Introdução

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Introdução Possivelmente, a teoria educacional mais bem aceita em música é aquela que considera que "os alunos são herdeiros de um conjunto de valores e práticas culturais, e devem aprender informações e habilidades relevantes que permitam a sua participação em atividades musicais cotidianas. As escolas são agentes importantes nesse processo de transmissão e a função do educador musical é a de introduzir os alunos em reconhecidas tradições musicais" (Swanwick, 1988, p.10). Um exemplo dessa teoria se encontra na obra de Zoltan Kodály (1882-1967), importante compositor e educador musical húngaro. O compositor dedicou grande parte de sua imensa capacidade criativa à edificação de um sistema de educação musical amplo e acessível a todos. Kodály estava preocupado primeiramente com o amador musicalmente literato, e desejava criar um sistema educacional em que as pessoas aprendessem música como qualquer outro aspecto a ser desenvolvido no ser humano, visando a sua formação integral. O método que resultou desse esforço tem sido utilizado amplamente no seu país natal e enfatiza o uso da voz e de elementos do folclore nacional (no seu caso, húngaro). Da mesma forma, Villa-Lobos (1887-1959) era uma tradicionalista e estava preocupado com a elevação artístico-musical do povo brasileiro. Ele acreditava que se todos estudassem música nas escolas estar-se- ia contribuindo para transformá-la numa vivência cotidiana e formando um público sensibilizado às manifestações artísticas. O compositor participou ativamente do projeto de desenvolvimento do canto orfeônico e tinha como objetivo primordial auxiliar

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IntroduoPossivelmente, a teoria educacional mais bem aceita em msica aquela que considera que "os alunos so herdeiros de um conjunto de valores e prticas culturais, e devem aprender informaes e habilidades relevantes que permitam a sua participao em atividades musicais cotidianas. As escolas so agentes importantes nesse processo de transmisso e a funo do educador musical a de introduzir os alunos em reconhecidas tradies musicais" (Swanwick, 1988, p.10).Um exemplo dessa teoria se encontra na obra de Zoltan Kodly (1882-1967), importante compositor e educador musical hngaro. O compositor dedicou grande parte de sua imensa capacidade criativa edificao de um sistema de educao musical amplo e acessvel a todos. Kodly estava preocupado primeiramente com o amador musicalmente literato, e desejava criar um sistema educacional em que as pessoas aprendessem msica como qualquer outro aspecto a ser desenvolvido no ser humano, visando a sua formao integral. O mtodo que resultou desse esforo tem sido utilizado amplamente no seu pas natal e enfatiza o uso da voz e de elementos do folclore nacional (no seu caso, hngaro).Da mesma forma, Villa-Lobos (1887-1959) era uma tradicionalista e estava preocupado com a elevao artstico-musical do povo brasileiro. Ele acreditava que se todos estudassem msica nas escolas estar-se-ia contribuindo para transform-la numa vivncia cotidiana e formando um pblico sensibilizado s manifestaes artsticas. O compositor participou ativamente do projeto de desenvolvimento do canto orfenico e tinha como objetivo primordial auxiliar o desenvolvimento artstico da criana e produzir adultos musicalmente alfabetizados.Ao contrario do que frequentemente se pensa, nenhum dos dois compositores definiu uma metodologia prpria. Limitaram-se a expressar as suas idias a respeito do estado da educao musical nos seus respectivos pases e de suas possibilidades futuras. Eles compartilhavam objetivos e, em alguns casos, propostas de soluo. Em locais e situaes diferentes, estabeleceram uma filosofia educacional baseada nos seguintes princpios:1. A musica um direito de todos."A todo o povo assiste o direito de ter, sentir e apreciar a sua arte, oriunda da expresso popular ..." (Villa-Lobos, 1946, p.498)"Em 1690 ... a idia de que todos poderiam aprender a ler e escrever a sua prpria linguagem era no mnimo to ousada quanto a idia de que todos podem aprender a ler msica." (Kodly, 1954, p.201)2. A educao musical necessria para o desenvolvimento pleno do ser humano."A msica, eu a considero, em princpio, como um indispensvel alimento da alma humana. Por conseguinte, um elemento e fator imprescindvel educao da juventude." (Villa-Lobos, 1946, p.498)"Nenhuma outra disciplina pode servir ao bem estar da criana - fsico e espiritual - tanto quanto a msica." (Kodly, 1929, p.121)3. A voz cantada o melhor instrumento de ensino porque acessvel a todos."O ensino e a prtica do canto orfenico nas escolas impe-se como uma soluo lgica." (Villa-Lobos, 1946, p.504)" uma verdade longamente aceita o fato do canto ser o melhor incio para a educao musical." (Kodly, 1954, p.201)4. Musica folclrica de alta qualidade deve ser utilizada no ensino musical."O folclore hoje considerado uma disciplina fundamental para a educao da infncia e para a cultura de um povo." (Villa-Lobos, 1946, p.530)"... msica folclrica no deve ser omitida nunca ... se no for por outra razo, que seja para manter viva ... o sentido das relaes entre a linguagem e a msica." (Kodly, 1951, p.173)5. O aprendizado musical mais significativo quando realizado em um contexto de experimentao."Antes do aluno ser atrapalhado com regras, deve familiarizar-se com os sons. Deve-se ensinar-lhe a conhecer os sons, a ouvi-los, a apreciar suas cores e individualidade." (Villa-Lobos, 1946, p.496)"Msica no deve ser enfocada atravs do seu lado intelectual, racional, nem deve ser transmitida criana como um sistema de smbolos algbricos, ou como a escrita secreta de uma linguagem com a qual ela no tem conexo. A forma correta deve abrir caminho para a intuio direta." (Kodly, 1929, p.120)6. Os professores de msica devem ser especialmente preparados para a rdua tarefa da educao musical."Onde encontrar um corpo de educadores especializados, perfeitamente aptos a ministrar infncia os ensinamentos da musica e do canto orfenico ...?" (Villa-Lobos, 1946, p.507)" muito mais importante quem o professor de msica em ... do que quem diretor da pera em Budapeste ... porque um diretor ruim falha uma nica vez, mas um professor ruim continua falhando durante trinta anos, destruindo o amor pela musica em trinta grupos de crianas." (Kodly, 1929, p.124)Apesar dos dois compositores compartilharem os mesmos pressupostos bsicos, as duas experincias de educao musical se desenvolveram de forma distinta e deram resultados completamente diferentes. O sistema de Kodly foi bem sucedido e disseminou-se amplamente, ao passo que o de Villa-Lobos estagnou e foi praticamente esquecido.Uma retomada dos valores da teoria tradicional de educao musical no Brasil implica, necessariamente, na identificao dos fatores que determinaram o fim do canto orfenico. A anlise crtica do sistema mostra a presena de pelo menos trs fatores que contriburam para o seu fracasso: 1) conotaes de carter poltico; 2) a falta de capacitao pedaggica adequada; 3) a falta de uma metodologia de ensino suficientemente estruturada.HistricoO ideal do canto orfenico tem suas razes na Frana. No incio do sculo XIX, o canto coletivo era uma atividade obrigatria nas escolas municipais de Paris e o seu desenvolvimento propiciou o aparecimento de grandes concentraes orfenicas que provocavam o entusiasmo geral. Na poca, o sucesso desse empreendimento foi tal que surgiu at mesmo uma imprensa orfenica.O canto orfenico tem caractersticas prprias que o distinguem do canto coral dos conjuntos eruditos. Trata-se de uma prtica da coletividade em que se organizam conjuntos heterogneos de vozes e tamanho muito varivel. Nesses grupos no se exige conhecimento musical ou treinamento vocal dos seus participantes. Por outro lado, o canto coral erudito exige no s conhecimento musical e habilidade vocal, como tambm vozes rigorosamente distribudas e um rigor tcnico-interpretativo mais elevado.Antes de Villa-Lobos, porm, o movimento do canto orfenico no Brasil j havia sido deflagrado no incio do sculo por Joo Gomes Jnior com orfees compostos de normalistas na Escola Normal de So Paulo, futuro "Instituto Caetano de Campos". Foi seguido por Fabiano Lozano, com as normalistas na cidade de Piracicaba, e por Joo Batista Julio, que teve um papel expressivo no movimento com a criao do Orfeo dos Presidirios na Penitenciria Modelo de So Paulo.A partir de 1921 a posio do governo de So Paulo era francamente favorvel ao ensino de msica nas escolas pblicas. Na dcada de 30, a iniciativa alastrou-se por todo o pais, e o movimento pela implantao do canto orfenico tomou grande impulso com a adeso de Villa-Lobos.Em 1931, o compositor, recm chegado ao Brasil depois de alguns anos na Europa, foi convidado pelo interventor Federal Joo Alberto Lins e Barros a organizar um orfeo cvico; o evento reuniu mais de 11.000 vozes, numa manifestao de impacto indita no Pas e com grande participao popular.Em 1932, Villa-Lobos assumiu a direo da Superintendncia da Educao Musical e Artstica (SEMA) das Escolas Pblicas do Rio de Janeiro, fundada pelo educador Ansio Teixeira. A SEMA, baseada na reforma que instituiu o ensino obrigatrio de Canto Orfenico no Municpio do Rio de Janeiro (Decreto 19.890 de 18 de abril de 1931), criou o Curso de Orientao e Aperfeioamento do Ensino de Msica e Canto Orfenico. As atividades eram subdivididas em cursos de Declamao Rtmica e de Preparao ao ensino do Canto Orfenico, destinados aos professores das escolas primarias; tambm foram criados o Curso Especializado de Msica e Canto Orfenico e de Prtica de Canto Orfenico, destinados formao de professores especializados.O Curso Especializado de Msica e Canto Orfenico tinha por objetivo estudar a msica nos seus aspectos tcnicos, sociais e artsticos, e tinha um currculo extenso: canto orfenico, regncia, orientao prtica, analise harmnica, teoria aplicada, solfejo e ditado, ritmo, tcnica vocal e fisiologia da voz, disciplinas s quais foram includas histria da msica, esttica musical, e, pela primeira vez no Brasil, etnografia e folclore. Paralelamente, criou-se o famoso Orfeo dos Professores, com aproximadamente 250 vozes, que estimulou o processo educativo e ofereceu uma importante contribuio ao panorama cultural atravs de diversas apresentaes altamente qualificadas.O sucesso da SEMA e das atividades decorrentes resultaram na formao do Conservatrio Nacional de Canto Orfenico, em 1942. Tratava-se de uma instituio modelar, no mbito do Ministrio da Educao e Sade, que se propunha a criar um centro de estudos de educadores musicais de alto nvel. O Conservatrio teria incumbncia no s de formar professores, como tambm orientar e fiscalizar todas as iniciativas do canto orfenico no pas inteiro.O Conservatrio, dirigido por Villa-Lobos at a sua morte em 1959, era composto de cinco sees curriculares: Didtica do Canto Orfenico, Formao Musical, Esttica Musical e Cultura Pedaggica. Durante todos esses anos o compositor preocupou-se no s em criar e difundir uma metodologia de educao musical prpria; tambm visava a formao de um repertrio adequado ao Brasil, alm de promover a capacitao de um corpo docente especializado.A escolha do repertrio utilizado no canto orfenico foi baseada principalmente no folclore nacional e teve como intuito bsico a preservao dos valores culturais do povo. Nesse sentido, dentre a vasta obra de Villa-Lobos, destaca-se o "Guia Prtico", pequena obra-prima contendo 138 verses de cantigas infantis populares, editado pela primeira vez em 1938.O Problema PolticoAs dcadas de 30 e 40 foram marcadas por intensa atividade educativa. Ao mesmo tempo, Villa-Lobos promoveu grandes manifestaes orfenicas nas datas cvicas, sob o argumento de disseminar o mtodo. Entretanto a vinculao que se fez com o governo totalitrio da poca tornou-se evidente devido forte associao que se fez entre msica, disciplina e civismo. O prprio compositor se manifesta da seguinte forma:"Era preciso por toda a nossa energia a servio da Ptria e da coletividade, utilizando a msica como um meio de formao e de renovao moral, cvica e artstica de um povo. Sentimos que era preciso dirigir o pensamento s crianas e ao povo. E resolvemos iniciar uma campanha pelo ensino popular da msica no Brasil, crentes de que hoje o canto orfenico uma fonte de energia cvica vitalizadora e um poderoso fator educacional. Com o auxlio do Governo, essa campanha lanou razes profundas, cresceu, frutificou e hoje apresenta aspectos ineludveis de slida realizao ... Mas para que esse ensino seja proveitoso e venha completar, e no perturbar, a evoluo natural em que se deve processar a educao da criana, preciso que seja ministrado simultaneamente com os conhecimentos de msica nacional. Encarado, pois, o problema da educao musical da infncia sob esse aspecto, o ensino e a prtica do canto orfenico nas escolas impe-se como uma soluo lgica, no s a formao de uma conscincia musical, mas tambm como um fator de civismo e disciplina social coletiva" (Villa-Lobos, 1946, pp.502-504).Do ponto de vista do governo de Getulio Vargas era uma excelente forma de propaganda, na qual tentava-se uma certa legitimao; os regimes de forca frequentemente tm uma percepo apurada do poder arrebatador da msica sobre as massas. Dessa forma, frequente a crtica de que o trabalho pedaggico de Villa-Lobos estava a servio de uma causa poltica e no educacional.Arnaldo Contier, professor de Histria Contempornea da Universidade de So Paulo, expe a questo de forma particularmente rigorosa:"Villa-Lobos esteve na Alemanha nazista, quando voltou de Praga em 36. E, naquele momento, fez uma relao muito clara entre musica, civismo, propaganda e trabalho. Uma atitude nada ingnua e, ao contrrio, muito consciente. Villa-Lobos compactuou com o regime getulista de um modo deliberado e o fez porque quis e nunca somente por necessidade." (apud Torres, 1987, p.74)Nem todos, entretanto, concordam com este ponto de vista e julgam que o comprometimento do compositor com a ditadura Vargas foi apenas uma circunstncia favorvel aos seus objetivos musicais, e que o aspecto propagandstico e cvico no mereceria maior importancia.A polemica e complexa e no tem perspectiva de consenso. Seja como for, a seguinte citao de Aldous Huxley pertinente:"Os fins no podem justificar os meios pela simples e bvia razo de que os meios empregados determinam a natureza dos fins obtidos." (apud Machado, 1983, p.186)O Problema da Capacitao DocenteUm outro aspecto que foi determinante no desenvolvimento do canto orfenico foi a necessidade de se promover uma capacitao docente adequada e em grande escala. Nesse sentido, o Ministrio da Educao e Sade estabeleceu em 1945 que as escolas no Distrito Federal e nas capitais dos Estados do Rio de Janeiro e So Paulo no poderiam contratar professores de canto orfenico que no possussem especializao na disciplina, seja pelo Conservatrio Nacional ou estabelecimento equivalente. Dessa forma, o Governo Federal propunha-se a garantir um padro de qualidade mnimo sobre o ensino do canto orfenico.Entretanto, essa medida logo se mostrou inadequada. Para suprir a crescente demanda de professores criaram-se cursos emergenciais e de frias de formao qualitativa duvidosa, aos quais se somaram os de estabelecimentos "equiparados ao Conservatrio Nacional" que nunca chegaram aos nveis desejados. Em se tratando de um pas com as dimenses territoriais do Brasil, o problema era imenso e no foi resolvido a contento.O Problema MetodolgicoO ensino musical nos moldes propostos por Villa-Lobos implica em algumas decises de carter metodolgico que no foram observadas. A nfase na leitura vocal e no aprendizado de elementos musicais requer uma estratgia bem definida que permita um aprendizado consistente. Dessa forma, a definio e padronizao de tcnicas de ensino especificas vital para a sobrevida de qualquer mtodo ou sistema educacional.Sob esse ponto de vista, o mtodo Kodly bastante esclarecedor. A comparao, entretanto, limitada uma vez que a realidade tnica, scio-econmica e cultural hngara era e completamente diferente do Brasil. Seja como for, a adoo de tcnicas de ensino bastante especficas como a adoo do solfejo relativo ou "d mvel" e de uma sequncia cuidadosa de apresentao do material pedaggico foram fundamentais para o sucesso do sistema.No solfejo relativo a tnica de uma tonalidade sempre "d" em maior e "l" em menor, independentemente da tonalidade. As vantagens desse sistema no ensino do solfejo so obvias: uma mesma cano bsica composta apenas de sol e mi a mesma em qualquer tonalidade. A partir do momento em que a criana conhece apenas essas duas notas, ela j pode identific-las em vrias posies do pentagrama.Ainda que comprovada a eficcia do sistema mvel de solmizao na educao musical bsica, a sua aplicao no Brasil envolve grandes complicaes. Ao contrario de outros pases, as mesmas slabas de solmizao utilizadas no sistema mvel so utilizadas para indicar frequncias musicais fixas. Nesse caso, uma possvel soluo seria a adoo de um novo conjunto de slabas diferenciadas para indicar as funes e os graus meldicos da escala.Por outro lado, a sequncia de apresentao do material musical utilizada na Hungria extremamente consistente e baseada em experimentao, ao invs de lgica. Cada elemento musical tratado de forma bastante especfica e a experincia musical precede a simbolizao; a ordem de ensino sempre ouvir, cantar, intuir, escrever, ler e criar, inicialmente em contextos concretos, seguido por contextos abstratos.Esse aspecto do sistema hngaro - o de uma metodologia que considera o desenvolvimento cognitivo da criana - teve, sem dvida alguma, importncia capital no sucesso do seu sistema de educao musical. No Brasil, ainda que Villa-Lobos tenha manifestado a importncia de uma metodologia de ensino que levasse em considerao as particularidades do aprendizado da criana, as iniciativas no sentido de definir objetivos e adequar materiais musicais aos fins propostos foram praticamente inexistentes.Consideraes FinaisVilla-Lobos era um gnio de inteligncia superlativa e enfatizou a necessidade de um novo tipo de ser humano no qual a dimenso esttica fosse estimulada. Essa dimenso, frequentemente negligenciada em um processo educacional no balanceado, contribui para o desenvolvimento do pensamento criativo e para a formao de uma escala de valores na qual as emoes e os sentimentos tm significado.A habilidade de pensar lgicamente e planejar as suas aes possibilitaram a sobrevivncia do homem em um mundo hostil; entretanto, a aspirao por algo mais do que a mera existncia que possibilita cham-lo de ser humano. A msica e as artes em geral so manifestaes significantes da necessidade que temos por algo mais que o simples existir biolgico.A despeito de qualquer controvrsia, no h como negar a importncia do canto orfenico no Brasil. Villa-Lobos acreditava que as escolas deveriam oferecer muito mais que os elementos bsicos necessrios para a vida prtica. Dessa forma, o seu trabalho educacional tinha como inteno ensinar a apreciar, compreender e criticar de forma discriminada os produtos da mente, da voz e do corpo que do dignidade ao homem e lhe exaltam o espirito.O insucesso de sua empreitada na rea da educao musical deve-se muito mais a problemas de ordem operacional do que a problemas de ordem conceitual. Sob esse ponto de vista, Adhemar Nobrega, musiclogo brasileiro e amigo de Villa-Lobos, faz a sua defesa e expe a questo da seguinte forma:"O criador visualiza um sistema em seu conjunto, atentando mais para a universalidade da sua aplicao do que para as particularidades do seu mecanismo. Cabe posteridade (ou aos auxiliares implantadores) melhor aperfeioar a obra criada, adaptando a realidade presente e as novas solicitaes do seu emprego. (...) No caso do Canto Orfenico, essa tarefa de adaptao realidade presente, de atualizao foi muitas vezes substituda pura e simplesmente, pela critica destrutiva de certos aspectos vulnerveis do sistema (apud Senise, 1987, p.9).REFERNCIAS BIBLIOGRFICASCHOKSY, Lois, The Kodly Context: Creating an Environment for Musical Learning. Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall, 1981.KODLY, Zoltan, Children's Choirs, 1929. In: BONIS, F. (Ed.). The Selected Writings of Zoltan Kodly. London, UK: Boosey and Hawkes, 1974.KODLY, Zoltan, Ancient Traditions - Today's Musical Life, 1951. In: BONIS, F. (Ed.). The Selected Writings of Zoltan Kodly. London, UK: Boosey and Hawkes, 1974.KODLY, Zoltan, Preface to the Volume Musical Reading and Writing, 1954. In: BONIS, F. (Ed.). The Selected Writings of Zoltan Kodly. London, UK: Boosey and Hawkes, 1974.MACHADO, Maria C. Heitor Villa-Lobos. So Paulo, SP: Editora Brasiliense, 1983.SENISE, Arnaldo J. Villa-Lobos e a Implantao do Canto Coletivo. 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