INVESTIGAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE DIROFILARIOSE … · as infecções caninas e em humanos são...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO BIOLOGIA DE AGENTES INFECCIOSOS E PARASITÁRIOS INVESTIGAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE DIROFILARIOSE HUMANA EM MORADORES DO MUNICÍPIO DE SÃO SEBASTIÃO DA BOA VISTA, ARQUIPÉLAGO DO MARAJÓ, PARÁ, BRASIL HÉLIOMAR BORRALHO MIRANDA Belém-PA 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

BIOLOGIA DE AGENTES INFECCIOSOS E PARASITÁRIOS

INVESTIGAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE DIROFILARIOSE HUMANA EM MORADORES DO MUNICÍPIO DE SÃO SEBASTIÃO DA BOA VIS TA,

ARQUIPÉLAGO DO MARAJÓ, PARÁ, BRASIL

HÉLIOMAR BORRALHO MIRANDA

Belém-PA 2013

HÉLIOMAR BORRALHO MIRANDA

INVESTIGAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE DIROFILARIOSE HUMANA EM

MORADORES DO MUNICÍPIO DE SÃO SEBASTIÃO DA BOA VIS TA,

ARQUIPÉLAGO DO MARAJÓ, PARÁ, BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos

e Parasitários do Instituto de Ciências Biológicas

da Universidade Federal do Pará como requisito

para a obtenção do grau de Mestre em Biologia

de Agentes Infecciosos e Parasitários.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Jeannie Nascimento dos

Santos.

Belém-PA 2013

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação ( CIP) Sistema de Bibliotecas da UFPA

___________________________________________________ _____________

Miranda, Héliomar Borralho, 1966- Investigação da ocorrência de dirofilariose humana em moradores do município de São Sebastião da Boa Vista, arquipélago do Marajó, Pará, Brasil / Héliomar Borralho Miranda. - 2013. Orientadora: Jeannie Nascimento dos Santos. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, Belém, 2013. 1. Zoonoses São Sebastião da Boa Vista (PA). 2. Dirofilaria immitis. 3. Dirofilariose canina. 4. Animais como transmissores de doenças. 5. Epidemiologia. I. Título. CDD 22. ed. 616.9590098115 Dados Internacionais de Catalogação-na- Publicação (CIP) Sistema de Bibliotecas da UFPA

___________________________________________________ ___________________

HELIOMAR BORRALHO MIRANDA

INVESTIGAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE DIROFILARIOSE HUMANA EM

MORADORES DO MUNICÍPIO DE SÃO SEBASTIÃO DA BOA VIS TA,

ARQUIPÉLAGO DO MARAJÓ DO MARAJÓ, PARÁ, BRASIL.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes

Infecciosos e Parasitários, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal

do Pará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Biologia de

Agentes Infecciosos e Parasitários.

Orientadora: Profª. Drª Jeannie Nascimento dos Santos Instituto de Ciências Biológicas

Universidade Federal do Pará

Banca Examinadora: Prof. Dr. Adriano Penha Furtado Laboratório de Biologia Celular e Helmintologia “Reinalda Lanfredi”

Instituto de Ciências Biológicas(UFPA)

Profª. Drª. Elane Guerreiro Giese

Universidade Federal Rural da Amazônia(UFRA)

Prof. Dr. Marcelo Beltrão Molento

Universidade Federal do ParanáUFPR)

Membro Suplente: Profª. Drª. Marinete Marins Póvoa (IEC)

Belém, 05 de setembro de 2013

"A pessoa mais rica é aquela cujos prazeres são menos dispendiosos. Nossa civilização consiste em milhões de seres vivendo juntos, num espaço restrito, em total solidão. A natureza é o único local onde o ser humano pode se encontrar consigo mesmo. As coisas não mudam – nós mudamos. Seguir a trilha dos próprios sonhos e viver a vida que desejamos é garantia de sucesso. Investir em bondade é o melhor negócio que você pode fazer."

(Henry David Thoreau)

A Profª Drª, Jeannie Nascimento dos Santos

Dedico.

AGRADECIMENTOS

A Deus pelos Dom da vida e sabedoria.

A minha Mãe Doraci Borralho pela minha vida, e o que sou.

Ao meu Pai e meus avós “in memoria” pelo incentivo aos estudos e a viver.

A toda minha família pelo incentivo, torcida, amor e companheirismo,

principalmente Minha esposa Ruth Belo e meu filho Anderson Hélio.

Ao Profª. Drª. Jeannie pela amizade, respeito, confiança e seu apoio.

A Equipe do Laboratório de Biologia Celular e Helmintologia (LBCH) do ICB,

UFPA , pela disposição em auxiliar e pela gentileza com que me receberam.

Ao Amigo Eder do Carmo pelo incentivo e colaboração nas coletas de

amostras e construção da dissertação.

A Amiga Vera Lucia Coimbra pelo apoio no trabalho e por ter me apresentado a

equipe do LBCH.

A Secretaria Municipal de Saúde de São Sebastião da Boa Vista pelo apoio na

coleta de amostras.

A população de São Sebastião da Boa Vista na Ilha do Marajó pelo

acolhimento e participação no trabalho.

A todos aqueles que torceram pelo meu sucesso e hoje estão felizes com

minhas conquistas. Minha eterna gratidão.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................10

1.1. MORFOLOGIA E BIOLOGIA................................................................................10

1.1.1. Morfologia .........................................................................................................10

1.1.2. Biologia... ..........................................................................................................11

1.1.2.1. Hospedeiros....................................................................................................11

1.1.2.2.Ciclo Biológico..................................................................................................11

1.2. DIROFILARIOSE CANINA....................................................................................13

1.2.1. Epidemiologia da Dirofilariose Canina ..........................................................13

1.2.1.1. Mundo..............................................................................................................13

1.2.1.2. Europa............................................................................................................14

1.2.1.3. América do Norte.............................................................................................14

1.2.1.4. Brasil................................................................................................................15

1.2.1.5. Estado do Pará................................................................................................16

1.2.2. Diagnóstico da Dirofilariose Canina ...............................................................18

1.2.2.1. Métodos Parasitológicos.................................................................................18

1.2.2.2. Métodos Sorológicos ......................................................................................20

1.3. INFECÇÃO HUMANA POR Dirofilaria immitis......................................................22

1.3.1. Epidemiologia da Dirofilariose Humana .......................................................23

1.3.2 Manifestações Clínicas da Dirofilariose Pulmonar Hu mana (DPH) ...........24

1.3.3. Patogenia da Dirofilariose .............................................................................26

1.3.4. Aspectos Imunológicos da Dirofilariose Huma na ......................................27

1.3.5. Diagnóstico das Dirofilarioses em Humanos ..............................................28

1.4. OBJETIVOS ………………………………………..................................................29

1.4.1.Objetivo Geral ...................................................................................................29

1.4.2. Objetivos Específicos .....................................................................................30

2. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................31

2.1. ÁREA DO ESTUDO .............................................................................................31

2.2. ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO RETROSPECTIVO...............................................33

2.3. OBTENÇÃO DAS AMOSTRAS BIOLÓGICAS.....................................................33 2.3.1. Coleta de Amostras de Sangue de Cães .............................................................33

2.3.2. Inquérito Hematológico no Cão. .....................................................................34

2.3.3. Coleta de Amostras de Sangue de Humanos ...............................................34

2.3.4. Recepção de Amostras de Fezes............... ....................................................34

2.3.5. Dosagem Laboratorial da IgG Específica Para D. Immitis por ELISA.........35

2.3.6. Dosagem Laboratorial da IgE Total por ELISA. .............................................37

2.3.7. Realização de Hemograma Completo ........... ................................................38

2.3.8. Realização de Exame Parasitológico Das Fezes ..........................................38

2.4. ASPECTOS ÉTICOS.............................................................................................39

2.5. ANÁLISE DOS DADOS .......................................................................................39

3. RESULTADOS ........................................................................................................40

3.1. INQUÉRITO HEMATOLÓGICO EM CÃES...........................................................40

Analise Microscópica a Fresco do Sangue de Cães . ............................................40

3.1.2. Análise Microscópica da Gota Espessa. ........................................................40

3.1.3. Método de Knnot Modificado . .......................................................................40

3.2. QUANTIFICAÇÃO DAS PROTEÍNAS DO ASDIA.................................................41

3.3. ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO E LABORATORIAL EM HUMANOS.....................42

3.3.1. Estudo Epidemiológico ...................................................................................42

3.3.2. Estudo Laboratorial ..........................................................................................43

3.3.2.1. Exame Parasitológico das Fezes ...................................................................43

3.3.2.2. Contagem de Eosinófilos.................................................................................43

3.3.2.3. Dosagem de IgE Total.....................................................................................45

Curva de Calibração do IgE.........................................................................................45

3.3.2.4. Pesquisa de Anticorpos IgG Específico para Dirofilaria immitis......................48

3.3.2.5. Análise dos Marcadores de infecção por D. Immitis, após Tratamento

das Helmintíases Intestinais. .......................................................................................50

3.3.2.6. Relação entre os resultados das análises laboratoriais dos cães e posse

dos animais por humanos............................................................................................52

4. DISCUSSÃO............................................................................................................53

5. CONCLUSÕES........................................................................................................56

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................ .........................................................57

7. REFERÊNCIAS................................................ .......................................................58

8. ANEXOS..................................................................................................................62

LISTA DE FIGURAS

FIGURA1: Ciclo de vida de Dirofilaria immitis Modificado de......................................12

FIGURA 2: Distribuição mundial de D. immitis ..........................................................13

FIGURA 3: Distribuição da dirofilariose canina na Europa..........................................14

FIGURA 4: Distribuição da dirofilariose canina nos Estados Unidos da América...15

FIGURA 5: Distribuição da dirofilariose canina no Brasil.............................................16

FIGURA 6: Mapa geográfico do Estado do Pará destacando

O Arquipélago do Marajo.............................................................................................17

FIGURA 7: Mapa geográfico do Arquipélago do Marajó, destaque para a prevalência

de dirofilariose canina de 53,4% em Salvaterra e 32,45% em SSBV........................17

FIGURA 8. Microfilária de Dirofilaria immitis método da gota espessa.................18

FIGURA 9: Imagem de microfilárias de Dirofilaria immitis no Knott Modificado.........19

FIGURA10: Placa de imunocromatografia para D. immitis.........................................21

FIGURA 11. Edema da córnea e hiperemia episcleral no e um filaridio livre

na câmara anterior do olho esquerdo.........................................................................24

FIGURA 12. Lesão tipo moeda em radiografia de pulmão..........................................25

FIGURA 13: Representação da produção de Anticorpos IgG e IgE........................28

FIGURA 14 : Mapa geogáfico da ilha do Marajó.........................................................31

FIGURA 15: Mapa da cidade de São Sebastião da Boa Vista, destacando a área

de realização do estudo.............................................................................................32

FIGURA 16: Vista aérea da cidade de São Sebastião da Boa Vista...........................32

FIGURA 17: Coleta de sangue de cães......................................................................33

FIGURA 18: Coleta de sangue de humanos...............................................................35

FIGURA 19: Gráfico da curva de calibração da IgE....................................................46

FIGURA 20: Gráfico da distribuição da IgE total.........................................................48

FIGURA 21: Gráfico da distribuição dos valores de absorbância da IgG anti –

D. immitis, dos participantes do estudo......................................................................50

FIGURA 22: Gráfico da relação entre a absorbância da IgG e da IgE total................51

RESUMO

A dirofilariose ou “doença do verme do coração” é uma antropozoonose de

caráter crônico em cães causada pelo nematódeo do gênero Dirofilaria. No humano

a infecção ocorre de forma acidental, através da picada de mosquitos dos gêneros

Culex, Aedes, Anopheles, Mansonia e Psophora. Em humanos, esta zoonose

caracteriza-se pela fixação de larvas do helminto no pulmão (dirofilariose pulmonar

humana), na região subcutânea e até mesmo na conjuntiva ocular. Na Europa esta

zoonose é causada pela espécie Dirofilaria repens, na América do Norte e no Brasil

as infecções caninas e em humanos são causadas pela espécie Dirofilaria immitis.

No Estado do Pará estudos demonstraram o caráter endêmico da dirofilariose

canina, principalmente em alguns Municípios do Arquipélago do Marajó. Este

trabalho realizou uma investigação epidemiológica no Município de São Sebastião

da Boa Vista, Arquipelago do Marajó, na comunidade as margens da estrada que

leva a Vila Cocal. Foram analisados cães através de inquérito hematológico, por

exame a fresco, método da gota espessa e pelo método de Knnot modificado. Cerca

de 38,5% dos cães estudados apresentavam microfilárias de D. immitis. A

investigação em humanos da ocorrência de dirofilariose humana teve a participação

voluntária de 61 pessoas da referida comunidade e observou-se que 100% dos

participantes mantinham contato com cães. Deste total, 8% já foram acometidos por

doença pulmonar inespecífica, e dentre os participantes que já passaram por

internação hospitalar, 12% tiveram como causa pneumonia e 19,3% a malária. A

análise laboratorial de amostras sanguíneas e de fezes dos 61 participantes mostrou

os seguintes dados: 33% forneceram fezes para pesquisa de parasitas intestinais e

70% deste grupo estavam infectados por um ou mais parasitos intestinais; 83,6%

apresentaram eosinofilia, 72,1% apresentaram taxas sérica de IgE total elevadas; na

pesquisa por ELISA da IgG específica anti-Dirofilaria immitis, 16,39% apresentaram

valores de absorbância elevados. Em nova análise sorológica, pós tratamento das

parasitoses intestinais, o padrão soro-hematológico permaneceu inalterado. Deste

modo, este estudo demonstra que além das condições ambientais propícias, os

dados de anamnese e laboratoriais sugerem fortes indícios da exposição e/ou

ocorrência de dirofilariose humana em moradores do município de São Sebastião da

Boa Vista, Arquipélago do Marajó, Estado do Pará.

Palavras Chaves: Zoonose, Dirofilaria immitis, dirofilariose humana, Arquipélago do

Marajó, epidemiologia.

ABSTRACT

The dirofilariasis or "heartworm disease" is a chronic anthropozoonosis in dogs

caused by nematodes of the genus Dirofilaria. In human infection occurs accidentally,

through the bite of mosquitoes of the genus Culex, Aedes, Anopheles, Mansonia and

Psophora. In humans, this zoonotic disease characterized by the development of

helminth larvae in the lung (human pulmonary dirofilariasis), the subcutaneous region

and even in the ocular conjunctiva. In Europe this is a zoonosis caused by the species

Dirofilaria repens in North America and Brazil and canine infections in humans are

caused by the species Dirofilaria immitis. In Pará State studies demonstrated the

endemicity of canine heartworm disease, especially in some municipalities of Marajó

Archipelago. This study was an epidemiological investigation in São Sebastião da Boa

Vista city, Marajó Archipelago, in the community of Vila Cocal. In this region, dogs

were analyzed through a survey hematological examination by the fresh, thick drop

method and the modified method Knnot. Approximately 38.5% of the dogs studied had

microfilariae of D. immitis. Research on the occurrence of human heartworm disease

had voluntary participation of 61 persons of that community, and it was observed that

100% of the participants had contact with dogs. Of this total, 8% have been affected

by nonspecific lung disease, and among participants who have experienced

hospitalization, 12% was caused by pneumonia and malaria 19.3%. Laboratory

analysis of blood and stool samples of 61 participants showed the following data: 33%

provided stool to survey of intestinal parasites and 70% of this group were infected

with one or more intestinal parasites, 83.6% had eosinophilia, 72, 1% showed high

total serum IgE rate; research by specific ELISA IgG anti-Dirofilaria immitis, showed

that 16.39% had high absorbance value. In new serological analysis, post-treatment of

intestinal parasites, the standard serum hematology remained unchanged. Thus, this

study demonstrates that in addition to the favorable environmental conditions, the

clinical history and laboratory data suggest strong evidence of exposure and / or

occurrence of heartworm disease in human residents of São Sebastião da Boa Vista,

Marajó Archipelago, Pará State.

1. INTRODUÇÃO

A dirofilariose, é uma zoonose de caráter crônico nos cães onde é chamada de

“doença do verme do coração”, causada por nematódeos do gênero Dirofilaria. No ser

humano, caracteriza-se por comprometimento do parênquima pulmonar ou nódulos

subcutâneos (Da Silva & Langoni, 2010).

Dentro do gênero Dirofilaria, as espécies Dirofilaria repens (Raillet & Henry,

1911) e Dirofilaria immitis (Leidy, 1856; Raillet & Henry, 1911) possuem grande

importância clínica na medicina veterinária bem como na medicina humana, por

serem causadoras da dirofilariose (Kartashev et al., 2011). Em países da Europa e

Ásia espécie D. repens ocorreu com frequência nas formas oculares e subcutâneas.

Nos países das Américas a espécie D. immitis está relacionada com infecção em

cães e gatos (verme do coração) e humanos nos quais a maioria dos casos relatados

são de infecção pulmonar (Klotchko et al., 2010).

1.1. MORFLOGIA E BIOLOGIA DA Dirofilaria immitis

1.1.1. Morfologia

Dirofilaria immitis apresenta-se como um helminto filiforme, longo,

esbranquiçado na região anterior do corpo está presente o orifício oral que é pequeno

e circular, apresenta acentuado dimorfismo sexual, onde os machos medem de 12 a

20 cm de comprimento, com cauda em espiral, e as fêmeas medindo de 25 a 31 cm

de comprimento, com extremidade caudal arredondada (Cicarino, 2010)

Este nematódeo teve sua morfologia redescrita por Furtado et al. (2010) a partir

de exemplares encontrados infectando cães no Arquipélago do Marajó, Estado do

Pará, Brasil onde adicionaram dados sobre a morfometria e descrições detalhadas de

estruturas como: Extremidade cefálica que apresenta-se levemente fina e

arredondada, onde está localizada a abertura oral, circular, sem lábios, cercada por

quatro pares de papilas cefálicas pequenas e dois anfídios laterais, com aberturas

voltadas para região posterior do corpo do helminto, o esôfago é dividido em regiões

muscular e glandular, apresenta deirídios que possuem uma estrutura filamentosa,

com a base mais larga que o ápice e a concavidade longitudinal, pequenas papilas

sensoriais laterais e anel nervoso. Na superfície do corpo encontram-se estrias

transversais cuticulares delicadas, e estrias cuticulares aleatórias na extremidade

cefálica. Na extremidade posterior do corpo da fêmea e do macho ocorrem fasmídios

que são papilas sensoriais.

1.1.2. Biologia

1.1.2.1 Hospedeiros

Os hospedeiros naturais e principais reservatórios de D. immitis são os cães

domésticos e silvestres, no entanto sua ocorrência já foi registrada em ampla

variedade de espécies animais, tais como gatos, castores, mustelídeos e mesmo

seres humanos, entre outros mamíferos (Brito et al., 1999; Cicarino, 2009).

Em felinos, a ocorrência da dirofilariose pode ser frequente, dependendo da

proximidade de cães com microfilárias circulantes na corrente sanguínea, e da

presença de vetores competentes para a transmissão (Branco et al., 2009; Khurana et

al., 2010).

Os hospedeiros intermediários de D. immitis são mosquitos vetores dos

gêneros Culex, Aedes, Anopheles, Mansonia e Psorophora, os quais transmitem a um

hospedeiro vertebrado larvas de D. immitis em estágio L3 no ato do repasto

sanguineo (Khurana et al., 2010).

1.1.2.2. Ciclo Biológico

O ciclo biológico da D. immitis (Fig. 1), é considerado longo, leva em média 6,5

meses pós-infecção até a geração de microfilárias no hospedeiro vertebrado, similar

ao ciclo de outros filarídeos. As larvas de primeiro estádio (L1), também chamadas

microfilárias, liberadas na circulação periférica do hospedeiro pelos helmintos adultos

em fase reprodutiva, são capturadas juntamente com as células sanguíneas durante o

repasto do vetor. A partir do tubo digestivo (intestino médio) as larvas migram para os

túbulos de Malpighi, onde sofrem duas mudas, alcançando o terceiro estádio larvar

(L3), fase infectante para o hospedeiro vertebrado, em um período médio de 14 dias.

Estas larvas L3 migram através da hemocele até a probóscide do mosquito e são

depositadas na pele de um novo hospedeiro vertebrado, juntamente com a saliva,

quando o mosquito realizar seu próximo repasto (Borges, 2001; Silva et al., 2010;

Khurana et al., 2010). As microfilárias penetram então no hospedeiro vertebrado

através da solução de continuidade provocada pela picada do mosquito fêmea,

realizando uma migração subcutânea em direção ao tórax, chegando ao ventrículo

direito do coração, onde passam do estádio larvar L3 para o estádio larvar L4 e ao fim

de 50 a 60 dias sofrem a quarta e última muda para estádio L5 ou adultos imaturos.

Passados aproximadamente dois meses da infecção do cão, os helmintos atingem

sua maturidade sexual, originando novas microfilárias que migram para a circulação

periférica, gerando a infecção pré-patente, geralmente entre 7 e 9 meses pós -

infecção (Cicarino, 2009).

FIGURA 1. Ciclo de vida de Dirofilaria immitis. Modificado de (http://www.dpd.cdc.gov/dpdx/HTML/ImageLibrary/Filariasis_il.htm)

1.2. DIROFILARIOSE CANINA

A maioria dos cães afetados têm infecções patentes com microfilárias

circulantes no sangue periférico, embora os cães infectados, por vezes possam

desenvolver infecções ocultas caracterizadas pela ausência de microfilárias. A

ocorrência de microfilárias (MF +) na infecção está associada com uma resposta

imunológica de tipo Th2 predominante, enquanto que uma resposta do tipo Th1

predomina nas infecções amicrofilarêmicas (MF-), o que sugere um papel para esta

resposta na supressão da microfilária circulante (Oleaga. et al., 2009).

1.2.1. Epidemiologia da Dirofilariose Canina

1.2.1.1. Mundo

A dirofilariose canina é encontrada em todo o mundo , apresentando-se

endêmica em regiões de clima tropical, subtropical e temperado (Cicarino, 2009).

FIGURA 2 – Distribuição mundial de D. immitis . Fonte: http://www.revista.inf.br/veterinaria/ (2004).

1.2.1.2. Europa

A dirofilariose causada por D. repens é considerada endêmica nos países

situados na bacia Mediterrânea (Klotchko et al., 2010). A Itália é o país com maior

prevalência, onde uma parte significativa da população canina está infectada.

Também há registros desta zoonose na França, Espanha, Grécia e Ucrânia (Klotchko

et al., 2010; Silva et al., 2010; Miliaras et al., 2010). Na Rússia estudos também

mostram alta incidência de dirofilariose canina (Kartashev et al., 2011).

FIGURA 3: Distribuição da dirofilariose canina na Europa. Fonte: www.scalibor.pt/leishmaniose/dirofilariose.asp.

1.2.1.3. América do Norte

A dirofilariose canina tem sido diagnosticada na maioria dos 50 Estados dos

Estados Unidos da América (EUA), com prevalência variável entre os Estados e por

região geográfica (0,3%, 0,5% e 1,2% no Colorado, Washington e Montana,

respectivamente) para até 40% na Flórida e Carolina do Sul (Figura 4) . A dirofilariose

é considerada regionalmente endêmica, em 48 Estados contíguos, no Havaí, Porto

Rico, Ilhas Virgens dos EUA e Guam. Não foram registrados casos de dirofilariose

nos Estados de Nevada e no Alasca, apesar de o Alasca possuir vetores e algumas

Europa

regiões de seu território com condições climáticas favoráveis por um período do ano.

(Klotchko et al., 2010; Silva et al., 2010; American Heartworm Society, 2011).

FIGURA 4. Distribuição da dirofilariose canina nos Estados Unidos da América. Modificado de: http://www.heartwormsociety.org/download/Incidence-Map-

2010.pdf .

1.2.1.4. Brasil

De acordo com Almosny (2002) no Brasil foi registrada a ocorrência de

dirofilariose canina em todas as cinco regiões; com maior ocorrência nas regiões

Sudeste onde no Estado de São Paulo foram registrados de 0,9 a 45% de Cães

infectados, e o Estado de Rio de Janeiro com 21,3% de cães infectados, e a Região

Norte onde o estado do Pará apresentou 43% de cães infectados, nas demais regiões

existem registros de dirofilariose canina isolados em Estados como: Rio Grande do

Sul com 1,1% e Santa Catarina com 12%, Mato Grosso com 9,62%, Alagoas com

12,5%, Paraíba com 12,4% e Pernambuco com 2,3%. A Região Norte passou a ter

destaque pelos altos níveis de infecção detectados em cães da Ilha do Marajó no

Estado do Pará por Furtado et al (2009) conforme demonstrado na Figura 5 .

FIGURA 5: Distribuição da dirofilariose canina no Brasil. Modificado pelo autor de: www. brasil-turismo.com.

1.2.1.5. Estado do Pará

Os municípios de Salvaterra e São Sebastião da Boa Vista no Arquipélago

de Marajó, (Figuras 6 e 7) apresentam-se como áreas endêmicas para a dirofilariose

canina, condição esta confirmada através de inquérito hemoscópico realizado

utilizando-se os métodos diagnóstico de Knott Modificado e distensões sanguíneas,

além de diagnósticos moleculares, onde revelou-se alta prevalência de cães

infectados tanto em São Sebastião da Boa Vista (32,45 %), quanto em Salvaterra

(53,4%) (Furtado et al., 2009, Carmo, 2011).

FIGURA 6: Mapa geográfico do Estado do Pará destacando o Arquipélago do Marajó. Modificado de: www.guiageo.com.

FIGURA 7: Mapa geográfico do Arquipélago do Marajó, destaque para a prevalência de dirofilariose canina de 53,4% em Salvaterra e 32,45% em SSBV. Modificado de: www.guiageo.com.

Arquipélago do marajó

1.2.2. Diagnóstico da Dirofilariose Canina

1.2.2.1. Métodos Parasitológicos

a) Pesquisa em Lâmina Com Gota Espessa

Método de diagnóstico parasitológico mais utilizado em cães, por ser

economicamente mais favorável, de rápida e fácil obtenção, permitindo a identificação

de larvas circulantes do parasito (Figura 8). Esta técnica consiste na visualização de

larvas do parasito, utilizando-se uma gota de sangue venoso do animal, sobre lamina

corada pelo panótico modificado.

Estas larvas são analisadas de acordo com o padrão de coloração, presença

ou não de bainha, localização e quantidade de núcleos caudais, etc. conforme

metodologia descrita no Guia de vigilância epidemiológica e eliminação da filariose

linfática do Ministério da Saúde do Brasil (2009).

A técnica apresenta boa sensibilidade quando o cão parasitado tem filaremia

superior a 10 mf/mL de sangue (Lima, 2007; Furtado et al., 2009).

FIGURA 8. Microfilária de Dirofilaria immitis método da gota espessa. Fonte: Laboratório de Biologia Celular e Helmintologia

do ICB- UFPA (2006).

b) Médodo de Knott Modificado

Técnica descrita por Knott em 1939 utiliza a centrifugação de sangue para o

diagnóstico filarial. Ainda é muito utilizada uma vez que possibilita a concentração de

microfilárias em maior quantidade de amostras sanguíneas, possibilitando a

identificação da presença de microfilárias quando o cão apresenta baixa filaremia,

Esta técnica consiste no aumento da sensibilidade diagnóstica laboratorial de

microfilárias, pela concentração sanguínea através da centrifugação, utilizando

formalina a 2% que fixa e conserva as estruturas da microfilária além de possibilitar

que o exame microscópico laboratorial seja realizado vários dias após a coleta de

material realizada em campo. Esta metodologia permite diferenciar D. immitis e de

outras espécies de filarias (Kittleson, 1999).

FIGURA 9: Imagem de microfilárias de Dirofilaria immitis no Knott Modificado. Fonte: instruction.cvhs.okstate.edu

1.2.2.2. Métodos Sorológicos

a) Enzyme Linked Immunosorbent Assay (ELISA)

Neste método diagnóstico as proteínas são imobilizadas em uma superfície

sólida de poliestireno e a reação imune é revelada pela formação de produtos

coloridos resultantes de reação enzima-substrato, na presença de um componente

doador de elétrons, denominado cromógeno (Teva et al.; 2010).

Metodologia usada tanto quantitativamente quanto qualitativa, para medir a

ligação antígeno anticorpo, onde utiliza antígenos somáticos de Dirofilaria immitis

adulto (DISA), para identificar a presença de anticorpos no hospedeiro infectado,

deste modo é feita dosagem da IgG para identificar indivíduos infectados por D.

immitis. Nesta metodologia são detectados anticorpos circulantes no soro, plasma e

sangue fresco de cães e de gatos (Teva et al., 2010).

b) Método Imunocromatográfico

O método imunocromatográfico baseia-se na reação específica antígeno-

anticorpo e se constitui por uma fase sólida (membrana porosa), onde estão

imobilizados elementos de captura, e por uma fase móvel, onde estão suspensos o

conjugado (que pode ser a proteína A, ligada ao ouro coloidal ou outros conjugados

disponíveis) e a molécula alvo da amostra. A fase móvel migra sobre a fase sólida por

efeito de capilaridade, conduzindo o complexo formado entre a molécula alvo e o

conjugado, que, por sua vez, será retido na linha de captura da fase sólida, formando

um complexo macromolecular colorido visível ao olho humano. Caso a amostra não

contenha a molécula alvo, esta linha de reação não se formará. Uma segunda linha

de reação, denominada linha de controle, se forma pela captura do conjugado livre,

que permite a confirmação da migração da fase móvel (Teva et al.; 2010).

Estes testes são realizados em cães e gatos, mostram sensibilidade e

especificidade superior aos métodos parasitológicos, são práticos para rotinas

laboratoriais ou em clínicas ( Klotchko et. al., 2010).

FIGURA 10: Placa de imunocromatografia para D. immitis, (a) positivo (b) negativo. Fonte: Batista et al. (2008).

c) Método de Western Blotting

Western blotting é um importante método para a imunodetecção de proteínas

pós-electroforese, principalmente proteínas que estão em pequenas quantidades.

Desde o início do uso deste protocolo para a transferência de proteínas a partir de um

gel de electroforese a uma membrana, a detecção de proteína evoluiu muito. Esta

metodologia consiste na transferência da proteína a partir de um gel para uma

membrana, com base nos princípios de difusão simples (Kurien & Scofield, 2006).

Esta técnica apresenta grande especificidade, pois permite detectção de anticorpos

frente as proteínas (antígenos) de D. Immitis no soro do animal infectado (Barreto et

al.,2008).

d) Método da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)

A utilização da técnica molecular Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) é

utilizada para detecção do DNA genômico do parasito isolado em cães com clínica

para dirofilariose é bem-sucedida para o diagnóstico da infecção por D immitis e

D.repens por ser um método específico de diagnóstico (Klotchko et al., 2010). Neste

método, um segmento específico do DNA do helminto é amplificado, com a utilização

de iniciadores específicos obtidos a partir de uma porção do gene de ARN

ribossômico (ADNr 12S). O ensaio de PCR multiplex é uma ferramenta adicional para

estudos epidemiológicos e de avaliação de doença de rotina em áreas co-endêmicas

para as espécies Dirofilaria immitis e Dirofilaria repens (Gioia et al.; 2010).

1.3. INFECÇÃO HUMANA POR Dirofilaria immitis

Seres humanos aparecem no ciclo de D. immitis como hospedeiros acidentais e

não compatíveis, pois nestes, as larvas do parasito morrem antes de alcançar a fase

adulta (Silva et al., 2010). Logo após penetrar o tecido subcutâneo, as larvas

alcançam a corrente sanguínea, chegando ao ventrículo direito, onde morrem, são

levadas através da corrente sanguínea aos vasos pulmonares, onde embolizam,

causando um pequeno infarto pulmonar, com posterior evolução para nódulo solitário

claramente visualizado em exames radiológicos. Esta forma de infecção é conhecida

como dirofilariose pulmonar humana (DPH), sendo a confirmação diagnóstica

realizada pela excisão cirúrgica do nódulo (Cavallazzi et al., 2002; Klotchko et al.,

2010).

Embora a DPH seja uma zoonose benigna, que desencadeia pouco prejuízo ao

estado clínico geral do seu portador, com sua infecção cursando sem microfilaremia,

frequentemente leva a um diagnóstico incorreto de tumor neoplásico, pela imagem

radiológica dos nódulos pulmonares. (Jelinek et al., 1996; Echeverri et al., 1999;

Klotchko et al., 2010).

A ocorrência da zoonose por D. immitis está diretamente relacionada ao

tamanho da população canina, da prevalência da infecção em cães, da densidade dos

vetores e da freqüência de exposição do homem às picadas dos vetores (Da Silva &

Langoni, 2010).

1.3.1. Epidemiologia da Dirofilariose Humana

A ocorrência de casos humanos de dirofilariose e o número de países onde há

registros desta zoonose aumentou na última década. Dentre os fatores responsáveis

por este aumento, tem-se a maior conscientização de profissionais da área médica e

a ampliação do conhecimento sobre a doença. A maioria dos casos de dirofilariose

humana foram diagnosticados em áreas onde a dirofilariose canina é endêmica e

estão concentrados em regiões específicas em volta do mundo, principalmente onde

há especialistas nesta zoonose (Klotchko et al., 2010).

Um estudo retrospectivo realizado por Kartashev et al.(2011), na Russia

levantou a ocorrência da zoonose no período de 2002 a 2009, mostrou a ocorrência

de 131 casos clínicos, a maior parte destes diagnosticados (129), estavam

parasitados por D. repens e somente dois apresentaram nódulos pulmonares

sugestivos de infecção por D. immitis.

Há ainda relatos de casos humanos no Japão, Índia, Sri Lanka, Austrália e em

países do continente Africano (Klotchko et al., 2010; Kartashev et al., 2011).

Os Estados Unidos é o país com o maior registro de infecção humana por D.

immitis causando DPH ( Klotchko et al., 2010).

No Brasil casos humanos foram descritos nos Estados de São Paulo, Santa

Catarina, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Minas Gerais. (Neto et al., 1993; Cavallazzi

et al., 2002, Silva et al., 2010).

No Pará, Otranto et al. (2011) relataram a ocorrência de dirofilariose intra-

ocular em um adolescente oriundo do Município de Cametá, no qual um exame

oftalmológico mostrou a ocorrência de um nematódeo na câmara anterior do olho

esquerdo, identificado como Dirofilaria immitis após extração cirúrgica e análise

taxonômica e molecular.

FIGURA 11. Edema da córnea e hiperemia episcleral no e um filaridio livre na câmara anterior do olho esquerdo de um menino de 16 anos de idade do Estado do Pará. Fonte: Otranto et al.; (2011).

A infecção humana por Dirofilaria SP em área endêmica para dirofilariose

canina é independente da posse do cão, visto que a residência ou viagem para estas

áreas são fatores determinantes para a ocorrência da infecção (Klotchko et al., 2010).

Outros fatores relevantes para a infecção por D. immitis em humanos diz

respeito às características ecológicas de seus vetores, a densidade dos mosquitos e

sua época de reprodução, combinados com o clima quente, as atividades humanas

ao ar livre e a ocorrência de grande quantidade de cães microfilarêmicos (Borges,

2001; CavallazzI et al., 2002).

1.3.2. Manifestações Clínicas da Dirofilariose Humana

A DPH é uma doença benigna, autolimitante, transmitida por mosquitos.

Manifesta-se na maioria dos casos como nódulos pulmonares periféricos, geralmente

assintomáticos, e quando manifestam algum sintoma estes se caracterizam pela

presença de inchaço transitório ou nódulos inflamatórios que podem ou não ser

dolorosos (Echeverri et al., 1996).

Em até 90% dos casos os nódulos pulmonares possuem forma de moeda,

circunscritos, periféricos, únicos ou em pequeno número, resultantes da presença de

larvas mortas do parasito nos vasos pulmonares (Klotchko et al., 2010). As lesões

decorrentes são pequenas, 30 mm em média, geralmente sub-pleurais, localizadas

em sua maioria do lado direito, devido ao tropismo pelo lobo inferior do pulmão direito.

As lesões múltiplas, podem estar distribuídas em um mesmo lobo ou em lobos

diferentes (Figura 12 ) (Klotchko et al., 2010).

FIGURA 12. Lesão tipo moeda em radiografia de pulmão Fonte: Klotchko et al., (2010).

Em humanos a doença pode permanecer assintomática ou na forma de tosse,

hemoptise, dor na garganta, sibilo, calafrio, febre, dor torácica, dispnéia dependente

de esforço, sudorese, fadiga, síncope, emagrecimento e eosinofilia, com derrame

pleural em alguns casos (Da Silva & Langoni, 2010). Khurana et al. (2011), relatam

que em média são necessários 5 meses após a infecção para que ocorra o achado

radiológico do nódulo formado por larvas mortas de D. immitis e também que a

ocorrência de derrame pleural aparece em até 13% dos pacientes com DPH.

O significado clínico mais importante desta zoonose consiste no diagnóstico

radiológico errôneo de tumor primário ou metástico com a grave consequência de

submeter o paciente a toracotomia com biópsia pulmonar ou ressecção do pulmão

para obter o diagnóstico correto da doença (Echeverri et al., 1996; Khurana et al,.

2010; Klotchko et al., 2010).

A presença de eosinofilia em exame hematológico pode indicar diagnóstico de

DPH em pacientes com nódulo observado na radiografia, embora esta ocorrência não

seja fator específico para o diagnóstico preciso, devido ao fato que a eosinofilia

também ocorre em outras helmintíases (Miyoshi et al., 2006).

Pacientes com DPH ou outras infecções profundas podem ter complicações

após ressecção cirúrgica das lesões, se as lesões forem confundidas com um tumor

maligno e tratadas de forma agressiva (quimioterapia e radioterapia). Nos casos

relatados na literatura, há predominância de ocorrência de complicações em

pacientes do sexo masculino em relação ao feminino, da ordem de 2:1, concentrando-

se no grupo de idade que varia de 40 a 59 anos (Cavallazzi et al., 2002; Klotchko et

al., 2010).

A dirofilariose humana também pode ocorrer como nódulos subcutâneos, ou

forma aberrante cutânea, ou ainda na conjuntiva. Assim, apesar da forma mais

comumente descrita da dirofilariose humana ser a pulmonar, o acometimento de

outras áreas tem sido relatado ao longo do tempo, encontrando-se descrições de

casos com a manifestação aguda da dirofilariose até mesmo de infecção na região do

crânio, produzindo convulsões epileptiformes e/ou meningite eosinofílica (Theis, 2005;

Klotchko et al., 2010).

A dirofilarose intra-ocular humana tem como principais sintomas: redução de

acuidade visual, aumento da pressão intra-ocular, edema da córnea , e hiperemia

episclerais (Otranto et al., 2011),.

1.3.3. Patogenia da Dirofilariose

Faz-se importante destacar a relação existente entre a Wolbachia, gênero de

bactérias que infectam artrópodes, e os nematódeos filarídeos, de acordo com Barreto

et al (2008). Esta relação de mutualismo obrigatório, representa um novo paradigma

para a compreensão da patogenia, tratamento e diagnóstico das infecções por

filarídeos (Foster et al., 2008).

A eliminação dos endossimbiontes Wolbachia, pelo tratamento do hospedeiro

vertebrado com antibióticos, induz perturbação da embriogênese dos ovos dos

helmintos filarídeos, com conseqüente interrupção da formação de microfilárias,

interrompendo o crescimento e o desenvolvimento dos filarídeos (Simón et al., 2007).

Apesar de a Wolbachia não posuir lipopolissacarídios, é possivel que outras

moléculas, tais como as proteínas de superfície WSP, hsp 60 ou DNA, sejam capazes

de estimular resposta inflamatória. Por esta razão, estas bactérias se tornaram alvo

de tratamento com antibióticos (Simón et al., 2007).

1.3.4. Aspectos Imunológicos da Dirofilariose Human a

Infecções por helmintos parasitas são caracterizados pela ocorrencia de

eosinofilia e níveis elevados de antígeno-inespecíficos, a imunoglobulina E (IgE),

como respostas de proteção contra a infecção (Imai et. al., 2001).

A IgE está presente em baixa concentração no soro humano, sendo

encontrada na superfície da membrana de basófilos e mastócitos devido a elevada

afinidade desta Imunoglobulina pelos receptores Fc&R destas células, possuindo um

papel importante na resposta imune ativa contra helmintos, atraindo eosinófilos para

seu local de desenvolvimento (Imai et. al., 2001).

A Dirofilaria immitis, como todos os helmintos induz forte resposta imune em

seu hospedeiro, por possuir como característica a cronicidade da infecção, sendo esta

resposta imune predominantemente polarizada para linfócitos T, fenótipo Th2 e

também por células T reguladoras (T. regs) Figura13 (Wilson & Maizels, 2004).

Nas infecções assintomáticas por D. immitis em humanos, verifica-se indução

da produção da IgE, produção esta estimulada principalmente pela presença da

galectina (lectinas de animais) e uma aldolase que são liberadas por este helminto

quando da infecção. Este mecanismo ocorre quando a larva é imobilizada e destruída,

formando os nódulos pulmonares, momento em que liberam grande quantidade de

proteínas de superfície, que estimula uma resposta do tipo Th1, regulando a resposta

Th2, Figura13 (Barreto et al., 2008; Sant' Ana et al., 2011).

Galectinas e aldolases de D. immitis possivelmente estão envolvidas no

surgimento de reações alérgicas em indivíduos residentes em áreas endêmicas para

o parasito. A confirmação desta suposição é feita através de diagnóstico da IgE

produzida contra a galectina e aldolase em dirofilariose humana. Considerando-se

também a possibilidade da produção de IgE ser estimulada por outros helmintos,

atenta-se ao fato de que estes anticorpos aparecem sempre em indivíduos infectados

por D. immitis sem nódulos pulmonares (Barreto et al., 2008).

FIGURA 13: Representação esquemática da produção de Anticorpos IgG e IgE pelo estimulo de proteínas de superfície da Dirofilaria immitis liberadas no momento em que a larva morta é imobilizada e fixada no pulmão humano. Fonte: Miranda, H.B. (2013).

1.3.5. Diagnóstico das Dirofilarioses em Humanos

O diagnóstico clínico não é eficaz, devido seu caráter assintomático levando à

ausência de sinais ou sintomas específicos, fazendo-se necessário sua confirmação

através de exames laboratoriais. Estes podem ser feitos por técnicas parasitológicas,

imunológicas, moleculares e por imagem. Para as dirofilarioses humanas, a técnica

da gota espessa apresenta baixa sensibilidade, em função da ausência de larvas

viáveis no sangue periférico.

Klotchko et al. (2010) dizem que estudos sorológicos com utilização do método

de ELISA podem produzir resultados positivos em 75% dos pacientes humanos com

DPH, demonstrando portanto que esta ferramenta é útil em levantamentos

epidemiológicos de ocorrência de dirofilariose humana em áreas endêmicas para

dirofilariose canina, no entanto o método não deve ser utilizado na população em

geral por não possuir especificidade comprovada.

O método sorológico descrito por Barreto et al. (2008) que utiliza antígenos

somáticos de Dirofilaria immitis adulto (DISA) para diagnóstico de dirofilariose

humana, onde são pesquisados anticorpos IgG circulantes no soro humano para

identificar indivíduos infectados por D. immitis demonstrou ser sensível para o

diagnóstico das dirofilarioses humanas.

Estudos recentes desenvolvidos por Furtado et al., (2009) Carmo (2011)

descrevem a ocorrência endêmica de dirofilariose canina por Dirofilaria immitis em

alguns municípios do Arquipélago do Marajó. Nesta região, existem condições

geográficas associadas às condições de saneamento básico, índice pluviométrico, do

desmatamento, da alta concentração das populações de mosquitos e o aumento

desordenado da população de cães, gatos e outros animais errantes, que permitem a

manutenção e disseminação de microfilárias entre os animais e o ser humano,

favorecendo a ocorrência de surtos, endemias e epidemias (Da Silva & Langoni,

2010; Klotchko et al., 2010).

Portanto, como todas essas condições que podem levar a infecção humana por

D. immitis estão presentes no Município de São Sebastião da Boa Vista no

arquipélago do Marajó, Pará, Brasil, foi idealizada e desenvolvida a presente

pesquisa, na qual investigou-se a hipótese da ocorrência de dirofilariose humana em

pessoas que co-habitam com cães diagnosticados positivos.

1.5. OBJETIVOS

1.5.1. Objetivo Geral

Investigar a ocorrência de dirofilariose humana em pessoas que coabitam com

cães infectados por Dirofilaria immitis no Município de São Sebastião da Boa Vista na

Ilha do Marajó, Estado do Pará, Brasil.

1.5.2. Objetivos Específicos

- verificar a prevalência de dirofilariose canina através de inquérito

hematológico em cães domiciliados em São Sebastião da Boa Vista no Arquipélago

do Marajó.

- Realizar estudo epidemiológico para verificar a possível ocorrência de

dirofilariose humana em pessoas que coabitam com cães infectados por D. immitis no

Município de São Sebastião da Boa Vista no Arquipélago do Marajó;

- Realizar exame parasitológico das fezes das pessoas;

- Realizar exame hematológico (hemograma) dos participantes do estudo;

- Realizar dosagem sorológica de IgE total na população alvo deste estudo;

- Realizar teste sorológico para detecção de IgG especifico para D. immitis;

- Correlacionar os dados resultantes dos estudos epidemiológicos e

laboratoriais.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. ÁREA DO ESTUDO

O estudo foi realizado no Município de São Sebastião da Boa Vista que fica

localizado ao Sul do Arquipélago do Marajó, a uma latitude 01º43'03" sul e a uma

longitude 49º32'27" oeste, estando a uma altitude de 2 metros limitando-se ao Norte

com Breves e Anajás; ao Sul com o Rio Pará; a Leste com Muaná; e a Oeste com

Curralinho ( Figura 13). Dista 136 Km, em linha reta, de Belém (figura 13), na

comunidade localizada as margens da Avenida Boa Vista – Cocal (Figura 14),

localidade onde está localizado o depósito de lixo domestico da cidade e havia

registros da ocorrência de dirofilariose canina em estudos prévios realizados por

Furtado et al., (2009), e também considerando fatores Geográficos (figura 15),

ambientais e climáticos que favorecem a ocorrência de vetores em potencial e o

hábito da população da criação de cães bem como a ocorrência de cães errantes na

comunidade.

FIGURA 14 : Mapa geogáfico da ilha do Marajó. Fonte: http://www.infoescola.com.

FIGURA 15: Mapa da cidade de São Sebastião da Boa Vista, destacando a área de

realização do estudo. Fonte: Grupo de Estudos do Arquipélago do Marajó.

FIGURA 16: Vista aérea da cidade de São Sebastião da Boa Vista. Fonte :http://jetrofagundes.blogspot.com.br. 2.2. ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO RETROSPECTIVO

Este estudo foi realizado com a aplicação de questionário aos participantes do

estudo, onde foram levantados aspectos epidemiológicos da população, como

exposição a animal reservatório de D. immitis, idade, sexo, ocorrência de doença

pulmonar inespecífica (DPI), sintomatologia, e numero de internações hospitalares e

seus motivos, os questionários foram aplicados após leitura e explicação do TCLE

(ANEXO 1).

2.3. OBTENÇÃO DAS AMOSTRAS BIOLÓGICAS

2.3.1. Coleta de Amostras de Sangue de Cães:

O procedimento foi realizado por punção venosa radial (Figura 17 ) e o sangue

coletado foi armazenado em tubos contendo EDTA, para pesquisa direta a fresco de

microfilarias, a confecção de gota espessa em lâmina para microscopia e refigerado e

conduzido ao Laboratório de Biologia Celular e Helmintologia do ICB – UFPA para

realização do método de Knott Modificado.

FIGURA 17: Coleta de sangue de cães. Fonte pessoal, Miranda, H.B., (2013).

2.3.2. Inquérito Hematológico no Cão:

• Exame a fresco: logo após a coleta das amostras sanguineas de cães uma

gota da amostra foi depositada entre lâmina e laminula e observado em

microscópio de luz, com objetiva de 10X;

• Exame da gota espessa: duas gotas de sangue foi colocado sobre lamina que

após secar foi acondicionada em cassete adequado ao transporte e enviadas

ao LBCH-ICB-UFPA, onde as laminas foram coradas pelo Panótico Rápido e a

leitura se procedeu em microcópio de luz com objetiva de 100X;

• Método de Knott Modificado: a 01 mL da amostra foi acrescido formalina a 2%,

submetido a centrifugação e preparado o esfregaço a partir do concentrado,

que foi corado pelo panótico rápido observado em microscópio de luz com

objetiva de 10X.

2.3.3. Coleta de Amostras de Sangue de Humanos

O Procedimento foi realizado através de punção venosa utilizando o sistema de

coleta Vacutainer (Figura 18 ), ou com seringa de 10 mL, dos indivíduos residentes

em casas com cães diagnosticados com Dirofilaria immitis e residentes na vizinhança,

dos sexos Masculino e Feminino, sem critérios quanto a idade do participante. As

amostras foram depositadas em tubos contendo EDTA, 3 mL de sangue para

realização de hemograma e em tubos secos contendo gel separador com capacidade

para 5 mL, para realização das sorologias. As amostras foram mantidas sob

refrigeração até serem processadas e analisadas no Laboratório de Análises Clínicas

do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), da UFPA.

FIGURA 18: Coleta de sangue de humanos. Fonte pessoal Miranda, H.B.,(2013).

2.3.4. Recepção de Amostras de fezes:

As amostras de fezes coletadas em frascos coletores próprios, previamente

identificados e entregues aos participantes foram recebidas e mantidas sob

refrigeração em caixa térmica com gelo reciclável e encaminhadas ao Laboratório de

Análises Clínicas do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), da UFPA

para serem processadas e analisadas.

2.3.5. Dosagem Laboratorial De IgG Específico Anti- D. Immitis :

Utilizando a metodologia adaptada de protocolo elaborado por Simon et al., (2001) e

modificado por Barreto et al. (2008), utilizando como base um Kit de reagente para

detecção de IgG de chagas por método de ELISA da (EBRAM). Esta metodologia

compreende três etapas:

Etapa 1. Obtenção do Antígeno Somático de Dirofilaria immitis Adulta (ASDIA):

Os antígenos somáticos foram obtidos a partir de helmintos adultos obtidos o

da Necropsia de cães coinfectados por Leishimania e Dirofilaria immitis,

eutanasiados no Município de São Sebastião da Boa Vista no Arquipélago do Marajó,

em 2009. O helminto adulto foi macerado em solução salina 0,9% na proporção de

1:3 m/v; até formar suspensão homogênea a qual foi submetida a banho ultrassônico

em três ciclos de 1 minuto cada, a 70 KHz, seguido por adição de 10 mL de tampão

PBS pH 7.2 (para neutralizar anticorpos irregulares). Posteriormente a suspensão foi

centrifugada a 5.000 RPM durante 30 minutos, o sobrenadante foi filtrado em Papel

de filtro, e a ocorrência de proteínas foi confirmada pela medida da concentração de

proteínas totais em autoanalisador bioquímico ARCHITECT (ABOTT). Todos

procedimentos foram realizados a uma temperatura de 4º C, por fim o ASDIA foi

alicotado em tubos criogênicos de 2mL e armazenado a temperatura de - 10ºC até o

uso.

Etapa 2. Sensibilização da Microplaca de ELISA:

O ASDIA foi diluído a 4,0 mg/dl com solução de cloreto de sódio a 0,9%. Os

poços da placa de poliestireno a serem utilizados foram revestidos com 100 µL da

solução diluída do ASDIA. Que permaneceu em repouso over night em temperatura

ambiente. No dia seguinte os poços foram lavados em lavadora automática de

microplacas, 5 vezes com 200µL de solução de lavagem diluída (Solução do Kit

Chagas ELISA EBRAM). Após a lavagem, a placa foi invertida sobre papel absorvente

para retirar excesso de solução de lavagem.

Etapa 3 : Dosagem do IgG específico para D. immitis.

As amostras de soro foram homogeneizadas por inversão em agitador de tubos

antes do uso, procedimento seguido pela adição de 190 µL de solução diluidora de

amostra a cada poço da placa a ser utilizado no teste, exceto no B (branco) onde

adicionado 200 µL de água destilada. Um total de 10 µL da amostra foi adicionado a

cada cavidade previamente marcada, inclusive no (C +) e (C-) (controle positivo e

controle negativo) perfazendo uma diluição 1/200. A placa foi vedada com fita adesiva

e agitada delicadamente e incubada por 30 minutos a 37 ° C. Em seguida os poços

foram lavados em lavadora de microplacas 5 vezes com 200µL da solução de

lavagem diluída e a placa foi secada em papel absorvente, acrescentado 100µL do

conjugado em cada poço, com exceção do B, fechada com fita adesiva. A placa foi

agitada delicadamente e incubada por 30 minutos a 37 ° C, após este período foi

retirada a vedação e lavados os poços 5 vezes com 200µL da solução de lavagem

diluída. A placa foi secada em papel absorvente, adicionada de 100µL do substrato

em todos os poços, fechados novamente com fita adesiva, agitada suavemente e

incubada a por 30 minutos a temperatura ambiente ao abrigo da luz.

Passado esta etapa foi retirado a vedação dos poços, adicionado 100µL de

solução de parada em todos os poços e por fim realizada leitura das densidades

ópticas (DO) a 450 nm usando leitora de microplacas marca THERMO PLATE, a

leitura foi realizada dentro de no máximo 10 minutos ao fim da dosagem.

2.3.6. Dosagem Laboratorial de IgE Total por ELISA:

Passo inicial para a dosagem de IgE total dos participantes foi a construção da

curva de calibração do IgE (Tabela 6), que foi construída matematicamente a partir

dos resultados das medidas das absorbância dos padrões de concentrações 0, 10,

50, 100, 400 e 800 aos quais foi aplicada uma expressão matemática:

EX: Abs. de cada ponto = abs do padrão de Conc.. 10 – abs. do padrão conc. 0

Nº de intervalos

Ex: abs. de cada ponto do intervalo = 0,123 – 0,000 = 0,024 5 Nesta metodologia foi utilizado um kit para dosagem de IgE total, de onde

foram separadas a quantidade de cavidades necessárias no suporte de tiras. Foi

adicionado 20 µL de calibradores, amostras e controles nas cavidades previamente

marcadas, seguido da adição de 100 µL de solução tampão em cada cavidade,

homogeneizado por 10 segundos e incubado por 30 minutos a temperatura ambiente

(18-25 ºC).

Em seguida toda a mistura foi aspirada e as cavidades foram lavadas 5 vezes

com água destilada em lavadora de microplacas; no passo seguinte as cavidades

foram invertidas em papel absorvente para remover todas as gotas de água.

Realizado este processo, foi acrescentado 150 µL do reagente conjugado enzimático

em cada cavidade e homogeneizado por 10 segundos, levado a incubação por 30

minutos a temperatura ambiente.

Novamente, toda a solução foi aspirada e as cavidades em uso lavadas

cavidades 5 vezes com água destilada, devidamente removido o excesso de água em

papel absorvente, 100 µL do reagente TMB foi adicionado em cada cavidade. A placa

foi homogeneizada por 5 segundos e levada à incubação por 20 minutos em

temperatura ambiente, no abrigo da luz; passado o tempo de incubação foi adicionado

100 µL de solução de parada em cada cavidade, homogeneizado por 30 segundos.

observou-se uma mudança da cor de azul para amarelo completamente; a placa foi

lida em leitora de microplacas a uma densidade óptica de 450 nm, sendo obedecido o

tempo máximo 15 minutos entre a ultima etapa da preparação da placa e a leitura.

2.3.7. Hemograma Completo

O exame hemograma completo foi realizado do grupo de indivíduos

participantes do estudo, afim de estabelecer um perfil hematológico de indivíduos

portadores de dirofilariose humana, principalmente a ocorrência de eosinofilia. As

amostras de sangue periférico coletadas em EDTA foram processadas em um

contador automático Cell Dyn 3700, o perfil celular foi confirmado por microscopia de

luz, com leitura da distensão sanguínea corada pelo Giemsa, e o resultado final foi

liberado com a utilização do software Soft Lab de acordo com o protocolo de Failace

& Pranke, (2004).

2.3.8. Exame Parasitológico das Fezes

O exame parasitológico das fezes foi realizado pela metodologia descrita por

Hoffman, Pons & Janer ( 1934), onde uma porção da amostra de fezes de cada

participante foi solubilizada em água destilada, filtrada em gaze e sedimentada por 12

horas em cálice de sedimentação, o estudo se completou através da leitura do

sedimento que foi corado pelo lugol entre lamina e lamínula e a leitura realizada em

microscópio óptico com objetivas de 10X e 40X, para análise da ocorrência de

parasitoses intestinais.

2.4. ASPECTOS ÉTICOS

Para realização do estudo, o projeto foi submetido ao comitê de ética em

pesquisa do Hospital Universitário João de Barros Barreto e do Ministério da Saúde

através da Plataforma Brasil, protocolo Nº 01077412.3.0000.0017 obtendo o aceite de

ambos (ANEXO 1).

Na área estudada foi efetuada entrega para leitura e assinatura do “Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido” (TCLE) aos moradores que, após leitura,

assinaram e devolveram (APÊNDICE 1). Também foi aplicado aos participantes

questionário sobre dados sócio-demográficos e epidemiológicos, no momento da

coleta das amostras biológicas(APÊNDICE 2).

Os resultados dos exames dos cães foram informados aos proprietários e a

Secretaria de Saúde do Município de SSBV.

Os resultados dos exames hematológicos e parasitológicos foram entregues

aos indivíduos que aceitaram participar da pesquisa. Estes indivíduos foram

encaminhados ao serviço de saúde.

2.5. ANÁLISE DOS DADOS

Após os estudos epidemiológicos e laboratoriais os dados obtidos foram

tabulados e realizado o teste t para verificar a significância dos resultados obtidos

para aferição da possível ocorrência de infecção humana por D. immitis, no grupo de

pessoas estudado, bem como, verificada a eficácia das metodologias diagnosticas

utilizadas no estudo .

3. RESULTADOS

3.1. INQUÉRITO HEMATOLÓGICO EM CÃES

Foram investigados cães da comunidade localizada as margens da Avenida

Boa vista - Cocal, onde o índice de cães positivos foi alto e as proximidades do

deposito de lixo domestico da cidade e também a ausência de infra – estrutura de

saneamento básico propiciam a proliferação de vetores.

• Analise Microscópica a Fresco: foi realizada coleta de amostras de sangue

periférico de 13 cães domiciliados. No ato da coleta as amostras foram

analisadas utilizando microscopia de luz, onde foi observado a ocorrência de

microfilárias e amostra sanguínea de cinco (05) cães, o correspondendo a

positividade de 38,5% dos indivíduos analisados (Tabela 1 ).

• Análise Microscópica da Gota Espessa: as lâminas preparadas logo após a

coleta foram levadas ao laboratório de Biologia celular e Helmintologia da

UFPA, coradas pelo Panótico Rápido e analisados em microscopia de luz, com

objetiva de 100X, confirmando-se o resultado da metodologia a fresco,

resultando portanto em cinco (05) cães apresentando microfilaremia o que

perfaz um percentual de 38,5% (Tabela 1 ).

• Método de Knnot Modificado: Análise da concentração do sangue total dos

13 cães domiciliados também confirmou o total de cinco (05) microfilarêmicos

repetindo-se o percentual de 38,5% dos animais pesquisados, positivos,

conforme demonstrado na Tabela 1 a seguir:

TABELA1 : Resultados do inquérito hematológico de cão domicil iados, na comunidade da estrada que interliga SSBV a Vila Coc al na Ilha do Marajó, Estado do Pará.

Numero do cão Participante

Exame a fresco

Gota espessa

Knnot Modificado

Microfilaremia (MF/ml)

1 + + + 13

2 - - - 0

3 - - - 0

4 + + + 10

5 - - - 0

6 - - - 0

7 - - - 0

8 - - - 0

9 - - - 0

10 + + + 12

11 - - - 0

12 + + + 13

13 + + + 10

3.2. QUANTIFICAÇÃO DAS PROTEÍNAS DO ASDIA.

A verificação da concentração de proteínas (antígenos) foi realizada através da

dosagem bioquímica de microproteínas em analisador automático Modelo

ARCHITECT C8000 da marca ABOTT, onde o ASDIA apresentou a concentração

proteica de 68 mg/dl.

3.3. ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO E LABORATORIAL EM HUMANOS.

3.3.1. Estudo Epidemiológico:

Dentre as 61 pessoas participantes do estudo, 14 indivíduos, o que perfaz um

percentual 23% estão na faixa etária entre 10 e 20 anos de idade, 51% são do sexo

masculino, 100% estavam expostos a presença de cães.

Dos indivíduos participantes, apenas três (03) 5%, possuía contato com gatos,

cinco (05) ou 8% relataram já ter sido acometidos por alguma doença pulmonar

inespecífica (DPI); enquanto que vinte e sete (31) o que corresponde a 51%,

relataram já ter passado por internação hospitalar, sendo que destes, apenas quatro

(04), 12,9% deste grupo, relatou como motivo de internação o diagnóstico de

pneumonia. Também foi relatado por (05) 19,3% das pessoas terem passado por

internação hospitalar, devido a infecção por Malaria.

Os dados compilados dos questionários estão dispostos nas Tabelas 2 e 3 , a

seguir:

TABELA 2: Características epidemiológicas dos 61 pa rticipantes do presente estudo, moradores do Município de SSBV-PA.

Idade em Anos 0- 10 10-20 21-30 31-40 41-50 51-60 61-70 > 70 total

N° de participantes 9 14 12 10 5 4 3 4 61

Masculino 4 8 8 4 3 1 0 3 31

Feminino 5 6 4 6 2 3 3 1 30

Exposição a cão 9 14 12 10 5 4 3 4 61

Exposição a gato 0 2 0 1 0 0 0 0 3

DPI Relatada 0 1 0 3 0 0 0 1 5

Internações 4 6 4 7 3 4 1 2 27

TABELA 3: Doenças relatadas pelos participantes do estudo, mo radores do Município de SSBV e que resultaram em internação ho spitalar .

Doença que motivou a internação

Numero de internação por doença

Percentual das internações (%)

Pneumonia 4 12,9

Diabetes 3 9,8

Hipertensão 2 6,5

Doenças gastrointestinais 10 32,3

Malaria 6 19,3

Bronquite 1 3,1

Outras Doenças 5 16,1

Total de internações 31 100

3.3.2. Estudo Laboratorial

3.3.2.1. Exame Parasitológico das Fezes

Do total dos 61 participantes, apenas 20 pessoas forneceram amostras de

fezes, o que correspondeu a 32,79% do total de participantes. No entanto, destes

participantes, 14 (70%) apresentaram alguma parasitose intestinal. Dentre os

participantes parasitados, 12 (85,7%), estavam parasitados por helmintos e 4

(28,6%), por protozoários, observou-se também que 3 (21,4%), participantes

apresentavam co-infecção por helmintos e protozoários e 7 participantes ( 50%)

apresentava 2 ou mais parasitas, caracterizando multiparasitismo (Tabela 4 ).

3.3.2.2. Contagem de Eosinófilos

A contagem de eosinófilos realizada no hemograma completo mostrou que

dos 20 participantes com exame parasitológico das fezes, 16 (80 %) apresentaram

eosinofilia. Destes, 11 ( 68,75 %) apresentaram contagem de eosinófilos superior 10%

do total de leucócitos; destacamos entre estes o participante numero 17 que

apresentou eosinofilia da ordem de 44% do total de leucócitos conforme Tabela 4 , a

seguir:

TABELA 4: Infecção por parasitas intestinais e con tagem de eosinófilos em 20 participantes do estudo, moradores do Município de SSBV-PA.

Número do Participante

Parasito Encontrado Contagem de

Eosinófilos

2 Ascaris lumbricoides e Ancilostomídeos 03

5 Ausencia 06

7 Trichiuris trichiura e Eenterobius vermicularis 15

12 Ausência 12

17 Ascaris lumbricoides . 44

26 Trichiuris trichiura 14

27 Ancilostomídeos 13

29 Ausência 02

33 Trichiuris trichiura, Ascaris lumbricoides e

Ancilostomídeos 07

34 Ascaris lumbricóides 30

35 Ascaris lumbricóides e Ancilostomídeos 07

36 Ausencia 11

41 Ausência 26

42 Trichiuris trichiura ,Iodameba butschili e Endilimax nana 05

44 Trichiuris trichiura 04

46

Trichiuris trichiura , Ascaris lumbricoides, Eenterobius

vermicularis ,Entamoeba histolytica/díspar e

Iodamoeba butschili

08

51 Ausência 07

53 Entamoeba histolytica/díspar 11

56 Trichiuris trichiura e Giardia lamblia 21

60 Endolimax nana, Ascaris lumbricoides e

Ancilostomídeos 11

3.3.2.3 Dosagem da IgE Total.

Construção da Curva de Calibração da IgE : a partir das absorbâncias dos padrões

e utilizando uma expressão matemática foi construída a curva padrão que possibilitou

determinar a concentração da IgE Total dos indivíduos participantes da pesquisa,

onde a abs. dos testes dos participantes foi comparada com abs. da curva e desta

forma obtida a conc. de IgE total do Participante, Tabela 5.

TABELA: 5 :Curva de calibração da IgE total

Absorbância dos

Padrões

Concentração da

IgE Total (UI/mL)

Absorbância dos

Padrões

Concentração da

Ige Total (UI/mL)

0,000 0 1,114 100

0,024 2 1,281 120

0,049 4 1,448 140

0,074 6 1,615 160

0,098 8 1,782 180

0,123 10 1,949 200

0,189 15 2,116 220

0,255 20 2,283 240

0,321 25 2,45 260

0,387 30 2,617 280

0,453 35 2,784 300

0,519 40 2,953 320

0,585 45 3,119 340

0,652 50 3,286 360

0,698 55 3,453 380

0,744 60 3,626 400

0,79 65 3,79 450

0,836 70 3,954 500

0,882 75 4,118 550

0,928 80 4,282 600

0,974 85 4,446 650

1,020 90 4,610 700

1,066 95 4,774 750

4,940 800

FIGURA 19: Gráfico da curva de calibração da IgE, em um diagrama de dispersão Linear , construído no software Bioestat 5.0.

Dos 61 participantes, 44 ( 72,1 %) apresentaram a taxa da IgE sérica elevada,

considerando que para a faixa etária dos participantes o valor normal é de até 150

UI/mL, dentre os participantes com taxa de IgE elevado destacamos 11 ( 25%)

onde a taxa da imunoglobulina está superior ao dobro do limite Maximo aceitável,

Tabela 6 e no gráfico da Figura 20.

TABELA 6 Resultados da IgE total dos 61 participantes do est udo, moradores do Município de SSBV-PA.

NUMERO DO PARTICIPANTE IDADE IgE TOTAL EM

UI/mL NUMERO DO

PARTICIPANTE IDADE IgE TOTAL EM UI/mL

1 55 260 31 50 220

2 18 170 32 16 321

3 44 225 33 33 280

4 36 250 34 31 340

5 39 290 35 23 280

6 60 310 36 15 180

7 78 55 37 11 75

8 60 275 38 16 280

9 50 285 39 20 230

10 42 190 40 22 310

11 12 210 41 22 283

12 35 215 42 72 40

13 28 270 43 15 170

14 16 255 44 30 93

15 19 125 45 05 340

16 17 280 46 45 290

17 44 320 47 45 350

18 68 159 48 54 215

19 23 85 49 58 291

20 24 225 50 72 250

21 20 165 51 33 115

22 22 315 52 35 300

23 23 130 53 05 67

24 38 345 54 13 290

25 01 90 55 77 68

26 03 310 56 02 157

27 39 370 57 04 285

28 09 270 58 67 165

29 32 225 59 71 178

30 12 85 60 28 215

61 23 170

FIGURA 20: Gráfico da distribuição da IgE total dentre os participantes do estudo,

temos que 53 dos participantes apresentam valores da IgE acima de 160 UI/mL, valor considerado normal para adultos.

3.3.2.4. Pesquisa de Anticorpos IgG Anti - Dirofilaria immitis,

Nesta pesquisa foi utilizada a metodologia de ELISA com o ASDIA como

antígeno. Foi utilizado amostra (soro) dos 61 participantes de idades variadas e de

ambos os sexos. Como não tínhamos um controle positivo, consideramos que todos

os valores de absorbância maiores que a média das absorbâncias mais dois desvios

padrão da dosagem de IgG de pessoas de áreas não endêmicas para dirofilariose

canina, (controle negativo) o que nos levou a considerar que os participantes com

valores de absorbância superior a 0,900 apresentam a IgG anti-Dirofilaria immitis

circulando no sangue. Considerando estes valores, observou-se que 12 dos

participantes (19,67%) apresentaram valor de absorbância da IgG anti - D. immitis

elevado e que 58,3% deste grupo de participantes têm idade superior a 40 anos

conforme se observa na Tabela 8 a seguir e no gráfico da Figura 21 .

TABELA 7: Valores de absorbância na dosagem do IgG Anti - Dirofilaria immitis dos participantes do estudo, moradores do Município de SSBV-PA.

Nº do Participante

Idade Anos

Abs. da IgG Anti- D. Immitis

Nº do Participante

Idade Anos

Abs. Do IgG Anti - D. Immitis

1 55 1.311 32 16 0.713

2 18 0.644 33 33 0.481

3 44 0.461 34 31 0.691

4 36 0.724 35 23 0.935

5 39 0.952 36 15 0.716

6 60 1.091 37 11 0.248

7 78 0.952 38 16 0.942

8 60 0.468 39 20 0.342

9 50 0.543 40 22 0.545

10 42 0.774 41 22 0.385

11 12 0.512 42 72 0.210

12 35 0.993 43 15 0.315

13 28 0.836 44 30 0.339

14 16 0.635 45 05 0.888

15 19 0.844 46 45 0.862

16 17 0.774 47 45 1.862

17 44 1.056 48 54 1.032

18 68 0.303 49 58 0.421

19 23 0.661 50 72 0.924

20 24 0.488 51 33 0.409

21 20 0.713 52 35 0.761

22 22 0.679 53 05 0.267

23 23 0.415 54 13 0.182

24 38 0.678 55 77 0.317

25 01 0.350 56 02 0.227

26 03 0.679 57 04 0.463

27 39 0.680 58 67 0.518

28 09 0.909 59 71 0.448

29 32 0.514 60 28 0.650

30 12 0.357 61 23 0.552

31 50 0.780

FIGURA 21: Gráfico da distribuição dos valores de absorbância da IgG Anti – D. immitis, dos participantes do estudo.

A hipótese de que 12 participantes do estudo estejam sensibilizados por D.

immitis é significativa, visto que quando executado o teste t, dos resultados da

dosagem das absorbâncias da IgG temos que p< 0,0001, o que indica uma provável

produção de IgG anti- D. immitis quando da infecção humana por D. immitis.

3.3.2.5. Análise dos Marcadores de infecção por D. Immitis, após Tratamento das

Helmintíases Intestinais.

A fim de afastar a possibilidade de as helmintíases intestinais estarem

interferindo na dosagem dos marcadores IgE Total, no número de eosinófilos e

também produzir um falso positivo para o IgG especifico para D. immitis, os

participantes foram submetidos a tratamento das parasitoses intestinais. E 45 dias

após, foi realizada nova coleta de amostra sanguínea de seis (06) dos onze (12)

participantes que apresentaram a IgG e os demais marcadores elevados na primeira

coleta. Após segunda rodada de análises das amostras verificou-se que as taxas não

reduziram, os níveis de IgE Total, bem como abs. do IgG especifico e a eosinofilia

permaneceram elevados, conforme demonstrado na Tabela 9 , a seguir.

TABELA 8 : Valores de absorbância da IgG Anti- D. immitis , IgE e Eosinófilos após tratamento das parasitoses intestinais de 06 p articipantes do estudo. Numero do Participante

Abs do IgG Anti – D.immitis

Resultado da IgE em Ui/Ml

Contagem de Eosinófilos

1 1.230 390 25

6 1.095 180 27

28 0.937 320 18

35 1.090 232 07

47 1.660 305 09

48 0.975 236 15

Quando testada a hipótese da relação entre a provável infecção por D. immitis,

observado quando do aumento da absorbância da IgG-Anti D. immitis e o aumento da

IgE total, observou-se que há uma relação significativa entre o aumento da IgG

específica e da IgE Total, visto que quando executado o teste t, temos que p<

0,0001, o que indica que a produção de IgE e IgG anti- D. immitis possuem

correlação, como observado no gráfico da Figura 22 a seguir.

FIGURA 22: Gráfico da relação entre a absorbância da IgG e da IgE total dos 06 participantes que participaram do estudo após tratamento das helmintíases intestinais.

3.3.2.6. Relação Entre os Resultados das Análises Laboratoriais e o Contato com

Cães Infectados.

Dos 12 participantes com que apresentaram valores de absorbância da IgG

elevado, 11 (100%) convivem com cão microfilarêmico, todos apresentam

eosinofilia e em 10 participantes a taxa de IgE total está alterada, como demonstrado

na Tabela 10 a seguir:

TABELA 9 : Relação entre o contato com cães portadores de micr ofiláris de D. immitis e o resultado das dosagens dos marcadores biológic os de dirofilariose humana.

Numero do Participante

Número do cão participante

Abs. do IgG Específico

Resultado de IgE em UI/Ml

Contagem de Eosinófilos

1 1 1,230 390 25

5 1 0,952 290 06

28 1 0,937 320 18

12 1 0,993 215 12

6 4 1,095 180 27

7 4 0,952 55 15

17 4 1,056 320 44

35 4 1,090 232 07

38 12 0,942 280 11

47 13 1.660 305 09

48 13 0.975 236 15

4. DISCUSSÃO

O estudo corrobora com os estudos de Furtado et al. (2010) que diz que o

município de São Sebastião da Boa Vista no Arquipélago do Marajó, Estado do Pará,

Brasil, é área endêmica para dirofilariose canina, com prevalência de 32,45 % de cães

infectados, no inquérito hematológico de cães neste trabalho, temos positividade de

38,5% dos indivíduos estudados, nas três metodologias aplicadas, com identificação

de microfilárias de D. immitis .

As às condições ambientais possibilitam a existência e proliferação do vetor,

possibilitando a ocorrência de dirofilariose, e também o hábito de criação de animais

domésticos, principalmente cães que são os principais reservatórios de D. immitis

(Borges, 2001; Cavallazzi et al., 2002; Da Silva & Langoni, 2010). Condições que

ocorrem no município de São Sebastião da Boa Vista, na Ilha do Marajó, Estado do

Pará, onde o número de cães domiciliados é grande, com domicílios apresentando

até 25 cães; e também a ocorrência de várias espécies de mosquitos transmissores

de microfilarias o que comprovamos a população relata ser acometido por outras

doenças transmitidas por mosquitos.

Os relatos dos trabalhos de Miyoshi et al., (2006), Barreto et al. (2008) e de

Sant’ Ana et al. (2011) de que a dirofilariose humana induz o aumento nas taxas

fisiológicas de eosinófilos, e da IgE Total, nos levam a sugerir que no grupo amostral

de São Sebastião da Boa Vista, participantes deste estudo apresentam indícios de

estarem sensibilizados por D. immitis uma vez que em nossas análises laboratoriais

estes marcadores, estão superior as taxas fisiológicas normais na maioria dos

participantes.

A acentuada ocorrência de parasitoses intestinais entre os participantes deste

estudo (70%), nos, conduz a ter cautela quanto a afirmar que a eosinofilia maciça e o

aumento das taxas da IgE total estejam diretamente relacionadas a dirofilariose

humana, uma vez que os estudos de Imai et al. (2001), diz que o aumento das taxas

destes elementos pode estar relacionado à ocorrência de parasitoses intestinais.

Mas não desprezamos estes elementos como marcadores da ocorrência de

dirofilariose humana, pois quando consideramos que para que ocorra aumento da IgE

bem como eosinofilia é necessário que os helmintos parasitos estejam fazendo ciclo

pulmonar, e por outro lado deve-se considerar também que as infecções

assintomáticas por D. immitis induzem a produção de galectinas e estas induzem

produção da IgE, quando da imobilização da larva no pulmão, de acordo com o

descrito por Barreto et al. (2008).

Baseado nos estudos de Barreto et al,. (2008), quando relacionamos os

resultados da IgE total, da contagem de eosinófilos, com os resultados das

absorbâncias da IgG total anti-Dirofilaria immitis, consideramos que 11 (18%) dos

participantes da pesquisa apresentam indícios de sensibilização por antígenos de D.

immitis.

Somado ao fato dos indivíduos que apresentam indícios estar sensibilizados

por antígenos de D. immitis nas análises laboratoriais, está a condição de residirem

ou conviverem diretamente com cães infectados, esta que segundo Da Silva &

Langoni, 2010, é uma condição para que ocorra casos de dirofilariose humana, além

da dificuldade ao acesso ao sistema de saúde pública para a realização de

diagnóstico radiológico, para um resultado preciso da presença de D. immitis, nos

conduzem a hipótese de que 11participantes tem indícios de serem portadores de

dirofilariose humana ou estar sensibilizados pelo helminto.

Os participantes que realizaram nova coleta após tratamento das parasitoses

intestinais mantinham mesmo perfil com eosinofilia, dosagem da IgE total elevado e

as absorbâncias na dosagem da IgG específica para D. immitis, este achado

laboratorial mostra que provavelmente a infecção por parasitas intestinais não altera

alguns marcadores biológicos de dirofilariose humana, principalmente a pesquisa da

IgG específica com o uso do ASDIA. Estes resultados corroboram com os estudos de

Barreto et al., (2008), que investigou a ocorrência de dirofilariose humana utilizando

amostras de soro coletadas em locais considerados endêmicos para dirofilariose

canina na Espanha (Cidade de Tenerife e Ilhas Canárias) em seu estudo também

utilizou a metodologia de ELISA descrita por Simon et al (2001), onde Utilizou o

ASDIA como antígeno. Como o nosso estudo utilizou a mesma metodologia com

algumas adaptações, quando combinado diagnóstico laboratorial e a situação

epidemiológica do local estudado, além dos fatores ambientais e culturais, temos

indícios da ocorrência de dirofilariose humana nos 06 participantes deste estudo,

participaram da recoleta.

O contato com cão parasitado é fator determinante para a ocorrência de

dirofilariose humana, visto 100% dos indivíduos com indícios de apresentar esta

zoonose estão habitualmente em contato com cão microfilarêmico, da mesma forma

que Da Silva & Langoni,( 2010) descreveram.

Bem como nos estudos de Barreto et al. (2008) que em sua metodologia

diagnóstica utilizou o ASDIA como antígeno, nossa metodologia sorológica para

investigação de ocorrência de dirofilariose humana possui sensibilidade, visto que os

resultados foram reproduzidos nas repetições realizadas.

5. CONCLUSÕES

- Há indícios de que indivíduos que coabitam com cães portadores de

microfilárias de Dirofilaria immitis no Município de São Sebastião da Boa Vista, Ilha do

Marajó, Estado do Pará, sejam portadores de dirofilariose humana.

- As parasitoses intestinais não interferem na pesquisa de IgG anti- Dirofilaria

immitis com o uso de ASDIA.

- O aumento da IgE tem relação direta com o aumento da IgG anti – D. immitis

quando esta é dosada utilizando o ASDIA como antígeno.

- A metodologia analítica ELISA utilizando o ASDIA apresenta sensibilidade ao

diagnóstico de IgG Anti- Dirofilaria immitis em humanos.

- A metodologia diagnóstica por ELISA usando o ASDIA pode ser aprimorada a

fim de ter utilização no diagnostico de triagem de dirofilarioses humanas.

- A ocorrência de cães positivos sugere endemicidade da dirofilariose canina

em São Sebastião da Boa Vista.

- Os donos dos cães portadores de microfilárias de Dirofilaria immitis

apresentam padrões hematológicos e imunológicos que sugerem a infecção por D.

immitis.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente dissertação de mestrado intitulada investigação da Ocorrência de

Dirofilariose Humana em Moradores do Município de são Sebastião da Boa Vista, No

Arquipélago do Marajó, Pará, Brasil. Constitui-se em um primeiro passo para a

verificação da ocorrência desta zoonose no Estado do Pará, onde através de uma

abordagem epidemiológica e laboratorial se buscou identificar os fatores que

possibilitam a ocorrência da zoonose, e ao mesmo tempo elaborar uma metodologia

diagnostica mais palpável para a realidade apresentada, e também pela escassez de

literatura sobre metodologias diagnósticas validadas não tanto invasivas ou danosas

aos participantes do estudo.

Muitas duvidas surgiram, mas foram sendo transformadas ao longo do estudo

graças a colaboração do grupo de pesquisadores que colaborou na realização da

pesquisa, e do meu anseio e profª. Jeannie em tornar real o estudo desta zoonose em

humanos que convivem com cães microfilarêmicos no Arquipélago do Marajó no

estado do Pará.

Os resultados obtidos foram importantes, mas tanto quanto estes resultados foi

importante o despertar da certeza que é possível aprofundar os estudos a fim de em

um futuro próximo podermos afirmar através do uso de metodologias diagnósticas

seguras acessíveis, menos invasivas ou agressivas que esta zoonose está presente

na população do Arquipélago do Marajó.

Percebi também que a prevenção das zoonoses no Arquipélago do Marajó é

questão que vai além de diagnosticar e convencer pessoas do risco a que estão

expostas, mas que passa pela necessidade urgente de elaboração e aplicação de

políticas Públicas de Saúde voltadas a prevenção.

7. REFERÊNCIAS

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8. ANEXOS

ANEXO 1: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO -TCLE

(Resolução N˚196, do Conselho Nacional de Saúde de 10/10/96)

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:

TÍTULO DO PROJETO: INVESTIGAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE DI ROFILARIOSE

HUMANA EM MORADORES DO MUNICÍPIO DE SÃO SEBASTIÃO DA BOA

VISTA, ILHA DO MARAJÓ, PARÁ, BRASIL.

Este é um estudo Epidemiológico Retrospectivo e Experimental, que tem o

objetivo de verificar a INVESTIGAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE DIROFILARIOSE

HUMANA EM MORADORES DO MUNICÍPIO DE SÃO SEBASTIÃO DA BOA

VISTA, ILHA DO MARAJÓ, PARÁ, BRASIL , ( São Sebastião da Boa Vista), visto

estudos prévios realizados neste municípios por pesquisadores do Laboratório de

Biologia Celular e Helmintologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade

Federal do Pará terem verificado a ocorrência de dirofilariose canina em níveis

endêmicos (45% em média) além da existência na área de várias espécies de

mosquitos vetores da Dirofilaria, fatores estes determinantes para a ocorrência de

dirofilariose humana, principalmente o estágio pulmonar, “essa informações estão

sendo fornecidas para sua participação voluntária neste estudo que visa investigar a

ocorrência de dirofilariose humana em três municípios da Ilha do Marajó- Estado do

Pará, Brasil.

Serão realizados análise epidemiológica através da aplicação de questionário,

exames laboratoriais de Hemograma, a fim de verificar ocorrência de alterações

celulares, como a eosinofilia, dosagem de IgE sérico, a fim de verificar aumento desta

Imunoglobulina, por fixação de microfilarias mortas no pulmão, dosagem de IgG

Sérico especifico para Dirofilaria immitis com a finalidade de verificar a possível

formação de anticorpos pelo “hospedeiro”, Exame parasitológico das fezes, a fim de

verificar possível ocorrência de eosinofilia e aumento de IgE por uma infecção por

helmintos intestinais.

Para a realização do estudo serão aplicados os seguintes procedimentos:

� Aplicação de questionário intitulado Instrumento de Coleta de Dados as

pessoas que co-habitam com cães infectados na área do estudo.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO-TCLE

� Coleta de amostras de sangue por punção da veia do antebraço; recepção

de amostras de fezes.

Estes procedimentos supra citados podem causar desconfortos ao

participante, devido a possível constrangimento ao responder o instrumento de coleta

de dados, além de apresentar os riscos inerentes ao procedimento de coleta de

amostras sanguineas por punção venosa, como: Processo doloroso, momentâneo ,

formação de pequenos hematomas localizados além do constrangimento natural em

fornecer amostras de fezes para análise laboratorial.

Como beneficio imediato aos participantes estão a realização de exames de

rotina de Hemograma e parasitológico das fezes, que terão os resultados fornecidos

aos mesmos.

Em qualquer etapa do estudo você terá acesso aos profissionais

responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. O principal

investigador é o Farmacêutico Bioquímico Héliomar Borralho Miranda que pode

ser encontrado no Hospital Universitário João de Barros Barreto (Laboratório) situado

a rua dos Mundurucus, Nº 4487, Bairro do Guamá Belém-PA, telefone: (91) 3201-

6689, Celular (91) 9963-3760 E-mail: [email protected] , se você tiver alguma

consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de

Ética em Pesquisa (CEP) – Rua dos Mundurucus, 4487 FONE (91) 3201-6754- E-

mail: [email protected].

É garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e

deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo à sua pessoa.

As informações obtidas serão analisadas em conjunto com outros

participantes, não sendo divulgada a identificação de nenhum participante.

É garantido ao participante o conhecimento dos resultados atualizados

parciais da pesquisa.

Não há despesas pessoais para o participante em qualquer fase do estudo,

incluindo os exames. Também não há compensação financeira relacionada à sua

participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo

orçamento da pesquisa.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO-TCLE

Em caso de dano pessoal, diretamente causado pelos procedimentos

propostos neste estudo (nexo causal comprovado), o participante o participante tem

direito a tratamento médico custeado pelos responsáveis por este estudo, bem como

às indenizações legalmente estabelecidas.

É compromisso do pesquisador de utilizar os dados e o material coletado

somente para esta pesquisa.

Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li

ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo “INVESTIGAÇÃO DA

OCORRÊNCIA DE DIROFILARIOSE HUMANA EM MORADORES DO MUNICÍPIO

DE SÃO SEBASTIÃO DA BOA VISTA, ILHA DO MARAJÓ, PAR Á, BRASIL”.

Eu discuti com o Dr. Héliomar Borralho Miranda, sobre minha decisão em

participar nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo,

os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de

confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha

participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a tratamento

hospitalar se necessário. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e

poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo,

sem penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer beneficio que eu possa ter

adquirido, ou no meu atendimento neste serviço.

________________________________________ Belem, ______/_______/______ Assinatura do Sujeito/ representante responsável ________________________________________ Belem______/_______/_____ Assinatura da testemunha (quando sujeito menor de 18 anos, analfabeto, semi- analfabeto ou portador de necessidades auditiva ou visual) _________________________________________ Belem, _____/_______/______ Assinatura do sujeito que colheu o TCLE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO-TCLE

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e

Esclarecido deste paciente ou representante legal para participação neste estudo.

_______________________________________________________

ASSINATURA DO PESQUISADOR RESPONSÁVEL

Nome: Héliomar Borralho Mir anda

End: Rua Terceira Nº 320 conj. Da COHAB Gleba II, Marambaia Belém-PA

Fone: (91) 3277-2494 Celular (91) 996 3-3760

E-mail: [email protected]

Reg. Conselho: CRF/PA nº 1364

Belém, _________/________/ _________

ANEXO 2: INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

1 - Identificação

1.1 Iniciais do Nome

1.2 Data de nascimento ___/____/______

2 – Dados sócio-demográficos

2.1 Idade (anos)

2.2 Gênero ( ) M ( ) F

2.3 Raça/cor ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela ( ) Indígena ( ) Branca

2.4 Escolaridade ( ) Analfabeto ( ) 1˚ grau incompleto ( ) 1˚ grau completo ( ) 2˚ grau ( ) Superior

2.5 Ocupação

2.6 Município

3 – Dados epidemiológicos

3.1 Exposição ( ) Cão ( ) Gato ( ) Outros

3.2 Diagnóstico de DPI ______/_______/_______

3.3 DPI Relatada ( ) Pneumonia ( ) Bronquite ( ) TB pulmonar

( ) CA de pulmão

3.4 Sintomatologia relatada:

3.5 N˚ de internações hospitalares

Observações: