Introdução - Portal IDEA
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Introdução
A intoxicação é o efeito nocivo que se produz quando uma substância tóxica é ingerida ou entra em contato com:
Pele e olhos
Mucosa: Nasal, do trato gastrintestinal, dos porgãos genitais
São situações comuns na prática clínica principalmente em emergências e são a causa mais freqüente de acidentes domésticos não mortais.
Introdução
As intoxicações acidentais ou intencionais, são consideradas uma importante causa de ida a emergências médicas ou internações;
A OMS estima que aproximadamente 1,5 a 3% da população é intoxicada por ano.
Isto representa para nosso país, até 4.800.000 novos casos a cada ano.
De 0,1 a 0,4 % das intoxicações culminam em óbito.
Introdução
Muitas vezes estamos diante de casos em que há uma exposição evidente, porém há casos em que a exposição é apenas possível.
Portanto a hipótese de intoxicação deve ser sempre um diagnóstico diferencial em quadros obscuros e
com sintomatologia não enquadrável.
Introdução
Aproximadamente 70% das intoxicações são agudas
Cerca de 90% das intoxicações agudas se dá por ingestão (isto é por via oral).
Produtos tóxicos comuns
Diagnóstico
O diagnóstico das intoxicações agudas emprega os mesmos processos para o diagnóstico de qualquer condição clínica:
História ( anamnese )
Exame físico
Exames laboratoriais ( Se necessário )
Diagnóstico
Lembre-se sempre:
PARA DIAGNOSTICAR UMA INTOXICAÇÃO, É PRECISO PENSAR NELA !
Diagnóstico
Na prática clínica, as eventualidades que se apresentam, podem estar enquadradas dentro de 2 possibilidades:
1. Exposição evidente
2.Exposição possível
Exposição evidente
Quando há uma exposição evidente, clara, ela pode estar enquadrada em uma das seguintes condições:
O toxicante (tóxico) e a dose são conhecidos
O toxicante é conhecido porém a dose é desconhecida
O toxicante e a dose são desconhecidos
Exposição evidente
Diante de uma exposição evidente, o problema principal é:
Avaliar a QUANTIDADE do toxicante e a sua toxicidade.
O tratamento dependerá da quantidade e da toxicidade do toxicante.
Exposição possível
É a ausência de exposição clara (evidente) porém com:
Brusca transição do estado de saúde para um distúrbio orgânico importante e com risco de morte.
Aparecimento simultâneo de sintomas semelhantes em nº significativo de pessoas.
Exposição possível
Entram nessa situação, o encontro de “pistas” como: Vidros,
Fracos vazios,
Envelopes de fármacos vazios ou mastigados,
Partes de plantas,
Seringas recém-usadas,
Cartas de despedidas ou de tentativa clara de suicídio no local onde se encontravam o paciente, ou próximo a ele.
Diagnóstico diferencial
Pensar em intoxicação para o diagnóstico de uma enfermidade com:
Quadro clínico obscuro
Com sintomatologia não enquadrável
Etiologia desconhecida
Pacientes desacordados e encontrado
Lembre-se: Envenenamento deve ser considerado sempre no diagnóstico diferencial !
Exame físico
Muitas vezes, como os pacientes chegam desacordados e sem informações importantes que podem nos nortear a um diagnóstico, o exame físico completo se torna um aliado fundamental.
Além de ser completo, para obter uma visão integral do paciente e manutenção de suas funções vitais, devemos procurar alguns sinais e sintomas que juntos podem fechar o diagnóstico.
Exame físico: Hálitos
De polidor de prata (amêndoas amargas): Intoxicação por: Cianeto
Alho: Intoxicação por: Arsênico, fósforo, tálio e parathion
Acetona: Intoxicação por: Acetona, álcool, isopropílico, metanol,
aspirina
Gás de carvão: Intoxicação por: Monóxido de carbono
Exame físico: Hálitos
Pêra:
Intoxicação por: Hidrato de cloral
Graxa de sapato:
Intoxicação por: Nitrobenzeno
Cânfora:
Intoxicação por: Cânfora
Álcool:
Intoxicação por: Álcool
Exame físico: Boca
Sialorréia:
Organofosforados
(OF),
Carbamatos,
Arsênico,
Estricnina,
Chumbo,
Mercúrio,
Tálio,
Cogumelos,
Nicotina,
Aspirina,
Cáusticos
Exame físico: Boca
Xerostomia (boca seca):
Atropínicos,
Anti-histamínicos,
Efedrina,
Anfetamina
Exame físico: Boca
Descoloração das gengivas:
Chumbo,
Mercúrio,
Arsênico,
Bismuto
Exame físico: Olhos
Miose:
Narcóticos,
OF,
Carbamatos,
Pilocarpina,
Muscarina,
Ipeca,
Exame físico: Olhos
Midríase: Atropínicos
Cocaína
Anfetaminas
Meperidina
Éter
Cânfora
Álcool
Cianeto
Monóxido de carbono
Nicotina
Benzeno
LSD
Exame físico: Cardiovascular
Taquicardia: Álcool
Arsênio
Atropínicos
Aspirina
Efedrina
Nicotina
Cocaína
IPECA
Anfetamina
Bradicardia: Digitálicos
Gasolina
Nicotina
Cogumelos
Narcóticos
Cianeto
Simpaticomiméticos
OF
Carbamatos
Exame físico: Cardiovascular
Hipertensão: Anfetaminas
Chumbo
Nicotina
Simpaticomiméticos
Hipotensão: Fenotiazínicos
Imipramina
Exame físico: Cardiovascular
Alterações no ECG:
Arritmias ventriculares:
Arsenico, imipramina
Bloqueio atrioventricular:
Cianeto, dextropropoxifeno
QT prolongado:
Fenotiazinas
Outras:
Ipeca
Exame físico: Pele
Marcas de agulhas:
Narcóticos e anfetaminas
Vesículas tensas:
Barbitúricos
Bolhas nos pés:
Monóxido de carbono
Pele seca e quente:
Atropínicos e botulismo
Exame físico: Pele
Sudorese:
OF,
Carbamatos,
Nitratos,
Muscarínicos,
Nicotina,
Anfetaminas,
Barbitúricos,
LSD,
Cogumelos,
Talio,
Privação de drogas
Exame físico: Pele
Coloração: Preto: Iodo Marrom: Brometo, metahemoglobinemia Amarela: Ácido bórico Rosa: Monóxido de carbono Icterícia: Anilina, Arsênico, benzeno,
fenotiazinas, fósforos, tiazídicos, quinina, cogumelos
Cianose: Dióxidos de carbono, cianeto, metano, nitratos, nitritos, Hidrato de clora, dinitrofenol, sulfonas
Exame físico: Neuropsíquicos
Convulsões: Anfetaminas,
Cânfora
Idrocarboneto,
Clorados,
OF,
Carbamatos,
Cianeto
Isoniazida,
Estricnina Cogumelos Cocaína Nicotina Cafeína Dextropropoxifeno
Exame físico: Neuropsíquicos
Coma: Barbitúricos
Narcóticos
Álcool
Tranquilizantes
Hidrato de cloral
Paraldeído
Clorofórmio
Éter
Cianeto
Monóxidos de carbono
Nicotina
Benzeno
Xileno
Cogumelos
Dextropropoxifeno
Exame físico: Neuropsíquicos
Alucinações:
Álcool,
LSD,
Mescalina,
Anfetaminas,
Atropínicos,
Cocaína,
Exame físico: Neuropsíquicos
Cefaléia:
Monóxido de carbono,
Chumbo
Álcool
Antabuse,
Exame físico: Neuropsíquicos
Tremores; Fenotiazinas
OF,
Monóxido de carbono,
Hipertermia: Atropina,
Aspirina,
Anfetamina,
LSD,
Exame físico: Digestivos
Cólicas abdominais:
OF,
Carbamatos,
Arsênico,
Chumbo,
Tálio,
Privação de drogas,
Exame físico: Digestivos
Diarréia:
Arsênico,
Ferro,
Ácido bórico,
Constipação:
Chumbo,
Narcóticos,
Carvão ativado
Exame físico: Respiratórios
Depressão respiratória:
Narcóticos,
Dextropropoxifeno,
Álcool
Monóxido de
carbono,
Taquipnéia:
Aspirina,
Querosene,
Metanol,
Nicotina,
Monóxido de carbono,
Exame físico: Respiratórios
Edema agudo de pulmão:
OF,
Carbamatos,
Hidrocarbonetos,
Narcóticos,
Dextropropoxifeno,
Monóxido de carbono,
Toxíndromes: Anfetaminas
Atividade excessiva,
Argumentação,
Tremores
Cefaléia,
Diarréia,
Sudorese,
Xerostomia com cheiro pútrido,
Taquicardia,
Midríase,
Arritmia
Toxíndromes: Aspirina
Taquipnéia,
Vômitos,
Hipertermia,
Toxíndromes: OF e Carbamatos
Sialorréia,
Lacrimejamento,
Miose,
Sudorese,
Relaxamento dos efíncteres,
Cólicas abdominais,
Broncorréia
Toxíndromes: Cianetos
Cianose,
Coma,
Hálito com odor de polidor de prata,
Convulsões,
Bradicardia,
Bloqueio cardíaco
Toxíndromes: Fenotiazinas
Miose,
Tremores,
Hipotensão postural,
Ataxia,
Prolongamento de QT
Toxíndromes: Barbitúricos
Coma,
Pupilas levemente mióticas,
Vesículas cutâneas,
Toxíndromes: Antidepressivos
Coma,
Depressão respiratória,
Alterações cardíacas,
Toxíndromes: Opiáceos em geral
Coma,
Depressão respiratória,
Pupilas puntiformes,
Toxíndromes: Nafazolina
Sudorese fria,
Hipertensão arterial,
Palidez cutânea,
As intoxicações agudas são uma importante causa de ida à emergência médica, principalmente na faixa pediátrica;
A maior parte das intoxicações ocorrem por ingestão, porém podemos encontrar intoxicações por inalação ou absorção cutânea;
Devemos sempre lembrar das intoxicações em todo paciente que chega com quadro obscuro;
Reconhecer sinais ao exame físico é o maior aliado ao clínico na busca por uma etiologia.