimos, por exemplo, que um texto deve ter uma unidade semântica, servir como

meio de interação e vimos ainda que um texto precisa ter, para ser considerado

como tal, uma certa estruturação formal. Estes fatores sublinhados estão

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correlacionados, de uma bem direta, aos fatores de textualidade.

De uma maneira didática, podemos dizer que textualidade é tudo aquilo que

fornece a um construto linguístico o caráter de texto. Portanto, É O QUE FAZ UM

TEXTO SER CONSIDERADO COMO TAL.

Falando assim é fácil compreender, mas, além de compreender, é necessário para

nós (como futuros professores) não só compreender e identificar como também

analisar a textualidade, analisando, mais especificamente, os fatores responsáveis

pela textualidade, verificando se eles garantem a integridade semântica de uma

redação escolar, por exemplo. Essa é uma tarefa muito difícil porque, muitas

vezes, esses fatores não são visíveis na superfície textual, nós que devemos

reconstruí-los a partir de nossos conhecimentos prévios, assim, não podemos

simplesmente apontá-los e sublinhá-los.

Antes de começarmos a definição, cabe-nos uma ressalva: a divisão dos fatores

textuais que será feita aqui, como alerta muitos teóricos, é puramente didática,

visto que tais fatores coatuam e, muitas vezes, são indissociáveis na tessitura

textual.

Beaugrande e Dressler (1983) dividem em dois grandes grupos os sete fatores

responsáveis pela textualidade.

A) Neste primeiro grupo, estão inseridos os fatores responsáveis pela composição

semântico-conceitual e pela materialização lingüística, estes são: coerência e

coesão.

B) No segundo grupo, estão compreendidos mais cinco fatores que são

responsáveis pelo caráter pragmático de um texto, entre eles temos:

intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e

intertextualidade.

Iniciaremos então a conceituação e analise de cada fator, começando pela

coerência, que, como já dissemos, diz respeito à integridade semântico-conceitual

de um texto.

Atualmente há, porém, um “novo olhar” sobre a coerência. De acordo com essa

visão, coerência não é apenas a unidade semântica, “mas também todas as

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inferências que precisam ser feitas para que os sentidos sejam construídos”. Ainda,

segundo tal perspectiva, não há um texto totalmente incoerente, visto que todo

locutor tem por intenção a de se fazer compreendido, o que ocorre, muitas vezes -

por conta do desempenho não desenvolvido do locutor que tem por consequência a

não compreensão do sentido por parte do interlocutor - são incoerências locais.*

O que é coerência?

Segundo Costa Val, a coerência é:

• Um fator subjacente, isto é, anterior à superfície textual;

• De todos os fatores, o mais relevante, por garantir o sentido;

• Envolve em seu bojo, além de aspectos lógicos e semânticos, também aspectos

cognitivos.

Dizemos que um discurso é coerente quando seu sentido é recuperado pelo

interlocutor, pois como já deixamos claro, um texto é feito de lacunas e cabe ao

interlocutor fazer inferências para preencher essas lacunas.

Vamos a um exemplo:

Ex 1:

• Considerando o texto da campanha acima, você acha que o fato de estar

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dirigindo após ter ingerido bebida alcólica tem alguma relação com o elemento

“igreja” e “daqui a sete dias”? Por que?

• Há alguma relação entre as expressões “igreja lotada” e “que coisa linda!”?

Qual? Por que?

• Em sua opinião, qual foi a intenção do produtor do texto?

• Você consegue apontar alguma informação que é sugerida pelo texto, mas que

não está explicitada no cotexto? Tente pensar em palavras ou ideias que são

fundamentais para a compreensão desse texto, mas que não vêm expressas.

Exercício do texto “tragetória da linguística textual” (Ingedore Koch)

• Explique as concepções de texto, de acordo com cada momento da Linguística

Textual, traçado por Koch.

• Em que consistia as “análises interfrásticas” e com qual momento da Linguística

Textual podemos relacioná-las?

• Qual foi a contribuição da “virada pragmática” para os estudos relativos à

Linguística de Texto?

• Utilize a piada abaixo para ilustrar como, à luz da Linguística Textual, existe uma

negociação entre entorno socio-cultural e cognição.

MANUEL

O Manuel está andando na rua, quando vê uma casca de banana a uns cinco

metros de distância. Na mesma hora ele pensa: 

- Ai, Jesus! La vou eu cair de novo!